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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO E DA DIETA DE OVINOS EM
ÁREA DE CAATINGA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
GLADSTON RAFAEL DE ARRUDA SANTOS
RECIFE - PE
ABRIL - 2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO E DA DIETA DE OVINOS EM
ÁREA DE CAATINGA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
GLADSTON RAFAEL DE ARRUDA SANTOS
RECIFE - PE
ABRIL - 2007
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GLADSTON RAFAEL DE ARRUDA SANTOS
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO E DA DIETA DE OVINOS EM
ÁREA DE CAATINGA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
Comitê de Orientação:
ProfPU
a
UP
DrPU
a
UP
Ângela Maria Vieira Batista – Orientadora Principal
Prof
PU
a
UP
DrPU
a
UP
Adriana Guim
Prof
PU
a
UP
DrPU
a
UP
Mércia Virgínia Ferreira dos Santos
RECIFE - PE
ABRIL-2007
Tese apresentada ao Programa de Doutorado
Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal
Rural de Pernambuco, do qual participam a
Universidade Federal da Paraíba e a Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor em Zootecnia.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE
CDD 636. 308 52
1. Nutrição Animal
2. Caatinga
3. Composição Química
4. Composição Botânica
5. Degradabilidade
6. Fitomassa
7. Fístula Esofágica
8. Fístula Ruminal
9. Semi-Árido, PE
I. Batista, Ângela Maria Vieira
Ii. Título
s237c Santos, Gladston Rafael de Arruda
Caracterização da vegetação e da dieta de ovinos em área
de caatinga no sertão de Pernambuco / Gladston Rafael de
Arruda Santos. -- 2007.
130 f. : il.
Orientadora: Ângela Maria Vieira Batista
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal
Rural de Pernambuco. Departamento de Zootecnia.
Inclui bibliografia
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO E DA DIETA DE OVINOS
EM ÁREA DE CAATINGA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
i
As minhas mães Maria do Socorro e Maria Amara,
A minha irmã Anna Karla,
A minha noiva e futura esposa Mônica Alixandrina,
Dedico-lhes este trabalho com todo amor.
ii
O que for teu desejo, assim será tua vontade.
O que for tua vontade, assim serão teus atos.
O que forem teus atos, assim será teu destino.
DEEPAK CHOPRA
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, em especial ao
programa de Doutorado Integrado em Zootecnia pela oportunidade e pelas
experiências vividas;
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo e apoio à pesquisa;
À Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA Sertânia -
PE, pela parceria e concessão das instalações e dos animais para a realização do
experimento e aos amigos Everaldo, Maria, Assunção, Branco, Roberto, Damião,
Zaú, Ozinael, Adilson pelos ótimos momentos durante o experimento e a todos
os demais funcionários da estação com quem pude conviver e aprender muito;
A minha orientadora prof
.a
Ângela Maria Vieira Batista, pele importância
para minha caminhada neste universo da pesquisa científica e na minha formação
como pessoa.
A Prof
.a
Adriana Guim, pela amizade, dedicação e orientação durante todo
o curso.
A Prof
.a
Mércia Virgínia Ferreira dos Santos, por me dar a oportunidade
de participar deste trabalho.
Ao Coordenador do Programa de Pós-graduação em Zootecnia da UFRPE,
Prof. Marcelo de Andrade Ferreira, pela incansável luta por este programa.
A Prof
.a
Antônia Sherlanea Chaves Véras, sempre vou continuar pedindo
sua benção.
A todos os professores do Programa de Pós-graduação;
A Profa. Rejane Pimentel, pela ajuda na identificação das espécies
botânicas e apresentação de uma “admirável” nova linha de pesquisa.
Aos amigos do laboratório de nutrição animal, Raquel, seu Antônio e dona
Helena, onde tudo começou.
A Maria José (Zezé) pelo se apoio e dedicação na identificação das
espécies presentes na dieta dos ovinos.
iv
Aos colegas e amigos que fiz durante toda a minha pós-graduação nesta
Universidade, que me proporcionaram excelentes momentos durante nossa
convivência.
A minha noiva Mônica Alixandrina “Santos”, pelos empurrões que me
deu sem eles eu não teria chegado aqui.
Ao amigo José Nilton Moreira, exemplo de ética, profissionalismo, e
compromisso com a família e os amigos.
A Família Kleber Régis, Silvana e a pequena Fernanda, os paranaenses
mais pernambucanos que eu conheço, muito obrigado por todo o apoio dado e
principalmente pela amizade.
A Dulciene Karla (carlinha), quando alguém pensa em amizade, carinho,
respeito, pensa nela.
Ao amigo Airon melo, é muito bom, saber que uma pessoa como você,
estar sempre do nosso lado.
Ao amigo e irmão Geovergue (Paraibano) e a Gleydjane, vocês são um
casal abençoado e muito especial, obrigado por ter sua amizade.
Aos eternos irmãos, Solon Aguiar e Francisco de Assis, sempre e
independente de onde estivermos nossa amizade vai continuar.
A Omer Cavalcanti, o cara mais teimoso e determinado no que faz que
eu já conheci.
Ao amigo Wellington Samay (cabeçudo), sempre com seus pensamentos
fantásticos e idéias mirabolantes. Meu velho você é o cara.
A amiga Daniele Silva de Matos, pelos excelentes momentos que
passamos em sertânia, nessa aventura chamada experimento.
A todos que participaram nessa minha jornada, ao longo de doze anos,
junto ao Departamento de Zootecnia da Universidade Federal Rural de
Pernambuco, através dos quais construí minha formação pessoal e profissional.
Obrigado a vocês por todos os momentos.
v
BIOGRAFIA
GLADSTON RAFAEL DE ARRUDA SANTOS, filho de Maria do
Socorro Trajano de Arruda e Guttemberg Rafael dos Santos, nasceu em Recife -
PE, em 28 de janeiro de 1977. Em dezembro de 1994, concluiu o curso Técnico
em Agropecuária, pela Escola Agrotécnica Federal de Barreiros - PE. Cursou a
graduação em Zootecnia, pela Universidade Federal Rural de
Pernambuco/UFRPE, iniciando em 1995 e concluindo em 2000. Durante a
graduação foi bolsista do PIBIC/CNPq auxiliando nos trabalho do Laboratório de
Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia/UFRPE. Em 2001 ingressou no
Programa de Pós-graduação em Zootecnia, na área de concentração em Produção
Animal, concluindo o curso de Mestrado em 2003. Durante o Mestrado assumiu
como professor substituto a disciplina da Nutrição Animal no DZ/UFRPE até
fevereiro de 2003. Em março de 2003 ingressou no Programa de Doutorado
Integrado em Zootecnia da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE,
concluindo o curso em abril de 2007. Em julho de 2006, assumiu como
Pesquisador na área de Manejo de Caprinos e Ovinos, na Empresa Pernambucana
de Pesquisa Agropecuária – IPA.
vi
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas................................................................................................
vii
Lista de Figuras................................................................................................. x
Resumo Geral................................................................................................... xi
Abstract ............................................................................................................ xiii
Capítulo 1 – Referencial Teórico......................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
Capítulo 2 Fitomassa disponível, composição botânica da pastagem e da
dieta de ovinos em área de caatinga no sertão de Pernambuco .......................
Resumo.............................................................................................................
Abstract ............................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos...........................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusões........................................................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
Capítulo 3 - Composição química e digestibilidade
in situ da dieta de
ovinos em área de caatinga no sertão de Pernambuco......................................
Resumo.............................................................................................................
Abstract ............................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos...........................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusões.......................................................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
15
33
39
40
42
44
47
53
85
86
91
92
94
95
99
105
126
127
vii
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2
Página
1. Nome vulgar, nome científico, família e tipo de extrato das espécies
vegetais encontradas em área de caatinga, sob pastejo de ovinos, no
sertão de Pernambuco ............................................................................
54
2. Disponibilidade de fitomassa (kg MS/ha) e composição botânica (%)
do extrato herbáceo da caatinga sob pastejo de ovinos, Sertânia-PE......
65
3. Disponibilidade de fitomassa (kg MS/ha) e composição botânica (%)
do extrato arbustivo da caatinga, sob pastejo de ovinos, Sertânia- PE...
68
4.
Composição botânica (%) da dieta, em função do mês de coleta da
extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco............
71
5. Composição botânica (%) da dieta em função da interação mês x tipo
de fístula, da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco............................................................................................
75
6. Composição botânica (%) da dieta em função da interação mês x hora
de coleta, da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco ...........................................................................................
76
7. Percentual de folha, caule, fruto, semente e flor, em função do mês de
coleta, presente na extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão
de Pernambuco .......................................................................................
78
8. Percentual de folha e fruto em função da hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco..........................
80
9. Percentual de caule em função do mês x hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco..........................
81
10. Índice de seletividade por ovinos em função do mês de avaliação, em
área de caatinga, no sertão de Pernambuco.............................................
82
viii
Capítulo 3
Página
1. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral
(M), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel em
detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel em detergente ácido
(PIDA), carboidratos totais (CHOT ), carboidratos não fibrosos
(CNF), fenóis totais (FT), taninos totais (TT) e taninos condensados
(TC) da dieta em função do mês de coleta da extrusa de ovinos, em
área de caatinga, no sertão de Pernambuco ............................................
106
2. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral
(MM), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) da dieta, em função do tipo de fístula de ovinos, em área de
caatinga, no sertão de Pernambuco.........................................................
108
3. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e matéria
mineral (MM) da dieta, em função da hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco..........................
109
4. Teores de matéria seca (MS) e proteína insolúvel em detergente
neutro (PIDN) da dieta, em função da interação mês x fístula de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco..........................
110
5. Teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN),
carboidratos não fibrosos (CNF) da dieta, em função da interação mês
x hora de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão
de Pernambuco........................................................................................
111
6. Teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica
(MO) e taninos condensados (TC) da dieta, em função da interação
fístula x hora de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no
sertão de Pernambuco............................................................................
112
7. Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável
(B), taxa de degradação da fração potencialmente degradável (C),
fração solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem
de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da matéria seca da dieta, em função do mês
de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco............................................................................................
113
8. Degradabilidade potencial (DP), taxa de degradação da fração
potencialmente degradável (C), fração solúvel (A) e degradabilidade
efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da matéria
seca da dieta, em função da interação mês x hora de coleta da extrusa,
de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco......................
115
ix
9. Degradabilidade potencial (DP) e fração potencialmente degradável
(B) da matéria seca da dieta, em função da interação fístula x hora de
coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco............................................................................................
116
10 Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável(B),
taxa de degradação da fração potencialmente degradável (C), fração
solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e
5%/h (DE
2
e DE
5
), da fibra em detergente neutro da dieta em função
do mês de coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão
de Pernambuco.......................................................................................
119
11. Degradabilidade potencial (DP) e degradabilidade efetiva para as
taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da fibra em detergente
neutro da dieta em função da interação mês x hora de coleta da
extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco........
119
12. Fração potencialmente degradável (B) da matéria seca da dieta em
função da interação fístula x hora de coleta da extrusa de ovinos, em
área de caatinga, no sertão de Pernambuco.............................................
120
13. Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável(B),
taxa de degradação da fração potencialmente degradável (C), fração
solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e
5%/h (DE
2
e DE
5
), da proteína bruta da dieta em função do mês de
coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco.............................................................................................
121
14. Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável(B)
e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da proteína bruta da dieta, em função da hora de coleta da
extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco.........
122
15. Fração potencialmente degradável(B) e fração solúvel (A) da proteína
bruta da dieta, em função da interação mês x hora de coleta da extrusa,
de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco......................
123
16. Degradabilidade potencial (DP), fração solúvel (A) e degradabilidade
efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da
proteína bruta da dieta em função da interação fístula x hora de coleta
da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco....
124
x
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 2
Figura Página
1. Precipitação (mm) observada durante os anos de 2004 e 2005 na
estação experimental de Sertânia – PE................................................
47
2. Mapa da área experimental, obtido por levantamento topográfico
com GPS..............................................................................................
49
3. Variação na fisionomia da vegetação da área experimental ao longo
dos meses, em Sertânia-PE. A.Setembro/2004; B.Novembro/2004;
C. Janeiro/2005; D.Março/2005; E.Maio/2005; F. Julho/2005............ 58
4. Disponibilidade total de fitomassa (kg ms/ha) em área de caatinga,
sob pastejo de ovinos, Sertânia-PE. .....................................................
59
Capítulo 3
Figura Página
1. Precipitação (mm) observada durante os anos de 2004 e 2005 na
estação experimental de Sertânia – PE.................................................
99
xi
Caracterização da Vegetação e da Dieta de Ovinos em Área de Caatinga no
Sertão de Pernambuco
RESUMO
O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Sertânia IPA
com o objetivo de caracterizar a vegetação da caatinga, avaliar o efeito do local
de implante da fístula e da hora de coleta sobre a composição botânica, química e
digestibilidade
in situda matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína
bruta da dieta de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco. O
experimento foi realizado de setembro de 2004 a julho de 2005. Foram utilizados
10 ovinos mestiços de Santa Inês, castrados, 05 com cânulas permanentes no
rúmen e 05 no esôfago, mantidos na caatinga, recebendo água e mistura mineral
ad libitum’. Foram identificadas 82 espécies vegetais, pertencentes a 33
famílias, sendo 34 herbáceas, 24 arbustivas, 14 arbóreas e 10 cactáceas.
Entretanto, as Euphorbiaceae, Malvaceae, Leguminosae e Poaceae foram as que
apresentaram o maior número de espécies. A fitomassa disponível no
componente herbáceo variou de 1022 kg MS/ha (setembro/2004) a 401 kg MS/ha
(julho/2005). o componente arbustivo variou de 1078 kg MS/ha
(setembro/2004) a 545 kg MS/ha (janeiro/2005). Foram identificadas 39 espécies
na extrusa dos ovinos, com participação média de 20 espécies por mês de coleta,
além de outras espécies da família Poaceae, que não foram identificadas. Houve
efeito (P<0,05) do mês de coleta sobre a composição botânica da extrusa e as
frações das plantas selecionadas pelos ovinos. A folha foi a fração mais
consumida, correspondendo a (55%) do total da extrusa. O componente caule foi
influenciado pela interação entre mês e hora de coleta (P<0,05). Não houve efeito
do local da fístula nem da hora de coleta sobre a composição botânica da dieta,
mas o efeito associado do mês de coleta ao tipo de fístula ou hora de coleta
influenciou (P<0,05) a composição botânica e a proporção das frações da planta
na extrusa. O índice de seletividade variou ao longo do período para as diversas
espécies, estando diretamente relacionado ao comportamento ingestivo dos
ovinos. O mês em que se efetuou a coleta influenciou significativamente a
composição química da dieta. Os percentuais de matéria seca, matéria mineral,
proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro, fibra em detergente
xii
ácido, proteína insolúvel em detergente neutro, proteína insolúvel em detergente
ácido, carboidratos totais, carboidratos não fibrosos, fenóis totais, taninos totais e
taninos condensados variaram de 11,99 a 25,28%; 10,92 a 14,44; 10,64 a
17,19%; 2,95 a 4,77; 54,83 a 63,14%; 39,40 a 46,62%; 49,74 a 57,95; 28,52 a
39,15; 65,40 a 72,73; 5,47 a 12,86%; 0,37 a 0,52%; 0,16 a 0,28%; e de 1,28 a
6,24%, respectivamente. A degradabilidade potencial (%), fração potencialmente
degradável (%), taxa de degradação da fração potencialmente degradável (%/h),
fração solúvel (%) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e
5%/h variaram de 48,25 a 64,63; 35,77 a 47,78; 4,60 a 13,40; 9,74 a 18,13; 43,28
a 55,71 e 37,60 a 47,27 para a matéria seca; de 36,43 a 54,34; 33,28 a 50,38; 3,84
a 8,42; 2,16 a 4,41; 29,21 a 36,54; 23,02 a 33,33 para a fibra em detergente
neutro e de 62,13 a 77,24; 35,44 a 56,09; 5,37 a 14,36; 20,21 a 31,49; 55,84 a
67,49; 45,74 a 59,99 para a proteína, respectivamente. A disponibilidade de
fitomassa varia ao longo do ano. O extrato herbáceo é constituído principalmente
por poáceas, sendo
Aristida purpusii mez. chase o componente que se manteve
na pastagem durante todo o ano. Os principais componentes do estrato arbustivo
foram
Cnidoscolus sp., Sida galheirensis ulbr, Croton sonderianus muell. arg.,
H
erisanthia tiubae k.schum. bri, Cordia leucocephala moric.. A dieta
selecionada pelos ovinos é muito diversificada, sendo malváceas e poáceas os
componentes mais importantes. A composição química e a digestibilidade
in
situ
da dieta de ovinos na caatinga é influenciada pelo mês de avaliação.
Embora a dieta possua alto percentual de proteína bruta, parte dessa proteína está
indisponível para o animal por estar ligada a fibra em detergente ácido. A dieta
dos ovinos em área de caatinga apresentou baixa digestibilidade
in situ da
matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta. A fístula ruminal
permite melhor identificação e avaliação da dieta de ovinos na caatinga do que a
fístula de esôfago, devido à recuperação total da extrusa.
Palavras-chave: composição botânica, composição química, degradabilidade,
forrageiras nativas, Fitomassa, Semi-árido
xiii
Characterizing of the Vegetation and the Sheep’s Diet in caatinga of the
Pernambuco State
ABSTRACT –
The work was conducted at the experimental station of
Sertânia - IPA with the objective of characterizing the vegetation at the caatinga,
to evaluate the effect of fistula and hour of collection on the botanical and
chemistry composition and in situ digestibility of dry matter, neutral detergent
fiber and crude protein of the vegetation. The experiment was conducted between
September 2004 and July 2005. Ten castrated sheep of the Santa Inês breed, five
fitted with permanent ruminal cannula and five with esophageal cannula, were
used. Samples were collected from both cannulas at 7:00 and 14:00. Sheep had
free access to water and mineral mix. Eighty two species, belonging to 33
families were identified. Species were classified as 34 herbaceous, 24 shrubby,
14 arboreal and 10 cactáceas. Species belonging to euphorbiaceae, malvaceae,
leguminosae and poaceae were the most dominant ones. The available biomass
for the herbaceous component varied between 1022 kg DM/ha (September, 2004)
to 401 kg DM/ha (July, 2005), while the component shrubby varied between
1078 kg DM/ha (september/2004) to 545 kg DM/ha (january/2005). Samples
collected from both cannulas revealed 39 species with an average of 20 monthly
species. There was a significant effect (P <0,05) of collection time on the
botanical composition and the fractions of the plants selected by the sheep. Leaf
was the most consumed fraction, corresponding the 55% of feed consumed.
Percent of stem was affected by the interaction between month and hour of
collection (P <0,05). There was not effect of the place of fistula or of time of
collection on botanical composition of the diet. However, the interaction of
month of collection, fistula placement and time of collection influenced (P <0,05)
botanical composition and proportion of fractions of plant consumed. The
selectivity index varied during the study for several species, being directly
related to the ingestive behavior of the sheep. The month in that occurred the
collection influenced the chemical composition of the diet significantly. The
percentage of dry matter, mineral matter, crude protein, ether extract, neutral
detergent fiber, acid detergent fiber, insoluble protein in neutral detergent,
xiv
insoluble protein in acid detergent, total carbohydrate, no fibrous carbohydrate,
total phenols, total tannins and condensed tannins varied from 11,99 to 25,28%;
10,92 to 14,44; 10,64 to 17,19%; 2,95 to 4,77; 54,83 to 63,14%; 39,40 to
46,62%; 49,74 to 57,95; 28,52 to 39,15; 65,40 to 72,73; 5,47 to 12,86%; 0,37 to
0,52%; 0,16 to 0,28%; and from 1,28 to 6,24%, respectively. Potential
degradability (%), fraction potentially degradability (%), degradation rate of the
fraction potentially degradability (%/h), soluble fraction (%) and effective
degradability for passage rate of 2 and 5%/h varied from 48,25 to 64,63; 35,77 to
47,78; 4,60 to 13,40; 9,74 to 18,13; 43,28 to 55,71 and 37,60 to 47,27 for the dry
matter; from 36,43 to 54,34; 33,28 to 50,38; 3,84 to 8,42; 2,16 to 4,41; 29,21 to
36,54; 23,02 to 33,33 for the neutral detergent fiber and from 62,13 to 77,24;
35,44 to 56,09; 5,37 to 14,36; 20,21 to 31,49; 55,84 to 67,49; 45,74 to 59,99 for
the protein, respectively. The biomass readiness varies along the year. The
herbaceous stratum is constituted mainly by poaceae, being
Aristida purpusii
mez. Chase the component that stayed in the pasture during the whole year. The
main components of the shrubby stratum were
Cnidoscolus sp., Sida galheirensis
ulbr, Croton sonderianus muell. arg., Herisanthia tiubae k.schum. bri, Cordia
leucocephala
moric. Plants selected sheep was very diversified with malvaceae
and poaceae being the most important families. The chemical composition and
"
in situ" digestibility of sheep’s diet in caatinga is influenced by the month of
evaluation. Although the high crude protein level in diet, part of that protein is
unavailable for the animal for being linked to acid detergent fiber. The diet of the
sheep in semi arid region presented low "
in situ" digestibility of dry matter,
neutral detergent fiber and crude protein. Ruminal cannula instead of esophageal
cannula can be used to characterize the diet consumed by small ruminant.
Key Words - botanical composition, chemical composition, degradability, native
forage, fitomass, semi-arid
CAPÍTULO 1
REFERENCIAL TEÓRICO
CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO E DA DIETA DE OVINOS EM ÁREA
DE CAATINGA NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
16
INTRODUÇÃO
1. A caatinga
No semi-árido nordestino, que representa 74% da superfície da região nordeste, o
recurso forrageiro de maior expressão tem sido a vegetação da caatinga, cobrindo
54,53% dos 1.548.672 km
2
da área da região (IBGE, 2005) é responsável pela
manutenção de milhões de animais domésticos (Araújo Filho, 1978). A vegetação da
caatinga é formada por árvores, arbustos de pequeno porte que em sua maioria são
caducifólias e por gramíneas e dicotiledôneas herbáceas. Existem dois tipos principais de
caatinga mesclada na paisagem nordestina; o arbustivo-árboreo dominante no sertão e o
arbóreo que ocorre principalmente nas encostas das serras e nos vales dos rios (Araújo
Filho & Silva, 1994). Segundo estes autores, as espécies arbóreas e arbustivas de maior
ocorrência na caatinga pertencem às famílias das leguminosas e euforbiáceas, existindo
também representações de várias outras famílias com potencial forrageiro.
