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YURI KARACCAS DE CARVALHO
“A
VALIAÇÃO DA ANESTESIA PARAVERTEBRAL CERVICAL NO
BLOQUEIO ANESTÉSICO LOCAL DO MEMBRO TORÁCICO EM CÃES”
Botucatu
2008
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YURI KARACCAS DE CARVALHO
“A
VALIAÇÃO DA ANESTESIA PARAVERTEBRAL CERVICAL NO
BLOQUEIO ANESTÉSICO LOCAL DO MEMBRO TORÁCICO EM CÃES”
Dissertação apresentada ao programa
de Pós-graduação em Anestesiologia
da Faculdade de Medicina da Unesp
Campus Botucatu, para obtenção do
título de Mestre em Anestesiologia
Orientador: Prof. Ass. Dr. Antonio José de Araujo Aguiar
Botucatu
2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Carvalho, Yuri Karaccas de.
Avaliação da anestesia paravertebral cervical no bloqueio anestésico local
do membro torácico em cães / Yuri Karaccas de Carvalho. – Botucatu : [s.n.],
2008
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Medicina de Botucatu, 2008.
Orientador: Antônio José de Araújo Aguiar
Assunto CAPES: 50501011
1. Cão - Anestesia - Estudos experimentais 2. Anestesia
CDD 636.7089796
Palavras-chave: Anestesia paravertebral cervical; Cães; Bloqueio membro
torácico; Lidocaína
4
DADOS CURRICULARES
YURI KARACCAS DE CARVALHO
NASCIMENTO 28/08/1977
FILIAÇÃO
1999/2003
2004/2005
2004/2005
2006/2007
Martinho Irmão de Carvalho
Anna Karaccas de Carvalho
Curso de Graduação em Medicina
Veterinária (Unesp – Botucatu – SP)
Residência em Anestesiologia Veterinária
na Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia (Unesp – Botucatu – SP)
Especialização em Anestesiologia
Veterinária na Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia (Unesp
Botucatu –
SP)
Curso de pós-graduação em
Anestesiologia, nível mestrado, na
Faculdade de Medicina (Unesp
Botucatu – SP)
- 5 -
DEDICATÓRIA
Aos meus pais que sempre me apoiaram incondicionalmente nas
minhas atitudes e que abriram mão de suas vidas para garantir um
futuro a seus filhos.
A todos os animais, os quais são a razão para a existência dessa e
todas as demais pesquisas.
A Medicina Veterinária e a todos os profissionais que se dedicam a
ela.
- 6 -
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A Deus pela força para superar todos os obstáculos.
Aos meus pais que me incentivaram em todos os momentos.
A querida Kelen Cristiane Zavarize, sempre prestativa, carinhosa,
companheira e muito paciente.
Ao meus “irmãos de sangue”, Martinho Karaccas de Carvalho e Eduardo
Karaccas de Carvalho, minhas maiores referências.
A minha Tia Maria Karacas, que abriu mão de sua vida a formação de seus
sobrinhos.
Ao Professor Antonio Jose de Araujo Aguiar, meu orientador e amigo, que
comprou o desafio, depositou confiança e incentivou a realização desse
projeto.
A Professora Márcia Regina Fernandes Boaro Martins, pelo carinho, ajuda
e atenção.
Ao Professor Francisco JoTeixeira neto, meu co-orientador não oficial,
pela ajuda e contribuição decisiva na minha formação durante o
experimento e residência.
A Residente Renata Kerche Alvaídes, que esteve presente durante toda a
fase experimental e foi decisiva para a execução da pesquisa.
- 7 -
A todos os cães que involuntariamente participaram desse experimento,
principalmente, a Manu e o Fumaça.
- 8 -
AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, Professor
Stélio, pela cooperação e ajuda.
A todos meus “mestres da Anestesiologia”, Professor Antônio, Professor
Francisco, Professor Stélio, Professora Gladys, Professora Mariângela e
Professor Massone, que cada um de seu modo e tempo me incentivou e
contribuiu com a minha formação.
A Cristália, pelo fornecimento dos anestésicos fundamentais para
execução desse projeto.
A CNPq, pelo fornecimento da bolsa de mestrado e responsável pela
minha manutenção.
Ao Departamento de Anatomia, Professora Márcia; Professora Marielena;
Professor Joffre e Professor Ricardo, os quais me acolheram e
propuseram a transferência de seus conhecimentos.
Aos funcionários da Anatomia, Giba e Marco, prestativos e presentes para
o auxílio.
Ao Departamento de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Unesp
pelo acolhimento.
Aos Professores da Anestesiologia, Prof. José Reinaldo Cerqueira Braz,
Prof. Paulo do Nascimento Junior pela compreensão e ajuda.
Aos funcionários da Anestesiologia, Neli e Danilo, sempre prestativos e
dedicados, prontos para ajudar.
Aos funcionários, Ana (Anestesiologia), Vanessa (Departamento de
Cirurgia e Anestesiologia) pela cooperação.
Ao funcionário do Canil, “Seu Luiz” que cuida dos animais de maneira
exemplar.
Aos residentes, Renata, Natache, Wangles e Flávia pelo valoroso apoio e
cooperação durante o experimento.
Ao Departamento de Estatística, na figura da professora Lídia R. Carvalho,
prestativa e sempre pronta a ajudar.
