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ISSERTAÇÃO DE
M
ESTRADO
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ARRANJOS
PRODUTIVOS LOCAIS: A INDÚSTRIA DE MÓVEIS
RETILÍNEOS RESIDENCIAIS DE BENTO GONÇALVES (RS)
C
LÁUDIA
M
ARIA
S
ONAGLIO
PGA
UFSM
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ARRANJOS
PRODUTIVOS LOCAIS: A INDÚSTRIA DE MÓVEIS
RETILÍNEOS RESIDENCIAIS DE BENTO GONÇALVES (RS)
Por
Cláudia Maria Sonaglio
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Administração
da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM,RS)
como requisito parcial para o obtenção do grau de
Mestre em Administração
Orientador: Prof. Dr. Pascoal J. Marion Filho
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS: A INDÚSTRIA DE MÓVEIS RETILÍNEOS RESIDENCIAIS
DE BENTO GONÇALVES (RS)
elaborada por
Cláudia Maria Sonaglio
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Administração
COMISSÃO EXAMINADORA:
Pascoal José Marion Filho, Dr. (UFSM)
(Presidente/Orientador)
Breno Augusto Diniz Pereira, Dr. (UFSM)
Orlando Martinelli Júnior, Dr. (UFSM)
Santa Maria, 13 de fevereiro de 2006.
AGRADECIMENTOS
Nada se obtém sozinho. Ao concluir esta etapa tenho muito a agradecer, e pode
parecer estranho, mas este é o momento mais desafiador da escrita deste trabalho...
Agradeço a Deus por permitir que eu siga este plano de vida...
À minha família, por entender a minha ausência, em especial aos meus pais, Elio e
Nelci, que aceitaram a difícil missão de permitir que um filho a busca de seus sonhos,
guardando sempre para si as angústias. E, às minhas irmãs, Elisa e Jani, e aos meus sobrinhos,
Rodrigo e Lucas, agradeço pelos muitos momentos de descontração.
Ao meu orientador, Prof. Pascoal, que com sua paciência, dedicação e conhecimento
contribuiu para que este trabalho fosse concluído. Porém, minha gratidão remonta a muito
antes disto, voltando a agosto de 1999, pois foi ele quem me recebeu enquanto coordenador
do Curso de Ciências Econômicas, e não mediu esforços para que eu alcançasse meus
objetivos.
À Universidade Federal de Santa Maria, em especial ao Departamento de Ciências
Administrativas pela oportunidade de desenvolver este trabalho e pelos conhecimentos
repassados pelos professores. Agradecimento especial aos coordenadores, Prof. Ceretta e
Prof. Breno, pela oportunidade de trabalhar junto à secretaria do Curso, onde muito aprendi. E
às colegas Vanessa e Daniela, agradeço pelo apoio nos muitos turnos em que estive ausente.
Aos professores e colegas do Departamento de Ciências Econômicas, primeiro por
transmitirem com habilidade seus conhecimentos e, indiretamente participarem da elaboração
deste estudo. E ainda, por permitirem que eu ali iniciasse a minha carreira docente. Em
especial ao amigo Prof. Luiz Freitas, por sempre motivar e quando necessário apontar as
fraquezas.
Ao Carlos Otávio, que esteve sempre presente com seu carinho e seu jeito determinado
de ser, eterno incentivador, a este, o meu desejo de que esta seja apenas a primeira das muitas
conquistas que compartilharemos. E a sua família, que me acolheu e participou da elaboração
deste estudo, especialmente a Dna. Gilda que dedicou esforços na correção do texto.
Aos amigos e amigas, em especial a Aline e Marcio, Angélica e Diogo, e a Rúbia que
formaram minha segunda família, onde o dividimos apenas espaços, mas também alegrias,
conquistas, dúvidas e angústias. À Iatanabi e ao Augusto, pelo apoio e exemplo de
determinação e humildade.
Aos colegas da turma, passou muito rápido, cada qual seguiu seu caminho, mas com
certeza ainda nos encontraremos, e espero que seja com a mesma alegria de sempre. Agradeço
em especial aos membros da Comunidade de Práticas Alimentícias, onde muito nos
divertimos.
À Capes, pelo apoio financeiro, e as instituições e empresas que responderam a esta
pesquisa, sem as quais não seria possível a realização deste trabalho.
Aos demais que, indiretamente, com um sorriso, uma palavra, um olhar ou no mais
completo silêncio, me incentivaram a realizar este trabalho.
A todos, muitíssimo obrigado!
“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o
sucesso. o importam quais sejam os obstáculos e as dificuldades, se
estamos possuídos de uma inabalável determinação, conseguiremos superá-
los. Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes,
recatados e despidos de orgulho”.
Dalai – Lama
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Curso de Mestrado em Administração
Universidade Federal de Santa Maria
A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA EM ARRANJOS PRODUTIVOS
LOCAIS: A INDÚSTRIA DE MÓVEIS RETILÍNEOS RESIDENCIAIS
DE BENTO GONÇALVES (RS)
Autora: C
LÁUDIA
M
ARIA
S
ONAGLIO
Orientador: P
ASCOAL
J
OSÉ
M
ARION
F
ILHO
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 13 de fevereiro de 2006.
As rápidas mudanças dos últimos 20 anos, com destaque a ascensão das tecnologias de
informação e comunicação, transformaram radicalmente os produtos, processos, formas de
uso e a vida das pessoas. Isto aliado à liberalização comercial e financeira promoveu uma
nova conformação empresarial. Entende-se que as inovações, em especial as tecnológicas, são
motores da competição e do desenvolvimento industrial. Isso exige das empresas uma grande
flexibilidade de produção, para que estas sejam capazes de competir e se manterem neste
processo dinâmico. A resposta das empresas às novas conformações competitivas tem se dado
através de inovações de produtos, processos e organizacionais. Todavia, para estas
incorporações às empresas devem possuir competências para fazer uso das tecnologias e dos
conhecimentos disponíveis. No entanto, os montantes de recursos necessários, humanos e
financeiros, nem sempre estão disponíveis. Deste modo, as empresas têm recorrido a
estratégias colaborativas para agregarem as competências que ainda não possuem. A atuação
em arranjos produtivos é tida como facilitadora da difusão e geração de inovações, visto a
atuação interativa dos agentes, onde a proximidade local e a cultura comum permitem a
transmissão e troca de conhecimentos. Neste sentido, buscou-se responder, através de um
método descritivo, como ocorre a difusão e a geração de inovações tecnológicas na indústria
de móveis retilíneos residenciais, contemplando as interações entre as empresas e as
instituições vinculadas à indústria no arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS). A pesquisa
se desenvolveu em duas etapas, onde na fase qualitativa foram entrevistadas as principais
instituições que atuam no APL e, na fase quantitativa, os dados foram obtidos junto às
empresas produtoras. Na tabulação dos dados utilizou-se o software SPSS 10.0 e, na análise,
fez-se uso da estatística descritiva e de testes não-paramétricos. Constatou-se que empresas e
instituições têm demandado esforços no tocante à inovação, porém ainda de forma
incremental e baseada na cópia dos produtos e processos existentes no mercado. A atuação
interativa é reconhecida pelos agentes como importante fator competitivo, haja vista o
reconhecimento das vantagens associadas à localização na região, às parcerias existentes e às
inovações adotadas no período. Os resultados deste estudo contribuem para destacar a
importância do ambiente externo na difusão e na geração de inovações tecnológicas, haja
vista o reconhecimento das empresas às vantagens associadas à localização na região, às
parcerias existentes entre os agentes e às inovações adotadas no período.
Palavras-chave: Inovação Tecnológica, Arranjos Produtivos Locais, Indústria Moveleira.
ABSTRACT
Master’s Degree Dissertation
Course of Master's degree in Administration
Federal University of Santa Maria
THE TECHNOLOGICAL INNOVATION IN LOCAL PRODUCTIVE
ARRANGEMENTS: THE RESIDENTIAL RECTILINEAL FURNITURE
INDUSTRY OF BENTO GONÇALVES (RS)
Author: C
LÁUDIA
M
ARIA
S
ONAGLIO
Advisor: P
ASCOAL
J
OSÉ
M
ARION
F
ILHO
Date and Place of the Defense: Santa Maria, February 13, 2006.
The fast changes of the last 20 years, with prominence the ascension of the technologies of
information and communication, radically transformed products, processes, uses and people's
life. These facts, together with the commercial and financial liberalization promoted a new
managerial conformation. It has been understood that the innovations, especially the
technological ones, are motors of the competition and of the industrial development. That
demands great production flexibility from the companies, to be capable to compete and to stay
in this dynamic process. The answer of the companies to the new competitive conformations
has been given through innovations of products, processes and organization. However, for
these incorporations the companies should possess competences to use the technologies and
the available knowledge. On the other hand, the amounts of necessary resources, human and
financial, are not always available. This way, the companies have been taken advantage of
collaborative strategies to join competences that they still don't possess. The performance in
productive arrangements with interactive performances facilitatates the diffusion and
generation of innovations, since the local proximity and the common culture allow the
transmission and change of knowledge. In this sense, we have searched for an answer,
through an exploratory and descriptive method, for the diffusion and the generation of
technological innovations in the industry of pieces of residential rectilinear furniture,
contemplating the interactions between the companies and the institutions linked to the
industry in productive arrangement. It was verified that companies and institutions have been
demanding efforts concerning the technological innovation of the industry of pieces of
rectilinear furniture residences of Bento Gonçalves (RS). The interactive performance in the
environment of the productive arrangement permits a healthy atmosphere for the diffusion
and the use of the new knowledge obtained from several sources, especially, through the
participation in regional events, and also through national and international research actions
and development. The results of this study contributes to detach the importance of the external
atmosphere in the diffusion and in the generation of technological innovations, and the
recognition of the companies to the advantages associated to the location in the area, to the
existent partnerships among the agents and to the innovations adopted in the period.
Keywords: Technological innovation, Local productive arrangements, Industry of pieces of
furniture.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – O modelo linear de inovação.........................................................................28
Figura 2 – Modelo elo de cadeia de Kline-Rosenberg ...................................................34
Figura 3 – Modelo sistêmico de inovação .....................................................................36
Figura 4 – Modelo de aprendizado tecnológico ............................................................39
Figura 5Modelo conceitual proposto..........................................................................52
Figura 6 – Concentração de fabricantes de móveis no Brasil ........................................61
Figura 7 – Relevância das inovações de produtos..........................................................81
Figura 8 – Relevância das inovações de processos .......................................................85
Figura 9 – Relevância das inovações organizacionais....................................................88
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Esforços de aprendizado interno ................................................................49
Quadro 2 – Principais Pólos Moveleiros no Brasil .......................................................62
Quadro 3 – Prova binomial – Inovações de produtos.....................................................80
Quadro 4 – Prova binomial – Inovações de processos ..................................................84
Quadro 5 – Prova binomial – Inovações organizacionais ..............................................87
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Indústria de móveis – Ano Base 2004 ..........................................................64
Tabela 2 – Faturamento do setor - milhões de US$ .......................................................66
Tabela 3 – Classificação das empresas a partir do número de empregados...................77
Tabela 4 – Inovações de produtos adotadas no período 2000-2005...............................79
Tabela 5 – Importância média das inovações de produtos .............................................82
Tabela 6 – Inovações de processos adotadas no período 2000-2005 .............................83
Tabela 7 – Importância média das inovações de processos............................................86
Tabela 8 – Inovações organizacionais adotadas no período 2000-2005 ........................86
Tabela 9– Importância média das inovações organizacionais........................................89
Tabela 10 – Origem das informações para a inovação na indústria de móveis..............90
Tabela 11 – Importância média das fontes de informação para as inovações................91
Tabela 12 – Parcerias entre as empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais
e as instituições no arranjo produtivo local de Bento Gonçalves (RS) ..........................92
Tabela 13 – Principais vantagens associadas à localização da empresa em
uma região especializada na produção de móveis..........................................................93
Tabela 14 – Importância média atribuída às principais vantagens associadas à
localização da empresa em uma região especializada na produção de móveis..............94
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 - Questionário de pesquisa...............................................................................106
Anexo 2 – Roteiro de entrevista .....................................................................................111
Anexo 3 – Listagem das empresas .................................................................................112
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 12
1.1 Definição do problema de pesquisa.......................................................................... 14
1.2 Objetivos do estudo .................................................................................................. 16
1.3 Justificativa ao estudo do tema................................................................................. 17
1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................................ 19
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 20
2.1 Inovação e padrões tecnológicos .............................................................................. 20
2.1.1 Abordagens clássica e neoclássica da inovação .................................................... 26
2.1.2 Abordagens schumpeteriana e neo-schumpeteriana da inovação ......................... 31
2.1.3 Modelo sistêmico de inovação .............................................................................. 35
2.2 Proximidade local, cooperação e arranjos produtivos locais.................................... 40
2.3 Conhecimento e aprendizado por interação.............................................................. 45
3. METODOLOGIA .................................................................................................... 50
3.1 Método de pesquisa ................................................................................................. 51
3.1.1 População e amostra ............................................................................................ 51
3.2 Modelo conceitual e variáveis explicativas.............................................................. 52
3.3 Coleta de dados......................................................................................................... 54
3.4 Processamento e análise dos dados .......................................................................... 56
4. ASPECTOS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL E NO MUNDO..... 58
4.1 Panorama mundial da indústria moveleira .............................................................. 58
4.2 A indústria de móveis no Brasil .............................................................................. 60
5. A AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL DE BENTO GONÇALVES: SEUS
ATORES E A GERAÇÃO DE INOVAÇÕES........................................................... 68
5.1 As ações institucionais voltadas à inovação no setor moveleiro.............................. 69
5.2 A geração de inovações pelas empresas atuantes no segmento
de móveis retilíneos residenciais .............................................................................. 77
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 97
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................100
ANEXOS .......................................................................................................................106
1. INTRODUÇÃO
A competitividade das empresas, cadeias produtivas, regiões e nações depende da
eficiência das tecnologias de produto, processo e de gestão. O novo paradigma competitivo da
chamada “Economia do Conhecimento” traz em seu cerne a necessidade de as empresas
serem detentoras de uma grande capacidade de aprendizado, para que o conhecimento
codificado e amplamente difundido pelo uso de tecnologias de informação, possa ser aplicado
ao processo produtivo.
Porém, a simples aquisição das tecnologias, composta por grande quantidade de
conhecimento codificado, não é suficiente para garantir às empresas vantagem competitiva. O
processo de geração de inovação contempla um horizonte mais amplo envolvendo a difusão,
absorção e aperfeiçoamento das tecnologias, para a aplicação na atividade produtiva. Deste
modo, as empresas devem possuir competências para transformar as tecnologias e aplicá-las
ao processo. Essas adaptações, somadas ao conhecimento tácito
1
(saber fazer), implicam um
processo cumulativo e irreversível que transforma as formas de produção, alterando a
dinâmica competitiva.
Frente a tal situação, as empresas passaram a adotar novas formas de gestão do
trabalho, gerando e implementando inovações com a preocupação de se ajustar às exigências
mundiais. E têm assim, recorrido a estratégias colaborativas como forma de adquirir
habilidades que ainda não possuem (BARQUEIRO, 2001). A ação conjunta das empresas que
pertencem a uma localidade onde predomina um setor produtivo específico gera vantagens em
termos de acesso facilitado a trabalhadores qualificados, dada a concentração local de mão-
de-obra especializada, a fornecedores de matérias-primas e a serviços correlatos à atividade
principal, além da troca de informações entre os agentes, o que contribui para criar um
ambiente propício a inovações.
Para as organizações inseridas na dinâmica da competição global “é mister mudar” de
modo criativo, surpreendente e arriscado (DEMO, 2002). O segredo da permanência
competitiva no mercado pode estar neste processo de mudança, e deve-se à capacidade de
percepção não linear da realidade. Traçar estratégias exige esta interação do todo, é preciso
1
A difusão de informação através do uso das tecnologias de informação favoreceu o fluxo de conhecimento
codificado, expressos através de manuais ou guias. Por sua vez, o conhecimento tácito (saber fazer), somente é
transferido na interação dos agentes (relação mestre-aprendiz). No entanto, a dimensão tácita e a dimensão
codificada (explícita, formal) são duas dimensões articuladas e complementares.
13
que as empresas se conheçam e entendam o contexto onde estão inseridas. Deste modo, a
empresa pode ser visualizada como um organismo vivo em permanente mutação, que recebe
influência do ambiente (mercado), ao mesmo tempo em que é capaz de transformá-lo. Essas
transformações da empresa no ambiente se dão através de inovações tecnológicas
(HASENCLEVER e TIGRE, 2002).
De Negri et al. (2005) citam as inovações, em especial as tecnológicas, como um dos
motores da competição e do desenvolvimento industrial. As transformações dos últimos 20
anos, com destaque a ascensão das tecnologias de informação e comunicação, transformaram
radicalmente os produtos, processos, formas de uso e a vida das pessoas. Isso aliado à
liberalização comercial e financeira promoveu uma nova conformação empresarial.
A tecnologia da informação se difunde ao longo da cadeia de valor da indústria e
interfere no sentido de otimizar e controlar os processos e as relações com os fornecedores e
compradores, dinamizando a atuação. Ao dinamizar as atividades individuais, através dos
novos fluxos, amplia a capacidade da empresa de explorar elos entre as atividades, no âmbito
externo e interno, favorecendo também o escopo competitivo a partir da criação de inter-
relacionamentos entre as empresas (PORTER, 1999).
A constante introdução de inovações acaba por encurtar os ciclos de vida dos produtos
e transforma os mercados em transitórios, pois sempre o risco de que em algum momento
será lançado um novo produto que absorverá parte, ou todo o mercado. Isso exige das
empresas uma grande flexibilidade de produção, para que sejam capazes de competir e se
manter neste processo dinâmico.
A introdução de novas combinações de produção está diretamente relacionada ao
progresso técnico e econômico da sociedade. Na teoria econômica, o progresso cnico, é
geralmente definido em termos de movimento da curva de produção, ou em termos da
quantidade de produtos a ser obtida. Porém, segundo Dosi (1982), essas combinações podem
ser definidas, de maneira mais ampla, como um conjunto de conhecimentos práticos e
teóricos, métodos, procedimentos, experiências, além de instrumentos e equipamentos físicos
disponíveis ao processo de produção, sendo essas combinações comumente denominadas
tecnologias.
As alterações no ambiente competitivo, a partir da abertura dos mercados e da
ampliação do comércio mundial, têm despertado o interesse na realização de estudos sobre os
processos de inovações nos diferentes setores industriais. Porém, em economias com
14
industrialização recente, como no caso brasileiro, essas pesquisas são limitadas e incipientes,
sendo este um importante campo a ser explorado.
Neste contexto, busca-se enfocar a inovação tecnológica em arranjos produtivos
locais, com foco na interação entre empresas e instituições, destacando as ações realizadas no
tocante sua a geração e difusão.
Este estudo foi realizado na indústria moveleira de Bento Gonçalves (RS). A região
serrana do Rio Grande do Sul é tradicionalmente conhecida como um importante produtor de
móveis, e segundo a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul -
MOVERGS
2
- é responsável por aproximadamente 9% da produção nacional de móveis. O
arranjo produtivo é formado por aproximadamente 4.100 empresas, e gera em média 33.000
empregos, abrangendo mais de 30 municípios, onde estão localizadas diversas instituições
Coorporativas e de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) voltadas para a produção de
móveis seriados para uso residencial e comercial.
Mesmo sendo detentora de uma tecnologia consolidada, a indústria de móveis vem
apresentando significativas alterações nos padrões de produto, nos processos de produção e
nas organizações, com vias de atender à demanda de consumidores cada vez mais exigentes e
acompanhar as tendências mundiais.
O trabalho limita-se às empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais, por ser
o segmento que utiliza maior intensidade de tecnologias no seu processo produtivo, visto que
a produção de móveis, em muitas das suas etapas, é intensiva em trabalho artesanal. Além
disto, o arranjo produtivo gaúcho tem maior especialização na fabricação de móveis
retilíneos, seriados, de madeira aglomerada (RANGEL, 1993).
1.1 Definição do problema de pesquisa
A indústria de móveis caracteriza-se por ser uma indústria tradicional, com estrutura
fragmentada, onde atua grande número de pequenos produtores, ao lado de um reduzido
número de empresas tecnologicamente avançadas (GORINI, 1998). Com característica de
produção artesanal, a produção de móveis exige máquinas adaptadas, provocando ao longo do
processo produtivo um desequilíbrio entre máquinas rudimentares e equipamentos
2
Disponível em: http:c www.movergs.com.br
15
tecnologicamente avançados, comandados por computadores equipados de softwares de
última geração.
O produto final da indústria moveleira é relativamente simples, e as tecnologias
empregadas no processo são desenvolvidas pela indústria de bens de capital (ROESE, 1999).
Porém, a atualização tecnológica da indústria brasileira de móveis é feita, em sua maior parte,
através da importação de máquinas e equipamentos de países desenvolvidos, em especial da
Itália e Alemanha. Isso se deve ao estágio incipiente da indústria brasileira de máquinas e
equipamentos destinados à produção de móveis, somado à baixa interatividade entre as
empresas produtoras de bens de capital e as empresas produtoras de móveis, o que dificulta o
atendimento das especificidades demandadas pelo processo.
Deste modo, a competitividade da indústria moveleira está baseada na organização da
produção, no desenvolvimento de novos produtos, seja através de alterações de design ou da
introdução de novos materiais, nas práticas de marketing e de comercialização (RANGEL,
1993).
A indústria de móveis, a exemplo das demais indústrias tradicionais, desempenha
importante papel no crescimento das economias em desenvolvimento (MYTELKA e
FARINELLI, 2005). Nos últimos anos, diante da ampliação dos mercados, procurou
desenvolver sua capacidade de produção e aperfeiçou significativamente a qualidade dos seus
produtos, adotando tecnologias avançadas, matérias-primas sofisticadas e realizando
adaptações no design, visando se manter competitiva e atender os consumidores de países
europeus, especialmente do Reino Unido e dos Estados Unidos, o que permitiu o aumento das
exportações de US$ 40 milhões em 1990 para US$ 941 milhões em 2004 (ABIMÓVEL,
2005).
O Estado do Rio Grande do Sul ocupa o segundo lugar no ranking de exportações,
sendo que, do total, aproximadamente 38% é produzido em Bento Gonçalves. A região
serrana concentra grande número de empresas voltadas à produção de móveis e conta com a
atuação de importantes instituições que contribuem para a formação técnica dos recursos
humanos, disponibilização de informações e de apoio técnico, bem como na realização de
pesquisas que possibilitam o avanço tecnológico e a geração de inovações. A ação interativa
desses agentes, no âmbito do arranjo produtivo moveleiro, é vista como um fator positivo à
competitividade da indústria, diante dos desafios da competição em nível global.
16
Begnis et al. (2005) citam que a resposta das empresas ao desafio competitivo deu-se
através de arranjos interorganizacionais, cuja base é a cooperação que envolve colaboração e
parceria, na busca de níveis diferenciados de competitividade. Neste sentido, as abordagens de
clusters, arranjos produtivos e redes de cooperação, respeitando as suas particularidades,
ganharam destaque na tentativa de explicar as vantagens da cooperação interfirmas. De
acordo com Alevi e Fensterseifer (2005), nesses arranjos o apreçamento cooperativo entre os
agentes potencializa a criação e o uso de novos conhecimentos, sejam estes tácitos ou
explícitos. As relações cooperativas, baseadas na confiança, são fundamentais para o
aproveitamento das vantagens competitivas criadas e difundidas no âmbito do arranjo, porém
as formas organizacionais cooperativas não eliminam a competição e os conflitos (LOIOLA e
MOURA apud PEREIRA, 2005).
Nesse contexto, entendendo que a inovação é uma das principais fontes de
competitividade, e que a sua geração exige das empresas montantes de recursos humanos e
financeiros, nem sempre disponíveis, desperta a necessidade de identificar como ocorre o
processo de difusão de informação e geração de conhecimento, que culmina no processo de
inovação (de produtos, processos e organizacional). A atuação em um arranjo produtivo local,
onde atuam uma diversidade de agentes competindo e cooperando, é visto como um
facilitador para a geração de inovações. Assim sendo, este estudo visa responder a seguinte
questão: como ocorre a difusão e a geração de inovações tecnológicas na indústria de
móveis retilíneos residenciais, contemplando as interações entre as empresas e as
instituições vinculadas à indústria no arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS)?
1.2 Objetivos do estudo
Este estudo tem como objetivo geral caracterizar a inovação nas empresas produtoras
de móveis retilíneos residenciais localizadas no arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS),
com foco na interação [ou falta dela] entre as instituições e as empresas.
Os objetivos específicos que auxiliarão na busca de resposta a esta problemática são:
a) caracterizar os agentes do arranjo produtivo local (APL) e identificar a existência de
parcerias tecnológicas e de sinergias entre as empresas e entre estas e as instituições;
b) caracterizar as inovações na indústria moveleira de Bento Gonçalves (RS).
17
c) avaliar a importância da localização das empresas produtoras de móveis retilíneos
residenciais no APL de Bento Gonçalves (RS).
1.3 Justificativa ao estudo do tema
O processo de inovação está entre os elementos-chave para a competitividade e para o
desenvolvimento sustentado dos diversos segmentos. Em um contexto onde a concorrência
não depende apenas dos preços praticados, mas também da qualidade, flexibilidade e
agilidade no atendimento da demanda, a constante necessidade de inovação de produtos,
processos e na própria organização, tem exigido das empresas uma nova conduta, com vias de
se manter competitiva, provocando uma constante busca de atualização das técnicas e dos
meios de produção.
A partir do processo de abertura econômica, em especial na última década do século
XX, na maioria dos países, a competitividade baseada em vantagens comparativas naturais
cedeu espaço à produção de bens intensivos em tecnologias. As mudanças visam atender às
crescentes exigências em relação a padrões de qualidade, aumento de produtividade, redução
dos custos, investimentos na qualificação dos funcionários, presença nos mercados chaves,
agilidade de comercialização, entre outros requisitos impostos pela conformação dos padrões
de concorrência em nível global.
Essas transformações, de acordo com Viotti (2003), despertaram a aguda necessidade
da formulação de novas políticas públicas para incentivar o desenvolvimento industrial dos
países, visto que as tradicionais práticas utilizadas para apoiar, proteger e desenvolver as
empresas passaram a ser classificadas como subsídios, a partir do surgimento da Organização
Mundial do Comércio (OMC), criada em 1995. Esses subsídios, pelas novas regras criadas
para proteger o comércio mundial, são considerados práticas desleais e inaceitáveis para a
manutenção da competitividade, reservando a exceção, para a concessão de subsídios às
atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).
As chamadas políticas de inovação, oriundas da conformação das políticas de ciência e
tecnologia e das políticas industriais, incentivadas pela Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE
3
), representam o reconhecimento de que o
3
Organisation for Economic Cooperation and Development (OECD) – tradução do autor.
18
conhecimento, em todas as suas formas, quando aplicado ao processo de produção
desempenha um papel crucial no progresso econômico (OCDE apud VIOTTI, 2003).
A atenção destinada ao conhecimento como fonte de progresso cnico, na ciência
econômica, remonta ao período dos clássicos, onde Adam Smith e Marx, em seus escritos,
justificavam que o conhecimento acumulado propiciava um aumento de produtividade,
porém, segundo Vargas (2002), existem limitações nos modelos econômicos no que se refere
a esse assunto.
Nesse contexto, em países com industrialização tardia, a exemplo do Brasil, o escopo
competitivo tende a permanecer na produção de commodities e de bens de baixo valor
agregado. De acordo com Viotti (2003), esses países depositaram uma forte crença de que a
simples abertura da economia seria suficiente para impulsionar à dinâmica auto-sustentada do
desenvolvimento tecnológico, o que não foi verificado nas últimas décadas.
A adoção de novas tecnologias aplicadas ao processo de produção permite à empresa
gerar novos produtos para atender às crescentes exigências do mercado, bem como conquistar
espaços antes não explorados. Dessa forma, a atuação em uma região especializada na
produção de móveis, onde se verifica a concentração de um grande número de produtores,
bem como a atuação de diversas instituições vinculadas à indústria, pode ser considerada
como um facilitador do processo inovativo, pois a interação entre os agentes cria condições
favoráveis à geração e difusão de inovações tecnológicas e organizacionais entre as empresas.
A realização do estudo do processo inovativo da indústria produtora de móveis no
arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS) justifica-se pela importância da atividade
inovativa como fonte de vantagem competitiva. Sendo que a identificação do processo de
inovação no âmbito de um arranjo produtivo local pode contribuir para a elaboração das
políticas de incentivo ao desenvolvimento industrial, não apenas local, mas na indústria como
um todo, visto que no país a atenção destinada a essa temática ainda é nascente. Os resultados
destes estudos, de acordo com Viotti (2003), podem contribuir para a constituição de
mecanismos voltados ao aperfeiçoamento dos sistemas e mudança técnica e de concessão de
incentivos ao desenvolvimento industrial.
