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UNESP
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem
Ansiedade e Surdez: comparação da ansiedade
relatada entre não-surdos e surdos falantes de
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) no teste do
falar em público
Cintia N. Madeira Sanchez
Bauru
2007
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UNESP
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem
Ansiedade e Surdez: comparação da ansiedade
relatada entre não-surdos e surdos falantes de
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) no teste do
falar em público
Cintia N. Madeira Sanchez
Trabalho apresentado como parte dos
requisitos para obtenção do titulo de
mestre, no programa de Pós-graduação
em Psicologia do desenvolvimento e
aprendizagem Linha de pesquisa:
Aprendizagem e ensino, sob orientação
do Prof. Dr.Amauri Gouveia Jr.
Bauru
2007
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DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO
UNESP – BAURU
Sanchez, Cíntia N. Madeira.
Ansiedade e surdez: comparação da ansiedade
relatada entre não-surdos e surdos falantes de
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) no teste do
falar em público / Cíntia N. Madeira Sanchez,
2007.
45 f. il.
Orientador: Amauri Gouveia Jr.
Dissertação (Mestrado) – Universidade
Estadual Paulista. Faculdade de Ciências, Bauru,
2007.
1. Ansiedade. 2. Surdez. 3. LIBRAS (Língua
Brasileira de Sinais). 4. Bilingüismo. I –
Universidade Estadual Paulista. Faculdade de
Ciências. II - Título.
Ficha catalográfica elaborada por Maria Marlene Zaniboni – CRB-8 4962
UNESP
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências
Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e
Aprendizagem
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dissertação apresentada e defendida por Cintia N. Madeira Sanchez e aprovada
pela comissão julgadora em 22/05/2007.
Banca Examinadora
_____________________________________________________
Profª. Drª. Ana Claudia M. Almeida Verdu
Instituição: Universidade Estadual Paulista UNESP-Bauru
_____________________________________________________
Prof. Dr. Wagner Rogério da Silva
Instituição: Universidade Estadual Paulista UNESP-Bauru
_____________________________________________________
Prof. Dr. Amauri Gouveia Jr.
Orientador
Data depósito da dissertação: ___/___/___
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
UNESP – Faculdade de Ciências
AV. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01
17033-360 – Bauru-SP
Autorizo exclusivamente, para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial deste trabalho.
Cintia N. Madeira Sanchez
Bauru, 25 de maio de 2007.
Aos meus filhos, Letícia e Matheus, que este trabalho seja exemplo e incentivo
para suas caminhadas acadêmicas.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida que me deu a oportunidade de realizar este
trabalho.
Ao Prof. Dr. Amauri, pela sua orientação e compreensão nos momentos de
dificuldade.
Ao Valmir, meu marido, pelo companheirismo em todos os momentos dessa
caminhada.
Aos meus pais pelo amor e incentivo que me dedicaram.
Á Angelina e à Vanderléia, que na minha ausência cuidaram dos meus filhos
com toda dedicação e amor.
Aos meus amigos do NIRH, que nos momentos de desânimo sempre
estiveram ao meu lado.
À Zezé, minha chefe, pela ajuda para que este trabalho fosse realizado.
Aos alunos, que participaram desta pesquisa e colaboraram para que este
trabalho fosse realizado.
E a todos os amigos, que estiveram ao meu lado nesta caminhada nos
momentos difíceis e nos de conquistas.
Sumário
Resumo IV
Abstract V
1-Surdez: Caracterização
(da condição biológica a sócio-educacional) 01
2-Caracterização da Ansiedade 09
2.1 – Modelos de ansiedade em seres humanos 12
2.2 – Teste da simulação do falar em público
(Public Speaking Test) 14
2.3 – Escala Analógica de Humor 15
3- Método 20
3.1- Experimento I 20
3.2- Experimento II 21
4- Resultados 23
4.1- Experimento I 23
4.2- Experimento II 25
5- Discussão 32
6- Considerações Finais 35
7- Referências 36
8- Anexo I 44
9- Anexo II 45
Resumo
O objetivo do presente trabalho foi adaptar a escala analógica de humor, que
consiste em uma escala de auto-aplicação utilizada para avaliar a ansiedade, para
surdos usuários da língua brasileira de sinais (LIBRAS) e do alfabeto digital,
gerando uma escala bilíngüe e mensurar a ansiedade relata do surdo falante em
LIBRAS e do ouvinte falante em língua oral no teste da simulação do falar em
público. Para isso, foram realizados dois experimentos. O Experimento 1 consistia
na aplicação da escala analógica de humor. A amostra foi composta de quinze
surdos que dominam o alfabeto digital e a LIBRAS e quarenta ouvintes com idades
entre 11 e 18 anos de ambos os sexos. A aplicação foi realizada em grupo. Após o
treino-prévio, os participantes preencheram uma versão da escala segundo as
características do seu grupo: em português para o grupo controle (ouvinte) ou em
LIBRAS para o grupo experimental (surdos). O Experimento 2 constituiu na
mensuração da ansiedade relatada através do teste da simulação do falar em
público. Participaram deste experimento quinze surdos do estudo anterior e quinze
ouvintes da amostra do Experimento 1, pareados em idade, sexo e nível
socioeconômico. A aplicação foi individual e durante a aplicação do teste da
simulação do falar em público a escala analógica de humor foi preenchida pelos
participantes em espaço de tempo determinado: na fase de adaptação, antes de
iniciar o discurso, durante o discurso e após o discurso. Os resultados obtidos no
Experimento 1 foram que a escala analógica de humor, nas suas duas versões, nos
dois grupos, controle (ouvinte-escala analógica padrão) e experimental (surdo-
escala adaptada), apresentou ausência de diferença estatisticamente significativa
no índice total e nos componentes da escala: ansiedade, sedação física e sedação
mental. O único fator que apresentou diferença estatística significativa foi o outros
sentimentos. No Experimento 2 também o houve diferença estatística significativa
entre os grupos.
Abstract
The aim of the present study was to adapt the analogue mood scale, which
consists of a scale for self-application employed for evaluation of anxiety, for hearing
impaired individuals speaking Brazilian Sign Language (LIBRAS) and talking by the
finger alphabet, yielding a bilingual scale, and to measure the anxiety reported by
hearing impaired individuals speaking LIBRAS and normal hearing individuals
speaking oral language in the simulation of public speaking. The sample of Study 1
was composed of 15 hearing impaired individuals talking by the finger alphabet and
LIBRAS and 40 normal hearing individuals aged 11 to 18 years of both genders. The
study was applied in group; after previous training, the participants filled a version of
the scale according to the characteristics of their group, in Portuguese for the control
group (normal hearing) or in LIBRAS for the study group (hearing impaired). The
sample of Study 2 comprised 15 hearing impaired individuals from the previous study
and 15 normal hearing individuals included in the previous study, matched to age,
gender and socioeconomic level. The test was individually applied; the simulation of
public speaking comprises filling of the scale at predetermined periods: during the
adaptation period, before onset of speaking, during and after speaking. The results
achieved in Study 1 revealed that both versions of the analogue mood scale in the
two groups, control (normal hearing standard analogue scale) and experimental
(hearing impaired adapted scale) did not present statistically significant difference
in the total index and in the components of the scale: anxiety, physical sedation and
mental sedation. The only factor presenting statistically significant difference was the
presence of other feelings. Study 2 also did not reveal statistically significant
difference between groups.
1 - Surdez: Caracterização (da condição biológica a sócio-
educacional)
A deficiência auditiva ou surdez permanente é definida como uma perda
auditiva bilateral, caracterizada por limiares auditivos superiores a 40 Decibéis (dB)
no melhor ouvido, nas freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, sem uso da
prótese auditiva (Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
As causas da surdez podem ser subdivididas em genética e não - genéticas,
sendo as genéticas responsáveis por um terço a metade dos casos. ainda 2 a
30% de casos em que não é possível classificar a surdez, denominada então surdez
neurossensorial de etiologia desconhecida (Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
A surdez de causa genética e hereditária o as que ocorrem na concepção;
e as causas adquiridas ou ambientais são as que afetam o bebê após a concepção
(Freeman; Cardin; Boese, 1999).
As principais causas ambientais ou adquiridas para a surdez estão descritas
na Tabela 1.
