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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC
Centro de Ciências Físicas e Matemáticas - CFM
Curso de Pós-Graduação em Química
ESTUDO DAS INTERAÇÕES DE ÍONS METÁLICOS
DIVALENTES
COM ÁCIDOS FÚLVICOS EXTRAÍDOS DAS ÁGUAS
DO RIO SUWANNEE
Denise de Oliveira Vaz
Tese de Doutorado aprovada pelo Programa de
Pós-Graduação em Química da UFSC, como
parte dos requisitos para a obtenção do título
de Doutora em Química.
Área de Concentração: Química Inorgânica
Orientador: Prof. Dr. Bruno Szpoganicz
Florianópolis – SC, Brasil
março, 2006
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
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AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Bruno Szpoganicz pela orientação e invejável criatividade e
praticidade na resolução de problemas cotidianos.
Ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento) e à
FUNCITEC (Fundação de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina) pelos recursos
financeiros fornecidos para a presente pesquisa.
Aos secretários da secretaria da Pós-Graduação em Química (Graça e Jadir),
pela boa vontade e bom humor na prestação dos serviços.
Aos colegas do laboratório 214, em especial, Andréia Neves Fernandes, pela
sua boa vontade e rapidez em nosso trabalho em equipe.
Aos colegas dos laboratórios 311 e 313, pela companhia durante esta longa
jornada, em especial ao Nicolas Isoppo e à Veronika W. Aires pela cuidadosa
colaboração nos trabalhos em equipe, bem como pela amizade e cumplicidade.
Ao Prof. Dr. Nicola Senesi (Doutor Honoris Causa – Universitè de Toulouse,
França), membro diretor da IUPAC e da IHSS, pela valiosa colaboração na
interpretação de alguns resultados, além de enviar alguns reprints imprescindíveis
para a conclusão deste trabalho (grazie!).
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................i
LISTA DE TABELAS ...........................................................................................................v
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................................vi
RESUMO............................................................................................................................vii
ABSTRACT........................................................................................................................viii
OBJETIVOS.........................................................................................................................1
Capítulo 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...........................................................................2
1.1.As substâncias húmicas (SH) e sua formação na natureza..........................................2
1.2. Classificação das SH e sua importância para o planeta...............................................4
.
1.3.Composição elementar, grupos funcionais e estrutura das SH....................................6
1.4.Interações das SH com íons metálicos........................................................................11
1.5. Aspectos toxicológicos e biodisponibilidade de íons metálicos..................................15
Capítulo 2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ............................................................17
2.1. Materiais......................................................................................................................17
2.2. Métodos......................................................................................................................19
2.2.1.Titulação potenciométrica.................... ....................................................................19
2.2.2. Programa computacional BEST7............................................................................ 19
2.2.3. Softwares SPE e SPELOT......................................................................................20
2.2.4. Método de Gran Modificado.....................................................................................20
2.2.5. Alise clássica dos grupos funcionais: método de Schnitzer e Gupta...................24
2.2.6. Sistema operacional da titulão potenciométrica...................................................25
2.2.7. Titulação do sistema modelo para SH.....................................................................26
2.2.8. Espectroscopia de absorção molecular de luz na região do ultravioleta
e visível (UV-Vis).....................................................................................................27
2.2.9. Espectroscopia de absorção de luz na região do infravermelho com transformada
de Fourier (FTIR).....................................................................................................27
2.2.10. Espectroscopia de fluorescência...........................................................................28
Capítulo 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................................29
Parte A - Estudo da mistura modelo para SH
3.1. Determinação das constantes de protonação dos grupos funcionais da mistura
modelo.......................................................................................................................29
3.2. Medidas das quantidades molares dos grupos funcionais da mistura modelo..........31
3.3.Complexão dos grupos funcionais da mistura modelo com íons metálicos divalen-
tes Cu (II), Zn (II) e Cd (II).........................................................................................33
3.4.Aplicação da espectroscopia de absorção molecular de luz na região do ultravioleta
e do visível (UV-Vis) na identificação de espécies de Cu (II) encontradas
na potenciometria ......................................................................................................42
Parte B – Aplicação da metodologia desenvolvida ao estudo do AFRS
3.5.
Medidas das quantidades molares dos grupos funcionais do AFRS.........................44
3.6. Determinação das constantes de protonação dos grupos funcionais
do AFRS.....................................................................................................................47
3.7. Complexação dos grupos funcionais do AFRS com os íons divalentes
cobre, cádmio e zinco.................................................................................................49
3.8. Aplicação da espectroscopia de absorção de luz na região do infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR) no estudo das interações dos íons Cu (II) e
Cd (II) com o AFRS....................................................................................................56
3.9.Aplicação da espectroscopia de fluorescência ao estudo da complexação dos
grupos funcionais do AFRS com os íons Cu (II), Zn (II) e Cd (II)...............................64
CONCLUSÕES..................................................................................................................70
TRABALHOS FUTUROS...................................................................................................71
REFERÊNCIAS..................................................................................................................72
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 -
Etapas da formão das SH na natureza.......................................................2
Figura 2 -
Modelo do AH de solo mostrando os diversos grupos funcionais,
estruturas aromáticas e alifáticas (adaptado de Schulten e Schnitzer)............9
Figura 3
Modelo geral de estrutura de SH, evidenciando os principais tipos de grupos
funcionais ........................................................................................................9
Figura 4 –
Desenho ilustrativo da estrutura de SH em forma de “fita”, enfatizando
a flexibilidade da macromolécula.....................................................................10
Figura 5 –
Desenho ilustrativo da condensação da estrutura espiral de SH ao
acaso................................................................................................................11
Figura 6 -
Esquema da complexação do metal Cu (II) com diferentes sítios
complexantes de SH........................................................................................14
Figura 7 -
Gráfico
(Vo + V).10
-pH
versus volume de KOH (mL)........................................19
Figura 8 -
Gráfico
(Vo + V).10
-pOH
versus volume de KOH (mL)......................................20
Figura 9 -
Gráfico pH / • V versus Volume de KOH (mL)...............................................21
Figura 10 -
Mapa indicando a localização do rio Suwannee no sudeste dos EUA...........24
Figura 11 –
Sistema utilizado na titulação potenciométrica..............................................25
Figura 12 -
Fórmulas estruturais das substâncias usadas para o sistema modelo:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
(B)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico e
(C)
ácido aminoacético.....................................................................................27
Figura 13 -
Curvas p[H] versus a (mmol KOH/mmol de ligante), onde:
(
A
) ácido 2,4- dihidroxibenzóico, (
B
) ácido benzeno-1,2-dicarboxílico,
(
C
) ácido aminoacético, e (
D
) mistura dos três ácidos.
concentração de cada componente = 0,05 mmol em 50 mL de
solução............................................................................................................29
Figura 14
- Diagrama de distribuição de espécies da mistura modelo (% de
espécies versus p[H]). Onde: H
3
A – ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
H
2
B - ácido benzeno-1,2-dicarboxílico, e H
2
C - ácido aminoacético.
Demais espécies aparecem desprotonadas.
µ=0,1 mol L
-1
KCl,T=25 ºC, Concentrão inicial de cada componente =
~ 0,05 mmols em 50 mL de solução...............................................................31
Figura 15 -
Curvas de titulação potenciométrica:
(A)
mistura modelo,
(B)
mistura modelo com solução de Cu (II),
(C)
mistura modelo com solução de Zn (II), e
(D)
mistura modelo com solução de Cd(II), na proporção
(em número de mmols) 1:1 (metal:ligante). (µ=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC,
Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL de
solução)..........................................................................................................33
i
Figura 16 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Cu(II) versus p[H], na
razão molar 1:1
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico
(A)
,
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico
(B)
e ácido aminoacético
(C)
. Somente
as espécies que contém Cu(II) foram mostradas. µ=0,1 mol L
-1
KCl,
T=25 ºC, Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL
de solão.......................................................................................................35
Figura 17-
Formação de complexos CuL (1:1) e CuL
2
(1:2) de Cu(II) e aminoácido (L)...36
Figura 18 -
Representação das estruturas dos complexos formados que foram
detectados no diagrama de espécies da
Figura 16
.......................................37
Figura 19 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Zn (II) versus p[H], na
razão molar 1:1.
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico
(A)
,
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico
(B)
, e ácido aminoacético
(C)
.
Somente as espécies que contém Zn (II) foram mostradas.
(µ=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC, Concentração de cada componente
~ 0,05 mmols em 50 mL de solão...............................................................38
Figura 20 -
Representação das estruturas dos complexos formados com o íon Zn(II)
que foram detectados no diagrama de espécies da
Figura 19
.....................39
Figura 21 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Cd(II) versus p[H], na
razão molar 1:1.
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico (
A
);
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico (
B
) e ácido aminoacético (
C
).
Somente as espécies que contém Cd(II) foram mostradas.
=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC, Concentração de cada componente
~ 0,05 mmols em 50 mL de solução)..............................................................40
Figura 22 -
Representação das estruturas dos complexos formados com o íon Cd (II)
que foram detectados no diagrama de espécies da
Figura 21
......................41
Figura 23 -
Espectros
de UV-Vis:
(A)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico;
(B)
ácido 2,4- dihidroxibenzóico;
(C)
ácido aminoacético e
(D)
da mistura modelo, sendo que todos foram titulados em presença
de solução de Cu(II) 10
-2
mol L
-1
.....................................................................42
ii
Figura 24 -
Modelo de matriz usada para fazer os cálculos de refino das constantes
potenciométricas (logK) e dos valores em mmols dos grupos oxigenados
do AFRS usando o software BEST7. Onde:
V
KOH
(mL) = 50.0 0.097001 (normalidade da base KOH)
9.82 (constante de desprotonação dos grupos fenólicos (log K))
4.56 (constante de desprotonação dos grupos benzóicos (log K))
13.0 (primeira constante de desprotonação dos grupos catecóis (log K))
22.24(segunda constante de desprotonação dos grupos catecóis (log K))
4.92 (primeira constante de desprotonação dos grupos ftálicos (log K))
7.68 (segunda constante de desprotonação dos grupos ftálicos (log K))
13.4 (primeira constante de desprotonação dos grupos salicílicos (log K))
16.21 (segunda constante de desprotonação dos grupos salicílicos (log K))
-13.78 (constante de formação da água)
Colunas: 0,00 3,039
0,00 3,070
... ...
As duas colunas representam os valores de titulação: volume de agente titulante
(em mL de KOH), à esquerda, e os respectivos valores de pH, à direita. Os valores
foram medidos até pH 12. Os valores: -11. -6. -7. -8. -10. (são os valores das
concentrações molares (logK) da formação de cada espécie desprotonada)............46
Figura 25
- Diagrama de distribuição de espécies do AFRS (% de espécies versus
log[H+]) ou p[H]). Onde: HA – fenol, HB – ácido benzóico, H
2
C - catecol,
H
2
D - ácido ftálico, e H
2
E - ácido salicílico, antes da perda de prótons.
Demais espécies aparecem desprotonadas.
µ = 0,1 mol L
-1
KCl, T = 25 ºC, C
AF
= 80 mg L
-1
..............................................48
Figura 26 –
Em
(a)
e
(b)
tem-se a percentagem de espécies do AFRS formadas com o
Cu (II) versus p[H]. Onde: grupos fenolato
(A)
; grupos benzoato
(B)
; grupos
catecolato
(C)
; grupos ftalato
(D)
e grupos salicilato
(E)
. µ = 0,1 mol L
-1
KCl,
T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol CuCl2
= 10
-2
mol L
-1
.
Em
(a)
V
sol CuCl2
= 2 ,
(b)
V
sol CuCl2
= 0,5 mL...................................................51
Figura 27 -
Percentagem de espécies
do AFRS formadas com o Zn (II) versus p[H].
Onde os grupos ligantes estão representados por fenolato (
A
),
grupos benzoato (
B
), catecolato (
C
), ftalato (
D
) e salicilato (
E
).
µ = 0,1 mol L
-1
KCl, T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol Zn(NO3)2
= 10
-2
mol L
-1
,
V
sol Zn(NO3)2
= 2 mL.............................................................................................53
Figura 28 –
Percentagem de espécies
do AFRS formadas com o Cd (II) versus p[H].
Onde os grupos ligantes estão representados por fenolato
(A)
, grupos
benzoato
(B)
, catecolato
(C)
, ftalato
(D)
e salicilato
(E)
. µ = 0,1 mol L
-1
KCl,
T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol CdCl2
= 10
-2
mol L
-1
, V
sol CdCl2
= 2 mL..........54
Figura 29 –
Tipos de ligações químicas encontradas para a complexação de grupos
COO- de SH com íons metálicos
(a)
unidentada,
(b)
quelato (bidentado),
(c)
complexo de ponte.................................................................................57
Figura 30 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 3,5:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II),
(c)
AF/Cd (II)................................58
iii
Figura 31 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 5,5:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II)......................59
Figura 32 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 7,0:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II)......................60
Figura 33 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 10,0:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II).....................61
Figura 34
Espectro de emissão de fluorescência do AFSR (20 mg L
-1
) em 4 p[H]
diferentes (
λ
ex
= 313 nm). Em
(a)
AFSR,
(b)
AFSR + Cu(II) 0,005 mmols,
(c)
AFSR + Zn (II) 0,005 mmols,
(d)
AFSR + Cd (II) 0,005 mmols..........64
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Composição elementar média de resíduos animais e vegetais presentes
no solo...............................................................................................................3
Tabela 2 –
Definições usadas na química do húmus..........................................................4
Tabela 3 –
Propriedades gerais das SH e sua importância para o solo..............................6
Tabela 4 –
Composição elementar média de AH e AF extraídos de solos solos (de
origem pedogênica) ........................................................................................7
Tabela 5 -
Composição elementar (%) de SH extraídas de águas naturais.....................7
Tabela 6 -
Concentrações de SH extraídas de águas naturais.........................................8
Tabela 7 -
Constantes de protonação obtidas para a mistura modelo (valores da literatura
entre parênteses). Onde:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico;
(B)
ácido benzeno-
1,2-dicarboxílico e
(C)
ácido aminoacético. L (representa=A, B e C).
As titulações foram feitas em triplicata................................................................30
Tabela 8 -
Valores das quantidades dos grupos funcionais oxigenados (meq g
-1
) da
mistura modelo calculados pelo método de Gran e por BEST7. Abaixo
encontram-se os valores teóricos...................................................................32
Tabela 9 -
Constantes de equilíbrio (logK) para complexos de Cu(II), Zn(II) e Cd(II) com:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
(B)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico, e
(C)
ácido aminoacético. L (representa = A, B e C). (valores da literatura entre
parênteses). OBS: O símbolo (-) indica que os valores o existem na
literatura.............................................................................................................34
Tabela 10 -
Espécies químicas encontradas durante a titulação potenciométrica
da mistura modelo com os íons Cu (II), em 5 pHs diferentes e respectivos
comprimentos de onda (nm) encontrados na espectroscopia de UV-visível.
Valores da literatura entre parênteses............................................................43
Tabela 11 -
Valores das quantidades dos grupos funcionais oxigenados (meq g
-1
)
do AFRS calculados, neste trabalho, pelo todo de Schnitzer
e Gupta (AFRS em C = 93 mg L
-1
), e comparação com outros valores
da literatura
(em LEENHEER et al. 1995, e referências que constam no
mesmo. OBS: Nas referências do artigo citado não constam os valores de
desvio padrão das médias)
*
...........................................................................44
Tabela 12 –
Valores das espécies oxigenadas (meq g
-1
) do AFRS, divididas em 5
classes, calculados pelo método BEST7......................................................45
Tabela 13 -
Constantes de desprotonação (log K) para os grupos funcionais:
fenól
(A)
, benzóico
(B),
catecol
(C),
ftálico
(D)
e salicílico
(E).
Onde: L
(representa = A, B, C, D e E). Valores da literatura entre parênteses...........47
Tabela 14 –
Constantes de equilíbrio (logK) para os íons Cu(II), Cd(II) e Zn(II)
e os ligantes fenol
(A)
, benzóico
(B)
, catecol
(C)
, ftálico
(D)
e
salicílico
(E)
do AFRS. Onde: L (representa = A,B,C,D and E).
Os valores da literatura estão listados entre parênteses.
OBS: O símbolo (-) significa que os respectivos valores não
foram observados experimentalmente e (*) valores o publicados..............49
v
LISTA DE ABREVIATURAS
SH – substâncias húmicas
AF – ácido fúlvico
AH – ácido húmico
IHSS – Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas
AFRS – ácido fúlvico do rio Suwannee
pH – potencial hidrogeniônico
FTIR – espectroscopia de absorção de luz na região do infravermelho com
transformada de Fourier
UV-Vis – espectroscopia de absorção molecular de luz na região do
ultravioleta e visível
vi
RESUMO
As substâncias húmicas (SH) controlam as trocas de íons entre: solo, água,
animais e plantas, por isso o estudo das interações de íons metálicos e SH tem
sido de grande importância nas últimas décadas. Na primeira parte desta
pesquisa, três ácidos orgânicos foram selecionados para simulação de SH e suas
interações com íons metálicos divalentes (Cu (II), Zn (II) e Cd (II)). As quantidades
dos grupos carboxílicos e fenólicos foram determinadas por potenciometria com o
auxílio do programa computacional BEST7 e comparadas com os valores de suas
massas. Os resultados foram também interpretados usando o método de Gran
modificado. Os valores obtidos com o programa BEST7 foram mais próximos aos
valores das massas do que aqueles obtidos usando o método de Gran
modificado. As constantes de protonação para os grupos funcionais e as
constantes de complexação na presença de íons divalentes foram determinadas
usando potenciometria. Os resultados foram interpretados usando o programa
BEST7 e estiveram de acordo com os valores da literatura. Também foi usada a
espectroscopia de absorção molecular na região do ultravioleta e visível para
caracterizar as espécies formadas com o Cu (II) e a mistura modelo. Na segunda
parte deste estudo, a mesma metodologia foi usada para determinar a quantidade
de grupos complexantes presentes no ácido fúlvico do rio Suwannee (AFRS). As
quantidades (mmols) dos grupos felicos e carboxílicos foram determinadas pelo
método de Schnitzer e Gupta. Os valores (mmols) dos 5 grupos oxigenados do
AFRS (fenólicos, benzóicos, catecóis, ftálicos e salicílicos), foram então
determinados, usando potenciometria com o auxílio do programa BEST7. Os
valores das constantes de dissociação de prótons e de complexação com os íons
divalentes para cada grupo funcional foram calculados e seus valores foram muito
próximos aos valores previamente publicados. O grupo funcional presente em
maior quantidade nos complexos foi o catecol, e complexou com todos os íons
divalentes, e em maior quantidade com o Cu (II). De acordo com os resultados
obtidos por potenciometria, a série de reatividade para os íons divalentes e o
AFRS é: Cu (II) >> Cd (II) > Zn (II). Os resultados obtidos por potenciometria com
os programas BEST7 para o AFRS e os íons divalentes foram confirmados pelas
técnicas de FTIR e espectroscopia de fluorescência.
vii
ABSTRACT
The humic substances (HS) control the ionic exchange between: soil,
water, animals and plants, for this reason the study of metal ions and humic
substances (HS) has been of great importance in recent decades. In the first part
of this research, three organic acids were selected for HS simulation and their
interactions with divalent metal ions (Cu (II), Zn (II) and Cd (II)). The quantities of
carboxylic and phenolic groups were determined by potentiometry with the aid of
the BEST7 computational program and compared with the values calculated from
the weights. The results were also interpreted using the modified Gran’s method.
