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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ESTUDO QUÍMICO E DE ATIVIDADE BIOLÓGICA DE Paullinia
elegans (Sapindaceae)
Mestrado: Rodrigo Nogueira Guimarães
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Maria Helena Sarragiotto
Maringá, Abril/2006
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- 1 -
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 01
2. OBJETIVOS 03
3. BREVE REVISÃO SOBRE O GÊNERO E A ESPÉCIE P. elegans
4. DADOS BOTANICOS
5. PARTE EXPERIMENTAL
04
09
10
5.1 Materiais e Métodos 10
5.1.1 Aparelhagem utilizada. 10
5.1.2 Técnicas de fracionamento e análise 10
5.2 Estudo químico da Paullinia elegans 11
5.2.1 Coleta e secagem do material botânico 11
5.2.2 Isolamento dos Constituintes das partes aéreas
5.2.3 Preparação e Fracionamento dos Extratos Etanólico das Folhas
12
12
5.2.2.1 Estudo do extrato bruto das folhas. 04
5.3 ENSAIOS BIOLÓGICOS 23
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO. 25
6.1 Determinação estrutural das substâncias isoladas. 25
6.1.2 Substância PE-1.. 25
6.1.2 Substância PE-2. 26
6.1.3 Substância PE-3 29
6.1.4 Substância PE-4 e PE-5 33
6.1.5 Substância PE-5. 37
6.1.6 Substância PE-6. 41
6.1.7 Substância PE-7ª e PE-7b
6.1.8 Substância PE-8
6.1.9 Substância PE-9
42
43
45
7. ENSAIOS BIOLÓGICOS 46
8. CONCLUSÕES 50
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
10. ANEXOS
51
53
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- 2 -
RE
RESUMO
Palavras chaves: Paullinia elegans, Sapindaceae, flavonóides glicosilados,
triterpenos, atividade anti-inflamatória, atividade antioxidante.
A espécie Paullinia elegans, conhecida popularmente como cipó-timbó, ocorre
frequentemente no Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. Em uma revisão na
literatura encontrou-se apenas um trabalho sobre constituintes químicos desta
espécie, o qual descreve a presença dos ácidos, cis-ácido-13-eicosenóico e cis-
ácido-11-octadecenóico e o cianolipídio 2,4-dihidróxi-3-metilenobutironitrila. Estudos
farmacológicos demonstraram a atividade anti-protozoária frente às formas
epimastigotas de Trypanosoma cruzi, e antiinflamatória do extrato bruto das folhas.
O presente trabalho consistiu no estudo químico de P. elegans e na avaliação
da atividade antioxidante, e antiinflamatória do extrato bruto das folhas e das frações
obtidas pelo seu fracionamento. O extrato etanólico das folhas de Paullinia elegans
forneceu, após fracionamento e purificação das frações pelo uso de técnicas
cromatográficas e recristalização, uma mistura de ésteres graxos (PE-1), friedelanol
(PE-2), ácido3-O-acetiloleanólico (PE-3), uma mistura dos esteróides 3-O-β-D-
glucopiranosil estigmasterol e 3-O-β-D-glucopiranosil sitosterol (PE-4a e PE-4b),
canferol 3,7-O-α-diraminosídeo (PE-5), canferol-3,O-raminosídeo (PE-6),
calicopteretina glicosilada (PE-7), 2-O-metil-quiro-inositol (PE-8) . O estudo das
sementes resultou no isolamento do ácido cis-11-eicosenoico (PE-9).
As estruturas das substâncias isoladas foram elucidadas por análises
espectroscópicas, principalmente de RMN uni e bidimensionais, e por comparação
com dados existentes na literatura.
Os ensaios para a avaliação da atividade antioxidante
foram realizados pela utilização do método de descoramento do radical livre
DPPH. A atividade antiinflamatória foi avaliada sobre o edema de orelha induzido
pelo óleo de cróton em camundongos.
ABSTRACT
Keywords: Paullinia elegans, Sapindaceae, glycosilated flavonoids, triterpenes, anti-
inflammatory and antioxidant activities.
Paullinia elegans (Cambess.), known as “cipó-timbó”, is found to occur in
Brazil, Uruguay, Argentine and Paraguay. Chemical studies on this plant describes
the isolation of cis-13-eicosenoic acid, cis-11-octadecenoic acid and 2,4-dihydroxy-3-
methylenebutyronitrile from the seeds. Pharmacological studies showed the anti-
protozoa activity against the epimastigote forms of Trypanosoma cruzi .
In the present work we reported the phytochemical studies and anti-
inflammatory and antioxidant activities evaluation of the methanolic extract and its
fractions from Paullinia elegans (leaves).
The ethanolic extract of Paullinia elegans ( leaves) was fractionated on column
chromatography and purification of the fractions afforded the a mixture of fatty
esters(PE-1), friedelanol (PE-2), oleanolic acid 3-O-acetyl(PE-3), a mixture of
stigmasterol-3-O-β-D-glucopyranosil and sitosterol-3-O-β-D-glucopyranosil (PE-4a
and PE-4b), kaempferol 3,7-O-α-dirhamnopyranoside (PE-5), , kaempferol 3-O-α-
rhamnopyranoside (PE-6), calyptoterin glycosilated (PE-7) and 2-O-methyl-quiro-
inositol (PE-8). From the seeds was isolated cis-11-eicosenoic acid (PE-9).
The structures of the isolated compounds were established by spectroscopic
analysis, mainly 1D and 2D NMR, and comparison with literature data.
The assays for antioxidant activities were performed by using the DPPH
method. The anti-inflammatory activities were evaluated on ear edema induced by
croton oil in rats.
- 1 -
1. INTRODUÇÃO
As plantas têm sido empregadas desde a antiguidade na alimentação quanto
na cura de enfermidades. Nos últimos anos, o interesse no aproveitamento de
recursos naturais, tem aumentado muito, particularmente no que se refere ao uso de
plantas para fins terapêuticos. Atualmente, dos 250 medicamentos considerados
como básicos e essenciais pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 11% são
exclusivamente obtidos de plantas medicinais
1
.
Embora o emprego de produtos naturais de origem vegetal tenha aumentado
consideravelmente, apenas um pequeno percentual das espécies de plantas
existentes já foi objeto de investigação farmacológica e química
2
.
Assim, este tipo estudo é de grande importância para as descobertas de
novos produtos com aplicação terapêutica, além de que a investigação química pode
contribuir para a classificação de plantas através de estudos quimiotaxonômicos.
Em função da importância destes estudos, o nosso grupo de pesquisa vem
desenvolvendo o estudo químico e a avaliação farmacológica de plantas presentes
na vegetação da planície de inundação do alto rio Paraná, região de Porto Rico-PR,
sendo esta considerada área de preservação ecológica do estado do Paraná. Este
estudo tem como objetivo geral contribuir para a ampliação do conhecimento do
potencial químico e biologico das espécies vegetais da referida região.
Das várias famílias presentes na região, destaca-se a família Sapindaceae,
por sua ampla distribuição e pelo número de gêneros e espécies ocorrentes. Além
disso, as plantas desta família são importantes fontes de substâncias bioativas,
podendo-se destacar aquelas pertencentes à classe de saponinas, muitas delas com
potente atividade moluscicida. Dentre os gêneros da família Sapindaceae
registrados para a região, encontra-se o gênero Paullinia, o qual abrange espécies
de uso medicinal como, por exemplo, a Paullinia cupana, vulgarmente conhecida
como guaraná e cujo estudo está bastante explorado. Uma espécie pouco estudada
deste gênero e que também ocorre na região, trata-se da Paullinia elegans. Estudos
anteriores realizados por nosso grupo de pesquisa em relação as atividades
antiprotozoários, moluscicida, antimicrobiana e antiinflamatório, mostraram que o
extrato bruto de P. elegans possui atividade antiprotozoária, e antiinflamatória
3, 4
.
Em função disto, e da ausência de um estudo detalhado sobre a sua composição,
realizamos neste trabalho o estudo químico da planta Paullinia elegans. Foram
- 2 -
realizadas também a avaliação da atividade antioxidante e antiinflamatória de
algumas frações resultantes da partição do extrato bruto.
- 3 -
2. OBJETIVOS
O presente trabalho tem como objetivo:
- O estudo fitoquímico visando o isolamento e a identificação das substâncias
presentes nas folhas e sementes da planta Paullinia elegans.
- Verificar a possível presença de substâncias que possam ser utilizadas
como marcadores quimiotaxonômicos.
- Avaliação das atividades anti-inflamatória e antioxidante dos extratos brutos
das folhas e sementes, assim como das frações obtidas pelo fracionamento destes.
- 4 -
3. BREVE REVISÃO SOBRE O GÊNERO E SOBRE A ESPÉCIE P.
elegans
O gênero Paullinia compreende cerca de 180 espécies, sendo que 40 destas
já foram utilizadas durante séculos, pelos povos indígenas, como remédios, bebidas
estimulantes e veneno para peixe
3
.
Um levantamento bibliográfico do gênero Paullinia, em relação à composição
química, mostrou a presença de ácidos graxos, gliceróis, flavonóides glicosilados e
alcalóides do tipo purina como principais constituintes.
Das sementes de Paullinia meliaefolia foram isolados as substâncias (1) e (2),
sendo também detectados em pequenas quantidades os ácidos 9, 12-
hexadecadienóico (3) e 11, 14-eicosadienóico (4)
5
.
1
2
3
4
A composição do óleo das sementes de P. cupana var. sorbilis foi investigada
por Avato
7
e colaboradores. Em seu estudo foi identificado a presença das
C
O
HO
C
O
HO
C
O
HO
C
O
HO
- 5 -
substâncias 1-ciano-2-hidroximetilpropen-2-ol-1 diester (5), ácido cis-11-
octadecenoico (6) e ácido cis-11- eicosenoico (7).
5
6
7
NC
HO
O
O
R
R
O
O
C
O
HO
C
O
HO
- 6 -
Meurer-Grimes
8
e colaboradores, isolaram dos frutos de Paullinia cupana,
vulgarmente conhecida como guaraná, os acalóides do tipo purina: cafeína (8),
teobromina (9), e teofilina (10). Esta classe de alcalóides tem importância terapêutica
tendo algumas das propriedades biológicas apresentadas por P. cupana, atribuídas
à presença destes compostos. Campos
9
e colaboradores atribuíram para cafeina a
propriedade de redução em lesões gástricas.
