Na dimensão psicopedagógica, competência diz respeito a “um sistema interiorizado de
aprendizagens numerosas, orientadas para uma classe de situações de vida, escolares ou
profissionais” (RAMOS, 2001). Nesta dimensão, a competência envolve conhecimentos,
iniciativa, responsabilidade, a serem aplicados em uma gama de situações, coordenando-se
com outros autores para mobilizar suas capacidades.
Há que se diferenciar também competência de competir, pois, a competição é sinônima
de rivalidade com outrem, de disputa por alguma coisa. A competência envolve habilidades,
capacidades, conhecimentos que devem pautar-se em princípios éticos para que “não
descambe em mera instrumentação e competitividade” (DELUIZ, 1995, p.12).
Para Ramos (2001), competência ainda deve ser diferenciada de desempenho, pois, o
desempenho é o indicador de uma competência. Sendo assim, a competência seria a condição
do desempenho, ou seja, o mecanismo que permite a mobilização de conhecimentos e atos
necessários à realização de uma determinada ação.
O modelo de competência veio, ainda, substituir o modelo das qualificações. Este, no
plano educativo, valoriza os componentes organizados e explícitos, às formalidades e os
diplomas correspondentes e, no âmbito do trabalho, “à grade de salários, aos cargos e às
carreiras“ (DELUIZ, 1995, p.101). Já o modelo pautado nas competências, considera não só
a posse de saberes escolares ou técnico-profissionais, pois passou a valorizar a subjetividade
e o saber tácito do profissional, destacando o que Ramos (2001) chama de qualificação real
(embasada em competências), em detrimento da qualificação formal (a qual não considera a
subjetividade e os conhecimentos tácitos).
Nesta perspectiva, a mesma autora, ainda afirma que se a qualificação expressa a
capacidade potencial do profissional, as competências, por valorizarem a subjetividade,
seriam as formas como suas capacidades reais se materializam, portanto, expressões de sua
qualificação real, reflexos da integração de conhecimentos tácitos e explícitos.
Considerando que a competência engloba além de aspectos técnico-instrumentais, um
componente subjetivo e individual, já que a mobilização destes depende de cada indivíduo,
das suas vivências e disposições internas para exterioriza-la, é importante ressaltar que
mesmo as competências tendo este caráter, elas são construídas a partir de experiências e
práticas coletivas, e ainda, “algumas competências só poderão ser mobilizadas e articuladas
dentro de coletivos de trabalho, em situações grupais” (DELUIZ, 1996, p.12).
Assim, a aquisição e desenvolvimento de competências, não prescindem de “(...)
estratégias institucionais (...), e vão depender também das relações de força e poder que se