RESUMO
Esta pesquisa, de natureza epidemiológica, com delineamento transversal, foi realizada no
centro cirúrgico de um hospital geral, público e universitário, com atividades de ensino,
pesquisa e assistência. Objetivou avaliar a notificação dos acidentes de trabalho entre a equipe
assistencial multiprofissional de saúde de uma unidade do centro cirúrgico; identificar a
incidência dos acidentes com material biológico entre a equipe assistencial multiprofissional
de saúde; determinar a situação vacinal para hepatite B dos profissionais acidentados; e
relacionar as condições que o trabalhador atribui a ocorrência do acidente. Os dados foram
coletados no período de março a junho de 2007, por meio de um questionário, com questões
relacionadas a aspectos demográficos (sexo, idade, profissão, tempo de serviço e tempo de
setor de trabalho) e com questões voltadas para a adoção de medidas de precauções-padrão,
ocorrência de acidentes, condutas tomadas após acidente de trabalho (notificação ou não) e
esquema de vacinação. Para a análise dos dados, usou-se estatística descritiva, teste de Qui-
quadrado, Exato de Fisher e Odds Ratio. Os 127 participantes da pesquisa foram distribuídos
nas seguintes categorias: médicos (23,8%), residentes de medicina (30,1%), enfermeiros
(1,6%), técnicos de enfermagem (20,9%), auxiliares de enfermagem (16,5%) e serviços gerais
(7,1%). Na categoria médicos, predominou o sexo masculino (82,4%); na equipe de
enfermagem, houve predomínio do sexo feminino (76%); e na serviços gerais, uma atuação
exclusivamente feminina. A idade média dos profissionais foi de 34 anos, com tempo médio
de formação de dez anos, atuação no hospital de estudo de oito anos e tempo de trabalho no
setor de sete anos. De acordo com as respostas ao questionário, o descarte de material pérfuro-
cortante foi relatado de forma adequada para 81,1% e o não reencape da agulha ocorreu em
apenas 43,4%. Entre os profissionais, 48,8% não souberam o significado da sigla CAT e
98,9% atestaram o recebimento de informações sobre biossegurança em algum momento da
formação ou atuação profissional. O esquema completo de vacinação para hepatite B foi
verificado em 75,6% e a confirmação da viragem sorológica (anti-Hbs) em 40,2% para a
totalidade dos participantes. A notificação do acidente de trabalho foi realizada por apenas
15,4% dos entrevistados, fato justificado por: irrelevância do acidente, desconhecimento do
protocolo de rotina, displicência e sobrecarga de trabalho. A categoria profissional que mais
se acidentou foi a médicos (46,6%), seguida de residentes de medicina (33,3%), auxiliares e
técnicos de enfermagem (13,4%) e serviços gerais (3,3%). A imunização dos profissionais
acidentados foi constatada em 80%, com realização do anti-Hbs em 56,7% dos relatos. As
atividades que propiciaram a maioria das ocorrências dos acidentes foram: manipulação de
agulha (73,3%) e procedimento cirúrgico (56,7%). A categoria médicos apresentou 6,3 (2,2-
17,8) vezes mais chance de se acidentar e 3,8 (1,5-9,7) vezes mais chances de esse acidente
ocorrer entre os homens. Para o descarte inadequado do material pérfuro-cortante, a chance de
se acidentar nessa condição foi de 3,4 (1,2–9,3) vezes. Diante desses resultados, sugere-se a
implementação de treinamentos dos profissionais acerca da adoção de medidas de
biossegurança, através da realização de programas de educação permanente, palestras
informativas sobre o fluxo da notificação dos acidentes e amparo legal do trabalhador,
visando à redução dos acidentes envolvendo material pérfuro-cortante.
Palavras-chave: Equipe de assistência ao paciente. Centro cirúrgico hospitalar. Acidentes de
trabalho. Notificação de acidentes de trabalho. Esquema de imunização. Enfermagem.