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cuidados quotidianos e habituais ou cuidados de sustento e manutenção da vida e os cuidados
de reparação ou tratamento da doença.
Os cuidados quotidianos e habituais que expressam o tomar conta, cuidar (“care”),
ligados às funções de manutenção, representam um conjunto de atividades que garantem a
continuidade da vida, como: comer, beber, evacuar, lavar-se, mexer, deslocar-se e outras
condições que contribuem para o desenvolvimento do ser, mantendo a imagem do corpo,
estimulando as trocas com tudo o que é fundamental à vida, fonte de energia vital, ou seja, a
luz, o calor, as relações com as pessoas, com os familiares.
Os cuidados de reparação (“cure”) estão ligados à necessidade de reparar aquilo que è
obstáculo à continuidade da vida, como a fome, a doença, o acidente, a guerra e outros que
dependem de tratamentos.
Esses dois tipos de natureza de cuidados, na prática da enfermagem, não devem ser
negligenciados para que não haja deterioração das forças vitais da pessoa, usuária da saúde,
de suas fontes de energia. Eles não se excluem mutuamente, mas devem se constituir, sempre,
em objeto de estudo, de análise, frente a situações que exigem o desenvolvimento de um
processo de cuidar qualificado, considerando o indivíduo, as famílias, os grupos, a
comunidade. Os cuidados de enfermagem são partes integrantes dessas opções.
Os cuidados de enfermagem, ao seguir o modelo bio-médico, relegaram, de um certo
modo, para segundo plano os cuidados de manutenção da vida, considerando-os como de
menor importância. Este fato é um obstáculo à realização do cuidar/cuidado de enfermagem,
cuja finalidade, segundo Collière (1999, p. 241), “consiste em permitir, aos utilizadores,
desenvolver a sua capacidade de viver ou de tentar compensar o prejuízo das funções
limitadas pela doença, procurando suprir a disfunção física, afetiva ou social que acarreta”.
O cuidar se constitui no centro do trabalho da enfermeira. O profissional deve possuir
uma visão ampla do ser humano, do processo de cuidar incluindo aspectos que refletem
crenças e valores e, deve reconhecer suas próprias responsabilidades para com os outros. O
cuidado em enfermagem é ético quando contém os elementos como habilidades técnicas,
conhecimento, sensibilidade, intuição, experiência, entre outros.
A humanização do cuidado é culturalmente definida e conhecida. Trata da valorização
da vida, do respeito ao outro e às diferenças, da ética, da essência do homem. O cuidado
humano, de acordo com Waldow (2004, p. 37), “representa uma maneira de ser e de
relacionar e caracteriza-se por envolvimento o qual, por sua vez, inclui responsabilidade,
interesse e compromisso moral, manifestações exclusivas dos seres humanos”.