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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
BIOLOGIA REPRODUTIVA DO CURIMATÃ COMUM, Prochilodus brevis
Steindachener,1875 E LIMNOLOGIA DO AÇUDE MARECHAL DUTRA
LOCALIZADO NA CAATINGA DO RIO GRANDE DO NORTE
MÁRCIA MARIA DO NASCIMENTO
NATAL / RN
2006
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Milhares de livros grátis para download.
II
MÁRCIA MARIA DO NASCIMENTO
BIOLOGIA REPRODUTIVA DO CURIMATÃ COMUM, Prochilodus brevis
Steindachener, 1875 E LIMNOLOGIA DO AÇUDE MARECHAL DUTRA
LOCALIZADO NA CAATINGA DO RIO GRANDE DO NORTE
ORIENTADOR: Profª. Drª. SATHYABAMA CHELLAPPA
DOL / CB / UFRN
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. NAITHIRITHI T. CHELLAPPA
DOL / CB / UFRN
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas do Centro de
Biociências, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção
do título de mestre em Ciências Biológicas.
NATAL / RN
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
Catalogação da publicação na fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede.
Divisão de Serviços Técnicos.
Nascimento, Márcia Maria do.
Biologia reprodutiva do curimatã comum, Prochilodus brevis
Steindachener,1875 e limnologia do açude Marechal Dutra localizado
na
Caatinga do Rio Grande do Norte. / Márcia Maria do Nascimento -
Natal
(RN), 2006.
85 p.
Orientador: Profa. Dra. Sathyabama Chellappa (UFRN) - Co-
Orientador: Prof. Dr. Naithirithi T. Chellappa (UFRN) Dissertação
(Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro
de Biociências.
RN/UF/BCZM CDU
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
BIOLOGIA REPRODUTIVA DO CURIMATÃ COMUM, Prochilodus brevis Steindachener, 1875
E LIMNOLOGIA DO AÇUDE MARECHAL DUTRA SITUADO NA CAATINGA
DO RIO GRANDE DO NORTE
MÁRCIA MARIA DO NASCIMENTO
Esta dissertação, apresentada pela aluna Márcia Maria do Nascimento ao
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, do Centro de Biociências, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi julgada adequada e aprovada, pelos
Membros da Banca Examinadora na sua redação final, para a conclusão do Curso e à
obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________
Profa. Dra. Sathyabama Chellappa
DOL / CB / UFRN
_________________________________________________
Prof. Dr. Naithirithi T. Chellappa
DOL / CB / UFRN
___________________________________________________
Profa. Dra. Simone Almeida G.Leandro da Costa
DCB, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Mossoró.
Natal/RN, 07 de julho
de 2006.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente a Deus pela presença constante e força em todos os
dias de minha vida.
Agradeço a UFRN, o Centro de Biociências e em especial ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências Biológicas por ter possibilitado a realização deste trabalho.
À minha orientadora Drª Sathyabama Chellappa pela grande oportunidade
proporcionada, amizade, confiança e participação constante na realização deste trabalho.
Ao professor Dr Chellappa pela co-orientação, incentivo e colaboração para a
realização do presente estudo inserido no Projeto PELD/ CNPq.
À Drª Maria do Socorro R.F. Cacho pela participação em minha pré-banca,
sugestões e melhoramento deste trabalho.
Aos amigos do laboratório de ictiologia, Paula, Gustavo, Gitan e Juliana. Em
especial a Ticiano Ximenes pela grande colaboração e valiosas sugestões necessários
para a realização do presente trabalho.
Aos motoristas da UFRN, Gilvan e Sr Everaldo. À EMPARN pelos dados de
pluviometria.
Ao pescador de Acari, Sr. João pelas coletas dos peixes e informações
necessárias.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Oceanografia e
Limnologia, e aos colegas de turma.
Á minha família, em especial à minha mãe e ao meu pai, exemplos de coragem e
dedicação constantes em minha vida. Ao meu irmão Júnior pela companhia e ajuda
sempre presente.
Ao meu noivo Laureano, pela grande ajuda e incentivo na realização deste
trabalho. Exemplo de amor e compreensão, apesar da distância.
A minha amiga Andressa Karla que carinhosamente dividiu sua bolsa de
mestrado comigo.
A todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho.
SUMÁRIO
Página
RESUMO
06
07
ABSTRACT
CAPÍTULO 1
08
1. INTRODUÇÃO GERAL
09
1.1 Bioma Caatinga 09
1.2 Açudes do Sertão do RN 10
1.3 Ictiofauna da Caatinga
11
2. OBJETIVOS
13
2.1 Objetivo Geral 14
2.2 Objetivos Específicos
14
3. MATERIAL E MÉTODOS
15
3.1 Área de Estudo 16
3.2 Parâmetros Meteorológicos e Limnológicos 18
3.3 Coleta dos Peixes 18
3.4 Taxonomia e Descrição da Espécie 21
3.5 Estrutura em Comprimento e Peso 22
3.6 Aspectos Reprodutivos 22
3.6.1 Proporção Sexual 22
3.6.2 Estudo Macroscópico dos Estádios de Desenvolvimento Gonadal 22
3.6.3 Estudos Histológicos e Classificação dos Estádios de Maturação das
Gônadas
23
3.6.4 Fecundidade e Tipo de Desova 23
3.6.5 Índice Gonadossomático 25
3.6.6 Época de Desova 26
3.7 Análise Estatística dos Dados 26
3.8 Normalização das Referências Bibliográficas 27
CAPÍTULO 2
28
ARTIGO CIENTÍFICO
29
Período reprodutivo de curimatã comum, Prochilodus brevis Steindachner
(Osteichthyes: Prochilodontidae) relacionado com os aspectos limnológicos do
açude Marechal Dutra, Acari, Rio Grande do Norte.
30
CAPÍTULO 3
62
4. CONCLUSÃO GERAL
63
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GERAL
64
CAPÍTULO 4
ANEXOS
71
72
RESUMO
O bioma Caatinga é o principal ecossistema existente no Nordeste brasileiro de clima
semi-árido e a hidrografia desta região é caracterizada pela presença de reservatórios,
que são utilizados para a distribuição de água potável e para produção pesqueira. O
objetivo do presente trabalho foi estudar a biologia reprodutiva do curimatã comum,
Prochilodus brevis, e os aspectos limnológicos do açude Marechal Dutra, Acari, Rio
Grande do Norte. Durante o período de março a dezembro de 2005, foram coletados
mensalmente exemplares de P. brevis e registrados os parâmetros físico-químicos,
como temperatura, pH, condutividade elétrica e oxigênio dissolvido das águas
superficiais do açude. Os peixes foram medidos, pesados, dissecados e as gônadas
foram removidas, pesadas e examinadas macro e microscopicamente para a
identificação sexual e a determinação dos estádios de maturação gonadal. A
caracterização microscópica dos estádios de maturação das gônadas foi realizada
mediante estudos histológicos utilizando a técnica de coloração hematoxilina-eosina.
Foram avaliados os índices gonadossomático (IGS), a proporção sexual, a fecundidade,
o tipo de desova e a época de desova relacionada com a pluviosidade. Os resultados
indicaram que P. brevis apresentou uma proporção sexual de 1,2M:1F para o total de
indivíduos amostrados. As características macroscópicas dos ovários e dos testículos
indicaram três estádios de maturação gonadal: em maturação, maduro e esvaziado. As
características microscópicas dos ovários e testículos mostraram quatro estádios de
desenvolvimento gonadal para fêmeas (em maturação inicial, em maturação final,
maduro inicial, maduro final) e três estádios para machos (em maturação, maduro e
esvaziado). A fecundidade absoluta apresentou uma amplitude de 52,512 a 98,418
ovócitos vitelogênicos, com média de fecundidade 75,465. A espécie apresentou
desova do tipo total, verificada através da distribuição de freqüência relativa do
diâmetro dos ovócitos vitelogênicos. Os valores do índice gonadossomático (IGS)
variaram de 0,30 a 20,08 para fêmeas e 1,50 a 6,00 para machos, com período
reprodutivo ocorrendo em março de 2005.
ABSTRACT
The Caatinga biome is the principal ecosystem of semi-arid north-eastern region of
Brazil, and the hydrography of this area is characterized by the presence of reservoirs,
which are used for the distribution of potable water and fishery purposes. The present
work deals with the reproductive biology of a native fish Curimatã comum, Prochilodus
brevis and the limnological aspects of the Marechal Dutra Reservoir, Acari, Rio Grande
do Norte. During the period of March to December 2005, fish samples were collected
on a monthly basis, besides registering the physico-chemical parameters, such as,
temperature, pH, dissolved oxygen and electrical conductivity of the surface waters of
the reservoir. The fishes were measured, weighed, dissected and the gonads were
removed, weighed and examined in order to separate the sexes, and to assess the stage
of maturation. Histological studies were conducted to determine the microscopic
characteristics of the gonads. The gonadosomatic index (GSI), sex proportion, medium
length at first gonadal maturation, fecundity and the type of spawning were estimated.
The results indicate that the study species presented a predominance of males, with a
sex proportion of 1.2M:1F. The macroscopic characteristics of the ovaries and testicles
indicated three stages of gonadal development: Maturing, mature and spent. The
microscopic analyses showed four phases of gonadal maturation for the females (initial
in maturation, final in maturation, mature initial, mature final) and three phases of
gonadal maturation for the males (in maturation, mature and spent). The average
fecundity was 75.465 mature oocytes, ranging from 52.512 to 98.418. The relative
frequency distribution of the oocyte diameter sizes indicates that the study species is a
total spawner. The values of gonadosomatic index (GSI) ranged from 0.30 to 20.08 for
females and from 1.50 to 6.00 for males. Breeding of this species occurred during
March 2005.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO GERAL
1. INTRODUÇÃO GERAL
1.1 O Bioma Caatinga
A interação entre o clima, representado principalmente pela temperatura e pela
pluviosidade, e os fatores edáficos ou do solo, produzem ampla variedade de condições
ecológicas que determinam os principais tipos de biomas. Os biomas são comunidades
clímax, estáveis e bem desenvolvidas, que apresentam organismos perfeitamente
adaptados às condições ecológicas de uma certa região. Alterações climáticas e edáficas
determinam variações na composição faunística e florística (PURVES et al., 2002).
A riqueza natural do Brasil é expressa pela grande extensão continental,
diversidade e endemismo das espécies biológicas e seu potencial genético, bem como
pela variedade ecossistêmica dos biomas. O bioma Caatinga é o principal ecossistema
existente no Nordeste brasileiro, estendendo-se numa área de 73.683.649 há, onde
predomina o clima semi-árido.A Caatinga compreende cerca de 6,8% do território
nacional e 70% do Nordeste brasileiro. Trata-se de um bioma dominado por vegetação
com características xerofíticas encontrado nos estados da Bahia, Ceará, Piauí,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão e parte de
Minas Gerais (ARRUDA, 2001; LEAL et al., 2003).
O termo Caatinga é originário do Tupi-Guarani e significa mata branca
(ARRUDA, 2001; LEAL et al., 2003). Apresenta plantas e animais adaptados às
condições de seca, o que a torna com alta taxa de endemismo de flora e fauna. A
Caatinga é considerada um bioma exclusivamente brasileiro, pouco estudado
cientificamente. A maioria dos estudos é restrito a uma lista florística e/ou faunística
sem a apresentação de dados ecológicos (PRADO, 2003).
Diante disso, foram demarcadas áreas para estudos sobre a biodiversidade da
Caatinga com o intuito de acrescentar dados científicos, permitindo maior conhecimento
deste bioma, através de um estudo que faz parte de um projeto denominado Programa
Ecológico de Longa Duração (PELD) do CNPq. Este Projeto intitula-se “Caatinga:
Estrutura e Funcionamento” - PELD/CNPq (WATANABE, 2001) e te dez anos de
duração. Iniciou-se no ano de 2001 e se estenderá até 2011.
10
Na região a hidrografia é caracterizada pela presença de rios que secam durante
as estiagens. Muitos rios têm trechos perenizados artificialmente, através da construção
de açudes havendo poucos estudos sobre os peixes que neles habitam. O presente estudo
está inserido no sub-projeto denominado “Os ecossistemas aquáticos do sertão do semi-
árido” do PELD/CNPq-UFPB, que esta sendo realizado em parceria entre a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Universidade Federal da Paraíba.
1.2 Açudes do Sertão do Rio Grande do Norte
O represamento de águas de rios nos ecossistemas naturais é uma das formas
mais antigas e úteis que o homem desenvolveu. Suas principais finalidades são:
abastecimento de água, geração de energia, uso industrial, navegação, recreação, pesca,
piscicultura, irrigação e turismo (TUNDISI, 2003). Margalef (1983) considera a
barragem como um sistema híbrido, entre rio e lago. A taxa de renovação da água é
mais lenta do que ocorre em sistemas lóticos (rios) e mais rápida do que em sistemas
lênticos (lagos). Para TUNDISI, et al (1990) um reservatório consiste na formação de
três ambientes distintos (compartimentos) que apresentam características físicas,
químicas e biológicas diferentes. O primeiro nas proximidades da entrada do afluente,
considerado Zona Fluvial com características de sistema lótico; O segundo, considerado
Zona de Transição, com características intermediárias e maior produção primária; e o
terceiro próximo ao barramento, denominado Zona Lacustre, devido a características
semelhantes ao sistema lêntico, apresentando maior profundidade. Segundo Henry
(1999) os reservatórios devem ser considerados como um sistema à parte, pois possuem
características distintas, com uma dinâmica hidráulica e hidrológica que confere
mudanças nos seus aspectos ecológicos e limnológicos. Portanto, os reservatórios
podem ser considerados como sistemas complexos, que apresentam um padrão
dinâmico caracterizado por rápidas mudanças nos mecanismos de funcionamento com
observação de gradientes horizontais e verticais.
No nordeste do Brasil, a região do semi-árido é marcada pela escassez de
recursos hídricos, principalmente na região do “Polígono das Secas”. Esta região
apresenta uma pluviometria irregular, alta taxa de insolação, altas temperaturas e
elevada taxa de evaporação, solos de aluvião e embasamento cristalino. Tais
11
características justificam a necessidade de investimentos na captação e represamento de
recursos hídricos, para de suprir a sua deficiência.