Em um estudo taxonômico, Weckerle e colaboradores
10
investigaram a
presença dos alcalóides 8, 9 e 10 em diferentes partes de 34 espécies do gênero,
incluindo P. elegans. Das espécies estudadas apenas P. cupana, P. yoco e P.
pachycarpa apresentaram resultados positivos.
8 9
10
N
N
N
N
O
O
CH
3
H
CH
3
3
7
N
N
N
N
O
O
CH
3
N
N
N
N
O
O
CH
3
N
N
N
N
O
O
CH
3
H
3
C
H
1
7
N
N
N
N
O
O
CH
3
H
3
C
CH
3
1
2
3
4
5
6
7
8
9
- 7 -
Abourashed e colaboradores
11
isolaram das folhas de Paullinia pinnata dois
flavonóides glicosilados, a diosmetina-7-O-(2’’-O-β-D-apiofuranosil-6’’-acetil-β-D-
glucopiranosideo) (11) e a tricetina-4’-O-metil-7-O-(2’’-O- β-D-apiofuranosil-6’’-acetil-
β-D-glucopiranosideo (12). Esta espécie possui uma importância na medicina
popular, sendo usada no tratamento da malária.
11- R=H
12- R=OH
Os estudos realizados por Basile
e colaboradores
12
mostraram atividade
antibacteriana frente as bactérias Pseudomonas aeruginosa, Proteus mirabilis,
Proteus vulgaris, Escherichia coli e atividade antioxidante para o extrato etanólico de
Paullinia cupana.
Uma revisão na literatura acerca do gênero Paullinia elegans revelou somente
dois estudos, sendo que em um deles é demonstrado a avaliação das atividades
anti-protozoária e antiinflamatória para os extratos brutos da planta
4
.
A avaliação das atividades antiprotozoária
4
foi realizada frente à formas
epimastigotas de Tripanosoma Cruzi, sendo que os percentuais de inibição do
crescimento destas formas, nas concentrações de 1000μg/mL, 100μg/mL e 10μg/mL
foram respectivamente de 98,0; 88,9 e 80,2 %. A avaliação da atividade
antiinflamatória foi realizada pelo método do modelo experimental de pleurisia
O
OH O
O
OCH
3
OH
R
O
HO
HO
H
O
O
O
H
HO
OH
OH
CH
3
O
1
2
3
4
5
6
7
8
9
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
2
''
3
''
4
''
5
''
6
''
1
''
1
'''
2
'''
3
'''
4
'''
5
'''
- 8 -
induzida pela carregenina. A redução do volume de exsudato inflamatório foi de
30,0%, enquanto a droga de referencia foi de 60,0%
4
.
Spitzer
5, 6
descreveu a presença, nas sementes de Paullinia elegans, dos
ácidos cis-13- eicosenóico (1) e cis-11-octadecenóico (2) e do cianolipidio 2,4-
dihidróxi-3-metilenobutironitrila (13).
13- R= hidrocarboneto de ácidos graxos
CC
H
H
CH
2
OC
CHOC
R
O
CN O
R
- 9 -
4. DADOS BOTÂNICOS
A Paullinia elegans é classificada da seguinte forma segundo CRONQUIST
13
.
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Subclasse: Rosidae
Ordem: Sapindales
Família:Sapindaceae
Gênero: Paullinia
Espécie: elegans
A Paullinia elegans Cambess, é conhecida popularmente como cipó-timbó,
com distribuição na Bolívia, Paraguai, Peru e Brasil. Liana com gavinhas; folhas
compostas, 5-folioladas; flores pediceladas, bracteoladas; frutos cápsulas,
apiculados, de coloração vermelha; sementes de coloração preta, parcialmente
envolvida por arilo branco.
- 10 -
5. PARTE EXPERIMENTAL
5.1. Materiais e Métodos
5.1.1. Aparelhagem utilizada
Os espectros de absorção no infravermelho foram registrados em pastilhas de
KBr em um espectrômetro FT-IR-BOMEM, modelo MB-series na região de 400 a
4000 cm
-1
. Como referência foi utilizado a banda de absorção em 1601cm
-1
de um
filme de poliestireno.
Para a obtenção dos espectros de massa (EM) de baixa resolução utilizou-se
um equipamento SHIMADZU-GC/MS modelo QP2000A a 70 eV, equipado com
sonda para sólidos.
Os espectros de RMN de
1
H e
13
C foram obtidos em espectrômetro VARIAN,
modelo MERCURY plus BB, operando a 300,06 MHz para
1
H e 75,45 para
13
C. Os
deslocamentos químicos foram dados em ppm, tendo como referência interna o TMS
(tetrametilsilano, δ
=0,00 ppm). Os solventes deuterados utilizados foram CDCl
3
, D
2
O
e DMSO-d
6
, das marcas Aldrich ou Isotec.
A interpretação dos dados foi realizada com auxilio da técnica DEPT, onde
CH
3
= positivo (DEPT 135º), CH = sinal positivo (DEPT 135º e 90º), CH
2
= sinal
negativo (DEPT 135º) e C não ligado a hidrogênio = sinal de intensidade zero,
confirmados por dados espectroscópicos de correlações bidimensionais como
COSY, HSQC/HMQC, HMBC e NOESY.
5.1.2. Técnicas de fracionamento e análise
As cromatografias em coluna (CC) foram realizadas em colunas de vidro,
utilizando-se sílica gel 60 (0,063-0,200 mm/70 - 230 mesh ASTM) da Merck, e
Sephadex LH-20, como fase estacionária.
O diâmetro e a altura das colunas variaram de acordo com a quantidade de
material adsorvido. As eluições foram realizadas com solventes orgânicos puros ou
como mistura em ordem crescente de polaridade e as frações coletadas foram
evaporadas à temperatura ambiente ou sob vácuo. O acompanhamento das colunas
- 11 -
foi feito através de cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) e as frações
que apresentavam valores de Rf
s
semelhantes foram reunidas.
Para a realização da cromatografia em camada delgada (CCDA) utilizou
placas de vidro de 5,0 x 20,0 cm. A espessura da camada de sílica-gel (sílica-gel
60G e 60GF
254
-Merck) utilizada na confecção das placas foi de aproximadamente
0,25 mm.
Os solventes orgânicos utilizados como fase móvel (hexano, clorofórmio,
acetato de etila e metanol) nas cromatografias em coluna (CC) e de camada delgada
(CCDA) apresentaram grau de pureza PA e eram das marcas Synth, Ecibra, Nuclear
e Merck.
As substâncias fluorescentes presentes nas CCDA foram visualizadas sob luz
UV nos comprimentos de onda de 254 nm e 366 nm e reveladas com vapor de iodo,
H
2
SO
4
/MeOH 1:1, revelador para terpenos (4-metóxi-benzaldeido, ácido acético,
ácido sulfúrico 1,0:48,5:0,5).
5.2. ESTUDO QUÍMICO DE paullinia elegans
5.2.1. Coleta e Secagem da Planta
As folhas da espécie Paullinia elegans foram coletadas às margens da bacia
de inundação do alto rio Paraná na região de Porto Rico-PR em março de 2000.
As sementes de P. elegans foram coletadas na mesma região em maio de
2005.
A identificação da espécie foi realizada pela professora Dr
a
Maria Conceição
de Souza do Departamento de Biologia da Universidade Estadual de Maringá. Uma
exsicata do material vegetal encontra-se depositada no Herbário da Universidade
Estadual de Maringá sob o registro 463, HNUP.
- 12 -
5.2.2. Isolamento dos Constituintes das partes aéreas
O Esquema 1 mostra uma visão geral do procedimento empregado para o
isolamento dos constituintes de Paullinia elelgans
Esquema 1: Procedimento empregado para o isolamento dos constituintes de
Paullinia elegans.
5.2.3. Preparação e Fracionamento do Extrato Etanólico das Folhas
O material vegetal (395,0g) (folhas), após secagem em estufa de ar circulante
a 40
o
C, foram moidas em moinho de facas, foi extraído com etanol a temperatura
ambiente. O solvente foi removido em evaporador rotativo e o extrato das folhas foi
liofilizado, obtendo-se um extrato etanólico das folhas (60,05g).
Parte do extrato etanólico das folhas (22,67g) foi dissolvido em MeOH/H
2
O
(1:1) e submetido a uma série de partições em solventes de diferentes polaridades.
A partir deste procedimento foram obtidas as seguintes frações: hexano, clorofórmio,
Paullinia elegans (folhas)
Extrato etanólico
F-Hexano
(FH)
F-Clorofórmio
(FC)
F-Acetato de etila
(FAE)
F-Hidrometanólica
(FHM)
PE-1 PE-2 PE-3
PE-4a e
PE-4b
PE-5 PE-6
PE-8
Maceração em etanol
Partição em solventes
PE-7a e
PE-7b
PE-1, PE-2 e PE-3
- 13 -
acetato de etila e hidrometanólica. O procedimento geral está representado no
Esquema 02.
Esquema 02. Procedimento utilizado para o fracionamento do extrato bruto das folhas da
Paullinia elegans.
5.2.3.1 Estudo da fração Clorofórmio (FC)
A fração clorofórmio (FC=6,35g) foi submetida à cromatografia em coluna de
sílica-gel ( = 2,1cm e massa=80,1g) e eluída com hexano, acetato de etila e
metanol, combinados em ordem crescente de polaridade. Foram obtidas 70 frações,
as quais foram reunidas, por semelhança em CCD, em 10 novas frações.
No Esquema 03 está representado o procedimento geral para o estudo da
fração FC e isolamento das substâncias PE-1, PE-2, PE-3, PE-4a e PE-4b.
F.Hexano
(FH)
2,78g
F.Clorofórmio
(FC)
7,80g
F. Acetato de etila
(FAE)
3,97g
F.Hidrometanólica
(FHM)
8,06g
Partição em solventes
Eluentes: hexano,CHCl
3
, AcOEt e MeOH
Extrato etanólico de Paullinia elegans
(22,67g)
- 14 -
Esquema 03. Procedimento utilizado no estudo da fração clorofórmio.
A fração FC-3 (284mg) forneceu a substância codificada como PE-1(11,2 mg)
após recristalização em acetato de etila.