The values obtained with the BEST7 program were closer to the weight values
than to those obtained using modified Gran's method. The protonation constants
for the functional groups and the complexation constants in the presence of the
divalent ions were determined using potentiometry. The results were interpreted
using the BEST7 program and found to be in agreement with values reported in
the literature. Molecular absorption spectroscopy in the ultraviolet and visible
region was used to characterize the Cu (II) species formed. In the second part of
this study, the same methodology was used to determine the amount of
complexing groups present in Suwannee river fulvic acid (AFRS). The quantities
(mmols) of the phenolic and carboxylic groups were also determined by the
Schnitzer and Gupta method. The values (mmols) for the five oxygenated groups
of the AFRS (phenol, carboxylic, cathecol, phthalic and salicylic), were then
determined, using potentiometry with the aid of the BEST7 program. The values
of the proton dissociation and complexation constants with the divalent ions for
each functional group were calculated and their values were very close to those
previously published. The functional group present in the highest quantity in the
complexes was cathecol, and it complexed with all the divalent ions, although to a
greater extent with Cu (II). According to the results obtained by potentiometry, the
reactivity series for the divalent ions and the AFRS is: Cu (II) >> Cd (II) > Zn (II).
The results obtained through potentiometry and the BEST7 program for the AFRS
and the divalent ions were confirmed by FTIR and fluorescence spectrocopy
techniques.
viii
OBJETIVOS GERAIS
Elaborar uma metodologia para estudar uma mistura modelo que
contivesse os principais grupos funcionais (doadores) de SH de
qualquer origem (terrestre, marinha ou de água doce).
Aplicar a metodologia produzida à uma SH conhecida
internacionalmente.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Medir as quantidades molares de grupos doadores de uma mistura de
ligantes simples (mistura modelo para SH), cuidadosamente escolhida
(constantes de equilíbrio publicadas), e determinar experimentalmente os
valores médios das suas constantes potenciométricas, comparando os
resultados com valores da literatura;
Medir as quantidades molares dos grupos doadores constituintes do ácido
fúlvico do rio Suwannee (AFRS) e determinar os valores médios das
constantes potenciométricas dos seus grupos doadores, comparando com
os valores da literatura para substâncias simples (fenol, ácido benzóico,
catecol, ácido flico e ácido salicílico);
Caracterizar os equilíbrios de complexação dos íons Cu(II), Zn(II) e Cd(II),
com os ligantes simples (mistura modelo para SH), nas proporções (razões
molares) 1:1 e 1:2, metal : ligante;
Montar e testar uma metodologia para estudar a complexação dos grupos
doadores de SH de qualquer origem com os íons Cu(II), Zn(II) e Cd(II),
usando o AFRS, para testar esta metodologia. Calcular a especiação dos
íons metálicos livres e coordenados com esses ligantes naturais.
1
Capítulo 1 – REVIO BIBLIOGRÁFICA
1.1. As substâncias húmicas (SH) e sua formação na natureza
A fotossíntese dá origem a diversas substâncias orgânicas que, por sua
vez dão origem à matéria orgânica de solos, sedimentos e águas naturais. Essas
substâncias se dividem em dois grupos: as substâncias do primeiro são oriundas
da decomposição de resíduos orgânicos de origem vegetal e animal, formando
substâncias, tais como aminoácidos, proteínas, lipídeos, ligninas, etc. São
denominadas não-húmicas e constituem cerca de 20% do carbono orgânico
encontrado na natureza
1
. As substâncias do segundo grupo são resultantes de
inúmeras reações enzimáticas das substâncias não-húmicas, dando origem,
portanto, a macromoléculas de elevado peso molecular e com grupos funcionais
mistos, sendo denominadas de substâncias húmicas (SH). As SH compõem a
maior parte da matéria orgânica presente nas águas naturais, sedimentos e
solos
1
.
Na Figura 1 vê-se um esquema genérico da formação das SH
2
.
Figura 1 -
Etapas da formação das SH na natureza
2
.
O esquema da
Figura 1
, a princípio, apresenta-se simples, porém, não
se sabe o número de reações envolvidas até a formação das SH, e acredita-se
que este número varie de um ecossistema para o outro. Também não se sabe, o
RESÍDUOS DE PLANTAS E
ANIMAIS
TRANSFORMAÇÕES POR MICRORGANISMOS
AÇÚCARES
POLIFENÓIS
LIGNINA
MODIFICADA
PRODUTOS DE
DECOMPOSIÇÃO
DE LIGNINA
COMPOSTOS
NITROGENADOS
QUINONAS
QUINONAS
SUBSTÂNCIAS HÚMICAS
2
tempo exato para que se formem as SH. Nesse imenso “laboratório“ da natureza
participam, para desencadear o processo de humificação desde microrganismos
até insetos e outros animais, e essas reações estão ocorrendo continuamente. O
conjunto de reações pode ser dividido em duas etapas básicas: a biodegradação
microbiana, que envolve a perda de açúcares e proteínas prontamente
decomponíveis, e a segunda fase seria a liberação de gás carbônico
3
. Na
Tabela 1 observa-se os valores da composição elementar média de resíduos de
animais e vegetais do solo, que é o que dá origem às SH.
Tabela 1 –
Composição elementar média de resíduos animais e vegetais presentes no
solo
4
.
Composição química elementar (%)
Resíduos
carbono
nitrogênio
fósforo enxofre
bactérias
50 15 3,2 1,1
actinomicetos
50 11 1,5 0,4
fungos
44 3,4 0,6 0,4
oligoguetas
46 10 0,9 0,8
esterco
37 2,8 0,5 0,7
Como se pode ver na Tabela 1, o carbono é o elemento predominante,
chegando até a 50%, enquanto que o nitrogênio varia de 2,8% à 15%. Os
elementos fósforo e enxofre raramente ultrapassam 1%. Restos de animais e
vegetais geram a maior parte do nitrogênio orgânico do solo. A decomposição de
seres vivos ainda libera monossacarídeos, aminoácidos, peptídeos, clorofila,
pigmentos, resinas, terpenos, alcalóides e taninos. A humificação e a
mineralização se desenvolvem sob ação de enzimas específicas, tais como a
urease, a catalase e a fosfatase, que são encontradas em quase todos os tipos de
solos. As enzimas polissacaridases são muito importantes, devido ao fato de
decomporem os polissacarídeos que são os compostos mais abundantes do solo.
A urease também é muito importante porque degrada a uréia, produzindo amônia
e ácido carbônico. Os aminoácidos são degradados pelas enzimas proteolíticas.
A decomposição dos constituintes de origem vegetal segue a seguinte ordem
3
crescente de dificuldade: açúcares > hemicelulose > celulose > lignina > graxas >
fenóis. As turfas são formadas, principalmente, por ligninas. As ligninas por
serem tão complexas, exigem enzimas específicas para sua decomposição e
microorganismos diversificados para decomporem os compostos aromáticos que
são liberados
5
.
1.2. Classificação das SH e sua importância para o planeta
A seguir, na
Tabela 2
,
estão relacionados os diversos tipos de SH.
Tabela 2 –
Definições usadas na química do húmus
6
.
Termos Definições
SH/material
húmico/húmus
Substâncias de cor escura, alta peso
molecular, estrutura complexa e indefinida.
Resultantes da decomposição de vegetais e
animais.
Substâncias não
húmicas
Substâncias presentes no solo, com baixo
peso molecular, de composição e estrutura
definida, como aminoácidos, carboidratos,
ceras, lipídeos, resinas, ácidos graxos, etc.
Humina
Parte do material orgânico presente no
solo, de cor escura, insolúvel em bases e
ácidos.
AF
Material colorido remanescente, após
separação dos AH por precipitação em
meio ácido.
AH
Material orgânico de cor escura. Pode ser
extraído do solo por vários reagentes e é
insolúvel em meio ácido (pH < 2).
A importância das SH para a agricultura e as ciências dos solos vem
sendo discutida há cerca de três séculos. No início do século XIX, Saussure
7
criou a palavra humus (do latim “solo”) para designar a matéria orgânica de cor
escura vinda do solo. Saussure
7
observou que o humus era oriundo de resíduos
de vegetais, possuindo grande quantidade de carbono, e pouca quantidade de
hidrogênio e oxigênio. Sprengel
7
(entre 1826 e 1837) realizou os primeiros
estudos para compreender a origem e composição química das SH. Observou
que solos mais alcalinos apresentavam maior quantidade de AH, tornando-os
mais férteis. Mülder
7
e contemporâneos acreditavam que diferentes frações
húmicas eram compostos quimicamente individuais e que não possuíam
nitrogênio. Ao final do século XIX, surgiram inúmeros trabalhos visando a
4
classificação das frações húmicas. O interesse no estudo das SH aquáticas
aumentou somente nos últimos 30 anos, apesar dos pesquisadores virem a
estudar SH do solo há três séculos. Isso se deve ao fato do como da
conscientização da importância da qualidade química da água para consumo
humano
8
. De quase toda a água que existe no planeta Terra, menos de 1% dela
está disponível para os seres humanos, na forma de rios, lagos, lençóis freáticos
e chuva, sendo que sua disposição é bastante irregular no planeta (cerca de 1,5
bilhão de pessoas não têm acesso regular à água). Há também a redistribuição
das chuvas, provocadas pelos desmatamentos e outras agressões do homem,
bem como a desproporção entre a nossa capacidade poluidora e o controle que
temos sobre a poluição
9
. As SH presentes nas águas, atuam como agentes
despoluidores naturais. Isso ocorre devido ao fato de que as mesmas possuem
grupos funcionais que complexam poluentes melicos e radionuclídeos (incluindo
elementos da série dos transurânicos e tamm composto antropogênicos
orgânicos). Porém, halogênios podem interagir com as SH durante o tratamento
de águas (com o Cl
2
)
e produzir carcinogênicos halogenados (trialometanos) tal
como o clorofórmio, os quais são introduzidos diretamente nas águas para
consumo com riscos à saúde, como possível câncer de bexiga, cólon, etc. Tem
sido mostrado que amostras pré-tratadas com ClO
2
apresentam uma redução de
50% de trialometanos formados, quando comparadas às amostras não pré-
tratadas com ClO
2
10
.
As SH atuam como se fossem “agentes tamponantes
podendo ser protonadas e desprotonadas, segundo o pH dos ecossistemas. As
SH são muito importantes para a agricultura, pois devido à sua cor escura
possuem características refratárias, aumentando o poder de retenção de calor no
solo, funcionando como uma espécie de “estufa naturalpara a germinação de
sementes. Também ajudam a evitar a erosão do solo e contribuem para a sua
permeabilidade, pois retém água e interagem com argilo-minerais, cimentando as
partículas do solo
11-13
. As SH são os principais constituintes da matéria orgânica
do solo, também regulando em um grande número de situações a complexação
de metais no mesmo. Uma das mais importantes propriedades das SH é a
capacidade de interagir com íons metálicos para formar complexos de diferentes
estabilidades e características estruturais
14
. É importante tentar elucidar as
estruturas e o comportamento físico-químico de tais substâncias com os
poluentes, porque isso poderá ajudar no controle da poluição, ou seja,
5
conhecendo o comportamento das SH pode-se produzi-las em laboratório. A
Tabela 3 apresenta as propriedades gerais das SH e a sua importância para o
solo.
Tabela 3 –
Propriedades gerais das SH e sua importância para o solo
15
.
Propriedades Observações Efeitos no solo
Cor A cor escura de muitos
solos é causada pelas SH
Retenção de calor, auxílio
na germinação de
sementes
Retenção de água Podem reter água até 20
vezes sua massa
Evitam a erosão e matém
a umidade do solo
Combinação com
argilominerais
Cimentam partículas do
solo formando agregados
Permitem a troca de
gases e aumentam a
permeabilidade do solo
Quelação Formam complexos
estáveis com Cu
2+
, Mn
2+
,
Zn
2+
e outros cátions
Melhoram a
disponibilidade de
nutrientes para as plantas
maiores
Insolubilidade em água Devido a sua associação
com argilas e sais de
cátions di e trivalentes
Pouca matéria orgânica é
lixiviada
ão tampão Tem função tamponante
em amplos intervalos de
pH
Ajudam a manter as
condições reacionais do
solo.
Troca de cátions A acidez total das frações
isoladas do húmus varia
de 300 a
1.400 cmoles kg
-1
Aumentam a
concentração total de
carbono no solo de 20 a
70% da de solos se deve
à matéria orgânica.
Mineralização A decomposição da
matéria orgânica fornece
CO
2
, NH
4
+
, NO
3
-
, PO
4
-3
e
SO
4
-2
.
Fornecimento de
nutrientes para o
crescimento das plantas
1.3. Composição elementar, grupos funcionais e estrutura das SH
A composição elementar das SH sofre certa variação de um ecossistema
para outro. Basicamente são formadas pelos elementos carbono, oxigênio,
hidrogênio, nitrogênio, enxofre e fósforo sendo que o carbono e o oxigênio
aparecem em maior quantidade
16
. Em geral, os AH possuem maior quantidade
de carbono do que os AF, e os AF possuem maior quantidade de oxigênio. O
oxigênio aparece na sua maioria, em forma de hidroxilas felicas e carboxilas, e
em minoria, na forma de grupos como álcoois, ésteres e éteres. Grupos
6
funcionais contendo nitrogênio, enxofre ou fósforo, podem aparecer dependendo
da fonte de matéria orgânica que deu origem à SH.
Tabela 4 -
Composição elementar média de AH e AF extraídos de solos (de origem
pedogênica)
16
.
Composição elementar média (%)
SH
Carbono
(C)
Hidrogênio
(H)
Oxigênio
(O)
Nitrogênio
(N)
Enxofre
(S)
AH 53,8-58,7 3,2-6,2 32,8-38,3 0,8-4,3 0,1-1,5
AF 40,7-50,6 3,8-7,0 39,7-49,8 0,9-3,3 0,1-3,6
Observa-se na
Tabela 4
que os AH têm maior teor de carbono e menor
teor de oxigênio em relação ao AF. Em geral, AH possuem uma quantidade um
pouco maior de nitrogênio do que AF. A razão C/H indica o grau de aromaticidade
em SH e é maior para os AH. Os AF possuem mais grupos funcionais de
natureza ácida (carboxila, em geral). A acidez total dos AF (9 a 14 mol Kg
-1
) é,
em geral, mais elevada do que a dos AH (de 4 a 8,7 mol Kg
-1
), variando bastante
conforme o ecossistema e também com o método de extração
17,18
.
Na
Tabela 5
estão registrados alguns valores de composição elementar
em percentual de AF e AH extraídos de águas naturais.
Tabela 5 -
Composição elementar (%) de SH extrdas de águas naturais
19
.
Amostra
carbono
(C)
hidrogênio
(H)
oxigênio
(O)
nitrogênio
(N)
enxofre
(S)
fósforo
(P)
Total Cinzas
AF
aquáticos
55 5 36 1 2 0,34 100 0,38
ÁH
aquáticos
54 4 33 2 1 0,06 98 1,49
Como se pode observar na
Tabela 5
, os AF extraídos de águas naturais
possuem maior quantidade de oxigênio do que os AH (assim como ocorreu com
amostras de AF extraídas de solos). Porém, os AF extraídos de águas naturais
possuem maior quantidade de carbono, em relação aos AH, ocorrendo o contrário
com os AF extraídos de solo, que demonstraram menor quantidade de C do que
7
os AH. O conteúdo de N, em geral, para AH é maior do que para AF, seja em
amostras extraídas de solos ou de águas. Na Tabela 6o apresentados os
valores das concentrações de SH extraídas de águas naturais.
Tabela 6 -
Concentrações de SH extraídas de águas naturais
20
.
Amostras Concentração de SH
estimada (mg L
-1
)
Águas superficiais Os valores variam
muito,foram
encontrados valores
de
7 à 30
Águas subterrâneas 20
Águas marinhas 2,9.10
-3
Devido ao fato da concentração das SH ser tão pequena em águas
naturais, a extração versus a avaliação da sua concentração são etapas
fundamentais para os estudos relacionados com as suas propriedades. São
requeridos grandes volumes de amostra de água para extrair quantidades
satisfatórias de material húmico, devido à baixa concentração das SH em águas
naturais
20
. Há algumas décadas, muitos pesquisadores acreditavam que as SH
eram formadas basicamente por estruturas aromáticas, porém com o avanço da
tecnologia no estudo das SH, com o uso da espectroscopia de ressonância
magnética nuclear (RMN), observou-se que o grau de aromaticidade é muito
menor do que o esperado
21
. Em vista disso, Schulten e Schnitzer
22
propuseram
um modelo de estrutura de AH, incorporando grandes porções alifáticas
(Figura 2).