A caatinga é um dos tipos de vegetação de difícil definição pela extensa
heterogeneidade da fisionomia e da composição florística (Moura, 1987). A abundância
de forrageiras arbóreas e arbustivas oferece excelente potencial para a criação de
caprinos, ao mesmo tempo em que a alta ocorrência de gramíneas e dicotiledôneas
herbáceas proporciona grande potencial para o pastoreio de ovinos (Devendra, 1982;
Araújo Filho, 1987; Murray, 1982). Contudo, os períodos cíclicos de seca e o uso
indiscriminado das pastagens têm provocado o desaparecimento das melhores
forrageiras, com perdas quantitativas e qualitativas da forragem, resultando na
diminuição da capacidade de suporte (Leite et al. 1995).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
17
De acordo com o IBGE (2004), o rebanho em Pernambuco é composto por
1.705.401 cabeças de bovinos; 1.533.132 cabeças de caprinos e 943.068 cabeças de
ovinos, o que corresponde a 7; 16 e 11 % do rebanho regional, respectivamente. A
exploração de ovinos e caprinos é uma atividade importante do ponto de vista sócio-
econômico, principalmente para as populações que habitam a área rural do semi-árido
nordestino. Na maior parte desta região, a atividade pecuária utiliza manejo extensivo, e
apresenta apenas a pastagem nativa como fonte de alimentos para os animais. A
produtividade destas pastagens é baixa, principalmente devido a pouca e errática
ocorrência de precipitação pluvial, influenciando a disponibilidade e qualidade da
fitomassa e determinando, conseqüentemente, os baixos índices zootécnicos verificados
nos rebanhos (Peter, 1992).
As pastagens da área de caatinga suportam grandes populações de animais
domésticos, principalmente bovinos, caprinos e ovinos. Essas pastagens têm capacidade
de suporte variável, mas proporcional à disponibilidade de água, e, em quase todas, a
capacidade recomendada tende a ser ultrapassada, havendo uma sobrecarga animal
constante. Em grande parte da área, os animais alimentam-se não das pastagens, mas
em muitos casos, de rações adquiridas fora das propriedades, principalmente na época
seca. Isto justifica, em parte, as lotações altas encontradas na região (Giulietti et al.
2004).
Essa carga excessiva tem efeitos marcantes para as populações de plantas nativas. A
composição das comunidades vegetais é alterada, pois, enquanto as populações das
espécies mais palatáveis sofrem uma grande pressão e tendem a se reduzir, as
populações das espécies não consumidas pelos rebanhos podem aumentar bastante. São
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
18
consideradas tanto as espécies herbáceas quanto as arbustivas e arbóreas que podem ter
seus indivíduos jovens consumidos pelos animais. O pisoteio e a abertura de trilhas são
efeitos adicionais na vegetação. A comparação da composição florística de áreas com e
sem exclusão de rebanhos domésticos praticamente não existe (Giulietti et al. 2004).
Partindo do principio de que o fator alimentação é o mais importante no
desempenho animal, é necessário viabilizar a produção de forragem para os animais ao
longo do ano, com qualidade e em quantidade suficiente para a manutenção e produção
dos herbívoros domésticos (Peter, 1992). Assim, na região semi-árida, têm importância
fundamental os estudos de alternativas para elevar a produtividade das pastagens, sem
contudo, distanciar-se do caminho básico de estabilidade do sistema produtivo, que se
trabalha em um ecossistema muito vulnerável (UFRPE, 1987).
Caprinos e ovinos são adaptados a consumir grande variedade de plantas. Segundo
Oliveira (1990), as mais apreciadas são: sabiá (
Mimosa caesalpiniifolia), juazeiro
(
Ziziphus joazeiro), melosa (Ruellia asperula) e mororó (Bauhinia cheillantha Steud.),
enquanto marmeleiro (
Croton hemyargireus), pau branco (Auxemma onconcalix),
pereiro (
Aspidosperma pirifolium), aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e imburana
(
Amburana cearensis A. C. Smith.) são pouco palatáveis para caprinos e praticamente
não constam da dieta de ovinos.
Costa (1978) enfatizou que para melhor aproveitamento da vegetação natural é
necessário o conhecimento profundo das espécies desejáveis e os seus respectivos
valores nutricionais. Na opinião de Albuquerque (1978), para se conseguir um manejo
adequado da caatinga, os estudos devem ser conduzidos visando determinar todos os
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
19
diferentes sítios ecológicos, baseados na composição botânica, produtividade primária e
características de solo.
Desse modo, a determinação da dieta dos herbívoros domésticos é de suma
importância para os estudos da nutrição animal em pastagem. Com esta determinação,
poderá ser avaliada a capacidade de suporte da pastagem, como também poderão ser
identificadas as plantas ou partes das plantas mais preferidas e consumidas pelos
animais, e ainda, detectadas as carências alimentares ao longo do ano. Com base nessas
informações, poderá ser planejado um manejo adequado da vegetação, a fim de que se
possa otimizar a exploração pecuária, mantendo-se a estabilidade do sítio ecológico
(Peter, 1992).
2. Métodos de avaliação da pastagem
Um dos maiores problemas em pesquisa de pastagem tem sido determinar quais
plantas ou partes de plantas os animais preferem, sendo utilizados vários métodos para
isto (Harker et al. 1964). A falta de uma metodologia definida para análise quantitativa
da caatinga com objetivo pastoril, além de se constituir num dos principais fatores de
contenção no desenvolvimento do conhecimento científico neste campo de pesquisa,
provoca certa estabilização na forma de avaliação destes recursos. (Lima, 1984).
Como etapa inicial, deve-se procurar verificar a adaptação da metodologia a esta
forma de levantamento, sentindo até que ponto ela reflete com clareza a condição real de
disponibilidade de fitomassa acessível aos animais atualmente explorados nas caatingas
nordestinas (Lima, 1984).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
20
Para que se possam determinar modificações em áreas de caatinga através de
manejos como raleamento, rebaixamento ou enriquecimento, é necessário que essa fase
inicial de conhecimento da vegetação esteja bem determinada ou que, pelo menos seja
feita em concomitância.
Observa-se que é reduzido o volume de pesquisas sobre dieta de ruminantes
domésticos na região semi-árida, sendo poucos os trabalhos que tratam deste assunto,
principalmente em relação aos efeitos do pastoreio realizado por uma única espécie. É
necessário a intensificação de experimentos nessa área de conhecimento, cujas
repercussões mais importantes se farão sentir no aprimoramento da manipulação da
vegetação da caatinga para fins pastoris (Peter, 1992).
A avaliação da disponibilidade, da variação estacional e da qualidade de pasto é de
importância inquestionável na adoção de práticas de manejo da pastagem visando
alcançar o equilíbrio ótimo entre as produções vegetal e animal (Moura,1987).
Na época chuvosa (período de crescimento), a vegetação da caatinga alcança seu
máximo de produção (Mesquita et al.1988). Entretanto, durante a estação seca (período
de dormência), que varia de 6 a 8 meses, a produção de fitomassa desce a valores muito
baixos e, mesmo sem a presença do animal, em áreas deferidas, a ação do intemperismo
provoca perdas que podem chegar a até 60% da fitomassa. Embora Lima (1998) tinha
registrado uma quantidade de fitomassa de 674 kg/ha em folhas secas ao chão na
caatinga, no período de outubro a novembro, esta massa não tem sido suficiente para a
sustentação dos animais nesta época seca.
A necessidade de se obter um método para estimar de maneira rápida e com
aceitável grau de precisão, o total de forragem disponível em uma pastagem é conhecida.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
21
Medidas diretas, como o corte e peso, são destrutivas. A amostra individual através do
corte é medida acurada, porém, permanece a limitação de que cada medida representa
amostra de uma população altamente variável dentro de uma pastagem. O principal
problema é, portanto, a variabilidade da população e não a exatidão com que cada
amostra individual é medida (Nascimento Júnior et al. 1982).
3. Métodos de avaliação da dieta
O comportamento de ruminantes em pastejo talvez seja um dos componentes do
sistema de produção mais difícil de ser quantificado. É muito comum encontrar
variações ente o valor nutritivo de uma forragem e a dieta selecionada pelos animais.
Desta forma, a precisão da técnica utilizada vai depender de quando ela pode fornecer
uma amostra o mais próximo possível do que é selecionado pelos animais.
A técnica da fístula esofágica a ser utilizada nos estudos de composição química e
botânica da dieta selecionada por animais em pastejo, foi inicialmente descrita por
Claude Bernard em 1855 (Van Dyne & Torrel, 1964). Essa técnica é a mais usada na
determinação da dieta em pastejo e foi desenvolvida em ovinos, partindo do principio
que amostras semelhantes em composição botânica e química, àquelas da forragem
realmente consumida, poderiam ser obtidas através do próprio animal (Torrel, 1954).
Todavia, provavelmente, o aspecto mais útil dessa técnica seja a determinação da
composição botânica da dieta dos animais sob pastejo (Stob, 1975), pois devido a ação e
contaminação da amostra pela saliva, o resultado de algumas análises, como é o caso do
teor de nitrogênio ou minerais, podem ser imprecisos.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
22
Woji & Iji (1996) descreveram os procedimentos cirúrgicos referentes a realização
de fístula esofágica em ovinos e caprinos, e afirmaram que devido as limitações
fisiológicas impostas a estes animais, eles não devem ser utilizados por mais de quatro
horas seguidas em coleta de amostras de pasto, para que não sofram estresse.
O uso de animais fistulados no esôfago é bem difundido e apresenta bons resultados
na determinação da dieta de ruminantes (Vavra et al. 1978). Entretanto, existem algumas
desvantagens relacionadas ao processo cirúrgico, como a localização da fístula, a
ocorrência de trauma no tecido e a possibilidade de exposição do esôfago, após a
cirurgia. A perda de saliva pelo animal, a passagem de saliva para a traquéia, ulcerações
e possível flacidez no tecido são outras limitações dessa técnica (Pfister et al. 1990).
Uma alternativa ao uso da fístula esofágica é a análise das fezes para que se possa
determinar por microhistologia a composição botânica da dieta. Entretanto, como
qualquer outro método, apresenta algumas desvantagens relacionadas a diferentes taxas
de digestão da planta, alta proporção de fração não identificada, e limitação em descrever
qualitativamente a dieta (Bugalho et al. 2002).
Embora as fístulas do rúmen em bovinos sejam geralmente mais fáceis de fazer e
manter que as do esôfago, os procedimentos amostrais são mais trabalhosos e requerem
mais tempo do que os do esôfago, por isso, são pouco utilizadas em trabalhos de
identificação botânica da dieta (Harker et al. 1964). Em pequenos ruminantes, o
esvaziamento do rúmen pode ser feito rapidamente, e manualmente. O esvaziamento é
necessário para que não ocorra contaminação da amostra com material pré-existente no
rúmen e que possivelmente sofreu processo de degradação, o que iria atrapalhar a
identificação botânica da extrusa e subestimar a determinação da digestibilidade da dieta.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
23
Portanto, a fístula ruminal apresenta-se como uma opção viável para a determinação da
dieta consumida por estes animais em área de caatinga, além de permitir que sejam
realizadas outras avaliações, como ensaios de degradabilidade ruminal e avaliações de
parâmetros ruminais, reduzindo o número de animais que precisariam passar por
processos cirúrgicos, o que atende aos anseios dos comitês de ética das instituições de
pesquisa.
4. Composição da dieta de ovinos e caprinos na caatinga
Levando-se em consideração a seletividade da forragem pelo animal e a taxa de
digestão das forragens básicas que ele consome, os ovinos foram classificados como
consumidores de gramíneas, mas com tendência a consumos de arbustos e seletividade
mediana (Demment & Longrurst, 1987). Lima et al. (1987), avaliando forragens nativas
e cultivadas no sertão de Pernambuco, através da utilização de animais fistulados no
esôfago, evidenciaram que viabilidade do uso destes animais para estudos de nutrição
em pastagens nativas e cultivadas. Em pastagens ricas em espécies forrageiras, os
animais apresentam tendência a preferir certas espécies e o rendimento destas
determinará se será alcançado o máximo consumo voluntário da forragem (Minson,
1983).
A eficiência da utilização das plantas forrageiras pelos animais está na dependência
de vários fatores, entre os quais poder-se citar como mais significativas à qualidade e a
quantidade de forragem disponível na pastagem e o potencial do animal. Quando a
disponibilidade de forragem e o potencial do animal não são limitantes, a qualidade da
forragem define a produção animal, estando diretamente relacionada com o consumo
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
24
voluntário e com a disponibilidade dos nutrientes contidos na mesma (Silva & Medeiros,
2003).
Van Dyne et al. (1980), elaboraram um compêndio com 21 trabalhos realizados em
todo mundo sobre a composição da dieta de caprinos. Esses trabalhos mostraram que a
dieta dos animais incluía 60% de arbustos, 30 % de gramíneas e 10% de outras plantas
com grande variabilidade anual e geográfica. Em área de caatinga no semi-árido do
Brasil, a composição da dieta de caprinos variou de 0,3 a 43% de gramíneas, 3,1 a 57%
de dicotiledôneas herbáceas e 11,3 a 88,4% de espécies lenhosas, enquanto que a dieta
dos ovinos variou de 0,7 a 59% de gramíneas, 6,6 a 67% de dicotiledôneas herbáceas e
5,5 a 84,8% de espécies lenhosas, em função da época do ano, composição botânica da
pastagem e área de avaliação (Pfister, 1983; Mesquita et al. 1986; Peter, 1992; Pimentel,
1992; Leite, 1995; Araújo Filho et al. 1996b).
Avaliando a seletividade de bovinos em áreas no Sahel, Ayantunde et al. (1999),
observaram que os animais apresentaram alta habilidade de seleção dentro das áreas
avaliadas. Entretanto, para se conhecer melhor os fatores que afetam a seletividade, os
autores relataram que se devia avaliar também o comportamento ingestivo desse animal,
bem como mensurações primárias relacionados à disponibilidade de forragem.
Alguns fatores devem ser considerados ao avaliar a seleção da forragem pelos
animais como: o estágio fenológico da planta, a acessibilidade, a distribuição das plantas
na área e conseqüentemente, o tempo desprendido para pastejo (Lopez-Trujillo &
Garcia-Elizondo,1996). A estação do ano exerce efeito sobre a dieta selecionada: o
percentual de gramíneas diminui e o de brotos e folhas de árvores e arbustos aumentam à
medida que avança a estação seca e aumenta o estado de maturação das forrageiras
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
25
herbáceas (Pfister, 1983; Kirmse, 1984; Schacht, 1987; Moura, 1987; Silva, 1988; Peter,
1992).
Schacht et al. (1986), verificaram que, na primeira e na sexta semanas de
observação, de 75 a 80% da dieta foram compostas por folhas, enquanto que na décima
semana 60% foram de folhas e 40% foram constituídos por caule e partes de flor, ambos
de menor qualidade. Esses dados, associados ao conhecimento de que a fitomassa
pastável é reduzida em função da estação seca, indicam que, embora pequenos
ruminantes sejam eficientes em selecionar sua dieta dentro de um amplo grupo de
espécies botânicas, de modo a manter sua qualidade nutricional, essa habilidade pode ser
restringida pela disponibilidade de forragem.
Du Toit (1998) comparando a dieta selecionada por duas raças de ovinos em área
do Sul da África, observou que não houve grande diferença entre a dieta selecionada
pelos animais nas diferentes épocas de avaliação, sendo a dieta constituída por 50% de
árvores, 15 % de gramíneas e 35% de arbustos. Entretanto, os ovinos da raça Dorper
mostraram-se mais adaptados às condições da região do que os ovinos da raça Merino,
apontando que variações de grupamento genético também possam influenciar na seleção
da dieta pelos animais.
As folhas caídas das árvores e arbustos constituem-se no alimento mais importante
para os rebanhos da região semi-árida na época da seca (Kirmse & Provenza, 1982).
Contudo, no final da época seca, com algumas exceções, todas as espécies da caatinga
estão completamente desfolhadas (Albuquerque, 2001).
Não existe uma correspondência entre os percentuais de participação das espécies
vegetais na composição botânica da pastagem e na dieta dos animais. Silva (1988)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
26
observou em área de caatinga, que as espécies componentes da dieta dos bovinos em
percentual elevado às vezes tinham baixa participação na composição botânica da
pastagem. Isto ocorre, porque os animais, em geral, procuram selecionar sua dieta em
função das espécies preferidas, da área de ocorrência das espécies na pastagem e da
época do ano (Heady, 1975).
Dessa forma, é urgente que se ampliem os conhecimentos quanto aos componentes
que estão inseridos no bioma caatinga, sendo estes a vegetação e seu comportamento ao
longo do ano, os animais e seu desempenho relacionado com as variações estacionais,
bem como a interação destes dois fatores, que sofrem ainda vários efeitos de todo este
complexo ambiente.
5. Valor nutritivo da dieta de ruminantes na caatinga
Pode-se assumir como valor nutritivo a proporção de nutrientes de uma dada
forragem que se torna disponível ao animal, de maneira que, quanto maior a sua
concentração na planta, maior a resposta produtiva em carne, leite, lã, etc.
Pelos estudos conduzidos pelas instituições de ensino, pesquisa e ONG’S
sugerem-se diversas espécies de culturas anuais e perenes, nativas ou introduzidas, com
potenciais de utilização na alimentação animal: Mandioca (
Manihot esculenta), Sorgo
(
Sorghum bicolor), Melancia forrageira (Citrillus lanatus cv. citroides), Guandu
(
Cajanus cajan), Maniçoba (Manihot pseudoglaziovvi); Feijão-bravo (Capparis
flexuosa
); Jureminha (Desmanthus virgatus); Jurema preta (Mimosa tenuiflora Benth);
Algodão de seda (
Calotropis procera); Erva de ovelha (Stylosanthes humilis); Jitirana
lisa (
Ipomea glabra Choisy); Jitirana peluda (Jacquemontia asarifolia L. B. Smith);
Algarobeira (
Prosopis juliflora); Mororó (Bauhinia spp); Catingueira (Caesalpinia
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
27
pyramidalis Tul.); Camaratuba (Cratylia mollis); Umbuzeiro (Spondias tuberosa),
Mamãozinho de veado (
Jacaratia corumbensis), Cactáceas (palma forrageira,
mandacaru, facheiro, xique-xique, palmatória), Leucena (
Leucaena leucocephala),
Gliricídia (
Gliricidia sepium), Erva-Sal (Atriplex nummularia), poáceas, etc., apesar de
que em muitas delas ainda não se tem conhecimento de como cultivar (SILVA &
MEDEIROS, 2003).
Araújo et al. (1996a), objetivaram avaliar o valor nutritivo e o consumo
voluntário da jitirana, sob forma de feno, realizando um ensaio com caprinos, de forma a
permitir avaliar seu potencial forrageiro para suplementação alimentar nos períodos de
estiagem, e concluíram que apesar do baixo percentual de proteína bruta, o feno de
jitirana apresentou valores nutritivos que credenciam esta espécie vegetal como uma boa
forrageira.
Dada a importância que representa a produção de forragem e sua conservação
na forma de silagem para a pecuária brasileira, principalmente na região Nordeste,
Linhares et al. (2005), conduziram um trabalho com o objetivo de avaliar a inclusão de
jitirana na composição químico-bromatológica da silagem de milho (sem espiga), foi
observado que a inclusão de níveis crescentes de jitirana na silagem do milho melhorou
o valor nutritivo desta silagem, produzindo ganhos em proteína bruta, extrato etéreo,
energia bruta, porém diminuição nos teores de matéria seca.
Nozella et al. (2001) observaram os seguintes valores médios para a
composição química do feijão-bravo: 92,25; 11,71; 49,75; 35,23; 6,60 e 8,00 %; para os
teores de MS, PB, FDN, FDA, EE e MM, respectivamente. Verificaram, também, que a
degradabilidade potencial dessa forrageira foi de 58,89
0,95 %.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
28
Matos et al. (2005), realizaram um trabalho objetivando caracterizar a
composição química da maniçoba e da sua silagem e verificar o efeito do processo de
ensilagem sobre o teor HCN e avaliar o consumo e digestibilidade aparente dos
nutrientes de silagens de maniçoba, na dieta de ovinos. Devido a sua composição
química, a maniçoba pode ser conservada na forma de silagem, sendo que o processo de
ensilagem reduz consideravelmente os teores de HCN. Os autores observaram que a
silagem de maniçoba tem bom valor nutritivo e é bem aceita por ovinos.
Gonzaga Neto et al. (2001), verificaram que o feno de catingueira apresentou
valor nutritivo que permite considerá-lo como um recurso de uso estratégico no período
seco, embora a adição do feno de catingueira à dieta tenha diminuído a digestibilidade
dos constituintes da fração fibrosa. A digestibilidade da MS e MO foram baixas,
decorrentes, principalmente, da natureza lignificada do material utilizado.
6. Compostos secundários em plantas da caatinga
Taninos são definidos como polímeros fenólicos que precipitam proteínas. Horvath
(1981), citado por Reed (1995), desenvolveu a seguinte definição para estes compostos:
“compostos fenólicos, de alto peso molecular, contendo suficientes hidroxilas e outros
grupos solúveis para formar efetivamente complexos com proteína e outras
macromoléculas”.
De acordo com Reed (1995), os taninos têm efeito direto sobre o valor nutritivo da
forrageira leguminosa, podendo ser positivos ou negativos, além de afetarem também a
microflora ruminal e os ruminantes. São subdivididos em dois grupos: Taninos
Condensados ou proantocianidinas são polímeros de flavonóides (flavan-3-ols), cujos
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
29
monômeros são unidos por uma ligação carbono-carbono, ou seja, entre os grupos flavan
(interflavan). A denominação proantocianidinas deriva de uma reação oxidação
catalisada ácida que produz antocianidinas vermelhas depois do aquecimento do PA em
solução álcool acidificada.
Os taninos hidrolisáveis são ésteres de ácido gálico e de ácido elágico ou hexa-
hidroxidifênico e glicose, além de outros polióis. São mais susceptíveis à hidrólise,
enzimática ou não, do que taninos condensados. Também são classificados de acordo
com o produto de sua hidrólise em: galotaninos produzem ácido gálico e glicose e
elagicotaninos produzem ácido elágico e glicose. (Reed, 1995)
Para Nguyen et al. (2005), os efeitos dos taninos condensados podem ser resumidos
quanto à ingestão voluntária de alimentos, no processo digestivo e no metabolismo de
nutrientes absorvidos. A depressão na ingestão pode ser devido a não palatabilidade,
visto que estes compostos têm a característica de defesa contra o consumo dos
herbívoros. Provavelmente a adaptação da flora microbiana é o mecanismo primário para
que ruminantes possam tolerar altos níveis de taninos na dieta.
