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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PERFIL CLÍNICO DOS ANIMAIS E FUNCIONALIDADE DO USO DO
APARELHO DE FISIOTERAPIA VETERINÁRIA (MODELOS
VETCAR) NA REABILITAÇÃO DE CÃES E GATOS ACOMETIDOS
POR DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO.
EDUARDO JOSÉ DINIZ-GAMA
BOTUCATU-SP
Dezembro/ 2007
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PERFIL CLÍNICO DOS ANIMAIS E FUNCIONALIDADE DO USO DO
APARELHO DE FISIOTERAPIA VETERINÁRIA (MODELOS
VETCAR) NA REABILITAÇÃO DE CÃES E GATOS ACOMETIDOS
POR DIFICULDADES DE LOCOMOÇÃO.
EDUARDO JOSÉ DINIZ-GAMA
Dissertação apresentada junto ao
Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária para obtenção do
título de Mestre.
Orientador: Prof. Dr. Stelio Pacca Loureiro Luna
BOTUCATU-SP
Dezembro/ 2007
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iii
Nome do autor: Eduardo José Diniz-Gama
Título: PERFIL CLÍNICO DOS ANIMAIS E FUNCIONALIDADE DO USO DO
APARELHO DE FISIOTERAPIA VETERINÁRIA (MODELOS VETCAR) NA
REABILITAÇÃO DE CÃES E GATOS ACOMETIDOS POR DIFICULDADES DE
LOCOMOÇÃO.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Stelio Paca Loureiro Luna (orienador)
Presidente e Orientador
Departamento de Cirurgia Veterinária e Reprodução Animal
FMVZ – Unesp - Botucatu
________________________________________
Prof. Dr. Rogério Martins Amorim
Membro
Departamento de Clínica Veterinária
FMVZ – Unesp - Botucatu
________________________________________
Prof
a
. Dr
a.
Márcia Valéria Rizzo Scognamillo Szabó
Membro
Autônoma
_________________________________________
Data da Defesa: 17 de dezembro de 2007
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os colegas
veterinários que buscam, incessantemente, de forma
respeitosa à profissão, conhecimento para manter
seu paciente “VIVO”, proporcionado pela ciência e
tecnologia vigentes, oferecendo ao proprietário todas
as opções e decisões possíveis em favor à vida, de
acordo com suas convicções e entendimento pessoal.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço meus pais José Carlos Fernandes Diniz da Gama e Neuza
Monteiro Diniz da Gama, pelo incessante estímulo para a realização deste
trabalho e ascensão de minha vida profissional;
Ao Prof. Dr. Stélio Pacca Loureiro Luna que, além de contribuir com sua
função de orientar, é amigo e sócio;
À família Glenn e Susan Parkes, pelo acolhimento na Empresa K-9 Carts,
os quais generosamente cederam os primórdios de exemplares de Aparelho de
Fisioterapia Veterinária que evoluíram para o nosso atual modelo;
Aos Professores Doutores Rogério Martins Amorim e Antônio José de
Araújo Aguiar, membros da banca de qualificação, pelas críticas e sugestões para
este estudo;
Ao Prof. José Eduardo Corrente, não apenas por ter realizado as análises
estatísticas desta dissertação, mas também pela paciência e tempo despendido
em nos atender;
À empresa A-Visual, na pessoa de João Pimentel de Andrade e Andréia
Andrade, pela filmagem e edição de vídeos utilizados para a apresentação desta
dissertação;
Ao Prof. Jean Guilherme Fernandes Joaquim, pela amizade, sociedade,
conselhos e concessão de seu acervo pessoal de diversos livros para a
elaboração deste trabalho;
Ao Instituto Bioethicus pelo apoio logístico;
À empresa VetCar por ceder o acervo de dados para a elaboração da
dissertação e aos seus funcionários (Márcio Delone e Paulo Henrique), pela
confecção de todos os aparelhos, bem como à Melissa pelo auxílio na digitação
dos dados;
À Claudinha, o braço direito e “quase” a segunda orientadora;
vi
À minha companheira Crisc (Maria Cristina Cury Ramos), por seguir
comigo uma trajetória de diferentes formas de paciência, perseverança, e no
auxílio nas revisões do manuscrito, seleção e elaboração das fotografias
apresentadas neste trabalho;
A todos que direta ou indiretamente, colaboraram para a elaboração deste
trabalho.
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Porcentagem de animais com paralisias que utilizaram o AFV de
acordo com as raças . FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007................................40
Tabela 2: Categorias de raças de cães com porcentagem de freqüência de
acometimento a partir de 5% agrupadas para análises estatísticas.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.....................................................................41
Tabela 3: Porcentagens de ocorrências para cada tipo de lesão responsável
pelas paralisias dos cães e gatos que utilizaram o AFV FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007……......................................................…........................46
Tabela 4: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 0 a 3 anos.
As letras minúsculas indicam as diferenças significativas entre as raças
para cada tipo de lesão, onde a>b FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................48
Tabela 5: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 3 a 6 anos.
As letras minúsculas indicam as diferenças significativas entre as raças
para cada tipo de lesão, onde a>b. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.......................................................................................................48
Tabela 6: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 6 a 9 anos.
As letras minúsculas indicam as diferenças significativas entre as raças
para cada tipo de lesão, onde a>b. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.......................................................................................................49
viii
Tabela 7: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 9 a 12 anos.
As letras minúsculas indicam as diferenças significativas entre as raças
para cada tipo de lesão, onde a>b. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................49
Tabela 8: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 12 a 15
anos. As letras minúsculas indicam as diferenças significativas entre as
raças para cada tipo de lesão, onde a>b. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.......................................................................................................50
Tabela 9: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias
de raças de cães que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 15 a 18
anos.... FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007..........................................................50
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 : AFV - Animal fazendo uso do AFV-Modelo D4. Visualização de escaras
de decúbito ocorridas antes do uso do AFV. Nota-se nas bordas da lesão
processo de cicatrização facilitado pela postura quadrupedal na qual o AFV
mantém o animal. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.................................................2
Figura 2: Animal fazendo uso do AFV-Modelo Convencional. Nota-se o animal
trocando passos normalmente com AFV realizando a função de sustentação e
mobilidade dos quatro membros do animal. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007........................................................................................................................2
Figura 3: Animal submetido à sessão de acupuntura, tendo como facilitador do
procedimento o AFV, o qual proporciona o ato de aplicação das agulhas ao longo
de todo o corpo do animal, em ambos os lados, simultaneamente. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.......................................................................................................4
Figura 4: Animal submetido á intervenção cirúrgica, em fase de restabelecimento.
Nota-se o evidente alinhamento da coluna propiciado pelo AFV, favorecendo a
estabilização, mesmo durante a mobilidade do animal. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007........................................................................................................................9
Figura 5: Animal submetido ao tratamento de eletroacupuntura tendo o AFV como
facilitador da estabilização dos eletrodos fixados na agulha. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................11
Figura 6: Animais fazendo uso de modelos artesanais de suportes improvisados
para a simples manutenção da mobilidade ou postura. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.....................................................................................................................13
x
Figura 7: Animais com tetraparesia fazendo uso do AFV – Modelo D4, o qual
proporciona postura adequada ao proprietário e animal durante do translado,
evitando contato direto entre ambos. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.......................................................................................................................15
Figura 8: Animal em fase inicial do restabelecimento dos movimentos. Pernas
suspensas pelas tiras de “nylon” em ângulo de 90 graus. As tiras de proporcionam
movimentos de “vai-vem”, forçando os membros para baixo. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007......................................................................................................17
Figura 9: Animal em fase de transição entre soltar ou prender os membros nas
tiras de sustentação do AFV. Nesta fase apenas as unhas tocam o chão,
favorecendo o estímulo positivo de tensão muscular e proprioceptivo. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.........................................................................................17
Figura 10: Terceira fase: pés soltos. Animais locomovendo-se com os posteriores,
porém ainda sem força de sustentação da região posterior do corpo. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.........................................................................................17
Figura 11: Vista da parte posterior do AFV. Indicação do espaço disponibilizado
entre os suportes dos membros para o posicionamento do pênis. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................20
Figura 12: Estrutura física x estrutura metálica. Animal baixo com características
de mensurações brevilíneas, porém com peso elevado para as proporções:
requer aço com bitola maior que outro animal na mesma proporção de altura,
porém com menor peso. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007..................................20
Figura 13: Estrutura física x estrutura metálica. Animal alto com características de
mensurações longilíneas, porém com peso reduzido para as proporções: requer
aço com bitola menor que outro animal na mesma proporção de altura, porém
com maior peso. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007................................................20
xi
Figura 14: Animal com lesão e deformidade severa na porção toracolombar da
coluna vertebral. AFV especialmente confeccionado frente à necessidade de
prolongamento do eixo de suporte das rodas, distanciando o trocânter maior do
fêmur do centro do rodízio (ajuste do centro de equilíbrio). FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.........................................................................................................21
Figura 15: Animal com lesão na porção cervical da coluna, que resulta em paralisia
dos quatro membros, e necessita o uso do Modelo D4 do AFV. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007......................................................................................................21
Figura 16: Animal com seqüela de cinomose, sem sustentação da cabeça. Uso do AFV-
Modelo D4, com opção de suporte de cabeça (queixeira-detalhe). FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007....................................................................................................................21
Figura 17: Animal com amputação proximal dos membros posteriores.
Posicionado “pendurado” para melhor viabilidade no uso do AFV. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................21
Figura 18: Animal com amputação programada na parte média do fêmur para o
uso do AFV, favorecendo assim o encaixe do coto no suporte dos membros.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007...........................................................................22
Figura 19: Animal com amputação do membro posterior direito apresentando
ainda fragilidade no posterior esquerdo. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................................22
Figura 20: Animal com amputação alta de um membro anterior e fragilidade
“senil” dos outros três membros. Uso do AFV–Modelo D4. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................22
xii
Figura 21: Animal com diminuto tamanho dos membros anteriores, em
decorrência de causa congênita. Modelo “sui generis” de AFV especialmente
confeccionado. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007..................................................22
Figura 22: Detalhe das unhas tocando o chão, promovendo estímulo
proprioceptivo e tensão muscular. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................................23
Figura 23: Animal com paralisia espástica do membro posterior com característica
de rigidez no sentido caudal ao corpo do animal. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................................24
Figura 24: Animal com paralisia espástica do membro posterior com
característica de rigidez no sentido cranial ao corpo do animal. Opção de
mudança nas tiras de suporte dos membros. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................................24
Figura 25: Teste de Força dos membros anteriores (“teste da toalha”). Toalha em
volta no abdômen do animal, confirmando a presença de força nas mãos. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007..........................................................................................27
Figura 26: Animal com espasticidade severa com a rigidez direcionada no sentido
cranial. Uso do AFV sem tiras de sustentação. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
..............................................................................................................................31
Figura 27: Animal já adaptado ao AFV para realizar manobras arrojadas. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007........................................................................................34
Figura 28: Animal seguro com o AFV para descer escadas. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................34
xiii
Figura 29: Animais que tinham a água como zona de conforto, novamente,
podem desfrutar por sua própria vontade, do ato de entrar na água com o uso do
AFV. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007...................................................................34
Figura 30: Animais menores em posição de descanso no AFV. Uma vez que o
desnível entre o tórax e o chão é pequeno, descansam sem suporte e sem
pressionar a porção dorsal do corpo. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007......................................................................................................................35
Figura 31: Animal de grande porte. Necessidade de uso de suporte que
proporcione o nivelamento do dorso para poder descansar mesmo estando no
AFV. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007..................................................................35
Figura 32: Animal totalmente adaptado ao AFV. Recorre a um desnível natural
como posição de conforto para um cochilo). FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.......................................................................................................................35
Figura 33: Animal fazendo uso do AFV-Modelo D4. Visão da parte posterior
evidenciando que, em face da conformação do AFV, os dejetos não tocam o
animal nem o aparelho. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.....................................36
Figura 34: AFV – Modelo Convencional. Opção do uso de fralda quando as
circunstâncias requererem. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007..............................36
Figura 35: A interação social é mantida entre animais da mesma raça, mesmo
que um deles faça uso do AFV.............................................................................36
Figura 36: Interação social mantida aos animais que fazem uso do AFV, inclusive
entre espécies diferentes (felino e leporino)..........................................................36
Figura 37: Porcentagens do número de ocorrências de paralisias, analisadas para
os cães e gatos estudados. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007...............................39
xiv
Figura 38: Porcentagem do número de ocorrências de paralisias, analisada para
as categorias de raças de cães e gatos que fizeram uso do AFV. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007......................................................................................................42
Figura 39: Porcentagem do número de ocorrências de animais classificados de
acordo com as categorias relacionadas às questões clínicas da ficha de avaliação
para cães e gatos que fizeram uso do AFV. FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007......43
Figura 40: Porcentagem do número de ocorrências dos tipos de paralisias, em cães
e gatos que utilizaram o AFV. Os asteriscos indicam diferença estatística (p< 0,05).
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.............................................................................47
Figura 41: Média de idades de ocorrências de paralisias para os cães que
utilizaram o AFV. As barras de erro indicam o desvio-padrão. FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007......................................................................................................47
xv
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1: Modelo da ficha de avaliação utilizada para a coleta de dados .. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007........................................................................................83
Anexo 2: Modelo do manual de instruções do AFV .. FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.....................................................................................................................84
Anexo 3: Modelo do manual de instruções ilustrado do AFV . FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.....................................................................................................85
xvi
SUMÁRIO
Resumo..............................................................................................................xii
Abstract............................................................................................................xviii
Dedicatória ……………………………………...………………………………........iv
Agradecimentos…………………………………...……………………………….......v
Lista de tabelas ……………………………………..…...............…………....….....vii
Lista de figuras……………………………………..……………………........……... ix
Lista de anexos ……………………………………...…...............………..….........xv
1. Introdução........................................................................................................1
2. Revisão de Literatura.......................................................................................5
2.1. Ataxia, paresia e paralisia........................................................................5
2.1.1. Ataxia....................................................................................................5
2.1.2. Paresia e paralisia.................................................................................5
2.2. Tratamentos ....................................…….................................................7
2.2.1. Corticoterapia ...…………………………………………………................7
2.2.2. Cirurgia............................................................................……...........8
2.2.3. Terapia da Dor.......................................................................................9
2.2.4. Acupuntura.............................................................................................9
2.2.5. Fisioterapia e Reabilitação ..................................................................12
2.3. Objetivo .......................................................................................................17
3. Metodologia.....................................................................................................18
3.1. Banco de Dados.....................................................................................18
3.2. Animais...................................................................................................18
3.3. Coleta de Dados.....................................................................................19
3.3.1. Fase 1 - Avaliação clínica e perfil físico do animal..............................19
3.3.2. Fase 2 - Confecção do Aparelho.........................................................29
3.3.3. Fase 3 – Colocação do aparelho no animal.........................................32
3.3.4. Fase 4 – Avaliação do comportamento do animal após colocação do
AFV.................................................................................................................33
3.4. Análises de Dados.....................................................................................
...37
3.4.1 Variáveis................................................................................................37
xvii
3.4.2. Estatísticas..................................................................................................38
4. Resultados........................................................................................................38
4.1. Perfil dos Animais.....................................................................................38
5. Discussão .........................................................................................................51
6. Conclusões........................................................................................................59
7. Referências Bibliográficas.................................................................................60
8. Trabalho científico a ser enviado Para a revista “Clínica Veterinária”: Perfil
clínico dos animais e funcionalidade do Aparelho de Fisioterapia Veterinária
(Modelos Vetcar) na reabilitação de pacientes acometidos por dificuldades de
locomoção.............................................................................................................65
xviii
Diniz-Gama, E. J. Perfil clínico dos animais e funcionalidade do Aparelho De
Fisioterapia Veterinária (Modelos Vetcar) na reabilitação de pacientes
acometidos por dificuldades de locomoção. Botucatu, 2007. 85 p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de
Botucatu, Universidade Estadual Paulista.
RESUMO
Problemas como a incoordenação (ataxia), paresias e paralisias são
freqüentes no atendimento clínico veterinário em ambulatórios de pequenos
animais. Os sinais clínicos abrangem desde dores na coluna vertebral até a
ausência de dor profunda. Várias afecções podem estar associadas a esses
sintomas, a saber, as discopatias, mielopatias, fusão de vértebras, displasia
coxofemoral e enfermidades causadas por bactérias, vírus e protozoários. O
objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar o uso do Aparelho de
Fisioterapia Veterinária (AFV) em animais com paresias e paralisias causadas
por diversas afecções, para favorecer a higiene, mobilidade e reabilitação
social em casos irreversíveis, além de auxiliar no restabelecimento
fisioterápico em casos reversíveis, e ainda, traçar o perfil dos pacientes que
fazem o uso deste aparelho. Para tanto, foram cadastrados 1203 cães e 47
gatos oriundos de várias cidades brasileiras, por meio de fichas de avaliação
previamente elaboradas com questões que traçam o perfil clínico e físico dos
animais. A espécie canina foi a mais acometida por paralisias, sendo os SRDs
mais representativos. A lesão medular foi a causa principal de paralisias em
cães e gatos; as paresias flácidas foram as mais observadas, sendo que a
média das idades em que ocorreram paralisias decorrentes de diferentes
enfermidades encontrou-se entre os 3 e 9 anos. Na associação entre as
categorias de raça, idade e enfermidades, os cães da raça Teckel mostraram
maior incidência de lesões de medula e de discos intervertebrais quando
comparados às demais categorias de raça. A idade de acometimento dos
animais diferiu entre as categorias de raça. Não houve diferença na
associação entre raça e sexo.
Palavras-chave: Fisioterapia, reabilitação, paralisias, cães.
xix
Diniz-Gama, E. J. Clinical profile and functionality of the Veterinary
Physiotherapic Equipment (Models VetCar) for the rehabilitation of patients
affected with difficulties in locomotion. Botucatu, 2007. 85 p. Dissertação
(Mestrado) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de
Botucatu, Universidade Estadual Paulista.
