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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS EM OVINOS
ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE
CAROÇO DE ALGODÃO
MARIA DAS GRAÇAS GOMES CUNHA
ZOOTECNISTA
RECIFE - PE
DEZEMBRO – 2006
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II
MARIA DAS GRAÇAS GOMES CUNHA
ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS EM OVINOS
ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE
CAROÇO DE ALGODÃO
RECIFE - PE
DEZEMBRO – 2006
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III
ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS EM OVINOS
ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE
CAROÇO DE ALGODÃO
Tese apresentada ao Programa de Doutorado
Integrado em Zootecnia, da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, do qual
participam, a Universidade Federal da Paraíba
e Universidade Federal do Ceará, como parte
das exigências para obtenção do título de
Doutor em Zootecnia.
Área de Concentração: Produção Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Francisco Fernando Ramos de Carvalho – Orientador
Profa. Dra. Ângela Maria Vieira Batista
Pesquisadora. Dra. Carmem Iara Mazzoni Gonzalez
RECIFE - PE
DEZEMBRO- 2006
IV
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
C972a Cunha, Maria das Graças Gomes.
Aspectos nutricionais, produtivos e reprodutivos em ovinos
alimentados com rações contendo níveis crescentes de caroço de algodão/
Maria das Graças Gomes Cunha-2007.
117 fl.
Orientador: Francisco Fernando Ramos de Carvalho.
Tese (Doutorado em Zootecnia) -- Universidade Federal Rural de
Pernambuco. Departamento de Zootecnia.
Inclui bibliografia
CDD 636.308 52
1. Ovinos
2. Ganho de peso
3. Consumo
4. Dieta
5. Gossipol
6. Cortes comerciais
7. Sêmen
I. Carvalho, Francisco Fernando Ramos de.
II. Título
V
MARIA DAS GRAÇAS GOMES CUNHA
ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS EM OVINOS
ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE
CAROÇO DE ALGODÃO
Tese defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 18 de Dezembro de 2006
Comissão Examinadora:
________________________________________
Prof. Dr. Francisco Fernando Ramos de Carvalho
Departamento de Zootecnia/UFRPE
Presidente
________________________________________
Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto
Departamento de Zootecnia/CCA/UFPB
________________________________________
Profa. Dra. Antonia Sherlânia Cháves Véras
Departamento de Zootecnia/UFRPE
________________________________________
Pesquisador. Dr. Gherman Garcia Leal de Araújo
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Semi-Árido / CPATSA
________________________________________
Profa.Dra. Elisa Cristina Modesto.
Departamento de Zootecnia/UFRPE
VI
A Deus, pela graça da vida, saúde, fé e forças para superar as dificuldades.
Aos meus filhos Silvia Cristina, Haberlandt e Greydmar pela confiança e estímulos
constantes em todos os momentos da minha vida.
Aos meus familiares, pelas palavras de incentivo.
E a um amigo especial, pelo carinho, apoio e dedicação durante essa jornada.
Dedico
VII
A Allan Kardec Gomes (in memória);
Ao meu neto Vinícius;
Aos amigos sinceros que me motivaram a concluir esse trabalho.
Ofereço
VIII
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia - PDIZ, pela oportunidade de realizar
este curso.
A Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, pelo apoio, e oportunidade de
crescimento profissional.
Ao Professor Francisco Fernando Ramos de Carvalho, pela orientação, confiança e
amizade sempre constantes.
Ao comitê de orientação ampliado: Professora Dra.Ângela Maria Vieira Batista, Professora
Dra. Antônia Sherlânea Chaves Véras, Professor Dr. Severino Gonzaga Neto e a
pesquisadora Dra. Carmem Iara Mazzoni Gonzalez, pelas valiosas sugestões para o
enriquecimento deste trabalho.
Ao professor Dr. Roberto Germano da Costa, pelas valiosas sugestões.
Aos amigos Dr. Marcílio Fontes Cezar e Ariosvaldo Nunes Medeiros pela amizade e
também pela colaboração para a elaboração deste trabalho.
Aos colegas de curso da UFPB Edmilson Lúcio, Teodorico e Rosinha.
A Pesquisadora Carmem Iara Mazzoni Gonzalez, pela amizade, e colaboração
indispensável na condução do experimento de reprodução.
Ao amigo de curso Geovergue, por sua sensibilidade, compreensão e colaboração sempre
presente durante essa jornada.
As amigas, Adriana Trindade, Maria Dalva Bezerra e ao bolsista do CNPq Gustavo Assis
Silva, pela amizade e colaboração valiosa durante a fase experimental.
Aos técnicos, Neuza dos Anjos, Fabio Custodio, Luciano Gonzaga, pela colaboração no
experimento de reprodução.
IX
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
Agradecimentos especiais
A amiga Marizete Alcântara Ouriques, pela acolhida, apoio e incentivo incondicional no
transcorrer do curso.
Ao grande amigo e conselheiro, Wandrick Hauss de Sousa, que sempre me estimulou na
superação de todas as dificuldades.
A Adelson Fernandes e Rosa Amélia, pela amizade, companhia e apoio nos momentos
mais difíceis dessa jornada.
Ao produtor Otaviano Japiassu de Queiroz e a Estação Experimental Pendência, pelo
empréstimo dos animais utilizados no trabalho, sem os quais não seria possível a conclusão
desse trabalho.
X
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS....................................................................................
XII
ÍNDICE DE FIGURAS.....................................................................................
XV
INDICE DE SIGLAS.....................................................................................
XV
RESUMO .......................................................................................
XVIII
ABSTRACT...................................................................................
XX
CAPÌTULO 1 – REFERENCIAL TEÒRICO
ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E REPRODUTIVOS
EM OVINOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES CONTENDO
NÍVEIS CRESCENTES DE CAROÇO DE ALGODÃO...................
1
1. Introdução........................................................................................
1
2. Caracterização e produção do caroço de algodão..........................
3
3.Valor nutritivo do caroço do algodão.................................................
5
3.1 Composição bromatológica............................................................
5
3.2 Consumo e digestibilidade.............................................................
6
3.3 Fatores antinutricionais...............................................................
9
4. Efeitos do uso de caroço de algodão na alimentação de
ruminantes..................................................................................
4.1 Efeitos sobre o desempenho animal..............................................
13
13
4.2 Efeitos sobre a reprodução............................................................
14
4.3 Efeitos sobre a carcaça e carne.....................................................
15
5. Referências bibliográficas................................................................
17
XI
2– DESEMPENHO E DIGESTIBILIDADE APARENTE EM
OVINOSCONFINADOS ALIMENTADOS COM DIETAS
CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE CAROÇO DE
ALGODÃO...........................................................................................
25
Resumo…………………………………………………………………
25
Abstract…………………………………………………………………..
26
1. Introdução........................................................................................
27
2. Material e métodos..........................................................................
29
3. Resultados e discussão...................................................................
35
4. Conclusões......................................................................................
46
5. Referências bibliográficas...........................................................
47
3 CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA DE
OVINOS SANTA INÊS CONFINADOS ALIMENTADOS COM
RAÇÕES CONTENDO DIFERENTES NÍVEIS DE CAROÇO DE
ALGODÃO........................................................................................
52
Resumo.......................................................................................
52
Abstract....................................................................................
53
1. Introdução........................................................................................
54
2. Material e métodos...........................................................................
56
3. Resultados e discussão...................................................................
60
4. Conclusões......................................................................................
71
5. Referências bibliográficas................................................................
71
4 – EFEITO DO USO DE CAROÇO DE ALGODÃO INTEGRAL EM
RAÇÕES DE OVINOS SOBRE A QUALIDADE DO SÊMEN............
76
Resumo .........................................................................................
76
Abstract............................................................................................
77
1. Introdução........................................................................................
78
2. Material e métodos...........................................................................
80
3. Resultados e discussão...................................................................
85
4. Conclusões.....................................................................................
93
5. Referências bibliográficas.....................................................
93
XII
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 2 DESEMPENHO E DIGESTIBILIDADE APARENTE DE OVINOS
CONFINADOS ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO NÍVEIS
CRESCENTES DE CAROÇO DE ALGODÃO
TABELA 1 Composição química dos ingredientes das dietas em % da matéria seca
(%MS)..............................................................................................................................
31
TABELA 2 - Composição percentual e bromatológica das dietas experimentais com
diferentes níveis de caroço de algodão integral em percentagem da matéria seca
(%MS)..............................................................................................................................
32
TABELA 3 - Médias e equações de regressão do consumo de matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO) e desempenho animal em função dos níveis de caroço de
algodão integral (CAI) na dieta........................................................................................
35
TABELA 4 - Consumo de nutrientes por ovinos Santa Inês alimentados com
diferentes níveis de caroço de algodão na dieta...............................................................
38
TABELA 5 Coeficiente de digestibilidade (CD) dos nutrientes da dieta por ovinos
Santa Inês alimentados com diferentes níveis de caroço de algodão na
dieta..................................................................................................................................
42
TABELA 6- Margem bruta (R$/animal) de acordo com os níveis de caroço de
algodão integral na dieta..................................................................................................
46
XIII
CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS QUANTITATIVAS DE CARCAÇA DE
OVINOS SANTA INÊS CONFINADOS E ALIMENTADOS COM RAÇÕES
CONTENDO DIFERENTES NÍVEIS DE CAROÇO DE ALGODÃO
TABELA 1 Composição percentual e bromatológica das dietas experimentais com
diferentes veis de caroço de algodão integral, em percentagem na matéria seca
(%MS)...............................................................
57
TABELA 2 Médias, equações de regressão, coeficientes de variação (CV), e
determinação (R
2
) das características de carcaça de ovinos santa Inês alimentados
com diferentes níveis de caroço de algodão integral na
dieta.................................................................................................................................
61
TABELA 3 - Médias, equações de regressão (ER),coeficientes de variação(CV) e
determinação(R
2
) obtidos para peso da meia carcaça e dos cortes comerciais da
carcaça de ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de caroço de algodão
integral na dieta ...................................................................................................
63
TABELA 4 - Médias, equações de regressão, coeficientes de variação (CV) e
determinação (R
2
) obtidos para composição tecidual da carcaça de ovinos Santa Inês
em função de diferentes níveis de caroço de algodão na
dieta.........................................................................................................................
67
XIV
CAPÍTULO 4 EFEITO DO USO DE CAROÇO DE ALGODÃO INTEGRAL
EM RAÇÕES DE OVINOS SOBRE A QUALIDADE DO SÊMEN
TABELA 1 - Composição percentual e bromatológica das dietas experimentais com
diferentes níveis de caroço de algodão integral em percentagem da matéria seca
(%MS)..........................................................................................................................
82
TABELA 2 - Médias de peso vivo inicial, peso vivo final, ganho de peso diário,
consumos médios de matéria seca, de caroço de algodão e de gossipol em mg/kgPV,
em ovinos recebendo dietas com diferentes níveis de caroço de algodão .....................
86
TABELA 3 - Valores médios, da circunferência escrotal (CE), comprimento do
testículo (CT), motilidade progressiva (MP),volume do ejaculado(VE), concentração
espermática total(CET ), movimento de massa (MM) e vigor (VG) do sêmen de
ovinos em função dos níveis de caroço de algodão na dieta...............................
88
TABELA 4 - Morfologia espermática em ovinos submetidos a diferentes veis de
caroço de algodão na dieta.............................................................................
90
TABELA 5 - Médias dos hematócritos no sangue de ovinos alimentados com dietas,
contendo diferentes níveis de caroço de algodão....................................
92
XV
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO 1 ASPECTOS NUTRICIONAIS, PRODUTIVOS E
REPRODUTIVOS DE OVINOS ALIMENTADOS COM RAÇÕES
CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE CAROÇO DE ALGODÃO
Figura 1 – Caroço de algodão com línter .................................................... 04
Figura 2 - Estrutura molecular do gossipol................................................ 09
ÍNDICE DE SIGLAS
AOL- área de olho de lombo
CA – Conversão alimentar
CAI- Caroço de algodão integral
CDA - Coeficiente de digestibilidade aparente
CDEE- Coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo
CDCHT –coeficiente de digestibilidade dos carboidratos totais
CDFDA- coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente ácido
CDFDN- coeficiente de digestibilidade da fibra em detergente neutro
CDMS- Coeficiente de digestibilidade da matéria seca
CE- circunferência escrotal
CV- Coeficiente de variação
CNF- carboidratos não fibrosos
CHT – carboidratos totais
XVI
Cm
2
– Centímetro quadrado
EB –Energia bruta
EE- Extrato etéreo
EG- Espessura de gordura
EGL espessura de gordura do lombo
EM - Energia metabolizável
ER – Equação de regressão
FDA- Fibra em detergente ácido
FDN- Fibra em detergente neutro
FDNp- Fibra em detergente neutro corrigida para proteína
GL – Gossipol livre
g/kg – Grama por quilolograma
HPCL- Cromatografia liquida de alta pressão
Kcal – Quilocaloria
Kg- Quilograma
Mcal - Mega caloria
mg – Miligrama
MM- Matéria mineral
mm
3
– Milímetro cúbico
MS- Matéria seca
MO- Matéria orgânica
NRC- Nutritional Research Council
NDT- Nutrientes digestíveis totais
PB- Proteína bruta
PCF – Peso de carcaça fria
XVII
PCQ- Peso de carcaça quente
PIDN- Proteína insolúvel em detergente neutro
PJ- Perda de jejum
PV- Peso vivo
PVA- Peso vivo de abate
PVC – Peso do corpo vazio
RCF- Rendimento de carcaça fria
RCQ- Rendimento de carcaça quente
R
2
– Coeficiente de determinação
µL- Microlitro
XVIII
Aspectos nutricionais, produtivos e reprodutivos de ovinos alimentados
com rações contendo níveis crescentes de caroço de algodão
Resumo: Com o objetivo de avaliar o efeito de níveis crescentes de caroço de algodão
integral (CAI) na dieta de ovinos Santa Inês foram realizados dois ensaios: No ensaio 1
(desempenho, digestibilidade e características de carcaça): 24 cordeiros Santa Inês com
peso vivo médio inicial de 19,5kg e 120 dias de idade foram distribuídos as dietas em um
delineamento inteiramente casualisado para avaliar o desempenho, digestibilidade dos
nutrientes e características de carcaça. As dietas foram constituídas de 0; 20; 30 e 40% de
(CAI) correspondendo aos tratamentos experimentais, mais palma forrageira, feno de
tifton, milho, farelo de soja e minerais. Capitulo 2, os consumos de matéria seca expressos
em kg/dia, %PV e g/kg
0,75
foram de 1,195; 4,61 e 104,07 respectivamente, não sendo
influenciados pelo (CAI) enquanto os ganhos de peso total e diário decresceram (P<0,05),
e a conversão teve efeito linear crescente (P<0,01). A inclusão do caroço de algodão na
alimentação proporcionou efeito quadrático para os coeficientes de digestibilidade aparente
da proteína bruta, fibra em detergente ácido e extrato etéreo, e linear crescente para fibra
em detergente neutro, não afetou os coeficientes de digestibilidade aparente da matéria
seca, matéria orgânica, carboidratos totais e teores de nutrientes digestíveis totais das
dietas. Capítulo 3 - não houve efeito para as características quantitativas da carcaça. O
rendimento biológico médio foi de 56,46%. Os níveis de (CAI) não afetaram os
rendimentos de cortes em relação a carcaça. A estimativa de musculosidade da carcaça
sofreu efeito linear decrescente (P<0,01) para a relação músculo: osso e área de olho de
lombo. No ensaio 2 (reprodução): 20 ovinos Santa Inês com peso vivo inicial de 30 kg e
150 dias de idade foram distribuídos as dietas ao acaso, com o objetivo de avaliar o efeito
do gossipol sobre a qualidade do sêmen. As rações foram as mesmas do ensaio 1. Capitulo
4 - Os animais que receberam os níveis 30 e 40% do (CAI) na dieta, tiveram ingestão
média de 9,20 e 11,50 mg de gossipol/kgPV, respectivamente, e tenderam a apresentar o
sêmen de coloração esverdeada, com aspecto variando de cremoso fino a aquoso. Para as
características microscópicas do sêmen não houve influência para volume, movimento de
massa e concentração espermática total. Porém a motilidade progressiva e o vigor dos
espermatozóides foram afetados, com aumento do nível de (CAI). Também houve
aumento do número de defeitos totais. Nas condições do presente estudo, o caroço de
XIX
algodão pode ser recomendado para terminação de ovinos, até o nível de 40% na dieta, no
entanto não é recomendado para machos destinados à reprodução.
Palavras-chave: Carcaça, digestibilidade, gossipol, desempenho, reprodução sêmen.
XX
Nutritional, productive and reproductive aspects of sheep fed with rations
containing growing levels of cotton seed.
Abstract: With the objective of evaluating the effect of growing levels of whole cotton
seeds (WCS) in the diet of Santa Inez sheep, two test were conduced: In test 1
(performance ,digestibility and carcass characteristics): 24 Santa Inez lambs with initial
average live weight of 19.5kg and 120 days of age were used and the diets were distributed
in a entirely randomized design with the objective of evaluating the effect of growing
levels of the diet (WCS) on performance, nutrients digestibility and carcass characteristics.
The diets were composed of 0; 20; 30 and 40% of WCS, corresponding to the experimental
treatments plus forage cactus, tifton hay, corn, soybean meal and minerals. Chapter 2, the
dry matter intake expressed in kg/day, %LW and g/kg
0,75
were of (1.195; 4.61 and
104.07) respectively, not being influenced by the WCS, while the total and daily weight
gain decreased (P <0.05), and the conversion feed presented increasing linear effect (P <
0.01). The inclusion of the cottonseed in the feeding provided quadratic effect for the
apparent digestibility coefficients of crude protein, fiber detergent acid, and increasing
linear effect for digestibility coefficient, fiber detergent neutral, and extract ether, did not
affect the digestibility coefficient of the dry matter, organic matter, total carbohydrates
and intake digestible nutrients of the diets. Chapter 3 no effects for the carcass quantitative
characteristics were observed. The average biological yield was of 56.46%. The cotton
seed levels did not affect the yield of cuts in relation to the carcass; however, estimated
carcass muscularity presented decreasing linear effect (P< 0.01) demonstrated by the
muscle: bone ratio and by the loin eye area. In test 2 (reproduction): twenty Santa Inez
males with initial live weight of 30kg and 150 days of age were used. The diets were
randomly distributed with the objective of evaluating the effect of the gossypol on the
quality of the semen. The rations were the same as that of test I. Chapter 4 - The animals
that received levels 30 and 40% of cotton seed in the diet presented average intake of 9,20
and 11,50 mg of gossypol/kgLW, respectively, and tended to present semen of greenish
coloration, with aspect ranging from fine creamy to aqueous. The microscopic
characteristics of the semen reveal no influence in relation to volume, mass movement and
total spermatic concentration. However, the progressive mobility and vigor of the
spermatozoids were indeed affected with increased WCS levels. An increase on the
XXI
number of total defects was also observed. In the conditions of the present study, cotton
seeds may be recommended for sheep finishing up to the level of 40% in the diet, however
this procedure is not recommendable for males aimed at reproduction.
Keywords: Carcass, digestibility, gossypol, performance, reproduction, semen
Aspectos nutricionais, produtivos e reprodutivos de ovinos alimentados
com rações contendo níveis crescentes de caroço de algodão.
CAPÍTULO 1 - REFERÊNCIAL TEÓRICO
1. INTRODUÇÃO
A grande expansão que a ovinocaprinocultura de corte teve nos últimos anos foi
acompanhada de grande exigência, por parte do consumidor, no momento de aquisição da
carne, trazendo como conseqüência, a necessidade de melhoria da qualidade das carcaças
dos animais abatidos e dos sistemas de produção utilizados. Para atender essa demanda do
mercado, há necessidade de produção de animais precoces e uma das alternativas é a
terminação de animais em confinamento. Entretanto, a alimentação animal é um dos fatores
que mais onera o custo de produção, principalmente em sistema intensivo de criação. O uso
de alimentos alternativos substituindo parte dos ingredientes comumente utilizados pode ser
fundamental na redução dos custos, pois a alimentação representa, em média, 60% dos
custos totais no processo de produção.
Em decorrência da irregularidade na oferta quantitativa e qualitativa dos recursos
forrageiros da região semi-árida do nordeste brasileiro, devido às variações climáticas, a
produtividade animal nessa região é bastante comprometida. O uso de alternativas
alimentares tem sido freqüentemente recomendado para criadores da região, no intuito de
suprir a deficiência nutricional dos seus rebanhos.
O adequado desempenho produtivo dos ruminantes relaciona-se principalmente com
a ingestão de alimentos, o qual depende do consumo de matéria seca da dieta e de sua
concentração energética. O aumento da concentração de energia metabolizável dietética
pode ser obtido pela manipulação da relação volumoso/concentrado ou pela adição de
lipídios. Todavia, embora o alto conteúdo energético e a alta digestibilidade dos lipídios
favoreçam seu uso, deve-se ter especial atenção para prevenir inibições sobre a fermentação
ruminal Borges (2001), tais como redução na digestibilidade da fibra e mudanças na
produção de ácidos graxos voláteis.