19
1.4 Estrutura do trabalho
Esse trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo o primeiro deles essa
introdução. No segundo apresentam-se os modelos de inovação intra e inter-empresas,
contemplando os principais aspectos do processo de inovação e das relações externas à
empresa na geração e disseminação de inovações. Ainda neste capítulo, abordam-se as
vantagens referentes à atuação no arranjo produtivo local, da cooperação e dos processos de
aprendizado por interação. Esses tópicos compõem a base teórica que orientou a realização
deste estudo. O terceiro capítulo contempla a metodologia do estudo, onde se faz referência
ao método utilizado e às características da população-alvo, técnica de coleta e análise dos
dados, além do modelo conceitual proposto. Em seguida, no quarto capítulo, apresenta-se um
panorama da indústria de móveis brasileira e mundial, onde se destacam os aspectos
estruturais da organização e a importância econômica desta indústria. No quinto capítulo, são
apresentados os resultados da pesquisa de campo realizada na aglomeração moveleira de
Bento Gonçalves, com destaque às ações institucionais e das empresas produtoras de móveis
retilíneos residenciais voltadas às inovações. Por fim, no sexto capítulo, são apresentadas às
conclusões do trabalho.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Inovação e padrões tecnológicos
Ao longo do desenvolvimento econômico da humanidade, à medida que se realizavam
“as grandes descobertas”, observava-se uma mudança no modo de produção e no ritmo de
desenvolvimento dessas novas formas de produção, remetendo a uma reflexão sobre o que
efetivamente define o curso dessas novas técnicas. Assim, o direcionamento das inovações em
determinados sentidos, em detrimento de outros, pode ser explicado pelos paradigmas
tecnológicos.
Segundo Freeman apud Castells (2003, p. 107), pode-se definir “paradigma
econômico e tecnológico como um agrupamento de inovações técnicas, organizacionais e
administrativas inter-relacionadas”, onde as vantagens descobertas são visíveis em uma nova
gama de produtos e sistemas, e, também, na dinâmica da estrutura dos custos relativos de
todos os possíveis insumos para a produção. Assim, em cada novo paradigma, um insumo
específico ou um conjunto de insumos pode ser descrito como o fator-chave, caracterizado
pela queda dos custos relativos e pela disponibilidade universal.
Partindo de uma analogia entre ciência e tecnologia, Dosi (1982) afirma que um
paradigma tecnológico é um pacote de procedimentos que orientam a investigação na busca
de novas tecnologias, sendo um “modelo” de solução de problemas tecnológicos
selecionados, baseado em princípios e tecnologias também selecionados.
O paradigma vigente é que define as oportunidades tecnológicas para promover as
inovações, bem como determinados procedimentos básicos de como explorar essas
oportunidades. Desse modo, um forte impulso à inovação deriva da ruptura (parcial ou total)
de paradigmas tecnológicos vigentes, o que implica formação de novas “trajetórias” com
características e dimensões completamente novas (DOSI, 1988b).
Na busca por identificar o mecanismo seletivo entre as oportunidades tecnológicas,
apresenta-se o critério econômico como indicador de prováveis caminhos a serem seguidos
dentro do paradigma vigente. Identificado o caminho, denominados de ‘trajetórias naturais’
por Nelson e Winter apud Dosi (1982), as pesquisas tomam o mesmo rumo e intensificam as
21
trocas multidimensionais
4
entre as variáveis tecnológicas definidas como relevantes pelo
paradigma, culminando no progresso técnico.
O modo de organização da produção está diretamente relacionado ao paradigma
tecnológico vigente. Retornando na história, registram-se os impactos da adoção de inovações
na Revolução Industrial Britânica, à luz dos princípios liberais, com significativos aumentos
de produtividade. Ao longo do século XX, a organização fordista-taylorista de produção, e
mais tarde as tecnologias de informação, permitiram o uso de estruturas gerenciais para
planejar e coordenar a produção em larga escala e aplicar o conhecimento cientifico à
indústria (TIGRE, 1999). Essas inovações organizacionais e tecnológicas facilitaram a
formação das empresas-rede, como lembra Chesnais (1996), e permitiram a ampliação dos
processos ao âmbito mundial, estabelecendo a produção dessas empresas em locais onde
existam benefícios a serem explorados, alterando assim, os padrões de concorrência.
Na contemporaneidade, o que se observa é uma mudança de tecnologias baseadas em
insumos de energia para outra, intensiva, em insumos de informação. Em específico no
paradigma da tecnologia da informação, destacam-se, segundo Castells (2003), algumas
características, sendo que a de maior amplitude contempla o fato de a informação ser a
própria matéria-prima, diferentemente dos demais paradigmas onde a informação agia sobre
as tecnologias. Nesse novo contexto, as tecnologias servem à informação.
As mudanças tecnológicas, baseadas no grau de autonomia da atividade inovativa
frente às alterações no ambiente econômico, geralmente, têm sido classificadas em: demand-
pull e techonology-pull(DOSI, 1982). Na primeira categoria, as mudanças tecnológicas
são interpretadas como um mecanismo reativo frente a um gama de conhecimentos
plenamente disponíveis. Ao contrário, na segunda categoria, existe uma relação causal da
ciência para a tecnologia e desta para a produção. Essas abordagens diferenciam-se pelo papel
atribuído por cada uma delas aos sinais emitidos pelo mercado.
A geração de inovação na abordagem demand-pull, segundo Dosi (1982), é uma
resposta dos produtores, que guiados pelos movimentos de preço e de demanda, percebem no
mercado a necessidade de fornecer produtos novos para atender aos novos padrões de
demanda dos consumidores. É uma perspectiva neoclássica de comportamento da firma que
implica disponibilidade e livre acesso do conjunto de possibilidades tecnológicas e no
conhecimento dos seus resultados.
4
O autor apresenta a idéia de que a trajetória natural seja um cilindro multidimensional definido pelas variáveis
tecnológicas, sendo este um cluster” das possibilidades tecnológicas, cujo limite é o próprio paradigma.
22
As principais limitações da abordagem demand-pull pura consiste em considerar a
mudança tecnológica como um mecanismo reativo às mudanças do mercado, na incapacidade
de definir por que e quando ocorre dado desenvolvimento tecnológico e não outro, e no fato
de negligenciar as mudanças contínuas na capacidade inventiva que não têm relações diretas
com mudanças nas condições de mercado (DOSI, 1982).
Em relação à abordagem techonology-pull, onde predomina a relação ciência-
tecnologia-produção, alguns aspectos do processo inovativo podem ser considerados como
estabelecidos, entre eles: a crescente importância de insumos científicos no processo
inovativo, a incorporação das atividades de P&D, devido a sua complexidade, no
planejamento de longo prazo das firmas, a existência de uma correlação entre os esforços de
P&D e os novos produtos e a intrínseca incerteza do processo de inovação (DOSI, 1982).
Assim, as principais dificuldades referem-se à complexidade, à autonomia relativa e à
incerteza associada às mudanças tecnológicas e às inovações, pois os processos de
crescimento, de mudanças na distribuição de renda e nos preços relativos afetam a direção da
atividade inovativa (DOSI, 1982).
Os esforços das empresas em investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e na incorporação dos seus resultados em novos produtos, processos e formas
organizacionais, resulta em um processo constante de mudanças tecnológicas, que não
dependem apenas dos esforços individuais, mas também do somatório dos esforços das
instituições públicas e privadas e das políticas de incentivo e fomento a esses processos
(HASENCLEVER e FERREIRA, 2002).
A ação conjunta dos agentes na busca de novas tecnologias e de novas combinações de
uso dessas tecnologias culmina em um processo de geração de conhecimento, e a partir do
compartilhamento desse conhecimento científico e tecnológico, codificado ou tácito,
altamente selecionado pelo paradigma vigente, somado ao uso e desenvolvimento de
capacidades específicas de aplicação desse conhecimento é que se chega às novas tecnologias,
que podem ser públicas (livre acesso) ou privadas (protegidas por patentes, por lei, etc.)
(DOSI, 1988).
Nesse sentido, Kupfer (1996, p. 357) apresenta um paradigma tecnológico como um
“dado” estrutural, fruto da cumulatividade do conhecimento tecnológico, de oportunidades
inovativas, das características particulares assumidas pelas interações entre aspectos
científicos, produtivos e institucionais, e também dos aspectos comportamentais que regem a
23
difusão de inovações. Corroborando a opinião de Malerba e Osenigo (1995), que ao discutir
os regimes tecnológicos afirmam que estes podem ser definidos a partir de uma combinação
de fatores fundamentais, a saber: oportunidade, apropriabilidade, cumulatividade do
conhecimento e natureza da base de conhecimento.
Na tentativa de definir inovação, Dosi (1988) afirma que esta é caracterizada como a
busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos produtos,
processos e novas técnicas organizacionais, sendo genericamente, categorizada em dois tipos:
inovação radical e inovação incremental.
Entende-se por inovação radical a introdução de um novo produto, processo ou formas
organizacionais da produção, que pode causar uma ruptura estrutural com o padrão
tecnológico vigente até então, originado novas indústrias, setores e mercados. Exemplos
destas rupturas podem ser expressos através da invenção do motor a vapor no século XVIII ou
desenvolvimento da microeletrônica nos anos 1950 (LEMOS, 1999), e mais recentemente, a
fibra ótica que possibilitou a rápida difusão de informações.
Essas inovações, ao se disseminarem, provocam a necessidade de geração de outras
inovações, ou seja, tornam necessária a geração de inovações complementares, criação de
infra-estrutura adequada, quebra de resistência dos empresários e consumidores, mudanças na
legislação e aprendizado na produção e uso de novas tecnologias (TIGRE, 1999). As
melhorias nos produtos, processos ou organização da produção são classificadas como
inovações incrementais no âmbito das empresas e não alteram a estrutura industrial.
Hasenclever e Ferreira (2002, p. 131) por sua vez, apontam que o “ciclo de inovação
pode ser dividido em três fases: invenção, inovação e imitação ou difusão”. Sendo que o
processo de invenção está relacionado à criação de algo novo, a partir de fontes de
conhecimentos novos ou existentes, porém utilizados em novas combinações de
conhecimento. As melhorias introduzidas nos bens e serviços inovadores para aproximá-los
das necessidades dos usuários, bem como a imitação destes, são denominadas de imitação ou
difusão das inovações. A introdução de inovações associadas ao processo de invenção dá
origem às inovações radicais, já o processo de imitação com introdução de melhorias é
denominado inovações incrementais, corroborando a classificação apresentada anteriormente.
24
De acordo com a Redesist Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos
Locais
5
, inovação de produto, bem ou serviço industrial, é um novo produto para sua empresa
ou para o mercado e suas características tecnológicas ou usos previstos diferem
significativamente de todos os produtos que sua empresa possui. Por sua vez, uma
significativa melhoria tecnológica de produto (bem ou serviço) refere-se a um produto
previamente existente cuja performance foi substancialmente aumentada. Ressalta-se que
apenas melhorias estéticas não se classificam como inovação de produto.
Considera-se inovação de processos, segundo a Redesist, os processos que são novos
para a empresa ou para o setor. Estes envolvem a introdução de novos métodos,
procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos que diferem substancialmente daqueles
previamente utilizados pela empresa. Da mesma forma, melhorias significativas nos processos
de produção envolvem importantes mudanças tecnológicas parciais em processos previamente
adotados pela empresa, sendo que mudanças pequenas e rotineiras não devem ser
consideradas. Entre as inovações organizacionais destacam-se as introduções de novas
técnicas de gestão, mudanças na estrutura organizacional, nas práticas e conceitos de
marketing e de comercialização, bem como a implantação de novos métodos de
gerenciamento.
Tether (2003, p. 14) argumenta que existe vasta literatura que aborda as definições de
inovação radical e incremental, contudo confusão considerável sobre o que às distingue.
Essa confusão, segundo ele, ocorre devido à forma de concepção da inovação, pois esta pode
ser vista em função das suas realizações ou de suas conseqüências. Neste sentido, com foco na
primeira concepção, o autor define "inovação incremental como uma série de mudanças
quantitativas em parâmetros conhecidos, ou na introdução de características técnicas
usadas em um determinado produto em algum outro produto semelhante". Uma inovação
radical, por sua vez, seria, o aparecimento de uma nova característica técnica.
Ao mesmo tempo em que a inovação passa a ser elemento chave no processo de
concorrência, esse processo traz consigo alguns “fatos estilizados”, que necessitam ser
observados. É impossível identificar as exigências organizacionais do processo de inovação,
sem primeiro especificar as propriedades subjacentes de inovação tecnológica. Em princípio
5
Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/redesist - A Redesist foi formalizada em 1997, porém o grupo de
pesquisadores que compõem o núcleo central, se dedicam ao estudo dos sistemas de produtivos e inovativos
locais desde 1980, e são responsáveis pelo inicio da difusão deste enfoque no Brasil.
25
estes fatos parecem caracterizar a inovação independentemente do contexto organizacional no
qual acontece (TEECE, 1996).
Segundo Dosi (1988), ao identificar a oportunidade de inovar, o agente está ciente de
que adesão de uma inovação envolve incerteza, ou seja, não se pode prever o comportamento
de todos os demais agentes. Ao mesmo tempo, existe uma crença no constante surgimento de
novas oportunidades tecnológicas, oriundo do avanço do conhecimento, não apenas de uma
ciência específica, mas em conjunto.
Ao abordar a incerteza no contexto da inovação, Koopmans apud Teece (1996) fez
uma útil distinção entre incerteza primária e secundária. Ambas são aplicáveis no contexto de
inovação, sendo que a “incerteza primária” é procedente das mudanças imprevisíveis nas
preferências simultâneas dos agentes, e “incerteza secundária” emerge da incapacidade do
inovador de descobrir as decisões e planos feito pelos concorrentes. Nesse sentido, um
terceiro tipo de incerteza foi reconhecido por Williamson apud Teece (1996), denominada
“incerteza de comportamento” que é atribuível a oportunismo dos agentes.
Outro aspecto importante a ser observado é a complexidade do processo inovativo.
Nos paradigmas anteriores as inovações eram geradas no âmbito da empresa, nos
departamentos de P&D internos e aplicadas ao processo. Atualmente, as pesquisas acontecem
nas instituições (públicas e privadas) e são aplicadas e difundidas através dos processos
formais de interação. De modo complementar, as inovações podem ser originadas através de
atividades informais na busca de soluções às demandas apresentadas. Esses processos foram
denominados por Rosenberg apud Dosi (1988) de learning by doinge learning by using”.
O autor ainda ressalta que a oportunidade tecnológica não é simplesmente uma reação às
condições do mercado, e sim uma atividade cumulativa.
O desenvolvimento de tecnologias, dentro de um paradigma particular, segue a
trajetória definida pelo paradigma. Esse processo é cumulativo e irreversível. O avanço
tecnológico é cumulativo porque se origina a partir de uma plataforma de desenvolvimento
que condiciona e define os critérios de seleção dos conhecimentos, capacitações e tecnologias
que devem ser buscados no futuro pela organização (RÉVILLION, 2004). Por sua vez, é
irreversível não apenas porque a inovação requer investimentos especializados, mas sim
porque a evolução de tecnologias ao longo de certas trajetórias eliminam a possibilidade de
competição de tecnologias mais velhas (TEECE, 1996).
26
Outro fato estilizado relacionado às inovações é o grau de apropriação, pois ao assumir
o risco de inovar, a empresa espera receber um maior retorno. O grau pelo qual produtos
novos e processos são protegidos pela lei de propriedade intelectual é uma forma de assegurar
esses rendimentos superiores. Esses regimes de apropriação foram classificados por Teece
(1996) em: forte, se patentes e direito autorais são efetivos, e fracos, caso contrário. O autor
salienta também a importância da inter-relação entre funções organizacionais ou
interorganizacionais (como de produção, P&D, distribuição e marketing) capaz de gerar
“ativos complementares” (ativos tangíveis e intangíveis) associados à efetiva exploração de
uma tecnologia.
Apesar do enfoque ‘atual’ da necessidade de inovação como estratégia competitiva, o
estudo da acumulação de conhecimento como fonte de progresso, na ciência econômica,
remonta ao período dos clássicos, no auge da Revolução Industrial. Existem porém, diferentes
abordagens aplicadas ao estudo da inovação. Destacam-se aqui a visão linear e a visão
evolucionária da inovação.
2.1.1 Abordagens clássica e neoclássica da inovação
Desde a obra de Adam Smith é reconhecida a importância da acumulação de
conhecimento, fruto da especialização do trabalho, para explicar o progresso econômico. Na
abordagem clássica, o crescimento econômico dependia do aumento quantitativo dos fatores
primários de produção (capital e trabalho), porém predomina a preocupação com a relação
entre a distribuição do rendimento, acumulação do capital e o desenvolvimento tecnológico.
Apesar do reconhecimento dos avanços tecnológicos, não se utiliza o conceito (termo) de
inovação enquanto tal.
Por sua vez, a teoria neoclássica diferencia-se da abordagem clássica, sendo
estabelecida a partir dos modelos de Equilíbrio Geral de Leon Walras e do Equilíbrio Parcial
de Alfred Mashall. Teve como base de observação para sua elaboração a Revolução Industrial
Britânica, e seu foco permanece vinculado à teoria dos preços e alocação de recursos, sendo
que a firma assume um papel limitado, atribuindo um aspecto de irrealismo a teoria (TIGRE,
1999). Importante salientar que esta teoria vigorou em um período dominado pelos conceitos
liberais de não intervenção do Estado, e se apoiava na “mão–invisível” de Adam Smith, como
mecanismo auto-regulador dos sistemas de preço (DEMSETZ, 1996).
27
Na busca dos fundamentos do crescimento econômico, os economistas, por muito
tempo, dedicaram seus esforços explicativos utilizando a função de produção, com foco no
trabalho, no capital, nos materiais e na energia, tratando o conhecimento e as tecnologias
como influências externas à produção (OCDE, 1996).
Dentre as premissas da teoria, está a visão da firma como uma “caixa-preta”, que
combina fatores de produção disponíveis no mercado e transforma em produtos
comercializáveis. O ambiente de concorrência [mercado] apresenta condições e informações
perfeitas, sendo que a firma se depara com um tamanho ótimo de equilíbrio, e as funções
tecnológicas são apresentadas pelas funções de produção. As tecnologias estão disponíveis no
mercado, seja na forma de capital ou de conhecimento, conduzindo à interpretação das
inovações como variável exógena à firma e, além destas, é assumida a plena racionalidade dos
agentes, diante do objetivo de maximização dos lucros.
Demsetz (1996) destaca que no modelo de concorrência perfeita, ao alocar as tarefas
de maximização dos resultados em um contexto onde as decisões são tomadas com o livre
acesso às possibilidades de produção e de preços, o papel da empresa fica restrito a simples
função de facilitadora da discussão do mecanismo de preços, uma vez que, as verdadeiras
funções do administrador contemporâneo, de criação e descoberta de novos mercados, novos
produtos e novas técnicas de produção, são desnecessárias, em virtude de estarem disponíveis
no mercado e sem custos, limitando a ação das firmas à seleção de produtos e insumos que
maximizem seus benefícios.
Ao apresentar suas críticas à concepção ortodoxa, Winter (1996) afirma que esta
abordagem é dominante nos livros de microeconomia, e que os elementos básicos da teoria da
firma se limitam a caracterizar as empresas pelas suas transformações, produzidas a partir de
funções de produção. Os agentes são atores unitários que não tomam conhecimento das
decisões dos demais e, todos produzem bens homogêneos, agindo de forma racional na busca
de maximização dos seus resultados.
Ao comentar a abordagem neoclássica, Vargas (2002) explica que esta foi marcada
pela metáfora mecanicista, e as premissas de racionalidade, equilíbrio e agentes
representativos conduzem a análise neoclássica a assumir que os agentes mantêm sua
estrutura de preferências e regras de comportamento ao longo do tempo, limitando a ação
inovativa ao processo de adaptação baseado no resultado de ações passadas.
28
Nesse sentido, a escola tradicional aborda a inovação como um processo linear, em
uma seqüência de fases, da pesquisa científica para o desenvolvimento do produto, produção e
venda, sendo que as implicações da adoção da inovação são totalmente conhecidas. A Figura
1 apresenta esta relação.
Figura 1 – O modelo linear de inovação
Fonte: Adaptado de OCDE, 1996.
O modelo linear de inovação foi o pioneiro na tentativa de compreensão da natureza
dos processos de produção, difusão e uso de tecnologias. Esse modelo é associado à idéia da
existência de uma relação mais ou menos direta entre quantidades e qualidades de insumos
utilizados em pesquisa e desenvolvimento e os resultados destes em termos de inovação
tecnológica e desenvolvimento econômico (VIOTTI, 2003). Em outros termos, quanto mais
recursos (humanos, materiais e financeiros) são alocados ao processo de pesquisa e
desenvolvimento, maior deverá ser o resultado em termos de invenções e inovações.
De acordo com Viotti (2003), a geração de inovações a partir do modelo linear inicia-
se com o investimento em pesquisa básica, gerando o conhecimento científico. Esse
conhecimento permitiria a realização de pesquisas aplicadas, e posteriormente a pesquisa
experimental, sendo que, após essa evolução, os esforços de P&D seriam incorporados à
produção e à comercialização.
No modelo linear, a exemplo da teoria ortodoxa, a tecnologia é vista como uma
mercadoria, sendo que as inovações também seriam produzidas a partir de um processo
similar, sem riscos ou incertezas, no qual o principal insumo é a pesquisa de P&D e os
resultados seriam as inovações. Segundo Viotti (2003), essa concepção traduz a idéia de que
haveria uma especialização do trabalho, onde as instituições (centros de pesquisas públicos e
privados) seriam os responsáveis pela oferta dos insumos tecnológicos e as empresas
demandariam esses insumos para aplicá-los em seus processos.
29
Assumindo as hipóteses de que o conhecimento é um bem de informação disponível,
onde todos os agentes são capazes de obtê-lo de forma igual e sem custos derivados dos
investimentos passados, e que as únicas estruturas de mercado
6
existentes são a concorrência
perfeita e o monopólio, Kenneth Arrow criou, em 1962, o “Modelo de Incitação” para a
análise econômica da inovação.
Arrow assume que a atividade de inovar está sujeita a incertezas, e que, o produto
desta atividade pode ser apropriado por outros agentes. Além disto, afirma que, ao utilizar a
inovação, a empresa garante ganhos crescentes, tratando estes ganhos como o motivador dos
investimentos em P&D.
Em relação à introdução de inovações nas diferentes estruturas observadas por Arrow,
entende-se que na estrutura de monopólio, o poder de mercado garante à empresa o lucro
maior, e as inovações somente serão adotadas se permitirem uma redução significativa nos
custos a ponto de motivar o empresário a efetivar o investimento. Em concorrência perfeita,
ao contrário, a inovação é a única forma de ampliar os lucros, pois a empresa é tomadora de
preços. O empresário assume o risco de introdução permanente de inovações, mesmo ciente
de que o lucro poderá se erodir com a entrada de empresas imitadoras (HASENCLEVER e
FERREIRA, 2002).
O Modelo de Incitação supõe que a inovação é feita por uma empresa inovadora de
fora da indústria que irá adotá-la [fornecedores de insumos e equipamentos], portanto a
inovação é uma variável exógena à indústria, e esta, para usá-la, deverá pagar royalty,
podendo ocorrer à inovação drástica [radical] e não drástica [incremental]. Em concorrência
perfeita, o inovador cobra uma taxa r a cada unidade produzida e no monopólio este cobra
uma taxa r fixa.
Em seus estudos Arrow conclui que, em ambos os tipos de inovação, o monopolista
tem menor estímulo a inovar do que na concorrência perfeita. E afirma que, em uma
economia de mercado, haveria sub-investimento em P&D, pois as empresas seriam receosas
em demandar parte dos seus recursos nesta atividade, porque, ao investir para produzir uma
melhor técnica ou uma melhor informação, estaria prejudicada pelo fato de outras empresas se
beneficiarem dos seus resultados (HASENCLEVER e FERREIRA, 2002). A empresa, ao
utilizar a nova tecnologia, geraria spillover, ou seja, a partir do uso das tecnologias, haveria
um transbordamento (disseminação) do conhecimento para a indústria.
6
Na teoria econômica encontram-se seis diferentes estruturas de mercado: monopólio, concorrência perfeita,
concorrência monopolista, oligopólio, monopsônio, oligopsônio.
30
De acordo com Vargas (2002), a maior contribuição da abordagem neoclássica reside
no conceito de learning–by-doing, proposto por Arrow. Esse conceito remete ao surgimento
de estudos empíricos que buscavam demonstrar que o aumento na produção per capita não
poderia ser atribuído somente ao crescimento da relação capital-trabalho, no estilo clássico
puro. Assim, os estudos passam a explorar a hipótese de que os indivíduos e as empresas
desenvolvem processos de aprendizado através da experiência adquirida no decorrer do
processo produtivo.
Arrow, visando atender às particularidades do conceito de conhecimento, parte de um
sentido mais amplo, ligado à tecnologia, e interpreta a invenção como um processo de
produção de conhecimento, contemplando questões como a incerteza, a escassez, ausência e
distribuição assimétrica da informação enquanto insumo de produção no processo de
invenção. O autor aponta três características que tangenciam falhas na alocação do fator
conhecimento pelo mercado, a saber: a) falta de apropriabilidade por parte daqueles que
seriam os produtores do conhecimento; b) incerteza relacionada ao processo de produção de
conhecimento; e, c) indivisibilidade aliada à existência de economias de escalas na sua
produção. Assim, a incerteza impede a previsão de produção do conhecimento; a falta de
apropriabilidade refere-se à incapacidade de garantir um mercado específico que assegure os
benefícios da atividade de P&D; e, em relação à indivisibilidade, refere-se à existência de um
patamar mínimo de escala independente da taxa de produção (VARGAS, 2002).
Por sua vez, o Modelo de Dasgupta-Stiglitz, procura explicar o comportamento
inovador da empresa e esclarecer como a taxa de inovação interage com a estrutura de
mercado predominante. O modelo procura avaliar o impacto da interação entre inovação e
estrutura de mercado através de variáveis como a elasticidade-preço da demanda, as barreiras
de entrada e a relação entre P&D e a redução de custos. A variável P&D é possuidora de
característica estratégica, já que a empresa ao inovar, pode produzir de maneira mais eficiente
e com menor custo, sendo esta uma barreira de entrada e também uma forma de garantir a
expansão do mercado, pois o modelo traz como hipótese, que as empresas concorrem entre si
através da introdução de inovações no processo que permitam a redução de custos,
permitindo-lhes ampliar sua participação no mercado (HASENCLEVER e FERREIRA,
2002).
Segundo Freeman apud Vargas (2002), os modelos da abordagem neoclássica
concentram seu foco principal de análise sobre as tecnologias e não sobre a inovação
propriamente dita, ignorando assim a dimensão organizacional da inovação. Somente após a
31
publicação da obra de Schumpeter, em 1912, [Teoria do Desenvolvimento Econômico], que o
estudo da inovação e da dimensão organizacional ganhou destaque.
2.1.2 Abordagens schumpeteriana e neo-schumpeteriana da inovação
O estudo da inovação propriamente dita, inicia nos primórdios do século XX, com os
escritos de Joseph Schumpeter, que aborda a ação de inovar como criadora de processos de
ruptura no sistema econômico, afetando o equilíbrio do fluxo circular. Esse processo de
ruptura [introdução da inovação] é provocado pelo empreendedor, que detém a habilidade de
ser o primeiro a introduzir novas combinações de meios produtivos, transformando assim o
fluxo circular estabelecido (EBNER, 2000).
Assim sendo, inovações nas condições de Schumpeter (1982, p. 48), são representadas
pelas novas combinações de produção, que surgem descontinuamente e englobam cinco
casos:
1) introdução de um novo bem, ou seja, um bem com que os consumidores ainda
não estiverem familiarizados, ou de uma nova qualidade de um bem;
2) introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não
tenha sido testado pelas experiências no ramo próprio da indústria de transformação,
que de modo algum precisa ser baseada numa descoberta cientificamente nova, e
pode consistir também, em nova maneira de manejar comercialmente uma
mercadoria;
3) abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado que o ramo particular da
indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse
mercado tenha existido antes ou não;
4) conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas ou de bens
semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte
exista ou teve que ser criada;
5)
estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação
de uma nova posição de monopólio (pela trustificação) ou a fragmentação de uma
posição de monopólio
.
O autor considera a inovação como um processo absolutamente revolucionário na
condição de desenvolvimento econômico, substituindo assim a tradicional forma de
competição (competição de preços), e faz uma distinção entre crescimento e desenvolvimento
econômico, sendo o primeiro considerado um processo contínuo e gradual, e o
desenvolvimento econômico por sua vez, é um fenômeno de “mudança espontânea e
descontínua nos canais de fluxo, perturbação do equilíbrio, que altera e desloca para sempre o
estado de equilíbrio previamente existente” (SCHUMPETER, 1982, p. 47). Sendo este um
32
fenômeno instável que não pode ocorrer no espaço como um todo, e sim em clusters
localizados, desenvolvendo alguns setores em detrimento de outros.
Em crítica ao artigo “A Instabilidade do Capitalismo” de Schumpeter, Gonçalves
(1984), destaca a clara relação entre progresso econômico e inovação, em função do caráter
descontínuo do processo inovativo, uma vez que inovação não acompanha, mas sim cria a
expansão industrial, ao introduzir novas combinações dos fatores de produção existentes,
incorporados em novas fábricas, novos produtos ou novos métodos.
