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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO
MARCOS AURÉLIO BATISTA
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E PROFISSIONAL: UM
ESTUDO COM OS DOCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
SUPERIOR
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BIGUAÇU – SC
2005
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MARCOS AURÉLIO BATISTA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO:
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E PROFISSIONAL: UM ESTUDO
COM OS DOCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
Dissertação apresentada como avaliação final
do Programa de Mestrado Acadêmico em
Administração na Universidade do Vale do
Itajaí UNIVALI, Centro de Educação
Biguaçu.
Orientadora: Profª. Christiane Kleinübing
Godoi, Dra.
Biguaçu
2005
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MARCOS AURÉLIO BATISTA
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E PROFISSIONAL: UM ESTUDO
COM OS DOCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em
Administração e aprovada pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Administração
na Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Centro de Educação Biguaçu.
Área de Concentração: Administração
Biguaçu, 28 de julho de 2005
Profa. Dra. Christiane Kleinübing Godoi
PMA - UNIVALI – Biguaçu
Orientadora
Prof. Dr. Rodrigo Bandeira de Mello
UNIVALI – CE de Biguaçu
Membro
Profa. Dra. Suzana da Rosa Tolfo
UFSC – Florianópolis
Membro
DEDICATÓRIA
À memória de Sebastião Martins Batista e
Deusa Edith Pereira Batista, meus pais,
que me ensinaram a escolher os caminhos
do bem, da moral e da justiça, e sempre
estiveram comprometidos com o meu
desenvolvimento educacional, profissional
e ético.
AGRADECIMENTOS
Todos aqueles que se aventuram a realizar um curso de mestrado, têm a
consciência que se faz necessário que o mestrando esteja firme em seus propósitos
para não desanimar diante das dificuldades do caminho, mas que fundamentalmente
encontre nas pessoas que o rodeiam, um apoio incondicional, além de um alto grau
de compreensão em virtude da ausência social em que esta pessoa se encontrará,
dedicando horas e horas de estudo solitário.
Atingindo-se o resultado esperado, percebe-se que direta ou indiretamente, muitas
pessoas contribuíram para o sucesso alcançado, sentindo-se a necessidade de
agradecer. Entretanto, foram tantas as pessoas, que se torna inviável agradecer a
todos pessoalmente. Assim, diante da impossibilidade de fazê-lo a cada um, refiro-
me a alguns, intencionando fazê-lo a todos.
Inicialmente, agradeço aos meus familiares que souberam compreender minha
ausência, e que dentro das suas possibilidades, estiveram do meu lado. Obrigado,
Lincoln, Maycon, Sibele, Maris e Marlos.
À minha orientadora, Professora Christiane, que soube me estimular, desafiar e me
direcionar para o caminho a seguir.
À banca examinadora, pelas suas contribuições para a qualidade do meu trabalho.
Ao Programa de Mestrado, que sempre primou pela qualidade dos ensinamentos,
salientando a dedicação da secretária Cristina, sempre pronta a nos atender.
Ao campus de Balneário Camboriú, nas pessoas do seu diretor, Prof. Carlos
Tomelin, que sempre se mostrou acessível e sua secretária, Roberta, que não mediu
esforços para contribuir para a conclusão do trabalho.
Aos professores respondentes, pelo interesse em participar da pesquisa.
A finalmente a Deus, pelas oportunidades que tem me proporcionado, pela vida e
pela fé no futuro depositada em mim.
Muito Obrigado!
Quando iniciamos a vida,
Cada um de nós recebe um bloco de
mármore e as ferramentas necessárias para
convertê-lo em escultura.
Podemos arrastá-lo intacto a vida toda,
reduzi-lo a cascalho ou podemos dar-lhe
uma forma gloriosa.
(Richard Bach)
RESUMO
BATISTA, Marcos Aurélio. Comprometimento Organizacional e Profissional: Um
estudo com os docentes de uma instituição de ensino superior. Dissertação de
Mestrado (Mestrado em Administração) Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu,
2005. 120f.
O comprometimento do empregado com o trabalho tornou-se uma das temáticas
discutidas nas pesquisas científicas decorrente da realidade atual do mercado de
trabalho. Dentre os múltiplos focos pode-se destacar o comprometimento com a
organização e com a sua profissão. O presente estudo buscou analisar a correlação
entre o comprometimento profissional e as dimensões do comprometimento
organizacional dos docentes de uma instituição do ensino superior. Trata-se de uma
pesquisa quantitativa, sendo que para a obtenção dos dados foi utilizada uma escala
de mensuração desenvolvida a partir da junção da escala de mensuração do
comprometimento organizacional, desenvolvida por Meyer e Allen, com a escala de
mensuração do comprometimento profissional, proposta por Aranya, Pollock e
Amernic. A amostra foi composta de 104 professores do Centro de Educação de
Balneário Camboriú da Universidade do Vale do Itajaí. Os resultados revelaram que
as dimensões do comprometimento organizacional afetiva, instrumental e
normativa – estão correlacionadas com o comprometimento profissional (normativa –
0,345, afetiva – 0,338 e instrumental – 0,258), entretanto, percebeu-se que é maior a
correlação na dimensão normativa, correspondendo a sustentação dos princípios
éticos, demonstrando que a organização corresponde aos valores morais do
profissional. Num segundo momento, percebeu-se a correlação com a dimensão
afetiva, sugerindo que o profissional necessita estar vinculado a uma organização
que proporcione reconhecimento da sua profissão, e em menor grau, observou-se a
correlação com o comprometimento instrumental, apontando para o fato de que os
indivíduos demonstram necessitar do seu emprego, mas não o vêem com única
fonte de recursos.
O presente trabalho, dessa forma,
contribuiu para o entendimento
das variáveis do comprometimento e suas correlações, ajudando a compreender o
complexo mundo do trabalho atual e contribuindo com os gestores na tomada de
decisão.
Palavras-chave: Comprometimento organizacional. Comprometimento Profissional.
Docentes do ensino superior.
ABSTRACT
BATISTA, Marcos Aurélio. Comprometimento Organizacional e Profissional: Um
estudo com os docentes de uma instituição de ensino superior. Dissertação de
Mestrado (Mestrado em Administração) Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu,
2005. 120f.
The commitment of the employee to his work has become one of the most discussed
studies in scientific research, decurrent of the present time work market. Among the
multiple focuses can be detached the commitment to the organization and to the
profession. This study has the objective to analyze the correlation between the
professional commtiment and the dimensions of the organizacional commitment of
professors of a superior education institution. It is a quantitative research that, to
obtain its data, used the scale of measurement developed by Meyer and Allen joined
to the professional commitment measuration proposed by Aranya, Pollock and
Amernic. The sample was composed after a research that interviewed 104
professors of the Education Center of Balneário Camboriú of the Universidade do
Vale do Itajaí. The results disclosed the dimensions of organizacional commitment -
affective, normative and instrumental (normative - 0,345, affective - 0,338 and
instrumental - 0,258). However, it was perceived that the normative dimension was
the highest, wich corresponds to moral values of the professionals. It was also
perceived that there is a correlation with the affective dimension. The results suggest
that the professional needs the link with the organization, that provides recognition to
his profession. And, at a minor degree, was observed the correlation with the
instrumental commitment, pointing to the fact that the individual’s nedd their work but,
they don’t see it as a unique source of resources. This study has the purpose to help
managers to understand the variables of commtiment and their relation, helping them
in decision taking in the complex world of the present time work.
Key-Words: Organizational Commtiment. Professional Commitment. Professors.
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01 – Definições de Comprometimento Organizacional.................
27
QUADRO 02 – Correspondência entre as dimensões sugeridas pelos
pesquisadores do comprometimento....................................
36
QUADRO 03 – Histórico das pesquisas de correlação realizadas entre
comprometimento organizacional e comprometimento
profissional............................................................................
53
QUADRO 04 – Histogramas dos itens do Comprometimento Afetivo........... 74
QUADRO 05 – Histogramas dos itens do Comprometimento Instrumental.. 75
QUADRO 06 – Histogramas dos itens do Comprometimento Normativo..... 76
QUADRO 07 – Histogramas dos itens do Comprometimento Profissional... 77
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01 –
Visualização das médias e desvios-padrões dos fatores do
Comprometimento Organizacional............................................
72
GRÁFICO 02 –
Visualização das médias e desvios-padrões do
Comprometimento Profissional..................................................
74
GRÁFICO 03 –
Diagrama de Dispersão do cruzamento dos Fatores do
Comprometimento Organizacional com o Comprometimento
Profissional.................................................................................
80
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 – Quantidade de artigos analisados por ENANPAD................ 26
TABELA 02 –
Modelos de comprometimento utilizados..............................
27
TABELA 03 – Total de professores por curso versus total de
respondentes........................................................................
61
TABELA 04 – Coeficiente de Alpha Cronbach dos fatores do
comprometimento organizacional.........................................
63
TABELA 05 – Coeficiente de Alpha de Cronbach do comprometimento
profissional............................................................................
64
TABELA 06 – Coeficiente de Alpha Cronbach do Comprometimento
Profissional, excluindo as questões CP07 e CP12...............
64
TABELA 07 – Fator Matrix do Comprometimento Organizacional.............. 65
TABELA 08 – Rotação do Fator Matrix do Comprometimento
Organizacional através do Método Varimax com
Normalização Kaiser.............................................................
66
TABELA 09 – Fator Matrix do Comprometimento Organizacional com
exclusão de itens..................................................................
67
TABELA 10 - Rotação do Fator Matrix do Comprometimento
Organizacional com exclusão de itens através do Método
Varimax com Normalização Kaiser.......................................
68
TABELA 11 - Fator Matrix do Comprometimento Profissional....................
69
TABELA 12 - Fator Matrix do Comprometimento Profissional após a
exclusão dos itens com baixo peso fatorial..........................
70
TABELA 13 – Médias e desvios-padrões dos itens que medem o
comprometimento organizacional.........................................
71
TABELA 14 – Estatísticas descritivas referentes às variáveis (escalas)
que medem o comprometimento profissional.......................
73
TABELA 15 – Correlação entre os fatores do comprometimento
organizacional com o comprometimento profissional...........
78
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13
1.1 Justificativa do Estudo ............................................................................ 13
1.2 O Tema e o Problema............................................................................... 15
1.3 Objetivos................................................................................................... 18
1.4 Contextualização da empresa................................................................. 18
1.5 Organização da Pesquisa........................................................................ 20
2 COMPROMETIMENTO NO TRABALHO ......................................................... 21
2.1 Comprometimento Organizacional: Origens e Definições ................... 23
2.1.1 O caráter multidimensional do comprometimento organizacional ... 27
2.1.2 Determinantes, Conseqüentes e Correlatos do Comprometimento
Organizacional................................................................................. 37
2.2 O Comprometimento Profissional: definições e origens...................... 39
2.3 A Relação entre o Comprometimento Organizacional e o
Comprometimento Profissional .............................................................. 45
3 METODOLOGIA ............................................................................................... 55
3.1 Abordagem Metodológica ....................................................................... 55
3.2 Estratégia de Pesquisa ............................................................................ 56
3.3 Delimitação do Estudo............................................................................. 57
3.4 Formulação das Hipóteses...................................................................... 57
3.5 Instrumento de Pesquisa......................................................................... 59
3.6 Coleta de Dados ....................................................................................... 60
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................ 62
4.1 Mensuração da confiabilidade do instrumento a partir da Análise do
Coeficiente Alpha de Cronbach .............................................................. 63
4.2 Análise Fatorial......................................................................................... 64
4.3 Estatística descritiva dos dados............................................................. 71
4.4 Análise da Correlação entre o Comprometimento Profissional e os
fatores do Comprometimento Organizacional....................................... 78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 82
5.1 Limitações e Sugestões de novas pesquisas........................................ 87
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 89
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa do Estudo
No atual contexto das organizações, as relações de trabalho e o
comportamento organizacional têm passado por consideráveis mudanças de caráter
social, cultural e tecnológico. Meyer e Allen (1997a) alertam que a ênfase está sendo
colocada na flexibilização e na eficiência e as empresas precisam ser capazes de se
adaptar às mudanças, cortando custos para se tornarem competitivas.
Termos como
Downsizing
surgiram, reduzindo níveis hierárquicos da
organização, em especial da média gerência, buscando a desburocratização e
flexibilização da atividade administrativa, além de melhorias na comunicação e
reduções de custos, fazendo com que as organizações tornem-se mais enxutas.
Corroborando com essa assertiva, Meyer e Allen (1997a) asseguram que, uma vez
que o número de funcionários está diminuindo, os empregados que permanecem
representam “o coração” (grifo dos autores), o cérebro e os músculos da
organização. Para os autores, os trabalhos desses empregados estão sendo feitos
diferentemente dos seus predecessores e as tarefas e responsabilidades de forma
fixa estão desaparecendo e sendo substituídas por papéis mais abrangentes que
requerem uma maior variedade de habilidades, com uma capacidade para adaptar-
se às exigências das situações do dia-a-dia. Ainda, como as novas tecnologias,
muitas tarefas mais operacionais estão sendo realizadas por máquinas e
computadores e as tarefas que permanecem para as pessoas requerem um grau
maior de conhecimentos, habilidades e atitudes, que geralmente carecem de
treinamentos especializados, que geram investimentos financeiros substanciais por
parte das organizações e, uma vez treinados, esse empregados tornam-se
empregáveis.
Meyer e Allen (1997a) esclarecem que o comprometimento ainda ser de curta
duração, com foco em um contrato ou projeto e consideram que empregados
comprometidos provavelmente apresentam maior predisposição em permanecer na
14
empresa do que empregados descomprometidos. Esclarecendo que, ao considerar
as relações de trabalho, os empregados estão percebendo que não devem se tornar
muito apegados às organizações, procurando assegurar-se em se tornar
empregáveis no caso de suspensão do trabalho.
Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2001) concordam ao sugerir que as
organizações deverão formar equipes de trabalho que apresentem altos níveis de
eficiência e estejam comprometidas com os negócios da organização” (p.41). E
atentam que se torna salutar para os gestores perceberem como as relações de
trabalho são estabelecidas e como elas influenciam a conduta dos trabalhadores,
bem-estar, suas contribuições para a eficácia organizacional e as formas de
comprometimento no trabalho. e Lemoine (1998) complementam argumentando
que o comprometimento se apresenta como uma vantagem competitiva para as
organizações em tempos de grande concorrência.
O comprometimento do empregado com o trabalho tornou-se uma das
temáticas discutidas nos meios acadêmicos, nas pesquisas científicas e na visão
dos modernos gestores de pessoas. Bastos (1998) salienta que é possível
questionar qual a relevância de se estudar o comprometimento no trabalho em um
momento de fortes dúvidas sobre a própria continuidade do emprego, em uma
época de precarização das relações de trabalho e de estímulo a que cada
trabalhador construa a sua carreira, não tendo como referência central uma
organização empregadora. Entretanto, o autor salienta que, em uma perspectiva
contrária, pode-se argumentar que é exatamente em um momento como este, no
qual as organizações estão fortemente expostas às pressões por qualidade e
competitividade, que mais necessitam de uma força de trabalho efetivamente
comprometida com a sua missão e valores e sugere que, perspectivas opostas,
como essas, tornam prioritária a relevância e atualidade dos estudos sobre
comprometimento no trabalho. Complementa ainda que, na realidade, o contexto de
turbulência e mudança, mais do que amortecer o interesse, tem estimulado a
investigação do tema. A convicção de que o presente momento é fecundo para gerar
conhecimentos significativos sobre o vértice que une indivíduos, trabalho e
organizações, tem levado à investigação da natureza e os fatores associados à
emergência de vínculos de comprometimento entre trabalhadores e diferentes
aspectos do seu mundo do trabalho.
15
1.2 O Tema e o Problema
Meyer e Allen (1997a) sugerem que os comprometimentos desenvolvem-se
naturalmente, e acreditam que as pessoas necessitam estar comprometidas com
alguma coisa e esclarecem que o contrário do comprometimento é a alienação, e
alienação é doentia. Neste raciocínio, se os empregados se tornam menos
comprometidos com as organizações, consideravelmente, estes canalizarão seus
comprometimentos em outras direções, como carreira, profissão, passatempos, etc.
E consequentemente, o comportamento desses focos no comprometimento podem
ter implicações para o relacionamento dos empregados com as suas organizações.
Os autores sugerem que funcionários comprometidos com a organização e que não
percebem essa reciprocidade podem tornar-se somente comprometidos com a sua
ocupação ou profissão. Assim, esses funcionários, podem começar a desenvolver
suas aptidões e experiências, buscando-se adequar suas habilidades com as
necessidades do mercado, influenciando no comprometimento com a organização
em si.
Bastos (1998) procura compreender esses tipos de comprometimento, ao
considerar que a natureza do processo de trabalho, sob o efeito das novas
tecnologias, requer todo um novo ajuste da relação indivíduo com seu posto de
trabalho, vínculo primário, fonte de recompensas intrínsecas e de expressão de
valores mais centrais da vida pessoal. Para o autor, as novas estratégias de gestão
da força de trabalho, os novos arranjos organizacionais, a crise do emprego têm, no
geral, enfraquecido o papel dos sindicatos na vida do trabalhador. A noção de
carreira tem sofrido forte alteração, voltando-se para enfatizar o papel do próprio
indivíduo na construção de sua carreira, não necessariamente (e até
desejavelmente) no interior de uma mesma organização. As ocupações e profissões
têm-se reestruturado e mudado de posição na hierarquia dos valores sociais a elas
associados. Finalmente, as próprias organizações estão alterando a sua estrutura,
estilos de gestão e as políticas de compensação tradicionalmente utilizadas para
atender às expectativas dos seus empregados, em uma direção cujo termo
flexibilização parece descrever adequadamente o processo. Lembra ainda, que a
importância dos clientes é enfatizada, o papel dos gestores tem-se redimensionado
16
perante as exigências de qualidade, competitividade e autonomia dos empregados e
as equipes/grupos ganham novo significado como unidades basilares do processo
de organização do trabalho. O autor sugere que se impõe explorar as implicações
das mudanças em todos esses importantes focos da vida de qualquer trabalhador
sobre os sentimentos, cognições e disposições comportamentais, abrindo um largo
campo de pesquisas, onde pouca evidência empírica existe acumulada, apesar do
tema ser elemento importante dos discursos sobre novas tendências do trabalho e
das organizações.
Dentre outros elementos do comportamento organizacional, o
comprometimento do empregado com o trabalho tornou-se uma das temáticas
discutidas nos meios acadêmicos, nas pesquisas científicas e na visão dos
modernos gestores de pessoas. Entretanto, o que se observa é uma variedade de
considerações, contextualização e argumentos no que se refere ao termo. Dentre as
múltiplas possibilidades de entendimentos que os estudos sobre comprometimento
permitem, múltiplos aspectos podem ser citados como referencial para o
comprometimento do indivíduo: a própria organização, a sua profissão, o seu
sindicato, o grupo de trabalho, o conjunto de tarefas que executa, os objetivos ou
metas do trabalho, dentre outros. Aspectos fora do trabalho também podem
influenciar esse vínculo do trabalhador, a exemplo de sua família, religião, partido
político. Tais focos de comprometimento podem ter relação ou não. Nesse contexto,
entender como os tipos de comprometimentos se desenvolvem e como o indivíduo
articula seus vínculos com diferentes focos do comprometimento torna-se relevante.
O presente trabalho tomou como objeto de estudo o comprometimento com a
profissão e organização, focos que, classicamente, vêm sendo investigados,
embora, de formas isoladas. A pesquisa sobre comprometimento organizacional já
possui dados acerca dos seus determinantes, correlatos e conseqüentes, que
podem ser observados nos trabalhos de Meyer e Allen (1997a e 1997b), Mathieu e
Zajac (1990), Bastos (1993) e Medeiros (2003), entre tantos outros pesquisadores
da área. O estudo do comprometimento com a profissão, no entanto, apresenta
menor volume de pesquisas, destacando-se entre os poucos pesquisadores da área,
Aranya e seus pares (ARANYA E JACOBSON, 1975; ARANYA, POLLOCK e
AMERNIC, 1981; ARANYA, LACHMAN e AMERNIC, 1982; ARANYA e FERRIS,
17
1983 e ARANYA, KUSHNIR e VALENCY, 1986) e, portanto, caracteriza-se por um
campo com múltiplas questões em aberto.
Embora seja uma questão discutida há algumas décadas, o dilema
organização–profissão assume, hoje, papel importante quando se pensa nos
vínculos do trabalhador diante de questões atuais como a instabilidade do mercado
de trabalho e a necessidade do empregado em se especializar para se manter neste
mercado. Autores diversos (tais como MOTTA, 1997; KANTER, 1997; GOTTLIEB e
CRONKLING, 1995) reconhecem os paradoxos criados pelas mudanças em curso
nas organizações e no trabalho e, com ligeiras variações, enfatizam que o nculo
com a organização empregadora tende a se enfraquecer; assim, resta ao
trabalhador fortalecer o comprometimento com a sua profissão, sem a expectativa
de ancorá-la em um único emprego, e à organização cabe identificar novas formas
de procurar manter seus profissionais na organização.
O estudo simultâneo do comprometimento frente aos dois focos profissional
e organizacional - conta com uma trajetória apenas razoável de pesquisa, o que
sugere a necessidade de aprofundamento no tema, como pode ser observado no
material bibliográfico coletado para a pesquisa. Buscando-se contribuir com a
comunidade científica, percebeu-se que o profissional professor universitário
apresenta as características básicas essenciais para a construção dos conceitos.
Com base nestas premissas, originou-se o problema de pesquisa que questiona:
Qual a relação entre o comprometimento organizacional e o comprometimento
profissional dos profissionais docentes de instituições do ensino superior?
18
1.3 Objetivos
Para responder ao problema de pesquisa, o objetivo geral deste trabalho é:
Analisar a relação entre o comprometimento profissional dos docentes e
as dimensões do comprometimento organizacional.