Um outro caminho para incrementar a energia é a adição de oleaginosas às dietas de
ruminantes, o que tem despertado bastante interesse, principalmente pela facilidade com
que estas e seus subprodutos incorporam óleos às rações, elevando, por conseguinte, sua
densidade energética. Segundo Borges (2002), as sementes de oleaginosas são boas fontes
adicionais de óleos em dietas de ruminantes, apresentam custos relativamente baixos,
fornecem proteína e fibra, além da energia dos lipídios, em um único alimento. Deve-se ter
atenção quanto aos efeitos negativos dos lipídios dietéticos sobre o consumo e a
digestibilidade de alguns nutrientes, particularmente aqueles da fração fibrosa.
Dentre diversas opções, o caroço de algodão, devido às suas características
bromatológicas, é uma das alternativas mais utilizadas na alimentação de ruminantes, tanto
em animais leiteiros como em animais de corte, pois o aumento na demanda por energia,
observado em animais de alta produção tem realçado a importância dessa oleaginosa como
suplemento energético.
O caroço de algodão integral é um ingrediente utilizado na alimentação animal que
vem recebendo crescente atenção de pesquisadores, especialmente nas rações de
ruminantes, devido ao seu alto teor de lipídeos que possibilita elevar a densidade energética
das dietas sem diminuir seus teores de fibra e proteína. De acordo com Kutches et al.
(1987), o caroço de algodão pode ser considerado a única fonte de matéria prima que
contém moderados teores de proteína, fibra com elevada digestibilidade e altos teores de
energia metabolizável, sendo, portanto, ideal para compor a ração de varias espécies
animais. A torta resultante da semente, após a extração do óleo, representa mundialmente a
segunda mais importante fonte ou suplemento protéico disponível para a alimentação
animal, sendo ultrapassada apenas pela soja.
Como no Brasil, as pesquisas que avaliam o uso de caroço de algodão como um dos
ingredientes da dieta de terminação de pequenos ruminantes é muito escassa, este trabalho
objetivou avaliar os efeitos de diferentes níveis de caroço de algodão integral sobre
parâmetros produtivos e reprodutivos de machos ovinos.
2. CARACTERIZAÇÃO E PRODUÇÃO DO CAROÇO DE ALGODÃO
De acordo com Diniz (2005), no Brasil, a área plantada com algodão no ano de 2004
foi em torno de 1,2 milhões de hectares, com uma produção aproximada de 4 milhões de
toneladas e rendimento médio de 3.302 kg/ha. Segundo o IBGE (2005), a produção
nacional de algodão herbáceo, na safra agrícola de 2004/2005, ocupou uma área de 1,2
milhões de hectares e produziu cerca de 3,8 milhões de toneladas de caroço.
A região Centro-Oeste é a maior produtora do país, tendo o Mato Grosso como
principal produtor nacional. A região Nordeste, com uma área plantada de 335,4 mil
hectares de algodão herbáceo, é responsável por cerca de 30% da produção brasileira. A
Bahia, com uma área plantada de 247 mil hectares, é o principal estado produtor da região
Nordeste e segundo do país, apresentando uma produção estimada em 815,1 mil toneladas
de algodão em caroço, o que corresponde a 88% da produção regional, Barbosa & Caser
(2005). De acordo com dados do CONAB (2006), o Estado do Maranhão segue o da Bahia,
com a produção de 21,6 mil toneladas, Paraíba (15,5 mil toneladas), Rio Grande do Norte
(10,2 mil toneladas) e Piauí (10,1 mil toneladas).
A cultura do algodão gera uma série de subprodutos como o caroço, a torta e o
farelo, sendo largamente utilizados na alimentação de ruminantes, Gonçalves & Borges
(1997). Anderson et al. (1984) afirmam que o caroço de algodão, a soja em grão e a
semente de girassol são os alimentos mais usados como fonte de óleo vegetal na dieta dos
ruminantes. Apesar de conter óleo com alto grau de insaturação, o caroço pode compor até
25% (cerca de 5% de óleo) da matéria seca da dieta, sem que sejam observados efeitos
negativos na digestibilidade da fibra, perdas qualitativas no leite, ou prejuízos à saúde dos
animais Smith et al. (1981) ; Coppock et al. (1987).
O algodão em caroço tem em sua composição uma média de 36% de pluma, 58% de
caroço e 6% de quebra. Na indústria têxtil, a maior parte da pluma é retirada, restando três
partes a serem consideradas: a fibra (composta pelo línter, pura celulose com alta
digestibilidade, e sobras da pluma), a casca e a amêndoa, Silva (1995). Segundo Pires et al.
(1997), o conteúdo de óleo, cerca de 20% da matéria seca, reflete a alta concentração
energética dessa semente. A produção de uma tonelada de caroço gera aproximadamente
200 kg de óleo, 500 kg de torta de algodão e 300 kg de cascas, FAO (1992). Existem dois
tipos comerciais do caroço de algodão: alto línter ou caroço de algodão branco e baixo
línter ou caroço de algodão preto.
Figura 1- Caroço do algodão com linter
O uso da semente de algodão na alimentação animal tem sido bastante discutido
entre pesquisadores da área, por ser um alimento ímpar, em virtude de seus bons teores de
energia (4,0 Mcal EB/kg), fibra (39% FDN) e proteína bruta (24,9%), Henderson & Evans
(1985).
3. VALOR NUTRITIVO DO CAROÇO DE ALGODÃO
3.1. COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA
A composição química de um alimento pode fornecer uma boa indicação da
possibilidade de sua utilização na alimentação de uma determinada espécie ou categoria
animal. As análises mais comuns em alimentos para ruminantes são matéria seca (MS),
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), lignina (LIG), carboidratos totais (CHT) e carboidratos não
fibrosos (CNF), além do valor energético desse alimento, expresso comumente como
nutrientes digestíveis totais (NDT).
O caroço de algodão apresenta grande variação na sua composição química e, por
ser um subproduto da indústria têxtil, esta variação ocorre de acordo com o meio pelo qual
ele foi produzido. Análises bromatológicas indicam que seu conteúdo oscila entre 89,1 a
93,2% de matéria seca; 20,9 a 25,9% de proteína bruta; 14,1 a 21,3% de extrato etéreo; 39,8
a 66% de fibra em detergente neutro; 32,2 a 48,1% de fibra em detergente ácido; 7,6 a
11,21% hemicelulose e 24,2 a 26,9% de celulose, Smith et al. (1981); Coppock et al.
(1985); Depeters (1985); Brosh et al. (1989); Keele et al. (1989); Zinn & Plascencia (1989);
Karalazos et al. (1992); Delgado (1994); Rogério (2001).
3.2. CONSUMO E DIGESTIBILIDADE
O consumo de alimentos é um aspecto fundamental na nutrição animal, pois
estabelece a ingestão de nutrientes e, portanto, determina as respostas do animal, Van Soest
(1994), enquanto a digestibilidade diz respeito à quantidade de nutrientes contidos no
alimento que o animal é capaz de utilizar após o seu consumo. Geralmente, na avaliação de
alimentos para ruminantes, utiliza-se o coeficiente de digestibilidade aparente, o qual é
tradicionalmente definido como parte de um determinado nutriente do alimento que não é
excretado nas fezes, Coelho da Silva & Leão (1979).
Para Coppok et al. (1985), Horner et al (1986) e Dale et al. (1986), a adição do
caroço de algodão na proporção de até 20% da dieta não afetou a ingestão de matéria seca
total. No entanto, Coppock et al. (1985) ressaltaram que quando a inclusão do caroço
ultrapassou 30% do total da dieta, houve redução linear no consumo de matéria seca por
unidade de peso corporal e metabólico, apesar da redução no consumo de energia só ter sido
evidenciada quando o caroço de algodão esteve presente em níveis acima de 50% do total
da dieta.
Rogério et al. (2001), avaliando o efeito do nível de caroço de algodão (0, 12, 24, 35
e 45%) na dieta de ovinos, verificaram que até o vel de inclusão de 24% houve aumento
no consumo de energia digestível e metabolizável e decréscimo no consumo e
digestibilidade das frações fibrosas com exceção da hemicelulose. Enquanto Teixeira et al.
(2001), usando níveis semelhantes, observaram que os consumos de matéria seca, fibra em
detergente neutro e fibra em detergente ácido não foram afetados pela adição do caroço,
havendo aumento no consumo de proteína bruta e extrato etéreo e depressão no consumo de
celulose, embora tenham concluído que a inclusão do caroço até o nível de 35% tenha
melhorado os resultados da digestibilidade da fibra em detergente neutro e hemicelulose e
piorado os da celulose.
Luginbuhl et al. (2000), estudando os efeitos do nível de caroço de algodão (0, 8, 16
e 24%) na dieta de machos caprinos, verificaram que os consumos de matéria seca e
proteína bruta decresceram linearmente com o aumento do nível de caroço na dieta,
enquanto o de extrato etéreo aumentou, resultando em decréscimo linear na digestibilidade
da matéria seca e fibra em detergente neutro, além de ter havido aumento linear de gossipol
total no plasma.
Belibasakis & Tsirgogianni (1995), comparando duas dietas em bovinos, uma com
20% de caroço de algodão e outra sem esse alimento, mas ambas contendo o mesmo teor de
fibra, não observaram diminuição na ingestão de matéria seca. Outros autores verificaram
que quando as dietas não são isoenergéticas, a inclusão de caroço de algodão pode alterar a
ingestão, porque o óleo e o alto nível de NDT do caroço de algodão podem fazer com que
os animais diminuam a ingestão. Essa redução ocorre mais em função da concentração
energética do que do próprio ingrediente, pois a ingestão de dietas com caroço de algodão
varia em função de fatores climáticos e dietéticos, Ezequiel (2001).
Zinn (1995) comparou dois tipos de caroços na dieta de bovinos e seus resultados
foram similares para a digestibilidade da MO e fibra, mas a digestibilidade do nitrogênio no
rúmen e no trato digestivo total foi maior para o caroço com línter (branco).
Palmiquist &Jenkins (1980); Coppock et al. (1987); Wilks et al. (1991); e Arieli
(1998), comentaram que a adição do caroço de algodão às rações, numa proporção de 25 a
30% da dieta total, mantém o nível de ingestão de MS, aumenta a ingestão de energia
líquida, incrementa a digestibilidade do EE e não altera a digestibilidade da fibra, por ser
um alimento que possui, ao mesmo tempo, altos teores de energia e fibra de alta
digestibilidade. Segundo Anderson et al. (1980) e Villela et al. (1996), a inclusão do caroço
de algodão em até 30% do concentrado aumenta linearmente o consumo de EE sem
influenciar o consumo dos outros nutrientes.
Segundo dados da FAO (1992), o caroço de algodão, variedade egípcia, fornecido a
ovinos apresentou, em média, digestibilidade de 68,4%, 75,9% e 86,6% para a proteína, a
fibra bruta e o EE, respectivamente, bem como um conteúdo de 3,45 Mcal de energia
metabolizável (EM).
Karalazos et al. (1992), ao examinarem os efeitos de níveis crescentes do caroço de
algodão (0,0; 17,5; 35,5 e 53,0%) em substituição ao grão de milho na dieta sobre a
digestibilidade aparente, verificaram diminuição linear dos coeficientes de digestibilidade
aparente da MS, MO e energia bruta (EB) com o aumento dos veis de caroço de algodão;
embora a digestibilidade da porção fibrosa caísse com o nível mais alto de inclusão de
caroço (53,0%). Isso ocorreu provavelmente porque, segundo Devendra & Lewis (1974),
altos níveis de inclusão de gordura a dieta deprimem o ataque das fibras pelos
microrganismos ruminais, o que leva à redução da digestibilidade aparente das frações
fibrosas. Moore et al. (1986) e Brosh et al. (1989) obtiveram também diminuição da
digestibilidade da MS, MO e EB com a inclusão de caroço de algodão na ração de bezerros.
Todavia, Smith & Vosloo (1990), testando níveis crescentes de inclusão de caroço de
algodão (0; 10; 15 e 20%, a partir de um nível básico de consumo alimentar de 45g
MS/kg
0,75
/dia), na dieta de ovinos, observaram que os coeficientes de digestibilidade
aparente da MS, MO, PB, FDN, FDA e EB decresceram significativamente em função do
aumento dos níveis de caroço de algodão integral nas dietas; no entanto, a digestibilidade
do EE, aumentou significativamente. Isto provavelmente devido à alta digestibilidade do
óleo no caroço.
Por sua vez, Arieli (1994) verificou que a inclusão do caroço de algodão na dieta de
ovinos em veis acima de 25% da MS total, não afetou significativamente o coeficiente de
digestibilidade aparente da EB. Zinn & Plascencia (1993) reportaram que, ao incluir o
caroço de algodão integral numa proporção de 20% da dieta total, diminuiu
significativamente a digestibilidade da MO da dieta.
3.3. FATORES ANTINUTRICIONAIS (GOSSIPOL)
Do algodoeiro quase tudo é aproveitado, principalmente a semente e a fibra, porém
sua qualidade nutricional está limitada à presença do gossipol.
Gossipol (Figura 2) é um pigmento polifenólico amarelo (C
30
H
30
O
8
), de natureza
tóxica, e é encontrado nas sementes, hastes e raízes da planta do algodão. Os problemas
provocados pelo uso de farelo de algodão e caroço são atribuídos ao gossipol e aos ácidos
graxos ciclopropenóides. O gossipol das sementes se encontra na forma de grânulos. Os
ácidos graxos ciclopropenóides são encontrados no óleo contido nas sementes e que causam
diminuição da fertilidade do touro e da vaca, segundo Lana (2000). Nas sementes, ele se
concentra em grânulos pigmentares que aparecem como minúsculas partículas pretas
quando a semente é quebrada. A sua concentração na planta depende da espécie,
temperatura e índice pluviométrico durante o crescimento, apresentando correlação negativa
com a temperatura ambiente e positiva com o índice pluviométrico. O conteúdo de gossipol
varia entre as espécies de plantas, podendo oscilar de 0,002% a mais de 6%. A semente de
algodão pode conter quinze pigmentos diferentes de gossipol, em grânulos. No caroço de
algodão, o gossipol total está em torno de 1,32% e o livre varia 0,7-0,8%; enquanto no
farelo, o gossipol total é de aproximadamente 1,06% e o livre varia de 0,3 -0,5%, Randel et
al. (1992).
10
Figura 2 - Estrutura molecular do gossipol; Fonte: (Buyreagentes.com; 2005)
Todo o gossipol contido no caroço de algodão integral cru se encontra na forma
livre, não ligado à proteína e prontamente absorvido após a ingestão.
Durante o processamento, parte do gossipol complexa-se com a proteína, formando
o gossipol ligado. A toxicose é primariamente atribuída à forma livre. Entretanto, existem
especulações de que a forma ligada possa ser convertida à forma livre no trato
gastroentérico, Kerr (1989).
A toxidez do gossipol pode ser atribuída à interferência na utilização de elementos
minerais, ao formar complexos estáveis com cátions, que no caso do Fe
+
pode causar
anemia, Abdou-Donia (1970). O mecanismo de ação do gossipol não é conhecido, a toxina
afeta importantes variáveis metabólicas, como concentração de hemoglobina no sangue,
absorção de ferro no intestino, liberação do oxigênio da hemoglobina e hemólise. Alguns
trabalhos fazem inferência sobre a possibilidade da ação deste composto diferir entre as
espécies, Kerr (1989).
Duas formas distintas de isômeros do gossipol ocorrem no algodão, o isômero (+) e
o negativo (-), sendo que este último possui maior atividade biológica e é retido no animal
por períodos mais longos, segundo Mena et al. (2001).
11
O gossipol pode causar em animais monogástricos anormalidades nas organelas
celulares; interferir nos processos bioquímicos; inibir a atividade de várias enzimas
Beaudoin (1985); reduzir a capacidade carregadora de oxigênio no sangue e, portanto,
causar respiração curta e edema dos pulmões, Alford et al. (1996); além de afetar de
maneira multiforme o sistema reprodutivo e a esteroidogênese de machos monogástricos
Arshami & Ruttle (1988); Chase et al. (1990).
Até recentemente, este composto fenólico era considerado importante apenas para
animais monogástricos, porque se acreditava que os ruminantes podiam inativar mais
gossipol do que seriam capazes de ingerir Sudweeks (2001). Atualmente, sabe-se que este
composto não é metabolizado pelos microrganismos do rúmen, embora os ruminantes sejam
menos susceptíveis ao gossipol do que os monogástricos, que, segundo Gonçalves &
Borges (1997), eles têm a capacidade de desintoxicação através da ligação de proteínas
solúveis dentro do rúmen ao gossipol livre. Os teores de gossipol nas dietas se tornam cada
vez mais importantes à medida que a quantidade de MS ingerida pelos animais aumenta, em
função do aumento de produção.
A politização e adição de sulfato de ferro podem diminuir a toxicidade do gossipol
Barraza et al. (1991), assim como o tratamento com amônia Rogers & Poore (1995).
Todavia, o aquecimento, com calor seco, não altera o gossipol, mas o calor úmido modifica
suas propriedades, tornando-o menos tóxico (D-gossipol); porém, este procedimento baixa
significativamente o valor biológico das proteínas, principalmente a disponibilidade da
lisina. Segundo o Cottonseed Feed Products Guide (1998), os teores dios de gossipol
total em subprodutos do algodoeiro ficam entre 10,9 e 11,6 mg/kg para o farelo prensado e
de extração por solvente; 6,6 mg/kg para o caroço e 10,7 mg/kg para as cascas, enquanto
para o gossipol livre os valores são de 0,6 a 1,4 mg/kg; 6,8 e 49 mg/kg para a mesma ordem
dos subprodutos.
12
Entre os fatores que predispõem os ruminantes à toxicidade ao gossipol, estão: a
idade, duração da ingestão, função ruminal e conteúdo de proteína e minerais na ração. Os
dados indicam que para ruminantes jovens a quantidade de gossipol deve ser de 10-20
mg/kg de peso ou 1g/50 kg de peso. Segundo Risco et al. (1992), o fornecimento de 200
ppm de gossipol livre a bezerros em crescimento durante 120 dias foi seguro, enquanto 400
ppm foram tóxicos e 800 ppm resultou em alguma mortalidade. Bezerros de duas a quatro
semanas de idade, recebendo substituto do leite com 150 g de caroço de algodão/kg (até 6 g
de gossipol/kg) morreram segundo dados de Freedman & Yeruham (1996).
Ruminantes adultos usualmente toleram até 1000 ppm de gossipol na dieta, mas
concentrações de 1500 ppm podem causar toxicose leve a moderada. Enquanto ruminantes
jovens, com menos de seis meses de idade, nunca devem receber mais de 100 ppm de
gossipol livre na dieta, Kerr (1989).
A literatura sobre os efeitos do gossipol para pequenos ruminantes é muito escassa,
sendo que a maioria dos casos de toxidez relatada envolvia monogástricos, pois acreditava-
se que os ruminantes tinham capacidade de desintoxicar o gossipol no rúmen, porém os
sinais de toxidez são similares nas duas espécies e incluem dispnéia, diminuição da taxa de
crescimento e anorexia, Randel et al.(1992).
Toll Vera (1997), ao estudar a tolerância das diferentes categorias animais ao
gossipol encontrado no caroço, no farelo e nas cascas de algodão, verificou que o nível de
tolerância para vacas é da ordem de 9.000 mg/kg e para bezerros acima de quatro meses de
idade é de apenas 200 mg/kg. O autor concluiu que o caroço de algodão não deve ser
fornecido para bezerros com menos de quatro meses e para touros e vacas em reprodução,
recomendando ainda que o sulfato de ferro, óxido ou hidróxido de cálcio, seja adicionado às
dietas que contenham caroço para neutralizar os efeitos do gossipol.
Velásquez & Pereira (1999), alimentando bezerros leiteiros com dietas contendo
13
400 mg de gossipol livre /kg de dieta e adicionando-se 0, 2000 ou 4000 UI vitamina
E/bezerro/dia, verificaram que a suplementação com vitamina E não modificou o teor de
gossipol no plasma, os animais se intoxicaram e dez deles morreram.
4. EFEITOS DO USO DE CAROÇO DE ALGODÃO NA ALIMENTAÇÃO DE
RUMINANTES
4.1 EFEITOS SOBRE O DESEMPENHO ANIMAL
Luginbuhl et al. (2000), avaliando os efeitos do nível de caroço de algodão (0; 8; 16
e 24%) na dieta de machos caprinos, observaram que à medida que aumentou os níveis de
caroço de algodão o ganho de peso diário decresceu linearmente, com conseqüente
decréscimo na eficiência alimentar.
Trabalhando com ovinos alimentados com dietas contendo 0; 7; 14 e 24% de caroço
de algodão, Moore et. al. (1994), também reportaram menor ganho de peso diário e
eficiência alimentar. Warren et al. (1988), suplementando carneiros Merino com rações à
base de trigo e/ ou caroço de algodão integral (100:0; 72:25 e 50:50, respectivamente),
salientaram que o ganho de peso foi maior para as dietas que continham caroço,
especialmente para o nível de 25%, enfatizando ainda ótimos resultados no crescimento da
lã nas dietas com caroço de algodão.
Alguns trabalhos realizados com bovinos Huerta-Leidenz et al. (1991); Prado et al.
