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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
Programa Integrado de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
Programa de Pós-graduação em Ciências de Florestas Tropicais
CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO E USO
DO SOLO DA RESERVA EXTRATIVISTA DO BAIXO JURUÁ,
AMAZONAS.
RAPHAEL LEDUC DO ESPIRITO SANTO
Manaus, Amazonas
Junho, 2007
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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
Programa Integrado de Pós-graduação em Biologia Tropical e Recursos Naturais
Programa de Pós-graduação em Ciências de Florestas Tropicais
CARACTERIZAÇÃO E MAPEAMENTO DA VEGETAÇÃO E USO DO
SOLO DA RESERVA EXTRATIVISTA DO BAIXO JURUÁ,
AMAZONAS.
RAPHAEL LEDUC
ORIENTADOR: DR. JOAQUIM DOS SANTOS
CO-ORIENTADOR: DR. PAULO MAURÍCIO LIMA DE ALENCASTRO GRAÇA
Dissertação apresentada como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em CIÊNCIAS DE FLORESTAS
TROPICAIS, área de concentração em
Manejo Florestal.
Manaus, Amazonas
Junho, 2007
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ii
E77 Leduc, Raphael
Caracterização e mapeamento da vegetação e uso do solo da Reserva
Extrativista do Baixo Juruá, Amazonas/ Raphael Leduc do Espirito Santo.
--- Manaus : [s.n.], 2007.
Xi, 96f. : il.
Dissertação (mestrado)—INPA/UFAM, Manaus, 2007
Orientador: Santos, Joaquim dos
Co-orientador: Graça, Paulo Maurício Lima de Alencastro
Área de concentração: Manejo Florestal
1. Sensoriamento remoto 2. Uso do solo 3. Manejo Florestal
4. Reserva Extrativista do Baixo Juruá. I. Título.
CDD 19.ed. 634.928
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a todas as pessoas que diretamente ou indiretamente contribuíram com
a realização deste trabalho.
Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação do INPA e ao CNPQ pelo auxílio
financeiro através da concessão da bolsa de mestrado.
Aos meus orientadores, Dr. Joaquim dos Santos e Dr. Paulo Maurício Graça pela amizade,
atenção e ensinamentos.
Aos bravos amigos de trabalho de campo: Wanderley, Raycleuton, Valdo e Vando, sempre
dispostos a embrenhar-se mata adentro. Selva!
Ao Laboratório de Manejo Florestal do INPA, aos amigos Adriano e Vilany e ao Dr. Niro
Higuchi.
Ao Dr. Moacir Campos (INPA/ SIPAM) pelo grande apoio dado no início dos trabalhos.
Ao IBAMA-Tefé e ao Projeto ARPA, em especial a Dra. Maria Goretti pelo apoio logístico e
financeiro do levantamento de campo.
À ASTRUJ (Associação dos Trabalhadores Rurais do Baixo Juruá), em especial ao amigo
Sr. Joãozinho e sua família sempre prestativa e eficiente.
Aos comunitários da Resex pela hospitalidade e amizade. Ao povo do Juruá, pessoas como
Sr. Raimundo, Sr. Chicó, Dona Cota e muitos outros, os verdadeiros guardiões da floresta.
Agradeço a todos os amigos, em especial aos Galerosos CFT/2005. À Paty e ao Kinkas pela
amizade de longa data e pelo gancho de rede disponibilizado logo quando cheguei à
Manaus. À Juliana, minha querida princesa do Solimões, pelo entusiasmo e sorriso
cativante, companheira pra toda hora. Ao Rod e seus conselhos madrugada adentro, a doce
Clarinha. Ao Seu Emílio que manteve o mesmo preço do aluguel nesses 2 anos, à Gale, à
Morla, enfim, minha família amazonense. Aos colegas da turma de 2004, ao amigo Ralph
pelas informações geograficamente indispensáveis. Muito obrigado!
Ao Departamento de Engenharia Florestal da UFPR, professores, amigos e pessoal do
xerox, à toda turma de 1999, a rapaziada do rock.
Agradeço ao apoio e carinho “à distânciada minha família curitibana: Aos meus pais pela
educação e por terem sempre acreditado no meu esforço. À Cã, à Tita, e em especial à
querida Lorena. Aos queridos avós, bisavós, tios, primos, cunhados, chegados, anexados
em geral, enfim, minha família!
Finalmente, aos que contribuíram nesta dissertação de maneira direta e indiretamente, mas
que foram omitidos neste momento.
iv
RESUMO
As Reservas Extrativistas tem sido uma vitrina do movimento mundial pela devolução
do controle de terra de áreas de florestas tropicais às comunidades tradicionais. A
justificativa deste movimento é que a devolução de terras de florestas tropicais aumentaria
as chances de promoção do desenvolvimento sustentável. No planejamento do uso do solo,
os diversos atributos da terra devem ser analisados e avaliados com vistas a um uso ótimo e
sustentável. A aliança entre técnicas do sensoriamento remoto e indicadores biofísicos pode
ser valiosa para estudos de diagnose e monitoramento, como uma ferramenta para
preencher o abismo entre os estudos locais/ intensivos e aqueles globais/ amplos,
respondendo às necessidades dos tomadores de decisão e gestores. Desta forma, o
presente trabalho teve como finalidade mapear e caracterizar a vegetação e o uso do solo
da Reserva Extrativista do Baixo Juruá, no Estado do Amazonas, utilizando técnicas de
sensoriamento remoto e dados de coleta de campo. Os dados utilizados foram imagens do
satélite Landsat TM, do radar SRTM e dados de inventário florestal. As imagens de satélite e
radar foram pré-processadas e ajustadas. Das imagens de satélite foram derivadas imagens
fração solo, sombra e vegetação por meio da técnica de modelo linear de mistura espectral.
Da imagem de radar foram gerados mapas altimétricos e de declividade. As imagens fração,
os mapas e 6 bandas do sensor TM serviram de dados de entrada em uma classificação por
árvore de decisão, sendo gerado um mapa final de cobertura e uso do solo da RESEX do
Baixo Juruá. Foram obtidas 9 classes de cobertura e uso do solo. As variáveis mais
utilizadas na distinção das classes foram as imagens fração. O SRTM foi fundamental na
separação das florestas de Terra-firme e alagadas. O índice de exatidão global da
classificação foi 93,4%, e a estatística Kappa foi de 0,92. Nesta avaliação foi detectada uma
grande área de floresta derrubada por distúrbio natural (Blowdown) de aproximadamente
400 ha, próximo da cidade de Juruá. Na imagem fração sombra foram detectadas manchas
de floresta com valores de fração sombra diferenciados do restante da área. Em campo foi
verificado que essas manchas correspondem a adensamentos populacionais mono
específicos pertencentes ao gênero Discocarpus sp.
v
ABSTRACT
The Extractivist Reserves have been a show window for the world-wide movement for
the devolution of the land control of areas of tropical forests for the traditional communities.
The justification of this movement is that the land devolution of tropical forests would
increase the possibilities of promotion of the sustainable development. The alliance enters
the techniques of the remote sensing and the biophysical pointers can be valuable for
studies of diagnose and monitoring, as a tool that fills the abyss between global and the local
studies, answering to the necessities of the borrowers of decision and managers. The
present work intends to consider a characterization of the natural resources of the Extractivist
Reserve of the Baixo Juruá using techniques of remote sensing and data of collection of field
and Forest Inventory, discriminating the different landscapes of the RESEX and quantifying
its lumber potential. The data used in this work had been images of satellite (Landsat 5TM),
radar (SRTM) and data of carried through forest inventories for the implantation of the Plan of
Handling of the RESEX of the Baixo Juruá. The images of satellite and radar were pre-
processed and had been adjusted. From the satellite images, had been derived fraction
images of soil, shade and vegetation using the technique of linear model of spectral mixture.
Of the radar image hypsometric and declivity maps had been generated. The fraction
images, the maps and the 7 bands of the satellite had served of input data in a classification
for decision tree, to generate the map of covering of the ground of the Rexes of the Baixo-
Juruá. 9 classrooms of vegetal covering and use of the ground had been gotten. The most
used variable in the distinction of the classrooms had been the fraction images. The SRTM
was basic in the separation of the flooded forests of the terra-firme. The global accuracy of
the classification was 93,4%, and the Kappa statistics it was of 0,92. In this evaluation a
great area of forest knocked down for natural riot (Blowdown) of 400 ha was detected,
approximately next to the city of Juruá. In the fraction image of shade spots of forest with
different values of shade fraction had been detected. In field it was verified that these spots
correspond to monospecific population pertaining to the genera Discocarpus sp.
vi
LISTA DE TABELAS
Tab.1- Faixas Espectrais de cada Banda do Sensor TM do LANDSAT 5................ 19
Tab.2- Características da imagem LANDSAT-TM utilizada...................................... 31
Tab.3- Características da imagem SRTM utilizada. ................................................. 32
Tab.4- Valores de radiância Lmax e Lmin (W / m
2
.sr. µm) e irradiância solar (E
solar
)
(W / m
2
.µm) utilizados na conversão de número digital para reflectância aparente. 35
Tab.5- Variável e o seu respectivo arquivo associado, utilizada pelo classificador.. 50
Tab.6- Relação de atributos e a quantidade de vezes que eles foram utilizados pelo
algorítmo. (*Atributos não utilizados)........................................................................ 50
Tab.7- Índices de Jeffries-Matusita e Transformada de divergência Os números em
vermelho mostram os valores abaixo de 1,9 e os números acima deste valor estão
em verde................................................................................................................... 51
Tab.8- Panorama comparativo dos valores médios das proporções dos componentes
extraídos de 20 amostras de 4 x 4 pixels ................................................................. 53
Tab.9- Matriz de confusão; TF=Terra Firme; FS=Floresta secundária; A/solo=
Bancos de areia e solo exposto; Desm=Desmatamento recente/roça nova;
F.A.A=Floresta Alagável alta; Agrop=Agropastoril; F.A.B=Floresta Alagada baixa;
F.I=Floresta de Igapó. .............................................................................................. 61
Tab.10- Quantificação da cobertura da terra separada em classes, obtidas pelo
classificador por árvore de decisão .......................................................................... 62
Tab.11- Valores médios por hectare dos parâmetros biométricos nos transectos... 72
vii
LISTA DE FIGURAS
Fig.1- Mapa de vegetação com a classificação feita pelo Projeto RADAMBRASIL. 14
Fig.2- Curva espectral representando a reflectância típica de uma folha verde e
sadia. FONTE: adaptada de Hoffer (1978, p.232).................................................... 17
Fig.3- Área de cobertura do sobrevôo da SRTM...................................................... 26
Fig.4- Exemplo da entrada de dados do classificador por Árvore de decisão.......... 27
Fig.5- Localização da área de estudo. Reserva Extrativista do Baixo Juruá/AM. .... 29
Fig.6- Na figura da esquerda: Vista aérea da sede do município de Juruá/AM. Na
figura da direita: Pastagem na área rural da cidade................................................. 30
Fig.7- Espaço bidimensional compreendendo as Bandas 3 e 4 do sensor
TM5Landsat. O triângulo vermelho corresponde a área da distribuição de pontos e
os retângulos brancos indicam a provável localização dos pixels puros.................. 36
Fig.8- Fluxograma da metodologia aplicada na classificação temática.................... 39
Fig.9- Esquema da instalação no campo de um transecto composto de 6 sub-
unidades................................................................................................................... 40
Fig.10- Modelo de unidade amostral composta por 4 sub-amostras. Higuchi et al
(1982)....................................................................................................................... 40
Fig.11- Curva espectral dos alvos: vegetação (a), solo (b) e água (c), em reflectância
aparente (sem correção) e reflectância de superfície (após correção). Os valores
para as bandas 5 e 7 estão em reflectância aparente.............................................. 43
Fig.12- Curvas espectrais dos alvos puros selecionados para a determinação do
modelo linear de mistura espectral........................................................................... 44
Fig.13- (A) Composição colorida TM/Landsat 5 (R5G4B3) da região de Juruá/AM;
(B) Imagem fração solo; (C) Imagem fração sombra; e (D) Imagem fração vegetação.
................................................................................................................................. 45
Fig.14- Imagem SRTM da região do Baixo Juruá /AM, na resolução 30 metros...... 46
Fig.15- Perfil esquemático da divisão em sub-classes das Florestas Alagáveis,
adaptado de Wittmann et al. (2002).......................................................................... 47
Fig.16- Fotografia aérea da região da Floresta Alagada Baixa de Igapó, em
10/10/2007. Em “A” e “B” as setas pretas indicam a linha limítrofe entre áreas
alagáveis e não alagáveis. ....................................................................................... 48
Fig.17- Árvore de Decisão. Retângulos em cinza (nó de decisão) apresentam as
expressões utilizadas pelo algoritmo. Os retângulos coloridos representam os nós da
classificação final...................................................................................................... 49
Fig.18- Área de uso do solo na Comunidade do Botafogo, Juruá/AM. Em (A)
Composição colorida TM/Landsat 5 (R5G4B3). Setas brancas indicam novas áreas
agrícolas; (B) Imagem fração solo; (C) Imagem fração sombra, setas vermelhas
indicando áreas sem floresta e círculo vermelho indicando floresta intacta, e (D)
Imagem Fração Vegetação, círculos vermelhos indicam florestas secundárias....... 52
Fig.19- (a) Regeneração densa de Cecrópia, (b) área em regeneração pós-roçado,
juntamente com plantios de andiroba (agrofloresta)................................................. 54
Fig.20- Área abandonada pós-roça.......................................................................... 54
Fig.21- Em (A) plantio de Andiroba consorciado com outras frutíferas em meio a
floresta secundária formada após abandono do roçado, e (B) características
espectrais das classes em uma composição RGB543 Landsat/TM......................... 55
Fig.22- Comunidade de Arati. Em (A) composição RGB543; (B) Imagem fração solo
e (C) Fração Vegetação. Em (A), (B) e (C) elipse vermelha indica a Floresta de
Terra-Firme, setas brancas e azuis indicam áreas de menor cobertura vegetal
(Desmate recente) e setas vermelhas indicam pasto. Em (C), seta amarela indica
área de transição entre Pasto e Desmate recente. .................................................. 56
viii
Fig.23- (A), composição RGB543. Setas brancas indicam áreas de roçados antigos;
em (B), setas branca indicam áreas de roçado antigo gerado pela classificação por
árvore de Decisão; (C), roçado antigo com aproximadamente 1 ano e meio, e “D”
pasto sujo aparentando bastante semelhança com as áreas roçado antigo............ 57
Fig.24- Diagrama ternário das proporções de cada componente puro utilizado no
MLME....................................................................................................................... 58
Fig.25- Em “A”, grande quantidade de vegetação morta, queimada e com algumas
espécies arbóreas permanecendo em pé. Em “B”, fotografia aérea de 10/10/2007
mostrando o padrão de desflorestamento em comunidades tradicionais da Resex do
Baixo Juruá............................................................................................................... 59
Fig.26- (A) e (B) Imagem aérea da floresta de igapó no período de seca
(10/10/2007). Setas pretas indicam a baixa densidade da cobertura vegetal e o solo
exposto logo abaixo do dossel. (C) Floresta de Igapó em destaque na composição
RGB543, (D) Imagem fração vegetação e (E) Imagem fração solo. ........................ 60
Fig.27- Cobertura do solo na RESEX do Baixo Juruá.............................................. 62
Fig.28- Mapa final da classificação. Reserva Extrativista do Baixo Juruá (AM)....... 63
Fig.29- Modelo da “casa nova” viabilizada pelo Incra e Ibama por meio de crédito
habitação. Com. Igarapé do Branco......................................................................... 65
Fig.30- Características das 3 principais classe de uso do solo nas comunidades da
Resex ....................................................................................................................... 66
Fig.31- Área total em hectares das modalidades de uso do solo por comunidade. . 67
Fig.32- Comunidade do Botafogo. (a) Área de influência da comunidade (1.400ha) e
(b) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência ................. 68
Fig.33- Comunidade de Antonina. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe
dentro da área de influência..................................................................................... 69
Fig.34- Comunidade Vai-Quem-Quer. (a) Área de influência da comunidade
(1.400ha) e (b) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
................................................................................................................................. 69
Fig.35- Comunidade Morada Nova. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe
dentro da área de influência..................................................................................... 69
Fig.36- Comunidade de Arati. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe
dentro da área de influência..................................................................................... 70
Fig.37- Comunidade Forte das Graças I e II. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b)
Área de influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada
classe dentro da área de influência.......................................................................... 70
Fig.38- Comunidade de São Francisco e 8 Voltas. (a) Fotografia aérea (10/10/2007),
(b) Área de influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por
cada classe dentro da área de influência ................................................................. 70
Fig.39- Comunidade do Escondido. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe
dentro da área de influência..................................................................................... 71
Fig.40- Comunidade do Cumarú. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe
dentro da área de influência..................................................................................... 71
Fig.41- Comunidade do Igarapé do Branco. (a) Área de influência da comunidade
(1.400ha) e (b) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
................................................................................................................................. 71
ix
Fig.42- Distribuição dos transectos ao longo a RESEX. .......................................... 72
Fig.43- Valores médios por hectare dos parâmetros biométricos por comunidade.. 73
Fig.44- Proposta de localização da Unidade de Manejo Florestal na Comunidade
Vai-Quem-Quer. (a) Classificação por árvore de decisão, (b) Mapa de declividade
(SRTM) e (c) cruzamento dos dois planos de informações anteriores (a+b)............ 74
Fig.45- Proposta de localização da Unidade de Manejo Florestal na Comunidade
Cumarú. (a) Classificação por árvore de decisão, (b) Mapa de declividade (SRTM) e
(c) cruzamento dos dois planos de informações anteriores (a+b)............................ 74
Fig.46- Área localizada na zona rural da cidade de Juruá/AM detectada na cena
Landsat/TM 01/62 de 04/09/2005............................................................................. 75
Fig.47- Recorte da cena 01/62 do Landsat/TM de 25/11/2000 indicando, na elipse
em branco, a área afetada por distúbio natural blowdown. Para efeito de
comparação, a seta preta indica a pista do aeroporto de Juruá/AM......................... 77
Fig.48- As setas brancas indicam uma possível trajetória seguida por estes micro-
ventos rotatórios e mostram, no final destas trajetórias, as porções mais distantes do
centro de impacto..................................................................................................... 77
Fig.49- Seqüência de recortes das cenas Landsat/TM5 na composição RGB543. A
seqüência nos mostra a área afetada por distúrbio natural, o provável período do
acontecimento e a conseqüente recuperação da floresta. ....................................... 78
Fig.50- Composição colorida RGB543, Landsat/TM da área onde se detectou uma
das “manchas”. Pontos brancos mostram os pontos de GPS coletados.................. 79
Fig.51- Curvas espectrais da Floresta primária de Terra Firme e Floresta Mancha. 80
Fig.52- Imagens fração solo(a) e sombra(b) mostrando a variação dos níveis de
cinza na área de estudo. .......................................................................................... 81
Fig.53- Proporção das componentes nas 3 frações para a Floresta “Mancha” e
Floresta primária....................................................................................................... 81
Fig.54- Características da floresta mancha, em (a) dossel baixo e dominado por
apenas uma espécie, em (b) espécie com raízes características de áreas alagáveis e
(c) serapilheira.......................................................................................................... 82
Fig.55- Vista aérea da Floresta Mancha. Elipse vermelha indicando agrupamentos
monoespecíficos de Discocarpus sp. ....................................................................... 83
x
SUMÁRIO
1. Introdução............................................................................................................... 1
2. Objetivos:................................................................................................................ 5
2.1 Geral:.................................................................................................................... 5
2.2. Específicos: ......................................................................................................... 5
3. Revisão de literatura............................................................................................... 6
3.1 A Falta de planejamento, o mau uso do solo na Amazônia e suas alternativas... 6
3.2 Reservas Extrativistas (RESEX)........................................................................... 8
3.3 Caracterização da vegetação............................................................................. 11
3.4 Tipologias florestais............................................................................................ 12
3.4.1 Levantamento preliminar como apoio ao Inventário Florestal ......................... 13
3.5 Análise estrutural da Floresta............................................................................. 15
3.5.1 Estimativa dos Parâmetros Dendrométricos.................................................... 15
3.6 Sensoriamento Remoto como ferramenta para o estudo da vegetação............. 16
3.6.1 Comportamento espectral da vegetação......................................................... 16
3.6.2 Influência da resolução espacial na classificação............................................ 19
3.7 Pré-processamentos........................................................................................... 20
3.7.1 Correção geométrica....................................................................................... 20
3.7.2 Correção atmosférica e Calibração Radiométrica ........................................... 21
3.7.3 Modelo linear de mistura espectral.................................................................. 22
3.8 SRTM e o Modelo Digital de Elevação............................................................... 23
3.9 Técnicas de classificação de imagens................................................................ 26
3.10 Classificação por Árvore de Decisão................................................................ 27
4. Material e Métodos............................................................................................... 29
4.1 Descrição e Localização da área de estudo....................................................... 29
4.1.2 Características fisiográficas............................................................................. 29
4.2 Materiais e equipamentos................................................................................... 31
4.2.1 Equipamentos utilizados no levantamento de campo...................................... 31
4.2.2 Produtos em formato digital............................................................................. 31
4.2.3 Aplicativos computacionais:............................................................................. 32
4.3 Metodologia........................................................................................................ 32
4.3.1 Pré-processamento das imagens digitais Landsat-TM5.................................. 32
4.3.1.1 Mosaico de imagens..................................................................................... 32
4.3.1.2 Correção atmosférica e Calibração Radiométrica ........................................ 33
4.3.1.3 Correção geométrica .................................................................................... 35
4.3.1.4 Modelo linear de mistura espectral............................................................... 35
4.3.2 Dados do SRTM e a construção do Modelo Digital de Elevação..................... 37
4.3.3 Classificação por Árvore de Decisão............................................................... 38
4.3.3.1 Avaliação da classificação............................................................................ 39
4.3.4 Inventário Florestal.......................................................................................... 40
4.3.4.1 Estimativa dos parâmetros da estrutura diamétrica...................................... 40
4.3.5 Identificação de áreas com potencial para instalação de unidades de Manejo
Florestal.................................................................................................................... 42
5. Resultados e Discussão....................................................................................... 43
5.1 Técnicas de pré-processamento de imagens..................................................... 43
5.1.1 Correção atmosférica ...................................................................................... 43
5.1.2 Correção geométrica....................................................................................... 44
5.1.3 Modelo Linear de Mistura Espectral ................................................................ 44
5.2 Dados SRTM no delineamento das florestas alagadas...................................... 45
5.3 Classificação pela técnica de Árvore de Decisão............................................... 49
xi
5.4 Análise pelo índice de Jeffries-Matusita e Transformada de divergência........... 51
5.5 Análise da classificação por Árvore de Decisão................................................. 52
5.6 Avaliação da exatidão do mapeamento resultante da técnica de Árvore de
Decisão..................................................................................................................... 61
5.7 A cobertura da terra na RESEX do Baixo Juruá................................................. 62
5.8 A cobertura e o uso do solo nas comunidades da Resex do Baixo - Juruá........ 64
5.8.1 Áreas sob influência das comunidades ........................................................... 68
5.9 Identificação de áreas para manejo florestal sustentável na Resex................... 72
5.10 Detecção e mapeamento de áreas afetadas por distúrbios naturais................ 75
5.11 Detecção de “Manchas” de vegetação e expedição ao campo ........................ 79
6. Conclusão............................................................................................................. 84
7. Referências Bibliográficas .................................................................................... 85
1
1. Introdução
Um dos principais desafios da atualidade e para o futuro do Brasil consiste em
promover o desenvolvimento regional e a diversificação da matriz produtiva de forma a gerar
emprego e renda locais e incorporar modelos de uso sustentável dos recursos naturais.
