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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – UFT
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL TROPICAL
Consumo alimentar, desempenho produtivo e aspectos
comportamentais de tourinhos Nelore X Limousin alimentados com
dietas contendo gérmen de milho integral
Fabrícia Rocha Chaves Miotto
Araguaína
2007
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Fabrícia Rocha Chaves Miotto
Consumo alimentar, desempenho produtivo e aspectos comportamentais de
tourinhos Nelore x Limousin alimentados com dietas contendo gérmen de
milho integral
Orientador: Prof. Dr. José Neuman Miranda Neiva
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre, junto ao Programa de Pós-graduação em
Ciência Animal Tropical, da Universidade Federal
do Tocantins.
Área de concentração: Produção Animal
Araguaína
2007
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M669c Miotto, Fabrícia Rocha Chaves
Consumo alimentar, desempenho produtivo e aspectos
comportamentais de tourinhos Nelore X Limousin
alimentados com dietas contendo gérmen de milho integral
/
Fabrícia Rocha Chaves Miotto. -- Araguaína: [s. n], 2008.
113f.
Orientador: Prof. Dr. J
osé Neuman Miranda Neiva
Dissertação (Mestrado em Ciência Animal Tropical) –
Universidade Federal do Tocantins, 2008.
1. Desempenho animal 2. Subproduto agroindustrial I.Título
CDD 636.0883
Consumo Alimentar, Desempenho Produtivo e Aspectos Comportamentais de
Tourinhos Nelore X Limousin Alimentados com Dietas Contendo Gérmen de Milho
Integral
Por
Fabrícia Rocha Chaves Miotto
Dissertação apresentada à
Universidade Federal do Tocantins,
como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre.
Aprovada em 30 de Novembro de 2007.
Dedico este trabalho a:
Rodrigo, meu marido, meu amor eterno,
Pela sua dedicação, fonte de amor e esperança; pelo seu apoio,
força que jamais me desampara; pelo seu sorriso, manancial de
alegria; pela sua presença, fonte de inspiração; e, pelo seu
amor, energia da minha vida.
Dedico este trabalho aos:
Meus pais, José Pereira Chaves e
Marcelina Rocha Chaves,
Exemplos de caráter e honestidade. Pelo seu amor
incondicional e amparo absoluto. Pelo sangue sertanejo, arma
de batalha, não permitindo deserção dos sonhos e a busca de
uma vida melhor.
Agradeço a
Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
“Luz que me ilumina o caminho e me ajuda a seguir, sol que
brilha a noite e a qualquer hora me fazendo sorrir, claridade,
fonte de amor que me acalma...”
(Roberto Carlos)
Agradeço também,
À Meus irmãos, Patrícia e Venícius, pelo amor e amizade, por chorarem comigo
nos momentos de tristeza e dor, e alegrarem-se com minhas vitórias. Pelas
gargalhadas, piadas e conselhos, á vocês o meu amor e dedicação;
Ao meu sobrinho Micael, o tesouro da titia;
Ao meu orientador José Neuman Miranda Neiva, exemplo profissional, pela sua
dedicação, orientação firme e ensinamentos valiosos, pela amizade, e
principalmente pela confiança. Ao senhor professor que literalmente “saiu melhor
que a encomenda”.
Aos meus sogros Vilmar Miotto e Branca Inês Miotto, pelo incentivo, atenção e
amor dedicados;
Á colega Kélvia Jácome de Castro, pela amizade, incentivo, apoio e
companheirismo;
Aos companheiros de luta braçal e mental, Raylon, Rafaela e Cliff pela grande
ajuda e presteza durante o desenvolvimento do trabalho em campo.
À Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do
Tocantins, por me acolher mais uma vez na busca de meus objetivos;
À Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo do Estado de Tocantins, pelo
apoio financeiro;
Ao Laboratório de Análise de Alimentos da Universidade Estadual Vale do
Acaraú na pessoa do professor Marcos Cláudio Pinheiro Rogério, pela
orientação, atenção, paciência e auxílio, sem os quais este projeto não poderia ser
concluído;
Á COALTO pelo apoio e parceria no desenvolvimento deste trabalho;
À Fazenda Barra Bonita pela parceria e confiança;
Ao Frigorífico Boi Forte LTDA pelo apoio para conclusão deste projeto;
À Agroquima Produtos Agropecuários na pessoa do Dr. Bil Renato Barsch (in
memoria) por não negar apoio quando solicitado;
Aos Colegas de Mestrado Alessandra, Angélica, Cláudia, Elaine, Nelson Rafael,
João Vidal, Laerton, Luiz, Hugo e Ricardo pela amizade, troca de experiências e
companheirismo ao longo do curso;
A todos os professores do curso pela dedicação e paciência;
Ao secretário da pós-graduação Hamilton Barbosa e todos os funcionários da
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia que contribuíram para realização deste
trabalho.
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................
10
ABSTRACT...............................................................................................................
12
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................
14
LISTA DE TABELAS.................................................................................................
15
CAPíTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS...........................................................
17
1.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
17
1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................
18
1.2.1 Desenvolvimento corporal..............................................................................
.
18
1.2.2 Confinamento..................................................................................................
20
1.2.3 Desempenho produtivo de bovinos de corte em confinamento.......................
21
1.2.3.1 Desempenho de bovinos em confinamento e suas variáveis.......................
21
1.2.3.2 Características da carcaça de bovinos em confinamento e sua variáveis...
24
1.2.4 Subprodutos Agroindustriais...........................................................................
28
1.2.5 Aspectos comportamentais de bovinos em confinamento...............................
29
1.3 REFERÊNCIAS..................................................................................................
33
CAPíTULO 2 – CONSUMO E DESEMPENHO DE TOURINHOS NELORE X
LIMOUSIN ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO GÉRMEN DE MILHO
INTEGRAL..............................................................................................................
43
RESUMO..................................................................................................................
43
ABSTRACT...............................................................................................................
44
2.1 INTRODUÇÃO...................................................................................................
45
2.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................
46
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................
50
2.4 CONCLUSÕES...................................................................................................
59
2.5 REFERÊNCIAS...................................................................................................
59
CAPÍTULO 3 - CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELOR
LIMOUSIN ALIMENTOS COM DIETAS CONTENDO GÉRMEN DE MILHO
INTEGRAL................................................................................................................
66
RESUMO..................................................................................................................
66
ABSTRACT...............................................................................................................
67
3.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................
68
3.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................
70
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................
73
3.4 CONCLUSÕES...................................................................................................
81
3.5 REFERÊNCIAS..................................................................................................
81
CAPÍTULO 4 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DE TOURINHOS
CONFINADOS ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO GÉMEN DE MILHO
INTEGRAL.................................................................................................................
86
RESUMO..................................................................................................................
86
ABSTRACT...............................................................................................................
87
4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................................
88
4.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................
89
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................
94
4.4 CONCLUSÕES...................................................................................................
106
4.5 REFERÊNCIAS..................................................................................................
107
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................
113
RESUMO
MIOTTO, F.R.C. 2007. Consumo alimentar, desempenho produtivo e aspectos
comportamentais de tourinhos Nelore x Limousin alimentados com dietas
contendo gérmen de milho integral. Mestrado em Ciência Animal Tropical
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Tocantins,
Araguaína, 2007.
O aproveitamento de subprodutos agroindustriais para alimentação de bovinos têm
se tornado uma excelente estratégia na redução dos custos com alimentação,
sobretudo para o regime de confinamento. O gérmen de milho integral é um
subproduto da industrialização de milho que apresenta grande potencial energético,
principalmente pelos altos teores de extrato etéreo (EE), em torno de 15%. Contudo,
pouco se sabe sobre a influência deste alimento sobre os aspectos produtivos dos
animais. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar o consumo alimentar,
desempenho produtivo e aspectos comportamentais de bovinos machos não-
castrados, terminados em confinamento, alimentados com dietas contendo níveis de
gérmen de milho integral (GMI). Utilizaram-se 24 tourinhos Nelore x Limousin
distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e
seis repetições. Os tratamentos corresponderam à adição de quatro níveis de
gérmen de milho integral (0, 15, 30 e 45%) à dieta total. O experimento foi
desenvolvido em 83 dias, com 13 dias para adaptação dos animais e 70 dias de
período experimental. Os animais apresentavam média de 321,25 kg e 20 meses de
idade, sendo alojados em baias individuais e submetidos a dietas com 25% de
volumoso (silagem de sorgo) e 75% de concentrado. A alimentação foi fornecida
diariamente em dois arraçoamentos, às 9 horas e as 16 e 30 horas. O trabalho foi
dividido em três ensaios, onde o primeiro correspondeu à determinação e avaliação
dos consumos de matéria seca e nutrientes, além da avaliação dos parâmetros de
desempenho. Não foi observado efeito das adições de GMI sobre os consumos de
MS, entretanto, a inclusão de GMI proporcionou aumentos nos consumos de PB,
FDN, FDA, HEM e EE. Segundo estudo de regressão, cada 1% de inclusão de GMI
na dieta proporcionou aumentos de 32g, 4g, 2g, 103g e 2g, nos consumos diários de
PB, FDN, FDA, HEM e EE, respectivamente. O consumo de CNF foi reduzido com a
adição de GMI às dietas. O ganho de peso total e o ganho de peso diário foram
elevados em 636g e 10g/dia, respectivamente, para cada 1% de adição de GMI às
dietas, enquanto a conversão alimentar não foi influenciada pelos tratamentos,
apresentando média de 1 kg de ganho de peso para cada 4,49 kg de MS
consumida. O segundo ensaio correspondeu à avaliação da carcaça dos animais.
Ao final do período experimental, os animais foram abatidos em frigorífico comercial,
realizando-se as medidas para caracterização das variáveis quantitativas das
carcaças. Para cada 1% de inclusão de GMI às dietas observaram-se aumentos de
0,62 kg ao peso de abate dos animais. Da mesma forma, à medida que se adicionou
GMI às dietas, os pesos da carcaça quente e fria foram aumentados. Contudo, as
adições de GMI às dietas não influenciaram os rendimento de carcaça fria e carcaça
quente e a quebra do resfriamento, como também não influenciaram os percentuais
dos cortes primários na carcaça (dianteiro, traseiro especial e ponta-de-agulha). No
entanto, foi observado que o corte traseiro especial apresentou correlação negativa
com os cortes do dianteiro (-0,78; p<0,01) e ponta-de-agulha (-0,71; p<0,01). O peso
dos cortes comerciais do traseiro especial e o rendimento do traseiro especial não
foram influenciados pelas dietas. O terceiro ensaio foi avaliação dos aspectos dos
comportamentais dos animais submetidos às dietas de GMI, dentro dos diferentes
períodos do dia. Os animais foram observados durante 24 horas no último dia do
período experimental, para avaliação dos tempos despendidos em: alimentação,
ruminação, ócio, dormindo e outras atividades, além da freqüência com que os
animais procuraram ingerir água, urinaram e defecaram. Os animais apresentaram
comportamentos diferentes nos diferentes períodos do dia para todas as variáveis
(p<0,05). A adição de GMI às dietas não influenciou os tempos despendidos em
alimentação, dormindo e em outras atividades, nem as freqüências de procura por
água, micção e defecação pelos animais. A ruminação foi influenciada tanto pelas
dietas quanto pelos períodos do dia (p<0,05). Os níveis de GMI influenciaram o
tempo de ruminação dos animais de forma quadrática, com maior tempo de
ruminação observado para o nível de 30% de inclusão de GMI (28,30% do tempo
diário). O tempo de ócio também apresentou comportamento quadrático e o menor
tempo de ruminação foi obtido no nível de 30% de GMI (42,24% do tempo diário).
Os animais submetidos aos diferentes níveis de GMI, apresentaram
comportamentos distintos de ruminação e ócio para os diferentes períodos do dia. A
inclusão de GMI na dieta de bovinos machos confinados até o nível de 45% pode
ser utilizada, por proporcionar maiores ganhos de peso diário e carcaças mais
pesadas, sem influenciar o consumo de matéria seca, conversão alimentar e as
características de rendimento de carcaça dos animais, apesar de ter influenciado o
tempo de ruminação e ócio.
Palavras-chave: extrato etéreo, ganho de peso, subprodutos, rendimento de
carcaça, ruminação.
ABSTRACT
Intake, productive performance and behavior aspects of Nelore x Limousin
bulls feed with diets containing integral germ corn.
The by-products use for feeding of bovine has if tornado an excellent strategy in the
reduction of the costs with feeding, above all for the feedlot regime. The integral
germ corn (IGC) is a by-product of the corn industrialization that presents great
energy potential, mainly for the high contents of ether extract (EE) that it presents,
around 15%, however, little it is known about the influence of this food on the
productive aspects of the animals. The present research had as objective
characterizes the alimentary intake, productive performance and behavior aspects of
bulls, finished in feedlot, fed with diets containing levels of integral germ corn (IGM).
Twenty-four Nelore x Limousin young bulls were used, distributed in four treatments
and six replicates, in completely randomized design. The treatments corresponded to
the addition of four levels of integral germ corn (0, 15, 30 and 45%) to the total diet.
The experiment was developed in 83 days, with 13 days for adaptation of the animals
and 70 days of experimental period. The animals presented average of 321,25 kg
and 20 months of age, being accommodate in individual pens and submitted to diets
with 25% of roughage (sorghum silage) and 75% of concentrate. The feeding was
supplied daily in two supplies, 9 hours and 16 and 30 hours. The work was separated
in three tests, where the first corresponded to the determination and evaluation of the
dry matter (DM) intake and nutritious, besides the evaluation of the performance
parameters. Effects of additions of IGC were not observed on the intake of DM.
Therefore, the inclusion of IGC provided increase in the CP, NDF, ADF, HEM and EE
intakes. According to regression study, each 1% of inclusion provided increases of
32g, 4g, 2g, 103g and 2g, a day in the CP, NDF, ADF, HEM and EE intake,
respectively. The NFC intake was reduced when increase of the IGC levels in the
diets. The Total weight gain and average daily gain were higher in 636 g and 10g/day
for each addition of 1% of IGC in the diets, however no effect on feed conversion was
observed, presenting average of 4,49. The second test corresponded to the
evaluation of the carcass of the animals. The animals were slaughtered at the end 70
days of experiment, taking place the measures for characterization of the quantitative
variables of the carcasses. For each 1% of IGC inclusion observed increased of the
0,62 kg in the slaughter weight. The IGC addition in the diets proved also increased
in the hot and cold carcass weight. However, the additions of IGC to the diets didn't
influence the hot and cold carcass dressing percentage and chilling loss, as well as
they didn't influence the percentile of the primary cuts in the carcass (hindquarter
gun, spare ribs, forequarter). However, the hindquarter gun presented negative
correlation with the forequarter (-0,78; p <0,01) and spare ribs (-0,71; p <0,01) was
observed. The weight of commercial cuts hindquarter gun and yields retail beef cuts
hindquarter, also were not influenced by the IGC presence in the diets. The third test
went the evaluation of the behavior aspects of the animals submitted to the diets of
IGC, inside of the different periods of the day. For evaluation of the times spent in:
feeding, rumination, idle, sleeping and other activities, besides the frequency with
that the animals tried to ingest water, they urinated and they defecated, the animals
were observed for 24 hours in the last day of the experimental period. The animals
presented different behaviors in the different periods of the day for all the variables (p
<0,05). The addition of IGC to the diets didn't influence the times spent in feeding,
sleeping and in other activities, nor them search frequency for water, urination and
defecation for the animals. The rumination was influenced by the diets and periods of
the day (p <0,05). The IGC levels influenced the rumination time of the animals in a
quadratic way, with larger time of rumination observed for the level of 30% of
inclusion of IGC (28,30% of the daily time). The time of idle also presented quadratic
behavior and the smallest time of rumination was obtained in the level of 30% of IGC
(42,24% of the daily time). The animals submitted at the different levels of IGC, they
presented behaviors different from rumination and idle for the different periods of the
day. The inclusion of IGC in the diet of feedlot bovine to the level of 45% can be
used, for providing larger gains of daily weight and heavier carcasses, without
influencing the DM intake, feed conversion and the characteristics of yields carcass
of the animals, in spite of having influenced the rumination and idle time.
Key words: average daily gain, by-product, ether extract, rumination, yields carcass.
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 4
Figura 1 -
Comportamento da variável ruminação para cada nível de GMI
em função dos períodos..................................................................
100
Figura 2 - Comportamento da variável ócio (% de tempo) de cada dieta em
função dos períodos……………………………………………………
103
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Tabela 1- Teores médios de matéria seca (MS) em %, proteína bruta (PB),
fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HEM), carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes
digestíveis totais (NDT), celulose, lignina, extrato etéreo (EE) e
cinzas, expressos em % da MS e nitrogênio insolúvel em detergente
neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA),
expressos em % do N total. ……………………………………………...
47
Tabela 2- Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS), em
função dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB, FDN,
FDA, HEM, CNF, NDT, lignina, celulose, EE e cinzas das dietas
experimentais, expressos em porcentagem (%) da MS, NIDN e
NIDA expressos em % do N total……………………………………….
49
Tabela 3- Valores estimados, equações de regressões e coeficientes de
determinação (r
2
) e variação (CV) para os consumos de MS, PB,
FDN, FDA, HEM, CNF e EE, em função dos níveis de GMI
incluídos na dieta…………………………………………………………
51
Tabela 4- Valores estimados, equações de regressão, coeficientes de
determinação (r
2
) e coeficientes de variação (CV) das variáveis
GPD, GPT e CA…………………………………………………………..
57
CAPÍTULO 3
Tabela 5- Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS), em
função dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB, FDN,
FDA, HEM, CNF, NDT, lignina, celulose,EE e cinzas das dietas
experimentais, expressos em porcentagem (%) da MS, NIDN e
NIDA expressos em % do N total.......................................................
71
Tabela 6- Consumos MS, PB, FDN e EE, e valores médios de GPD, GPT e
CA…………………………………………………………………………..
72
Tabela 7- Valores estimados de pesos ao abate, PCQ, PCF, RCQ, RCF e QR
, com suas respectivas equações de regressão e coeficientes de
determinação(r
2
) e variação (CV)………………………………………
73
Tabela 8- Coeficientes de correlação de Pearson entre GPT, peso ao abate,
PCQ, RCQ, PCF, RCF, traseiro especial, ponta-de-agulha (PA) e
dianteiro da carcaça de tourinhos Nelore X Limousin alimentados
com dietas contendo GMI………………………..................................
74
Tabela 9- Proporções estimadas dos cortes traseiro especial, ponta-de-agulha
e dianteiro e coeficientes de variação (CV)…………………................
77
Tabela 10-
Valores estimados e coeficientes de variação (CV) do peso dos
cortes cárneos do traseiro especial e rendimento cárneo do
traseiro especial………………….……………………………………
78
Tabela 11-
Coeficiente de correlação de Pearson para peso ao abate, RCQ,
RCF, peso dos cortes comerciais do traseiro especial e
rendimento do traseiro especial.......................................................
80
CAPÍTULO 4
Tabela 12-
Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS),
em função dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB,
FDN, FDA, HEM, CNF, NDT, lignina, celulose, EE e cinzas das
dietas experimentais, expressos em porcentagem (%) da MS,
NIDN e NIDA expressos em % do N
total………………………………………………………………………
90
Tabela 13-
Teores médios de matéria seca (MS) em %, PB, FDN, FDA,
HEM, CNF, NDT), celulose, lignina, EE e cinzas, expressos em %
da MS NIDN, NIDA, expressos em % do N total. ……...................
91
Tabela 14-
Valores estimados de consumos e parâmetros de desempenho,
com respectivas equações de regressão, coeficientes de
determinação e variação………………………………………………
92
Tabela 15-
Variáveis climáticas obtidas durante no dia do ensaio de
comportamento………………………………………………………....
93
Tabela 16-
Valores médios diários obtidos para as variáveis: alimentação,
dormindo e outras atividades, expressos em %, minutos………….
95
Tabela 17-
Valores médios estimados de tempo despendido com as
atividades de alimentação (AL), dormindo (DO) e outras
atividades (OT), em cada período do dia……………………………
97
Tabela 18-
Respostas das variáveis ócio e ruminação aos fatores nível de
GMI e períodos do dia e respectivas equações de regressão…….
99
Tabela 19-
Freqüências médias e erros padrões (e.p.) de procura por água,
micção e defecação de novilhos confinados alimentados com
níveis de GMI, para cada período do dia…………………………….
104
Tabela 20-
Freqüências médias e erros padrões (e.p.) observados para as
variáveis procura por água, micção e defecação, para cada nível
de GMI. ……………………………………………………………….
106
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 INTRODUÇÃO
A pecuária de corte participa significativamente na formação do produto
interno bruto sendo um dos setores mais importantes do agronegócio na economia
nacional. Em âmbito internacional, o Brasil tem se tornado um dos maiores
fornecedores de carne, podendo certamente se firmar como o maior fornecedor
devido ao alto potencial de produção que sustenta. Contudo, a produtividade
brasileira ainda pode ser incrementada tanto quantitativamente, como em grau de
especialização de seus produtos.
As características climáticas, a grande extensão territorial e o alto custo dos
grãos, dentre outros fatores determinam um modelo de produção extensivo de
produção de gado de corte no Brasil, no qual os pastos o quase que
exclusivamente fontes de proteína e energia para os animas (OLIVEIRA,1999).
O modelo de produção extensivo apresenta entraves que comprometem a
produção de carne durante determinados períodos do ano. A produção sazonal de
forragem tem sido, ano após ano, um dos maiores obstáculos para a produção mais
eficiente e constate. Além disso, segundo Nóbrega & Santos (2006) de acordo com
estimativas da Embrapa, cerca de 80% das pastagens cultivadas no bioma Cerrado
encontram-se em algum estágio do processo de degradação.
Estes eventos concorrem para o reduzido consumo de nutrientes pelos
animais limitando a produção em pastagens. Assim, no sistema de produção
extensivo de gado de corte, o potencial genético de ganho de peso dos bovinos
dificilmente é atingido (CARDOSO, 1997), promovendo abates tardios dos animais,
depreciando a qualidade da carne e a efetividade do sistema de produção.
O confinamento, ao longo dos anos, tem sido uma opção utilizada apenas
para o aproveitamento dos melhores preços na entressafra. Contudo, este regime de
criação intensivo apresenta grande potencial para melhoria dos índices de
produtividade apresentados pela pecuária de corte nacional. Neste sentido, a
utilização do confinamento tem se tornado uma prática mais comum. Segundo
dados do ANULPEC (2006), em dez anos, o número de animais terminados em
confinamento aumentou em 60,6% no Brasil.
No entanto, o alto custo com a alimentação comum em sistemas intensivos de
produção têm sido uma barreira significativa aos produtores. Segundo Leme et al.
(1999) a alimentação corresponde a 85% dos custos da terminação em
confinamento, sendo que o concentrado é o principal limitante.