ABSTRACT
Incoordination (ataxia), paresis and paralysis are frequent in the small
animal veterinary clinics. The clinical signs include from back pain to the
absence of deep pain reflex. Several pathologies can be associated with these
symptoms, such as the discopathies, spinal cord lesions, vertebrae fusion, hip
dysplasia and others caused by bacteria, virus and protozoary agents. The
objective of this retrospective study was to evaluate the use of the Veterinary
Physiotherapic Equipment (AFV) in animals with paresis, paraplegy and
tetraplegy to improve hygiene, mobility and social rehabilitation in irreversible
cases, and to aid the physiotherapic rehabilitation in reversible cases,
establishing the profile of the patients that made use of the AFV. A total of
1203 dogs and 47 cats originated from various brazilian cities were recorded
by evaluation data sheets previously elaborated with questions to delineate the
animals´ clinical and physical characteristics. The canine species was the most
affected by paralysis, and the non-specific breed (mongrel) was the most
representative. The lesions that mostly caused paralysis in dogs and cats were
the spinal cord lesions and those of the intervertebral disks. The partial and
flaccid paralysis were the most commonly observed paralysis, and the average
of ages in which paralysis caused by different pathologies occurred was
between 3 and 9 years. The Teckel breed had the biggest incidence of
paralysis caused by spinal cord and disks lesions, when compared to other
breeds. The ages of occurrence were different among the breeds. There were
no differences in the association between breed and gender.
Keywords: Physiotherapy, rehabilitation, paralysis, dogs.
1. INTRODUÇÃO
Cães e gatos com paresias ou paralisias decorrentes de seqüelas de
enfermidades neurológicas, entre outras, por muito tempo foram considerados
incuráveis, sem perspectiva de melhora clínica pelos Médicos Veterinários. As
escaras decorrentes do atrito do corpo com o solo, além do contato com fezes e
urina dadas à incontinência, normalmente faziam que se indicasse a eutanásia do
animal. Apesar de um prognóstico promissor com o tratamento da Acupuntura, a
situação do animal frente à família era tida como insustentável e os argumentos
apresentados, mostrando os resultados favoráveis não eram convincentes para
que se mantivesse o animal vivo. Desta forma havia necessidade de melhorar a
qualidade de vida do animal em seu meio até o restabelecimento físico do mesmo.
Para tal, pode ser indicado um aparelho ortopédico visando a manutenção
do animal em posição quadrupedal, evitando-se, assim, a formação de escaras
(Figura 1). A partir de 1998, este autor se interessou em produzir um aparelho
desta natureza, de fabricação nacional, tendo em vista que na época os modelos
importados, além do alto custo, apresentavam características desfavoráveis como
grande volume, peso e excessos de estruturas para manter o aparelho na
composição adequada. Outra limitação de importância era a inviabilidade de
correção de seu centro de gravidade, que diminuía sua versatilidade no ajuste de
equilíbrio do animal no aparelho.
A partir deste modelo inicial importado, foi desenvolvido outro modelo mais
leve, compacto, facilmente ajustável e financeiramente acessível. Este aparelho foi
criado praticamente no limite mínimo necessário de estrutura física para
conjunturar o propósito de o animal paralítico poder se locomover e se exercitar.
* AFV – VetCar - Aparelho de Fisioterapia Veterinária LTDA-ME
CNPJ:08051362 /001-13
Inscrição Estadual: 224173101118
Rodovia Domingos Sartori, Km 2
Botucatu – SP
2
Este modelo é denominado “VetCar – Aparelho de Fisioterapia
Veterinária”*, de agora em diante, referido como AFV.
Hoje, devido a esse aparelho, muitos animais tiveram ampliadas as
chances de esperar pela resposta do tratamento e, ao mesmo tempo, promover
movimentos e tônus muscular para evitar, assim, a atrofia por desuso do(s)
membro(s). Em outras palavras, viabilizou-se a prática de fisioterapia durante a
reabilitação animal (Figura 2).
Figura1: AFV - Animal fazendo uso do AFV-
Modelo D4. Visualização de escaras de
decúbito ocorridas antes do uso do AFV.
Nota-se nas bordas da lesão processo de
cicatrização facilitado pela postura
quadrupedal na qual o AFV mantém o
animal.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 2: Animal fazendo uso do AFV-Modelo
Convencional. Nota-se o animal trocando
passos normalmente com AFV realizando a
função de sustentação e mobilidade dos
quatro membros do animal.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
3
Problemas como a incoordenação (ataxia), paresias e paralisias são
freqüentes no atendimento clínico veterinário em ambulatórios de pequenos
animais. Os sinais clínicos abrangem desde dores na coluna vertebral até a
ausência de dor profunda.
Várias afecções podem estar associadas a esses sintomas, a saber, as
discopatias, mielopatias, fusão de vértebras, displasia coxofemoral e enfermidades
causadas por bactérias, vírus e protozoários (LITTLE, 1996; OLBY et al., 2003;
YANG et al., 2003).
Os tratamentos médicos convencionais, de acordo com as diferentes
afecções, incluem desde o repouso em local confinado, como o uso de fármacos
antiinflamatórios, corticóides, antibióticos, entre outros. A fisioterapia e a
acupuntura também são tratamentos eficazes, principalmente nos casos de
paresias e paralisias (MILLIS & LEVINE, 1997; HARASEN, 2001; JOAQUIM et al.,
2004). A escolha do tratamento depende principalmente do tempo do início do
problema, da duração e severidade dos sinais clínicos, além de fatores
econômicos (LECOUTEUR & CHILD, 1992; Scott, 1997).
O tratamento por meio da acupuntura tem sido considerado uma escolha
complementar bem sucedida na medicina humana (PAOLA & ARNOLD, 2003;
HABACHER et al., 2006), o que estimula os proprietários a procurá-la para
tratarem seus animais (SCOTT, 2001; HABACHER et al., 2006; JOAQUIM et al.,
2004). Esta modalidade terapêutica veterinária tem apresentado crescente
aceitação em todo o mundo, dado ao maior número de pesquisas na área, com
melhor entendimento dos mecanismos de ação e aplicações dessa técnica
(SCHOEN, 1992; SCHOEN, 2006) (Figura 3). A fisioterapia também tem sido
indicada e utilizada como tratamento complementar para animais (MIKAIL &
PEDRO, 2006).
4
Figura 3: Animal submetido à sessão de
acupuntura, tendo como facilitador do
procedimento o AFV, o qual proporciona o
ato de aplicação das agulhas ao longo de
todo o corpo do animal, em ambos os
lados, simultaneamente.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Ao observar a evolução da clínica médica veterinária ao longo do tempo e,
corroborando os pensamentos de Whittick (1974), Millis & Levine (1997) e
Harasen (2002), é imprescindível que se trabalhe com uma equipe multidisciplinar
integrada, formada pelo médico veterinário, fisioterapeuta, técnico em veterinária e
o proprietário do animal, para que se possa determinar e aplicar um tratamento
apropriado, que vise o bem-estar dos animais, a tranqüilidade e satisfação dos
proprietários no processo de reabilitação.
O motivo para a realização deste estudo foi demonstrar aos colegas
veterinários a viabilidade de reabilitação e manutenção de pacientes especiais
através do uso do AFV, para auxiliar nos tratamentos preconizados para casos de
paralisias decorrentes de diferentes causas, resgatando a qualidade de vida
desses animais, os quais são motivos de alegria de um âmbito familiar.
5
2. Revisão de Literatura
2.1. Ataxia, Paresia e Paralisia
A ataxia, a paresia e a paralisia são alterações de locomoção associadas a
uma disfunção dos sistemas nervosos central e periférico, bem como alterações
do sistema locomotor. A ataxia se apresenta por incoordenação da cabeça,
pescoço e todos os quatro membros, enquanto a paresia e a paralisia são
denotadas, respectivamente, por perda ou deficiência parcial e total da função
motora em determinada parte do corpo (CHRISMAN, 1985; SHORES &
ROUDEBUSH, 1992).
2.1.1. Ataxia
O animal com ataxia apresenta uma postura em base aberta, podendo
mostrar incoordenação da cabeça, tronco e/ou membros. A ataxia pode estar
associada à disfunção sensitiva da medula espinhal (ataxia sensitiva), do sistema
vestibular (ataxia vestibular) ou do cerebelo (ataxia cerebelar ou motora)
(SHORES & ROUDEBUSH, 1992).
As doenças mais freqüentemente observadas que induzem à ataxia são
otites média e/ou interna, traumatismo craniano e medular, cinomose, neoplasias,
raiva, toxoplasmose, neosporose e afecções degenerativas da medula espinhal e
discos intervertebrais (CHRISMAN, 1985).
2.1.2. Paresia e Paralisia
Os animais que apresentam paresia ou paralisia dos membros possuem
uma disfunção motora voluntária, resultante de afecções rostrais ao forame
magno, na medula espinhal, nervos periféricos, junção mioneural e músculos.
A disfunção motora voluntária nos quatro membros é denominada
quadriparesia ou quadriplegia e envolve lesão do sistema nervoso central cranial a
T3, do sistema nervoso periférico ou afecção multifocal cervical e lombar. A perda
parcial ou completa da função motora voluntária nos membros pélvicos caracteriza
6
uma paraparesia/paraplegia e envolve lesão de medula espinhal entre os
segmentos T3 e S2 ou de nervos periféricos nos membros pélvicos. A
monoparesia/monoplegia designa uma disfunção motora voluntária em um único
membro (SHORES & ROUDEBUSH, 1992).
Diversas enfermidades podem causar paresia ou paralisia dos membros
anteriores, posteriores ou ambos. A seguir, serão descritas brevemente as mais
relevantes na casuística clínica veterinária.
As espondilopatias têm grande importância no atendimento ambulatorial,
devido à sua alta incidência, etiologia multifatorial e acometimento multifocal, além
das dificuldades em se estabelecer, muitas vezes, um diagnóstico e tratamentos
eficazes de acordo com a medicina veterinária convencional. As diversas
alterações oriundas de lesões medulares decorrentes de traumas, calcificação ou
degeneração nos discos intervertebrais, fusão de vértebras, entre outras, geram
sintomas clínicos como dores que irradiam ao longo da coluna vertebral,
dificuldades na deambulação (ataxia), paresia ou paralisia dos membros.
A displasia coxofemoral também é uma enfermidade comum na clínica
veterinária, sem distribuição geográfica e geneticamente transmissível (GINJA et
al., 2005). Caracteriza-se por alteração do desenvolvimento iniciada por pré-
disposição genética e sublocação das articulações coxofemorais imaturas, com
uma má congruência entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, o que interfere no
desenvolvimento normal e sobrecarrega a cartilagem articular. Os sinais clínicos
mais comuns são: dificuldade do animal em se levantar, relutância a caminhadas,
corridas e subir escadas, claudicação uni ou bilateral e manifestações de dor
quando da movimentação do membro afetado ou à palpação leve. Em casos mais
avançados, pode-se observar nitidamente a diferença na musculatura entre os
membros anteriores e posteriores, devido à atrofia dos posteriores por desuso e
hipertrofia compensatória dos anteriores. Nesses casos, com o tempo, os animais
podem evoluir de paresia para paralisia dos membros posteriores.
A cinomose, enfermidade altamente contagiosa, causada pelo vírus da
encefalomielite canina, é outra causa comum que pode levar à paralisia dos
membros. A manifestação clínica da infecção depende do título e da estirpe viral
7
infectante, da idade e perfil imunológico do animal. Pode se manifestar em
infecções subclínicas ou clínicas, com sintomas relacionados aos tratos
gastrointestinal e respiratório, associados ou não a sintomas neurológicos
(SHORES & ROUDEBUSH, 1992; KOUTINAS ET AL., 2002; VANDEVELDE &
ZURBRIGGEN, 2005; AMUDE et al., 2006).
A mielopatia degenerativa é uma doença lentamente progressiva, que
envolve a priori os tratos longos da medula espinhal toracolombar, que acomete
animais grandes, principalmente o Pastor Alemão ou raças cruzadas. O sinal
clínico predominante é a ataxia dos membros pélvicos, sendo o dobramento do
pé, o arrastar das unhas e a dismetria, os sinais mais comuns (LORENZ &
KORNEGAY, 2006); o grau de disfunção proprioceptiva, geralmente é maior que o
grau de disfunção motora. A causa desta enfermidade é desconhecida e nenhum
tratamento específico é indicado, sendo o prognóstico desanimador para a cura.
Entretanto, com cuidados de suporte, muitos cães podem ter qualidade de vida
por vários meses, evitando um sacrifício prematuro.
2.2. Tratamentos
2.2.1. Corticoterapia
O tratamento por meio de corticóides é indicado em casos de paralisias
decorrentes de traumatismos, doenças da medula espinhal e de disco
intervertebral. Grande parte das lesões na medula espinhal é resultado de fratura
e luxação vertebrais e extrusão de disco, com a possibilidade de ocorrer déficit
neurológico grave, principalmente se o paciente não for imediatamente (na
primeira hora) medicado (LORENZ & KORNEGAY, 2006).
Segundo Olby (1999), quando há trauma ou protrusão de disco no canal
medular, poderá ocorrer edema ocasionando reações bioquímicas secundárias,
que poderá comprometer o sistema nervoso central. Nesse caso, logo após o
trauma (nas primeiras oito horas), deve ser administrado succinato de sódio de
8
metilprednisolona (SSMP) por via intravenosa na dosagem de 30 mg/kg (OLBY,
1999; TILLEY & SMITH JR., 2003), por um período de 10 minutos. Para a
manutenção nas primeiras 24 horas pós-trauma, administra-se 5 mg/kg/hora do
mesmo. Conjuntamente, o Manitol (20%) deve ser administrado na dose de 0,5
g/kg, durante 30 minutos, por agir prontamente na inibição do edema na medula
espinhal. Essa terapia deve ser repetida em duas a três horas e então cessada.
Nesse período, deve-se fazer uma contenção do animal para evitar maiores
traumas na região acometida.
Nessa primeira fase, não é indicado o uso do AFV, uma vez que possíveis
instabilidades na região afetada podem estar presentes, bem como a presença de
dor. A contenção e restrição de movimentos são situações recomendadas.
2.2.2. Cirurgia
São duas as principais indicações para a cirurgia espinhal em animais com
lesões traumáticas: a descompressão da medula espinhal e a estabilização da
vértebra.
De acordo com Nixon & Stashak (1988) e Van Ee et al. (1989), a diferença
nos tratamentos clínico e cirúrgico em 211 cães e gatos com fraturas vertebrais foi
mínima. Para os animais que têm boa resposta à dor, com duração da lesão de
até 24 horas e sem resposta à dor, com duração da lesão em até 4 horas, ainda
há indicação para o ato cirúrgico; após o período de 4 horas, sem resposta à dor,
não há indicação para a cirurgia (LORENZ & KORNEGAY, 2006).
Em geral, os procedimentos para manutenção pós-cirúrgica dos
paraplégicos com problemas de disco devem também ser acompanhados,
necessitando de cuidados de enfermagem, fisioterapia (SHARP & WHEELER,
2006) e um período de reabilitação. Cabe aqui lembrar que essas são as três
principais funções do AFV. Surpreendentemente, alguns cães recuperam a
capacidade de andar sem recuperar a percepção da dor profunda (VAN EE et al.,
1989). Estando o animal na posição quadrupedal, estimulando o seu tônus
muscular e induzindo a propriocepção, a recuperação ocorrerá com maior
probabilidade. (Figura 4).
9
Figura 4: Animal submetido á intervenção
cirúrgica, em fase de restabelecimento. Nota-se
o evidente alinhamento da coluna propiciado
pelo AFV, favorecendo a estabilização, mesmo
durante a mobilidade do animal.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
2.2.3. Terapia da Dor
Para o tratamento da dor nos períodos pré e pós-cirúrgicos (SHARP &
WHEELER, 2005), os opióides são os analgésicos mais eficazes para o
tratamento da dor severa. Os antiinflamatórios não esteróides são indicados como
suplementação ao analgésico opióide ou em casos em que este não é indicado.
Nesta fase inicial, o autor não indica como predileção a acupuntura, uma vez que
os antiinflamatórios e corticóides atuarão de forma rápida, não apenas na dor, mas
também evitando edemas, reações inflamatórias e conseqüentes ações oxidativas
no canal medular com considerável precisão.
2.2.4. Acupuntura
A acupuntura é uma técnica terapêutica que utiliza a inserção de agulhas
específicas em determinados pontos localizados ao longo de canais (meridianos)
que percorrem todo o corpo. Esse procedimento tem a finalidade de restabelecer a
circulação energética nesses canais (YAMAMURA, 1993). Dessa maneira, pode-
10
se harmonizar o organismo em relação ao excesso ou deficiência das energias
mantenedoras do equilíbrio sistêmico do corpo, prevenindo ou tratando
enfermidades já instaladas.
Na literatura veterinária, têm sido relatados os efeitos da acupuntura no
tratamento de doenças degenerativas das articulações, displasia coxo-femoral,
artrite imunomediada e doenças da coluna vertebral (JANSSENS, 1992;
SCHOEN, 1992; COLE, 1996; WANG et al., 1999; SUMANO et al., 2000; YANG et
al., 2003; JOAQUIM et al, 2004; HABACHER, 2006).
A acupuntura é uma boa escolha em relação a outros tratamentos clínicos e
às intervenções cirúrgicas para uma variedade de disfunções neurológicas, uma
vez que é um método pouco invasivo quando a medicação é contra-indicada e a
cirurgia é descartada como tratamento (JOSEPH, 1992). Afecções importantes
como os problemas vertebrais em cães e a lombalgia nos eqüinos, respondem
satisfatoriamente ao tratamento por acupuntura (CHAN et al., 2001). Essa técnica
também é considerada benéfica em casos onde os analgésicos e antiinflamatórios
têm se mostrado ineficazes ou apresentado efeitos colaterais indesejados
(SCHOEN, 1992; SCHOEN, 2006).
Cole (1996), ao tratar animais com alterações vestibulares centrais e/ou
cerebelares e/ou da medula espinhal toracolombar e/ou lombo-sacra provocadas
pela cinomose canina, concluiu que a acupuntura contribuiu de maneira mais
eficiente em comparação ao tratamento alopático para regressão das alterações
neurológicas.
A acupuntura foi benéfica em aproximadamente 40% dos casos de
instabilidade vertebral cervical canina (Síndrome de Wobbler), pois apesar de
pouca melhora nos déficits neurológicos, ocorre melhora na paresia e ataxia
(SCHOEN, 1992).
Hayashi (2006), concluiu que a associação do tratamento de acupuntura ao
tratamento médico antecipou a melhora do estado neurológico e o retorno à
locomoção em cães com discopatia intervertebral toracolombar, com antecipação
significativa de 50% no retorno à locomoção, comparado aos que não receberam
acupuntura.