(1995); Moletta (1999) utilizando diferentes níveis de caroço de algodão na dieta, visando
avaliar o desempenho animal, não mostraram diferenças dos níveis de caroço em relação às
dietas controle.
14
4.2. EFEITOS SOBRE A REPRODUÇÃO
Na reprodução, o gossipol inibe as enzimas necessárias para a síntese de esteróides
nas células de Leydig, bem como o lactato desidrogenase, resultando em anormalidades nos
espermatozóides e infertilidade. Há relatos de que o gossipol livre pode levar ao mau
funcionamento reprodutivo em varias espécies animais. Segundo Randel et al. (1992), em
fêmeas, é possível que o gossipol altere o padrão normal do ciclo estral através de seu efeito
sobre a secreção de hormônios hipofisários e hipotalâmicos. As fêmeas ruminantes parecem
particularmente insensíveis, enquanto que os machos apresentam marcado dano testicular,
Arieli (1998). Estudo realizado por Tool Vera (1997), por exemplo, mostraram que os
touros são dez vezes mais susceptíveis aos efeitos do gossipol que as vacas, pois os machos
podem apresentar redução súbita na quantidade de sêmen produzido.
Segundo Santos (1997), os sinais reprodutivos de intoxicação do gossipol nos
machos são alterações específicas sobre a cauda do espermatozóide, aumento do diâmetro
do lúmen dos túbulos seminíferos, diminuição de camadas celulares e do epitélio
seminífero, bem como redução do tamanho das células de Sertoli. Andreazzi et al. (1995),
avaliando o efeito do caroço de algodão em caprinos, observaram que dietas contendo esse
ingrediente não afetaram as características do sêmen, embora o desenvolvimento testicular
tenha sido afetado e alterações histomorfológica e histométrica dos testículos tenham
ocorrido. Zahid et al. (2003) verificaram que ração para caprinos contendo gossipol, embora
não tenha afetado a cor, volume, concentração, porcentagem de espermatozóides mortos e
índice absoluto de motilidade espermática, ela afetou significativamente o pH do sêmen, a
motilidade espermática e a porcentagem de espermatozóides morfologicamente anormais.
antes disso, alguns pesquisadores como Lanne (2001) e Tool Vera (1997), recomendam
15
que os reprodutores machos não devam consumir dietas com derivados de algodão, pois o
gossipol tem efeito anticoncepcional.
Algumas pesquisas, todavia, não obtiveram efeitos significativos do gossipol sobre a
reprodução dos machos. Ferreira et al. (1995), por exemplo, ao analisarem o efeito do
gossipol na qualidade do sêmen de caprinos, por meio do fornecimento de concentrados
com 30 e 60 % de farelo de algodão fornecido numa proporção de 1% do peso vivo,
concluíram que o gossipol presente no farelo de algodão não alterou a qualidade do sêmen
dos animais. Entretanto, estes autores recomendam novos estudos para determinar o nível
de gossipol na ração a partir do qual poderá causar redução na qualidade espermática. Da
mesma forma, Mello (2004), utilizando caroço de algodão na alimentação de bovinos,
verificou que dietas com até 30 mg de gossipol/kg de peso vivo não causaram efeito tóxico
sobre a quantidade e qualidade do sêmen.
Sendo assim, considerando, ainda, que não são muitos os estudos com ovinos e
caprinos, fazem-se necessários mais estudos sobre os efeitos da inclusão do caroço de
algodão e seus derivados à dieta em relação à função reprodutiva.
4.3. EFEITOS SOBRE A CARCAÇA E CARNE
No mercado atual de carne, o que se deseja da carcaça como um todo ou em cada
um dos seus cortes comerciais, é o mínimo de osso, o máximo de músculo e uma adequada
quantidade de gordura. Da porção comestível, os músculos se constituem no tecido mais
nobre e a gordura embora em excesso seja indesejável, quando adequada tem efeitos
benéficos sobre as características qualitativas das carcaças. Tatum et al. (1999) afirmam que
uma quantidade mínima de gordura subcutânea na carcaça é necessária para garantir a
16
qualidade da carne, esta gordura atua como isolante térmico protegendo a carcaça do
encurtamento das fibras musculares pelo frio.
O caroço de algodão é uma excelente alternativa para uso em confinamentos por
associar alto teor de proteína, de elevado valor biológico, com alto teor de energia,
ajudando a balancear as dietas. Como a maior parte de sua energia está na forma de
gordura, haverá menor incremento calórico, resultando em melhor conversão alimentar
Palmiquist (1988) e, assim, disponibilizando mais energia para ser depositada na carcaça,
na forma de gordura subcutânea (acabamento) ou intramuscular (marmoreio). Huerta-
Leidenz et al. (1991) verificaram que a inclusão de 15 ou 30% de caroço de algodão na
ração de bovinos mestiços terminados em confinamento acarretou redução significativa no
peso da carcaça e na área de olho de lombo. Porém, Prado et al. (1995), trabalhando com os
mesmos níveis de caroço de algodão na alimentação de novilhos nelore, não verificaram
influência sobre o peso e o rendimento de carcaça. Da mesma forma, Paulino et al. (2002),
trabalhando com bovinos mestiços suplementados a pasto com caroço de algodão, farelo de
soja ou soja grão, não observaram diferenças entre os tratamentos para o peso das carcaças
quente e o rendimento das mesmas.
Segundo Medeiros et al. (2005) vários relatos que associam o uso do caroço de
algodão com problemas no sabor da carne, mas não existem trabalhos que realmente
comprovem algum efeito negativo desse alimento sobre as características qualitativas da
carne. Estes autores, trabalhando com caroço de algodão na dieta de bovinos na proporção
de 9,5% da MS, concluíram que o caroço de algodão não influenciou o sabor nem outras
características de qualidade da carne. Vieira et al. (2005), por sua vez, avaliando a
composição centesimal do músculo semimembranosus de ovinos alimentados com níveis
crescentes de caroço de algodão na dieta, verificaram que não houve influência sobre a
composição (umidade, cinzas, proteínas e lipídios) da carne, mas o aumento do caroço de
17
algodão na dieta influenciou a luminosidade e a cor da carne. Estes autores concluíram que
o caroço de algodão na dieta apresentou um efeito favorável na qualidade sensorial da carne
ovina, a qual obteve maior pontuação para os atributos sensoriais de odor e sabor
característicos nos animais alimentados com 40 % de caroço de algodão.
Moletta (1999) sugere que o uso de oleaginosas como soja em grãos ou caroço de algodão
na alimentação de confinamento depende de sua disponibilidade e de seu preço, mas ambas
apresentam bons resultados produtivos.
No Brasil, a colheita do algodão se concentra no período de junho a agosto, quando
os frutos amadurecem e as cápsulas que envolvem as sementes se abrem, podendo então ser
colhida a matéria fibrosa constituída de pêlos, que revestem as sementes e que se denomina
capulho. Apresentando como subproduto o caroço de algodão, que apresenta boa
disponibilidade na região a um custo bastante atraente para o produtor (0,33/kg),
correspondendo a 47% em relação ao custo do farelo de soja (0,70/kg) o que tem levado a
sua utilização na alimentação de ruminantes em confinamento e nos rebanhos leiteiros,
porém o mesmo ainda é pouco utilizado em pequenos ruminantes.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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25
CAPÍTULO 2
Desempenho e digestibilidade aparente em ovinos confinados alimentados
com dietas contendo níveis crescentes de caroço de algodão
RESUMO - O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos de níveis de
caroço de algodão integral (Gossypium hirsutum L.) na dieta sobre o desempenho, consumo
e digestibilidade dos nutrientes de ovinos da raça Santa Inês, alimentados, com rações
contendo (0,0; 20,0; 30,0 e 40,0%) de caroço de algodão integral na matéria seca da dieta.
Foram utilizados 24 cordeiros com peso vivos médios iniciais de 19,5 kg, submetidos a um
delineamento inteiramente casualizado, com quatro dietas e seis repetições. Os consumos
de matéria seca expressos em kg/dia, %PV e g/kg
0, 75
não foram influenciados (P>0,05),
pela inclusão do caroço de algodão integral, com médias de 1,195; 4,61 e 104,07
respectivamente. Os ganhos de peso total e diário decresceram (P<0,05), enquanto a
conversão teve efeito linear crescente (P<0,01). Os consumos de matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), carboidratos totais (CHT) e nutrientes digestíveis totais expressos em
gramas/dia não foram afetados (P>0,05), enquanto os de fibra em detergente neutro (FDN),
fibra detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE) tiveram efeito linear crescente (P<0,01)
com a adição do CAI. A inclusão do caroço de algodão na alimentação proporcionou efeito
quadrático para os coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB), fibra em
detergente ácido (FDA), e linear crescente para fibra em detergente neutro (FDN) e extrato
etéreo (EE), no entanto não afetou os de matéria seca (MS), matéria orgânica de (MO),
carboidratos totais (CHT) e consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT). O CAI nos
níveis utilizados não altera o consumo e a digestibilidade da MS, FDN e NDT, mas deprime
o ganho de peso e diminui a eficiência alimentar de ovinos em terminação.
Palavras–chave: ganho de peso, consumo, digestibilidade, oleaginosas, gossipol, Santa
Inês.
26
Performance and nutrient digestibility of feedlot sheep fed with different
dietary cotton seed levels
ABSTRACT- This work was carried out with the objective of evaluating the effects of different
dietary whole cotton seed levels (Gossypium hirsutum) on performance and nutrient digestibility of
feedlot Santa Inez sheep. Twenty-four sheep with initial average live weight of 19.0 kg, submitted
to a enterily randomized design, with four diets and six repetitions, fed with rations containing (0,
20, 30 and 40.0%) of whole cotton seed in the diet dry matter were used. The dry matter intake
expressed in kg/day, %LW and g/kg
0.75
was not influenced (P>0.05) by the inclusion of the whole
cottonseed, with averages of 1.195; 4.61 and 104.07, respectively. The total and daily weight gains
decreased (P <0.05), while the diet conversion presented increasing linear effect (P <0.01). The
intake of dry matter (DM), organic matter (OM), crud protein (CP), total carbohydrates (TCH) and
total digestible nutrient (TDN), expressed in g/day were not affected (P>0.05), while the neutral
detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), ether extract (EE) presented increasing linear
effect (P<0.01) with the addition of whole cottonseed. The inclusion of whole cottonseed in the
feeding provided quadratic effect for digestible coefficients of CP, ADF and increasing linear effect
for NDF and EE, however it did not affect DM, OM, TCH and TDN Intake of the diets. The WCS
in the used levels it doesn't alter the intake and the digestibility of the DM, NDF and TND, but it
depresses the weight earnings and it reduces the alimentary efficiency of lambs in feedlot.
Keywords: weight gain, intake, digestibility, fat, gossypol, Santa Inez
27
1. INTRODUÇÃO
Uma estratégia usada para a melhoria do desempenho dos rebanhos de pequenos
ruminantes nordestinos, caracterizados por baixos níveis produtivos, seria o manejo
alimentar adequado, principalmente nas épocas secas do ano, usando-se sistemas intensivos
de produção, como o confinamento ou semi-confinamento. Surge, então, a necessidade de
se estudar a viabilidade de incluir fontes alimentares alternativas e quantificar as respostas
animais em termos produtivos e econômicos. Uma das alternativas são os subprodutos da
agroindústria na dieta; porém, estes ainda não foram suficientemente estudados quanto à
sua composição e níveis adequados de utilização econômica e biológica na produção
animal, especialmente em pequenos ruminantes.
O consumo de alimentos é um aspecto fundamental na nutrição animal, uma vez que
estabelece a ingestão de nutrientes e, portanto, determina as respostas do animal, enquanto a
digestibilidade e a utilização dos nutrientes representam a descrição qualitativa do consumo.
O adequado desempenho produtivo dos ruminantes está relacionado principalmente
com o consumo alimentar que, por sua vez, depende do consumo de matéria seca e de sua
concentração energética. O uso de oleaginosas na dieta de ruminantes são as fontes de
lipídios mais usadas por proporcionarem alta densidade energética em substituição aos
carboidratos rapidamente fermentáveis, favorecendo a fermentação ruminal e a digestão da
fibra Teixeira (2005), entretanto, não deve ser usado em excesso devido ao seu conteúdo em
óleo.
A necessidade de se atingir ou manter um determinado vel de desempenho animal
(ganho de peso, produção de leite) é o fator determinante da demanda por alimento dentro
de um sistema de produção. Sabe-se que o desempenho animal é função direta do consumo
28
de matéria seca digestível, e que, nesse contexto, 60 a 90% decorrem de variação do
consumo, enquanto 10 a 40% advêm de flutuações na digestibilidade Mertens (1994). Nota-
se, portanto, que a contribuição relativa do consumo de matéria seca para o desempenho é,
em média, três vezes aquela da digestibilidade.
Diversos autores comentaram que a adição às rações do caroço de algodão integral
(CAI), numa proporção de 25 a 30% da dieta total, mantém o nível de ingestão de matéria
seca, aumenta à energia líquida ingerida, a porcentagem de gordura do leite, a produção de
leite e a digestibilidade do extrato etéreo da dieta, não havendo alteração na digestibilidade
da fibra, por ser o CAI um alimento que possui ao mesmo tempo altos teores de energia e
fibra de alta digestibilidade Palmiquist & Jenkins (1980); Smith et al. (1981); Coppock et
al. (1987); Wilks et al. (1991); Arieli (1998).
Trabalhando com ovinos, Warren et al. (1988) utilizaram 0; 25 e 50% de CAI na
dieta e constataram que, em até 25% na dieta, este não afetou a ingestão e a digestibilidade
da matéria seca (MS) e matéria orgânica (MO). Os ganhos de peso foram superiores à dieta
controle, e foram obtidos ótimos resultados no crescimento da lã.
Arieli (1994) verificou que a inclusão do CAI (níveis acima de 25% do total da
matéria seca) em dietas de ovinos, não promoveu efeito significativo sobre o coeficiente de
digestibilidade aparente da energia bruta (EB). Este comportamento também foi encontrado
por Smith et al. (1981); Enquanto Zinn & Plascencia (1993) verificaram que a inclusão do
CAI (20% do total da dieta) a dietas compostas de feno de alfafa, cevada, milho, melaço de
cana, sal comum e sal mineral diminuiu a digestibilidade da MO das dietas
significativamente. Porém, houve elevação na taxa de passagem de material nitrogenado ao
intestino delgado por causa do aumento de 37,5% da síntese de proteína microbiana,
concordando com afirmações feitas por Zinn (1989).
29
Karalazos et al. (1992) observaram diminuição linear dos coeficientes de
digestibilidade aparente da MS, MO e EB com o aumento dos níveis de caroço de algodão
dietético. Em função da alta densidade energética das dietas com CAI, não houve efeito do
caroço sobre o consumo de energia digestível. Também Moore et al. (1986) e Brossh et al.
(1989) observaram diminuição na digestibilidade da MS, MO e EB em bezerros
alimentados com dietas contendo CAI.
Atualmente, pesquisas sobre o uso do CAI na dieta de pequenos ruminantes ainda
são escassos. Portanto, este trabalho foi realizado com objetivo de avaliar os efeitos de
diferentes níveis de caroço de algodão integral sobre o desempenho e coeficientes de
digestibilidade aparente dos nutrientes em ovinos Santa Inês em confinamento.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido na Estação Experimental de Pendência da Empresa
Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba –EMEPA -PB, na microrregião do cariri
paraibano no município de Soledade, situada a 8’ 18” S, 36º 27’ 2” W.Gr e altitude em
torno de 534m, temperatura média ao longo do ano de 30 º C e umidade relativa do ar de
68%. O clima da região é classificado como semi-árido quente, de 7 a 8 meses seco, com
chuvas de verão, e precipitação anual de 350 a 600 mm/ano.
Foram utilizados 24 animais da raça Santa Inês, machos, com peso vivo médio
inicial de 19,5 kg e idade de quatro meses, os quais foram distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado com quatro dietas e seis repetições. Após realização das medidas
sanitárias contra endo e ectoparasita e vacinação contra Clostridiose, os animais foram
alojados em baias individuais medindo 0,80 x 1,20 m, dispostas em galpão de alvenaria,
30
providas de comedouros e bebedouros. Os animais foram submetidos a um período
experimental de 70 dias, precedido de 14 dias para adaptação ao manejo e as dietas. As
pesagens dos animais ocorreram a cada 14 dias a partir do início do experimento.
A ração foi fornecida com base em 5% do peso vivo animal, distribuída em duas
refeições diárias, às 8 e às 16 horas. As sobras existentes foram pesadas e registradas na
manhã do dia seguinte. Amostras das dietas e sobras foram coletadas semanalmente,
processadas e armazenadas para posteriores análises. Ao final do ensaio, foram feitas
amostras compostas por período as quais foram submetidas a análises bromatológicas no
laboratório de Nutrição Animal da UFPB.
As determinações de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), matéria mineral (MM),
extrato etéreo (EE), foram efetuadas segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz
(2002), Para a determinação fibra detergente neutro (FDN) e detergente ácido (FDA)
utilizou-se a metodologia descrita por Van Soest et al. (1991), recomendada pelo fabricante
do aparelho ANAKON, com modificações em relação aos sacos, onde se utilizou sacos de
nylon. Quanto às determinações de FDN dos ingredientes concentrados e da palma
forrageira foi utilizada alfa amilase. Em todas as amostras a FDN foi corrigida para
proteína. Os teores dos compostos nitrogenados insolúveis em detergente neutro (NIND)
foram estimados nos resíduos obtidos da FDN, através do método Kjeldahl. A composição
bromatológica dos ingredientes das dietas pode ser observada na Tabela 1.
31
Tabela 1 - Composição Bromatológica dos ingredientes das dietas em % da matéria seca
Table 1 - Bromatological composition of ingredient of the diet in % of dry matter
Ingredientes
(Ingredients)
MS
(DM)
MO
(OM)
MM
(MM)
PB
(CP)
EE
(EE)
FDN
(ND)
FDN
P
(NDF
P
)
FDA
(ADF)
CNF
(NFC)
NDT
(TND)
Feno de capim
Tifton 85
(Tifton hay 85)
93,6
96,3
3,7
9,6
1,6
76,9
73,5
37,0
11,6
48,5
1
Milho moído
(Cracked corn)
91,1
97,3
2,7
10,8
5,1
9,7
8,1
4,3
73,3
85,1
1
Farelo de soja
(Soybean meal)
89,7
92,8
7,2
51,2
2,4
14,4
11,5
10,0
27,7
81,5
1
Caroço de algodão
integral
(Whole cottonseed
)
93,1
96,9
3,1
27,8
20,0
46,5
43,0
35,0
6,1
86,2
1
Palma forrageira
(Forage cactus)
10,3
87,5
12,5
4,8
1,8
27,2
26,1
21,2
54,8
65,2
1
FDNp= fibra em detergente neutro corrigida para proteína; CNF = carboidratos não fibroso; NDT= Nutrientes digestíveis
totais
NDFp = Neutral detergent fiber corrected for protein; NFC = non fiber carbohydrates; TND=Total digestible nutrient.
1
Estimado pela equação de Weiss (1999)
As dietas foram formadas com a inclusão de níveis crescentes de caroço de algodão
(0; 20; 30 e 40%) com base na matéria seca, e foram compostas de palma forrageira
(Opuntia ficus indica MILL), feno de Tifton-85, milho triturado, farelo de soja, uréia e
minerais,apresentadas na (Tabela 2), formuladas segundo o NRC (1985), visando atender
as exigências de proteína e energia metabolizável dos animais para ganho de 150 grama/dia.
Foram avaliados o consumo de matéria seca (CMS), expresso em quilograma por dia
(kg/dia), porcentagem do peso vivo (%PV) e em gramas por unidade de tamanho
metabólico (g/kg
(0,75)
; ganho em peso diário (GPD), em kg/dia, e conversão alimentar (CA).
32
Tabela 2 - Composições percentual e bromatológica das dietas experimentais com diferentes níveis
de caroço de algodão integral (CAI), em percentagem da matéria seca (% MS)
Table 2- Percentile and chemical composition l of the experimental diets with different whole
cottonseed levels, in percentage of dry matter basis (%DM)
Ingredientes, % de MS
(Ingredients, % of DM
)
Níveis de caroço de algodão, (%)
(Whole cottonseed levels ,( %)
00 20 30 40
Feno de capim Tifton 85 (Tifton hay) 33,10 30,50 36,60 31,20
Grão de milho moído (Grounded Corn) 32,60 21,60 6,40 -
Farelo de soja (Soybean meal) 7,80 - - -
Caroço de algodão (Ccotton seedl) 00 20,00 30,00 40,00
Palma forrageira (forage cactus) 24,40 25,00 25,20 25,80
Uréia ( Urea) 1,10 1,00 0,80 0,50
Calcário calcítico (Limestone) 0,50 1,40 0,50 2,00
Mistura mineral
1
(Mineral mix) 0,50 0,50 0,50 0,50
Composição
(
Composition)
Matéria seca, MS % (Dry matter, DM) 31,40 30,90 30,80 30,30
Proteína bruta,PB % (Crude protein,CP) 15,00 15,00 15,90 16,70
Extrato etéreo, EE % ( Ether extract, EE) 2,90 6,00 7,40 9,00
Fibra em detergente neutro corrigida
para proteína, FDNp%
(Neutral detergent fiber corrected of crud
protein,NDFp)
36,40 41,60 49,60 49,60
Fibra em detergente ácido, FDA%
( Acid detergent fiber ADF)
19,80 24,90 30,10 31,70
Carboidratos totais, CHT %
(Total carbohydrates TCH)
75,20 71,60 70,10 66,20
Carboidratos não fibrosos ,CNF
( Nonfiber carbohydrates, NFC)
41,00 32,30 23,20 19,40
Matéria mineral ,MM % (Mineral matter, MM) 6,90 7,40 6,60 8,10
Nutrientes digestiveis totais, NDT %
(Total digestible nutrients,TND)
66,10 66,72 65,50 66,43
Energia metabolizavel, Mcal de EM/kg de MS
Metabolizable energy, Mcal of EM/kg DM
2,39 2,40 2,37 2,40
1
Níveis de garantia (nutrientes/kg): cálcio 130 g; fósforo 70 g; magnésio 1.320 mg; ferro 2.200 mg;
cobalto 140 mg; manganês 3,690 mg; zinco 4.700 mg; iodo 61 mg; selênio 45 mg; enxofre 12 g; sódio 170
g; cloro 276 g; flúor máximo 700 mg; solubilidade mínima de P
2
O
5
em ácido cítrico à 2% = 90%.
