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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Programa de Pós
-
Graduação
stricto sensu
em Ecologia & Evolução
ESTUDO ECONÔMICO
-
ECOLÓGICO DO RIO ARAGUAIA
REGIÃO
DE ARUANÃ
PELA DEMANDA TURÍSTICA
Manoel Eloy de Melo Oliv
eira dos Santos
GOIÂNIA,
2006.
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Programa de Pós
-
Graduação
stricto sensu
em Ecologia & Evolução
ESTUDO ECONÔMICO
-
ECOLÓGICO DO RIO ARAGUAIA PELA
DEMANDA TURÍSTICA
REGIÃO DE ARUANÃ
Manoel Eloy de Melo Oliveira dos Santos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação
stricto sensu em Ecologia &
Evolução do Instituto de Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Goiás como requisito
parcial para obtenção do Grau de Me
stre.
Orientadora: Profª. Dra. Adriana Rosa Carvalho
GOIÂNIA,
2006.
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iii
Dedico este trabalho ao meu filho,
minha mãe, meus irmãos e sobrinhos
que são o alicerce e motivação da
minha vida.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente a minha orientadora, Doutora Adriana
Carvalho, pela paciência, pelas orientações que muito acrescentaram na minha
formação e pela oportunidade que me foi dada ao permitir a minha participação no
projeto desenvolvido no Rio Araguaia despertando assim a minha paixão pela
ecologia humana.
Ao Professor Divino Brandão que muito contribuiu para minha
formação orientando
-me de forma espetacular e brilhante, e com tamanha dignidade
aceitou e aconselhou a minha mudança de orientador. A demonstração de caráter e
humildade será uma eterna lição de vida que me fará sempre recordar desse grande
homem.
À equipe de estagiárias e amigas Stephany (Hipopo) e Juliana (Juju)
que auxiliaram na realização desse projeto e em especial a Priscila que contribuiu de
forma inigua
lável neste projeto.
Ao meu colega Pablo que esteve comigo durante muitas tardes
estudando para que fôssemos aprovados na seleção do mestrado e também ao
Gustavo (Esqueminha) que mais tarde se juntou a nós.
Ao meu colega Matheus pelos auxílios e contribuições e a todos os
colegas no meu mestrado.
Aos professores do mestrado em especial ao professor Doutor Rogério
Bastos.
Aos meus amigos Vaz, Lívia, Gigi, Dani, Leonardo (Papai urso),
Micaela, Ivan, Gustavim (Távico), Dfátima, Vinicius, Marco Túlio, Michele, Bruno
(Monstro), Renata, Marcus Vinicius, Espirro, Marcelo (Bola), Fernandeira, Dudu,
Helen, a família do seu Nenzinho e a todos os amigos que me fariam acrescentar
várias páginas de agradecimentos.
A Ingrid
que
me acompanhou nessa jornada, e tanto me auxili
ou
,
aceitando e me confortando nos momentos de total estresse que, aliás, não foram
poucos.
A Nilza e por ser tão amiga e companheira ao longo dos anos.
A todos aqueles que de alguma forma auxiliaram nesse trabalho
permitindo a minha caminhada até o
seu final e a todos os meus parentes.
v
"Projetistas fazem canais, arqueiros airam
flechas, artífices modelam a madeira e o
barro, o homem sábio modela-se a si
mesmo .
Buda Gautama Sakyamuni
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
................................................................................................
.
viii
LISTA DE TABELAS
................................
................................
................................
. i
ix
APRESENTAÇÃO
................................................................................................
......
xi
CAPÍTULO
1- PERFIL SOCIOECONÔMICO E PERCEPÇÃO ECOLÓGICA DOS
TURISTAS DO RIO ARAGUAIA, REGIÃO DE ARUANÃ
................................
.........
1
RESUMO
................................................................................................
.....................
1
ABSTRACT
................................................................................................
.................
2
1-
INTRODUÇÃO
........................................................................................................
3
2-
OBJETIVOS
............................................................................................................
5
2.1 Objetivos Gera
is
................................
................................................................
.........................
5
2.2 Objetivos Específicos
................................................................................................
.................
5
3-
MATERIAIS E MÉTODOS
................................
................................
......................
6
3.1. D
escrição da Área de Estudo
................................................................................................
....
6
3.2. Metodologia de Coleta
................................................................................................
...............
9
4-
RESULTADOS
................................................................................................
......
10
4.1. Percepção ecológica dos turistas acerca do ambientes naturais do Rio Araguaia
..................
11
5-
DISCUSSÃO
................................................................................................
.........
16
6. CONSIDERAÇÕE
S FINAIS
................................................................
..................
22
7. REFERÊNCIAS
................................................................................................
.....
23
CAPÍTULO 2 - VALOR RECREATIVO AGREGADO AO RIO ARAGUAIA, REGIÃO
D
E ARUANÃ, PELO MÉTODO DO CUSTO DE VIAGEM
................................
.......
27
vii
RESUMO
................................................................................................
...................
27
ABSTRACT
................................................................................................
...............
28
1-
INTRODUÇÃO
....................................................................................................
28
9
2-
OBJETIVOS GERAIS
................................................................
...........................
32
2.1 Objetivos Específicos
................................................................................................
...............
32
3-
MATERIAIS E MÉTODOS
................................
....................................................
33
3.1. Descrição da Área de Estudo
................................................................................................
..
33
3.2. Metodologia de Coleta
................................................................................................
.............
35
4-
RESULTADOS
................................................................................................
......
38
4.1
-
Estimativa do Custo de Viagem
................................................................
..............................
38
5-
DISCUSSÃO
................................................................................................
.........
43
6-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
................................................................
..................
46
7-
REFERÊNCIAS
................................................................................................
.....
48
8. ANEXO
................................................................................................
..................
52
viii
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura 1.
Localização da área de estudo (município de Aruanã) no estado
de Go
iás........................................................................................
08
CAPÍTULO 2
Figura 1.
Localização da área de estudo (município de Aruanã) no estado
de Goiás. Mapa da bacia do Tocantins
-
Araguaia.........................
34
Fi
gura 2.
Relação entre a freqüência de visitas (A) e distância (B) com o
custo de viagem estimado no Rio Araguaia ................................
41
ix
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabela 1.
Renda média, grau de escolaridade, estado civil e sexo dos
turistas do Rio Araguaia entrevistados em julho de 2005 em
Aruanã, na região central da cidade de Aruanã, porto principal
e acampamentos situados na Praia da Farofa, do SESI, da
ASBEG e do Cavalo I e II............................................
...............
10
Tabela 2.
Atividades preferidas realizadas ao ar livre no Rio Araguaia,
principais atrativos e fatores importantes na escolha dos
locais de recreação da região de Aruanã atribuídos pelos
turistas entrevistados em julho de 2005...........
..........................
11
Tabela 3.
Opiniões emitidas pelos turistas entrevistados a respeito da
planície e os nomes atribuídos à floresta inundada do Rio
Araguaia, durante a amostragem na região de Aruanã em
julho de 2005..............................
................................................
12
Tabela 4.
Importância atribuída pelos turistas entrevistados na região de
Aruanã em julho de 2005 à ocorrência de cheia e a floresta
inundável do Rio Araguaia..............................................
...........
12
Tabela 5.
Espécies de peixes mais pescadas e quais os alimentos dos
peixes segundo a percepção dos turistas entrevistados no Rio
Araguaia em julho de 2005 na região de Aruanã.......................
13
Tabela 6.
Locais de desova e locais para onde os peixes vão após a
desova citados pelos turistas do Rio Araguaia entrevistados
em julho de 2005 na região de Aruanã......................................
14
Tabela 7.
Locais de maior concentração de peixes no passado,
atualmente e qual o local do rio é mais importante para o
peixe viver segundo os turistas do Rio Araguaia, entrevistados
em julho de 2005 na região de Aruanã......................................
14
x
CAPÍTULO 2
Tabela 1.
Informações das cidades de origem do visitante, tempo e
freqüê
ncia de viagem, taxa de visitas/ano e estimativa de
visitantes/zona/ano em Aruanã (GO).........................................
39
Tabela 2.
Gasto diário, custo do tempo, custo de viagem e excedente do
consumidor/zona e o total anual do excedente do consum
idor
(valores expressos em reais).....................................................
40
Tabela 3.
Estimadores da regressão linear múltipla, coeficientes, erro
padrão e probabilidade (p).........................................................
41
Tabela 4
. Coeficientes de correlação de Pearson com significância para
as variáveis testadas..................................................................
42
xi
APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi desenvolvido como parte de um estudo de valoração
do
Rio Araguaia, região de Aruanã em que foram coletadas informações que
permitissem estimar o valor de uso e o valor de não uso daquele ambiente.
Nesta dissertação foram analisadas apenas as informações que
permitiram estimar o valor de uso do Rio Araguaia agregado pela recreação. Para
tanto foi usado o método do custo de viagem e o público-alvo entrevistado foram os
turistas que freqüentam a região no mês de julho, que é a temporada de turismo do
Rio Araguaia.
Além das informações necessárias para se estimar o valor de uso pelo
método do custo de viagem, foi realizado um levantamento sobre os conhecim
entos
ecológicos dos turistas a
cerca do Rio Araguaia.
Assim, a dissertação foi dividida em dois capítulos que embora sejam
baseados nas mesmas informações podem ser lidos e compreendidos
separadamente. O primeiro capítulo traz uma avaliação do perfil socioeconômico e
percepção ecológica dos visitantes do Rio Araguaia, região de Aruanã. No segundo
capítulo é apresentado a estimativa do valor econômico do Rio Araguaia obtido pelo
custo de viagem despendido pelos turistas ao visitá
-
lo.
Ao final da dissertação foi anexado o questionário utilizado para a
coleta das informações utilizadas no trabalho.
1
CAPÍTULO 1
PERFIL SOCIOECONÔMICO E PERCEPÇÃO ECOLÓGICA DOS
TURIST
AS DO RIO ARAGUAIA, REGIÃO DE ARUANÃ
RESUMO
O Rio Araguaia se tornou um grande atrativo para o turismo ecológico na região de
Goiás, devido as suas belezas naturais como as praias ao longo de suas margens durante o período
de estiagem. O turismo exercido de forma desordenada pode gerar conseqüências negativas aos
recursos naturais explorados por esse turismo, por isso conhecer o perfil do visitante e medir os seus
conhecimentos acerca do ambiente visitado torna-se uma ferramenta importante na conservação do
ecossistema (Rio Araguaia). O Rio Araguaia é um rio de planície e possui as suas margens inúmeras
cidades, entre elas a cidade de Aruanã, que é considerada o portal de entrada do Vale do Araguaia.
Cerca de 65% dos turistas que visitam a região de Aruanã são homens com idade média de 36 anos,
casados com nível elevado de escolarização e provenientes em sua maioria do próprio estado. Os
turistas permanecem cerca de 10 dias no Rio Araguaia perfazendo um gasto diário médio de US$
61,7. O Rio Araguaia é o principal atrativo para 45,3% dos entrevistados e pescar é a atividade de
lazer preferida por 24,2% desses visitantes. Apesar de o turismo estar muito ligado ao ecossistema
(Rio Araguaia) as percepções ecológicas dos turistas acerca da formação fitogeográfica e ciclos
ecológicos são baixas, além disso, cerca de 38% dos turistas acreditavam não utilizar nenhum
recurso natural, o que pode comprometer a integridade dos recursos naturais devido a utilização
dos bens e serviços ambientais providos pelo Rio Ara
guaia, região de Aruanã.