Os objetivos específicos são:
Caracterizar as dimensões e fatores do comprometimento organizacional
predominantes entre os docentes;
Reconhecer a intensidade do comprometimento profissional entre os
sujeitos pesquisados;
Verificar o grau de relação de cada uma das dimensões do
comprometimento organizacional – afetiva, instrumental e normativa – com
o comprometimento profissional dos indivíduos.
1.4 Contextualização da empresa
Procurou-se identificar profissionais que pudessem evidenciar as proposições
discutidas. Assim, como delimitação de estudo, optou-se por identificar o
comprometimento profissional de professores universitários, elegendo-se como
população o quadro de professores da Universidade de Vale do Itajaí, campus de
Balneário Camboriú, sendo autorizado pela direção do campus (Anexo 01).
O campus de Balneário Camboriú foi criado pela Resolução n.º 01/90/CUn,
em 19 de janeiro de 1990, com a abertura do Curso de Turismo e Hotelaria.
Atualmente, possui 16 cursos, sendo que se pode citar os cursos de bacharelado
em: Arquitetura e Urbanismo (criado em 1995), Administração com ênfase em
Marketing e Nutrição (criados em 1996), Design Industrial (criado em 1997), Gestão
de Lazer e Eventos (criado em 1998), Gastronomia e Direito (criados em 1999),
19
Administração com ênfase em Gestão Empreendedora, Administração com ênfase
em Recursos Humanos, Design Moda e Licenciatura em Pedagogia (criados em
2000) e o Curso de Design Gráfico (criado em 2004). Possui ainda o Curso de
Tecnólogo em Cosmetologia e Estética (criado em 2004) e os Seqüenciais em
Organização de Eventos e Cozinheiro Chef
Pâtissier
(ambos também criados em
2004).
Em sua estrutura, ainda oferece os Programas
Stricto Sensu
de Mestrado
(criado em 1997 e aprovado pela CAPES) e Doutorado em Turismo e Hotelaria
(criado em 2002, aprovado pelo Conselho Estadual de Educação e aguardando
aprovação da CAPES), além do CAU (Colégio de Aplicação) oferecido aos alunos de
2º grau.
Cabe salientar que o campus destaca-se pela sua excelência em Turismo e
Hotelaria, onde todos os outros cursos voltam-se para essa temática e que o próprio
curso de turismo aparece com conceito “A” no guia do estudante de 2004. O campus
busca oferecer uma formação em áreas de vanguarda e sua infra-estrutura e cursos
são voltados para a articulação “teoria-prática”. Contando atualmente com 51 salas
ambientes, 34 laboratórios, 02 auditórios e 01 sala de videoconferência para atender
sua demanda e sua biblioteca conta com acervo atualizado com mais de 12 mil
títulos bibliográficos.
No segundo semestre de 2004, foco da presente pesquisa, o seu quadro de
professores era composto de 288 professores, sendo que 51% do corpo docente
apresentavam titulação de mestrado ou doutorado, e um número expressivo de
docentes possuía relevante experiência profissional no mercado de trabalho. Tal
universo mostrou-se ideal e acessível para a realização da presente pesquisa.
20
1.5 Organização da Pesquisa
Inicialmente buscou-se resgatar as teorias existentes sobre as variáveis do
estudo. Assim, no capítulo 02 se concentra nos fundamentos sobre
comprometimento organizacional, seus antecedentes históricos, sua
multidimensionalidade e seus determinantes e conseqüentes. A seguir, buscou-se
compreender o comprometimento profissional, distinguindo-o dos seus correlatos,
tais como carreira e ocupação, resgatando as pesquisas existentes na área e
perceber a importância desse construto. E finalmente, procurou-se conhecer os
estudos existentes no Brasil e no exterior que confirmam ou questionam o
relacionamento entre o comprometimento organizacional e profissional.
Devidamente embasado pelas contextualizações existentes no âmbito
científico, o capítulo 3 descreve a metodologia utilizada no trabalho e a adequação
do objeto de estudo a uma abordagem metodológica, determina a estratégia de
pesquisa utilizada, a delimitação de estudo, a formulação das hipóteses, bem como
os instrumentos e a forma de coleta de dados.
No capítulo 4, apresenta-se a análise dos resultados, procurando apontar
dados estatísticos para se estabelecer a confirmação ou refutação das hipóteses de
pesquisa. Inicialmente, procurou-se medir a confiabilidade interna de cada uma das
escalas, através da análise fatorial e da análise do coeficiente
Alpha de Cronbach.
A
seguir foram conhecidas as médias e desvios padrões das variáveis, através da
estatística descritiva. E, finalmente, analisou-se a correlação entre o
Comprometimento Profissional e as dimensões do Comprometimento
Organizacional, com vistas a se atingir os objetivos propostos.
O capítulo 5 apresenta as considerações finais sobre a pesquisa, realiza uma
análise geral sobre o trabalho desenvolvido e os resultados obtidos, bem como
expõe as limitações do trabalho e apresenta sugestões para a realização de
pesquisas futuras.
21
2 COMPROMETIMENTO NO TRABALHO
Sobre o comprometimento do trabalho, Meyer e Allen (1997a) compreendem
que grandes motivos para se aprofundar os estudos na construção do conceito
de forma a distinguir o comprometimento organizacional de satisfação no trabalho,
envolvimento com o trabalho, avanço na carreira, comprometimento ocupacional,
comprometimento profissional, entre outros e propõe que o empregado pode ter
diversos perfis de comprometimento e que o conflito pode existir entre os
comprometimentos de um empregado.
O Comprometimento no trabalho tem sido estudado sob várias vertentes de
conceituação e mensuração, onde múltiplos conceitos estão associados ao uso
desse conceito. O termo comprometimento, originário do latim
committere,
que em
inglês (onde surgiu o termo
commitment
na área organizacional) o verbo
to commit
possui uma amplitude de significados, quais sejam: a) confiar a (prisão, asilo),
colocar sob custódia, por a salvo (em lugar seguro), significados que têm em comum
a noção de afastar, de retirar algo ou alguém de um lugar ou condição para outra; b)
encarregar, comissionar, designar; c) perpetrar ou desempenhar (no sentido
negativo), fazer algo errado, repreensível, cometer uma ofensa; d) desenvolver,
juntar, engajar. (OXFORD Dictionary; WEBSTER´S Dictionary). na língua
portuguesa, o termo não tem a mesma abrangência. No Brasil, palavra latina
committere
originou a palavra cometer, enquanto
comprommittere
gerou a palavra
comprometer. Comprometer, segundo Ferreira (2001) significa: a) obrigar por
compromisso; b) implicar, envolver; c) expor a perigo, perda; d) pôr (alguém) em
situação suspeita, ou má; e finalmente e) tomar compromisso.
Bastos (1994b) assinala dois significados distintos, onde um primeiro
significado se refere à noção de ocorrência de ações que impedem ou dificultam a
consecução de um determinado objetivo e, um outro significado diz respeito à noção
de engajamento, colocar-se junto, agregamento, envolvimento. O autor compreende
que essas palavras expressam a idéia de que um indivíduo faz parte, integra ou está
envolvido com um determinado objeto, traduzido em um conjunto de crenças, uma
ideologia, uma teoria, ou, ainda, um conjunto de regras de como agir quanto a algo
concreto como uma entidade, uma pessoa, uma tarefa, etc. Para ele, tais
22
significados estão associados ao termo compromisso que por sua vez estende-se à
idéia de assumir responsabilidade, tornar-se responsável por, obrigar-se por
compromisso. Essa última noção, diferentemente da anterior, ressalta a força de um
vínculo que traz no seu bojo, principalmente, a expectativa de que as ações
conduzirão a um resultado desejável.
Num segundo momento, Bastos (1994b, p. 86) ressaltou o comprometimento
e o seu caráter disposicional: “como uma disposição, comprometimento é usado
para descrever não ações, mas o próprio indivíduo é tomado como um estado,
caracterizado por sentimentos ou reações afetivas positivas tais como lealdade em
relação a algo”. O autor sugere que o comprometimento é ainda uma propensão à
ação, de se comportar de determinada forma, de ser um indivíduo disposto a agir.
Meyer e Allen (1997a) sugerem que a visão exata do comprometimento ainda
é uma visão estereotipada, quando se presume que comprometimento reflete
lealdade e boa vontade para trabalhar pelos objetivos organizacionais. Para os
autores, o termo comprometimento tem outros significados e compreendem que
existem vários tipos de comprometimento, tais como o comprometimento com a
ocupação, com a profissão, com a carreira, com o sindicato, e ainda, com situações
fora do trabalho, não inerentes à organização, mas que influenciam no seu
comportamento no trabalho. Percebem ainda que seja importante entender as
condições que contribuem para o desenvolvimento do comprometimento e as
conseqüências desse comprometimento, na perspectiva dos colaboradores.
A revisão teórica a seguir busca, além de clarificar as especificidades de
alguns desses estudos, se focar nos padrões de comprometimento organizacional e
comprometimento profissional, buscando definições e contextualizando-os, para
servir como base para o estudo empírico do trabalho.
23
2.1 Comprometimento Organizacional: Origens e Definições
O estudo do comprometimento trabalho e pelo conjunto de transformações
por ele desencadeado tem despertado interesse por parte dos pesquisadores.
Segundo Bastos (1994c), uma das preocupações das organizações é buscar
pessoas que simplesmente não estejam trabalhando para a obtenção de bons
salários ou por benefícios imediatos, mas sim pelo prazer de trabalhar, pelo
significado que o trabalho tem para a sua vida. Para o autor
,
compreender a
importância de se criar condições para que os empregados participem efetivamente
do seu trabalho, tendo orgulho e lutando pelo futuro da empresa, tem sido uma
estratégia fundamental diante da economia competitiva. Pois, estando as pessoas
comprometidas com o trabalho e com os resultados, estarão contribuindo com a
apresentação de sugestões visando melhorias contínuas, sentindo-se integrantes do
processo, com sua permanência na empresa, bem como, na luta pela sobrevivência
da mesma.
Quando o foco do comprometimento é a organização, os estudos geralmente
são dirigidos para o vínculo psicológico entre o indivíduo e a organização. Mowday,
Porter, e Steers (1979), por exemplo, concebem o comprometimento quando os
indivíduos percebem que seus próprios valores e objetivos são congruentes com os
da organização. Borges-Andrade (1993) corrobora, argumentando que o
comprometimento organizacional refere-se ao grau em que os empregados se
identificam com suas organizações empregadoras e estão dispostos a defendê-las e
nelas permanecer. Ferreira e Siqueira (2002) ampliam a proposição explicitando
que o comprometimento pode ser definido como uma ligação psicológica de
natureza atitudinal desenvolvida quando o indivíduo internaliza as crenças da
organização, identificando-se com seus objetivos ou envolvendo-se com as
atividades pertinentes ao seu cargo, desempenhando-os de forma a fazer com que a
organização atinja seus objetivos. Teixeira (1994, p. 268) segue o raciocínio
assinalando “o comprometimento como capaz de propiciar uma melhor
compreensão da natureza dos processos psicológicos pelos quais as pessoas
escolhem identificar-se com objetivos em seu ambiente de trabalho e atribuir-lhe
sentido”, e ainda sugerem que o comprometimento pode ser considerado “um
24
preceptor mais eficiente de rotatividade”. Dias e Marques (2002) sintetizam o
conceito quando sugerem que comprometimento é a união da identidade da pessoa
à empresa.
Meyer e Allen (1997a) esclarecem que o comprometimento tem sido
associado a termos como fidelidade, lealdade e ligação, esclarecendo que em
virtude dessa “flexibilidade” (grifo do autor) conceitual, não é surpreendente que as
opiniões divirjam, oscilando entre o bom e o mau, a estabilidade e o declínio. Os
autores sugerem que o empregado comprometido é alguém que permanece nela
nas horas boas e más, protege os bens da companhia e as metas dessa companhia.
Bastos (1994a, 1994b) analisou as diferentes definições utilizadas para o
termo, considerando que esse apresenta características peculiares tanto para a
academia quanto para as organizações, de modo que possibilitasse interpretações
diversas, o autor definiu que o comprometimento constitui-se de uma atitude ou
orientação para a organização, havendo uma união da identidade da pessoa à
empresa. Pode também ser um fenômeno estrutural, resultante de transações entre
os atores organizacionais; ou um estado no qual o indivíduo se liga à organização
através de ações e crenças; ou, ainda, a natureza do relacionamento de um membro
com o sistema como um todo (BANDEIRA, 1999).
Reichers (1985) percebe a necessidade de se estudar o comprometimento
organizacional em uma perspectiva múltipla, decompondo-o em facetas
constituintes. Segundo o autor, uma medida global de comprometimento com a
organização pode esconder diferentes níveis de comprometimento onde possíveis
conflitos entre comprometimento são vistos com partes importantes deste todo. Para
o autor as organizações “são vistas, tipicamente, como entidades monolíticas e
indiferenciadas que eliciam uma identificação e apego da parte dos indivíduos” (p.
469). Contrariamente, afirma que elas são integradas por várias coalizões ou
elementos constituintes (proprietários, gerentes, consumidores/clientes, etc.) que
podem ter seus próprios objetivos e valores, não necessariamente compatíveis com
aqueles gerais. O comprometimento organizacional deve, portanto, ser visto como
uma coleção de vários comprometimentos que podem ser, inclusive, conflitantes
entre si. Igbaria e Guimarães (1993) complementam sugerindo que o
comprometimento organizacional reflete uma avaliação da organização como um
25
todo e é composto de três dimensões: uma forte crença e aceitação dos objetivos e
valores da organização, boa vontade para exercer esforços em benefício dela, e um
forte desejo em manter-se membro da mesma.
Em virtude das convergências e divergências entre as percepções dos
autores, pesquisas científicas têm sido realizadas sobre a importância do
comprometimento do indivíduo para com a organização, entretanto, ainda em meio a
tantos debates, não se considera efetivamente que se tenha uma compreensão
clara do conceito. Meyer e Allen (1997a) esclarecem que o comprometimento
organizacional tem evoluído conceitualmente nas últimas quatro décadas e
provocado muita controvérsia a respeito da natureza dos vínculos entre o
empregado e a organização. O que se pode perceber é que os estudos sobre
comprometimento organizacional buscam conhecer os preceptores do
comprometimento e as conseqüências de um indivíduo comprometido com o alcance
dos objetivos organizacionais, envolvendo aspectos relativos à rotatividade,
absenteísmo e desempenho.
A pesquisa sobre comprometimento ganhou maior consistência a partir do
final dos anos setenta e início da década de oitenta. Bastos (1993) esclarece que as
raízes, as diversas vertentes, os múltiplos conceitos e formas de operacionalizá-los
foram objetos de uma análise razoavelmente extensa. O trabalho, que hoje é um
clássico do comprometimento organizacional, de Mowday, Porter e Steers (1982) se
transformou no modelo dominante de pesquisa na área. Centrado na identificação
dos antecedentes do comprometimento, consolidou-se como uma estratégia de
pesquisa que, em suas linhas básicas, se define pelo uso de dados quantitativos e
emprego de análise estatística sofisticada para detectar nculos causais entre
dados coletados. A importante meta-análise produzida por Mathieu e Zajac (1990)
também contribuiu para a consolidação da pesquisa produzida até o final da década
passada, no campo internacional.
em meados dos anos 80, no entanto, começaram a surgir os primeiros
textos de caráter mais reflexivo sobre a investigação do comprometimento no
trabalho. A rigor, o próprio livro de Mowday, Porter e Steers (1982) faz importantes
reflexões sobre os rumos da pesquisa como a necessidade de estudos
longitudinais e de estudos que contemplassem atitudes e ações de efetivo
26
comprometimento - que não geraram, até o momento, na intensidade desejada,
estudos que alterassem o perfil dominante da produção científica sobre o tema.
Apontando diretrizes cujo impacto se fez sentir anos mais tarde, os trabalhos de
Morrow (1983), Reichers (1985) e Meyer e Allen (1997a) delineiam, em larga
medida, os caminhos da pesquisa sobre comprometimento.
Freitas (1999) afirma que, no Brasil, o comprometimento organizacional tem
despertado o interesse de muitos pesquisadores pela contribuição que pode
oferecer para aumentar o vínculo entre o empregado e a organização e que a
resposta do indivíduo acerca do comprometimento está relacionada ao suporte
oferecido pelas organizações, para que seus objetivos de crescimento e
desenvolvimento pessoal e profissional sejam valorizados.
Moraes, Godoi e Batista (2005) realizaram um estudo sobre o estado da arte
do comprometimento organizacional no Brasil no período de 1994 a 2003 e
identificaram 46 pesquisas sobre o tema, observando um crescimento substancial na
publicação de artigos sobre o tema no decorrer dos anos, destacando-se os anos de
1999, 2002 e 2003, como pode ser observado na Tabela 01.
TABELA 01 - Quantidade de artigos analisados por ENANPAD
Ano Quantidade Total de Artigos
1994 2
1995 4
1996 2
1997 4
1998 6
1999 8
2000 4
2001 3
2002 8
2003 5
TOTAL 46
Fonte: Moraes, Godoi e Batista (2005)
Os autores esclarecem que a maior parte dos artigos publicados nos anais do
ENANPAD são estudos de caso descritivos, baseados em abordagens existentes
e em modelos anteriormente validados, contribuindo pouco para a construção e a
compreensão do construto. Segundo os autores, Meyer e Allen são os
pesquisadores mais utilizados nas pesquisas nacionais, podendo-se observar que,
27
no decorrer dos anos houve um crescimento explícito na utilização de seu modelo,
preterindo pouco a pouco aos demais (Tabela 02).
TABELA 02: Modelos de comprometimento utilizados
Modelos de
Comprometimento
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Total
Meyer e Allen
0 1 1 1 3 4 2 2 6 4
24
Outros Autores
2 3 1 3 3 4 2 1 2 1
22
TOTAL
2 4 2 4 6 8 4 3 8 5
46
Fonte: Moraes, Godoi e Batista (2005).
O modelo do comprometimento organizacional proposto por de Meyer e Allen
(1997a) apresenta-se dividido em três dimensões distintas (afetiva, instrumental e
normativa) e os próprios autores atentam para a necessidade da compreensão da
multidimensionalidade do comprometimento organizacional.
2.1.1 O caráter multidimensional do comprometimento organizacional
Para se compreender o significado do termo comprometimento, Meyer e Allen
(1997a) reuniram várias definições elaboradas durante anos por outros autores,
como pode ser observado no Quadro 01.
Baseada na Afetividade
Uma ligação individual profunda de afetividade e emoção com o grupo (KANTER, 1968, P. 507).
Uma atitude ou uma orientação em direção à organização a qual vincula a identidade da pessoa à
organização (SHELDON, 1971, p. 143).
O processo pelos quais as metas da organização e as individuais tornam-se crescentemente integradas
ou congruentes (HALL, SCNEIDER e NYGREN, 1970, pp. 176-177).
Um partidário, com afetiva ligação com as metas e valores da organização (BUCHANAN, 1974, p. 533).
A força relativa da identificação individual e envolvimento com uma organização (MOWDAY, PORTER e
STEERS, 1982, p.27).
Baseada nos Custos
Vantagem associada à permanência ou custos associados com a saída da organização (KANTER, 1968,
P.504).
Um fenômeno estrutural que ocorre como resultado das interações indivíduo-organização, no que se
refere às aplicações ou investimentos extras (HREBINIAK e ALUTTO, 1972, P. 556).
Baseado na obrigação ou responsabilidade moral
Condutas de comprometimento são socialmente aceitas quando se enquadram às formalidades e/ou
expectativas normativas relevantes para o objeto do comprometimento (WIENER e GECHMAN, 1977, p.
48).
A totalidade de pressões normativas internalizadas de uma maneira que as ações individuais vêm de
encontro às metas organizacionais (WIENER, 1982, P. 421).
O empregado comprometido considera moralmente correto permanecer na companhia, considerando a
condição de status ou satisfação que a empresa lhe oferece (MARSH e MANNARI, 1977, p.59).
QUADRO 01 – Definições de Comprometimento Organizacional
Fonte: Meyer e Allen (1997a)
28
Contudo, esclarecem Meyer e Allen (1997a), nenhuma definição está mais
“correta” (grifo dos autores) ou universalmente aceita do que as outras. Para os
autores, as definições são diferentes e refletem três níveis, ou seja, o
comprometimento reflete uma orientação afetiva com a organização, um
reconhecimento dos custos associados com a saída da organização e uma
obrigação moral em permanecer na empresa. Apesar de perceber que o
comprometimento não possuía uma única definição, os autores compreenderam que
o comprometimento organizacional consiste em ser um estado psicológico que
caracteriza a relação do indivíduo com a organização e que esta relação se
diferencia na sua natureza e, a partir desta constatação, Meyer e Allen (1997a)
sistematizaram um modelo de três dimensões básicas que podem assumir este
sentimento: afetivo, instrumental e normativo, desenvolvendo uma escala de
mensuração para medir suas dimensões
1
.
O enfoque que dominou a literatura do comprometimento organizacional por
maior tempo foi o afetivo, enfatizando uma natureza afetiva na identificação do
indivíduo com os objetivos e valores da organização. Mas foram Mowday, Steers e
Porter (1979) que desenvolveram fortemente seus trabalhos buscando compreender
o enfoque afetivo. Seus estudos tiveram início na década de 70 e culminaram com a
validação de um instrumento para se medir o comprometimento em 1979, o
Organizational Commitment Questionnaire
. No Brasil, o instrumento foi validado por
Borges-Andrade, Afanasief e Silva (1989) e obteve um índice de consistência
interna, com um Alpha α=0,80.