Foram descritos três mecanismos de toxidade para os microrganismos: inibição
enzimática e privação de substrato, ação de membranas e privação de íons metálicos.
(Nozella, 2001 citando Scalbert, 1991).
A interação tanino-proteína provoca a inibição enzimática e a privação de substrato,
os taninos podem formar complexos com carboidratos (especialmente celulose) e taninos
condensados inibem a atividade das células associadas à protease de
Streptococcus bovis
e de Butryrivibrio fibrosolvens.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
30
Quando a ingestão de taninos é muito elevada e excede a capacidade de degradação
dos microrganismos, a absorção de compostos fenólicos pode levar o animal a toxidez. O
animal pode reduzir o consumo voluntário devido ao efeito adstringência, pela formação
de complexos entre taninos e glicoproteínas na boca.
Provavelmente a adaptação da flora microbiana é o mecanismo primário para que
ruminantes possam tolerar altos níveis de taninos na dieta.
7. Digestibilidade da dieta de ruminantes na caatinga
Digestibilidade aparente de um alimento é considerada à proporção do ingerido que
não foi excretada nas fezes, não considerando a matéria metabólica fecal, representada
principalmente pelas secreções endógenas, contaminação por microrganismos e
descamações do epitélio (Berchielli et al. 2006). Em tese, a digestibilidade potencial dos
constituintes orgânicos da planta, exceto a lignina, é de 100%, todavia, a digestão
completa nunca ocorre devido às incrustações de lignina na hemicelulose e celulose
(Reis et al. 1993).
Essa técnica apresenta como aplicações e vantagens: determinar o efeito da adição
de grãos e concentrados sobre a ação celulolítica do rúmen; determinar o efeito de
nutrientes sobre a digestibilidade da celulose no rúmen; determinar o efeito dos níveis de
amônia no rúmen sobre a atuação de microrganismos; estimar o valor nutritivo dos
alimentos; determinar a degradação, taxa de digestão, taxa de passagem e o consumo; e
apresenta baixo custo e rapidez na estimativa do valor nutritivo (Lana, 2005). Por outro
lado, está técnica pode apresentar algumas limitações como: a falta de padronização das
metodologias empregadas nos diversos laboratórios quanto a porosidade do saco, o
tamanho da partícula da amostra e a natureza e tipo de alimento sendo pesquisado. De
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
31
acordo com Nocek (1997), a porosidade de 40 a 60 μm parece ser um bom ajuste com
respeito ao influxo microbiano e de conteúdo e o defluxo de material digerido.
A moagem também modifica as taxas com as quais N e MS são digeridas. Moendo,
particularmente as forragens, aumenta-se a área superficial por unidade de peso da
amostra e a área acessível para o ataque microbiano. Isso resulta, geralmente, no
aumento da taxa de digestão. Em adição, partículas menores e mais uniformes resultam
numa amostra mais homogênea colocada no saco. Nocek (1997), com feno moído de
alfafa e de timóteo, observou que ocorreu redução na variação da digestão da MS e que
as taxas de digestão da MS e FDN aumentaram quando comparadas ao material cortado
no campo.
Um limite na relação entre quantidade de amostra e área superficial de 10 a 20
mg/cm
2
deveria ser utilizado para a maior parte das forragens e concentrados. A
quantidade exata da amostra (e dimensão do saco) a ser incubada depende da amplitude
potencial da digestão ruminal de um determinado ingrediente ou forragem, em relação
aos tempos de incubação ruminal, e do número de análises químicas que se deseja
conduzir com o resíduo (Nocek, 1997).
Barros et al.(1991), realizaram um experimento objetivando avaliar o valor
nutritivo e o potencial de uso do feno de mata pasto por caprinos e ovinos deslanados,
através da mensuração do consumo e digestibilidade. Os autores concluíram que o feno
de mata-pasto apresentou maior potencial de utilização pelos ovinos do que pelos
caprinos. Entretanto mesmo para ovinos, o feno não demonstrou potencial para
produção, pois os resultados sugerem que esse material atendeu às necessidades de
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
32
manutenção dos animais, o que sugere a condução de pesquisas no sentido de avaliar o
valor do feno de mata-pasto à diferentes estados fisiológicos.
Na região Nordeste, como a maior parte da área utilizada para produção
animal é constituída da vegetação da caatinga, Vasconcelos et al. (1996), objetivaram
determinar a degradação da matéria seca dos fenos das espécies nativas sabiá (
Mimosa
caesalpinofolia)
, jurema preta (Mimosa atenuifolia) e catingueira (Caesalpinia
bracteosa
), por fazerem parte significativa da dieta de caprinos. Os autores observaram
que a catingueira foi a que teve maior valor de degradação e a sabiá e jurema preta
apresentaram valores relativamente baixos.
Araújo Filho et al. (2002) realizaram um experimento para avaliar o conteúdo
de nutrientes e a digestibilidade “
in vitro” da MS de folhas de algumas árvores da
caatinga com respeito ao seu ciclo fenológico anual. Os autores observaram que o valor
nutritivo das folhas das árvores da caatinga variaram segundo sua fase fenológica, sendo
mais alta na fase vegetativa e que os teores de taninos totais poderiam não ser um fator
de diminuição do consumo de folhas de árvores da caatinga, entretanto, altas
porcentagens de lignina reduzem a digestibilidade. Com base nas características das
folhas, a catingueira e o mororó parecem ser as melhores espécies para produção de
feno.
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33
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CAPÍTULO 2
FITOMASSA DISPONÍVEL, COMPOSIÇÃO BOTÂNICA DA
PASTAGEM E DA DIETA DE OVINOS, EM ÁREA DE CAATINGA,
NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
40
Fitomassa Disponível, Composição Botânica da Pastagem e da Dieta de
Ovinos, em Área de Caatinga, no Sertão de Pernambuco
Resumo O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Sertânia
IPA e objetivou caracterizar a vegetação da caatinga e avaliar o efeito do local da
fístula e hora de coleta sobre a composição botânica da dieta de ovinos, em área
de caatinga, no sertão de Pernambuco, no período de setembro de 2004 a julho de
2005. Foram utilizados 10 ovinos mestiços de Santa Inês, castrados, 05 com
cânulas permanentes no rúmen e 05 no esôfago, recebendo água e mistura
mineral
ad libitum’. Foram identificadas 82 espécies vegetais, pertencentes a 33
famílias, sendo 34 herbáceas, 24 arbustivas, 14 arbóreas e 10 cactáceas, sendo
que Euphorbiaceae, Malvaceae, Leguminosae e Poaceae foram as que
apresentaram o maior número de espécies. A Fitomassa disponível no
componente herbáceo variou de 1022 kg MS/ha (setembro/2004) a 401 kg MS/ha
(julho/2005), o componente arbustivo variou de 1078 kg MS/ha
(setembro/2004) a 545 kg MS/ha (Janeiro/2005). Foram identificadas 39 espécies
na extrusa dos ovinos, com participação média de 20 espécies por mês de coleta,
além de outras espécies da família Poaceae, que não foram identificadas. Houve
efeito (P<0,05) do mês de coleta sobre a composição botânica da extrusa e as
frações das plantas selecionadas pelos ovinos
. A folha foi a fração mais
consumida, correspondendo a (55%) do total da extrusa. O componente caule foi
influenciado pela interação entre mês e hora de coleta (P<0,05). Não houve efeito
do local da fístula nem da hora de coleta sobre a composição botânica da dieta,
mas o efeito associado do mês de coleta ao tipo de fístula ou hora de coleta
influenciou (P<0,05) a composição botânica e a proporção das frações da planta
na extrusa. O índice de seletividade variou ao longo do período para as diversas
espécies, estando diretamente relacionado ao comportamento ingestivo dos
ovinos. A disponibilidade de fitomassa varia ao longo do ano. O extrato herbáceo
é constituído principalmente por poáceas, sendo
Aristida purpusii Mez. Chase o
componente que se manteve na pastagem durante todo o ano. Os principais
componentes do extrato arbustivo foram
Cnidoscolus sp., Sida galheirensis Ulbr,
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
41
Croton sonderianus Muell. Arg., Herisanthia tiubae K.Schum. Bri, Cordia
leucocephala
Moric.. A dieta selecionada pelos ovinos é muito diversificada,
sendo malváceas e poáceas os componentes mais importantes. A fístula ruminal
caracteriza melhor a composição botânica da dieta de pequenos ruminantes.
Palavras-chave: Composição botânica, extrusa, fitomassa. semi-árido.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
42
Available Biomass, Botanic Composition of Pasture and of Sheep’s Diet in
Caatinga at the Pernambuco State
Abstract The work was conducted at the experimental station of Sertânia
- IPA with the objective of characterizing the vegetation in the caatinga, to
evaluate the effect of fistula and hour of collection on the botanical composition.
The experiment was conducted between September 2004 and July 2005. Ten
castrated sheep of the Santa Inês breed, five fitted with permanent ruminal
cannula and five with esophageal cannula, were used. Samples were collected
from both cannulas at 7:00 and 14:00. Sheep had free access to water and mineral
mix. Eighty two species, belonging to 33 families were identified. Species were
classified as 34 herbaceous, 24 shrubby, 14 arboreal and 10 cactáceas. Species
belonging to Euphorbiaceae, Malvaceae, Leguminosae and Poaceae were the
most dominant ones. The available biomass for the herbaceous component varied
between 1022 kg DM/ha (September, 2004) to 401 kg DM/ha (July, 2005), while
the component shrubby varied between 1078 kg DM/ha (september/2004) to 545
kg DM/ha (january/2005). Samples collected from both cannulas revealed 39
species with an average of 20 monthly species. There was a significant effect (P
<0,05) of collection time on the botanical composition and the fractions of the
plants selected by the sheep. Leaf was the most consumed fraction,
corresponding the 55% of feed consumed. Percent of stem was affected by the
interaction between month and hour of collection (P <0,05). There was not effect
of the place of fistula or of time of collection on botanical composition of the
diet. However, the interaction of month of collection, fistula placement and time
of collection influenced (P <0,05) botanical composition and proportion of
fractions of plant consumed. The selectivity index varied during the study for
several species, being directly related to the ingestive behavior of the sheep. The
fitomass readiness varies along the year. The herbaceous stratum is constituted
mainly by poaceae, being
Aristida purpusii mez. Chase the component that
stayed in the pasture during the whole year. The main components of the shrubby
stratum were
Cnidoscolus sp., Sida galheirensis ulbr, Croton sonderianus muell.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
43
arg., Herisanthia tiubae k.schum. bri, Cordia leucocephala moric. Plants selected
sheep was very diversified with malvaceae and poaceae being the most important
families. Ruminal cannula instead of esophageal cannula can be used to
characterize the diet consumed by small ruminant.
Key word: Botanic composition, diet, biomass, semi-arid.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
44
Introdução
A caatinga é caracterizada como floresta arbórea ou arbustiva, sendo
composta de árvores e arbustos baixos, com algumas características xerofíticas
(Prado, 2003). Constata-se, porém, que devido à grande extensão territorial e aos
diferentes ambientes em que pode ser encontrada, a caatinga encerra uma enorme
variabilidade de faciações fitogeográficas, evidenciadas, principalmente, pelas
diferenças fisionômicas, de densidades, de composição de espécies e de aspectos
fenológicos (Pereira et al. 2001).
Os ovinos deslanados do Nordeste brasileiro, devido ao processo de seleção
natural ao longo de várias gerações, adquiriram alta capacidade de sobrevivência
às condições agroclimáticas predominantes no semi-árido. Grande parte do
efetivo é criada sob condições de pastagens nativas da caatinga, que não atende
às necessidades nutricionais dos animais, uma vez que não são produzidas as
quantidades necessárias de forragem, o que se agrava drasticamente durante o
período seco do ano (Medeiros, 2006).
A zona semi-árida apresenta irregularidade de distribuição de chuvas e altas
taxas de evapotranspiração, que influenciam marcadamente a disponibilidade e a
qualidade da forragem (Moreira et al. 2006). No período das águas, a caatinga
rebrota, renovando o extrato herbáceo, que apresenta grande diversidade de
plantas nativas e exóticas naturalizadas, a maioria com características forrageiras,
as quais são aproveitadas pelos animais por meio do pastejo direto (Silva et al.
2004).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
45
Para o correto manejo do bioma caatinga é necessário que se determine a
disponibilidade de biomassa forrageira, a composição botânica e química da dieta
dos animais e o consumo, além do desempenho animal (Silva & Medeiros,
2003). De acordo com Moreira (2006), apesar de a caatinga apresentar boa
disponibilidade de fitomassa no período chuvoso, parte significativa desse
material não é utilizada na alimentação dos animais. Assim, o conhecimento mais
detalhado desses materiais poderá indicar formas de manejo dessa vegetação e
melhorar a sua utilização.
Para que se possa dar bom manejo às pastagens, é necessária a identificação
das espécies botânicas mais preferidas pelos animais, e daquelas que refletem em
melhor desempenho. Especificamente na caatinga nordestina, enfatiza-se a
necessidade do conhecimento das potencialidades forrageiras de suas espécies,
antes que se determine qualquer prática de manejo. Assim, a partir da correta
determinação dos componentes da dieta ao longo do ano, pode-se traçar
estratégias de utilização, seleção e possivelmente cultivos das espécies de maior
participação na dieta, de forma que sejam melhor utilizadas agronômica e
nutricionalmente.
A identificação da dieta de animais em pastejo pode ser realizada através do
acompanhamento do comportamento ingestivo do animal e identificação das
espécies selecionadas, pela análise micro-histológica das fezes ou através da
utilização de animais fistulados no esôfago. Neste último caso, ocorre a coleta de
extrusa e posterior identificação. Entretanto, devem-se considerar todos os
inconvenientes referentes à manutenção dos animais, como perda de saliva,
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
46
acidose e traumas no tecido do esôfago, bem como a qualidade da extrusa, que
pode sofrer contaminação por saliva (Woji & Iji, 1996).
O jejum imposto aos animais fistulados no esôfago, antes da coleta, para
evitar contaminação da extrusa com material proveniente do rúmen, pode reduzir
a capacidade seletiva do animal. Essa condição é mais acentuada, quando se trata
de pastagem com grande diversidade de espécies, como a caatinga.
Como alternativa à fístula de esôfago, pode-se utilizar animais fistulados no
rúmen (Olson, 1991), que são mais fáceis de serem mantidos, além de poderem
ser usados para avaliação de degradabilidade da dieta selecionada e da cinética
ruminal, reduzindo o número de animais experimentais. Entretanto, na literatura
consultada, são praticamente inexistentes trabalhos comparando esses dois tipos
de fístula para avaliação da dieta de pequenos ruminantes.
Assim, este trabalho teve como objetivo caracterizar a vegetação da
caatinga e avaliar o efeito do local da fístula (esôfago ou rúmen) e hora de coleta
(manhã ou tarde) sobre a da composição botânica da dieta de ovinos, a pasto, no
Sertão de Pernambuco.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
47
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada de setembro de 2004 a julho de 2005, na Estação
Experimental de Sertânia, pertencente à Empresa Pernambucana de Pesquisa
Agropecuária - IPA, localizada no município de Sertânia. Localiza-se a uma
latitude 08º04'25" sul e a uma longitude 37º15'52" oeste, na microrregião do
Moxotó a 600m acima do nível do mar, em ecossistema de caatinga, com clima
semi-árido quente, temperatura anual média de 25ºC, precipitação acumulada no
período de avaliação de 520 mm, tendo de março a junho como os principais
meses chuvosos (dados coletados na estação). Os dados referentes à precipitação
ocorrida durante o ano de 2004 e 2005 encontram-se na Figura 1.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Jane
i
ro
Fev
e
reiro
Ma
o
A
bri
l
Maio
J
un
h
o
Julho
Ag
o
sto
S
e
t
emb
r
o
Outu
bro
Novembr
o
D
e
zemb
r
o
J
a
n
eir
o
Fevereiro
Março
A
bri
l
Ma
i
o
Junho
J
u
l
h
o
Ag
o
sto
Se
t
emb
r
o
Ou
t
u
bro
N
o
ve
m
b
ro
De
ze
mbro
2004 2005
Precipitação (mm)
Figura 1 Precipitação (mm) observada durante os anos de 2004 e 2005 na
Estação Experimental de Sertânia – PE.
As avaliações da pastagem e da dieta foram realizadas de setembro/2004
a julho/2005, sendo três avaliações no período considerado seco (setembro,
novembro e janeiro) e três no período considerado chuvoso (março, maio e
julho). A estimativa da Fitomassa disponível foi obtida através do método do
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
48
rendimento comparativo, utilizado por Haydock & Shaw (1975), enquanto os
dados para estimar a composição botânica foram obtidos utilizando-se a
metodologia do peso seco ordenado, descrita por Manetje & Haydock (1963),
modificado por Jones & Hargreaves (1979). Para o processamento dos dados foi
empregado o procedimento PROC GLM (SAS, 2004), utilizando-se uma
modificação do método do peso seco ordenado, sendo consideradas todas as
proporções das espécies presentes.
A área experimental foi de 37 ha, na qual foram traçados sete transectos
paralelos (Figura 2). Em cada transecto, foram marcados pontos para avaliação
visual a cada 20 metros, totalizando 281 pontos amostrais, nos quais foram
avaliadas a composição botânica e a disponibilidade do extrato herbáceo e
arbustivo. Para a avaliação do extrato herbáceo, utilizou-se um quadrado de 1x1
m, e as plantas amostradas foram cortadas rente ao solo. No caso do extrato
arbustivo, o quadrado utilizado foi de 2x2 m, sendo retiradas amostras simulando
o pastejo, colhendo-se folhas e brotos terminais e considerando a forragem
disponível, aquela localizada em altura inferior a 1 metro.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
49
Figura 2 – Mapa da área experimental, obtido por levantamento topográfico com GPS.
Área total = 37,14 ha
DATUM : WGS 1984 (GPS)
Lat.: – 08 03’ 52” P: 01
Long.: – 37 13’ 32” H : 592,53
CONVENÇÕES :
POLÍGONO EXTERNO
----- REDE ELÉTRICA
----- SIMULAÇÃO DAS RUAS
RUAS
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
50
Para a estimativa de disponibilidade de matéria seca por componente,
utilizaram-se, como referência, padrões representativos dos diferentes níveis de
disponibilidade. O padrão 1 referiu-se à área de menor disponibilidade e o
padrão 5 a de maior disponibilidade. O padrão 3 representava a situação
intermediária entre os padrões 1 e 5. Foi utilizado o mesmo procedimento para
determinar os padrões 2 e 4, que representaram disponibilidades entre os padrões
1 e 3 e 3 e 5, respectivamente. Para cada padrão, foram feitas cinco repetições,
com 25 amostras cortadas para cada extrato, de forma a servir de referência para
as estimativas visuais e para obtenção da equação de regressão. Após as
estimativas visuais, os padrões foram cortados e os pesos utilizados para
obtenção de equação de regressão. A disponibilidade de forragem foi estimada
através de equações lineares entre peso e padrão, sendo que a variável
dependente é o peso, e a variável independente as notas atribuídas.
As espécies presentes na área foram coletas e enviadas ao Departamento
de Botânica da UFRPE, para identificação. As espécies foram agrupadas em
extrato herbáceo, arbustivo e arbóreo, de acordo com Allaby (2004). Para o
extrato herbáceo foram incluídas as espécies que não possuíam caule lignificado.
No extrato arbustivo, as espécies que possuíam ramificações partindo da base e
tronco resistente. E, para o extrato arbóreo foram consideradas as espécies que
apresentavam tronco.
Para estimativa da disponibilidade de liteira, utilizou-se o método do
rendimento comparativo, também sendo utilizados como referência padrões
representativos dos diferentes níveis de disponibilidade. A disponibilidade do
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
51
componente litera foi estimada apenas nos meses de novembro/2004 e
janeiro/2005, uma vez que nos demais meses de observação esse extrato não foi
avaliado.
Para determinação da composição botânica da dieta selecionada pelos
animais, em cada período de coleta utilizaram-se 10 ovinos mestiços de Santa
Inês, castrados, sendo cinco com cânulas permanentes no rúmen e cinco no
esôfago, com peso médio inicial de 25 kg. Os animais permaneceram na área
experimental durante todo o ano, sem suplementação, recebendo água e mistura
mineral ‘
ad libitum’.
Em cada período de avaliação foram realizadas quatro coletas de extrusa,
sendo duas pela manhã (às 8 horas) e duas à tarde (às 14 horas), em dias
alternados, visando minimizar o efeito do manejo da coleta de extrusa sobre o
comportamento de consumo dos animais.
Nas coletas realizadas pela manhã, os animais passavam por um jejum
prévio de 15 horas. Os animais fistulados no esôfago tinham sua cânula retirada e
era colocada uma bolsa coletora confeccionada em lona impermeável, com tela
de náilon ao fundo para saída do excesso de saliva. Nos animais fistulados no
rúmen, era removido todo o conteúdo ruminal, que era armazenado em baldes
individuais para ser recolocado no rúmen após a coleta da extrusa. Em seguida,
os animais eram soltos na área experimental por uma hora. Após este período,
eram recolhidos e a extrusa coletada, identificada e armazenada para posteriores
análises. Nas coletas da tarde, os animais eram recolhidos da caatinga,
imediatamente antes da coleta, preparados para coleta, como descrito
anteriormente, e soltos na área experimental.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
52
A composição botânica da extrusa foi determinada empregando-se a
técnica do ponto microscópico, descrita por Heady & Torrel (1959). Para tal
eram utilizadas lupa binocular com objetiva de 16X, prancha de madeira
medindo 88,0 cm de comprimento por 29,5 cm de largura, equipada com trilho
guia contendo 40 entalhes com distância de 1,0 cm entre eles, além de uma
bandeja de alumínio medindo 45,0 cm de comprimento por 15,0 cm de largura.
Para análise, 400 g de amostra de extrusa referente a cada animal por mês e hora
de coleta, foram espalhados na bandeja de alumínio de forma que a extrusa
cobrisse todo o interior da bandeja. A composição botânica da extrusa foi
determinada através dos 400 pontos observados na bandeja, sendo identificada a
espécie e o componente (folha, caule, fruto, semente ou flor).
O índice de seletividade foi obtido a partir da relação entre a
porcentagem da espécie na dieta (extrusa) e sua porcentagem na pastagem, de
acordo com Heady (1975).