Palavras
-
chave: Rio Araguaia, ecologia humana, turismo, percepção ecológica, socioeconômica.
2
ABSTRACT
The Araguaia River has became one of the greatest point to the ecological
tourism in Goiás region, due to its natural beauties such as beaches throughout its margins. The
unplanned tourism may cause negative consequences to natural resources, thus to know the profile of
the tourist and their knowledge concerning to the whole environment is an important tool into the
ecosystem conservation. The Araguaia River is a food plain river, and it has several cities alongside
the river, such as Aruanã, considered the entrance to Araguaia Valley. As many as 65% of tourists in
Aruanã are men with mean age of 36 years old and married, with a high education degree and
coming from Goiás. The tourists usually remain 10 days in Araguaia River spending an average of
US$ 61,7 per day. The Araguaia River is the main attractive to 45,3% and fishing is preferred activity
to relax to 24,2% of these tourists. Despite the tourist activity be quite connected to the ecosystem,
the ecological wisdom of tourists about vegetation and ecological cycles are low, and 30% of them
consider that they do use any natural resources, compromising the integrity of the ecosystem by the
bad utilization of environmental services of Araguaia River, in Aruanã region.
Keywords: Araguaia River, human ecology, tourism, ecological perception, socioeconomics.
3
1-
INTRODUÇÃO
Segu
ndo Dias (1994) as atividades que vem causando a maior parte
da devastação do Bioma Cerrado são as relacionadas à agropecuária, com a
retirada da formação nativa para a formação de pastagens e plantio de
monoculturas, como tem ocorrido ao longo dos ambientes que circundam o Rio
Araguaia.
Na primeira metade do século XX ocorreram poucas mudanças no Rio
Araguaia, de forma que a ocupação econômica se deu mais intensamente à partir da
segunda metade daquele século. Assim, terras de domínio público às margens d
o
rio, passaram à domínio privado, ocasionando algumas ocupações irregulares e o
surgimento de fazendas para pecuária. Na década de 80 a região recebeu a entrada
de projetos agrícolas de grandes extensões, em especial para arroz irrigado, devido
à facilidade de acesso à água. Também o garimpo ocupou as margens do Araguaia
e seus afluentes, com consequências desastrosas para os Rios Vermelho e Crixás
(Albernaz, 2003).
Foi ainda durante a década de 80 que o Rio Araguaia despontou como
opção para o turismo ecológico para a região de Goiás, que aos poucos foi
expandida à outras regiões do país, embora o fluxo maior pareça ser representado
pelos visitantes do Centro
-
Oeste (Albernaz,
op cit
).
Durante o período de estiagem no Cerrado, aproximadamente entre a
seg
unda quinzena de abril até a segunda quinzena de setembro (Reis, 2000), ocorre
a redução do nível das águas do Rio Araguaia formando praias ao longo de suas
margens no período aproximado de junho a setembro (SEPIN, 2005). As praias de
areias brancas formadas em boa parte das margens do Rio Araguaia são um
enorme atrativo a inúmeras pessoas que o visitam, em busca de descanso nas suas
águas ou praias e de bem estar pela observação da beleza cênica local.
Neste
cenário, o turismo contemplativo da natureza, passeios de barco e pesca amadora
representaram uma nova oportunidade econômica à região, que foi impulsionada
pela saúde e integridade do ambiente natural.
4
O turismo é uma atividade que entre outras ações propicia o consumo
da paisagem. Visitas turísticas que tenham o intuito apenas de deslumbrar a beleza
cênica local, em geral requerem uma estrutura para receber o visitante, e nesse
sentido, mesmo a observação da paisagem pode acarretar danos irreparáveis
(Krippendorf, 2002).
O turismo de natureza é uma modalidade de recreação que abrange o
ecoturismo e envolve atividades de aventura ao ar livre bem como práticas
sustentáveis e/ou educacionais. Esta atividade turística quando usufrui o patrimônio
natural e cultural de forma sustentável pode fornecer condições para a conservação
do meio através da busca de uma conscientização sócio-ambiental correta,
promovendo a conservação ambiental e bem estar das populações envolvidas
(TC/BR, 2002).
As comunidades humanas tradicionais que utilizam recursos naturais
incor
poram conhecimentos inerentes a ele (Johannes, 1989), e conhecer o perfil dos
usuários dos ambientes naturais fornece dados relevantes para a conservação dos
mesmos. Da mesma forma, os turistas que usufruem os ambientes naturais podem
ser uma fonte de info
rmações sobre o ambiente e sobre a atividade turística local, ao
revelar suas preferências (Carvalho, 2004).
Como muitos outros grandes ecossistemas tropicais, o Rio Araguaia,
de características físiográficas e ecológicas peculiares e que atrai um mero
representativo de turistas a cada ano (AGETUR, 2002), carece de programas de
proteção da diversidade biológica e cultural com uma abordagem ecossistêmica que
incorpore vocações culturais, uso local de recursos, atributos socioeconômicos, e o
valor dos serviços ambientais (FUNATURA, 1990; Ribeiro et al. 1995; FUNATURA,
1996; Kosz, 1996; Castro, 1997; Hanna, 1998).
Assim, o objetivo deste trabalho é descrever a estrutura
socioeconômica dos turistas que freqüentam o Rio Araguaia, bem como sua
percepção sobre o ecossistema e as características da atividade turística local a fim
de contribuir com o conhecimento atual e planejamento futuro desta atividade no Rio
Araguaia.
5
2-
OBJETIVOS
2.1 Objetivos Gerais
Este trabalho tem como objetivo descrever o perfil socioeconômico do
turista visitante do Rio Araguaia, região de Aruanã e suas percepções ambientais a
cerca das características dos recursos naturais do local freqüentado, fornecendo
subsídios para orientar ações de preservação e manejo dos ambientes do Rio
Arag
uaia e o bem estar das populações envolvidas. Além disso é apresentada uma
descrição da atividade turística para direcionar o desenvolvimento do turismo
sustentável na região.
2.2 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho são:
1.
Descrev
er socioeconomicamente o turista que freqüenta o Rio
Araguaia e a atividade turística por ele exercida;
2.
Avaliar a percepção ecológica dos visitantes relativas ao
ambiente por eles freqüentado;
3.
Disponibilizar informações sobre o turista, suas preferências
recreativas e os bens e serviços por eles mais requisitados/consumidos para auxiliar
instituições governamentais e não governamentais nas ações de estímulo manejo e
monitoramento das atividades recreativas desenvolvidas no local;
4.
Contribuir com as medidas de manejo, recuperação e
preservação do ecossistema estudado.
6
3-
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Descrição da Área de Estudo
O levantamento foi realizado na região de Aruanã, no médio
Rio
Araguaia, o principal tributário do Rio Tocantins, que constui a bacia Tocantins
Araguaia, afluente da grande Bacia Amazônica (Tejerina-
Garro
et al., 1998). A bacia
Tocantins
-Araguaia drena 767.000 km
2
, dos quais 343.000 km
2
correspondem ao
Rio Tocantins e 382.000 km
2
ao Rio Araguaia (Figura 1). Os 42.000 km
2
restantes
pertencem ao Rio Itacaiunas (o principal afluente no baixo curso do rio). Toda a
bacia integra a paisagem do Platô Central do Brasil, com cerrados sazonalmente
secos, com 1000
1600 mm de chuva por ano e que constituem 76% da bacia
(Ribeiro
et al
., 1995).
O Rio Araguaia é um rio de planície com baixa densidade de
drenagem, que nasce no complexo montanhoso de Caiapó à 850m e desce às
terras baixas bem suavemente, cerca de 0,5 cm por km, formando praias arenosas e
ilhas (incluindo a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo), além de inúmeros
lagos marginais (Ribeiro et al.
,
op cit;
Castro, 1997).
O Médio Araguaia compreende a Região que vai de Registro do
Araguaia até a cidade de Santa Isabel do Araguaia, numa extensão de 1.505 km e
desnível de 185m.
N
este trecho o rio é mais extenso e tranqüilo e flui por uma vasta
planície
sedimentar que devido à reduzida declividade do terreno, é suscetível a
inundação nos períodos das enchentes. O Rio Araguaia, na sua porção média,
possui uma largura que varia de 1,0 a 1,5 km, ao longo das quais oferece as
melhores condições de navegabilidade em relação a todo curso do rio e
profundidade mínima das águas de 0,7 m permitindo a navegação o ano todo
(SECTEC, 2005).
Aruanã, onde este estudo foi realizado, é uma das cidades mais
importantes e procuradas para o turismo na região do Rio Araguaia e é considerada
como o Portal de entrada do Araguaia . A densidade populacional é 5.212
habitantes em uma área de 3.050,303 km² (IMPACTO, 2001; SEPIN, 2005). A zona
de influência de Aruanã possui as melhores condições de navegabilidade do Rio
7
Araguaia e por esta razão foi considerada pelo PRODIAT (1985) como o local com
melhor condição para o desenvolvimento turístico do Vale do Araguaia.
8
Figura 1: Localização da área de estudo (município de Aruanã) no estado de Goiás.
9
3.2. Metodologia de Coleta
Para a descrição do perfil socioeconômico dos visitantes do Rio
Araguaia, foram aplicados questionários estruturados por questões fechadas
(Anexo1) que incluíram uma descrição pessoal do entrevistado, a descrição da
atividade de lazer por ele exercida e sua percepção ecológica.
Para avaliar a percepção ecológica, o entrevistado foi questionado
sobre aspectos referentes à planície do Rio Araguaia, sobre as cheias periódicas
locais, sobre a floresta que inunda, sobre aspectos relativos à reprodução dos
peixes e se o turista se considera usuário de algum recurso do rio.
Uma amostragem piloto foi realizada para os ajustes que se m
ostraram
necessários durante aproximadamente uma semana da temporada de praia do Rio
Araguaia (julho de 2004).
A coleta final de dados foi realizada em julho de 2005, durante
aproximadamente 17 dias de trabalho. Os questionários foram aplicados
preferenci
almente em 3 locais diferentes onde os turistas se concentram à margem
do rio no município de Aruanã, no porto e praça principal de Aruanã, em bares da
região central e nos acampamentos que oferecem áreas para camping (coletivos).
Estes acampamentos são particulares e provisórios e estão
distribuídos nas praias ao longo do Rio Araguaia na jurisdição de Aruanã. Foram
visitados os acampamentos da Praia do Cavalo I, Praia do Cavalo II, Praia da
Farofa, praia do Serviço Social da Indústria - SESI e Associação dos Servidores do
Banco Estadual de Goiás
ASBEG. Todos os acampamentos visitados têm infra-
estrutura montada para a temporada de praia e são abertos aos turistas que
desejam passar o dia ou acampar. O único que cobra uma diária para estadia é o
acampamen
to da Associação dos Servidores do Banco do Estado de Goiás
(ASBEG).