No intuito de reduzir os custos com a alimentação, opções mais baratas para
uso como ingredientes das rações têm sido estudadas. A produção agroindustrial,
com processamento de matérias-primas de primeira importância (milho, soja, cana,
girassol, entre outros), seja para alimentação humana, produção de combustíveis ou
outros materiais, gera subprodutos que em sua grande parte possuem potencial
nutritivo para alimentação de animais domésticos, e principalmente de ruminantes.
O município de Araguaína (TO) dispõe de uma empresa processadora do
grão de milho para produção de produtos utilizados na alimentação humana
(Indústria e Comércio de Alimentos do Tocantins – COALTO), que gera, entre outros
resíduos, o gérmen de milho integral. Este subproduto tem sido comercializado na
região, principalmente na produção de frangos de corte, e vem iniciando sua
utilização na pecuária bovina de corte e de leite. Contudo, pouco se sabe sobre as
características nutricionais deste subproduto para a alimentação de ruminantes, sua
influência na produção animal, qualidade dos produtos finais (carne ou leite) e
comportamento ingestivo dos animais.
Este estudo foi realizado com o objetivo de analisar as características
nutricionais do subproduto gérmen de milho integral, bem como avaliar sua
influência sobre o consumo alimentar e desempenho animal, características
quantitativas da carcaça e comportamento ingestivo de bovinos machos não-
castrados Nelore X Limousin terminados em confinamento.
1.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.2.1 Desenvolvimento corporal
Para Luchiari Filho (2000), o crescimento é um processo pelo qual a massa
corporal de um animal aumenta num determinado período de tempo, peculiar a cada
espécie. O crescimento corporal é composto de multiplicação celular (hiperplasia) e
de aumento de tamanho celular (hipertrofia). A descrição de crescimento tem sido
mais freqüentemente adotada como sendo o aumento dos tecidos estruturais: ossos,
músculos e tecido conjuntivo associados ao músculo.
A escolha de faixa de peso ideal de abate é muito importante para o criador.
Após atingir a puberdade, animais recebendo adequado nível nutricional tendem a
alcançar um determinado estágio onde o crescimento muscular diminui (LUCHIARI
FILHO, 2000).
Segundo Marple (1983), a curva de crescimento dos bovinos é dividida em
quatro fases, nas quais ocorre desenvolvimento diferenciado dos vários tecidos do
corpo. O desenvolvimento é precoce para ossos e órgãos vitais, intermediário para
músculos e tardio para o tecido adiposo.
Berg e Butterfield (1976); citados por Jorge (2005) mostraram que, após a
desmama, o crescimento dos ossos desacelera-se, enquanto o muscular se dá em
taxa relativamente alta (rápida), desacelerando-se em estágio mais avançado do
desenvolvimento, ocasionando aumento da proporção de músculos para ossos à
medida que o peso vivo aumenta. A proporção de tecido adiposo é pequena por
ocasião do nascimento. Sua taxa de crescimento aumenta à medida que o animal se
desenvolve. Em animais excessivamente terminados, sua quantidade pode ser
maior que a de músculos. A raça, o sexo e o nível nutricional têm influência sobre a
idade e o peso em que ocorre a aceleração ou desaceleração no crescimento de
cada tecido.
Animais em estágio avançado de engorda apresentam crescimento muscular
menos intenso em relação ao tecido adiposo. Este fato, associado ao custo
energético da deposição de gordura e ao alto custo de manutenção do animal
pesado, resulta numa eficiência biológica muito baixa em relação ao crescimento
muscular (LUCHIARI FILHO, 2000).
O crescimento e o metabolismo dos tecidos corporais são influenciados por
inúmeros fatores, principalmente a ação dos diversos hormônios e fatores de
crescimento. A somatrotopina (ST), por exemplo, é um hormônio chave no processo
exercendo sua ação associada a outros hormônios. O controle do metabolismo
determina a partição de nutrientes absorvidos para a deposição de proteínas ou
gorduras, estabelecendo padrões de crescimento alométrico dos músculos
esqueléticos, tecido adiposo e dos ossos dos mamíferos (OLIVEIRA, 1999).
1.2.2 Confinamento
No Brasil Central, bovinos engordados em regime de pasto apresentam bom
desenvolvimento na estação das chuvas (ganhos de peso de 500 a 800 g/dia) e
fraco desempenho na época seca, quando ganham pouco peso ou até o perdem,
devido à baixa produção das pastagens. Esta seqüência de bons e maus
desempenhos resulta em avanço na idade de abate dos animais (THIAGO &
COSTA, 1983), resultando em depreciação da qualidade da carne e perdas
econômicas.
A exemplo de outras atividades rurais, a bovinocultura de corte vem passando
por modificações, tanto no aspecto econômico como no aspecto mercadológico.
Esses são alguns dos fatores que exigem do produtor o acompanhamento da
situação de mercado em que está inserido, das opções de técnicas de aumento da
produtividade e atenção sobre a qualidade do produto final (FERREIRA et al., 2006).
Uma das técnicas que visam contemplar essas exigências é o uso do confinamento,
principalmente para a fase de terminação dos animais (RESTLE et al., 2000).
A técnica de confinamento de bovinos é utilizada com sucesso em todo
mundo, no intuito de intensificar a produção de carne bovina, ou como alternativa
para a produção de carne em períodos de escassez de forragem (CRUZ et al.,2004).
O Brasil, a exemplo de países como a Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos,
visando o avanço tecnológico, tem buscado sistemas de produção que otimizem a
utilização de recursos operacionais, tecnológicos e socioeconômicos, ambientais e
genéticos que promovam a maior eficiência e lucratividade. Observa-se que o
confinamento reúne todas estas características, porém, sua viabilidade econômica
exige enfoque empresarial com métodos adequados de gerenciamento e
comercialização, sendo necessário associar estes recursos, que somente a
melhoria tecnológica não basta para garantir a lucratividade ao setor da
agropecuária de corte, em especial a prática do confinamento (ALMEIDA &
AZEVEDO, 1999).
Almeida (2004) considerou a viabilidade da pecuária de corte dependente
direta da economia de escala, pois vem sendo obrigada a operar com margens de
lucro mais reduzidas. A lucratividade advinda da maior escala de produção é
resultado do maior número de unidades produzidas em curto espaço de tempo. No
Brasil, segundo o mesmo autor, pode-se considerar como grandes confinamentos
aquelas empresas que possuem estrutura para confinar mais de 500 cabeças.
Segundo Kuss et al. (2003), a viabilidade econômica em sistemas intensivos
de produção de bovinos de corte, como o regime de confinamento, está alicerçada
em quatro fatores: eficiência na produção e aquisição de alimentos, oportunidade de
compra e venda dos animais, escolha de grupos raciais precoces e categorias que
apresentem boa eficiência biológica e por fim, manter constância na qualidade do
produto final.
Quando se fala em confinamento, é preciso definir claramente o sistema em
questão. Diferentes objetivos e disponibilidades de recursos podem determinar
inúmeras combinações entre vários tipos de instalações, animais e rações (THIAGO
& COSTA ,1994). O gerenciamento destes fatores pode determinar o sucesso ou
insucesso da atividade (ALMEIDA, 2004).
1.2.3 Desempenho produtivo de bovinos de corte em confinamento
Além da alimentação, vários são os fatores determinantes do
desempenho produtivo de bovinos de corte; sexo, raça, idade, entre outros,
especialmente no regime de confinamento, no qual cada uma destas variáveis
possui efeitos decisivos para o sucesso econômico. Desta forma, a determinação
prévia de objetivos e metas com base nestes fatores são de grande importância.
1.2.3.1 Desempenho de bovinos em confinamento e suas variáveis
Dentre as inúmeras variáveis a serem consideradas em um regime de
confinamento, Moletta & Restle (1992) consideram que os animais são o fator mais
importante, uma vez que representam a própria base da exploração. Desta forma,
em sistemas intensivos de produção, que visam a otimização dos fatores de
produção, como o alimento, o uso de animais que respondam com maior eficiência é
primordial.
A produção animal reside basicamente na qualidade do rebanho não sendo
recomendável portanto, animais ou raças de porte demasiadamente pequeno e com
alta precocidade, pois estes apresentam grande acúmulo de gordura implicando em
carcaças muito leves. Por outro lado, também não é aconselhável raças e indivíduos
de porte extremamente grandes e tardios, pois, estes levam maior tempo até o abate
e tem problemas com acabamento. Um novilho de corte moderno tem alta
quantidade de porção comestível, baixa quantidade de ossos e, quantidade
adequada de gordura (LUCHIARI FILHO, 2000), atingindo o peso ao abate mais
cedo quando favorecidos pela dieta.
O melhoramento genético pode ser utilizado para melhoria das características
produtivas possibilitando o abate de animais mais jovens, 18 a 24 meses, segundo
as condições de manejo (FELÍCIO, 1997).
O cruzamento tem mostrado ser boa alternativa para a inserção da
bovinocultura brasileira no mercado de carne internacional (EUCLIDES FILHO et al.,
1997), no tocante à produtividade e qualidade da carne. O aumento do peso e a
melhoria da qualidade de carcaça estão entre os benefícios que o cruzamento entre
indivíduos Bos taurus e Bos indicus proporciona (PEROTTO et al. 2000).
De acordo com Norman (1977); citado por Moletta & Restle (1992), as
pesquisas existentes, de maneira geral, têm demonstrado que o gado europeu
responde melhor que o zebuíno aos melhores níveis nutricionais. Enquanto que
Felten et al. (1988) observaram melhor eficiência na conversão alimentar para
animais zebuínos.
O uso de categorias com maior eficiência biológica de produção na
terminação em confinamento pode representar redução dos custos de produção,
aumento do desfrute e melhoria na qualidade da carne (RESTLE et.al.,1999b)
Cruz et al. (2004) avaliando vários cruzamentos sobre o desempenho
produtivo, observaram que os animais Nelore precisaram de mais tempo em
confinamento para atingir o mesmo peso de abate que os animais Limousin X
Nelore. O maior tempo de confinamento para os animas Nelore foi atribuído ao mais
baixo ganho de peso diário destes animais.
Segundo Restle et al. (2000), o cruzamento de raças de grande porte como a
Charolês que apresenta elevada taxa de ganho e grande massa muscular, com uma
raça mais precoce em deposição de gordura, como a Nelore resulta em animais com
elevada proporção de músculo na carcaça e adequada deposição de gordura na
carcaça.
Normalmente novilhos mestiços têm apresentado melhores índices produtivos
do que suas raças formadoras (PEROTTO et al., 2000; RESTLE & VAZ, 2000 e
CRUZ et al., 2004), com maiores pesos ao abate, melhores conversões alimentares
e maiores ganhos médios de peso diários.
O ganho de peso médio diário e a conversão alimentar são fatores de
desempenho de grande relevância por estarem relacionados diretamente ao
aproveitamento do alimento e ao período de confinamento. o peso ao abate, tem
grande importância no confinamento, por alterar custos e qualidade do produto final
(COSTA et al., 2002).
O maior peso inicial também influencia positivamente o desempenho de
animais submetidos ao regime de confinamento. O peso inicial é fator importante a
considerar, pois o peso ao abate é conseqüência do peso inicial e do ganho de peso
durante o confinamento (RESTLE, 1995). Esta afirmativa é confirmada por Restle et
al.(2004) que provou que o maior peso no início do confinamento representou maior
ganho de peso médio diário, melhor eficiência alimentar e menor tempo de
confinamento, testando diferentes pesos ao início do confinamento.
O consumo alimentar é importante, pois está relacionado diretamente com o
ganho de peso (MENEZES & RESTLE, 2005). Os menores ganhos de pesos
observados para animais de raças zebuínas estão associados aos seus menores
consumos alimentares. Owens et al. (1993), sugeriram que raças selecionadas para
ganho de peso e maior massa muscular, são indiretamente selecionadas para altos
consumos de matéria seca.
O consumo de matéria seca pelo animal, por sua vez, está associado ao peso
vivo do animal, tendo relação estreita com o tamanho e a capacidade do trato
gastrintestinal. Contudo, além do efeito do peso do animal, diferenças de consumo
entre os animais estão relacionadas às diferenças no seu grau de maturidade,
principalmente pelo aumento da competição pelo espaço abdominal ocasionado pela
elevação da gordura corporal (NRC, 1987). Fox et al. (1981); citados por Menezes &
Restle (2005), observaram que a ingestão de matéria seca decresceu 2,7% para
cada aumento de 1% na gordura corporal.
O sexo influencia o crescimento e o desenvolvimento dos animais no que se
refere à composição geral da carcaça. O efeito mais pronunciado do sexo é
observado no processo de engorda. As novilhas atingem a fase de acabamento
primeiro do que novilhos e estes antes que os machos inteiros. A taxa de
acumulação de gordura para animais inteiros, por sua vez, é menor que para
novilhos e para estes últimos, menor do que para novilhas. Assim sendo, animais
inteiros apresentam faixa de peso vivo maior, na qual podem ser abatidos sem
estarem totalmente acabados (LUCHIARI FILHO, 2000).
De acordo com Pereira et al. (2000), a presença de hormônios androgênicos
(principalmente testosterona), em elevada concentração no sangue dos animais
não-castrados, reflete em melhor aproveitamento do nitrogênio na síntese de
proteína, proporcionando maior desenvolvimento muscular e ganho de peso.
Segundo Restle & Vaz (2000), caso o produtor queira produzir animais precoces
com pesos mais elevados, o ideal é que este não castre os animais. Alguns
pesquisadores relataram que animais castrados apresentaram maior rendimento de
traseiro, onde se encontram os cortes nobres de maior valor comercial, todavia,
esses animais apresentaram menores pesos da carcaça (RESTLE & VAZ.,2000;
RODRIGUES et al, 2003).
A não castração dos machos merece especial atenção, principalmente por
não demandar custos e representar maior velocidade de ganho de peso se
comparados a animais de mesma composição genética e castrados (FERREIRA et
al., 2006). A castração exerce influência negativa no desempenho do animal. Maior
taxa de crescimento para animais inteiros, em relação a castrados na mesma faixa
de peso vivo, seguida de maior rendimento de cortes cárneos, sugere que a
utilização de animais inteiros na produção de carne poderá trazer grande economia
na produção (LUCHIARI FILHO, 2000).
Em confirmação a estas afirmações, Hendrick et al. (1969), observaram vários
estudos em que a taxa de ganho de peso de machos não-castrados foi superior ao
de novilhos castrados e novilhas, os quais tiveram taxas similares. Observaram que
os machos não-castrados foram mais eficientes na conversão de alimentos e no
ganho de peso vivo. Os animais não-castrados apresentaram 17% a mais de ganho
de peso final do que a média de novilhos e novilhas.
1.2.3.2 Características da carcaça de bovinos em confinamento e suas
variáveis
O abate tardio de animais, normalmente praticado nas condições de
pastagens do Brasil, influencia na qualidade da carcaça dos animais, além de refletir
negativamente na produtividade de carne comercializável (MÜLLER, 1977). O
confinamento representa uma alternativa que permite reduzir o tempo gasto pelos
animais na propriedade, além de possibilitar a manipulação das características das
carcaças e melhoria na qualidade da carne (RESTLE et al., 1999b; GESUALDI JR.
et al. ,2000).
A comercialização de bovinos, no Brasil, baseia-se no rendimento de carcaça,
que, todavia, deve ser utilizado em conjunto com outros parâmetros, como o
rendimento dos cortes primários e cortes comerciais. Isto se justifica em função da
influência do peso vivo sobre o valor do rendimento de carcaça, que é alterado pelo
peso do conteúdo gastrintestinal, o qual, por sua vez, é influenciado pelo número de
horas de jejum a que os animais são submetidos antes do abate, pelo tipo de dieta,
e pelo grupo genético (PATTERSON et al., 1995 e OWENS & GILL, 1995).
O rendimento de carcaça e dos cortes comerciais e o peso da carcaça o
medidas de interesse dos frigoríficos na avaliação do produto adquirido e dos custos
operacionais, visto que carcaças com pesos diferentes demandam mesma mão-de-
obra e tempo de processamento. Portanto, o peso de abate tem muita importância ,
por alterar custos e qualidade (COSTA et al., 2002).
Segundo Restle et al. (1999a), dois pontos são particularmente importantes
quando se busca a produção de novilhos, o peso de abate e o grau de acabamento
da carcaça. O peso de carcaça normalmente buscado pelos frigoríficos é acima de
230 kg. Outros fatores que também podem influenciar o rendimento de carcaça o
a genética, a nutrição e o sexo (FRANZOLIN & SILVA, 2001).
A escolha da raça também é de fundamental importância na tentativa de se
obter uma composição de carcaça desejada. O aspecto mais importante relacionado
ao uso de cruzamentos, para melhorar características de carcaça, relaciona-se à
habilidade de combinação geral de duas raças (CARPENTER, 1973, citado por
PEROTTO et al. 2000). Isto significa que a carcaça do animal cruzado pode ser
melhorada pela combinação das características superiores das raças paternas, ou
seja, por intermédio dos cruzamentos entre raças. Por tanto, os pecuaristas podem
manipular importantes características, como o grau de acabamento em função do
peso de abate, a porcentagem de cortes nobres e o padrão de deposição de gordura
(PEROTTO et al., 2000).
Em trabalho avaliando grupos genéticos Menezes & Restle (2005)
observaram, melhores resultados para peso ao abate, pesos de carcaça quente e
fria para bovinos Charolês, contudo, os animais Nelore apresentaram valores
superiores para os rendimentos de carcaça quente e carcaça fria. Menezes & Restle
(2005) verificaram também que os novilhos Nelore apresentaram menores pesos
relativos do trato gastrointestinal e das patas, e menores pesos absolutos do
conjunto dos órgãos internos, além de menor valor numérico do conteúdo do trato
gastrintestinal resultando em maior rendimento de carcaça. As superioridades das
características dos genótipos das raças maternas foram incorporadas aos genótipos
dos mestiços, e estes apresentaram rendimentos superiores.
Cruz et al. (2004), avaliando vários cruzamentos sobre o desempenho
produtivo, observaram maiores rendimentos de carcaça para animais cruzados
Limousin X Nelore (59,16%) em relação aos animais Nelore (57,00%). Estes autores
observaram também melhor rendimento do traseiro especial, sendo que os animais
Nelore apresentaram 49% e os animais mestiços apresentaram 54% de rendimento
de traseiro. No mesmo experimento Cruz et al. (2004) também constataram
influência do peso ao abate sobre os rendimentos de carcaça e proporção dos
cortes da carcaça para os diferentes grupos genéticos avaliados. O peso associado
à idade e à estrutura corporal é considerado o mais importante fator influenciando a
proporção de músculos, ossos e gordura no organismo animal, bem como a
distribuição e localização da gordura (FOX, 1981).
A avaliação do rendimento de carcaça e dos cortes do traseiro especial ou
ponta de agulha é também fundamental, visto que esses cortes são os mais
utilizados nos frigoríficos e açougues para comercialização (JORGE, 1999). É
economicamente interessante que, além de maior rendimento, a carcaça também
apresente maior proporção de traseiro especial, que engloba o coxão e a alcatra,
cortes com maior valor comercial (ALVES et al., 2004). Entretanto, com o avançar da
idade dos animais e, conseqüentemente do peso ao abate, a proporção entre os
cortes se altera, diminuindo a proporção do traseiro especial (LUCHIARI FILHO,
2000).
Quanto à porcentagem de cortes comerciais frente à evolução do peso ao
abate, nota-se que a variação da porcentagem de corte do serrote (traseiro
especial), que é de melhor remuneração para o frigorífico, descreve resposta linear
decrescente. Enquanto a porcentagem do dianteiro permanece inalterada e a
proporção do costilhar (ponta-de-agulha), em relação ao da carcaça, aumenta à
medida que o peso se eleva (COSTA et al., 2002).
Aumentos na porcentagem da ponta de agulha em carcaças com maior peso
e grau de terminação podem ser atribuídos à maior deposição de gorduras nestas
áreas (VAZ, 1999).
Estudos sobre o crescimento de bovinos de corte submetidos a diferentes
sistemas de alimentação o, primariamente, relacionados a mudanças na
deposição de gordura e no desenvolvimento do tecido muscular e ósseo
(GESUALDI JR. et al., 2000). rios trabalhos têm sido realizados para verificar a
influência dos níveis de concentrados das dietas sobre as características da
carcaça. No entanto, segundo Petit et al. (1994), quando o peso de abate é pré-
determinado, diferenças entre níveis de concentrado o raras para as
características de carcaça. Müller & Primo (1986), trabalhando com bezerros
Hereford, verificaram que o melhor nível alimentar resultou em menor porcentagem
de ossos, concluindo que o melhor regime alimentar proporcionou maior crescimento
muscular.
A determinação dos níveis de concentrado sobre as características da
carcaça ainda não são claras, contudo, é senso que maiores níveis de concentrado
melhoram o rendimento de carcaça, devido ao menor conteúdo gastrointestinal
(GESUALDI JR. et al., 2000; OWENS & GILL, 1995).
Para Ribeiro et al. (2002), os níveis de 9, 15 e 21% de volumoso não
alteraram a composição física da carcaça e as características qualitativas da carcaça
de tourinhos cruzado (3/4 europeu 1/4 zebu)
O efeito de sexo sobre a composição da carcaça foi observado por Hendrick
et al. (1969). Machos não-castrados apresentaram maiores percentagens de
rendimento de cortes da carcaça e maior peso ao abate, quando comparados a
novilhas e novilhos. No entanto, os machos inteiros apresentaram menor cobertura
de gordura na carcaça e extrato etéreo no longissimus dorsis, sendo seguidos pelos
novilhos, enquanto as novilhas apresentaram melhores resultados para estas
características.
A castração modifica a forma e a composição corporal resultando em
diferentes características. Machos inteiros apresentam crescimento relativamente
maior do dianteiro, assim como a distribuição de gordura na carcaça é alterada.
Desta forma, Luchiari Filho (2000) analisando vários resultados de uma série de
experimentos, concluiu que os animais inteiros apresentaram ganhos superiores,
maiores rendimentos de carcaça, menores percentagens de traseiro e maiores de
dianteiro, assim como maiores porcentagens de carne magra, quando comparados
aos animais castrados.
Como se pôde observar, a manipulação das características da carcaça pode
ser realizada por intermédio de ferramentas como o manejo nutricional, idade de
abate, conhecimento e controle de fatores genéticos, elementos que influenciam
grandemente a composição da carcaça e a qualidade da carne (HOLTON et al.,
2005; citado por COSTA et al., 2002).
1.2.4 Subprodutos Agroindustriais
A utilização de subprodutos agroindustriais na alimentação de animais de
interesse zootécnico vem sendo realizada por muito tempo e, atualmente devido a
questões ambientais e considerações econômicas, estes materiais têm merecido
considerável atenção dentre pecuaristas e nutricionistas, uma vez que seu
aproveitamento tem duas importâncias: 1) diminuição da dependência dos bovinos
por cereais que possam servir para a alimentação humana ou de animais
monogástricos, e 2) eliminação da necessidade de criação de práticas onerosas de
manejo de resíduos (IMAIZUMI, 2005). E ainda, uma terceira, que se refere à
redução dos custos no preparo de dietas para animais.
