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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
EGÉRIA HÖELLER BORGES
CONCEPÇÃO DA VESTIMENTA PROFISSIONAL COM ÊNFASE NA ESTÉTICA E
ERGONOMIA VISANDO MELHORAR O DESEMPENHO E A IMAGEM DE UM
HOTEL RESORT
Balneário Camboriú
2007
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1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
EGÉRIA HÖELLER BORGES
CONCEPÇÃO DA VESTIMENTA PROFISSIONAL COM ÊNFASE NA ESTÉTICA E
ERGONOMIA VISANDO MELHORAR O DESEMPENHO E A IMAGEM DE UM
HOTEL RESORT
Trabalho de Dissertação apresentado à
Universidade do Vale do Itajaí, como
instrumento de avaliação em fase de defesa
do programa de Mestrado Acadêmico em
Turismo e Hotelaria.
Orientadora: Doris van de Meene Ruschmann
Balneário Camboriú
2007
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2
RESUMO
A vestimenta profissional na hotelaria é um tema que diz respeito aos atributos
incutidos no processo de design, mais especificamente do design de moda. Sendo
direcionados para proporcionar visibilidade e produtividade no setor hoteleiro através
da ergonomia, estética e funcionalidade. Este estudo busca analisar a interferência
que o design com seus atributos exerce no ambiente profissional hoteleiro, através
de dois fenômenos contemporâneos: O Turismo e a Moda. Estudando conceitos de
turismo e hotelaria, hospitalidade, design e moda, recursos humanos e marketing,
busca-se chegar no levantamento dos fatores de intervenção e modificação
comportamental que maximizam ou minimizam a eficácia das atividades
operacionais e representativas do setor hoteleiro. Partindo do ponto em que a
harmonia destes contribui para manter e solidificar a boa imagem do hotel e
proporciona um bom nível de satisfação dos colaboradores. Buscamos esta linha de
pesquisa com o intuito de abordar problemas que possam despertar mais estudos
nesta área. Com os resultados obtidos na pesquisa buscou-se categorizar os cargos
dentro de parâmetros ergonômicos e estéticos para então sugerir trajes
adequadamente ambientados com o estudo de caso em questão o hotel Ponta dos
Ganchos Exclusive Resort.
Palavras-chave:
Turismo-Hotelaria, Design-Moda, Vestimentas Profissionais.
3
ABSTRACT
Professional clothing in hotel management is a theme which relates to the attributes
instilled in the design process, more specifically, fashion design. It focuses on
providing visibility and productivity to the hotel sector, through ergonomics, aesthetics
and functionality. This study seeks to analyze the influence of design and its
attributes, on the professional hotel environment, through two contemporary
phenomena: Tourism and Fashion. Studying concepts of tourism and hotel
management, hospitality, design and fashion, human resources and marketing, the
study seeks to investigate the factors of intervention and behavioral change which
maximize or minimize the effectiveness of the operational and representative
activities of the hotel sector. Based on the point where the harmony of these aspects
helps to maintain and strengthen the good image of the hotel and provides a good
level of satisfaction to the employees, we investigated this line of research in order to
address problems that can stimulate further studies in this area. With the results
obtained in the study, we sought to categorize the jobs within ergonomic and
aesthetic parameters, in order to suggest clothing that would be appropriate for the
case study in question - the hotel Ponta dos Ganchos Exclusive Resort.
Key words:
Tourism-Hotel Management. Fashion Design, Professional Clothing.
4
Dedico este trabalho a minha filha que
ainda hospedo em meu ventre, ela
faz parte de mim e acompanhou as
agonias dos passos finais da
realização desta pesquisa.
Dedico também ao meu querido e
amado pai Rogério, que infelizmente
não pode estar junto de mim para
partilhar nosso sonho, porque o
Senhor nosso Deus precisou dele
antes, ao seu lado, mas estou certa de
que ele nunca deixou de olhar por
mim.
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus por me dar força e discernimento para
prosseguir;
À minha querida mãe Olga, que é a maior incentivadora e torcedora dos
feitos de suas filhas;
Às minhas irmãs Vanda e Jândrea, muito mais que irmãs, amigas,
companheiras de uma vida de duras batalhas e graças à Deus muitas vitórias;
Ao meu marido Marcos, pelo amor incondicional, o qual ao entrar em minha
vida teve como rival meus estudos, mas mesmo assim me apóia e me ajuda em
tudo que faço.
Aos demais familiares que seguiram demonstrando força e compreensão,
em especial à minha cunhada Eliza e prima Márcia pelas suas maravilhosas
contribuições artísticas;
À minha orientadora Dóris, que nos seus ensinamentos com palavras breves
e certeiras não me deixou tropeçar;
A todos os mestres, que se tornaram amigos nessa caminhada rumo ao
conhecimento, em especial à professora Beatriz e ao professor Manuel, que desde o
início acreditaram no sucesso dessa pesquisa;
À todos os amigos e amigas que estiveram ao meu lado nessa trajetória e
que de alguma forma me ajudaram a vencer mais essa etapa em minha vida, em
especial a Elisiane e a Alessandra, que foram peças-chave para o desfecho desse
capítulo chamado: Mestrado.
6
LISTA DE FIGURAS
Figura 01:
Quadro teórico ....................................................................................... 19
Figura 02
: O Sistema Econômico e Turismo .......................................................... 22
Figura 03
: Hotelaria – Subsistema do Turismo ....................................................... 23
Figura 04
: Organograma de um hotel ..................................................................... 29
Figura 05
: Quadro demonstrando a distribuição de cargos na hotelaria ................ 30
Figura 06: Análise Ambiental .................................................................................. 34
Figura 07
: Ciclo de vida do produto hoteleiro ......................................................... 34
Figura 08
: Criação da Estilista Tânia Maria Batissaco para hotel de São Paulo .... 42
Figura 09: Movimentos articulares da anatomia humana..................... ................... 53
Figura 10
: Traje de executiva e/ou Profissional Liberal .......................................... 60
Figura
11
:
Trajes Operacionais para Hotelaria ....................................................... 61
Figura 12: Uniformes Hotel Unique ........................................................................ 63
Figura 13
:
Uniformes da Companhia Aérea Gol ..................................................... 65
Figura 14
: Uniforme da Companhia Aérea Varig .................................................... 66
Figura 15: Uniformes da Companhia Aérea British Airways ................................... 66
Figura 16
: Exemplo de formulário preenchido utilizado como instrumento de coleta
de dados, aplicado durante a pesquisa in loco com o cargo de camareira ............. 75
Figura 17: Recepção do resort ............................................................................... 76
Figura 18:
Vista parcial das ilhas ............................................................................ 77
Figura 19
: Administrativo Feminino ........................................................................ 79
Figura 20
: Camareira e Faxineira ........................................................................... 80
Figura 21:
Garçonete ............................................................................................. 81
Figura 22
: Administrativo Masculino ....................................................................... 82
Figura 23
: Garçom e Serviços Gerais .................................................................... 83
Figura 24:
Trajes femininos de inverno idealizados para os cargos de Gerente
Administrativo e Comercial, Guest Relations, Operadoras do Financeiro, Reservas,
Pós-Venda e Governanta ...................................................................................... 105
Figura 25:
Traje feminino de verão idealizado para os cargos de Gerente
Administrativo e Comercial, Guest Relations, Operadoras do Financeiro, Reservas,
Pós-Venda e Governanta ...................................................................................... 106
Figura 26:
Trajes femininos de inverno idealizados para o cargo de Recepcionista
7
............................................................................................................................... 108
Figura 27:
Traje feminino de verão idealizado para o cargo de Recepcionista .... 109
Figura 28:
Pontos de pressão exercidos pelo em estudos biomecânicos com
salto de 2 cm ......................................................................................................... 110
Figura 29:
Pontos de pressão exercidos pelo em estudos biomecânicos com
salto de 4 cm ......................................................................................................... 110
Figura 30:
Pontos de pressão exercidos pelo em estudos biomecânicos com
salto de 10 cm........................................................................................................ 111
Figura 31: Trajes femininos de inverno idealizados para o cargo de Garçonete .. 112
Figura 32:
Trajes femininos de verão idealizados para o cargo de Garçonete ..... 113
Figura 33:
Trajes femininos de inverno idealizados para os cargos de Camareira,
Faxineira, Lavadeira, Passadeira e Roupeira ........................................................ 115
Figura 34:
Trajes femininos de verão idealizados para os cargos de Camareira,
Faxineira, Lavadeira, Passadeira e Roupeira ........................................................ 116
Figura 35: Peças adicionais idealizadas para os cargos femininos ...................... 118
Figura 36:
Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Gerente de
Hospedagem e Gerente de A & B ......................................................................... 121
Figura 37: Traje masculino de verão idealizado para os cargos de Gerente de
Hospedagem e Gerente de A & B ......................................................................... 122
Figura 38:
Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de
Recepcionista e Mensageiro ................................................................................. 124
Figura 39:
Trajes masculinos de verão idealizados para os cargos de Recepcionista
e Mensageiro ......................................................................................................... 125
Figura 40:
Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Maitre,
Garçom, Marinheiro e Barman .............................................................................. 127
Figura 41:
Trajes masculinos de verão idealizados para os cargos de Maitre,
Garçom, Marinheiro e Barman .............................................................................. 128
Figura 42:
Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Auxiliar de
Serviços Gerais, Almoxarife, Porteiro, Marceneiro ................................................ 131
Figura 43:
Traje masculino de verão idealizado para os cargos de Auxiliar de
Serviços Gerais, Almoxarife, Porteiro, Marceneiro ................................................ 132
Figura 44: Peças adicionais idealizadas para os cargos masculinos ................... 134
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
..................................................................................................... 10
2 METDOLOGIA UTILIZADA NO ESTUDO
........................................................... 14
3 O TURISMO E OS MEIOS DE HOSPEDAGEM
.................................................. 18
3.1 A atividade turística ........................................................................................... 20
3.2 O Sistema Turístico (SisTur) ............................................................................. 21
3.3 O elemento humano na hospitalidade ............................................................... 25
3.4 O papel do setor de recursos humanos na administração hoteleira .................. 27
3.5 Noções básicas de marketing no setor hoteleiro ............................................... 33
3.6 O conceito de filosofia corporativa voltado para hotelaria ................................. 35
4 O DESIGN DE MODA E A VESTIMENTA PROFISSIONAL
............................... 37
4.1 As bases conceituais do Design ........................................................................ 37
4.2 Design de vestuário ........................................................................................... 39
4.3 Segmentação de mercado no design de vestuário ........................................... 40
4.4 Ergonomia ......................................................................................................... 50
4.5 Estética .............................................................................................................. 57
4.6 O estado da arte ................................................................................................ 60
5 EXPOSIÇÃO DOS DADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO
REALIZADA
............................................................................................................ 68
5.1 Checklist – Memorial descritivo ......................................................................... 69
5.2 Observação in loco e registro fotográfico .......................................................... 75
6 ANÁLISE DA VESTIMENTA PROFISSIONAL DO RESORT PONTA DOS
GANCHOS ............................................................................................................. 84
6.1 Síntese e análise da função técnica .................................................................. 84
6.2 Síntese e análise da função ergonômica ........................................................... 86
6.3 Síntese e análise da função estética ................................................................. 88
9
6.4 Síntese e análise da função de marketing ........................................................ 89
7 CADERNO INFORMATIVO E SUGESTÕES PARA CATEGORIZAÇÃO DE
NOVOS TRAJES PROFISSIONAIS DO PONTA DOS GANCHOS EXCLUSIVE
RESORT ................................................................................................................. 91
7.1 Cargos do hotel Ponta dos Ganchos Exclusive Resort ..................................... 92
7.2 Descrição dos cargos ........................................................................................ 93
7.3 Considerações gerais ...................................................................................... 104
7.4 Categorização e Descrição dos Trajes ............................................................ 104
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
............................................................................... 136
REFERÊNCIAS
..................................................................................................... 140
APÊNDICES ......................................................................................................... 144
ANEXOS
............................................................................................................... 171
10
1 INTRODUÇÃO
Atualmente o homem da sociedade contemporânea não mantém por muito
tempo um perfil de comportamento, estando em constante evolução, o que leva a
uma busca contínua de realizações nas diversas áreas que permeiam a vida do ser
humano. Esta evolução também está relacionada com inserção cada vez mais cedo
a temáticas antes ignoradas, pela alta tecnologia aplicada à vida cotidiana e a dia
crítica e agressiva, que chega a todos os níveis sociais, tornando mais acelerado
este processo de evolução e determinando o perfil de homem mais crítico e
exigente. (CALDAS, 2004)
Estas exigências também estão associadas à curiosidade de descobrir o
novo, o diferenciado e o inusitado, enfatizando duas áreas do conhecimento: o
Turismo e o Design. O primeiro porque viagens exercem fascínio e emoção aos
turistas ao conhecerem outras pessoas com seus hábitos e costumes e outros
países com sua fauna e sua flora; o Design por possibilitar as pessoas terem acesso
a produtos para suas casas, ambientes de trabalho, lazer, cultura ou para si
mesmos, que os diferencie dos demais indivíduos e ainda venham agregados de
valores como, estética e funcionalidade. No caso aqui mencionado o design de
moda, mais especificamente o design de vestuário (GOELDNER, 2002).
Dentre as diversas abordagens interdisciplinares que abrangem o turismo,
este tende a ser uma atividade que acarreta impactos à sociedade, sendo assim,
estudado sob o ponto de vista sociológico. Os empresários do trade turístico buscam
atender as necessidades de um consumidor atuante no mundo globalizado,
inserindo neste o processo de design em ambientes de turismo e lazer, como bares,
restaurantes, parques, companhias aéreas, hotéis, etc. (GOELDNER, 2002).
Se observarmos o sistema turístico como um todo, percebemos que este
está subdividido em demais sistemas. A hotelaria é um subsistema do turismo que
interage com outros subsistemas, influenciando e sendo influenciada pelo
desempenho do todo. Esse conjunto maior de subsistemas é parte integrante de
outros sistemas, inclusos em um meio ambiente em constante mutação, constituído
por condicionantes de ordem social, política, cultural, tecnológica, ambiental e
econômica (PETROCCHI, 2002).
Empresários brasileiros do ramo hoteleiro perceberam a importância da
11
uniformização de seu pessoal e as vantagens que ela proporciona. Esta medida
pode aumentar em grande mero a segurança, conforto, auto-estima e boa
impressão ao público em relação à imagem da empresa.
Em qualquer produto a estética da embalagem interfere no processo de
decisão do consumidor. O hoteleiro deve ter o cuidado de não “enfeitar” em demasia
o “invólucro” do seu produto, devendo fazê-lo na justa medida. Para Castelli (1994),
a imagem que o hotel possui em termos de serviços e ambiente; material publicitário
e aparência física do hotel como um todo, fazem parte da embalagem do produto
hoteleiro.
Os trajes profissionais são de grande importância para a hotelaria, pois estão
inseridos na aparência física interna do hotel:
Se, ao entrar no hotel, o cliente, após ter visto externamente um
hotel atraente, encontrar móveis, decoração, carpetes e uniformes
em mau estado, dar-se-á conta de que está sendo enganado, de que
não existe correspondência entre o visual externo e o visual interno
(CASTELLI, 1994, p. 54).
A roupa profissional não está mais associada ao antiquado, feio e
desconfortável, sendo possível encontrar com facilidade uniformes adequados que
compõe positivamente a imagem da empresa. Vários fatores devem ser levados em
consideração nesta composição como, por exemplo: o uniforme se relacionar com o
cargo ocupado pelo usuário, a localização geográfica do empreendimento hoteleiro e
o conceito que o mesmo quer passar aos seus hóspedes. Outros fatores como
clima, infra-estrutura e tamanho da empresa, também podem ser considerados no
momento da implantação.
Alguns hotéis chegaram a adotar um mesmo traje por vinte anos, hoje
mudam duas vezes por ano, motivados pela grande oferta disponibilizada pelo
mercado, porém, faz-se necessária saber usá-la. As indústrias têxteis, para atender
esta demanda, contam com os serviços de consultores de moda, locais de venda
específicos dos produtos relacionados ao setor e organização de eventos focados
em trajes profissionais, o chamado mercado “workwear” (MORAES, 2002).
Com relação à concepção destas vestimentas, especificamente na parte que
compreende a ergonomia, a modelagem se mostra como um instrumento
fundamental, pois aborda técnicas pelas quais se possibilita a construção de peças
que representam sensações e formas. Estes elementos associados à pesquisa de
12
cores, texturas e tendências mercadológicas, geram características que trazem
modernidade aos trajes de uniformes se devidamente combinados com os
ambientes em que serão inseridos.
Considerando os pressupostos relacionados, foi desenvolvido este estudo
que tem por objetivo principal analisar a interferência que o design (vestuário), com
seus atributos, exerce no ambiente profissional hoteleiro. Quando se fala em
planejamento, ou seja, a gestão de um processo, existem fatores que contribuem
favorável ou desfavoravelmente com o curso e resultados obtidos. Por esse motivo,
no intuito de aprofundar os estudos em pontos-chaves desse processo, a pesquisa
que segue pretendeu:
Observar a interferência da vestimenta profissional na produtividade e
desempenho operacional;
Visualizar a relação de sua eficácia com a imagem corporativa do
empreendimento hoteleiro e;
Propor diretrizes básicas para o planejamento, implantação e padronização do
vestuário no ambiente hoteleiro.
Frente ao questionamento que se refere a uma conexão funcional de eficácia
da vestimenta profissional no trabalho para o colaborador, bem como sua
contribuição para a boa imagem nos empreendimentos hoteleiros, desperta-se um
novo olhar mais crítico e pontual sob este processo.
Assim, constitui-se no problema desta pesquisa identificar os parâmetros a
serem seguidos para projetar trajes que se encaixem no perfil adequado ao cargo
ocupado, interagindo plenamente com o ambiente em que este esta atuando e
trazendo satisfação e bem-estar ao seu usuário. Quando nos referimos ao
“ambiente”, não se faz menção somente ao tripé usuário – traje - ocupação, mas sim
todo o contexto que deve ser analisado num traje profissional como continuidade do
conceito que a empresa em si quer passar aos seus clientes e colaboradores, ou
seja, sua Identidade Corporativa.
Com o crescimento da exigência desse novo mercado consumidor, as
empresas têxteis procuram acompanhar as tendências apresentadas,
desenvolvendo estudos e lançando produtos para serem usados na área da
hotelaria e restaurantes, como Cedro Cachoeira, Santista, Santanense e Santana
13
Têxtil que, preocupados com o setor, lançam linhas exclusivas de tecidos especiais
que impedem a proliferação de odores, não amassam, não absorvem substâncias
graxas e tem uma secagem rápida (MORAES, 2002).
O mercado dos tecidos inteligentes e tecnológicos oferece fibras
antialérgicas, antibactericida, antibacteriostática, com propriedades curativas,
hidratantes, proteção solar, entre muitas outras e, cada nicho de confecção, se
utiliza daquela que atende às suas necessidades. A indicação atualmente para a
rede hoteleira são misturas de fibras sintéticas com algodão que reúnem
características direcionadas a aparência, conforto, aspectos higiênicos, resistência e
economia. (MEZZOMO, 2000).
Diante do aprimoramento tecnológico ao qual a indústria têxtil vem
adequando-se, esta pesquisa visa relacionar a gestão de pessoas nos meios de
hospedagem e as vestimentas profissionais, frente a uma mudança de
comportamento operacional, inserindo o design como ferramenta indispensável para
o seu planejamento, galgado por três elementos principais: inovação, funcionalidade
e manufaturabilidade.
O design no vestuário busca proporcionar ao seu usuário bem-estar,
conforto e inclusão social, através de atributos como: forma, solução e beleza,
porém, no decorrer deste estudo e respeitando os objetivos a que se propõe, foi
analisada com profundidade a importância do processo do design nos uniformes da
rede hoteleira (SANTOS, 2000).
14
2 METDOLOGIA UTILIZADA NO ESTUDO
Tendo como base os preceitos teóricos referenciados, voltados às áreas da
hotelaria e do design, foram elencadas conceituações e instrumentos metodológicos,
que nortearam a coleta dos dados e o desenvolvimento das análises, pertinentes a
obtenção de respostas correspondentes a finalidade de pesquisa idealizada, sua
aplicabilidade na resolução de problemas específicos (GIL, 1991).
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema e pelo seu cunho de
análise indutivo, trata-se de uma pesquisa qualitativa onde os dados serão coletados
no ambiente natural e o pesquisador é o instrumento-chave da pesquisa. A
interpretação dos fenômenos, e atribuição de significados são básicos no processo
de pesquisa qualitativa, não necessariamente requerendo o uso de métodos e
técnicas estatísticas (GIL, 1991).
Pretendendo-se corresponder aos objetivos propostos da maneira mais
eficaz possível, buscou-se proceder através do método de investigação exploratória
de dados, relacionada com a importância dispensada ao planejamento e inserção de
uniformes em empreendimentos hoteleiros, especificamente um resort.
Como observa Dencker (2001) o estudo exploratório aumenta a familiaridade
do pesquisador com o fenômeno ou ambiente que pretende investigar, servindo de
base para esclarecer ou modificar conceitos. A escolha da pesquisa exploratória
deve-se ao fato de possuir uma natureza introdutória. E no intuito de aumentar o
conhecimento sobre o tema em questão, e assim fundamentar o entendimento
empírico do pesquisador.
Por englobar preceitos metodológicos relevantes, o estudo proposto possui,
igualmente, um caráter explicativo que o enquadra no tipo de pesquisa descritiva,
que possibilita a posterior compilação, classificação e interpretação dos fenômenos
observados (RUDIO, 1997).
Cabe neste ponto lembrar que os pesquisadores assumem os objetivos
definidos e orientam a investigação em função dos meios disponíveis, que servem
de guia e justificativa para os procedimentos assumidos na pesquisa.
Quanto aos procedimentos técnicos, outros métodos auxiliares serão
utilizados, como as pesquisas orais, bibliográficas, documentais e de observação. O
procedimento chamado Levantamento também será utilizado, pois, segundo Gil
15
(1991, p. 56), “[...] a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer”.
Em se tratando de metodologia de design, o bom resultado de um projeto
depende da capacidade técnica e criativa de quem desenvolve. Métodos e técnicas
podem, contudo, auxiliar na organização de tarefas, tornando-as mais claras e
precisas, oferecendo suporte lógico ao desenvolvimento do mesmo (BOMFIM,
1995).
Após sua fabricação, um produto passa por diversas análises e testes de
adequação e percepção do usuário para chegar nas mãos do consumidor. Tendo
como ponto de partida os princípios básicos do design (funcionalidade,
manufaturabilidade e estética), é possível desenvolver uma análise tendo por meio
de tais referenciais (SANTOS, 2000).
A obtenção da excelência na hotelaria por um empreendimento interliga-se à
níveis de harmonia com a satisfação de seus colaboradores, pois estes possibilitarão
a satisfação dos clientes posteriormente. Para averiguar o grau de eficiência dos
trajes de uniforme, conduzimos agora a uma análise do detalhamento técnico,
operacional, estético e sustentável dos mesmos, utilizando os métodos aplicados no
design (SANTOS, 2000).
Na alternativa de se alcançar o pretenso objetivo, visualiza-se tratar essas
questões por meio de um estudo de caso, realizado em uma única empresa
hoteleira. Mais precisamente em um resort de praia do litoral do estado de Santa
Catarina. A escolha por este segmento se deu pela sua abrangência de serviços
oferecidos ao cliente e paralelamente por possuírem em sua maioria quadros
enxutos, organizados e bem distribuídos.
O estudo de caso permanece sendo um dos mais desafiadores meios para
fins de estudos das ciências sociais. A escolha de questões do tipo “como” e “por
que”, levam o pesquisador a ter controle sobre os acontecimentos, focando-se em
fenômenos contemporâneos inseridos num contexto da vida real (YIN, 2003).
No intuito de estudar a vestimenta profissional de um resort sob o enfoque
da ergonomia, da estética e da usabilidade frente às necessidades da sua imagem
corporativa de um empreendimento hoteleiro, implica em conhecer mais a fundo sua
infra-estrutura; composição física e administrativa; cargos e funções; colaboradores
e a percepção do ambiente em que trabalham. Para possibilitar a relação entre a
eficácia do bom funcionamento do hotel com a imagem corporativa apresentada ao
16
mercado consumidor, na maioria dos casos, o público-alvo atingido pelos resorts tem
características bem específicas.
Este objeto de estudo (resort) foi escolhido, pois, em levantamento anterior,
foram feitas visitas a outros resorts, localizados tanto no litoral quanto na serra
catarinenses, vindo-se a constatar que, apesar de lugares diferentes, todos
apresentavam necessidades similares, condizentes com suas realidades vivenciadas
no dia-a-dia. Assim, a autora, em comum acordo com sua orientadora, focou o
estudo em apenas um desses resorts, configurando-o como estudo de caso. A
escolha do Ponta dos Ganchos Exclusive Resort o se deu aleatoriamente, mas
baseada na excelência do seu padrão de hospedagem, voltado a uma demanda
exigente, categoria e localização pois, se ele atende a esse público de forma
satisfatória, atende também os demais.
Por tais características, este estudo mostra funções explanatórias, e não
apenas descritivas ou exploratórias de estudo de caso. No entanto, o que se pode
absorver dos resultados da pesquisa, será a padronização de procedimentos e sua
implantação, propiciada pelo planejamento de vestimentas profissionais abrangendo
qualquer empreendimento hoteleiro, independente do porte, do local que se situa ou
de quantos colaboradores possui. Isso demonstra que o estudo de caso pode ser a
base para explanações e generalizações significativas no ramo da hotelaria, em se
tratando de imagem corporativa e otimização operacional da produtividade (YIN,
2003).
Para desenvolver essa pesquisa, buscou-se uma classificação que se
aplicasse aos meios de hospedagem brasileiros, optando-se pelo Guia Quatro
Rodas do Brasil (Campos, 2006), que define como resort e/ou hotéis de lazer
aqueles que possuem o máximo de conforto, localizados em lugares agradáveis e
junto à natureza (o sistema da EMBRATUR não é utilizado na maioria dos hotéis
brasileiros). Por se enquadrar em tal classificação, o objeto de estudo escolhido para
a pesquisa foi o Ponta dos Ganchos Resort, localizado na área central do litoral de
Santa Catarina, na cidade de Governador Celso Ramos.
O procedimento de coleta de dados foi idealizado tendo como ponto central
um diagrama esquemático, baseado em instrumento similar aplicado à área do
design, porém com várias adequações, contido num formato de tabela, onde na
coluna da direita foram listados os aspectos a serem analisados e, nas colunas da
esquerda, os níveis de satisfação que este aspecto deveria alcançar, através de
17
uma escala semântica de análise de dados. Como mostra o modelo no apêndice A,
o contato com cada colaborador foi especificamente importante para o processo,
pois atuam em setores deferentes com funções e logo com uniformes diferentes,
fazendo-se necessário complementar os dados com algumas questões orais
conforme mostra o roteiro em apêndice B. Outro instrumento aplicado foi a
observação, onde os usuários, inseridos dentro do ambiente de trabalho em seus
postos ocupacionais, foram sutilmente observados, onde suas ações e reações
foram registradas por escrito para análise e enriquecimento dos dados coletados
através do diagrama. Para permitir que todos esses dados fossem coletados, um
dos responsáveis gerais do resort preencheu um termo de consentimento livre e
esclarecido da pesquisa (Apêndice C).
Visando uma melhor compreensão do tema em questão, foi formulado um
checklist - Memorial Descritivo, contido no decorrer deste trabalho, que direcionou a
observação da vestimenta profissional na hotelaria, sob os aspectos do
detalhamento técnico presente na metodologia. Dentre os diversos pontos que
podem ser analisados na projeção de uma roupa profissional para hotelaria, seguem
os aspectos considerados mais importantes para obtenção dos melhores resultados
para a pesquisa em questão, tomando por base os setores e cargos contidos no
empreendimento inserido na amostra estabelecida.
Perante todo o delineamento dado à pesquisa, expresso nos argumentos
descritos anteriormente, este estudo estará estruturado da seguinte forma.
Inicialmente, serão discutidos os referenciais teóricos utilizados como suporte
científico, divididos em duas fases: a primeira refletindo sobre conceitos–chave da
área da hotelaria, sobretudo suas implicações administrativas no setor de recursos
humanos; e a segunda fase a composição de elementos técnicos e conceituais do
design, da moda e do desenvolvimento de vestimentas profissionais.
Em seqüência, serão descritos e analisados os dados coletados fruto da
metodologia de pesquisa adotada, contendo, posteriormente, a proposta de um guia
para a formulação e execução de vestimentas profissionais que se enquadrem nas
necessidades o setor hoteleiro apresenta em relação aos cargos e funções que
possuem.
18
3 O TURISMO E OS MEIOS DE HOSPEDAGEM
O quadro teórico idealizado para este estudo e pesquisa, como demonstra a
figura 01, tem a intenção de estabelecer de maneira panorâmica os conceitos e
autores que norteiam a condução dos trabalhos. Em capítulos que seguem no
discorrer da empiria, são discutidos temas para fundamentar os estudos teóricos dos
assuntos que dão base à pesquisa, hotelaria e design & moda.
Dentro do capítulo hotelaria buscou-se, através da conceituação localizar a
hotelaria dentro do sistema turístico, para então estabelecer estudos sobre a
administração hoteleira em alguns aspectos: Recursos Humanos, Organização e
Métodos e Filosofia Corporativa. Sendo o foco a vestimenta profissional, necessitou
buscar áreas que de alguma maneira tem relação com a inserção deste meio de
comunicação visual tão importante dentro do estabelecimento hoteleiro.