A construção de barragens trouxe inúmeros benefícios, entre eles o
desenvolvimento expressivo da piscicultura, implantação de sistemas públicos de
abastecimento e aproveitamento de faixas úmidas no entorno do açude para a
agricultura de vazante (DNOCS, 1990). Por outro lado, provocou modificações físico-
químicas da água e do substrato, assim como alterações na estrutura e abundância de
espécies nativas, refletindo na capacidade de auto-renovação das populações aquáticas
(TUNDISI, 2003).
No Rio Grande do Norte, estudos sobre a dinâmica ecológica fitoplanctônica
foram realizados no açude Marechal Dutra em Acari (COSTA, 2000). Estes estudos
revelaram a ocorrência de eutrofização das águas decorrente da ação antrópica. Um
estudo de impacto sobre os organismos fitoplanctônicos, em particular o grupo das
cianobactérias, foi realizado no mesno açude indicando a ocorrência de um afloramento
de cianofíceas associada à mortandade de peixes (CHELLAPPA et al, 2000).
1.3 Ictiofauna da Caatinga
A ictiofauna que ocorre na Caatinga inclui representantes de diferentes grupos
neotropicais típicos e mostra-se bem menos diversificada quando comparada à de outros
biomas brasileiros. Suas espécies se distribuem em bacias interiores e costeiras do
nordeste brasileiro, que drenam parcialmente ou estão inteiramente localizadas na
Caatinga. Entretanto, há necessidade de informações mais detalhadas na diversidade,
endemismo e distribuição da ictiofauna presente neste tipo de ecossistema (SOARES,
1996; ROSA et al., 2003).
Alguns trabalhos enfocando os aspectos ecológicos e da ictiofauna em açudes do
Estado do Rio Grande do Norte tem sido desenvolvidos, como por exemplo, o estudo
reprodutivo do tucunaré, Cichla monoculus no açude Campo Grande, São Paulo do
Potengi (CÂMARA et al, 2002; CHELLAPPA et al, 2003) que representou significante
contribuição em relação ao conhecimento dos aspectos reprodutivos dessa espécie nos
ecossistemas aquáticos do semi-árido deste Estado, e os trabalhos utilizando o cangati,
12
Parauchenipterus galeatus (MEDEIROS, 2001; MEDEIROS et al, 2003) e pirambeba,
Serrasalmus maculatus, ambos realizados na lagoa de Extremoz, também localizada no
Rio Grande do Norte (MEDEIROS et al, 2004).
Além dos trabalhos anteriores, os estudos sobre os peixes do açude Marechal
Dutra (SILVA, 2000; FREIRE et al, 2000; MENESCAL et al., 2000; MENESCAL,
2002), revelaram que espécies nativas como curimatã, Prochilodus brevis
(=Prochilodus cearensis ANEXO 1); piau, Leporinus piau; pirambeba, Serrasalmus
spilopleura; sardinha, Triportheus angulatu; traíra, Hoplias malabaricus; cascudo,
Hypostomus sp. e branquinha, Curimata ciliata, compuseram a ictiofauna daquele
ecossistema. As espécies introduzidas foram representadas por apaiari, Astronotus
ocellatus; pescada branca, Plagioscion squamosissimus; tilápia do Nilo, Oreochromis
niloticus e tucunaré, Cichla monoculus. Em 2000 Menescal et al estudaram os efeitos da
introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus sobre a produção pesqueira no
açude Marechal Dutra. Dados da produção pesqueira dos últimos 28 anos desse açude
mostraram que houve um crescimento na produção anual, com dominância de O.
niloticus sobre as demais espécies, a partir do ano de 1979. A produção das espécies
anteriormente existentes à introdução de O. niloticus sofreram uma diminuição na sua
participação, sendo significativa para P. brevis entre outras espécies nativas.
A partir de 2004 foram iniciados os levantamentos ictiofaunísticos no açude
Marechal Dutra, como os trabalhos desenvolvidos por BUENO & CHELLAPPA (2003)
e BUENO (2004). Contudo, não há um consenso acerca do status taxonômico de muitas
espécies listadas nesses levantamentos. Este fato reflete a carência de estudos sobre a
biologia e sistemática dos peixes dos açudes da região. A pesca predatória de P. brevis,
principalmente no período que antecede a desova, quando as fêmeas se encontram
maduras, põe em risco a sobrevivência da espécie. Deste modo, este trabalho tem como
objetivo apresentar os aspectos da biologia reprodutiva de curimatã comum, P. brevis
Steindachener, 1875, fornecendo subsídios para o uso e conservação da espécie, e
estudar a limnologia das águas superficiais do açude Marechal Dutra no Estado do Rio
Grande do Norte.
13
CAPÍTULO 1
OBJETIVOS
14
2. OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
Este trabalho teve como objetivo verificar os aspectos da biologia reprodutiva de
curimatã comum, Prochilodus brevis Steindachner, 1875 e estudar a limnologia do
açude Marechal Dutra no Rio Grande do Norte, para fornecer subsídios para o uso
sustentável e conservação da espécie.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar o período reprodutivo de curimatã comum através do índice
gonadossomático (IGS) da espécie, relacionando-o com as variações mensais de
pluviosidade, temperatura, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica e
oxigênio dissolvido nas águas superficiais do açude (Artigo 1).
(Artigo 1 será submetido à Revista Brasileira de Zoologia ISSN 0101-8175
QUALIS A Internacional);
Determinar os aspectos da biologia reprodutiva de curimatã comum
considerando a estrutura em comprimento e peso, proporção sexual, aspectos macro e
microscópicos dos estádios de desenvolvimento gonadal, fecundidade e tipo de desova
da espécie (Artigo 1).
15
CAPÍTULO 1
MATERIAL E MÉTODOS
16
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
O açude público Marechal Dutra (Figura 1), também denominado Gargalheiras,
está localizada no distrito de Gargalheiras, no município de Acari, RN, a 219 Km de
Natal capital do Estado do Rio Grande do Norte. Compreende ao barramento do rio
Acauã, formado pela confluência dos rios Currais Novos (RN) e Picuí (PB), sendo um
dos afluentes da bacia Piranhas-Assu. Está localizado nas coordenadas geográficas 6º
26’ 11’’ de latitude Sul e 36º 38’ 28’’ de longitude Oeste (Figura 2). Sua construção foi
iniciada em 1909 e concluída em 1959, com capacidade de acumulação de 40.000.000
m
3
,
profundidade máxima de 25 metros e média anual de profundidade de 5,2 metros
(DNOCS, 1990; IDEC, 1991a; 1991b).
Figura 1. Açude Marechal Dutra, Acari/RN. Transbordamento das águas durante o
período de chuvas
17
Figura 2. Localização do açude Marechal Dutra, Acari/RN.
Ponto de coleta.
18
3.2 Parâmetros Meteorológicos e Limnológicos das Águas Superficiais
Pluviosidade: Os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de
março de 2005 a dezembro de 2005, foram obtidos no Departamento de Metereologia e
Recursos Hídricos da EMPARN (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do
Norte S/A), Natal/RN, para a caracterização do regime pluviométrico da área de estudo.
Aspectos Limnológicos: Para verificar os valores limnológicos das águas
superficiais, tais como, temperatura da água, oxigênio dissolvido, pH e condutividade
elétrica, foi utilizado um Kit Multiparâmetro. Descreve os valores que foram
verificados pela manhã no horário de 10:00 e 11:00 durante o período de março de 2005
a dezembro de 2005.
Temperatura da água: Este parâmetro foi determinado por meio do método
termômetro com filamento de mercúrio, com precisão de ± 0,1
o
C.
pH: Para a determinação do pH utilizou-se um pHmetro, eletrodo Metrohm Ag
9100.
Oxigênio dissolvido da água: Para a determinação do oxigênio dissolvido
utilizou-se um oxímetro (Kit Mutiparâmetro-WTW multi340 i).
Condutividade elétrica: Para os valores de condutividade elétrica das águas
superficiais do açude utilizo-se um condutivímetro (Kit Mutiparâmetro WTW multi 340
i).
3.3 Coleta dos Peixes
Para determinar os aspectos da biologia reprodutiva de curimatã comum, foram
capturados mensalmente durante o período de março de 2005 a dezembro de 2005, no
açude Marechal Dutra em Acari, RN. As coletas dos peixes foram suspensas durante o
período de abril e maio de 2005, por motivo de defeso da Piracema (determinado pela
Lei n° 7.679, de 23 de novembro de 1988, e estabelecido anualmente pelo IBAMA, com
a colaboração de órgãos, instituições e associações envolvidas com a pesca no açude
Marechal Dutra). As coletas de peixes foram retomadas a partir de junho de 2005, por
ocasião do término do período de defeso da Piracema.
19
Os peixes foram capturados com o auxílio de pescadores locais, através da
utilização de redes de espera com malhas entre com 6 a 10 cm de espaços entre nós. A
pesca foi realizada nos horários entre 17 h a 5h. Após a coleta, os peixes foram
transportados em caixas térmicas com gelo para o Laboratório de Ictiologia do
Departamento de Oceanografia e Limnologia do Centro de Biociências da UFRN.
Figura 3. Exemplares de curimatã comum, Prochilodus brevis coletados no
açude Marechal Dutra e etiquetados no laboratório.
No laboratório os peixes foram devidamente etiquetados, medidos e pesados
(Figura 3). Foram obtidas as seguintes medidas morfométricas: Comprimento total
(medida que vai da ponta do focinho até a extremidade da nadadeira caudal);
comprimento padrão ou Standard (distancia desde a ponta do focinho até a base da
nadadeira caudal, uróstilo); comprimento da cabeça (medida desde a ponta do focinho
até o bordo posterior do opérculo); comprimento do focinho (distancia da ponta do
focinho até o bordo anterior da órbita ocular); altura máxima do corpo (diâmetro
vertical máximo do corpo/exceto nadadeiras); diâmetro do olho (distância antero-
posterior da borda ocular); comprimento pré-dorsal (comprimento desde o extremo do
20
focinho até o início da primeira nadadeira dorsal); comprimento pré-anal
(comprimento desde o extremo do focinho até o início da nadadeira anal);
comprimento pré-ventral (comprimento desde o início do focinho até o início da
nadadeira ventral); comprimento pré-peitoral (comprimento desde o início do focinho
até o início da nadadeira peitoral); comprimento da nadadeira peitoral (distância da
articulação do raio superior a extremidade do mais longo raio, medido com a nadadeira
perpendicular ao corpo do peixe; comprimento da nadadeira dorsal (distância da
articulação do raio superior a extremidade do mais longo raio, medido com a nadadeira
perpendicular ao corpo do peixe); comprimento da nadadeira anal (distância da
articulação do raio superior a extremidade do mais longo raio, medido com a nadadeira
perpendicular ao corpo do peixe); comprimento da nadadeira caudal (distância da
articulação do raio superior a extremidade do mais longo raio, medido com a nadadeira
perpendicular ao corpo do peixe); comprimento da nadadeira ventral (distância da
articulação do raio superior a extremidade do mais longo raio, medido com a nadadeira
perpendicular ao corpo do peixe); base da dorsal (distância entre ambos os extremos
dessa nadadeira), base da anal (distância entre ambos os extremos dessa nadadeira);
base da peitoral (distância entre ambos os extremos dessa nadadeira); base da ventral
(distância entre ambos os extremos dessa nadadeira). As medidas foram registradas em
milímetros com o auxílio de um paquímetro.
Foram descritas as seguintes características merísticas dos peixes:
Lepidotríquios dorsais (número de espinhos da nadadeira dorsal), Lepidotríquios
anais (número de espinhos da nadadeira anal), Lepidotríquios peitorais (número de
espinhos da nadadeira peitoral) e Lepidotríquios ventrais (número de espinhos da
nadadeira ventral). Essas descrições foram realizadas objetivando a determinação
taxonômica da espécie em estudo (CASTRO, 1991).
Todos os exemplares de peixes foram seccionados ventralmente para a
exposição das gônadas e identificação dos sexos.
21
3.4 Taxonomia e Descrição da Espécie
P. brevis (=Prochilodus cearensis) ocorre na maioria das coleções d'água do
"Polígono das Secas" (CASTRO, 1990). Trata-se de uma espécie gregária, habitando as
zonas mais profundas do açude. Apresenta um regime alimentar do tipo iliófago, com
ingestão de animais e vegetais. Faz parte de um grupo de peixes conhecidos como
"peixes de piracema", que sobem os rios para se reproduzir. Esses peixes em alguns
casos percorrem trajetos de vários quilômetros até as áreas de reprodução, desovando
em águas abertas (ARAÚJO, 1998).
Taxonomia da espécie:
Classe: Osteichthyes
Subclasse: Actinopterygii
Ordem: Characiformes
Família: Prochilodontidae
Gênero: Prochilodus
Espécie: P. brevis Steindachner, 1875.
Figura 4. Espécie em estudo curimatã comum, Prochilodus brevis Steindachner, 1875.
22
O curimatã comum, P. brevis, Steindachner, 1875 (Figura 4), apresenta escamas
grandes e rugosas, placa pré-dorsal biespinhosa com um sulco mediano ventral que
desce das nadadeiras ventrais até o ânus. A boca é pequena com lábios grossos providos
de dentículos como foi observado também por Sverlij (1993).
3.5 Estrutura em Comprimento e Peso
A estrutura em comprimento e peso foi determinada através da distribuição das
freqüências relativas das classes de comprimento total e peso total correspondente aos
machos e as fêmeas para todo o período de amostragem (Anexo I). Os dados foram
agrupados em classes de 10 cm de intervalo para o comprimento e 20 g para o peso. A
diferença estatística das médias de comprimento e peso de machos e fêmeas foi testada
através do teste t de Student, com 5% de significância.
3.6 Aspectos Reprodutivos
3.6.1 Proporção Sexual
Numa população espera-se uma ocorrência teórica de machos e fêmeas, em
iguais proporções, com freqüências esperadas de 50% para cada sexo (SANTOS, 1978).
Para determinar a diferença na proporção entre machos e fêmeas e verificar se a
diferença foi estatisticamente significativa, foi realizado o teste do ?
2
(Qui-quadrado)
com 5% no nível de significância, através do programa Statistica 6.0.
3.6.2 Estudo Macroscópico dos Estádios de Desenvolvimento Gonadal
As gônadas foram retiradas, pesadas e identificadas macroscopicamente no
laboratório. Foi utilizada a escala proposta por Vazzoler (1996) que indica os estádios
gonadais imaturo, em maturação, maduro e esvaziado. Os seguintes aspectos foram
verificados para os ovários: tamanho e disposição em relação à cavidade abdominal,
coloração, transparência, grau de irrigação sangüínea superficial, turgidez e visualização
23
a olho nu. Para os testículos, foram observadas a liberação do sêmen, fluidez,
viscosidade e coloração.
