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RAPHAEL AMORIM DE ARAÚJO MIRANDA
EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF EM CÉLULAS DA RETINA IN VITRO:
VIAS DE SINALIZAÇÃO ENVOLVIDAS.
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SUBMETIDA À
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE VISANDO A
OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM
NEUROIMUNOLOGIA
Orientadora: Elizabeth Giestal de Araujo
NITERÓI
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE NEUROIMUNOLOGIA
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II
RAPHAEL AMORIM DA ARAÚJO MIRANDA
EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF EM CÉLULAS DA RETINA IN VITRO:
VIAS DE SINALIZAÇÃO ENVOLVIDAS.
Trabalho desenvolvido no Laboratório de Cultura de Tecidos Hertha Meyer
Departamento de Neurobiologia, Programa de Neuroimunologia
Instituto de Biologia UFF
Apoio financeiro: CAPES, CNPq, PRONEX e FAPERJ.
Dissertação de mestrado submetida à
Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em
Neuroimunologia.
Orientadora: Elizabeth Giestal de Araujo
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III
Raphael Amorim de Araújo Miranda
EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF EM CÉLULAS DA RETINA IN VITRO:
VIAS DE SINALIZAÇÃO ENVOLVIDAS.
Dissertação de mestrado submetida à
Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial para obtenção
do grau de mestre em
Neuroimunologia.
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________________________
Dr. Carlos Frederico Leite Fontes (IbioqMed. – UFRJ)
______________________________________________________________________
Dra. Izabel Christina de Palmer Paixão Frugulhetti (UFF)
______________________________________________________________________
Dr. André Lopes Fully (UFF)
______________________________________________________________________
Dra Lidia Maria da Fonte de Amorim (UFF - revisora e suplente)
______________________________________________________________________
Dr. Roberto Paes de Carvalho (Vice-coordenador do Programa)
Miranda, Raphael Amorim de Araújo
EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF EM CÉLULAS DA RETINA IN VITRO: VIAS
DE SINALIZAÇÃO ENVOLVIDAS. / Raphael Amorim de Araújo Miranda Niterói:
[s. n.], 2007.
f.
Dissertação (Mestrado em Neuroimunologia).
Universidade Federal Fluminense, 2008.
1. 2. 3. 4. 5. I. Título.
&''
V
Se , a principio, a idéia não é absurda,
então não há esperança para ela. Albert Einstein
Dedico este trabalho a
minha família. Esta
conquista é nossa.
VII
AGRADECIMENTOS
Aos Deuses, por fazerem parte e ao mesmo tempo serem o todo na
minha vida.
A minha querida Mãe, por ser o meu grande exemplo de força e de
determinação.
A minha orientadora Beth.
Aos irmãos da SECUSS, por estarem presentes em todos os
momentos.
Ao amigo e Professor Jonimar Paiva, por ter sido meu grande
incentivador a fazer este mestrado.
A amiga e fisioterapeuta Irene Conceição por ter me apresentado a
Profa. Beth.
Em especial a amiga Thais (Tatá) pela grande força com a técnica
de incorporação de Timidina.
A Aline e o Leandro pela grande ajuda com o Western Blot.
A todos os amigos do laboratório: Docinho, Babu, Karinne,
Simone, Carla, Sheila, Yolanda, pela amizade e espírito de companheirismo sempre
presente e pela ajuda pois ela foi fundamental para eu chegar até aqui.
VIII
Ao Alexandre José Fernandes, Bernardino Matheus dos Santos e
Alecsandro de Jesus pelo apoio técnico.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS
XI
RESUMO
XIII
ABSTRACT
XIV
1
Introdução
1
1.1
Histórico
1
1.2
Fator de Crescimento Epidermal
3
1.2.1
Efeitos gerais do EGF
5
1.2.2
Efeitos do EGF no Sistema Nervoso
9
1.3
Receptor de EGF
13
1.3.1
Tráfego, Endocitose e Transativação do EGFR
19
1.4
Vias de Sinalização Ativadas pelo EGF
25
1.5
Sistema Nervoso Central
30
1.5.1
Retina
30
1.5.1.1
Estrutura da Retina
31
1.5.1.2
Desenvolvimento da Retina
33
1.5.1.3
EGFR e EGF na Retina
34
1.6
Ciclo Celular e o Controle da Proliferação Celular
39
2
Objetivos
43
3
Materiais e Métodos
45
3.1
Materiais
45
3.2
Cultura de Células da Retina
46
3.3
Incorporação de [
3
H]-Timidina
47
3.4
Western Blot
48
3.4.1
Extração de Proteína
48
3.4.2
Dosagem de proteína
49
3.4.3
Gel de Poliacrilamida
49
3.4.4
Transferência das Proteínas do Gel para a Membrana de PVDF
50
3.4.5
Bloqueio e Imunodetecção
50
3.4.6
Revelação
51
3.4.7
Análise dos Resultados
51
3.5
Análise Estastica dos Resultados
52
X
4
Resultados
53
5
Discussão
69
6
Conclusão
80
7
Perspectivas Futuras
81
8
Bibliografia
82
LISTA DE ABREVIATURAS
AMPc - 3`5`-adenosina monofosfato cíclico
ATP adenosina trifosfato
BAPTA-AM - 1.2 bis(aminofenoxi)etano-N,N,N´,N´-ácido tetra acético
BDNF - fator neurotrófico derivado do rebro
BrdU bromodeoxiuridina
Brn3 – família de proteínas relacionada à proteína Brahma de Drosofila
BSA - albumina de soro bovino
Cdk - cinases dependentes de ciclinas
CKI - ciclinas inibidoras de cinases
CMF - solução salina sem lcio e magnésio
CCG camada de células ganglionares
CNI - camada nuclear interna
CO
2
dióxido de carbono
CNE - camada nuclear externa
CPE- camada plexiforme externa
CPI camada plexiforme interna
Crk – ciclina relacionada a cinase
DAG diacilglicerol
DNA - ácido desoxirribonucléico
E Dia embrionário
E2F fator de transcrição (fator de alongamento 2)
EGF Fator de crescimento epidermal
EPR - epitélio pigmentar da retina
ERK Cinase reguladas por sinais extracelulares
Fase M mitose
Fase S síntese de DNA
FCS - soro fetal bovino
FGF fator de crescimento de fibroblastos
FGFb ou FGF-2 - fator de crescimento de fibroblasto básico
G1 - Fase da interfase; primeiro intervalo, as a mitose
G2 – Fase da interfase; segundo intervalo, antes da próxima mitose
GH hormônio de crescimento ou hormônio somatotrófico
GPR G protein receptors (receptores que ativados se ligam à proteína G)
Grb2 – Proteína 2 ligada ao receptor de fator de crescimento
IGF-1 – fator de crescimento semelhante a insulina do tipo 1
IGF-2 - fator de crescimento semelhante à insulina do tipo 2
IGFR-1 – receptor para IGF do tipo 1
IP3 – Inositol trifosfato
IRS - substrato do receptor de insulina
JAK - família de proteínas tirosina cinases associadas a receptores de citocinas,
chamadas de Janus cinases (um grupo que inclui as seguintes cinases: JAK1, JAK2,
JAK3 e TyK2)
JNK cinase do c jun
KD - donio cinase
MAPK - proteína cinase ativadora de mitose
MEK Cinase ativadora da MAP cinase
1)%família de proteínas
XII
NGF - fator de crescimento do nervo
NT - neurotrofinas
P0 – Dia s-natal 0
p38 MAPK – uma outra cinase da família das MAPK
p53 – proteína inibidora de tumor; proteína supressora de tumor de 53kDa
PDGF fator de crescimento derivado de plaquetas
PE - epitélio pigmentar
PI3 - inositol-3 fosfato
PI3K cinase do fosfaditilinositol na posição 3
PIP
2
- fosfatidilinositol bi-fosfato
PKA - proteína cinase A
PKC - proteína cinase C
pRb - proteína inibidora de ciclo celular ausente em de tumor do tipo retinoblastoma
Raf cinase que ativa a MEK
Ras – proteína de um sarcoma de rato
RE - reculo endoplasmático
RNA - ácido ribonucléico
RNAm: ácido ribonucléico mensageiro
Sh2 – donio de homologia Src
Shc - proteína semelhante ao colágeno com homologia Src
SN - sistema nervoso
SNC - sistema nervoso central
SOS son of sevenless
Src família de proteínas cinases nomeada a partir do produto do gene v-src do vírus do
sarcoma Rous; proteína de sarcoma de retina de galinha
TCA - ácido tricloroacético
Tyr resíduo tirosina
WAF1/CIP1/p21 – gene que codifica a atividade Cdk regulatória
XIII
RESUMO
Desde a sua descoberta por Stanley Cohen em 1959, o Fator de Crescimento
Epidermal (EGF) tem sido alvo de diversos estudos. No SNC, já foi evidenciado que o
EGF é capaz de promover a diferenciação, a proliferação e a sobrevida de diferentes
populões neuronais. O objetivo do nosso trabalho foi investigar o efeito do EGF sobre
a proliferação de células da retina in vitro , bem como caracterizar as vias de sinalização
envolvidas. Nossos resultados mostraram que, em 48 horas, o EGF (1ng/mL-100ng/mL) é
capaz de aumentar a incorporação de [
3
H] timidina em 200% em relação ao controle. O
efeito do EGF foi observado até o sexto dia de incubação e as o nono dia não foi mais
observado. O AG1478, o cloreto de queleretrina, o BAPTA- AM, o PD98059 e o
SB202190, foram capazes de bloquear o efeito do EGF, mostrando o envolvimento do
EGFR , de uma PKC dependente de Ca
2+
, da MAP cinase e da p38, nas vias de
sinalização ativadas por este fator de crescimento. Foi demonstrado um aumento na
expressão da ciclina D1 em 4h e 48h as o tratamento com EGF. Nossos resultados
sugerem que o EGF seja um importante agente mitógeno para as lulas da retina, sendo
seu efeito mediado pela via da PKC-MAP cinase levando a um aumento na expressão da
ciclina D1.
XIV
ABSTRACT
Since its discovery in 1959 by Stanley Cohen, the Epidermal Growth Factor has
been the focus of several studies. In the CNS, it has already been shown that EGF is
able to induce differentiation, proliferation and survival of different neuronal
populations. The aim of our study was to investigate the effect of EGF on retinal cell
proliferation in vitro and analyze the intracellular pathways involved on this
phenomenon. Our results showed that EGF treatment (1ng/mL-100ng/mL) increases
the [
3
H]-thymidine incorporation in 200% (comparing with the control cultures) after
48h in vitro. The effect was maintained up to six days in culture. However, after nine
days the proliferative effect was abolished. The effect of EGF was inhibited by
AG1478, Chelerithrine Chloride, BAPTA-AM, PD98059 and SB202190 showing the
involvement of EGFR, PKC, MAPK and p38 in the intracellular pathways elicited by
this growth factor. We also observed an increase in the cyclin D1 expression after
treatment with EGF 1ng/mL for 4 and 48h. Our results suggest that EGF could play an
important role mitogenesis of in retinal cells through the activation of PKC-MAP kinase
pathways leading to an increase in cyclin D1 expression.
1
1- INTRODUÇÃO
1.1– HISTÓRICO:
O Fator de Crescimento Epidermal (EGF) é um fator trófico clássico cuja
descoberta data de 1959, quando Stanley Cohen, pôde pela primeira vez evidenciar seu
efeito. A semelhança de outros fatores descobertos na segunda metade do século
passado, a identificação do EGF ocorreu a partir de extratos de tecidos. Ao injetar
extratos de glândulas salivares de murinos, tanto em rebro de camundongos como em
rebro de ratos recém nascidos, Cohen observou a abertura precoce dos olhos e uma
erupção antecipada dos dentes incisivos. Este efeito se dava de forma dose dependente
pois cada vez que se dobrava a concentração do extrato injetado, mais rápido ocorria a
abertura dos olhos. Posteriormente, junto com colaboradores, Cohen conseguiu isolar
esta molécula a partir das glândulas salivares e como sua atividade estava relacionada
ao crescimento e à queratinização da epiderme, recebeu o nome de Fator de
Crescimento Epidermal (Cohen, 2004).
Figura 1: Fotografia de Stanley Cohen, responsável pela descoberta do EGF. Obtido do site:
http://nobelprize.org.
2
Dando continuidade às pesquisas, Cohen observou que o EGF era capaz de
aumentar a incorporação de timidina em fibroblastos humanos, o que demonstrava seu
efeito proliferativo. Na mesma época ele também evidenciou que a urogastrona, um
polipepdio isolado da urina humana, apresentava 70% de homologia com a molécula
do EGF de camundongos. Um dado interessante diz respeito ao fato de que tanto o
EGF como a urogastrona serem capazes de inibir a secreção de ácidos estomacais e de
promover a proliferação de fibroblastos. Estudos posteriores constataram que a
urogastrona de fato é o EGF e consideraram esta molécula como sendo o EGF humano
(Cohen, 2004).
3
1.2 – FATOR DE CRESCIMENTO EPIDERMAL
A semelhança de outros polipepdeos, o EGF é inicialmente sintetizado na
forma de um precursor, que se apresenta como uma glicoproteína transmembrana
contendo uma de cadeia de 1217 aminoácidos e um peso molecular entre 140 e 150
KDa. Uma característica interessante no processo de sinalização é que o precursor do
EGF, compete com o EGF maduro, pelo sítio de ligação com o receptor, sendo capaz
de ativá-lo e desencadear cascatas de sinalização intracelulares (Wong e Guillaud, 2004,
para revisão).
O EGF na sua forma madura, é um polipepdio constituído de 53 resíduos de
aminoácidos, dentre os quais 6 são resíduos de cisteína altamente conservados e que
estabelecem pontes de cistina (figura 2). Estas pontes conferem à molécula uma
estrutura secundária fundamental para a manutenção de sua atividade biológica (Harris
et al., 2003, para revisão;
Freeman et al., 2007
)
.
Figura 2
: Estrutura do EGF mostrando as 3 pontes dissulfeto (linhas brancas), ligando os 6
resíduos cisteína, obtido do site:
http://
www.kent.ac.uk.
4
Este fator trófico pertence a uma família de fatores de crescimento
estruturalmente relacionados, denominada família EGF. A ela pertencem o EGF, o Fator
de Crescimento e de Transformação .7*). D $QILUUHJXOLQD $5WDPEém conhecido
com fator de crescimento derivado de Schwannoma), o EGF ligado à Heparina (HB-
EGF), a Betacelulina (BTC), a Epirregulina (EPR) e a Heregulina ou Neuregulina
(também conhecida como fator de diferenciação Neu). Todas estas moléculas contém
uma estrutura compacta que apresenta 3 alças conservadas ligadas por pontes dissulfeto.
Esta região é conhecida como donio comum ao EGF e contém uma seência de
aproximadamente 50 aminoácidos com cerca de 26% a 50% de homologia entre os
diferentes membros (Rowinsky, 2004, para revisão e Chen et al., 2007).
Assim como o EGF, todos os outros fatores da família EGF são sintetizados
inicialmente na forma de precursores, como uma proteína transmembrana. A partir da
ação de proteases, são clivados em seus ectodonios e liberados na forma solúvel
(madura) (Xian e Zhou 2004, para revisão; Rowinsky 2004, para revisão e Chen et al.,
2007). Em geral, acredita-se que os membros da família de proteases ADAM sejam
responsáveis pela clivagem dos membros da família EGF na superfície celular (Hsieh e
Conti 2005, para revisão). Entretanto, metaloproteinases também são capazes de
promover a liberação destes fatores. Uma vez liberados da superfície celular, estes
fatores são capazes de ativar a própria célula (mecanismo de sinalização autócrina), ou
lulas adjacentes (sinalização parácrina)
(Stirnweiss et al., 2005).