Na seqüência o capítulo design & moda necessita desdobrar o sistema de
moda para chegar no segmento de mercado em questão, a vestimenta profissional.
Após fundamentar conceitos e coletar dados em campo, utiliza-se os atributos do
design para analisar as questões pertinentes aos objetivos de pesquisa, que
possuem por fatores determinantes a ergonomia e a estética fomentando a
excelência na produtividade operacional e na imagem corporativa do hotel.
Deste modo, estará sendo abordado os temas propostos, turismo e design &
moda em duas fases, ligadas à luz de um referencial teórico.
Em um primeiro momento, denominado fase irá referenciar-se o turismo,
através das citações da OMT Organização Mundial do Turismo (1999) e Goeldner
(2002) intrinsecamente relacionada ao sistema turístico abordado por Petrocchi
(2002) e Barretto (2001), os quais abarcam a hotelaria como um segmento, que
neste trabalho exerce papel primordial, então tratada através de Castelli (1994 e
2001) e Marques (2003). como suporte de apoio à esta segmentação, Walker
(2002). Araújo (1994) e Marques (2003) servirão como base para delinear tópicos de
Recursos Humanos e Organização & Métodos, uma vez que, marketing será
discutido via Kotler (2003) que interligara os temas e sub-temas apontados
anteriormente, sob a teoria da filosofia corporativa, revista por Walker (2002).
19
Figura 01: Quadro teórico
Fonte: Elaborado pela autora
Esta abordagem teórica norteará uma melhor compreensão científica sobre
cargos e funções atuantes no ramo da hotelaria, para então discutir à fase do
trabalho que levará ao entendimento da importância do desenvolvimento das
vestimentas profissionais.
Estes referenciais teóricos, aliados a um estudo de caso auxiliarão para a
construção das fases, que embora distintas estejam inter-relacionadas no processo
de discussão, resultando em uma proposta de vestimentas profissionais que neste
caso específico beneficiará o ramo hoteleiro e conseqüentemente o fenômeno
turístico.
20
3.1 A atividade turística
As bases desse estudo estão centradas no turismo e na multidisciplinaridade
na qual se apresenta, em face desta premissa o turismo hoje é tido como o maior
setor do mundo, com um crescimento dinâmico de novas atividades, destinações,
tecnologias e mercados (GOELDNER et al, 2002).
O turismo pode ser definido como a soma de fenômenos e relações
originados da intenção de turistas, empresas, governos locais e comunidades
anfitriãs, no processo de atrair e receber turistas e outros visitantes (GOELDNER et
al, 2002).
De acordo com a Organização Mundial do Turismo, a definição oficialmente
aceita é:
O turismo compreende atividades que realizam as pessoas durante
suas viagens e permanência em lugares diferentes de seu ambiente
de residência, por um período de tempo consecutivo ou inferior a um
ano com finalidade de lazer, negócios ou outros propósitos OMT
(1999, p. 09).
Este conceito vai além de simplesmente “sair de férias”, busca conceituar a
atividade turística que se apresenta como um complexo resultado de inter-relações
entre diferentes fatores, denominado: demanda, oferta, espaço geográfico e
operações de mercado, isto é, o sistema turístico, tendo por função principal facilitar
as inter-relações entre o turista e o mercado operador de turismo (OMT, 1999).
Haja vista, a importância econômica do turismo para o mundo, é necessária
cautela para lidar com o crescimento que visa alcançar a sustentabilidade da
atividade turística. De acordo com dados do World Travel and Tourism Council
(WTTC, 1998) que vem medindo o impacto econômico do turismo desde 1991, as
estimativas mundiais mais recentes projetaram para 1998, geração de US$ 3,6
trilhões em atividades econômicas no setor turístico global e 231 milhões de
empregos (diretos e indiretos). O setor deve crescer até atingir uma atividade
econômica de US$ 8 trilhões e de 328 milhões de empregos (diretos e indiretos) no
ano de 2010 (GOELDNER, 2002).
Os números mostram que o turismo cresceu, sendo uma atividade mundial,
para vários países, o turismo é o maior produto no mercado internacional, estando
entre os três maiores setores, gerando grande força social e econômica no mundo
21
(GOELDNER,2002).
O Turismo é um composto de atividades, serviços e setores que
proporcionem uma experiência de viagem: estabelecimentos de
transporte, hospedagem, alimentação, compras, entretenimento,
locais para atividades e outros serviços de hospitalidade disponíveis
para indivíduos ou grupos que estejam viajando para longe de onde
vivem. Ele engloba todos os prestadores de serviço a visitantes e
correlatos. O turismo é a soma de todo o setor mundial de viagens,
hotéis, transporte e todos os outros componentes, incluindo
promoção, que atende às necessidades e aos desejos dos viajantes.
Por fim, turismo é a soma total das despesas turísticas dentro das
fronteiras de uma nação ou subdivisão política, ou uma área em
torno de uma estrutura de transporte de estados ou nações
contíguas. Este conceito econômico leva em consideração a
capacidade de multiplicação de renda dessas despesas turísticas
(GOELDNER, 2002 p. 23).
Como podemos constatar, várias subdivisões de apoio envolvem o turismo,
uma delas é a hotelaria, que estuda os meios de hospedagem, e de uma certa forma
torna o turismo real, pois a hospedagem caracteriza primordialmente a atividade
turística.
3.2 O Sistema Turístico (SisTur)
Para Marques 2003, a hotelaria é a base de apoio do turismo, sustentando
através de sua estrutura a base fundamental para fomentar o desenvolvimento
turístico. Segundo Barretto 2001, o sistema turístico está intrinsecamente ligado aos
três setores da economia, extraindo assim do primeiro setor os alimentos através da
agricultura, pecuária e extrativismos, no segundo setor que está caracterizado pelas
indústrias de transformação a principal contribuição está na construção civil e no
terceiro e mais expressivo setor da economia para o turismo está a prestação de
serviços.
Como mostra a figura 02, a grande quantidade de serviços turísticos e
hoteleiros que são oferecidos pelo mercado precisam de operadores e atendentes
devidamente qualificados e treinados para atender a demanda, de maneira
excelente.
22
Figura 02: O Sistema Econômico e Turismo
Fonte: Adaptado de Barretto, 2001.
Se observarmos o sistema turístico como um todo, percebemos que este
está subdividido em demais sistemas, a hotelaria é um subsistema do turismo, no
entanto interage com as demais partes, assim como é influenciada pelo
desempenho do todo. O sistema turístico em si, como pode ser percebido na figura
3, é parte integrante de outros sistemas maiores, inserido em um meio ambiente em
constante mutação e constituído por condicionantes de ordem social, política,
cultural, tecnológica, ambiental e econômica (PETROCCHI, 2002).
O produto turístico é constituído de três serviços básicos: o
transporte, a hospedagem e o atrativo, como lazer ou qualquer outra
motivação para viagem. A hotelaria é, então, um dos fatores
basilares do turismo (PETROCCHI, 2002 p. 19).
23
Figura 03: Hotelaria – Subsistema do Turismo
Fonte: PETROCCHI, 2002, p. 20
Para melhor compreensão da situação da hotelaria dentro do sistema
turístico, buscamos alguns conceitos para embasar este estudo.
A empresa hoteleira para Castelli (2001) caracteriza-se por uma organização
que, mediante pagamento de diárias, oferece alojamento à clientela indiscriminada.
Segundo consta na Home Page do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), é a
pessoa jurídica que explora ou administra meios de hospedagem e que tem em seus
objetivos sociais o exercício de atividade hoteleira.
De acordo com a deliberação normativa 433 de 30 de dezembro de 2002
(Anexo A), a diretoria da EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo no uso de
suas atribuições e tendo em vista a competência que foi atribuída pelo inciso X do
artigo da lei 8.181, de 28 de março de 1991, resolve que para caracterizar-se
como um meio de hospedagem e de turismo, se precisa satisfazer algumas
condições.
Conforme Art. 1º descrito na Home Page da EMBRATUR:
Os empreendimentos ou estabelecimentos que explorem ou
administrem a prestação de serviços de hospedagem em unidades
mobiliadas e equipadas (UH) e outros serviços oferecidos aos
hóspedes, quais quer que sejam as suas denominações, inclusive os
conhecidos como “flat”, apart-hotel e condohotel, estarão sujeitos às
normas legais que regem as atividades comerciais ou empresariais,
ao cadastramento obrigatório de que trata a Deliberação Normativa
416, de 22 de novembro de 2000 e ao Regulamento Geral de
Meios de Hospedagem.
Os meios de hospedagem e de turismo, ainda segundo Instituto Brasileiro de
24
Turismo, deverão oferecer aos hóspedes, no mínimo, alojamento, para uso
temporário, em Unidades Habitacionais (UH) específicas a esta finalidade; serviços
mínimos necessários aos hóspedes; recepção/portaria para atendimento e controle
permanentes de entrada e saída; guarda de bagagem e objetos de uso pessoal dos
hóspedes, em local apropriado e; conservação, arrumação e limpeza das instalações
e dos equipamentos (CASTELLI, 2001).
O Regulamento dos Meios de Hospedagem da EMBRATUR, define unidade
habitacional (UH), como o espaço que compreende as áreas principais de circulação
comuns do estabelecimento destinado, à utilização pelo spede, para bem-estar,
higiene e repouso. Sendo sub-divididas em Apartamentos e Suítes (CASTELLI,
2001).
Diversos são os fatores que compõe as organizações hoteleiras, dentre seus
investimentos estão o capital monetário e o capital humano. Este pode ainda se
subdividir em potencial intelectual e operacional. Observamos a seguir fatores de
importância relevante sobre o capital humano nos empreendimentos hoteleiros.
3.2.1 A Categoria Resort
Segundo o dicionário de língua inglesa Collins Gem, a palavra resort está
relacionada com estância de férias balneária (termas, praia), local freqüentado para
descanso, spa, etc.
Habitantes de cidades maiores se dispunham cada vez mais a passar férias
em lugares que consideravam atraentes e no século XIX, os resorts de luxo foram
desenvolvidos para suprir essa necessidade de viajantes que gostariam de sentir
nas suas férias o prazer de viajar em busca de lugares exóticos (WALKER, 2002).
A maioria dos resorts é baseada nas atrações de lazer na água,
tanto as paisagísticas como as disponibilidades de recreação. O
hotel tanto pode estar à beira-mar, junto a lagunas ou lagos, como
elevado, com vista e acesso fácil para atividades aquáticas
(LAWSON, 2003 p 75).
A evolução neste setor da economia é constante, porém desde a década de
70 é sentida uma mudança no conceito que os hotéis querem passar para a
sociedade, refletindo preocupações com o meio ambiente e a necessidade de
atender aos interesses diversificados. A sociedade contemporânea se mostra
25
sempre mais exigente em todas as camadas sociais, porém as mais abastadas
trazem um nível alto de bagagem cultural, o que consiste em dinamizar e reciclar os
pacotes ou serviços a serem ofertados (LAWSON, 2003)
É uma tendência global a constante subdivisão dos setores, nos hotéis,
mesmo os de grande porte como os resorts, que buscam especificar serviços e
atender um nicho de mercado restrito, pois ao contrário do que se pensa, a
celeridade da vida contemporânea trás maior fidelização da clientela, mesmo com
vistas a uma concorrência acirrada (LAWSON, 2003)
Um reflexo disso, é a busca pela fidelização do cliente é o fato de alguns
resorts oferecerem propriedades residenciais (condomínio e time sharing, por
exemplo) e opções self-catering somados ao serviço do hotel, ilustrado através do
Plaza Itapema Resort e o Costão do Santinho Resort no litoral de Santa Catarina,
que já estão operando com serviços semelhantes (LAWSON, 2003).
Em tempos mais remotos, a sazonalidade representava um grande problema
para os empreendedores dos resorts, pois muitos funcionavam por temporada, a
contemplar a acessibilidade dos meios de transportes em lugares mais remotos e
também para conciliar o período de férias dos turistas. Iniciado busca, por novas
atividades que propiciassem a sustentação do empreendimento em baixas
temporadas como eventos e conferências, a sazonalidade está, cada vez mais longe
de ser um problema na atualidade, através de tantos serviços opcionais e conceitos
inovadores no ambiente de hospitalidade (WALKER, 2002).
Ao mencionar “novo conceito” de hotel ou resort, estamos entrando num
novo universo, onde profissionais especialistas de renome internacional estão sendo
contratados para dar essa “cara nova” no estabelecimento. A política de adotar esse
novo conceito é uma estratégia para descobrir novos nichos de mercado e alcançar
a vanguarda no setor.
Muitas empresas do setor turístico e hoteleiro estão em busca de novidade
para seus clientes, para sair do convencional e do usual estão investindo em design,
arquitetura, gastronomia, sustentabilidade e principalmente em sensibilidade.
3.3 O elemento humano na hospitalidade
A evolução no setor turístico proporcionou uma expansão espetacular das
empresas hoteleiras, fazendo do elemento humano centro das atividades
26
prestadoras de serviço e exigindo dele uma formação especializada para todos os
níveis de ocupação que compõe a estrutura organizacional do hotel.
Levando em consideração o fato, de o progresso tecnológico ter trazido
inovações e aperfeiçoamentos à empresa hoteleira, o elemento humano continua
sendo a peça fundamental, pois dele depende todo o processo de acolhida ao
cliente e, conseqüentemente, a própria rentabilidade da empresa. Isso influencia
na construção de uma imagem positiva ou negativa, interdependente ao tratamento
que o hóspede receberá, remetendo-se até mesmo, a uma imagem da cidade,
região e do país (CASTELLI, 2001).
Segundo Marques (2003), a maioria dos problemas que ocorrem nos
empreendimentos hoteleiros, está relacionada com o setor pessoal, ocupando assim
a maior parte do tempo e dos esforços do responsável pela gestão de recursos
humanos.
Esta atividade compõe a principal tarefa do gestor, a fim de cumprir a
finalidade a qual se propõe.
A hospitalidade inscreve-se num círculo humano compacto, que
amalgama todos os intervenientes: gerência, pessoal e clientela.
Somos assim levados a admitir que um gerente experiente precisa
dedicar uma atenção especial ao estudo das Relações Humanas
(MARQUES, 2003, p. 27).
Não somente as qualidades humanas devem estar em evidência na
formação do profissional especializado, mas também suas limitações e bem-estar
em toda infra-estrutura que envolve seu ambiente de trabalho. O profissional
hoteleiro trata diretamente com público e busca, através da prestação de seus
serviços, a satisfação das necessidades e dos desejos de outros seres humanos,
exigindo engajamento de iniciativa, criatividade e aptidões que entre as físicas,
intelectuais e sociais forjam pessoas com vocação para atuação na hotelaria
(CASTELLI, 2001).
Existe uma diferença considerável nas estruturas dos hotéis considerados de
pequeno, médio ou grande porte. As necessidade e limitações são diferentes e os
elementos que organizam as atividades hoteleiras também obedecem a essa escala
de diferenciação, no entanto, a busca pela qualidade nos bens e serviços prestados
é unânime, a diferença está basicamente no valor investido por cada uma destas
categorias de hotel, na qualificação a aperfeiçoamento estrutural dos setores e seu
27
capital humano (CASTELLI, 2001).
O elemento humano sendo considerado base do esquema operacional do
setor hoteleiro deve estar devidamente preparado para assumir integralmente a
empresa, seja ela grande ou pequena. Porém adaptando-se a evolução que esta
empresa sofre com a implementação de novos equipamentos e técnicas de gestão,
por outro lado, este avanço em busca do lucro, não deve vir em detrimento do
complexo psicológico da hospitalidade. Toda mudança causa resistência e esses
avanços devem ocorrer de forma gradativa e sintonizada, para que a eficácia seja
comprovada (CASTELLI, 2001).
3.4 O papel do setor de recursos humanos na administração hoteleira
A responsabilidade de gerenciar recursos humanos é acima de tudo o ato de
gerir pessoas, sendo assim seu foco reside na maneira como suas necessidades,
carências e desejos se encaixam nas necessidades e desejos da empresa de
hospitalidade (WALKER, 2002).
São de longa data os estudos voltados para a área de recursos humanos.
O cuidado em colocar as pessoas certas nas funções certas levou a
uma grande melhoria da satisfação e do desempenho no emprego e
corroborou a idéia de que um ambiente de trabalho mais humano
para os empregados poderia ser um conceito benéfico para toda
organização (WALKER, 2002, p. 425).
Nos anos 1920 as áreas de especialização enfatizavam a seleção, as
necessidades de treinamento e o bem-estar do empregado, dava-se atenção
especial à saúde e a segurança no trabalho. Nos dias atuais estes cuidados são
cada vez mais enfatizados e continuam sob a responsabilidade do departamento de
recursos humanos (WALKER, 2002).
Desde os históricos experimentos de Hawthorne, que examinavam os efeitos
da iluminação e ventilação sobre a produtividade, onde os resultados indicavam,
contudo, que os fatores mais importantes que afetavam os níveis de produtividade
eram de preocupação e interesse da gerência por seus trabalhadores. Essas
constatações tornaram-se a base para o movimento de relações humanas, tornando
crescente a valorização dos empregados.
Seguindo esta linha em busca do conforto e ergonomia, em primeira
28
instância e estética e sustentabilidade num segundo momento, os estudos voltados
ao design de peças, equipamentos e objetos de todas as naturezas, utilizados nos
ambientes de trabalho, objetivam primordialmente o bem-estar das pessoas visando
maior produtividade no desempenho profissional, o que gera maior lucro para a
empresa.
Atualmente as necessidades das organizações de hospitalidade são
sentidas, de maneira a selecionar pessoas de recursos humanos que se enquadrem
na cultura corporativa da organização. Estes, estarão aptos a cuidar das
necessidades, treinamento, aparência, deveres e obrigações dos funcionários dentro
da empresa, gerando padrões de qualidade. Dentre estas pode ser citada a
uniformização de pessoal, diretamente ligada à apresentação física dos
empregados.
O desempenho do pessoal na hotelaria é preparado com o intuito de
proporcionar ao hóspede o máximo de conforto, discrição e satisfação através da
excelência no atendimento. Isso se através da maneira como estão dispostos os
setores e níveis hierárquicos dentro dos empreendimentos de hospitalidade, alguns
profissionais têm contato direto com o hóspede outros não, o ideal é evitar ao
máximo esse contato, pois o mesmo busca tranqüilidade e descanso na sua estada.
3.4.1 Setores, cargos e níveis hierárquicos na hotelaria
A departamentalização ou estruturação de uma empresa é uma técnica
desenvolvida para sistematizar e organizar o campo de trabalho de uma empresa.
Uma forma usual de visualizar como está disposta a hierarquia estrutural da
organização é através de outra técnica chamada de organização de organogramas.
Atribui-se ao termo a definição “departamentalização é o processo de
agrupar atividades em frações organizacionais definidas seguindo um dado critério,
visando a melhor adequação da estrutura organizacional e sua dinâmica de ação
(ARAÚJO, 1994 p. 157).
Dentro da estrutura organizacional de uma empresa, existe a necessidade
de estabelecer níveis hierárquicos, por diversas razões como aproveitar a
especialização do colaborador, maximizar recursos disponíveis, obter controle
empresarial em diversos aspectos, coordenar de maneira mais eficaz e pontual e
descentralizar. Delegar autoridade e responsabilidade nos dias de hoje consiste em
29
um dos maiores desafios dos controladores de sistemas organizacionais, podendo
ainda, citar outros itens como a integração ambiente organização e a redução do
nível de conflito empresarial (ARAÚJO, 1994).
Dentro do setor hoteleiro não é diferente, como exemplifica a figura 04,
através do organograma de um hotel. A descrição e classificação dos cargos de um
estabelecimento hoteleiro devem estar harmoniosamente distribuídas de maneira
que todas as necessidades internas e externas sejam supridas adequadamente.
Figura 04: Organograma de um hotel.
Fonte: MARQUES, 2003, p. 143
Os níveis hierárquicos de uma organização estão distribuídos de uma
maneira genérica em administrativo, tático e operacional. Sendo que o nível
operacional, como o próprio nome já diz, exige do colaborador mais atividades
físicas do que necessariamente mental, geralmente envolvido num processo
metódico e padronizado. O nível tático está numa posição intermediária da estrutura
organizacional, possui alguns pares de subordinados e exige tomada de decisões
mais abrangentes e estratégicas e, no nível administrativo estão centradas as
tomadas de decisões totalmente amplas no sentido de definir os rumos da
organização.
As assessorias administrativas desempenham um papel importante nesse
30
nível, pois, a capacidade logística, experiência profissional e o perfil de líder
moderado, fazem toda a diferença ao alcance da excelência na administração.
Para maior compreensão desta hierarquia organizacional, vislumbram-se na
figura 05 os principais setores e suas funções, de acordo com o nível de contato com
o hóspede.
ENTRA EM CONTATO
COM O HÓSPEDE
CARGO
FUNÇÃO
Sempre Nunca Raro
Nível
Administrativo
Diretoria
Estabelece metas que garantem a
sobrevivência da empresa a partir do plano
estratégico
X
Gerência
Atinge metas (PDCA); Treina função-
supervisão.
X
Governança
Supervisionar, dirigir e coordenar as
camareiras, providenciando apartamentos
limpos e arrumados de acordo com os
padrões do Hotel, para maximizar a
satisfação dos hóspedes.
X
Controler
de A e B
Controlar e ajustar o custo de A e B com os
padrões e procedimentos do hotel, analisando
e verificando notas fiscais requisições, menus
e a própria produção.
X
Chefe
de Cozinha
Supervisionar, coordenar e dirigir as
operações da cozinha do hotel, de acordo
com os padrões do mesmo, garantindo uma
alimentação da melhor qualidade dentro do
orçamento.
X
Controladoria
Fazer uma auditoria minuciosa no
faturamento diário do hotel, mantendo em dia
todos os relatórios e boletins de caixa.
X
Nível Tático
Finanças
Manter controle sobre os recebimentos e
pagamentos, protegendo o ativo do hotel, de
acordo com os padrões do mesmo e
preparando os relatórios para análise da
gerência.
X
31
Marketing
Direcionar as atividades geradoras de vendas
de acordo com o plano de marketing, para
maximizar a satisfação do hóspede e a
rentabilidade geral do hotel. Coordenar os
serviços e as atividades relacionadas à
função de vendas, de acordo com os padrões
e a política do hotel.
X
Recursos
Humanos
Atingir as metas operacionais do hotel,
maximizando a produtividade dos
funcionários e seu bem-estar, e atingindo os
objetivos do serviço aos hóspedes.
Implementar e supervisionar os programas de
treinamento e a política e procedimentos na
área de recursos humanos, de acordo com as
leis estaduais, federais e com a política do
Hotel.
X
Recepção
Efetuar reservas, atendimento 24 horas,
registro de reclamações, Check-in, Check-
out.
X
Mensageiros
Dar assistência eficiente e cortez aos
hóspedes durante sua estada.
X
Sala de negócios
(Fone/fax/Internet)
Proporcionar ao hóspede uma extensão de
seu escritório para que possa fechar seus
negócios através da realização de
telefonemas, passagem de fax e uso da
Internet.
X
Rouparia
Manter em ordem os jogos de roupa branca
nos armários da rouparia e entregar, em
tempo hábil, a roupa branca e os demais itens
dos apartamentos à governanta ou
diretamente ao hóspede.
X
Garagem
Proporcionar um atendimento eficiente e
seguro aos hóspedes quando entram e saem
do hotel.
X
Atividades de Lazer,
Relaxamento e
Entretenimento.
Proporcionar atendimento de qualidade,
dirigindo as atividades da área de lazer,
relaxamento e entretenimento, maximizando
a satisfação dos hóspedes.
X
Nível Operacional
Engenharia
e
Marcenaria
Realizar manutenção preventiva e fazer
concertos, quando necessário para manter as
áreas sociais e o núcleo interno do hotel de
acordo com os padrões do mesmo.
X
32
Água
e
eletricidade
Realizar manutenção preventiva e reparos
nos equipamentos da rede elétrica e
hidráulica, mantendo os serviços do hotel (ar
condicionado, calefação, energia, refrigeração
e saneamento) em perfeitas condições de
funcionamento.
X
Figura 05: Quadro demonstrando a distribuição de cargos na hotelaria
Fonte: Adaptado de Marques (2003)
Como podemos perceber, os diferentes níveis hierárquicos trazem
características peculiares a cada um, mais precisamente no sentido da função
exercida por cada colaborador. Quanto mais complexa mentalmente a tarefa do
colaborador, menos quesitos funcionais serão necessários para compor sua
vestimenta profissional.
Os colaboradores do nível administrativo (presidente e diretores), geralmente
não usam nenhum tipo de uniforme, vestem-se de maneira mais formal ou casual,
dependendo do tamanho e classificação da organização.
No nível tático, os gerentes ou controladores, normalmente estão bem
inseridos nas atividades dinâmicas do hotel, utilizam uma vestimenta profissional
padronizada de acordo com a posição hierárquica em que se encontram, embora
algumas empresas não vêem isso como necessário. também as funções
específicas, como chefe de cozinha que irá usar um uniforme de padrão universal de
acordo com sua profissão.
Quando deparamos com o nível operacional, encontramos o setor mais
representativo e desafiador para compor roupas profissionais, uma vez que, o nível
de complexidade mental nas funções é baixo, porém o desempenho físico do
colaborador é irá determinar sua produtividade.
Criar um uniforme adequado à função, ao cargo, ao clima, as características
físicas do colaborador e esteticamente agradável ao usuário e unificado à identidade
visual corporativa vão contribuir para aumentar a produtividade e auto-estima do
colaborador e também como fator positivo com a imagem corporativa do hotel, não
somente ao hóspede, mas a todo o mercado consumidor em potencial.
Essa tarefa é relativamente fácil, desde que se faça uso das corretas
ferramentas para atingir os resultados satisfatórios, e não considerar somente os
atributos do design no planejamento de um projeto como este, mas também do
33
marketing, mais precisamente do mix de marketing”. Termo designado para situar a
empresa em relação aos fatores ou elementos que determinam as operações e o
funcionamento do negócio: ponto-de-venda, produto, preço, promoção, parcerias,
pacotes de vendas, programas e pessoal (WALKER, 2002).
3.5 Noções básicas
de marketing no setor hoteleiro
O marketing registra suas origens nas premissas do movimento
mercadológico, no entanto, ao ofertar um determinado produto interessante,
conseqüentemente se obtém algo em troca, sendo esta a forma mais primitiva de
comercialização.
Atualmente, os consumidores apresentam necessidades específicas, porém,
um determinado produto só será encontrado se a forma de divulgação for feita
adequadamente. Citando Kotler (1990, p. 33) “Marketing significa trabalhar com
mercados, os quais, por sua vez, significam a tentativa de realizar as trocas em
potencial com o objetivo de satisfazer às necessidades e os desejos humanos”.
O marketing começa seu trabalho na empresa estabelecendo uma filosofia e
uma missão empresarial, baseados nessa premissa é que estão centrados os rumos
e os interesses da organização.
O produto turístico difere, fundamentalmente, dos produtos
industrializados e de comércio. Compões-se de elementos e
percepções intangíveis e é sentido pelo consumidor como uma
experiência, vivida desde o momento que sai de casa para viajar até
o retorno.
Um assento no avião ou cama no hotel pode ser um produto
individual para produtores, porém, para os turistas, ambos são
elementos ou componentes de um produto total (RUSCHMANN,
2002, p.75).
As decisões de marketing normalmente partem de uma análise ambiental,
que consiste num estudo minucioso dos fatores sociais, econômicos, políticos e
tecnológicos capazes de influenciar o setor de hospitalidade, como ilustra a figura 06
(WALKER, 2002).
34
Figura 06: Análise Ambiental
Fonte: Walker, 2002 p. 415
Estas influências são sentidas em todos os níveis da organização, somente
a partir desta análise é possível partir para o efetivo planejamento de marketing que
vai envolver pesquisa de mercado, demanda, posicionamento, análise de
concorrência, metas, objetivos e próprio mix de marketing, que poderá ser
exemplificado através do ciclo de vida do produto hoteleiro de acordo com a figura
07.
Figura 07: Ciclo de vida do produto hoteleiro
Fonte: WALKER, 2002, P. 421
35
Pode-se dizer que as fases de vida do produto hoteleiro são de certa forma
equilibrada, pois apresenta um período de introdução, crescimento, maturidade e
declínio semelhantes, fazendo com que um produto fique no mercado por tempo
suficiente para sentir o feedback necessário quanto ao nível de aceitação e
satisfação conseguido pelo produto (WALKER, 2002).
3.6 O conceito de filosofia corporativa voltado para hotelaria
A imagem do hotel está diretamente ligada à definição de filosofia
corporativa, o conceito que define esta questão vem mudando sensivelmente nos
últimos tempos, em conseqüência da visão de um gerenciamento mais participativo,
o qual resulta numa maior autonomia dos colaboradores na gestão da empresa. São
perceptíveis resultados como aumento da produtividade e do nível de satisfação
tanto de colaboradores quanto de clientes (WALKER, 2002). Conforme o mesmo
autor (2002, p.460) “A filosofia de uma corporação guarda fortes ligações com a
qualidade de sua liderança e com o processo de gerenciamento de qualidade total”.
O conceito abrange ainda valores cultivados pela organização como
padrões de moral, ética, justiça e equidade. Novos paradigmas vão sendo instituídos
nas corporações de hospitalidade, consistindo numa mudança dos aspectos ligados
à produção para os mais propriamente ligados ao relacionamento com os clientes.