Esse enfoque, segundo Possas (2002), concede à concorrência capitalista uma
característica evolutiva e, portanto, dinâmica, em função da busca de opções lucrativas por
parte das empresas e sua interação competitiva, abandonando a tendência de equilíbrio e a
visão passiva de adaptação do modelo neoclássico.
... a interação, ao longo do tempo, entre as estratégias das empresas, não apenas de
inovação... mas entre as estratégia competitivas, de um modo geral e as estruturas
de mercado preexistentes gera uma dinâmica industrial pelo qual a configuração de
uma indústria, em termos de produtos e processos utilizados ... vai se transformando
ao longo do tempo (POSSAS, 2002, p. 420).
Essas idéias sustentam a abordagem neo-schumpeteriana da inovação, que aponta uma
estreita relação entre o crescimento econômico e as mudanças que ocorreram com a
introdução e disseminação de inovações tecnológicas e organizacionais, onde o agente
principal de mudança é a empresa. Sendo esta a unidade de estudo da teoria, e o mercado o
locus definido como o espaço de interação competitiva onde se dá o processo de concorrência,
ou em um pensar mais sistêmico, onde se definem as externalidades e as políticas que afetam
a concorrência.
É consenso a importância atribuída às inovações no processo competitivo atual, porém
o exato significado de “inovações” ainda não esdefinido, como adverte Cassiolato et al.
(2005, p. 512). A partir de 1960, estudos empíricos dos pesquisadores da escola evolucionária
[Freeman, Rosenberg, Nelson, Winter] permitiram uma melhor compreensão sobre o termo,
abandonando a idéia de que inovações se limitam a processos de descoberta de novos
princípios científicos ou tecnológicos e assumindo uma característica de aprendizado não
linear, onde a empresa busca alternativas através de processos experimentais de aprendizado,
para enfrentar momentos de mudança nas condições econômicas e tecnológicas.
33
Nesse sentido, o processo de inovação, sob a perspectiva evolucionária, passou a ser
entendido como sendo path-dependet (dependente da trajetória), específico da localidade
conformado institucionalmente, como afirma Cassiolato et al. (2005, p. 513) “...a inovação é
cada vez mais entendida como sendo um processo que resulta de complexas interações em
nível local, nacional e mundial entre indivíduos, firmas e outras organizações voltadas à busca
de novos conhecimentos”. O entendimento da inovação como variável path-dependent, na
abordagem neo-schumpeteriana, é explicado pelo caráter cumulativo e irreversível do
processo inovativo, bem como pelas condições de incerteza sob as quais se o processo
decisório (KUPFER, 1996).
Um dos modelos existentes para o estudo do processo de inovação na abordagem neo-
schumpeteriana foi desenvolvido por Aoki (1986-88), com preocupação no fluxo de
informações e nos processos de aprendizagem organizacional, em diferentes estruturas de
organização das empresas e nos distintos contextos sócio-culturais.
Buscando comprovar a eficácia das empresas a partir da estrutura organizacional,
utilizou dois distintos tipos de empresas A e J. A empresa ‘A’ apresenta uma estrutura
verticalizada de disseminação das informações e concentra a aprendizagem e o conhecimento
nos altos escalões da organização. Dessa forma, a empresa apresenta deficiências nos
processos de adaptação quando atua em ambiente dinâmico. A empresa ‘J’ por sua vez, adota
a coordenação contratual de curto e longo prazo, baseando-se numa comunicação horizontal
entre os diversos departamentos, priorizando a solução autônoma de problemas,
desenvolvendo o espírito de equipe e de cooperação. Desta forma, a empresa ‘J’ apresenta
uma estrutura que lhe permite uma rápida adaptação no ambiente competitivo
(HASENCLEVER e TIGRE, 2002).
Outro modelo foi desenvolvido por Kline e Rosenberg em 1986, e se refere às
interações entre as atividades de P&D e as demais funções da empresa, na geração de
inovação (Figura 2). Segundo Hasenclever e Tigre (2002), esse modelo pode ser também
utilizado para analisar as interações entre a cadeia de valor, contemplando um conjunto de
atividades entre a rede de empresas, as universidades e centros de pesquisa.
34
Pesquisa
Conhecimento
Potencial de
Mercado
Inventos e
Projetos
analíticos
Projeto de
detalhamento e
teste
Re-projeto e
produção
Produção e
mercado
F
f
f
f f f f
C CC C
I F
C: cadeia central de inovação
f: realimentação de fluxos de informação curtos
F: realimentação de fluxos de informação longos
I: apoio à pesquisa científica por instrumentos, máquinas, ferramentas e procedimentos da tecnologia
Figura 2 – Modelo elo de cadeia de Kline-Rosenberg
Fonte: Adaptado de HASENCLEVER eTIGRE (2002) e OCDE (1996).
O modelo é composto por uma cadeia central de interações e quatro pontos de
interação intensa, partindo de um estado analítico para outro mais detalhado, de criação de
protótipos, produção e venda no âmbito da cadeia central, resgatando o caminho linear do
modelo tradicional. O diferencial deste modelo está no fluxo de informações entre as diversas
fases, estendendo a atividade de P&D a toda cadeia central de inovação, permitindo a
disseminação das oportunidades tecnológicas, aproveitadas pelas empresas a partir das suas
competências intrínsecas, que permitem as diferentes leituras do ambiente.
O modelo de elo de cadeia enfatiza a inovação como resultado de um processo
interativo entre oportunidade de mercado, a base de conhecimentos e capacitações da firma.
Assim a empresa não se limita à função de consumidora de tecnologias, pois está posicionada
no centro do processo de inovação e pesquisa, e a partir dos feedbacks entre os diversos
subprocesso, é possível resolver os problemas surgidos em qualquer etapa do processo de
desenvolvimento das inovações (VIOTTI, 2003).
35
O foco na base de conhecimento e nas competências das empresas enfatiza as políticas
de fortalecimento da interação entre as empresas e as instituições de pesquisa. Essa
abordagem resgata a importância dos ambientes nacionais ou locais onde os
desenvolvimentos organizacionais e institucionais propiciam condições para o crescimento de
mecanismos interativos, facilitadores de difusão tecnológica e geração de inovações. A
interatividade entre os agentes facilita a transferência de conhecimento em virtude da cultura e
da existência de uma linguagem comum, em especial em localidades que se especializam na
produção de determinados produtos, como neste estudo, a aglomeração de empresas
produtoras de móveis.
Ambos os modelos [Empresa A e J (Aoki) e o Modelo Elo de Cadeia (Kline e
Rosenberg)] são modelos que buscam explicar o processo de inovação intra-empresa,
procurando captar os processos de disseminação e os esforços na geração de inovação. Cabe
ressaltar que estes modelos não serão utilizados na análise do estudo, visto que se busca o
entendimento do processo de inovação na indústria de móveis a partir das ações e interações
das empresas e instituições no âmbito do arranjo produtivo. Mesmo assim, acredita-se ser
importante a sua referência, a fim de contribuir para discussão sobre a temática do estudo.
2.1.3 Modelo sistêmico de inovação
Buscando ampliar a compreensão do processo de inovação, contemplando a
necessidade de abordar a influência simultânea dos fatores organizacionais, institucionais e
econômicos, surge o modelo sistêmico de inovação, a partir de esforços para responder ao
questionamento sobre os motivos de algumas regiões apresentarem desenvolvimento
tecnológico superior a outras.
Viotti (2003, p. 60) ao apresentar o modelo sistêmico de inovação, representado na
Figura 3, chama a atenção para o fato de as empresas não inovarem de maneira isolada, e sim
através de redes de interações com outras empresas e instituições públicas e privadas, nos
moldes dos ensinamentos da Teoria Institucional. Essas interações contemplam também as
influências da economia nacional e internacional, o sistema normativo e um conjunto de
outras instituições.
36
Figura 3 – Modelo sistêmico de inovação
Fonte: Adaptado de VIOTTI (2003).
Segundo Roese (1999), a discussão em torno das alternativas frente à globalização
colocou em evidência o conceito de Sistemas Nacionais de Inovação (SNI), desenvolvido para
explicar os diferentes desempenhos dos países em relação às inovações tecnológicas. Ao
apresentar uma definição para SNI, Révillion (2004) citando os trabalhos de Lundvall e
Matcalfe, apresenta SNI como:
o conjunto de instituições e agentes que contribuem, individual e conjuntamente,
para a criação, acumulação e transferência de conhecimentos, habilidades e artefatos
que compõem uma nova tecnologia. Sua consideração nos limites nacionais
justifica-se não pela abrangência das intervenções governamentais, mas também,
pelo efeito do compartilhamento de uma mesma linguagem e cultura que agrega o
sistema (LUNDVALL e MATCALFE apud RÉVILLION, 2004, p. 17)
Um SNI contempla elementos públicos e privados, sendo que as características sociais
e culturais, o sistema financeiro, o sistema educacional, a infra-estrutura tecnológica e as
políticas públicas voltadas à promoção de inovações referem-se à primeira classificação. Por
37
sua vez, os elementos privados incluem desde a organização interna das empresas para inovar
e a interação entre diferentes organizações até a infra-estrutura tecnológica utilizada para
captar as informações necessárias ao processo inovador (CHRISTENSEN apud RÉVILLION,
2004).
A valorização do esforço local para a obtenção de capacitação à produção local de
inovações constitui um desencadear de relações interativas que propiciam o uso de um novo
conhecimento economicamente viável (ROESE, 1999). Enfocando o processo de inovação
como cumulativo e path–dependent, e de perspectiva incerta, nos moldes evolucionário,
adota-se como pressuposto que as diferenças na experiência histórica, linguagem e cultura
características de diferentes localidades irão se conjecturar em idiossincrasias nacionais,
regionais ou locais, delimitando o grau de acumulação de conhecimento e capacitações que
resultarão da interação dinâmica dos elementos (RÉVILLION, 2004), não sendo possível
comparar dois ou mais sistemas de inovação na busca de definir a melhor trajetória potencial
a ser seguida.
Nesse sentido, os sistemas nacionais de inovação enfatizam a importância do
arcabouço institucional e da estrutura industrial nacionais na determinação dos sistemas de
inovação. Assim sendo, o sistema educacional, as leis e normas nacionais, a estrutura nacional
de ciência e tecnologia e de P&D, as fontes de financiamento, as políticas industriais e
tecnológicas nacionais, entre outros, determinam, conjuntamente, a capacidade inovativa
nacional (SZAPIRO, 1999).
De acordo com Viotti (2003), o diagnóstico e as proposições de políticas associadas ao
modelo sistêmico de inovação revelam o novo aspecto do processo de inovação e das políticas
voltadas ao desenvolvimento tecnológico, pois as empresas passam a ser vistas como
organizações que aprendem, muitas vezes atuando em aglomerados interativos que são
importantes fontes de retornos crescentes de investimentos públicos e privados.
A partir do conceito de SNI é possível o entendimento do processo de geração e
difusão de inovações tecnológicas no contexto da economia contemporânea, sendo possível
aplicar o conceito a recortes setoriais ou geográficos (nacional, regional ou local). Embora as
definições oferecidas tenham algumas diferenças, os enfoques têm características em comum
que favorecem o entendimento da temática inovativa.
Breschi e Malerba apud Révillion (2004, p. 20) apresentam o conceito de Sistema
Setorial de Inovação (SSI) que contempla o “sistema de firmas ativas no desenvolvimento e
38
produção de produtos de um setor e na geração e utilização das tecnologias setoriais”. Esse
sistema se relaciona de forma interativa e cooperativa na geração de alternativas tecnológicas,
e também através do processo de concorrência e seleção em atividades mercadológicas.
Entre os destaques do SSI, segundo Malerba apud Révillion (2004), estão: a base de
conhecimento e sua estrutura; os processos de aprendizagem organizacional, competências,
comportamento e organização das firmas – de forma a identificar o grau e os determinantes da
heterogeneidade dos agentes e da variedade organizacional no setor; as inter-relações e
complementaridades no nível dos inputs e da demanda de caráter estático e dinâmico,
incluindo setores relacionados vertical ou horizontalmente – definindo os limites reais do SSI;
o papel das “não-firmas” - universidades, instituições financeiras, governo, autoridades locais,
instituições (padrões, regulamentos, etc); os processos de interação entre os agentes; e a
dinâmica e transformação dos SSI com ênfase nos processos co-evolucionários.
A configuração dos sistemas de inovação é elemento fundamental na definição da
estratégia tecnológica das firmas (FREEMAN apud KOELLER e BAESSA, 2005). A atuação
em ambiente propício, com acesso ao conhecimento, estrutura cientifico-tecnológica e
estabelecimento de parcerias pode limitar ou estimular as inovações. Empresas com
estratégias ofensivas, que buscam inovações radicais, encontram nos sistemas inovativos
acesso ao conhecimento e relações de cooperação que permitem redução dos riscos
econômicos e tecnológicos. Por sua vez, empresas com estratégias em inovações incrementais
tendem a ter processos mais eficientes.
Porém, em economias em desenvolvimento a inovação, que está no centro da análise
do modelo sistêmico, é rara e em muitos casos inexistente, pois os processos de mudança
técnica na maioria dessas economias estão limitados à absorção de inovações geradas em
outras economias e a pequenos esforços de adaptação e aperfeiçoamento, que culminam em
inovações incrementais.
Nesse sentido, o Modelo de Aprendizado Tecnológico, proposto por Viotti, em 1997,
contempla essas duas formas básicas de inovação predominantes nas economias em
desenvolvimento. O autor enfatiza que o entendimento das diferentes trajetórias de mudanças
técnicas das economias desenvolvidas e em vias de desenvolvimento é fundamental para
compreender as razões do crescimento e do desenvolvimento desigual das regiões.
O modelo apresentado na Figura 4 sintetiza as mudanças técnicas predominantes nas
economias desenvolvidas e em desenvolvimento.
39
Figura 4 – Modelo de aprendizado tecnológico
Fonte: Adaptado de VIOTTI (2003).
As economias em desenvolvimento, ao ingressar na produção de manufaturados,
produzem bens que não são novos para o mercado e enfrentam barreiras estruturais ao
concorrer na disputa de mercado. Ao estudar o aprendizado tecnológico dessas economias
Viotti (2003) apresenta dois diferentes tipos de aprendizado, a saber: aprendizado passivo,
onde o país ou a empresa limita-se a absorver essencialmente a capacitação tecnológica de
produção e limita-se a esforços mínimos para aprender a utilizá-la, e o aprendizado ativo,
onde a empresa ou nação além de absorver a capacitação tecnológica demanda recursos para
adquirir domínio sobre a capacitação e assim gerar inovações incrementais a partir de esforços
deliberados.
Os modelos SNI e de cooperação tecnológica buscam explicar o processo de inovação
inter-empresas, contemplando o ambiente institucional e as relações entre os agentes que
atuam no mercado. A discussão desses modelos fornece alguns fatores que contribuem para a
construção de modelo de análise utilizado nesta pesquisa. Ao compreender a essência do
modelo de SNI ou de seu recorte setorial (SSI), extrai-se a fundamentação para a importância
destinada às relações institucionais e entre as organizações, onde as ações colaborativas são
apresentadas como alternativas para as empresas agregarem competências e habilidades que
ainda não possuem, e assim contribuir para a geração de inovações.
As parcerias entre os agentes permitem a capacitação gerencial e dos recursos
humanos, realização de feiras e eventos, entre outras atividades para a promoção do setor,
40
além do desenvolvimento de pesquisas voltadas à produção de móveis visando ao
desenvolvimento de novos produtos e processos.
Por sua vez, a contribuição do modelo de aprendizado tecnológico contempla os
esforços despendidos pelas economias de industrialização tardia, como no caso brasileiro,
para a geração de inovações. O incipiente estágio de desenvolvimento de pesquisas aplicadas
ao desenvolvimento de setores tradicionais, a exemplo da indústria de móveis, que utiliza
tecnologias de ponta (importadas) e realiza pequenas alterações com base em demandas
especificas, contribui para a caracterização das inovações como incrementais.
Assim, diante das demandas do processo de inovação, sejam de recursos financeiros
ou humanos, os estudos que contemplam as relações externas à empresa, vislumbram a
necessidade e a importância das relações institucionais no processo inovativo. Isso nos remete
às aglomerações produtivas, onde essas relações tendem a ocorrer de forma intensa na busca
de soluções a essas demandas.
2.2 Proximidade local, cooperação e arranjos produtivos locais
A abertura da economia proporcionou o acesso às comodidades tecnológicas e
ampliou a capacidade de escolha e qualidade no consumo, entre outros efeitos da evolução
econômica social mundial. Buscar formas de fomentar o progresso econômico e promover a
expansão e o crescimento das empresas, tanto das instaladas como também propiciar o
surgimento de novas empresas é uma das mais antigas preocupações da política de
desenvolvimento.
A partir dos anos 1950, diversas correntes teóricas seguiram na tentativa de encontrar
respostas de como propiciar este crescimento, porém a grande questão a ser resolvida o se
limita apenas a analisar se as empresas têm ou não potencial de crescimento, mas em que
condições se dá esse crescimento. A intensificação da tendência ao processo de reestruturação
industrial, a partir da globalização, com a formação de alianças estratégicas
7
vem ganhando
relevância em todos os países desenvolvidos e em desenvolvimento (AMATO NETO, 2000),
em especial como fonte de sobrevivências das pequenas empresas. É nesse contexto, segundo
7
Na literatura encontram-se diferentes tipos de alianças estratégicas, que se diferenciam pelo prazo, pela
formalidade, pela intensidade, etc.
41
Begnis et. al.(2005), que se passa a perceber a competição sob a ótica das ações de
cooperação.
Souza et al. (1997) destaca que “a cooperação” é um fator crescentemente percebido
como elemento central na formulação das estratégias competitivas das empresas tanto no que
se refere à superação das desvantagens da “empresa individual” quanto á busca de sinergias
interorganizacionais. Cândido (2000) citando o trabalho de Nadvi apresenta três tipos básicos
de nculos de cooperação entre as organizações, a saber: a) nculos verticais - a montante
(fornecedores e sub-contratados) e a jusante (consumidores e clientes); b) vínculos horizontais
- produtores do mesmo vel, envolvendo ou não instituições de apoio e fomento à atividade
empresarial; e, c) vínculos multilaterais atuação de instituições de apoio à atividade
empresarial da região.
Embora se encontrem exemplos históricos de cooperação empresarial, não sendo,
portanto, esta forma organizacional uma novidade, este cenário acentuou-se principalmente
com a revolução científico-tecnológica, proliferação de produtos e o escopo de criação de
diferentes tipologias de redes empresariais, que surgem como uma nova âncora
organizacional, conseqüência da economia informacional. Refletindo no contexto ambiental
onde as empresas estão inseridas, a cooperação é recompensadora não somente para as partes
envolvidas, impactando também a economia do setor ou região (CASTELLS, 2003).
A idéia de que ganhos na formação de aglomerações setoriais em determinado
espaço geográfico foi introduzida na economia industrial por Alfred Marshall [Principles of
economics (1890)]. Marshall destacou as economias que “freqüentemente são asseguradas
pela concentração de várias pequenas empresas, com características similares e em
determinada localidade”. O autor referiu-se a esses ganhos como “economias externas”,
visando definir, por que e como, o fator locacional importa, e por que e como pequenas
empresas podem ser eficientes e competitivas nos mercados. As localidades foram
denominadas de “indústria localizada” ou “distritos industriais” (MARSHALL, 1985, p. 231)
Segundo Marshall apud Gorayeb (2002, p. 33), as vantagens econômicas (as
externalidades positivas) que podem ser obtidas por empresas que pertencem a uma
localidade onde predomina um setor produtivo específico, dizem respeito ao fácil acesso a
trabalhadores qualificados, dada a concentração local de mão-de-obra especializada, a
fornecedores de matérias-primas e a serviços correlatos à atividade principal, o que contribui
para criar um ambiente propício a inovações.
42
Garcia (2002) resgatando as idéias de Marshall aponta três tipos básicos de economias
oriundas da especialização dos agentes locais. Em primeiro lugar, destaca-se a existência de
mão-de-obra qualificada e com habilidades específicas ao setor ou segmento industrial, além
da presença de organismos especializados na qualificação da mão-de-obra. Somados a esse
fator, a interatividade no âmbito do aglomerado possibilita a transferência de habilidades
tácitas, em especial nas indústrias tradicionais (vestuário, calçado, móveis) onde a base
técnica é bastante simplificada.
Em segundo lugar, a presença de fornecedores especializados de bens e serviços
permite às empresas a aquisição desses produtos a custos relativamente reduzidos. Em
especial a prestação de serviços especializados nas áreas organizacional e tecnológica, onde as
tarefas de “provisão de informações cnicas e de mercado, certificações de qualidade,
assessoria técnica e organizacional” (GARCIA, 2002, p. 5) agem como diferenciais
competitivos das empresas atuantes na aglomeração produtiva.
O terceiro tipo de economias externas que justifica a atuação em concentrações
geográficas são os possíveis transbordamentos (spillovers) de conhecimento e de tecnologias.
Além da facilidade das fontes específicas de informação a linguagem comum no âmbito do
arranjo local, permite a rápida circulação e difusão o que podem contribuir para o
desenvolvimento de novas capacidades organizacionais e tecnológicas (GARCIA, 2002).
Ao longo da década de 1980, os acadêmicos do GREMI (Groupement de Reserche
Européem sur les Milieux Innovateurs) desenvolveram o conceito de millieu inovativo, com
foco nos processos de aprendizado interativo que dão origem às inovações no âmbito das
aglomerações produtivas. Assim, não apenas a proximidade local tem destaque no dinamismo
tecnológico das aglomerações produtivas, mas também os processos de aprendizado, que
capacitam os diferentes agentes a perceberem mudanças no ambiente e partirem para a busca
de novas estratégias (VARGAS, 2002).
Um millieu inovativo contempla um conjunto de elementos materiais (firmas e infra-
estrutura), imateriais (conhecimento) e institucionais (regras e arcabouço legal) que compõem
uma rede de relações voltadas para a inovação, com vínculos cooperativos entre as firmas,
detentoras de capacidade inovativa, clientes, instituições de pesquisa sistema educacional e
demais agentes locais. Vargas (2002, p. 150) enfatiza que o “foco dos estudos teóricos e
empíricos desenvolvidos no escopo dos trabalhos do GREMI recai sobre os relacionamentos
entre as firmas e seu ambiente e, particularmente, sobre as formas de organização dessas
relações” .
43
A simples proximidade local, nos termos marshaliano tradicional não é suficiente para
explicar o desenvolvimento dos arranjos produtivos locais. Nesse sentido, segundo Cândido
(2000, p. 4), a obtenção de eficiência coletiva
8
através de concentração de empresas numa
mesma localidade, pode ocorrer de três formas: a) pólos: definidos como uma concentração
setorial e geográfica de empresas; b) distrito industrial: caracterizado como um agrupamento
de empresas, geralmente de pequeno porte, que agrega as vantagens dos pólos à existência de
formas implícitas e explicitas de cooperação entre os agentes econômicos locais,
proporcionando condições propicias à atividade inovativa; e c) redes de empresas: a atuação
em rede reserva a particularidade de que o aprendizado mútuo e a inovação coletiva podem
ocorrer mesmo quando não existem grandes agrupamentos de empresas, pois a atuação em
rede não está condicionada a uma mesma localidade.
Vínculos mais estreitos com os compradores, fornecedores e outras instituições trazem
benefícios à eficiência e também à velocidade das melhorias e das inovações. De acordo com
Porter (1999, p. 221), a localização passa a ser foco da nova abordagem da competição, pois
afeta a vantagem competitiva através da produtividade. Com a disponibilidade e abundância
dos recursos, o diferencial competitivo se dará através da utilização destes, sendo que a
prosperidade depende da produtividade com que os fatores são utilizados e aprimorados numa
determinada localidade”.
As interações das empresas com o ambiente externo e local geram uma dinâmica
industrial específica, resgatando os ganhos associados às economias externas Marshallianas
(CASSIOLATO e LASTRES, 1999). A importância das aglomerações produtivas como fonte
de dinamismo econômico, com reflexos significativos na geração de empregos e renda,
evidencia o papel que as pequenas e médias empresas vêm assumindo no contexto econômico
atual. Conceitos baseados na proximidade geográfica, na ativa divisão social do trabalho e na
possibilidade de intensa comunicação/cooperação entre os produtores empenham-se em
apresentar e justificar os fatores que impulsionam o crescimento a partir de arranjos
produtivos locais (APLs) (CASSIOLATO et al., 2002).
Os arranjos produtivos ou sistemas locais de produção variam de tamanho, amplitude
e estágio de desenvolvimento. O seu fortalecimento está amplamente ligado às políticas de
8
O conceito de eficiência coletiva foi apresentado por Schmitz (1997). O autor afirma que um grupo de
produtores que façam a mesma coisa, ou coisas semelhantes em vizinhança próxima um dos outros constituem
um clusters, mas tal concentração geográfica e setorial em si traz poucos benefícios. Trata-se, porém, de um
fator facilitador importantíssimo, quando não uma condição necessária, para vários desenvolvimentos
subseqüentes que podem, ou não, ocorrer. (Schmitz, 1997, p. 169).
44
desenvolvimento regional, estadual ou federal, objetivando emprego e renda. Podem ser
definidos como um fenômeno vinculado a economias de aglomeração, associadas à
proximidade física das empresas fortemente ligadas entre si por fluxos de bens e serviços,
podendo abranger empresas de um único setor como podem incluir um agrupamento de
fornecedores de insumos, tecnologias, máquinas, materiais e serviços industriais (SANTOS e
GUARNNERI, 2000).
De acordo com Scheffer e Schenini (2003), os arranjos produtivos locais se
caracterizam por uma gama de variáveis, entre elas: a diversidade das atividades dos agentes
econômicos, a extensão territorial das atividades, a importância do conhecimento tácito cuja
transmissão à proximidade entre os agentes facilita. Constituem um aglomerado de empresas
produtoras, fornecedores, clientes, instituições de pesquisa que, ao se relacionarem, geram
competência o que culmina no processo de constante aprendizado e em um ambiente propicio
à geração de inovações. Corroborando Cassiolato e Lastres (1999) que conceituam os arranjos
produtivos locais como aqueles arranjos que apresentam interdependência, articulação, e
vínculos entre os agentes que resultam na interação, cooperação e aprendizagem das empresas
produtoras com os demais agentes.
Neste sentido, segundo Santa Rita e Sbragia (2002, p. 3), a busca de economias de
escopo, a incorporação dos avanços tecnológicos e a busca de inovatividade e diferenciação
dos produtos têm dominado as estratégias das empresas, que se unem em novos arranjos
organizacionais:
(...) a abordagem da cooperação industrial como sustentáculo do processo de
formação de rede reflete em um novo paradigma em que, os fluxos de inovação
respondem aos movimentos de divergência/convergência tecnológica, onde as
assimetrias tecnológicas refletem as diferentes capacidades tecnológicas das firmas
de um determinado setor em inovar, e os seus diferentes graus de êxito na adoção e
no uso de novos produtos e novos processos e as suas estruturas de custo,
determinando vantagens absolutas, e padrões de especialização de setores
convergentes, tornando suas indústrias altamente competitivas, e, com, a difusão
internacional das inovações (via licenciamento, venda, imitação ou transferência)
corresponde à elevação de competitividade, retomada com novos desenvolvimentos
técnicos a partir de constructos de alianças estratégicas.
É consenso entre os autores apresentados que a atuação conjunta de um grupo de
empresas do mesmo ramo traz benefícios ao desenvolvimento econômico local e à
sustentabilidade das empresas. Neste sentido, a discussão sobre competitividade enverga na
aplicação de novos critérios para promover relações sinérgicas, sob a influência do paradigma
de competição global. Estimular a variável tecnológica para impulsionar inovações e
45
promover acordos de cooperação passa a ser condição de inserção e permanência no ambiente
de negócios. Entende-se ainda, que no atual cenário de acelerada mudança tecnológica, a
competitividade não mais é baseada unicamente no preço, mas principalmente na construção
de competências específicas para a aquisição de conhecimentos e de inovação, pois os ganhos
de eficiência dependem da trajetória inovativa.
2.3 Conhecimento e aprendizado por interação
Nesse processo de transferência de conhecimento, é preciso contemplar quatro
componentes importantes: os atores envolvidos no processo, o contexto de interação entre as
partes, o conteúdo da informação transferida entre os agentes e o meio de comunicação
utilizado. De acordo com Albino et al. (1999), a eficiência da difusão de informações entre
diferentes atores depende do meio de comunicação utilizado e da existência de fatores
fundamentais, como confiança, franqueza, transparência e experiência anterior. Este último
visto como um facilitador, “entendendo” que firmas com experiências anteriores são
geradoras de maior confiança e credibilidade.
Essas características permitem que o agente troque informações sem reservas ou
limitações quanto ao uso pelos seus concorrentes. De acordo com Teece (2005), a colaboração
e a parceria na troca de informações e de conhecimentos podem ser veículos para o novo
aprendizado organizacional.