Na busca de alternativas ao cenário de desmatamento e empobrecimento que ocorre
atualmente nas florestas tropicais do mundo, vários trabalhos vêm procurando demonstrar o
potencial produtivo dos ecossistemas florestais, buscando comprovar a superioridade
ecológica e econômica destes recursos, quando comparado aos sistemas agrícolas ou
pecuários (Balick, 1985; Panayotou & Ashton, 1992).
Alguns problemas específicos, como o mau uso do solo e a falta de conhecimentos
sobre a biodiversidade e distribuição da vegetação, contribuem com a degradação do
ambiente. Neste sentido, a caracterização e o mapeamento da vegetação são ferramentas
indispensáveis para orientar o planejamento do uso do solo.
O planejamento de áreas silvestres pode ser considerado como o estudo das
alternativas de manejo aplicáveis a uma determinada área. Esse tipo de planejamento difere
daquele relacionado ao simples ordenamento do uso da terra para fins econômicos, entre
outros, pelo fato dos seus objetivos estarem associados a bens e serviços que
tradicionalmente não têm sido levados em conta como objetos de manejo e
desenvolvimento e as fontes de informações sobre suas produtividades econômicas e
biológicas serem geralmente escassas e subjetivas (Thelen & Dalfelt, 1979).
A Floresta Amazônica é caracterizada pela diversidade de tipologias da vegetação,
(Braga, 1979) estimou a área florestal original da bacia amazônica em aproximadamente
3.648.000 km
2,
sendo que as florestas densas de terra-firme são predominantes e ocupam
aproximadamente 3,3 milhões de km
2
.
O universo dessa população florestal natural, para cumprir com suas finalidades
recreativas, sociais, econômicas e de proteção ao meio ambiente, necessita que suas
características sejam conhecidas. Normalmente, o Inventário Florestal é o primeiro passo
para lançar a base de pesquisas referentes a recursos naturais e também para tomada de
qualquer decisão relacionada ao uso da terra. Atualmente, com a crescente valorização da
terra e de sua cobertura vegetal, mais se tornam necessários os Inventários Florestais, os
quais permitem descrever a quantidade e a qualidade das espécies florestais ocorrentes e
muitas das características do terreno (Higuchi et al, 1982).
Aliadas aos Inventários Florestais estão as imagens de satélite, que têm sido
utilizadas para avaliar o estágio de crescimento e identificar a composição arbórea de
florestas diversas. Várias técnicas de processamento de imagens são utilizadas para a
2
extração de informações sobre tipos e parâmetros de vegetação, dentre as quais se
destacam os índices de vegetação, a classificação de imagens e a decomposição de dados
espectrais, como a análise de misturas espectrais. Também, os índices de vegetação
obtidos pelo sensoriamento remoto podem ser usados como indicadores biofísicos (Gamon
et al., 1995). Em florestas tropicais, os índices de vegetação foram associados à diversidade
de espécies de árvores e à biomassa florestal (Amaral et al., 1997; Sousa & Ponzoni, 1998;
Boyd et al., 1999; Foody et al., 2001; Foody et al., 2003).
O desconhecimento das potencialidades naturais de uma região leva à utilização de
técnicas inapropriadas de uso do solo, tendo como fim a formação de pastagens e formas
de uso do solo altamente degradantes e improdutivas.
Os primeiros naturalistas que viajaram pela Amazônia consideravam que os solos da
região eram muito férteis e com grandes aptidões agrícolas, associando a exuberância da
floresta com a fertilidade do solo. Mais recentemente, durante o milagre econômico
brasileiro, os tomadores de decisões também caíram nessa mesma armadilha e tentaram
implantar na Amazônia o “celeiro do mundo”. No entanto, após a derrubada e queima da
floresta os cultivos agrícolas não se sustentam por muito tempo. Em outras palavras, após
dois ou três anos o solo perde a sua capacidade de manter as culturas e se degrada,
levando os agricultores a abandonarem a área e procurarem outras áreas de floresta para
derrubar.
A expansão das fronteiras agrícolas para o Norte do Brasil nos anos 70 e 80
caracterizou-se por um ineficaz modelo de ocupação da Amazônia. Os projetos de
assentamento mostraram-se inadequados do ponto de vista social e ambiental; a
transformação de seringais em áreas de pastagens e plantio foi nociva ao ecossistema e
trouxe questionável êxito econômico. Em nome do desenvolvimento regional e da produção
de alimentos, já foram desmatados mais de 60 milhões de hectares de florestas primárias e
a região continua não sendo auto-suficiente em alimentos e em outros artigos de primeira
necessidade; ou seja, a Amazônia não ficou mais rica com a destruição de suas florestas.
Vários autores são críticos a este modo de ocupação e atribuem o fracasso deste
modelo, entre outros fatores, à adoção de sistemas econômicos não apropriados às
condições ecológicas da região tropical devido à baixa fertilidade natural dos solos e clima
predominantemente florestal (Fearnside, 1986; Móran & Herrera, 1984, Toledo, 1991). Este
tipo de modelo de ocupação predatória está relacionado com a carência de propostas de
manejo florestal sustentado devido à falta de informações ecológicas deste ecossistema
como um todo, de modo a prever impactos ecológicos no sistema quando submetidos a
algum tipo de manejo (Peters, 1996a).
A isso se acrescenta o processo de fragmentação das florestas, com conseqüências
sobre a diminuição do tamanho e o isolamento de populações de plantas e animais. De
3
maneira geral, as florestas passam por um processo gradativo de perda de diversidade
biológica e diminuição de suas funções ecológicas (Viana & Tabanez, 1996). Dessa forma,
os remanescentes de florestas primárias na Amazônia estão destinados a experimentar um
processo de fragmentação e empobrecimento biológico. Isso aumenta a importância das
áreas protegidas em Unidades de Conservação e reservas indígenas, que devem ser
protegidas e manejadas de maneira apropriada.
Reagindo a essa tendência de ocupação, a mobilização das comunidades
extrativistas na segunda metade da década de 80 foi decisiva para a consolidação da
proposta do modelo de Reservas Extrativistas como um sistema de utilização da terra que
possui o potencial de conciliar a proteção de florestas com as necessidades e direitos dos
habitantes tradicionais das florestas tropicais, a fim de melhorar seu padrão de vida. O
processo de implantação de RESEX é resultado de um longo histórico de disputas sociais
pela propriedade de terras da Amazônia brasileira (Allegretti, 1990). Criadas a partir da
década de 90, tais reservas tornaram-se também uma alternativa para o modo de
assentamento na Amazônia uma vez que as áreas de propriedade da União são geridas
coletivamente pelas comunidades residentes.
As Reservas Extrativistas tem sido uma vitrina para o movimento mundial que busca
a devolução do controle de áreas de florestas tropicais pelas comunidades tradicionais. A
justificativa deste movimento é que a devolução de terras de florestas tropicais aumentaria
as chances de promoção do desenvolvimento sustentável.
Uma questão chave que se segue à implantação de reservas extrativistas
tradicionais é o desafio de aumentar a produtividade e obter a sustentabilidade dos sistemas
de produção e do manejo dos recursos naturais. A produtividade dos sistemas extrativistas
tradicionais é geralmente reduzida e não se prevê um abastecimento para assegurar a
produção. As críticas ao conceito de RESEX apontaram este problema e sugeriram que não
forma de escapar desta “armadilha” e que as RESEX estão fadadas ao fracasso
(Homma, 1989). Contudo, a produtividade destas reservas é baixa basicamente porque
pesquisas no sentido de desenvolver tecnologias que possam melhorar a produtividade
através de manejo de recursos naturais pelas comunidades tradicionais da floresta não têm
sido realizadas. Além disso, a estrutura comercial dispersa e a falta de garantia da posse da
terra não têm incentivado os extrativistas para que estes administrem seus recursos de
forma contínua.
A aliança entre as técnicas do sensoriamento remoto e os indicadores biofísicos
pode ser valiosa para estudos de diagnose e monitoramento. Corlett (1995) sugere o uso do
sensoriamento remoto como uma ferramenta que preencha o abismo entre os estudos local-
intensivos e aqueles global-amplos, respondendo às necessidades dos tomadores de
decisão e gestores.
4
O presente trabalho pretendeu caracterizar e mapear a vegetação e o uso do solo da
Reserva Extrativista do Baixo Juruá/AM utilizando técnicas de sensoriamento remoto,
inventário florestal e dados de coleta de campo, discriminando as diferentes paisagens da
área de estudo, quantificando o seu potencial madeireiro e contribuindo, assim, para o
planejamento e o manejo sustentável dos recursos naturais da área.
5
2. Objetivos:
2.1 Geral:
Caracterização e mapeamento da vegetação e do uso do solo da Reserva
Extrativista do Baixo Juruá, Amazonas.
2.2. Específicos:
# Classificar e caracterizar os tipos de vegetação e cobertura da terra da RESEX;
# Caracterizar e quantificar o uso do solo na Reserva;
# Eleger áreas prioritárias para a instalação de unidades de manejo florestal na
RESEX.
6
3. Revisão de literatura
3.1 A Falta de planejamento, o mau uso do solo na Amazônia e suas alternativas
O desenvolvimento da região amazônica foi marcado por três grandes fases, a
saber: a exploração das drogas do sertão; o extrativismo vegetal da borracha e da castanha-
do-Brasil e as frentes agropecuário-minerais combinadas com a exploração da madeira.
Esse desenvolvimento econômico ocorreu de forma desordenada, sem a preocupação com
os danos econômicos, sociais e ambientais (Fadell, 1997).
Em 1966, o governo brasileiro buscou uma alternativa com o objetivo de dar um novo
impulso ao crescimento da região amazônica, que se encontrava abalada com a decadência
da economia extrativa, surgindo a chamada Operação Amazônica. Este projeto de
desenvolvimento para a Amazônia alcançou, em princípio, os objetivos econômicos
esperados e obteve-se um crescimento muito rápido nessas últimas décadas. Porém, o
custo social e ecológico foi imenso e preocupante.
Estudos de benefícios e custos de qualquer atividade envolvendo o aproveitamento
dos recursos naturais são imprescindíveis para tomadas de decisão. Em nome do
desenvolvimento regional e da produção de alimentos, principalmente, já foram desmatadas
(até 2003) mais de 60 milhões de hectares de florestas primárias e a região continua não
sendo auto-suficiente em alimentos e em outros artigos de primeira necessidade e nem a
quantidade de gases de efeito estufa emitida para a atmosfera pelo uso do solo amazônico
justifica a contribuição regional ao PIB nacional.
Os principais usos do solo amazônico são: agropecuária, exploração seletiva de
madeira, mineração, produção de energia (hidrelétrica, petróleo e gás natural) e
extrativismo.
O desmatamento e a conseqüente fragmentação florestal impactam as interações
das árvores com animais (polinizadores, herbívoros, parasitas e dispersores ou predadores).
Essas relações são obrigatórias para o sucesso na reprodução e recrutamento de novos
indivíduos para a população. As árvores tropicais são clássicos exemplos de indivíduos que
se tornam ecologicamente extintos bem antes do desaparecimento do último indivíduo
(Bierregard et al, 1992). Isso também quer dizer que as ações antrópicas tendem a contribuir
para a diminuição da biodiversidade.
O equilíbrio hoje existente depende da atual cobertura vegetal; portanto, como alerta
Salati (1985), a transformação de grandes áreas de floresta por outros tipos de cobertura
(pastagem, agricultura anual) podem causar modificações climáticas, porque introduzem
alterações no balanço hídrico da região.
7
Segundo Schubart et al. (1984), o sistema Solimões-Amazonas é responsável por
15 a 20% de toda a água doce que é lançada nos oceanos. A floresta amazônica também
funciona como um regulador dos ciclos hidrológicos da região, minimizando os perigos de
erosão e enchentes. É, também, importante na formação de chuvas, pois mais da metade
do vapor de água que se condensa e se precipita sob a forma de chuva provém da
evapotranspiração da floresta, ou seja, da evaporação da água da chuva interceptada pelas
folhas das árvores e da transpiração das árvores e outras plantas submetidas à intensa
insolação. Uma quantidade considerável de água mantém-se na região por meio de um
mecanismo de reciclagem no qual a floresta desempenha um papel muito importante.
Apesar da significante contribuição dos serviços ambientais da floresta, eles são
frequentemente sub-avaliados, principalmente porque não têm preço no mercado tradicional
e porque os seus efeitos totais de degradação não são percebidos antes que os benefícios
de curto prazo cessem.
Infelizmente, essas riquezas são percebidas quando são perdidas ou quando se
fala dos custos de recuperação de áreas degradadas, de despoluição de rios e igarapés,
etc. Geralmente, a população local nem chega a perceber os benefícios efêmeros de alguns
projetos de desenvolvimento. No caso do Ouro de Serra Pelada, por exemplo, o que ficou
para a população foram provavelmente mais doenças, ruptura das tradições locais,
degradação ambiental, etc. Em geral, os grandes projetos de desenvolvimento instalados na
Amazônia têm provocado efeitos devastadores nas populações localizadas nas áreas de
implantação e de influência dos mesmos.
Ao contrário disso, as florestas podem ser vistas como uma capital natural
fornecendo uma rede perpétua de benefícios e serviços, que suporta, fortalece e protege o
desenvolvimento econômico e a qualidade de vida (Panayotou & Asthon, 1992). Isto
significa admitir que a floresta contém algo mais do que árvores e o seu potencial representa
algo mais do que madeira. Dentro de uma floresta inúmeros organismos vivos (homens
inclusive) que se interagem, que interagem com o ambiente natural e que precisam ser
cuidadosamente considerados antes de qualquer intervenção.
A proposta de Desenvolvimento Sustentável, cuja base estava expressa no
Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento “Nosso futuro
comum” de 1987, firmou-se como um novo paradigma de desenvolvimento (Hogan & Vieira,
1992). Respeitando a diversidade cultural e ecológica, busca harmonizar o desenvolvimento
econômico com a proteção ambiental, garantindo o atendimento das necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras em atender as suas
necessidades. Tal premissa rompe com o antagonismo entre preservação e
desenvolvimento; a) critica o desenvolvimento insustentável voraz, consumidor de recursos
8
(D`Olne Campos, 1994) e, b) abala o conceito e as práticas de preservação ambiental
fundamentadas no afastamento humano.
A possibilidade de existência de comunidades em unidades de conservação
transformou-se em questão corrente do debate ambientalista, ocasionando mudanças nos
modelos preservacionistas. Não é possível pensar em uma natureza “selvagem e intocável”,
como argumenta Diegues (1996); nem é desejável estabelecer planos de manejo ambiental
que ignorem as pessoas e modos de vida tradicionais, cujos conhecimentos acumulados
sobre os recursos que manejam podem trazer influências positivas sobre o meio. Daí a
importância de iniciativas onde se combine preservação da biodiversidade com modelos de
desenvolvimento alternativos, como é o caso das Reservas Extrativistas que a legislação
federal considera como unidades de conservação de uso direto, onde se permite o
aproveitamento sustentável dos recursos.
Diversas formas de utilização da floresta amazônica foram propostas. O manejo
florestal ao lado dos sistemas agroflorestais e o reflorestamento de pastagens degradadas
são considerados importantes formas de utilização e conservação do ecossistema florestal.
Ainda quem o diga que: “o manejo florestal sustentado é o único capaz de levar a uma
produção que não resulte na desordem termodinâmica do ecossistema amazônico”.
3.2 Reservas Extrativistas (RESEX)
Ainda que a idéia de área natural protegida no mundo ocidental tenha suas origens
na Europa medieval, naquele caso especialmente com o objetivo de proteger a fauna
silvestre para exercício de caça pela realeza e aristocracia rural, a concepção do conceito de
uma forma mais próxima ao uso atual teve a sua origem com a criação do Yellowstone
National Park, em 1872 nos Estados Unidos (Milano, 1994).
Com o passar do tempo e a adequação do conceito básico à diferentes realidades
regionais ou locais, bem como os avanços dos conhecimentos científicos, ou ainda em
resposta a anseios e demandas variadas da sociedade passaram a serem adotadas várias
formulações distintas de áreas protegidas; algumas, inclusive, com objetivos culturais e
outras com finalidades sociais. Estabeleceram-se, então, o que se convencionou chamar de
categorias de manejo, ou seja, tipos distintos de áreas protegidas, cada uma destinada a
atingir um elenco ou conjunto próprio de objetivos (Milano, 1994).
De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei
n°9.985 de 18 de julho de 2000, as Reservas Extrativistas pertencem ao grupo das
Unidades de Conservação de Uso Sustentável e foram implantadas como sistemas de
utilização da terra que possuem o potencial de conciliar a proteção de florestas com as
necessidades e direitos dos habitantes tradicionais das florestas tropicais, a fim de melhorar
seu padrão de vida.
9
O conceito de Reserva Extrativista (RESEX) surgiu entre os anos 1985 e 1988, a
partir dos habitantes da Amazônia, através do Conselho Nacional de Seringueiros, que o
propôs como um sistema inovador de direito de propriedade e uso da terra como alternativa
de conservação e desenvolvimento sustentável (Allegretti, 1990). Esta proposta foi o
resultado de um movimento social de moradores florestais organizados, combinando um
regime de manejo e de direitos de propriedade na Amazônia brasileira (Silberling, 1991).
De acordo com o Relatório Brundtland (“Nosso Futuro Comum”), a Reserva
Extrativista enquanto proposta deve ser entendida como: “a regularização de áreas
ocupadas por grupos sociais que têm como fonte de sobrevivência produtos nativos da
floresta e que realizam exploração econômica sustentável, (...) as reservas extrativistas
atendem a fins de conservação ambiental, de regularização fundiária e de desenvolvimento
econômico. Devem, portanto, se constituir de um modo socialmente justo, ecologicamente
sustentável e economicamente viável de ocupar a Amazônia.” (Carta de Curitiba, IEA,
1988)”.
O território das RESEX constitui propriedade da União (sob jurisdição do IBAMA),
através de um regime de concessão de uso da terra associado a regras de conservação e a
mecanismos que asseguram o cumprimento de regras (Almeida, 1994). Em suma, a idéia de
RESEX consiste na combinação de um regime de propriedade assentado na atribuição de
direitos de uso às coletividades tradicionais, com um regime de gestão baseado na
regulamentação dos direitos de uso através de planos de manejo e regulamentos de uso
(Almeida, 1994).
De acordo com o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS, 1992 apud Cavalcante
1993, p.25) uma relação entre as propostas de desenvolvimento sustentado e as
RESEX, pois elas ... constituem uma primeira forma institucionalizada, legalizada pelo
Estado, de implantação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável.” Descreve,
ainda, que a capacidade de diversificar a produção, assim como a diminuição da
dependência do mercado em conseqüência da necessidade de consumo pelas populações
extrativistas, por meio da produção nas próprias RESEX de maior número possível de
gêneros alimentícios, materiais para construção, etc., constitui um dos pontos principais
relacionados ao aspecto econômico da viabilidade das mesmas.
Contudo, a viabilidade das RESEX não está demonstrada. Muitas críticas,
ecológicas, econômicas e sociais são feitas (Almeida, 1992, 1994). Argumenta-se, do ponto
de vista econômico, que as economias extrativistas são inerentemente ineficientes (Homma,
1989), pois esse tipo de economia, numa perspectiva histórica, está associado à
instabilidade e forte concorrência por outros meios de produção como expansão de
plantações e desenvolvimento de produtos sintéticos, devido ao uso de tecnologias
atrasadas por parte de uma população especializada num único produto. Além disso,
10
devido à dispersão desses recursos e da população que os extrai, estas estariam sujeitas a
relações de comercialização exploratórias (aviamento) em que, devido à existência de uma
longa cadeia de intermediários, os termos de troca são desfavoráveis (Anderson, 1990).
Os críticos do atraso técnico do extrativismo frequentemente acreditam que os
moradores da floresta são especialistas na extração de um único produto. Pelo contrário, os
chamados “extrativistas” podem exibir uma notável variedade de atividades, inclusive a
extração comercial com práticas de manejo refinadas, mas também práticas de caça, pesca,
agricultura, coleta e artesanato (Almeida, 1992). Esse sistema utiliza ao máximo a
heterogeneidade ecológica dos ecossistemas de terra firme e de várzea por meio de um
zoneamento horizontal das atividades e um refinado conhecimento etnoecológico (Almeida,
1992).
As críticas contra a viabilidade econômica do extrativismo não levam em conta o
desempenho econômico de outros usos da terra na Amazônia e se esquecem das recentes
mudanças sociais que podem melhorar a eficiência das economias baseadas em produtos
florestais não-madeireiros. No caso da pecuária extensiva, os retornos são baixos ou
negativos por hectare e só se sustentam através de subsídios. Os projetos de assentamento
agrícola também resultam em retornos baixos e são altos os índices de desistência. Além
disso, uma análise meramente econômica dos investimentos e retornos econômicos não
leva em conta os custos sociais e ambientais de usos não-sustentáveis da terra (Anderson,
1990).
Para Fadell (1997), o desenvolvimento sustentável nas RESEX não se apenas
pela regularização fundiária; não basta demarcar as áreas de preservação e distribuir as
famílias nas colocações. Essa população depende dos recursos naturais e vem de um
extrativismo tradicional, que, para tornar a reserva sustentável, precisam do apoio
governamental na questão do escoamento da produção, educação, saúde que são
requisitos básicos para a sobrevivência dos mesmos na área. Além de projetos que
busquem a melhoria de vida dos mesmos, como proposto pelo modelo de desenvolvimento
sustentável, as RESEX não podem e nem devem ser vistas apenas como áreas particulares
de desenvolvimento.
As florestas tropicais apresentam uma gama de serviços e matérias primas, os quais,
aproveitados de forma equilibrada, podem traduzir-se na melhoria das condições sociais das
populações, no fornecimento de um banco genético com interesse para a agricultura,
medicina e farmacologia.
As RESEX têm sido uma vitrina para o movimento mundial pela devolução do
controle de terra de áreas de florestas tropicais para as comunidades tradicionais. A
justificativa deste movimento é que a devolução de terras de florestas tropicais aumentaria
as chances de promoção do desenvolvimento sustentável. Os vários posicionamentos com
11
relação às RESEX como uma atividade econômica sustentável mostram que todos, de uma
forma ou de outra, se preocupam não apenas com o meio ambiente, mas, principalmente
com o homem, que, por sua vez, precisa utilizar os recursos naturais.