Mowday, Steers e Porter (1982) denominaram de atitudinal a natureza afetiva
da identificação do indivíduo com os objetivos e valores da organização. Os autores
utilizaram três dimensões para definir o construto: “a) crença e aceitação dos valores
e objetivos da organização (sentimento de lealdade); b) desejo de manter o nculo
com a organização (permanência); e b) intenção de despender esforços em prol da
organização”. Desta forma, os autores ressaltam que, assim definido, o construto
1 As escalas desenvolvidas por Meyer e Allen são de dois tipos, uma com 24 itens e outra reduzida com 18
itens. As escalas trazem itens sobre o comprometimento e aplicados no formato Likert, que é composto
com um terço de questões (seis) para cada item.
29
supera a simples lealdade para com a organização, avançando para um contexto
onde, além da necessidade de identificação que o indivíduo apresenta por uma
determinada organização, há também os sentimentos de lealdade, o desejo de
permanecer e de se esforçar em prol dessa organização, esclarecendo que esse
comprometimento afetivo pode aumentar com a idade, o nível e o objetivo do
trabalho e está associado com maior contribuição do indivíduo à organização.
Bastos (1994a, p. 43) corrobora ao afirmar que o indivíduo “se identifica com uma
organização e seus objetivos e deseja manter-se como membro, de modo a facilitar
a consecução desses objetivos”.
Meyer e Allen (1997a) concordam, observando que o comprometimento
afetivo refere-se a uma ligação emocional do empregado, a uma identificação e a um
envolvimento com a organização, afirmando que os funcionários permanecem nas
organizações porque eles
querem
permanecer. Para os autores, o comprometimento
afetivo seria desencadeado por experiências anteriores de trabalho, especialmente
aquelas que satisfizeram necessidades psicológicas do empregado, levando-o a se
sentir confortável dentro da organização e competente em seu trabalho.
O segundo enfoque mais considerado na área é o enfoque instrumental do
comprometimento organizacional, que é visto como função das recompensas e
custos associados à condição de integrante da organização. Becker (1960)
introduziu os estudos neste sentido. O enfoque instrumental associa-se também a
permanência do indivíduo na empresa aos custos e benefícios oferecidos pela
empresa. Assim, estar comprometido com a organização é entendido “como a
tendência a se manter nela engajado - numa linha consistente de atividade - devido
aos custos associados à sua saída” (BASTOS, 1994a, p. 44). Esta dimensão
também é conhecida como
side bet,
que pode ser traduzido como trocas laterais,
assumindo diversas outras denominações, tais como calculativo ou
continuance
2
.
Assim, a noção de linhas consistentes de atividades implica em uma escolha, por
parte do indivíduo, de um curso de ação dentre diversas alternativas, daquela que
melhor atende seus propósitos.
2 Termo utilizado por Meyer e Allen (1987) e que no Brasil, inicialmente foi traduzido como continuação,
assumindo posteriormente o nome de calculativo ou instrumental.
30
Para Becker (1960), o conceito de comprometimento busca explicar a
inconsistência do comportamento, "ou para o fato de que indivíduos se engajam em
linhas consistentes de atividades, que persistem ao longo de algum período de
tempo" (BASTOS, 1994a, p.56). Desta forma, o comprometimento seria um
mecanismo psicossocial cujas recompensas e custos de ações prévias atuam no
sentido de impor limites ou restrições para as ações futuras. Tal concepção explica a
terminologia
continuance
utilizada por Meyer e Allen (1987) em seus estudos. Já
Hrebiniak e Alutto (1972), numa interpretação das considerações de Becker (1960),
definem o comprometimento instrumental como um fenômeno estrutural que ocorre
como um resultado das transações indivíduo-organização e das alterações nos
benefícios adquiridos e investimentos realizados pelo indivíduo em seu trabalho ao
longo do tempo.
Siqueira (2001) esclarece a definição ao argumentar que o comprometimento
instrumental com a organização seria lembrado pela avaliação positiva dos
resultados (posição alcançada na organização, acesso a certos privilégios
ocupacionais, entre outros). Para ele, ainda se relaciona ao que foi investido pelo
indivíduo e a possibilidade percebida de perder, ou de não ter como repor,
vantagens decorrentes dos investimentos, caso se desligasse da organização. Para
a autora, comprometimento instrumental torna-se um conceito cognitivo, na medida
em que o indivíduo acredita manter relação de troca econômica com a empresa,
avaliando o quanto esta permuta lhe traz benefícios e se deve, ou não, manter essa
relação de trabalho.
Meyer e Allen (1997b) compreendem que o comprometimento instrumental,
ou calculativo seria desenvolvido a partir de dois fatores antecedentes: a magnitude
e/ou o número de investimentos feitos pelo empregado na organização e na falta de
alternativas de empregos no mercado, sugerem também uma consciência de custos
associada à permanência na organização, entendendo que os empregados cujo
comprometimento com a organização baseia-se nessa dimensão
,
permanecem na
organização porque
necessitam
permanecer.
A conceitualização da dimensão normativa está apoiada no trabalho de
Wiener (1982). Para o autor indivíduos comprometidos exibem certos
comportamentos porque acreditam que é “certo” e moral fazê-lo e está
31
conceitualizado como a totalidade das pressões normativas que foram internalizadas
pelo indivíduo no sentido de orientar seu comportamento aliado aos interesses
organizacionais. Wiener (1982) enfatiza que o elemento central na definição do
comprometimento, de aceitar os valores e objetivos organizacionais, representa uma
forma de controle sobre as ações das pessoas, denominando de normativo-
instrumental.
O estudo de Wiener (1982) deriva do cruzamento do Modelo de Intenções
Comportamentais estabelecido por Fishbein (1967) com os trabalhos de Etzioni
(1975). O modelo de Fishbein buscava predizer e compreender as intenções
comportamentais dos indivíduos, onde este comportamento é determinado
basicamente por dois fatores, o atitudinal e o normativo: o atitudinal, onde sua
atitude acerca de uma ação é um resultado da avaliação dos efeitos desta ão, e o
normativo, onde sua percepção acerca de uma ação é um resultado de pressões
normativas, geralmente da cultura da empresa, que impõem sua ão e o seu
comportamento na organização. Enquanto Etzioni (1975) estudava o envolvimento
do indivíduo com a organização, e considerava dentre três formas de envolvimento,
o envolvimento moral, que era baseado na internalização dos objetivos, valores e
normas da organização. Sendo este envolvimento positivo e intenso na direção dos
objetivos organizacionais.
Para Wiener (1982), a visão normativa do comprometimento sugere um foco
centrado nos controles normativos por parte das organizações, tais como normas e
regulamentos ou ainda como uma missão forte e disseminada dentro da
organização. Esta visão havia sido debatida por Kanter (1968), que referencia
também este comprometimento e assinala que as normas e valores da organização
moldam o comportamento do indivíduo na direção desejada pela organização.
O trabalho de Jaros et al. (1993) apresenta um avanço na compreensão do
componente de caráter normativo, quando ressalta a presença da cultura da
organização agindo em direção ao comprometimento. Para os autores, o
comprometimento pode assumir três formas: a) Um vínculo psicológico afetivo
através de sentimentos como, lealdade, afeição, amizade, alegria, prazer; b) Um
vínculo de continuação, quando o indivíduo se sente preso a um lugar devido aos
altos custos de deixar a organização; c) Um vínculo moral, como um senso de dever,
32
uma obrigação, ou chamado, através dos objetivos, valores e da missão da
organização.
Para Meyer e Allen (1997a), empregados com um alto nível de
comprometimento normativo permanecem na organização porque sentem que
devem
permanecer, onde o comprometimento normativo a obrigação moral de
permanecer na organização seria um estado psicológico desencadeado por
experiências prévias de socialização presentes no convívio familiar e social, bem
como, decorrentes do processo de socialização organizacional, ocorrido após a
entrada do empregado na organização.
Meyer e Allen (1991) agrupam
os três estilos de comprometimentos referidos,
indicando que estes, por sua vez, reduzem a rotatividade. Segundo os autores, é
possível encontrar num determinado indivíduo níveis diversificados de
comprometimento como, por exemplo, uma forte necessidade (instrumental), uma
forte obrigação (normativo) e um baixo desejo (afetivo) de permanecer na
organização, sugerindo a possibilidade de existir combinação de níveis dos três
componentes na composição de um estado de comprometimento organizacional.
De qualquer forma, observa-se no comprometimento que o que se espera
como objetivo primeiro, não é o desempenho, a produtividade ou o alcance de metas
individuais, mas sim, o que se busca é a integração do indivíduo a uma identidade
organizacional, buscando internalizar as crenças e introjectar os valores da cultura
que sustentam a organização. Em relação ao ambiente organizacional, para o
empregado nem sempre o salário é o nível mais importante de satisfação, pois
existem demais atrativos que podem se sobrepor a esse presumido nível, ou seja,
crescimento profissional, segurança e estabilidade. Em muitos casos, as
recompensas sociais e psicológicas, tais como elogios, incentivos, compreensão,
carinho, afeto, parceria, embora não sejam palpáveis, podem gerar profundas e
complexas reações nos empregados, tornando-os muito mais comprometidos e
dispostos a cumprir seus objetivos dentro da organização.
Apesar de reconhecer os três componentes do comprometimento
organizacional, Meyer e Allen (1997a) sugerem que é importante conhecer outras
33
abordagens que têm sido desenvolvidas, reconhecendo a natureza multidimensional
do comprometimento.
Pode-se citar a abordagem
sociológica
que tem sua origem no pensamento
sociológico de Weber, Becker e Halaby e de teóricos marxistas como Edwards e
Burrawoy. Segundo Halaby (1986), o apego do trabalhador se expressa no interesse
em permanecer no atual emprego porque percebe a relação
autoridade/subordinado, onde os indivíduos trazem para o trabalho tanto uma
orientação para seu papel de subordinado, quanto um conjunto de normas
decorrentes das formas de dominação.
Decorrente da Psicologia Social, surge a abordagem
comportamental
que
considera que as pessoas tornam-se comprometidas a partir de suas próprias ações,
onde cada comportamento gera novas atitudes que levam à comportamentos
futuros, de forma cíclica, numa tentativa de manter a consistência. Neste enfoque, o
comprometimento poderia ser observável através da assiduidade, do tempo de casa,
da qualidade do desempenho, dentre outros, extrapolando as verbalizações dos
indivíduos (SANCHES, 2004, p. 33).
Outras abordagens diferenciadas, todavia, não totalmente incompatíveis
foram desenvolvidas por outros pesquisadores, que devem ser conhecidas e
consideradas, como os Trabalhos de Gouldner (1957), Etzioni (1975), Kanter (1968)
e O”Reilly e Chatman (1986).
Gouldner (1957) acreditava também que o comprometimento não era um
construto unidimensional, sendo que um dos seus objetivos era identificar os
componentes do comprometimento organizacional, onde identificou duas dimensões
para o comprometimento (p. 471-472): a)
integração
, que é o grau em que um
indivíduo é ativo e se sente parte, em vários níveis, de uma organização em
particular”; e b)
introjecção
, que é “o grau em que a própria imagem de um indivíduo
inclui uma variedade de características e valores organizacionais aprovados”. E
salienta que se sentir parte de uma organização é diferente de introjectar
características e valores organizacionais.
Em 1975, Etzioni sugeriu uma classificação em que o envolvimento do
empregado pode assumir três formas: a) envolvimento
moral
, baseado na
34
internalização dos indivíduos, valores e normas da organização. Sendo este
envolvimento positivo e intenso na direção dos objetivos organizacionais; b)
envolvimento
calculativo,
baseado nas relações de troca que se desenvolvem entre o
membro e sua organização, ocorrendo quando o membro percebe equidade entre
recompensas e contribuições; e c) envolvimento
alienativo
, baseado na repressão e
na coerção. Este envolvimento tem uma orientação negativa e é encontrado em
ambientes como prisões.
Pode-se ainda citar a classificação determinada por Kanter (1968
apud
MOWDAY, PORTER e STEERS, 1982). Seu trabalho foi realizado com a aplicação
de uma escala com 36 itens do comprometimento e, através deste, identificou três
diferentes formas para o comprometimento: a) Comprometimento de
coesão
(cohesion commitment)
, que representa um vínculo às relações sociais de uma
organização realizada através de técnicas e cerimônias que tornam público o estado
de ser de um membro da organização e que reforçam a coesão do grupo; b)
comprometimento de
continuação (continuance commitment)
, que requer dos
membros da organização a realização de sacrifícios pessoais e de investimentos
que tornam difícil o membro deixar a organização; e c) comprometimento de
controle
(
control commitment)
, vínculo de um membro às normas de uma organização que
moldam seu comportamento numa direção desejada.
para O’Reilly e Chatman (1986), o comprometimento reflete um
“comprometimento psicológico” (grifo dos autores) podendo refletir em variadas
combinações que ligam o empregado à organização, onde a natureza desse
comprometimento pode diferir e podem tomar três formas distintas, os quais
definiram como conformidade, identificação e internalização.
Nestes estudos, os autores consideraram que a
conformidade
ocorre quando
atitudes e comportamentos são adotados, não porque as crenças são
compartilhadas, mas simplesmente para obter recompensas específicas”, ou seja,
motivados por recompensas extrínsecas. a
identificação
ocorre quando um
indivíduo aceita influência para estabelecer ou manter uma relação satisfatória”, ou
seja, o indivíduo pode sentir-se orgulhoso de ser parte do grupo, respeitando seus
valores e cumprindo-os sem adotá-las como dele próprio, baseando-se num desejo
de afiliação. E a
internalização
, sugerem os autores, ocorre quando a influência é
35
aceita porque as atitudes induzidas e condutas são congruentes com os próprios
valores”, isto é, os valores do indivíduo e do grupo ou da organização tendem a
serem congruentes (O’REILLY e CHATMAN, 1986, p. 493).
Cabe salientar, que dentre as diversas proposições de dimensionalidade, o
modelo de maior aceitação e mais utilizados internacionalmente entre os
pesquisadores é o modelo de conceitualização de três componentes do
comprometimento, estabelecido por Meyer e Allen (1991), sendo considerados os
mais importantes pesquisadores de comprometimento na década de 90.
Segundo Medeiros (2003), a principal contribuição de Meyer e Allen ao estudo
do comprometimento foi a operacionalização das teorias do comprometimento
organizacional. Alguns autores (como BASTOS, 1994 e MEDEIROS, 1997),
entretanto, perceberam nas dimensões sugeridas por Meyer e Allen (1991), um
baixo percentual Alpha de consistência interna – fator afetivo, α=0,68 nas duas
pesquisas; α=0,70 e 0,73 para o fator normativo e α=0,61 e 0,62 para o fator
instrumental, respectivamente, para os dois estudos citados. A partir destes estudos,
Medeiros et al. (1999) encontraram uma estrutura com quatro fatores, sugerindo um
quarto componente de denominaram de afiliativo.
Ao se estabelecer uma relação das pesquisas de Meyer e Allen com outros
trabalhos, pode-se perceber, que os autores convergem, em alguns momentos, em
suas percepções de multidimensionalidade apresentando algumas características ou
formas congruentes, apresentando, até o momento, certa similaridade entre as
dimensões, como pode ser visualizado no quadro 02.
36
Modelos e Dimensões
Baseado em
Gouldner
(1957)
Etzioni
(1975)
Kanter
(1968)
O’Reilly e
Chatman
(1986)
Meyer e Allen
(1997)
Recompensas
extrínsecas
Envolvimento
Calculativo
Continuação Conformidade Instrumental
Desejo de
afiliação
Integração Identificação afetivo
Atitudes e
padrões de
conduta
Introjecção
Envolvimento
Moral
Controle Internalização Normativo
Repressão e
Coerção
Envolvimento
alienativo
Relações
sociais
Coesão
QUADRO 02 – Correspondência entre as dimensões sugeridas pelos pesquisadores do
comprometimento
Observa-se que Etzioni (1975), Kanter (1968) e O’Reilly e Chatman (1986),
assim como Meyer e Allen (1997), têm em seus estudos o reconhecimento de que
as recompensas extrínsecas contribuem para o comprometimento do indivíduo. Ao
se referenciar no desejo de afiliação, Gouldner (1957) e O’Reiilly e Chatman (1986)
antecedem o pensamento de Meyer e Allen (1997) percebendo que os indivíduos
têm uma tendência a se envolver afetivamente com a organização. o
comprometimento normativo tratado por Meyer e Allen, que consideram atitudes e
padrões de conduta, havia sido debatido por Gouldner (1957), Etzioni (1975),
Kanter (1968) e O’Reilly e Chatman (1986). O que se pode notar é que as pesquisas
de outros estudiosos interagem com o modelo proposto de Meyer e Allen (1991),
compreendendo-se que, apesar das diferenciações, existe consenso entre os
teóricos do comprometimento em se considerar que ele é multidimensional e
apresenta um maior ou menor grau de envolvimento com a organização em
decorrência dessas dimensões.
37
2.1.2 Determinantes, Conseqüentes e Correlatos
d
o Comprometimento
Organizacional
A busca pelos determinantes, conseqüentes e correlatos do
comprometimento tem espaço também nas pesquisas dos estudiosos, onde os
determinantes são considerados outras variáveis que definem o maior ou menor
grau de comprometimento do indivíduo e os conseqüentes do comprometimento são
consideradas variáveis que sofrem influência do comprometimento organizacional,
buscando-se cada vez mais esclarecer o construto. os correlatos apresentam-se
paralelos, entretanto, com características congruentes ao comprometimento
organizacional, possuindo ou não relação, como é o caso do comprometimento
profissional. Entre vários pesquisadores que buscam os determinantes do
comprometimento pode-se citar Mowday, Porter e Steers (1982), Mathieu e Zajac
(1990), Cohen (1992), Borges-Andrade (1993), Medeiros (1997) e Medeiros e
Enders (1997). em relação aos conseqüentes cita-se, dentre outros, Mathieu e
Zajac (1990), Jaros et al. (1993), Somers (1995) e Jaros (1995).
No modelo proposto por Mowday, Porter e Steers (1982) se pode observar
uma preocupação com os determinantes, onde os autores buscaram identificar
questões relacionadas à características pessoais, características do trabalho e
experiência no trabalho. Mathieu e Zajac (1990), analisando 124 estudos publicados
entre 1967 e 1987, identificaram como antecedentes do comprometimento: as
características pessoais; as características do trabalho; as relações com o grupo e
com o líder; as características organizacionais;
status;
e função. E Cohen (1992)
identificou que as variáveis tempo de serviço na empresa, educação, estado civil e
gênero influenciam o comprometimento, entretanto, de forma diferenciada,
dependendo do grupo em estudo. Borges-Andrade (1993), estudou o
comprometimento na administração pública, com uma amostra de 748 indivíduos de
duas instituições federais e identificou como prováveis antecedentes: as
características pessoais; os papéis organizacionais; os grupos de trabalho;
organizacionais; e a percepção do ambiente externo. Wright (1997) realiza três
estudos buscando os antecedentes do comprometimento, No primeiro estudo, o
autor investigou a relação entre comprometimento com a organização e a vida fora
38
do trabalho dos empregados, evidenciando um fraco elo ente comprometimento
organizacional e certos aspectos da vida fora do trabalho, incluindo vida pessoal,
satisfação com
hobby
e a origem dos funcionários. Em outro estudo, buscou-se
compreender o papel da cultura organizacional no processo de socialização
estudantil, percebendo que esta induz ao comprometimento afetivo, o que
pressupõe uma forte sustentação para o papel de uma dimensão cultural, dentro de
uma análise do coletivismo e o individualismo num processo de mudança de valores
do indivíduo. Em seu terceiro estudo, usando como população os trabalhadores,
considerou a relação entre o comprometimento organizacional e a interação entre
níveis de práticas de recursos humanos e o dinamismo do envolvimento nos
negócios da empresa, identificando a interação de dinamismo e a antiguidade do
envolvimento dos funcionários baseados em práticas de pagamento e promoção. Os
estudos demonstraram como os fatores externos não têm o mesmo grau de
influência no comprometimento organizacional, como se percebe nos fatores
internos, tais como as características do trabalho. Medeiros (1997) examinou as
relações existentes entre padrões de comprometimento organizacional com as
características pessoais e o desempenho dos indivíduos no trabalho e sugeriu que
possa existir uma dimensão latente no comprometimento, ligada ao vinculo
emocional do indivíduo com a organização e recomenda o estudo das características
organizacionais como antecedente do comprometimento organizacional.
Complementando os estudos, Medeiros e Enders (1997) realizaram pesquisas,
levantando as características pessoais relacionadas com o comprometimento, e
constataram que o nível de renda, religiosidade, sexo, idade, educação e
relacionamento comunitário influenciam o nível de comprometimento do trabalhador.
Como conseqüentes, Mathieu e Zajac (1990) perceberam o desempenho no
trabalho, as alternativas de trabalho, a intenção em procurar novo emprego, a
intenção em deixar a organização, a pontualidade, a rotatividade, o comparecimento
ao trabalho e a permanência na organização. Jaros et al. (1993) também realizaram
estudos a respeitos dos conseqüentes do comprometimento organizacional, a partir
da análise no processo de retirada de uma organização, e identificaram que baixa
satisfação no trabalho causa pensamentos de saída de uma organização, levando à
intenção de procurar outro emprego. Somers (1995) buscou os efeitos diretos e
indiretos do comprometimento organizacional sobre a intenção de se retirar da
39
organização, a rotatividade e o absenteísmo, identificando que o comprometimento
afetivo é o mais consistente preceptor das variáveis independentes. Jaros (1995)
testou a relação entre o modelo e a intenção de rotatividade de pessoal, e
corroborou com as pesquisas de Somers (1995) ao perceber que o
comprometimento afetivo é o mais importante dos componentes do
comprometimento para predizer a intenção de rotatividade, sugerindo, que em caso
interesse das empresas em reduzir a rotatividade, estas devem estimular o
comprometimento afetivo.
Outros fatores que devem ser considerados neste estudo são os correlatos do
comprometimento organizacional, evidenciando-se que, justamente estes
apresentam discrepâncias entre os autores, dos correlatos fundamentais para a
relevância do presente estudo, cita-se, dentre outros, o comprometimento com a
profissão, com a ocupação e com carreira, que são tratados com mais profundidade
a seguir.