A fração FC-4 (179mg) foi recristalizada com acetato de etila fornecendo a
substância codificada como PE-2 (13,5mg).
A fração FC-5 (900mg) foi recromatografada em coluna de sílica gel ( =
2,1cm e massa =15,5g), utilizando-se hexano, acetato de etila e metanol,
combinados em ordem crescente de polaridade como eluentes. Coletou-se 30
frações , reunidas em 11 novas frações de acordo com a semelhança observada em
CCD . A fração FC-5-4 forneceu uma substância codificada como PE-3 (99,8 mg).
As demais frações mostraram-se como misturas complexas e seus estudos não
foram viáveis. Os dados do fracionamento da fração FC-5 estão apresentados na
(Tabela 1).
FC-1 FC-2 FC-3 FC-4 FC-5 FC-6 FC-7 FC-8 FC-9 FC-10
PE-1
PE-2
CC sílica gel
Eluentes: hexano, AcOEt, MeOH
Recristalização
em AcOEt
Recristali
zação em
AcO
E
t
PE-3 PE-4a e PE-4b
CC sílica gel
Eluentes: hexano,
A
cOEt
,
MeOH
CC sílica gel
Eluentes: hexano,
AcOEt, MeOH
FRA
Ç
ÃO CLOROF
Ó
RMIO
(
FC
)
- 15 -
Tabela 01: Dados do fracionamento da fração FC-5 em CC de sílica gel.
Código Fração
reunidas
Eluente Massa (mg ) Substância isolada
FC-5-1 01 - 05 Hex:AcOEt 10% 6,5
FC-5-2 06 Hex:AcOEt 15% 45
FC-5-3 07 Hex:AcOEt 15% 114,1
FC-5-4 08 Hex:AcOEt 20% 99,8
PE-3
FC-5-5 09 Hex:AcOEt 20% 39,4
FC-5-6 10 - 13 Hex:AcOEt 25% 194,1
FC-5-7 14 - 16 Hex:AcOEt 30% 25,1
FC-5-8 17 - 19 Hex:AcOEt 75% 75,5
FC-5-9 20 - 23 AcOEt 17,4
FC-5-10 24 - 26 AcOEt:MeOH 10% 6,0
FC-5-11 27 - 30 MeOH 15,0
A fração FC-8 (548 mg) foi submetida à cromatografia em coluna de sílica gel
( = 2,1cm e massa = 16,0g), sendo eluída com hexano/acetato de etila com
gradiente de polaridade. Coletou-se 34 frações , reunidas em 8 frações de acordo
com as semelhanças observadas em CCD (Tabela 02).
Tabela 02: Dados do fracionamento da fração FC-8 em CC de sílica gel.
Código Frações
reunidas
Eluente (mL) Massa
(mg)
Substância
isolada
FC-8-1 01 - 13 Hex:AcOEt 25% 2,4
FC-8-2 14 - 18 Hex:AcOEt 50% 11,2
FC-8-3 19 - 22 AcOEt 21,9
FC-8-4 23 e 24 AcOEt:MeOH 5% 154,9
PE-4a e PE-4b
FC-8-5 25 AcOEt:MeOH 10% 51,4
FC-8-6 26 - 28 AcOEt:MeOH 20% 161,5
FC-8-7 29 - 30 AcOEt:MeOH 30% 50,9
FC-8-8 31 - 34 AcOEt:MeOH 50% 45,7
A fração FC-8-4 (154,9mg) apresentou a formação de cristais os quais foram
purificados utilizando hexano para remoção das impurezas e recristalizados em
- 16 -
metanol, fornecendo uma mistura codificada como PE-4a e PE-4b. Nas demais
frações não foi possível o isolamento de nenhuma substância pura, devido a
complexidade das frações.
A fração FC-10 (295mg) foi recromatografada em coluna de sílica gel e pela
analise dos espectros demonstrou a presença de açúcar.
Das frações FC-1, FC-2, FC-6, FC-7, FC-9 não foi possível o isolamento de
nenhuma substância pura, devido a pequena quantidade de massa e complexidade
das frações.
5.2.3.2 Estudo da fração Acetato de etila ( FAE )
Parte da fração acetato de etila (700mg) foi adsorvida em sílica gel e
submetida ao fracionamento em coluna cromatográfica. Foi utilizado como eluente
uma mistura de clorofórmio-metanol combinados em ordem crescente de polaridade.
Na solubilização em clorofórmio da fração acetato foi observado a formação de um
precipitado, sendo este separado da água mãe e codificado como PE-5 (22,4mg). A
água mãe foi concentrada e o resíduo resultante cromatografado em coluna
cromatográfica de sílica gel ( = 2,1cm e massa= 17,0g). Da cromatografia em
coluna foram coletadas 79 frações e estas posteriormente reunidas baseando-se na
análise em CCD e pesadas, obtendo assim 17 frações (Tabela 03).
- 17 -
Tabela 03: Dados do fracionamento da fração FAE em CC de sílica gel.
Código Frações
reunidas
Eluente (mL )
Massa
( mg )
Substâncias
isoladas
FAE-1 01 - 05 CHCl
3
1,1
FAE-2 06 - 09 CHCl
3
: MeOH 10% 3,2
FAE-3 10 - 14 CHCl
3
: MeOH 10% 55,7
FAE-4 15 - 19 CHCl
3
: MeOH 20% 2,1
FAE-5 20 - 25 CHCl
3
: MeOH 20% 8,0
FAE-6 26 - 29 CHCl
3
: MeOH 30% 15,6
FAE-7 30 - 35 CHCl
3
: MeOH 30% 22,5
FAE-8 36 - 40 CHCl
3
: MeOH 45% 40,8 Mistura de flavonoides e PE-5
FAE-9 41 - 44 CHCl
3
: MeOH 45% 128,3
FAE-10 45 - 50 CHCl
3
: MeOH 50% 20,1 Mistura de flavonoides e PE-5
FAE-11 51 - 54 CHCl
3
: MeOH 50% 31,6 Mistura de flavonoides e PE-5
FAE-12 55 - 57 CHCl
3
: MeOH 65% 42,3
FAE-13 58 - 62 CHCl
3
: MeOH 65% 57,8
FAE-14 63 - 66 CHCl
3
: MeOH 80% 87,0
FAE-15 67 - 69 CHCl
3
: MeOH 80% 10,2 Glicosídios
FAE-16 70 - 74 MeOH 54,5 Glicosídios
FAE-17 75 - 79 MeOH 12,2
A fração FAE-7 (22,5mg) foi recromatografada em coluna de Sephadex LH-
20, pois quando revelada com iodo apresentou fortes manchas amarelas. Desta,
obteve-se 18 frações que foram reunidas em 9 frações (Tabela 04) baseando-se em
análise CCD.
A fração FAE-7-8 forneceu uma substância pura codificada como PE-6.
A fração FAE-7-6 foi recristalizada com acetado de etila, sendo que água mãe
e o precipitado forneceram duas sustâncias puras codificadas como PE-7a e PE-7b.
As frações FAE-8, FAE-10 e FAE-11 mostraram pela analise de espectros de
hidrogênio como sendo misturas de flavonóides e da substância PE-5. As outras
frações mostraram-se misturas muito complexas e seus estudos não foram viáveis.
- 18 -
Tabela 04: Dados do fracionamento da fração FAE-7 .
Código Frações
reunidas
Eluente (mL) Massa (mg) Substâncias
isoladas
FAE-7-1 1 -3 H
2
O 3,8
FAE-7-2 4 - 6 MeOH : H
2
O 75% 4,8
FAE-7-3 7 - 10 MeOH : H
2
O 50% 2,3
FAE-7-4 11 - 13 MeOH : H
2
O 25% 3,1
FAE-7-5 14 MeOH 1,0
FAE-7-6 15 MeOH 1,5
PE-7a e PE-7b
FAE-7-7 16 MeOH 1,6
FAE-7-8 17 MeOH 2,1
PE-6
FAE-7-9 18 MeOH 1,5
5.2.3.3 Estudo da fração Hidrometanólica (FHM)
Parte da fração hidrometanólica (504,4mg) foi submetida a fracionamento em
coluna de Sephadex LH-20 ( = 2,1cm e 15cm ). Foram coletadas 22 frações, as
quais foram reunidas baseando-se na análise em CCD e pesadas, obtendo 6
frações (Tabela 05).
Tabela 05: Dados do fracionamento da fração FHM.
Código Frações
reunidas
Eluentes (mL) Massa (mg) Substância
isolada
FHM-1 01 -06 H
2
O 60,0
PE-8
FHM-2 07 -08 MeOH : H
2
O 75% 54,5
FHM-3 09 - 13 MeOH : H
2
O 50% 69,0
FHM-4 14 - 17 MeOH : H
2
O 25% 103,0
FHM-5 18 - 19 MeOH 125,0
FHM-6 20 - 22 MeOH 91,0
A fração FHM-1 forneceu a substancia codificada como PE-8 (60,0 mg). A
análise das demais frações não resultou no isolamento de nenhuma substância
pura.
- 19 -
5.2.3.4 Estudo da fração Hexano (FH)
Parte da fração hexano (1,58g) foi adsorvida em sílica gel e submetida ao
fracionamento em coluna cromatográfica ( = 2,1cm e massa=18,0g). Foi utilizado
como eluente uma mistura de hexano-acetado de etila e metanol, combinados em
ordem crescente de polaridade. Coletou-se 34 frações, reunidas em 15 novas
frações de acordo com a semelhança observada em CCD. Os dados do
fracionamento da fração FH estão apresentados na (Tabela 06).
Tabela 06: Dados do fracionamento da fração FH em CC de sílica gel.
