Download PDF
ads:
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
AVALIAÇÃO CLÍNICA, ENDOSCÓPICA E CITOLÓGICA DA
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH)
EM CAVALOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA
JANAINA SOCOLOVSKI BIAVA
Botucatu - SP
Novembro/ 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
AVALIAÇÃO CLÍNICA, ENDOSCÓPICA E CITOLÓGICA DA
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH)
EM CAVALOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA.
JANAINA SOCOLOVSKI BIAVA
Dissertação apresentada junto ao
Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária para obtenção do
título de Mestre em Medicina Veterinária.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Calderon
Gonçalves
ads:
iii
Janaina Socolovski Biava
AVALIAÇÃO CLÍNICA, ENDOSCÓPICA E CITOLÓGICA DA HEMORRAGIA
PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH) EM CAVALOS DA RAÇA
QUARTO DE MILHA.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. Roberto Calderon Gonçalves
Orientador
Departamento de Clínica Veterinária
FMVZ – UNESP – Botucatu
Prof. Dr. Simone Biagio Chiacchio
Membro
Departamento de Clínica Veterinária
FMVZ – UNESP – Botucatu
Prof. Dr. Alexander Welker Biondo
Membro
Departamento de Medicina Veterinária
UFPR – PR
Data da defesa: 05 de novembro de 2007.
iv
Meus agradecimentos especiais a Deus,
pela graça alcançada de concluir meu
curso de mestrado sem dificuldades; Ao
meu pai pela confiança depositada e pela
oportunidade oferecida; À minha e
pelos esforços, encorajamento, durante
horas boas e ruins em toda minha vida.
v
“Com os nossos pensamentos e
palavras, construímos o verdadeiro
mundo em que vivemos. Por isso, nossa
vida e nossa felicidade dependem
exclusivamente de nossas palavras. Vigie
o momento presente, para que seu futuro
seja feliz. Plante sementes de otimismo e
de amor, para colher amanhã os frutos da
alegria e da felicidade.”
Minutos de Sabedoria
vi
AGRADECIMENTOS
À Deus por tudo que tem me proporcionado
Ao Prof. Dr. Roberto Calderon Gonçalves, orientador, pela amizade,
incentivo e esforço para o meu crescimento profissional, assim como pela
atenção e ensinamento durante a realização do mestrado;
Ao Prof. Dr. Alexander Welker Biondo, por corrigir-me e transformar-me
em uma pessoa crítica, e principalmente pelos ensinamentos passados;
Ao Prof. Dr. José Ederaldo Queiroz Telles, médico do Hospital de
Clínicas, por oferecer ajuda no processamento das lâminas, oferecendo sua
ajuda e experiência em Patologia.
Aos funcionários do departamento de Anátomo-Patologia do Hospital de
Clínicas; Janir Terezinha Marchi e Maurício de Oliveira, pela ajuda na
preparação das lâminas, pela atenção demonstrada em todo o experimento e
pela ajuda incondicional.
Aos meus pais, Fiorindo e Leoni, que souberam ter paciência pela minha
ausência sem cobrar minha falta na família e no trabalho.
Aos meus irmãos por estarem ao meu lado em tudo que precisei, e, ao
Júlio, que onde quer que esteja, sempre esteve ao meu lado.
Jean Carlo Paisani, pelas idas e vindas, carinho, ajuda infinita, paciência
e por apoiar-me em tudo que realizei.
vii
Aos alunos de iniciação cientifica da UFPR/PR: Gustavo Miranda
Zanotto e Mariane Angélica Finger pelo companheirismo durante as coletas; os
trabalhos e os congressos;
Aos meus amigos especiais Rolf, Fabiana, Paula, Ricardo, Débora, Ana,
pela amizade, dedicação durante todo o meu projeto;
A todos os Profs. da Clínica de Grandes Animais, Alexandre Secorun
Borges, Simone Biagio Chiacchio, Rogério Martins Amorim, pela atenção, pelo
apoio, pelas críticas que propiciaram maior aprofundamento e pelos
ensinamentos passados;
A todos os amigos que se dedicaram a mim, e principalmente por
transformarem meus dias em dias harmoniosos, tranqüilos e cheios de paz;
A todos os Profs. da Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC-
PR- que se dedicaram, pelo andamento do projeto; pelo carinho e amizade;
À FAPESP por contribuir para a realização deste trabalho, fornecendo a
bolsa de mestrado.
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - NÚMERO TOTAL DE CÉLULAS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR: MÉDIA
(M), DESVIO PADRÃO (S), EM CAVALOS DA RAÇA QM SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE
SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE LAÇO EM DUPLA (G2). ........................... 24
TABELA 1 - NÚMERO TOTAL DE CÉLULAS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR: MÉDIA
(M), DESVIO PADRÃO (S), EM CAVALOS DA RAÇA QM SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE
SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE LAÇO EM DUPLA (G2). ........................... 24
TABELA 2 - CONTAGEM DIFERENCIAL (%) DE CÉLULAS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR: MÉDIA (M), DESVIO PADRÃO (S) DA PORCENTAGEM DE
MACRÓFAGOS (M), LINFÓCITOS (L) NEUTRÓFILOS (N), EOSINÓFILOS (E), CÉLULAS
EPITELIAIS CILÍNDRICAS (CE), MASTÓCITOS (MT) EM CAVALOS DA RAÇA QM
SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE LAÇO EM
DUPLA (G2). ........................................................................................................... 26
TABELA 3 - CONTAGEM DE MACRÓFAGOS COM HEMOSSIDERINA
INTRACITOPLASMÁTICA E ESCORE TOTAL DE HEMOSSIDERÓFAGOS (THS) DO
LAVADO BRONCOALVEOLAR: MÉDIA (M), DESVIO PADRÃO (S), EM CAVALOS DA
RAÇA QM SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE
LAÇO EM DUPLA (G2). ............................................................................................ 31
TABELA 4 - NÚMERO DE CAVALOS POSITIVOS PARA EIPH PELOS MÉTODOS DE
CONTAGEM PERCENTUAL DE MACRÓFAGOS E THS DIAGNOSTICADOS A CITOLOGIA
DO LAVADO BRONCOALVEOLAR............................................................................. 34
ix
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - NÚMERO TOTAL DE HEMÁCIAS E LEUCÓCITOS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR EM CAVALOS DA RAÇA QM SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE SEIS
BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE LAÇO EM DUPLA (G2). .................................. 25
FIGURA 2 - CONTAGEM DIFERENCIAL (%) DE LULAS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA EM DIFERENTES
MODALIDADES ESPORTIVAS (G1) E (G2). ................................................................ 27
FIGURA 3 - MACRÓFAGO ALVEOLAR (A) E MACRÓFAGO ALVEOLAR ESPUMOSO (B) DE
CÉLULAS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS DA RAÇA QM SUBMETIDOS
EXERCÍCIOS — PAPANICOLAU (1000X). ................................................................... 28
FIGURA 4 LINFÓCITOS (A) E NEUTRÓFILOS (B) DE CÉLULAS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS QM, SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO— GIEMSA
(1000X). ................................................................................................................. 29
FIGURA 5 – EOSINÓFILOS (A) E CÉLULAS EPITELIAIS CILÍNDRICAS CILIADAS (B) DE
CÉLULAS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS QM, SUBMETIDOS AO
EXERCÍCIO— GIEMSA (1000X). ............................................................................... 30
FIGURA 6 - CONTAGEM DE MACRÓFAGOS COM HEMOSSIDERINA
INTRACITOPLASMÁTICA E ESCORE TOTAL DE HEMOSSIDERÓFAGOS (THS) DO
LAVADO BRONCOALVEOLAR EM CAVALOS DA RAÇA QM SUBMETIDOS ÀS PROVAS DE
SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES (G1) E DE LAÇO EM DUPLA (G2). ........................... 32
FIGURA 7 HEMOSSIDERÓFAGO GRAU I; II, III E IV (A E B) DE CÉLULAS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS QM, SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO - GIEMSA (1000X).
.............................................................................................................................. 33
FIGURA 8 - DIAGRAMA DE DISPERSÃO MOSTRANDO CORRELAÇÃO (R
2
=0,955) ENTRE
A PERCENTAGEM DE HEMOSSIDERÓFAGOS E O ESCORE THS NO LAVADO
BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS DA RAÇA QUARTO DE MILHA NOS DOIS GRUPOS
(G1) E (G2). ............................................................................................................ 36
x
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE DO THS EM CAVALOS DE CORRIDA . 18
QUADRO 2: ACHADOS ENDOSCÓPICOS EM CAVALOS QUARTO DE MILHA APÓS
TREINO DE UMA HORA........................................................................................... 21
QUADRO 3 - TESTE ESTATÍSTICO PARA AVALIAR A SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE
DE VALORES
/< 5 PARA A CONTAGEM PERCENTUAL DE HEMOSSIDERÓFAGOS ..... 35
QUADRO 4 - TESTE ESTATÍSTICO PARA AVALIAR A SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE
DE VALORES
/< 10 PARA A CONTAGEM PERCENTUAL DE HEMOSSIDERÓFAGOS ... 35
QUADRO 5 - TESTE ESTATÍSTICO PARA AVALIAR A SENSIBILIDADE E ESPECIFICIDADE
DE VALORES
/< 15 PARA A CONTAGEM PERCENTUAL DE HEMOSSIDERÓFAGOS ... 35
xi
SIGLAS
BAL - Lavado Broncoalveolar
EIPH - Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício
PSI - Puro Sangue Inglês
QM - Quarto de Milha
DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
SB - Seis Balizas
TT - Três Tambores
LD - Laço em Dupla
IV - Intravenoso
IAD - Doenças inflamatórias das vias aéreas
RAO - Doença recorrente das vias aéreas
ORVA - Obstrução recorrente das vias aéreas
xii
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ................................................................................................. VIII
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... IX
LISTA DE QUADROS .................................................................................................. X
SIGLAS .................................................................................................................... XI
RESUMO ................................................................................................................ XV
ABSTRACT ............................................................................................................ XVII
I – INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
II – REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................... 3
2.1
DEFINIÇÃO
E
HISTÓRICO ......................................................................................... 3
2.2
PREVALÊNCIA .......................................................................................................... 3
2.3
DIAGNÓSTICO .......................................................................................................... 4
2.3.1 Aspecto Clínico do “cavalo sangrador” ............................................................ 4
2.3.2. Exame endoscópico ......................................................................................... 5
2.3.3 Citologia ........................................................................................................... 7
2.3.4 Citologia x Histopatologia ................................................................................ 9
2.4
PREDISPOSIÇÕES
ANATÔMICAS
E
FISIOLÓGICAS
DO
PULMÃO
EQÜINO
À
HEMORRAGIA
PULMONAR
INDUZIDA
POR
EXERCÍCIO ............................................... 10
III – OBJETIVOS....................................................................................................... 12
IV - MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 13
4.1
ANIMAIS ................................................................................................................ 13
4.2
INSTALAÇÕES
E
CONDIÇÕES
AMBIENTAIS ............................................................ 14
4.3
EXAME
ENDOSCÓPICO .......................................................................................... 15
4.3.1 Equipamento .................................................................................................. 15
4.3.2 Contenção dos Animais .................................................................................. 15
4.3.3 Técnica da endoscopia ................................................................................... 15
4.3.4 Avaliação da hemorragia pulmonar induzida por exercício pela endoscopia16
4.4
EXAME
CITOLÓGICO .............................................................................................. 16
4.4.1 Lavado broncoalveolar................................................................................... 16
4.4.2 Transporte e conservação do lavado broncoalveolar .................................... 17
4.4.3 Preparo das lâminas ...................................................................................... 17
4.4.4 Avaliações da EIPH pela citologia .................................................................. 17
4.5
ANÁLISE
ESTATÍSTICA ............................................................................................ 19
V – RESULTADOS .................................................................................................... 20
5.1
ANIMAIS
EXAMINADOS ......................................................................................... 20
5.2
CONDIÇÕES
AMBIENTAIS ...................................................................................... 20
xiii
5.3
ACHADOS
ENDOSCÓPICOS
DAS
VIAS
AÉREAS ....................................................... 20
5.4
ACHADOS
CITOLÓGICOS
DO
LAVADO
BRONCOALVEOLAR ................................... 22
5.4.1 Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercícios diagnosticada através da
citologia. ................................................................................................................. 22
VI – DISCUSSÃO ..................................................................................................... 37
VII – CONCLUSÃO ................................................................................................... 42
VIII - BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 43
IX – TRABALHO CIENTÍFICO NA REVISTA – ARCHIVES OF VETERINARY SCIENCE........ 53
ANEXOS 1: FICHA DE AVALIAÇÃO RESPIRATÓRIA DE CAVALOS ATLETAS ................. 68
ANEXO 2 RESUMOS APRESENTADOS NO 13° EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
UFPR, 2005. ........................................................................................................... 70
ANEXO 3: RESUMOS APRESENTADOS NO 14° EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
UFPR, 2006. ........................................................................................................... 72
ANEXO 4: RESUMOS APRESENTADOS NO 14° EVENTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA
UFPR, 2006. ........................................................................................................... 74
ANEXO 5: RESUMOS APRESENTADOS NO VII CONFERÊNCIA ANUAL DA ABRAVEQ E II
CONGRESSO DA FEI. ............................................................................................... 76
ANEXO 6: RESUMOS APRESENTADOS NO VII CONFERÊNCIA ANUAL DA ABRAVEQ E II
CONGRESSO DA FEI. ............................................................................................... 78
ANEXO 7: RESUMO APRESENTADO NA CONFERÊNCIA SUL-AMERICANA DE
MEDICINA VETERINÁRIA, 2006. .............................................................................. 80
ANEXO 8: RESUMO APRESENTADO NA CONFERÊNCIA SUL-AMERICANA DE
MEDICINA VETERINÁRIA, 2006. .............................................................................. 84
ANEXO 9: RESUMO APRESENTADO NO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO
ATLETA E V SEMANA DO CAVALO, 2007. ................................................................. 88
ANEXO 10: RESUMO APRESENTADO NO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO
ATLETA E V SEMANA DO CAVALO, 2007. ................................................................. 90
ANEXO 11: RESUMO APRESENTADO NO III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO
ATLETA E V SEMANA DO CAVALO, 2007. ................................................................. 92
xiv
ANEXO 12: RESUMO APRESENTADO NA VIII CONFERÊNCIA ANUAL DA ABRAVEQ,
2007. ..................................................................................................................... 94
ANEXO 13: RESUMO APRESENTADO NA VIII CONFERÊNCIA ANUAL DA ABRAVEQ,
2007. ..................................................................................................................... 96
APÊNDICE .............................................................................................................. 98
xv
BIAVA, J. S. Avaliação clínica, endoscópica e citológica da Hemorragia
Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) em cavalos da raça Quarto de
Milha. Botucatu, 2007. 107 p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu, Universidade Estadual Paulista.
RESUMO
A Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) é um processo
caracterizado por apresentar sangue de origem pulmonar nas vias aéreas dos
cavalos, em particular após exercício físico intenso. A presença de sangue na
árvore traqueobrônquica é o principal sinal clínico desta síndrome, e afeta
comumente cavalos atletas que participam de exercícios de curto percurso e
alta intensidade. A síndrome está bem documentada em cavalos de corrida,
onde a principal queixa é a incapacidade de manter desempenho atlético
satisfatório durante a competição esportiva. Embora o grau de sangramento
nesses animais seja variável, até 90% dos cavalos podem apresentar EIPH.
Apesar de sua importância em cavalos de corrida o problema é ainda pouco
investigado em outros cavalos de esporte como pólo, provas de três tambores,
seis balizas, salto, laço em dupla e rédeas, entre outros. Com o objetivo de
melhor conhecer os sinais clínicos e a prevalência de EIPH em cavalos da raça
Quarto de Milha, bem como os potenciais fatores que predispõem o seu
aparecimento, foram realizados os exames clínico, endoscópico e citológico do
lavado broncoalveolar, colhido às cegas em tubo de silicone. Foram incluidos
no presente estudo, 60 cavalos da raça Quarto de Milha da região
metropolitana de Curitiba/PR, sendo 40 em provas de Seis Balizas e Três
Tambores e 20 em provas de Laço em Dupla. Esses animais, após treino de
uma hora nas atividades de laço em dupla, de três tambores e seis balizas,
foram submetidos imediatamente ao exame clínico, e após 30 a 60 minutos ao
exame endoscópico e citológico do lavado broncoalveolar (BAL). A presença e
o grau de sangramento da EIPH foi determinada à inspeção, pelo exame
endoscópico, utilizando-se a escala de Eppinger (1990) e pela contagem total
de hemácias e percentual de hemossiderófagos, ao exame citológico. As
lâminas do lavado foram coradas com Azul da Prússia para adequada
xvi
avaliação dos hemossiderófagos e com Giemsa e Papanicolau, para a
contagem diferencial celular do BAL.
Os resultados mostraram ausência de sangue nas vias aéreas superiores. A
análise citológica apresentou pequena variação no número total de células,
com predomínio de macrófagos e de linfócitos em ambos os grupos. A EIPH foi
caracterizada pela contagem percentual de macrófagos com hemossiderina
intracitoplasmática e pelo THS em coloração especial de Azul da Prússia. A
percentagem de macrófagos foi maior no Grupo 1 e as células epiteliais
cilíndricas no grupo 2. Entretanto, linfócitos, neutrófilos e eosinófilos não
diferenciaram entre os Grupos 1 e 2.
Baseado nos resultados clínicos, endoscópicos e citológicos obtidos no
presente trabalho concluiu-se que a prevalência de EIPH na raça QM varia com
o todo utilizado para detectá-la. O exame citológico do BAL, utilizando-se o
percentual de hemossiderófagos em relação aos macrófagos totais e a técnica
de intensidade de coloração de hemossiderina (THS) mostraram maior
sensibilidade e especificidade na detecção dos cavalos positivos para EIPH do
que o exame endoscópico. Entretanto, a prevalência de EIPH, foi baixa para
todas as técnicas nos dois grupos estudados.
Palavras-chaves: EIPH; hemorragia pulmonar induzida por exercício, lavado
broncoalveolar; hemossiderófagos, cavalos, Quarto de Milha.
xvii
BIAVA, J. S. Clinical, endoscopic and cytologic evaluation of Exercise-
Induced Pulmonary Hemorrhage (EIPH) in Quarter horses. Botucatu, 2007.
107 p. Dissertation (Master of Science) College of Veterinary Medicine and
Zootecny, Campus of Botucatu, Sao Paulo State University.
ABSTRACT
Exercise-Induced Pulmonary Hemorrhage (EIPH) is a process characterized by
presence of pulmonary origin blood in upper airway of horses, particularly after
intense physical exercise. The presence of blood in the tracheo-broncheal tree
is the main sign of this syndrome, and it often affects horses which participate in
short length and high intensity exercises. The syndrome is well reported in
racing horses, in which the main complaining is the lack of capacity of athletic
performance maintenance during sportive competition. Although the level of
bleeding in these animals varies, up to 90% of horses may present EIPH.
Despite its importance in racing horses, the problem is still under investigated in
other sports horses such as polo, three barrels, six poles, jumping, roping,
among others. To better understand clinical signs and prevalence of EIPH in
Quarter horses of such activities, as well as the potential factors which
predispose its appearance, clinical, endoscopic and cytological exams of
broncho-alveolar lavage, was blinded sampled in silicon tubes. A total of 60
Quarter horses from Curitiba, Parana and surroundings were evaluated, with 40
horses of six poles and three barrels competition, and with 20 horses of double
roping competition were included in the present study. Theses animals, after
training of one hour in the respective activity, were immediately submitted to
physical examination, and after 30 and 60 minutes to endoscopic and bronco-
alveolar lavage (BAL) cytologic exams. EIPH presence and degree of bleeding
was determinated by inspection, endoscopic exam, using the Eppinger scale
and by the total erythrocyte count and hemosiderophage percentage on the
cytologic smears. Slides of BAL were stained with Prussian blue for adequate
evaluation of hemosiderophages, and with Giemsa and Papanicolau for
differential cellular counting of BAL. The results showed absence of blood in the
respiratory upper airway. Cytological analysis presented low variation in the
total number of cells, with predominance of macrophages and lymphocytes in
both groups. EIPH was characterized by percentage count of macrophages with
xviii
intra-cytoplasmatic hemosiderin and by THS in Prussian Blue stain. The
percentage of macrophages was higher in the Group 1 and the cylindrical
epithelial cells in the Group 2. However, lymphocytes, neutrophils and
eosinophils did not presented differences between Groups 1 and 2. Based on
clinical, endoscopic and cytologic results obtained in the present study,
prevalence of EIPH in Quarter horses varies with the method used for its
identification. The cytologic exam of BAL, using the hemosiderophage
percentage rate to the total of macrophage count and the technique of
hemosiderin staining intensity (THS) showed more sensibility and specificity for
detection of positive EIPH horses than the endoscopic exam. However, the
prevalence of EIPH was low for all performed techniques in both studied
groups.
Keywords: EIPH; Exercise-Induced Pulmonary Hemorrhage, bronchoalveolar
lavage; hemosiderophage, Quarter horse.
I – INTRODUÇÃO
As técnicas de exame citológico do trato respiratório de animais têm sido
descritas para diagnóstico de afecções respiratórias mais de 20 anos
(BEECH, 1975; DECONTO, 1983, FOGARTY, 1992; GONÇALVES et al.,
2004). Técnicas como o aspirado traqueobrônquico e lavagem broncoalveolar
permitem coletar amostras de células de liberação e descamação de secreções
de mucosas bronquiais e da região alveolar que podem indicar alterações
respiratórias, principalmente crônicas.
As broncoscopias possibilitam o diagnóstico visível de alterações de vias
aéreas anteriores como: neurolaringopatias, deslocamento de palato mole,
paralisia de epiglote e o aprisionamento da epiglote. Nas vias reas
posteriores pode-se diagnosticar por este método a doença obstrutiva crônica
(DPOC) ou obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA), hemorragia
pulmonar induzida por exercício (EIPH) e as pneumonias (RUSH e MAIR,
2004).
Por permitir a visualização das vias reas posteriores dos eqüinos, a
endoscopia propicia avaliar a quantidade de sangue depositada nas vias
aéreas de animais que apresentam hemorragia pulmonar após exercícios
forçados. Estas alterações são vistas especialmente em cavalos da raça PSI,
submetidos às corridas extenuantes. Nos animais da raça QM, que são os mais
utilizados para as provas rurais, também pode existir essa mesma relação
(BACCARIN, 2004).
As provas rurais seis balizas, três tambores e de laço em dupla
aparentemente, por serem provas de explosão, podem também provocar esta
síndrome nos cavalos.
Na prova de seis balizas, o cavalo é levado a percorrer um traçado
padrão, que envolve movimentos em linha reta e sinuosa, passando entre as
marcas. Da mesma maneira, a prova de três tambores faz com que o animal
tenha movimentos forçados em linha reta e entre os tambores, dispostos como
um triângulo isósceles de aproximadamente 30 metros de lado (STRICKLIN,
1997). Na prova de laço em dupla utilizam-se dois cavalos, correndo em
paralelo, que têm como função alinharem-se a um bezerro que é solto de um
2
brete, para que os cavaleiros lacem primeiro o pescoço depois os membros
pélvicos do bovino (GALLEY, 1997).