2.2 O Comprometimento Profissional: definições e origens
Ritzer e Trice (1969) entendem o comprometimento profissional como
sinônimo de comprometimento ocupacional. Para Sorensen e Sorensen (1974), o
comprometimento pode ser visto de várias maneiras, incluindo a identificação e
participação do indivíduo com a profissão, sua dedicação e a aceitação dos
princípios éticos e dos objetivos da profissão. Randall e Cote (1991) o compreendem
como o avanço da carreira. Mueller, Wallace e Price (1992) identificam o
comprometimento profissional como o comprometimento com a carreira. Percebe-se
que o estudo sobre o comprometimento profissional ainda é confuso e cada autor
apresenta suas considerações a partir de experiências vivenciadas e pesquisadas.
Para uma maior compreensão do termo, procurar-se-á sistematizar os conceitos
existentes correlatos, todavia, nem sempre sinônimos, buscando-se esclarecer o
conceito.
40
O termo carreira origina-se do latim
carraria
, significando caminho, estrada
para carruagem. Bastos (1994a) define como um curso da vida profissional ou de
emprego que oferece oportunidade para progresso e avanço no mundo. Chanlat
(1995) organizou as carreiras em quatro tipos: burocrática (que se baseia na posição
hierárquica); profissional (que se baseia no saber e na reputação); empreendedora
(baseada na capacidade de criação e inovação); e sociopolítica (possuindo
habilidades sociais e capital de relações). Esclarece que cada um dos tipos de
carreira, além de recuperar uma tarefa precisa, indica também uma lógica na
natureza das aberturas profissionais e do sistema de recompensas a ele associado.
Segundo Dias e Marques (2002), foi Hall (1971) o primeiro autor que
diferenciou comprometimento relacionado com a carreira daquele relacionado com o
trabalho e a organização, observando que, estar comprometido com um desses
fatores não implica, necessariamente, numa situação idêntica em relação aos outros.
Portanto, aceitar um determinado emprego, mesmo com todas as restrições
impostas pelo mercado de trabalho, está relacionado com a escolha por determinada
carreira. E esta escolha gera um conjunto de expectativas e demandas que o
indivíduo coloca na organização, podendo ser uma variável crítica na forma como
ele estrutura o seu comprometimento com esses dois alvos - a carreira e a
organização.
Blau (1989), por sua vez, considerou dois componentes na relação entre o
comprometimento e a carreira: (a) persistência, que é o quanto o indivíduo se sente
capaz de manter a direção definida para seu trabalho, apesar das barreiras e
dificuldades ali encontradas; e (b) identidade, sendo este o grau de envolvimento
pessoal com o trabalho, carreira ou profissão (BASTOS, 1994a).
Tolfo (2002) atenta para o fato de que os gerentes estão se deparando com
um contexto profissional mais complexo, onde se faz necessário estar preparado
para atuar em uma sociedade mais pluralística. E considera que, ao mesmo tempo,
os profissionais estão mais dispostos a sair de uma carreira de alto potencial, para
possuir segundas carreiras, que são percebidas como mais estimulantes e/ou
recompensadoras, considerando outros fatores, além da hierarquia formal e o
salário.
41
ocupação, segundo Bastos (1994a), abrange mais as atividades exercidas
do que a profissão ou a carreira. Blau, Paul e St. John (1993) definem o
comprometimento ocupacional como a “atitude de alguém, incluindo emoção, crença
e intenção comportamental para sua ocupação” (p. 311), e o consideram como o
desejo do indivíduo em permanecer em uma ocupação, seguindo uma avaliação de
alternativas viáveis.
Aranya e Jacobsen (1975) mensuraram o comprometimento ocupacional, e o
conceituaram como o desejo de permanecer na ocupação atual diante das
alternativas de possíveis mudanças que poderiam implicar no crescimento pessoal
do indivíduo. Ocupar um cargo, ou uma função, pressupõe desempenhar um papel
ou produzir um bem ou um serviço em um determinado momento da vida
profissional do indivíduo, ou da sua carreira, não necessariamente considerando a
sua permanência por tempo indeterminado nesta ocupação.
o comprometimento profissional, trás em seu bojo uma consistência
decorrente da construção de uma profissão. O termo profissão, então, é o objeto do
comprometimento profissional. Profissão, de acordo com Alexander (1981) e
Kozlowski e Hults (1986), pode ser identificada pelas seguintes características: uma
bagagem de conhecimentos específicos, autonomia na aplicação deste
conhecimento, comprometimento com a especialidade da atividade, identificação
com a linha de trabalho, responsabilidade na utilização ética do conhecimento
especializado e a manutenção dos padrões de desempenho. Oliveira (1985)
complementa, considerando que a profissão ressocializa o indivíduo em
determinados valores, crenças, critérios e padrões de comportamento aprendidos
em treinamento, através de transmissão social. Segundo o autor, para se
profissionalizar, o indivíduo se submete ao controle de variáveis externas.
Para Le Boterf (2003), a noção de profissão tem sua origem nas ordens
profissionais em que o profissional presta juramento (
profes
) de respeitar um
conjunto de regras, dentre as quais a do segredo profissional, ou seja, não revelar
informações que ele tem o direito de possuir sobre seus clientes. Essa definição
dizia respeito, na Idade Média, aos saberes intelectuais. Desde então, se estendeu o
conceito, sobretudo, às profissões liberais. O autor percebe que existe
tradicionalmente uma relação estreita, na profissão, entre a ética e os saberes, onde
42
a profissão é uma comunhão de valores e de vida, fundamentada em instâncias
legitimadas que estabelecem regras e são encarregadas de velar por sua boa
aplicação.
Sorensen e Sorensen (1974, p. 99) esclarecem o termo a partir de quatro
premissas: “1) corpo teórico de conhecimento; 2) um ajuste ou estabelecimento de
normas profissionais; 3) uma carreira sustentada por uma associação; e 4) um
reconhecimento comunitário”. Os autores compreendem que profissão se
consubstancia por conhecimento específico e treino, normas, associação e
reconhecimento social. Roberson (1993) complementa ao afirmar que uma profissão
necessita de uma grande aceitação pública, pressupondo que a aceitação pública de
uma profissão significa que a sociedade percebe a necessidade de profissionais
altamente qualificados com padrões mínimos para desempenhar sua função.
Le Boterf (2003) considera que exercer uma profissão supõe uma relação de
serviço. Exercer um ofício faz uma referência à operacionalização de um
saber-fazer
ou de uma especialização. Desde o início dos anos 90, a referência ao
profissionalismo e ao profissional tende a assumir a dianteira, onde o profissional
não possui somente um ofício, mas carece de certo nível de excelência na
realização deste ofício. Ao se procurar um profissional é procurar um sujeito que
alcançou certo domínio do ofício, dentro de certa escala de exigência. Fazer a
apreciação “este mecânico é um profissional” significa distinguir o ofício (mecânico)
e seu nível de domínio (profissionalismo).
Grover (1992) esclarece que para uma ocupação profissionalizar-se, faz-se
necessário a busca pelo poder de controle dos praticantes (associação) e
aprimoramento da prática, elementos que faltam à ocupação para se tornar uma
profissão. A identidade do profissional é construída em relação a um projeto, a um
produto, a um resultado esperado ou a um serviço para um cliente. O profissional é
solicitado a contribuir para processos interofícios, não mais se limitar a um posto de
trabalho (ocupação), mas intervir em processos e ser eficiente em interoperações.
As etapas de sua carreira não são fixadas de antemão: resultam dos percursos a
definir progressivamente, dentro ou fora da empresa.
43
Para Aranya, Pollock e Amernic (1981), as profissões possuem poder e
prestígio porque os profissionais possuem um corpo do conhecimento que são
ligados às necessidades e aos valores centrais de seu sistema social. Le Boterf
(2003) complementa que o profissional possui um
corpus
de conhecimentos e
habilidades e atitudes, reconhecido e valorizado no mercado de trabalho e, graças a
esse reconhecimento, ele dispõe de uma vantagem para administrar a promoção
interna ou sua mobilidade externa. E aquele que é reconhecido como um
profissional competente possui uma identidade social que vai além do emprego que
ocupa. Para ele, o emprego é, necessariamente, um “emprego doméstico”, que
estando ligado às características específicas da empresa, nem sempre o emprego
solicita a totalidade dos saberes que o profissional possui.
Brito (1995) compreende que o comprometimento profissional é definido como
o envolvimento, o sentimento de identidade e autonomia e a adesão aos objetivos e
valores da profissão.
Pode-se compreender, a partir das concepções dos autores que
ocupação
pode ser considerada uma questão de “estar”, onde o individuo se encontra
ocupando um emprego ou um serviço, aplicando ou não suas competências, a
carreira
a consiste num corpo de atividades desenvolvidas por uma pessoa, podendo
seguir um trajeto único ou mudando suas atividades ao longo do tempo. Já a
profissão
é considerada o “ser”, onde o individuo desenvolve competências,
internaliza como seus os princípios éticos e morais da profissão e procura atingir sua
auto-realização a partir da mesma.
Osinsky e Mueller (2004) dividem o comprometimento profissional em duas
dimensões distintas: o comprometimento profissional baseado em fatores
instrumentais, que consiste no que a profissão pode oferecer de compensações, no
avanço da carreira e na oportunidade de empregos alternativos; e o
comprometimento baseado em fatores não instrumentais, como responsabilidade
profissional, orientação cognitiva e capital cultural.
Aranya, Pollock e Amernic (1981) desenvolveram a Escala do
Comprometimento Profissional (PCQ) (anexo 02), adaptado da escala de
Comprometimento Organizacional (OCQ) de Porter et al. (1974). Basicamente, a
44
adaptação foi realizada substituindo a palavra “organização” pela palavra “profissão”.
Os autores caracterizaram o comprometimento profissional a partir de três fatores
relacionados: (1) uma forte crença e aceitação dos objetivos e de valores da
profissão; (2) capacidade de exercer um esforço considerável em nome da profissão;
e (3) um desejo forte manter-se como membro da profissão.
Para validar a escala do instrumento, Aranya, Pollock e Amernic (1981)
enviaram a escala a 2.590 contadores do Canadá, através de amostra aleatória
simples e a taxa de retorno foi de 46.6% (1.206 respondentes). A confiabilidade da
escala foi medida usando o
Alpha de Cronbach.
Existem ainda diversos estudos que forneceram a evidência para a
confiabilidade do PCQ - Aranya, Lachman e Amernic (1982); Aranya e Ferris (1984);
Aranya, Kushnir e Valency (1986); Lachman e Aranya (1986); Harrell, Chewning e
Taylor (1986); Meixner e Bline (1989); McGregor, Killough e Brown (1989);
Schroeder, Reinstein e Schwartz (1992); Gaffney, McEwen e Welsh (1993); Street,
Schroeder e Schwartz (1993). O Alpha de Cronbach através das amostras variou de
0.72 a 0.96. Observou-se ainda uma correlação positiva entre a escala do PCQ e as
atitudes favoráveis do trabalho - Aranya, Lachman e Amernic, 1982 - e a correlação
negativa entre a escala do PCQ e o conflito comprometimento organizacional e
profissional - Aranya, Pollock e Amernic (1981); Harrell, Chewning e Taylor (1986) -
fornecem a sustentação para a validade da construção da escala. Bline, Duchon e
Meixner (1991) ainda comprovam que a escala mediu uma construção diferente do
que o OCQ originário da adaptação. Assim, os resultados dos pesquisadores
comprovaram a validade da escala do PCQ.
Neste contexto, o comprometimento profissional começa a destacar-se como
diferencial diante da realidade atual do emprego, e a compreensão de sua relação
com o comprometimento organizacional começam a se tornar salutar, se justificada
a relação pela impossibilidade de crescimento e desenvolvimento profissional dentro
das organizações.
45
2.3 A Relação entre o Comprometimento Organizacional e o
Comprometimento Profissional
A relação entre o comprometimento organizacional e o profissional assume,
hoje, papel destacado quando se pensa nos vínculos do trabalhador com as
profundas reestruturações organizacionais e as hierarquias das carreiras (BASTOS,
2000). O autor esclarece que as medidas de flexibilização que acompanham as
mudanças em direção a uma força de trabalho reduzida e ao uso de trabalhadores
terceirizados ampliam a incerteza e fazem com que os empregos não mais atendam
a possíveis demandas pessoais de segurança e estabilidade.
Do lado da empresa, aquele que é comprometido se identifica e adere aos
objetivos e aos valores da organização; ele é capaz de exercer esforços e de ir além
daquilo que sua função exige para ajudar a empresa a atingir seus objetivos e a
reforçar seus valores. O investimento profissional que o comprometido faz, leva-o a
adotar comportamentos bem particulares vis-à-vis da organização: tais como o
sentimento de responsabilidade e adesão
(MICHEL, 1994). Eis o tipo mesmo de
empregado que a empresa espera nesses períodos de evolução rápida onde ela
deve se preparar às eventuais mudanças.
Do lado dos empregados, existe a possibilidade do desenvolvimento de um
projeto pessoal que independe da empresa, isto é, a empresa somente pode
oferecer à pessoa o que possa corresponder às expectativas individuais. Segundo
Michel (1989, p. 143),
os ganhos do comprometimento se dirigem primeiro ao
indivíduo: valorização de si próprio e desenvolvimento pessoal”.
Poucos autores têm considerado o comprometimento profissional em seus
estudos, como salienta Bastos (2000), quando diz que os estudos nesta direção
apresentam menor volume de pesquisa do que o comprometimento organizacional.
Para Bastos (1994c), a realização plena do indivíduo extrapola seu envolvimento
com a organização e o trabalho. Assim, a família, o lazer, outros grupos dos quais
participa e demais interesses pessoais tendem a enfraquecer seus vínculos com a
organização em que trabalha. Bastos, Correa e Lira (1998) compreendem que essa
tendência leva o trabalhador a fortalecer o comprometimento com sua profissão
46
sem, necessariamente, ligar-se a um único emprego, o que reforça a importância de
se investigar como os trabalhadores estão articulando seus vínculos - afetivos,
cognitivos e comportamentais tanto com a organização na qual trabalham quanto
com a sua profissão.
Rego (2003) confirma presumindo que as pessoas mais comprometidas têm
maior probabilidade de permanecer na organização e de se empenharem na
realização do seu trabalho e no alcance dos objetivos organizacionais. Salienta que
o fato de um membro organizacional sentir uma forte ligação afetiva com a
organização não coincide obrigatoriamente com o desejo de fazer toda a sua
carreira futura nesta organização. Suas considerações vão mais além quando alerta
para o fato de que em um tempo em que a segurança no trabalho é quase uma
miragem, em que as organizações procedem a alterações na composição da sua
força de trabalho de acordo com as contingências do mercado e os desafios
competitivos, acaba sendo pouco plausível que a fidelidade dos colaboradores se
traduza em
amor para a vida toda
(grifo do autor).
Concretamente, o comprometimento supõe uma negociação entre o indivíduo
e a organização; e um espaço de entendimento e de compatibilidade entre o sistema
de valores da pessoa e o da empresa. Isto quer dizer que cada um investe na
empresa quando encontra oportunidades correspondentes ao seu projeto pessoal e
aos seus objetivos, mas também quando adere aos valores que constituem a cultura
da empresa (THÉVENET, 1983).
Para definir o comprometimento, Thévenet (1992) situa duas dimensões que
caracterizam a relação entre a pessoa e a organização: a adesão e a oportunidade.
A adesão corresponde à orientação psicológica do comprometimento. Entretanto,
ela subentende certa coerência entre o projeto da pessoa e a instituição. Quando os
valores da organização (que traduzem sua cultura e determinam seus processos de
trabalho) o coerentes com aquilo que a pessoa considera como desejável ou
valorizado, esta tende a internalizá-los. “A adesão aparece então como uma sorte de
estado de equilíbrio ou de coerência entre dois sistemas de valores e de objetivos
gerais: aqueles da pessoa e aqueles da instituição” (THÉVENET, 1992, p. 162). a
oportunidade se aproxima mais da perspectiva permutativa. De uma parte, a
empresa oferece às pessoas oportunidades que podem corresponder às suas
47
expectativas; de outra parte, as pessoas apreendem estas oportunidades, no sentido
em que estas são percebidas como tais por elas próprias, e não segundo aquilo que
a gerência considera como oportunidade. Este aspecto do comprometimento se
associa à tese de Ripon (1987, p. 429) segundo o qual “o comprometimento no
trabalho parece depender da interação entre as expectativas do indivíduo e as
características do emprego”.
Para Thévenet (1992), o comprometimento existe quando há, ao mesmo
tempo, adesão e oportunidades. A adesão não é suficiente porque é essencialmente
passiva, representa um estado da pessoa vis-à-vis da organização, mas é
necessária porque traduz a consistência, a perenidade de um relacionamento
apoiado sobre valores. As oportunidades não o suficientes, pois sugerem uma
avaliação permanente das recompensas possíveis; entretanto, são necessárias
porque a pessoa deve retirar qualquer coisa de sua relação com a organização; é
isto que vai determinar esta dimensão ativa do comprometimento.
Corroborando com as proposições de Thévenet (1992), e Lemoine (1998)
sugerem que duas correntes principais foram identificadas para explicar o
comprometimento na organização. A primeira ressalta o aspecto permutativo: o
comprometimento depende das negociações (investimentos e retribuições) entre a
organização e a pessoa. Neste caso, a permanência do indivíduo na organização vai
depender das vantagens ou inconvenientes trocados entre eles. A segunda é
definida em termos psicológicos: o comprometimento é dependente de um processo
de identificação muito forte da pessoa para com sua organização; é uma relação
profunda, que ultrapassa as vantagens imediatas. O comprometimento vai além
daquilo que é racional na troca e envolve o indivíduo profundamente. Para os
autores, a organização e os indivíduos o interdependentes. Um indivíduo que se
identifica com a organização à qual ele pertence, poderá realizar um trabalho
apreciável e satisfatório, fornecendo à organização os recursos
dos quais ela
necessita para realizar suas missões. Ao inverso, um indivíduo que não se identifica
culturalmente à sua organização, faz, consciente ou inconscientemente, menos
esforços, até mesmo esforços contrários aos objetivos organizacionais.
O que se pode conceber é que as organizações esperam as idéias, as
competências e o trabalho dos indivíduos e estes têm necessidade de
48
remunerações, de trabalho, de uma carreira e de profissionalização. Mas quando o
ajustamento não se opera entre a organização e a pessoa, um ou outro, ou até
mesmo os dois vão sofrer: a pessoa será explorada ou ao contrário procurará
explorar a empresa. Inversamente, quando existe ajustamento, os dois se
beneficiam: as pessoas são capazes de desenvolver esforços consideráveis no seu
trabalho para ajudar a empresa a atingir seus objetivos.
Segundo Bastos (2000), o estudo da natureza do vínculo que o indivíduo
desenvolve simultaneamente com sua organização empregadora e com sua
profissão emerge a partir dos trabalhos de Gouldner (1957). Seus estudos sugeriram
três variáveis para analisar identidades: lealdade para a organização; compromisso
com valores profissionais; e orientações de grupos de referências, apresentando
duas posições opostas, discriminando indivíduos cosmopolitas e localistas. No
estudo, o autor encontrou diferenças entre os cosmopolitas e localistas em termos
de graus de influência, participação, tendência para aceitar ou rejeitar regras
organizacionais e relações informais. Os localistas apresentavam alto
comprometimento com a organização e baixo com a profissão, tendo um grupo
interno como referência e tendo sido subdivididos em “dedicados”, “verdadeiros
burocratas”, “guardiões da casa” e “mais velhos”. Os cosmopolitas, ao contrário,
eram pessoas com baixa lealdade à organização e alto comprometimento com a sua
especialização, tendo um grupo externo como referência e sendo subdivididos em
“intrusos” e “construtores de impérios”. Tratava de um estudo que isolava os fatores
do comprometimento organizacional do comprometimento profissional, estudando-os
em grupos distintos, excluindo a percepção de que os mesmos pudessem estar
correlacionados.
Partindo dessa natureza multidimensional, Grimes e Berger (1970)
começaram a questionar o fato de que a relação entre os dois tipos de
comprometimento poderia não ser antagônica e propuseram uma nova classificação
que envolveu quatro padrões:
Cosmopolita-localista alto comprometimento com a profissão e alta
lealdade com a organização (trabalhadores que encontram na organização
maiores oportunidades profissionais do que em outras possíveis);
49
Cosmopolita: alto comprometimento com a profissão e baixa lealdade com
a organização (oportunidades profissionais limitadas na organização);
Localista: alta lealdade à organização e baixo comprometimento com a
profissão (pessoas com baixo interesse em ter oportunidades profissionais
e alto interesse em oportunidades na organização);
Nem cosmopolita nem localista: baixo comprometimento com ambos os
focos (pessoas que apresentam reduzido interesse em relação à profissão
e à organização).
Em uma nova tentativa de superar o criticismo das pesquisas anteriores
quanto à dimensionalidade do construto, Berger e Grimes (1973) desenvolveram
uma escala, mensurando a orientações profissionais, aplicando-a em 46 escolas de
negócios. Os resultados confirmaram as proposições de Gouldner (1957) e
apontaram uma complexidade do comprometimento com a profissão muito maior
que os estudos iniciais.
Sob outros enfoques, alguns pesquisadores começaram a apresentar visões
distintas quanto ao relacionamento entre o comprometimento organizacional e o
comprometimento profissional.