Ao Departamento de Clínica e Patologia Clínica, professora Regina e
professor Raimundo, pelos ensinamentos e a contribuição para
desenvolvimento do projeto.
- 9 -
A Prefeitura Municipal de Botucatu, Médicos Veterinários André e
Cassiano e aos funcionários Tereza, Seu Nenê pelo fornecimento dos
cadáveres e atenção.
Aos meus ex-companheiros de residência, sem distinções.
Ao Departamento de Patologia, na figura do funcionário Mauri, dedicado e
prestativo
Ao pessoal da limpeza, Dona Solange, que mantinha limpo a sala
experimental e auxiliava na limpeza dos Canis.
Aos meus novos amigos, Marcelinho, Alessandra, Carlinhos, Fabiano,
Rita, Maria e Matilde.
Esses são os que colaboraram, cada um ao seu modo e tempo com a
execução desse estudo.
Meu sincero, muito obrigado!
- 10 -
EPÍGRAFE
“O que pensais, passais a ser”
Mahatma Gandhi
- 11 -
RESUMO
CARVALHO, Y. K. Avaliação da anestesia paravertebral cervical no bloqueio anestésico local
do membro torácico em cães. Botucatu, 2008. 73p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de
Medicina de Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Palavras-chave: cães, anestesia paravertebral cervical, bloqueio membro torácico, lidocaína.
Os bloqueios anestésicos locais são muito importantes no controle da dor trans e pós-
operatória. Em Medicina Veterinária existem diversas técnicas anestésicas locais em cães
para o bloqueio parcial do membro torácico, dentre essas o bloqueio do plexo braquial. No
entanto, esse procedimento não produz bloqueio da região escapular. O objetivo do presente
estudo foi investigar as raízes nervosas que formam o membro torácico, definir as referências
anatômicas para a padronização da anestesia local paravertebal cervical, e delimitar a
extensão da área bloqueada e o tempo do bloqueio produzido com essa técnica. O estudo foi
dividido em duas fases. Em um estudo anatômico inicial, foram utilizados 12 cadáveres de
cães SRD, peso médio 18,0±3,45 kg, onde se padronizou a técnica, injetando-se azul de
metileno nos volumes de 0,5 ml para as raízes nervosas C6, C7 e C8, e 1,5 ml para T1. Na
segunda fase, foram utilizados seis cães hígidos, SRD, peso médio 17,2,38 kg, onde
previamente foi determinada a CAM
iso
individual. Após sete dias, executou-se a técnica
utilizando-se lidocaína 1% com vasoconstritor, na dose de 1 mg/kg, distribuindo-se o volume
total em quatro pontos, 20% nas raízes nervosas C6, C7 e C8 e 40% para T1. Após o
bloqueio os animais foram mantidos anestesiados com isofluorano e estímulos elétricos (50V,
50Hz, 10 ms) foram aplicados nas regiões radioulnar, umeral e escapular, de maneira
aleatória aos 30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos após o final da execução da técnica
anestésica local. Foram mensurados valores de FC e PAM antes, imediatamente após e um
minuto após o estímulo nociceptivo em cada região Para análise do estudo anatômico foi
utilizado o teste de qui-quadrado e para o estudo experimental foi utilizado a análise de perfil
(p< 0,05). No estudo anatômico, houve tingimento das raízes nervosas C6 (100%), C7
(91,7%), C8 (66,7%) e T1 (50%). No estudo experimental, observaram-se bloqueios de 30
minutos para as regiões de radioulnar e umeral e de 60 minutos para a região escapular. A
anestesia paravertebral cervical foi um procedimento exeqüível, que abrangeu as regiões
escapular, umeral e radioulnar, e possibilitou, através de referências anatômicas externas, a
localização e o bloqueio das quatro raízes espinhais formadores dos nervos que suprem o
membro torácico em cães. As dificuldades para a localização e o acesso à raiz espinhal T1
indicam a necessidade de estudos adicionais, empregando-se equipamentos eletrônicos que
possibilitem aumentar a precisão na localização dessa raiz neural e assim, aprimorar a
técnica de anestesia paravertebral cervical na espécie canina.
- 12 -
ABSTRACT
CARVALHO, Y. K. Evaluation of paravertebral anesthesia in blocking cervical local anesthetic
member of the chest in dogs. Botucatu, 2008. 73 p. Masters Dissertation College of Medicine
of Botucatu, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Keywords: dogs, paravertebral anesthesia cervical, thoracic blocking member, lidocaine.
Local blockades play a key role in the control of trans-and post-operatory pain. There are
various local anesthetic techniques such as brachial plexus block, used to partially block the
forelimb in dogs. However, this procedure does not allow block of the scapular region. The
objectives of this study were to research the nerve roots forming the forelimb, to determine the
anatomic references to standardize the cervical paravertebral local anesthesia, and to delimit
the extension of the blockade area and time of anesthetic blockade using the cervical
paravertebral block. The study comprised two phases. First, an initial anatomical study was
performed using 12 dogs’ cadavers, weighing 18.3.45 kg. To standardize the technique, 0.5
mL of metilen blue were injected into nerve roots of C6, C7 and C8, as well as 1.5 mL into T1.