O valor do dólar considerado para conversão dos valores obtidos em
real foi de 1US$= R$2,37 cotados no dia 19 de dezembro de 2005
(
http://w
ww.bcb.gov.br/?txdolar
).
10
4-
RESULTADOS
Do total de turistas entrevistados (n=199), aproximadamente 64,8%
pertencem ao sexo masculino e têm idade média de 36 anos (d.p.=11,37). Os
turistas casados e com escolarização média completa ou incompleta e compõem a
maioria dos entrevistados (Tabela 1). Apenas 2,51% possuem pós-graduação, 0,5%
dos turistas são analfabetos e apenas 0,5% não responderam.
Tabela 1: Renda média, grau de escolaridade, estado civil e sexo dos turistas do Rio
Araguaia entrevistados em julho de 2005 em Aruanã, na região central da cidade de
Aruanã, porto principal e acampamentos situados na Praia da Farofa, do SESI, da
ASBEG e do Cavalo I e II.
Características dos
turistas entrevistados
Amostra total
(n=199)
Porto
(n =68 )
Cidade
(n =
84 )
Acampamentos
( n=47 )
Renda média (R$)
2036,75
2087,84
1979,35
2494,04
Ensino Superior (%)
35,67
33,82
36,9
36,17
Ensino Médio (%)
51,25
50
53,57
46,8
Ensino Fundamental (%)
9,54
11,76
21,42
12,76
Casados (%)
52,3
48,52
42,86
74,47
Solteiros (%)
47,7
51,48
57,14
25,53
Homens (%)
64,8
57,35
70,24
65,95
Mulheres (%)
35,2
42,64
29,76
34,05
Os turistas que visitam Aruanã são procedentes de 47 cidades
distribuídas por 5 Estados (GO, MG, SP, TO e MT), embora o maior número de
turistas seja proveni
ente da cidade de Goiânia
GO, com cerca de 54,8% do total.
O turista permanece na região em média 10,6 dias (d.p. = 11,46) e tem
um gasto médio diário de R$ 146,23 (d.p.= 138,19). Cerca de 78,9% dos turistas
visitam Aruanã em média 2,5 vezes ao ano (d.p.= 4,3) em média 9,7 anos (d.p.=
9,5) e 20,6% visitavam pela primeira vez.
Para chegar ao local, a maioria dos entrevistados (87,4%) utilizam
como transporte veículos particulares e 7,5% utilizam empresas de viação de
transporte rodoviário (ônibus).
11
Os
acampamentos são os locais mais procurados pelos turistas
(40,2%), embora 26,6% se hospedem em hotéis e pousadas de Aruanã. Os demais
turistas (33,2%) estavam hospedados em residências próprias, alugadas, fazendas
ou em outras cidades.
As atividades preferidas pelos turistas (Tabela 2) em sua maioria são
realizadas em média por 4,8 pessoas (d.p.=5,6) visto que somente 4% dos
entrevistados realizam suas atividades preferidas sozinhos. O tempo diário gasto na
atividade preferida é de 6,5 horas (d.p.=3,8).
Cerca de 45,3% dos turistas consideram o Rio Araguaia como o
principal atrativo da região de Aruanã e para grande parte deles a atividade preferida
é pescar (24,2%) conforme mostra a Tabela 2.
Tabela 2: Atividades preferidas realizadas ao ar livre no Rio Araguaia, principais
atrativos e fatores importantes na escolha dos locais de recreação da região de
Aruanã atribuídos pelos turistas entrevistados em julho de 2005.
Atividades Preferidas
Principais Atrativos
Fatores importantes na
escolha dos locais de
re
creação
Atividades
%
Atrativos
%
Fatores
%
Pescar
24,2
Rio Araguaia
45,3
Tranqüilidade
15
Beber
12,7
Praia
13,1
Praia
10,4
Descansar
11,9
Flerte
5,9
Segurança
9,2
Ir à praia
8,32
Pescar
5,5
Conforto
4,2
Tomar sol
7,1
Tranqüilidade
3,8
Ambiente
3,7
N
adar
5,5
Natureza
2,9
Limpeza
3,7
Passear de barco
5,5
Agito
2,5
Infra
-
estrutura
3,3
Apreciar o rio
4,8
Encontrar amigos
2,1
Qualidade da água
3,3
Flertar
4,4
Hospitalidade
1,3
Natureza do local
2,2
Outros
15,5
Outros
17,4
Outros
44,2
Total
100
Tot
al
100
Total
100
4.1. Percepção ecológica dos turistas acerca do ambientes naturais do
Rio Araguaia
A localização da planície do Rio Araguaia é desconhecida por 86,4%
dos entrevistados e muitos entrevistados (82,4%) declararam que nunca obtiveram
inform
ação alguma sobre a planície do Rio Araguaia. Apenas 13,6% disseram saber
onde fica situada a várzea do Rio Araguaia e 49,5% não atribuíram nenhum nome a
12
floresta inundada. As opiniões sobre a planície e os nomes atribuídos à floresta
inundada pelos turist
as estão expressos na Tabela 3.
Tabela 3: Opiniões emitidas pelos turistas entrevistados a respeito da planície e os
nomes atribuídos à floresta inundada do Rio Araguaia, durante a amostragem na
região de Aruanã em julho de 2005.
Opinião sobre a Planíci
e
Nomes atribuídos à floresta inundada
Opinião
%
Nomes
%
Não opinaram
83,16
Não sabem
49,5
Bonita
3,46
Cheia / Enchente
11,88
Agradável
0,99
Alagado
6,43
Indiferente
0,99
Inundada / Inundação
6,43
Natural
0,99
Floresta inundada
1,98
Importante para
o peixe
0,99
Pantanal
1,98
Atrapalha
0,99
Pântano
1,48
Outros
8,43
Outros
17,36
Total
100
Total
100
O período de cheia é considerado importante por 88,4% dos
entrevistados. Cerca de 8,5% não acham a cheia importante e 3% não souberam
opinar. Da mesma forma, a maioria dos entrevistados (84,4%) acha a floresta
inundada importante. As razões apresentadas para tais importâncias estão dispostas
na Tabela 4.
Tabela 4: Importância atribuída pelos turistas entrevistados na região de Aruanã em
julho de 2005
à ocorrência de cheia e a floresta inundável do Rio Araguaia.
Importância
Das Cheias
%
Da Floresta Inundável
%
Reprodução dos peixes
9,7
Alimentação
6,0
Aumenta a quantidade de água
6,7
Reprodução dos peixes
5,5
Limpar o rio
4,9
Para os peixes
3,7
P
ara os peixes
4,0
Desova
1,9
Não soube opinar
12,0
Não soube opinar
37,0
Outros
62,9
Outros
45,9
Total
100
Total
100
As espécies que os turistas consideram as mais pescadas e os
possíveis alimentos consumidos pelos peixes estão dispostos na Tabela 5
.
13
Tabela 5. Espécies de peixes mais pescadas e quais os alimentos dos peixes
segundo a percepção dos turistas entrevistados no Rio Araguaia em julho de 2005
na região de Aruanã.
Espécies de peixes mais pescadas
O que o peixe come
Espécies
%
Alimentos
%
Não responderam
21,3
Não responderam
37,9
Pintado
(Pseudoplastytoma corruscans)
15,0
Peixes
22,3
Piau
(
Leporinus spp)
12,5
Frutos
9,8
Mandi (
Pimelodus
blochii)
6,8
Diversos
5,5
Piranha
(Pygocentrus spp)
4,8
Minhoca
3,1
Pacu (
Myleus
spp)
4,8
Plantas
1
,7
Mandubé
(Ageneiosus spp)
4,5
Algas
1,5
Tucunaré
(
Cichla spp)
3,4
Milho
1,5
Outros
26,8
Outros
16,7
Total
100
Total
100
A piracema foi considerada importante por 89% dos entrevistados.
Poucos turistas não consideram este processo importante na natureza (3,5%) e
7,5% não souberam responder.
O motivo da proibição da pesca durante a piracema (defeso) é
conhecido por 88,4% dos turistas e 79,9% disseram conhecer qual o critério utilizado
pelos órgãos de fiscalização para estabelecer o tamanho mínimo permitido para se
pescar cada espécie de peixe, no entanto apenas 50,8% dos entrevistados foram
capazes de defini
-
lo corretamente.
Dos 24,2% dos turistas que fazem da pesca sua principal atividade de
lazer no Rio Araguaia, cerca de 96,2% desses turistas sabem a importância da
piracema bem como a importância da interdição da pesca durante esse período
(defeso) e 57,6% deles sabem qual o critério utilizado para se estabelecer o
tamanho para que algumas espécies de peixes possam ser pescadas. Cerca de
37,3% do
s turistas que praticam a pesca não sabem onde os peixes desovam e 70%
dos turistas que pescam acreditam que são usuários de recursos naturais do Rio
Araguaia.
Muitos turistas (61,9%) percebem que utilizam algum recurso do rio,
porém 37,7% acreditavam que não utilizavam nenhum recurso (0,5% não souberam
responder). Entre aqueles que se consideram usuários a água foi o recurso mais
citado (35,9%) seguido pelos peixes (17,3%). Apenas 6,5% citaram a praia como
14
recurso utilizado e 2,8% citaram a areia. Apenas 1,6% não quiseram ou não sabiam
responder qual seria o recurso por eles utilizado. Os outros recursos importantes
como madeira, ar, paisagem, vegetação foram citados uma única vez.
A maioria dos turistas (47,2%) acredita que os peixes após a desova
vão e
mbora. Os locais citados pelos turistas para onde os peixes vão desovar e para
onde vão após a desova estão dispostos na Tabela 6.
Tabela 6. Locais de desova e locais para onde os peixes vão após a desova citados
pelos turistas do Rio Araguaia entrevistado
s em julho de 2005 na região de Aruanã.
Local de desova dos peixes
Locais para onde os peixes vão após desova
Local
%
Local
%
Não sabem
44,8
Não sabem
47,0
Cabeceira
11,0
Descem o rio
14,7
Nascentes
6,6
Não se deslocam
11,3
Lagos
5,7
Sobem o rio
7,9
Margens
4,7
Retornam para o rio
4,4
Rio Araguaia
2,9
Lugares mais fundos
1,5
Subindo um rio
2,4
Lagos
1,5
Outros
22,0
Outros
11,8
Total
100
Total
100
A percepção dos turistas sobre o estoque pesqueiro no passado e
atualmente, bem como qual parte do rio é mais importante para o peixe viver é
apresentada na Tabela 7.
Tabela 7. Locais de maior concentração de peixes no passado, atualmente e qual o
local do rio é mais importante para o peixe viver segundo os turistas do Rio
Araguaia, entrevistados em j
ulho de 2005 na região de Aruanã.