3.6.3 Estudos Histológicos e Classificação dos Estádios de Maturação
das Gônadas
Foram realizados estudos microscópicos com avaliação dos estádios de
maturação das gônadas dos machos e das fêmeas. Para os estudos histológicos, os
ovários e testículos foram fixados em formol a 10%, incluídos em parafina, cortados
transversalmente em secções de 5-7µm de espessura e submetidos a tratamentos de
rotina para coloração, utilizando-se a técnica de coloração Hematoxilina-Eosina
(MICHALANY, 1990) (Figura 5).
3.6.4 Fecundidade e Tipo de Desova
Para a análise da fecundidade foram contados os ovócitos contidos nos ovários
de fêmeas maduras. As gônadas foram colocadas em solução de Gilson para dissociação
dos ovócitos (VAZZOLER 1996). Após 24 horas, a massa de óvulo foi transferida e
mantida em álcool a 70% . Os ovócitos de cada ovário foram separados e contados
(Figura 6).
Para avaliar o tipo de desova foi utilizada a medição do diâmetro (mm) e
contagem dos ovócitos maduros (VAZZOLER 1996).
24
Figura 5. Fluxograma dos procedimentos histológicos (MICHALLANY, 1990)
Secção mediana 5 mm das gônadas em diferentes estádios de desenvolvimento
Fixação em formol a 4% neutralizado com CaCo
3
Desidratação em banhos de álcool etílico a 70, 80, 90, 100 %, de 1 h cada
Diafanização em banhos de xilol, de 30 minutos cada
Inclusão em blocos de parafina
Cortes de 5 - 7µm de espessura no micrótomo
Desparafinização dos cortes em 2 banhos de xilol, de 5 minutos cada
Desidratação em banhos de álcool a 100, 90, 80 e 70 %, de 5 minutos cada
Coloração em HE durante 2 minutos
Lavagem das lâminas em água corrente por 10 minutos
Coloração em eosina durante 3 minutos
Desidratação em banhos de álcool etílico de 80, 90, 100 %, de 5 minutos cada
Diafanização em 2 banhos de xilol, de 5 minutos cada
Montagem da lâmina
25
Figura 6. Fluxograma dos procedimentos adotados para dissociação dos ovócitos.
(baseado em metodologia de VAZZOLER, 1996)
3.6.5 Índice Gonadossomático (IGS)
O índice gonadossomático (IGS) é um indicador útil na determinação das fases
de maturação sexual, sendo representado pela relação percentual entre o peso das
gônadas (Wg) e o peso do peixe menos o peso das gônadas (Wc) (WOOTTON, 1984;
VAZZOLER, 1996).
Remoção das gônadas, pesagem e medidas
Observação da coloração das gônadas dos peixes
Secção longitudinal das membranas das gônadas em toda sua extensão e adição
de solução de Gilson modificada
Agitação dos frascos com as gônadas para facilitar o primeiro fracionamento da
massa de ovócitos
Permanência das gônadas por 24 horas na solução de Gilson
Agitação dos frascos com as gônadas para dissociação completa dos ovócitos
Transferência das gônadas dissociadas para placa de Petri, com remoção das
membranas com pinça e pincel
Lavagem dos ovócitos dissociados com álcool a 70 % para retirada dos resíduos
de tecidos
Acondicionamento dos ovócitos de cada exemplar em frascos com álcool a 70 %
26
Foi utilizado o peso do peixe eviscerado (g), para evitar a influência das
variações contidas no peso do conteúdo estomacal (AGUILAR & MALPICA, 1993). O
IGS é dado pela relação:
IGS
=
Wg x 100
Wc
Onde: Wg = peso das gônadas (em g)
Wc = peso do corpo menos o peso das gônadas (em g)
3.6.6 Época de Desova
Segundo Aguilar e Malpica (1993) a época de desova, tanto para os peixes de
desova total como para os peixes de desova parcial, pode ser determinada por vários
métodos. O método principal consiste no emprego da análise histológica das gônadas,
através das diferentes fases de maturação gonadal, da variação temporal do índice
gonadossomático (IGS), das observações da freqüência dos estádios de maturação
gonadal, da variação do diâmetro dos ovócitos e da distribuição do ictioplâncton
(AGUILAR & MALPICA, 1993).
Entre os citados, o emprego da análise histológica das gônadas, foi o método
utilizado para obter informações sobre a provável época de desova da espécie em
estudo. Foi feita a distribuição das freqüências relativas em (%) de cada estádio de
maturação gonadal, considerando-se separadamente os sexos durante o período total
amostrado, incluindo os índices gonadossomáticos (IGS).
3.7. Análise Estatística dos Dados
Para analisar o grau de significância das medidas morfométricas entre machos e
fêmeas, e investigar se havia diferenças na proporção sexual de P.brevis e se as
diferenças foram estatisticamente significativas foi realizado o Qui-quadrado (?
2
) com
um nível de significância 5% por meio do programa Statistic 6.0 (IVO & FONTELES
FILHO, 1997).
27
3.8. Normalização das Referências Bibliográficas
Para a normalização das referências bibliográficas do trabalho foram
empregadas as recomendações da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
(MENEZES & CARVALHO, 2006), e para o Artigo 1 foi utilizada as normas da
Revista Brasileira de Zoologia.
28
CAPÍTULO 2
ARTIGO CIENTÍFICO
29
ARTIGO CIENTÍFICO I
Biologia reprodutiva de curimatã comum, Prochilodus brevis
Steindachner (Osteichthyes: Prochilodontidae) no açude Marechal
Dutra localizado no bioma Caatinga no nordeste brasileiro
REVISTA BRASILEIRA DE ZOOLOGIA
ISNN 0101-8175
QUALIS-A Internacional
IMPACT FACTOR: 0,6
ARTIGOS CIENTÍFICOS
30
Biologia reprodutiva do curimatã comum, Prochilodus brevis
Steindachner (Osteichthyes: Prochilodontidae), no açude Marechal
Dutra do bioma Caatinga no nordeste brasileiro
Márcia Maria do Nascimento
1
, Sathyabama Chellappa
1
& Naithirithi T. Chellappa
1
1
Departamento de Oceanografia e Limnologia, Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus
Universitário, 59078-970 Natal, RN, Brasil. e-mail: [email protected];
ABSTRACT. Reproductive biology of Prochilodus brevis Steindachner
(Osteichthyes: Prochilodontidae) in the Marechal Dutra reservoir located in the
Caatinga biome of Northeast Brazil. The ecosystems of semi-arid north-eastern
region of Brazil are included in the Caatinga biome. However, studies pertaining to the
native fishes the Caatinga are considerably limited. The present work examines the
reproductive biological aspects of a native fish Curimatã comum, Prochilodus brevis
Steindachner 1875, including the limnological aspects in the Marechal Dutra Reservoir,
Acari, Rio Grande do Norte. During the period of March to December 2005, fish
samples were collected on a monthly basis, besides registering the following physico-
chemical parameters: Temperature, pH, dissolved oxygen and electrical conductivity of
the surface waters of the reservoir. The fishes were measured, weighed, dissected and
the gonads were removed, weighed and examined in order to separate the sexes, and to
assess the stage of maturation. Histological studies were carried out using haematoxilin-
eosin stains for microscopic characterization of the gonads. The gonadosomatic index
(GSI), sex proportion, fecundity and the type of spawning were estimated. The results
indicate that the study species presented a predominance of males, with a sex proportion
of 1.2M:1F. The macroscopic characteristics of the ovaries and testicles indicated three
stages of gonadal development: Maturing, mature and spent. The microscopic analyses
showed four phases of gonadal maturation for the females (initial in maturation, final in
maturation, mature initial, mature final) and three phases of gonadal maturation for the
males (in maturation, mature and spent). The average fecundity was 75.465 mature
oocytes, varying from 52.512 to 98.418. The relative frequency distribution of the
oocyte diameter sizes indicates that the study species is a total spawner. The values of
31
gonadosomatic index (GSI) ranged from 0.30 to 20.08 for females and from 1.50 to
6.00 for males. Breeding of this species occurred during March 2005.
KEY WORDS. Gonadosomatic index, physico-chemical parameters, spawning,
Caatinga.
RESUMO. Os ecossistemas da região semi-árida do nordeste brasileiro são inseridos no
bioma da Caatinga. Todavia, estudos relacionados às espécies natives deste bioma são
consideravelmente escassos. O objetivo do presente trabalho foi estudar os aspectos
biológicos da reprodução de uma espécie de peixe nativo, o curimatã comum,
Prochilodus brevis Steindachner 1875, e os aspectos da limnologia do açude Marechal
Dutra, localizado em Acari, Estado do Rio Grande do Norte. Durante o período de
março a dezembro de 2005, foram coletados mensalmente exemplares de P. brevis e
registrados os seguintes parâmetros físico-químicos: temperatura, pH, condutividade
elétrica e oxigênio dissolvido nas águas superficiais do açude. Os peixes foram
medidos, pesados, dissecados. As gônadas foram removidas, pesadas e examinadas para
identificação do sexo e determinação macroscópica dos estádios de maturação gonadal.
A caracterização microscópica dos estádios de maturação das gônadas foi realizada
através de estudos histológicos utilizando a coloração hematoxilina-eosina. Foram
avaliados o índice gonadossomático (IGS), a proporção sexual, a fecundidade, o tipo de
desova e a época de desova em relação a pluviosidade. Os resultados indicaram que P.
brevis apresentou uma proporção sexual de 1,2M:1F para o total de indivíduos
amostrados. As características macroscópicas dos ovários e testículos indicaram três
estádios de maturação gonadal: em maturação, maduro e esvaziado. As características
microscópicas permitiram estabelecer quatro estádios de desenvolvimento gonadal para
fêmeas (em maturação inicial, em maturação final, maduro inicial, maduro final) e três
estádios para machos (em maturação, maduro e esvaziado). A fecundidade absoluta
apresentou uma amplitude de 52,512 a 98,418 ovócitos vitelogênicos, com média de
fecundidade 75,465. A espécie apresentou desova do tipo total, observada através da
distribuição de freqüência relativa do diâmetro dos ovócitos vitelogênicos. Os valores
dos índices gonadossomáticos (IGS) variaram de 0,30 a 20,08 para fêmeas e 1,50 a 6,00
para machos, com o período reprodutivo ocorrendo em março de 2005.
PALAVRAS CHAVE. Índice gonadossomático, parâmetros físico-químicos, desova,
Caatinga.
32
A riqueza natural do Brasil é expressa pela grande extensão continental,
diversidade e endemismo das espécies biológicas e seu potencial genético, bem como
pela variedade ecossistêmica dos biomas. O bioma Caatinga é o principal ecossistema
existente no Nordeste brasileiro, estendendo-se numa área de 73.683.649 há, onde
predomina o clima semi-árido.A Caatinga compreende cerca de 6,8% do território
nacional e 70% do Nordeste brasileiro. Trata-se de um bioma dominado vegetação com
características xerofíticas encontrado nos estados da Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Alagoas, Maranhão e parte de Minas Gerais. O
termo Caatinga é originário do Tupi-Guarani e significa mata branca (ARRUDA, 2001;
LEAL et al., 2003), apresenta plantas e animais adaptados as condições de seca, o que a
torna com alta taxa de endemismo de flora e fauna. A Caatinga é considerado um bioma
exclusivamente brasileiro, pouco estudado cientificamente. Sendo a maioria dos estudos
restritos a uma lista florística e/ou faunística sem a apresentação de dados ecológicos
associados (PRADO, 2003).
O represamento de águas de rios é uma das formas mais antigas e úteis que o
homem desenvolveu nos ecossistemas naturais. Suas principais finalidades são:
abastecimento de água, geração de energia, uso industrial, navegação, recreação, pesca,
piscicultura, irrigação e turismo (TUNDISI, 2003). MARGALEF (1983) considerou a
barragem é um sistema híbrido, entre rio e lago. A taxa de renovação da água é mais
lenta do que ocorre em sistemas lóticos (rios) e mais rápida do que em sistemas lênticos
(lagos). Para TUNDISI, et al (1990) um reservatório consiste na formação de três
ambientes distintos (compartimentos) que apresentam características físicas, químicas e
biológicas diferentes.
Segundo HENRY (1999) os reservatórios podem ser considerados como sistemas
complexos, que apresentam um padrão dinâmico caracterizado por rápidas mudanças
nos mecanismos de funcionamento com observação de gradientes horizontais e
verticais. A construção de barragens trouxe inúmeros benefícios, entre eles o
desenvolvimento expressivo da piscicultura, implantação de sistemas públicos de
abastecimento e aproveitamento de faixas úmidas no entorno do açude para a
agricultura de vazante (DNOCS, 1990). Por outro lado, provocou modificações físico-
químicas da água e do substrato, assim como alterações na estrutura e abundância de
33
espécies nativas, refletindo na capacidade de auto-renovação das populações aquáticas
(TUNDISI, 2003).
A ictiofauna que ocorre na Caatinga inclui representantes de diferentes grupos
neotropicais típicos e mostra-se bem menos diversificada quando comparada à de outros
ecossistemas brasileiros. Suas espécies se distribuem em bacias interiores e costeiras do
nordeste brasileiro, que drenam parcialmente ou estão inteiramente localizadas na
Caatinga. Entretanto, há necessidade de informações mais detalhadas na diversidade,
endemismo e distribuição da ictiofauna presente neste tipo de ecossistema (Rosa et al.,
2003).
Os estudos sobre os peixes do açude Marechal Dutra registraram as espécies
nativas como curimatã, Prochilodus brevis (=Prochilodus cearensis); piau, Leporinus
piau; pirambeba, Serrasalmus spilopleura; sardinha, Triportheus angulatu; traíra,
Hoplias malabaricus; cascudo, Hypostomus sp. e branquinha, Curimata ciliata. As
espécies introduzidas foram representadas por apaiari, Astronotus ocellatus; pescada
branca, Plagioscion squamosissimus; tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus e tucunaré,
Cichla monoculus (FREIRE et al, 2000; MENESCAL et al., 2000). Foram realizados
estudos em relação à estrutura populacional e os aspectos reprodutivos do cascudo
Hypostomus pusarum (Starks,1913) no açude Marechal Dutra (BUENO & CHELLAPPA,
2003).