Todas essas provas o pontuadas pela precisão dos movimentos, e
pelo tempo gasto para desenvolvê-las. Isto exige muito do animal, fazendo com
que ele seja obrigado a apresentar atividade muscular e cárdio-respiratória de
grande intensidade e de forma repentina, podendo resultar em hemorragia
intrapulmonar.
Os macrófagos, células de grande potencial fagocítico, tem como uma
das funções limpar as vias aéreas das hemácias ali depositadas. A
hemossiderina, pigmento próprio destas células, pode ser identificada por
colorações especiais, podendo ser quantificada (DOUCET e VIEL, 2002b).
Dessa maneira, a utilização de metodologias de diagnóstico como
endoscopia, o BAL, e a quantificação de macrófagos com hemossiderina
intracitoplasmática, é possível avaliar a incidência de EIPH em cavalos da raça
QM submetidos a exercícios intensos nas provas rurais de seis balizas, três
tambores e laço em dupla.
3
II – REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DEFINIÇÃO E HISTÓRICO
A presença de sangue nas narinas dos eqüinos durante ou após uma
corrida, independente de sua origem, é conhecida como epistaxe ou
sangramento (EPPINGER, 1990; RAINS et al., 2003). A presença de sangue
na árvore traqueobrônquica é característica de Hemorragia Pulmonar e pode
chegar a as cavidades nasais ocasionando epistaxe (DOUCET e VIEL,
2002a). Em 1981, Pascoe e colaboradores introduziram o termo Hemorragia
Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH). Atualmente a EIPH é definida como
sendo a presença de sangue livre, de origem pulmonar, na árvore
traqueobrônquica ou sinais de sangue, após exercício intenso, geralmente
identificado por endoscopia após 30 a 60 minutos depois do exercício (COSTA
et al., 2004; NEWTON et al., 2005) e com os hemossiderófagos no Lavado
Broncoalveolar (DOUCET e VIEL, 2002a).
Para West et al. (1997) a constatação de sangramento nasal (epistaxe)
em eqüinos após galope é conhecida desde os tempos da rainha Elizabeth II,
no século XVI.
2.2 PREVALÊNCIA
Estudos têm mostrado que a prevalência da EIPH em cavalos varia com
a distância, o tipo de corrida, a idade e o sexo (TAKAHASHI et al., 2001),
sendo comum em condições de percurso curto e de exercícios de alta
intensidade. Scipioni et al. (2003) avaliaram a incidência de EIPH em 1.811
cavalos Puro Sangue Inglês (PSI), entre 1997 a 2000, por endoscopia, após 30
minutos da corrida, e verificaram que em distâncias de 1.000 a 1.200 metros
era de 48%; entre 1.400 a 1.800 metros de 47% e em distâncias superiores a
2.000 metros 5%. Biava et al., (2006c) avaliaram com endoscópio 40 cavalos
da raça Quarto de Milha (QM) em provas rurais, 30 minutos após prova, e
observaram incidência maior de EIPH em provas de três tambores (75%)
quando comparada à de seis balizas (40%). À semelhança, outros autores
afirmam que as corridas de curta e dia distâncias favorecem ao
4
sangramento pulmonar (BURRELL, 1985; TAKAHASHI et al., 2001;
ERICKSON e POOLE, 2007).
Segundo Dixon et al. (1995a), 75% dos cavalos que correm 240m/min.
apresentam EIPH. A síndrome é mais comum em cavalos com mais de cinco
anos de idade (OIKAWA, 1999), entretanto, esses dados são exclusivos de
animais da raça Puro Sangue Inglês. As éguas (73%) e os machos castrados
(74%) são mais acometidos quando comparados a garanhões (49%)
(HILLIDGE e WHITLOCK, 1986), embora pareça não haver relação entre EIPH
e o sexo dos animais (RAINS et al., 2003; HINCHCLIFF et al., 2004;
BACCARIN, 2005). Segundo Biava et al. (2007), a incidência de EIPH em
cavalos da raça Quarto de Milha (QM) e Brasileiro de Hipismo (BH),
diagnosticada pelo exame endoscópico em prova de três tambores e hipismo
clássico, respectivamente, foi próxima aos valores já descritos em cavalos Puro
Sangue Inglês de corrida (77%) e, maior ou igual aos descritos em cavalos
Quarto de Milha de corrida (62%). Nesse estudo a idade e o sexo não
apresentaram relação com EIPH.
2.3 DIAGNÓSTICO
O histórico, os sinais clínicos, principalmente os detectados à
auscultação, o exame endoscópico, a radiologia e o lavado broncoalveolar são
as principais ferramentas utilizadas para o diagnóstico (FOREMAN, 1999; ROY
e LAVOIE, 2003). O único sinal clínico da EIPH é a presença de sangue nas
vias aéreas, que pode se manifestar como epistaxe ou, mais freqüentemente,
passar despercebida (TEJERO, 2001).
2.3.1 Aspecto Clínico do “cavalo sangrador”
Os sinais clínicos associados com EIPH são, basicamente, diminuição
do rendimento atlético e a presença de epistaxe. Esta última, entretanto, ocorre
somente em 0,25 a 13% dos cavalos de corridas acometidos de EIPH
(ERICKSON e POOLE, 2003). A epistaxe em equinos não deve ser
considerada somente um sangramento nasal, e sim, um sinal de hemorragia
em alguma área do aparelho respiratório que é drenada para a cavidade nasal.
Ela pode ocorrer durante ou logo após o exercício, sendo freqüentemente
5
notada ao final do exercício, particularmente, quando o animal retorna à
cocheira e lhe é permitido baixar a cabeça. Ela pode ser bilateral ou não, e se
resolve dentro de algumas horas ou pode ainda recidivar (BACCARIN, 2005).
A conseqüência no desempenho atlético é contraditória, pois
trabalhos que relatam cavalos vencedores com EIPH (MACNAMARA et al.,
1990; RAINS et al., 2003), embora o grau da hemorragia pulmonar pareça ser
o fator limitante da capacidade de exercício do animal (EPPINGER, 1990).
Exceto pela pequena proporção de cavalos que apresentam epistaxe e o
baixo rendimento atlético de alguns animais afetados há poucas anormalidades
detectáveis no exame físico de rotina dos animais com Hemorragia Pulmonar
Induzida por Exercício. A freqüência cardíaca e respiratória, assim como a
temperatura retal podem estar elevadas logo após o exercício, e não estar
relacionadas à hemorragia pulmonar, que retornam à normalidade no
período de repouso imediato (BACCARIN, 2005).
Os cavalos afetados podem deglutir e tossir mais freqüentemente,
durante a recuperação do exercício devido à presença de sangue na faringe e
laringe, embora a tosse seja uma observação comum em cavalos que estão se
recuperando de exercícios extenuantes (RAINS et al., 2003). Dispnéia é rara
em cavalos sangradores e, quando presente, indica hemorragia severa ou
outras doenças pulmonares como pneumonia, pneumotórax ou ruptura de
abscessos pulmonares (BACCARIN, 2005).
2.3.2. Exame endoscópico
O exame endoscópico se constitui em elemento fundamental no
diagnóstico de EIPH (TEJERO, 2001). É o exame mais utilizado e apropriado
para o diagnóstico definitivo. Deve ser realizado de 30 a 120 minutos
(BACCARIN, 2005) ou de 60 a 120 minutos após o exercício (TAKAHASHI et
al., 2001), que é o tempo necessário para que o sangue proveniente do pulmão
atinja a traquéia (MOORE, 1996). O exame deve ser feito preferencialmente
com o paciente consciente, isto é sem sedativos, pois qualquer um deles altera
a funcionalidade da garganta. Para animais indóceis, sedativo como xilazina
(0,9mg/Kg, por IV), butorfanol (0,1 mg/Kg, por IV) ou detomidina (0,2 mg/Kg,
por IV) pode ser usado (PARENTE, 2002; WALDRIDGE et al., 2006). Um
aparelho endoscópico, com um metro de comprimento é suficiente para a
6
realização do procedimento no segmento proximal e medial da traquéia. os
aparelhos com 1,50 m de extensão e com 10 mm de diâmetro permitem
broncoscopia, em cavalos adultos (SWEENEY, 1997). Para as broncoscopias,
os animais devem estar bem contidos, evitando movimentos laterais com a
cabeça. O endoscópio é então introduzido pelo meato nasal ventral, pela narina
direita ou pela esquerda. De maneira seqüencial, as estruturas anatômicas do
trato respiratório anterior o avaliadas durante a introdução do instrumento,
das narinas à laringe. Depois, avança-se o endoscópio para a traquéia e avalia-
se o lúmem traqueal, até a carina (MICHELOTTO, 1993). O exame da traquéia
não requer anestesia adicional. A tosse usualmente não é induzida até
proximidades da carina, porém 10 ml de cloridrato de lidocaína a 2%, infundida
pelo canal de trabalho do endoscópio pode diminuir, mas não cessar
completamente a tosse (SWEENEY, 1997). A traquéia estende-se da laringe à
carina, na qual divide-se em brônquio principal direito e esquerdo. A traquéia é
de aproximadamente 75 a 80 cm de comprimento e tem em média 7 cm de
diâmetro. É formada por 50 a 60 anéis cartilaginosos incompletos, os quais são
facilmente vistos durante o exame endoscópico. Os brônquios principais direito
e esquerdo são formados pela bifurcação da traquéia e localizados dentro do
tórax na altura na quinta costela (VOSS e SEAHORN, 2004).
Para Waldridge et al. (2006) o procedimento é rápido, com mínimo
desconforto para o animal e traz informações valiosas pela visualização das
vias aéreas no momento da passagem do endoscópio.
A presença de sangue nas vias aéreas pode ser observada um a três
dias após o exercício, na maioria dos cavalos, ou até mesmo sete dias depois
dos episódios de hemorragia (HINCHCLIFF et al., 2004). O exame
endoscópico é utilizado também para estimar a severidade da EIPH. A
quantidade de sangue nas vias aéreas pode variar de acordo com o grau de
gravidade da hemorragia. A classificação utilizada nos hipódromos brasileiros
baseia-se no volume de sangue observado e sua distribuição ao longo das vias
aéreas (EPPINGER, 1990; BACCARIN, 2005).
7
São observados os seguintes graus de EIPH segundo estes autores:
Grau I: presença de pequenas estrias e/ou coágulos situados no
terço distal da traquéia.
Grau II: filetes de sangue distribuídos aleatoriamente (não
uniforme) por toda extensão da traquéia, coágulos maiores.
Grau III: sangue distribuído uniformemente por toda extensão da
traquéia.
Grau IV: quantidade abundante de sangue por toda a traquéia,
laringe, faringe, fossas nasais.
Grau V: exacerbação do grau anterior e epistaxe.
2.3.3 Citologia
O exame citológico das vias aéreas posteriores pode ser realizado
através do lavado transtraqueal, do aspirado traqueal, do lavado
traqueobrônquico, ou do lavado broncoalveolar (BAL), auxiliando na avaliação
das doenças do trato respiratório (FOGARTY, 1990; GONÇALVES et al., 2004,
BIAVA et al., 2006c). Os lavados realizados por via transtraqueal e o aspirado
traqueal são mais indicados para colheita microbiológica e apresentam maior
contaminação com sangue pela perfuração cutânea (GONÇALVES, 1987). O
lavado broncoalveolar envolve a lavagem das vias reas posteriores, guiada
por endoscópio ou pela introdução de sonda, às cegas, em um brônquio
(SPEIRS, 1997; SWEENEY e BEECH, 1991; ZINKL, 1992). A utilização da
técnica de lavado broncoalveolar (BAL) com auxílio de endoscopia é importante
instrumento na avaliação citológica das vias aéreas posteriores, permitindo
diagnóstico mais preciso das afecções respiratórias em eqüinos. A grande
vantagem do uso da endoscopia para a coleta do BAL é visualizar as estruturas
das vias aéreas anteriores e posteriores, definindo com isso, suas alterações
anatômicas (ROY e LAVOIE, 2003; BIAVA, et al., 2006c), além de classificar a
intensidade da hemorragia pulmonar (ERICKSON e POOLE, 2003).
Fogarty (1990) rediscutindo a cnica de lavado broncoalveolar
anteriormente descrita, afirmou que ela consiste em: através de um tubo
plástico na traquéia, introduzir um cateter até a quarta ou quinta bifurcação
bronquial, infundir 180 ml de solução fisiológica e imediatamente aspirar,
recuperando pelo menos 45 ml do líquido inoculado. Os macrófagos o as
8
células predominantemente recuperadas, seguidos dos linfócitos, neutrófilos,
eosinófilos e mastócitos. Células epiteliais também podem ser recuperadas
(COWELL e TYLER, 1992; SPEIRS, 1997; HEWSON e VIEL, 2002). Não foram
observadas lesões histopatológicas no pulmão de animais que foram
submetidos ao lavado broncoalveolar (FOGARTY, 1990).
O BAL é a técnica mais sensível para avaliar o meio celular dentro de
um segmento de brônquio, bronquíolos e alvéolos, sendo considerado o
método mais adequado para avaliar as vias aéreas distais (FORGARTY e
BUCKLEY,1991; CLARK et al., 1995). A interpretação citológica varia com o
método de coleta da amostra e a técnica de processamento utilizada
(HEWSON e VIEL, 2002; BIAVA et al., 2006b), assim como tipo, volume e pH
do fluído inoculado, diâmetro do material de coleta e o tempo de estocagem da
amostra antes do processamento (MCGORUM et al., 1993).
Moore (1996) utilizando a técnica de lavado broncoalveolar para o
diagnóstico de afecções respiratórias em eqüinos considerou que ela não é o
melhor todo para as doenças de caráter difuso, que os espécimes
coletados representam uma porção bastante focalizada do pulmão.
Para melhor avaliação citológica, o uso da citocentrífuga é
recomendado, pois pode concentrar um grande número de células por campo,
formando um botão que facilita a visualização e identificação celular. O volume
infundido influencia de modo negativo na contagem total e diferencial das
células e na concentração de lulas recuperadas, ou seja, quanto maior o
volume infundido menor se a concentração de células (HEWSON e VIEL,
2002). A avaliação citológica é feita pela contagem diferencial de macrófagos,
linfócitos, neutrófilos, eosinófilos e células epiteliais cilíndricas (SWEENEY et
al., 1992; CLARK et al., 1995).
A avaliação da população celular do líquido recuperado pela técnica de
BAL pode indicar processos inflamatórios, quando houver aumento do número
de neutrófilos; processos alérgicos, parasitários e fúngicos, quando houver
aumento de eosinófilos; atesta a hemorragia pela presença de macrófagos
alveolares fagocitando eritrócitos ou de hemossiderófagos quando houver
hemossiderina em seu citoplasma (COWELL e TYLER, 1992; BIAVA et al.,
2006b). É comum observar-se células gigantes multinucleadas com
hemossiderina em cavalos de corrida, portadores de episódios recorrentes de
9
EIPH (HEWSON e VIEL, 2002). Segundo Mckane e Slocombe (1999), são
observados poucos hemossiderófagos nos primeiros três dias após a
hemorragia pulmonar. Estes autores relatam grande quantidade de
hemossiderófagos e mesmo de eritrócitos, totalmente preservados, 14 dias
após a hemorragia, o que, caracteriza a dificuldade do sistema mucociliar e
fagocitário em remover os vestígios da hemorragia. Referem ainda, que foi
observado um pequeno número de hemossiderófagos no lavado
broncoalveolar, realizado 21 dias após a hemorragia pulmonar.
Doucet (1998) concluiu que a presença de hemossiderófagos em
secreções coletadas por aspirado traqueal ou lavado broncoalveolar, por
endoscopia, é definitiva para se diagnosticar a hemorragia pulmonar induzida
por exercício, mostrando também relação significativa entre a hemorragia
pulmonar e a presença de hemossiderófagos no exame citológico.
Apesar da contagem diferencial celular se mostrar variada conforme a
técnica de colheita utilizada, sempre há predomínio de macrófagos nos animais
sadios. Nos doentes, por processos inflamatórios, independentemente do
agente causador, a contagem celular mostrará predomínio de neutrófilos
(COWELL e TYLER, 1992; MOORE, 1996; SPEIRS, 1997; BIAVA et al.,
2006c).
2.3.4 Citologia x Histopatologia
Rossier et al. (1991) observaram correlação positiva entre o exame
citológico de material colhido por lavado broncoalveolar e os achados
histopatológicos de cavalos com afecções respiratórias. O autor encontrou no
lavado broncoalveolar de cavalos clinicamente com pneumonia e
pleuropneumonia, resultado discrepante entre as observações clínicas e as
células encontradas. O resultado desse trabalho deve ter sido influenciado
pelas grandes variações no volume de líquido recuperado no BAL e a um
sistema de avaliação fundamentalmente quantitativo das células encontradas.
Outro fator de erro encontrado pelo autor foi o fato do BAL, feito às cegas,
recuperar células de porções específicas do pulmão, podendo não ser
exatamente o foco principal da pneumonia. Uma observação evidente, mas não
conclusiva, foi o aumento de neutrófilos no exame citológico. Houve diminuição
10
dos macrófagos e linfócitos e presença de neutrófilos degenerados. Importante
observação foi a alteração no exame citológico nas secreções
traqueobrônquicas de cavalos com pneumonias e sem alterações no exame
citológico de BAL, indicando poder haver um resultado falso negativo.
Winder (1991) encontrou uma relação positiva entre os resultados do
exame citológico de material coletado por lavado broncoalveolar e secreções
respiratórias traqueais em cavalos com diagnóstico histopatológico de afecção
respiratória. Concluiu que o BAL tem pequena vantagem em relação ao
aspirado traqueobrônquico, contudo não o substitui. Nesse estudo também foi
observada relação positiva entre o lavado broncoalveolar e os resultados do
exame histopatológico, sugerindo que é possível considerar os achados de
citologia como meio de diagnóstico para afecções respiratórias.
Robinson (1992) considera que BAL é melhor por introduzir o cateter até
a quarta ou quinta geração de brônquios e por infundir e aspirar maior
quantidade de solução fisiológica, sendo possível colher espécimes celulares
de pequenos brônquios e alvéolos, sugerindo um resultado mais fidedigno.
2.4 PREDISPOSIÇÕES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS DO PULMÃO
EQÜINO À HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO
Muitos estudos provaram que a origem do sangue na hemorragia
pulmonar induzida por exercício vem dos pulmões (TAKAHASHI et al., 2001;
RAINS et al., 2003; BARAKZA e DIXON, 2004). Segundo Rains et al. (2003) o
aspirado traqueal e o lavado broncoalveolar podem estar tingidos de vermelho
ou marrom após episódios recentes de EIPH, assim como pode haver
hemossiderófagos encontrados pela citologia. Entretanto com o advento da
endoscopia sabe-se que 14 a 75% dos cavalos de corrida têm EIPH
(TAKAHASHI et al., 2001).
Estudos realizados por vários autores sugerem que o sangramento
ocorre no lobo caudal pulmonar e resulta da ruptura de capilares alveolares
(O’CALLAGHAN et al., 1987; PASCOE, 1997; WEST et al., 1997). Muitos
trabalhos concordam que o aumento da pressão pode levar à ruptura dos
capilares e conseqüentemente hemorragia, entretanto, este mecanismo em
cavalos de corrida pouco conhecido (BIRKS et al., 1997; MOORE,1996). O
11
pulmão de cavalos afetados por EIPH, observados após exercício máximo,
revela falência dos capilares pulmonares, incluindo ruptura no endotélio capilar
e alveolar, acúmulo de sangue na parede e no lume alveolar, além de edema
intersticial (WEISS e SMITH, 1998).
Para Schroter et al. (1998), a região afetada é possivelmente a mais
distendida no pulmão e comumente a que apresenta maior pressão. Para
Newton et al. (2005) e Pascoe (1997) o impacto provocado pelos órgãos
abdominais dos cavalos, que são volumosos e móveis, sobre o diafragma e
pulmões durante o apoio dos membros anteriores, nos exercícios de alta
intensidade contribui para o aparecimento de EIPH. Os choques contínuos
levariam à lesão capilar e conseqüentemente à hemorragia. Esta teoria é
chamada “teoria do pistão” (ATTENBURROW, 1983; BRAMBLE e CARRIER,
1983; TEJERO, 2001). A relação entre parede do tórax no cavalo, movimentos
do abdômen e diafragma é extremamente complexa (BRAMBLE e CARRIER,
1983).
Programas computacionais têm sido desenvolvidos para demonstrar que
as ondas de choque produzidas pela locomoção ocorrem com mais freqüência
na região dorso-caudal do pulmão (SCHROTER et al., 1998). No entanto,
outros estudos mostram que ruptura dos capilares pulmonares, mesmo em
cavalos submetidos a exercício em piscinas, sugerindo que a causa da EIPH
não é especificamente o impacto com o solo ou trauma pulmonar (BIRKS et al.,
2003).
12
III – OBJETIVOS
Com a finalidade de estabelecer a incidência e intensidade de EIPH, em
cavalos atletas e a necessidade de método diagnóstico complementar para
identificar os animais sangradores, são objetivos deste trabalho:
avaliar endoscopicamente as vias reas inferiores dos eqüinos da
raça Quarto de Milha após a prova ou treino, em três diferentes modalidades
esportivas: seis balizas, três tambores e laço em dupla; buscando evidências
de hemorragia;
avaliar citologicamente, considerando a presença e a quantidade de
macrófagos com hemossiderina intracitoplasmática (siderófagos), as amostras
colhidas por lavado broncoalveolar às cegas, depois de realização de
endoscopia;
relacionar cavalos EIPH positivos pela contagem percentual de
macrófagos com hemossiderina intracitoplasmática e o escore THS baseado
na impregnação por Azul da Prússia, em citoplasma de macrófagos alveolares.
13
IV - MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 ANIMAIS
Utilizou-se 60 eqüinos clinicamente sadios, da raça Quarto de Milha
(QM), entre 2 e 8 anos de idade, de ambos os sexos, provenientes de Curitiba
e região metropolitana, Estado do Paraná. Todos eles eram participantes de
provas de Seis Balizas (SB) e Três Tambores (TT) e de Laço em Dupla (LD),
independentemente de antecedentes de EIPH.
Todos os animais foram avaliados quanto ao histórico de hemorragias
anteriores, infecções respiratórias recentes e tratamento efetuado. O exame
físico foi baseado no modelo de exame do aparelho respiratório de
GONÇALVES (2004). Todos os animais foram examinados após treino,
segundo a ficha que segue em anexo. Os animais foram divididos em dois
grupos de acordo com o tipo de prova a que eram submetidos. Desta maneira,
os animais foram arranjados em dois grupos:
Grupo 1: Animais que participavam de seis balizas onde o competidor tem que
contornar as seis balizas no menor tempo possível, tempo ideal de 17
segundos. as provas de três tambores o competidor que contornar os três
tambores disposto em posição de triângulo no menor tempo possível é o
vencedor, tempo ideal de 21 segundos. Foram utilizados 40 animais
participantes de ambas modalidades, sendo: 9 machos, 12 machos castrados e
19 fêmeas.