No interior de arranjos produtivos locais APL, os processos informais de
aprendizado envolvem a concretização de um pool de informações e conhecimentos que são
compartilhados entre seus componentes, demandando a montagem de códigos de linguagem e
canais de comunicação, no intuito de viabilizar esta transferência da maneira eficaz (BRITO,
2004). Assim, são criadas condições mais favoráveis à difusão de inovações tecnológicas e
organizacionais entre as empresas que compõem o arranjo.
De acordo com Brito (2004), a intensa densidade dos fluxos de informação no âmbito
dos arranjos produtivos é um importante fator de competitividade, sendo importante
considerar não apenas o tipo de informação que circula no interior do arranjo (informações
mercadológicas, informações tecnológicas, informações relacionadas a serviços técnicos,
etc.), como também a sua complexidade.
46
Segundo a OCDE (1996, p. 12), esta complexidade está particularmente associada ao
tipo de conhecimento embutido nas informações transmitidas, sendo possível identificar
quatro tipos de conhecimentos: (i) know-what”, associado a conhecimentos sobre “fatos”
relevantes, exigindo grande capacidade de transmissão e estocagem de informações; (ii)
know-why”, associado a princípios técnico-científicos e às leis básicas necessárias à
compreensão dos fenômenos naturais e sociais; (iii) know-how”, associado às habilidades
específicas e qualificações requeridas para realizar uma tarefa qualquer, não apenas na órbita
diretamente produtiva, mas também em outras atividades da esfera econômica; (iv) know-
who”, envolvendo um conjunto de habilidades e relacionamentos que tornam possível obter
informações sobre outros agentes que sabem qual a maneira mais eficaz de realizar
determinada tarefa.
Saber identificar e selecionar as oportunidades neste mix de conhecimento exige das
empresas a formação de competências específicas, através de um processo de aprendizado
continuo. Fleury e Fleury (2000), resgatando as idéias de Prahalad e Hamel, sobre core
competences (competências essenciais) apresenta competência como sendo a capacidade de
combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços, que está associada a um
sistemático processo de aprendizagem, podendo estar ligada a qualquer estágio do ciclo do
negócio. A identificação das competências essenciais do negócio antecede a definição das
estratégias competitivas da empresa e de cada função. “No contexto dinâmico e imprevisível
de hoje, a competência no processo de formulação de estratégias é fundamental” (FLEURY e
FLEURY, 2000, p. 42).
Segundo Tether (2003) as empresas que inovam são dotadas de rotinas e processos
sistemáticos focalizados na habilidade aprender e adaptar. Essas empresas são comprometidas
na prática de melhorias que possam culminar em novos produtos ou novos processos. Nessas
firmas são descobertos inúmeros conceitos de novos produtos e novas idéias que podem
nunca ser lançados no mercado, porém a essência é ser flexível para poder adaptar o que já é
pronto a circunstâncias diferentes, como também atender às necessidades de clientes
particulares.
Neste sentido, diz-se que as empresas que são inovadoras "tendem a ter um padrão
instruído e estável de atividade coletiva pela qual a organização gera e modifica
sistematicamente suas rotinas operacionais em busca de melhor efetividade", esse padrão é
chamado de capacidades dinâmicas (TETHER, 2003, p. 10). Segundo Coriat e Dosi (2002), as
competências dinâmicas são as experiências que habilitam as organizações para executar
47
diferentes tipos de atividades, envolvem atividades organizadas e o seu exercício é
tipicamente redundante. E as rotinas são unidades dessa atividade organizada.
O sucesso a longo prazo nos negócios, segundo Senge (1990) não pode ser assegurado
pelo domínio de recursos específicos como capital, recursos naturais ou competências
tecnológicas. A competência fundamental para assegurar a continuidade e prosperidade das
empresas a longo prazo é a capacidade de aprender. Aprender no caso, não significa ser
capaz de reproduzir comportamentos ou memorizar conteúdos pré-fixados. Aprender, no
sentido sistêmico e abrangente do termo significa ser capaz de transformar-se, de modo a
modificar a própria estrutura de comportamento, tornando-a mais eficaz no sentido de
perseguir os valores essenciais da própria pessoa, grupo social ou comunidade.
O autor destaca que, atualmente, presencia-se um salto na capacidade de inovação
devido à disponibilidade de um conjunto de tecnologias de aprendizagem em grupo, que está
sendo usado pelas empresas como fator estratégico para competir no mercado globalizado.
Com isso, está surgindo um novo perfil de empresa: "A Empresa que Aprende" (Learning
Organization). O processo adaptativo das organizações que aprendem está centrado na
solução do problema, onde o entendimento sistêmico das situações propicia aos colaboradores
um constante processo de aprendizado.
Nesse sentido, de acordo com Campos et al. (2004), a firma age como um repositório
de conhecimento. Dessa forma, seu crescimento é determinado, por um lado, pelas suas
próprias características internas, tais como as suas rotinas e os seus processos de busca e
seleção, definindo processos específicos de aprendizagem e as suas competências; e por outro
lado, pelo ambiente em que a firma está inserida, em relação ao regime tecnológico, à
estrutura produtiva, ao padrão de concorrência e ao contexto social.
O aprendizado é, então, um processo fundamental para a construção de novas
competências e obtenção de vantagens competitivas, o qual, pela repetição, experimentação,
busca de novas fontes de informação e outros mecanismos, capacita tecnologicamente as
firmas e estimula as suas atividades produtivas e inovativas. Deste modo, nos termos da
abordagem evolucionária, a avaliação da vantagem competitiva e da aptidão estratégica da
empresa é entendida como uma função de seus processos, de suas posições e de suas
trajetórias, nos termos de Nelson e Winter (apud TEECE, 2005).
A capacidade de manter processos de aprendizado tornou-se um fator crucial de
sobrevivência, pois existe uma clara relação entre conhecimento, aprendizado e inovação, a
partir de uma perspectiva que contempla a dimensão tácita e codificada do conhecimento. De
48
acordo com Albagli e Brito (2003), a produtividade e a competitividade dos agentes
econômicos passam então a depender da criação e renovação de vantagens competitivas
associadas ao aprendizado, à qualidade dos recursos humanos e à capacitação produtiva e
inovativa das empresas.
De acordo com Teece (2005, p. 154), “aprendizado é um processo pelo qual a
repetição e a experimentação permitem que as tarefas sejam mais rapidamente
desempenhadas e que novas oportunidades de produção sejam identificadas”. Esse processo
envolve habilidades tanto da organização como do indivíduo, visto que o mesmo é
intrinsecamente social e coletivo, requerendo a criação de códigos comuns e procedimentos
de busca coordenados. Os novos processos culminam em padrões de interação que
representem soluções bem-sucedidas de problemas específicos.
Segundo Campos et al. (2004), em sua maioria, as formas de aprendizagem
observadas na literatura econômica combinam aspectos em relação à fonte do conhecimento e
à estruturação organizacional interna da firma. Desta forma, a “aprendizagem pode ser
delineada como as formas pelas quais as firmas constroem e organizam conhecimentos e
rotinas em torno de suas competências e dentro de sua cultura, e adaptam e desenvolvem
eficiência organizacional melhorando o uso dessas competências” (DOGSON apud CAMPOS
et al, 2004, p. 2).
O aprendizado interno da firma é caracterizado por diferentes níveis de custos e
idiossincrasias, sendo que a empresa pode realizar esforços de aprendizagem de forma
estruturada, e através dos investimentos em P&D gerados internamente, constituindo o
conceito de learning by searching , de acordo com Cassiolato (2004).
Além destes, a experiência acumulada pela produção e pelo uso de determinadas
tecnologias, caracteriza o conceito de learning by doing desenvolvido por Arrow. Este está
associado a um processo cumulativo através do qual as empresas ampliam seus estoques de
conhecimento, aperfeiçoam seus procedimentos de busca e refinam suas habilidades em
desenvolver ou produzir bens e serviços.
Por sua vez, os esforços realizados no sentido de absorver a tecnologia e gerar as
inovações necessárias para o uso na produção, caracteriza o conceito de learning by using
desenvolvido por Rosemberg. Ambos os esforços são realizados pela empresa de forma não
estruturada garantindo determinada capacidade inovativa (CAMPOS et al., 2004). Os esforços
de aprendizagem internos a firma são apresentados sinteticamente no Quadro 1.
49
Aprendizado por pesquisa
ou busca
(learning by searching)
Ligado a atividades expressamente
dirigidas à criação de novos
conhecimentos
Gera a introdução de inovações
incrementais e radicais.
Aprendizado por experiência
(learning by doing)
Ligado ao processo produtivo da
empresa.
Gera fluxo contínuo de
modificações e inovações
incrementais em processos e
produtos.
Aprendizado por uso
(learning by using)
Ligado a adaptação da firma a
novas tecnologias. Gera
conhecimento altamente tácito.
Propicia aumento na eficiência
produtiva.
Quadro 1 – Esforços de aprendizado interno
Fonte: Adaptado de Cassiolato (2004)
Em relação aos esforços externos de aprendizagem, destacam-se as relações interativas
com outras firmas e organizações, obtidos através do relacionamento com usuários e
fornecedores ao longo da cadeia produtiva. Esses esforços podem caracterizar aprendizagem
por interação - learning by interacting, estudadas por Lundvall; aprendizado por imitação -
learning-by-imitating, que é gerado a partir da reprodução de inovações introduzidas por
outra firma (de maneira autônoma e não cooperativa), e o aprendizado por cooperação -
learning-by-cooperating, resultado de processos colaborativos com outras empresas,
concorrentes ou não.
Cassiolato (2004) ressalta que o aprendizado interno é condição necessária para
obtenção de aprendizado externo, pois a empresa deve possuir capacidades de receber,
elaborar e assimilar o conhecimento obtido. Assim, a compreensão da dinâmica dessas formas
de aprendizagem está relacionada às possibilidades de transferência de informações e
conhecimentos, que favorecem o processo de geração de inovação (CAMPOS et al., 2004).
Por sua vez, Brito (2004, p.11) afirma que o processo de capacitação implica tanto
uma maior capacidade para identificar oportunidades relacionadas à evolução do ambiente
como para identificar os gargalos decorrentes da ausência de conhecimento em áreas críticas.
Sendo que no primeiro caso, o processo de capacitação pode ser correlacionado a práticas de
prospecção tecnológica, na busca de novas oportunidades que permitam ganhos diferenciais
para empresas inovadoras, e no segundo caso, trata-se de avaliar a capacidade da firma
identificar prioridades adjacentes de seu esforço de melhoria, em termos dos níveis de
capacitação, que deveriam ser objeto prioritário de ações corretivas dos pontos de
estrangulamento.
3. METODOLOGIA
A fim de atingir os objetivos propostos neste trabalho, o método utilizado dividiu-se
em duas fases, uma qualitativa e outra quantitativa. No entanto, realizou-se em primeiro
momento, uma sistemática revisão de literatura com foco na origem e evolução da indústria
de móveis no contexto mundial e brasileiro procurando destacar a importância econômico-
financeira desta indústria.
A fase qualitativa constou de entrevistas por pautas (semi-estruturadas) com os
responsáveis pelas associações de classe e instituições de ensino e pesquisa atuantes no pólo
produtivo de móveis na região de Bento Gonçalves (RS). Entre estas instituições
respondentes, pode-se citar a MOVERGS Associação das Indústrias de Móveis do Estado
do Rio Grande do Sul, o SINDMÓVEIS – Sindicato das Indústrias da Construção e do
Mobiliário de Bento Gonçalves RS, o SENAI/CETEMO Centro Tecnológico do
Mobiliário e, o SEBRAE Serviço de Apoio às Micros e Pequenas Empresas no Rio Grande
do Sul – Unidade Regional de Negócios Caxias do Sul.
A indústria de móveis da região serrana conta também com a atuação da UCS
Universidade de Caxias do Sul Campus Universitário da Região dos Vinhedos, que
disponibiliza o Curso Superior de Tecnologia em Produção Moveleira. Porém, esta instituição
não demonstrou interesse em responder à pesquisa, fato que nos levou a caracterizar sua
atuação na região com dados secundários.
De acordo com Gil (1999, p. 120), a entrevista por pautas “apresenta certo grau de
estruturação, que se guia por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai
explorando ao longo de seu curso”. O entrevistador faz poucas perguntas diretas, permitindo
ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, permitindo um conhecimento do tema
pesquisado.
O objetivo desta fase foi coletar junto aos gestores dessas instituições a forma de
atuação no arranjo produtivo, bem como as ões realizadas no que diz respeito à difusão de
informações e geração/incorporação de inovações, buscando identificar as principais sinergias
entre empresas e instituições.
A segunda etapa da pesquisa (quantitativa), corresponde à coleta de dados junto às
empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais atuantes no aglomerado produtivo de
51
Bentos Gonçalves (RS), referentes às variáveis apresentadas pela literatura em relação à
temática proposta neste estudo. O objetivo desta fase foi identificar a existência e a
importância atribuída pelos agentes às inovações de produtos, processos e organizacionais, a
partir do ano de 2000, na indústria em estudo. Buscou-se também identificar as principais
fontes de informações para as inovação utilizadas pelas empresas, a existência de parcerias
entre as empresas e entre estas e as instituições, além de abordar as principais vantagens
percebidas pelas empresas em relação à atuação em uma região especializada na produção de
móveis.
3.1 Método de pesquisa
A pesquisa tem um caráter descritivo. De acordo com Gil (1999), as pesquisas
descritivas têm como característica primordial a descrição de um fenômeno ou o
estabelecimento de relação entre as variáveis e são desenvolvidas com o objetivo de obter
uma visão geral acerca de determinado fato.
3.1.1 População
A população-alvo desta pesquisa foram às firmas produtoras de móveis retilíneos
residenciais, atuantes no pólo produtivo de Bento Gonçalves (RS). Optou-se por trabalhar
com a população de empresas atuantes no segmento de móveis retilíneos residenciais com
sede em Bento Gonçalves (RS), cadastradas no SINDMÓVEIS e na MOVERGS, totalizando
95 empresas, conforme listagem em anexo (Anexo 3).
Tal escolha justifica-se pela concentração das empresas em um mesmo município,
evitando assim, a distinção de acesso aos benefícios do arranjo produtivo em função da
distância entre as instituições e as empresas. No que diz respeito à escolha do segmento,
justifica-se a opção, devido à intensidade tecnológica empregada na produção deste tipo de
móvel, visto que grande parte da produção de móveis, nos demais segmentos, possui caráter
artesanal onde a inovação ocorrer com menor intensidade.
Cabe ressaltar que a escolha das empresas cadastradas no SINDMÓVEIS e na
MOVERGS deu-se devido à representatividade destas instituições na indústria de móveis da
52
região serrana e também pela disponibilidade on line das listagens atualizadas dos seus
associados, fato que agilizou a pesquisa. Com base nestas listas foi realizado um cruzamento
de dados, excluindo-se as duplicidades de registro e, após, foram selecionadas apenas as
empresas produtoras de móveis do segmento escolhido para o estudo.
3.2 Modelo conceitual e variáveis explicativas
Buscando atingir os objetivos propostos, foi desenvolvido, com base no referencial
teórico apresentado, o modelo de análise da pesquisa (Figura 5).
Figura 5 – Modelo conceitual proposto
Entende-se que a inovação de produtos, processos e organizacional está no cerne da
competitividade das empresas, e a constante utilização de novas tecnologias e formas de
53
produção altera a dinâmica competitiva da indústria, formando um ciclo retro-alimentado a
cada estágio de evolução. Neste sentido, busca-se caracterizar a inovação nas empresas
produtoras de móveis retilíneos residenciais localizadas no arranjo produtivo de Bento
Gonçalves (RS), com foco na interação [ou falta dela] entre as instituições e as empresas.
A atuação em um arranjo produtivo local, caracterizado pela concentração em uma
mesma região e pela especialização na produção de móveis permite às empresas obterem
vantagens em termos de oferta de mão-de-obra especializada, proximidade de fornecedores de
equipamento e de insumos com agilidade na entrega e custos reduzidos, além de serviços
especializados voltados à indústria, infra-estrutura adequada e desenvolvimento de programas
governamentais. Somado a estas externalidades, a atuação de instituições representativas e de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) vinculadas à indústria de móveis retilíneos residenciais, é
importante agente na difusão de inovações tecnológicas. É nesse contexto que se concentra a
realização da pesquisa, onde a interação e a constante troca de informações configuram um
ambiente propicio para a geração de inovações. No entanto, em alguns casos estas
externalidades não são consideradas pelas organizações como fatores importantes. Deste
modo, busca-se na realização deste estudo, avaliar a importância percebida pelas empresas em
relação a localização no arranjo produtivo (APL) de Bento Gonçalves (RS).
As ações colaborativas são apresentadas como alternativas para as empresas
agregarem competências e habilidades que ainda o possuem individualmente. No modelo a
interação entre as empresas (item 1) será avaliada pela existência de ações cooperativas de
troca de informação e geração de inovações.
As parcerias entre as empresas e as instituições (itens 2 e 3) permitem a capacitação
gerencial e dos recursos humanos, realização de feiras e eventos, entre outras atividades para
a promoção do setor, além do desenvolvimento de pesquisa voltada à produção de móveis. As
empresas buscam nas instituições (item 2) informações para a atualização tecnológica,
viabilização para a participação em feiras e eventos nacionais e internacionais, apoio na
aquisição de maquinário e insumos para a produção, promoção de serviços especializados de
exportação e de divulgação dos produtos em novos mercados.
Por sua vez, as instituições disponibilizam às empresas (item 3) cursos de capacitação
dos recursos humanos, pesquisas voltadas ao desenvolvimento de novos produtos e processos,
a realização de feiras e eventos, além de atuarem em negociações coletivas e na intermediação
das relações de cooperação entre as empresas.
54
Os itens 1, 2 e 3 irão permitir a identificação dos agentes do arranjo produtivo local de
Bento Gonçalves (RS) e a identificação de parcerias tecnológicas e de sinergias entre as
empresas e entre estas e as instituições, visto que a atuação em arranjos interorganizacionais
tem sido apresentada como facilitadora da geração de inovações.
No que diz respeito às inovações (itens 4 e 5), tanto as empresas como as instituições
são atuantes na geração e difusão destas no arranjo produtivo. Ao desenvolverem suas
atividades, as empresas (item 4) estão sempre buscando a atualização e a melhoria dos seus
produtos, neste sentido, buscam agregar novos estilos e novas características técnicas, bem
como novos produtos para se manterem competitivas. Essa busca conduz as empresas a
introduzirem novos processos tecnológicos, através da aquisição ou desenvolvimento de
novas máquinas e equipamentos, alterando a configuração da planta de produção.
As inovações organizacionais, que contemplam a introdução de novas técnicas de
gestão, mudanças na estrutura organizacional, alterações nas práticas de marketing e de
comercialização, implantação de programas de qualidade, ente outros, são adotadas no mesmo
sentido de busca de permanência competitiva.
Em relação à atuação das instituições na geração e difusão de inovações (item 5),
questões relativas à realização de pesquisas voltadas ao desenvolvimento de melhorias em
algum segmento da cadeia de produção de móveis, difusão de atualizações tecnológicas são
importantes questões a serem avaliadas.
A identificação das ações internas das empresas e externas, entre os agentes do arranjo
produtivo, em relação às inovações possibilitará a caracterização das inovações na indústria
de móveis retilíneos residências da serra gaúcha.
3.3 Coleta dos dados
Para a coleta de dados junto às empresas foi aplicado um questionário (Anexo 1). Este
instrumento foi elaborado a partir das variáveis apresentadas pela literatura técnica, e incluiu,
além de perguntas relacionadas às características gerais das empresas (como número de
funcionários, propriedade do capital, principais linhas de produto, etc.), questões referentes à
natureza e intensidade dos vínculos entre os atores do arranjo, a utilização de inovação e a sua
55
relevância para a organização, as principais fontes de informação para a inovação e sua
origem.
Com relação à utilização de inovações foi utilizada uma escala nominal onde as
categorias são mutuamente excludentes (HAIR Jr. et al., 2005). A relevância dos fatores
questionados foi avaliada a partir da utilização de uma escala de importância, construída com
base na escala intervalar tipo Likert, considerando ser esta apropriada ao caráter descritivo da
pesquisa.
Segundo Hair Jr. et al. (2005), as escalas intervalares são utilizadas na tentativa de
mensurar atitudes, percepções, sentimentos, opiniões e valores utilizando escalas de
classificação, as quais se valem de afirmações em um questionário acompanhadas de
categorias pré-codificadas, onde o respondente iselecionar uma delas para indicar até que
ponto concorda ou discorda com a afirmação, ou seja, aponta sua intensidade.
Antes da coleta dos dados junto às empresas, os questionários foram validados através
de um pré-teste aplicado a duas empresas produtoras de móveis com sede no município de
Passo Fundo (RS), também filiadas às instituições que forneceram o cadastro, e através do
parecer dos dirigentes da MOVERGS e do SINDMÓVEIS, visto que estes também são
produtores de móveis.
Os instrumentos de coleta de dados foram remetidos por via postal, para as 95
(noventa e cinco) empresas que compõem a população deste estudo. No envelope constava
uma cópia do questionário numerado, para permitir a localização do respondente em caso
de inconsistência nas respostas, e também um envelope, identificado e selado, para a
postagem de retorno.
Devido ao baixo percentual de retorno dos instrumentos de pesquisa (apenas 6%), foi
realizado contato telefônico com as empresas, visando facilitar e motivar o preenchimento e a
postagem de retorno. Mesmo assim, após este primeiro contato, o percentual permaneceu
abaixo dos 10%, o que levou a realização de novos contatos, via telefone, por mais duas
tentativas. Os empresários alegavam não ter interesse em responder “mais pesquisas” pois
nunca retornavam os resultados e afirmavam que o tempo demandado para responder os
instrumentos era desperdiçado.
Somado a estes esforços, o questionário também foi remetido por e-mail a todas as
empresas, a partir da informação de que algumas não haviam recebido a primeira
correspondência. Diante das diversas ações empreendidas a pesquisa obteve um retorno de 27
56
(vinte e sete) questionários, o que representa 28,4% da população. Esse percentual é
considerado por Gil apud Marion Filho (1997) expressivo neste tipo de pesquisa, pois o nível
de devoluções dificilmente ultrapassa os 25%. No entanto, o volume de retorno dos
instrumentos limita a não fazer inferências e generalizações.
A coleta de dados junto às instituições coorporativas e de pesquisa e desenvolvimento
vinculadas à indústria produtora de móveis foi feita através de entrevistas por pautas (Anexo
2). No roteiro de entrevista foi destinada atenção especial às questões que contemplam as
ações referentes à difusão de informações e atualização tecnológica e o estabelecimento de
parcerias ou alianças entre as empresas e entre as empresas e instituições.
As entrevistas foram realizadas com prévio agendamento, e desenvolvidas pelo
pesquisador antes do inicio da coleta de dados junto às empresas. No momento das
entrevistas, também foram recolhidos materiais institucionais, folhetos, catálogos e
publicações que auxiliaram na construção da análise aqui apresentada.
Além dos dados da pesquisa de campo, foram utilizados, na pesquisa, dados
secundários obtidos através da revisão de bibliografia e de fontes oficiais (ABIMÓVEL,
MCT, CIC Bento Gonçalves).
3.4 Processamento e análise dos dados
Após o retorno dos questionários, foi realizada a análise crítica dos dados, observando
a existência de erros nas respostas, bem como questões que não foram respondidas. Os dados
foram tabulados com o auxilio do software SPSS 10.0.
As empresas foram classificadas de acordo com seu porte em função do número de
empregados, considerando como base a Lei 7.256 de 1984, utilizada pelo SEBRAE para
classificar as empresas industriais em microempresas até 19 empregados, pequenas de 20
a 99 empregados, médias de 100 a 499 empregados e grandes empresas com mais de 500
empregados.
Na análise dos dados quantitativos, além de estatística descritiva (freqüência, média,
desvio-padrão e coeficiente de variação), utilizaram-se métodos estatísticos não-paramétricos,
pois, nas questões referentes à adoção de inovação (produto, processo ou organizacional)
trabalhou-se com dados classificativos, mensurados em escala nominal, que segundo Siegel
(1975), não permitem a utilização de nenhuma técnica paramétrica.
57
Como o estudo, nesta fase, se propôs a verificar a existência de processos de inovação
para criar e inovar em produtos, processos e na própria organização, as escalas nominais
presentes no instrumento de coleta de dados são dicotômicas, constituídas de apenas duas
classes, exigindo, consoante Siegel (1975), a aplicação de prova binomial.
Para o autor, a distribuição binomial é uma distribuição amostral de proporções que se
podem observar em amostras aleatórias extraídas de uma população dicotomizada, caso da
população escolhida. A prova binomial é semelhante aos testes de aderência que, segundo
Stevenson (1981), são referentes a distribuições onde as hipóteses nula e alternativa devem
necessariamente especificar um tipo de distribuição.
Referente ao poder-eficiência da prova binomial, Siegel (1975) coloca que não
sentido em fazer qualquer indagação a este respeito, pois não existe técnica paramétrica
aplicável a dados nominais. Segundo o autor, os únicos testes estatísticos admissíveis para
comprovação de hipóteses relativas à distribuição entre categorias de dados nominais são os
não-paramétricos.
4. ASPECTOS DA INDÚSTRIA MOVELEIRA NO BRASIL E NO
MUNDO
4.1. Panorama mundial da indústria moveleira
Em sua origem, a produção de móveis era artesanal, de madeira maciça e sua
qualidade dependia da habilidade e da criatividade dos artesãos. Esse ofício era transmitido
pelos artesãos aos seus aprendizes, que após dominarem a habilidade passavam a produzir por
conta própria. A produção de móveis devido à especificidade das tarefas envolvidas reserva a
característica de ser intensiva em trabalho manual, sendo que o maquinário utilizado necessita
ser adaptado. Segundo Marion Filho (1997), essa característica explica, em tempos atuais, o
volume de pequenas empresas na indústria moveleira.
Os países da Europa, em especial Itália e Alemanha, são os detentores de maior
tradição na produção de móveis. Por ser um processo artesanal, o conhecimento era
transmitido ao longo das gerações, e a partir do processo imigratório, a habilidade de
produção foi difundida nas localidades onde se instalaram as colônias de imigrantes. A
disseminação dos hábitos de produção e das tecnologias desenvolvidas para a produção desses
bens faz da indústria de móveis uma indústria tradicional, de tecnologia “consolidada e
universal” (MARION FILHO, 1997, p. 10).
Até os anos de 1950, a produção visava atender exclusivamente os mercados internos
dos países produtores. A partir deste período, a indústria dinamarquesa voltou-se ao mercado
externo, sendo considerada a pioneira na exportação deste tipo de produto. Porém somente
após 1970, sob a liderança da Itália, é que o comércio internacional de móveis ganhou
destaque.
Os países desenvolvidos (países europeus, EUA, Canadá e Japão) lideram o comércio
internacional de móveis, e seus mercados internos, têm grande representatividade, pois os
móveis estão entre os bens de consumo em massa. Entre os países em desenvolvimento, os
paises da América Latina têm apresentado destaque na importação de móveis, porém a um
percentual de apenas 2% (QUADROS, 2002).
Os EUA lideram o mercado consumidor de móveis, respondendo a 1/5 das
importações mundiais, originados principalmente dos países asiáticos, em especial Taiwan e
59
China, mesmo assim, essa indústria apresenta baixo grau de dependência dos produtos
importados. A indústria norte-americana possui, em média, 4 mil empresas atuando nos
segmentos de móveis residenciais e de escritório, em madeira e metal, destacando-se como
grande exportador neste último segmento. As exportações dos EUA destinam-se
principalmente aos países do NAFTA
9
em função da proximidade geográfica e das reduzidas
tarifas de importação deste bloco econômico (QUADROS, 2002).
A Itália e Alemanha são consideradas os maiores exportadores de móveis mundiais. A
Itália atua nos segmentos de móveis de madeira e estofados, metal e plásticos, sendo detentora
de forte vantagem competitiva em todos os segmentos em que atua. Com foco no design
diferenciado, a elevada competitividade da indústria italiana pode ser atribuída a sua estrutura
industrial, altamente especializada e desverticalizada, onde as grandes empresas estão
voltadas ao mercado externo e as pequenas empresas, por sua vez estão voltadas ao
fornecimento de peças e componentes, trabalhando em regime de subcontratação.
Outro ponto de destaque na competitividade da indústria de móveis italiana é o
elevado grau de desenvolvimento das indústrias de máquinas e equipamentos para a produção
de móveis, possibilitando que a indústria esteja em constante processo de atualização
tecnológica. A atuação interativa entre essas indústrias possibilita a aquisição de
equipamentos baratos e adaptados às necessidades da produção moveleira local. Além disto, o
design italiano conseguiu determinar o padrão de consumo em outros países, em especial
Europa e EUA, devido a sua característica inovadora (QUADROS, 2002).
A Alemanha, por sua vez, ocupa o segundo lugar no ranking mundial de exportações e
de importações, diferenciando-se da Itália devido à elevada especialização em algumas linhas
de produtos, o que os obriga a importar para suprir a demanda nas demais linhas de móveis. A
indústria alemã possui estrutura altamente concentrada e verticalizada, reservando grande
competitividade nos segmentos baseados em economias de escala. Destaca-se também o grau
de desenvolvimento da indústria de máquinas e equipamentos que permite a atualização da
base técnica.