Ao contrário do que acontecia no passado, quando resíduos eram dispostos
em aterros sanitários ou empregados sem tratamento para ração animal ou adubo,
atualmente, conceitos de minimização, recuperação, aproveitamento de subprodutos
e bioconversão de resíduos são cada vez mais difundidos e necessários para as
cadeias agroindustriais (LAUFENBERG et al., 2003).
Subproduto é aquele material que possui valor como alimentos para animais,
sendo obtido ao final da colheita de algum produto ou após o processamento
agroindustrial de alguma commodity, destinada à alimentação humana (FADEL,
1999).
O crescente interesse pela identificação e quantificação de subprodutos
agroindustriais, se deve principalmente à necessidade de se entender e monitorar o
despejo de reduos no meio ambiente, em função das legislações ambientais se
tornarem cada vez mais rigorosas (CLARK et al., 1987; citados por IMAIZUME,
2005) e oportunidade de barateamento do custo de dietas para animais domésticos.
Os subprodutos da agroindústria são considerados alternativas interessantes,
principalmente para alimentação dos ruminantes, sendo que a sua inclusão na ração
depende de vários fatores, como disponibilidade, composição química, preço, custo
do transporte, facilidade de armazenamento e presença de compostos tóxicos e/ou
antinutricionais (GARCIA et al., 2005).
Conforme o NRC (1989), os subprodutos da agroindústria o fontes valiosas
de proteína, energia e fibra para indústria de produção animal e, tradicionalmente,
estes subprodutos m sido utilizados para substituir concentrados energéticos ou
protéicos.
Contudo, as maiores dificuldades da utilização destes subprodutos são
encontradas devido à dificuldade de padronização das suas características
nutricionais, podendo apresentar grande variação na sua composição química, por
se tratarem de resíduos agroindustriais, na maioria das vezes não recebendo melhor
atenção quanto à sua qualidade (GARCIA et al., 2005).
1.2.5 Aspectos comportamentais de bovinos em confinamento
Novas técnicas de alimentação modificam o comportamento, não só
alimentar, como também o físico e metabólico do animal (ARMENTANO &
PEREIRA, 1997).
O comportamento animal é um aspecto fenotípico que envolve a presença, ou
não, de atividades motoras definidas, vocalizações e produção de odores, os quais
conduzem as ações diárias de sobrevivência do animal e as interações sociais.
Como qualquer outra característica, o comportamento é determinado por fatores
ambientais e genéticos, podendo ser visto como processo dinâmico e sensível às
variações físicas do meio e a estímulos sociais (BANKS, 1982).
O estudo do comportamento ingestivo de animais ruminantes é fundamental
para o entendimento dos processos de digestão dos alimentos, sua eficiência de
utilização e absorção e da manutenção das condições ruminais (MENDES NETO et
al., 2007). Estudos com animais que recebem subprodutos como parte da dieta
contribuem na elaboração de rações, além de elucidar problemas relacionados com
a diminuição do consumo (CARVALHO et al., 2004).
Segundo POLLI et al., (1995) a Etologia como ciência, permite fornecer
critérios para o desenvolvimento e avaliação de técnicas criatórias capazes de
propiciar o bem estar aos animais, e conseqüentemente, melhorar substancialmente
a eficiência produtiva do rebanho.
Os padrões de comportamento alimentar refletem a adaptação dos animais a
diversos fatores ambientais, podendo indicar métodos de melhoramento da
produtividade animal por meio de diferentes manejos (CARVALHO et al., 2004).
Com o passar do tempo, os animais aprendem a associar as propriedades químicas
dos alimentos com as conseqüências metabólicas de se ingerir determinado
alimento. Dessa forma, animais tendem a rejeitar certos alimentos que geram
sensação de mal estar, e preferem alimentos que satisfazem suas necessidades
metabólicas (FORBES, 1995).
As atividades diárias são caracterizadas por três comportamentos básicos:
alimentação, ruminação e ócio, e sua duração e distribuição podem ser influenciadas
pelas características da dieta, manejo, condições climáticas e atividade dos animais
do grupo (FISCHER et al., 1997).
A taxa de ingestão de alimento é definida por mecanismos orais e outras
habilidades do animal, propriedades físicas e mecânicas do alimento, disponibilidade
de água, a qualidade nutritiva do alimento e o efeito de distúrbios, tais como: medo
de predadores, ataque de insetos e competição com outros membros da espécie
(FRASER & BROOM, 2002).
O comportamento ingestivo de bovinos mantidos a campo caracteriza-se por
períodos longos de alimentação, de 4 a 12 horas por dia, enquanto para animais
estabulados os períodos variam de uma, para alimentos ricos em energia, a seis
horas ou mais, para fontes com baixo teor de energia (BÜRGER et al., 2000).
Segundo Souza et al. (2007) existem diferenças entre indivíduos quanto à duração e
à repartição das atividades de ingestão e ruminação, que parecem estar
relacionadas ao apetite dos animais, às diferenças anatômicas e ao suprimento das
exigências energéticas ou enchimento ruminal.
Em condições de alimentação não competitiva de animais em confinamento,
onde não há restrição à quantidade de alimento fornecido, o tempo de alimentação e
ruminação é influenciado pelas características do alimento, principalmente seu teor
de parede celular. Trabalhando com novilhas, Deswysen et al. (1993) citados por
Miranda et al. (1999) observaram que o consumo de nutrientes está associado
primeiramente, ao menor tempo gasto ingerindo e ruminando.
De acordo com Thiago et al. (1992), a quantidade de alimento consumida por
um ruminante em determinado período de tempo, depende do número de refeições
neste período e, da duração e taxa de alimentação de cada refeição, onde, cada um
desses processos é resultado do metabolismo do animal e das propriedades físicas
e químicas da dieta, estimulando receptores de saciedade. De acordo com Fischer
et al. (2000), ruminantes arraçoados duas vezes ao dia apresentam duas refeições
principais após o fornecimento da ração, além de um número variável de pequenas
refeições entre elas.
O teor de FDN da dieta é o primeiro fator que afeta as atividades de ingestão,
ruminação e mastigação, pois, interfere diretamente na saúde e na função ruminal
(YANG et al., 2001). Os períodos gastos com a ingestão de alimentos o
intercalados com um ou mais períodos de ruminação ou de ócio (FISHER et al.,
1998). De forma que, segundo Souza et al. (2007) o tempo gasto em ruminação é
mais prolongado à noite, mas também é influenciado pelo alimento. Durante o dia,
Carvalho et al. (2007) observou maior preferência dos animais por ruminar no
período entre os dois arraçoamentos. Os períodos gastos com a ingestão de
alimentos são intercalados com um ou mais períodos de ruminação ou de ócio
Dado & Allen (1995) observaram que o número de períodos ruminativos
eleva-se com o aumento do conteúdo de fibra, refletindo a necessidade de
processar a digesta ruminal, maximizando a eficiência digestiva. Com isso, a forma
física da dieta influencia o tempo despendido nos processos de mastigação e
ruminação, de forma que o tempo gasto em ruminação, conforme Mendes Neto et al.
(2007), difere entre alimentos concentrados e volumosos, sendo menor para
concentrados e alimentos finamente triturados ou peletizados quando comparado ao
mesmo alimento in natura.
Contudo, segundo Welch (1982) o aumento de fibra indigestível não
incrementa a mais de 8 ou 9h/dia, sendo a eficácia de ruminação importante no
controle da utilização de volumosos, assim, um animal que rumina mais volumoso
durante o período de tempo pode consumir mais e ser mais produtivo. Os períodos
de ruminação e descanso entre duas refeições, sua duração e seu padrão de
distribuição são influenciados pela atividade de ingestão (DESWYSEN et al., 1993,
citado por CARVALHO et al., 2007).
O aumento da quantidade de fibras na dieta estimula atividade mastigatória e
reduz a produção de ácidos (CARVALHO et al., 2007). A mastigação reduz o
tamanho das partículas e hidrata o alimento durante a insalivação, liberando
nutrientes solúveis para fermentação, o que influencia o crescimento microbiano,
além de expor a fração fibrosa do alimento à colonização microbiana (BEAUCHEMIN
et al., 1994, citados por MENDES NETO et al., 2007). A quantidade de material
indigestível ou pouco digestível consumida e a resistência deste material à redução
do tamanho das partículas aumenta a necessidade de mastigação (MERTENS,
1997).
As mastigações merícicas, estão relacionadas à redução do tamanho das
partículas e ao aumento da probabilidade de escape pelo orifício retículo-omasal e
de sua passagem pelo trato digestivo posterior (MENDES NETO et al., 2007). Uma
vez que a redução na eficiência de ruminação não pode ser compensada pelo
prolongamento da atividade de ruminação, a eficácia de ruminação é importante no
controle da utilização de volumosos de baixa qualidade, comprometendo a produção
animal (WELCH, 1982).
O aumento do consumo tende a reduzir o tempo de ruminação por grama de
alimento, fator provavelmente responsável pelo aumento do tamanho das partículas
fecais, quando os consumos são elevados (VAN SOEST, 1994).
Além das necessidades metabólicas o conforto físico também parece alterar o
padrão de consumo (FORBES, 2003). A modificação no horário ou na freqüência de
fornecimento da dieta ao animal ou qualquer outro tipo de fator que influencie o
conforto térmico do animal pode modificar a distribuição percentual dos horários de
alimentação de animais em confinamento (MENDES NETO et al., 2007).
As altas temperaturas associadas à umidade relativa do ar elevada afetam a
temperatura retal e a freqüência respiratória, podendo causar estresse (BAÊTA E
SOUZA et al., 1997, citado por MARQUES et al., 2005). Estes parâmetros climáticos
são os que exercem maiores efeitos sobre o desempenho dos rebanhos em clima
quente. A temperatura elevada, acima da zona de conforto, reduz o consumo de
alimento, cabendo aos animais ajustarem sua fisiologia e comportamento para
mostrar respostas adequadas às diversas características e condições do ambiente
adverso em que está sendo criado (MARQUES et al., 2005).
Segundo Palmquist & Mattos (2006), os lipídios podem ser utilizados em
dietas para animais submetidos a ambientes de altas temperaturas aumentando o
aporte de energia ingerida, por possuir menor incremento calórico quando
comparado a carboidratos e proteínas, favorecendo a ingestão de energia.
O consumo de água é influenciado por variáveis ambientais como a
composição do alimento e temperatura ambiente, bem como por demandas
produtivas. Não obstante, dentro da zona de termo neutralidade e com alimentos
que o contenham excesso de sais ou proteína, uma correlação linear
altamente significativa entre o consumo de oxigênio e taxa de renovação de água no
corpo, que é refletida no final das contas na correlação elevada e positiva entre as
quantidades de alimento e água consumidas, na maioria das condições (SILVA,
2006).
Segundo o NRC (2001) o consumo de água pelos bovinos aumenta com
aumento da temperatura acima de 35º C, entretanto, quando valores superiores a
estes são atingidos o consumo de água é reduzido devido à baixa atividade dos
animais.
Os padrões de comportamento constituem-se um dos meios mais efetivos
pelos quais os animais se adaptam a diversos fatores ambientais, podendo indicar
métodos potenciais de melhoramento da produtividade animal com a utilização de
diferentes manejos (CARVALHO et al., 2007).
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CAPÍTULO 2 - CONSUMO E DESEMPENHO DE TOURINHOS NELORE X
LIMOUSIN ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO GÉRMEN DE MILHO
INTEGRAL
RESUMO
No presente trabalho objetivou-se avaliar o consumo de nutrientes e o desempenho
produtivo de bovinos Nelore X Limousin alimentados com dietas contendo 0, 15, 30
e 45% de inclusão de gérmen de milho integral (GMI), utilizando-se como volumoso
a silagem de sorgo que correspondeu a 25% da dieta. Utilizaram-se vinte e quatro
tourinhos Nelore x Limousin distribuídos em quatro tratamentos e seis repetições em
delineamento inteiramente casualizado, em regime de confinamento por 70 dias. Os
animais apresentavam idade e peso dio inicial de 20 meses e 321,25 kg,
respectivamente. Foram avaliados os consumos de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
hemicelulose (HEM), carboidratos não fibrosos (CNF), e extrato etéreo (EE). Como
parâmetros de desempenho avaliaram-se ganho de peso total (GPT), ganho de peso
médio (GPM) e conversão alimentar (CA). Não foi observado efeito das adições de
GMI sobre os consumos de MS. No entanto, a inclusão de GMI proporcionou
aumentos nos consumos de PB, FDN, FDA, HEM e EE. Segundo estudo de
regressão, cada 1% de inclusão de GMI na dieta proporcionou aumentos de 32g, 4g,
2g, 103g e 2g, nos consumos diários de PB, FDN, FDA, HEM e EE,
respectivamente. O consumo de CNF foi reduzido na medida em que se elevaram
os níveis de GMI nas dietas. O GPT e GPM foram elevados em 636g e 10g/dia,
respectivamente, para cada 1% de adição de GMI às dietas, enquanto a CA não foi
influenciada pelos tratamentos apresentando média de 4,49. Concluiu-se que o GMI
pode ser incluindo em nível de até 45% em dietas para bovinos machos terminados
em confinamento, recebendo dietas com 75% de concentrado.
Palavras-chave: confinamento, conversão alimentar, subprodutos agroindustriais,
valor nutritivo.
INTAKE AND PERFORMACE OF NELORE X LIMOUSIN BULLS FEED WITH
DIETS CONTAINING INTEGRAL GERM CORN
ABSTRACT
The present research was developed to evaluate the nutritional intake and
productive performance of feedlot finishing Nelore X Limousin young bulls feed with
diets containing 0, 15, 30 and 45% of inclusion of integral germe corn (IGC), being
used as roughage silage sorghum that corresponded to 25% of the diet. Twenty-four
Nelore x Limousin bulls were used, distributed in four treatments and six replicates,
in completely randomized design. The animals presented average weight of 321,2 kg
and 20 months of age in initial of the experiment. The intake of dry matter (DM),
crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF),
hemicellulose (HEM), non fiber carbohydrates (NFC), and ether extract (EE). As
performance parameters were evaluated total weight gain (TWG), average daily gain
(ADG) and feed conversion (FC). Effects of additions of ICG were not observed on
the intake of DM. Therefore, the inclusion of IGC provided increase in the CP, NDF,
ADF, HEM and EE intakes. According to regression study, each 1% of inclusion
provided increases of 32g, 4g, 2g, 103g and 2g, a day in the CP, NDF, ADF, HEM
and EE intake, respectively. The NFC intake was reduced when increase of the IGC
levels in the diets. TWG and ADG were higher in 636 g and 10g/day for each addition
of 1% of IGC in the diets, however no effect on FC was observed, presenting
average of 4,49. IGC can be including in up to 45% in the diet of feedlot finishing
bulls, receiving diets with 75% of concentrate.
Key words: by-products, feedlot, feed conversion, nutritional value.
2.1 INTRODUÇÃO
O Brasil na cadeia produtiva da carne bovina tem se destacado ano após ano
como um dos principais fornecedores mundiais. Produtores, frigoríficos e todos os
elos envolvidos nesta cadeia têm buscado melhorias e padronização de seus
produtos a fim de garantir o futuro do mercado da carne bovina nacional.
No entanto, conforme comentários de Pacheco (2005), este segmento ainda
está longe de atingir e superar os índices produtivos dos demais países
concorrentes que tradicionalmente atuam neste setor. O cenário atual tem
impulsionado o aumento de pesquisas visando gerar tecnologias para incrementar a
eficiência produtiva e econômica nos sistemas de produção de bovinos de corte.
A bovinocultura de corte brasileira é essencialmente praticada de forma
extensiva. Contudo, dados do ANUALPEC (2006) mostraram que do ano de 1996 ao
ano de 2005, o confinamento no Brasil aumentou 60,6%, atingindo 2,3 milhões de
cabeças, e o estado do Tocantins teve aumento de 75% no número de animais
confinados no mesmo período. Estes números vêm refletir a busca da pecuária de
corte por uma opção de manejo mais eficiente e que venha atender as necessidades
produtivas e dos mercados atuais.
O clima favorável e a extensão territorial são as bases do sistema extensivo e
fazem a manutenção da competitividade da carne nacional (MIRANDA & MOTTA,
2001). No entanto, a terminação de bovinos de corte em regime de confinamento é
uma alternativa tecnológica que pode ser adotada estrategicamente para
intensificação da produção, aumento da produtividade das propriedades e para
garantir o cumprimento de contratos e prazos de entrega.
Em qualquer processo de produção animal, a alimentação é fator
preponderante para o sucesso do empreendimento. Este fator é, no entanto, o que
mais onera o custo de produção de bovinos, especialmente daqueles mantidos em
regime de confinamento. Portanto, quanto mais se racionalizar a alimentação, maior
será a eficiência do sistema de produção. Para se obter desempenho eficiente dos
animais, as dietas devem suprir adequadamente todas as exigências (COELHO DA
SILVA, 1987).
No intuito de reduzir os custos de produção com alimentação rios estudos
têm sido feitos, Dalke et al. (1997); Peter et al. (2000); Soares et al. (2004). Cada
região tem buscado produtos novos e mais baratos, que sejam mais ajustados às
suas realidades, no sentido de logística, custo e adequação à sua produção.
O processamento de alimentos em nível industrial gera diversos resíduos
industriais que, de forma geral, possuem bom potencial nutricional principalmente
em dietas para bovinos. Esses resíduos têm recebido maior atenção quanto ao
controle de qualidade, passando à categoria de subprodutos e aumentando
efetivamente seu potencial como alimento.
Na industrialização do milho são produzidos vários subprodutos, dentre estes,
o farelo de gérmen de milho e o gérmen de milho integral parecem possuir boas
características energéticas. O gérmen do milho é caracterizado principalmente pelo
seu alto teor de extrato etéreo. Após a extração do óleo por processos hidráulicos ou
solventes, o resíduo (subproduto) é comercializado como farelo de gérmen de milho.
Quando não ocorre a extração do óleo do gérmen de milho, o subproduto resultante
da industrialização do milho é o gérmen de milho integral (VIEIRA, 1991).
Pesquisas recentes têm mostrado o potencial do farelo de gérmen de milho
como ingrediente energético em rações de bovinos, principalmente devido ao seu
alto conteúdo de carboidratos não fibrosos, apresentando bons desempenhos e
influência positiva na composição e qualidade da carcaça (EZEQUIEL et al., 2004;
GALATI, 2004; MENDES et al., 2005b). Contudo, são necessários mais estudos
sobre o subproduto gérmen de milho integral, para definição de padrões nutricionais
e relações com desempenho animal.
Neste trabalho objetivou-se avaliar o consumo de nutrientes e o desempenho
produtivo de bovinos machos não castrados Nelore X Limousin terminados em
confinamento submetidos a dietas contendo níveis gérmen de milho integral.
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Araguaína TO, de julho a
setembro de 2006.
Foram avaliadas quatro dietas, contendo 0, 15, 30 e 45 % de inclusão de
gérmen de milho integral (GMI) na dieta total. Utilizaram-se vinte e quatro tourinhos
Nelore X Limousin distribuídos em delineamento experimental inteiramente
casualizado, para os quatro tratamentos e com seis repetições. A dieta sem inclusão
de gérmen de milho integral (0%) foi chamada de dieta padrão.
Os animais apresentavam aproximadamente 20 meses de idade e peso
médio inicial de 321,25 kg, sendo criados em regime de pasto até o início do
experimento, quando foram identificados e tratados com moxidectin 1% para
controle de endo e ectoparasitos e alojados em baias individuais com área de 12m
2
com piso de chão batido, dotadas de cochos individuais e bebedouros para cada
dois animais.
As dietas foram formuladas para serem isoenergéticas e isoproteicas (78%
NDT e 13,5% PB), e permitindo ganho de 1,6 kg/animal/dia. A relação
volumoso:concentrado foi estabelecida em 25:75 com base na matéria seca
(NATIONAL RESEARCH COUNCIL- NRC ,1996).
No balanceamento da dieta foram utilizadas como alimentos para a
composição dos concentrados, o gérmen de milho integral (GMI), o farelo de soja, a
uréia, o milho e suplemento mineral, e como volumoso a silagem de sorgo (Tabela
1).
Tabela 1 – Teores médios de matéria seca (MS) em %, proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM),
carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT), celulose, lignina,
extrato etéreo (EE) e cinzas, expressos em % da MS e nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA),
expressos em % do N total.
Alimentos
Milho Farelo de soja GMI Silagem Sorgo
MS (%) 83.45 83.41 83.20 31.73
PB (%) 8.05 42.19 12.86 6.42
FDN (%) 11.34 20.57 21.20 47.16
FDA (%) 2.24 10.15 4.64 29.95
HEM (%) 9.10 10.42 16.55 17.21
CNF (%) 72.51 30.19 46.70 38.06
NDT (%) 88,70
1
81,4
1
98,77
2
57,75
2
Celulose (%) 2.17 9.97 4.57 23,26
Lignina (%) 0.17 0.17 0.34 4,85
NIDN (% N total) 15,20
3
4,70
3
21,2 32,34
NIDA (% N total) 6,95
3
3,20
3
5,11 13,03
EE (%) 6.61 1.52 15.63 1.67
Cinzas (%) 1.48 5.53 3.63 6.93
1
Fonte: NRC (2001);
2
NDT calculado segundo NRC (2001);
3
Fonte:
Costa et al.(2005).
O gérmen de milho integral utilizado neste experimento foi obtido através do
processamento do milho por via seca, para obtenção de produtos utilizados como
matéria-prima (grits e canjiquinha e fubá) para fabricação de produtos para
alimentação humana como salgadinhos de milho e coloral, na COALTO – Indústria e
Comércio de Alimentos do Tocantins, localizada em Araguaína, TO.
Antes da armazenagem, o grão de milho sofre uma pré-limpeza para remoção
de partículas de indesejáveis. Ao início do processo de industrialização os grãos
sofrem uma segunda limpeza e passam para o processo de degerminação do grão,
onde ocorre o umidificação por meio do acréscimo de aproximadamente 3% de água
tendo aos grãos tendo o objetivo de facilitar a separação do gérmen, película
(envoltório) e endosperma (canjica), quando o grão passa pelo degerminador.
Posteriormente todo o material passa por peneiras onde ocorre a separação dos
produtos segundo suas granulometrias. Após a separação dos produtos grits,
canjiquinha e fubá, o material remanescente contendo película, impurezas
(provenientes da segunda limpeza) e a porção gérmen propriamente dito, são
misturados e comercializados como gérmen de milho. Neste trabalho o gérmen de
milho foi chamando de gérmen de milho integral por não haver extração do óleo.