Grupo 2: Animais que participam de provas de laço em dupla, onde dois
cavaleiros saem para laçar um bezerro, um a cabeça e outro os pés, também
no menor tempo possível. Foram utilizados 20 animais, sendo 4 machos, 13
machos castrados e 3 fêmeas.
Todos os animais foram submetidos ao exame clínico e endoscópico das
vias aéreas posteriores após 30 a 60 minutos do treino com duração de uma
hora. Logo após a retirada do endoscópio foi introduzida uma sonda bivona até
o brônquio principal onde se realizou o lavado broncoalveolar.
14
4.2 INSTALAÇÕES E CONDIÇÕES AMBIENTAIS
Os cavalos eram mantidos em piquetes durante o dia e encocheirados à
noite, alimentados com feno, ração comercial e água ad libitum” e,
vermifugados a intervalos de 60 dias. O regime de exercícios era de uma hora
diária, seis dias na semana, incluindo a participação em campeonatos de seis
balizas, três tambores e laço em dupla. As cocheiras variavam entre modelos
abertos e fechados, porém todas com cama de serragem e expostas a ventos
frios, poeiras, materiais irritantes ou até mesmo calor. O tamanho delas variava
entre 12,5 a 15 m
2
.
15
4.3 EXAME ENDOSCÓPICO
4.3.1 Equipamento
O aparelho adotado para a realização das endoscopias foi um
colonoscópio de fibra óptica flexível, com 1,60 m de comprimento útil e 12,80
mm de diâmetro externo
1
. Utilizou-se uma fonte de luz halógena
2
de 250 watts,
com intensidade de iluminação ajustável.
4.3.2 Contenção dos Animais
O exame endoscópico foi realizado com o animal consciente, isto é, sem
sedativos. O uso de “cachimbo” no lábio superior, abaixo da narina oposta à
passagem do endoscópio, ou na base da orelha, foi o procedimento adotado
para a contenção. Para tal manobra foram necessários dois auxiliares, sendo
um para fazer a contenção e outro para guiar o aparelho.
4.3.3 Técnica da endoscopia
Pela endoscopia inspecionaram-se as vias aéreas anteriores avaliando-
se os movimentos das cartilagens aritenóides, presença ou ausência de
hiperplasia folicular linfóide, de secreções e ou sangue nas porções proximal,
medial e distal da traquéia. Alterações anatômicas como edema e coloração de
brônquios principais também foram avaliadas.
1
Fujinon, modelo COL-MP2
2
Ferrari medical – São Paulo
16
4.3.4 Avaliação da hemorragia pulmonar induzida por exercício pela
endoscopia
A avaliação endoscópica da EIPH baseou-se na presença e quantidade
de sangue encontrada na superfície mucosa da traquéia proximal, medial,
distal e dos brônquios principais. Utilizou-se a escala de intensidade EIPH de
Eppinger (1990):
Grau I: presença de pequenas estrias e/ou coágulos situados no terço
distal da traquéia.
Grau II: filetes de sangue distribuídos aleatoriamente (não uniforme) por
toda extensão da traquéia, coágulos maiores.
Grau III: sangue distribuído uniformemente por toda extensão da
traquéia.
Grau IV: quantidade abundante de sangue por toda a traquéia, laringe,
faringe, fossas nasais.
Grau V: exacerbação do grau de anterior e epistaxe.
4.4 EXAME CITOLÓGICO
4.4.1 Lavado broncoalveolar
Após a inspeção das vias aéreas retirou-se o endoscópio e introduziu-se
um cateter de silicone
1
às cegas, até um brônquio, para exame citológico.
Quando o cateter de silicone atingiu a Carina e ocorre o reflexo de tosse
involuntário, infundiu-se 20 ml de cloridrato de lidocaína 2%. A sonda foi
redirecionada e introduzida até se verificar que não havia mais progressão no
brônquio. A seguir, fixou a sonda no brônquio enchendo-se o balão de sua
ponta com ar. Para a realização do lavado inoculou-se 100 ml de solução
fisiológica 0,9%, distribuídos em duas seringas descartáveis de polietileno, com
capacidade de 60 ml. O líquido introduzido foi removido rapidamente por
sucção, com uma das seringas de 60 ml. O conteúdo recuperado foi
reinfundido e aspirado de 3 a 4 vezes, sendo devidamente identificado.
1
Bivona, Smiths, Reino Unido
17
4.4.2 Transporte e conservação do lavado broncoalveolar
Após homogeneização a amostra foi dividida em duas partes, sendo
uma alíquota de 3ml depositada em seringa descartável, para exame citológico
quantitativo do BAL e, o restante do fluído, foi mantido na seringa da colheita.
Ambas as amostras foram armazenados em caixa de isopor com gelo em
temperatura de 0 a 4
o
C e encaminhadas imediatamente ao Laboratório de
Anatomia Patológica do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do
Paraná (HC/UFPR).
4.4.3 Preparo das lâminas
As amostras foram pré-centrifugadas em centrífuga por 20 minutos para
a obtenção de um concentrado celular. Após desprezar o sobrenadante e
ressuspender as células, 200µl deste líquido foram processados em
citocentrífuga
1
, 250 x G durante 10 minutos. O botão celular formado na lâmina
foi corado pelas cnicas de Giemsa, Papanicolau e Azul da Prússia
(KEEBLER e SOMKAK, 1993).
4.4.4 Avaliações da EIPH pela citologia
Nos dois grupos foram utilizadas duas técnicas para confirmar
citologicamente os cavalos EIPH positivos, mesmo aqueles que não
apresentavam histórico de hemorragia pulmonar ou não apresentavam nenhum
grau de sangramento visível ao endoscópio, após o treino. A primeira foi a
diferenciação de células, contando-se o total de 300 células por microscopia
óptica com aumento de 400 vezes identificando-se macrófagos, linfócitos,
neutrófilos, eosinófilos, mastócitos e lulas epiteliais. Do total de macrófagos
contou-se a porcentagem hemossiderófagos utilizando-se coloração especial
de Azul da Prússia (EPPINGER, 1990). Foram considerados EIPH positivos os
cavalos com mais de 15% de macrófagos com hemossiderina no seu
citoplasma.
1
Revan Citocentrífuga 2000 D
18
Outra técnica utilizada foi baseada na intensidade de coloração azul dos
hemossiderófagos, corados por Azul da Prússia, baseada na classificação
proposta por Doucet e Viel (2002). Estes autores consideraram quatro graus de
intensidade de coloração que, ao final, eram convertidos na unidade THS (total
hemosiderin score).
Grau 0: Ausência de coloração azul no citoplasma.
Grau 1: Azul claro no citoplasma.
Grau 2: Cor azul densa em menor proporção no citoplasma ou cor de
média intensidade na célula.
Grau 3: Azul escuro na maior parte do citoplasma.
Grau 4: Célula totalmente preenchida com hemossiderina no citoplasma.
Para esta classificação foram contados 300 macrófagos em vários
campos da lâmina e destes, contou-se o número de hemossiderófagos de cada
grau, de acordo com a intensidade de cor, utilizando-se a escala acima.
Golde et al., (1975) mostraram a sensibilidade e especificidade deste
método como segue (DOUCET e VIEL, 2002):
Quadro 1 - Sensibilidade e especificidade do THS em cavalos de corrida
Doucet e Viel (2002) afirmaram que intensidade de coloração maior que
25 THS é indicativa de hemorragia pulmonar, sendo um exame mais sensível
do que o exame endoscópico. Baseado nestes autores, resolveu-se adotar este
limite para se considerar um cavalo portador de EIPH.
THS Sensibilidade (%) Especificidade (%)
>150 60 100
>100 84 92
>75 94 88
>50 98 76
>25 100 56
19
4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Foi utilizada na etapa inicial da análise, para tomarmos contato com os
dados, de maneira a observar, identificar e descrever pontos isolados, com o
objetivo de obter conclusões para a confirmação de EIPH: Teste qui-quadrado
(X
2
), T de Student e correlação. Para a análise dos resultados citológicos,
utilizou-se a prova não-paramétrica de Kruskal – Wallis com o cálculo da
estatística H (distribuição χ
2
) e seus respectivos p value”. Nos casos em que
p<0,05, a diferença foi considerada significativa e foram efetuados contrastes
entre os postos médios dos grupos.
Os resultados foram obtidos utilizando-se o pacote Software “R” (R
Development Core Team (2006), em equipamento digital, no centro de
computação eletrônica da Universidade Federal do Paraná/UFPR/PR.
20
V – RESULTADOS
5.1 ANIMAIS EXAMINADOS
Todos os animais da raça Quarto de Milha foram avaliados quanto ao
exame clínico, endoscópico e citológico do lavado broncoalveolar após treino
de uma hora. Ao exame clínico nenhum animal apresentou alterações quanto
aos valores de freqüência cardíaca, respiratória, tempo de preenchimento
capilar e temperatura.
Ao exame endoscópico nenhum dos animais apresentou evidências de
hemorragia, apenas a presença de secreções ao longo das vias reas
(Quadro 2).
5.2 CONDIÇÕES AMBIENTAIS
As coletas do BAL foram realizadas entre o período de novembro de
2005 a julho de 2007. As endoscopias foram realizadas no haras Renascença
em Tijucas do Sul e sempre das 7:00 às 11:00 da manhã. Todos os animais
são atletas e participaram de provas dois dias antes a coleta.
5.3 ACHADOS ENDOSCÓPICOS DAS VIAS AÉREAS
Observou-se secreção traqueal em 20 animais do grupo 1 (50%).
Destes, 07 apresentaram secreção no terço proximal, 07 no terço médio, 04 no
terço distal e 02 em toda extensão da traquéia. Dos 15 animais do grupo 2
(75%), 04 apresentaram secreção no terço proximal, 05 no terço médio, 03 no
terço distal e 03 em toda extensão da traquéia.
Dos achados anatômicos encontrados quatro animais mostravam-se
com bifurcação traqueal hiperêmica, dois com edema de brônquios principais,
dois com anormalidades no funcionamento da cartilagem aritnóide esquerda
com grau 2 de intensidade, um castrado e uma fêmea, doze com hiperplasia
folicular linfóide (2 com dois anos; 2 com 3 anos e 1 com 4 anos de idade) e
dois com deslocamento dorsal de palato mole, sendo um macho e uma fêmea.
A secreção traqueobrônquica visualizada pela endoscopia era de
aspecto mucopurulento em todos os animais positivos.
21
Quadro 2: Achados endoscópicos em cavalos quarto de milha após treino de uma hora.
Grupo 1 Grupo 2
Número Secreção
Traqueal
HL HFL Brônquios
principais
Secreção
Traqueal
HL HFL Brônquios
principais
1 001 - - - 000 - - -
2 100 - - - 000 - - -
3 111 - - - 000 - - -
4 010 - - - 000 - - -
5 100 - - - 000 - - -
6 000 - - - 000 - - -
7 010 - - - 111 - - -
8 100 - - - 111 - - -
9 000 - - - 000 - - -
10 010 - - - 000 - - -
11 000 - - - 000 - - -
12 010 - - - 000 - - -
13 000 - - - 000 - - -
14 000 - - - 111 - - -
15 000 - - - 000 - - -
16 000 - - E/H 010 - - -
17 000 - - E/H 110 - - -
18 000 - - - 000 - - -
19 110 - - - 000 - - -
20 000 - 1 - 000 - - -
21 000 - - -
22 000 - - -
23 000 - - -
24 000 - - -
25 000 - - -
26 000 - - -
27 000 - - -
28 000 - - -
29 000 1 - -
30 111 - - -
31 001 - - -
32 000 1 - -
33 000 - - -
34 000 - - -
35 000 - - -
36 000 - - -
37 000 - - -
38 000 - - -
39 000 - - -
40 000 - - -
(-) = normal; 1= presente; (000) = ausência de secreção traqueal; Secreção Traqueal (100) = terço
proximal, (010) = Terço médio; (001) = terço distal; (111) toda extensão; (110) terço proximal e
distal; E=edema; H= hiperêmica; (HL)= Hemiplegia Laringeana; (HFL)= Hiperplasia Folicular
Linfóide.
22
5.4 ACHADOS CITOLÓGICOS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR
Na Tabela 1 e na Figura 1 está a contagem do número de hemácias e
leucócitos do lavado broncoalveolar de cavalos da raça QM submetidos às
provas de seis balizas e três tambores (G1) e de laço em dupla (G2).
Observou-se aumento do número de hemácias do Grupo 1 (202,70 ±
138,15/µL) com relação ao G2 (132,70 ± 190,38/µL), entretanto este aumento
não é significativo estatisticamente (p=0,008431). Já o número elevado de
leucócitos do Grupo 1 (178,20 ± 137,37/µL) diferem estatisticamente do Grupo
2 (110,60 ± 77,49/µL) (p=0,05384).
Na Tabela 2 e Figura 2 apresenta-se o percentual das células do lavado
broncoalveolar dos dois grupos. A percentagem de macrófagos do Grupo 1
(57,31%±11,24) difere do Grupo 2 (49,86%±10,11). Não se evidenciou
diferença significativa entre os grupos em relação ao percentual de linfócitos,
neutrófilos, eosinófilos, células epiteliais e mastócitos.
As Figuras 3 e 4 ilustram as principais lulas encontradas no lavado
broncoalveolar de cavalos Quarto de Milha em diferentes modalidades
esportivas.
A Figura 3 A mostra uma visão ampla de macrófagos alveolar, célula
predominante no lavado broncoalveolar. A Figura 3 B mostra um macrófago
espumoso.
A Figura 4 A e B mostram linfócitos e neutrófilos, esta lula é comum
em processos inflamatórios das vias aéreas.
A Figura 5 A e B ilustram eosinófilos e lulas epiteliais cilíndricas
presentes em menores quantidades no lavado broncoalveolar de cavalos
sadios.
5.4.1 Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercícios diagnosticada
através da citologia.
A tabela 3 e figura 6 mostram a contagem percentual de macrófagos com
hemossiderina intracitoplasmática e o escore THS para a classificação de
cavalos EIPH positivos. Observou-se no Grupo 1, média de 11.53%±17,48 de
hemossiderófagos entre os macrófagos e dia de 26,06±308,57 no escore
total de hemossiderina (THS). No Grupo 2, a média foi de 7,26±5,34 de
23
hemossiderófagos e de 12,18±9,44 THS. Pela análise estatística, ao nível de
significância de 5%, é possível afirmar que a contagem percentual de
hemossiderófagos obtidas no grupo 1 não difere das medidas obtidas no grupo
2 (p=0,406). Embora a contagem no escore THS do grupo 1 mostre tendência
diferencial entre os grupos, não diferença estatística significativa (p=0,256)
entre eles. Desta maneira, o que se pode afirmar é que por estes métodos de
avaliação de sangramento intrapulmonar, os dois exercícios apresentam
intensidade semelhante, embora o grupo 1, ou seja, as provas de seis balizas e
três tambores mostrem possibilidade maior de induzir EIPH.
A Tabela 4 mostra as duas classificações para identificar cavalos EIPH
positivos, pela análise citológica do BAL utilizando a coloração de Azul da
Prússia considerando a percentagem de macrófagos com hemossiderófagos
acima de 15% e a graduação pelo escore THS. Pela percentagem de
hemossiderófagos acima de 15% havia no Grupo 1 nove cavalos EIPH
positivos e 2 no Grupo 2. Para a graduação THS 10 cavalos que tiveram
escore superior a 25, foram considerados EIPH positivos. no Grupo 2
somente 3 cavalos são EIPH positivos. Esta graduação diminui a prevalência
de EIHP, quando utilizamos escores superiores (50, 75, 100 e 150).
A contagem percentual de hemossiderófagos possui boa correlação
(R
2
=0,955) com o THS, sendo mais prática e rápida de se realizar, porém
menos precisa no que se refere à quantificação da hemossiderina presente no
BAL (Figura 8).
A Figura 7 A e B ilustram a presença de hemossiderina
intracitoplasmática de cavalos positivos para EIPH em diferentes graus.
Os Quadros 3, 4 e 5 mostram os testes estatísticos para avaliar a
sensibilidade e especificidade dos três níveis de contagem de
hemossiderófagos (5, 10 e 15%), em cavalos que apresentarem THS25.
24
Tabela 1 - Número total de células do lavado broncoalveolar: média (m), desvio
padrão (s), em cavalos da raça QM submetidos às provas de seis balizas e três
tambores (G1) e de laço em dupla (G2).
Grupos de animais
Hemácias
nº/µL
Leucócitos
nº/µL
G1
M
202,70
178,20
S
138,15 137,37
G2
M
132,70
110,60
S
190,38 77,49
Análise estatística:
Variável Estatística “H” Comentário
HEMÁCIAS 7.985 (0.008) G1 > G2
LEUCÓCITOS 7.403 (0.005) G1 > G2
25
Figura 1 - Número total de hemácias e leucócitos do lavado broncoalveolar em
cavalos da raça QM submetidos às provas de seis balizas e três tambores (G1)
e de laço em dupla (G2).
Provas de seis balizas e três tambores - G1
0
50
100
150
200
250
Hemácias Leucócitos
média mediana
Prova lo em dupla - G2
0
50
100
150
200
250
Hemácias Leucócitos
média mediana
26
Tabela 2 - Contagem diferencial (%) de células do lavado broncoalveolar:
média (m), desvio padrão (s) da porcentagem de macrófagos (M), linfócitos (L)
neutrófilos (N), eosinófilos (E), células epiteliais cilíndricas (CE), mastócitos
(MT) em cavalos da raça QM submetidos às provas de seis balizas e três
tambores (G1) e de laço em dupla (G2).
Grupos
de animais
%M
%L
%N
%E
%CE
MT
G1
m
57,31
38,18
1,68
1,91
0,64
0,28
s
11,24 11,29 2,37 2,54 2,70 0,79
G2
m
49,86
43,29
2,79
2,97
0,69
0,40
s
10,11 10,16 2,59 3,38 1,35 0,86
Análise Estatística
:
Variável Estatística “H” Comentário
% MACRÓFAGOS 5.533 (0.019) G1 > G2
% LINFÓCITOS 1.477 (0.224) G1 = G2
% NEUTRÓFILOS 2.914 (0.088) G1 = G2
% EOSINÓFILOS 2.443 (0.118) G1 = G2
% CÉLULAS EPITELIAIS 4.604 (0.032) G1 < G2
% MASTÓCITOS 0.138 (0.710) G1 = G2
27
Figura 2 - Contagem diferencial (%) de células do lavado broncoalveolar de
cavalos da raça Quarto de milha em diferentes modalidades esportivas (G1) e
(G2).
Prova laço em dupla - G2
0
10
20
30
40
50
60
%M %L %N %E %CE %MT
média mediana
Provas de seis balizas e três tambores
-
G1
0
10
20
30
40
50
60
%M %L %N
%E %CE %MT
média mediana
28
A
B
Figura 3 - Macrófago alveolar (A) e macrófago alveolar espumoso (B) de
células do lavado broncoalveolar de cavalos da raça QM submetidos
exercícios — Papanicolau (1000x).
29
A
B
Figura 4 Linfócitos (A) e Neutrófilos (B) de células do lavado
broncoalveolar de cavalos QM, submetidos ao exercício— Giemsa
(1000x).
30
A
B
Figura 5 Eosinófilos (A) e células epiteliais cilíndricas ciliadas (B)
de células do lavado broncoalveolar de cavalos QM, submetidos ao
exercício— Giemsa (1000x).
31
Tabela 3 - Contagem de macrófagos com hemossiderina intracitoplasmática e
escore total de hemossiderófagos (THS) do lavado broncoalveolar: média (m),
desvio padrão (s), em cavalos da raça QM submetidos às provas de seis
balizas e três tambores (G1) e de laço em dupla (G2).
Grupos de animais
Hemossiderófagos
(%macrófago)
THS
G1
m
11,53
26,06
s
17,48 308,57
G2
m
7,26
12,18
s
5,34 9,44
Análise estatística:
Variável Estatística “H” Comentário
% HEMOSSIDERÓFAGOS 0.691 (0.406) G1 = G2
THS 1.293 (0.256) G1 = G2
32
Figura 6 - Contagem de macrófagos com hemossiderina intracitoplasmática e
escore total de hemossiderófagos (THS) do lavado broncoalveolar em cavalos
da raça QM submetidos às provas de seis balizas e três tambores (G1) e de
laço em dupla (G2).
Prova lo em dupla - G2
0
50
100
150
200
250
300
350
Hemossiderófagos THS
média mediana
Prova
s
de
seis balizas e três tambores
-
G1
0
50
100
150
200
250
300
350
Hemossiderófagos THS
média mediana
33
A
B
Figura 7 Hemossiderófago grau I; II, III e IV (A e B) de células do
lavado broncoalveolar de cavalos QM, submetidos ao exercício -
Giemsa (1000x).
IV
III
III
II
IV
III
I
34
Tabela 4 - mero de cavalos positivos para EIPH pelos métodos de contagem
percentual de macrófagos e THS diagnosticados a citologia do lavado
broncoalveolar.
Métodos de Contagem
G1
G2
%
Hem
ossiferófago
s
>1
5
%
9 (22,5%)
2 (10%)
THS
>25 10 (25%) 3 (15%)
>50 7 (17,5%) 0 (0%)
>75 5 (12,5%) 0 (0%)
>100 3 (7,5%) 0 (0%)
>150 1 (2,5) 0 (0%)
35
Quadro 3 - Teste estatístico para avaliar a sensibilidade e especificidade de
valores
/< 5 para a contagem percentual de hemossiderófagos
Medidas
% hemossiderófagos
Resultado EIPH
Positivo
Negativo
PRESENTE
5 13 17
AUSENTE < 5 0 30
SENSIBILIDADE:
30
13
= 0.433 ESPECIFICIDADE:
30
30
= 1
Quadro 4 - Teste estatístico para avaliar a sensibilidade e especificidade de
valores
/< 10 para a contagem percentual de hemossiderófagos
Medidas
% hemossiderófagos
Resultado EIPH
Positivo
Negativo
PRESENTE
10 13 4
AUSENTE < 10 0 43
SENSIBILIDADE:
17
13
= 0.765 ESPECIFICIDADE:
43
43
= 1
Quadro 5 - Teste estatístico para avaliar a sensibilidade e especificidade de
valores
/< 15 para a contagem percentual de hemossiderófagos
Medidas
% hemossiderófagos
Resultado EIPH
Positivo
Negativo
PRESENTE
15 11 1
AUSENTE < 15 2 46
SENSIBILIDADE:
12
11
= 0.917 ESPECIFICIDADE:
48
46
= 0.958
36
Figura 8 - Diagrama de dispersão mostrando correlação (R
2
=0,955) entre a
percentagem de hemossiderófagos e o escore THS no lavado broncoalveolar de
cavalos da raça Quarto de Milha nos dois grupos (G1) e (G2).
37
VI – DISCUSSÃO
Neste estudo observou-se que a avaliação clínica não mostrou alterações
relevantes, uma vez que todos os animais utilizados eram saudáveis. Nossos
achados são semelhantes ao de BACCARIN (2005), que demonstrou que as
freqüências cardíaca e respiratória podem estar elevadas logo após o exercício e
não apresentam alterações durante repouso, mesmo em cavalos com alguns
graus de Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício.
