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Luciana Miwa Nita
Estudo histoquímico e ultra-estrutural
da distribuição das fibras da matriz
extracelular na prega vocal humana
fetal no período perinatal
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Doutor em Ciências
Área de concentração: Otorrinolaringologia
Orientador: Prof. Dr. Domingos Hiroshi Tsuji
São Paulo
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Nita, Luciana Miwa
Estudo histoquímico e ultra-estrutural da distribuição das fibras da matriz
extracelular na prega vocal humana fetal no período perinatal / Luciana Miwa Nita.
-- São Paulo, 2008.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia.
Área de concentração: Otorrinolaringologia.
Orientador: Domingos Hiroshi Tsuji.
Descritores: 1.Cordas vocais 2.Feto 3.Matriz extracelular 4.Ligamentos
5.Colágeno 6.Tecido elástico 7.Laringe 8.Tecido conjuntivo
USP/FM/SBD-056/08
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Aos meus pais, Yoshihiro e Ana,
pelo amor, pela dedicação,
pelo exemplo, a minha gratidão eterna.
Ao meu esposo, Tsuneyoshi,
pelo apoio e pela compreensão,
com todo o meu amor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço
Ao Prof. Dr. Domingos Tsuji, orientador desta tese, meu mestre, com muita
admiração, em quem gostaria de me espelhar pelo seu exemplo como
profissional e pela amizade enriquecedora.
À Profa. Dra. Elia Caldini, chefe do Laboratório de Biologia celular, por toda
a sua contribuição e amor à pesquisa, por seus admiráveis caráter e
dedicação, um exemplo de profissional e pessoa.
Ao Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento, Professor Titular da Disciplina de
Clínica Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo pela constante e incansável luta em prol de nossa Clínica, por
todas as oportunidades que ofereceu desde o nosso ingresso na
especialidade.
Ao Prof. Dr. Aroldo Miniti, ex-Professor Titular da Disciplina de Clínica
Otorrinolaringológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, por todo o seu empenho nestes anos dedicados à nossa Clínica.
Ao Prof. Dr. Ossamu Butugan, por todos os conselhos e ensinamentos
transmitidos com muita sabedoria durante estes anos de nossa formação.
Aos Prof. Dr. Ivan Miziara, Dr. Henry Koishi, Dr. Luiz Antonio Figueiredo,
Dr. Michel Cahali, Prof. Dr. Richard Voegels, pelas observações
pertinentes e valiosas por ocasião do nosso exame de qualificação.
Ao Prof. Dr. Luiz Ubirajara Sennes, Coordenador do Programa de Pós-
graduação em Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da USP, pelo
incentivo à pesquisa e dedicação aos pós-graduandos.
Ao Dr. Rui Imamura, por todos os seus inestimáveis ensinamentos,
conselhos e contribuições, especialmente na área de Laringologia.
Ao Prof. Dr. Hiroyuki Fukuda, Professor e Chefe do Tokyo Voice Center,
por toda a sua dedicação e gentileza com que me acolheu durante o estágio
no exterior.
Ao Prof. Dr. Hélio Élkis, Docente do Departamento de Psiquiatria da
FMUSP, pelo incentivo à pesquisa nos tempos da faculdade.
Ao Prof. Dr. Paulo Saldiva, Professor Titular do Departamento de Patologia
da FMUSP, pelo seu incentivo à realização desta pesquisa e por seus
valiosos conselhos.
À Dra. Claudia Battlehner, do Departamento de Patologia da FMUSP, por
todos os seus ensinamentos durante o desenvolvimento do estudo.
A todos os funcionários do Laboratório de Biologia Celular (LIM 59) do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, pelo carinho com
que sempre me acolheram e, em especial, à Íris Amorim e ao Dr. Marcelo
Ferreira Alves, por sua dedicação na confecção do material estudado e ao
seu auxílio direto no desenvolvimento deste estudo.
Ao Prof. Dr. Carlos Augusto G. Pasqualucci, diretor do SVOC-USP, que
permitiu o acesso às laringes utilizadas, e a todos seus funcionários, em
especial ao Sr. Nilton que tornou possível a obtenção do material de estudo.
Aos Drs. Adriana Hachiya, Clarissa Komatsu, Fabio Lorenzetti,
Francisco Amorim, Leila Freire, Maura Neves, Patricia Santoro, Renata
Marcondes, Ronaldo Frizzarini e Saramira Bohadana, meus queridos
amigos e companheiros de profissão, com quem sei poder contar sempre.
Aos amigos do Grupo de Laringologia do Departamento de
Otorrinolaringologia do HCFMUSP, Drs. Christian Wiikmann, Daniel
Chung, Erich Melo, Flavio Sakae, João Ximenes, Natasha Braga, Rafael
Cahali, Raquel Tavares, Rogério Buhler, pelo companheirismo nestes
anos de Pós-graduação e tantas sugestões a este trabalho.
À Dra. Silvia Pinho, Fonoaudióloga da área de voz, por seus
enriquecedores conhecimentos e colaboração profissional.
Aos meus amigos, Drs. Elder Goto, Fabrizio Romano, Gilberto
Takahashi, Ítalo Medeiros, Lucinda Simoceli, Marcio Nakanishi, Marcus
Lessa, Milton Takeuti, pelos valiosos exemplos e conselhos.
Aos meus amigos, Drs. Adriana Yoshimura, Alexandre Mitsuuchi, Bráulio
de Oliveira, Fabiana Hashimoto, Fabio Imoto, Felipe Vanderlei,
Fernanda Pereira, Humberto Kishi, Jacqueline Hirahara, Luci Kimura,
Marcos Ozaki, Otávio Ninomiya, Paolo Biseli e Vivian Lanzarini, pelo
apoio desde os tempos de faculdade.
A Bárbara, Edzira, Jacira, Jorge, Luci, Lúcia, Márcia, Marileide e Ofélia,
funcionárias da Clínica de Otorrinolaringologia do HCFMUSP que, sempre
com muita gentileza, me auxiliam desde os tempos da residência.
Aos meus familiares pelo apoio e suporte durante todos os obstáculos
enfrentados nos anos de minha formação. A meus irmãos, Meiri e
Leonardo, pelo apoio constante em todas as situações.
Ao cadáver desconhecido.
Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento
desta publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals
Editors (Vancouver)
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi,
Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso,
Valéria Vilhena. 2a ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação;
2005.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals
Indexed in Index Medicus.
SUMÁRIO
Lista de figuras
Lista de abreviaturas e siglas
Lista de símbolos
Resumo
Summary
Instructions to authors
Artigo
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................1
2 OBJETIVOS ................................................................................................7
3 REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................9
3.1 Aspectos gerais sobre o tecido conjuntivo .............................................10
3.1.1 As fibras do sistema elástico ...............................................................11
3.1.1.1 Biossíntese e caracterização dos diferentes tipos de fibras do
sistema elástico ...........................................................................................12
3.1.1.2 Distribuição diferencial e características funcionais das fibras
do sistema elástico ......................................................................................14
3.1.2 O sistema colagênico ..........................................................................17
3.2 Estrutura histológica da lâmina própria de pregas vocais de adultos .....20
3.3 Estrutura histológica de pregas vocais de fetos, neonatos e crianças....24
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS ......................................................................27
4.1 Aspectos éticos ......................................................................................28
4.2 Casuística ..............................................................................................28
4.3 Métodos para estudo em microscopia de luz .........................................31
4.3.1 Método da Hematoxilina-Eosina .........................................................31
4.3.2 Método da Picrossírius-Polarização ....................................................31
4.3.3 Método de Resorcina-Fucsina de Weigert com prévia oxidação
pela oxona ...................................................................................................33
4.4 Método para estudo em microscopia eletrônica de transmissão ...........34
5 RESULTADOS ..........................................................................................36
5.1 Distribuição das fibras dos sistemas colagênico e elástico ....................37
5.2 Aspecto ondulado das fibras de colágeno ..............................................39
5.3 Interação entre as células e as fibras da matriz extracelular ..................40
6 DISCUSSÃO .............................................................................................51
7 CONCLUSÕES .........................................................................................62
8 REFERÊNCIAS ........................................................................................64
Apêndice
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Processamento do material de estudo ...................................... 30
Figura 2 - Corte histológico horizontal de prega vocal direita de feto
de oito meses, corado com HE ................................................. 41
Figura 3 - Micrografia de corte histológico equivalente ao da figura
dois observado em maior aumento........................................... 41
Figura 4 - Corte histológico adjacente ao da figura 2 corado com
Picrossírius e observado com luz convencional.........................42
Figura 5 - Corte histológico adjacente ao da figura 2 corado com
Picrossírius e observado sob polarização..................................42
Figura 6 - Corte histológico equivalente ao da figura 5 em maior
aumento ....................................................................................43
Figura 7 - Corte histológico horizontal de prega vocal de feto de 8
meses, corado com Resorcina-fucsina com oxidação
prévia .........................................................................................43
Figura 8 - Corte histológico coronal de região intermacular de prega
vocal de feto de 7 meses, corado com Resorcina-fucsna
com oxidação prévia ..................................................................44
Figura 9 - Micrografia de outra região do mesmo corte da figura 8............44
Figura 10 - Corte histológico horizontal de prega vocal de feto de 9
meses corado com Resorcina-fucsina com oxidação prévia......45
Figura 11 - Micrografia de outra região do mesmo corte da figura 10..........45
Figura 12 - Micrografia eletrônica da região superficial da lâmina
própria de prega vocal de feto de 9 meses ................................46
Figura 13 - Micrografia eletrônica de outro fragmento da mesma prega
vocal mostrada na figura 13.......................................................46
Figura 14 - Micrografia eletrônica de grande aumento .................................47
Figura 15 - Micrografia eletrônica de um fragmento de lâmina própria
da prega vocal fetal....................................................................47
Figura 16 - Corte histológico horizontal de prega vocal de feto de 8
meses, corado com Picrossírius, observado com luz
convencional ..............................................................................48
Figura 17 - Micrografia eletrônica de prega vocal de feto de 8 meses .........48
Figura 18 - Micrografia eletrônica de grandíssimo aumento obtida de
prega vocal de feto de 9 meses .................................................49
Figura 19 - Micrografia eletrônica de grande aumento de prega vocal
de feto de 8 meses.....................................................................49
Figura 20 - Micrografia eletrônica de prega vocal de feto de 9 meses .........50
Figura 21 - Micrografia eletrônica de região superficial da prega vocal
de feto de 9 meses.....................................................................50
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPPesq Comissão para Análise de Projetos de Pesquisa
FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
F Feminino
HC Hospital das Clínicas
HE Hematoxilina e Eosina
LIM Laboratório de Investigação Médica
M Masculino
SVOC- USP Serviço de Verificação de Óbitos da Capital da Universidade
de São Paulo
et al. e outros
LISTA DE SÍMBOLOS
α alfa
cm centímetro
Da dalton
g grama
HCl ácido hidroclorídrico
Kb quilobite
KV quilovolt
M massa molar
mg miligrama
mL mililitro
nm nanômetro
NaCl cloreto de sódio
n
0
número
OsO4 Tetróxido de ósmio anidro
0
C grau Celsius
µg micrograma
% porcentagem
RESUMO
Nita LM. Estudo histoquímico e ultra-estrutural da distribuição das fibras da
matriz extracelular na prega vocal humana fetal no período perinatal. Tese
(doutorado). São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo;
2008.
Acredita-se que nos humanos, o ligamento vocal se desenvolva após
o nascimento. No entanto, não há consenso na literatura sobre qual a faixa
etária de seu aparecimento. Muitos estudos indicam que no neonato, a
lâmina própria da prega vocal apresenta-se com algumas fibras esparsas
sem uma organização particular. O principal objetivo deste estudo foi obter
informação a respeito das fibras colagênicas e do sistema elástico (sob a luz
dos conhecimentos atuais sobre a matriz extracelular), na lâmina própria de
pregas vocais de fetos no período perinatal. Laringes obtidas por autópsia de
fetos entre sete a nove meses foram estudadas através de microscopia de
luz e eletrônica de transmissão. Fibras contendo colágeno foram
identificadas através do Método da Picrossírius-polarização, fibras do
sistema elástico foram descritas utilizando-se o método de Resorcina-fucsina
de Weigert após oxidação com oxona. Os resultados histoquímicos
coincidem com as observações da microscopia eletrônica, evidenciando
populações de fibras de colágeno segregadas em diferentes compartimentos
na lâmina própria. Assim, em sua região central as fibras de colágeno se
mostraram finas, fracamente birrefringentes de coloração esverdeada,
enquanto que as regiões superficiais e profundas apresentaram fibras
grossas de colágeno com forte birrefringência de cor vermelho-amarelada,
quando estudadas através do método da Picrossírius-polarização. Estas
características sugerem que as fibras finas da região central são compostas
principalmente por colágeno tipo III, enquanto o colágeno tipo I predomina
nas regiões superficial e profunda, em concordância com as observações da
literatura relacionada com o estudo da prega vocal de adultos. Assim como o
componente colagênico, as fibras do sistema elástico mostraram uma
distribuição diferencial ao longo da lâmina própria. Em certo sentido, esta
distribuição é complementar àquela das fibras de colágeno: a região central,
na qual fibras colagênicas eram escassas e finas, apresentou maior
densidade de fibras do sistema elástico, em comparação às regiões
superficial e profunda. Assim, a presença de um padrão de distribuição
diferencial das fibras da matriz extracelular na prega vocal humana fetal
equivalente à descrição clássica do ligamento vocal adulto nos permitiu
concluir que o ligamento vocal já está presente ao nascimento. As
implicações funcionais destes achados foram discutidas. O conceito corrente
de que os estímulos externos, como a fonação, são essenciais para a
determinação da estrutura em camadas da lâmina própria, faz com que
nossos resultados sejam surpreendentes ao evidenciar a presença de uma
distribuição complexa e organizada dos componentes do tecido conjuntivo
na lâmina própria de pregas vocais de fetos no período perinatal. A idéia de
que a contribuição genética poderia desempenhar um papel importante na
organização destas camadas, independentemente do estímulo mecânico,
poderia explicar melhor a presença das estruturas observadas já ao
nascimento, uma vez que o mecanismo genético pode agir antes de
qualquer estímulo mecânico externo, como a fonação.
