9
deslocamento rápido do fluido presente dentro dos túbulos dentinários (15,16). Essa
movimentação do fluido atua, portanto, como um sinalizador da presença de estímulos na
superfície dentinária (18,26). Dependendo da natureza do estímulo, o fluido dentinário pode
ser facilmente deslocado em direção à polpa ou em sentido contrário e determinar uma
variação na pressão intra-pulpar capaz de estimular fibras nociceptivas, localizadas próximas
à camada odontoblástica (15,16). A pressão aplicada sobre as terminações nervosas pode
produzir deformação na membrana dessas fibras, abertura dos canais de sódio e a conseqüente
despolarização da membrana (26,27). Após a ativação, sinais nociceptivos são transmitidos
para o complexo do núcleo trigeminal localizado na medula, que desempenha um papel
fundamental na tranferência desses sinais para regiões do córtex cerebral associadas com a
percepção da dor (26).
A literatura apresenta diversas formas de tratamento para a hiperestesia dentinária,
que variam desde procedimentos simples a terapias complexas (3-5,21,22,28-56). Levando-se
em consideração que o mecanismo da hidrodinâmica é o mais aceito para explicar a
sensibilidade dolorosa em resposta a estímulos sensoriais, os agentes anti-hiperestésicos que
reduzem a permeabilidade da dentina através da obliteração dos túbulos dentinários parecem
ser os mais adequados para a diminuição dos sintomas (19,57,58).
Historicamente, agentes anti-hiperestésicos, como óleo quente, arsênico, nitrato de
prata e formaldeído, foram utilizados para o alívio da sensação dolorosa (20,31). Atualmente,
outras opções, tais como: a aplicação tópica de oxalato de potássio ou a irradiação da
superfície dentinária com laser, surgiram e têm-se mostrado eficientes na redução da
sensibilidade (3,5,29,31-34,38,40,42-44,48,51-53). No entanto, ainda não existe um produto
considerado ideal no tratamento da hiperestesia dentinária (5,7,32,37) e, em geral, a escolha
do agente anti-hiperestésico para o completo alívio da sensibilidade dolorosa é uma decisão
difícil na clínica odontológica (4,14,24,25).
Nesse contexto, o conhecimento gerado pelos diversos estudos laboratoriais e
clínicos torna-se fundamental para o direcionamento dos profissionais em busca de um
tratamento eficiente (32,59). Entretanto, variações no planejamento e nos procedimentos
experimentais utilizados nestas investigações freqüentemente produzem resultados
contraditórios e difíceis de serem comparados (59-62). Dessa maneira, é fundamental que
novos estudos clínicos bem conduzidos sejam desenvolvidos no sentido de elucidar ou
comprovar estratégias terapêuticas eficientes para o tratamento da hiperestesia dentinária.