Em relação aos países asiáticos, Taiwan e China disputam a liderança entre os países
emergentes. O padrão de organização da indústria de móveis em Taiwan é
predominantemente de pequenas e médias empresas que trabalham em regime de
subcontratação. A produção é diversificada e apresenta vantagem competitiva nos segmentos
9
North American Free Trade Agreement – Área de livre comércio entre os EUA, Canadá e México.
60
de metal, madeira e plástico, sendo que, no primeiro, é possível desenvolver móveis com
maior valor agregado, porém a indústria não possui design próprio, seguindo a determinação
do importador, conforme Gorini (1998).
A China, por sua vez, destaca-se como exportador de móveis de vime, de menor
conteúdo tecnológico e intensivo em mão-de-obra, uma das principais fontes de vantagem
competitiva deste país. Porém, vem nos últimos anos ampliando sua participação na produção
e exportação de móveis de madeira e de metal.
De maneira geral, o modelo de organização da indústria moveleira mundial, segundo
Gorini (1998), é caracterizado pela presença de empresas especializadas em linhas específicas
de produtos, dedicadas a produzir commodities, sendo que a concorrência se via preços.
Isso se deve a utilização de um nível de atualização tecnológica, onde as máquinas e os
processos produtivos passam a determinar as formas do produto final, conduzindo a uma
padronização do produto.
4.2 A indústria de móveis no Brasil
No Brasil, a indústria de móveis apresenta produção geograficamente dispersa por
todo território nacional. Essa indústria despontou na década de 50, primeiramente em três
pólos localizados na cidade de São Paulo e em seus municípios vizinhos. Nas décadas
seguintes surgiram outros pólos no Rio Grande do Sul, nos anos 60, e Santa Catarina, na
década de 70. A Figura 6 apresenta a localização dos fabricantes de móveis no país.
Com uma estrutura fragmentada, a indústria brasileira de móveis é formada por
aproximadamente 16.112 empresas, sendo 75% micro, 21% pequenas, 2,3% médias e 1,7%
grandes empresas que geram mais de 195.000 empregos, em sua maioria de capital nacional,
segundo dados da ABIMOVEL
10
(2005). No entanto, o número total de empresas produtoras
de móveis, incluindo as informais, deve chegar a 50.000 empresas (COUTINHO et al; 2002).
10
Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário
61
Figura 6 – Concentração de fabricantes de móveis no Brasil
Fonte: ABIMÓVEL, 2005.
A maior concentração de empresas produtoras de móveis no país, encontra-se na
região centro-sul do país, que responde por 90% da produção nacional e 70% da mão-de-obra
do setor, constituindo, em alguns estados (RS; SC; SP; PR; MG; ES), pólos moveleiros, a
exemplo de Bento Gonçalves, foco deste estudo. O Quadro 2 apresenta os principais pólos
produtores de móveis do país, sua origem e período de consolidação:
62
Polo
moveleiro
Estado Empresas Empregados
Principais
mercados
Origem Consolidação
Ubá MG 310 3.150
MG,SP,RJ,
BA e
exportação
Empresas atraídas pela
instalação da Móveis
Itatiaia na década de 50.
Década de 80
Bom
Despacho
MG 117 2.000 MG - -
Linhares e
Colatina
ES 130 3.000
SP,ES,BA e
exportação
- -
Arapongas PR 145 5.500
Todos os
estados e
exportação
Iniciativa dos
empresários locais, com
apoio governamental.
(em particular do
município)
Década de 80
Votuporanga SP 85 7.400
Todos os
estados
Mirassol SP 210 8.500
PR,SC,SP e
exportação
Tupã SP 54 700 SP
Iniciativa dos
empresários locais.
Década de 80
São Bento do
Sul
SC 210 8.500
PR,SC,SP e
exportação
Instalação nos anos
60/inicio dos anos 70
com apoio
governamental
Década de 70
Bento
Gonçalves
RS 370 10.500
Todos os
estados e
exportação
Manufaturas de móveis
de madeira e metal,
originados da fabricação
de instrumentos musicais
e telas metálicas.
Década de 60
Lagoa
Vermelha
RS 60 1.800
RS,SP,PR,
SC e
exportação
- -
Quadro 2 – Principais Pólos Moveleiros no Brasil
Fonte: ABIMÓVEL (2005) e adaptação de QUADROS (2002).
Entre os estados produtores de móveis, São Paulo se destaca por concentrar
aproximadamente 80% da produção nacional, com predominância na produção de móveis de
escritório, correspondendo a cerca de 40% do faturamento do setor moveleiro. A indústria de
móveis paulista tem sua produção voltada para o mercado popular, originou-se no começo do
século passado, na cidade de São Paulo e em seus municípios limítrofes Santo André, São
63
Caetano e São Bernardo com o surgimento de pequenas marcenarias de artesãos italianos,
impulsionado pelo grande aumento do fluxo imigratório.
Em Mirassol (SP), o pólo produtor de móveis, com origem nos anos 40, apresenta uma
estrutura de mercado heterogênea, no que se refere ao porte e à origem das empresas. A
indústria conta com a atuação de empresas líderes (Fafá, 3D e Casa Verde) com grande porte
e tecnologicamente mais avançadas, e junto a esses produtores, verifica-se também a atuação
de um conjunto de PMEs que, na maior parte dos casos, surgiram do somatório do espírito
empreendedor e do conhecimento adquirido por ex-empregados das grandes empresas. O foco
da produção concentra-se nos móveis residenciais de madeira, sendo que as grandes e médias
empresas atuam no segmento de móveis retilíneos seriados, enquanto as pequenas atuam
quase exclusivamente na produção de móveis torneados de madeira maciça.
A indústria de móveis em Votuporanga (SP) é de criação recente, sendo que a empresa
mais antiga tem aproximadamente 40 anos de existência. Fundamental para o
desenvolvimento da indústria moveleira nessa região foi criação do projeto Pólo IPD –
Interior Paulista Design, fruto da associação de duas dezenas de empresas que tem por
objetivo explícito a construção de vantagens competitivas na produção de móveis residenciais
de madeira.
Por sua vez, na Grande São Paulo, localiza-se o “pólo” mais diversificado do país, ao
se comparar com os demais pólos moveleiros. A atuação das empresas pode ser dividida em
dois segmentos: o de móveis residenciais e o de móveis para escritório, sendo que o primeiro
segmento, é composto de PMEs, que fabricam móveis de madeira maciça sob encomenda, e
por grandes empresas, como a Bérgamo e a Pastore, que atuam na produção de móveis
retilíneos seriados. Já no segmento de móveis para escritórios, a indústria moveleira da
Grande São Paulo se destaca como líder nacional, com a atuação de grandes empresas, dentre
estas, destacam-se Giroflex, Fiel, Escriba, Securit, Italma, L’Atelier e Teperman, nomes de
referencia no segmento, segundo Quadros (2002).
O segundo principal Estado produtor de móveis é o Rio Grande do Sul, que em média,
representa 20% do valor da produção nacional, comercializada predominantemente no
mercado doméstico. Em terceiro lugar, destaca-se o Estado de Santa Catarina, que se dedica à
produção de móveis residenciais, sendo que o pólo situado em São Bento do Sul, é
responsável por aproximadamente 50% das exportações brasileiras de veis (COUTINHO
et al; 2002).
64
No pólo gaúcho, existem em média 4,1 mil fabricantes de móveis, sendo que 70%
situam-se na região de Bento Gonçalves, localizada a 130 km da capital Porto Alegre.
Responsável por 9% do volume de produção nacional, esse pólo tem sua produção voltada
principalmente para a fabricação de móveis retilíneos seriados (de madeira aglomerada, chapa
dura e MDF
11
), dedicados ao mercado interno, e também para a confecção de móveis de
madeira reflorestada, em pínus, para a exportação.
Em relação à magnitude sócio-econômica da indústria de móveis localizada em Bento
Gonçalves, foco deste estudo, apresenta-se na Tabela 1 o panorama comparativo com o
Estado e com o país, no ano de 2004. Verifica-se que, especificamente no município de Bento
Gonçalves, localizam-se 370 empresas produtoras de móveis que geram em média 10.500
empregos, representando aproximadamente 38% do total estadual.
Tabela 1 – Indústria de Móveis – Ano Base 2004
Brasil RS Bento Gonçalves
Empresas 16.000 4.100 370
Empregos diretos e indiretos 195.000 35.000 10.500
Faturamento do setor R$12,5 bilhões R$ 3,17 bilhões R$ 1,20 bilhões
Exportações do setor U$ 1,0 bilhão U$ 280 milhões U$ 76 milhões
Fonte: ABIMÓVEL, SECEX, MOVERGRS, SINDMÓVEIS.
A indústria moveleira de Bento Gonçalves surgiu a partir da chegada dos imigrantes
europeus, em especial os italianos, que se instalaram na região serrana do estado nas décadas
iniciais do século XX. Eram pequenos artesãos que vieram à América em busca de novas
oportunidades, e consigo traziam o conhecimento e habilidades de diversas profissões. Devido
à sua característica artesanal, a produção de móveis iniciou em pequenas marcenarias
buscando atender a demanda pessoal.
Marion Filho (1997) a partir de dados do SINDMÓVEIS apresenta a evolução da
indústria do mobiliário no Rio Grande do Sul, em três fases: Embrionária, Artesanal e
Industrial. A fase embrionária compreende o período até 1909, quando os agricultores
imigrantes produziam móveis para suprir suas necessidades, sendo que, a partir da
especialização da produção, passou-se a vender móveis básicos como pias, camas, cadeiras e
11
O painel de aglomerado é formado a partir da redução da madeira em partículas que o depois impregnadas
com resina sintética para formar um colchão que, pela ação controlada de calor, pressão e umidade, transforma-
se no painel. Por sua vez, o painel de MDF é produzido a partir de fibras de madeira, aglutinadas com resinas
sintéticas através de temperatura e pressão, possuindo consistência similar à da madeira maciça (GORINI, 1998).
65
armários. A fase artesanal (1910 a 1954) é marcada pela produção de móveis sob medida,
melhor aprimorada em termos de acabamento e detalhamento. Os artesãos passam a empregar
outros trabalhadores, e por volta de 1940, surgem os móveis seriados vendidos em lojas. A
fase industrial foi marcada pela instalação da Fabrica de Móveis Barzenski, em 1955, que
implantou a divisão do trabalho na fabricação de móveis, não exigindo do empregado o pleno
conhecimento do processo produtivo. O setor moveleiro gaúcho conta com a atuação de
importantes instituições representativas das empresas, que será apresentado a seguir no item
5.1.
A indústria moveleira de Santa Catarina está concentrada no Vale do Rio Negro, mais
especificamente nos municípios de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre. Com
origem nos anos 1950, fruto da atividade dos imigrantes alemães, dedicava-se à produção de
móveis coloniais de alto padrão. Nos anos 1970, a produção volta-se para os móveis escolares
e cadeiras de cinema (QUADROS, 2002). Sendo o principal exportador de móveis do Brasil,
São Bento do Sul conta com a atuação de empresas de renome, entre elas destacam-se:
Rudnick, Artefama, Neumann, Leopoldo, Zipperer, Weiherman, Serraltense e Três Irmãos.
A atuação de instituições de apoio à indústria, com destaque ao SENAI FETEP
Fundação de Ensino, Tecnologia e Pesquisa de São Bento do Sul, e o CIN Centro Nacional
de Negócios, tem agregado, ao pólo de São Bento do Sul vantagens em termos de qualificação
de mão-de-obra e coordenação e apoio a exportações.
Por sua vez, o pólo de Ubá, em Minas Gerais, surgiu por volta de 1950, com a
instalação da empresa Itatiaia, considerada a maior produtora nacional de móveis. Com foco
de produção em armários de aço para cozinha. Junto a essa empresa, instalou-se uma série de
pequenas empresas produtoras de móveis residenciais de madeira, destinados a atender o
mercado interno. Em Arapongas, no Paraná, a produção é voltada para móveis populares
destinados ao mercado interno, em especial no segmento estofados. Uma característica
marcante deste pólo é um apreçamento cooperativo entre as empresas, que permitiu em 1997,
a construção de um grande centro de eventos para a realização da Movelpar – Feira de Móveis
do Paraná.
A criação destes pólos produtores de móveis implementados a partir de iniciativas
empresariais, somadas aos estímulos governamentais, testemunha a capacidade empresarial de
nossas "famílias" de empreendedores que, com estímulos apropriados, conseguiram
rapidamente responder aos quesitos de capacitação produtiva e de adaptação à demanda
interna (ABIMÓVEL, 2001, p 3).
66
Como em todo o mundo, a indústria brasileira de móveis apresenta alto grau de
fragmentação e caracteriza-se principalmente pelo elevado número de empresas de pequeno
porte (micro e pequenas), familiares, tradicionais e de capital majoritariamente nacional, com
grande absorção de mão de obra. Segundo Coutinho et al. (2002), na indústria moveleira a
maioria dos estabelecimentos tem até 20 empregados. Em contraste, existe um reduzido
número de empresas de grande porte, tecnologicamente avançadas que garantem vantagem
competitiva pelo volume de produção e pela tecnologia empregada.
A abertura da economia e a ampliação do mercado interno, somadas à estabilidade
econômica e a redução dos custos indiretos, têm introduzido novos consumidores, antes
excluídos. Segundo Gorini (1998), a demanda de móveis varia diretamente com o nível de
renda da população e acompanha o comportamento de outros setores da economia, como, por
exemplo, o da construção civil, sendo que os estilos culturais e as mudanças nos padrões de
consumo também interferem.
Na Tabela 2, apresentam-se alguns dados econômicos que corroboram a magnitude
desta indústria, destes valores 60% refere-se a móveis residenciais, 25% a móveis de
escritório e 15% a móveis institucionais, escolares, médico-hospitalares, móveis para
restaurantes, hotéis e similares, segundo a ABIMÓVEL (2005).
Tabela 2 - Faturamento do setor - milhões de US$
Ano 2000 2001 2002 2003 2004
Produção/Faturamento 4.815 4.129 3.457 3.587 4.271
Consumo 4.443 3.749 3.002 2.995 3.422
Exportação 485 479 533 662 941
Importação 113 99 78 70 92
Export/Produção (%) 10,1 11,6 15,4 17,2 22,0
Import/Consumo (%) 2,5 2,6 2,6 2,3 2,6
Fonte: ABIMÓVEL, 2005.
A indústria, nos últimos anos, frente ao aumento nas exportações, hoje representando
22% do total produzido, procurou adotar inovações e adaptações nos seus produtos, processos
e organizações para se manter competitiva no mercado externo. Entre os principais
exportadores, estão Santa Catarina com aproximadamente 50% da exportação total, em
segundo o Rio Grande do Sul com 29%, seguidos do Paraná com 9,7% e São Paulo com 7,2%
do total exportado em 2004 (ABIMÓVEL, 2005).
67
Em estudo sobre a competitividade do setor, Coutinho et al. (2002), citando o trabalho
do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, aponta uma significativa
diferença de competitividade entre os pólos. O autor destaca que somente os pólos dos estados
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em especial este último, têm vel de qualidade e
competitividade compatível com o mercado externo. Os demais pólos apresentam
insuficiências variadas, relativas à falta de qualidade, ao uso de equipamentos obsoletos,
carência de mão-de-obra especializada, falta de cultura exportadora, dentre outras questões.
As principais fontes de competitividade da produção de móveis concentram-se em
questões de tecnologia, especialização da produção, design, mão-de-obra e canais de
distribuição. Por se tratar de uma indústria caracterizada por empresas de pequeno porte,
verifica-se grande diversidade tecnológica, sendo necessário investir em montantes
significativos para atualizar e capacitar essas empresas.
A indústria de móveis, a exemplo das indústrias de transformação, desde a abertura
comercial, tem passado por densas transformações em seus processos de produção e nas
técnicas organizacionais, refletidas na organização da indústria, permitindo maior
flexibilidade e eficiência na produção (GORINI, 1998).
Por se tratar de uma indústria verticalizada, é necessário atender aos fatores de
competitividade de toda a cadeia de valor desde a produção de madeira até a fabricação do
móvel final, buscando terceirizar para reduzir custos, diversificar, e manter padrões de
qualidade. Mesmo assim, segundo Gorini (1998), a indústria de móveis tem revelado novas
formas de cooperação entre as empresas, destacando a grande capacidade de adaptação das
empresas, o que não extingue os empecilhos em relação a verticalização, tributação em
cascata, carência de fornecedores e baixos investimentos em P&D.
5. A AGLOMERAÇÃO INDUSTRIAL DE BENTO GONÇALVES: SEUS
ATORES E A GERAÇÃO DE INOVAÇÕES
Esta seção toma por base a pesquisa realizada no município de Bento Gonçalves (RS),
o qual é o centro da aglomeração produtiva da Serra Gaúcha. Além do significativo número
de empresas do setor
12
, o município abriga as sedes de importantes instituições vinculadas a
indústria de móveis, entre estas se destacam: a Associação da Indústria Moveleira do Rio
Grande do Sul MOVERGS, o Sindicato da Indústria da Construção e do Mobiliário
SINDMÓVEIS, o Centro Tecnológico da Madeira e do Mobiliário SENAI/CETEMO, e
ainda, o Curso Superior em Tecnologia Moveleira, ofertado no Campus Vale dos Vinhedos
da Universidade de Caxias do Sul – UCS, considerado o primeiro do país.
A pesquisa se desenvolveu em duas etapas, conforme já especificado no capítulo
referente à metodologia. Na etapa qualitativa, as entrevistas foram feitas com base em roteiros
e respondidas pelos dirigentes das instituições. Na fase quantitativa, os dados foram coletados
através de questionários enviados, por via postal, a 95 empresas do segmento de móveis
retilíneos residenciais, com sede em Bento Gonçalves (RS).
Considerando o caráter descritivo da pesquisa, busca-se através destes dados, elucidar
as ações empregadas e as relações entre os atores que compõem o arranjo produtivo de Bento
Gonçalves no tocante à geração de inovações.
No capítulo 2, encontra-se a base teórica que orientou a realização da pesquisa. No
entanto, cabe ressaltar que a inovação é entendida neste estudo, nos termos evolucionários,
como a busca, descoberta, experimentação, desenvolvimento, imitação e adoção de novos
produtos, processos e novas técnicas organizacionais, podendo ser radical ou incremental
(DOSI, 1988).
A indústria de móveis no Brasil, discutida no capítulo anterior, longe de ser um dos
segmentos mais significativos em termos de exportações e faturamento, destaca-se pela forma
de organização em aglomerações produtivas regionais (ROESE, 2001). Essas aglomerações
são importantes motores de desenvolvimento regional, fato corroborado pela participação
média de 75%
13
da indústria moveleira na economia do município de Bento Gonçalves (RS).
A seguir, apresentam-se os principais atores institucionais atuantes na aglomeração
moveleira de Bento Gonçalves, destacando suas ações e dificuldades. Ressalta-se que neste
12
Segundo informações da MOVERGS o município abriga 370 empresas que atuam no setor moveleiro.
13
Dados referentes ao período 1999 – 2003 – Hierarquia Sócio-Econômica de Bento Gonçalves, 32ª ed. 2004.
69
estudo busca-se enfocar a interação [ou falta dela] entre as instituições e entre estas e as
empresas na geração de inovações, fato que nos leva a descrever as principais ações
empenhadas pelos diferentes agentes a fim de não ocultar detalhes.
5.1 As ações institucionais voltadas à inovação no setor moveleiro
O reconhecimento de Bento Gonçalves como a maior aglomeração moveleira do
Estado, não se limita ao grande número de empresas que atuam no segmento. O município,
por sua tradição na produção de móveis, abriga o mais importante sindicato do setor no
Estado e também a instituição representativa em nível estadual, sendo o SINDMÓVEIS e a
MOVERGS, respectivamente, importantes atores no desenvolvimento da indústria.
A atuação de ambas as instituições, de acordo com Roese (2001), reserva elevado grau
de convergência, complementaridade e cooperação, mesmo sendo de natureza distinta (um
sindicato e outra representativa). Este fato foi também observado na realização desta pesquisa,
onde um dos respondentes apontou como característica da região a integração entre as
instituições na busca de soluções para o setor.
O SINDMÓVEIS foi criado em 1973 com o objetivo de representar e defender os
interesses das indústrias de móveis do município. Porém, sua atuação não se resume à
representação da classe, visto que a instituição tem participado e apoiado ações que visam
obter melhores condições de desenvolvimento para o setor, atuando em nível municipal,
estadual e mundial.
Entre as principais ações do SINDMÓVEIS destacam-se: a Movelsul Brasil e o Salão
Design. A Movelsul Brasil, é realizada em Bento Gonçalves (RS) a cada dois anos, desde
1977. É considerada a feira profissional do ramo moveleiro de maior representatividade na
América Latina, sendo consolidada como referência nacional e mundial, aproximando
fabricantes e mercados.
Paralelo a realização desta feira, desde o ano de 1988, ocorre o Salão Design
Movelsul, buscando atender a crescente exigência de aprimoramento do design de móveis. O
evento tem reconhecimento internacional e a cada edição conquista um número maior de
participantes, recebendo em sua última edição, no ano de 2004, mais de 1.100 inscrições entre
estudantes e profissionais, nacionais e estrangeiros, além de 59 empresas produtoras de
móveis.
70
Considerado um dos prêmios de design moveleiro mais importantes, é um marco de
referência para a inovação no setor, indicando caminhos para as indústrias no que diz respeito
a normas e tendências, não apenas em nível de Brasil, mas também de América Latina e
Caribe. O salão premia três modalidades de concorrentes, a saber: empresa, escritórios de
design e profissionais autônomos e estudantes, sendo priorizados os projetos com enfoque na
utilização de matérias-primas que não causam danos ao meio ambiente, buscando um
crescimento sustentável.
A MOVERGS, por sua vez, foi criada em 1987, com o objetivo de representar o setor
moveleiro gaúcho, frente ao seu crescimento visto que a atuação do SINDMÓVEIS limitava-
se ao município de Bento Gonçalves. A partir do ano de 2000, segundo seu diretor executivo,
a entidade, através da elaboração do seu planejamento estratégico, focou o desenvolvimento e
integração de toda a cadeia produtiva de móveis, buscando ser reconhecida como a melhor
entidade na articulação e desenvolvimento da cadeia produtiva moveleira.
Entre as principais ações da instituição direcionadas à produção de móveis, pode-se
destacar o Centro Gestor de Inovação Moveleira CGI, a Feira Internacional de Máquina,
Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira FIMMA BRASIL, e o Prêmio
Inovação.
Criado em 2002, o CGI tem como objetivo contribuir para a modernização industrial,
por meio de inovações técnicas e tecnológicas voltadas às empresas do setor moveleiro, com
ênfase na utilização da infra-estrutura laboratorial instalada na região. O projeto visa criar
condições para estimular a capacitação com vistas à inovação e à competitividade a partir da
interação (cooperação) por parte dos diferentes agentes que compõem a rede de instituições e
organizações existentes em Bento Gonçalves. A proposta do CGI, de acordo com Hansen
(2004), é um referencial da preocupação das instituições na busca de inovações para
desenvolver a indústria de móveis, através da atuação conjunta dos agentes regionais.
Outra importante atividade realizada pela MOVERGS é a Feira Internacional de
Máquina, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira – FIMMA BRASIL,
realizada em Bento Gonçalves desde 1993. Considerada a maior feira da América Latina e a
maior feira mundial do setor, conta com infra-estrutura adequada para atender aos
expositores e visitantes. A feira permite a difusão das tendências mundiais de produção, além
da divulgação das novas tecnologias disponíveis, permitindo a atualização das empresas sem
que estas precisem se deslocar da região.
Por sua vez, o Prêmio Inovação, outro fruto da atuação da instituição, visa incentivar
as empresas fornecedoras do Estado do Rio Grande do Sul a apresentar suas novidades e desta
71
forma, criar uma cultura de lançamento mundial de máquinas, matérias-primas e acessórios
no Brasil, tornando o Estado um centro de referência em tecnologia, capacitação e inovação
na cadeia produtiva da madeira e móveis.
Além dessas ações ambas as instituições desenvolvem outras atividades que visam o
desenvolvimento do setor, desde runs de discussão sobre a cadeia produtiva a prêmios de
incentivo à exportação, programas de garantia de crédito e principalmente o programa de
incentivo à participação em feiras e eventos, nacionais e internacionais, que permitem ao
empresário estar próximo ao seu cliente, conhecer suas necessidades e identificar tendências,
e desta forma, estar atento às inovações. É importante ressaltar que as ações são realizadas de
forma conjunta e cooperativa entre as instituições, sendo difícil fragmentar a participação e a
contribuição individual de cada uma delas.
O SEBRAE Serviço de apoio às micros e pequenas empresas no Rio Grande do Sul
Unidade Regional de Negócios Caxias do Sul, está aliado ao desenvolvimento do setor
moveleiro no pólo produtivo de Bento Gonçalves (RS). A instituição atua na capacitação do
empreendedor e das empresas por meio de ões promocionais, acesso a mercados e
atividades em grupos, que possibilitam a redução de custos e a troca de experiência entre as
empresas.
Entre as principais atividades do SEBRAE destacam-se: a realização de consultorias
gerenciais e tecnológicas nas empresas, buscando identificar as principais limitações,
formação de grupos setoriais focados na busca de alternativas competitivas e desenvolvimento
sustentável e a prospecção de novos mercados em nível nacional e internacional. Além da
realização de feiras e eventos em parcerias com a MOVERGS e o SINDMÓVEIS.
Um importante projeto desenvolvido pelo SEBRAE no setor moveleiro é o
Sebraexport Móveis Programa desenvolvido em parceria com MOVERGS e
SINDMÓVEIS, desde 1998, e que tem como objetivo o aumento das exportações de móveis
no Estado. O programa é subsidiado pelo governo federal através da Agência de Promoção de
Exportações APEX e promove ações de promoção comercial e capacitação de empresas do
setor moveleiro para a atuação no mercado externo. O ingresso no mercado internacional é
facilitado através de apoio na participação em feiras, organização de missões comerciais,
realização de prospecções de mercado, organização de rodadas de negócios, apoio temporário
a consultorias comerciais e a capacitação das empresas.
A exemplo do programa anterior e com o intuito de desenvolver o setor de acessórios
e componentes para móveis, o SEBRAE desenvolve o Sebraexport Acessórios e
Componentes para Móveis programa desenvolvido para incentivar a exportação de
72
acessórios e componentes para móveis, com o objetivo de ampliar as exportações do setor e
desta forma provocar uma atualização dos produtos vendidos no mercado nacional.
Também merece destaque o Projeto APL de Móveis da Serra Gaúcha com início em
janeiro de 2005, tem como objetivo promover o aumento da competitividade das micros e
pequenas empresas – MPE´s de móveis seriados, acessórios e componentes através da
conquista de novos mercados nacionais e internacionais. O projeto encontra-se em fase
incipiente e conta com o apoio da MOVERGS e do SINDMÓVEIS.
Devido ao seu foco de atuação, o SEBRAE no pólo moveleiro de Bento Gonçalves é
um ativo apoiador dos programas desenvolvidos pelas demais instituições vinculadas à
indústria de móveis.
Aliadas à atuação destas instituições, a cidade de Bento Gonçalves abriga também
importantes instituições que atuam na formação de recursos humanos através da educação
tecnológica, destacando-se o SENAI/CETEMO e a UCS.
O SENAI/CETEMO Centro Tecnológico do Mobiliário desenvolve suas atividades
desde 1983, e atua na capacitação e na educação profissional em três níveis: básico, técnico e
superior, disponibilizando ao mercado profissionais capacitados, qualificados e aperfeiçoados.
Subordinado à direção regional do SENAI - Rio Grande do Sul, segue as diretrizes
determinadas por um conselho consultivo formado por representantes da indústria moveleira,
da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul FIERGS, do governo estadual,
por técnicos do SENAI e pelo diretor do CETEMO.
Com estrutura pouco burocrática, organizada por funções centradas em dois grandes
núcleos, o administrativo e o técnico, a atuação do CETEMO é caracterizada por estreitas
relações com as entidades representativas do setor e pela agilidade na prestação dos serviços,
especialmente os demandados pelas empresas de Bento Gonçalves (ROESE, 2001).
Entre as principais atividades do Centro voltadas ao aprimoramento da produção de
móveis destacam-se: a pesquisa aplicada e assessoria tecnológica, e na área de educação
tecnológica, através de cursos de aprendizagem, treinamento e qualificação.
Em relação à pesquisa aplicada, o SENAI/CETEMO trabalha visando à introdução de
inovações incrementais, através do desenvolvimento de novos materiais, processos e
produtos. Além de atuar no desenvolvimento do design, na orientação em termos de
embalagens e normalização para exportações, a instituição disponibiliza para a região
laboratórios físico-químicos e físico-mecânico para teste de novos materiais, maquinários e
componentes.
73
A assessoria tecnológica desenvolvida pelo Centro é oferecida às empresas da cadeia
produtiva moveleira visando à melhoria da produtividade, desde organização do layout,
gestão de processos e desenvolvimento de novos produtos, com forte atuação em design,
buscando o aumento da competitividade. Quando solicitados pelas empresas a instituição
desenvolve todo o planejamento, testagem e implantação das mudanças.