Descritores: 1.Cordas vocais 2.Feto 3.Matriz extracelular 4.Ligamentos
5.Colágeno 6.Tecido elástico 7.Laringe 8.Tecido conjuntivo
SUMMARY
Nita LM. Histochemical and ultrastructural study on the distribution of the
extracellular matrix fibers in the human fetal vocal fold. Thesis. São Paulo:
“Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2008.
It is currently believed that, in humans, the vocal ligament develops after
birth. However, there is no consensus in the literature about the age of its
surge. Most papers describe that in the newborn, the lamina propria shows
the presence of some sparse fibers without any particular organization. The
main purpose of this study was to obtain information regarding collagenous
and elastic system fibers (in the light of the current knowledge on
extracellular matrix) in the lamina propria of fetal vocal fold. Larynges
obtained from autopsy of human fetuses aged seven to nine months were
studied by means of light and electron microscopy. Collagen containing fibers
were assessed by the Picrosirius-polarization method, elastic system fibers
were described using Weigert’s resorcin-fuchsin with previous oxidation with
oxone. The histochemical results coincide with the electron microscope
observations in showing collagen populations segregated into different
compartments of the lamina propria. Thus, in its central region the collagen
shows up as thin, weakly birefringent, greenish fibers while the superficial
and deep regions consist of thick collagen fibers which display a strong
birefringence of red or yellow color when studied with the aid of the
Picrosirius-polarization method. These characteristics strongly suggest that
the thin fibers in the central region are composed mainly of type-III collagen,
whereas type-I collagen predominates in the superficial and deep regions, in
agreement with the observations in the literature pertaining to studies of adult
vocal folds. As well as collagen, the elastic system fibers show a differential
distribution throughout the lamina propria. This distribution is complementary,
in a sense, to that of the collagen fibers: the central region, with thin
collagenous fibers, presents the greatest density of elastic system fibers in
comparison to the superficial and deep regions. Thus, the presence of a
differential distribution of the extracellular matrix fibers in the fetal vocal fold
equivalent to the classical description of the adult vocal ligament allowed the
conclusion that a vocal ligament is already present in the newborn. The
functional implications of the foregoing findings are discussed. Current ideas
sustaining that stimuli like phonation are essential to the determination of the
layered structure of the lamina propria would make it surprising that a
newborn baby could present a complex and organized distribution of
connective tissue components as our results show to be the case. The idea
that genetic contrivance instead should play a role in the organization of
these layers seems to explain better the observed structures once it would
act before any mechanical stimulus similar to phonation could take place.
Descriptors: 1.Vocal cords 2.Fetus 3.Extracellular matrix 4.Ligaments
5.Collagen 6.Elastic tissue 7.Larynx 8.Connective tissue
Journal of Anatomy
Published on behalf of the Anatomical Society of Great Britain and Ireland
Edited by:
Gillian Morriss-Kay
Print ISSN: 0021-8782
Online ISSN: 1469-7580
Frequency: Monthly
Current Volume: 210 / 2007
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For Peer Review Only
THE PRESENCE OF A VOCAL LIGAMENT IN FETUSES: A HISTOCHEMICAL
AND ULTRASTRUCTURAL STUDY
Journal: Journal of Anatomy
Manuscript ID: JANAT-2008-0026
Manuscript Type: Original Paper
Date Submitted by the
Author:
16-Jan-2008
Complete List of Authors: Nita, Luciana; University of São Paulo School of Medicine,
Department of Otolaryngology
Battlehner, Claudia; University of São Paulo School of Medicine,
Laboratory for Cell Biology, Department of Pathology
Ferreira, Marcelo; University of São Paulo School of Medicine,
Laboratory for Cell Biology, Department of Pathology
Imamura, Rui; University of São Paulo School of Medicine,
Department of Otolaryngology
Sennes, Luiz; University of São Paulo School of Medicine,
Department of Otolaryngology
Caldini, Elia; University of São Paulo School of Medicine, Laboratory
for Cell Biology, Department of Pathology
Tsuji, Domingos; University of São Paulo School of Medicine,
Department of Otolaryngology
Key Words:
Vocal cord, Vocal ligament, Fetuses, Extracellular matrix, Collagen,
Elastic fibre, Ultrastructure
Journal of Anatomy
For Peer Review Only
Introduction
Phonation is a complex phenomenon that involves many different systems. The
voice is produced through vibration of vocal folds and modified by the resonance of
supraglottic vocal tract. However, the initial stage of vocal production is a purely
mechanical phenomenon, directly dependent on appropriate vibration of vocal folds.
Since Hirano (1974) described the layered structure of the vocal fold lamina
propria (superficial, intermediate and deep layer), many studies have been carried out to
better understand the structural organization of the extracellular elements in the lamina
propria of the vocal fold, both by means of light and electron microscopy. It is known
that the distribution of extracellular matrix collagenous and elastic fibres is directly
related with viscoelastic and biomechanical properties the vocal folds, with functional
implications. (Gray et al., 2000).
Despite the extensive literature about the structure of lamina propria of vocal folds
in adults, there are few studies in children and neonates. It was reported that there is no
vocal ligament at birth (Sato & Hirano, 1995; Ishii et al., 2000; Sato et al., 2001; Hartnick
et al., 2005), but there is no agreement on what is the age which the vocal ligament as
known as in adults is finally present. Lamina propria of children’s vocal fold was
described as entirely similar to Reinke’s space (superficial layer of lamina propria) of
adult vocal folds, with large amount of amorphous substance and sparse fibres that do not
display a differential distribution pattern (Campos Bañales et al., 1995; Sato & Hirano,
1995; Ishii et al., 2000; Sato et al., 2001).
However, it had been also described that, in larynges of children as young as 3 to
8 months, the small amount of collagen fibres of the lamina propria is distributed into two
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layers, such as in adults: one layer was located immediately beneath the epithelium and
the other one located in the zone adjacent to the vocal muscle (Hammond, 2000).
Despite this controversy about the distribution of extracellular matrix components
of vocal fold lamina propria, it has been properly demonstrated that after birth, it
continues its process of development and maturation up to the highly complex structure
of adult vocal fold, under exogenous stimuli, mainly phonation (Hartnick et al., 2005).
Based on these observations, we hypotese that it would be important to describe,
in the light of current knowledge of the ultrastructural patterns and the histochemical
proprieties of the elastic and collagenous systems fibres, the structural organization of the
lamina propria of the fetal vocal fold in the perinatal period.
Methods
Tissue collection
The protocol was approved by ethics committee of the Hospital das Clínicas, Medical
School, University of São Paulo. Eighteen human larynges excised from 7
th
to 9
th
month
fetus within 24 hours post-mortem were obtained during necropsies. In this study we
included anatomic pieces without noticeable macroscopic affections in the area of the
larynx and without macerated cells from individuals free of apparent congenital disorder.
Each larynx was sagitally sectioned and the two hemilarynges were immediately
immersed in the appropriate fixative.
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Light microscopy
Tissues were fixed in 4% neutral, phosphate-buffered, paraformaldehyde for 6 h at room
temperature, dehydrated in graded concentrations of alcohol, embedded in paraffin.
Randomly chosen right or left vocal folds were horizontally or coronally sectioned at 5
µm. Serial sections were stained with hematoxylin and eosin (H&E), Picrosirius-
hematoxylin (Junqueira et al., 1978) and Weigert's resorcin–fuchsin with previous
oxidation with oxone (Caldini et al., 1990).
When the Picrosirius-stained slides are observed with the aid of polarization microscopy,
the method becomes specific for oriented collagen molecules, in the sense that only these
structures present an enhancement of their natural birefringence when observed under
polarized light (Junqueira et al., 1978).
All three types of elastic system fibres (oxytalan, elaunin and the elastic fibre proper) are
stained when the tissue is oxidized prior to staining by Weigert's resorcin–fuchsin
(Battlehner et al., 2003).
Electron microscopy
Specimens obtained from the lamina propria region of the vocal folds were fixed in 2%
glutaraldehyde dissolved in 0.15M phosphate buffer at pH 7.2 for 1h, followed by post-
fixation in 1% osmium tetroxide dissolved in 0.9% sodium chloride for 1h. Fixed
material was stained in block in 0.5% aqueous uranyl acetate overnight. After this
procedure, the samples were dehydrated in graded acetone series, and embedded in
Araldite resin. Ultrathin sections, at 70nm were obtained by using a diamond knife at an
LKB ultratomicrotome, placed on 200-mesh copper grids and double-stained by uranyl
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acetate and lead citrate. The grids were studied and micrographed in a Jeol 1010
transmission electron microscope operating at 80 kV.
Results
Our observation on the structure of the fetal vocal fold confirmed the descriptions
available in the literature. The coronal and horizontal sections show that the normal vocal
fold may be described as a structure formed by different tissues which, from the lumen to
deeper regions, comprises: (1) the lining epithelium, (2) the lamina propria and (3) the
skeletal muscle layer. The lamina propria is the connective tissue between the basal
lamina of the epithelium and the vocal muscle. When studied with H&E staining it was
not possible to identify any pattern of extracellular matrix fibres distribution through the
entire lamina propria (Fig. 1A).
Slides stained with Picrosirius were carefully examined under polarized light. With this
method, the thickness of the fibre determines its color of birefringence. Thick fibres are
yellow to red and thin fibres appear as greenish structures. The vocal fold lamina propria
studied by the Picrosirius polarization method showed the presence of two distinct
collagen populations segregated into different compartments: the collagen in the central
region showed up as thin, weakly birefringent greenish fibres, contrasting with the
subepithelial and the deep region where strongly birefringent, thick, yellow to red fibres
could be seen; these fibres were arranged in parallel to the major axis of the vocal fold
(Figs. 1B and 1C).
After careful examination of the slides stained by Weigert's resorcin–fuchsin with
previous oxidation, it was possible to describe the distribution of the elastic system fibres.
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They were distributed through all the lamina propria of fetal vocal fold, presenting two
regions of higher densities: (1) a well delimited region in the central zone of lamina
propria rich in elastic fibres, and (2) a palisade of thick fibres was visible just beneath the
epithelial basement membrane; their orientation is such that they are roughly parallel to
the long axes of the vocal fold (Figs. 2A and 2B).
Ultrathin sections confirmed that the lamina propria of vocal folds contains both
extracellular matrix fibrillar components: fibres of the elastic system appear interspersed
with fibrils of the collagenous system. The fibrillar elements of both systems are disposed
parallel to the long axis of the vocal fold. The conspicuous presence of fibroblasts (that
characteristically exhibit long cytoplasmic processes) was often observed among the
fibres of the elastic system and the collagenous fibrils. It was also possible to identify a
great quantity of elastic system fibres in the central regions of the lamina propria of fetal
vocal fold (Fig. 3). These fibres correspond to those that markedly reacted when observed
under the light microscope in the preparations stained by Weigert´s resorcin-fuchsin
method.
The collagen fibres found in the lamina propria of fetal vocal folds resembled typical
collagen fibres of connective tissues. These fibres consist of parallel arrays of collagen
fibrils. Longitudinal aspects of collagenous fibres revealed their profile as a slight
undulating course (crimp). (Figs. 4A and 4B)
Discussion
The main purpose of this study was to obtain information regarding collagenous and
elastic system fibres (in the light of the current knowledge on extracellular matrix) in the
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lamina propria of fetal vocal fold. The histochemical results coincide with the electron
microscope observations in showing collagen populations segregated into different
compartments of the lamina propria. Thus, in its central region the collagen shows up as
thin, weakly birefringent, greenish fibres while the superficial and deep regions consist of
thick collagen fibres which display a strong birefringence of red or yellow color when
studied with the aid of the Picrosirius polarization method. These characteristics strongly
suggest that the thin fibres in the central region are composed mainly of type-III collagen,
whereas type-I collagen predominates in the superficial and deep regions, in agreement
with the observations in the literature pertaining to studies of adult vocal folds. (Melo et
al., 2003; Tateya et al., 2005).
As well as collagen, the elastic system fibres show a differential distribution throughout
the lamina propria. This distribution is complementary, in a sense, to that of the collagen
fibres: the central region, with thin collagenous fibres presents the greatest density of
elastic system fibres in comparison to the superficial and deep regions.
Classically, the histological structure of the newborn and infant vocal folds is described
as different from that of the adults: the entire lamina propria appears as a uniform
structure. However, under polarization microscopy, we could observe strong
birefringence in the upper region of the lamina propria and in the adjacent zone to vocal
muscle in the newborn vocal fold, suggesting the high content of collagenous fibres. In
opposite, the middle region appears weakly birefringent, suggesting a small amount of
collagen. These findings are consistent with our observation of the relative great amount
of elastic system fibres in the middle region of lamina propria, forming the elastic portion
of the vocal ligament.
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The compounds of amorphous fundamental substance, mainly represented by
proteoglycans, glycoproteins and water, together with elastic fibres, directly affect tissue
viscosity and promote the absorption of the impact shock between vocal folds during
vibration. Collagen component, in turn, is responsible for maintaining structural
resistance. The division of lamina propria in layers is based on differential distribution of
these fibrous elements (Hammond et al., 1997; Sato et al., 2001).
It is difficult to determine the individual contributions of biological components to
mechanical property. As connective tissues have a predominantly mechanical function it
is of importance to understand how the constituent chemical components (collagen,
glycosaminoglycans, elastic fibres, minerals, water) provide the tissue with its
mechanical attributes. These attributes, however, vary markedly among different
connective tissues. For instance, tendon has high collagen content, orientated fibrils, and
a low glycosaminoglycan content. Other specialized tissues, such as the ligamentum
nuchae, are rich in elastic fibres and their mechanical properties are greatly influenced by
this component (Parry & Craig, 1988). In terms of their mechanical role, connective
tissues must have some appropriate combination of two basic attributes – an ability to
withstand high tensile or compressional stresses and the ability to recover shape and form
when stresses are removed.
Our results were different from those in the literature for some reasons: (1) we used
horizontal sections, in order to analyze the vocal fold in its entire anterior-posterior
extension, from its connection to the thyroid cartilage to the insertion in the vocal fold of
thyroid cartilage, and (2) the histochemical methods used in this study had not been
applied to analyze the fibres of extracellular matrix of the vocal folds of fetuses.
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For elastic system fibres identification, the Verhoeff´s method describes selectively
elastic fibres proper, but elaunin and oxytalan fibres are not stained. Conversely,
Weigert's resorcin-fuchsin method is more sensitive and it stains elaunin fibres as well.
Oxytalan fibres remain undetectable unless they are submitted to oxidation first.