8
Figura 2 -
Modelo do AH de solo mostrando os diversos grupos funcionais,
estruturas aromáticas e alifáticas (adaptado de Schulten e Schnitzer)
22
.
Na
Figura 3
é apresentada
um modelo de estrutura de SH,
evidenciando os principais grupos funcionais usualmente disponíveis em SH.
Figura 3
Modelo geral de estrutura de SH, evidenciando os principais tipos de grupos
funcionais
23
.
9
Diversos fatores influem na composição química das SH, tais como tipo
de solo, clima e vegetação
24
. Em geral, amostras de SH de ecossistemas
marinhos possuem maior quantidade de grupos alifáticos, enquanto que SH de
origem terrestre possuem maior quantidade de grupos felicos (ligninas). SH de
ambientes marinhos possuem alto grau de conteúdo alifático que é atribuído à
decomposição de algas que geram lipídios, que conferem maior quantidade de
grupos carboxila às SH de origem marinha. As SH de origem terrestre são
originadas da decomposição de vegetais que liberam ligninas, propiciando maior
quantidade de grupos felicos (maior aromaticidade). Esses grupos funcionais
carboxila e hidroxilas fenólicas (ricos em oxigênio) conferem às SH, as
habilidades de formarem complexos estáveis com íons melicos
24
. Como se
pode observar nas Figuras 2 e 3, os modelos consistem de esqueleto deC “ (na
maioria, aromático), contendo ramificações alifáticas. O oxigênio aparece
preferencialmente em forma de hidroxilas fenólicas e grupos carboxílicos. A
conformação estrutural de algumas macromoléculas húmicas pode ser
representada por aproximações em forma de espiral ou elipsoidal, sendo esta
última a mais freente. A espiral é representada como se fosse uma “fita”
contendo grupos polares e cargas negativas ao longo de sua extensão. A
estrutura elipsoidal tem a característica de uma esfera, com distribuição
gaussiana de massa molar com alta densidade de massa no centro e decresce
em direção à extremidade da esfera. A dimensão da esfera depende da extensão
da “fita”, da densidade de carga, da solvatação, da ionização dos grupos ácidos,
da concentração de sais em solução, das ramificações e das ligações cruzadas
25
.
Nas Figuras 4 e 5 observa-se duas conformações: espiral e esférica,
respectivamente
25
.
Figura 4 –
Desenho ilustrativo da estrutura de SH em forma de “fita”, enfatizando
a flexibilidade da macromolécula
25
.
10
Figura 5 –
Desenho ilustrativo da condensação da estrutura espiral de SH ao
acaso
25
.
A estrutura das SH é modulada por fatores, tais como pH, força iônica,
concentração em solução, entre outros. Por exemplo, AH podem apresentar
estrutura globular em pHs menores e mais plana em pH mais altos. Isto ocorre
devido ao fato de que em sítios desprotonados (em pH mais altos) há aumento de
densidade de carga, ocorrendo repulsão, tornando, assim, a estrutura mais aberta
26
. Tem sido proposto que SH dissolvidas formam, em determinadas condições de
pH e força iônica, regiões semelhantes a micelas de detergentes em soluções
aquosas. Assim como no caso dos detergentes, estas “pseudomicelas” teriam um
interior hidrofóbico
27
.
Em 2000, Piccolo
28,29
sugeriu que as SH o possuiriam
estrutura extremamente complexa, mas seriam formadas pela agregação de
pequenas moléculas (“building blocks”). Até hoje, se conhece pouco a respeito da
estrutura das SH, enquanto se aguarda avanços na área da espectroscopia.
Estes avanços irão propiciar, certamente, maiores descobertas acerca das SH.
1.4. Interações das SH com íons metálicos
Uma das mais importantes propriedades das SH é a capacidade de
interagir com íons metálicos para formar complexos de diferentes estabilidades e
características estruturais
30
. A complexação das SH com determinados metais é
de grande interesse em estudos ambientais, pois o processo de transporte, ciclo
hidrogeoquímico e biodisponibilidade de metais em águas naturais e em solos,
freqüentemente dependem da natureza e da estabilidade termodinâmica dos
complexos SH
versus
metais formados como espécies de metais disponíveis ou
inertes
31
. Tem sido observado por espectroscopia de ressonância paramagnética
eletrônica
32
que muitos metais complexam com carboxilas, mas o Cu (II) parece
ter preferência em se ligar a certas quantidades de grupos que contém “N”, não
pH alto
pH neutro
pH baixo
11
bem caracterizados ainda. Várias técnicas têm sido usadas para o estudo da
interação de metais com SH, tais como potenciometria
33
, fluorescência de
multiresposta
34
, espectroscopia de fluorescência de raios-X por reflexão total
35
,
entre outras. Sargentini et al.
36
efetuaram estudos da labilidade relativa de
espécies metálicas divalentes (Ni, Cu, Zn, Cd e Pb) complexadas com SH
aquáticas, utilizando espectroscopia de emissão atômica com plasma de argônio
induzido (ICP-AES) e observaram que há diminuição da labilidade em função do
tempo. Eles formularam a hipótese de que isso pode ser explicado assumindo-se
que, quando em contato com as SH, inicialmente, os íons melicos são
complexados preferencialmente por sítios de complexão mais externos, ou
seja, mais disponíveis. Com o passar do tempo, os complexos metal-SH tendem a
se estabilizar, surgindo arranjos inter e/ou intramoleculares, com transferência de
metal para sítios de complexão mais internos. Desta forma, a espécie metal-SH
tem sua labilidade relativa reduzida ao longo do tempo, e o íon metálico fica
menos disponível para participar de reações no ambiente aquático. As SH
possuem diversos tipos de sítios de complexação, sendo que cada sítio (grupo
funcional) pode complexar íons específicos. Os grupos carboxílicos, por exemplo,
que possuem átomos “duros” como o oxigênio interagem de preferência com íons
metálicos “duros”, tais como Ca(II), Mg(II), Fe(III) e Al(III), enquanto sítios com
átomos “moles” tais como o enxofre ou nitrogênio, ligam-se a íons “moles” tais
como o Cu(I), Fe(II) e Au(I)
33
. De acordo com Martell
37
, um ácido “duroé uma
classe de íons metálicos que tende a formar complexos com ligações iônicas,
tendo pequeno caráter covalente (metais da coluna 1A e 2A da Tabela Periódica,
por exemplo). Em contrapartida, ácidos “moles” são íons com tendência a formar
ligações mais covalentes (metais nobres, como o Au(I), Pt(II) e Ag(I), por
exemplo) ou mesmo o Cd(II), Cu(I) e o Hg(II). Como exemplo de bases “duras”,
têm-se os ânions, tais como fluoreto, óxido, cloreto, etc, que formariam fortes
ligações iônicas com os ácidos “duros”. As bases “moles” são ligantes que
tendem a formar fortes ligações covalentes com os ácidos “moles”, e consistem
de ligantes neutros com baixa carga negativa e alta polaridade, como por exemplo
piridina e ânions, no qual a carga negativa é distribuída sobre um número de
átomos através da existência de formas apropriadas de ressonância. Quanto
maior a polaridade da molécula, mais “duro” será o ligante. Stevenson
38
sugere
que, devido à natureza heterogênea das SH, a complexão de elementos traços
12
pode ocorrer de diversas maneiras, desde fracas foas de atração até ligações
altamente estáveis
38
. Conforme pode ser visto no esquema da Figura 6, a
ligação do Cu(II) pode ocorrer através de ligação com a água (A), atrão
eletrostática a um grupo COO
-
carregado (B); formação de ligações coordenadas
com um grupo doador simples (C), e formação de uma estrutura quelato (anel), tal
como uma combinação de um sítio COO
-
e de um OH fenólico (D). A ligação de
um metal traço poderia ocorrer preferencialmente nesses sítios que formam
complexos mais fortes, como por exemplo, formação de ligações coordenadas e
estruturas de anel. Assim, estruturas do tipo (C) e (D) representam as formas
predominantes dos complexos dos elementos traços quando SH estão presentes.
A maioria dos pesquisadores enfatiza a hipótese de ocorrer a ligação do tipo anel
quelato (D), mas como visto anteriormente, elas não podem ser consideradas
únicas.
13
Figura 6 -
Esquema da complexação do metal Cu (II) com diferentes sítios
complexantes de SH
38
.
C
O
O
H
H
O
H
H
O
H
C
u
O
H
2
H
2
O
O
H
2
(
2
+
)
A
O
H
2
O
H
2
C
H
O
O
_
C
u
O
H
2
O
H
2
O
H
2
H
2
O
O
O
H
2
H
H
+
B
C
O
O
C
u
O
H
2
O
H
2
H
2
O
O
H
2
O
H
2
+
C
C
O
-
O
O
C
u
O
H
2
O
H
2
O
H
2
O
H
2
D
14
1.5. Aspectos toxicológicos e biodisponibilidade de íons metálicos
A biodisponibilidade é a forma em que se encontra um íon metálico que é
capturado por um organismo vivo e depende da concentração em que se
encontra na amostra à qual está ligado. Os metais Hg, Cd, Pb e As são
altamente tóxicos e se acumulam no organismo dos seres vivos. Alguns metais
como Fe, Mn, Cu, Zn, Mo e Co são essenciais para o ciclo vital dos organismos,
porém também se tornam tóxicos quando suas concentrações superam as
necessidades de uma dieta nutricional correta
39
. O cobre está presente em
muitas enzimas, sendo envolvido em processos metalicos que dependem de
reações redox, mas se ingerido em doses altas pode provocar irritação e corrosão
das mucosas, danos capilares generalizados, problemas hepáticos, renais e
irritação do sistema nervoso central, seguido de depressão. Em altas
concentrações, é altamente tóxico para muitos organismos em ecossistemas
aquáticos. O cobre é um dos metais mais tóxicos, seguido do Hg e da Ag no
fitoplâncton marinho
39
. Lorenzo et al
40
observaram uma nítida diminuição na
toxidade do Cu (II) em presença de SH em ambientes marinhos. Uma
concentração de AH de 3,2 mg L
-1
foi suficiente para reduzir a embriotoxidade na
larva Paracentrotus lividus, em águas marinhas, de 60 µg de Cu(II) L
-1
pela
metade. Segundo Lorenzo et al
40
, cobre complexado com AH pode ser 20 ou 30
vezes menos tóxico que o cobre livre. As concentrações de Cu(II) em águas
superficiais, na natureza, são menores do que 0,2 ppm, em geral. A ocorrência
de cobre no meio ambiente (geradas por fontes antropogênicas) incluem corrosão
de tubulações de latão por águas ácidas e efluentes de tratamento de esgoto. As
principais fontes poluidoras são indústrias de mineração e fundição. No reino
vegetal, os elementos Cu, Mn, Fe e Zn, quando em doses muito altas, podem
produzir problemas às plantas como por exemplo, deformação nas folhas,
alterações de cor das folhas e destruição dos tecidos
41
. Hanstén et al
42
citam
que as águas naturais do nordeste do hemisfério norte sofrem aumento no índice
de acidez, devido ao derretimento da neve, no início da primavera, causando
elevação de concentrações de metais. Desta forma, foi observado aumento nas
concentrações de íons metálicos Al(III), e os divalentes Mn, Zn, Pb, Ni e Cd em
lagos do sudeste da Finlândia, mas as SH presentes nessas águas tendem a
reduzir os efeitos tóxicos desses metais. Os metais divalentes Cd, Cu, Pb e o
Al(III) são os mais tóxicos a esses ecossistemas, enquanto que metais como
15
Zn(II), Mn(II) e Fe(III) são menos tóxicos. O aumento simultâneo nas
concentrações de diferentes metais leva a complexas interações toxicológicas,
cujo impacto final é difícil de prever. Moore
43
observou em águas naturais nos
EUA que as concentrações dos íons Zn (II) também variam de forma sazonal.
Segundo Moore
43
, a contaminação de águas naturais pode ocorrer por resíduos
de sulfetos metálicos (Cu
2
S, Cu
5
FeS
4
, CuFeS
2
, Cu
3
AsS
4
, ZnS, PdS, CdS, etc),
provenientes de minas vizinhas. O metal Cd aparece em solos agrícolas devido
aos fertilizantes fosfatados. Rejeitos de industrias tamm colaboram, tais como,
pigmentos para tintas, plásticos, produção de baterias, pneus, etc
42
.
16
Capítulo 2 – PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
2.1. Materiais
Os reagentes (grau de pureza P.A.) foram todos obtidos comercialmente e
usados sem nenhum tratamento prévio. Foram usadas três substâncias como
modelo das SH: ácido 2,4-dihidroxibenzóico 97% (Aldrich Chemical Co. Inc.),
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico 98% (Aldrich Chemical Co. Inc.), e ácido
aminoacético 99,5% (Riedel-de Haën). As soluções estoque de Cu (II), Zn (II) e
Cd (II), com concentração em torno de 1,0 x 10
-2
mol L
-1
,
foram preparadas (com
água bidestilada e fervida) a partir dos seguintes sais: CuCl
2
.2H
2
0 (Vetec Química
Fina Ltda), Zn(NO
3
)
2
.6H
2
O (Vetec Química Fina Ltda), e CdCl
2
.H
2
0 (Vetec
Química Fina Ltda), e padronizadas através de titulações diretas das soluções
metálicas com solução padrão de EDTA (ácido etilenodiaminotetracético) da
Merck Chem.Co. ~1,0 x 10
–2
mol L
-1
, na presença do indicador murexida (Merck
Chem. Co.), utilizando solução tampão pH 8
44
. A solução de KOH (hidróxido de
potássio) padrão isenta de CO
2
usada nas titulações potenciométricas, foi
preparada por diluição de ampolas Dilut–it (J.T. Baker Chemical Co.) de KOH
concentrado e livre de CO
2
em concentração em torno de 0,1 mol L
-1
. Esta
solução foi padronizada com biftalato ácido de potássio (Merck Chem. Co), seco
a 110 ºC, por 2 h, utilizando solução de fenolftaleína (Merck Chem. Co.) 1% em
etanol (Reagen) como indicador, e protegida através de um “trapp” contendo
solução de KOH 0,1 mol L
-1
para evitar a entrada de CO
2
atmosférico. O HCl
(ácido clorídrico) da Synth, usado para calibrar o eletrodo antes de cada titulação,
foi padronizado com KOH isento de CO
2
, usando fenolftaleína como indicador.
Em todas as titulações, a força iônica foi mantida constante em 0,1 mol L
-1
com a
adição de eletrólito suporte KCl (cloreto de potássio) da Vetec Química Fina Ltda
(sendo mais próxima da realidade e pela facilidade para comparar com dados da
literatura). O ácido fúlvico do rio Suwannee (AFRS) usado neste trabalho
(código:IR101F) foi obtido comercialmente da IHSS (Sociedade Internacional de
Substâncias Húmicas). A amostra, oriunda de águas do rio Suwannee,
(Figura 7), foi extraída pela IHSS, de uma área de protão ambiental
(ecossistema costeiro), na fronteira com o estado da Geórgia, na região norte do
estado da Flórida. As SH extraídas desse rio servem como referência para
muitos trabalhos sobre AF e AH. A parte norte do rio Suwannee se origina das
águas escuras do lago Okefenokee (sul da Georgia). O rio se espande formando
17
curvas ao longo da península da Flórida, atravessando 12 cidades, por 322 Km
antes de desaguar no Golfo do México. Existem 2 parques estaduais ao longo do
rio. A parte norte do rio é rica em cachoeiras, bancos de areia e rochas. A
vegetação predominante ao longo de todo o rio inclui ciprestes, tupelos, além de
muitas flores, tais como azaléias, gardênias e orquídeas. O fluxo de corrente do
rio é lento. A água do rio tem cor marrom (semelhante a chá preto), devido à
decomposição das folhas que caem no mesmo. Ao longo desse rio habitam 42
tipos de mamíferos, 54 espécies de peixes, 39 tipos de anfíbios e 232 tipos de
ssaros. O rio varre uma área de 15.517 Km
2
. Desde a descoberta dos E.U.A.,
o rio Suwannee tem sido um dos mais lendários. No final do século XVIII era
refúgio de uma infinidade de piratas. Em 1980, o Comitê Gerenciador de Águas
do rio Suwannee comprou 71,35 Km
2
por U$11.000.000,00 para ajudar a
preservar o rio para as futuras gerações
45 ,46
. O AFRS foi escolhido pelo fato do
mesmo ter sido caracterizado por algumas técnicas analíticas (espectroscopia de
ressonância magnética nuclear (RMN), espectroscopia de fluorescência, análise
elementar, espectroscopia de absorção de luz na rego do infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR)
11,23,47,48
, facilitando a comparação com os
resultados obtidos neste trabalho. Amostras de AF desta região foram escolhidas
ainda, pelo fato de que as águas deste rio apresentam alto teor de matéria
orgânica aquática, além de ser uma rego em que não há oscilações climáticas
bruscas, facilitando assim sua obtenção e extração para posteriores experimentos
em laboratório, sem grandes variações de composição elementar ao longo do
ano.
Figura 7 -
Mapa indicando a localização do rio Suwannee no sudeste dos EUA
48
.
18
2.2. Métodos
2.2.1. Titulação potenciométrica
A principal vantagem da utilização desta técnica é o fato de que, como se
trata de um estudo em solução, a interpretação dos resultados deve ser muito
mais aproximada do que ocorre na natureza. A titulação potenciométrica consiste
em adicionar uma base padronizada (em incrementos determinados) à solução
experimental, contendo o ligante, na presença e na ausência dos íons metálicos.