Second, six healthy dogs, weighing 17.8±2.38 kg, with individual MAC
iso
previously determined,
were used. After 7 days, the cervical paravertebral block using lidocaine 1% as vasoconstrictor,
at dose of 1mg/kg, distributing the total volume into 4 points, 20% into each nerve root C6, C7
and C8, and 40% into T1, was achieved. Before the blockade, animals were maintained under
anesthesia using isoflouran; then, electric impulses (50V, 50Hz, 10 ms) were aleatory applied
30, 60, 90, 120, 150 and 180 minutes at radioulnar, humeral and scapular regions. Values of
HR and MAP were measured in each region immediately before, after and one minute after the
stimulation. For the anatomical study and experiment, qui-squared test and profile analysis (p<
0.05) were respectively used. In the anatomical study, staining of the nerve roots of C6 (100%),
C7 (91.7%), C8 (66.7%) and T1 (50%) were observed. Regarding experiment, 30 minutes
blockade for the radioulnar and humeral regions, and 60 minutes for scapular region were
reached. Cervical paravertebral anesthesia was an achievable procedure, embracing scapular,
humeral and radioulnar regions, and made possible the location and blockade of the four spinal
roots forming the nerves of the thoracic limb in dogs, through anatomic references. Difficulty for
location and access to T1 spinal root indicates the need for further studies, using electronic
devices enabling higher accuracy in the location of this neural root and thus improving the
technique of cervical paravertebral anesthesia in dogs.
- 13 -
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Nervos constituintes do membro torácico, raízes nervosas constituintes e a
respectiva área abrangida............................................................................................26
Tabela 2. Valores absolutos e distribuição percentual dos cadáveres que
apresentaram ou não coloração com azul de metileno, de acordo com as raízes
nervosas (C6, C7, C8 e T1), durante a execução do estudo anatômico (n=12)..........49
Tabela 3. Valores individuais, médias e desvios-padrão do tempo de execução da
técnica paravertebral cervical nos tratamentos controle e lidocaína, durante a
execução do estudo experimental em seis cães..........................................................50
Tabela 4. Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por
minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150
e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a
aplicação de estímulo elétrico na região radioulnar, em seis cães (p< 0,05)...............52
Tabela 5. Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos
tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180
minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação
de estímulo elétrico na região radioulnar, em seis cães (p< 0,05)...............................52
Tabela 6. Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por
minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150
e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a
aplicação de estímulo elétrico na região umeral, em seis cães...................................54
Tabela 7. Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos
tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180
minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação
de estímulo elétrico na região umeral, em seis cães...................................................54
Tabela 8. Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por
minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150
e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a
aplicação de estímulo elétrico na região escapular, em seis cães...............................56
Tabela 9. Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos
tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180
minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação
de estímulo elétrico na região escapular, em seis cães...............................................56
- 14 -
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Vértebras cervicais e torácica e emergência dos feixes
neurais...........................................................................................................................21
Figura 2. Feixes nervosos (C6, C7, C8 e T1) e formação de nervos que constituem o
membro torácico............................................................................................................22
Figura 3. Áreas cutâneas supridas pelo nervo braquicefálico nas vistas: lateral (A),
cranial (B) e medial (C)..................................................................................................25
Figura 4. Áreas cutâneas supridas pelos nervos: axilar, radial, mediano,
musculocutaneo e ulnar. Vistas: Lateral, cranial, medial e caudal, respectivamente....25
Figura 5. Bloqueio do plexo braquial com introdução da agulha em região crânio
medial à articulação escapuloumeral.............................................................................27
Figura 6. Localização da região a ser bloqueada pela técnica interescalena (músculos
esternoclidomastóide, escaleno anterior e escaleno médio..........................................29
Figura 7. Posicionamento da agulha para a execução do bloqueio interescaleno.......29
Figura 8. Demonstração das raízes nervosas C6, C7, C8 e T1 utilizados para
execução do bloqueio paravertebral cervical.................................................................30
Figura 9. Pontos de referência para a realização do bloqueio paravertebral do plexo
braquial..........................................................................................................................31
Figura 10. Palpação do processo transverso de C6 com o dedo polegar da mão
esquerda e deslocamento caudal da escápula, com a mão direita, para a localização
da cabeça da primeira costela.......................................................................................31
Figura 11. Travesseiro de areia, seringas com azul de metileno e agulha espinal......40
Figura 12. Posicionamento em decúbito lateral esquerdo............................................40
Figura 13. Apoio da região cervical sobre o travesseiro de areia.................................40
Figura 14. Localização dos processos transversos de C5 e de C6 (dedos anular e
médio, respectivamente) e posicionamento da agulha no espaço intervertebral C5-
C6..................................................................................................................................40
Figura 15. Localização dos processos transversos C6 e C7 (dedos médio e indicador,
respectivamente) e posicionamento da agulha no espaço intervertebral C6-
C7..................................................................................................................................40
Figura 16. Localização do processo transverso C7 (dedo indicador) e posicionamento
da agulha no espaço intervertebral C7-T1.....................................................................40
- 15 -
Figura 17. Localização do processo transverso C7 (dedo indicador) e introdução da
agulha espinhal..............................................................................................................41
Figura 18. Vista Caudo-cranial do posicionamento das agulhas hipodérmicas nos
espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7 e C7-T1, e da agulha espinhal no espaço
intervertebral T1-T2.......................................................................................................41
Figura 19. Raízes nervosas C6, C7, C8 e T1 coradas com azul de metileno e a
formação do plexo braquial a partir delas......................................................................41
Figura 20. Da direita para a esquerda, processos transversos (setas) da vértebras C5,
C6 e C7, e tingimento com azul de metileno das raízes nervosas C6, C7, C8 e
T1...................................................................................................................................41
Figura 21. Posicionamento das agulhas em três porções distintas do membro torácico
(escápula, úmero e rádio)..............................................................................................46
Figura 22. Distribuição percentual das raízes nervosas (C6, C7, C8 e T1) coradas e
não-coradas com azul de metileno em doze cadáveres preservados de cães, durante a
execução do estudo anatômico.....................................................................................49
- 16 -
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ºC = graus Celsius
CAM = concentração alveolar mínima
CAM
ISO
= Concentração alveolar mínima de isofluorano
CAM
BAR
= Concentração alveolar mínima autonômica
cm = centímetro
CO
2
= dióxido de carbono
ED
50
= dose necessária para abolir a resposta à estimulação dolorosa, em
50% dos indivíduos
ETCO
2
= pressão parcial de dióxido de carbono ao final da expiração
Hz = hertz
IV = intravenoso (a)
kg = quilograma
l = litro
l/min. = litro por minuto
mg/kg = miligrama por quilograma
ml = mililitro
ml/kg/h = mililitro por quilograma por hora
mmHg = milímetro de mercúrio
ms = milisegundo
O
2
= oxigênio
PaCO
2
= pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial
PAD = pressão arterial diastólica
PAM = pressão arterial média
PaO
2
= pressão parcial de oxigênio no sangue arterial
PAS = pressão arterial sistólica
pH = potencial hidrogeniônico
SpO
2
= saturação de oxigênio na hemoglobina
V = volt
% = porcentagem
± = mais ou menos
- 17 -
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................10
ABSTRACT...................................................................................................................11
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................12
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................13
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS.................................................................15
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................18
2. REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................21
2.1 Neuroanatomia do membro torácico em cães..............................................21
2.2 Bloqueio anestésico local do membro torácico em cães..............................26
2.3 Cloridrato de lidocaína..................................................................................32
2.4 Determinação da concentração alveolar mínima (CAM)...............................33
3. HIPÓTESES..............................................................................................................35
4. OBJETIVOS..............................................................................................................35
5. MATERIAIS E MÉTODOS.........................................................................................36
5.1 Estudo Anatômico.........................................................................................36
5.1.1 Esqueleto e cadáveres preservados em formaldeído a 4%.......................36
5.1.2 Cadáveres preservados sob refrigeração..................................................37
5.2 Estudo Experimental.....................................................................................42
5.2.1 Animais......................................................................................................42
5.2.2 Avaliação da concentração alveolar mínima (CAM) individual do
isofluorano...........................................................................................................42
- 18 -
5.2.3 Grupos experimentais................................................................................43
5.3 Análise estástistica........................................................................................48
6. RESULTADOS..........................................................................................................49
6.1 Estudo anatômico..........................................................................................49
6.2 Estudo experimental em cães.......................................................................50
6.2.1 Tempo de execução da técnica paravertebral...........................................50
6.2.2 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região radioulnar...........51
6.2.3 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região umeral................53
6.2.4 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região escapular............55
7. DISCUSSÃO..............................................................................................................57
8. CONCLUSÕES..........................................................................................................63
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................64
10. APÊNDICES............................................................................................................70
- 19 -
1 - I
NTRODUÇÃO
A dor é uma das maiores preocupações da humanidade, desde a sua origem, e
tem sido objeto de muitos estudos na tentativa de compreender e de controlar as suas
diversas manifestações. Acredita-se que a dor seja inerente a qualquer forma de vida
dotada de consciência (Bonica, 1999).
O controle da dor influencia a qualidade da recuperação anestésica e o
resultado pós-cirúrgico dos pacientes. A dor pode provocar alterações
cardiovasculares e respiratórias nos períodos trans e pós-operatórios e está
relacionada com a síndrome neuroendócrina, caracterizada pela elevação das
concentrações plasmáticas de diversos hormônios e neurotransmissores (Tranquilli et
al., 2005).
Dentre os fármacos mais comumente empregados no controle da dor operatória
têm-se: os agonistas alfa-2, os opióides agonistas totais e parciais, os inibidores do N-
metil D-aspartato e os anestésicos locais (Cruz, 1999).
Os anestésicos locais proporcionam um bloqueio reversível de uma
determinada área corporal, sem que ocorra a perda da consciência (Westhues et al.,
1964). Esses impedem que as células nervosas atinjam o potencial de deflagração
através do bloqueio dos canais de sódio (Collins, 1993; Pascoe, 1997; Massone,
1999). Além desse efeito, promovem a estabilização da membrana celular, bloqueando
a condução do impulso nervoso (Cortopassi et al., 1996).
O primeiro bloqueio nervoso periférico foi descrito por Halsted (1885). A partir
disso, a anestesia local ganhou importância, por meio da diminuição do estresse
cirúrgico (Anand & Carr, 1989), da redução nas taxas de mortalidade e morbidade
atribuídas à anestesia geral (Christopherson et al., 1993) e da analgesia pós-operatória
(Quandt & Rawlings, 1996).