A utilização da cnica de lavado broncoalveolar (BAL) com auxílio de
endoscopia é importante instrumento na avaliação citológica das vias respiratórias
posteriores, permitindo diagnóstico mais preciso das afecções respiratórias em
eqüinos. A grande vantagem do uso da endoscopia para a coleta do BAL é a
visualização das estruturas das vias aéreas anteriores e posteriores, definindo
com isso, suas alterações anatômicas (ROY e LAVOIE, 2003). Além disso, pode-
se estimar a gravidade da EIPH observando-se a quantidade de sangue presente
nas vias aéreas. A epistaxe ocorre somente em 0,25 a 13% dos cavalos de corrida
acometidos de EIPH (ERICKSON e POOLE, 2002). O comprimento do endoscópio
adotado (1,60m) proporcionou um exame acurado da região distal da traquéia,
alcançando a carina e brônquios principais de todos os cavalos da raça QM
examinados. Segundo a literatura, os aparelhos de endoscopia variam de 80 cm a
1,70 m e quanto maior o comprimento do aparelho maior a precisão na detecção
de EIPH (EPPINGER, 1990). Em nosso estudo, não foi observado nenhum grau
de Hemorragia Pulmonar, visualmente na endoscopia, entretanto, quando se
utilizou o BAL, detectou-se cavalos EIPH positivos, sendo que 22,5% dos cavalos
do Grupo 1 e 10% do Grupo 2 apresentaram percentagem acima de 15% de
hemossiderófagos. Já para o escore THS, estes dados podem diminuir conforme o
aumento da graduação. Para graus superiores a 25, índice de positividade de
hemorragia pulmonar adotado por Doucet e Viel (2002), foi observado no Grupo 1,
25% de cavalos EIPH positivos e 15% para o Grupo 2. Porém, quando se avaliou
graus maiores a prevalência diminuiu em ambos os grupos (Tabela 4). Os
resultados deste trabalho evidenciaram correlação de 95% entre o escore THS e a
38
contagem percentual de hemossiderófagos. Este fato demonstra que ambos os
exames são importantes no diagnóstico de animais sangradores ou que já tiveram
hemorragia pulmonar, sem substituir um ao outro. O THS é um método de
diagnóstico comprovado e utilizado há bastante tempo em medicina humana
(GOLDE, et al, 1975) e na medicina veterinária (McKANE et al, 1993).
Poucos são os estudos que utilizaram a avaliação de hemossiderófagos
como parte da análise do BAL em cavalos. Clark et al. (1995) observaram que os
hemossiderófagos podem ser utilizados no diagnóstico de hemorragias
subclínicas, uma vez que o sangramento pode não ser visível pela endoscopia. De
acordo com Baccarin (2005), o BAL é mais específico e sensível do que o exame
endoscópico, após o exercício. Segundo este mesmo autor a endoscopia deve ser
feita de 1 a 2 horas após o exercício e o BAL pode ser realizado depois de 1 a 21
dias, com a detecção de hemossiderófagos em todo este período (MAZAN e
HOFFMAN, 2003; HINCHCLIFF et al., 2004). Isto faz com que aumentem as
chances de diagnóstico de EIPH, entretanto em nosso estudo esta afirmação não
foi possível, frente ao baixo número de hemossiderófagos presente no BAL dos
cavalos da raça QM, após provas e treinos. Para Doucet e Viel, (2002) os cavalos
com ou sem histórico de EIPH podem apresentar hemossiderófagos no BAL.
Entretanto, a quantidade destas células assim como a intensidade da coloração
azul no citoplasma pela coloração de Azul da Prússia e os achados de pelo menos
três endoscopias consecutivas, podem diferenciar cavalos positivos dos negativos
para a síndrome EIPH. Por este motivo, a técnica adotada por esses autores foi
escolhida para o experimento.
O padrão citológico é bastante útil na interpretação e formulação de
diagnóstico diferencial, ou seja, a citologia pode indicar processos inflamatórios de
etiologia alérgica, fúngica, bacteriana, parasitária entre outras e até processos
físicos, como no caso da hemorragia induzida por exercício (EIPH). Segundo
Cowell e Tyler (1992) é difícil mensurar valores de referência para o BAL, pois a
contagem pode variar conforme a técnica de coleta e processamento, porém
concordamos com os autores quando afirmam que a contagem diferencial de
células no BAL de cavalos clinicamente sadios mostra predomínio de macrófagos
39
e linfócitos (Tabela 1 e 2). Muitos desses trabalhos são realizados em cavalos de
corrida e Mazan e Hoffman (2003), referem significativa diferença entre o BAL de
cavalos de corrida e praticantes de outros esportes. Os cavalos da raça Quarto de
Milha submetidos às provas de seis balizas, três tambores e de laço em dupla,
apresentam algum grau de sangramento, visível ao endoscópio ou a olho nu, após
exercício intenso (BIAVA et al.,2006c). O sangramento pode ser detectado por
endoscopia 30 a 60 minutos após o exercício, que é o tempo necessário para a
drenagem do sangue, das vias aéreas mais profundas para as de grande calibre
(TAKAHASHI et al., 2001). No nosso experimento, colheu-se material para análise
citológica dois dias após a participação em prova de seis balizas e três tambores
e, de laço em dupla, embora tenham sido submetidos a treinamento de uma hora,
30 minutos antes da endoscopia. Este artifício foi utilizado pois os proprietários
dos cavalos não permitiram que se fizesse a endoscopia e o BAL logo após a
prova. Como o mesmo animal participava de diferentes provas e categorias, havia
o temor que houvesse diminuição no desempenho atlético do cavalo.
A citocentrífuga é um equipamento de grande valor, pois ao concentrar as
células, forma um botão que favorece a visualização e identificação celular em
suas diferentes colorações, conseguindo-se contar no mínimo 5 células por campo
(MAZAN e HOFFMAN, 2003). Embora o alto custo limite seu uso na medicina
veterinária, não se admite hoje, um laboratório terciário, que atue na pesquisa de
células em líquidos, que o disponha de tal equipamento. Neste experimento, a
citocentrífuga preservou a morfologia das lulas adequadamente, embora
Lapointe et al. (1994) e Hewson e Viel (2002) citem decréscimo na porcentagem
de linfócitos com o uso de citocentrífuga. Em nosso estudo, a contagem diferencial
de células mostrou-se dentro dos valores esperados, nos dois grupos (SPEIRS,
1997; HEWSON e VIEL, 2002).
As colorações utilizadas permitiram a adequada visualização de todos os
tipos celulares. A técnica de Papanicolau foi indispensável para a interpretação
citológica, em lâminas que apresentaram grumos celulares, que forneceu uma
visualização das camadas de células especialmente macrófagos e, esta coloração
mostrou também melhor caracterização celular. Houve maior eficiência da
40
coloração de Papanicolau em relação ao Giemsa, na demonstração de células,
como os eosinófilos. A coloração especial, Azul da Prússia, foi utilizada para
confirmar animais com algum grau de hemorragia pulmonar, como sugere Hewson
e Viel (2002), pois identificou, com segurança, os hemossiderófagos.
A tabela 4 mostra a quantidade de hemossiderófagos nos dois grupos
estudados. Com este estudo conseguiu-se estabelecer a percentagem confiável
de hemossiderófagos para diagnóstico de EIPH em cavalos da raça Quarto de
Milha participantes em três modalidades esportivas diferentes (seis balizas e três
tambores G1 e laço em dupla G2). Pelo fato da intensidade de coloração de
hemossiderina, medida em THS e a contagem percentual de hemossiderófagos
apresentarem alto índice de correlação (R
2
= 0,95) pudemos estabelecer o limite
de contagem de hemossiderófagos para considerar cavalos com hemorragia
pulmonar como sendo portadores de EIPH. A literatura mostra que quando um
indivíduo apresenta valor de THS igual ou acima de 25 pode-se considerá-lo um
portador de hemorragia aguda, seja ele humano (Gosselin e Janin, 1989) ou
equino (Doucet e Viel, 2002). Portando, utilizando-se o teste estatístico para
avaliar a sensibilidade e especificidade de três níveis de contagem de
hemossiderófagos (5, 10 e 15%), em cavalos que apresentassem THS 25 pode-
se constatar que, o melhor ponto limite seria o de 15%, que é o que nos
sensibilidade de 91,7 e especificidade de 95,8%. Dessa maneira, considerando-se
esses limites, no Grupo 1 houve 9 casos positivos em animais com
hemossiderófagos acima de 15% e, no Grupo 2 somente dois animais (Quadro 3,
4 e 5).
Por outro lado, a endoscopia não revelou nenhum animal com hemorragia
nas vias aéreas e, portanto podemos inferir que tanto a contagem percentual de
hemossiderófagos quanto a THS são métodos de diagnósticos mais sensíveis e
específicos na detecção de cavalos com EIPH do que a endoscopia.
A utilização de cavalos da raça Quarto de Milha foi de grande importância
neste estudo, pois se conseguiu estabelecer uma avaliação citológica de BAL para
a raça, em provas seis balizas e três tambores (G1) e de laço em dupla (G2). O
que se notou é que a contagem celular diferencial para esta raça foi semelhante
41
aos cavalos de outras raças e em outras modalidades esportivas (HOFFMAN e
VIEL, 1997; ROY e LAVOIE, 2003).
O método de contenção física sem administração de tranqüilizantes ou
sedativos foi utilizado por Cook (1974) para endoscopias das vias aéreas
anteriores pois a utilização de medicações que interferem no movimento de partes
das vias aéreas pode mascarar defeitos no seu funcionamento. Para a coleta do
BAL destes animais optou-se pela contenção física pelo todo do cachimbo,
ignorando-se o uso de tranqüilizantes por diferentes motivos: o procedimento é
rápido, pouco invasivo, a raça QM é dócil e permite a passagem do endoscópio
somente com a lubrificação do aparelho, com lidocaína gel. Para a coleta do BAL
com a sonda Bivona foram utilizados 20 ml de cloridrato de lidocaína a 2% por via
intratraqueal, que reduziram a freqüência e intensidade da tosse, corroborando os
achados de Westermann et al. (2005), que mostraram não ser necessária a
sedação intravenosa, como referem outros autores (DOUCET e VIEL, 2002). Foi
utilizada essa quantidade de cloridrato de lidocaína, pois como afirmou Sweeney
(1997), dez mililitros desse anestésico não foram suficientes para cessar a tosse
e, quando se passou a utilizar vinte mililitros do anestésico houve inibição total do
reflexo de tosse.
42
VII – CONCLUSÃO
Sob as condições deste experimento e com os resultados encontrados
permite-se concluir:
1) O exame endoscópico das vias aéreas posteriores realizada entre 30
a 60 minutos após treino de uma hora não foi suficiente para detectar
a síndrome EIPH.
2) O exame citológico do lavado broncoalveolar, realizado após
endoscopia com cateter de silicone (Bivona), foi de fundamental
importância na detecção de cavalos EIPH positivos, sem histórico de
sangramento.
3) A prevalência de EIPH encontrada nos exames citológicos do BAL
foi baixa para a raça Quarto de Milha, participantes de provas de seis
balizas e três tambores e de laço em dupla.
4) A utilização do THS foi superior à determinação da percentagem de
hemossiderófagos e a endoscopia na detecção de EIPH.
5) Houve alta correlação entre o THS e a porcentagem de
hemossiderófagos.
6) A coloração de Giemsa permitiu visualização, identificação e
quantificação adequada dos diferentes tipos celulares.
7) A coloração Papanicolau foi melhor que a de Giemsa para a
visualização de grumos celulares, bem como da avaliação nuclear.
8) A coloração Azul da Prússia permitiu visualização e contagem dos
macrófagos alveolares contendo pigmentos de ferro
intracitoplasmáticos (hemossiderófagos) com grande segurança.
43
VIII - BIBLIOGRAFIA
ART, T.; BAYLY, W.; LEKEUX, P. Pulmonary function in the exercising horse. In:
LEKEUX, P. Equine respiratory disease. Ithaca, NY: International Veterinary
Information Services, 2002. Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em: 07-out-
2002.
ATTENBURROW, D.P. Respiration and locomotion. In: SNOW, D.H.; PERSSON,
S.G.B.; ROSE, R.J. Equine exercise phisiology. Cambridge: Granta Editions,
1983. p.17-22.
BACCARIN, R.Y.A. Diagnóstico e tratamento das pneumopatias de esforço. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO ATLETA, 2., 2005, Belo Horizonte.
Anais... Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais, 2005. p.12-28.
BARAKZAI, S.Z.; DIXON, P.M. Epistaxis in the horse. Equine Veterinary
Education, v.16, p.207-217, 2004.
BEECH, J. Cytology of tracheobronchial aspirates in horses. Veterinary
Pathology, v.12, p.157-164, 1975.
BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.; DONRBUSCH, P.T.; ZANOTTO, G.M.; BIONDO,
A.W. Avaliação clínica e citologia do trato respiratório de cavalos Quarto de Milha
após exercício. Revista da Universidade Rural, Série Ciências da Vida, v.26,
supl., p.143, 2006a.
BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.; ZANOTTO, G.M.; FINGER, M.A.; FERREIRA,
F.P.P.; BIONDO, A.W. Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) em
cavalos da raça Quarto de Milha de provas de tambor e baliza. Revista da
Universidade Rural, Série Ciências da Vida, v.26, supl., p.169, 2006b.
BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.; FINGER, M.A.; ZANOTTO, G.M.; BIONDO, A.W.
Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) em cavalos de diferentes
modalidades esportivas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO CAVALO ATLETA,
3., 2007, Belo Horizonte. Anais... Minas Gerais: Universidade Federal de Minas
Gerais, 2007. p.58.
44
BIRKS, E.K.; COSTELLO, O.M.; FU, Z.; TYLER, W.S.; WEST, J.B. Very high
pressures are required to cause stress failure of pulmonary capillaries in
thoroughbred racehorses. Journal of Applied Physiology, v.82, p.1584-1592,
1997.
BIRKS, E.K.; DURANDO, M.M.; STEVE, M. Exercise-induced pulmonary
hemorrhage. Veterinary Clinics of North America Equine Practice, v.19, p.87-
100, 2003.
BRAMBLE, D.M.; CARRIER, D.R. Running and breathing in mammals. Science,
v.219, p.251-256, 1983.
BURRELL, M.H. Endoscopic and virological observations on respiratory disease in
a group of young thoroughbred horses in training. Equine Veterinary Journal,
v.17, p.99-103, 1985.
CLARK, C.K.; LESTER, G.D.; VETRO, T.; RICE, B. Bronchoalveolar lavage in
horses: effect of exercise and repeated sampling on cytology. Australian
Veterinary Journal, v.72, p.249-252, 1995.
COOK, W.R. Some observations on diseases of ear, nose and throat in horse, and
endoscopy using a flexible fibreoptic endoscope. The Veterinary Record, v.8,
p.533-541, 1974.
COSTA, M.F.M.; THOMASSIAN, A.; BARREIRA, A.P.B.; ALVES, A.L. Avaliação
preliminar do grau de hemorragia pulmonar induzida por esforço (HPIE) em
animais apresentados à endoscopia por baixa performance e sua correlações com
a presença de secreções traqueais. In: CONFERENCIA INTERNACIONAL DE
CABALLOS DE DEPORTE – CICADE, CONFERENCE ON EQUINE SPORTS
MEDICINE AND SCIENCE CESMAS, 2003, Curitiba. Anais... Curitiba: Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, 2003. p.12.
COWELL, R.L.; TYLER, R.D. Cytology and hematology of the horse. Goleta:
American Veterinary Publications, 1992. 288p.
DECONTO, I. Zytologische und bakteriologische Untersuchungen des
Tracheobronchialsekretes bei chronisch lungenkranken pferden. 1983. Tese
(Doutorado) - Hannover.
45
DIXON, P.M.; RAILTON, D.I.; MCGORUM, B.C. Equine pulmonary disease: a case
control study of 300 referred cases. Part 1: examination techniques, diagnostic
criteria and diagnoses. Equine Veterinary Journal, v.27, p.416-421, 1995a.
DOUCET, M.Y. Relationship between exercise-induced pulmonary hemorrhage
(EIPH) and lower airway disease. In: WORD EQUINE AIRWAYS SYMPOSIUM,
1998, Guelph. Proceedings… Guelph, 1998. p.137-139.
DOUCET, M.Y.; VIEL, L. Alveolar macrophage graded hemosiderin score from
bronchoalveolar lavage in horses with exercise-induced pulmonary hemorrhage
and controls. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.16, p.281-286, 2002a.
DOUCET, M.Y.; VIEL, L. Clinical, radiographic, endoscopic, bronchoalveolar
lavage and lung biopsy findings in horses with exercise-induced pulmonary
hemorrhage. Canadian Veterinary Journal, v.43, p.195-202, 2002b.
EPPINGER, M. Hemorragia pulmonar de esforço e o desempenho de eqüinos
PSI {Equus caballus} em corridas de galope no jockey club do Paraná. 1990.
167 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
ERICKSON, H.H.; POOLE, D.C. Exercise-induced pulmonary hemorrhage. In:
LEKEUX, P. Equine respiratory disease. Ithaca, NY: International Veterinary
Information Services, 2002. Disponível em: <www.ivis.org>. Accesso em: 11-out-
2007.
FOREMAN, J.H. Equine respiratory pharmacology. Veterinary Clinics of North
America Equine Practice, v.15, p.665-686, 1999.
FORGARTY, U. Evaluation of a bronchoalveolar lavage tecnique. Equine
Veterinary Journal, v.3, p.174-176, 1990.
FORGARTY, U.; BUCKLEY, T. Bronchoalveolar lavage findings in horses with
exercise intolerance. Equine Veterinary Journal, v.6, p.434-437, 1991.
FORTES JR., W.F. Citologia pulmonar de eqüinos {Equus caballus} em
situação de manejo estrito a campo e estabulados. 2005. 92p. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
46
GALLEY, R. H. The Team Roping Horse. In: ANNUAL CONVENTION OF THE
AMERICAN ASSOCIATION OF EQUINE PRACTITIONERS AAEP, 43., 1997,
Aizona. Anais… Ithaca: American Association of Equine Practitioners, 1997. p. 40-
45. Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em: 7 dez. 1997.
GOETZ, T.E.; MANOHAR, M.; GRIFFIN, R.; SULLIVAN, E. Changes in plasma
electrolyte concentration of strenuously exercising thoroughbred horses untreated
and treated with furosemide. In: ANNUAL CONVENTION OF THE AMERICAN
ASSOCIATION OF EQUINE PRACTITIONERS AAEP, 43., 1997, Aizona.
AnaisIthaca: American Association of Equine Practitioners, 1997. p.273-275.
Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em: 7 dez. 1997.
GOLDE, D.W.; DREW, W.L.; KLEIN, H.Z.; FINLEY, T.N.; CLINE, M.J. Occult
pulmonary haemorrhage in leukaemia. British medical journal, v.2, p.166-168,
1975.
GONÇALVES, R.C. Semiologia do sistema respiratório. In: FEITOSA, F.
Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico. São Paulo: Roca, 2004. p.313-331.
GONÇALVES, R.C.; MATTOS, M.C.F.I.; KUCHEMBUCK, M.R.G.; LOPES, R.S.;
BORGES, A.S. Lavagem traqueobrônquica por sondagem nasotraqueal em
bezerros. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, p.307-
311, 2004.
GOSSELIN, B,; JANIN, A.; SAULT, M.C.; SERVAIS, B.; AUFFRET, N.
Morphologic diagnosis of pulmonary hemorrhage. Archives anatomie et de
cytology pathologiques, v. 37, p.143-147, 1989.
HEWSON, J.; VIEL, L. Sampling, microbiology end citology of respiratory. In:
LEKEUX, P. Equine respiratory disease. Ithaca, NY: International Veterinary
Information Services, 2002. Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em: 24-jun-
2002.
HILLIDGE, C.J. Predisposition for right lung involvement in equine exercise-
induced pulmonary haemorrhage. British Veterinary Journal, v.3, p.287-288,
1986.
47
HILLIDGE, C.J.; WHITLOCK, T.W. Sex variation in the prevalence of exercise-
induced pulmonary haemorrhage in racing quarter horse. Research in Veterinary
Science, v.40, p.406-407, 1986.
HINCHCLIFF, K.W. Exercise-induced pulmonary hemorrhage. In: ANNUAL
CONVENTION OF THE AMERICAN ASSOCIATION OF EQUINE
PRACTITIONERS AAEP, 51., 2005. Washington. Proceedings… Seattle, 2005.
p.342-347.
HINCHCLIFF, K.W.; KANEPS, A.J.; GEOR, R.J. Equine sports medicine and
surgery. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 2004. 705 p.
HOFFMAN, A.M.; VIEL, L. Techniques for sampling the respiratory tract of horses.
Veterinary Clinics of North America Equine Practice, v.13, p.463-475, 1997.
HOHNSTONE, I.B.; VIEL, L.; CRANE, S. Hemostatic studies in racing
standardbred horses with exercise-induced pulmonary hemorrhage. Hemostatic
parameters at rest and after moderate exercise. Canadian Journal of Veterinary
Research, v.55, p.101-106, 1991.
KCKANE, S.A.; SLOCOMBE, R.F. Sequential changes in bronchoalveolar cytology
after autologous blood inoculation. Equine Veterinary Journal Supplement, v.30,
p.126-130, 1999.
KEEBLER, C.M.; SOMKAK, T.M. The manual of cytotechnology. Philadelphia:
W. B. Saunders Company, 1993. 414-448 p.
LAMAR, A.M. Standard fiberoptic and video endoscopic equipment. In: TRAUB-
DARGATZ.; BROWN, C.M. Equine endoscopic. St. Louis: Mosby, 1997. p.13-27.
LAPOINTE, J.M.; VRINS, A.; LAVOIC, J.P. Effects of centrifugation and specimen
preparation technique on bronchoalveolar lavage analysis in horse. Equine
Veterinary Journal, v.26, p.227-229, 1994.
LARSON, V.L.; BUSCH, R.H. Equine tracheobronquial lavage: comparison of
lavage cytologic and pulmonary histothologic fidings. American Journal of
Veterinary Research, v.46, p.144-146, 1985.
48
MACNAMARA, B.; BAUER, S.; IAFE, J. Endoscopic evaluation of exercise-
induced pulmonary hemorrhage and chonic obstrutive pulmonary disease in
association with poor performance in racing Standardbreds. Journal of the
American Veterinary Medical Association, v.196, p.443-445, 1990.
MANOHAR, M.; GOETZ, T.E.; SULLIVAN, E.; GRIFFIN, R. Pulmonary vascular
pressures of EIPH-positive thoroughbred horse during exercise performed at
maximal heart rate after administration of various doses of furosemide. In:
ANNUAL CONVENTION OF THE AMERICAN ASSOCIATION OF EQUINE
PRACTITIONERS AAEP, 43., 1997, Arizona. Proceedings Ithaca, NY:
Internacional Veterinary Information Service, 1997. p.276-278. Disponível em:
<www.ivis.org>. 7-dez-1997.
MAZAN, M.R.; HOFFMAN, A.M. Clinical techniques for diagnosis of inflammatory
airway disease in the horse. Clinical Techniques in Equine Pratice, v.2, p.238-
357, 2003.