Para formulação das dietas foram consideradas composições químicas e
requerimentos apresentados pelo NRC (1996). A proporção dos ingredientes nas
dietas experimentais e composição bromatológica da dieta são apresentadas na
Tabela 2.
O experimento teve duração de 83 dias, sendo 13 dias utilizados para a
adaptação dos animais às dietas e ao ambiente experimental e 70 dias para
realização do ensaio. As dietas foram fornecidas em duas refeições diárias às 9 e 16
e 30 hs, sendo cada refeição correspondente a 50%, permitindo-se sobras entre 5 e
10% do total diário fornecido.
As sobras de alimento do dia anterior foram coletadas e pesadas diariamente
antes do primeiro fornecimento alimentar e, semanalmente foram amostradas
representativamente, agrupando-se as amostras para cada período de três
semanas.
Nas amostras de alimento fornecido e sobras foram determinados os teores
de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), segundo descrito
por Silva & Queiroz (2002), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA) e hemicelulose conforme metodologia proposta por Van Soest et al.
(1991), e, carboidratos totais (CT) e carboidratos não-fribrosos (CNF) foram
calculados segundo Sniffen et al. (1992), onde CT = 100 - ( %PB + %EE + % CZ) e
CNF = CT – FDN.
Para a silagem de sorgo, ingredientes utilizados e concentrados foram
determinados ainda, lignina, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e
nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), segundo Van Soest et al. (1991).
Tabela 2 – Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS), em função
dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF, NDT,
lignina, celulose, EE e cinzas das dietas experimentais, expressos em porcentagem
(%) da MS, NIDN e NIDA expressos em % do N total.
Dietas
Ingredientes
0% 15% 30% 45%
Silagem de sorgo
25.00 25.00 25.00 25.00
Farelo de soja 11.27 10.87 11.90 12.50
Milho grão moído 62.00 47.43 31.51 15.90
Gérmen de milho integral - 15.00 30.00 45.00
Suplemento mineral
1
0.92 0.90 0.91 0.92
Uréia 0.12 0.12 - -
Calcário 0.69 0.68 0.68 0.68
Composição bromatológica
MS 74,34 73,84 73,00 73,58
PB 11.53 11.20 11.33 12.29
FDN 25.05 28.09 29.70 29.79
FDA 10.87 11.88 11.54 12.80
HEM 14,18 16,21 18,16 16,99
CNF 55.34 51.11 52.09 46.62
NDT
2
78,70 80,20 81,70 83,50
Lignina 1,54 1,63 1,64 1,66
Celulose 9,30 9,79 9,92 10,92
NIDN 18,03 24,21 21,28 21,83
NIDA 9,83 10,08 10,80 11,59
EE 3.58 4.59 4.90 6.50
Cinzas 4.57 5.43 4.00 5.08
1
FosQuima Super, quantidades para 1000: Na 150 g; Ca 118 g ; P 90 g; Mg – 7 g; S 12 g; N 10 g; Zn – 3.600
mg; Cu - 1.730 mg; Co – 200 mg; Mn – 1.000 mg; I – 150 mg; Se – 20 mg.
2
NDT estimado segundo as proporções de cada alimento nas dietas e respectivos conteúdos de NDT.
O NDT dos alimentos silagem de sorgo e GMI foram calculados segundo o
NRC (2001) pela equação de predição, NDT
m
= {CNF
dv
+ PB
dv
+(2,25 x AG
dv
) +
FDN
dv
} -7, onde CNF
dv
, PB
dv
, AG
dv
e FDN
dv
, são obtidos através das seguintes
equações:
CNF
verdadeiramente digestível
= 0,98 x CNF x PAF;
PB
verdadeiramente digestível
(para forragens) = PB x exp { -1,2 x (PIDA / PC)};
PB
verdadeiramente digestível
(para concentrados) = {1 – (0,4 x ( PIDA / PB))} x PB;
AG
verdadeiramente digestível
= (EE-1), se EE < 1, então AG = 0;
FDN
verdadeiramente digestível
= 0,75 x (FDN
n
– L) x {1 - (L / FDN)
0,667
},
onde PIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido x 6,25; AG = Ácidos graxos, L
= lignina, e FDNn = FDN – PIDN, PIDN = nitrogênio insolúvel em detergente neutro x
6,25, PAF = fator de ajuste para processamento (NRC, 2001), neste caso utilizou-se
o fator 1, tanto para GMI como para a silagem de sorgo.
Ao final do período de adaptação os animais foram submetidos à pesagem
(peso inicial), posteriormente, a cada 21 dias para acompanhamento do ganho de
peso, e ao final dos 70 dias (peso final). Utilizaram-se, peso final peso inicial, para
determinação do ganho de peso total e para determinação ganho de peso diário
utilizou-se, peso final – peso inicial / pelo número de dias de confinamento.
Foram avaliados os consumos de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF, e EE,
expressos em consumo em quilograma por dia (kg/dia), consumo em gramas por
unidade de tamanho metabólico (g/kg PV
0,75
) e consumo em percentagem do peso
vivo (%PV). Foram avaliados também, o ganho de peso total (GPT), o ganho de
peso diário (GPD) e, a conversão alimentar (CA) em quilogramas de MS por kg (um)
de ganho de peso (kgMS/kg).
Os dados foram analisados estatisticamente através do programa Statystical
Analysis System - SAS (1996) realizando-se análise de regressão para todas as
variáveis avaliadas, com análise de variância ao nível de significância de 5%. Para
garantir homogeneidade de variância e distribuições normal dos erros, a
característica consumo de FDA %PV foi transformada à potência de 2,4.
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os consumos médios diários de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF e EE,
expressos em kg/dia, g/kgPV
0,75
e %PV, com suas respectivas equações de
regressão, coeficientes de variação e determinação, estão apresentados na Tabela
3.
Os consumos de MS não foram influenciados pelos diferentes níveis de GMI
na dieta (p > 0,05), apresentando médias de 9,92 kg/dia, 108,73 g/kg
0,75
e 2,42
%PV.
Tabela 3 Valores estimados, equações de regressões e coeficientes de
determinação (r
2
) e variação (CV) para os consumos de MS, PB, FDN, FDA, HEM,
CNF e EE, em função dos níveis de GMI incluídos na dieta.
Níveis de gérmen de milho integral
%
Item 0 15 30 45 Regressão CV%
kg/dia
MS 9,56 9,55 10,06 10,52
=9,924 11,16
PB 1,13 1,09 1,15 1,29
=1,084 + 0,004* X
ni
0,17 12,55
FDN 2,32 2,46 2,83 3,18
= 2,252 + 0,020* X
ni
0,56 11,42
FDA 0,93 1,01 1,16 1,31
= 0,909 + 0,009* X
ni
0,53 12,78
HEM 1,39 1,44 1,67 1,87
=1,343 + 0,011* X
ni
0,55 11,00
CNF 5,38 5,13 5,03 4,87
= 5,10531 11,09
EE 0,37 0,46 0,60 0,74
= 0,355 + 0,008* X
ni
0,88 10,05
g/kg
0,75
MS 107,51 103,90 110,87 112,65
= 108,73240 9,47
PB 12,53 11,79 12,63 13,83
= 11,982 + 0,032* X
ni
0,28 9,65
FDN 25,96 26,78 31,28 33,89
= 25,231+ 0,189* X
ni
0,56 9,98
FDA 10,38 11,03 12,83 13,95
= 10,17 + 0,083* X
ni
0,52 11,64
HEM 15,58 15,72 17,99 19,99
=
14,994+ 0,103* X
ni
0,57 9,14
CNF 60,30 55,66 55,59 52,07
= 59,620 - 0,165* X
ni
0,23 9,45
EE 4,10 5,02 6,59 7,81
= 3,971 + 0,085* X
ni
0,90 8,43
% PV
MS 2,40 2,30 2,47 2,48
= 2,41573 9,12
PB 0,28 0,27 0,28 0,31
=0,268 + 0,0006* X
ni
0,28 9,26
FDN 0,58 0,59 0,70 0,75
=0,566 + 0,004* X
ni
0,55 9,72
FDA 0,23 0,24 0,29 0,31
=0,228 + 0,002* X
ni
0,51 11,46
HEM 0,35 0,35 0,41 0,44
=0,337+ 0,002* X
ni
0,54 9,40
CNF 1,35 1,23 1,24 1,15
=1,335 - 0,004*X
ni
0,29 9,01
EE 0,09 0,11 0,15 0,17
=0,089 + 0,002* X
ni
0,90 8,24
= valores estimados;
X
ni
= nível de inclusão de GMI.
Testando diferentes níveis de gérmen de milho integral seco, com 45% de EE,
em bovinos machos, Montgomery et al. (2005) observaram diminuição linear do
consumo de MS à medida que foi incluído gérmen de milho integral seco nas dietas.
É possível que os resultados obtidos por Montgomery et al. (2005) deveram-se ao
elevado teor de EE de suas dietas. Estes autores trabalharam com dietas em que o
nível de EE chegou a 9,4%, enquanto no presente trabalho o máximo nível de EE foi
de 6,5% para a dieta contendo 45% de GMI, conforme apresentado na Tabela 2,
onde, provavelmente o teor de EE não foi limitante para o consumo de MS dos
animais.
Signoretti et al. (1997) trabalhando com cinco níveis de farelo de gérmen de
milho (0, 25, 50, 75, 100%) em substituição ao milho, em dietas para bezerros
leiteiros, observaram que ocorreu aumento crescente do consumo de MS à medida
que se aumentaram os níveis de participação do farelo de gérmen de milho. Os
autores atribuíram este aumento no consumo à melhor palatabilidade do farelo de
gérmen de milho.
Os resultados obtidos no presente trabalho estão de acordo com Ezequiel et
al. (2006a) que, comparando dietas de milho moído sendo substituído em 70% por
casca de soja e farelo de gérmen de milho, não encontraram diferenças para os
consumos de MS, apresentando como médias 10,62 kg/dia e 2,58 % do PV.
Também Mendes et al. (2005b) substituindo milho por farelo de gérmen de milho,
não observaram diferenças entre os consumos das duas dietas, obtendo ingestões
de 10,39 kg/dia e 2,52% PV. Consumos de MS superiores ao encontrado neste
trabalho, para altos níveis de concentrado na dieta, não têm se mostrado comuns
como pôde ser observado em diversos trabalhos (BARTLE & PRESTON, 1992;
TIBO et al, 1997; DIAS et al. ,2000; GESUALDI JR. et al. ,2000; ÍTAVO et al. ,2002;
e HENRIQUE et al.,2004).
De acordo com o NRC (1987), o consumo de dietas com altos teores de
concentrado, com alta densidade energética, é controlado pela demanda energética
do animal e por fatores metabólicos.
O consumo de MS apresentado pelo presente trabalho mostrou-se superior
ao estimado pelo NRC (1996) de 8,8 kg/dia. Em parte, este fato pode ser explicado
devido a possíveis efeitos de ganho compensatório, uma vez que os animais foram
criados, anteriormente ao período experimental, exclusivamente em regime de pasto
e suplementados apenas com sal mineralizado onde, provavelmente, podem ter
sofrido restrição alimentar e/ou nutricional.
O ganho compensatório é relatado como um fenômeno advindo após um
período de restrição alimentar ou estresse ambiental, caracterizado principalmente
pelo maior consumo de MS e alta eficiência alimentar (NRC, 1996).
A subestimação do consumo de MS, também pode ser decorrente das
diferenças entre os requisitos dos animais norte-americanos e os nacionais, ou seja,
o NRC (1996) utiliza exigências baseadas em animais britânicos, assim como utiliza
alimentos de clima temperado que apresentam composições químicas distintas dos
alimentos utilizados no Brasil (GESUALDI JR. et al., 2005).
Os consumos de PB expressos em kg/dia, g/kgPV
0,75
e % PV foram afetados
pela inclusão de GMI nas dietas (p<0,05).
O consumo expresso em kg/dia apresentou para cada ponto percentual de
inclusão de GMI na dieta, aumentos de 0,004kg no consumo de PB. Pela equação
de regressão pode-se observar que o consumo de PB no nível mais elevado de
inclusão de GMI (45%) foi 0,168 kg/dia maior que o da dieta padrão.
O consumo de PB expresso em g/kgPV
0,75
teve acréscimos de 0,032 g para
cada ponto percentual na inclusão de GMI na dieta, obtendo-se diferença de 1,42
g/kg PV
0,75
entre os consumos de PB do tratamento contendo 45% de inclusão do
GMI e o consumo da dieta padrão, proporcionando maior consumo médio de PB
para a dieta com 45%.
A mesma tendência de aumento no consumo de PB foi observada para o
consumo expresso em %PV. Para cada ponto percentual de inclusão de gérmen de
milho integral observou-se que o consumo de PB em % PV foi elevado em 0,0006
pontos percentuais.
Contrariamente, Mendes et al. (2005a), em ensaio de digestibilidade com
novilhos cruzados utilizando o farelo de gérmen de milho em substituição parcial ao
milho, obtiveram consumos de PB maior para a dieta contendo milho em relação à
dieta com adição de farelo de gérmen de milho. Os autores atribuíram este evento
ao menor consumo de concentrado pelos animais do tratamento com farelo de
gérmen de milho, uma vez que as fontes energéticas não influenciaram o consumo
de MS total. Contudo, Mendes et al. (2005b) em dietas semelhantes testadas em 24
novilhos ¾ Simental X ¼ Nelore não observaram diferenças entre os tratamentos,
apresentando média de consumo de 1,41 kg PB/dia.
No presente trabalho, o comportamento linear crescente para o consumo de
PB foi observado à medida que se acrescentou GMI às dietas, podendo-se atribuir
este aumento aos maiores conteúdos de PB presentes no GMI (12,86%) em relação
ao milho (8,05%), aumentando os conteúdos de PB nas dietas com GMI, uma vez
que não houve diferença no consumo de MS para os tratamentos.
Foi observado que as dietas apresentaram níveis de PB inferiores aos
estimados pelo NRC (1996) quando estas foram balaceadas (13,5%), este fato pode
ser relacionado ao baixo teor de PB do milho utilizado na formulação dos
concentrados, inferior ao nível de PB do milho usado para balanceamento das dietas
(9,8%). Contudo, devido ao consumo de MS observado ter sido superior ao
consumo estimado, os consumos diários de PB apresentaram-se muito próximos
aos consumos de PB estimados pelo NRC (1996) que era de 1,18 kg/dia.
As ingestões de FDN expressas em kg/dia, g/kgPV
0,75
e %PV foram elevadas,
à medida que os veis de GMI da dieta foram aumentados (p<0,05). Este
comportamento foi observado devido aos maiores conteúdos de FDN apresentados
pelas dietas com acréscimo de GMI.
Segundo as equações de regressão, a inclusão de 1% de GMI na dieta
elevou em 0,02 kg/dia e 0,2 g/kgPV
0,75
os consumos de FDN, proporcionando
aumento, em relação a dieta padrão, de 39,56% na ingestão de FDN em kg/dia e
33,65% para consumo medido em g/kgPV
0,75
, quando 45% de GMI foram incluídos
na dieta.
Os consumos expressos em %PV seguem esta mesma tendência, mostrando
elevação no consumo de FDN de 31,8% quando foram acrescentados 45% de GMI
na dieta em comparação à dieta padrão.
Ezequiel et al. (2006a) e Mendes et al. (2005b) não observaram diferenças
para os consumos de FDN em ensaios que avaliaram dietas contendo farelo de
gérmen de milho em substituição ao milho.
Os consumos de FDN apresentados neste trabalho, calculados pela equação
de regressão, quando expressos em % PV (Tabela 3), mostrando-se abaixo do
consumo sugerido por Mertens (1996); citado por Soares et al. (2004), que é de 1,2
%.
Dietas com altos teores de concentrado têm mostrado valores similares aos
encontrados neste trabalho. Dias et al. (2000), em ensaio com bovinos machos
Nelore, e Itavo et al. (2002) utilizando tourinhos F1 Nelore x Limousin, relataram
consumos de FDN de 0,47 % e 0,59% PV para dietas com 75% e 80% de
concentrado usando fubá de milho, respectivamente. Ladeira et al. (1999) obtiveram
0,64% no consumo de FDN para 75% de concentrado em dietas para novilhos
Nelore usando o milho.
Baixos consumos de FDN são comumente constatados em dietas com altas
participações de concentrados. Variações nos consumos de FDN em dietas com
altos níveis de concentrados podem ser atribuídas principalmente à composição dos
alimentos da dieta.
O subproduto GMI utilizado tem em sua composição, além da porção de
gérmen do grão de milho, as películas (envoltório) que são retiradas do grão durante
a sua industrialização, além de alguns outros materiais denominados impurezas,
provenientes da segunda limpeza dos grãos feita antes do inicio do processamento.
Certamente, o acréscimo destas porções ao gérmen de milho promovem o aumento
do teor de fibras no subproduto GMI, além de gerar variações em seu conteúdo de
fibras.
Da mesma forma que a FDN, o consumo de FDA apresentou tendência
similar, tanto para os consumos medidos em kg/dia e g/kgPV
0,75
como para o
consumo medido em % de PV (p<0,05).
Os consumos de FDA obtidos para o nível de 45% de inclusão, foram
superiores em 0,38 kg/dia, 3,75 g/kgPV
0,75
e 0,08 %PV, em relação à dieta padrão.
Estes valores representaram aumentos na faixa de 42,57; 36,86 e 36%,
respectivamente, no consumo total de FDA na dieta quando se teve por base a dieta
sem a adição de GMI.
O aumento das porções de FDN e FDA nas dietas não influenciaram o
consumo de MS total, provavelmente devido aos teores baixos que estas porções
apresentaram na dieta, não sendo suficientes para influenciar o consumo.
A alta correlação entre o consumo de MS e o teor de FDN da forragem,
segundo relatos de Hoover (1986) em trabalho de revisão, tem sido demonstrada em
dietas contendo menos de 65% de concentrado, ou mais de 32% de FDN, não
sendo o caso deste trabalho onde o concentrado representou 75% das dietas.
Mendes et al. (2005b) observaram que o consumo superior de FDA em dieta
contendo casca de soja quando comparado a dietas com milho ou farelo de gérmen
de milho, não foi suficiente para influenciar a ingestão de MS, e atribuíram este fato
às características físicas da casca de soja que possui alta digestibilidade ruminal, ou
pela maior taxa de passagem deste ingrediente.
O consumo de EE aumentou com a inclusão de GMI nas dietas (p<0,05).
Para cada 1% de inclusão de GMI na dieta foi observada elevação de 0,0081 kg/dia
no consumo de EE dos animais, correspondendo a aumento de 0,373 kg/dia nos
consumos de EE dos animais tratados com 45% GMI em relação à dieta padrão.
Observou-se que o consumo de EE em g/kgPV
0,75
teve o seu valor
aumentado para a dieta com 45% de inclusão de GMI em 96,01% quando se
comparou à ingestão de EE obtida com a dieta padrão (7,7 e 3,97g/kgPV
0,75
,
respectivamente). A ingestão de EE expresso em %PV atingiu 0,17% PV para a
dieta contendo 45% de inclusão.
Em decorrência do alto teor de EE no material GMI (15,62%), à medida em
que se acrescentou este subproduto aos concentrados também se elevou a
participação da porção de EE nas dietas, aumentando o consumo pelos animais.
Nos estudos de Signoretti et al. (1997), Mendes et al. (2005a), Mendes et al.
(2005b) e Ezequiel et al. (2006a), os consumos de EE não foram afetados pela
inclusão de farelo de gérmen de milho devido ao fato do subproduto utilizado ser
desengordurado possuindo média de 2,1% de EE na sua composição
bromatológica.
Palmquist & Mattos (2006) consideram que a suplementação lipídica superior
a 5% pode comprometer o consumo de matéria seca, fato este não observado neste
trabalho. Contudo, afirmam que este recurso ser empregado com sucesso na
suplementação em níveis de até 8% a 10% em rações de confinamento,
principalmente em regiões com altas temperaturas, onde o consumo geralmente é
comprometido. Neste caso a suplementação com fontes de gordura aumenta a
ingestão de energia, sem a necessidade de aumentar a ingestão de matéria seca.
Os consumos de HEM expressos em kg/dia, g/kg
0,75
e % PV foram elevados
com a inclusão de GMI às dietas (p<0,05). Esse resultado já era previsto, uma vez
que a adição de GMI às dietas elevou os teores de HEM das mesmas. Esse fato se
deve ao maior teor de HEM do GMI quando comparado ao milho.
A cada 1% de inclusão de GMI nas dietas houve aumento na ingestão de
HEM pelos animais de 0,011 kg/dia, 0,10g/ kgPV
0,75
e 0,002 pontos percentuais.
Pela equação de regressão obtêm-se acréscimos correspondentes a 0,500 kg/dia,
4,5 g/kg
0,75
e 0,10%PV na dieta de 45% em relação à dieta padrão.
O consumo de CNF não diferiu estatisticamente entre as dietas quando
apresentado em kg/dia (p>0,05). Contudo, o incremento de GMI às dietas reduziu
linearmente os consumos quando estes foram apresentados em g/kgPV
0,75
e % PV
(p<0,05), com taxas de redução de 0,16g/kgPV
0,75
e 0,004 pontos percentuais para
cada ponto 1% de inclusão de GMI, segundo a equação de regressão.
À medida que aumentou a participação do GMI foram diminuídas as
quantidades de CNF nas dietas, este fato ocorrendo devido aos menores conteúdos
de CNF contidos no alimento GMI quando comparado ao milho (Tabela 1), desta
forma, à medida em o GMI substituiu o milho, o conteúdo de CNF das dietas foi
reduzido conseqüentemente.
As médias, equações de regressão e coeficientes de variação e determinação
para os parâmetros de desempenho: ganho de peso diário GPD, ganho de peso
total (GPT) e conversão alimentar (CA) estão apresentados na Tabela 4.
Tabela 4 Valores estimados, equações de regressão, coeficientes de
determinação (r
2
) e coeficientes de variação (CV) das variáveis GPD, GPT e CA.
Níveis de gérmen de milho integral %
Item 0 15 30 45 Regressão CV%
GPD kg 1,89 1,79 2,19 2,28
= 1,801 + 0,010 X
ni
0,25 15,54
GPT kg 137,50 140,33
154,67 164,50
= 134,95 + 0,636X
ni
0,26 12,69
CA 4,33 4,35 4,64 4,65
= 4,49
14,50
= valores estimados;
X
ni
= nível de inclusão de GMI.
O ganho GPD e GPT foram afetados pela inclusão de GMI, apresentando
aumentos lineares(p<0,05).
O estudo de regressão para GPD prevê ganho de 0,010 kg/dia para cada
ponto percentual de inclusão de GMI à dieta. Diante disso, a dieta contendo 45% de
GMI apresentou 0,450 kg de GPD a mais quando comparada à dieta exclusivamente
a base de milho, ou seja, 25% a mais de aumento para o GPD.