Código
Frações
reunidas
Eluente (mL )
Massa ( mg )
Substâncias
isoladas
FH-1 01 - 05 Hexano 2,0
FH-2 06 Hex/AcOEt 5% 20,4
FH-3 07 Hex/AcOEt 10% 19,1
Mistura de PE-1
e Friedelanol
FH-4 08 Hex/AcOEt 10% 13,1
FH-5 09 Hex/AcOEt 20% 88,4
Mistura de
Triterpenos
FH-6 10 Hex/AcOEt 20% 2,0
FH-7 11 Hex/AcOEt 30% 32,4
FH-8 12 Hex/AcOEt 30% 127,0
FH-9 13 Hex/AcOEt 50% 107,4
FH-10 14 Hex/AcOEt 50% 29,3
FH-11 15 - 16 Hex/AcOEt 70% 34,9
FH-12 17 - 21 AcOEt 15,4
FH-13 22 - 24 AcOEt/MeOH 5% 30
FH-14 25 - 29 AcOEt/MeOH 20% 48,9
FH-15 30 - 34 MeOH 297,6
- 20 -
A fração FH-3 mostrou pela analise de espectros de hidrogênio e carbono
como sendo mistura de substância PE-1 e friedelanol em pequena quantidade.
A fração FH-5 mostrou pela analise de espectros de hidrogênio e carbono
como sendo mistura de triterpenos tendo como principal constituinte o ácido 3-O-
acetil oleanólico.
As frações FH-7, FH-9, FH-11, FH-14, foram trabalhadas por recristalização,
porém devido a complexidade das frações não foi possível o isolamento de
nenhuma substância pura.
5.2.4 Estudo do extrato bruto das sementes (FSE)
As sementes de P. elegans, após secagem, foram moídas e submetidas a
extrações com metanol e água respectivamente. Após evaporação dos solventes em
evaporador rotativo obteve-se os seguintes extratos: Metanólico (FSE-M) (5,71g) e
aquoso (FSE-A) (1,42g).
Parte da fração metanólica (5,70g) foi submetida ao fracionamento em coluna
cromatográfica de sílica-gel ( = 2,1cm e massa=36,47g). Foram utilizados como
eluentes clorofórmio e metanol, combinados em ordem crescente de polaridade.
Coletou-se 51 frações, reunidas em 13 novas frações de acordo com semelhança
em CCD (Tabela 07).
Tabela 07: Dados do fracionamento da fração FSE-M.
Código Frações
reunidas
Eluentes ( mL ) Massa ( mg ) Substância
isolada
FSE-M-1 01 - 09 CHCl
3
741,8
FSE-M-2 10 - 17 CHCl
3
95,2
FSE-M-3 18 CHCl
3
: MeOH 1% 4,8
FSE-M-4 19 - 20 CHCl
3
: MeOH 1% 552,0
FSE-M-5 21 - 23 CHCl
3
: MeOH 1% 430,6
FSE-M-6 24 - 26 CHCl
3
: MeOH 2% 84,1
FSE-M-7 27 - 33 CHCl
3
: MeOH 5% 70,1
FSE-M-8 34 - 36 CHCl
3
: MeOH 50% 36,0
PE-8
FSE-M-9 37 - 40 CHCl
3
: MeOH 50% 115,2
FSE-M-10 41 MeOH 102,1
FSE-M-11 42 - 43 MeOH 42,3
FSE-M-12 44 - 47 MeOH 4,4
FSE-M-13 48 - 51 MeOH 2,9
- 21 -
A fração FSE-M-8 forneceu uma substância codificada como PE-8.
A fração FSE-M-4 (552mg) foi submetida a uma cromatografia em sílica gel
gel ( = 2,1cm e massa= 16,0g), sendo eluída com hexano, clorofórmio e metanol,
combinados em ordem crescente de polaridade. Coletou-se 16 frações (Tabela 8).
Tabela 08: Dados do fracionamento da fração FSE-M-4.
Código Eluente Massa (mg) Substancia
isolada.
FSE-M-4-1 Hex/CHCl
3
50%, 16.3
FSE-M-4-2 CHCl
3
/MeOH 1% 2,3
PE-9
FSE-M-4-3 CHCl
3
/MeOH 1% 13,7
FSE-M-4-4 CHCl
3
/MeOH 3% 50,8
FSE-M-4-5 CHCl
3
/MeOH 5% 81,6
FSE-M-4-6 CHCl
3
/MeOH 5% 24,5
FSE-M-4-7 CHCl
3
/MeOH 5% 6,8
FSE-M-4-8 CHCl
3
/MeOH 8% 8,5
FSE-M-4-9 CHCl
3
/MeOH 10% 13,1
FSE-M-4-10 CHCl
3
/MeOH 15% 14,1
FSE-M-4-11 CHCl
3
/MeOH 25% 25,5
FSE-M-4-12 CHCl
3
/MeOH 25% 4,9
FSE-M-4-13 CHCl
3
/MeOH 30% 35,2
FSE-M-4-14 CHCl
3
/MeOH 50% 57,4
FSE-M-4-15 MeOH 100,7
FSE-M-4-16 MeOH 25,4
A fração FSE-M-4-2 forneceu uma substância codificada como PE-9 (2,3mg).
- 22 -
5.2.5. Extração ácido-base do extrato bruto das folhas de P. elegans
Parte do extrato bruto (1,10 g) das folhas de P. elegans foi dissolvido em
solução de H
2
SO
4
20%, em seguida foi agitada por 30 minutos, aquecida a
temperatura de 70
o
C e filtrada. A solução ácida foi extraída repetidamente com
clorofórmio. A fração orgânica foi separada, lavada com água, tratada com Na
2
SO
4
anidro
, filtrada e evaporada formando um resíduo denominado FAB-1. A solução
aquosa ácida foi neutralizada com NH
4
OH, a qual foi submetida a extração com
CHCl
3
/MeOH (3:1). O solvente foi removido em evaporador rotativo fornecendo um
resíduo denominado FAB-2. No Esquema 04 é apresentado o procedimento
utilizado para o isolamento dos constituintes do extrato bruto das sementes por
extração ácido-base. As frações FAB-1 e FAB-2 foram analisadas em CCD e eluídas
com CHCl
3
:MeOH 5%, utilizando reagente Dragendorf como revelador e cafeína
como padrão
Esquema 04: Isolamento dos constituintes das sementes da Paullinia elegans por
extração ácido-base.
Extrato Bruto das sementes
(1,10g)
Solução Ácida
Fração Aquosa
Ácida
Fração Aquosa
Básica
H
2
SO
4
20%
Filtração
Extração CHCl
3
FAB-1
Fração CHCl3
Adição de NH
4
OH
FAB-2
F.Aquosa F. CHCl
3
Extração CHCl
3
:MeOH (3:1)
- 23 -
5.3. ENSAIOS BIOLÓGICOS.
5.3.1.Atividade antioxidante
Os testes para avaliação da atividade antioxidante foram realizados no
Departamento de Química/UEM, sob responsabilidade do professor Dr Wilian
Ferreira da Costa.
Os teste foram realizados com os extratos metanólico e aquoso bruto das
sementes e extrato etanólico das folhas e das frações hexano, clorofórmio, acetato
de etila e hidrometanólica.
Para a realização da avaliação da atividade antioxidante pelo método de
descoramento via radical livre DPPH, as amostras (20,0 mg) em metanol (10 mL)
foram adicionados a uma solução contendo o DPPH (4,7 mg) em metanol (75 mL). O
grau de inibição foi determinado pelo descoramento da solução de radical DPPH. O
valor da absorbância foi medido em 515,5 nm. A porcentagem de inibição foi
calculada pela seguinte equação % I = (A
0
– A
1
/A
0
).100%, onde A
0
é a absorbância
da solução de DPPH e A
1
é a absorbância da solução de DPPH na presença das
amostras e do antioxidante butil-hidroxi-tolueno (BHT), empregado como padrão
comparativo.
5.3.2. Atividade antiinflamatória
Os testes para a avaliação da atividade antiinflamatória foram realizados no
Departamento de Farmácia e Farmacologia/UEM, sob responsabilidade das
Professoras Dra. Ciomar A. Bersani-Amado e Dra. Maria da Conceição T. Truiti.
Os experimentos foram realizados pela técnica de Van Arman
14
, utilizando
camundongos Swiss machos e fêmeas, pesando 25g, em média. O edema foi
induzido através da aplicação de uma substância irritante (20 μL de óleo de Cróton
na concentração de 200 μg/orelha, diluído em uma solução de acetona/água 7:3) em
ambas as faces internas das orelhas do camundongo. A seguir, aplicou-se 20 μL da
solução a ser testada (extrato bruto e frações - (5mg/orelha)) na superfície interna da
orelha esquerda (tratada). A orelha direita recebeu apenas o solvente do extrato (20
μL). Após 6 horas, os animais foram sacrificados e as orelhas seccionadas com um
vazador de metal, em discos circulares de 6 mm de diâmetro. Estas secções foram
- 24 -
pesadas em uma balança analítica. A porcentagem de inibição da inflamação foi
calculada através da seguinte fórmula:
% de inibição = (D-E /D) . 100
Onde:
D = peso da secção circular da orelha direita;
E = peso da secção circular da orelha esquerda, tratada com agente irritante na
presença de formulações de extrato de própolis.
Como controle positivo, em alguns experimentos foram realizados utilizando um
fármaco antiinflamatório não- esteroidal (indometacina).
Os resultados foram expressos como média ± erro padrão da média (epm) e
analisados utilizando teste t de Student para comparação de duas médias, ou
análise de variância (ANOVA) para múltiplas comparações, sendo utilizados P <
0,05 como nível de significância.
O cálculo da porcentagem de inibição foi determinado pela formula:
(%) de inibição= peso da orelha esq controle - peso da orelha esq tratada X100
peso da orelha esquerda controle - peso da orelha direita
onde, o peso da orelha direita = 0,0072 mg (valor obtido pelo nosso laboratório).
- 25 -
6.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1. Determinação estrutural das substancias isoladas.
6.1.1. Substância PE-1
A substância PE-1, isolada da fração clorofórmio, apresentou-se como um
sólido branco, após cristalização.
A análise do espectro de RMN
1
H (Figura-1) mostrou sinais nas regiões de: δ
5,00 referentes a hidrogênio de ligação dupla; δ 1,00-1,50 referente a hidrogênios
alifáticos e δ 1,50-2,00 a hidrogênios metilênicos de cadeia longa alifática.
Nos espectros de RMN de
13
C (Figura-2) e de RMN de
13
C/DEPT (Figura-3)
aparecem sinais de carbonos metílicos (CH
3
) e metilênicos (CH
2
) nas regiões de δ
20-40, carbonos metínicos (CH) ligados as duplas ligações nas regiões de δ 120-140
e sinais de carbonila na região de δ 174. Estes dados em conjunto com os obtidos
pela cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa (Figura-4)
indicaram que a fração PE-1 trata-se de uma mistura de ésteres graxos. A
identificação completa dos compostos não foi possível pela carência de padrões,
sendo sugeridos alguns possíveis compostos pela comparação dos espectros de
massa com os do banco de dados do equipamento, conforme apresentado na
(Tabela 9).