Ao final do ensaio de desempenho, os animais foram transferidos para gaiolas de
metabolismo providas de comedouros e bebedouros e com dispositivo para coleta de fezes,
onde receberam os mesmos tratamentos experimentais do ensaio anterior como estavam
adaptados às dietas. Houve um período de sete dias para adaptação às gaiolas, seguido da
33
fase de coleta de dados e amostras, com duração de sete dias. Os animais receberam
alimentação diariamente, às 8 e às 16 h. No ato do fornecimento, a palma era previamente
cortada com faca de aço inoxidável e misturada aos demais ingredientes. Programou-se
deixar uma sobra média de 10%. Água foi fornecida à vontade.
Os animais foram pesados no início do período de adaptação, sendo o peso utilizado
para o cálculo do consumo de matéria seca, em kg/dia, e conseqüente ajuste da quantidade
de sobras. Amostras dos alimentos e das sobras foram retiradas diariamente às 8 horas da
manhã, pesadas e guardadas em sacos plásticos, no final do período foi preparada uma
amostra composta para cada unidade experimental, que foi seca em estufa de ventilação
forçada a uma temperatura de 65
o
C durante 72 horas. Posteriormente, foram passadas em
moinhos de facas tipo Willey com peneira de malha de 1 mm e acondicionadas para as
análises laboratoriais.
As fezes foram colhidas diariamente durante sete dias. A produção total teve o peso
registrado, sendo feita reserva de 20% do total coletado. Ao final, foi preparada uma
amostra composta por animal que foi embalada em sacos plásticos individuais e
armazenada em câmara fria a -10ºC. Posteriormente, foram descongeladas passadas em
peneira de malha grossa, homogeneizadas, pesadas, acondicionadas em bandeja de alumínio
e secas em estufa de ventilação forçada a 65ºC.
Para estimativa dos carboidratos totais (CHT), foi usada a equação proposta por
Sniffen et al. (1992), CTH= 100 (%PB +%EE+ %MM) e, para estimativa dos
carboidratos não- fibrosos (CNF), a equação preconizada por Hall et al. (1999) CNF = %
CHT- % FDNp, sendo a FDN corrigida para proteína.
Para o cálculo dos nutrientes digestíveis totais (NDT), utilizou-se a equação
proposta por Weiss (1999), ou seja, NDT= (PBD+CNFD+FDNpD + (EED*2,25), onde
34
PBD; CNFD; FDNp e EED significam, respectivamente, consumos de PB,CNF,FDN e EE
digestíveis, sendo a FDN corrigida para proteína.
Para calcular a margem bruta, tomou-se como base apenas o ganho de peso total no
período de confinamento e consumo total de matéria seca. Esses cálculos foram adaptados
de Véras et al. (2005) e a margem bruta foi determinada pela seguinte fórmula:
MB= GPT x 3, 00 - (CTMS kg x R$ P/kg)
Em que:
MB= margem bruta de lucro (R$/animal)
GPT= ganho de peso total
3,00= preço por kg vivo na região (R$)
CTMS= consumo total de matéria seca (kg)
R$ MS/kg= preço por kg de MS
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado, com quatro
tratamentos e seis repetições, fazendo-se a interpretação estatística dos resultados por meio
de analises de variância, e a analise de regressão em função dos níveis de caroço de algodão
na dieta. Os critérios utilizados para a escolha dos modelos foram: o comportamento
biológico, o coeficiente de determinação e a significância para os parâmetros de regressão,
obtidas pelo teste F para os níveis de 1 e 5 % de probabilidade. As análises estatísticas
foram feitas com o auxílio do programa Statístical Analysis System (SAS), descrito pelo
SAS INSTITUTE (1999).
35
3
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Constam na Tabela 3 as médias, equações de regressão, coeficientes de
determinação (R
2
) e de variação (CV), relativos aos consumos de matéria seca, e matéria
orgânica, e desempenho animal. Os consumos de matéria seca (CMS), expressos em
quilograma por dia (kg/dia), porcentagem do peso vivo (%PV) e gramas por unidade de
tamanho metabólico (g/kg
0, 75)
, e matéria orgânica expresso em kg/dia, não foram afetados
pelos níveis de CAI, cujas médias foram de 1,195; 4,61; 104,07 e 1, 107, respectivamente.
Entretanto, houve tendência à inibição do consumo nos níveis mais altos de inclusão de
CAI. Tais resultados podem ser explicados pelo aumento no teor de lipídeo das rações, que
no caso dos dois últimos níveis de CAI ultrapassava 6% de lipídios na dieta total.
Palmquist (1988) destaca que os efeitos negativos dos lipídios se acentuam a partir de tal
nível.
Tabela 3 - Médias e equações de regressão do consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), e
desempenho animal, em função dos níveis de caroço de algodão integral (CAI) na dieta
Table 3- Equations of regression of dry matter (DM), organic matter (OM) intake, and animal performance
,in a function of whole cottonseed in the diet (WC)
Variáveis
(Variables
)
Níveis de caroço de algodão integral (%)
Whole cottonseed leveles (%) Ŷ R
2
CV
0
20
30
40
Consumo MS , kg/dia
(Intake DM), kg/dia
1,226 1,236
1,12 1,126
1,192 Ŷ =1,195 - 6,31
Consumo MS ,%PV
(
Intake DM), % LW
4,66 4,74 4,47 4,58 Ŷ= 4,61 - 6,12
Consumo MS g/Kg PV
0,75
Intake DM/LW
0,75
105,5 107,0 100,2 103,4 Ŷ=10,0 - 5,65
Consumo MO, Kg/dia
Intake OM, kg/dia
1,139 1,142 1,052 1,094 Ŷ=1,107 - 6,36
PV Inicial ,Kg
Initial LW,kg
19,10
19,16 19,96 19,96 Ŷ=19,5 - 7,30
PV Final, (Kg)
Finish LW, Kg
33,50
32,66 30,41 32,16 Ŷ=32,18 0,90 6,80
Ganho de peso total GPT,(kg)
Total Weight Gain,( Kg)
14,40 13,05 10,45 12,20 Ŷ-14,19 - 0,074*X 0,90 12,00
Ganho de peso diário, GPD
(kg/dia) Daíly Weight Gain
DWG, (kg/day )
0,206
0,186 0,149 0,174 Ŷ= 0,2026- 0,001058*X
0,89 12,00
CA (kgMS/kg GPD)
(FC kg DM/DWG)
6,01 6,71 7,62 6,90 Ŷ= 6,145+0,0295**X 0,58 10,0
PV= peso vivo; CA = conversão alimentar ; ** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F;
Significant at 1% of probability, by test F; * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; Significant at
5% of probability, by test F
36
As ingestões de matéria seca foram consideradas relativamente altas quando
comparada à recomendada pelo NRC (1985), que é de 1,0 kg de MS/dia para animais de 20
kg de PV. Porém, semelhantes às encontradas por Verás et al. (2005), que relataram
valores médios de 1,150 kg/dia, para ovinos na mesma faixa de peso, alimentados com
dietas contendo farelo de palma em substituição ao milho. Para o consumo de matéria seca
por unidade de tamanho metabólico, foram encontrados valores de 105,5; 107; 100 e 103,4
g/kg
0, 75
em função dos níveis de caroço de algodão. Estes valores foram superiores aos
encontrados por Teixeira (2001) e Rogério et al. (2002), os quais trabalharam com níveis
de CAI na dieta de ovinos semelhantes aos deste ensaio. Pode-se observar que os consumos
médios diários de matéria seca e matéria orgânica apresentaram comportamento
semelhante, não sendo afetados pela inclusão do CAI, conferindo com os trabalhos de
Souto et al. (1990) e Sridhar et al. (1996).
Ainda na tabela 3 observam-se os dados relativos ao desempenho ganho de peso
total (GPT), ganho de peso diário (GPD), e conversão alimentar (CA). Os ganhos de peso
total e diário decresceram (P<0,05) influenciados pelos níveis de caroço de algodão. Essa
redução para o ganho de peso segue a redução na ingestão de matéria seca. Sabe-se que
entre os fatores envolvidos na regulação do consumo, estão a ingestão de energia pelo
animal e a concentração de FDN da dieta, esta considerada, como limitante em função de
sua lenta degradação e baixa taxa de passagem através do ambiente ruminal, o que leva a
uma limitação da ingestão de alimento devido a recepção ruminal.
Resultados semelhantes foram relatados por Luginbuhl et al. (2000), que incluíram
níveis crescentes de caroço de algodão (0; 8; 16 e 24%) na dieta de caprinos, e observaram
redução no ganho de peso vivo conseqüentemente, redução na eficiência alimentar de
acordo com o aumento no nível de CAI na dieta.
37
Observa-se que a redução no ganho foi relativamente pequena, significando que o
caroço de algodão permitiu mesmo para o grupo com 40% de participação dessa oleaginosa,
ganhos de peso da ordem de 174 g/dia, resultado da utilização do lipídio contido no CAI,
como fonte de energia, visto que o consumo de NDT (Tabela 4) não foi afetado pelos níveis
da oleaginosa. Vale salientar que os ovinos não apresentaram rejeição à ingestão do caroço
de algodão, constituindo-se no primeiro alimento a ser consumido quando do fornecimento
da ração diária, visto que a mesma não foi oferecida como ração completa, mas os
alimentos foram colocados a disposição dos animais todos ao mesmo tempo.
Comportamento similar ao obtido nessa pesquisa foi verificado por Brosh et al.
(1989), em trabalho que comparou níveis de CAI em dietas de confinamento, os autores
concluíram que a inclusão deste alimento acarreta diminuição no ganho de peso sem alterar
o consumo de matéria seca. Esses resultados corroboram com os descritos por Moore et al.
(1994) que visualizaram diminuição no ganho de peso vivo e eficiência alimentar em
cordeiros alimentados com níveis crescentes de caroço de algodão (0; 7; 14 e 21%).
Enquanto Aferri (2003), trabalhando com bovinos observou que o caroço de algodão
empregado no nível de até 21% nas rações de bovino em confinamento não altera o
desempenho animal. Também Ludovico e Matos (1997) verificaram que o CAI em
substituição ao farelo de algodão na proporção de 10 a 20% da MS total da dieta melhora o
desempenho animal. Resultados obtidos por Warren et al. (1988), suplementando carneiros
com trigo e ou caroço de algodão integral (100:0; 75:25; e 50:50 %), respectivamente,
mostraram que O CAI não afetou o consumo de MS, e que o ganho de peso foi maior para
as dietas com CAI (4,4 e 3,0 kg), especialmente para o nível de 25%.
A conversão alimentar apresentou comportamento linear e foi influenciada pelo
nível de caroço de algodão na dieta (P<0,05), isto se explica pelo declínio no consumo de
matéria seca proporcionalmente à redução no ganho de peso. Observa-se que a CA piorou a
38
medida que aumentou a FDN da dieta, provavelmente pela adição do feno de tifton, o que
esta de acordo com Cardoso (2005), o qual testando níveis crescentes de FDN (25, 31, 37 e
43%) na dieta de cordeiros, observou que o aumento do teor de fibra da dieta levou a uma
redução da CA .
A Tabela 4 ilustra os valores de consumo de proteína bruta (PB), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), carboidratos não
fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT) e carboidratos totais (CHT).
Tabela 4- Consumo de nutrientes por ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de caroço
de algodão integral na dieta
Table 4- Nutrients intake for Santa Ines sheep fed with different whole cotton seed levels in diet
Variáveis
(Variables)
Níveis de caroço de algodão integral(%)
Whole cottonseed levels (%) Ŷ
R
2
CV
00
20 30 40
Consumo PB, g/dia
Intake CP ,g/dia
182,38 184,00 178,50 198,17
Ŷ
=185,83
- 6,39
Consumo FDN,g/dia
Intake NDF ,g/dia
443,83 510,83 554,17 583,17
Ŷ
= 43,328+3,541**X
0,99 6,43
Consumo FDA, g/dia
Intake ADF,g/dia
239,00 303,33 335,50 370,83
Ŷ
=238,366+3,280**X
0,99 6,45
Consumo EE,g/dia
Intake EE,g/dia
34,66 73,33 82,83 106,17
Ŷ
= 35,271 +1,732**X
0,99 6,25
Consumo CNF,g/dia
Intake NFC,g/dia
499,67 397,83 258,67 228,50
Ŷ
= 508,12 -7,198**X
0,99 6,49
Consumo NDT
estimado,
g/dia
TND
estimated
intake g/day
715,0 7,10,0 745,0 786,0
Ŷ= 739,0
- 6,40
Consumo NDT
observado
,g/dia
IntakeTND
observed
g/dia
730,0 739,0 762,0 798,0
Ŷ
= 757,0
- 6,90
Consumo EM
estimado
Mcal/dia
Intake ME
estimated
Mcal/day
2,58 2,56 2,69 2,84
Ŷ=2,66
- 7,92
Consumo EM
observado
Mcal/dia
Intake MEobserved Mcal/day
2,63 2,66 2,75 2,88
Ŷ=2,73
- 6,80
Consumo CHT,g/dia
Intake TCH, g/dia
919,67 882,50 805,33 787,50
Ŷ
= 927,886 -3,517**X
0,91 7,27
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; Significant at 1% of probability, by test F.
O consumo de proteína bruta mostrou-se similar em todas as dietas, obtendo-se
média de 185,83g/dia, atendendo a recomendação do NRC (1985), que é de 167 e 191 g
PB/dia para cordeiros de 20 e 30 kg PV. Urano (2005), também obteve valor médio de
39
183,7 g/dia em cordeiros Santa Inês alimentados com soja em grãos na dieta, e PETIT et
al. (1997), que trabalhando com grão de canola, observaram ingestão diária de PB de 175
g/dia para a forma extrusada e 183 g/dia para a não extrusada. Tal resposta,
provavelmente, ocorreu em virtude da maior seletividade dos animais pelo caroço de
algodão, uma vez que incremento de oleaginosas na dieta melhora o desenvolvimento da
flora ruminal e o processo de fermentação.
Comportamento semelhante foi observado para o consumo de NDT, sendo que a
incorporação do CAI foi o fator determinante para elevações na concentração de PB e EE
da dieta. Tal fato é coerente, pois a energia dos alimentos advém dos compostos orgânicos,
como PB e EE, mencionados, e, também, das frações fibrosas; assim, a elevação dessas
frações nas dietas representará maiores teores de energia ingerida.
Os consumos de extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e detergente
ácido (FDA) aumentaram linearmente (P<0,01), refletindo o conteúdo mais alto desses
nutrientes na dieta dos animais alimentados com maiores níveis de CAI. O consumo de
EE, em g/dia, variou de 34,7 a 106,2 g/dia, a equação de regressão obtida mostra aumento
de 1,73 g para cada 1% de aumento de CAI. Sendo o extrato etéreo a fração que fornece
2,25 vezes mais energia que os carboidratos, o nível de consumo desse nutriente tem
relação com o consumo de matéria seca e energia. Comportamento semelhante foi relatado
por Haddad & Younis (2004), ao alimentarem cordeiros Awassi com dietas contendo 0,0;
2,5 e 5,0 % de gordura protegida na ração.
Para os consumos de FDN e FDA, a análise de regressão mostrou que à medida que
foi incluído o CAI na dieta, houve aumento nos consumos de 3,50 e 3,28 g/dia,
respectivamente, em função da maior concentração desses nutrientes na dieta total.
Resultados similares para consumo de FDN e FDA foram descritos por Verás et al. (2005),
trabalhando com farelo de palma na dieta de ovinos em confinamento. Também Rodrigues
40
et al. (2003), obtiveram consumos variando de 442,79 a 561,22 g/animal/dia de fibra em
detergente neutro, utilizando farelo de castanha de caju na terminação de ovinos.
Van Soest (1994) sugere consumo de FDN entre 0,8 e 1,2% do PV, enfatizando que
esse limite pode ser ultrapassado, quando a densidade energética da dieta é baixa. O
consumo médio de FDN dos ovinos foi de 0,523 g/dia, correspondendo a 2,0% PV e está de
acordo com relatos de Mertens (1994), que considera a FDN um dos principais
controladores do consumo de MS pelos ruminantes. Neste trabalho, os maiores consumos
de FDN e FDA foram observados nas dietas com maiores níveis de CAI. Estes resultados
diferem daqueles encontrados por Borges et al. (2002) e Rogerio et al. (2004) que
verificaram decréscimos no consumo destes nutrientes quando elevou os níveis de caroço
de algodão na dieta.
Embora o percentual de FDN das dietas tenha aumentado em função do nível de
CAI aliado ao feno, outros fatores, provavelmente relacionados com as características da
palma, podem ter influenciado o comportamento dos animais, o que pode ter limitado o
consumo de matéria seca, uma vez que a distensão física do rúmen-retículo tem sido
considerada como um dos principais fatores limitantes do consumo em muitas forragens.
Segundo Verás et al. (2002), a palma forrageira apresenta alta palatabilidade e taxa de
digestão ruminal, sendo a matéria seca rapidamente degradada, favorecendo maior taxa de
passagem.
Ainda na tabela 4 pode ser visualizado que os consumos de nutrientes digestíveis
totais (NDT) e energia metabolizável (EM) estimados e observados ficaram muito
próximos, podendo inferir-se que a metodologia proposta por Weiss (1999) foi eficiente
para estimar o valor energético das dietas.
Os valores para o consumo de NDT observados no ensaio de digestibilidade foram
de 730,0; 739,0; 762,0 e 798,0g/dia. Enquanto para a EM as ingestões diárias foram de:
41
2,63; 2,66; 2,75 e 2,88 Mcal de energia metabolizável, evidenciando que a inclusão do
CAI nos veis estudados não afetou o consumo de EM dos animais que receberam as
rações à base de palma forrageira e feno de tifton, ficando dentro dos valores
recomendados pelo NRC (1985), para um animal em crescimento com ganho de peso
moderado.
Estes resultados são superiores aos obtidos por Alves et al. (2003), que observaram
consumos de 2,18; 2,33 e 2,45 Mcal de EM/dia, trabalhando com ovinos Santa Inês
alimentados com dietas contendo diferentes níveis de energia na dieta. Também Medeiros
(2006), com ovinos Morada Nova, alimentados com veis crescentes de concentrados na
dieta, obteve consumos de 2,13; 2,61; 2,62 e 3,20 Mcal de EM/dia. Esses resultados,
aliados aos de outros estudos, mostram que é possível atender as necessidades energéticas
em sistemas de produção com o uso de alguns recursos forrageiros disponíveis ou alimentos
alternativos. Os consumos de carboidratos totais e não fibrosos apresentaram
comportamento decrescente (P<0,01) com a inclusão do CAI na dieta. Esse declínio pode
ser atribuído à diminuição nos teores desses nutrientes na dieta para os veis mais altos de
CAI (Tabela 2).
Na Tabela 5 estão apresentados os coeficientes de digestibilidade aparente dos
nutrientes expressos em porcentagem com as equações de regressão e os respectivos
coeficientes de variação (CV) e determinação (R
2
).