Ezequiel et al. (2006b) não observaram diferenças significativas entre os
tratamentos com milho e farelo de gérmen de milho sobre o GPD (1,1 kg/dia). Assim
como Galati et al. (2004) que observaram GPD de 1,4 kg para novilhos nelore
alimentados com 70% de substituição de farelo de gérmen de milho ao milho.
Montgomery et al. (2005), acrescentando gérmen de milho integral seco em níveis
de 0; 5; 10 e 15% para bovinos machos, conseguiram aumento quadrático para o
GPD. Este melhor resultado foi atribuído à adição de lipídeos às dietas devido à
inclusão de gérmen de milho integral seco, com melhor resultado observado para a
dieta contendo 10% de gérmen de milho integral seco, que apresentou 7,3% de EE.
Neste experimento, os melhores resultados de desempenho em GPD e GPT
mostram-se diretamente associados ao incremento de GMI às dietas, relacionados
principalmente aos aumentos simultâneos dos teores de EE. Brandt & Anderson
(1990) observaram efeito positivo do uso de lipídeos em teores de 3,5% na
alimentação de animais confinados obtendo ganhos de peso diários de até 1,85
kg/dia. Em experimento com bovinos de corte confinados, Zinn (1992) testou dietas
com 6% e sem a adição de lipídeos e observou efeito positivo do incremento de
gordura sobre o ganho de peso diário para bovinos confinados. Este autor atribuiu
os melhores resultados obtidos aos maiores conteúdos de energia das dietas
contendo fontes de lipídeos. Outros autores também encontraram respostas
positivas para suplementação com lipídeos (HENTGES et al., 1954; BROSTER et
al.,1965; ZINN, 1988; ZINN, 1989 e BRANDT & ANDERSON,1990).
Desta forma, assumi-se que os maiores consumos de lipídeos observados
para as dietas contendo GMI proporcionaram maior disponibilidade de energia. Os
mais elevados teores de EE aumentaram o NDT das dietas (Tabela 2),
proporcionando melhores ajustes de energia e proteína, com conseqüente
favorecimento do desempenho dos animais. Normalmente é visto que a deposição
de proteína aumenta linearmente com o aumento da ingestão de energia, até o
ponto em que outros fatores começam a limitar a deposição protéica (RESENDE et
al., 2006)
Valadares Filho & Cabral (2002) consideraram não existir perdas da energia
oriunda dos lipídeos pela urina ou na forma de gases durante o metabolismo de
ácidos graxos, com isso a eficiência de conversão da energia digestível a
metabolizável pode ser assumida como sendo de 100%. Adicionalmente, a eficiência
de utilização da energia metabolizável destes compostos é de aproximadamente
80% e, desta forma, as perdas fecais representam o principal fator afetando a
energia líquida dos lipídeos conforme pondera Grummer (1995); citado por
Valadares Filho & Cabral (2002).
O GPD estimado para este estudo foi de 1,6 kg/dia, no entanto, obtiveram-se
ganhos médios diários superiores para todos os tratamentos (Tabela 4). Admite-se
que este fato pode ter ocorrido devido ao consumo de matéria seca total também ter
sido superior estimado.
A melhor eficiência de ganho também é explicada pelo NRC (1996) devido à
ocorrência de ganho decorrente da sobra de energia. Animais em estado de jejum
exigem menor energia líquida de mantença, que os gastos com digestão são
menores, desta forma, logo que os animais recebem melhor condição alimentar a
energia líquida que sobra de mantença é utilizada para o ganho, porém o período de
duração deste fenômeno ainda não é bem esclarecido.
Os GPT foram afetados pela inclusão de GMI às dietas (p<0,05). Para cada
ponto percentual de inclusão de GMI nas dietas observou-se aumento de 0,636 kg
de GPT nos animais. No nível máximo de inclusão (45%) pode ser observada
elevação de 28,62kg no GPT dos animais para o período de 70 dias. Assumindo o
preço médio de R$ 2,00 por kg de peso vivo animal, o nível de 45% de inclusão de
GMI proporcionou aumento de R$ 57,24 por animal.
A CA não apresentou diferença entre os tratamentos (p<0,05) revelando
média de 4,9 kgMS/kg de ganho de peso. Também Galati et al. (2004) e Ezequiel
(2006a) o observaram diferenças para a CA que apresentaram médias de 7,2 e
7,86 kg MS/kg de ganho, respectivamente.
Estes resultados não estão de acordo com Montgomery et al. (2005) que
obtiveram efeito quadrático para CA entre os diferentes níveis de adição de gérmen
de milho integral seco às dietas, com melhor efeito para a dieta contendo 10% de
gérmen de milho seco. Signoretti et al.(1997) observaram, com bezerros leiteiros,
regressão com modelo linear, onde o concentrado sem adição de farelo de gérmen
de milho em substituição ao milho apresentou-se melhor que o de concentrado com
substituição total, atribuindo esta ocorrência ao maior consumo de MS dos
concentrados com farelo de gérmen de milho.
CA inferiores às apresentadas neste trabalho foram observadas em
experimentos com condições semelhantes, como Dalke et al. (1997), que em dieta
com alto concentrado obtiveram conversão máxima de 6,9; Montgomery et al. (2005)
com conversão de 6,18 em dieta de gérmen de milho integral seco, e Clary et al.
(1993) testando dietas com 4% e sem adição de lipídeos, com relação volumoso:
concentrado de 10:90, obtiveram como melhor conversão alimentar 5,26 kgMS/kg.
Desta forma, considera-se que o elevado índice de CA obtido neste
experimento (4,49), superior aos observados em experimentos similares, devem-se
ao aumento na eficiência no uso de energia utilizada para o ganho de peso,
proporcionada pelo ganho compensatório.
2.4 CONCLUSÕES
O gérmen de milho integral pode ser adicionado até o nível de 45% da dieta
total para tourinhos terminados em confinamento, proporcionando maiores ganhos
de pesos diário e total sem afetar o consumo de MS total e a conversão alimentar.
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CAPÍTULO 3 CARACTERÍSTICAS DA CARCAÇA DE TOURINHOS NELORE X
LIMOUSIN ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO RMEN DE MILHO
INTEGRAL
RESUMO
No presente estudo objetivou-se avaliar as características quantitativas das carcaças
de tourinhos Nelore X Limousin, terminados em confinamento e submetidos a dietas
contendo 0, 15, 30 e 45% de gérmen de milho integral (GMI), com relação volumoso:
concentrado de 25:75. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado com
quatro tratamentos e seis repetições. Os animais apresentavam ao início do
experimento médias de 321,25 kg de peso vivo e 20 meses de idade. Foram
avaliados pesos de abate, peso da carcaça quente (PCQ) e fria (PCF), rendimento
da carcaça quente (RCQ) e fria (RCF), quebra do resfriamento (QR), cortes básicos
da carcaça (dianteiro, traseiro especial e ponta-de-agulha), cortes comerciais do
traseiro especial (patinho, músculo, coxão duro, alcatra, coxão mole, capa de filé,
contra filé, lagarto, picanha, filé mignon e fraldinha) e rendimento cárneo do traseiro.
Ao final de 70 dias de confinamento, os animas foram abatidos, procedendo-se a
obtenção dos PCQ e PCF, com respectivos cálculos do RCQ, RCF e QR e avaliação
dos cortes básicos e comerciais. Para cada 1% de inclusão de GMI às dietas
observaram-se aumentos de 0,62 kg ao peso de abate dos animais. Da mesma
forma, à medida que se adicionou GMI às dietas, os PCQ e PCF foram aumentados.
As adições de GMI às dietas não influenciaram os RCQ, RCF e QR, observando-se
médias de 55,21; 54,42 e 0,78 %, respectivamente. Os cortes primários da carcaça
também não apresentaram proporções diferentes entre os tratamentos,
apresentando médias de 48,53% para o traseiro, 11,66% para a ponta-de-agulha e
39,8% para o dianteiro. Os cortes comerciais do traseiro especial e o rendimento do
traseiro especial também não foram influenciados pela presença de GMI nas dietas.
Conclui-se que o GMI pode ser adicionado à dieta de bovinos machos não-castrados
em até 45% da dieta, sem afetar os índices de rendimento da carcaça, contudo,
proporcionando maiores pesos ao abate e carcaças mais pesadas.
Palavras-Chave: confinamento, cortes comerciais, rendimento de carcaça,
subprodutos agroindustriais.
CARCASS CHARACTERISTICS NELORE X LIMOUSIN BULLS FEED WITH
DIETS COTAINING INTEGRAL CORN GERME
ABSTRACT
The study aimed to evaluated the quantitative characteristics of the carcass of feedlot
finished Nelore X Limousin bulls, receiving diets containing 0, 15, 30 and 45%
integral germ corn (IGC), with roughage:concentrate relation of the 25:75. The
animals were distributed in completely randomized design with four treatments and
six replicates, weighing approximately 321,25 and average age 20 months. Slaughter
weight (SW), hot (HCW) and cold (CCW) carcass weight, hot (HCD) and cold (CCD)
carcass dressing percentage, chilling loss (CL), basics cuts dressing (forequarter,
hindquarter gun, spare ribs), commercial cuts hindquarter gun (knuckle, shank,
outside flat, beef loin, topside, short ribs, strip loin, eye round, top sirloin cap,
tenderloin and thin skirt) and yields retail beef cuts hindquarter gun, were evaluated.
The animals were slaughtered at the end 70 days of experiment, proceeding weighed
for calculation of carcass and cuts yields and weights. For each 1% of GMI inclusion
observed increased of the 0,62 kg in the slaughter weight. The IGC addition in the
diets proved also increased in the HCW and CCW. There was no difference for HCD,
CCD and CL for different diets, observed averages of 55,21, 54,42 and 0,78%,
respectively. Following same tendency, the primary cuts dressing they showed no
differences for IGC levels inclusion in diets, presenting averages of 48,53%
hindquarter gun, 11,66% spare ribs, and 39,80% for the forequarter. The commercial
cuts hindquarter gun and yields retail beef cuts hindquarter, also were not influenced
by the IGC presence in the diets. Diets containing levels even 45% of the IGC, can
be supplied a feedlot finishing bovine, without affecting the yields carcass, however,
providing higher carcass slaughter weight.
Key words: agribusiness by-products, commercial cuts, feedlot, yields carcass.
3.1 INTRODUÇÃO
O aumento das exportações da carne brasileira tem estimulado a
incorporação do confinamento e seu simultâneo crescimento nos sistemas de
produção de bovinos de corte no Brasil, o que vem demonstrar que a pecuária
nacional está se especializando e garantindo destaque na produção e fornecimento
de carne ao mundo.
Os sistemas de produção de bovinos a pasto apresentam limitações para
garantir o fornecimento regular de carne ao mercado devido à estacionalidade da
produção em pastagens, podendo-se então recorrer à terminação de bovinos em
confinamento, que garante aumentos na produtividade e aproveitamento de eventual
alta do preço do boi na entressafra.
A viabilidade econômica em sistemas intensivos de produção de bovinos de
corte, como em regime de confinamento, está alicerçada em quatro fatores:
eficiência na produção e aquisição de alimentos, oportunidade de compra e venda
dos animais, escolha de grupos raciais precoces e categorias que apresentem boa
eficiência biológica e por fim, manter constância na qualidade do produto (KUSS et
al. 2003).
Mercados importadores, conforme afirmam Menezes & Restle (2005), exigem
músculos com peso elevado, uniformes e de qualidade. Com isso, as características
da carcaça de bovinos de corte vêm ganhando cada vez mais importância no
cenário nacional, principalmente em função do aumento nas exportações e da
crescente exigência do mercado internacional.
O rendimento dos cortes comerciais, bem como a composição tecidual das
carcaças são de interesse dos frigoríficos na avaliação do valor do produto
adquirido. Os mercados consumidores têm tomado postura cada vez mais exigente
quanto à padronização e qualidade dos produtos que consomem. Holton et al.
(1995); citados por Kuss et al. (2003), consideraram que as características da
carcaça além de serem influenciadas pela raça, sexo, manejo sanitário e idade de
abate do animal, sofrem também efeito da qualidade da dieta, instrumento que pode
vir a definir a qualidade final da carne e da carcaça de bovinos de corte. Silva (2001)
ponderou que o estudo de desempenho de carcaça bovina, como de maneira geral,
é um dos primeiros e principais índices a serem considerados.
Segundo Restle et al. (2002), o valor comercial do animal está diretamente
relacionado com o rendimento de carcaça, sendo, portanto esta característica de
grande importância para o produtor. O rendimento dos cortes comerciais também
merece atenção especialmente dos frigoríficos, uma vez que tanto o mercado
interno como o externo, exigem pesos mínimos de determinados músculos que
compõem estes cortes (KUSS et al. 2005).
A qualidade dos ingredientes e, conseqüentemente da dieta oferecida e seu
uso inadequado afetam de forma severa o desempenho animal com reflexos sobre
os índices produtivos, como o rendimento da carcaça e de seus cortes, conforme
afirmam Ezequiel et al. (2006), considerando ser de grande importância o estudo de
subprodutos e suas relações com as características da carcaça.
Os subprodutos agroindustriais têm se destacado cada vez mais como
substitutos mais viáveis para formulação de concentrados que os ingredientes
tradicionais. A substituição dos ingredientes convencionais por alimentos menos
onerosos é um recurso importante na determinação do sucesso dos regimes de
confinamento, considerando que entre os fatores que mais desestimulam a prática
do confinamento está o alto custo alimentar.
Nos concentrados, segundo Schalch et al. (2001), o alimento mais
substituído tem sido o milho moído, destacando-se como potenciais substitutos a
polpa cítrica, a casca do grão de soja e o farelo de gérmen de milho.
Na industrialização do milho são gerados vários subprodutos, dentre estes
produtos o farelo de gérmen de milho e o gérmen de milho integral, parecem possuir
boas características energéticas.
Da industrialização do milho para alimentação humana, são originados vários
resíduos com potencial nutricional para uso na alimentação de bovinos. Na região de
Araguaína - TO, da industrialização do milho, além de outros subprodutos é
originado o gérmen de milho integral. O gérmen é a parte vegetativa do grão de
milho, apresentando-se em forma de embrião e está situado na porção central-
inferior do grão. Em muitas indústrias, do rmen de milho oriundo do
processamento é feita a extração de óleo por processos hidráulicos ou solventes e,
o resíduo proveniente destes processos é comercializado como farelo de gérmen de
milho (VIEIRA, 1991). Quando a extração do óleo do gérmen não é executada o
produto é comercializado como gérmen de milho, ou neste caso gérmen de milho
integral.
Este alimento apresenta ótimo potencial energético sendo rico em óleo, e
pode ser acrescido às dietas de bovinos confinados como uma fonte energética,
proporcionando redução dos custos com alimentação principalmente em dietas com
alto nível de concentrado.
O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os rendimentos
de carcaça e dos cortes comerciais de bovinos machos não-castrados, submetidos a
dietas contendo níveis de gérmen de milho integral.
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi realizado nas instalações da Escola de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins, campus de
Araguaína, localizado nas coordenadas geográficas 07°11’28 “de latitude sul e
48°12’26” de longitude oeste, no período de julho a setembro de 2006.
Foram avaliadas quatro dietas experimentais contendo 0, 15, 30 e 45% de
gérmen de milho integral à dieta, avaliando-se as características quantitativas da
carcaça de vinte e quatro tourinhos Nelore X Limousin, com idade e peso vivo
médios de 20 meses e 321,25 kg, respectivamente, distribuídos em delineamento
experimental inteiramente casualizado, com seis repetições.
Ao início do experimento os animais foram desverminados, identificados e
alojados em baias individuais com área de 12m
2
com piso de chão batido, dotadas
de cochos individuais e bebedouros para cada dois animais.
As dietas foram formuladas segundo o NRC (1996) para serem isoenergéticas
e isoprotéicas (78% NDT e 13,5% PB) e proporcionar 1,6 kg de ganho de peso
diário. A dieta total correspondeu a 25% de volumoso, silagem de sorgo, e 75% de
concentrado, o qual possuía como ingredientes, gérmen de milho integral (GMI),
farelo de soja, milho, suplemento mineral e uréia. A dieta sem adição de GMI (0%)
foi chamada de dieta padrão.
A proporção dos ingredientes nas dietas experimentais e composição
bromatológica são apresentadas na Tabela 5.
Os animais permaneceram em confinamento por 83 dias, sendo 13 dias
utilizados como período de adaptação às dietas e ao ambiente, e 70 de período
experimental. As dietas foram fornecidas às 9 e 16 e 30 h, em duas refeições diárias
correspondentes a 50% cada, permitindo-se sobras de 5 a 10% do total fornecido.
Tabela 5 – Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS), em função
dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF, NDT,
lignina, celulose,EE e cinzas das dietas experimentais, expressos em porcentagem
(%) da MS, NIDN e NIDA expressos em % do N total.
Dietas
Ingredientes
0% 15% 30% 45%
Silagem de sorgo
25.00 25.00 25.00 25.00
Farelo de soja 11.27 10.87 11.90 12.50
Milho grão moído 62.00 47.43 31.51 15.90
Gérmen de milho integral - 15.00 30.00 45.00
Suplemento mineral
1
0.92 0.90 0.91 0.92
Uréia 0.12 0.12 - -
Calcário 0.69 0.68 0.68 0.68
Composição bromatológica
MS 74,34 73,84 73,00 73,58
PB 11.53 11.20 11.33 12.29
FDN 25.05 28.09 29.70 29.79
FDA 10.87 11.88 11.54 12.80
HEM 14,18 16,21 18,16 16,99
CNF 55.34 51.11 52.09 46.62
NDT
2
78,70 80,20 81,70 83,50
Lignina 1,54 1,63 1,64 1,66
Celulose 9,30 9,79 9,92 10,92
NIDN 18,03 24,21 21,28 21,83
NIDA 9,83 10,08 10,80 11,59
EE 3.58 4.59 4.90 6.50
Cinzas 4.57 5.43 4.00 5.08
1
FosQuima Super, quantidades para 1000: Na 150 g; Ca 118 g ; P 90 g; Mg – 7 g; S 12 g; N 10 g; Zn – 3.600
mg; Cu - 1.730 mg; Co – 200 mg; Mn – 1.000 mg; I – 150 mg; Se – 20 mg.
2
NDT estimado segundo as proporções de cada alimento nas dietas e respectivos conteúdos de NDT.
As sobras de alimento do dia anterior foram coletadas e pesadas diariamente
antes do primeiro fornecimento e, semanalmente foram amostradas
representativamente, agrupando-se as amostras para cada período de três
semanas. Posteriormente foram realizadas análises laboratoriais, segundo Van
Soest et al. (1991), Sniffen et al. (1992) e Silva & Queiroz (2002), para determinação
dos teores de nutrientes nos alimentos e sobras, e conseqüente determinação do
consumo de nutrientes.
Ao final do período de adaptação os animais foram submetidos à pesagem
(peso inicial), posteriormente foram pesados a cada 21 dias e ao final dos 70 dias do
período experimental (peso final), quando foi calculado o ganho de peso total dos
animais.
Na Tabela 6 são apresentados os ganhos de peso total (GPT), ganho de peso
diário (GPD) e conversão alimentar (CA) e consumos de MS, PB, FDN e EE para os
respectivos tratamentos.
Tabela 6 – Consumos MS, PB, FDN e EE, e valores médios de GPD, GPT e CA.
Níveis de GMI %
Item 0 15 30 45
Consumos em kg/dia
MS
1
9,56 9,55 10,06 10,52
PB
2
1,13 1,09 1,15 1,29
FDN
2
2,32 2,46 2,83 3,18
EE
2
0,37 0,46 0,60 0,74
Parâmetros de desempenho
GPD kg
2
1,89 1,79 2,19 2,28
GPT kg
2
137,50 140,33 154,67 164,50
CA
1
4,33 4,35 4,64 4,65
1
valores médios, não verificado influencia dos níveis de GMI mediante análise de regressão (p>0,05).
2
valores obtidos por equação de regressão, apresentando comportamento linear positivo (p<0,05)
Ao final do período experimental, os animais foram enviados para o frigorífico
BOI FORTE em Araguaína. O peso ao abate utilizado foi o peso tomado ainda nas
instalações da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, sem jejum alimentar.
Utilizou-se o peso ao abate relacionado com peso das duas meias-carcaças
pesadas para cálculo do rendimento da carcaça quente. Posteriormente, as meias-
carcaças foram identificadas e conduzidas à câmara fria. Após vinte e quatro horas
foram tomadas e feitas novas pesagens das carcaças para determinação do
rendimento da carcaça fria, que foi tomado em relação ao peso de abate.
O rendimento da carcaça fria foi subtraído do rendimento da carcaça quente
para obter-se o valor da quebra do resfriamento, (RESTLE et al.,1997).
Para a avaliação dos cortes comerciais foram tomados os pesos das meias-
carcaças direitas e estas separadas em três cortes básicos; dianteiro, traseiro
especial e ponta-de-agulha (costilhar ou costado) para avaliação da proporção de
cada corte na carcaça, conforme Galati et al. (2003).
Os cortes de traseiro especial foram separados em onze cortes comerciais,
conforme executado pelo frigorífico (patinho, músculo, coxão duro, alcatra, coxão
mole, capa de filé, contra filé, lagarto, picanha, filé mignon e fraldinha), procedendo-
se a pesagem de cada corte separadamente, para avaliação do rendimento rneo
do traseiro especial e de seus cortes comerciais.
No presente estudo foram avaliados, peso ao abate, peso da carcaça quente
(PCQ), peso da carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça quente (RCQ),
rendimento de carcaça fria (RCF), quebra do resfriamento (QR), rendimento dos
cortes comerciais básicos traseiro especial, dianteiro e ponta-de-agulha e,
rendimento cárneo do traseiro e dos seus cortes comerciais.
Para garantir homogeneidade de variância e distribuições normal dos erros, as características
PCQ, PCF, e coxão mole necessitaram de transformação à potência de 3 (cúbica). Para a variável
patinho, foi realizada transformação logarítmica na base 10.
A avaliação dos dados foi feita
através de análises regressão, e correlação de Pearson, com utilização do programa
Statystical Analyses System SAS (1996), com análise de variância ao nível de
significância de 5%.
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias dos pesos de abate, PCQ, PCF, RCQ, RCF e QR estão
apresentados na Tabelas 7;
Tabela 7 – Valores estimados de pesos ao abate, PCQ, PCF, RCQ, RCF e QR , com
suas respectivas equações de regressão e coeficientes de determinação(r
2
) e
variação (CV).
Níveis de GMI %
Item 0 15 30 45 Regressão CV%
Rendimentos médios da carcaça
Kg
Peso ao abate 459,50 474,17 468,33 492,33 =459,68 + 0,62*Xni 0,20
4,56
PCQ 252,08 263,00 256,92 273,78 ()
3
=16483629,90 + 57016,28*Xni
0,20
15,27
PCF 248,50 258,38 253,63 269,50 ()
3
=15610887,96 + 74491,10*Xni 0,20
15,2
%
RCQ 54,83 55,66 54,83 55,50 = 55,21 2,77
RCF 54,06 54,69 54,16 54,75 = 54,42 2,63
Perd. no resf. 0,76 0,97 0,67 0,75 = 0,78 -
= valores estimados.