3.3 Caracterização da vegetação
Conhecer e compreender o sistema amazônico faz parte de um processo de
aprendizagem para o bom gerenciamento e uso dos recursos naturais.
As grandes formações vegetais na Amazônia podem ser agrupadas em savanas,
florestas de terra-firme e florestas inundáveis, cada uma com suas respectivas subdivisões
(Pires & Prance, 1985). Contudo, os limites até então definidos para distinguir as transições
entre várias formações vegetais são relativamente subjetivos e arbitrários, sendo que as
classificações baseadas nestes limites são utilizadas mais por conveniência do que pela
existência rigorosa de comportamentos bem definidos. Ademais, estas classificações
evoluíram de análises descritivas da vegetação, normalmente baseadas em conhecimentos
botânico sobre ocorrência de poucas espécies marcantes, e também na descrição de
aspectos estruturais, fisiográficos e climáticos. Este esquema classificatório foi, até o
momento, muito pouco influenciado pela mensuração física direta das características
fisionômicas das comunidades vegetais (Hill & Foody, 1994).
Uma das razões para a ausência de um método objetivo para classificar e mapear
formações de vegetação na Amazônia é a própria complexidade encontrada nas
associações de espécies. Citando uma dezena de levantamentos e estudos da vegetação
conduzidos na Amazônia nos últimos vinte e cinco anos, Tuomisto et al (1994) concluem
que mesmo os tipos de vegetação mais dissimilares estão ligados entre si por tipos
intermediários de vegetação, nenhum dos quais podem ser representativos para toda a
Amazônia. Como, nestas florestas, os agrupamentos de árvores de uma mesma espécie
são bastante raros, pode-se afirmar que cada copa no dossel é diferente de qualquer uma
de suas circundantes. Esse fato gera uma composição extremamente heterogênea, variável
e aleatória do dossel, dificultando a definição e caracterização de tipologias em várias
escalas de abordagem e, consequentemente, também dificultando a identificação de suas
diferenciações em termos de agrupamentos.
Os fatores climáticos e edáficos que limitam o estabelecimento e a distribuição de
árvores nas condições extremas não são distribuídos aleatoriamente. O efeito destes fatores
sobre a distribuição de algumas fisionomias é marcante e identificável (Paradella et al. 1994,
Tuomisto et al. 1994, 1995), sendo que as limitações abióticas estão mais associadas a
fatores edáficos como a variação na distribuição de solos, topografia e regimes hídricos
(Nobre, 1989). Portanto, mapear a vegetação significa abstrair as informações com base nos
critérios considerados mais pertinentes (Küchler, 1973).
12
3.4 Tipologias florestais
Segundo (Duck & Black, 1954), a delimitação da flora hileiana pode ser feita pelos
limites de ocorrência de certas taxas florestais, como os gêneros Hevea e Theobroma e a
castanha do Pará (Bertholletia excelsa). A mais notável espécie madeireira da Amazônia, o
mogno (Swietenia macrophylla), ocorre margeando a hiléia.
Essa região possui a maior extensão de floresta tropical do mundo, reconhecida na
literatura científica como um conjunto vegetal de características bem definidas, que se
estende dos Andes até o Oceano Atlântico como um verdadeiro mosaico de ecossistemas.
Tem sido dividida em várias províncias, com base em diferenças da flora arbórea e outros
critérios biogeográficos e deve a sua existência, principalmente, ao ecossistema amazônico
caracterizado pela presença da extensa bacia hidrográfica do Rio Amazonas (Uribe, 1993).
As inúmeras fisionomias da floresta amazônica devem-se aos diversos tipos de
substratos sob as mesmas, bem como as variações no regime de chuvas. Assim têm-se as
florestas de terra-firme, as florestas de igapó e as florestas de várzea, cada uma dessas
com certas espécies de árvores próprias. Cerca de 85% da região amazônica compreende
áreas de terra-firme, ou seja, áreas não sujeitas a inundações. Cerca de 13% é ocupado
pelos rios. As várzeas compreendem apenas 2% da região (O’Brien & O’Brien, 1995).
Segundo Rizzini (1997), a floresta de terra-firme é a floresta pluvial de grande porte
localizada em planaltos pouco elevados (60-200 m), planos, ondulados ou recortados por
cursos de água, não sujeitos a inundações, cujo substrato é areia mais ou menos argilosa,
amarelada ou avermelhada, podendo, em vários pontos, ser argiloso (diabásico) e fértil.
uma evidente correlação entre tipos florestais e bacias hidrográficas, levando a
indicação que a divisão florística da hiléia amazônica é associada aos rios, solos e
topografia.
A classificação prática que é usada regionalmente é baseada primariamente no
relevo, sendo conhecidos dois principais tipos de floresta: Terra-firme e Florestas inundáveis
(várzea e igapó). De acordo com a classificação de Holdridge e as observações
climatológicas do IBGE, duas formas de vida podem ser encontradas na Amazônia: floresta
tropical úmida com biotemperatura média anual superior a 24°C e precipitação média anual
entre 2000 e 4000 mm, e floresta tropical semi-úmida com biotemperatura média anual
superior a 24°C e precipitação entre 1000 e 2000 mm.
Contudo, os limites até então definidos para distinguir as transições entre as várias
formações vegetais são subjetivos e arbitrários; ademais, essas classificações evoluíram de
análises descritivas da vegetação, baseadas em conhecimento botânico sobre a ocorrência
de poucas espécies marcantes e também na descrição de aspectos estruturais, fisiográficos
e climáticos (Nobre et al., 1998).
13
3.4.1 Levantamento preliminar como apoio ao Inventário Florestal
A definição de estratégias efetivas de conservação e uso sustentável da
biodiversidade pressupõe uma avaliação abrangente do status dos ecossistemas, em vel
da paisagem. Esse tipo de avaliação implica na disponibilidade de informações ecológicas
básicas, tais como levantamentos sobre a distribuição da flora e da fauna de uma
determinada unidade geográfica, que produzam informações confiáveis e de modo eficiente
sobre hábitats, ecossistemas ou espécies ameaçadas, em escala local e regional.
Levantamentos preliminares de cobertura/uso da terra são fundamentais para a
realização de inventários sobre flora e fauna de regiões desconhecidas e podem ser obtidos
a partir da interpretação de imagens aéreas e/ou orbitais e ainda pela integração de cartas e
dados sobre o ambiente físico utilizando técnicas de geoprocessamento e sistemas de
informações geográficas.
Segundo Husch et al. (1971) e Loetsch et al. (1973), o método de amostragem para
encontrar os objetivos do Inventário Florestal é determinado pelo tipo de unidade de
amostragem, seu tamanho e forma, o número a ser empregado e a distribuição sobre a área
florestal, seguidos pelos procedimentos para medições e análise dos dados resultantes. A
maximização da relação entre esforço/tempo e custo de amostragem, bem como a
confiabilidade dos resultados são os principais pré-requisitos para avaliação da
biodiversidade. O compromisso com tais pré-requisitos para avaliação de ecossistemas
florestais varia de acordo com os objetivos do trabalho e o tipo de ambiente (Sobrevilla &
Bath, 1992). A possibilidade de integração de dados preliminares e de informações sobre o
ambiente físico por meio de geoprocessamento e Sistemas de Informação Geográfica (SIG),
é produto indispensável e pré-requisito para o planejamento de avaliações mais
aprofundadas de ecossistemas florestais.
Como um primeiro produto deste projeto, foi elaborado um mapa fitogeográfico com
apoio da classificação feita pelo projeto RADAMBRASIL para visualizar as diferentes
tipologias da Reserva Extrativista do Baixo Juruá e dar base para a alocação das unidades
amostrais, maximizando o esforço de amostragem (Figura 1).
14
Fig.1- Mapa de vegetação com a classificação feita pelo
Projeto RADAMBRASIL.
Para cumprir com suas finalidades recreativas, sociais, econômicas e de proteção ao
meio ambiente, o universo da população florestal natural necessita que suas características
sejam conhecidas (IBGE). Normalmente, o Inventário Florestal é o primeiro passo para
lançar a base de pesquisas referentes a recursos naturais e também para tomada de
qualquer decisão relacionada ao uso da terra (Higuchi et al., 1982).
Naturalmente, o objetivo de qualquer inventário Florestal é obter o máximo de
informações de uma floresta com a máxima de precisão e um mínimo custo. Freese (1967)
sugere ainda que o objetivo do planejador de um levantamento florestal deveria ser de tomar
observações suficientes para obter a precisão desejada, nem mais e nem menos, e ainda, o
número de observações necessárias depende da precisão desejada e da variabilidade
inerente da população que está sendo amostrada.
15
3.5 Análise estrutural da Floresta
A vegetação pode ser avaliada tanto pela sua fisionomia, quanto pela estrutura que
apresenta. A fisionomia refere-se à aparência da vegetação: altura, cor, exuberância, e ao
tamanho e forma de suas folhas. A estrutura de uma comunidade requer o conhecimento de
suas espécies, que se baseia no grau de ocorrência mútua de uma espécie com a outra.
(O’Brien & O’Brien, 1995). A análise da estrutura da floresta irá contemplar uma abordagem
criteriosa de parâmetros dendrométricos.
3.5.1 Estimativa dos Parâmetros Dendrométricos
A estrutura diamétrica ou distribuição diamétrica refere-se à distribuição do número
total de árvores ou densidade total (DT) do povoamento florestal por hectare (N/ha.) e por
classe de diâmetro a altura do peito (DAP). A estrutura diamétrica da espécie é a
distribuição do número de árvores por hectare ou densidade absoluta (DAí) da i-ésima
espécie por classe de dap. Para analisar a distribuição diamétrica, as árvores com dap igual
ou maior que o nível de inclusão são agrupadas em classes de dap, com uma determinada
amplitude. Em geral, adota-se amplitude de 5,0 cm se referirem a uma floresta secundária
em estágio inicial ou médio de regeneração e amplitude de 10,0 cm, se referirem-se a uma
floresta em estágio secundário avançado de regeneração ou em estágio primário (clímax).
As distribuições diamétricas do povoamento também podem ser estimadas por grupo de
espécies.
Os estudos relacionados com a estrutura diamétrica de floresta multiâneas ou
inequiâneas datam de 1898, na França, quando De Liocourt conceituou a distribuição do
número de árvores por hectare (n/há), por classe de diâmetro (Meyer et al., 1961). De
Liocourt mostrou que a razão entre n/há em classes diamétricas sucessivas segue uma
série geométrica decrescente. Esta razão foi denominada de Lei de De Liocourt.
Mais tarde, em 1933, Meyer criou o termo floresta multiânea balanceada. Floresta
balanceada é aquela onde o número de árvores em classes diamétricas sucessivas
decresce numa progressão geométrica constante, isto é, a razão q ou Quociente de De
Liocourt é constante. Como exemplo de floresta balanceada, pode-se citar as florestas
virgens e as bem manejadas, em que o número de árvores por hectare e por classe de
diâmetro segue uma distribuição da forma de um J-invertido.
Outro parâmetro que pode ser levado em consideração refere-se à distribuição da
área basal total da floresta, por hectare (m²/ha) e por classe de diâmetro. Tal como o
número de árvore, também pode ser estimada a área basal por hectare, por espécie, por
classe de dap e por grupo de espécie. Da mesma forma que o número de árvores e a área
basal, o volume também pode ser estimado por hectare, por espécie, por classe de dap e
por grupo de espécie. A distribuição volumétrica da floresta refere-se à distribuição dos
16
volumes total e do fuste, com e sem casca e volume da copa de um povoamento florestal,
por hectare (m³/ha).
3.6 Sensoriamento Remoto como ferramenta para o estudo da vegetação
Aliadas aos inventários florestais e considerando o aumento da complexidade dos
trabalhos de localização, mapeamento, caracterização e monitoramento da superfície
terrestre, estão as imagens de satélites. Essas imagens são as principais responsáveis
pelos avanços das formas de interpretação e manipulação das informações da superfície da
terra e contribuem para garantir a soberania sobre os limites territoriais, o conhecimento, a
utilização e a preservação de recursos naturais.
Os avanços das últimas décadas, nas áreas do sensoriamento remoto e do
geoprocessamento, lançaram no mercado uma enorme variedade de meios e aplicativos
para a execução destas tarefas. A correta integração dos produtos das diversas plataformas
orbitais disponíveis e dos aplicativos existentes é fator diretamente relacionado à qualidade
dos resultados obtidos.
O surgimento das imagens de satélite possibilitou, além da criação de um nível de
percepção mais global, complementar as fotografias aéreas e os levantamentos de campo,
com a obtenção de informações radiométricas digitais de grandes extensões da superfície
terrestre. As interpretações dos produtos de sensores remotos, realizadas principalmente de
forma analógica, onde a experiência e o conhecimento do autor são fatores determinantes
sobre a qualidade do resultado final, passaram a apresentar a possibilidade da execução de
tratamentos digitais, menos pessoais, subjetivos e mais padronizados.
3.6.1 Comportamento espectral da vegetação
Grande parte das aplicações do sensoriamento remoto em vegetação depende do
conhecimento das propriedades espectrais, de folhas individuais e do dossel, a partir de
dados radiométricos (Campbell, 1996). Essas propriedades espectrais podem ser melhor
compreendidas analisando-se o comportamento espectral das folhas. Slater (1980) define o
comportamento espectral de um objeto como um conjunto de medidas de radiância de um
objeto, efetuadas sob condições conhecidas ou controladas, onde cada medida corresponde
ao valor médio em diferentes intervalos de comprimento de onda eletromagnética.
O espectro da reflectância de folhas verdes sadias é tipicamente caracterizado por
baixos valores no comprimento de onda na região do visível (0,40 - 0,70 mm), conforme
pode ser observado na figura 2. Isto demonstra que grande parte da energia radiante nesta
faixa espectral é absorvida pela folha e deve-se principalmente à presença de pigmentos
fotossintéticos foliares, tais como a clorofila (a e b), carotenóides e xantofilas (Thomas e
Gausman, 1977). Um pico na reflectância do visível é geralmente observado na faixa
17
espectral do verde (0,5 a 0,60 mm), enquanto que valores mais baixos ocorrem nas faixas do
azul (0,4 a 0,5 mm) e do vermelho (0,6 a 0,7 mm), devido à alta absorção da radiação
eletromagnética pelas clorofilas, para realização das atividades fotossintéticas nessas
regiões.
Fig.2- Curva espectral representando a reflectância típica de uma folha
verde e sadia. FONTE: adaptada de Hoffer (1978, p.232).
Na região espectral do infravermelho próximo (0,7 mm a 1,3 mm), a folha absorve
pouca radiação, apresentando valores altos de reflectância. A região do infravermelho
próximo é caracterizada pela alta reflectância e pela baixa absorção causadas pela ausência
de substâncias que absorvem a radiação neste comprimento de onda e também decorrentes
do espalhamento interno causado pela estrutura interna da folha, ou seja, pelo arranjo do
mesófilo (Gates et al., 1965).
Nesta faixa espectral, a reflectância da folha é controlada não pelo pigmento da
planta, mas pela estrutura do tecido mesófilo esponjoso. A cutícula e a epiderme são quase
completamente transparentes à radiação infravermelha; assim, muito pouca radiação
infravermelha é refletida da parte externa da folha. A radiação que passa através da
epiderme é fortemente espalhada pelo tecido mesófilo e pelas cavidades internas da folha.
Muito pouco dessa energia infravermelha é absorvida internamente, a maioria (até 90%) é
refletida ou transmitida (Campbell, 1996). Alguns estudos sugerem que o parênquima
paliçádico pode também ser importante na reflectância do infravermelho (Gausman, 1974).
Assim, a estrutura interna da folha é responsável pelos valores altos de reflectância na faixa
espectral do infravermelho próximo. Este comportamento espectral na região do
Infravermelho próximo tem grande utilidade em estudos para discriminação de espécies
vegetais que não poderiam ser distinguidas no espectro do visível (Sabins, 1978; Chuvieco,
1996).
18
A partir da faixa espectral do infravermelho médio (1,3 mm a 2,8 mm), o conteúdo de
água presente no tecido foliar é que influenciará as bandas de absorção características da
folha. Assim, de acordo com Bohlman et al. (1998), quanto maior o conteúdo de água,
menor é a reflectância apresentada pela folha, pois essa faixa espectral está associada a
uma banda de absorção de água.
Goel (1988) descreveu os principais aspectos da interação da radiação
eletromagnética solar com um dossel sendo que esta interação dependente do fluxo
radiante solar e das propriedades espectrais dos elementos do dossel. O fluxo solar
incidente sobre um dossel pode ser de forma direta (a radiação que não é absorvida nem
espalhada pela atmosfera) ou difusa, que é espalhada pela atmosfera de acordo com o
comprimento de onda (maior no visível do que no infravermelho próximo). A direção de cada
fluxo é caracterizada pelos ângulos zenital e azimutal solares, no caso do fluxo direto e pela
distribuição angular no difuso.
Quando esta radiação eletromagnética incide sobre um dossel, seja de forma direta
ou difusa, está sujeita aos processos de espalhamento (transmissão e reflexão da energia) e
a absorção da energia incidente. Esses dois processos estão associados com as
características do fluxo incidente (comprimento de onda, ângulo de incidência) e com a
estrutura do dossel, que está diretamente relacionada com o tipo, grau e desenvolvimento
da vegetação.
Asrar (1989) descreve os principais fatores que afetam a resposta espectral de um
dossel em relação a sua arquitetura, dentre eles: (1) a distribuição espacial da vegetação;
(2) o índice de área foliar (IAF); (3) distribuição angular das folhas (DAF) e (4) distribuição
dos elementos da vegetação.
Desta forma, o aumento do IAF implica em um maior espalhamento do fluxo,
ocasionando a diminuição da reflectância no visível e no infravermelho médio e um aumento
no infravermelho próximo (Asner, 2001). Além disso, uma maior variação da distribuição dos
elementos da vegetação (dosséis com diversas camadas) acarreta uma diminuição de todas
as reflectâncias, ocasionando assim um maior sombreamento. Da mesma forma, pequenas
alterações na DAF podem resultar em grandes alterações tanto na composição espectral,
quanto na magnitude da reflectância espectral de um dossel (Knipling, 1970; Colwell, 1974).
Desta forma, a caracterização espectral da vegetação requer uma ferramenta capaz
de registrar a reflectância da cobertura vegetal em todo o espectro óptico. O sensor
Thematic Mapper (TM), a bordo do satélite Landsat 5, possui 6 bandas ópticas (azul, verde,
vermelho, infravermelho próximo e duas no infravermelho médio; 0,45-2,35 µm), de
resolução espacial de 30 metros, outra banda no infravermelho termal 10,4-12,5 µm, com 60
metros de resolução (NASA, 2001), e uma terceira banda pancromática (0,52-0,90 µm) com
15 metros de resolução (Tabela 1). A separabilidade do espectro eletromagnético em
19
diversas bandas permite que o sensor registre a radiância do alvo de acordo com seu
comprimento de onda, desenvolvendo assinaturas espectrais, e assim possibilitando uma
melhor discriminação dos elementos da superfície terrestre.
Tab.1- Faixas Espectrais de cada Banda do Sensor TM do LANDSAT 5
Thematic Mapper
λ (µm)
B1
(azul)
B2
(verde)
B3
(vermelho)
B4
(IFV
próximo)
B5
(IFV
médio)
B6
(Termal)
B7
(IFV médio)
Inicial 0,45- 0,52- 0,63- 0,76- 1,55- 10,42- 2,08-
Final 0,52 0,60 0,69 0,90 1,75 12,50 2,35
Resolução 30 30 30 30 30 120 30
3.6.2 Influência da resolução espacial na classificação
Um aspecto a ser ressaltado em relação às informações espaciais no sensoriamento
remoto é a escala. Desta maneira, a seleção de uma imagem, com resolução espacial
apropriada para um estudo, deve examinar as características que a cena contém,
especialmente o padrão de mudança da cena em função de mudanças na escala e na
resolução (Cao e Lam, 1997). Assim, a escala deve ser um indicador de que tipo de sensor
é mais adequado.
A resolução espacial de uma imagem também tem efeitos relacionados à acurácia da
classificação de imagens. Markham e Townshend (1981), citados por Cao e Lam (1997),
indicaram que a acurácia da classificação é afetada por dois fatores. O primeiro fator é a
influência da quantidade de pixels de "borda" no resultado da classificação. À medida que a
resolução espacial se torna mais fina, a proporção de pixels presentes no limite dos objetos
na cena decresce. Os pixels de borda têm uma mistura de elementos, e a redução do
número de pixels mistos diminui a confusão no processo de classificação, resultando em
uma classificação de maior acurácia. O segundo fator é que resoluções mais finas
aumentam a variação espectral dos tipos de cobertura terrestres. Portanto, variações dentro
de uma classe de cobertura diminuem a separabilidade espectral de classes, resultando em
uma classificação de acurácia mais baixa. Assim, o efeito resultante de uma resolução
espacial mais fina está associado ao resultado dessas duas combinações de fatores
opostos, que variam em importância em função do tamanho relativo do objeto a ser
observado.
Um exemplo prático da influência da resolução espacial na classificação pode ser
observado em Ponzoni et al. (2001). Estes autores compararam diferentes resoluções
espaciais (60, 100, 120, 200 e 250 m), para quantificar áreas desflorestadas na Amazônia
simulando imagens do TM Landsat 5. As análises foram obtidas a partir da geração de
mapas temáticos, considerando tanto a interpretação visual como a classificação mista
(digital seguida pela interpretação visual na tela do monitor). Os resultados demonstraram
20
que resoluções até 200 m foram adequadas para o monitoramento do desflorestamento
(floresta vs. não floresta) considerando-se a interpretação visual. Porém, resoluções acima
de 100 m, não foram capazes de distinguir temas pouco diferenciados espectralmente, tal
como a distinção entre vegetação secundária em fase inicial e avançada de sucessão,
demonstrando que a resolução espacial pode ter grande influência na quantificação de
áreas desflorestadas.
3.7 Pré-processamentos
Os dados recebidos pelo imageamento de sensores orbitais na forma bruta,
geralmente apresentam falhas e distorções. Estas distorções podem ser de origem
radiométrica, resultante de uma resposta não linear dos detectores e de efeitos de
interferência atmosférica (espalhamento e absorção), e/ou geométrica, relacionadas às
distorções espaciais causadas pela variação das condições de aquisição dos dados orbitais.
A correção de distorções e a remoção de falhas (ruídos) presentes nos dados é chamada de
pré-processamento, isto porque, as operações são realizadas antes que os dados sejam
utilizados para algum propósito.