TABELA 1: Surdez - Resumo das principais causas ambientais ou adquiridas (baseada em
Freeman; Carbin; Boese,1999; Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
Pré – Natais
- Drogas tóxicas durante a gravidez (antibióticos, álcool, talidomina).
-Infecções congênitas (rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose).
- Outras causas (hemorragia no trimestre, deficiência vitamínica,irradiação
pélvica)
Peri-natais
- Icterícia neonatal grave
- Baixo peso (1500) e prematuridade
- Traumatismo de parto
Pós – Natais
- Drogas tóxicas
- Infecções (Meningite)
- Traumatismo craniano
- Traumatismo sonoro
- Neoplasias (neurioma acústico, leucemia)
- Doenças metabólicas (hipotiroidismo, diabetes)
- Doenças auto imunes
- Surdez súbita idiopática
A surdez pode ser também classificada de acordo com o seu grau, nível da lesão e
momento de aparecimento e capacidade de leitura.
A classificação, de acordo com o grau da surdez está descrita na Tabela 2.
TABELA 2: Classificação das perdas auditivas segundo a Organização Mundial de Saúde
(baseada em Silman; Silverman, 1997).
Grau da perda
Valores audiométricos
correspondentes ISSO
Desempenho Recomendações
0 - sem perda
25 dB, ou melhor, (na
melhor orelha)
Nenhum ou pequeno
problema auditivo. Capaz
de ouvir sussurros
1 - perda leve 26 - 40 (melhor orelha)
Capaz de ouvir e repetir
palavras em intensidade
de voz normal a 1 metro
Não está indicado
AASI pelo Ministério
da Saúde
2 – perda
moderada
41 - 60 (melhor orelha)
Capaz de ouvir e repetir
palavras em intensidade
de voz forte a 1 metro
Indicado AASI
3 - perda severa 61 - 80 (melhor orelha)
Capaz de ouvir algumas
palavras gritadas com a
melhor orelha
Indicado AASI
4 - perda profunda
incluindo surdez
81 ou maior (melhor
orelha)
Incapaz de ouvir e
entender Qualquer palavra
Indicado AASI
A classificação da surdez de acordo com o nível lesional se divide em: surdez
de transmissão e surdez neurossensorial (Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
A surdez de transmissão o se associa à distorção auditiva, é comum em
crianças e, quando não está associada a outros problemas, não provoca perda
superior a 60 dB (classificação de moderada) (Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
A surdez neurossensorial causa distorção da sensação auditiva dificilmente
compensável, sendo uma das causas mais comuns de surdez profunda,
necessitando de uma readaptação específica como implante coclear ou aparelho de
adaptação sonora individual (Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
Na tabela 3 está resumida a classificação para surdez feita a partir da
aquisição da linguagem e da capacidade de leitura.
TABELA 3: Classificação da surdez de acordo com o momento do aparecimento da surdez
e suas conseqüências para o estabelecimento da linguagem (baseada em Oliveira; Castro;
Ribeiro, 2002).
Tipo de surdez
Fase de surgimento Conseqüências
Pré–lingual
Caracteriza-se pela total
ausência de memória auditiva
É extremamente difícil a
estruturação da linguagem oral
pelo aproveitamento auditivo
residual.
Peri-lingual
A criança já fala,
Mas ainda não lê
É necessário um
acompanhamento eficaz, para
que não ocorra uma perda da
fala.
Pós–lingual
Criança já fala e lê
Não há regressão devido ao
suporte da leitura
A surdez profunda bilateral atinge cerca de um em cada 1000 recém-nascidos. O
valor se eleva para 20 a 40 para cada 1000 se considerar apenas crianças
internadas em Unidades de Cuidado Intensivo Neonatais. Considerando os casos
de surdez unilateral, a proporção é de 3 a 6 para cada 1000 recém-nascidos
(Oliveira; Castro; Ribeiro, 2002).
Independente da forma de classificação, um fato inerente a surdez é a
impossibilidade de detecção da fala humana, total ou parcialmente, e este é o maior
impacto na do indivíduo surdo, pois interfere na interação social e na principal forma
de acesso ao conhecimento, que é a interação verbal (Fernandes, 2006).
Considerando a importância dos processos comunicativos nas interações
sociais nos diversos contextos, com ênfase na escola, os alunos surdos poderão ter
dificuldades de compreensão nas interações verbais e isto poderá acarretar
barreiras em seu processo de aprendizagem
6;
(Brasil, 2003); (Oliveira; Castro;
Ribeiro, 2002). Portanto, torna-se necessário uma proposta pedagógica que viabilize
o aprendizado do surdo. Três filosofias educacionais são comumente utilizadas na
educação de surdos: Oralismo, Comunicação Total e Bilingüismo.
No início do século XVI surgiram os procedimentos pedagógicos para
educação dos surdos, visto que estes eram considerados na Antigüidade e Idade
Média como não
educáveis (Lacerda, 1998). Esta pedagogia enfatizava a fala e a língua escrita e os
alfabetos digitais eram utilizados como apoio para que os surdos lessem a língua
falada.
No século XVIII, De L’EPÉ estudou a língua de sinais utilizada pelos surdos e
elaborou o “método francês” de educação de surdos, que consistia na utilização da
língua de sinais da comunidade de surdos, acrescentando a esta sinais que
tornavam sua estrutura mais próxima do francês. Este pesquisador considerava a
linguagem de sinais como língua natural dos surdos e como adequada para
desenvolver o pensamento e a comunicação (Lacerda, 1998).
Surgiram então as primeiras divergências quanto ao método mais adequado
para educação dos surdos: oralismo ou o gestualismo (língua de sinais).
Em 1880, em Milão, a abordagem oralista foi considerada pelos
pesquisadores oralistas, que tinham como principal representante Alexander
Graham Bell, como a mais indicada para educação dos surdos, sendo extinto
temporariamente o uso da língua de sinais e com o predomínio, durante os anos
posteriores, da filosofia oralista (Salles; Faulstich; Carvalho; Ramos, 2004). O
oralismo tem como principal objetivo o desenvolvimento da língua oral, por parte da
criança surda, como forma de comunicação, possibilitando sua interação com os
meio sociais gerais, compostos de pessoas não surdas e que não dominam
linguagem de sinais (Civitella, 2001). Enfatizando o uso da língua falada como a
principal forma de comunicação do surdo e sendo a aprendizagem da linguagem
oral considerada como fundamental para o desenvolvimento da criança (Lacerda,
1998)
,
diferentes estratégias de oralização são utilizadas: verbo tonal, áudio-
fonatória, multissensorial e acupédico. O objetivo dessas metodologias é o
desenvolvimento da fala, mas diferenciam-se nos pressupostos teóricos e na prática
(Ruchel,1999).No entanto,esses detalhes fogem dos objetivos deste trabalho.
Com relação aos resultados práticos, para que a filosofia oralista alcance
seus objetivos, é necessário um diagnóstico precoce, adaptação imediata do
aparelho de amplificação sonora ou implante coclear e início imediato da a
reabilitação após a detecção da surdez (Civitella, 2001).
Outra filosofia utilizada para a prática na educação de surdos é a
comunicação total, esta filosofia surgiu em 1970, através dos trabalhos de Hoiconb
e Denton, em uma escola de surdos (Freeman; Carbin; Boese, 1999).
A comunicação total tem como objetivo expor a criança ao maior mero de
informações possíveis. Para tanto, toda forma de comunicação é utilizada, como:
gestos naturais, língua de sinais, alfabeto digital, expressão facial e aproveitamento
do resíduo auditivo individual, não enfatizando nenhuma forma de comunicação e
sim a possibilidade de desenvolvimento de cada criança (Moura, 2000).
Na comunicação total o desenvolvimento da língua oral da criança surda é
importante, mas (em oposição ao oralismo) não deve ser o objetivo principal da
reabilitação, devendo-se considerar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais do
desenvolvimento da criança (Goldfeld, 1997), Utilizando técnicas e recursos para
garantir a comunicação sem exclusão e sem excluir nenhuma forma de
comunicação, pode-se utilizar a linguagem oral, de sinais, datiologia ou a
combinação destas (Ciccone, 1996).