A anestesia local atualmente, tanto no homem quanto nos animais, é
empregada em associação a outras modalidades anestésicas, como as anestesias
inalatória e intravenosa, produzindo analgesia intensa em protocolos de anestesia
balanceada. A anestesia local proporciona reduções nas doses de fármacos
intravenosos e nas concentrações de anestésicos inalatórios, e sua analgesia estende-
se ao período de recuperação anestésica (Skarda, 1996).
Os bloqueios anestésicos locais são muito utilizados em procedimentos
cirúrgicos ortopédicos, que produzem estímulos nociceptivos intensos nos períodos
trans e pós-operatórios, minimizando os efeitos da dor e o conseqüente estresse no
- 20 -
período pós-operatório, aumentando a duração e comprometendo o período de
recuperação (Bonnet, 1993).
Dentre as técnicas de bloqueio periférico podemos citar a do bloqueio do plexo
braquial, que é freqüentemente utilizada no homem, pois possibilita a realização de
diversos procedimentos cirúrgicos nos membros torácicos sem que o paciente seja
submetido à anestesia geral.
O bloqueio do membro torácico proporciona anestesia reversível e analgesia da
região dessensibilizada, desta forma é frequentemente aplicada em cirurgias
ortopédicas, amputações e lacerações nessa região em cães (Lemke & Dawson,
2000). As técnicas anestésicas envolvendo o membro torácico em Medicina
Veterinária foram relatadas pela primeira vez por Lindhorst (1931) apud Oliveira et al.
(1970).
Tufvesson (1951) apud Oliveira et al. (1970), descreve a inserção da agulha na
depressão triangular formada pela união da borda anterior do músculo supra-espinhal
com a parede torácica, e a borda dorsal do músculo braquicefálico para bloqueio do
plexo braquial. Muir (2001), relata a introdução da agulha em sentido crânio-medial à
articulação escapuloumeral, na região conhecida como “vazio torácico”, em direção à
junção costo-condral, e paralelamente à coluna vertebral, administrando-se o
anestésico à medida que a agulha é removida.
Futema et al. (2002), baseando-se na oclusão do fluxo da artéria axilar,
depositaram o anestésico local próximo a essa, promovendo um bloqueio distal à
articulação escapuloumeral. Entretanto, o bloqueio do plexo braquial apresenta
algumas desvantagens como: o bloqueio incompleto dos feixes nervosos (Muir et al.,
2001), a necessidade de uma segunda administração de anestésico local, a
possibilidade de administração intratorácica acidental (Nutt, 1962 apud Oliveira et al.,
1970), a dificuldade de acesso em animais obesos (Muir et al., 2001) e a possibilidade
de lesões na artéria axilar (Muir et al., 2001).
A extensão do bloqueio do plexo braquial varia conforme a descrição da técnica,
que pode ser distal à articulação umerorradioulnar (Nutt et al., 1962; Muir et al., 2001)
ou à articulação escapuloumeral (Futema et al., 2002), o que limita a realização de
procedimentos cirúrgicos apenas à região umerorradioulnar.
Foram relatadas também outras duas técnicas de bloqueio do membro torácico
em cães com acesso paravertebral cervical. No entanto, em ambas as citações, não
foram descritas as metodologias utilizadas e as taxas de sucesso dos bloqueios
- 21 -
observadas, sendo relatados que esses foram distais à articulação escapuloumeral
(Lemke & Dawson, 2000; Otero, 2005).
O acesso e o bloqueio anestésico local das emergências das raízes nervosas
cervicais (C6, C7 e C8) e torácica (T1), formadoras de toda a inervação que supre o
membro torácico em cães, possibilitaria a analgesia das regiões escapular, umeral e
radioulnar. Este procedimento, poderia ser uma alternativa vantajosa às técnicas
descritas de bloqueio do plexo braquial em cães. Para verificar isso, haveria a
necessidade de um estudo anatômico, para a definição de referências anatômicas
externas e o desenvolvimento da técnica anestésica paravertebral cervical para o
bloqueio dessas raízes, antes do seu emprego experimental. Em seguida, um estudo
experimental permitiria avaliar a eficácia, o tempo de duração e a extensão da área de
bloqueio anestésico local em cães hígidos.
- 22 -
2 - R
EVISÃO DE
L
ITERATURA
2.1 Neuroanatomia do membro torácico em cães
Os ramos ventrais do quinto, sexto, sétimo e oitavo pares de nervos espinhais
cervicais e pelo primeiro e segundo pares de nervos torácicos formam o plexo braquial
na espécie canina (Figura 1) (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001; Adams, 2003)
.
No entanto, as contribuições do quinto par de nervos cervicais e do segundo par de
nervos torácicos são relativamente pequenas e eventualmente observadas em estudos
anatômicos (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001).
Os nervos espinhais que constituem o plexo braquial em cães emergem dos
seguintes espaços intervertebrais: C5-C6, C6-C7, C7-T1 e T1-T2. (Evans & Delahunta,
2001) (Figura 1).
Esses nervos ramificam-se dando origem aos nervos braquiocefálico, supra-
escapular, subescapular, peitorais, tóraco-dorsal, musculocutâneo, axilar, radial, ulnar,
mediano e torácicos (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001) (Figura 2).