Kornhauser (1962), Blau e Scott (1962), Hall (1968) e Alexander (1981) são
autores que comprovaram o conflito entre o comprometimento organizacional e o
profissional. Para eles, os empregados tendem a ser mais comprometidos com a sua
profissão e seus valores individuais do que com suas organizações. Alguns outros
autores como Sorensen e Sorensen (1974) e Miller (1967) sugerem que o
comprometimento com as organizações resulta das limitações da autonomia
profissional. O profissional e os sistemas organizacionais foram considerados
incompatíveis por esses autores, no que se refere aos princípios organizacionais e
profissionais. Enquanto que os sistemas organizacionais são voltados para valores
como o controle e a autoridade hierárquica, em conformidade com os objetivos,
normas e regulamentos e à lealdade organizacional, o sistema profissional é voltado
para os valores como especialização, controle profissional, conformidade com os
padrões e objetivos profissionais e autonomia profissional. Kallerberg e Berg (1987)
50
consideram que à medida que aumenta o comprometimento profissional,
automaticamente reduz-se o comprometimento organizacional e vice-versa.
Wallace (1995) estudou clínicas dicas, institutos de pesquisa, escritórios,
empresas de contabilidade e arquitetura como exemplo de organizações. O autor
identificou que os profissionais que estão trabalhando como liberais, podem
responder mais como profissionais (grifo do autor) do que os outros. As variáveis
associadas a cada emprego foram consideradas como determinantes na
identificação dos profissionais com suas organizações. Para ele, essa complexidade
pode resultar em inconsistências de comprometimento, influenciando em outras
atitudes comportamentais como satisfação no trabalho, comportamento
organizacional e
turnover
.
A noção de conflito entre estes dois tipos de comprometimento, entretanto,
não é totalmente aceita por outros pesquisadores. Hrebiniak e Alutto (1972), Organ e
Greene (1981), Aranya, Kushnir e Valency (1986) e Podsakoff, Williams e Todor
(1986), por exemplo, sugerem que uma interdependência de características
profissionais e organizacionais no trabalho e pressupõem que não nenhum
conflito entre o comprometimento profissional e o organizacional, desde que os
objetivos profissionais sejam congruentes com os objetivos organizacionais. Aranya
e Jacobsen (1975) sugeriram que, quando uma ocupação é parcialmente burocrática
e parcialmente profissional, existe a possibilidade de duplo comprometimento, por
terem encontrado uma correlação positiva entre os dois comprometimentos.
Reilly e Orsak (1991) procuraram identificar e comparar as características de
comprometimento adequadas para a ocupação de enfermeiras, tomando como base
a necessidade de estudar conjuntos de compromissos ao longo de estágios de
carreira, trabalhando com dois tipos de comprometimento, com a carreira e com a
organização, sendo que este último se desdobra nas três dimensões – afetiva,
calculativa e normativa - de Meyer e Allen (1991). As análises fatoriais discriminaram
adequadamente as quatro medidas de comprometimento e a análise, considerando
o estágio da carreira, revelou que as enfermeiras relatam um nível de
comprometimento com a profissão alto e consistente ao longo de todos os estágios.
Já o comprometimento com a organização, de base normativa ou instrumental,
aumenta significativamente com o estágio da carreira. A alta correlação observada
51
entre o comprometimento com a carreira e com a organização (base afetiva) é
interpretada como significando um duplo comprometimento.
Becker (1992) considera que os empregados podem ter um grau elevado de
comprometimento tanto com a organização, como a profissão. Para ele, os dois tipos
de comprometimento são complementares e podem ocorrer simultaneamente.
Baugh e Roberts (1994) sugerem que a ocorrência simultânea de níveis elevados
dos dois tipos de comprometimento pode ser desejável para a organização. Para os
autores, o comprometimento profissional elevado pode absorver algumas disfunções
do comprometimento organizacional. Da mesma forma, o comprometimento
profissional elevado, sem a sustentação de um nível razoável de comprometimento
organizacional, pode ser de menor utilidade, porque pode resultar na qualidade da
produção, mas não necessariamente no que é essencial para a organização.
Sugerem ainda que, quanto mais aliados o comprometimento organizacional e o
profissional, tanto maior sea satisfação do trabalho do indivíduo. Sanches (2004)
compreende que a conciliação ou o conflito entre os dois focos são mediados pelo
nível em que a ocupação é compatível com os interesses pessoais e o nível em que
o indivíduo encontra, na organização, suporte à realização profissional.
Wallace (1993) procurou resgatar os estudos realizados do relacionamento
entre comprometimento organizacional e profissional no período de 1966 até 1989 e
identificou 25 trabalhos que estabeleciam coeficientes de correlação entre os dois
tipos de comprometimento ou pesquisas de comprometimento no contexto do
trabalho. O objetivo do seu estudo foi o de examinar a natureza da relação entre o
comprometimento com a profissão e com a organização, sistematizando os
resultados contraditórios que ora apontam para o conflito, ora para a
compatibilidade. Os resultados indicaram uma correlação moderadamente forte e
positiva entre o comprometimento com a organização e a profissão. Essa relação,
embora positiva, pode variar de grau, segundo as profissões, de acordo com o nível
de profissionalização e, dentro da organização, pela posição que o indivíduo ocupa.
Segundo Walllace (1993), muitos dos estudos precedentes eram somente
artigos teóricos e revisões de literatura. A pesquisa do autor demonstrou que a
maioria dos estudos que analisaram a relação do comprometimento profissional com
o organizacional era unidimensional e utilizaram-se somente a dimensão afetiva do
52
comprometimento organizacional. Somente três estudos – Ritzer e Trice (1969),
Aranya e Ferris (1983) e Mathieu e Zajac (1990) foram identificados utilizando as
diferentes dimensões do comprometimento organizacional. Ainda assim, Mathieu e
Zajac perceberam um relacionamento maior do comprometimento afetivo com o
profissional em suas análises. Wallace (1993) ressalta que os estudos não
observaram profissões estabelecidas tradicionalmente, como a medicina e a
advocacia, e que não incluíram como moderador o grau de burocratização, ou o
tamanho da organização que, para ele, são aspectos que críticos na formulação
clássica do dilema organização-profissão.
No Brasil, Bastos (1994) estudou trabalhadores de diferentes organizações,
analisando seu comprometimento diante de organização, carreira e sindicato,
identificando oito grupos de sujeitos com padrões distintos nas suas atitudes em
relação a esses três focos. Brito (1995) analisou esta questão em uma amostra de
professores da Universidade de Minas Gerais, tendo identificado apenas dois
padrões de comprometimento: os duplamente comprometimentos, que buscam mais
auto-realização e mais resultados intrínsecos que extrínsecos; e os que possuem
maior comprometimento com a organização. Já Costa (1998), num estudo com
enfermeiras, identificou quatro padrões de comprometimento, diferenciando-os
quanto a vários aspectos relacionados ao trabalho e à situação de emprego na
organização. Em 2000, Bastos retorna os estudos, analisando novamente diferentes
organizações e identificou quatro padrões de comprometimento, tomando como foco
a organização e a carreira/profissão, que são: o duplo comprometimento (que
apresenta alta centralidade do trabalho na vida, onde o trabalho possibilita o uso de
suas habilidades e qualificações), duplo descomprometimento (onde é percebido
mais intensamente o conflito capital
versus
trabalho e acontece a maior incidência de
trabalhadores com menor número de promoções e treinamentos), unilateralidade
com a organização (que possuem preferência por trabalho em equipe, com alto
senso coletivo e a escolha da profissão foi guiada por fatores externos) e
unilateralidade com a profissão (onde a escolha da profissão foi guiada por fatores
internos e se possui uma percepção do trabalho como diversificado). Bastos (2000)
sugere que o fato destes trabalhos buscarem estudar, simultaneamente, o
comprometimento do trabalhador ante dois focos mostra um avanço importante em
relação à tradição dominante de estudos isolados de cada comprometimento.
53
Esclarece que os estudos de múltiplos comprometimentos devem caracterizar-se
pela tentativa de identificar padrões descritivos de como o indivíduo se relaciona,
simultaneamente, com os focos escolhidos e considera que esse objetivo parece ser
relevante se tais padrões são tornados como unidades de análise que envolvem, em
algum grau, uma estrutura de atitudes, uma abordagem coerente com a perspectiva
atual no estudo das atitudes em geral.
Neste trabalho, procurou-se então, consagrar as pesquisas de Wallace (1993)
e completar a busca de estudos que correlacionem o comprometimento
organizacional e o profissional ate o momento no Brasil e no Mundo, conforme pode
ser observado no Quadro 03.
Ano Pesquisador (es) País População Amostra
1969 Ritzer & Trice
Gerentes pessoais 419
Rotondi
Graduados em negócios – não gerentes 47 1975
Rotondi
Graduados em negócios – gerentes 140
1980 Wiener e Vardi
Agentes de seguro 56
Aranya, Pollock e
Amernic
Canadá Equipe de funcionários profissionais 85
Aranya, Pollock e
Amernic
Canadá Contabilistas 173
1981
Aranya, Pollock e
Amernic
Canadá Contabilistas 344
Aranya e Ferris Israel Contabilistas 404 1983
Aranya e Ferris U.S. Contabilistas 409
Aranya e Ferris U.S. Contabilistas 1074 1984
Aranya e Ferris Canadá Contabilistas em organizações não profissionais 942
Aranya, Kushnir e
Valency.
Contabilistas 1053
Lachman e
Aranya
U.S. Contabilistas 344
Lachman e
Aranya
U.S. Contabilistas 150
Lachman e
Aranya
U.S. Contabilistas dentro de organizações não
profissionais
298
1986
Abreu, Chewning
e Taylor.
Colômbi
a
Auditores Internos 55
1987 Pazy e Zin
Grande variedade de profissionais 175
1988 Stefy e Jones
Enfermeiras registradas 118
Meixner e Bline U.S. Contadores Governamentais 427 1989
Morrow e Wirth
Cientistas de Universidade e Profissionais de Staff
728
1990 Mathieu e Zajac
Estudo Meta-analítico. -
1993 Wallace
Estudo Meta-analítico -
2000 Bastos* Brasil Trabalhadores de 42 distintas organizações 1.678
2002 Rahman e
Hanafiah
Malásia Pesquisadores 545
QUADRO 03 Histórico das pesquisas de correlação realizadas entre comprometimento
organizacional e comprometimento profissional
Fonte: Adaptado de Wallace (1993).
54
A partir das pesquisas realizadas pôde-se concluir que os estudos
relacionando o comprometimento organizacional com o comprometimento
profissional são ainda insipientes, especialmente no Brasil, identificando-se a
necessidade de aprofundamentos sobre ambos concomitantemente e suas
correlações de forma a contribuir para a compreensão da relação entre os indivíduos
e as organizações.
55
3 METODOLOGIA
3.1 Abordagem Metodológica
Este estudo procura conhecer dois dos focos do comprometimento no
trabalho o comprometimento organizacional e o comprometimento profissional - e
verificar suas relações, para tanto ambos foram analisados de forma simultânea e
correlacionados.
Para reconhecer a correlação entre o comprometimento profissional e o
comprometimento organizacional do indivíduo foi realizada uma pesquisa
quantitativa de caráter descritivo. Santos Filho e Gamboa (1997) esclarecem que as
pesquisas quantitativas buscam explanar as causas das mudanças nos fatos sociais,
principalmente por meio de medida objetiva e análise quantitativa, onde o objetivo
básico é a predição, a testagem de hipóteses e a generalização. E Richardson
(1999) complementa defendendo que os métodos quantitativos são freqüentemente
aplicados nos estudos que procuram descobrir e classificar a relação entre as
variáveis, bem como nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos.
Os autores concordam quando observam que o método quantitativo
caracteriza-se pelo emprego de técnicas estatísticas, baseado tipicamente no
design
experimental ou correlacional para reduzir o erro, o viés e outros fatores que possam
interferir na percepção clara dos fatos sociais, representando a intenção de garantir
a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando
uma margem de segurança quanto às inferências.
Seguindo as metodologias aplicadas nos estudos existentes sobre
comprometimento, e em decorrência dos objetivos do presente estudo, a pesquisa
quantitativa tornou-se essencial para o desenvolvimento do presente trabalho.
56
3.2 Estratégia de Pesquisa
Como estratégia de pesquisa, foi realizado um estudo de caso. Merriam
(1998) esclarece que os estudos de casos são geralmente qualitativos, mas podem
ser também quantitativos para se testar teorias como ocorrem no comportamento
das organizações. De acordo com Yin (2001), o estudo de caso é uma inquirição
empírica, que consiste numa estratégia de pesquisa que procura um fenômeno
contemporâneo dentro de um contexto da vida real, em situações em que as
fronteiras entre o fenômeno e o contexto não são claramente estabelecidas,
utilizando assim múltiplas fontes de evidências. Merriam (1998) esclarece que o
estudo de caso se concentra num fenômeno singular ou entidade e então o
pesquisador busca descobrir a interação de fatores significativos característicos do
fenômeno. Os principais pontos fortes de se adotar o estudo de caso são: é um
excepcional meio para responder questões de pesquisa; oferece meios para
investigar unidades sociais complexas; e oferece
insights
e esclarece os propósitos.
Stake (2003) salienta que o Estudo de Caso vislumbra a experiência
contemporânea, além dos eventos históricos, onde o pesquisador utiliza em seu
estudo dados históricos sobre a pessoa ou organização, mas o foco de investigação
é o aqui e o agora. E Mariano (1999) complementa que o estudo de caso pode ser
desenvolvido por quatro objetivos: como narração em que são registrados fatos e
eventos temporários ou a forma como aconteceram; como representação em que
descrevem, representam ou caracterizam; como ensino em que se instrui; e como
teste em que se usa um caso para testar teorias específicas e/ou hipóteses.
Também, a autora justifica a aplicação do estudo de caso quando existem poucas
pesquisas sobre o assunto e a necessidade de se obter dados preliminares e
informações para subsidiarem novos e mais amplos estudos. Neste sentido,
escolheu-se o estudo de caso, considerando a insipiência dos estudos realizados no
Brasil sobre o tema e dada a necessidade de focar-se em uma profissão específica
para buscar subsídios para a contribuição da pesquisa no Brasil sobre a relação do
comprometimento organizacional com o comprometimento profissional.
57
3.3 Delimitação do Estudo
Com respeito à delimitação do estudo, a população da pesquisa é composta
de docentes do ensino superior do Centro de Educação de Balneário Camboriú da
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, pois se acredita existir a busca pela
especialização e aprimoramento constante, possuindo o perfil dos profissionais que
podem, a partir de suas alocuções e experiências, contribuir para os resultados da
pesquisa, optou-se pela amostra censitária, procurando-se atingir todos os
professores do campus.
O Campus de Balneário Camboriú, contava com 288 docentes que exerciam
atividades de ensino, pesquisa e extensão com a graduação no segundo semestre
de 2004. Acredita-se que tais profissionais enquadravam-se nas características do
comprometimento profissional, tais como, especialização nos conhecimentos,
autonomia na aplicação destes conhecimentos, comprometimento com a
especialidade da atividade e a ética na utilização do conhecimento especializado,
características sugeridas por Alexander (1981), oferecendo condições para uma
pesquisa que venha atingir os objetivos propostos.
3.4 Formulação das Hipóteses
Goode e Hatt (1973) consideram que a formulação de hipóteses busca
afirmar uma relação específica entre fenômenos, de tal forma que essa maneira
possa ser empiricamente verificada. Richardson (1999) considera as hipóteses como
uma tentativa de soluções, previamente selecionadas no problema de pesquisa e
considera que a proposição da formulação de uma hipótese, consiste em se aceitá-
la ou rejeitá-la a partir dos resultados obtidos no estudo.
A partir dos estudos anteriormente descritos no capítulo 2, pôde-se perceber
que outros pesquisadores já buscaram identificar o relacionamento do
comprometimento profissional com o comprometimento organizacional. Estes
estudos predecessores buscavam examinar a natureza da relação entre o
58
comprometimento com a profissão e com a organização, sendo que alguns autores
defendiam o conflito, outros a compatibilidade e todos os estudos realizados fora do
Brasil. Entretanto, todos os estudos são unânimes ao considerar que não são
conclusivos e abrem precedentes a novas pesquisas, considerando
fundamentalmente a realidade de um dos objetos de estudo a profissão que
possui características ímpares em cada realidade.
Dessa forma, objetivando corroborar com as pesquisas realizadas e
responder a pergunta de pesquisa “Qual a correlação entre o comprometimento
organizacional e o comprometimento profissional dos docentes de instituições do
ensino superior?”, formulou-se as seguintes ou hipóteses nulas:
H
0
= O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo
não
é
diretamente correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H
0
= O Nível de comprometimento afetivo do indivíduo
não
é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H
0
= O Nível de comprometimento normativo do indivíduo
não
é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
Barbetta (2003, p. 196) esclarece que a hipótese nula é, basicamente, uma
negação daquilo que o pesquisador deseja provar” e considera que quando os
dados mostrarem evidência suficiente de que a hipótese é falsa, se aceita em seu
lugar a hipótese alternativa H
1
. Assim, foram elaboradas as hipóteses alternativas
que é aquilo que busca confirmar.
H
1
= O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H
1
= O Nível de comprometimento afetivo do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H
1
= O Nível de comprometimento normativo do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
59
Diante das considerações de Barbetta (2003), procurou-se identificar as
correlações existentes entre os fatores do comprometimento organizacional com o
comprometimento profissional.
3.5 Instrumento de Pesquisa
O instrumento de pesquisa utilizado foi uma escala de mensuração (Apêndice
01), elaborada a partir da junção do modelo validado por Meyer e Allen (1997a) da
variável comprometimento organizacional (anexo 03) e do modelo da variável
comprometimento profissional (anexo 02) validado por Aranya, Pollock e Amernic
(1981), devidamente acompanhado de uma carta de apresentação (Apêndice 02).
O modelo de Comprometimento Organizacional (OCQ) é composto de três
fatores
3
do comprometimento organizacional – afetivo, instrumental e normativo – e é
composto de seis itens para cada uma de seus fatores, totalizando dezoito itens. A
escala ainda é composta de quatro itens invertidos no sentido das frases, que
objetivam evitar que os respondentes se condicionem a somente um padrão de
respostas. De Vellis (2003) esclarece que a inversão nas respostas deve-se ao fato
de as perguntas possuírem uma tendência a respostas positivas podendo haver uma
distorção ou viés por parte do respondente em escalas longas. O modelo do
comprometimento profissional é composto de quinze itens, com seis itens invertidos,
considerando as proposições de De Vellis (2003). A partir da junção das duas
escalas, originou-se uma nova escala com trinta e três itens, com dez itens
invertidos ao todo.
Para a medida no instrumento, buscando assegurar a equivalência de
diferentes percepções com a finalidade de compará-las, utilizou-se a escala de
mensuração, que consistiu em um conjunto de sete itens apresentados em forma de
3 As dimensões tratadas por Meyer e Allen (1997) afetiva, instrumental e normativa - foram
tratadas, para efeitos estatísticos, como fatores e os dois comprometimentos organizacional e
profissional – como variáveis.
60
afirmações, ante as quais se solicitou aos sujeitos que escolhessem um dos itens de
01 a 07 que mais representasse suas percepções. Para não inferir sugestões nos
respondentes, a escala apresentou-se de 01 a 07, somente com a adoção de “maior
discordância” na extremidade 01 e “maior concordância” na extremidade 07.
3.6 Coleta de Dados
Inicialmente, um pré-teste da escala da pesquisa foi administrado a dez
professores aleatoriamente selecionados do próprio campus. Após terminarem de
responder, foi solicitado que avaliassem o escala para verificar a exatidão e a
facilidade de compreender os sentidos da escala. Alguns respondentes
apresentaram dúvidas com relação à questão “Frequentemente, eu encontro
dificuldade em concordar com as políticas profissionais, em assuntos importantes
relacionados com os seus membros”, que faz parte da escala do comprometimento
profissional. A questão foi reformulada, e na versão final da escala, a sugestão foi
incorporada para se aplicar a pesquisa.
As escalas foram entregues pessoalmente aos professores nos momentos de
treinamento (formação continuada) ou aos que foram encontrados dia-a-dia no
período de pesquisa. Para os demais, o instrumento foi deixado nos seus
escaninhos. Assim sendo, procurou-se alcançar a todos os professores do campus.
O período de aplicação da pesquisa deu-se entre os meses de fevereiro/2005
a maio/2005 e retornaram 104 escalas, representando 36,11% da população
identificada, sendo que os cursos que apresentaram maior representatividade foram
os cursos de Administração (40,74%), Design (53,85%), Gastronomia (45,45%) e
Turismo e Hotelaria (70,59%), conforme demonstra a tabela 03 que apresenta o
número de docentes integrantes da população e da amostra.
61
TABELA 03 – Total de professores por curso versus total de respondentes
Curso
Total de Professores
por curso
Número de
Respondentes
% Respondentes
Administração 54 22 40,74%
Arquitetura e Urbanismo 43 07 16,27%
Design Gráfico/Moda 39 21 53,85%
Direito 57 09 15,78%
Gestão de Lazer e Eventos 09 02 22,22%
Gastronomia 11 05 45,45%
Nutrição 41 14 34,15%
Turismo e Hotelaria 34 24 70,59%
TOTAL 288 104 36,11%
Fonte: Pesquisa realizada com os docentes do CE BC da UNIVALI no período de fev./2005 a maio/2005.
Cabe ressaltar que alguns dos professores trabalham em mais de um curso, e
no momento da aplicação, foi solicitado aos mesmos que respondessem em
conformidade com suas percepções diante do curso que tivessem maior carga
horária no campus, sendo que esses respondentes foram desconsiderados no
número de professores dos cursos de menor representatividade somente em
decorrência desta condição.
62
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir dos dados recebidos dos 104 respondentes dos 288 instrumentos
enviados a toda a população, tornou-se possível analisar os dados da pesquisa.
Com apoio do software estatístico SSPS 11.5, uma série de procedimentos foram
efetuados para a análise dos dados. No processo de análise, três etapas foram
percorridas durante o desenvolvimento da pesquisa.
Inicialmente, foi realizado um teste de confiabilidade das escalas utilizando-se
o Alpha Cronbach para medir a precisão e consistência interna da escala. Quanto
mais alto for seu valor (varia de 0 a 1) maior a consistência interna da medida. Para
tal, considerou-se o mínimo de 0,7 para se determinar um padrão de confiabilidade.
