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necessidade de pesquisas que respeitem a ética e a dignidade humana e defende o uso
promissor de células-tronco adultas, recorrendo a exemplo que o justifique.
Nesse sentido, graças a Deus, a medicina já comprovou a eficácia das
células-tronco adultas (não embrionárias), por exemplo, no caso da
reconstrução dos tecidos de corações danificados por infarto (há quase três
anos, na Alemanha, o dr. Bodo-Eckehard Strauer, chefe do setor de
cardiologia da Universidade Heinrich Heine, de Düsseldorf, vem restaurando
perfeitamente, sem necessidade de operação, corações praticamente
destruídos pelo infarto, injetando células-tronco tiradas da medula óssea do
próprio paciente).
Há que ter em conta ainda que os cientistas da Universidade Duke, nos EUA
(Carolina do Norte), depois de três anos de pesquisas chefiadas pelo
professor Farshild Guilak, descobriram células-tronco adultas na gordura
humana (tecidos adiposos). Tais células, que podem se transformar em
células ósseas, em células cartilaginosas, em células nervosas e também
adiposas, abrem novos caminhos para a medicina.
Se a tudo isso acrescentarmos o fato de que a pesquisa científica está
mostrando a viabilidade do uso das pluripotentes células-tronco retiradas do
cordão umbilical após o parto, eis que pode e deve ser evitada tanto a
manipulação quanto a clonagem, pois a ação de criar ou manipular embriões
para suprimi-los seria um crime contra a humanidade.
Aliás, falando em manipulação da vida, é bom lembrar que a ovelha Dolly, o
primeiro clone animal da história, morreu há um ano, revelando
surpreendentemente ter uma idade biológica bem maior do que a idade
temporal, ou seja, ela nasceu já velha e, por isso, teve precocemente doenças
típicas da velhice e conseqüente morte. Assim, podemos perguntar: por que
os cientistas que clonaram Dolly não previram isso?
O questionamento final e a informação da morte precoce de Dolly também são
freqüentes para mostrar os riscos da clonagem e, então, apontar para a rejeição ao método. No
artigo “Em defesa da vida humana”, em 29 de agosto de 2004, Dom Geraldo Majella Agnelo,
então presidente da CNBB, admite que a descoberta das células-tronco é promissora. No
entanto, defensor do embrião como vida humana e que não pode, por conseguinte, ser usado
em tratamentos, Dom Geraldo destaca que há outras fontes para obtenção de células-tronco e
reclama a necessidade de pesquisas que respeitem o ser humano.
As células-tronco existem não somente no embrião, mas também na
placenta, no cordão umbilical e em algumas outras partes de um organismo
humano adulto, de onde podem ser retiradas sem comprometer a sua
existência. É verdade que as células dos embriões são mais potentes,
oferecendo condições mais eficazes de ação terapêutica. Isso não pode
constituir pretexto para lançar mão dos embriões, antes, significa que a
pesquisa deve avançar até encontrar formas de terapia que correspondam à
dignidade humana e ao valor inviolável da existência.
Em artigo posterior, no dia 7 de novembro de 2004, já depois do projeto de lei ser
aprovado pelo Senado, Dom Geraldo Majella ataca novamente as pesquisas com embriões,
mas abre seu texto afirmando-se favorável a avanços científicos, desde que não contrariem os