Tabela 09: Dados de CG-EM da fração PE-1.
REFERÊNCIAS MASSA MOLAR SUBSTÂNCIA
1
270 14-metil pentadecanoato de metila
Hexadecanoato de metila
2
284 Hexadecanoato de etila
3
296 9-Octadecenoato de metila
6-Octadecenoato de metila
11-Octadecenoato de metila
4
298 Octadecenoato de metila
16-metil heptadecanoato de metila
10-metil heptadecanoato de metila
3-metil heptadecanoato de metila
- 26 -
6.1.2. Substância PE-2
A substância PE-2 (13,5 mg) foi isolada da fração clorofórmio como um sólido
branco.
O espectro de RMN
1
H (Figura-5) do composto PE-2 mostrou sinais em δ
H
3,73 (d, J=2,1 Hz) e na região de δ
H
0,80–1,10 referentes ao hidrogênio carbinólico
H-3 e hidrogênios metílicos e metilênicos, respectivamente.
No espectro de RMN de
13
C (Figura-6) foram observados trinta sinais de
carbono, sendo um sinal de um carbono metínico em δ
C
72,9, referente ao carbono
carbinólico C-3; sinais de oito carbonos metílicos em δ
C
11,8 (C-23); 16,6 (C-24);
18,4 (C-25); 18,8 (C-26); 20,3 (C-27); 32,3 (C-28); 35,2 (C-29); 32,0 (C-30) ; sinais
para 11 carbonos metilênicos na região de δ
C
16,0 a 41,9, além de sinais para 6
carbonos não ligados a hidrogênio na região de
δ
C
28,3 a 39,8.
No espectro de massa (Figura-6) foram observados o pico do íon molecular
m/z 428[M]
+ •
e as fragmentações características do esqueleto triterpênico.
A análise das correlações
1
H x
1
H observada nos espectro de COSY
(Figura-8) confirmou os acoplamentos dos hidrogênios δ
H
3,73 (H-3) com os em
δ
H
1,30 (H-2).
As principais atribuições dos deslocamentos químicos dos hidrogênios e
carbonos foram confirmados através das correlações observadas no espectro de
HMQC (Figura-9), Tabela 10. Após análise dos dados espectrais de PE-2 e
comparação com os da literatura
15
Tabela 11, concluiu-se que a substância PE-2 é
um triterpeno, denominado friedelanol.
27
HO
26
25
24
23
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
28
29
30
- 27 -
Tabela 10 : Correlações
1
H x
13
C observadas no espectro de HMQC para
substância PE-2
C
δ
H
(mult., J em Hz) δ
C
(DEPT)
29
0,94 (s)
35,2 (CH
3
)
24
0,94 (s)
16,6 (CH
3
)
28
1,17 (s)
32,3 (CH
3
)
26
0,99 (s)
18,8 (CH
3
)
27
1,00 (s)
20,3 (CH
3
)
25
0,85 (s)
18,4 (CH
3
)
23
0,92
(s)
11,8 (CH
3
)
30
0,96
(s)
32,0 (CH
3
)
2 1,25.(m) 32,5 (CH
2
)
3 3,73 (d, J=2,1 Hz) 73,0 (CH)
- 28 -
Tabela 11. Dados de RMN de
13
C (δ ppm, 75,5MHz, CDCl
3
)/DEPT para
substância PE-2 e friedelenol
15
.
C Friedelanol PE-2
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
15,48
31,91
71,87
48,86
37,48
41,38
17,18
52,78
36,7
61,0
35,16
29,28
37,93
39,11
30,25
35,68
29,62
42,41
34,94
27,79
32,41
38,87
11,37
16,04
17,89
18,28
19,73
31,78
34,66
31,44
16,01
32,54
72,98
49,39
38,05
41,95
17,77
53,41
37,32
61,56
35,78
30,86
38,59
39.88
33,01
36,3
30,24
43,03
35,5
28,39
34,4
39,5
11,85
16,62
18,47
18,86
20,35
32,31
35,24
32,01
Estudos da literatura apresentaram o isolamento do friedelanol nas famílias:
Celastraceae nas espécies Maytenus ilicifolia e Maytenus aquifolia e
Hippocrateaceae na espécie Salacia campestris. O interesse pelo isolamento deste
- 29 -
triterpeno deve-se às pronunciadas atividades antitumoral, antiúlceras gástricas,
antimicrobiana, antimalárica
15,17
e antiinflamatória
16
.
6.1.3. Substância PE-3
O espectro de RMN de
1
H (Figura-10) apresentou sinal de hidrogênio da
dupla ligação em δ
H
5,27(t), atribuído ao hidrogênio H-12; de hidrogênio carbinólico
em δ 4,49 (t) atribuído ao hidrogênio H-3 e em δ 2,83 (dd, J=13,8 e 4,2 Hz)
correspondente ao hidrogênio H-18. Na região de 0,80 – 1,30 ppm são observados
sete sinais de metilas características do esqueleto triterpênico, de hidrogênios
metílicos e, de um grupo acetil ligado ao C-3 em δ
H
2,06 (sl).
Os espectros de RMN de
13
C /DEPT (Figura-11) e de RMN de
13
C (Figura-
12) apresentou trinta e um sinais de carbono, sendo que em δ
c
180,8, sinal
referente a carbonila de ácido (C-28),em δ
c
171,8 referente a carbonila do éster, em
δ
c
122,1 e 143,8 os correspondentes aos carbonos da dupla ligação C-12 e C-13, e
em δ
c
81,3 o referente ao carbono carbinólico C-3 e os relativos aos 8 carbonos
metílicos em δ
c
15,2 (C-25); 16,5 (C-24); 16,6 (C-26); 21,0 (C-30); 23,3 (C-27); 25,7
(C-23); 27,9 (C-29) e 32,9 (C-32).
A análise dos dados de
1
H x
1
H – COSY (Figura-13) possibilitou o
estabelecimento das conectividades para o anel triterpênico, e juntamento com os
de HMQC (Figura-14) permitiu as atribuições dos deslocamentos químicos dos
O
C
O
CH
3
CO
2
H
26
24
1
2
3
4
6
7
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
25
27
28
2930
31
32
- 30 -
hidrogenios e carbonos. As correlações observadas estão apresentadas na Tabela-
12 e Tabela-13.
Tabela 12: Correlações
1
H x
1
H observadas no espectro de COSY para a
substância PE-3.
δ
1
H
(mult., J, H) δ
1
H
(mult., J, H)
5,28 (t, H-12) 1,89 (dd, J=7,5 e 3,6 Hz, H-11)
4,48 (t, H-3) 1,62 (m, H-2)
2,83 (dd, J=13,8 e 4,2 Hz,H-18) 1,70 (m, H-19)
Tabela 13 : Correlações
1
H x
13
C observadas no espectro de HMQC para
substância PE-3.
C
δ
H
δ
C
(DEPT)
12 5,28 122 (CH)
3 4,49 81,4 (CH)
18 2,80 41,2 (CH)
30 2,06 21,1 (CH
3
)
11 1,89 23,3 (CH
2
)
19 1,70 45,8 (CH
2
)
2 1,62 23,4 (CH
2
)
23 1,15 25,7 (CH
3
)
25 0,95 15,2 (CH
3
)
27 0,94 23,4 (CH
3
)
32 0,91 32,9 (CH
3
)
24 0,88 16,5 (CH
3
)
29 0,87 27,9 (CH
3
)
26 0,80 16,6 (CH
3
)
Após análise dos dados espectrais de PE-3 sugeriu-se que a substância isolada
tratava-se de um triterpeno da série dos oleanos. Os dados de PE-3 foram
comparados com dados da literatura
18
para o ácido oleanólico (Tabela 14), sendo
- 31 -
observado algumas diferenças nos carbonos C-2, C-3, C-31 e C-32. Os carbonos C-
31 e C-32, não aparecem na estrutura do ácido oleanólico e são referentes a um
grupo acetila, com uma carbonila de éster em δ
c
171,8 e uma metila em δ
c
32,9. A
confirmação de que o grupo CH
3
COO- está ligado ao carbono C-3, foi feita com
base no deslocamento químico de C-3. Este carbono quando se trata do ácido
oleanólico apresenta um δ
c
de 78,7, pois possui um grupo hidroxila ligado a ele. No
caso do PE-3 o sinal do C-3 aparece em δ
c
81,4 devido ao efeito de desblindagem
do grupo acetila no lugar do hidrogênio da hidroxila.
- 32 -
Tabela 14. Dados de RMN de
13
C (δ ppm, 75,5MHz, CDCl
3
) para
substância PE-3 e do ácido oleanólico.
C Ácido Oleanólico PE-3
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
38,5
27,4
78,7
38,7
55,2
18,3
32,6
39,3
47,6
37,0
23,1
122,1
143,4
41,6
27,7
23,4
46,6
41,3
45,8
30,6
33,8
32,3
28,1
15,6
15,3
16,8
26,0
181,0
33,1
23,6
---
---
38,0
23,3
81,4
37,6
55,2
18,1
32,6
39,2
47,5
36,8
22,9
122,1
143,8
41,7
27,6
23,4
46,3
41,2
45,8
30,6
33,7
32,5
25,7
16,5
15,2
16,6
23,4
180,1
27,9
21,1
171,8
32,9
- 33 -
6.1.4. Substância PE-4a e PE-5b
PE-4a:
22,23
PE-4b: 22, 23 - diidro
As substâncias PE-4a e PE-4b, isoladas das folhas de Paullinia elegans
foram identificadas como uma mistura dos esteróides 3-O-β-D-glucopiranosil
estigmasterol e 3-O-β-D-glucopiranosil sitosterol, respectivamente. Esta atribuição
foi feita por comparação dos dados espectrais obtidos pela RMN de
1
H e de
13
C com
os encontrados na literatura
19,20
(Tabela 15). Estes espectros revelaram sinais
característicos de um núcleo esteroidal associado a uma unidade glicosídica.
