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minucioso dos textos, as de hoje e, principalmente, as de amanhã entrarão em
contato com os acontecimentos da história e acompanharão o resultado das
pesquisas experimentais através das representações da tela sonora. (...)
O cinema será, assim, o livro de imagens luminosas, no qual as nossas populações
praieiras e rurais aprenderão a amar o Brasil, acrescendo a confiança nos destino da
Pátria. Para a massa dos analfabetos, será essa disciplina pedagógica mais perfeita,
mais fácil e impressiva. Para os letrados, para os responsáveis pelo êxito da nossa
administração, será uma admirável escola. (VARGAS, Getúlio. “O Cinema
Nacional, elemento de aproximação dos habitantes do país”: A nova política do
Brasil. Rio de Janeiro, José Olympio, v III, s/d., p. 183-9 Apud ALMEIDA, 1999,
p. 19)
Saindo da função educacional, Vargas via no cinema a capacidade ordenadora que
uniria o povo espalhado pelas diversas regiões do país.
Por sua desmesurada grandeza geográfica, depara o Brasil, ao estadista, uma série
de problemas complexos, de ordem econômica, política e social, cujas soluções
dependem da análise rigorosa de certos dados fundamentais, em geral, obscuros e
indecisos.
O papel do cinema, nesse particular, pode ser verdadeiramente essencial. Ele
aproximará, pela visão incisiva dos fatos, os diferentes núcleos humanos, dispersos
no território vasto da República. O caucheiro amazônico, o pescador nordestino, o
pastor dos vales do Jaguaribe ou do São Francisco, os senhores de engenho
pernambucanos, os plantadores de cacau da Bahia, seguirão de perto a existência de
fazendeiros de São Paulo e de Minas Gerais, dos criadores do Rio Grande do Sul,
dos industriais dos centros urbanos: os sertanejos verão as metrópoles, onde se
elabora o nosso progresso, e os citadinos, os campos e os planaltos do interior, onde
se caldeia a nacionalidade do porvir. (Getúlio Vargas apud SIMIS, 1996, p. 43)
É bem verdade que o desejo de se estabelecer uma ligação íntima entre cinema e
governo não partia apenas do lado de Getúlio Vargas. Várias foram as homenagens feitas ao
presidente Vargas pelos produtores nacionais, inclusive com a participação de João Carriço.
Numa delas, Vargas chegou a ser agraciado com o título de presidente de honra da
Associação Cinematográfica de Produtores Brasileiros.
Em homenagens, ofícios, sugestões dirigidas a Getúlio Vargas, Armando de Moura
Carijó – presidente da Associação Cinematográfica de Produtores Brasileiros –
lembrava com insistência que as providências e favores requeridos pelos cineastas
nacionais visavam dotar o cinema brasileiro das condições necessárias ao
cumprimento daquelas funções que o Estado estaria reservando para o cinema.
(ALMEIDA, 1999, p. 83)
Um dos cinejornais do acervo restante da Carriço Film também evidencia essa relação
dos cinejornalistas com o presidente Vargas. Trata-se do Cine Jornal nº 109, de 1942. Apesar
de não analisarmos toda a obra detalhadamente (como os 18 filmes escolhidos), a matéria