Contudo, não há estudos sobre a biologia e sistemática dos peixes dos açudes da
região. A pesca predatória de P. brevis, principalmente no período que antecede a
desova, quando as fêmeas se encontram maduras, põe em risco a sobrevivência da
espécie. Deste modo, o presente trabalho avalia os indicadores do período reprodutivo
de curimatã comum, Prochilodus brevis Steindachener, 1875, através do índice
gonadossomático (IGS) relacionando-o com as variações mensais de pluviosidade,
temperatura, potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica e oxigênio
dissolvido nas águas superficiais do açude Marechal Dutra, Rio Grande do Norte.
Foram determinados também os aspectos da biologia reprodutiva de curimatã comum
considerando a proporção sexual, aspectos macro e microscópicos dos estádios de
desenvolvimento gonadal, fecundidade e tipo de desova da espécie.
34
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo e coleta de dados
As coletas de dados limnológicos e as amostras dos peixes foram feitas no açude
público Marechal Dutra também denominado Gargalheiras, que está localizado no
distrito de Gargalheiras, no município de Acari, RN, a 219 Km de Natal, capital do
Estado do Rio Grande do Norte. Compreende ao barramento do rio Acauã, formado
pela confluência dos rios Currais Novos (RN) e Picuí (PB), sendo um dos afluentes da
bacia Piranhas-Assu.
Os dados de precipitação pluviométrica referentes ao período de março de 2005
a dezembro de 2005, foram obtidos no Departamento de Meteorologia e Recursos
Hídricos da EMPARN (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
S/A), Natal/RN, para a caracterização do regime pluviométrico da área de estudo.
Para verificar os valores de temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade
elétrica e pH foi utilizado um Kit Mutiparâmetro (WTW multi340i). Todos os
parâmetros limnológicos foram verificados pela manhã, entre 10:00 e 11:00 horas
durante o período de março a dezembro de 2005.
Coleta dos peixes e medidas
Para determinar os aspectos da biologia reprodutiva, os exemplares de peixe
curimatã comum, P. brevis foram capturados mensalmente durante o período de março
a dezembro de 2005, no açude Marechal Dutra em Acari, RN. As coletas dos peixes
foram suspensas durante o período de abril e maio de 2005, por motivo de defeso da
Piracema (determinado pela Lei n° 7.679, de 23 de novembro de 1988, e estabelecido
anualmente pelo IBAMA, com a colaboração de órgãos, instituições e associações
envolvidas com a pesca no açude Marechal Dutra, RN).
35
Os peixes foram capturados mensalmente com o auxílio de pescadores locais.
Foram utilizadas redes de espera com malhas entre com 6 a 10 cm de espaços entre nós
e a pesca foi realizada entre 17 h e 5h. Durante o período de coleta foram capturados 43
peixes, onde ocorreram 26 machos e 17 fêmeas. Após a coleta, os peixes foram
transportados em caixas térmicas com gelo para o Laboratório de Ictiologia do
Departamento de Oceanografia e Limnologia do Centro de Biociências da UFRN.
Para a mensuração dos dados morfométricos foram utilizados paquímetros e
réguas. Além disso, foram registrados os principais aspectos merísticos apresentados
pela espécie em estudo. Para a obtenção do peso corporal dos peixes (gramas), foi
utilizada uma balança (Quimis Semi-analítica, Modelo QI-3000) com capacidade de
3000 g. Para a identificação do sexo e a observação macroscópica do desenvolvimento
ovariano, foi feita uma incisão ventral em todos os indivíduos, expondo as gônadas dos
peixes.
Proporção sexual
Numa população espera-se teoricamente uma ocorrência teórica de machos e
fêmeas, em iguais proporções, com freqüências esperadas de 50% para cada sexo
(SANTOS, 1978). Para determinar a diferença na proporção entre machos e fêmeas e
verificar se a diferença foi estatisticamente significativa, foi realizado o teste do ?
2
(Qui-quadrado) com 5% no nível de significância, através do programa Statistica 6.0.
Estrutura em comprimento e peso dos peixes coletados
Para determinar a estrutura em comprimento e peso foi utilizada a distribuição
das freqüências relativas das classes de comprimento total e peso total correspondente
aos machos e as fêmeas para todo o período de amostragem (Tabela I). Os dados foram
agrupados em classes de 1cm de intervalo para o comprimento e de 20g para o peso
demonstrando os valores máximos e mínimos do comprimento total (Lt) e peso total
(Wt). Para testar a diferença estatística entre as médias de comprimento e peso de
machos e fêmeas, e investigar se a diferença foi estatisticamente significativa foi
realizado teste do ?
2
(Qui-quadrado) com nível de 5% de significância.
36
Estudo macroscópico e microscópico dos estádios de desenvolvimento gonadal
A visualização macroscópica durante o processo de maturação das gônadas
permite a verificação dos estádios em que estas se encontram, através da observação dos
aspectos externos. Foi feita uma incisão ventral em todos os indivíduos, expondo as
gônadas dos peixes. Estas foram retiradas, pesadas e identificadas de acordo com a
escala dos estádios gonadais proposta por VAZZOLER (1996): imaturo, em maturação,
maduro e esvaziado. Foram verificados o tamanho, a disposição dos ovários em relação
à cavidade abdominal, a coloração, a transparência e o grau de irrigação sangüínea
superficial. Para os testículos foram observadas o tamanho, a disposição dos testículos
em relação à cavidade abdominal,a liberação do sêmen e a coloração.
Estudo microscópico das gônadas
As lâminas histológicas das gônadas dos peixes foram confeccionadas no
Laboratório de Histologia da Universidade Potiguar, RN. Para tanto, foram tomadas
porções cefálicas, medianas e caudais de aproximadamente 25 mm de espessura de 10
gônadas (testículos e ovários) em diferentes fases de desenvolvimento gonadal. A
seguir, foram fixados em formol a 10% neutralizado com carbonato de cálcio (CaCO
3
),
incluídos em parafina, cortados transversalmente em secções de 5-7µm de espessura e
submetidos e submetidas às técnicas de coloração Hematoxilina-Eosina (HE)
(MICHALANY 1990). Os diferentes tipos de células germinativas foram identificadas e as
imagens obtidas com o auxílio de um microscópio binocular (Taimin, modelo TM800)
com câmera de vídeo (Kodo Digital) acoplada. Cada estádio de maturação das gônadas
foi caracterizado com base nas mudanças estruturais que ocorreram durante o processo
de maturação gonadal. (VAZZOLER, 1996).
Fecundidade e tipo de desova
Para a análise da fecundidade foram contados os ovócitos contidos nos ovários
de fêmeas maduras. As gônadas foram colocadas em solução de Gilson para dissociação
dos ovócitos (VAZZOLER 1996). Após 24 horas, a massa de óvulo foi transferida e
mantida em álcool a 70% . Os ovócitos de cada ovário foram separados e contados.
37
Para avaliar o tipo de desova foi utilizada a medição do diâmetro (mm) e
contagem dos ovócitos maduros (VAZZOLER 1996).
Índice gonadossomático
Para avaliar o grau de desenvolvimento das gônadas foi calculado o índice
gonadossomático (IGS), pela relação percentual entre o peso das gônadas e o peso do
peixe menos o peso das gônadas (WOOTTON, 1984; VAZZOLER, 1996).
Época de desova
Para determinar a época de desova foi considerada a variação temporal do índice
gonadossomático. Para a distribuição das freqüências relativas em (%) de cada estádio
de maturação gonadal, considerando-se os sexos separadamente em relação os índices
gonadossomáticos (VAZZOLER, 1996).
RESULTADOS
Precipitação pluviométrica
O período chuvoso da região correspondeu aos meses de janeiro a junho, com
precipitação pluviométrica média em torno de 168,5 mm e o período de estiagem
ocorreu entre julho e dezembro com valor médio em torno de 0,9 mm. Todavia, no
período de estudo de janeiro a julho de 2005, o valor pluviométrico médio foi 63,2 mm,
com máximo de 194,4 mm no mês de março e mínimo de 20,0 mm no mês de maio.
Com relação ao ano anterior verificaram-se valores pluviométricos altos,
correspondendo aos meses de janeiro e maio. (Fig. 1).
38
0
100
200
300
400
500
600
Jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
2005
Pluviosidade mm
2004
2005
Figura 1. Precipitação pluviométrica do açude Marechal Dutra, referente ao
período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005.
Parâmetros limnológicos
A Fig. 2 mostra os valores da condutividade elétrica, oxigênio dissolvido,
temperatura e pH na superfície da água do açude medidos mensalmente durante o
período de estudo. O valor da condutividade elétrica foi menor no mês de junho (663µs
cm
-1
),e o maior valor de condutividade elétrica de 775µs cm
-1
ocorreu em dezembro. O
valor de oxigênio dissolvido apresentou-se mais elevado no mês de agosto com 11,68
mg L
-1
. O menor valor de oxigênio foi registrado no mês de junho, cujo valor foi de
3,35 mg L
-1
A temperatura oscilou entre o mínimo de 26,8ºC no mês de setembro e ao
máximo de 31,1ºC no mês de março. O potencial hidrogeniônico (pH) apresentou um
valor máximo de 9,8 no mês de outubro e o mínimo de 8,9 no mês de março.
39
a
775
751
736
718
693
677
663
686
697
650
670
690
710
730
750
770
790
Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2005
Condutividade elétrica µS.cm-1
b
7,4
10,3
11,1
8,1
11,7
11,2
10,1
7,2
3,4
0
2
4
6
8
10
12
14
Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2005
Oxigênio dissolvido (mg L-1 )
c
28,3
28,9
27,4
26,8
27
27
28,5
28,7
31,1
24
25
26
27
28
29
30
31
32
Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2005
Temperatura °C
d
9,3
9,5
9,8
9,2
9,5
9,3
9,4
9,4
8,9
8,4
8,6
8,8
9
9,2
9,4
9,6
9,8
10
Mar Abr Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2005
pH
Figura 2. Parâmetros limnológicos da água superficial do açude Marechal Dutra: (a)
Oxigênio dissolvido; (b) Condutividade elétrica; (c) Temperatura e (d) pH durante o
período de março a dezembro de 2005.
Caracterização morfométrica e merística de P. brevis
A caracterização morfométrica e merística dos 43 exemplares de P. brevis foi
realizada desde março de 2005 até dezembro de 2005, perfazendo um período de nove
meses.A partir dos valores obtidos de cada exemplar foram calculados a média e os
valores máximos e mínimos para cada medida (Tab. 1 a e b ).
As maiores medidas de comprimento total para fêmeas e para machos foi de 300
mm e de 270mm respectivamente. As menores medidas para fêmeas e machos foi de
230 mm e 235 mm respectivamente. A análise dos caracteres merísticos mostrou que os
peixes não apresentaram leptodotríquios duros. A caracterização morfométrica e
merística foi utilizada na confirmação e identificação taxonômica do P. brevis.
40
Tabela 1a - Valores mínimos, máximos e médias das medidas morfométricas do
curimatã comum, P.brevis coletados no açude Marechal Dutra.
Caracterização
morfométrica(mm)
Valor mínimo Valor máximo Valor médio
? ? ? ? ? ?
Comprimento total (mm) 230 235 300 270 26,9 253
Comprimento zoológico
(mm)
210 212 275 240 244 227
Comprimento padrão (mm) 190 192 235 192 215 203
Comprimento da cabeça
(mm)
40 43 50 53 48 49
Comprimento do focinho 15 15 25 25 19,4 19
Comprimento da maxila 10 10 11 12 10,7 10,6
Altura máxima do corpo 60 57 92 70 74 64,3
Comprimento pré-dorsal 80 75 108 91 95 84,7
Comprimento pré-peitoral 40 40 57 52 50 47,7
Comprimento pré-ventral 97 95 123 110 110 103
Comprimento pré-anal 155 150 195 170 179 162
Base da dorsal 30 30 40 35 36 33
Base da peitoral 10 10 12 15 11 11
Base da ventral 10 10 15 15 11 11,1
Base da Anal 20 20 37 30 28 28,1
Comprimento da dorsal 33 35 45 45 41 40
Comprimento da peitoral 30 30 46 48 38,2 41,2
Comprimento da ventral 25 30 40 40 34 36
Comprimento da anal 25 28 40 35 33 32
Diâmetro do olho 10 10 11 11 10,4 10,3
Tabela 1b - Valores médios das medidas merísticas do Curimatã comum, P. brevis
coletados no açude Marechal Dutra.
Valores Médios Caracterização Merística
? ?
Leptodotríquios dorsais 11,5 11,4
Leptodotríquios peitorais 17,6 17,0
Leptodotríquios ventrais 10,5 10,0
Leptodotríquios anais 12,5 12,0
41
Proporção sexual
A espécie estudada não apresenta dimorfismo sexual, embora as fêmeas foram
ligeiramente maiores que os machos. Essa diferença foi acentuada durante a época da
reprodução. Dentre os exemplares de P. brevis capturados durante o período estudo, 26
foram machos e 17 foram fêmeas. A proporção entre os sexos foi de 60% de machos em
relação a 40% de fêmeas. A proporção sexual obtida difere significante ao nível de 5%
(?
2
= 13, 68). As fêmeas foram encontradas entre os meses de julho a dezembro de
2005, porém, os machos estiveram presentes em todas as coletas. Houve uma
predominância das fêmeas no mês de outubro enquanto nos meses de março e junho
apenas os machos foram capturados (Fig. 3 e 4).
0
20
40
60
80
100
120
mar jun jul ago set out dez
2005
Frequência relativa %
Fêmea
Macho
Figura 3 Freqüência mensal de ocorrência dos machos e das fêmeas de P. brevis no
período de março a dezembro de 2005.
42
0
2
4
6
8
10
mar jun jul ago set out dez
2005
frequência absoluta
Macho
Fêmea
Figura 4. Freqüência absoluta de machos e fêmeas capturados mensalmente.
Relação comprimento-peso dos exemplares coletados
Foram capturados 43 exemplares de P. brevis durante o período de março a
dezembro de 2005. A amplitude do comprimento total (mm) das fêmeas variou de 230
mm a 300 mm enquanto o peso total (g) variou de 215,6 g a 513,2 g. A amplitude do
comprimento total (mm) dos machos variou de 235 mm a 280 mm enquanto o peso total
(g) variou de 204,2 g a 322,4 g. As médias mensais de comprimento total e peso total,
no período de estudo, evidenciaram que as fêmeas na maioria dos meses apresentaram
valores de comprimento e peso total maior do que os machos (Fig. 5).