As to collagen system fibres, Mallory, Masson and van Gieson methods have been used,
but they do not identify reticular fibres nor collagen in basal membrane. Sirius red, an
acid staining substance, strongly reacts with collagen molecules, because they are rich in
basic amino acids. In addition to strong reaction, the staining molecule is a long molecule
that promotes intensification of its natural birefringence because many staining molecules
are aligned parallel to the longitudinal axis of each collagen molecule (Montes, 1996).
Thus, we used in this study histochemical methods that enable the identification of the
three types of fibres of elastic system and fibrillar collagen, whose findings were
confirmed by transmission electron microscopy.
Current ideas sustaining that stimuli like phonation are essential to the determination of
the layered structure of the lamina propria would make it surprising that a newborn baby
could present a complex and organized distribution of connective tissue components as
our results show to be the case. The idea that genetic contrivance instead should play a
role in the organization of these layers seems to explain better the observed structures
once it would act before any mechanical stimulus similar to phonation could take place.
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Fig. 1. Two adjacent serial horizontal sections from an 8-months-
stained with hematoxylin-eosin (1A) or with Picrosirius shown by conventional (1B) and
polarizing (1C) illumination. In 1A, the vocal fold can be seen in its entire antero-
posterior extension, from the thyroid cartilage (TC) up to the vocal process (VP) of the
arytenoid cartilage (AC) and in its entire latero-medial extension, between the vocal
muscle (VM) and the epithelium (black arrow). The anterior comissure tendon (ACT) can
be seen, linking the vocal fold to the thyroid cartilage; observe that anterior macula flava
(AMF) and posterior macula flava (PMF) are easily identified, but no 'fibres' can be
distinguished as such in the lamina propria with this staining. Figures 1B and 1C are
photomicrographs of the same field shown by conventional (1B) and polarizing (1C)
illumination. Observe that all structures that are deeply stained with Picrosirius in the
photomicrography obtained with conventional illumination (1B) are collagenous. When
viewed by polarized light (1C), these fibres are disclosed as birefringent structures that
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shine against a dark background. In 1B, it is possible to observe the collagen fibres in the
superficial and deep layers of lamina propria (LP). The central layer corresponds to an
area of fibre rarefaction, where collagen is less densely packed. This is confirmed in 1C,
where it is possible to observe that the thick collagen fibres present in superficial and
deep layers form strongly birefringent sheaths that are continuous with the
perichondrium of the arytenoid cartilage (AC) and with the anterior commissure tendon
(ACT), but in the central layer the sparse collagenous structures show up as thin, weakly
birefringent, greenish fibres.
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Fig. 2A - Horizontal section from an 8-months-old fetus vocal fold stained by Weigert's
resorcin-fuchsin after oxidation. T
he elastic system fibres of fetal vocal fold are disclosed.
Although they are present through all the lamina propria, it is possible to observe a
sharply defined region (between arrows) rich in organized elastic system fibres that ran
parallel to the major axis of the vocal fold and inserted in both anterior and posterior
maculae (AMF and PMF, respectively). This region corresponds to the central layer of the
lamina propria that displays sparse collagenous fibres (described in Figure 1B and 1C).
The comparison of these pictures suggests that the lamina propria is not a homogeneous
structure from the point of view of the distribution of collagenous and elastic system
fibres. Figure 2B corresponds to a higher magnification from the same section stained for
elastic system, whose fibres appear roughly parallel to the epithelial lining. Note the
continuous sub-epithelial palisade of elastic system fibres (arrow heads). The superficial
layer presents only a few elastic system fibres (arrow), in contrast to subjacen
t layer that
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shows up bundles of elastic fibres (asterisk).
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Fig. 3. Transmission electron micrograph obtained from a coronal section of an 8-month-
old fetus vocal fold. This picture illustrates the abundance of fibrous elements in the
extracellular matrix of the lamina propria midportion. Observe that elastic system fibres
(E), as well as collagen fibrils (C), appear cross-sectioned. This aspect is suggestive of a
highly organized structure formed by assembled bundles distributed in the same
direction, characterizing the ligamentous nature of connective tissue prese
nt in the vocal
fold lamina propria of the fetuses at perinatal period. The bottom region of the picture is
occupied by portions of two fibroblasts (F).
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Fig. 4A. Horizontal section from a fetal vocal cord stained with Picrosirius photographed
under conventional illumination. The epithelium is in the upper region. A small part of the
intermacular region of lamina propria is shown. The assembled bundles formed from
collagen fibres (arrows) display the same orientation (i.e. parallel to the long axis of the
vocal fold). Note that the fibres present slight undulations (crimp) showing a wavy
appearance. This configuration is typical in structures like tendons and ligaments. The
picture 4B corresponds to an electron micrograph from a fetal vocal fold showing a
fibroblast between two mature elastic fibres (E). Ultrastructurally, they are characterized
by a central core of amorphous and homogeneous material (elastin) surrounded by
microfibrils. The right upper region of the picture is occupied by densely packed parallel
collagen fibrils (C) running in the same direction and presenting an undulatly course. This
profile corresponds to the ultrastructural pattern of the
crimped collagen fibres pointed in
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figure 4A.
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INTRODUÇÃO
Introdução 2
1 INTRODUÇÃO
A evolução filogenética da laringe possibilitou ao homem, além das
funções básicas de respiração e proteção das vias aéreas, a função
fonatória. Este processo evolutivo permitiu o desenvolvimento da fala, o
principal meio utilizado pelo ser humano para a comunicação. É também
uma capacidade do ser humano o controle extremamente fino da emissão
vocal, com a produção de sons que variam em intensidade e freqüência.
Todos esses processos envolvem mecanismos complexos, desde o controle
pelo sistema nervoso central até o nível periférico, com a voz sendo
produzida através da vibração das pregas vocais na laringe e modificada
pela ressonância e articulação do trato vocal supraglótico. Porém, o estágio
inicial da produção da voz é um fenômeno puramente mecânico, diretamente
dependente da vibração adequada das pregas vocais (ISSHIKI et al., 1999).
Para que a vibração das pregas vocais possa ocorrer de modo
adequado, é necessária uma mobilidade eficiente da mucosa. HIRANO
(1974) descreveu histologicamente a estrutura em camadas da prega vocal
humana (epitélio, tecido conjuntivo e músculo vocal). Além disso, propôs a
divisão deste tecido conjuntivo em camada superficial, intermediária e
profunda. Baseado neste modelo, HIRANO desenvolveu a teoria do
complexo corpo-cobertura, segundo a qual a cobertura mucosa move-se
sobre um corpo relativamente estacionário: o músculo vocal e o ligamento
vocal.
Introdução 3
A lâmina própria corresponde ao tecido conjuntivo localizado entre o
epitélio de revestimento e o músculo vocal. Este conjuntivo não é
homogêneo, mas apresenta distintas regiões caracterizadas pela distribuição
diferencial dos elementos constituintes da matriz extracelular. Esta
compartimentalização relaciona-se diretamente com propriedades
biomecânicas (GRAY, 2000; IMAMURA et al., 2003), desempenhando um
papel importante no comportamento vibratório da prega vocal.
Os principais componentes da matriz extracelular são classificados de
acordo com seu arranjo, formando ou não estruturas fibrilares. As proteínas
fibrilares são representadas pelas fibras que constituem os sistemas
colagênico (fibras colágenas e fibras reticulares) e elástico (fibras
oxitalânicas, elaunínicas e elásticas propriamente ditas – aqui enumeradas
em gradiente crescente de elasticidade). Já o componente não fibrilar da
matriz extracelular corresponde à substância fundamental amorfa,
constituída principalmente pelos proteoglicanos, glicoproteínas e água de
solvatação.
Estes elementos conferem à matriz extracelular as suas propriedades
biomecânicas. Deste modo, a viscosidade tecidual, a elasticidade e a
capacidade de suportar forças compressivas (como a absorção de choque
do impacto entre as pregas vocais durante a vibração) devem-se aos
componentes da substância fundamental amorfa e à elastina presente nas
fibras do sistema elástico. Por sua vez, o componente colágeno é
responsável pela resistência às forças tênseis.
Introdução 4
O estudo da distribuição e a caracterização das proteínas fibrilares
nas camadas da lâmina própria são importantes para se compreender a
capacidade da prega vocal de manter a sua arquitetura sem restrição da
movimentação livre da mucosa, mesmo quando submetida a variados tipos
de forças, seja durante a sua vibração ou pela ação da musculatura
intrínseca da laringe.
A maioria dos autores baseia-se na distribuição diferencial da
substância fundamental amorfa e das fibras dos sistemas elástico e
colagênico para identificar três diferentes estratos ou camadas na lâmina
própria da prega vocal: superficial, intermediária e profunda.
As fibras colagênicas (colágenas e reticulares) têm sido
exaustivamente estudadas na lâmina própria da prega vocal, através de
métodos histológicos, bioquímicos, imuno-histoquímicos e ultra-estruturais,
tendo se estabelecido que realmente estas se apresentem distribuídas
diferencialmente na lâmina própria. Estudos mais recentes sugerem que na
camada superficial, imediatamente abaixo do epitélio, existe uma trama de
fibras colágenas densamente agregadas (colágeno I) distribuídas em todas
as direções do espaço; logo abaixo, ocorre uma zona rica em delgadas
fibras reticulares (colágeno tipo III) dispostas em forma de rede, e, mais
profundamente, na região próxima ao músculo vocal, ocorre uma camada de
fibras colagênicas densamente agregadas (colágeno tipo I).
A distribuição das diferentes fibras do sistema elástico começou a ser
estudada recentemente sob a luz dos novos conhecimentos sobre as
características tintoriais e ultra-estruturais de suas microfibrilas e da elastina.
Introdução 5
No entanto, o emprego de colorações antigas, da rotina histopatológica,
como a hematoxilina férrica de Verhoeff, permite observar que, na lâmina
própria da prega vocal do adulto, as fibras elásticas se concentram na sua
região intermediária.
Ainda que a descrição da constituição específica e dos limites de cada
uma destas camadas seja controversa na literatura, e mesmo que esteja
baseada apenas em critérios morfológicos que carecem de correlação
funcional, esta classificação tem sido a base para a definição de estruturas
anatômicas e para as correlações fisiopatológicas. Um exemplo desta
afirmação é o fato de que a estrutura denominada ligamento vocal
corresponde à associação entre as camadas intermediária (rica em fibras
elásticas) e profunda (rica em fibras colágenas).
Apesar da literatura extensa sobre a estrutura da lâmina própria das
pregas vocais em adultos, existem poucos estudos sobre pregas vocais de
fetos e crianças. A lâmina própria da prega vocal infantil é descrita como
sendo constituída por grande quantidade de substância amorfa e esparsas
fibras que não seguem um padrão de direção (SATO e HIRANO, 1995;
CAMPOS BAÑALES et al., 1995; ISHII et al., 2000; SATO et al., 2001).
Alguns trabalhos afirmam que o ligamento vocal é inexistente ao nascimento
(SATO et al., 1995; ISHII et al., 2000; SATO et al., 2001; HARTNICK et al.,
2005), permanecendo uma indefinição sobre qual exatamente a faixa etária
na qual ocorre o surgimento do ligamento vocal estruturalmente semelhante
ao do indivíduo adulto.
Introdução 6
No entanto, HAMMOND et al. (2000) foram explícitos ao descrever a
existência de fibras colágenas distribuídas de forma compartimentalizada
(como ocorre no adulto) na lâmina própria de prega vocal de crianças de 3 a
8 meses de idade, correspondendo a duas bandas de maior concentração:
uma mais superficial, logo abaixo do epitélio, e outra, mais profunda,
adjacente ao músculo vocal.
Desta forma, observamos que a informação sobre a estrutura
histológica da corda vocal infantil, além de escassa é também contraditória.
Está bem demonstrado que mesmo após o nascimento, a prega vocal
continua o seu processo de amadurecimento (HARTNICK et al., 2005). Uma
revisão da literatura sobre a estrutura da lâmina própria das pregas vocais
demonstra sua complexidade no estágio final do desenvolvimento. No
entanto, pouco se sabe sobre a organização da lâmina própria da prega
vocal ao nascimento. Acreditamos que este seja um ponto de interesse, uma
vez que, é sobre esta base estrutural que ocorrerá o desenvolvimento a
partir dos estímulos exógenos, no caso a fonação.
Além disso, do ponto de vista clínico, seria importante que
organização estrutural da lâmina própria da prega vocal fosse bem descrita
para que houvesse embasamento científico para tomada de condutas
(cirúrgicas ou não) para o tratamento das lesões que acometam as pregas
vocais na faixa etária infantil.
OBJETIVOS
Objetivos 8
2 OBJETIVOS
Tendo em vista:
a) a escassez de trabalhos na literatura sobre a estrutura da
prega vocal no período perinatal;
b) a controvérsia sobre a faixa etária na qual ocorre o
aparecimento do ligamento vocal e a compartimentalização da
lâmina própria da prega vocal humana, e
c) a importância do estudo da distribuição dos elementos fibrosos
da matriz extracelular para a compreensão da biomecânica da
vibração da prega vocal,
o objetivo deste estudo foi descrever, sob a luz dos atuais conhecimentos
sobre a matriz extracelular, o padrão de distribuição das fibras dos sistemas
colagênico e elástico na lâmina própria de pregas vocais de fetos humanos
no último trimestre da gestação, através do emprego de métodos de
identificação em microscopia de luz e microscopia eletrônica de transmissão.
REVISÃO DE LITERATURA
Revisão de Literatura 10
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Aspectos gerais sobre o tecido conjuntivo
Os tecidos conjuntivos funcionam principalmente através de seus
componentes extracelulares, no que diferem dos demais tecidos. De fato, o
componente principal e mais abundante do tecido conjuntivo é a matriz
extracelular. Os tecidos conjuntivos são estruturas biológicas complexas,
formadas por uma variedade de componentes químicos distintos. Esses
tecidos contêm células “nativas” (como fibroblastos, condrócitos, osteócitos),
células relacionadas à atividade de patrulha imunológica (como
polimorfomonucleares, macrófagos, mastócitos), vasos sangüíneos, nervos
e toda a gama de componentes da matriz extracelular, como o colágeno (na
sua fibrilar e não fibrilar), os proteoglicanos, as fibras do sistema elástico,
glicoproteínas adesivas, além de água de solvatação e minerais. A
quantidade relativa de cada um dos componentes varia significativamente
em cada tecido conjuntivo em particular e também com a idade (PARRY e
CRAIG, 1988).