3.7.1 Correção geométrica
A transformação de uma imagem de satélite para que ela possua as mesmas
propriedades de escala e projeção de um mapa é definida como correção geométrica ou
registro (Mather, 1999). Imagens geradas por sensores remotos estão sujeitas a uma série
de distorções geométricas e variação de resolução espacial, não possuindo precisão
cartográfica quanto ao posicionamento dos objetos, superfície ou fenômenos nelas
representados (Crósta, 1999). As principais fontes destas distorções geométricas são erros
internos, causados por distorções referentes ao sensor, e erros externos, condicionados aos
efeitos da plataforma e das condições de imageamento. Essas distorções geométricas não
permitem que sejam realizadas, na ausência de correção, medidas precisas referentes ao
posicionamento de alvos (Sassagawa, 1999).
O georreferenciamento de uma imagem pode ser realizado através de duas
maneiras. A primeira é definida como modelo de geometria orbital e é realizada através do
conhecimento exato dos parâmetros geométricos da órbita do satélite e outras variáveis.
Outro método é através da definição de pontos de controle no terreno, que devem ser
reconhecidos tanto no mapa como na imagem que se quer registrar, ou então pode-se usar
ao invés de um mapa outra imagem que já esteja corrigida (Crosta, 1999).
As etapas de um processo de correção geométrica podem incluir (a) a determinação
de uma relação entre o sistema de coordenadas de um mapa e a imagem (ou registro
imagem-imagem, caso possua uma imagem já corrigida), (b) o estabelecimento de um
21
conjunto de pontos que definem o centro dos pixels na imagem corrigida, considerados
como um grid retangular definem a propriedade cartográfica desejada na imagem que se
pretende registrar e (c) cálculo dos valores de intensidade dos pixels na imagem corrigida,
por interpolação das intensidades dos pixels na imagem original (Crosta, 1999; Mather,
1999).
3.7.2 Correção atmosférica e Calibração Radiométrica
Como mencionado anteriormente, as partículas e os gases presentes na atmosfera
interferem na radiação eletromagnética através de processos de absorção, reflexão e
espalhamento, atenuando seus efeitos quando atingem a superfície terrestre. A correção
atmosférica consiste em remover esses efeitos a fim de se obter os dados reais de
reflectância dos alvos na superfície terrestre. A correção atmosférica pode contribuir
significativamente para a exatidão da classificação (Pax-Lenney et al., 2001; Song et al.,
2001).
As imagens, ao serem captadas pelo sensor, são gravadas em números digitais
(DN), que, antes de serem processadas, precisam ser convertidas para uma unidade física,
a fim de se expressar o “comportamento espectral” teórico dos principais alvos terrestres.
Geralmente, essa transformação é efetuada para reflectância (ρ) (Espírito-Santo, 2003). Os
resultados obtidos com números digitais podem ser incorretos e/ou imprecisos, pois os
valores em DN não representam quantitativamente os valores físicos reais dos alvos na
superfície terrestre (Robinove, 1982).
Os níveis digitais são relacionados por um modelo linear (calibração) com base na
intensidade da energia radiante refletida. Entretanto, não são diretamente comparáveis entre
diferentes satélites devido às diferenças na calibração dos sensores (Robinove, 1982).
Os valores físicos derivados dos números digitais são a radiância (mW cm
-2
sr
-1
) e a
reflectância (valor adimensional, isto é, um número entre 0 e 1). A radiância é definida como
o fluxo radiante (mW) por unidade de ângulo sólido (esferroradiano sr
-1
), que deixa uma
superfície numa dada direção, por unidade de área (cm
-2
) perpendicular àquela direção; e a
reflectância é a razão entre o brilho (radiância) refletido de um objeto e o brilho incidente
sobre aquele objeto (Mather, 1999).
A transformação de DN para valores de reflectância é especialmente importante em
estudos sobre a vegetação que utilizam, por exemplo, os índices de vegetação, calculadas
através de uma razão entre bandas (Shimabukuro, 1995).
22
3.7.3 Modelo linear de mistura espectral
Um Modelo de Mistura Espectral (MLME) tem a finalidade de identificar a proporção
do padrão de resposta espectral de diferentes alvos que compõem um elemento de cena.
Isto porque a radiância medida pelo sensor em um ponto é dada pela integração das
respostas de cada um dos componentes de um elemento de cena (pixel), uma vez que, em
geral, a resolução espacial de um sensor permite a inclusão de mais de um tipo de objeto
dentro de um pixel.
Em geral, a resolução espacial de um sensor permite que um pixel inclua mais de
um tipo de cobertura do terreno na cena. A radiância registrada pelo sensor será a soma
das radiâncias de todos os materiais dentro do seu campo de visada instantânea (IFOV
“Instantaneous Field of View”), resultando em um fenômeno chamado de mistura espectral
(Shimabukuro e Smith, 1991; Foody et al., 1997).
Desta forma, a radiância observada em um determinado ponto é dada pela mistura
das respostas espectrais de cada um dos componentes da cena, como, por exemplo, solo +
sombra + vegetação. Essa mistura de radiâncias pode afetar a análise de dados de
sensoriamento remoto, pois as feições de interesse podem ser mascaradas e a comparação
de assinaturas espectrais de classes de cobertura da superfície terrestre fica ainda mais
difícil.
Este problema pode ser resolvido através de técnicas que tentam modelar a relação
existente entre os tipos de componentes (conseqüentemente suas proporções) encontrados
em uma cena e as respectivas respostas espectrais registradas pelo sensor (Adams et al.,
1995; Shimabukuro e Smith, 1991; Hall et al., 1995; Shimabukuro , 1995).
O MLME é uma destas técnicas, que, através da extração dessas informações, visa
o realce das feições de interesse da imagem. Este modelo sugere que a resposta espectral
de cada pixel seja uma combinação linear das respostas espectrais de cada componente
existente na mistura (solo, sombra, vegetação, água, rochas), a qual pode ser representada
por uma relação linear. Desta forma, os valores de radiância dos objetos são calculados de
acordo com a proporção em que aparecem dentro de cada pixel, possuindo então um valor
digital, que contém a informação sobre esta proporção e a resposta espectral de cada
componente (Shimabukuro e Smith, 1991; Adams et al., 1995; Roberts et al., 1998; Aguiar et
al., 1999).
Diversos trabalhos indicam os componentes vegetação, solo e sombra como
constituintes sicos de cenas florestadas (Shimabukuro et al., 1997, Aguiar et al, 1999);
outros incluem ainda um quarto componente, como a madeira (Nascimento, 1997) ou
material vegetal não-fotossintético (Adams et al., 1995; Roberts et al., 1998;)
Cochrane e Souza Jr (1998) demonstraram o potencial do modelo linear de mistura
espectral para detectar áreas impactadas pelo fogo na Amazônia, sendo possível identificar
23
através da componente vegetação não fotossintética, áreas recentemente queimadas e
antigas queimadas (período maior que 1 ano).
Souza Jr e Barreto (2000) utilizaram a fração solo para identificar e estimar áreas de
corte seletivo em Paragominas, demonstrando uma valiosa metodologia para monitorar e
analisar o corte seletivo na Amazônia.
Thales (2001) utilizou a fração sombra para mapear e caracterizar áreas com
dominância de babaçu, sendo observado que, com o aumento da densidade do babaçu, os
valores de número digital e reflectância aparente diminuíam no infravermelho próximo e a
proporção do componente sombra aumentava.
A utilização de imagens fração derivadas da aplicação do MLME vem apresentando
bons resultados para estudos de detecção de características de cobertura do solo e
mudança do uso do solo, inclusive na determinação de classes de vegetação (Affonso et al.,
2005; Freitas e Cruz, 2005; Vasconcelos e Novo, 2004; Verona e Shimabukuro, 2005).
3.8 SRTM e o Modelo Digital de Elevação
O projeto SRTM (Shuttle Radar Topographic Mission) advém de cooperação entre a
NASA e a NIMA (National Imagery and Mapping Agency), do DOD (Departamento de
Defesa) dos Estados Unidos e das agências espaciais da Alemanha e da Itália. A missão
usou o mesmo instrumento utilizado em 1994 no programa Spaceborne Imaging Radar-C/X-
Band Synthetic Aperture Radar (SIR-C/X-SAR), a bordo do ônibus espacial Endeavour.
A identificação de formas de terreno é tradicionalmente feita por julgamentos em
termos qualitativos, que são baseados nas descrições obtidas na fase de interpretação.
Métodos paramétricos também são possíveis e de grande interesse, pois fornecem uma
base mais objetiva e uniforme para a identificação de sistemas terrestres. Estes requerem a
medição e o mapeamento de variáveis do relevo como altitude, declividade, curvaturas
vertical e horizontal, orientação de vertentes etc., que são combinados para identificar
elementos de terreno e que são, por sua vez, combinados em padrões de terreno. A adoção
dos métodos tradicionais de levantamento é justificada pela demora e pelo custo dos
métodos paramétricos. No entanto, alternativas como imageamento orbital e
geoprocessamento podem reduzir substancialmente estes custos, senão com a mesma
qualidade dos métodos tradicionais, ao menos com um grau aceitável de concordância com
aqueles (Dent & Young, 1981).
Dent & Young (1981) apresentaram uma descrição geral do trabalho de
levantamento de sistemas terrestres, em que fundamentam e delimitam a importância direta
do mapeamento de variáveis topográficas. Como em mapeamentos pedológicos, as
atividades do levantamento de sistemas terrestres começam pela interpretação (via
aerofotografias, imageamento orbital e análise do relevo) das formas de terreno e da
24
vegetação, mapeadas independentemente, em que se procuram as feições características
de cada sistema terrestre. Uma grande proporção de feições de ambos os aspectos recaem
sobre as formas de terreno, mais do que por razões práticas. É desejável que os sistemas
terrestres estejam definidos o quanto for possível em termos de tipos de terreno, para que
se atenda a uma base uniforme para o mapeamento. Em áreas planas, planícies costeiras e
aluviais, a vegetação deve ser utilizada.
Muitos estudos dão respaldo a esta alternativa com pesquisas voltadas à relação
entre variáveis topográficas e atributos da paisagem de maneira sistêmica, como a
caracterização de solos, clima ou vegetação. Assumindo o desenvolvimento de solos como
resposta à distribuição dos processos hidrológicos e erosivos e da temperatura do solo,
Moore et al. (1993) relacionaram atributos pedológicos a variáveis topográficas, verificando
que a situação topográfica explicou, em parte expressiva, a variação de importantes
propriedades do solo. Brubaker et al. (1993) fizeram inferências semelhantes baseados na
posição das observações sobre a superfície de vertentes. Briggs & Shishira (1985)
observaram uma considerável redução na variabilidade dos atributos de solo dentro de cada
unidade homogênea de relevo. Tais efeitos edáficos, associados a efeitos climáticos, além
da ação direta do relevo sobre a vegetação, têm dado suporte, por exemplo, ao estudo de
efeitos topográficos para o mapeamento de tipos florestais (Florinsky & Kuryakova, 1996).
Esses autores consideraram, como ação direta da topografia, o transporte e o acúmulo de
material orgânico, incluindo sementes e outras estruturas de propagação e recomendam o
uso de modelos digitais e mapas de variáveis topográficas para levantamento, mapeamento
e compreensão dos aspectos dinâmicos da vegetação.
Os estudos aplicados à caracterização da paisagem com variáveis morfológicas têm
sido favorecidos com o desenvolvimento de métodos automáticos de extração de variáveis
topográficas. Muitos trabalhos abordam os aspectos ligados à erosão em estimativas diretas
(Ranieri et al., 1998; Molnár & Julien, 1998) e desenvolvimento de métodos automáticos de
medição das variáveis (Desmet & Govers, 1996; Remortel et al., 2001; Kinnel, 2001;
Mizukoshi & Aniya, 2002; Valeriano & Garcia, 2000; Valeriano 2002a; Valeriano, 2003a; e
Valeriano 2003b). Como exemplos de extração digital de informações da topografia,
análises de redes fluviais (Turcotte et al., 2001), partição de microbacias hidrográficas
(Band, 1986) e a identificação de unidades de relevo (Miliaresis & Argialas, 1999; Meijerink,
1988; Giles & Franklin, 1998) vêm sendo desenvolvidas em ambiente computacional,
amenizando a demanda de trabalho manual e a subjetividade dessas atividades.
Outra utilização dos dados topográficos fundamenta-se nos seus efeitos sobre a
aquisição de dados remotos por sistemas sensores. Estes dados são fortemente
modificados pelo relevo, sobretudo na faixa do visível e do infravermelho próximo (Justice et
al., 1981). A redução do efeito topográfico sobre imagens multispectrais resulta numa
25
redução dos erros de classificação espectral de imagens, tanto maior quanto mais
acidentado for o terreno (Fahsi et al., 2000). Em imageamento por RADAR, a correção
topográfica dos dados mostrou aumentar ligeiramente o desempenho dos processos de
classificação, porém resultou em grande aumento da exatidão da estimativa de variáveis
biofísicas (Franklin et al., 1995).
Um ponto chave para a viabilidade técnica dos modelos digitais de elevação (MDE) é
sua preparação. trabalhos de pesquisa voltados exclusivamente à preparação e à
avaliação de MDE por diversos métodos, a partir de dados igualmente diversos (Valeriano,
2002b; Valeriano et al., 2002; Reiss, 2002; Özdamar et al., 1999; Li, 1992, por exemplo).
Dado um conjunto de pontos de elevação conhecida, a inserção da topografia em
SIG ocorre através de da interpolação destes para um plano de informação. Este processo
conta com a série de recursos diferentes, respondendo cada interpolador por uma série de
vantagens e desvantagens. Muitos trabalhos foram feitos para verificar o desempenho
destes interpoladores com base na comparação das cotas altimétricas entre as
metodologias e com os dados conhecidos, como ainda é feito, por exemplo, para testar MDE
obtidos por sensoriamento remoto, como da própria SRTM (Koch et al., 2002).
Em virtude das pequenas diferenças de exatidão encontradas entre as elevações
estimadas por um método ou outro, Kubik & Botman (1976) consideraram que outros
critérios, como facilidade e velocidade computacional, deveriam nortear a escolha do
método. Östman (1987), por sua vez, sugere que a qualidade dos MDE seja avaliada com
base em atributos derivados, como declividade e curvatura, a exemplo do que fez Giles &
Franklin (1996), que compararam resultados de declividade para testar MDE. Outros lidam
com a extração de informações sob variadas condições de preparo do MDE (Thompson et
al., 2001; Valeriano, 2003c), para o dimensionamento de demandas técnicas aplicadas em
pré-processamento, necessárias a uma utilização adequada.
O sobrevôo da SRTM ocorreu no período de 11 a 22 de fevereiro de 2000, durante o
qual foram percorridas 16 órbitas por dia, num total de 176 órbitas. O sobrevôo foi concluído
com a coleta de 12TB de dados, que vêm sendo processados para a formação de MDE.
O processamento dos dados coletados visou à formação de um MDE mundial,
elaborado continente por continente, iniciado com a América do Norte.
A cobertura foi feita em 80% da área terrestre do planeta, entre latitudes 60° N e
56°S. Nesta área, foram realizadas de uma a quatro passagens, de acordo com a figura 3.
Um conjunto menor de dados foi coletado sobre água para calibração.
26
Fig.3- Área de cobertura do sobrevôo da SRTM
3.9 Técnicas de classificação de imagens
A classificação de objetos ou fenômenos é feita pela escolha das características que
os descrevem para diferenciá-los entre si. Os métodos de classificação dividem-se
basicamente em duas categorias: a classificação supervisionada e a não-supervisionada.
Nesta segunda, não qualquer conhecimento prévio do classificador sobre os atributos
das classes pertinentes à cena, enquanto que na classificação supervisionada, o
classificador orienta sua busca de classes a partir de amostras de treinamento feitas
anteriormente com as classes de interesse da cena (Crosta, 1999).
O princípio da classificação supervisionada é baseado no uso de algoritmos para se
determinar os pixels que representam valores de reflexão característicos para uma
determinada classe. A classificação supervisionada é a mais utilizada na análise quantitativa
dos dados de sensoriamento remoto.
Nas classificações digitais tradicionais, onde um conjunto de amostras é utilizado
para caracterizar cada classe temática a ser mapeada, os pixels (elementos básicos
constituintes da imagem) são comparados um a um às amostras fornecidas decidindo a qual
classe temática eles pertencem. Estas classificações são conhecidas por classificação pixel
a pixel e desconsideram, portanto, o contexto de inserção dos pixels e a textura da imagem.
Os problemas da classificação automática advêm, em larga escala, da dificuldade de
inserir, nos classificadores, regras de decisão que incluam os critérios que a mente do foto-
intérprete utiliza, como o contexto e a forma das feições. Portanto, ao basear-se
exclusivamente na intensidade da radiação, expressa pelos níveis de cinza (NC), a maioria
das técnicas classificatórias não alcançam níveis de acurácia satisfatórios para muitas
aplicações. A fraca separabilidade espectral entre classes de interesse está na origem dos
erros de classificação.
A necessidade de se criar métodos digitais de classificação de imagens, reduzindo a
subjetividade do intérprete humano e ao mesmo tempo considerando algumas
27
características do meio, e não exclusivamente o valor espectral do pixel, levou ao
desenvolvimento de novas técnicas e aplicativos.
3.10 Classificação por Árvore de Decisão
Amplamente utilizadas em algoritmos de classificação, as árvores de decisão são
representações simples do conhecimento e um meio eficiente de construir classificadores
que predizem classes baseadas nos valores de atributos de um conjunto de dados.
As árvores de decisão consistem de nodos que representam os atributos; de arcos,
provenientes destes nodos e que recebem os valores possíveis para estes atributos; e de
nodos folha, que representam as diferentes classes de um conjunto de treinamento
(Ingargiola,1996). Classificação, neste caso, é a construção de uma estrutura de árvore
(Figura 4), que pode ser usada para classificar corretamente todos os objetos do conjunto
de dados de entrada (Brazdil, 1999).
Fig.4- Exemplo da entrada de dados do classificador por Árvore de decisão.
Muitos são os algoritmos de classificação que constroem árvores de decisão. Não há
uma forma de determinar qual é o melhor algoritmo; um pode ter melhor desempenho em
determinada situação e outro pode ser mais eficiente em outros tipos de situações.
Após a construção de uma árvore de decisão, é importante avaliá-la. Esta avaliação
é realizada através da utilização de dados que não tenham sido usados no treinamento.
Esta estratégia permite estimar como a árvore generaliza os dados e se adapta às novas
situações, podendo, também, se estimar a proporção de erros e acertos ocorridos na
construção da árvore (Brazdil, 1999).
A partir de uma árvore de decisão, é possível derivar regras. As regras são escritas
considerando o trajeto do nodo raiz até uma folha da árvore. Estes dois métodos são
geralmente utilizados em conjunto. Devido ao fato de as árvores de decisão tenderem a
crescer muito, de acordo com alguma aplicações, elas são muitas vezes substituídas pelas
regras. Isto acontece em virtude das regras poderem ser facilmente modularizadas. Uma
28
regra pode ser compreendida sem que haja a necessidade de se referenciar outras regras
(Ingargiola, 1996).
Uma árvore de decisão tem a função de particionar recursivamente um conjunto de
treinamento, até que cada subconjunto obtido deste particionamento contenha casos de
uma única classe. Para atingir esta meta, a técnica de árvores de decisão examina e
compara a distribuição de classes durante a construção da árvore. O resultado obtido, após
a construção de uma árvore de decisão, são dados organizados de maneira compacta, que
são usados para classificar novos casos (Holsheimer & Siebes, 1994; Bradzil, 1999).
A árvore de decisão não assume nenhum modelo estatístico a priori, sendo a divisão
do espaço de atributos feita de acordo com as amostras provenientes do treinamento.
Assim, no espaço RGB, as classes são separadas por planos que as delimitam.
29
4. Material e Métodos
4.1 Descrição e Localização da área de estudo
A área de estudo es localizada no centro-oeste do estado do Amazonas, nos
municípios de Juruá e Uarini/AM (Figura 5). Com uma área aproximada de 188.000 ha, a
Reserva Extrativista do Baixo - Juruá limita-se ao Leste com o Rio Juruá e a Oeste com o
Rio Uarini.
Fig.5- Localização da área de estudo. Reserva Extrativista do Baixo Juruá/AM.
4.1.2 Características fisiográficas
A área de estudo pertence à unidade geomorfológica do Planalto Rebaixado da
Amazônia Ocidental com Domínio Morfoclimático em Planalto Dissecado e Superfície
Pediplanada, com diferentes índices de dissecação variando entre de 750 a 12.750 metros.
Composto por interflúvios tabulares e relevos de topo aplainado, separados por vales de
fundo plano e intensidade de aprofundamento da drenagem muito fraca.
Apresenta, também, segundo PROJETO RADAMBRASIL, uma Planície fluvial (Apf)
com área aplainada, resultante de acumulação fluvial, periódica ou permanentemente
alagada, que pode apresentar, geralmente, diques marginais, canais anastomosados e
lagos.
30
A geologia é composta pela Formação Solimões, com depósitos recentes e atuais de
planícies fluviais com predomínio de seixos. Quanto ao aspecto pedológico, ocorrência
de solos hidromórficos gleyzados eutróficos, Podozólico vermelho-amarelo álico e Latossolo
vermelho-amarelo álico.
O clima é pertencente ao grupo tropical chuvoso, com precipitação pluviométrica
anual média de 2.500 mm. O período chuvoso inicia-se em Novembro, atingindo os maiores
índices entre os meses de Janeiro e Abril. A temperatura média do ar gira em torno de 24°C,
com pequena amplitude térmica. A umidade relativa do ar permanece geralmente acima de
90%.
Esta região caracteriza-se pela floresta tropical densa, da sub-região aluvial da
Amazônia, com terraços baixos e planos, sendo muito freqüente a presença da seringueira
(Hevea sp.), louro (Ocotea sp.), virola (Virola surinamensis) e samaumeira (Bombax
globosum). A vegetação das margens do Rio Juruá sofre o efeito das cheias, registrando a
ocorrência do capim canarana (Canarana ereta), consumido pela capivara (Hidrochoeris).
A Resex é composta por 11 comunidades e aproximadamente 750 habitantes. Os
principais meios de sobrevivência são o roçado, o cultivo de pequenas áreas de milho e
espécies frutíferas e a criação de animais de pequeno porte.
Com aproximadamente 7.500 habitantes, a sede do município de Juruá está situada
entre o Rio Juruá (a Leste) e o limite da Reserva Extrativista (a Oeste). Além da atividade
madeireira de subsistência, a região também possui algumas atividades agrícolas com o
predomínio de pequenas pastagens e enquadra-se no modelo típico de desenvolvimento do
interior do Estado do Amazonas. A Figura 6 mostra a sede do município de Juruá e a sua
zona rural.
Fig.6- Na figura da esquerda: Vista aérea da sede do município de Juruá/AM. Na figura da direita:
Pastagem na área rural da cidade.
31
4.2 Materiais e equipamentos
A seguir, serão descritos os materiais utilizados no desenvolvimento deste estudo,
tais como, imagens de satélite, cartas e equipamentos utilizados no levantamento de campo.