Na área de educação tecnológica, o SENAI/CETEMO oferece cursos de
aprendizagem, treinamento e qualificação, com ênfase na indústria de veis. Os cursos de
aprendizagem (de 1200 a 1600 horas/aula) são direcionados aos jovens de 14 a 18 anos que
complementam sua formação escolar com um curso profissionalizante. Esses jovens são
indicados pelas empresas e recebem delas bolsas de auxilio, sendo que no término do curso
realizam estágios que podem resultar em contratações.
Os cursos de treinamento são de menor duração (de 20 a 100 horas/aula) e tem o
objetivo de desenvolver habilidades e conhecimentos específicos as áreas de atuação. Seu
público alvo são pessoas já vinculadas à indústria, sendo algumas vezes solicitados por
empresas, podendo ser ministrados no seu interior. os cursos de qualificação (de 300 a 480
horas/aulas) têm demanda predominantemente regional, buscam formar profissionais para
atuar na indústria, a exemplo de desenho técnico de móveis, desenho técnico mecânico,
torneiro mecânico, etc.
O SENAI/CETEMO é referência nacional para o setor moveleiro, participando
ativamente das atividades de desenvolvimento tecnológico do setor. Entre as principais ações
destacam-se: o Núcleo de Informações Tecnológicas – NIT e a Incubadora Tecnológica
Moveleira.
O NIT tem função de obter, classificar, armazenar e possibilitar a difusão de toda a
informação tecnológica que possa interessar ao setor moveleiro. O Núcleo conta com um
acervo com informações atualizadas e publicações sobre normas cnicas, além do suporte
técnico de especialistas, que possibilitam às empresas soluções para problemas pontuais de
ordem produtiva ou de gestão, auxiliando-as na adaptação às novas tecnologias e formas de
organização da produção, a um custo relativamente baixo, se comparado ao mercado de
consultorias privadas. Além da atuação do NIT, o CETEMO é o responsável pela
normalização do setor moveleiro, atuando como coordenadores da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT para o setor.
Outra atividade do CETEMO é a Incubadora Tecnológica Moveleira, criada em 2003
em parceria com a MOVERGS, o SINDMÓVEIS e a Prefeitura Municipal de Bento
Gonçalves, com a finalidade de contribuir para o avanço da cadeia produtiva moveleira. A
74
incubadora atua na busca de inovações visando à substituição das importações e o
desenvolvimento de novos materiais, acessórios e componentes, máquinas e dispositivos,
ecodesing, sistemas de embalagens, softwares gerenciais, pós-venda, entre outros.
Roese (2001) destaca que a atuação do SENAI/CETEMO na pesquisa aplicada é
baseada em experimentos e no compartilhamento, de experiências e estrutura. Utiliza o
conhecimento disponível no mercado e foca a comercialização imediata dos produtos, o que
caracteriza a ação incremental da instituição na busca de inovações para o setor, e atende a
sua missão, que visa aumentar a capacitação para a utilização do conhecimento existente,
através da adaptação, da otimização e das aplicações de tecnologias e materiais.
Também merece destaque na formação de recursos humanos a Universidade de Caxias
do Sul – Campus Vale dos Vinhedos, que oferece o Curso Superior de Tecnologia em
Produção Moveleira, projeto pioneiro, implementado em 1994, a partir dos esforços conjuntos
do SINDMÓVEIS, MOVERGS e SENAI/CETEMO.
O Curso tem por objetivo formar recursos humanos em nível superior para a indústria,
com foco na produção de veis. Sua concepção, de acordo com Roese (2001, p. 168), “é
inspirada em cursos semelhantes existentes na França e no Canadá”. Tem carga horária de
1.890 horas distribuída entre disciplinas básicas e de formação profissional na área de
produção, em especial na produção de móveis, o curso é considerado um importante canal de
interação entre a universidade e o setor moveleiro.
Independente da natureza da instituição, os esforços apresentados acima corroboram a
preocupação em encontrar soluções para o desenvolvimento da indústria de móveis, através
da constante busca e difusão das inovações, da realização de pesquisas aplicadas à produção
de móveis e da formação de profissionais aptos a desenvolverem novos produtos e processos.
Além disto, destaca-se como uma característica da região a ação colaborativa entre as
instituições no desenvolvimento dos projetos, fato ressaltado pela maioria dos entrevistados.
As instituições procuram estar atentas às tendências mundiais de produção, buscando a
atualização em feiras e eventos nacionais e internacionais, e atuam como difusoras na região,
seja através da realização de feiras, workshops, treinamentos ou publicações de informativos.
As demandas regionais são identificadas através da interação com as empresas em fóruns de
discussão, visitas aos pólos produtores, consultorias tecnológicas, entre outras.
De maneira geral, entre os respondentes das entrevistas, quando questionados sobre a
atuação da instituição no incentivo de parcerias tecnológicas entre as empresas produtoras de
móveis retilíneos residenciais, observa-se a existência de incentivos indiretos à realização
destas parcerias em toda a cadeia produtiva, em especial na aproximação de fornecedores e
75
compradores, para a identificação de necessidades e da troca de informações e conhecimentos
sobre novos insumos.
O desenvolvimento de fóruns de tecnologia e de grupos de estudos viabiliza a
interatividade entre as empresas e as instituições, e permite a discussão dos principais
gargalos da cadeia produtiva. Além disto, o desenvolvimento do Programa APL de Móveis da
Serra Gaúcha, apresentado anteriormente, traz em sua proposta o incentivo à realização de
parcerias entre as empresas.
No tocante a parcerias entre as instituições, reservadas as particularidades em termos
de natureza de atuação, é consenso entre os respondentes a forte integração entre MOVERGS,
SINDMÓVEIS, SENAI/CETEMO, UCS e SEBRAE, na realização dos projetos voltados ao
desenvolvimento da indústria. As parcerias o mantidas não somente em vel regional, mas
também com instituições atuantes em nível nacional, destacando-se a Associação Brasileira
das Indústrias do Mobiliário ABIMÓVEL. Registram-se parcerias também com órgãos
governamentais, entre eles: Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais
SEDAI, Ministério da Ciência e Tecnologia MCT, Agência de Promoção de Exportações
APEX, e agências de fomento (BRDE, CAIXA/RS, FINEP). Porém, nenhuma das instituições
que responderam à pesquisa atua na captação de recursos para a geração de inovações nas
empresas.
Apesar da atuação das instituições e do desenvolvimento dos diversos projetos
relacionados, a demanda por informações sobre inovações por parte das empresas é
considerada pequena. As empresas de maior porte agem individualmente na prospecção de
informações e de soluções. as micro, pequenas e médias empresas MPME´s, apesar de
estimuladas pelas instituições, são muitas vezes resistentes às mudanças devido à visão de
curto prazo e à manutenção do foco na produção e na excelência tecnológica (era da máquina)
e não na agregação de valor, fato considerado de forma unânime como o principal desafio a
ser vencido em termos de geração de inovação na indústria de móveis da região serrana.
O fato de a região ser especializada na produção de móveis, agrega alguns fatores
positivos que contribuem na geração de inovações. Entre os principais, apresentados pelas
instituições, destacam-se a concentração de grandes empresas consideradas como modelos,
que atuam como difusoras de inovações; a infra-estrutura voltada ao desenvolvimento de
pesquisas; e a facilidade de difusão das novas tendências. A realização de feiras internacionais
e eventos voltados à divulgação do setor moveleiro, aproxima os fornecedores e compradores
e abre um canal para a discussão e busca de soluções. Outro fator importante é a qualidade do
76
fornecedor local, que vem sendo sistematicamente desenvolvida para atender às demandas
locais, bem como a existência de agentes especializados em logística e exportação.
Esses fatos, somados ao envolvimento entre as entidades representativas e de pesquisa
e desenvolvimento, e a integração existente entre os agentes atuantes no arranjo produtivo
moveleiro, são apresentados como facilitadores de inovações, ampliando a competitividade da
indústria em estudo.
Em relação à competitividade da indústria local, ressalta-se que muito ainda necessita
ser feito, em especial no que diz respeito a design, pois as empresas não realizam
investimentos suficientes neste fator, sendo consideradas excelentes copiadoras de tendências,
pois mesmo quando realizam investimentos no design ficam atreladas a cópias dos produtos
vendidos no mercado internacional, segundo os dirigentes do SINDMÓVEIS.
Esse fato é corroborado pela entrevista da gestora de projetos do SEBRAE, que relatou
sua experiência em uma rodada de negócios, "depois de receber material de aproximadamente
30 empresas, um comprador externo afirmou que se fosse retirado o nome da empresa de cada
folder o mesmo não saberia diferenciar uma da outra, pois os produtos são muito próximos”.
Diante disto, um grande desafio a ser vencido é fugir da produção de “commodities”, para
isso torna-se necessário romper com a cultura de uso de tecnologias específicas e apostar na
criatividade.
O investimento em design criativo favoreceria a competitividade externa e permitiria
enfrentar a concorrência com a China, que possui o mesmo nível tecnológico das empresas
produtoras de móveis de Bento Gonçalves, pois adquirem maquinários dos mesmos países
(Itália e Alemanha). No entanto, a indústria chinesa não apresenta a mesma preocupação
social, além de não ter os mesmos encargos tributários existentes no Brasil. Segundo o
SINDMÓVEIS, as empresas da região demonstram preocupação com a estabilidade do
emprego, pois entendem que muitas famílias da região dependem da renda oriunda do
trabalho na indústria moveleira.
Além da questão do design, acresce que as empresas locais, em especial as MPE´s,
não apresentam preocupação em conhecer o mercado (varejo e externo), não investem nos
colaboradores (inexiste plano social e benefícios) e não mantêm profissionais qualificados
para atender os clientes externos, ficando na dependência dos agentes de exportação. A falta
de capacitação das empresas para utilizar os dados que possuem é outra preocupação, pois os
resultados de pesquisas realizadas pelas instituições locais chegam até a empresa e esta não
sabe como agir na busca de melhorias.
77
As instituições vêm agindo gradativamente na busca de soluções e no incentivo de
melhorias ao longo da cadeia produtiva de móveis através do desenvolvimento dos programas
citados anteriormente. Porém, tornar o móvel um bem de consumo de massa é outro grande
desafio a ser vencido pela indústria, pois vencer a cultura de que o bem deve durar para
sempre daria um grande impulso no mercado nacional. Todavia, essa questão contempla uma
grande mudança de comportamento dos consumidores, além de depender de uma conjuntura
socioeconômica favorável, pois o móvel é um bem elasticidade-renda positiva, ou seja, se
houver um aumento na renda haverá um aumento na demanda de móveis.
5.2 A geração de inovações pelas empresas atuantes no segmento de móveis retilíneos
residenciais
A indústria de móveis é caracterizada por um grande número de pequenas empresas,
predominantemente de capital nacional (GORINI, 1998). Neste estudo, observou-se que, das
empresas que responderam a esta pesquisa, todas são de capital 100% nacional, e a maioria se
classifica como empresa de pequeno porte. Utilizou-se como referência para a classificação, o
número de funcionários da empresa, com base na Lei 7.256/1984. A Tabela 3 apresenta o
panorama das empresas em relação a seu porte.
Tabela 3 – Classificação das empresas a partir do número de empregados
Número de Empregados Classificação Freqüência % das empresas
Até 19 empregados Micro 5 18,5
De 20 a 99 empregados Pequena 15 55,6
De 100 a 499 empregados Média 6 22,2
Mais de 500 empregados Grande 1 3,7
Total 27 100
Para fins de análise, os dados das empresas de médio e grande porte serão
apresentados de maneira conjunta, visto ter retornado apenas um questionário que se
classifique como grande empresa. Após uma análise crítica, verificou-se a proximidade das
respostas com as empresas de médio porte, fato que não altera os resultados do estudo.
Ressalta-se que o instrumento de coleta de dados apresentou questões com dados
classificativos, mensurados em escala nominal, onde as categorias são mutuamente
78
excludentes, bem como questões com escala intervalar, do tipo Likert
14
, além de questões de
múltiplas respostas. Portanto, as análises apresentadas a seguir não contemplam um
fechamento percentual em 100%, e sim o percentual de empresas que adotaram os diferentes
tipos de inovação e a respectiva importância atribuída a cada item.
As principais linhas de produtos fabricadas pelas empresas respondentes são: salas,
dormitórios, cozinhas, móveis para banheiros e móveis infantis, produzidos para o mercado
nacional e internacional. Em relação à atuação das empresas no mercado externo, constatou-
se que 18 empresas atuam neste mercado, destinando ao comércio externo um percentual
médio das vendas em torno dos 40%. No entanto, algumas empresas direcionam sua produção
quase totalmente à exportação.
A manutenção dessa estratégia, em longo prazo, pode vir a ser arriscada devido a
mudanças no ambiente macroeconômico. Essa preocupação tem sido foco de discussão entre
as lideranças do setor, buscando evitar o fechamento de empresas, a exemplo da indústria
coureiro-calçadista gaúcha que vem enfrentado grandes dificuldades em função da
valorização do real.
Por ser uma região com grande concentração de empresas produtoras de móveis, a
prática de subcontratação para a realização de partes do processo produtivo é bem difundida.
Entre as respondentes, 63% subcontratam outra empresa para a realização de etapas do
processo.
Em relação às inovações, tomou-se como período de referência a partir do ano de
2000. A escolha deste período visa captar as inovações adotadas após a reestruturação da
indústria, contemplando os esforços realizados posteriormente a inserção competitiva no
mercado, visto que a indústria de móveis, durante a década de 1990, passou por grandes
mudanças desde a abertura comercial. Neste período houveram significativos investimentos
destinados a modernização tecnológica e reestruturação das empresas.
Entre as empresas respondentes, verificou-se que, em sua maioria, adotaram pelo
menos um tipo de inovação de produto no período. A Tabela 4 apresenta o cenário das
inovações de produtos adotadas pelas empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais
no período 2000-2005.
14
A escala intervalar baseada em Likert foi utilizada na tentativa de mensurar as percepções dos empresários em
relação à importância atribuída a cada afirmação. Utilizou-se neste estudo, uma escala intervalar de importância
de quatro pontos, onde 1 significa que o item não se aplica, 2 que é pouco importante, 3 importante e 4 que o
mesmo é percebido de forma muito importante pela empresa.
79
Tabela 4 – Inovações de produtos adotadas no período 2000-2005
Inovações de Produtos
% de empresas que
adotaram a inovação
Produto novo para a sua empresa, mas já existente no mercado onde atua 85,2
Produto novo para o mercado nacional 66,7
Produto novo para o mercado internacional 48,1
Inovações pela utilização de novos materiais (matérias-primas e componentes) 55,6
Inovações no desenho dos produtos 88,9
Destaca-se entre as inovações de produtos, com 85,2% das empresas, à fabricação de
produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado. Este fato que pode ser
explicado por ser a indústria de móveis uma indústria tradicional, onde o resultado da
produção é relativamente simples (ROESE, 1999). Assim, as novidades lançadas por uma
determinada empresa se difundem no mercado, e outras empresas, desde que detentoras das
tecnologias necessárias, passam a produzi-las. Desta forma, a difusão dos produtos no
mercado caracteriza a geração de spillover, ou seja, a partir do lançamento dos produtos,
ocorre o transbordamento (disseminação) deste para a indústria.
Na indústria moveleira as tendências de produção são ditadas pelos países líderes, em
especial a Itália. Soma-se a essa característica, o fato de na indústria brasileira, as grandes
empresas do setor serem difusoras de tendências, pois ao lançarem novos produtos, estes são
rapidamente copiados pelas empresas seguidoras. Para as empresas inovadoras, a
apropriabilidade através de patentes sobre as inovações na indústria de móveis seria uma
forma de proteção e incentivo para os investimentos, pois garantiria os ganhos de
monopólio” nos termos schumpeterianos. Porém, essa prática ainda é incipiente,
especialmente no Brasil, onde os custos e a demora para a obtenção do registro são
apresentados como limitadores, não apenas para a indústria de móveis, mas para a indústria
como um todo.
Cabe observar, ainda na Tabela 4, o elevado percentual de empresas que alteraram o
desenho/estilo dos seus produtos, através de inovações em seu desenho, realizado por 88,9%
das empresas e da utilização de novos materiais, adotados por 55,6% dos respondentes. Isso
se deve ao fato de o móvel ter sua competitividade baseada em fatores como a organização da
produção e o desenvolvimento de novos produtos. Assim, o design é um fator importante a
ser observado pelas empresas. No entanto, cabe ressaltar que o conceito de design não
contempla apenas alterações no desenho ou estilo dos móveis, mas vários outros aspectos,
80
desde a diminuição do uso de insumos, a redução do número de partes e peças envolvidas
num determinado produto, além da redução do tempo de fabricação.
A questão do design tem sido uma constante preocupação na indústria de móveis da
região serrana. Como apresentado anteriormente, as diversas instituições que atuam
vinculadas à indústria de móveis, têm demandado esforços para aprimorar e desenvolver o
design dos produtos, fato que pode ter contribuído para os percentuais apresentados. Porém,
ainda existe forte resistência na realização de investimentos nesse fator, o que apontado como
um limitante competitivo para a indústria em estudo.
Outro fator que contribui para as inovações dos produtos são os programas
desenvolvidos junto aos fornecedores de insumos, especialmente para as empresas de
acessórios e componentes. Estas têm sido incentivadas a desenvolver produtos para a venda
no mercado externo, o que acaba por melhorar a qualidade do produto vendido internamente,
além de acompanhar as tendências de lançamento mundiais. As atividades do CETEMO,
através da pesquisa aplicada, também contribuem para as inovações com uso de novos
materiais, pois a instituição vem trabalhando junto aos fornecedores, buscando a melhoria
contínua dos insumos utilizados na produção moveleira.
Corroborando a análise acima, verifica-se através da prova binomial, apresentada no
Quadro 3, que as inovações através da adoção de produtos novos para a empresa, mas
existentes no setor de atuação e incorporação de inovações nos desenhos dos produtos,
apresentam diferenças significativas, a um nível de confiança de 95%, entre as empresas que
adotaram e as que não adotaram estas inovações, reafirmando a relevância dessas
incorporações.
Inovações de Produtos Category N
Observed
Prop.
Test
Prop.
Asymp. Sig.
(2-tailed)
Grupo 1 Sim 23 ,85 ,50 ,001
Grupo 2 Não 4 ,15
Produto novo para a sua empresa, mas
já existente no mercado onde atua
Total 27 1,00
Grupo 1 Sim 18 ,67 ,50 ,124
Grupo 2 Não 9 ,33
Produto novo para o mercado nacional
Total 27 1,00
Grupo 1 Sim 13 ,48 ,50 1,000
Grupo 2 Não 14 ,52
Produto novo para o mercado
internacional
Total 27 1,00
Grupo 1 Sim 15 ,58 ,50 ,556
Grupo 2 Não 11 ,42
Inovações pela utilização de novos
materiais (matérias-primas e
componentes)
Total 26 1,00
Grupo 1 Sim 24 ,89 ,50 ,000
Grupo 2 Não 3 ,11 Inovações no desenho dos produtos
Total 27 1,00
a Based on Z Approximation.
Quadro 3 – Prova binomial – Inovações de produtos
81
Verifica-se que entre as empresas respondentes é predominante a tendência de cópia
dos produtos lançados no mercado como forma de inovação de produtos, dado a
característica da industria de móveis de seguir às tendências internacionais de produção. As
alterações nos desenhos dos produtos são inovações incrementais incorporadas pelas
empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais.
A importância atribuída pelas empresas às inovações de produtos está ilustrada na
Figura 7. Verifica-se que as alterações no desenho/estilo do produto e as alterações nas
características técnicas são consideradas, respectivamente, muito importantes por 48,1% das
empresas e importantes por 63% dos respondentes. Da mesma forma, 70,4% das empresas
consideram muito importante à produção de um novo produto. Estes percentuais demonstram
a preocupação das empresas produtoras de veis retilíneos residenciais em inovar seus
produtos, mesmo que de maneira incremental, a fim de se manterem no mercado de forma
competitiva.
11,1 11,1
40,7
63
29,6
48,1
25,9
70,4
0
20
40
60
80
100
Alterações no desenho/
estilo
Alterações de
característicascnicas
(novos materiais)
Novo produto
Pouco Importante (%) Importante (%) Muito Importante (%)
Figura 7 – Relevância das inovações de produtos
Ao se observar os valores médios de importância atribuídos aos tipos de inovações de
produtos, apresentados na Tabela 5, verifica-se que independente do porte das empresas,
foram atribuídos valores muito próximos, sendo que as inovações por alterações no
estilo/desenho receberam valor médio de 3,57, as alterações de características técnicas de 3,15
e aos novos produtos foi atribuído média de 3,70. Assim, diante da escala de importância
atribuída (de 1 a 4), verifica-se que os grupos de inovações de produtos tendem a valores
82
próximos a 4,0, ou seja, são muito importantes para as empresas produtoras de móveis
retilíneos residências do arranjo produtivo de Bento Gonçalves.
Tabela 5 – Importância média das inovações de produtos
Inovações de Produtos
N Média
Desvio
Padrão
Micro 5 3,40 ,55
Pequena 15 3,27 ,80
Média 7 3,57 ,53
Alteração no estilo/ desenho
Total 27 3,37 ,69
Micro 5 2,80 ,84
Pequena 15 3,13 ,52
Média 7 3,43 ,53
Alteração de características técnicas
Total 27 3,15 ,60
Micro 5 3,40 ,55
Pequena 15 3,73 ,46
Média 7 3,86 ,38
Novo produto
Total 27 3,70 ,47
Deste grupo de inovações, o coeficiente de variação, que representa a variabilidade
relativa entre o desvio-padrão e a média, apresenta valor de 0,204 para as alterações no
estilo/desenho dos produtos, 0,190 para as alterações nas características técnicas e 0,127 para
os produtos novos. Estes coeficientes refletem a homogeneidade das respostas, pois se
observa a existência de uma dispersão em torno de 20% da média de importância atribuída
aos dois primeiro tipos de inovação, e de 12,7% em relação à média de importância atribuída
pelas empresas às inovações através da incorporação de produtos novos.
As inovações de processos são um importante grupo que envolve a introdução de
novos métodos, procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos. São considerados
processos novos, a introdução de inovações que diferem substancialmente daqueles processos
previamente utilizados pela empresa. Por sua vez, as mudanças tecnológicas são alterações
parciais em processos previamente adotados pela empresa, e caracterizam inovações
incrementais.
No Brasil, a indústria de móveis, após a abertura comercial, passou por significativas
inovações nos processos com a modernização de plantas produtivas. As empresas receberam
incentivos na década de 1990, para a importação de máquinas e equipamentos sem similares
nacionais, a fim de tornar a indústria nacional competitiva. Ressalta-se que é característica da
83
indústria de móveis a importação de tecnologia de produção dos países europeus,
especialmente da Itália, onde a indústria de bens de capital mantém intensa interatividade com
as empresas produtoras de móveis, e desta forma, desenvolve máquinas específicas para
atender a demanda da indústria moveleira.
Neste período, as empresas da região serrana, em especial as de médio e grande porte,
passaram por reestruturações e adotaram equipamentos automatizados, o que aumentou a
produtividade e reduziu o número de funcionários, alterando a relação capital/trabalho. A
título de exemplo, em uma empresa que contratava 1.200 funcionários, após a modernização
da sua planta passou a operar com pouco mais de 400 empregados.
Após esse impulso inicial, mesmo com o incipiente estágio da indústria de bens de
capital nacional, as empresas produtoras de móveis continuaram a incorporar novas formas de
produção. A proximidade do fornecedor e a realização de feiras internacionais na região
proporcionam a atualização das empresas em relação às inovações tecnológicas direcionadas à
produção de móveis. Soma-se a este fato, a atuação das instituições voltadas ao
desenvolvimento da produção moveleira, as quais através de pesquisas aplicadas, vêm
desenvolvendo novos equipamentos e formas de produção. A Tabela 6 apresenta os
percentuais de empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais que adotaram inovações
de processos no período 2000-2005.
Tabela 6 – Inovações de processos adotadas no período 2000-2005
Inovações de Processos
% de empresas que
adotaram a inovação
Processo tecnológico novo para a sua empresa, mas já existente no setor 77,8
Processos tecnológicos novos para o setor de atuação 40,7
Mudanças tecnológicas parciais em processos previamente adotados 81,5
Observa-se que apenas 40,7% das empresas adotaram processos tecnológicos novos
para o setor de atuação, e 77,8% das empresas adotaram inovações de processos já existentes
no setor. Esses percentuais apontam para a predominância de inovações de processos
baseadas na cópia dos padrões de produção já existentes no mercado, em especial no mercado
internacional. Em relação às mudanças tecnológicas parciais, 81,5% das empresas adotaram
alguma inovação em processos utilizados pela empresa, em sua maior parte, essas
mudanças ocorrem com a importação de máquinas e equipamentos. A predominância das
84
mudanças parciais se deve ao estágio de modernização da indústria de móvel local, que desde
seu impulso inicial na década de 1990, vêm ocorrendo na tentativa de otimizar a produção.
As inovações de processos, quando avaliadas através da prova binomial, mostrada no
Quadro 4, apresentam diferença significativa à 95% de confiança entre as empresas que
adotaram e as que não adotaram estas inovações referentes à incorporação de processos
tecnológicos já existentes para o setor e a mudanças tecnológicas parciais em processos
previamente adotados.
Inovações de Processos Category N
Observed
Prop.
Test
Prop.
Asymp. Sig.
(2-tailed)
Grupo 1 Sim 21 ,78 ,50 ,007
Grupo 2 o 6 ,22
Processo tecnológico novo para a sua
empresa, mas já existente no setor
Total 27 1,00
Grupo 1 Sim 11 ,41 ,50 ,441
Grupo 2 o 16 ,59
Processos tecnológicos novos para o setor
de atuação
Total 27 1,00
Grupo 1 Sim 22 ,81 ,50 ,002
Grupo 2 o 5 ,19
Mudanças tecnológicas parciais em
processos previamente adotados
Total 27 1,00
a Based on Z Approximation.
Quadro 4 – Prova binomial – Inovações de processos
A análise binomial reafirma a tendência da indústria de móveis em incorporar em seus
processos tecnologias desenvolvidas em países líderes em produção, ou seja, processos que
não são novos para o setor de atuação. Em relação às mudanças tecnológicas parciais em
processos previamente adotados, observa-se na indústria moveleira o desenvolvimento de
maquinário específico para determinadas etapas da produção. Estas inovações incrementais
nos processos também podem ser explicadas pela mudança tecnológica ocorrida na década de
1990, visto que este estudo contemplou o período 2000-2005, onde não seria possível
modernização radical, devido ao volume de investimento necessário. Diante desta análise, as
inovações de processos adotadas pelas empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais,
tendem a ser incrementais, pois a adoção de processos novos para o setor de atuação não
apresenta significância, admitindo-se um erro de 5%.
A produção de móveis, em muitas fases, demanda trabalho manual e maquinário
específico, fato que leva muitas empresas a desenvolverem internamente seus equipamentos e
processos de produção. Entre os respondentes, verificou-se que 48,1% das empresas
participaram diretamente do desenvolvimento das inovações de processos, internamente ou
85
em parceria com as instituições. Além disto, contatou-se que quase 30% das inovações de
processos foram desenvolvidas ou adquiridas no município de Bento Gonçalves, fato
explicado por ser uma região especializada na produção de móveis e abrigar quase todos os
segmentos da cadeia produtiva.
Em relação ao grau de importância atribuído aos tipos de inovação de processo,
observa-se, na Figura 8, que 51,9% das empresas consideram a incorporação de novos
equipamentos na atual planta industrial, muito importante, e 48,1% dos respondentes
consideram importantes as mudanças na configuração da atual planta industrial.
11,1 11,1
51,9
37,1
48,1
33,3
0
20
40
60
80
100
Incorporação de novos equipamentos
na atual planta industrial
Mudança na configuração da planta
industrial
Pouco Importante (%) Importante (%) Muito Importante (%)
Figura 8 – Relevância das inovações de processos
Em relação aos valores médios de importância atribuído aos grupos de inovações de
processos, apresentado na Tabela 7, constata-se que a incorporação de novos equipamentos na
atual planta industrial apresentou média de 3,33, com um coeficiente de variação de 0,249.
Comparando o valor dio a uma escala de 0 a 10, tem-se que este grupo de inovação
apresenta média equivalente a 8,32 (muito importante). Por sua vez, as inovações através de
mudanças na configuração da atual planta de produção, recebeu média de importância de
3,19, com dispersão de 24,7% ou, se comparado com a escala anterior, a média equivalente
seria 7,97, apresentando tendência ao mesmo grau de importância. Analisando os valores
atribuídos à importância dos diferentes tipos de inovação de processo em relação ao porte das
empresas, observa-se que existe pouca variação dos valores médios.