A terceira filosofia proposta para educação de surdos é Bilingüismo, deve-se
na década de 80, surgiram os primeiros estudos baseada na filosofia bilíngüe que
tem como principal objetivo o desenvolvimento cognitivo-lingüístico da criança surda
equivalente ao da criança ouvinte (Lacerda, 1998). Para compreensão da proposta
bilinguista, deve-se considerar que a criança ouvinte, desde seu nascimento, está
exposta à língua oral, adquirindo dessa maneira a língua naturalmente, realizando
trocas comunicativas, vivenciando situações do seu ambiente, desenvolvendo uma
língua efetiva, o que não ocorre com a criança surda exposta somente à língua oral
(Dizeu; Caporali,2005).Portanto, a criança surda deve adquirir duas línguas: a
primeira é a língua de sinais, que permitirá a criança aprender a segunda língua que
será a língua oficial do seu país e poderá ser na modalidade escrita ou oral
(Goldfield, 1997), Assim o Bilingüismo pode ser dividido em duas abordagens: 1)
Bilingüismo: língua de sinais e língua oral; e 2) Bilingüismo: língua de sinais e língua
escrita. Ambas, no entanto, consideram a importância da língua de sinais para o
desenvolvimento da criança surda (Goldfield, 1996).
Na abordagem língua de sinais e língua oral, o acesso à língua de sinais
ocorre naturalmente através da interação comunicativa da criança surda com o
adulto surdo. A língua oral é aprendida como segunda língua junto a um adulto
ouvinte (Ruschel, 1999).
Na abordagem bilingüismo - língua de sinais e língua escrita - proposto que a
escola torne acessível ao aluno surdo as duas línguas e os conteúdos devem ser
trabalhados em língua de sinais e a língua portuguesa ensinada em momento
específicos da aula (Quadros, 1997).
Uma proposta bilíngüe para surdos necessita da utilização de uma língua de
sinais próprios da comunidade surda. No Brasil, esta se denomina LIBRAS (Língua
Brasileira de Sinais), pois os sinais que designam as propriedades lingüísticas
variam de cultura para cultura (Quadros, 1997).
A LIBRAS é considerada uma língua por possuir estrutura e gramática
própria, considerando o conceito de língua como um conjunto de convenções
necessárias adotadas por uma comunidade (Saussure,1987). Nas línguas orais
auditivas, os elementos comunicativos são chamados palavras e na língua de sinais
os itens lexicais recebem o nome de sinais. A diferença de língua de sinais é sua
modalidade espaço-visual, ou seja, a realização dessa língua se dá através da visão
e da utilização dos movimentos no espaço. Os sinais são formados pela interação
de movimentos das mãos com suas formas e dos pontos no espaço ou no corpo
onde estes movimentos são feitos (Quadros, 1997).
A Declaração de Salamanca (1994) foi considerada um marco para educação
dos surdos, ao reconhecer a língua de sinais como direito da pessoa surda (Salles;
Faulstich, Carvalho; Ramos, 2004).
Em 1995, a FENEIS (Federação Nacional de Educação para Surdos) realizou
uma pesquisa e constatou que, no Brasil, somente 5% da população surda atingem
a universidade e a maioria tem dificuldade com o português escrito (Salles; Faustich;
Carvalho; Ramos, 2004), apresentado muitos anos de vida escolar nas séries
iniciais sem uma produção escrita compatível com a série, além de defasagem em
outras áreas (Salles; Faustich; Carvalho; Ramos, 2004).
Esta realidade educacional do surdo ocorre pela falta de capacitação do
professor da sala regular para trabalhar com aluno surdo (Strobel, 2006).
Considerando também que as interações no ambiente escolar são realizadas
pela oralidade, o aluno surdo encontra-se em desvantagem quanto ao acesso às
informações e à aprendizagem, o que leva à simulação da aprendizagem
(Fernandes, 2006).
es e Tartuci (2002) descreveram essa simulação da aprendizagem do
surdo, e identificaram o aluno surdo como mero reprodutor dos rituais educacionais
para ocupar um lugar dentro da sala de aula.
Esta dificuldade lingüística (LIBRAS X português) no ambiente escolar tem
levado o aluno surdo a comportamentos inadequados em sala e aula e à evasão
escolar (Fernandes, 2006).
Strobel (2006) realizou uma revisão histórica da inclusão do surdo e concluiu
que o aluno surdo, com sua diferença lingüística que não é respeitada no ambiente
escolar, não está incluso, e sim se adaptando forçadamente com o dia-a-dia da sala
de aula.
Fernandes (2006), em sua pesquisa em práticas de letramento na educação
bilíngüe para surdos, observou que o professor utiliza-se das mesmas estratégias de
alfabetização com o aluno surdo e o ouvinte. Dessa maneira a aprendizagem
continua distante da realidade do aluno surdo. Diante das dificuldades de
aprendizagem, o aluno surdo utiliza-se de estratégias de confronto na sala de aula,
tais como: agressividade, indisciplina, e outras.
Em razão disso, várias pesquisas são realizadas para identificar os
sentimentos desagradáveis no surdo, porém sem a aplicação de um material
sistematizado para avaliar estes sentimentos.
A presente pesquisa tem, entre seus objetivos, mensurar a ansiedade do
falante de LIBRAS através do teste da simulação do falar em blico. Devido a isto,
se faz necessário uma breve caracterização sobre ansiedade.
2 – Caracterização da Ansiedade
A Ansiedade Normal é um estado emocional presente em todos os seres
humanos, caracterizada “por um sentimento difuso, desagradável e logo de
apreensão, freqüentemente acompanhado por sintomas autonômicos, como
cefaléia, perspiração, palpitação, aperto no peito e leve desconforto abdominal”
(Kaplan; Sadock; Grebb, 1997).
A ansiedade pode ocorrer em qualquer fase da vida do sujeito, mas
exarceba-se na adolescência, pois esta fase de desenvolvimento apresenta um
conjunto de mudanças evolutivas, de maturação física e biológica e de ajustamento
psicológico e social. Os jovens nesta fase passam por adaptações, enfrentam
realidades diferentes e, diante das dificuldades de adaptação, reagem e sentem-se
ansiosos. Batista e Oliveira (2005) realizaram um estudo para investigar os
principais sintomas de ansiedade em adolescentes. A pesquisa foi feita com 511
alunos com idade entre 14 e 18 anos, aplicando um instrumento de 75 itens em que
os alunos deveriam escolher uma das seguintes respostas: sempre, às vezes ou
nunca. Este estudo encontrou diferenças significativas entre o gênero masculino e
feminino para os sintomas mais comuns de ansiedade. Nos adolescentes do sexo
masculino, os sintomas de ansiedade mais comuns se agruparam em sintomas
físicos e emocionais. Os sintomas físicos são: tremores, agitação, irritabilidade,
taquicardia, dor de estômago e insônia e, os emocionais: medo, preocupação,
nervosismo, pavor, aborrecimento e susto. Nas adolescentes do sexo feminino, o
sintoma físico de ansiedade, mais comum, foi à impaciência e, os emocionais, foram
o medo e o sentimento de incapacidade (Batista; Oliveira, 2005).
A ansiedade apresenta função adaptativa, quando é sinal de alerta à ameaça
externa ou interna para prevenção do risco à vida, variando sua forma de expressão
devido a fatores ambientais diversos, tais como os ligados ao desenvolvimento, à
familiaridade com estímulo aversivo no mesmo ambiente e à posição do indivíduo
na hierarquia de seu grupo social. O medo também é um sinal de alerta similar,
diferenciando-se da ansiedade por ser uma resposta a uma ameaça conhecida,
identificável, externa e de origem não conflituosa (Kaplan; Sadock; Grebb, 1997).
A ansiedade também pode ser definida como um estado estressante
antecipatório ao perigo e que envolve os componentes psicológicos a reação de
alarme ou a reação de fuga ou luta; e cognitivo o afunilamento da atenção e a
experiência subjetiva que é o desconforto. Estes componentes auxiliam a pessoa a
lidar com os perigos reais e imediatos, identificados claramente; porém, pode ser
prejudicial psicológica e fisicamente se a ansiedade persistir, como ocorre em
situações de estresse ocupacional ou conflitos inconscientes não resolvidos
(Kaplan; Sadock, 1999).
