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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A PERCEPÇÃO DOS DIFERENTES NÍVEIS
HIERÁRQUICOS QUANTO AO USO DE UM SISTEMA
DE INFORMAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Debora Bobsin
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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A PERCEPÇÃO DOS DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS
QUANTO AO USO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
por
Debora Bobsin
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Administração, Área de Concentração em Sistema,
Estrutura e Pessoas, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM,RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Mauri Leodir Löbler
Santa Maria, RS, Brasil
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A PERCEPÇÃO DOS DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS
QUANTO AO USO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
elaborada por
Debora Bobsin
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Administração
COMISSÃO EXAMINADORA:
Mauri Leodir Löbler, Dr.
(Presidente/Orientador)
Norberto Hoppen, Dr. (UFRGS)
Kelmara Mendes Vieira, Dr.ª (UFSM)
Santa Maria, 19 de junho de 2007.
3
Dedico este trabalho aos meus primeiros “mestres”,
meus pais, Lecio e Salete, e às minhas melhores amigas,
minhas irmãs, Daniela e Francine.
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Agradecimentos
Num momento em que se finaliza um projeto de vida, é essencial e inevitável
lembrarmos de todos que estiveram presentes nesta caminhada. Por isso, agradeço:
- A Deus, pelas oportunidades e pelas pessoas que colocou no meu caminho;
- À Família que eu escolhi: amo vocês! Saibam que valeram a pena os vossos esforços.
Desculpem por, muitas vezes, deixá-los nervosos;
- Ao Meu Orientador, Prof. Mauri Leodir Löbler, que soube criticar e elogiar nos momentos
certos. Muito obrigado pela confiança depositada no meu trabalho;
- À UFSM, e ao Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA), que mais uma vez
me proporcionaram um ensino público gratuito e de excelente qualidade;
- Ao Prof. Lemos e Prof.ª Beatriz, aos colegas da UFSM e da ULBRA, pela compreensão em
algumas ausências necessárias no decorrer do Curso, e, também, especialmente pelos
incentivos constantes;
- Aos Professores e Alunos do PPGA/UFSM, especialmente, aqueles que se tornaram meus
amigos. Com certeza, muito aprendi com vocês. Agradeço a amizade e o apoio da Patrícia,
que me acompanha desde a graduação;
- À Objetiva Júnior, a quem não tenho palavras para agradecer pelo trabalho feito por vocês;
- Às Instituições e os Respondentes que aceitaram participar da pesquisa, que foram
essenciais para o meu trabalho;
- À Banca Examinadora que aceitou o convite de avaliar este trabalho e apresentar suas
considerações;
- Ao Mauricio e à sua família, que deram todo o carinho e atenção que precisei;
- À Ivonisa, que muito me incentiva para a vida acadêmica, a que espero, um dia, poder
retribuir toda a dedicação;
- Aos Meus Amigos: saibam que os questionamentos de vocês, quanto ao meu trabalho, os
telefonemas e e-mails para saber como eu estava, os churrascos, ou seja, a presença de
vocês em minha vida foi fundamental para que eu alcançasse os meus objetivos. Muito
obrigado por não me abandonarem, mesmo eu tendo sumido por uns tempos da vida de
vocês.
- A todos que de alguma forma participaram da construção deste trabalho ou deste período
de minha vida: Muito Obrigado!
5
“Existe mais para descobrir do que a inventar.”
(Janice Benyus)
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RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Administração
Universidade Federal de Santa Maria
A PERCEPÇAO DOS DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS
QUANTO AO USO DE UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO
AUTORA: DEBORA BOBSIN
ORIENTADOR: Mauri Leodir Löbler
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 19 de junho de 2007.
A crescente necessidade das empresas de informações precisas e adequadas às
suas atividades, acarretam no desenvolvimento dos sistemas de informações (SI).
Os investimentos realizados pelas empresas, nesta área, têm aumentado
significativamente. Desta forma, faz-se necessário analisar os fatores que explicam
o uso dos sistemas de informações. Tais fatores relacionam-se ao comportamento e
atitude dos indivíduos frente à tecnologia e do ajuste desta com a tarefa executada.
Sabendo-se que existem particularidades em cada nível hierárquico, quanto às
tarefas executadas, tem-se como problemática deste estudo: Existe diferença de uso
dos sistemas de informações entre os níveis hierárquicos? Caracterizando-se por
uma pesquisa descritiva do tipo survey, com o objetivo de investigar fatores que
explicam a utilização dos SI pelos diferentes níveis hierárquicos. Foram aplicados
236 questionários aos funcionários de uma empresa de varejo, os quais utilizam o SI
para realizar suas tarefas. Para entender o uso dos SI, foram analisadas os fatores
determinantes: facilidade de uso percebida, utilidade percebida, intenção de uso,
ajuste entre tarefa e tecnologia. Na empresa em estudo, o uso não é determinado
por estes fatores, sendo assim, observa-se que existem outros aspectos não
contemplados pela pesquisa que interferem na utilização dos SI. Os resultados
apontaram que existe diferença de uso dos sistemas de acordo com o nível
hierárquico, sendo que os indivíduos do nível operacional utilizam o SI, em média,
10 horas a mais que os demais níveis. Além deste aspecto, verificou-se que os
determinantes de uso facilidade de uso e utilidade percebida, também
demonstraram diferenças entre os níveis hierárquicos, sendo que o nível gerencial
percebe melhor estes fatores. Para os construtos ajuste entre a tarefa e a tecnologia
e a intenção de uso não foram identificadas diferenças entre os níveis hierárquicos.
Palavras-chaves: sistemas de informações; uso; níveis hierárquicos.
7
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Administração
Universidade Federal de Santa Maria
THE PERCEPTION OF THE DIFFERENT HIERARCHIC LEVELS
ABOUT THU USE OF INFORMATION SYSTEM
AUTHOR: DEBORA BOBSIN
ADVISOR: Mauri Leodir Löbler
Date and Local: Santa Maria, June 19th, 2007.
The companies need a information adjusted for your activities, causes the
development of the information systems (IS). The investments carried through for the
companies in this area have increased significantly, for this become necessary to
analyze the factors that explain the use of the information systems. The factors
become related with behavior and attitude of the individuals front the technology and
the adjustment of this with the executed task. Knowing that exist particularitities in
each hierarchic level and the executed tasks is different in each level, this study
asks: If exists difference of use the information systems between the hierarchic
levels? This survey objective to investigate the factors that explain the use of the IS
in the accomplishment of the activities of the different hierarchic levels. Two hundred
and thirty six responded the questionnaires, they are employees of a retail company,
which use the IS to carry through the tasks. To understand the use of the IS, the
determinative variable had been analyzed: perceived ease of use, perceived
usefulness, intention of use, fit between task and technology. In the company, the
use is not determined by these factors, being thus, is observed that other aspects not
contemplated for the research exist that intervene with the use of the IS. The results
had pointed that difference of use of the systems exists in accordance with the
hierarchic level, being that the individuals of the operational level use the IS, on
average, 10 hours more the too much levels. Beyond this aspect, it was verified that
perceived ease of use and perceived usefulness, also, had demonstrated differences
between the hierarchic levels, being that the management level perceives these
factors better. For the constructs fit between the task and the technology and the
intention of use were not identified difference between the hierarchic levels.
Key-words: information systems, use, hierarchic level.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................10
1 NÍVEIS HIERÁRQUICOS ......................................................................................15
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES.............................................................................20
2.1 USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES .................................................................. 25
3 MÉTODO DE PESQUISA........................................................................................32
3.1 TIPO DE PESQUISA......................................................................................................... 32
3.2 DESENHO DA PESQUISA E HIPÓTESES......................................................................32
3.3 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS..................................................................35
3.3.1 Pesquisa exploratória para validação dos construtos............................................... 39
3.4 POPULAÇÃO.....................................................................................................................45
3.5 COLETA DE DADOS........................................................................................................46
4 RESULTADOS DA PESQUISA...............................................................................48
4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO...........................48
4.2 PERFIL DOS RESPONDENTES.......................................................................................51
4.3 ANÁLISE DOS ITENS DOS CONSTRUTOS..................................................................52
4.3 ANÁLISE DO USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES.......................................... 57
4.3 FORMULAÇÃO DOS FATORES DETERMINANTES DO USO DOS SISTEMAS DE
INFORMAÇÕES......................................................................................................................59
4.4 MODELO DE USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES...........................................66
4.5 DIFERENÇAS ENTRE OS NÍVEIS HIERÁRQUICOS................................................... 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................79
REFERÊNCIAS...........................................................................................................83
9
INTRODUÇÃO
A crescente necessidade das empresas de informações precisas e
adequadas às suas atividades, acarretam no desenvolvimento de ferramentas que
auxiliem no armazenamento e processamento dessas, preparando-as para sua
utilização no devido momento. Os sistemas de informações (SI), dentre tantas
funções, desempenham este papel de guardar, preparar e disponibilizar as
informações nas empresas.
Devido a este fato, sua importância e presença, nas organizações, têm
crescido significativamente. Sendo assim, estudar a forma como a informação é
disponibilizada, bem como a utilização dos sistemas de informações, tem
fundamental importância.
Entretanto, ao analisar as empresas, verifica-se algumas diferenciações inter-
organizacionais, e, em muitos casos, intra-organizacionais, pois, ao longo da
estrutura organizacional, encontram-se níveis hierárquicos, que diferem em relação
ao poder de decisão e pelas atividades que estão sob sua responsabilidade. As
atividades empresariais estão distribuídas ao longo da estrutura organizacional. A
primeira idéia de que existem, nas organizações, três principais níveis hierárquicos,
de acordo com Katz e Kahn (1976), foi apresentada por Parsons (1960). Desta
forma, as organizações podem se dividir em três níveis: estratégico, tático e
operacional.
O nível estratégico tem por responsabilidade gerenciar as atividades de toda
a empresa, enquanto o nível tático está dividido em departamentos, que agrupam
atividades inter-relacionadas; por fim, o nível operacional, é aquele responsável por
executar tarefas especificas.
10
Independente do nível hierárquico, os indivíduos necessitam dos sistemas de
informações para executarem as suas atividades. Entender o que leva os indivíduos
a utilizar os SI torna-se fundamental para que as empresas possam cada vez mais
tirar proveito dos valores investidos na obtenção e manutenção desta ferramenta.
A análise do uso dos sistemas de informações pode ser efetivada a partir de
modelos de avaliação do comportamento de utilização dos mesmos, os quais se
baseiam em diferentes aspectos. Para alguns modelos, o uso é determinado pelo
comportamento e atitude das pessoas. È o caso da teoria de Ajzen e Fishbein
(1973) denominada Teoria da Ação Racional (TRA), da Teoria do Comportamento
Planejado de Ajzen (1991) e do Modelo de Aceitação da Tecnologia (TAM) de Davis
(1989). Outro ponto de vista é o de que o uso dos sistemas de informações é
influenciado pelo ajuste entre a tecnologia e tarefa executada pelos indivíduos. Com
este foco de análise tem-se a Teoria do Ajuste Cognitivo de Vessey (1991) e o
Modelo Ajuste Tarefa-Tecnologia (TTF) apresentado por Goodhue (1995).
Ainda existem estudos que trabalham com a integração de modelos como o
caso de Dishaw e Strong (1999);Klopping e Mckinney (2004). Isto mostra o quão
diversas podem ser as formas de avaliar a utilização dos sistemas de informações.
O modelo apresentado, neste trabalho, parte do pressuposto de que existem
diferentes aspectos que explicam o uso dos sistemas de informações, identificados
através de modelos de avaliação do comportamento de utilização dos sistemas de
informações. Estes determinantes estão relacionados com o comportamento e
atitude dos indivíduos frente à tecnologia, e com o alinhamento desta com a tarefa
executada.
Sabendo-se que existem diferentes determinantes do comportamento de uso
dos sistemas de informações, é preciso voltar-se para dentro das organizações, pois
se sabe que numa mesma estrutura hierárquica existe o que Hall (1999) chama de
diferenciação, ou seja, particularidades em termos de subdivisão de execução de
tarefas e de poder. Os níveis hierárquicos possuem características próprias (KATZ e
KAHN, 1976) que demandam diferentes exigências quanto a ferramentas de auxílio
para a execução das tarefas, o que, no caso deste estudo, é compreendido pelos
sistemas de informações.
11
Frente ao exposto, faz-se necessário analisar os fatores que explicam o
comportamento do uso dos sistemas de informações e se as particularidades de
cada nível hierárquico quanto às tarefas executadas influenciam nesse
comportamento. Desta forma, é possível que exista diferença de uso dos SI se
comparados os níveis hierárquicos, e, conseqüentemente, existindo esta diferença,
também, ter-se-á desigualdade entre as variáveis que explicam o uso dos sistemas
de informações. Com base nesta idéia, apresenta-se como problemática deste
estudo: Existe diferença de uso dos sistemas de informações entre os veis
hierárquicos?
Este estudo pretende, como objetivo geral: investigar fatores que explicam a
utilização dos SI pelos diferentes níveis hierárquicos.
A partir do objetivo central, tem-se como objetivos específicos:
- validar as variáveis determinantes do comportamento de uso dos SI;
- analisar se existe diferença de intensidade no uso dos SI nos diferentes níveis
hierárquicos;
- investigar se os SI poderão estar mais ajustados às tarefas de um nível do que de
outro;
- identificar se existe diferença de percepção quanto à facilidade de uso da
tecnologia de acordo com o nível hierárquico em que o individuo se encontra;
- avaliar se existe diferença de percepção de utilidade entre os diferentes níveis
hierárquicos;
- avaliar se existe diferença de intenção de uso dos SI entre os níveis hierárquicos.
Estudar o uso dos sistemas de informações torna-se relevante, visto que os
investimentos nesta área têm aumentado, além de causarem impactos significativos
no desempenho dos negócios (SABHERWAL e CHAN, 2001). Esse aumento
constante nos orçamentos da área de SI nas empresas, segundo Oliveira Neto e
Riccio (2003) indicam que o seu insucesso, decorrente de falhas ou desuso, pode
gerar grandes perdas para a empresa. Desta forma, entende-se quando Albertin
(2001) apresenta que a tecnologia utilizada no desenvolvimento de estratégias e na
realização do planejamento, impacta em termos sociais e empresariais.
12
Entretanto, Brynjolfsson e Hitt (1998) apresentam que a tecnologia não
aumenta de forma automática a produtividade, mas é um componente essencial
para as mudanças, e questionam o fato de algumas empresas realizarem grandes
investimentos em SI e apresentarem pouco retorno, enquanto outras gastam a
mesma quantia e apresentam um imenso sucesso. Para Legris et al. (2003) a
implementação dos sistemas de informações custa caro e tem uma taxa de retorno
relativamente baixa. Isso leva ao entendimento de que os questionamentos devem
voltar-se a como utilizar melhor os sistemas de informações (BRINJOLFSSON e
HITT, 1998).
Yi e Hwang (2003) apresentam em seus estudos que a organização pode
avaliar o retorno sobre o investimento com os SI, a partir da efetiva utilização destes
pelos seus membros.
Essa análise do uso do sistema de informações deve voltar-se para dentro
das organizações e observar as relações existentes entre a tecnologia e outros
fatores que auxiliam e determinam o desenvolvimento de uma empresa, como no
caso de sua estrutura organizacional. Roberts e Grabowski (2004, p. 322) reforçam
esta idéia, quando apresentam que a pesquisa de sistemas “está focada na
observação detalhada de uma organização de cada vez e, consequentemente, não
mede a tecnologia e a estrutura e nem as relaciona”. Isto é verificado quando se
observa os focos dos estudos na área de SI, pois em algumas situações é analisada
a aplicação de determinado sistema ou focado determinado cargo em diferentes
realidades, e não observando o uso da tecnologia de forma comparativa nos níveis
hierárquicos, ou seja, comparando os cargos que possuem diferentes tarefas e
exigem diferentes habilidades. Verificam-se estes fatos no estudo de Dishaw e
Strong (1999), o qual analisou 60 gerentes de projetos de três empresas que
utilizavam um software de manutenção de projetos. O mesmo ocorre no estudo de
Davis e Venkatesh (1996) que pesquisaram o uso do Word pelos estudantes de uma
universidade americana. Já, a pesquisa de Vlahos e Ferrat (1998) analisou o uso
dos SI por gestores de diferentes nacionalidades.
Frente ao exposto, percebe-se a importância de estudar o uso dos SI, visto o
aumento do volume de informações disponíveis nas empresas, a partir do grande
investimento em tecnologia da informação. Estas informações são disponibilizadas
para os indivíduos em diferentes formas e níveis, pois são necessárias no decorrer
13
da execução de suas atividades. Assim, neste estudo, identificar-se-á a utilização
dos SI nas empresas, com foco na identificação de possíveis diferenças entre os
níveis hierárquicos.
Para atender a este propósito, este trabalho se divide em seis partes. A
primeira, de caráter introdutório, apresenta a problemática, objetivos, justificativa e
estrutura do trabalho. No segundo capítulo, está apresentada a discussão teórica e a
caracterização dos níveis hierárquicos, seguidas, da conceituação dos sistemas de
informações, bem como a descrição dos modelos de avaliação do uso dos SI e
fatores determinantes. O quarto capítulo é compreendido pelos aspectos
metodológicos, ou seja, do desenho da pesquisa, hipóteses e variáveis, população
pesquisada, descrição da coleta de dados, bem como toda análise da pesquisa
exploratória realizada. O quinto capítulo descreve os resultados da pesquisa, e por
fim, são apresentadas as considerações finais, limitações do estudo e sugestões de
pesquisas futuras.
14
1 NÍVEIS HIERÁRQUICOS
A idéia de hierarquia existe desde a antigüidade, nos exércitos e nas
organizações eclesiásticas. Taylor, nos seus estudos de Administração Científica, no
início do século XX, chamava a atenção para a necessidade de existir uma divisão
do trabalho, sendo que a gerência planejaria as atividades dos trabalhadores,
instruindo-os e auxiliando-os (TAYLOR, 1976).
No mesmo período, Fayol discutia o que chamava de princípios gerais de
administração, que apresentavam como condições, leis ou regras, que não podiam
ser consideradas como rígidas, nem absolutas. Um destes princípios era a divisão
do trabalho, que, segundo o autor não se aplicava somente às tarefas técnicas, e
que se relacionava a especialização das funções e separação dos poderes (FAYOL,
1977). Outro princípio tratava da autoridade e responsabilidade, em que a primeira
consistia no direito de mandar e no poder de se fazer obedecer, e a segunda
considerada uma conseqüência natural, uma contrapartida indispensável da anterior.
Outros princípios, também, remetiam à hierarquia como unidade de comando,
centralização, ordem, além de Fayol apresentar a hierarquia como princípio, ou seja,
uma cadeia escalar, em que existe uma “série de chefes que vai da autoridade
superior aos agentes inferiores” (FAYOL, 1977, p. 49). O autor afirmava que era
importante conciliar o respeito à ordem hierárquica com a obrigação de andar rápido.
A divisão do trabalho ocorria com base na especialização do trabalhador,
através do desdobramento das funções. Com isso ocorre o que Hall (1999) chama
de diferenciação horizontal e diferenciação vertical. A diferenciação horizontal
corresponde à subdivisão da execução das tarefas. E a diferenciação vertical,
denota uma hierarquia, proliferando níveis de supervisão (HALL, 1999). Com isso, a
15
organização desenvolve uma estrutura hierárquica em níveis de autoridade. Quanto
mais alto se estiver na escala hierárquica, maior o volume de autoridade, enquanto
que diminui a necessidade de conhecimento técnico-operacional (KOONTZ e
O’DONNEL, 1974; HALL, 1999). A hierarquia é uma forma de evitar conflitos,
apontando quem tem poder para decidir (SIMON, 1965).
Para Williamson (1985), o operacional e o estratégico correspondem ao maior
e menor nível da hierarquia organizacional respectivamente. Para o autor, o
operacional trabalha com problemas de maior freqüência, mas como suas ações são
limitadas, seus problemas são de menor “funcionamento”, conforme apresenta o
autor. O funcionamento, conforme apresentado, representa amplitude, por isso
quando trata dos problemas estratégicos, esses são vistos como de maior
amplitude, entretanto de menor freqüência.
Katz e Kahn (1976) discutem o trabalho de Parsons (1960), em que o autor
apresenta seu ponto de vista quanto à distinção existente ao longo da estrutura
organizacional: sistema institucional, sistema gerencial e sistema técnico.