Procurou-se ainda, realizar a análise fatorial de cada variável e seus fatores
buscando-se observar um conjunto de dimensões latentes num grande conjunto de
variáveis, combinando-as e condensando-as, a fim de identificar as variáveis
apropriadas para uma posterior correlação.
A seguir, utilizou-se a estatística descritiva, para se conhecer as médias e
desvios padrões da variável “comprometimento profissional” e dos fatores da
variável “comprometimento organizacional”, objetivando identificar os níveis de
homogeneidade ou dispersão dos itens em questão.
Finalmente, decorrente do interesse em analisar o grau de associação entre
dois conjuntos de escores referentes a um gruo de indivíduos, utilizou-se a
correlação. Mas, o coeficiente de correlação, por si só, representa apenas o grau de
associatividade entre as variáveis em estudo. Por isso, foram necessárias as provas
de significância sobre o coeficiente calculado, buscando-se testar as hipóteses
relativas à população em estudo. De acordo com Siegel (1979), deve-se supor que
os escores provenham de uma população normal, deste modo, é possível comparar
a significância de r. Na presente pesquisa, a correlação de Pearson foi utilizada para
verificar as possíveis relações entre os fatores do comprometimento organizacional
com o comprometimento profissional, buscando-se responder às hipóteses do
estudo. Abbad e Torres (2002) esclarecem que a análise de correlação fornece
63
informações básicas sobre a natureza dos problemas a serem encontrados,
indicando nitidamente o grau de relação entre as variáveis.
4.1 Mensuração da confiabilidade do instrumento a partir da Análise do
Coeficiente Alpha de Cronbach
Este estudo apresenta os Alphas dos fatores baseados nas respostas do
estudo e, para se identificar a confiabilidade da escala, buscou-se um índice maior
ou igual a 0,70 para que os itens de cada fator possam demonstrar um grau elevado
de consistência interna.
A tabela 04 apresenta o resultado geral do Alpha Cronbach dos fatores
afetivo, instrumental e normativo - do comportamento organizacional.
TABELA 04 – Coeficiente de Alpha Cronbach dos fatores do comprometimento organizacional
Fatores do Comprometimento Organizacional Número de Itens Alpha de Cronbach
Comprometimento Afetivo 06 0,79
Comprometimento Instrumental 06 0,71
Comprometimento Normativo 06 0,80
Fonte: Dados Primários (2005)
Observou-se que o coeficiente Alpha dos três fatores afetivo: 0,79,
instrumental: 0,71 e normativo: 0,80 foram considerando satisfatórios, atendendo
as expectativas determinadas anteriormente, comprovando que os itens da escala
sugerida por Meyer e Allen (1997a) apresentam consistência interna e confiabilidade
(apêndice 03).
o comprometimento profissional, que não possui fatores específicos e é
composto por 15 itens, apresentou o coeficiente Alpha Cronbach de 0,66 - como
pode ser observado na tabela 05 - não apresentando o nível pré-determinado de
confiabilidade. Analisando-se os coeficientes individuais de cada item (apêndice 04),
observou-se que os itens CP07 (
Eu poderia muito bem estar associado com qualquer
outra profissão, contanto que o tipo de organização na qual eu trabalhasse fosse similar)
e CP12 (Frequentemente, eu encontro dificuldade em concordar com as políticas
64
profissionais adotadas pelos meus colegas de profissão)
foram os itens que
apresentaram inconsistência interna nos resultados. Pode-se conceber que o item
CP07 tem em sua estrutura duas afirmativas, o que pode ter gerado dualidade para
os respondentes. E no que tange ao item CP12, no pré-teste, gerou
questionamentos e teve que ser reformulado. Por fim, observa-se ainda que este
item, pelo seu teor, oferece duplo sentido podendo o respondente concordar com
políticas éticas e/ou antiéticas dos colegas, não ficando clara a proposição.
TABELA 05 – Coeficiente de Alpha de Cronbach do comprometimento profissional
Número de Itens Alpha de Cronbach
Comprometimento Profissional 15 0,66
Fonte: Dados Primários (2005)
Diante destas considerações, optou-se por ignorar os dois itens, buscando-se
a confiabilidade da escala, ficando assim, com 13 itens, e obtendo-se um índice de
confiabilidade Alpha de 0,74, como pode ser observado na Tabela 06.
TABELA 06 Coeficiente de Alpha Cronbach do Comprometimento Profissional, excluindo as
questões CP07 e CP12.
Número de Itens Alpha de Cronbach
Comprometimento Profissional 13 0,74
Fonte: Dados Primários (2005)
Dessa forma, as duas escalas demonstraram consistência interna,
significando estabilidade e precisão, permitindo o prosseguimento da análise dos
dados.
4.2 Análise Fatorial
Após analisado o coeficiente Alpha Cronbach para se verificar a consistência
interna dos itens, carregou-se o programa SPSS 11,5, para se realizar a análise
fatorial das variáveis do comprometimento.
Ao se observar a variável do comprometimento organizacional, na Tabela 07,
verificou-se a existência de cinco fatores, indicando o não agrupamento total dos
65
itens dos fatores afetivo e instrumental, com exceção do comprometimento
normativo. Observou-se que todos os itens foram integralmente agrupados no
mesmo fator.
TABELA 07 – Fator Matrix do Comprometimento Organizacional
Componentes
1 2 3 4 5
COA1
,700 -,197 ,065 -,132 ,140
COA2
,464 -,343 ,067 -,151 ,583
COA3
,511 -,239 ,482 ,373 -,255
COA4
,520 -,307 ,590 ,331 -,044
COA5
,725 -,165 ,364 ,075 -,098
COA6
,651 -,159 -,073 -,273 ,166
COI1
,612 ,191 ,067 -,497 ,050
COI2
,584 ,460 ,137 -,290 ,014
COI3
,574 ,560 ,192 -,272 ,009
COI4
,277 ,764 ,108 ,178 -,057
COI5
-,036 ,326 ,095 ,473 ,685
COI6
,002 ,757 ,082 ,281 -,057
CON1
,550 ,006 -,338 -,052 -,245
CON2
,575 ,169 -,561 ,272 -,015
CON3
,607 -,063 -,401 ,287 ,057
CON4
,759 -,073 -,263 -,001 -,054
CON5
,508 -,204 -,364 ,329 -,033
CON6
,637 -,013 ,052 ,084 -,141
Fonte: Dados Primários (2005)
Ao se aplicar a Rotação do Fator Matrix do Comprometimento Organizacional,
através do Método Varimax com Normalização Kaiser, continuou-se a observar a
existência de cinco fatores, como pode ser observado na Tabela 08. Entretanto,
observou-se o agrupamento de itens em três fatores distintos.
66
TABELA 08 Rotação do Fator Matrix do Comprometimento Organizacional através do Método
Varimax com Normalização Kaiser
Componentes
1 2 3 4 5
COA1
,524 ,340 ,360 -,208 ,082
COA2
,455 ,168 ,191 -,464 ,462
COA3
,017 ,143
,853
,046 -,059
COA4
,099 ,048
,890
-,066 ,124
COA5
,394 ,234
,700
-,020 -,026
COA6
,586 ,353 ,169 -,242 ,042
COI1
,794
,131 ,070 ,049 -,100
COI2
,699
,120 ,111 ,374 -,024
COI3
,711
,074 ,121 ,478 -,007
COI4
,235 ,099 ,051
,793
,106
COI5
-,105 ,002 -,013 ,291
,845
COI6
-,015 -,014 -,056
,800
,134
CON1
,278
,571
,065 ,036 -,265
CON2
,127
,828
-,045 ,203 ,060
CON3
,121
,754
,142 ,002 ,126
CON4
,408
,657
,221 -,046 -,066
CON5
-,019
,700
,200 -,094 ,047
CON6
,314 ,393
,410
,088 -,081
Fonte: Dados Primários (2005)
O fator 01 agrupou os itens COI1 (Na situação atual, permanecer na minha
empresa é uma
questão tanto de necessidade quanto um desejo
), COI2 (Mesmo que
eu quisesse, seria muito difícil deixar a empresa agora) e COI3 (Se eu decidisse
deixar minha organização agora, minha vida ficaria bastante estruturada), sendo que
os três itens compõem o comprometimento instrumental.
o fator 02 agrupou os itens CON1 (Eu não sinto nenhuma obrigação em
permanecer na minha empresa), CON2 (Mesmo que fosse vantagem para mim, eu
sinto que não seria certo deixar minha organizão agora), CON3 (Eu me sentiria
culpado se deixasse minha organização agora), CON4 (Esta organização merece
minha lealdade) e CON5 (Eu não deixaria minha organização agora porque eu tenho
uma obrigação moral com as pessoas daqui).
E o fator 03 agrupou os itens COA3 (Eu não me sinto fortemente integrado a
essa organização), COA4 (Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta
organização) e COA5 (Eu não sinto como parte da família nesta empresa). Cabe
salientar que os três itens do comprometimento afetivo que se alinharam como
67
integrantes do comprometimento afetivo, bem como o item CON2 do
comprometimento normativo apresentavam-se na escala com afirmações negativas
e que foram devidamente invertidas na tabulação dos dados. Pode-se compreender
que, em virtude das cargas observadas nas análises, o sentimento negativo instigou
a percepção “defensiva” nos respondentes.
Partindo-se então, dessa análise preliminar, excluiu-se os itens não
coincidentes de cada um dos fatores, quais sejam: no comprometimento afetivo
foram retirados os itens COA1 (Eu ficaria muito feliz em passar o resto da minha
carreira nesta organização), COA2 (Eu realmente sinto os problemas da organização
como se fossem meus) e COA6 (Esta organização tem um imenso significado
pessoal para mim); no comprometimento instrumental foram excluídos os itens COI4
(Eu acredito que teria poucas alternativas se deixasse essa organização agora),
COI5 (Se eu já não tivesse dado tanto de mim nesta organização, eu poderia pensar
em trabalhar em outro lugar) e COI6 (Uma das conseqüências negativas de deixar
esta empresa seria a escassez de alternativas imediatas); e no comprometimento
normativo fez-se necessário excluir somente o item CON6 (Eu devo muito a esta
organização). Tais proposições, nesta pesquisa, não refletiram a teoria do
comprometimento organizacional ou não foram interpretados de maneira clara na
escala, não corroborando para as assertivas do construto. Com essas exclusões,
então, carregou-se o programa SPSS 11,5 e se obteve apenas três componentes,
como pode ser observado na Tabela 09.
TABELA 09 – Fator Matrix do Comprometimento Organizacional com exclusão de itens
Componentes
1 2 3
COA3 ,518
,604
,314
COA4 ,501
,690
,308
COA5
,712
,463 ,095
COI1
,589
-,044 -,491
COI2
,617
,060 -,592
COI3
,581
,112 -,646
CON1
,564
-,324 ,064
CON2
,638
-,529 ,160
CON3
,627
-,350 ,303
CON4
,770
-,238 ,118
CON5
,517
-,275 ,439
Fonte: Dados Primários (2005)
68
Realizando, então, a rotação do Fator Matrix do Comprometimento
Organizacional dos itens que foram agrupados, chegou-se a uma análise com três
componentes distintos, como se observa na tabela 10, contribuindo para a
condensação das informações, contidas num número de variáveis originais, em um
conjunto menor de itens com um mínimo de perda dessa informação, consolidando
os componentes da variável “comprometimento organizacional”.
TABELA 10 - Rotação do Fator Matrix do Comprometimento Organizacional com exclusão de
itens através do Método Varimax com Normalização Kaiser
Componentes
1 2 3
COA3
,117 ,055
,846
COA4
,050 ,055
,903
COA5
,244 ,336
,747
COI1
,225
,731
,069
COI2
,140
,836
,128
COI3
,062
,864
,131
CON1
,607
,241 ,039
CON2
,821
,190 -,053
CON3
,764
,074 ,136
CON4
,717
,313 ,227
CON5
,699
-,096 ,193
Fonte: Dados Primários (2005)
Para a variável do Comprometimento Profissional, foram carregados os dados
e obteve-se a composição de três componentes distintos, onde o componente 01
agregou dez dos treze itens remanescentes da análise do Alpha. Optou-se por
examinar a matriz de fatores sem rotação
4
, como se observa na Tabela 11, onde se
pôde explorar as possibilidades de redução de dados e obter uma estimativa do
número de fatores a extrair, considerando que um número substancial de itens
foram agrupados nessa análise preliminar (BARBETTA, 2003).
4 Nos testes estatísticos, foi realizada a rotação, entretanto, observou-se que foram mantidos os
mesmos três componentes, entretanto separando os itens ente os três, dando-lhes consistência,
dificultando sua análise, em consideração da falta de estudos anteriores sobre possíveis dimensões
do comprometimento profissional, optando-se por analisar a variável sem rotação.
69
TABELA 11 - Fator Matrix do Comprometimento Profissional
Componentes
1 2 3
CP1 ,443
,567
,342
CP2
,690
,178 ,345
CP3
,257
-,229 -,451
CP4 ,269
,697
-,062
CP5
,476
,148 ,075
CP6
,639
-,048 -,223
CP8
,703
-,223 ,165
CP9 ,247 -,555
,426
CP10
,719
-,021 -,316
CP11
,500
-,237 ,115
CP13
,536
-,160 ,452
CP14
,723
,037 -,296
CP15
,572
-,099 -,402
Fonte: Dados Primários (2005)
A partir dos dados obtidos no Fator Matrix do Comprometimento profissional
optou-se por excluir os itens CP1 (Desejo investir esforçar-me, além do que é
esperado, para que a minha profissão seja bem sucedida), CP4 (Eu aceitaria
qualquer outra função ou atribuição no trabalho se for para continuar a trabalhar em
áreas relacionadas a esta profissão) e CP9 (Haveria pouca mudança para mim, nas
atuais circunstâncias, trabalhar em áreas não relacionadas a esta profissão) além do
item CP3 (Eu me sinto pouco leal a esta profissão) que apresentou um baixo peso
fatorial na escala, pressupondo uma discrepância com os outros itens. Cabe
salientar que este item, apresentou-se na escala como sua representatividade
invertida, o que pode ter contribuído para o resultado. Assim, o novo conjunto,
apesar de se apresentar com dois componentes, possui em um deles um alto peso
fatorial, apresentando unidimensionalidade, o que valida a escala, como pode ser
observado na Tabela 12.
70
TABELA 12 - Fator Matrix do Comprometimento Profissional após a exclusão dos itens com
baixo peso fatorial
Componentes
1 2
CP2
,673
,355
CP5
,463
-,011
CP6
,672
-,254
CP8
,714
,236
CP10
,731
-,229
CP11
,504
,271
CP13
,533
,490
CP14
,734
-,278
CP15
,597
-,522
Fonte: Dados Primários (2005)
71
4.3 Estatística descritiva dos dados
Foram tabulados e analisados as médias e os desvios-padrões dos
componentes da escala de mensuração do comprometimento organizacional fator
afetivo, instrumental e normativo, transcritas na Tabela 13.
TABELA 13 Médias e desvios-padrões dos itens que medem o comprometimento
organizacional.
Itens Variáveis
Número
de casos
Média
Desvio
Padrão
COA3
Eu não sinto um forte senso de integração com minha
organização.
104 4,99 1,99
COA4
Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organiz
ação.
104 5,08 1,93
Fator
Afetivo
COA5
Eu não me sinto como uma pessoa de casa na minha
organização.
103 5,23 1,85
COI1
Na situação atual, ficar com minha organização é na realidade
uma necessidade tanto quanto um desejo.
104 5,05 1,73
COI2
Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil deixar minha
organização agora.
104 4,49 2,11
Fator
Instrumental
COI3
Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida
ficaria bastante desestruturada.
104 4,39 2,13
CON1 Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer na minha
empresa.
104 4,58 1,93
CON2 Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria
certo deixar minha organização agora.
104 4,14 2,00
CON3 Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora. 104 3,63 2,13
CON4 Esta organização merece minha lealdade. 104 5,22 1,82
Fator
Normativo
CON5
Eu não deixaria minha organização agora porque eu tenho uma
obrigação moral com as pessoas daqui.
104 4,96 1,82
Fonte: Dados Primários (2005)
Observando-se a Tabela 13, percebe-se que os desvios-padrões estão
elevados, com maior representatividade nos fatores instrumental e normativo,
demonstrando que existe certa heterogeneidade na percepção dos respondentes no
que se refere ao comprometimento organizacional. Ainda assim, percebe-se que o
comprometimento afetivo possui os índices mais consistentes entre os três fatores,
demonstrando que, em se tratando de comprometimento organizacional, pode-se
perceber, numa primeira análise, os profissionais comprometem-se com a
organização de forma afetiva mais elevada, revelando, neste caso, sentimentos
como integração, vinculação e orgulho em fazer parte da organização. Entretanto,
72
observa-se que este sentimento não é, todavia, totalmente enraizado na percepção
do indivíduo, pois as médias apresentam valores em torno de 5 na escala de
mensuração de 1 a 7, aproximando-se muito mais do centro da escala do que o seu
grau máximo (no caso, 7).
Analisando-se os desvios-padrões, como pode ser observado no Gráfico 01,
observa-se no comprometimento afetivo a menor dispersão, aliada as maiores
médias, demonstrando nos respondentes, uma maior uniformidade, apesar de não
totalmente satisfatória, em relação aos outros fatores.
COA3
COA4
COA5
COI1
COI2
COI3
CON1
CON2
CON3
CON4
CON5
Desvio Padrão
Média
4,99
5,08
5,23
5,05
4,49
4,39
4,58
4,14
3,63
5,22
4,96
1,99
1,93
1,85
1,73
2,11
2,13
1,93
2
2,13
1,82
1,82
0
1
2
3
4
5
6
GRÁFICO 01 – Visualização das médias e desvios-padrões dos fatores do Comprometimento
Organizacional
Fonte: Dados Primários (2005)
Pode-se perceber ainda que o comprometimento instrumental e o
comprometimento normativo, não possuem forte relação com o comprometimento
dos profissionais, aproximando-se mais ainda do fator central da escala (4) que pode
ser considerada neste caso, uma percepção próxima da neutralidade nas respostas,
73
do que a afirmação das considerações. A diferença visível entre os dois outros
fatores do comprometimento instrumental e normativo é que o comprometimento
instrumental apresenta-se de forma bem mais uniforme aproximando-se da
neutralidade em todos os itens, enquanto o comprometimento normativo, oscila entre
uma baixa conformidade e uma alta conformidade dependendo dos itens do fator
analisado.
Ainda na análise descritiva, os resultados relativos do comprometimento
profissional demonstram uma consistência bem maior do que os fatores do
comprometimento organizacional
(
como pode ser observado na Tabela 14), onde as
médias aproximam-se bem mais das afirmativas nas assertivas, demonstrando um
índice mais elevado do que o comprometimento organizacional, gerando médias
próximas de 6 na escala de mensuração na maioria dos itens analisados. Já os
desvios-padrões são menores, demonstrando que existe consenso entre os
respondentes no que se refere à sua profissão.
TABELA 14 Estatísticas descritivas referentes às variáveis (escalas) que medem o
comprometimento profissional.
Itens Variáveis
Número de
casos
Média
Desvio
padrão
PC2
Elogio esta profissão junto a meus amigos como uma grande
profissão a estar relacionado.
104 6,23 1,06
PC5
Eu acho que meus valores e os valores da profissão são
muito similares.
104 5,69 1,64
PC6
Estou orgulhoso em contar para os outros que faço parte
dessa profissão.
104 6,51 0,96
PC8
Ser membro dessa profissão realmente inspira o melhor em
mim na forma de desempenho do trabalho.
104 6,19 1,17
PC10
Estou extremamente contente por ter escolhido esta
profissão, entre outras que eu considerava no momento em
que a escolhi.
104 5,90 1,35
PC11
Não há muito a ser ganho apegando-me a esta profissão
indefinidamente.
104 5,15 1,77
PC13
Eu realmente me importo com o destino desta profissão.
104 6,42 1,05
PC14
Para mim, esta é a melhor profissão a fazer parte.
104 5,56 1,40
PC15
Decidir fazer parte dessa profissão foi, definitivamente, um
erro de minha parte.
104 6,65 1,01
Fonte: Dados Primários (2005)
E para consubstanciar as afirmativas, o Gráfico 02 demonstra os desvios-
padrões juntamente com as médias, sugerindo uma uniformidade maior entre as
médias dos itens, bem como uma menor dispersão dos desvios-padrões.
74
PC2
PC5
PC6
PC8
PC10
PC11
PC13
PC14
PC15
Desvio padrão
Média
6,23
5,69
6,51
6,19
5,9
5,15
6,42
5,56
6,65
1,06
1,64
0,96
1,17
1,35
1,77
1,05
1,4
1,01
0
1
2
3
4
5
6
7
GRÁFICO 02 - Visualização das médias e desvios-padrões do Comprometimento Profissional
Fonte: Dados Primários (2005).
Pode-se perceber, conforme os histogramas no Quadro 04, que os três itens
do comprometimento afetivo apresentam uma alta uniformidade, onde os gráficos
apontam na mesma direção, ou seja, as respostas tendem a serem positivas para o
mais alto nível da escala Likert.
COA3
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,99
Mean = 5,0
N = 104,00
COA4
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,93
Mean = 5,1
N = 104,00
COA5
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,85
Mean = 5,2
N = 103,00
QUADRO 04 – Histogramas dos itens do Comprometimento Afetivo
Fonte: Dados Primários (2005).