Lewis (1979) lista alguns atributos para a descrição da ansiedade (citado em
Andrade; Gorenstein, 1998):
Ser normal ou patológica
Ser leve ou grave
Ser prejudicial ou benéfica
Ser episódica ou persistente
Ter uma causa física ou psicológica
Ocorrer sozinha ou junto com outro transtorno
Afetar ou não a percepção e a memória
Os estados de ansiedade são considerados patológicos somente quando o
exacerbações não adaptativas da reação de defesa (Graeff, 1994; Graeff;
Guimarães, 2001). A reação de defesa é definida como um conjunto de diversas
estratégias comportamentais selecionadas ao longo da evolução e que ampliam as
possibilidades de sobrevivência em situação de perigo (Blanchard; Yudko; Rodgers;
Blanchard, 1993).
A Tabela 4 apresenta a relação entre ansiedade e a reação de defesa em
função da proximidade do estimulo potencialmente perigoso.
TABELA 4: Níveis de defesa e emoção relacionada (baseada em Graeff, 1994).
Perigo Comportamento Emoção
Incerto Levantamento de risco Ansiedade
Distante Congelamento, fuga, esquiva Medo
Próximo Fuga, luta Pânico
Para medir a ansiedade, são utilizadas escalas que procuram enfatizar um ou
outro aspecto da ansiedade. Ao escolher uma escala para medir ansiedade, deve-
se considerar qual aspecto da ansiedade se pretende medir, considerando que
existem escalas que medem a ansiedade normal e escalas que medem a ansiedade
patológica. Também se deve considerar que, tanto em sujeitos normais como em
pacientes, é importante a diferenciação entre ansiedade-traço e ansiedade-estado
(Andrade; Gorenstein, 1998).
A concepção dual de ansiedade-estado e a ansiedade-traço foi proposta por
Cattell e Scheier (1961) e é a base do Inventário de Ansiedade Traço-Estado de
Spielberger e colaboradores (1970). Esta distinção entre ansiedade- traço e
ansiedade- estado pode ser feita tanto em pessoas normais como em pacientes
(Andrade; Gorenstein, 1998). O conceito de ansiedade-traço refere-se a uma
característica relativamente estável de propensão à ansiedade, ou seja, o sujeito
tende a reagir a situações percebidas como ameaçadoras com elevação do estado
de ansiedade (Guimarães et al, 2003). Já a ansiedade-estado é caracterizada por
um estado emocional transitório no momento da situação estressante, isto é, por
exemplo, o sujeito sente-se ansioso no momento da aplicação de um teste
(Guimarães et al, 2003).
Para estudar a ansiedade em seres humanos são utilizados modelos de
ansiedade próprios.
.
2.1 - Modelos de ansiedade em seres humanos
Construir modelos é fundamental para o trabalho científico, no qual
construções hipotéticas, teorizadas ou modos de explicação servem para uma
análise ou esclarecimento de uma realidade concreta (Japiassu; Marcondes, 1989),
Os modelos estão presentes tanto nas ciências teóricas como nas experimentais,
criando modelos de abrangência variada, permitindo discriminar tanto pequenos
fenômenos quanto grandes conjunto de dados. Para o trabalho científico, no
entanto, é necessário validar o modelo, o que pode ser feito de três maneiras:
definindo o seu uso aplicado à pesquisa (valor de uso); o grau de possibilidade de
previsão de novos fenômenos
relacionados ao modelo (valor preditivo); e a similaridade com o fenômeno proposto
(valor de face) (Bond; Lader, 1974).
As pesquisas na área da saúde em sua maioria utilizam-se de modelos
desenvolvidos para o estudo de fenômenos humanos em outros animais,
possibilitando extrapolações pontuais em aspectos que são similares. Como por
exemplo, no estudo de desordens orgânicas encontradas em seres humanos, como
os cânceres, que são desenvolvidos em outros animais. A psicopatologia
experimental, desde o início, tem estudado os transtornos de ansiedade e
depressão, através do desenvolvimento de modelos animais (Gouveia, 2001).
No estudo da ansiedade humana, utilizam-se modelos de ansiedade
experimental humana; porém, a validade destes modelos carece da mesma
consistência verificada nos modelos animais (Graeff; Guimarães, 2001).
Ansiedade experimental, ou seja, realizada em laboratório, em condições
controladas, em humanos pode ser induzida por manipulação farmacológica ou
psicológica (comportamentais e ambientais). Nestes testes, estímulos ambientais ou
de contexto o utilizados para induzir ansiedade em voluntários saudáveis (Graeff;
Guimarães, 2001).
Os modelos de ansiedade são desenvolvidos em seres humanos sadios que
participam voluntariamente do experimento, situam-se entre os modelos animais de
ansiedade e os testes clínicos, que consistem em investigar os efeitos dos
psicotrópicos tanto em pacientes como em voluntários sadios (Graeff; Guimarães,
2001).
Nos estudos de ansiedade que envolvem seres humanos o objetivo é
submeter o voluntário a uma situação controlada que gere medo e/ou ansiedade
sendo suas reações avaliadas por métodos psicométricos (escala de avaliação), ou
medida por método fisiológicos (registro do pulso, respiração ou conduta elétrica da
pele)
(Graeff; Guimarães, 2001).
Os testes mais utilizados para induzir ansiedade experimental em seres
humanos são o teste Stroop Color, o teste da simulação de resposta condicionada
de condutância da pele e o teste da simulação do falar em blico (Public Speaking
Test ).
O teste Stroop Color, que foi um dos primeiros modelos utilizados para induzir
ansiedade em seres humanos, desenvolvido por J.R. Stroop para investigar funções
cognitivas, consiste em projetar palavras que significam cores, cujas letras estão
escritas em cor diferente. O objetivo deste procedimento é produzir um conflito
desconfortável no voluntário. O grau de ansiedade é quantificado por meio de
escalas de avaliação. Este teste somente produz aumento de ansiedade em
voluntários com ansiedade-traço elevada (Graeff; Guimarães, 2001).
O teste da simulação de resposta condicionada de condutância da pele, trata-
se de um modelo de condicionamento clássico. O voluntário tem fones de ouvido
adaptados aos pavilhões auditivos para apresentação de estímulos acústicos e
eletrodos em dois dedos da mão direita para medida da condutância (inverso da
resistência) elétrica da pele que aumenta em resposta a emoções que ativam o
sistema nervoso simpático, provocando sudorese. A apresentação dos estímulos e o
registro da condutância da pele são realizados por meio de computador previamente
programado. Inicia-se a sessão experimental apresentando uma série de dez tons
neutros, em intervalos aleatórios. Verifica-se que a apresentação do primeiro tom é
seguido de grande aumento de condutância. Com a repetição, a resposta vai
diminuindo aquase desaparecer, caracterizando o fenômeno da habituação. O
11º tom é seguido da apresentação de um ruído “branco“, de alta intensidade
(estímulo incondicionado), produzindo sobressalto no voluntário. A resposta de
condutância do ruído aversivo é muito intensa. Após este pareamento, apresenta-se
novamente a mesma rie de tons, agora estímulos condicionados aversivos.
Verifica-se que o tom volta a produzir grandes aumentos de condutância, que
diminuem a cada apresentação, porém em velocidade bem menor que no período
de habituação (Graeff; Guimarães, 2001).
Outro modelo de ansiedade em humanos é o teste da simulação do falar em
público. Originalmente desenvolvido e validado por McNair e colaboradores (1982),
este teste será utilizado neste trabalho e será descrito com maiores detalhes a
seguir.
2.2 - Teste da simulação do falar em público (Public Speaking Test)
No formato original de McNair e colaboradores, (1982), cada sujeito
permanecia numa pequena sala por toda sessão experimental. Era requisitado ao
sujeito que
preparasse um discurso sobre um determinado tópico. Na fase antecipatória do
teste da simulação do falar em público, cinco sujeitos eram selecionados
aleatoriamente e o discurso era sobre picos não-emocional e não - pessoal. O
sujeito escolhia um pico e tinha dois minutos para preparar. Durante a
performance, o sujeito falava em direção a uma grande platéia.