No espectro de RMN de
1
H (Figura-15) observou-se sinais característicos de
hidrogênios olefínicos em δ
H
5,14 (dd, J= 8,4 e 15 Hz) atribuído ao H-22 e em 5,02
(dd, J= 8,4 e 15 Hz) atribuído ao H-23. Os sinais em δ
H
1,02 (s); 0,93 (d, J=6,3 Hz);
0,82 (d, J=6,6 Hz); 0,86 (d, J= 7,2 Hz) e 0,69 (s) foram atribuídos as metilas Me-21,
Me-26, Me-27, Me-29 e Me-18. Observa-se ainda um sinal em δ
H
5,37 (d, J= 4,8 Hz)
atribuído ao H-6.
18
19
O
OH
HO
OH
HO
O
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14 15
16
17
29
21
22
23
24
25
26
27
28
20
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
- 34 -
O espectro de RMN de
13
C (Figura-16) e de RMN de
13
C/ DEPT (Figura-17)
mostraram, entre outros, sinais de carbonos insaturados em δ
c
140,0 (C), 122,4
(CH), 138,8 (CH) e 129,7 (CH).
Além dos carbonos referentes ao núcleo esteroidal, o espectro de RMN de
13
C mostrou seis sinais em δ
c
101,63 (CH); 74,09 (CH); 76,53(CH); 70,73(CH);
77,05(CH) e 62,20 (CH
2
) atribuídos aos carbonos da unidade glicosídica C-1’, C-2’,
C-3’, C-4’, C-5’ e C-6’, respectivamente.
- 35 -
Tabela 15. Dados de RMN de
13
C (δ ppm, 75,5MHz, CDCl
3
) para mistura de
PE-4a e PE-4b, 3-O-β-D- glucopiranosil estigmasterol
e 3-O-β-D-
glucopiranosil sitosterol .
C
3-O-β-D- glucopiranosil
estigmasterol
12
3-O-β-D- glucopiranosil
sitosterol
13
PE-4a
PE-4b
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
1’
2’
3’
4’
5’
6’
38,3
33,3
76,9
36,8
140,4
121,1
31,3
31,4
49,6
36,2
22,6
39,6
40,0
56,2
24,8
29,2
56,1
11,8
19,0
35,4
18,8
137,9
128,8
45,1
31,2
19,6
18,9
23,8
11,6
100,8
70,1
76,7
73,4
76,7
61,0
37,2
29,9
78,2
39,0
140,6
122,6
31,9
31,8
50,0
36,6
21,0
39,6
42,2
56,5
24,2
28,2
55,9
11,7
19,1
36,1
18,9
33,9
26,1
45,7
29,2
18,7
19,7
23,1
11,9
102,2
75,0
77,0
71.3
78,1
62,5
37,7
30,0
78,1
39,9
140,8
122,4
32,3
32,3
50,7
36,6
21,3
40,2
42,7
57,2
24,6
28,6
56,5
12,1
19,6
37,1
19,2
138,8
129,7
46,3
29,5
19,0
20,0
23,4
12,1
101,6
74,0
76,5
70,7
76,7
62,2
37,7
30,0
79,5
39,9
140,8
122,4
32,3
32,3
50,7
36,6
21,5
40,2
42,7
57,2
24,6
28,6
56,5
12,1
19,6
37,1
19,2
34,3
26,4
46,3
29,5
19,0
20,0
23,4
12,1
101,6
74,0
76,5
70,7
77,0
62,2
- 36 -
A unidade glicosídica foi caracterizada como glucose com base na
interpretação dos dados de RMN de
1
H e de
13
C.
Os sinais de hidrogênio anomérico H-1 aparece como um dubleto em δ
H
4,49
e o valor da constante de acoplamento de 7,9 Hz indica que este hidrogênio
encontra-se em posição axial, levando a uma configuração β para o carbono
anomérico.
A comparação dos valores dos deslocamentos químicos dos C-2, C-3, C-4 da
mistura das substâncias PE-4a e PE-4b com a literatura
19,20
permitiu localizar a
unidade glucopiranosídica no átomo de oxigênio ligado ao C-3.
- 37 -
6.1.5. Substância PE-5
A substância PE-5, isolada da fração acetato de etila, apresentou-se como um
sólido amarelo, após cristalização com acetona/metanol.
O espectro no IV (Figura 18) apresentou banda de absorção em 3.380cm
-1
relativa à vibração de estiramento –OH, e banda em 1.602 e 1.659cm
-1
referentes à
vibração de estiramento C=C e C=O α, β insaturada, respectivamente.
A unidade aglicônica da substância PE-5 foi evidenciada como canferol pelos
sinais, no espectro de RMN de
1
H (Figura 19), de dois dubletos em δ
H
6,45 e 6,78,
integrando para um hidrogênio cada, com padrão de acoplamento meta (J=2,1Hz) e
dois dubletos em δ
H
7,78 e 6,90, integrando para dois hidrogênios cada, com
acoplamento orto (J=8,7Hz). Além destes, também foi observado os sinais em δ
H
10,2 e 12,6, correspondentes às hidroxilas fenólicas.
A análise das correlações
1
H x
1
H observadas no
espectro de COSY
(Figura 20) confirmou os acoplamentos já descritos anteriormente entre os
hidrogênios aromáticos H-6 com H-8 do anel A e H-2’/H-6’ com H-3’/H-5’ do anel B
do canferol, as quais estão apresentadas na Tabela 16.
O
HO
HO
H
3
C
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
1
''
2
''
3
''
4
''
5
''
6
''
1
'''
2
'''
3
'''
4
'''
5
'''
6
'''
O
O
O
OH
OH
O
O
CH
3
OH
OH
OH
HO
- 38 -
Tabela 16: Correlações
1
H x
1
H observadas no espectro de COSY para a aglicona
de PE-5.
δ
1
H
(mult., J, H) δ
1
H
(mult., J, H)
6,45(d, J=2,1Hz, H-6) 6,78(d, J=2,1Hz, H-8)
7,78(d, J=8,7Hz, H-2’/H-6’) 6,90 (d, J=8,7Hz, H-3’/H-5’)
Os espectros de RMN de
13
C (Figura 21) e o espectro de DEPT (Figura 22)
confirmaram a unidade aglicônica como sendo o canferol, pela presença de quinze
carbonos na região de aromáticos, sendo nove carbonos não ligados a hidrogênios,
um sinal de carbonila de cetona em 178,8 ppm , quatro carbonos metínicos ligados a
dupla ligação em δ
C
161,1, 160,3, 158,0, 156,3, além dos demais sinais.
A presença destes sinais e o padrão de acoplamento observado,
caracterizaram a unidade aglicônica de PE-5 como a 3, 4
, 5, 7-tetraidroxiflavona
(canferol). A presença de duas unidades glicosídicas foram evidenciadas pelos
sinais de dois dubletos em δ
H
5,29 e 5,54 correlacionados aos carbonos em δ
C
98,6
e 102,1, respectivamente no espectro de HSQC (Figura 23). Estas unidades foram
caracterizadas como raminose principalmente pela presença de sinais para dois
grupos metílicos em δ
H
1,12 (d, J=6,0Hz) e 0,79 (d, J=6,0Hz), correlacionadas aos
sinais em δ
C
18,1 e 17,7 no espectro de HSQC.
Os sinais de dois carbonos anoméricos em δ
C
98,6 e 102,1, e de dois
carbonos metilícos δ
C
18,1 e 17,7 e demais sinais de carbonos oximetínicos, na
região de δ
C
72,0 a 70,0, confirmaram as unidades glicosídicas.
O valor da constante de acoplamento (J=1,5 Hz) para os hidrogênios
anoméricos, evidenciaram a configuração
α
, para as duas unidades de raminose.
Estes valores correspondem a um acoplamento do tipo equatorial-equatorial entre o
H- anomérico H-1’’ com H-2’’ e entre H-1’’’ com H-2’’’.
As correlações observadas no espectro de HSQC (Figura 23), Tabela 17,
permitiram confirmar a atribuição dos deslocamentos químicos
de hidrogênios e
carbonos, para as unidades glicosídicas e a aglicônica.
- 39 -
Tabela 17: Correlações
1
H x
13
C observadas no espectro de HSQC para a
substância PE-5.
C
δ
H
δ
C
(DEPT)
6 6,45 99,7 (CH)
8 6,78 94,8 (CH)
2’/6’ 7,78 131,0 (CH)
3’/5’ 6,90 115,6 (CH)
1’’ 5,29 98,6 (CH)
6’’ 1,12 18,1 (CH
3
)
1’’’ 5,54 102,1 (CH)
6’’’ 0,79 17,7 (CH
3
)
A comparação dos dados espectroscópicos de RMN de
1
H e
13
C com os da
literatura
21, 22
(Tabela 18) possibilitou a identificação da substância isolada PE-5
como canferol 3,7-O-α-diraminosídeo.
- 40 -
Tabela 18. Dados de RMN de
13
C para substância PE-5 e do canferol
3,7-O-α-diraminosídeo.
C
Canferol 3,7-O-α-
diraminosídeo
PE-5
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1’
2’
3’
4’
5’
6’
1’’
2’’
3’’
4’’
5’’
6’’
1’’’
2’’’
3’’’
4’’’
5’’’
6’’’
156,1
134,5
177,9
160,9
99,5
161,7
94,6
157,8
105,8
120,3
130,7
115,4
160,2
115,4
130,7
98,4
70,1
70,2
71,6
69,8
17,9
101,8
70,3
70,7
71,6
70,1
17,5
158,0
134,7
178,1
161,1
99,7
161,9
94,8
156,3
106,0
120,5
131,0
115,6
160,3
115,6
131,0
98,6
70,5
70,4
71,7
70,0
18,1
102,1
70,5
70,8
71,1
70,2
17,7
- 41 -
6.1.6. Substância PE-6
A substância PE-6 foi isolada da fração acetato de etila como um sólido
amarelo,e sua estrutura foi sugerida como sendo a do canferol-3,O-raminosideo
21,22.
.