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em
um arranjo fatorial 6 x 2 x 2 (mês de coleta (M) x tipos de fístula (F) x hora de
coleta (H)). De acordo com o modelo abaixo:
Y
ijkl
= µ + M
j
+ F
k
+ H
l
+ M
j
F
k
+ M
j
H
l
+ F
k
H
l
+ M
j
F
k
H
l
+ e
ijkl
Onde: Y
ijkl
= i-ésima resposta do animal no j-ésimo período, com o k-ésimo tipo
de fístula, na l-ésima hora, ... e assim por diante com as interações duplas e a
tripla
µ = constante comum (e não a média) a todas as observações
M
j
= efeito do j-ésimo mês, j = setembro, novembro, janeiro, março, maio, julho
F
k
= efeito do k-ésimo tipo de fístula, k = rúmen e esôfago
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
53
H
l
= efeito da l-ésima hora, k = manhã e tarde
... e demais interações duplas e a tripla
e
ijkl
= erro aleatório associado a i-ésima observação, assumido como tendo
distribuição N(0, sigma^2
e
) e independentemente e identicamente distribuídos
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05) utilizando-se o PROC GLM do SAS
(2004).
Resultados e Discussão
Foram identificadas 82 espécies vegetais, pertencentes a 33 famílias,
sendo 34 herbáceas, 24 arbustivas, 14 arbóreas e 10 cactáceas (Tabela 1). As
famílias que apresentaram o maior número de espécies foram Euphorbiaceae (9),
Malvaceae (7), Leguminosae (15) e Poaceae (6), contribuindo aproximadamente
com 46% do total de espécies encontradas. Observa-se grande número de
espécies, confirmando a complexidade da vegetação da caatinga, evidenciada por
Lima (1984), Silva (1988) e Peter (1992)
.
Resultado semelhante foi observado por Santana (2006), que,
trabalhando em área de caatinga em Serra Talhada, Pernambuco, na época
chuvosa, identificou 24 famílias, 38 gêneros e 41 espécies, com predominância
das famílias Poaceae, Leguminosae e Euphorbiaceae. Moura (1987), em
levantamento florístico realizado em área de pasto nativo na mesma estação
experimental de Serra Talhada, encontrou um total de 44 famílias, 94 gêneros e
143 espécies. As famílias com maior número de espécies foram as Leguminosae,
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
54
Poaceae, Euphorbiaceae e Malvaceae com 20, 14, 13 e 8 espécies,
respectivamente, o que mostra a complexidade e heterogeneidade desta
vegetação.
Tabela 1 Nome vulgar, nome científico, família e tipo de extrato das espécies
vegetais encontradas em área de caatinga, sob pastejo de ovinos, no
sertão de Pernambuco
Nome vulgar Nome científico Família Extrato
Alastrado Pilosocereus gounellei Weber Byl. Ex
Rowl.
Cactaceae Cactáceo
Alento Gomphrena vaga Mart. Amaranthaceae Arbustivo
Alfavaca
Ocimum campechianum Mill. Lamiaceae Herbáceo
Algaroba
Prosopis juliflora D. C. Leguminosae Arbóreo
Algodão de seda
Calotropis procera Ait.R. Br. Asclepiadeceae Arbustivo
Amarra cachorro
branco
Cardoispermum corindum Linn. Sapindaceae Herbáceo
Amarra cachorro
roxo
Jacquemontia bahiensis O'Donell Convolvulaceae Arbustivo
Angico
Anadenanthera macrocarpa Benth. Leguminosae Arbóreo
Anil de bode Tephrosia cinerea L.Pers. Leguminosae Herbáceo
Aroeira Astronium urundeuva Engl. Anacardiacea Arbóreo
Aveloz Euphorbia tirucalli L. Euphorbiacea Arbóreo
Bamburau
Tridax procumbens L. Asteraceae Arbustivo
Baraúna Schinopsis brasiliensis Engl. Anacardiacea Arbóreo
Barba de bode Cyperus uncinalatus Mart. et Scharad. Cyperacea Herbáceo
Beldroega Portulaca oleracea L. Portulaceae Herbáceo
Cabeça de negro
Operculina sp. Curcubitaceae Herbáceo
Canafístula Cassia fístula Schrad. Leguminosae Arbóreo
Capa bode Sida cf. cordifolia L. Malvaceae Arbustivo
Capim arroz Luziola micrantha Benth. Poaceae Herbáceo
Capim buffel
Cenchrus ciliaris L. Poaceae Herbáceo
Capim mimoso
Aristida purpusii Mez. Chase Poaceae Herbáceo
Capim panasco Aristida adscensionis L. Poaceae Herbáceo
Capim rosado Rynchelitrum repens Willd C. E. Poaceae Herbáceo
Capim urochloa Urochloa mosambicensis Hackel.
Dandy
Poaceae Herbáceo
Caroá
Neoglaziovia variegata Mez. Bromeliaceae Cactáceo
Catinga branca Croton sp. Euphorbiacea Arbustivo
Catingueira Caesalpinia pyramidalis Tul Leguminosae Arbóreo
Chumbinho Lantana camara L. Verbenaceae Arbustivo
Coroa-de-frade
Melocactus bahiensis Br. et Rose
Werderm.
Cactaceae Cactáceo
Engana bobo Diodia teres Walt. Rubiaceae Herbáceo
Ervanso Alternanthera tenella colla. Amaranthaceae Arbustivo
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
55
Continuação da Tabela 1
Espinho de agulha Xylosma ciliatifolium Eichl. Flacourtiaceae Herbáceo
Facheiro Pilosocereus pachycladus Ritter Cactaceae Cactáceo
Favela de vaqueiro Cnidoscolus sp. Euphorbiaceae Arbustivo
Faveleira
Cnidoscolus phyllacanthus Muell.
Arg. Pax. Et K. Hoffman
Euphorbiaceae Arbóreo
Feijão bravo
Capparis flexuosa L. Capparaceae Arbustivo
Feijãozinho
Centrosema sp. Leguminosae Herbáceo
Incó Capparis yco L Capparaceae Arbustivo
Jericó
Selaginella convoluta Spring. Selaginellaceae Herbáceo
Jitirana
Ipomoea sp. Convolvulaceae Herbáceo
Juazeiro
Ziziphus joazeiroMart. Rhamnaceae Arbóreo
Jucá/Pau ferro
Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. Leguminosae Arbóreo
Jurema de imbira Piptadenia sp. Leguminosae Arbustivo
Jurema preta
Mimosa hostilis Benth. Leguminosae Arbustivo
Jureminha de terreiro Desmanthus virgatus L. Leguminosae Herbáceo
Macambira
Bromelia laciniosa Mart.ex Schult Bromeliacea Cactáceo
Malva
Gaya aurea St. Hil. Malvaceae Herbáceo
Malva branca
Sida galheirensis Ulbr Malvaceae Herbáceo
Malva branca-amarela
Waltheria cf. rotundifolia Schrank Sterculiaceae Herbáceo
Malva rasteira
Pavonia cancelata Cav. Malvaceae Herbáceo
Malva relógio Sida spinosa L. Malvaceae Herbáceo
Malva vermelha Waltheria americana L. Sterculiaceae Herbáceo
Malva-preta
Malvastrum sp. Malvaceae Herbáceo
Mandacaru Cereus jamacaru P. DC. Cactaceae Cactáceo
Maniçoba Manihot dichotoma Ule Euphorbiaceae Arbustivo
Maracujá de estalo Passiflora foetida L. Passifloraceae Herbáceo
Maria preta Ageratum conyzoides L.. Compositae Arbustivo
Marmelada de cavalo
Desmodium asperum Desv. Leguminosae Herbáceo
Marmeleiro Croton sonderianus Muell. Arg. Euphorbiaceae Arbustivo
Mata pasto Senna obtusifolia L. Leguminosae herbáceo
Mela bode Herisanthia tiubae K.Schum. Bri Malvaceae Herbáceo
Moleque duro Cordia leucocephala Moric. Boraginaceae Arbustivo
Mororó
Bauhinia cheillantha Steud. Leguminosae Arbustivo
Murrão de boi Ruellia geminiflora Humb., Bonpl.
& Kunth
Acanthaceae Arbustivo
Olho de Santa luzia Commelina obliqua Vahl. Commelinaceae Herbáceo
Orelha-de-onça
Macropitilium martii Benth. Leguminosae Herbáceo
Palmatória Opuntia monacantha Haw. Cactaceae Cactáceo
Parreira Cissus simsiana R. et S. Vitaceae Arbustivo
Pega pinto Boerhaavia coccinea Mill Nyctaginacea Herbáceo
Pereiro Aspidosperma pyrifolium Mart. Apocynaceae Arbóreo
Pinhão
Jatropha mutabilis Pohl Baill. Euphorbiaceae Arbustivo
Pinhão brabo Jatropha pohliana Muell. Arg. Euphorbiaceae Arbustivo
Quebra faca Croton urticaefolius Lam. Euphorbiaceae Arbustivo
Quebra panela Alternanthera polygonoides R. Br. Amaranthaceae Herbáceo
Quipá
Opuntia inamoene K. Schum. Cactaceae Cactáceo
Quixabeira Bumelia sertorum Mart. Sapotaceae Arbóreo
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
56
Continuação da Tabela 1
Rabo de raposa Arrojadoa rhodantha Cactaceae Cactáceo
Umburana-de-cheiro Amburana cearensis A. C. Smith. Leguminosae Arbóreo
Umbuzeiro Spondias tuberosa Arruda Cam. Anacardiaceae Arbóreo
Urtiga branca
Lamium album L. Lamiaceae Herbáceo
Vassourinha de botão
Scoparia dulcis L. Scrophulariaceae Herbáceo
Xique-xique
Pilosocereus gounellei Weber Byl.
Ex Rowl.
Cactaceae Cactáceo
A fisionomia da caatinga variou ao longo do ano, em decorrência da
precipitação pluvial, como se pode observar na Figura 3. Em setembro/2004, a
vegetação ainda se apresentava com pequena participação de material verde,
possivelmente, devido às chuvas ocorridas durante os meses anteriores. Em
novembro/2004 a vegetação encontrava-se totalmente seca. Nesta fase pode-se
observar como o material herbáceo quase não participava mais da composição da
área, principalmente no que diz respeito ao componente poáceas.
Como é comum na região semi-árida, em meados de janeiro/2005,
período em que ocorrem pequenas chuvas, a vegetação começou a se recuperar
do impacto que recebeu durante o auge do período seco, iniciando a rebrota dos
extratos herbáceos e arbustivos. Em março/2005 devido às chuvas ocorridas nos
meses anteriores (Figura 1), a caatinga retomou toda sua flora, chegando ao
pleno desenvolvimento em maio/2005.
Em julho/2005 foi iniciado o processo de perda de folhas e maturação da
forragem da caatinga, que se prolongou até agosto/2005 quando a caatinga voltou
a apresentar a mesma fisionomia apresentada em setembro/2004.
Ao acompanhar a variação da composição florística desta área, entre
2004/2005, é necessário considerar algumas particularidades da área
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
57
experimental, como a alta proporção de árvores e arbustos com altura superior a
dois metros que compõe a vegetação. Tal fato possivelmente proporcionou
menor quantidade de forragem ao alcance dos animais, em detrimento de uma
alta disponibilidade de material a vir a compor a disponibilidade total na forma
de liteira, devido à queda das folhas durante o período seco, como pode ser
observado na Figura 4.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
58
Figura 3 Variação na fisionomia da vegetação da área experimental ao longo
dos meses, em Sertânia-PE. A. Setembro/2004; B. Novembro/2004; C.
Janeiro/2005; D. Março/2005; E. Maio/2005; F. Julho/2005.
C
E F
A B
D
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
59
A fitomassa total variou de 2218 kg/ha para 818 kg/ha (Figura 4).
Observa-se variação na disponibilidade total em torno de 50%, com o valor mais
alto ocorrendo em maio/2005 e o menor em março/2005. Em novembro, a fração
liteira contribuiu para que a disponibilidade total de fitomassa total fosse
semelhante à observada em setembro e maio.
0
500
1000
1500
2000
2500
kg/MS/ha
setembro
novembro
janeiro
março
maio
julho
2004 2005
liteira
arbustivo
herbáceo
Figura 4 Disponibilidade total de fitomassa (kg MS/ha) em área de caatinga,
sob pastejo de ovinos, Sertânia-PE.
Avaliando a disponibilidade de fitomassa em área de caatinga, na região
de Inhamuns(Ceará), sob pastoreio combinado de caprinos e ovinos, Araújo
Filho et al. (1996), observaram que a disponibilidade de fitomassa em variou
de 1320 kg/MS a 329 kg/MS. O restolho, formado principalmente por folhas de
dicotiledôneas herbáceas, aumentou de 818 kg/MS na época de transição estação
úmida/estação seca para 2063 kg/MS na transição estação seca/estação úmida.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
60
Silva (1988) observou, em condições de caatinga intacta, em Serra
Talhada PE, disponibilidade média de fitomassa total de 2575 kg MS/ha e de
fitomassa pastável de 683 kg MS/ha. Em termos percentuais, a fitomassa pástavel
representou 26,5%, e as espécies lenhosas participaram com 16,7%, as
dicotiledônes herbáceas com 9,8%, as poáceas com apenas 0,1% e o
restolho/liteira representou 73,5%.
Araújo Filho et al. (2002) avaliando os efeitos da manipulação da
vegetação lenhosa da caatinga, através de práticas como o desmatamento,
raleamento, rebaixamento e caatinga natural, sobre a produção e
compartimentalização da fitomassa pastável na caatinga, observaram que a
disponibilidade da fitomassa em pé na caatinga é, no inicio da estação das
chuvas, quantitativamente limitada, embora qualitativamente sejam observados
os melhores índices, o que corrobora os valores obtidos para disponibilidade total
de fitomassa, em março/2005, apresentados na Figura 4. De acordo com o autor,
isto ocorre porque, com as primeiras chuvas, o restolho que estava constituindo a
fonte mais importante de forragem entra rapidamente em decomposição e passa a
ser rejeitado pelos animais. Portanto, a forragem disponível passa a ser
representada pelo extrato herbáceo emergente e pela rebrota das espécies
lenhosas, que em conjunto, representam os mais baixos valores de fitomassa em
pé, no ano. Assim, a queda das folhas, verificada sempre a partir do inicio da
estação seca, resulta nos quantitativos elevados do restolho ao fim do período.
A disponibilidade de liteira para os meses de novembro/2004 e
Janeiro/2005 foi de 1105 e 175 kg MS/ha, respectivamente (Figura 4). Vale
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
61
ressaltar que, essa fração foi encontrada apenas no período de Janeiro/2004 e
Março/2005 e trouxe contribuição considerada na disponibilidade total de
fitomassa. Entretanto, sua permanência no solo faz com que seja degradada
rapidamente, quando ocorrência de pequenas chuvas. Assim, a utilização da
liteira pelos animais fica restrita a um curto período de tempo.
Araújo Filho et al. (1998), observaram valores de 3.128; 3.524 e 4092
kg/ha de restolho para avaliações realizadas no início do inverno, fim do inverno
e fim do verão, o que representa alta contribuição tanto de material forrageiro
quanto de matéria orgânica para repor nutrientes ao solo, contribuindo para evitar
o processo de erosão.
Desta forma, deve-se avaliar melhor quais espécies compõe a liteira para
que sejam implementadas práticas de manejo para aperfeiçoar a utilização desse
recurso, bem como avaliações a fim de determinar sua contribuição na ciclagem
de nutrientes na caatinga.
Pode-se considerar que a área total amostrada, tanto para o extrato herbáceo
como para o arbustivo, foi pequena para representar toda a área experimental de
37 ha, pois totalizou 281 m
2
(0,07%) e 1.124m
2
(0,3%) por período de avaliação,
para os extratos herbáceo e arbustivo, respectivamente. Desta forma, em novos
experimentos realizados em área de caatinga sugere-se que o número de pontos a
serem observados e/ou a área útil destes pontos devem ser aumentados para que
se possa aumentar a acurácia das medidas obtidas sobre disponibilidade e
composição florística das áreas. Por outro lado, o aumento no número de
amostras torna o trabalho mais demorado e com maior nível de complexidade.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
62
Um dos fatores limitantes ao avanço dos estudos quantitativos em
pastagens naturais do semi-árido é a falta de uma metodologia definida para a
análise quantitativa da caatinga (Lima,1984). Os problemas começam com a falta
de métodos precisos de avaliação, a extensão e variabilidade das áreas, as
dificuldades físicas até a complexidade da obtenção de amostras da forragem
disponível (Moura, 1987).
De acordo com Lima (1984), as estimativas obtidas sobre o potencial
produtivo em áreas de caatinga não são verdadeiras, devido ao tipo de fazenda
comumente manejada no sertão, sem cercas e com animais em trânsito. Mesmo
que sejam providenciadas áreas cercadas, o correto seria que houvesse exclusão
dos animais para que fosse realizada a correta determinação, ou deve-se estimar a
forragem consumida e adicioná-la a disponibilidade observada para que se possa
ter a disponibilidade total. Considerando que esse sistema de criação quase não é
mais usado no semi-árido, devido às divisões ocorridas nas grandes propriedades,
às estimativas realizadas hoje representam de forma bem mais correta a
disponibilidade de fitomassa destas áreas. Os valores obtidos para a fitomassa
disponível, no presente experimento leva em consideração algumas das
observações feitas por Lima (1984), pois a área foi cercada e a lotação
controlada.
Existe ainda a falta de precisão verificada quanto às espécies raras e as
de pequena contribuição na oferta de forragem, que reflete a necessidade de
complementação da metodologia. Este aprimoramento poderia advir da
introdução de algumas medidas, visando estabelecer valores absolutos e não
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
63
relativos, proporcionar avaliações menos variáveis das espécies individuais e
definir maior detalhamento e nível de extratos e período de coleta (Lima, 1984).
Deve-se considerar as características intrínsecas de cada espécie que compõe as
áreas de avaliação, desenvolvendo técnicas de avaliação que considerem a
estrutura de cada planta, ao longo da variação do seu estado fenológico,
associado a sua freqüência de distribuição na área, para que desta forma se
possam traçar curvas de disponibilidade por espécies, que possam ser utilizadas
por outros pesquisadores em áreas semelhantes e que possam aumentar a
precisão das estimativas de disponibilidade e, por conseqüência, a melhoria das
práticas de manejo da caatinga e do rebanho que usa esse recurso como base de
sua alimentação.
Os resultados apresentados por Araújo Filho et al. (2002), em relação ao
efeito da manipulação da vegetação lenhosa sobre a produção e
compartimentalização da fitomassa pastável de uma caatinga sucessional,
reforçam a necessidade de que para obtenção de informações confiáveis, a
condução dos trabalhos de pesquisa na caatinga, sejam a longo prazo, tendo em
vista as variações climáticas anuais e a suscetibilidade deste ecossistema a
degradação sob manejo inadequado.
A disponibilidade de fitomassa no componente herbáceo (Tabela 2)
variou ao longo do período experimental, de 1022 kg MS/ha, em setembro/2004,
a 401 kg MS/ha, em julho/2005, o que corresponde a uma redução de 60 %.
Possivelmente, a variação de disponibilidade observada se deve à influência da
irregularidade da distribuição de chuva sobre a brotação, crescimento e
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
64
maturação nesse extrato e ao efeito do pastejo dos ovinos neste componente, que
é citado por diversos autores como o de maior preferência pelos ovinos.
Segundo Leite e Vasconcelos (2000), a produção de fitomassa pelo extrato
herbáceo responde diretamente às variações dos parâmetros fitossociológicos da
vegetação lenhosa. Assim, nas caatingas sucessionais a produção é de apenas 600
kg MS/ha, em média, enquanto que nos tabuleiros fica em torno de 2500 kg
MS/ha.
O maior desenvolvimento dos extratos arbóreo e arbustivo determina o
pouco desenvolvimento do extrato herbáceo, em função, principalmente, da
cobertura e densidade das espécies lenhosas (Silva, 1988). Portanto, a alta
proporção dos extratos arbóreo e arbustivo (Figura 3) pode explicar a baixa
disponibilidade do extrato herbáceo na área experimental, o que provavelmente
está associado a limitação de luz e competição por nutrientes.
O principal componente do extrato herbáceo foi
Aristida purpusii Mez.
Chase
, que contribuiu de 73 a 90% da matéria seca produzida nas avaliações de
setembro/2004 a março/2005. Em maio e julho/2005, essa participação caiu para
aproximadamente 30 e 15%, respectivamente, provavelmente, devido ao
consumo pelos animais ou ao próprio ciclo fenológico da planta. Moreira et al.
(2006) e Santana (2006) trabalhando em área de caatinga em Serra Talhada PE
observaram como componente de maior disponibilidade a
Sida galheirensis Ulbr
e o
Cenchrus ciliaris L.. Devido à variação na composição florística nas áreas de
caatinga, a indicação de espécies de maior expressão dentro de cada extrato
variará de acordo com o ambiente de estudo.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
65
Tabela 2 – Disponibilidade de fitomassa (kg MS/ha) e composição botânica (%) do extrato herbáceo da caatinga, sob pastejo por ovinos, em Sertânia-PE.
2004 2005
Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho
Espécie
kg MS /ha % kg MS /ha % kg MS /ha % kg MS /ha % kg MS /ha % kg MS /ha %
Alternanthera polygonoides R. Br.
0,05 0,01 6,71 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 7,01 0,81 25,64 6,40
Aristida adscensionis L.
23,04 2,26 12,86 1,85 4,62 0,78 3,07 0,65 0,00 0,00 59,65 14,89
Aristida purpusii Mez. Chase
751,11 73,51 524,18 75,34 537,32 90,38 402,4 84,94 260,36 29,93 58,54 14,61
Boerhaavia coccinea Mill
0,07 0,01 1,21 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 4,96 0,57 0,00 0,00
Cardoispermum corindum Linn.
13,43 1,31 9,66 1,39 10,08 1,69 12,37 2,61 15,92 1,83 34,1 8,51
Cenchrus ciliaris L.
0,55 0,05 1,31 0,19 0,00 0,00 0,00 0,00 3,73 0,43 0,00 0,00
Commelina obliqua Vahl.
20,57 2,01 1,35 0,19 0,66 0,11 4,21 0,89 71,99 8,28 0,00 0,00
Cyperus uncinalatus Mart. et charad.
12,54 1,23 1,71 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 41,17 4,73 0,00 0,00
Desmanthus virgatus L.
0,00 0,00 0,85 0,12 0,16 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Desmodium asperum Desv.
7,54 0,74 22,77 3,27 0,00 0,00 0,00 0,00 38,05 4,37 18,39 4,59
Diodia teres Walt.