Um estudo comparativo mostrou que a simulação do falar em público
aumenta a ansiedade em voluntários saudáveis independente do traço de
ansiedade. o teste Stroop Color-Word era ansiogênico somente em pessoas com
traço de ansiedade aumentados (Palma, 1994), Portanto, considera-se que o teste
da simulação do falar em público apóia-se em uma resposta espécie-específica, ou
seja, induz ansiedade independente do traço de ansiedade. Guimarães e
colaboradores (1987) modificaram o procedimento original e esta versão do modelo
tem sido usado em vários estudos farmacológicos. Nesta versão do teste de
simulação do falar em público, após um período de habituação ao laboratório, o
voluntário senta-se em frente a uma câmera de vídeo. Solicita-se ao voluntário que
prepare um discurso sobre um dado tema que será gravado em fita de vídeo.
Fazem-se medidas fisiológicas (pressão arterial, freqüência cardíaca) e os
voluntários preenchem escalas de avaliação em diferentes fases da sessão
experimental: início, depois da adaptação, antes da fala, durante a fala e após a
fala. Neste modelo de condicionamento aversivo, cada sujeito participa somente
uma vez do teste. A seqüência da sessão experimental está resumida na Tabela 5.
TABELA 5: Resumo dos tempos das fases do modelo de simulação do falar em público
(baseada em Graeff e Guimarães, 2001).
Fase Tempo
Adaptação 15 Min
Antes de iniciar a fala 10 Min
Durante a fala 1 Min
Depois da fala 20 MIn
Uma característica desta versão do teste do falar em
público é a utilização de escalas de auto-avaliação. Na
seqüência, estas
escalas são analisadas, com ênfase naquela que será utilizada
no presente estudo.
2.3 - Escala Analógica de Humor
As escalas de auto-avaliação são instrumentos usados para
medir estados subjetivos, sendo, em geral, preenchidas pelo
próprio sujeito (Guimarães, 1998).
As escalas de auto-avaliação podem ser de natureza
discreta ou analógica. Na primeira, o sujeito assinala categorias
intervalais ou qualidades de seu estado (por exemplo: pouco, às
vezes, muito, quase sempre, quase nunca, bastante). Na
segunda, o sujeito assinala em uma linha reta contínua que
supostamente representa toda gama daquela situação
(Guimarães, 1998).
Uma escala discreta utilizada para avaliar ansiedade é o
Inventário de ansiedade traço - estado de Spielberger (IDATE),
desenvolvido por Spielberger, que consiste de uma escala de
auto-avaliação composta por duas sub-escalas de 20 itens cada
uma, que medem duas formas de ansiedade: a ansiedade-estado
e a ansiedade-traço da pessoa. A primeira refere-se ao estado
emocional transitório no momento da aplicação e, a outra, à
característica relativamente estável de propensão à ansiedade
(Guimarães e colaboradores, 2003). Este instrumento foi
traduzido e adaptado à realidade brasileira por Biaggio e
colaboradores, em 1977.
No IDATE, cada escala é composta por 20 afirmações que
requerem que o sujeito se situe num grau determinado de
intensidade dentre quatro alternativas (Aguiar, 2003)
.
As escalas analógicas visuais também têm sido utilizadas
para avaliar diversos aspectos subjetivos, entre eles a
ansiedade, tanto em pacientes ansiosos quanto em pacientes
submetidos à situação diversa: como reações de estudantes a
exames (Kidson; Hornblom, 1982).
No Brasil uma escala muito utilizada é a escala analógica de
humor (Del Porto e colaboradores, 1983, Guimarães e
colaboradores, 1987, Zuardi; Karniol, 1981, Zwicker, 1985,
Guimarães e colaboradores, 1987, Zuardi e colaboradores, 1993,
Hetem e colaboradores, 1996). Esta escala foi originalmente
proposta por Noris (1971), em inglês. Possui 16 itens, cada qual
composto de uma linha reta de 100 mm que liga dois sentimentos
opostos. Estes itens foram originalmente agrupados de forma
intuitiva, em quatro fatores: (tranqüilização, sedação física,
sedação mental e outros sentimentos e atitudes).
A escala analógica de humor foi traduzida para o Português
por Zuardi; Kardiol (1981) que, com o objetivo de validar a
tradução, reproduziram o trabalho de Bond e Lander (1974).
Neste trabalho, Bond; Lader submeteram à escala analógica de
humor 500 voluntários e concluíram, na análise fatorial das
respostas, que os itens poderiam ser agrupados em três fatores,
denominados, com base nos itens de maior peso, de
tranqüilização, sedação e contentamento. Zuardi; Kaniol
observaram que, diferentemente do trabalho original de Bond;
Lader, as respostas dos 540 estudantes universitários brasileiros
submetidos à escala no Brasil concentraram-se nos extremos da
escala, isto é, estes resultados impossibilitaram a análise
paramétrica e também diminuíram a sensibilidade da escala de
aferir estados de humor/ emocionais (Guimarães, 1998).
Del Porto e colaboradores (1983) supuseram que a diferença
entre os dados brasileiros e os ingleses seria devido à má
interpretação das instruções de preenchimento da escala.
Reaplicaram a escala em 436 estudantes universitários ampliando
e detalhando as instruções originais e obtiveram respostas com
tendência central (Guimarães, 1998).
Gorenstein (1984) considera que um treino prévio para o
preenchimento da escala é fundamental. Além das instruções
escritas, eles recebem instruções orais, com exemplos práticos
sobre a escala. Na instrução oral, é enfatizado, como propôs Del
Porto (1983), que o extremo de cada linha deve se considerado
como equivalente ao máximo que você pode sentir naquele item,
e que o centro da escala deve equivaler a seu estado habitual.
Guimarães e colaboradores (1998) em outro estudo
concluíram que, após este treino prévio, o preenchimento da
escala analógica de humor teve uma distribuição dos escores
com tendência central.
Outra dificuldade encontrada no uso da escala analógica de
humor é em relação ao agrupamento dos itens. Em 1993, Zuardi e
colaboradores realizaram uma análise fatorial dos resultados do
preenchimento da escala em situação basal com 90 voluntários.
Agruparam os seis itens da escala em quatro fatores de acordo
com seus pesos relativos e cada fator foi denominado com uma
nomenclatura original (Zuardi e colaboradores,1993). Esta divisão
que foi utilizada neste trabalho e esta descrita na tabela 6.
Tabela 6 Elementos constituintes da escala analógica de humor,
conforme Zuardi e colaboradores, 1993.
1- Ansiedade:
2-calmo agitado
10-relaxado tenso
8-tranqüilo preocupado
2- Sedação física:
9-perspicaz raciocínio difícil
12-capaz incapaz
6-dinâmico apático
4-com idéias claras confuso
16-sociável retraído
5-ágil desajeitado
3-forte fraco
3- Sedação mental:
1- alerta sonolento
11-atento distraído
4-Outros sentimentos:
15-interessado desinteressado
14-amistoso hostil
13-alegre triste
7-satisfeito insatisfeito
Diversos trabalhos (Guimarães e colaboradores, 1987,
Zuardi et al., 1993, Hetem e colaboradores, 1996) observaram
que a escala analógica de humor tem sido mais sensível para
detectar efeitos de drogas na ansiedade do que o IDATE. Estes
resultados também foram observados por outros grupos
afirmando ser a escala analógica de humor mais sensível para
avaliar ansiedade que o IDATE (Egan e colaboradores, 1992,
Kapezinki e colaboradores, 1994, Brown, 1990). Portanto,
considerando as vantagens da EAH para medir a ansiedade, a
dificuldade de material adaptado para surdos e que o IDATE
exige mais domínio da língua portuguesa do que a escala
analógica de humor e o surdo tem dificuldade de leitura e escrita,
este trabalho utilizará a EAH adaptada em LIBRAS e alfabeto
digital como instrumento para avaliar ansiedade no teste
simulação do falar em público em surdos falantes de LIBRAS.