Na contemporaneidade as organizações de sucesso são aquelas que conseguem
compartilhar sua filosofia corporativa com colaboradores e clientes (WALKER, 2002).
O elemento mais importante na manutenção da imagem de uma
organização é a prática de tornar a filosofia corporativa parte da vida
das pessoas envolvidas com ela. Manter a filosofia viva e atuante é
um valor que deve começar a ser cultivado no topo da escala
hierárquica e incorporando a cada um de seus níveis, de maneira
que as pessoas envolvidas do começo ao fim em todo o processo de
gerenciamento se sintam comprometidas com uma única e mesma
causa (WALKER, 2002, p. 460).
Da mesma forma, está relacionada diretamente à cultura corporativa de uma
organização, ligada ao grau de importância atribuído ao estilo desta empresa em
vincular-se às pessoas e suas funções, bem como o relacionamento destas entre si,
não importando se é uma empresa de pequeno ou grande porte. Este vínculo
36
estende-se na busca de parcerias e fusões, geralmente à empresas alinhadas a
mesma cultura corporativa.
37
4 O DESIGN DE MODA E A VESTIMENTA PROFISSIONAL
Na seqüência da demonstração do enquadramento que as vestimentas
profissionais possuem perante a relação de cargos e funções na hotelaria, vindo a
refletir na imagem corporativa destes empreendimentos, abordar-se-á como alicerce
complementar do estudo, o processo de concepção da referida vestimenta.
Posteriormente à abordagem da primeira fase dos estudos teóricos voltados
às áreas do turismo e da hotelaria, nesta segunda fase serão expostos elementos
dispostos pelo design, amplamente debatidos por Santos (2000), Meyer (2006) e
Bonfim (1995); levando à uma análise sobre design moda via Treptow (2003),
Feghali & Dwyer (2001) e Palomino (2003); que remeterá ao aprofundamento do
design vestuário discutido por autores como Mesquita (2004) e Caldas (2004).
Esses assuntos destacados, quando interligados, correspondem à
segmentação de mercado, tratada em Cobra (1986,) veio a proporcionar um
respaldo científico para apresentar elementos de suporte sobre: vestimentas
profissionais Lurie (1997), Catellani (2003); ergonomia Lida (1997), Gomes Filho
(2003); estética – Mesquita (2004) e identidade visual corporativa.
4.1 As bases conceituais do Design
Quando são abordadas as bases conceituais da área do Design, faz-se
necessário conceituá-lo para visualizar seu alcance nos universos industrial e
comercial, bem como sua abrangência na vida tecnológica e contemporânea na qual
vivemos.
O design é o meio de comunicação pelo qual expressa formas imagináveis,
além de vontades, preferências, gostos, sabores e o prazer de fazer parte de uma
significativa parcela da população global que busca ser diferente, porém, “normal”,
capaz criar seu próprio universo através da criatividade das outras pessoas,
recriando idéias e tornando o complexo, simples e o simples, belo.
Sob outra perspectiva, design é dar novas formas a velhos materiais é tudo
aquilo que é usual, transformando-se em original ao assumir uma nova função.
Design é um fenômeno processador de estilos e novos paradigmas da tecnologia,
da indústria, da ecologia e da vida.
38
O design é a área que por excelência transita entre as artes, as
engenharias, a comunicação, a administração, a arquitetura, o
estilismo, mas que nenhuma delas firma residência ou levanta seus
limites. Se quiséssemos estabelecer as linhas que separam ou que
organizam o design em relação às áreas mencionadas, talvez jamais
obtivéssemos sucesso. Seria como misturar numa vasilha com água
diversas tintas de cores diferentes e tentar identificar com exatidão o
ponto onde termina uma cor e inicia outra. (MEYER, 2006, p. 11).
Em termos mais acadêmicos e aplicativos podemos definir design como
criação e gestão de produtos tridimensionais, visuais, ou de serviços
especificamente categorizados, na concepção de um objeto final, pronto para ser
adquirido pelo consumidor. A formação do profissional em design (o designer)
implica na criação e gestão do processo, etapas estas intrinsecamente relacionadas
e interdependentes.
O design também se apresenta como uma disciplina centrada no ser
humano, cujo comportamento psico-social passa a ser amplamente estudado,
subdividindo-se em disciplinas que buscam a compreensão dos grupos e sub-grupos
sociais formados por indivíduos.
Dentre as subdivisões presentes no conjunto maior formado pelo design, o
design de moda é responsável por aplicar os atributos citados anteriormente ao
design, simples e puro, direcionado a produtos e serviços de moda. Genericamente
falando são entendidos por produtos de moda peças como aviamentos, acessórios,
calçados, vestuário e jóias. Entre os serviços prestados encontram-se as produções
de eventos, de desfiles, de ensaios fotográficos, de vitrinas, podendo ser
acrescentados outros como o personal styler (FEGHALI e DWYER, 2001).
Dessa forma, segundo Houaiss (2003, p. 356), moda pode ser definida
como: estilo, fenômeno que dita o modo de vestir, viver, falar, etc.
Se, em outras épocas, a moda servia para distinguir e discriminar a inserção
dos indivíduos nas classes sociais, profissões, artes, religião, etc.; hoje, ela (em
parte) não se classifica mais por esses atributos, em função da evolução sentida
pelo ser humano, através de definições de estilo que geralmente não estão mais
relacionadas a classes sociais ou níveis de escolaridade. Atualmente, os estilos
ditados pela moda se interligam com o grau de evolução cultural em que cada
indivíduo se encontra, dentro de uma sociedade atual e globalizada (DORFLES,
1984).
39
Lemos (2002), através do Dicionário da Moda, define estilo como
manifestação pessoal, individual ou grupal, exteriorizada através do modo de vestir
ou de se expressar, que segue características próprias ou influenciadas por uma
época. Houaiss (2003) acrescenta a essa definição três princípios centrais: 1)
maneira particular de expressar, de vestir, de escrever, de viver, etc. 2) tendência
artística, 3) elegância.
As definições relacionadas, conforme Dorfles (1984), demonstram que moda
não é apenas um fenômeno frívolo e superficial, mas reflexo dos hábitos e
comportamentos psicológicos do indivíduo e do meio social em que vive.
Portanto, podemos afirmar que, o objetivo principal do designer é agregar
valor a determinado gênero, devendo, porém, ser sensível o bastante para entender
a importância de sua atividade dentro do conjunto de produção. Podemos definir
design como a arte e a ciência de aumentar a beleza e o valor dos artigos
produzidos em massa.
Um produto perfeito é aquele que conquista a maior porcentagem de vendas
do ramo e proporciona um bom lucro ao fabricante. Sob o ponto de vista de design,
a aparência de um produto pode parecer à única razão de seu atrativo de compra,
contudo, as vendas, as engenharia, a fabricação e a qualidade são fatores
igualmente importantes, e a correta conjugação destes elementos, adequadamente
dosados, é que o torna um produto perfeito (FEGHALI e DWYER, 2001).
Segundo Mesquita (2004, p 13), podemos entender a palavra moda de duas
maneiras: moda é usada como adjetivo (moda jovem, moda praia, isto ou aquilo está
na moda) e como nome próprio; e Moda é denominada como sistema que rege os
ciclos do vestuário, mobiliário, costumes, etc. No entanto, a partir dessa assertiva é
possível definir claramente a diferença entre moda, Moda e estilo: a roupa é a pele e
a pele é a inteligência comunicativa de um grupo, é o símbolo, brasão de um
indivíduo ou de uma empresa.
4.2 Design de vestuário
Instala-se, então, a necessidade de segmentar esse sistema, para melhor
estudar e conhecer o comportamento e as necessidades de cada nicho de mercado
a ser explorado. O vestuário é uma das áreas de atuação da Moda, segundo
Palomino, (2003, p. 14) a segmentação do mercado de moda em grupos e
40
subgrupos torna mais preciso o alcance dos objetivos de seus consumidores. A
autora define moda como um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que
integra o simples uso de roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social,
sociológico, complementando ainda: moda não é estar na moda. Moda é muito
mais do que roupa, é atitude.
O vestuário é um dos produtos considerados de moda e o universo das
roupas é imensamente proporcional a sua diversificação. A palavra vestuário está
diretamente ligada a roupas de todos os tipos de qualquer estilo, podendo-se citar
dois outros termos que darão mais clareza ao entendimento dessa questão, a
indumentária e a vestimenta.
De acordo com Catellani (2003), indumentária é história, arte e sistema de
vestuário em relação à determinada época ou povo; e vestimenta é a peça do
vestuário que veste qualquer parte do corpo (inclusive calçados e acessórios). Esses
vocábulos também são utilizados para referenciar ornamentos ou vestes
padronizadas, como roupas sacerdotais ou monárquicas.
Sendo assim identificamos o design de vestuário como o mais significativo
dos produtos de moda, por fazer referência direta à esta e por ocupar um lugar de
destaque nesse cenário, visto que se tem na roupa o conceito central de imagem da
moda.
4.3 Segmentação de mercado no design de vestuário
A partir dessas definições abrangentes, é possível visualizar de maneira
mais específica os nichos desse mercado, um deles é o segmento de roupas
profissionais ou moda corporativa, como é chamado no meio. Sendo que, a
definição mais antiga que temos é chamado “uniforme”. Para Catellani (2003), a
palavra uniforme significa vestimenta igual para todos os componentes de um grupo
ou agremiação, podendo esta buscar na moda inspiração para a idealização de
algum traje, como o de marinheiro, por exemplo.
4.3.1 Vestimenta profissional - moda para o trabalho
No universo de criação e desenvolvimento da moda, os segmentos são
caracterizados por estilos, criados através das exigências do mercado e fazendo
41
com que, em longo prazo, surgisse a necessidade de incorporar a moda no
segmento do trabalho.
A idealização para a roupa profissional, formada por estilos e princípios de
moda caracteriza a modernidade e aperfeiçoamento no vestir profissional,
acrescentando-se como novo segmento no mercado têxtil e oferecendo produtos
inovadores, diferenciados e soluções para a moda corporativa para as roupas
profissionais, atendendo a todos os níveis hierárquicos das empresas.
Entretanto, no ambiente fashion se tornou comum a denominação de
workwear, para segmentar o estilo profissional de se vestir. Com a evolução das
soluções tecnológicas e a adesão maciça de empresas dos mais diversos
segmentos a utilizar esse serviço, criou-se mais um termo para identificar esse
mercado, denominado workfashion. O primeiro, faz menção a roupas dos setores
técnicos e operacionais, voltados para trabalhos mais forçados, braçais ou que
apresentem algum grau de periculosidade. O segundo, por sua vez, refere-se aos
setores táticos e administrativos em níveis gerenciais, bem como de prestação de
serviços, contato com o público.
A alta tecnologia e a utilização de matéria-prima de primeira linha garantem
a excelente performance nos tecidos utilizados no que diz respeito à durabilidade, à
solidez das cores e ao caimento. O tecido não desbota, não encolhe e não deforma,
graças à estabilidade do entrelaçamento de seus fios. Além disso, geralmente possui
acabamento antimicrobial, evitando os odores da transpiração, sendo indicados para
a uniformização em vários segmentos (operadores de máquinas, prestadores de
serviços, funcionários de hotéis, bancos, escritórios, etc).
A padronização para o segmento de serviços exige tecidos com aspecto
impecável, padrões diferenciados e facilidade na manutenção da roupa,
proporcionando todo o conforto e bem-estar ao usuário. Tecidos com padronagem,
composição e estrutura aplicados ao conforto e resistência, são a melhor opção na
confecção destas peças.
Por tais aprimoramentos inseridos ao setor, a moda avança em todos os
segmentos e a roupa profissional vem ultrapassando facilmente a simplicidade do
antigo uniforme, como coletes e guarda-pós, se adequando ao ambiente e à filosofia
de trabalho proposta por cada empresa, além de ganhar tecidos e cores
diferenciados.
42
Figura 08: Criação da Estilista Tânia Maria Batissaco para hotel de São Paulo
Fonte: <www.oqdesign.com.br/20/porai.htm>
Apostar na qualidade dos serviços é uma característica inerente aos
empresários que vislumbram a excelência no atendimento, a valorização da
imagem é um meio de sustentação dessa qualidade, pois reafirma-se não a
importância dada pelos empresários à questão da responsabilidade com relação ao
seu negócio, como também atrela o conceito do estabelecimento a um elemento
visual. Uma maneira simples, que vem sendo adotada por muitos hotéis, bares,
restaurantes, companhias aéreas e empresas especializadas em food service, é a
de transformar o visual de seus atendentes naquilo que se convencionou chamar de
moda corporativa (workwear).
Atualmente, tem aumentado a preocupação e a conscientização com relação
à padronização do vestuário corporativo dentro dos estabelecimentos,
principalmente no que diz respeito à praticidade, modernidade, conforto e
durabilidade, contribuindo com a harmonia da identidade visual do negócio, ou seja,
ao olhar para o colaborador, independente da função que executa, o que se é a
companhia que ele está representando. A falta de padrão no vestuário pode agir
como um elemento desagregador da relação entre a imagem e a qualidade dos
serviços.
Quando voltamos nosso olhar ao usuário da roupa profissional, podemos
dizer que é um incentivo o fato de “desfilarem” diariamente um traje criado
especialmente para ele, desenvolvido por um estilista ou designer, famoso ou não.
Aí entra o processo de design, onde são consideradas especificidades de cada
43
cargo, respeitando as limitações das atividades exercidas, bem como aspectos
ergonômicos e climáticos, buscando harmonizar a filosofia da empresa e o conceito
que os demais canais de imagem estão passando ao público.
A confecção de uma roupa para o segmento profissional é um segmento que
apresenta inovação em suas formas, semelhantes a peças geralmente utilizadas no
dia-a-dia e não mais com aparência apenas de roupas de trabalho. As confecções
estão enquadradas em normas e preocupam-se com a utilização de tecidos de alta
performance leves e confortáveis, com caimento adequado ao segmento, permitindo
a produção de peças complexas como blazers, coletes e paletós.
Pelos motivos apresentados, é notória e crescente a atenção voltada para o
segmento de roupas profissionais, que buscam agradar todos os clientes internos e
externos de uma organização.
.3.2 História do uniforme
A utilização do uniforme como vestimenta vem de longa data, e se tornou
mais usado e característico, pelas forças armadas nas guerras e por entidade
clericais. O objetivo deste uso era, principalmente, identificar as pessoas que faziam
parte de um determinado grupo, tirando alguns caracteres de sua personalidade,
tornando o ser humano um número sem censura. Esta concepção antiga de
uniforme induzia ao tratamento dos uniformizados como objetos pertencentes à
entidade, e não como seres humanos. No caso dos religiosos era diferenciado das
demais pessoas da população (LURIE, 1997).
O uso freqüente do uniforme, segundo Lurie (1997), chegava a alterar a
personalidade da pessoa de tal maneira que se tornava difícil o convívio com ela. No
entanto, a partir do momento que se tirava o uniforme, se libertava de um jugo,
tornando-se um alívio demonstrado em maneiras de agir bem mais informais. Um
exemplo está no conto A temple of the Holy Ghostde Flannery O’Connor, quando
as estudantes vão para casa:
44
Chegaram em seus uniformes marrons que tinham que usar no
convento de Mount St. Scholastica, mas assim que abriram as malas,
tiraram e vestiram saias vermelhas e blusas berrantes. Passaram
batom, calçaram os sapatos de domingo e andaram de salto pela
casa toda. A retirada do uniforme resultou na completa mudança de
comportamento (LURIE, 1997, p. 33).
Ainda conforme Lurie (1997), o uniforme era usado não para identificar
membros de um grupo ou clã, mas também para estabelecer as hierarquias. Nas
guerras antigas, os uniformes tinham forma de demônios ou caveiras e esqueletos,
com o objetivo de amedrontar o inimigo, porém, as costelas pintadas originalmente
se transformaram nos alamares que hoje compõe os uniformes.
Outro aspecto do uso dos uniformes é a obrigação da pessoa que o usa, de
ter um comportamento absolutamente correto. Isto mudou a partir dos anos 60,
quando o uniforme do exército passou a ser usado também como forma de protesto
contra a violência e o preconceito, usados principalmente pelos hippies. (LURIE,
1997)
Os fatores elencados foram determinantes para que o uniforme passasse a
apresentar a entidade ou empresa da qual o usuário está vestindo, fazendo com que
seu comportamento seja de acordo com as normas destas entidades e com o cargo
que ocupa, geralmente caracterizadas pelo apelo mais formal.
4.3.3 A evolução e aplicação na atualidade
A sociedade contemporânea vem sofrendo avanços contínuos e desde os
anos 80, nos deparamos com uma viajem nos ambientes de trabalho, e na evolução
do seu modo de vestir. Foi muito radical, em alguns segmentos do mercado, a
mudança do vestuário, clássico e tradicional (ternos e tailleurs) para modelos mais
casuais. Tornou-se complexa esta mudança e de difícil compreensão, pois grande
parte dos funcionários pode confundir o casual com o desarrumado e o desleixado.
No entanto, pode-se dizer que os grandes acontecimentos e principalmente
as catástrofes, como guerras e atentados transformam o mundo em diversos
aspectos e segmentos, inclusive os uniformes. A exemplo de Elza Schiaparelli
1
na
1
Designer italiana que soube aproveitar sua criatividade e seus conhecimentos de arte para produzir
peças e coleções que até hoje encantam à todos. Além dos tricôs, vestidos, taileurs e chapéus, que
revolucionaram o mundo da moda nas décadas de 30 e 40, a italiana Elza Schiaparelli foi pioneira em
45
Segunda Guerra e a própria Coco Chanel nas duas grandes Guerras mundiais,
valendo-se das dificuldades e faltas conseqüentes de matéria-prima, lançaram
inúmeros itens da moda que perpetuaram até os dias de hoje, como a influência da
funcionalidade dos trajes militares (padronagens camufladas e sarjadas), itens estes
que, além de proporcionar uma sensação de poder ao usuário, também impõe um
certo respeito (TORELI, 2002).
Ao contrário do antigo objetivo do uniforme, atualmente ele é usado
justamente para diferenciar o funcionário das demais pessoas, impondo respeito e
admiração. A cada dia que passa estas roupas de trabalho desconfortáveis e feias
são substituídas por vestimentas profissionais classe “alto padrão”, feitos com boa
modelagem e tecidos diferenciados, recriando os estilos Workwear e Workfashion.
Como explica Armando Stella na Home Page da Santista, workwear é uma
linha de roupas profissionais confeccionadas para atividades que exigem esforço
corporal, tais como equipes de resgate, mecânicos, funcionários de linhas de
montagem, entre outros. E workfashion pode ser considerada uma linha mais
sofisticada mais voltada para empresas de alto padrão como companhias aéreas,
redes de hotéis e restaurantes, clínicas e demais empresas dos mais diversos
setores. Essas tendências usadas em países do primeiro mundo, com a
globalização estão se tornando comuns também no Brasil. Segundo Alexandre
Gomes (Home Page Santista), consultor de roupas profissionais da Santista Têxtil, a
padronização de vestuário dos profissionais da área cio-administrativa, está
crescendo em todo país, pois diversas empresas estão adotando peças formais para
personalizar seus funcionários.
No momento em que optou-se pelo título de “Roupas Profissionais” aos
uniformes, mudou-se de maneira radical, não somente na aparência como estética,
mas também a ergonomia, veio agregar as vestimentas profissionais praticidade,
modernidade, conforto, segurança e durabilidade. Para isso além da modelagem
estudada e concebida para essa finalidade, as empresas contam com os “tecidos
inteligentes”, que tem adequação a cada setor profissional. Segundo o diretor de
Marketing da Santista, a marca lançou um tecido chamado sanitized”, que elimina
criar bijoux com formas alternativas, irreverentes e chiques. Conhecida por ser uma designer à frente
do seu tempo, tinha influência do dadaísmo e do surrealismo, tendo artistas como Salvador Dali em
sua equipe, que participava de suas coleções desenhando bijoux ou estampas, criando assim um
mito em torno do seu nome. Coco Channel, estilista francesa, ficou conhecida como sua maior rival
na época (TORELI, 2002).
46
odores, evita a proliferação de bactérias, aumentando a vida útil do tecido, com
proteção anti UV, com a utilização de poliéster reciclado (REVISTA BROTHER
NEWS, 2002).
Outra empresa engajada nesse projeto é a Santanense que, além do
mercado interno, atende também a outros países como Estados Unidos, Canadá,
Portugal, Itália, Espanha, e a América Latina, com uma linha de higienização nos
trajes, destacando-se os tecidos retardantes de chamas, antimicrobiano e repelentes
a óleo e água.
As indústrias de fios de tecidos, motivadas por essas mudanças, não param
de pesquisar e estudar novas tecnologias, com a finalidade de lançar fibras e tecidos
que venham revolucionar a produção das vestimentas profissionais. A exemplo disso
está a UNIF do Brasil, que desenvolveu quatro novos produtos: poliéster texturizado
a ar, com toque de algodão e característica de poliéster easy care (fácil de usar); a
microfibra com um toque macio e transporte de umidade; os tecidos mistos com fios
naturais e sintéticos e o sorbtek, que possui um produto químico aplicado no
poliéster facilitando o transporte de umidade para o meio ambiente.
De acordo com Tânia Maria Batissaco, consultora e estilista da Santista
Têxtil:
O aparecimento de tecidos com novas tecnologias tem contribuído
bastante para as transformações dos uniformes, os chamados
“tecidos inteligentes” interferem na aparência e principalmente nas
área operacionais das empresas, agregam qualidade, segurança e
conforto. (REVISTA BROTHER NEWS, 2002, p.13).
Tecidos como estes são produzidos não somente para áreas operacionais,
mas também para áreas de atendimento, pois não amassam e dão aparência de
estarem sempre impecáveis. Na área de cozinha, existem algumas limitações, sendo
que o ideal, são os tecidos com algodão que proporcionam mais conforto (por causa
do calor), higiene e segurança (os totalmente sintéticos são inflamáveis). existe
no mercado tecidos práticos para serem usados nas cozinhas e atendimentos,
tratados com proteção teflon, um revestimento que repele a água e gordura.
Além do uso do traje para fim específico, algumas empresas estão usando
peças com finalidade de marketing, como camisetas, chapéus, aventais e toks,
dados ou vendidos como souvenir, acrescidos do logotipo da empresa.
Anteriormente, os funcionários relutavam em usar roupas profissionais
47
padronizadas, por serem geralmente peças feias, de modelagem e confecção
inadequadas e sem preocupações com a estética. Hoje, os estudos em torno do
assunto seguem algumas características de moda, como cores, formas e temáticas,
possibilitando que, em algumas empresas, os colaboradores possam optar por
determinada peça de roupa como calça ou saia, blusa ou casaco, podendo sugerir
alterações para melhorar a aparência e conforto dos trajes (FISCHER & MIRKIN,
2001).
Para otimizar esses processos de concepção e aprimorar cada vez mais no
atendimento desse segmento, estão sendo inseridos designers de moda ou estilistas
na execução dos projetos, que detém a vantagem da personalização da empresa,
mostrando-a competitiva e inovadora frente aos concorrentes, além de todos os
outros atributos do design.
Assim, como empresas de diversos setores, a hotelaria também apresenta
registros do uso desses profissionais para renovar o conceito e a imagem de suas
empresas.
4.3.4 A vestimenta profissional na hotelaria
A competitividade das empresas hoteleiras está diretamente ligada ao capital
humano que possuem, por isso, a importância em investir na sua capacitação e
qualificação profissionais, bem como em benefícios que proporcionem o seu bem-
estar e aumentem sua auto-estima, dentro e fora do ambiente de trabalho
(CASTELLI, 2001).
O ambiente de trabalho deve proporcionar condições para tal desempenho,
no que diz respeito à estrutura física, pessoal e interpessoal. Dentre estes fatores
que motivam o ser humano ao trabalho, está a vestimenta profissional adequada à
função que ocupa, as condições climáticas em que o empreendimento hoteleiro está
situado e de acordo com as características conceituais em que o mesmo está
inserido (CASTELLI, 2001).
Muitas vezes durante o processo de evolução de uma empresa, esta passa
por mudanças também no seu foco de mercado e de público-alvo. Neste momento
se faz presente de maneira muito importante, o design. Ele entra como uma nova
proposta de cor, forma, textura e apresentação desde o micro até o macro sistema
do hotel e comunicando ao cliente a mesma linguagem na fachada, ambientes,
48
roupas profissionais, cardápios, etc.
Um conjunto de profissionais da hotelaria, por exemplo, especializados são
capazes de construir um “novo mundo a partir de uma temática, somente para
transportar o hóspede a um cenário de luxo, glamour ou funcionalidade e tornar a
sua estada tão prazerosa, que ele queira voltar constantemente a esse lugar.
4.3.5 Vestimenta profissional padronizada
a) Aspectos sócio-econômicos e tecnológicos
Como foi mencionado em páginas anteriores, empresários brasileiros da
hotelaria visualizam a importância da uniformização do seu corpo de funcionários,
perante as vantagens que a mesma proporciona, aumentando a segurança, o
conforto, a auto-estima e a impressão ao público com relação à imagem coorporativa
do hotel. Com a expansão desse mercado, as empresas têxteis necessitaram se
adequar às mudanças apresentadas nos meios de hospedagem (MORAES, 2002).
O mercado possui tecidos inteligentes e tecnológicos e cada nicho de
confecção se utiliza daquele que atende às suas necessidades. A indicação
atualmente para a rede hoteleira são misturas de fibras sintéticas com algodão,
como descrito em linhas anteriores (MORAES, 2002).
Segundo FEGHALI, 2000, p 36, uma afinidade muito grande entre saúde
e vestuário, baseada numa verdadeira retaguarda científica: o Design Saudável.
Este se preocupa com a adequação dos tecidos ao corpo humano, visando alcançar
a melhor performance e resultados sem causar danos. É responsável ainda, pela
combinação e orientação de cores, que interferem diretamente ao estado de espírito
do homem, podendo alterar sua taxa hormonal, pressão sangüínea e temperatura
corporal ou preservar e recuperar a saúde e a beleza, cuidando do equilíbrio
estético.
Através da iniciativa de um grupo de pesquisadores da Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP), ligados ao núcleo de estudos psicológicos da
universidade, a cerca de dois anos, foram estudados os efeitos das fibras naturais
para o conforto físico e equilíbrio emocional das pessoas. Pelos resultados obtidos
até agora, a principal constatação dos efeitos benéficos destes tecidos, foi feita
pelos cientistas depois de uma pesquisa realizada com dez pessoas, que se
submeteram a tratamento de estresse. Cinco delas usaram roupas confeccionadas
49
com tecidos naturais por um período de sete meses e cinco continuaram vestindo
roupas confeccionadas com tecidos sintéticos. O grupo que usou as fibras naturais
afirmou ter tido sensação de bem estar e muita tranqüilidade neste período,
enquanto o outro grupo apresentou maiores índices de irritação e cansaço
(FEGHALI, 2000).
b) Aspectos sócio-culturais e estéticos
Dentre as inúmeras necessidades de um hotel, ele precisa comunicar-se
com o público, fazendo-se necessário recorrer a diversas forma de comunicação,
entre elas a publicidade. Neste momento o marketing, colabora com o processo,
divulgando bens e serviços, gerenciando deste modo, a imagem de uma empresa.
Existem muitas formas de evidenciar visualmente o conceito de uma marca,
uma delas é promover a comunicação visual de forma dosada e agradável,
garantindo boa representatividade da Identidade Corporativa do hotel. Esta
linguagem pode estar expressa em todas as formas físicas de divulgação e
representação da imagem do hotel, como: cores, disposição e qualidade da
decoração, devida exposição da logomarca do hotel na fachada, material publicitário
e roupa profissional dos funcionários.
A vestimenta profissional padronizada também representa um meio de
comunicação no hotel. A roupa que comunica passa a ser um emaranhado de
signos que busca em si mesmo o objeto da comunicação, caracterizando-se como
uma das funções da linguagem, a metalinguagem.
De uma forma geral, a roupa sempre representou algo de mitológico e uma
marca da separação da sociedade em castas e classes. A roupa, tanto na atualidade
quanto antigamente, serve para distinguir a classe social a qual o indivíduo pertence,
carregando todo o significado do papel que o indivíduo representa dentro da
sociedade. Atualmente, não representa tanto uma classe social, mas, é uma forma
de distinguir o grupo ao qual o indivíduo pertence. O traje manifesta o pertencer a
uma sociedade caracterizada: clero, exército, marinha, magistratura etc. Tirá-lo é, de
certa forma, renegar essa relação (CHEVALIER & GHEERBRANT, 1991).
As roupas exercem várias funções na vida pessoal dos indivíduos, como a
de proteger, adornar e classificar e, na vida profissional, as funções de organizar e
hierarquizar os setores de uma empresa. Podemos dizer que a unicidade visual que
a roupa profissional proporciona, sensação de harmonia, padronização, higiene e
50
limpeza no ambiente hoteleiro.
Porque a linguagem do vestuário, tal como a linguagem verbal, não
serve apenas para transmitir certos significados, mediante certas
formas significativas. Serve também para identificar posições
ideológicas, segundo os significados transmitidos e as formas
significativas que foram escolhidas para transmitir (Eco, 1989, p. 17).
Através dos conceitos de design corporativo, a roupa profissional vem
cumprir um papel social dentro dos empreendimentos hoteleiros, incluindo indivíduos
por meio dos cargos, pelo oferecimento de bem-estar juntamente com outros
elementos, na otimização da rentabilidade e produtividade na gestão hoteleira. A
mudança periódica de atributos estéticos e ergonômicos, neste contexto, pode
contribuir frente ao composto global de hospitalidade.