43
230
240
250
260
270
280
290
300
mar jun jul ago set out dez
2005
Comprimento total mm
Machos
Fêmeas
200
250
300
350
400
450
500
mar jun jul ago set out dez
2005
Peso Total g
Machos
Fêmeas
Figura 5. Valores médios de comprimento total (Lt) e de peso total dos machos e
fêmeas do curimatã comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra.
Aspectos macroscópicos dos estádios de maturação gonadal dos machos e fêmeas
As fêmeas apresentaram um par de ovários, situados dorsalmente na cavidade
abdominal, achatados e afinando-se gradualmente até alcançar o poro genital. Com o
desenvolvimento do ciclo reprodutivo, os ovários aumentaram de tamanho e
apresentaram variações de coloração. Os machos apresentaram testículos pares, situados
b)
a)
44
dorsalmente na cavidade abdominal, apresentando uma forma tubular. Geralmente são
finos no inicio da reprodução, tornando-se volumoso de acordo com o desenvolvimento
gonadal. Apresentaram uma coloração que variou de branco a roso leitoso.
Com base nas características macroscópicas das gônodas, foram estabelecidos os
seguintes estádios de maturação gonadal: Em maturação, maduro e esvaziado para os
machos, enquanto que para as fêmeas, foram considerados apenas os estádios em
maturação e maduro. Não foram considerados os estádios imaturos e esvaziados, por
não ter sido capturado nenhum indivíduos em tais condições.
Em relação aos aspectos macroscópicos do P. brevis, foram estabelecidos os
seguintes estádios:
Em maturação: Nesse estádio os ovários apresentaram-se volumosos, com
coloração cinza escuro e vascularização bem evidente. Os testículos apresentaram-se em
forma de filetes, variando de translúcido para levemente esbranquiçados. No período de
junho a dezembro de 2005 foram encontrados 15 machos e 6 fêmeas com gônadas no
estádio em maturação.
Maduro: Nesse estádio os ovários apresentaram tamanho máximo, ocupando
quase a totalidade da cavidade abdominal. Encontravam-se repletos de ovócitos grandes
e visíveis a olho nu. Além disso, apresentaram uma coloração cinza-azulada. Os
testículos estavam mais desenvolvidos em relação à fase em maturação. Apresentaram
uma coloração rosa-leitosa e sob uma leve pressão ocorria fluência do liquido
espermático. No período de agosto a dezembro 2005 foram registrados 10 machos e 13
fêmeas com gônadas no estádio maduro.
Esvaziado: Os testículos encontraram-se vazios, translúcidos e com um aspecto
hemorrágico ou flácido, conferindo-lhe um coloração marrom claro e avermelhada em
algumas regiões. No mês de março apenas um macho foi encontrado no estádio
esvaziado.
A Fig. 6 mostra os estádios macroscópicos de maturação gonadal de machos e
fêmeas do curimatã comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra.
45
Figura 6. Estádios macroscópicos de maturação gonadal de machos e fêmeas do
curimatã comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) fêmea em maturação,
b) fêmea madura, c) macho em maturação, d) macho maduro e e) macho esvaziado.
Escala: 25 mm.
c
a
d
b
e
46
Classificação microscópica dos estádios de maturação gonadal de P. brevis
Desenvolvimento ovocitário das fêmeas de P. brevis
Avaliação microscópica das fases de desenvolvimento dos ovócitos de P. brevis
indicou quatro estádios (maturação inicial, maturação final, maduro inicial e maduro
final) e quatro fases de desenvolvimento ovocitário (fases III, IV, V, VI e VII) (Tab. 2 e
Fig. 7).
Tabela 2 Características dos estádios e fases de desenvolvimento ovocitário para
fêmeas de P. brevis.
Estádio Fases Características microscópicas
Em maturação
inicial
Fase II Células do
estoque de reserva.
Fase III ovócitos
com vitelogênese
lipídica.
As células do estoque de reserva
apresentam denso citoplasma basófilo e
a presença de nucléolos.
Apresenta as vesículas lipídicas no
citoplasma.
Em maturação
final
Fase IV Ovócitos
com vitelogênese
lipo-proteica.
Possui dominância de ovócitos com
vesicula lipidica e protéica..
Maduro inicial Fase V Ovócitos
com vitelogênese
lipídica e protéica
Apresenta ovócitos de diâmetros
maiores que no estádio anterior.
Predominam ovócitos com vitelogênese
lipídica e protéica.
Maduro final Fase VII Ovócitos
em hialinização
Elevada freqüência de ovócitos com
vitelogênese completa, com aumento do
diâmetro dos ovócitos. Apresentando
coloração rosada, características
protéicas.
47
Figura 7. Estádios microscópicos de maturação gonadal das fêmeas de curimatã
comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) Células em maturação inicial
(fase II) apresentando denso citoplasma basófilo, b) Células de reserva lipídica, com
núcleo mais evidente, c) Ovócitos com vitelogênese protéica e d) Célula em atrésia
Escala: 70 µm.
Classificação microscópica dos estádios de maturação gonadal para machos
de P. brevis
As observações microscópicas indicaram que as células germinativas estavam
em atividade espermatogênica, mostrando vários cistos de células germinativas em fase
de espermatócitos e espermátides. Os estádios de maturação gonadal observados
microscopicamente para machos de P. brevis, foram os seguintes: Em maturação,
maduro e esvaziado (Fig.8).
Estádio I Em maturação: As observações microscópicas indicaram que as
células germinativas estavam em atividade espermatogênica, mostrando vários cistos de
a b
c
d
48
células germinativas em fase de espermatócitos e espermátides, percebendo-se assim os
espermatozóides na luz dos túbulos.
Estádio II- Maduro: Os cortes histológicos mostraram uma grande quantidade
de espermatozóide na luz dos túbulos.
Estádio III Esvaziado: Esse estádio foi caracterizado por uma diminuição da
atividade espermatogênica. O diâmetro dos túbulos diminuiu e apresentou
espermatozóides residuais.
Figura 8. Estádios microscópicos de maturação gonadal dos machos de curimatã comum,
P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) Células germinativas, mostrando vários
cistos, b) macho em maturação, c) Grande quantidade de espermatozóide na luz dos
túbulos, d) Células mostrando espermatozóides residuais. 100 X.
Fecundidade e tipo de desova
A fecundidade absoluta apresentou uma amplitude de 52,512 a 98,418 ovócitos
vitelogênicos, com média de 75,465. A espécie apresentou desova do tipo total,
verificada através da distribuição de freqüência relativa do diâmetro dos ovócitos
vitelogênicos (1 mm).
a b
c
d
49
Índice gonadossomático
Os valores médios mensais de IGS variaram nas fêmeas entre 0,30 a 20,08
durante os meses de julho a dezembro de 2005, enquanto que nos machos os valores de
IGS variaram entre 1,50 a 6,00 durante os meses de amostragem. Ambos os sexos
mostraram maiores valores do IGS nos meses de setembro a dezembro de 2005 (Fig. 9).
0
5
10
15
20
25
mar jun jul ago set out dez
2005
IGS
Machos
Fêmeas
Figura 9. Valores médios mensais do IGS do curimatã comum, P.brevis
coletados no açude Marechal Dutra durante março a dezembro de 2005.
Período de reprodução
No mês de março um macho foi encontrado no estágio esvaziado. A partir do
mês de junho até o mês de outubro, foi verificada a presença de treze machos e seis
fêmeas em maturação, enquanto no período de outubro a dezembro foi observada a
presença de seis machos e dez fêmeas maduras (Fig. 10 ).
Os ovários em maturação foram encontrados em 100% dos peixes capturados
nos meses de julho. A freqüência de fêmeas maduras foi mais elevada nos meses de
outubro e dezembro, representando 100% dos exemplares capturados. Durante o
período reprodutivo, os ovários chegaram a atingir 20% do peso total do corpo, com
30,0 cm de comprimento total em que a fêmea estava apta a reproduzir.
50
A freqüência de machos em maturação foi mais elevada nos meses de junho,
julho e outubro, correspondendo a 100% dos exemplares capturados. Em relação aos
machos maduros foi encontrada uma freqüência de 80% no mês de agosto e de 70% no
mês de dezembro.
0
20
40
60
80
100
jul ago set out dez
2005
Frequência relativa %
em maturação
maduro
0
20
40
60
80
100
mar jun jul ago set out dez
2005
Frequência relativa %
em maturação
maduro
esvaziado
Figura 10. Freqüência relativa dos estádios de maturação gonadal do curimatã comum,
P.brevis coletados no açude Marechal Dutra durante março a dezembro de 2005: a)
fêmeas e b) machos.
a)
b)
51
DISCUSSÃO
Em ambientes tropicais dulcícolas, as flutuações pluviométricas são destacadas
entre os fatores abióticos, por carrearem os nutrientes do solo, com o conseqüente
aumento da disponibilidade de alimento e enriquecimento dos ecossistemas aquáticos.
Devido a estas flutuações, há elevação dos níveis de oxigênio dissolvido e há regulação
das atividades dos organismos, principalmente reprodutivas, pelo fornecimento de
ambientes para nidificação e para alimentação das larvas, em decorrência da ampliação
das margens. (AGOSTINHO & JÚLIO JR., 1999). Nordeste brasileiro é caracterizado
por longos períodos de estiagem, temperatura média elevada e irregular estação
chuvosa. O clima da região em estudo é semi-árido, constatando com um período de
estiagem (julho a dezembro) e um período chuvoso (janeiro a junho).
A temperatura da água do açude foi mais baixa em setembro (26,8ºC), durante o
período de estiagem, e mais alta em março (31,1ºC). CHELLAPPA & COSTA (2003)
encontraram valores de temperatura elevados na superfície da água (27 a 32ºC) neste
açude e chuvas menos intensas neste período. As oscilações de temperatura relacionadas
com as flutuações pluviométricas evidenciaram a sazonalidade da região. Em águas
tropicais, onde há altas temperaturas, pequenas variações podem significar alterações na
densidade da água, favorecendo uma circulação gradual ou irregular (MOSS, 1988).
As medições de pH mostraram ligeira variação e valores alcalinos durante todo
o período. O maior valor de pH (9,8) foi registrado no período de estiagem no mês de
outubro de 2005 e o menor valor (8, 9) ocorreu durante as chuvas no mês de março de
2005. Os ecossistemas aquáticos com elevados valores de pH são encontrados em
regiões onde há balanço hídrico negativo, como os açudes do Nordeste brasileiro e
devido às secas prolongadas, estes valores podem ser superiores a 9,0 (MELO &
CHACON, 1976).
O maior valor de oxigênio dissolvido da água foi registrada no mês de agosto de
2005 (11,68 mg.L
-1
). O nível de oxigênio foi elevado nos meses de julho, agosto e
52
outubro de 2005 (entre 11, 1 e 11, 68 mg.L
-1
). No entanto, o menor valor (3,35 mg.L
-1
)
ocorreu em junho de 2005. O baixo teor de oxigênio no mês de junho possivelmente
decorreu da utilização excessiva de oxigênio para a respiração dos organismos
planctônicos e a decomposição de matéria orgânica geralmente abundantes no açude
(CHELLAPPA & COSTA, 2003).
Os maiores valores de condutividade elétrica ocorreram a partir do mês de
setembro à dezembro de 2005 (718µs.cm
-1
a 775µs.cm
-1
) durante o período de seca. O
menor valor de condutividade elétrica ocorreu no mês de junho (663µs.cm
-1
). As chuvas
possivelmente atuaram como um fator de diluição resultando em valores baixos de
condutividade elétrica. CHELLAPPA & COSTA (2003) observaram a mesma relação
entre chuvas e condutividade elétrica neste açude. Os aspectos limnológicos
caracterizam o açude como um ambiente de semi-árido, com águas alcalinas e
temperaturas elevadas. Os maiores valores de condutividade elétrica ocorreram durante
o período de seca.
A escassez dos números de P. brevis coletadas no período de estudo está
possivelmente relacionada com a diminuição dessa espécie nativa no açude Marechal
Dutra (MENESCAL et al., 2000). Há uma ausência de estruturas adequadas no açude
para facilitar a migração dos peixes da jusante em direção a montante, durante o
processo de migração reprodutiva (piracema). A predominância de exemplares nas
classes de comprimento total de 250mm a 280mm, sugere que a população não se
encontra em equilíbrio, pelo fato de não existir exemplares mais jovens.
A análise da estrutura populacional em relação ao sexo fornece subsídio para o
uso sustentável e o conhecimento para a conservação desta espécie em relação ao meio
ambiente. No presente estudo, a proporção entre os sexos revelou uma predominância
de machos. Geralmente a razão entre os sexos de uma população é de 1:1. De acordo
com NIKOLSKY (1963), esta proporção varia consideravelmente de espécie para
espécie, podendo também variar na mesma população de um ano para outro. A
predominância de machos pode estar associado com a alta taxa de mortalidade das
fêmeas maduras que são facilmente capturados. As fêmeas maduras tornam-se mais
vulneráveis as redes de espera dos pescadores.
53
Em relação à estrutura em comprimento e peso de P. brevis, as fêmeas atingiram
valores de comprimento e peso total maiores que os machos. Resultados semelhantes
foram observados por GODINHO & RIBEIRO (1985) em estudos a espécie
Prochilodus scrofa. PEREIRA (1986) sugeriu que variáveis biométricas como, peso
total e comprimento estão sob influência de a densidade populacional e a
disponibilidade de alimento. A espécie estudada não apresenta dimorfismo sexual,
embora as fêmeas sejam ligeiramente maiores que os machos. Essa diferença é
acentuada durante a época da reprodução, quando as fêmeas repletas de ovócitos
tornam-se facilmente identificáveis pelos pescadores.
A caracterização microscópica dos ovários mostrou que a espécie apresenta
quatro estádios de maturação gonadal, tais como: maturação inicial, em maturação final,
maduro inicial e maduro final. As fases ovocitárias identificadas foram II, III, IV, V, VI
e VII. As gônadas das fêmeas maduras foram caracterizadas pela ocorrência de células
germinativas, apresentando ovócitos com vitelogênese lipídica, estas células do estoque
de reserva apresentam núcleo inicialmente com nucléolo. A fase IV possui dominância
de ovócitos com vitelogênese lipídica e um pequeno aumento em relação a anterior.
Passando para a fase V, onde se dá inicio ao estádio de maturação inicial, encontramos
ovócitos de diâmetros maiores que no estádio anterior e predominância de ovócitos com
vitelogênese protéica. Neste estádio,os ninhos de células germinativas foram bem
visíveis, concordando com a observação de ARAÚJO (2000).