Considerando que:
a LIBRAS é uma língua equivalente à Língua Portuguesa;
falante de Libras tem o Português como segunda língua,
apresentando dificuldades para entendimento desta;
não existem escalas de ansiedade adaptadas para população
surda;
a ansiedade de falar em público é considerada como espécie -
específica, não devendo variar segundo a língua utilizada pelo
voluntário;
O objetivo deste trabalho foi mensurar a ansiedade e suas
variações em falantes de LIBRAS, quando comparado ao falante
da língua oral sem outros comprometimentos. Para tanto,
pretendemos:
Adaptar a Escala Analógica de Humor para os surdos
falantes em LIBRAS, utilizando o alfabeto digital e LIBRAgerando
uma escala bilíngüe (português, LIBRAS e alfabeto digital);
mensurar a ansiedade relatada do surdo falante em LIBRAS e do
ouvinte falante em língua oral no teste da simulação do falar em
público.
Comparar a ansiedade relatada entre não surdos e surdos
falantes de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na escala
analógica de humor.
3 – Método
3.1 - Experimento I
O objetivo deste experimento foi a adaptação da EAH e a validação de sua versão
bilíngüe (português, alfabeto digital, LIBRAS).
Participantes: Participaram deste estudo cinqüenta e cinco sujeitos, divididos
em dois grupos. O Grupo Experimental foi composto de 15 surdos, de ambos os
sexos, que utilizavam a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), e que dominavam o
alfabeto digital (idade 11-18 anos), matriculados em um programa de reabilitação da
cidade de Bauru-SP. O Grupo foi composto de 40 ouvintes matriculados em uma
escola pública da cidade de Bauru.
Instrumentos: Escala Analógica de Humor (EAH) (Anexo 1) e Escala
Analógica de Humor- adaptada em LIBRAS (Anexo 2), constituindo-se em uma
escala de auto aplicação, composta por 16 itens, cada qual composto por linha
reta de 100mm ligando dois adjetivos de sentidos opostos. Esta foi aplicada em
duas versões: uma, com palavras; outra, composta pelo alfabeto digital e LIBRAS,
conforme apresentado por Capovilla (Capovilla;Raphael,2001), bem como uma
filmadora VHS.
Procedimento: Foi realizado, em ambos os grupos, um treino-prévio na
escola do grupo controle e no programa de reabilitação no grupo experimental para
o preenchimento da escala. Neste, além das instruções escritas, foram dadas
orientações orais e em LIBRAS, segundo a característica do grupo, com exemplos
para explicar o significado das palavras utilizadas na escala, enfatizando que o
extremo de cada linha
devia ser considerado o ximo que se podia sentir naquele item e que o centro da
escala devia equivaler ao estado habitual.
No grupo controle, a aplicação foi realizada em grupo em uma sala da própria
escola. Os alunos foram selecionados aleatoriamente entre as classes, seguindo
somente critérios de idade e rie cursada, para falantes, e, para surdos, idade e
domínio do alfabeto digital e de LIBRAS. Após o treino-prévio, os participantes
preencheram uma versão da escala segundo seu grupo: em português, para
falantes, ou LIBRAS, para os surdos.
A instrução oral dada foi: “Esta é uma escala composta por 16 itens, contento
dois adjetivos de sentido oposto, ligados por uma linha. Os extremos de cada linha
representam o grau ximo de seu estado. Vodeve fazer um marco em qualquer
lugar da linha representando o seu estado atual”. Esta instrução oral foi adaptada de
acordo com a idade e escolaridade dos participantes.
3.2 - Experimento II
O objetivo deste experimento foi a aplicação do teste da simulação de falar em
público com vistas a comparar a ansiedade relatada através da EAH em falantes em
LIBRAS e falantes de língua portuguesa oral.
Participantes: Trinta sujeitos selecionados dos grupos do experimento I
participaram deste estudo. O Grupo Experimental foi composto dos mesmos 15
surdos do estudo anterior. O Grupo Controle foi composto de 15 ouvintes da
amostra do Experimento I, pareados em idade e nível socioeconômico com o Grupo
Experimental.
Instrumentos: As mesmas escalas que foram utilizadas no Experimento I.
Também foi utilizada uma filmadora VHS.
Procedimento: No grupo controle e experimental, o teste foi aplicado
individualmente, em uma sala da própria escola ou no programa de reabilitação que
eles freqüentam. Foram explicados aos participantes os objetivos do trabalho e que
o teste consistia no preenchimento da escala de avaliação em espaço de tempo
determinado. A definição destes espaços de tempo baseou-se na literatura sobre o
teste. Abaixo estão descritos em detalhes os momentos em que a escala foi
aplicada.
Depois de 10 minutos de adaptação do sujeito na sessão experimental,
solicitou-se ao sujeito que preparasse um discurso sobre um tema que lhe fosse
constrangedor e que lhe seriam concedidos 2 minutos para falar, sendo seu
discurso gravado em fita de vídeo e, posteriormente, analisado por uma equipe de
psicólogos. O sujeito preencheu a escala nas seguintes fases da sessão
experimental:
após dez minutos de adaptação no ambiente;
durante dez minutos foram dadas as instruções que ele deveria em dois minutos
preparar um discurso e teria dois minutos para falar;
antes que ele iniciasse o discurso;
durante a fala realizou-se uma pausa para o preenchimento da escala e o sujeito
terminou o discurso após responder a escala;
dez minutos após ter terminado o discurso.
TABELA 7: Resumo das fases do teste da simulação do falar em público e a medida de
ansiedade em cada fase (baseada em Graef; Guimarães, 2001).
Fase Medida da ansiedade
Adaptação linha de base
Antes antecipatória
Durante performance
Depois linha de base
Os dados obtidos nas respostas da EAH neste experimento serão
comparados com as respostas do Grupo Controle e com os dados da literatura.
Análise estatística: Os resultados dos experimentos serão analisados por
ANOVAs de uma e duas vias, seguida de testes de hipóteses apropriado, se
necessário, entre a resposta dos ouvintes e dos surdos.
4 – Resultados
4.1 - Experimento I
A Figura1 apresenta os dados resultantes da aplicação da escala analógica
de humor em suas duas versões nos dois grupos: controle (ouvinte escala
analógica padrão) e experimental (surdo -escala adaptada).
A observação do score total indica que o grupo controle apresentou uma
ansiedade moderada, por volta de 70 pontos, com um desvio padrão de cerca de 20
pontos. O grupo surdo, para o qual foi apresentada a escala modificada, apresentou
uma ansiedade relatada de cerca de 50 pontos, menor que o grupo controle, mas
com um desvio padrão muito maior. A análise estatística entre os grupos, apesar
desta diferença, não se mostrou estatisticamente significante F(1,53)=0,0459,
p=0,831.
Na análise dos fatores constituintes da ansiedade, pôde-se observar que o
grupo controle apresentou índices de ansiedade por volta dos 20 pontos, com
desvio padrão de aproximadamente 10 pontos. O grupo experimental apresentou a
ansiedade de 10 pontos e um desvio padrão de cerca de 10 pontos; portanto, o
grupo experimental apresentou a ansiedade relatada menor que a do grupo
controle, mas com desvio padrão igual. Porém, esta diferença no fator ansiedade
também não se mostrou estatisticamente significante [F(1,53) =0, 133, p=0, 717].
No fator, sedação física, pôde-se observar na análise dos resultados que o
grupo controle apresentou aproximadamente 40 pontos e um desvio padrão de
cerca de 10 pontos. O grupo experimental para este fator apresentou cerca de 30
pontos e um desvio padrão de 20 pontos. Neste fator, sedação física, pôde-se
observar uma diferença no desvio padrão maior no grupo experimental. Na análise
estatística esta diferença não é significante [F(1,53) =2, 762, p= 0, 102].
no fator sedação mental de-se observar que o grupo controle e o grupo
experimental apresentaram os mesmos valores e o mesmo desvio padrão. Não
houve diferença neste fator entre os grupos. Estatisticamente esta diferença
também não foi significante [F(1,53) =1, 302, p=0, 259].
No fator, outros sentimentos, pôde-se observar diferenças em relação aos
demais fatores. Neste fator o grupo experimental apresentou maior valor que o
grupo controle. Nos outros fatores, o grupo controle sempre apresentou índices
maiores, o desvio padrão também foi maior no grupo experimental. Este também foi
o único fator que apresentou diferença estatística significativa [F= (1,53) =9, 528,
p=0, 003].
dados da EAH
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10
soma
ansieda
Sedação física
ffffffísicafisica
Sedação mental outros sentimentos
fatores
score
surdos controle
Figura 1. Resposta da escala analógica de humor e escala analógica de humor adaptada
no grupo controle e grupo experimental na soma e nos fatores: ansiedade, sedação física,
sedação mental e outros sentimentos.