4.2.1 Equipamentos utilizados no levantamento de campo
Foram utilizados uma bússola e um equipamento de GPS (Sistema de
Posicionamento Global) de navegação, com precisão de 15 metros, para aquisição das
coordenadas geográficas dos pontos de interesse. Fotografias em nível do solo para
caracterização da área de estudo foram obtidas utilizando uma câmera da marca SONY 7.2
megapixel.
4.2.2 Produtos em formato digital
Para realização deste estudo, foram utilizadas imagens do sensor TM LANDSAT 5
correspondentes às bandas 1,2,3,4,5 e 7, órbita ponto 01/62 e 01/63 referentes ao ano de
2005 para a região de Juruá–AM (Tabela 2). Posteriormente, como complemento ao
trabalho, foram utilizadas as imagens do ano de 1997 e 2000 da órbita ponto 01/62.
As imagens foram fornecidas pela Divisão de Geração de Imagens (DGI) do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais de Cachoeira Paulista, em formato GeoTiff. Estas foram
adquiridas com nível de correção 1G, isto é, com correções geométrica e radiométrica. A
correção geométrica é feita a partir de um modelo fotogramétrico e reamostragem pelo
interpolador do vizinho mais próximo, em projeção/datum UTM/SAD-69. A correção
radiométrica tem por finalidade igualar as diferenças das sensibilidades radiométricas entre
os 16 detectores de cada banda espectral dos sensor TM (Thematic Mapper).
Também foram utilizadas imagens do projeto SRTM (Shuttle Radar Topographic
Mission) de cooperação entre a NASA e a NIMA (National Imagery and Mapping Agency),
do DOD (Departamento de Defesa) dos Estados Unidos e das agências espaciais da
Alemanha e da Itália. A missão usou o mesmo instrumento utilizado em 1994 no programa
Spaceborne Imaging Radar-C/X-Band Synthetic Aperture Radar (SIR-C/X-SAR), a bordo do
ônibus espacial Endeavour (Tabela 3).
Tab.2- Características da imagem LANDSAT-TM utilizada
Data de
aquisição
Cena
Órbita/Ponto
Tipo de
Sensor
Elevação
solar
Resolução
espacial
Resolução
radiométrica
04/09/2005 001/62 TM 59,12 30 metros 8 bits
04/09/2005 001/63 TM 59,12 30 metros 8 bits
32
Tab.3- Características da imagem SRTM utilizada.
Ano de aquisição Cena Sensor Resolução espacial Altitude de vôo
11 a 22/02/2000 S04-W067 SRTM 90 metros 233 Km
11 a 22/02/2000 S04-W066 SRTM 90 metros 233 Km
4.2.3 Aplicativos computacionais:
* SPRING 3.6.03 (Câmara et al., 1996);
* Environment for Visualizing Images - ENVI 4.2 (Sulsoft, 2002) e,
* ARCGIS 9 (Esri).
4.3 Metodologia
O estudo foi dividido em 4 etapas consecutivas distintas:
1. Pré-processamento das imagens Landsat-TM5;
2. Pré-processamento das imagens SRTM;
3. Classificação e avaliação da técnica digital “Decision Tree” e
4. Processamento dos dados do Inventário Florestal.
4.3.1 Pré-processamento das imagens digitais Landsat-TM5
Os procedimentos utilizados no pré-processamento das imagens consistiram em:
1. Registro e Mosaico das cenas 1/62 e 1/63 do sensor TM-5, Landsat;
2. Correção atmosférica
1
e Calibração radiométrica;
4. Correção geométrica dos dados digitais e,
5. Geração das Imagens Fração.
4.3.1.1 Mosaico de imagens
Observando-se a necessidade de se utilizar mais de uma cena do sensor TM-5 para
poder cobrir toda a área deste estudo, as duas imagens foram ajustadas a partir de um
registro “imagem-imagem”, que teve como objetivo ajustar geometricamente as linhas e
colunas das cenas (1/62 e 1/63). Este é considerado o primeiro passo para se mosaicar
imagens não-georreferenciadas.
O registro foi realizado selecionando-se dez pontos de controle comuns às duas
imagens (na região de sobreposição entre as cenas) de locais de referência notória, tais
como pista de pouso, cruzamento de ramais de terra e cursos de água. A partir do momento
em que os pontos de controle foram definidos, o método de reamostragem “Vizinho mais
1
O termo mais adequado seria atenuação, uma vez que os modelos utilizados na correção
atmosférica são incapazes de aferir quantitativamente o ajuste do modelo, tal como a estimativa do
erro médio quadrático (RMSE- root mean squares error) em um registro geométrico.
33
próximo” (Nearest Neighbor) foi aplicado utilizando um polinômio do 1
o
grau para a
transformação de coordenadas.
4.3.1.2 Correção atmosférica e Calibração Radiométrica
A correção atmosférica foi realizada utilizando o método desenvolvido por Chavez
(1996), baseado na subtração do pixel escuro. Este método, também é denominado de
COST, é uma reformulação do método proposto pelo próprio Chavez (1988). Tal
reformulação foi necessária, pois a primeira versão do método apresentava falha nas
bandas onde existe predominância de absorção, no caso a TM4 (infravermelho próximo).
Segundo esse método, em toda e qualquer cena e em qualquer banda espectral, existem
pixels que deveriam assumir o valor “0”, uma vez que estes poderiam não receber radiação
incidente.
A correção atmosférica foi realizada na imagem mosaico TM Landsat 5 referente ao
ano de 2005 para as primeiras quatro bandas espectrais (do visível ao infravermelho
próximo), que são notoriamente as que mais sofrem interferência atmosférica (Slater, 1980).
Para isto, foi desenvolvido um algoritmo em linguagem computacional LEGAL (Linguagem
Espacial para Geoprocessamento Algébrico) (Câmara et al. 1995) baseado no método
descrito por Skirvin (2002)
2
. Este algoritmo combina o método COST para correção
atmosférica com a calibração radiométrica, reduzindo o consumo de tempo nas etapas do
processamento.
O primeiro passo deste método foi calcular a radiância mínima do alvo (L
i, min
) para
cada banda espectral do sensor, a partir da equação descrita a seguir:
(1) L
i, min
= LMIN
i
+ Qdark * (LMAX
i
– LMIN
i
) / Qcalmax
onde,
Qdark = o valor digital (DN) mínimo encontrado em uma cena sob efeito da
interferência atmosférica;
Qcalmax = valor máximo de quantização do pixel em DN, igual a 255,
LMIN
i
e LMAX, são os valores de radiância correspondentes aos valores DN=0 e
DN=255, respectivamente, sendo os valores de calibração revisados do sensor TM5
fornecidos em Chander e Markham (2003, pág.4).
O Qdark (valor digital mínimo ou pixel escuro) foi determinado para as quatro bandas
iniciais do TM Landsat 5 (TM1, TM2, TM3 e TM4), pela análise do histograma de acordo
com Milton (2002), adotando o modelo de espalhamento relativo de Rayleigh para condições
atmosféricas “muito limpa”, decaimento à quarta potência. Em seguida, para cada banda a
2
Disponível no site http://www2.erdas.com/supportsite/downloads/models/user_models/
34
ser corrigida, foi computada a radiância do pixel escuro (efeito da bruma), supondo-se uma
radiância de fundo igual a 1% de reflectância do pixel escuro (Chavez, 1996; Moran et al.,
1992), ou seja:
(2) L
i
,
1%
= 0,01 * ESUN
i
* cos
2
q / (π * d
2
)
onde,
ESUN
i =
irradiância solar exoatmosférica, obtidas de Chander e Markham (2003, pág.
5) para cada banda espectral, “q” é o ângulo zenital solar, e “d” a distância Terra-Sol em
unidade astronômicas.
Computando-se a radiância corrigida de bruma (L
i, haze
) para cada banda:
(3) L
i, haze
= LMIN
i
– L
i, 1%.
Por fim, para se obter a reflectância de superfície (ρ
s
), derivada das correções
radiométrica e atmosférica, foi utilizada a formulação de acordo com Chavez (1996),
expressa por:
(4)
ρs
= π * d
2
* (L
i
,
sat
– L
i, haze
) / ESUN
i
* cos
2
q
onde a radiância bruta recebida pelo sensor Lsat
i
é dada por:
(5) L
i, sat
= LMIN
i
+ ND (im
i
) * (LMAX
i
– LMIN
i
) / Qcalmax
sendo, ND(im
i
) o número digital de um dado pixel para uma dada banda espectral.
A equação 4 foi modificada para calcular a reflectância aparente (sem correção) das
bandas do infravermelho médio (TM5 e TM7), desconsiderando os fatores de correção para
os efeitos atmosféricos, já que, nesta região do espectro, a atmosfera é praticamente
transparente (Slater, 1980), resultando na seguinte expressão:
(6) ρλ = π * d
2
* Li,
sat
/ ESUN
i
* cos q
Neste procedimento, a imagem teve seus valores em ND convertidos para valores de
reflectância aparente de acordo com a equação 6, utilizando-se os parâmetros de calibração
(Tabela 4) publicados por Chander e Markham (2003) para o sensor TM5 e também tendo
os efeitos atmosféricos atenuados conforme descrito anteriormente.
35
Tab.4- Valores de radiância Lmax e Lmin (W / m
2
.sr. µm) e irradiância solar (E
solar
) (W / m
2
.µm)
utilizados na conversão de número digital para reflectância aparente.
TM Landsat -5
De 01/03/1994 a 05/05/ 2003 Depois de 5/05/ 2003
Bandas LMIN
LMAX E
solar
LMIN LMAX E
solar
1
-1,52
152,1 1957 -1,52 193 1957
2
-2,84
296,81 1826 -2,84 365 1826
3
-1,17
204,3 1554 -1,17 264 1554
4
-1,51
206,2 1036 -1,51 221 1036
5
-0,37
27,19 215 -0,37 30,2 215
7
-0,15 14,38 80,67 -0,15 18,5 80,67
4.3.1.3 Correção geométrica
A “Imagem Mosaico” foi corrigida geometricamente com o auxílio do software ENVI
4.2 (Sulsoft), co-registrando esta com as imagens do Geocover (Nasa, 2000). Para isto,
utilizaram-se 10 pontos de controle correspondentes às suas coordenadas geográficas,
utilizando como base o Mosaico Geocover da NASA, já georreferenciado.
Foi adotada, para a “Imagem Mosaico”, a projeção geográfica UTM, por ser a mais
indicada para calcular distâncias em áreas relativamente pequenas (nível local), e datum
WGS-84, para representar a forma elipsóide da Terra (ITC, 2004).
Um modelo polinomial de primeiro grau, com reamostragem dos níveis de cinza pelo
interpolador do vizinho mais próximo e a avaliação da confiabilidade do processo foi
baseada no erro (RMS) das posições dos pontos controle.
4.3.1.4 Modelo linear de mistura espectral
A Imagem Mosaico do TM-5 foi processada pelo software ENVI 4.0, usando um
modelo linear de mistura espectral para a obtenção das imagens fração solo, vegetação e
sombra. O modelo linear de mistura espectral (MLME) visa estimar a proporção dos
componentes solo, vegetação e sombra para cada pixel, a partir da resposta espectral nas
diversas bandas do TM, gerando as imagens fração correspondentes.
Para a geração das imagens fração, foram utilizadas as 6 bandas da Imagem
Mosaico do satélite LANDSAT-TM5, formando um sistema de equações lineares, resolvido
pelo método dos Mínimos Quadrados. Esse modelo é expresso por um modelo matemático
de mistura espectral, conforme a equação abaixo, com restrição de solução (soma das
frações igual a 1).
36
ij
n
j
iji
efr +=
å
=1
r
onde,
i
r reflectância de um dado pixel na banda espectral
i
de n-bandas espectrais;
n
número de componentes de mistura;
j
f
fração de cada componente puro
j
dentro do pixel;
ij
r
reflectância do componente puro
j
na banda espectral
i
;
Uma das maneiras de selecionar os componentes puros do Modelo Linear de Mistura
Espectral foi feito na própria imagem. Os pixels candidatos, com maior probabilidade a
serem considerados puros, foram obtidos usando um algoritmo de Índice de Pureza de Pixel
PPI (Boardman et al. 1995), implementado no ENVI. Logo após este procedimento, foi
construído um gráfico contrapondo valores de reflectância na região do visível e do
infravermelho próximo, em um espaço bidimensional, conforme figura 7.
Fig.7- Espaço bidimensional compreendendo as Bandas 3 e
4 do sensor TM5Landsat. O triângulo vermelho corresponde a
área da distribuição de pontos e os retângulos brancos
indicam a provável localização dos pixels puros.
Observando o gráfico da figura 7, verifica-se que a distribuição da reflectância no
espaço bidimensional segue um padrão. Este padrão dependente das propriedades
espectrais dos elementos mais freqüentemente encontrados em uma cena, que, em se
tratando de recursos naturais, seriam a água, o solo e a vegetação.
37
Considerando que cada um desses elementos da cena ocorre em proporções
diferenciadas dentro de um mesmo pixel, aqueles pixels que contém as proporções mais
“puras” de um desses elementos se localizarão nos extremos dessa distribuição de pontos,
a qual freqüentemente assume a forma de um triângulo. Assim, no vértice inferior direito
estariam aqueles pixels representativos dos solos expostos, e que apresentam valores
“médios” de Reflectância nas duas faixas espectrais. Na porção inferior esquerda estariam
localizados os pixels representativos dos corpos de água e das regiões sombreadas. E, por
fim, no vértice superior estariam os pixels com as maiores proporções de cobertura vegetal,
apresentando altos valores de reflectância na região do infravermelho próximo e baixos na
região do visível.
Desta maneira, foram encontrados os pixels com as proporções mais puras de solo,
sombra e vegetação. Esses pixels foram inspecionados quanto à forma da curva espectral e
contexto de campo para a obtenção do conjunto final de componentes puros. A imagem erro
(RMS) gerada pelo modelo também foi um dos indicadores para avaliar a seleção dos pixels
puros.
4.3.2 Dados do SRTM e a construção do Modelo Digital de Elevação.
O Projeto SRTM faz parte de um programa que visa examinar a superfície terrestre,
oceanos, atmosfera, gelo e a vida como um sistema integrado e representa a primeira
experiência de interferometria a bordo de uma nave espacial.
No período de 11 a 22 de fevereiro de 2000, a bordo do Space Shuttle Endeavour
(Figura 3), numa altitude de vôo de 233 km e uma inclinação de 57º, um conjunto composto
por duas antenas coletou 14 Terabytes de dados que permitiram a avaliação do perfil de
altitude para criação de modelo digital tri-dimensional da Terra entre as latitudes 60ºN e
58ºS.
As imagens utilizadas neste trabalho foram adquiridas gratuitamente da rede mundial
de computadores diretamente do endereço http://srtm.usgs.gov/data/obtainingdata.html do
USGS (United States Geological Survey) disponíveis sob a resolução de aproximadamente
90 m na forma de grade de Modelos Numéricos do Terreno. As etapas de pré-
processamento para utilização dos dados SRTM foram:
1. Registro e Mosaico das cenas SRTM_S04-W067 e SRTM_S04-W66;
2. Remoção de falhas do Mosaico SRTM (resolução 90 metros);
3. Geração e avaliação de um novo SRTM de resolução 30 metros e,
4. Extração das variáveis de interesse.
Após o Registro e a criação do Mosaico, a imagem foi utilizada na resolução de 90
metros como Modelo digital de elevação (MDE). A imagem da região foi convertida em grid e
em seguida ela foi reclassificada para correção dos valores negativos gerados na conversão
38
de 16 bits para 32 bits. Após a correção, o MDE foi interpolado para melhorar sua resolução
e deixá-lo nas mesmas dimensões das imagens Landsat/TM5, com resolução aproximada
de 30 metros.
A krigagem simples foi utilizada na interpolação de 90 para 30 m conforme
metodologia proposta por Valeriano et al., (2006). Com os dados topográficos (altimétricos)
da coleção SRTM refinados com tratamento geoestatístico (Valeriano, 2006), foi gerado um
arquivo matricial de declividade derivado do MDE. Segundo o mesmo autor, o cálculo da
declividade requer alta resolução do Modelo Digital de elevação, podendo ser interpolado
através de krigagem. Este processo foi executado através da ferramenta “Slope” do
programa ARCGIS 9.0.
As variáveis altimétricas e de declividade foram extraídas do MDE e utilizadas em
uma fase posterior na classificação por Árvore de decisão. Todos os procedimentos
utilizados na geração do MDE foram realizados no programa ArcGis 9.0.
4.3.3 Classificação por Árvore de Decisão
O processo de classificação foi implementado por meio de uma série de regras que
determinaram o caminho a ser seguido, começando da raiz e finalizando em um nó terminal,
o qual representou a classe do objeto ao qual se pretendeu classificar. A raiz e os nós
interiores, referidos coletivamente como nós não terminais, estabelecem os estágios de
decisão. A cada não terminal, uma decisão tem que ser tomada acerca do caminho a se
seguir para o próximo nó (Tso & Mather, 2001).
Cada decisão separou pixels pertencentes a um arranjo de imagens, dentro de duas
classes baseadas numa determinada expressão. Para cada nova classe, foi possível
subdividi-la em mais duas classes, ou seja, podendo definir tantas classes quanto foram
necessárias para gerar a classificação. As variáveis utilizadas na classificação por Árvore de
Decisão foram:
1. Informações originárias da coleta de campo,
2. bandas 1 a 5 e 7 do sensor TM5, Landsat,
3. imagens Fração Solo, Sombra e Vegetação resultantes do MLME e,
4. dados de altitude gerados pelo MDE das imagens do SRTM.
Assim, as informações dos sensores remoto extraídas por meio das diferentes
metodologias foram utilizadas em conjunto para caracterizar e mapear a cobertura e uso do
solo na Reserva, como pode ser observado no fluxograma da figura 8.
39
Fig.8- Fluxograma da metodologia aplicada na classificação temática.
4.3.3.1 Avaliação da classificação
Para verificar a acurácia da classificação, foi gerada uma matriz de confusão ou de
Erros, comparando os dados de referência (“verdade”) de campo com os da classificação.
Os erros de classificação foram denominados de “Erros de inclusão (commission)”
quando foram incluídos pixels em uma classe que na verdade, pertenciam a outra, e
denominados Erros de omissão (omition)” quando foram omitidos pixels da classe correta,
atribuindo-os a outra classe. Assim, tem-se o tipo de erro específico de cada classe e o
percentual do total de pixels classificados corretamente, ou seja, a exatidão global
(“accuracy”) da classificação.
Outro indicador de exatidão derivado da matriz de confusão, que auxiliou na
avaliação do classificador foi o coeficiente Kappa (K) (Colganton & Green, 1999; Tso &
Mather, 2001). Uma das vantagens alegadas ao uso desse coeficiente é de que ele
incorpora a informação dos pixels mal classificados e não apenas dos pixels classificados
corretamente. Portanto, o Kappa é sensível não à perda de acurácia global como um
todo, mas também às variações dos erros de omissão e de inclusão.
40
4.3.4 Inventário Florestal
Os dados utilizados neste trabalho fazem parte do banco de dados para a
implantação do Plano de Manejo da RESEX do Baixo Juruá e foram coletados a partir de
um inventário florestal realizado no mês de fevereiro de 2006 pela equipe de inventário
Florestal do Laboratório de Manejo Florestal do INPA.
Foram instalados 13 transectos (Figura 9) localizados em floresta de Terra- Firme e
distribuídos sistematicamente de Norte a Sul da reserva. Os transectos são formados de 6
subunidades amostrais com 0,25 ha ou 2500m² (20 X 125 m) cada, sendo que entre as
subunidades amostrais foram deixados espaços de 200 metros em que não é inventariado
nenhum indivíduo. No total, foram inventariados 22,5 ha ou 225.000 m
2
, considerando todos
os indivíduos arbóreos com DAP > 10 cm.
Fig.9- Esquema da instalação no campo de um transecto composto de 6 sub-unidades.
O posicionamento das unidades amostrais foi adaptado de Higuchi et al. (1982), no
qual as unidades amostrais distribuem-se na forma de cruz (figura 10).
Fig.10- Modelo de unidade amostral composta por 4 sub-amostras. Higuchi et al (1982).
4.3.4.1 Estimativa dos parâmetros da estrutura diamétrica
Os parâmetros dendrométricos que serão estimados são: área basal (m
2
/ha), volume
comercial com casca (m
3
/ha) e biomassa fresca acima do nível do solo (t/ha). As estimativas
destes parâmetros são feitas em função dos indivíduos por hectare e por classe diamétrica.
10m10m
20m
125m
10m
75m
75m
20m
125m
10m
41
Estimativa de área transversal (m²/ha)
g = (p . DAP
2
) / 40000
Onde:
g = área transversal em m
2
; e
DAP = diâmetro à altura do peito em cm.
Estimativa da Área Basal (G/m²/ha)
AB = Σg
Estimativas do volume comercial com casca (m³/ha)
A estimativa do volume comercial bruto de árvore em com casca para todos os
indivíduos com DAP ³ 20 cm foi obtida através da equação desenvolvida por Higuchi et al.
(1997), da seguinte maneira:
ln V = - 7.335 + 2.121 . ln DAP [R
2
= 0,95 e S
yx
= 0,27]
Onde:
ln = logaritmo natural;
V = volume comercial com casca em m
3
; e
DAP = diâmetro à altura do peito em cm.
Estimativa de estoque de biomassa fresca (t/ha)
A biomassa fresca acima do nível do solo foi estimada com auxílio de modelos
bioestatísticos desenvolvidos por Higuchi et al. (1997):
ln P = - 1,754 + 2,665 . ln DAP [R
2
a
= 0,92 e S
yx
= 43] (5 £ DAP < 20 cm)
ln P = - 0,151 + 2,170 . ln DAP [R
2
a
= 0,90 e S
yx
= 2035] (DAP > 20 cm), onde:
ln = logaritmo natural;
P = peso fresco da fitomassa acima do nível do solo em kg; e
DAP = diâmetro à altura do peito em cm;
Estimativa de estoque de carbono da vegetação (t/ha)
Determinando-se que a quantidade de carbono presente em um organismo arbóreo
corresponde a aproximadamente 50% do valor da sua biomassa seca e que neste indivíduo,
arbóreo em pé, o teor de água corresponde a 40% do seu peso, pode-se inferir que, dos 60%
restantes, a metade corresponde ao elemento carbono em todas as suas formas moleculares.
42
4.3.5 Identificação de áreas com potencial para instalação de unidades de Manejo
Florestal
Com o propósito de eleger áreas propícias para a instalação de duas unidades de
manejo florestal na Reserva Extrativista do Baixo Juruá, o cruzamento dos diferentes planos
de informações extraídos até aqui pelos mais diferentes métodos de caracterização da área
foram analisados.
Esta análise conjunta e a eleição de uma área ao Norte e outra ao Sul da RESEX
foram feitas pela sobreposição dos produtos da classificação pelo método de Árvore de
Decisão, do Modelo Digital de Elevação (MDE) e das variáveis biométricas. Com isso,
pretendeu-se encontrar duas áreas com características ideais para a implantação destas
unidades de manejo. Uma área ideal seria aquela que atendesse aos requisitos de alta
biomassa florestal, maior homogeneidade topográfica, poucos interflúvios e, o mais
importante, a proximidade das comunidades extrativistas, localizadas ao Norte e ao Sul da
RESEX, para que estas possam vir a participar ativamente do processo de implantação
dessas áreas.
43
5. Resultados e Discussão
5.1 Técnicas de pré-processamento de imagens
5.1.1 Correção atmosférica
A correção atmosférica utilizando o método desenvolvido por Chavez (1996) foi
aplicada nas primeiras 4 bandas do sensor TM e apresentou um resultado satisfatório.
Quando comparado com os valores de reflectância aparente, sem a correção atmosférica,
nas bandas do visível (0,45 a 0,69 nm), nota-se que a correção reduziu visivelmente o efeito
do espalhamento atmosférico nestas bandas. Isso pode ser observado na figura 11.
Solo
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
B1 B2 B3 B4 B5 B7
Bandas TM5
Reflectância
sem corrão Atm
com corrão Atm
Sombra
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
B1 B2 B3 B4 B5 B7
Bandas TM5
Reflectância
sem corrão Atm
com corrão Atm
Vegetação
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
B1 B2 B3 B4 B5 B7
Bandas
Reflectância
sem corrão Atm
com corrão Atm
Fig.11- Curva espectral dos alvos: vegetação (a), solo (b) e água (c), em reflectância aparente (sem
correção) e reflectância de superfície (após correção). Os valores para as bandas 5 e 7 estão em
reflectância aparente.
A atenuação do espalhamento atmosférico foi mais evidente para a banda espectral
do azul (TM1), a que, segundo Chavez (1988), é considerada a mais afetada pela
interferência atmosférica.
44
Outro aspecto importante observado foi a capacidade do modelo em corrigir os
efeitos multiplicativos da absorção de gases na faixa do infravermelho próximo. Tais efeitos
causam a redução da reflectância nesse comprimento de onda.
Considerando-se tais aspectos, a metodologia adotada para correção dos efeitos
atmosféricos permitiu uma adequada atenuação de tais efeitos, aproximando os alvos
presentes na imagem à sua reflectância no terreno e apresentando um aspecto semelhante
às curvas espectrais encontradas na literatura.
5.1.2 Correção geométrica
O modelo polinomial de primeiro grau, com reamostragem pelo interpolador do
vizinho mais próximo foi aplicado na correção geométrica e resultou num erro quadrado
médio (RMS) de 0,193, ou seja, um erro de 5,8 metros, podendo ser considerado aceitável
para o tipo de aplicação utilizada neste estudo.
5.1.3 Modelo Linear de Mistura Espectral
O principal problema associado à mistura espectral está relacionado ao problema da
identificação de um pixel dito puro (Endmember), do qual possa ser extraída a curva
espectral de um determinado componente da cena imageada. Na figura 12, são
apresentadas as curvas espectrais dos alvos puros de solo, sombra e vegetação
selecionados para a aplicação do Modelo Linear de Mistura Espectral.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
B1 B2 B3 B4 B5 B7
Bandas Landsat-TM5
Reflectância
solo sombra vegetação
Fig.12- Curvas espectrais dos alvos puros selecionados para a determinação do modelo linear de
mistura espectral.
45
Os componentes puros selecionados a partir da imagem Mosaico de 2005 foram
utilizados para gerar as Imagens Fração derivadas do MLME. O resultado demonstrou que o
modelo empregado foi bem ajustado, obtendo um erro médio quadrático do modelo (RMS
Root Mean Squared “error) de 1,03. De acordo com Adams et al. (1995), um modelo pode
ser considerado bem ajustado quando o valor do RMS é baixo e as frações estão dentro de
um limite entre 0 e 1. Assim, analisando-se os histogramas das imagens fração derivadas do
MLME, verificou-se que os componentes puros modelaram cerca de 95% dos pixels.
As imagens fração solo, sombra e vegetação resultantes da aplicação do MLME na
imagem do Landsat 5 TM sem a interferência da atmosfera são apresentadas na figura 13.
Esta figura mostra, em tons de cinza mais claro, a predominância dos componentes puros
de suas respectivas frações.
Fig.13- (A) Composição colorida TM/Landsat 5 (R5G4B3) da região de Juruá/AM; (B) Imagem fração
solo; (C) Imagem fração sombra; e (D) Imagem fração vegetação.
Na figura acima, nota-se que, na imagem fração vegetação, por exemplo, os pixels
mais claros são aqueles que possuem maior quantidade de vegetação. Nessa mesma
imagem fração vegetação, os corpos de água e as áreas desmatadas apresentam-se
escuros exatamente por não possuírem qualquer percentagem de cobertura vegetal. Assim,
pode-se afirmar que os pixels mais claros são aqueles que apresentam maiores proporções
da componente da imagem fração resultante do modelo linear de mistura espectral.
5.2 Dados SRTM no delineamento das florestas alagadas
Todas as discussões apresentadas até o momento referiram-se ao estudo das
propriedades espectrais dos objetos e, como foi observado anteriormente, as componentes
do MLME foram essenciais na discriminação de classes de cobertura e uso do solo pelo
algoritmo de Árvore de Decisão em grande parte das fisionomias presentes na área de
46
estudo. Porém, houveram dificuldades na separação entre as florestas de Terra-Firme e
Florestas Alagadas.
A biodiversidade e a estrutura dos ecossistemas estão intimamente relacionadas
com suas características físicas. Muitas dessas influências podem ser atribuídas a padrões
de distribuição espacial da freqüência e duração da inundação (Junk, 1997). Esta variação é
determinada pela elevação e posição das planícies fluviais e pela amplitude anual do nível
dos rios. Os padrões geomorfológicos locais também são determinantes para a
biodiversidade e estrutura das florestas alagadas. Sendo a geomorfologia um dos fatores
que influenciam na formação de florestas alagadas, essa característica pode ser utilizada
para distingui-las de outros ecossistemas.
Assim, foram utilizados os dados do Modelo Digital de Elevação derivados do SRTM
(Figura 14) para delinear os ecossistemas de florestas alagadas, na tentativa de discerni-las
das demais unidades geomorfológicas presentes na área de estudo.
Fig.14- Imagem SRTM da região do
Baixo Juruá /AM, na resolução 30 metros.
Hamilton et al. (2006) também utilizaram os dados do SRTM para delinear as
florestas alagadas no Peru, definidas pelos autores como sendo terras adjacentes aos rios
que apresentam um nível de elevação contrastante com os antigos aluviões das terras altas.
Os autores utilizaram um índice de razão computado pela média de altura de um objeto
específico na imagem dividido pela média de altura de todos os objetos circundantes a ele,
47
em um raio de 500 pixels. Este método mostrou-se eficiente para separar as florestas
alagadas do restante da cena.
De acordo com alguns autores, a distribuição de espécies e a estrutura
geomorfológica das florestas alagadas também podem ser analisadas pelo gradiente de
inundação dos rios. As florestas alagadas podem ser separadas em 3 habitats
característicos: Várzea Alta, Várzea baixa e Chavascal (Junk, 1989; Ayres,1993).
Wittmann et al. (2002) afirmam que as florestas de várzea alta estabelecem-se em
locais onde a coluna de água não ultrapassa 3 metros de inundação, permanecendo
inundadas por até 50 dias por ano. a várzea baixa ocorre em locais com inundação
superior a 3 metros, ficando submersas por mais de 50 dias por ano. Os chavascais são
áreas de terras baixas onde a coluna de água pode alcançar até 7 metros e permanecerem
inundados por até 8 meses por ano. Kubitzki (1988) relata que a coluna de água pode atingir
até 15 metros de altura a partir dos bancos de areia expostos.
Com base nesta definição, o critério utilizado para mapear as florestas alagadas
foram áreas que estivessem localizadas até 15 metros de altura medidos a partir de bancos
de areia expostos nas margens do Rio Juruá, utilizando para isso o Modelo digital de
elevação derivado dos dados SRTM para o delineamento das florestas alagadas. Dentro
dessa amplitude de 15 metros, considerada como florestas alagadas, foram separadas duas
outras subclasses baseadas em Wittmann et al. (2002), como mostra a figura 15.
Fig.15- Perfil esquemático da divisão em sub-classes das Florestas Alagáveis, adaptado de Wittmann
et al. (2002).
48
O critério para mapear as áreas de florestas alagadas até 15 metros de altura, a
partir de bancos de areia nas margens dos rios, pode gerar informações errôneas com uso
do SRTM. Isto se deve por ocorrer uma interferência da altura das árvores, considerando
que a superfície apresentada no modelo representa a topografia de topo dos dosséis
florestais. Entretanto, a metodologia aplicada apresentou resultados satisfatórios na
delimitação das florestas alagáveis, sendo caracterizadas da seguinte maneira:
Floresta Alagada Alta- Caracterizada pelas florestas de várzea alta que se
estabelecem em locais onde a coluna de água não ultrapassa 3 metros de inundação.
Floresta Alagada Baixa- Caracterizada pelas florestas de várzea baixa e áreas de
chavascais, ocorrendo em locais com inundação superior a 3 metros.
Floresta Alagada Baixa de Igapó- Áreas inundáveis por rios de água escura.
Na figura 16 podemos observar as características da Floresta Alagada Baixa de
Igapó, onde a topografia de topo do dossel revela os limites entre a floresta alagável e a
floresta não-alagável.
Fig.16- Fotografia aérea da região da Floresta Alagada
Baixa de Igapó, em 10/10/2007. Em “A” e “B” as setas
pretas indicam a linha limítrofe entre áreas alagáveis e não
alagáveis.
Floresta Alagável
Floresta não-Alagável
A
B
49
5.3 Classificação pela técnica de Árvore de Decisão
Este trabalho relacionou atributos derivados de um modelo digital de elevação, de
dados de sensoriamento remoto e de transformações de imagens para realçar áreas de
vegetação e uso do solo na área de estudo em uma classificação temática baseada num
algoritmo de Árvore de Decisão.
Os resultados mostraram que a classificação por Árvore de decisão apresentou-se
satisfatória e cumpriu os objetivos de mapeamento e caracterização da área de estudo,
gerando um mapa temático de cobertura e uso do solo com 9 classes distintas, classificadas
como: Floresta de Terra- Firme, Floresta Alagável Alta, Floresta Alagável Baixa, Floresta
Alagável Baixa de Igapó, Sucessão secundária, Agropastoril, Desmatamento recente,
Bancos de areia/ Solo exposto e Água.
Na figura 17 é apresentada a Árvore de Decisão, gerada para mapear e caracterizar
a cobertura vegetal e o uso do solo da Reserva, e na tabela 5 a respectiva legenda.
Fig.17- Árvore de Decisão. Retângulos em cinza (nó de decisão) apresentam as expressões
utilizadas pelo algoritmo. Os retângulos coloridos representam os nós da classificação final.
50
Tab.5- Variável e o seu respectivo arquivo
associado, utilizada pelo classificador.
Variável Arquivo associado
b1 Máscara "água e nodata"
b2 Mascara "nodata"
b3/b4 SRTM_Altitude (metros)
b5 MLME_Fração Solo
b6 MLME_Fração Sombra
b7 MLME_Fração Vegetação
O algoritmo de Árvore de Decisão apresenta os atributos com o maior poder
discriminatório. Assim, dos 12 atributos do conjunto de dados, 6 não foram utilizados pelo
algoritmo por apresentarem informações pouco significativas ou redundantes.
A imagem fração solo foi o atributo que mais vezes foi utilizado no classificador, oito
vezes ao todo. a Banda 7 do Landsat-TM5 foi utilizada uma vez apenas, no nó raiz, e foi
utilizada para separar a água das demais classes. Segundo Maciel & Padilha (2005), a regra
mais importante é apresentada no primeiro da árvore (nó raiz) e as regras menos
relevantes são apresentadas nos nós subseqüentes. A Tabela 6 apresenta os atributos que
mais contribuíram para a construção da Arvore de decisão pelo número de vezes que foram
utilizados.
Tab.6- Relação de atributos e a quantidade de
vezes que eles foram utilizados pelo algoritmo.
(*Atributos não utilizados)
Atributos
N° de
vezes
Banda 1 *
Banda 2 *
Banda 3 *
Banda 4 *
Banda 5 *
Banda 7 1
Fração Solo 8
Fração Sombra 2
Fração Vegetação 4
SRTM Altimétrico 2
SRTM Declividade *
No geral, os atributos gerados a partir do Modelo Linear de Mistura Espectral
mostraram-se os mais expressivos na separação das classes, considerando o número de
vezes em que foram utilizados.
51
5.4 Análise pelo índice de Jeffries-Matusita e Transformada de divergência
Uma primeira análise da classificação por árvore de decisão foi feita usando o índice
de distância de Jeffries-Matusita e Transformada de divergência (J.A. Richards, 1999). Este
índice calcula a separabilidade espectral entre pares de classes, considerando ambas as
análises. Este índice apresentará valores variando de 0 a 2 e indicarão o quanto se
diferenciam estatisticamente os pares de classes. Assim, valores maiores que 1,9 indicam
que o par de classes analisado apresentam uma boa separabilidade espectral, ou seja,
estes pares não apresentarão dificuldades em serem separados em uma classificação
espectral qualquer. Na tabela 7, são apresentados os valores obtidos pela análise de
Jeffries–Matusita e Transformada de divergência conforme descrito anteriormente.
Tab.7- Índices de Jeffries-Matusita e Transformada de divergência Os meros em vermelho
mostram os valores abaixo de 1,9 e os números acima deste valor estão em verde.
Floresta
de Terra
Firme
Floresta
Alagada
Alta
Floresta
Alagada
Baixa
Floresta
de Igapó
Floresta
Secundária
Agro -
pastoril
Desmate
Solo
Exposto
Água
Floresta de
Terra Firme
Floresta
Alagada Alta
0,76
Floresta
Alagada Baixa
1,62 0,57
Floresta de
Igapó
1,99 1,99 1,99
Floresta
Secundária
1,99 1,97 1,97 2,00
Agro
pastoril
1,99 1,96 1,95 1,92 2,00
Desmate 2,00 2,00 2,00 1,99 2,00 1,53
Solo Exposto
2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
Água 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
Observa-se, pelos índices, que os pares de classes de floresta relacionado à
cobertura florestal apresentaram baixos valores no índice de Jeffries-Matusita (abaixo de
1,9), indicando uma baixa separabilidade destas classes quando analisadas apenas
espectralmente. Estes números indicam uma possível confusão espectral entre
determinadas classes de cobertura e uso do solo da cena estudada e também dão idéia da
dificuldade de distingui-las usando apenas os atributos espectrais das bandas do Landsat-
TM.
52
5.5 Análise da classificação por Árvore de Decisão
Nas imagens fração solo, sombra e vegetação resultante da aplicação do MLME
(Figura 18), têm-se uma área na Comunidade de Botafogo onde se percebe claramente, em
rosa, as áreas desmatadas que serão convertidas em roçado. Observam-se, também, em
amarelo nesta mesma figura, áreas com vegetação em regeneração. Estas áreas em
amarelo foram abandonadas após a colheita de dois ou três ciclos de roçado.
Fig.18- Área de uso do solo na Comunidade do Botafogo, Juruá/AM.
Em (A) Composição colorida TM/Landsat 5 (R5G4B3). Setas
brancas indicam novas áreas agrícolas; (B) Imagem fração solo; (C)
Imagem fração sombra, setas vermelhas indicando áreas sem
floresta e círculo vermelho indicando floresta intacta, e (D) Imagem
Fração Vegetação, círculos vermelhos indicam florestas
secundárias.
Áreas de floresta em processo de regeneração são evidenciadas em tons de cinza
claro na imagem fração vegetação (Figura 18-d). Por sua vez, áreas de florestas intactas e
que apresentam uma estrutura irregular do dossel apresentam uma maior quantidade de
sombra, podendo ser observadas, nesta mesma fração, em níveis de cinza mais escuros. A
componente sombra (Figura 18-c) pode ser considerada a mais expressiva para separar
floresta de não floresta e para caracterizar a estrutura do dossel (Shimabukuro e Smith,
1991). Além disso, esta componente possui pouca ou nenhuma contribuição nas áreas de
pastagem, solo exposto e vegetação secundária, como pode ser visto nesta mesma figura.
53
Os valores médios de proporção de cada componente nas diversas fisionomias são
apresentados na tabela 8.
Tab.8- Panorama comparativo dos valores médios das proporções dos componentes extraídos de 20
amostras de 4 x 4 pixels
Classes VEGETAÇÃO SOMBRA SOLO
FLORESTA DE TERRA-FIRME 57 32 12
FLORESTA ALAGADA ALTA 57 31 12
FLORESTA ALAGADA BAIXA 58 30 13
FLORESTA ALAGADA DE IGAPÓ 53 26 21
F SECUNDÁRIA/AGROSILVICULT 65 26 9
AGROPASTORIL / CIDADE 46 23 31
DESMATAMENTO /ROÇADO NOVO 21 21 58
SOLO EXPOSTO/ BANCOS DE AREIA
9 27 64
ÁGUA 12 72 16
A tabela 8 apresenta um panorama comparativo das proporções dos componentes
de mistura (solo, sombra e vegetação) em cada fisionomia. Em todas as amostras de cada
fisionomia analisada observou-se uma uniformidade das fisionomias de Floresta de Terra
Firme e Floresta Alagadas. Todas as fisionomias de floresta apresentaram proporções
médias da componente vegetação acima de 50%, entre 53 e 58%, com exceção da Floresta
Secundária, que teve em média 65% de componente vegetação, devido à baixa quantidade
de solo.
A Floresta Secundária obteve a maior proporção do componente vegetação, seguido
da Floresta Alagada baixa (58%). A classe “floresta secundária”, considerada nesta análise
como áreas florestais em processo de regeneração vegetal, foram caracterizadas por
apresentar o maior valor médio da fração vegetação, com acréscimo de 8 % em relação ao
da floresta de Terra-Firme. os valores médios da fração solo (9%) e sombra (26%) foram
respectivamente 3% e 6% mais baixos do que os da floresta de Terra-Firme.
A figura 19 mostra que algumas áreas de Floresta Secundária podem apresentar
mais sombra do que solo e outras áreas o inverso. Florestas secundárias mais velhas
desenvolvem uma estrutura complexa, assemelhando-se espectralmente à floresta primária.
54
Fig.19- (a) Regeneração densa de Cecrópia, (b) área em regeneração
pós-roçado, juntamente com plantios de Andiroba (agrofloresta).
Este fato está associado à diversidade de formações secundárias de diferentes
idades nesta região, nas quais o solo pode estar mais exposto nas florestas mais jovens, ou
então, no caso de florestas secundárias mais antigas, o dossel pode estar mais denso,
ocasionando um maior sombreamento e conseqüentemente uma menor influência do solo
na resposta espectral desta feição, a ponto de serem confundidas com floresta primária.
A análise dos estágios de sucessão reflete a evolução da área em termos de uso e
cobertura do terreno. A utilização de imagens referente a apenas uma data de aquisição não
permite inferências precisas sobre uma possível diferenciação espectral dos diferentes
estágios de sucessão, conforme demonstrado por Roberts et al. (2002), onde foram
utilizadas imagens de séries históricas do satélite Landsat (33 imagens dentro de três áreas
continuas) na estratificação de classes de uso da terra e dos estágios regenerativos da
cobertura vegetal.
A sucessão secundária também apresenta vários estágios em decorrência do tempo
de abandono da área e pode ser o resultado de áreas desmatadas para diversos fins, como
a agricultura familiar (Figura 20).
Fig.20- Área abandonada pós-roça.
55
Este trabalho considerou apenas um estágio sucessional, denominado floresta
secundária, que pode ser discriminado eficientemente dos outros tipos de florestas por suas
características espectrais. Assim, áreas onde a cobertura e o uso do solo apresentaram
assinaturas espectrais semelhantes àquelas da classe Floresta secundária poderão estar
relacionadas às áreas de cultivo agroflorestal, como culturas de frutíferas e oleaginosas, que
são tipos comuns de uso do solo na Reserva Extrativista do Baixo Juruá e estão incluídas
nesta classe, como pode ser observado na figura 21 abaixo.
Fig.21- Em (A) plantio de Andiroba consorciado com outras frutíferas em
meio a floresta secundária formada após abandono do roçado, e (B)
características espectrais das classes em uma composição RGB543
Landsat/TM.
Na figura 21 é apresentado o padrão de uso do solo nas comunidades da Resex,
onde o plantio consorciado de espécies arbóreas assemelha-se espectralmente às áreas de
sucessão florestal, podendo causar confusão na interpretação dos dados de sensoriamento
remoto. Isto explica a inclusão destas fisionomias na classe Floresta secundária.
As fisionomias de floresta (terra firme e alagada) diferenciaram-se bem das áreas
classificadas como Desmate e Agropastoril, sendo possível notar na imagem fração
vegetação as diferenças destas fisionomias de menor cobertura vegetal com aquelas
florestadas. Na figura 22, a seguir, nota-se que a imagem fração solo permitiu distinguir as
áreas em que a maior proporção do componente solo estava presente, mas não foi capaz
de separar as fisionomias de desmate recente das áreas de pasto e agricultura, inseridas na
classe Agropastoril. a imagem fração vegetação (Figura 22-c) apresentou-se mais
eficiente na distinção destas duas fisionomias.
56
Fig.22- Comunidade de Arati. Em (A) composição RGB543; (B) Imagem fração solo e (C) Fração
Vegetação. Em (A), (B) e (C) elipse vermelha indica a Floresta de Terra-Firme, setas brancas e azuis
indicam áreas de menor cobertura vegetal (Desmate recente) e setas vermelhas indicam pasto. Em
(C), seta amarela indica área de transição entre Pasto e Desmate recente.
As áreas de pastagens bem manejadas são minorias dos casos de padrões de uso
do solo na Amazônia. Em condições de pasto limpo, com área bem manejada, altura
uniforme da gramínea e baixa ocorrência de “espécies invasoras”, a influência do sinal
espectral do solo é maior quando comparada ao cenário mais comumente observado nas
atividades pecuárias da região Amazônica, onde a expressiva ocorrência de vegetação de
porte alto (espécies invasoras) apresenta uma relação diretamente proporcional com o fator
sombra.
Assim, esta relação pode estar acontecendo ao contrário em áreas onde a atividade
pecuária ocorra com menor intensidade e onde ocorre uma maior proporção da componente
vegetação, pois introduz um aumento conseqüente de sombra à medida que a vegetação
cresce. Esta relação “inversa” entre o solo e a vegetação pode estar associada à presença
de vegetação arbustiva e arbórea na área e, assim, a proporção da componente vegetação
pode ser maior do que o solo.