Xni = nível de inclusão de GMI.
Os pesos ao abate aumentaram linearmente com a inclusão de GMI às dietas
(p< 0,05). Segundo o estudo de regressão, para cada 1% de inclusão de GMI às
dietas foi acrescentado 0,62 kg ao peso de abate dos animais, proporcionando uma
diferença de peso média de 27,90 kg no peso ao abate dos animais alimentados
com a dieta contendo 45% de GMI em relação aos tratados com a dieta padrão.
Diferentemente, Ezequiel et al. (2006) utilizando farelo de gérmen de milho
em substituição de 70% ao milho não verificou diferença para os pesos ao abate
(470,8 kg para dieta com milho e 478,6 kg para a dieta com farelo de gérmen de
milho) de bovinos Nelore em confinamento.
Os melhores pesos ao bate obtidos neste trabalho para os animais
submetidos às dietas com adição de GMI estão diretamente relacionados com o
melhor desempenho destes animais, apresentando GPD e GPT superiores (Tabela
6) aos dos animais alimentados com a dieta sem adição de GMI. Esta afirmação
pode ser reforçada observando-se que existiu correlação significativa (p<0,01) entre
o GPT e o peso de abate, apresentando 0,73 para o valor de r.
Os coeficientes de correlação entre os vários parâmetros avaliados neste
experimento estão na Tabela 8.
Tabela 8 - Coeficientes de correlação de Pearson entre GPT, peso ao abate, PCQ,
RCQ, PCF, RCF, traseiro especial, ponta-de-agulha (PA) e dianteiro da carcaça de
tourinhos Nelore X Limousin alimentados com dietas contendo GMI.
Item
Peso
ao
abate
PCQ RCQ PCF RCF
Tras.
Especial
PA Dianteiro
r
0,731
0,699 0,157 0,699 0,175 -0,008 0,203 -0,175
GPT
Prob.
<0,01
<0,01 0,46 <0,01 0,41 0,96 0,33 0,41
r
0,890 0,078 0,892 0,115 -0,140 0,367 -0,130 Peso ao
abate
Prob.
<0,01 0,715 <0,01 0,591 0,512 0,077 0,544
r
100,00
0,507 0,999 0,546 -0,287 0,493 -0,031
PCQ
Prob.
0,011 <0,01 0,005 0,172 0,014 0,882
r
100,00 0,511 0,983 -0,394 0,403 0,200
RCQ
Prob.
0,010 <0,01 0,056 0,050 0,346
r
100,0 0,549 -0,300 0,498 -0,018
PCF
Prob.
0,005 0,153 0,013 0,932
r
100,00 -0,416 0,427 0,213
RCF
Prob.
0,042 0,037 0,317
r
100,00 -0,713 -0,778 Tras.
Especial
Prob.
<0,01 <0,01
r
100,00 0,116
PA
Prob.
0,587
A adição de GMI às dietas proporcionou aumentos lineares no PCQ (p<0,05).
De acordo com a equação de regressão a inclusão de GMI à dieta no nível de 45%
elevou em 8,5% o PCQ em relação á dieta padrão.
Em ensaio com gérmen de milho integral seco, Montgomery et al. (2005) não
observaram diferença para peso da carcaça quente, assim como Ezequiel et al.
(2006) utilizando farelo de gérmen de milho em substituição parcial ao milho com
machos nelore de vinte e cinco meses de idade.
Seguindo a mesma tendência do PCQ, o PCF foi influenciado positivamente
pelos acréscimos de GMI às dietas (p<0,05), apresentando médias de 248,50;
258,38; 253,63 e 269,50 kg, para as dietas padrão, 15, 30 e 45% de adição de GMI.
O PCF para o tratamento com a maior inclusão de GMI foi 21 kg superior ao PCF da
dieta padrão, ou seja, uma diferença de 1,4 arrobas.
Estes resultados são altamente relevantes, uma vez que os pesos das
carcaças, sobretudo o PCQ, segundo Restle et al. (2002), atualmente é a
característica mais importante para o produtor, pois está diretamente ligada ao valor
comercial do animal.
Os maiores valores de PCQ e PCF dos animais dos tratamentos com GMI
foram relacionados com os maiores pesos ao abate para estes tratamentos. O peso
ao abate dos animais apresentou correlação significativa (p<0,01) com os PCQ e
PCF, apresentando r= 0,89 para ambas características.
Esta tendência também foi observada por Costa et al. (2002) que, avaliando
diferentes pesos ao abate em novilhos superprecoces observaram correlação
positiva (r= 0,70) entre o peso ao abate e o PCF. Correlações ainda maiores foram
verificadas por Kuss et al. (2005) apresentando r= 0,96 tanto para o PCQ quanto
para o PCF, em avaliação da carcaça de vacas de descarte.
Os RCQ e RCF não foram influenciados pelo incremento de GMI às dietas
experimentais (p>0,05) apresentando média de 55,21% e 54,42%, respectivamente.
Ezequiel et al. (2006) observaram valor semelhante ao deste experimento
para o RCQ (54,9%), em dietas com farelo de gérmen de milho em substituição a
70% do milho. Contudo, valor superior foi encontrado por Cruz et al. (2004) para o
RCQ (58,55%) de tourinhos Nelore x Limousin.
Os menores RCQ e RCF obtidos neste experimento, para o mesmo grupo
genético observado por Cruz et al. (2004), podem ser explicados pelo fato de que
neste trabalho o peso ao abate foi tomado sem jejum prévio, enquanto naquele os
animais passaram por jejum de 18 horas.
As diferenças nos pesos ao abate parecem não ter influenciado os RCQ e
RCF, não apresentando correlação significativa. Este resultado é semelhante ao
encontrado por Costa et al. (2002) que também não observaram relação entre estas
características, obtendo RCF médio de 53,96%.
Foi observada correlação significativa entre o RCQ e o PCQ (0,51),
confirmando a afirmativa de Kuss et al. (2005), que apontaram que o peso da
carcaça quente é determinado pelo peso ao abate e pelo rendimento de carcaça.
A semelhança dos RCQ e RCF entre os tratamentos pode indicar ainda que o
conteúdo gastrointestinal dos animais apresentou proporção semelhante para os
diferentes tratamentos, dadas as características similares das dietas. Restle et al.
(2000) ressaltaram que o rendimento de carcaça é influenciado pelo peso do
conteúdo gastrointestinal, e, segundo Mendes et al. (2005) as características
digestivas das diferentes dietas afetam as quantidades de conteúdo gastrointestinal.
A quebra pelo resfriamento (QR) não foi influenciada pelas adições de GMI às
dietas, apresentando média de 0,78% (p>0,05)
A QR reflete a perda de líquidos e, conseqüentemente, a perda de peso que a
carcaça sofre durante o processo de resfriamento nas primeiras 24 horas após o
abate. Em geral, carcaças com melhor grau de acabamento apresentam menor QR
durante o resfriamento, resultando em correlação negativa entre as duas variáveis
(RESTLE et al.,1997).
Isso leva a entender que, considerando a baixa perda com resfriamento
obtida neste trabalho (0,78%), inferior aos valores encontrados na literatura
(RIBEIRO et al., 2002; MENEZES et al., 2005; FERREIRA et al, 2006), pode ser
reflexo do grau de acabamento satisfatório proporcionado pelas dietas.
Utilizando o farelo gérmen de milho e casca de soja em substituição parcial ao
milho Galati et al. (2003) consideraram que o farelo de gérmen de milho apresentou
melhores resultados para a QR, apresentando valor de 1,4%, ainda superior ao
encontrado neste trabalho. Estes autores sugeriram que este fato foi decorrente da
melhor cobertura de gordura destas carcaças, prevenindo perdas. Aferri et al. (2005)
observaram valor semelhante ao apresentado neste trabalho (0,9%), testando
diferentes fontes de lipídeos na suplementação de novilhos mestiços castrados.
Valores superiores foram observados por Mendes et al. (2005) usando o
farelo de gérmen de milho, apresentando média de 2,55%, e Galvão et al. (1991)
observando bovinos cruzados e Nelore, registraram QR de 2,10%.
As proporções médias dos cortes da carcaça, traseiro, ponta-de-agulha e
dianteiro, bem como as equações de regressão e coeficientes de variação estão
apresentados na Tabela 9.
Tabela 9 Proporções estimadas dos cortes traseiro especial, ponta-de-agulha e
dianteiro e coeficientes de variação (CV).
Níveis de gérmen de milho integral %
Item 0 15 30 45 Regressão CV%
Rendimentos Médios dos Cortes (%)
Traseiro especial 49.11 48.18 48.53 48.30 = 48,53 1.66
Ponta-de-agulha 11.34 11.78 11.62 11.89 = 11,66 4.25
Dianteiro 39.55 40.03 39.84 39.79 =39,80 1.48
– valor médio estimado.
As proporções dos cortes traseiro especial, ponta-de-agulha e dianteiro não
foram influenciados pela adição de GMI às dietas (p>0,05).
As proporções médias encontradas para os cortes básicos da carcaça
(traseiro especial, dianteiro e ponta-de-agulha) apresentaram-se dentro dos padrões
indicados por Luchiari Filho (2000) que recomenda rendimentos do traseiro especial
acima de 48%, do corte ponta-de-agulha inferiores a 13% e, do dianteiro inferiores a
39%. Pode-se observar apenas que a proporção do dianteiro ficou ligeiramente
acima do recomendado, contudo, os outros cortes apresentaram boas proporções.
Cruz et al. (2004) observaram redução da proporção do traseiro em novilhos a
Limousin x Nelore, quando os pesos passaram de 400 para 480 kg. Para os animais
abatidos com 440 kg estes autores encontraram valores médios dos rendimentos do
traseiro especial e dianteiro semelhantes (48,4% e, 38,7% respectivamente) e ponta-
de-agulha superior (12,8%) ao encontrado no presente trabalho.
Alves et al. (2004) testaram os rendimentos dos cortes primários dianteiro,
traseiro especial e ponta-de-agulha, de vários grupos genéticos, porém não
observaram diferenças para os rendimentos, observando médias de 48,35%,
38,89% e 12,75%, respectivamente.
No presente trabalho mesmo obtendo-se diferentes pesos de abate não
foram observadas diferenças entre as proporções de traseiro especial para os
diferentes tratamentos, não havendo correlação positiva entre o peso ao abate e os
rendimentos de dianteiro, ponta-de-agulha e traseiro especial. No entanto, o corte
ponta-de-agulha correlacionou-se positivamente em 0,49 (p<0,05) com o PCF.
Também Kuss et al. (2005) observaram correlação de 0,59 do corte ponta-de-agulha
com o PCF.
O corte traseiro especial correlacionou-se negativamente (p<0,01) com as
porcentagens de ponta-de-agulha e dianteiro apresentando coeficientes de
correlação de -0,71 e -0,77. As maiores percentagens de dianteiro e ponta-de-
agulha em detrimento ao traseiro especial podem ser conseqüência do peso ao
abate, conforme observado por Broadbent (1976), Galvão et al. (1991) e Costa et al.
(2002).
Kuss et al. (2005) observaram que com o incremento do peso ao abate de
vacas de descarte, ocorreram aumentos nas percentagens de ponta-de-agulha
enquanto o traseiro manteve-se constante. Este fato colabora para a redução da
participação do traseiro na porcentagem da carcaça. Vaz (1999) atribuíram os
aumentos na porcentagem do corte costilhar (ponta-de-agulha) em carcaças com
maior peso à maior deposição de gordura subcutânea nessa região.
Os valores médios do rendimento do traseiro, e cortes comerciais do traseiro,
bem como coeficientes de variação e regressões estão apresentados na Tabela 10.
Tabela 10 Valores estimados e coeficientes de variação (CV) do peso dos cortes
cárneos do traseiro especial e rendimento cárneo do traseiro especial.
Níveis de gérmen de milho integral %
Item 0 15 30 45 Regressão
CV%
Médias dos Cortes do Traseiro
Kg
Patinho 5,68 5,81 5,53 5,78
=5,69
4,00
Músculo 4,56 4,55 4,47 4,65
= 4,56
7,94
Coxão duro 5,76 5,69 5,8 5,75
= 5,75
9,48
Alcatra 5,51 5,39 5,49 5,63
= 5,51
7,27
Coxão mole 9,64 9,53 9,69 1,12
= 9,75
18,14
Capa do filé 1,4 1,64 1,48 1,52
= 1,51
14,29
Contra filé 8,07 8,87 8,58 8,99
=8,63
6,98
Filé 1,99 2,12 2,06 2,22
= 2,1
7,61
Lagarto 2,75 2,76 2,74 2.73 Y = 2,74 10,96
Picanha 1,3 1,32 1,32 1.32
= 1,32
11,28
Fraldinha 0,64 0,63 0,69 0.7
= 0,67
24,07
%
Rend. do traseiro 77.98 76.18 77.13 75.26
= 76,64
3.99
- valores médios estimados.
O rendimento cárneo do traseiro especial, obtido da desossa tradicional,
expresso em porcentagem do peso do traseiro especial não foi influenciado pela
inclusão do gérmen de milho nas dietas experimentais (p>0,05) situando-se na faixa
de 76,64%, considerado um excelente rendimento. Cruz et al. (2004) observaram
rendimento cárneo médio do traseiro de 73,1% para bovinos não-castrados e
Junqueira et al. (1998) obtiveram 75% para rendimento do traseiro especial em
bovinos Marchigiana x Nelore o-castrados, ambos rendimentos inferiores ao
observado neste experimento.
Em avaliação por estudo de regressão, os cortes comerciais do traseiro não
apresentaram pesos diferentes quando foi adicionado gérmen de milho às dietas
experimentais. De maneira geral, os cortes comerciais do traseiro especial
apresentaram seu peso em quilogramas dentro dos intervalos referidos por Luchiari
Filho (2000); patinho 3,9 - 5,6; músculo 2,8 - 4,2; alcatra 3,6 - 5,0; coxão mole 7,0 -
9,8; coxão duro 4,4 - 6,6; capa do filé 0,8 - 1,4; contra filé 6,0 - 9,0; filé mignon 1,6 -
2,3; lagarto 1,9 - 3,0; picanha 1,3 - 1,9; fraldinha 1,2 - 2,0. Como podemos observar
alguns cortes apresentaram-se ligeiramente acima do limite superior, e a fraldinha
apresentou valor abaixo do limite inferior determinado. Contudo cada frigorífico e/ou
cada mercado adota especificações e padrões próprios
Pela avaliação de correlação (Tabela 11) pode ser observado que a maioria
dos cortes comerciais, apresentaram correlação positiva com o peso ao abate, com
exceção dos cortes fraldinha e capa de filé. O PCQ e PCF correlacionaram-se
positivamente, excetuando-se a fraldinha, com todos os cortes do traseiro especial.
Menegucci et al. (2006) encontraram incrementos lineares e positivos para os
peso de filé mignon, contra filé, fraldinha, lagarto, coxão mole, coxão duro, sebo, e
porção comestível com o aumento do período de confinamento de bubalinos Murrah
castrados. Diante deste fato, pode-se considerar que com o aumento do período de
confinamento ocorre também o aumento do peso dos animais, e, conseqüentemente
carcaças mais pesadas, desta forma pode-se observar maior tendência de obter-se
cortes mais pesados.
Tabela 11 – Coeficiente de correlação de Pearson para peso ao abate, RCQ, RCF, peso dos cortes comerciais do traseiro especial
e rendimento do traseiro especial.
Item Patinho Músculo
Coxão
duro Alcatra
Coxão
mole
Capa de
filé Contrafilé
Lagarto Picanha
Filé Fraldinha
Rendimento
do traseiro
especial
R 0,703 0,666 0,479 0,613 0,759 0,367 0,531 0,445 0,401 0,574 0,058 -0,310
Peso ao
abate
Prob. 0,0005 0,001 0,032 0,004 0,001 0,111 0,015 0,048 0,079 0,008 0,806 0,141
R 0,726 0,678 0,550 0,582 0,780 0,603 0,650 0,503 0,401 0,728 0,077 -0,202
PCQ
Prob. 0,0003 0,001 0,011 0,007 <0,01 0,004 0,001 0,023 0,079 0,001 0,745 0,343
R 0,719 0,667 0,539 0,574 0,770 0,602 0,635 0,490 0,398 0,730 0,072 -0,213
PCF Prob. 0,001 0,001 0,014 0,008 <0,01 0,005 0,002 0,028 0,082 0,001 0,761 0,316
R 100,00 0,747 0,426 0,422 0,677 0,295 0,373 0,393 0,475 0,338 -0,240 -0,045
Patinho Prob. 0,0002 0,061 0,063 0,001 0,206 0,104 0,086 0,034 0,144 0,306 0,849
R 100,00 0,605 0,635 0,683 0,281 0,597 0,627 0,315 0,442 0,017 0,191
Músculo Prob. 0,004 0,002 0,001 0,228 0,005 0,003 0,175 0,050 0,940 0,418
R 100,00 0,742 0,770 0,491 0,500 0,704 0,162 0,545 0,180 0,429
Coxão duro
Prob. 0,001 <0,01 0,027 0,024 0,001 0,494 0,012 0,447 0,059
R 100,00 0,708 0,248 0,525 0,717 0,328 0,691 0,463 0,398
Alcatra Prob. 0,001 0,290 0,017 0,001 0,157 0,001 0,039 0,081
R 100,00 0,374 0,488 0,595 0,463 0,577 0,152 0,208
Coxão mole Prob. 0,104 0,028 0,005 0,039 0,007 0,519 0,378
R 100,00 0,679 0,414 0,352 0,536 0,171 0,272
Capa de filé Prob. 0,001 0,069 0,127 0,014 0,469 0,245
R 100,00 0,665 0,415 0,658 0,421 0,478
Contrafilé
Prob. 0,001 0,068 0,001 0,063 0,032
R 100,00 0,362 0,599 0,529 0,629
Lagarto Prob. 0,116 0,005 0,016 0,002
R
100,00
0,338 0,386 0,373
Picanha Prob. 0,144 0,092 0,104
R 100,00 0,416 0,225
Filé Prob. 0,067 0,340
R
100,00
0,597
Fraldinha Prob. 0,005
85
3.4 CONCLUSÕES
O GMI pode ser adicionado à dieta de tourinhos confinados até o nível de
45% da dieta total, proporcionando carcaças mais pesadas sem influenciar as
características de rendimento da carcaça e dos cortes comerciais.
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90
CAPÍTULO 4 - ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DE TOURINHOS
CONFINADOS ALIMENTADOS COM DIETAS CONTENDO RMEN DE MILHO
INTEGRAL
RESUMO
No presente estudo objetivou-se avaliar os aspectos comportamentais de tourinhos
Nelore x Limousin em confinamento, submetidos a quatro níveis do subproduto
gérmen de milho integral (GMI) na dieta (0, 15, 30, 45%), em oito períodos do dia em
esquema fatorial 4 x 8 com seis repetições, e em delineamento inteiramente
casualizado. Vinte e quatro tourinhos foram observados durante 24 horas para
avaliação dos tempos despendidos em: alimentação, ruminação, ócio, dormindo e
outras atividades, além da freqüência com que os animais procuraram ingerir água,
urinaram e defecaram. O fornecimento de alimento foi realizado duas vezes por dia
às 9 e 16 e 30 horas. A adição de GMI às dietas não influenciou os tempos
despendidos em alimentação, dormindo e outras atividades, nem as freqüências de
procura por água, micção e defecação(P>0,05). Contudo, os animais alimentaram-se
mais nos períodos em que foram arraçoados (p<0,05), apresentando tempo médio
diário de 134,73 minutos gasto com alimentação. Os animais tenderam a dormir
mais durante à noite, com 31,16% do tempo dormindo concentrado nos horários das
2 a 5 horas. O tempo despendido em outras atividades foi maior no horário de 17 às
20 horas (p<0,05). Os níveis de GMI influenciaram o tempo de ruminação dos
animais de forma quadrática, com maior tempo de ruminação observado para o nível
de 30% (28,30% do tempo diário). O tempo de ócio também apresentou
comportamento quadrático e o menor tempo de ruminação foi obtido no nível de
30% de GMI (42,24% do tempo diário). Os animais submetidos aos diferentes níveis
de GMI, apresentaram comportamentos distintos de ruminação e ócio para os
diferentes períodos do dia. A freqüência de ingestão de água, micção e defecação,
foram diferentes para os diferentes períodos de dia (p<0,05), sendo observado que
os animais ingeriram mais água nos horários mais quentes do dia.
Palavras-chave: comportamento, estresse térmico, extrato etéreo, ruminação.
91
BEHAVIOR ASPECTS OF FEEDLOT BULLS FED WITH DIETS CONTAINING
INTEGRAL GERM CORN
ABSTRACT
The study aimed to evaluated the behavior aspects of feedlot Nelore X Limousin
young bulls, submitted at four levels of the by-product integral germ corn (IGC) in the
diet (0, 15, 30, 45%), in eight periods of the day in factorial arrangement 4 x 8, with
six repetitions, and in completely randomized design. Twenty-four bulls were
observed for 24 hours for evaluation of the times spent in: feeding, rumination, idle,
sleeping and other activities, besides the frequency with that the animals tried to
ingest water, they urinated and they defecated. The food supply was accomplished
twice a day at 9 16 and 30 hours. The addition of IGC to the diets didn't influence the
times spent in feeding, sleeping and in other activities, nor them search frequency for
water, urination and defecation for the animals (p>0,05). However, the animals feed
more in the periods in that you/they were feed (p <0,05), presenting time medium
diary of 134,73 minutes expense with feeding. The animals tended to sleep more
during at night, with 31,16% of the time sleeping concentrated in the periods of the 2
at 5 hours. The time spent in other activities was larger in the hours of 17 at the 20 (p
<0,05).The rumination was influenced by the diets and periods of the day (p <0,05).
The IGC levels influenced the rumination time of the animals in a quadratic way, with
larger time of rumination observed for the level of 30% of inclusion of IGC (28,30% of
the daily time). The time of idle also presented quadratic behavior and the smallest
time of rumination was obtained in the level of 30% of IGC (42,24% of the daily time).
The animals submitted at the different levels of IGC, they presented behaviors
different from rumination and idle for the different periods of the day. The frequency
of water ingestion, urination and defecation, they were different for the different
periods in the daytime (p <0,05), being observed that the animals ingested more
water in the hottest hours of the day.
Key words: behavior, ether extract, rumination, stress thermal.
92
4.1 INTRODUÇÃO
A busca por produção eficiente tem incentivado a introdução de técnicas mais
produtivas aos sistemas convencionais. A terminação de bovinos de corte em regime
de confinamento tem sido praticada com mais freqüência elevando a produtividade
e, principalmente com o objetivo de manter a produção mais constante. Contudo, na
terminação de bovinos em confinamento a alimentação é muito onerosa e
corresponde até a 85% do custo total, sendo que o concentrado é o principal
limitante (LEME et al.,1999).