4.2 - Experimento II
A Figura 2 apresenta os índices de ansiedade total nas diferentes fases do teste da
simulação do falar em público, nas quais foi aplicada a escala analógica de humor
padrão no grupo controle e a escala analógica adaptada no grupo experimental.
Pode-se observar que o grupo controle inicia a sessão com uma ansiedade
relatada elevada; após a explicação do procedimento e antes de iniciar a fala, a
ansiedade diminui; durante a fala a ansiedade volta a subir e diminui, ao terminar o
discurso.
O grupo experimental inicia a fala com a ansiedade elevada, que diminui após
a explicação do experimento e continua diminuindo durante a fala e após a fala.
Portanto, pode-se observar uma diferença dos índices de ansiedade total
entre o grupo controle e experimental durante a fala: no grupo controle aumenta e
no experimental diminui.
40
50
60
70
80
90
100
ouvintes
surdos
adaptação antes durante após
score
FIGURA 2. Fases de medida de ansiedade total no teste da simulação
do falar em púbico no grupo controle e experimental.
As médias no grupo controle na fase de adaptação é de aproximadamente 77
e no grupo experimental a média é de 74, com desvio padrão de cerca de 11,0 para
os ouvintes e 14,5 para os surdos; porém, esta diferença não é estatisticamente
significativa [F(5,109) =0, 587, P=0,710].
Na fase imediatamente antes do início da fala, a soma das médias no grupo
controle é de aproximadamente 72 com um desvio padrão por volta de 9,9 e, no
grupo experimental, a média é de cerca de 71 e o desvio padrão de
aproximadamente 10, 0. Esta diferença também não é estatisticamente significativa
[F(5,109) =0, 587, P=0,710].
Durante a fala, a soma da média do grupo controle é de aproximadamente 73
com um desvio padrão por volta de 10,6 e, do grupo experimental, é de cerca de 68
e o desvio padrão de aproximadamente de 15, 9. Esta diferença também não é
estatisticamente significativa [F(5, 109) =0, 587, P=0, 710].
Na fase de após a fala, a soma da média do grupo controle é próximo de 70
com desvio padrão de cerca de 12,4 e, no grupo experimental, a dia é por volta
de 67 e o desvio padrão de aproximadamente de 67 . Esta diferença também não
estatisticamente significativa [F(1,109) =0, 256, P=0,614].
Portanto, no experimento II, a soma dos fatores, isto é, o índice de ansiedade
total não apresentou diferença estatística significativa entre os grupos [F(1,109) =0,
256, p=0,614].
A análise dos subcomponentes da escala analógica de humor: ansiedade,
sedação física, sedação mental e outros sentimentos nas diferentes fases do teste
da simulação do falar em público, estão descritos a seguir.
A Figura 3 mostra os índices do subcomponente ansiedade nas diferentes fases do
teste da simulação do falar em público, no qual foi aplicada a escala analógica de
humor padrão no grupo controle e a escala analógica de humor adaptada no grupo
controle.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
adaptação antes durante após
ouvintes
surdos
score
FIGURA 3: Índice de medida da ansiedade nas diferentes fases no
teste da simulação do falar em público para o grupo controle (trapézio
cheio)
e experimental (quadrado vazio)
No fator ansiedade, na fase de adaptação, a média do grupo controle foi de
aproximadamente 38 com desvio padrão próximo de 6,6 e no grupo experimental a
média foi por volta de 20 com desvio padrão de 3, 5; porém, esta diferença não é
estatisticamente significativa [F(5, 109) =0, 768, p=0, 575].
Na fase imediatamente antes da fala, o fator ansiedade no grupo controle foi
de cerca de 35 com desvio padrão de aproximadamente 5,7 e no grupo
experimental de cerca de 18 com desvio padrão de 3, 9. Esta diferença não se
apresentou estatisticamente significativa [F(5, 109) =0, 768, p=0, 575].
Durante a fala, a ansiedade no grupo controle apresentou a média próxima
de 36 com desvio padrão de 6,1 e no grupo experimental por volta de 16 com desvio
padrão de 9, 7; porém, esta diferença não é estatisticamente significativa
[F(5,109)=0,768,
p=0,575]. Nesta fase pôde-se observar uma diferença entre os grupos: no grupo
controle a ansiedade aumenta e, no experimental, diminui.
Após a fala, a dia para ansiedade no grupo controle foi de
aproximadamente 35 com desvio padrão de 6,2 e no grupo experimental foi por
volta de 17,9 com desvio padrão de 6,3. Esta diferença não é estatisticamente
significativa [F(5, 109) =0, 768, p=0, 575]. Após a fala também existe uma diferença
entre os grupos: no grupo controle a ansiedade diminui e, no experimental, ela
aumenta.
A diferença entre o grupo controle e o grupo experimental no fator ansiedade
não é estatisticamente significativa [F(1, 109) =0, 0642, p=0, 800].
A Figura 4 apresenta os índices de sedação física no teste da simulação do
falar em público no grupo controle e no grupo experimental.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
adaptação antes durante após
ouvintes
surdos
score
FIGURA 4: Ìndice de medida de sedação física nas diferentes fases
do teste da simulação do falar em público para o grupo controle
(trapézio cheio) e experimental (quadrado vazio)
No fator sedação física nas fases de adaptação, antes de iniciar a fala,
durante a fala e após a fala, não diferenças estatísticas significativas [F(5,109)
=0, 332, p=0,893].
A diferença estatística entre o grupo experimental e controle, no fator
sedação física, também não é significativa [F(1,109) =2, 307, p=0,132].
A Figura 5 mostra os índices de sedação mental no teste da simulação do
falar em público nos grupos controle e experimental.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
adaptação
antes
durante
após
ouvintes
surdos
score
FIGURA 5: índice de medida da sedação mental nas diferentes fases
do teste da simulação do falar em público para o grupo controle
(trapézio cheio) e experimental (quadrado vazio).
De forma similar, no fator sedação mental, no grupo controle e experimental
nas fases de adaptação, antes de iniciar a fala, durante a fala e após a fala, no teste
da simulação do falar em público não tem diferença estatística significativa [F(5,109)
=0, 332, p=0,893].
Pode-se observar uma diferença entre os grupos durante a fala: no grupo
controle permanece estável e no grupo experimental uma discreta diminuição.
Ocorre uma diferença também após a fala: no grupo controle, neste fator, diminui e,
no experimental, aumenta.
Neste fator, a diferença estatística entre o grupo controle e experimental
também não é significativa [F(1, 109) =0, 661, p=0, 418].
A Figura 6 apresenta os índices de outros sentimentos no teste da simulação
do falar em público para o grupo controle e experimental.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
adaptação
antes
durante
após
ouvintes
surdos
score
FIGURA 6: Índice de medida de outros sentimentos nas diferentes fases do teste da
simulação do falar em público para o grupo controle (trapézio vazio) e experimental
(quadrado cheio).
.
Para o fator outros sentimentos, a diferença estatística nas fases de adaptação,
antes de iniciar a fala, durante a fala e após a fala, no teste da simulação do falar
em público não é significativa [F(5, 109) =5, 83, p=0, 713].
Neste fator, outros sentimentos, a diferença entre os grupos não é
estatisticamente significativa [F(1, 109) =0, 10, p=0, 919].
5- Discussão
A discussão do presente trabalho inicia-se com o Experimento I que consistiu
na aplicação da escala analógica de humor padrão no grupo controle (ouvinte) e a
escala analógica de humor adaptada no grupo experimental (surdo), na qual se
pôde observar ausência de diferença no índice total e nos fatores componentes da
escala, a saber: ansiedade, sedação física e sedação mental, entre o grupo controle
e o grupo experimental. A única diferença estatisticamente significativa ocorreu em
outros sentimentos, e também é o único fator em que o grupo experimental
apresentou maior valor. Isso provavelmente se explica pelo fato de o grupo
experimental ter familiaridade com a experimentadora e com o ambiente da
aplicação da escala em relação ao grupo controle.
Dessa forma pode-se considerar que a escala analógica de humor adaptada
tem validade equivalente à escala analógica de humor padrão para medir a
ansiedade na amostra estudada.