75
Os itens do comprometimento instrumental apresentam certa
heterogeneidade, variando as percepções dos respondentes em relação aos itens,
onde o item COI1 (Na situação atual, ficar com minha organização é na realidade
uma necessidade tanto quanto um desejo) apresenta um crescimento para a
concordância, já os dois outros itens COI2 (Mesmo que eu quisesse, seria muito
difícil deixar minha organização agora) e COI3 (Se eu decidisse deixar minha
organização agora, minha vida ficaria bastante desestruturada) – apresentam a
dispersão das respostas, demonstrando existir uma grande variedade entre os
respondentes (Quadro 05). Se considerados os conceitos dos itens, percebe-se nos
respondentes, além do desejo de permanecer na organização, uma necessidade,
entretanto, pela variância das respostas das outras duas questões, pode-se concluir
que apesar de ser uma necessidade, os respondentes divergem em relação à sua
independência em caso de sobrevivência fora da organização.
COI1
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 1,73
Mean = 5,0
N = 104,00
COI2
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 2,11
Mean = 4,5
N = 104,00
COI3
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 2,13
Mean = 4,4
N = 104,00
QUADRO 05 – Histogramas dos itens do Comprometimento Instrumental
Fonte: Dados Primários (2005)
76
Já os itens do comprometimento normativo apresentam o maior grau de
heterogeneidade entre os itens. Pode-se perceber que existe uma maior
discordância com a afirmativa no item CON3 (Eu me sentiria culpado se deixasse
minha organização agora) e ao mesmo tempo concordam mais seguramente com o
item CON4 (Esta organização merece minha lealdade). Se considerar que ambos os
fatores compreendem a lealdade para com a organização, pode-se perceber que os
respondentes “estão” leais à organização, todavia, não se sentiriam culpados a
deixá-la (Quadro 06).
CON1
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 1,93
Mean = 4,6
N = 104,00
CON2
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 2,00
Mean = 4,1
N = 104,00
CON3
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 2,13
Mean = 3,6
N = 104,00
CON4
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,82
Mean = 5,2
N = 104,00
CON5
7,06,05,04,03,02,01,0
30
20
10
0
Std. Dev = 1,82
Mean = 5,0
N = 104,00
QUADRO 06 – Histogramas dos itens do Comprometimento Normativo
Fonte: Dados Primários (2005)
77
E finalmente, os histogramas do comprometimento profissional apresentam
homogeneidade, com uma forte tendência para o pólo de concordância máxima nos
resultados, demonstrando que os respondentes estão envolvidos com a sua
profissão (Quadro 07).
CP2
7,06,05,04,03,02,0
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,06
Mean = 6,2
N = 104,00
CP5
7,06,05,04,03,02,01,0
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,64
Mean = 5,7
N = 104,00
CP6
8,06,04,02,0
80
60
40
20
0
Std. Dev = ,96
Mean = 6,5
N = 104,00
CP8
7,06,05,04,03,02,0
70
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,17
Mean = 6,2
N = 104,00
CP10
7,06,05,04,03,02,01,0
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,35
Mean = 5,9
N = 104,00
CP11
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,77
Mean = 5,2
N = 104,00
CP13
7,06,05,04,03,02,01,0
70
60
50
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,05
Mean = 6,4
N = 104,00
CP14
7,06,05,04,03,02,01,0
40
30
20
10
0
Std. Dev = 1,40
Mean = 5,6
N = 104,00
CP15
8,06,04,02,0
100
80
60
40
20
0
Std. Dev = 1,01
Mean = 6,7
N = 104,00
QUADRO 07 – Histogramas dos itens do Comprometimento Profissional
Fonte: Dados Primários
Tais observações tomam maior relevo ao se analisar a correlação do
comprometimento profissional com os fatores do comprometimento organizacional.
78
4.4 Análise da Correlação entre o Comprometimento Profissional e os fatores
do Comprometimento Organizacional
A Tabela 15 apresenta as correlações entre os fatores de comprometimento
organizacional afetivo, instrumental e normativo - e o comprometimento
profissional. Utilizando-se do coeficiente de correlação r de Pearson, foi calculada
uma matriz de correlação bivariada entre as variáveis integrantes do modelo
proposto neste estudo. Pode-se observar através do carregamento dos dados no
Programa SPSS 11,5 que os três fatores do comprometimento organizacional
apresentam correlação positiva confirmando as três hipóteses do presente trabalho
onde o comprometimento afetivo apresentou uma correlação positiva moderada de
0,338 com o comprometimento profissional (cabe salientar que esta correlação
apresentou-se maior com o comprometimento profissional, do que com as outras
dimensões
instrumental, 0,304 e normativo, 0,294). O comprometimento
instrumental também apresentou uma correlação positiva moderada de 0,258,
(observa-se que esta correlação é a que apresenta a menor carga na tabela). E o
comprometimento normativo, na mesma perspectiva, apresenta também uma
correlação positiva moderada, apresentando os maiores valores na correlação com o
comprometimento profissional (0,345).
TABELA 15 Correlação entre os fatores do comprometimento organizacional com o
comprometimento profissional
CO_AFET CO_INSTR C_NORM C_PROF
CO_AFET Pearson
Correlation
1
Sig. (2-tailed)
.
N
104
CO_INSTR Pearson
Correlation
,304(**)
1
Sig. (2-tailed)
,002 .
N
104 104
C_NORM Pearson
Correlation
,294(**) ,362(**)
1
Sig. (2-tailed)
,002 ,000 .
N
104 104 104
C_PROF Pearson
Correlation
,338(**) ,258(**) ,345(**)
1
Sig. (2-tailed)
,000 ,008 ,000
.
N
104 104 104
104
Fonte: Dados primários (2005)
79
Tendo os valores das correlações, foram testadas as hipóteses através do
teste de significância sobre r para perceber se existe correlação entre as variáveis.
Neste caso, as hipóteses nulas foram testadas através do teste unilateral,
considerando que já se esperava um coeficiente de correlação positivo, dada a
população em estudo. As hipóteses nulas, relativas ao número de respondentes que
participaram do estudo, são as seguintes:
H0 = O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo
não
é
diretamente correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H0 = O Nível de comprometimento afetivo do indiduo
não
é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H0 = O Nível de comprometimento normativo do indivíduo
não
é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
Analisando-se o cálculo do coeficiente de correlação de Pearson, observou-se
os valores de 0,338 para o comprometimento afetivo, 0,258 para o comprometimento
instrumental e 0,345 para o normativo. Observando-se a Tabela de Valor absoluto
mínimo para o coeficiente de correlação r de Pearson ser significativo, sugerido por
Barbetta (2003), (Anexo 04), verificou-se que ao nível de significância usual de 5%, o
valor mínimo de r, para uma amostra de aproximadamente 100 respondentes, para
ser significativo é de 0,165. Com os valores encontrados (0,258, 0,338 e 0,345) nos
testes são maiores que o valor tabelado (r=0,165), o teste rejeita as três hipóteses,
dando lugar às hipóteses alternativas:
H1 = O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H1 = O Nível de comprometimento afetivo do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
H1 = O Nível de comprometimento normativo do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional.
80
Assim, os dados são suficientes para demonstrar a existência de correlação
positiva moderada entre fatores do comprometimento organizacional e o
comprometimento profissional.
Buscando-se entender melhor essas correlações, analisou-se os gráficos de
dispersão de cada um dos fatores com o comprometimento profissional. O gráfico 03
apresenta o diagrama de dispersão dos fatores do comprometimento organizacional
com o comprometimento profissional. Os diagramas comprovam as situações de
correlação positiva, pois, nos três casos, os pontos estão em torno de uma linha
imaginária ascendente. Barbetta (2003) esclarece que valores grandes de uma
variável tendem a estar associados a valores pequenos de outra, os mesmo
acontecendo para os valores pequenos.
C_PROF
876543
CO_AFET
8
7
6
5
4
3
2
1
0
C_PROF
876543
CO_INSTR
8
7
6
5
4
3
2
1
0
C_PROF
876543
C_NORM
8
7
6
5
4
3
2
1
GRÁFICO 03 – Diagrama de Dispersão do cruzamento dos Fatores do Comprometimento
Organizacional com o Comprometimento Profissional
Fonte: Dados Primários (2005)
Pode-se perceber então, que os três fatores do comprometimento
organizacional estão correlacionados positivamente com o comprometimento
profissional, observando-se que a mais forte associação dos fatores do
comprometimento identifica-se no comprometimento normativo, seguido do
comprometimento afetivo, e por fim do comprometimento instrumental. Pode-se
então concluir que os professores que se comprometem com a sua profissão e seus
princípios éticos e morais, procuram desempenhar, concomitantemente suas tarefas,
respeitando as normas e princípios éticos da organização, seguidos de uma relação
81
de afiliação com a organização, deixando para ultima estância, as vantagens e
compensações que esta organização apresenta (não esquecendo que este também
apresenta representatividade na correlação).
82
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho procurou verificar a relação existente entre o
comprometimento profissional e as dimensões do comprometimento organizacional.
Para atingir esse objetivo, buscou-se referencial teórico consistente para embasar as
proposições da pesquisa. Entretanto, essa busca de conceitos, muito mais do que
uma simples revisão bibliográfica, em si contribui para a reflexão dos construtos.
No Brasil, como pôde ser percebido, não existem ainda pesquisas suficientes sobre
comprometimento no trabalho - em especial sobre o comprometimento profissional -
que assegurem a capacidade de compreensão do comprometimento. É salutar citar
que os estudos do comprometimento organizacional se apresentam mais
adiantados
,
entretanto, o próprio termo comprometimento, por si só, apresenta
imprecisões e enquadra-se dentro do conceito de comprometimento organizacional.
Percebeu-se que os autores, ora citavam-no somente como comprometimento ora
como comprometimento organizacional.
Foi perceptível também que o entendimento do comprometimento profissional
é confuso e equivocado, onde se percebeu através do presente estudo que existe
ainda muita imprecisão na diferenciação nas suas definições
.
Na revisão bibliografia
feita, observou-se as mais variadas conotações, sendo confundido sumariamente
com o comprometimento com a carreira, com o avanço na carreira, com a ocupação,
entre outros conceitos discutidos neste trabalho. O presente trabalho contribuiu para
o esclarecimento das definições, abrindo precedentes para novos estudos acerta
dos temas.
Ainda não foi encontrado no país nenhum estudo que validasse o instrumento
de Aranya, Pollock e Amernic (1981) do Comprometimento Profissional, apesar
deste estudo ser discutido, como se percebe, mais de duas décadas no âmbito
internacional. Observou-se estudos realizados citando profissão como sinônimo de
carreira e/ou ocupação. O que leva a compreender que o próprio estudo do conceito
precisa ser, ainda muito investigado, de forma a fornecer uma compreensão
exeqüível para a comunidade científica. Este estudo, baseado em autores
conceituados no âmbito nacional como Bastos, Sanches e Medeiros, esforçou-se
83
para distinguir as definições e dar a devida importância para o comprometimento
com a profissão.
Para se atender ao objetivo do estudo, buscou-se preliminarmente mensurar
as dimensões e fatores do comprometimento organizacional predominantes entre os
sujeitos pesquisados, bem como do comprometimento profissional, observou-se a
existência das dimensões do comprometimento organizacional e, mais fortemente do
comprometimento profissional, com variações consideráveis nas suas
especificidades.
Ao se medir a confiabilidade dos instrumentos, através do
Alpha Cronbach,
observou-se que o comprometimento organizacional apresentou uma consistência
interna satisfatória para as dimensões afetiva, instrumental e normativa (0,79, 0,71 e
0,80, respectivamente), o comprometimento profissional apresentou certa
inconsistência interna, decorrente de duas questões que apresentavam com
problemas de dupla interpretação, tais questões foram eliminadas, considerando que
uma delas já apresentou dificuldades no pré-teste aplicado.
A
o se aplicar a análise fatorial, identificou-se que o comprometimento
organizacional apresentava cinco componentes, e não três componentes. Salienta-
se que tal inconsistência havia sido registrada por Medeiros (1997) e Bandeira
(1999) no que se refere ao comprometimento instrumental, onde Medeiros (1997),
inclusive sugere a possível existência de um quarto elemento que o autor considerou
como afiliativo. Entretanto, essas premissas foram ignoradas, considerado os
objetivos do presente estudo, desconsiderando os itens que demonstraram
inconsistência, buscando-se efetivamente reconhecer e mensurar as dimensões do
comprometimento organizacional a partir dos itens que a representam com uma
carga valorativa substancial, ficando as dimensões afetiva e instrumental com três
itens e a dimensão normativa com cinco dos seus itens. Outra percepção relevante
observada é de que a dimensão afetiva permaneceu somente com os itens que
apresentavam sua valoração invertida, o que sugestiona que ao se questionar” a
relação afetiva dos profissionais com sua organização, eles tendem a defendê-la.
O comprometimento profissional, também, diferentemente de sua
contextualização inicial, apresentou três componentes distintos, entretanto, ao se
84
perceber que o componente 02 apresentou dois itens e o componente 03
apresentou somente um item, optou-se por ignorar esses itens, considerando as
proposições que para um componente ter consistência tornar-se-ia necessário, no
mínimo a existência de três itens para sua validação.
Assim, ignorando os itens que apresentavam baixa consistência nos dois
instrumentos chegou-se a uma escala que efetivamente contribuísse para a
resolução do problema sugerido.
Ainda mensurando as variáveis, numa análise descritiva, pôde-se observar
que os indivíduos, apresentam-se homogeneamente comprometidos afetivamente
com a organização. Analisando-se os desvios-padrões, observou-se que muito
mais consenso entre os respondentes em relação ao seu comprometimento
profissional do que as dimensões do comprometimento organizacional, percebendo-
se que, as pessoas estão vinculadas à organização por motivos muitos distintos, no
entanto parecem compreender bem o que as vincula à profissão. Numa análise
instrumental, a heterogeneidade é mais explícita, demonstrando que os profissionais
sentem que necessitam da organização, mas não a compreendem como sua “última”
fonte de recursos. E de forma dicotômica, num âmbito normativo, observou-se que
os indivíduos são leais à organização, todavia, não percebem dificuldades em deixá-
la, o que abre à concepção que a lealdade é uma questão de estar, e não de ser,
onde o indivíduo adequa-se aos seus objetivos e realidade. Já o comprometimento
profissional, apresenta uma forte concordância entre os indivíduos, demonstrando
que estes estão mais comprometidos com sua profissão do que com a organização
propriamente dita.
Finalmente, ao se buscar a correlação entre as dimensões do
comprometimento organizacional com o comprometimento profissional,
primeiramente foram testadas as hipóteses através do teste de significância, onde as
hipóteses nulas (a) H
0
= O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo não
é diretamente correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional; b)
H
0
= O Nível de comprometimento afetivo do indivíduo não é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional; e c) H
0
= O Nível
de comprometimento normativo do indivíduo não é diretamente correlacionado com
o seu nível de comprometimento profissional) não foram confirmadas, utilizando-se
85
então as hipóteses alternativas que eram as que se desejava verificar que são: a) H
1
= O Nível de comprometimento instrumental do indivíduo é diretamente
correlacionado com o seu nível de comprometimento profissional; b) H
1
= O Nível de
comprometimento afetivo do indivíduo é diretamente correlacionado com o seu nível
de comprometimento profissional; e c) H
1
= O Nível de comprometimento normativo
do indivíduo é diretamente correlacionado com o seu nível de comprometimento
profissional.
As três hipóteses foram corroboradas pela análise, demonstrando que o
comprometimento profissional está positivamente correlacionado com as dimensões
do comprometimento organizacional. Entretanto, numa análise mais específica,
observou-se que a dimensão que demonstrou maior correlação com o
comprometimento profissional foi a dimensão normativa, apesar da sua
heterogeneidade nas respostas, pode-se concluir que os indivíduos que apresentam
um maior comprometimento profissional, apresentam ao mesmo tempo um maior
comprometimento normativo. Cabe então retornar aos conceitos para se
compreender essa conclusão.
Wiener (1982) compreende que os indivíduos são comprometidos
normativamente por que acreditam que é certo e moral fazê-lo, e considera que as
normatizações, valores e objetivos foram aceitos e internalizados pelo indivíduo no
sentido de orientar seu comportamento decorrente dos interesses organizacionais.
a profissão, de acordo com Alexander (1981) e Kozlowski e Hults (1986), entre
outras considerações, apresenta identificação com a linha de trabalho,
responsabilidade na utilização ética do conhecimento especializado e a manutenção
dos padrões de desempenho. Oliveira (1985) complementa atentando que, para se
profissionalizar, o indivíduo se submete ao controle de variáveis externas.
Se consideradas essas e outras definições, torna-se simplesmente
compreensível o maior grau de correlação com a dimensão normativa, onde se pode
pressupor que o individuo que busca sua profissionalização, tem claro em seu
entendimento, que é premissa básica estar de acordo com os valores
organizacionais para efetivamente desempenhar sua profissão com ética,
responsabilidade e atingir os objetivos da sua profissão. Neste caso, considera-se
que é fundamental que os indivíduos percebam na organização a mesma valoração
86
ética da sua profissão, sendo percebido que estes estão vendo a organização como
uma organização que segue regras normas e princípios morais.
Num nível um pouco abaixo, mas não menos importante, os indivíduos
apresentaram uma correlação positiva entre a dimensão afetiva e o
comprometimento profissional. Ao considerar que no comprometimento afetivo o
indivíduo “se identifica com uma organização e seus objetivos e deseja manter-se
como membro, de modo a facilitar a consecução desses objetivos” (BASTOS, 1994,
p. 43) e o comprometimento profissional, nas palavras de Sorensen e Sorensen
(1974), é sustentado por uma associação e um reconhecimento comunitário, pode-
se compreender que o indivíduo para poder exercer sua profissão, precisa estar
vinculado a uma organização e se sentir comprometido afetivamente com ela, além
de considerar o reconhecimento que esta organização pode proporcionar para a sua
profissão.
E, com uma pequena, porém positiva, correlação apresenta-se a dimensão
instrumental. Se consideradas as proposições de Tolfo (2002) que sugere que o
contexto organizacional tem apresentado profissionais mais dispostos a recusar
promoções ou recolocações, pronto para consentir retirar do emprego (grifo da
autora) aquilo que é necessário para realizar atividades com a família ou lazer e
resignar-se ou sair de uma carreira de alto-potencial, para possuir segundas
carreiras, percebe-se que a análise descritiva corrobora a proposição da autora,
apontando para o fato de que os indivíduos demonstram necessitar do seu emprego,
mas não o em com única fonte de recursos, estando mais preocupados com sua
profissão do que os benefícios que a organização pode lhe oferece.
O que se pode perceber na análise correlacional é que as três dimensões
estão correlacionadas com o comprometimento profissional, entretanto, mais
fortemente perceptível na sustentação dos valores e princípios éticos, demonstrando
que a organização corresponde aos seus pressupostos morais. Numa segunda
concepção, percebe-se que o comprometimento afetivo relaciona-se com a
necessidade do indivíduo em estar vinculado a uma organização que lhe ofereça o
reconhecimento da sua profissão. E por fim, percebeu-se que o comprometimento
com a profissão está correlacionado positivamente com a organização, em relação
aos custos e benefícios percebidos pelos respondentes, entretanto, esta última
87
apresenta certa heterogeneidade que contribui para o menor índice de correlação,
considerando ainda que os fatores instrumentais não estejam ainda claros no
contexto do comprometimento profissional.
5.1 Limitações e Sugestões de novas pesquisas
Como limitações de estudo, pode-se salientar que o objetivo inicial era buscar
uma amostra censitária, mas encontrou-se inicialmente a resistência por parte de
alguns membros da população-alvo em participar da pesquisa. Observou-se que
alguns demonstraram receio em responder, considerando a situação de instabilidade
que se percebe no início de cada semestre vivida pelos professores em relação ás
suas cargas horárias, bem como, em decorrência do próprio tema da pesquisa
(apesar do esclarecimento preliminar do seu cunho meramente científico). Percebeu-
se também que nos momentos de treinamento - formação continuada - (momento
este que atingiu o ápice de respondentes), não foi possível atingir todos os
participantes, pois a pesquisa foi entregue pessoalmente quando vários
treinamentos aconteciam simultaneamente e, finalmente, uma boa parte da
população-alvo não foi encontrada, observando-se, nos dias subseqüentes, que os
participantes dos eventos, eram geralmente os mesmos.
Em relação à base teórica, observou-se também certa limitação no acesso às
referências sobre comprometimento profissional que, com exceção de raros autores
nacionais, como Bastos, Medeiros e Sanchez, que citam o comprometimento
profissional, mas não o exploram, poucos autores no Brasil trabalham este tema,
inclusive considerando que não foi encontrada nenhuma pesquisa que validasse o
instrumento do Comprometimento Profissional utilizado nesta pesquisa.
Outro fator que despertou curiosidade, mas em virtude da escassez de
referências, inclusive estrangeiras, não foi explorado, foi em relação às dimensões
do comprometimento profissional, onde Osinsky e Mueller (2004) dividem o
88
comprometimento profissional em duas dimensões: o primeiro baseado em fatores
instrumentais, que consiste no que a profissão pode oferecer de compensações, no
avanço da carreira e na oportunidade de empregos alternativos; e o segundo
comprometimento baseado em fatores não instrumentais, como responsabilidade
profissional, orientação cognitiva e capital cultural.
Em se falando dos instrumentos, pode ser considerada outra limitação do
construto, todavia, não do estudo, o fato da inconsistência dos fatores das escalas
do comprometimento organizacional, já identificadas por Medeiros (1997) e Bandeira
(1999), que inclusive sugestionam um quarto fator o afiliativo, mas que ainda não
oferece consistência para uma reestruturação efetiva do Modelo sugerido por Meyer
e Allen (1997a).