86
.Tabela 7 – Importância média das inovações de processos
Inovações de Processos
N Média
Desvio
Padrão
Micro 5 3,60 ,55
Pequena 15 3,20 1,01
Média 7 3,43 ,53
Incorporação de novos
equipamentos na atual planta
industrial
Total 27 3,33 ,83
Micro 5 3,20 ,45
Pequena 15 3,13 ,92
Média 7 3,29 ,76
Mudanças na configuração da atual
planta industrial
Total 27 3,19 ,79
Entre as inovações organizacionais destacam-se as introduções de novas técnicas de
gestão, as mudanças na estrutura organizacional, que contemplam as terceirizações, a
integração vertical, a substituição de setores e/ou departamentos, além da formação de redes
de cooperação. As mudanças nas práticas e conceitos de marketing, por sua vez, abordam as
questões referentes à marca, especificamente à criação e às mudanças no layout da marca.
as práticas de comercialização referem-se à logística e pontos de venda. Ainda, uma
importante forma de inovação organizacional o os programas de qualidade. A Tabela 8
apresenta os percentuais das empresas que adotaram inovações organizacionais no período
2000-2005.
Tabela 8 – Inovações organizacionais adotadas no período 2000-2005
Inovações Organizacionais
% de empresas que
adotaram a inovação
Implementação de novas técnicas de gestão 81,5
Implementação de mudanças significativas na estrutura organizacional 85,2
Mudanças significativas nas práticas de marketing 66,7
Mudanças significativas nas formas de comercialização 48,1
Implementação de programas de qualidade 37,0
Verifica-se entre os grupos de inovações organizacionais, a predominância de
empresas que adotaram mudanças na estrutura organizacional (85,2%) e a implementação de
novas técnicas de gestão (81,5%). Entre as mudanças adotadas na estrutura organizacional,
destacam-se as terceirizações e as substituições ou alterações nos departamentos,
respectivamente, consideradas importante por 48,1% e por 44,4% das empresas respondentes,
corroborando a análise apresentada em relação a subcontratação.
87
A integração citada como uma importante inovação organizacional, por
aproximadamente 30% das empresas, em especial as de médio e grande porte, visto a
estratégia de agregação de valor que vem sendo implementada na região, com a criação de
lojas próprias e atendimento especializado aos clientes. Em relação à produção de matérias-
primas, algumas empresas produzem internamente componentes para o acabamento do móvel
(puxadores, dobradiças, etc.). Por sua vez, as redes de cooperação foram apontadas por 33,3%
dos respondentes como uma prática que não se aplica na produção de móveis retilíneos
residenciais. As demais empresas (66,7%) atribuíram pouca importância a esse tipo de
inovação organizacional. Os percentuais atribuídos à atuação em redes chamam a atenção por
ser este tipo de arranjo organizacional apontado pela literatura técnica, como um importante
fator competitivo para as empresas de pequeno porte, tipo predominante na indústria em
estudo. Acredita-se que essa inovação organizacional não se aplique na produção de móveis
retilíneos residenciais, devido à especificidade de cada produto e a intensidade tecnológica
necessária ao processo de produção.
Observa-se ainda na Tabela 8 que 37% das empresas produtoras de móveis retilíneos
residenciais adotaram programas de qualidade no período de 2000-2005, e a maioria delas
são exportadoras, fato que pode ter sido influenciado pelas exigências do mercado externo em
termos de padrões e especificações.
Inovações organizacionais Category N
Observed
Prop.
Test
Prop.
Asymp. Sig.
(2-tailed)
Group 1 Sim 22 ,81 ,50 ,002
Group 2 o 5 ,19
Implementação de novas técnicas de
gestão
Total 27 1,00
Group 1 Sim 23 ,85 ,50 ,001
Group 2 o 4 ,15
Implementação de mudanças
significativas na estrutura organizacional
Total 27 1,00
Group 1 Sim 18 ,67 ,50 ,124
Group 2 o 9 ,33
Mudanças significativas nas práticas de
marketing
Total 27 1,00
Group 1 Sim 13 ,50 ,50 1,000
Group 2 o 13 ,50
Mudanças significativas nas formas de
comercialização
Total 26 1,00
Group 1 Sim 10 ,38 ,50 ,327
Group 2 o 16 ,62
Implementação de programas de
qualidade
Total 26 1,00
a Based on Z Approximation.
Quadro 5 – Prova binomial – Inovações organizacionais
A aplicação da prova Binomial para os diferentes tipos de inovação organizacional
apresenta resultado significativo para a implementação de novas técnicas de gestão, e para as
88
mudanças na estrutura organizacional, corroborando a análise anterior, onde estas inovações
foram predominantemente adotadas pelas empresas produtoras de móveis retilíneos
residências no período de 2000-2005, conforme apresentado no Quadro 5.
Na Figura 9 apresentam-se os percentuais atribuídos à importância das inovações
organizacionais. Verifica-se que entre os diferentes tipos de inovações organizacionais, 63%
das empresas respondentes consideraram importante a introdução de novas técnicas de gestão.
Em relação às alterações nas práticas de comercialização, 48,1% das empresas consideram
este fator muito importante, atribuindo um valor médio de 3,25, conforme a Tabela 8, apesar
de ter sido adotada por menos de 50% das empresas respondentes.
0
14,8
7,4
11,1
14,8
63
18,5
22,2 22,2
18,5
29,6
37
40,7
48,1
40,7
0
10
20
30
40
50
60
70
Introdução de
novas técnicas
de gestão
Mudanças na
estrutura
organizacional
Alterações nas
práticas de
marketing
Alterações nas
práticas de
comercialização
Programas de
qualidade
Pouco Importante (%) Importante (%) Muito Importante (%)
Figura 9 – Relevância das inovações organizacionais
Analisando-se os valores médios de importância em relação ao porte das empresas,
verifica-se que as microempresas atribuíram valores médios inferiores às empresas de maior
porte, com coeficientes de variação superiores a 40%. Esse fato pode ser justificado em
virtude de necessidade de as empresas de menor porte inovarem seus processos, para atender
com maior flexibilidade às demandas da produção, fato constatado na Tabela 7 (pág. 87),
onde as médias de importância atribuídas pelas microempresas às inovações de processos
tendem a 4, ou seja, são percebidas como muito importantes. Por sua vez, as demais
empresas apresentaram valores próximos à média de importância dos tipos de inovações,
conforme apresentado na Tabela 9.
89
Em relação aos coeficientes de variação dos tipos de inovações organizacionais,
constata-se que a importância atribuída aos programas de qualidade apresenta uma
variabilidade relativa, entre o desvio-padrão e a média, superior a 40%, ou seja, as respostas
são pouco homogêneas. As inovações através de mudanças nas práticas de comercialização,
nas praticas de marketing e na estrutura organizacional, exibem dispersão em torno de 30%.
No entanto, a introdução de novas técnicas de gestão mostra maior homogeneidade das
respostas, com coeficiente de 0,20.
Tabela 9 – Importância média das inovações organizacionais
Inovações Organizacionais
N Média
Desvio
Padrão
Micro 5 2,80 1,10
Pequena 14 3,21 ,43
Média 7 3,57 ,53
Introdução de novas técnicas de gestão
Total 26 3,23 ,65
Micro 3 2,33 1,15
Pequena 11 3,09 1,14
Média 7 3,43 ,79
Mudanças na estrutura organizacional
Total 21 3,10 1,04
Micro 3 2,67 1,15
Pequena 11 3,36 ,92
Média 7 3,29 1,11
Alterações nas práticas de marketing
Total 21 3,24 1,00
Micro 5 2,60 1,14
Pequena 13 3,31 1,03
Média 6 3,67 ,52
Alterações nas práticas de comercialização
Total 24 3,25 ,99
Micro 5 2,00 1,00
Pequena 13 3,08 1,32
Média 7 3,14 ,90
Programas de qualidade
Total 25 2,88 1,20
A incorporação de inovações não depende apenas dos esforços individuais das
empresas, mas também do somatório dos esforços das instituições públicas e privadas e das
políticas de incentivo e fomento. Assim, a ação conjunta das empresas produtoras de móveis,
dos fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos, somados aos esforços das
instituições representativas ou de pesquisa e desenvolvimento, no âmbito do arranjo produtivo
moveleiro de Bento Gonçalves, permite uma constante troca de informações e de
conhecimento entre os agentes.
90
Os esforços das empresas em investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D) e na aplicação dos seus resultados em novos produtos, processos e formas
organizacionais resulta em um processo contínuo de mudanças tecnológicas, exigindo
constante atualização. A origem das informações para a geração de inovações nas empresas
produtoras de móveis retilíneos residenciais, apresentada na Tabela 10, demonstra que os
esforços internos de P&D são considerados importantes por 33% dos respondentes, em sua
maioria pelas empresas de médio e grande porte, fato justificado pelo aporte financeiro
necessário para manter departamentos internos.
As universidades e centros tecnológicos são considerados por 51,9% das empresas
como importante fonte de informação para a geração de inovações. Da mesma forma, 63%
dos respondentes consideram importantes as informações divulgadas pelas associações e
instituições locais. A troca de informação com as empresas do setor, com os fornecedores,
com os representantes de máquinas e equipamentos e com os atacadistas é apontado como
relevante fonte de informações e atualizações pelas empresas.
A realização de feiras do setor em Bento Gonçalves é reconhecida como uma fonte
muito importante de informação por 63% dos respondentes. os congressos realizados em
outros estados do Brasil foi considerado importante por 51,9% das empresas.
Tabela 10 – Origem das informações para a inovação na indústria de móveis
Origem das inovações
Não se
aplica
(%)
Pouco
Importante
(%)
Importante
(%)
Muito
Importante
(%)
Departamentos de P&D da empresa 18,5 11,1 33,3 25,9
Consultorias especializadas contratadas 29,6 22,2 37,0 7,4
Universidades e Centros Tecnológicos 33,3 11,1 51,9 3,7
Representantes da indústria de máquinas e
equipamentos
3,7 22,2 63,0 11,1
Fornecedores de insumos e componentes 3,7 63,0 33,3
Compradores (atacadistas, varejistas) 7,4 14,8 29,6 44,4
Publicações especializadas 3,7 33,3 48,1 11,1
Troca de informações com empresas do setor 3,7 11,1 55,6 25,9
Informações divulgadas pelas associações e
instituições locais
3,7 7,4 63,0 25,9
Congressos e feiras do setor realizadas em
Bento Gonçalves
3,7 3,7 29,6 63,0
Congressos e feiras do setor realizadas em
outros municípios do RS
11,1 14,8 37,0 33,3
Congressos e feiras do setor realizadas em
outros estados do Brasil
7,4 11,1 51,9 29,6
Congressos e feiras do setor realizadas no
exterior
25,9 7,4 37,0 29,6
91
Em relação aos valores médios de importância atribuídos pelas empresas produtoras de
móveis, entre às origens das informações para a geração e inovações mostradas na Tabela 11,
destacam-se os congressos realizados em Bento Gonçalves (que obteve importância média de
3,52), a troca de informação com os fornecedores (3,30), e com os compradores (3,15).
Considerando a escala utilizada, constata-se que estes itens tendem a 4, sendo considerados
muito importantes pelas empresas.
Por sua vez, as informações divulgadas pelas instituições locais, exibe média de 3,11 e
a troca de informações com as empresas do setor recebeu importância média de 3,08.
Comparando estes valores em uma escala de 0 a 10, obtêm-se médias equivalentes a 7,7. Os
valores médios apresentados expressam o reconhecimento das empresas aos esforços locais
como fontes de informação para a atualização tecnológica.
Tabela 11 – Importância média das fontes de informação para as inovações
Origem das informações
Média
Departamentos de P&D da empresa 2,75
Consultorias especializadas contratadas 2,23
Universidades e Centros Tecnológicos 2,26
Representantes da indústria de máquinas e equipamentos 2,81
Fornecedores de insumos e componentes 3,30
Compradores (atacadistas, varejistas) 3,15
Publicações especializadas 2,69
Troca de informações com empresas do setor 3,08
Informações divulgadas pelas associações e instituições locais 3,11
Congressos e feiras do setor realizadas em Bento Gonçalves 3,52
Congressos e feiras do setor realizadas em outros municípios do RS 2,96
Congressos e feiras do setor realizadas em outros estados do Brasil 3,04
Congressos e feiras do setor realizadas no exterior 2,70
Em relação às parcerias entre as empresas e as instituições, observa-se na Tabela 12
que as atividades referentes ao desenvolvimento de novos produtos, novos processos, testes e
certificações, aproveitamento de resíduos e caracterização e seleção de matérias-primas, ou
seja, as atividades referentes à pesquisa aplicada, a atuação em parceria com o CETEMO é
predominante entre as instituições. Isto se justifica pela natureza da instituição, que atua e
92
desenvolve programas voltados à qualificação da produção moveleira, conforme apresentado
no item 5.1. As atividades realizadas pelas empresas em parcerias com o CETEMO são de
freqüência predominantemente ocasional.
Tabela 12 – Parcerias entre as empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais
e as instituições no arranjo produtivo local de Bento Gonçalves
(RS)
Ocasional
Recorrente
FORMA DE INTERAÇÃO
MOVERGS
(%)
SINDMÓVEIS
(%)
UCS
(%)
SENAI /
CETEMO (%)
SEBRAE
(%)
OUTRA
(%)
Freqüência
Desenvolvimento de novos produtos 8,3 16,7 12,5 37,5 8,3 16,7 X
Desenvolvimento de novos processos 16,7 11,1 5,6 55,6 11,1 X
Testes e Certificação 24,0 12,0 4,0 48,0 8,0 4,0 X
Aproveitamento de resíduos industriais 6,7 6,7 6,7 40,0 13,3 26,7 X
Caracterização e seleção de matérias-
primas
16,7 16,7 5,6 38,9 16,7 5,6 X
Realização de eventos/feiras 38,8 40,8 2,0 2,0 16,3 X
Participação em eventos 30,8 34,6 7,7 7,7 19,2 X
Cursos e seminários 22,2 30,2 11,1 11,1 17,5 7,9 X
Treinamento de Pessoal 17,9 12,8 10,3 35,9 12,8 10,3 X
Apoio na aquisição de insumos 31,3 31,3 6,3 6,3 25,0 X
Contatos e troca de informações 29,2 29,2 14,6 12,5 14,6 X
Promoção de consórcios de exportação 22,7 22,7 4,5 4,5 45,5 X
Entre as parcerias das empresas produtoras de móveis retilíneos residências, para a
realização e participação de eventos e feiras, bem com a realização de cursos e seminários e
atividades de troca de informação, as instituições com maior destaque são a MOVERGS, o
SINDMÓVEIS e o SEBRAE. Esta última instituição ganha destaque ainda na promoção de
consórcios de exportação. Estas atividades são realizadas com freqüência recorrente.
Ressalta-se que o objetivo desta análise é verificar a contribuição das instituições e não
classificá-las por ordem de importância, tendo em vista a distinta natureza de atuação.
Percebe-se que as empresas demandam informações e serviços prestados pelas instituições da
região, desde o desenvolvimento e aprimoramento técnico dos produtos e processos,
treinamento e qualificação da mão-de-obra, bem como a atualização e busca de informações,
além da prospecção de novos mercados.
As vantagens econômicas (as externalidades positivas) que podem ser obtidas por
empresas que pertencem a uma localidade onde predomina um setor produtivo específico,
93
dizem respeito ao fácil acesso a trabalhadores qualificados, dada a concentração local de mão-
de-obra especializada, a fornecedores de matérias-primas e a serviços correlatos à atividade
principal, o que contribui para criar um ambiente propício a inovações, além da atuação das
instituições representativas e de pesquisa. A Tabela 13 apresenta a importância atribuída as
externalidades da atuação no arranjo moveleiro da região serrana.
Tabela 13 – Principais vantagens associadas à localização da empresa em uma região
especializada na produção de móveis
Vantagens
Não se
aplica
(%)
Pouco
Importante
(%)
Importante
(%)
Muito
Importante
(%)
Infra-estrutura disponível 37,0 63,0
Disponibilidade de mão-de-obra especializada 25,9 74,1
Disponibilidade de serviços especializados 44,4 55,6
Custo da mão-de-obra 3,7 22,2 37,0 33,3
Existência de programas governamentais
direcionados à indústria
7,4 14,8 37,0 37,0
Proximidade com universidades e centros de
pesquisa voltados à produção de móveis
7,4 11,1 44,4 37,0
Proximidade com os fornecedores de insumos 11,1 51,9 37,0
Concentração de produtores 7,4 14,8 44,4 29,6
Atividades das instituições representativas 14,8 48,1 29,6
Em primeiro lugar, destaca-se a existência de mão-de-obra qualificada e com
habilidades específicas ao setor moveleiro, considerado por 74,1% das empresas como um
fator muito importante. A concentração de mão-de-obra especializada, não influencia, na
percepção dos empresários respondentes, o custo da mão-de-obra, haja vista o baixo
percentual atribuído a este fator como uma vantagem da atuação na região.
A infra-estrutura foi considerada uma vantagem muito importante para as empresas
atuantes na região (por 63% dos respondentes). A disponibilidade do parque de eventos, onde
são realizados as feiras internacionais, e diversos outros eventos, a exemplo de workshops
onde os fornecedores apresentam as inovações em termos de insumos. Bem como, fatores
como a proximidade das instituições representativas e a atuação dos órgãos públicos
municipais no desenvolvimento da indústria de móveis local, tem assegurado vantagens ao
desenvolvimento da infra-estrutura.
A concentração de fornecedores especializados de bens e serviços na região de Bento
Gonçalves permite às empresas a aquisição desses produtos a custos relativamente reduzidos,
94
fator importante para mais 50% dos respondentes. A prestação destes serviços especializados,
nas áreas organizacional e tecnológica, age como diferenciais competitivos das empresas
atuantes na aglomeração produtiva. Deste modo, as tarefas de provisão de informações
técnicas e de mercado, certificações de qualidade, assessoria técnica e organizacional são
feitas na região. A proximidade das instituições de pesquisa e desenvolvimento e de formação
dos recursos humanos são vantagens importante percebidas por 44% dos respondentes.
Tabela 14 – Importância média atribuída às principais vantagens associadas à localização da
empresa em uma região especializada na produção de móveis
Principais Vantagens
Média
Infra-estrutura disponível 3,63
Disponibilidade de mão-de-obra especializada 3,74
Disponibilidade de serviços especializados 3,56
Custo da mão-de-obra 3,04
Existência de programas governamentais direcionados à indústria 3,08
Proximidade com universidades e centros de pesquisa voltados à produção de móveis 3,11
Proximidade com os fornecedores de insumos 3,26
Concentração de produtores 3,00
Atividades das instituições representativas 3,00
Em relação às médias de importância atribuídas, às principais vantagens associadas à
localização da empresa em uma região especializada na produção de móveis, a
disponibilidade de mão-de-obra e a infra-estrutura disponível apresentam valores, de 3,74 e
3,63, respectivamente. Considerando a escala utilizada, esses valores indicam que as empresas
produtoras de móveis retilíneos residenciais percebem essas vantagens da atuação no arranjo
produtivo de Bento Gonçalves como muito importantes. Fato corroborado pelo coeficiente de
variação, onde os valores atribuídos em relação à disponibilidade de mão-de-obra dispersam
em 12% em relação à média, e a infra-estrutura disponível apresenta uma variabilidade de
13,4% entre os valores atribuídos e a média, mostrando a conformidade das percepções.
No mesmo sentido, a disponibilidade de serviços especializados apresenta uma média
equivalente a 8,9, considerando uma escala de 0 a 10. E, na mesma escala, a proximidade dos
fornecedores de insumos exibe uma importância de 8,15, bem como a proximidade com
universidades e centros de pesquisas voltadas à produção de móveis, teve média equivalente
de 7,77. Estes valores indicam que as empresas respondentes consideram as externalidades da
atuação em uma região especializada na produção de móveis importantes para a
95
competitividade da indústria, visto que todos os itens questionados apresentam valores iguais
ou superiores a 3 na escala Likert utilizada (importante e muito importante).
Analisando os dados aqui apresentados com base no modelo proposto (Figura 5 g.
56), constata-se que a interação entre as empresas, através de ações colaborativas a fim de
minimizar a carência de competências e habilidades em algumas tarefas é evidenciada pela
existência das relações de subcontratação, pelas parcerias no desenvolvimento de inovações
de processos e pela importância atribuída à troca de informações com as demais empresas do
setor como fonte de informação para a origem das inovações. Essas relações são tidas como
vantagens no sentido de minimizar custos e riscos associados à geração e incorporação de
inovações.
A existência de parcerias entre as empresas e as instituições no arranjo produtivo local
na busca de sinergias para as inovações foi ratificada pelos significativos percentuais
atribuídos pelas empresas aos diferentes tipos de atividade apresentados na Tabela 12 (pág.
93). A freqüência com que as empresas demandam as ações ou realizam parcerias com as
instituições, no caso que se refere a questões de produção, a exemplo de: desenvolvimento de
novos produtos, processos, testes e certificações, aproveitamento de resíduos, seleção e
caracterização de matérias-primas, são predominantemente ocasionais e desenvolvidas
principalmente pelo SENAI/CETEMO, devido a sua atuação ser voltada à pesquisa aplicada.
As questões referentes à busca de informações e atualização tecnológica, especialmente no
que tange à participação e promoção de eventos, contatos e troca de informações, prospecções
de mercado, além da formação de recursos humanos através de cursos, seminários e
treinamento de pessoal, são atividades realizadas com freqüência recorrente entre as empresas
e as instituições locais, especialmente com a MOVERGS, SINDMÓVEIS e SEBRAE.
Respeitando a distinta natureza das instituições, verifica-se que as empresas
demandam atividades junto a estas, reconhecendo a importância da atuação institucional na
busca de soluções ao desenvolvimento da indústria. Por sua vez, analisando os dados
referentes aos gestores das instituições (item 5.1), estes concordam que as empresas
demandam informações/ações, porém de maneira fraca ou incipiente, voltadas para soluções
de curto prazo. No entanto, verifica-se que existe interatividade entre os agentes do arranjo
produtivo, evidenciando a existência das relações sinérgicas na busca de soluções
competitivas, conforme apontado pelas empresas respondentes.
No que diz respeito às inovações, a atuação das instituições no aglomerado produtivo
de Bento Gonçalves (RS) tem contribuído com importantes ações destinadas à atualização
96
tecnológica das empresas, através de projetos, eventos e publicações desenvolvidos e
disseminados no âmbito do arranjo produtivo, conforme apresentado anteriormente. Percebe-
se que a atuação na região é reconhecida pelas empresas como uma vantagem, pois a
especialização da região serrana na produção de móveis, além de concentrar quase todos os
segmentos da cadeia produtiva moveleira, especialmente no que se refere aos serviços
especializados, oferece também mão-de-obra qualificada. A interação dos atores e as
linguagens comuns, aliadas às ações institucionais criam um ambiente propicio para a troca de
informações, aprendizado e geração de inovações, reforçado pelos percentuais de empresas
que incorporaram inovações de produtos, processos e organizacional no período do estudo,
garantindo a vantagem competitiva da indústria local.
No entanto, em relação à geração de inovações, observa-se que os resultados deste
estudo apontam a existência de esforços de inovação de produtos, processos e
organizacionais. Porém, essas inovações se caracterizam como incrementais e, em sua maioria
são baseadas na cópia de produtos já lançados no mercado, conforme discutido anteriormente.
Apesar das ações desenvolvidas no arranjo moveleiro pelas instituições, a incorporação das
inovações pelas empresas são resultados dos esforços de aprendizado passivo de dominação e
uso de tecnologias e padrões de produtos produzidos pelos países líderes.
Quanto à difusão das inovações no âmbito do arranjo produtivo de Bento Gonçalves,
observa-se a presença ativa das instituições que através da realização de feiras e eventos
propiciam a difusão das tendências e das inovações no setor, devido a aproximação dos
fornecedores e compradores. A ação conjunta e interativa entre os agentes, facilita a
transmissão dos conhecimentos e a geração/incorporação das inovações.
6. CONCLUSÕES
Considerando-se a proposta para a realização do presente trabalho e analisando-se os
resultados obtidos, é possível fazer algumas considerações frente à indústria estudada. Para
tanto, ressalta-se que o estudo buscou responder, através de um método descritivo, como
ocorre a difusão e a geração de inovações tecnológicas na indústria de móveis retilíneos
residenciais, contemplando as interações entre as empresas e as instituições vinculadas à
indústria no arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS).
A atuação em arranjos produtivos é tida como um facilitador da difusão e geração de
inovações, graças à a atuação interativa dos agentes, onde a proximidade local e a cultura
comum permitem a transmissão e troca de conhecimentos.
A aglomeração produtiva de Bento Gonçalves concentra grande número de produtores
de móveis e importantes instituições vinculadas ao desenvolvimento da indústria. As
instituições locais vêm desenvolvendo importantes ações na busca de informações e de
atualizações tecnológicas para as empresas, desde projetos voltados a qualificação dos
colaboradores a feiras e eventos em nível internacional, permitindo a aproximação dos
produtores e clientes, e assim facilitando o atendimento das demandas.
A realização de feiras internacionais no município e a promoção do Prêmio de
Inovação e do Salão Design m caracterizado a região como referência na busca de soluções
para a indústria moveleira. Os fóruns de discussão são importantes ações interativas entre as
empresas e instituições, onde são identificados os gargalos e elaborados planos de ação,
tornando as soluções mais eficientes. Existem ainda, ações no sentido de capacitação
empresarial e dos recursos humanos, onde os projetos são desenvolvidos na tentativa de
formar profissionais aptos a atuação na produção de móveis.
Os esforços das instituições atuantes junto à indústria de móveis no arranjo produtivo
de Bento Gonçalves (RS) são percebidos pelas empresas como fatores importantes que
contribuem para a geração das inovações no segmento de móveis retilíneos residenciais, pois
as parcerias entre as empresas e instituições são práticas freqüentes. Em função da natureza
distinta das instituições pesquisadas, percebe-se uma predominância de atuação do
SENAI/CETEMO nas ações voltadas a melhorias na produção e no desenvolvimento de
novos produtos e processos e, no que se refere à prospecção de informações e tendências
tecnológicas, ganha destaque a atuação da MOVERGS, SINDMÓVEIS e SEBRAE. No
98
entanto, é característico da região a atuação colaborativa entre as instituições no
desenvolvimento das ações, sendo difícil fragmentar a contribuição individual.
A formação local da mão-de-obra especializada, inclusive em nível superior, o
desenvolvimento local de pesquisa aplicada à produção de móveis, a disponibilidade de
serviços especializados (logística e exportação), e a proximidade dos fornecedores de
insumos, são vantagens percebidas como muito importantes pelas empresas em relação à
atuação no arranjo produtivo.
No período de 2000-2005 as empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais
incorporaram inovações de produtos, processos e organizacionais. No que se refere a
produtos, destacam-se a adoção de produtos novos para a empresa, mas existentes no
mercado onde atua e as alterações nos desenhos/estilo, reafirmando a tendência da indústria
de móveis seguir os padrões de lançamentos dos países líderes em produção.
Quanto às inovações de processos adotadas, destacam-se as mudanças tecnológicas
parciais em processos previamente adotados pela empresa e a adoção de processos
existentes no setor, porém novos para as empresas. Constata-se que as inovações da indústria
em estudo caracterizam-se como incrementais, pois não evidencias de incorporação de
produtos ou processos novos no período em estudo. No tocante às inovações organizacionais,
a implementação de novas técnicas de gestão e as mudanças na estrutura organizacional,
foram as principais incorporações.
Constatou-se que empresas e instituições têm demandado esforços no tocante à
inovação tecnológica da indústria de móveis retilíneos residências de Bento Gonçalves (RS).
A atuação interativa no âmbito do arranjo produtivo propicia um ambiente salutar à difusão e
ao uso dos novos conhecimentos prospectados de diversas fontes, em especial, através da
participação em feiras e eventos regionais, nacionais e internacionais, e também via ações de
pesquisa e desenvolvimento.
A indústria de móveis serrana vem gradativamente se tornando referência nacional na
busca de alternativas e de melhorias tecnológicas para a produção de móveis. Existem grandes
desafios a serem superados, especialmente no tocante a fatores competitivos importantes
como design e agregação de valor ao vel. No entanto, já estão sendo desenvolvidas ações
no sentido de superá-los.
Os resultados deste estudo contribuem para destacar a importância do ambiente
externo na difusão e na geração de inovações tecnológicas, haja vista o reconhecimento das
empresas às vantagens associadas à localização na região, às parcerias existentes entre os
agentes e às inovações adotadas no período.
99
Como sugestão para futuros estudos deixa-se a problemática de avaliar a contribuição
destas ações externas, fruto das externalidades da aglomeração industrial e das relações
sinérgicas entre os agentes, para a incorporação e geração de inovação intra-empresas. Assim,
acredita-se ser possível enfatizar a importância do incentivo ao desenvolvimento destas
economias locais para as inovações e conseqüentemente para a competitividade da indústria.
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Anexo 1 – Questionário de pesquisa
Santa Maria (RS), novembro de 2005.
Prezados respondentes
Agradecemos a sua colaboração no preenchimento deste instrumento de pesquisa e
ressaltamos a importância da fidedignidade dos dados para a correta avaliação do estudo.
Entendemos que em um ambiente de extrema competitividade, onde o conhecimento é o
principal instrumento da concorrência, torna-se imprescindível aproximar as instituições de
ensino com as empresas, para que através da interação e da troca de informações, possamos
juntos encontrar soluções para enfrentar novos desafios.