Para que possamos estabelecer os parâmetros dessa relação,
contextualizamos, a partir daqui, os conceitos de ergonomia e de estética, frente à
realidade subentendida.
4.4 Ergonomia
Alguns autores dizem que o período de gestão da ergonomia, provavelmente
date ainda da Pré-História quando o homem preocupava-se em adaptar os objetos e
o ambiente as suas necessidades (IIDA, 1990).
A origem da palavra ergonomia vem do grego: ergon (trabalho) e nomos
(legislação, normas). Os primeiros estudos foram totalmente voltados à configuração
do trabalho adaptado ao homem, considerando-se a configuração das ferramentas,
máquinas e do ambiente de trabalho. No entanto, o alvo estava no desenvolvimento
de bases científicas, para a adequação das condições de trabalho das pessoas
(GRANDJEAN, 1998).
Segundo Grandjean (1998), a ergonomia já completou 40 anos, como
ciência e no decorrer do desenvolvimento tecnológico, substituiu o trabalho braçal
pelo computador, fazendo com que a demanda de trabalho recaia sobre os sentidos
e não, que a força física e seus preceitos passem a ser inseridos em locais como:
ambiente doméstico, trânsito, segurança, hospitais, escolas, esportes e também nas
atividades de lazer.
51
Pode-se dizer que a ergonomia nasceu informalmente a partir do momento
em que o homem primitivo construiu seus primeiros instrumentos para garantir sua
sobrevivência, fazendo uso apenas de sua intuição criativa e de seu bom senso.
Esta ciência tem um caráter multidisciplinar e faz uso de diversas áreas do
conhecimento, por exemplo, organização do trabalho, medicina, fisiologia e
psicologia do trabalho, psicologia cognitiva, psicologia da percepção visual,
sociologia, antropologia e antropometria, teoria da informação, engenharias,
arquitetura e urbanismo, design, comunicação social e tecnologias diversas, como a
da informática, da cibernética, da telemática, da robótica e outras, além de normas
nacionais e internacionais (GOMES FILHO, 2003).
O campo do conhecimento da ergonomia continua evoluindo em razão do
próprio progresso das diversas disciplinas de que se valem, e em função do
desenvolvimento de inúmeras experiências e aplicações práticas, realizadas em
várias partes do mundo, sobretudo nos países mais desenvolvidos, em sintonia com
os avanços educacionais e as rias tecnologias que surgem ao longo do curso
dessa ciência (GRANDJEAN 1998).
A ergonomia é considerada por alguns autores como ciência enquanto
geradora de conhecimento, para outros como tecnologia, por seu caráter aplicativo
de transformação. Atualmente esse campo tem desenvolvido estudos mais
abrangentes e conseqüentemente novos conceitos.
Apesar das divergências conceituais, alguns aspectos são comuns às várias
definições existentes como a aplicabilidade dos estudos ergonômicos, a natureza
multidisciplinar, o fundamento nas ciências e os objetos de estudo: a concepção do
trabalho e a concepção de produtos.
Uma visão mais atual mostra o significado social da ergonomia através do
conforto, da segurança, do bem-estar e da saúde, apresentando, como descreve
Vidal (2002), ênfases com características genéricas tais como: antropométricas
(alturas, comprimentos, larguras), esforços musculares (contrações musculares,
consumo de oxigênio) e psicosociológicas (a visão, audição, olfato, tato).
Os estudos ergonômicos prestam serviços à população atuando em diversas
áreas, como podem ser citadas algumas para exemplificar: o design de produto, o
design gráfico, o design de ambientes, a arquitetura e urbanismo, interfaces
recíprocas e usuários especiais. Suas contribuições podem ser sentidas na
concepção de produtos através das normas e especificações de projeto, na correção
52
de ambientes ou produtos com base na modificação de situações existentes, no
arranjo físico através do fluxo de produção e na conscientização através da
capacitação em ergonomia.
Baseando-se nessas concepções contemporâneas podemos dizer que a
ergonomia é a “ciência do conforto”, isto é, da adequação das medidas dos produtos
ás dimensões humanas. De carros a prédios, de roupas a máquinas, dos tamanhos
dos degraus à dimensão de uma caneta, medidas antropométricas possibilitam o
processo e o desenvolvimento de produtos ergonomicamente adaptados a seus
usuários e aos ambientes em que interagem. “O corpo vive a interpretação dos
sentimentos. A percepção automatiza-se. Portanto, conhecemos a nós mesmos e
tudo à nossa volta se torna mais verdadeiro“ (GRAVE, 2004. p. 03).
Além da antropometria
,
a biomecânica exerce influência na composição
estrutural das interfaces ergonômicas. Produtos e ambientes, quando são criados a
partir de características morfológicas da população usuária, favorecem seu público
em diversos aspectos como: segurança, durabilidade, manuseio e estética. Dessa
forma também são pensados os produtos do vestuário ligados ao setor profissional
ou não. Como é possível visualizar mais detalhadamente a partir do subitem a
seguir.
4.4.1 Considerações sobre anatomia e ergonomia aplicadas ao vestuário
A ergonomia vai além de uma investigação para a melhoria e a
organização metódica do trabalho, a fim de aprimorar a relação entre
o homem e máquina. Integrando o conjunto de ciências, que visam a
melhoria da qualidade de vida do indivíduo. O homem começa a
aplicar a ergonomia a seu trabalho, adequa-se ao manuseio dos
equipamentos e das máquinas. Sua integração corpo e técnica
executada apresentam outro fator intermediário: a indumentária
(GRAVE 2004 p 57).
Para suprir as necessidades ergonômicas do corpo humano no que diz
respeito a produtos e ambientes de interação do homem, é necessário ter alguns
conhecimentos a cerca da anatomia humana, correlatos com a biomecânica,
sobretudo no vestuário onde roupas, calçados e acessórios ficam em contato direto
com o corpo e interferem amplamente nas percepções sensoriais e fisiológicas do
indivíduo.
53
O corpo humano é dividido nos sistemas tegumentar (pele), esquelético
(ossos, cartilagens e conexões entre os ossos), muscular, nervoso, circulatório,
respiratório, digestivo, urinário, genital (feminino e masculino), endócrino e sensorial
(GRAVE, 2004).
O bom funcionamento de todos os sistemas interfere no bem-estar e
qualidade de vida das pessoas. Logo, a harmonia entre eles gera saúde ao
indivíduo, e é para preservá-la que são pensados e produzidos os produtos,
serviços, interfaces e ambientes ergonomicamente corretos.
Todos os sistemas são importantes para a concepção do vestuário, porém
alguns possuem peculiaridades indispensáveis para a projeção desses produtos.
Dentro do sistema esquelético podemos citar no do campo dos ligamentos e
articulações os tipos de movimentos articulares, como os movimentos angulares.
Tais movimentos possibilitam ângulos maiores ou menores entre o segmento que se
desloca e o que esta fixo (GRAVE, 2004).
Conforme mostra a figura 09, os movimentos articulares são denominados
flexão, extensão, adução e abdução, incluindo a rotação e a circundunção. Esse
conjunto é responsável pelos limites de mobilidade do físico, todas as possibilidades
da mobilidade do ser humano estão representadas por estes movimentos articulares.
Ao se projetar o vestuário deve-se considerar o tipo de superfície interior e exterior
de articulação, amplitude e forma de movimento, que compõem a grande valia para
a qualidade, tanto estética, quanto ergonômica (GRAVE, 2004).
54
Figura 09:
Movimentos articulares da anatomia humana.
Fonte: Modelos explicativos compilados pela autora (2006).
É importante lembrar que, ao vestir o homem, os membros inferiores
funcionam como sustentação, locomoção, mexendo também com a
sensualidade, por envolver a região genital. O quadril participa da
mobilidade com menor amplitude de movimentação do vestuário em
comparação com o ombro. O ombro funciona como um pêndulo em
relação ao eixo do quadril, pois são os membros superiores que nos
colocam em contato com o mundo por meio da apreensão dos
alimentos, nas relações com o meio pela gesticulação e ainda
ajudando no equilíbrio, fazendo com que o vestuário na região
superior torne-se significativo. A direção do eixo de movimento leva
em consideração a posição ordinária em relação à posição
anatômica. Essas considerações serão estudadas na interposição da
anatomia com o vestuário (GRAVE, 2004, p. 23).
O sistema muscular é responsável pela perfeita execução dos movimentos
do corpo. Para tanto, se faz necessária a ação de muitos músculos, por meio da
55
“coordenação motora”. Os músculos prendem-se aos ossos, cruzando uma ou mais
articulações, sua capacidade de encolhimento chega a um terço da metade do seu
tamanho (GRAVE, 2004).
A atividade muscular é controlada pelo sistema nervoso central.
Nenhum músculo se contrai se não receber estímulo por intermédio
de nervo. Para executar sua função é necessário energia, que
advém do sangue arterial (glicose e oxigênio). As artérias
apresentam músculos lisos e a sua dilatação ou constrição é
comandada involuntariamente pelo sistema nervoso autônomo. Por
exemplo, para apanhar um objeto que caiu, usamos os dedos como
movimento principal. Para tanto, o antebraço é estendido e alguns
músculos estabilizam o ombro, outros atuam sobre a coluna
estabilizando o tronco e outros agem nos mebros inferiores para
manter o equilíbrio. Existe sempre um agrupamento muscular para
beneficiar um movimento. Os agentes principais de um movimento
chamam-se “agonistas”. Quando um músculo se opõe é chamado de
“antagonista”; se cooperam para impedir um movimento, ganha a
denominação de “sinergista” (GRAVE, 2004 p. 23).
O corpo humano funciona como uma máquina, seus mecanismos são
perfeitos e paralelamente diversos e complexos, respondendo e executando
funções, o que exige que esteja em boas condições para realizar um trabalho
perfeito. O sistema nervoso central baseia-se no fato “estímulo-reaçãoe “estímulo-
interpretação”, com ressalva a alguns reflexos que acontecem independentemente
da nossa vontade. Por isso, a “máquina humana” trabalha constantemente
respondendo a vários estímulos, fazendo com que seus cuidados sejam redobrados.
Sentidos e sentimentos se fazem presentes, não só o mundo interior
como o exterior interfere no comportamento, na sanidade psíquica e
física. Logo, vestir não é proteger, agasalhar, embelezar,
resguardar as partes pudicas, mas é um procedimento complexo,
que visa além de preservar a saúde e a pudidícia, facilitar as funções
motoras, sensitivas e auxiliar o ser humano em seus aspectos
psicológicos, mecânicos, na saúde, nos cuidados e, acima de tudo,
na prevenção predisposta a preservar uma das facetas visíveis, que
compõe a complexa unidade humana (GRAVE, 2004 p. 31).
Algumas reflexões ergonômicas devem ser levadas em consideração para
uso geral no desenvolvimento da vestimenta do homem, independente da área a ser
utilizada. Em todas elas, é importante que seja suprida a necessidade de conforto,
funcionalidade e usabilidade, porém, ao se tratar de trajes profissionais, torna-se
56
imprescindíveis a proteção e a segurança operacional proporcionada à pessoa no
desempenho de suas funções.
O traje ajusta-se ao corpo, procurando reproduzir por meio de cortes
e costuras, a forma corporal como objeto tridimensional. Assim, o
homem se obrigado a entender as articulações do seu físico a
perceber a resistência e a plasticidade da matéria-prima, a projetar a
roupa, a planificá-la em um molde, para então construí-la. (LEITE,
2004, p.120)
Dependendo da ocupação, como destaca Gomes Filho (2003), os trajes
profissionais devem possuir características ergonômicas, tais como:
Adequação de materiais e tecidos de acordo com a ocupação e formação de uso,
como por exemplo, resistentes, duráveis, impermeáveis, flexíveis, etc.
Adequação antropométrica para contemplar condições dimensionais visando
abranger diversos indivíduos diferenciados por sexo, idade, biótipo, etc.,
classificados de acordo com seus respectivos percentis
2
.
Adequação funcional à ocupação ou tarefa, como: identificação pessoal,
funcional, previsão de bolsos, alças, engates especiais e outros dispositivos
estratégicos necessários para facilitar o cumprimento do trabalho operacional
como, por exemplo, a eventual guarda de pertences ou utilização de ferramentas.
A importância da ergonomia (nesse caso ligada diretamente às áreas de
atuação do design de moda e do produto) vai residir nos padrões de qualidade
técnica de moldes, e na adequação de materiais apropriados para a confecção
desses trajes e acessórios, observando-se sempre qual será a função
desempenhada pelo profissional e a posição geográfica em que se encontra, para
então propor modelos adequados a tais necessidades (GOMES FILHO, 2003).
A ergonomia é uma das disciplinas estudadas nessa pesquisa a fim de
posicionar o interlocutor as questões biofisiológicas, dinâmicas e estáticas que
envolvem o ser humano aos produtos que usa e ao ambiente em que interage.
2
Consiste em um método desenvolvido por antropólogos estudiosos desde o século XIX, com o
intuito de sintetizar grupos de dados antropométricos, tendo como conceito central o número que é
igual ou maior que um determinado percentual significativo da população.
57
Da mesma forma, a Estética pretende atuar nesse contexto imprimindo uma
abrangente visualização do todo em relação as partes e das partes em relação ao
todo. Em suma, entende-se que a ergonomia e a estética são disciplinas
mutuamente completares no desenvolvimento de produtos e adequação de
ambientes.
4.5 Estética
Caracterizar estética é extremamente importante quando se fala em design,
no entanto, os conceitos dessa disciplina não estão simplesmente centrados no
estudo do Belo. Antigos filósofos trataram do assunto empregando a noção de
beleza, porém a originalidade da estética, na qualidade de disciplina filosófica, é
vinculada a uma perspectiva vislumbrada pelos tímidos teóricos das artes dos fins
do século XVII, e do século XVIII, mas que na primeira parte da Crítica do Juízo
(1790), de Kant
3
, configurou-se integralmente (NUNES, 2002).
A filosofia do belo deu origem aos estudos da estética, que pode ser
considerado um efeito provocado, sob certas condições, tanto pelas coisas do
mundo como pelas obras do homem. Esse efeito, a princípio, aguça sensorialmente
no homem em dois sentidos, a visão e a audição, desempenhando função primordial
na captação das impressões manifestadas por esse deleite: o belo (NUNES, 2002).
Desde os séculos XVII e XVIII, a beleza e suas manifestações na arte vêm
proporcionando reflexões filosóficas, onde derivam os conceitos aceitos até hoje, na
contemporaneidade. Conceitos estes que, mais tarde, o estabelecer diferenças
entre beleza natural e beleza artística, concedendo assim consistência a um
universo material e sensível, agora valorizado (NUNES, 2002).
A palavra estética deriva da terminologia grega aisthesis, que significa o que
é sensível ou que se relaciona com a sensibilidade. A percepção estética não está
3
Immanuel Kant
ou
Emanuel Kant
(1724-1804) filósofo prussiano, foi considerado por muitos o
último grande filósofo dos princípios da era moderna, um dos pensadores mais influentes do
Iluminismo. Kant teve grande impacto no Romantismo alemão e nas filosofias idealistas do século
XIX, sendo suas teorias ponto de partida para Hegel. Kant é famoso pela sua concepção do idealismo
transcendental - todos nós trazemos formas e conceitos a priori para a experiência concreta do
mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da
natureza humana de Kant é uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que
dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o
relativismo nas suas formas contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo (REFERÊNCIA -
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Immanuel_Kant>).
58
ligada somente a sensibilidade e a percepção sensorial, mas também aos
sentimentos e a imaginação (NUNES, 2002).
A evolução dos conceitos e das disciplinas que perpassam o entorno da
Estética, incorporam a essa área de estudo conteúdos mais subjetivos, exigindo do
conhecimento racional mais clareza e verdade (NUNES, 2002).
Emmanuel Kant proporcionou resultados que impulsionaram os progressos
subseqüentes da Estética, por ter estabelecido a autonomia do domínio do belo, que
Baumgarten considerou objeto de conhecimento inferior.
Na visão de Kant, a estética admite três modalidades de experiência: a
cognocitiva, a prática e a experiência estética, no entanto conseqüentemente afirma
que:
(...) o Belo é propriedade das coisas que agradam sem conceito e
que nos causam uma satisfação desinteressada. Por outras palavras,
o filósofo reduziu o Belo á condição de objeto da experiência
estética, a qual se caracteriza pela aconceptualidade (não
determinada por conceitos), pelo desisteresse (é contemplativa) e
pela autotelia (tem finalidade intrínseca). Desse modo a questão do
Belo converter-se-ia, depois de Kant, na questão da experiência
estética, diferentemente interpretada pelas diversas tendências ou
correntes do século XIX (NUNES, 2002, p. 13).
Numa visão mais contemporânea buscando entender o sistema da Moda
4
,
estudamos autores como Lipovetsky (1989) e Mesquita (2004), que abordam
questões sociológicas em torno da Estética, do esteticismo ou dos movimentos
estéticos.
Para Lipovetsky (1989), a moda, vista como um sistema, pode ser dividida
em quatro fases - aristocrática, dos cem anos, aberta e consumada (essa última fase
é vista quase como uma conseqüência da chamada Moda aberta), - e a dilatação do
sistema em sentidos diversos, em suas relações e vetores. Seus pilares;
efemeridade, individualismo e esteticismo; são os fluxos tão intensamente presentes
na subjetividade contemporânea que é como se os domínios da Moda pudessem
retratar toda uma realidade social subjetiva.
4
[...] a palavra Moda – escrita com letra maiúscula está se referindo ao sistema da Moda enquanto a
palavra iniciada por letra minúscula designa fenômenos de moda isolados, como, por exemplo, isto
que está na moda”, ou “moda jovem”.
59
Com a instauração e manutenção do sistema de Moda, outras lógicas foram
pensadas, o esteticismo está como um dos pilares desse sistema, no entanto não o
vemos mais apenas ligado a noção de sujeito, mas também a própria Moda.
Nos anos 1990, a Moda tornou-se mais um dos muitos palcos
contemporâneos. O glamour em torno dela e de suas personagens –
estilistas, modelos, fotógrafos, etc. cria um espetáculo à parte. E
como verdadeiras traduções da “era da imagem”, as marcas
preocupam-se em produzir imagens de formas cada vez mais
ousadas. A imagem de moda nos anos 1990 habita terrenos menos
aprisionados à roupa em si e mais ligados à sensibilidade do
espectador, à subjetividade (MESQUITA, p.36).
Podemos dizer que essa sensibilidade do espectador invadiu outros campos,
outras áreas e sub-áreas do design de Moda. Como uma disciplina em evolução,
segmentou-se e, para obter maior alcance se apresenta em forma de estilos, passou
a abordar nichos pouco ou nada antes explorados.
A Moda amplia-se e estreita profundamente seu diálogo com a rua e a
realidade, não somente na construção de imagens e propostas de beleza, mas
também nas referências criativas, como podemos perceber na entrevista do estilista
Ronaldo Fraga para o vídeo-documentário: Mas isto é Moda? Se referindo a um
ponto importante ligado à idéia de democratização da moda:
Nós estamos passando por um momento de discussão do belo, de
discussão do feio. Por que é belo, por que é feio? Por que é
comercial, comercial para quem? O que é vestível? Vestível para
quem? Nós estamos passando por um momento de democratização
da Moda (MESQUITA, p.89).
Vivemos na era da imagem e tudo que almejamos e adquirimos atualmente
deve vir carregado de significâncias e conceitos que imprimam nosso gosto pelo
belo, pelo sofisticado, pela qualidade, seja em produtos, quanto em serviços. O
design, com seus atributos estéticos, vem proporcionar as pessoas de bom gosto e
poder aquisitivo correspondente, o suprimento dessa necessidade.
Os segmentos do mercado do design de Moda, work wear e work fashion,
anteriormente definidos e comentados, estão sujeitos a esses conceitos estéticos
contemporâneos, ou seja, a roupa profissional não deve expressar menos ou mal a
real intenção da instituição em comunicar-se com clientes internos, externos,
60
fornecedores, enfim com todo o universo mercadológico no qual se encontra
inserido.
No entanto, quando algo está esteticamente agradável, não deve sê-lo por si
só, mas sim, agregado as demais características do contexto em que deve fazer
parte de um todo. A unidade visual de um ambiente agrada imperceptivelmente até
os olhares menos sensíveis, digamos que o belo cumpre seu papel e subjetivamente
atinge os indivíduos que o observam.
A seguir podemos visualizar alguns exemplos representativos do segmento
de roupas profissionais, a fim de ilustrar as reflexões anteriores.
4.6 O estado da arte
O mercado têxtil, voltado ao segmento de vestuário profissional, oferece uma
extensa gama de produtos. A fim de conhecê-los, fez-se uma pesquisa do estado da
arte, que faz relação com a representatividade que estes itens possuem no mercado
consumidor, e qual seu posicionamento junto aos concorrentes, bem como ao
esforço em buscar atualização, visto que a dinâmica e os investimentos do setor são
altos. Nas figuras 10 e 11, podem ser visualizados alguns modelos expostos para
venda em sites especializados na comercialização de vestimentas profissionais.
Figura 10: Traje de executiva e/ou Profissional Liberal
Fonte: Arquivos pessoais da autora.
61
Os trajes da figura 10 mostram peças para segmento feminino, indicado para
mulheres que trabalham em cargos executivos ou profissionais liberais como
engenheiras, arquitetas, advogadas, industriais, etc.
Figura 11: Trajes Operacionais para Hotelaria
Fonte: Arquivos próprios da autora.
A figura 11 contempla trajes masculinos e femininos do setor operacional da
hotelaria como camareiras, copeiros, mensageiros, garçons e garçonetes. Alguns
destes trajes possuem formas bastante tradicionais, muitas empresas tem optado
pela substituição destes por opções mais contemporâneas, assim gradativamente a
padronização no vestuário profissional se torna menos rígida e estática e mais atual
e dinâmica.
4.6.1 Grandes grifes da moda aliadas aos grandes nomes da hotelaria
Muitas vestimentas profissionais em hotéis, bares, restaurantes, companhias
aéreas e empresas especializadas em food service, já foram desenvolvidas por
grandes nomes da moda e design no Brasil e no exterior. A seguir veremos alguns
casos que representam empresas importantes no mercado turístico mundial.
O estilista Ocimar Versolato, único brasileiro a possuir uma mason nas
concorridas ruas de Paris. Foi convidado por Giuseppe Cipriano Neto herdeiro do
62
tradicional hotel Cipriani de Veneza para criar as vestimentas profissionais do novo
Cipriani Punta Del Este. Segundo o criador, um grande desafio diz respeito aos
modelos idealizados para as funcionárias do cassino, que devem ser sexys sem
parecerem vulgares.
A linha de vestimentas profissionais do grupo de Hotel Emiliano, também
criada por Versolato, segue a tendência mundial do conceito de design, em que a
riqueza está nos detalhes, como desenho dos móveis e vestimentas. Algumas
empresas mais flexíveis mesclam roupas de uso pessoal com peças de vestimentas
profissionais para setores administrativos, o que é uma tendência forte nos EUA e
Europa (MORAES, 2002).
Segundo Moraes (2002), a intenção do Hotel Emiliano, primeiro hotel-
boutique paulistano é imprimir um conceito de conforto com instalações
diferenciadas e venda de móveis e objetos decorativos. A inserção do novo projeto
de design e arquitetura, contou com outros grandes nomes além de Versolato como,
Arthur de Mattos Casas e os irmãos Campana.
Outro hotel que levou assinatura de Versolato nas vestimentas profissionais
foi o Fasano, também de São Paulo. O estilista sempre associado ao luxo e glamour,
inspirou-se no clássico filme ”Grande Hotel”, para criar as roupas usadas por todo
staff, do recepcionista ao garçom. “O Fasano não economizou nada. Para se ter uma
idéia usamos cashmere Loro Piana em algumas peças”. Relata o criador, referindo-
se a uma das mais caras grifes de cashmere do mundo. Com tanto empenho e
atenção dispensados aos trajes, é bem provável que até mesmo os funcionários
mais resistentes ao uso do uniforme, não se incomodem em usá-lo diariamente.
O hotel Unique e seu restaurante Skye, trocaram o antigo avental ou bata,
por vestimentas assinadas por Alexandre Herchcovitch, estilista paulista responsável
pelas criações de sua grife e diversas contribuições em marcas brasileiras. Segundo
Melissa Oliveira, Gerente de Alimentos e Bebidas do restaurante, “a uniformização
não poderia sair do conceito do projeto como um todo”.
63
Figura 12: Uniformes profissionais do Hotel Unique
Fonte: <
www.terra.com.br/istoegente/223/exclusivas/>
No entanto, no caso deste hotel, foram escolhidos profissionais de renome
no mercado, para desenvolver os projetos respectivos a cada segmento. Entre eles:
Ruy Otake na arquitetura, João Armentano no design de interior, Gilberto Elkis no
paisagismo e o Cheff Emmanuel Bassoleil na gastronomia. Segundo os gerentes, a
criação de Herchcovitch acompanha a singularidade do projeto como um todo e
compõe um visual inovador para o mercado hoteleiro e o torna ao mesmo tempo
despojado e elegante.
O Resort Costão do Santinho implantou recentemente, o conceito All Time.
O programa visa reduzir a sazonalidade, fazendo do resort um destino de passeio
para o ao todo. No entanto, dentre as diversas mudanças sofridas nos ambientes
interno e externo do empreendimento, uma delas foi a reformulação das vestimentas
profissionais, desenvolvida por Herchcovitch para atender esta necessidade vigente.
Segundo a Home Page do Resort Costão do Santinho (2006), o diretor
comercial Rubens Régis comenta:
64
[...] o conceito entrou em vigor na temporada verão 2004/2005, mas
estava sendo preparado mais de um ano. O novo conceito não
pura e simplesmente um slogan, mas significa uma revolução interna
no produto. Todas as áreas comuns foram redecoradas, tendo como
tema os cinco mil anos de história local. Os uniformes dos
funcionários também irão refletir o novo conceito. Queremos
preservar a história, a vida do indígena, do manezinho da ilha, do
homem do sambaqui, que viveu nesta região.
4.6.2 Grandes grifes da moda aliadas aos demais setores do sistema turístico
a) Bares e Restaurantes:
A empresa norte-americana especializada em food
service, mais famosa do mundo, o McDonald’s, no intuito de acompanhar as
tendências mundiais, convidou estilistas ao redor do mundo para desenvolver as
novas vestimentas de seus atendentes. No Brasil o estilista convidado foi
Herchcovitch, por ser considerado arrojado, inovador, e possuir um perfil que atende
aos jovens adolescentes, os quais fazem parte do staff da empresa, segundo sua
política de contratação (que não permite funcionários acima de 22 anos de idade). E
também por se concentrar nessa faixa etária a maior parcela de seus consumidores
finais.
No Bar Baro, as vestimentas profissionais são da grife italiana conhecida
mundialmente por ter uma linha dirigida para motociclistas. As cores das roupas são
diferentes para garçons, maitre, caixas e gerentes. “Os uniformes foram escolhidos
para que os clientes pudessem de forma rápida, diferenciá-los”, afirma o sócio-
proprietário da casa, Gerson de Abreu (REVISTA NUTRI NEWS, 2004).
Além de assinar as vestimentas profissionais da casa, a Spidi conta com um
pequeno show room onde expõe e comercializa artigos de sua coleção. Segundo
Abreu, a escolha pela grife deu-se devido à qualidade dos produtos e pelo conceito
que ela possui fora do Brasil. Com a uniformização de meus funcionários, não
mais confusão entre quem é cliente e quem é garçom, o que sempre ocorria em dias
de grande movimento no estabelecimento.
Trabalhando com classe, mais do que uma roupa, são os detalhes que
fazem a diferença, como na linha de vestimentas profissionais desenvolvida pelo
estilista Mário Queiroz para o restaurante Nakombi em São Paulo. (REVISTA
BROTHER NEWS, 2002).
65
b) Companhias Aéreas:
Estilistas renomados estendem seus conhecimentos de
moda à tecnologia para atender companhias aéreas, desenvolvendo suas
vestimentas profissionais de bordo. Formando ‘duplas’ com departamentos de
marketing dessas empresas, Yumi Uyemura, Ricardo Almeida e Glória Coelho
desenvolveram os trajes da Varig, TAM, BRA e Gol, que ainda escalou Duda
Molinos para desenhar a maquilagem ideal para compor a imagem de suas
atendentes. Tradicionais, modernos, chiques ou despojados, todos têm em comum a
preocupação de representar bem a imagem da empresa, complementando um
trabalho que envolve toda a cadeia de funcionários, do atendimento ao passageiro à
equipe de manutenção das aeronaves.
Figura 13
:
Vestimentas profissionais da Companhia Aérea Gol
Fonte: <www.terra.com.br/istoegente/223/exclusivas/>
Em pesquisas feitas com leitores do portal Viagens e Aventuras do Jornal
Estado de São Paulo, a Varig ganhou a indicação da vestimentas profissional mais
bonita, depois da mudança realizada a partir de 2003, quando a empresa procurou
abandonar a imagem de séria e conservadora em demasia. Os lenços, gravatas,
echarpes e aventais confeccionados por Yumi, com tecidos que levam estampa de
Andréa Eberet deram ao visual dos funcionários um toque mais leve, moderno e
bem brasileiro.