Local onde havia mais
peixes no passado
Local onde há mais peixes
atualmente
Local mais importante do rio
para o peixe viver
Local
%
Local
%
Local
%
Não sabem
49,0
Não sabem
36,4
Não sabem
26,0
Todo o rio
23,5
Lagos
11
,0
Todo o rio
11,0
Lagos
3,4
Local tranqüilo
9,5
Margem
9,0
Margem
2,9
Margem
4,3
Lugar tranqüilo
8,0
Leito
2,9
Todo o rio
2,4
Leito
5,78
Luiz Alves
1,5
Locais profundos
2,4
Locais profundos
5,2
Outros
16,7
Outros
34,0
Outros
35,1
Total
100
Total
10
0
Total
100
15
Não houve correlação entre alguns aspectos do conhecimento
ecológico dos turistas (conhecimento sobre piracema, sobre a cheia do rio, floresta
inundada e compreensão do tamanho mínimo para pesca) com a quantidade de
anos que o turista visita o local (r=0,18; p=0,05) ou com a freqüência de visitas por
ano (r=0,14; p=0,05).
16
5-
DISCUSSÃO
Por volta do ano de 1940 o Rio Araguaia era um paraíso para os
poucos caçadores e pescadores que conseguiam alcançá-lo. Com as construçõe
s
de Brasília e Goiânia o desenvolvimento regional foi inevitável, com isso ocorreu a
descoberta do Vale do Rio Araguaia e a exploração de forma desenfreada dos seus
recursos naturais por cerca de 25 anos. A preocupação com a preservação do Rio
Araguaia começou no fim da década de 60, quando se considerava o local com
um grande potencial para se tornar um centro turístico, em especial pela freqüência
de turistas que começavam a buscar as belezas do Araguaia (Silva & Himmelrich,
1973).
O trabalho pioneiro em Goiás de levantamento sobre o perfil do turista
se iniciou na temporada de praia do Rio Araguaia na Cidade Aruanã no ano de 2000
e se estendeu nas temporadas dos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004 também para
as cidades de Aragarças, Aruanã, Bandeirantes, Britânia e Luis Alves (AGETUR,
2002) embora só as informações de 2000, 2001 e 2002 tenham sido publicadas.
A predominância de turistas do sexo masculino foi também observada
pela AGETUR (op cit) com exceção da região de Aragarças em que foi observado
56,5% de mulheres em julho de 2001. O estudo realizado por Matheus et al.
(2005)
na Represa do Lobo
SP evidenciou uma estrutura do turismo e atividades
recreativas praticadas semelhantes as do Rio Araguaia e também um maior número
de turistas do sexo masculino na região com cerca de 52,3%. A predominância de
turistas do sexo feminino (58,6%) foi evidenciada por Carvalho (no prelo) na planície
de inundação do alto Rio Paraná
PR, demonstrando que há particularidades
inerentes a cada público de visitantes, mesmo dentro de uma mesma região (como
em Aragarças).
A predominância de homens na região de Aruanã deve resultar do fato
que o turismo na região está ligado direta ou indiretamente a atividades ainda
predominantemente realizadas por indivíduos do sexo masculino como pescar,
acampar e pilotar embarcações.
17
O que mais atrai os turistas em Aruanã é o próprio Rio Araguaia. As
atividades como pescar, descansar, contemplar a natureza, nadar, ir à praia são
realizadas pelos turistas em geral e influenciam na escolha do local de recreação
dos turistas em Aruanã que estão extremamente ligados aos recursos naturais do rio
Araguaia.
A idade média dos turistas entrevistados em Aruanã (36 anos)
coincide com a faixa etária registrada pela AGETUR (2002) em 2001 (35-44 anos),
2002 (22-40 anos e 2003 (30-39 anos). Esta foi a mesma idade média encontrada
por Carvalho (
op cit
) na planície de inundação do Rio Paraná em que também ocorre
a predominância de casados, que segundo a autora decorre da presença maior de
grupos f
amiliares. Esta predominância foi constatada em 2003 pela AGETUR (dados
não publicados) visto que 60% dos turistas que visitaram Aruanã no período eram de
casais ou em grupos com a família.
Os estudos feitos na planície do Rio Paraná por Carvalho (2002)
mo
straram que a grande maioria (87%) utilizava veículos particulares, ao passo que
no estudo realizado por Oliveira (1999) na região do Pantanal Mato-grossense foi
evidenciado que a maior parte dos turistas (54%) utilizava a aviação como meio de
transporte.
A utilização de transporte particular na região do Rio Paraná e do Rio
Araguaia se deve ao fato de que os visitantes em geral são do próprio estado, o que
o torna o turismo mais regional, enquanto que o turismo do pantanal obtém um
maior número de turistas (70%) estrangeiros (Europeus e Norte-Americanos) e de
outros estados.
O valor médio do gasto diário do turista no Rio Araguaia (US$ 61,70)
representa menos que a metade dos gastos diários de turistas brasileiros
(US$134.26) que visitam o Pantanal Mato-
gro
ssense ao longo da Rodovia
Transpantaneira (Oliveira, op cit) e é 17,82% menor que os gastos diários incorridos
pelos turistas da região da planície de inundação do Rio Paraná que é de US$75.08
(Carvalho,
op cit). O menor valor de gasto diário encontrado nessa região se deve
hipoteticamente a inúmeros fatores. Os turistas que visitam o Araguaia permanecem
um mero maior de dias (10,6 dias) em comparação com os outros ambientes
citados (3 dias no Pantanal e 3,4 dias na planície do Rio Paraná), o que pode
ac
arretar na diminuição nos gastos diários para proporcionar uma temporada maior
18
de permanência no local. Além disso, os turistas que visitam o Pantanal Mato-
grossense possuem um maior gasto com locomoção (aérea e rodoviária) e
possivelmente hospedagem o que acarreta em um aumento da média do gasto
diário.
Apesar deste estudo e estudos de anos anteriores segundo AGETUR
(
op cit
) demonstrarem que o grau de escolaridade dos turistas da região de Aruanã é
relativamente alto, com maioria (85%) possuindo uma escolarização média ou
superior (completa ou incompleta), o nível de percepção ecológica a respeito do Rio
Araguaia é baixo, que muitos nunca ouviram falar sobre a planície do Rio
Araguaia (82%) e não conhecem sua localização mesmo estando no momento da
en
trevista situados na mesma (86%).
Os poucos que diziam ter conhecimento sobre a planície do Rio
Araguaia demonstraram através das suas opiniões que a formação fitogeográfica
desse ecossistema é praticamente desconhecida por quase todos os turistas, devido
às opiniões não condizentes com a planície do Rio Araguaia.
A maioria dos entrevistados acha a cheia e a floresta inundada do Rio
Araguaia importante, mas ao ser perguntado sobre a importância da cheia e da
floresta inundável a demonstração de desconhecimento acerca do assunto fica
evidente na maioria das respostas fornecidas pelos turistas entrevistados (Tabela 4).
O mesmo ocorreu com o nome atribuído pelos turistas à floresta inundada pelo Rio
Araguaia, já que 1,5% dos entrevistados atribuíram o nome de
várzea (que é o nome
mais utilizado para denominar a floresta inundada do médio Araguaia) e nomes de
outros ecossistemas o que torna ainda mais evidente o desconhecimento do turista
acerca do local (Tabela 4).
O alto índice de desconhecimento ocorre devido à falta de
direcionamento e desenvolvimento de projetos que busquem uma educação
cientifica que esclareça os turistas sobre os processos ecológicos locais e seus
recursos naturais. Esses programas devem ser estruturados de forma que forneçam
as informações mais informalmente e apropriadamente para quem está desfrutando
de dias de lazer. O desconhecimento sobre o ambiente visitado pode ser um
gerador de ações danosas aos recursos naturais, e segundo Kripenndorf (2002) se
19
as pressões provocadas pelo turismo sobre os recursos naturais forem fortes a
ponto de ultrapassarem o que o ambiente pode suportar, ele perde seu valor de
recreação e lazer o que colocaria em risco esta atividade no Rio Araguaia.
No inicio da cada de 70 começaram a surgir os primei
ros
instrumentos legais de proibição da caça e da pesca irresponsável em Goiás,
ocorrendo a permissão somente da caça de espécies fora da lista de espécies em
extinção e com número de exemplares estabelecido para cada espécie de caça. Um
dos grandes responsáveis por essa mudança foi o escritor e sertanista Leolídio Di
Ramos Caiado que escreveu vários livros sobre o Rio Araguaia e sempre defendeu
sua preservação (Silva & Himmelrich, 1973; Caiado,
1974)
. No fim da década de 80
entrou em vigor a LEI FEDERAL 7.679, de 23/11/88 que proibiu a pesca durante o
período de reprodução dos peixes, conhecido no Rio Araguaia como o período da
piracema.
Em razão dos órgãos de fiscalização e meios de comunicação
advertirem e divulgarem muito sobre a proibição da pesca durante a piracema,
grande parte dos entrevistados (89%) considera a piracema importante e sabem
realmente o motivo da importância e proibição da pesca nesse período, mas cerca
de 50,8% dos turistas entrevistados desconhecem o critério utilizado pelos órgã
os
de fiscalização para estabelecer as medidas mínimas para pesca de algumas
espécies, e mesmo que esta seja a atividade preferida pelos turistas (24,2%) o
conhecimento ecológico sobre o recurso (peixe) é relativamente baixo.
Assim, por exemplo, grande número (50,8%) de turistas não conhece o
critério utilizado para se estabelecer o tamanho mínimo para que algumas espécies
de peixes possam ser pescadas, o que pode acarretar no desrespeito a norma, já
que não a entendem. O comprometimento em deixar de praticar uma atividade de
lazer, desde que, entenda como o impedimento temporário pode aumentar a
disponibilidade
de recurso no futuro pode ser um fator relevante. O desrespeito a
este critério foi evidenciado por Carvalho e Medeiros (2006) que ao medirem alguns
espécimes de pescados no Rio Araguaia nos anos de 2003 e 2004 registraram um
grande número de exemplares que se encontrava abaixo da medida mínima. Essa
predominância de turistas que compreendem a importância da piracema e
20
desrespeitam a medida mínima estabelecida para muitas espécies de peixes se
deve aos seguintes fatores:
a) Os meios de comunicação e órgãos fiscalizadores divulgam a
importância da piracema e a proibição da pesca no seu período com muito mais
ênfase que a divulgação dos tamanhos mínimos estabelecidos para que algumas
espécies de peixes possam ser pecadas e o critério e importância de se estabelecer
tais medidas.
b) A piracema é vista pelo turista como um meio de garantir a pesca
através da renovação do estoque pesqueiro, enquanto que o critério para
estabelecer a medida mínima não parece a por boa parte dos turistas estar ligado à
renovação do estoque pesqueiro.
A alta porcentagem de turistas (37,7%) que acredita não utilizar
nenhum recurso natural do Rio Araguaia ficou próximo aos valores encontrados por
Carvalho & Medeiros (op cit) de 40% também para os pescadores da região de
Aruanã e do levantamento na planície do Rio Paraná, em que Carvalho (op cit)
,
encontrou 46% de turistas que não se consideravam usuários de recursos naturais
do loc
al. Essa relação do turista com o ambiente no qual ele desfruta e acredita não
usufruir de nenhum recurso natural, demonstra que o turista não acredita ser um
integrante do Rio Araguaia, pois ele não possui percepção que é consumidor dos
recursos naturais do rio, seja água (um bem) ou a paisagem (serviço ambiental) o
que pode sugerir uma relação de independência e um pensamento que ele não
passa de um mero expectador temporário, se eximindo de obrigações perante sua
preservação.