Além de fornecer o suporte estrutural para os tecidos, a matriz se
constitui em importante meio através do qual transitam informações entre as
células, participando direta ou indiretamente de uma série de processos que
incluem morfogênese, diferenciação e migração celulares. O tecido
conjuntivo também participa ativamente nos processos de reparo e fibrose,
quando ocorrem interações dinâmicas e complexas entre os elementos
matriciais. As diversas concentrações e associações dos componentes da
Revisão de Literatura 11
matriz extracelular resultam em adaptações específicas às necessidades
funcionais em cada órgão e cada componente participa na construção de
uma matriz perfeitamente talhada para as necessidades individuais das
células num determinado órgão, permitindo a manutenção da homeostase, a
diferenciação em cada estágio do desenvolvimento e adaptações face a
novos estímulos (MONTES, 1996).
3.1.1 As fibras do sistema elástico
O sistema elástico é composto por fibras elásticas, fibras elaunínicas
e fibras oxitalânicas. As fibras elásticas são conhecidas dos anatomistas há
mais de um século por suas propriedades tintoriais características, que se
devem à presença da elastina (seu principal componente - ao redor de 90%).
Em 1958, FULLMER e LILLIE descreveram as fibras oxitalânicas e, em
1965, GAWLIK descreveu um outro tipo de fibra do tecido conjuntivo à qual
denominou elaunínica.
Diversos indícios apontam para o fato de que os três tipos diferentes
de fibras do sistema elástico pertençam a uma série contínua, sendo a
ordem cronológica durante a histogênese a de fibras oxitalânicas, fibras
elaunínicas e fibras elásticas. Observações das fibras do sistema elástico
em vários animais, particularmente invertebrados, sugerem que as fibras
oxitalânicas e elaunínicas são precursoras não só ontogenéticas, mas
também filogenéticas das fibras elásticas propriamente ditas dos mamíferos
(BRADAMANTE e SVAJGER, 1977; SAGE e GRAY, 1979).
Nos três tipos de fibras ocorrem feixes de microfibrilas (denominadas
“microfibrilas da fibra elástica" por ROSS e BORNSTEIN, 1969) com
Revisão de Literatura 12
quantidades crescentes de elastina associada, segundo a seqüência:
oxitalânica, elaunínica e elástica. Outro ponto de interesse é que todas as
observações ao microscópio eletrônico mostram que as microfibrilas
constituintes das fibras oxitalânicas têm o mesmo diâmetro daquelas que
circundam o cerne de elastina presente nas fibras elásticas maduras; e
estudos imuno-histoquímicos também mostram pouca diferença entre elas
(STREETEN e LICARI, 1983; GIBSON e CLEARY, 1987).
3.1.1.1 Biossíntese e caracterização dos diferentes tipos de fibras
do sistema elástico
Ao se discutir tecidos elásticos, deve-se diferenciar os termos
“elastina” e “fibras elásticas”. A fibra elástica é a estrutura complexa
encontrada na matriz extracelular, que contém elastina, proteínas
microfibrilares, lisil-oxidase e proteoglicanos. A elastina é a proteína
predominante de uma fibra elástica madura, sendo responsável por sua
propriedade mecânica característica de recolhimento elástico. É uma
proteína quimicamente inerte e extremamente hidrofóbica, cuja resistência à
dissolução é tão grande que, antes da descoberta de seu precursor solúvel
(a tropoelastina), só era possível definir a elastina em termos operacionais e
qualitativos como o resíduo protéico insolúvel que restava após a
solubilização de todos os componentes do tecido (PARTRIDGE, 1962). Além
de suas propriedades físicas incomuns, a elastina é estável em condições
fisiológicas permanecendo nos tecidos por todo o tempo de vida do
organismo (LEFEVRE e RUCKER, 1980; SHAPIRO et al., 1991).
Revisão de Literatura 13
Apesar dos avanços na compreensão da complexidade estrutural das
microfibrilas, os mecanismos de sua efetiva participação na fibrilogênese
permanecem especulativos. O fato de que agregados de microfibrilas
assumem a forma e a orientação das supostas fibras elásticas levou ROSS
et al. (1977) a sugerir que as microfibrilas direcionariam a morfogênese das
fibras elásticas agindo como moldes para a deposição de elastina. Parece
que as microfibrilas conseguem alinhar as moléculas de tropoelastina (que é
a forma solúvel secretada pelas células) de uma maneira precisa, de modo a
justapor os locais das ligações cruzadas nas moléculas, antes que eles
possam ser oxidados pela lisil-oxidase (ROSENBLOOM et al., 1993).
Em certas regiões anatômicas específicas, encontram-se feixes de
microfibrilas (atualmente conhecidos como fibras oxitalânicas), em tecidos
que não contêm elastina, mesmo quando maduros. Em outras localizações,
mesmo em animais adultos, todos os espécimes estudados sempre
apresentam grumos de material amorfo entremeados aos feixes de
microfibrilas (padrão que corresponde ao aspecto ultra-estrutural das fibras
elaunínicas) e que nunca dão origem a fibras elásticas completamente
maduras. Estas observações mostraram que nem todos os feixes de
microfibrilas estão destinados a servir como molde para a deposição de
elastina dando origem a fibras elásticas propriamente ditas.
Com base nestes achados, COTTA-PEREIRA et al. (1976)
propuseram que as referidas fibras do sistema elástico (fibras oxitalânicas e
fibras elaunínicas) representam interrupções em estágios sucessivos do
desenvolvimento das fibras elásticas. Assim, um feixe de microfibrilas pode
Revisão de Literatura 14
tanto ser o precursor de uma fibra do sistema elástico (tenha ela moderadas
ou grandes quantidades de elastina) quanto permanecer como uma entidade
independente, própria do tecido conjuntivo (as assim chamadas fibras
oxitalânicas).
Esta foi a razão pela qual FULLMER (1960) propôs que fosse usado o
termo fibras oxitalânicas para designar as fibras que jamais dão origem a
fibras elásticas, mesmo em tecidos adultos, e que o termo fibras pré-
elásticas fosse usado no caso de tecidos elásticos em desenvolvimento,
para designar estruturas em processo de maturação.
3.1.1.2 Distribuição diferencial e características funcionais das
fibras do sistema elástico
As fibras do sistema elástico não se apresentam homogeneamente
distribuídas nos tecidos, sendo que em compartimentos distintos dos vários
órgãos seus componentes diferem tanto qualitativa quanto
quantitativamente. Com o emprego de diversos métodos de investigação, foi
demonstrada a existência de uma distribuição diferencial das fibras do
sistema elástico em vários órgãos, a saber: pele (COTTA-PEREIRA et al.,
1976; JUNQUEIRA et al., 1983), cartilagem hialina (COTTA-PEREIRA et al.,
1984), mucosa das vias aéreas (BÖCK e STOCKINGER, 1984), nervos
(FERREIRA et al., 1987) e tendões (CALDINI et al., 1990).
A existência de uma distribuição diferencial destas fibras nos tecidos é
sugestiva de que o grau variável de elasticidade que cada uma das distintas
fibras do sistema elástico apresenta, imprime versatilidade ao sistema. É a
elastina quem confere elasticidade às fibras (ROSS e BORNSTEIN, 1969),
Revisão de Literatura 15
assim, as fibras elásticas, que apresentam a maior quantidade de elastina,
têm as propriedades elastoméricas mais evidentes, já as fibras oxitalânicas
não se distendem sob tensão (ROSS, 1973) e atuam impedindo o
estiramento das estruturas presentes nas regiões onde elas ocorrem,
enquanto as fibras elaunínicas têm um grau intermediário de elasticidade
(COTTA-PEREIRA et al., 1984).
Assim, as fibras elásticas propriamente ditas aparecem como um dos
principais constituintes de tecidos conjuntivos que possuem propriedades
elastoméricas, tais como o pulmão, os ligamentos elásticos e as paredes das
artérias. As fibras oxitalânicas têm sido localizadas em regiões onde o tecido
conjuntivo está sujeito a tensões mecânicas tais como: no periodonto
humano (FULLMER e LILLIE, 1958), na junção dermo-epidérmica (COTTA-
PEREIRA et al., 1976), na zônula ciliar (STREETEN e LICARI, 1983), e
também no endoneuro de todos os nervos estudados (FERREIRA et al.,
1987), na membrana basal espessa da traquéia e da mucosa bronquiolar
humanas (BÖCK e STOCKINGER, 1984), na matriz interterritorial da
cartilagem hialina (COTTA-PEREIRA et al., 1984), nos filamentos de
ancoragem dos capilares linfáticos (GERLI et al., 1990) e na lâmina própria
dos túbulos seminíferos (BÖCK, 1978).
As fibras elaunínicas têm sido localizadas na interface entre a derme
papilar e reticular (COTTA-PEREIRA et al., 1976), na região intermediária do
"tendão elástico" do músculo eretor do pelo em humanos (RODRIGO et al.,
1975), nos anéis paralelos que rodeiam a porção secretora das glândulas
sudoríparas écrinas, na camada condrogênica do pericôndrio das cartilagens
Revisão de Literatura 16
hialinas (COTTA-PEREIRA et al., 1984), no epineuro de todos os nervos
estudados (FERREIRA et al., 1987), na camada sub-epitelial da traquéia e
da mucosa bronquiolar em humanos (BÖCK e STOCKINGER, 1984) e na
região intermediária do ligamento anular da articulação entre o estribo e a
janela oval (SOUZA et al., 1991).
A presença de fibras oxitalânicas na zônula ciliar e no ligamento
periodontal foi interpretada como uma evidência de que estes feixes de
microfibrilas podem desempenhar um papel estrutural independente de sua
função na elastogênese. As microfibrilas parecem ter uma função de
ancoragem, ligando o cristalino ao corpo ciliar no olho, conectando o osso e
o cemento do dente no ligamento periodontal e ligando a epiderme à derme
subjacente, na pele. O componente microfibrilar pode ter uma função similar
nas fibras elásticas, ancorando a elastina amorfa à matriz circundante
(GIBSON e CLEARY, 1987).
A elastina se distribui sob a forma de fibras interligadas de três modos
morfologicamente distintos: em ligamentos elásticos, nos pulmões e na pele,
as fibras são pequenas alongadas e apresentam comprimento variável; na
maioria das artérias, como a aorta, as fibras elásticas formam lâminas ou
lamelas, já nas cartilagens elásticas se observa um arranjo tridimensional de
fibras grandes, muito anastomosadas, em favo de mel (MECHAM e
HEUSER, 1991). Essas estruturas complexas e distintas parecem surgir em
conseqüência à intensidade e a direção das forças aplicadas ao tecido.
Revisão de Literatura 17
3.1.2 O sistema colagênico
Os colágenos constituem uma família de proteínas fibrosas bem
características, encontradas em todos os animais multicelulares, produzidas
por diversos tipos de células, e que se distinguem em composição química,
propriedades físicas, morfologia, distribuição nos tecidos e funções. São as
proteínas mais abundantes nos mamíferos, constituindo cerca de 25% da
sua massa protéica total.
A principal característica de uma molécula de colágeno típica,
conhecida pelos histologistas como tropocolágeno, é a estrutura longa e
rígida de sua fita tripla helicoidal na qual três cadeias polipepitídicas de
colágeno, chamadas cadeias α, estão enroladas umas nas outras
(ALBERTS et al., 2002).
Existem vários tipos de cadeia α de colágeno e, portanto existem
vários tipos de colágeno. Assim sendo, há os colágenos que formam fibrilas,
os que formam fibras, os que se associam aos colágenos fibrilares e aqueles
que formam estruturas em rede. Atualmente são conhecidos mais de 20
diferentes tipos de colágeno. Os colágenos que formam fibrilas são os tipos
I, II, III, V, VI, VII e XI; e suas estriações transversais típicas das fibrilas
colágenas são conseqüências do arranjo das moléculas de tropocolágeno
(ALBERTS et al., 2002). Tais estriações são facilmente identificadas nas
micrografias eletrônicas. Aparecem como períodos de 64 nm, cada período
formado por duas faixas, uma clara e outra escura.
Os principais tipos de colágeno encontrados nos tecidos conjuntivos
são os tipos I, II, III, IV, V e VII (ALBERTS et al., 2002). Os colágenos dos
Revisão de Literatura 18
tipos I, II, e III são os principais constituintes de fibrilas e fibras intersticiais
que contêm colágeno.
O tipo I, o mais comum, forma fibras grossas, conhecidas como
fibras colágenas, presentes no tecido conjuntivo propriamente dito, no osso,
dentina, cemento, tendão, fáscias, cápsulas dos órgãos, ligamentos, região
profunda da derme; constitui cerca de 90% do colágeno do organismo.
(MONTES, 1996). Caracteriza-se por formar fibras grossas, resistentes a
tensão, formadas por fibrilas grossas densamente empacotadas, de
diâmetro heterogêneo, com média de 50 a 60 nm. Estas fibrilas se
polimerizam e formam fibras de 2 a 10 µm de diâmetro, correspondentes às
clássicas fibras colágenas da microscopia de luz (que podem, ainda, se
associar formando feixes de fibras) e aparecem principalmente em
localizações sujeitas a grandes forças de tensão. Observadas sob
microscopia de luz, as fibras colágenas são acidófilas, corando-se de róseo
pela técnica da hematoxila-eosina, de azul pelo Tricrômio de Mallory e de
verde pelo de Masson. As fibras colágenas são birrefringentes, pois são
constituídas por moléculas alongadas e paralelas entre si. Desse modo,
quando examinadas ao microscópio de polarização, entre filtros Polaroid
cruzados, estas fibras aparecem brilhantes, contra um fundo escuro.
O colágeno do tipo II é encontrado em cartilagens elásticas e
hialinas, no humor vítreo e no estroma da córnea de embriões. Suas fibrilas
apresentam-se mais delgadas que as do colágeno do tipo I (medindo de 20
a 30 nm de diâmetro). Sua molécula é um homotrímero das cadeias alfa-1 e
interage intensamente com os proteoglicanos da matriz extracelular. Esta
Revisão de Literatura 19
interação é responsável, nas cartilagens, por sua resistência a forças
compressivas.