MCGORUM, B.C.; DIXON, P.M.; HALLIWELL, R.E.W.; IRVING, P. Comparison of
cellular and molecular components of bronchoalveolarnlavage fluid harvested from
different segments of the equine lung. Research in Veterinary Science, v.55,
p.57-59, 1993.
MICHELOTTO JR., P.V. Determinação do estado do aparelho respiratório em
potros PSI de corrida antes do início dos treinamentos através do exame
clínico, endoscópico e citológico da secreção traqueobronquial. 1993. 146 p.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
MOORE, B.R. Lower respiratory tract disease. Veterinary Clinics of North
America Equine Practice, v.12, p.457-473, 1996.
NEWTON, JR.; ROGERS, K.; MARLIN, D.J.; WOOD, J.L.; WILLIAMS, R.B. Risk
factors for epistaxis on British racecourses: evidence for locomotory impact-
induced trauma contributing to the aetiology of exercise-induced pulmonary
haemorrhage. Equine Veterinary Journal, v.37, p.402-411, 2005.
49
O’CALLAGHAN, M.W.; PASCOE, J.R.; TYLER, W.S.; MASON, D.K. Exercise-
induced pulmonary haemorrhage in the horse: results of a detailed clinical, post-
mortem and imaging study. Equine Veterinary Journal, v.19, p.428-438, 1987.
OIKAWA, M. Exercise-induced haemorrhagic lesions in the dorsocaudal
extremities of the caudal lobes of the lungs of young thoroughbred horses. Journal
of Comparative Pathology, v.121, p.339-347, 1999.
OLIVER, O.; STAMPFLI, H.; TEJERO, E.A. Enfermedades respiratoriais de interes
em el caballo de deporte. Republica Argentina. In: CONFERENCIA
INTERNACIONAL DE CABALLOS DE DEPORTE - CICADE, 2003, Buenos Aires.
Anais... Buenos Aires, 2003. p.15-22.
PARENTE, E.J. Video-endoscopia. In: LEKEUX, P. Equine respiratory disease.
Ithaca, NY: International Veterinary Information Services, 2002. Disponível em:
<www.ivis.org>. Accesso em: 4-JUN-2002.
PASCOE, J.R. Exercise induced pulmonary hemorrhage: a unifying concept. In:
DUBAI INTERNATION EQUINE SYMPOSIUM, 1997, Dubai. Proceedings
California: Rantenen Desing, 1997. p.369-377.
PASCOE, J.R.; FERRARO, G.L.; CANNON, J.H.; ARTHUR, R.M.; WHEAT, J.D.
Exercise-induced pulmonary hemorrhage in racing thoroughbreds: a preliminary
study. American Journal of Veterinary Research, v.42, p.703-707, 1981.
RAINS, J.R.; COLLIER, M.A.; MACALLISTER, C.G. Epistaxis/exercised induced
pulmonary hemorrhage in horses. Disponível em: <www. mrhorse.com>. 2-fev-
2003.
ROBINSON, N.E. Current therapy in equine medicine. Philadelphia: W. B.
Saunders Company, 1992. p.846-847.
ROSSIER, Y.; SWEENEY, C.R.; ZIEMER, E.L. Bronchoalveolar lavage fluid
cytology findings in horses with pneumonia or pleuropneumonias. Journal of
American Veterinary Medical Association, v.198, p.1001-1004, 1991.
ROY, M.F.; LAVOIE, J.P. Tool for the diagnosis of equine respiratory disorders.
Veterinary Clinics of North America Equine Practice, v.19, p.1-7, 2003.
50
RUSH, B.; MAIR, T. Equine respiratory diseases. Oxford: Blackwell Science,
2004. 189-216 p.
SCHROTER, R. C.; MARLIN, D.J.; DENNY, E. Exercise-induced pulmonary
haemorrhage (EIPH) in horses results from locomotory impact induced trauma a
novel, unifying concept. Equine Veterinary Journal, v.30, p.186-192, 1998.
SCIPIONI, H.L.; CUTAIN, A.G.; SMETANA, A.; PETRONE, N.J.;
ROCCATAGLIATA, C.A. Estúdio estadistico de la hemorragia pulmonar induzida
por el ejercicio de sangre pura de carrera em la Republica Argentina. In:
CONGRESSO DE LA ASOCIACIÓN MUNDIAL DE VETERINÁRIA EQUINA, 8.,
CONGRESSO NACIONAL DEL TURF UPAC, 2., 2003, Buenos Aires. Anais...
Buenos Aires, 2003. p.178-182.
SCOTT, M.L. Bleeding in race horses: a new way to control it. Veterinary
Medicine, v.48, p.95-97, 1953.
SLOVIS, N.M. Atlas of equine endoscopy. St. Louis: Mosby, 2004. p.97-118.
SPEIRS, V. Exam clinical examination of horses. Philadelphia: W. B. Saunders
Company, 1997. 366 p.
STRICKLIN, J. B. Barrel Racing. In: ANNUAL CONVENTION OF THE AMERICAN
ASSOCIATION OF EQUINE PRACTITIONERS AAEP, 43., 1997, Aizona.
Anais Ithaca: American Association of Equine Practitioners, 1997. p. 37-39.
Disponível em: <www.ivis.org>. Acesso em: 7 dez. 1997.
SWEENEY, C.R.; BEECH, J. Bronchoalveolar lavage. In: BEECH, J. Equine
respiratory disorders. Philadelphia: Lea & Feliger, 1991. p.41- 53.
SWEENEY, C.R.; ROSSIER, Y.; ZIEMER, E.L. Effect of lung site and fluid volume
on results of bronchoalveolar lavage fluid analysis in horses. American Journal of
Veterinary Research, v.53, p.1376-1379, 1992.
TAKAHASHI, T.; HIRAGA, A.; OHMURA, H.; KAI, M.; JONES, J.H. Frequency of
and risk factors for epistaxis associated with exercise-induced pulmonary
haemorrhage in horse: 251, 606 race starts (1992 - 1997). Journal of the
American Veterinary Medical Association, v.128, p.215-218, 2001.
51
TEJERO, A.E. Hemorragia pulmonar Inducida por el ejercicio. In: CONFERENCIA
INTERNACIONAL DE CABALLOS DE DEPORTE - CICADE, 2001, Buenos Aires.
Anais... Buenos Aires, 2001. p.15-22.
VENGUST, M.; STAEMPFLI, H.; VIEL, L.; HEIGENHAUSER, G. Transvacular fluid
flux fron the pulmonary vasculature at rest and during exercise in horses. Journal
of Physiology, v.15, p.397-405, 2006.
VOSS, E.; SEAHORN, T. Tracheobronchoscopy. In: SLOVIS, N.M. Atlas of
equine endoscopy. St. Louis: Mosby, 2004. p.97-118.
WALDRIDGE, B.M.; WELLES, E.G. How to perform a Bronchoalveolar lavage
using a three gastroscope. In: ANNUAL CONVENTION OF THE AMERICAN
ASSOCIATION OF EQUINE PRACTITIONERS AAEP, 52., 2006, San Antonio.
Proceedings Ithaca, NY: International Veterinary Information Service, 2006.
p.104-106. Disponível em: <www.ivis.org>. 6-dez-2006.
WEISS, D.J.; SMITH, C.M. Haemorrheological alterations associated with
competitive racing activity in horses: implications for exercise-induced pulmonary
haemorrhage (EIPH). Equine Veterinary Journal, v.30, p.7-12, 1998.
WEST, J.B.; TYLER, W.S.; BIRKS, E.K.; MATHIEU-COSTELLO, O. Exercise
induced pulmonary hemorrhage. In: DUBAI INTERNATION EQUINE
SYMPOSIUM, 1997, Dubai. ProceedingsCaliphornia: Rantenen Desing, 1997.
p.353-368.
WESTERMANN, C.M.; LAAN, T.T.; VAN NIEWSTADT, R.A.; BULL, S.; FINK-
GREMMELS, J. Effects of antitussive agents administered before bronchoalveolar
lavage in horses American Journal of Veterinary Research, v.66, p.1420-1424,
2005.
WINDER, N.C.; GRUNIG, G.; HERMANN, M.; FELLENBERG, R. Comparison of
bronchoalveolar lavage and respiratory secretion cytology in horses with
histologically diagnosed pulmonary disease. Schweizer Archiv fuer
Tierheilkunde, n.133, p.123-130, 1991.
52
ZINKL, J.G. The lower respiratory tract. In: COWELL, R.L.; TYLER, R.D. Cytology
end hematology of horse. Goleta: American Veterinary Publications, 1992. p.77-
87.
53
IX TRABALHO CIENTÍFICO NA REVISTA ARCHIVES OF
VETERINARY SCIENCE
AVALIAÇÃO CLÍNICA E CITOLÓGICA DO TRATO RESPIRATÓRIO DE
CAVALOS QUARTO DE MILHA APÓS O EXERCÍCIO
(Clinical and Cytologic Evaluation of Respiratory Tract from Quarter Horses
following exercise)
BIAVA, J. S.
1
; GONÇALVES, R. C
2
; DORNBUSCH, P. T.
3
; MICHELOTTO
JÚNIOR, P. V.
3
; BIONDO, A. W.
4
; CASSOU, F.
5
; ZANOTTO, G .M
6
; TELLES, J.
E. Q.
7
1
Pós-graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP.
2
Docente da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP.
3
Docente de Clínica e Cirurgia de Eqüinos – PUC – PR.
4
Docente Departamento de Medicina Veterinária da UFPR – PR.
5
Pós-graduanda de Medicina Veterinária da UFPR – PR.
6
Acadêmico de Medicina Veterinária da UFPR – PR.
7
Médico do Departamento de Patologia do Hospital de Clínicas / UFPR – PR.
Correspondência para: GONÇALVES, R. C. – Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia, UNESP – Botucatu. Rubião Júnior s/n, Botucatu CEP 18.618-000 Tel
(14) 3811-6044 calderon@fmvz.unesp.br.
54
Resumo
O objetivo do presente estudo foi avaliar a citologia do lavado
broncoalveolar (BAL) após o exercício de doze cavalos da raça Quarto de Milha,
provenientes de Curitiba e Região Metropolitana. Após a infusão de 100 ml de
solução fisiológica com auxílio de endoscopia e cateter de silicone, foram
recuperados, acondicionados em torno de 30 mL de BAL por cavalo, analisados e
submetidos à centrifugação. Lâminas de citocentrífuga foram obtidas e coradas
pelas técnicas de Giemsa, Papanicolaou e Azul da Prússia. Nenhum dos cavalos
apresentou epistaxe ou outra anormalidade ao exame clínico, nem sangramento
pulmonar à endoscopia. A contagem de hemácias e leucócitos no BAL esteve
dentro dos valores normais de literatura, assim como os diferenciais leucocitários,
com a proporção média de 62,3±13,7% e 34,14,8% para macrófagos e
linfócitos, respectivamente. No entanto, a presença de hemossiderófagos em
diferentes percentuais, sugere que parte destes animais estejam sob hemorragia
pulmonar subclínica, isto é, não detectada clinicamente. Concluiu-se, baseado no
presente trabalho, que a avaliação das populações celulares com o uso da
citocentrífuga em associação a colorações especiais pode fornecer ao clínico
importantes informações adicionais acerca do status funcional do trato respiratório,
em particular hemorragias subclínicas.
Palavras-chave: Citologia, Lavado Broncoalveolar, citocentrífuga, cavalo, Quarto
de Milha
Abstract
The aim of this study was to evaluate the bronchoalveolar lavage (BAL)
cytology following exercise from twelve Quarter Horse breed animals from Curitiba
City and surroundings. After infusion of 100 ml of physiologic solution with
endoscopy and silicon catheter, an average of 30 mL of BAL was recovery per
horse, analized and submited to cytocentrifugation. Cytocentrifuge slides were
obtained and stained by Giemsa, Papanicolaou and Perl’s Prussian Blue. None of
the horses presented epistaxis or any other abnormality on the clinical
55
examination, nor pulmonary bleeding by endoscopy. The eritrocyte and leukocyte
in BAL a counts were in the normal range of literature, as well as the leukocyte
diferencials, with a mean proportion of 62.3±13.7% and 34.14.8% for
macrophages and lymphocytes, respectivelly. However, the presence of
hemosiderophages in different percentages, suggested that part of the animals
were under subclinical pulmonar hemorrhage, not clinically detected. Based on the
present study, we concluded that the evaluation of cellular populations with the use
of cytocentrifuge and special stains can provide to the clinician important additional
information on functional status of respiratory tract, particularly hemorrhage.
Keywords: Cytology, BAL, cytocentrifuge, equine, Quarter Horse
Introdução
O exame citológico das vias aéreas inferiores pode ser realizado através de
aspirado transtraqueal e de lavados traqueal, traqueobrônquico e broncoalveolar
(BAL) que auxiliam na avaliação das doenças do trato respiratório (FOGARTY,
1990; ERICKSON e POOLE, 2003). O BAL envolve a lavagem das vias aéreas
inferiores, através de endoscópio ou cateter introduzidos em um brônquio
(SWEENEY e BEECH, 1991; COWELL e TYLER 1992; HEWSON e VIEL, 2002).
O BAL é a técnica mais sensível para avaliar o meio celular dentro de um
segmento de brônquio, bronquíolo e alvéolos, sendo o método de seleção mais
adequado para avaliar as vias aéreas distais (FORGARTY e BUCKLEY, 1991;
CLARK et al., 1995; ERICKSON e POOLE, 2003). MAZAN e HOFFMAN (2003),
referem em seu estudo uma significativa diferença entre o BAL de cavalos de
corrida e cavalos de outros esportes, sendo que estes últimos apresentaram uma
quantidade significativamente maior de neutrófilos, indicando uma maior
cronicidade do processo inflamatório nestes animais.
A interpretação citológica varia com o método de colheita da amostra e a
técnica de processamento utilizada (HEWSON e VIEL, 2002), assim como tipo de
líquido infundido, pH, volume, diâmetro do material de coleta e o tempo de
estocagem da amostra antes do processamento (MCGORUM et al., 1993;
56
HEWSON e VIEL, 2002). A avaliação citológica é feita pela contagem diferencial
de macrófagos, neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, mastócitos e células cilíndricas
do epitélio das vias aéreas (SWEENEY et al., 1992; CLARK et al., 1995;
HEWSON e VIEL, 2002). A citologia pode atestar a hemorragia pulmonar, quando
houver presença de macrófagos alveolares fagocitando eritrócitos ou com
hemossiderina no seu citoplasma (COWELL e TYLER, 1992; OLIVER et al.,
2003). Segundo MCKANE e SLOCOMBE (1999), são observados poucos
hemossiderófagos nos primeiros três dias após a hemorragia pulmonar. Os
autores relatam grande quantidade de hemossiderófagos e mesmo de eritrócitos
totalmente preservados ainda 14 dias após a hemorragia, o que por sua vez,
caracteriza a dificuldade do sistema mucociliar e fagocitário em remover a
hemorragia presente. Os autores referem ainda foi observado um pequeno
número de células no lavado broncoalveolar realizado 21 dias após a hemorragia
pulmonar. Além disso pode-se detectar processos inflamatórios quando
aumento no número de neutrófilos e suspeitar de processos alérgicos, fungicos ou
reações a metazoários quando houver aumento de eosinófilos.
Para a interpretação citológica da amostra dois procedimentos devem ser
realizados: uma lâmina direta, no momento da coleta, para a contagem total de
células, e outra utilizando a citocentrífuga para a contagem diferencial das células.
A lâmina preparada pela citocentrífuga é preferida pelos clínicos, pois muitas
células são concentradas em uma área da lâmina facilitando assim a contagem
diferencial em suas diferentes colorações (HEWSON e VIEL, 2002). Para maior
acurácia na interpretação dos resultados, muitos citologistas preferem realizar a
contagem diferencial de, no mínimo, 5 células por campo de visão no maior
aumento ou 300 a 500 células por lâmina (MAZAN e HOFFMAN, 2003).
Apesar de vários estudos realizados em cavalos de corrida, pouco se sabe
sobre a importância do EIPH em animais de trabalho ou esporte. Portanto, o
objetivo do presente estudo foi de avaliar clinicamente e citologicamente o BAL de
cavalos da raça Quarto de Milha após o exercício, com o uso da citocentrífuga e
colorações especiais.
57
Material e método
Foram utilizados 12 eqüinos da raça Quarto de Milha, 6 machos e 6
fêmeas, com média de 5,3 ± 3,0 anos de idade e variando entre 3 a 14 anos,
pesando 477 ± 26 kg, clinicamente saudáveis, provenientes de Curitiba e região
metropolitana, Estado do Paraná. Os cavalos eram mantidos em piquetes durante
o dia e encocheirados durante a noite, alimentados com feno, ração comercial e
água ad libidum, além de vermifugados a intervalos de 60 dias. O regime de
exercícios era de uma hora diária, seis dias na semana, incluindo a participação
em campeonatos de tambor e baliza.
O exame clínico foi realizado em todos os animais 30 minutos após o
exercício e previamente à endoscopia. Foram avaliados: a frequência respiratória,
frequência cardíaca, estado de hidratação, coloração de mucosas, tempo de
preenchimento capilar (TPC), linfonodos e atitude ao exame.
Os animais foram examinados visualmente através do endoscópio flexível
(Colonoscópio CF 140L, Olympus Company, EUA), introduzido na narina em
direção à traquéia e brônquios, com prévia sedação caso necessário. Foi utilizado
um colonoscópio, marca Olympus, com 1,80 metros de comprimento e 12,80 mm
de diâmetro externo com fonte de luz fria 150 Watts. No trato respiratório superior
e inferior, verificou-se a presença de secreção nasal e epistaxe, a presença de
secreção traqueal, alterações da bifurcação traqueal (carina), alterações nos
brônquios principais e outros achados relevantes. A presença de hemorragia
pulmonar induzida por exercício (EIPH) foi observada e, quando necessário,
graduada de Grau 0 a Grau IV segundo escala de Eppinger (EPPINGER, 1990).
Após a visualização das vias aéreas o endoscópio foi retirado e um cateter de
silicone (Bivona, Smiths, Reino Unido) introduzido até um brônquio, sendo
utilizado somente infusão de anestésico local (Lidocaína 1%) para diminuir o
reflexo de tosse.
Para a realização do lavado foram inoculados 100 ml de solução fisiológica
comercial, o líquido introduzido foi removido rapidamente por sucção, com seringa
descartável de 60 ml e devidamente identificado. Concluída a aspiração da
58
amostra, a seringa foi desacoplada da sonda, o conteúdo homogeneizado e uma
alíquota de 3ml foi separada para exame físico-químico e citológico quantitativo do
BAL. O restante do fluído foi colocado em uma caixa de isopor com gelo em
temperatura de 0 a 4
o
C e encaminhada imediatamente ao Laboratório de
Patologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (HC/UFPR),
onde as amostras conservadas sob refrigeração foram centrifugadas em
citocentrifuga (Revan Citocentrífuga 2000 D), durante 5 minutos. O botão celular
formado na lâmina foi corado pelas técnicas de Giemsa, Papanicolau e Azul da
Prússia, segundo metodologia padrão de confecção (KEEBLER e SOMKAK,
1993). Para a análise diferencial de células, foram contadas quando possível um
total de 400 células, diferenciando-se as proporções de células epiteliais
cilíndricas, neutrófilos, linfócitos, eosinófilos, mastócitos e macrófagos.
À análise descritiva das lâminas avaliou-se celularidade, presença de muco,
hemácias, leucócitos e células, íntegras ou degeneradas. As lâminas foram
processadas com o uso de citocentrífuga e todas analisadas para diferencial de
células.
Os exames físico-químicos e citológicos quantitativos foram realizados no
Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da UFPR, por observação
da amostra e com o uso de tiras reagentes de urina (Uri-test, Inlab, São Paulo). O
líquido foi avaliado quanto ao volume recuperado, aspecto, coloração, densidade
específica, pH, proteínas, glicose, sangue oculto e bilirrubina. Para o exame
citológico quantitativo o líquido do BAL foi homogeneizado, diluído quando
necessário, sendo as hemácias e células nucleadas totais contadas com o auxílio
de câmara de Newbauer em microscópio óptico.
Resultados
Nenhum dos animais necessitou de prévia sedação para o exame clínico ou
sondagem. Segundo o exame clínico, atitude ao exame, os linfonodos palpáveis, o
estado de hidratação e a coloração de mucosas estavam normais. Observou-se
21,1 ± 6,7 movimentos respiratórios por minuto, 41,5 ± 9,5 batimentos cardíacos
por minuto e 2,1 ± 0,3 seg. de tempo de preenchimento capilar. Nenhum dos
59
animais apresentou epistaxe ao exame externo; apenas o cavalo 1 apresentou
secreção mucosa nasal.
Não foi observado sangramento à endoscopia nos animais deste
experimento. Havia presença de pequena quantidade de secreção se
assemelhando à saliva no terço médio da traquéia dos cavalos 4, 7, 10 e 12; no
terço proximal, dos cavalos 2, 5 e 8; no terço distal, do cavalo 1 e em todas as
porções da traquéia, do cavalo 3. Não foi observada a presença de secreção na
traquéia dos animais 6, 9 e 11. o foram observadas alterações da bifurcação
traqueal (carina), alterações nos brônquios principais ou quaisquer outros achados
relevantes como mostra a QUADRO 1.
Os lavados observados foram todos classificados como transparente e
ligeiramente turvos. A fita reagente foi utilizada no BAL de 7 animais, sendo todos
negativos para glicose e bilirrubina, além disso, apresentaram traços de proteínas,
densidade específica média de 1,003 ± 0,002 e pH de 5,0 ± 0,0. A tira reagente
mostrou sangue oculto em 5 das 7 amostras avaliadas, com média de duas cruzes
(101,4 ± 137,3 hemácias/µL).
Os valores de volume de infusão recuperados, contagem de hemácias,
contagem de leucócitos e outras células, diferencial leucocitário e percentual de
hemossiderófagos (contatos como parte do total de macrófagos) encontram-se
resumidos na TABELA 1. A avaliação da composição dos grumos celulares foi
realizada com o auxílio de lâminas coradas com Papanicolau, e estavam
presentes nas lâminas dos cavalos 1, 5, 6, 8, 9, 10, 11, e 12. A avaliação e
contagem de hemossiderófagos foi realizada com a lâmina corada pelo método de
Azul da Prússia, sendo observada nos animais de números 1, 4, 5, 9, 10, 11 e 12,
a proporção de 25%, 76%, 15%, 19%, 50%, 40% e 11% do total de macrófagos,
respectivamente.
Discussão
Neste estudo observou-se que a avaliação clínica não mostrou alterações
relevantes, uma vez que todos os animais utilizados eram saudáveis. Nossos
achados são semelhantes ao de BACCARIN (2005), que demonstrou que as
freqüências cardíaca e respiratória podem estar elevadas logo após o exercício e
60
não apresentar alterações durante repouso, mesmo em cavalos com algum grau
de Hemorragia Pulmonar.