Pode-se sugerir que outras pesquisas sejam realizadas com o mesmo
formato nesta profissão e em outras, para que se possa avançar na explicação da
correlação entre o comprometimento organizacional e o comprometimento
profissional. Todavia, que o trabalho abre ainda outras lacunas nos estudos
realizados até o presente momento, na comunidade científica e serve como base
para uma série de novas pesquisas. Como sugestão de novas pesquisas pode-se
enumerar: a) A busca da compreensão do instrumento de Meyer e Allen e a
confirmação das replicâncias encontradas até o presente momento sobre suas
dimensões, a fim de confirmá-las ou o; b) a construção de uma teoria em âmbito
nacional, acerca do comprometimento profissional, que se apresenta insipiente no
Brasil; c) O estudo das possíveis dimensões do comprometimento profissional e sua
adequação ao instrumento de pesquisa, bem como a sua devida validação; d) o
conhecimento de possíveis antecedentes e conseqüentes do comprometimento
profissional; e por fim e) o estudo da possibilidade de uma variável influenciar
positivamente ou negativamente a outra.
Finalizando, acredita-se que o presente estudo vem a contribuir para a
compreensão das variáveis do comprometimento e suas correlações. Essa revisão
de enfoques possibilitou que alguns componentes latentes do comprometimento
despontassem, apontando caminhos para novas e importantes pesquisas, que
inequivocadamente, estarão no futuro, ajudando a compreender o complexo mundo
do trabalho atual e contribuindo com os gestores na tomada de decisão.
89
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98
APÊNDICES E ANEXOS
ANEXO 01
Autorização do Centro de Educação de Balneário Camboriú para realização da
pesquisa
ANEXO 02
Escala do Comprometimento Profissional (PQC) proposta por Aranya, Pollock
e Amernic
Escala de Mensuração do Comprometimento Profissional proposto por Aranya,
Pollock e Amernic (1981)
ITEM – COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL
01 02 03 04 05 06 07
PC1
Desejo investir um grande esforço, muito além do
que normalmente é esperado, para que minha
profissão seja bem sucedida.
PC2
Elogio esta profissão junto a meus amigos como
uma grande profissão a estar relacionado.
PC3
Eu sinto muito pouca lealdade com esta profissão.
®
PC4
Eu aceitaria qualquer tipo de função ou atribuição
no trabalho a fim de continuar a trabalhar em áreas
relacionadas a esta profissão.
PC5
Eu acho que meus valores e os valores da profissão
são muito similares.
PC6 Estou orgulhoso em contar para os outros que faço
parte dessa profissão.
PC7 Eu poderia muito bem estar associado com
qualquer outra profissão, contanto que o tipo de
organização na qual eu trabalhasse fosse similar. ®
PC8 Ser membro dessa profissão realmente inspira o
melhor em mim na forma de desempenho do
trabalho.
PC9 Haveria muito pouca mudança para mim, nas atuais
circunstâncias, trabalhar em áreas não relacionadas
a esta profissão. ®
PC10 Estou extremamente contente por ter escolhido esta
profissão, entre outras que eu considerava no
momento em que a escolhi.
PC11 Não há muito a ser ganho apegando-me a esta
profissão indefinidamente. ®
PC12 Frequentemente, eu encontro dificuldade em
concordar com as políticas profissionais, em
assuntos importantes relacionados com os seus
membros. ®
PC13 Eu realmente me importo com o destino desta
profissão.
PC14 Para mim, esta é a melhor profissão a fazer parte.
PC15 Decidir fazer parte dessa profissão foi,
definitivamente, um erro de minha parte. ®
Obs.: Os itens que apresentam um ® no final possuem um valor invertido no sentido da frase e, portanto,
deve-se interpretá-los observando este detalhe.
ANEXO 03
Escala do Comprometimento Organizacional (OQC) proposta por Meyer e Allen
Escala de Mensuração do Comprometimento Organizacional proposta por Meyer e
Allen (1991)
ITEM – COMPROMETIMENTO AFETIVO 01 02 03 04 05 06 07
OC1 Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha
carreira nesta organização.
OC2 Eu realmente sinto os problemas da organização
como se fossem meus.
OC3 Eu não sinto um forte senso de integração com
minha organização. ®
OC4 Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta
organização. ®
OC5 Eu não me sinto como uma pessoa de casa na
minha organização. ®
OC6 Esta organização tem um imenso significado
pessoal para mim.
ITEM – COMPROMETIMENTO INSTRUMENTAL
01 02 03 04 05 06 07
OC1 Na situação atual, ficar com minha organização é
na realidade uma necessidade tanto quanto um
desejo.
OC2 Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil deixar
minha organização agora.
OC3 Se eu decidisse deixar minha organização agora,
minha vida ficaria bastante desestruturada.
OC4 Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse
essa organização.
OC5 S eu já não tivesse dado tanto de mim nesta
organização, eu poderia considerar trabalhar em
outro lugar.
OC6 Uma das poucas conseqüências negativas de
deixar esta organização seria a escassez de
alternativas imediatas.
ITEM – COMPROMETIMENTO NORMATIVO
01 02 03 04 05 06 07
OC1 Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer
na minha empresa. ®
OC2 Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que
não seria certo deixar minha organização agora.
OC3 Eu me sentiria culpado se deixasse minha
organização agora.
OC4 Esta organização merece minha lealdade.
OC5 Eu não deixaria minha organização agora porque
eu tenho uma obrigação moral com as pessoas
daqui.
OC6 Eu devo muito a minha organização.
Obs.: Os itens que apresentam um ® no final possuem um valor invertido no sentido da frase e, portanto,
deve-se interpretá-los observando este detalhe.
ANEXO 04
VALOR ABSOLUTO MÍNIMO PARA O COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO r DE
PEARSON SER SIGNIFICATIVO SEGUNDO BARBETTA (2003)
Valor absoluto mínimo para o coeficiente de correlação r de pearson ser significativo
segundo Barbetta (2003, p. 327)
Nível de significância α, num teste unilateral
0,100 0,050 0,025 0,010 0,005 0,001
Nível de significância α, num teste unilateral
n 0,200 0,100 0,050 0,020 0,010 0,002
5 0,687 0,805 0,878 0,934 0,959 0986
6 0,608 0,729 0,811 0,882 0,917 0,963
7 0,551 0,669 0,754 0,833 0,875 0,935
8 0,507 0,621 0,707 0,789 0,834 0,905
9 0,472 0,582 0,666 0,750 0,798 0,875
10 0,443 0,549 0,632 0,715 0,765 0,847
11 0,419 0,521 0,602 0,685 0,735 0,820
12 0,398 0,497 0,576 0,658 0,708 0,795
13 0,380 0,476 0,553 0,634 0,684 0,772
14 0,365 0,458 0,532 0,612 0,661 0,750
15 0,351 0,441 0,514 0,592 0641 0,730
16 0,338 0,426 0,497 0,574 0,623 0,711
17 0,327 0,412 0,482 0,558 0,606 0,694
18 0,317 0,400 0,468 0,543 0,590 0,678
19 0,308 0,389 0,456 0,529 0,575 0,662
20 0,299 0,378 0,444 0,516 0,561 0,648
21 0,291 0,369 0,433 0,503 0,549 0,635
22 0,284 0,360 0,423 0,492 0,537 0,622
23 0,277 0,352 0,413 0,482 0,526 0,610
24 0,271 0,344 0,404 0,472 0,515 0,599
25 0,265 0,337 0,396 0,462 0,505 0,588
26 0,260 0,330 0,388 0,453 0,496 0,578
27 0,255 0,323 0,381 0,445 0,487 0,568
28 0,250 0,317 0,374 0,437 0,479 0,559
29 0,245 0,311 0,367 0,430 0,471 0,550
30 0,241 0,306 0,361 0,423 0,463 0,541
35 0,222 0,283 0,334 0,392 0,430 0,504
40 0,207 0,264 0,312 0,367 0,403 0,474
45 0,195 0,248 0,294 0,346 0,380 0,449
50 0,184 0,235 0,279 0,328 0,361 0,427
60 0,168 0,214 0,254 0,300 0,330 0,391
70 0,155 0,198 0,235 0,278 0,306 0,363
80 0,145 0,185 0,220 0,260 0,286 0,340
90 0,136 0,174 0,207 0,245 0,270 0,322
100 0,129 0,165 0,197 0,232 0,256 0,305
NOTAS: (1) Tabela construída a partir da estatística t = r.(n-2) / (1-r) que tem distribuição t de
Student com gl = n – 2, sob as suposições de os dados terem distribuição normal e a correlação ser linear.
APÊNDICE 01
Escala encaminhado aos professores para a pesquisa
PESQUISA: COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL E
COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL: UM ESTUDO COM OS DOCENTES DE UMA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR
QUESTÕES ESPECÍFICAS
01 02 03 04 05 06 07
01
Eu seria muito feliz em dedicar o resto da minha carreira nesta
organização.
02
Eu realmente sinto os problemas da organização como se fossem
meus.
03
Eu não sinto um forte senso de integração com minha organização.
04
Eu não me sinto emocionalmente vinculado a esta organização.
05
Eu não me sinto como uma pessoa de casa na minha organização.
06
Esta organização tem um imenso significado pessoal para mim.
07
Na situação atual, ficar com minha organização é na realidade uma
necessidade tanto quanto um desejo.
08
Mesmo que eu quisesse, seria muito difícil deixar minha
organização agora.
09
Se eu decidisse deixar minha organização agora, minha vida ficaria
bastante desestruturada.
10
Eu acho que teria poucas alternativas se deixasse essa
organização.
11
S eu já não tivesse dado tanto de mim nesta organização, eu
poderia considerar trabalhar em outro lugar.
12
Uma das poucas conseqüências negativas de deixar esta
organização seria a escassez de alternativas imediatas.
13
Eu não sinto nenhuma obrigação em permanecer na minha
empresa.
14
Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo
deixar minha organização agora.
15
Eu me sentiria culpado se deixasse minha organização agora.
16
Esta organização merece minha lealdade.
17
Eu não deixaria minha organização agora porque eu tenho uma
obrigação moral com as pessoas daqui.
18
Eu devo muito a minha organização.
19
Desejo investir um grande esforço, muito além do que normalmente
é esperado, para que minha profissão seja bem sucedida.
20
Elogio esta profissão junto a meus amigos como uma grande
profissão a estar relacionado.
21
Eu sinto muito pouca lealdade com esta profissão.
22
Eu aceitaria qualquer tipo de função ou atribuição no trabalho a fim
de continuar a trabalhar em áreas relacionadas a esta profissão.
23
Eu acho que meus valores e os valores da profissão são muito
similares.
24
Estou orgulhoso em contar para os outros que faço parte dessa
profissão.
25
Eu poderia muito bem estar associado com qualquer outra
profissão, contanto que o tipo de organização na qual eu
trabalhasse fosse similar.
26
Ser membro dessa profissão realmente inspira o melhor em mim na
forma de desempenho do trabalho.
27
Haveria muito pouca mudança para mim, nas atuais circunstâncias,
trabalhar em áreas não relacionadas a esta profissão.
28
Estou extremamente contente por ter escolhido esta profissão,
entre outras que eu considerava no momento em que a escolhi.
29
Não há muito a ser ganho apegando-me a esta profissão
indefinidamente.
30
Frequentemente, eu encontro dificuldade em concordar com as
políticas profissionais adotadas pelos meus colegas de profissão.
31
Eu realmente me importo com o destino desta profissão.
32
Para mim, esta é a melhor profissão a fazer parte.
33
Decidir fazer parte dessa profissão foi, definitivamente, um erro de
minha parte.
Legenda: 01 – Forte Discordância – 07 – Forte Concordância
APÊNDICE 02
CORRESPONDÊNCIA ENCAMINHADA AOS PROFESSORES JUNTAMENTE
COM A ESCALA DE MENSURAÇÃO
Balneário Camboriú, 14 de fevereiro de 2005
Prezado (a) Professor (a),
Como você, sou professor desta instituição e deste campus. Estou desenvolvendo
uma pesquisa no Mestrado que tem como tema: COMPROMETIMENTO
ORGANIZACIONAL E COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL: UM ESTUDO COM
OS DOCENTES DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR.
Esta pesquisa busca identificar a compatibilidade ou o conflito entre o
comprometimento organizacional e o comprometimento com a profissão e apresenta
33 (trinta e três) questões que oferecem 07 (sete) alternativas de respostas, onde a
alternativa 01 corresponde a uma forte discordância, a alternativa 07, corresponde a
uma forte concordância.
Considerando que alguns professores trabalham em mais de um curso no próprio
campus, solicito a estes que respondam as questões, voltando suas respostas para
o curso em que possuir a maior carga horária.
Esclareço que esta pesquisa é meramente de cunho científico e não possui nculo
com a instituição e que suas respostas individuais serão mantidas em sigilo,
respeitando as condições previstas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde/MS, de 10/10/96, que exige o sigilo, o anonimato, a disponibilidade e
interesse em participar e a utilização dos resultados exclusivamente para este
estudo. Solicito assim, que a escala preenchida seja depositado em meu escaninho
(de número 51) na sala dos professores do CE BC, sem qualquer nominação ou
assinatura.
Certo da sua compreensão e contribuição para a pesquisa no Brasil, agradeço
antecipadamente.
MARCOS AURÉLIO BATISTA
Mestrando do Programa de Administração da UNIVALI – Biguaçu.
APÊNDICE 03
CÁLCULO
DO COEFICIENTE
ALPHA
DAS DIMENSÕES DO
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
COEFICIENTE ALPHA DE CRONBACH
DIMENSÃO AFETIVA
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
CO-A1 CO-A2 CO-A3 CO-A4 CO-A5 CO-A6
Correlation coefficient 1,00 0,42 0,35 0,43 0,50 0,53
CO-A1 valid cases 104 104 104 104 103 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,42 1,00 0,19 0,30 0,33 0,37
CO-A2 valid cases 104 104 104 104 103 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,35 0,19 1,00 0,66 0,56 0,20
CO-A3 valid cases 104 104 104 104 103 104
one-sided significance 0,00 0,03 0,00 0,00 0,00 0,02
Correlation coefficient 0,43 0,30 0,66 1,00 0,62 0,18
CO-A4 valid cases 104 104 104 104 103 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04
Correlation coefficient 0,50 0,33 0,56 0,62 1,00 0,39
CO-A5 valid cases 103,00 103 103 103 103 103
one-sided significance 0,00 0,00033706
7
4,80876E-
10
1,42278E-
12
0 1,88327E-
05
Correlation coefficient 0,53 0,37 0,20 0,18 0,39 1,00
CO-A6 valid cases 104 104 104 104 103 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,02 0,04 0,00 0,00
Cronbach's Alpha = 0,794050760457769
Scott's Homogeneity- Quotient = 0,39464595506492
COEFICIENTE ALPHA DE CRONBACH
DIMENSÃO INSTRUMENTAL
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
CO-I1 CO-I2 CO-I3 CO-I4 CO-I5 CO-I6
Correlation coefficient 1,00 0,46 0,48 0,16 -0,06 0,01
CO-I1
valid cases 104 104 104 103 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,05 0,26 0,48
Correlation coefficient 0,46 1,00 0,71 0,40 0,00 0,18
CO-I2
valid cases 104 104 104 103 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,49 0,03
Correlation coefficient 0,48 0,71 1,00 0,48 0,09 0,27
CO-I3
valid cases 104 104 104 103 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18 0,00
Correlation coefficient 0,16 0,40 0,48 1,00 0,22 0,57
CO-I4
valid cases 103 103 103 103 103 103
one-sided significance 0,05 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00
Correlation coefficient -0,06 0,00 0,09 0,22 1,00 0,27
CO-I5
valid cases 104 104 104 103 104 104
one-sided significance 0,26 0,49 0,18 0,01 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,01 0,18 0,27 0,57 0,27 1,00
CO-I6
valid cases 104 104 104 103 104 104
one-sided significance 0,48 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00
Cronbach's Alpha = 0,711935359767332
Scott's Homogeneity- Quotient = 0,296507749659839
COEFICIENTE ALPHA DE CRONBACH
DIMENSÃO NORMATIVA
COMPROMETIMENTO ORGANIZACIONAL
CO-N1 CO-N2 CO-N3 CO-N4 CO-N5 CO-N6
Correlation coefficient 1,00 0,41 0,32 0,45 0,33 0,25
CO-
N1
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,41 1,00 0,63 0,53 0,42 0,25
CO-
N2
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,32 0,63 1,00 0,49 0,37 0,34
CO-
N3
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,45 0,53 0,49 1,00 0,49 0,40
CO-
N4
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,33 0,42 0,37 0,49 1,00 0,29
CO-
N5
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Correlation coefficient 0,25 0,25 0,34 0,40 0,29 1,00
CO-
N6
valid cases 104 104 104 104 104 104
one-sided significance 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cronbach's Alpha = 0,799352015240866
Scott's Homogeneity- Quotient = 0,400483447966852
APÊNDICE 04
CÁLCULO DO COEFICIENTE ALPHA DAS DIMENSÕES DO
COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL
COEFICIENTE ALPHA DE CRONBACH
COMPROMETIMENTO PROFISSIONAL
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
CP6
CP7
CP8
CP9
CP
10
CP
11
CP
12
CP
13
CP
14
CP
15
Correlation
coefficient
1,00
0,42
-0,01
0,30
0,26
0,16
-0,25
0,19
-0,03
0,17
0,15
0,09
0,26
0,22
0,13
CP1 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,00
0,45
0,00
0,00
0,05
0,00
0,03
0,38
0,04
0,07
0,19
0,00
0,01
0,09
Correlation
coefficient
0,42
1,00
0,04
0,21
0,28
0,34
-0,10
0,40
0,15
0,31
0,32
-0,16
0,44
0,43
0,26
CP2 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,00
0,36
0,02
0,00
0,00
0,16
0,00
0,07
0,00
0,00
0,05
0,00
0,00
0,00
Correlation
coefficient
-0,01
0,04
1,00
0,01
0,08
0,10
0,06
0,12
0,01
0,25
0,18
0,03
0,08
0,18
0,16
CP3 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,45
0,36
0,00
0,45
0,20
0,15
0,28
0,11
0,47
0,01
0,03
0,39
0,20
0,03
0,06
Correlation
coefficient
0,30
0,21
0,01
1,00
0,14
0,07
-0,24
0,10
-0,11
0,23
0,00
-0,08
0,00
0,22
0,04
CP4 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,02
0,45
0,00
0,08
0,25
0,01
0,15
0,14
0,01
0,48
0,22
0,48
0,01
0,33
Correlation
coefficient
0,26
0,28
0,08
0,14
1,00
0,29
-0,24
0,27
0,10
0,27
0,22
-0,02
0,12
0,18
0,20
CP5 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,00
0,20
0,08
0,00
0,00
0,01
0,00
0,15
0,00
0,01
0,44
0,12
0,04
0,02
Correlation
coefficient
0,16
0,34
0,10
0,07
0,29
1,00
-0,13
0,43
0,05
0,45
0,19
-0,01
0,23
0,39
0,41
CP6 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,05
0,00
0,15
0,25
0,00
0,00
0,09
0,00
0,32
0,00
0,03
0,46
0,01
0,00
0,00
Correlation
coefficient
-0,25
-0,10
0,06
-0,24
-0,24
-0,13
1,00
-0,17
0,17
-0,16
-0,13
-0,16
0,09
-0,13
-0,03
CP7 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,16
0,28
0,01
0,01
0,09
0,00
0,05
0,05
0,06
0,09
0,05
0,18
0,10
0,38
Correlation
coefficient
0,19
0,40
0,12
0,10
0,27
0,43
-0,17
1,00
0,29
0,53
0,31
-0,10
0,42
0,36
0,24
CP8 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,03
0,00
0,11
0,15
0,00
0,00
0,05
0,00
0,00
0,00
0,00
0,15
0,00
0,00
0,01
Correlation
coefficient
-0,03
0,15
0,01
-0,11
0,10
0,05
0,17
0,29
1,00
0,09
0,18
-0,02
0,21
0,08
0,09
CP9 valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,38
0,07
0,47
0,14
0,15
0,32
0,05
0,00
0,00
0,18
0,04
0,41
0,02
0,21
0,18
Correlation
coefficient
0,17
0,31
0,25
0,23
0,27
0,45
-0,16
0,53
0,09
1,00
0,23
0,03
0,25
0,56
0,36
CP10
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,04
0,00
0,01
0,01
0,00
0,00
0,06
0,00
0,18
0,00
0,01
0,39
0,01
0,00
0,00
Correlation
coefficient
0,15
0,32
0,18
0,00
0,22
0,19
-0,13
0,31
0,18
0,23
1,00
0,32
0,22
0,32
0,20
CP11
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,07
0,00
0,03
0,48
0,01
0,03
0,09
0,00
0,04
0,01
0,00
0,00
0,01
0,00
0,02
Correlation
coefficient
0,09
-0,16
0,03
-0,08
-0,02
-0,01
-0,16
-0,10
-0,02
0,03
0,32
1,00
-0,08
0,07
0,04
CP12
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,19
0,05
0,39
0,22
0,44
0,46
0,05
0,15
0,41
0,39
0,00
0,00
0,20
0,24
0,36
Correlation
coefficient
0,26
0,44
0,08
0,00
0,12
0,23
0,09
0,42
0,21
0,25
0,22
-0,08
1,00
0,27
0,16
CP13
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,00
0,00
0,20
0,48
0,12
0,01
0,18
0,00
0,02
0,01
0,01
0,20
0,00
0,00
0,06
Correlation
coefficient
0,22
0,43
0,18
0,22
0,18
0,39
-0,13
0,36
0,08
0,56
0,32
0,07
0,27
1,00
0,52
CP14
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,01
0,00
0,03
0,01
0,04
0,00
0,10
0,00
0,21
0,00
0,00
0,24
0,00
0,00
0,00
Correlation
coefficient
0,13
0,26
0,16
0,04
0,20
0,41
-0,03
0,24
0,09
0,36
0,20
0,04
0,16
0,52
1,00
CP15
valid cases
104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104 104
one-sided
significance
0,09
0,00
0,06
0,33
0,02
0,00
0,38
0,01
0,18
0,00
0,02
0,36
0,06
0,00
0,00
Cronbach's Alpha = 0,65759463239494
Scott's Homogeneity- Quotient = 0,120128487130714
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