Os valores das constantes de equilíbrio (de protonação ou de complexação) são
determinadas através da análise dos valores obtidos das curvas de titulação de
pH versus volume de base adicionados
33,49
. No caso de SH foi conveniente fazer
a simulação de seus componentes através de titulações potenciométricas de uma
mistura de substâncias orgânicas com grupos funcionais típicos das SH (que
foram determinados previamente por outras técnicas) para verificar a
confiabilidade da técnica na determinação de grupos funcionais de substâncias
tão complexas quanto às SH. Após a obtenção das curvas de titulação
potenciométrica (pH versus volume de base), faz-se o tratamento dos resultados
usando algum programa computacional que compare os valores calculados de pH
com os valores experimentais para todos os pontos das curvas. O programa deve
variar as constantes, minimizando as diferenças de pH calculadas e pH medidas
até um erro mínimo. Também podem ser calculados através de métodos
matemáticos, o que requer maior tempo. Neste trabalho, foram utilizados dois
métodos: o método de Gran modificado, que é um método matemático, (para
determinar quantidades molares de grupos ácidos), e o programa computacional
BEST7, para determinar as quantidades molares dos grupos ácidos, bem como
para calcular os valores das constantes de protonação e de complexação com os
íons metálicos.
2.2.2. Programa computacional BEST7
O programa computacional BEST7 calcula as constantes de protonação
dos ligantes e as constantes de equilíbrio dos complexos formados com os
metais, como tamm as concentrações dos ligantes presentes e das espécies
formadas. O valor inicial das constantes desconhecidas é obtido através da
comparação com os valores das constantes conhecidas de substâncias
semelhantes já estudadas (da literatura). O arquivo de entrada do programa
19
consiste de: a) o volume inicial da solução; b) os valores conhecidos das
constantes de protonação dos ligantes e os valores aproximados das constantes
dos complexos; c) as concentrações dos ligantes, metais, KOH (agente titulante)
e d) os valores de pH em função dos volumes de KOH (valores experimentais
obtidos na titulação). Este programa utiliza o método dos mínimos quadrados
para minimizar as diferenças entre os valores de pH calculados e pH
experimentais (ajuste não linear da curva de titulação), mantendo fixos os valores
das constantes de equilíbrio conhecidas e variando os valores das constantes de
equilíbrio que se quer determinar, minimizando o erro (as diferenças entre os
valores de pH calculados e os valores experimentais)
33,49
.
2.2.3. Softwares SPE e SPELOT
Estes softwares foram usados para gerar e imprimir os diagramas de
espécie, que mostravam a percentagem de espécies formadas durante as
titulações. O SPE e o SPEPLOT foram elaborados utilizando o mesmo algorítmo
matemático usado no BEST7
49
.
2.2.4. Método de Gran Modificado
Com este método calcula-se as quantidades dos grupos funcionais das
SH, divididos em grupos ácidos fracos e grupos ácidos fortes e o valor dos seus
respectivos pKas. Este método é uma adaptação criada por Seymour em 1977
50
,
para o estudo de SH, e trata-se de uma variação do método de Gran
51
, que
consiste de equações lineares que descrevem equilíbrios de titulações de mistura
de ácidos monopróticos fracos e de um ácido forte em presença de uma base
forte (agente titulante)
52
. O método de Gran modificado por Seymour
52
para a
determinação dos grupos funcionais, funciona da seguinte forma: aplica-se este
método aos dados das curvas de titulação potenciométrica das misturas de ácidos
fortes e ácidos fracos, com uma base forte (agente titulante)
52
. Seymour
50
simplificou a equação representativa da titulação de uma mistura ácida, através
da eliminação de algumas constantes matemáticas, fazendo algumas
aproximações com base no fato de que no início das titulações (regiões de
valores de pHs menores) os ácidos fracos encontram-se totalmente protonados.
20
Obtém-se desta forma, a seguinte equação simplificada:
(Vo + V).10
-pH
Onde: Vo = volume inicial da mistura a ser titulada.
V = volume dos incrementos de base que vão sendo adicionados ao
longo da titulação.
pH = valores de pH correspondentes a cada V de incremento que é
adicionado.
Aplica-se os valores obtidos das curvas de titulação potenciométrica (pH
versus volume de KOH) à esta equação, e faz-se o gráfico (Vo + V).10
-pH
versus
volume de base (mL). O resultado deste gráfico é uma reta. Traça-se uma reta
paralela ao eixo x que intercepta o eixo y no ponto zero, dando origem ao ponto
Vs. Na Figura 8, vê-se um exemplo de gráfico para a determinação do ponto Vs.
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
0.00
0.05
0.10
Vs = 2.10 mL
(Vo + V).10
-pH
V KOH (mL)
Figura 8 -
Gráfico
(Vo + V).10
-pH
versus volume de KOH (mL).
Lê-se o volume (Vs) equivalente de base para neutralizar todo o ácido
forte (HCl, por exemplo) que é adicionado para baixar o pH da curva de titulação.
Para determinar a acidez total da mistura, usa-se os valores de pH acima
de 7 da titulão, bem como os seus respectivos valores de volumes de KOH
gastos.
21
Aplica-se estes valores à fórmula:
(Vo + V).10
-pOH
onde:
Vo = volume inicial da mistura antes da titulão
V = volume dos incrementos de base que vão sendo adicionados ao longo da
titulação, correspondentes a valores de pH acima de 7
pOH = valores obtidos a partir da seguinte relação: pOH = 13,78 – pH
Onde: 13,78 (constante de hidrólise da água)
pH = valores de pH acima de 7 das curvas de titulação.
Faz-se o gráfico (Vo + V).10
-pOH
versus V de base (mL), o resultado deste
gráfico é uma reta. Traça-se uma reta paralela ao eixo x que intercepta o eixo y
no ponto zero, dando origem ao ponto Vg. Lê-se o volume (Vg) equivalente de
base para neutralizar todos os ácidos da mistura (acidez total).
Na Figura 9 vê-se um exemplo de gráfico para a determinação do ponto
Vg.
3.0
3.2
3.4
3.6
3.8
4.0
4.2
4.4
4.6
4.8
0.00
0.02
0.04
0.06
0.08
Vg = 3,38 mL
(Vo + V).10
-pOH
V KOH (mL)
Figura 9 -
Gráfico
(Vo + V).10
-pOH
versus volume de KOH (mL).
22
Para determinar a quantidade de grupos COOH faz-se a derivada primeira
dos valores de pH (de toda a curva de titulação) em relação aos volumes dos
incrementos de base (pH / • V) e cons trói-s e um gr áfico:
pH / • V versus Volume de base (mL).
Na Figura 10 vê-se um exemplo de gráfico para a determinação do ponto
Vn.
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Vs = 2,10mL
Vg = 3,38mL
Vn = 2,56mL
d pH/ d V
V KOH (mL)
Figura 10 -
Gráfico pH / V versus Volume de KOH (mL).
O volume (Vn) correspondente de base para neutralizar todos os grupos
COOH é o ponto de máximo da curva pH / • V versus volume de KOH (mL).
Acha-se o volume de base gasto para neutralizar todos os grupos
fenólicos (Vf) fazendo-se a diferença:
Vf = Vg (referente à acidez total) Vn (referente aos grupos COOH)
Para obter a quantidade dos grupos funcionais em meq, usa-se a
seguinte relação:
Quantidade dos grupos
funcionais (meq) = (Vn, Vs, Vg ou Vf) x Molaridade da base usada
durante a titulação
23
2.2.5. Análise clássica dos grupos funcionais: método de Schnitzer e Gupta
Esta metodologia foi usada para medir a acidez das amostras de AFRS,
pois é o método mais recomendado pela literatura para SH (AF ou AH)
33,53,54,55
.
Os hidrogênios dissociáveis são os principais contribuintes para a acidez das SH.
Os principais grupos funcionais que liberam hidrogênios nas SH são as carboxilas
e hidroxilas fenólicas. Em primeiro lugar, determina-se a acidez total (AT),
utilizando o método do hidróxido de bário, que consiste na reação de excesso de
Ba(OH)
2
com a SH. O excesso de base é titulado com HCl (solução padrão). O
procedimento detalhado é o seguinte: transfere-se 10 mg de SH para um
erlenmeyer e deixa-se reagir com 25 mL de Ba(OH)
2
0,1 mol L
-1
, sob atmosfera
de N
2
, durante 24 h, à temperatura ambiente. Faz-se um “branco” com 25 mL de
solução de Ba(OH)
2
0,1 mol L
-1
. Filtra-se a suspensão e lava-se o resíduo com
água bidestilada e fervida, completando o volume até 100 mL. Titula-se alíquotas
de 50 mL com solução padrão de HCl 0,2480 mol L
-1
até pH 8,4, usando
fenolftaleína como indicador. A acidez total é calculada em meq g
-1
com a
seguinte equação:
AT = (Va – Vb) . M . 10
3
m
(mg)
de SH
Onde: Va e Vb (simbolizam o volume de base padrão para titular a SH e o branco,
respectivamente); M (concentração molar do HCl; m (representa a massa da
amostra de SH em mg).
A determinação da acidez carboxílica é feita pelo método do acetato de
cálcio.
Ca(CH
3
COO)
2
+ 2 R-COOH Ca(R-COO)
2
+ 2 CH
3
-COOH
Deixa-se a SH em reação com excesso de acetato de cálcio por 24 h, sob
N
2
e
à temperatura ambiente, e determina-se a quantidade de CH
3
COOH liberado
por titulação com NaOH (padrão). Transfere-se 10 mg de SH para um erlenmeyer
e adiciona-se 10 mL de Ca(CH
3
COO)
2
0,105 mol L
-1
. Completa-se o volume com
40 mL de água bidestilada e fervida. O sistema é mantido em N
2
por 24 h, à
temperatura ambiente. A suspensão é filtrada com NaOH 0,02 mol L
-1
.
24
Por fim, determina-se a acidez fenólica pela diferença da acidez total e
dos grupos COOH, obtendo-se:
OH
fenólico
= AT - COOH
2.2.6. Sistema operacional da titulação potenciométrica
As titulações potenciométricas foram realizadas em um sistema de célula
de titulação de vidro termostatizada (com parede dupla), selada e sob atmosfera
inerte (com gás argônio, da White Martins S.A, lavado com solução de KOH 0,1
mol L
-1
, para eliminar CO
2
do sistema), de acordo com a Figura 11.
Figura 11 –
Sistema utilizado na titulação potenciométrica
56
.
Como agente titulante foi utilizada solão padrão de KOH com
concentração em torno de 0,1 mol L
-1
. A foa iônica foi mantida constante
mediante adição de KCl (µ = 0,1 mol L
-1
), a temperatura foi mantida constante à
25,0 ± 0,1 ºC, através de um banho termostatizado (Microquímica Equipamentos
Ltda). Para o sistema de medida de pH, utilizou-se um pHmetro da marca
CORNING modelo 350 equipado com um eletrodo de referência do tipo Ag/AgCl
(marca Thomas, modelo Co-PHILA 1092-F15) e um eletrodo de vidro (marca
Thomas, modelo AHT CO, 4090-J). A precisão do pHmetro é de 3 casas
decimais. O agente titulante foi adicionado em alíquotas de 0,02 a 0,05 mL,
utilizando uma bureta automática tipo pistão, de marca Schott Gërate. As
25
titulações só iniciavam após o equilíbrio dos valores de pH, ou seja, quando os
valores de pH paravam de oscilar no leitor do pHmetro. Periodicamente, o sistema
era calibrado, pela titulação de uma solução diluída de HCl (1,0 x 10
-2
mol L
-1
)
para verificar a inclinação da curva de titulação. Antes do início de cada titulação,
o pH de uma alíquota de solão de HCl (aproximadamente 1,0 x 10
–2
mol L
-1
)
era medido: a diferença entre o valor do pH lido no pHmetro e o valor calculado, a
partir da concentração de H
+
da solução diluída de HCl. Essa diferença é
fornecida ao programa durante os cálculos das constantes de equilíbrios.
Inicialmente, curvas de p[H] versus volume (mL) de KOH ~ 0,1 mol L
-1
(agente
titulante) foram obtidos e os cálculos das constantes de protonação, e das
constantes de complexação, foram determinados com a ajuda do programa
computacional BEST7 e as curvas de distribuição de espécies foram obtidas com
o auxílio dos programas SPE e SPEPLOT
49
.
2.2.7. Titulação do sistema modelo para SH
As seguintes substâncias foram escolhidas para compor o sistema
modelo de estudo para SH: ácido 2,4-dihidroxibenzóico, ácido benzeno-1,2-
dicarboxílico, e ácido aminoacético (Figura 12). A escolha das substâncias se
deu devido ao fato de possuírem os principais grupos funcionais das SH, do tipo
ligantes duros (COOH ou fenólicos), como ligantes moles (grupos NH
2
),
constituindo assim, uma "mistura modelo universal" que pode ser usada para
simular a complexação de íons metálicos com SH de qualquer origem (terrestre
ou aquática). Adicionalmente, os grupos possuem diferentes faixas de constantes
potenciométricas, o que facilita a interpretação dos resultados, sendo mais fácil de
avaliar a eficácia do programa BEST7.
OH
OH
O
C
OH
C
C
O
O
OH
OH
NH
2
-CH
2
-COOH + H
3
O
+
(A) (B) (C)
Figura 12 -
Fórmulas estruturais das substâncias usadas para o sistema modelo:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
(B)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico e
(C)
ácido aminoacético.
26
As seguintes titulações foram feitas (em triplicata): cada ácido
individualmente, a combinação de dois ácidos, e de todos os três juntos. As
titulações também foram feitas na presença dos íons Cu (II), Zn (II) e Cd (II).
As a determinação das constantes potenciométricas, para o sistema modelo,
foram efetuadas as titulações do AFRS, na presença e na ausência de íons
Cu (II), Zn (II) e Cd (II). Os cálculos para a determinação das quantidades dos
grupos funcionais que constituem o AFRS e das constantes dos equilíbrios foram
realizados.
2.2.8. Espectroscopia de absorção molecular de luz na região do ultravioleta
e visível (UV-Vis)
A espectroscopia de absorção molecular de luz na região do ultravioleta
e visível foi utilizada para caracterizar as espécies químicas formadas com os
íons Cu (II) e os ligantes da mistura modelo. Os resultados foram comparados
com aqueles obtidos por potenciometria. Os espectros de UV-Vis foram obtidos
em um espectrofotômetro Perkin Elmer modelo Lambda 19, em cubetas de
quartzo com caminho óptico de 1 cm.
2.2.9. Espectroscopia de absorção de luz na região do infravermelho com
transformada de Fourier (FTIR)
Esta técnica foi usada para identificar os grupos funcionais na amostra de
AFRS, bem como as suas interações com os íons metálicos (Cu(II) e Cd(II)). Os
espectros foram feitos a partir de pastilhas de ~ 2 mg de AFRS (sem metal e
complexado com o Cu(II) e o Cd(II), em 100 mg de KBr seco). Foram recolhidas
alíquotas de 8 mL de solução durante as titulações em diferentes faixas de pH
(3,5; 5,5; 7,0 e 10,0), para a titulação do AFRS sem metal e com metal. As
alíquotas foram congeladas e liofilizadas (para desidratarem sem alterarem a
estrutura), e com o sólido (pó) foram feitos os espectros. Os espectros foram
realizados em um espectrômetro de infravermelho PERKIN-ELMER, modelo 16
PC. Os espectros foram obtidos de 650 à 4.000 cm
-1
.
27
2.2.10. Espectroscopia de fluorescência
Esta técnica foi usada para caracterizar os principais fluoróforos na
amostra de AFRS e avaliar a intensidade de suas ligações químicas com metais.
Espectros de emissão de fluorescência das soluções do AFRS (20 mg L
-1
) foram
obtidos em um espectrofluorímetro Perkin Elmer, modelo LS5, à temperatura
ambiente (~23 ºC). Foi usado o comprimento de onda de excitação (λ
ex
) de 313
nm para gerar o espectro de emissão.
28
Capítulo 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Parte A - Estudo da mistura modelo para SH
3.1. Determinação das constantes de protonação dos grupos funcionais da
mistura modelo
Foram escolhidas três substâncias com características ácidas. A escolha
se deu devido às três substâncias possuírem grupos funcionais característicos da
maioria dos AF encontrados na natureza
11,23,55,57
e por apresentarem valores de
constantes de protonação mais distantes um do outro, o que permite testar a
eficiência do modelo. Foram feitas titulações potenciométricas das três
substâncias separadamente, a combinação de duas a duas, e a titulação das três
juntas, todas na ausência e na presença dos íons metálicos divalentes Cu, Zn e
Cd.
Na Figura 13, vê-se os gráficos das titulações potenciométricas das
substâncias separadas e da mistura das mesmas.
0
1
2
3
4
5
6
7
2
4
6
8
10
12
D
C
B
A
pH
a (mmol KOH/mmol de ligante)
Figura 13 -
Curvas p[H]
versus
a (mmol KOH/mmol de ligante), onde:
(
A
) ácido 2,4-dihidroxibenzóico, (
B
) ácido benzeno-1,2-dicarboxílico,
(
C
) ácido aminoacético, e (
D
) mistura dos três ácidos.
µ=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC, concentração de cada componente = 0,05 mmol
em 50 mL de solução.
A curva (A) representa a titulação do ácido 2,4-dihidroxibenzóico, onde
ocorre primeiro a desprotonação do grupo carboxílico e depois a desprotonação
do grupo fenólico em posição
para
, em relação ao grupo COOH. A desprotonação
do outro grupo felico em posição
orto
ocorre somente em valores de pH muito
29
altos (acima de 13), em razão da formação de uma ligação de hidrogênio entre o
OH fenólico e o COO
-
60
, elevando o primeiro pKa do grupo fenólico. A curva (B)
representa a titulação do ácido benzeno 1,2-dicarboxílico, que perde durante o
processo de dissociação 2 prótons dos grupos carboxílicos (a = 2). A curva (C)
representa a titulação do ácido aminoacético que envolve a perda de 2 prótons
(a = 2,5, sendo que 1,5 devido à adição do HCl para protonar o aminoácido).