O colágeno tipo III, geralmente co-distribuído com o colágeno tipo I,
está presente em órgãos e tecidos que necessitam de um arcabouço
estrutural maleável, como a região superficial da pele, a camada média dos
vasos sanguíneos, a mucosa dos órgãos do trato digestório, respiratório e
reprodutor e órgãos parenquimatosos como baço, fígado, medula óssea e
pulmões. Durante os processos de reparo e nas fibroses em geral, assim
como no desenvolvimento fetal, o colágeno III é o primeiro a ser depositado,
sendo mais tarde substituído pelo colágeno do tipo I, nas regiões sujeitas a
grandes forças de tensão. O colágeno do tipo III forma fibrilas de 35 a 55 nm
de diâmetro, que são frouxamente empacotadas, com grande quantidade de
substância amorfa entre si, formando fibras frouxas e flexíveis de 0,5 a 2 µm
de diâmetro, conhecidas como fibras reticulares, devido à sua característica
de formar tramas de sustentação para células nos órgãos parenquimatosos.
Nos preparados corados pela hematoxilina-eosina, as fibras reticulares não
são visíveis, sendo sua identificação, em geral, realizada por meio de
impregnações argênticas. Em virtude de sua afinidade pelos sais de prata,
são chamadas também de fibras argirófilas do conjuntivo. Aparecem pretas
nos processos de impregnação pela prata, enquanto as fibras colágenas
tomam uma tonalidade castanha (MONTES, 1996).
O colágeno tipo IV não é um constituinte dos tecidos conjuntivos. Está
presente nas lâminas basais. Suas moléculas se organizam formando uma
espécie de malha frouxa e porosa, que interage com outras moléculas das
Revisão de Literatura 20
lâminas basais, principalmente a laminina, a fibronectina e o heparam
sulfato, porém não se polimeriza em fibrilas. É sintetizado pelas células
epiteliais, células musculares e outras células que possuem lâmina basal.
O colágeno tipo VII é o principal componente das fibrilas de
ancoragem, estruturas subepiteliais que promovem a interação biomecânica
entre as fibrilas de colágeno do tecido conjuntivo com a membrana basal
epitelial (WETZELS et al., 1991; DIKKERS et al., 1993; GRAY et al., 1995).
3.2 Estrutura histológica da lâmina própria de pregas vocais de adultos
HIRANO (1974) foi um dos pioneiros em descrever a estrutura
histológica da prega vocal e correlacioná-la com a fisiologia da produção
vocal. A partir da descrição da divisão da estrutura em epitélio, tecido
conjuntivo e músculo vocal, introduziu a teoria de corpo-cobertura para a
vibração das pregas vocais, segundo a qual a cobertura móvel, constituída
pela membrana mucosa, pode vibrar sobre o corpo estacionário, constituído
pelo músculo vocal e pela estrutura subjacente à qual denominou cone
elástico.
As extremidades anterior e posterior da porção membranosa da prega
vocal humana são denominadas, respectivamente, mácula flava anterior (ou
nódulo elástico) e mácula flava posterior, entre as quais está disposto o
ligamento vocal. A mácula flava anterior se insere no pericôndrio da
cartilagem aritenóidea através do tendão da comissura anterior; a mácula
flava posterior conecta-se ao processo vocal da cartilagem aritenóidea. Nos
adultos, ambas as máculas são compostas por grande quantidade de fibras
Revisão de Literatura 21
elásticas e de colágeno que se continuam com as do ligamento vocal (SATO
e HIRANO, 1995a,b,c; SATO et al., 2003). As máculas flavas de pregas
vocais infantis são ricas em fibroblastos que produzem muitas fibras da
matriz extracelular; esta densidade celular diminui com a idade. Com estes
achados, SATO e HIRANO (1995b,c) sugerem que as máculas flavas
desempenham um papel importante na formação do ligamento vocal.
Na lâmina própria das pregas vocais adultas, inicialmente, foram
descritas fibras colágenas grossas na região profunda da lâmina própria,
formando feixes que correm paralelos à borda livre das pregas vocais (ISHII
et al., 1996; MILUTNOVIC et al., 1998; GRAY, 2000). Posteriormente, foram
descritas tramas de fibras finas, caracterizadas como fibras reticulares, nas
camadas superficial e intermediária (SATO, 1998; SATO et al., 2002).
Recentemente, estudando a distribuição das fibras de colágeno
através do método da Picrossírius-polarização, MELO et al. (2003) mostram
a existência de duas bandas de fibras colágenas grossas densamente
organizadas: uma logo abaixo do epitélio e outra na região profunda da
lâmina própria; entre estas bandas localiza-se uma delicada rede de fibras
colagênicas finas. Uma vez que o método permite estudar a agregação e a
orientação destas fibras, os autores propõem um modelo no qual as bandas
superficial e profunda seriam os elementos de transmissão de força,
enquanto que a região central, por ser mais flexível, seria o elemento vibrátil
do sistema. Devido às características de birrefringência mostradas pelo
colágeno da prega vocal, os autores sugerem ainda que as fibras das
Revisão de Literatura 22
bandas superficial e profunda seriam constituídas por colágeno do tipo I e as
fibras finas da região central seriam compostas por colágeno tipo III.
Em relação à caracterização quanto ao tipo de colágeno presente na
lâmina própria da prega vocal, alguns estudos imuno-histoquímicos
estabelecem que colágenos dos tipos I e III encontram-se mais amplamente
distribuídos, enquanto que os tipos IV e V se localizam na membrana basal
dos epitélios de revestimento e glandulares e na lâmina basal endotelial
(TATEYA et al., 2006). PAULSEN et al. (2000) descrevem a existência de
colágeno tipos I e III nas máculas flavas e nas regiões de inserção do
ligamento vocal. Fibrilas de colágeno tipo VII estão co-distribuídas com os
outros tipos de colágeno na região mais superficial da lâmina própria e
desempenham importante função de ancoragem entre os elementos da
matriz extracelular e a lâmina basal epitelial (WETZELS et al., 1991;
DIKKERS et al., 1993; GRAY et al., 1995;). TATEYA et al. (2006)
estabelecem que as grossas fibras grossas localizadas na região superficial
da lâmina própria são constituídas por colágeno tipo I, o que confirma a
proposta de MELO et al. (2003).
Quanto à presença das fibras do sistema elástico na lâmina própria da
prega vocal humana, alguns autores referem que as fibras do sistema
elástico, de um modo geral, apresentam-se em menor quantidade na
camada superficial, com aumento da concentração na camada intermediária
e redução da concentração na camada profunda (HAMMOND et al., 1998,
RAMOS et al., 2005).
Revisão de Literatura 23
Os estudos em microscopia eletrônica de transmissão de ISHII et al.
(1996), SATO e HIRANO (1997) e HAMMOND et al. (1997) mostram que na
prega vocal estão representados os três tipos fibras do sistema elástico
(elásticas propriamente ditas, elaunínicas e oxitalânicas), sendo que na
região superficial predominam as fibras elaunínicas e oxitalânicas, enquanto
que na zona intermediária predominam fibras elásticas propriamente ditas.
Já os estudos através de microscopia eletrônica de varredura são
inconclusivos, devido à dificuldade de distinguir fibras de colágeno e fibras
elásticas entre si. ISHII et al. (1996), utilizando técnicas de digestão para a
retirada do colágeno da prega vocal e microscopia eletrônica de varredura,
sugerem que há fibras elásticas distribuídas em toda a extensão da prega
vocal, sendo mais finas na região superficial e mais grossas nas zonas
intermediária e profunda, o que vai de encontro aos achados da microscopia
eletrônica de transmissão (descritos anteriormente), uma vez que as fibras
oxitalânicas são mais delgadas que as demais.
MILUTNOVIC et al. (1998), através de microscopia de luz e eletrônica
de varredura, descreve a distribuição espacial das fibras e de outras
estruturas em pregas vocais de adultos. Sugere que a disposição de
diversas estruturas histológicas paralelamente à borda livre das pregas
vocais demonstra um alto ajuste às necessidades fonatórias durante o
processo de vibração das mesmas.
Além da descrição dos padrões de distribuição e dos tipos de fibras
da matriz extracelular na lâmina própria das pregas vocais, estuda-se a sua
influência sobre a biomecânica da vibração das mesmas. São encontradas
Revisão de Literatura 24
diferenças nas características das curvas de tensão-deformação entre as
regiões da lâmina própria, entre ambos os sexos e entre as faixas etárias,
correlacionando-se com diferenças de quantidade e qualidade das fibras
colagênicas e do sistema elástico (GRAY et al., 2000; CHAN et al., 2007).
3.3 Estrutura histológica de pregas vocais de fetos, neonatos e
crianças
Em contraste com a estrutura histológica das pregas vocais humanas
de adultos, sugere-se que durante o período fetal e ao nascimento ainda não
ocorra uma compartimentalização da lâmina própria quanto à distribuição
das fibras da matriz extracelular (SUBOTIC et al., 1984; CAMPOS BAÑALES
et al., 1995; HIRANO et al., 1999; SATO et al., 2001; HARTNICK et al.,
2005). Adicionalmente, relata-se que o ligamento vocal não está presente ao
nascimento (SATO e HIRANO, 1995b; SATO et al., 2001; HARTNICK et al.,
2005).
O papel das máculas flavas na organização da lâmina própria tem
sido considerado muito importante, inclusive sugerindo-se sua participação
como fonte de fibras da matriz extracelular para toda a estrutura (SUBOTIC
et al., 1984; SATO et al., 1995; CAMPOS BAÑALES et al., 1995; HIRANO et
al., 1999; SATO et al., 2001; SATO et al., 2003).
Alguns autores descrevem as características das fibras da matriz
extracelular presentes na lâmina própria das pregas vocais imaturas.
SUBOTIC et al. (1984) em estudo de laringes de fetos no segundo trimestre
gestacional, utilizando cortes horizontais preparados com colorações
Revisão de Literatura 25
hematoxilina-eosina, Van Gieson, combinação Mallory-Azan e Paraldeído-
fucsina para fibras elásticas, descrevem a presença de redes irregulares de
fibras reticulares e fibras de aspecto ondulado dispostas paralelamente à
borda livre e em toda a extensão da lâmina própria da prega vocal. Referem
ainda que não são encontradas fibras elásticas. CAMPOS BAÑALES et al.
(1995), em estudo no qual analisa cortes horizontais de pregas vocais de
fetos no mesmo período gestacional, utilizando técnicas de coloração com
hematoxila-eosina, Tricrômio de Masson e Van Gieson (para fibras
colágenas), Gomory (para fibras reticulares) e orceína (para fibras elásticas),
também descrevem a presença de fibras colágenas com as mesmas
características, mas referem que em suas amostras não foram encontradas
fibras reticulares. HARTNICK et al. (2005), descrevem a presença de
esparsas fibras reticulares e elásticas entremeadas a uma população celular
de grande densidade em toda a extensão da lâmina própria de pregas
vocais de neonatos.
BUHLER et al. (2007) descrevem o arranjo do colágeno na lâmina
própria de laringe de fetos, através de cortes coronais na porção média da
região membranosa das pregas vocais. Com a utilização de colorações de
hematoxilina-eosina, método da Picrossírius-polarização e imuno-
histoquímica, identificam fibras colágenas dispostas em arranjo de cesta de
vime, distribuídas por toda a sua espessura. Seus estudos morfométricos
não permitem a caracterização de uma distribuição diferencial do colágeno
nas diferentes regiões da lâmina própria.
Revisão de Literatura 26
No entanto, através do uso de medidas quantitativas relativas da
distribuição do colágeno na lâmina própria de pregas vocais, HAMMOND et
al. (2000) descrevem que já nos lactentes de 3 a 8 meses encontra-se um
padrão de distribuição do colágeno semelhante ao do adulto, principalmente
nas regiões mais superficiais, próximas ao epitélio de revestimento, e
adjacentes ao músculo vocal.
ISHII et al. (2000), em estudo no qual emprega técnicas de digestão
para a retirada do colágeno e das fibras elásticas em diferentes amostras de
prega vocal, observa em microscopia eletrônica de varredura, a presença de
duas regiões distintas na lâmina própria de pregas vocais de fetos e
neonatos, uma esparsa. Sugere que esta estrutura bilaminar deva ser uma
condição preparatória imatura, a qual será posteriormente modificada ou
reabsorvida e substituída por uma estrutura mais desenvolvida consistindo
no ligamento vocal e nas máculas flavas.
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Casuística e Métodos 28
4 CASUÍSTICA E MÉTODOS
4.1 Aspectos éticos
Esta pesquisa foi aprovada sob o protocolo de número 132/04, pela
Comissão Análise de Projetos de Pesquisa – CAPPesq da Diretoria Clínica
do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, em 25 de março de 2004.
4.2 Casuística
Para o presente estudo foram utilizadas 18 laringes humanas
excisadas de cadáveres de fetos de sete a nove meses de desenvolvimento,
coletadas dentro de 24 horas após o óbito, obtidas por autópsia do Serviço
de Verificação de Óbitos da Capital, no período de novembro de 2005 a
setembro de 2007.
Foram incluídas no estudo somente peças anatômicas sem alterações
macroscópicas observáveis em região de arcabouço laríngeo ou na região
das pregas vocais. Outros critérios de exclusão foram: laringes de fetos
macerados e laringes de indivíduos com alterações congênitas de qualquer
outro órgão. A causa do óbito não foi levada em consideração.
As características dos indivíduos estudados podem ser observadas na
Tabela 1.
Casuística e Métodos 29
Tabela 1 - Características dos indivíduos incluídos na casuística
Caso Sexo Idade gestacional (meses) Altura (cm) Peso (g) Causa do óbito
1 F 7 40 2020 Indeterminada
2 M 7 35 1200 Indeterminada
3 M 7 35 900 Indeterminada
4 F 7 35 1500 Indeterminada
5 M 7 40 1600 Indeterminada
6 M 8 45 2000 Indeterminada
7 M 8 40 2400 Indeterminada
8 F 8 40 1600 Indeterminada
9 M 8 45 2000 Indeterminada
10 F 8 45 2400 Indeterminada
11 M 8 45 2200 Indeterminada
12 F 9 50 2950 Indeterminada
13 M 9 50 2600 Indeterminada
14 M 9 50 3500 Indeterminada
15 F 9 50 3400 Indeterminada
16 M 9 50 2200 Indeterminada
17 M 9 50 2800 Indeterminada
18 F 9 45 3100 Indeterminada
Após dissecção das estruturas adjacentes, a laringe foi seccionada
verticalmente em sua porção mediana, obtendo-se assim, duas hemilaringes
para preparo histológico, como pode ser observado na figura 1.