Figura 1. Vértebras cervicais e torácica e emergência dos feixes neurais
Fonte: Hofmeister et al., 2007
- 23 -
O nervo supra-escapular emerge do ramo ventral do sexto nervo cervical,
juntamente com uma contribuição delgada do ramo ventral do sétimo nervo cervical.
Esse nervo supre essencialmente o músculo supra-espinhal e o músculo infra-
espinhal, os quais permitem a extensão e a flexão da articulação escapuloumeral
(Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001).
Os nervos subescapulares são em número de dois, e são formados
principalmente pelos ramos ventrais do sexto e do sétimo nervos cervicais, ou apenas
pelo sétimo nervo cervical (Evans & Delahunta, 2001). Esses têm por função suprir a
parte distal do músculo subescapular, que promove adução e extensão do ombro
(Evans, 1993).
O nervo braquiocefálico emerge do ramo ventral do sexto e/ou sétimo nervos
cervicais. Esse nervo supre essencialmente o músculo clidobraquial e a área cutânea
da região da articulação escapuloumeral (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001;
Adams, 2003).
O nervo musculocutâneo tem sua origem nas fibras do ramo ventral do sétimo
nervo cervical, podendo apresentar contribuição pequena dos ramos ventrais do sexto
e do oitavo nervos cervicais (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). O nervo
musculocutâneo possui três ramos: o proximal, o medial e o distal (Evans & Delahunta,
2001). Dentre os músculos supridos por este nervo, destacam-se o coracobraquial, o
bíceps braquial e o braquial (Evans & Delahunta, 2001). O nervo musculocutâneo
Figura 2. Feixes nervosos (C6, C7, C8 e T1) e formação de nervos que
constituem o membro torácico
Fonte: Evans, 1993
- 24 -
estimula a execução da adução e da extensão da articulação escapuloumeral
(Evans,1993).
O nervo axilar origina suas fibras dos ramos ventrais do sétimo e do oitavo
nervos cervicais (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). No entanto, a formação do
nervo axilar é oriunda exclusivamente do sétimo nervo cervical, ou ainda, do sexto e
do oitavo pares de nervos cervicais (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). Os
músculos flexores da articulação escapuloumeral: o redondo maior, o redondo menor e
o deltóide, e a porção caudal da psula articular escapuloumeral, são supridos pelo
nervo axilar (Evans, 1993). Em sua extremidade distal, um intercâmbio de fibras
com os nervos cutâneo e radial, suprindo desta maneira a fáscia e a pele da região
radio-ulnar e da face dorsal da o (Evans, 1993; Adams, 2003). Quando estimulado,
o nervo axilar promove a flexão da articulação escapuloumeral e as rotações lateral e
medial do úmero (Evans, 2003).
O nervo radial é considerado o maior e o mais caudal dos nervos que
constituem o plexo braquial (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). As suas fibras
são derivadas dos ramos ventrais do sétimo e do oitavo pares de nervos cervicais, e
do primeiro par de nervos torácicos (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001).
A inervação radial supre as cabeças lateral, medial e acessória do músculo
tríceps, além dos músculos: tríceps braquial, tensor da fáscia do antebraço, ancôneo,
extensor carporradial, extensores digital comum e digital lateral, ulnar lateral, supinador
e o abdutor longo do primeiro dígito (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001).
Os músculos tensor da fáscia do antebraço, ancôneo, extensor carporradial e
tríceps braquial promovem a extensão da articulação umerorradioulnar (Evans, 1993).
O músculo tríceps braquial ainda estimula a flexão do úmero (Evans, 1993). O músculo
supinador promove a rotação lateral do antebraço e a flexão da articulação
umerorradioulnar (Evans, 1993). Os músculos ulnar lateral e extensor carporradial são
responsáveis pela flexão da articulação carpal (Evans, 1993). O músculo ulnar lateral
também executa a abdução carpal, e o músculo abdutor longo do primeiro dígito
produz o movimento de abdução do primeiro dígito (Evans, 1993).
As fibras nervosas que constituem o nervo ulnar originam-se dos ramos ventrais
do oitavo par de nervos cervicais e do primeiro par de nervos torácicos (Getty, 1986;
Evans & Delahunta, 2001). Em casos raros, o segundo par de nervos torácicos
também contribui com a formação do nervo ulnar (Getty, 1986; Evans & Delahunta,
2001).
- 25 -
O nervo ulnar supre os músculos flexores carpoulnar e digital profundo e o seu
estímulo promove a flexão da articulação carpal (Evans, 1993).
O nervo mediano tem suas fibras originadas dos ramos ventrais do oitavo par de
nervos cervicais, e do primeiro e do segundo pares de nervos torácicos (Getty, 1986;
Evans & Delahunta, 2001). Em sua origem, o nervo mediano forma um tronco único
com o nervo ulnar, que se extende até a porção medial dos músculos tríceps braquial
e peitoral profundo (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). Suas ramificações suprem
os músculos flexores carporradial e digitais superficial e profundo, além dos
pronadores redondo e quadrado (Evans & Delahunta, 2001).
O músculo flexor carporradial promove a flexão da articulação carpal (Evans,
1993), e o músculo digital superficial e profundo estimulam as flexões do II, do III, do IV
e do V dígitos (Evans, 1993). Os músculos pronadores quadrado e redondo são
responsáveis respectivamente pela pronação da mão e pela rotação medial do radio
ulna (Evans, 1993).