5
1. 2.1 – Efeitos gerais do EGF
O EGF é capaz de promover a proliferação e a diferenciação em vários tecidos
tanto de origem mesodérmica quanto ectodérmica. Sua grande importância pode ser
avaliada pelo fato de sua ausência ou mesmo a diminuição na sua expressão promover
anormalidades em múltiplos órgãos o que caracteriza o efeito ubíquo desta molécula
(Henson e Gibson, 2006 para revisão). Os outros membros pertencentes à família EGF
também apresentam importante papel durante o desenvolvimento, uma vez que,
camundongos com triplo knockoutpara EGF, TGF. e Anfirregulina apresentaram
alvéolos pouco organizados e diferenciados, defeitos nos olhos, acelerada perda de peso
e pêlos, dermatites, ulcerões na pele e retardo no crescimento (Wong, 2006 para
revisão).
O EGF está presente em muitos tipos celulares incluindo: fibroblastos, lulas
do endotélio vascular, lulas epiteliais, bem como em vários fluidos corporais como
sangue, urina e saliva. Dependendo do tipo celular e do estado de diferenciação, o EGF
pode tanto estimular quanto inibir a proliferação. Além disso, o EGF é capaz de regular
diversas atividades biológicas e metalicas (Gobin e West, 2003).
Células tronco embrionárias de camundongos aumentam a proliferação quando
tratadas com EGF. Este efeito se dá através da estimulação de várias cascatas de
sinalização, incluindo a participação da PLC e PKC, o influxo de Ca
++
e a ativação da
MAP cinase 44/42. Igualmente ocorre a ativação de proteínas do ciclo celular como a
ciclina D1, a ciclina E, a CDK2 e a CDK4 (Heo et al., 2005).
6
O EGF é capaz de estimular a diferenciação de trofoblastos, através do aumento
da produção de gonadotrofina--coriônica, a qual age de forma autócrina estimulando a
diferenciação. Sendo assim, a ação do EGF se dá de forma indireta. Segundo Johnstone
e colaboradores em 2005, este efeito se dá através da via da MAP cinase p38, pois
bloqueando esta via, ocorre a inibição da diferenciação estimulada pelo EGF.
Srivastava e St-Louis em 1997 demonstraram que fatores tróficos como o PDGF
(Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas) e o EGF são capazes de induzir a
contração da musculatura gástrica, sendo este efeito dose-dependente e mediado por
tirosinas cinases citoplasmáticas. Em culturas de hepatócitos o EGF foi capaz de induzir
a proliferação as 24 - 48h em cultura, sendo este efeito mediado pela ativação da via
da MAP cinase (Guren et al., 1999).
O EGF também tem ação sobre a musculatura lisa dos brônquios, induzindo a
sua proliferação. Para que este efeito se estabeleça é necessário a ativação da via da
MAP cinase. É interessante ressaltar que ratos asmáticos parecem apresentar um
desbalanço na sinalização do EGF o que leva a proliferação da musculatura dos
brônquios (Jing et al., 2007).
O RNAm para o pro-EGF já foi identificado no rim, glândulas submaxilares,
duodeno e pâncreas, sendo que o rim e as glândulas submaxilares apresentaram níveis
de expressão maiores. No rim, o EGF está envolvido em diversas funções como, inibir a
reabsorção de sódio em túbulos coletores e a gliconeogênese em lulas dos túbulos
proximais e também diminuir a filtração glomerular e o fluxo plasmático renal. Esses
resultados foram obtidos tanto in vitro, quanto in vivo
(Coimbra, 1997, para revisão). O
7
EGF também participa da regulação do níveis de Mg
++
nos túbulos contornados distais
do rim. Muallem e Moe em 2007 sugeriram que o EGF seja um hormônio regulador do
Mg
++
, pois de uma forma parácrina e/ou autócrina, regula a reabsorção e a concentração
na urina deste cátion, através da regulação dos canais TRPM6 permveis ao Mg
++
presente na membrana das lulas dos túbulos contornados distais.
Vários fatores da família EGF, como o próprio EGF, o TGF.H R +%-EGF estão
presentes durante o processo de cicatrização tecidual e desempenham um importante
papel na promoção da migração de fibroblastos. Segundo Gobin and West em 2003,
estes efeitos do EGF são independentes da proliferação celular e estão relacionados com
o aumento de lamelopodias e alterões na geometria da membrana (formação de
ondulões). Tem sido demonstrado que fatores de crescimento como o PDGF e o EGF
são importantes mediadores do processo de cicatrização tecidual. O tratamento com
estes fatores, em pacientes com úlceras diabéticas e de compressão, já mostraram efeitos
benéficos (Yin et al., 2007).
Em lulas aderentes, ligantes solúveis, como o EGF e o PDGF ativam
receptores do tipo tirosina cinase que medeiam uma cascata de eventos de sinalização
downstream” envolvendo a estimulação de receptores para integrinas e a conseente
adesão à matriz extracelular (Cabodi et al., 2004).
O EGF também é capaz de estimular
a força contrátil de fibroblastos através do gel de colágeno, em um mecanismo
dependente da ligação aos seus receptores e da participação do citoesqueleto (Smith et
al., 2006).
8
O receptor de EGF é super-expresso em vários tipos de cânceres, como em
várias linhagens de células tumorais. A linhagem de células de carcinoma epidermal
A431, também apresenta a expressão deste receptor aumentada, porém altas doses do
EGF (> 200ng/ml) induzem uma inibição do crescimento celular, sendo parte deste
HIHLWRPHGLDGRSHOD3.&/HSHOR1)d%8P GDGRLQWHUHVVDQWHIRLREWLGRSRU*UXGLQNLQ
e colaboradores em 2007, que mostrou o efeito apoptótico do EGF em lulas da
linhagem A431 quando o tratamento foi feito com altas doses; sendo este efeito
mediado pela STAT1.
Decker em 1995, compararam os efeitos do EGF com os efeitos do NGF em
lulas NIH-3T3. Os autores observaram que estes fatores induziam efeitos distintos.
Enquanto o EGF era capaz de induzir proliferação, o NGF era capaz de promover a
parada do crescimento e a diferenciação. Os estudos visando esclarecer estes resultados
opostos mostraram que o efeito mitogênico do EGF dependia da ativação transiente da
MAP cinase e o efeito do NGF era mediado pela ativação sustentada desta enzima. De
acordo com Kholodenko em 2007 as diferenças na ativação da MAP cinase, regulando a
resposta da célula, poderia ser explicado através de um mecanismo de feedback positivo
ou negativo na regulação da Raf-1 pela Erk1/2. O feedback positivo da Raf-1,
promoveria uma ativação sustentada da Erk1/2 e a diferenciação celular, enquanto o
feedback negativo, promoveria uma ativação transitória e a proliferação celular.
9
1.2.2 – Efeitos do EGF no Sistema Nervoso
Tanto o EGF, quanto os membros da sua família, já tiveram suas ões descritas
durante o desenvolvimento e a maturação do sistema nervoso. Estes fatores são capazes
de regular os mecanismos de sobrevida, de proliferação, de regeneração e de
diferenciação de populões de células neuronais (Gomes et al., 2001, para revisão;
Weuste et al., 2006). O RNAm de EGF foi identificado a partir do 14º dia embrionário
até o período pós-natal em todas as regiões do enfalo, incluindo tronco cerebral,
cerebelo, córtex cerebral, hipocampo, tálamo, hipotálamo, bulbo olfatório e estriatum,
sendo os maiores níveis encontrado no bulbo olfatório, hipotálamo e cerebelo (Wong e
Guillaud, 2004 para revisão).
Fatores tróficos pertencentes à família EGF, TGF e FGF são secretados por
astrócitos. Cultura de astrócitos cerebelares tratados com o hormônio tireoidiano T3, são
capazes de produzir EGF e promover a proliferação desta população (Gomes, et al.,
2001 para revisão). O tratamento de astrócitos com EGF por 24h foi capaz de aumentar
os níveis de expressão do RNAm do receptor de IL-4 (Interleucina 4) nestas lulas.
Com o aumento na expressão destes receptores ocorre uma diminuição do efeito
proliferativo do EGF. Assim podemos constatar que o próprio EGF regula o seu efeito
proliferativo (Barna et al., 2001).
Koprovica e colaboradores, em 2005, mostraram que o EGF e o seu receptor
estão envolvidos nos processos de regeneração axonal, pois bloqueando a atividade
10
cinase do EGFR, houve uma inibição da mielinização e do crescimento axonal em
lulas granulares do cerebelo.
O EGF é capaz de aumentar a sobrevida de progenitores neurais in vitro, como
também estimular diferentes respostas celulares durante os estágios do desenvolvimento
neural (Walder e Ferretti, 2004). Em maferos são encontradas duas áreas do Sistema
Nervoso Central (SNC) que apresentam connua neurogênese: a zona subventricular e o
giro dentado da formação hipocampal. Dados da literatura mostram que quando o EGF
e o FGFb são aplicados previamente a um episódio isquêmico, as lulas precursoras
neurais destas regiões aumentam tanto a taxa de proliferação como a de diferenciação
(Baldauf e Reymann, 2005). Porém, Laskowski e colaboradores, em 2005, mostraram
que o tratamento pós-isquemia com EGF induz aumento na proliferação, mas não na
neurogênese, na região do giro dentado. O tratamento concomitante de EGF e FGFb não
foi capaz de induzir neurogênese. Apenas foi verificado o efeito proliferativo.
Glaser e colaboradores, em 2007, definiram lulas tronco neurais como lulas
clone capazes de se auto-renovar e com potencial de se diferenciar em três principais
tipos de células do sistema nervoso central: neurônios, astrócitos e oligodendrócitos.
Estas lulas podem ser isoladas do sistema nervoso central tanto de adultos como de
fetos. Células tronco têm a característica de se agrupar formando as neuroesferas,
capazes de proliferar tanto na presença de EGF quanto de FGFb. Para obter uma
população de oligodendrócitos inicialmente houve o tratamento das lulas tronco com
EGF, FGFb, PDGF e forskolina; e posteriormente um tratamento com hormônio
tireoideano T3 e com ácido ascórbico para induzir a diferenciação destas lulas.
11
Walder e Ferretti em 2004 trataram tanto culturas de células tronco derivadas da
medula em diferentes estágios do desenvolvimento (56, 60 e 88 dias) como culturas de
precursores neuronais de embriões humanos no 40º, 52º, 54º e 56º dia de gestação, com
EGF e FGFb e analisaram a formação de colônias. O tratamento com os fatores isolados
induziram resultados diferentes na capacidade de formar colônias. Entretanto o
tratamento concomitante com EGF e FGFb potenciou os efeitos. Estes resultados
sugerem que estes fatores podem estar agindo em diferentes populões de células
tronco multipotentes derivadas da medula.
O tratamento das lulas precursoras cerebrais corticais com agonistas do
receptor D1 de dopamina inibiu os efeitos proliferativos induzidos pelo EGF, através da
regulação da atividade das proteínas ciclina D1 e p27 que estão relacionadas com
ativação e supressão da transição do ciclo celular respectivamente. Estes achados
sugerem a existência de uma rede de efeitos que competem pela progressão ou inibição
das mudanças no ciclo celular (Zhang et al., 2004).
Além do efeito proliferativo, algumas lulas tronco neurais derivadas do
rebro também dependem do EGF para sobreviver em cultura, pois a retirada deste
fator trófico induz a apoptose. Este efeito se dá através de um mecanismo relacionado à
via da Bcl-2. De forma similar, uma linhagem de células multipotentes do mesenfalo
de camundongos é capaz de liberar EGF o que mantém a sobrevida desta população
(Xian e Zhou 2004, para revisão).
12
Acredita-se que a regulação do ciclo circadiano esteja relacionada com liberação
de fatores que agem localmente dentro do hipotálamo. Embora EGF não seja
encontrado no hipotálamo de hamsteres adultos, como acontece com o seu receptor e o
7*)., a infusão de ambos os fatores dentro do terceiro ventrículo, interrompeu a
atividade do ciclo circadiano de sono e vigila, efeito este mediado pelo EGFR (Kramer
et al., 2001).
Toyoda e colaboradores, em 2007, observaram uma diminuição significativa dos
níveis séricos do EGF, TGF-1 e HGF (fator de crescimento de hepatócitos) em
pacientes autistas, quando comparado ao grupo controle. Igualmente observaram uma
alteração ao nível do gene do EGF. Pacientes com esquizofrenia também mostraram um
nível de EGF abaixo do normal quando comparados ao grupo controle.
13
1. 3 – RECEPTOR DE EGF:
O receptor de EGF (EGFR) foi o primeiro receptor do tipo tirosina cinase a ser
descoberto e continua a ser investigado como um dos principais modelos de estudo para
os receptores do tipo tirosina cinase (Barnes e Kumar, 2003 para revisão).
O EGFR é uma proteína de 170KDa que transpassa uma única vez a membrana
plasmática. Sua cadeia polipepdica tem peso de 130KDa e à porção N-terminal estão
ligados oligossacarídeos. Este receptor primeiramente é sintetizado no reculo
endoplasmático na sua forma precursora com peso molecular de 160 KDa e é
processado na sua forma madura, através da ligação a oligossacarídeos (170KDa). A
adição de oligossacarídeos na porção N permite que o precursor do EGFR seja
translocado do reticulo para a membrana celular, bem como, que o EGF se ligue e ative
seu receptor (Slieker et al., 1986).
Em lulas normais, a expressão do EGFR varia entre 40.000 a 100.000
receptores por lula. Camundongos knockoutpara este receptor morrem ainda na
fase de gestação ou morrem durante os primeiros dias s-natais. Os animais que
conseguem nascer, apresentam anomalias na pele, no trato gastrintestinal, nos pulmões,
na fenda palpebral e nos dentes (Wong, 2006 para revisão). Por outro lado, o receptor
de EGF é altamente expresso na maioria dos tumores sólidos, incluindo ncer de:
mama, cabeça e pescoço, ovário, rins, cólon e em carcinoma pulmonar de pequenas
lulas. Em alguns nceres de mama a expressão do EGFR pode ultrapassar 2x10
6
moléculas por lula. Tal super-expressão, promove uma intensa sinalização e ativação
14
de vias downstream, resultando em lulas que possuem uma proliferação
descontrolada com características muito invasivas (Herbst, 2004).
O produto oncogênico da eritroblastose aviária (v-ErbB), tem o donio
transmembrana e o donio intracelular tirosina cinase derivado do EGFR de aves, o
que confere uma grande homologia com o EGFR. Por este motivo o EGFR é também
chamado de ErbB1 (Wong e Guillaud, 2004, para revisão). Três outros receptores
semelhantes ao EGFR, já foram identificados, compreendendo então quatro receptores
transmembrana tirosina cinase: ErbB1 ou EGFR, ErbB2 ou HER2, ErbB3 ou HER3,
ErbB4 ou HER4, formando a família EGFR, ou família de receptores ErbB, ou família
de receptores HER (receptor epidermal humano) (Barnes e Kumar, 2003 para revisão,
Toshi e Cappuzzo, 2007 para revisão e Schlessinger, 2002 para revisão).
Já foi descrita a presença tanto do EGFR como do ErbB2 nas regiões de “lipid
rafts. Freeman e colaboradores relataram, em 2007, que os sítios de fosforilação no
donio citoplasmático do EGFR são diferentemente sensíveis dependendo da
concentração de colesterol na membrana celular. A ativação do EGFR, também pode
alterar o ambiente dos lipids rafts, promovendo a formação de caveolinas
oligoméricas na membrana plasmática o que direciona os mecanismos de sinalização
citoplasmáticos.