11
A eletroacupuntura é indicada para o tratamento de paralisias de membros
pélvicos, alterações lombosacras e outros problemas na medula espinhal (WANG
et al., 1999; SUMANO et al., 2000; YANG et al., 2003, JOAQUIM, et al., 2004). De
acordo com Sumano et al. (2000), cães que foram tratados com medicina
convencional e intervenções cirúrgicas apresentaram 20% de sucesso na
recuperação enquanto que os animais tratados principalmente com
eletroacupuntura apresentaram 85% de recuperação (Figura 5).
O uso de corticóides associado à acupuntura é controverso. Schoen (1992)
ressalta que estes fármacos tendem a inibir a liberação de esteróides endógenos
e endorfinas, minimizando alguns dos efeitos benéficos da acupuntura. No
entanto, segundo Yang et al. (2003), o tratamento mais eficaz para paralisias
decorrentes de lesões medulares foi a combinação da eletroacupuntura com
corticosteróides.
Figura 5: Animal submetido ao tratamento
de eletroacupuntura tendo o AFV como
facilitador da estabilização dos eletrodos
fixados na agulha.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Em casos de doenças musculoesqueléticas, parece que a acupuntura
proporciona uma analgesia prolongada pelo efeito neuro humoral, aumenta a
circulação nas áreas afetadas e diminui o processo inflamatório (SCHOEN,1992).
12
2.2.5. Fisioterapia e Reabilitação
A fisioterapia é uma especialidade paramédica que utiliza agentes físicos
como luz, calor, frio, água e eletricidade, além de massagens e exercícios físicos,
com ou sem a utilização de aparelhos específicos, para o tratamento de
determinadas doenças (MIKAIL & PEDRO, 2006). A reabilitação é a obtenção do
máximo possível de recuperação da forma ou função locomotora normal, após
uma enfermidade ou lesão, prevenindo a incapacidade (PEDRO, 2001).
A atividade física é indicada com fins terapêuticos curativos ou preventivos
para quase todas as afecções, de acordo com as condições clínicas do paciente e
do conhecimento do terapeuta sobre o curso e fases da afecção (MIKAIL E
PEDRO, 2006).
Clark & McLaughlin (2001) e Mikail & Pedro (2006) apresentam diversos
recursos fisioterápicos que têm sido utilizados na medicina veterinária. São eles: a
massagem (utilização das mãos como instrumento, por meio de técnicas de
compressão, tapotagem e liberação fascial), a crioterapia (utilização do frio nas
formas líquida, sólida ou gasosa para retirar o calor do corpo), a termoterapia
(aumento ou diminuição da temperatura), o laser (utilização da amplificação da luz
pela emissão da radiação estimulada), a magnetoterapia (terapia por meio de
campos magnéticos), a eletroterapia (utilização da corrente elétrica), a
cinesioterapia (tratamento por meio do movimento, sendo este ativo, passivo,
passivo assistido por alongamento e fortalecimento, com ou sem sobrecarga), a
hidroterapia (utilização das propriedades físicas da água para o fortalecimento
muscular e o equilíbrio postural) e o uso da cadeira de rodas como aparelho de
fisioterapia, que favorece as duas últimas técnicas por amplificar a força muscular
e o tempo de atividade.
Ao longo dos anos, as cadeiras de rodas para cães têm sido aperfeiçoadas
e produzidas por clínicos e leigos interessados, com a finalidade de atender
pacientes com paralisias dos membros posteriores, que dependiam da mobilidade
dos membros anteriores para sua locomoção (WHITTICK, 1974), nem sempre
obtendo o máximo de aproveitamento (Figura.6).
13
Figura 6: Animais fazendo uso de modelos artesanais de suportes improvisados para a simples
manutenção da mobilidade ou postura.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Atualmente, o AFV, também considerado uma cadeira de rodas para cães,
tem sido útil para a manutenção do paciente por atender com distintos modelos,
animais com paresias ou paralisias, paraplégicos e tetraplégicos.
Nos casos de paresias ou paralisias, ao longo do tempo, o desuso dos
membros afetados resulta em fraqueza e atrofia da musculatura. Nessa situação,
os exercícios terapêuticos devem ser conduzidos por meio de técnicas de baixo
impacto, com a finalidade de reduzir o peso do animal, aumentar a mobilidade
articular, reduzir dores articulares e auxiliar a recuperação para o movimento
(JOAQUIM, 2004).
A fisioterapia é eficaz como tratamento único ou em associação com outros
tipos de tratamentos convencionais ou alternativos. Cães portadores de mielopatia
degenerativa nas regiões lombosacra e toracolombar, que receberam intenso
tratamento de fisioterapia apresentaram um período de sobrevivência
14
significativamente maior em relação aos que receberam tratamento moderado ou
nenhuma fisioterapia (KATHMANN et al., 2006).
Speciale & Fingeroth (2000) concluíram que o tratamento físico contínuo e
persistente para paralisias resultantes de lesões na porção cervical da medula
espinhal pode ser benéfico, mesmo na ausência de intervenções cirúrgicas ou
tratamentos farmacológicos, proporcionando a recuperação e manutenção das
funções neurológicas normais.
Porém, devido à indisponibilidade de tempo, até mesmo recursos
financeiros, quase sempre a manutenção desses tratamentos físicos contínuos
fica limitada, não viabilizando o potencial máximo da reabilitação e funções
neurológicas. O AFV traz esse conforto onde, na grande parte dos exercícios
indicados, basta que alguém, mesmo sem conhecimento técnico, permaneça ao
lado do animal.
De acordo com Mikail & Pedro (2006), em casos de afecções na coluna
vertebral, como a doença do disco intervertebral e espondilomielopatia cervical
caudal (síndrome de Wobbler), os sinais clínicos podem incluir dor, leve ataxia até
tetraparesia. Nesses casos, podem ser indicados os recursos do laser,
termoterapia e cinesioterapia. O laser tem ação antiinflamatória e analgésica,
acelerando a cicatrização e estimulando a microcirculação; o calor promovido por
meio de ultra-som proporciona analgesia, diminuição da rigidez articular, aumento
do fluxo sangüíneo, aumento da extensibilidade do tecido colágeno e redução do
espasmo muscular, no modo contínuo, e a regeneração dos tecidos moles e
reparo ósseo, no modo pulsátil. Os exercícios terapêuticos incluem prevenção de
disfunções, melhora, restauração ou manutenção da normalidade da força,
mobilidade, flexibilidade e coordenação.
Pedro (2001) observou resultados satisfatórios ao utilizar a crioterapia
(gelo), o ultra-som e a cinesioterapia (exercícios de mobilização articular passiva,
alongamento e contração muscular, e exercícios proprioceptivos) como
tratamentos pós-cirúrgicos à ruptura de ligamento cruzado cranial A finalidade do
tratamento foi de acelerar o processo de reabilitação funcional, minimizar a atrofia
muscular e prevenir seqüelas que pudessem surgir nesse período de recuperação.
15
O autor concluiu que a utilização desses tratamentos foi importante na reabilitação
funcional do membro locomotor afetado.
Em casos de paralisias decorrentes de cinomose, o uso do AFV tem
mostrado um excelente complemento na eficácia do tratamento, pois os animais
apresentam gradativa e, muitas vezes, lenta recuperação neurológica e motora,
trazendo nesse tempo qualidade de vida e bem estar em sua rotina diária. Esses
benefícios se estendem tanto para o animal quanto para o proprietário, o qual
antes desistia dos tratamentos viáveis devido às difíceis condições de manutenção
da higiene e dependência para a locomoção, além do asco visual e sentimento de
compaixão frente ao animal.
No entanto, esse aparelho não é indicado quando o animal apresentar
fraqueza nos membros anteriores, não possuir ímpeto para movimentar-se ou
apresentar problemas neurológicos afetando os quatro membros. Para tanto,
existe outro modelo conhecido como D-4, onde o animal fica suspenso na posição
quadrúpede mesmo não conseguindo a sua sustentação. Sua vantagem está em
evitar escaras de decúbito e enfermidades respiratórias devido ao decúbito lateral
prolongado, bem como por facilitar a condução pelo proprietário (Figura 7). Em
casos extremos, quando o animal não tem força para sustentar o peso da própria
cabeça, faz-se necessária a complementação do suporte da cabeça (queixeira),
posicionando-o, assim, na postura adequada.
Figura 7: Animais com tetraparesia fazendo uso do AFV – Modelo D4, o qual proporciona
postura adequada ao proprietário e animal durante do translado, evitando contato direto entre
ambos.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
16
O suporte para os membros posteriores do aparelho convencional é constituído
por uma tira de náilon conectada à parte posterior do mesmo por uma mola
compressiva. Normalmente, quando o animal se arrasta usando os membros
anteriores (fora do aparelho) ou quando os membros posteriores ficam soltos
(no aparelho), o AFV não favorece o estímulo de movimentar os membros
posteriores. Ao ficar suspenso em ângulo de 90 graus, preso ao suporte de
membros posteriores e caminhando com os anteriores, o animal inicia um
processo de “vai e vem” dos membros suspensos (Figura 8), o qual favorece o
tônus muscular, fortalece a musculatura e evita a atrofia enquanto ocorre a
recuperação da lesão neurológica frente às técnicas escolhidas. À medida que
o animal melhora, os movimentos passam a ser em “vai e vem forçando para
baixo”, tendendo, então, a impulsionar o corpo do animal para cima e fora do
aparelho. Nesta fase, há uma transição entre o limite de prender e soltar os
membros (Figura 9). A presença das molas compressivas, atuando como ponto
de união entre as tiras de nylon e o aparelho, promove uma elasticidade
impedindo que, no decorrer da evolução clínica favorável em relação ao tônus
muscular, o animal se projete para fora do aparelho. Assim, seu exercício
fisioterápico de tensão muscular permanece em harmonia com o uso do AFV.
No momento em que os coxins plantares posicionam-se corretamente e tocam
o chão, o animal passa a dar passos e, naturalmente, não mais aceita as tiras
de sustentação (Figura 10). No entanto quando fora do aparelho, ao cair, ainda
não há forças suficientes para levantar-se, necessitando o uso contínuo de um
suporte, o qual é promovido pelo AFV. Isto viabiliza uma correta postura ao
longo de suas caminhadas. Com o tempo, frente à melhora neurológica, o
aparelho pode ser dispensado definitivamente, sem o qual animal e proprietário
não teriam tolerado a jornada rumo ao restabelecimento.
17
Figura 8: Animal em fase inicial do
restabelecimento dos movimentos. Pernas
suspensas pelas tiras de “nylon” em ângulo
de 90 graus. As tiras de proporcionam
movimentos de “vai-vem”, forçando os
membros para baixo.
FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.
Figura 9: Animal em fase de transição entre
soltar ou prender os membros nas tiras de
sustentação do AFV. Nesta fase apenas as
unhas tocam o chão, favorecendo o estímulo
positivo de tensão muscular e proprioceptivo.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 10: Terceira fase: pés soltos. Animais locomovendo-se com os posteriores,
porém ainda sem força de sustentação da região posterior do corpo.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
2.3. Objetivo
O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar o uso do AFV em animais
com paresias e paralisias (paraparesias, paraplegias, tetraparesias, tetraplegias,
monoparesias, monoplegias) causadas por diversas enfermidades para favorecer
18
a higiene, mobilidade e reabilitação social em casos irreversíveis, além de auxiliar
no restabelecimento fisioterápico em casos reversíveis. Concomitantemente,
objetivou-se traçar o perfil clínico dos pacientes que fazem uso do AFV, avaliando
as espécies e raças mais acometidas, sexo e idade dos pacientes, as principais
causas que levam a paresias/paralisias, os tipos de paralisias e o histórico de
saúde do animal.
3. METODOLOGIA
3.1. Banco de dados
O banco de dados utilizado para o presente estudo pertence à Empresa
VetCar – Aparelho de Fisioterapia Veterinária, é composto por fichas de avaliação
previamente elaboradas com questões que traçam o perfil clínico e físico dos
animais.
3.2. Animais
Foram cadastradas fichas de avaliação de 1203 cães e 47 gatos, oriundas
de várias cidades brasileiras.
3.3. Coleta de dados
Desde o primeiro contato com o proprietário até o ajuste do aparelho no
animal, três fases primordiais foram seguidas: Fase 1 - avaliação do animal por
meio de fichas específicas; Fase 2 - confecção do aparelho; Fase 3 - ajuste do
aparelho no animal; Fase 4 – avaliação do comportamento do animal após
colocação do AFV.
19
3.3.1. Fase 1 – Esta fase constitui-se de duas etapas: Etapa 1, na qual o
veterinário responsável pelo animal faz a avaliação clínica e Etapa 2, onde é
delineado o perfil físico do animal que pode ser registrado pelo proprietário.
Os animais foram avaliados por meio de dados provenientes de fichas
específicas de avaliação fornecidas aos proprietários e veterinários responsáveis
pelo atendimento para fins de confecção do aparelho. Foram analisadas as fichas
do período correspondente a novembro de 1998 a junho de 2005. Nessas fichas
foram registrados dados relativos ao perfil em que o animal se encontrava para
viabilizar ou não o uso do aparelho e quais os detalhes do modelo indicado. A
seguir descrevem-se as duas etapas necessárias para a conclusão da primeira
fase.
A - Etapa 1: Avaliação dos dados referentes às condições clínicas em
que o animal se encontra (obrigatoriamente realizada por um médico
veterinário).
Esta primeira etapa é obrigatoriamente respondida pelo veterinário, pois
são descritos rigores técnicos que requerem um profissional capacitado. Foram
avaliadas as seguintes variáveis:
A1 - Identificação do animal:
Nome do animal: importante na identificação da ficha, Espécie:
normalmente caninos e felinos, Raça ou Semelhança: para observação de
determinadas peculiaridades, tais como tempo de adaptação, ajustes e incidências
de determinadas enfermidades; Sexo: quando macho, relevante na confecção do
aparelho, deixando espaço entre o suporte dos membros para o posicionamento
do pênis (Figura.11), Idade: para mensurar a viabilidade do uso, como força,
motivação e espera para o total crescimento; Peso: juntamente com as proporções
físicas, indica o diâmetro do aço a ser usado, bem como o tipo de rodas (Figuras
12 e 13).
20
Figura 11: Vista da parte posterior do AFV.
Indicação do espaço disponibilizado entre
os suportes dos membros para o
posicionamento do pênis.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Figura 12: Estrutura física x estrutura
metálica. Animal baixo com características
de mensurações brevilíneas, porém com
peso elevado para as proporções: requer
aço com bitola maior que outro animal na
mesma proporção de altura, porém com
menor peso.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 13: Estrutura física x estrutura
metálica. Animal alto com características de
mensurações longilíneas, porém com peso
reduzido para as proporções: requer aço com
bitola menor que outro animal na mesma
proporção de altura, porém com maior peso.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
A2 - Causa da paralisia/paresia:
Saber a causa da paralisia/paresia é importante para considerar as
possíveis deformidades estruturais ou áreas mais delicadas no corpo do animal
que possam ser tratadas de forma diferenciada no momento da confecção do
21
modelo do aparelho. Os seguintes itens o avaliados: lesão da medula espinhal,
protrusão de disco intervertebral (toracolombar, cervical) (Figuras 14 e 15), fusão
de vértebras, calcificação de disco intervertebral, displasia coxofemoral, seqüela
de cinomose (Figura 16), amputação de membros (importante saber quais e em
que altura, a fim de optar pela melhor fixação no AFV) (Figuras 17, 18, 19 e 20),
causas congênitas (Figura 21) e desconhecidas.
Figura 14: Animal com lesão e deformidade
severa na porção toracolombar da coluna
vertebral. AFV especialmente confeccionado
frente à necessidade de prolongamento do eixo
de suporte das rodas, distanciando o trocânter
maior do fêmur do centro do rodízio (ajuste do
centro de equilíbrio).
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 15: Animal com lesão na porção cervical
da coluna, que resulta em paralisia dos quatro
membros, e necessita o uso do Modelo D4 do
AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 16: Animal com seqüela de cinomose,
sem sustentação da cabeça. Uso do AFV-
Modelo D4, com opção de suporte de cabeça
(queixeira-detalhe).
FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.
Figura 17: Animal com amputação proximal
dos membros posteriores. Posicionado
“pendurado” para melhor viabilidade no uso
do AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 18: Animal com amputação
programada na parte média do fêmur para o
uso do AFV, favorecendo assim o encaixe do
coto no suporte dos membros.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Figura 19: Animal com amputação do
membro posterior direito apresentando ainda
fragilidade no posterior esquerdo.
FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 20: Animal com amputação alta de um
membro anterior e fragilidade “senil” dos
outros três membros. Uso do AFV–Modelo
D4.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 21: Animal com diminuto tamanho dos
membros anteriores, em decorrência de
causa congênita. Modelo “sui generis” de
AFV especialmente confeccionado. FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.
A3 - Histórico da saúde do animal:
Este item delineia o perfil de viabilização do uso do aparelho no animal e
sugestões da acomodação no momento do uso. Os seguintes tópicos são
questionados:
-Tempo do início do problema: conhecer a data do início dos sintomas e até
quando o problema instalou-se poderá sugerir um prognóstico para futuros ajustes
no aparelho bem como o período necessário para a adaptação;
22
23
-Quanto à Paresia/Paralisia: saber se a paralisia é parcial ou total e se há algum
movimento nos membros posteriores sugere o posicionamento dos mesmos, os
quais podem estar presos, soltos ou com um leve toque das unhas no chão,
forçando um estímulo positivo. Os membros posteriores somente deverão ser
soltos quando houver propriocepção dos mesmos tocando os coxins plantares no
solo. Caso isto não ocorra, mas ainda haja algum movimento, os pés podem ser
presos por tiras de nylon, porém com as unhas tocando o chão, o que propicia um
estímulo reflexo constante de forçar o corpo para frente (Figura 22). Todavia, caso
não haja nenhum movimento, os pés devem ser suspensos em ângulo de 90º
graus em relação ao fêmur, durante o período de uso.
Figura 22: Detalhe das unha
tocando o chão, promovendo
estímulo proprioceptivo e tensão
muscular.
FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.
-Paresia/Paralisia flácida ou espástica: havendo paralisia do tipo flácida as
questões anteriores serão seguidas da mesma forma. Porém, nas paralisias
espásticas, há um enrijecimento dos membros, podendo ser no sentido posterior
ao corpo do animal, ou cranial ao seu corpo. Verificada esta última condição, os
membros poderão ser presos cranialmente, na barra lateral do aparelho
encontrando, assim, a posição de conforto (Figuras 23 e 24);
24
Figura 23: Animal com paralisia espástica do
membro posterior com característica de
rigidez no sentido caudal ao corpo do animal.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 24: Animal com paralisia espástica
do membro posterior com característica de
rigidez no sentido cranial ao corpo do
animal. Opção de mudança nas tiras de
suporte dos membros.
FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.
-Quanto às sensibilidades: as sensibilidades superficial e profunda quando
presentes denotam a viabilidade e maiores chances do animal voltar a andar de
forma próxima à normalidade. A ausência de sensibilidade superficial, com a
presença da profunda, sugere um quadro mais favorável. No entanto, quando
nenhuma dessas sensações está presente, mas com “movimento nos membros”
ou “sustenta-se em pé”, as possibilidades são restritas, porém viáveis. Quando
não há sensibilidades nem movimento, o prognóstico de o animal voltar a andar
por si só é ruim;
-Quanto aos Reflexos: ao existir a presença de reflexos patelares e ausência de
sensibilidade superficial e profunda, alguns animais dispensam o uso do aparelho
devido ao andar autônomo reflexo. Quando não há sensibilidade alguma, sem
reflexos, nem mesmo o anal, juntamente a um período prolongado de instalação
do problema, denota-se um perfil de paralisia total permanente, e prescreve-se o
uso do AFV por toda a vida do animal;
-Quanto à capacidade locomotora: Levanta por si só? Frente a uma resposta
afirmativa, tem-se uma situação promissora na qual, sendo o animal novo e com
peso dentro da normalidade, haverá chances de voltar a andar normalmente.
25
Consegue dar passos? Se na seqüência, esta resposta também for afirmativa, a
evolução em direção à cura é de grande viabilidade. No entanto, ao ser somente
este segundo questionamento assinalado como afirmativo, fica-se diante de uma
situação em que o animal apesar de dar passos não consegue levantar-se do
chão, hipótese para a qual se sugere que os membros fiquem soltos durante o uso
do AFV, assim o animal será sustentado pelo aparelho enquanto anda. Sustenta-
se em pé? Se o animal somente sustenta-se em pé, porém não consegue dar
passos, sugere-se deixar os membros pendurados com as unhas tocando o chão,
para estimular o corpo a ser projetado para frente. Outra possibilidade é a de
levantar os membros e prendê-los nas tiras de nylon, forçando o movimento de
“vai e vem”;
-Quanto à evolução do processo patológico: o fator tempo (rápido, lento ou
estável) na evolução do processo patológico, somado ao tipo de problema, idade e
peso, indica quais modelos poderão ser sugeridos no futuro e com qual brevidade;
-Quanto ao uso de medicamentos: os tratamentos com antiinflamatório não-
esteróides ou esteróides quando realizados no início e que apresentem melhora
no quadro, sugerem que o problema pode ser de caráter inflamatório-edematoso
agudo. Não havendo melhora, porém com a manutenção do quadro clínico, pode
haver protrusão ou extrusão do disco intervertebral, com compressão física não
reativa, o que implica em quadro mais severo. Caso haja piora com o uso da
medicação, pode ser sugestivo de uma doença degenerativa não responsiva a
medicamentos (mielomalácia, neoplasia), a qual juntamente com itens de tempo
de início do problema, torna o animal um futuro candidato ao uso de modelos
diferenciados como, por exemplo, aqueles com suporte para também os membros
anteriores (quatro rodas), Modelo D4;
-Quanto ao peso atual: caso o animal esteja muito fora da normalidade em relação
ao seu peso convencional, com perspectiva de retomá-lo, podem-se deixar
margens para futuros ajustes;
-Quanto ao comportamento: Calmo – animal muito passivo associado à idade e
excesso de peso poderá não desfrutar totalmente das vantagens do AFV ou até
não ser o candidato a usá-lo. Bravo - o comportamento agressivo poderá
26
inviabilizar que determinadas pessoas coloquem o aparelho nos seus animais;
Agitado: pode ser sugerida uma abertura maior entre as rodas, a fim de promover
melhor estabilidade nas manobras;
-O animal tem vontade e toma atitude para se mover? Aparenta sentir dores?
Estas são questões de grande valia no sucesso do uso do AFV, uma vez que
frente à falta de motivação, presença de dor e idade avançada, há maior
possibilidade de insucesso no uso na presença desses sinais, portanto não se
recomenda a utilização do AFV nessa fase;
-Quanto às intervenções cirúrgicas: é relevante saber se recentemente o paciente
foi submetido a uma cirurgia corretiva, uma vez que logo após o ato cirúrgico, no
afã de proporcionar melhores condições ao animal, proprietários precipitam-se na
aquisição do AFV. Nesta situação sugere-se esperar no mínimo 30 dias para a
avaliação da indicação do uso, excetuadas situações posturais para as quais o
uso do AFV é favorável para evitar a formação de escaras por decúbito e
favorecer o alinhamento da coluna.
-Acupuntura: tendo conhecimento da presença de sensibilidades e reflexos, bem
como o tempo de instalação do problema, o uso do AFV associado à terapêutica
da Acupuntura proporciona a melhor conjuntura para favorecer ao animal a
possibilidade de voltar a andar por si só;
-As três últimas questões - Há possibilidade do animal voltará a andar por si só? O
AFV será usado também para fisioterapia dos pés? Ou somente para locomoção
com as mãos (animal com lesão irreversível)? - têm por finalidade, apenas avaliar
o parecer técnico do profissional responsável pelo acompanhamento do caso a
respeito do futuro de seu paciente, uma vez que as questões anteriores já
traçaram o perfil do animal.
A4 - Teste da força dos membros anteriores (teste da toalha) (Figura
25):
O fato de o animal arrastar-se usando os membros anteriores não é
indicativo de força. Faz-se necessário um teste com algumas observações
básicas, realizado da seguinte forma: uma toalha circunda o animal pelo abdômen,
27
sustenta-se pelas duas extremidades do tecido e alinha-se a região posterior com
a anterior do corpo, já que o desnível na sustentação pode causar falha na
avaliação. Neste teste, o animal deverá, de imediato, andar naturalmente com os
membros anteriores, sob forma ágil, firme e com decisão. Alguns itens estão
contidos no questionário a fim de lembrar ao profissional de situações que
inviabilizariam o sucesso do uso do AFV. Itens tais como: “não consegue andar
com as mãos mesmo empurrando”; “poucos passos e curtos”; “joga as mãos para
fora”; “joga o corpo para trás” ou “tenta se deitar” denotam uma fraqueza dos
membros anteriores devido a enfermidades, estrutura da raça ou idade, entre
outros. Nestes casos, deve-se recorrer a outro modelo de aparelho, mais
específico, contendo quatro pontos de apoio (quatro rodas – Modelo D4).
Figura 25: Teste de Força dos membros
anteriores (“teste da toalha”). Toalha em
volta no abdômen do animal,
confirmando a presença de força nas
mãos.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
B - Etapa 2: Avaliação dos dados referentes à situação físico-estrutural
em que o animal se encontra.
Não é necessário que essa etapa seja feita pelo médico veterinário,
podendo ser realizada pelo proprietário. É dividida em 11 itens traduzidos por
28
medidas escalonadas em centímetros. Para melhor entendimento, faz-se
necessário o acompanhamento concomitante da resenha anexa (Anexo 1), a qual
apresenta o animal (de forma estilizada), nas posições lateral, dorsal e superior.
Para que as medidas sejam realizadas com o máximo de precisão, o animal deve
ser mantido em posição quadrupedal, alinhando a região posterior com a anterior,
que devem estar perpendiculares ao chão, como na forma natural. Para tanto, faz-
se necessária a presença de duas pessoas, uma segurando e a outra tomando as
medidas. Tais medidas são referidas por letras de “A” a “K”. A letra “A”
corresponde à altura da região anterior do animal (da base do pescoço C7-T1 até
o solo); a letra “B” corresponde à altura da região posterior (da base da cauda ao
solo); a letra “C” equivale ao comprimento do animal, da C7 à base da cauda na
primeira coccígea; a letra “D” é a distância do membro anterior ao posterior, não
podendo ser igual ou maior que a medida “C”; as medidas “E”, “F” e “G” são feitas
com o uso de uma fita métrica flexível e correspondem a: “E” circunferência do
tórax (imediatamente caudal ao membro anterior), “F” circunferência do abdômen
no nível da cicatriz umbilical, “G” circunferência da porção mais proximal e larga
de um dos membros posteriores, passando internamente pela virilha e
externamente na altura do trocânter maior do fêmur. As medidas “H” e “I” são
feitas com o auxílio de uma régua de material rígido, pois são tomadas em linha
reta. Na medida “H” é observada a distância entre as extremidades laterais
anteriores do animal, correspondente às duas cristas das escápulas. Na letra “I” é
observada a distância entre as extremidades laterais posteriores do animal,
equivalente às duas saliências do coxal (trocânter maior do fêmur). A medida “J”
traça a distância entre a virilha (união dos dois membros) ao solo. A medida “K”
refere-se à distância entre a virilha e a base superior da cauda, assim, a medida
“J” somada à medida “K” deve estar bem próxima à medida “B”. A medida “K” tem
valia somente para confirmar a coerência entre as medidas “B” e “J” muitas vezes
prejudicada pelo mau posicionamento de quem está segurando o animal forçando
assim a refazê-las. As medidas são flexíveis quanto ao ajuste, sendo a medida “G”
a única não regulável.
29
3.3.2. Fase 2 - Confecção do aparelho.
O veterinário e os técnicos responsáveis pela confecção do AFV
consideram os itens da ficha, propondo a estrutura mais adequada para que haja
encaixe, conforto e versatilidade na utilização do aparelho. A seguir descreve-se a
composição do AFV:
O aço
: O aço deve ter espessura e composição ideais para que o aparelho
fique firme, sem balançar para os lados, o que o tornaria instável. Para um animal
pesado ou muito alto, a bitola (espessura) do aço deverá ser maior, para os mais
leves e baixos, a espessura menor bastará. No entanto, apesar de aparentemente
óbvio, nem sempre isto é uma regra. É o que se observa em animais pesados e
baixos (ex: Basset Hound), para os quais as bitolas utilizadas são menores que
animais leves e altos (ex: Galgo) que usam dimensões maiores. As bitolas variam,
em ordem crescente, desde 3/16 a ½ polegada. A escolha da espessura do aço a
ser utilizado para determinada configuração físico-clínica do animal, deve estar
relacionada entre os fatores altura, peso e medidas proporcionais. Esta afirmação
tem caráter empírico caracterizado pelos inúmeros exemplares confeccionados
pelos profissionais. Assim, ao se observar as medidas de “A” a “K” e confrontando-
as com a avaliação clínica, forma-se uma visualização ideal que viabilizará a
harmonia entre todos os artefatos a serem usados na composição do aparelho.
O aço utilizado é aço inox redondo, 404 – extrusado. Esta especificação
confere a textura viável entre maleabilidade e dureza. O aço demasiadamente
mole não promove firmeza, o aço muito duro se rompe ao ser dobrado.
Clipes
(Anexo 3): a estrutura de encaixe e maleabilidade na composição e
equilíbrio do aparelho é unida por peças denominadas “clipes”, ou seja: artefatos
previamente estabelecidos para fixação terminal de cabo de aço. Em média são
utilizados 8 (oito) clipes, os quais têm as funções de unir e possibilitar a regulagem
da estrutura do aparelho (altura, comprimento e largura).
30
Encaixe dos membros
(Anexo 3): A estrutura para encaixe dos membros,
denominada “suporte dos membros” é confeccionada de ferro fundido maquinado
redondo, material que apresenta fácil modelagem e melhor aceitação de solda.
Duas argolas ovaladas são moldadas por meio de calandra (máquina específica
para torcer ferro de forma espiralada) e unidas entre si através de solda de
eletrodo. Esta união se faz por um artefato de mesmo material em forma de “V”, o
que configura no todo uma estrutura ideal para o encaixe e sustentação do quadril
e dos membros, deixando espaço entre as argolas para o posicionamento do
pênis e desobstrução da vulva e do ânus. As argolas são revestidas de polietileno
injetado com característica elástico-esponjosa (espuma) que promove o
amaciamento na sustentação do peso da região posterior na área da virilha. São
ainda envolvidas por uma fita plástica impermeável, em forma circular. O material
esponjoso tem viabilização testada de sua estrutura para fins de sustentação
durante um período de onze meses, após o qual há perda da elasticidade para
animais acima de 12 kg, com o uso de até 4 horas diárias; para animais com peso
inferior a 12 Kg, a durabilidade da elasticidade da espuma é maior. Finalmente,
para diminuir o atrito entre a pele e o artefato e evitar futuras lesões pelo uso
contínuo, sugere-se fazer o uso de uma pomada em base de vaselina contendo
10% de Calendula officinallis (calêndula) e 15% de Symphitum officinale (confrei).
Sustentação para os pés
(Anexo 3): Os membros posteriores são
considerados viáveis para locomoção quando se encontram em sua postura
anatômica convencional, com o coxim plantar no chão quando o animal tenta se
locomover. Se os mesmos não estiverem posicionados desta forma, ou seja,
arrastarem as unhas, deverão ser posicionados com as tiras de sustentação.
Desta forma, a altura dos membros posteriores deverá estar no nível em que as
unhas toquem o chão, para promover um ato positivo de força dos dedos e
empurrar todo o corpo para frente, como uma atividade fisioterápica dos membros
em tratamento.
As tiras de sustentação são uma característica fundamental do aparelho.
Consistem de um material de náilon fixado ao aparelho através de um sistema de
31
molas compressivas com resultado de trabalho em vetores divergentes, as quais
se conectam com o membro do animal em um enlace, fixando-se com uma argola
de regulagem.
A paralisia espástica tem característica postural em duas formas quanto à
direção do membro comprometido: anterior e posterior. Para o animal com
paralisia rígida dos membros direcionada cranialmente, as tiras de sustentação
dos membros não mais serão posicionadas na extremidade da barra vertical do
aparelho (Anexo 3) e sim na barra lateral na longitude viável de conforto dos
membros do paciente, muitas vezes, com espasticidade severa, as tiras não são
necessárias (Figura 26). No caso de paralisia rígida dos membros direcionada
caudalmente, as tiras de sustentação dos membros serão posicionadas na forma
convencional.
Figura 26: Animal com espasticidade severa com
a rigidez direcionada no sentido cranial. Uso do
AFV sem tiras de sustentação.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Existem situações em que não se deve utilizar a tira de sustentação dos
membros. Os níveis de paralisia denotam a viabilidade de sustentação e postura
do animal. Animais na linha divisória são aqueles que têm movimento, postura
com seus coxins plantares no chão, porém ainda não conseguem sustentar o
corpo em posição quadrupedal. Sendo assim, se aceita soltar os membros de
32
forma que o animal ande apoiando as patas no chão sem cair, sustentado pelas
argolas de encaixe dos membros.
3.3.3. Fase 3: Colocação do aparelho no animal.
O aparelho é posicionado em sentido contrário à pessoa que o manipula, a
qual segurará os membros projetando-os em sentido ao aparelho, introduzindo-os
nas “argolas de suporte das pernas”. A parte anterior da barra lateral deverá ser
travada pelo fecho (mosquetão) à porção curvada distal da barra lateral.
Seqüencialmente, de acordo com o nível de paralisia previamente descrito, é
necessário um posicionamento correto dos membros posteriores, como
anteriormente descrito.
O equipamento proposto é viável para o equilíbrio e conforto do animal. O
ajuste do equilíbrio postural do corpo do animal no aparelho é fator imprescindível
para o bem-estar do mesmo, para que não apenas se mantenha o animal em uma
postura adequada, mas também não pressionar o dorso para baixo, o que poderia
injuriar a coluna, ou no mínimo, causar desconforto durante o uso. Existe a
possibilidade de o animal cair para trás, “sentando” com o aparelho,
impossibilitando-o de retornar por si só para a posição correta (Anexo 3, Foto 9).
Apesar de serem extremamente complexos os cálculos vetoriais nas dimensões
em cada indivíduo, frente à conjunção “animal-AFV”, seu centro de equilíbrio será
encontrado sob forma de “tentativa de acertos e erros”. Para tanto o eixo de
conexão da barra vertical com a roda (Anexo 3, Foto 11), possui perfurações
transfixantes possibilitando o deslocamento do rodízio para frente ou para trás até
o ponto exato de equilíbrio. Neste ponto as tiras de estabilização que circundam o
tórax e o abdômen, devem estar ambas frouxas enquanto o animal realizar o seu
translado, não pressionando sua coluna, nem o tórax (Anexo 3, Foto 12). Outra
vantagem do AFV é a possibilidade simples de ajuste da altura, onde se
afrouxando apenas dois clipes, pode-se deslizar o suporte da perna para cima ou
para baixo, chegando-se ao ponto ideal no qual, caso o animal tivesse/tenha
firmeza nos membros, a virilha esteja ligeiramente distanciada do suporte. Neste
ponto, as barras laterais ficarão próximas à linha média lateral do corpo do animal.
33
3.3.4. Fase 4: Avaliação do comportamento do animal após colocação
do AFV.
Nesta seção estão descritas algumas observações relacionadas às
manifestações imediatas após o uso do AFV.
Reações imediatas do animal logo que colocado no AFV (primeira vez): Sair
andando prontamente: normalmente, animais jovens e brincalhões, bastante
manipulados por pessoas são os de mais rápida adaptação;
Sair correndo sem rumo olhando para trás como se estivesse fugindo do aparelho:
ocorre com animais normalmente receosos, sem o convívio assíduo com muitas
pessoas;
Ficar parado achando que está preso: muitos daqueles que saem correndo
olhando para trás, após este episódio, mantêm-se estáticos como se tivessem
desistido da fuga;
Andar para trás: na tentativa de sentar, jogam o corpo para trás, ocorrendo uma
marcha em ré desorientada.
Essas observações de imediato em estranhar o aparelho podem ser
comparadas à atitude de um animal com idade adulta usando coleira pela primeira
vez. Logo, ao observar-se a vantagem de liberdade, só em ouvir o timbre do som
da corrente, o animal manifesta alegria e motivação para passear.
Período de adaptação do animal ao uso do AFV: Preconiza-se o período de
vinte dias para adaptação total do animal ao aparelho. Considera-se adaptado o
animal que apresente noção de lateralidade, desvie as rodas de obstáculos, sinta-
se seguro para descer degraus (Figura 27), realize manobras arrojadas e de ré
(Figura 28), entre na água (Figura 29), deite-se em artefato de apoio para
descansar.