66
Figura 14: Vestimenta profissional da Companhia Aérea Varig
Fonte: <www.oqdesign.com.br/20/porai.htm>
O estilista Julien Macdonald (ex-Givenchy) considerou a proposta da
Companhia British Airways um desafio. Para desenvolver o traje que está sendo
usado desde janeiro de 2005, por mais de 25 mil empregados em todo mundo,
MacDonald fez pesquisas, reuniões e colocou algumas peças-piloto de versões e
tecidos diferentes para serem testadas in loco por 100 funcionários da companhia.
“Foi uma experiência incrível. Envolvemos o maior número possível de pessoas e
acredito que, juntos criamos um uniforme que eles sentirão orgulho de usar”
(REVISTA COSTURA PERFEITA, 2003).
Figura 15: Vestimentas profissionais da Companhia Aérea British Airways
Fonte: <www.terra.com.br/istoegente/223/exclusivas/>
67
Outros exemplos, a parte das organizações relacionadas ao turismo, podem
ser, igualmente, elencados. A conceituada empresa brasileira de perfumes, O
Boticário, contratou o estilista Rinaldo César Moretti para a criação de seus trajes.
Como resultado do trabalho, foram criadas vestimentas profissionais para nove mil
atendentes em todo Brasil, reunindo alta tecnologia nas fibras com distinção, classe,
estilo e versatilidade, buscando formas acessíveis a todos os biótipos (REVISTA
COSTURA PERFEITA, 2003).
Seguindo o modelo da empresa O Boticário, outras empresas que
implantaram este tipo de vestimentas profissionais foram: American Express, Banck
Boston, Citibanck, HSBC, Lojas Renner e a postiche, que além de investir na
mudança dos trajes, os mesmos foram assinados por Lorenzo Merlino. As
vendedoras ganharam, como complemento, a consultoria de hair stylists.
68
5 EXPOSIÇÃO DOS DADOS OBTIDOS COM A PESQUISA DE CAMPO
REALIZADA
No intuito de adequar o desenvolvimento desta pesquisa ao objetivo a que
se propõe, focado na inserção do design como instrumento para o planejamento de
vestimentas profissionais na hotelaria, representando sua imagem corporativa,
optou-se pela aplicação de uma metodologia para investigação de cunho qualitativo
e exploratório.
Respeitando o caráter ao qual a pesquisa se propõe, optou-se pela
realização de entrevistas, coleta de material bibliográfico e documental, além de
observações, caracterizando assim, levantamento, descrição e análise dos dados
obtidos.
A pesquisa foi realizada no hotel Ponta dos Ganchos Exclusive Resort no
mês de abril de 2006, duas visitas ao local foram necessárias nesse momento inicial
do procedimento de coleta de dados. Na primeira visita se tomou conhecimento das
dependências do hotel, suas dimensões e demais informações necessárias para
categorizar e classificar o ambiente visitado. Nesse primeiro momento também foram
entrevistados os gerentes do hotel, onde foi possível ter acesso às necessidades e
as possibilidades do ambiente a fim de se atribuir quesitos determinantes à coleta de
dados no que se refere ao comportamento dos colaboradores e a visão do hotel a
respeito da imagem corporativa.
Na segunda visita se teve acesso aos colaboradores dos demais níveis
operacionais e aplicou-se o instrumento de pesquisa de coleta de dados mais
específicos com cada cargo, através de um formulário com itens contidos no
memorial descritivo para observação. Vale ressaltar a pesquisa de observação se
iniciou na primeira visita.
Optou-se por um estudo de caso a partir de um pré-teste realizado no hotel
de turismo rural Fazenda Rancho do Boquerão na cidade de Lages, santa Catarina.
Nesta ocasião foi formulado um questionário onde os colaboradores deveriam
assinalar sobre o conforto, a ergonomia, a usabilidade e a receptividade de usar
diariamente um vestuário padronizado, visando adequação geográfica,
antropométrica e biomecânica. No entanto houve muitas limitações, pois se
percebeu que os colaboradores temiam em responder verdadeiramente as questões,
69
prevendo algum tipo de represálias ou descontentamento por parte da chefia,
embora a mesma afirmou que consultava os funcionários antes de elaborar novos
trajes.
Concluiu-se, no entanto, que se chegaria a poucos resultados relevantes
dessa maneira e que o fato de aplicar a pesquisa diversos hotéis não afetaria nem
causaria interferência no resultado final. A partir daí e baseado no parecer da banca
de qualificação deu-se continuidade à pesquisa através da investigação de um
estudo de caso, optando pelo segmento de lazer e pela localização geográfica no
litoral de Santa Catarina. O fato de ter sido eleito o hotel Ponta dos Ganchos
Exclusive Resort, não foi aleatório, mas buscou a excelência em hospedagem de
lazer alto-padrão, por possuírem uma demanda exigente e de alto poder aquisitivo.
Assim, na busca de agradar o cliente mais exigente, certamente se atingirá à
necessidades da grande parte dos clientes que procuram e se utilizam dos serviços
de um meio de hospedagem.
Para maior adequação às necessidades da pesquisa criou-se um formulário
para registro das informações observadas, para pontuação de dados através de uma
escala semântica. O formulário não contempla todos os itens constantes no
Memorial Descritivo utilizados no detalhamento de produtos, apenas os que se
julgaram necessários para esse produto e essa situação. No entanto o Memorial
Descritivo como um todo está descrito integralmente na seqüência desta abordagem
para que haja entendimento do objetivo e função do uso e escolha de tal
procedimento.
5.1 Checklist – Memorial descritivo
5.1.1 Função Técnica
a) Sistemas Construtivos:
Neste item deve conter descritos os meio de fabricação
utilizados para construção de um protótipo que se dá de maneira unitária e
posteriormente a projeção industrial do mesmo. Aspectos relacionados à viabilidade
econômica e manufaturável devem ser considerados nesta etapa. Outros itens
complementares são o sistema de montagem do produto, descrição das partes e
70
quantidade de cada uma delas que compõe o modelo. Pode-se utilizar um desenho
de perspectiva explodida para auxílio do entendimento.
b) Materiais:
Devem ser ressaltados os pontos positivos da escolha do material,
vantagens para o produto, fazendo um comparativo justificando a escolha. Deve ser
citado como este material se encontra na natureza ou após beneficiado qual seu
formato à disposição no mercado. É a relação de materiais utilizados contendo sua a
descrição de suas características como: plasticidade, rigidez, solidez, solvência,
absorção, entre outras. Ressaltando os pontos positivos da escolha de determinado
material para uso na construção do produto e alertando para possíveis fragilidades
do mesmo.
c) Tecnologias:
Esta função determina a inovação tecnológica agregada ao projeto
em todo os seu sistema. Pode se fazer presente nos materiais utilizados, nos
equipamentos de última geração para sua concepção ou desenvolvimento. Os
avanços tecnológicos podem também estar incutidos nos testes de adequação
antropométrica ou fisiológica. Devem ser descritas quais as tecnologias utilizadas no
produto ou ainda citar uma nova tecnologia utilizada na fabricação ou viabilidade do
produto.
d) Função Ambiental: A proposta do projeto deve relacionar as questões
ambientais com as projetuais, incorporando as questões relativas ao meio ambiente.
Devem ser descritas as vantagens da utilização de determinados componentes e
quais impactos da sua utilização nas etapas de projeto, desde a aquisição do
material junto à natureza, passando pela transformação industrial e chegando ao
consumidor final. Os materiais utilizados na fabricação do produto devem ser
preferencialmente biodegradáveis ou recicláveis. O objetivo da reciclagem é a
recuperação dos componentes químicos individuais para reutilizá-los como produtos
químicos ou para produção de novos componentes. E o objetivo da
biodegradabilidade é a harmonia do produto junto à natureza no momento do seu
descarte.
e) Processos de fabricação:
Entende-se por processo produtivo toda e qualquer
transformação aplicada sobre materiais, para que estes dêem origem a um produto.
71
Tais processos, juntamente com a seleção de materiais, viabilizam a manufatura do
projeto, e proporcionam uma constante evolução nas técnicas de produção.
f) Funcionalidade:
São descritas as principais funções básicas do manuseio do
produto por parte do usuário, como o colocar, regular e como conservar. Estas
podem ser disponibilizadas ao usuário através de um manual explicativo. E também
funcionamento da operação física de determinada parte.
5.1.2 Função ergonômica
Dentro da funcionalidade são realizados estudos ergonômicos, estes estão
relacionados com o homem e os produtos e/ou equipamentos que utiliza. São
salientados os pontos resolvidos relevantes à ergonomia, considerando segundo
dados pré-determinados, indicando tolerância e/ou justificando possíveis resultados
não ergonômicos.
Com auxílio dos itens: usabilidade, adequação antropométrica, biomecânica,
fisiológica e a cognição do produto desenvolvido, buscam-se encontrar a solução do
problema do produto, levando em consideração as dificuldades teóricas ou práticas
que representam a realidade. A pesquisa é o meio de resolvê-lo e decifrá-lo é chegar
o mais perto possível do ideal, dentro da problemática apresentada.
a) Usabilidade:
Neste item são observados como foram solucionados os problemas
para facilitação do uso, da manipulação, conservação, cuidado, armazenamento e
transporte. Para a facilitação do uso, é levado em consideração o comportamento do
homem durante as atividades para as quais se destinam os produtos, definindo a
solução da problemática de acordo com o que o indivíduo tem hábito ou função
realizar durante a prática de tal atividade.
b) Adequação antropométrica:
Nesta etapa são adequadas as dimensões
corporais do homem à idéia do produto. Incluindo tipos sicos e peso do usuário.
São analisados dados através da ergonomia estática. Os parâmetros devem ser
seguidos por uma tabela de medidas base, na qual deva conter a média das
medidas corpóreas dos indivíduos que fazem parte do público-alvo destinadas ao
produto em questão.
72
c) Adequação biomecânica:
A biomecânica avalia o movimento de um organismo
vivo e o efeito da força sobre esse organismo. A abordagem biomecânica para
análise dos movimentos pode ser qualitativa, com o movimento observado e
descrito, ou quantitativa, significando que está sendo feita alguma medida do
movimento. Neste item são analisados dados através da ergonomia dinâmica. Estes
devem estar adequadas à postura do usuário diante do produto, verificando as
possibilidades de mudança da postura. E ainda os esforços necessários para
interação com o produto dentro de parâmetros toleráveis.
d) Adequação Fisiológica: Analisa os fatores humanos como acuidade visual,
audição, tato, temperatura e umidade relativa, velocidade do ar, poluição, espaço
estes afetam diretamente o desempenho humano, mas também são considerados
outros fatores, como o treinamento e a dieta do indivíduo dependendo do tipo do
produto que está sendo analisado. É a verificação da adequação do produto quanto
ao usuário no que diz respeito aos fatores humanos são a esfera de dados
acumulados.
e) Adequação cognitiva:
Para esta etapa está compreendida a percepção do
funcionamento e utilização do produto com relação ao usuário e a sua aceitação
frente as suas necessidades. A sensação que o produto passa quando visualizado
deve ser exatamente o conceito que possui: conforto, beleza, contemporaneidade,
etc. Outros artifícios também são usados para compreendê-lo como as cores e
formas usadas na logomarca e no design do próprio produto.
5.1.3 Função estética
a) Função estético-formal:
O desenvolvimento dos aspectos formais e estéticos do
projeto é condição fundamental para o designer. O projeto deve explorar todas as
possibilidades formais, buscando referências estéticas para sua justificativa e
fundamentação. Estas podem estar contidas em formas possuindo linhas orgânicas,
geométricas ou mistas. O produto poderá ser descrito formalmente utilizando
referências visuais ou conceitos Gestálticos
5
, por exemplo. Outro aspecto
5
A corrente mais utilizada é Gestaltheorie, que baseia-se no estudo da forma (Séc. XX).
73
fundamental de qualquer produto é, sem dúvida nenhuma o conjunto de cores
utilizado. Os efeitos e as influências das cores sobre os seres humanos são muitos e
variados. As cores usadas num determinado produto devem seguir os padrões
estabelecidos pela identidade visual da marca se houver, e se não existir correlação
entre ambas, uma delas deve ser neutralizada, bem como aparência da superfície,
textura e padrão visual. O círculo cromático (estudo da composição das cores) pode
ser utilizado como ferramenta de auxílio para análise da psicodinâmica das cores a
serem trabalhadas num local ou produto.
b) Função simbólica: A capacidade do produto de ter uma referência simbólica
para os
consumidores se torna importante na medida em que o produto se
transforme numa aquisição importante para o consumidor. Representando um grupo
de valores culturais e sociais significativos e não seja meramente uma questão
temporária (moda), mas que comunique uma satisfação própria correlacionada ao
ambiente de uso, com as características funcionais destacadas. Todo produto tem
uma capacidade de representação de poder, seu significado, sua capacidade de
cognição e comunicação através de conceito, mensagem e imagem.
c) Função de uso:
Esta função tem por finalidade indicar qual é a forma mais
apropriada de usar o produto, em que condições, aspectos e ambiente deverá ser
manuseado ou utilizado. O mesmo pode conter mais do que uma função de uso,
esta multifuncionalidade agrega mais valor técnico e comercial ao produto. Este
pode inclusive ter funções secundárias. Para exemplificar: Um balde serve para por
água, mas pode servir como um banquinho de acesso ao varal, embora não seja
devidamente adequado para este fim.
5.1.4 Função de marketing
a) Função informacional:
Deve oferecer subsídios suficientes para que o cliente ou
usuário possa inteirar-se da maneira correta de utilizar, manusear e higienizar o
produto. Em caso de produtos específicos ou equipamentos de médio e grande
porte, o mesmo pode vir acompanhado de um manual de instruções. Em caso de
produtos de pequeno porte ou baixa complexidade de usabilidade, tag’s explicativos.
Etiquetas internas e externas se mostram importantes para compreensão do usuário.
74
A composição química dos produtos deve ser relacionada afim de que o usuário
possa perceber a sua sensibilidade em estar em contato com determinado material,
a procedência e instruções de lavação e/ou conservação do produto ou equipamento
também devem estar contidos no aspecto informacional. Em alguns casos
específicos como o de vestuário, é necessário consultar as regras da ABNT no que
diz respeito ao padrão de tamanhos e símbolos de cuidado para conservação de
artigos têxteis e confeccionados.
b) Identidade visual:
O produto deve oferecer melhor qualidade e desempenho, de
tal modo que atraia e mantenha o interesse tanto do cliente usuário quanto do
cliente comprador. A meta que se deseja atingir é que o produto seja visto como um
produto inovador a partir da segmentação denominada e determinante.
Como o marketing tem suas origens no fato de que os seres humanos são
criaturas que possuem necessidades e desejos, a escolha do produto é guiada pelo
conceito de valor, custo e satisfação. Para uma estratégia de marketing, fica
estabelecidos a intenção de uma organização com seus ambientes internos e
externos.
A marca é o símbolo que representa o todo do produto, suas qualidades
além de a característica de criar vínculos com seu público-alvo, atraindo-o e
fidelizando-o. Se apresentará através da imagem corporativa como um todo,
produto, serviço, embalagem, fazendo parte do composto de marketing no qual se
fundamenta os 4 p’s (produto, promoção, preço e ponto de venda), (KOTLER E
ARMSTRONG, 2003.)
Os resultados das observações, somados aos elementos obtidos com a
pesquisa, foram registrados em um formulário de observação, onde os dados foram
pontuados através de uma escala semântica. O formulário não contempla todos os
itens constantes no Memorial Descritivo utilizados no detalhamento de produtos,
apenas os que se julgaram necessários para esse produto e essa situação.
Conforme figura 16.
75
Nome do Hotel: Ponta dos Ganchos Exclusive Resort
Cargo/ Descrição
do Traje:
Camareira: Calça tipo cigarrete de malha helanca na cor bege, blusa de malha
de gola alta ou camiseta pólo (tipo masculina) na cor bege ou branca, avental
estilo cachê-coer (transpassado) em tecido de nylon fino com um único bolso
central, na cor verde musgo.
Ótimo Muito Bom Bom Regular Ruim
Função Técnica
Materiais
X
Tecnologias
X
Funcionalidade
X
2 – Função Ergonômica
Usabilidade
X
Adequação
Antropométrica
X
Adequação Biomecânica
X
Adequação Fisiológica
X
Adequação Cognitiva
X
3 – Função Estética
Função Estético-formal
X
Simbólica
X
Função de Uso
X
4 - Função de Marketing
Função Informacional
X
Identidade Visual
X
Figura 16: Exemplo de formulário preenchido utilizado como instrumento de coleta de
dados, aplicado durante a pesquisa in loco com o cargo de camareira
Fonte: Elaborado pela autora
5.2 Observação
in loco
e registro fotográfico
Nos aspectos determinantes da aplicação da pesquisa, instrumento
formatado foi aplicado no empreendimento hoteleiro Ponta dos Ganchos Exclusive
Resort, em uma região conhecida como Costa Esmeralda (município de Governador
Celso Ramos, em Santa Catarina), a 40 quilômetros de Florianópolis, 250
76
quilômetros de Curitiba, 470 quilômetros de Porto Alegre, 650 quilômetros de São
Paulo e 1.100 quilômetros do Rio de Janeiro. O hotel possui 80 mil metros
quadrados de área, no entanto apenas 5% são de área construída. O mapa de
localização do resort encontra-se em anexo (Anexo B).
Figura 17: Recepção do resort
Foto: Marcos Schaefer (2006)
cinco anos no mercado, o resort se firmou como uma das mais
qualificadas opções de turismo no Brasil. Pelo quarto ano consecutivo, o resort
recebeu do Guia Quatro Rodas a classificação máxima entre os hotéis de praia do
país e menção especial à vista panorâmica do local (CAMPOS, 2006).
O resort faz parte do seleto grupo de hotéis indicados pela Relais Chateaux,
que classifica os melhores pequenos hotéis do mundo. A Associação Relais &
Chateaux está presente em 50 países, reúne 460 estabelecimentos de charme,
divididos entre Relais & Chateaux e Relais Gourmands. O slogan 5 "C": Cortesia,
Charme, Caracter (que também podemos traduzir por personalidade), Calma e
Cozinha, traduz o compromisso de qualidade permanente. Castelos ou propriedades
de alto nível, mansões de conforto refinado e até uma "belle maison" de bom
conforto, tipo "relais de Campagne", compõem o universo de opções.
77
Figura 18:
Vista parcial das ilhas
Foto: Marcos Schaefer (2006)
O hotel Ponta dos Ganchos Resort possui 20 (vinte) bangalôs, distribuídos
nas categorias luxo, super luxo, da vila e especial da vila, equipados com conforto e
sofisticação. Oferecem aos clientes outros ambientes como fitness center, spa,
restaurante, lounge bar, jantar privativo na ilha, cinema, piscina aquecida, heliporto,
quadras e equipamentos para diversos esportes dentro e fora do hotel. Seu regime
de hospedagem é pensão completa, as refeições podem ser feitas a qualquer hora
do dia ou da noite e todos os pedidos de alimentos e bebidas estão inclusos na
diária, com exceção do jantar na ilha e das bebidas alcoólicas. O hotel não aceita
menores de 18 anos e está voltado totalmente ao público de casais. Oferecem
pacotes especiais para lua-de-mel e também serviços extras como mergulhos em
ilhas próximas, passeios de helicóptero, golf e city tour em algumas cidades
próximas.
Segundo o Diretor Geral do hotel, Nicolas Peluffo, o resort passou
recentemente por reestruturação administrativa, onde setores foram subdivididos e
pessoas que acumulavam cargos receberam funções específicas. Desta forma, o
organograma foi reelaborado, com novos colaboradores que estão sendo
contratados em diversos níveis hierárquicos.
Após a reestruturação, foram criadas no resort quatro gerências, pelas quais
ficaram responsáveis Rafael Candido, que vem do Hotel Fasano para assumir a
gerência Operacional e o italiano Michele Mungari, que conta com uma experiência
78
em diversos hotéis cinco estrelas na Itália e Inglaterra, assumindo a gerência de
Alimentos e Bebidas. Internamente foram promovidas Virgínia Peluffo à gerente
Comercial e Silvana Ferreira à gerente Administrativa. Com estas novas mudanças o
resort busca aprimorar ainda mais seus serviços, visto que a demanda é crescente e
o mercado de luxo ganha notoriedade a olhos vistos no Brasil. Hoje o hotel conta
com 80 (oitenta) colaboradores.
O processo de mudanças pelo qual passou o empreendimento atingiu todos
os departamentos, inclusive o setor de Recursos Humanos, no intuito de substituir os
trajes profissionais do seu pessoal. A intervenção dessa pesquisa foi oportunamente
registrada nesse referido momento. Para isso foram analisados 08 (oito) trajes
relativos a 28 (vinte e oito) cargos. O mesmo padrão de traje se repete para diversos
cargos, como pode ser observado na exposição dos dados a seguir obtidos com a
pesquisa.
5.2.1 Trajes Femininos
Descrição do Traje
Calça comprida em tecido plano na cor verde musgo, camisete em tecido plano com
elastano na cor caqui.
Cargos
Gerente Administrativa
Gerente Comercial
Recepcionista
Departamento de Reservas
Governanta
Guest Relations
79
Figura 19
: Administrativo Feminino
Foto: Marcos Schaefer (2006)
Descrição do Traje
Camiseta justa tipo pólo em malha piquet
na cor bege, calça comprida em helanca na
cor bege, avental tipo vestido inteiro cachê-coer em tecido plano na cor vinho e boné.
Cargos
Camareira
Faxineira
80
Figura 20: Camareira e Faxineira
Foto: Marcos Schaefer (2006)
Descrição do Traje
Calça capri em tecido plano na cor bege, camiseta justa tipo pólo em malha Piquet na
cor bege e avental em tecido plano na cor verde musgo.
Cargos
Garçonete
Atendente do Bar
Atendente do Café da Manhã
81
Figura 21: Garçonete
Foto: Marcos Schaefer (2006)
5.2.2 Trajes Masculinos
Descrição do Traje
Calça comprida em tecido plano na cor verde musgo
, camisa em tecido plano na cor
caqui.
Cargos
Recepcionista
Gerente Operacional
Gerente de A&B
82
Figura 22: Administrativo Masculino
Foto: Marcos Schaefer (2006)
Descrição do Traje
Calça comprida ou capri com bolsos ca
rgo em tecido plano na cor verde bege,
camiseta pólo em malha Piquet na cor caqui.
Cargos
Garçom
Atendente do Bar
Almoxarife
Auxiliar de Serviços Gerais
Mensageiro
Porteiro
Supervisor de Garçons
Marinheiro
Jardineiro
83
Figura 23: Garçom e Serviços Gerais
Foto: Marcos Schaefer (2006)
84
6 ANÁLISE DA VESTIMENTA PROFISSIONAL DO RESORT PONTA DOS
GANCHOS
Como descrito no capítulo de metodologia, o instrumento utilizado para
análise baseou-se em um checklist (fruto de observações e entrevistas) de
informações contidas em um Memorial Descritivo, procedimento comumente
utilizado no processo de design quando se trata do detalhamento técnico de
projetos. Serão relatados os aspectos mais relevantes do checklist observados
através do formulário, em torno dos trajes de vestuário profissional utilizados pelos
colaboradores.
6.1 Síntese e análise da função técnica
a) Sistema Construtivo: Este se define de maneira convencional, seu processo
de montagem, bem como descrição das partes e quantidades aplicadas não
diferem dos procedimentos utilizados na maioria das peças do vestuário. A
ineficácia desse sistema torna inviável o protótipo. Tornando-se assim
desnecessário detalhá-lo.
b) Materiais: Dentre os materiais utilizados nestes produtos identifica-se como
matéria-prima principal o tecido. Os tecidos utilizados na confecção das
vestimentas profissionais, na maioria são de composição química sintética, ou
seja, fibras oriundas do beneficiamento do petróleo (podem ser inflamáveis)
como (PES)
6
poliéster, (PA) poliamida, etc. Estes tecidos possuem tramas
muito fechadas, impossibilitando a livre transpiração do corpo, possuem baixa
absorção de água e alta absorção de gordura, adquirindo assim manchas
com muita facilidade, visto que o material fica em desvantagem, pois os
resíduos de gordura penetram e não se desprendem das fibras e também
demora muito para secar. Seu toque é áspero e sua textura rígida. Apenas os
trajes da cozinha estão mais adequados, sendo a vestimenta inferior (calça)
6
Abreviação indicada para referenciar a Nomenclatura Universal das fibras têxteis. Material
explicativo (Anexo C)
85
confeccionada em tecido 100% (CO) algodão e a superior Dólmã ou Jaleco,
sendo confeccionados em tecido misto, algodão com poliéster.
c)
Tecnologias
: Não foram detectados os usos de novas tecnologias na
composição das fibras ou na confecção dos trajes. O ideal para esta linha
hoteleira é exatamente esta mistura de fibras naturais e artificiais ou
sintéticas, pois este equilíbrio proporciona ao usuário mais mobilidade e
frescor por conta do algodão que absorve e libera não somente o suor do
corpo como também a energia eletrostática acumulada no organismo
adquirida pelo stress diário. As fibras sintéticas por sua vez podem estar
agregadas a acabamentos tecnológicos, chamados inteligentes com
propriedades anti-bacterostáticas, anti-gordura, entre outras.
d)
Função Ambiental
: Os materiais utilizados nas vestimentas profissionais
atuais são de origem química na sua maioria, tendo apenas um setor com
trajes confeccionados em fibras naturais. Todas as fibras têxteis podem ser
consideradas biodegradáveis, contudo o descarte do material sintético junto à
natureza é mais longo, além do seu processo de fabricação, beneficiamento e
tingimento que também é mais agressor à natureza se comparado com o
processo de beneficiamento das fibras naturais. Porém apenas
genericamente falando, pois dentro da cadeia de transformação fatalmente
poderá se encontrar alguns tipos de beneficiamento para transformação de
fibras naturais tão agressivas quanto as sintéticas. Esse processo é inevitável
para obtenção de tecidos, indústrias têxteis que não investem em Tratamento
de Efluentes são penalizados legalmente, porém estudos ecologicamente
corretos estão sendo desenvolvidos tanto para extração, quanto para o
beneficiamento dos têxteis.
e)
Processos de Fabricação
: As técnicas de produção aplicadas, as quais
viabilizam a manufatura do projeto, não trazem inovação. O processo
produtivo e as transformações sofridas pelos materiais que dão origem ao
produto são os métodos usuais dentro da indústria de confecção do vestuário.
Tornando-se assim desnecessário detalhá-lo.
86
f)
Funcionalidade
: Nesta função, observando as roupas trajadas pelos
funcionários, notou-se a presença de bolsos utilitários nas bermudas dos
homens e aventais com compartimentos no traje das garçonetes e
camareiras. Observou-se que se faz necessário um avental com tecido
impermeável para o assistente do bar, que além de lidar muito com água, por
vezes precisa atender às mesas. O uso deste acessório lhe proporcionaria o
asseamento necessário para atender aos clientes. O avental das garçonetes
é muito longo e pesado podendo ser substituído por bolsos cargos nas calças
capri, como no traje masculino.
6.2 Síntese e análise da função ergonômica
a)
Usabilidade
: Os artifícios existentes nos trajes como bolsos cargo e aventais
com compartimentos são bem utilizados e facilmente manuseados pelos
usuários. Na maioria dos trajes faltam especificidades de funcionalidade para
agregar mais despojamento e mobilidade às funções exercidas pelos
colaboradores. O traje utilizado pelas mulheres na recepção e outros cargos
no setor administrativo, é totalmente desprovido de bolsos, dificultando os
movimentos daquelas usuárias, que por vezes precisam circular pelas
dependências externas do hotel. A parte de higiene e limpeza geralmente é
feitas no próprio hotel pelo departamento de rouparia, somente algumas
pessoas levam para casa a fim de lavar e passar seu traje.
b)
Adequação Antropométrica
: No caso do hotel em questão não foram
utilizados parâmetros com padrões pré-estabelecidos, foram utilizados dados
antropométricos dos próprios usuários. Através das medidas corpóreas dos
colaboradores foram desenvolvidos os trajes profissionais. O resultado obtido
através desse procedimento não foi eficaz, pelos depoimentos dos usuários
pode-se perceber que as medidas extraídas não foram utilizadas com
fidelidade, visto aos inúmeros ajustes realizados nos trajes para que se
assentassem ao corpo. Esta dificuldade foi sentida principalmente nos trajes
femininos que são ajustados ao corpo e precisam definir a silhueta sem expor
o corpo da mulher à vulgaridade. Os trajes masculinos adequaram-se mais
facilmente aos usuários, embora sofrendo também alguns ajustes.