A curva (D) é a representação da titulão da mistura das 3 substâncias, neste
caso, ocorre a desprotonação de 4 grupos carboxila, grupo fenólico e 1 grupo
amino. Através dos dados das curvas potenciométricas, foram calculados, com
auxílio do programa computacional BEST7, os valores das constantes de
protonação de cada grupo ácido, para cada uma das três substâncias.
Na Tabela 7 vê-se os valores das constantes de protonação dos ácidos do
sistema modelo para SH (em logaritmo).
Tabela 7 -
Constantes de protonação obtidas para a mistura modelo (valores da literatura
entre parênteses)
61
. Onde:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico;
(B)
ácido benzeno-1,2-
dicarboxílico e
(C)
ácido aminoacético. L (representa=A, B e C). As titulações foram feitas
em triplicata.
Espécies A (logK) B (logK) C (logK)
[HL]/[H].[L]
13,37
±
0,00 (13,40
±
0,00)
a
4,94
±
0,00 (4,92
±
0,00)
9,50
±
0,00
(9,56
±
0,00)
[H
2
L]/[HL].[H]
8,60
±
0,00 (8,60
±
0,00) 2,75
±
0,00 (2,75)
±
0,00)
2,39
±
0,00
(2,36
±
0,00
)
[H
3
L]/[H
2
L].[H]
3,13
±
0,00 (3,13
±
0,00)
- -
a
foi medido por UV-Vis
Observa-se na Tabela 7 que os valores das constantes de protonação
obtidos e os valores da literatura
61
o muito semelhantes, demonstrando-se o
uso do programa computacional BEST7 para a determinação de constantes dos
equilíbrios em misturas envolvendo diferentes grupos funcionais,numa faixa
estreita de pH. Na Figura 14, vê-se o diagrama de distribuição de espécies da
mistura modelo, que é obtido com o software SPEPLOT
49
, utilizando-se os
valores das constantes que foram calculadas com o programa computacional
BEST7.
30
Figura 14
- Diagrama de distribuição de espécies da mistura modelo (% de
espécies versus p[H]). Onde: H
3
A – ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
H
2
B - ácido benzeno-1,2-dicarboxílico, e H
2
C - ácido aminoacético.
Demais espécies aparecem desprotonadas. µ=0,1 mol L
-1
KCl,T=25 ºC,
Concentração inicial de cada componente =
~0,05 mmols em 50 mL de solução.
No diagrama de distribuição de espécies é possível observar(atras dos
pontos de máximo das curvas) que em p[H] ~2, as 3 substâncias aparecem
protonadas. À medida que incrementos de base vão sendo adicionados, em p[H]
3,8 ocorre a máxima concentração das espécies HB (87%), em p[H] 5 há a
máxima concentração da espécie HC (99%), em p[H] 5,6 existe a máxima
concentração da espécie H
2
A (72%). Em valores de pH acima de 5,1 predomina
a espécie B completamente desprotonada, a espécie A diprotonada e a espécie C
monoprotonada. O ácido 2,4-dihidroxibenzóico só irá perder totalmente seus
prótons em valores de pH acima de 12, devido, principalmente às ligações de
hidrogênio que se formam entre os grupos carboxilato e hidróxido. No caso do
ácido aminoacético, a espécie completamente desprotonada predomina em
valores de pH acima de 9,5.
3.2. Medidas das quantidades molares dos grupos funcionais da mistura
modelo
A determinação da quantidade de grupos funcionais é necessária para
podermos prever a quantidade de íons metálicos que irão se complexar nesses
31
grupos. A Tabela 8 apresenta os valores das quantidades de grupos funcionais
para a mistura modelo, calculados pelo método de Gran modificado, e a
comparação dos valores calculados pelo programa computacional BEST7 e com
os valores teóricos.
Tabela 8 -
Valores das quantidades dos grupos funcionais oxigenados (meq g
-1
) da
mistura modelo calculados pelo método de Gran e por BEST7. Abaixo encontram-se os
valores teóricos.
método
grupos carboxílicos
grupos fenólicos acidez total
GRAN
(3,18
±
0,20) (3,20
±
0,50) (6,37
±
0,07)
BEST7
(3,59
±
0,06) (3,25
±
0,07) (6,84
±
0,09)
Teóricos
(4,00
±
0,00) (3,00
±
0,00) (7,00
±
0,00)
Os resultados da Tabela 8 foram obtidos pela média de 3 titulações
potenciométricas. Os valores obtidos pelo método de Gran, por ser um método
matemático, linear, tem maior probabilidade de erro em relação ao método
computacional BEST7, cujos valores mostraram-se ser mais próximos dos valores
teóricos. Seymour
50
adaptou o método de Gran para a determinação somente
dos grupos fenólicos e carboxílicos de SH, pois a maioria dos autores considera
que os principais agentes complexantes sejam esses grupos oxigenados. Apesar
de os grupos que contém nitrogênio complexarem muito bem com o Cu (II), por
exemplo, sua quantidade é na maioria das vezes muito pequena em relação a
esses grupos oxigenados. Desta forma os grupos nitrogenados não são incluídos
no método de Gran. Tal consideração contém certamente uma certa margem de
erro, pois o leva em conta outros grupos funcionais que as substâncias possam
ter. Este procedimento será avaliado mais adiante.
32
3.3 Complexação dos grupos funcionais da mistura modelo com íons
metálicos divalentes Cu (II), Zn (II) e Cd (II)
Foram feitas titulações potenciométricas de cada ácido separadamente
na presença de Cu (II), Zn (II), e Cd (II) ~ 0,01 mol L
-1
, nas proporções de 1:1 e
2:1, ligante : metal. Também foram realizadas titulações de dois ácidos e da
mistura modelo, na presença dos íons metálicos. Na Figura 15, vê-se as curvas
de titulação potenciométrica para a mistura modelo na presença e na ausência
dos íons Cu (II), Zn (II) e Cd (II).
Figura 15 -
Curvas de titulação potenciométrica:
(A)
mistura modelo,
(B)
mistura modelo
com solão de Cu (II),
(C)
mistura modelo com solão de Zn (II), e
(D)
mistura modelo com solução de Cd(II), na proporção (em número de
mmols)1:1 (metal:ligante). (µ=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC,
Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL de solão).
Inicialmente as curvas são sobreponíveis mas a partir de p[H] 4 começa
haver a complexação dos íons metálicos pelos grupos funcionais da mistura
modelo, o que provoca o deslocamento das curvas (B), (C) e (D) para a direita,
em relão à curva (A).
0
1
2
3
4
5
2
4
6
8
10
12
D
C
B
A
p[H]
V KOH (ml)
33
Na Tabela 9 estão os valores das constantes de complexação dos íons
Cu (II), Zn (II) e Cd (II) com as substâncias da mistura modelo, determinados pelo
BEST7.
Tabela 9 -
Constantes de equilíbrio (logK) para complexos de Cu(II), Zn(II) e Cd(II) com:
(A)
ácido 2,4-dihidroxibenzóico,
(B)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico, e
(C)
ácido
aminoacético. L (representa = A, B e C). (valores da literatura entre parênteses)
61
. OBS:
O símbolo (-) indica que os valores o existem na literatura.
Espécies A(logK) B(logK) C(logK)
[CuL]/[Cu].[L]
5,96
±
0,03 (5,96
±
0,01)
3,22
±
0,03 (3,22
±
0,03)
8,13
±
0,05 (8,13
±
0,07)
[CuL
2
]/[Cu].[L
2
]
9,81
±
0,03 (9,80
±
0,04)
5,50
±
0,02 (5,46
±
0,01)
15,00
±
0,06 (15,00
±
0,10)
[ZnL]/[Zn].[L]
10,87
±
0,09 (-)
2,40
±
0,02 (2,20
±
0,01)
4,97
±
0,02 (4,96
±
0,03)
[ZnOHL].[H]/[ZnL]
0,33
±
0,09 (-)
(-) (-)
[ZnL
2
]/[Zn].[L
2
]
(-)
(-)
9,29
±
0,06 (9,19
±
0,08)
[CdL]/[Cd].[L]
9,60
±
0,07 (-)
2,49
±
0,02 (2,50
±
0,01)
4,21
±
0,04 (4,24
±
0,03)
[CdOHL].[H]/[CdL]
0,23
±
0,09 (-)
(-)
(-)
[CdL
2
]/[Cd].[L
2
]
(-) (-)
7,70
±
0,02 (7,71
±
0,02)
Os valores das constantes de complexação para os íons metálicos
divalentes (cobre, zinco e cádmio) e os valores da literatura
61
o muito
semelhantes, indicando a aplicabilidade da técnica empregada. A seguir, na
Figura 16, vê-se o gráfico de distribuição de espécies da mistura modelo e
espécies formadas com os íons Cu(II) em percentagem versus p[H].
34
Como se pode observar na Figura 16, a partir de p[H] 5 tem-se a
formação do complexo CuB (quantidade máxima 19,1%), a seguir forma-se a
espécie CuC em p[H] 5,5 (na concentração máxima de 50,7%) e a espécie CuA
(29,7%) em p[H] 7. As espécies CuC
2
(49,1%) e CuA
2
(27,6%) aparecem acima
de p[H] 8. A partir de p[H] 9, surgem as espécies hidxidas com o íon Cu (II).
Gerega et al
62
fizeram estudos de complexação de ácidos dihidroxibenzóicos
com íons Cu (II), utilizando titulão potenciométrica e espectroscopia de
ressonância paramagnética eletrônica, e observaram que a capacidade de
complexação dos ácidos dihidroxibenzóicos depende fortemente da posição de
seus grupos doadores, sendo o catecol o mais efetivo, quando é usado o ácido
3,4-dihidroxibenzóico. Observaram também que abaixo de p[H] 5, a complexação
com o Cu (II) ocorre primeiramente com os grupos carboxilatos, enquanto que os
oxigênios dos fenolatos permanecem protonados. Micera et al.
63
argumentam
que os grupos fenólicos mostram uma tendência de serem envolvidos em
ligações de hidrogênio e, que em torno de p[H] 5, a maior parte das espécies
formam complexos quelatos CuL (onde: L = ligante) nos quais um ligante se liga
ao íon metálico, através dos carboxilatos e dos oxigênios dos grupos fenolatos
Figura 16 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Cu(II) versus p[H], na
razão molar 1:1
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico
(A)
,
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico
(B)
e ácido aminoacético
(C)
. Somente
as espécies que contém Cu(II) foram mostradas. µ=0,1 mol L
-1
KCl,
T=25 ºC, Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL
de solução.
35
adjacentes. Um aumento posterior de pH leva à formação de outras espécies
quelantes de complexos do tipo CuL
2
(onde: L = 2 ligantes), nos quais dois
ligantes podem ser ligados como descrito no modo anterior
60
. Segundo
Stevenson
64
, a formação de mais de uma ligação entre o metal e a molécula
orgânica usualmente acarreta alta estabilidade ao complexo. O íon Cu(II) é um
metal que coordena facilmente com a maioria dos grupos doadores das SH
62
. Na
Figura 17, como exemplo, vê-se um esquema resumido de como podem ser as
estruturas dos complexos formados, onde o ligante (L) seria representado por um
aminoácido qualquer (como exemplo simples de matéria orgânica)
64
. O íon Cu
(II) sempre aparece como se estivesse no centro de um octaedro regular,
podendo suportar pequenas distoões
65
.
Desta forma e com base nos estudos realizados pelos autores citados
anteriormente, pode-se formular algumas hipóteses para as estruturas dos
H
C
C
O
-
O
R
N
H
2
_
(
L
)
+
C
u
O
H
2
O
H
2
H
2
O
H
2
O
O
H
2
O
H
2
(
2
+
)
R
C
H
C
O
-
O
`
`
N
H
2
C
u
O
H
2
O
H
2
O
H
2
O
H
2
(
+
)
(
C
u
L
)
1
:
1
C
u
O
H
2
O
H
2
C
O
-
O
H
2
N
O
-
O
C
N
H
2
C
H
R
C
H
R
(
C
u
L
2
)
2
:
1
Figura 17-
Formação de complexos CuL (1:1) e CuL
2
(1:2) de Cu(II) e
aminoácido (L)
64
.
36
complexos formados, cuja distribuição foi calculada no diagrama de espécies da
Figura 16. Na Figura 18 estão representadas essas estruturas.
Figura 18 -
Representação das estruturas dos complexos formados que foram
detectados no diagrama de espécies da
Figura 16
.
Observa-se que o ácido aminoacético foi a substância que formou maior
quantidade de espécies com os íons Cu (II). Para simular misturas onde a
presença de grupos nitrogenados seja considerável, a inclusão de componentes
com grupos funcionais nitrogenados é importante, uma vez que o íon Cu (II) forma
complexos bastante estáveis com grupos que contenham o nitrogênio, mesmo
que a quantidade desses grupos seja pequena. A presença desses grupos pode
ser detectada por outras técnicas, tais como FTIR ou análise elementar
(consideram-se os grupos nitrogenados no modelo somente quando aparece o
nitrogênio acima de 3%). A formação de espécies com ligações COO
-
com o Cu
(II) ocorreu como foi descrito anteriormente, um pouco abaixo de p[H] 5. A seguir,
37
na Figura 19, vê-se o gráfico de distribuição de espécies da mistura modelo e
espécies formadas com os íons Zn (II) em percentagem versus p[H].
Figura 19 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Zn (II) versus p[H], na
razão molar 1:1.
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico
(A)
,
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico
(B)
, e ácido aminoacético
(C)
. Somente
as espécies que contém Zn (II) foram mostradas. (µ=0,1 mol L
-1
KCl,
T=25 ºC, Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL de
solução.
Na Figura 19, vê-se a formação do complexo ZnB (quantidade máxima
de 12%) ocorre acima de p[H] 5,8. A espécie ZnC (quantidade máxima de
14%) ocorre acima de p[H] 7,8, e a espécie ZnA (quantidade máxima de 81%)
aparece acima de p[H] 9,2. A espécie ZnC
2
aparece acima de p[H] 9,7 na
concentração máxima de 15%. Acima de p[H] 10,5, forma-se a espécie hidroxi
Zn(OH)A em quantidade de até 63%. Acima de p[H] 11, produtos de hidrólise
do íon Zn (II) aparecem e suas quantidades aumentam em valores de p[H]
mais elevados. Na Figura 20 vê-se estruturas sugeridas para os complexos
formados da Figura 19.
38
Figura 20 -
Representação das estruturas dos complexos formados com o íon Zn(II) que
foram detectados no diagrama de espécies da
Figura 19
.
Assim como o Cu (II), o Zn (II) formou complexos, em maior
quantidade, com o ácido 2,4-dihidroxibenzóico
(A)
e com o ácido aminoacético
(C)
, ligando-se, de modo preferencial, a grupos salicílicos. O Zn (II) formou uma
espécie hidroxi (Zn(OH)A) com o ácido 2,4-dihidroxibenzóico.
Na
Figura 21
, vê-se o gráfico de distribuição de espécies da mistura
modelo e espécies formadas com os íons Cd (II) em percentagem
versus
p[H].
39
Figura 21 -
Percentagem de espécies
formadas com o metal Cd(II) versus p[H], na razão
molar 1:1.
(metal:ligante). Onde: ácido 2,4-dihidroxibenzóico (
A
); ácido
benzeno-1,2-dicarboxílico (
B
) e ácido aminoacético (
C
). Somente as espécies
que contém Cd(II) foram mostradas. (µ=0,1 mol L
-1
KCl, T=25 ºC,
Concentração de cada componente ~ 0,05 mmols em 50 mL de solução).
Na
Figura 21
, observa-se o máximo de formão do complexo CdB em
pH 6,0, na quantidade de 21%. O complexo CdC aparece na quantidade máxima
de 11% em pH 8,3. Com o ácido 2,4-dihidroxibenzóico (A) formam-se dois
complexos: CdA em p[H] 8,5, onde apresenta-se 63% formado acima de pH 9,3
predomina a espécie Cd(OH)A atingindo uma quantidade de 95% em pH12.
Na
Figura 22
vê-se as estruturas dos complexos formados da
Figura
21
.
40
Figura 22 -
Representação das estruturas dos complexos formados com o íon Cd (II) que
foram detectados no diagrama de espécies da
Figura 21
.
O Cd (II) demonstrou um comportamento muito semelhante ao do Zn
(II), formando complexos, em maior quantidade, com o ácido 2,4-
dihidroxibenzóico
(A)
e com o ácido aminoacético
(C)
, ligando-se, de modo
preferencial, a grupos salicílicos. O Cd (II) também formou uma espécie hidroxi
(Cd(OH)A) com o ácido 2,4-dihidroxibenzóico. Observou-se nos diagramas de
distribuição de espécies que próximo ao p[H] 5 a complexação dos metais
bivalentes (Cu (II), Zn (II) e Cd (II)) ocorreu, numa primeira etapa, com os ânions
carboxilato. Acima de p[H] 5, a maior parte das espécies formou complexos
quelatos, nos quais um ligante liga-se ao cátion metálico através dos carboxilatos
e dos oxigênios dos grupos fenolatos adjacentes. A seguir, formam-se outros
quelatos do tipo ML
2
(onde: M = metal e L = ligante). O íon Cu (II) coordenou com
todos os grupos funcionais da mistura modelo, formando apenas espécies do tipo
ML
e ML
2
.
Os íons Zn (II) e Cd (II) apresentaram baixos valores de logK bem
41
como pequena quantidade de espécies formadas. Acima de p[H] 7 também foram
observadas espécies hidxidas do tipo MOHL, para os íons Cd (II) e Zn (II).