Os neurônios aferentes somáticos são responsáveis pela transmissão do
estímulo nociceptivo até a medula espinal. Podemos citar os neurônios aferentes
somáticos cutâneos do membro torácico, os nervos: braquicefálico musculocutâneo,
axilar, radial, mediano e ulnar (Evans, 1993), como únicos responsáveis por esse tipo
de estímulo (Evans & Delahunta, 2001, Adams, 2003).
O nervo braquicefálico é responsável pelo suprimento nervoso cutâneo da
articulação escapuloumeral e região cranial, caudal, lateral e medial de terço proximal
de úmero (Adams, 2003) (Figura 3). O nervo musculocutâneo é responsável pelo
suprimento nervoso cutâneo na região medial do antebraço (Evans & Delahunta, 2001,
Adams, 2003). O nervo axilar supre a região craniolateral do braço e a cranial do
antebraço (Evans & Delahunta, 2001, Adams, 2003), e o nervo radial as áreas
caudolateral do braço, cranial do antebraço e dorsal da o (Evans & Delahunta,
2001, Adams, 2003). O nervo mediano inerva a região palmar, e o nervo ulnar, as
regiões caudal do antebraço, palmar e lateral da mão (Evans & Delahunta, 2001,
Adams, 2003) (Figura 4, Tabela 1).
- 26 -
Figura 3. Áreas cutâneas supridas pelo nervo braquicefálico nas vistas: lateral (A), cranial (B) e
medial (C).
Fonte: Evans, 1993
Figura 4. Áreas cutâneas supridas pelos nervos axilar, radial, mediano,
musculocutaneo e ulnar. Vistas: Lateral, cranial, medial e caudal.
Fonte: Adams, 2003
- 27 -
Tabela 1: Nervos constituintes do membro torácico: raízes nervosas
originadas e áreas abrangidas.
Nervos Raízes Nervosas Área abrangida
Supra
escapular
C6 e C7 Região escapular lateral
Subescapular C6 e C7 Região escapular medial
Braquicefálico C6 e C7
Regiões da articulação escapuloumeral
e umeral proximal (faces cranial, lateral,
medial)
Musculocutâneo C6, C7 e C8 Região umeral medial
Axilar C7 e C8
Regiões radioulnar craniolateral e
umeral cranial
Radial C7, C8 e T1
Regiões radioulnar caudolateral, umeral
cranial e dorsal da mão
Ulnar
C8 e T1
Região palmar
Mediano C8 e T1 Regiões umeral caudal e palmar lateral
Fonte: Evans, 1993; Adams, 2003
O nervo frênico é o responsável pela inervação do diafragma, sua origem é
cervical bilateral (raízes C5, C6 e/ou C7) e esse percorre um trajeto dorsomedial e
caudal ao plexo braquial (Evans, 1993). Na prática clínica, o bloqueio dos dois ramos
do nervo frênico impediria a contração da musculatura diafragmática, portanto, a
anestesia paravertebral cervical bilateral é contraindicada (Lemke & Dawson, 2003).
2.2 Bloqueio anestésico local do membro torácico em cães
O bloqueio do plexo braquial em cães foi relatado pela primeira vez por
Lindhorst (1931) apud Oliveira et al. (1970), e estudado posteriormente por Vieck
(1934), Nechvatal (1936) e Ohnacker (1936) apud Oliveira et al. (1970).
A anestesia local do plexo braquial com anestésicos locais produz bloqueio
completo das fibras nervosas sensoriais (Martin, 1997). A utilização do bloqueio do
plexo braquial associado à anestesia geral inalatória ou intravenosa permite a redução
de doses e concentrações necessárias dos agentes anestésicos gerais, diminuindo
assim os seus efeitos depressores cardiorrespiratórios (Massone, 1999; Wenger et al.,
2005)
Tufvesson (1951) apud Oliveira et al. (1970), recomendou a anestesia do plexo
braquial em todas as intervenções cirúrgicas no membro torácico, distais à articulação
umerorradioulnar, a serem realizadas cães. A sua técnica consistia na inserção da
- 28 -
agulha na depressão triangular formada pela união da borda anterior do músculo
supra-espinhal com a parede torácica, e a borda dorsal do músculo braquicefálico.
De acordo com Muir et al., 2001, uma das primeiras técnicas de bloqueio do
plexo braquial em cães consistiu na introdução da agulha em sentido craniomedial à
articulação escapuloumeral, na região conhecida como “vazio torácico”, em direção à
junção costo-condral, e paralelamente à coluna vertebral, administrando-se o
anestésico à medida que a agulha ia sendo removida. Entretanto, algumas
desvantagens foram observadas após o emprego desta técnica como: o bloqueio
incompleto de todos os feixes nervosos constituintes do plexo braquial, a dificuldade
no acesso em animais obesos, a possibilidade de lesões na artéria axilar e a área
restrita do membro torácico abrangida pelo bloqueio anestésico, que é limitado a
região distal à articulação umerorradioulnar (Muir et al., 2001). O tempo necessário
para a obtenção do bloqueio anestésico máximo com este procedimento foi de 15 a 30
minutos (Muir et al., 2001) (Figura 5).