O estádio em maturação final foi caracterizado pelo aparecimento de numerosos
ovócitos com vitelogênese completa. No estádio maduro foram encontradas elevada
freqüência de ovócitos com vitelogênese completa e um aumento do diâmetro dos
ovócitos apresentando coloração rosada com placas protéicas. Com relação às
características microscópicas dos testículos, encontramos os estádios: Em maturação,
maduro e esvaziado. Foi verificado que no estádio de maturação, encontrava-se em
atividade espermatogênica, que mostraram vários cistos de células germinativas em fase
de espermatócitos e espermátides, percebendo assim os espermatozóides na luz dos
túbulos.
54
De acordo com as modalidades de reprodução, em particular o tipo de desova, os
peixes apresentam adaptações ao meio ambiente (ISAAC-NAHUM &
VAZZOLER,1983). Muitas espécies de peixes possuem desova parcelada para melhor
aproveitar o alimento disponível, evitando a competição alimentar na fase larval.
Enquanto outras espécies de peixes, os ovócitos são liberados em um só lote,
caracterizando a desova total ( LOWE-McCONNEl, 1987). A espécie em estudo P.
brevis apresenta desova do tipo total que ocorre no período de dezembro a maio. O
período de desova coincide com a época do período de defeso.
Em relação aos valores de IGS, observou-se as fêmeas apresentaram valores
mais elevados do que os machos. Os valores do IGS mais elevados para as fêmeas
foram relatados por GODOY (1959) em Prochilodus scrofa, demonstrando que o
aumento de volume dos ovários durante o processo de maturação gonadal ocorre de
modo acentuado. Os autores RODRIGUES et al.,1995 e AGOSTINHO et al (1984),
trabalhando com diversas espécies relataram ocorrência de valores mais elevados do
IGS no estádio Maduro e inferiores após a desova. Neste estudo o índice
gonadossomático mostrou-se adequado como indicador do período reprodutivo dessa
espécie.
O período reprodutivo da espécie em estudo coincidiu com o período das chuvas
quando ocorrem mudanças dos fatores abióticos, tais como, mudança na temperatura da
água, concentração de oxigênio dissolvido, condutividade elétrica e pH que influencia o
ciclo reprodutivo.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq/MCT, à Universidade Federal do Rio Grande do Norte e à
Universidade Federal da Paraíba pelo apoio financeiro proporcionado através do
Projeto PELD/CNPq. A segunda e o terceiro autores agradecem ao Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de
Produtividade em Pesquisa.
55
LEGENDA DAS FIGURAS
Figura 1. Precipitação pluviométrica do açude Marechal Dutra, referente ao período de
janeiro de 2004 a junho de 2005.
Figura 2. Parâmetros limnológicos da água superficial do açude Marechal Dutra: (a)
Oxigênio dissolvido; (b) Condutividade elétrica; (c) Temperatura e (d) pH durante o
período de março a dezembro de 2005.
Figura 3 Freqüência mensal de ocorrência dos machos e das fêmeas de P. brevis no
período de março a dezembro de 2005.
Figura 4. Freqüência absoluta de machos e fêmeas capturados mensalmente.
Figura 5. Valores médios de comprimento total (Lt) e de peso total dos machos e
fêmeas do curimatã comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra.
Figura 6. Estádios macroscópicos de maturação gonadal de machos e fêmeas do
curimatã comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) fêmea em
maturação, b) fêmea madura, c) macho em maturação, d) macho maduro e e) macho
esvaziado.
Figura 7. Estádios microscópicos de maturação gonadal das fêmeas de curimatã
comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) Células em maturação inicial,
apresentando ninhos jovens coradas de roxa com grande reserva lipídica, b) Células de
reserva lipídica, com núcleo mais evidente, c) Ovócitos maiores, com vitelogênese
protéica e d) Célula em atrésia.
Figura 8. Estádios microscópicos de maturação gonadal dos machos de curimatã
comum, P. brevis coletados no açude Marechal Dutra: a) Células germinativas,
mostrando vários cistos, b) macho em maturação, c) macho maduro e d) macho
esvaziado.
56
Figura 9. Valores médios mensais do IGS do curimatã comum, P.brevis coletados no
açude Marechal Dutra durante março a dezembro de 2005.
Figura 10. Freqüência relativa dos estádios de maturação gonadal do curimatã comum,
P.brevis coletados no açude Marechal Dutra durante março a dezembro de 2005: a)
fêmeas e b) machos.
57
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62
CAPÍTULO 3
CONCLUSÃO GERAL
63
4. CONCLUSÃO GERAL
Os estudos realizados para determinar os aspectos reprodutivos do curimatã
comum, Prochilodus brevis em Marechal Dutra, Acari no Estado do Rio Grande do
Norte, no período de março a dezembro de 2005, permitiram-nos chegar a seguintes
conclusões:
Considerando a estrutura da população amostrada as fêmeas apresentam
maiores médias no comprimento total e peso total em relação aos machos;
A população da espécie em estudo encontra-se em diminuição devido a
construção do açude, que não permiti a migração dos peixes da jusante em
direção a montante, durante o processo de reprodução (piracema).
A reprodução é anual, com desova do tipo total, que ocorre entre os meses de
dezembro e maio.
A época reprodutiva coincide com o período de maior precipitação
pluviométrica e mudança dos fatores abióticos, tais como, temperatura da
água, quantidade de oxigênio dissolvido, aumento da condutividade elétrica e
pH.
64
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA GERAL
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ZAVALA-CAMIN, L.A (1996) Introdução aos estudos sobre alimentação natural em
peixes. Maringá: EDUEM. 129 p.
71
ANEXOS
CAPÍTULO 4
72
ANEXOS
Anexo I Sinônimos do curimatã comum, Prochilodus brevis.
73
Anexo II Valores médios mensais de comprimento (mm) e de peso (g) de machos e
fêmeas do curimatã comum, P. brevis.
Comprimento total (mm)
Valor médio + Desvio Padrão
Meses
Machos ? Fêmeas ?
março / 2005 270+1,05 -
abril / 2005 - -
maio / 2005 - -
junho / 2005 245+1,05 -
julho / 2005 253+0,74 243+0,76
agosto / 2005 253+1,03 270+2,73
setembro 2005 251+0,87 258+2,75
outubro / 2005 250+0,95 278+1,96
dezembro /2005 259+1,25 285+2,76
Peso total (g)
Valor médio + Desvio Padrão
Meses
Machos ? Fêmeas ?
março / 2005 273,6+1,05 -
abril / 2005 - -
maio / 2005 - -
junho / 2005 218,6+14,35 -
julho / 2005 266,8+10,37 278,3+36,95
agosto / 2005 266,2+25,75 379,8+140,31
setembro / 2005 242,9+25,33 313,6+87,05
outubro / 2005 232,6+0,95 334,9+95,75
dezembro /2005 268,1+ 24,73 457,6+149,55
74
Anexo III Precipitação pluviométrica, referente ao período de janeiro de
2004 a junho de 2005, obtidos da EMPARN/RN.
Meses Precipitação pluviométrica (mm)
janeiro / 2004 512,6
fevereiro / 2004 123,0
março / 2004 52,9
abril / 2004 101,1
maio / 2004 146,3
junho / 2004 75,1
julho / 2004 0,0
agosto / 2004 0,0
setembro / 2004 5,5
outubro / 2004 0,0
novembro / 2004
0,0
dezembro / 2004
0,0
janeiro / 2005 47,2
fevereiro / 2005 31,1
março / 2005 194,4
abril / 2005 47,2
maio / 2005 20,0
junho / 2005 39,1
75
Anexo IV Valores médios do índice gonadossomático para machos e fêmeas de P.
brevis.
Meses Valores médios de IGS
Machos Fêmeas
março/05 3,1 -
abril/05 - -
maio/05 - -
junho/05 3,6 -
julho/05 1,5 0,3
agosto/05 1,8 2,8
setembro/05 4,4 7,0
outubro/05 3,4 11,0
dezembro/05 6,0 20,08
76
CARACTERIZAÇÃO LIMNOLÓGICA E COMUNIDADE
ICTIOFAUNÍSTICA DO AÇUDE MARECHAL DUTRA DO
SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO
N. T. Chellappa, Márcia Maria do Nascimento & Sathyabama Chellappa
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, Departamento de Oceanografia e Limnologia,
Centro de Biociências, UFRN, Natal/RN.
PELD-CNPq/UFPB-UFRN.
RESULTADOS
Espécies Nativas Espécies Introduzidas
Branquinha, Curimata ciliata Apaiari, Astronotus ocellatus
Cascudo, Hypostomus pusarum Pescada branca, Plagioscion squamosissimus
Curimatã, Prochilodus brevis Tucunaré, Cichla monoculus
Piau, Leporinus piau
Pirambeba, Serrasalmus spilopleura Tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus
Sardinha, Triportheus angulatu
Traíra, Hoplias malabaricus
Tabela 2- Espécies nativas e introduzidas da ictiofauna do açude Marechal Dutra.
PARÂMETROS LIMNOLÓGICOS
CHUVA SECA
Temperatura (ºC) 25,5 30,1
Oxigênio Dissolvido (mg/L) 7,1 3,9
pH 8,1 9,4
Condutividade Elétrica (uscm-
1
) 457 1318
Tabela 1- Valores médios dos parâmetros limnológicos registrados durante o período
chuvoso e seco de 2004 no açude Marechal Dutra
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
DNOCS.
DNOCS.
Barragem do Nordeste do Brasil.
Barragem do Nordeste do Brasil.
2a.ed. Fortaleza, 1990.
2a.ed. Fortaleza, 1990.
IDEC.
IDEC.
Açudes Públicos do Estado do Rio Grande do Norte:
Açudes Públicos do Estado do Rio Grande do Norte:
Características
Características
físicas e técnicas. Natal. IDEC, 1991. 238 p.
físicas e técnicas. Natal. IDEC, 1991. 238 p.
IDEC.
IDEC.
Informativo Municipal do Município de Acari.
Informativo Municipal do Município de Acari.
Secretaria da Fazenda e
Secretaria da Fazenda e
Planejamento. Fundação Instituto de desenvolvimento do Rio Grand
Planejamento. Fundação Instituto de desenvolvimento do Rio Grand
e do
e do
Norte.
Norte.
1991.
1991.
41 p.
41 p.
Os parâmetros limnológicos registrados indicam que as
águas do açude Marechal Dutra apresentam uma natureza
alcalina com alto grau de condutividade elétrica.
A ictiofauna do açude Marechal Dutra foi composta de onze
espécies, dentre elas sete espécies nativas, três
introduzidas de outras bacias brasileiras e uma espécie
exótica.
O bioma Caatinga é o principal ecossistema de clima
semi-árido no Nordeste brasileiro, onde são encontrados
diversos pequenos açudes, utilizados principalmente para
o abastecimento de água e a produção pesqueira.
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
Caracterizar os aspectos limnológicos e a comunidade
ictiofaunística do Açude Marechal Dutra do RN
contemplado no projeto PELD-CNPq/UFRN e UFPB
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo consiste do barramento do rio Acauã, formado
pela confluência dos rios Currais Novos (RN) e Picuí (PB). Este
açude apresenta uma capacidade de acumulação de 40.000.000
m
3
de água, com profundidade máxima de 25 metros e
profundidade média anual de 5,2 metros.
Durante o estudo, foram realizadas 12 coletas mensais, com a
análise das seguintes variáveis: temperatura, pH, oxigênio
dissolvido e condutividade elétrica da água. Paralelamente foi
realizada a captura mensal de peixes, com o auxílio dos
pescadores locais, através da utilização de redes de espera de
50 x 2,0m de tamanho, com 6 a 10 cm de espaços entre nós.
Figura 2. Vista do aFigura 2. Vista do aççude Marechal Dutra (ude Marechal Dutra (GargalheirasGargalheiras).).
Figura 3. Vista da barragem do a
Figura 3. Vista da barragem do a
ç
ç
ude Marechal Dutra.
ude Marechal Dutra.
Figura 1. Mapa de localizaFigura 1. Mapa de localizaçção do Aão do Aççude Marechal Dutraude Marechal Dutra
Acari Acari RN.RN.
Anexo V Painel apresentado no X Congresso Brasileiro de Limnologia, realizado em
Ilhéus, BA durante 24 a 29 de julho de 2005.
77
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE TIL
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE TIL
Á
Á
PIA DO NILO,
PIA DO NILO,
Oreochromis
Oreochromis
nilotiicus
nilotiicus
E DE H
E DE H
Í
Í
BRIDO VERMELHO
BRIDO VERMELHO
DE TIL
DE TIL
Á
Á
PIA,
PIA,
Oreochromis
Oreochromis
nilotiicus
nilotiicus
x
x
O. mossambicus
O. mossambicus
(PERCIFORMES: CICHLIDAE)
(PERCIFORMES: CICHLIDAE)
*
*
CACHO
CACHO, M. S. R. F. ; ** CHELLAPPA, S. *** MEDEIROS. A. P. T. ; **** NASCIMENTO, M. M. & ***** ALBANO, J.O.
*
*
Bolsista DCR/ CNPq/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
Bolsista DCR/ CNPq/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
** Prof. Adjunto/ Departamento de Oceanografia e Limnologia, C
** Prof. Adjunto/ Departamento de Oceanografia e Limnologia, C
entro de Biociências / UFRN; *** Dra em
entro de Biociências / UFRN; *** Dra em
PsicobiologiaPsicobiologia/ Departamento de Fisiologia/ Centro de Biociências/ UFRN; / Departamento de Fisiologia/ Centro de Biociências/ UFRN; **** Mestranda do Programa de Pde Póóss-- graduagraduaçção em Ciências Biolão em Ciências Biolóógicas da Universidade Federal do Rio gicas da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte;
Grande do Norte; *****
Graduanda
Graduanda
do Curso de
do Curso de
Aquicultura
Aquicultura
CB/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte
CB/ Universidade Federal do Rio Grande do Norte
RESULTADOS E DISCUSSÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A aq
A aq
ü
ü
icultura vem sendo cada vez mais utilizada como fonte de obten
icultura vem sendo cada vez mais utilizada como fonte de obten
ç
ç
ão
ão
de alimento em n
de alimento em n
í
í
vel mundial. No Brasil, a fam
vel mundial. No Brasil, a fam
í
í
lia Cichlidae tem se destacado
lia Cichlidae tem se destacado
atrav
atrav
é
é
s da utiliza
s da utiliza
ç
ç
ão de esp
ão de esp
é
é
cies ex
cies ex
ó
ó
ticas representadas pelas til
ticas representadas pelas til
á
á
pias, entre
pias, entre
elas a til
elas a til
á
á
pia do Nilo,
pia do Nilo,
Oreochromis niloticus
Oreochromis niloticus
e o h
e o h
í
í
brido vermelho
brido vermelho
de til
de til
á
á
pia
pia
O.