O sistema institucional é o “centro de tomada de decisão ocupado com
amplos problemas de relações externas” (KATZ e KAHN, 1976), apresentado, pela
literatura, na atualidade, como nível institucional ou estratégico (STONER e
FREEDMAN, 1995; LACOMBE e HEILBRON, 2003). Corresponde a direção da
empresa, ou seja, o nível mais alto de sua estrutura. É responsável, também, por
determinar objetivos e estratégias organizacionais, trabalhando com o todo da
organização, coordenando a integração das áreas, e com assuntos de longo prazo.
Além destes aspectos, é este nível que se relaciona com o ambiente externo da
organização (LACOMBE e HEILBRON, 2003; MINTZBERG, 2003).
A cúpula estratégica, como é apresentado o nível institucional por Mintzberg
(2003), é formada por pessoas com total responsabilidade pela organização, sendo
“encarregada de assegurar que a organização cumpra sua missão de maneira eficaz
e, também, de satisfazer as exigências daqueles que controlam ou de outra forma
exercem poder sobre a organização” (MINTZBERG, 2003, p. 24). De acordo com o
autor, o nível estratégico tem a perspectiva mais ampla e mais abstrata da
organização, a tipologia de suas atividades é tomada do mínimo de repetição e
padronização, composta de longos processos decisórios. Suas decisões envolvem
16
estratégias organizacionais a partir da interpretação do ambiente e do
desenvolvimento de padrões.
Mintzberg (2003) apresenta que os dirigentes passam muito tempo em
contato com pessoas influentes e com entidades externas para extrair informações,
realizar negociações e acordo importantes. Desta forma, é possível entender as
principais responsabilidades da cúpula estratégica, que, segundo o autor, envolvem
decisões importantes, fazem planejamentos, resolvem conflitos e monitoram o
desempenho da organização como um todo.
Abaixo do sistema institucional, Parsons apresentou o sistema gerencial, o
qual se refere à administração interna, respondendo pela alocação de recursos
internamente na organização (KATZ e KAHN, 1976). O nível gerencial ou tático está
entre o nível institucional e o nível técnico, cuidando da relação e integração entre
estes dois níveis. Devido a isso Mintzberg (2003) denominou-a de linha
intermediária. Seu papel consiste em, após definidas as estratégias, desdobrá-las
em planos e programas, que serão executados pelo pessoal técnico (STONER e
FREEDMAN, 1995). Este se preocupa em detalhar os problemas, desde a captação
até a alocação de recursos dentro das unidades organizacionais, conforme Parsons
apresentou.
A linha intermediária possui autoridade formal (MINTZBERG, 2003), O
gerente deste nível tem autonomia para tomar algumas decisões, enquanto outras
são transferidas para o nível acima. Esse gestor realiza diversas atividades de
supervisão, coletando informações sobre o desempenho da sua área transferindo-as
para o sistema institucional.
Além das atividades descritas, o supervisor do nível tático aloca os recursos e
desenvolve planos para a sua unidade, que contemplem as estratégias
organizacionais determinadas, mantendo contato com os gerentes dos demais
departamentos que possuem interdependência com a sua área. Neste nível, as
atividades são “mais detalhadas e elaboradas, menos abstratas e agregadas, mais
focadas no próprio fluxo de trabalho” (MINTZBERG, 2003, p. 26).
O nível tático é responsável por coordenar as atividades dos departamentos.
Simon e March (1967) apresentaram que ao definir um objetivo, identificam-se
tarefas unitárias, que são necessárias ao alcance do mesmo. Essas atividades são
17
agrupadas em funções individuais, e estas em unidades maiores, estabelecendo
departamentos. Os autores apresentam os departamentos como “um conjunto
definido de tarefas a serem distribuídas entre os empregados que as devem
executar” (SIMON e MARCH, 1967, P. 30).
O terceiro nível, é denominado de sistema técnico, em que, de acordo com
Katz e Kahn (1976), tem suas funções descritas pelos títulos de produção,
manutenção, procura e alienação, e adaptação. O autor apresenta que a
organização técnica possui certo nível de divisão do trabalho, e é controlada por
uma organização gerencial, que, por sua vez, é controlada pelo sistema institucional
e pela comunidade.
Para Mintzberg (2003), esse nível é conhecido como núcleo operacional,
corresponde aos executores das funções individuais apresentadas por Simon e
March (1967), ou seja, é onde as tarefas e operações são executadas, os programas
desenvolvidos e as técnicas aplicadas, ou seja, seu trabalho é relacionado à
fabricação dos produtos e à prestação de serviços (MINTZBERG, 2003). Este nível
segue programas e rotinas desenvolvidas pelo nível gerencial, sendo voltado para o
curto prazo. É o nível mais baixo da hierarquia (STONER e FREEDMAN, 1995).
No nível operacional, é onde ocorre a maior padronização das atividades.
Mintzberg (2003), ao exemplificar as funções do núcleo operacional, apresenta que
essas não são formadas somente pela transformação da matéria-prima em produto
acabado, mas, também, por funções de manutenção, vendas e entrega dos produtos
resultantes da transformação, compras e armazenamento da matéria-prima, entre
outras, de acordo com a especificidade e tipologia da empresa.
Nos níveis hierárquicos, ocorre uma diferenciação em termos de tipo tarefa e
poder, pois Lacombe e Heilborn (2003) classificam as atividades em relação ao nível
em que são executadas, descrevendo-as como: atividades de direção, atividades
gerenciais e atividades de execução. Estas três correspondem, respectivamente,
aos níveis institucional, tático e operacional. Para complementar a classificação das
atividades, Stoner e Freedman (1995) descrevem que as empresas são compostas
de três níveis de administração, sendo estes: gerentes ou supervisores de primeira
linha, os quais coordenam as atividades dos executores das operações; gerentes
médios, responsáveis por supervisores ou por executores de tarefa, que estão em
18
posição intermediária na hierarquia; e, por fim, administradores de topo, que
correspondem aos executivos da direção.
Simon e March (1967) apresentam que numa estrutura piramidal é comum
que cada tarefa compreenda somente as atividades de um departamento, entretanto
poderão ocorrer fusões de várias atividades em uma determinada tarefa, quando o
número total de atividades for pequeno em comparação com o campo de aplicação
dos diferentes objetivos e processos.
Parsons trata deste aspecto quando discute sobre as pequenas organizações,
onde pode não ocorrer grande divisão do trabalho, e as pessoas executam
atividades de todos os níveis (KATZ e KAHN, 1976). Mintzberg (2003) apresenta
que se as empresas tiverem um número reduzido de funcionários a supervisão será
realizada pela cúpula estratégica, inexistindo a linha intermediária. Este nível surge a
medida em que ocorre a departamentalização da organização. Nestas organizações,
Simon e March (1967) apresentam que a estrutura pode conduzir a diversas
ineficiências, “por colidir com a especialização dos processos” (p.32). Nas grandes
empresas, é possível introduzir a especialização do processo em subdivisões da
departamentalização, de acordo com o propósito de cada unidade. Entretanto,
Parsons afirma que independente de agrupadas em uma função ou distribuídas
ao longo de uma estrutura hierárquica, existem problemas oriundos de cada nível e
que exigem diferentes informações e análises (KATZ e KAHN, 1976).
É importante ressaltar que a estrutura é dinâmica, e irá se alterar de uma
empresa para outra. Por isso, pode-se ter empresas com mais de três níveis,
enquanto outras podem apresentar um único nível. Neste sentido, Lacombe e
Heilborn (2003) apresentam que os três níveis principais podem ser divididos. O que
Parsons quis apresentar com estes níveis, é que existem, dentro das organizações,
três principais grandes grupos de amplitudes de decisões.
Esta discussão, referente aos níveis hierárquicos, chama a atenção quanto às
diferentes amplitudes que tomam as atividades de cada nível. Isto leva a pensar que
possam existir diferentes demandas quando se pensa em instrumentos que auxiliam
na execução das atividades nas empresa. Os sistemas de informações é um destes
instrumentos. Devido a este fato, na seção seguinte, será tratado especificamente
do uso dos sistemas de informações nas empresas.
19
2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
Os sistemas de informações são considerados como um conjunto de
componentes interligados, que fazem a coleta, o processamento, o armazenamento,
e a distribuição de informações que auxiliam na execução das atividades da
empresa (LAUDON e LAUDON, 2004; STAIR e REYNOLDS, 2002; AUDY et al.,
2005).
Segundo estes autores, a coleta corresponde à entrada dos dados que
caracterizam algum evento ocorrido. O processamento dos dados transforma-os em
algo que tenha significado para a organização. O armazenamento permite que se
possa ter acesso a estas informações no momento oportuno. A distribuição é
responsável pela saída das informações, tornando possível a sua disseminação para
aqueles que irão utilizá-las na execução de suas tarefas, como por exemplo, os
gestores que tomarão decisões dentro das organizações conforme apresentado no
capítulo anterior.
Os SI devem possuir um mecanismo de feedback, que, segundo Audy et al.
(2005) é uma espécie de mecanismo que controla as saídas, identificando se estão
de acordo com os objetivos do sistema, permitindo que sejam ajustadas ou
modificadas as atividades como coleta e processamento, de forma a manter o
sistema, atendendo aos requisitos para os quais foi desenvolvido.
Além de disponibilizarem informações, os SI possuem outras funções
importantes, que auxiliam as empresas a alcançarem seus objetivos a partir do uso
da tecnologia, tais como: auxiliar na execução das tarefas, facilitando o controle e
integrando processos; auxiliando nas decisões em todos os níveis, a partir da
disponibilização da informação; ajudar a organização a se diferenciar no mercado,
20
auxiliando na implantação de suas estratégias, e na obtenção de vantagem
competitiva (AUDY et al., 2005).
O’Brien (2004) apresenta três papéis dos sistemas de informações, o que
para Audy et al. (2005) são conhecidos como objetivos dos SI. Segundo estes
autores, os SI dão suporte às operações, proporcionando controle e integração dos
processos de negócio e funções organizacionais; auxiliam na tomada de decisão
dos diversos níveis organizacionais; e, por fim, os SI têm o papel de dar suporte às
estratégias com vistas à obtenção de vantagens competitivas.
Com o intuito de atender a esses objetivos, os SI evoluíram e foram se
adaptando para apoiar diferentes níveis de atividades organizacionais (BARRON et
al., 1999). Isso fez com que alguns autores (LAUDON e LAUDON, 2004; STAIR e
REYNOLDS, 2002; AUDY et al., 2005) tentassem classificar os SI, de modo a
apresentar as diferentes tipologias desta ferramenta. Desta forma, os sistemas de
informações são divididos, basicamente, em Sistemas de Processamento de
Transações, Sistemas de Informação Gerencial, Sistemas de Apoio à Decisão e
Sistemas de Informação Executiva. Alguns autores ampliam esta divisão,
apresentando algumas variações desta tipologia, entretanto, em essência,
permanece inalterado o conceito central dos SI.
Além da discussão conceitual e da caracterização destes diferentes sistemas,
os autores buscaram compreender a sua aplicação nas organizações, e
identificaram que existe uma relação entre o nível hierárquico em que o indivíduo se
encontra e o tipo de SI a ser utilizado por este na realização de suas atividades.
Neste sentido, Audy et al. (2005) apresentam que os sistemas de informações
executivas estão preparados para atender as necessidades do nível estratégico;
enquanto o nível tático é apoiado pelos sistemas de apoio à decisão e aos sistemas
de informações gerenciais; o nível estratégico utiliza os sistemas de processamento
de transações. Nesta discussão, Laudon e Laudon (2004) incluem os sistemas de
nível de conhecimento que servem para auxiliar atividades específicas, como,
trabalhos de engenharia e de editoração gráfica, além de apresentar os sistemas de
automação de escritórios, que são os editores de textos, agendas e planilhas
eletrônicas.
21
O’Brien (2004) apresenta que existem sistemas de apoio às operações, que
processam dados e são utilizados nas operações da empresa, o autor apresenta
como exemplo os sistemas de ponto de venda das lojas de varejo, ou os terminais
de caixa. Além destes, existem os sistemas de informações gerenciais que fornecem
informações e apóia os gestores em suas decisões. Neste caso, é exemplificado
com sistema que permitem a visualização instantânea dos resultados de vendas, ou
até mesmo, que possibilitam simulações, testando o impacto de suas decisões.
Barron et al. (1999) realizaram um estudo com o objetivo de melhorar o
entendimento, a classificação e a comparação entre os vários tipos de SI, pois os
autores afirmam que apesar de ser universalmente usada esta classificação, ela é
obsoleta, vaga e confusa. Uma das confusões que ela pode trazer é que um mesmo
sistema, em virtude das características da organização em que está sendo utilizado,
pode ser considerado um Sistema de Informações Gerenciais para uma empresa,
enquanto que para outra é um Sistema de Processamento de Transações (BARRON
et al., 1999). Isto pode fazer com que existam organizações em que o Sistema de
Processamento de Transações possui uma importância e uma utilidade estratégica
maior do que o Sistema de Informações Gerenciais ou o Sistema de Apoio à
Decisão em outra organização. Outro fator que prejudica a classificação dos
sistemas, para os autores, é a dificuldade de definir precisamente os termos dados,
informação e conhecimento.
Independentes dos tipos de SI, são identificados aumentos significativos nos
investimentos realizados pelas empresas em tecnologia. Isto se confirma, ao
analisar o estudo, ‘Brasil IT Spending by State’, realizado pela consultoria IDC,
especializada na área de informação, que quantifica o orçamento em tecnologia da
informação para cada região e estado brasileiro. Os resultados mostram um
crescimento significativo de investimentos na área com um orçamento para 2007 de
R$ 45 bilhões frente aos R$ 39 bilhões de 2006. A representatividade da área no
PIB nacional, também, deve apresentar alteração, passando de 2%, em 2006, para
2,2% em 2007. Outro aspecto importante, ressaltado pela pesquisa, é a importância
que o Governo tem dado aos sistemas de informações, aumentando os gastos com
esse tipo de tecnologia na busca de melhorar sua infra-estrutura e a transparência
de suas ações, além da inclusão digital da população (IDC BRASIL, 2007).
22
O Instituto Sem Fronteiras (ISF) também realizou uma pesquisa sobre este
assunto, entrevistando 940 executivos de empresas de diversos segmentos, que
mostrou resultados positivos quanto aos investimentos na área de sistemas de
informações. A primeira constatação é a de que o orçamento de TI (tecnologia da
informação) deverá apresentar crescimento pelo terceiro ano consecutivo. Em
termos de valor, o ISF estimou que o mercado corporativo apresentará um
investimento em torno de R$ 44 bilhões na aquisição de software, hardware e
serviços, confirmando a informação apresentada no estudo da consultoria IDC.
Outro aspecto apresentado é que as empresas estão buscando produtos e soluções
com facilidade de implementação e que apresentem retorno a curto prazo. Para os
entrevistados o grande desafio para o ano de 2007 é treinar profissionais da área de
tecnologia da informação e seus usuários. Os dados da pesquisa mostraram que
2007 é um ano promissor para os fornecedores de infra-estrutura de hardware e
software e também para automação comercial e bancária, pois existe uma
perspectiva de aumento do interesse em gerenciamento e uso inteligente das
informações. A pesquisa aponta que o segmento de comércio demonstra interesse
em consolidar a área de tecnologia da informação nas empresas (REVISTA TI,
2007).
O Governo Brasileiro tem percebido a importância da tecnologia da
informação para o desenvolvimento das empresas e do país. Neste sentido, a
regulamentação da Lei de Informática deve trazer ao mercado brasileiro um
aumento de investimentos das empresas do setor. A lei prevê algumas isenções e
reduções tributárias, como no caso do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados),
para empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e
automação. As empresas que desejam obter os incentivos deverão investir 5% do
seu faturamento obtido com os produtos beneficiados pela lei (COMPUTER
WORLD, 2006). Outro fator, que também mostra a importância que o Governo tem
dado à área de TI é o fato de que os investimentos em tecnologia e ciência estão
entre os dez itens mais importantes do plano de tornar o Brasil desenvolvido até
2022, conforme informações da Agência Brasil (IDG NOW, 2006).
A consultoria Forrester anunciou um aumento de 5% nos investimentos em
tecnologia da informação em todo mundo, o que representa uma desaceleração do
setor, visto que em 2005 e 2006, o aumento foi de 8% (IDG NOW, 2006).
23
Toda essa perspectiva de crescimento tem refletido, também, nas pequenas e
médias empresas, pois o ramo de produtos e serviços em tecnologia da informação
está buscando estas empresas como nova opção de mercado. O site ‘TI Inside’,
noticiou em março de 2007, que a empresa Oracle está com seu foco voltado para
encontrar soluções para as pequenas e médias empresas, pois de seus 5 mil
clientes na América Latina, 65% são destas categorias (TI INSIDE, 2007). Entende-
se o foco da Oracle neste mercado, quando se analisa as informações apresentadas
pela Consultoria IDC para o ano de 2006, em que se previa um aumento de
investimentos na área de TI pelas pequenas e médias empresas em torno de 8,5%,
sendo que no Brasil, em 2005, 54% das pequenas e médias empresas pretendiam
aumentar seus gastos em TI. Já, no ano de 2006, esse valor passou para 56%
(DECISION REPORT, 2006). Este estudo apresentou um amadurecimento das
pequenas e médias empresas em relação à seleção de soluções mais convenientes
a suas necessidades e realidades. A partir da adoção de tecnologia da informação,
as empresas de pequeno e médio porte estão buscando, em primeiro lugar,
melhorar seu gerenciamento de custos, seguido do aumento do controle sobre a
informação, em terceiro, está a automatização de processos, e por fim, uma
operação mais eficiente.
Esse crescimento dos investimentos em tecnologia da informação tem
refletido nos estudos da área, visto que muitas pesquisas, como, por exemplo, as de
Santhanan e Hartono (2003), Dehning et al. (2005), Dehning e Stratopoulos (2000);
Mahmood e Mann (2000), têm buscado avaliar os investimentos na área, bem como
seu reflexo na performance das empresas.
O mesmo ocorre com o aumento dos gastos em TI pelas pequenas e médias
empresas, o que tem levado os pesquisadores a tentarem entender como se
procede a adoção da tecnologia por estas empresas, ou, até mesmo, os obstáculos
para que se efetive o seu uso nessas categorias de empresas em particular. Esses
aspectos são verificados em estudos como os de Martens (2001), Lima (2005),
Ströher (2003), Beraldi e Escrivão Filho (2000). Chama-se a atenção para o estudo
de Love e Irani (2005) que analisam os investimentos de pequenas e médias
empresas do ramo de construção, na busca do entendimento da relação
custo/benefício da implementação da tecnologia.
24
As pesquisas discutidas apresentaram um aumento de investimentos em
tecnologia da informação nas empresas, ressaltando que isto tem ocorrido, também,
em empresas de pequeno e médio porte. A presença dos sistemas de informações
nas empresas, conforme apresentado, tem ocorrido com vista a melhorar a
execução das atividades da empresa, auxiliando os indivíduos em suas tarefas,
armazenando e disponibilizando informações. Desta forma, se entende que muitas
empresas têm aumentado os investimentos na área de SI na busca de melhorarem
sua performance e ampliarem seus resultados, por isso é preciso entender o
comportamento das pessoas frente aos sistemas de informações, e avaliar o uso
desta ferramenta, assunto este que será tratado na próxima seção.
2.1 USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
Existem diversos modelos de avaliação do uso dos sistemas de informações,
que analisam o comportamento de utilização dos SI, os quais se baseiam em
diferentes aspectos. Num esforço de explicar o uso dos SI, as pesquisas
primeiramente desenvolveram ferramentas para medir e analisar a satisfação dos
usuários (LEGRIS et al., 2003).
A aprendizagem foi outro foco das teorias que analisaram o uso da
tecnologia. A teoria do processamento da informação, de Miller (1956), discute a
aprendizagem humana como algo semelhante ao uso do computador. Assim como o
computador, a mente humana recolhe a informação, executa operações, armazena
dados e gera respostas. Outro aspecto importante discutido por Miller (1956) é que
existem três diferentes tipos de memória: a primeira que recebe as informações
referentes às sensações da pessoa; a segunda, que guarda temporariamente as
novas informações, ou seja, a memória de curto prazo; e, por fim, a memória de
longo prazo que tem capacidade ilimitada e indefinida. Esta teoria apresenta que os
fatores chave para que a informação seja armazenada é que esta seja significativa e
que ocorra uma ativação prévia do conhecimento.
Algumas pesquisas sobre utilização da tecnologia são baseadas nos
comportamentos e atitudes dos indivíduos. Este é o caso do modelo discutido por
Ajzen e Fishbein (1975) denominado de Theory of Reasoned ActionI TRA
25
(GOODHUE e THOMPSON, 1995). Este modelo apresenta que o comportamento
individual é determinado pelas intenções de comportamento, e estas ocorrem em
função da atitude do indivíduo, definida como sentimentos positivos e negativos do
mesmo. Para este modelo existe uma norma subjetiva, definida como a percepção
do indivíduo quanto o que as outras pessoas pensam que determinado
comportamento deva ser realizado (DAVIS et al., 1989). O modelo apresenta
limitações, como um risco de existir confusão entre o significado de atitudes e das
normas. Outro aspecto é que, se alguém apresenta uma intenção de agir, não
necessariamente ele irá realizar a ação, pois existem situações como habilidade
limitada, tempo, hábitos inconscientes, ou variáveis ambientais ou organizacionais
que podem limitar a liberdade de agir.
A teoria do comportamento planejado (TPB), de Ajzen (1991), busca resolver
esta limitação, pois apresenta que o comportamento individual é dirigido pelas
intenções de comportamentos, e estas ocorrem em função da atitude do indivíduo.
Esta teoria também tem seu foco na relação entre uso e atitude do usuário, e discute
a existência de normas subjetivas que cercam a performance do comportamento e a
percepção individual quanto à facilidade com que um comportamento pode ser
realizado (controle comportamental). O controle do comportamento é a percepção
frente à dificuldade em realizar determinado comportamento. O modelo analisa o
controle como um continuum dos comportamentos que são executados frente aos
que requerem algum esforço ou recurso considerável. Em virtude de identificar que
existe certa dificuldade de avaliar o controle real, os autores passaram a trabalhar
com o controle percebido (VENKATESH et. al., 2003).
O modelo TAM (technology acceptance model) também tem como objetivo
avaliar o comportamento de utilização da tecnologia, analisando as atitudes para
usar os SI a partir da utilidade percebida e da facilidade de utilização (DISHAW e
STRONG, 1999). O significado da sigla TAM quer dizer modelo de aceitação da
tecnologia. Este nome remete ao fato de que o modelo apresenta que quando
percebida pelo usuário a utilidade do sistema, e identificado que este é facilmente
operado, ou seja, quando a tecnologia ou o SI é aceito pelos seus usuários, maior
será o seu nível de utilização.
O modelo TAM, Figura 1, o qual é apresentado por Davis e Venkatesh (1996)
como uma adaptação do modelo TRA, avalia as variáveis que determinam ou
26
influenciam as atitudes voltadas para utilizar uma tecnologia, através da identificação
da facilidade de utilização e utilidade percebida. A utilidade percebida é influenciada
pela facilidade de utilização percebida (DISHAW e STRONG, 1999). Davis et al.
(1989) afirmam que este modelo possui um valor prático em termos de avaliar os SI,
guiando os gestores a reduzir o problema da não utilização dos sistemas. Segundo
os autores, os SI não podem melhorar a performance da organização se não forem
utilizados.
Figura 1 - Modelo de Aceitação da Tecnologia
Fonte: adaptado de Dishaw e Strong, 1999.
Davis et al. (1989) apresentaram, em sua pesquisa, que a utilização do
computador depende, de certo modo, das intenções das pessoas. Sendo o
determinante principal das intenções de uso a percepção da utilidade; e, a
determinante secundária, a percepção da facilidade de uso (DAVIS et al., 1989).
A teoria da dissonância cognitiva, discutida por Festinger (1957), está
concentrada no relacionamento entre cognições, ou seja, os indivíduos buscam uma
consistência em suas opiniões, quando ocorre uma inconsistência entre as atitudes
ou comportamentos. A dissonância acarreta, com freqüência, em situações em que
os indivíduos devem escolher entre duas situações incompatíveis. Esta teoria é
contraditória à maioria das teorias comportamentais. O indivíduo usa o SI quando
este se ajusta a suas crenças e valores.
Além da análise do uso dos SI com foco na atitude dos indivíduos e na
aprendizagem, algumas pesquisas focaram o ajuste da tecnologia com as
27
Facilidade de
Utilização
Percebida
Utilidade
Percebida
Atitude para
o Uso
Uso real da
Tecnologia/
SI
Intenção de
Uso da
Tecnologia/SI
exigências das tarefas desempenhadas com o auxílio da mesma (GOODHUE e
THOMPSON, 1995).
Neste sentido, tem-se a teoria do ajuste cognitivo, de Vessey (1991), a qual
analisa a relação entre a tarefa e o formato de apresentação da informação, sendo
que este ajuste deve conduzir a um desempenho superior dos usuários
individualmente. A teoria do ajuste cognitivo permitiu que se explicassem diferenças
de desempenho entre usuários, a partir dos formatos de apresentação da
informação, tais como tabelas e gráficos (VESSEY, 1991). Segundo o autor, a
solução de problemas a partir do ajuste cognitivo leva a uma performance eficiente e
eficaz, não sendo necessário transformar a representação mental para que seja
extraída a informação com a finalidade de solucionar problemas. Isto ocorre quando
a informação é apresentada num formato que esteja ajustado às necessidades de
seus usuários.
Já, o modelo de avaliação do comportamento de utilização dos SI, conhecido
como task-technology fit (TTF), Figura 2, indica que a performance do indivíduo é
influenciada pelo ajuste existente entre as tarefas que este realiza e a funcionalidade
da tecnologia, ou seja, quanto mais de acordo com as tarefas realizadas o sistema
estiver, melhor será o desempenho do indivíduo (GOODHUE e THOMPSON, 1995).
Este modelo inclui a performance do indivíduo, apresentando que a utilização do
sistema, e conseqüentemente a performance, é influenciada pela relação existente
entre as características do SI utilizado, que deve estar de acordo com as
características das tarefas realizadas.
Figura 2 - Modelo Ajuste Tecnologia-Tarefa
Fonte: adaptado de Goodhue e Thompson, 1995.
28
Características da
Tarefa
Características da
Tecnologia - SI
Ajuste Tarefa -
Tecnologia
Utilização
Performance
O modelo TTF foca na tarefa do usuário e na funcionalidade do SI disponível
(DISHAW e STRONG, 1999), que, quando ajustados, aumentam o nível de
utilização da tecnologia, e melhoram a performance do usuário e da organização.
Analisando de forma comparativa os modelos TAM e TTF, percebe-se que o
que diferencia um modelo do outro, é o foco na tarefa, pois a tecnologia é uma
ferramenta para que se realizem as tarefas organizacionais. O TAM inclui, de modo
implícito, a tarefa, quando avalia a utilização dos SI a partir da utilidade percebida,
enquanto o modelo TTF trabalha de forma explícita as características da tarefa para
avaliar a utilização dos SI (DISHAW e STRONG, 1999).
Dishaw e Strong (1999) e Klopping e McKinney (2004) realizaram estudos
com a proposta de avaliar o uso da tecnologia a partir da integração dos modelos
TAM e TTF (Figura 3). Dishaw e Strong (1999) trabalharam com a integração dos
dois modelos em virtude de o modelo TTF incluir a tarefa, sendo este fato
considerado pelos autores uma fraqueza do modelo TAM. Ao aplicarem o modelo
integrado, na análise de um software de gerenciamento de projetos, encontraram um
nível de explicação do uso da tecnologia de 36% (DISHAW e STRONG, 1999),
índice mais elevado do que o encontrado por Goodhue e Thompson (1995) com a
aplicação do modelo TTF, o qual explicou em 16% o uso da tecnologia.
Figura 3 - Modelo Integrado – TAM-TTF
Fonte: adaptado de Klopping e McKinney, 2004.
O estudo de Klopping e McKinney (2004) investigou o comércio eletrônico
através do modelo integrado e os resultados, também, apresentaram que o modelo
29
TTF
Uso Atual
Intenção de
Uso
Facilidade
de Uso
Percebida
Utilidade
Percebida
explica 36% da variância do uso atual. Se observada a intenção de uso, esta é
explicada pelo modelo integrado em 52%, enquanto o resultado da explicação de
uso através do modelo TAM apresentou 47% de explicação. Desta forma, entende-
se que a combinação dos modelos poderia melhor explicar a utilização da tecnologia
(KLOPPING e MCKINNEY, 2004).
Dishaw e Strong (1999) apresentaram que a percepção da facilidade de uso
da ferramenta é afetada pela funcionalidade e pela experiência individual com a
tecnologia; e que quanto maior a experiência, maior a facilidade de uso, enquanto o
aumento da funcionalidade da ferramenta é associado com uma menor facilidade de
uso. Os autores, também associaram a experiência com a tecnologia à percepção
da utilidade desta. Identificou-se um bom ajuste entre a funcionalidade da tecnologia
e as características da tarefa para os usuários com grande percepção da utilidade
da ferramenta para determinada tarefa. Este estudo mostra que o modelo TTF afeta
a percepção da facilidade de uso (DISHAW e STRONG, 1999).
Klopping e McKinney (2004) também identificaram que o modelo TTF afeta a
percepção da facilidade de uso, entretanto, os autores apresentaram uma forte
associação entre o modelo TTF e a percepção da utilidade, o que para Dishaw e
Strong (1999) não aparece com tanta significância no estudo realizado por estes. Os
autores apresentam que esta diferença pode ser causada em virtude de estarem
analisando tecnologias diferentes, pois sugerem que as percepções de utilidade no
comércio eletrônico (KLOPPING e MCKINNEY, 2004) dependem do quão ajustada a
tecnologia está para a realização da tarefa; enquanto no ambiente de trabalho,
(DISHAW e STRONG, 1999) as percepções de utilidade são determinadas por
fatores como recompensas e normas sociais.
O modelo integrado apresentado ajuda a compreender por que os indivíduos
escolhem determinadas tecnologias para auxiliar em suas tarefas particulares,
sendo esta compreensão importante para os profissionais da área de SI, além de
ajudar a entender como as características da tecnologia e o seu ajuste com as
características da tarefa levam o usuário a escolher determinada ferramenta
(DISHAW e STRONG, 1999).
Segundo os autores, a combinação dos modelos poderia melhor explicar a
utilização da tecnologia (DISHAW e STRONG, 1999; KLOPPING e MCKINNEY,
30
2004). Desta forma, percebe-se que o uso dos sistemas de informações não está
relacionado somente com o ajuste entre a tarefa e a tecnologia, ou com o
comportamento e as atitudes dos indivíduos frente aos SI, mas sim com a
combinação destes fatores. A partir da integração dos modelos, é possível identificar
o comportamento de utilização dos sistemas de informações, o qual é determinado
pelas variáveis: utilidade percebida; facilidade de uso percebida; intenção de uso; e
ajuste entre tarefa e tecnologia. Klopping e McKinney (2004) discutem que o
comportamento e a atitude de uso podem estar relacionados com a percepção do
ajuste entre a tarefa e a tecnologia, por isso, a dificuldade de se analisar em
modelos separados.
Frente às inúmeras variáveis que determinam o uso, discutidas nos modelos
aqui apresentados, para que fosse possível entender os determinantes do uso dos
sistemas de informações no diferentes níveis hierárquicos, objetivo deste estudo,
trabalhou-se com variáveis que contemplam a relação entre a tecnologia e as tarefas
desempenhadas pelos usuários e o comportamento e as atitudes dos indivíduos
frente aos SI.
31
3 MÉTODO DE PESQUISA
Este capítulo apresentará o método de pesquisa utilizado para se alcançar os
objetivos do trabalho, sendo descrito, a seguir, o tipo de pesquisa e a coleta de
dados, a população, hipótese, variáveis e o pré-teste realizado.
3.1 TIPO DE PESQUISA
Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa descritiva, pois tal tipo de
pesquisa possui planos estruturados (HAIR et. al., 2005a). Nesta pesquisa, se
trabalhou com a integração de variáveis que abordam o comportamento e atitude
dos indivíduos frente a tecnologia e o ajuste desta com as tarefas executadas. As
pesquisas realizadas (VLAHOS, et al., 2004; GOODHUE, 1995; DAVIS, 1989;
KLOPPING e MCKINNEY, 2004) auxiliaram na definição das variáveis deste estudo,
visto que este pretende identificar o uso dos SI.
3.2 DESENHO DA PESQUISA E HIPÓTESES
Na literatura, pôde-se identificar as peculiaridades dos níveis hierárquicos,
chamando a atenção às diferenças de cada um em termos de atividades executadas
e amplitude de suas decisões e ações. Também se percebe as diferentes
ferramentas que podem auxiliar os indivíduos na execução de suas tarefas.
32
Neste sentido, Vlahos e Ferrat (1997) realizaram um estudo com gestores
americanos e gregos, com o propósito de avaliar o nível de adequação entre a tarefa
do gestor e o SI utilizado. A pesquisa apresentou, como hipótese, que o Sistema de
Apoio à Decisão (SAD) e o Sistema de Informações Executivas (SIE) seriam mais
ajustados ao processo decisório gerencial do que o Sistema de Informações
Gerenciais (SIG) e o Sistema de Processamento de Transações (SPT). Contudo, os
resultados da pesquisa mostraram que o Sistema de Informações Gerenciais é o
mais ajustado às atividades do processo de decisão gerencial (VLAHOS e FERRAT,
1997), indo contra a hipótese apresentada.
Numa ampliação deste estudo, pesquisando o uso dos SI no apoio ao
processo decisório com gestores alemães, Vlahos et al. (2004), identificaram que o
SIG está mais ajustado para as tarefas decisórias dos gestores dos níveis gerenciais
mais altos. Entretanto, os gestores de primeira linha têm o SPT, como sistema mais
adequado para as suas decisões. Deste modo, a hipótese de que o SIG está mais
adequado para as tarefas do processo de decisão gerencial que os demais SI foi
parcialmente confirmada (Vlahos et al., 2004).
Conforme apresentado inicialmente, esta pesquisa pretende investigar os
fatores que explicam a utilização dos SI na realização das atividades dos diferentes
níveis hierárquicos, ampliando a análise dos autores citados acima, trabalhando com
variáveis que contemplam o comportamento e a atitude dos indivíduos frente à
tecnologia e o ajuste destas com as tarefas executadas.
Neste sentido, entende-se que o uso é determinado por fatores como
facilidade de utilização percebida, utilidade percebida, intenção de uso dos SI e o
ajuste entre a tarefa e a tecnologia (Hipótese 1). Esta afirmação está baseada nos
estudos de Dishaw e Strong (1999), Klopping e McKinney (2004), Löbler et al.
(2006), os quais trabalharam com a integração de modelos para analisar o uso da
tecnologia. Ressalta-se que será trabalhado com o construto ajuste tarefa-tecnologia
(TTF) e não com as variáveis que caracterizam as tarefas e a tecnologia. Optou-se
por trabalhar desta maneira por dois motivos: primeiro, o estudo de Klopping e
McKinney (2004) apresentou o seu modelo com o construto ajuste, pois, para os
autores, o comportamento de uso pode estar relacionado com a percepção do
indivíduo em relação ao ajuste entre a tarefa e a tecnologia; o segundo motivo,
refere-se ao fato desta pesquisa trabalhar com o foco de análise de diferenciação
33
entre os níveis hierárquicos, desta forma, pode-se encontrar vários cargos com
tarefas diversificadas, dificultando a padronização do instrumento para que se possa
medir as características da tarefas. Outra observação importante quanto as variáveis
que contemplam o comportamento dos indivíduos, é o fato de não se trabalhar com
a atitude para uso, pois Davis e Venkatesh (1996, p.21) apresentam que, a partir de
“evidências empíricas, o modelo final exclui o construto atitude porque este não
mede completamente o efeito da percepção da utilidade na intenção”, visto que o
uso é explicado pelos fatores determinantes, os quais dentre tantas variáveis
contemplam as tarefas executadas pelos indivíduos.
Katz e Kahn (1976) discutem a idéia de Parsons (1960), que apresentou a
existência de diferenças entre os níveis hierárquicos em termos dos tipos de
atividades que executam, níveis de poder e de decisão. Acredita-se que possam
ocorrer diferenças entre os níveis em termos de uso dos SI (Hipótese 2), pois se
este é determinado pelas tarefas e em cada nível as tarefas se diferenciam, poderá,
o uso, também apresentar diferenças. Desta forma, parte-se do pressuposto que nas
empresas existem no mínimo dois níveis hierárquicos, um que contempla as
atividades gerenciais, abrangendo o nível estratégico e tático, e outro relacionado a
execução das operações, ou seja, o nível operacional.
Entende-se que se o uso é influenciado pelos fatores determinantes, e se
diferencia de acordo com o nível hierárquico em que o individuo se encontra na
estrutura organizacional, poderão também existir diferenças de percepção quanto
aos construtos do modelo: facilidade de utilização percebida, utilidade percebida,
intenção de uso do SI e ajuste entre a tarefa e a tecnologia (Hipóteses 3, 4, 5 e 6).
A Figura 4 apresenta o modelo da pesquisa, o qual está baseado nas
proposições discutidas, e nos estudos anteriormente realizados. A partir desta, tem-
se as hipóteses estudadas:
Hipótese 1: o uso é determinado pelos fatores facilidade de utilização percebida,
utilidade percebida, intenção de usar o SI e o ajuste entre a tarefa e a tecnologia
Hipótese 2: o nível operacional é o que tem maior intensidade de utilização dos SI
do que os demais níveis.
Hipótese 3: os SI estão mais ajustados às tarefas do nível operacional.
Hipótese 4: o nível gerencial tem maior intenção de usar os SI.
34
Hipótese 5: o nível gerencial percebe como melhor a utilidade dos SI.
Hipótese 6: o nível gerencial é o que percebe melhor a facilidade de uso dos SI.
Figura 4 – Modelo da Pesquisa
Fonte: elaborado pela autora.
3.3 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS
As variáveis que serão estudadas, indicam que o uso do SI nos diferentes
níveis hierárquicos depende da aceitação do sistema, ou seja, a identificação pelo
indivíduo da utilidade deste e da facilidade de manuseio; e do nível de ajuste entre a
tarefa a ser realizada e o SI da empresa. Desta forma, tem-se como variáveis
independentes, as quais irão afetar, influenciar ou determinar as demais variáveis
(MARCONI e LAKATOS, 2003): níveis hierárquicos, facilidade de utilização
percebida, utilidade percebida, atitude para o uso e ajuste entre a tarefa e
tecnologia, enquanto a intensidade de uso é variável dependente, ou seja, é aquela
variável que será explicada ou descoberta em decorrência da influência das
variáveis independentes.
35
Intensidade de
Uso
Nível
Hierárquico
Facilidad
e
Utilidade
Intenção
H1
H1
H1
H1
H2
H3
H6
H5
H4
O instrumento de pesquisa analisa o uso dos SI através da integração de
variáveis referentes ao ajuste entre tarefa e tecnologia e ao comportamento e atitude
dos usuários. O comportamento e a atitude para uso são estudados com base em
Davis e Venkatesh (1996); Dishaw e Strong (1999); Klopping e McKinney (2004), e
apresentam os seguintes fatores, que estão compreendidas no questionário deste
trabalho:
Utilidade percebida: medida através de seis variáveis, em que se pretende
identificar o quanto o SI afeta o usuário no desempenho de suas tarefas,
melhorando sua produtividade, adicionando valor e facilitando o seu trabalho.
Facilidade de utilização percebida: compreende seis variáveis, em que o individuo
apresenta sua percepção quanto ao SI em termos de facilidade de aprendizado e de
operação.
Intenção de uso: formado de cinco variáveis, em que é analisada a pretensão de
utilizar o SI, identificando se as pessoas preferem usar os sistemas de informações
baseado em computador, na realização de suas tarefas, ao invés de métodos
manuais.
O ajuste entre a tarefa e a tecnologia é medido através de dez variáveis em
que se observa a relação entre as tarefas realizadas pelo usuário e características
do SI e das informações por este disponibilizadas. Estas variáveis baseiam-se nos
estudos de Goodhue (1995), Dishaw e Strong (1999), Klopping e McKinney (2004).
As 27 variáveis referentes aos determinantes do uso dos sistemas de
informações foram medidas através de escala Likert de 5 pontos que variam do
discordo totalmente até o concordo totalmente. O Quadro 1 apresenta as variáveis
que compõem cada determinante do uso, bem como o nome que será utilizado para
referir-se às mesmas e os estudos que apresentaram cada medida.
Nome Variável Referência
Utilidade percebida
Rapidez Usar o SI permite-me realizar mais
rapidamente as minhas tarefas.
Klopping e McKinney, 2004; Dishaw e
Strong, 1999; Davis, 1989; Davis e
Venkatesh, 1996
Produtividade Usar o SI aumenta a minha
produtividade.
Dishaw e Strong, 1999; Davis, 1989;
Davis e Venkatesh, 1996
Valor O sistema é importante e adiciona valor Davis, 1989; Davis e Venkatesh, 1996
36
ao meu trabalho.
Desempenho Usar o SI prejudica o meu desempenho
no trabalho.
Davis, 1989; Dishaw e Strong, 1999
Facilita Usar o SI facilita a realização do meu
trabalho.
Klopping e McKinney, 2004; Dishaw e
Strong, 1999; Davis, 1989; Davis e
Venkatesh, 1996
Útil O SI é útil para as minhas tarefas. Klopping e McKinney, 2004; Dishaw e
Strong, 1999; Davis, 1989; Davis e
Venkatesh, 1996
Facilidade de uso percebida
Difícil Aprender a utilizar/operar o sistema foi
difícil para mim.
Klopping e McKinney, 2004; Davis,
1989
Aprender Foi necessário muito tempo para eu
aprender a utilizar/operar o SI.
Klopping e McKinney, 2004
Confundo Eu freqüentemente me confundo ao
utilizar o sistema.
Klopping e McKinney, 2004
Habilidoso Utilizar/operar o SI permite me tornar
mais habilidoso.
Davis, 1989
Esforço A interação com o SI não exige muito
esforço mental.
Davis e Venkatesh, 1996
Fácil Eu considero o SI fácil de usar. Davis, 1989; Dishaw e Strong, 1999;
Davis e Venkatesh, 1996
Intenção de uso
Bom Eu acredito que é muito bom usar o SI,
nas minhas tarefas, ao invés de métodos
manuais.
Klopping e McKinney, 2004
Desejo Eu desejo usar o SI para as minhas
tarefas em complementação aos métodos
manuais.
Dishaw e Strong, 1999
Melhor É muito melhor para mim, usar o sistema
na realização das minhas tarefas ao invés
dos métodos manuais.
Klopping e McKinney, 2004
Gosto Eu gosto de usar o sistema para as
minhas tarefas.
Klopping e McKinney, 2004
Intenção Minha intenção é utilizar o SI ao invés de
métodos manuais para executar as
minhas tarefas.
Klopping e McKinney, 2004; Dishaw e
Strong, 1999; Davis, 1989; Davis e
Venkatesh, 1996
Ajuste tarefa-tecnologia
Detalhada Os dados são apresentados em um nível
de detalhamento suficiente para as
minhas tarefas.
Dishaw e Strong, 1999; Klopping e
McKinney, 2004; Goodhue, 1995
Informação No SI, a informação é óbvia e cil de
encontrar.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Localizo Quando eu necessito do sistema, eu fácil
e rapidamente localizo a informação.
Klopping e McKinney, 2004
Exatas As informações que utilizo ou que eu
gostaria de utilizar são exatas o suficiente
para as minhas finalidades.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Atuais As informações são atuais o suficiente
para as minhas finalidades.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Compreensão As informações que eu necessito são
apresentadas de forma que facilita a
compreensão.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Formato A informação é armazenada em
diferentes formatos e é difícil saber qual
usar eficazmente.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Definição Eu facilmente encontro a definição exata
dos dados necessários para realizar as
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
37
minhas tarefas.
Confiáveis Os dados que eu necessito ou utilizo são
confiáveis.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Comparar Eu facilmente consigo agregar dados ao
SI ou comparar dados.
Goodhue, 1995; Klopping e McKinney,
2004
Quadro 1 – Composição das variáveis
Fonte: elaborado pela autora.
A intensidade de uso foi medida pelo tempo e freqüência de utilização da
ferramenta pelo individuo (DISHAW e STRONG, 1999; KLOPPING e MCKINNEY,
2004; GOODHUE, 1995; VLAHOS et al., 2004). Legris et al. (2003) apresentam que
o uso é medido normalmente através de duas ou três questões sobre freqüência de
uso, quantidade de tempo gasto usando o sistema.
Quanto à variável nível hierárquico será necessário que: o respondente
indique o seu cargo na empresa, e, a partir da análise do organograma seja possível
identificar a qual nível hierárquico o cargo pertence. Vlahos et al. (2004) utilizaram
esta medida em sua pesquisa, ao procurarem identificar o nível hierárquico no qual o
indivíduo se encontrava na organização. Visto que, neste trabalho, se pretende
analisar de forma comparativa os níveis de uma mesma instituição, tem-se a
possibilidade de identificar o cargo, e através do organograma verificar o nível
hierárquico em que se encontra o usuário, o que não foi possível no estudo de
Vlahos et al. (2004), pois foram analisados indivíduos de organizações diversas.
Com base nos aspectos expostos, o instrumento de pesquisa, em forma de
questionário, apresentou 30 variáveis (Apêndice A). Para sua validação, o
instrumento foi testado, sendo os resultados deste, apresentados a seguir. Nesta
etapa de teste, objetivava-se validar os construtos facilidade de utilização percebida,
utilidade percebida, atitude para o uso e ajuste tarefa-tecnologia. Isto fez-se
necessário devido ao fato de que apesar de existirem na literatura questionários com
seu uso amplamente difundido, não se encontrou nenhum validado no Brasil, e,
segundo Oliveira Neto e Riccio (2003) a validação cultural de um questionário é
essencial antes de sua aplicação, pois conceitos bem difundidos em uma cultura
podem não existir em outras, desta forma, não bastando somente a tradução do
instrumento.
38
3.3.1 Pesquisa exploratória para validação dos construtos
Nesta etapa, primeiro realizou-se uma avaliação quanto à compreensão dos
30 itens do questionário, identificando se existiam questões confusas, ambíguas ou
não muito claras. Isso se fez necessário, pois, segundo Oliveira Neto e Riccio
(2003), é importante efetuar uma validação cultural, de instrumentos existentes
em amostras de diferentes nacionalidades; o questionário deve ter formato e
vocabulário adequados ao que se pretende medir (HOPPEN, et al., 1996). Estes
procedimentos referem-se à identificação da validade aparente do instrumento de
coleta de dados, sendo que, no caso desta pesquisa, ao ser efetivada a referida
análise, não foram necessárias alterações significativas, mantendo-se todas as
variáveis.
Realizada esta etapa, passou-se para a aplicação do instrumento com o
intuito de realizar uma pesquisa exploratória, que serve como teste-piloto para
validação dos construtos anteriormente apresentados. O instrumento foi pré-testado
com uma amostra de 238 funcionários de uma instituição pública de ensino que
utilizam o SI da organização para realizar suas tarefas. Os respondentes têm em
média 44 anos de idade, 48% são do sexo masculino e 52% do sexo feminino. Do
total de respondentes, 57% possuem algum tipo de pós-graduação e 27% têm
formação superior completa. Em média, o tempo de cargo dos entrevistados é de 8
anos, e o tempo na instituição de 17 anos.
Neste momento, trabalhou-se com a análise fatorial para identificação clara
das medidas dos construtos: utilidade percebida, facilidade de uso percebida,
intenção de uso e ajuste tarefa-tecnologia.
Através da análise fatorial realizada, foi necessária a retirada de algumas
variáveis do instrumento. Os motivos para tal decisão serão discutidos no decorrer
desta etapa. A primeira análise refere-se à qualidade das correlações que se
mostraram significativas através do teste de Kaise-Meyer-Olkin (KMO) de valor
0,933, o qual deve ser maior ou igual a 0,6 para que a correlação entre cada par de
variáveis seja explicada pelas demais variáveis do estudo (LATIF, 2004).
Também foram mensurados o teste de esfericidade de Barlett, o qual tem por
objetivo “examinar a hipótese de que as variáveis não sejam correlacionadas na
39
população” (MALHOTRA, 2006, p. 549). Segundo o autor, a matriz da correlação
populacional é uma matriz identidade, ou seja, os termos da diagonal são 1 e os
demais são zero. Um valor alto para este teste favorece a rejeição da hipótese nula,
Segundo Malhotra (2006), se essa hipótese não puder ser rejeitada é questionável a
aplicação da análise fatorial. Desta forma, o teste de esfericidade apresentou
resultado significativo de 3663,8.
Ambos os resultados dos testes discutidos mostraram a adequação do uso da
análise fatorial à amostra. Além destes, as medidas de adequação da amostra e da
matriz correlação anti-imagem, também tiveram resultados significativos.
Desta forma, partiu-se para a análise da comunalidade, que é a proporção da
variância explicada pelo fator, e que, por regra prática, deve ser maior que 0,5 para
cada variável (LATIF, 1994). Devido aos resultados de algumas variáveis, foi
necessária a retirada daquelas que apresentaram comunalidade menor que 0,5,
totalizando seis itens retirados: dois relacionados à facilidade de uso percebida; um,
sobre utilidade percebida; um referente à atitude de uso; e dois do modelo ajuste
tarefa-tecnologia. A Tabela 1 apresenta o resultado final das comunalidades.
Tabela 1 – Comunalidades das variáveis
Fonte: dados da pesquisa.
40
Variável Comunalidades
Rapidez
0,760
Produtividade
0,784
Valor
0,742
Facilita
0,756
Útil
0,664
Dicil
0,771
Aprender
0,771
Confundo
0,687
Fácil
0,678
Bom
0,813
Melhor
0,849
Gosto
0,747
Intenção
0,810
Detalhada
0,598
Informação
0,679
Localizo
0,642
Exatas
0,750
Atuais
0,716
Compreensão
0,761
Definição
0,614
Confiável
0,506
Ao todo foram rodadas três fatoriais até que todas as variáveis
apresentassem comunalidades acima de 0,5. Na primeira análise fatorial, foram
retiradas as variáveis: ‘utilizar/operar os sistemas de informações permite tornar-me
mais habilidoso’; ‘a interação com o SI não me exige muito esforço mental’, ambas
variáveis referentes à facilidade de uso percebida; e a variável do construto ajuste
tarefa-tecnologia, ‘a informação é armazenada em diferentes formatos e é difícil
saber qual usar eficazmente’. As comunalidades foram 0,482, 0,468 e 0,433
respectivamente.
Realizada a análise fatorial novamente, foi necessária a exclusão da variável
‘usar o SI prejudica o meu desempenho no trabalho’, pois apresentou comunalidade
de 0,387 e pertencia ao fator utilidade percebida; e a variável ‘eu facilmente consigo
agregar dados ao SI ou comparar dados’, que apresentou um resultado de 0,333 e
referia-se ao ajuste tarefa-tecnologia. Por fim, após refeita a fatorial, retirou-se mais
uma variável relacionada à intenção de uso, pois esta apresentou comunalidade de
0,482. Esta variável buscava identificar se a pessoa desejava utilizar o SI para as
suas tarefas em complementação aos métodos manuais.
Estabelecidas as comunalidades com valores aceitáveis, faz-se necessário
determinar o número de fatores. Neste estudo, foram analisados os autovalores e a
variância total explicada (Tabela 2). No primeiro procedimento, são retirados os
fatores com autovalores superiores a 1,0 (MALHOTRA, 2006). O referido autor
apresenta que, na porcentagem de variância explicada, para se determinar o
número de fatores, observa-se que a porcentagem acumulada deve atingir no
mínimo 60% da variância.
A análise dos autovalores e da porcentagem de variância (Tabela 2)
apresentaram que o instrumento compreende 4 fatores que explicam , em média,
72% da variância.
41
Tabela 2 – Variância total explicada
Fonte: dados da pesquisa
A Tabela 3 apresenta os resultados da matriz de fatores rotacionados, na qual
podem ser identificados os itens que compõem cada fator. O método ultilizado para
a extração dos fatores foi a análise do componente principal, recomendada para
quando se busca o número mínimo de fatores que respondem pela máxima
variância nos dados (MALHOTRA, 2006), e a rotação foi Varimax com normalização
Kaiser, método este mais comumente utilizado e que reforça a interpretabilidade dos
dados, resultando em fatores não-correlacionados.
A matriz de fatores (Tabela 3), segundo o autor, apresenta as cargas fatoriais
de todas as variáveis que formam cada fator extraído. As cargas fatoriais tiveram
resultado maior que 0,519. Estes valores indicam a correlação entre os fatores e as
variáveis (MALHOTRA, 2006).
A Tabela 3, além de apresentar o resultado da matriz rotacionada, permite
que se identifique o fator ao qual cada variável se refere, de acordo com a literatura
consultada. Assim, é possível identificar que praticamente todas as variáveis
apresentaram resultados condizentes com a discussão teórica. Ressalta-se que a
42
1 9,886 47,076 47,076 9,886 47,076 47,076 4,665 22,214 22,214
2 2,379 11,328 58,404 2,379 11,328 58,404 4,338 20,655 42,869
3 1,808 8,608 67,011 1,808 8,608 67,011 3,316 15,789 58,658
4 1,025 4,881 71,892 1,025 4,881 71,892 2,779 13,235 71,892
5 0,811 3,861 75,754
6 0,611 2,91 78,664
7 0,515 2,455 81,119
8 0,468 2,228 83,346
9 0,419 1,996 85,342
10 0,384 1,829 87,172
11 0,359 1,712 88,883
12 0,305 1,454 90,337
13 0,303 1,441 91,778
14 0,268 1,278 93,056
15 0,263 1,254 94,31
16 0,233 1,107 95,417
17 0,224 1,069 96,486
18 0,215 1,026 97,512
19 0,201 0,955 98,467
20 0,176 0,838 99,306
21 0,146 0,694 100
%
Acum.
Total
% de
Variância
%
Acum.
Fator
Autovalores iniciais
Soma dos quadrados das
cargas da extração
Soma dos quadrados das
cargas da rotação
Total
% de
Variância
%
Acum.
Total
% de
Variância
variável gosto de usar o SI para as minhas tarefas’, apesar de não ter se
apresentado no fator intenção de uso, que era o esperado, foi mantida no
instrumento, pois teve resultado significativo para o fator utilidade percebida.
Tabela 3 – Matriz Fatorial com Rotação Varimax
Fonte: dados da pesquisa.
Analisou-se a confiabilidade do instrumento para esta amostra, visto que,
segundo Freitas et al. (2000) a confiabilidade pode ser medida através de
coeficientes como o alfa de Cronbach, enquanto a validade pode enfocar o
instrumento de forma subjetiva. Uma escala fidedigna produz resultados
consistentes (FREITAS et al., 2000) e, para o presente instrumento, obteve-se um
alfa de Cronbach de 0,9413. Hoppen et al. (1996) que apresentam que “quanto mais
alto for seu valor (varia de 0 a 1) maior a consistência interna da medida.”
Esta etapa é importante, pois conforme Oliveira Neto e Riccio (2003), o teste
piloto afeta o instrumento resultante, e reforça que este tem propriedades suficientes
para que a pesquisa seja continuada. A Tabela 4 apresenta o alfa de Cronbach dos
fatores em ordem decrescente de resultado. Percebe-se, pelos valores, que todos os
fatores apresentaram coeficientes significativos de confiabilidade.
43
Fator
Variáveis de origem Ajuste Utilidade Facilidade Intenção
Exatas
Ajuste 0,823
Atuais
Ajuste 0,820
Compreensão
Ajuste 0,769
Confiável
Ajuste 0,688
Detalhada
Ajuste 0,678
Informação
Ajuste 0,653
Definição
Ajuste 0,609
Localizo
Ajuste 0,519
Produtividade
Utilidade 0,835
Valor
Utilidade 0,819
Rapidez
Utilidade 0,812
Facilita
Utilidade 0,748
Útil
Utilidade 0,626
Gosto
Intenção 0,535 0,507
Aprender
Facilidade 0,858
Dicil
Facilidade 0,849
Confundo
Facilidade 0,794
cil
Facilidade 0,635
Melhor
Intenção 0,832
Intenção
Intenção 0,795
Bom
Intenção 0,720
Fator
Tabela 4 – Alfa de Cronbach para cada fator
Fonte: dados da pesquisa.
Quanto às variáveis relacionadas ao uso dos sistemas de informações,
ressalta-se que estas foram mensuradas de duas formas: de acordo com a média de
horas semanais de utilização do SI e através da freqüência de uso
(mensal/semanal/diária). Através dos resultados obtidos, verificou-se que a
identificação da média de horas apresenta de forma mais clara o uso do SI, do que a
medida freqüência de uso. Esta determinação está relacionada, por exemplo, com o
fato de muitos usuários apresentarem alta freqüência de uso, mesmo utilizando
efetivamente os sistemas de informações poucas horas no dia. Da mesma forma,
tem-se usuários que não apresentam freqüência diária, mas que quando necessitam
dos SI, usam-nos com grande intensidade. Com base nestes resultados, o uso é
indicado pela média de horas.
Os níveis hierárquicos são reconhecidos através dos cargos ocupados pelos
respondentes, observando a localização deste no organograma. Entretanto, ao
analisar o organograma e conversar com alguns gestores e colaboradores da
organização, identificou-se que em algumas situações pode existir uma formalização
no organograma, mas de fato a amplitude das atividades e das responsabilidades do
cargo, em termos de decisões, serem diferentes. Isso fez com que a identificação do
nível hierárquico partisse do cargo em conjunto com a análise do organograma de
fato, visto que existem pessoas em cargos de mesmo nome, mas em departamentos
diferentes que acabam se diferenciando em termos de poder e responsabilidades.
Ressalta-se que os resultados acima discutidos serviram de base para o
refinamento do instrumento de pesquisa, possibilitando a validação das variáveis
finais do instrumento. Assim, este teste piloto teve o intuito de identificar a
confiabilidade e a validade do instrumento. Após esta análise preliminar de todas as
variáveis, passou-se para a aplicação do instrumento com a população da pesquisa.
44
Fatores No. de Variáveis Alfa de Cronbach
Utilidade percebida
6 0,9207
Ajuste tarefa-tecnologia
8 0,9079
Intenção de uso
3 0,9060
Facilidade de uso percebida
4 0,8632
3.4 POPULAÇÃO
A população desta pesquisa foi composta de indivíduos de diferentes níveis
hierárquicos de uma organização comercial que tem sede no município de Santa
Maria-RS. A empresa possui, atualmente, 12 lojas no estado do Rio Grande do Sul,
sendo oito na cidade sede, duas em Porto Alegre e as demais em Santa Cruz do Sul
e Cachoeirinha. Sua venda média é de 850 mil unidades de produtos por ano,
através da emissão de 600 mil cupons fiscais/ano. Em seu cadastro de clientes
constam 90 mil cartões de clientes emitidos, o que representa 1, 3 milhões de
parcelas emitidas e liquidadas por ano.
Com o intuito de preservar a empresa e os dados da pesquisa, não será
divulgado o seu nome. A organização trabalha no ramo varejista, mais
especificamente com comércio de calçados. Buscou-se uma empresa que
estivesse solidificada no mercado, onde os colaboradores de todos os níveis
utilizassem o mesmo sistema de informações como ferramenta de apoio à execução
de suas tarefas. O quadro de pessoal da empresa é composto de 272 pessoas.
Devido aos cargos de faxineira, empacotador e vitrinista não necessitarem do
sistema da empresa para operacionalizar suas atividades, tais indivíduos foram
excluídos da pesquisa. Desta forma, foram pesquisados todos os demais integrantes
da empresa, passando a ser um total de 246 respondentes. Dos 246 possíveis
entrevistados, dois diretores da empresa não responderam aos questionários pois
não utilizavam o SI da empresa, mesmo sua atividade podendo contemplar o seu
uso. Foi identificado que um destes diretores utilizava alguns relatórios do sistema
para fazer atividades de compras de mercadorias, entretanto, quando considerava
necessário ele solicitava ao setor de pedidos um relatório sobre dados de
determinado produto, como vendas, itens em estoque, além de análises como giro
de estoque da loja que trabalha com o produto. O outro diretor não possui contato
nenhum com o sistema para as suas atividades, pois é responsável pelo controle de
tesouraria. Desta forma, foram distribuídos 244 questionários.
45
3.5 COLETA DE DADOS
Este estudo compreende uma pesquisa survey, sendo assim, a coleta de
dados deu-se através de questionários guiados pelas hipóteses, que são formuladas
com base na teoria, e apresentam o que precisa ser medido (HAIR et. al., 2005a).
Antes da aplicação do questionário, apresentado no Apêndice B, foi realizada a
validação do mesmo, conforme apresentado anteriormente, a qual possui o intuito
de identificar a confiabilidade e a validade do instrumento.
A escolha por esta forma de coleta de dados ocorreu devido e esta permitir, a
partir da sua estruturação, certa padronização, provocando informações específicas
(MALHOTRA, 2006), situação desejada neste trabalho.
A coleta ocorreu no período de 05 a 11 do mês de dezembro de 2006. Os
questionários foram entregues aos gerentes das lojas, os quais se encarregaram de
sua distribuição e recolhimento. Para esta atividade, os responsáveis pelas lojas
foram devidamente preparados, sendo realizada uma reunião com a participação de
todos os gerentes e da direção da empresa, em que se discutiram os propósitos do
trabalho e sua importância.
Em conjunto, com os questionários de cada loja, enviou-se uma
correspondência com lembretes e instruções, além de uma lista dos funcionários da
loja para que o gerente pudesse identificar quem deveria participar da pesquisa.
Ressalta-se que todos os formulários apresentavam recomendações básicas quanto
ao seu preenchimento.
Os funcionários da área administrativa da empresa, os quais estão
centralizados na matriz em Santa Maria-RS, responderam seus questionários no
mesmo período, entretanto, estes foram entregues e recolhidos pela própria
pesquisadora, a qual já repassava as informações básicas quanto ao instrumento.
No caso da empresa em estudo, chama-se a atenção para o fato das
atividades de alguns cargos não serem condizentes com o nível hierárquico ao qual
pertenciam no organograma apresentado pela organização. Isto ocorreu devido à
empresa estar com alguns processos de reestruturação e ainda não ter revisado o
seu organograma, bem como descrições de cargos. Ressalta-se que os cargos com
estes problemas referiam-se a atividades administrativas e não de lojas. Desta
46
forma, cada cargo foi cuidadosamente analisado em conjunto com a responsável
pela área de recursos humanos e, quando necessário, conversado com o
participante do cargo, para que fosse possível a identificação clara do nível
hierárquico de cada cargo com base nas atividades, responsabilidades e poder de
decisão. Determinado o nível hierárquico ao qual cada cargo pertencia, para que
fosse possível a identificação do respectivo nível hierárquico, diferenciou-se os
questionários por cores. Sendo assim, os formulários brancos foram entregues para
todos os indivíduos que desempenhavam funções de cargos operacionais; os
questionários verdes, para os cargos de nível tático, e os azuis para o nível
estratégico.
No próximo capítulo, serão analisados os dados e discutidos os resultados da
pesquisa.
47
4 RESULTADOS DA PESQUISA
A discussão dos resultados da pesquisa é dividida em cinco partes, iniciando
por uma apresentação do sistema de informações da empresa, seguida da
caracterização do perfil dos respondentes, análise dos construtos e do uso dos
sistemas de informações. Após a apresentação e discussão destes resultados, são
apresentadas as análises das hipóteses, sendo, primeiro, observados os
determinantes do uso dos SI, e, após, as diferenças entre os níveis hierárquicos.
4.1 SISTEMA DE INFORMAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO EM ESTUDO
De acordo com os propósitos da pesquisa era necessário que a empresa
possuísse um sistema de informações baseado em computador, ou seja, a
tecnologia que se pretende estudar são SI utilizados para operacionalização da
empresa e controle, que disponibilizam informações para as decisões. Isso se deve
ao fato de não se pretender trabalhar com a avaliação da utilização de aplicativos
como editor de textos, planilhas de cálculo, correio eletrônico entre outros, utilizados
para automatização das atividades dos escritórios, a fim de aumentar a
produtividade dos indivíduos (BATISTA, 2004). Desta forma, serão descritas as
principais características do SI utilizado, atualmente, na empresa estudada.
O SI analisado, neste estudo, foi desenvolvido exclusivamente para a
empresa onde se realizou a pesquisa. Segundo relatos, a organização realizou este
projeto em virtude de estar com dificuldades de encontrar no mercado um software
que estivesse totalmente adequado à sua realidade e especificações de sua cultura.
Outro fato importante: a empresa buscava uma tecnologia que pudesse ser utilizada
48
para todas as atividades da empresa, ou seja, um programa que integrasse todas as
áreas e unificasse as informações.
A descrição do sistema foi efetuada com base em informações
disponibilizadas pela empresa e pelos profissionais que desenvolveram o mesmo. O
SI possui um banco de dados projetado para a solução de varejo calçadista, sendo
considerado pela empresa um sistema especialista.
Buscou-se uma solução que minimizasse, ou até mesmo eliminasse alguns
problemas, como, por exemplo, situações em que o sistema saísse fora do ar por
problemas no servidor ou de conexão, os quais pudessem prejudicar o atendimento
a clientes. Sendo assim, atividades como frente de caixa operam
independentemente, da mesma forma como ocorre no varejo supermercadista.
Desta forma, os caixas operam com base de dados local que é atualizada,
diariamente, com dados incrementais, tais como: código de produtos, descrição,
preço, promoções, entre outros.
Todas as informações de retaguarda e de atividades administrativas são
feitas através de web-browser, ou seja, o sistema visualmente se parece a uma
página da internet (navegador). Isso fez com que a empresa reduzisse os custos de
implantação e operação, além de facilitar o treinamento dos funcionários.
O software é escrito em extensão ASP e o acesso aos dados pelas filiais
ocorre através de meio público, ou seja, conexão ADSL. Os softwares de caixa são
escritos em visual basic e consultam a base de dados sempre que precisarem de
alguma informação, como saldo de limite de crédito de cliente. O SI requer que o
servidor utilize banco de dados SQL-Server e no mínimo Windows 2003 como
sistema operacional.
O sistema de informações denominado SINet, nome fictício, foi implantado em
31/12/2002. Cada funcionário possui seu código de usuário e senha, sendo que os
funcionários possuem acesso restrito aos módulos do sistema necessários às suas
atividades. Entretanto, ressalta-se que os cargos gerenciais e a direção possuem
acesso a todos os recursos da ferramenta.
O software é dividido em oito módulos: administrativo, compras, consultas,
contábil, crediário, estoque, financeiro e vendas. O primeiro módulo trata dos
aspectos de administração do sistema como gerenciamento de usuários e senhas.
49
No módulo de compras, são contemplados todos os aspectos concernentes ao
relacionamento com fornecedores, bem como com os cadastros destes e pedidos de
compra. O modelo de consultas permite que se tenha acesso direto a todo e
qualquer relatório ou informações consolidadas do sistema. Ressalta-se que, devido
ao fato do software ser próprio da empresa e esta ter um programador responsável
que presta serviços semanalmente, caso os gestores ou funcionários necessitarem
de alguma informação adicional, é possível que sejam solicitados novos relatórios.
O módulo destinado à área contábil permite que este setor da empresa tenha
acesso às informações necessárias às suas atividades, visto que se baseia nas
informações do sistema da empresa para realizar a escrituração contábil, atividade
esta que é efetivada em software especifico. A parte destinada ao crediário consta
de todos os controles relativos a cadastros de clientes, bem como suas compras e
contas a receber. No que se refere ao módulo de estoque, este permite o
gerenciamento do mesmo a partir das análises dos inventários periódicos realizados
nas lojas, além de apresentar cadastro de produtos, emissão de etiquetas, controles
de quantidades de itens, entre outros.
O módulo financeiro apresenta informações sobre resultados financeiros
como inadimplência, total de vendas à vista ou a prazo; em cheque, dinheiro ou
cartão, além de saldos de caixa, relatórios e borderôs, entre outros. A parte de
vendas apresenta informações quanto a condições de pagamento, consulta de
produtos, preços e clientes, monitoramento de vendas. Neste módulo, é possível os
gestores acompanharem as vendas das lojas no decorrer do dia, identificando o
valor vendido até aquele exato momento em que está realizando a consulta, e até
mesmo monitorar o número em funcionamento.
Neste item, buscou-se apresentar uma descrição resumida do SI da empresa,
para melhor entendimento deste. Ressalta-se que cada módulo apresenta mais
recursos do que os apresentados aqui, os quais são direcionados às especificidades
de cada cargo da empresa. Chama-se a atenção ao fato do sistema ter
desenvolvimento próprio e permitir que sejam realizados ajustes a todo e qualquer
momento, além de possibilitar a extração de uma infinidade de informações através
de análises diferenciadas de acordo com a necessidade do usuário, facilitando desta
forma que o SI sirva de suporte às ações dos indivíduos que compõem a
organização, bem como, de suporte às decisões que permeiam suas atividades. Um
50
exemplo disto é o desenvolvimento de programas de fidelidade, além do
rastreamento dos hábitos de consumo dos clientes, o que permite que a empresa os
incentive a realizar novas compras.
4.2 PERFIL DOS RESPONDENTES
Dos 244 questionários distribuídos, foram recebidos 236. Alguns não
responderam o instrumento pois estavam em compensação de horas-extras ou com
atestado médico. Outros simplesmente não devolveram o formulário respondido.
Ao analisar o perfil destes respondentes, verificou-se um maior número de
mulheres, pois representam 57,5% dos respondentes, frente a 42,5% que
correspondem aos indivíduos do sexo masculino. Quanto à idade, verifica-se um
público jovem com média de 26,7 anos, evidencia-se que 90% dos colaboradores da
empresa têm de 17 a 38 anos.
Identificou-se que 7 respondentes, ou seja, 3% possuem pós-graduação,
assim como, também, 3% possuem nível superior completo. A maior concentração
de respondentes possuem ensino médio completo correspondendo a 63,8%, depois
aparecem funcionários com ensino superior incompleto (15,5%), ensino médio
incompleto (10,3%) e ensino fundamental completo e incompleto (4,3%).
Quanto ao tempo de empresa, verificou-se que os colaboradores estão em
média quatro anos na empresa, sendo que os funcionários que têm até quatro
anos de empresa correspondem a 75% dos respondentes.
Tabela 5 – Freqüência dos níveis hierárquicos.
Fonte: dados da pesquisa.
51
vel Freência Percentual
Percentual
Acumulado
Estragico
7 3 3
tico
29 12,3 15,3
Operacional
200 84,7 100
Total
236 100
Ao identificar o nível hierárquico (Tabela 5), tem-se 200 entrevistados (84,7%)
do nível operacional, 29 (12,3%) do nível tático e 7 (3%) do nível estratégico. O
maior número de respondentes são vendedores (54,1%), seguidos dos caixas
(16,5%). Os gerentes das lojas representam 6,1%.
4.3 ANÁLISE DOS ITENS DOS CONSTRUTOS
Neste subitem, são analisadas as médias e desvios-padrão das variáveis que
compõe cada fator constante no questionário validado na pesquisa exploratória
realizada. A média é apresentada por Hair et al. (2005a) como uma das medidas de
tendência central mais utilizada, a qual pode ser considerada uma medida robusta.
Malhotra (2006, p. 434) apresenta a média como o “valor obtido somando todos os
elementos de um conjunto e dividindo a soma pelo número de elementos”.
O desvio-padrão é apresentado pelos autores como uma medida de
dispersão (HAIR et al., 2005a; MALHOTRA, 2006). Hair et al. (2005a, p. 273)
indicam que “o desvio padrão descreve a dispersão da variabilidade dos valores de
distribuição da amostra a partir da média e é, talvez, o índice mais valioso da
dispersão”, isto quer dizer que se o desvio padrão estimado for grande, as
respostas, na distribuição não estão muito próximas da média. Se o resultado for
pequeno, os valores de distribuição estão próximos da média. O desvio padrão é
considerado pequeno quando seu resultado for menor que 1, significando que os
respondentes foram muito coerentes em suas opiniões. Caso este valor seja grande,
denota que existe muita variância de opiniões.
As variáveis estão apresentadas na ordem do questionário, ou seja, primeiro
as variáveis que se referem à utilidade percebida, seguida de facilidade de uso
percebida, intenção de uso e ajuste entre tarefa e tecnologia.
Os resultados da Tabela 6 mostram que os respondentes percebem a
utilidade dos sistemas de informações, visto que, para todas as variáveis a média
teve resultado maior que 4, apresentando concordância em relação às afirmações.
Desta forma, as pessoas vêem os SI como uma ferramenta que aumenta sua
produtividade e adiciona valor ao trabalho. Neste sentido, Goodhue (1995)
apresenta que as organizações gastam milhões de dólares em sistemas de
52
informações com o intuito de melhorar, tanto a performance organizacional, quanto a
performance individual de seus colaboradores. Entretanto, Venkatesh et al. (2003)
apresentam que a tecnologia melhora a produtividade do usuário, se esta for
aceita e utilizada pelos indivíduos.
Tabela 6 – Média e desvio padrão das variáveis que compõem o fator Utilidade Percebida
Fonte: dados da pesquisa.
As variáveis que discutem que os SI são úteis às tarefas do indivíduo,
facilitando o seu trabalho e permitindo que realizem suas atividades com maior
rapidez, foram as que apresentaram as maiores médias e também os menores
desvios padrão. Além destes aspectos, os indivíduos também concordaram que
gostam de usar os sistemas de informações em suas tarefas.
Estes resultados corroboram os dados da pesquisa de Silva (2005), na qual
os respondentes também concordaram que os SI aumentam sua produtividade,
permitindo terminar as tarefas mais rapidamente, considerando úteis ao trabalho,
além de apresentarem que gostam de usar os SI em suas tarefas.
Verifica-se que o desvio-padrão de todas as questões teve resultado menor
que 1, apresentando pouca dispersão dos respondentes quanto à concordância em
relação às afirmações.
Tabela 7 – Média e desvio padrão das variáveis que compõem o fator Facilidade de Uso Percebida
Fonte: dados da pesquisa.
53
Variável Média Desvio Padrão
Usar o SI permite-me realizar mais rapidamente as minhas tarefas.
4,23 0,73
Usar o sistema de informaçoes aumenta a minha produtividade.
4,07 0,81
O SI é importante e adiciona valor ao meu trabalho.
4,11 0,74
Usar o SI facilita a realização do meu trabalho.
4,26 0,68
O sistema de informações é útil para as minhas tarefas.
4,28 0,61
Eu gosto de usar o SI para as minhas tarefas.
4,15 0,86
Utilidade Percebida
Variável Média Desvio Pado
Aprender a utilizar/operar o SI foi difícil para mim.
1,94 0,96
Foi necessário muito tempo para eu aprender a utilizar/operar o SI.
1,79 0,80
Eu freqüentemente me confundo ao utilizar o sistema.
1,76 0,86
Eu considero o sistema de informações cil de usar.
4,26 0,57
Facilida de Uso Percebida
Analisando as três primeiras questões da Tabela 7, percebe-se que os
respondentes tendenciaram a discordar com as sentenças, visto que estas
apresentavam que foi difícil aprender a utilizar/operar o sistema, necessitando de
muito tempo para tal atividade, além do usuário freqüentemente se confundir ao
utilizar o SI. Ressalta-se que caso estas frases fossem afirmações positivas, suas
médias seriam 4,06, 4,21 e 4,24 respectivamente. Na análise descritiva, foram
considerados os valores originais, nas demais análises, trabalhou-se com os valores
invertidos para estas questões, fazendo com que todas as respostas tivessem o
mesmo sentido.
As variáveis do fator, facilidade de uso percebida, afirmam o quanto o usuário
considera que o SI é de fácil operação. Ferreira e Leite (2003) apresentam que os SI
devem possuir a característica de usabilidade, a qual determina que a tecnologia é
de fácil manuseio e rápido aprendizado, o que faz com que se resolvam facilmente
as tarefas para as quais a ferramenta foi projetada. Desta forma, essas
características fazem com que o SI seja bem aceito, e, conseqüentemente, utilizado
pelos indivíduos na realização de suas tarefas.
Percebe-se, pelos resultados, que os indivíduos consideram o SI fácil de usar,
visto que a média para esta questão foi de 4,26. Isso denota que os requisitos não-
funcionais, dentre eles os de interface, indicam a qualidade do sistema, ou seja,
suas facilidades (FERREIRA e LEITE, 2003). Para os autores, estes requisitos se
relacionam com a exibição da informação e a entrada de dados.
Mathieson e Keil (1998) apresentam que a não percepção da facilidade de
uso pode ocorrer em situações em que as tarefas que o SI está preparado para dar
suporte não correspondem as tarefas que os indivíduos esperam que a ferramenta
os auxilie a executar. Os autores, ainda, afirmam que existe relação entre a
facilidade de uso percebida e o ajuste entre a tarefa e a tecnologia.
O que chama a atenção na Tabela 7 é o alto desvio padrão da primeira
variável, apresentando-se próximo a 1, mostrando uma dispersão das respostas
maior que as demais variáveis.
A tabela 8 apresenta os resultados quanto à intenção dos usuários em utilizar
o sistema de informações. Verifica-se que estes concordam que o uso dos SI para
as suas tarefas se sobressai em relação ao uso de métodos manuais. Entretanto,
54
examina-se que os respondentes estão mais propensos a concordar que seja bom
usar o SI, e não que este seja muito melhor que as ferramentas manuais. Isso
confere-se no fato da variável ‘eu acredito que é muito bom usar o SI nas minhas
tarefas, ao invés de métodos manuais’ apresentou a maior média, ou seja, maior
indicação de concordância e menor desvio padrão, o que indica pouca dispersão
nas respostas, em relação as demais variáveis do construto.
Tabela 8 – Média e desvio padrão das variáveis que compõem o fator Intenção de Uso
Fonte: dados da pesquisa.
A medida com avaliação mais baixa foi ‘minha intenção é utilizar o SI ao invés
de métodos manuais para executar as minhas tarefas’. Para Davis et al. (1989), a
intenção de uso é o principal determinante do comportamento de uso dos sistemas
de informações. Wu et. al. (2004) apresentam que a utilidade percebida e a
facilidade de uso percebida explicam as diferenças de intenção de uso. Segundo os
autores, se a utilidade e facilidade de uso do SI for percebida, o indivíduo
desenvolverá intenção de uso, e, conseqüentemente, utilizará a tecnologia.
As variáveis que compõem o construto ajuste entre a tarefa e a tecnologia
apresentaram médias menores que as demais variáveis (Tabela 9). Entretanto os
resultados denotam que os respondentes tenderam a concordar com as afirmações.
As medidas mais altas foram das variáveis ‘no SI, a informação é óbvia e fácil
de encontrar’ e ‘as informações que eu necessito são apresentadas de forma que
facilita compreensão’, as quais apresentaram média de 3,96, tendenciando a
concordar com a sentença. Goodhue (1995) afirma que os usuários precisam que as
informações sejam facilmente encontradas nos SI. O autor também corrobora que a
apresentação dos dados deve facilitar a interpretação destes.
55
Variável Média Desvio Pado
Eu acredito que é muito bom usar o SI nas minhas tarefas, ao ins
de método manuais.
4,26 0,68
É muito melhor para mim, usar o SI na realização das minhas
tarefas ao ins dos métodos manuais.
4,16 0,78
Minha intenção é utilizar o SI ao ins de métodos manuais para
executar as minhas tarefas.
3,94 0,86
Intenção de Uso
Tabela 9 – Média e desvio padrão das variáveis que compõem o fator Ajuste Tarefa-tecnologia
Fonte: dados da pesquisa.
A afirmação que indica que os dados que os usuários utilizam ou necessitam
são confiáveis foi a que apresentou o pior resultado, média de 3,66. Todas as
variáveis apresentaram desvio-padrão menor que 1,0, entretanto a indicação de que
‘as informações são úteis o suficiente para as minhas finalidades’, teve como
resultado, para esta medida, 0,94, denotando uma certa dispersão do dados.
Analisando este construto, observa-se que o uso das informações ocorre à
medida que os dados que se necessita são identificados, adquiridos e interpretados
(GOODHUE, 1995). Conforme discutido na revisão de literatura, os SI são
responsáveis por disponiblizar as informações a seus usuários. Desta forma,
entende-se por que Goodhue (1995) apresenta que os usuários necessitam de
dados confiáveis, em um nível de detalhamento suficiente, não podendo ter
dificuldade de localizar os dados.