A identificação foi realizada pela analise dos dados espectrais de RMN de
1
H
(Figura-24) e de
1
H x
1
H - COSY (Figura-25), e comparação com os da substância
do PE-5. . No espectro de RMN
1
H foram observados os sinais em δ
H
7,38 (d, J= 8,7
Hz), referente aos hidrogênios H-2’ e H-6’; δ
H
6,78(d,J=8,7 Hz), referente aos
hidrogênios H-3’ e H-5’ e em δ
H
6,08 (d, J=3,6 Hz) referente aos hidrogênios H-6 e
H-8, evidenciando assim a unidade aglicona como o canferol, a mesma presente na
substância PE-5 .
A presença de uma unidade glicosídica foi verificada pelo sinal de um
hidrogênio anomérico em δ
H
5,16 (d, J=1,5 Hz). Esta unidade foi caracterizada como
raminose pela presença do sinal de um grupo metílico em δ
H
0,83(d,J=6,3 Hz) e
demais sinais na região de δ
H
3,00-4,00.
Devido a pequena quantidade de material não foi possível a obtenção dos
espectros de RMN
13
C e de HMQC.
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
1
'''
2
'''
3
'''
4
'''
5
'''
6
'''
O
O
O
OH
OH
HO
O
CH
3
OH
OH
OH
- 42 -
6.1.7. Substância PE-7a e PE-7b
PE-7a PE-7b
A substância PE-7a foi isolada da fração FAE-7-6 apresentando-se como um
sólido amarelo, após cristalização com acetona.
O espectro de RMN de
1
H(Figura-26) de PE-7a apresentou sinais para
hidrogênios aromáticos em δ
H
7,80 (d, J= 8,7Hz) e em 6,92 (d,J= 8,7Hz), os dois
com integração para dois hidrogênios cada. Além destes, também foi observado o
sinal em 8,50(s) correspondente a hidroxilas fenólicas. Com base nestes dados
sugeriu-se a presença da calicopteretina como unidade aglicônica.
Observou-se ainda no espectro de RMN
1
H (Figura-26) a presença de
múltiplos sinais na faixa compreendida entre δ
H
4,00 à 3,00, indicando a presença de
unidade glicosídica, sendo que o sinal do hidrogênio anomérico ficou encoberto pelo
solvente.
Devido a pouca quantidade de material, não foi possível a obtenção dos
espectros de RMN de
13
C e DEPT, para a completa elucidação da estrutura PE-7a.
A água mãe foi concentrada e o resíduo resultante forneceu uma substância
codificada como PE-7b.
O espectro de RMN de
1
H (Figura-27) da substancia PE-7b mostrou sinais
correspondentes a unidade aglicona do canferol, pelos sinais na região de
aromáticos em δ
H
7,80(d, J= 8,7Hz), δ
H
6,84(d,J= 8,7Hz) e em δ
H
6,21 (sl) e 6,13(sl).
A presença de sinais na região de δ
H
3,00 a 4,00 e ausência de sinal correspondente
do grupo metila δ
H
0,83 indicou presença de unidade glicosídica, diferente daquela
observada para PE-6.
Devido a pequena quantidade de material não foi possível a determinação de
RMN de
1
H e
13
C e outros dados para a confirmação da unidade glicosídica.
O
OOH
OH
O
HO
HO
OH
GLICOSÍDEO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
O
OOH
OH
O
HO
H
H
GLICOSÍDIO
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
'
2
'
3
'
4
'
5
'
6
'
- 43 -
6.1.8. Substância PE-8
A substância PE-8 foi identificada como sendo o açúcar 2–O–metil–quiro–
inositol, baseado na análise dos dados espectroscópicos obtidos e comparação
destes com os da literatura.
O espectro de RMN
1
H (Figura-28) apresentou sinais para 5 tipos de
hidrogênios na região dos açúcares em δ
H
3,45 (s); 3,39 (dd, J=9,6 e 3,3 Hz); 3,60
(m); 3,74 (dd, J=9,6 e 3,3 Hz); 4,05 (t, J=3,6 Hz); 4,27 (t, J=3,3 Hz). Os espectros de
RMN de
13
C (Figura-29) e de de RMN de
13
C/ DEPT (Figura-30) mostrou , sinais
de carbono saturados em δ
c
83,0 (CH), 75,6 (CH), 74,7(CH), 74,2 (CH), 73,1 (CH),
69,9 (CH) e 59,7 (CH
3
).
As principais atribuições dos deslocamentos químicos dos hidrogênios e
carbonos foram confirmados através das correlações observadas no mapa de
contorno HMQC (Figura-31), Tabela 19.
H
H
OH
H
H
OH
H
O
H
OH
OH
OH
CH
3
1
2
3
4
5
6
- 44 -
Tabela 19 : Correlações
1
H x
13
C observadas no espectro de HMQC para
substância PE-8
C
δ
H
δ
C
(DEPT)
3
4,27
75,6
4
4,06
74,2
5
3,75
73,2
6
3,61
74,7
1
3,61
69,9
2
3,39
83,0
3,45
59,7
A comparação dos dados espectroscópicos de RMN de
13
C com os da
literatura
23
(Tabela 20) possibilitou a identificação da substância isolada PE-8 como
sendo o açúcar 2–O–metil–quiro–inositol.
Tabela 20. Dados de RMN de
13
C (δ ppm, 75,5MHz, D
2
O) para substância
PE- 8 e do 2–O–metil–quiro–inositol
23
.
C 2–O–metil–quiro–inositol. PE-8
1 67,2 69,9
2 80,1 83,0
3 71,9 75,6
4 72,8 74,2
5 70,4 73,1
6 71,2 74,7
56,8
- 45 -
6.1.9. Substância PE-9
A estrutura da substância PE-9 isolada da fração metanólica das sementes foi
sugerida como sendo a do ácido cis-11-eicosenoico. O espectro de RMN de
1
H
(Figura-32) apresentou sinais de dupla na região de δ
H
5,34 (t); e sinais de
hidrogênios metilênicos (CH
2
) e metilico (CH
3
) na região de 0,8-2,5 ppm.
O espectro de RMN de
13
C (Figura-33)apresentou um sinal de grupo
carboxílico em δ
C
175,4, de carbono de dupla ligação em δ
C
130,1, sinais de 16
carbonos metilênicos (CH
2
) na região de 34,0-22,9 ppm e sinal de um carbono
metilíco (CH
3
) em δ
C
14,3.
A comparação dos valores de deslocamentos químicos de RMN de
1
H e
13
C
da substância PE-9 , com o banco de dados do catalogo da Aldrich permitiu sugerir
a estrutura da substância isolada como a do ácido cis-11-eicosenoico. Através do
levantamento bibliográfico observou-se que o ácido cis-11-eicosenoico já foi isolado
na espécie Paullinia cupana
7
.
6.2. Extração ácido-base
A partir da extração ácido-base foram obtidas as frações FAB-1 e FAB-2, estas
foram analisadas em CCD com revelador Dragendorff e utilizando cafeína pura como
padrão. Pela comparação dos Rfs das frações com a do padrão e pela ausência de
manchas características de compostos nitrogenados na revelação com reagente de
Dragendorf, concluiu-se que o extrato bruto de Paullinia elegans não apresenta
derivados da cafeína ou outros alcalóides.
C
O
HO
- 46 -
7. AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES BIOLÓGICAS
7.1. Atividade antioxidante
Diversas pesquisas têm mostrado que as plantas são fontes potenciais de
antioxidantes naturais. Investigações neste sentido sugerem que as propriedades
antioxidantes de plantas podem estar relacionadas com defesa do estresse oxidativo
causado por espécies reativas de oxigênio
24
. As plantas para sua sobrevivência,
produzem vários compostos antioxidantes para capturar estes radicais livres
25
. A
partir de pesquisas de agentes antioxidantes naturais verificou-se que muitas plantas
com comprovada atividade antioxidante apresentam flavonóides como principais
metabólitos secundários.Recentemente, a mais importante atividade biológica
reportada para flavonóides esta relacionada às suas propriedades antioxidantes,
pela ação destes como seqüestradores de radicais livres e inibidores da peroxidação
de lipídios
26
.
Assim, devido a importância da pesquisa de novos agentes antioxidantes e a
presença de flavonóides na espécie estudada, foi realizada a avaliação da atividade
antioxidante do extrato bruto das sementes, das folhas e suas respectivas frações.
Os resultados da avaliação antioxidante da espécie Paullinia elegans estão
apresentados na tabela Tabela 21.
FIGURA 34: Resultado da avaliação antioxidante para fração Acetato de etila.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0
20
40
60
80
EXPERIMENTAL
LINEARIZAÇÃO
LIMITE SUPERIOR
LIMITE INFERIOR
% de Inibição
Concentração μg/L
- 47 -
FIGURA 35: Resultado da avaliação antioxidante para a fração Hidrometanólica das
folhas.
Tabela 21. Dados da avaliação antioxidante de Paullinia elegans.
Amostra
IC
50 (μg/ml)
LC
50(min)
LC
50 (Max)
Extrato bruto das folhas 76,93 74,24 79,62
F.Hexano 457,10 399,38 535,12
F.CHCl
3
319,90 306,40 335,90
F.Acetato 36,70 31,20 44,20
F.Hidrometanólica 30,10 28,50 31,52
Extrato metanólico das
sementes
719,10 622,22 852,26
Extrato aquoso das sementes 712,81 684,23 746,15
BHT 16,9 14,3 20,1
A analise dos dados da Tabela 21 da avaliação da atividade antioxidante pelo
método de descoramento do radical livre DPPH, mostrou que as frações acetato de
etila e hidrometanólica, foram as mais ativas com o IC
50
= 36,70 e 30,10
0 102030405060
0
20
40
60
80
% de Inibição
Concentração μg/mL
- 48 -
respectivamente, apresentando assim maior capacidade “ sequestradora” de radicais
livres.
As frações acetato e aquosa mostraram propriedade antioxidante comparável
a do antioxidante padrão BHT. Como discutido anteriormente, da fração acetato do
etila foram isolados flavonóides contendo como unidades aglicona o canferol, no
caso de PE-5, PE-6 e PE-7b, e a calicopteretina (3,4’, 5, 6, 7,8-hexaidroxiflavona),
no caso de PE-7a. Da fração hidrometanólica foi isolado o açúcar 2-O-metil-quiro-
inositol (PE-8). Estes compostos são provavelmente os responsáveis pelas
atividades antioxidante apresentadas pelas frações acetato de etila e
hidrometanólica.