5,98 0,58 3,26 0,47 0,00 0,00 0,00 0,00 13,46 1,55 0,00 0,00
Ipomoea sp.
71,29 6,98 57,21 8,35 21,48 3,62 21,48 3,62 183,81 21,13 71,71 17,89
Lamium album L.
7,35 0,72 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Luziola micrantha Benth.
10,02 0,98 8,51 1,22 5,27 0,89 1,23 0,26 15,82 1,82 38,52 9,61
Macropitilium martii Benth.
6,73 0,66 2,96 0,43 0,00 0,00 0,00 0,00 18,93 2,18 8,87 2,21
Ocimum campechianum Mill.
8,23 0,80 4,11 0,59 1,38 0,23 0,00 0,00 3,28 0,38 0,00 0,00
Passiflora foetida L.
0,00 0,00 0,92 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 8,68 2,17
Portulaca oleracea L.
11,85 1,16 0,38 0,05 0,10 0,02 0,53 0,11 38,28 4,4 12,45 3,11
Rynchelitrum repens Willd C. E.
2,21 0,22 0,75 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,30 0,03 0,00 0,00
Selaginella convoluta Spring.
24,75 2,42 12,4 1,78 13,35 2,25 12,76 2,69 48,54 5,58 51,32 12,81
Tridax procumbens L.
2,23 0,22 4,99 0,72 0,00 0,00 0,00 0,00 39,68 4,56 0,00 0,00
Urochloa mosambicensis H. Dandy
0,61 0,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Xylosma ciliatifolium Eichl. 0,37 0,04 0,94 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 9,87 1,13 0,00 0,00
Outras herbáceas
41,18 4,03 15,89 2,28 0,10 0,02 2,24 0,47 54,79 6,3 12,84 3,20
Total
1021,72 100 694,93 100 594,53 100 473,77 100 869,93 100 400,73 100
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
66
De acordo com Pereira Filho (1995) e Silva et al. (1999), o pastejo por
ovinos afeta a composição botânica do extrato herbáceo, pela queda na freqüência
das poáceas de alto valor forrageiro e aumento daquelas de baixo valor forrageiro,
além do favorecimento das dicotiledôneas.
A presença de poáceas anuais na caatinga contribui para redução na oferta
do extrato herbáceo durante o período seco do ano, pois, na sua maioria estas têm
ciclo curto, o que propicia a ocorrência rápida da queda de produção, acelerando
decréscimo do teor protéico e aumento do teor de fibra. Vale ressaltar também, a
preferência de ovinos por plantas do extrato herbáceo, principalmente pelo
componente poácea. Desta forma, para que se possa avaliar corretamente esse
extrato e principalmente o componente poácea, sugere-se que sejam feitos
experimentos com exclusão de animais e avaliações ao longo dos meses do ano. É
importante desenvolver técnicas adequadas ao manejo desse extrato associado ou
não a outras plantas forrageiras nativas e aumento nos trabalhos de identificação
botânica. Devido a grande semelhança entre espécies, e ajustes nos cálculos de
disponibilidade obtidos, baseando-se nas variações das espécies que compõem a
família das poáceas.
Nos dois primeiros períodos de avaliação (setembro/2004 e
novembro/2004) houve maior número de espécies compondo o extrato herbáceo.
Nas avaliações de janeiro/2005 e março/2005, o extrato herbáceo foi composto
quase que exclusivamente pela
Aristida purpusii Mez. Chase, que ainda se
apresentava disponível, embora possivelmente com baixa qualidade. No início das
chuvas (março/2005) a rebrota dos demais constituintes do extrato herbáceo
apresentava-se bem acentuada, o que contribuiu de forma significativa para a
composição registrada nas avaliações de maio/2005 e julho/2005, quando voltou a
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
67
ocorrer aumento no número de espécies e, conseqüentemente, distribuição mais
proporcional, não ocorrendo concentração em apenas uma espécie.
A disponibilidade de fitomassa no componente arbustivo é apresentada na
Tabela 3. A produção de matéria seca variou de 1078 kg/ha (setembro/2004) a 545
kg/ha (Julho/2005). Como observado para o componente herbáceo, o extrato
arbustivo apresentou redução ao longo do período de utilização da pastagem,
resultado semelhante ao apresentado por Moreira (2006).
Os valores de disponibilidade observados no extrato arbustivo podem ser
considerados baixos, comparativamente aos apresentados por Lima (1984) e Peter
(1992). Entretanto, a forragem considerada neste trabalho equivale ao material
efetivamente disponível para os ovinos, pois, foi composta pela vegetação
observada até 1 m de altura, sendo esta altura a mais acessível aos ovinos.
Vinte e oito espécies compuseram o extrato arbustivo, no entanto, apenas
cinco (
Gaya aurea St. Hil., Croton sonderianus Muell. Arg., Herisanthia tiubae
K.Schum.
Bri, f Cnidoscolus sp. e Cordia leucocephala Moric.) contribuíram, em
média, com 80% da MS disponível. Essas espécies também foram citadas como
espécies de destaque por Silva (1988); Pimentel (1992); Araújo Filho (1996);
Moreira (2006) e Santana (2006).
O extrato arbustivo teve uma participação mais homogênea das espécies ao
longo do período experimental do que o extrato herbáceo, abrangendo maior
número de espécies em cada época de avaliação, não ocorrendo concentração da
disponibilidade em uma única espécie, como ocorreu com
Aristida purpusii Mez.
Chase
, na avaliação da disponibilidade do extrato herbáceo nos meses de
janeiro/2005 e março/2005.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
68
Tabela 3 - Disponibilidade de fitomassa (kg MS/ha) e composição botânica (%) do extrato arbustivo da caatinga, sob pastejo por ovinos, em Sertânia-PE
2004 2005
Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho
Espécie
kg ms/ha % kg ms/ha
% kg ms/ha % kg ms/ha % kg ms/ha % kg ms/ha %
Ageratum conyzoides L.. 0,52 0,05 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,32 0,02 0,21 0,04
Bauhinia cheillantha Steud. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,73 0,05 0,03 0,01
Capparis flexuosa L. 0,99 0,09 0,63 0,2 0,00 0,00 1,22 0,35 0,83 0,06 2,18 0,40
Capparis yco L 8,69 0,81 0,31 0,10 0,00 0,00 0,55 0,16 1,06 0,08 0,71 0,13
Cissus simsiana R.et S. 29,04 2,7 0,07 0,02 0,23 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,03
Cnidoscolus sp. 205,06 19,03 32,28 10,26 35,35 12,78 32,58 9,45 126,26 9,37 65,65 12,05
Cordia leucocephala Moric. 257,57 23,9 18,87 6,00 37,37 13,51 51,65 14,98 193,35 14,35 87,79 16,11
Croton sonderianus Muell. Arg. 133,06 12,35 13,26 4,21 40,54 14,66 29,62 8,59 309,6 22,97 90,71 16,64
Croton urticaefolius Lam. 1,97 0,18 1,50 0,48 2,55 0,92 5,62 1,63 14,91 1,10 3,97 0,73
Desmanthus virgatus L. 0,20 0,02 1,29 0,41 0,00 0,00 0,10 0,03 1,03 0,08 0,27 0,05
Gomphrena vaga Mart. 29,04 2,69 8,55 2,72 0,00 0,00 11,74 3,41 36,7 2,72 14,81 2,72
Herisanthia tiubae K.Schum. Bri 98,17 9,11 97,22 30,9 60,2 21,77 52,83 15,33 212,83 15,79 95,77 17,57
Jacquemontia bahiensis O'Donell 4,03 0,37 1,27 0,40 1,17 0,42 3,16 0,92 12,19 0,90 4,6 0,84
Jatropha mutabilis Pohl Baill. 1,33 0,12 0,31 0,10 0,00 0,00 0,64 0,19 0,24 0,02 0,00 0,00
Lantana camara L. 18,57 1,72 2,93 0,93 4,01 1,45 1,91 0,55 12,49 0,93 4,33 0,79
Manihot dichotoma Ule 0,53 0,05 0,04 0,01 0,00 0,00 0,15 0,04 0,24 0,02 0,00 0,00
Mimosa hostilis Benth. 0,17 0,02 0,05 0,01 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Piptadenia sp. 9,72 0,91 0,62 0,2 0,21 0,08 39,64 11,5 0,8 0,06 0,00 0,00
Ruellia geminiflora H. B. & Kunth 1,22 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,24 0,02 0,00 0,00
Sida cf. cordifolia L. 38,85 3,61 15,93 5,06 0,00 0,00 8,7 2,52 74,69 5,54 35,8 6,57
Sida galheirensis Ulbr 152,99 14,2 88,87 28,25 68,88 24,91 83,1 24,1 230,89 17,13 87,21 16,00
Sida spinosa L. 6,29 0,58 2,68 0,85 0,30 0,11 0,00 0,00 10,59 0,79 2,03 0,37
Tephrosia cinerea L.Pers. 11,64 1,08 1,55 0,49 2,67 0,97 3,06 0,89 26,94 2,00 13,98 2,57
Waltheria americana L. 62,13 5,77 24,78 7,88 21,52 7,78 17,93 5,2 69,94 5,19 31,92 5,86
Waltheria cf. rotundifolia Schrank 5,63 0,52 1,60 0,51 1,55 0,56 0,56 0,16 10,7 0,79 2,48 0,45
Total 1077,46 100,0
314,61 100,0 276,56 100,0 344,75 100,0 1347,84 100,0 544,98 100,0
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
69
O importante em se conhecer as espécies presentes na pastagem nativa e
na dieta dos animais é poder traçar estratégias de utilização desses materiais, de
forma que possa melhorar os resultados referentes à produção de forragem e ao
desempenho animal, com conseqüentes melhorias para o desenvolvimento da
produção de ruminantes no semi-árido. Kronberg & Malechek (1997),
observaram que tanto caprinos como ovinos conseguem ajustar seu
comportamento ingestivo de acordo com as condições da vegetação e que,
durante o período seco, os ovinos ajustam os horários de pastejo com base nos
teores de proteína contidos no pasto. Em pastos localizados em áreas semi-áridas,
a qualidade e quantidade variam de acordo com o clima, entre outros fatores, que
podem deixá-las nutricionalmente inadequadas.
Na extrusa, em função dos meses de avaliação, foram identificadas 39
espécies, com participação média de 20 espécies por mês de coleta (Tabela 4). As
espécies identificadas na extrusa representam 45% das espécies identificadas na
área. De acordo com Araújo Filho et al. (1995), cerca de 70 % das espécies da
caatinga participam significativamente na composição da dieta dos ruminantes.
Poáceas,
Herisanthia tiubae K.Schum. Bri e Sida galheirensis Ulbr
foram as espécies quantitativamente mais importantes da dieta selecionada pelos
animais em todas as épocas de coleta.
Ziziphus joazeiro Mart. e Capparis
flexuosa
L. L. também estiveram presentes na extrusa, praticamente, durante todo
o ano, enquanto a vagem da
Prosopis juliflora D. C. fez parte da dieta apenas de
setembro a janeiro, por ser esse o período de frutificação desta planta.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
70
Em geral, a composição botânica da dieta foi influenciada pelo mês de
coleta (Tabela 4). Essa variação está diretamente relacionada com a
disponibilidade da forragem ao longo do período, que é regulada pela variação na
precipitação, que fez com que as plantas tivessem seu pleno desenvolvimento em
distintas épocas. Assim, a participação destas espécies é devido aos vários
componentes da planta (folha, fruto ou semente) disponíveis ao longo do ano,
dependendo da época de avaliação.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
71
Tabela 4 Composição botânica (%) da dieta, em função do mês de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Mês
2004 2005
Espécie
Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho
Astronium urundeuva Engl. 3,80 ± 3,31 0,00 0,00 1,70 ± 3,89 1,90 ± 5,00 0,000
Bauhinia cheillantha Steud. 0,00 0,00 0,30 ± 1,08 0,00 0,00 0,90 ± 2,65
Boerhaavia coccinea Mill 0,10 ± 0,41 0,00 0,60 ± 1,30 3,50 ± 6,42 2,70 ± 3,88 1,20 ± 2,25
Caesalpinia ferrea Mart. ex Tul. 0,00 0,00 0,00 7,9 ± 19,30 0,00 0,00
Caesalpinia pyramidalis Tul 0,20 ± 0,55 4,80 ± 3,27 0,20 ± 0,45 0,00 0,00 0,00
Calotropis procera Ait.R. Br. 0,00 0,00 0,00 0,00 3,00 ± 3,25 0,00
Capparis flexuosa L. 3,10 ± 5,74 8,60 ± 7,16 5,60 ± 5,32 5,80 ± 9,19 0,00 2,40 ± 6,89
Centrosema sp. 0,00 0,00 1,30 ± 4,54 1,30 ± 2,50 1,20 ± 2,90 1,30 ± 2,48
Cissus simsiana R. et S. 1,50 ± 1,70 0,00 0,00 0,30 ± 0,57 0,00 0,00
Commelina obliqua Vahl. 0,00a 0,0a 0,00a 4,60 ± 4,40a 2,60 ± 6,01a 0,00a
Cordia leucocephala Moric. 2,70 ± 3,24 0,00 2,70 ± 3,57 1,40 ± 2,83 0,90 ± 2,26 1,80 ± 3,15
Croton sonderianus Muell. Arg. 0,00 16,80 ± 7,68 1,10 ± 2,0 0,00 0,00 0,00
Croton sp. 0,00 1,00 ± 3,27 0,40 ± 1,53 0,00 0,00 0,00
Desmanthus virgatus L. 0,40 ± 1,31 0,00 0,00 0,80 ± 1,75 0,00 0,00
Diodia teres Walt. 0,20 ± 0,55 0,00 1,30 ± 1,94 2,5 ± 6,17 0,7 ± 1,54 3,4 ± 3,16
Gomphrena vaga Mart.
0,60
±1,66
0,00 0,90 ± 1,80 2,60 ± 4,20 1,20 ± 2,83 0,50 ± 0,87
Herisanthia tiubae K.Schum. Bri 31,30 ± 15,95b 5,20 ± 10,33b 13,60 ± 22,38b 28,80 ± 17,96b 30,40 ± 23,86b 61,40 ± 17,57a
Ipomoea sp. 1,70 ± 1,98 0,00 3,60 ± 5,05 4,90 ± 5,68 1,00 ± 1,64 0,00
Jacquemontia bahiensis O'Donell 0,40 ± 0,67 0,00 0,00 2,00 ± 4,37 0,00 0,00
Lantana camara L. 6,00 ± 10,43a 0,00a 0,00a 1,40 ± 3,39a 0,00a 0,00a
Macropitilium martii Benth. 0,00 0,00 1,00 ± 1,94 0,00 0,00 0,00
Mimosa hostilis Benth. 0,00 5,30 ± 6,07 4,50 ± 4,57 0,30 ± 0,86 2,60 ± 3,05 0,00
Ocimum campechianum Mill. 0,00 0,00 2,50 ± 3,05 0,00 0,00 0,00
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
72
Continuação da Tabela 4
Passiflora foetida L. 0,20 ± 0,76 0,00 0,00 0,40 ± 1,29 0,00 0,00
Pavonia cancelata Cav. 0,30 ± 1,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Poaceae 16,10 ± 6,04ab 16,80 ± 13,22ab 6,70 ± 8,22ab 2,50 ± 4,38b 19,70 ± 15,20a 12,10 ± 15,36ab
Portulaca oleracea L. 0,00 0,00 0,00 0,5 0,0 0
Prosopis juliflora D. C. 14,70 ± 12,71ab 12,60 ± 12,83ab 24,30 ± 26,44a 0,00b 0,00b 0,0b
Scoparia dulcis L. 0,20 ± 0,55 0,70 ± 1,33 0,10 ± 0,28 0,70 ± 2,30 0,20 ± 0,57 0,60 ± 1,76
Selaginella convoluta Spring. 0,30 ± 0,90 0,00 0,40 ± 0,93 1,30 ± 1,66 0,40 ± 1,29 1,10 ± 1,93
Sida galheirensis Ulbr 2,10 ± 3,76b 15,60 ± 6,86ab 17,90 ± 18,53a 5,00 ± 4,87ab 8,00 ± 10,78ab 3,40 ± 5,17ab
Spondias tuberosa Arruda Cam. 0,00a 0,00a 1,90 ± 3,96a 14,90 ± 14,68a 7,50 ± 18,73a 0,00a
Tephrosia cinerea L.Pers. 6,40 ± 8,12 0,00 0,50 ± 1,65 0,00 0,40 ± 1,22 5,10 ± 6,60
Tridax procumbens L. 0,10 ± 0,41 0,00 0,00 0,00 0,60 ± 1,41 0,00
Ziziphus joazeiroMart. 4,40 ± 4,39 5,00 ± 6,34 4,80 ± 6,59 1,70 ± 3,47 11,70 ± 22,89 0,00
Fração não identficada 3,30 ± 1,26 7,80 ± 4,13 3,70 ± 0,79 3,50 ± 1,75 3,80 ± 1,26 4,90 ± 2,70
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
73
De maneira geral, os animais selecionam dietas com a proporção de
participação das espécies diferente da porcentagem com que as espécies
participam na composição das pastagens (Simão Neto et al. 1976; Lima et
al.1985; Silva, 1988). De acordo com Bishop (1975), em estudo realizado, com
ovinos no semi-árido argentino, foi observado que os animais selecionaram suas
dietas com menos de 25% das espécies disponíveis. Pfister (1983),
trabalhando em área de caatinga nativa em Sobral-CE, observou que durante a
estação das chuvas, ovinos e caprinos selecionaram suas dietas principalmente de
dicotiledôneas herbáceas e de brotos e folhas de árvores e arbustos, enquanto que
na estação seca os brotos e folhas de árvores e arbustos foram os mais
consumidos seguidos de dicotiledôneas herbáceas.
A participação das poáceas na dieta dos animais foi baixa, variando de
2,5% em março/2005 a 19,7% em maio/2005. Possivelmente esta baixa
participação foi devido a grande diversidade de espécies na área experimental, o
que proporcionou ampla seletividade aos animais, apresentando assim variação
apenas em relação aos meses de coleta. De acordo com Rutherford (1982), Lima
et al. (1984) e Morais et al. (1986), mesmo na época úmida, se as poáceas se
apresentarem maduras e com alta proporção de talos, outras espécies podem ser
utilizadas, com conseqüente aumento da participação de folhas e brotos de outras
espécies.
A pequena preferência por poáceas na dieta durante as avaliações de
janeiro/2005 e março/2005, pode estar relacionada ao estádio vegetativo, com
conseqüente senescência, queda no seu valor nutritivo e diminuição da seleção
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
74
pelos animais. Segundo Araújo Filho et al. (1996), os ovinos modificam sua dieta
reduzindo o percentual de poáceas e de outras ervas e aumentando o de brotos e
folhas de árvores e arbustos, à medida que a estação seca avança, acarretando a
perda da qualidade e diminuição da disponibilidade das espécies herbáceas no
pasto.
Peter (1992), trabalhando com pastoreio combinado de bovinos,
caprinos e ovinos, observou que os ovinos compuseram sua dieta com 70,7 e
84,4% de espécies lenhosas, 18,1 e 0,7% de poáceas e 6,6 e 10,1% de
dicotiledôneas herbáceas, durante as estações chuvosa e seca, respectivamente.
Este autor verificou que, durante a estação chuvosa e seca as espécies lenhosas
foram mais presentes na dieta dos ovinos. para o grupo dicotiledôneas
herbáceas e poáceas houve uma inversão na preferência dos ovinos em relação ao
período chuvoso e seco. Estes resultados sugerem que, apesar das preferências
alimentares, os animais selecionam suas dietas de acordo com o que as pastagens
oferecem nas distintas estações.
Para as espécies
Caesalpinia pyramidalis Tul, Mimosa hostilis Benth. e
Croton sp., observou-se interação significativa (P<0,05) entre o mês de coleta e o
tipo de fístula (Tabela 5).
Deve-se considerar que o consumo da
Caesalpinia pyramidalis Tul se
quando há queda de suas folhas, sendo essas coletadas no solo pelo animal.
Possivelmente, o pequeno diâmetro da fístula esofágica do ovino tenha
proporcionado uma falha na coleta do material ingerido pelo animal,
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
75
principalmente, durante o período seco, quando as partículas da forragem
tornam-se menores e o bolo alimentar mais compacto.
participação da
Caesalpinia pyramidalis Tul foi de 6,5% na extrusa
dos animais com fístula ruminal, enquanto que nos animais esôfago-fístulados
não foi identificada durante as coletas realizadas no mês de novembro,
evidenciando que a utilização de animais rúmen-fístulados pode proporcionar
melhor identificação da espécie na extrusa, principalmente durante o período
seco.
Tabela 5 Composição botânica (%) da dieta em função da interação mês x tipo
de fístula, da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
EspéciesMês Fístula
Caesalpinia
pyramidalis
Tul.
Mimosa
hostilis
Benth.
Croton sp.
Rúmen 0,00b 0,00c 0,00b
Setembro
Esôfago 0,33 ± 0,82b 0,00c 0,00b
Rúmen 6,50 ± 0,69 a 1,75 ± 2,08b 0,00b
Novembro
Esôfago 0,00b 0,00c 0,00b
Rúmen 0,22 ± 0,54b 4,80 ± 3,86a 0,81 ± 2,17a
Janeiro
Esôfago 0,16 ± 0,40b 4,12 ± 5,55a 0,00b
Rúmen 0,00b 0,50 ± 1,22c 0,00b
Março
Esôfago 0,00b 0,00c 0,00b
Rúmen 0,00b 1,29 ± 2,32b 0,00b
Maio
Esôfago 0,00b 3,84 ± 3,35ab 0,00b
Rúmen 0,00b 0,00c 0,00b
Julho
Esôfago 0,00b 0,00c 0,00b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Para a espécie Croton sonderianus Muell. Arg., houve interação
significativa (P<0,05) entre mês e hora de coleta (Tabela 6). A participação
dessa espécie na dieta foi maior em novembro de 2004, com valor médio de
16,82%. Entretanto, ao analisar a interação, verifica-se que sua participação em
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
76
novembro de 2004, na coleta da manhã, foi de 21,50 % voltando a aparecer
apenas na avaliação de janeiro de 2005 com apenas 2,29 %. De acordo com
Oliveira (1990), o
Croton sonderianus Muell. Arg. é uma espécie que
praticamente não consta na dieta de ovinos, porém, no presente experimento,
essa participação pode estar associada a queda da disponibilidade dos outros
componentes na pastagem o que fez com que os animais o consumissem.