O.
nilotiicus
nilotiicus
x
x
O. mossambicus
O. mossambicus
. A utiliza
. A utiliza
ç
ç
ão desses peixes na piscicultura
ão desses peixes na piscicultura
brasileira cresce continuamente devido a rusticidade, bom desenvbrasileira cresce continuamente devido a rusticidade, bom desenvolvimento olvimento
corporal, facilidade de reprodu
corporal, facilidade de reprodu
ç
ç
ão e excelentes propriedades
ão e excelentes propriedades
organol
organol
é
é
pticas
pticas
de sua carne. Al
de sua carne. Al
é
é
m disso, com o desenvolvimento de pesquisas e de novas
m disso, com o desenvolvimento de pesquisas e de novas
t
t
é
é
cnicas de cultivos tem
cnicas de cultivos tem
-
-
se observado grande progresso na cria
se observado grande progresso na cria
ç
ç
ão de
ão de
til
til
á
á
pias, com introdu
pias, com introdu
ç
ç
ão de novas linhagens (Sena & Chellappa, 1991;
ão de novas linhagens (Sena & Chellappa, 1991;
Gon
Gon
ç
ç
alves &
alves &
Nishida
Nishida
, 1998; Câmara &
, 1998; Câmara &
Chellappa
Chellappa
, 2000). Entretanto, são
, 2000). Entretanto, são
insuficientes as informa
insuficientes as informa
ç
ç
ões referentes
ões referentes
à
à
reprodu
reprodu
ç
ç
ão desses peixes
ão desses peixes
principalmente em se tratando de h
principalmente em se tratando de h
í
í
bridos.
bridos.
Investigar e comparar as diferentes fases de desenvolvimento
Investigar e comparar as diferentes fases de desenvolvimento
gonadal
gonadal
,
,
fecundidade e tipo de desova entre as esp
fecundidade e tipo de desova entre as esp
é
é
cies
cies
tilapia
tilapia
do Nilo, Oreochromis
do Nilo, Oreochromis
niloticus e o h
niloticus e o h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia O.
pia O.
nilotiicus
nilotiicus
x O. mossambicus
x O. mossambicus
visando um melhor desempenho no manejo desses peixes.
visando um melhor desempenho no manejo desses peixes.
O trabalho foi realizado no Laborat
O trabalho foi realizado no Laborat
ó
ó
rio de Ictiologia do DOL/CB/UFRN.
rio de Ictiologia do DOL/CB/UFRN.
Foram utilizados quarenta exemplares de til
Foram utilizados quarenta exemplares de til
á
á
pia do Nilo, O. niloticus e
pia do Nilo, O. niloticus e
quarenta exemplares de h
quarenta exemplares de h
í
í
brido vermelho O niloticus x O. mossambicus
brido vermelho O niloticus x O. mossambicus
adquiridos na Esta
adquiridos na Esta
ç
ç
ão de Piscicultura da UFRN,
ão de Piscicultura da UFRN,
Maca
Maca
í
í
ba
ba
/RN. Os machos de
/RN. Os machos de
h
h
í
í
brido vermelho apresentaram comprimento m
brido vermelho apresentaram comprimento m
é
é
dio de 163,6 mm, com
dio de 163,6 mm, com
tamanho mtamanho mááximo de 225 mm e mximo de 225 mm e míínimo de 130 mm. As fêmeas de hnimo de 130 mm. As fêmeas de hííbrido brido
vermelho apresentaram comprimento m
vermelho apresentaram comprimento m
é
é
dio de 122,2 mm, com tamanho
dio de 122,2 mm, com tamanho
m
m
á
á
ximo de 140 mm e m
ximo de 140 mm e m
í
í
nimo de 100 mm. Os machos de til
nimo de 100 mm. Os machos de til
á
á
pia do Nilo
pia do Nilo
apresentaram comprimento m
apresentaram comprimento m
é
é
dio de 169,9 mm, com tamanho m
dio de 169,9 mm, com tamanho m
á
á
ximo de
ximo de
228 mm e m
228 mm e m
í
í
nimo de 136 mm. As fêmeas de til
nimo de 136 mm. As fêmeas de til
á
á
pia do Nilo apresentavam
pia do Nilo apresentavam
comprimento m
comprimento m
é
é
dio de 125,6 mm, com tamanho m
dio de 125,6 mm, com tamanho m
á
á
ximo de 140 mm e
ximo de 140 mm e
m
m
í
í
nimo de 111 mm.
nimo de 111 mm.
Os peixes foram medidos, pesados e dissecados. As gônadas foram
Os peixes foram medidos, pesados e dissecados. As gônadas foram
classificadas macroscopicamente. Os ov
classificadas macroscopicamente. Os ov
á
á
rios foram fixados em solu
rios foram fixados em solu
ç
ç
ão de
ão de
Gilson para determina
Gilson para determina
ç
ç
ão da fecundidade, atrav
ão da fecundidade, atrav
é
é
s da contagem e medi
s da contagem e medi
ç
ç
ão do
ão do
diâmetro dos ov
diâmetro dos ov
ó
ó
citos das gônadas dissociadas. Foram determinados os
citos das gônadas dissociadas. Foram determinados os
valores do
valores do
í
í
ndice
ndice
gonadossom
gonadossom
á
á
tico
tico
. O tipo de desova foi avaliado atrav
. O tipo de desova foi avaliado atrav
é
é
s da
s da
medi
medi
ç
ç
ão e da distribui
ão e da distribui
ç
ç
ão das freq
ão das freq
ü
ü
ências dos diâmetros dos ov
ências dos diâmetros dos ov
ó
ó
citos.
citos.
Os ov
Os ov
á
á
rios de til
rios de til
á
á
pia do Nilo e de h
pia do Nilo e de h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia
pia
apresentaram desenvolvimento sincrônico em mais de dois grupos,
apresentaram desenvolvimento sincrônico em mais de dois grupos,
verificando
verificando
-
-
se elimina
se elimina
ç
ç
ão sucessiva de lotes de ov
ão sucessiva de lotes de ov
ó
ó
citos maduros, a cada
citos maduros, a cada
per
per
í
í
odo reprodutivo, caracterizando uma desova do tipo parcelada. Na
odo reprodutivo, caracterizando uma desova do tipo parcelada. Na
s duas
s duas
espespéécies a mcies a méédia da reladia da relaçção ão gonadossomgonadossomááticatica foi de 0,73 e 1,15 para foi de 0,73 e 1,15 para
machos e 2, 96 e 2,75 para fêmeas respectivamente. A fecundidade
machos e 2, 96 e 2,75 para fêmeas respectivamente. A fecundidade
absoluta
absoluta
foi de 1.213 ov
foi de 1.213 ov
ó
ó
citos para h
citos para h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia e de 2.264 para til
pia e de 2.264 para til
á
á
pia
pia
do Nilo.
do Nilo.
Tratando
Tratando
-
-
se portanto de esp
se portanto de esp
é
é
cies
cies
iter
iter
ó
ó
paras
paras
com baixa
com baixa
fecundidade correspondendo
fecundidade correspondendo
à
à
descri
descri
ç
ç
ão feita para peixes tele
ão feita para peixes tele
ó
ó
steos por
steos por
Vazzoler
Vazzoler
(1996) .
(1996) .
Câmara, M. R.; N.T
Câmara, M. R.; N.T
Chellappa
Chellappa
.; S.
.; S.
Chellappa
Chellappa
. 2002. Ecologia do
. 2002. Ecologia do
Cichla
Cichla
monoculus
monoculus
,
,
um cicl
um cicl
í
í
deo amazônico no semi
deo amazônico no semi
-
-
á
á
rido do rio Grande do Norte.
rido do rio Grande do Norte.
Acta
Acta
Limnologica
Limnologica
Brasiliensia
Brasiliensia
, Botucatu, 14 (2): 9
, Botucatu, 14 (2): 9
-
-
16.
16.
Câmara, M. R. & S
Câmara, M. R. & S
Chellappa
Chellappa
( 2000). Reprodu
( 2000). Reprodu
ç
ç
ão nas fêmeas do h
ão nas fêmeas do h
í
í
brido vermelho
brido vermelho
de Til
de Til
á
á
pia,
pia,
Oreochromis niloticus
Oreochromis niloticus
x
x
Oreochromis mossambicus
Oreochromis mossambicus
(Osteichthyes:Cichlidae). Revista Ecologia Aqu
(Osteichthyes:Cichlidae). Revista Ecologia Aqu
á
á
tica Tropical, Natal, 10: 77
tica Tropical, Natal, 10: 77
-
-
83.
83.
Gon
Gon
ç
ç
alves, E. F. &
alves, E. F. &
Nishida
Nishida
,
,
S. M.
S. M.
(1998).
(1998).
Sneaking
Sneaking
Behaviour
Behaviour
of the
of the
tillapia
tillapia
.
.
Bol
Bol
. Tec.
. Tec.
CEPTA. 11: 71
CEPTA. 11: 71
79.
79.
Sena, R. F. &
Sena, R. F. &
Chellappa
Chellappa
, S. (1991). Aspecto reprodutivo de h
, S. (1991). Aspecto reprodutivo de h
í
í
brido vermelho de
brido vermelho de
Oreochromis niloticus
Oreochromis niloticus
(L) x
(L) x
Oreochromis mossambicus
Oreochromis mossambicus
(
(
Peters
Peters
),
),
Pisces
Pisces
: Cichlidae.
: Cichlidae.
Bol
Bol
.
.
DOL/CB/UFRN. Natal,
DOL/CB/UFRN. Natal,
Brasil
Brasil
, 8: 141
, 8: 141
-
-
158.
158.
Vazzoler
Vazzoler
, A.E.A.M. 1996. Biologia da Reprodu
, A.E.A.M. 1996. Biologia da Reprodu
ç
ç
ão de Peixes Tele
ão de Peixes Tele
ó
ó
steos: Teoria e
steos: Teoria e
Pr
Pr
á
á
tica.
tica.
Paran
Paran
á
á
,
,
Editora
Editora
UEM, 169p.
UEM, 169p.
v
0
500
1000
1500
2000
2500
T0 T1 T0 T2 T0 T3 T0 T4 T0
Diametro dos ovócitos (µm)
Frequência absoluta
0
500
1000
1500
2000
2500
T0 T1 T0 T2 T0 T3 T0 T4 T0
Diametro dos ovócitos (µm)
Frequência absoluta
As gônadas de til
As gônadas de til
á
á
pia do Nilo e de h
pia do Nilo e de h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia foram
pia foram
classificadas macroscopicamente em quatro est
classificadas macroscopicamente em quatro est
á
á
dios de matura
dios de matura
ç
ç
ão: imaturo,
ão: imaturo,
em matura
em matura
ç
ç
ão, maduro e parcialmente esvaziado (Fig. 1).
ão, maduro e parcialmente esvaziado (Fig. 1). A caracterização
morfológica das gônadas de machos e fêmeas, observadas sugere a
ocorrência de uma padronização no desenvolvimento das gônadas para
cada estádio de maturação coincidindo com os resultados obtidos em
tucunaré, Cichla monoculus por Câmara et al (2002).
Os Ov
Os Ov
ó
ó
citos de ambas
citos de ambas
as esp
as esp
é
é
cies apresentaram forma
cies apresentaram forma
ov
ov
ó
ó
ide em diferentes est
ide em diferentes est
á
á
dios de
dios de
desenvolvimento, classificados microscopicamente em cinco grupos
desenvolvimento, classificados microscopicamente em cinco grupos
diferentes
diferentes
em h
em h
í
í
bridos vermelhos e em quatro grupos em til
bridos vermelhos e em quatro grupos em til
á
á
pia do Nilo (Fig. 2), sendo
pia do Nilo (Fig. 2), sendo
de 0
de 0
-
-
500
500
µ
µ
m (T1); de 501 a 1000
m (T1); de 501 a 1000
µ
µ
m (T2); de 1001
m (T2); de 1001
-
-
1500
1500
µ
µ
m (T3); de 1501
m (T3); de 1501
-
-
2000
2000
µ
µ
m (T4) e de 2000 a 3000
m (T4) e de 2000 a 3000
µ
µ
m (T5) para h
m (T5) para h
í
í
bridos vermelhos e de 0
bridos vermelhos e de 0
-
-
500
500
µ
µ
m (T1); de 501 a 1000
m (T1); de 501 a 1000
µ
µ
m (T2); de 1001
m (T2); de 1001
-
-
1500
1500
µ
µ
m (T3); de 1501
m (T3); de 1501
-
-
2000
2000
µ
µ
m (T4) para til
m (T4) para til
á
á
pia do Nilo.
pia do Nilo.
0
500
1000
1500
2000
2500
T0 T1 T0 T2 T0 T3 T0 T4 T0
Diametro dos ovócitos (µm)
Frequência absoluta
0
500
1000
1500
2000
2500
T0 T1 T0 T2 T0 T3 T0 T4 T0
Diametro dos ovócitos (µm)
Frequência absoluta
Fig. 1 - Gônadas de tilápia do Nilo e de híbrido vermelho de tilápia em estádio
imaturo, em maturação, maduro e parcialmente esvaziado.
Fig. 1 - Gônadas de tilápia do Nilo e de híbrido vermelho de tilápia em estádio
imaturo, em maturação, maduro e parcialmente esvaziado.