34
Figura 27: Animal já adaptado ao AFV para
realizar manobras arrojadas.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Figura 28: Animal seguro com o AFV para
descer escadas.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figuras 29: Animais que tinham a água como zona de conforto, novamente, podem desfrutar por
sua própria vontade, do ato de entrar na água com o uso do AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
“Uso assistido” ou “vigiado” (animal não deve permanecer sozinho no
aparelho): O animal nunca deverá permanecer só enquanto estiver no AFV uma
vez que se ocorrer uma manobra brusca, poderá tombar e não conseguirá
desvencilhar-se do aparelho.
Período de utilização do AFV (quantas horas ininterruptas em que o animal
pode permanecer usando o aparelho): O AFV não é um substituto absoluto do
membro, devendo ser respeitadas determinadas condutas para com o animal,
quais sejam: de início o animal não deve permanecer mais que uma hora
consecutiva no aparelho. Após três semanas, animais leves e baixos poderão
permanecer até quatro horas ininterruptas, uma vez que descansam com ausência
35
de suporte (Figura 30). Para animais pesados não é recomendado o uso por mais
de duas horas consecutivas, mesmo tendo aprendido a usar o suporte para
descansar a região anterior do corpo (Figura 31). Alguns animais “cochilam”
enquanto descansam (em “puff”, almofadas, degraus, pneus recobertos, mesas ou
mesmo desníveis naturais) (Figura 32), porém é obrigatória a retirada do aparelho
para o sono noturno. O descanso preconizado entre períodos de uso pode ser de
30 minutos (tempo para outras acomodações/ posições). A determinação do
período de uso não obedece a um rigor específico, cabendo aqui o bom senso do
responsável pelo animal.
Figura 30: Animais menores em posição de descanso no AFV. Uma vez que o desnível entre o
tórax e o chão é pequeno, descansam sem suporte e sem pressionar a porção dorsal do corpo.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 31: Animal de grande porte.
Necessidade de uso de suporte que
proporcione o nivelamento do dorso para
poder descansar mesmo estando no AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 32: Animal totalmente adaptado ao
AFV. Recorre a um desnível natural como
posição de conforto para um cochilo.
FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.
Micção e defecação (higiene e comodidade): A grande vantagem do AFV é a
permanência livre do pênis, vulva e ânus, de forma que os dejetos não entram em
contato nem com o animal ou aparelho (Figura 33). Há a possibilidade do uso de
fraldas em ambientes específicos (Figura 34).
Figura 33: Animal fazendo uso do AFV-
Modelo D4. Visão da parte posterior
evidenciando que, em face da
conformação do AFV, os dejetos não
tocam o animal nem o aparelho.
FMVZ –
Unesp, Botucatu, 2007.
Figura 34: AFV – Modelo Convencional.
Opção do uso de fralda quando as
circunstâncias requererem.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
Ausência de preconceito por parte do animal (interação com outros animais)
Ao contrário do homem, o animal não sofre preconceito pela perda da mobilidade.
Seu estado social frente ao proprietário é favorecido uma vez que a atenção que
lhe é direcionada é, no mínimo, redobrada. Quanto ao seu contato com outros
animais, as relações de afinidades (olfato, atividades físicas, interações sensitivas)
são mantidas dentro do interesse de seu comportamento instintivo (Figuras 35 e
36).
Figura 35: A interação social
é mantida entre animais da
mesma raça, mesmo que um
deles faça uso do AFV.
Figura 36: Interação social mantida
aos animais que fazem uso do AFV,
inclusive entre espécies diferentes
(felino e leporino).
36
3.4. Análises de dados
3.4.1. Variáveis
Devido à grande variedade de raças de cães, optou-se por agrupar esses
animais em cinco diferentes categorias. Para isso, foram selecionados os cães
com porcentagem de freqüência de acometimento a partir de 5%. As categorias
foram agrupadas da seguinte forma: 1) Pastor (agrupamento de Pastor Alemão,
Pastor Belga e Pastor Canadense); 2) Poodle; 3) Teckel; 4) SRD; e 5) Outros
(agrupamento das demais raças).
Em relação às questões a respeito da conjunção clínica dos animais
(primeira parte da ficha de avaliação), foram avaliados os itens: atitude para se
movimentar, se o animal sente dores, se foi submetido à cirurgia, se recebeu
tratamento com acupuntura, se há possibilidade de andar sozinho, se o AFV será
utilizado para fisioterapia dos membros posteriores, se o animal não anda mesmo
sendo empurrado, se anda poucos passos ou com passos curtos, se anda
cruzando os membros anteriores, se joga os membros anteriores para fora, se
apóia os membros anteriores e se joga o corpo para trás. Esses itens foram
avaliados através de uma análise de freqüência de acometimento.
As causas de paresias/paralisias foram categorizadas em: lesões de
medula espinhal, lesões de disco intervertebral, fusão de vértebras, displasia
coxofemoral, lesões cervicais, lesões toracolombares, lesões por seqüelas de
cinomose, amputações, causas congênitas e causas desconhecidas.
Os dados relativos à idade dos animais foram agrupados em sete diferentes
faixas etárias: 1) 0-3 anos; 2) 3-6 anos; 3) 6-9 anos; 4) 9-12 anos; 5) 12-15 anos e
6) 15-18 anos.
Os tipos de paresias/paralisias foram agrupados em Totais ou Parciais e
Espásticas ou Flácidas.
Os dados relativos à sensibilidade dos animais não foram analisados por
falta de confiabilidade, devido ao preenchimento incompleto deste item nas fichas
de avaliação.
37
38
3.4.2. Estatística
Para obter-se a proporção dos animais acometidos, foram calculadas as
somatórias de freqüências de cada item, dividindo-se os valores respectivos pelo
total de animais e multiplicando-se por 100, para a obtenção da porcentagem. O
mesmo foi realizado para a descrição das questões que dizem respeito à
avaliação clínica dos animais correspondentes à primeira parte da ficha de
avaliação.
Tabelas de contingência foram elaboradas para a sumarização das
ocorrências de cada tipo de lesão, para cães e gatos, para que, posteriormente,
fossem aplicados os testes estatísticos Qui-Quadrado.
A comparação estatística dos resultados relativos às causas das
paresias/paralisias foi realizada apenas para as três categorias de raças de maior
representatividade (Pastor, Poodle e Teckel), uma vez que nas outras duas
categorias de maior representatividade (Outros e SRD), não havia raças definidas.
Todos os testes estatísticos foram realizados com o programa “SAS”
(versão 9.1).
4. RESULTADOS
4.1. Perfil dos animais
Descritivos
De um total de 1250 fichas analisadas, 96,2% correspondem a ocorrências
de paralisias em cães e apenas 3,8% são correspondentes a ocorrências em
gatos (Figura 37).
39
3,8
96,2
0
20
40
60
80
100
Cães Gatos
Animais
% ocorncias
Figura 37: Porcentagens do número de ocorrências de
paralisias, analisadas para os cães e gatos estudados.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Dentre os cães avaliados, 71,9% pertenciam a diversas raças e 28,1% não
tinham raça definida (SRD). Na Tabela 2 estão contidas as cinco diferentes
categorias de raças de cães agrupadas para as análises. Em relação aos gatos,
foram registrados 21,3% pertencentes às raças Angorá, Persa e Siamês e 78,7%
eram SRD (Tabela 1).
40
Tabela 1: Porcentagem de animais com paralisias que utilizaram o AFV de acordo
com as raças.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Raças de Cães %
BERNESIANO 0,1
BICHON FRISÉ 0,1
CÃO DOS PIRINEUS 0,1
CHIHUAHUA 0,1
CHOW-CHOW 0,1
CLUMBER SPANIEL 0,1
FILA 0,1
MASTIM NAPOLITANO 0,1
SHARPEI 0,1
SHITZU 0,1
TENERIFE 0,1
AKITA 0,2
BASSET HOUND 0,2
BULLDOG 0,2
COLLIE 0,2
DINAMARQUÊS 0,2
FILA BRASILEIRO 0,2
MASTIFF INGLÊS 0,2
PASTOR CANADENSE 0,2
SÃO BERNARDO 0,2
SCHNAUZER 0,2
SHEEPDOG 0,2
SPITZ 0,2
BEAGLE 0,3
HUSKY SIBERIANO 0,3
SETTER IRLANDÊS 0,3
DÁLMATA 0,4
MALTÊS 0,4
WEIMARANER 0,4
PIT BULL 0,5
999POINTER 0,5
POODLE TOY 0,5
DOBERMANN 0,6
GOLDEN RETRIEVER 0,6
FOX PAULISTINHA 0,7
LHASA APSO 0,7
PASTOR BELGA 0,7
PEQUINÊS 0,7
TERRIER BRASILEIRO 0,7
41
FOX TERRIER 0,8
YORKSHIRE 0,8
LABRADOR 0,9
ROTTWEILER 1,5
PINSCHER 1,9
BOXER 3,7
COCKER 4,5
PASTOR ALEMÃO 8,2
POODLE 13,5
TECKEL 24,4
SRD
28,1
RAÇAS DE GATOS
PERSA 4,3
ANGORÁ 6,4
SIAMÊS 10,6
SRD 78,7
Tabela 2: Categorias de raças de cães com porcentagem de freqüência a partir
de 5% agrupadas para análises estatísticas.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Raças de cães - Categorias %
Pastor 8,1
Poodle 13,5
Outros 25,9
Teckel 24,4
SRD 28,1
42
Dentre os 1203 cães analisados, a categoria SRD foi a mais representativa
(28,1%) e, nos gatos, o resultado de 78,7% de SRD foi significativo em relação às
outras três raças acometidas (Figura 38).
28,1
25,9
24,4
13,5
8,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
SRD OUTROS TECKEL POODLE PASTOR
Categorias de es
% ocorrências
78,7
10,6
6,4
4,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
SRD SIAMÊS ANGORÁ PERSA
Categorias de gatos
% ocorncias
Figura 38: Porcentagem do número de ocorrências de paralisias, analisada para as categorias de
raças de cães e gatos que fizeram uso do AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
A Figura 39 ilustra os resultados analisados com respeito à viabilidade do
uso do AFV a partir do teste de força dos membros anteriores.
43
Cão
Gato
0
3,61
96,39
0
20
40
60
80
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
81,4
18 , 6
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0,21
81,44
18 , 3 5
0
20
40
60
80
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0,15
60,39
39,45
0
20
40
60
80
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
00
10 0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
89,19
10 , 8 1
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
89,47
10 , 5 3
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
77,27
22,73
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
Tem atitude
para se
movimentar
Sente
dores
Foi submetido
a cirurgia
Recebeu
tratamento de
acupuntura
44
Cão Gato
o anda,
mesmo
sendo
empurrado
Há possibilidade
de andar
sozinho
Será utilizado
para fisioterapia
dos membros
posteriores
0
95,26
4,74
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
63,41
24,39
12 , 2
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
10 0
0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
Anda poucos
passos ou
com passos
curtos
43,29
37,01
19 , 7
0
20
40
60
80
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0,11
40,27
59,62
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
43,59
56,41
0
20
40
60
80
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
77,03
22,97
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
60
40
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
45
Joga os
membros
anteriores p/
fora
Cão Gato
0
10 0
0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
93,19
6,81
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
89,8
10 , 2
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
Apóia membros
anteriores
levantando
posteriores
(“planta
bananeira”)
Joga corpo
para trás,
tenta deitar
Anda cruzando
os membros
anteriores
0
92,82
7,18
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
10 0
0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
10 0
0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
91,84
8,16
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
0
10 0
0
0
50
10 0
Indefinido Não Sim
Categorias
% ocorrências
Figura 39: Porcentagem do número de ocorrências de animais classificados de
acordo com as categorias relacionadas às questões clínicas da ficha de avaliação para
cães e gatos que fizeram uso do AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
46
As lesões que mais provocaram paresias/paralisias em cães foram as
lesões medulares e de disco intervertebral, com uma diferença significativa entre
elas (X
2
= 10,1026; GL = 1; p = 0,0015) e destas duas em relação às demais
lesões (p < 0,05). Em gatos, houve uma diferença significativa para as lesões
medulares, em comparação às demais lesões (p < 0,05) (Tabela 3).
Tabela 3: Porcentagens de ocorrências para cada tipo de lesão responsável pelas
paralisias dos cães e gatos que utilizaram o AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Cães Gatos
Lesão medular 30,97 *
a
65,85 *
a
Lesão de disco intervertebral 24,93 *
b
2,38
b
Causa desconhecida 15,82
c
16,67
b
Calcificação de disco 9,33
d
4,76
b
Displasia coxo-femoral 9,13
d
0
Fusão de vértebras 7,61
d
0
Seqüela de cinomose 6,27
d
__
Amputação 1,97
d
0
Congênita 1,79
d
9,52
b
* Diferenças entre cães e gatos para cada tipo de lesão. Letras minúsculas expressam diferenças
entre os tipos de lesões dentro de cada espécie, onde a> b> c> d.
Em relação aos tipos de paralisias, as parciais correspondem a 54% dos
casos, apresentando uma diferença significativa em relação às paralisias totais,
que somam 46% (X
2
= 10,1332; GL = 2; p = 0,0015). As paralisias flácidas
correspondem a 90% dos casos analisados, comparados a 10% referentes às
espásticas, também com uma diferença significativa (X
2
= 803,2032; GL = 2; p = 0)
(Figura 40).
47
54
46
0
20
40
60
80
100
Parciais Totais
Tipos de paralisias
% ocorrências
90
10
0
20
40
60
80
100
Flácidas Espásticas
Tipos de paralisias
% ocorrências
Figura 40: Porcentagem do número de ocorrências dos tipos de paralisias, em cães e gatos que
utilizaram o AFV. Os asteriscos indicam diferença estatística (p< 0,05). FMVZ – Unesp, Botucatu,
2007.
A idade de acometimento dos animais foi significativamente diferente para
as categorias de raça (X
2
= 251,98; GL = 20; p < 0,001). Não houve diferença
significativa na associação entre as raças e o sexo dos animais (X
2
= 0,92; GL = 4;
p = 0,9). A média das idades de ocorrência de paralisias, para as diferentes
categorias de raças de cães estudadas, encontrou-se nas faixas etárias de 3 a 6 e
6 a 9 anos (Figura 41). As porcentagens de ocorrências das diferentes lesões para
as categorias de raças de cães estudadas em cada categoria de faixa etária estão
descritas nas tabelas 4 a 9.
6
6,3
6,7
7,7
10,3
0
3
6
9
12
15
18
PASTOR OUTROS POODLE SRD TECKEL
Categorias de cães
Idade (anos)
Figura 41: Média de idades de ocorrências de paralisias
para os cães que utilizaram o AFV. As barras de erro
indicam o desvio-padrão.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
*
*
48
Tabela 4: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 0 a 3 anos. As letras minúsculas indicam as diferenças
significativas entre as raças para cada tipo de lesão, onde a>b.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 48,28 28,57 44,83 46,91 23,08 0,1996
Lesão de disco IV
6,90
a
14,29
a
10,34
a
7,32
a
50,00
b
< 0,0001
Causa desconhecida 10,34 14,29 27,59 15,85 7,69 0,2169
Calcificação de disco 1,72
a
0
a
0
a
0
a
15,38
b
0,0003
Displasia coxofemoral 6,90 28,57 6,90 1,23 0 0,0076
Fusão de vértebras 0 0 0 4,88 0 0,2013
Seqüela de cinomose 12,07 0 6,90 20,73 7,69 0,1628
Amputação 1,72 0 0 2,44 0 0,8324
Congênita 1,72 14,29 10,34 2,44 4,00 0,1777
Tabela 5: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 3 a 6 anos. As letras minúsculas indicam as diferenças
significativas entre as raças para cada tipo de lesão, onde a>b.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 47,27
a
0
c
39,13
a
51,39
a
18,18
b
< 0,0001
Lesão de disco IV 12,73
b
50,00
a
23,91
b
12,50
b
53,47
a
< 0,0001
Causa desconhecida 16,36 0 10,87 11,11 6,93 0,4556
Calcificação de disco 1,82
a
0
a
8,70
a
2,78
a
25,25
b
< 0,0001
Displasia coxofemoral 1,82 0 2,17 0 3,00 0,7017
Fusão de vértebras 3,64 50,00 4,35 5,63 6,00 0,0848
Seqüela de cinomose 1,82 0 13,04 11,11 4,95 0,1228
Amputação 0 0 4,35 4,17 1,00 0,3712
Congênita 1,82 0 2,17 4,17 0 0,3866
49
Tabela 6: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 6 a 9 anos. As letras minúsculas indicam as diferenças
significativas entre as raças para cada tipo de lesão, onde a>b.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 25,93 16,67 26,67 39,62 23,85 0,2473
Lesão de disco IV 22,22
b
33,33
a
20,00
b
15,09
b
57,80
a
< 0,0001
Causa desconhecida 27,78
a
0
c
16,67
a
18,87
a
10,09
b
0,0256
Calcificação de disco 9,43 16,67 3,33 16,98 15,60 0,3390
Displasia coxofemoral 11,11
b
41,67
a
3,33
b
0
b
1,83
b
< 0,0001
Fusão de vértebras 3,70 8,33 3,33 0 9,17 0,1474
Seqüela de cinomose 1,85 0 13,33 3,77 5,50 0,1763
Amputação 0
b
0
b
0
b
5,66
a
0
b
0,0194
Congênita 1,85 0 6,67 3,77 0,92 0,3709
Tabela 7: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 9 a 12 anos. As letras minúsculas indicam as diferenças
significativas entre as raças para cada tipo de lesão, onde a>b.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 26,09 11,11 50,00 30,43 34,78 0,0529
Lesão de disco IV 20,29
b
11,11
c
28,57
b
21,74
b
47,83
a
0,0215
Causa desconhecida 23,19 25,00 21,43 23,91 4,35 0,3338
Calcificação de disco 10,14 0 0 8,70 8,70 0,2700
Displasia coxofemoral 14,49
b
36,11
a
14,29
b
10,87
b
8,70
b
0,0171
Fusão de vértebras 13,04 13,89 0, 10,87 17,39 0,6031
Seqüela de cinomose 2,94 0 0 2,22 4,35 0,7670
Amputação 5,80 0 0 4,44 0 0,3887
Congênita 1,47 0 0 0 0 0,7799
50
Tabela 8: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 12 a 15 anos. As letras minúsculas indicam as diferenças
significativas entre as raças para cada tipo de lesão, onde a>b.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 14,29 13,04 21,43 23,68 0 0,5808
Lesão de disco IV 15,91 4,35 14,29 26,32 40,00 0,1553
Causa desconhecida 22,73 17,39 7,14 21,05 0 0,5527
Calcificação de disco 9,30
b
4,35
b
0
b
2,63
b
60,00
a
0,0001
Displasia coxofemoral 29,55 43,48 21,43 15,79 0 0,0937
Fusão de vértebras 25,00 13,04 7,14 13,16 60,00 0,0541
Seqüela de cinomose 4,55 0 0 0 20,00 0,0552
Amputação 2,27 4,35 0 0 0 0,7102
Congênita 0 0 0 0 0 ____
Tabela 9: Porcentagem de ocorrências das diferentes lesões para as categorias de raças de cães
que fizeram uso do AFV. Faixa etária de 15 a 18 anos.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
Lesões Outros P. Alemão Poodle SRD Teckel Valor de p
Lesão medular 11,11 0 0 0 _____ 0,5566
Lesão de disco IV 0 20,00 33,33 0 _____ 0,1447
Causa desconhecida 55,56 20,00 16,67 28,57 _____ 0,3587
Calcificação de disco 11,11 20,00 0 57,14 _____ 0,0626
Displasia coxofemoral 11,11 60,00 0, 42,86 _____ 0,0659
Fusão de vértebras 11,11 20,00 16,67 28,57 _____ 0,8454
Seqüela de cinomose 0 0 0 0 0 _____
Amputação 0 0 16,67 0 _____ 0,3037
Congênita 0 0 0 0 0 _____
51
5. Discussão
Vários estudos mostram que lesões medulares e lesões de discos
intervertebrais são comuns na clínica veterinária de pequenos animais (DALLMAN
et al., 1992; JANSSENS, et al. 1992; TOOMBS, 1992; SUKHIANI et al., 1996;
BREIT & KÜNZEL, 2001; PELLEGRINO et al., 2003; YANG et al., 2003; JOAQUIM
et al., 2004; BESALTI et al., 2005; ARIAS et al., 2007). O presente estudo
corrobora os anteriores, ao demonstrar que as lesões medulares e lesões de
discos intervertebrais predominaram significativamente em relação às demais
enfermidades causadoras de paresias/paralisias em cães e gatos. A diferença
significativa da lesão medular como maior causa de paresia/paralisia nos animais
estudados, pode ser sugestiva de traumatismos, uma vez que a categoria de
animais SRD foi a mais representativa em ambas as espécies. Grande número
dos cães avaliados foi oriundo de sociedades protetoras, ou são cães de rua
atropelados e socorridos. Com relação à lesão de disco intervertebral, o Teckel foi
uma das raças mais acometidas por essa enfermidade, justificando o motivo
dessas duas incidências serem as principais causas de paralisias em cães. Já aos
gatos, são espécies muito alvejadas, devido ao seu comportamento natural de
infiltração em ambientes particulares, urinando, sujando ou deixando marcas em
carros e podem ser agredidos por pauladas, pedradas, inclusive tiros.