O desenvolvimento de projetos que visam a formação do turista para o
turismo sustentável no Rio Araguaia possui uma alta viabilidade. Segundo Oliveira
(op cit) um dos fatores importantes para que os conhecimentos transmitidos aos
turistas possam trazer a preservação dos recursos naturais local, tem uma maior
eficiência se implantados em locais que os turistas são visitantes regulares e não
freqüentam o local uma única vez, como é o caso do Rio Araguaia em que cerca de
80% dos turistas entrevistados são freqüentadores regulares.
21
Para
Mendonça (2001) desconsiderar as comunidades locais e sua
cultura no planejamento do turismo está profundamente relacionado à degradação
ambiental das localidades turísticas. A evidência que o turista do Rio Araguaia não
possui um conhecimento sobre os processos ecológicos e formações fitogeográficas
locais demonstram que o desenvolvimento de projetos será necessário para a
prática de um turismo sustentável na região. Estes projetos devem promover uma
interação e conhecimento maior do turista com o ecossistema local. Uma das
estratégias possíveis para tal é envolver a comunidade local nos projetos
relacionados ao turismo desenvolvidos na região, pois segundo Mendonça (op cit
),
Carvalho (op cit), Oliveira (op cit) a comunidade local é uma fonte de conheciment
o
sobre o ecossistema local e sua preservação, mas é necessário que se faça um
levantamento com essa comunidade para verificar se realmente, a população local
esta bem informada a cerca dos ambientes e processos ecológicos do ecossistema,
a fim de servir d
e veículo de informação aos visitantes daquela região.
22
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Rio Araguaia é um atrativo de alto potencial turístico devido a sua
enorme beleza natural, assumindo um papel importante para a recreação local. No
Rio Araguaia o turismo tem predominância de grupos familiares, de alta renda, alto
nível de escolaridade e que são freqüentadores regulares, fatores relevantes no
desenvolvimento da estrutura turística da região.
Contudo, muitos turistas não se consideram integrantes desse
ambiente e a falta de conhecimentos em relação ao Rio Araguaia pode acarretar em
descaso e desinteresse com a preservação dos seus recursos naturais. Neste caso
os projetos que visam um turismo sustentável ao longo do Rio Araguaia devem ser
reform
ulados, dando maior conhecimento ecológico ao visitante e demonstrando que
eles são usuários e integram esse ambiente.
Assim determinar a estrutura do turista e principalmente a percepção
que ele tem a respeito do ambiente visitado são importantes indicativos do potencial
deste turista como agente de preservação e do direcionamento que o turismo deve
assumir, enfocando aqueles aspectos que contribuam para um turismo estruturado,
informativo e participativo.
23
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410.
27
CAPÍTULO 2
VALOR RECREATIV
O AGREGADO AO RIO ARAGUAIA, REGIÃO DE
ARUANÃ, PELO MÉTODO DO CUSTO DE VIAGEM
RESUMO
Estimar o valor econômico agregado pelo turismo em um ecossistema tornou-se um
método muito utilizado para se estimular a preservação e manejo de áreas exploradas pelo tur
ismo.
Ao se atribuir valores monetários ao ecossistema são gerados subsídios que justificam programas de
preservação, manejo e recuperação de áreas exploradas. O valor econômico da recreação no Rio
Araguaia, região de Aruanã é estimado pelo método do custo de viagem que fornece o valor de uso
do ambiente. O público usuário foram os turistas que foram entrevistados em julho de 2005. Os
turistas são provenientes de 47 cidades, divididos em 6 zonas segundo sua distância até a cidade de
Aruanã. Os turistas perc
orreram uma distância média de cerca de 320 km para se chegar até Aruanã,
perfazendo um tempo médio de viagem de aproximadamente 6 horas com um custo médio de tempo
de viagem de US$32. A taxa de visitação diminui com o aumento da distância devido ao acrésc
imo
nas despesas com a viagem até o local. As zonas I e II conseqüentemente possuem a maior taxa de
visitação devido às cidades estabelecidas para estas zonas possuírem as menores distâncias até
Aruanã. O custo de viagem aumenta com a distância percorrida na viagem e a freqüência de
visitas/ano, segundo a regressão linear múltipla. A regressão apresentou resíduos com aglomerados
no ponto que representa os turistas que freqüentam apenas uma vez/ano e que percorrem a distância
de 301,6 km (oriundos de Goiânia). O excedente do consumidor do turista que representa o benefício
anual gerado ao visitante foi estimado em US$673.982,00 e o valor de recreação agregado ao Rio
Araguaia, região de Aruanã foi considerado alto, devido ao valor encontrado de
US$134.796.392.
000,00 e deste total US$ 93.522.000,00 são gastos na região de Aruanã. Apesar
disto, este valor de recreação é subestimado, pois representa apenas o valor de uso, não agregando
o valor de não uso, e a estimativa do número de turistas considerada neste trabalho (200.000
turistas/ano) foi a mais baixa difundida pela mídia.
Palavras
-chave: Rio Araguaia, economia ecológica, valoração ambiental, custo de viagem, demanda
turística.
28
ABSTRACT
The estimative the economic value aggregated by tourism in a ecosystem is an important tool
to stimulate the preservation of areas explored by tourists. Attribute monetary values to ecosystem
enables to generate subsidies to the preservation and recovery in those explored areas. The
economic value of recreation in Araguaia River at Aruanã region, was estimated by the method of
travel costs which supplies the use value of the environment. The target public was the tourist
interviewed in July 2005. The tourists were from 47 cities, distributed by 6 zones, according to its
distance from Aruanã. The tourists displace an mean of 320 Km to arrive to Aruanã and spent 6 hours
of trip at a cost of time of US$32 in average per trip. The visitation rate diminishes if distance
increases, highlighting the costs. The zones I and II consequently has higher visitors rate due to the
lower distances to Aruanã. The travel costs increase and frequency of visits per year, according to
multiply regression. The regression has residues with aggregation that represents the tourists who
frequent Aruanã only once a year coming from maximum distance of 301,6 km (majority from
Goiânia).
The consumer surplus who represents the annual benefit generated the tourist was
estimated in US$ 673.982,00 and the recreation value aggregated to Araguaia River, in Aruanã
region, was high, US$134.796.392.000,00 and from this US$ 93.522.000,00 are spend in Aruanã
region. Indeed the recreation value is underestimated, since it representings just the use value, do not
considering the non use value and the estimative of tourists number were the lowest one (200.000
tourist/year).
Key words: Araguaia River, economic ecology, environment value, trip cost, tourist demand.
29
1-
INTRODUÇÃO
O conceito neoclássico de valoração ambiental busca o
correspondente monetário de um dano (ou benefício) ambiental em termos de sua
utilidade e/ou bem-estar expresso pelas preferências individuais a ele associadas.
Dentro desta mesma perspectiva é que os preços de mercado são definidos na
economia ne
oclássica (Pearce, 1976).
A satisfação dos consumidores deriva-se de todas as formas de
consumo. Isto é, o bem estar das pessoas é medido tanto pelo consumo de bens e
serviços, quanto de amenidades de origem recreacional, política cultural e
ambiental. A interação entre a disposição a pagar dos consumidores pelos
benefícios e a disposição a ofertar das empresas, é que define os preços e as
quantidades transacionais no mercado (Lockwood & De Lacy, 1992).
Entretanto, a maioria dos bens e serviços ambientais não tem preços
de mercado. Assim, o valor monetário de bens e funções ambientais, as
conseqüências do crescimento econômico para os ecossistemas e o custo das
limitações (energéticas e de recursos) que estes sistemas naturais representam pa
ra
o crescimento econômico, são analisados com base em técnicas da teoria
econômica neoclássica (Carvalho, 2001).
Esta análise econômica é fundamentada nas preferências individuais
reveladas, que são aceitas como base para a valoração, ainda que possam ser
resultado de informações pouco acuradas do entrevistado e, portanto sujeitas as
mudanças ou definições incompletas (Batie & Shabman, 1979). A explicitação
destas preferências é feita com o uso de bens privados complementares ou
substitutos para serviços ambientais, ou de mercados hipotéticos (Sinden & Worrel,
1979).
Em países onde o valor de ecossistemas naturais está associado aos
empreendimentos econômicos que ele pode suportar, é freqüente a proposta de
alternativas de desenvolvimento que alteram as características naturais, os
processos ecológicos e inviabilizam atividades econômicas locais, importantes para
a economia regional.
30
Neste sentido, estudos de economia-ecológica são importantes na
explicitação do valor contido em ecossistemas cujos usos não se enquadram no
mercado de preços ou no modelo urbano-industrial de desenvolvimento. Esta
valoração econômica pode direcionar políticas públicas e incentivos ao uso e
manutenção das características naturais, além de fornecer subsídios para diferentes
instituições justificarem programas de preservação e recuperação destes ambientes
(Pearce, 1976; Sinden & Worrel, 1979; Carson, 2000; Tolmasquim et al., 2000;
Santos
et al
. 2001; Carvalho 2002).
Apesar disto, a estimativa do valor de um ecossistema tem sido uma
etapa negligenciada nas projeções de desenvolvimento regional, criando a noção
equivocada de que áreas naturais são uma terra ociosa e ignorando sua
importância no mercado local, advinda do valor econômico agregado pelo turismo,
por sustentar populações locais de pouca qualificação profissional ou pelo bem
-
estar
proporcionado aos seus moradores e visitantes (Carvalho
op cit
)
Embora trabalhos com este escopo ainda sejam escassos e recentes
no Brasil, a freqüência de trabalhos científicos desenvolvidos nesta área tem
aum
entado (vide Grasso, 1994; May, 1995; Pessoa e Ramos, 1998; Carlos Oliveira,
1999; Carvalho 2000; Obara et al., 2000), devido à necessidade de reorientação de
desenvolvimento econômico em determinadas regiões e das crescentes pressões
pública, instituciona
l e política neste sentido (Alho & Martins, 1995).
Métodos como o custo de viagem são adequados para as estimativas
de valor em especial em áreas em que exista visitação, e portanto uso de recursos
naturais para recreação. Em casos em que se pretenda estimar o valor de não uso,
a avaliação contingente tem sido a metodologia mais empregada (Carvalho,
no
prelo)
O Método do Custo de Viagem -CV (Travel Cost Method) é uma
técnica usada para estimar o valor econômico de uma área natural, com base nos
gastos despendidos por turistas para visitá-la e desfrutar, por exemplo, de suas
alternativas de recreação. Esta técnica surgiu nos Estados Unidos para medir
benefícios proporcionados por locais de recreação ao ar livre (Smith 1989
apud
Tolmasquim, 2000; Seroa da Motta, 1998) e é mais frequentemente empregada em
31
áreas naturais de parques nacionais, estaduais ou municipais, onde há controle de
fluxo turístico (Grasso, 1995).