Observando a mediana e a moda das variáveis dos construtos apresentados,
todas tiveram o mesmo resultado, ou seja, 4. Malhotra (2006) apresenta que a
primeira medida, a mediana, refere-se ao valor acima do qual está a metade dos
valores e abaixo a outra metade. A moda é o valor que mais ocorre na distribuição
(MALHOTRA, 2006).
O construto facilidade de uso percebida apresentou a maior média (4,19),
seguido do fator utilidade percebida (4,18), o qual apresentou menor desvio padrão
(Tabela 10). Ressalta-se que estes fatores em conjunto com intenção de uso,
apresentaram resultados de concordância dos indivíduos em relação as variáveis
56
Variável Média Desvio Padrão
Os dados são apresentados em um vel de detalhamento
suficiente para as minhas tarefas.
3,92 0,81
No SI, a informação é óbivia e cil de encontrar.
3,96 0,81
Quando eu necesssito do SI, eu cil e rapidamente localizo a
informação.
3,89 0,79
As informações que utilizao ou que eu gostaria de utilizar são
extatas o suficiente para as minhas finalidades.
3,85 0,84
As informações são atuais o suficiente para as minhas finalidades.
3,76 0,94
As informações que eu necessito são apresentadas de forma que
facilita a compreensão.
3,96 0,84
Eu facilmente encontro a definição exata dos dados necessários
para realizar as minhas tarefas.
3,85 0,80
Os dados que eu necessito ou utilizo são confiáveis.
3,66 0,88
Ajuste entre a Tarefa e a Tecnologia
apresentadas, entretanto, o fator ajuste entre tarefa e tecnologia teve a menor
média, 3,86, tendendo aos indivíduos não concordarem e nem discordarem com a
idéia de que o SI está ajustado as suas tarefas.
Tabela 10 – Média e desvio padrão dos construtos
Fonte: dados da pesquisa.
Silva (2005) encontrou resultados um pouco diferentes dos aqui observados.
Em seu estudo, a maior média e o menor desvio padrão foram indicados pelo fator
atitude em relação ao SI, o autor analisou este aspectos ao invés de intenção. A
utilidade percebida obteve a segunda maior média, e após esta, o construto
facilidade de uso percebida. O fator que analisa o ajuste não foi estudado na referida
pesquisa.
4.3 ANÁLISE DO USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
O uso foi medido através da média de horas por semana em que os
indivíduos utilizam os SI para desempenhar suas tarefas, e pela freqüência de uso
dos sistemas de informações.
Ao se questionar as horas por semana que realmente utilizam o sistema de
informações para desempenhar as suas tarefas (Tabela 11), os respondentes
apresentaram uma média de quase 30 horas, sendo que o maior número de
observações (39%) encontra-se no intervalo entre 20 e 39 horas. Dos pesquisados,
37,3% usam os SI entre 40 e 50 horas por semana, e 23,7% usam a ferramenta em
média até 15 horas por semana. A mediana e a moda desta questão foram de 31
horas.
Vlahos et al. (2004) apresentam que os gestores alemães, gregos e
americanos utilizam os SI, em média a cada semana, por 10, 12 e 13 horas
57
Construto Média Desvio Pado
Utilidade percebida
4,18 0,52
Facilidade de uso percebida
4,19 0,59
Intenção de uso
4,12 0,64
Ajuste entre tarefa e tecnologia
3,86 0,62
respectivamente. Percebe-se que o resultado aqui encontrado é superior ao dos
autores, entretanto, compreende o uso não de gestores, mas também dos
indivíduos das áreas operacionais, podendo, por isso, ter-se encontrado tanta
diferença nos resultados.
Tabela 11 Freqüência das respostas da questão: Indique em média quantas horas por semana
você realmente utiliza o sistema de informações para desempenhar suas tarefas:
Fonte: dados da pesquisa.
Quanto à freqüência de uso, apresentada na Tabela 12, dos indivíduos,
87,3% usam os SI todos os dias. Ressalta-se que os respondentes que marcaram a
alternativa “outros”, informaram que seu uso ocorria raramente.
Tabela 12 – Freqüência das respostas da questão: Qual a freqüência com que você utiliza o SI?
Fonte: dados da pesquisa.
A partir destes resultados, serão analisados os determinantes do uso dos SI e
observado se existe diferença de uso entre os níveis hierárquicos, testando-se,
assim, as hipóteses do estudo.
58
Tempo de Uso
de zero a 5 horas
27 11,4 11,4
de 6 a 10 horas
21 8,9 20,3
de 11 a 19 horas
8 3,4 23,7
de 20 a 28 horas
13 5,5 29,2
de 29 a 35 horas
72 30,5 59,7
de 36 a 40 horas
28 11,9 71,6
de 41 a 50 horas
67 28,4 100,0
Total
236 100
Média
29,59
Desvio pado
14,81
Freência
Porcentagem
Porcentagem
Acumulada
Freqüência de Uso
Todos os dias
206 87,3 87,3
Mais de dois dias na semana
14 5,9 93,2
Menos de dois dias na semana
4 1,7 94,9
Semanalmente
5 2,1 97,0
Mensalmente
3 1,3 98,3
Outros
4 1,7 100,0
Total
236 100,0
Freqüência
Porcentagem
Porcentagem
Acumulada
4.3 FORMULAÇÃO DOS FATORES DETERMINANTES DO USO DOS SISTEMAS
DE INFORMAÇÕES
Davis et al. (1989) apresentam que o uso voluntário dos sistemas de
informações é afetado por aspectos como percepção da facilidade de uso e da
utilidade. Entretanto, conforme observado na discussão teórica realizada no Capítulo
2, existem diferentes aspectos que determinam o uso dos SI. No caso desta
pesquisa, analisa-se se o uso é determinado, também, pela intenção de uso e pelo
alinhamento entre a tarefa desempenhada e a tecnologia.
Para identificação dos construtos, foi realizada a análise fatorial, que segundo
Oliveira Neto e Riccio (2003) serve para estimar a validade das medidas empíricas,
ou seja, a conformidade destas medidas quanto ao fim a que se destinam. Embora,
realizada a validação na fase do teste piloto, se percorreu o caminho da
determinação de fatores passo a passo novamente.
O primeiro teste realizado foi quanto à fidedignidade do instrumento, Churchill
(1979) apresenta que o coeficiente alfa, o qual mede a confiabilidade do
instrumento, indica a qualidade deste, pois avalia o grau de consistência entre
múltiplas medidas de uma variável (HAIR et. al, 2005b). Para os autores, o valor
desta medida deve ser maior que 0,7. O instrumento apresentou um coeficiente alfa
de Cronbach de 0,89 para as 21 variáveis que o compõem, reforçando a sua
fidedignidade.
A partir desta análise, foram observados os índices dos testes KMO e de
esfericidade de Barlett, e as medidas de adequação da amostra e da matriz anti-
imagem. Todos tiveram resultados significativos mostrando a adequação da análise
fatorial. Ao analisar a comunalidade, três variáveis apresentaram valores menores
que 0,5, para esta amostra. Estas foram retiradas do instrumento, sendo novamente
realizada a fatorial.
As variáveis extraídas do instrumento foram: ‘eu considero o SI fácil de usar’,
‘as informações que eu necessito são apresentadas de forma que facilita a
compreensão’ e ‘os dados que eu necessito ou utilizo são confiáveis’. Conforme o
59
teste piloto, a primeira variável refere-se à facilidade de uso percebida e as outras
duas ao ajuste tecnologia-tarefa.
Ressalta-se que a variável que identifica se o indivíduo gosta de usar o SI
para as suas tarefas, no teste apresentou carga fatorial alta tanto para o fator
utilidade quanto para o fator atitude, sendo mantida, neste segundo, devido à teoria
de base. Para a amostra final apresentou carga fatorial maior no fator atitude,
confirmando a teoria. Passou-se a considerar 18 variáveis do instrumento, as quais,
em conjunto, apresentaram para o alfa de Cronbach o valor de 0,8677, mantendo-se
com índice favorável de confiabilidade.
Tabela 13 - Teste KMO e de esfericidade de Barlett
Fonte: dados da pesquisa
Segundo os testes apresentados na Tabela 13, a análise fatorial é adequada,
pois a medida KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) deve ser igual ou maior que 0,6 para que a
correlação entre cada par de variáveis seja explicada pelas demais variáveis do
estudo (LATIF, 1994). A adequação do instrumento é confirmada pelo valor obtido
no teste KMO de 0,866. Para Malhotra (2006), a análise fatorial será adequada se o
KMO apresentar valor entre 0,5 e 1,0. O teste de Barlett apresentou resultado
significativo, Hair et. al. (2005b, p. 98) apresentam que esta medida “fornece a
probabilidade estatística de que a matriz de correlação tenha correlações
significativas entre pelo menos algumas das variáveis”. Desta forma, os resultados
mostram que a aplicação da análise fatorial para os dados é adequada.
A matriz de correlação anti-imagem apresentou em sua diagonal principal
valores grandes, o que indica a adequação da amostra. A Tabela 14 apresenta a
comunalidade de cada variável, que representa as estimativas da variância
compartilhada entre as variáveis (HAIR et. al., 2005). Segundo Latif (1994), o valor
da comunalidade é a soma do quadrado das cargas fatoriais para cada variável, e
seu valor deve ser maior que 0,5.
60
Medida de Kaiser-Meyer-Olkin de adequação da amostra
0,866
Teste de esfericidade de Barlett
1876,252
Signifincia
0,000
Tabela 14 - Comunalidade das Variáveis
Fonte: dados da pesquisa
Malhotra (2006) apresenta vários procedimentos para determinar o número
dos fatores. Neste estudo, os fatores serão identificados com base nos autovalores e
da análise da variância total explicada. No primeiro procedimento são retirados os
fatores com autovalores superiores a 1,0. Este número representa a quantidade da
variância associada ao fator (MALHOTRA, 2006). O autor apresenta que, na
abordagem com base na porcentagem de variância, para se determinar o número de
fatores, a porcentagem acumulada extraída pelos fatores deve atingir um nível
satisfatório, ou seja, no mínimo 60% da variância. Observando a análise da variância
total explicada e dos autovalores (Tabela 15), identificam-se quatro fatores, os quais
explicam quase 64% da variância. Somente o primeiro fator apresenta 34,5% de
explicação.
61
Nome* Variável no Instrumento Comunalidade
Rapidez Usar o SI permite-me realizar mais rapidamente as minhas tarefas. 0,689
Produtividade Usar o SI aumenta a minha produtividade. 0,640
Valor O SI é importante e adciona valor ao meu trabalho. 0,682
Facilita Usar o SI facilita a realização do meu trabalho. 0,574
Útil O SI é útil para as minhas tarefas. 0,501
Difícil Aprender a utilizar/operar o SI foi difícil para mim. 0,642
Aprender Foi necessário muito tempo para eu aprender a utilizar/operar o SI. 0,751
Confundo Eu freqüentemente me confundo ao utilizar o SI. 0,652
Bom
Eu acredito que é muito bom usar o SI, nas minhas tarefas, ao inves de
métodos manuais.
0,636
Melhor
É muito melhor para mim, usar o SI na realização das minhas tarefas
ao invés dos métodos manuais.
0,791
Gosto Eu gosto de usar o SI para as minhas tarefas. 0,613
Intenção
Minha intenção é utilizar o SI ao invés de métodos manuais para
executar as minhas tarefas.
0,592
Detalhada
Os dados são apresentados em nível de detalhamento suficiente
para as minhas tarefas.
0,594
Informação No SI, a informação é óbvia e fácil de encontrar. 0,665
Localizo
Quando eu necessito do SI, eu fácil e rapidamente encontro localizo
a informação exata para as minhas finalidades.
0,701
Exatas
As informações que utilizo ou que eu gostaria de utilizar o exatas
o sufuciente para as minhas finalidades.
0,714
Atuais As informações são atuais o suficiente para as minhas finalidades. 0,580
Definição
Eu facilmente encontro a definição exata dos dados necessários
para realizar as minhas tarefas.
0,503
* Esta coluna refere-se à palavra que poderá ser utilizada para se referir à varvel.
Método de extração: análise do componente principal.
Tabela 15 – Variância Total Explicada
F
o n
t e
:
dados da pesquisa
A Tabela 16 apresenta os resultados da matriz de fatores rotacionados, na
qual podem ser identificados os itens que compõem cada fator. Foi utilizado o
procedimento Varimax, “método ortogonal de rotação que minimiza o número de
variáveis, com altas cargas sobre um fator, reforçando, assim, a interpretabilidade
dos fatores” (MALHOTRA, 2006, p. 555). O método de extração foi o de análise do
componente principal. A construção dos fatores para a realização das demais
análises efetivou-se através do cálculo da média das respostas das variáveis
componentes de cada construto.
Tabela 16 - Matriz Fatorial com Rotação Varimax
Fonte: dados da pesquisa
62
1 6,216 34,536 34,536 6,216 34,536 34,536 3,792 21,066 21,066
2 2,144 11,911 46,447 2,144 11,911 46,447 3,025 16,807 37,874
3 1,679 9,325 55,772 1,679 9,325 55,772 2,521 14,006 51,88
4 1,48 8,225 63,997 1,48 8,225 63,997 2,181 12,118 63,997
Soma dos quadrados das
cargas da rotação
%
Acumulado
Total
% de
Variância
%
Acumulado
Total
% de
Varncia
Autovalores iniciais
Soma dos quadrados das
cargas da extração
Fator
Total
% de
Varncia
%
Acumulado
Ajuste Utilidade Intenção
Facilidade
Localizo
0,810
Exatas
0,809
Informação
0,748
Atuais
0,715
Detalhada
0,704
Definição
0,684
Valor
0,791
Rapidez
0,791
Produtividade
0,745
Facilita
0,632
Útil
0,591
Melhor
0,873
Intenção
0,756
Bom
0,756
Gosto
0,589
Aprender
0,863
Confundo
0,804
Dicil
0,796
Fatores
Variáveis
A partir deste resultado, é possível ser realizada a interpretação e
denominação dos fatores do instrumento, o qual é composto de 18 itens válidos e
confiáveis. Ressalta-se a adequação das variáveis que compõem cada fator em
relação à teoria, ou seja, todas as variáveis apresentaram-se no construto no qual a
teoria indica que seja a sua localização.
Os fatores estão apresentados na ordem em que foram identificados pelo
software de análise. A Tabela 17 permite que seja identificado o fator, as variáveis
que o compõem, bem como sua respectiva carga fatorial e média.
O primeiro fator Ajuste Tarefa-Tecnologia refere-se à adequação da
tecnologia frente à tarefa executado pelo indivíduo com o apoio do SI. Os demais
fatores estão relacionados ao comportamento e atitude dos indivíduos em relação
aos sistemas de informações, e são eles: utilidade percebida, intenção de uso e
facilidade de uso percebida.
O fator ajuste tarefa-tecnologia mede o quanto o sistema de informações está
adequado às atividades realizadas pelo indivíduo. Desta forma, tem-se a presença
de afirmações que envolvem aspectos como as informações disponibilizadas pelo
sistema, identificando se o usuário fácil e rapidamente localiza as informações
quando necessita; se as informações que utiliza são exatas o suficiente para as suas
atividades; a informação é óbvia e fácil de encontrar; se as informações são atuais e
se estão em nível de detalhamento suficiente para as tarefas a serem realizadas; e
se o indivíduo facilmente localiza a definição exatas dos dados que utiliza. Estas
sentenças são apresentadas em estudos como de Goodhue (1995), Dishaw e
Strong (1999), Klopping e McKinney (2004).
O segundo fator está relacionado com a utilidade da tecnologia percebida
pelo usuário, de modo que as asserções abrangem: o SI é importante e adiciona
valor ao meu trabalho; o SI permite realizar mais rapidamente as tarefas; o uso do SI
aumenta a minha produtividade; o uso do SI facilita a realização das minhas tarefas;
o sistema é útil para as tarefas desempenhadas pelo indivíduo (DAVIS, 1989; DAVIS
e VENKATESH, 1996; DISHAW e STRONG, 1999; KLOPPING e MCKINNEY,
2004).
63
Tabela 17 – Fatores Determinantes do Uso dos Sistemas de Informações
Fonte: dados da pesquisa.
O fator intenção de uso envolve a intenção das pessoas de utilizarem o SI na
realização de suas tarefas, por isso, conforme os autores Davis (1989); Davis e
Venkatesh (1996); Dishaw e Strong (1999); Klopping e Mckinney (2004) as
afirmações sugerem que o SI pode ser muito melhor do que métodos manuais para
a realização das tarefas; que o indivíduo tem intenção de usar o SI ao invés de
métodos manuais em suas tarefas; que ele acredita ser bom usar o SI, e, por fim,
que gosta de usar o SI.
O último fator, facilidade de uso percebida, tem por base analisar se o usuário
considera fácil usar o sistema. Neste aspecto, são apresentadas sentenças que
afirmam que foi necessário muito tempo para aprender a utilizar/operar o SI; que o
64
Fator
Interpretação do fator
(%da varncia explicada)
Carga Média Variáveis incluídas no fator
F1
Ajuste tarefa-tecnologia
(34,5%)
0,81 3,89
Quando eu necessito do SI, eu fácil e rapidamente encontro
localizo a informação exata para as minhas finalidades.
0,809 3,85
As informações que utilizo ou que eu gostaria de utilizaro
exatas o sufuciente para as minhas finalidades.
0,748 3,96 No SI, a informação é óbvia e fácil de encontrar.
0,715 3,76
As informações são atuais o suficiente para as minhas
finalidades.
0,704 3,92
Os dados são apresentados em nível de detalhamento
suficiente para as minhas tarefas.
0,684 3,85
Eu facilmente encontro a definição exata dos dados neces-
rios para realizar as minhas tarefas.
F2
Utilidade percebida
(11,9%)
0,791
0,791
4,11
4,23
O SI é importante e adciona valor ao meu trabalho.
Usar o SI permite-me realizar mais rapidamente as minhas
tarefas.
0,745 4,07 Usar o SI aumenta a minha produtividade.
0,632 4,26 Usar o SI facilita a realização do meu trabalho.
0,591 4,28 O SI é útil para as minhas tarefas.
F3
Intenção de uso
(9,3%)
0,873 4,16
É muito melhor para mim, usar o SI na realização das
minhas tarefas ao invés dos métodos manuais.
0,756 3,94
Minha intenção é utilizar o SI ao invés de métodos manuais
para executar as minhas tarefas.
0,756 4,26
Eu acredito que é muito bom usar o SI, nas minhas tarefas,
ao invés de métodos manuais.
0,589 4,15 Eu gosto de usar o SI para as minhas tarefas.
F4
Facilidade
de uso percebida
(8,2%)
0,863
0,804
4,21
4,24
Foi necesrio muito tempo para eu aprender a utilizar/
operar o SI.
Eu freqüentemente me confundo ao utilizar o SI.
0,796 4,06 Aprender a utilizar/operar o SI foi difícil para mim.
indivíduo freqüentemente se confunde ao utilizar o SI, e aprender a utilizar/operar o
SI foi difícil para o usuário (DAVIS, 1989; KLOPPING e MCKINNEY, 2004).
Tabela 18 – Alfa de Cronbach para cada Fator
Fonte: dados da pesquisa.
Para finalizar esta etapa, calculou-se o alfa de Cronbach de cada fator
(Tabela 18), a fim de identificar a consistência interna de cada fator obtido. Todos os
resultados foram bons, visto que, conforme apresentado anteriormente, este valor
deve ser maior que 0,7, indicando, assim, uma coerência interna regular entre os
fatores. O fator 1, ajuste tarefa-tecnologia, apresentou o melhor resultados, 0,8741,
seguido do fator 2, utilidade percebida (0,8230). Os resultados do terceiro fator
(atitude para uso) e do quarto fator (facilidade de uso percebida) são de 0,7955 e
0,7687, respectivamente.
Figura 5 – Identificação da Etapa 1 da Pesquisa
Fonte: elaborado pela autora.
65
Fatores No. de Variáveis Alfa de Cronbach
F1 6 0,8741
F2 5 0,823
F3 4 0,7955
F4 3 0,7687
Intensidade de
Uso
Nível
Hierárquico
Facilidad
e
Utilidade
Intenção
Observando-se o desenho da pesquisa, Figura 5, percebe-se a realização da
primeira etapa da análise de dados, ou seja, a identificação dos determinantes do
uso dos SI. Na próxima etapa, é analisado o uso dos sistemas de informações,
testando-se a hipótese 1 que indica que o uso é determinado pelo fatores facilidade,
utilidade, intenção e ajuste entre tarefa e tecnologia.