42
Tabela 5 - Coeficiente de digestibilidade (CD) dos nutrientes das dietas em ovinos Santa Inês
alimentados com diferentes níveis de caroço de algodão integral na dieta
Table 5- Digestibility coefficient of the nutrients in Santa Inez sheep fed with different whole
cottonseed levels in the diet
Variáveis
(Variables)
Níveis de caroço de algodão (%)
Whole cottonseed levels (%) Ŷ R
2
CV
00
20 30 40
CDMS,%
(DMDC)%
69,43 67,57 66,62 70,32 Ŷ = 64,48 - 5,07
CDPB, %
( CPDC) %
78,20 72,32 74,23 80,57 Ŷ =78,232-0,667X+0,018**X 0,99 5,65
CDMO, %
(OMDC) %
69,77 69,27 68,70 71,77 Ŷ =69,87 - 4,90
CDFDN,%
(NDFDC) %
54,70 54,95 61,60 63,11 Ŷ =53,489 + 0,227 *X 0,79 9,82
CDFDA,%
(
ADF
D
C
)%
70,27 55,37 55,45 65,61 Ŷ =70,4005- 1,457X +0,0332** X
2
0,98 10,40
CDEE,%
(EEDC) %
78,58 89,03 90,72 94,28 Ŷ = 79,421+ 0,3880** X
0,99
2,01
CDCNF,%
(NFDDC) %
84,70 84,70 76,50 79,87 Ŷ = 85,2133 –0,16466 *X 0,99 6,40
CDCHT, %
(TCHDC) %
69,60 66,98 65,13 66,50 Ŷ = 67,05 - 5,44
** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F; Significant at 1% of probability, by test F
* significativo a 5% de probabilidade pelo teste F; Significant at 5% of probability, by test F
Analisando-se os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), matéria
orgânica (CDMO), e carboidratos totais (CDCHT), verifica-se que os mesmos não sofreram
influência (P>0,05) da oleaginosa na dieta, com valores médios de: 64,48; 69,87 e 67,05%
respectivamente. Esses resultados são contrários aos relatados por alguns autores
consultados, conforme relatado por Warren et al. (1988), que fornecendo 0, 25 e 50% de
CA, respectivamente, com 8, 1, e 12,6% de EE e Karalazos et al. (1992), os quais notaram
uma depressão linear significativa no coeficiente de digestibilidade da MS e MO com o
aumento do caroço de algodão de 0 a 53% na dieta. Também, Zinn (1989) verificou
diminuição linear da digestão ruminal da matéria orgânica com aumento do nível de óleo
como suplemento de 0 a 8%, o que pode ser creditado ao impacto da gordura na dieta, que
43
deprimi a digestibilidade da fibra, no entanto essa influência depende da fonte,
processamento e nível de inclusão do suplemento.
Quanto ao coeficiente de digestibilidade da proteína bruta, este apresentou efeito
quadrático enquanto para o extrato etéreo, o efeito foi linear crescente (P<0,01) em relação
ao aumento dos níveis de CAI. Os valores médios de digestibilidade da proteína e extrato
etéreo foram semelhantes aos citados pela FAO (1992) para a digestibilidade destes
nutrientes (68,4 e 86,6%, respectivamente).
A analise de regressão do CDPB mostrou que o menor valor ocorreu na dieta com
20% de CAI com ponto de mínima de 72,08%, enquanto para o CDEE mostrou efeito
linear crescente com a inclusão do CAI na dieta, ou seja, não aconteceu depressão da
digestibilidade quando o teor de óleo na dieta foi de 9%. Borges et al. (2002), trabalhando
com níveis de caroço de algodão semelhantes aos deste trabalho, verificaram que a
inclusão de CAI às dietas melhorou a digestão da proteína bruta e do EE sem, no entanto,
afetar o consumo de matéria seca. Também Coppock et al. (1987) e Brosh et al (1989)
relataram que à medida que se incorporou CAI na dieta, elevou-se o consumo e
digestibilidade do EE de forma linear.
Os valores para os coeficientes de digestibilidade da proteína bruta e do extrato
etéreo apresentaram alta correlação (R
2
=0, 99, P<0,01), refletido pelo alto consumo de tais
nutrientes, tal fato é atribuído ao CAI que proporcionou ambiente ruminal favorável aos
microorganismos.
Observa-se que entre os níveis de inclusão, o maior CDPB das dietas foi para o nível
de 40% de CAI, demonstrando que esse ingrediente em maior quantidade na dieta refletiu
em aumento da digestibilidade protéica. Da mesma forma, Brosh et al. (1989) verificaram
que um incremento no conteúdo de proteína bruta, devido à elevação do CAI na dieta,
melhorou o desenvolvimento da flora ruminal e o processo de fermentação, o que pode ser
44
atribuído ao aumento na taxa de passagem de material nitrogenado para o intestino delgado
conforme comentários de Zinn & Plascencia (1993).
Para Palmiquist (1989), a vantagem
da utilização de lipídios em dietas deve-se ao incremento da densidade calórica da dieta, em
razão de seu elevado valor energético (aproximadamente 6 Mcal El/kg MS), vantagem que
pode ser explorada de várias maneiras, além de permitir aumento no consumo de energia e
balanço mais adequado entre carboidratos estruturais e não-estruturais para a otimização do
consumo de fibra e energia digestível
Smith & Vosloo (1990) também constataram aumentos na digestibilidade do extrato
etéreo nas dietas mais concentradas em caroço de algodão. Karalazos et al. (1992)
observaram aumento linear da digestibilidade do extrato etéreo com o aumento dos teores
de CAI de 0,0 para 35,5% da dieta.
Em relação às frações fibrosas, os coeficientes de digestibilidade apresentaram
comportamento linear ascendente (P<0,01) para o CDFDN conforme os veis de CAI
(54,70; 54,95; 61,60 e 63,11%), provavelmente devido a maior concentração desse nutriente
no feno de tifton e CAI, e resposta quadrática (P<0,01) para CDFDA, mostrando alta
correlação entre o consumo e digestibilidade (R
2
=0,99; P<0,01). Esses resultados são
divergentes daqueles obtidos por Teixeira et al. (2001); Borges et al. (2002) e Rogério et al.
(2004), esses autores relataram decréscimo no consumo e digestibilidade da FDN e FDA
com o aumento do CAI em rações de ovinos.
A composição da ração e o preparo dos alimentos podem afetar a sua
digestibilidade, o efeito associativo dos alimentos também pode interferir na determinação
da digestibilidade de um alimento.
A não influência da gordura oriunda do CAI na digestibilidade dos nutrientes pode
ter ocorrido pelo fato do caroço de algodão possuir um revestimento composto na maior
percentagem por fibra, e por possuir línter. Estas características proporcionam lenta
45
liberação da gordura no ambiente ruminal durante o decorrer de todo o dia, devido à
regurgitação e remastigação das sementes. Isto permite a ação dos microrganismos ruminas
em hidrogenar as ligações duplas dos ácidos graxos insaturados, impedindo o efeito inibidor
da gordura sobre a digestibilidade da fibra, Coppock & Wilks (1991),
Sabe-se que ruminantes não toleram altos níveis de óleo na dieta; entretanto, Smith
et al. (1981) sugeriram que a inclusão de sementes integrais de oleaginosas não tem
influência negativa sobre a degradação da fibra total no intestino, o que confere com os
resultados obtidos nesse estudo. Também Palmiquist & Mattos (2006) comentam sobre os
efeitos da suplementação lipídica, quando superior a 5% compromete o consumo de MS,
no entanto em animais de confinamento em regiões de altas temperaturas onde o
consumo geralmente é comprometido, a suplementação lipídica pode chegar a 10%, e
neste caso aumenta a ingestão de energia .
O CDCHT, não foi influenciado pelas dietas, (69,60; 66,98; 65,13 e 66,50%),
enquanto o CDCNF mostrou efeito linear decrescente (P<0,01), que pode ser creditado ao
nível de CNF da dieta (Tabela 2), semelhante ao consumo que também foi decrescente,
provavelmente o efeito associativo dos alimentos na ração pode ter restringido essa fração
dos carboidratos, os quais são rapidamente degradados no rúmen.
Na Tabela 6 pode ser visualizado os custos de produção tendo como base apenas o
custo da dieta em relação ao ganho de peso total dos animais alimentados com diferentes
níveis de caroço do algodão.
46
Tabela 6 - Margem bruta (R$/animal) de acordo com os níveis de caroço de algodão integral na dieta
Table 6 - Crude margin (R$/animal) in agreement with the whole cottonseed levels in the diet.
Níveis de caroço de algodão %
Whole cottonseed leveles %
Itens
Items
0 20 30 40
Preço da dieta kg de MS (R$)
Price of diet DM kg(R$)
0,38 0,32 0,32 0,30
Peso vivo inicial (kg)
Weight alive initial (kg)
19,1 19,16 19,96 19,96
Peso vivo final (kg)
Weight alive end (kg)
33,5 32,66 30,41 32,16
Preço inicial cordeiro (R$)
Price initial lamb (R$)
58,5 57,48 59,88 59,88
Consumo total da dieta/cordeiro (R$)
Total intake of diet/ lamb (R$)
85,82 86,52 79,96 83,44
Preço final cordeiro (R$)
Price end lamb (R$)
100,5 97,98 91,23 96,48
Margem bruta/cordeiro (R$)
Crude margin/lamb (R$)
9,39 12,82 5,76 11,57
Nas condições em que foi realizada essa pesquisa e considerando-se apenas os
custos das rações e do ganho de peso dos animais, verifica-se que a inclusão do CAI nos
níveis utilizados mostrou-se vantajosa aumentando a margem bruta e proporcionando uma
menor relação custo beneficio, sua participação na dieta depende da disponibilidade e do
preço praticado em cada região.
4. CONCLUSÕES
A inclusão do caroço de algodão em dietas para ovinos não altera o consumo de
matéria seca, mas deprime o ganho de peso e diminui a conversão alimentar.
A inclusão do caroço de algodão melhora a digestibilidade da fibra em detergente
neutro sem altera a digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica e consumo de
nutrientes digestíveis totais.
47
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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52
CAPÌTULO 3
Características quantitativas de carcaça de ovinos Santa Inês confinados
alimentados com rações contendo diferentes níveis de caroço de algodão
RESUMO Neste trabalho foram avaliadas as características de carcaça, rendimento dos
cortes e musculosidade da carcaça de 24 ovinos Santa Inês, inteiros, confinados em baias
individuais, alimentados com dietas contendo 0; 20; 30 e 40% de caroço de algodão(CAI).
Os ovinos iniciaram no experimento com peso vivo médio de 19,5 kg e foram abatidos com
peso médio 32,2 kg. Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado, com quatro
dietas e seis repetições. Não houve efeito para as características quantitativas analisadas em
função dos níveis de CAI utilizados. O rendimento biológico médio foi de 56,46%. Em
relação aos cortes, houve efeito linear (P<0,01) decrescente para o peso da paleta, enquanto
para os rendimentos de cortes em relação à carcaça não houve efeito dos níveis de CAI. A
estimativa de musculosidade da carcaça sofreu efeito linear decrescente (P<0,01) para a
relação músculo: osso e área de olho de lombo. Dos tecidos constituintes da perna, a
percentagem de músculo sofreu influência decrescente, não afetando os demais tecidos. Os
níveis de CAI proporcionou menor musculosidade da carcaça, sem, no entanto afetar as
características e rendimento de cortes da carcaça de ovinos Santa Inês, podendo ser incluído
em dietas de terminação.
Palavras-chave: cortes comerciais, gossipol, musculosidade, peso vivo, rendimento de
carcaça.
53
Effect of Whole cottonseed levels on the carcass quantitative
characteristics of feedlot Santa Inez sheep
Abstract The aim of study was to evaluate the carcass characteristics, cut yields and
carcass muscularity of 24 whole Santa Inez lambs confined in individual pens and fed with
diets containing 0, 20, 30 and 40% of whole cottonseed (WCS). The mean live weights at
the beginning and at the end of the trial were 19,5kg and 32,2kg, respectively. A entirely
randomized experimental design was used with four treatments and six repetitions. No
effect (P>0.05) on the quantitative characteristics analyzed in function of the WCS levels
used was observed. The average biological yield was 56.46%. Regarding the cuts, a
decreasing linear effect (P<0.01) for shoulder weight was observed, while the WCS levels
did not influence the yields of cuts percentage. The whole cottonseed levels did not
influence (P>0.05) the quantitative carcass characteristics significantly. The estimated
carcass muscularity index presented decreasing linear effect (P<0.01) for the muscle:bone
ratio and loin eye area. In relation to tissues that compose the leg, the muscle percentage
decreased, however, the other tissues remained unchanged. The WCS levels it provided
smaller muscularity of the carcass, without however to affect the characteristics and dresing
of cuts of the lambs carcass Santa Inez, could be included in termination diets.
Key words: commercial cuts, gossypol, muscularity, live weight, carcass dressing
54
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, verifica-se nos últimos anos, um aumento significativo na demanda de
carne ovina, principalmente nos grandes centros urbanos, o que tem impulsionado a
produção de animais para abate, levando a expansão da ovinocultura. A produção de carne
depende, em grande parte, do processo de crescimento, uma vez que o produto carne resulta
do crescimento dos tecidos corporais. Vários são os fatores que influenciam a composição
tecidual e, conseqüentemente, o crescimento animal, com destaque para a nutrição, tendo
em vista que a produtividade é influenciada pela qualidade e quantidade de nutrientes
consumidos. O nível nutricional ao qual o animal está submetido exerce grande influência
sobre o rendimento da carcaça e de seus cortes e sobre a proporção dos tecidos nos mesmos.
Os ovinos apresentam características produtivas diferentes das dos bovinos tais
como: melhor qualidade de carne, maiores rendimentos de carcaça e eficiência de produção
devido a sua alta velocidade de crescimento, as quais devem ser valorizadas para maximizar
a produção de carne. Porém no Brasil e especialmente no Nordeste a produção e
comercialização da carne ovina ainda encontram-se desorganizada, apresentando baixa
oferta, prejudicando consequentemente o crescimento no consumo.
Segundo dados do IBGE (2006), o Nordeste possui um efetivo ovino de
aproximadamente 8.712.000 animais, representando 57,86 % do rebanho nacional. Esse
rebanho é composto, na maioria, por animais deslanados e semi-lanados sendo os sem raça
definida a grande maioria, seguido das raças Santa Inês, Morada Nova e Somalis Brasileira,
Cezar (2004).
A prática do confinamento de ovinos tem despertado interesse de muitos criadores
como ferramenta para intensificarem seus sistemas de produção, visando, manter a
regularidade na oferta de carne e peles durante o ano para atender o mercado nacional,
Medeiros (2006).
55
Nos dias atuais, a qualidade da carne está relacionada com a saúde e o gosto do
consumidor e este parâmetro pode ser afetado por diferentes fatores como alimentação,
idade e peso de abate, o sexo e o genótipo. O peso e idade de abate ideal variam muito entre
as raças ovinas; no entanto, deve-se procurar abater animais jovens, com características de
carcaça que atendam as exigências do consumidor, pois com o avançar da idade, o animal
tende a depositar menor quantidade de proteína, enquanto a de lipídio aumenta Macedo et
al. (2000).
O rendimento de carcaça é uma característica diretamente relacionada à produção de
carne e pode variar de acordo com fatores intrínsecos e /ou extrínsecos ao animal. Dentre
esses fatores, encontram-se a genética, sexo, peso de abate e idade, alimentação e tipo de
jejum, Osório (1996).
Com a maior demanda por alimentos para compor as rações formuladas para as
diversas categorias animais da ovinocultura aumenta a procura por produtos que permitam
bom desempenho animal e economia nos sistemas intensivos de produção. Em função
disso, a utilização de alimentos alternativos vem se destacando como bons componentes
energéticos para ração de ruminantes.
O caroço de algodão é uma ótima alternativa para o uso em confinamento de
ruminantes, devido ser um alimento com teor de proteína de alto valor biológico e de alto
teor de energia, facilitando a formulação de dietas de custo mínimo. Outra vantagem seria
que a gordura contida na carne produzida poderia ter um perfil mais insaturado, devido a
grande parte da energia desse alimento estar na forma de gordura, promovendo menor
incremento calórico, resultando em melhor conversão alimentar, Medeiros et al. (2005).
Com este trabalho, objetivou-se avaliar o efeito de dietas contendo diferentes níveis
de caroço de algodão integral sobre as características quantitativas da carcaça e rendimento
de cortes de ovinos Santa Inês.
56
2. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida na Estação Experimental Pendência da Empresa Estadual
de Pesquisa Agropecuária da Paraíba, na microrregião do cariri paraibano no município de
Soledade-PB, situada a 7º 8’ 18 S, 36º 27’ 2” W.Gr e altitude em torno de 534m,
temperatura media ao longo do ano de 30º C e umidade relativa do ar de 68%. O clima da
região é classificado como semi-árido quente, de 7 a 8 meses seco, com chuvas de verão, e
precipitação média anual de 350 a 600 mm/ano.
O caroço de algodão utilizado nesta pesquisa foi proveniente da fazenda Mizote
São Desidério -Estado da Bahia, caracterizado como tipo comercial “caroço de algodão
branco”, com alto conteúdo de fibra, adquirido junto ao comércio local, assim como o
milho, a soja e minerais. O feno de Tifton-85, adquirido junto a Agropecuária Laranjeiras,
no Rio Grande do Norte, e a palma forrageira (Opuntia fícus indica Mill), cultivar gigante,
fornecida pela Estação Experimental Pendência –Emepa -PB.
Foram utilizados 24 ovinos da raça Santa Inês, machos, com peso vivo médio inicial
de 19,5 kg e idade de quatro meses, os quais foram distribuídos ao acaso às dietas
experimentais com quatro dietas e seis repetições. Após realização das medidas sanitárias,
os animais foram alojados em baias individuais medindo 0,80 x 1,20 m, providas de
comedouros e bebedouros, dispostas em um galpão de alvenaria. O período experimental
foi de 70 dias precedido de 14 dias para adaptação ao manejo e as dietas. As pesagens dos
animais ocorreram a cada 14 dias a partir do início do experimento.
As dietas (Tabela 1) foram formuladas com a inclusão de veis crescentes de
caroço de algodão (CAI) (0; 20; 30 e 40%) com base na matéria seca, e constituídas de
palma forrageira, feno de Tifton-85, milho triturado, farelo de soja, uréia e minerais,
balanceada segundo NRC (1985), visando atender as exigências de proteína e energia
57
metabolizável dos animais para ganho de 150 grama/dia. A ração foi fornecida com base
em 5% do peso vivo animal, distribuída em duas refeições diárias às 8 e às16 horas e as
sobras existentes foram pesadas e registradas na manhã do dia seguinte. Amostras das
dietas e sobras foram coletadas semanalmente, processadas e armazenadas para posteriores
análises. As análises foram realizadas no laboratório de Nutrição Animal da UFPB.
Tabela 1- Composições percentual e bromatológica das dietas experimentais com diferentes níveis
de caroço de algodão integral (CAI), em porcentagem da matéria seca (% MS)
Table 2 – Percentile composition and chemical of the experimental diets with different whole cottonseed
levels, in percentily with dry matter basis (%DM
)
Ingredientes, % de MS
(Ingredients, % of DM
)
Níveis de caroço de algodão, (%)
(Whole cottonseed levels ,( %)
00 20 30 40
Feno de capim Tifton 85 (Tifton hay) 33,10 30,50 36,60 31,20
Grão de milho moído (Grounded Corn) 32,60 21,60 6,40 -
Farelo de soja (Soybean meal) 7,80 - - -
Caroço de algodão (Ccotton seedl) 00 20,00 30,00 40,00
Palma forrageira (forage cactus) 24,40 25,00 25,20 25,80
Uréia ( Urea) 1,10 1,00 0,80 0,50
Calcário calcítico (Limestone) 0,50 1,40 0,50 2,00
Mistura mineral
1
(Mineral mix) 0,50 0,50 0,50 0,50
Composição
(
Composition)
Matéria seca, MS % (Dry matter, DM) 31,40 30,90 30,80 30,30
Proteína bruta,PB % (Crude protein,CP) 15,00 15,00 15,90 16,70
Extrato etéreo, EE % ( Ether extract,,EE) 2,90 6,00 7,40 9,00
Fibra em detergente neutro corrigida para proteína, FDNp%
(Neutral detergent fiber corrected of protein,NDFp)
36,40 41,60 49,60 49,60
Fibra em detergente ácido, FDA%
( acid detergent fiber ADF)
19,80 24,90 30,10 31,70
Carboidratos totais, CHT %
(Total carbohydrates TCH)
75,20 71,60 70,10 66,20
Carboidratos não fibrosos ,CNF%
( Nonfiber carbohydrates, NFC )
41,00 32,30 23,20 19,40
Matéria mineral ,MM % (Mineral matter, MM) 6,90 7,40 6,60 8,10
Nutrientes digestiveis totais, NDT %
(Total digestible nutrients,TND)
66,10 66,72 65,50 66,43
Energia metabolizavel, Mcal de EM/kg de MS
Metabolizable energy, Mcal of EM/kg DM
2,39 2,40 2,37 2,40
1
Níveis de garantia (nutrientes/kg): cálcio 130 g; fósforo 70 g; magnésio 1.320 mg; ferro 2.200 mg; cobalto
140 mg; manganês 3,690 mg; zinco 4.700 mg; iodo 61 mg; selênio 45 mg; enxofre 12 g; sódio 170 g; cloro
276 g; flúor máximo 700 mg; solubilidade mínima de P
2
O
5
em ácido cítrico à 2% = 90%.
58
Ao final do período experimental, os animais foram pesados, obtendo-se assim o peso vivo
final (PVF) e submetidos ao jejum alimentar e hídrico por 18 horas,quando foram novamente
pesados para obtenção do peso de abate (PVA), objetivando a determinação do percentual de perda
de peso decorrente do jejum (PJ), que foi calculada pela fórmula: PJ (%) = (PV-PVA) x 100/PVA.
O
momento do abate os animais foram insensibilizados por atordoamento na região atla-
occipital, seguida de sangria através da secção das carótidas e jugular sendo o sangue
recolhido em balde previamente tarado e tomado seu peso. Após o abate, o conteúdo do
trato gastrintestinal foi retirado para determinação do peso do corpo vazio (PCV), e
determinação do rendimento verdadeiro, onde RV (%) = peso da carcaça quente PCQ/PCV
x 100. As determinações das características quantitativas das carcaças foram realizadas
segundo metodologia descrita por Silva Sobrinho (2001).
Após a evisceração e retirada dos constituintes não carcaças, foi obtido o peso da
carcaça quente (PCQ). Todos os constituintes o carcaça foram lavados e pesados
separadamente. Posteriormente, as carcaças foram acondicionadas em sacos plásticos e,
transportadas para uma câmara frigorífica a 4ºC, onde permaneceram suspensas pelos
tendões da perna por um período de 24 horas.
Ao final desse período, foram pesadas para determinação do peso da carcaça fria,
calculando-se então a perda por resfriamento (PR) onde PR (%) = (PCQ-PCF) x 100/PCQ.
Em seguida, foram retirados os rins e gorduras renal e pélvica, as quais foram subtraídas da
carcaça quente e fria, quando então foi calculado o rendimento de carcaça quente (RCQ,%)
que é a razão entre (PCQ/PVA x 100) e de carcaça fria (RCF, %= PCF/PVA x 100).
A musculosidade da carcaça foi estimada de forma indireta, onde ao invés de
realizar a separação dos ossos, músculos e gorduras na carcaça inteira, foram utilizados três
outros parâmetros que guardam uma alta correlação: índice de musculosidade da perna,
relação músculo/osso da perna e área de olho de lombo (AOL).
59
Na meia-carcaça direita, realizou-se um corte transversal entre 12ª e 13ª costelas,
expondo a secção transversal do músculo Longissimus dorsi cuja área foi tracejada, por
meio de caneta apropriada, sobre uma película plástica transparente para a determinação da
área de olho de lombo (AOL). Para tanto, foram obtidas, por meio de régua, a largura
máxima (A) e a profundidade máxima (B) para serem utilizadas pela fórmula: AOL =
(A/2*B/2) π segundo Silva Sobrinho (1999) e, assim, determinar sua área.
A espessura de gordura de lombo (EGL) foi medida com um paquímetro, obtida a ¾
de distância a partir do lado medial do músculo Longissimus lumborum, para o seu lado
lateral da linha dorso-lombar. O índice de musculosidade da perna dos cordeiros foi
estimado pela dissecação dos tecidos da perna. A perna, após ter sido pesada, foi
acondicionada em saco de plástico e congelada em freezer (-20°C). Posteriormente, foi feita
a separação do tecido muscular, ósseo e adiposo, e em seguida a medição do osso do fêmur
para o cálculo do índice de musculosidade da perna, segundo a metodologia descrita por
Purchas et al. (1991).
CF
CFMP
IMP
/5
=
Em que:
IM= Índice de musculosidade da perna
P5M= Peso dos cinco músculos (Bíceps femural, Quadríceps femural,
Semimembranoso, Semitendinoso e Adutor), em gramas.
CF= Comprimento do fêmur, em centímetros.
A meia carcaça direita foi subdividida em seis regiões anatômicas, as quais foram
pesadas individualmente (pescoço, perna, paleta, lombo, costilhar, e serrote) para
determinação das porcentagens que estas representavam em relação ao todo, segundo
metodologia proposta pela Embrapa (1994).
60
Foram obtidos os seguintes cortes: o pescoço constitui a região compreendida entre
a e vértebra cervicais; paleta, região obtida pela desarticulação da escapula; costilhar
compreende a seção entre a e 13ª vértebra torácicas; lombo correspondeu à região entre a
e a vértebras lombares; perna, obtida pela secção entre a ultima rtebra lombar e a
primeira sacra; e o serrote, obtido pelo corte em linha reta, iniciando-se no flanco ate a
extremidade cranial do manúbrio do esterno.
O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado, com quatro
tratamentos e seis repetições, fazendo-se a interpretação estatística dos resultados por meio
de análise de variância e a análise de regressão em função dos níveis de CAI na dieta. As
análises foram realizadas com o auxílio do programa Statistical Analysis System (SAS),
descrito pelo SAS INSTITUTE (1999).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 podem ser visualizadas as médias, equação de regressão, coeficientes de
variação (CV) e determinação (R
2
) das características de carcaça de ovinos alimentados com
diferentes níveis de caroço de algodão integral na dieta. Verifica-se que não houve
influência dos níveis de CAI (P>0,05) sobre as características PCV, PCQ, PCF, RCQ e
RCF, cujas médias foram de 27,17; 15,35; 15,02 kg; 47,64 e 46,60%, respectivamente, no
entanto observa-se um ligeiro decréscimo com a inclusão do CAI, reflexo dos pesos de
abate. Também, Santos et al. (2006) obtiveram valores de 46,28 e 45,70% para rendimentos
de carcaça quente e fria em ovinos Santa Inês terminados com ração a base de granola em
grãos e seus subprodutos.
61
O peso corporal está altamente correlacionado com o peso da carcaça, conforme
observaram Martins et al. (2000), em cordeiros, 96,04% da variação no peso da carcaça
devem-se a variação no peso corporal. Garcia et al. (2000) obtiveram RCQ de 53,1% em
cordeiros Santa Inês confinados, enquanto Santos (1999) observou RCQ de 48,0%, RCF de
47% em ovinos Santa Inês recebendo 80% de concentrado.
Resultados similares ao desta pesquisa foram obtidos por Urano (2005) alimentando
cordeiros Santa Inês com níveis crescentes de grão de soja na dieta, este autor não verificou
diferenças significativas para as variáveis RCQ, RCF e PR, com médias de 48,9; 47,7 e
2,4%, respectivamente. Também Moletta et al. (1999) utilizando CAI na terminação de
bovinos de corte não observou influência desse alimento sobre as características de carcaça.
Tabela 2 - Médias, equações de regressão, coeficientes de variação (CV) e de determinação (R
2
),
das características de carcaça de ovinos Santa Inês alimentados com diferentes níveis de caroço
de algodão integral na dieta.
Table 2 –Means equations of regressions and determination (R
2
), coefficients of variation (CV) of carcass
characteristics of Santa Ines sheep fed wiht different whole cottonseed levels in diet.
Variáveis
(Variables)
Níveis de caroço de algodão (%)
Whole cottonseed levels (%) Ŷ R
2
CV
0 20 30 40
Peso vivo jejum, kg
(Fasting lw),kg
35,17 34,58 32,08 33,88 Ŷ=33,93 - 5,60
Peso vivo abate, kg
(Slaughter lw), kg
33,50 32,66 30,41 32,16 Ŷ=32,18 - 6,28
Perda ao jejum, kg
(Fastin
g losses), %
4,75 5,57 5,21 5,07 Ŷ=5,15 - 19,60
Peso do corpo vazio, kg
(Empty body weight), kg
28,22 27,57 26,02 26,86 Ŷ=27,17 - 7,10
Conteúdo do tgi, kg
D
igestive tract
c
ontent),k
g
5,27 5,10 4,40 5,30 Ŷ=5,01 - 21,66
Peso da carcaça quente,kg
(H
ot carcass weight), kg
16,35 15,48 14,41 15,16 Ŷ=15,35 - 7,48
Peso da carcaça fria, kg
(Cold carcass weight), kg
15,95 15,25 14,11 14,78 Ŷ=15,02 - 8,40
Rend. de carcaça quente, %
(Hot carcass dressing), %
48,80 47,38 47,31 47,05 Ŷ=47,64 - 4,08
Rend. de carcaça fria, %
(
Cold carcass dressing),
%
47,58 46,65 46,28 45,90 Ŷ=46,60 - 3,81
Rend. verdadeiro %
( True dressing), %
57,87 56,07 55,48 56,40 Ŷ=56,46 - 4,27
Perda por resfriamento,%
(Cooling losses), %
2,45 1,47 2,07 2,41 Ŷ=2,10 - 36,37
TGI-trato gastrointestinal ; TGI Digestive tract content
62
Trabalhos que avaliaram teores e fontes de gordura também não verificaram
diferenças nas carcaças. Kandylis et al. (1998), em cordeiros Karagouniko, alimentados
com níveis crescentes de caroço de algodão (5, 10, 15, 20 e 30%) na dieta, abatidos com 30
kg de peso vivo, não apresentaram diferenças entre os tratamentos para os RCQ e RCF,
sendo as médias de 48,2 e 46,7%, respectivamente, similares aos resultados obtidos neste
estudo.
A perda por resfriamento expressa a diferença de peso após o resfriamento da
carcaça, estando em função, principalmente da quantidade de gordura de cobertura e da
perda de umidade. As perdas de peso por resfriamento (PR) variaram de 1,47 a 2,45%, com
média de 2,10%, valores considerados normais de acordo com a literatura consultada,
Osório et al. (1999); Cartaxo (2006).
Segundo Martins et al. (2000), em ovinos, de forma geral, os índices de perda por
resfriamento estão em torno de 2,5%, podendo ocorrer oscilação entre 1 a 7%, de acordo
com a uniformidade da cobertura de gordura, sexo, peso, temperatura e umidade relativa da
câmara fria. Contudo, as perdas por resfriamento observadas neste estudo foram menores do
que as de 2,92 e 2,96% citadas por Neres et al. (2001) em cordeiros com peso de carcaça
quente variando de 13,17 a 13,45 kg, respectivamente, do que 4,91%, 3,04%, 4,30% e
3,34% observadas por Siqueira et al. (2001a), com cordeiros abatidos com diferentes pesos
vivo; 28, 32, 36 e 40 kg, respectivamente; e Motta et al. (2001), que obtiveram 4,86% de
média, avaliando cordeiros com peso de carcaça quente 13,41 kg. Provavelmente as
menores perdas verificadas nessa pesquisa seja resultado do envolvimento das carcaças em
sacos plásticos durante o período de resfriamento.
Para o rendimento biológico ou verdadeiro, os valores observados foram 57,87;
56,07; 55,48 e 56,40 %. Observa-se que não houve influência do nível de CAI sobre esta
variável, sendo esses valores superiores aos encontrados por Cartaxo (2006) com ovinos
63
Santa Inês alimentados com 40% de feno de maniçoba na dieta e abatidos em duas
condições corporais: média e gorda, que obteve 48,16 e 49,71%, respectivamente. Valores
semelhantes aos do presente estudo foram relatados por Santos et al. (2006), que obtiveram
56,19% em cordeiros Santa Inês alimentados com grãos e subprodutos da granola. Também
Alves et al. (2003), avaliando características de carcaça em ovinos Santa Inês, com pesos de
abate semelhantes ao desse estudo, obtiveram rendimento médio de 55,28%; portanto,
similares aos destes ensaios.
Na Tabela 3 estão apresentados os resultados relativos à composição regional dos
principais cortes e da meia carcaça dos cordeiros. Analisando-se os valores, observou-se
que os mesmos não foram influenciados pelos veis de caroço de algodão na dieta, com
exceção da paleta que apresentou efeito linear decrescente (P<0,01), embora tenha ocorrido
ligeira de superioridade da dieta controle em relação às demais.
Tabela 3 Médias, equações de regressão, coeficientes de variação (CV) e determinação (R
2
) obtidos
para peso da meia carcaça e dos cortes comerciais da carcaça de ovinos Santa Inês
alimentados com diferentes níveis de caroço de algodão integral na dieta
.
Table 3– Means equations regressions, coefficients of variation (CV) and determination (R
2
) for half
carcass weight and commercial cuts of the Santa Ines sheep carcass fed with different
whole cottonseed
levels in diet.
Peso dos cortes (kg)
Cuts of weight (kg)
Níveis de caroço de algodão integral (%)
Whole cottonseed levels (%)
Ŷ R
2
CV
0 20 30 40
Peso da meia carcaça fria, kg
(Half cold carcass sweihgt)
kg
7,65 7,25 6,68 7,08 Ŷ=7,16 - 8,57
Perna,kg (Leg), 2,460 2,270 2,140 2,180 Ŷ = 2,27 - 8,77
Paleta, kg (Shoulder) 1,530 1,390 1,340 1,360 Ŷ =1,5116- 0,0047**X 0,83 7,87
Lombo, kg (Loin) 0,775 0,793 0,733 0,745 Ŷ =0,761 - 12,07
Costilhar, kg (Rib) 1,350 1,225 1,233 1,182 Ŷ = 1,247 - 16,0
Serrote, kg (Riblet ) 0,893 0,901 0,772 0,847 Ŷ = 0,854 - 10,15
Pescoço, kg ( Neck ) 0,615 0,575 0,473 0,520 Ŷ = 0,545 - 18,60
Rendimento dos cortes, %
Cuts of dressing
Perna, % (Leg) 32,16 31,41 32,14 30,81 Ŷ = 31,63 - 3,67
Paleta, % (Shoulder) 20,0 19,3 21,7 19,3 Ŷ = 20,0 - 4,98
Lombo, % (Loin) 10,20 10,92 10,96 10,51 Ŷ= 10,65 - 9,72
Pescoço, % (Neck) 8,07 7,92 7,12 7,32 Ŷ= 7,61 - 17,21
Costilhar, % (Rib) 17,60 16,81 18,31 16,73 Ŷ= 17,36 - 7,72
Serrote, % (
Riblet)
11,70
12,43
11,54
11,97
Ŷ= 11,91
-
6,26
**
Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F - Significant at 1% of probability,by F test
64
Esses resultados podem ser atribuídos ao fato dos animais terem sido abatidos com
pesos vivos semelhantes. O que corrobora com Osório (2002), citado por Medeiros (2006),
este autor reporta que quando as carcaças apresentam pesos e quantidade de gordura
semelhante, quase todas as regiões do corpo têm proporções semelhantes, independente da
raça. Os valores observados neste estudo estão próximos aos verificados por Frescura
(2003), que testou diferentes sistemas alimentares na terminação de cordeiros Ile de France
x Texel e verificou valores médios de 33,31% para perna, 19,17 % para paleta, e 9,05 %
para pescoço. Os valores para peso de paleta deste estudo estão em conformidade com os
obtidos por Rosa et al. (2002) e Osório et al. (2002), que constataram crescimento muscular
precoce na paleta em relação aos demais componentes da carcaça.
De acordo com Pilar (2002), os distintos cortes que compõe a carcaça possuem
diferentes valores econômicos e a proporção dos mesmos constitui um importante índice
para a avaliação comercial da carcaça. Entretanto a literatura aponta uma grande variação
nesses valores em função de fatores como: genética, sexo, peso vivo, tipo de dieta e número
de horas em jejum.
Das variáveis analisadas, a perna apresentou maior rendimento, em relação à meia
carcaça, devido ser o corte com maior musculosidade; entretanto, não sofreu influência dos
níveis de CAI testados, seguido da paleta cujos valores foram 20,0; 19,3; 21,7 e 19,3%.
Estes resultados evidenciam o efeito da dieta, principalmente do nível de energia, as quais
foram isoenergéticas (Tabela 1). No entanto a perna e a paleta são os cortes de maior
rendimento, em virtude de ser os que mais possuem tecido muscular, quando comparado
aos demais.
Resultados similares foram obtidos por Alves et al. (2003), com ovinos Santa Inês
para os cortes de lombo e paleta, e Medeiros (2006), com ovinos Morada Nova para perna,
costelas paleta e lombo. Também, Furusho-Garcia et al. (2003) não constataram diferenças
65
significativas em ovinos Santa Inês e outros grupos genéticos para o peso da perna e o peso
do lombo. Zapata et al. (2001) relataram que os cortes de maior valor comercial das
carcaças ovinas são: a perna, o lombo e a paleta.
Yamamoto et al. (2004) incluíram fontes de gordura em rações de cordeiros Santa
Inês e mestiços Santa Inês x Dorset abatidos com 30 kg e não observaram diferenças no
rendimento dos cortes: perna, paleta e lombo em relação à dieta controle, com médias de
35,5; 18,8 e 9,3% do PCF, respectivamente.
Os valores observados neste estudo estão próximos aos verificados por Frescura et al.
(2003), o qual testando diferentes sistemas alimentares na terminação de cordeiros Ile de
France x Texel, obteve média de 33,31% para perna, 19,17 % para paleta e 9,05% para
pescoço. Analisando-se os cortes, considerados nobres, perna e lombo, em termos
percentuais em relação à meia carcaça, verifica-se que estes representaram, em média, 42,2%
do valor comercial da carcaça.
Tão importante quanto a composição regional da carcaça, é sua composição
tecidual, pois a carcaça, através de seus diversos cortes comerciais, apresenta partes
comestíveis e não comestíveis, sendo que dentre as não comestíveis, os ossos perfazem a
maior parte. O excesso de gordura, embora comestível, é de pequeno valor comercial e, em
determinados casos, indesejável.
Muitos métodos foram desenvolvidos para estimar a composição da carcaça, embora
a separação física completa da carcaça seja um dos mais precisos, tem a desvantagem de ser
muito trabalhosa. Todavia, alguns métodos como área de olho de lombo, índice de
musculosidade da perna, relação músculo: osso da perna e composição tecidual de
determinado corte da carcaça, como a perna e paleta, tem resultado em boas estimativas da
composição tecidual das carcaças ovinas Cezar (2004).
66
Os músculos de maturidade tardia são indicados para representar o desenvolvimento
e tamanho do tecido muscular, e o Longissimus dorsis, cuja medição é conhecida como área
de olho de lombo (AOL), é o mais indicado, pois apresenta amadurecimento tardio e é de
fácil mensuração Sainz (1996).
Na Tabela 4 estão apresentadas as médias dos principais parâmetros que melhor
expressam o grau de musculosidade da carcaça, que são: relação músculo:osso da perna,
Índice de musculosidade da perna e área de olho de lombo (AOL). A medida da área de
olho de lombo realizada no músculo longissimus tem se mostrado diretamente ligada ao
total de músculos na carcaça, enquanto a espessura de gordura subcutânea esta relacionada
ao total de gordura na carcaça e indiretamente relacionada à quantidade de músculos, uma
vez que quanto maior o acúmulo de gordura menor a proporção de músculos Forrest et al.
(1975). Foi observado efeito linear decrescente (P<0,01) para a AOL. A equação de
regressão mostra que houve decréscimo de 0,063cm
2
para cada unidade de aumento no
nível de caroço de algodão na dieta. Fato também observado para a relação músculo:
gordura que apresentou efeito linear decrescente (P<0,05), podendo se inferir que o tipo de
gordura do CAI não promoveu deposição de tecido gorduroso na carcaça.
Brito (2002) encontrou AOL de 11,1 cm
2
e EG 1,8 mm, em cordeiros Santa Inês
com peso vivo de 30,0kg, e carcaça fria de 13,74 kg. Bueno et al. (1997), avaliando a AOL,
verificaram uma relação linear positiva com o peso ao abate e correlação com a
porcentagem de ossos, evidenciando a validade de sua utilização como indicador de porções
comestíveis da carcaça. Siqueira & Fernandes (2001b) encontraram, em ovinos terminados
em confinamento abatidos com 30 e 32 kg, valores de 8,51 e 9,44 cm
2
, valores próximos
aos do presente ensaio que variaram de 8,6 a 11,2 cm
2
, com a dieta controle apresentando
valor superior em relação às demais. Urano (2005) que obteve 14,8 cm
2
e 1,5 mm para
67
AOL e EG, respectivamente, com cordeiros Santa Inês alimentados com níveis crescentes
de soja grão; portanto, superiores aos do presente trabalho.
Tabela 4 - Médias, equações de regressão, coeficientes de variação (CV) e determinação (R
2
) obtidos para a
composição tecidual da carcaça de ovinos Santa Inês em função de diferentes níveis de caroço de
algodão integral na dieta.
Table -4 Means equations regressions, coefficients of variation(CV) and determination (R
2
) obtained for
composition tissue of the carcass of Santa Inez sheep in function of different cotton seed levels in
the diet
Níveis de caroço de algodão integral %
Whole Cottonseed levels % Ŷ R
2
CV
Musculosidade da
carcaça
Muscle of carcass
00 20 30 40
Relação
músculo:osso
Muscle:bone ratio
6,17 5,52 5,27 4,99 Ŷ= 6,153 - 0,0295**X 0,89 9,32
Relação músculo:
gordura, Muscle:fat
ratio
13,20 8,72 8,77 7,88 Ŷ =12,811 – 0,0475*X 0,83 8,20
Índice de
musculosidade da
perna
0,30 0,27 0,29 0,28 Ŷ = 0,28 - 7,14
Área de olho de
lombo, cm
2
Loin eye
area cm
2
11,30 9,22 9,52 8,60 Ŷ= 11,0662- 0,063**X 0,87 13,70
Espessura de gordura
de coberuta, mm
Fat of hickness,mm
1,0 1,17 1,17 1,08 Ŷ = 1,1 - 23,75
Tecidos constituintes
da perna% Tissues
constituition of leg %
Músculo , Muscle 67,10 63,51 64,02 62,23 Ŷ =66,770- 0,1135**X 0,88 3,10
Osso, Bone 23,08 24,03 25,07 24,92 Ŷ=24,3 - 6,11
Gordura , Fat 5,13 7,30 7,30 7,90 Ŷ = 6,90 - 24,6
Outros* , Others
4,70 5,10 3,60 4,90 Ŷ = 4,60 - 41,3
*Outros: vasos sanguíneos, nervos e tendões ; Others: blood vessels, nerves and tendons
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F - Significant at 1% of probability,by F test
A gordura de cobertura, também conhecida como espessura de gordura (EG), pode
ser avaliada de forma objetiva ou subjetiva, e é utilizada como medida de acabamento
externo e medida indireta de musculosidade da carcaça em função da correlação negativa
existente entre ambas. Quando em excesso interfere no valor comercial da carcaça; no
entanto, é necessário um mínimo de EG para proteção da carcaça de forma a minimizar as
perdas de água durante o processo de resfriamento e conservação Macedo et al. (2000).
68
O valor para a espessura de gordura de cobertura obtido neste trabalho foi de 1,1
mm, como média das dietas, podendo ser considerado baixo, não proporcionando boa
cobertura de gordura nas carcaças, motivo pelo qual as carcaças foram protegida com sacos
plásticos no processo de resfriamento; uma vez que essa gordura contribui positivamente
protegendo a carcaça da desidratação e escurecimento dos músculos.
Pela classificação de Silva Sobrinho (2001), as carcaças deste estudo foram
classificadas como de gordura escassa, que variam de (1 a 2 mm de espessura), sendo a
média obtida de 1,1mm, podendo a mesma esta relacionada a idade dos animais ou ao
processo de retirada do couro, provavelmente parte dessa gordura tenha sido removida com
a pele. Resultado semelhante foi obtido por Santos et al. (2006) em ovinos Santa Inês
alimentados com grãos e subprodutos da granola.
A gordura proveniente da ração tende a promover sua deposição na carcaça do
animal, contudo, apresenta grande variação, podendo ser influenciada pelo tipo de gordura,
consumo, estado fisiológico e categoria animal. Neste ensaio devido ao fato dos animais
encontrarem-se em fase de crescimento, tipo de gordura da dieta ou ao curto período de
confinamento não houve deposição desse tecido na carcaça. Trabalhos que utilizaram
gordura protegida na forma de caroço de algodão, na terminação de bovinos, também não
verificaram influência do CAI sobre a espessura de gordura de cobertura Aferri (2005);
Huerta-Leidenz et al. (1991). Fato também verificado por Ngidi et al. (1990), estes autores
observaram que o uso da gordura protegida não afetou a EG na carcaça, mesmo quando o
peso da carcaça diminui.
Segundo Rosa et al. (2002), o crescimento do tecido muscular é caracterizado, até o
momento antes do nascimento, pelo aumento do número de células e, após o nascimento,
pelo aumento do tamanho das células. Percentuais de músculo similares foram citados por
69
Bueno et al. (1998) em cordeiros Sulffolk com peso vivo ao abate variando de 31,6 a 32,0
kg.
Em carcaças de cordeiros Santa Inês abatidos em diferentes condições corporais,
Cartaxo (2006) encontrou valores de índice de musculosidade de 0,32; 0,38 e 0, 40,
respectivamente, para a condição magra, média e gorda, sendo estes valores superiores aos
verificados nessa pesquisa cujas médias foram 0,30; 0,27; 0,29 e 0,28 para os níveis de
caroço de algodão (0, 20, 30 e 40%, respectivamente, conforme apresentado na Tabela 4.
Esses resultados estão de acordo com as afirmações de Silva Sobrinho et al. (2005)
preconizam que as medidas de musculosidade da perna podem não diferir, mesmo quando
diferenças na quantidade de músculos, decorrentes das variações no comprimento do
osso por causa da idade dentro de uma mesma raça.
Alguns trabalhos como os de Abdullah et al. (1998) e Silva & Portugal (2001),
indicam o índice de muscularidade da perna como alternativa para estimar da composição
tecidual da carcaça. Segundo Purchas et al. (1991) e Abdullah et al. (1998), a muscularidade
da perna é uma medida correlacionada com a deposição de gordura e com a relação
músculo: osso, esta composição tecidual pode variar devido a fatores genéticos e ambientais
tais como idade, raça, peso vivo e dieta.
A separação física dos componentes da carcaça avaliado através do corte da perna
mostrou que os animais alimentados com (CAI) apresentaram menor porcentagem de
músculos em relação a dieta controle, e semelhantes de osso e gordura entre as dietas. A
estimativa da musculosidade da carcaça sofreu influencia decrescente (P<0,01) dos níveis
de caroço de algodão para a relação músculo: osso e área de olho de lombo.
Em ordem de prioridade, os tecidos que se acumulam, de acordo com a maturidade
fisiológica, são o ósseo, o muscular e o adiposo. Vários trabalhos têm mostrado
desenvolvimento precoce do tecido ósseo, tardio do tecido adiposo e intermediário do
70
tecido muscular. A relação músculo: osso decresceu na proporção de 0,0295 para cada
unidade de aumento do algodão na dieta, sendo a menor observada na dieta com 40%,
contudo a gordura de cobertura que está relacionada ao total da gordura na carcaça não foi
afetada pelo tipo de alimento utilizado.
Em relação aos tecidos constituintes da perna apenas o músculo foi influenciado
pelos níveis de caroço de algodão, apresentando efeito linear decrescente em relação aos
demais constituintes. Os valores médios de 64,22; 24,28; 6,90 e 4,57 %, para músculo,
osso, gordura e outros tecidos respectivamente, encontrados neste estudo são similares aos
de Osório et al. (1999), que observaram, na perna de cruzas de cordeiros Hampshire Down
x Corriedale abatidos aos 150 dias de idade, e peso de 30,6kg uma proporção média de
69,10% de músculo, 24,10% de gordura e 6,67% para gordura.
A quantidade relativa de músculo sofreu influência das dietas experimentais,
enquanto a proporção de osso, gordura e outros tecidos na carcaça não foi afetada pela dieta
fornecida. No entanto, os animais que receberam caroço de algodão, tenderam a apresentar
maiores proporções de osso e gordura na carcaça fria, em relação aos alimentados com a
dieta controle. O diferente ímpeto de crescimento dos tecidos corporais justifica tal fato.
Em ordem de prioridade, os tecidos que se desenvolvem, de acordo com a maturidade
fisiológica, são o ósseo, o muscular e o adiposo. Vários autores têm observado
desenvolvimento precoce do tecido ósseo, tardio do tecido adiposo e intermediário do
tecido muscular. No presente estudo observou-se decréscimo na percentagem de músculos,
assim como na relação músculo: osso, e músculo: gordura em função das dietas, sem afetar,
no entanto o índice de musculosidade da perna.
71
4. CONCLUSÕES
O uso de caroço de algodão nos níveis avaliados proporcionou menor
musculosidade de carcaça, demonstrada pela relação músculo: osso, músculo: gordura e
área de olho de lombo.
Nos níveis estudados, o caroço de algodão não influenciou as características e
rendimentos de cortes das carcaças de ovinos Santa Inês.
5.
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76
CAPÍTULO 4
Efeito do uso de caroço de algodão integral em rações de ovinos sobre a
qualidade do sêmen
RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade do sêmen de carneiros da raça
Santa Inês, alimentados com dietas contendo 0, 20, 30 e 40% do caroço de algodão integral.
Durante nove meses, procedeu-se o exame andrológico mensal, consistindo de mensurações
dos testículos e avaliação das características físicas do sêmen, sendo este obtido por meio
de eletro-ejaculação. Foram determinadas as seguintes variáveis: circunferência escrotal
(CE); no ejaculado, o volume, aspecto e cor, motilidade progressiva (MP), vigor,
movimento de massa (MM) e concentração espermática total (spzX10
9
). Os dados foram
analisados como um delineamento inteiramente casualizado com quatro dietas e cinco
repetições. A CE não variou entre as dietas ao longo do período (P>0,05), com média de
31,83 cm. Os testículos apresentaram-se sem anomalias, simétricos, móveis, de consistência
túrgido-elástica e ausência de sensibilidade. Os animais que receberam os níveis 30 e 40%
do caroço de algodão na dieta, tiveram ingestão média de 9,20 e 11,50 mg de
gossipol/kgPV, respectivamente, e tenderam a apresentar o sêmen de coloração
esverdeada, com aspecto variando de cremoso fino a aquoso. Para as características
microscópicas do sêmen não houve influência do caroço de algodão sobre o volume,
movimento de massa e concentração espermática total. A MP decresceu linearmente
(P<0,05) com aumento do nível de caroço de algodão. O vigor apresentou comportamento
quadrático (P<0,05), sendo o ponto de máxima observado de 3,3 pontos. Os defeitos totais
apresentaram efeito linear crescente para os níveis do caroço de algodão na dieta. O caroço
de algodão integral na ração para ovinos afetou a motilidade progressiva e vigor dos
espermatozóides, não devendo ser usado em dietas de animais destinados à reprodução.
Palavras Chave: andrológico, circunferência escrotal, gossipol, carneiro, reprodução,
motilidade espermática.
77
Effect of the use of whole cottonseed in sheep rations on the quality of
semen
Abstract: The objective of this study was to evaluate the quality of semen of Santa Inez
sheep fed with diets containing 0; 20; 30 and 40% of the cotton seed. During nine months,
andrological exams were monthly performed, consisting of testicle measurements and
physical evaluation of the semen characteristics, obtained through electro-ejaculation. The
following variables were determined: scrotal circumference (SC); and in the ejaculated,
volume, aspect and color, progressive mobility (PM), vigor, mass movement (MM) and
total spermatic concentration (spzX109). The data were analyzed as a entirely randomized
design with four diets and five repetitions per diet. SC remained unchanged between diets
along the period (P>0.05) with average of 31.83 cm. The testicles presented no anomalies,
symmetrical, movables, with elastic-turgid consistence and absence of sensibility. The
animals that received cotton seed levels of 30 and 40% in the diet presented average
ingestion of 9.20 and 11.50 of gossypol mg/kg LW, respectively, and tended to present the
semen of greenish coloration, with aspect ranging from fine creamy to aqueous. The
microscopic characteristics of the semen reveal no influence in relation to volume, mass
movement and total spermatic concentration. PM presented decreasing linear effect, with
increase on the cottonseed level and vigor, which presented quadratic behavior and the
maximum level was observed at 3.3 points. The total defects presented increasing linear
effect for the cotton seed levels in the diet. The presence of the whole cottonseed in the
ration for rams affected the progressive mobility and vigor of the spermatozoids; however
this procedure is not recommendable for males aimed at reproduction.
Key word: andrological, scrotal circumference, gossypol, ram, reproduction, spermatic
mobility
78
1. INTRODUÇÃO
O uso de derivados de algodão na alimentação animal é bastante difundido pela boa
qualidade de sua proteína e de outros componentes importantes, como o cálcio, fósforo,
ferro e vitaminas, além, do seu valor energético. Porém, um dos principais problemas
quando se utiliza o caroço de algodão ou alguns de seus derivados é quanto à presença de
um fator antinutricional, o gossipol segundo Mena et al. (2001); Santos et al. (2003) e sua
capacidade de levar à intoxicação, quando ingerido em altas doses. Sua concentração
nesses derivados esta em função do grau de extração do óleo.
A forma livre do gossipol é predominante no caroço intacto; contudo, durante o
processamento para obtenção do farelo, o gossipol presente se liga às proteínas, Calhoun et
al. (1995). Na forma ligada, é considerado menos tóxico, pois, sua absorção no trato
digestivo é diminuída, Mena et al. (2001). No entanto, existem evidências de que essa
forma ligada pode se tornar livre durante a fermentação no rúmen, Blackwelder et al.
(1998). Segundo Kerr (1989) todo gossipol contido no caroço de algodão integral se
encontra na forma livre e é prontamente absorvido após a ingestão e vai atuar
principalmente no metabolismo de aminoácidos, ligando-se às proteínas que contêm
aminoácidos livres. Os teores de gossipol nas dietas tornam-se cada vez mais importantes, à
medida que a quantidade de matéria seca ingerida pelos animais aumenta, em função do
aumento de produção.
Os estudos sobre os efeitos antinutricionais do gossipol sobre a reprodução de várias
espécies têm despertado interesses entre pesquisadores e os efeitos deletérios sobre a
motilidade espermática e a espermatogênese são registrados por uma gama de
experimentos. Ruttle (1989) cita que, entre os aspectos negativos do efeito do gossipol, está
79
a diminuição na motilidade, número de espermatozóides, além do comprometimento da
maturidade. Também, Chase et al. (1990) verificaram que esses problemas reprodutivos são
devido à degeneração do tecido testicular, o que implica na diminuição do número de
espermatozóides que atingem a maturação e aumento na porcentagem de defeitos
morfológicos.
A fertilidade e a produtividade de um rebanho estão diretamente condicionadas à
capacidade reprodutiva do macho. Assim, a libido, a produção espermática e o seu poder de
fertilização são atributos que, em conjunto, definem o grau de eficiência do reprodutor, que
está também sujeito aos fatores ambientais, entre eles, temperatura, umidade relativa do ar,
idade, nutrição e sistema de manejo, Salgueiro (1999).
No trabalho de Zahid et al. (2003), a alimentação de caprinos, utilizando-se rações
contendo gossipol, não afetou a cor, volume, atividade espermática, concentração,
porcentagem de espermatozóides mortos e índice absoluto de motilidade espermática a
37°C. Porém, aumentou (P<0,05) o pH, a motilidade espermática e a porcentagem de
espermatozóides morfologicamente anormais.
Ferreira et al. (1995), trabalhando com caprinos da raça Alpina, com idade de 12 a
24 meses, alimentada com 0, 30 e 60% de farelo de algodão na dieta, com o concentrado
fornecido na quantidade de 1% do peso vivo, não verificaram diferenças significativa entre
os tratamentos, para os parâmetros de volume, motilidade, concentração e morfologia
espermática. Estes autores concluíram que o consumo de 3,7 e 7,5 mg/kgPV/dia de
gossipol, não alteraram a qualidade do sêmen dos caprinos. Arshami & Ruttle (1989),
trabalhando com carneiros de 18 meses alimentados com dietas contendo 0 e 12% de farelo
de algodão por vinte e seis semanas, não encontraram diferença significativa entre os dois
grupos quanto ao peso vivo, volume, motilidade e concentração dos espermatozóides, mas o
percentual de espermatozóides anormais foi maior no grupo alimentado com farelo do que
80
no grupo controle. Os exames histológicos mostraram que os animais recebendo farelo de
algodão apresentaram o diâmetro do lúmen mais largo, baixo número de células de Leydig,
menor espessura na parede dos túbulos seminíferos e menor tamanho das células de Sertoli
e Leydig.
Arshami & Ruttle (1989) e Randel (1992), baseados nos resultados de seus estudos
com bovinos e ovinos, entre outras alterações no sistema reprodutor, verificaram
imotilidade dos espermatozóides, redução no número de espermatozóides normais,
chegando mesmo á condição de oligospermia ou azoospermia. Segundo Mello (2004)
reprodutores consumindo dietas com presença de gossipol possa se tornar estéreis; embora,
esse efeito seja reversível com a interrupção do fornecimento das dietas.
Dado o exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar a influência do caroço de
algodão integral sobre qualidade do sêmen de ovinos Santa Inês, em idade de reprodução.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi conduzida na Estação Experimental Pendência, da Empresa Estadual
de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA), na microrregião do cariri paraibano, no
município de Soledade-PB, situada a 8’ 18” S, 36º 27’ 2” W.Gr. e altitude em torno de
534m. O ensaio foi conduzido durante os meses de outubro de 2004 a junho de 2005,
apresentando neste período temperatura média de 30º C e umidade relativa do ar de 60%.
Foram utilizados 20 ovinos da raça Santa Inês, com idade de cinco meses e peso
médio inicial de 30,0 kg. Os animais foram vacinados contra Clostridioses, vermifugados e
mantidos em sistema intensivo de manejo, em baias coletivas, com cinco animais por baia,
onde receberam as dietas experimentais. Após a fase de adaptação (10 dias) às instalações e
81
ao manejo, os animais foram submetidos ao exame clínico e andrológico, visando à
uniformização dos grupos experimentais.
As dietas foram formuladas com a inclusão de níveis crescentes (0; 10; 20 e 30%)
de caroço de algodão integral, na matéria seca e compostas, ainda, por palma forrageira,
feno de Tifton-85, milho triturado, farelo de soja, uréia e minerais, e calculadas para atender
às exigências de proteína e energia, para ganhos de 150 g/dia (NRC 1985). A composição
das dietas encontra-se nas Tabela 1. O consumo médio de matéria seca foi determinado pelo
controle diário do alimento oferecido e das sobras. A ração foi fornecida às 8 e ás 16 horas
e as sobras existentes foram pesadas e registradas na manhã do dia seguinte. Amostras das
dietas e sobras foram colhidas quinzenalmente para análises de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN),
fibra em detergente ácido (FDA), de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz
(2002). O gossipol total no caroço de algodão foi analisado utilizando-se a cromatografia
liquida de alto desempenho (HPCL) de acordo com a técnica descrita Abou-Donia et al.
(1981).
Para realização da estimativa do consumo de gossipol, o CAI foi pesado diariamente
e misturado aos outros ingredientes quando a ração era oferecida, no dia seguinte, era feita a
quantificação do CAI na sobra, e assim determinado o consumo de CAI.
Mensalmente os animais foram submetidos à avaliação clinica e exame andrológico,
constituído por palpação e mensuração dos testículos e epidídimo. Na ocasião, procederam-
se as colheitas de sêmen realizadas pelo método de eletro-ejaculador, que após a sua
obtenção foi mantido em banho-maria a 37º C, quando foram avaliadas as características
macroscópicas (volume, aspecto e cor) e microscópicas (movimento de massa, motilidade
progressiva, vigor, concentração e morfologia dos espermatozóides). Também, foram
realizadas colheitas de sangue no início, meio e final do ensaio. As colheitas foram
82
realizadas através de punção na jugular externa em tubos heparinizados para determinação
dos níveis de hematócritos no sangue dos animais.
Tabela 1- Composições percentual e bromatológica das dietas experimentais com diferentes níveis de
caroço de algodão integral (CAI), em porcentagem da matéria seca (% MS)
Table 2 - Percentile composition and chemical of the experimental diets with different
whole cottonseed levels, in percentily with dry matter basis (%DM
)
Ingredientes, % de MS
(Ingredients, % of DM
)
Níveis de caroço de algodão, (%)
(Whole cottonseed levels ,( %)
00
20
30
40
Feno de capim Tifton 85 (Tifton hay) 33,10 30,50 36,60 31,20
Grão de milho moído (Grounded Corn) 32,60 21,60 6,40 -
Farelo de soja (Soybean meal) 7,80 - - -
Caroço de algodão (Ccotton seedl) 00 20,00 30,00 40,00
Palma forrageira (forage cactus) 24,40 25,00 25,20 25,80
Uréia ( Urea) 1,10 1,00 0,80 0,50
Calcário calcítico (Limestone) 0,50 1,40 0,50 2,00
Mistura mineral
1
(Mineral mix) 0,50 0,50 0,50 0,50
Composição
(
Composition)
Matéria seca, MS % (Dry matter, DM) 31,40 30,90 30,80 30,30
Proteína bruta,PB % (Crude protein,CP) 15,00 15,00 15,90 16,70
Extrato etéreo, EE % ( Ether extract,,EE) 2,90 6,00 7,40 9,00
FDN corrigida para proteína, FDNp%
(NDF corrected o fcrud protein,NDFp)
36,40 41,60 49,60 49,60
Fibra em detergente ácido, FDA%
( acid detergent fiber ADF)
19,80 24,90 30,10 31,70
Carboidratos totais, CHT %
(Total carbohydrates TCH)
75,20 71,60 70,10 66,20
Carboidratos não fibrosos ,CNF%
( Nonfiber carbohydrates, NFC )
41,00 32,30 23,20 19,40
Matéria mineral ,MM % (Mineral matter, MM) 6,90 7,40 6,60 8,10
Nutrientes digestiveis totais, NDT %
(Total digestible nutrients,TND)
66,10 66,72 65,50 66,43
Energia metabolizavel, Mcal de EM/kg de MS
Metabolizable energy, Mcal of EM/kg DM
2,39 2,40 2,37 2,40
1
Níveis de garantia (nutrientes/kg): cálcio 130 g; fósforo 70 g; magnésio 1.320 mg; ferro 2.200 mg; cobalto
140 mg; manganês 3,690 mg; zinco 4.700 mg; iodo 61 mg; selênio 45 mg; enxofre 12 g; sódio 170 g; cloro
276 g; flúor máximo 700 mg; solubilidade mínima de P
2
O
5
em ácido cítrico à 2% = 90%.
As mensurações testiculares foram executadas no mesmo período e dia das
avaliações das características macro e microscópicas dos ejaculados. A circunferência
83
escrotal foi avaliada com a colocação de uma fita métrica circundando a superfície central
dos testículos e expressa em centímetros.
O comprimento do testículo foi tomado com o auxílio de um paquímetro aberto
entre a extremidade caudal da cabeça e a extremidade cranial da cauda do epidídimo e
expressa em centímetros.
Foram feitas outras avaliações nos testículos, como simetria (Padrão Simétrico),
forma (Padrão Ovóide), posição (Padrão Vertical), consistência (Padrão Túrgido elástico),
sensibilidade (Padrão Ausente) e mobilidade (Padrão Presente). No epidídimo, avaliação
pela palpação da presença e integridade de suas partes de formação, cabeça, corpo e cauda;
e no saco escrotal, visualização da ausência de soluções de continuidade ou feridas diversas.
No sêmen, foi avaliado o volume, determinado imediatamente após a obtenção da
amostra, mediante leitura direta da graduação milimétrica do copo coletor cilíndrico e o
resultado expresso em mililitros (mL). Efetuada esta primeira observação, a amostra obtida
era colocada em banho-maria a 37
O
C, seguindo-se a seqüência das avaliações, segundo
metodologia descrita por Gonzalez (1996).
O aspecto do sêmen foi determinado mediante visualização da consistência dos
ejaculados e classificado como: cremoso marmóreo, cremoso, leitoso denso, leitoso e
aquoso. Para avaliar o movimento de massa foi tomada uma alíquota de 10 µL que foi
colocada sobre lâmina previamente aquecida a 37
O
C em placa aquecedora e observada em
microscópio óptico comum (100X). O resultado foi expresso em uma escala crescente de 0
a 5.
A motilidade progressiva e vigor foram determinados por meio da colocação de 10
µL de sêmen em 1mL de diluidor tampão à base de Tris (Hidroxymethil-aminometano -3,0
g), citrato de sódio (2,0 g) e frutose (1,0 g). Em seguida, uma alíquota de 10 µL da amostra
de sêmen diluído foi colocada entre lâmina e lamínula, previamente aquecida a 37º C em
84
placa aquecedora e avaliada sob microscopia óptica comum (100X). A motilidade
progressiva foi expressa em percentagem e o vigor em uma escala crescente de 0 a 5.
A concentração espermática foi determinada por meio da contagem direta dos
espermatozóides em mara hematocitométrica de NEUBAUER. Para a realização deste
procedimento, dilui-se uma amostra de 20 µL de sêmen em 4mL de água destilada,
obtendo-se uma diluição final de 1:400. O resultado foi expresso em milhões por mm
3
.
A morfologia espermática para a realização das avaliações e contagem da
morfologia da célula espermática foi feita a partir da confecção de 95 esfregaços
submetidos à coloração Giemsa a 7,5% (Laboratório Doles), diluídos em água destilada e
imersão das lâminas nesta solução corante por duas horas. Seguido este período, as lâminas
foram mantidas em posição vertical até estarem completamente secas. Foram contadas 100
células espermáticas de cada esfregaço e o resultado expresso em percentagem.
O delineamento usado foi inteiramente casualisado, com quatro dietas e cinco
repetições. Os dados referentes às características microscópicas do sêmen foram submetidos
análise de variância e análise de regressão, em função dos níveis de caroço de algodão. As
análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa Statístical Analysis System
(SAS), descrito pelo SAS INSTITUTE (1999). As variáveis subjetivas, cor e aspecto, são
apresentadas apenas a título descritivo, não foram inclusas no modelo estatístico.
85
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2, encontram-se os dados referentes ao desempenho animal e aos
consumos médios, em kg/dia de matéria seca, de caroço de algodão integral e gossipol em
mg/kg/PV. A concentração média do gossipol no caroço de algodão foi de 1.547 mg/kg na
matéria seca. Considerando que os ovinos tiveram um consumo médio de 0,249; 0,320 e
0,399 kg/dia de caroço de algodão, o consumo de gossipol estimado correspondeu a 6,8; 9,2
e 11,5 mg/kg PV nas dietas com 20; 30 e 40 % de caroço de algodão.
Observa-se que os parâmetros, ganho de peso inicial e final, expressos em
quilograma, e o ganho de peso diário, expresso em gramas/dia, não sofreram influência dos
níveis de caroço de algodão, apresentando média de 30,1; 73,8 kg e 164,0 g/dia,
respectivamente, ficando evidente que os animais apresentaram bom desenvolvimento
ponderal ao longo do período de avaliação.
86
Tabela 2
-
Médias, equação de regressão, coeficientes de variação (CV) e determinação (R
2
) para peso
vivo inicial, peso vivo final, ganho de peso diário, consumos de matéria seca em g/dia e %
do PV, consumo médio de caroço de algodão em gg/dia, e de gossipol, em mg/kgPV, em
ovinos recebendo dietas com diferentes níveis de caroço algodão (CAI)
Table -2- Averages, equation of regression, coefficient of variation(CV) and determination(R
2
) the
weight live initial, weight live end, gain of weight daily, intake of dry matter, in g/day, and %
of LW intake of cottoseed, g/day, and gossipol, in mg/kgWL of sheep receiving diets with
different levels of cotton seed in diet
Os consumos médios de matéria seca, expressos em kg/dia e em % do PV foram
muito próximos para os quatro níveis de caroço de algodão, com média de 1,919 kg e
3,72%, respectivamente. Para ruminantes jovens, a literatura indica que a quantidade
máxima de gossipol deve ser 10-20 mg/kg de peso. Neste estudo, os animais que
consumiram 6,80; 9,20 e 11,50 mg de gossipol/kg PV/dia, tiveram a motilidade e o vigor
espermático afetado (Tabela 3) em relação a dieta controle.
A circunferência escrotal (CE) é citada como fator de alta correlação com a
produção espermática, capacidade de serviço e desenvolvimento sexual, Yarney et al.
(1990) e Moura et al. (1999). Os animais apresentaram testículos simétricos, de
consistência túrgida elástica, sem anomalias e móveis dentro do saco escrotal. A CE e
comprimento do testículo não foram influenciados pelos níveis de caroço de algodão, cujas
Níveis de caroço de algodão integral(%)
Whole cottonseed levels (%
)
Ŷ R
2
CV
Variáveis
Variables
0 20 30 40
Peso vivo inicial ( kg)
Weight live initial (kg
)
30,46 30,80 29,10 30,10 Ŷ= 30,1 - 9,31
Peso vivo final (kg)
weight live finish(kg)
75,00 76,90 73,10 70,30 Ŷ=73,8 - 12,70
ganho peso diário (g/dia)
Weight gain daily ( g/dia)
170,0 170,0 165,0 151,0 Ŷ=164,0 - 16,80
Consuno médio, MS(kg)
intake mean
DM
(kg)
1,953 2,003 1,878 1,841 Ŷ =1,919 - -
Consumo médio, MS%PV
Intake mean DM/ WL
%
3,71 3,80 3,70 3,71 Ŷ =3,72 - 10,83
Cons.médio CAI (g/dia)
Intake
mean
WCS
(g/dia)
0,0 249,0 320,0 399,0 Ŷ =323,0 - 8,55
Cons. médio gossipol g/kgPV
Intake mean gossypol g/kgLW
0,0 6,80 9,20 11,50 Ŷ=9,16 - 19,67
87
médias foram de 31,84 e 1,92 cm, respectivamente (Tabela 3). O tamanho testicular,
estimado pela CE, é um excelente indicativo da potencialidade reprodutiva, considerando
sua associação com a função testicular.
Estes resultados discordam daqueles encontrados por Andreazzi et. al. (1995), que
observaram menor circunferência escrotal em caprinos que receberam 30% de caroço de
algodão em relação a dieta controle. Os resultados obtidos neste estudo podem ter sofrido
influência da idade, uma vez que os animais estavam em fase de crescimento durante o
período experimental. Por conseguinte, médias de 34 e 36 cm são preconizadas para a CE
de ovinos adultos, Nunes (1998) e Bittencourt et al. (2004).
Resultados semelhantes aos dessa pesquisa foram obtidos por Kramer et al. (1991),
em carneiros púberes recebendo gossipol na dieta. Da mesma forma, Jimenez et al. (1989)
trabalhando com touros, verificaram que a ingestão do gossipol não alterou a CE em relação
aos animais controle.
As características macroscópicas do sêmen como a cor e o aspecto, estão descritas a
título informativo. Em média, os animais apresentaram consistência de cremosa fina a
aquoso. Quanto à coloração, os animais que consumiram os maiores níveis de caroço de
algodão apresentaram sêmen de cor esverdeada, a partir do quarto mês de fornecimento das
referidas dietas, denotando que houve efeito do gossipol sobre estas características. No
ovino, em condições normais, o sêmen apresenta aspecto cremoso e cor branca.
Para as características microscópicas, (Tabela 3), observa-se que o volume do
ejaculado, movimento de massa e a concentração espermática não foram influenciados pela
dieta, cujas médias foram 1,45 mL; 2,65 (0-5) e 2,16 (10
9
spz/mL), respectivamente. Os
valores de volume do ejaculado obtidos foram superiores aos relatados por Bittencourt
(1999), Tutida et al. (1999), em ovinos de diferentes grupos genéticos, e similar ao
reportado por Salgueiro & Nunes (1999), em ovinos da raça Santa Inês, estando estes
88
valores dentro da média da literatura consultada para a espécie, 0,5 a 1,5 mL (CBRA,1998).
Ferreira et al. (1995), obtiveram em caprinos alimentados com farelo de algodão, valores de
0,89; 0,86 e 1,03 mL para os níveis de 0; 30 e 60% de farelo de algodão na dieta. Verifica-
se que o movimento de massa de 2, 65, obtido neste estudo, foi inferior ao encontrada por
Salgueiro & Nunes (1999). Em ovinos Santa Inês (3,72), e Bittencourt (1999), em carneiros
Merino da raça Branca e Preta, obteve médias de 4,97 e 4, 84, respectivamente. Todavia,
por se tratar de uma avaliação subjetiva, os valores encontrados na literatura são muito
variáveis e só podem ser observados em espécies de sêmen muito concentrado.
Tabela 3 - Valores médios, equação de regressão, coeficientes de variação(CV) e determinação(R
2
) da
circunferência escrotal (CE), comprimento do testículo (CT), motilidade progressiva (MP),
volume do ejaculado (VE), concentração espermática total (CET), movimento de massa
(MM) e vigor (VG) do sêmen de ovinos em função dos níveis de caroço de algodão na dieta
Table 3- Means values, of scrotal circunference(SC), length testicle(LT), progressive mobility
(PM),volume of the ejaculate(VE),concentration sperm total(SCT),massamovement (MM ) and
vigor (VG) of the sheep and goats semen fed with different cotton seed levels in the diet
** Significativo a 1% de probabilidade pelo test F ; Significant at 1% of probability by test F
Em relação à concentração espermática, Boundy (1993) afirmou que um sêmen de
boa qualidade deve conter de 3,5 a 6,0 milhões de espermatozóides por mililitro do
ejaculado. Os resultados obtidos ficaram abaixo desses valores; no entanto, foram
semelhantes aos relatados por Moreira et al. (2001), em ovinos Santa Inês. Silva & Nunes
Níveis de caroço de algodão (%)
Whole cottonseed levels (%)
Ŷ R
2
CV
Características Físicas
Characteristics physics
0 20 30 40
CE (cm), SC.(cm) 31,52 32,17 31,57 32,07 Ŷ =31,84 - 3,90
CT (cm), LT (cm) 10,68 11,17 10,80 11,02 Ŷ=10,92 - 6,51
VE (ml,), EV (ml) 1,61 1,37 1,44 1,37 Ŷ= 1,45 - 27,30
M P (%) ,PM (%) 68,22 44,50 48,44 43,10 Ŷ=64,659-0,0604**X 0,78 18,41
CET (10
9
spz/ml) ,
TSC (10
9
spz/ml
)
2,62 2,14 2,10 1,79 Ŷ= 2,16 - 72,31
M M (0-5), MM (0-5) 3,32 2,08 2,38 2,82 Ŷ=2,65 - 25,48
VG (0-5), VG(0-5) 3,14 2,20 2,42 2,36 Ŷ=3,121- 0,061X+0,001**X
2
0,92 13,59
89
(1988), trabalhando com caprinos, na região Nordeste, obtiveram valores de 3,98x 10
6
/mm
3
na estação seca e 3,41x 10
6
/mm
3
na estação chuvosa. Apesar dos níveis de CAI não terem
influenciado a concentração espermática, observou-se ligeiro declínio nos valores dos
maiores níveis de CAI (30 e 40%).
A motilidade progressiva e o vigor dos espermatozóides sofreram influência dos
níveis de caroço de algodão (P<0,01), com comportamento linear decrescente à medida que
aumentou o nível de caroço de algodão. Os resultados obtidos neste estudo corroboram
com os resultados encontrados por Risco et al. (1993), que ao alimentarem touros com uma
dieta sem gossipol e outra contendo 8,2g/dia de gossipol livre, verificaram que a motilidade
espermática foi afetada (52,0±9,8 vs 82,0±6,2%) em relação ao grupo controle, na nona
semana, enquanto a porcentagem de espermatozóides normais baixou a partir da quinta
semana (49,0±9,8 vs 82,0±3,2%), e, ainda, se constatou fragilidade nos eritrócitos.
Também, Portilho et al. (2006) observaram redução na motilidade espermática (73,7 para
52,5%) e aumento de defeitos totais nos espermatozóides (26,8 x 20,0%), respectivamente
para touros alimentados com dieta isenta de gossipol e dieta contendo 2,2kg de caroço de
algodão. Enquanto Ferreira al. (1995) concluíram que o consumo de 3,7 e 7,5 mg/kgpv/ dia
de gossipol não alterou a qualidade do sêmen de caprinos. Em relação ao vigor espermático,
a análise de regressão mostrou um comportamento quadrático, cujo ponto de máxima foi de
3,3 pontos para a dieta controle.
Chase al. (1994), alimentando bovinos em crescimento com dietas contendo 0, 6 ou
60 mg/kg PV, durante 196 dias, verificaram os animais tratados com caroço de algodão
inteiro retardaram a idade para alcançar a puberdade em relação ao grupo controle e a
qualidade e quantidade do sêmen não diferiu entre os tratamentos; no entanto, o diâmetro
do lúmen foi maior, com menor densidade do epitélio germinativo e menor quantidade de
90
camadas das células de Leydig nos animais que receberam gossipol, levando a conclusão
que o gossipol não afetou a qualidade do sêmen, mas causou danos à morfologia testicular.
Observando–se a variável vigor dos espermatozóides, nota-se que esta característica
foi influenciada pelos veis de caroço de algodão utilizados, estando esses valores abaixo
da média de 3 pontos, citada pelo CBRA (1998) como padrão desejável para seleção de
animais destinados a reprodução. Maugh (1981), citado por Ferreira et. al. (1995), relata
que existem evidências que o gossipol altera a espermatogênese causando oligospermia e
até azoospermia, por inibição da lactato desidrogenase X, enzima que exerce papel vital no
metabolismo dos espermatozóides.
Os resultados obtidos permitiram inferir que, provavelmente, tenha ocorrido ação do
gossipol, uma vez que a literatura cita que a concentração de gossipol na planta tem
correlação negativa com a temperatura ambiente e positiva com o índice pluviométrico,
Kerr (1989). No entanto, neste estudo, não foi possível determinar a ação do gossipol para
as variáveis afetadas, pois não foram realizadas as dosagens de testosterona e gossipol
plasmático.
No trabalho de Zahid et al. (2003), a alimentação de caprinos com gossipol não
afetou a qualidade do men, porém afetou significativamente (P<0,05) o pH, a motilidade
e a porcentagem de espermatozóides morfologicamente anormais.
Tabela 4 - Morfologia espermática em ovinos submetidos a diferentes níveis de caroço de algodão
integral na dieta
Table 4- Morfology
sperm in sheep submetted at different whole cottonseed levels in the diet
Níveis de caroço de algodão (%)
Whole cottonseed levels (%) Ŷ R
2
CV
Morfologia espermática
Spermatic morfology
00
20
30
40
Defeitos maiores
Primary defects
8,2
9,2
11,8
14,4
Ŷ=10,90 - 49,06
Defeitos menores
Seco
ndary defects
1,2
2,4
2,8
3,6
Ŷ=2,50 - 84,85
Total de defeitos
Defects totals
9,4
11,6
14,6
18,0
Ŷ=8,669+0,210**X
0,92
45,35
** Significativo a 1% de probabilidade pelo test F ; Significant at 1% of probability by test F
91
Na tabela 4, encontram-se as médias e equação de regressão das porcentagens da
morfologia espermática, observadas nas amostras seminais de ovinos recebendo diferentes
níveis de caroço de algodão na dieta. O percentual de defeitos totais teve efeito linear
crescente, a análise de regressão permitiu observar que, para cada aumento de 1% de caroço
de algodão na dieta, houve aumento de 0,2% de defeitos totais. Entretanto, estes valores
ficaram abaixo do limite de 20% de anormalidade espermática citada pelo CBRA (1998).
Os resultados das observações morfológicas em coloração Giemsa evidenciaram maior
ocorrência de defeitos maiores, como edema de acrossoma, cauda dobrada e fortemente
dobrada. Segundo Bittencourt (1999), um dos fatores mais importantes na avaliação da
morfologia é a integridade do acrossoma, a qual é indispensável para uma boa fertilização.
Os resultados obtidos neste estudo foram inferiores aos encontrados por Portilho et al.
(2006) que obteve média de 12,2% para defeitos maiores, e 20,2% para defeitos totais em
touros da raça Nelore alimentados com caroço de algodão na dieta.
Chenoweth et al. (1994), em trabalho com bovinos jovens, um sem gossipol e o
outro recebendo 8,2g de gossipol livre por dia, durante 11 semanas, concluíram que a
suplementação com farelo de algodão teve efeito adverso sobre a morfologia dos
espermatozóides e a espermatogênese, com as primeiras alterações observadas entre a e
semana da dieta estabelecida. Também, Arshami & Ruttle (1989), alimentando carneiros
com 0 e 12% de farelo de algodão na dieta por 26 semanas, verificaram anomalias, como
diâmetro do lúmen mais largo, baixo número de células de Leydig, menor tamanho nas
células de Sertoli, e menor espessura nas paredes dos túbulos seminíferos.
Analisando-se a Tabela 5, pode-se inferir que a alimentação dos ovinos com caroço
de algodão não influenciou os níveis de hematócritos, que se mantiveram dentro dos valores
de referência para a espécie ovina (24-50%); no entanto, houve tendência a queda nos
valores na fase final que correspondeu a última avaliação. O mecanismo pelo qual o
92
gossipol interfere na fragilidade dos eritrócitos ainda não esta bem esclarecido, entretanto
existem especulações de que o mesmo pode interagir diretamente com a membrana das
células vermelhas, Harvey (1989), alterando a sua fluidez, Velásquez-Pereira et al. (1989).
Tabela 5 - Médias dos hematócritos no sangue de ovinos alimentados com dietas, contendo
diferentes níveis de caroço de algodão integral.
Table 5 - Means of the hematocrits in the blood of sheep fed with diets, containing different
whole cottonseed levels
Níveis de caroço de algodão (%)
Whole cottonseed levels (%) Ŷ R
2
CV
Parâmetros
1
Parameters
00 20 30 40
1ª avaliação
evaluation
34,00
35,00
34,20
34,0 Ŷ= 34,3 - 6,65
2ª avaliação
2ª evaluation
31,00
30,00
31,00
29,20
Ŷ= 30,3 - 6,11
3ª avaliação
3ª evaluation
32,00
29,00
29,60
29,40
Ŷ=30,0 - 6,14
1- valor de referencia para ovinos normais (24-50%)
As pesquisas realizadas por Beaudoin (1985), com ruminantes recebendo dietas com
farelo ou caroço de algodão citaram redução na taxa de hemoglobina sanguínea. Por outro
lado, Risco et al. (1993) reportam que as mudanças observadas na composição
hematológica e sérica de vacas alimentadas com 0 e 800mg de GL/ kg de alimento não
foram suficientes para serem usados como diagnóstico de toxidez. Da mesma forma,
Andreazzi et al. (1997) não verificaram diferença significativa entre os tratamentos para os
metabólitos sanguíneos de caprinos alimentados com 0 e 13,45mg de GL/kgPV. Em face
de resultados encontrados na literatura, Calhoun et al. (1995) propuseram que a
concentração máxima segura de gossipol no plasma deve ser de 5 µg/mL.
Para as espécies ruminantes, Mena et al. (2001), citado por Imaizumi (2005),
relataram que a detoxificação no rúmen é reduzida quando a taxa de passagem ruminal dos
alimentos que contém gossipol é aumentada.
93
4. CONCLUSÕES
A utilização de caroço de algodão em rações para ovinos influencia a qualidade
do sêmen, especialmente a motilidade progressiva e o vigor, acarretando aumento no
percentual de defeitos totais no sêmen de ovinos, não devendo ser usado para animais
destinados à reprodução.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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chromatographic analysis of gossypol. Journal of Chomatographic. v.206, p.606, 1981.
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quality and testicular tissue in fine-wool rams. Proceedings…, American Society of
Animal Science, Western Section. v.40, p. 277-279, 1989.
ANDREAZZI, M.A., MORAES, G.V., SANTOS, G.T., et al. Efeito do caroço de algodão
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Biologia e Tecnologia, v.38, n.3, p. 799-813, 1995, 21 p.
ANDREAZZI, M. A.; CONSOLARO, M. E. L.; MORAES, G.V., et al. Avaliação dos
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REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,34, 1997, Juiz de
Fora-MG, Anais... Juiz de Fora-MG: SBZ,1997, p.409-441
BEAUDOIN, A. R. The embriotoxicity of gossypol. Teratology, v.32, p.251-257, 1985.
94
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