Estes receptores têm em comum um donio extracelular rico em cisteína
responsável pela ligação com o EGF, um único donio transmembrana e um donio
tirosina cinase citoplasmático o qual é responsável pela geração e regulação da
sinalização intracelular (Barnes e Kumar, 2003 para revisão e Hsieh e Conti, 2005 para
revisão). O donio extracelular é composto de 4 subdonios (I, II, III e IV ou L1,
15
CR1, L2, CR2, respectivamente) e foi proposto que os subdonios I e III formem o
sítio de ligação para o ligante, enquanto os outros medeiam a dimerização do receptor e
interões com outras proteínas (Schlessinger, 2002; para revisão).
Os receptores ErbB existem tanto na forma de monômeros quanto dímeros, e
podem formar tanto homodímeros quanto heterodímeros. A ligação de EGF com ErbB1
permite que este receptor se ligue aos outros membros da família ErbB, formando
heterodímeros (Henson e Gibson, 2006 para revisão). Embora ErbB2 não tenha nenhum
ligante conhecido, ele pode também formar heterodímeros com outros receptores ErbB
e potencializar o complexo de sinalização (Henson e Gibson, 2006 para revisão, Barnes
e Kumar, 2003 para revisão e Hsieh e Conti, 2005 para revisão). Quanto ao receptor
ErbB3, este tem uma atividade cinase que só se torna ativa quando associada com outro
receptor da famíla ErbB. Os receptores ErbB2 e ErbB3 são chamados também de co-
receptores (Hsieh e Conti, 2005 para revisão).
Diferentes ligantes pertencentes à família EGF de fatores tróficos também são
capazes de se ligar ao EGFR, ativá-lo e induzir cascatas de sinalização intracelulares.
(Toshi e Cappuzzo, 2007 para revisão, Hsieh e Conti, 2005 para revisão). Esta família
então, é dividida em 3 grupos (tabela 1, figura 3) de acordo com os receptores ao qual
são capazes de se ligar. O grupo 1 se liga especificamente ao EGFR e é formado pelo
(*) 7*). H GD $QILUUHJXOLQD 2 JUXSR  FRPSUHHQGHDV1HXUHJXOLQDVTXH VH OLJDP
tanto ao ErbB3 quanto ao ErbB4. Já o grupo 3 é formado pelo HB-EGF, pela
Betacelluina e pela Epirregulina que se ligam tanto ao EGFR, quanto ao ErbB4 (Hsieh e
Conti, 2005 para revisão). Estas interões trans-regulatórias podem ser mediadas
através das ligões aos receptores, da direta fosforilação dos receptores por proteínas
16
tirosina cinase e por padrões de heterodimerização e transativação dos receptores ErbB
(Barnes e Kumar, 2003 para revisão).
GRUPO
LIGANTES
RECEPTORES
I
(*)7*).
ANFIRREGULINA.
Apenas EGFR (ErbB1 ou
HER1)
II
NEUREGULINAS
ErbB3 e ErbB4
III
HB-EGF,
BETACELULINA E
EPIRREGULINA.
Tanto EGFR quanto ErbB4
Tabela 1:
Grupos de divisão da Família EGF de Fatores Tróficos. Adaptado de Wong e Guillaud (2004).
17
Figura 3: Representação esquemátca divisão em grupos da Família EGF de fatores troficos (A) e seus
respectivos receptores ativados (B). Adaptado de Wong e Guillaud (2004), para revisão.
Como muitos ligantes são capazes de ativar o mesmo receptor é evidente a
redundância que ocorre neste processo de sinalização. ApesDU GR (*) H GR 7*).VHUHP
quase indistinguíveis no que concerne à ligação ao receptor, à sua ativação e até mesmo
ao processo de “downregulation, é interessante salientar que dependendo da célula em
questão, as atividades biológicas diferem. Já a Epirregulina a Neuregulina, embora se
liguem a receptores distintos, induzem respostas semelhantes (Rowinsky, 2004, para
revisão).
EGF
TGF
AR
NEU
EGFR
ErbB1
EPR BTC HB-EGF
ErbB4
HER4
ErbB3 ErbB2
Espo Extracelular
Espo Intracelular
Espo Extracelular
Espo Intracelular
A
B
18
O EGF ao se ligar ao receptor, proporciona respostas celulares que dependem
tanto da concentração desta molécula no meio, como do nível de expressão do seu
receptor (Henson e Gibson, 2006 para revisão). O EGF se liga ao seu receptor de duas
maneiras distintas. Em 95-98% dos casos a ligação é de alta afinidade (KD=10nM) e em
2-5% dos casos a ligação é de baixa afinidade (KD=0,1nM) (Schlessinger, 2002 para
revisão).
As a ligação do EGF, ocorre a formação de diferentes homodímeros ou
heterodímeros, tendo como conseência, a ativação do donio tirosina cinase
citoplasmático. Conseentemente ocorre a fosforilação de resíduos de tirosina que vão
estimular diferentes cascatas de sinalização. O EGF pode estimular a fosforilação de
ErbB2 através da formação do heterodímero EGFR/ErbB2 (Wong e Guillaund, 2004,
para revisão). Isto é possível, pois todos os membros da família EGFR possuem a alça
de dimerização altamente conservada, sendo ErbB2 considerado padrão de
heterodimerização entre todos os outros membros da família de receptores
(Schlessinger, 2002, para revisão). Estes resíduos tirosina citoplasmático servem como
sítio de ligação para vária moléculas, que são recrutadas e permitem a ativação de
diferentes vias intracelulares
(Holbro and. Hynes, 2004; para revisão)
A dimerização dos EGFR requer a ligação de duas moléculas do ligante para
duas moléculas do receptor, formando um complexo estável 2:2 / EGF:EGFR (Barnes e
Kumar, 2003 para revisão, Schlessinger, 2002 para revisão). Cada molécula se liga
entre os donios L1 e L2 do mesmo receptor e faz contato apenas com um receptor do
dímero. Neste complexo 2:2, os dois ligantes estão localizados em lados opostos e
19
quando ativa a unidade L1-CR1 sofre uma alteração conformacional e é deslocada para
longe do donio CR2. Desta forma, esta unidade é estabilizada em uma configuração
na qual as alças CR1 e CR2 do EGFR são ambos expostos e posicionados para interagir
em um padrão ativado, onde os receptores adotam uma configuração back-to-back
com a interface do dímero sendo formada apenas pelo contato EGFR:EGFR,
envolvendo a longa alça do donio CR1 e o terminal carboxi do donio CR2
(Schlessinger 2002, para revisão; Barnes e Kumar, 2003 para revisão; Gobin and West
2003)
1. 3.1 - Tráfego, Endocitose e Transativação do EGFR:
A sinalização dos receptores de EGF deve ocorrer de forma pontual para evitar o
estímulo crônico das lulas. A prolongada ativação do receptor de EGF resulta em
amplificação do sinal do receptor, que pode induzir a translocação cromossomal, ou
pontos de mutação que estão associados com desenvolvimento e progressão de vários
tumores. Neste sentido, um grande mero de controles de “feedback” ajudam a atenuar
estes efeitos, incluindo a fosforilação de resíduos serina/treonina do receptor ou seus
substratos, a ativação de fosfatases e a endocitose (Martin et al., 2006).
Os receptores de EGF são removidos da superfície celular via endocitose e
subsequente degradação. O complexo EGF EGFR agrupam-se em “clusteresnos
“coated pits” e depois são internalizados e degradados nos lisossomas, resultando em
uma “downregulationdo EGFR. O processo de internalização do EGFR induzida pelo
EGF necessita da atividade tirosina cinase intrínseca e de fosforilação de outros sítios
específicos do receptor (Wong e Guillard, 2004 para revisão). Em fibroblastos o
20
receptor de EGF está localizado nas “caveolas/rafts” e sai deste compartimento as a
estimulação com EGF. Assim, sob estimulação com EGF, o receptor é recrutado para os
“coated pitsque também contém donios rafts, sugerindo que diferentes vias podem
estar contribuindo para o tráfego intracelular do EGFR (Balbis et al., 2007).
As a internalização, este complexo EGF EGFR aparece sequencialmente nos
endossomas primários. Existe um grande mero de evidências mostrando que a
ativação da cinase não acontece apenas na membrana plasmática, mas também nos
endossomas, pois várias proteínas, incluindo a Grb2, a Shc e a mSOS foram localizadas
nestas organelas logo as a ativação do EGFR. Desta forma a ativação do EGFR pode
regular a propagação e amplificação do sinal e estar regulando espacialmente e
temporalmente cascatas de sinalização (Vergarajuaregui et al., 2006; Balbis et al.,
2007). Durante a passagem por estes compartimentos, estes complexos podem tanto ser
reciclados e retornar para a superfície celular; como podem seguir em direção aos
endossomas tardios e lisossomas, onde tanto o EGF quanto o seu receptor são
proteoliticamente degradados (Sorkin, 2001).
A anisomicina é um importante antibiótico capaz de ativar cascatas da MAP
cinase em lulas de maferos, principalmente os seus subtipos relacionados com a
ativação as stress. Veragarajuareguie e colaboradores,
em 2006, relatam que este
antibiótico pode ativar a MAP cinase p38 e induzir a internalização do EGFR, embora o
mecanismo de endocitose seja diferente do empregado pelo próprio EGF, pois não
necessita da atividade cinase nem da ubiquitinação do EGFR. Outro efeito observado
por estes autores, foi que o tratamento com a anisomicina não resultou na degradação do
receptor de EGF pelo lisossomas tardios.
21
O EGFR endocitado pode ser translocado para o núcleo, porém este tráfego é
dependente da ligação do EGF e da participação da importina-SDUD SURPRYHU D
ativação da ciclina D e de outros genes. Liao e Carpenter em 2007 demonstram em
linhagens de células de câncer de mama MDA-MB-468, a translocação dos receptores
para o reculo endoplasmático as a adição do EGF. Nesta organela ocorre a
associação com Sec61, um componente da proteína translocadora translocon Sec61, e
na seência o complexo é retranslocado do reculo endoplasmático para o citoplasma.
Embora não se tenha idéia da função deste translocon na via de sinalização do EGFR, a
função deste está relacionada com a inserção de proteínas secretadas e transmembrana
dentro do reticulo ou retranslocar deste local para o citoplasma como parte da via de
degradação do reticulo endoplasmático. No citoplasma o EGFR se associa com a
importina-Hé direcionado para o núcleo onde pode ativar a ciclina D.
Um feedback negativo através da fosforilação do EGFR pela PKC pode ter um
importante papel na downregulation da atividade do receptor. A fosforilação da PKC na
treonina 654 do EGFR diminui a afinidade pelo EGF, reduzindo assim a atividade
tirosina cinase e autofosforilação deste receptor (Wong e Guillard, 2004 para revisão).
Numerosos estudos têm mostrado que receptores ligados à proteína G (GPCR),
podem utilizar receptores do tipo tirosina cinase, como por exemplo, o EGFR, como
uma proteína intermediária sinalizadora que “imitaria” a sinalização de vias
"downstream do EGFR. A estimulação de vários GPCR com seus agonistas resulta em
autofosforilação do EGFR e consequentemente, na geração e transdução do sinal de
proteínas como a ERK1/2, PLC 3, FLQDVH$NW 3UHYLDPHQWH GHVLJQDGR FRPR
22
transativação independente do ligante, e posteriormente como via de sinalização com
tripla passagem pela membrana (Hsieh e Conti, 2005 para revisão e Stirnweiss et al.,
2006). A partir de 1999 foi considerado como um mecanismo de ativação dos EGFR o
processo de transativação (Stirnweiss et al., 2006).
Enquanto a transativação do EGFR pode ocorrer pela interação direta dos GPCR
ou pela fosforilação da EGFR mediada pela proteína Src, o mecanismo predominante
parece envolver a liberação de fatores semelhantes ao EGF da superfície celular
mediado por proteases da família ADAMs (Hassan et al., 2004) ou por
metaloproteinases, ativando o EGFR de forma parácrina e ou autócrina (Stirnweiss et
al., 2006). O mecanismo de sinalização envolve basicamente a fosforilação do EGFR e
a ativação da via da Ras MAP cinase. Outras proteínas também podem estar
envolvidas como, por exemplo, a ativação da PI3 – cinase recrutando a Ras para a
membrana celular e também ativando membros específicos da família da PKC. A PKC
também está envolvida nos mecanismos que levam à ativação da Raf (Hassan et al.,
2004).
A transativação do EGRF as a ativação de GPCR já foi descrita em vários
modelos de estudo. Hassan e colaboradores, em
2004, mostraram em lulas PC12 que
o efeito proliferativo mediado pela neurotensina em nceres de próstata poderia ser
gerado através da ativação de metaloproteinases, liberação do HB-EGF e ligação deste
fator trófico ao seu receptor. O mesmo foi demonstrado por Stirnewiss e colaboradores,
em 2005, em lulas Cos-7, através dos receptores muscarínicos M2, com o
envolvimento da proteína Fyn, porém sem a participação das metaloproteinases.
23
Cabodi e colaboradores, em 2004, mostraram que a adesão à matriz celular
dependente das integrinas (receptores de adesão, formados pelas subunidades .H TXH
funcionam ancorando proteínas de matriz para a actina do citoesqueleto), que as a sua
ativação, inicia a transativação do EGFR, ativando vias de sinalização downstrean ao
receptor. Os autores demonstraram também que as integrinas cooperam com a
sinalização do EGF, sugerindo assim uma relação entre a adesão à matriz celular e o
EGFR para induzir respostas biológicas.
Foi proposto por Yin e colaboradores, em 2007, que a lesão do epitélio da
córnea, resulta em liberação de ATP pelas lulas lesadas, promovendo a ativação dos
receptores PY2, nas lulas não danificadas. Esta ativação promoveria a genêse de
ondas de Ca
++
capazes de ativar as proteínas ADAMs, que clivariam o pró-HB-EGF
ligado a membrana celular, liberando este fator trófico na sua forma madura que ativaria
o EGFR de forma parácrina e/ou autócrina. As a estimulação do EGFR, ocorreria a
sinalização de vias downstream como a PI3-cinase e a Erk que mediariam respostas de
migração e proliferação celular responsáveis por promover a cicatrização tecidual.
Vários autores mostraram a transativação do EGFR em diferentes linhagens
celulares, sendo que neste efeito, não estariam envolvidas as metaloproteinases.
Haas e
colaboradores, em 2002, mostraram nas lulas A7r5 que a ligação da ouabaína a
Na+/K+ - ATPase é capaz de transativar o EGFR através da ativação da proteína Src. O
receptor de EGF uma vez ativado recrutaria proteínas adaptadoras como a Grb2
ativando a via da MAP cinase. Em lulas DU145, o IGF-1 é capaz de ativar o EGFR,
mas os resultados sugerem que neste mecanismo a produção basal intracelular de H
2
O
2
tenha um importante papel. Embora o IGF-1 não tenha induzido um aumento na
24
produção intracelular de H
2
O
2
, este oxidante foi necessário para a ativação do receptor
de EGF, pois a adição de anti-oxidantes ao meio de cultura bloqueou este efeito (Zhou
et al., 2006).
25
1.4 - VIAS DE SINALIZAÇÃO ATIVADAS PELO EGF:
A seência de aminoácidos no terminal carboxi dos receptores de EGF contem
resíduos tirosina que quando fosforilados servem como sítio de ligação para diferentes
proteínas. Algumas destas proteínas apresentam atividade catalítica, enquanto outras
servem como proteínas adaptadoras, ligando o receptor a enzimas envolvidas na
transdução do sinal, conforme mostrado na figura 4 (Sorkin 2001). Segundo Uetz e
Stagljar em 2006 cada fosfotirosina do EGFR se liga a sete proteínas diferentes,
enquanto ErbB2, ErbB3 e ErbB4 se ligam a 17, 9 e 2 proteínas respectivamente.