87
também a questão relacionado ao repasse do traje de um colaborador que
deixou o hotel a outro que toma seu lugar, quando os biótipos não coincidem
não nenhum tipo de readequação desse traje ao novo usuário, o que é
facilmente percebido por todos e prejudica o visual do contexto em está
inserido esse profissional.
c)
Adequação Biomecânica
: Pode-se dizer que os trajes profissionais, com
relação à postura do usuário diante dos esforços necessários para interação
com o produto dentro dos parâmetros toleráveis, estão parcialmente
adequados. Considerando que alguns trajes tolhem os movimentos do
usuário, prejudicando assim seu desempenho físico e por conseqüência
baixando a sua produtividade. Para exemplificar podemos citar os aventais
das garçonetes, os bonés das camareiras e as camisas femininas do setor
administrativo. Os aventais são longos e pesados, impedindo a perfeita flexão
do tronco e dos membros inferiores quando necessário, os bonés são
quentes, danificam os cabelos das usuárias e esteticamente seu semblante
fica muito masculinizado e as camisas são justas causando um certo
desconforto nas usuárias, amarram um pouco os movimentos na região do
ombro e costas, especialmente em movimentos articulares de rotação e
extensão. Os calçados também não estão adequados, as camareiras usam
tênis sem nenhuma característica ergonômica ou ortopédica, a maioria dos
homens usa sandálias de borracha e os demais sapatos diversos. O ideal são
sapatos ou sandálias (fixas no com fechamentos práticos como velcros ou
fivelas) com características ergonômicas ou ortopédicas destinadas a
pessoas que permanecem muito tempo em sentadas ou em movimentos
repetitivos.
d)
Adequação Fisiológica
: A partir de estudos realizados em laboratório,
comprova-se a influência que a temperatura e a umidade do ar exercem no
desempenho do trabalho humano. Houve queixas por parte de 100% dos
colaboradores do hotel em questão a respeito do armazenamento de calor
dos trajes utilizados por eles. A freqüência relativa de acidentes também
tende a crescer com o aumento da temperatura do corpo. Segundo aquela, a
eficiência do trabalho à 28ºC é cerca de 41% menor que a 19ºC. A regulação
88
térmica faz com que o corpo humano se mantenha sempre em equilíbrio e
pronto para o trabalho. O vestuário utilizado pelo indivíduo também é
responsável por essa regulação térmica, no entanto pode-se considerar que o
traje construído a partir de fibras com regulação térmica específica para o
desenvolvimento de um trabalho específico poderá diminuir o atrito do usuário
com a temperatura e umidade do ar, visto que o ambiente do hotel em si,
possui ambientes internos climatizados artificialmente e externo amplamente
arborizado. No entanto são poucos os colaboradores que trabalham
diretamente ou somente nestas áreas. Outros fatores como ruídos, iluminação
e contato com produtos químicos foram considerados satisfatórios.
e) Adequação Cognitiva: Para a compreensão do funcionamento, utilização e
aceitação do produto por parte do usuário se faz necessário ativar seu
sistema sensorial. Observou-se nos colaboradores do hotel a percepção
sobre conceito do hotel e todos os artifícios usados para seduzir o cliente
através das cores e formas usadas na logomarca, lay-out e arquitetura e no
design interior e exterior. Essa linguagem tem o objetivo de comunicar-se com
clientes internos e externos. O Resort Ponta dos Ganchos quer passar a
sensação de beleza, conforto e contemporaneidade. No entanto cada
segmento deve ser assimilado para que essa leitura seja feita por parte de
espectadores, voltando o foco novamente para o usuário, é muito mais
vantajoso para a organização que o colaborador esteja satisfeito em seu
posto de trabalho, esteja motivado e remunerado adequadamente e no caso
mais específico da pesquisa, que tenha orgulho do sua vestimenta
profissional, de carregar a bandeira do lugar onde trabalha e que este seja
adequado. Se o usuário abominar a roupa de trabalho, a qual deve vestir
diariamente, logo irá desenvolver toda forma de sentimentos negativos com
relação ao seu contexto trabalhista. Pode chegar a um ponto de não perceber
mais os benefícios, somente os fatores que lhe incomodam.
6.3 Síntese e análise da função estética
a)
Função Estético-formal
: Os trajes profissionais devem seguir a lógica da
dinâmica citada anteriormente, ou seja, devem seguir o conceito gerado e
89
construído em torno da imagem que a empresa deseja passar à sociedade
como um todo, clientes, colaboradores, concorrentes, fornecedores e
parceiros. As roupas utilizados atualmente pelo hotel apresentam cores
neutras, porém quentes. A análise que se faz é a necessidade de usar cores
mais frescas e apasteladas
7
para trajes de verão e permanecer nas cores
neutras e quentes para estação de inverno. As formas podem ser revistas,
estão rígidas e tradicionais, não acompanham a contemporaneidade do
conceito estabelecido pela imagem corporativa do hotel.
b)
Função Simbólica
: Pelas análises feitas nas funções anteriores é possível
perceber a confirmação da eficácia da função simbólica no empreendimento
hoteleiro em questão. Pode-se dizer que é bastante significativa a
representatividade do grupo de valores culturais e sociais no ambiente em
que estão inseridos. Conclui-se que possui uma capacidade de comunicação
e cognição satisfatórias correlacionadas ao meio ambiente de uso.
c)
Função de Uso
: Esta função está relacionada à forma mais apropriada de
usar o produto no que se refere à condições, aspectos e ambiente que deverá
ser manuseado. Pode-se dizer que as vestimentas profissionais, quanto aos
quesitos desta função, são atendidos parcialmente, pois ao analisar o
conjunto de informações contidas nas funções anteriores é possível perceber
que os trajes não são exatamente adequados às funções às quais eles se
propõem e também não estão devidamente adequados ao conceito do hotel e
ao clima em que estão inseridos. Os modelos são tradicionais e
conservadores, aspecto este que conflita com a contemporaneidade do
empreendimento em todas as suas dimensões, que por sinal não deixa à
desejar em outros aspectos visuais e da Identidade corporativa.
6.4 Síntese e análise da função de marketing
a)
Função Informacional
: As vestimentas profissionais analisadas em sua maioria
não apresentam etiquetas informacionais contendo informações básicas a
7
Cores em tons pastéis, referências primárias, secundárias e terciárias, com branco ou cinza.
90
respeito da peça de vestuário, como instrução de lavagem, passadoria e
conservação, composição química ou natural, tamanho da peça, procedência do
país ou empresa fabricante. Estes dados são exigidos por lei e todo fabricante
deve disponibilizar nas peças do vestuário.
b)
Identidade Visual
: Os seres humanos são criaturas que possuem desejos e
necessidades e os produtos e serviços que escolhem são guiados pelo conceito
de valor, custo e satisfação. Através do composto de Marketing: Produto, Preço,
Ponto de Venda e Promoção, a partir da análise dessa estratégia fica
estabelecida a intenção de uma organização com seus meios ambientes
externos e internos. Com base nessa premissa é possível bem avaliar o nível de
valor estabelecido pelo empreendimento em questão. Todas as manifestações
visuais como logotipia, papelaria, site e entre outras de ordem mais específica
como a decoração interior dos bangalôs e demais dependências, as cores muito
bem utilizadas, o terreno acidentado privilegia a arquitetura que tem um misto de
sofisticação com rusticidade. No entanto pode concluir que o conceito impresso
pelo empreendimento ao seu produto turístico, os preços praticados, o ponto de
localização e a promoção veiculada para divulgar o negócio está em plena
harmonia e de acordo com as premissas sicas para bem negociar um produto
ou serviço.
91
7 CADERNO INFORMATIVO E SUGESTÕES PARA CATEGORIZAÇÃO DE
NOVOS TRAJES PROFISSIONAIS DO PONTA DOS GANCHOS
EXCLUSIVE
RESORT
Este material apresenta uma sugestão para a categorização de novos trajes
para compor a vestimenta profissional do hotel de lazer Ponta dos Ganchos
Exclusive Resort.
Uma proposta diferenciada para inverno e verão, seguindo o mesmo padrão
estabelecido a partir da análise do ambiente interno e externo do hotel, não
abordando sugestões relacionadas à imagem geral corporativa do hotel, pois no
momento atual, esta encontra-se dentro dos parâmetros considerados adequados.
Inicialmente serão relacionados e descritos os cargos existentes no hotel
seguindo a denominação do organograma fornecido pela empresa (Anexo D) e de
acordo com a hierarquia proposta pela estrutura organizacional da mesma. As
descrições dos cargos seguem conceitos baseados em Davies (1997), Popp (2007),
Guias de Cargos para hotelaria do SENAC (1980, 1981 e 1982) e também em
depoimentos colhidos na pesquisa de campo realizada com os colaboradores do
hotel. As especificações técnicas sobre tecidos tecnológicos foram extraídas das
home pages das empresas de indústria têxtil Santa Constância e Santanense.
O uniforme é o espelho de um hotel. Ele não apenas identifica a
função do funcionário, mas também reflete a postura e a imagem do
estabelecimento. De maneira subjetiva, o uniforme transmite ao
hóspede o conceito do hotel em relação à qualidade de seus
serviços. As peças do vestuário devem ser de tecidos de qualidade e
que garantam durabilidade, de fácil lavagem e, sobretudo,
confortáveis, de modo a facilitar ao máximo o desempenho das
tarefas diárias.( POPP, 2007).
Os cargos de Chefe de Cozinha, Sub-chefe de Cozinha, Cozinheiro e Stward
não serão categorizados, apenas descritos, pois, por questões de saúde e higiene, o
vestuário profissional destinado a esta área segue padrões universais pré-
estabelecidos, os quais são seguidos pelo hotel em estudo.
92
A maioria das pessoas provavelmente descreveria um chef de
cozinha como alguém usando um chapéu branco comprido e
carregando uma grande faca de cozinha. De fato, faz parte do
uniforme tradicional do chef um chapéu branco, comprido e
pregueado a toque blanche. O chapéu tradicional do chef contém
100 pregas. Apesar de o significado das 100 pregas não ser
precisamente conhecido, diz-se que cada prega representa um dos
100 pratos de ovos que um chef pode criar. A calça xadrez preta e
branca que a maior parte dos chfs usa torna as manchas e respingos
de comida menos perceptíveis. O jaleco branco (dolman) com dupla
camada de tecido no peito oforece maior proteção contra
queimaduras no fogão. Além disso, se o chef precisar a parecer
“limpo” de repente, o jaleco pode ser abotoado ao contrário, de forma
a esconder algumas das inevitáveis manchas encontradas na roupa
de um chef ocupado. O lenço no pescoço, que antes tinha como
objetivo absorver a tranpiração do rosto e do pescoço, hoje é mais
um toque final para o uniforme. O avental grande e branco oferece
proteção adicional contra manchas e também protege contra
queimaduras. (CHON; RAYMOND, 2003).
As narrativas que seguem aqui formatadas relacionadas à sugestão de
novos trajes profissionais para o hotel, são resultado das pesquisas teóricas e de
campo, baseadas nos temas estudados na fundamentação teórica, especialmente
focados nas necessidades operacionais do setor hoteleiro e agregando os atributos
de design, principalmente nos quesitos que dizem respeito à ergonomia e estética.
Nos resultados dessa pesquisa foram incorporados os croquis das vestimentas
profissionais idealizadas para cada cargo e função exercidos pelos colaboradores do
empreendimento (Apêndice D).
7.1 Cargos atuais do hotel Ponta dos Ganchos
Exclusive Resort
8
- Diretor Geral
- Gerente Administrativo
- Almoxarife
- Operador Financeiro
- Gerente Comercial
- Operador de Reservas
- Operador de Pós-Venda
8
Relação baseada no organograma de cargos, fornecido pelo Ponta dos Ganchos Exclusive Resort.
93
- Gerente de Hospedagem
- Recepcionista
- Mensageiro
- Porteiro
- Guest Relations
- Governanta
- Camareira
- Faxineira
- Lavadeira
- Passadeira
- Roupeira
- Auxiliar de Serviços Gerais
- Marceneiro
- Marinheiro
- Gerente de A & B
- Chefe de Cozinha
- Sub-Chefe de Cozinha
- Cozinheiro
- Stward
- Maitre
- Garçom
- Barman
7.2 Descrição dos cargos
Gerente Geral:
prever as necessidades do empreendimento, satisfazer e
ultrapassar as metas estabelecidas, incluindo lucratividade e rentabilidade.
Estabelecer e informar os objetivos que dão apoio às metas e aos princípios do
hotel. Atingir os objetivos desenvolvendo e aplicando estratégias. Controlar a
aplicação da estratégia, revisá-las e supervisionar o esforço de vendas para atingir
as metas de rentabilidade. Manter e estabelecer o valor comercial e ativo do hotel
desenvolvendo e executando estratégias que atendam em aumentar a rentabilidade
e a estrutura física do hotel. Maximizar o lucro por apartamento disponível,
realizando um gerenciamento produtivo. Informar aos funcionários os objetivos do
94
serviço de qualidade prestado aos hóspedes com vistas ao seu estabelecimento.
Realizar metas para a satisfação dos clientes. Supervisionar os serviços prestados
aos hóspedes, treinando seus funcionários e certificando-se que os mesmos
receberam as instruções adequadas para o bom desempenho de suas funções.
Determinar e comunicar aos funcionários os padrões de desempenho. Avaliar
regularmente a atuação de cada um e recomendar aumento salarial quando
apropriado. Utilizar eficientemente os recursos disponíveis no hotel e comunicar-se
regularmente com os proprietários. Atualmente, exige-se muito mais desse cargo:
experiência e conhecimentos específicos na área de gerência são requisitos básicos.
Seu ocupante deve ser dinâmico e criativo, ter espírito de liderança, ser flexível, ter
bom relacionamento com a equipe, saber administrar conflitos e estar sempre
atualizado. Também é fundamental o conhecimento de outras línguas
(principalmente inglês e espanhol). Cabe ao gerente fazer vistorias periódicas no
estabelecimento, participar de reuniões com sua chefia e com as diversas equipes,
conhecer o perfil dos hóspedes, idealizar pacotes e planos especiais para motivar a
ocupação do hotel, estar atento a todos os acontecimentos internos e motivar seus
funcionários.
Gerente Administrativo:
criar estratégias de marketing para aumentar os
rendimentos e atingir as metas de vendas de apartamentos e de A&B. Desenvolver o
orçamento de A&B e da área habitacional, revisando as recomendações e
tendências dos chefes de departamento, preparando cuidadosamente os números a
serem apresentados e revisados pelo Gerente Geral. Seguir orçamento
supervisionado para os custos. Controlar esses custos, adotando padrões
operacionais de previsão, orçamento, folhas de pagamento e despesas
administrativas. Analisar a lista de sugestões dos hóspedes. Conduzir inspeções
diárias para assegurar a manutenção do padrão de limpeza em todas as áreas do
hotel, aplicando medidas corretivas quando necessárias. Dar assistência ao gerente
geral, direcionar e cooperar com outras exigências sempre que sua presença for
exigida ou solicitada.
Almoxarife:
é o responsável supremo para o controle e estoque dos produtos,
bem como a compra dos mesmos. Compete a ele estabelecer o tipo de produto a
ser trabalhado no estabelecimento, com o padrão de serviço desejado em todos os
95
setores, tais como: cozinha, restaurante, bares, tipos de impressos, material elétrico,
roupas de cama e mesa, louças e talheres e o material que julgar necessário para
suprir as necessidades apresentadas pelo estabelecimento. A partir disso, um
sistema de compras pode ser estabelecida com maior precisão determinando os
estoques máximos e mínimos para os artigos de uso. Os hotéis geralmente fazem
uso de fichas de controle ao qual o almoxarife pode comandar o estoque de
produtos, facilitando a conferência dos produtos.
Operador Financeiro:
verificar os créditos de todos os clientes que solicitam o
faturamento. Receber contas em atraso, investigando as não pagas, para determinar
a razão do não pagamento e solicitá-lo. Manter relatórios de situação de contas.
Conduzir mensalmente reuniões com os demais departamentos e gerência do hotel
para explanação das finanças do estabelecimento. Manter-se atualizado sobre
saldos de clientes e do hotel. Responder a correspondência recebida em tempo
hábil. Pesquisar a justificativa de débitos pendentes. Participar de reuniões pré e
pós-evento, determinando os procedimentos adequados de faturamento para
reservas de maiores proporções do hotel. Manter um sistema organizado de arquivo
para: autorização de reserva e solicitação de crédito, referências de crédito,
faturamento direto e regulamentação dos cartões de crédito.
Gerente Comercial: direcionar as atividades geradoras de renda de acordo com o
plano de marketing. Coordenar serviços e atividades relacionadas à função de
vendas, de acordo com os padrões e política do hotel. Atingir metas de faturamento,
desenvolvendo e aplicando estratégias de marketing e vendas, ampliando-as
anualmente ou sempre que se fizer necessário. Maximizar a produtividade de
vendas, certificando-se da capacidade de hospedagem no estabelecimento. Criar e
ampliar novas metas de vendas e estratégias de marketing pós-venda para a
satisfação dos clientes e colaboradores do hotel. Estar sempre atualizado e
participar ativamente nas tarefas dos demais departamentos do hotel. Preparar
relatórios para desenvolver as informações, que melhorem as decisões gerenciais, e
avaliação crítica das atividades de trabalho, bem como relatórios sobre A&B,
convenções e vendas.
96
Operador de Reservas:
desempenha tarefas de administração e de execução, de
acordo com o tamanho e a organização do setor.
Supervisão e direção de pessoal: Função Primária - dirigir, controlar e supervisionar
as atividades do pessoal do setor de reservas; treinar o pessoal do setor de reservas
e atender as reclamações dos clientes. Secundária - preparar os planos de trabalho
e as escalas de revezamento do pessoal, cuidar dos equipamentos e do material do
setor. Elaborar as previsões de ocupação e de atividades decorrentes.
Tarefas de execução: negociar e comercializar vendas de alojamentos e de outros
serviços; atender a pedidos de reservas; redigir correspondência/e-mail do setor;
articular trabalho com o setor de recepção; preparar a chegada dos hóspedes.
Operador de Pós-Venda:
Manter contato com os clientes após a hospedagem,
averiguar o grau de satisfação do cliente com relação ao atendimento recebido e aos
serviços prestados. Registrar preferências dos clientes mais assíduos, para serví-los
melhor em estadas posteriores. Enviar aos clientes mala-direta ou folder eletrônico
com as promoções, eventos especiais ou o oferecimento de descontos. Informar os
clientes de eventuais mudanças de número de telefone ou alterações nos serviços
prestados pelo hotel.
Gerente de Hospedagem: membro da equipe gerencial, responsável pelas
operações dos setores diretamente ligados às tarefas administrativas e de controle.
É responsável também pela produtividade do setor e pelos custos, tendo apoio da
governança e do chefe de recepção.
Recepcionista:
preparar a chegada dos clientes com reserva confirmada,
recepcionar o cliente ao balcão e registrá-lo (check-in), preencher documentos e
registros relativos à estada do hóspede, realizar a mudança de aposento se
necessário, realizar a saída do hóspede (check-out), articular o trabalho com o setor
de governança e com os demais setores do hotel. Pode desempenhar outras
funções da portaria, tais como: cuidar das chaves dos aposentos, igualmente
providenciar a guarda dos valores dos hóspedes, prestar informações, receber e
anotar recados destinados aos hóspedes, receber e transmitir pedidos e
reclamações. Nos estabelecimentos mais simples, o recepcionista pode acumular
tarefas, executando trabalhos que seriam normalmente atribuídos a uma telefonista,
97
a um concierge ou a um mensageiro. Deve possuir como características principais:
dinamismo, comunicabilidade, honestidade e discrição. Um segundo idioma e
espírito de liderança também são fundamentais para quem exerce este cargo. É o
ponto de referência do hóspede no hotel.
Mensageiro:
Transportar as bagagens para os aposentos e vice-versa;
acompanhar e instalar os hóspedes; distribuir notas internas; cuidar dos objetos do
saguão e do hotel; atender os clientes à entrada e à saída do hotel; registrar a
entrada e controlar saída de bagagens. Conhecido internacionalmente como bell boy
(garoto da companhia), pois foi o primeiro emprego de muitos adolescentes
americanos. É responsável por mostrar aos hospedes como funciona o apartamento.
Deve ter boa aparência e estar sempre disposto a ajudar os usuários.
Porteiro:
o porteiro assiste ao chefe de recepção e ao recepcionista em tarefas
específicas de portaria. Desempenha algumas funções de capitão porteiro. Atende e
recebe o hóspede no lado externo do hotel, acompanha até a recepção e retira suas
malas do carro. Orienta os clientes à entrada e à saída do hotel; cuida do
estacionamento dos veículos dos hospedes e dos visitantes. Pode vir a
desempenhar algumas tarefas próprias de mensageiro, fornecendo informações
gerais, sendo responsável pelos veículos e segurança do hotel, auxiliando no
controle de entrada de pessoas estranhas no local.
Guest Relations: proporciona um serviço eficiente e cortês aos hóspedes na
recepção, aumentando a satisfação dos mesmos e seguindo os padrões do hotel.
Realiza outras tarefas para garantir a qualidade dos serviços prestados pelo
estabelecimento, como atender os hóspedes no checkin e checkout e durante toda a
permanência no hotel; registrar os hóspedes com presteza dando-lhes as boas
vindas em nome do estabelecimento; providenciar serviços especiais solicitados
pelos hóspedes; minimizar a perda do faturamento utilizando os procedimentos de
limite de crédito e controle de inventário, garantir aos spedes um limite de crédito
acompanhando suas contas; verificar dados pessoais e de reservas do hóspede;
aumentar o faturamento oferecendo serviços extras e promovendo pontos de vendas
e cortesias.
98
Governanta:
Função Primária: dirigir, controlar e supervisionar as atividades do
seu pessoal nos bangalôs, lavanderia, limpeza e rouparia.
Função Secundária: ter controle absoluto das chaves mestra, estar sempre em
contato com a recepção, reportar-se diariamente à gerência para explanação de
idéias e/ou problemas de seu setor e entrega de relatórios, preparar relatórios e
inventários periodicamente; inspecionar os serviços e apartamentos de seus
subordinados; estar atenta a apartamentos ocupados por hóspedes VIPs (Very
Important Persons); procurar satisfazer as solicitações e/ou reclamações dos
hóspedes; treinar e orientar as governantas assistentes; organizar reuniões
semanais com seus subordinados; supervisionar e manter controle sobre trajes e
aparência de seus subordinados; resolver situações de emergência de qualquer
natureza; elaborar horários de trabalho e folgas de seus subordinados; controlar os
pertences esquecidos pelos hóspedes; elaborar programas de limpeza janelas,
vidros, escadas, cortinas. Ela também deve administrar e controlar o estoque de
material e roupas em cada setor, administrar o andamento do serviço de lavanderia;
supervisionar as solicitações de serviços feitos ao setor de manutenção;
planejamento supervisão do trabalho das camareiras; distribuição as UHs (unidades
habitacionais, apartamentos) para as camareiras; supervisão os carrinhos (de
transporte de enxoval e material); distribuição diária das chaves-mestra dos quartos
e checagem final das UHs antes da liberação para reocupação.
Camareira:
Função Primária: arrumação dos apartamentos, abastecimento do
frigobar, troca de lençóis/ toalhas/ limpeza superficial e o manuseio de roupas dos
hóspedes para lavar.
Função Secundária: limpeza dos apartamentos (faxina) e serviços de lavanderia;
abastecimento do carrinho de materiais a serem utilizados durante o trabalho;
verificar a ocupação de apartamentos dos bangalôs antes de iniciar seu trabalho;
selecionar os apartamentos com prioridade de arrumação; avisar à recepção quando
o apartamento foi liberado e está pronto para receber novos hóspedes; preparar a
lista de reposição de material; zelar pelo bom relacionamento com colegas de
trabalho e hóspedes. É a funcionária diretamente responsável pelo bem-estar dos
hóspedes, quase não aparece, porém, todos notam sua ausência. Essa profissional
necessita ser extremamente leal, honesta e digna, pois, muitas vezes, trabalha em
meio aos pertences do cliente. Deve possuir equilíbrio emocional, ser simpática,
99
dinâmica, prestativa, organizada e ter espírito de equipe e principalmente ser
educada e cortês. Sua função vai desde a arrumação e higienização dos
apartamentos (unidades habitacionais), até a fiscalização do consumo do frigobar e
informar irregularidades à governanta. Eventualmente, conta com o auxílio do
arrumador que apoio operacional à camareira, principalmente em tarefas mais
difíceis, como montagem de camas extras, mantendo o carrinho da camareira
sempre abastecido de enxoval limpo e transportar o sujo para a lavanderia.
Faxineira:
limpar, lustrar e polir superfícies de diferentes espécies, desinfetar e
desinfestar ambientes e utensílios, limpar salas e dependências comuns, limpar
locais de serviço e conservar equipamentos e utensílios.
Lavadeira: receber, contar e classificar roupa suja do hotel e hóspedes; fazer
marcação nas roupas pessoais e roupas profissionais dos colaboradores; lavar,
secar, passar e dobrar a roupa do hotel, dos hóspedes e roupas profissionais.
Apesar de contratados para funções pré-definidas, esses funcionários alternam suas
atividades em virtude da característica de repetitividade do trabalho e do ambiente
pouco agradável, geralmente quente e úmido. Dessa maneira, todos conhecem as
funções.
Passadeira:
passar e dobrar a rouparia do hotel, roupas pessoais dos hóspedes e
profissionais dos colaboradores.
Roupeira:
receber, remendar e consertar roupa do hotel, profissionais e dos
hóspedes (mais especificamente na ausência da costureira), arrumar roupas na
rouparia e fazer trocas com os setores que necessitem.
Auxiliar de Serviços Gerais:
supervisionar, dirigir e coordenar a limpeza das
áreas comuns, contribuindo para que o hotel se mantenha limpo e agradável de
acordo com os seus padrões. Proporcionar serviço de qualidade e trabalho de
equipe. Supervisionar e coordenar os funcionários das áreas comuns, para que
trabalhem de forma eficiente e rápida na limpeza das mesmas. Certificar-se de que
as áreas comuns estejam limpas e de acordo com os padrões do hotel. Encarregar-
100
se da manutenção adequada, e dos devidos cuidados com os equipamentos. Manter
o almoxarifado limpo e em ordem. Quando necessário, fazer os pedidos de serviço
para a manutenção, garantindo um atendimento pido e eficiente. Manter-se
atualizado com os eventos diários do hotel e agir de acordo com os mesmos.
Coordenar a limpeza das áreas comuns com os departamentos relacionados às
mesmas, tais como Recepção, Manutenção e Sala de Convenções.
Marceneiro: Também responsável pela manutenção, o que significa conservar,
preservar equipamentos, máquinas e instalações. Antigamente, manutenção era
sinônimo de gasto, acionada apenas quando ocorria quebra ou desgaste total de
equipamentos ou utensílios. Atualmente, é entendida como uma forma de garantir
ou corrigir o patrimônio (manutenção preventiva ou corretiva). Com o novo conceito
de qualidade, a equipe de manutenção passa a ser peça-chave no sistema hoteleiro.
Este profissional deve conhecer os sistemas de segurança, estar atento ao
funcionamento de toda a maquinaria e estrutura física do estabelecimento,
apresentar soluções rápidas para os problemas. Ele deve manter boa aparência e
higiene pessoal, trabalhando em equipes e sendo organizado e educado.
Marinheiro:
é responsável pelas atividades relativas à praia, servindo os
hóspedes que estão na beira-mar, prestando serviço de bar e providenciando
cadeiras, guarda-sol, toalhas e roupões. Mantém a organização do entorno que
envolve a praia e a ilha do hotel. Pode desempenhar serviço de garçom em ocasiões
que não hajam atendimentos à beira-mar.
Gerente de A&B:
planeja, controla e ajusta o custo e as ações de A&B com os
padrões e procedimentos do hotel, analisando e verificando notas fiscais,
requisições, menus e a própria produção. Proporciona serviço de qualidade e
trabalho de equipe satisfazendo as expectativas dos hóspedes e funcionários.
Analisa as requisições de A&B, o recebimento de material, procedimentos de
inventário. Verifica requisições feitas, pedidos ao almoxarifado, notas fiscais, prazos
de pedidos. Mantém inventários permanentes dos materiais solicitados. Realiza
tarefas de pré-fechamento contábil de A&B, fixar preços de menu. Prepara possíveis
menus desenvolvendo e reunindo receitas e idéias novas e precisas, além de
relatórios, quando necessário, para desenvolver novas informações que melhorem
101
as decisões gerenciais e a avaliação crítica das atividades de trabalho. Possibilita o
conhecimento dos processos administrativos, técnicos, funcionamento de bares e
dos recursos de cozinha, assim como das estratégias de liderança com foco na
prestação de serviços em hotelaria.
Chefe de Cozinha:
coordena o trabalho de uma equipe de cozinheiros
especializados (chefes de partida), geralmente assistido por um sub chefe, estando
sempre ocupado em tarefas de planejamento, previsão, orçamentos, controle e
supervisão.
Tarefas de administração e de direção (primária): supervisão e direção de pessoal,
controlar e supervisionar as atividades do pessoal de cozinha; treinar o pessoal no
ambiente de trabalho; organizar o treinamento formal do pessoal de cozinha;
resolver situações de emergência; cuidar da segurança em geral e da prevenção de
incêndio.
Planejamento (secundária): organizar o trabalho da cozinha, especialmente em
função de banquetes e serviços especiais; elaborar (menus) e cardápios; definir
porções, elaborar receitas e custos-padrão; preparar planos de trabalho e escalas de
revezamento do pessoal.
Tarefas de execução: criação de novas receitas do cardápio; definição e
acertamento de um prato especial que marque seu desempenho profissional;
acabamento de pratos para o qual julgue dever empenhar-se pessoalmente;
utilizando técnicas especiais de cocção; apresentações especiais de pratos frios e
quentes; organização e montagem de mesas de buffet.
Sub-Chefe de Cozinha:
supervisionar, coordenar e dirigir as operações da
cozinha do hotel, de acordo com os padrões do mesmo, garantindo uma
alimentação da melhor qualidade dentro do orçamento estabelecido. Supervisionar
as operações da cozinha, apresentando produtos da melhor qualidade dentro dos
limites de contenção de custos e maximizando a satisfação dos hóspedes no setor
da alimentação. Manter padrões de qualidade dos produtos, conduzindo inspeções
regulares. Supervisionar o inventário, as compras e gastos de todos os suprimentos.