O uso de alimentos alternativos como os subprodutos é uma alternativa,
atualmente muito buscada, na tentativa de reduzir custos com alimentação em
sistemas de produção que utilizam alimentos concentrados. Os subprodutos, de
forma geral, são resíduos da produção agroindustrial de alimentos para humanos
que apresentam algum potencial alimentar para animais, e são importantes
substitutos de alimentos convencionais como milho e soja.
Do processamento do milho para alimentação humana são originados vários
subprodutos com relevância na alimentação de ruminantes. O subproduto gérmen
de milho integral é originado do processamento por via seca do grão de milho, onde
não ocorre a extração do óleo da porção de gérmen. Desta forma, este subproduto
tem demonstrado excelente potencial nutricional como alimento energético, por
possuir elevados teores de extrato etéreo.
Novas técnicas de alimentação modificam o comportamento, não só
alimentar, como também o físico e metabólico do animal (ARMENTANO e PEREIRA,
1997). Com isso, Carvalho et al. (2004) consideram o que conhecimento do
comportamento ingestivo de animais que recebem subprodutos como parte da dieta
contribuirá na elaboração de rações, além de elucidar problemas relacionados com a
diminuição do consumo.
Segundo Polli et al., (1995) a Etologia como ciência, permite fornecer critérios
para o desenvolvimento e avaliação de técnicas criatórias capazes de propiciar o
bem estar aos animais, e consequentemente, melhorar substancialmente a eficiência
produtiva do rebanho.
Assim, o comportamento alimentar tem sido estudado com relação às
características dos alimentos, e a parâmetros seletivos como tempo de alimentação
ou ruminação, número de alimentações, períodos de ruminação e eficiência de
93
alimentação e ruminação (DULPHY et al., 1980). Para Van Soest (1994), os
períodos de alimentação de animais confinados, podem variar em função da dieta,
de uma a duas horas, para alimentos ricos em energia, até seis ou mais horas com
dietas de baixo teor de energia. Enquanto que o tempo de ruminação é influenciado
pela natureza da dieta, e parece ser proporcional ao teor de parede celular dos
alimentos volumosos.
As atividades diárias são caracterizadas por três comportamentos básicos:
alimentação, ruminação e ócio, e, sua duração e distribuição podem ser
influenciadas pelas características da dieta, manejo, condições climáticas e atividade
dos animais do grupo (FISHER et al., 1997). A taxa de ingestão de alimento é
definida por mecanismos orais e outras habilidades do animal, propriedades físicas e
mecânicas do alimento, disponibilidade de água, a qualidade nutritiva do alimento e
o efeito de distúrbios, tais como: medo de predadores, ataque de insetos e
competição com outros membros da espécie (FRASER & BROOM, 2002).
Desta forma, Mendonça et al. (2004) consideram o estudo do comportamento
ingestivo importante por possibilitar o ajuste do manejo alimentar para obtenção do
melhor desempenho produtivo.
O presente trabalho foi desenvolvido objetivando avaliar a influência da
inclusão do alimento gérmen de milho integral sobre o comportamento ingestivo
(alimentação, ruminação, ócio, dormindo e outras atividades), bem como caracterizar
a freqüência dos atos de procura por água, micção e defecação de bovinos machos
não-castrados terminados em regime de confinamento.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Araguaína nas coordenadas
geográficas 07°11’28” de latitude sul e 48°12’26” de longitude oeste.
Foram testados quatro níveis de GMI (0, 15, 30, 45%) em oito períodos do dia
em esquema fatorial 4 x 8, com seis repetições e em delineamento inteiramente
casualizado. Utilizaram-se vinte e quatro tourinhos Nelore X Limousin com 20 meses
de idade e peso médio inicial de 321,25 kg. Os animais eram oriundos de regime de
criação a pasto até o início do experimento, quando foram identificados e tratados
com moxidectin a 1% para controle de endo e ectoparasitos e alojados em baias
94
individuais parcialmente cobertas (cobertura sobre os cochos), cercadas por arame
liso e com área de 12m
2
em piso de chão batido. As baias eram dotadas de cochos
individuais e bebedouros para cada dois animais.
As dietas foram formuladas segundo o NRC (1996) e corresponderam a 25%
de volumoso e 75% de concentrado. A proporção dos ingredientes nas dietas
experimentais e composição bromatológica são apresentadas na Tabela 12.
Tabela 12 – Proporção dos ingredientes nas dietas experimentais (% MS), em
função dos níveis de inclusão de GMI, e teores de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF,
NDT, lignina, celulose, EE e cinzas das dietas experimentais, expressos em
porcentagem (%) da MS, NIDN e NIDA expressos em % do N total.
Dietas
Ingredientes
0% 15% 30% 45%
Silagem de sorgo
25.00 25.00 25.00 25.00
Farelo de soja 11.27 10.87 11.90 12.50
Milho grão moído 62.00 47.43 31.51 15.90
Gérmen de milho integral - 15.00 30.00 45.00
Suplemento mineral
1
0.92 0.90 0.91 0.92
Uréia 0.12 0.12 - -
Calcário 0.69 0.68 0.68 0.68
Composição bromatológica
MS 74,34 73,84 73,00 73,58
PB 11.53 11.20 11.33 12.29
FDN 25.05 28.09 29.70 29.79
FDA 10.87 11.88 11.54 12.80
HEM 14,18 16,21 18,16 16,99
CNF 55.34 51.11 52.09 46.62
NDT
2
78,70 80,20 81,70 83,50
Lignina 1,54 1,63 1,64 1,66
Celulose 9,30 9,79 9,92 10,92
NIDN 18,03 24,21 21,28 21,83
NIDA 9,83 10,08 10,80 11,59
EE 3.58 4.59 4.90 6.50
Cinzas 4.57 5.43 4.00 5.08
1
FosQuima Super, quantidades para 1000: Na 150 g; Ca 118 g ; P 90 g; Mg – 7 g; S 12 g; N 10 g; Zn 3.600
mg; Cu - 1.730 mg; Co – 200 mg; Mn – 1.000 mg; I – 150 mg; Se – 20 mg.
2
NDT estimado segundo as proporções de cada alimento nas dietas e respectivos conteúdos de NDT.
No balanceamento das dietas foram utilizadas como alimentos para a
composição dos concentrados, o gérmen de milho integral (GMI), o farelo de soja, a
uréia, o milho e suplemento mineral, e como volumoso utilizou-se silagem de sorgo
(Tabela 13). A dieta sem inclusão de GMI (0%) foi chamada de dieta padrão.
O GMI utilizado no ensaio foi obtido através do processamento do milho por
via seca, para obtenção de produtos utilizados como matéria-prima (grits,
canjiquinha e fubá) para fabricação de produtos para alimentação humana como
95
salgadinhos de milho e coloral, na COALTO Indústria e Comércio de Alimentos do
Tocantins, localizada em Araguaína, TO. A porção gérmen do grão de milho não
recebe processamento para retirada do óleo e por isso possui altos teores de extrato
etéreo.
Tabela 13– Teores médios de matéria seca (MS) em %, proteína bruta (PB), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM),
carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT), celulose, lignina,
extrato etéreo (EE) e cinzas, expressos em % da MS e nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA),
expressos em % do N total.
Alimentos
Milho Farelo de soja GMI Silagem Sorgo
MS (%) 83.45 83.41 83.20 31.73
PB (%) 8.05 42.19 12.86 6.42
FDN (%) 11.34 20.57 21.20 47.16
FDA (%) 2.24 10.15 4.64 29.95
HEM (%) 9.10 10.42 16.55 17.21
CNF (%) 72.51 30.19 46.70 38.06
NDT (%) 88,70
1
81,4
1
98,77
2
57,75
2
Celulose (%) 2.17 9.97 4.57 23,26
Lignina (%) 0.17 0.17 0.34 4,85
NIDN (% N total) 15,20
3
4,70
3
21,2 32,34
NIDA (% N total) 6,95
3
3,20
3
5,11 13,03
EE (%) 6.61 1.52 15.63 1.67
Cinzas (%) 1.48 5.53 3.63 6.93
1
Fonte: NRC (2001);
2
NDT calculado segundo NRC (2001);
3
Fonte:
Costa et al.(2005).
O ensaio de desempenho teve duração de 83 dias, sendo 13 dias utilizados
para a adaptação dos animais às dietas e ao ambiente experimental, e 70 dias para
realização do ensaio. O desenvolvimento da observação comportamental dos
animais foi realizada no último dia do período experimental, durante vinte e quatro
horas consecutivas, no mês de setembro.
As dietas foram fornecidas em duas refeições diárias às 9:00 h e 16:30 h,
sendo que cada refeição correspondeu inicialmente a 50% do fornecimento diário,
com ajustes realizados para permitir sobras entre 5 e 10% do total diário. As sobras
de alimento do dia anterior foram coletadas e pesadas diariamente antes do primeiro
fornecimento alimentar e, semanalmente foram amostradas representativamente,
agrupando-se as amostras para cada período de três semanas.
Nas amostras de alimento fornecido e sobras foram determinados os teores
de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), segundo descrito
96
por Silva & Queiroz (2002), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA) e hemicelulose conforme metodologia proposta por Van Soest et al.
(1991), e, carboidratos totais (CT) e carboidratos não-fribrosos (CNF) foram
calculados segundo Sniffen et al. (1992), onde CT = 100 - (%PB + %EE + % CZ) e
CNF = CT – FDN.
Para a silagem de sorgo, ingredientes utilizados e concentrados foram
determinados ainda os teores de lignina, nitrogênio insolúvel em detergente neutro
(NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), segundo Van Soest et al.
(1991), e o NDT determinado pela equação do NRC (2001), com realização da
estimativa do NDT das dietas.
Os dados de consumo de MS, PB, FDN, FDA, HEM, CNF e EE e parâmetros
de desempenho são apresentados na Tabela 14.
A partir dos dados meteorológicos coletados, foi calculado o índice de
temperatura e umidade (ITU), segundo Buffington et al. (1982):
ITU = 0,8Ta + UR*(Ta – 14,3)/ 100 + 46,3
em que,
Ta – temperatura do bulbo seco, ºC;
UR – umidade relativa do ar, %.
Os dados das variáveis climáticas obtidas no dia do ensaio podem ser
observados na Tabela 15.
Tabela 14 Valores estimados de consumos e parâmetros de desempenho, com
respectivas equações de regressão, coeficientes de determinação e variação.
Níveis de gérmen de milho
integral %
Item 0 15 30 45 Regressão CV%
Consumos em kg/dia
MS 9,56 9,55 10,06 10,52
=9,92 - 11,16
PB 1,13 1,09 1,15 1,29
=1,084 + 0,004* X
ni
0,17 12,55
FDN 2,32 2,46 2,83 3,18
= 2,252 + 0,020* X
ni
0,56 11,42
FDA 0,93 1,01 1,16 1,31
()
2,4
= 0,909 + 0,009* X
ni
0,53 12,78
HEM 1,39 1,44 1,67 1,87
=1,343 + 0,011* X
ni
0,55 11,00
CNF 5,38 5,13 5,03 4,87
= 5,10 - 11,09
EE 0,37 0,46 0,60 0,74
= 0,35 + 0,008* X
ni
0,88 10,05
Parâmetros de desempenho
GPD kg 1,89 1,79 2,19 2,28
= 1,801 + 0,010 X
ni
0,25 15,54
GPT kg 137,50 140,33 154,67
164,50
= 134,95 + 0,636X
ni
0,26 12,69
CA 4,33 4,35 4,64 4,65
= 4,49
- 14,50
ni – nível de inclusão de GMI;
– valor estimado pela equação de regressão
97
Tabela 15– Variáveis climáticas obtidas durante no dia do ensaio de comportamento.
Horários
Variáveis climáticas
9 H 15 H 21 H médias
TBS (ºC) 29,4 35,4 28,8 31
TBU (ºC) 22,8 24,2 22,4 23
UR % 55 37 55 49
ITU 78,13 82,42 77,31 79
Temperatura máxima
35,8ºC
Temperatura mínima
19,1ºC
Insolação direta
10,1 horas / 24h
O período de observação comportamental iniciou-se às 8:00 horas e as
avaliações foram feitas para dois grupos de atividades: alimentação, ruminação,
ócio, dormindo e outras atividades, as quais foram medidas durante 24 horas do dia,
tomadas de forma intermitente a cada 5 minutos. O outro tipo de mensuração,
chamado de conjunto de atividades pontuais (urinando, defecando e procura por
água) as quais foram tomadas sempre que ocorressem.
Os animais foram considerados em outras atividades quando se
movimentavam pela baia (caminhando), quando observavam, brincavam ou
executavam alguma atividade, excetuando alimentando-se ou ruminando. A
atividade dormindo foi considerada quando os animais permaneciam imóveis e com
os olhos cerrados.
As observações foram realizadas de forma visual e individualmente para cada
animal, com dois observadores designados para o grupo de seis baias, revezando
entre si em turnos de três horas (oito revezamentos). Os dados relativos à
alimentação, ruminação, ócio, dormindo e outras atividades, foram analisados como
o percentual estimado do tempo de cada intervalo de três horas. as atividades
chamadas de pontuais, foram tabuladas na forma de freqüência, ou seja, número de
vezes que cada animal efetuou dada atividade durante o período de três horas.
Os dados foram avaliados por análise de regressão protegidas por análise de
variância ao nível de 5% de significância, pelo programa estatístico SAS (SAS
Institute, 2001). O procedimento REG foi utilizado para avaliação das variáveis
alimentação, ruminação, dormindo e outras atividades, considerando como variáveis
independentes os níveis de inclusão de GMI e os períodos do dia, além da interação
níveis x períodos. Quando não foi observada interação entre as variáveis
98
independentes, o fator período foi analisado como variável classificatória, com
utilização do procedimento GLM e comparação de méias pelo teste de Tukey, ao
nível de 5% de significância. Para as variáveis ócio e ruminação foi observado efeito
da interação entre níveis x períodos, ambas originando equações de regressão
múltiplas. Contudo, a variável ócio foi analisada por meio do procedimento RSREG,
enquanto para a variável ruminação foi usado o procedimento REG do SAS.
As variáveis comportamentais “defecação”, “micção” e “procura por água”
foram avaliadas mediante processo de freqüência, em forma de dados de contagem.
Com isso, admitiu-se que estas variáveis seguiam uma distribuição de Poisson. A
parte sistemática do MLG, denotado por η, pode ser descrita como
ijji
αγ+γ+α+µ=η
, em que
µ
é uma constante inerentes aos dados;
α
é o efeito do
i-ésimo tratamento (i=1,...4);
γ
é o efeito do j-ésimo período e
αγ
ij
é o efeito da
interação entre os níveis i e j dos fatores. A significância dos efeitos de tratamento e
período foi testada utilizando a análise de deviance (McCULLAGH & NELDER,
1989). A estimativa dos efeitos e a análise de deviance foram realizadas por meio do
procedimento GENMOD do software SAS (SAS Institute, 2001). Na comparação das
freqüências médias obtidas de cada atividade entre períodos e entre os níveis
utilizou-se a comparação por contrates, e significância de 5% para a análise
variância.
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foi observado efeito da inclusão de GMI sobre o comportamento dos
animais para as variáveis alimentação, dormindo e outras atividades (p>0,05). As
médias de tempo diário estimado para as variáveis são apresentadas na Tabela 16.
era esperado que a inclusão de GMI às dietas não influenciasse o tempo
de alimentação para os diferentes níveis, haja visto que este fator também não
influenciou o consumo de MS como pode ser visto na Tabela 14. Um outro fator que
pode ter colaborado para semelhança de comportamento ingestivo dos animais
submetidos às diferentes inclusões de GMI é a semelhança física que as dietas
apresentavam, além da relação volumoso:concentrado ter sido a mesma.
Quanto à variável dormindo, de acordo com Albright (1987) e Coe et al.
(1990), citados por Damasceno et al. (1999), bovinos gastam bem menos tempo
99
dormindo que outras espécies como o homem, o cão e o eqüídeo, porém os
estímulos da ruminação podem permitir descanso fisiológico e a recuperação física
normalmente providenciados pelo sono profundo em outras espécies. Isto explica o
fato dos ruminantes realizarem períodos muito pequenos de sono durante o decorrer
do dia, conforme a observado na tabela 16 e, provavelmente só uma carga de
estresse elevada modificaria o comportamento desta variável.
Castro (2007) observou período de sono médio de 66,6 minutos por dia para
novilhas submetidas a dieta contendo GMI em substituição ao milho, tempo ainda
inferior ao observado neste trabalho. Contudo deve-se ressaltar que naquele
experimento, os animais foram alojados em grupos de 7, enquanto neste, os animais
estavam em baias individuais.
Animais alojados em grupo tendem a possuir menores períodos de descanso
(ócio, dormindo) por passarem mais tempo interagindo entre si, principalmente em
disputas por liderança, (MARQUES et al. 2005). Como as dietas eram fornecidas ao
mesmo tempo, os animais após alimentarem-se, tendiam a caminhar pela baia,
observar e entrar em contato sico (brincar) com o vizinho, visto que as baias eram
separadas apenas por arame. Desta forma todos os animais tendiam a exercer
outras atividades em tempos semelhantes.
Tabela 16 Valores médios diários obtidos para as variáveis alimentação, dormindo
e outras atividades, expressos em %, minutos.
Alimentação Dormindo Outras atividades
%
/ dia
9,52 7,75 9,59
C.V.
87,10 115,49 119,15
Minutos
/ dia
137,10 111,60 138,10
Os animais apresentaram comportamentos diferentes em função dos
períodos do dia para as variáveis: alimentação, dormindo e outras atividades. Na
tabela 17 podem ser observados os percentuais médios de tempo que cada
atividade ocupou dentro de cada períodos.
O maior tempo despendido em consumo de alimento foi observado durante o
período diurno (8 às 17 horas), correspondendo a 62,43% do tempo despendido em
alimentação dentro de 24 horas. A atividade de alimentação foi realizada
principalmente após o fornecimento do alimento, nos períodos das 8 às 11 horas e
100
das 14 às 17 horas, conforme pode ser visto na Tabela 17, quando os animais
sentiram-se mais estimulados a ingerir pelo alimento fresco.
No período das 8 às 11 horas os animais despenderam mais tempo em
ingestão de alimento que no período de 14 às 17 horas (p<0,05), certamente porque
o trato gastrointestinal dos animais encontrava-se mais vazio estimulando o
consumo de alimento, enquanto no período de 14 às 17 horas os animais já estavam
saciados. Outro fator que vem influenciar no comportamento ingestivo dos animais é
o fato dos alimentos serem oferecidos em horários pré-determinados. Normalmente
os animais tendem a concentrar a atividade de alimentação imediatamente após o
fornecimento dos alimentos (MARQUES et al., 2007; ORTÊNCIO FILHO, 2001).
Os períodos de 11 às 14 horas e de 17 às 20 horas foram inferiores em tempo
gasto com alimentação quando comparados aos períodos de 8 às 11 horas e 14 às
17 horas (p<0,05), no entanto, por serem períodos que se seguem imediatamente ao
fornecimento de alimento, foram superiores aos períodos noturnos (p<0,05) das 20
às 8 horas, correspondendo a 25,84% do tempo gasto com ingestão diária. De
acordo com Fisher et al. (2000) ruminantes em confinamento arraçoados duas vezes
ao dia apresentam duas refeições principais após o fornecimento da ração, de uma
a três horas, além de um número variável de refeições entre elas.
Nos períodos noturnos das 20 às 5 horas, e no início da manhã da 5 às 8
horas, a alimentação teve menores participações nas atividades dos animais, pois,
nestes períodos os animais têm preferência por ruminar, permanecer em ócio ou
dormir (Tabela 17).
O período das 20 às 23 noite) mostrou tempo de consumo semelhante
(p>0,05) ao período das 11 às 14 horas (pela manhã).
Mendes Neto et al. (2007) observaram que novilhas leiteiras alimentadas com
polpa cítrica em substituição ao capim-tifton 85, também alimentaram-se
essencialmente durante o dia, com 75,68% do tempo gasto com alimentação diária
nos horário das 6 às 18 horas. Comportamento semelhante foi relatado por Miranda
et al. (1999), onde o tempo gasto com consumo de alimento durante o dia
representou 84,96% do tempo total diário, fornecendo alimento apenas uma vez ao
dia.
A ingestão de alimento correspondeu a 9,25% do tempo total de 24 horas,
representando 2,22 horas gasto com ingestão diária de alimento, confirmando a
afirmativa de Bürger et al. (2000), de que animais estabulados variam os períodos de
101
alimentação de uma hora, para alimentos ricos em energia, a seis ou mais, para
fontes com baixo teor de energia. Os mesmos autores constataram também que o
tempo de alimentação decresce linearmente com os aumentos dos níveis de
concentrados na dieta.
Tabela 17 Valores médios estimados de tempo despendido com as atividades de
alimentação (AL), dormindo (DO) e outras atividades (OT), em cada período do dia.
Intervalos
(horas) 8 - 11 11- 14
14 - 17 17 - 20 20 - 23 23 - 2 2 – 5 5 - 8
Períodos
Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8
% de tempo de cada atividade dentro do período C.V.
AL
1
21,72a 8,57cd 16,44b 10,76c 5,67de 4,17e 3,47e 4,05e 57,98
DO
1
0,69d 4,05d 5,09d 1,04d 10,88bc 15,16ab
19,33a 5,79cd 82,92
OT
1
9,49bc 8,45cd 13,89b 33,33a 4,40cde 2,89e 0,59e 3,70de
61,61
Tempo gasto em minutos em 24 horas
AL 134,73
DO 111,65
OT
138,13
1
médias na mesma linha seguidas de letras distintas, diferentes entre si pelo teste de tukey a 5% de significância.
Souza et al. (2007) observaram tempo de consumo superior (20,69%) ao
obtido por este trabalho, observando bovinos Beefalo x Nelore em confinamento
alimentados com relação volumoso:concentrado de 35:65. O maior tempo gasto em
consumo observado por Souza et al. (2007) em parte pode ser atribuído à relação
volumoso: concentrado utilizada por aqueles autores, superior à utilizada neste
experimento (25:75), mas deve-se principalmente ao fato destes autores terem
observado os animais por apenas 12 h do dia (5:00 às 17:00). A observação do
comportamento noturno certamente aumentaria a proporção de tempo gasto nas
atividades de ruminação e ócio, diminuindo conseqüentemente a participação da
ingestão de alimento.
Para a atividade dormindo a porcentagem de tempo no período de 2 às 5
horas foi semelhante ao período de 23 às 2 (p>0,05), porém foi superior ao demais
períodos (p<0,05). Certamente os pequenos tempos do período diurno em que os
animais tenderam a adormeceram, foram conseqüência do estado de ócio.