Fig 2 - Freqüência absoluta de ocorrência dos ovócitos por classe de
diâmetros em ovários maduros de tilápia do Nilo,
Oreochromis niloticus e de híbrido vermelho de tilápia O.
nilotiicus x O. mossambicus
Fig 2 - Freqüência absoluta de ocorrência dos ovócitos por classe de
diâmetros em ovários maduros de tilápia do Nilo,
Oreochromis niloticus e de híbrido vermelho de tilápia O.
nilotiicus x O. mossambicus
As gônadas de til
As gônadas de til
á
á
pia do Nilo e de h
pia do Nilo e de h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia apresentam
pia apresentam
os mesmos est
os mesmos est
á
á
dios de matura
dios de matura
ç
ç
ão: imaturo, em matura
ão: imaturo, em matura
ç
ç
ão, maduro e
ão, maduro e
parcialmente esvaziado
parcialmente esvaziado
Os ov
Os ov
ó
ó
citos de ambas as esp
citos de ambas as esp
é
é
cies apresentam forma ov
cies apresentam forma ov
ó
ó
ide, apenas
ide, apenas
com um grupo a mais em h
com um grupo a mais em h
í
í
brido vermelho
brido vermelho
A til
A til
á
á
pia do Nilo Oreochromis niloticus e o h
pia do Nilo Oreochromis niloticus e o h
í
í
brido vermelho de til
brido vermelho de til
á
á
pia O.
pia O.
nilotiicus
nilotiicus
x O. mossambicus são esp
x O. mossambicus são esp
é
é
cies de desova parcelada,
cies de desova parcelada,
iter
iter
ó
ó
paras
paras
com baixa fecundidade
com baixa fecundidade
MATERIAIS E M
MATERIAIS E M
É
É
TODOS
TODOS
OBJETIVOS
OBJETIVOS
INTRODUINTRODUÇÇÃOÃO
BIBLIOGRAFIA
CONCLUSÕES
Anexo VI Painel apresentado no 11 Congresso Nordestino de Ecologia-2006,
realizado em Recife, PE durante 10 a 14 de maio de 2005
.
78
Anexo VII Trabalho apresentado no 11 Congresso Nordestino de Ecologia-2006,
realizado em Recife, PE durante 10 a 14 de maio de 2005
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE TILÁPIA DO NILO, Oreochromis nilotiicus E DE
HÍBRIDO VERMELHO DE TILÁPIA, Oreochromis nilotiicus x O. mossambicus
(PERCIFORMES: CICHLIDAE)
MARIA DO SOCORRO R. F. CACHO
1
SATHYABAMA CHELLAPPA
1
ANA PATRÍCIA T. MEDEIROS
2
MÁRCIA MARIA DO NASCIMENTO
1
1 Programa de Pós-Graduação em Bioecologia Aquática, Departamento de
Oceanografia e Limnologia/CB/UFRN. E-Mail: [email protected]
2
Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia, Departamento de
Fisiologia/CB/UFRN. E-Mail: [email protected]
Introdução
Na piscicultura brasileira, a família Cichlidae tem se destacado através da
utilização de espécies exóticas representadas pelas tilápias, entre elas a tilapia do Nilo,
Oreochromis niloticus e o híbrido vermelho de tilápia O. nilotiicus x O. mossambicus.
A utilização desses peixes na piscicultura cresce continuamente devido a características
como rusticidade, bom crescimento, facilidade de reprodução e excelentes propriedades
organolépticas de sua carne. Em decorrência de novas técnicas de cultivos tem-se
observado grande progresso na criação de tilápias, inclusive com introdução de novas
linhagens e um número razoável de pesquisas realizadas (Sena & Chellappa, 1991;
Furlan, 1996; Gianquinto e Volpato, 1997; Gonçalves & Nishida, 1998). Entretanto, são
insuficientes as informações quanto aos aspectos comportamentais referentes à
reprodução e suas relações com o crescimento e produção, principalmente em se
tratando de híbridos.
Considerando o progresso tecnológico e o número de híbridos que estão
sendo difundidos em escala comercial, são necessários estudos no intuito de estabelecer
79
padrões comportamentais, referentes à reprodução. O objetivo deste trabalho foi
investigar e comparar as diferentes fases de desenvolvimento gonadal, fecundidade e
tipo de desova entre as espécies tilapia do Nilo, Oreochromis niloticus e o híbrido
vermelho de tilápia O. nilotiicus x O. mossambicus visando um melhor desempenho no
manejo desses peixes.
Matérias e Métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório de Ictiologia do Departamento de
Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
Brasil. Foram utilizados quarenta exemplares de tilápia do Nilo, O. niloticus e quarenta
exemplares de híbrido vermelho O niloticus x O. mossambicus adquiridos na Estação de
Piscicultura da UFRN, Macaíba, RN. Os machos de híbrido vermelho apresentavam
comprimento médio de 163,6 mm, com tamanho máximo de 225 mm e mínimo de 130
mm. As fêmeas de híbrido vermelho apresentavam comprimento médio de 122,2 mm,
com tamanho máximo de 140 mm e mínimo de 100 mm. Os machos de tilápia do Nilo
apresentaram comprimento médio de 169,9 mm, com tamanho máximo de 228 mm e
mínimo de 136 mm. As fêmeas de tilápia do Nilo apresentavam comprimento médio de
125,6 mm, com tamanho máximo de 140 mm e mínimo de 111 mm.
Os peixes foram medidos, pesados, dissecados e as gônadas foram classificadas
macroscopicamente. Os ovários foram fixados em solução de Gilson para determinação
da fecundidade, através da contagem e medição do diâmetro dos ovócitos das gônadas
dissociadas. O tipo de desova foi avaliado através da medição e da distribuição das
freqüências dos diâmetros dos ovócitos. Foram determinados os valores do índice
gonadossomático (Vazzoler, 1996).
Resultados e Discussão
As gônadas de tilápia do Nilo e de híbrido vermelho de tilápia foram classificadas
macroscopicamente em quatro estádios de maturação: imaturo, em maturação, maduro e
parcialmente esvaziado. Os ovócitos de ambas as espécies apresentaram forma ovóide
em diferentes estádios de desenvolvimento. Os ovócitos foram classificados
microscopicamente em cinco grupos em híbridos vermelhos sendo de 0 - 500µm (T1);
80
de 501 a 1000µm (T2); de 1001 - 1500µm (T3); de 1501 - 2000µm (T4) e de 2000 a
3000µm (T5) e em quatro grupos em tilápia do Nilo, sendo de 0 - 500µm (T1); de 501
a 1000µm (T2); de 1001 - 1500µm (T3); de 1501 - 2000µm (T4).
Os ovários de tilápia do Nilo e de híbrido vermelho de tilápia apresentaram
desenvolvimento sincrônico em mais de dois grupos, verificando-se eliminação
sucessiva de lotes de ovócitos maduros, a cada período reprodutivo, caracterizando uma
desova do tipo parcelada. Nas duas espécies a média da relação gonadossomática foi de
0,73 e 1,15 para machos e 2, 96 e 2,75 para fêmeas respectivamente. A fecundidade
absoluta foi de 1.213 ovócitos para híbrido vermelho de tilápia e de 2.264 para tilápia
do Nilo.
O exame macroscópico das gônadas é importante se considerados os seguintes aspetos:
tamanho, coloração, turgidez, fluidez do sêmen, presença de ovócitos, grau de irrigação
dos vasos sangüíneos (MARQUES et al., 2000). Contudo, é necessária a observação
microscópica para a definição exata dos estádios de maturação gonadal dos peixes. Os
estudos histológicos, portanto, visam garantir informações precisas sobre cada fase de
desenvolvimento gonadal (DIAS et al., 1998).
Conclusões
Tilápia do Nilo e de híbrido vermelho de tilápia são espécies iteróparas com que
apresentaram desenvolvimento sincrônico em mais de dois grupos,baixa fecundidade.
Referências Bibliográficas
Cacho, M. S. R. F.; Yamamoto, M. E. & Chellappa, S. (1999). Comportamento reprodutivo
do acará bandeira, Pterophyllum scalare (Osteichthyes, Cichlidae). Rev. Bras. Zool. 16:
653-664.
Furlan, F.A. Novos indicadores de agressidade na tilápia do Nilo. Tese (mestrado)
Botucatu, SP, ENESP, 1996. 65p.
81
Gianquinto, P. C.; Volpato, G. L. (1997). Chemical communication, aggression and
conspecific recognition in the fish Nile tilapia. Physiol, Behav. 62: 1333-1338.
Gonçalves, E. F. & Nishida, S. M. (1998). Sneaking Behaviour of the tillapia. Bol. Tec.
CEPTA. 11: 71 79.
Rocha, I. P. & Maia, E. P. (1998). Desenvolvimento tecnológico e perspectivas de
crescimento da carcinocultura marinha brasileira. Aqüicult. Brás.“98”. ABCC. Recife,
PE. 213 -235.
Sena, R. F. & Chellappa, S. (1991). Aspecto reprodutivo de híbrido vermelho de
Oreochromis niloticus (L) x Oreochromis mossambicus (Peters), Pisces: Cichlidae. Bol.
DOL/CB/UFRN. Natal, Brasil, 8: 141-158.
VAZZOLER, A.E.A.M. 1996. Biologia da Reprodução de Peixes Teleósteos: Teoria e Prática.
Editora UEM, Paraná. 169p.
Cichlidae, Tilápias, Reprodução, Fecundidade
82
Anexo VIII AS NORMAS DA REVISTA BRASILEIRA DE ZOOLOGIA
INSTRUÇÕES AOS AUTORES
ISSN 0101-8175
versão impressa
Escopo e política
Forma e preparação de manuscritos
Escopo e política
INFORMAÇÕES GERAIS
A Revista Brasileira de Zoologia RBZool, órgão da
Sociedade Brasileira de Zoologia SBZ, destina-se a
publicar artigos científicos originais em Zoologia de sócios
quites com a tesouraria.
Artigos redigidos em outro idioma que não o português,
inglês ou espanhol poderão ser aceitos, a critério da
Comissão Editorial.
Copyright
É permitida a reprodução de artigos da revista, desde que
citada a fonte. O uso de nomes ou marcas registradas
etc. na publicação não implica que tais nomes estejam
isentos das leis e regulamentações de proteção
pertinentes. É vedado o uso de matéria publicada para
fins comerciais.
Forma e preparação de manuscritos
MANUSCRITOS
Os artigos devem ser enviados em três vias impressas, incluindo as
figuras e tabelas. O texto deverá ser digitado em espaço duplo, com
margens largas não justificadas e suas páginas devidamente
numeradas. A página de rosto deve conter: 1) título do artigo e
quando apropriado, mencionar o(s) nome(s) da(s) categoria(s)
superior(es) à qual o(s) animal(ais) pertence(m); 2) nome(s) do(s)
autor(es) com endereço(s) completo(s) e com respectivos
algarismos arábicos para remissões; 3) resumo em inglês, incluindo
o título do artigo se o mesmo for em outro idioma; 4) palavras
chaves em inglês, no máximo cinco, em ordem alfabética e
diferentes daquelas utilizadas no título do artigo.
Os nomes de gênero(s) e espécie(s) são os únicos do texto em
itálico. A primeira citação de um taxa no texto, deve vir
acompanhada do nome científico por extenso, com autor e data (de
vegetais, se possível), e família.
83
Citações bibliográficas devem ser feitas em caixa alta reduzida
(VERSALETE) e da seguinte forma: SMITH (1990), SMITH (1990:
128), LENT & JUBERG (1965), GUIMARÃES et al. (1983), artigos de
um mesmo autor devem ser citados em ordem cronológica.
ILUSTRAÇÕES E TABELAS
Fotografias, desenhos, gráficos e mapas serão denominados figuras.
Desenhos e mapas devem ser feitos a traço de nanquim ou similar.
Fotografias devem ser nítidas e contrastadas e não misturadas com
desenhos. A relação de tamanho da figura, quando necessária, deve
ser apresentada em escala vertical ou horizontal.
As figuras devem estar numeradas com algarismos arábicos, no
canto inferior direito e chamadas no texto em ordem crescente,
montadas em cartolina branca, devidamente identificadas no verso,
obedecendo a proporcionalidade do espelho (17,0 x 21,0 cm) ou da
coluna (8,3 x 21,0 cm) com reserva para a legenda.
Legendas de figuras e tabelas devem ser digitadas em folha à parte,
sendo para cada conjunto um parágrafo distinto.
Gráficos gerados por programas de computador, devem ser
inseridos como figura no final do texto, após as tabelas, ou enviados
em arquivo em separado, sem a utilização de caixas de texto.
Tabelas devem ser geradas a partir dos recursos de tabela do editor
de texto utilizado, numeradas com algarismos romanos e inseridas
após a última referência bibliográfica da seção Referências
Bibliográficas ou em arquivo em separado.
Figuras coloridas poderão ser publicadas com a diferença dos
encargos custeada pelo(s) autor(es).
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos, indicações de financiamento e menções de vínculos
institucionais devem ser relacionados antes do item Referências
Bibliográficas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
As Referências Bibliográficas, mencionadas no texto, devem ser
arroladas no final do trabalho, como nos exemplos abaixo.
Periódicos devem ser citados com o nome completo, por extenso,
indicando a cidade onde foi editado.
Não serão aceitas referências de artigos não publicados (ICZN, Art.
9).
Periódicos
NOGUEIRA, M.R.; A.L. PERACCHI & A. POL. 2002. Notes on the
lesser white-lined bat, Saccopteryx leptura (Schreber) (Chiroptera,
Emballonuridae), from southeastern Brazil. Revista Brasileira de
Zoologia, Curitiba, 19 (4): 1123-1130.
LENT, H. & J. JURBERG. 1980.
Comentários sobre a genitália externa
masculina em Triatoma Laporte, 1832 (Hemiptera, Reduviidae).
84
Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, 40 (3): 611-627.
SMITH, D.R. 1990. A synopsis of the sawflies (Hymenoptera,
Symphita) of America South of the United States: Pergidae. Revista
Brasileira de Entomologia, São Paulo, 34 (1): 7-200.
Livros
HENNIG, W. 1981. Insect phylogeny. Chichester, John Wiley,
XX+514p.
Capítulo de livro
HULL, D.L. 1974. Darwinism and historiography, p. 388-402. In:
T.F. GLICK (Ed.). The comparative reception of Darwinism.
Austin, University of Texas, IV+505p.
ENCAMINHAMENTO
Os artigos enviados à RBZool serão protocolados e encaminhados
para consultores. As cópias do artigo, com os pareceres emitidos
serão devolvidos ao autor correspondente para considerar as
sugestões. Estas cópias juntamente com a versão corrigida do artigo
impressa e o respectivo disquete, devidamente identificado, deverão
retornar à RBZool. Alterações ou acréscimos aos artigos após esta
fase poderão ser recusados. Provas serão enviadas eletronicamente
ao autor correspondente.
SEPARATAS
Todos os artigos serão reproduzidos em 50 separatas, e enviadas
gratuitamente ao autor correspondente. Tiragem maior poderá ser
atendida, mediante prévio acerto de custos com o editor.
EXEMPLARES TESTEMUNHA
Quando apropriado, o manuscrito deve mencionar a coleção da
instituição onde podem ser encontrados os exemplares que
documentam a identificação taxonômica.
RESPONSABILIDADE
O teor gramatical, independente de idioma, e científico dos artigos é
de inteira responsabilidade do(s) autor(es).
85
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