As a ligação do EGF, ocorre a dimerização do receptor e a transfosforilação
dos resíduos tirosinas. A partir destes sítios fosforilados se dá a ativação de diferentes
proteínas tais como: Grb2, Shc, tirosinas cinases da família Src, PI3-cinase, fosfolipase-
&3/&-DN67$70DUWLQHWDO*UXGLQNLQHWDO
A transfosforilação do EGFR é capaz de ativar a proteína Grb2 através de seu
donio SH2, enquanto o donio SH3 desta proteína promove a associação com o
fator de troca de nucleodeo Sos, recrutando assim, o complexo Grb2–Sos para a
membrana plasmática em proximidade à proteína Ras ancorada na camada interna da
membrana plasmática. A Sos então, estimula a troca do nucleodeo GDP para GTP,
resultando na formação de um complexo Ras-GTP que é ativo
(Sorkin 2001, Gale et al.,
1993).
A Ras ativada estimula a cascata das proteínas cinases ativadas por mitógenos
(MAPK), que são uma superfamília de proteínas cinases serina-treonina. Sendo assim,
26
a Ras ativa a Raf-1 (MAPKKK - proteína cinase cinase cinase ativada por mitógeno),
que por sua vez fosforila e ativa a MEK1/2 (MAPKK - proteína cinase cinase ativada
por mitógeno). A MEK 1/2 fosforila e ativa a cinase regulada por sinal extracelular
(ERK 1/2). As MAPKs podem translocar para o núcleo, ativar fatores de transcrição e
regular a expressão gênica (Henson e Gibson, 2006 para revisão). Esta via de
sinalização é uma das mais bem caracterizadas nos efeitos induzidos pelo EGF (Sorkin
2001), embora dependendo do sistema celular e do estímulo utilizado, outras MAPKs
também possam contribuir para os efeitos proliferativos (Hollborn et al., 2005). A via
da MAPK também está envolvida no aumento dos níveis da ciclina D induzida pelo
EGF. A ciclina D é um alvo primário regulador do ciclo celular, influenciando na
atividade mitogênica induzida por fatores de crescimento, pelo fato de promover a
progressão da fase G1 para fase S (Zhang et al., 2004).
Já foi demonstrado que o EGFR possui um sítio de ligação capaz de ativar a
3/&4XDQGRHVWHUHFHSWRUDWLYDD3/& catalisa a hidrólise do fosfolipídio fosfatidil-
inositol 4,5 bifosfato, em diacilglicerol (DAG) e inositol 1,4,5-trifosfato (IP
3
) (Heo, et
al., 2005). O DAG é um ativador fisiológico da proteína cinase C (PKC), enquanto o IP
3
induz a liberação de cálcio dos estoques citoplasmáticos, contribuindo nos processos
intracelulares regulados pelo lcio. A PKC também pode estimular a via da ERK,
através da ativação da Raf-1MEK 1/2 – ERK 1/2, induzindo efeitos mitogênicos
(Hassan et al., 2004).
Entre as diferentes classes de PKC, a classe convencional requer, para a sua
ativação, a participação tanto do lcio quanto do DAG. Estas proteínas estão
freentemente envolvidas com efeitos proliferativos. Já a classe apica, que não
27
necessita do lcio para a sua ativação, está muitas vezes envolvida com efeitos de
sobrevida. Embora estes efeitos já tenham sido bem descritos na literatura, lulas-
tronco derivadas de camundongos e estimuladas com EGF aumentam a proliferação,
sendo este efeito mediado tanto por isoformas da classe convencional quanto da classe
apica, envolvendo a translocação destas proteínas do citoplasma para a membrana
celular (Heo et al., 2005).
A via da PI3-cinase participa do crescimento, sobrevida e diferenciação de
várias lulas de maferos e estudos têm demonstrado que estes efeitos no crescimento
são dependentes do tipo celular e do estímulo (Hassan et al., 2004). Embora EGF
estimule a atividade da PI3-cinase, esta proteína não se liga diretamente ao EGFR. A
PI3-cinase pode ser ativada pelo estímulo de EGF, quando o EGFR forma heterodimero
com ErbB3. Em ErbB3 há um sítio de ligação do donio SH2 da subunidade
regulatória da PI3-cinase, mas não no EGFR (Woung e Guillaund, 2004, para revisão).
A PI3-cinase pode ativar a RAS, permitindo a ativação da via de sinalização da Erk,
promovendo assim, um “crosstalk” entre as vias de sinalização na sobrevida (Herson e
Gibson, 2006 para revisão).
A ativação da PI3-cinase cataliza a transferência de um grupo fosfato do ATP
para o fosfatidil-inositol gerando 3`fosfatidil-inositol fosfato (PIP) que age como um
sítio de ligação para proteínas com donio homólogo a
pectrina (PH) (Henson e
Gibson, 2006 para revisão). A PI3-cinase permite a formação de 3,4,5 fosfatidil-inositol
(PIP3) e subseente recrutamento da Akt para membrana plasmática via seu donio
(PH). A Akt, também chamada de proteína cinase B (PKB), é uma proteína cinase do
tipo serina/treonina que atua regulando várias atividades celulares tais como: apoptose,
28
proliferação e migração celular. Uma vez na membrana celular, a Akt é fosforilada pela
cinase 1 dependente de fosfoinositídeo (PDK1) no resíduo treonina 308 (T308),
localizado na alça de ativação (Kumar et al., 2007). A ativação da Akt permite a
fosforilação de duas proteínas apoptóticas BAD e Caspase 9, inibindo suas atividades e
ativando fatores de transcrição NF% +,)-.H &5(% UHVXOWDQGR HPXPDXPHQWRGD
transcrição de genes anti-apoptóticos, controlando desta forma a sobrevida celular
(Henson e Gibson, 2006 para revisão).
A família de transdutores de sinal e ativadores de transcrição (STAT) também
está envolvida nos mecanismos de sinalização downstreando EGFR. As proteínas
STAT são um grupo de fatores de transcrição citoplasmáticos que contém o donio
SH2 e podem interagir com grupos de fosfotirosinas nos receptores de fatores de
crescimento ou nos receptores de citocinas. A ativação ocorre pela fosforilação de uma
única tirosina, tanto por receptores de citocinas associados a tirosinas cinases
citoplasmática como da família Janus cinase (JAKs), ou por receptores de fatores de
crescimento, aparentemente pelo efeito direto do donio cinase. As a homo ou
heterodimerização, as proteínas STAT ativadas são translocadas para o núcleo onde se
ligam a regiões promotoras de genes alvos como c-fos, c-junB, c-myc e ciclina D1
regulando a proliferação e diferenciação (Guren et al., 1999). A ativação da STAT 1 por
EGF parece estar associada a afeitos anti-apoptóticos e anti-proliferativos, enquanto a
STAT 3 está envolvida na estimulação do crescimento, ativando o EGFR através de um
mecanismo autócrino. Já a STAT 5 pode esta envolvida tanto com eventos de
proliferação quanto diferenciação (Guren et al., 1999, Grudinkin et al., 2007)
.
29
O EGFR é capaz de ativar diferentes cascatas de sinalização contendo a
participação de diferentes MAPKs, regulando a proliferação e sobrevida celular. A p38
é uma MAPK que foi originalmente identificada como uma cinase ativada em resposta a
lipopolissacarídeos. Posteriormente, descobriu-se que a p38 também está supra-
regulada quando as lulas são expostas a vários estímulos, incluindo alguns fatores de
crescimento, citocinas pro-inflamatórias e sob diferentes formas de stress
(Vergarajaregui et al., 2006). A Erk1/2 é uma proteína reguladora “upstreamda p38 e
esta por sua vez, é capaz de ativar múltiplos fatores de transcrição, como c-jun e c-fos.
Recentemente tem sido sugerido o envolvimento de membros das MAPK em aspectos
da progressão do tumor, incluindo invasão e metástase. Foi demonstrado que a p38 é
um importante mediador da motilidade estimulada pela Ras em nceres de células
epiteliais (Zhou et al., 2007).
γγ
Figura 4:
representação esquemática das diferentes vias de sinalização ativadas por EGF. Adaptado de
www.biij.org.jpg em 20.08.2007 e Henson e Gibson (2006), para revisão.
30
1.5 - SISTEMA NERVOSO CENTRAL
A formação de tecidos do SNC depende de um balanço entre a neurogênese e a
morte celular durante o desenvolvimento. No SNC de maferos a interação de vários
tipos neuronais e suas terminões sinápticas, bem como a plasticidade e a rede de
sinalização que envolve diferentes citocinas e neurotransmissores, é responsável pelos
processos de desenvolvimento e funcionamento deste complexo sistema (Reuss &
Halbach, 2003).
1.5.1 - R
ETINA
A retina pertence ao SNC, pois se origina do ectoderma neural que também dará
origem às demais áreas do rebro (Dowling, 1991). Dentre todas as complexas
estruturas do sistema nervoso central, nenhuma oferece tantas vantagens a estudos de
desenvolvimento como a retina (Cepko, 1993 para revisão). Este tecido possui uma
localização periférica privilegiada, a qual permite sua fácil obtenção, livre do tecido
conjuntivo adjacente e de outras populões neuronais e gliais. Esta característica,
aliada a uma organização em camadas sinápticas e nucleares, muito semelhante ao
observado em outras estruturas do sistema nervoso, torna a retina um excelente modelo
experimental para o estudo do desenvolvimento, diferenciação e manutenção de células
do tecido nervoso central in vitro e in vivo (Adler, 1993; Cepko, 1993; Dowling, 1991
para revisão). Uma outra característica importante do tecido retiniano é a presença de
apenas seis classes de tipos neuronais e, em geral, apenas um tipo de célula glial: a
lula de Müller. Oligodendrócitos estão completamente ausentes na retina da maioria
31
das espécies e os astrócitos se encontram apenas nas camadas de fibras do nervo óptico de
maferos (Farah, 2006; Newman & Reichenbach, 1996).
1.5.1.1 Estrutura da Retina
A retina madura é organizada como uma rede neuronal laminar, composta por
neurônios sensoriais, interneurônios e células gliais. Através das projões das lulas
ganglionares as informões visuais são enviadas a outros centros superiores onde são
processadas. Na retina estão presentes três camadas de corpos neuronais e duas camadas
onde ocorrem às sinapses entre os neurônios. A organização histológica da retina de
vertebrados ocorre da seguinte forma (figura 5): camada nuclear externa (CNE), onde
encontramos os corpos celulares dos fotorreceptores, que se dividem em dois subtipos:
os cones que possuem baixa sensibilidade à luz e permitem a visão cromática, e os
bastonetes, que possuem apenas um tipo de pigmento visual - a rodopsina (Yau, 1994),
responsável pela adaptação da visão ao claro-escuro; camada plexiforme externa (CPE),
onde os prolongamentos de fotorreceptores, lulas bipolares e horizontais fazem
conexões sinápticas entre si; camada nuclear interna (CNI), onde se encontram os
corpos celulares de células bipolares, horizontais, amácrinas e de células ganglionares
deslocadas; camada plexiforme interna (CPI), onde prolongamentos de células
bipolares, amácrinas e ganglionares fazem sinapses; camada de células ganglionares
(CCG), onde se encontram os corpos de células amácrinas deslocadas e células
ganglionares (Farah, 2006; Dowling, 1991 para revisão). Um tipo neuronal que liga as
duas camadas plexiformes (CPE e CPI) é conhecido como lula interplexiforme
(Fisher, 1979, Kolb et al., 1992). O soma da célula de Müller, que é um tipo particular
de astroglia radial, exclusivo da retina, está localizado na CNI (Bringmann et al., 2006,
32
Newman & Reichenbach, 1996 para revisão). Seus prolongamentos se estendem por
todas as camadas da retina, formando a membrana limitante interna, adjacente ao
humor vítreo, e a membrana limitante externa, adjacente à camada nuclear externa
(Newman & Reichenbach, 1996 para revisão). Desde estágios precoces do
desenvolvimento, as lulas de Müller imaturas são importantes para a organização
histopica da retina em desenvolvimento. Estas lulas são um substrato para a
migração e orientação para os neurônios s-mitóticos jovens, bem como para o
crescimento de seus neuritos (Bringmann et al., 2006).
Figura 5
-
Esquema simplificado da retina de vertebrados recém-nascidos (A) e adultos (B).
Representação dos diferentes tipos celulares, bem como as camadas celulares e sinápticas da retina neural
(CNE, camada nuclear externa; CPE, camada plexiforme externa; CNI, camada nuclear interna; CPI,
camada plexiforme interna; CCG, camada de células ganglionares) e a camada de células neuroblásticas
(CN). Modificado de Dowling, 1991
CNE
CPE
CNI
CPI
CCG
Carla e
CNE
CPE
CNI
CPI
CCG
Carla e
$  %
33
1.5.1.2 Desenvolvimento da Retina
O período de gestação de ratos é de 22 dias (Farah, 2006 para revisão) e nesta
fase as lulas da retina são geradas obedecendo a uma determinada seência, com as
primeiras lulas se tornando pós-mitóticas no tempo em que o lice óptico se forma.
O como da diferenciação de uma célula se dá no momento em que ela termina o ciclo
mitótico. O tempo de geração e diferenciação das lulas da retina pode variar
dependendo da espécie animal, mas invariavelmente as ganglionares são as primeiras a
se diferenciarem (Cepko, 1993; Farah, 2006 para revisão) (tabela 3). Este processo de
diferenciação retiniana depende não apenas de um programa genético pré-determinado
como de pistas ambientais intra-retinianas, tais como a expressão de moléculas de
adesão e da matriz extracelular, assim como a liberação de citocinas diversas.
CURSO TEMPORAL DO DESENVOLVIMENTO CELULAR DA
RETINA DE RATOS
Células ganglionares (lulas HRP positivas)
E14 a E20
Células amácrinas deslocadas (ChAT
positivas)
E16 a E20
Células amácrinas
E16 a P0
Bipolares, bastonetes
E20 a P13
Glia de Müller
E20 a P13
Horizontais
E16 a E18
Cones
E15 a P0
Tabela 3
Cronograma, em dias, da gênese dos tipos celulares retinianos em ratos. E, embrionário e P,
s-natal.
Adaptado de Cepko, 1993 ; Reese & Colello, 1992; Farah, 2006 para revisão).
34
1. 5.1.3 EGF e EGFR na retina
Fatores tróficos são essenciais para o desenvolvimento, manutenção e sobrevida
de neurônios do SNC. A presença e as ões no tecido retiniano de fatores tróficos
como EGF, TGF., PDGF, FGFb, CNTF, dentre outros, vem sendo descrita na literatura
(Fontaine et al., 1998). Lillien e Cepko em 1992 relatam que vários fatores de
crescimento são normalmente produzidos pela retina e pelo tecido ocular que a cerca,
estimulando a proliferação destas lulas in vivo. Entretanto, a responsividade das
lulas da retina a estes fatores, inclusive ao EGF, muda de acordo com o estágio de
desenvolvimento e maturação deste tecido. O pico de proliferação de células
progenitoras da retina acontece por volta do nascimento e declina até aproximadamente
a primeira semana s-natal. As este período, há poucas evidências sobre a
proliferação tanto de células progenitoras como lulas de Müller na retina de
maferos. Entretanto em condições patológicas esta proliferação volta a ocorrer (Close
et al., 2005).
Através da técnica de imunohistoquímica a presença do EGF e seu receptor foi
demonstrado por Zheng e colaboradores, em 1996, nas diferentes camadas de células da
retina de ratos neonatos. De acordo com os autores, a marcação para o EGF está
uniformemente distribuída na camada de células ganglionares, camada nuclear interna e
externa e no epitélio pigmentado. Quanto ao seu receptor, este foi encontrado nestas
camadas, tanto no núcleo quanto no citoplasma das lulas, embora no núcleo seja
aparentemente proeminente.