Figura 01 – Laringe de feto de 8 meses após a dissecção de
estruturas adjacentes ilustrando o processamento para obtenção
do material de estudo. A: visão frontal da laringe; B: visão posterior
da laringe, ilustrando a linha de secção para exposição das pregas
vocais. C: visão posterior da laringe após secção mostrando as
pregas vocais e a comissura anterior; as hemilaringes foram
separadas pela linha de secção marcada. D: aspecto de corte
sagital mediano de hemilaringe esquerda mostrando os planos dos
cortes histológicos obtidos para este estudo (plano horizontal
marcado em azul e plano coronal marcado em preto).
A
C
D
B
Casuística e Métodos 31
4.3 Métodos para estudo em microscopia de luz
Para estudo sob microscopia de luz, 28 hemilaringes (oito
hemilaringes de fetos de sete meses, dez hemilaringes de fetos de oito
meses e dez hemilaringes de fetos de nove meses) foram fixadas em
paraformaldeído 4% com tampão fosfato por 24 horas. Após a fixação, as
peças foram dissecadas de modo a permanecer somente a estrutura da
prega vocal, com o cuidado de se preservar as suas inserções anterior (na
cartilagem tireóidea) e posterior (na cartilagem aritenóidea). Posteriormente,
os fragmentos foram submetidos a desidratação em álcool e embebição em
parafina para confecção dos blocos.
As pregas vocais direita e esquerda foram escolhidas aleatoriamente
para cortes horizontais ou coronais. De cada fragmento escolhido foram
obtidos cortes seriados de 5µm de espessura em diferentes profundidades
do fragmento. Para comparação do conteúdo fibrilar na matriz extracelular,
conjuntos de cortes histológicos adjacentes foram processados pelos
seguintes métodos de identificação:
4.3.1 Método da Hematoxilina-Eosina
Os cortes histológicos foram corados pelo método de rotina da
Hematoxilina e Eosina (HE), para avaliação histopatológica.
4.3.2 Método da Picrossírius-polarização
Os cortes histológicos foram desparafinados, hidratados e corados
durante uma hora em uma solução 0,1% de Sirius Red (Sirius Red F 3B 200,
Casuística e Métodos 32
Mobay Chemical Co., Union, NJ, EUA) dissolvido em ácido pícrico aquoso
saturado. Os cortes foram lavados durante cinco minutos em água corrente
e contra-corados com hematoxilina de Harris fresca durante dois minutos.
Foram observados sob microscopia de luz normal e sob luz polarizada
contra um fundo escuro, para análise das fibras que contém colágeno.
Princípio fundamental do método da Picrossírius-polarização:
O corante Sirius Red é uma molécula alongada, de peso molecular
1372 Da, que possui seis grupamentos sulfônicos ácidos e quatro
grupamentos cromofóricos diazóicos. Demonstrou-se que os grupamentos
sulfônicos do corante interagem fortemente com os aminoácidos básicos das
moléculas dos diferentes tipos de colágeno, sendo assim, muito apropriado
para corar o colágeno em cortes histológicos (MONTES et al., 1985). Os
quatro grupamentos cromofóricos conferem alto índice de extinção ao
produto da interação, possibilitando a detecção, por meio de eletroforese em
gel de poliacrilamida, de 5,76 µg de colágeno/mg de proteína (LOPEZ-DE
LEON e ROJKIND, 1985).
A coloração pelo Picrossírius faz com que um grande número de
moléculas do Sirius Red (de caráter ácido e alongadas) se oriente
paralelamente ao longo do maior eixo das moléculas de colágeno,
promovendo o aumento considerável da birrefringência natural das fibrilas e
fibras de colágeno, quando observadas sob luz polarizada (JUNQUEIRA et
al., 1979; MONTES, 1996). O aumento da birrefringência promovido pelo
método da Picrossírius-polarização é portanto específico para as estruturas
Casuística e Métodos 33
colágenas compostas por agregados de moléculas orientadas. Desse modo,
quando examinadas ao microscópio de polarização, entre filtros Polaroid
cruzados, estas fibras aparecem brilhantes, contra um fundo escuro.
4.3.3 Método de Resorcina-Fucsina de Weigert com prévia
oxidação pela oxona
Esta é uma coloração para elastina, que demonstra fibras elásticas,
elaunínicas e oxitalânicas conferindo-lhes uma cor púrpura. O procedimento
foi realizado segundo MONTES (1996).
Preparo do corante:
Um grama de fucsina básica e dois gramas de resorcina foram
adicionados a 100 mL de água destilada aquecida, fervidos até a dissolução
completa. Após, foram adicionados 25 mL de uma solução de cloreto férrico
30% preparada recentemente. A fervura foi continuada por quatro minutos.
Após resfriamento e filtragem da solução, o precipitado acumulado no papel
de filtro foi secado em um forno elétrico a 56º. C. Em seguida, dissolveu-se o
total de precipitado em 100 mL de etanol 95% aquecido. Após resfriamento
foi adicionado 1 mL de ácido hidroclorídrico concentrado (HCl).
Método:
Os cortes histológicos foram desparafinados e levados até água,
tratados com solução aquosa de Oxona a 10% (composto monopersulfato,
Du Pont, Wilmington, Delaware, EUA) por 40 minutos. Depois de lavados em
água corrente por cinco minutos, foram lavados em uma série de etanol de
concentrações de 70 a 95%, e colocados na solução corante por uma hora
Casuística e Métodos 34
em temperatura ambiente. Após este tempo na solução corante, foram
lavados em água corrente por cinco minutos, a coloração de fundo foi
removida por meio de uma solução de álcool etílico 1% (1 mL de HCl
concentrado e 99 mL de etanol 70%) por alguns segundos e os cortes
observados ao microscópio de luz, com o cuidado de evitar a descoloração
das fibras mais finas. Os cortes foram lavados em água corrente e
desidratados em álcool, diafanizados e montados.
4.4 Método para estudo em microscopia eletrônica de transmissão
O material utilizado na obtenção dos cortes ultrafinos constituiu-se de
pequenos fragmentos de tecido de diferentes regiões de prega vocal de
quatro indivíduos (um feto de sete meses, um de oito meses e dois de nove
meses), e foi processado seguindo rotina utilizada no Laboratório de Biologia
Celular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, resumida
nas seguintes etapas: 1) Fixação por imersão em solução de glutaraldeído
(Polaron, Watford, Inglaterra) 2,0%, em tampão fosfato de sódio e potássio
0,15 M, pH 7,2. A fixação deu-se durante 2 horas, à temperatura ambiente.
2) Lavagem em Solução de Lavagem (NaCl 6,0g, sacarose 73,0 g, água
destilada 1000 ml). 3) Pós-fixação numa solução de OsO4 (Tetróxido de
ósmio anidro; Fisher, New York, EUA) a 1,0%, em solução de lavagem,
durante 1 hora, a 4°C. 4) Rápida lavagem, seguida de pós-fixação por 18
horas em solução de acetato de uranila (Reidel e Haen, Hannover,
Alemanha) 0,5%, dissolvido na mesma solução de lavagem. 5) Desidratação
em gradiente de etanol (50%, 70%, 90% e 100%) durante 1 hora. 6) Pré-
Casuística e Métodos 35
embebição processada em misturas de etanol e resina (1:1, 1:2 e 1:3)
durante 3 horas e embebição em resina pura durante 24 horas.
A resina utilizada para inclusão foi Araldite (Ladd Research Industries,
Inc., Burlington, Vermont, EUA). Os fragmentos de tecido incluídos foram
mantidos em estufa a 58°C durante 72 horas. Os blocos foram cortados em
um ultramicrótomo LKB (modelo 8800 ultratome III), com a obtenção de
cortes semifinos (1µm) que foram corados a quente (a aproximadamente
70°C) em solução de Azul de Toluidina (Carbonato de Sódio 1,25g, Azul de
Toluidina O (E.Merck, Alemanha) 0,50g e água destilada 50,00 ml).
Cortes ultrafinos, prateados, de aproximadamente 70 nm de
espessura, foram obtidos no mesmo ultramicrótomo e contrastados por
acetato de uranila a 2,0%, durante 30 minutos, e por citrato de chumbo a
0,5%, durante 10 minutos. O material foi estudado e micrografado em
microscópio eletrônico Jeol, operado a 80 KV, no Centro Multiusuário de
Microscopia Eletrônica do Laboratório de Biologia Celular do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (LIM 59).
RESULTADOS
Resultados 37
5 RESULTADOS
5.1 Distribuição das fibras dos sistemas colagênico e elástico
O material obtido por autópsia mostrou-se suficientemente íntegro
para permitir o estudo histológico da lâmina própria das pregas vocais em
todos os espécimes coletados.
Os achados foram os mesmos em todas as amostras,
independentemente da idade fetal ou do sexo. Em secções horizontais de
pregas vocais, observamos no nível glótico, com a coloração de HE, sua
extensão completa desde a cartilagem tireóidea até a inserção na cartilagem
aritenóidea. Observamos a estrutura em camadas classicamente descrita na
literatura, constituída por epitélio, lâmina própria e músculo vocal. Nos fetos,
a coloração pela HE revelou uma lâmina própria constituída por tecido
conjuntivo frouxo entre o processo vocal da cartilagem aritenóidea e a
cartilagem tireóidea, com a qual está conectada através do tendão da
comissura anterior. A presença das máculas flavas anterior e posterior,
classicamente descritas na literatura também foram confirmadas. Nos cortes
submetidos a esta coloração não foi possível distinguir nenhuma estrutura
com aspecto de ligamento ou compartimentalização em camadas na lâmina
própria (Figuras 2 e 3).
Os cortes histológicos de prega vocal fetal corados com Picrossírius e
observados com luz convencional permitiram evidenciar uma grande
quantidade de fibras de colágeno na lâmina própria. Quando estes cortes
foram estudados em microscopia de polarização, estas fibras mostraram-se
Resultados 38
como estruturas birrefringentes brilhando contra um fundo escuro com
distribuição heterogênea na lâmina própria: na região mais superficial da
lâmina própria e imediatamente superficial ao músculo observou-se maior
birrefringência (sugerindo áreas de maior concentração de fibras de
colágeno), enquanto que, na região central, observou-se uma fraca
birrefringência, sugerindo pequena concentração de estruturas colagênicas
(Figuras 4 a 5). Esta distribuição diferencial do colágeno permitiu
caracterizar uma compartimentalização da lâmina própria da prega vocal
fetal.
Quanto à inserção da prega vocal na cartilagem tireóidea, o método
da Picrossírius-polarização permitiu observar que as duas regiões ricas em
colágeno na lâmina própria são contínuas com tendão da comissura anterior
e separadas entre si pela ocorrência da mácula flava anterior (Figura 6).
Os cortes teciduais corados pelo método de resorcina-fucsina de
Weigert após oxidação permitiram observar a distribuição diferencial das
fibras do sistema elástico na lâmina própria da prega vocal. Na região central
intermacular, notou-se um acúmulo de fibras do sistema elástico
organizadas paralelamente ao maior eixo da prega vocal. Além disso,
observou-se a presença de uma lâmina de fibras elásticas, também
paralelas entre si região, imediatamente na zona sub-epitelial (Figuras 7, 8 e
9).
Assim como as fibras colagênicas, as fibras do sistema elástico
presentes na lâmina própria da prega vocal também se continuaram com as
estruturas localizadas anterior e posteriormente. Na região anterior, esta
Resultados 39
continuidade se deu em toda a região da mácula flava (Figura 10), com
inserção no tendão da comissura anterior, enquanto que na região posterior
as fibras se inseriram na cartilagem elástica do processo vocal (Figura 11).
Os achados da microscopia eletrônica confirmaram as observações
feitas na microscopia de luz. Na região superficial da lâmina própria, a
microscopia eletrônica revelou a presença de fibras de colágeno formadas
por fibrilas densamente empacotadas, entremeadas por alguns perfis de
fibras do sistema elástico (Figura 12). Na região central da lâmina própria, as
fibras do sistema elástico predominaram nas imagens, ao lado de finas fibras
de colágeno (Figura 13).
O estudo detalhado, ao nível ultra-estrutural, permitiu observar que os
três tipos de fibras do sistema elástico (elásticas propriamente ditas,
elaunínicas e oxitalânicas) estavam presentes na lâmina própria da prega
vocal fetal (Figuras 14 e 15).
5.2 Aspecto ondulado das fibras de colágeno
Em todos os espécimes estudados, o método da Picrossírius-
polarização mostrou grande quantidade de fibras de colágeno de aspecto
ondulado distribuídas pela lâmina própria da prega vocal (Figura 16). A
microscopia eletrônica confirmou estes achados, revelando a co-localização
das fibras colágenas onduladas e das fibras do sistema elástico (Figura 17).
Supõe-se que esta configuração permite o alongamento da fibra de colágeno
mesmo com pequenas forças de tensão até o ponto em que as ondulações
Resultados 40
desapareceriam. O retorno ao padrão ondulado inicial ocorreria pela ação
das fibras elásticas que se recolhem quando cessam as forças de tensão.
5.3 Interação entre as células e as fibras da matriz extracelular
As microfibrilas que compõem as fibras do sistema elástico
apareceram em muitas localizações interagindo com a superfície celular,
com as fibrilas de colágeno e com a lâmina basal do epitélio de revestimento
(Figuras 18, 19 e 20, respectivamente), reforçando a idéia de que funcionam
como fibras de ancoragem da matriz extracelular. Na região da lâmina basal
foi possível observar também a presença de fibrilas de colágeno tipo VII, que
ancoram proteínas da lâmina basal às finas fibrilas de colágeno subjacentes
(Figura 21).
Figura 2 – Corte histológico horizontal de prega vocal direita de feto de 8 meses,
corado com HE. A prega vocal pode ser visualizada em toda sua extensão ântero-
posterior, desde a cartilagem tireóidea (CT) até o processo vocal (PV) da cartilagem
aritenóidea (CA) e em toda sua extensão latero-medial, desde o músculo vocal (MV)
até o epitélio de revestimento (seta preta). Conectando a prega vocal à cartilagem
tireóidea, observa-se o tendão da comissura anterior (TCA).
A lâmina própria (LP) compreende a região de tecido conjuntivo localizada entre o
epitélio de revestimento e o músculo vocal. Através desta coloração este tecido
conjuntivo pode ser classificado pelos critérios da Histologia Clássica, como tecido
conjuntvo frouxo, que se caracteriza pela escassez de fibras da matriz extracelular e
maior densidade de células.