4.4 MODELO DE USO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES
A problemática deste estudo busca identificar o que explica o uso dos
sistemas de informações nos diferentes níveis hierárquicos. Desta forma, partindo-
se dos fatores identificados, com base na revisão teórica e nos testes realizados, a
primeira hipótese da pesquisa é a de que o uso dos SI é determinado pelo ajuste
entre a tarefa e a tecnologia utilizada, pela intenção de uso, pela facilidade de uso
percebida e pela utilidade percebida.
Com base na teoria apresentada, foi aplicado um instrumento de pesquisa
que media os fatores do modelo, os quais foram identificados e detalhadamente
apresentados no item anterior.
A partir dos fatores do modelo, partiu-se para análise de quanto estas
variáveis determinam o uso dos SI pelos indivíduos, a fim de identificar se existia
alguma relação associativa entre uma variável dependente, que, neste caso, seria o
uso, e uma ou mais variáveis independentes, fatores do modelo integrado, realizou-
se uma análise de regressão (MALHOTRA, 2006).
A primeira observação a ser realizada na regressão é quanto ao coeficiente
de correlação (R) que indica a força da associação entre duas variáveis (HAIR et al,
2005). O valor encontrado (0,081) para este coeficiente ficou próximo de zero,
indicando que praticamente não existe relação. Analisando o coeficiente de
determinação (R²), que mede a proporção da variável dependente que é explicada
pelas variáveis independentes (HAIR et al., 2005b), confirma-se a inexistência da
relação entre as variáveis do modelo e o uso, no caso dos entrevistados desta
pesquisa, pois quanto maior o valor de R², ou seja, mais próximo de 1, maior o poder
de explicação da equação de regressão. Neste caso, o valor encontrado foi 0,006,
66
fazendo com que a regressão não seja adequadamente aplicada. Os valores
discutidos podem ser observados na Tabela 19.
Tabela 19 – Modelo Sumário
Fonte: dados da pesquisa
Essa inadequação da regressão, que leva a indicar que praticamente inexiste
relação entre o uso do sistema de informações e os construtos, ajuste, intenção,
facilidade e utilidade, é reforçada através dos resultados da Tabela 20. O valor
parcial de F mostra que as variáveis preditoras pouco contribuem para o modelo,
visto que resultou em um valor muito pequeno. Ressalta-se que se tentou trabalhar
com a estimação stepwise, pois, neste método, o modelo de regressão inicia pelo
melhor preditor da variável dependente, e as variáveis independentes adicionais são
selecionadas conforme poder explicativo incremental. Conforme Hair et al. (2005b)
isto ocorre à medida em que o coeficiente de correlação parcial da variável é
significativo. Entretanto, devido ao reduzido nível de explicação da variável
dependente pelos fatores, esta estimação não foi possível, não apresentando
resultado. Desta forma, a estimação da análise de regressão foi efetiva através do
método enter.
Tabela 20 – Análise de Variância
Fonte: dados da pesquisa
Os resultados apresentaram que a variável em estudo, uso da tecnologia
medido em horas média por semana, não teve distribuição normal (curtose = -0,657;
assimetria = -0,837). Desta forma, tentou-se ajustar a normalidade conforme
67
R R² ajustado
Erro pado da estimativa
Durbin-Watson
0,081 0,006 -0,011 14,89 1,53
Preditoras: (constante), ajuste tarefa-tecnologia, utilidade, atitude, facilidade.
Varvel dependente: média de horas/semana de uso do SI.
Soma dos quadrados
d
f
Quadrado médio F Sig.
Regreso 334,18 4 83,545 0,377 0,825
Resíduos 51212,952 231 221,701
Total 51547,131 235
Preditoras: (constante), ajuste tarefa-tecnologia, utilidade, atitude, facilidade.
Varvel dependente:dia de horas/semana de uso do SI.
apresentado na literatura (HAIR et al, 2005). Entretanto, os resultados não
apresentaram melhoras significativas.
Com base nos resultados expostos, verifica-se que o comportamento de uso,
no caso da população pesquisada, não é determinado pelos fatores: ajuste da
tarefa-tecnologia, utilidade percebida, intenção de para o uso e facilidade de uso
percebida. Estudos como de Löbler et al. (2006), utilizando o desenho do modelo
integrado TAM-TTF aplicado ao comércio eletrônico, apresentaram um percentual
de explicação do uso de 29%. Percebe-se que este resultado não é muito elevado.
Isso pode denotar que existem outras variáveis, que, aqui, não se tinha o propósito
de medí-las, que interferem na utilização dos sistemas de informações.
Neste sentido, Legris et al. (2003) criticam modelos como TAM (Modelo de
Aceitação da Tecnologia) em virtude de que mesmo este incluindo outras variáveis,
o modelo acaba por explicar, somente, em torno de 40% da variância do uso. Além
deste fator, o autor também aponta que apesar da maioria dos estudos serem
convergentes, alguns ainda apresentam resultados opostos, como nesta pesquisa,
em que os fatores medidos não são verificados como determinantes do uso.
Com o propósito de ampliar a análise do modelo, buscou-se identificar se
existe relação entre as variáveis independentes estudadas a partir da análise do
coeficiente de correlação que denota, se existe associação entre duas variáveis. Os
resultados encontrados podem ser identificados no Quadro 2. Observa-se que a
primeira variável uso corresponde à média de horas por semana em que o usuário
utiliza a tecnologia e, a segunda, trata da freqüência de uso, ou seja, se este uso é
diário, semanal, mensal, entre outros.
Os resultados do quadro mostram que existe associação entre as variáveis
ajuste tarefa-tecnologia e as variáveis utilidade percebida e intenção de uso, assim
como entre as variáveis uso e freqüência de uso. Klopping e McKinney (1999)
identificaram em seu estudo uma forte associação entre o ajuste tarefa-tecnologia e
a utilidade percebida, fato este não identificado por Dishaw e Strong (2004).
Entretanto, a relação entre intenção de uso e o ajuste tarefa-tecnologia é
corroborado por Dishaw e Strong (2004).
Legris et al. (2003), analisando estudo em que utilizaram o modelo TAM,
apresentam que a relação entre as variáveis utilidade percebida e intenção de uso
68
foi encontrada, também, por autores como Davis et al. (1989); Mathieson (1991);
Taylor e Tood (1995); Davis e Venkatesh (1996;2000); Venkatesh e Morris (2000).
Entretanto, esta relação não foi identificada pela pesquisa de Dishaw e Strong
(2004); Lucas e Spitler (1999). Num total de 28 estudos analisados por Legris et al.
(2003), dezesseis apresentaram uma relação positiva entre utilidade percebida e
intenção de uso, enquanto, três, uma relação não significativa e nove não testaram
esta relação.
Ajuste Utilidade Intenção Facilidade Uso
(hrs/sem.)
Freqüência de
uso
Ajuste Correlação de
Pearson
1,000 ,554** ,429** ,086 ,015 -,097
Sig. (bicaudal) ,000 ,000 ,189 ,821 ,137
N 236 236 236 236 236 236
Utilidade Correlação de
Pearson
,554** 1,000 ,430** ,116 -,035 -,122
Sig. (bicaudal) ,000 ,000 ,076 ,595 ,060
N 236 236 236 236 236 236
Intenção Correlação de
Pearson
,429** ,430** 1,000 ,113 ,047 -,137*
Sig. (bicaudal) ,000 ,000 ,084 ,473 ,035
N 236 236 236 236 236 236
Facilidade Correlação de
Pearson
,086 ,116 ,113 1,000 ,001 -,109
Sig. (bicaudal) ,189 ,076 ,084 ,993 ,093
N 236 236 236 236 236 236
Uso
(hrs/sem.)
Correlação de
Pearson
,015 -,035 ,047 ,001 1,000 -,187**
Sig. (bicaudal) ,821 ,595 ,473 ,993 ,004
N 236 236 236 236 236 236
Freqüência
de uso
Correlação de
Pearson
-,097 -,122 -,137* -,109 -,187** 1,000
Sig. (bicaudal) ,137 ,060 ,035 ,093 ,004
N 236 236 236 236 236 236
** A correlação é significativa no nível 0,01 (bicaudal).
* A correlação é significativa no nível 0,05 (bicaudal).
Quadro 2 – Correlações
Fonte: dados da pesquisa
Observando as variáveis utilidade percebida e facilidade de uso percebida,
verificou-se que não apresentaram relação significativa neste estudo. Dos 28
estudos analisados pelo autor, 21 apresentaram relação positiva, e somente cinco
não apresentaram relação significativa. Os demais estudos não analisaram esta
relação.
69
Legris et al. (2003) observou, também, a relação entre a intenção de uso e a
facilidade de uso percebida, encontrando trezes estudos que a testaram. Destes
somente três não encontraram relação significativa, como ocorreu nos resultados
deste trabalho.
Com base nas regras apresentadas por Hair et al (2005a) é possível analisar
a força de associação do coeficiente de correlação, além da direção, a qual pode ser
positiva ou negativa. Desta forma, identifica-se que as variáveis ajuste tarefa-
tecnologia e utilidade possuem uma associação moderada e positiva (0,554). O
mesmo ocorre com as relações entre as variáveis: ajuste tarefa-tecnologia e atitude
para uso (0,429); e utilidade percebida e atitude (0,430). O construto, atitude para
uso, apresentou uma leve associação com a variável freqüência de uso, entretanto
esta associação quase imperceptível, como é apresentada por Hair et al (2005a) tem
direção negativa (-0,137). As variáveis que envolvem uso, horas por semana e
freqüência, também apresentaram resultados que denotam uma associação leve e
negativa (-0,187). As relações entre as variáveis podem ser observadas na Figura 6.
Figura 6 – Correlações entre as variáveis
Fonte: elaborado pela autora.
O fator facilidade de uso percebida não apresentou relação linear com
nenhuma das variáveis analisadas, demais tipos de relações não foram testadas.
Isso vai de encontro ao estudo de Mathieson e Keil (1998), onde os autores
comprovam empiricamente que o ajuste tarefa-tecnologia afeta a percepção da
facilidade de uso, independentemente da interface do sistema. Já, o estudo de Davis
e Venkatesh (1996) identificou relação significante entre o construto facilidade de
uso percebida e a utilidade percebida.
Utilidade
Ajuste
Facilidade
Intenção
Freqüência
de uso
Uso
(hrs/sem)
70
Com base nestes resultados, a primeira hipótese do estudo é negada, pois o
uso dos sistemas de informações não é determinado pelos fatores observados. A
análise da hipótese 1 compreendeu a segunda etapa do estudo, conforme se verifica
no desenho da pesquisa, apresentado a seguir (Figura 7).
Na próxima seção, serão discutidos os resultados comparativos entre os
níveis, a fim de testar as demais hipóteses da pesquisa.
Figura 7 – Identificação da Etapa 2 da Pesquisa
Fonte: elaborado pela autora.
4.5 DIFERENÇAS ENTRE OS NÍVEIS HIERÁRQUICOS
As hipóteses 2, 3, 4, 5 e 6 deste estudo serão analisadas a partir do teste de
hipóteses para diferenças de média, ou seja, parte-se de duas amostras
independentes, dois grupos não relacionados, em que as medidas de um não têm
efeitos sobre os resultados da outra (MALHOTRA, 2006).
Os grupos foram determinados com base no nível hierárquico de que suas
atividades fazem parte. Desta forma, tem-se três grupos: os indivíduos que fazem
parte do nível estratégico, tático e operacional. Devido ao fato do grupo referente ao
71
Intensidade de
Uso
Nível
Hierárquico
Facilidad
e
Utilidade
Intenção
nível estratégico ter uma amostra pequena, sete casos, para que fosse possível
utilizar a estatística paramétrica, que segundo Hair et al (2005a) exige dados
mensurados com escala intervalar ou de razão e amostras grandes (mais de 30
casos), os indivíduos foram redistribuídos em dois grupos. O primeiro grupo
compreende ao operacional e é composto de todos os integrantes de cargos do
nível operacional, enquanto o segundo denominado gerencial é formado pelos
indivíduos dos níveis tático e estratégico. Esta nova distribuição foi determinada com
base nas tarefas dos cargos, identificando este novo grupo devido aos seus
integrantes terem atividades gerenciais, e boa parte do seu trabalho envolver
tomada de decisões. Além do fato dos gerentes das lojas, o cargo mais
representativo do nível tático, participarem de algumas decisões que envolvem a
organização como um todo, auxiliando nas atividades de compras de produtos e
contato com fornecedores de outras lojas além da que gerenciam.
O quadro, a seguir, apresenta a distribuição dos níveis hierárquicos, bem
como os grupos que serão analisados.
Quadro 3 – Distribuição dos respondentes por nível hierárquico
Fonte: dados da pesquisa
Devido aos aspectos apresentados, e à nova distribuição apresentar somente
dois níveis hierárquicos, não foi possível realizar a análise de variância (ANOVA),
que avalia as diferenças estatísticas entre médias, na qual podem ser empregados
três grupos ou mais (HAIR et al, 2005a). Tentou-se trabalhar com testes não-
paramétricos, como o teste U de Mann-Whitney, mas os resultados apresentaram
uma pequena diferença de uso entre os níveis. Nas demais variáveis, os resultados
não apresentaram se significativos.
72
Grupo vel
mero de
integrantes
Porcentagem
Gerencial
Estraégico 7 2,97
Tático 29 12,29
Total
36 15,25
Operacional
Operacional 200 84,75
Total
200 84,75
Total de respondentes
236 100,00
Através dos resultados das Tabelas 21 e 22, é possível analisar as hipóteses
do estudo. Observa-se que os testes foram realizados com um intervalo de
confiança de 95%.
Tabela 21 – Estatística de grupo
Fonte: dados da pesquisa
Tabela 22 – Teste de amostras independentes
Fonte: dados da pesquisa
Observando a coluna chamada Sig. (bi-caudal), Tabela 22 verifica-se que o
uso da tecnologia, medido por horas média de uso por semana, apresentou
73
Nível hierquico N dia
Desvio padrão
Uso (hrs/semana)
Operacional 200 31,04 14,29
Gerencial 36 21,56 15,25
Freência de uso
Operacional 200 1,28 0,9
Gerencial 36 1,36 1,1
Ajuste tarefa-tecnologia
Operacional 200 3,8566 0,6468
Gerencial 36 3,9537 0,6803
Utilidade
Operacional 200 4,1567 0,5429
Gerencial 36 4,3675 0,5669
Intenção
Operacional 200 4,0992 0,5848
Gerencial 36 4,2708 0,5424
Facilidade
Operacional 200 4,1316 0,7584
Gerencial 36 4,3796 0,4657
Teste de Levene
para igualdade
de variância
Teste T para
igualdade de
médias
F Sig. t df
Sig.
(bi-caudal)
Diferença
média
Uso
Varncias iguais supostas 1,693 0,19 3,625 234
0,000
9,48
(hrs/sem.)
Varncias iguais não-supostas 3,465 46,74 0,001 9,48
Freq.
Varncias iguais supostas 0,883 0,35 -0,481 234
0,631
-8,11E-02
de uso
Varncias iguais não-supostas -0,418 43,79 0,678 -8,11E-02
Ajuste
Varncias iguais supostas 0,627 0,43 -0,823 234
0,411
-9,71E-02
Varncias iguais não-supostas -0,794 47,09 0,431 -9,71E-02
Utilidade
Varncias iguais supostas 0,603 0,44 -2,13 234
0,034
-0,2108
Varncias iguais não-supostas -2,067 47,28 0,044 -0,2108
Intenção
Varncias iguais supostas 0,095 0,76 -1,638 234
0,103
-0,1716
Varncias iguais não-supostas -1,727 50,79 0,090 -0,1716
Facilidade
Varncias iguais supostas 5,054 0,03 -1,897 234 0,059 -0,248
Varncias iguais não-supostas -2,629 73,45
0,010
-0,248
resultados significativos no teste T para igualdade de médias (α<0,05). Desta forma,
é rejeitada a hipótese nula que apresenta que não existe diferença entre níveis
hierárquicos quanto às horas de uso. Pode-se verificar esta diferença que faz com
que se aceite a hipótese 2 do estudo, onde afirma-se que o nível operacional tem
maior intensidade de uso do que os demais níveis.
Isto tudo se confirma analisando os resultados das médias de uso dos dois
grupos, onde o nível operacional apresentou uma média de 31 horas, enquanto o
nível gerencial de quase 22 horas, resultados apresentados na Tabela 21. O desvio
padrão de horas do nível gerencial (14,29) apresentou praticamente uma hora a
mais que o nível operacional (15,25), Gráfico 1. Esta diferença de uso pode ocorrer
devido ao que Motta (1995) apresenta sobre o trabalho gerencial. Para o autor, não
é fácil descrever as tarefas dos gestores, pois seu trabalho é pouco sistemático e
contínuo, caracterizando-se por ser variado, desordenado, intermitente, altamente
mutável, surpreendente e imprevisível.
Gráfico 1 – Comparação de médias de horas de uso dos SI entre os níveis hierárquicos
Fonte: dados da pesquisa.
Analisado do ponto de vista da freqüência de uso, ou seja, se ocorre
diariamente, semanalmente ou mensalmente, independente do número de horas,
não foi identificada diferença de médias. Isto que dizer que, mesmo o nível gerencial
usando o SI por menos tempo que o nível operacional, ambos utilizam-no
praticamente todos os dias.
74
0
5
10
15
20
25
30
35
Operacional
31,04
14,29
Gerencial
21,56
15,25
dia
Desvio pado
Quanto ao ajuste tarefa-tecnologia, não foi identificada diferença significativa
entre os níveis hierárquicos, desta forma, não se pode dizer que os SI estejam mais
ajustados às tarefas de um nível do que de outro. O teste de diferença de média não
se apresentou significativo para este fator, sendo que o nível operacional teve uma
média de 3,86 e, o nível gerencial, de 3,95, não demonstrando diferença
significativa. Com base neste resultado, a hipótese 3 de que o sistema estaria mais
ajustado às tarefas do nível operacional é rejeitada.
Vlahos et al. (2004), ao analisarem a adequação dos SI para as tarefas
gerenciais, identificaram que, em alguns casos, o sistema de processamento de
transações, considerado ajustado ao nível operacional, apresentou-se como mais
adequado para níveis gerenciais. Este resultado pode ser um indício de que não
exista diferença entre os níveis quanto ao ajuste entre a tarefa e a tecnologia, visto
que os usuários, em alguns casos, percebem como adequados às suas atividades
sistemas indicados a outros níveis hierárquicos.
O resultado do teste para intenção dos indivíduos em utilizar a tecnologia em
suas tarefas, também não apresentou resultado significativo. Isto faz com que se
aceite a hipótese nula, de que não existe diferença de intenção de uso dos SI entre
os níveis, rejeitando-se a hipótese 4, que discute a idéia de o nível gerencial ter
maior intenção de uso que os demais níveis. As médias para o nível gerencial e o
nível operacional foram 4,1 e 4,27, respectivamente, além dos valores de desvio-
padrão apresentarem resultados aproximados.
Para a utilidade percebida (Gráfico 2), verificou-se que existe diferença
significativa entre as médias dos dois grupos. Este resultado rejeita a hipótese nula
de que não haveria diferença quanto à percepção de utilidade do sistema de
informações entre os grupos. Desta forma, aceita-se a hipótese 5, de que o nível
gerencial percebe melhor a utilidade do SI, pois apresentou média 4,37, enquanto o
nível operacional teve 4,16. O fato de ter se reunido o nível estratégico e tático no
mesmo grupo, fez com que não se identificasse, entre o nível estratégico e o tático,
qual que percebe melhor a utilidade. O desvio padrão do nível operacional (0,5848)
foi um pouco maior do que o do nível gerencial (0,5424).
75
Gráfico 2 – Comparação de médias para utilidade percebida entre os níveis hierárquicos
Fonte: dados da pesquisa.
Outro fator que apresentou diferença de média significativa foi facilidade de
uso percebida (Gráfico 3). Neste caso, hipótese 6 foi aceita, a qual apresentava que
o nível gerencial perceberia melhor a facilidade de uso do sistema. As médias
calculadas para grupo foram: 4,13 para o operacional e 4,38 para o gerencial.
Ressalta-se que neste fator, o desvio padrão apresentou uma diferença expressiva
entre os grupos, sendo 0,76 para o nível operacional e 0,47 para o nível gerencial.
Gráfico 3 – Comparação de médias para facilidade de uso percebida entre os níveis hierárquicos
Fonte: dados da pesquisa.
76
0
1
2
3
4
5
Operacional
4,1567
0,5429
Gerencial
4,3675
0,5669
dia
Desvio pado
0
1
2
3
4
5
Operacional
4,1316
0,7584
Gerencial
4,3796
0,4657
dia
Desvio pado
Com base nestes resultados, das hipóteses analisadas nesta seção, duas
foram rejeitadas: as que tratavam das diferenças entre os níveis para os fatores
atitude e ajuste tarefa-tecnologia. Os demais aspectos apresentaram que existem
diferenças entre os grupos, aceitando-se as referidas hipóteses. Analisando os
fatores utilidade e facilidade, verificou-se que o nível gerencial está mais pré-
disposto a perceber a utilidade da tecnologia e a facilidade de uso desta. Entretanto,
devido ao agrupamento dos níveis estratégico e gerencial, não é possível identificar
qual deles tem a melhor percepção. Por fim, analisando o uso da tecnologia, foi
possível identificar que o nível operacional utiliza mais os SI em suas tarefas do que
os demais níveis.
O quadro, a seguir, apresenta de forma resumida as hipóteses testadas e os
resultados encontrados na pesquisa.
Hipótese Resultado
H1: o uso é determinado pelos fatores facilidade
de utilização percebida, utilidade percebida,
intenção de usar o SI e o ajuste entre a tarefa e a
tecnologia.
A hipótese não foi confirmada, os fatores
determinantes analisados na pesquisa não
explicaram o uso dos SI para a população
estudada.
H2: o nível operacional é o que tem maior
intensidade de utilização dos SI do que os
demais níveis.
A hipótese foi confirmada, através da diferença
de médias quanto as horas de uso dos SI por
semana. O nível operacional apresentou maior
média.
H3: os SI estão mais ajustados as tarefas do
nível operacional.
A hipótese não foi confirmada, pois não foi
identificada diferença de médias entre os níveis
hierárquicos.
H4: o nível gerencial tem maior intenção de usar
os SI.
A hipótese não foi confirmada, pois não foi
identificada diferença de médias entre os níveis
hierárquicos.
H5: o nível gerencial percebe como melhor a
utilidade do SI.
A hipótese foi confirmada, pois o teste de
diferença de médias apresentou-se significativo,
e o nível gerencial apresentou média maior que o
nível operacional.
H6: o nível gerencial é o que percebe melhor a
facilidade de uso dos SI.
A hipótese foi confirmada, pois o teste de
diferença de médias apresentou-se significativo,
e o nível gerencial apresentou média maior que o
nível operacional.
Quadro 4 – Análise das hipóteses
Fonte: elaborado pela autora.
Com as hipóteses testadas nesta seção, encerra-se a análise dos resultados,
conforme se pode identificar na Figura 8.
77
Figura 8 – Identificação da Etapa 3 da Pesquisa
Fonte: elaborado pela autora.
A partir da discussão dos resultados, que permitiu identificar as diferenças
entre os níveis hierárquicos quanto ao uso dos sistemas de informações, além de
analisar os determinantes do uso, parte-se para as considerações finais.
78
Intensidade de
Uso
Nível
Hierárquico
Facilidad
e
Utilidade
Intenção
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presença dos sistemas de informações nas organizações tem se
intensificado nos últimos tempos. Independente do porte da empresa. A aplicação
desta ferramenta tem se tornado cada vez mais essencial para a consecução de
seus objetivos e estratégias.
Entretanto, apesar de ser uma ferramenta de fundamental importância, em
algumas situações a sua aplicação fracassa, não alcançando os resultados
esperados através da sua utilização. Esta área exige das empresas, em muitos
casos, grandes investimentos, tornando-se um problema a sua não
operacionalização.
Neste sentido, este estudo relacionou o uso dos sistemas de informações e o
nível hierárquico em que o indivíduo se encontra na organização, visto que os SI
apresentam diferentes funções de acordo com a atividade executada pelo seu
usuário, além do fato de que as tarefas e o nível de poder se alteram a medida que
subimos ou descemos na escala hierárquica de uma estrutura organizacional.
Para entender o uso dos sistemas de informações, foram analisadas as
variáveis determinantes deste. Com base em modelos amplamente discutidos na
literatura, objetivou-se analisar se o uso dos sistemas de informações nos diferentes
níveis hierárquicos são determinados pelo comportamento e atitude dos indivíduos
frente à tecnologia e pelo alinhamento dessa com as tarefas executadas pelos seus
usuários.
Desta forma, foi observado se o uso é determinado por fatores como:
facilidade de uso percebida, utilidade percebida, intenção de usar a tecnologia e
ajuste entre a tarefa e a tecnologia.
79
O estudo foi realizado em uma empresa varejista de Santa Maria, a qual
possui um único sistema de informações que auxilia a execução das tarefas de
todos os níveis hierárquicos. A coleta de dados efetivou-se através de questionário,
o qual foi validado estatisticamente antes de sua aplicação, alcançado-se, assim,
um dos objetivos do estudo.
Verificou-se que, na empresa em estudo, o uso não é determinado pelos
fatores analisados. Desta forma, observa-se que existem outros aspectos que não
foram contemplados nesta pesquisa, os quais interferem na utilização da tecnologia.
Inúmeros são os fatores que podem ser considerados como influentes do uso, como
é o caso da cultura organizacional, da própria exigência que a organização faz da
aplicação da tecnologia, além de existirem tarefas que somente são executadas
através dos SI, independentes do usuário aceitar a ferramenta, ou achar que esta é
útil, ou até mesmo desta estar ajustada à sua tarefa.
Analisando as diferenças entre os níveis hierárquicos, identificou-se que o
nível operacional utiliza o SI, em torno de dez horas a mais que o nível gerencial na
execução de suas tarefas. Outro aspecto, que de certo modo indica esta diferença
de uso entre os níveis, é o fato de que dois diretores da empresa, que
corresponderiam ao nível estratégico, não responderam o instrumento de pesquisa
porque não utilizavam o SI em suas tarefas.
Ressalta-se que o nível gerencial agrupa os níveis tático e estratégico. Esta
diferença de uso entre os níveis responde a questão de pesquisa norteadora deste
estudo, pois se verificou que o nível operacional utiliza o SI por mais tempo que os
demais níveis. A média de horas de uso observada no estudo é superior as demais
pesquisas, talvez, esta diferença pode ocorrer devido ao fato de ter-se analisado
todos os níveis, e na maioria das pesquisas, os resultados focam em um
determinado cargo.
O estudo também observou se existiam diferenças entre os níveis, quanto aos
fatores determinantes. Neste caso, os construtos ajuste entre a tarefa e a tecnologia
e intenção de uso não apresentaram diferenças quanto à percepção dos indivíduos
dos diferentes níveis. Os aspectos que englobam utilidade percebida e facilidade de
uso percebida apresentaram-se diferentes em relação aos níveis hierárquicos. O
nível gerencial apresentou melhor facilidade de uso e utilidade percebida.
80
Isto faz com que se perceba uma certa divergência nos resultados, visto que,
o nível gerencial apresentou menor intensidade de uso dos SI em relação ao nível
operacional, embora perceba melhor a facilidade de uso e a utilidade da tecnologia.
Esse fato deixa mais claro ainda, que existem outros aspectos que influenciam no
uso dos SI. No caso dos níveis gerenciais, sabe-se que em muitas situações são
tarefas caracterizadas pela descontinuidade, relações interpessoais e com o
ambiente.
Desta forma, percebe-se que o uso dos sistemas de informações não se
efetiva de forma padronizada dentro das organizações, sendo que o cargo ou nível
gerencial em que a pessoas se encontram pode fazer com que este uso seja de
maior ou menor intensidade. Além disto, os determinantes deste uso vão além dos
aspectos aqui estudados.
O estudo permitiu que se identificasse que existe diferença de uso dos SI
quando se compara os níveis hierárquicos, entende-se este aspecto, pois as
exigências das tarefas se alteram de acordo com o cargo e nível em que o indivíduo
se encontra na organização. Sendo assim, pode existir diferença quanto ao ajuste
do SI às tarefas, ou seja, o sistema estaria mais ajustado a um nível hierárquico do a
outro, entretanto, estatíscamente, os resultados indicaram que não existe diferença
quanto ao ajuste, isto quer dizer, todos os níveis pensam da mesma forma quanto
ao ajuste.
Já, os fatores facilidade de uso percebida e utilidade percebida apresentaram
que os níveis percebem de maneira diferente estes aspectos. Contudo, apesar de
existir relação entre alguns fatores, não se comprovou que, no caso do SI analisado,
o uso seja determinado pelo ajuste entre a tarefa e a tecnologia, pela facilidade de
uso percebida, pela utilidade percebida e pela intenção de uso.
Com base nos resultados encontrados, verifica-se que todos os objetivos do
estudo foram alcançados, entretanto, dentre as limitações do trabalho, encontrou-se
certa dificuldade em se ter o mesmo número de respondentes para os níveis, visto
que, à medida em que se sobe na estrutura organizacional, o número de ocupantes
dos cargos diminui. Este fato também levou a uma outra limitação que foi a
necessidade de serem agrupados os níveis tático e estratégico para que as análises
estatísticas fossem possíveis.
81
O fato do ajuste entre a tarefa e a tecnologia ter sido analisado com base na
percepção do usuário e não na análise real, através da observação de suas tarefas
e uso dos SI, também pode ser considerado como uma limitação da pesquisa. Neste
sentido, a medida de uso com base na percepção dos respondentes, também, pode
ser um aspecto limitante, visto que, alguns usuários indicaram como horas de uso,
todo o seu tempo de permanência na empresa. Ressalta-se, também, que apesar
de ter-se pesquisado todos os colaboradores da organização, o estudo analisou uma
única empresa, fato este identificado como uma limitação.
Visto que foram realizados diversos testes e não se identificou que o uso é
determinado pelos fatores observados, como pesquisas futuras, sugere-se analisar o
modelo através de equações estruturais, além de aplicá-lo a outras realidades,
outros sistemas de informações, a fim de identificar se realmente existe diferença de
uso dos SI entre os níveis hierárquicos.
É importante a realização de pesquisas que ampliem os fatores determinantes
do uso do SI, a fim de identificar as variáveis que realmente podem incrementar o
uso desta ferramenta, fazendo com que as empresas aumentem seu potencial
ganho com a aplicação desta.
82
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89
Andice A – Questionário aplicado na validação do instrumento.
Ministério da Educação
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Mestrado em Administração
PESQUISA SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NOS
DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS
Prezado Respondente,
O objetivo deste trabalho é analisar se existe relação entre a utilização do
sistema de informações e o nível hierárquico em que o individuo se situa na
empresa. Esta pesquisa refere-se ao trabalho de dissertação realizada junto ao
Mestrado em Administração da Universidade Federal de Santa Maria, sendo
requisito básico para obtenção do referido grau.
A escolha da instituição para realizar o estudo, deve-se ao fato desta
constantemente investir e inovar na área de sistemas de informações, determinando
assim um ambiente privilegiado para análise.
Cabe lembrar que para efeitos da pesquisa deverá ser considerado como
sistema de informações o SIE (Sistema de Informações Educacionais), sendo que
as perguntas apresentadas, neste questionário, estão voltadas a identificar a sua
percepção frente ao SIE, forma como o sistema será identificado no decorrer do
questionário. Para tanto, é necessário que você deixe de lado os demais aplicativos
necessários para realizar as suas tarefas, tais como, editor de textos e planilhas,
correio eletrônico, entre outros.
Convém destacar que não existem respostas certas ou erradas, sendo que
para a validade e viabilidade da pesquisa faz-se necessário que todas as perguntas
sejam respondidas. Os dados fornecidos não serão utilizados, em nenhum caso, de
forma individual, estes serão segmentados para análise. É política da pesquisa a
estrita confidencialidade dos dados, não necessitando de identificação nominal do
respondente. Pede-se que a resposta seja sincera e que esteja de acordo com a sua
realidade.
Agradecemos desde já por sua colaboração e atenção.
Obrigado(a),
Prof. Dr. Mauri Leodir Löbler Vice-Diretor do Centro de Ciências Sociais e
Humanas e Orientador da Pesquisa.
Debora Bobsin - Mestranda em Administração/UFSM - Telefone: (55) 3226-1398
Cel: (55) 9107-4511 – e-mail: [email protected]
90
Instruções:
- Responda com base na sua percepção frente ao SIE (Sistema de Informação
Educacional).
- Deixe de lado os demais aplicativos utilizados nas suas tarefas, tais como, editor
de textos e planilhas, correio eletrônico, entre outros.
- Todas as perguntas devem ser respondidas de forma sincera e de acordo com a
sua realidade, não existindo respostas certas ou erradas.
Para responder as questões abaixo, marque no quadro a alternativa que melhor
representa a sua opinião quanto a sua concordância ou não com a frase ao lado:
Discorda
Totalmente
Discorda Não concorda
Nem discorda
Concorda Concorda
Totalmente
1 2 3 4 5
QUESTÕES 1 2 3 4 5
1 Usar o SIE permite-me realizar mais
rapidamente as minhas tarefas.
2 Usar o SIE aumenta a minha produtividade.
3 O SIE é importante e adiciona valor ao meu
trabalho.
4 Usar o SIE prejudica o meu desempenho no
trabalho.
5 Usar o SIE facilita a realização do meu
trabalho.
6 O SIE é útil para as minhas tarefas.
7 Aprender a utilizar/operar o SIE foi difícil para
mim.
8 Foi necessário muito tempo para eu aprender
a utilizar/operar o SIE.
9 Eu freqüentemente me confundo ao utilizar o
SIE.
10 Utilizar/operar o SIE permite me tornar mais
habilidoso.
11 A interação com o SIE não me exige muito
esforço mental.
12 Eu considero o SIE fácil de usar.
13 Eu acredito que é muito bom usar o SIE, nas
minhas tarefas, ao invés de métodos
manuais.
14 Eu desejo usar o SIE para as minhas tarefas
em complementação aos métodos manuais.
15 É muito melhor para mim, usar o SIE na
realização das minhas tarefas ao invés dos
métodos manuais.
16 Eu gosto de usar o SIE para as minhas
tarefas.
17 Minha intenção é utilizar o SIE ao invés de
91
métodos manuais para executar as minhas
tarefas.
18 Os dados são apresentados em um nível de
detalhamento suficiente para as minhas
tarefas.
19 No SIE, a informação é óbvia e fácil de
encontrar.
20 Quando eu necessito do SIE, eu fácil e
rapidamente localizo a informação.
21 As informações que utilizo ou que eu gostaria
de utilizar são exatas o suficiente para as
minhas finalidades.
22 As informações são atuais o suficiente para
as minhas finalidades.
23 As informações que eu necessito são
apresentadas de forma que facilita a
compreensão.
24 A informação é armazenada em diferentes
formatos e é difícil saber qual usar
eficazmente.
25 Eu facilmente encontro a definição exata dos
dados necessários para realizar as minhas
tarefas.
26 Os dados que eu necessito ou utilizo são
confiáveis.
27 Eu facilmente consigo agregar dados ao SI
ou comparar dados.
Nas perguntas seguintes, marque a alternativa ou responda de acordo com a sua
realidade:
28.Indique em média quantas horas por semana você realmente utiliza o SIE para
desempenhar as suas tarefas: __________________
29.Qual a freqüência com que você utiliza o SIE?
a) todos os dias
b) menos de dois dias na semana
c) mais de dois dias na semana
d) semanalmente
e) mensalmente
f) outros: _____________________________________
Dados Gerais
1.Idade:___________
2.Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
3.Formação:
( ) Pós-Graduação
92
( ) Superior Completo
( ) Superior Incompleto
( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Médio Incompleto
( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Fundamental Incompleto
4.Qual o cargo que você ocupa atualmente na Instituição?
( ) Reitor ( ) Vice-diretor de Centro de Ensino
( ) Vice-reitor ( ) Chefe de Departamento
( ) Pró-reitor ( ) Coordenador de Curso – Graduação
( ) Pró-reitor Adjunto ( ) Coordenador de Curso – Pós-graduação
( ) Diretor de Centro de Ensino ( ) Professor
( ) Técnico-administrativo ( ) Outro: __________________________
5.Seu tempo na Instituição: ______________________________anos
93
Andice B - Questionário aplicado na pesquisa junto aos funcionários de uma
empresa varejista.
Ministério da Educação
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Mestrado em Administração
PESQUISA SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES NOS
DIFERENTES NÍVEIS HIERÁRQUICOS
Instruções:
- Responda com base na sua percepção frente ao SINet
- Deixe de lado os demais aplicativos utilizados nas suas tarefas, tais como, editor de textos
e planilhas, correio eletrônico, entre outros.
- Todas as perguntas devem ser respondidas de forma sincera e de acordo com a sua
realidade, não existindo respostas certas ou erradas.
- Informamos que não será possível a identificação dos respondentes.Sendo necessário a
participação de todos.
- O formulário deverá ser entregue ao gerente (ou colocado no envelope disponibilizado) até
o dia 09/12/06.
Agradecemos desde já a sua colaboração e atenção.
Para responder as questões abaixo, marque no quadro a alternativa que melhor
representa a sua opinião quanto a sua concordância ou não com a frase ao lado:
Discorda
Totalmente
Discorda Não concorda
Nem discorda
Concorda Concorda
Totalmente
1 2 3 4 5
QUESTÕES 1 2 3 4 5
1 Usar o SI permite-me realizar mais
rapidamente as minhas tarefas.
2 Usar o SI aumenta a minha produtividade.
3 O SI é importante e adiciona valor ao meu
trabalho.
4 Usar o SI facilita a realização do meu
trabalho.
5 O SI é útil para as minhas tarefas.
6 Aprender a utilizar/operar o SI foi difícil para
mim.
7 Foi necessário muito tempo para eu aprender
a utilizar/operar o SI.
8 Eu freqüentemente me confundo ao utilizar o
SI.
94
9 Eu considero o SI fácil de usar.
10 Eu acredito que é muito bom usar o SI, nas
minhas tarefas, ao invés de métodos
manuais.
11 É muito melhor para mim, usar o SI na
realização das minhas tarefas ao invés dos
métodos manuais.
12 Eu gosto de usar o SI para as minhas tarefas.
13 Minha intenção é utilizar o SI ao invés de
métodos manuais para executar as minhas
tarefas.
14 Os dados são apresentados em um nível de
detalhamento suficiente para as minhas
tarefas.
15 No SI, a informação é óbvia e fácil de
encontrar.
16 Quando eu necessito do SI, eu fácil e
rapidamente localizo a informação.
17 As informações que utilizo ou que eu gostaria
de utilizar são exatas o suficiente para as
minhas finalidades.
18 As informações são atuais o suficiente para
as minhas finalidades.
19 As informações que eu necessito são
apresentadas de forma que facilita a
compreensão.
20 Eu facilmente encontro a definição exata dos
dados necessários para realizar as minhas
tarefas.
21 Os dados que eu necessito ou utilizo são
confiáveis.
Nas perguntas seguintes, marque a alternativa ou responda de acordo com a sua
realidade:
28. Indique em média quantas horas por semana você realmente utiliza o SI para
desempenhar as suas tarefas: __________________
29. Qual a freqüência com que você utiliza o SI?
a) todos os dias
b) mais de dois dias na semana
c) menos de dois dias na semana
d) semanalmente
e) mensalmente
f) outros: _____________________________________
Dados Gerais
30. Idade:___________
95
31. Gênero: 1( ) Masculino 2 ( ) Feminino
32. Formação:
1( ) Pós-Graduação
2( ) Superior Completo
3( ) Superior Incompleto
4( ) Ensino Médio Completo
5( ) Ensino Médio Incompleto
6( ) Ensino Fundamental Completo
7( ) Ensino Fundamental Incompleto
33. Cargo ou função:
1( ) Caixa 2( ) Estoquista
3( ) Empacotador 4( ) Gerente de Loja
5( ) Auxiliar de Escritório 6( ) Vendedor
7( ) Diretor
8( ) Outro: ____________________________________________
34. Seu tempo na empresa: ________________________________anos.
96
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