A principal estimativa do CV é a curva de demanda por recreação,
dada pela relação entre a freqüência de visitas e os custos totais da viagem e que
representa a disponibilidade que o usuário tem de pagar pela recreação
proporcionada pelo ecossistema. Desta curva se extrai o valor do benefício
econômico anual que o turista obtém por visita, chamado de excedente do
consumidor (Shafer et al., 2000; Dixon & Sherman, 1990a; Pearce, 1985), e o valor
anualmente agregado ao ambiente.
Com a aplicação do CV é possível, ainda, determinar a taxa de
visitação para diferentes zonas definidas por classes de distâncias crescentes.
Assim, testa-se a hipótese de que a taxa de visitas varia inversamente com as
despesas de viagem (Hanley, 1997; Lockwood & De Lacy, 1992).
Assim, o objetivo desta proposta é estimar o valor econômico agregado
pela recreação ao Rio Araguaia na região de Aruanã, para descrever o turismo local
e destacar a importância econômica deste ambiente e do uso racional de seus bens
e serviços. Tal estimativa oportuniza o uso do método proposto e poderá direcionar
prioridades de manejo e vantagens da proteção deste ecossistema, em relação a
projetos de desenvolvimento.
32
2-
OBJETIVOS GERAIS
Este trabalho tem como objetivo valorar economicamente o Rio
Araguaia, na região de Aruanã pela demanda turística através do método do custo
de viagem, que estima o valor de uso de um recurso natural, neste caso um serviço
representado pela recreação usufruída.
2.1 Objetivos Específicos
Os objetivos específicos deste trabalho são:
a.
Estimar o valor de uso da planície de inundação do Rio Araguaia, região de
Aru
anã agregado pela recreação através do Método do Custo de Viagem;
b.
Descrever socioeconomicamente o
s
turista
s
que freqüenta
m
o Rio Araguaia.
c.
Fornecer informações econômicas sobre o uso do ambiente natural, passíveis
de subsidiar e/ou influenciar políticas públicas de estímulo à manutenção,
recuperação e uso sustentável deste ecossistema.
d.
Explicitar o montante financeiro efetivamente atraído e alocado na região em
virtude da existência do ambiente estudado e seus bens e serviços;
e.
Respaldar análises de custo benefício e programas de preservação e
recuperação do Rio Araguaia, em oposição a empreendimentos econômicos
que comprometam as características naturais do ambiente e o fluxo monetário
atraído pela sua existência;
f.
Contribuir com as medidas de manejo, recuperação e preservação do
ecossistema estudado.
33
3-
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Descrição da Área de Estudo
O Rio Araguaia (Figura 1) nasce no complexo montanhoso de Caiapó
à 850m de altitude e possui uma declividade de cerca de 0,5 cm por km, formando
a
maior ilha fluvial do mundo (Ilha do Bananal), inúmeros lagos e praias arenosas
(Ribeiro
et al., 1995; Castro, 1997). O Rio Araguaia é o principal afluente do Rio
Tocantins formando a Bacia Tocantins
Araguaia, que se junta a Bacia Amazônica
(Tejarina
-
Garro
et al.,
1998).
A Bacia Tocantins-Araguaia drena 767.000 km
2
, dos quais 343.000
km
2
correspondem ao Rio Tocantins e 382.000 km
2
ao Rio Araguaia . Os 42.000 km
2
restantes pertencem ao Rio Itacaiunas (o principal afluente no baixo curso do rio).
Toda
a bacia integra a paisagem do Platô Central do Brasil, com cerrados
sazonalmente secos, com 1000
1600 mm de chuva por ano e que constituem 76%
da bacia (Ribeiro
et al
.,
op cit
).
O estudo foi realizado na região de Aruanã. O município de Aruanã
GO situa-se no Médio Araguaia e neste trecho o Rio Araguaia flui por uma vasta
planície que o torna mais extenso, tranqüilo e com uma largura que varia de 1.0 a
1.5km. Essa porção do Rio Araguaia possui cerca de 1.505km com desnível de 185
m e profundidade média de 0,70m oferecendo assim as melhores condições de
navegabilidade em relação a todo curso do Rio Araguaia e navegação durante todo
ano (SECTEC, 2005).
A região de Aruanã é considerada como o portal de entrada do
Araguaia e o local com melhores condições para o desenvolvimento do turismo no
Vale do Araguaia (PRODIAT, 1985) e segundo Mendes (2005) o Rio Araguaia é um
ecossistema com área prioritária para a conservação de biodiversidade.
34
Figura 1: Localização da área de estudo
(município de Aruanã) no estado de Goiás.
Mapa da bacia do Tocantins
-
Araguaia.
35
3.2. Metodologia de Coleta
A coleta de informações para estimativa do valor de uso da planície de
inundação do Rio Araguaia pelo todo do custo de viagem
MCV foi feita at
ravés
de questionários estruturados por questões fechadas. As informações necessárias
para esta estimativa são local de origem, estadia do visitante, distância viajada,
tempo, freqüência e custos de viagem (que envolvem custos com translado, revisão
mecâni
ca, lanche, hospedagem, consumo de bebidas e refeições diárias).
A coleta de dados foi realizada em julho de 2005, durante
aproximadamente 17 dias de trabalho. Os questionários foram aplicados
preferencialmente em 3 locais diferentes onde os turistas se concentram: à margem
do rio no município de Aruanã em locais como o porto principal, a praça central,
bares e os acampamentos que oferecem áreas para camping (coletivos) que se
distribuem nas praias do Rio Araguaia, na jurisdição de Aruanã, onde são montados
acampamentos particulares e provisórios. Foram visitados os acampamentos Praia
do Cavalo I, Praia do Cavalo II, Praia da Farofa, praia do Serviço Social da Indústria
- SESI e Associação dos Servidores do Banco Estadual de Goiás
ASBEG. Todos
os acampamentos visitados são acampamentos provisórios, com infra-
estrutura
montada para a temporada de praia e abertos aos turistas que desejam passar o dia
ou acampar e o único acampamento que cobra uma diária é o acampamento da
Associação dos Servidores do Banco do
Estado de Goiás (ASBEG)
O custo de viagem por zona
i
foi dado pela soma dos gastos totais com
o custo de oportunidade do tempo. Este último representa o valor do tempo gasto
com translado e foi calculado, convertendo-se o tempo gasto na viagem à renda qu
e
deixa de ser ganha neste período. Para isto, assumiu-se que os turistas
entrevistados trabalham 40 horas/semana. A taxa de visitação por zona foi calculada
segundo a fórmula abaixo (Dixon & Sherman, 1990b):
36
(TV
i
/1000/ano) =
[ (V
i
/n) * N * 1000]
P
A estimativa anual de visitantes por zona (VAZ) é dada pela fórmula
apresentada em Grasso (1994) onde VAZ = (freqüência de visitas * população da
zona
i
) / 1000.
O excedente do consumidor - EC, foi estimado como (Maharana &
Sharma, 2000):
O valor do EC multiplicado pelo número turistas/temporada, estimado
em 200.000, forneceu o valor recreativo agregado do trecho do Rio Araguaia.
A dependência e influência entre as variáveis foram testadas por
modelos de regressão linear múltipla e correlação de Pearson. As variáveis testadas
na regressão linear múltipla estão apresentadas na equação abaixo:
CV=
x ren. x dist. x estci. x sexo
x
esc.
x freq
x tempo
x usa.
onde: CV = Custo de viagem
ren = renda mensal
dist = distância da cidade de origem até Aruanã
estci = estado civil
escol = grau de esc
olaridade
freq = freqüência de visitas/ano
tempo = a quantos anos visita o Araguaia
usa = se considera usuário dos recursos naturais do local
onde:
TV
i
/1000 = taxa de visitação/ 1000 pessoas/região
i
/ano
V
i
= número de visitantes da região
i
n = tamanho da amostra de entrevistados
N = número total de visitantes por ano
onde:
Vi=visitação zona populacional
i
Ti =atual custo de viagem da
zona
i
Tm = Custo de viagem Máximo
Tm
Ti
ii
dT
V
EC
)(
37
O valor do lar considerado para a conversão dos valores obtidos
neste trabalho foi de 1US$= R$2,37 cotados no dia 19 de dezembro de 2005
(http://www.bcb.gov.br/?txdolar
).
38
4-
RESULTADOS
No total, 199 turistas responderam as perguntas relacionadas à técnica
do Método de Custo de Viagem
C
V (
Travel Cost Method
).
Os turistas entrevistados para o CV são oriundos de 47 cidades que se
distribuem por 5 Estados (GO, MG, SP, TO e MT). Os turistas são na maioria
casados (52,3%), homens (64,8%) com idade média de 36 anos. O número de
turistas que chegaram ao ensino médio ou superior ultrapassa 89% dos
entrevistados.
Os locais utilizados para hospedagem pela maioria (66,83%) dos
turistas são os acampamentos, hotéis e pousadas e o meio de transporte utilizado
por 87,43% dos turistas são os veículos par
ticulares.
Os turistas freqüentam Aruanã em média 2,47 vezes ao ano
(d.p.=4,29) e visitam o local à cerca de 9,68 anos (d.p.=9,55), permanecendo em
média 10,65 dias (d.p.=11,46) e com gasto diário de R$146,23 (d.p.=138,19). A
distância média percorrida até Aruanã é de 319,7 km (d.p.=226,7), com um tempo
médio de viagem de 5,75 horas (d.p.=9,12) e com um custo médio do tempo de
viagem de R$75,52 (d.p.=141,84).
4.1
-
Estimativa do Custo de Viagem
Foram definidas 6 zonas de visitação à planície do Rio
Araguaia
Região de Aruanã. Dos 199 questionários realizados 141 puderam ser utilizados na
estimativa do Custo de Viagem. A dia de tempo (horas) gasto durante a viagem,
freqüência média por ano em que os turistas visitam Aruanã, a taxa de visitação e a
estimativa do número de turistas que freqüentam Aruanã para cada zona estão
expressos na Tabela 1.
39
Tabela 1: Informações das cidades de origem do visitante, tempo e freqüência de
viagem, taxa de visitas/ano e estimativa de visitantes/zona/ano em Aruanã
(GO).
O pressuposto de que a taxa anual de visitação diminui com a
distância ficou evidenciado na Tabela 1, visto que a zona I possui a maior taxa de
visitação anual entre as seis zonas e a zona VI a menor taxa de visitação.
O gasto diário, custo do tempo, viagem e excedente de consumidor
definidos para cada zona estão expressos na Tabela 2.
Zona
Distância
(km)
Cidades / Zona (Estado)
Nº de
entrevistad
os
/
zona
Total de
Habitantes/
zona
Horas de
Viagem
(d.p.)
Freq. anual
Visitas
(d.p.)
Taxa de
Visitação
Estimativa de
turistas/ano
I
40
-
190
Rubiataba, Jussara, Araguapaz,
Itapuranga, Cidade de Goiás,
Fazenda Nova, Britânia,
Mozarlândia, Santa de Goiás,
Nova Crixás.