Tabela 6 - Composição botânica (%) da dieta em função da interação mês x hora de
coleta, da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Espécie
Mês Hora
Croton sonderianus Muell. Arg.
Manhã 0,00b
Setembro
Tarde 0,00b
Manhã 21,5 ± 2,12a
Novembro
Tarde 0,00b
Manhã 0,00b
Janeiro
Tarde 2,3 ± 2,38b
Manhã 0,00b
Março
Tarde 0,00b
Manhã 0,00b
Maio
Tarde 0,00b
Manhã 0,00b
Julho
Tarde 0,00b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
De acordo com Silva (1988), que trabalhou em Serra Talhada com
bovinos em área de caatinga manipulada ou não, em nenhuma época do ano ou
manipulação as dicotiledôneas herbáceas tiveram participação notável na
composição da deita dos bovinos. Nascimento (1988) e Kirmse (1984), que
trabalhou no Ceará, observaram a participação de ervas de folhas largas em até
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
77
70% da dieta de ovinos e caprinos. Isto reforça o fato da diferença na composição
botânica apresentada pelas diferentes áreas caracterizadas como caatinga.
Os ovinos tendem a selecionar componentes de melhor qualidade do que
aqueles disponíveis na pastagem. Para tal, compensam a baixa qualidade do pasto
ou acessibilidade, através do aumento do tempo de pastejo, da mesma forma que
em alta disponibilidade a seleção também fica comprometida, entretanto, a
qualidade e a quantidade de forragem na pastagem são interdependentes. Da
mesma forma, a distribuição das folhas ao longo da planta no plano horizontal e
vertical é responsável pela forma com que o animal promove a desfolha da
planta. Para Pimentel et al. (1992), a variação na composição botânica da dieta
dos ovinos confirma dois aspectos importantes da estratégia alimentar destes
animais em áreas de pastagem nativa: sua capacidade de compor dieta dentro de
uma gama de espécies e seu caráter oportunista de seleção em função da
disponibilidade de forragem. Com base nestas afirmações, possivelmente
experimentos que avaliem de forma mais complexa o comportamento ingestivo
dos animais na caatinga, serão o ponto de partida para o real conhecimento destas
informações.
Na Tabela 7 é apresentado o percentual das diferentes frações das
espécies na extrusa de ovinos, conforme mês e hora de coleta. A fração folha foi
a que teve maior participação na dieta dos ovinos, independente do mês de
coleta.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
78
Tabela 7 – Percentual de folha, caule, fruto, semente e flor, em função do mês de coleta, presente na extrusa de ovinos, em área de
caatinga, no sertão de Pernambuco.
Frações da planta (%)
Mês
Folha Caule Fruto Semente Flor
Setembro 62,41 ± 23,43a 11,53 ± 6,15ab 10,97 ± 6,97ab 7,94 ± 9,39ab 0,00b
Novembro 24,95 ± 37,62b 3,37 ± 5,89b 2,80 ± 5,21b 2,19 ± 4,93b 0,00b
Janeiro 55,59 ± 18,26a 14,85 ± 9,13a 14,53 ± 12,39ab 14,98 ± 13,83a 0,00b
Março 73,88 ± 19,61a 6,81 ± 6,61ab 17,13 ± 21,53ab 2,16 ± 2,15b 0,00b
Maio 59,41 ± 18,95a 10,74 ± 6,10ab 20,41 ± 21,68a 3,36 ± 5,05b 6,06 ± 11,08ab
Julho 58,00 ± 17,23a 9,25 ± 4,90ab 15,87 ± 13,95ab 1,53 ± 1,78b 15,34 ± 22,16a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
79
O percentual de partes da planta na composição da dieta foi influenciado
pelo mês de coleta (Tabela 7). Este comportamento explicado pela variação na
disponibilidade das espécies ao longo do período experimental (Tabela 2 e 3),
provocada principalmente pelas variações do clima, caracterizando desta forma
duas estações bem distintas, sendo uma seca e outra chuvosa, com características
próprias quanto aos extratos que as compõem. Desta forma disponibilizando
diferentes proporções de partes das plantas, a disposição dos animais para
consumo. A participação dos frutos na dieta é diretamente relacionada com o
período de frutificação das plantas ao longo do ano, bem como a participação das
sementes ocorrida em setembro/2004 e janeiro/2005. Está é relacionada à época
em que parte das espécies apresentam frutificação e produção de sementes, como
Prosopis juliflora D. C., Spondias tuberosa Arruda Cam., Ziziphus joazeiroMart.
e Mimosa hostilis Benth..
Houve efeito significativo (P<0,05) para hora de coleta da extrusa sobre
os componentes folha e fruto (Tabela 8). De acordo com Arnold (1960), citado
por O’reagain (1993), as folhas estão presentes em 80% da dieta de ovinos, sendo
esta porcentagem relacionada à estrutura da planta e acessibilidade, que vai
interferir na proporção de folhas ingeridas pelo animal, consequentemente
influenciando a qualidade e quantidade dos nutrientes ingeridos por estes animais
em pastejo.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
80
Tabela 8 Percentual de folha e fruto em função da hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco.
Frações da planta (%)
Hora
Folha Fruto
Manhã 54,61 ± 25,40b 22,61 ± 17,50a
Tarde 73,08 ± 27,23a 8,42 ± 10,29b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Possivelmente o efeito da hora de coleta sobre os componentes folha e
fruto está relacionado a disponibilidade destes na pastagem, se maior pela manhã
e menor a tarde. A disponibilidade do fruto de algumas espécies como
Prosopis
juliflora
D. C., Spondias tuberosa Arruda Cam., Ziziphus joazeiroMart. em
certas épocas, faz com que pela manhã, ao inicio do pastejo, os animais dessem
preferência ao consumo destes frutos em detrimento a outras partes da planta,
desta forma reduziu-se um pouco a fração folha presente na dieta. Associado
ainda a este fato, o efeito do tempo de pastejo imposto aos animais para a
coleta da amostra de extrusa, que neste caso específico pode ter influenciado o
resultado.
Houve efeito significativo (P<0,05) para a interação mês e hora de coleta
da extrusa sobre o componente caule. A fração caule teve sua participação na
dieta dos animais influenciada pelo período de avaliação, possivelmente devido à
mudança na dieta dos animais, pois, à medida que os meses passaram a
contribuição das plantas arbustivas foi aumentada na dieta. Devido ao hábito
alimentar, os animais retiravam as folhas e brotos das plantas, reduzindo assim a
fração caule da dieta. Isto é reforçado principalmente nos dados referentes a
fração caule no período da manhã.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
81
Tabela 9 Percentual de caule em função do mês x hora de coleta da extrusa de
ovinos em área de caatinga no sertão de Pernambuco.
Fração da Planta Mês Hora
caule
Manhã 14,72 ± 6,92b
Setembro
Tarde 8,38
± 3,81b
Manhã 4,11
± 6,77c
Novembro
Tarde 2,63
± 5,40c
Manhã 6,33
± 2,59c
Janeiro
Tarde 23,37
± 1,57a
Manhã 3,25
± 3,28c
Março
Tarde 10,37
± 7,40b
Manhã 8,62
± 4,83b
Maio
Tarde 12,86
± 6,92b
Manhã 9,83
± 4,23b
Julho
Tarde 10,08
± 6,02b
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Em trabalho realizado por Pimentel et al. (1992) as flutuações na
participação das folhas, na composição botânica das dietas tiveram variação com
maiores percentuais no período de maior produção de fitomassa do extrato
herbáceo e de crescimento das espécies que a compõem. Mesmo diminuindo sua
participação na composição botânica durante o período seco do ano, as folhas
continuaram superiores aos caules na composição da dieta, pois elas são
normalmente, o componente mais consumido pelos herbívoros.
A Tabela 10 apresenta o índice de seletividade das espécies disponíveis
na pastagem ao longo do período experimental. Os valores absolutos obtidos são
baseados numa escala que tem como ponto central o valor 1, que indica
equilíbrio entre a porcentagem da forragem presente na extrusa e a porcentagem
presente no pasto. Se o índice for menor que 1 indica que a espécie foi pouco
selecionada pelos animais na composição de sua dieta, por outro lado, se o índice
for superior a 1 indica a intensidade com que os animais selecionaram a espécie
presente no pasto.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
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Tabela 10 - Índice de seletividade por ovinos em função do mês de avaliação, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
2004 2005
Espécie
Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho
Boerhaavia coccinea Mill 265,00 0,00 0,00 0,00 27,09 0,00
Capparis flexuosa L. 163,50 120,75 0,00 72,31 0,00 42,39
Commelina obliqua Vahl. 0,00 0,00 0,00 12,85 3,35 0,00
Cordia leucocephala Moric. 0,29 0,00 1,30 0,49 0,42 0,25
Croton sonderianus Muell. Arg. 0,00 8,58 0,46 0,00 0,00 0,00
Diodia teres Walt. 5,17 0,00 0,00 0,00 7,27 0,00
Gomphrena vaga Mart. 1,61 0,00 0,00 3,64 1,68 0,59
Herisanthia tiubae K.Schum. Bri 9,04 1,33 3,07 6,09 4,13 6,25
Ipomoea sp. 0,82 0,00 5,12 2,91 0,22 0,00
Jacquemontia bahiensis O'Donell 1,89 0,00 0,00 2,75 0,00 0,00
Lantana camara L. 8,27 0,00 0,00 25,81 0,00 0,00
Mimosa hostilis Benth. 0,00 1247,08 0,00 0,00 0,00 0,00
Poaceae
0,48 0,25 0,18 0,14 1,87 0,72
Portulaca oleracea L. 0,00 0,00 0,00 24,07 0,00 0,00
Selaginella convoluta Spring. 1,70 0,00 0,80 1,69 3,00 0,41
Sida galheirensis Ulbr 0,73 1,19 2,87 0,58 0,87 0,48
Tephrosia cinerea L.Pers. 12,39 0,00 9,79 0,00 1,75 4,65
Tridax procumbens L. 8,27 0,00 0,00 0,00 1,12 0,00
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
83
Os valores obtidos para as poáceas mostram que a seleção pela espécie
deu-se principalmente nos meses de maio/2005 e julho/2005, o que acompanha o
comportamento da participação destas espécies na extrusa. Outro fator que pode
ter influenciado esse índice é a redução na disponibilidade deste componente.
Entretanto, essa menor quantidade disponível se apresentava, possivelmente, com
uma melhor qualidade devido a ser material de rebrota.
Algumas espécies como o
Boerhaavia coccinea Mill, Lantana camara
L.
, Desmanthus virgatus L., Tephrosia cinerea L.Pers. e Capparis flexuosa L.
apresentaram índices de seletividade altos, relacionados à disponibilidade destas
espécies na pastagem ao longo do ano e sua relação com a seleção pelos animais.
Pois, independentemente de se determinar a quantidade da forragem disponível, a
preferência do animal pela espécie vegetal fornece um indicativo de quais
espécies são mais preferidas, e que são passíveis de concentração de estudos.
Dentre estas espécies, algumas despontam como principais em áreas de
caatinga e são avaliadas em diversos trabalhos, como o
Capparis flexuosa L.
(Soares,1989; Silva & Figueiredo,2002; Barreto,2005). Assim, fica evidenciado o
forte poder de seleção e a possibilidade de ajustes na dieta que os ovinos podem
realizar de acordo com o que há disponível na pastagem.
Devido a forma como foi procedida a analise dos dados para
determinação da disponibilidade de fitomassa e considerando a participação da
maioria das espécies presentes na área experimental, pôde-se observar que
algumas espécies que a principio seriam agrupadas passaram a ter expressão de
forma significativa, devido a permanência de sua individualidade e conseqüente
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
84
identificação na dieta dos animais, através das amostras de extrusa, dando origem
a dados expressivos quanto ao índice de seletividade.
Avaliando o índice de preferência na dieta de ovinos, em pastejo, na
caatinga, durante as estações seca e chuvosa, Peter (1992) observou que os
ovinos preferiram as poáceas em ambas as estações. Lima et al (1982), estudando
pastagem com 50% de poáceas cultivadas e 50% de caatinga nativa,
determinaram que novilhos fístulados apresentaram 42,4% de
Bauhinia
cheillantha
Steud. na dieta, quando a disponibilidade desta espécie era de apenas
2,4% no pasto, o que gera um índice de seletividade de 17,58 e comprova a alta
seleção dessa forrageira pelos animais.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
85
Conclusões
A vegetação foi composta por 82 espécies vegetais, pertencentes a 33
famílias, sendo as que apresentaram o maior número de espécies foram a
Euphorbiaceae, Malvaceae, Leguminosae e Poaceae.
A fitomassa total variou de 2218 kg/ha a 818 kg/ha ao longo do período
experimental.
Individualmente o local da fístula ou a hora de coleta não influenciaram a
composição botânica da dieta, tendo sido o mês de coleta o principal responsável
pela variação na composição botânica da dieta e fração da planta selecionada
pelos ovinos.
O efeito associado do mês de coleta ao tipo de fístula ou hora de coleta,
influenciou a composição botânica da dieta bem como a proporção da fração da
planta presente na extrusa selecionada pelos ovinos.
A fístula ruminal apresenta-se como uma opção nos estudos de
determinação da composição botânica da dieta de pequenos ruminantes.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
86
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CAPITULO 3
COMPOSIÇÃO QUÍMICA E DIGESTIBILIDADE “
IN SITU
DA DIETA DE OVINOS, EM ÁREA DE CAATINGA,
NO SERTÃO DE PERNAMBUCO
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
92
Composição química e digestibilidade “in situ” da dieta de ovinos, em área
de caatinga, no sertão de Pernambuco
Resumo O trabalho foi realizado na Estação Experimental de Sertânia
IPA e objetivou avaliar o efeito do local de implante da cânula e da hora de
coleta sobre a composição química e a digestibilidade “
in situ” da dieta de ovinos
criados na caatinga. O experimento foi realizado de novembro de 2004 a julho de
2005. Foram utilizados 10 ovinos mestiços de Santa Inês, castrados, 05 com
Cânulas permanentes no rúmen e 05 no esôfago, mantidos em uma área de
caatinga, recebendo água e mistura mineral ‘
ad libitum’. O mês em que se
efetuou a coleta influenciou significativamente a composição química da dieta.
Os percentuais de matéria seca, matéria mineral, proteína bruta, extrato etéreo,
fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, proteína insolúvel em
detergente neutro, proteína insolúvel em detergente ácido, carboidratos totais,
carboidratos não fibrosos, fenóis totais, taninos totais e taninos condensados
variaram de 11,99 a 25,28%; 10,92 a 14,44; 10,64 a 17,19%; 2,95 a 4,77; 54,83 a
63,14%; 39,40 a 46,62%; 49,74 a 57,95; 28,52 a 39,15; 65,40 a 72,73; 5,47 a
12,86%; 0,37 a 0,52%; 0,16 a 0,28%; e de 1,28 a 6,24%, respectivamente. A
degradabilidade potencial (%), fração potencialmente degradável (%), taxa de
degradação da fração potencialmente degradável (%/h), fração solúvel (%) e
degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h variaram de 48,25
a 64,63; 35,77 a 47,78; 4,60 a 13,40; 9,74 a 18,13; 43,28 a 55,71 e 37,60 a 47,27
para a matéria seca; de 36,43 a 54,34; 33,28 a 50,38; 3,84 a 8,42; 2,16 a 4,41;
29,21 a 36,54; 23,02 a 33,33 para a fibra em detergente neutro e de 62,13 a
77,24; 35,44 a 56,09; 5,37 a 14,36; 20,21 a 31,49; 55,84 a 67,49; 45,74 a 59,99
para a proteína, respectivamente. A composição química e a digestibilidade “in
situ” da dieta de ovinos na caatinga é influenciada pelo mês de avaliação.
Embora a dieta possua alto percentual de proteína bruta, parte dessa proteína está
indisponível para o animal por estar ligada a fibra em detergente ácido. A dieta
dos ovinos em área de caatinga apresentou baixa digestibilidade “in situ” da
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
93
matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta. A fístula ruminal
permite melhor avaliação da dieta de ovinos na caatinga do que a fístula de
esôfago, devido à recuperação total da extrusa.
Palavras chave : degradabilidade, forrageiras nativas, FDN, matéria seca, PB
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
94
Chemical composition and "in situ" digestibility of the Sheep’s Diet in caatinga at
the Pernambuco State
Abstract The work was conducted at the experimental station of Sertânia
- IPA with the objective of characterizing the vegetation in the caatinga, to
evaluate the effect of fistula and hour of collection on the chemical composition
and in situ digestibility of dry matter, neutral detergent fiber and crude protein of
the vegetation. The experiment was conducted between September 2004 and July
2005. Ten castrated sheep of the Santa Inês breed, five fitted with permanent
ruminal cannula and five with esophageal cannula, were used. Samples were
collected from both cannulas at 7:00 and 14:00. Sheep had free access to water
and mineral mix. The percentage of DM, MM, CP, EE, NDF, ADF, PIDN,
PIDA, CHOT, CNF, FT, TT and TC varied from 11,99 to 25,28%; 10,92 to
14,44; 10,64 to 17,19%; 2,95 to 4,77; 54,83 to 63,14%; 39,40 to 46,62%; 49,74
to 57,95; 28,52 to 39,15; 65,40 to 72,73; 5,47 to 12,86%; 0,37 to 0,52%; 0,16 to
0,28%; and from 1,28 to 6,24%, respectively. Potential degradability (%),
fraction B (%), fraction C (% / h), fraction A (%) and effective degradability at
passage rate of 2 and 5%/h varied from 48,25 to 64,63; 35,77 to 47,78; 4,60 to
13,40; 9,74 to 18,13; 43,28 to 55,71 and 37,60 to 47,27 for the dry matter; from
36,43 to 54,34; 33,28 to 50,38; 3,84 to 8,42; 2,16 to 4,41; 29,21 to 36,54; 23,02
to 33,33 for the neutral detergent fiber and from 62,13 to 77,24; 35,44 to 56,09;
5,37 to 14,36; 20,21 to 31,49; 55,84 to 67,49; 45,74 to 59,99 for the protein,
respectively. The chemical composition and "
in situ" digestibility of sheep’s diet
in caatinga is influenced by the month of evaluation. Although the high crude
protein level in diet, part of that protein is unavailable for animals for being
linked to acid detergent fiber. The diet of the sheep in caatinga presented low "
in
situ
" digestibility of dry matter, neutral detergent fiber and crude protein.
Ruminal cannula instead of esophageal cannula can be used to characterize the
chemical composition and degradability of diet consumed by small ruminant.
Key word: degradability, native forage, FDN, dry matter, PB
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
95
Introdução
O estudo das plantas xerófilas reveste-se de importância, considerando que
esses vegetais formam um grande grupo de espécies que ocupam considerável
área geográfica do planeta, com plantas de interesse ecológico e econômico. No
Brasil, a área ocupada com as xerófilas corresponde a 74,3% do Nordeste e
13,5% da superfície total do País (IBGE, 1998). O grupo é composto de inúmeras
famílias botânicas de ervas, arbustos, árvores e cipós com diversas
caracterizações, todas com aspecto de alta relevância que é o de persistir em
condições semi-áridas. Estas plantas apresentam uma única estação de
crescimento anual, correspondente à época das chuvas, fornecendo biomassa
como fonte de energia, para a fauna silvestre e os animais domésticos (Araújo
Filho et al. 1995).
Não são poucas as iniciativas de identificação e descrição das principais
espécies forrageiras nativas do semi-árido nordestino (Sampaio, 2005). Também
existe razoável quantidade de trabalhos realizados sobre a composição químico-
bromatológica de várias espécies. Entretanto, trabalhos realizados em área de
caatinga avaliando a utilização de fístula ruminal para coleta de extrusa bem
como avaliando o horário de coleta desse são escassos. Assim, mais estudos
precisam ser efetuados em função de grande variação concernente ao material
coletado, além da variação associada às diferenças entre regiões (Andrade, 2005).
O mais importante, e que precisa ser enfatizado, é que a identificação e a
determinação do potencial forrageiro não são suficientes para fundamentar uma
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
96
tecnologia de aproveitamento racional dos recursos naturais (Pimenta Filho &
Silva, 2002).
Por serem adaptadas a ambientes semi-áridos, as plantas da caatinga
possuem mecanismos fisiológicos e morfológicos de defesa contra as condições
adversas do ambiente e ataques microbiano e de insetos. Um destes mecanismos
de defesa é a presença de compostos secundários, sem importância primordial
para o desempenho da planta, mas que, teoricamente, são responsáveis por
manter sua sobrevivência sob condições adversas. Alguns destes compostos são
tóxicos aos animais, além de possuírem fatores anti-nutricionais. No entanto,
podem ser utilizados de forma benéfica para incrementar a produção animal, se
forem empregados manejos adequados para sua oferta ou através do uso de
técnicas de conservação de alimentos como fenação e ensilagem.
Os resultados de trabalhos avaliando dietas ricas em taninos sobre os
microorganismos ruminais têm sido divergentes (Beelen et al. 2003), devido às
variações da estrutura molecular dos taninos (peso molecular, composição
monomérica). Trabalhos realizados em Israel e na Nova Zelândia indicam que
teores de tanino entre 3 a 5% da MS causam efeitos deletérios na produção dos
ruminantes (Silanikove et al. 2001; Min et al. 2003).
A técnica
in situ consiste em determinar o desaparecimento de
componentes da amostra de alimentos acondicionados em sacos de náilon, ou
outro material sintético, e incubados no rúmen por períodos variáveis. A
popularidade desta técnica está ligada à rápida e fácil execução, à pequena
quantidade requerida da amostra do alimento e à possibilidade de exposição ao
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
97
contato íntimo com o ambiente ruminal, apesar de não estar sujeita às
experiências da mastigação e ruminação ou fluxo para o trato digestivo posterior.
(Teixeira, 1997).
Rodrigues et al. (1986), afirmaram que a digestibilidade das forrageiras
tropicais declina de maneira continua, com o avanço do estádio fisiológico, e as
espécies que apresentam digestibilidade inicialmente mais elevadas, decrescem a
digestibilidade à taxas mais acentuadas que aquelas com valores iniciais mais
baixos.
Guim et al. (2000), avaliaram a composição química e digestibilidade
in
vitro”
de forrageiras nativas do semi-árido paraibano Relógio Branco (Sida aff.
Glaziovvi
), Relógio Roxo (Sida rhombifolia), Cuité (Crescentia cujete L.),
Jureminha (
Desmanthus virgatus), Jurema Amorosa (Mimosa cf. malacocentra
Mart.) e Fato de piaba (Richardia grandiflora (Cham.& Schltdl.)Steud) e
confirmaram que essas forragens apresentam elevado teor de proteína bruta.