Segundo os resultados obtidos, apenas três cavalos foram positivos na
fita reagente para sangue oculto. Os dados obtidos pela fita de urinálise não foram
sensíveis para detectar Hemorragia Pulmonar.
A utilização da técnica de lavado broncoalveolar (BAL) com auxílio de
endoscopia é importante instrumento na avaliação citológica das vias respiratórias
inferiores, permitindo diagnóstico mais preciso das afecções respiratórias em
eqüinos. A grande vantagem do uso da endoscopia para a coleta do BAL é a
visualização das estruturas das vias aéreas superiores e inferiores, definindo com
isso, suas alterações anatômicas (ROY e LAVOIE, 2003). Além disso, pode-se
estimar a severidade da EIPH avaliando a quantidade de sangue presente nas
vias aéreas, pois a presença de epistaxe, ocorre somente em 0,25 a 13% dos
cavalos de corrida acometidos de EIPH (ERICKSON e POOLE, 2002). Em nosso
estudo, não foi observado nenhum grau de Hemorragia Pulmonar segundo a
escala de EPPINGER (1990). Entretanto, quando utilizou-se o BAL, 58,3% dos
cavalos que estavam em exercício intenso durante o treinamento ou que
participaram de prova nos últimos 21 dias apresentaram citologicamente, algum
grau de EIPH. Poucos são os estudos que utilizaram a avaliação de
hemossiderófagos como parte da análise do BAL em cavalos. CLARK et al. (1995)
observou que os hemossiderófagos podem ser utilizados no diagnóstico de
hemorragias subclínicas, uma vez que o sangramento não foi visível pela
endoscopia. De acordo com BACCARIN (2005), o BAL é mais específico e
sensível do que o exame endoscópico após exercício (Endoscópio = 1 a 2 horas
após exercício; BAL= 1 a 21dias presença de hemossiderófagos).
Portanto, o padrão citológico é bastante útil na interpretação e formulação
de diagnóstico diferencial, ou seja, a citologia pode indicar processos inflamatórios
de etiologia alérgica, fúngica, bacteriana, parasitários entre outras e até processos
físicos, como no caso da hemorragia induzida por exercício (EIPH). Segundo
COWELL e TYLER (1992) é difícil mensurar valores de referência para o BAL,
pois a contagem pode variar conforme a técnica de coleta e processamento,
61
porém concordamos com os autores quando estes afirmam que a contagem
diferencial de células no BAL de cavalos clinicamente normais mostra um
predomínio de macrófagos e linfócitos (TABELA 1). Muitos desses trabalhos são
realizados em cavalos de corrida e MAZAN e HOFFMAN (2003), referem em seu
estudo, uma significativa diferença entre o BAL de cavalos de corrida e cavalo s
de outros esportes, tais como tambor e baliza. Neste trabalho os resultados são
similares, ou seja, os cavalos da raça Quarto de Milha apresentam algum grau
de sangramento, visível ao endoscópio ou a olho nu após exercício intenso. O
sangramento pode ser detectado por endoscopia 30 a 60 min. após exercício, que
é o tempo necessário para a drenagem do sangue, das vias aéreas mais
profundas para as de grande calibre. No BAL desses cavalos podemos encontrar
hemossiderófagos até 21 dias após exercício intenso ou prova (MAZAN e
HOFFMAN, 2003).
A citocentrífuga é um equipamento de grande valor, pois ao concentrar as
células, formou um botão que favoreceu a visualização e identificação celular em
suas diferentes colorações, conseguindo-se contar no mínimo 5 células por campo
(MAZAN e HOFFMAN, 2003). Embora, o alto custo limite seu uso na medicina
veterinária, o se admite hoje, um laboratório terciário que atue na pesquisa de
células em líquidos, que o disponha de tal equipamento. Neste experimento, a
citocentrífuga preservou a morfologia das células adequadamente, principalmente
dos linfócitos, contrastando com o resultado obtido por LAPOINTE et al. (1994);
HEWSON e VIEL (2002) que cita um decréscimo da percentagem de linfócitos
com o uso de citocentrífuga. As colorações utilizadas permitiram a adequada
visualização de todos os tipos celulares. A coloração de Papanicolau foi
indispensável para a interpretação citológica em lâminas que apresentaram
grumos celulares, que fornece uma visualização das camadas de células
(macrófagos). A coloração especial – Azul da Prússia foi utilizada para confirmar
animais com algum grau de Hemorragia Pulmonar, como sugere HEWSON e VIEL
(2002), pois identificou, com segurança, os hemossiderógafos.
A utilização de cavalos da raça Quarto de Milha foi de grande importância
neste estudo, apesar da limitada amostragem, conseguindo-se estabelecer uma
62
avaliação citológica de BAL para a raça, em provas de três tambores e seis
balizas. O número de animais parece ser limitante nos estudos de BAL em
eqüinos, provavelmente, devido à dificuldade em se coletar, acondicionar e
processar as amostras adequadamente e com a mesma metodologia, bem como
os custos operacionais do processo. Alguns estudos foram realizados utilizando-
se menos de 10 animais (MARLIN et al., 2002).
Para a coleta do BAL destes animais foi utilizado somente lidocaína
intratraqueal, que reduziu a freqüência e intensidade da tosse, corroborando os
achados de WESTERMANN et al. (2005), não sendo necessária a sedação
intravenosa, como sugere DOUCET e VIEL (2002).
Conclui-se que a prevalência da EIPH varia conforme o método utilizado
para detectá-la. Ela é menor quando o diagnóstico é realizado por meios visuais e
aumenta quando se utiliza a citologia. .
63
TABELA 1. LEITURA DIFERENCIAL E TOTAL DE LEUCÓCITOS DO LAVADO BRONCOALVEOLAR DE
CAVALOS, APÓS A INFUSÃO DE 100ML DE SOLUÇÃO SALINA 0,9%.
Número Volume
recuperado
(mL)
Hemácias
(no./µL)
Leucócitos
(no./µL)
Macrófagos
(%)
Linfócitos
(%)
Neutrófilos
(%)
Eosinófilos
(%)
Mastócitos
(%)
Células
Epiteliais
(%)
Hemossi-
derófagos
(%
macrófagos)
1 12 NR 300 79,7 14,5 0,5 0,0 4,1
1,2 25,0
2 8 NR 350 82,4 6,4 0,0 0,0 0,0
11,2 0,5
3 10 NR 200 67,0 32,8 0,2 0,0 0,0
0,0 0,5
4 50 NR 450 71,3 28,7 0,0 0,0 0,0
0,0 76,0
5 60 NR 385 67,7 29,1 0,9 0,0 2,3
0,0 15,0
6 20 535 162 62,9 37,1 0,0 0,0 0,0
0,0 0
7 25 315 460 69,9 28,7 1,5 0,0 0,0
0,0 1,0
8 40 435 445 54,4 31,3 2,7 11,6 0,0
0,0 0,5
9 38 312 442 57,7 42,1 0,2 0,0 0,0
0,0 19,0
10 20 358 555 34,5 59,5 0,4 4,1 1,6
0,0 50,0
11 42 228 162 48,4 49,7 0,2 0,4 1,3
0,0 40,0
12 42 310 240 51,1 48,9 0,0 0,0 0,0
0,0 11,0
Média 30,6 356,1 379,5 62,3 34,1 0,6 1,3 0,8
1,0
Desvio 17,0 100,3 131,8 13,7 14,8 0,8 3,4 1,3
3,2
NR=nãorealizado
QUADRO 1. ACHADOS ENDOSCÓPICOS EM CAVALOS DA RAÇA QUARTO
DE MILHA, APÓS TREINO PARA AS PROVAS DE SEIS BALIZAS E TRÊS
TAMBORES.
Cavalos
Secreção da Traquéia
Alteração na
Bifurcação da
Traquéia
Alteração nos
Brônquios
principais
Terço
Proximal
Terço
Médio
Terço
Distal
Toda
Extensão
1 X NDN NDN
2 X NDN NDN
3 X NDN NDN
4 X NDN NDN
5 X NDN NDN
6 NDN NDN
7 X NDN NDN
8 X NDN NDN
9 NDN NDN
10 X NDN NDN
11 NDN NDN
12 X NDN NDN
NDN= Nada digno de nota
65
Referências
BACCARIN, R. Y.A. Diagnóstico e tratamento das pneumopatias de esforço. In:
II Simpósio Internacional do Cavalo Atleta e IV Semana do Cavalo SIMCAV.
2005, Belo Horizonte,
Anais II Simpósio Internacional do Cavalo Atleta
.
Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais, 2005, p. 12-28.
CLARK, C. K.; LESTER, G. D.; VETRO, T.; RICE, B. Bronchoalveolar lavage in
horses: effect of exercise and repeated sampling on cytology.
Australian
Veterinary Journal,
v. 72, p 249-252, 1995.
COWELL, R.L.; TYLER, R.D.
Cytology and hematology of the horse.
Goleta:
American Veterinary Publications, 1992.
DOUCET, M. Y.; VIEL, L. Clinical, radiographic, endoscopic, bronchoalveolar
lavage and lung biopsy findings in horses with exercise-induced pulmonary
hemorrhage
Canadian Veterinary Journal,
v. 43, p 195-202, 2002.
EPPINGER, M.
Hemorragia pulmonar de esforço e o desempenho de
eqüinos PSI {Equus caballus} em corridas de galope no jockey club do
Paraná.
1990. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná,
Curitiba.
ERICKSON, H. H.; POOLE, D. C. Exercise-induced pulmonary hemorrhage. In:
Equine Respiratory Disease.
Ithaca, NY: International Veterinary Information
Services. Disponível em: www.ivis.org. Accesso em 2003.
FORGARTY, U. Evaluation of a bronchoalveolar lavage tecnique.
Equine
Veterinary. Journal,
v. 3, p 174–176, 1990.
FORGARTY, U.; BUCKLEY, T. Bronchoalveolar lavage findings in horses with
exercise intolerance.
Equine Veterinary. Journal,
v. 6, p 434–437, 1991.
HEWSON, J.; VIEL, L Sampling, microbiology end citology of respiratory. In:
Equine Respiratory Disease.
Ithaca, NY: International Veterinary Information
Services. Disponível em: www.ivis.org. Accesso em 2002.
KCKANE, S. A.; SLOCOMBE, R. F. Sequential changes in bronchoalveolar
cytology after autologous blood inoculation.
Equine Veterinary. Journal
Supplement,
v. 30, p 126-130, 1999.
66
KEEBLER, C. M.; SOMKAK, T. M.
The Manual of Cytotechnology
.
Philadelphia: W. B. Saunders company, 1993.
LAPOINTE, J. M.; VRINS, A.; LAVOIC, J. P. Effects of centrifugation and
specimen preparation technique on bronchoalveolar lavage analysis in horse.
Equine Veterinary. Journal,
v.26. p 227-229,1994.
MARLIN, D. J.; SCHROTER, R. C.; CASHMAN, P. M. M.; DEATON, C. M.;
POOLE, D. C.; KINDIG, C. A.; MCDONOUGH, P.; ERICKSON, H. H.
Movements of thoracic and abdominal compartments during ventilation at rest
and during exercise. In: VI International Conference on Equine Exercise
Physiology. 2002, Kentucky,
Equine Veterinary Journal Supplement,
v. 34. p
384-390, 2002.
MAZAN, M. R.; HOFFMAN, A. M. Clinical techniques for diagnosis of
inflammatory airway disease in the horse.
Clinical Tecniques in Equine
Pratice.,
v. 2, p: 238 – 357, 2003.
MCGORUM, B. C.; DIXON P. M.; HALLIWELL, R. E. W.; IRVING, P.
Comparison of cellular and molecular components of bronchoalveolarnlavage
fluid harvested from different segments of the equine lung.
Research in
Veterinary Science,
v 55, p 57-59, 1993.
OLIVER, O.; STAMPFLI, H.; AQUILERA, E. Enfermedades respiratórias de
interés em el caballo de deporte. In: Conferencia Internacional de Caballos de
deporte CICADE. 2003, Curitiba.
Anais Conferencia Internacional de
Caballos de deporte
. Curitiba: Pontifícias Universidades Católicas do Paraná,
2003, p. 15-22.
ROY, M. F.; LAVOIE, J. P. Tool for the diagnosis of equine respiratory
disorders.
Veterinary Clinics of North America: equine practice,
v 19, p 1–
7, 2003.
SWEENEY, C. R.; BEECH, J. Bronchoalveolar Lavage. In: BEECH, J.
Equine
Respiratory Disorderas.
Philadelphia: Lea & feliger, 1991. p. 41- 53.
SWEENEY. C. R.; ROSSIER, Y.; ZIEMER, E. L. Effect of lung site and fluid
volume on results of bronchoalveolar lavage fluid analysis in horses.
American
Journal of Veterinary Research,
v. 53, p 1376-1379, 1992.
67
WESTERMANN, C. M.; LAAN, T.T.; VAN NIEWSTADT, R. A.; BULL, S.; FINK-
GREMMELS, J. Effects of antitussive agents administered before
bronchoalveolar lavage in horses
American Journal of Veterinary Research,
v.66, p 1420-1424, 2005.
68
ANEXOS 1: Ficha de avaliação respiratória de cavalos atletas
RG: Data:
CRIADOR: PROPRIETÁRIO:
TREINADOR:
Animal:
Idade: Sexo: M F Cast. Peso: ____Kg
Raça: QM Paint Horse Apallosa Outros________________________
Alimentação: Feno Concentrado Ração ou ___________
Textura da ração: peletizada farinácea
Mineralização: sim não Qual?____________________________
Baia: aberta fechada Pasto
Localização_________________________ Tamanho________
Exposição à : poeira irritantes ventos frios calor excessivo
Limpeza das baias: diária semanal mensal outros
Uso de cama: sim não Qual? ______________________________
Animal sob exercício: sim não Descanso: __________ dias.
Prova: Baliza; Laço; Tambor
Freqüência de treinamento: 1x/sem; 2x/sem; 3x/sem ou ____________
Animal realizou endoscopia na última semana: sim não
Quantos dias atrás: _______
Doença Pré-existente:__________
Animal sob tratamento: sim não
Qual:_______________________________
EXAME FÍSICO
Freqüência respiratória(FR):_____/mpm. Freqüência cardíaca(FC): _____/bpm
Temperatura Retal: ______°C Estado de hidratação:_______%
Tempo de Preenchimento Capilar (TPC): ____ Coloração das mucosas: _____
Atitude: _
_
___________ Linfonodos:__________________________
EXAME ENDOSCÓPICO
Sedado:
sim não
Qual princípio ativo: ___________________________________________
Secreção Nasal: sim não Unilateral Bilateral
Prevalência da lesão: lado direito, lado esquerdo
Epistaxe:
sim não Unilateral Bilateral
Prevalência da lesão: lado direito lado esquerdo
69
EIPH: Gravidade:
Grau I
; presença de pequenas estrias e/ou coágulos situados no terço distal
da traquéia.
Grau II
; filetes de sangue distribuídos aleatoriamente (não uniforme) por toda
extensão da traquéia, coágulos maiores.
Grau III
; sangue distribuídos uniformemente por toda extensão da traquéia.
Grau IV
; quantidade abundante de sangue por toda a traquéia, laringe,
faringe, fossas nasais.
Grau V
exacerbação do grau de anterior e epistaxe.
Secreção na traquéia: sim não
Exudato mucopurulento; Fluído serosanguinolento;
Outro:_____________Local:
Traquéia proximal; Terço médio da traquéia; Traquéia distal
Bifurcação Traqueal: _____________________________________________
Brônquios Principais: ______________________________________________
Outros achados:
EXAME FÍSICO DO BAL
Volume infundido: _______ml Volume recuperado: ________ ml
Local de coleta: Brônquio Bifurcação da traquéia Traquéia
ACHADOS MICROSCÓPICOS
Contagem total de células:
Hemácias: ___________hem/ µl Leucócitos:__________leu/ µl
Contagem diferencial de células:
_____% células epiteliais cilíndricas
_____ % neutrófilos
_____ % linfócitos
_____ % eosinófilos
_____ % macrófagos
_____ % mastócitos
_____% hemossiderófagos
Outros achados:
____________________________________________________________
Colorações:
Papanicolau Giemsa Azul da Prússia
70
ANEXO 2 Resumos apresentados no 13° Evento de Iniciação Científica da
UFPR, 2005.
Nº 000
USO DA CITOCENTRÍFUGA E COLORÕES ESPECIAIS NO
EXAME CITOLÓGICO DO LAVADO BRONCOALVEOLAR EM CAVALOS.
Aluno de Iniciação Científica:
Gustavo Miranda Zanotto
N
o
de Registro do Projeto de Pesquisa no BANPESQ/THALES:
2004014015
Orientador:
Alexander W. Biondo
Co-orientador:
Peterson Triches
Dornbusch
Colaboradores:
Janaina Biava, Roberto Calderon Gonçalves, Marina Loureiro
Caldas, José Ederaldo Queiroz Telles.
Departamento:
Medicina Veterinária
Setor:
Ciências Agrárias
Palavras-chave:
BAL, lavado broncoalveolar, eqüínos
Área de Conhecimento:
Medicina Veterinária: 5.05.00.00-7
A utilização da técnica do lavado broncoalveolar (BAL) com auxilio de
endoscopia é importante instrumento na avaliação citológica das vias
respiratórias inferiores, auxiliando num diagnóstico mais preciso das afecções
respiratórias em eqüinos. A verificação das populações celulares do BAL
permite também avaliar a viabilidade do animal para competições e o estado
funcional do aparelho respiratório. O objetivo do presente estudo foi o de
avaliar o uso da citocentrífuga no exame citológico do BAL, bem como de
colorações especiais na sua avaliação. Foram utilizados 6 cavalos, de
diferentes raças e condições respiratórias, provenientes do Regimento da
Polícia Militar do Paraná, localizado em Curitiba, PR. Após contenção física dos
animais e passagem do endoscópio, foram inoculados 300 ml de solução
apirogênica comercial, fracionada em três alíquotas de 100 ml, por sonda
apropriada, passada pelo canal de trabalho do endoscópio até alcançar o
brônquio caudodorsal direito ou nos locais com secreções ou sangramentos. O
líquido infundido foi fracionado, e após sua retirada por sucção com seringas
de 60 ml o mesmo foi identificado, acondicionado em gelo e encaminhado ao
Laboratório de Patologia do Hospital de Clínicas da UFPR. A amostra foi então
submetida à citocentrifugação (Citocentrifuga Revan, 2000D), e foram
realizadas colorações de cada amostra de BAL, incluindo as colorações de
Giemsa, Papanicolau e Azul da Prússia. A coloração de Giemsa permitiu a
visualização e identificação adequada dos tipos celulares, incluindo,
macrófagos, neutrófilos, linfócitos, células ciliadas e caliciformes. O uso do
Papanicolau permitiu a visualização através dos grumos celulares, bem como
71
detalhada avaliação nuclear. Finalmente, a coloração do Azul da Prússia
permitiu a visualização de raros macrófagos com pigmentos de hemossiderina
(hemossiderófagos) sugerindo hemorragia crônica discreta em alguns animais.
Em conclusão, a citocentrífuga preservou a morfologia das células
adequadamente, em particular os linfócitos, facilitando a visualização e o
reconhecimento celular; as colorações utilizadas permitiram a adequada
visualização de todos os tipos celulares; a colheita, acondicionamento e
processamento no Laboratório de Patologia do Hospital de Clínicas da UFPR
mostrou-se alternativa ao diagnóstico, visto o alto custo da citocentrífuga para
aquisição na medicina veterinária.
72
ANEXO 3: Resumos apresentados no 14° Evento de Iniciação Científica da
UFPR, 2006.
COMPARATIVO DOS PARÂMETROS FISIOLÓGICOS DE CAVALOS DA
RAÇA QUARTO DE MILHA EM PROVAS SEIS BALIZAS E TRÊS
TAMBORES
Aluno de Iniciação Científica:
Mariane Angélica Pommerening Finger(IC-
voluntária)
Nº de Registro do Projeto de Pesquisa no BANPESQ/THALES:
2006019199
Orientador:
Alexander Welker Biondo
Co-Orientador:
Roberto Calderon Gonçalves
Colaborador:
Janaína Biava,Gustavo Miranda Zanotto
Departamento:
Medicina Veterinária
Setor:
Ciências Agrárias
Palavras-chave:
cavalos, parâmetros fisiológicos,exercício
Área de Conhecimento:
5.05.00.00-7
Os parâmetros fisiológicos de freqüência cardíaca e respiratória de cavalos da
raça Quarto de Milha em duas diferentes modalidades esportivas, seis balizas
e três tambores, podem ser variáveis devido à intensidade do exercício e o
tempo de prova.Uma vez que o VO
2max
aumenta de acordo com a duração e
com o grau de intensidade do exercício, é provável que haja uma variação nas
freqüências cardíaca e respiratória de animais que participaram da categoria
três tambores, que exige um pouco mais de velocidade e agilidade, e os que
participam da categoria seis balizas.Para avaliar os parâmetros de freqüência
cardíaca e respiratória foram utilizados 30 eqüinos selecionados ao acaso,com
idade entre 4 e 21 anos; provenientes de diferentes estados brasileiros e
reunidos para uma competição na cidade de Avaré,SP. Desses animais, 10
participaram da categoria seis balizas e 20 da categoria três tambores.Todos
os animais passaram por exame clínico um dia antes da prova estando dentro
dos parâmetros da normalidade.As freqüências cardíaca e respiratória foram
mensuradas momentos antes da prova;imediatamente após a prova e 10
minutos após o término da prova utilizando-se estetoscópio e cronômetro.O
tempo que cada animal levou para completar a prova também foi observado.
73
Os cavalos que competiram à categoria três tambores obtiveram médias das
freqüências cardíaca e respiratória , após o término da prova, superiores às
dos cavalos que participaram da categoria seis balizas provavelmente pelo
percurso,intensidade e duração da prova maiores.
74
ANEXO 4: Resumos apresentados no 14° Evento de Iniciação Científica da
UFPR, 2006.
Nº 000 COMPARAÇÃO CITOLÓGICA DO LAVADO BRONCOALVEOLAR (BAL) DE
EQÜINOS COM E SEM HISTÓRICO DE HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA
POR EXERCÍCIO (EIPH)
Aluno de Iniciação Científica:
Mariane Angélica Pommerening Finger (IC-
voluntária)
Nº de Registro do Projeto de Pesquisa no BANPESQ/THALES
: 2006019199
Orientador:
Alexander Welker Biondo
Co-Orientador:
Roberto Calderon
Gonçalves
Colaboradores:
Janaína Biava, Gustavo M. Zanotto, José Eraldo Q. Tellez,
Ivan Deconto.
Departamento
: Medicina Veterinária Setor: Ciências Agrárias
Palavras-chave:
BAL, EIPH, cavalos QM.