3.4. Aplicação da espectroscopia de absorção molecular de luz na região
do ultravioleta e do visível (UV-Vis) na identificação de espécies de
Cu (II) encontradas na potenciometria
O objetivo desta técnica foi o de comprovar a existência das espécies
químicas (ML
e ML
2
) observadas na potenciometria
,
que surgem com o Cu(II) em
diferentes faixas de pH. Os espectros de UV-Vis foram feitos usando alíquotas
das soluções da mistura modelo, durante a titulação potenciométrica. Foram
feitas medidas em 5 pHs diferentes.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 23 -
Espectros
de UV-Vis:
(A)
ácido benzeno-1,2-dicarboxílico;
(B)
ácido 2,4-
dihidroxibenzóico;
(C)
ácido aminoacético e
(D)
da mistura modelo, sendo que
todos foram titulados em presença de solução de Cu(II) 10
-2
mol L
-1
.
400
600
800
0.00
0.25
0.50
3,5
5,5
7,0
10,5
absorbância (cm
-1
)
comprimento de onda (nm)
400
600
800
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
3,5
5,5
7,0
absorbância
comprimento de onda (nm)
400
600
800
0.00
0.05
0.10
0.15
3,5
5,5
7,0
8,0
10,5
absorbância
comprimento de onda (nm)
400
600
800
0.00
0.05
0.10
3,5
5,5
7,0
8,0
10,5
absorbância
comprimento de onda (nm)
42
Na Tabela 10 estão representadas as espécies químicas encontradas
por UV-visível durante a titulação potenciométrica da mistura modelo com os íons
Cu (II), em 5 pHs diferentes.
Tabela 10 -
Espécies químicas encontradas durante a titulação potenciométrica da
mistura modelo com os íons Cu (II), em 5 pHs diferentes e respectivos comprimentos de
onda (nm) encontrados na espectroscopia de UV- Vis. Valores da literatura entre
parênteses
60
.
pH Comprimento de
onda(nm)
Comprimento de
onda(nm)
Espécies
químicas
3,5 - - -
5,5 389,5 (380) 726 (735) ML
(COO
-
, O
-
)
7,0 383 ( - ) 649 (650) ML
2
2 X (COO
-
, O
-
)
8,0 381 ( - ) 641 (650) ML
2
2 X
(COO
-
, O
-
)
10,5 - 640 (650) ML
2
2 X (COO
-
, O
-
)
Na Tabela 10 os valores em torno de 380 nm correspondem a
transferência de carga entre o doador do oxigênio do fenolato e o íon Cu (II).
Valores em torno de 735 nm (formação da espécie ML) e 650 nm (formação da
espécie ML
2
) correspondem a aumento de energia nas transições d-d, nos
grupos fenolatos
60
. A Figura 23 (d) é o espectro da mistura dos 3 ácidos
orgânicos usados para representar o modelo de substâncias húmicas. Observa-
se que a substância que menos formou complexos com o Cu (II) foi o ácido
benzeno-1,2-dicarboxíico (Figura 23 (a)), pois formou espécies do tipo ML de pH
3,5 até pH 5,5, o tendo formado nenhuma espécie ML
2
. Na Figura 23 (b) em
pH 5,5 surge a espécie ML e a partir de pH 7,0 surge a espécie ML
2
. Na
Figura 23 (c) surge a espécie ML desde pH 3,5. Em pH 5,5 há a mistura das
duas espécies ML e ML
2
. As pH 7,0 há grande formação da espécie ML
2
.
Todos os resultados obtidos por UV-Vis (Figura 23), comprovaram as espécies
encontradas no diagrama de espécies obtido por potenciometria da Figura 22.
43
Parte B – Aplicação da metodologia desenvolvida ao estudo do AFRS
3.5. Medidas das quantidades molares dos grupos funcionais do AFRS
Inicialmente, para ter uma idéia aproximada, do total de grupos
funcionais oxigenados divididos em duas grandes classes: fenólicos e
carboxílicos, foram calculadas as quantidades desses grupos (em meq g
-1
).
Na Tabela 11 vê-se os valores das quantidades de grupos funcionais para a
amostra de AFRS, calculados pelo Método de Schnitzer e Gupta (método
químico) e sua comparação com valores obtidos por outros métodos e outros
autores
54
.
Tabela 11 -
Valores das quantidades dos grupos funcionais oxigenados (meq g
-1
) do
AFRS calculados, neste trabalho, pelo Método de Schnitzer e Gupta (AFRS
em C = 93 mg L
-1
), e comparão com outros valores da literatura
47
(em LEENHEER
et al. 1995, e referências que constam no mesmo. OBS: Nas referências do artigo citado
não constam os valores de desvio padrão das médias)
*
.
método grupos carboxílicos grupos fenólicos acidez total
Schnitzer e Gupta
4,900
±
0,110 6,600
±
0,510 11,500
±
0,500
Titulaçãopotenciométrica
*
6,10
- -
Titulação potenciométrica
*
5,65
- -
Titulação potenciométrica
*
(solventes orgânicos)
4,15
- -
Titulação potenciométrica
*
6,00
- -
RMN-C
13
, estado sólido
*
6,20
- -
Metilação e RMN-C
13
*
6,00
- -
Metilação e RMN-H
1
*
6,80
- -
Os resultados da Tabela 11, para este trabalho (do método de Schnitzer
e Gupta), foram obtidos pela média de 3 titulações. Como se pode verificar na
Tabela 11, na literatura não existe um valor exato dos grupos funcionais dessas
substâncias, apenas uma média aproximada, pois elas são misturas de
macromoléculas complexas, que sofrem alterações na estrutura em algumas
épocas do ano, por meio de oxidações e degradações térmicas, etc
47,48,55
. A
seguir, com o uso do método BEST7, foram encontrados 5 espécies de grupos
oxigenados: fenol – benzóico – catecol – ácido ftálico e ácido salicílico. Na
Tabela 12, vê-se os valores das quantidades molares (meq g
-1
) encontradas.
44
Tabela 12 –
Valores das espécies oxigenadas (meq g
-1
) do AFRS,
divididas em 5 classes, calculados pelo método BEST7.
espécies oxigenadas
(grupos funcionais)
Quantidade de grupos
funcionais (meq g
-1
)
catecol
3,300
±
0,010
salicílico
2,875
±
0,015
ftálico
2,450
±
0,030
fenol
1,650
±
0,060
benzóico
1,225
±
0,070
Como se pode observar na
Tabela 12
, o mais alto valor obtido se refere
aos grupos catecóis (3,300
±
0,010 meq g
-1
), e o mais baixo corresponde aos
grupos benzóicos (1,225
±
0,070 meq g
-1
). Segundo Stevenson
66
é difícil fazer
uma distribuição dos grupos oxigenados das SH devido a alguns fatores, tais
como divergência da origem e pureza das SH (teor de cinzas, por exemplo);
durante o processo de extração e purificação a amostra pode sofrer reações de
oxidação ou adsorver reagentes; a variação de massa molecular, levando a
fracionamento durante o manuseio da amostra; a proximidade de muitos e
diferentes grupos funcionais reativos que influenciam a sua própria reatividade e a
especificidade dos reagentes usados para a sua deteão (o que pode ser
minimizado com o uso de técnicas analíticas instrumentais).
A seguir, na
Figura 24
, pode-se ver o modelo da matriz usada para
calcular os valores dos mmols dos grupos oxigenados do AFRS, bem como o
valor de suas constantes potenciométricas.
45
Figura 24 -
Modelo de matriz usada para fazer os cálculos de refino das constantes
potenciométricas (logK) e dos valores em mmols dos grupos oxigenados do
AFRS usando o software BEST7.
Onde:
V
KOH
(mL) = 50.0 0.097001 (normalidade da base KOH)
9.82 (constante de desprotonação dos grupos fenólicos (log K))
4.56 (constante de desprotonação dos grupos benzóicos (log K))
13.0 (primeira constante de desprotonação dos grupos catecóis (log K))
22.24 (segunda constante de desprotonação dos grupos catecóis (log K))
4.92 (primeira constante de desprotonação dos grupos ftálicos (log K))
7.68 (segunda constante de desprotonação dos grupos ftálicos (log K))
13.4 (primeira constante de desprotonação dos grupos salicílicos (log K))
16.21 (segunda constante de desprotonação dos grupos salilicos (log K))
-13.78 (constante de formão da água)
Colunas: 0.00 3,039
0,00 3,070
... ...
As duas colunas representam os valores de titulação: volume de agente titulante
(em mL de KOH), à esquerda, e os respectivos valores de pH, à direita. Os valores
foram medidos até pH 12. Os valores: -11. -6. -7. -8. -10. (são os valores das
concentrações molares (logK) da formação de cada espécie desprotonada).
Resultados da Titulação do AFRS (IR101F da IHSS)
Fenol .0031100
benzóic .0122300
(quantidades em mmols)
catecol .006220
ftalico .024460
salicil .01534
H+ .11136
50.0 0.097001
0.0 0101 0200 0300 0400 0500 0600 (linha dos grupos felicos)
9.82 0101 0200 0300 0400 0500 0601
0.0 0100 0201 0300 0400 0500 0600 (linha dos grupos benzóicos)
4.56 0100 0201 0300 0400 0500 0601
0.0 0100 0200 0301 0400 0500 0600 (linha dos grupos catecóis)
13.0 0100 0200 0301 0400 0500 0601
22.24 0100 0200 0301 0400 0500 0602
0.0 0100 0200 0300 0401 0500 0600 (linha dos grupos ftálicos)
4.92 0100 0200 0300 0401 0500 0601
7.68 0100 0200 0300 0401 0500 0602
0.0 0100 0200 0300 0400 0501 0600 (linha dos grupos salicílicos)
13.4 0100 0200 0300 0400 0501 0601
16.21 0100 0200 0300 0400 0501 0602
0.0 0100 0200 0300 0400 0500 0601 (linha da hidrólise da água)
-13.78 0100 0200 0300 0400 0500 06-1
0.00 3.039 -11. -6. -7. -8. -10.
0.05 3.070
...... ...
46
Para determinar as constantes potenciométricas e as quantidades (em
mmols) dos grupos oxigenados do AFRS, é necessário construir uma matriz como
mostrada na Figura 24. É necessário fornecer os dados iniciais para a matriz,
como por exemplo: constantes de protonação dos grupos oxigenados (obtidos da
literatura, baseados em moléculas de substâncias simples, como ácidos
orgânicos fracos, no presente caso: fenol, ácido benzóico, catecol, ácido salicílico
e ácido ftálico).
3.6. Determinação das constantes de protonação dos grupos funcionais
do AFRS
Através dos dados das curvas (p[H] versus V
KOH
(mL)), foram calculados,
com auxílio do programa computacional BEST7, os valores das constantes de
desprotonação de cada grupo ácido, para cada uma das cinco espécies
oxigenadas principais do AFRS. Na Tabela 13 vê-se os valores das constantes
de desprotonação do AFRS (em logaritmo).
Tabela 13 -
Constantes de desprotonação (log K) para os grupos funcionais: fenól
(A)
,
benzóico
(B),
catecol
(C),
ftálico
(D)
e salicílico
(E).
Onde: L (representa = A, B, C, D e E).
Valores da literatura entre parênteses
61
.
Espécies log K
[HA] / [H].[A]
9,95
±
0,06 (9,82
±
0,04)
[HB] / [H].[B]
4,49
±
0,03 (4,00
±
0,01)
[HC] / [H].[C]
13,13
±
0,07 (13,00
±
0,10)
[H
2
C] / [HC].[H]
9,35
±
0,06 (9,24
±
0,04)
[HD] / [H].[D]
5,47
±
0,05 (4,92
±
0,01)
[H
2
D] / [HD].[H]
3,07
±
0,03 (2,75
±
0,02)
[HE] / [H].[E]
13,49
±
0,01 (13,40
±
0,00)
[H
2
E] / [HE].[H]
2,95
±
0,03 (2,81
±
0,01)
Observa-se na Tabela 13 que os valores obtidos para as constantes de
desprotonação e os encontrados na literatura
61
o muito semelhantes, na
maioria dos casos, e que as diferenças que ocorrem nos grupos ácidos mais
fortes (ácido benzóico e ácido ftálico) podem ser explicadas por causa de efeitos
polares e/ou estéricos de grupos substituintes
67
, bem como ligações de
hidrogênio entre grupos ácidos tem efeito significativo na acidez destes grupos,
estabilizando o ânion carboxilato por formação de ligações de hidrogênio
intramoleculares, o que é capaz de aumentar o valor da constante
47
potenciométrica em 2 unidades, no caso dos grupos carboxílicos
68
. O diagrama
de distribuição dos grupos ácidos e básicos do AFRS (Figura 25) é obtido com o
software SPEPLOT
49
, usando os dados de entrada que foram calculados com o
programa computacional BEST7.
A seguir, na Figura 25 vê-se o diagrama de distribuição de espécies do
AFRS.
Figura 25
- Diagrama de distribuição de espécies do AFRS (% de espécies versus
log[H+]) ou p[H]). Onde: HA – fenol, HB – ácido benzóico, H
2
C - catecol,
H
2
D - ácido ftálico, e H
2
E - ácido salicílico, antes da perda de prótons.
Demais espécies aparecem desprotonadas.
µ = 0,1 mol L
-1
KCl, T = 25 ºC, C
AF
= 80 mg L
-1
.
No diagrama de distribuão de espécies observa-se (através dos pontos
de máximo das curvas) que em p[H] 2 (no início das titulações), os grupos
funcionais ainda não perderam nenhum próton. A medida que incrementos de
base vão sendo adicionados, em p[H] 4,2 ocorre a máxima concentração das
espécies HD (63%), em p[H] 6 há a máxima concentração da espécie HE (82%).
Em p[H] 8, as espécies B (carboxilatos) e D (ftalatos) estão completamente
desprotonadas, ou seja, todos os grupos COOH do AF foram desprotonados. No
caso dos grupos fenólicos, catecóis e salicílicos, só vão perder totalmente seus
prótons em p[H] acima de 11.
48
3.7. Complexação dos grupos funcionais do AFRS com os íons divalentes
cobre, cádmio e zinco
A seguir, na Tabela 14 estão os valores das constantes de complexação
dos íons Cu (II), Zn (II) e Cd (II) para os grupos funcionais do AFRS.
Tabela 14
Constantes de equilíbrio (logK) para os íons Cu(II), Cd(II) e Zn(II) e os
ligantes fenol
(A)
, benzóico
(B)
, catecol
(C)
, ftálico
(D)
e salicílico
(E)
do AFRS.
Onde: L (representa = A,B,C,D and E). Os valores da literatura estão listados entre
parênteses
61
. OBS: O símbolo (-) significa que os respectivos valores não foram
observados experimentalmente e (*) valores não publicados.
espécies A (logK) B(logK) C(logK) D(logK) E(logK)
[CuL]/[Cu].[L]
7,62
±
0,07
(*)
(-)
(1,60
±
0,01)
13,42
±
0,05
(13,00
±
0,06)
(-)
(3,22
±
0,03)
11.13
±
0,02
(10.62
±
0,02)
[CuL
2
]/[Cu].[L
2
]
(-) (-)
25,39
±
0,08
(24,90
±
0,10)
(-)
(5,46
±
0,04)
18.95
±
0,05
(18.45
±
0,01)
[CdL]/[Cd].[L]
(-) (-)
(1,40
±
0,01)
8,81
±
0,03
(8,20
±
0,01)
2,60
±
0,05
(2,50
±
0,01)
(-)
[CdOHL].[H]/[CdL]
(-) (-)
0,28
±
0,02
(*)
(-) (-)
[CdL
2
]/[Cd].[L
2
]
(-) (-)
16,78
±
0,03
(*)
(-) (-)
[ZnL]/[Zn].[L]
(-) (-)
(0,90
±
0,02)
10,05
±
0,02
(9,90
±
0,01)
(-) (-)
[ZnOHL].[H]/[ZnL]
(-) (-)
0,48
±
0,09
(*)
(-) (-)
[ZnL
2
]/[Zn].[L
2
]
(-) (-)
17,91
±
0,09
(17,40
±
0,30)
(-) (-)
Os valores das constantes de complexação para o Cu(II) e os valores
da literatura são semelhantes
61
, porém os valores de logK para os grupos
salicilatos são um pouco maiores quando estão conectados à estrutura dos AF,
daí o porquê dos valores experimentais serem um pouco maiores do que os dos
grupos do ácido salicílico (substância simples ou ácido orgânico). Desta forma,
algumas diferenças são esperadas devido ao fato do AFRS ser uma mistura tão
complexa. Gerega et al.
62
apontam que ligantes felicos são importantes como
constituintes de complexas SH, as quais são os principais ligantes, tomando parte
no transporte e acumulão de íons nutrientes. Leenheer et al.
68
comentam que
em SH podem haver grupos funcionais do tipo salicilato e a forte acidez dos
grupos salicílicos se dê pela formação de estruturas de 5 membros com ligações
de hidrogênio intramoleculares entre os grupos fenólicos e o ânion carboxilato
67
.
49
Evidências disso seriam o logK da espécie ML (salicílico) diminuir 1,5 unidades e
o logK da espécie ML
2
(salicílico) aumentar em 3 unidades, aumentando a
ionizão do primeiro próton e enfraquecendo a acidez do segundo próton.
Fatores estéricos são significantes no aumento dos efeitos de ligações de
hidrogênio na acidez. Em outras palavras, ligações de hidrogênio diminuem a
acidez e aumentam o logK (conforme Leenheer et al.
68
observaram por FTIR e
potenciometria). Grupos doadores, lado a lado, aumentam a complexação
formando complexos do tipo quelato. A seguir, na Figura 26, vê-se o gráfico de
distribuição de espécies do AFRS complexado com o Cu (II) em percentagem
versus p[H].
50
(a)
(b)
Figura 26 –
Em
(a)
e
(b)
tem-se a percentagem de espécies do AFRS formadas com o
Cu (II) versus p[H]. Onde: grupos fenolato
(A)
; grupos benzoato
(B)
; grupos
catecolato
(C)
; grupos ftalato
(D)
e grupos salicilato
(E)
. µ = 0,1 mol L
-1
KCl,
T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol CuCl2
= 10
-2
mol L
-1
.