Notou-se, dentre as espécies investigadas, que a Jureminha (
Desmanthus
virgatus
) foi que mostrou menor digestibilidade, tanto da MS como da FDN,
sendo o Relógio Roxo (
Sida rhombifolia) e Cuité (Crescentia cujete L.) as de
maior destaque, principalmente no tocante a digestibilidade da fibra em
detergente neutro.
Os coeficientes de digestibilidade de forrageiras nativas
in vivo”, in situ
e
in vitro”, determinados em caprinos e ovinos, são em geral medianos
(Vasconcelos et al. 1997; Araújo Filho et al. 1998; Gonzaga Neto, 1999;
Gonzaga Neto et al. 2001). Entretanto, o desempenho desses animais, quando em
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
98
pastejo, parece indicar valores de digestibilidade maiores. As forrageiras arbóreas
e arbustivas geralmente apresentam coeficientes de digestibilidade inferiores aos
encontrados para herbáceas e gramíneas. Isto se deve, provavelmente, às mais
elevadas concentrações de lignina e aos compostos secundários contidos nestas
categorias. A presença dessas substâncias pode resultar em diferentes
interrelações; por exemplo, jurema preta e catingueira afetam negativamente a
digestibilidade
in vitroe in vivoda ração (Carvalho Filho & Salviano, 1982;
Gonzaga Neto, 1999), quando fornecidos na forma de feno.
Os valores obtidos de digestibilidade das forragens devem ser utilizados
com cautela, haja vista que, com oferta e forragem adequada, o animal consegue
selecionar uma dieta superior àquela obtida na análise laboratorial e/ou presente
na pastagem como um todo.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar a composição química e a
digestibilidade, em função do local da fístula (esôfago ou rúmen) e hora de coleta
(manhã e tarde), da dieta de ovinos mantidos à pasto, na caatinga do Sertão de
Pernambuco.
Material e métodos
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
99
A pesquisa foi realizada de setembro de 2004 a julho de 2005, na Estação
Experimental de Sertânia, pertencente à Empresa Pernambucana de Pesquisa
Agropecuária - IPA, localizada no município de Sertânia. Localiza-se a uma
latitude 08º04'25" sul e a uma longitude 37º15'52" oeste, na microrregião do
Moxotó a 600m acima do nível do mar, em ecossistema de caatinga, com clima
semi-árido quente, temperatura anual média de 25ºC, precipitação acumulada no
período de avaliação de 520 mm, tendo março a junho como os principais meses
chuvosos (dados coletados na estação). Os dados referentes à precipitação
ocorrida durante o ano de 2004 e 2005 encontram-se na Figura 1.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Jane
i
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Fev
e
reiro
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Maio
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un
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N
o
ve
m
b
ro
De
ze
mbro
2004 2005
Precipitação (mm)
Figura 1 Precipitação (mm) observada durante os anos de 2004 e 2005 na
Estação Experimental de Sertânia – PE.
As coletas de extrusa para determinação da composição química da dieta
foram realizadas de setembro/2004 a julho/2005, sendo três avaliações no
período considerado seco (setembro, novembro, janeiro) e três no período
considerado chuvoso (março, maio, julho). Para a determinação da
digestibilidade
in situda dieta, foram realizadas coletas de novembro/2004 a
julho/2005. Na coleta da extrusa para determinação da composição química e
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
100
digestibilidade da dieta selecionada pelos animais, em cada período de coleta
utilizaram-se 10 ovinos mestiços de Santa Inês, castrados, sendo cinco com
cânulas permanentes no rúmen e cinco no esôfago, com peso médio inicial de 25
kg. Os animais permaneceram na área experimental durante todo o ano, sem
suplementação, recebendo água e mistura mineral ‘
ad libitum’.
As coletas de extrusa foram divididas entre os turnos da manhã (às 8
horas) e da tarde (14 horas), em dias alternados, visando minimizar o efeito do
manejo da coleta de extrusa sobre o comportamento de consumo dos animais.
Nas coletas realizadas pela manhã, os animais passavam por um jejum
prévio de 15 horas antes do acesso ao pasto. Os animais fistulados no esôfago
tiveram sua cânula retirada e foi acoplada uma bolsa coletora confeccionada em
lona impermeável, com tela de náilon ao fundo, para saída do excesso de saliva.
Nos animais fistulados no rúmen, todo conteúdo ruminal era removido e
armazenado em baldes, independente do horário de coleta, devidamente
identificados por animal, para ser recolocado no rúmen após a coleta da extrusa.
Em seguida, os animais eram soltos na área experimental por uma hora. Após
este período, eram recolhidos e a extrusa coletada, identificada por mês, animal e
hora de coleta, sendo armazenada para posteriores análises. Nas coletas da tarde,
os animais eram recolhidos da caatinga, imediatamente antes da coleta,
preparados como descrito anteriormente, e soltos na área experimental.
A composição química da extrusa foi analisada no Laboratório de Nutrição
Animal/DZ/UFRPE, sendo determinados os teores de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), segundo as
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
101
metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002). As determinações da fibra em
detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), foram feitas em
aparelho ANKON Techhnology
®
, utilizou-se a metodologia descrita por Van
Soest et al. (1991). Na determinação da proteína insolúvel em detergente neutro
(PIDN) e proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA) foi empregada
metodologia descrita por Licitra et al. (1996). Os teores de carboidratos totais
(CHT = 100 - (PB + EE + MM)) foram estimados segundo Sniffen et al. (1992),
e os teores de carboidratos não fibrosos (CNF = 100 (%PB + (FDN PIDN
CIDN) + %EE + %CZ)) foram obtidos como sugerido por Hall (2001), com
modificação quanto à correção para cinzas no FDN. As análises referentes aos
teores de fenóis totais, taninos totais e taninos condensados foram realizadas de
acordo com metodologia descrita por FAO/IAEA (2000).
Para determinação da digestibilidade
in situ”, as amostras da extrusa
coletadas dos animais com fístula esofágica ou ruminal, foram pré-secas em
estufa de ventilação forçada por 72 horas a temperatura de 45ºC e moídas em
moinho da faca a 5,0 mm, mantendo-se a individualidade das amostras, isto é,
sendo separadas por mês de coleta, tipo de fístula e horário de coleta.
Para a incubação, 1,5g de amostra foram pesados em duplicata, em sacos
de náilon, medindo 10 x 5 cm, com porosidade de 50 micra, previamente pesados
e identificados. Utilizaram-se pequenas sacolas feitas com tecido em forma de
malha para acondicionar os sacos com as amostras para incubação, bem como
um peso com a finalidade de manter o material submerso no rúmen. Essas
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
102
sacolas estavam fixadas a um cordão de nylon com tamanho suficiente para que o
material atingisse a região ventral do rúmen.
O ensaio de digestibilidade
in situ foi realizado utilizando-se os
mesmos ovinos fistulados no rúmen. Cada animal recebeu sua própria amostra de
extrusa e uma proveniente da fístula esofágica, de modo que cada animal recebia
um par de amostras (uma de rúmen e outra de esôfago por tempo de incubação).
Os tempos de incubação estabelecidos foram: 0, 3, 6, 12, 24, 48, 72 e 96
horas. Os sacos foram inseridos em horários decrescentes, de modo a serem
removidos simultaneamente, visando minimizar a interferência da excessiva
manipulação sobre o ambiente ruminal. As amostras correspondentes a hora zero,
não foram colocadas no rúmen, porém lavadas junto com o material retirado após
incubação.
Após a remoção, as sacolas foram lavadas em água corrente para retirada
do excesso de digesta, em seguida os sacos foram retirados, colocados em
máquina de lavar compacta, com intervalos de lavagem de 1 minuto, retirando-se
a água após cada lavagem, até que a mesma estivesse clara. Depois de lavados,
os sacos foram colocados em estufa com ventilação forçada, a 55ºC durante 72
horas, para realização da pré-secagem. Após serem retirados da estufa os sacos
foram colocados em dessecador e após 1 hora, foi feita a pesagem em balança
analítica.
As análises químicas do resíduo da incubação foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal/DZ/UFRPE, sendo determinados os teores de:
matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), segundo as metodologias descritas por
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
103
Silva e Queiroz (2002); fibra em detergente neutro (FDN) feita em aparelho
ANKON Techhnology
®
, utilizando-se a metodologia descrita por Van Soest et
al. (1991).
Foi utilizado o modelo proposto por Orskov e McDonald (1979), para
determinação da degradabilidade potencial e efetiva da MS, PB e FDN com as
fórmulas:
p = a + b (1 – e
-ct
) sendo
p = degradabilidade potencial
a = fração solúvel em água
b = fração potencialmente degradada
c = taxa constante de degradação da fração b
t = tempo de incubação
e,
Dge = a + b x c
, sendo,
c + k
Dge = degradabilidade efetiva
k = taxa de passagem de sólidos no rúmen de 2 e 5%/h, que pode ser atribuído
em nível de consumo alimentar baixo e médio conforme AFRC (1993).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
104
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em
um arranjo fatorial 6 x 2 x 2 (mês de coleta (P) x tipos de fístula (F) x hora de
coleta (H)). De acordo com o modelo abaixo:
Y
ijkl
= µ + P
j
+ F
k
+ H
l
+ P
j
F
k
+ P
j
H
l
+ F
k
H
l
+ P
j
F
k
H
l
+ e
ijkl
onde Y
ijkl
= i-ésima resposta do animal no j-ésimo mês, com o k-ésimo tipo de
fístula, na l-ésima hora, ... e assim por diante com as interações duplas e a tripla
µ = constante comum (e não a média) a todas as observações
P
j
= efeito do j-ésimo mês, j = setembro, novembro, janeiro, março, maio, julho
F
k
= efeito do k-ésimo tipo de fístula, k = rúmen e esófago
H
l
= efeito da l-ésima hora, k = manhã e tarde
... e demais interações duplas e a tripla
e
ijkl
= erro aleatório associado a i-ésima observação, assumido como tendo
distribuição N(0, sigma^2
e
) e independentemente e identicamente distribuídos
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias
comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05) utilizando-se o PROC GLM do SAS
(2004).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
105
Resultados e discussão
As médias referentes à composição química da extrusa de ovinos em
função do mês de coleta encontram-se na Tabela 1. Na Tabela 2 encontram-se os
dados da composição da extrusa em função do tipo de fístula.
Houve efeito do mês de coleta (P<0,05) sobre a composição química da
extrusa dos ovinos, exceto sobre o percentual de fenóis total (Tabela 1),
possivelmente, devido à variação no estado fenológico das plantas (Figura 3,
capítulo 2) e às frações da planta disponíveis para os animais. Vale ressaltar, que
a seletividade exercida pelos ovinos acarretou em diferente composição botânica
da dieta (Tabela 4, capítulo 2) e, conseqüentemente, a composição química.
As principais variações registradas na composição química da dieta
referem-se aos teores de PB, FDN e taninos condensados (Tabela 1). O teor de
PB variou de 10,6% em setembro/2004 a 17,2% em março/2005 o que está
associado a rebrota das plantas e à disponibilidade de material mais jovem no
mês de março, período em que ocorreu maior precipitação pluviométrica
(Figura 1).
Para FDN, observou-se menor variação entre os meses de avaliação, com
média em torno de 60%, exceto no mês de março, que foi de 54,8%.
Araújo Filho et al. (1996), avaliando a composição química da dieta de
ovinos e caprinos em pastoreio combinado, observaram que os ovinos
apresentaram na sua dieta teores de 13,4; 8,5 e 16,5% para proteína; e 52,4; 58,7
e 55,3 % para FDN, nos períodos de transição da estação úmida-seca, estação
seca e na transição da estação seca-úmida, respectivamente.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
106
Tabela 1 - Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN), proteína insolúvel
em detergente ácido (PIDA), carboidratos totais (CHOT), carboidratos não fibrosos (CNF), fenóis totais (FT), taninos totais
(TT) e taninos condensados (TC) da dieta em função do mês de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Mês de coleta
Composição
Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho
Matéria seca 22,64 ± 3,10b 25,28 ±2,52 a 20,41 ± 2,53b 17,53 ± 3,09c 11,99 ± 2,07d 14,17 ± 3,01d
MO
1
88,34 ± 1,64a 87,42 ± 1,44ab 89,00 ± 0,78a 85,92 ± 1,14b 85,55 ± 1,98b 89,07 ± 3,16a
MM
1
11,65 ± 1,64b 12,58 ± 1,44ab 10,99 ± 0,78b 14,07 ± 1,14a 14,44 ± 1,98a 10,92 ± 3,16b
PB
1
13,30 ± 1,50b 10,64 ± 0,93c 13,36 ± 1,22b 14,43 ± 1,54b 17,19 ± 2,44a 16,61 ± 2,09a
EE
1
3,03 ± 0,53b 4,03 ± 1,37ab 4,77 ± 0,88a 3,79 ± 1,74ab 2,95 ± 0,46b 3,35 ± 0,57b
FDN
1
62,02 ± 4,21a 62,23 ± 4,39a 61,10 ± 3,65a 54,83 ± 6,19b 60,40 ± 3,75a 63,14 ± 3,64a
FDA
1
46,62 ± 3,57a 45,60 ± 2,62a 44,35 ± 4,71ab 39,98 ± 5,10b 42,63 ± 4,89ab 39,40 ± 6,83b
PIDIN
2
57,95 ± 5,99ab 53,20 ± 4,48bc 50,73 ± 5,29c 49,74 ± 5,84c 59,76 ± 5,03a 59,06 ± 5,45a
PIDA
2
39,15 ± 8,32a 34,39 ± 5,96ab 31,66 ± 5,70ab 28,52 ± 6,14b 31,38 ± 8,23ab 30,01 ± 6,96b
CHT
1
72,00 ± 2,00ab 72,73 ± 2,29a 70,86 ± 1,57abc 67,69 ± 2,14cd 65,40 ± 2,61d 69,10 ± 5,46bc
CNF
1
9,97 ± 4,21abc 11,51 ± 4,81ab 9,84 ± 3,41abc 12,86 ± 6,26a 5,47 ± 3,40c 5,96 ± 6,14c
FT
1
0,37 ± 0,09a 0,50 ± 0,17a 0,47 ± 0,18a 0,52 ± 0,17a 0,46 ± 0,16a 0,39 ± 0,08a
TT
1
0,25 ± 0,04a 0,28 ± 0,05a 0,26 ± 0,09a 0,16 ± 0,05b 0,26 ± 0,08a 0,23 ± 0,09ab
TC
1
1,28 ± 0,9b 3,17 ± 0,97ab 5,19 ± 3,39a 4,62 ± 2,92a 3,68 ± 1,53ab 6,24 ± 3,99a
1
% MS;
2
% PB; Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
107
Vasconcelos et al. (1996), observaram decréscimo no teor de proteína bruta
da estação chuvosa para a seca, ocorrendo comportamento inverso com as
concentrações de FDN e lignina. Pimentel et al. (1992), trabalhando com ovinos
na caatinga, observaram valores de PB, FDN e DIVMO, ao longo do ano, de 18,4
a 8,9%; 58,55 a 42,1% e 57,3 a 30,1%, respectivamente.
Os maiores valores de tanino condensados foram observados nos meses de
janeiro e julho (5,19% e 6,24%, respectivamente), o que provavelmente está
associado à variação da composição botânica da dieta (Tabela 4, capítulo 2).
Lima et al. (1987), avaliando forrageiras nativas, em área de caatinga, no
sertão de Pernambuco, através da utilização de novilhos fistulados no esôfago,
observaram que em média as dietas continham 17,4% de proteína bruta a mais do
que o pasto, esse aumento pode estar relacionado à participação da leguminosa
Bauhinia cheillantha Steud., do arbusto Cordia leucocephala Moric. e de
poáceas, para a época chuvosa. na época seca, seria devido a participação dos
arbustos e também da leguminosa
Bauhinia cheillantha Steud..
Araújo Filho et al. (1998), estudaram a fenologia e o valor nutritivo de
espécies lenhosas caducifólias da Caatinga, consideradas importantes para dietas
de ruminantes, verificaram flutuações na composição bromatológica e
digestibilidade
in vitro” ao longo do ciclo fenológico, com os melhores índices
alcançados pela vegetação plena, que coincide também com a maior
disponibilidade de fitomassa. A
Caesalpinia pyramidalis Tul e o Herisanthia
tiubae K.Schum
. Bri destacaram-se como as forrageiras de melhor potencial, pois
mantiveram, durante o ciclo fenológico, os teores mais elevados de proteína bruta
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
108
e digestibilidade. As folhas verdes de sabiá, conhecidamente de boa
aceitabilidade, apresentaram teores de tanino próximos aos encontrados para o
Herisanthia tiubae K.Schum. Bri em vegetação plena.
Quanto à comparação entre fístulas (Tabela 2), observou-se efeito
significativo (P<0,05) sobre os teores de MS, MO, FDN, FDA e MM, o que pode
ser devido à diferença na recuperação da extrusa das fístulas utilizadas.
Tabela 2 - Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), matéria mineral
(MM), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) da dieta em função do tipo de fístula de ovinos, em área de
caatinga, no sertão de Pernambuco
Fístula
Composição
Esôfago Rúmen
MS (%) 17,56 ± 5,75b 20,10 ± 4,71a
MO
1
86,88 ± 2,57b 88,11 ± 1,67a
MM
1
13,11 ± 2,57a 11,88 ± 1,67b
FDN
1
58,78 ± 4,92b 62,21 ± 4,66a
FDA
1
41,82 ± 5,90b 44,62 ± 4,29a
1
% MS; Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
A fístula ruminal proporciona recuperação total da amostra de extrusa,
enquanto que com a esofágica ocorreu recuperação incompleta, devido ao
tamanho da fístula ser insuficiente para passagem de algumas partes da planta
ingeridas pelo animal, como folhas maiores ou partes de caules, principalmente
de espécies arbustivas. Tal resultado é evidenciado pelos maiores valores de MS,
MO, FDN e FDA para a extrusa coletada via rúmen, como apresentado na Tabela
2. o teor de MM apresentou-se superior na extrusa coletada via fístula
esofágica, possivelmente devido a maior concentração de saliva, que por ser rica
em minerais pode ter contribuído para o aumento deste composto.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
109
Vale ressaltar ainda que, dependendo das características físicas das plantas,
pode haver formação de pequenos bolos alimentares que são deglutidos pelo
animal, não caindo na bolsa coletora, resultando, então, em possíveis falhas na
determinação correta da composição química da dieta selecionada.
A hora de coleta influenciou (P<0,05) o teor de MS, MO e MM da extrusa
(Tabela 3) o que pode ser relacionado ao efeito do jejum provocado ao animal
quando da coleta no horário da manhã, o que proporciona maior avidez ao
consumo quando o animal era solto na área, tendo como conseqüência maior
produção de saliva e contaminação da amostra.
Tabela 3 - Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e matéria
mineral (MM) da dieta, em função da hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Hora de coleta
Composição
Manhã Tarde
MS (%) 19,70 ± 5,87a 18,10 ± 4,71b
MO
1
87,43 ± 2,08b 87,63 ± 2,37a
MM
1
12,56 ± 2,08a 12,36 ± 2,37b
1
% MS; Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
Em relação às amostras oriundas do período da manhã, os animais haviam
passado pelo jejum, desta forma, a possibilidade de contaminação da amostra por
material ruminado tornou-se pouco provável, principalmente em relação aos
animais que possuíam cânula ruminal, devido ao esvaziamento realizado antes da
coleta da amostra. Entretanto, para as coletas realizadas à tarde, observou-se que
nos animais com fístula esofágica ocorria uma pequena participação de material
ruminado, o que aparece como ponto negativo na utilização desse tipo de fístula
para coleta de amostras de extrusa sem que estes tenham passado por jejum
prévio.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
110
Houve interação entre mês de coleta e tipo de fístula (P<0,05) para o teor
de MS e PIDN (%PB), o que é justificado pelos efeitos mencionadas
anteriormente sobre os fatores avaliados isoladamente.
Tabela 4 - Teores de matéria seca (MS) e proteína insolúvel em detergente neutro
(PIDN) da dieta em função da interação mês x fístula de ovinos, em
área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Composição
Mês Fístula
MS (%) PIDN (% da PB)
Rúmen 22,78 ± 3,98a 54,29 ± 4,93bc
Setembro
Esôfago 22,44 ± 1,64a 62,83 ± 3,03a
Rúmen 25,04 ± 3,09a 52,26 ± 3,90cd
Novembro
Esôfago 25,51 ± 2,07a 54,14 ± 5,18bcd
Rúmen 22,47 ± 1,08a 51,90 ± 4,83cd
Janeiro
Esôfago 18,34 ± 1,63bc 49,56 ± 5,92cd
Rúmen 14,91 ± 1,59cd 53,46 ± 2,64bcd
Março
Esôfago 20,11 ± 1,59ab 46,02 ± 5,90d
Rúmen 13,59 ± 0,52de 57,56 ± 4,20abc
Maio
Esôfago 10,39 ± 1,73e 61,96 ± 5,13ab
Rúmen 11,87 ± 2,68de 62,65 ± 5,61ab
Julho
Esôfago 15,70 ± 1,84cd 56,67 ± 2,84abc
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Houve interação entre os meses do ano e hora de coleta (P<0,05) para os
teores de FDN, FDA, PIDN (%PB) e CNF (Tabela 5). Devido a variação na
composição química e disponibilidade de forragem ao longo do período
experimental, os animais passaram a se adaptar a esta situação, tentando
expressar ao máximo seu poder de seleção sobre a fitomassa existente na
pastagem, objetivando selecionar dieta de melhor qualidade para atendimento de
suas necessidades.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
111
Tabela 5 - Teores de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), proteína insolúvel em detergente neutro
(PIDN), carboidratos não fibrosos (CNF) da dieta, em função da interação mês x hora de coleta da extrusa de ovinos, em área
de caatinga, no sertão de Pernambuco
Composição (%)
Mês Hora
FDN
1
FDA
1
PIDN
2
CNF
1
Manhã 63,26 ± 4,83a 46,98 ± 3,52a 58,23 ± 7,97ab 7,74 ± 3,73abc
Setembro
Tarde 60,78 ± 3,38a 46,26 ± 3,86a 57,67 ± 3,75ab 12,19 ± 3,60ab
Manhã 61,26 ± 4,24a 45,58 ± 2,48a 55,54 ± 3,31abcd 11,76 ± 5,72abc
Novembro
Tarde 63,20 ± 4,71a 45,63 ± 2,98a 50,86 ± 4,48cd 11,21 ± 4,09abc
Manhã 59,44 ± 3,31ab 43,63 ± 4,56ab 49,03 ± 4,12cd 11,41 ± 3,08abc
Janeiro
Tarde 62,76 ± 3,43a 45,07 ± 5,18 52,43 ± 6,14bcd 8,26 ± 3,19abc
Manhã 51,84 ± 7,35b 37,56 ± 5,28bc 47,16 ± 6,74d 16,45 ± 6,59a
Março
Tarde 57,81 ± 2,99ab 42,38 ± 3,95ab 52,32 ± 3,69bcd 9,27 ± 3,45abc
Manhã 62,23 ± 2,64a 44,96 ± 2,95ab 65,59 ± 4,59a 4,63 ± 3,50bc
Maio
Tarde 58,57 ± 3,99ab 40,30 ± 5,55abc 56,93 ± 3,92abc 6,17 ± 3,47bc
Manhã 65,60 ± 3,26a 44,27 ± 4,48ab 57,26 ± 6,37abc 3,34 ± 2,82c
Julho
Tarde 60,68 ± 2,03a 34,53 ± 5,06c 60,85 ± 4,26ab 8,58 ± 7,73abc
1
% MS;
2
% PB; Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
112
Para as variáveis MS, MM, MO houve efeito (P<0,05) da interação entre
tipo de fístula e hora de coleta (Tabela 6). Esse comportamento pode estar
associado a porcentagem de recuperação da extrusa, a contaminação pela saliva
ou pelo suco gástrico conforme o tipo de fístula e a seletividade do animal, que
podem ser afetados pelo período de jejum.