Área de Conhecimento:
Medicina Veterinária – 5.05.00.00-7
A hemorragia pulmonar induzida por exercício (EIPH) acomete cavalos
atletas de diversas modalidades esportivas, e o lavado broncoalveolar (BAL)
tem sido utilizado em conjunto com a endoscopia no diagnóstico desta e outras
afecções do trato respiratório. O presente estudo teve por objetivo analisar o
BAL de cavalos da raça quarto de milha (QM), em provas de laço em dupla,
com e sem histórico de EIPH. Foram utilizados 20 eqüinos QM em atividade
atlética, com idades entre 3 e 14 anos, com broncoscopia feita com endoscópio
flexível 30 minutos após o treino. A técnica de BAL foi realizada com
endoscopia e com auxílio de sonda bivona; as amostras obtidas foram divididas
e acondicionadas em duas alíquotas. A primeira alíquota foi citocentrifugada,
submetida à colorações especiais (Giemsa, Papanicolau e Azul da Prússia), e
utilizada para a contagem diferencial de células e a porcentagem de
hemossiderófagos em lâmina. A segunda amostra foi utilizada para a
contagem total de células na câmara de Neubauer. Considerou-se EIPH
positivo o BAL com mais de 10% de hemossiderófagos. Avaliados ao acaso,
75
nenhum dos cavalos apresentou histórico de sangramento ou foi sedado
durante exame. A contagem total de células foi de 132,6 ± 185,6 hemácias/uL e
110,5 ± 123,4 leucócitos/uL. Na contagem diferencial observou-se: 49,99,8
macrófagos; 43,3 9,9 linfócitos; 2,8 % ± 2,5 neutrófilos; 3,0 2,3
eosinófilos; 0,4 0,8 mastócitos; 0,7
% ± 1,3 de lulas epiteliais e 7,3 % ±
5,2 de hemossiderófagos (do total de macrófagos). Nenhum dos animais
apresentou hemorragia visível à endoscopia. Foi observada menor quantidade
de macrófagos e maior de linfócitos quando comparado com os valores de
referência de literatura. Pela análise do BAL, 3 animais foram considerados
positivos, confirmando a importância do BAL na detecção de sangue nos
alvéolos e vias aéreas inferiores. No presente estudo, os cavalos QM de provas
de laço em dupla apresentaram EIPH apesar desta prova não exigir tanta
aceleração como observado em corridas. Em conclusão, embora a endoscopia
não seja totalmente confiável, torna-se uma técnica diagnóstica bastante
precisa quando aliada ao BAL. A técnica do BAL mostrou-se adequada para a
detecção de EIPH em cavalos QM de provas de laço em dupla, sendo que no
presente estudo os animais apresentam uma incidência de 15 % desta
síndrome.
76
ANEXO 5: Resumos apresentados no VII Conferência Anual da ABRAVEQ
e II Congresso da FEI.
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH)
EM CAVALOS DE PROVAS DE SALTO.
Janaína S. Biava
1
, Roberto C. Gonçalves, Alexander W. Biondo, Valdir R.
Tonin, Gustavo Gomes, Mariane A. Finger, Gustavo M. Zanotto, Marina L.
Caldas
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A hemorragia pulmonar induzida por exercício (EIPH) é caracterizada pela
presença de sangue de origem pulmonar nas vias aéreas, principalmente após
exercício intenso. Embora a EIPH tenha sido muito relatada em cavalos de
corrida, são raros os estudos em cavalos de outros esportes como hipismo e
provas rurais. No presente estudo foi avaliada a presença de hemorragia
pulmonar induzida por exercício, em cavalos de salto, em diferentes categorias,
bem como parâmetros fisiológicos que pudessem estar relacionados com a
EIPH.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 10 cavalos de provas de salto, da Sociedade Hípica
Paranaense, independentemente das categorias a que pertenciam. Avaliou-se
a freqüência cardíaca e respiratória na véspera das provas, antes e logo após
as provas, e ainda, 10 minutos após. Depois de 60 a 90 minutos do término da
prova, os animais foram submetidos ao exame endoscópico. Foi avaliada a
presença de sangue na traquéia e brônquios, classificada em graus de I a V, de
acordo com a intensidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A incidência de hemorragia observada à endoscopia foi de 6/10 (60%) e o grau
variou de I a IV. A média das freqüências cardíaca/respiratória (bpm/mpm) na
véspera, antes, após e 10 minutos após a prova foi respectivamente de
34,2/17,2; 73,8/56,9; 113,2/68,6; e 63,8/44,2. Em conclusão, a ocorrência de
EIPH em cavalos de hipismo clássico em diferentes níveis de esforço sugere
77
que outros fatores além do esforço anaeróbico com alta carga em baixo tempo
possam contribuir para a ocorrência desta síndrome.
Pós -graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ–Unesp/Botucatu–SP. Rubião
Junior s/n, Botucatu/SP. CEP 18.618-000 Tel (14) 3811-6044.
78
ANEXO 6: Resumos apresentados no VII Conferência Anual da ABRAVEQ
e II Congresso da FEI.
ASPIRADO TRAQUEAL DE CAVALOS SADIOS DA RAÇA
QUARTO DE MILHA APÓS O EXERCÍCIO
Michelotto Júnior, P. V; Cassou, F; Machado, C. D; Bonfá, A. F. Janaína S.
Biava
1
, Gonçalves, R. C.
INTRODUÇÃO
A avaliação citológica do aspirado traqueal é importante ferramenta no
diagnóstico das afecções respiratórias, e a presença de hemácias ou
hemossiderófagos pode sugerir a ocorrência de hemorragia pulmonar. Este
trabalho objetivou avaliar a citologia e hemorragia pulmonar de eqüinos da raça
Quarto de Milha após exercício físico intenso.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 27 eqüinos adultos clinicamente saudáveis da raça Quarto de
Milha, sendo 13 machos e 14 fêmeas, em provas de três tambores na região
de Curitiba. Após a prova, foi realizado exame clínico geral e endoscopia do
trato respiratório, com colheita das amostras através de aspirado traqueal com
sonda de polietileno via canal de trabalho do endoscópio. As amostras foram
obtidas o mais próximo possível da carina. Imediatamente após a colheita da
secreção foram realizados esfregaços em lâminas hematológicas, com
coloração do material através de coloração rápida panótico e contagem total de
500 células para diferencial citológico em microscópio óptico em aumento de
1000 X.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os animais não apresentaram alterações ao exame clínico geral, com ausência
de epistaxe e secreções. Observou-se hemorragia em seis animais (33,3%), e
no aspirado traqueal um diferencial citológico de 44,1±35,7% células epiteliais,
1,1±2,2% células caliciformes, 23,1±35,9% neutrófilos, 0,1±0,4% linfócitos,
1
Pós-graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP. Rubião Junior
s/n, Botucatu CEP 18.618-000 Tel (14) 3811-6044. jsbi[email protected]
79
0,9±2,8% eosinófilos, 30,6±23,6% macrófagos totais e 0,1±0,9%
hemosiderófagos. O número elevado de neutrófilos foi um achado importante,
definindo inflamação das vias aéreas inferiores. Em conclusão, o Aspirado
Traqueal é uma boa técnica para diagnóstico das vias reas refletindo sua
situação geral, propondo que fatores como manejo alimentar e baias
constituem uma mescla variável de agentes que podem influenciar a
celularidade.
80
ANEXO 7: Resumo apresentado na Conferência Sul-americana de
Medicina Veterinária, 2006.
AVALIAÇÃO CLÍNICA E CITOLÓGICA DO TRATO RESPIRATÓRIO DE
CAVALOS QUARTO DE MILHA APÓS O EXERCÍCIO
JANAÍNA SOCOLOVSKI BIAVA
2
; ROBERTO CALDERON GONÇALVES
3
;
PETERSON TRICHES DONRBUSCH
4
; GUSTAVO MIRANDA ZANOTTO
5
;
ALEXANDER WELKER BIONDO
6
ABSTRACT: BIAVA, J. S.
1
; GONÇALVES, R. C
2
; DORNBUSCH, P. T.
3
;
BIONDO, A. W.
4
; ZANOTTO, G .M.
6
Clinical and Cytologic Evaluation of
Respiratory Tract from Quarter Horses following exercise.
The aim of this
study was to evaluate the bronchoalveolar lavage (BAL) cytology following
exercise from twelve Quarter Horses from Curitiba City, Brazil. After infusion of
100 ml of saline with endoscopy through a silicon catheter, an average of 30 mL
of BAL was recovery per horse, analized and submited to cytocentrifugation.
Cytocentrifuge slides were obtained and stained with Giemsa, Papanicolaou
and Perl’s Prussian Blue. BAL eritrocyte and leukocyte counts were within
normal range, as well as leukocyte diferencial (62.3±13.7% macrophages and
34.1±14.8% lymphocytes). Although not clinically detected, the presence of
hemosiderophages suggests that some animals were under chronic pulmonar
hemorrhage. In conclusion, evaluation of cellular populations with the use of
cytocentrifuge and special stains can provide to the clinician important
additional information on functional status of respiratory tract, particularly
hemorrhage.
Keywords
: BAL, cytocentrifuge, Quarter Horse
2
Pós -graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP.
3
Docente da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP Rubião Junior s/n, Botucatu CEP 18.618-000 Tel (14) 3811-6044.
calderon@fmvz.unesp.br.
4
Docente de Clínica e Cirurgia de Eqüinos – PUC – PR
5
Acadêmico de Medicina Veterinária da UFPR – PR
6
Docente Departamento de Medicina Veterinária da UFPR – PR
81
INTRODUÇÃO
O exame do líquido do lavado bronco alveolar é método mais adequado para
avaliar doenças do trato respiratório inferior
1
. Alguma variação na interpretação
citológica pode ocorrer devido a diferentes cnicas de colheitas e
processamento das amostras, sendo que para melhor avaliação citológica o
uso da citocentrifuga é recomendado pois pode concentrar um grande número
de células por campo
2
. A avaliação da população celular deste líquido pode
indicar processos inflamatórios quando houver aumento do número de
neutrófilos; processos alérgicos, parasitários, fúngicos e reações à metazoários
quando houver aumento de eosinófilos; além de atestar hemorragia pulmonar
induzida por esforço quando houver presença de hemácias ou
hemossiderófagos
3
. Pode-se recuperar hemácias íntegras por até três dias
após o quadro de hemorragia pulmonar induzida por exercício (EIPH), sendo
que o número de hemossiderófagos aumenta até quatorze dias após a
hemorragia e ainda é capaz de se detectar macrófagos com depósito de ferro
(hemossiderófagos) vinte e um dias após o episódio de hemorragia pulmonar
4
.
Apesar de muitos estudos terem sido realizados com cavalos de corrida, pouco
se sabe sobre a avaliação do líquido bronco alveolar de cavalos quarto de
milha de trabalho.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 12 eqüinos da raça Quarto de Milha, 6 machos e 6 fêmeas,
com média de 5,3 ± 3,0 anos de idade e variando entre 3 a 14 anos, pesando
477 ± 26 kg,
clinicamente saudáveis, provenientes de Curitiba e região
metropolitana. Após serem submetidos a exercício realizou-se exame clínico
geral e endoscopia para detectar-se presença de sangue na traquéia e
brônquios principais classificando o grau de hemorragia segundo a escala de
Eppinger
5
. Após a endoscopia foi introduzido um cateter de silicone por onde
foi infundidos 100 ml de solução fisiológica e recuperado através de sucção
com seringas de 60 ml. O líquido recuperado foi fracionado em duas alíquotas
sendo que uma seguiu para o Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, onde com
auxilio de citocentrífuga foram confeccionadas lâminas em colorações de
Giemsa, Papanicolau e Azul da Prússia e a outra foi analisada quanto ao
aspecto físico, químico e citológico quantitativo no laboratório de patologia
82
clínica do Hospital Veterinário da UFPR, onde também foi realizada a
contagem diferencial de células nas lâminas provenientes do HC da UFPR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No exame clínico observou-se normalidade em todos os parâmetros avaliados,
sugerindo que a hemorragia pulmonar induzida por esforço não influi
fortemente nos parâmetros clínicos
6
. Não houve a necessidade de sedação
intravenosa, utilizando-se apenas lidocaína 2% intratraqueal para reduzir o
reflexo de tosse
7
, indicando que este é um exame bem tolerado pelos cavalos
da raça que participou do experimento. Os lavados foram todos classificados
como transparentes, e ligeiramente turvo. A fita reagente é de uso limitado não
sendo indicativa de EIPH nos parâmetros avaliados. Apesar dos animais terem
todos sidos negativos no exame endoscópico, pode-se observar no exame
citológico algum grau de EIPH, indicando este ser mais sensível que a
endoscopia
6
. Na contagem diferencial das células notou-se um predomínio de
macrófagos e linfócitos em uma relação aproximada de 60%:30%
respectivamente. As colorações utilizadas no presente trabalho foram todas
adequadas para visualização de todos os tipos celulares, assim como a
citocentrífuga, que permitiu uma boa avaliação das lâminas e preservou a
morfologia das células.
TABELA 1
:
LEITURA DIFERENCIAL E TOTAL DE LEUCÓCITOS DO LAVADO
BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS APÓS A INFUSÃO DE 100ML DE SOLUÇÃO SALINA
0,9%.
Vol
recu
p.
(mL)
Hemac
.
(/µL)
Leuc.
(/µL)
Macr.
(%)
Linf.
(%)
Neut.
(%)
Eos.
(%)
Mast.
(%)
Céls
Epit.
(%)
Hemos
s.
(%.)
1 12 NR 300 79,7 14,5 0,5 0,0 4,1 1,2 25,0
2 8 NR 350 82,4 6,4 0,0 0,0 0,0 11,2 1,0
3 10 NR 200 67,0 32,8 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0
4 50 NR 450 71,3 28,7 0,0 0,0 0,0 0,0 76,0
5 60 NR 385 67,7 29,1 0,9 0,0 2,3 0,0 15,0
6 20 535 162 62,9 37,1 0,0 0,0 0,0 0,0 2,0
7 25 315 460 69,9 28,7 1,5 0,0 0,0 0,0 0,5
8 40 435 445 54,4 31,3 2,7 11,6 0,0 0,0 1,0
9 38 312 442 57,7 42,1 0,2 0,0 0,0 0,0 19,0
10 20 358 555 34,5 59,5 0,4 4,1 1,6 0,0 50,0
11 42 228 162 48,4 49,7 0,2 0,4 1,3 0,0 40,0
12 42 310 240 51,1 48,9 0,0 0,0 0,0 0,0 11,0
Média
30,6 356,1 379,5 62,3 34,1 0,6 1,3 0,8 1,0 20,0
Desvio
17,0 100,3 131,8 13,7 14,8 0,8 3,4 1,3 3,2 24,2
NR= não realizado.
83
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. FORGARTY, U.; BUCKLEY, T. Equine Vet. J.,
6
, 434–437, 1991.
2. HEWSON, J.; VIEL, L Sampling, microbiology end citology of respiratory;
htto:www.ivis.org, accesso em 24/06/2002.
3. COWELL, R.L.; TYLER, R.D. Cytology and hematology of the horse
.
Goleta:
American Veterinary Publications, 1992, 260
4. MCKANE , S. A.; SLOCOMBE, R. F. Equine Vet. J Suppl
.,
30
(6), 126-130,
1999.
5. EPPINGER, M. Hemorragia pulmonar de esforço e o desempenho de
eqüinos PSI {Equus caballus} em corridas de galope no jockey club do
Paraná
.
Universidade Federal do Paraná, 167p Dissertação
(Mestrado)1990..
6. BACCARIN, R. Y.A. Diagnóstico e tratamento das pneumopatias de esforço.
In: II Simpósio Internacional do Cavalo Atleta e IV Semana do Cavalo –
SIMCAV. 2005, Belo Horizonte, Anais
:,
12-28, 2005.
7. WESTERMANN, C.M.; LANN, T.T.; VANNIEUWSTADT R.A.; BULL, S.;
FINK-GREMMELS, J. Am J Vet R.,
66
(8): 1420-1424,2005.
8. MAZAN, M. R.; HOFFMAN, A. M. Clinical Tecniques in Equine Pratice
.,
2
(3), : 238 – 257, 2003.
84
ANEXO 8: Resumo apresentado na Conferência Sul-americana de
Medicina Veterinária, 2006.
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH) EM
CAVALOS QUARTO DE MILHA DE PROVAS DE TAMBOR E BALIZA.
JANAÍNA SOCOLOVSKI BIAVA
7
; ROBERTO CALDERON GONÇALVES
8
;
GUSTAVO MIRANDA ZANOTTO
9
; MARIANE ANGÉLICA FINGER
3
;
FRANCISCO PUPO PIRES FERREIRA
10
; ALEXANDER WELKER BIONDO
11
.
ABSTRACT: BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.; ZANOTTO, G.M.; FINGER,
M.A.; FERREIRA, F.P.P.; BIONDO, A.W
.
Exercise-induced pulmonary
hemorrhage (EIPH) in Quarter Horses of barrel and pole bending
.
The aim
of this study was to evaluate the exercise-induced pulmonary hemorrhage
(EIPH) in horses following exercise on barrel and pole bending. Ten adult, 16
males and 14 females, Quarter Horse breed horses of barrel racing and twenty
horses of pole bending were used in this experiment. All horses were submitted
to clinical examination prior and after competition exercise. Endoscopy was
performed 60 to 90 minutes after performance, and detection of blood into the
respiratory tract was the criteria for diagnosis. The occurrence of bleeding
visualized by endoscopy in horses from six pole bending was 4/10 (40%) and
for three barrels 15/20 (75%). In conclusion, Quarter Horse animals used for
barrel and pole bending also suffer from EIPH, and occurrence of EIPH in this
breed is also high, as observed in racing Quarter Horses.
Keywords
: EIPH, endoscopy, Quarter Horse
7
Pós -graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP.
8
Docente da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP Rubião Junior s/n, Botucatu CEP 18.618-000 Tel (14) 3811-6044.
calderon@fmvz.unesp.br.
9
Acadêmico de Medicina Veterinária da UFPR – PR
10
Pós –graduando da Cirurgia de Grandes Animais da FMVZ – Unesp / Botucatu – SP.
11
Docente Departamento de Medicina Veterinária da UFPR – PR
85
INTRODUÇÃO
A Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) caracteriza-se pela
presença de sangue de origem pulmonar nas vias aéreas dos cavalos, em
particular após exercício físico intenso
1
. A presença de sangue na árvore
traqueobrônquica é o principal sinal clínico desta síndrome, e afeta comumente
cavalos atletas que participam de exercícios de curto percurso e alta
intensidade. Muitos autores apontam como fator determinante desta afecção o
aumento na pressão transmural dos vasos pulmonares, com isso a freqüência
cardíaca esta intimamente ligada à EIPH
2
. A síndrome está bem documentada
em cavalos de corrida, onde a principal queixa é a incapacidade de manter
desempenho atlético satisfatório durante a competição esportiva
1
. Embora o
grau de sangramento nestes animais seja variável, até 90% dos cavalos pode
apresentar EIPH
3
. Apesar de sua importância em cavalos de corrida o
problema é ainda pouco investigado em outros cavalos de esporte como pólo,
provas de tambor, salto, laço e rédeas, entre outros
2
. O objetivo do presente
trabalho é de melhor conhecer os sinais clínicos e a ocorrência de EIPH em
cavalos de tambor e baliza, bem como os potenciais fatores que predispõem o
seu aparecimento.
MATERIAIS E MÉTODOS
No presente trabalho foram utilizados 30 eqüinos clinicamente saudáveis, 16
machos e 14 fêmeas, sendo 10 animais em provas de Seis Balizas e 20 em
Três Tambores, todos da raça Quarto de Milha, participantes do XVI Congresso
Brasileiro da Raça Quarto de Milha - Avaré/SP. A idade média dos animais foi
de 9,05 ± 5.22 anos e o peso variou entre 4 a 25 anos, pesando em média
496,67 ± 12,69 kg. Esses
animais encontravam-se em atividade física
freqüente, trabalhados uma hora diária, seis dias na semana, incluindo a
participação em
campeonatos de baliza e tambor, sendo alimentados com
pastagem ad libidum, feno e ração comercial. Estes animais foram examinados
um dia antes das provas para avaliar as condições clínicas gerais e em
especial do aparelho respiratório
.
Após 60 a 90 minutos da participação na
competição, os animais foram submetidos ao exame endoscópico, no qual
todos os animais estavam conscientes, isto é, sem sedativos. A detecção de
sangue nas vias aérea inferiores foi critério de diagnóstico para os animais
86
portadores de EIPH. A sua distribuição ao longo das vias aéreas indicou
a
gravidade da EIPH, classificada em graus de I a V segundo Eppinger
1
.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ocorrência de sangramento visualizado à endoscopia foi de 4/10 (40%) em
cavalos nas provas de seis balizas e 15/20 (75%) na prova de três tambores.
Dentre os cavalos de baliza, apenas um animal apresentou hemorragia grau I,
e os outros três apresentaram grau II. Nos animais da prova de três tambores
foi observado grau I em apenas um animal, cinco animais em grau II e cinco
cavalos em grau III; o grau IV foi observado em três animais e apenas um
apresentou epistaxe, ou seja, grau V. A incidência de EIPH diagnosticada pelo
endoscópio em cavalos de três tambores foi próximo aos valores descritos
em cavalos Puro Sangue Inglês de corrida (77%) e maior que os descritos em
cavalos quarto de milha de corrida (62%)
2
. O grau de Hemorragia segundo a
escala de EPPINGER
1
foi semelhante nas duas provas, uma média de grau II
para baliza e para cavalos das provas de três tambores. Neste trabalho a
avaliação clínica não foi suficiente de detectar a presença de hemorragia
pulmonar induzida por exercício, corroborando com o referido por outros
autores
5
. Para o exame nenhum destes animais utilizou anestésico intravenoso
ou até mesmo lidocaína intratraqueal, para reduzir a freqüência e intensidade
da tosse
5
. Com este trabalho observou-se que não somente os cavalos de
corrida da raça Puro Sangue Inglês sofrem com EIPH, mas tambem os cavalos
Quarto de Milha em provas de Seis Balizas e Três tambores, sendo 40% e 75%
respectivamente. Desta forma, o presente estudo alerta os veterinários e
treinadores destes animais para essa importante afecção e suas possiveis
complicações, além de demostrar a real necessidade de maiores estudos
quanto a ocorrência e fisiopatologia da EIPH na população estudada. Mesmo
tendo sido observada diferença na ocorrência da EIPH entre os grupos, não
houve variação no grau de sangramento no presente estudo, apesar de que
este grau possa variar com intensidade e duração da prova
3
. Concluiu-se no
presente estudo que cavalos Quarto de Milha de tambor e baliza também
sofrem EIPH, e que sua ocorrência nesta raça é também relativamente alta,
como observado em cavalos Quarto de Milha de corrida.
87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BIRKS, E. K.; DURANDO, M. M.; STEVE, M. Exercise-induced pulmonary
hemorrhage.
Vet. Clin. North Am. Equine Pract.,
v 19, p 87-100, 2003.
2. ERICKSON, H. H.; POOLE, D. C. Exercise-induced pulmonary hemorrhage.
In:
Equine Respiratory Disease.
Ithaca, NY: International Veterinary
Information Services. Disponível em: www.ivis.org. Accesso em 2003.
3. MOORE, B. R. Lower respiratory tract disease.
Vet. Clin. North Am. Equine
Pract.,
v 12, p 457–473, 1996.
4. EPPINGER, M.
Hemorragia pulmonar de esforço e o desempenho de
eqüinos PSI {Equus caballus} em corridas de galope no jockey club do
Paraná.