Em
(a)
V
sol CuCl2
= 2 ,
(b)
V
sol CuCl2
= 0,5 mL
Como se pode observar na
Figura 26 (a)
, a partir de p[H] 4,0 tem-se a
formação do complexo CuE (onde: E = salicilato) atingindo a quantidade máxima
p[H]
51
de 48% em p[H] 6,5; a seguir forma-se a espécie CuA (onde: A = fenolato) atinge
11% em p[H] 6,5. A espécie CuC (onde: C = catecolato) se forma a partir de p[H]
5,5, atingindo o máximo de concentração em 22% em p[H] 7,0. A espécie CuC
2
inicia-se a partir do p[H] 6,6 (atingindo a concentração máxima de 58% em p[H]
9,0). A espécie CuE
2
inicia a sua formação em p[H] 9,0 e atinge o auge de 20%
em p[H] 10,8. A partir de p[H] 10 surgem as espécies hidxidas com o íon Cu
(II). Na Figura 26 (b) observa-se que a complexação com o Cu (II) coma a
partir do p[H] 4,0, comando a formação das espécies CuE e CuA, que
atingem, respectivamente o auge de formação em p[H] 6,5 (38%) e p[H] 6,2
(25%). A espécie CuC começa a se formar a partir do p[H] 5, atingindo seu
máximo em torno de p[H] 7,0 (43%). A espécie CuC
2
inicia-se a partir do p[H]
6,0 (atingindo o auge de formação em p[H] 8,0, em torno de 98%. Segundo Kiss
et al.
60
em solões aquosas diluídas de ácidos dihidroxibenzóicos, o catecol é
o ligante que mais predomina como o sítio para ligação com o íon metálico,
apesar do grupo COOH também participar na ligão. Isto leva à formação de
espécies polinucleares
62
. Gerega et al.
62
propõe que para haver a formação
de espécies polinucleares (como por exemplo: Cu
2
L
2
, Cu
2
L
3
, Cu
3
L
2
, Cu
x
A
y
) a
concentração de metal deve ser, pelo menos, um pouco superior a do ligante,
ou seja, quantos ligantes houverem próximos aos íons metálicos. O íon Cu(II)
poderá provocar, assim, agregação da matéria orgânica
62
. Leenheer et al.
68
argumentam a hipótese de que em SH podem existir grupos funcionais doadores
que estejam distribuídos lado a lado, e perto de outros grupos ligados à
ramificações adjacentes à cadeia. Os grupos funcionais (doadores) que são a
parte polar hidrofílica das moléculas de SH complexariam com os metais. A
parte apolar (hidrofóbica), o “esqueletodas SH, poderia estar agregado a outras
substâncias orgânicas em águas ou solos, por exemplo
68
. Lu e Johnson
32
observam que o complexo metal – SH é muito sensível ao pH e um precipitado é
formado a partir de pH 7, sugerindo que o complexo é um complexo misto do
tipo HS – Cu – H
2
O. Este complexo é resistente ao pH maior do que 10 e se
formam complexos semelhantes a retículos (clusters). A baixas concentrações
de SH a percentagem do complexo formado cai com um aumento de pH e este
complexo (retículo) não existe acima de pH 7. Se as concentrações de SH
forem altas, serão formados complexos com alta estabilidade acima de pH 10.
Porém, de pH 10 à pH 12, existem fortes competições entre SH – Cu e Cu(OH)
x
52
e as espécies SH – Cu diminuem e aumenta a concentração das espécies
Cu(OH)
x
. Acima de pH 12 as espécies dominantes são os íons [Cu(OH)
4
2-
]
32
.
Diversos autores observaram através de EPR (espectroscopia de ressonância
paramagnética de elétrons) e estudos físico-químicos que o Cu (II) forma
complexos de esfera interna com SH, contendo ligantes coordenados (ao redor
do íon metálico central) em forma de octaedro distorcido
14,69,70,71,72,73
.
Carboxilas, hidroxilas felicas e eventualmente moléculas de água são
indicadas como os principais grupos funcionais oxigenados que participam da
complexação dos íons Cu (II) com AH ou AF
71,72,74,75
. Estudos de EPR feitos por
Bresnahan et al.
76
confirmaram a existência de duas classes de sítios de
complexação oxigenados de diferentes afinidades pelos íons Cu (II) em AF,
sendo observados tamm por experimentos de titulação. Em baixas razões
metal : AF, os dados de EPR sugerem que sítios de alta intensidade de
complexação coordenem com o Cu (II) com 4 ou 3 átomos de oxigênio de
grupos como o carboxilato ou fenolato. Em razões maiores de Cu (II) para AF
predominam vários sítios mais fracos e provavelmente somente 2 átomos
doadores do AF são ligados a cada íon Cu(II)
50,74
. A seguir, é apresentado o
diagrama de espécies do AFRS complexado com íons Zn (II).
Figura 27 -
Percentagem de espécies
do AFRS formadas com o Zn (II) versus p[H].
Onde os grupos ligantes estão representados por fenolato (
A
),
grupos benzoato (
B
), catecolato (
C
), ftalato (
D
) e salicilato (
E
).
µ = 0,1 mol L
-1
KCl, T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol Zn(NO3)2
= 10
-2
mol L
-1
,
V
sol Zn(NO3)2
= 2 mL.
53
Na
Figura 27
observa-se que o Zn(II) formou 4 tipos de complexos com os
grupos do ácido fúlvico: a partir de p[H] 4,0 formou a espécie ZnD (quantidade
máxima: 22%, em p[H] 6,5), a partir de p[H] 6,8 formou a espécie ZnC
(quantidade máxima 75%, em p[H] 8,5); a partir de p[H] 7,8 formou a espécie
hidróxi Zn(OH)C (quantidade máxima 33%, em p[H] 10,0) e a espécie ZnC
2
formou-se após p[H] 8 (quantidade máxima 60%, em p[H] 10,5).
A seguir, na
Figura 28
vê-se o gráfico de distribuição de espécies do AF
complexado com o Cd (II) em percentagem
versus
p[H].
Figura 28 –
Percentagem de espécies
do AFRS formadas com o Cd (II)
versus
p[H].
Onde os grupos ligantes estão representados por fenolato
(A)
, grupos
benzoato
(B)
, catecolato
(C)
, ftalato
(D)
e salicilato
(E)
. µ = 0,1 mol L
-1
KCl,
T = 25 ºC, C
AFRS
= 93 mg L
-1
, C
sol CdCl2
= 10
-2
mol L
-1
, V
sol CdCl2
= 2 mL.
Na
Figura 28
observa-se que o Cd (II) apresentou um comportamento
químico muito semelhante ao Zn (II), formando o mesmo tipo de espécies. As
espécies que se formam com o Cd (II) são a espécie CdD (onde: D = ftalato)
atingindo quantidade máxima de 7% em p[H] 7,0; a partir do p[H] 7,2 formou-se a
espécie CdC (onde: C = catecolato), cujo máximo foi de 28% em p[H] 8,8; a partir
de p[H] 8,0 formou-se a espécie hidroxi Cd(OH)C, atingindo o máximo de 80% em
p[H] 8,0; acima de p[H] 8,2 formou-se a espécie CdC
2
que atingiu seu auge de
30% em p[H] 10,8.
54
O grupo funcional mais reativo com os íons divalentes estudados foi o
catecol, complexando com todos os íons melicos divalentes analisados. Em
segundo lugar, destacam-se os grupos salicilato complexando em grande
quantidade com os íons Cu (II). De acordo com os resultados obtidos neste
trabalho, pode-se fazer a seguinte série de reatividade para os íons bivalentes e
o AFRS: Cu (II) >> Cd (II) > Zn (II). Na literatura existem muito poucos trabalhos
envolvendo o estudo da complexação dos íons Cd (II) e Zn (II) por AF. A maioria
dos poucos estudos que tem surgido, descrevem a complexação de íons
metálicos com o ligante fulvato, ou seja, são considerados todos os grupos
reativos do AF como uma única espécie de ligante
53
. Desta forma, é impossível
prever com exatidão que tipo de espécies está se formando com o AF, sendo
possível apenas ordenar os íons metálicos em uma série de reatividade em
relação ao AF. Brown et al
77
observaram a mesma série de reatividade
observada neste trabalho, para o AFRS. Ephraim
53
analisou a complexação de
íons Zn(II) com AF através de distribuição de troca iônica e método de
ultrafiltração aplicando o método de distribuição detios heterogêneos e propôs
que o íon Zn(II) se ligaria a sítios onde houvessem OH ligados adjacentes a
outros grupos OH, como é o caso do catecol. No presente trabalho houve
complexação do zinco apenas com grupos catecol, aparecendo espécies do tipo
ML, MOHL e ML
2
(onde: M = íon metálico e L = ligante = catecol).
55
3.8. Aplicação da espectroscopia de absorção de luz na região do
infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) no estudo das
interações dos íons Cu (II) e Cd (II) com o AFRS
Os resultados de FTIR podem ser usados para análise qualitativa na
caracterização de SH porque, devido ao fato das SH serem uma complexa
mistura de macromoléculas orgânicas, o espectro deve ser interpretado como a
soma das respostas dos vários grupos funcionais que compõe a SH
38
.
O fato das
bandas dos espectros das SH serem largas se deve à sobreposição das bandas
de absorção dos diferentes ligantes que possuem
78
. A formação dos complexos
metal-SH pode ser estudada por FTIR através dos deslocamentos dos
comprimentos de onda dos espectros. Isto pode ser usado para identificar quais
são os grupos funcionais que são envolvidos na complexação e fornecer
informações sobre o tipo de interação que se forma entre o metal e a SH no
complexo formado. Resultados obtidos por FTIR têm levantado evidências a
respeito dos grupos COOH dos AH e AF na complexação com metais. A banda
C=O de estiramento de absorção em aproximadamente 1720 cm
-1
e as absorções
de deformação de estiramento de C-O e O-H em aproximadamente 1200 cm
-1
desaparecem após ionizão dos grupos COOH e surgem novas bandas próximo
a 1600 e 1380 cm
-1
, devido a vibrações de estiramento assimétrico e simétrico
dos grupos COO
- 38
, respectivamente. Alguns estudos de FTIR da complexação
de AF e de AH de diferentes solos, ecossistemas aquáticos e fontes sedimentares
para diversos íons metálicos divalentes e trivalentes, tais como Cu(II), Mn(II),
Zn(II), Pb(II), Co(II), Ni(II), Ca(II), Mg(II), Sr(II), Fe(III), Al(III) mostraram que os
complexos preparados com aumento crescente da razão metal:AF sofrem
diminuição na intensidade das bandas de infravermelho de ~ 1720 cm
-1
e ~1200
cm
-1
, com surgimento de bandas em 1625 e 1400 cm
-1
(aproximadamente),
indicando converção dos grupos COOH à COO
-
14,75,78,79,80
.
Banerjee e
Mukherjee
78
sugeriram a seguinte ordem para interação de íons metálicos
bivalentes com grupos carboxilato em vários complexos de SH: Cu > Zn > Fe >
Co > Mn. As frequências das vibrões de estiramento assimétrico e simétrico
do COO
-
podem ajudar a resolver a controvérsia que existe do fato das ligações
dos COO
-
serem iônicas ou covalentes. Com o aumento da covalência nos
complexos metal : carboxilato, surgem deslocamentos dos estiramentos
assimétricos das bandas COO
-
para mais alta frequência e estiramentos
56
simétricos das bandas para menores frequências. Vinkler et al.
81
estudaram a
influência de alguns íons metálicos no estiramento assimétrico COO
-
em
complexos com SH. Bandas de absorção entre 1585 cm
-1
para o Ca
(II) e 1625
cm
-1
para o Al
(III), por exemplo, indicaram um diferente grau de covalência para
diversos metais examinados
81
. Piccolo e Stevenson
80
observaram que ligantes
covalentes para o Cu
(II)
em SH são preferencialmente formados em baixos níveis
de íons metálicos, enquanto que ligações iônicas começam a surgir quando o
sistema está saturado com o metal. Interpretações na região de 1620 cm
-1
são
difícieis, devido à interferência de outros grupos. A natureza do sítio de ligação
carboxilato em SH pode ser avaliada através de medida de separão entre as
duas frequências das vibrações de estiramento assimétrico e simétrico para o
metal complexado com o grupo COO
-
(próximo de 1600 e 1400 cm
-1
,
respectivamente), com respeito ao íon carboxilato não complexado. Esta
separação é maior em complexos unidentados (Figura 29 (a)), menor em
complexos bidentados (quelatos, conforme Figura 29 (b)) e comparáveis em
complexo de ponte (Figura 29 (c))
82
.
Figura 29 –
Tipos de ligações químicas encontradas para a complexação de grupos
COO- de SH com íons metálicos
(a)
unidentada,
(b)
quelato (bidentado),
(c)
complexo de ponte.
A seguir são apresentados os espectros de FTIR do AFRS complexado
com os íons Cu (II) e Cd (II), nas Figuras 30, 31, 32 e 33 em diferentes pH.
57
Figura 30 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 3,5:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II),
(c)
AF/Cd (II).
Número de onda
58
Figura 31 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 5,5:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II).
Número de onda
59
Figura 32 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 7,0:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II).
Número de onda
60
Figura 33 –
Espectros de FTIR do AFRS complexado com os íons Cu (II) e Cd (II)
em p[H] 10,0:
(a)
AF (puro),
(b)
AF/Cu (II) e
(c)
AF/Cd (II).
Na
Figura 30
até p[H] 3,5 houveram fracas interações eletrostáticas entre
os íons metálicos e os grupos ligantes do AFRS. Como se pode ver na
Figura 31
(c)
o pico em 1719 cm
-1
tem sua intensidade muito reduzida ao passo que o pico
em 1396 cm
-1
tem sua intensidade muito aumentada. Na
Figura 31 (a)
, observa-
se o como da ionização dos grupos COOH através do deslocamento do
comprimento de onda da banda de 1720 cm
-1
(quando estava em p[H] 3,5) para
1591 cm
-1
(em p[H] 5,5); nota-se ainda o desaparecimento da banda em 1237
Número de onda
61
cm
-1
e do aumento de intensidade da banda em 1386 cm
-1
. Pode-se formular a
hipótese do tipo de ligação que há entre os íons metálicos e os COO
-
, de acordo
com os valores observados para as bandas de estiramento assimétrico e
simétrico, sugerindo a formação de quelatos que podem envolver dois grupos
COOH adjacentes (ftalatos) ou um grupo carboxílico e um grupo fenol (salicílico).
Boyd et al.
(in: ADRIANO,D.C.)
82
encontraram uma grande separação para os
complexos de Cu(II) e Fe(III) com AH de solo, ou seja, encontraram o valor de
1720 cm
-1
para a banda de estiramento de absorção de C = O do AH e 1614
(para o complexo C=O/Cu) e 1625 cm
-1
para a banda de estiramento assimétrico
dos grupos COO
-
(para o complexo C=O/Fe), isto pode sugerir que haja a
formação de complexos metálicos unidentados. Tais observações foram
confirmadas por Prasad et al. (in: ADRIANO,D.C.)
82
para complexos de Fe(III),
Co(II) e Zn(II) com AF. Estes resultados também são consistentes com quelação
metálica envolvendo ambos grupos COO
-
adjacentes (tipo ftalato) ou um grupo
COO
-
e um fenólico adjacente (tipo salicílico), cada qual formando ligações
simples com o íon metálico
82
.
Piccolo e Stevenson
80
observaram o
desaparecimento da pequena banda em 1855 cm
-1
atribuída a anidridos cíclicos,
em complexos metal : AH altamente carregados (razão > 1 para metal:AH) que
confirmariam a formação de quelatos do tipo metal : ftalato. Quando são
envolvidos OH de grupos fenólicos na complexação de metais separadamente ou
em associação com grupos COO
-
é esperada uma diminuição de intensidade e/ou
um deslocamento da absorção do infravermelho próximo à 3440 cm
-1
. Vários
autores
14,75,78,79,80
observaram um leve deslocamento nas bandas de OH
(felicos) de 3500 a 3400 cm
-1
em AH e AF, para 3300 a 3200 cm
-1
em
complexos com Zn(II), Fe(III), Cu(II), Pb(II) e Mn(II). Grupos fenólicos podem,
desta forma, formar ligações covalentes com os íons metálicos. Banerjee e
Mukherjee
78
determinaram que a extensão dos deslocamentos do estiramento OH
através de frequências menores depende do tipo de metal e seguiu a seguinte
ordem: Mn (3383) < Co (3354) < Cu (3334) < Fe (3325), onde ocorreu um
aumento inesperado para o Zn (3442). No presente trabalho, conforme as
Figuras 30, 31, 32 e 33, com aumento do pH observa-se que a frequência de
onda das bandas de OH fenólicas diminuiu no caso dos íons Cd (II), com exceção
do Cu (II) que aumentou. A intensidade se manteve praticamente constante em
todos os casos. Piccolo e Stevenson
80
mediram um aumento progressivo da
62
banda centrada em 3420 cm
-1
e o aumento das quantidades de Cu(II) e Pb(II)
adicionadas ao AF extraído de turfa. Este resultado junto com a resistência desta
banda de infravermelho ao aquecimento à 100°C por 24 h, sugerem que parte
desta absorção se deve à água de hidratação do complexo metálico. Prasad e
Sinha
79
observaram mudanças nas bandas em 1070 cm
-1
sugerindo que
estruturas de polissacarídeos possam tamm serem envolvidas na complexação
com o metal. Alguns autores
14,75,80
atribuem as bandas de infravermelho muito
intensas observadas na região de 1130 a 1080 cm
-1
e em ~ 890 cm
-1
para AH e
AF complexados com Cu(II), Zn(II), Al(III), Cd(II) ou Fe(III)
à vibração metal-
oxigênio de hidroxilatos e/ou íon metálico hidratado ligado à SH. Juste e Delas
(In: ADRIANO, D.C.)
82
observaram bandas adicionais de infravermelho em
comprimentos de onda mais baixos (853, 817, 781, 697 cm
-1
) em complexos de
Cu(II)
-AH preparados com AH e Cu(II) em pH 7 que foram atribuídos à vibrações
Cu(II)-OH. Neste trabalho, a intensidade da banda em torno de 1000 cm
-1
aumentou em todos os espectros (Figuras 30, 31, 32 e 33). Stevenson e Go
83
determinaram a absorção na região de 1660 a 1600 cm
-1
em espectros de SH em
parte a cetonas conjugadas. Apesar dos deslocamentos das freqüências nesta
região serem fortemente detectáveis devido à alta absorção. Piccolo e Stevenson
80
observaram um deslocamento a freqüências menores para a banda de 1610
cm
-1
nos complexos de Cu(II) - AF, que é atribuído à vibração do grupo C=O em
cetonas conjugadas diminuída pela ressonância entre C O – Cu e C = O – Cu
nos complexos. Espectros de infravermelho posteriores levaram à conclusão que
estruturas cetônicas são as que são envolvidas primeiramente na complexação de
metais com AF. A complexidade e heterogeneidade das SH é ainda causa de
algumas ambigüidades e incertezas na interpretação do espectro de infravermelho
de seus complexos metálicos. A espectroscopia de infravermelho pode fornecer
informações úteis sobre a natureza e reatividade dos componentes das estruturas
das SH que interagem com íons metálicos e nos arranjos moleculares dos sítios
de ligação das SH envolvidas na complexação com o metal, como foi no caso do
presente trabalho, onde pode-se formular a hipótese dos íons metálicos formarem
ligações do tipo quelato com os ligantes do AFRS, havendo a participação de
grupos fenólicos e carboxílicos.
63
3.9 . Aplicação da espectroscopia de fluorescência ao estudo da
complexação dos grupos funcionais do AFRS com os íons Cu (II), Zn (II)
e Cd (II)
Na Figura 34 tem-se os espectros de emissão de fluorescência do AFSR
(20 mg L
-1
), complexado com Cu (II), Zn (II) e Cd (II), em 4 pH diferentes, e na
forma não-complexada (puro) (no espectro da Figura 34(a)) para efeitos de
comparação com os complexados.
Figura 34
Espectros de emissão de fluorescência do AFSR (20 mg L
-1
) em 4 pH
diferentes (
λ
ex
= 313 nm). Em
(a)
AFSR,
(b)
AFSR + Cu(II) 0,005 mmols,
(c)
AFSR + Zn (II) 0,005 mmols,
(d)
AFSR + Cd (II) 0,005 mmols.
64
Na Figura 34
(a) observa-se os espectros de fluorescência do AFRS em
4 pH diferentes, apresentando todos como máximo de intensidade relativa o valor
em torno de 435 nm que está na faixa de fluorescência de amostras de AF de
água doce que vai de 410 a 490 nm
11,84
. Na Figura 34
(b) observa-se que em
p[H] 5,5 deve haver a formação de complexos, pois a intensidade relativa da
fluorescência diminui com o aumento do p[H] da solução, sugerindo a formação
de espécies complexadas com o Cu (II). Até p[H] 7,0 supõe-se que estejam
sendo formadas espécies do tipo ML, como ocorre nos diagramas de espécies da
Figura 26. Em p[H] 10,5 a intensidade relativa da fluorescência diminui ainda
mais provavelmente devido a formação da espécie ML
2
(conforme diagrama de
espécies da Figura 26). Na Figura 26 (c) observa-se um pequeno abaixamento
da intensidade relativa da fluorescência a partir de p[H] 10,5. Na Figura 26 (d)
não houve abaixamento da intensidade relativa da fluorescência, como era de se
esperar, segundo a literatura para o Cd (II) o existe abaixamento da
fluorescência porque se trata de elemento diamagnético
85
. Em geral, íons
metálicos, em especial íons paramagnéticos são capazes de provocar diminuição
da fluorescência de ligantes orgânicos pelo aumento da taxa de alguns processos
não radioativos que competem com a fluorescência, tais como cruzamentos
intersistemas. Transições paramagnéticas de íons metálicos tais como Cu(II),
Fe(III), Cr(III) ou VO(II), os quais possuem níveis d de energia mais baixa do que
o estado singlete excitado, podem diminuir a intensidade de fluorescência de
ligantes em SH via transferência de energia intramolecular
86
.
Apesar do efeito da
diminuição de intensidade para íons melicos diamagnéticos ser teoricamente
menos efetivo do que para íons paramagnéticos, os íons Pb(II) e Al(III) diminuem
a fluorescência de SH, ao passo que Cd(II), o qual forma complexos em menor
quantidade, não diminui a fluorescência
85
. Deslocamentos de comprimento de
onda da emissão do máximo de fluorescência e/ou excitação dos picos também
podem ser observados através de interações entre SH e íons metálicos
paramagnéticos
84
. Isto sugere que alguns complexos fluorescentes metal-SH
podem envolver a transição entre dois níveis de energia metálicos ou entre um
nível de energia metálico e um nível π de energia no ligante, como por exemplo,
uma transição de transferência de carga. Curvas de titulação de SH que tem sua
fluorescência diminuída versus concentração de agente diminuidor adicionado
on metálico) tem sido usadas para obter a capacidade complexante de SH
65
ligantes e as constantes de estabilidade do complexo metal-SH
87
. Adhikari e
Hazra
87
mediram um deslocamento através do comprimento de onda menor para
picos de excitação de AF de solos na presença de Cu(II) ou Ni(II), ao passo que
nenhum deslocamento no máximo de comprimento de onda foi observado por
Almgren et al.
88
para AF extraído de água do mar com Cu(II). Ghosh e
Schnitzer
89
mostraram que a posição e intensidade do pico de mais alto
comprimento de onda (465 nm) de AF de solos é mantido constante mesmo que
seja adicionado Cu(II) ou Fe(III), enquanto que a intensidade do pico de
comprimento de onda mais baixo (360 nm) diminui e se desloca para
comprimentos de onda maiores (390 nm) em aproximadamente pH 4 e 6.
Ghosh e Schnitzer
89
concluíram que estruturas aromáticas fluorescentes
similares são envolvidas em complexação metálica de AF em condições naturais
ou simulações de laboratório. Diversos pesquisadores observaram que a
diminuição da fluorescência de AF e AH de diferentes fontes com vários íons
metálicos, incluindo Cu(II), Pb(II), Ni(II) e Mn(II) , cresce com o aumento de pH
85,90,91
. Saar e Weber
85
observaram que não há diminuição de fluorescência para
o AF/Cu(II) até pH 2,1, e até pH 4 para Co(II), Ni(II) e Mn(II), para AF de solo e de
água de rio na mesma razão íon metálico/AF. Em pH entre 6 e 7, o Cu(II) diminui
a fluorescência do AF em aproximadamente 80%, o Co(II) é pelo menos 50%
menos efetivo e o Mn(II) é aproximadamente 1/3 menos efetivo do que o Cu(II)
90
.
Underdown et al.
92
são defensores da hipótese de um mecanismo de diminuição
da fluorescência estático, dependendo a princípio da fração de sítios de ligantes
de AF complexantes, e excluem a possibilidade de um mecanismo de diminuição
da fluorescência dinâmico que possa ocorrer com a colisão de fluoróforos de AF
com íons metálicos. O mecanismo dinâmico irá depender exclusivamente da
concentração do íon causador da diminuição da fluorescência. Underdown et al.
92
observou tamm um aumento da fluorescência do AF com o aumento do pH
acima do ponto de equivalência, o que indica que prótons são agentes
diminuidores da fluorescência similares ao Cu(II) e Mn(II) e confirma que a
diminuição da fluorescência não é colisional desde que a concentração de prótons
livre seja pequena. Os metais Pb(II) e Mn(II) requerem uma concentração muito
maior do que o Cu(II) para dar o mesmo grau de diminuição de fluorescência
85,92
.
Isto confirma que deve haver uma forte associação íon metálico versus ligante
para que haja a diminuição da fluorescência. Os íons metálicos Cu(II)
66
(paramagnético) e o Pb(II) (diamagnético) são mais efetivos do que os íons
paramagnéticos Ni(II), Co(II) e Mn(II) para diminuir a fluorescência do AF, uma
vez que o íon diamagnético Cd(II) o é capaz de diminuir a fluorescência do AF.
Ryan e Weber
93
atribuíram a maior habilidade da diminuição da fluorescência do
Cu(II) à sua capacidade de formar fortes complexos de esfera interna.
Olson
91
sugere que isto possa ocorrer para AH extraído de turfa especialmente
em pH 10, onde o AH dissolvido seria relativamente flexível, ao passo que em pH
7 ligações de hidrogênio intra e intermoleculares intensas reduziriam o acesso do
Cu(II)
a certos sítios. Underdown et al.
92
mostram que a maioria dos fortes grupos
carboxílicos ácidos reagem primeiramente com o Cu(II), como ocorreria em sítios
de quelação bidentados, tais como estruturas do tipo salicilatos ou ftalatos.
Bartoli et al.
94
propuseram dois mecanismos para explicar a adsorção do Cu(II)
por AF de solo em pH 3,5; 5 e 7 e várias razões Cu : AF. Uma reação protolítica
(estritamente complexação), ocorrendo acima da razão Cu : AF de 0,6; e
neutralização de carga da razão de Cu : AF de 0,6 a 1,1. Acima da razão 1 : 1, a
constante de fluorescência sugere que o Cu(II)
não seja mais absorvido pelo AF.
Gregor et al.
95
mostraram pelo estudo da diminuição da fluorescência que
nenhum ligante simples descreve adequadamente a complexação do Cu(II) e AF
ao longo de toda a faixa de pH. Um modo misto de coordenação é proposto com
os sítios dominantes variando com o pH e razão metal:ligante. Comparações de
curvas de complexação metal - AF com as curvas para modelos de ligantes
indicaram que os grupos potencialmente fluorescentes, tais como salicilatos ou
ftalatos parecem estar diretamente envolvidos em complexação com o Cu(II) em
baixos pH. Grupos aminoácidos aromáticos, tal como tirosina, fenilamina, citrato
e malonato em AF podem ser importantes sítios de complexação para Cu(II) em
pH de 3 a 7. Em pHs altos, cada quantidade polidentada fluorescente é
diretamente envolvida na complexação, ou centros fluorescentes de complexação
fracos se tornam envolvidos devido a sua proximidade a sítios doadores fortes,
como por exemplo, contendo 1 a 2 átomos de carbono das partes complexantes
82
.
Ryan et al.
90
mediram um aumento de espalhamento de luz muito pequeno
durante a titulação do AF com Mn(II) e Co(II), ao passo que um grande aumento
foi observado quando Cu(II)
era adicionado, principalmente em pH maiores. Isto
sugere que a coagulação induzida por cátions é menor para os cátions Mn(II) e
Co(II)
devido ao fato da sua associação com o AF ser fraca. Os experimentos de
67
espalhamento de luz feitos por Underdown et al.
92
indicaram, contudo, que quase
nenhuma agregação ocorre abaixo de 6 mmol de Cu(II)
por grama de AF. Desta
forma, a diminuição da fluorescência não está aparentemente relacionada à
agregação. Íons metálicos diamagnéticos, tais como o Ca(II)
podem competir
com o Cu(II) promovendo uma diminuição no efeito da fluorescência, ao passo
que íons paramagnéticos que não complexam com a SH não podem diminuir a
fluorescência. Na maioria dos casos, as capacidades de complexão média
determinadas por diminuição da fluorescência foram da mesma ordem de
magnitude daquelas determinadas por titulação polarográfica. O método da
diminuição da fluorescência tem sido usado também para o estudo da
complexação de metais por SH não fracionadas que se encontram em águas
naturais não tratadas. Ryan e Weber
96
observaram que o Cu(II) pode complexar
SH dissolvidas em águas naturais e águas marinhas provavelmente pela troca de
íons metálicos fracamente ligados, tais como o Zn(II), Cd(II), Ca(II) e Mg(II). Íons
mais fortemente ligados, tais como o Al(III), Fe(III) e Pb(II) parecem competir
satisfatoriamente com o Cu(II) pelos sítios, a menos que o Cu(II) esteja presente
em grandes quantidades
96
.
Tuschall e Brezonik (in: ADRIANO, D.C.)
82
confirmaram que o Cu(II) é mais efetivo do que os íons divalentes Cd(II) e Zn(II)
na complexação de SH dissolvidas em águas de lagos. Os baixos valores
medidos em todos os casos para os máximos de diminuição de intensidade de
fluorescência sugerem que nem todos os fluoróforos das SH são envolvidos na
complexação com o Cu(II). Um resultado semelhante obtido para AF extraído da
decomposição de folhas sugere baixa interação entre os sítios de complexação
dos metais e as unidades fluorescentes nestes materiais
97
. Foi observada
contudo uma discrepância entre a capacidade de complexão medida por
fluorescência e por voltametria anódica diferencial de pulso. Isto pode ser
explicado devido a presença de ligantes orgânicos não fluorescentes ou a
reações de troca de Cu(II) adicionado com metais fracamente complexados, por
isso produzem baixa diminuição da fluorescência
98
. Em resumo, a espectroscopia
de fluorescência tem algumas vantagens em relação a outras técnicas em
solução, como por exemplo: as medidas são relativamente rápidas, não há a
necessidade de separação entre os metais livres e complexados, evitando erros
que podem ocorrer com a separação das espécies. Nesta técnica não é
necessário o uso de tampões, nem de agentes absorventes. O método é muito
68
mais sensível do que voltametria diferencial de pulso por exemplo. Porém, a
principal desvantagem da fluorescência é que ela é muito mais eficiente para
metais paramagnéticos, tal como o Cu(II), como foi observado neste trabalho.
69
CONCLUSÕES
Na primeira etapa, foram determinadas as quantidades dos grupos
funcionais oxigenados (carboxílicos e fenólicos) utilizando o método
matemático de Gran modificado e feita a comparação dos resultados com o
BEST7 e com os valores teóricos. Os valores obtidos por BEST7 foram
mais próximos dos valores teóricos do que os valores obtidos pelo método
matemático de Gran modificado.
Foram determinados os valores das constantes de complexação dos íons
Cu (II), Zn (II) e Cd (II) com os grupos funcionais da mistura modelo,
através de titulações potenciométricas, sendo interpretados os resultados
com os programas BEST7 e SPE, e comparados com os valores da
literatura, indicando uma boa reprodutibilidade da metodologia empregada.
O íon Cu (II) coordenou com todos os grupos funcionais da mistura
modelo, formando apenas espécies do tipo ML e ML
2
. Os íons Zn (II) e Cd
(II) apresentaram baixos valores de logK bem como pequena quantidade
de espécies formadas. Acima de pH 7 também foram observadas espécies
hidróxidas do tipo MOHL, para os íons Cd (II) e Zn (II).
Os resultados obtidos pela técnica de espectroscopia de luz UV-Vis
comprovaram as espécies encontradas nos diagramas de espécie obtidos
por potenciometria da mistura modelo com o Cu (II).
Na segunda etapa deste trabalho foi aplicada ao AFRS a metodologia
desenvolvida na primeira etapa. Titulou-se o AFRS e determinou-se a
quantidade dos seus grupos carboxílicos e fenólicos (meq g
-1
) pelo método
de Schnitzer e Gupta e titulação potenciométrica com auxílio do programa
BEST7. Com os dados obtidos por BEST7 dividimos os valores
encontrados para os grupos carboxílicos e fenólicos em 5 grupos:
fenólicos, benzóicos, catecóis, ftálicos e salicílicos.
Através da potenciometria foram calculados os valores das constantes de
dissociação de prótons de cada um dos 5 grupos ácidos do AFRS e seus
valores obtidos foram muito próximos aos da literatura.
O grupo funcional que mais formou complexos com os íons bivalentes foi o
catecol, pois complexou com todos os íons estudados neste trabalho, e em
maior quantidade com os íons Cu (II). De acordo com os resultados
70
obtidos por potenciometria pode-se fazer a seguinte série de reatividade
para os íons divalentes e o AFRS: Cu (II) >> Cd (II) > Zn (II).
Foi observado por FTIR que até pH 3,5 houveram fracas interões
eletrostáticas entre os íons metálicos estudados e os grupos ligantes do
AFRS. O como da ionização dos grupos COOH é observado a partir de
pH 5,5 atras do deslocamento do comprimento de onda da banda de
1720 cm
-1
(quando estava em pH 3,5) para 1591 cm
-1
(em pH 5,5).
Podendo-se sugerir a formação de quelatos formados entre dois grupos
COOH adjacentes (tipo ftalato) ou um grupo COOH e um OH felico
adjacente (tipo salicilato), cada qual formando ligações simples com os
íons metálicos. Foi observado que a freqüência de onda das bandas de
OH fenólicos diminuiu no caso dos íons Cd (II), com exceção do Cu (II) que
aumentou. A intensidade se manteve praticamente constante em todos os
casos. A intensidade das bandas em torno de 1000 cm
-1
atribuída às
interações de íons metálicos com grupos OH aumentou em cada faixa de
pH.
Através dos espectros de fluorescência observou-se a formação de
complexos com os íons Cu (II) a partir de pH 5,5 devido a diminuição da
intensidade relativa da fluorescência. Até pH 7,0 supõe-se que foram
formadas espécies do tipo ML. Em pH 10,5 a intensidade relativa da
fluorescência diminui ainda mais devido à formação de espécies ML
2
.
TRABALHOS FUTUROS
Aplicar a metodologia desenvolvida para o estudo da complexação da
mistura modelo com os íons trivalentes: Al (III) e Fe (III).
Aplicar a metodologia desenvolvida para o estudo da complexação de outras
substâncias húmicas da IHSS com os íons trivalentes: Al (III) e Fe (III).
71
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