Informamos que os dados serão confidenciais e analisados de maneira global não
constando referências em termos de nomes ou identificação direta da organização.
Após o preenchimento o questionário deverá ser remetido, via correio, no envelope em
anexo, sem ônus para a empresa, pois o mesmo já possui selo.
Certos da sua atenção e com votos de prosperidade e sucesso, agradecemos
antecipadamente,
Cláudia Maria Sonaglio
Mestranda em Administração – UFSM
Prof. Dr. Pascoal José Marion Filho
Orientador
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Departamento de Ciências Administrativas
Curso de Mestrado em Administração
107
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
DATA: QUESTIONÁRIO Nº.:
I – CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA
1. NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS:
2. ANO DE INÍCIO DA PRODUÇÃO:
3. PERCENTUAL DE CAPITAL NACIONAL?
%
4. A EMPRESA É EXPORTADORA?
( ) Sim
( ) Não
4.1 SE SIM: % DAS VENDAS
5. A EMPRESA MANTÉM VÍNCULOS DE SUBCONTRATAÇÃO?
( )
SUBCONTRATA OUTRAS EMPRESAS PARA A REALIZAÇÃO DE ALGUMA PARTE DE SEU PROCESSO PRODUTIVO
( )
É SUBCONTRATADA POR OUTRAS EMPRESAS PARA A REALIZAÇÃO DE ALGUMA PARTE DO PROCESSO
6. Principais linhas de produtos da empresa (copas, cozinhas, dormitórios, etc. - em ordem de importância):
PRODUTO % DAS VENDAS
II – INOVAÇÕES
I
NOVAÇÕES DE
P
RODUTOS
(Dúvidas consultar conceitos 1.1 e 1.2 - Box 1 no final do questionário)
2.1 Sua empresa adotou INOVAÇÕES DE PRODUTO nos últimos 5 anos (a partir de 2000)?
DESCRIÇÃO Sim Não
Produto novo para a sua empresa, mas já existente no mercado onde atua
Produto novo para o mercado nacional
Produto novo para o mercado internacional
Inovações pela utilização de novos materiais (matérias-primas e componentes)
Inovações no desenho dos produtos
Outros (especifique):
2.2 Entre as opções de inovações de produto abaixo, qual é a relevância para a empresa?
INOVAÇÕES DE PRODUTO
Não se
aplica
Pouco
Importante
Importante
Muito
Importante
Alterações no desenho/estilo
Alterações de características técnicas (novos materiais)
Novo produto
Outro (especifique):
108
I
NOVAÇÕES DE
P
ROCESSOS
(Dúvidas consultar conceitos 1.3 e 1.4 - Box 1 no final do questionário)
2.3 Sua empresa adotou INOVAÇÕES DE PROCESSOS nos últimos 5 anos (a partir de 2000)?
DESCRIÇÃO Sim Não
Processo tecnológico novo para a sua empresa, mas já existente no setor
Processos tecnológicos novos para o setor de atuação
Mudanças tecnológicas parciais em processos previamente adotados
Outro (especifique)
2.4 Entre as opções de inovações de processos abaixo, qual é a relevância para a empresa?
INOVAÇÕES DE PROCESSOS
Não se
aplica
Pouco
Importante
Importante
Muito
Importante
Incorporação de novos equipamentos na atual planta industrial
Mudança na configuração da planta industrial
Outro (especifique):
2.5 Origem das principais inovações de processos:
(indique as inovações de processo e marque com X a origem)
INOVAÇÕES
Desenvolvido na
empresa ou com
sua participação
Adquirido no
município onde a
empresa está
localizada
Oriunda de
outros municípios
do RS
Oriunda de
outros estados
Importado
I
NOVAÇÕES
O
RGANIZACIONAIS
(Dúvidas consultar conceito 1.5 - Box 1 no final do questionário)
2.6 A sua empresa adotou INOVAÇÕES ORGANIZACIONAIS nos últimos 5 anos (a partir de 2000)?
DESCRIÇÃO Sim Não
Implementação de novas técnicas de gestão (aquisição de software, etc.)
Implementação de mudanças significativas na estrutura organizacional (terceirização,
integração, criação/substituição de setores/departamentos, formação de redes, etc.)
Mudanças significativas nas práticas de marketing (marca, etc.)
Mudanças significativas nas formas de comercialização (logística, pontos de venda, etc.)
Implementação de programas de qualidade (5S´s, PQT, ISO, outros)
Outro (especifique):
2.7 Entre as opções de inovações organizacionais abaixo, qual é a relevância para a empresa?
INOVAÇÕES ORGANIZACIONAIS
Não se
aplica
Pouco
Importante
Importante
Muito
Importante
Introdução de novas técnicas de gestão
Mudanças na estrutura organizacional:
- através de terceirização
- através de integração
(loja própria, produção de matéria-prima)
- substituição ou alteração de departamentos
- formação de redes de cooperação
Outro (especifique):
Alterações nas práticas de marketing
- através de mudança de marca
- através de alteração de layout da marca
- criação ou adoção de marca
Outro (especifique):
Alterações nas práticas de comercialização (logística)
Programas de qualidade (5S´s, PQT, ISO, outros)
Outro (especifique):
109
O
RIGENS DAS INOVAÇÕES
2.8 Quais são as origens das inovações utilizadas pela empresa?
FONTE
Não se
aplica
Pouco
Importante
Importante
Muito
Importante
Departamentos de P&D da empresa
Consultorias especializadas contratadas
Universidades e Centros Tecnológicos
Representantes da indústria de máquinas e equipamentos
Fornecedores de insumos e componentes
Compradores (atacadistas, varejistas)
Publicações especializadas
Troca de informações com empresas do setor
Informações divulgadas pelas associações e instituições locais
(MOVERGS, SINDMÓVEIS, SENAI/CETEMO, UCS)
Congressos e feiras do setor realizadas em Bento Gonçalves
Congressos e feiras do setor realizadas em outros municípios
do RS
Congressos e feiras do setor realizadas em outros estados do
Brasil
Congressos e feiras do setor realizadas no exterior
Outro (especifique):
III - INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E REPRESENTATIVAS
3.1 Quais são as parcerias que a empresa costuma manter com as instituições? Assinale com um X as
instituições e especifique quando solicitado. Na última coluna indique a freqüência da relação, assinalando com um
X, conforme a escala abaixo:
1 2
OCASIONAL RECORRENTE
FORMA DE INTERAÇÃO
MOVERGS SINDMÓVEIS UCS
SENAI /
CETEMO
SEBRAE
OUTRA
(especifique)
FREQÜÊNCIA
Desenvolvimento de novos
produtos
1 2
Desenvolvimento de novos
processos
1 2
Testes e Certificação
1 2
Aproveitamento de resíduos
industriais
1 2
Caracterização e seleção de
matérias-primas
1 2
Realização de eventos/feiras
1 2
Participação em eventos
1 2
Cursos e seminários
1 2
Treinamento de Pessoal
1 2
Apoio na aquisição de
insumos
1 2
Contatos e troca de
informações
1 2
Promoção de consórcios de
exportação
1 2
Outro (especifique):
1 2
1 2
1 2
1 2
110
IV) CONCENTRAÇÃO LOCAL, FORMAS DE COOPERAÇÃO E INTERAÇÃO NO ARRANJO
MOVELEIRO
4.1 Quais são as principais vantagens que podem ser associadas a localização da empresa em uma região
especializada na produção de móveis?
VANTAGENS
Não se
aplica
Pouco
Importante
Importante
Muito
Importante
Infra-estrutura disponível
Disponibilidade de mão-de-obra especializada
Disponibilidade de serviços especializados
Custo da mão-de-obra
Existência de programas governamentais direcionados a
indústria
Proximidade com universidades e centros de pesquisa voltada
à produção de móveis
Proximidade com os fornecedores de insumos
Concentração de produtores
Atividades das instituições representativas
Outros (especifique):
BOX 1 – INOVAÇÕES
1.1) Inovação de produto (bem ou serviço industrial): é um produto novo para a sua empresa ou para o mercado e
cujas características tecnológicas ou uso previsto diferem significativamente de todos os produtos que sua empresa já
produziu.
1.2) Alterações tecnológica de produto (bem ou serviço industrial): refere-se a um produto previamente existente
cuja performance foi substancialmente aumentada. Um produto complexo que consiste em um número de
componentes ou subsistemas pode ser aperfeiçoado via mudanças parciais de um dos componentes ou subsistemas.
Mudanças que são puramente estéticas ou de estilo não devem ser consideradas.
1.3) Inovação de processos de produção: são processos novos para a sua empresa ou para o setor. Eles envolvem a
introdução de novos métodos, procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos que diferem substancialmente
daqueles previamente utilizados por sua firma, ou seja, os novos métodos e equipamentos incorporados causam
mudanças radicais no processo de produção.
1.4) Mudanças tecnológicas nos processos de produção: envolvem importantes mudanças tecnológicas parciais em
processos previamente adotados, ou seja, as alterações no processo causadas pela incorporação de novos métodos,
procedimentos, sistemas, máquinas ou equipamentos são parciais. Pequenas ou rotineiras mudanças nos processos
existentes não devem ser consideradas.
1.5) Inovações organizacionais: contemplam a introdução de novas técnicas de gestão, mudanças na estrutura
organizacional (terceirização, integração, alterações/substituição em departamentos, etc.), nas práticas e conceitos de
marketing (marca, etc.) e de comercialização (logística), formação de redes, bem como a implantação de novos
métodos de gerenciamento.
111
Anexo 2 – Roteiro de entrevista
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
DATA:
INSTITUIÇÃO:
1. Quais são as principais atividades da instituição no arranjo produtivo local em relação à
produção de móveis? Quando iniciou?
2. Como a instituição atua na busca e na difusão de informações sobre melhorias na produção
de móveis?
3. A instituição promove algum programa voltado para o desenvolvimento de inovações,
capacitação de mão-de-obra, feiras e eventos, publicações, etc?
4. A instituição incentiva ou coordena parcerias tecnológicas ou alianças estratégicas entre as
empresas produtoras de móveis retilíneos residenciais?
5. Quais são as principais dificuldades a serem vencidas em termos de geração de inovações no
arranjo produtivo de Bento Gonçalves (RS)?
6. A instituição mantém integração com outras instituições visando melhorar algum segmento
da cadeia de produção de móveis? Quais?
7. A instituição mantém vínculo com agências de fomento governamental? Existe captação de
recursos para a geração de inovações nas empresas?
8. Como a instituição avalia a competitividade da indústria moveleira de Bento Gonçalves
(RS)? Quais são os principais desafios? Como a instituição está agindo no sentido de suprir
as necessidades futuras?
9. As empresas pressionam ou demandam informações, intervenção, participação, etc. sobre
inovações?
10. Seria possível relacionar alguns fatores positivos que contribuem para a geração de
inovações relacionados a atuação das empresas em uma região especializada na produção de
móveis (APL).
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Departamento de Ciências Administrativas
Curso de Mestrado em Administração
112
Anexo 3 – Listagem das empresas
1
ANDREI W. FERRO
Rua Humberto Luigi Giacomello, 100 - Bairro Santo Antão
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.5034/Fax: 54.453.1588
2
ART IN MÓVEIS LTDA
Rua Arlindo Franklin Barbosa, 193 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves – RS Fone/Fax: 54.453.7259
www.artinmoveis.com.br e-mail: jcfi[email protected]
3
ARTESANO MÓVEIS LTDA
Estrada Buarque de Macedo, s/nº - Caixa Postal 509
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1600 Fax: 54.458.1003
www.artesano.com.br e-mail: artesa[email protected].br
4
ART'LEGNO ARTEFATOS DE MADEIRA LTDA
Avenida São Roque, 2561 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3322
5
B R V MÓVEIS LTDA
Rua Fioravante Pozza, 404 - Bairro Maria Goretti
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.452.0404
www.brvmoveis.com.br e-mail:brv@brvmoveis.com.br
6
BENE MÓVEIS LTDA
Rua Fortaleza, 211 - Bairro Botafogo
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.1243
7
BENFATTO MÓVEIS LTDA
Avenida São Roque, 2561 - Sala 01 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.5600 Fone: 54.453.5301
8
BERTOLINI S/A
Rua Francisco Luiz Bertolini, 235 - Bairro Conceição - Caixa Postal 522
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.2102.8500 Fax: 54.2102.8589 / 2102.8597
www.bertolini.com.br e-mail:marketing@bertolini.com.br
9
BOULEVARD MÓVEIS LTDA
Rodovia RS 444 - KM 2 - Caixa Postal 607 - Bairro Barracão
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.7101 Fax: 54.458.1761
www.boulevard.com.br e-mailboulevard@boulevard.com.br
10
CEWAL MÓVEIS
Rua Josá Possamai, 396 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.2466
11
CHALIZÊ MÓVEIS E ESTOFADOS LTDA.
RS 444 - Km. 02 Cx. Postal 607
Fone: (54) 454.9522 Fax: (54) 454.9755
95700 000 Bento Gonçalves (RS) Bento Gonçalves • RS
www.chalize-boulevard.com.br e-mail: chalize@boulevard.com.br
12
COMPANHIA DE MÓVEIS TRÊS S
Rua Olavo Bilac, 850 - Bairro São Bento - Caixa Postal 36
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.2300 Fax: 54.452.2997
www.moveistres-s.com.br e-mailmoveistres-s@moveistres-s.com.br
13
COMPETENCE MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 470 - KM 66 - Bairro Vinosul - Caixa Postal 858
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.5240
14
COTONIPE MÓVEIS LTDA
Razão Social: COTONIPE MÓVEIS LTDA
Diretor: Sadi Toniolo
Rua Isidoro Cavedon, 365 - Bairro Ouro Verde - Caixa Postal 644
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3350
Roupeiros e Cômodas em Madeira Pinus
www.cotonipe.com.br e-mailco[email protected].br
15
CRIATIVA MÓVEIS DO BRASIL LTDA
Estrada Geral - Linha Tamandaré - 95720.000 - Garibaldi - RS
Endereço Cobrança : Caixa Postal 745 - 95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.464.7040
16
DAKALÊ MÓVEIS LTDA
Linha Alcântara - Faria Lemos
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
113
Fone/Fax: 54.439.1055
17
DAL MOBILE MÓVEIS LTDA
Rua Nelson Carraro, 565 - Bairro Santo Antão - Caixa Postal 331
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.4488
www.dalmobile.com.br e-maildalmobile@dalmobile.com.br
18
DELL ANNO
Rodovia RST 470 - KM 212,930 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.455.4444 Fax: 54.451.3485
www.dellanno.com.br e-maildellanno@dellanno.com.br
19
DELUSE
Rua Júlio dall Ponte, 338 - Bairro Licorsul - Caixa Postal 111
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.455.7766
www.deluse.com.br e-mailsecre[email protected]
20
DEMIX MÓVEIS LTDA
Rua Giovani Batista Fracalossi, S/N - São Valentin
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1721
21
EXCLUIDA
22
D'ITÁLIA MÓVEIS LTDA
Rua Herdeiros Refatti, 46 - Bairro Maria Goretti
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.2102.5000
www.ditalia.com.br e-mail exp[email protected]
23
EDUANA MÓVEIS LTDA
Rua Agnaldo da Silva Leal, 317
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.452.6012 Fone: 54.451.4525
e-mailmoveiseduana@moveiseduana.com.br
24
ENECE INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Silvio Freitas, 126 - Bairro Santo Antão
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.1400
25
EXCLUIDO
26
EUROAMÉRICA DESIGN LTDA
Avenida Osvaldo Aranha, 960 - Bairro Cidade Alta
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.454.6666
www.euroamerica.ind.br e-maileuroamer[email protected]
27
F.F. ARTESANATO LTDA
Rua Loreno Menegotto, 175 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3097
28
FLANYL MÓVEIS LTDA
Rua Arlindo Baccin, 601 - Linha Zemith Alta - Caixa Postal 2548
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.452.9467
29
GIACOBBO MÓVEIS E COMPENSADOS
Estrada Velha, s/nº - São Valentim
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1111 Fax: 54.458.1115
giacobbomove[email protected]
30
GREBEL MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 470 - km 76,5 - São Valentim
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458 1433 Fone: 54.458.1694
31
HECOL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA
Avenida São Roque, 699 - Bairro São Roque - Caixa Postal 847
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.454.5900
hecolmov@terra.com.br
32
INDUSLAC MÓVEIS LTDA
Avenida São Roque, 2561 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3322
33
INDÚSTRIA DE MÓVEIS SÉRGIO LTDA
Rua Francisco Tomasi, 240 - Bairro Imigrante
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Celular: 54.9972.4156 Fone: 54.453.2449
34
ITALÍNEA INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Fortaleza, 862 A - Bairro Botafogo - Caixa Postal 21514
114
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.455.5100 Fax: 54.455.5101
mossmann@italinea.com.br
35
JHOVINI MÓVEIS LTDA
Rua Lidovino Fracalossi, 18 - São Valentin
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.3100
36
EXCLUIDA.
37
MADECENTER MÓVEIS LTDA
Rua Carlos Gomes, 518 - Bairro São Roque - Caixa Postal 3030
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.2255 Fax: 54.451.2022
www.madecenter.com.br e-mail: madecenter@madecenter.com.br
38
MADELLEGNO MÓVEIS LTDA
Estrada Linha Padel, s/nº - Caixa Postal 518
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.2400 Fax: 54.452.4979
www.madellegno.com.br e-mail madelleg@italnet.com.br
39
MARTIFLEX INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA
Rua Carlos Dreher Neto, 1005 - Bairro Vila Nova I
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.2818 Fax: 54.452.7940
40
MASUTTI COPAT & CIA LTDA.
Rua João Stefenon, 90 Cx. Postal 577
Fone: (54) 453.1788 Fax: (54) 453.1788
95700 000 - Bento Gonçalves – RS
www.masutticopat.com.br e-mail aramados@masutticopat.com.br
41
MEX MÓVEIS LTDA
Avenida São Roque, 2561 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.5300
42
MILANO MÓVEIS LTDA.
RS 444 - Km 1,5 Cx. Postal 2545
Fone: (54) 458.7187 Fax: (54) 458.7187 / 7300
95700 000 Bento Gonçalves • RS
E-mail: porticom@terra.com.br
43
MOBEL INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Joana Guindani Tonello, 338 - Pav. 3 - Bairro Licorsul –
Caixa Postal 669 95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.452.7200 Fone: 54.451.5316
www.mobel.com.br e mail: mobe[email protected]
44
MOBITEC INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rodovia RS 470 - KM 220 - Caixa Postal 826
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.3900 Fax: 54.453.4481
www.mobitecmoveis.com.br e-mail: [email protected]m.br
45
MODULLARE BENTEC
Rua Joana Guindani Tonello, 1952 - Distrito Industrial - Caixa Posta 187
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.454.9000 Fax: 54.454.9102
www.bentec.com.br e-mail bentec@bentec.com.br
46
MÓVEIS BELINI
Rodovia RST 470 - KM 205,25 - Distrito de Tuiuty
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1220 Fax: 54.458.1219
47
MÓVEIS BOSI LTDA
Razão Social: MÓVEIS BOSI LTDA
Diretor: Adelqui José Bosi
Rua Domingos de Gasperi, 24 - Bairro Santa Marta - Caixa Postal 236
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.5890 Fax: 54.451.5505
Móveis para Banheiro
www.bosi.com.br e-mail:bosi@bosi.com.br
48
MÓVEIS BRASTUBO LTDA.
Rua José Rampanelli, 213 Cx. Postal 3015
Fone: (54) 454.6499 Fax: (54) 454.6499
95700 000 Bento Gonçalves • RS
E-mail: brastubo@italnet.com.br
49
MÓVEIS CARRARO S/A
Rua Nelson Carraro, 2001 - Bairro Santo Antão - Caixa Postal 117
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.455.1212 Fax: 54.455.1211
www.carraro.com.br e-mail: carraro@carraro.com.br
50
MÓVEIS CENCI LTDA
Rua A, s/nº - Loteamento Industrial - São Valentim - Caixa Postal 486
115
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1313
moveiscenci@italnet.com.br
51
Excluída
52
MÓVEIS COLOR LTDA.
Estrada do Barracão, s/n Cx. Postal 681
Fone: (54) 454.9622 Fax: (54) 454.9622
95700 000 Bento Gonçalves • RS
www.viana.ind.br E-mail: vian[email protected]
53
MÓVEIS COSILAR LTDA
Rua Luiz Milan, 109 - Caixa Postal 288
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.3644 Fax: 54.452.3710
54
MÓVEIS DALLA COSTA LTDA
Travessa Francisco Navarini, 79 - Bairro Maria Goretti
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.455.4900 Fax: 54.455.4949
www.dallacosta.com.br e-mail:dallacosta@dallacosta.com.br
55
MÓVEIS DECIBAL LTDA
Rua Giovani Batista Fracalossi, 671 Cx. Postal 794
Fone: (54) 458.1500 Fax: (54) 458.1500
95700 000 Bento Gonçalves • RS
www.decibal.com.br e-mail: decibal@terra.com.br
56
MÓVEIS FERRARTE LTDA
Rua Giácomo Baccin, 861 - Bairro Aparecida - Caixa Postal 115
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.2800 Fax: 54.452.6608
www.ferrarte.com e-mail:fe[email protected]
57
MÓVEIS MANFROI LTDA
Rua Carlos Dreher Neto, 675 - Bairro Vila Nova - Caixa Postal 272
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.3722 Fax: 54.452.3657
www.manfroi.com.br e-mail: manfroi@manfroi.com.br
58
MÓVEIS ORIGINALI LTDA
Rua Alvi Azul, S/N - Bairro São João
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.7980 Fax: 54.451.453
moveisgt@terra.com.br
59
MÓVEIS POMZAN S/A
Rua Luiz Milan, 80 - Bairro Vila Nova - Caixa Postal 196
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3466
www.pomzan.com.br e-mail:pomz[email protected]
60
MÓVEIS SALVARO LTDA
Rua Orestes Franzoni, s/nº - Bairro Universitário - Caixa Postal 567
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.1170 Fax: 54.452.2788
61
MÓVEIS SANDRIN LTDA
Rua Silva Paes, 543 - Caixa Postal 504
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.455.1500 Fax: 54.455.1577
62
MOVELARTE MÓVEIS LTDA
Rua Zeferino Bondan, 210 - Bairro Santa Marta
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.5599 Fax: 54.453.2369
63
MOVELBENTO LTDA
Rua José Benedetti, s/nº - Distrito Industrial - Caixa Postal 187
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.454.9372 Fax: 54.454.9105
movelbento@movelbento.com.br
64
MULTICENTER INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Ludovico Benedetti, S/N - Bairro Salgado
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.454.9291
65
MULTIMÓVEIS INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA.
Rua Carlos Dreher Neto, 1918 - Distrito Industrial Cx. Postal 639
Fone: (54) 2102.4000 Fax: (54) 2102.4050
95700 000 Bento Gonçalves • RS
www.multimoveis.com
e-mail: multimoveis@multimoveis.com
66
NOVA M
ÓBILE INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
Linha Pedro Salgado, 1620 - Bairro Salgado - Caixa Postal 213
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.454.9054
116
67
NOVITÁ INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Giovanni B. Fracalossi, 1001 - São Valentin - Distrito Industrial
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1361 Fax: 54.458.1574.
68
OPEN DESIGN MÓVEIS E DECORAÇÕES LTDA
Rua Ricardo Fianco, 109 - Sala 03 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.454.3163
opendesign@terra.com.br
69
EXCLUIDA
70
PLASCARI INDÚSTRIA PLÁSTICA LTDA.
Rua Antônio Crivello, 95 Cx. Postal 872
Fone: (54) 452.4406 Fone: (54) 452.4406
95700 000 Bento Gonçalves • RS
: www.plascari.com.br e-mail pl[email protected]m.br
71
POLIBRILHO IND.DE METAIS FINOS LTDA.
Rua Celeste Magagnin, 200 Cx. Postal 859
Fone: (54) 451.2399 Fax: (54) 451.2399
95700 000 Bento Gonçalves • RS
E-mail: polibrilho@terra.com.br
72
POLITORNO MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 470 - Km 203,3 - Distrito de Tuiuty - Caixa Postal 606
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1300 Fax: 54.458.1304
www.politorno.com.br e-mail:[email protected]
73
POZZA S/A INDÚSTRIAL MOVELEIRA
Rua Fioravante Pozza, 404 - Bairro Maria Goretti - Caixa Postal 264
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.4411 Fax: 54.451.3733
www.pozza.com.br e-mail:[email protected].br
74
PRIMA DESIGN
Rua Buarque de Macedo, S/Nº - Bairro Aparecida - Caixa Postal 3022
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.2328 Fax: 54.452.2623
www.primadesign.com.br e-mail:prima@primadesign.com.br
75
PSG INDUSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 444 - Linha 8 da Graciema - Caixa Postal 2569
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.459.1198 Fax: 54.459.1116
psgmoveis@psgmoveis.com.br
76
RUMICAR INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA
Rua Goiânia, 704 - Bairro Botafogo
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.2864
mercafer@terra.com.br
77
S.C.A. INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 470 - KM 220 - Caixa Postal 259
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.2200 Fax: 54.453.2300
www.sca.com.br e-mail: [email protected]m.br
78
SADEMI INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Carlos Dreher Neto, 225 - Bairro Vila Nova - Caixa Postal 535
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3611
79
Excluída
80
SULTEC METALÚRGICA LTDA
Rua Joana Guindani Tonello, 1600 - Distrito Industrial - Caixa Postal 187
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.454.9022 Fax: 54.454.9110
www.sultecmoveis.com.br e-mail:vendas@sultecmoveis.com.br
81
TEC LINE LTDA
Rua Maximiliano Sonza, 08 - Loteamento Sonza
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.452.6886
www.teclinemoveis.com.br e-mail:administrativo@teclinemoveis.com.br
82
TEMPO NOVO INDÚSTRIA MOVELEIRA LTDA
Rua Guilherme Fasolo, 901
Fone: (54) 452.4922 Fax: (54) 452.4922
95700 000 Bento Gonçalves • RS
: www.laqualita.com.br e-mail: temponovo@terra.com.br
83
TGS MÓVEIS
Rodovia RST 470 - KM 208 - São Valentin
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1260
toniolomove[email protected]
117
84
TODESCHINI S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO
Rua Alameda Todeschini, 370 - Loteamento Verona - Caixa Postal 2504 / 2514
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.2102.8100 Fax: 54.453.3033
www.todeschini-rs.com.br e-mail:vendas3@todeschinisa.com.br
85
TONIOLO MÓVEIS
Rodovia RST 470 - KM 28 - Distrito de São Valentin
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1260
toniolomove[email protected]
86
TORNO MÓVEIS LTDA
Rua Joaquim Manfredini, 330 - Caixa Postal 662 - Bairro Borgo
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.451.5667 Fax: 54.451.1363
87
TRE PARONI INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rodovia RST 470 - KM 209 - Distrito de Tuiuty
95711.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.458.1120 Fax: 54.458.1490
88
EXCLUIDA
89
UTILÍNEA MÓVEIS LTDA
Travessa Belém, 74 - Bairro Cidade Alta - Caixa Postal 658
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.4809 Fax: 54.451.8588
90
VIVERE MÓVEIS LTDA.
RST 431 Km 5,5 - Distrito de Faria LemosCx. Postal 886
Fone: (54) 451.5744 Fax: (54) 451.5744
95700 000 Bento Gonçalves • RS
www.viveremoveis.com.br e-mail: vivere@italnet.com.br
91
VOLTTONI MÓVEIS E DECORAÇÕES LTDA
Rua Humberto Luigi Giacomello, 100 - Bairro Santo Antão
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.5034 Fax: 54.453.1588
92
WAL MÓVEIS LTDA
Rua José Possamai, 396 - Bairro São Roque
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.3800
93
CONECTA INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Arlindo Franklin Barbosa, 905 - Bairro São Roque - Caixa Postal 3009
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.9595
www.conectamoveis.com.br
conectam@terra.com.br
94
D.J.D INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA
Loteamento Industrial - São Valentin
95711.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1384
djdmoveis@italnet.com.br
95
DIVARE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MÓVEIS LTDA
Estrada Buarque de Macedo, S/N°
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1514
96
DOMMUS MÓVEIS LTDA
Rua São Paulo, 1400 - Bairro Borgo
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.453.7933
97
INAPRAM MÓVEIS LTDA
Rua Giovani Baptista Fracalossi, 573 - São Valentim - Caixa Postal 478
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.458.1270
98
KRIART INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA
Rua Giovani Grando Filho, 141 - Bairro Licorsul
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.2588
99
MATTIOLLO MÓVEIS LTDA
Rua Cantineiro Giácomo Giacomello, - Bairro Verona
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.453.2795
100
MÓVEIS E DECORAÇÕES RIZZI LTDA
Rua Guilherme Fasolo, 1105 - Bairro Goretti
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.452.2187
118
101
MÓVEIS PASTÓRIO LTDA
Rua Osório Bettoni, 202 - Bairro Santa Marta
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone: 54.454.1320
102
MÓVEL BRASIL LTDA
Rua Joaquim Toniollo, 345 - Linha Eulália
95700.000 - Bento Gonçalves - RS
Fone/Fax: 54.451.5942 Celular: 54.9984.7264
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