21
138.092
3,0
(4,9)
3,2
(4,2)
215,70
28.999,32
II
191
-
340
Goiânia, Ceres, Inhumas,
Itaberái, Iporá, São Luis dos
Montes Belos, Anicúns,
Sancrerlândia, Senador Canedo,
Tocantins, Mossâmedes,
Doverlândia, Firminópolis,
Goianira, Aparecida de Goiânia.
101
1.902.734
4,2
(1,7)
2,4
(4,8)
75,29
142.705,10
III
341
-
490
Anápolis, Vianópolis, Silvánia,
Nova América, Rio Verde.
08
471.694
6,8
(6,9)
1
24.05
11.320,66
IV
491
-
640
Br
asília, Buritis (MG)
05
2.308.221
6,5
(1,3)
1,2
(0,4)
3,07
6.924,66
V
641
-
790
Uberaba(MG), Patos de
Minas(MG), Cuiabá(MT)
03
934.276
36,0
(20,8)
1
4,55
4.204,24
VI
791
-
1200
São Paulo(SP), Belo
Horizonte(MG).
03
13.189.14
5
41,6
(33,9)
1,3
(0,5)
0,32
3.956
,74
40
Tabela 2: Gasto diário, custo do tempo, custo de viagem e excedente do
consumidor/zona e o total anual do excedente do consumidor (valores expressos em
reais)
.
Zonas
Gasto
diário/zona
(d.p.)
Custo do
Tempo
Custo de Viagem
(d.p.)
Excedente do
Consumidor/zona
I
122,71
(95,19)
35,84
1297,857
(1.346,056)
723.076,35
II
80,99
(70,99)
53,02
1.064,50
(914,718)
842.941,99
III
111,25
(85,36)
90,93
915,00
(507)
25
.620,65
IV
134
(86,48)
77,85
1.032,00
(423,46)
1.775,95
V
33,33
(41,19)
321,60
876,66
(657,88)
3.294,54
VI
106,66
(55,07)
960,00
2.670,33
(1.706,09)
627,75
Total anual do excedente do consumidor
1.597.337,00
A planície do Rio Araguaia provê um alto benefício anual ao visitante
(excedente do consumidor - EC= R$1.597.337,00 ou US$673.981,85 por ano). Este
excedente do consumidor, que representa o benefício anual gerado para o turista ao
usufruir de um determinado ambiente natural, foi maior na zona II (R$842.941,99;
US$355.671,72), e menor na zona VI (R$627,75; US$264,87), corroborando o
esperado que o custo de viagem aumenta com a distância e determina menor
benefício, ou seja, menor EC.
O valor recreativo agregado ao Rio Araguaia é de
R$319.467.4
48.000,00 ou US$134.796.391.561,18/ano. O valor diário gasto pelo
turista na localidade (Aruanã) com hospedagem, alimentação, recreação, entre
outros é de R$104,06 (US$43,90). O turista tem uma permanência média de 10,65
dias (d.p.=11,46), então o valor gasto pelos turistas (200.000/temporada) na região
de Aruanã é de R$221.647.800,00 (US$93.522.278,48).
Apenas a distância percorrida na viagem e as freqüências de visitas
por ano influenciaram o custo de viagem (r = 0,771; r
2
= 0,60 e p = 0,000) conforme
mo
stram a equação de regressão linear múltipla abaixo e a Tabela 3:
CV = 165,155 +
1,327 x dist. + 238,37 x freq.
41
Tabela 3. Estimadores da regressão linear múltipla, coeficientes, erro padrão e
probabilidade (p).
Variáveis independentes
Coeficientes
Erro P
adrão
p
Constante
165,155
165,626
0,320
Distância
1,327
0,450
0,004
Freqüência
238,373
17,229
0,000
A Figura 2 apresenta a relação entre as variáveis definidas na equação
de regressão linear múltipla.
Figura 2: Relação entre a freqüência de visitas (A) e distância (B) com o custo de
viagem estimado no Rio Araguaia.
A correlação entre as variáveis mostrou que apenas a freqüência de
visitas tem correlação positiva com o custo de viagem, indicando que o aumento na
taxa da freqüência de vistas/ano coincide com o aumento no custo de viagem
conforme a Tabela 4.
0
1000
2000
3000
4000
5000
0 2 4 6 8
Freencia vistas/ano
Custo de Viagem (R$)
(A)
0
1000
2000
3000
4000
5000
0
500
1000 1500
Distância (km)
Custo de viagem (R$)
(B)
42
Tabela 4. Coeficientes de correlação de Pearson com significância para as variáveis
testadas (CV = custo de viagem; dist = distância; est.civil = estado civil; freq.visit =
freqüência de vistas/ano; hrs ativ. = horas que despende por dia realizando as
atividades de prazer favoritas; usa rec = se considera como usuário de recursos
naturais do local).
Variáveis
CV
Idade
Renda
Dist
Estado
Civil
Sexo
Instrução
Freq.vist.
Hrs
ativ.
Útil.
rec.
CV
1,00
Idade
0,10
1,00
Renda
0,25
0,39
1,00
Dist
0,11
-
0,01
0,02
1,00
Est.civil
0,08
0,38
0,17
-
0,11
1,00
Sexo
-
0,05
0,01
-
0,17
-
0,10
0,08
1,00
Intrução
-
0,12
0,00
0,09
0,04
-
0,09
0,04
1,00
Freq.vist.
0,75
0,13
0,24
-
0,07
0,09
-
0,07
-
0,04
1,00
Hrs ativ.
-
0,03
-
0,16
-
0,09
0,08
-
0,02
-
0,04
-
0,07
-
0,03
1,00
Usa rec.
-
0,07
-
0,11
0,04
-
0,15
-
0,02
0,02
0,05
-
0,08
0,11
1,00
43
5-
DISCUSSÃO
A importância do turismo ecológico no Rio Araguaia é dest
acada desde
o inicio da década de 70 (Silva & Himmelrich, 1973). Com o aumento da demanda
turística na década de 80, a importância econômica dada ao turismo do Rio
Araguaia passa a ser mais relevante (Albernaz,2003). Segundo May et al. (2003) a
economia ecológica procura uma abordagem preventiva contra os danos ambientais
provenientes, por exemplo, do uso dos bens e serviços ambientais, procurando a
conservação dos recursos naturais por meio de uma visão que considere o valor
intrínseco de cada ambiente, seja ele utilizado (valor de uso) ou não (valor de não
uso).
Os turistas que freqüentam o Rio Araguaia, em sua maioria, pertencem
à classe de pessoas economicamente ativas do país, segundo o IBGE, (2002),
que são jovens (36 anos) e casados. A renda média dos turistas de R$2036,75
(US$859,38) é alta, pois equivale a 6,78 salários mínimos vigente no Brasil em julho
de 2005 e o gasto médio diário do turista de R$146,23 (US$61,70) também é
relativamente alto visto que esse valor equivale a 48,74% do salário m
ínimo
Brasileiro que é de R$300,00.
O gasto diário dos visitantes do Rio Araguaia, quando comparado ao
gasto médio diário incorrido por turistas em outras regiões, torna-se relativamente
baixo, pois representa apenas 45,95% do valor médio diário despendido pelos
turistas do Pantanal Mato-
Grossense
MT, segundo Oliveira (1999) e 82,18% do
valor médio gasto diariamente pelos turistas da Planície de Inundação do Rio
Paraná
PR, segundo Carvalho (2002).
As variáveis que determinam o custo de viagem ao Rio
Araguaia
(R=0,771; R
2
=0,60; P = 0,0) são a distância percorrida até Aruanã e a freqüência de
visitas por ano (Tabela 3). Assim quanto maior à distância percorrida maior o custo
de viagem e quanto maior a freqüência de visitas ao Rio Araguaia mais o turista
gasta com o passeio, refutando assim a hipótese de que o custo de viagem diminui
com o aumento da freqüência de visitas. Uma hipótese provável que enfatiza o gasto
maior devido à freqüência se deve ao fato da maioria dos turistas que freqüentam
regularmen
te o Rio Araguaia, possuem casas de veraneio e, portanto assumem
44
custos maiores para sua manutenção. Além disso, possuem um poder aquisitivo
maior, pois possuem uma renda mensal média de R$3.208,33 (d.p.=R$4.242,57)
enquanto os turistas que freqüentam a região de Aruanã somente na temporada de
praia do Rio Araguaia (apenas uma vez ao ano, em julho) possuem uma renda
média que equivale cerca de 57% desse valor.
O aglomerado de pontos no gráfico de dispersão entre as variáveis da
equação de regressão linea
r da Figura 2B ocorre devido a grande maioria de turistas
ser proveniente de Goiânia, que está a uma distância de 301,6 km. O gráfico de
dispersão entre o custo de viagem e a freqüência de visitas por Ano (Figura 2A)
também apresentou aglomerado para o ponto que representa uma visita por ano, o
que evidenciou a presença de um público ocasional.
O Rio Araguaia possui uma maior freqüência de turistas no mês de
julho, devido à temporada de praia, o que sugere que um grande número de
visitantes viaje apenas uma vez ao ano e durante esse período. O tempo médio de
dias de permanência dos visitantes que freqüentam a região de Aruanã uma vez ao
ano é de 8,09 dias (d.p.=4,24) enquanto que os turistas que freqüentam três vezes
ou mais por ano ficam em média 16,36 dias
por temporada
(d.p.=16,40).
A maior taxa de freqüência de turistas das Zonas I e II se deve ao fato
das localidades pertencentes a estas zonas possuírem menores distâncias a
Aruanã, o que diminui o custo de viagem. O aumento do custo de viagem para o
s
turistas das Zonas III, IV, V e VI, em que se encontram as localidades que mais se
distanciam de Aruanã, faz com que ocorra uma diminuição da taxa de freqüência de
visitas/ano. Considerando o ambiente como um bem de mercado, o aumento no seu
valor implica na redução de freqüência de consumo, portanto se houver desgaste
dos recursos naturais, o que leva a escassez no bem utilizado pra recreação, pode
haver tanto a diminuição no consumo quanto o aumento dos gastos incorridos para
usufruí
-
los.
A predominância de visitantes provenientes da Zona II ocorre devido à
maioria de turistas que vieram do próprio estado residirem em cidades pertencentes
a esta zona e em especial devido a porcentagem de turistas desta zona
provenientes de Goiânia que representam cerca d
e 55% da amostra total.
45
O excedente do consumidor de R$1.597.337,00 (US$673.981,85)
estimou o alto benefício anual que o ambiente proporciona aos turistas que
freqüentam a região de Aruanã. Em outras localidades como Bonito
MT encontrou
-
se ainda um valor superior (EC= R$2.726.625,16/ano) segundo Silva & Weiss
(2000). Um
alto
valor também foi detectado por Carvalho (op cit) na Planície do Rio
Paraná (EC= US$8.209,74/ano) e por Grasso (op cit) que encontrou para
pescadores esportivos do mangue de Cananéia, um EC estimado de
US$3.785,00/ano.