35
O nível de expressão tanto da proteína quanto do RNAm para o EGFR na retina
de ratos diminui com a idade do animal. O maior nível é encontrado durante o período
de desenvolvimento (E18), diminuindo cerca de 17 vezes no quarto dia s-natal (P4),
acontecendo outra pequena queda em P10, chegando a níveis nimos em P21 (Close et
al., 2006).
Chen e colaboradores em 2006 compararam a presença do receptor de EGF e seu
ligante na retina de humanos, ratos e camundongos adultos, também através da técnica
de imunohistoquímica. Conforme a tabela abaixo (tabela 4), o padrão de expressão
tanto do EGF quanto do seu receptor se difere em alguns aspectos dentre as espécies
pesquisadas.
Camadas da retina
Rato
Camundongo
Humano
Camada de fibra
nervosa
_
_
_
Camada de células
ganglionares
EGFR
EGF
EGFR
EGF
EGFR
EGF
Camada plexiforme
interna
_
_
EGF
Camada nuclear
interna
EGFR
EGF
EGFR
EGF
EGFR
Camada plexiforme
externa
EGFR
EGF
_
EGF
Camada nuclear
externa
_
_
EGFR
Tabela 4:
Localização de EGF e EGFR nas diferentes camadas de células ganglionares da retina de ratos,
camundongos e humanos adultos
. Modificado e adaptado de Chen, et al.,2006.
Acredita-se que os fatores de crescimento pertencentes à família EGF atuem
localmente na retina, ao invés de difusamente através de longas distancias, pois estes
fatores são expressos e sua localização predominante se dá na membrana celular (Lillien
e Cepko 1992). A propriedade de regulação da proliferação de células da retina é
importante porque o balanço entre o número de células e o tipo celular é crítico para a
36
manutenção da função neural. Esta ação é regulada tanto através de moléculas de
sinalização mitóticas quanto por moléculas promotoras de diferenciação (Close et al.,
2006). De acordo com estes autores, estudos in vitro têm demonstrado que células de
retina s-natal são mais responsivas aos efeitos mitogênicos do EGF e/ou TGF.  GR
que durante a idade embrionária.
Close e colaboradores, em 2005, PRVWUDUDP TXH 7*) é capaz de inibir a
proliferação de células da retina, pois bloqueando a sua atividade o efeito proliferativo
foi restaurado. Outro efeito observado foi que este fator de crescimento pode regular a
DWLYLGDGHGR(*)SRLVDRLQLELUR7*)RHIHLWRSUROLIHUDWLYRGR(*)Qas lulas de
Müller foi potencializado.
Explantes de retina de camundongos, em diferentes fases do desenvolvimento,
quando tratados com EGF mostram a ativação da via da STAT3. O mesmo foi
evidenciado para outros fatores de crescimento como o CNTF e o FGFb, embora este
efeito tenha apresentado diferentes padrões de ativação desta proteína. A ativação da
STAT3 foi correlacionado com o padrão de marcação de células positivas ao BrdU,
sugerindo a sua participação em lulas mitóticas progenitoras ou em lulas que
tenham acabado de se dividir (Zang et al., 2005).
Tropete e colaboradores, em 2000, identificaram lulas tronco numa região
próxima ao pigmento localizado marginalmente à região ciliar da retina de
camundongos adultos, sugerindo que estas lulas possam ser homologas as
encontradas na zona germinativa de olhos de outros vertebrados. Nestas lulas tanto o
tratamento com EGF como com FGFb foi capaz de induzir a formação de colônias e
37
aumentar a proliferação destas lulas quando comparado ao controle. Gu e
colaboradores, em 2007, observaram efeitos semelhantes em cultura de células da retina
de porcos em diferentes estágios de desenvolvimento (embrionário, pós-natal e adulto)
tratadas com EGF e FGFb. Os autores observaram que células progenitoras da retina e
lulas tronco derivadas do epitélio pigmentar da retina embrionária e s-natal
possuem capacidade de autorenovação e formação de colônias, porém este efeito é
tempo-dependente.
EGF e FGFb são capazes de aumentar a sobrevida de fotorreceptores de porcos
mantidos em cultura. Embora o FGFb tenha mostrado um efeito mais significativo do
que o EGF, tratamento com ambos não foi capaz de potencializar a sobrevida destas
lulas (Traverso et al., 2003).
O fator de crescimento HB-EGF também pode ser encontrado na retina e
participar de mecanismos relacionados com a proliferação, tanto em condições normais
quanto em processos patológicos. Hollborn e colaboradores, em 2005, identificaram na
retina de pacientes post-morten portadores de vítreoretinopatia, a presença de vários
genes relacionados com a proliferação celular e localizaram através da técnica de RT-
PCR a presença do HB-EGF nas lulas de Muller. A cultura de células gliais tratadas
com tal fator trófico, além de ter induzido a proliferação e a quimiotaxia, induziu a
secreção de VEGF, sugerindo que o HB-EGF possa estar mediando respostas destas
lulas durante a vitreoretinopatia.
Weuste e colaboradores, em 2006, sugeriram que o HB-EGF possa mediar um
efeito protetor regulando o edema das lulas de Muller as isquemia, pois as 7 dias
38
do processo isquêmico houve um aumento na expressão deste fator. Além disso, o HB-
EGF inibiu o edema destas lulas através da liberação sinaptica de glutamato, ativando
seu receptor e induzindo a liberação autócrina de agonistas purinérgicos que
promoveram a abertura dos canais de K
+
e Cl
-
.
Camundongos homozigóticos para depleção do gene do EGFR apresentam uma
redução na proliferação no tecido retiniano, nos últimos estágios da histogênese. Porém,
o dano causado pela connua exposição das lulas da retina à luz, em animais
heterozigóticos, promove um aumento na expressão de receptor de EGF nas lulas de
Muller resultando em uma renovação da resposta mitótica mediada pelo EGF (Close et
al., 2006).
O aumento na expressão de EGFR em lulas progenitoras da retina in vitro,
reduz a concentração de TGF.QHFHVVária para induzir a diferenciação em lulas de
Müller e em fotorreceptores. Porém, não foi capaz de aumentar os níveis de
proliferação. O aumento na expressão destes receptores in vivo aumentou a proporção
de clones que se diferenciavam em lulas de Müller (Lillien, 1995).
39
1. 6 - CICLO CELULAR E O CONTROLE DA PROLIFERAÇÃO CELULAR
Apesar das diferenças em alguns detalhes do ciclo celular em eucariotos, os
pontos essenciais são comuns. Geralmente, para que sejam originadas lulas filhas
idênticas, o DNA se duplica, segrega e finalmente a célula original se divide em duas
lulas independentes, cada uma com carga genética idêntica à da sua célula irmã. O
ciclo celular divide-se em dois períodos: intérfase e mitose (figura 6).
Intérfase: fase responsável pelo crescimento. As lulas estão muito ativas,
sintetizando os componentes que irão constituir as lulas filhas. Esta fase se
subdivide em três:
o G1: período entre o final da mitose e o início da fase S.
o Fase S: fase onde ocorre a replicação do DNA. Sinais citoplasmáticos
são enviados ao núcleo induzindo-o a iniciar a replicação. Nesta fase as
lulas podem ser marcadas com [
3
H]timidina, um nucleodeo derivado
da timina, utilizado exclusivamente para a síntese de DNA.
o G2: período entre o fim da fase S e o início da mitose. Uma célula que
completa a fase S e entra na G2 condensa seus cromossomos e segue
para mitose. Este é um período de preparação para a produção de fatores
cruciais que disparam a mitose.
Fase M (mitose): fase onde ocorre a divisão celular.
As fases G1 e G2 proporcionam tempo adicional para o crescimento. Durante a
fase G1, a célula analisa se as condições ambientais são adequadas para começar o
40
processo de divisão celular. Quando o sinal induz a célula a atravessar o ponto de
partida, se as condições ambientais são favoráveis, há um comprometimento irreversível
da célula iniciando-se assim, o desenvolvimento do ciclo celular. Se as condições são
desfavoráveis para a entrada no ciclo, a célula entra em um período de quiesncia
denominado G0, no qual ela pode permanecer por um longo tempo. Se estas condições
ambientais voltarem a ser favoráveis, a célula pode sair dessa fase G0 e iniciar seu ciclo
de divisão. Na fase G2, a célula analisa se a fase S foi realizada de forma correta e
decide se será iniciada a mitose, ou se espera para que sejam realizados reparos
necessários ao DNA devido a erros ocorridos durante a fase S.
Figura 6
: Estágios do ciclo celular
.
Os locais da atividade regulatória dos complexos CDK/ciclina estão
indicados pelas setas.
Retirado de Vermeulen et al., 2003.
A progressão do ciclo celular da fase G0 para S envolve a ativação de várias
proteínas regulatórias, sendo as ciclinas as maiores representantes (Morgan, 1995). O
nível de expressão das ciclinas é regulado em várias fases do ciclo. As ciclinas D são
41
sintetizadas durante a fase G1, e sua inibição previne a entrada da célula na fase S
(Resnitzky et al., 1994). A ciclina E é sintetizada em G1 mais tardiamente e é ativa de
forma máxima na transição de G1-S (Dulic et al., 1992), enquanto a ciclina A é expressa
durante a fase S (Pagano et al., 1992). As ciclinas ligam-se a quinases dependentes de
ciclinas (Cyclin dependent kinases, Cdk), que exercem um papel fundamental para a
entrada da célula no ciclo, síntese de DNA e regulação da mitose. Assim, as ciclinas
regulam a atividade da Cdk, que é essencial para a progressão do ciclo. A ciclina D
liga-se à Cdk4 e Cdk6, enquanto a ciclina E e A ligam-se à Cdk2 (Morgan, 1995).
A proteína supressora de tumor de retinoblastoma (pRb) é um regulador
negativo da proliferação celular. Essa ação inibitória da pRb depende de sua capacidade
de ligar proteínas celulares e formar complexos com elas. Ciclinas tipo D, quando
ligadas a Cdk4 e/ou Cdk6, são responsáveis pela fosforilação e inativação funcional da
Rb, um evento que ocorre no meio da fase G1 (Weinberg, 1995).
Além da regulação por ciclinas e suas subunidades catalíticas (Cdk), a
progressão do ciclo celular também pode ser controlada por vários pontos de checagem
(check point) pela associação de proteínas de regulação negativas do ciclo celular,
conhecidas como ciclinas inibidoras de quinases (CKI) (Peter & Herskowitz, 1994).
Esses inibidores podem ligar Cdks e inibir sua atividade. Existem 2 famílias de CKI
que incluem: família da p16
INK4a
e família p21 (Cip1, Waf1, Adil1, Cap20) incluindo
p27
kip1
e p57
kip1
. Todas as CKI são capazes de inibir o complexo ciclina D-Cdk4,
enquanto apenas a p21 e p27 inibem o complexo ciclina E-Cd4 (Dulic et al., 1992).
Quando há supressão de p16, p21 ou p27, várias lulas param o crescimento
(Toyoshima & Hunter, 1994).
42
A proliferação celular que é induzida por fatores de crescimento ou citocinas
pode ocorrer apenas na presença de diferentes sinais de sobrevida. As lulas que
recebem o sinal proliferativo na ausência de sinal de sobrevida não proliferam, ao
contrário, morrem por um processo chamado apoptose (Birkenkamp & Coffer, 2003,
para revisão), que se caracteriza por alterões morfológicas distintas que incluem:
perda de volume celular e condensação da cromatina (Kerr et al., 1972). Assim, a
apoptose age como um importante mecanismo para eliminação de células que sofreram
mutões durante o ciclo celular e que podem resultar em uma proliferação celular
descontrolada (Birkenkamp & Coffer, 2003, para revisão).
43
2 - OBJETIVOS:
Resultados anteriores do nosso laboratório, mostraram que o tratamento de
lulas da retina de ratos neonatos com FGFb induz um significativo aumento (150%)
na proliferação de células da retina (Guilarducci-Ferraz, 2007). No decorrer destes
estudos foi observado que parte do efeito do FGFb era mediado pela ativação dos
receptores de EGF visto que, o tratamento com um inibidor seletivo dos receptores de
EGF, abolia parcialmente o efeito do FGFb (figura 7). Vários estudos demonstram a
habilidade do Fator de Crescimento Epidermal em induzir efeitos distintos como
proliferação, sobrevida, angiogênese, entre outros. Apesar de muito ter sido estudado a
respeito do papel deste fator em lulas da retina, pouco se conhece dos mecanismos de
sinalização intracelular envolvidos na proliferação deflagrada tipo celular. Baseados
neste conjunto de resultados nossos objetivos foram:
Avaliar os efeitos do EGF em cultura de células da retina;
Caracterizar as vias de sinalização bioquímicas envolvidas neste efeito;
Através da técnica de Western Blot, investigar a ativação de proteínas
relacionadas a progressão do ciclo celular.
44
&W
)*)EQJP/
7\U
µ
0
7\U)*)E
*
*
,QFRUSRUDomRGH> +@WLPLGLQD
GR FRQWUROH
Figura 8: E
FEITO DO
FGFb 25ng/mL
NA PRESENÇA DE INIBIDOR DO RECEPTOR DE
EGF, T
YRFOSTINA
(Tyr).
Culturas controle (Ct), culturas tratadas com FGFb (FGFb 25ng/mL), culturas tratadas com Tyr (Tyr
2,5µM) e culturas tratadas com Tyr/FGFb (Tyr/FGFb). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina
são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 12-16). (* p<0,001). Retirado de
Guilarducci-Ferraz et a.l., (2007).
45
3 - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - M
ATERIAIS
O fator de crescimento epidermal (EGF) foi comprado da PeproTech (Rocky
Hill, NJ, USA). A penicilina G, sulfato de estreptomicina e L-glutamina foram
comprados da Sigma (St. Louis, MO, USA). Meio 199 foi comprado da Gibco
(Gaithersburg, MD, USA) e a tripsina da Worthington (Freehold, NJ, USA). A solução
salina sem lcio e sem magnésio (CMF) era produzida no laboratório, tendo a seguinte
composição: NaCl 131mM, KCl 4,09mM, Na
2
HPO
4
.7H
2
O 0,92mM, KH
2
PO
4
0,45mM,
glicose.H
2
O 12,2mM, NaHCO
3
9,4mM, vermelho de fenol 10mg/mL. Todos os sais
foram obtidos da Reagen e o vermelho de fenol da Sigma. Genisteína, cloreto de
queleritrina, PD98059, PP1, SB-203580 e LY294002 foram comprados na BIOMOL
(Plymouth Meeting, PA, USA). As placas de Petri foram compradas da TPP. A [
3
H-
metil]-timidina, hiperfilme, acrilamida, metileno bisacrilamida, mercaptoetanol,
anticorpo secundário anti-rabbit HRP, ECL e a membrana PVDF foram comprados da
Amersham (NJ, USA). O SDS, Tris base e o perssulfato de amônia foram obtidos da
USB (Cleveland, OH, USA). A glicina foi obtida da Qeel (São Paulo, SP). Tween 20,
azul de Comassie, o vermelho de Ponceau e o glicerol foram obtidos da VETEC (Rio de
Janeiro, RJ). Os anticorpos anti-actina e anti-ciclina D1, e o BSA foram obtidos da
Santa Cruz Biotechnology (California, USA). O TEMED e o padrão de peso molecular
(10 a 220KD) foram obtidos da Invitrogen (USA). O metanol foi obtido da J.T.Baker
(Phillipsburg, NJ, USA).