1990. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Paraná,
Curitiba.
5. BACCARIN, R. Y.A. Diagnóstico e tratamento das pneumopatias de esforço.
In: II Simpósio Internacional do Cavalo Atleta e IV Semana do Cavalo –
SIMCAV. 2005, Belo Horizonte, Anais
:,
12-28, 2005.
6. MAZAN, M. R.; HOFFMAN, A. M. Clinical Tecniques in Equine Pratice
.,
2
(3),
: 238 – 257, 2003
7. WESTERMANN, C.M.; LANN, T.T.; VANNIEUWSTADT R.A.; BULL, S.;
FINK-GREMMELS, J. Am J Vet R.,
66
(8)
: 1420-1424,2005.
8. OIKAWA, M. Exercise- induced haemorrhagic lesions in the dorsocaudal
extremities of the caudal lobes of the lungs of young thoroughbred horses.
J.
Comp. Pathol.,
v 121, p 339–347, 1999.
9. RAINS, J. R.; COLLIER, M. A.; MACALLISTER, C. G. Epistaxis/exercised
induced pulmonary hemorrhage in horses. In
: Equestrian Library Studies and
Research.
Disponível em: www. mrhorse.com > Accesso em: 2003
88
ANEXO 9: Resumo apresentado no III Simpósio Internacional do Cavalo
Atleta e V Semana do Cavalo, 2007.
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH) EM
CAVALOS DE DIFERENTES MODALIDADES ESPORTIVAS
(Exercise-Induced Pulmonary Hemorrhage in horses of different sport
modalities)
BIAVA, J. S.
12
; GONÇALVES, R.C.
13
; FINGER, M. A.
14
; ZANOTTO, G. M.
3
;
BIONDO, A. W.
15
A hemorragia pulmonar induzida por exercício (EIPH) é uma das principais
ocorrências em cavalos que competem em percursos curtos e de alta
intensidade. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a ocorrência de EIPH
e parâmetros fisiológicos em animais submetidos em três diferentes provas:
Três Tambores (TT), Seis Balizas (SB) e Hipismo Clássico (HC). Utilizou-se no
presente estudo 20 cavalos Quarto de Milha no grupo TT, 10 cavalos Quarto de
Milha no grupo SB e 10 cavalos Brasileiro de Hipismo no grupo HC. A
freqüência cardíaca e respiratória de todos os animais foi aferida um dia antes,
imediatamente antes, logo após e 10 minutos após a prova. A avaliação
endoscópica foi realizada sessenta minutos após o término da participação dos
animais nas referidas provas. Observou-se sangramento à endoscopia em 14
cavalos (75%) de Três Tambores, 6 cavalos (60%) de Hipismo Clássico e 4
(40%) cavalos de Seis Balizas. Apenas um animal do grupo TT apresentou
epistaxe após a prova, o grau mais severo de hemorragia. Foi observado um
pico significativo logo após as provas na freqüência cardíaca (TT=119,2±11,9;
SB=110,4±15,0 e HC=113,20±25,7) e respiratória (TT=63,4±1,4; SB=55,6±11,5
e HC=68,6±19,0), embora não tenha sido observada diferença significativa
entre os grupos nos momentos avaliados. Em conclusão, como observado
12
Pós-graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp/Botucatu – SP. Rubião Júnior s/n, Botucatu
CEP: 18.618-000 Tel (14) 3811-6044 jsbiava@yahoo.com.br
13
Docente do curso de Medicina Veterinária FMVZ- Unesp/Botucatu-SP
14
Graduando do curso de Medicina Veterinária UFPR
15
Docente do curso de Medicina Veterinária UFPR
89
em cavalos de corrida, também cavalos de outras modalidades esportivas
podem apresentar alta incidência de EIPH. Deste modo, veterinários,
treinadores e proprietários devem sempre atentar para a ocorrência desta
síndrome nas diferentes modalidades esportivas, mesmo as que não envolvam
necessariamente percursos curtos e alta intensidade.
90
ANEXO 10: Resumo apresentado no III Simpósio Internacional do Cavalo
Atleta e V Semana do Cavalo, 2007.
HEMOSSIDERÓFAGOS NO LAVADO BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS
QUARTO DE MILHA APÓS O EXERCÍCIO
Hemosiderophages in bronchoalveolar lavage of Quarter Horses after exercise
BIAVA, J. S.
16
; GONÇALVES, R.C.
17
; FINGER, M. A.
18
; ZANOTTO, G. M.
3
;
BIONDO, A. W.
19
Os hemossiderófagos o macrófagos responsáveis pela fagocitose de
hemácias no espaço alveolar e sua presença no lavado broncoalveolar (BAL)
tem sido relacionado diretamente com a síndrome de hemorragia pulmonar
induzida por exercício (EIPH) em cavalos. Recentes estudos têm demonstrado
que a contagem qualitativa destas células oferece uma melhor correlação com
a presença e grau de EIPH. O presente estudo teve por objetivo avaliar a
Contagem Total de Hemossiderina (THS) em amostras de BAL de 18 cavalos
Quarto de Milha colhidas três dias após a participação em competições de Três
Tambores e Seis Balizas. As amostras foram colhidas com auxílio de
endoscópio, submetidas à citocentrifugação e em seguida fixadas e coradas
pelo método do Azul da Prússia. Os hemossiderófagos foram classificados
segundo a presença de hemossiderina em graus 0 a 4, contados
separadamente e ao final convertidos na unidade THS. Observou-se a média
de 14,3%±21,25 de hemossiderófagos no total de macrófagos e a média de
36,1±56,4 no escore total de hemossiderina. Apenas seis animais obtiveram
escore superior a 25 no THS sendo considerados EIPH positivos. Notou-se
uma correlação clara entre as duas contagens, sendo que escore maior que 25
no THS tende a ser maior que 10% de presença de hemossiderófagos no total
de macrófagos. Conclui-se que a contagem percentual de hemossiderófagos
16
Pós-graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp/Botucatu – SP. Rubião Júnior s/n, Botucatu
CEP: 18.618-000 Tel (14) 3811-6044 jsbiava@yahoo.com.br.
17
Docente do curso de Medicina Veterinária FMVZ- Unesp/Botucatu-SP
18
Graduando do curso de Medicina Veterinária UFPR
19
Docente do curso de Medicina Veterinária UFPR
91
possui boa correlação com o THS, sendo mais prática e rápida de se realizar,
porém menos precisa no que se refere a quantificação da hemossiderina
presente no BAL.
92
ANEXO 11: Resumo apresentado no III Simpósio Internacional do Cavalo
Atleta e V Semana do Cavalo, 2007.
LAVADO BRONCOALVEOLAR: EM CAVALOS QUARTO DE MILHA APÓS
TREINO DE SEIS BALIZAS E TRÊS TAMBORES
Brochoalveolar Lavage in Quarter Horses after Six Poles and Three Barrels
racing
BIAVA, J. S.
20
; GONÇALVES, R.C.
21
; FINGER, M
3
. A; ZANOTTO, G. M
3
;
CASSOU, F
4
.; BIONDO, A. W
5
.
O Lavado Broncoalveolar (BAL) com auxilio da endoscopia é indicado para a
realização da citologia das vias aéreas inferiores, permitindo avaliar o estado
funcional do aparelho respiratório e conseqüente desempenho do cavalo. O
presente trabalho objetivou avaliar o BAL de cavalos Quarto de Milha (QM)
após prova de Seis Balizas e Três Tambores. Foram utilizados 18 cavalos em
treinamento, clinicamente sadios, provenientes de Curitiba, Paraná. Após a
prova, foram realizadas broncoscopias com endoscópio flexível, sem sedação.
Realizou-se a colheita da amostra por sonda bivona® após a retirada do
endoscópio. O exame citológico qualitativo foi realizado através do uso de
citocentrífuga e colorações especiais de Giemsa, Papanicolaou e Azul da
Prússia. A contagem total do BAL foi: 285,8 ±173,9 µl leucócitos, 195,9 ± 134,3
µl hemácias. Diferencial do BAL foi em média e desvio padrão: 0,7 ± 2,6%
células epiteliais; 2,4 ± 4,0% neutrófilos; 36,5 ± 13,7% linfócitos; 1,2 ± 2,8%
eosinófilos; 58,7 ± 12,9% macrófagos e 0,6 ±1,0% mastócitos. Nenhum animal
apresentou sangramento visível á endoscopia, diferente do observado em
endoscopias logo após competições, o que indica que o treino não foi tão
20
Pós-graduanda da Clínica Veterinária da FMVZ – Unesp/Botucatu – SP. Rubião Júnior s/n, Botucatu
CEP: 18.618-000 Tel. (14) 3811-6044 jsbiava@yahoo.com.br.
2
Docente do curso de Medicina Veterinária FMVZ-Unesp /Botucatu-SP
3
Graduando do curso de Medicina Veterinária UFPR
4
Mestranda em Ciências Veterinárias- UFPR
5 Docente do curso de Medicina Veterinária UFPR
93
intenso quanto uma prova. Do total de 18 animais seis foram considerados
EIPH positivo na contagem total de hemossiderófagos (THS). Concluiu-se que
o treino não foi suficiente para causar EIPH visível à endoscopia e que a
contagem de hemossiderófagos no BAL permitiu a classificação dos animais
como sangradores pela contagem total de hemossiderófagos três dias após o
evento.
94
ANEXO 12: Resumo apresentado na VIII Conferência Anual da ABRAVEQ,
2007.
HEMORRAGIA PULMONAR INDUZIDA POR EXERCÍCIO (EIPH) EM
CAVALOS QUARTO DE MILHA (QM) EM PROVAS DE LAÇO EM DUPLA.
Janaína S. Biava, Roberto C. Gonçalves, Mariane A. Finger
22
, Alexander W.
Biondo
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A EIPH é uma síndrome de etiologia ainda não esclarecida que atinge cavalos
atletas nas mais diferentes modalidades esportivas. A endoscopia pode
detectar a presença de sangue nas vias aéreas brônquios inferiores
confirmando a EIPH, ou o Lavado Broncoalveolar (BAL) com presença de
hemossiderófagos em macrófagos alveolares. No presente estudo, objetivou-se
avaliar a incidência de EIPH de cavalos QM em provas de laço em dupla
através da citologia.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 20 cavalos QM que passaram por endoscopia seguida de
coleta de BAL por sonda bivona® com infusão de 100 ml de solução fisiológica
0,9%. O exame citológico qualitativo foi realizado com o uso de citocentrífuga e
coloração especial, Azul da Prússia, esta permitiu a visualização e graduação
de hemossiderófagos.
RESULTADOS
Dos 20 animais examinados pela endoscopia nenhum apresentou sangramento
visível. Cinco animais apresentaram secreção na traquéia, sendo 1 no terço
proximal e medial; 1 no terço médio e 3 em toda a traquéia. Pela análise do
BAL 15% dos cavalos (3 castrados) examinados apresentaram hemossiderina
em macrófagos alveolares, confirmando a síndrome EIPH.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O BAL tem sido descrito como “biopsia líquida”, sendo mais representativa que
o lavado traqueal ou aspirado trans-traqueal ou até mesmo a endoscopia.
95
Conclui-se que a presença de hemossiderófagos no BAL é definitiva para se
detectar a EIPH, mostrando uma relação significativa entre a hemorragia
pulmonar e a presença de hemossiderófagos no exame citológico por até 21
dias após episódio de EIPH.
22
Graduanda de Medicina Veterinária da UFPR/PR. Rua dos Funcionários N° 1540, Bairro Juvevê – CEP:
80.035-050- Curitiba/Paraná - mari_finger@hotmail.com
96
ANEXO 13: Resumo apresentado na VIII Conferência Anual da ABRAVEQ,
2007.
DIFERENTES TÉCNICAS PARA AVALIAÇAO DE HEMOSSIDERÓFAGOS NO
LAVADO BRONCOALVEOLAR DE CAVALOS QUARTO DE MILHA APÓS O
EXERCÍCIO
Janaína S. Biava, Roberto C. Gonçalves, Mariane A. Finger
23
, Alexander W.
Biondo
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
Os hemossiderófagos são macrófagos responsáveis pela fagocitose de
hemácias no espaço alveolar e sua presença no lavado broncoalveolar (BAL)
tem sido relacionado diretamente com a síndrome de hemorragia pulmonar
induzida por exercício (EIPH) em cavalos. Recentes estudos têm demonstrado
que a contagem qualitativa destas células oferece uma melhor correlação com
a presença e grau de EIPH. O presente estudo teve por objetivo comparar duas
técnicas de avaliação de hemossiderófagos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 60 cavalos QM que passaram por endoscopia seguida de
coleta de BAL por sonda bivona®. As amostras foram submetidas à
citocentrifugação e em seguida fixadas e coradas pelo método do Azul da
Prússia. Os hemossiderófagos foram classificados segundo a presença de
hemossiderina em macrófagos alveolares (%) assim como a em graus 0 a 4,
contados separadamente e ao final convertidos no escore THS (Total
hemossiderin score).
RESULTADOS
Observou-se a média de 10,11%±14,55 de hemossiderófagos no total de
macrófagos e a média de 21,36±34,25 no escore total de hemossiderina.
Apenas 13 animais obtiveram escore superior a 25 no THS sendo
considerados EIPH positivos. Notou-se uma correlação 0,955 entre as duas
23
Graduanda de Medicina Veterinária da UFPR/PR. Rua dos Funcionários N° 1540, Bairro Juvevê – CEP:
80.035-050- Curitiba/Paraná - mari_finger@hotmail.com
97
contagens, sendo que escore THS 26 corresponde a 11% hemossiderófagos
no total de macrófagos.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Hemossiderófagos têm sido descritos no BAL de cavalos EIPH positivos, bem
como em animais sem histórico clínico de EIPH, pois uma quantidade baixa de
hemossiderófagos é considerada normal em cavalos com ou sem histórico de
EIPH. Conclui-se que embora o THS seja mais trabalhoso e demorado, seus
resultados são mais precisos que a simples porcentagem de depósito de ferro
no citoplasma de macrófagos alveolares.
98
APÊNDICE
99
APÊNDICE
Tabela 1 - Número total de células do lavado broncoalveolar de cavalos da raça
Quarto de Milha, sob exercícios de seis balizas e três tambores (G1) (n=40),
após a infusão de 100 ml de solução salina 0,9%
Animal
Hemá
cias
Leucócitos
01
NR
*
300
02
NR
*
350
03
NR
*
200
04
NR
*
450
05
NR
*
385
06 535 162
07 315 460
08 435 445
09 312 442
10 358 555
11 228 162
12 310 240
13 259 160
14 107 84
15 57 49
16 314 97
17 175 94
18 124 106
19 398 248
20 154 113
21 206 113
22 120 108
23 282 101
24 245 171
25 98 131
26 165 138
27 195 179
28 86 108
29 142 158
30 114 112
31 50 66
32 69 95
33 150 94
34 108 74
35 584 140
36 105 55
37 49 16
38 41 47
39 106 56
40 99 65
m
202,70 178,20
s
138,15 137,37
*
NR=Não realizado
100
Tabela 2 - Número total de células do lavado broncoalveolar de cavalos da raça
Quarto de Milha, sob exercícios de laço em dupla (G2) (n=20) após a infusão
de 100 ml de solução salina 0,9%.
N° Animal Hemácias Leucócitos
01 915 63
02 146 178
03 101 79
04 78 92
05 112 63
06 29 39
07 72 71
08 205 76
09 99 53
10 62 311
11 14 283
12 136 135
13 20 11
14 110 140
15 98 125
16 67 137
17 58 165
18 168 43
19 55 70
20 108 77
m
132,70 110,60
s
190,38 77,49
101
Tabela 3 -
Contagem diferencial (%) de macrófagos (M), linfócitos (L), neutrófilos
(N), eosinófilos (E), células epiteliais cilíndricas (CE), e mastócitos do lavado
broncoalveolar de cavalos da raça Quarto de Milha em provas de seis balizas e três
tambores (G1), após infusão de 100 ml de solução salina 0,9%.
Animal
%
M
%
L
%
N
%
E
%
C
E
%MT
01
79,72 14,52 0,46 0,00 1,15 4,15
02
82,40 6,40 0,00 0,00 11,20 0,00
03
67,99 32,76 0,24 0,00 0,00 0,00
04
71,33 28,69 0,00 0,00 0,00 0,00
05
67,67 29,14 0,94 0,00 0,00 2,26
06
62,86 37,14 0,00 0,00 0,00 0,00
07
69,87 28,68 1,45 0,00 0,00 0,00
08
54,35 31,30 2,75 11,60 0,00 0,00
09
57,74 42,05 0,21 0,00 0,00 0,00
10
34,50 59,45 0,39 4,09 0,00 1,56
11
48,43 49,69 0,21 0,42 0,00 1,25
12
51,14 48,86 0,00 0,00 0,00 0,00
13
42,85 57,15 0,00 0,00 0,00 0,00
14
59,63 40,37 0,00 0,00 0,00 0,00
15
66,15 33,85 0,00 0,00 0,00 0,00
16
43,47 49,08 5,50 1,95 0,00 0,00
17
48,00 42,00 4,00 6,00 0,00 0,00
18
50,00 43,00 5,00 2,00 0,00 0,00
19
57,47 42,03 0,50 0,00 0,00 0,00
20
67,40 32,60 0,00 0,00 0,00 0,00
21
51,00 47,20 0,00 1,80 0,00 0,00
22
54,16 43,82 0,77 1,25 0,00 0,00
23
41,85 48,00 7,50 2,65 0,00 0,00
24
46,50 49,00 2,00 2,50 0,00 0,00
25
48,82 41,79 5,10 4,29 0,00 0,00
26
55,75 39,00 0,00 5,25 0,00 0,00
27
53,93 43,17 0,00 2,90 0,00 0,00
28
63,90 36,10 0,00 0,00 0,00 0,00
29
64,30 25,76 4,44 5,50 0,00 0,00
30
61,50 38,50 0,00 0,00 0,00 0,00
31
71,19 22,72 1,66 4,43 0,00 0,00
32
61,74 35,46 2,80 0,00 0,00 0,00
33
60,00 37,00 3,00 0,00 0,00 0,00
34
60,50 39,5 0,00 0,00 0,00 0,00
35
67,92 15,09 0,00 3,79 13,20 0,00
36
33,95 58,03 2,33 4,92 0,00 0,77
37
54,37 38,20 2,50 4,40 0,00 0,53
38
66,00 34,00 0,00 0,00 0,00 0,00
39
50,66 42,83 3,33 2,62 0,00 0,56
40
42,49 43,37 10,04 4,10 0,00 0,00
m
57,31 38,18 1,68 1,91 0,64 0,28
s
11,24 11,29 2,37 2,54 2,70 0,79
102
Tabela 4 - Contagem diferencial (%) de macrófagos (M), linfócitos (L), neutrófilos (N),
eosinófilos (E), células epiteliais cilíndricas (CE), e mastócitos do lavado
broncoalveolar de cavalos da raça Quarto de Milha em prova de laço em dupla (G2),
após infusão de 100 ml de solução salina 0,9%.
Animal
%
M
%
L
%
N
%
E
%
C
E
%MT
01
56,80 39,80 0,00 3,40 0,00 0,00
02
62,54 34,10 2,85 0,51 0,00 0,00
03
40,00 60,00 0,00 0,00 0,00 0,00
04
54,50 39,00 6,00 0,5 0,00 0,00
05
40,00 60,00 0,00 0,00 0,00 0,00
06
44,60 47,80 7,60 0,00 0,0 0,00
07
66,50 33,50 0,00 0,00 0,0 0,00
08
53,00 44,00 2,30 0,70 0,0 0,00
09
42,50 55,50 2,00 0,00 0,0 0,00
10
37,21 52,46 0,00 7,64 0,0 2,69
11
33,61 56,52 2,89 4,63 0,0 2,35
12
59,36 28,20 7,32 3,29 0,0 1,83
13
59,30 32,58 1,30 5,67 0,00 1,15
14
48,54 38,55 3,74 7,48 1,69 0,00
15
47,76 35,61 4,18 12,45 0,00 0,00
16
31,44 54,40 7,86 2,22 4,08 0,00
17
56,12 35,88 2,15 4,79 1,06 0,00
18
48,50 46,06 1,72 1,10 2,62 0,00
19
62,22 31,11 1,85 0,74 4,08 0,00
20
52,63 40,79 2,03 4,2 0,28 0,00
m
49,86 43,29 2,79 2,97 0,69 0,40
s
10,11 10,16 2,59 3,38 1,35 0,86
103
Tabela 5 - Percentagem de hemossiderófagos (Hem) e escore THS no lavado
broncoalveolar de cavalos da raça Quarto de Milha em provas de seis balizas e
três tambores (G1).
Animal
%
Hem
THS
01 25,00 123,33
02 1,00 NR
*
03 0,00 1,00
04 76,00 199,66
05 15,00 30,00
06 2,00 3,00
07 0,50 2,66
08 1,00 2,00
09 19,00 22,00
10 50,00 97,33
11 40,00 78,00
12 11,00 26,00
13 0,90 0,98
14 0,90 1,85
15 4,50 11,16
16 5,50 9,83
17 2,50 2,60
18 1,80 1,89
19 1,36 2,48
20 0,16 0,16
21 1,30 2,68
22 0,90 1,53
23 57,22 129,01
24 0,67 0,79
25 6,59 8,18
26 5,51 8,93
27 1,25 1,96
28 12,50 21,94
29 0,89 1,45
30 2,16 3,52
31 7,71 10,00
32 2,35 2,77
33 2,46 2,68
34 4,92 6,78
35 27,86 65,36
36 9,69 17,19
37 25,00 46,43
38 0,06 1,00
39 5,31 7,50
40 28,75 60,83
m
11,53 26,06
s
17,48 308,57
*
NR=Não realizado
104
Tabela 6 - Percentagem de hemossiderófagos (Hem) e escore THS no lavado
broncoalveolar de cavalos da raça Quarto de Milha em prova de laço em dupla
(G2).
Animal
%
Hem
THS
01
1,76 3,91
02
6,27 15,27
03
7,67 10,33
04
9,42 13,04
05
11,92 17,31
06
8,91 11,63
07
7,29 11,11
08
12,00 16,00
09
3,85 4,62
10
13,91 30,94
11
6,45 11,82
12
16,91 26,84
13
0,60 6,60
14
1,72 2,30
15
1,82 3,64
16
19,59 35,92
17
3,50 5,87
18
5,00 6,25
19
4,62 6,77
20
2,08 3,47
m
7,26 12,18
s
5,34 9,44
105
Figura 1: Planta ilustrativa da pista da prova de seis baliza
Fonte: ABQM (Associação Brasileira do Quarto de Milha).
106
Figura 2: Planta ilustrativa da pista da prova de três tambores
Fonte: ABQM (Associação Brasileira do Quarto de Milha).
107
A
Figura 3 – Sonda de Lavado Broncoalveolar, Bivona Co., com 300 cm de
extensão e 10 mm de diâmetro, numa extremidade o cuff do cateter de
lavagem.
B
Figura 4 – Grau V: quantidade abundante de sangue por toda traquéia, laringe,
faringe e fossas nasais – epistaxe.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo