17
1.1.9 Leite
O leite tem sido um meio intensamente estudado e tem ganhado ampla aceitação para
a conservação de dentes avulsionados (BLOMLÖF; OTTESKOG, 1980; BLOMLÖF et al.,
1980; BLOMLÖF, 1981ab; LINDSKOG; BLOMLÖF; HAMMARSTRÖM, 1983; COURTS;
MUELLER; TABELING, 1983; OIKARINEN; SEPPÄ, 1987; HUANG; REMEIKIS;
DANIEL, 1996; HARKACZ; CARNES; WALTER, 1997; MARINO et al., 2000; PEARSON
et al., 2003; SIGALAS et al., 2004). Com pouco conteúdo bacteriano (BLOMLÖF, 1981;
LINDSKOG; BLOMLÖF; HAMMARSTROM, 1983), o leite possui osmolalidade e pH
relativamente fisiológicos, de 230 a 270 mOsm/Kg e de 6,5 a 6,8, respectivamente, mantendo
a viabilidade das células (BLOMLOF et al., 1980; BLOMLÖF,1981a; LINDSKOG;
BLOMLÖF, 1982), além de fornecer-lhes alguns nutrientes. Entretanto, conforme lembra
Blomlöf (1981a), o leite pode sofrer redução do seu pH, o que o tornaria inadequado como
meio de conservação. Estudos demonstraram que leite com baixo teor de gordura pode ser
mais apropriado na manutenção da viabilidade celular do que leite com alto conteúdo de
gordura (HARKACZ; CARNES; WALTER, 1997); que o leite longa vida é tão efetivo
quanto o leite regular pasteurizado (MARINO et al., 2000); e que o leite resfriado é mais
efetivo do que o leite à temperatura ambiente (BLOMLÖF; OTTESKOG, 1980; BLOMLÖF,
1981a; ASHKENAZI; SARNAT; KEILA, 1999; SIGALAS et al., 2004).
Diversos trabalhos demonstraram que o leite pode manter a viabilidade das células do
ligamento periodontal por um período de até 3h (BLOMLÖF; OTTESKOG, 1980;
BLOMLÖF et al., 1980; LINDSKOG; BLOMLÖF, 1982; BLOMLÖF et al., 1983; COURTS;
MUELLER; TABELING, 1983; HUANG; REMEIKIS; DANIEL, 1996). Blomlöf et al.
(1980) verificaram que o percentual de células viáveis de dentes armazenados em leite por
períodos de 1 a 3h foi semelhante ao do grupo-controle (sem armazenamento).
No trabalho de Lindskog; Blomlöf; Hammarström (1983), leite com baixo teor de
gordura foi usado para conservação de dentes avulsionados por até 6h, sem reduzir seriamente
a viabilidade e a atividade mitótica das células periodontais. Resultados similares, ou até
melhores, foram encontrados por outros autores (BLOMLÖF, 1981a; OIKARINEN; SEPPÄ,
1987; HILTZ; TROPE, 1991; TROPE; FRIEDMAN, 1992). Blomlöf (1981a) observou que
50% das células estavam viáveis após 12h de conservação em leite. Oikarinen e Seppä (1987)
demonstraram que o armazenamento em leite com baixo conteúdo de gordura, por até 8h à
temperatura ambiente, não alterou a atividade fibroblástica. No estudo de Hiltz e Trope
(1991), o grupo de dentes armazenados em leite integral por 6h manteve um percentual de
células vitais de 68,2%; após 12h, esse percentual caiu para 43,4%, sendo praticamente nulo