46
3.2 - C
ULTURA DE
C
ÉLULAS DA
R
ETINA
Ratos da linhagem Lister Hooded com 48 a 72h de nascidos (dias s-natal 1 e
2) eram sacrificados por decapitação, seus olhos removidos por enucleação e colocados
em placa de Petri com solução salina sem Ca
+2
e Mg
+2
(CMF) acrescido de antibióticos
(penicilina 100U/mL e estreptomicina 100µg/mL). Os animais foram manuseados
conforme as normas do comitê de ética da Sociedade Internacional de Neurociências. A
seguir, as retinas eram dissecadas e colocadas num tubo de ensaio contendo CMF onde
era adicionada a tripsina 0,1% por 20 min a 37°C, para dissociação química do tecido.
A tripsina era inativada as a retirada do CMF e lavagem por duas vezes com meio de
cultura acrescido de 5% de soro fetal bovino (FCS), glutamina 2,0mM, estreptomicina
100µM e penicilina 100U/mL.
Para completar o processo de separação das lulas, triturava-se o meio que as
continha, passando-o por uma pipeta Pasteur de ponta afilada por cerca de 10 vezes. A
suspensão de células obtida era contada em um hemocitômetro ao microscópio óptico,
em campo claro, para estabelecermos o quanto de meio de cultura precisava ser
adicionado para a obtenção da densidade desejada. Para todos os experimentos, as
lulas eram semeadas em placas de Petri de 40 mm na densidade de 1,25x10
6
lulas/placa. Todo o procedimento de dissecção, dissociação e plaqueamento das
lulas foi realizado em capela de fluxo laminar.
As culturas recebiam 1mL de meio completo e eram mantidas por 1h, a 37°C,
para que as lulas pudessem aderir às placas. As este período as culturas recebiam
1mL de meio completo (culturas controle) ou 1 mL de meio contendo EGF e ou drogas
47
a serem testadas. Seguiam-se períodos variados de incubação das lulas a 37°C, em
atmosfera de 95% de ar e 5% de CO
2
.
Droga
Ação
Genisteína
Inibidor de tirosinas cinases
Cloreto de queleritrina
Inibidor da PKC
PD98059
Inibidor da MEK
SB-202190
Inibidor da p38
LY294002
Inibidor da PI3 cinase
PP1
Inibidor das Src
AG1478
Inibidor do receptor de EGF
Tabela 5:
Lista de drogas utilizadas
e suas ões
para testar as vias de sinalização envolvidas no efeito do
EGF.
As lulas eram mantidas in vitro por diferentes períodos quando então eram
processadas para incorporação de [
3
H]-timidina ou para Western blot.
3.3 - I
NCORPORAÇÃO DE
[
3
H
]-T
IMIDINA
A incorporação de [
3
H]-timidina nas culturas mantidas por 48 horas in vitro foi
realizada segundo o seguinte protocolo:
a) As culturas foram lavadas por duas vezes com 2mL de meio de cultura 199 a
temperatura ambiente, sem soro fetal bovino;
b) Incubação das culturas com 0,5µCi/mL de [
3
H]-timidina em 1mL de meio 199 sem
soro por um período de 60 minutos a 37°C em atmosfera de 5% de CO
2
e 95% de
ar;
c) As este período de tempo, as culturas eram lavadas por quatro vezes com meio
199 sem soro, a fim de remover a [
3
H]-timidina que não foi incorporada;
d) O meio 199 foi então removido e 200µL de NaOH 0,4N eram adicionados às
culturas por quinze minutos;
48
e) O conteúdo de cada placa era transferido para tubos de vidro contendo 3mL de água
Milli-Q, aos quais eram adicionados 600µL de TCA 50% e mantidos por trinta
minutos;
f) Cada amostra era filtrada sob pressão negativa em filtros Whatman GF/B. Os filtros
eram colocados para secar overnight e a radioatividade era determinada em
cintilador de fase quida (Packard, USA), em vials contendo 3mL de tolueno.
3.4 - Western Blot
A técnica foi utilizada para a detecção da ciclina D1 e actina, conforme
descrito a seguir:
3.4.1 - Extração de Proteína
Para determinar expressão da ciclina D1 e da actina sob o efeito do EGF as
culturas foram lavadas por duas vezes com solução Hank`s e as a retirada desta
solução, as proteínas totais eram extraídas com 100µL de tampão de amostra (glicerol;
2-mercaptoetanol; SDS 3%; Tris 0,5M pH 6,8 e água destilada). As amostras foram
fervidas em água destilada a 100°C por 10 min.
Para determinar a atividade da ciclina D1 na retina ao longo do tempo, ratos da
linhagem Lister Hooded com diferentes estágios de desenvolvimento (P0, P4, P9, P14,
P30, P90 e com um ano de idade) eram sacrificados por decapitação, seus olhos
removidos por enucleação e colocados em placa de Petri com solução salina sem Ca
+2
e
Mg
+2
(CMF) acrescido de antibióticos (penicilina 100U/mL e estreptomicina
49
100µg/mL). A seguir, as proteínas totais destas amostras foram extraídas com 100µL
de tampão de amostra e fervidas com água destilada a 100
0
C por 10 min.
3.4.2 - Dosagem de Proteína
A dosagem de proteína foi realizada pelo método de Bradford (Bradford,
1976). A curva padrão foi feita com 0, 5, 10, 15 e 20µg de uma solução de albumina
(BSA) na concentração de 1mg/mL. A leitura das amostras era feita em
espectrofotômetro em 595nm.
3.4.3 - Gel de Poliacrilamida
O gel de poliacrilamida foi preparado na concentração de 9% para analisar a
expressão de ciclina-D1 (31 a 49 KD) e a actina (48KD). O gel de corrida foi preparado
contendo Tris base 1,5M pH 8,8 (2,25ml), acrilamida 30% e metileno bisacrilamida
0,9% (2,7ml), SDS 10% (15µl), TEMED (30µl), persulfato de amônia 10%(30µl). Este
gel foi aplicado e em seguida completou-se o volume com água com o objetivo de
manter o gel bem nivelado e impedir a entrada de O
2
.
As a polimerização, a água foi retirada e adicionou-se o gel de compactação
contendo Tris base 0,5M pH 6,8 (0,625ml); acrilamida 30% + 0,9% de metileno
bisacrilamida (0,325ml), SDS 10% (25µl), TEMED (12,5µl), persulfato de amônia 10%
(25µl). As aplicar este gel, o pente foi colocado e aguadamos a sua polimerização.
50
O gel foi colocado na cuba contendo tampão de corrida (14,4g de glicina, 3g
de tris base e 1g de SDS em 1L de água MILI-Q ). As amostras foram aplicadas nos
poços. Utilizamos 15µl do padrão de peso molecular no primeiro poço e volumes
variados das amostras das experiências que representando 60µg de proteínas por poço.
A corrida foi realizada na cuba de eletroforese com corrente constante de 10mA por
aproximadamente 90 min.
3.4.4 - Transferência das Proteínas do Gel para a Membrana de PVDF (membrana
polyvinylidine difluoride)
A membrana foi incubada por 30 segundos em metanol e transferida para uma
cuba contendo tampão de transferência (glicina 14,4g, Tris base 3g, e 200mL de
metanol completando com um volume final de 800ml de água MILI-Q), onde ficou
equilibrando por aproximadamente 20min. O sandwich” com o gel e a membrana foi
montado, imersos neste tampão e a transferência foi realizada utilizando voltagem
constante de 25V por 60 min em uma temperatura de aproximadamente C. As a
transferência a membrana foi incubada por cerca de 1min em vermelho de Ponceou
afim de verificar a qualidade do procedimento, lavada em água Milli-Q para se retirar o
excesso do vermelho de Ponceou e incubada em solução salina tamponada de Tris
(TBS) pH 7.6, para realizar o bloqueio e a imunodetecção.
3.4.5 - Bloqueio e Imunodetecção
O bloqueio foi realizado com 5% de leite desnatado em TBS (pH 7.6) com
0,1% tween 20, por 2h, em temperatura ambiente. As este período, a solução para o
51
bloqueio foi retirada e a membrana lavada três vezes em TBS com 1% de leite e 0,1%
de tween. A membrana era então incubada com o anticorpo primário específico em
TBS (1% de leite e 0,1% tween), overnight. Foram utilizados anticorpos anti-ciclina D1
(diluição 1: 200) e anti-actina (diluição 1:100).
As a incubação com o anticorpo primário, a membrana era lavada três
vezes em TBS (1% de leite e 0,1% tween) por 10 min cada lavagem. A membrana era
então incubada com o anticorpo secundário específico, ligado a peroxidase, na diluição
de 1: 5000 por 1 hora. Utilizamos o anticorpo anti-mouse (para experimentos utilizando
o anti-ciclina D1), o anticorpo anti-goat (nos experimentos utilizando anti-actina). As
membranas foram lavadas duas vezes, por 10 min cada, em TBS com 0,1% tween, e a
última lavagem era realizada apenas com TBS por 10min.
3.4.6 - Revelação
A revelação era realizada com exposição da membrana ao ECL por 5 minutos.
Esta reação é baseada na quimioluminesncia que resulta da oxidação do luminol,
catalizada pela peroxidase presente no anticorpo secundário. A membrana fica então
exposta ao filme (Hiperfilme Amersham) por 5 minutos, pois esta luz resultante é
detectada pelo filme em segundos ou minutos. O filme era retirado e a revelação
realizada com revelador GBX Kodak 1:10 por 15 segundos, seguido de fixação (Fixador
Kodak 1:5) por 1 minuto.
52
3.4.7 - Análise dos Resultados
A densitometria das bandas obtidas no Western blot foi realizada utilizando-se
o programa Scion Image.
3.5 - Análise Estatística dos Resultados
Os resultados obtidos foram expressos na forma de histogramas e na
apresentação dos filmes obtidos com o Western blot. Cada experimento foi repetido no
nimo 2 vezes, e no caso dos experimentos sobre proliferação, foram utilizadas no
nimo 3 amostras por ponto experimental. Em todos os gráficos está representada a
média e o erro padrão da média. As análises estasticas foram feitas através da análise
de variância (ANOVA) seguida de um s teste de comparação entres as diferentes
condições experimentais (Newman-Keuls) utilizando o programa GraphPad Prism.
53
4 – RESULTADOS
Nosso primeiro objetivo foi avaliar se o EGF seria capaz de induzir a aumento
na proliferação das lulas retinianas e determinar, através de uma curva dose resposta,
qual a concentração ideal para o efeito. Pela pesquisa na literatura verificamos que
vários autores haviam estabelecido uma faixa de concentração entre 0,1 a 100 ng/mL
(Travesso et al., 2003; Close et al., 2005; Close et al., 2006) e por este motivo
decidimos tratar nossas culturas por 48h com EGF nessas diferentes concentrões
(figura 8).
Controle
0,1 ng/mL
1 ng/mL
5 ng/mL
10 ng/mL
100 ng/mL
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
Z
Z
Z
Z
FIGURA 8: CURVA DOSE-RESPOSTA DO EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF EM CULTURA
DE CÉLULAS DA RETINA MANTIDAS EM CULTURA POR 48h.
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 9). (*p<0,001)
Nossos resultados demonstram que o EGF tem um importante efeito na
proliferação das lulas da retina, sendo este efeito evidenciado a partir de 0,1 ng/mL
54
(aumento de aproximadamente 50 % na proliferação). Curiosamente observamos que a
concentração de 1 ng/mL já era capaz de induzir um efeito saturante, mantendo-se uma
taxa de proliferação elevada em torno de 200% quando comparado ao controle.
A partir destes resultados fomos avaliar o efeito temporal induzido pelo
tratamento com EGF. O tempo de incubação da cultura por 48h, é um período já
utilizado em nosso laboratório, mas precisávamos avaliar por durante quanto tempo este
fator trófico continuaria induzindo a proliferação das lulas da retina (figura 9). Para
isto utilizamos a concentração de 1ng/mL em diferentes intervalos de tempo.
Controle
24h
48h
3 DIAS
4 DIAS
5 DIAS
6 DIAS
9 DIAS
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 9
: EFEITO TEMPORAL EM CULTURA DE CÉLULAS DA RETINA TRATADAS COM
EGF 1ng/mL.
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 12). (*p<0,001).
O tratamento das culturas de células da retina com EGF na concentração de
1ng/mL foi capaz de induzir a proliferação em cerca de 200% a partir de 24hs e este
feito se manteve até um período de 6 dias. A figura 10 mostra o efeito do EGF na
morfologia das lulas da retina mantidas em cultura por 48h e por 9 dias. Podemos
55
observar que o tratamento tanto por 48h como por 9 dias induz uma grande alteração na
morfologia das culturas (figura 10B e 10D). As culturas tratadas apresentam um maior
mero de células e além disso nas culturas de 48h podemos observar um maior
espraiamento dos grumos (seta figura 10B). As 9 dias, as alterões morfológicas são
ainda mais marcantes podendo ser observada uma total confluência nas culturas tratadas
com EGF (figura 10D).
56
FIGURA 10:
F
OTOMICROGRAFIA EM CONTRASTE DE FASE MOSTRANDO O EFEITO PROLIFERATIVO DO
EGF
NAS CULTURAS APÓS
48h
E
9
DIAS DE TRATAMENTO
IN
VITRO
.
A: Cultura controle 48h tratadas com meio 199; B: Cultura tratada com meio 199 adicionado de EGF
1ng/mL por 48h; C: Cultura controle 9 dias tratadas com meio 199; D: Cultura tratada com meio 199
adicionado de EGF 1ng/mL por 9 dias. As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas em
placas previamente tratadas com poli-L-ornitina (50
µ
g/mL). Barra de calibração: 25
µ
m.
57
Uma vez caracterizado a curva dose resposta e o efeito temporal, decidimos
avaliar as vias bioquímicas envolvidas no efeito proliferativo do EGF. Para melhor
observar este efeito, utilizamos o EGF a concentração de 0,1ng/mL por 48h, para não
trabalharmos na faixa do efeito saturante.
Conforme descrito na literatura, o receptor de EGF quando estimulado,
apresenta atividade tirosina cinase (Barnes e Kumar, 2003 para revisão e Hsieh e Conti,
2005 para revisão). Para iniciarmos então a caracterização das vias de sinalização
envolvidas no efeito, decidimos avaliar a atividade tirosina cinase. Para isto utilizamos
o EGF na concentração de 0,1ng/mL por um período de 48h e um inibidor da atividade
tirosina cinase, a genisteína na concentração de 100ILJXUD).
Controle
EGF 0,1 ng/mL
Genisteína 10
µ
M
EGF + Genisteína
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 11
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR DE TIROSINAS CINASES,
GENISTEÍNA NA CONCENTRAÇÃO DE 10
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 10). (*p<0,001). Não houve diferença significativa entre o EGF e o EGF +
Genisteína (p>0,05).
58
Na figura 11, podemos observar que o EGF 0,1ng/mL induziu um efeito
proliferativo de aproximadamente 70% em relação ao controle. Entretanto, a presença
de genisteína não aboliu este efeito.
Embora a genisteína não tenha abolido o efeito proliferativo do EGF em nossas
culturas, decidimos investigar o envolvimento de proteínas cinases intracelulares neste
efeito. Para isto utilizamos o PP1 (1µM), um inibidor seletivo da família Src (figura 12).
Controle
EGF 0,1 ng/mL
PP1 1
µ
M
EGF + PP1
0
50
100
150
200
250
300
Z
Z
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 12
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR DA Src O PP1 NA
CONCENTRAÇÃO DE 1
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 14). (*p<0,001).
Analisando o gráfico acima, observamos que o efeito proliferativo do EGF não
foi inibido pela presença do PP1. Este resultado sugere que as proteínas da família Src
não estejam participando da via de sinalização induzida pelo EGF e que leva ao
aumento na proliferação das lulas da retina.
59
Dando seência as nossas experiências utilizamos um inibidor seletivo dos
receptores de EGF, o AG1478, na concentração de 2,5 µM (figura 13).