No caso da Resex do Baixo Juruá, pode-se afirmar que a maioria das áreas
destinadas ao pastoreio são consideradas “pastos sujos” e, por isso, foram reunidas em uma
única classe denominada “Agropastoril”, onde os roçados mais antigos e com maior
cobertura vegetal também estão incluídos (Figura 23).
A
B
C
57
Fig.23- (A), composição RGB543. Setas brancas indicam áreas de roçados
antigos; em (B), setas branca indicam áreas de roçado antigo gerado pela
classificação por árvore de Decisão; (C), roçado antigo com aproximadamente 1
ano e meio, e “D” pasto sujo aparentando bastante semelhança com as áreas
roçado antigo.
A análise das proporções de “vegetação”, “solo” e “sombra” foram essenciais para
caracterizar e distinguir as diferentes classes de uso e cobertura do solo, tais como: áreas
florestadas, áreas em uso, desmatamento, bancos de areia e água.
A figura 24, a seguir, representada por um diagrama ternário das proporções de cada
componente puro utilizado no MLME, ilustra a distribuição e o agrupamento de cada classe
de cobertura do solo nas proporções em que ocorrem em cada fração dos componentes.
Deste modo, realizou-se uma análise de 20 amostras de 16 pixels (4 x 4 pixels) obtidas a
partir das imagens sintéticas do MLME, para cada classe. Esta análise demonstra que, em
geral, as imagens fração solo, sombra e vegetação contribuíram sensivelmente na distinção
de classes feitas pelo classificador por árvore de decisão.
A
B
C
D
58
Fig.24- Diagrama ternário das proporções de cada componente puro utilizado no MLME.
A figura 24 apresenta um panorama comparativo das proporções dos componentes
de mistura (solo, sombra e vegetação) em cada fisionomia classificada. Na análise da
distribuição das classes num espaço de atributos tridimensional, observa-se que algumas
classes encontram-se tão próximas que é difícil observá-las no gráfico devido a esta
sobreposição de pontos.
Nas classes água, solo exposto e desmatamento recente, foi possível visualizar uma
sensível separação na distribuição destas fisionomias com uma maior quantidade do
componente solo na classe Solo exposto. Na área de estudo, esta classe esta caracterizada
pelos bancos de areia que ocupam grande parte do leito do Rio Juruá, visto que a única
cena Landsat utilizada na classificação foi obtida no período de maior vazante do rio. Estes
bancos de areia, mais conhecidos como “praias”, também devem a sua formação ao
elevado grau de meandricidade do curso deste rio. Estão inseridos nesta classe, os locais
de solo exposto referente aos lagos secos e proximidades de lagos em forma de “ferradura”,
típicos de áreas alagadas. Isso explica a significante contribuição da componente sombra
nas características desta classe (27%).
As áreas de desmatamento recente (Figura 25), observadas nas visitas de campo,
não seguem o padrão dos grandes desmatamentos da região Amazônica que ocorrem nas
fronteiras agrícolas dos estados do Pará e Mato Grosso. Ao contrário, estas novas áreas de
supressão florestal nas comunidades da Reserva Extrativista ocupam pequenas áreas e são
caracterizadas pela baixa utilização de maquinário e o uso intensivo da força humana.
Floresta de Terra Firme
Floresta Alagada-Alta
Floresta Alagada-Baixa
Floresta Alagada Baixa de Igapó
Floresta Secundária
Agropastoril
Desmate
Solo Exposto / Bancos de areia
Agua
Vegetação
Solo Sombra
59
Tais áreas apresentam uma grande quantidade de vegetação morta, às vezes
queimada e também com algumas espécies arbóreas como a castanheira (Bertholethia
excelsa) e algumas palmeiras permanecendo em pé, como pode ser observado na figura 25.
A configuração desta fisionomia pode explicar as altas taxas da componente sombra, e até
vegetação, sendo que a componente solo permanece sempre em maior proporção.
Fig.25- Em “A”, grande quantidade de vegetação morta, queimada e com algumas espécies arbóreas
permanecendo em pé. Em “B”, fotografia aérea de 10/10/2007 mostrando o padrão de
desflorestamento em comunidades tradicionais da Resex do Baixo Juruá.
A análise da distribuição das classes pelas proporções dos componentes de mistura
demonstrou que as florestas primárias (terra firme, inundada alta e baixa) não puderam ser
diferenciadas entre si somente pelas componentes solo, sombra e vegetação, exceto a
floresta Alagada de Igapó, que apresentou níveis mais baixos de proporção dos
componentes vegetação e sombra (53 e 26%) e a mais alta proporção de solo (21%), se
comparado com as outras fitofisionomias de floresta.
Esse resultado era esperado visto que o Igapó geralmente apresenta uma baixa
cobertura de vegetação e é composta predominantemente por pequenas árvores de no
máximo 10 metros de altura e muitos arbustos (Worbes, 1997), como pode ser observado na
figura 26. Esta fisionomia é caracterizada por ser uma floresta alagada por rios de água
preta e pobre em nutrientes devido a sua elevada acidez e baixa concentração de
sedimentos.
Visualmente, é possível observar uma grande diferença entre a fisionomia de floresta
de Igapó e as outras fitofisionomias (Figura 26-c,d,e), apresentando maior quantidade do
componente solo e valores de proporção da componente vegetação relativamente baixos se
comparados com as outras fitofisionomias florestadas.
A
B
60
Na figura 26-“a” e “b” é possível de se observar as áreas de solo exposto na Floresta
de Igapó, devido a baixa densidade de árvores de pequeno porte, dando um aspecto
particular a esta tipologia de floresta e explicando os altos valores de reflectância na Banda
5 e de proporção da fração solo do MLME.
Fig.26- (A) e (B) Imagem aérea da floresta de igapó no período de seca (10/10/2007). Setas pretas
indicam a baixa densidade da cobertura vegetal e o solo exposto logo abaixo do dossel. (C) Floresta
de Igapó em destaque na composição RGB543, (D) Imagem fração vegetação e (E) Imagem fração
solo.
A
B
C
D
E
61
5.6 Avaliação da exatidão do mapeamento resultante da técnica de Árvore de Decisão
Com base na matriz de erros (Tabela 9), pode ser observada a tendência da
distribuição dos erros ou confusões na classificação das classes de objetos. Assim, foi
avaliado o desempenho da classificação resultante da técnica de árvore de Decisão utilizada
para o mapeamento da vegetação e cobertura do solo pelos índices de exatidão global e de
coeficiente Kappa.
Tab.9- Matriz de confusão; TF=Terra Firme; FS=Floresta secundária; A/solo= Bancos de areia e solo
exposto; Desm=Desmatamento recente/roça nova; F.A.A=Floresta Alagável alta; Agrop=Agropastoril;
F.A.B=Floresta Alagada baixa; F.I=Floresta de Igapó.
Referência Terrestre
Classes
T.F Água
F.S A/solo
Desm.
F.A.A
Agrop
F.A.B
F.I Total
Erro de
Comissão
T.F 2008
0 57 0 0 168 2 0 0 2235 10.16
Água
0
2030
0 0 0 1 0 0 0 2031 0.05
F.S
6 0
1173
3 0 13 0 17 0 1212 3.22
A/solo
0 0 0
1389
0 0 9 1 178 1577 11.92
Desm.
0 0 0 2
512
0 120 0 0 634 19.24
F.A.A
0 0 0 0 0
1070
2 1 0 1073 0.28
Agrop
0 0 0 0 33 0
350
0 0 383 8.62
F.A.B
0 0 1 0 0 170 0
2233
75 2479 9.92
F.I
0 0 1 14 0 0 10 1
1794
1820 1.43
Total
2014
2030
1232 1408 545 1422
493 2253
2047
13444
Erro de
Omissão
0.30
0.00
4.79 1.35 6.06 24.75
29.01 0.89 12.36
Exatidão Global 93,4% Coeficiente Kappa = 0,92
Os resultados encontrados na tabela 9 indicam que a classificação obtida pela
técnica de árvore de decisão obteve um bom desempenho e pode ser considerada como
excelente, por apresentar um índice de exatidão global de 93,4% e um coeficiente Kappa de
0,92.
A exatidão global do mapa temático é expressa pela razão entre os pontos
corretamente classificados e o total de pontos de referência. O valor do Coeficiente Kappa
obtido foi menor que a exatidão global. Isto se justifica em função do Coeficiente Kappa
considerar todas as células da matriz de erros no seu coeficiente.
Durante a fase de análise da classificação, observou-se que uma confusão maior
ocorreu entre as três classes de floresta (Terra-Firme, Alagada Alta e Alagada baixa);
embora tendo uma “assinatura espectral” semelhante, a confusão observada entre estas
classes foi relativamente pequena. Segundo Crosta (1993), o resultado de uma classificação
normalmente é uma imagem com muito ruído, causado por pixels isolados ou poucos pixels
atribuídos a diversas classes, que ocorrem próximos a áreas homogeneamente
classificadas. Deste modo, utilizou-se um filtro de maioria (3x3) para eliminar estes ruídos,
de modo que o pixel isolado é incorporado à classe de maior freqüência na janela de 3 x 3
62
pixels. Em alguns casos, estes ruídos foram solucionados através da edição dos polígonos
erroneamente classificados.
5.7 A cobertura da terra na RESEX do Baixo Juruá
A etapa final constou da elaboração de um mapa de cobertura da terra para a
RESEX do Baixo Juruá de acordo com a classificação obtida pela árvore de decisão,
apresentando a distribuição espacial dos tipos de cobertura da terra, como áreas
florestadas, modalidades de uso do solo e informações atualizadas de desflorestamento
para o ano de 2005. Na tabela 10, são apresentadas as áreas de cobertura total da RESEX
e para cada classe de cobertura da terra obtidas pelo classificador.
Tab.10- Quantificação da cobertura da terra separada em classes,
obtidas pelo classificador por árvore de decisão
Classes ha %
1 Floresta de Terra-Firme 154.323,09
88,95
2 Floresta Alagada baixa 8.997,66
5,99
3 Floresta Alagada alta 3.832,56
2,19
4 Floresta secundária 2.383,29
0,42
5 Floresta de Igapó 2.098,89
1,20
6 Água 1.034,10
0,59
7 Solo exposto/areia 752,76
0,43
8 Agropastoril 597,15
0,18
9 Desmate/ novo roçado 99,90
0,04
TOTAL 174.119,40
100,00
Na tabela 10 nota-se que a Reserva Extrativista do Baixo Juruá é quase que
totalmente coberta por alguma tipologia florestal, destacando-se a Floresta de Terra-Firme
com 88,95% da área total. Essas relações podem ser visualizadas na figura 27 abaixo e no
mapa final da classificação (Figura 28).
Cobertura do solo na Resex do Baixo-Juruá (%)
0,59
1,20
5,99
0,42
0,43
0,18
2,19
0,04
88,95
Floresta de Terra-Firme
Desmate/ novo roçado
Floresta Alag. Alta
Floresta Alag. Baixa
Solo exposto/areia
Floresta de Igapó
Água
Floresta secundária
Agropastoril
Fig.27- Cobertura do solo na RESEX do Baixo Jur
63
Fig.28- Mapa final da classificação. Reserva Extrativista do Baixo Juruá (AM)
64
5.8 A cobertura e o uso do solo nas comunidades da Resex do Baixo - Juruá
Na Reserva Extrativista do Baixo Juruá, criada em 2001, vivem aproximadamente
750 pessoas, agrupadas em 11 comunidades que se localizam nas calhas dos rios Juruá,
Andirá e Igarapé do Branco; 6 comunidades estão distribuídas ao longo do rio Juruá
(Botafogo, Antonina, Vai-Quem-Quer, Morada Nova, Arati, Forte da Graça I e II) ; 4
comunidades, no rio Andirá (São Francisco, 8 Voltas, Escondido e Cumarú); e, no Igarapé
do Branco, apenas uma comunidade, que leva o mesmo nome do rio. Essas comunidades
são consideradas populações tradicionais.
A infra-estrutura nestas comunidades varia um pouco entre si. Cinco das 11
comunidades possuem escola municipal ou áreas reservadas à educação, com turmas de 1°
a 4°série e até série na comunidade de Antonina, que é freqüentada pelas comunidades
vizinhas que não possuem escola. Os jovens que desejam continuar os estudos são
obrigados a mudar para a cidade de Juruá, sede do município.
A maioria das comunidades possui um pequeno gerador de energia elétrica
(chamado pelos moradores de “motor de luz”, movido a óleo diesel), que garante o
fornecimento de, no ximo, três horas de energia elétrica por noite, entre às 18h30 e às
21h30.
No que diz respeito à moradia, em algumas comunidades as famílias estão sendo
assistidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) por meio de
uma experiência pioneira na implantação da política nacional de reforma agrária em
Unidades de Conservação. Em 1999, um convênio assinado entre o INCRA e o IBAMA
possibilitou aos moradores de Reservas Extrativistas (RESEX), Reservas de
Desenvolvimento Sustentável (RDS) e Florestas Nacionais (FLONAS), de serem
reconhecidos como assentados, pois se verificou que não havia diferença de perfil entre os
assentados dos projetos agro-extrativistas que o INCRA vinha criando desde 1987 e os
moradores das UC’s de uso direto. O primeiro convênio celebrado foi na RESEX do Médio
Juruá, no município de Carauari /AM.
Dados do INCRA de agosto de 2005 mostram que seis reservas extrativistas e duas
florestas nacionais já tinham adquirido o status de projetos de reforma agrária. São elas:
RESEX do Médio Juruá, em Carauari; RESEX do Baixo Juruá, em Juruá; RESEX Auati-
Paraná, em Fonte Boa; RESEX Rio Jutaí, em Jutaí; FLONA de Tefé, em Tefé, RESEX do
Lago do Capanã- Grande, em Manicoré; RESEX Catuá-Ipixuna, em Coari e FLONA de
Humaitá, em Humaitá.
Para ser reconhecido oficialmente como assentado, o morador deve atender ao perfil
estabelecido no Estatuto da Terra (1964): não pode ter renda mensal familiar superior a três
salários nimos provenientes de atividades não agrícolas, não pode ser funcionário
público, aposentado, pensionista, nem empresário.
65
Assim, em algumas comunidades, famílias receberam do INCRA o crédito
implantação, que se divide na modalidade instalação (R$ 2.400,00 para a compra de
alimentos e equipamentos de trabalho) e na modalidade habitação (R$ 5.000,00 para
construção de uma casa), como pode ser observado na figura 29. O crédito implantação
modalidade instalação é um empréstimo a fundo perdido. o crédito implantação
modalidade habitação deve ser pago em até 20 anos, com três anos de carência e desconto
de 50% para pagamento em dia.
Fig.29- Modelo da “casa nova” viabilizada
pelo Incra e Ibama por meio de crédito
habitação. Com. Igarapé do Branco.
A melhoria das condições de moradia foi relatada pelos comunitários que avaliaram
positivamente o processo de reforma agrária no qual estão inseridos. O modelo da casa
nova pode ser parcialmente modificado por cada família, desde que elas construam um
banheiro dentro da casa e mantenham a arquitetura da fachada. Os próprios comunitários
avaliaram essa exigência da aparência externa comum como uma estratégia de construir um
aspecto distintivo do assentamento em relação às comunidades do entorno que não
pertencem à RESEX e também como uma forma de identificar automaticamente as áreas
beneficiadas pela política nacional de reforma agrária, onde o INCRA está atuando em
conjunto com o IBAMA.
As chamadas populações tradicionais da RESEX do Baixo Juruá, de acordo com a
definição de Diegues (1996), caracterizam-se basicamente pelo não uso de trabalho
assalariado; produção independente em pequena escala, baseada no uso equilibrado dos
recursos naturais renováveis e no conhecimento dos ciclos biológicos, transmitidos de
geração em geração e baixa densidade populacional.
As estratégias de subsistência econômicas dos moradores das comunidades da
RESEX estão baseadas principalmente na agricultura familiar, com destaque ao cultivo de
pequenas roças de mandioca para a produção de farinha e a criação de animais de
pequeno porte. Após separar um montante para o consumo, apenas o excedente produzido
é comercializado em Juruá, seja diretamente ou por meio de atravessadores que vivem ou
passam nas comunidades em barcos recreio, conhecido como regatões.
66
Como visto anteriormente, algumas classes que foram definidas para gerar a
classificação por árvore de decisão tiveram a necessidade de serem agrupadas devido a
sua similaridade espectral, o que não interferiu na discriminação e contabilização das
modalidades de cobertura e uso do solo da RESEX. Na figura 30 abaixo são apresentadas
as características das três principais classes de uso do solo geradas pelo classificador, bem
como suas características espectrais e suas descrições quanto a modalidade de uso do solo
encontrado na visita as áreas das comunidades.
Classe de
uso do solo
Aparência dos
alvos na
composição
R(5)G(4)B(3)
Característica
da área
Imagem
da área
DESMATE
Áreas recém-
desmatadas /
roçados novos
AGROPASTORIL
Pequenas
pastagens/
roçados antigos
FLORESTA
SECUNDÁRIA
Sucessão
florestal/
agrosilvicultura
Fig.30- Características das 3 principais classe de uso do solo nas comunidades da Resex
A seguir, no gráfico da figura 31, é apresentada a área total das modalidades de uso do solo
para cada comunidade da RESEX do Baixo Juruá, em hectares.
67
Uso do solo por comunidade
0
20
40
60
80
100
120
Botafogo
Antonina
VQQ
Mnova
Arati
Forte I e II
SF e 8V
Escondido
Cuma
Ig. Branco
Comunidades
Hectares
Desmate/ novo roçado Agropastoril Floresta secundária
Fig.31- Área total em hectares das modalidades de uso do solo por comunidade.
Observa-se que apenas duas comunidades (Arati e Forte das Graças I e II)
diferenciaram-se do padrão de uso do restante das comunidades da RESEX, onde a
modalidade agropastoril apresentou valores de cobertura cinco vezes maior que as outras
oito comunidades. Este fato está relacionado à proximidade das comunidades com a sede
do município e também por ser uma das comunidades mais antigas que se tem registro
(relatos de que na década de 40 residiam ali famílias que exploravam um antigo seringal).
Segundo informações de comunitários, alguns conflitos por causa da criação de gado
e também por religião aconteceram nos anos 80 na comunidade do Forte das Graças, a
qual, em meados de 1985, foi dividida em duas (Forte das Graças I e II) por causa destes
episódios. Estas duas comunidades podem ser consideradas melhor estruturadas se
comparadas com as outras, possuindo escola, posto de saúde, água encanada em algumas
casas, alguns barcos, possuem geradores de energia e até painel de geração de energia
solar.
A comunidade de Arati é a que está localizada mais próxima da sede Juruá e
também apresentou uma área de cobertura de aproximadamente 100 hectares na
modalidade agropastoril, onde estão inseridos os pastos e roçados antigos. As visitas de
campo mostraram que aproximadamente 90% destas áreas são de pasto, ocorrendo poucos
roçados, sendo esta uma comunidade totalmente voltada à criação de gado. Relatos de
pessoas envolvidas no processo de criação da RESEX indicam que os moradores desta
localidade nunca estiveram de acordo com a criação da mesma, talvez por não
apresentarem características extrativistas.
Como nas demais comunidades no Estado do Amazonas, alguns moradores
apresentaram queixas em comum. Entre as queixas estão a falta de um atendimento
eficiente de saúde. Os comunitários enfermos de malária ou com verminoses, por exemplo,
68
tem que enfrentar pelo menos uma viagem de 9 horas de “rabeta” (motor de 2 HP’s) para
recorrer à rede pública hospitalar na cidade de Juruá, como é o caso de Cumarú e de todas
as comunidades situadas no rio Andirá e no Igarapé do Branco, sendo esta última a mais
distante da cidade.
Também se verificou uma escassa rede de comunicação entre as comunidades,
sendo que apenas duas delas possuem um sistema de radiofonia ligado com a sede da
Associação, na cidade de Juruá. Também não sinal que permita o uso de telefones
celulares e em apenas três comunidades existe telefone público.
5.8.1 Áreas sob influência das comunidades
Neste tópico, serão apresentadas as áreas de cobertura e uso do solo para a área de
influência de cada comunidade da Reserva Extrativista do Baixo Juruá. Esta área de
influência foi delimitada por um hexágono de aproximadamente 1.400 hectares e que teve
como centro o ponto dio da distância entre uma determinada comunidade e a sua área
de uso mais distante (roçado mais distante, por exemplo). Assim, pode-se comparar a
intensidade de uso do solo de cada comunidade tendo como referência uma área de
influência em comum.
De acordo com a legenda apresentada na figura 30, foram analisadas considerando
a porcentagem de cobertura e uso do solo.as seguintes comunidades:
Comunidade Botafogo (Figura 32); Antonina (Figura 33); Vai-Quem-Quer (Figura 34);
Morada Nova (Figura 35); Arati (Figura 36); Forte das Graças I e II (Figura 37); São
Francisco e Oito Voltas (Figura 38); Escondido (Figura 39); Cumarú (Figura 40) e Igarapé do
Branco (Figura 41).
54,3%
30,0%
5,9%
3,1%
1,8%
0,8%
0,6%
3,5%
0,0%
Fig.32- Comunidade do Botafogo. (a) Área de influência da comunidade (1.400ha) e (b) porcentagem
ocupada por cada classe dentro da área de influência
A
B
69
5%
2%
56%
24%
7%
3%
1%
2%
0%
Fig.33- Comunidade de Antonina. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência da
comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
2%
0,0
0,3%
2%
75%
12%
4%
4%
1%
Fig.34- Comunidade Vai-Quem-Quer. (a) Área de influência da comunidade (1.400ha) e (b)
porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
4,85%
2,48%
0,33%
0,00%
0,88%
1,16%
6,20%
15,02%
69,09%
Fig.35- Comunidade Morada Nova. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência da
comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência.
A
C
B
A
B
A
B
C
70
7%
1%
4%
5%
2%
7%
64%
10%
0%
Fig.36- Comunidade de Arati. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência da
comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
2%
0%
1%
4%
7%
1%
8%
10%
67%
Fig.37- Comunidade Forte das Graças I e II. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência
da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
4,8%
1,3% 0,2%
2,4%
0,8%
0,8%
6,9%
11,1%
71,7%
Fig.38- Comunidade de São Francisco e 8 Voltas. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de
influência da comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de
influência
A
C
B
A
B
A
C
B
C
71
0,2%
3,4%
17,8%
2,2%
61,5%
7,8%
2,3%
3,8%
0,9%
Fig.39- Comunidade do Escondido. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência da
comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
13,1%
0,4%
2,7%
1,9%
1,1%
4,4%
4,4%
7,9%
64,0%
Fig.40- Comunidade do Cumarú. (a) Fotografia aérea (10/10/2007), (b) Área de influência da
comunidade (1.400ha) e (c) porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
0,2%
1,7%
0,0%
3,6%
72,5%
19,4%
1,7%
0,5%
Fig.41- Comunidade do Igarapé do Branco. (a) Área de influência da comunidade (1.400ha) e (b)
porcentagem ocupada por cada classe dentro da área de influência
C
B
B
A
A
B
C
A
72
5.9 Identificação de áreas para manejo florestal sustentável na Resex
O levantamento estrutural da floresta primária de Terra-Firme foi realizado por meio
da alocação sistemática de 82 subunidades amostrais em 13 transectos distribuídos
sistematicamente próximo as comunidades da Reserva Extrativista do Baixo Juruá, como
pode ser visto na figura 42.