Certificar-se de que os procedimentos adequados de segurança e higiene estejam
sendo seguidos. Acompanhar tendências do mercado e recomendar as medidas
adequadas a serem tomadas para manter a posição competitiva e a rentabilidade
102
das operações. Fazer orçamentos de produtos para reduzir custos e poder comparar
despesas reais com as orçadas. Minimizar a deteriorização dos alimentos, o
desperdício e o excesso de produção.
Cozinheiro: preparar e servir os pratos de todos os banquetes de acordo com os
padrões do hotel, contribuindo para a satisfação dos clientes. Ajudar na elaboração
das checklists das ordens de serviço para os banquetes ou atividades especiais e
organizar os setores de trabalho, coordenando toda a produção de comida quente e
fria destinada aos banquetes. Preparar e guarnecer adequadamente os pratos dos
banquetes de acordo com as especificações do menu. Manter limpos a abastecidos
os armários, refrigeradores e áreas de estocagem dos alimentos. Cuidar
adequadamente dos equipamentos de uso do local de trabalho.
Stward: maximizar a eficiência operacional do departamento, mantendo a cozinha
em perfeitas condições de uso com a máxima limpeza e higiene. Manter um
suprimento suficiente de alimentos e bebidas para o departamento. Certificar-se de
que os suprimentos estejam sendo adequadamente distribuídos e estocados.
Supervisionar para que os aparelhos utilizados no departamento estejam limpos e
higienizados. Certificar-se de que sejam seguidos os procedimentos operacionais
padronizados. Utilizar adequadamente os equipamentos e proceder de acordo com
a forma adotada no local de trabalho. Acompanhar as tendências do mercado e
recomendar as medidas adequadas a serem tomadas. Preparar relatórios para
desenvolver novas informações que melhorem as decisões gerenciais e a avaliação
crítica das atividades de trabalho.
Maitre:
Tarefas de administração e de direção (primária): supervisão e direção de
pessoal; controlar e supervisionar as atividades do pessoal de restaurante; treinar o
pessoal no ambiente de trabalho; resolver situações de emergência; cuidar da
segurança em geral e da prevenção de incêndio.
Organização e Planejamento (secundária): planejar e controlar a organização e o
preparo da sala; elaborar (menus) e cardápios de restaurante, copa e bar; organizar
banquetes e serviços especiais; preparar planos de trabalho e escalas de
revezamento do pessoal de restaurante.
103
Tarefas de execução: organizar o carrinho de sobremesas e frios; fechar o serviço
de restaurante; preparar o buffet; servir vinhos; fazer serviços de comida; atender as
reclamações dos clientes; fazer reservas; recepcionar os clientes; tomar pedido de
pratos e bebidas. É o anfitrião do restaurante. Deve, por um lado, possuir boa
higiene pessoal, iniciativa, cortesia e educação ao acolher e recepcionar os clientes.
Por outro, precisa conhecer a composição dos pratos, das bebidas e dos vinhos. No
trato com a equipe de trabalho, deve ter espírito de liderança, organizar o setor,
atribuir normas de higiene e evitar perdas e prejuízos. É também o responsável pela
elaboração do menu (cardápio) e, para tanto, deve buscar atualização e
aprimoramento contínuos. O maître deve ser um profissional atento a tudo no
ambiente de trabalho. É um dos profissionais que, atualmente, mais se destaca nos
restaurantes. Geralmente exerce também a função do sommelier, que consiste em
indicar os rótulos a serem comprados, armazená-los adequadamente e auxiliar no
atendimento aos clientes, orientando a escolha do vinho de acordo com o prato a ser
consumido. Deve estar sempre atualizado, ter a técnica para decantar (purificar) o
vinho quando necessário e conhecer diversos tipos de uvas, safras e produtores.
Garçom:
preparar o ménage, aparadores e mesas auxiliares; arrumar mesas da
sala para serviço de refeições e café da manhã. Fazer e retirar os pedidos na
cozinha e na copa; servir drinques na sala; servir “couvert”; fazer serviço à inglesa
direta, à francesa, prato pronto e à “table d’hôte”; desempenhar operações
intermediárias aos serviços de comidas e bebidas; servir bebidas o alcoólicas e
cervejas na sala, vinhos, bebidas quentes na sala, churrasco, banquetes e café da
manhã na sala; apresentar a nota ao cliente e cobrar; atender as reclamações.
Espera-se desse profissional uma apresentação pessoal impecável. Ele é a vitrina
do estabelecimento, pois está em contato direto com os clientes. Deve conhecer
profundamente o cardápio da casa e o modo de preparo dos pratos, dominar as
várias maneiras de servir à mesa, conhecer os procedimentos de emergência e
segurança, saber operar todos os equipamentos do salão, ter caligrafia legível e
possuir uma boa coordenação motora.
Barman: limpar e manter limpo o setor de trabalho; limpar equipamentos e
utensílios do bar; fazer a mise en placedo balcão de bar; fechar o serviço de bar;
tomar pedido e servir bebidas no bar (sala e balcão); apresentar a nota ao cliente e
104
cobrar; servir bebidas em coquetéis, galas e bufê; atender à reclamações de
clientes; operar caixa registradora; preparar bebidas quentes e frias a pedido do
cliente.
7.3 Considerações gerais
É relevante ressaltar que o quadro funcional do hotel é bastante enxuto, no
entanto, alguns colaboradores acumulam cargos ou funções em determinados
momentos, especialmente nas altas temporadas, eventos especiais e fins de
semana. Eventualmente, são contratados colaboradores sobressalentes nessas
ocasiões por tempo determinado.
Cabe aqui considerar a importância de descrever as funções dos cargos
pertinentes ao organograma do hotel, pois, somente a partir do entendimento da
rotina cotidiana dessas pessoas e das peculiaridades atribuídas a cada cargo e
função, foi possível detectar as necessidades a serem priorizadas na composição
dos novos trajes.
A composição e apresentação dos trajes está organizada de acordo com a
hierarquia do hotel e, segundo o procedimento adotado pela administração do
mesmo, vários colaboradores usam o mesmo traje por estarem no patamar
hierárquico equivalente, sofrendo alteração quando houver mudança de sexo ou se
o cargo apresentar particularidades especiais.
7.4 Categorização e descrição dos trajes propostos
7.4.1 Cargos Femininos
a) Gerente Administrativo, Gerente Comercial, Guest Relations, Operadora do
Financeiro, Operadora de Reservas, Operadora de Pós-Venda e Governanta.
105
Figura 24: Trajes femininos de inverno idealizados para os cargos de Gerente
Administrativo e Comercial, Guest Relations, Operadoras do Financeiro, Reservas, Pós-
Venda e Governanta
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno: calça, camisa de manga 3/4, casaco e blusa de
lã. Sapato com salto de aproximadamente 4 cm. Acessórios para governanta (rede e
grampos para prender o cabelo).
106
Figura 25: Traje feminino de verão idealizado para os cargos de Gerente Administrativo e
Comercial, Guest Relations, Operadoras do Financeiro, Reservas, Pós-Venda e Governanta
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
calça capri e camisa de manga curta. Sandália com
salto aproximadamente de 4 cm. Acessórios para governanta (rede e grampos para
prender o cabelo).
- Aspectos ergonômicos da roupa:
As gerentes do setor comercial, administrativo
e as operadoras dos setores financeiro, pós-venda e de reservas ficam a maior parte
do tempo sentadas, operando computadores e manipulando papéis. Não fazem
esforço corporal, suas atividades estão centradas em abrir gavetas e armários, os
objetos e documentos necessários estão sempre à mão, eventualmente se agacham
ou se elevam para abrir gavetas, armários ou arquivos menos acessíveis. A
governanta e a Guest Relations circulam amplamente pelas dependências do hotel,
se movimentam mais, considerando que o terreno é um pouco acidentado, além
disso eventualmente poderão carregar ou transportar algum volume. Sendo assim o
traje proposto para estas colaboradoras, no atendimento das necessidades de
todas, deve cumprir a função antropométrica, anatômica e conforto térmico. Para
estar adequada antropometricamente, a roupa necessita possuir medidas corpóreas
107
de cada usuária, mantendo apenas folgas de vestibilidade, ou seja, a roupa não
deve estar larga, nem justa demais ao corpo. O conforto anatômico da modelagem é
focado principalmente para atividades onde exigem a manipulação dos braços, bem
como no movimento de pernas, agachamentos ou elevações. Para melhorar a
funcionalidade e agilidade, foram inseridos bolsos em todas as peças de roupa
propostas, a fim de portar aparelhos eletrônicos como agenda, celular, ipod, pen-
drive, etc., porém, em tamanhos discretos. E o conforto térmico se dá a partir do uso
de tecidos adequados com composições temperadas e modelos para inverno e
verão.
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, com um salto ou solado preferencialmente emborrachado ou siliconado e
altura de 2 a 4 cm.
- Aspectos estéticos da roupa:
o modelo projetado para as colaboradoras que
ocupam cargos gerenciais ou administrativos; deve estar dentro do contexto
apanhado pelo hotel, porém, as roupas não devem ser submetidas a decotes
abusivos ou comprimentos constrangedores às usuárias, a mesma deve sentir-se
bem trajada para não afetar sua auto-estima não comprometendo a apresentação
diante dos hóspedes ou mesmo baixar sua produtividade. A logomarca deve estar
harmonicamente colocada no traje e de maneira visível, pois estará constantemente
em contato com pessoas.
- Aspectos estéticos do calçado: o cabedal, ou seja, a parte superior do calçado,
deve ser de couro ou material sintético com tratamento tecnológico, garantindo a
perfeita respiração do pé dentro do calçado e evitando anomalias ou patologias
comuns em pessoas que ficam por muito tempo com o mesmo sapato, e passam
longos períodos em pé, sentadas ou em movimento. As costuras não devem grossas
ou numerosas e os materiais dos forros precisam seguir as mesmas especificações
do material externo do sapato, já citado anteriormente.
- Aspectos tecnológicos do traje
(tecidos acabamentos e composições): com
relação à textura dos tecidos e suas composições, deve-se se dar prioridade aos
tecnológicos com os aspectos: antimicrobial e antiestático; o primeiro prevenindo os
odores da transpiração; e o segundo prevenindo ao acúmulo de energias
eletrostáticas. As composições destes tecidos são de texturas leves, geralmente
misturas de algodão com poliéster ou poliamida, bom caimento e reguladoras de
temperaturas, não causando assim desconforto tanto para quem trabalha sob o ar
108
condicionado, quanto para quem trabalha ao ar livre. Os acabamentos das costuras
devem ser os mais simplificados possíveis, as costuras não devem ficar expostas,
mas embutidas para não causar volume de tecidos principalmente em locais como
virilhas, axilas e abdômen.
b) Recepcionista
Figura 26: Trajes femininos de inverno idealizados para o cargo de Recepcionista
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno:
calça, camiseta polo e blusa de lã. Sapato com
salto de aproximadamente 4 cm.
109
Figura 27:
Traje feminino de verão idealizado para o cargo de Recepcionista
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
calça capri e camiseta polo de manga curta.
Sandália com salto de aproximadamente 4 cm.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
A recepcionista fica a maior parte do tempo de
trabalho, em pé. Exerce atividades que exigem pouco movimento, porém postura
correta. O contato com os clientes é constante, por isso, sua apresentação pessoal
deve ser minuciosa. O traje sugerido para a recepcionista possui as mesmas
características ergonômicas sugeridas para os cargos gerenciais e administrativos.
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, com um salto ou solado preferencialmente emborrachado ou siliconado e
altura de 2 a 4 cm. Uma atenção maior deve ser dada ao calçado pela longa
permanência em pé. Estudos biomecânicos segundo Schimdth (1995), mostram que,
no apoio bipodal ou monopodal
9
, o recebe respectivamente metade ou toda carga
9
Bipodal: é quando o corpo está apoiado sobre dois pontos do pé, ou seja, é uma força que suporta o
peso corporal sobre dois vetores o calcâneo (região do calcanhar) e o metatarsiano (ponta do pé). E
monopodal é quando está apoiado sobre apenas uma delas, mais comumente o metatarsiano.
110
corporal, transmitida pela tíbia e talo
10
. Esta força divide-se em dois vetores: um que
dirige o cacâneo e o outro que se direciona para as cabeças dos metatarsianos.
Num pé descalço, em apoio bipodal, o calcâneo sofre uma carga de 57% e o
metatarsiano, 43% do peso. Com um salto de 2 cm, ocorre equilíbrio de 50% em
cada um dos vetores.
Figura 28: Pontos de pressão exercidos pelo pé em estudos biomecânicos com salto de 2
cm.
Fonte: Schmidt, 1995.
Num calçado com salto de 4 cm de altura, o calcâneo sofre uma carga de 43% e o
metatarsiano, 57% do peso.
Figura 29: Pontos de pressão exercidos pelo pé em estudos biomecânicos com salto de 4
cm.
Fonte: Schmidt, 1995.
Com um salto de 6 cm de altura, 25% é direcionado sobre o calcâneo e 75% sobre a
cabeça dos metatarsianos. Nos calçados com salto 10 cm de altura, praticamente
100% do peso concentra-se sobre os metatarsianos.
10
Ossos da região do tornozelo.
111
Figura 30:
Pontos de pressão exercidos pelo pé em estudos biomecânicos com salto de 10
cm.
Fonte: Schmidt, 1995.
Baseado nesses estudos do pé, é sugeridos o uso de calçados com no máximo 4 cm
de altura. O uso prolongado de saltos maiores que 4 cm, acarretam problemas de
equilíbrio e danos a toda a estrutura óssea. Um salto pequeno é melhor que
nenhum, para que a coluna fique reta e para manter boa circulação sangüínea.
- Aspectos estéticos da roupa:
O modelo projetado para a recepcionista deve
estar dentro do contexto apanhado pelo hotel e, neste caso, segue as mesmas
especificações sugeridas para os cargos femininos gerenciais e administrativos,
porém, o que difere o traje é o uso da camiseta pólo, de maneira mais feminina,
inclusos detalhes discretos e sutis. Dessa forma, ela se diferencia dos homens que
trabalham na mesma função. A logomarca se apresenta harmonicamente colocada
na parte superior da frente da camiseta de maneira visível, os botões seguem as
mesmas cores da logo para não quebrar a composição visual do traje, pois estará
constantemente em contato com as pessoas. Como aspectos complementares, a
recepcionista deve cuidar minuciosamente da sua higiene e apresentação pessoal.
Itens como cabelo e maquiagem devem ser tratados, porém, sem exageros.
Artifícios como piercings e tatuagens aparentes devem ser usados com moderação e
coerência.
- Aspectos estéticos do calçado: para o cabedal, ou seja, a parte superior do
calçado e de couro ou material sintético com tratamento tecnológico, garantindo
assim a perfeita respiração do dentro do calçado e evitando anomalias ou
patologias comuns em pessoas que ficam por muito tempo com o mesmo sapato, ou
passam longos períodos em pé. É importante que seja mais largo na região da ponta
dos dedos, com formatos quadrados ou levemente arredondados, preferíveis aos de
112
bico mais finos, para suportar melhor o peso do corpo na posição vertical. As demais
especificações seguem os mesmos aspectos supra citados para o cargo anterior,
- Aspectos tecnológicos do traje:
para o traje da recepcionista, são indicados
tecidos com acabamentos tecnológicos anti-pilling, ou seja, não acumulam “bolinhas”
na superfície, visto que constante atrito dos braços com objetos, principalmente
na bancada de trabalho. Com relação à textura dos tecidos e suas composições
deve-se dar prioridade às fibras naturais com ação bacterostática e secagem rápida,
propriedades que não deixam as bactérias se proliferarem e liberam rapidamente a
umidade do corpo. Os acabamentos das costuras são simplificados e não ficam
expostos, mas embutidas para não causar volume de tecidos que dificulte os
movimentos.
c) Garçonete
Figura 31: Trajes femininos de inverno idealizados para o cargo de Garçonete
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno: calça com bolsos cargo, camiseta de malha de
manga longa, avental e blusa de lã. Tênis ou sapato ortopédico.
113
Figura 32: Trajes femininos de verão idealizados para o cargo de Garçonete
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
bermuda com bolsos cargo e camiseta de malha de
manga curta e avental. Tênis mais leve ou sandália com fechamento no calcanhar.
- Aspectos ergonômicos da roupa: as garçonetes passam a maior parte do tempo
em movimento. Fazem relativo esforço corporal, uma vez que suas atividades estão
centradas em servir as mesas, anotar pedidos e manipular bandejas. Sendo assim, o
traje proposto para atender as necessidades destas colaboradoras, deve cumprir as
funções antropométrica, anatômica e funcionalidade. Para estar adequada
antropometricamente, a roupa deve estar nas medidas corpóreas de cada usuária,
mantendo apenas folgas de vestibilidade, ou seja, a roupa não deve estar larga, nem
justa demais ao corpo. O conforto anatômico da modelagem deve estar focado para
atividades que exigem a manipulação dos braços, bem como no movimento de
pernas, agachamentos ou elevações. Para melhorar a questão da funcionalidade e
agilidade, foi projetado um avental mais curto, o que causa maior agilidade e
conforto térmico, acrescido de bolsos destinados a armazenar pequenos objetos
como caneta, bloco de pedidos, celular, etc.
114
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, podendo ser um tênis de boa qualidade com sistema de amortecimento
de impacto ou um sapato anatômico/ ortopédico com salto ou solado
preferencialmente emborrachado ou siliconado, e altura de 2 a 4 cm. Para o verão,
pode ser usado um tênis mais leve e parcialmente fechado ou uma sandália com
fechamento atrás do calcanhar para dar segurança e conforto ao se locomover
rapidamente, ambos contendo os mesmos aspectos ergonômicos indicados para os
calçados de inverno.
- Aspectos estéticos da roupa: O modelo projetado para as garçonetes está
composto por uma blusa de malha leve com elasticidade regulada, decote mais
amplo com bordado da logo e nome do hotel em cores suaves, inseridos detalhes de
vivo no entorno do decote e um discreto volume na manga para realçar a
feminilidade. Na blusa de inverno, que possui mangas longas, está localizado um
passador com fio embutido proporcionando o encurtamento das mangas de maneira
elegante. A blusa de verão tem as mesmas características, porém, mangas curtas. O
modelo da calça é moderno e funcional, possui bolsos traseiros e laterais do tipo
cargo, para facilitar suas operações, além disso, a calça possui um sistema de
abotoamento na barra, possibilitando o encurtamento para situações eventuais. A
bermuda possui as mesmas características da calça.
- Aspectos estéticos do calçado:
o calçado da garçonete deve ser confortável e ter
aparência harmoniosa com a roupa, não possuindo cabedal muito robusto ou em
cores fortes que contrastem com a totalidade do traje em si. Os materiais mais
indicados são couro, tecido ou material sintético com tratamento tecnológico,
garantindo a perfeita respiração do dentro do calçado e evitando problemas de
saúde. As costuras não devem ser de cores muito fortes ou numerosas e os
materiais dos forros seguindo as mesmas especificações do material externo do
sapato já citado anteriormente.
- Aspectos tecnológicos do traje:
para as peças que compõe o traje das
garçonetes são apropriados tecidos com acabamentos tecnológico anti-pilling,
repelente a água e óleo, antimicrobial e easy care teflon.
Estes tecidos possuem textura e composições leves, priorizando os seguintes
aspectos: o anti-pilling e o easy care teflon são fáceis de lavar e passar, tem alta
durabilidade e mantém a aparência de impecabilidade por mais tempo, impedindo o
desprendimento de fibrilas de algodão, causando “bolinhas” na superfície do tecido.
115
O antimicrobial previne os odores da transpiração, e o repelente a água e óleo evita
a impregnação de manchas e molhaduras especialmente no avental, mantendo-o
com aparência limpa por mais tempo. Os acabamentos das costuras não devem ser
incômodos, visto que sobreposição de roupas, proporcionando conforto e não
causando volume de tecidos principalmente em locais como virilhas, axilas e
abdômen.
d) Camareira, Faxineira, Lavadeira, Passadeira e Roupeira
Figura 33: Trajes femininos de inverno idealizados para os cargos de Camareira, Faxineira,
Lavadeira, Passadeira e Roupeira
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno:
calça de malha, camiseta de malha de manga
longa, avental e blusa de lã. Tênis ou sapato ortopédico. Avental impermeável para
lavadeira.
116
Figura 34:
Trajes femininos de verão idealizados para os cargos de Camareira, Faxineira,
Lavadeira, Passadeira e Roupeira
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
calça capri de malha, camiseta de malha de manga
curta. Tênis mais leve ou sandália com fechamento no calcanhar.
Avental
impermeável para lavadeira.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
Os cargos de camareiras, faxineiras,
lavadeiras, passadeiras e roupeiras não são muito distintos quando o hotel é
pequeno ou tem um quadro funcional enxuto. As camareiras acabam executando as
funções de todos estes cargos, sempre que necessário. Estas colaboradoras
passam a maior parte do tempo em movimento. Fazem relativo esforço corporal em
suas atividades, centradas no limpar e arrumar os bangalôs trocar roupas de cama,
reposição de mantimentos no frigobar, produtos de higiene e manipular alguns
equipamentos necessários a função. Sendo assim o traje proposto para atender as
necessidades destas colaboradoras, deve cumprir as funções antropométrica,
117
anatômica e funcional. Para se adequar antropometricamente, a roupa deve estar
nas medidas corpóreas de cada usuária, mantendo apenas folgas de vestibilidade,
não estando larga, nem justa demais ao corpo. O conforto anatômico da modelagem
se foca em atividades que exigem a manipulação dos braços e movimento de
pernas, agachamentos ou elevações para arrumações e limpezas específicas dentro
do bangalô. Para melhorar a questão da funcionalidade e agilidade, foi projetado um
avental mais longo e com maior número de bolsos e divisórias, proporcionando
melhor armazenamento e transporte de chaves e objetos. O avental usado na
lavanderia é mais simples, contém apenas um bolso e possui ação impermeável. A
blusa é a mesma indicada para as garçonetes, para otimização dos custos. A calça
em malha tem um corte reto, um tecido agradável e aderente ao corpo. O traje de
verão segue as mesmas características do traje de inverno, porém, a blusa é
substituída por uma camiseta de manga curta e a calça longa por uma capri (mais
curta).
- Aspectos ergonômicos do calçado: o calçado destinado às camareiras,
lavadeiras, faxineiras, roupeiras e passadeiras devem seguir as mesmas
especificações indicadas para as garçonetes, pois executam funções que exigem
relativo esforço e movimento. O calçado necessita ser antiderrapante, ortopédico
e/ou anatômico, com salto ou solado preferencialmente emborrachado ou siliconado,
de altura 2 ou 4 cm.
- Aspectos estéticos da roupa: O avental da camareira é mais longo e com bolsos
e divisórias distribuídos harmoniosamente com o conjunto. O avental destinado à
lavadeira é neutro, de linhas retas e simples. A blusa de inverno possui mangas
longas, detalhes que evidenciam a logomarca e nome do hotel, cujo modelo detém
características elegantes e femininas. A camiseta destinada ao traje de verão possui
as mesmas características da blusa, com tecido mais fino e confortável, próprio para
o verão. As calças de verão e inverno são de malha em corte reto, de tecido
agradável e relativamente aderente ao corpo, mas, diferenciados para inverno e
verão.
- Aspectos estéticos do calçado:
o calçado destinado às camareiras, lavadeiras,
faxineiras, roupeiras e passadeiras devem seguir as mesmas especificações
indicadas para as garçonetes, por estarem em contato com os hóspedes, sua
presença deve ser discreta embora a proximidade com o cliente não seja tão
constante, exigindo a preservação da estética como um todo.
118
- Aspectos tecnológicos do traje:
para as peças que compõe o traje das
camareiras, lavadeiras, faxineiras, roupeiras e passadeiras são apropriados tecidos
com acabamentos tecnológico anti-pilling, antimicrobial, repelente a agentes
químicos e na composição tecido com compressão. Estes tecidos possuem textura e
composições leves que priorizam os seguintes aspectos tecnológicos: o anti-pilling é
fácil de lavar e passar, tem alta durabilidade e mantém a aparência de
impecabilidade por mais tempo, impedindo o desprendimento de fibrilas de algodão.
O antimicrobial previne os odores da transpiração; e o repelente a agentes químicos
evita a retenção na fibras de substâncias químicas, protegendo a usuária. Os
acabamentos das costuras não devem ser incômodos visto que sobreposição de
roupas, sendo simplificadas e embutidas para não causar volume de tecido.
e) Peças Adicionais Femininas:
parka ou capa de inverno, capa de chuva, blusa
básica justa em malha elástica com gola alta e manga longa, blusa de e calça
sarouel.
Figura 35: Peças adicionais idealizadas para os cargos femininos
Fonte: Elaborado pela autora
119
- Aspectos ergonômicos:
As peças relacionadas como adicionais para compor as
roupas profissionais femininas da padronização do vestuário do hotel, são propostas
para atender as necessidades especiais das colaboradoras ou na falta de uma das
peças principais do traje e devem cumprir as funções antropométrica, anatômica,
funcional e de conforto térmico. Para estar adequada antropometricamente a blusa
básica justa em malha elástica com gola alta e manga longa e a blusa de e a
calça sarouel, devem estar nas medidas corpóreas de cada usuária, mantendo
apenas folgas de vestibilidade,. A parka e a capa de chuva devem ser amplas o
suficiente para abrigar do frio e da chuva, usadas sobre todas as peças de roupa,
inverno ou verão. O conforto anatômico da modelagem deve estar focado para
atividades que exigem a manipulação dos braços, bem como no movimento de
pernas, agachamentos ou elevações.
- Aspectos estéticos:
a parka ou capa de inverno possui cores neutras na mesma
proposta das demais peças, o modelo é unissex, no entanto, as características são
básicas e relativamente genéricas, ou seja, sem muitos detalhes. A capa de chuva
possui corte reto em tecido parcialmente transparente e impermeável, apresenta
capuz e bolsos grandes na frente. A blusa é básica, justa em malha elástica com
gola alta e manga longa. Em cor clara a blusa de lã é em decote “v”, cor escura e a
calça sarouel é em cor clara, destinada à ocasiões e eventos especiais do hotel.
- Aspectos tecnológicos: para a composição das peças adicionais, são indicados
tecidos com acabamentos tecnológicos. Para a parka ou capa de inverno sugere-se
um tecido de poliamida (Nylon), forrado com manta de silicone e revestimento
interno, malha 100% algodão. O ideal para essa peça de roupa é um tecido
impermeável ou com acabamento repelente a água e óleo. Para a capa de chuva, é
recomendado o nylon para-quedas, tecido semelhante ao utilizados para fabricação
de pára-quedas, de composição leve (100% poliamida), baixa absorção de água,
secagem rápida e relativa transparência. A blusa básica justa, em malha elástica
com gola alta e manga longa, pode ser confeccionada de tecido composto por uma
mistura de viscose e lycra, com acabamento antimicrobial. Para a blusa de lã, o ideal
é que ela seja composta de acrílica (100%), além de ser mais fácil de lavar e
conservar ao se fazer uma opção por uma fibra hipoalergênica, evita a possibilidade
de causar algum mal-estar nas usuárias. A calça sarouel é uma opção de verão
120
também proposta em tecido de viscose com eslastano, tal mistura tem bom caimento
e proporciona frescor e leveza, com acabamento easy care teflon.
- Sugestão de cores:
as cores utilizadas pelo hotel em suas roupas profissionais
são em verde escuro e creme. Dentre as novas cores sugeridas para os trajes
femininos e masculinos, ainda permanece o verde escuro, porém, o tom creme foi
substituído pelo branco e, para diferir os trajes de verão e inverno, é lançada uma
nova proposta de cor para compor os trajes de verão, o terracota, que juntamente
com branco, dão um ar mais leve para essa estação. A cor branca foi utilizada nas
camisas, camisetas, blusas complementares e alguns detalhes. A cor terracota foi
empregada nas calças, bermudas, coletes e aventais de trajes de verão, e o verde
escuro foi utilizado em calças, casacos, blusas de lã, coletes, aventais e parka ou
capa de inverno. Pensando em respeitar as cores da temática e do conceito em que
estão inseridas as características do hotel, foram escolhidas essas cores. O
terracota está presente na pintura externa de algumas partes da construção,
estando em perfeita harmonia com o ambiente, o verde escuro faz parte da
paisagem, além de ser uma cor discreta e adotada pelo hotel. A intenção no uso
de cores em roupas profissionais não é evidenciá-las, mas tratar com discrição a sua
permanência e circulação nos ambientes hoteleiros.
7.4.2 Cargos Masculinos
a) Gerente de Hospedagem e Gerente de A & B.
121
Figura 36: Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Gerente de
Hospedagem e Gerente de A & B
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno:
calça, camisa, casaco e blusa de lã. Sapato
ortopédico ou ergonômico.
122
Figura 37:
Traje masculino de verão idealizado para os cargos de Gerente de Hospedagem
e Gerente de A & B
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão: calça capri e camisa de manga curta. Mocassim ou
sapatenis confortável.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
Os gerentes do setor de A&B e de
hospedagem, ficam parte do tempo sentadas, operando computadores e
manipulando papéis, e parte do tempo checando os setores de sua competência
para ver se não falta algo e se tudo corre de acordo o requisitado. O esforço corporal
é relativo, suas atividades estão centradas em procedimentos da rotina do escritório
de trabalho administrativos e circulação, pelo hotel que pode ser à pé ou com
carrinho movido à bateria. Como são íngremes alguns caminhos, por vezes se faz
necessário usar esse recurso para agilizar o tempo do gerente. Sendo assim o traje
proposto para estes colaboradores, para que possa atender as necessidades de
ambos deve cumprir a função antropométrica, anatômica e conforto térmico. Para
estar adequada antropometricamente, a roupa deve estar nas medidas corpóreas do
usuário, mantendo as devidas folgas de vestibilidade, ou seja, a roupa não deve
estar larga demais, nem justa demais ao corpo. O conforto anatômico da modelagem
deve ser focado pelas atividades que exigem a manipulação dos braços, bem como
123
no movimento de pernas, agachamentos ou elevações. Para melhorar a
funcionalidade e agilidade foram inseridos bolsos em todas as peças de roupa
propostas, a fim de portar aparelhos eletrônicos como agenda, celular, ipod, pen-
drive, etc., em tamanhos discretos. O conforto térmico se a partir do uso de
tecidos adequados com composições temperadas e modelos adequados a inverno e
verão.