Para esses tipos de lesões, os tratamentos de eleição são a cirurgia, a
medicação com fármacos ou ambos, ou ainda a acupuntura, onde os resultados
são favoráveis e comparáveis aos tratamentos cirúrgicos (JANSSENS, 1992).
A acupuntura oferece uma alternativa não invasiva quando medicamentos
são contra indicados ou a cirurgia não é uma opção (JOSEPH, 1992; SCHOEN,
1992). A combinação da eletroacupuntura com ervas chinesas levou à reabilitação
motora em cão com tetraparesia causada por lesão de disco intervertebral cervical
(HAYASHI et al., 2007). Portanto, casos considerados de difícil tratamento pela
medicina convencional, como problemas vertebrais em cães, respondem bem ao
tratamento com acupuntura (CHAN et al., 2001).
51
52
As lesões de discos intervertebrais cervicais representam 14 a 16% das
doenças de discos intervertebrais (DDI) que ocorrem em cães (TOOMBS, 1992),
que levam à dor severa e ataxia de membros pélvicos, podendo acarretar
tetraparesia (11% dos cães com DDI COATES, 2000).
De acordo com Speciale & Fingroth (2000), o tratamento fisioterápico
persistente em casos de paralisias como a tetraplegia, decorrentes de lesões
crônicas múltiplas de compressão extradural em medula espinhal cervical, traz
benefícios mesmo sem a associação com tratamentos cirúrgicos ou
farmacológicos.
As paraplegias, paraparesias e ataxia dos membros posteriores podem ser
causadas por infecções, traumas na medula espinhal e vértebras, alterações
degenerativas e congênitas, entre outras (CHRISMAN, 1985). Os traumatismos
podem danificar as vértebras, discos intervertebrais, meninges, medula espinhal
ou pode ocorrer a associação destes. Segundo Chrisman (1985), as paresias e
paralisias (tanto nos quatro membros como nos membros pélvicos) decorrentes de
DDI e traumas têm incidência freqüente na clínica veterinária de pequenos
animais. Doenças congênitas, por outro lado, têm incidência rara nas causas de
paralisias. Os resultados do presente estudo corroboram o estudo citado,
acrescentando que as paralisias parciais e flácidas foram as mais observadas,
com resultados estatisticamente significativos. O número reduzido de animais com
paralisias congênitas avaliadas pode ser devido ao fato do proprietário não ter
adquirido ainda suficiente afeto pelo animal, optando pela facilidade do sacrifício,
antes que o animal atinja a maturidade.
As infecções como a mielite causada pelo vírus da cinomose canina
(SHORES & ROUDEBUSH 1992, KOUTINAS et al., 2002; AMUDE et al., 2006) e
a discoespondilite, são causas freqüentes de paresias/paralisias (CHRISMAN,
1985). No presente estudo, as paralisias decorrentes de seqüela de cinomose
representaram apenas 6% dos casos estudados. Devido, ainda, ao
desconhecimento por parte da classe veterinária, do sucesso do tratamento da
cinomose pela acupuntura associada ao conforto da manutenção com o AFV, a
53
indicação do sacrifício pelo veterinário continua a prática de eleição corriqueira, o
que justifica o baixo percentual de animais cujos proprietários requisitam o AFV.
O disparate dos percentuais de casos requisitados para o uso do AFV
comparados entre seqüelas de cinomose e discopatias, associa-se à persistência
de profissionais, os quais se utilizam de técnicas cirúrgicas, medicamentosas e
fisioterápicas, amplamente citadas na literatura, que conduzem o proprietário a
uma perspectiva de melhora do quadro. Por outro lado, isto não ocorre com os
casos de cinomose, onde na medicina veterinária convencional ainda não se
conhece um tratamento com reconhecimento efetivo, sendo desestimulada pelo
profissional, a manutenção da sobrevida do animal.
Em casos de animais com paralisias decorrentes de seqüelas de cinomose,
o tratamento concomitante do AFV com a acupuntura, após a estabilização dos
sinais neurológicos, tem se mostrado eficaz, uma vez que o enfoque da
acupuntura é o sistema nervoso e o AFV promove o tônus muscular à medida que
o animal evolui para a cura. Essa associação reabilita fisicamente os indivíduos,
porém, com ressalva ao tratamento das mioclonias.
As lesões da medula espinhal podem ser provocadas por fraturas
vertebrais, luxações e subluxações ou ainda por protrusão ou extrusão do disco
intervertebral (DIV) e seus componentes (CHRISMAN, 1985; SHARP &
WHEELER, 2005).
Vários autores ressaltam que a degeneração do DIV pode ocorrer
precocemente em raças condrodistróficas, como é o caso do Dachshund,
Pequinês, Beagle, Basset Hound, Cocker Spaniel e Poodle (CHRISMAN, 1985;
DALLMAN et al., 1992; SHORES & ROUDEBUSH 1992; STIGEN, 1996; SHARP
& WHEELER, 2005), mas também pode ser encontrada em outras raças de cães.
As raças sem condrodistrofia são afetadas menos freqüentemente, usualmente
mais tardiamente (SHARP & WHEELER, 2005). A degeneração pode levar à
calcificação dos DIVs e protrusão tipo I de Hansen (extrusão do nucleus pulposus
para dentro do canal vertebral), ou em idade mais tardia em raças que não
apresentam condrodistrofia, onde os DIVs raramente se calcificam, mas
apresentam protrusão do tipo II de Hansen, comprimindo a medula espinhal.
54
Ambos os casos podem levar à paresia progressiva e paralisia (Tipo II) e paralisia
aguda (Tipo I).
A faixa etária onde os animais são acometidos está compreendida entre os
3 e 7 anos de idade (GAGE, 1975; JANSSENS 1992; SHORES & ROUDEBUSH
1992; SHARP & WHEELER, 2005), sendo raros os animais que apresentam sinais
antes dos 3 anos de idade (GAGE, 1975; SHORES & ROUDEBUSH 1992). Em
média, os sinais aparecem aos seis anos (GAGE, 1975). Os Pastores Alemães
com idade entre 7 e 9 anos apresentam discopatias na região toracolombar
(CHRISMAN, 1985, SHORES & ROUDEBUSH 1992). Em gatos, os déficits
neurológicos causados por DIVs toracolombares são mais comuns do que se
pensava anteriormente; os gatos afetados tendem a ser mais velhos, mas
freqüentemente têm extrusões agudas, tipo I, e podem não apresentar sinais de
dor na coluna (SHARP & WHEELER, 2005).
Neste estudo, a média das idades em que ocorreram paralisias decorrentes
de diferentes enfermidades, para as categorias de raças de cães, encontrou-se
entre os 3 e 9 anos. Corroborando os estudos de Gage (1975), Chrisman, (1985),
Dallman et al. (1992), Shores & Roudebush (1992) e Sharp & Wheeler, (2005), as
raças de pequeno porte foram mais acometidas por lesões de disco na faixa etária
entre 3 e 6 anos, enquanto os cães de porte maior foram acometidos mais
tardiamente. Por outro lado, os cães da raça Poodle não apresentaram diferença
significativa em lesão de disco ou qualquer outra enfermidade que levou à
paralisia, comparando-se com as demais categorias de raças (outros SRD e
pastores Alemães). Os animais citados em nossas estatísticas, além de
pertencerem a raças com características de condrodistrofia, estão diretamente
relacionados às raças mais criadas em nossa sociedade, aumentando, com isso,
os desníveis entre as proporções das lesões apresentadas.
Na associação entre as categorias de raça, idade e enfermidades, os
resultados deste estudo mostraram diferenças significativas entre os cães da raça
Teckel (Dachshund) e as demais categorias de raça. Os animais desta raça na
faixa etária que compreende 0 a 3 anos, foram os mais acometidos com lesões de
DIV e calcificação de disco, entre 3 e 6 anos, com lesões medulares e calcificação
55
de disco, entre 9 e 12 anos, com lesões de disco intervertebral e entre 12 e 15
anos com calcificação de disco. Os Pastores Alemães foram acometidos com
lesão de disco dos 3 aos 9 anos de idade, compartilhando com os cães da raça
Teckel as diferenças significativas em relação às demais categorias de raças
estudadas. Os cães Pastores foram os que apresentaram paralisias decorrentes
de displasia coxofemoral, diferindo das demais categorias, na faixa etária
compreendendo animais dos 9 aos 12 anos de idade.
As lesões medulares (traumas) também foram causa significativa de
paralisias apresentadas nesse estudo. Esse resultado confirma os estudos
Sukhiani et al. (1996), onde a compressão medular foi observada em 80% dos
cães que apresentavam dores na coluna, através de diagnóstico mielográfico.
Apesar dos diferentes graus de compressão medular apresentados por esses
autores, a discrepância entre os achados neurológicos e a compressão medular
foi aparente. Isto comprova um dito médico: “trato o animal, não o exame”.
De forma similar, Dallman et al. (1992) e Sukhiani et al. (1996) ressaltaram
que os sinais de déficits neurológicos parecem estar mais associados aos
achados radiográficos do que com os sinais de dor. Stigen (1996), em seu estudo
com Dachshunds, relatou que a calcificação de discos intervertebrais pode
aparecer ou desaparecer com o decorrer dos anos, sendo que em 75% dos casos
em que a calcificação desapareceu durante o período de estudo, houve sinais de
enfermidades da coluna.
Uma vez que o animal apresenta sinais de dor, deve-se esperar saná-la,
para que se obtenha o sucesso no uso do AFV. Como a dor freqüentemente está
presente no início do problema, na maior parte dos casos, recomenda-se a espera
de vinte dias após a estabilização do quadro, onde comumente a dor já não está
mais presente (por ação das intervenções terapêuticas e evolução natural da
enfermidade).
Ao considerar que o aperfeiçoamento da nossa classe veterinária tenha
tomado rumos nas mais variadas especificações médicas, e hoje toma corpo para
oficializar especializações, estes dados devem considerar o conhecimento dos
profissionais nas informações adquiridas em seus cursos de formação nas
56
universidades. Portanto, a credibilidade dos dados é compatível ao conhecimento
dos profissionais responsáveis pelos animais citados em cada ficha avaliada. Os
aspectos funcionais do AFV serão discutidos a seguir.
De acordo com os resultados obtidos em relação ao quadro clínico geral
dos animais que utilizaram o AFV, sua maioria pode, além de locomover-se e
realizar exercícios fisioterápicos, ter a possibilidade de voltar a andar sozinhos,
sem o uso deste aparelho.
A associação da acupuntura e fisioterapia veterinária constitui um
importante instrumento, o qual atua eficientemente na recuperação de pacientes
com quadros agudos ou crônicos e em condições pré e pós operatórias de
diversas enfermidades.
O termo reabilitação é mais amplo e abrangente, do que meramente a
recuperação das debilidades físicas e fisiológicas envolvidas cabendo, ainda,
considerar o bem-estar emocional, psicológico e a interação dos indivíduos no
meio social. Segundo Ferreira (1986), reabilitar significa “restituir a normalidade do
convívio social ou de atividades profissionais”, “readquirir a estima pública ou
particular”, “recuperar as faculdades físicas ou psíquicas dos incapacitados”. A
reabilitação engloba não apenas as terapias físicas, mas também a prevenção de
injúrias, edemas, limitações e desabilitações funcionais. Isso inclui promover e
manter as aptidões, a saúde e a qualidade de vida para os indivíduos (JOAQUIM,
2004; MILLIS et al, 2004).
A cinesioterapia é a modalidade fisioterápica em que os exercícios são
realizados no solo, onde se procura alongar os membros do animal, respeitando
sua resistência. Uma das técnicas utilizadas é o trabalho com bolas que, além do
alongamento, trabalha a força muscular, o equilíbrio e a estimulação nervosa. Os
conceitos básicos de reabilitação estão inseridos em fortalecer, informar,
reprogramar, mobilizar, estabilizar e alongar (MIKAIL & PEDRO,2006).
O fortalecimento, segundo Mikail & Pedro (2006), trabalhado por meio de
exercícios resistidos, que é o trabalho da musculatura com excesso de carga ou
sobrecarga, podendo ser realizado contra resistências graduais sempre em
sistemas de séries e repetições, por meio manual, mecânico, dispositivos
57
eletromagnéticos, hidráulicos ou por meio de molas e elásticos, também pode ser
realizado com a utilização do AFV. Nesse aparelho, a série de sobrecarga pode
ser realizada por meio do conjunto de molas que une o aparelho aos membros
posteriores do animal, promovendo a tensão necessária para aumentar a
capacidade contrátil e o volume do músculo. Ao se trabalhar com baixa
intensidade por longo período de tempo, promove-se, além do aumento da força
muscular, o aumento da resistência à fadiga e o aumento da potência muscular
aeróbica.
A técnica fisioterápica da hidroterapia trabalha o animal sem sobrecarga,
devido à ação da gravidade, flutuação e empuxo, proporcionando ao animal o
restabelecimento de massa muscular, relaxamento da musculatura tensa e
melhora na amplitude dos movimentos. Quando o paciente se exercita
parcialmente submerso, a força do empuxo ajuda os movimentos do tronco e dos
membros. Se o membro estiver movendo-se paralelamente à superfície da água, a
força do empuxo agirá como suporte. A ação de suporte da água é bastante
utilizada na reabilitação de músculos fracos ou parcialmente paralisados, por
estimular os movimentos voluntários que o paciente não consegue realizar fora da
piscina (MIKAIL & PEDRO, 2006). Estes mesmos termos podem ser utilizados
para o uso do AFV o qual, além de realizar as mesmas funções da água,
proporciona as seguintes vantagens: o animal realiza os exercícios sozinho, por
um tempo prolongado (comodidade), evita contato com fezes e urina.
Ainda de acordo com Mikail & Pedro (2006), no caso de fortalecer
músculos a corrente elétrica pode ser utilizada como prevenções das atrofias
musculares quando há lesão no neurônio motor periférico, visando a manutenção
do tônus muscular até que o nervo se recupere. O sucesso depende do grau da
lesão muscular e do tempo que se leva para iniciar o tratamento. Quanto mais
cedo, melhor. Desta forma, o AFV promove este tratamento de forma espontânea,
versátil e lúdica, promovendo juntamente a auto-estima do animal.
Os conceitos de informação e reprogramação estão inseridos na
reeducação proprioceptiva. De acordo com Mikail & Pedro (2006), o uso da
reeducação proprioceptiva por meio de estímulos proprioceptivos excita as
58
terminações nervosas, a fim de obter, de maneira automática ou reflexa, as
contrações musculares com finalidade de aprender o movimento, de reabilitar ou
ainda, reprogramar a função do movimento. O termo propriocepção origina-se do
latim “proprio” (de alguém) e “ceptive” (receber), ou seja, é o ato de receber o
estímulo de algo ou alguém. Tal recurso é um dos principais componentes do
conceito “afirme” (capacidade de permanecer em estação), pois a informação é
parte integrante de qualquer processo de reabilitação. Os exercícios
proprioceptivos na região plantar, sobretudo em animais que não fazem descarga
de peso, podem ser feitos com o uso de escova de cerdas duras. Geralmente, são
escovados os coxins plantares e as extremidades dos membros. Nessa
modalidade de tratamento, a vantagem do uso do AFV é gerar o estímulo
proprioceptivo onde, dependendo do grau de mobilidade dos membros
posteriores, a regulagem varia desde o nível em que estes toquem somente as
extremidades (unhas) no chão, até a suspensão em 90 graus, promovendo os
movimentos de “vai e vem”. Essas duas situações incitam movimentações
espontâneas, gerando contrações musculares e favorecendo a reorganização do
processo de locomoção.
No presente estudo, as paralisias parciais e flácidas ocorreram
predominantemente. Para esses tipos de paralisias, o AFV promove várias
possibilidades de reabilitação, de acordo com o nível de flacidez apresentado
pelos animais. Quando o animal apresentar algum movimento com os membros
posteriores, de uma forma reflexa, estes se exercitarão, promovendo o tônus da
musculatura. Caso o animal sustente-se em pé as tiras poderão ser soltas e o
animal, ao colocar os coxins plantares no chão, fará uma leve flexão constante
liberando o seu corpo (virilha) do AFV. Caso o animal consiga dar passos, mas
não levante por si só nem se sustente em pé com os membros posteriores, o AFV
promoverá a marcha, favorecendo uma futura autonomia de locomoção, a qual é o
seu objetivo mor.
O AFV – Aparelho de Fisioterapia Veterinária, reúne em si diversas
formas de tratamentos reabilitatórios, ao realizar as funções fisioterápicas da
cinesioterapia, hidroterapia e estimulação sensorial, oferecer e permitir ao animal
59
uma forma de “autofisioterapia” constante e econômica, ao mesmo tempo em que
promove a melhora na qualidade de vida, na auto-estima e re-inclusão social do
animal, o que refletirá na satisfação e tranqüilidade também do proprietário.
6. Conclusões
Em relação ao perfil dos pacientes
:
z A espécie canina apresenta o maior número de ocorrência de
paralisias em relação à felina;
z A categoria a SRD (sem raça definida) foi a mais representativa tanto
em cães quanto em gatos;
z A lesão medular, causada por trauma, foi a causa principal da paralisia
em cães e gatos, seguida de lesão de disco intervertebral;
z As paralisias parciais e flácidas foram significativamente mais
representativas em relação às paralisias totais e espásticas;
z A idade de acometimento dos animais foi significantemente diferente
para as categorias das raças, sendo que a média das idades em que
ocorreram as paralisias está compreendida entre 03 e 09 anos;
z Cães da raça Teckel tiveram maior incidência de lesões medulares
e de disco intervertebral quando comparadas ás demais categorias de
raças.
Em relação aos aspectos funcionais do uso do AFV
:
z Evita a formação de escaras;
z Favorece a higiene do animal;
z Promove a reabilitação social e fisioterápica;
z Proporciona a independência física;
z Prolonga a manutenção da vida com qualidade em doenças
irrecuperáveis;
z Facilita a manutenção no tratamento pós-operatório e na realização de
acupuntura;
z Facilidade em carregar o animal ao deslocá-lo.
60
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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65
8. Trabalho científico a ser enviado para a revista “Clínica Veterinária”.
Perfil Clínico dos Animais e Funcionalidade do Aparelho de Fisioterapia Veterinária
(Modelos Vetcar) Na Reabilitação De Pacientes Acometidos Por Dificuldades De
Locomoção.
Diniz-Gama, E. J.
1, 2
, Luna, S. P. L.
3
& Corrente, J. E.
4
1
Instituto Bioethicus, Botucatu – SP;
2
VetCar-Aparelho de Fisioterapia Veterinária, Botucatu – SP, Caixa Postal 1040, CEP 18600-971,
Fone/Fax: 3813-1245, [email protected]om.br
3
Depto Cirurgia Veterinária, FMVZ/UNESP – Botucatu – SP, s[email protected];
4
Depto de Bioestatística IB/UNESP – Botucatu – SP, [email protected]
Resumo
Problemas como a (ataxia), paresias e paralisias são freqüentes no atendimento
clínico veterinário em ambulatórios de pequenos animais. Os sinais clínicos abrangem
desde dores na coluna até a ausência de dor profunda. Várias afecções podem estar
associadas a esses sintomas, a saber, as discopatias, lesões na medula espinhal, fusão de
vértebras, displasia coxofemoral e patologias causadas por bactérias, vírus e
protozoários. Os objetivos deste estudo foram avaliar o uso do Aparelho de Fisioterapia
Veterinária (AFV) em animais com paresias, paraplegias e tetraplegias causadas por
diversas patologias, para favorecer a higiene, mobilidade e reabilitação social em casos
irreversíveis, auxiliar no restabelecimento fisioterápico em casos reversíveis, e traçar o
perfil dos pacientes que fazem o uso deste aparelho. Para tanto, foram cadastrados 1203
cães e 47 gatos oriundos de várias cidades brasileiras, por meio de fichas de avaliação
previamente elaboradas com questões que traçam o perfil clínico e físico dos animais. A
espécie canina foi a mais acometida por paralisias, sendo os SRDs mais representativos.
A lesão medular foi a causa principal de paralisias em cães e gatos; as paralisias
parciais e flácidas foram as mais observadas, sendo que a média das idades em que
ocorreram paralisias encontrou-se entre os 3 e 9 anos. Na associação entre as categorias
de raça, idade e patologias, os cães da raça Teckel mostraram maior incidência de
lesões de medula e de discos intervertebrais quando comparados às demais raças. A
idade de acometimento dos animais diferiu entre as categorias de raça. Não houve
diferença na associação entre raça e sexo.
Palavras-chave: Fisioterapia, reabilitação, paralisias, cães.
66
Clinical Profile and Functionality of the Veterinary Physiotherapic Equipment (Models
VetCar) for the Rehabilitation of Patients Affected with Paralysis.
Abstract
Ataxia, paresis and paralysis are frequent in the small animal veterinary clinics. The
clinical signs include from back pain to the absence of deep pain reflex. Several
pathologies can be associated with these symptoms, such as the discopathies, spinal
cord lesions, vertebrae fusion, hip dysplasia and others caused by bacteria, virus and
protozoary agents. The objective of this retrospective study was to evaluate the use of
the Veterinary Physiotherapic Equipment (AFV) in animals with paresis, paraplegy and
tetraplegy to improve hygiene, mobility and social rehabilitation in irreversible cases,
and to aid the physiotherapic rehabilitation in reversible cases, establishing the profile
of the patients that used the AFV. A total of 1203 dogs and 47 cats originated from
various Brazilian cities were recorded by evaluation data sheets previously elaborated
with questions to delineate the animals´ clinical and physical characteristics. The canine
species was the most affected by paralysis, and the non-specific breed (mongrel) was
the most representative. The lesions that mostly caused paralysis in dogs and cats were
the spinal cord lesions and those of the intervertebral disks. The partial and flaccid
paralysis were the most commonly observed paralysis, and the average of ages in which
paralysis caused by different pathologies occurred was between 3 and 9 years. The
Teckel breed had the biggest incidence of paralysis caused by spinal cord and disks
lesions, when compared to other breeds. The ages of occurrence were different among
the breeds. There were no differences in the association between breed and gender.
Keywords: Physiotherapy, rehabilitation, paralysis, dogs.
67
Introdução
Problemas como a incoordenação (ataxia), paresias e paralisias são freqüentes no
atendimento clínico veterinário em ambulatórios de pequenos animais. Os sinais clínicos
abrangem desde dores na coluna até a ausência de dor profunda. Várias afecções podem
estar associadas a esses sintomas, a saber, as discopatias, lesões na medula espinhal, fusão
de vértebras, displasia coxofemoral e patologias causadas por bactérias, vírus e
protozoários.
19, 23, 42
Os tratamentos médicos convencionais, de acordo com as diferentes afecções,
incluem desde o repouso em local confinado, como o uso de fármacos antiinflamatórios,
corticóides, antibióticos, entre outros. A fisioterapia e a acupuntura também são
tratamentos eficazes, principalmente nos casos de paresias e paralisias
22, 12, 14
. A escolha do
tratamento depende principalmente do tempo do início do problema, da duração e
severidade dos sinais clínicos, além de fatores econômicos
18
.
O tratamento por meio da acupuntura tem sido considerado uma escolha
complementar bem sucedida na medicina humana
24, 11
, o que estimula os proprietários a
procurá-la para tratarem seus animais
27, 11, 14
. A fisioterapia também tem sido indicada e
utilizada como tratamento complementar para animais
21
.
A ataxia, a paresia e a paralisia são alterações de locomoção associadas a uma
disfunção dos sistemas nervosos central e periférico, bem como alterações do sistema
locomotor. As doenças mais freqüentemente observadas que induzem à ataxia são otites
média e/ou interna, traumatismo craniano, cinomose, neoplasias, raiva, toxoplasmose e
afecções degenerativas
5
. Diversas patologias podem causar paresia ou paralisia dos
membros anteriores, posteriores ou ambos. A seguir, serão descritas brevemente as mais
relevantes na casuística clínica veterinária.
As espondilopatias têm grande importância no atendimento ambulatorial, devido à
sua alta incidência e etiologia multicausal e multifocal, além das dificuldades em se
estabelecer, muitas vezes, um diagnóstico e tratamentos eficazes de acordo com a medicina
veterinária convencional. As diversas alterações oriundas de lesões medulares decorrentes
de traumas, calcificação ou degeneração nos discos intervertebrais, fusão de vértebras, entre
outras, geram sintomas clínicos como dores que irradiam ao longo da coluna vertebral,
dificuldades na deambulação (ataxia), paresia ou paralisia dos membros.
68
A displasia coxofemoral também é uma patologia comum na clínica veterinária,
sem distribuição geográfica e geneticamente transmissível
10
. Os sinais clínicos mais
comuns são: dificuldade do animal em se levantar, relutância a caminhadas, corridas e subir
escadas, claudicação uni ou bilateral e manifestações de dor quando da movimentação do
membro afetado ou à palpação leve. Em casos mais avançados, pode-se observar
nitidamente a diferença na musculatura entre os membros anteriores e posteriores, devido à
atrofia dos posteriores por desuso e hipertrofia compensatória dos anteriores. Nesses casos,
com o tempo, os animais podem evoluir de uma paresia a uma paralisia dos membros
posteriores.
A cinomose, patologia altamente contagiosa, causada pelo vírus da encefalomielite
canina, é uma outra causa comum que pode levar à paralisia dos membros. A manifestação
clínica da infecção depende do título e da estirpe viral infectante, da idade e perfil
imunológico do animal. Pode se manifestar em infecções subclínicas ou clínicas, com
sintomas relacionados aos tratos gastrointestinal e respiratório, associados ou não a
sintomas neurológicos
31, 17, 38, 1
.
A mielopatia degenerativa é uma doença lentamente progressiva que acomete
animais grandes, principalmente o Pastor Alemão ou raças cruzadas. O sinal clínico
predominante é a ataxia dos membros pélvicos, sendo o dobramento do pé, o arrastar das
unhas e a dismetria, os sinais mais comuns
20
; o grau de disfunção proprioceptiva,
geralmente é maior que o grau de disfunção motora. A causa desta patologia é
desconhecida e nenhum tratamento específico é indicado, sendo o prognóstico desanimador
para a cura. Entretanto, com cuidados de suporte, muitos cães podem ter qualidade de vida
por vários meses, evitando um sacrifício prematuro.
São duas as principais indicações para a cirurgia espinhal em animais com lesões
traumáticas: a descompressão da medula espinhal e a estabilização da vértebra. Em geral,
os procedimentos para manutenção pós-cirúrgica dos paraplégicos com problemas de disco
devem também ser acompanhados, necessitando de cuidados de enfermagem, fisioterapia
30
e um período de reabilitação. Cabe aqui lembrar que essas são as três principais funções do
AFV. Surpreendentemente, alguns cães recuperam a capacidade de andar sem recuperar a
percepção da dor profunda
37
. Estando o animal na posição quadrupedal, estimulando o seu
69
tônus muscular e induzindo a propriocepção, esta possibilidade ocorrerá com maior
probabilidade.
Na literatura veterinária, têm sido relatados os efeitos da acupuntura no tratamento
de doenças degenerativas das articulações, displasia coxo-femoral, artrite imunomediada e
doenças da coluna vertebral
13, 28, 7, 39, 42, 14
. A acupuntura é uma boa escolha em relação a
outros tratamentos clínicos e às intervenções cirúrgicas para uma variedade de disfunções
neurológicas, uma vez que é um método pouco invasivo quando a medicação é contra-
indicada e a cirurgia é descartada como tratamento
15
.
A fisioterapia é uma especialidade paramédica que utiliza agentes físicos como luz,
calor, frio, água e eletricidade, além de massagens e exercícios físicos, com ou sem a
utilização de aparelhos específicos, para o tratamento de determinadas doenças
21
. A
reabilitação é a obtenção do máximo possível de recuperação da forma ou função
locomotora normal, após uma enfermidade ou lesão, prevenindo a incapacidade
25
. A
atividade física é indicada com fins terapêuticos curativos ou preventivos para quase todas
as afecções, de acordo com as condições clínicas do paciente e do conhecimento do
terapeuta sobre o curso e fases da afecção
21
.
Diversos recursos fisioterápicos têm sido utilizados na medicina veterinária
6, 21
. São
eles: a massagem, a crioterapia, a termoterapia, o laser, a magnetoterapia, a eletroterapia, a
cinesioterapia, a hidroterapia e o uso da cadeira de rodas como aparelho de fisioterapia, que
favorece as duas últimas técnicas por amplificar a força muscular e o tempo de atividade.
Ao longo dos anos, as cadeiras de rodas para cães têm sido aperfeiçoadas e produzidas por
clínicos e leigos interessados, com a finalidade de atender pacientes com paralisias dos
membros posteriores, que dependiam da mobilidade dos membros anteriores para sua
locomoção
40
, nem sempre obtendo o máximo de aproveitamento.
Atualmente, o Aparelho de Fisioterapia Veterinária (AFV)*, também considerado
uma cadeira de rodas para cães, tem sido útil para a manutenção do paciente por atender
com distintos modelos, animais com paralisias parciais ou totais, paraplégicos e
tetraplégicos.
A fisioterapia é eficaz como tratamento único ou em associação com outros tipos de
tratamentos convencionais ou alternativos. Cães portadores de mielopatia degenerativa nas
regiões lombosacra e toracolombar, que receberam intenso tratamento de fisioterapia
70
apresentaram um período de sobrevivência significativamente maior em relação aos que
receberam tratamento moderado ou nenhuma fisioterapia
16
. O tratamento físico contínuo e
persistente para paralisias resultantes de lesões na porção cervical da medula espinhal pode
ser benéfico, mesmo na ausência de intervenções cirúrgicas ou tratamentos farmacológicos,
proporcionando a recuperação e manutenção das funções neurológicas normais
32
. Porém,
devido à indisponibilidade de tempo, até mesmo recursos financeiros, quase sempre a
manutenção desses tratamentos físicos contínuos fica limitada, não viabilizando o potencial
máximo da reabilitação e funções neurológicas. O AFV traz esse conforto onde, na grande
parte dos exercícios indicados, basta que alguém, mesmo sem conhecimento técnico,
permaneça ao lado do animal.
Em casos de paralisias decorrentes de cinomose, o uso do AFV tem mostrado um
excelente complemento na eficácia do tratamento, pois os animais apresentam gradativa e,
muitas vezes, lenta recuperação neurológica e motora, trazendo nesse tempo qualidade de
vida e bem estar em sua rotina diária. Esses benefícios se estendem tanto para o animal
quanto para o proprietário, o qual antes desistia dos tratamentos viáveis devido às difíceis
condições de manutenção da higiene e dependência para a locomoção, além do asco visual
e sentimento de compaixão frente ao animal.
Os objetivos deste estudo retrospectivo foram avaliar o uso do AFV em animais
com paresias, paraplegias e tetraplegias causadas por diversas patologias para favorecer a
higiene, mobilidade e reabilitação social em casos irreversíveis, além de auxiliar no
restabelecimento fisioterápico em casos reversíveis. Concomitantemente, objetivou-se
traçar o perfil clínico dos pacientes que fazem uso do AFV, avaliando as espécies e raças
mais acometidas, sexo e idade dos pacientes, as principais causas que levam à paralisia, os
tipos de paralisias e o histórico de saúde do animal.
* AFV – VetCar - Aparelho de Fisioterapia Veterinária LTDA-ME
CNPJ:08051362 /001-13
Inscrição Estadual: 224173101118
Rodovia Domingos Sartori, Km 2
Botucatu – SP
vetcar@vetcar.com.br
71
Metodologia
O banco de dados utilizado para o presente estudo pertence à Empresa VetCar –
Aparelho de Fisioterapia Veterinária, é composto por fichas de avaliação previamente
elaboradas com questões que traçam o perfil clínico e físico dos animais.
Foram cadastradas fichas de avaliação de 1203 cães e 47 gatos, oriundas de várias
cidades brasileiras. Os animais foram avaliados por meio de dados provenientes de fichas
específicas de avaliação fornecidas aos proprietários e veterinários responsáveis pelo
atendimento para fins de confecção do aparelho. Foram analisadas as fichas do período
correspondente a novembro de 1998 a junho de 2005. Nessas fichas foram registrados
dados relativos ao perfil em que o animal se encontrava para viabilizar ou não o uso do
aparelho e quais os detalhes do modelo indicado.
Devido à grande variedade de raças de cães, optou-se por agrupar esses animais em
cinco diferentes categorias. Para isso, foram selecionados os cães com porcentagem de
freqüência de acometimento a partir de 5%. As categorias foram agrupadas da seguinte
forma: 1) Pastor (agrupamento de Pastor Alemão, Pastor Belga e Pastor Canadense); 2)
Poodle; 3) Teckel; 4) SRD; e 5) Outros (agrupamento das demais raças).
Em relação às questões a respeito da conjunção clínica dos animais, foram avaliados
os itens: atitude para se movimentar, se o animal sente dores, se foi submetido à cirurgia, se
recebeu tratamento com acupuntura, se há possibilidade de andar sozinho, se o AFV será
utilizado para fisioterapia dos membros posteriores, se o animal não anda mesmo sendo
empurrado, se anda poucos passos ou com passos curtos, se anda cruzando os membros
anteriores, se joga os membros anteriores para fora, se apóia os membros anteriores e se
joga o corpo para trás. Esses itens foram avaliados através de uma análise de freqüência de
acometimento.
As causas de paralisias foram categorizadas em: lesões de medula, lesões de disco
intervertebral, fusão de vértebras, displasia coxofemoral, lesões cervicais, lesões
toracolombares, lesões por seqüelas de cinomose, amputações, causas congênitas e causas
desconhecidas. Para a comparação entre as freqüências de causas de paralisias para cães e
gatos, foi realizado o teste Qui-Quadrado.
72
Os dados relativos à idade dos animais foram agrupados em sete diferentes faixas
etárias: 1) 0-3 anos; 2) 3-6 anos; 3) 6-9 anos; 4) 9-12 anos; 5) 12-15 anos e 6) 15-18 anos.
Os tipos de paralisias foram agrupados em Totais ou Parciais e Espásticas ou
Flácidas.
Os dados relativos à sensibilidade dos animais não foram analisados por falta de
confiabilidade, devido ao preenchimento incompleto deste item nas fichas de avaliação.
Para obter-se a proporção dos animais acometidos, foram calculadas as somatórias
de freqüências de cada item, dividindo-se os valores respectivos pelo total de animais e
multiplicando-se por 100, para a obtenção da porcentagem. O mesmo foi realizado para a
descrição das questões que dizem respeito à avaliação clínica dos animais correspondentes
à primeira parte da ficha de avaliação.
Tabelas de contingência foram elaboradas para a sumarização das ocorrências de
cada tipo de lesão, para cães e gatos, para que, posteriormente, fossem aplicados os testes
estatísticos Qui-Quadrado.
A comparação estatística dos resultados relativos às causas das paralisias foi
realizada apenas para as três categorias de raças de maior representatividade (Pastor,
Poodle e Teckel), uma vez que nas outras duas categorias de maior representatividade
(Outros e SRD), não havia raças definidas.
Todos os testes estatísticos foram realizados com o programa “SAS” (versão 9.1).
Resultados
De um total de 1250 fichas analisadas, 96,2% correspondem a ocorrências de
paralisias em cães e apenas 3,8% são correspondentes a ocorrências em gatos. Dentre os
cães avaliados, 71,9% pertenciam a diversas raças e 28,1% não tinham raça definida
(SRD); em relação aos gatos, foram registrados 21,3% pertencentes às raças Angorá, Persa
e Siamês e 78,7% eram SRD. Na Tabela 1 estão contidas as cinco diferentes categorias de
raças de cães agrupadas para as análises.
73
Tabela 1: Categorias de raças de cães com porcentagem de freqüência de acometimento a partir de 5%
agrupadas para análises estatísticas.
Raças de cães - Categorias %
Pastor 8,1
Poodle 13,5
Outros 25,9
Teckel 24,4
SRD 28,1
Dentre os 1203 cães analisados, a categoria SRD foi a mais representativa (28,1%)
e, nos gatos, o resultado de 78,7% de SRD foi significativo em relação às outras três raças
acometidas.
As lesões que mais provocaram paralisias em cães foram as lesões medulares e de
disco intervertebral, com uma diferença significativa entre elas (X
2
= 10,1026; GL = 1; p =
0,0015) e destas duas em relação às demais lesões (p < 0,05). Em gatos, houve uma
diferença significativa para as lesões medulares, em comparação às demais lesões (p <
0,05) (Tabela 2).
Tabela 2: Porcentagens de ocorrências para cada tipo de lesão responsável pelas paralisias dos cães e gatos
que utilizaram o AFV.
Lesões Cães Gatos
Lesão medular 30,97 *
a
65,85 *
a
Lesão de disco intervertebral 24,93 *
b
2,38
b
Causa desconhecida 15,82
c
16,67
b
Calcificação de disco 9,33
d
4,76
b
Displasia coxo-femoral 9,13
d
0
Fusão de vértebras 7,61
d
0
Seqüela de cinomose 6,27
d
__
Amputação 1,97
d
0
Congênita 1,79
d
9,52
b
* Diferenças entre cães e gatos para cada tipo de lesão. Letras minúsculas expressam diferenças entre os tipos
de lesões dentro de cada espécie, onde a> b> c> d.
74
Em relação aos tipos de paralisias, as parciais correspondem a 54% dos casos,
apresentando uma diferença significativa em relação às paralisias totais, que somam 46%
(X
2
= 10,1332; GL = 2; p = 0,0015). As paralisias flácidas correspondem a 90% dos casos
analisados, comparados a 10% referentes às espásticas, também com uma diferença
significativa (X
2
= 803,2032; GL = 2; p = 0).
A idade de acometimento dos animais foi significativamente diferente para as
categorias de raça (X
2
= 251,98; GL = 20; p < 0,001). Não houve diferença significativa na
associação entre as raças e o sexo dos animais (X
2
= 0,92; GL = 4; p = 0,9). A média das
idades de ocorrência de paralisias, para as diferentes categorias de raças de cães estudadas,
encontrou-se nas faixas etárias de 3 a 6 e 6 a 9 anos.
Discussão
Vários estudos mostram que lesões medulares e lesões de discos intervertebrais são
comuns na clínica veterinária de pequenos animais
8, 13, 36, 34, 4, 26, 42, 14, 3, 2,
. O presente estudo
corrobora os anteriores, ao demonstrar que as lesões medulares e lesões de discos
intervertebrais predominaram significativamente em relação às demais patologias
causadoras de paralisias em cães e gatos. A diferença significativa da lesão medular como
maior causa de paralisia nos animais estudados, pode ser sugestiva de traumatismos, uma
vez que a categoria de animais SRD foi a mais representativa em ambas as espécies.
As paraplegias, paraparesias e ataxia dos membros posteriores podem ser causadas
por infecções, traumas na medula espinhal e vértebras, alterações degenerativas e
congênitas, entre outras
5
. Os traumatismos podem danificar as vértebras, discos
intervertebrais, meninges, medula espinhal ou pode ocorrer a associação destes. As paresias
e paralisias (tanto nos quatro membros como nos membros pélvicos) decorrentes de
doenças de discos intervertebrais e traumas têm incidência freqüente na clínica veterinária
de pequenos animais
5
. Doenças congênitas, por outro lado, têm incidência rara nas causas
de paralisias. Os resultados do presente estudo corroboram o estudo citado, acrescentando
que as paralisias parciais e flácidas foram as mais observadas, com resultados
estatisticamente significativos. O número reduzido de animais com paralisias congênitas
avaliadas pode ser devido ao fato do proprietário não ter adquirido ainda suficiente afeto
pelo animal, optando pela facilidade do sacrifício, antes que o animal atinja a maturidade.
75
As infecções como a mielite causada pelo vírus da cinomose canina
31, 17, 1
e a
discoespondilite, são causas freqüentes de paralisias
5
. No presente estudo, as paralisias
decorrentes de seqüela de cinomose representaram apenas 6% dos casos estudados. Devido,
ainda, ao desconhecimento por parte da classe veterinária, do sucesso do tratamento da
cinomose pela acupuntura associada ao conforto da manutenção com o AFV, a indicação
do sacrifício pelo veterinário continua a prática de eleição corriqueira, o que justifica o
baixo percentual de animais cujos proprietários requisitam o AFV.
Em casos de animais com paralisias decorrentes de seqüelas de cinomose, o
tratamento concomitante do AFV com a acupuntura, após a estabilização dos sinais
neurológicos, tem se mostrado eficaz, uma vez que o enfoque da acupuntura é o sistema
nervoso e o AFV promove o tônus muscular à medida que o animal evolui para a cura. Essa
associação reabilita fisicamente os indivíduos, porém, com ressalva ao tratamento das
mioclonias.
Vários autores ressaltam que a degeneração do DIV pode ocorrer precocemente em
raças condrodistróficas, como é o caso do Dachshund, Pequinês, Beagle, Basset Hound,
Cocker Spaniel e Poodle
5, 8, 31, 33, 30
, mas também pode ser encontrada em outras raças de
cães. As raças sem condrodistrofia são afetadas menos freqüentemente, usualmente mais
tardiamente
30
.
A faixa etária onde os animais são acometidos está compreendida entre os 3 e 7
anos de idade
9, 13, 31, 30
, sendo raros os animais que apresentam sinais antes dos 3 anos de
idade
9, 31
. Em média, os sinais aparecem aos seis anos
9
. Os Pastores Alemães com idade
entre 7 e 9 anos apresentam discopatias na região toracolombar
5, 31
. Neste estudo, a média
das idades em que ocorreram paralisias decorrentes de diferentes patologias, para as
categorias de raças de cães, encontrou-se entre os 3 e 9 anos. Corroborando os estudos de
diversos autores
9, 5, 8, 31, 30
, as raças de pequeno porte foram mais acometidas por lesões de
disco na faixa etária entre 3 e 6 anos, enquanto os cães de porte maior foram acometidos
mais tardiamente. Por outro lado, os cães da raça Poodle não apresentaram diferença
significativa em lesão de disco ou qualquer outra patologia que levou à paralisia,
comparando-se com as demais categorias de raças (outros SRD e pastores Alemães). Os
animais citados em nossas estatísticas, além de pertencerem a raças com características de
76
condrodistrofia, estão diretamente relacionados às raças mais criadas em nossa sociedade,
aumentando, com isso, os desníveis entre as proporções das lesões apresentadas.
Na associação entre as categorias de raça, idade e patologias, os resultados deste
estudo mostraram diferenças significativas entre os cães da raça Teckel (Dachshund) e as
demais categorias de raça. Os animais desta raça na faixa etária que compreende 0 a 3 anos,
foram os mais acometidos com lesões de DIV e calcificação de disco, entre 3 e 6 anos, com
lesões medulares e calcificação de disco, entre 9 e 12 anos, com lesões de disco
intervertebral e entre 12 e 15 anos com calcificação de disco. Os Pastores Alemães foram
acometidos com lesão de disco dos 3 aos 9 anos de idade, compartilhando com os cães da
raça Teckel as diferenças significativas em relação às demais categorias de raças estudadas.
Os cães Pastores foram os que apresentaram paralisias decorrentes de displasia
coxofemoral, diferindo das demais categorias, na faixa etária compreendendo animais dos 9
aos 12 anos de idade.
As lesões medulares (traumas) foram causa significativa de paralisias apresentadas
nesse estudo. Esse resultado confirma alguns estudos
34
, onde a compressão medular foi
observada em 80% dos cães que apresentavam dores na coluna, através de diagnóstico
mielográfico. Apesar dos diferentes graus de compressão medular apresentados por esses
autores, a discrepância entre os achados neurológicos e a compressão medular foi aparente.
Isto comprova um dito médico: “trato o animal, não o exame”.
De acordo com os resultados obtidos em relação ao quadro clínico geral dos
animais que utilizaram o AFV, sua maioria pode, além de locomover-se e realizar
exercícios fisioterápicos, ter a possibilidade de voltar a andar sozinhos, sem o uso deste
aparelho.
A associação da acupuntura e fisioterapia veterinária constitui um importante
instrumento, o qual atua eficientemente na recuperação de pacientes com quadros agudos
ou crônicos e em condições pré e pós operatórias de diversas patologias.
O fortalecimento, , trabalhado por meio de exercícios resistidos
21
, que é o
trabalho da musculatura com excesso de carga ou sobrecarga, realizado contra resistências
graduais sempre em sistemas de séries e repetições, por meio manual, mecânico,
dispositivos eletromagnéticos, hidráulicos ou por meio de molas e elásticos, também pode
ser realizado com a utilização do AFV. Nesse aparelho, a série de sobrecarga pode ser
77
realizada por meio do conjunto de molas que une o aparelho aos membros posteriores do
animal, promovendo a tensão necessária para aumentar a capacidade contrátil e o volume
do músculo. Ao se trabalhar com baixa intensidade por longo período de tempo, promove-
se, além do aumento da força muscular, o aumento da resistência à fadiga e o aumento da
potência muscular aeróbica.
A técnica fisioterápica da hidroterapia trabalha o animal sem sobrecarga, devido à
ação da gravidade, flutuação e empuxo, proporcionando ao animal o restabelecimento de
massa muscular, relaxamento da musculatura tensa e melhora na amplitude dos
movimentos. Quando o paciente se exercita parcialmente submerso, a força do empuxo
ajuda os movimentos do tronco e dos membros. Se o membro estiver movendo-se
paralelamente à superfície da água, a força do empuxo agirá como suporte. A ação de
suporte da água é bastante utilizada na reabilitação de músculos fracos ou parcialmente
paralisados, por estimular os movimentos voluntários que o paciente não consegue realizar
fora da piscina
21
. Estes mesmos termos podem ser utilizados para o uso do AFV o qual,
além de realizar as mesmas funções da água, proporciona as seguintes vantagens: o animal
realiza os exercícios sozinho, por um tempo prolongado (comodidade), evita contato com
fezes e urina, dispensa o uso sistemático da água.
No caso de fortalecer músculos a corrente elétrica pode ser utilizada como
prevenções das atrofias musculares quando há lesão no neurônio motor periférico, visando
a manutenção do tônus muscular até que o nervo se recupere
21
. O sucesso depende do grau
da lesão muscular e do tempo que se leva para iniciar o tratamento. Quanto mais cedo,
melhor. Desta forma, o AFV promove este tratamento de forma espontânea, versátil e
lúdica, promovendo juntamente a auto-estima do animal.
O uso da reeducação proprioceptiva por meio de estímulos proprioceptivos excita
as terminações nervosas, a fim de obter, de maneira automática ou reflexa, as contrações
musculares com finalidade de aprender o movimento, de reabilitar ou ainda, reprogramar a
função do movimento
21
. Os exercícios proprioceptivos na região plantar, sobretudo em
animais que não fazem descarga de peso, podem ser feitos com o uso de escova de cerdas
duras. Geralmente, são escovados os coxins plantares e as extremidades dos membros.
Nessa modalidade de tratamento, a vantagem do uso do AFV é gerar o estímulo
proprioceptivo onde, dependendo do grau de mobilidade dos membros posteriores, a
78
regulagem varia desde o nível em que estes toquem somente as extremidades (unhas) no
chão, até a suspensão em 90 graus, promovendo os movimentos de “vai e vem”. Essas duas
situações incitam movimentações espontâneas, gerando contrações musculares e
favorecendo a reorganização do processo de autolocomoção.
No presente estudo, as paralisias parciais e flácidas ocorreram predominantemente.
Para esses tipos de paralisias, o AFV promove várias possibilidades de reabilitação, de
acordo com o nível de flacidez apresentado pelos animais. Quando o animal apresentar
algum movimento com os membros posteriores, de uma forma reflexa, estes se exercitarão,
promovendo o tônus da musculatura. Caso o animal sustente-se em pé as tiras poderão ser
soltas e o animal, ao colocar os coxins plantares no chão, fará uma leve flexão constante
liberando o seu corpo (virilha) do AFV. Caso o animal consiga dar passos, mas não levante
por si só nem se sustente em pé com os membros posteriores, o AFV promoverá a marcha,
favorecendo uma futura autonomia de locomoção, a qual é o seu objetivo mor. O AFV
reúne em si diversas formas de tratamentos reabilitatórios, ao realizar as funções
fisioterápicas da cinesioterapia, hidroterapia e estimulação sensorial, oferecer e permitir ao
animal uma forma de “autofisioterapia” constante e econômica, ao mesmo tempo em que
promove a melhora na qualidade de vida, na auto-estima e re-inclusão social do animal, o
que refletirá na satisfação e tranqüilidade também do proprietário.
Este estudo concluiu que a espécie canina foi a mais acometida por paralisias, sendo
os SRDs mais representativos; a lesão medular foi a causa principal de paralisias em cães e
gatos; as paralisias parciais e flácidas foram as mais observadas, sendo que a média das
idades em que ocorreram paralisias encontrou-se entre os 3 e 9 anos; na associação entre as
categorias de raça, idade e patologias, os cães da raça Teckel mostraram maior incidência
de lesões de medula e de discos intervertebrais quando comparados às demais raças; a idade
de acometimento dos animais diferiu entre as categorias de raça e não houve diferença na
associação entre raça e sexo.
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83
Anexo 1: Modelo da ficha de avaliação utilizada para a coleta de dados.
84
Anexo 2: Modelo do manual de instruções do AFV.
FMVZ – Unesp, Botucatu, 2007.
MANUAL DE INSTRUÇÃO
Montagem
O VetCar é composto por duas partes: Barra Vertical (A) e Barra Lateral (B) (foto1).
Caso tenha recebido o aparelho desmontado, proceda da seguinte forma:
-Una a barra vertical (A) com a barra lateral (B) através do grampo 1 (foto 2)
-O “L” de união deve ficar acima da fita adesiva onde a princípio encontra-se a altura ideal (fotos
2 e 3)
Obs.: apertar os grampos com firmeza, porém sem exagero.
-As barras laterais do lado direito e esquerdo devem ficar paralelas (setas na foto 4). Caso as
referidas barras estejam na mesma altura, porém não paralelas, force-as com as mãos para que
fiquem.
Ajuste do comprimento das barras laterais
-As barras laterais devem chegar até onde o animal possa fazer curvas com tranqüilidade, ou seja,
logo atrás do osso escapular. (foto 5)
-Caso as barras laterais encontrem-se muito longas ou curtas (como nas fotos 6 e 7), afrouxe
lentamente os grampos 2, 3 e 4. Com um martelinho bata nas extremidades deslizando as barras
para frente ou para trás até o ponto em que o animal dobre o corpo para os lados sem ser
pressionado (foto 8).
Ajuste do equilíbrio
O ajuste do equilíbrio ao encontrar o centro de gravidade é muito importante para o sucesso no
uso do VetCar.
Verificando se o equilíbrio está adequado: passe o dedo nas tiras que estão que estão nas
costas e tórax. Quando o animal caminhar, ambas as tiras devem ficar frouxas. Não devem
pressionar nem sua coluna, nem o peito. (foto 12)
Situação 1: Animal caindo para trás e as rodas para frente (foto 9)
Neste caso a fita estará pressionando o peito do animal. (foto 11 – letra A).
Mude as rodas para os buracos de trás o quanto necessário para corrigir a postura.
Situação 2: Fita pressionando as costas e as rodas para trás (foto 10
)
Neste caso mude as rodas para os buracos da frente (foto 11 – letra C)
Situação 3
: Caso ainda assim não tenha conseguido corrigir o equilíbrio, solte somente os
grampos 3 e 4, mantendo fixo o grampo 2. Mova as barras laterais presas junto ao suporte da
perna para frente ou para trás até encontrar o centro de equilíbrio. (foto 3).
Em caso de dúvida, consulte nossa equipe técnica.
CAIXA POSTAL 1040 – CEP 18600-971 BOTUCATU/SP (14) 38131245
www.vetcar.com.br
85
Anexo 3: Modelo do manual de instruções ilustrado do AFV.
FMVZ – Unesp,
Botucatu, 2007.
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