7.2. Atividade antiinflamatória
Drogas esteroidais são freqüentemente usadas no tratamento de doenças
inflamatórias. Apesar do uso difundido destas drogas, elas são freqüentemente
associadas com efeitos colaterais, causando principalmente problemas
gastrointestinais. Plantas com atividades antiinflamatórias poderiam aumentar a
diversidade de agentes terapêuticos e diminuir os efeitos colaterais.
Em estudos anteriormente realizados
4
verificou-se que o extrato bruto de P.
elegans, administrado por via intragástrica, em dose única de 500 mg/kg de peso
corporal, reduziu significativamente o volume de exsudato inflamatório, quando
comparados aos animais controles. A redução foi de 30,0%. A indometacina (5
mg/kg), utilizada como droga de referência, causou uma redução de 60% no volume
de exsudato inflamatório.
Em nosso estudo foi realizada avaliação da atividade antiinflamatória do
extrato bruto etanólico P. elegans e de suas frações sobre o edema de orelha
induzido pelo óleo de cróton (OC) em camundongos Swiss, machos.
Os resultados mostraram uma potente atividade para o extrato bruto e fração
hexano, com porcentagem de inibição de 74,4 e 76,0 %, respectivamente (Tabela
22) e (Figura 36).
O estudo da fração hexano apresentou como principais constituintes o ácido
3-O-acetiloleanólico, uma mistura de ésteres graxos e friedelanol em pequena
quantidade.
- 49 -
Tabela 22:Porcentagem de inibição do edema de orelha induzido pelo óleo de
cróton (200 μg).
Grupos Dose(mg/orelha) Inibição
OC - -
OC+Indo 1,0 83,3
OC+ET
OC+FH
OC+FC
OC+FA
OC-FM
5,0
74,4
76,0
11,4
26,6
35,4
Extrato total de Pe (ET), Óleo de cróton (OC), Indometacina (Indo), fração hexânica
(FH), fração clorofórmica (FC), fração acetato de etila (FA), fração hidrometanólica
(FM).
Figura 36: Efeito do extrato bruto etanólico P. elegans e suas frações sobre o
edema de orelha induzido pelo óleo de cróton em camundongos
OC
OC +
Indo
O
C+
ET
OC
+
FC
OC + FH
O
C + FAc
OC
+
F
Me
0
5
10
15
20
***
***
*
**
***
#
#
#
Peso (mg)
- 50 -
8.0. CONCLUSÕES
O estudo fitoquímico das folhas P. elegans resultou no isolamento de uma
mistura de ésteres graxos (PE-1), friedelanol (PE-2), ácido3-O-acetiloleanólico (PE-
3), uma mistura dos esteróides 3-O-β-D-glucopiranosil estigmasterol e 3-O-β-D-
glucopiranosil sitosterol (PE-4a e PE-4b), canferol 3,7-O-α-diraminosídeo (PE-5),
canferol-3,O-raminosídeo (PE-6), calicopteretina glicosilada (PE-7), 2-O-metil-quiro-
inositol (PE-8) . O estudo das sementes resultou no isolamento do ácido cis-11-
eicosenoico (PE-9).
A partir da extração ácido-base e análise em CCD das frações obtidas,
conclui-se que o extrato bruto de P. elegans não apresenta derivados da cafeína.
Os ensaios para a avaliação da atividade antioxidante pelo método de
descoramento do radical livre DPPH, mostraram que as frações acetato de etila e
hidrometanólica, foram as mais ativas com o IC
50
= 36,70 e 30,10 respectivamente,
apresentando assim maior capacidade “ sequestradora” de radicais livres.
Os testes da atividade antiinflamatória do extrato bruto etanólico P. elegans e
de suas frações sobre o edema de orelha induzido pelo óleo de cróton em
camundongos machos, demonstraram uma potente atividade para o extrato bruto e
fração hexano, com porcentagem de inibição de 74,4 e 76,0 %, respectivamente
- 51 -
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2003,p.11.
2- Simões, C. M. O. Farmacognosia: da planta ao medicamento. Porto Alegre-
Florianópolis: Editora/UFSC/Editora da UFRGS, 1999.
3 - BAUMANN, T,W.; SCHULTHESS,B.H; Phytochemistry, 39(5), 1063- 1070, 1995.
4 -TRUITI,M.C; FERREIRA,I.C. Brazilian Journal of Medical and Biological
Research,38, 1873-1878, 2005
5- SPITZER,V.J.High Resolut.Chromatogr.,18, 413-416, 1995.
6- SPITZER,V.Phytochemistry, 42, 1357 - 1360, 1996.
7- AVATO,P; PENSANTE,M,A. Lipids, 38(7), 773-780, 2003.
8- MEURER-GRIMES,B; BERKOV,A. Economic Botany, 52(3), 293-301, 1998.
9-CAMPOS,A,R; BARROS,A,I,S. Phytotherapy, 17(10), 1199-1202, 2003
10- WECKERLE, C.S; STUTZ, M.A; BAUMANN, T.W; Phytochemistry, 64, 735–742,
2003.
11- ABOURASHED, E.A; TOYANG, N.J; Journal of Natural Products, 62, 1179–
1181, 1999.
12- BASILE,A; FERRARA,L. Journal of Ethnopharmacology, 102, 32-36, 2005.
13- CRONQUIST, A. An Integrated System of Classification of Flowering Plants.
Columbia University Press. New York.
- 52 -
14- VAN ARMAN, G. C. Anti-inflammatory drugs. Clinical Pharmacology and
Therapeutics, v.16, 900-04, 1974.
15 –QUEIROGA, C. L. , SILVA, G.F, DIAS, P.C , J. Ethnopharmacol, 72, 465-468,
2000.
16- DUWIEJUA, M; ZEITLIN, I, J. Planta Medica, 65(4), 371-374, 1999.
17- CORSINO, J.; CARVALHO, P,R,F, Phytochemistry, 55, 741-748, 2000
18- MAHATO, S, B.; KUNDU, A . P.; Phytochemistry, 37(6), 1517-1575,1994. (review
article number 98).
19- ALAN, M. S.; CHOPRA, N.; ALI, M.; NIWA, M, Phytochemistry, 41, 4,1197-1200,
1996.
20- MATIDA, A. K.; ROSSI, M. H.; BLUMENTHAL, E. E. A.; SCHUQUEL, I. T. A.;
MALHEIROS, A.; VIDOTI, G. J, Anais Assoc. Bras. Quim, 45(3),147-151, 1996
21- MULINACCI, M.; BALDI, V. A.; ALBIERTI, M. B.; SENDL, A.; WAGNER, H..
Phytochemistry, 38,531-533, 1995
22- MORENO, A.; MARTIN-CORDERO, C.; GUERRA, F. I.; TORO, M. V,
Biochemical Systematics and Ecology, 30, 73-74, 2002.
23- BREITMAIER, E. carbon-13 NMR Spectroscopy.Editora:VCH, p.400, 1990.
24-MALENCIC, D, J. Phytoterapy Research, 14, 546-548, 2000.
25-VILAMA, S; ADENAN, M, I; Journal of Tropical Forest Products, 5, 32-38, 1999
26- HANASAKI, Y. Free Radical Biology Medicine, 16, 845-850, 1994
- 53 -
ANEXOS
- 54 -
Figura-1: Espectro de RMN de
1
H (300 MHz, CDCl
3
) de PE-1.
- 55 -
Figura-2: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, CDCl
3
) de PE-1.
- 56 -
Figura-3: DEPT 135 e 90 de PE-1.
- 57 -
Figura-4: Cromatograma da fração PE-1 obtido pela análise por CG-EM.
1
2
3
4
- 58 -
Figura- 5: Espectro de RMN de
1
H (300 MHz, CDCl
3
) de PE-2.
- 59 -
Figura-6: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, CDCl
3
) de PE-2.
- 60 -
Figura-7: Espectro de massas de baixa resolução de PE-2.
- 61 -
Figura-8: Mapa de contornos
1
H x
1
H - COSY de PE-2.
- 62 -
Figura-9: Espectro de HMQC de PE-2.
- 63 -
Figura-10: Espectro de RMN de
1
H (300 MHz, CDCl
3
) de PE-3.
- 64 -
Figura-11: DEPT 135 e 90 de PE-3.
- 65 -
Figura-12: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, CDCl
3
) de PE-3
- 66 -
Figura-13: Mapa de contornos
1
H x
1
H - COSY de PE-3.
- 67 -
Figura-14: Espectro de HMQC de PE-3.
- 68 -
Figura-15: Espectro de RMN de
1
H (300 MHz, CDCl
3
) de PE-4a e PE-4b.
- 69 -
Figura-16: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, CDCl
3
) de PE-4a e 4b.
- 70 -
Figura-17: DEPT 135 e 90 de PE-4a e 4b.
- 71 -
Figura-18: Espectro de IV de PE-5.
- 72 -
Figura-19: Espectro de RMN de
1
H (300 MHz, CDCl
3
) de PE-5
- 73 -
Figura-20: Mapa de contornos
1
H x
1
H - COSY de PE-5.
- 74 -
Figura-21: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, DMSO) de PE-5.
- 75 -
Figura-22: DEPT 135 e 90 de PE-5.
- 76 -
Figura-23: Espectro de HSQC de PE-5.
- 77 -
Figura-24: Espectro de RMN de
1
H(300 MHz, D
2
O) de PE-6.
- 78 -
Figura-25: Mapa de contornos
1
H x
1
H - COSY de PE-6.
- 79 -
.
Figura-26: Espectro de RMN de
1
H(300 MHz, D
2
O) de PE-7a.
- 80 -
Figura-27: Espectro de RMN de
1
H(300 MHz, D
2
O) de PE-7b.
- 81 -
Figura-28: Espectro de RMN de
1
H(300 MHz, D
2
O) de PE-8
- 82 -
Figura-29: Espectro de RMN de
13
C (75,5MHz, D
2
O) de PE-8.
- 83 -
Figura-30: DEPT 135 e 90 de PE-8.
- 84 -
Figura-31: Espectro de HMQC de PE-8.
- 85 -
Figura-32: Espectro de RMN de
1
H(300 MHz, CDCl
3
) de PE-9
- 86 -
Figura-33: Espectro de RMN de
13
C(300 MHz, CDCl
3
) de PE-9
- 87 -
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