No Experimento II, o teste da simulação do falar em público apresenta uma
diferença entre os dados obtidos comparados com os da literatura, nos quais o
sujeito inicia a sessão com a ansiedade mais baixa, aumentando antes de iniciar o
discurso, alcançando seu pico durante o discurso e volta a diminuir ao terminar o
discurso (por exemplo, Graeff e colaboradores, 2003). Os dados do presente estudo
mostraram que, o grupo controle tem seu pico de ansiedade na fase de adaptação,
diminuindo antes de iniciar o discurso, volta a aumentar durante o discurso e diminui
novamente após terminar o discurso.
Estes dados podem sugerir que para a população estudada de adolescentes,
tanto no grupo ouvintes como no de surdos o momento em que ocorre maior
ansiedade é no início do teste, sugerindo que para eles as condições prévias a um
evento desconhecido geram ansiedade, mais do que quando recebem as
informações sobre o procedimento. Portanto, possivelmente a condição de estar em
uma situação nova sem informação sobre o que irá acontecer pode ter gerado
ansiedade nos adolescentes.
Com relação ao teste da simulação do falar em público, pode-se concluir que,
estatisticamente, o teste no grupo de adolescentes que compõem o grupo controle
não gerou ansiedade.
Esta diferença entre os dados da literatura e os do presente trabalho
provavelmente estejam relacionados com o fato de, na literatura, a população ser de
universitários e, em nosso trabalho, a população é de adolescentes ou pelo fato de
eles iniciarem o teste com a ansiedade elevada. Os trabalhos que utilizam o teste da
simulação do falar em público são com universitários, o que difere da população
deste trabalho que é de adolescente. Não existem trabalhos equivalentes ao nosso
na literatura.
No grupo experimental, a ansiedade tem seu pico na fase de adaptação e
apresenta uma curva decrescente ao longo do teste. Este resultado difere do grupo
controle. Embora estatisticamente não significante, o grupo controle apresenta
aumento da ansiedade durante o discurso e o grupo experimental apresenta uma
diminuição da ansiedade nesta fase. Isto pode ocorrer provavelmente pelo fato de a
LIBRAS ser uma língua espaço-visual, ou seja, a realização desta língua é
estabelecida através da visão e da utilização dos movimentos no espaço. Dessa
forma a LIBRAS pode ser considerada como uma comunicação não verbal,
empregando o conceito de comunicação não verbal de Silva (1996) como sendo a
que acontece na interação de pessoa-a-pessoa, toda a informação obtida através
dos gestos, posturas, expressões faciais, orientação do corpo e outros.
Skinner 1903, conceitua o comportamento verbal como todo comportamento
reforçado pela mediação de outra pessoa, considerando, portanto que qualquer
movimento capaz de afetar outro organismo pode ser verbal.
Silva e colaboradores (2000), conceituam a comunicação como sendo
realizada de forma verbal e/ou não verbal, sendo que a verbal exterioriza o ser
social e a não verbal o ser psicológico, ou seja, tem a função de demonstrar os
sentimentos.
Ekman; Friesen (1969) classificaram os gestos em três categorias: os
“ilustradores”, que são considerados os gestos mais comuns (os movimentos de
braços e mãos que acompanham a fala e se relacionam com ela); os “emblemas”,
que são os
atos não verbais que m uma tradução verbal específica conhecida pelo grupo; e
os “adaptadores” que são de interesse para este trabalho.
Os “adaptadores” são movimentos ou posições nas quais partes do corpo
tomam contato com outras partes do corpo, com objetos ou outras pessoas,
demonstrando estados internos de ansiedade, nervosismo ou inibição (Poyatos,
1983, Knapp, 1985, Andersen, 1999 in Otta; Vasconcellos, 2003).
Existem três tipos de “adaptadores” (Vasconcelos; Otta, 2003):
“auto - adaptadores” ou comportamento de “auto-toque”, utilizados para aliviar o
nervosismo
“objetos - adaptadores” ou “toque-objeto”, que é a manipulação de objetos
“outros - adaptadores”, ações para arrumar o outro.
A LIBRAS, enquanto língua gestual, pode se enquadrar nos “auto
adaptadores”, sugerindo que devido sua topografia e o pela sua função gere o
mesmo efeito, ou seja, seu uso alivia ansiedade, o que pode justificar a diminuição
da ansiedade durante o discurso.
Portanto, considerando que os objetivos deste trabalho eram adaptar a escala
analógica de humor utilizando o alfabeto digital e a LIBRAS para os surdos e
mensurar a ansiedade relatada do surdo falante em LIBRAS e do ouvinte falante em
língua oral no teste da simulação do falar em público, pode-se considerar que a
escala analógica de humor adaptada não apresentou diferenças estatísticas ao
mensurar a ansiedade em relação à escala padrão, permitindo seu uso nesta
população e, em relação ao teste da simulação do falar em público, em ambas as
amostras, o teste não gerou ansiedade e não apresentou diferenças estatísticas, o
que pode indicar diferenças no valor aversivo da variável falar em publico para a
população adolescente.
6- Considerações finais
O estudo de instrumentos psicológicos utilizados para avaliação e diagnóstico
é fundamental para a prática do psicólogo, considerando que as avaliações e os
diagnósticos devem ser confiáveis e precisos para a atuação profissional (Noronha e
colaboradores, 2003), sendo indispensáveis para nortear as decisões, ou seja, eles
orientam uma ação segura e adequada do trabalho do psicólogo (Noronha, 2002).
Testes e escalas são instrumentos de medida importantes na avaliação e no
diagnóstico psicológico para investigar comportamentos e devem ajudar a identificar
as características do sujeito (Oliveira e colaboradores, 2005). Autores, como
Wechsler (1999), apontam dificuldades na utilização de teste na avaliação e
diagnóstico psicológico porque os mesmos não estão adaptados à realidade e
populações brasileiras, muito menos a de portadores de necessidades especiais.
Embora atualmente pesquisas em universidades estejam sendo realizadas
para investigar os parâmetros psicométricos dos testes para obter instrumentos
mais confiáveis e de qualidade melhor (Noronha, 2002), tal movimento não se
direciona para os portadores de necessidades especiais, como surdos e cegos.
Portanto, o uso e importância de instrumentos na avaliação e diagnóstico
psicológicos são indiscutíveis e a necessidade de adaptação destes instrumentos é
de interesse científico. Este trabalho demonstrou a importância da possibilidade de
se adaptar escalas e teste para surdos, que muitas vezes têm suas avaliações e
diagnósticos prejudicados pela falta de material adequado. A possibilidade de
adaptação pode tornar as pesquisas nesta área reaplicáveis e propiciar um
diagnóstico mais fidedigno no trabalho prático do psicólogo que atende surdos.
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8 –Anexo I
Escala Analógica de Humor
INSTRUÇÕES:
Avalie como você se sente agora em relação aos itens abaixo.
Considere cada linha como representando a gama completa de cada dimensão, isto
é, as extremidades indicam o máximo de cada condição. Marque claramente cada
linha com um traço vertical.
Alerta
Sonolento
Calmo
Agitado
Forte
Fraco
Confuso
Com Idéias Claras
Ágil
Desajeitado
Apático
Dinâmico
Satisfeito
Insatisfeito
Preocupado
Tranqüilo
Raciocínio Difícil
Perspicaz
Tenso
Relaxado
Atento
Distraído
Incompetente
Competente
Alegre
Triste
Hostil
Amistoso
Interessado
Desinteressado
Retraído
Sociável
Escala Analógica de Humor
INSTRUÇÕES:
Avalie como você se sente agora em relação aos itens abaixo.
Considere cada linha como representando a gama completa de cada dimensão, isto
é, as extremidades indicam o máximo de cada condição. Marque claramente cada
linha com um traço vertical (Original linha com 10cm).
Alerta Sonolento
Calmo Agitado
Forte Fraco
Confuso Com Idéias Claras
Ágil Desajeitado
Apático Dinâmico
Satisfeito Insatisfeito
Preocupado Tranqüilo
Perspicaz Raciocínio Difícil
Tenso Relaxado
Atento Distraído
Competente Incompetente
Alegre Triste
Hostil Amistoso
Interessado Desinteressado
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