De qualquer forma, estes valores monetários estimados em
ecossistemas no Brasil e pelo mundo não são comparáveis devido a inúmeros
fatores que influenciam na valoração, tais como as diferentes características dos
usu
ários que visitam esses ambientes, suas preferências de uso do ambiente, além
das diferenças de mercado entre as regiões estudadas.
O valor recreativo agregado ao Rio Araguaia, cerca de R$319,468
bilhões/ano (US$134,797 bilhões/ano) é alto. Estudos similares m encontrado
valores altos, como o realizado na Planície do Rio Paraná por Carvalho (op cit) que
estimou um valor recreativo aproximado de US$233 milhões/ano. Contudo, o Rio
Araguaia provê aos seus visitantes um benefício (EC) alto e um valor econômi
co
efetivamente gasto (valor de uso) ainda maior.
As pesquisas de valoração ambiental são indispensáveis, uma vez que
despertam o interesse de se priorizar a atenção para o manejo e conservação dos
recursos naturais que propiciam um alto benefício econômi
co.
O Rio Araguaia em especial vem sofrendo ao longo dos anos inúmeras
tentativas de implantação de projetos (usinas hidrelétricas e hidrovia) que se
concretizados poderão alterar os ciclos ecológicos do Rio Araguaia, ocasionando
desgaste dos recursos naturais e alterações negativas das paisagens. As mudanças
negativas desse ecossistema acarretam em perda econômica e ecológica
incalculáveis, por isso estudos dos benefícios gerados pelo turismo e meios de
mitigar as ações negativas do turismo são necessários para se manter esse
patrimônio biológico e econômico.
46
6-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O elevado valor recreativo agregado (cerca de U$134,797 bilhões/ano)
ao Rio Araguaia demonstra a grande importância econômica e ecológica que ele
representa. A região de Aruanã possui um alto beneficio econômico com o elevado
montante de US$93.522 milhões/ano que são gastos pelos turistas na própria
região, o que gera um incremento representativo da economia local.
Mesmo que o valor recreativo agregado pareça elevado, este valor
está provavelmente subestimado devido aos seguintes fatores:
a.
o estudo foi realizado somente na região de Aruanã e a Planície
do Rio Araguaia dispõe de inúmeras outras regiões que são
pontos turísticos, como Bandeirante, Luís Alves, Cocalinho,
Araga
rças, Araguacema, Conceição do Araguaia e etc.;
b.
a estimativa de turistas/ano em Aruanã foi considerada a de
valores menos expressivos divulgados pela imprensa, visto que
foram divulgados em alguns órgãos de comunicação valores
que chegam ao dobro da estim
ativa utilizada; e
c.
foi considerado apenas o valor de uso, não agregando ao
montante o valor de não uso do ecossistema.
Desenvolvimentos de projetos que possam afetar os recursos naturais
desse ecossistema como a construção de usinas hidrelétricas e hidrovias devem ser
analisados em função da enorme importância ecológica e econômica do Rio
Araguaia, demonstrada mesmo que parcialmente neste estudo.
Da mesma forma, programas de orientação do turismo e do visitante
que passeia pelo Araguaia, devem considerar o fato de que este turismo é praticado
em épocas e ambientes específicos e por um público heterogêneo e com poucas
informações precisas sobre o ambiente visitado. Assim, além de informar o porquê
que não se deve deixar resíduos provenientes da estadia acumulado nas praias, é
importante que os turistas saibam, por exemplo, porque as medidas mínimas para a
pesca são estabelecidas, quais locais devem ser resguardados para garantir a
reprodução dos peixes e que eles são usuários de recursos daquele ambiente, e
47
dessa forma têm também responsabilidade na forma que o uso é feito e nas
conseqüências deste consumo.
48
7. REFERÊNCIAS
ALBERNAZ, C. 2003. Araguaia, caminho de pura beleza: ocupação econômica.
Safra, 44
: 1
-
31.
ALHO, C.J.R.; MARTINS, E.S. 1995. De grão em grão, o cerrado perde espaço.
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BATIE, S.S.; SHABMAN, L. 1979. Valuing nonmarket goods
conceptual and
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-
32.
CARSON, R.T. 2000. Contingent valuation: a user s guide. Environ. Sci. Techonol.,
34
: 1413
-
1418.
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turístico e conservação no pantanal Mato-grossense. Dissertação de mestrado.
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CARVALHO, A.R. 2001. Semelhanças teóricas entre economia e ecologia.
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de Maringá
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CARVALHO, A.R. BELLO, L.M.C. 2004. Atuação dos condutores de visitantes e sua
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14.
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49
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DIXON, J.A.; SHERMAN, P.B. 1990a. Economics of protected areas: a new look at
benefits and costs.
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-West Center. Island Press. 234p.
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16.
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-
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2005.
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(3); 339
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438.
SINDEN, J.A.; WORREL, A.C. 1979. Unpriced values: decisions without market
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. Wiley Interscience publication. 508p.
SILVA, R.M.; HIMMELRICH H. Araguaia. Revista Leia Agora. Acervo da Biblioteca
Estadual de Goiás.
19
-
23, 1973.
51
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structure
in relation to enviromental variation in floodplain lakes of the Araguaia
River, Amazon Basin. Environmental Biology of fishes, 51: 399-
410.
TOLMASQUIM, M.T.(coord.); SEROA DA MOTTA, R.; LA ROVERE, E.L.;
MONTEIRO, A.G.; BARATA; M.M.L.2000.
Metodologias
de valoração de danos
causados pelo setor elétrico. UFRJ; COPPE. Programa de Planejamento
Energético.272p.
52
ANEXO 1
CUSTO DE VIAGEM
-
TURISTAS
Estudo da demanda turística no rio Araguaia, reg
ião de Aruanã.
Local:
1.Nome_______________________________________________________________________________
2.Idade__
______Sexo (1) masc. (2)fem.
4. Estado civil ( )casado ( )solteiro ( )divorciado ( )vive junto ( )outro______________________________
5. Grau de instrução ( )primário ( )ginásio ( )colégio ( )superior ( ) outros__________________________
6. Ganh
os mensais:
( )1 à 3 salários mínimos ( )3
-
5 salários mínimos ( )outro_____________________________________
( )5
-
7 salários mínimos ( )7
-
9salários mínimos ( )9
-
11 salários mínimos
7. De onde veio ___________________________________Q
tos
Km de Aruanã?
_____________________
8. Quantos habitantes há em sua cidade?____________________________________________________
9. Quanto tempo leva de viagem até Aruanã?_________________________________________________
10. Transporte:
( )ônibus de turismo (
nibus de viação ( )veículo particular ( )barco
( )outro___________________________________________________________________________
11. Qual foi seu gasto na viagem até chegar aqui (combustível/passagem
-
la
nche)? ___________________
12. Qual combustível usado? ( )Álcool ( ) gasolina ( )óleo diesel
13. Houve algum gasto adicional com veículo? (óleo, revisão, pneu...) De quanto?____________________
14. Está hospedado em:
( )hotel ( )casa de a
migos ( )casa própria ( )outros_____________________________________
15. Qual seu gasto com hospedagem/manutenção da casa própria aqui(caseiro, iptu...)?_______________
16. Quantos dias vai ficar?_____________________________________________________
__________
17. Qual seu gasto diário com estadia e alimentação?__________________________________________
18. Total de pessoas que vieram nesta viagem:__________________
19. Companhia de viagem:
( )FAMÍLIA n
o
de dependentes_________ n
o
de trabalhadores
_______n
o
de salários que recebe______
( )AMIGOS n
o
de dependentes_________ n
o
de trabalhadores _______n
o
de salários que recebe______
( )PARENTES n
o
dependentes__________ n
o
trabalhadores _________n
o
de salários que recebe______
20.
Quantas vezes por ( )s
emana ( )mês ( )ano vem aqui?_____________________________________
21.
Há quanto tempo vem passear aqui? ( )1
a
vez outro_______________________________________
22.
O q
ue mais gosta de fazer aqui: ( )pescar ( )passear de barco ( )nadar ( )ficar ao sol
( )descansar ( )outro_________________________________________________________________
23.
Quanto tempo gasta por dia na atividade que mais gosta?
___________________________________
24.
Quantas pessoas exercem esta atividade com você? _______________________________________
25.
Gastos com a atividade específica (citar preço e quantidade):
Barco: ( )proprietário________ ( )mensalidade da marina____________ ( )aluguel_________________
( )outro____________________________________________________________________________
Pescar: ( )apetrecho_______________________________ ( )isca_____________________________
( ) companhia/pescador________________ ( ) outro__
______________________________________
Outra?_________________________________________________________________________________
CUSTO DE VIAGEM
-
TURISTAS
Estudo da demanda turística no rio Araguaia, reg
ião de Aruanã.
26.
Gastos totais com a viagem:( )1
-
3 salários mínimos ( )3
-
5 salários mínimos ( )5
-
7salários mín.
( )7
-
9 salários m
ín. ( )outro____________________________________________________________
27.
O que é mais importante na escolha do local para recreação?( )ter peixe ( )rio ( )local para barcos
( )qualidade da água ( )praia ( )outro________________________________
___________________
28.
O que mais te atrai em Aruanã?
( )pescar ( )comprar/comer peixe fresco ( )o rio ( )passear de barco
( )acampar ( )a praia ( )outro___________________________
_______
29.
ouviu falar da planície e/ou da floresta inundável? (sim) (não) Qual sua opinião sobre este
ambiente?
( )agradável ( )bonito ( )importante para____________________ ( )desinteressante
( )feio ( )pobre ( )indiferente ( ) outro___________________________________
30.
Que nome você dá à floresta que fica com água até o tronco na cheia?_________________________
31.
Sabe onde fica várzea ou planície inundável aqui no rio Araguaia? ( )sim
( ) não
30.
Acha cheia importante? ( )sim: para quê?_______________________ ( )não ( )não sabe responder
31.
Para que a floresta inundada pode servir?________________________________________________
32.
O Sr. (a) sabe o que é o defeso ( )sim____________________
__________________________( )não
33.
Sabe por que a pesca está interditada durante o Defeso? ( )sim_________________ ( )não
34.
Acha isto importante? ( ) sim ( ) não ( ) não sabe responder
35.
Sabe por que ou como o tamanho mínimo de algumas espécies de peixes é
estabelecido?
( ) não ( )sim_________________________________________________________________________
36.
Sabe onde o peixe desova? ( )não ( )sim_________________________________________________
37.
Acha que os peixes ficam crescendo aqui ou de
pois desova vão embora?_______________________
38.
Vão para onde na sua opinião?_________________________________________________________
39.
Qual parte do rio dá mais peixe hoje em dia?
_____________________________________________________________________________________
40.
Qual parte dava mais peixe antigamente?
___________________________________________________ há q
to
tempo? ______________________
41.
Acha que a floresta inundada é importante pro peixe? ( )sim ( )não ( ) não sabe responder
42.
O que acha que espécies q
ue mais pesca comem no rio
? (citar nomes)
___________________________
_____________________________________________________________________________________
43.
Que parte do rio acha que é mais importante para o peixe viver?
_____________________________________________________________________________________
44.
Você usa algum recurso do rio? ( ) não ( ) sim_____________________________________________
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