As máculas flavas aparecem como duas regiões de maior concentração celular nas
extremidades anterior (mácula flava anterior, MFA) e posterior (mácula flava posterior,
MFP) da prega vocal.
Figura 3 – A imagem corresponde a um aumento maior de um corte histológico
equivalente ao mostrado na Figura 2, evidenciando parte da mácula flava anterior
(MFA). As células das máculas mostram-se densamente agrupadas com núcleos
arrendondados, enquanto que o restante da lâmina própria as células estão
distribuídas esparsamente e apresentam núcleos fusiformes. A matriz extracelular da
lâmina própria, observada neste maior aumento, apresenta delgadas fibras esparsas
(evidentes na região marcada com asterisco). Estas fibras estão coradas em róseo
pela eosina e podem ser caracterizadas como fibras colágenas. Notar que não é
possível identificar nenhuma compartimentalização da lâmina própria que fosse
definida pela distribuição diferencial dos seus elementos.
3
MFA
*
*
2
MFA
MFP LP
CT
TCA
PV
CA
MV
Figura 4 – Corte histológico corado com Picrossírius, contracorado pela Hematoxilina,
e observado com luz convencional. Notar que este corte é adjacente àquele mostrado
na Figura 2. O Picrossírius cora o colágeno fibrilar em vermelho profundo, que aparece
destacado na lâmina própria. Comparar a melhor definição do colágeno com esta
técnica em relação à coloração pelo HE, mostrada na Figura 2. Deste modo, é
possível identificar na lâmina própria (LP) duas regiões com maior concentração de
fibras de colágeno: uma mais próxima ao epitélio de revestimento e outra adjacente ao
músculo vocal (MV). Estas regiões estão marcadas com asteriscos.
Figura 5 – Quando o mesmo corte corado pelo Picrossírius é observado em
microscopia de polarização, a birrefringência normal do colágeno aparece intensificada
e as estruturas que contém colágeno mostram-se como estruturas birrefringentes
brilhando contra um fundo escuro. O aumento de birrefingência nos cortes corados
pelo Picrossírius estudados sob luz polarizada se mostra específica para o colágeno.
Reparar que as mesmas regiões da lâmina própria, também apontadas com
asteriscos na Figura 4 como ricas em colágeno, mostram-se com intensa
birrefringência. Notar que estas faixas de fibras colagênicas se continuam, por um
lado, com o pericôndrio da cartilagem aritenóidea (CA) e, pelo outro lado, com o
tendão da comissura anterior (TCA). A região central da lâmina própria (assinalada
com uma barra) mostra apenas algumas fibras de colágeno fracamente
birrefringentes.
4
*
*
LP
MV
5
*
*
TCA
CA
200µm
Figura 6 –. Imagem mostrando do mesmo corte histológico mostrado na Figura 5, em
aumento maior. A região central da figura é ocupada pela mácula flava anterior (MFA).
Observar que as faixas de maior concentração de colágeno (asteriscos) contornam a
mácula flava anterior e se inserem no tendão da comissura anterior (TCA). Notar a
riqueza de fibras colágenas do tendão, que aparecem como uma compacta massa de
fibras colágenas grossas, orientadas paralelamente entre si, desde a mácula flava
anterior até o pericôndrio da cartilagem tireóidea (CT). A barra assinala a região do
ligamento vocal como definida na literatura; com esta técnica é possível evidenciar a
porção colagênica do ligamento vocal já desenvolvida na camada profunda da lâmina
própria.
Figura 7 – Corte histológico horizontal de prega vocal de 8 meses, corado com
Resorcina-fucsina com oxidação prévia. Com esta coloração é possível evidenciar
simultaneamente todos os tipos de fibras do sistema elástico. Notar que esta
micrografia corresponde a um maior aumento se comparado ao da Figura 6. Aqui vê-
se somente a região intermacular da prega vocal. A barra assinala a região do
ligamento vocal como definida na literatura; com esta técnica é possível evidenciar a
porção elástica do ligamento vocal já desenvolvida na camada intermediária da lâmina
própria, localizada entre os dois estratos ricos em colágeno (asteriscos, ver Figuras 5
e 6). Reparar que na região sub-epitelial é possível observar a presença de uma
delgada zona rica em fibras do sistema elástico (seta vermelha); MV: músculo vocal.
6
*
*
MFA
TCA
CT
7
MV
*
*
100µm
Figura 8 - Corte coronal de região intermacular de prega vocal esquerda de feto de 7
meses, corado com Resorcina-fucsna com oxidação prévia. A distribuição das fibras
do sistema elástico pode ser facilmente evidenciada nesta micorgrafia de maior
aumento. Uma vez que estas fibras se organizam paralelamente ao maior eixo da
prega vocal, é possível observá-las cortadas transversalmente nos cortes coronais.
A letra E marca o epitélio de revestimento. Reparar as fibras do sistema elástico
alinhadas na região sub-epitelial (seta vermelha). O restante da figura corresponde à
região da lâmina superficial da lâmina própria (asterisco), que possui esparsas fibras
do sistema elástico. Esta é uma região dominada por grande quantidade de fibras
colagênicas, como demonstrado nas Figuras 4, 5 e 6.
Figura 9 –Micrografia do mesmo corte da Figura anterior, obtida da região central da
lâmina própria. É possível observar uma grande quantidade de perfis transversais de
fibras do sistema elástico, que preenchem esta região pobre em fibras colagênicas,
como demostrado nas Figuras 4, 5 e 6.
8
E
*
9
Figura 10 - Micrografia de corte horizontal da prega vocal de feto de 9 meses de
idade, corado com Resorcina-fucsina, após oxidação. Notar que as fibras do sistema
elástico (seta) se dispõem ao longo do maior eixo da prega vocal e se continuam com
aquelas da mácula flava anterior (MFA). Esta região é especialmente rica em fibras do
sistema elástico. Notar que estas fibras são mais escassas no tendão da comissura
anterior (TCA).
Figura 11 – Micrografia obtida do mesmo corte histológico da figura anterior,
mostrando a região posterior da prega vocal. Notar na extremidade da cartilagem
aritenóidea a presença do processo vocal (PV), que se caracteriza pela grande
quantidade de fibras elásticas, correspondendo à descrição de cartilagem elástica pela
Histologia Clássica. Nesta localização, as fibras do sistema elástico se continuam com
àquelas presentes na mácula flava posterior (MFP), que por sua vez, se continuam
com as fibras presentes na região central da lâmina própria. Reparar que a mácula
flava posterior contém menor quantidade de fibras do sistema elástico que a mácula
flava anterior (ver figura 10).
10
MFA
TCA
11
MFP
PV
Figura 12 – Micrografia eletrônica da região superficial da lâmina própria de prega
vocal de feto de 9 meses. A Figura mostra parte do citoplasma de dois fibroblastos (F)
rodeados pela matriz extracelular. As fibras de colágeno (C) aparecem constituídas
por suas fibrilas (a maioria delas cortadas transversalmente). Reparar que as fibras do
sistema elástico (setas) mostram-se como delgadas fibras de perfil compacto
imiscuídas por entre as fibras de colágeno.
Figura 13 – Micrografia eletrônica de outro fragmento da mesma prega vocal
mostrada na figura anterior. Esta imagem é representativa do aspecto observado na
região central da lâmina própria de todos os espécimes estudados. Nesta região
também são encontrados fibrblastos (F) como o principal tipo celular presente. O
componente colágeno (C) aparece sob a forma de fibras formadas por fibrilas finas
dispostas em várias direções do espaço (aparecem em perfis longitudinais e
transversais). Observam-se grossas fibras do sistema elástico (E), cortadas
transversalmente, que pela compactação do seu cerne amorfo de elastina, podem ser
classificadas como fibras elásticas propriamente ditas (maduras).
F
F
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
E
E
E
E
E
E
12
13
F
F
F
F
F
F
1µm
Figura 14 – Micrografia eletrônica de grande aumento mostrando parte de um
fibroblasto (F) e componentes da matriz extracelular ao seu redor, principalmente
fibrilas de colágeno (C) e parte de uma fibra elástica propriamente dita (E). Essa
apresenta-se constituída por grande quantidade de material amorfa (elastina) e alguns
componentes microfibrilares ao seu redor. Notar a interação existente entre estas
microfibrilas da fibra elástica e a membrana celular (seta).
Figura 15 – Micrografia eletrônica de um fragmento de lâmina própria da prega vocal
fetal. A matriz extracelular presente entre as duas porções celulares (fibroblastos, F)
apresenta fibrilas de colágeno cortadas transversalmente (C) e diferentes perfis de
elementos do sistema elástico. Na periferia do fibroblasto da região superior esquerda
da figura aparecem fibras oxitalânicas (Ox), constituídas apenas por microfibrilas,
enquanto que na periferia do fibroblasto embaixo à direita, observa-se uma fibra
elaunínica (Eln), composta por microfibrilas e acúmulos esparsos de elastina amorfa.
14
15
C
C
E
E
Ox
Ox
C
C
Eln
Eln
F
F
F
F
F
F
Figura 16 – Corte histológico horizontal de prega vocal humana de feto de 8 meses,
corado com Picrossírius-hematoxilina, observado em luz convencional. As setas
apontam algumas das fibras de colágeno presentes na lâmina própria que exibem
perfil ondulado (crimp). Esta configuração é típica de estruturas como tendões e
ligamentos.
Figura 17 - Micrografia eletrônica de prega vocal de feto de 8 meses. Observar a
presença de uma fibra de colágeno com aspecto ondulado. Este padrão é facilmente
diagnosticado em microscopia eletrônica uma vez que uma mesma fibra apresenta
regiões em corte transversal (à direita da letra C) e outras em corte longitudinal (à
esquerda da letra C). Observar que a presença de uma fbra elástica propriamente dita
adjacente à fibra de colágeno e a um fibroblasto (F).
17
E
E
C
C
F
F
16
50µm
3 µm
Figura 18 – Micrografia eletrônica de gradíssimo aumento obtida de prega vocal de
feto de 9 meses, mostrando um prolongamento celular revestido externamente por
microfibrilas do sistema elástico (seta). Estas são inestensíveis e conferem resistência
mecânicas às estruturas nas quais se inserem.
Figura 19 – Micrografia eletrônica de grande aumento obtida de prega vocal de feto de
8 meses, mostrando um conjunto de fibras elaunínicas (Eln) e várias fibrilas de
colágeno cortadas transversalmente (C). No centro da figura é possível observar que
as microfibrilas de uma das fibras elaunínicas interagem diretamente com uma fibrila
de colágeno (que aparece cortada longitudinalmente, seta).
18
19
Eln
Eln
C
C
0.5 µm
Figura 20 - Micrografia eletrônica de prega vocal obtida de feto de 9 meses. Na
região superior da imagem é possível observar a partes da porção basal de duas
células do epitélio de revestimento (Epit.). Estas estão separadas do tecido conjuntivo
(TC) subjacente pela lâmina basal (setas curtas). Observar uma longa fibra
oxitalânica (setas), cortada longitudinalmente, que se insere na lâmina basal.
Figura 21 - Micrografia eletrônica de região superficial da prega vocal obtida de feto
de 9 meses. È possível observar a lâmina basal (setas curtas) que separa as células
do epitélio de revestimento (Epit.) do tecido conjuntivo subjacente (TC). Logo abaixo
da lâmina basal, notam-se fibrilas de ancoragem constituídas por colágeno tipo VII
(seta vermelha). Essas fibrilas promovem a interação biomecânica entre as fibrilas de
colágeno do conjuntivo (seta roxa) e a lâmina basal, especificamente nas regiões em
que aparecem os hemidesmossos na célula epitelial. Os hemidesmossos
correspondem a estruturas especializadas de adesão entre a célula epitelial e a lâmina
basal. Os hemidesmossos ancoram, do lado citoplasmático, os filamentos de
citoqueratina da célula epitelial (asteriscos), enquanto que, do lado da matriz
extracelular, interagem com as proteínas da lâmina basal, garantindo a continuidade
molecular entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo. Uma vez que as fibrilas de
colágeno VII (vistas nesta figura), juntamente com as fibras oxitalânicas (mostradas na
Figura anterior) se inserem diretamente na lâmina basal, sugere-se que estas
estruturas constituam a base morfofuncional sobre a qual se dá a transdução do sinal
biomecânico célula-matriz e vice-versa.
21
*
*
*
*
Epit
Epit
.
.
20
Epit
Epit
.
.
1 µm
0.5µm
TC
TC
TC
TC
DISCUSSÃO
Discussão 52
6 DISCUSSÃO
O principal objetivo deste estudo foi obter informações a respeito das
fibras do sistema elástico e colagênico (sob a luz dos conhecimentos atuais
sobre a matriz extracelular), na lâmina própria de pregas vocais fetais no
período perinatal.
Os resultados histoquímicos coincidem com as observações da
microscopia eletrônica, mostrando populações de colágeno segregadas em
diferentes compartimentos da lâmina própria. Assim, em sua região central,
as fibras de colágeno se mostraram finas, fracamente birrefringentes de
coloração esverdeada enquanto que as regiões superficiais e profundas
apresentaram fibras grossas de colágeno que mostraram uma forte
birrefringência de cor vermelho-amarelada, quando estudadas através do
método da Picrossírius-polarização. Estas características sugerem
fortemente que as fibras finas da região central são compostas
principalmente por colágeno tipo III, enquanto o colágeno tipo I predomina
nas regiões superficial e profunda, em concordância com as observações da
literatura relativa ao estudo da prega vocal de adultos (HAMMOND et al.,
2000; MELO et al., 2003).
Assim como o componente colagênico, as fibras do sistema elástico
mostraram uma distribuição diferencial ao longo da lâmina própria. Em certo
sentido, esta distribuição foi complementar àquela das fibras de colágeno: a
região central, na qual fibras colagênicas eram escassas e finas, apresentou
Discussão 53
maior densidade de fibras do sistema elástico, em comparação às regiões
superficial e profunda.