Controle
EGF 0,1 ng/mL
AG1478 2,5
µ
M
EGF + AG1478
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 13
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR ESPECIFICO DO EGFR , O
AG1478, NA CONCENTRAÇÃO DE 2,5
µ
M.
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 15). (*p<0,001).
Ao analisarmos os resultados da figura 13 verificamos que o inibidor do receptor
de EGF aboliu por completo o efeito do seu ligante. Este resultado indica que o efeito
proliferativo do EGF passa pela ativação de seus receptores tirosina cinase.
Dados do nosso laboratório demonstram que o efeito proliferativo induzido pelo
FGFb em culturas de células da retina, foi abolido pelo LY294002, um inibidor seletivo
da PI3 cinase (Gullarduti-Ferraz et al., 2007). Evidências experimentais demonstram
60
que a PI3 cinase ativa uma via muito envolvida em processos de proliferação, de
crescimento e de diferenciação (Hassan et al., 2004). Diante deste fato, decidimos
avaliar a participação da via da PI3-cinase no efeito proliferativo do EGF utilizando o
LY294002, na concentração de 250  1RVVRV UHVXOWDGRV GHPRQVWUDP TXH Qão há
participação da via da PI3-cinase pois a presença do inibidor não interferiu na resposta
induzida pelo EGF (Figura 14).
Controle
EGF 0,1ng/mL
LY294002 25
µ
M
LY294002 + EGF
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 14
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR ESPECIFICO DA PI3
CINASE, O LY294002, NA CONCENTRAÇÃO DE 25
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 15). (*p<0,001).
Decidimos então estudar a participação da via da PKC, pois já foi descrito por
vários autores o envolvimento desta proteína não apenas em efeitos proliferativos, mas
também regulando diferenciação e sobrevida de diferentes tipos celulares (Hassan et al.,
2004; Heo et al., 2005; Henson e Gibson, 2006 para revisão). Para analisar a
61
participação desta via, utilizamos o cloreto de queleritrina (CC) na concentração de
0ILJXUD
Controle
EGF 0,1 ng/mL
CC 1,25
µ
M
CC + EGF
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 15
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR DA PKC, O CLORETO DE
QUELERITRINA (CC), NA CONCENTRAÇÃO DE 1,25
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 10). (*p<0,001).
Analisando a figura 15, observamos que o efeito do EGF foi inibido pelo cloreto
de queleritrina, indicando que o efeito proliferativo promovido por este fator envolve a
participação de enzima ou enzimas da família das PKCs. A partir deste resultado
decidimos investigar se a PKC envolvida pertencia a classe convencional. Essas
isoenzimas dependem de cálcio para o seu processo de ativação e por este motivo
decidimos utilizar o BAPTA-AM, um quelante de Ca
2+
na concentração de 10µM. Na
figura 16 podemos observar que o tratamento com BAPTA-AM aboliu por completo o
efeito do EGF indicando fortemente a participação de PKCs da classe convencional no
efeito.
62
Controle
EGF 0,1 ng/mL
BAPTA-AM 10
µ
M
EGF + BAPTA-AM
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
FIGURA 16
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO QUELANTE DE Ca
2+
CITOPLASMATICO, O BAPATA-AM NA CONCENTRAÇÃO DE 10
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 11). (*p<0,001).
Vários trabalhos da literatura demonstram o envolvimento da via da MAP cinase
nos efeitos proliferativos induzidos pelo tratamento com EGF (Guren et al., 1999; Heo
et al., 2005; Jin et al., 2007). Assim sendo decidimos estudar o papel desta enzima
utilizando para tal o PD98059, um inibidor da MEK, na concentração de 500
(figura17).
63
Controle
EGF 0,1 ng/mL
PD 98059 50
µ
M
EGF + PD
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (%do controle)
FIGURA 17
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR DA MEK, O PD98059, NA
CONCENTRAÇÃO DE 50
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 13). (*p<0,001).
Conforme apresentado na figura 17, o PD98059 foi capaz de bloquear o efeito
do EGF, mostrando que a via da MAP cinase também está envolvida no efeito
proliferativo induzido pelo EGF em lulas da retina.
Nosso próximo passo foi analisar a participação de outras enzimas pertencentes
à família da MAP cinase em nosso efeito. A MAP cinase p38 está envolvida no efeito
proliferativo do FGFb tanto em fibroblastos como em oligodentrócitos (Baron et al.,
2000). Baseados neste dado analisamos a participação desta MAP cinase nos efeitos do
EGF, utilizando o SB202190 (25µXPLQLELGRUVHOHWLYRGHVWDHQ]LPDILJXUD
64
Controle
EGF 0,1 ng/mL
SB202190 25
µ
M
EGF+SB
0
50
100
150
200
250
300
Incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
Z
FIGURA 18
: EFEITO DO EGF 0,1ng/mL NA PRESENÇA DO INIBIDOR DA MAP CINASE P38, O
SB202190, NA CONCENTRAÇÃO DE 25
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em % do controle
±
erro padrão da média (n = 9). (*p<0,001).
De acordo coma figura 18, a MAP cinase p38 também está envolvida no efeito
do EGF, pois o SB202190 conseguiu inibir a proliferação promovida por este fator
trófico em nossas culturas.
A ciclina D1 é uma proteína reguladora do ciclo celular e sua atividade está
relacionada principalmente à ação de fatores tróficos, induzindo progressão da fase G1
para fase S, promovendo a proliferação celular (Morgan, 1995; Guren et al., 1999).
Devido a este a fato decidimos avaliar a atividade desta proteína no efeito proliferativo
do EGF nos períodos de 4 e 48h, através da técnica de Western Blot (Figura 19).
65
Controle 4h
EGF 4h
Controle 48h
EGF 48h
0
50
100
150
Z
Unidades arbitrárias
(% do controle)
Z
Figura 19:
ATIVAÇÃO DA CICLINA D1 EM CULTURAS DE CÉLULAS DA RETINA TRATADAS
COM EGF 1ng/mL em 4h e 48h.
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). A) Westerm Blot mostrando a ativação da ciclina D1 em 4h apresentando a banda de
marcação para peso molecular 35 kDa. B) Westerm Blot mostrando a ativação da ciclina D1 em 4h e 48h
e o controle com a actina (48 kDa). Os resultados das unidades arbitrárias (densitometria da banda) são
expressos em % do controle (4h) ± erro padrão da média (n = 3). (*p< 0,001). CT Controle; EGF
Fator de Crescimento Epidermal.
35 kDa
CT4h EGF4h
A
CT4H EGF4H CT48H EGF48H
ACTINA
CICLINA D1
B
66
A figura 19 mostra o padrão de ativação da proteína ciclina D1, apresentando
um padrão de marcação de peso molecular de aproximadamente 35 kDa (figura 19 – A).
Já na figura 19 – B, ao compararmos o padrão de ativação entre os controles (4h e 48),
os resultados mostram que a atividade desta proteína é reduzida em aproximadamente
50%, ao longo do tempo em cultura. Porém nas culturas tratadas com EGF há um
pequeno aumento na marcação em 4h (± 25 %) e em 48 os níveis de ativação da
proteína ciclina D1 se mantém próximo ao controle 4h.
Como os níveis da ciclina D1 com 48h de tratamento com EGF se manteve
próximo ao controle 4h, decidimos avaliar a expressão desta proteína, no tecido
retiniano, durante o desenvolvimento pós-natal (figura 20). As retinas dos ratos da
linhagem Lister Hooded apresentaram um padrão de expressão da ciclina D1 que se
mantém alto até P9, mostrando que durante este período a retina ainda apresenta células
em proliferação. Porém, em P14, há uma queda brusca na expressão da ciclina D1, o
que não nos surpreende, pois confirma os dados na literatura, que relata neste período a
parada na proliferação concomitante a abertura dos olhos (Cepko, 1993 ; Reese &
Colello, 1992; Farah, 2006 para revisão).
Figura 20:
EXPRESSÃO DA CICLINA D1 AO LONGO DO TEMPO.
As amostram representam as retinas de ratos Lister Hooded com as idades de P0, P4, P9, P14, P30, P90 e
com 1 ano de idade. (n=2) (P dia s-natal)
P0 P4 P9 P14 P30 P90 1ANO
CICLINA D1
67
$SyV LQYHVWLJDU DV SULQFLSDLV YLDV GH VLQDOL]DomR HQYROYLGDV QR HIHLWR SUROLIHUDWLYR GR
(*) GHFLGLPRVDQDOLVDU VHHVWH HIHLWRVH VRPDYDDR H IHLWR SUROLIHUDWLYRGR )*)EHP QRVVDV
FXOWXUDVRXVHXPGR VID WRUHVSRGHULD SRWHQFLDURHIHLWRGRRXWUR3DUDLVWRXWLOL]DPRVR (*)QD
FRQFHQWUDomRGHQJP/HR)*)EQDFRQFHQWUDomRGHQJP/HDQDOLVDPRVDLQFRUSRUDomRGH
WLPLGLQDDSyVXPSHUtRGRGHK$ILJXUDPRVWUDRSRWHQWHHIHLWRS UROLIHUDWLYRGHDPERVRV
IDWRUHVWUyILFRVSRUpPDRSUpLQFXEDUPRVFRP)*)ESRUKHSRVWHULRUPHQWHWUDWD UPRVFRP
(*) SRU PDLV  HVWH HIHLWR p SRWHQFLDOL]DGR D OFDQoDQGR X PD PpGLD GH LQFRUSRUDomR GH
WLPLGLQDHPWRUQRDOpPGRFRQWUROH2XWURGDGRLPSRUWDQWHDSUHVHQWDGRQRJUiILFRpTXH
TXDQGR XWLOL]DPRV R )*)E MXQWR FRP R (*) SRU KR PH VPR H IHLWR SRWHQFLDOL]DGRUQmR IRL
REWLGR
Controle
EGF 1ng/mL 48h
FGFb 25 ng/mL 48h
EGF + FGFb 48h
EGF 24h + FGFb 24h
FGFb 24h + EGF 24h
0
50
100
150
200
250
300
350
400
incorporação de
[
3
H]-timidina (% do controle)
Z
Z
Z
Z
Z
FIGURA 21
: EFEITO PROLIFERATIVO DO EGF 0,1ng/mL ASSOCIADO AO EFEITO DO FGFb
25ng/mL .
As lulas foram plaqueadas na densidade de 1,25x10
6
lulas por placa previamente tratadas com poli-L-
ornitina (50
µ
g/mL). As culturas foram tratadas com EGF e FGF por 48h separadamente e em conjunto.
No mesmo experimento algumas placas foram pré-incubadas com EGF por 24h, lavadas e adicionado
FGFb por mais 24h. O mesmo foi feito utilizando o pré-tratamento com FGFb por 24h seguido do
tratamento com EGF por mais 24h. Os resultados das incorporões de [
3
H]-timidina são expressos em
% do controle
±
erro padrão da média (n = 8). (*p<0,001).
68
5 – DISCUSSÃO
A partir da descoberta do EGF, por Stanley Cohen em 1959, muitos
pesquisadores se dedicaram aos estudos sobre os efeitos induzidos por este fator trófico
em imeros sistemas. Sua expressão ocorre desde as primeiras etapas do
desenvolvimento até a idade adulta. No Sistema Nervoso Central, o EGF é capaz de
regular diferentes femenos dos quais podemos destacar: sobrevida, proliferação e
diferenciação em regiões como hipocampo, dienfalo, telenfalo, zona subventricular
e retina (Tropete, 2000; Laskowski et al., 2004; Baldauf e Reyman, 2005; Wueste,
2006; Gu et al., 2007) .
Diferentes grupos têm demonstrado o efeito proliferativo do EGF. É interessante
chamar a atenção para o fato de que dependendo do tipo celular a concentração de EGF
necessária para induzir o efeito máximo, bem como as vias de sinalização que modulam
este efeito, variam de forma significativa (Gobin and West, 2003; Heo et al., 2005;
Henson e Gibson, 2006 para revisão). Isto provavelmente está relacionado ao fato do
EGF poder utilizar vias de sinalização distintas dependendo do estágio de
desenvolvimento de uma dada população celular; bem como utilizar vias diferentes
dependendo da população estudada.
Nosso objetivo neste trabalho, foi avaliar os efeitos do EGF na proliferação das
lulas da retina in vitro e identificar as vias de sinalização envolvidas neste efeito. Esse
interesse adveio de um resultado prévio, e ainda não publicado de nosso grupo, que
mostrava ser o efeito proliferativo do FGF2 em parte mediado pela ativação dos
receptores de EGF. Os resultados do nosso trabalho mostraram que o EGF é um fator
69
trófico com grande capacidade de promover a proliferação das lulas da retina (200%
de aumento com concentrões iguais ou superiores a 1ng/mL) as 48 horas em
cultura. Este efeito foi mantido até o 6
o
dia em cultura e já no 9
o
dia não era mais
possível observá-lo.
Corroborando nossos resultados, um aumento semelhante (cerca de 200% na
incorporação de [
3
H]-timidina) foi observado por Guren e claboradores em 1999 em
cultura de hepatócitos tratadas com EGF. Os autores utilizaram concentrões entre 10 e
100ng/mL e fizeram um tratamento por 24h. Em 2001, Barna e colaboradores utilizaram
a marcação com BrdU (análogo da timidina) para avaliar os efeitos proliferativos do
EGF em cultura de astrócitos. Os autores observaram que o tratamento destas lulas
com EGF, na concentração de 10ng/ml por apenas 10 minutos, dobrou o número do
cleo de células marcadas com BrdU. A marcação com BrdU foi a metodologia
também utilizada por Laskowski e colaboradores, em 2005, para avaliar a proliferação
induzida pelo EGF em cultura de células do hipocampo. O tratamento dessas lulas,
com uma concentração de 20ng/ml por 24h, induziu um aumento de 300% na
proliferação celular. Desta maneira, podemos concluir que o efeito proliferativo do EGF
sobre as lulas da retina segue o mesmo padrão observado em outras populões
estudadas.
Lillien, em 1995, tratou por 4 dias lulas progenitoras da retina de
camundongos com TGF. D  QJP/ H REVHUYRX TXH HP PHQRUHV
concentrões este fator trófico induzia a proliferação, mas a medida que as
concentrões aumentavam ocorria a diferenciação das progenitoras em lulas de
Müller. O mesmo resultado foi observado com EGF. Quando os autores aumentaram a
70
expressão dos EGFR nas lulas progenitoras, foi possível induzir a diferenciação com
baixas concentrões de TGF.  (VWHVUHVXOWDGRV VXJHUHP TXH WDQWR D FRQFHQWUDção do
ligante quanto o nível de expressão do receptor de EGF pode esta influenciando na
resposta celular ao longo do processo de desenvolvimento.
Em nosso trabalho obtivemos aumentos grandes na taxa de proliferação tanto
quando utilizamos concentrões baixas (1 e 5 ng/ml por exemplo) como quanto
utilizamos concentrões elevadas (100ng/ml). Uma possível explicação para estes
resultados se dá pelo fato de trabalharmos com culturas mistas de células da retina por
um período de tempo diferente daquele utilizado por Lillien em 1995. Nosso objetivo
mais imediato será analisar que tipo ou tipos de populões de células da retina estão
proliferando pela ação do EGF. A partir destes estudos nos será possível entender o
porque das diferenças obtidas por s e por Lillien em 1995.
Nossos resultados apresentados na figura 9 mostram que o tratamento com EGF
1ng/mL já induz aumento de 200% na proliferação as 24h em cultura e este efeito é
mantido até o 6
o
dia de incubação. Porém no 9
o
dia em cultura, o índice de incorporação
cai aproximadamente ao nível do controle. Ao observarmos a morfologia das culturas
tratadas com EGF por 48h podemos observar áreas com grande mero de células,
assim como áreas ainda descobertas no fundo da placa, quando comparado ao controle.