Pelos valores médios observados na tabela 17, pode-se admitir a preferência
dos animais por dormirem nos períodos noturnos, neste caso das 20 às 5 horas. A
atividade dormindo neste intervalo de tempo correspondeu a 82,47% do tempo
gasto com a dormindo em 24 horas de observação. Este fato deve ocorrer
102
principalmente pela menor atividade de manejo dos animais e também pelas
temperaturas mais amenas.
O tempo despendido em outras atividades (observar, brincar, andar), foi maior
no horário de 17 às 20 horas (p<0,05) participando com 33,36% do tempo naquele
período, como pode ser visto na Tabela 17. As temperaturas mais amenas (Tabela
15) e a saciedade alimentar dos animais podem ter estimulado-os a exercerem
outras atividades, pois os animais entraram neste período ainda consumindo
alimento, já que as dietas eram fornecidas às 16:30h.
Miranda et al. (1999) observaram que novilhas mestiças ½ Holandês x ½
Zebu, também desenvolveram a maioria das atividades à noite em função da
temperatura estar mais amena.
Os períodos de 8 às 11 horas e de 14 às 17 horas foram inferiores (p<0,05)
em percentual de tempo gasto com outras atividades ao período de 17 às 20 horas,
porém apresentaram valores superiores(p<0,05) aos períodos de 20 às 8 horas
(Tabela 17). Provavelmente o fornecimento de alimento nestes períodos faz com
que os animais levantem-se e executem atividades de brincar, observar e caminhar,
além de se alimentarem.
Durante o dia (8 às 17 horas) os animais mostraram médias mais constantes
de percentual de tempo gasto em outras atividades e, no período noturno, a partir de
23 até as 5 horas, as médias foram reduzindo-se enquanto os animais aumentavam
suas atividades de ócio, ruminação e dormindo.
As atividades de ruminação e ócio foram influenciadas tanto pelo fator nível
de inclusão de GMI, quanto pelos períodos do dia, conforme pode ser observado na
Tabela 18.
Os níveis de GMI influenciaram o tempo despendido em ruminação
provocando comportamento quadrático para esta variável (p<0,05), onde o maior
percentual de tempo gasto com a atividade de ruminação foi observado ao nível de
30% de GMI. Para este nível de inclusão a atividade de ruminação representou
28,30% do tempo total diário, ou seja, 407,52 minutos.
Na dieta padrão o tempo de ruminação correspondeu a 291,31 minutos do
dia. Assim, podemos observar que com a adição de GMI ao nível de 30% houve um
acréscimo de 28,52% no tempo total de ruminação dos animais submetidos a esta
dieta, em comparação ao tempo gasto pelos animais da dieta padrão. Este
comportamento pode ser visto na Figura 1, onde se pode verificar a distância entre
103
as curvas de ruminação das dietas contendo 0% e 30% de GMI. Após o nível de
30% o tempo de ruminação diminui, fazendo com que os animais que consumiram
45% de GMI executassem por menos tempo esta atividade.
A elevação do tempo despendido em ruminação pode ser explicada
principalmente pelo aumento no consumo de FDN, ocorrido devido o acréscimo de
GMI às dietas, uma vez que o consumo de matéria seca foi igual para todos os
níveis (Tabela 14).
Tabela 18 Respostas das variáveis ócio e ruminação aos fatores nível de GMI e
períodos do dia e respectivas equações de regressão.
Períodos do dia
8 - 1 11 - 14 14 - 17 17 - 20 20 - 23 23 - 2 2 - 5 5 - 8
Níveis
1 2 3 4 5 6 7 8
Média
diária
Ócio (%)
%
0% 21,57
49,71
49,07
49,45
50,85
53,27
56,71
61,17
52,89
15% 48,46
45,47
43,49
42,54
42,6
43,69
45,79
48,92
44,64
30% 51,4
47,04
43,76
41,47
40,2
39,95
40,72
42,51
42,24
45% 60,19
54,53
49,88
46,26
43,65
42,07
41,5
41,96
45,69
Equação de regressão
=54, 06-0,3*ni-3,19*p+0,1ni
2
-0,09*ni*p+0,51p
2
Ruminação
0% 13,69
25,92
9,73
14,14
20,01
25,24
27,73
25,38
20,23
15% 21,27
16,46
17,31
21,72
27,59
32,82
35,31
32,96
25,28
30% 23,89
19,08
19,93
24,34
30,21
35,44
37,93
35,58
28,30
45% 21,57
16,76
17,61
22,02
27,89
33,12
35,61
33,26
25,98
Equação de regressão
=26,28+0,67*ni-0,01*ni
2
-17,15*p+4,93*p
2
-0,35*p
3
ni – nível de inclusão de GMI;
p – período do dia;
– valor estimado.
Segundo Van Soest (1994), o tempo de ruminação é influenciado pela
natureza da dieta, onde o teor de FDN influencia os tempos gastos com ingestão e
ruminação, estimulando a atividade mastigatória. Carvalho (2002) constatou que os
tempos de ruminação aumentaram com a elevação dos níveis de FDN na ração.
Sendo este fenômeno reflexo da necessidade de processamento da digesta ruminal
(DADO & ALLEN, 1995), para melhoria da eficiência alimentar. Carvalho et al.
(2007), observou que a inclusão de subprodutos a dietas aumentou os teores de
fibras das dietas, o que é comum por se tratarem de resíduos de produtos primários.
A diminuição na atividade de ruminação observada para os níveis de inclusão
posteriores a 30% pode ser explicada pelo efeito negativo que os lipídeos exercem
sobre o ambiente ruminal. Como pode ser visto na Tabela 14, o incremento de GMI
104
às dietas proporcionou elevação no consumo de lipídeos, onde os teores de lipídeos
da dieta ultrapassaram 4,9%, a partir de 30% de adição.
Palmquist & Jenkins (1980) afirmam que a inclusão de 3 a 5% de gordura de
gordura na dieta pode ser efetuada sem acarretar efeitos tóxicos na microflora do
rúmen. Segundo o NRC (2001) na maioria das situações a percentagem total de
gordura nas dietas não deve exceder 6 a 7% do total de matéria seca. Contudo,
neste trabalho os teores de lipídeos acima de 4,9% parecem ter deprimido a
atividade de ruminação, porém sem prejudicar o consumo de MS ou o desempenho
animal (Tabela 14).
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
1 2 3 4 5 6 7 8
peodos
tempo em %
0%
15%
30%
45%
Figura 1 – Comportamento da variável ruminação para cada nível de GMI em função dos períodos.
O efeito negativo de dietas contendo lipídeos sobre a ruminação foi
detectado em ovinos (GROVUM, 1984; NICHOLSON & OMER, 1983). O
fornecimento de lipídeos nas dietas promove aumento na produção de propionato e,
geralmente, ocorre redução na metanogênese, em função da diminuição da
população de bactérias metanogênicas devido ao efeito tóxico dos lipídeos
(NAGARAJA et al., 1997, citado por VALADARES FILHO & PINA, 2006). Além disso,
segundo Stwart et al. (1997), citado por Valadares Filho & Pina (2006), todos os
substratos utilizados pelas bactérias lipolíticas (Anaerovibrio lipolytica) no rúmen
resultam em produção de H
2
. Efeitos negativos sobre a fermentação ruminal ou
consumo de matéria seca são mais prováveis em dietas cuja participação de
volumoso em relação ao concentrado é pequena (GRANT & WEIDNER, 1992,
citados por SALLA et al., 2003).
105
Assim, a elevação dos teores de lipídeos acima de 4,9% podem ter elevado
os níveis de H
2
no ambiente ruminal, além de reduzirem a produção de metano, que
tem a função de “dreno” de H
2
, concorrendo para a diminuição do pH ruminal.
Aparentemente existem receptores químicos nas paredes do rúmen e do
retículo que monitoram o pH, a concentração dos AGV e a força iônica. Portanto, o
aumento na concentração de AGV e o decréscimo do pH provocam supressão na
motilidade ruminal. Quando o pH cai para menos de 5,0 a motilidade fica deprimida.
A redução da motilidade ruminal torna o processo mais lento permitindo que a
absorção dos AGV seja superior à produção e conseqüentemente elevando o pH.
Desta forma, em ruminantes o efeito inibidor do ácido e da gordura atua na
motilidade do retículo-rúmen e, influencia conseqüentemente a motilidade do
abomaso (FURLAN et al., 2006).
A atividade de ruminação dos animais alimentados com os diferentes níveis
de GMI comportou-se de forma distinta ao longo dos períodos do dia (Tabela 18 e
Figura 1). Desta forma, a variável ruminação apresentou comportamento cúbico
quando considerou-se o fator período, com dois picos de ruminação, nos períodos
de 11 às 14 horas e 2 às 5 horas.
Observa-se na Figura 1 que o comportamento bico para a variável
ruminação dentro dos períodos ocorre essencialmente para a dieta padrão (0% de
GMI). Enquanto para os tratamentos com presença de GMI o período de 11 às 14
horas foi o que apresentou menor percentual de tempo gasto com ruminação,
posteriormente aumentando com maior tempo de ruminação no período de 2 às 5
horas.
A ruminação é influenciada pela atividade de alimentação e ocorre após o
consumo de alimento, com o animal em estado de repouso (POLLI et al.,1996).
Durante o dia, Carvalho et al. (2007) observou maior preferência dos animais por
ruminar no período entre os dois arraçoamentos, assim, os períodos gastos com a
ingestão de alimentos são intercalados com um ou mais períodos de ruminação ou
de ócio. O início da ruminação ocorre entre meia e uma hora e meia após o
fornecimento de alimento (FURLAN et al., 2006). Contudo, Souza et al. (2007)
afirmam que o tempo gasto em ruminação é mais prolongado à noite, porém
também é influenciado pelo alimento.
De maneira geral, os animais tenderam ruminar mais tempo no período
noturno, Miranda et al. (1999) atribuíram a maior atividade de ruminação no período
106
noturno às temperaturas mais amena nestes horários. Em consulta à Tabela 18,
pode-se observar que de 11 às 14 horas, os animais tratados com dietas contendo
GMI tiveram o menor tempo gasto com ruminação, preferindo permanecerem em
estado de ócio.
Este comportamento não foi observado por Castro (2007) que alimentou
novilhas com dieta onde o GMI substituiu totalmente o milho, com períodos de
arraçoamento semelhantes ao praticado neste trabalho, não ocorrendo diferença
entre tempo de ruminação das duas dietas para o período de 11 às 14 horas.
Contudo, também observou que o período com maior percentual de ruminação para
a dieta de GMI foi de 2 às 5 h.
Benson et al. (2001) observaram uma diminuição da ruminação realizada no
final da tarde e 6% de redução do tempo diário de ruminação.
Não se sabe ao certo se o efeito inibidor das gorduras sobre a motilidade
retículo-ruminal, anteriormente comentado, reduziu a ruminação dos animais
submetidos a dietas com GMI no período de 11 às 14 horas (seguinte à primeira
alimentação), ou se este comportamento se deve a outro componente das dietas. De
forma que, os motivos deste comportamento não ficaram bem elucidados.
Quanto a variável ócio, os animais tiveram seu comportamento influenciado
tanto pelos níveis de GMI quanto pelos períodos do dia (p<0,05), com respostas
comportamentais obtidas em função de ambos fatores (Tabela 18).
O menor tempo total despendido em ócio foi observado ao nível de 30% de
GMI na dieta. Este fato pode ser explicado por também ser neste nível que os
animais ruminaram por mais tempo (Tabela 18), ocorrendo portanto, redução no
tempo de ócio que estas atividades são competitivas. Contrariamente, a dieta
padrão proporcionou, aos animais maiores tempos diários em ócio, com valor
17,68% superior.
Ao se verificar o tempo de ócio dentro dos períodos (Figura 2) pode-se
observar que à medida que o nível de GMI aumentou na dieta, os animais reduziram
o percentual de tempo em ócio durante os períodos da noite, e tenderam a
permanecer por mais tempo em ócio nos períodos diurnos.
107
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
1 2 3 4 5 6 7 8
0%
15%
30%
45%
Figura 2 –Comportamento da variável ócio (% de tempo) de cada dieta em função dos períodos
Provavelmente o fato de os animais alimentados com GMI terem
apresentando preferência por ruminar durante os períodos noturnos, principalmente
nos horários das 23 às 8 horas, fez com que fossem reduzidos os tempos de ócio
durante a noite, aumentado no início do dia após a alimentação, quando os tempos
de ruminação diminuíram.
Comparando as Figuras 1 e 2 pode-se verificar que as trajetórias das curvas
de ruminação e ócio, dos tratamentos contendo GMI, tendem a descrever uma
trajetória contrária, reforçando a idéia de que estas duas atividades foram
competitivas.
De maneira geral, observou-se a preferência dos animais pelo estado de ócio
nos períodos diurnos (Tabela 18), podendo ser reflexo das maiores temperaturas
ambientais comuns nestes horários.
Devido às altas temperaturas alcançadas nas regiões tropicais, os animais
tendem a reduzir atividades que dissipem calor, a fim de manter a temperatura
corporal, preferindo portanto, permanecer em ócio. As altas temperaturas
associadas à umidade relativa do ar elevada afetam a temperatura retal e a
freqüência respiratória, podendo causar estresse (BAÊTA E SOUZA, 1997, citado
por MARQUES et al., 2005). Estes parâmetros climáticos são os que exercem
maiores efeitos sobre o desempenho dos rebanhos em clima quente (MARQUES et
al., 2005).
A temperatura elevada, acima da zona de conforto, reduz o consumo de
alimento, cabendo aos animais ajustarem sua fisiologia e comportamento para
108
mostrar respostas adequadas às diversas características e condições do ambiente
adverso em que está sendo criado (MARQUES et al., 2005).
Em condições climáticas não favoráveis devido a altas temperaturas, o uso de
dietas com altas quantidades de concentrado favorece o consumo de nutrientes,
uma vez que os animais demoram menos tempo para ingerir o alimento e satisfazem
suas necessidades metabólicas mais rápido. Além disso, segundo Palmquist e
Mattos (2006), os lipídios podem ser utilizados em dietas para animais submetidos a
ambientes de altas temperaturas aumentando o aporte de energia ingerida, por
possuir menor incremento calórico quando comparado a carboidratos e proteínas,
favorecendo a ingestão de energia.
Tabela 19 Freqüências médias e erros padrões (e.p.) de procura por água, micção
e defecação de novilhos confinados alimentados com níveis de GMI, para cada
período do dia.
Períodos
8 - 11 11 - 14 14 - 17 17 - 20 20 - 23
23 - 2 2 - 5 5 - 8
Atividade
Discrimi-
nação
1 2 3 4 5 6 7 8
freqüência
1
1,49 1,57 2,36 1,36 1,28 0,57 0,17 0,45
Procura de
água
2
e.p.
1
1,18 1,18 1,14 1,19 1,20 1,30 1,65 1,35
freqüência
1
1,19 1,49 1,46 1,19 0,92 0,92 0,53 0,99
Micção
2
e.p.
1
1,20 1,12 1,18 1,20 1,23 1,23 1,30 1,22
freqüência
1
1,03 0,98 0,57 0,58 0,74 0,78 0,78 1,02
Defecação
2
e.p.
1
1,22 1,23 1,31 1,26 1,27 1,26 1,26 1,20
1
valores médios obtidos pela transformação exponencial dos valores obtidos em avaliação dos dados por análise de Deviance
(SAS Institute , 2001).
2
médias entre períodos comparados através de contrates ortogonais.
A maior freqüência de procura por água foi observada dentro do período de
14 às 17 horas (Tabela 19), de forma que o valor médio encontrado para este
período foi diferente de todos os outros períodos do dia (p <0,05).
A maior procura por água observada no período das 14 às 17 horas
demonstra o provável estado de desconforto térmico sofrido pelos animais durante
este período, condicionado pelo ITU elevado, como pode ser constatado na Tabela
15. O índice de temperatura e umidade (ITU) combina efeitos da temperatura e da
umidade relativa sobre o desempenho de bovinos e foi desenvolvido com o objetivo
de expressar o conforto do animal em relação ao ambiente (CASTRO, 2007).
Segundo McDowell e Johnston (1971); citados por Turco et al., (2006), bovinos de
todas as idades mostraram graus mensuráveis de desconforto térmico com ITU igual
ou superior a 78, e o desconforto tornou-se agudo à medida que o índice aumentou.
109
Com isso, considerando-se o ITU (82) observado no período da tarde, às 15
horas, é provável que os animais tenham sofrido algum grau de desconforto térmico.
Nestas condições a maior ingestão de água foi necessária para reposição
das reservas do animal, visto que esta é utilizada na regulação térmica corporal.
Silanikove (1992) afirmou que o aumento da demanda de água para resfriamento do
corpo, aumenta a demanda por ingestão de água.
Vários fatores como nível de consumo de alimento e forma física da dieta,
estádio fisiológico, espécie animal, qualidade, acessibilidade e temperatura da água,
também podem influenciar no consumo durante estresse térmico (NRC,1981; citado
por BEEDE e COLLIER, 1986).
Os períodos 8 às 14 e de 17 às 23 horas tiveram freqüência de procura por
água semelhantes (p>0,05), demonstrando que os animais foram submetidos a
condições de conforto térmico similares. Contudo, estes períodos mostraram-se
superiores em ingestão de água ao período de 23 às 8 (p<0,05) que correspondem
ao período que atravessa a noite (23 às 8 h). À noite, devido às temperaturas mais
amenas, que satisfazem a condição de regularidade da temperatura corporal, e
consumo pequeno de alimento, os animais reduziram sua procura por água.
O período de 2 às 5 horas foi o período de menor freqüência de procura por
água quando comparado a todos os outros (p<0,05), certamente por ter sido o
período em que os animais despenderam mais tempo dormindo (Tabela 16),
ruminando ou em ócio, passando grande parte do tempo em posição deitada.
O período de 20 às 2 horas foi diferente do período de 14 ás 17 horas em
freqüência de micção (p<0,05), sendo comum esta observação, pelo fato os animais
tendem a urinar menos nos períodos noturnos quando permanecem deitados em
ócio, ruminação ou dormindo. Enquanto, no período de 14 às 17 horas foi observada
também maior freqüência de procura por água, que certamente estimulou a micção.
De maneira geral, a maior freqüência de micção é comum nos períodos
diurnos, quando os animais estão em maior atividade dentro das baias (alimentando-
se, brincando, observando, caminhando, entre outras) ou ingerem mais água devido
às maiores temperaturas e a ingestão de alimento.
Por análise de contrastes o período de 5 às 8 horas revelou diferença na
freqüência de defecação quando comparado ao período de 14 às 17 horas (p<0,05),
observando-se que os animais defecaram mais vezes entre 5 e 8 horas, que no
horário das 14 às 17 horas. O maior número de defecações no horário de 5 às 8
110
horas ocorre principalmente pelo fato de os animais estarem despertando e iniciando
suas atividades individuais, provocando o estímulo para esvaziamento do conteúdo
intestinal, ou seja, a eliminação do alimento não digerido e absorvido pelos
processos digestivos do dia anterior.
Apesar do ato de defecar ter mostrado ser mais freqüente pela manhã, este
parece apresentar distribuição estável durante as 24 horas do dia.
A análise de deviance com significância ao nível de 5% não demonstrou
influência da inclusão de GMI às dietas sobre as freqüências de procura por água,
micção e defecação. As freqüências médias são apresentadas na Tabela 20.
Tabela 20 - Freqüências médias e erros padrões (e.p.) observados para as variáveis
procura por água, micção e defecação, para cada nível de GMI.
Níveis
Atividade Discriminação
0% 15% 30% 45%
Média
Frequência
1
8,00 8,30 8,30 6,50 7,70
Ing. de água
e.p.
1
1,16 1,15 1,16 1,17
frequência
1
4,17 4,80 6,33 7,33 5,66
Micção
e.p.
1
1,22 1,20 1,78 1,16
frequência
1
5,67 5,83 5,67 5,33 5,63
Defecação
e.p.
1
1,22 1,23 1,31 1,26
1
valores médios obtidos pela transformação exponencial dos valores obtidos em avaliação dos dados por análise de Deviance
(SAS Institute , 2001).
A semelhança entre as freqüências de procura por água pode ser explicada
pelo fato de os animais estarem submetidos às mesmas condições ambientais e
dietas fisicamente semelhantes, principalmente correlacionadas à baixa relação
volumoso:concentrado.
Quanto à freqüência de micção, não havendo diferença no consumo de água
para as diferentes dietas, é compreensível que este fator também não tenha sofrido
influência.
Por não ter ocorrido diferença de consumo de matéria seca, também era
esperado que entre as dietas experimentais não houvesse diferenças para as
freqüências de defecação.
4.4 CONCLUSÕES
A inclusão de gérmen de milho integral à dieta de bovinos de corte confinados
até o nível de 45%, pode ser utilizada sem prejudicar o consumo de alimento ou
111
parâmetros de desempenho, apesar de ter influenciado o comportamento dos
animais quanto aos tempos de ruminação e ócio.
4. 5 REFERÊNCIAS
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117
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inclusão de gérmen de milho integral na dieta de bovinos machos
confinados até o nível de 45% pode ser utilizada, por proporcionar maiores ganhos
de peso diário, peso ao abate mais elevado e carcaças mais pesadas, sem
influenciar o consumo de matéria seca, a conversão alimentar e as características de
rendimento de carcaça dos animais. Os níveis de gérmen de milho integral
influenciaram o comportamento dos animais quanto aos tempos de ruminação e
ócio, contudo este evento não prejudicou o desempenho produtivo dos animais, uma
vez que o ganho de peso foi influenciado positivamente pelos níveis crescentes
deste subproduto.
Para as condições experimentais observadas neste trabalho o teor de 6,5%
de extrato etéreo, obtido na dieta contendo 45% de gérmen de milho integral, não
prejudicou o consumo de matéria seca e teve efeito positivo para o ganho de peso
dos animais. Associando-se principalmente à maior disponibilidade de energia para
os animais.
Foi constatada influência das dietas contendo gérmen de milho integral sobre
os horários em que os animais tiveram preferência por ruminar. Contudo, as causa
deste comportamento não ficaram claras, sendo necessários estudos e observações
mais detalhadas e voltadas para este aspecto.
Os períodos do dia foram fatores determinantes no comportamento dos
animais, principalmente quando estes estiveram ligados aos horários de
arraçoamento e horas mais quentes do dia.
As regiões de clima tropical apresentam condições climáticas que
freqüentemente podem levar os animais ao estado de desconforto e estresse
térmico, assim o manejo geral e alimentar deve considerar as necessidades de
conforto térmico, principalmente voltado para animais de alta produção.
O alimento gérmen de milho integral, por possuir elevado teor de extrato
etéreo, está sujeito a perdas qualitativas por rancificação, sendo que em condições
adequadas de armazenamento este subproduto conserva suas características
nutricionais por até duas semanas.
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