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, com solado preferencialmente emborrachado ou siliconado e altura de 2
a 4 cm.
- Aspectos estéticos da roupa:
o modelo projetado, para os colaboradores que
ocupam cargos gerenciais ou administrativos, deve estar dentro do contexto
apanhado pelo hotel, porém, as roupas não devem ser submetidas a cortes muito
arrojados ou comprimentos extravagantes, devendo sentir-se bem trajados para não
afetar sua auto-estima e não comprometendo sua apresentação diante dos
hóspedes ou mesmo baixar sua produtividade. A logomarca deve estar
harmonicamente colocada no traje e de maneira visível, pois estará constantemente
em contato com as pessoas.
- Aspectos estéticos do calçado: o cabedal do calçado deve ser de couro ou
material sintético, com tratamento tecnológico, garantindo a perfeita respiração do pé
dentro do calçado e evitando anomalias ou patologias comuns em pessoas que
ficam por muito tempo com o mesmo sapato e longos períodos em pé, sentadas ou
se movimentando. As costuras não devem ser grossas ou muito numerosas, e os
materiais dos forros devem seguir as mesmas especificações do material externo do
sapato já citado anteriormente.
- Aspectos tecnológicos do traje
(tecidos acabamentos e composições): com
relação à textura dos tecidos e suas composições deve-se dar prioridade aos
tecnológicos com os seguintes aspectos: antimicrobial e antiestático, o primeiro
prevenindo os odores da transpiração e o segundo prevenindo ao acúmulo de
energias eletrostáticas. As composições destes tecidos são de texturas leves,
geralmente misturas de algodão com poliéster ou poliamida, bom caimento e
reguladoras de temperaturas, não causando desconforto, tanto para quem trabalha
sob o ar condicionado, quanto para quem trabalha ao ar livre. Os acabamentos das
costuras devem ser os mais simplificados possíveis, com as mesmas embutidas
para não causar volume de tecidos.
124
b) Recepcionista e mensageiro
Figura 38: Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Recepcionista e
Mensageiro
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno:
calça (com bolsos cargo nas laterais para os
mensageiros), camiseta pólo, blusa de e colete para o mensageiro. Sapato
ortopédico ou ergonômico.
125
Figura 39: Trajes masculinos de verão idealizados para os cargos de Recepcionista e
Mensageiro
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
calça capri (com bolsos cargo nas laterais para os
mensageiros) e camiseta pólo de manga curta. Mocassim ou sapatênis confortável.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
O recepcionista e o mensageiro ficam a maior
parte do tempo de trabalho, em pé. Exercem atividades que exigem pouco
movimento, porém postura correta. O contato com os clientes é constante, exigindo
uma apresentação pessoal minuciosa. O traje sugerido para recepcionistas e
mensageiros possui as mesmas características ergonômicas sugeridas para os
cargos gerenciais. O conforto deve estar focado nas atividades que exigem a
manipulação dos braços, devendo estar livres para os movimentos braçais, bem
como no movimento de pernas, agachamentos ou elevações.
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, com solado emborrachado ou siliconado e altura de 2 a 4 cm. O calçado
destinado ao uso profissional para os recepcionistas e mensageiros deve seguir
características ergonômicas específicas. Devem ter os mesmos cuidados sugeridos
ao cargo feminino. Embora o homem tenha maior resistência física e baixa
126
predisposição a desenvolver patologias como varizes e dores nas costas como as
mulheres, por não usarem saltos altos, necessitam usar calçados confortáveis e
compatíveis com seu peso e estrutura.
- Aspectos estéticos da roupa:
O modelo projetado para os recepcionistas e
mensageiros deve estar dentro do contexto apanhado pelo hotel, neste caso
seguindo as mesmas especificações sugeridas para os cargos de gerente, porém, o
que difere o traje é o uso da camiseta pólo, de maneira a se apresentar menos
formal e mais confortável, inclusos detalhes discretos e sutis, como gola e punhos da
camiseta do mensageiro na cor mais escura para garantir o asseamento do traje por
um tempo maior. Dessa forma, eles se diferenciam das mulheres que trabalham na
mesma função. Para os mensageiros tem também o colete, é visto como uma forma
de diferenciar os dois cargos e agrega mais funcionalidade as operações efetuadas.
A logomarca se apresenta harmonicamente colocada na parte superior da frente da
camiseta de maneira visível, botões seguindo as mesmas cores da logo para não
quebrar a composição visual do traje, pois estará constantemente em contato com
as pessoas. Como aspectos complementares, tanto o recepcionista quanto o
mensageiro devem cuidar minuciosamente da sua higiene e apresentação pessoal,
itens como cabelo e barba devem ser bem feitos. Artifícios como piercings e
tatuagens aparentes precisam ser usados com moderação e coerência.
- Aspectos estéticos do calçado:
para o cabedal, ou seja, a parte superior do
calçado, além de ser de couro ou material sintético com tratamento tecnológico,
garantindo a perfeita respiração do dentro do calçado, evitando anomalias ou
patologias comuns em pessoas que ficam por muito tempo com o mesmo sapato e
passam longos períodos em pé. É importante que seja mais largo na região da ponta
dos dedos, formatos quadrados ou levemente arredondados são preferíveis aos de
bico mais finos, para suportar melhor o peso do corpo na posição vertical. As demais
especificações seguem os mesmos aspectos supra citados para o cargo anterior.
- Aspectos tecnológicos do traje:
O traje do recepcionista e mensageiro deve ser
confeccionado com tecidos e acabamentos tecnológicos anti-pilling. Com relação à
textura dos tecidos e suas composições deve-se dar prioridade às fibras naturais
com ação bacterostática e secagem rápida, propriedades que não deixam as
bactérias se proliferarem e liberam rapidamente a umidade do corpo para fora do
tecido. Os acabamentos das costuras são simplificados e não ficam expostas, mas
127
embutidas para não causar volume de tecidos, dificultando os movimentos,
principalmente do mensageiro que se movimenta mais que o recepcionista.
d) Maitre, Garçom, Marinheiro e Barman
Figura 40:
Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Maitre, Garçom,
Marinheiro e Barman
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno: calça com bolsos cargo, camiseta pólo de manga
longa e blusa de lã. Avental para os garçons e barman (sendo que para o barman é
impermeável). Chapéu e cartucheira para o marinheiro. Tênis ou sapato ortopédico.
128
Figura 41: Trajes masculinos de verão idealizados para os cargos de Maitre, Garçom,
Marinheiro e Barman
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
Bermuda com bolsos cargo e camiseta pólo de
manga curta. Avental impermeável para o Barman. Chapéu e cartucheira para o
marinheiro. Tênis mais leve ou sandália com fechamento no calcanhar.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
os garçons passam a maior parte do tempo em
movimento, o maitre também, o barman fica a maior parte do tempo no balcão da
bebida, porém, eventualmente precisa atender as mesas. O marinheiro movimenta-
se mais que os demais. Fazem relativo esforço corporal, pois suas atividades estão
centradas em servir as mesas, anotar pedidos e manipular bandejas, no caso maitre,
circular pelo restaurante e gerenciar a operação dos garçons, o barman, além de
servir as bebidas, prepara drinks, o que faz com ele esteja constantemente em
contato com a água e ambiente úmido. O marinheiro caminha bastante em busca de
guarda-sol, cadeiras, toalhas, bebidas e petiscos para os hóspedes que desfrutam o
lazer a bera-mar. Sendo assim o traje proposto para atender as necessidades destes
colaboradores, deve cumprir a função antropométrica, anatômica e funcionalidade.
129
Para estar adequada antropometricamente, a roupa necessita estar nas medidas
corpóreas dos usuários, mantendo as devidas folgas de vestibilidade. O conforto
anatômico da modelagem deve estar focado para atividades que exigem a
manipulação dos braços, bem como no movimento de pernas, agachamentos ou
elevações. Para melhorar a questão da funcionalidade e agilidade dos garçons, foi
projetado um avental mais curto do que o anteriormente utilizado, para melhorar a
articulação dos movimentos e dar conforto térmico. Foram inseridos bolsos
destinados a armazenar pequenos objetos como caneta, bloco de pedidos, celular,
etc. No caso do barman o avental é de tecido impermeável, impedido que o seu
corpo tenha contato direto com a umidade, fato que causa desconforto
especialmente nos meses de inverno. Para o marinheiro é projetado um chapéu
anatômico em tecido para não aquecer demais e uma cartucheira no lugar do
avental a fim de não impedir os livres movimentos e minimizar os esforços exercidos
por ele ao caminhar pela areia da praia
- Aspectos ergonômicos do calçado: calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, podendo ser um tênis de boa qualidade com sistema de amortecimento
de impacto ou um sapato anatômico/ ortopédico, com solado preferencialmente
emborrachado ou siliconado e uma altura de 2 a 4 cm. Para o verão, pode ser usado
um tênis mais leve e parcialmente fechado ou sandália preferencialmente com
fechamento atrás do calcanhar dando segurança e conforto ao se locomover
rapidamente,contendo os mesmos aspectos ergonômicos indicados para os
calçados de inverno. O maitre deve usar um sapato mais apropriado ao seu cargo,
como um mocassim ou estilo sapatênis.
- Aspectos estéticos da roupa:
O modelo projetado para os garçons e maitre é
composto por uma camiseta de malha piquet, tipo pólo, decote mais confortável,
com gola e bordado da logo e nome do hotel em cores suaves. O modelo da calça
possui um corte reto, moderno e funcional, com bolsos traseiros e laterais tipo cargo,
dando maior agilidade as suas operações. Para diferenciar o maitre dos garçons,
sugere-se inverter as cores do traje, onde os garçons, cor clara na camisa e escura
na calça, o maitre usará o oposto para destacar-se. O barman veste-se da mesma
forma que os garçons, porém, no bar seu avental de tecido impermeável, possuindo
apenas um bolso auxiliar para causar volume e peso excessivo ao traje. O
marinheiro também se veste como os garçons, todavia, usa chapéu para proteger-se
do sol e uma cartucheira para melhorar sua locomoção sobre a areia.
130
- Aspectos estéticos do calçado:
o calçado dos garçons deve ser confortável e ter
aparência harmoniosa com a roupa, não devendo possuir cabedal muito robusto ou
em cores fortes que contrastem com a totalidade do traje em si. Os materiais mais
indicados são couro, tecido ou material sintético com tratamento tecnológico,
garantindo a respiração do dentro do calçado e evitando problemas de saúde. As
costuras não devem de cores muito fortes ou muito numerosas e os materiais dos
forros seguem as mesmas especificações do material externo do sapato citado
anteriormente.
- Aspectos tecnológicos do traje: para as peças que compõe o traje dos garçons e
maitre são apropriados tecidos com acabamentos tecnológico anti-pilling, repelente a
água e óleo, antimicrobial e easy care teflon.
Estes tecidos possuem textura e composições leves e, priorizando os aspectos
tecnológicos: o anti-pilling e o easy care teflon são fáceis de lavar e passar, tem alta
durabilidade e mantém a aparência de impecabilidade por mais tempo. O
antimicrobial previne os odores da transpiração e o repelente a água e óleo evita a
impregnação de manchas e molhaduras especialmente no avental, mantendo-o com
aparência limpa a asseada por mais tempo. Os acabamentos das costuras não
devem ser incômodos, visto que sobreposição de roupas, a utilização dos
recursos mais simplificados, proporcionam conforto e não causam volume de
tecidos. O chapéu e a camiseta usadas pelo marinheiro são compostos de tecido e
acabamento com proteção solar UVA e UVB, devido à longa permanência sob o sol.
A cartucheira é projetada em tecido repelente à água e óleo, evitando que manchas
se instalem com facilidade em seu traje profissional.
g) Auxiliar de Serviços Gerais, Almoxarife, Porteiro, Marceneiro
131
Figura 42: Trajes masculinos de inverno idealizados para os cargos de Auxiliar de Serviços
Gerais, Almoxarife, Porteiro, Marceneiro
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Inverno:
calça com bolsos cargo nas laterais, camiseta
pólo e Blusa de Lã. Sapato ou tênis ortopédico ou ergonômico.
132
Figura 43:
Traje masculino de verão idealizado para os cargos de Auxiliar de Serviços
Gerais, Almoxarife, Porteiro, Marceneiro
Fonte: Elaborado pela autora
- Descrição do Traje de Verão:
bermuda, camiseta pólo de manga curta e colete.
Mocassim, sapatenis confortável ou sandália com fechamento no calcanhar.
- Aspectos ergonômicos da roupa:
a roupa profissional projetada os cargos de
auxiliar de serviços gerais, almoxarife, porteiro, marceneiro são bastante
simplificadas e funcionais, pois tem pouco contato com spedes e passam a maior
parte do tempo em movimento. Fazem muito esforço corporal, tendo suas atividades
estão centradas em servir a todos os setores do hotel fazendo a manutenção de
ambientes, aparelhos, equipamentos utilizados para o funcionamento normal do
hotel e proporcionando suprimentos para cada setor. Com exceção do porteiro que
permanece a maior parte do tempo na guarita de entrada do hotel, suas atividades
possuem movimentos mais restritos. Sendo assim, o traje proposto para atender as
necessidades destes colaboradores, deve cumprir a função antropométrica,
anatômica e funcionalidade. Para estar adequada antropometricamente, a roupa
deve ter as medidas corpóreas dos usuários, mantendo as devidas folgas de
133
vestibilidade, ou seja, a roupa o deve estar larga demais, nem justa demais ao
corpo. O conforto anatômico da modelagem deve estar focado principalmente para
atividades que exigem a manipulação dos braços, bem como o movimento de
pernas, agachamentos ou elevações. Para melhorar a questão da funcionalidade e
agilidade do traje, foram projetados bolsos cargo, para melhorar a operacionalização
dos movimentos, também destinados a armazenar pequenos objetos.
- Aspectos ergonômicos do calçado:
calçado antiderrapante, ortopédico e/ou
anatômico, pode ser um tênis de boa qualidade com sistema de amortecimento de
impacto, ou um sapato anatômico/ ortopédico com solado preferencialmente
emborrachado ou siliconado e altura de 2 a 4 cm. Para o verão pode ser usado um
tênis mais leve e parcialmente fechado ou uma sandália com fechamento atrás do
calcanhar para dar segurança e conforto ao se locomover rapidamente, contendo os
mesmos aspectos ergonômicos indicados para os calçados de inverno.
- Aspectos estéticos da roupa:
O modelo projetado para os cargos supra citados,
é composto por uma camiseta de malha piquet, tipo pólo, decote mais confortável,
com gola e bordado da logo e nome do hotel em cores suaves. O modelo da calça
possui um corte reto, moderno e funcional, com bolsos traseiros e laterais tipo cargo,
dando maior agilidade as suas operações.
- Aspectos estéticos do calçado:
o calçado destinado aos cargos em questão
deve ser confortável e ter aparência harmoniosa com a roupa, não possuindo
cabedal muito robusto ou em cores muito fortes que contrastem com a totalidade do
traje em si. Os materiais mais indicados são couro, tecido ou material sintético, com
tratamento tecnológico, garantindo a perfeita respiração do e evitando problemas
de saúde dos pés. As costuras não devem ser espessas e os materiais dos forros
devem seguir as mesmas especificações do material externo do sapato citado
anteriormente.
- Aspectos tecnológicos do traje:
para as peças que compõe o traje dos auxiliar
de serviços gerais, almoxarife, porteiro e marceneiro, são apropriados tecidos com
acabamentos tecnológico anti-pilling, antimicrobial, com proteção solar UVA/UVB e
easy care teflon. Estes tecidos possuem textura e composições leves e priorizam os
seguintes aspectos tecnológicos: o anti-pilling e o easy care teflon são fáceis de
lavar e passar, tem alta durabilidade e mantém a aparência de impecabilidade por
mais tempo, impedindo o desprendimento de fibrilas de algodão, o que causa
“bolinhas” na superfície. O antimicrobial previne os odores da transpiração, com
134
proteção solar UVA e UVB, que previne contra doenças da pele ocasionadas pela
longa permanência sob o sol. Os acabamentos das costuras não devem ser
incômodos, proporcionando conforto e não causado volume de tecidos,
principalmente em locais como virilhas, axilas e abdômen.
h) Peças Adicionais Masculinas:
parka ou capa de inverno, capa de chuva,
camiseta de malha de manga longa, blusa de lã e botas de borracha.
Figura 44: Peças adicionais idealizadas para os cargos masculinos
Fonte: Elaborado pela autora
- Aspectos ergonômicos:
as peças relacionadas como adicionais, para compor as
roupas profissionais masculinas da padronização do vestuário do hotel, são
propostas para atender as necessidades especiais dos colaboradores, (ou na falta
de uma das peças principais do traje) e devem cumprir as funções antropométrica,
anatômica, funcional e de conforto térmico. Para estarem adequadas
antropometricamente, a camiseta básica em malha de algodão manga longa e a
blusa de lã, devem estar nas medidas corpóreas dos usuários, mantendo as devidas
135
folgas de vestibilidade, ou seja, a roupa não deve estar larga demais, nem justa
demais ao corpo. A parka e a capa de chuva devem ser amplas o suficiente para
abrigar do frio e da chuva, podendo ser usadas sobre todas as peças de roupa que
os trajes de inverno ou verão propõem. O conforto anatômico da modelagem deve
estar focado para atividades onde exigem a manipulação dos braços, bem como no
movimento de pernas, agachamentos ou elevações. As botas de borracha devem ter
tamanho compatível com o do usuário, não sendo utilizadas por tempo muito
prolongado ou sem meias. Caso haja umidade excessiva no interior da mesma
durante a operação, o usuário deve substituí-la imediatamente.
- Aspectos estéticos:
a parka ou capa de inverno possui cores neutras na mesma
proposta das demais peças. O modelo é unissex, no entanto as características são
básicas e relativamente genéricas, ou seja, sem muitos detalhes. A capa de Chuva
possui corte reto em tecido parcialmente transparente e impermeável, apresentando
capuz e bolsos grandes na frente. A camiseta é básica, em malha de algodão com
manga longa e em cor clara. A blusa de é em decote “v”, em cor escura e a bota
de borracha deve ser preferencialmente em cor neutra, destinada à ocasiões
especiais ou operações que necessitem o uso desse acessório.
- Aspectos tecnológicos: para a composição das peças adicionais são indicados
tecidos com acabamentos tecnológicos. Para a parka ou capa de inverno sugere-se
um tecido de poliamida (Nylon), forrado com manta de silicone e revestimento
interno em malha 100% algodão. O ideal para essa peça de roupa é um tecido
impermeável ou com acabamento repelente a água e óleo. Para a capa de chuva é
recomendado o nylon pára-quedas, tecido semelhante aos utilizados para fabricação
de pára-quedas, de composição leve 100% poliamida, baixa absorção de água,
secagem rápida e relativa transparência. A camiseta básica em malha de algodão e
manga longa pode ser confeccionada de tecido, com acabamento antimicrobial para
ajudar a evitar os odores da transpiração. Para a blusa de lã, o ideal é que ela seja
composta de acrílica (100%), além de ser mais fácil de lavar e conservar. Ao se
fazer uma opção por uma fibra hipoalergênica evita a possibilidade de causar algum
mal-estar aos usuários. As botas de borracha são uma opção para dias de chuva,
devendo ser composta de borracha maleável com forro de material
antibacterostático (que evita o acúmulo e proliferação de microorganismos), visto
que poderá ser utilizada por diversas pessoas em diferentes ocasiões, ressaltando-
se que esse material interno é de rápida limpeza e secagem.
136
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao findar os estudos relativos às pesquisas do tema proposto, chega-se aos
resultados esperados, porém parcialmente, pois se entende que esse estudo pode
ser mais explorado em outros níveis ou áreas do conhecimento.
Partindo das intenções iniciais de pesquisa onde o objetivo principal é
analisar a interferência que o design (vestuário) com seus atributos exerce no
ambiente profissional hoteleiro e da premissa que os atributos do design e sua
abrangência foram amplamente discutidos nos textos, nos limitamos a apresentar
os resultados obtidos.
As interferências mais relevantes que o design de vestuário exerce sobre o
ambiente em questão, reside nos quesitos ergonomia e estética. Não são muito
drásticas as mudanças provocadas pela inserção destes itens na roupa profissionais
dos colaboradores, porém, são pontuais os seus benefícios.
A questão ergonômica está centrada principalmente na questão do conforto,
as principais exigências são, que a roupa seja projetada com dados antropométricos
e biomecânicos. Estes atributos vão proporcionar ao seu usuário liberdade de
movimentos, isenção de restrições de uso e constrangimentos quanto à forma que
se apresenta. Tecidos adequados vão proporcionar o conforto térmico adequado
para que o usuário execute todas as suas funções em um ou mais ambientes
propostos para seu cargo ou função. No entanto, estes quesitos reunidos e
agregados à vestimenta profissional, trazem benefícios ao seu usuário,
primeiramente na auto-estima e bem-estar e posteriormente ao seu desempenho
físico-profissional.
Na questão estética residem termos mais subjetivos, envolvendo a questão
sensorial e até mesmo sentimental dos indivíduos. A sensibilidade da percepção
estética é muito particular e toca cada um de maneira diferente. Porém alguns
padrões podem ser estabelecidos para se ter um ponto de partida para unificar o
que pode ser denominado com Linguagem Visual Corporativa.
É importante para todos os envolvidos no ambiente que essa unidade exista,
no entanto ao definir formas e cores deve-se ter o cuidado de não cometer
exageros, pois estarão presentes em todas as formas de apresentação visual do
137
hotel. No entanto conclui-se que sua aparição sutil e constante é mais agradável e
eficaz do que grandes impactos e contrastes.
As cores, formas e texturas remetem aos indivíduos analogias diversas,
correlações e comparações, no entanto, tais características presentes na roupa
profissional dos colaboradores podem ser substituídas periodicamente, sem perder
linha visual, a fim de não viciar o ambiente. No entanto o resultado esperado é de
que primeiramente o spede (cliente externo) seja atraído por tais fatores visuais e
estes influenciem na sua escolha pelo meio de hospedagem. Posteriormente deverá
agradar os colaboradores (cliente interno), estes que em contato diário com o
ambiente também atuam contribuindo positivamente quando os fatores visuais lhe
são agradáveis.
Um bom desempenho operacional e níveis satisfatórios de produtividade,
são alcançados a partir de vários fatores no contexto profissional, sem dúvida as
características acima citadas referindo-se à ergonomia contribuem grandemente
para a melhoria ou manutenção dos níveis desse desempenho, visto que afetam a
auto-estima do colaborador. Bem como as características que se referem à estética
contribuem positivamente para manter uma boa imagem corporativa frente à mídia e
aos clientes internos e externos.
Através de um conjunto de aspectos dos dados observados, entre eles o
clima organizacional, a percepção dos colaboradores com relação à empresa como
um todo e também aos aspectos mais pontuais relacionados à roupa profissional e a
sua condição no contexto físico, estético e sociológico do ambiente hoteleiro. Pode-
se observar que os empreendedores ou responsáveis em níveis gerenciais ou de
decisão desconhecem as necessidades mais específicas e as funções referentes a
roupas profissionais.
Com o intuito de proporcionar conhecimento e interação do assunto as
pessoas envolvidas neste processo, foi pensado na criação de um caderno
informativo que compreenda as informações mais importantes e relevantes ao
planejamento, ao uso e a performance das roupas profissionais e seus atributos
correlacionados a um hotel. Neste estudo de caso, a um hotel de lazer Resort.
O conteúdo visa propor diretrizes básicas para o planejamento, implantação
e padronização do vestuário no ambiente hoteleiro, com vistas a dar ênfase aos
atributos ergonômicos e estéticos. A idéia é identificar que elementos se adequem
ao composto geral, não somente da roupa, mas também do calçado ideal, do estilo
138
de cabelo adequado ao posto ocupado, e especialmente para as mulheres o
penteado e a maquiagem. O uso de acessórios e artifícios como piercings e
tatuagens em demasia, podem colidir com o conceito mais limpo e harmonioso que
geralmente esse tipo de ambiente requer.
Foi através da sugestão de novos trajes para o hotel de lazer Ponta dos
Ganchos Exclusive Resort, que o caderno informativo foi composto. Trajes para
verão e inverno ilustram os quesitos discutidos, seguindo a ordem hierárquica
proposta pelo organograma do próprio hotel. Certamente este material não
contempla a totalidade das informações necessárias a todos os cargos dispostos em
todas as categorias de hotéis existentes. Por se tratar de um estudo caso, aborda
questões bem específicas de setores e cargos contidos no ambiente do caso
estudado. Mas certamente dará direcionamento para outros empreendimentos
hoteleiros que queiram se beneficiar das informações contidas no referido material.
Certamente este estudo seria mais completo se não houvessem limitações,
porém dificilmente isso ocorre em uma pesquisa, neste caso estudado o fato de não
se ter acesso à opinião dos clientes (hóspedes), deixou uma lacuna na direção do
relacionamento dados obtidos e tratados, pois essa fecharia uma triangulação
perfeita para se chegar co mais precisão no que de fato influencia a escolha de um
meio de hospedagem.
Porém, podem ser citados outros aspectos que agiram de maneira
contribuinte com o curso da pesquisa, no momento em que se chegou ao hotel para
dar início às pesquisa, ainda na fase de pré-teste, percebeu-se a transição pela qual
o mesmo estava passando. Mudanças na estrutura organizacional, contratação e
remanejamento de pessoal entre outras medidas, foram de fundamental importância
para o sucesso da pesquisa, pois o desejo de dar ao empreendimento novas
diretrizes de ação no mercado incluíam a alteração da sua imagem corporativa e
entre as metas a serem executadas pelo novo gerente de hospedagem, uma delas
era a mudança da vestimenta profissional, para dar assim proporcionas um ar mais
leve e contemporâneo ao resort.
Os estudos referentes à vestimenta profissional são bastante amplos
principalmente quando pensamos na grande quantidade de subdivisões que as
profissões tem passado. Outras pesquisas podem ser sugeridas aqui, com a
intenção de complementar esse trabalho. Análises mais específicas e direcionadas
para áreas como restaurantes, companhias aéreas, agências de viagens, parques e
139
lugares turísticos destinados a compor um mix de produtos extremamente vasto na
área do turismo. Outras áreas ainda podem ser citadas como a saúde, a metal-
mecânica, a frigorífica ou áreas que apresentem algum grau de periculosidade e
insalubridade. Ou ainda áreas visem agregar inovação e contemporaneidade ao
ambiente profissional, sem abrir mão das demais vantagens que o planejamento e a
gestão do design podem proporcionar, contribuindo assim com soluções de
otimização e beleza ao setor profissional.
140
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144
APÊNDICES
145
APÊNDICE A
Modelo do formulário para análise do memorial descritivo
146
Nome do Hotel:
Cargo/ Descrição
do Traje:
Ótimo Muito Bom Bom Regular Ruim
Função Técnica
Materiais
Tecnologias
Funcionalidade
2 – Função Ergonômica
Usabilidade
Adequação
Antropométrica
Adequação Biomecânica
Adequação Fisiológica
Adequação Cognitiva
3 – Função Estética
Função Estético-formal
Simbólica
Função de Uso
4 - Função de Marketing
Função Informacional
Identidade Visual
147
APÊNDICE B
Roteiro de entrevista direcionado aos usuários dos uniformes no hotel
148
ROTEIRO DE ENTREVISTA DIRECIONADO AOS USUÁRIOS DOS UNIFORMES
NO HOTEL
1) Há quanto tempo trabalha neste meio de hospedagem?
2) Qual o seu setor de trabalho?
3) Qual o cargo que ocupa?
4) Você acha importante o uso do uniforme?
5) Com relação à satisfação do seu uniforme, como você avalia seu traje com
relação ao clima e função (conforto/estética)?
6) Se traje é de fácil higiene e limpeza?
7) Você mudaria a cor do seu uniforme?
8) Você mudaria alguma coisa no seu uniforme?
9) Gosta de usar o uniforme?
10) Os funcionários são consultados durante o processo de desenvolvimento,
criação ou compra dos uniformes?
11) Em algum momento sentiu-se constrangido por causa do uso do uniforme?
149
APÊNDICE C
Cópia do Termo de consentimento livre e esclarecido de pesquisa
150
APÊNDICE D
Croquis dos modelos de vestimentas profissionais elaboradas para o Ponta
dos Ganchos
Exclusive Resort
151
ANEXOS
152
ANEXO A
Deliberação Normativa nº 433 de 30 de dezembro de 2002
153
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4G
J>>*>
E5
155
ANEXO B
Mapas de localização da Ponta dos Ganchos e do empreendimento Ponta dos
Ganchos
Exclusive Resort
156
ANEXO C
Nomenclatura das Fibras Têxteis
157
NOMENCLATURA DAS FIBRAS TÊXTEIS
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 !"#

"!!$"
%&%!

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ANEXO D
Organograma anterior do hotel Ponta dos Ganchos
Exclusive Resort
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