Todavia ao analisarmos as culturas mantidas por 9 dias na presença de EGF observamos
que a placa de Petri está completamente tomada pelas lulas, o que poderia justificar a
queda na proliferação devido à inibição por contato. Esta confluência na placa também
foi observada por Guilarducci-Ferraz e colaboradores, em 2007, quando os autores
trataram as culturas de células da retina por 144h na presença de FGF2 25ng/mL e
71
observaram uma queda na proliferação. No presente momento nosso grupo ainda não é
capaz de responder o porquê das diferenças nas taxas de proliferação e nas cinéticas
observadas com os tratamentos com FGF2 e EGF. Acreditamos que a resposta deve
estar relacionada ao fato dos fatores influenciarem populões diferentes. Porém,
somente com a caracterização do tipo celular proliferante, em cada uma das situões
experimentais, é que poderemos ter esta resposta.
Em 2005, Heo e colaboradores avaliaram os efeitos proliferativos do EGF, em
diferentes concentrões (10, 50, 100 e 200ng/mL) por um período de 0 a 48h, em
cultura de células tronco obtidas de cérebros de camundongos. Para avaliar a
proliferação destas lulas, o autores usaram tanto a técnica de incorporação de [
3
H]-
timidina, quanto a utilização da incorporação de BrdU. Em ambas as técnicas o melhor
efeito observado ocorreu as 24h com concentrões de 50 e 100ng/mL. As este
período tempo o efeito proliferativo apresentou queda.
Quando lulas de Muller de camundongos têm uma diminuição na expressão
dos receptores de EGF ocorre uma diminuição na taxa de proliferação do tecido
retiniano. Isto ocorre fisiologicamente, as o nascimento. Entretanto, a estimulação
luminosa deste tecido faz com que a expressão deste receptor retorne aos valores
normais. Este efeito é mediado pela ação do EGF endógeno (Close et al., 2006). Estes
dados nos levam a pensar que talvez, no nosso modelo experimental, o tratamento com
EGF possa estar induzindo um aumento no número de receptores para este fator o que
potencializaria os efeitos observados.
72
Embora muitos trabalhos sobre o efeito proliferativo do EGF tenham sido feitos
em retinas de camundongos no período pós-natal (Lillen 1995, Close et al., 2006) seus
efeitos são bem mais gerais. Lee e colaboradores, em 2007, mostraram que proliferação
das lulas da musculatura lisa vascular, é mediada pela liberação de IL-6 induzida
pelo HB-EGF. Um outro efeito do EGF que se relaciona com interleucinas é o de que
este fator é capaz de regular os níveis de expressão do receptor de IL-4 em astrócitos
(Barna et al., 2000). Estes resultados nos levam a pensar na possibilidade das
interleucinas 6 e 4 estarem mediando o efeito do EGF em nosso sistema.
Quando analisamos nossos resultados acerca das vias de sinalização utilizadas
pelo EGF observamos que o tratamento com genisteína não foi capaz de bloquear o
efeito proliferativo do EGF, o que nos pareceu um resultado contraditório, pois esta
droga bloqueia a atividade tirosina cinase e o receptor do EGF quando ativado,
apresenta esta atividade. Entretanto, esta não é uma droga seletiva para o receptor de
EGF e isto pode explicar o porquê do não bloqueio. Entretanto, quando as culturas
foram tratadas com AG1478 que é um inibidor seletivo dos receptores de EGF houve
um bloqueio total do efeito. Efeitos semelhantes em bloquear a proliferação do EGF
com este fármaco foram demonstrados por: Hollborn e colaboradores, em 2005, onde o
AG1478 bloqueou a proliferação de células gliais da retina de ratos; por Heo e
colaboradores, em 2005, inibindo a mitose de células tronco embrionárias de
camundongos; e por Lee e colaboradores, em 2007, mostrando envolvimento do EGFR
na proliferação de células da musculatura lisa vascular. Desta maneira, nosso resultado
obtido com o tratamento com o AG1478, indica que o primeiro passo da sinalização do
EGF em nossas culturas se deva à ativação dos receptores.
73
Analisamos também se as proteínas da família da Src estavam participando da
cascata de sinalizões induzida pelo EGF, e para tal utilizamos um bloqueador seletivo
desta família, o PP1, na concentração de 1µM. Nossos resultados mostram que também
o PP1 não foi capaz de inibir o efeito do EGF. O EGFR possui um sítio de ativação
intracelular que pode ser ativado pela Src (Hass et al., 2002), porém não há
obrigatoriedade desta ativação para que os efeitos deste fator sejam deflagrados. Assim
sendo, podemos sugerir que em nosso sistema, as Src não sejam mediadoras das
respostas proliferativas.
Uma outra via analisada foi a da PI3 cinase, todavia o tratamento com o
LY294002 não bloqueou o efeito proliferativo do EGF. A PI3 cinase é uma via
envolvida nos efeitos proliferativos do FGF2 em culturas de células da retina
(GuilarducciFerraz et al., 2007). A participação da PI3-cinase e Akt nos efeitos
mediados pelo EGF e seu receptor já foi demonstrada em alguns trabalhos da literatura
(Kumar et al., 2006; Weuste et al., 2006, Freeman et al., 2007), porém em eventos não
relacionados com a proliferação celular. De acordo com Woung e Guillaund, em
2004, e Herson e Gibson, em 2006, a via da PI3 cinase também está relacionada com
sobrevida celular e a sua ativação depende da heterodimerização do EGFR com Erb3.
Entretanto, até o presente momento não foi identificado o receptor Erb3 em lulas da
retina. Este resultado poderia explicar porque o efeito do EGF não foi abolido quando
do tratamento com o inibidor da via da PI3 cinase.
Nossos resultados claramente mostram que o cloreto de queleritrina e o BAPTA-
AM, bloquearam o efeito proliferativo do EGF. Este dados arrolam a via da PKC e
possivelmente de uma PKC dependente de cálcio nos efeitos proliferativos do EGF.
74
Estudos futuros serão realizados para que possamos caracterizar que tipo de PKC está
participando do femeno.
Nossos resultados mostram a participação da via da MAP cinase, pois o
PD98059 foi capaz de bloquear os efeitos induzidos pelo EGF. De acordo com nossos
resultados, encontramos trabalhos na literatura que corroboram a participação da via da
PKC-MAP cinase nos efeitos proliferativos do EGF. Heo e colaboradores, em 2005,
mostraram efeitos semelhantes aos nossos na proliferação induzida pelo EGF em lulas
tronco embrionárias de camundongos, porém além de demonstrarem a participação do
Ca
2+
citoplasmático utilizando o BAPTA-AM, o efeito também foi parcialmente inibido
ao bloquearem o influxo de Ca
2+
com um quelante extracelular. A análise por Western
Blot evidenciou a participação da PKC tanto da classe convencional quanto da classe
apica. O PD98059, também inibiu efeito induzido pelo EGF. Conforme Heo e
colaboradores, em 2005, nossos resultados sugerem que o EGF possa estar estimulando
a proliferação das lulas da retina através da ligação ao seu receptor, este por sua vez,
ativa uma PKC da classe convencional ativando assim a via da MAP cinase.
O PD98059 é um bloqueador da MEK1/2, por isto decidimos investigar se a
p38, uma outra MAP cinase, estaria envolvida no efeito do EGF. Surpreendentemente, o
SB202190, também bloqueou o efeito do EGF. Ao contrário dos nossos resultados, o
bloqueio da p38 potencializou a proliferação induzida pelo EGF em cultura de
trofoblastos, sugerindo que esta proteína estaria agindo de forma a inibir a proliferação
destas lulas mediadas pelo EGF, porém induzindo a uma diferenciação (Johstone et
al., 2005).
75
Vergarajauregui e colaboradores, em 2006, mostraram que a ativação da p38
promove a internalização do EGFR em linhagens de células de Hela, sugerindo um
papel desta proteína na regulação de efeitos proliferativos e anti apoptóticos mediados
pelo receptor de EGF. Porém Hollborn e colaboradores, em 2005, mostraram que o
bloqueio da p38, reduzia a proliferação em linhagens de células de Muller induzida pelo
HB-EGF.
De acordo com Balbis e colaboradores, em 2007, a internalização do EGFR
pode ser um mecanismo de amplificação do sinal mediado pelo EGF, induzindo a
ativação de cascatas de sinalização citoplasmáticas. Desta forma a ativação da p38 em
nossas culturas poderia estar promovendo a internalização do EGFR, amplificando o
sinal promovido pelo EGF e posteriormente este receptor seria recolocado na membrana
plasmática, onde seria novamente ativado, justificando assim também, nossos efeitos
saturantes na proliferação celular ao longo do tempo.
Nossos resultados mostram que o tratamento com EGF por 4 ou 48h é capaz de
aumentar a expressão de ciclina D1. De acordo com nossos resultados, Decker, em
1995, mostrou que o tratamento de células NIH-3T3 com EGF induz aumento na
expressão da ciclina D1. Este efeito era mediado pela ativação da via da MAP cinase.
Zhang e colaboradores, em 2004, mostraram que o receptor de dopamina D1 era capaz
de inibir a ativação da ciclina D1 e a progressão do ciclo celular estimulado pelo EGF
em cultura de células precursoras de cérebro de camundongos. De acordo com Liao e
Carpenter, em 2007, a internalização e translocação do receptor de EGF para o núcleo
também pode ativar a proteína ciclina D1 e induzir a mitose celular. Nossos resultados
sugerem que as ativação da MAP cinase pela PKC, esta seria translocada para o
76
cleo, aumentando a expressão da ciclina D1, promovendo assim a proliferação das
lulas da retina. Porém, a endocitose do receptor também poderia mediar efeito
semelhante. Sendo assim, uma futura investigação do tráfego do EGFR as sua
ativação se faz necessário.
Nossos resultados mostram que o tratamento com EGF aumentou a expressão
da ciclina D1 tanto em 4 como em 48h. Quando analisamos a expressão da ciclina D1
nas culturas controle, observamos que em 4h os níveis são altos e as 48h a expressão
desta proteína é diminuída (aproximadamente 50%). Anteriormente, nosso laboratório
havia demonstrado que a proliferação celular nas culturas controle, as 48h era
bastante diminuída (Guilarducci-Ferraz et al., 2007) o que está de acordo com a
diminuição da expressão da ciclina D1. O tratamento com EGF por 48h, mantém níveis
altos de expressão da ciclina D1 sugerindo que o aumento na proliferação induzido pelo
EGF se deva a permanente ativação da ciclina D1, mantendo as lulas em constante
atividade mitótica.
Quando analisamos a expressão da ciclina D1, no tecido retiniano, observamos
uma variação ao longo do desenvolvimento pós-natal. Até P9 a expressão se mantém
alta e em P14 esta expressão diminui significativamente. Este resultado nos permite
sugerir que a ciclina D1 seja um efetivo indicador da proliferação de células retinianas,
visto que em P14 a mitose já está terminando neste tecido. Close e colaboradores em
2006 mostraram que a expressão do EGFR se mantém alta até P4 diminuindo em P10,
acompanhando a queda na proliferação. Comparando estes dados com o nosso
resultado, podemos supor que esta queda na proliferação pode ser devido a uma
77
diminuição na expressão do EGFR e por sua vez isto repercute na queda da expressão
da ciclina D1.
A associação do EGF (1ng/ml) ao FGFb (25 ng/ml) por 48h em cultura da retina
não potencializou o efeito proliferativo de ambos os fatores, mantendo-se uma taxa de
incorporação de timidina semelhante ao do EGF 1ng/mL (± 150%) (figura 20).
Laskowiski e colaboradores, em 2005, obtiveram efeitos semelhantes em culturas do
hipocampo tratadas com EGF 20 ng/mL e FGFb 25 ng/mL por 24h atribuindo o fato das
lulas deste tecido apresentarem diferentes estágios de desenvolvimento, evidenciando
então diferentes respostas a cada fator trófico. Como em nosso modelo temos uma
cultura mista, apresentando também lulas em diferentes estágios de desenvolvimento
podemos encontrar diferentes respostas conforme o tipo celular que estiver sendo
ativado.
A potencialização da proliferação em nosso modelo de estudo só foi observada
quando pré-tratamos as lulas com FGFb por 24h seguido do tratamento com EGF por
mais 24h. Giordano e colaboradores, em 2007, mostraram culturas de células tronco da
retina de camundongos tratadas com FGFb + EGF por até 5 dias estes efeitos se
somaram e as este período apenas o FGFb manteve o efeito proliferativo. Além disso
os autores mostraram que o pré-tratamento com FGFb aumentaram os níveis de
expressão do FGFR e do EGFR.
O mesmo poderia está ocorrendo em nossos resultados, o pré-tratamento por 24h
com FGFb poderia está promovendo um aumento nos níveis de expressão do EGFR e
ao retirarmos este fator trófico e adicionarmos o EGF por mais 24h, ocorreria uma
78
potencialização do efeito devido uma maior inserção dos receptores da EGF na
membrana celular. Além disso, se o pré-tratamento com FGFb estiver realmente
aumentando a expressão do EGFR, doses menores destes fatores tróficos poderiam
talvez, mimetizar ou reproduzir efeitos semelhantes em nossos resultados, em nossa
cultura.
Em nosso protocolo experimental utilizamos meio de cultura contendo 5% de
soro fetal bovino. Portanto, em nossas experiências adicionamos o EGF a este meio.
/LOOLHQ H &HSNR HP  WUDWDUDP H[SODQWHV GH UHWLQD FRP 7*). H FRP )*)E HP
meio sem soro e compararam a proliferação com o desenvolvimento in vivo. Os
resultados mostraram que a proliferação in vitro acompanhou o desenvolvimento in vivo
embora neste último as taxas tenham permanecido sempre mais elevadas. Estes mesmos
autores mostraram que o efeito proliferativo pode ser influenciado pela densidade da
cultura e pelo estágio de desenvolvimento de retina. Retinas com idade de E17 e com
densidade em torno de 50.000 lulas por placa, apresentaram uma proliferação muito
maior quando comparado à idade de P0 e 200.000 lulas por placa. Embora tenhamos
utilizado uma densidade já estabelecida em nosso laboratório, uma avaliação do efeito
proliferativo do EGF sob diferentes densidades se faz necessário.
79
6 - CONCLUSÃO
A partir dos dados apresentados podemos concluir que:
O tratamento com EGF em culturas de células da retina é capaz de induzir a
grande proliferação das lulas da retina utilizando doses a partir de 1ng/mL de
forma saturante.
O efeito proliferativo do EGF se mantém constante em até 6 dias em cultura.
Para que este efeito ocorra, há a ativação do EGFR pelo seu ligante.
Neste efeito há a participação da PKC, dos níveis de Ca
2+
citoplasmático, da
MEK e da p38.
Não há envolvimento de tirosinas cinases, da Src e da via da PI3 cinase.
O pré-tratamento com FGFb por 24 aumenta a proliferação das lulas da retina
tratadas com EGF por mais 24h.
No efeito mitogênico do EGF há a participação da ciclina D1.
80
7 – PERSPECTIVAS FUTURAS
No doutorado pretendemos:
Identificar qual lula da retina está proliferando sob ação do EGF em cultura.
Determinar se o tratamento com EGF, em diferentes períodos em cultura, é
capaz de induzir efeito proliferativo.
Avaliar os efeitos do EGF nas culturas de células da retina com diferentes
densidades de plaqueamento.
Verificar se alguma citocina, interleucina ou neurotrofina poderia estar
influenciando no efeito proliferativo do EGF.
Determinar se pré-tratamento com FGFb está aumentando os níveis de
expressão do EGFR.
81
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