É difícil determinar as contribuições individuais dos componentes
biológicos às propriedades biomecânicas. Como os tecidos conjuntivos
apresentam predominantemente uma função mecânica, é importante se
compreender como os constituintes químicos (colágeno,
glicosaminoglicanos, fibras elásticas, minerais e água) fornecem ao tecido
seus atributos mecânicos. No entanto, estas características variam entre os
diferentes tipos de tecidos conjuntivos. Por exemplo, os tendões possuem
um conteúdo maior de colágeno, fibrilas orientadas e menor quantidade de
glicosaminoglicanos; outros tecidos especializados, tais como o ligamento
nucal, são ricos em fibras elásticas e suas propriedades mecânicas são
intensamente influenciadas por este componente (PARRY e CRAIG, 1988).
Em termos de sua função mecânica, os tecidos conjuntivos devem
apresentar combinações apropriadas de dois atributos básicos – a
habilidade de resistir a grandes forças tênseis ou compressivas e a
habilidade de recuperar sua forma e posição quando as forças cessam.
A acústica da fonação depende criticamente da biomecânica da
vibração das pregas vocais, a qual é ditada pela interação das forças
glóticas aerodinâmicas com as propriedades biomecânicas dos tecidos
constituintes da prega vocal. A morfologia e a razão entre fibras elásticas e
colágeno são consideradas como os principais fatores que determinam as
propriedades físicas de cada camada da prega vocal.
Discussão 54
Neste sentido, as fibras elásticas longitudinais permitem uma rápida
restauração da prega vocal para a posição original após seu estiramento
longitudinal pela contração do músculo cricotireóideo. Assim sendo, as fibras
elásticas desempenhariam um papel importante no mecanismo fonatório por
restaurar rapidamente o tom natural da prega vocal.
É interessante observar que o presente estudo mostrou que as
inserções da prega vocal nas extremidades anterior e posterior são
diferentes entre si: enquanto que, na extremidade anterior, o tendão da
comissura é rico em fibras colágenas e possui poucos elementos do sistema
elástico, o processo vocal da extremidade posterior é uma região que, por
sua natureza simultaneamente cartilaginosa e elástica, não apresenta fibras
de colágeno (apenas fibrilas), sendo porém, rica em elementos elásticos.
Certamente, estas características teciduais conferem propriedades
biomecânicas diferentes às duas extremidades da prega vocal. Uma vez que
a região posterior apresenta maior mobilidade promovendo a adução
durante a fonação e a abdução para permitir a respiração é de se esperar
que a estrutura apresente uma grande capacidade de retornar à sua posição
original, de maneira rápida e eficiente.
As fibras colagênicas da lâmina própria sofrem estiramento a cada
alongamento da prega vocal; a grande concentração de fibras elásticas na
inserção posterior da prega vocal permitiria que esta região de intensa
movimentação recuperasse rapidamente sua forma e posição, de modo a
proporcionar a capacidade de adaptação necessária para que a regulação
Discussão 55
fina da contração da musculatura intrínseca da laringe seja traduzida de
maneira extremamente rápida e eficaz em variações da qualidade vocal.
Os cortes horizontais corados com Picrossírius mostram que as fibras
colagênicas apresentaram um padrão morfológico ondulado (crimp). Que
seja do nosso conhecimento, esta observação é inédita na prega vocal, tanto
para jovens como para adultos. De modo geral, as fibras colágenas de
tendões e ligamentos apresentam crimps quando estão no estado relaxado;
estes crimps desaparecem quando o tecido é estirado. Este fato demonstra
a importância da existência dos crimps como um mecanismo de
complacência através do qual a pequena variação do comprimento
resultante do alongamento das regiões de colágeno “crimpado” previne o
dano à estrutura como um todo durante o estágio inicial de uma contração
muscular vigorosa (CALDINI et al., 1990; FEITOSA et al., 2002).
Segundo estudos biomecânicos, a presença de crimps das fibras
colagênicas permite que ocorra seu estiramento mesmo com pequena força
aplicada até o ponto em que os crimps se alongam. A partir deste ponto, a
quantidade de força necessária para se conseguir um mesmo grau de
estiramento torna-se comparativamente muito maior. Esta organização
estrutural do colágeno é característica de ligamentos, tendões e de tecidos
localizados em regiões submetidas a forças tênseis no organismo (SHAH et
al., 1977), atuando de modo a manter a integridade estrutural, capacidade
de alongamento e elasticidade dos tecidos.
Estes conceitos podem ser aplicados à prega vocal, uma vez que esta
é submetida a forças constantes, de diferentes tipos, intensidades e
Discussão 56
velocidades conforme a atividade da musculatura intrínseca da laringe.
Nossos achados demonstraram que, desde a idade fetal, a prega vocal
humana apresenta uma estrutura preparada a submeter-se a forças de
tensão. A presença de fibras elásticas dispostas paralelamente às fibras
colagênicas com crimp levam à suposição que estas podem ser
responsáveis pelo retorno do colágeno à sua configuração original após a
retirada da força de alongamento, o que em última instância promoveria o
retorno à configuração original da estrutura como um todo (CALDINI et al.,
1990).
A melhor compreensão das contribuições biomecânicas das
diferentes proteínas fibrilares presentes nas pregas vocais poderia facilitar a
bioengenharia de construção de tecidos e materiais implantáveis para o
tratamento de distúrbios vocais. Assim, é interessante que se conheça a sua
organização ao nascimento, além das modificações sofridas ao longo da
vida.
Nossos achados indicaram que, já em fetos de sete meses de idade,
a lâmina própria da prega vocal humana apresenta uma complexa
organização estrutural de suas fibras, muito semelhante àquela encontrada
no adulto. Em contraste com a descrição clássica na literatura para pregas
vocais de fetos e neonatos, encontramos uma organização estrutural na
região central da lâmina própria que pode ser considerada semelhante
àquela do ligamento vocal descrito em adultos.
Ainda que CAMPOS BAÑALES et al. (1995) tenham considerado que
o ligamento vocal do adulto corresponde somente à faixa de tecido
Discussão 57
conjuntivo rico em fibras elásticas, a maioria dos autores considera que o
ligamento vocal é constituído pelas camadas intermediária e profunda da
lâmina própria (SATO e HIRANO, 1995; HIRANO et al., 1999; GRAY, 2000).
Assim sendo, a descrição clássica consagrada preconiza que o ligamento
vocal é composto por fibras colágenas densamente empacotadas e por
fibras elásticas. Estas fibras estão alinhadas paralelamente e cursam na
direção ântero-posterior entre a cartilagem tireóidea e o processo vocal da
cartilagem aritenóidea.
O fato de que nossos resultados mostraram a presença de grande
quantidade de fibras do sistema elástico na camada central da lâmina
própria e grande quantidade de fibras colágenas na região profunda da
lâmina própria permite afirmar que o ligamento vocal já está presente ao
nascimento com a mesma organização estrutural do adulto.
Do ponto de vista clínico, mesmo nos dias atuais, os critérios de
indicação e princípios da fonomicrocirurgia em idade infantil não estão bem
estabelecidos. Alguns autores indicam que deve-se evitar ao máximo a
manipulação cirúrgica das pregas vocais infantis pelo fato do ligamento vocal
não estar completamente formado; outros sugerem que as lesões devem ser
removidas para que o seu desenvolvimento histológico não seja
comprometido. Além disso, atualmente os estudos indicam que não é só a
manipulação do ligamento um fator crucial no sucesso de uma
fonomicrocirugia. A presença dos proteoglicanos e os componentes da zona
da membrana basal são fatores que devem ser levados em consideração,
portanto futuros estudos complementares sobre a estrutura das pregas
Discussão 58
vocais infantis seriam necessários. Uma vez que nossos resultados
mostraram a semelhança estrutural da prega vocal fetal com àquela do
adulto, acreditamos que a indicação e a realização de fonomicrocirurgia em
crianças devam seguir os mesmos fundamentos daqueles dos adultos.
O fato de que, somente este nosso trabalho tenha observado a
distribuição diferencial dos elementos fibrosos na matriz extracelular da
lâmina própria da prega vocal fetal pode ser atribuído a algumas razões: (1)
é necessário estudar esta distribuição utilizando cortes horizontais de prega
vocal, como aqueles deste trabalho, de forma a evidenciar, em um único
preparado histológico, toda sua extensão ântero-posterior; (2) é necessário
aplicar os diferentes métodos histoquímicos específicos para identificação
das fibras da matriz extracelular em cortes histológicos seriados, para que a
comparação dos resultados fornecidos por cada um dos métodos possa ser
feita de maneira fidedigna.
Pela técnica de hematoxilina-eosina, tanto as fibras do sistema
elástico quanto as finas fibras de colágeno não são identificados, como
pudemos comprovar em nossos achados. Para identificação das fibras do
sistema elástico foram utilizados, até o momento, técnicas de coloração que,
embora consagradas para rotina histopatológica (como a hematoxilina férrica
de Verhoeff, a orceína e a aldeído-fucsina) apresentam uma sensibilidade
inferior ao método da resorcina-fucsina aplicado após oxidação do corte
histológico. O método de Verhoeff demonstra seletivamente as fibras
elásticas totalmente maduras, porém as fibras elaunínicas e oxitalânicas não
são coradas. Por outro lado, o método de resorcina-fucsina de Weigert é
Discussão 59
mais sensível e assim, também cora fibras elaunínicas. Fibras oxitalânicas
permanecem indetectáveis a menos que sejam antes oxidadas (MONTES,
1996).
Enquanto nas secções coradas pelo Picrossírius o colágeno adquire
uniformemente a cor vermelho profundo (tornando possível definir
precisamente sua distribuição), em secções coradas pela técnica
rotineiramente usada do Tricrômio de Mallory, Masson e van Gieson, o
colágeno é corado irregularmente, com coloração de algumas fibras e de
outras não, o que dificulta a demonstração, de forma inequívoca, de sua
presença (JUNQUEIRA e MONTES, 1983).
De modo a contornar estas dificuldades, utilizamos neste estudo
métodos histoquímicos que permitiram a identificação dos três tipos de fibras
do sistema elástico e do colágeno fibrilar. Além disso, realizamos
observações ultra-estruturais em microscópio eletrônico de transmissão, que
permitem o diagnóstico inequívoco dos diferentes tipos de fibras da matriz
extracelular, além de evidenciar a interação dos diversos componentes entre
si e com as células.
A grande quantidade de tempo despendida na observação das
lâminas histológicas e na caracterização de diferentes compartimentos da
lâmina própria nos levou a uma visão crítica das descrições morfológicas
encontradas na literatura. Um dos pontos que merece atenção é a clássica
divisão da lâmina própria em três camadas (superficial, intermediária e
profunda). Embora a camada superficial de fibras colágenas seja bem
definida já no feto de sete meses, não foi possível a distinção do limite entre
Discussão 60
a camada profunda da lâmina própria e o epimísio do músculo vocal. Neste
ponto nossas observações concordaram com HAMMOND et al. (2000),
estudando a prega vocal adulta. Com base nestas observações, pode-se
sugerir que, talvez, a camada profunda da lâmina própria corresponda
simplesmente ao epimísio do músculo vocal. Esta proposta ganha
consistência quando se observa que as fibras da matriz extracelular desta
camada profunda penetram no músculo vocal, separando os fascículos
musculares, como é classicamente descrito para as bainhas conjuntivas
(epimísio, perimísio e endomísio) que revestem qualquer tecido muscular.
Estas ponderações nos levam a acreditar que as análises quantitativas da
distribuição dos elementos da matriz extracelular nas diferentes camadas da
lâmina própria devam ser interpretadas com cautela.
O conceito corrente de que os estímulos externos, como a fonação,
são essenciais para a determinação da estrutura em camadas da lâmina
própria, faz com que nossos resultados sejam surpreendentes ao evidenciar
a presença de uma distribuição complexa e organizada dos componentes do
tecido conjuntivo na lâmina própria de pregas vocais de fetos no período
perinatal. A idéia de que a contribuição genética poderia desempenhar um
papel importante na organização destas camadas, independentemente do
estímulo mecânico, poderia explicar melhor a presença das estruturas
observadas já ao nascimento, uma vez que o mecanismo genético pode agir
antes de qualquer estímulo mecânico externo, como a fonação.
O padrão de distribuição diferencial das fibras dos sistemas
colagênico e elástico sugere fortemente que o colágeno em co-evolução
Discussão 61
com o sistema elástico (e provavelmente com outras macromoléculas da
matriz extracelular) têm contribuído amplamente para acomodar a
diversidade funcional (MONTES, 1996). De fato, na prega vocal ainda no
período perinatal, foi possível detectar os três tipos de fibras do sistema
elástico. A diferença na qualidade da elasticidade apresentada por estas
fibras, desde as oxitalânicas (inelásticas) até as fibras elásticas com muita
elastina, confere uma característica multi-facetada ao sistema.
A matriz extracelular da prega vocal fetal apresenta exuberantes
elementos ancoragem: as fibrilas de colágeno VII estavam presentes em
grande quantidade na região da lâmina basal e as microfibrilas das fibras
oxitalânicas apareceram ancoradas na lâmina basal do epitélio, na superfície
celular, nas fibrilas de colágeno e em outras estruturas da matriz.
A interação dos elementos da matriz entre si e com as células faz
com que a estrutura se comporte funcionalmente como um todo e
corresponde à base morfológica do fenômeno de transdução dos estímulos
mecânicos da matriz para as células. A comunicação dinâmica entre as
células e os componentes da matriz influencia processos celulares como
migração, proliferação e sobrevivência, regula os processos de diferenciação
e reparo tecidual, além de modular a resposta celular a fatores de
crescimento e citocinas (FUJA et al., 2006).
O conhecimento sobre a interação entre as células da prega vocal e a
matriz extracelular circundante poderá contribuir muito na compreensão do
desenvolvimento normal da laringe, de suas patologias e no
desenvolvimento de futuras estratégias terapêuticas.
CONCLUSÕES
Conclusões 63
7 CONCLUSÕES
Em contraste com a descrição clássica na literatura para pregas
vocais de fetos e neonatos, nossos resultados histoquímicos coincidentes
com as observações da microscopia eletrônica evidenciaram a presença de
um padrão de distribuição diferencial das fibras da matriz extracelular na
prega vocal humana fetal. Este padrão mostrou-se equivalente à descrição
da lâmina própria da prega vocal de adultos. Adicionalmente, a observação
da presença de grande quantidade de fibras do sistema elástico na camada
central da lâmina própria e grande quantidade de fibras colágenas na região
profunda da lâmina própria permite afirmar que o ligamento vocal já está
presente ao nascimento com a mesma organização estrutural do adulto.
REFERÊNCIAS
Referências 65
8 REFERÊNCIAS
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