Tabela 6 - Teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM) e matéria
orgânica (MO) da dieta, em função da interação fístula x hora de
coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Composição (% da MS)
Fístula Hora
MS MM MO
Manhã 21,58 ± 5,14a 11,48 ± 1,76b 88,51 ± 1,76a
Rúmen
Tarde 18,62 ± 3,83b 12,29 ± 1,50ab 87,70 ± 1,50ab
Manhã 17,61 ± 6,06b 13,77 ± 1,74a 86,22 ± 1,74b
Esôfago
Tarde 17,52 ± 5,60b 12,45 ± 3,12ab 87,54 ± 3,12ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
A degradabilidade potencial, a fração potencialmente degradável, a taxa de
degradação da fração potencialmente degradável, fração solúvel e
degradabilidade efetiva da MS, PB e FDN, em função do mês de coleta, são
apresentadas nas Tabelas 7, 10 e 13, respectivamente. Provavelmente, as
variações na composição química da extrusa nos diferentes períodos de
avaliação, resultaram em diferenças na degradabilidade da MS, PB e FDN da
dieta selecionada pelos ovinos.
Houve efeito do mês de avaliação (P<0,05) sobre todas as variáveis
analisadas, com relação a degradabilidade da matéria seca (Tabela 7). Este
comportamento está diretamente relacionado à variação nos teores dos nutrientes
da forragem ao longo do ano (Tabela 1), visto que a matéria seca é composta por
estes nutrientes.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
113
Tabela 7 Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável (B), taxa de degradação da fração potencialmente
degradável (C), fração solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da matéria
seca da dieta, em função do mês de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Mês
Parâmetros
Novembro Janeiro Março Maio Julho
DP (%) 48,65 ± 6,69c 52,41 ± 6,39c 64,63 ± 7,06a 63,76 ± 8,66ab 55,87 ± 9,98bc
B (%) 38,90 ± 4,04bc 35,77 ±5,19c 47,78 ± 3,41a 45,63 ± 8,50b 40,39 ± 7,52 bc
C (%/h) 13,40 ± 3,76a 8,24 ±1,46b 8,93 ± 1,63b 4,60 ± 1,81c 7,12 ± 1,65bc
A (%) 9,74 ± 3,60b 16,63 ± 5,13a 16,84 ± 4,78a 18,13 ± 4,18a 15,43 ± 3,53a
DE
2
(%) 43,28 ± 5,38b 45,24 ± 6,17b 55,71 ± 7,45a 48,73 ± 7,57ab 48,82 ± 9,38b
DE
5
(%) 37,60 ±4,33b 38,68 ± 6,01b 47,27 ± 7,49a 39,03 ± 7,05b 39,05 ± 8,55b
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
114
Houve interação significativa (P<0,05) entre o mês e hora de coleta sobre a
degradabilidade potencial, a taxa de degradação da fração potencialmente
degradável, a fração solúvel e a degradabilidade efetiva da matéria seca (Tabela
8). Este comportamento acompanha o apresentado pelo teor de matéria seca
(Tabela 1), possivelmente, sendo explicado pela variação das frações da planta
selecionadas pelos animais ao longo do período experimental, tanto no horário da
manhã como no da tarde.
Batista & Mattos (2004) atribuíram a redução na digestibilidade da dieta
dos ruminantes em área de caatinga à maior participação de caules e de folhas de
plantas lenhosas, mais ricas em compostos secundários, que contribuem para esta
redução.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
115
Tabela 8 - Degradabilidade potencial (DP), taxa de degradação da fração potencialmente degradável (C), fração solúvel (A) e
degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da matéria seca da dieta, em função da interação
mês x hora de coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Mês Hora DP (%) C (%/h) A (%) DE
2
(%) DE
5
(%)
Manhã 46,75 ± 7,46c 15,32 ± 4,32a 8,21 ± 3,53c 42,00 ± 6,04c 36,79 ± 4,81bc
Novembro
Tarde 50,54 ± 5,83b 11,47 ± 1,92ab 11,27 ± 3,23c 44,56 ± 4,82bc 38,41 ± 4,07bc
Manhã 55,30 ± 5,80abc 7,83 ± 1,85bcd 18,97 ± 5,34ab 47,65 ± 6,45abc 40,86 ± 6,67abc
Janeiro
Tarde 49,52 ± 6,02b 8,65 ± 1,00bc 14,30 ± 4,00abc 42,82 ± 5,30bc 36,50 ± 4,86bc
Manhã 67,91 ± 8,74a 9,21 ± 1,61bc 19,33 ± 5,48a 59,16 ± 9,23a 50,74 ± 9,26a
Março
Tarde 61,34 ± 2,74ab 8,66 ± 1,76bc 14,35 ± 2,31abc 52,25 ± 2,87ab 43,80 ± 3,48ab
Manhã 60,18 ± 6,51ab 3,81 ± 1,00d 15,68 ± 3,54ab 44,63 ± 5,00bc 34,75 ± 4,40c
Maio
Tarde 68,06 ± 9,61a 5,54 ± 2,35cd 21,06 ± 2,89a 53,65 ± 7,53ab 44,16 ± 6,29ab
Manhã 47,51 ± 5,91b 6,16 ± 1,34cd 12,75 ± 1,76abc 38,77 ± 4,68c 31,72 ± 3,99c
Julho
Tarde 64,14 ± 4,08a 8,08 ± 1,92bc 18,11 ± 2,64ab 54,85 ± 3,82ab 46,37 ± 3,81ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
116
Houve interação significativa entre o tipo de fístula e a hora de coleta
(P<0,05) sobre a degradabilidade potencial e a fração potencialmente degradável
da matéria seca (Tabela 9).
Tabela 9 - Degradabilidade potencial (DP) e fração potencialmente degradável
(B) da matéria seca da dieta, em função da interação fístula x hora de
coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Fístula Hora DP (%) B (%)
Manhã 53,18 ± 9,11b 38,58 ± 6,49b
Rúmen
Tarde 59,36 ± 8,20a 44,19 ± 5,98a
Manhã 58,63 ± 11,21ab 43,05 ± 6,88ab
Esôfago
Tarde 57,03 ± 10,52ab 41,09 ± 8,99ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
Dornelas (2003) encontrou para a degradabilidade potencial, a fração
potencialmente degradável, a taxa de degradação da fração potencialmente
degradável, a fração solúvel e a degradabilidade efetiva (a 2 e 5%/h) da matéria
seca em caprinos, dos fenos de jureminha e feijão bravo, valores de 69,53 e
49,34%; 50,01 e 23,29%; 5,11 e 4,42%/h; 19,53 e 26,05%; 53,75 e 41,83%;
43,27 e 36,78%, respectivamente.
Van Soest (1994) reportou altas correlações negativas entre fibra em
detergente ácido e lignina, com digestibilidade da matéria seca e orgânica de
várias gramíneas e leguminosas forrageiras. Marques & Batista (1998),
observaram degradabilidade potencial e taxa de degradação da MS e da PB para
a sabiá de 53,82% e 5,7 %/h e 57,21% e 2,3%/h, respectivamente.
Moreira et al. (2006), analisando a extrusa coletada de bovinos fístulados no
esôfago, mantidos sob pastejo, em área de caatinga, durante a época chuvosa em
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
117
Serra Talhada–PE, observaram valores para a DIVMS de 43,93 a 31,89% e
teores de NDT de 38,54 a 38,10%, durante o período chuvoso.
A Tabela 10 apresenta os parâmetros da digestibilidade “in situ” da fibra em
detergente neutro, da extrusa em relação ao mês de coleta. Para degradabilidade
potencial, fração potencialmente degradável, taxa de degradação da fração
potencialmente degradável e degradabilidade efetiva da fibra em detergente
neutro. O mês de coleta das amostras exerceu efeito significativo (P<0,05). Este
efeito, possivelmente, foi devido às mudanças na composição botânica e química
da vegetação ao longo do período experimental, afetando as espécies presentes
na área, bem como as partes da planta que estariam disponíveis à seleção dos
animais para composição de sua dieta.
Pode-se associar o efeito da variação na degradabilidade da FDN à
proporção dos tecidos que compõe a anatomia das plantas, que possuem taxa e
extensão de digestão diferenciada. Neste sentido, Paciullo (2002) afirmou que a
lenta ou parcial digestão de alguns tecidos como a epiderme e a bainha
parenquimática dos feixes advém principalmente, do arranjo adensado de suas
células e da elevada espessura das paredes celulares que, geralmente,
apresentam-se lignificadas. No que diz respeito às forrageiras nativas da
caatinga, trabalhos realizados sobre anatomia são escassos.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
118
Tabela 10 – Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável(B), taxa de degradação da fração potencialmente
degradável (C), fração solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da fibra
em detergente neutro da dieta em função do mês de coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Mês
Parâmetros
Novembro Janeiro Março Maio Julho
DP (%) 36.43 ± 7,24c 39,28 ± 5,10bc 51,44 ± 7,57a 54,34 ± 9,51a 47,83 ± 8,67ab
B (%) 33,28 ± 7,13b 36,99 ± 5,21b 47,03 ± 5,61a 50,38 ± 8,80a 45,67 ± 8,31a
C (%/h) 8,02 ± 4,31a 6,81 ± 1,45ab 8,42 ± 2,78a 3,84 ± 10,6b 5,54 ± 2,34ab
A (%) 3,15 ± 1,95a 2,28 ± 5,09a 4,41 ± 7,23a 3,96 ± 4,23a 2,16 ± 3,04a
DE
2
(%) 29,21 ± 6,83b 30,67 ± 5,44b 41,89 ± 8,56a 36,54 ± 7,71ab 35,06 ± 9,82ab
DE
5
(%) 23,02 ± 6,59b 23,43 ± 5,45b 33,33 ± 9,12a 25,46 ± 6,58ab 25,77 ± 9,09ab
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
119
A tabela 11 apresenta as médias obtidas da interação hora x mês de coleta
sobre a degradabilidade potencial e efetiva da FDN (P<0,05), que pode estar
associada às plantas disponíveis na pastagem e suas diferentes frações (folha,
caule, fruto, semente ou flor), bem como a seletividade exercida pelos animais no
ato do pastejo.
Tabela 11 - Degradabilidade potencial (DP) e degradabilidade efetiva para as
taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da fibra em detergente
neutro da dieta, em função da interação mês x hora de coleta da
extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Mês Hora DP (%) DE
2
(%) DE
5
(%)
Manhã 35,72 ± 7,12d 28,31 ± 5,22c 22,02 ± 3,96b
Novembro
Tarde 37,14 ± 7,97d 30,12 ± 8,57bc 24,01 ± 8,81ab
Manhã 40,62 ± 5,83cd 31,39 ± 6,59bc 23,94 ± 6,52ab
Janeiro
Tarde 37,93 ± 4,34cd 29,95 ± 4,52bc 22,92 ± 4,69ab
Manhã 55,26 ± 9,01ab 45,13 ± 10,51a 36,09 ± 11,24a
Março
Tarde 47,63 ± 3,18abcd 38,64 ± 5,07abc 30,56 ± 6,18ab
Manhã 51,79 ± 6,45abc 33,13 ± 5,34abc 21,95 ± 4,63b
Maio
Tarde 57,40 ± 12,35a 40,63 ± 8,64abc 29,68 ± 6,37ab
Manhã 41,26 ± 6,20bcd 27,27 ± 6,21c 18,64 ± 5,40b
Julho
Tarde 54,40 ± 4,78ab 42,86 ± 5,14ab 32,85 ± 5,49ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
Houve interação entre o tipo de fístula e a hora de coleta (P<0,05) sobre a
fração potencialmente degradada da fibra em detergente neutro (Tabela 12). Este
efeito pode estar associado ao material recuperado oriundo de cada fístula, a
seleção do animal ao longo do dia por determinadas partes da planta e ao tempo
de pastejo. Vale ressaltar ainda, que os animais no ato do pastejo tinham
preferência por determinadas áreas, ocorrendo assim “ilhas de pastejo” dentro da
área experimental.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
120
Tabela 12 - Fração potencialmente degradável (B) da Fibra em detergente neutro
da dieta, em função da interação fístula x hora de coleta da extrusa de
ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Fístula Hora B (%)
Manhã 39,76 ± 8,43b
Rúmen
Tarde 45,42 ± 8,74a
Manhã 44,25 ± 10,06ab
Esôfago
Tarde 40,47 ± 10,28ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
Dornelas (2003), trabalhando com caprinos e incubação dos fenos de
jureminha e feijão bravo, obteve valores de 43,52 e 48,82% para a
degradabilidade potencial; 43,52 e 48,82% para a fração potencialmente
degradável; 4,32 e 4,94%/h para a taxa de degradação da fração potencialmente
degradável; 0,0 e 0,0% para a fração solúvel; 27,36 e 34,19% e 18,21 e 23,81%
para a degradabilidade efetiva a 2 e 5%/h, respectivamente, da fibra em
detergente neutro.
Foi observado efeito significativo do mês de coleta (P<0,05) sobre a
degradabilidade potencial, fração potencialmente degradável, fração solúvel e
degradabilidade efetiva da proteína bruta (Tabela 13). O efeito do mês de coleta
está associado à variação do teor de proteína ao longo do período experimental
(Tabela 1), de forma que pode ter ocorrido mudança na disponibilidade da
proteína, em relação às suas distintas frações. Compostos indisponíveis entre a
fração protéica e os carboidratos ou compostos secundários existentes nas
plantas, como é o caso dos taninos, que podem ter sido formados.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
121
Tabela 13 Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente degradável(B), taxa de degradação da fração potencialmente
degradável (C), fração solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da
proteína bruta da dieta, em função do mês de coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de Pernambuco
Mês
Parâmetros
Novembro Janeiro Março Maio Julho
DP (%) 62,13 ± 8,21b 75,74 ± 6,47a 77,24 ± 6,56a 71,27 ± 9,72ab 63,67 ± 11,27b
B (%) 42,03 ± 7,20bc 44,25 ± 8,70b 56,09 ± 10,31a 49,54 ± 8,28ab 35,44 ± 11,20c
C (%/h) 14,36 ± 5,14a 13,97 ± 19,98a 8,02 ± 1,64a 7,19 ± 3,00a 5,37 ± 1,76a
A (%) 20,21 ± 10,50b 31,49 ± 10,83a 21,15 ± 10,56ab 21,51 ± 9,57ab 28,71 ± 10,68ab
DE
2
(%) 56,78 ± 8,42bc 67,49 ± 8,18a 65,85 ± 6,48ab 55,84 ± 10,00a 56,46 ± 9,91c
DE
5
(%) 50,96 ± 8,70abc 59,99 ± 9,64a 55,49 ± 7,00ab 45,74 ± 9,48c 49,75 ± 9,19bc
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
122
Kohn & Allen (1995) relataram que a degradação ruminal da proteína bruta
depende da taxa de degradação individual de cada proteína no rúmen e de sua
taxa de passagem, podendo esses fatores ser influenciados pela associação da
proteína com outros componentes do alimento e pela disponibilidade de ligações
peptídicas ao ataque enzimático.
A hora de coleta das amostras exerceu influência significativa (P<0,05)
sobre a degradabilidade potencial, fração potencialmente degradável e
degradabilidade efetiva da proteína bruta (Tabela 14). Pode-se associar este
efeito à influência do horário de pastejo, pois nas coletas realizadas pela manhã,
devido a temperatura estar mais amena, os animais tinham a possibilidade de
pastejar e selecionar melhor sua dieta. Entretanto quanto à coleta da tarde, o
horário de sua realização (14:00 horas) pode ter interferido no processo de
pastejo devido ao possível desconforto térmico imposto aos animais.
Tabela 14 Degradabilidade potencial (DP), fração potencialmente
degradável(B) e degradabilidade efetiva para as taxas de
passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e DE
5
), da proteína bruta da dieta
em função da hora de coleta da extrusa de ovinos, em área de
caatinga, no sertão de Pernambuco
Hora
Parâmetros
Manhã Tarde
DP (%) 72,84 ± 11,69a 67,67 ± 10,61b
B (%) 49,40 ± 10,71a 42,23 ± 9,70b
DE
2
(%) 63,59 ±11,50a 57,93 ± 6,66b
DE
5
(%) 55,05 ± 11,53a 50,22 ± 7,16b
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
123
A Tabela 15 apresenta as médias da interação entre o mês e hora de coleta
(P<0,05) sobre a fração potencialmente degradável e sobre a fração solúvel da
proteína bruta. Esta interação pode ser explicada pela variação do teor de
proteína ao longo dos meses, bem como pela parte da planta que foi selecionada
pelo animal.
Tabela 15 - Fração potencialmente degradável(B) e fração solúvel (A) da
proteína bruta da dieta, em função da interação mês x hora de
coleta da extrusa de ovinos, em área de caatinga, no sertão de
Pernambuco
Mês Hora B (%) A (%)
Manhã 45,09 ± 6,7bc 14,17 ± 5,41b
Novembro
Tarde 38,97 ± 6,80cd 26,24 ± 11,21ab
Manhã 43,22 ± 11,97bc 33,78 ± 14,97a
Janeiro
Tarde 45,28 ± 4,54bc 29,18 ± 4,61ab
Manhã 47,69 ± 5,85bc 28,19 ± 9,92ab
Março
Tarde 64,49 ± 5,50a 14,11 ± 5,32b
Manhã 45,96 ± 8,39bc 22,20 ± 11,51ab
Maio
Tarde 53,82 ± 6,41ab 20,67 ± 7,86ab
Manhã 26,58 ± 7,14d 30,19 ± 9,44ab
Julho
Tarde 44,30 ± 5,96bc 27,23 ± 12,74ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
Foi observado efeito significativo (P<0,05) da interação entre tipo de fístula
e hora de coleta sobre a degradabilidade potencial, fração solúvel e
degradabilidade efetiva da proteína bruta (Tabela 16). Associa-se essa interação à
diferença na recuperação da amostra entre os animais com fístula esofágica e
ruminal, que resultou em amostras diferentes na sua composição química e
botânica, devido a participação de componentes da dieta, que puderam ser
recuperados nas amostras de extrusa de origem ruminal, por se tratarem de
frutos, sementes ou partes destes que não conseguiam passar pela fístula
esofágica.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
124
Tabela 16 - Degradabilidade potencial (DP), fração solúvel (A) e degradabilidade efetiva para as taxas de passagem de 2 e 5%/h (DE
2
e
DE
5
), da proteína bruta da dieta em função da interação fístula x hora de coleta da extrusa, de ovinos em área de caatinga,
no sertão de Pernambuco
Fístula Hora DP (%) A (%) DE
2
(%) DE
5
(%)
Manhã 64,94 ± 11,48b 23,83 ± 13,42ab 56,08 ± 11,30b 48,65 ± 11,62bRúmen
Tarde 74,85 ± 5,00a 27,90 ± 10,33ab 66,49 ± 5,46a 58,64 ± 7,25a
Manhã 70,60 ± 11,59ab 27,39 ± 10,97a 59,90 ± 11,79ab 51,91 ± 11,62ab
Esôfago
Tarde 70,84 ± 10,02ab 19,01 ± 7,39b 60,68 ± 6,64ab 51,45 ± 5,10ab
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de tukey (P>0,05)
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
125
Dornelas (2003), avaliou a degradabilidade potencial (%), fração
potencialmente degradável (%), taxa de degradação da fração potencialmente
degradável (%/h), fração solúvel (%) e degradabilidade efetiva (2 e 5%/h) da
proteína bruta, obtendo valores de 76,92; 47,87; 4,39; 29,05; 61,43; 51,00 e
71,84; 37,77; 5,36; 34,07; 61,23; 53,31, para os fenos de jureminha e feijão
bravo, respectivamente.
Vieira et al. (1998), utilizando caprinos da raça moxotó, avaliaram a
digestibilidade da matéria seca, fibra em detergente neutro e da proteína do feno
de três forrageiras nativas. Os autores encontraram valores de 39,92, 38,45 e
62,95% para o feno de jucá; 34,04, 35,44 e 36,75% para o feno de mororó e
40,81, 34,42 e 27,37% para o feno de sabiá, respectivamente.
Considerando-se as variações observadas na composição química e
digestibilidade da dieta, sugere-se que em futuros trabalhos, inicialmente seja
realizado o acompanhamento do comportamento animal em pastejo,
determinando assim seus horários de pastejo e ruminação, para que desta forma
as coletas da extrusa para determinação da dieta esteja altamente associada aos
hábitos dos animais.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
126
Conclusões
A composição química e a digestibilidade in situ da dieta de ovinos na
caatinga é influenciada pelo mês de avaliação.
Embora a dieta possua alto percentual de proteína bruta, parte dessa
proteína está indisponível para o animal por estar ligada a fibra em detergente
ácido.
A dieta dos ovinos em área de caatinga apresentou baixa digestibilidade
in
situ
” da matéria seca, fibra em detergente neutro e proteína bruta.
A fístula ruminal permite melhor avaliação da dieta de ovinos na caatinga
do que a fístula de esôfago, devido à recuperação total da extrusa.
SANTOS, G.R.A. Caracterização da vegetação...
127
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