Fig.42- Distribuição dos transectos ao longo a RESEX.
As variáveis biométricas analisadas nesta pesquisa foram área basal (AB), Volume
(Vol), Peso (P) e Carbono (C), considerando todos os indivíduos levantados nas
subunidades das amostras (10.630 indivíduos no total). A área basal foi computada como
sendo a somatória das áreas transversais de todas as árvores expressa em m²/ha. A
estimativa de biomassa fresca acima do solo foi realizada pelo método indireto, com
aplicação da equação proposta por Higuchi et al. (1997). O volume total de cada indivíduo,
expresso em m3, foi obtido pela equação proposta por Higuchi et al. (1997). Na tabela 10
abaixo são apresentados os valores médios por hectare das variáveis analisadas.
Tab.11- Valores médios por hectare dos parâmetros biométricos nos transectos
Transecto
Comunidade
Volume
(m³/ha)
AB
(m²/ha)
Peso
(t/ha)
C
(t/ha)
1 BOTAFOGO 354,5 27,7 535,7 160,7
2 ANTONINA 316,7 24,9 477,4 143,2
3 VAI-QUEM-QUER 395,6 31,1 595,9 178,8
4 MORADA NOVA 348,8 27,3 530,5 159,2
5 SOCÓ 360,5 28,2 549,1 164,7
6 FORTE 316,1 24,7 479,0 143,7
7 LAGO GRANDE 358,5 27,9 543,8 163,1
8 S. FRANCISCO 375,2 28,8 576,8 173,0
9 8 Voltas 357,2 27,8 542,1 162,6
10 ESCONDIDO 348,7 27,1 528,4 158,5
11 CUMARU 349,0 26,9 534,5 160,4
12 TERRA CACHORRO
328,3 25,5 497,6 149,3
13 IG.BRANCO 338,3 26,0 520,2 156,1
73
A análise dos resultados obtidos para as variáveis área basal, volume, biomassa e
carbono nos 13 transectos, considerando indivíduos com DAP>10 cm, mostraram uma
pequena amplitude de valores entre as unidades amostrais, isso permite afirmar que as
mesmas encontram-se dentro de uma mesma unidade fitofisionômica, como pode ser
melhor visualizado no gráfico abaixo (Figura 43).
0,0
100,0
200,0
300,0
400,0
500,0
600,0
BOTAFOGO
ANTONINA
VAI-QUEM-QUER
MORADA NOVA
SOCÓ
FORTE
LAGO GRANDE
S. FRANCISCO
8 Voltas
ESCONDIDO
CUMARU
TERRA CACHORRO
IG.BRANCO
Comunidades
Valores/ha
Volume(m³) AB(m²) Peso(t) C(t)
Fig.43- Valores médios por hectare dos parâmetros biométricos por comunidade.
No intuito de se definir duas áreas de aproximadamente de 2.000ha cada, destinadas
ao desenvolvimento de práticas de manejo florestal sustentável na RESEX e auxiliar os
órgãos competentes e as comunidades extrativistas na escolha destas áreas, foram
cruzados os planos de informações gerados pela análise das imagens de sensoriamento
remoto e os dados biofísico obtidos das amostras de inventário florestal.
Foi estabelecido que a localização geográfica destas unidades de manejo teria que
ser distribuída de forma que atendesse a todas as comunidades da reserva, ou seja, uma
unidade de manejo para atender as comunidades localizadas na porção norte da reserva e a
outra localizada mais ao sul. Posteriormente, escolheu-se a comunidade cujo volume médio
por hectare tenha sido o maior entre todas as comunidades amostradas; neste caso, a
Comunidade Vai-Quem-Quer, que obteve um volume médio de 395,6 m³/há, foi eleita como
a área em que será instalada a “unidade de manejo florestal 1“, localizada na porção norte
da RESEX do Baixo Juruá.
Na escolha da segunda unidade de manejo, não foi levado em conta o volume de
madeira apresentado na amostragem e sim uma área que atendesse às comunidades da
porção sul de RESEX, mais especificamente as localizadas no Rio Andirá. Dentre estas
comunidades, a do Cumarú mostrou-se a mais apta a ser escolhida, pelo grande interesse
74
demonstrado pelo líder da comunidade em que se desenvolvessem ali as práticas de
manejo florestal sustentável.
Deste modo, foram utilizados os planos de informações gerados até aqui para sugerir
e delimitar as áreas onde poderão vir a ser implantadas as unidades de manejo florestal na
RESEX do Baixo Juruá. Assim, foi sobreposta a imagem de declividade gerada a partir dos
dados SRTM com a imagem da classificação final por árvore de decisão e, visualmente,
foram delimitadas as duas áreas de 2.000 hectares cada nas proximidades das
comunidades escolhida. O cruzamento dos dois planos de informação (declividade x
imagem classificada) possibilitou definir as áreas que eram de Floresta de Terra-Firme e que
tivessem uma declividade menor que 2% (Figuras 44 e 45).
+ =
Fig.44- Proposta de localização da Unidade de Manejo Florestal na Comunidade Vai-Quem-Quer. (a)
Classificação por árvore de decisão, (b) Mapa de declividade (SRTM) e (c) cruzamento dos dois
planos de informações anteriores (a+b).
+ =
Fig.45- Proposta de localização da Unidade de Manejo Florestal na Comunidade Cumarú. (a)
Classificação por árvore de decisão, (b) Mapa de declividade (SRTM) e (c) cruzamento dos dois
planos de informações anteriores (a+b).
A
B
C
A
B
C
75
5.10 Detecção e mapeamento de áreas afetadas por distúrbios naturais
As análises da cena 01/62 do Landsat/TM-5 de 04-09-2005 revelaram a presença de
algumas áreas características com alta radiância na banda TM-4 (infravermelho próximo).
Tal padrão espectral é típico de floresta secundária jovem na região amazônica e está
relacionado com o grande número de espécies pioneiras de crescimento rápido como as
Cecropiáceas e Vismias, formando um dossel denso e quase que totalmente uniforme.
Nesta análise, atentou-se para uma área localizada nas proximidades da cidade de
Juruá (zona rural), apresentando características espectrais semelhantes as das florestas
secundárias jovens; porém, com uma geometria diferente do padrão regional e área de
cobertura relativamente maior do que normalmente é encontrado na região, como pode ser
visto na figura 46.
Fig.46- Área localizada na zona rural da cidade de Juruá/AM
detectada na cena Landsat/TM 01/62 de 04/09/2005
A partir daí, em pesquisa informal realizada em campo, foram coletados alguns
relatos dos moradores da cidade que diziam ter formado um “grande tempo” nas
proximidades daquela área, em meados do ano 2000. Este termo esta relacionado a uma
grande tempestade ocorrida naqueles dias e é desta maneira que grande parte dos
moradores da região se referem as fortes chuvas de verão.
De acordo com explicações em livros convencionais, rajadas de vento descendentes
estão associadas a nuvens Cumulus ninbus altas. Na Amazônia, estas nuvens apresentam
suas partes mais altas deslocadas para oeste devido à prevalência de troca de ventos
(Alísios); estas porções mais altas derrubam” a chuva através da camada de ar seco,
produzindo um movimento descendente da coluna de ar ao seu redor. A precipitação
76
evapora à medida que passa pela camada seca, resfriando a coluna de ar e tornando-a
mais densa, fazendo acelerar o movimento convectivo descendente.
Os ventos prevalentes influenciam a coluna convectiva de ar em tal extensão que ela
se movimenta na direção oeste e, quando impacta com a floresta, causa o formato típico dos
eventos conhecidos por Blowdowns (Nelson & Amaral, 1994). Os blowdowns são maiores e
mais freqüentes em uma faixa norte-sul que se estende da Venezuela, passando pela região
central do Estado do Amazonas até os estados de Rondônia e Acre, no Brasil. A cidade de
Manaus está situada dentro do “coração da zona de alta freqüência de Blowdowns”.
A concentração destes ventos destrutivos não pode ser explicada somente pela
formação de nuvens Cúmulus ninbus convectivos, que essas ocorrem em toda a bacia
amazônica. Um outro sistema convectivo organizado em larga-escala e conhecido como
linhas de tempestade também podem explicar a concentração de ventos convectivos na
região central da Amazônia, como foi sugerido por Mofien & Kousky (1965) e Cohen (1989).
Segundo estes autores, estas linhas de tempestade formam-se na costa do Oceano
Atlântico e propagam-se em direção oeste pela Amazônia a uma taxa de 10 graus de
longitude por dia, atingindo a parte central na tarde do dia seguinte. No entanto, a maioria
destas linhas de tempestade não penetram muito na região, não ultrapassando os 66 graus
de longitude oeste.
A cidade de Juruá (AM) está situada a aproximadamente 66°04’ de longitude oeste,
sendo que a parte central da área que apresentou características espectrais semelhantes as
das florestas em regeneração após eventos de Blowdown está localizada na longitude
66°01’ W, aproximadamente. Ambas muito próximas dos limites verificados por Mofien &
Kousky (1965), de 66° W.
Deste modo, foram efetuadas buscas em algumas imagens da cena 01/62 referentes
as datas citadas pelos moradores como prováveis épocas de ocorrência da tempestade da
cidade de Juruá, em meados do ano 2000, no intuito de encontrar a data aproximada do
acontecimento. Na figura 47, é apresentado um recorte da cena 01/62 do Landsat/TM de
25/11/2000, em que pode ser observada a época aproximada de ocorrência do distúrbio
natural.
77
Fig.47- Recorte da cena 01/62 do Landsat/TM de
25/11/2000 indicando, na elipse em branco, a área
afetada por distúrbio natural blowdown. Para efeito
de comparação, a seta preta indica a pista do
aeroporto de Juruá/AM.
Na figura 47 acima, observa-se as grandes proporções deste evento se comparado
com a pista de pouso do aeroporto de Juruá. Estima-se que a área atingida diretamente pelo
Blowdown do Baixo Juruá tenha aproximadamente 420 ha. A área compreendida pela elipse
branca mede aproximadamente 900 ha e pode ser considerada como área que foi afetada
indiretamente pelo distúrbio.
Segundo Fugita (1985), além da área diretamente afetada pelos ventos convectivos
descendentes, acelerações adicionais do vento convectivo podem penetrar por diversos
quilômetros a partir da ponta mais distante da área principal do blowdown, como pode ser
observado abaixo na figura 48.
Fig.48- As setas brancas indicam uma possível trajetória seguida por estes
micro-ventos rotatórios e mostram, no final destas trajetórias, as porções
mais distantes do centro de impacto.
A
B
78
Estas acelerações adicionais ocorrem se vórtices de ar em forma de “anéis de
fumaça” se formam ao redor da coluna de ar descendente, que, ao entrar em contato com a
superfície quebram-se em pequenos segmentos conhecidos como rotor microburst”, os
quais são empurrados para frente como numa explosão. Isso leva estes micro-ventos
rotatórios a penetrar em alta velocidade sobre a superfície do solo ou do dossel (Figura 48-
b).
Como pode ser observado nas imagens, este grande evento detectado nas
proximidades da cidade do Jur é aproximadamente do tamanho de sua área urbana.
Outros eventos desta magnitude causados por ventos destrutivos no oeste e na Amazônia
central foram descritos na literatura ou relatados por moradores e viajantes da região
amazônica. Nelson & Amaral (1994), citam dois casos de blowdowns nas proximidades da
cidade de Tefé (AM), em que os eventos detectados seriam maiores que o próprio centro
urbano desta cidade. Outro caso citado foi um blowdown de aproximadamente 1 km
quadrado que ocorreu entre 1986 e 1989 a apenas 4 km da área do aeroporto que serve de
apoio aos campos de petróleo de Urucu (AM). Eventos como estes podem ser considerados
riscos eminentes para o transporte de produtos por navegação e aviação nessas áreas.
A Figura 49 nos mostra uma seqüência de recortes das cenas do Landsat/TM5 na
composição RGB543 e suas respectivas datas de aquisição. Esta seqüência nos permite
inferir sobre o provável período de ocorrência do evento próximo a cidade de Juruá, entre os
anos de 1997 e 2000, e a conseqüente recuperação da floresta (ano 2005).
Fig.49- Seqüência de recortes das cenas Landsat/TM5 na composição RGB543. A seqüência nos
mostra a área afetada por distúrbio natural, o provável período do acontecimento e a conseqüente
recuperação da floresta.
79
5.11 Detecção de “Manchas” de vegetação e expedição ao campo
O estudo dos padrões espectrais de uma única folha é fundamental para o
entendimento do comportamento espectral das diferentes coberturas vegetais, mas não
podem ser generalizados para uma planta ou para uma formação vegetal. A reflectância de
uma cobertura vegetal é consideravelmente menor do que uma simples folha devido
principalmente ao ângulo de incidência da radiação e da arquitetura do dossel.
Nas áreas de florestas primárias, a complexidade do dossel faz com que estas áreas
apresentem baixa reflectância na região do infravermelho próximo, diferenciando-se das
áreas de sucessão secundária e pastos verdes, onde os dosséis são mais homogêneos e
apresentam maior reflectância.
Alguns estudos comprovaram a eficiência de se distinguir fisionomias ou grandes
densidades de vegetação pertencentes a mesma espécie, dentro da floresta primária.
Nelson (1997) detectou manchas mais escuras em florestas primárias do Estado do Pará
utilizando imagens Landsat/TM e comprovou que este padrão espectral mais escuro
correspondia a áreas com predominância da palmeira babaçu (Attalea speciosa Mart ex
Spreng), cobrindo 20 a 50% do dossel. Também no Pará, na Floresta Nacional do Tapajós,
foi observada uma alta densidade de várias espécies de palmeiras não identificadas e que
também apresentavam um padrão espectral escuro nas imagens.
Como nos estudos citados acima, também foram identificadas nas imagens
Landsat/TM da área da Reserva Extrativista do Baixo Juralgumas “manchas” na floresta
primária, apresentando padrões espectrais diferentes da maioria de cena. A partir daí, foi
organizada uma expedição na parte norte da RESEX, com o objetivo de se chegar, por via
terrestre, o mais próximo possível do centro de uma destas “manchas”, como pode ser
observado na figura 50 abaixo.
Fig.50- Composição colorida RGB543, Landsat/TM da área onde se detectou uma das “manchas”.
Pontos brancos mostram os pontos de GPS coletados.
80
Como pode ser observado na figura 48 acima, estas manchas possuem uma
coloração mais esverdeada e diferenciam-se do padrão de manchas escuras encontradas
em áreas com predominância de Babaçu, como citado anteriormente. No gráfico 51 abaixo,
tem-se os valores médios de reflectância da floresta primária e da floresta “mancha”.
Fig.51- Curvas espectrais da Floresta primária de Terra Firme e Floresta Mancha.
De uma forma geral, observa-se que as duas fisionomias apresentam um
comportamento típico de coberturas vegetais, com respostas baixas nas bandas do visível e
altas no infravermelho próximo, diminuindo novamente nas banda 5 e 7 do infravermelho
médio. Embora os valores de reflectância destas fisionomias tenham sido muito próximos
em todas as bandas, pode-se observar que a floresta primária apresenta menores valores
de reflectância na banda 4, o que pode indicar que as florestas “mancha” tenham um dossel
menos complexo e heterogêneo do que a floresta primária.
Padrões como este são característicos de florestas secundárias, ou de áreas em
recuperação, onde a vegetação em sucessão apresenta um dossel mais homogêneo (menor
sombreamento) de espécies pioneiras extremamente dependentes da alta luminosidade,
fornecendo índices mais elevados na resposta espectral da banda 4. Dependendo da idade
do estágio de sucessão, a influência de sombra será menor (em estágios mais novos) ou
maior (estágios mais velhos).
para o comprimento de onda no infravermelho médio (bandas 5 e 7), a resposta
espectral das duas fisionomias também são um pouco similares entre si e aos valores
encontrados nas bandas do visível. Nestes comprimentos de onda (banda 5 e 7), a energia
incidente que interage com a vegetação é controlada pela quantidade de água presente no
alvo; sendo que um maior conteúdo de umidade na folha fará diminuir proporcionalmente a
reflectância nas bandas do infravermelho médio. Ao analisar o gráfico 51, supõe-se que a
floresta “Mancha” seja mais úmida e jovem que a floresta primária.
81
As imagens fração geradas pelo Modelo Linear de Mistura Espectral também se
mostraram eficientes na detecção destas manchas de vegetação na RESEX do Baixo Juruá.
Abaixo são apresentadas as imagens fração solo e sombra da área visitada (Figura 52).
Fig.52- Imagens fração solo(a) e sombra(b) mostrando a variação dos veis de cinza na
área de estudo.
A proporção dos componentes nas imagens resultantes da aplicação do MLME é
representada pela variação em seu nível de cinza, em que, quanto mais claro o pixel, maior
será a quantidade do componente em questão. Pode-se observar visualmente, na figura 51,
as diferenças existentes entre as fisionomias de floresta primária e “mancha” nas imagens
fração solo e sombra. No gráfico 53 abaixo, também se pode observar estas diferenças nas
proporções das imagens fração solo, sombra e vegetação. Pode-se perceber que os
componentes solo, sombra e vegetação ajudaram na discriminação das fisionomias
investigadas. A floresta “mancha” apresentou valores mais baixos da fração solo e valores
ligeiramente mais altos nas frações sombra e vegetação.
Fig.53- Proporção das componentes nas 3 frações para a
Floresta “Mancha” e Floresta primária.
82
O componente puro da vegetação está associado a uma vegetação com dossel
uniforme e bem iluminado e pode explicar os valores mais altos da fração vegetação em
relação aos valores da fração sombra. Tais características estão associadas a uma
vegetação mais jovem, como as florestas secundárias, onde uma diversidade menor de
espécies pioneiras constitui um dossel menos complexo que as florestas primárias.
A análise das bandas do Landsat/TM e das imagens geradas pelo MLME indicaram
que a floresta investigada, também conhecida como Mancha”, possuía indícios de ser uma
formação mais uniforme do que a floresta primária ao seu entorno e diferente das florestas
de babaçu, encontradas na literatura, que apresentaram um vel de sombra maior que as
florestas primárias as quais foram comparadas.
Foi constatado em campo, no decorrer de todo o percurso de Terra- Firme até a
“mancha”, algumas variações na fisionomia da floresta. Estas variações foram aumentando
à medida que se aproximava do ponto geográfico escolhido no mapa como centro da
“mancha”. Esta mudança foi mais claramente perceptível a partir do quilometro cinco da
picada, onde uma vegetação densa, uniforme e aparentemente jovem tomou conta de todo
o campo de visão, dando lugar a uma composição florestal homogênea e dominada quase
que totalmente por uma única espécie arbórea, que foi identificada somente mais tarde no
herbário do INPA. A figura 54 abaixo mostra as características da floresta “mancha” após
expedição de campo.
Fig.54- Características da floresta mancha, em (a) dossel baixo e dominado por apenas uma espécie,
em (b) espécie com raízes características de áreas alagáveis e (c) serapilheira.
A espécie em questão pertence à família Euphorbiaceae, gênero Discocarpus sp e
tem ampla distribuição nos trópicos, contando com cerca de 8.000 espécies agrupadas em
317 gêneros (Webster,1994). Segundo Angiosperm Phylogeny group, (2003) e de acordo
com dados moleculares, as Euphorbiáceaes foram divididas em várias sub-famílias, sendo
Discocarpus considerada uma delas.
83
Não foram encontrados na literatura indícios de grandes agrupamentos homogêneos
desta espécie, também podendo ser conseqüência de ações antrópicas que permaneceram
por longos períodos nestas áreas (civilizações indígenas), ou até mesmo áreas de sucessão
pós-distúrbios naturais.
A figura 55 nos mostra duas fotografias digitais feitas a partir de um sobrevôo
realizado na aérea da Floresta Mancha em 10/10/2007.
Fig.55- Vista aérea da Floresta Mancha. Elipse vermelha indicando agrupamentos monoespecíficos
de Discocarpus sp.
84
6. Conclusão
Utilizando-se um classificador por Árvore de Decisão junto com as imagens fração
solo, sombra e vegetação derivadas do Modelo Linear de Mistura Espectral e variáveis
altimétricas do radar SRTM foi possível caracterizar e mapear a vegetação e o uso do solo
da Reserva Extrativista do Baixo Juruá. A eficácia da classificação pode ser observada pelo
índice de exatidão global e de kappa obtidos, de 93,4 % e 0,92 respectivamente, sendo
considerado excelente. O resultado final da classificação da cobertura da terra também foi
considerado satisfatório por permitir a discriminação de um número maior de classes que os
mapas gerados pelo Projeto RADAMBRASIL.
A análise estatística mostrou que as imagens fração derivadas do MLME foram
essenciais para a correta distinção das classes pelo algoritmo de Árvore de decisão. Os
dados de radar, por sua vez, mostraram-se eficientes na separação das classes de Floresta
de Terra- Firme e Florestas Alagáveis, que quando analisadas apenas pelos seus atributos
espectrais apresentavam ligeira confusão de separabilidade.
O estudo mostrou que a análise detalhada de uma única cena do sensor Landsat
pode ser considerada ferramenta eficaz na distinção de diferentes tipos de cobertura da
terra dentro das unidades de conservação, podendo ser um passo importante para a
manutenção da integridade dessas áreas consideradas fontes de recursos naturais e de
biodiversidade, por meio de seu monitoramento e no auxílio à implementação de práticas
sustentáveis de uso da terra, como o manejo florestal.
A RESEX do Baixo Juruá, que se constitui numa área utilizada por comunidade
tradicional cuja subsistência se baseia no extrativismo e na criação de animais de pequeno
porte mostrou estar cumprindo com seus objetivos de proteger os meios de vida e a cultura
dessas populações, bem como no que se refere a integridade física da área, por apresentar
aproximadamente 0,6% de áreas destinadas ao uso do solo pelas comunidades.
Os trabalhos de campo foram imprescindíveis para a geração do mapa de cobertura
e uso do solo condizente com a realidade, segundo a resolução espacial e temporal dos
dados utilizados e as características dos alvos detectados. Os resultados obtidos para as
classes de cobertura da terra devem ser analisados conjuntamente e dentro do contexto em
que estão inseridos, uma vez que as classes foram pré-definidas em trabalhos de campo.
É importante considerar que a estratificação proposta neste trabalho é valida para a
área em questão. Cada área possui suas peculiaridades em relação a solo, clima,
vegetação, topografia e diferenças nos padrões de uso e ocupação do solo incluindo as
interações entre esses e outros fatores, tornando cada situação um caso particular a ser
analisado.
85
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