Nutt (1962) apud Oliveira et al. (1970), realizou um estudo clínico com 21 cães
utilizando a técnica descrita por Tufvesson (1951), e relatou em três casos a
necessidade de uma segunda administração do anestésico local, devido à obesidade
dos animais. Outra observação descrita pelo autor foi a de um óbito ocasionado pela
administração intratorácica acidental.
Figura 5. Bloqueio do plexo braquial com
introdução da agulha em região craniomedial à
articulação escapuloumeral.
Fonte: Muir et al. (2001)
- 29 -
Oliveira (1970) descreveu a utilização da palpação do fluxo da artéria axilar
como referência à localização dos feixes nervosos constituintes do plexo braquial. Por
meio de estudo clínico, o autor bloqueou de maneira individualizada as regiões
supridas pelos nervos radial, mediano, ulnar e musculocutâneo.
Futema et al. (2002), baseando-se na palpação e na oclusão do fluxo da artéria
axilar, introduziram uma agulha para bloquear os feixes nervosos constituintes do
plexo braquial. Nesse mesmo estudo, compararam os resultados da palpação e da
oclusão do fluxo da artéria axilar com o uso do estimulador de nervos para a
localização dos feixes nervosos, obtendo assim, maior precisão da deposição do
anestésico local. Independente da técnica de localização utilizada, os bloqueios
observados foram distais à articulação escapuloumeral.
Muir et al., 2001, descreveu que a palpação do fluxo da artéria axilar é um
procedimento difícil em cães que apresentem membros torácicos providos de grande
massa muscular.
Em revisão de literatura, Campoy (2006) descreveu que os bloqueios do
membro torácico, principalmente o bloqueio do plexo braquial, limitam-se a regiões
distais à articulação escapuloumeral, e que o estimulador de nervos aumentou a taxa
de sucesso das técnicas.
No homem, existem diferentes procedimentos para o bloqueio do membro
torácico. Dentre os mais empregados, destaca-se o acesso pela via axilar, utilizando-
se a técnica de obstrução do fluxo da artéria axilar para a localização dos feixes
neurais a serem bloqueados (Baranowski et al., 1990; Ertug et al., 2005). No entanto,
esse método é recomendado apenas em procedimentos mais distais (Baranowski et
al., 1990; Ertug et al., 2005).
Outra técnica de bloqueio do plexo braquial no homem é a do acesso
interescaleno, onde o anestésico local é depositado próximo à emergências raízes
nervosas nos forâmens intervertebrais, possibilitando bloqueios próximos a coluna
vertebral (Miller, 2005). Entretanto, em procedimentos distais, como os realizados na
mão, é necessária a suplementação de anestesia com o bloqueio do nervo ulnar (Lanz
et al., 1983). A agulha é inserida na depressão formada pelos músculos
esternoclidomastóide, escaleno anterior e escaleno médio (Miller, 2005) (Figura 6 e 7).
- 30 -
Lemke & Dawson (2003) na Universidade de Illinois relataram uma técnica
modificada do bloqueio do plexo braquial, através do acesso supraescapular. Esta
técnica consiste na deposição do anestésico local próximo às emergências dos feixes
neurais dos forâmens nos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7, C7-T1 e T1-T2. O
acesso aos feixes neurais foi perpendicular aos processos transversos das vértebras
cervicais, com a introdução da agulha através dos músculos trapézio, omotransverso,
rombóide (parte dorsal), serrátil dorsal cranial, eretores da espinha (iliocostal, longo e
espinhal), transverso espinhal, interespinhais e intertransversais (Getty, 1986; Evans &
Delahunta, 2001), o que tornou mais difícil o sucesso do bloqueio. A descrição da
Figura 6. Localização da região a ser
bloqueada pela cnica interescalena
(músculos esternoclidomastóide, escaleno
anterior e escaleno médio.
Figura 7. Posicionamento da agulha para a
execução do bloqueio interescaleno.
Fonte:
Williams & Wilkins (2002)
Fonte: Willians & Wilkins (2002)
- 31 -
técnica proposta não forneceu muitos detalhes e nem demonstrou por meio de um
estudo controlado a sua eficácia clínica. Por outro lado, relatou-se o bloqueio
anestésico local de todas as áreas do membro torácico em cães (Figura 8).
Otero (2005) descreveu a técnica anestésica local paravertebral para bloqueio
do plexo braquial em cães, foi instilado o anestésico local cranial e caudal ao processo
transverso cervical (C6), coincidindo com as raízes nervosas C6 e C7
respectivamente, e cranial e caudalmente à cabeça da primeira costela, coincidindo
com a saída das raízes C8 e T1. Para palpação da cabeça da primeira costela foi
necessário o deslocamento caudal da escápula. O autor recomendou volumes
reduzidos de anestésico local (0,5 a 1,0 ml de lidocaína 2%, com vasoconstrictor em
cada ponto). O bloqueio descrito restringiu-se à toda porção do membro torácico distal
à articulação escapuloumeral (Figura 9 e 10).
Figura 8. Localização das raízes nervosas C6, C7, C8 e T1
utilizadas para execução do bloqueio paravertebral
cervical.
Fonte: Lewke & Dawson (2003)
- 32 -
Hofmeister et al. (2007) realizaram estudo anatômico em cadáveres a fim de
identificar raízes nervosas para o bloqueio paravertebral do membro torácico em cães,
sendo descritas as raízes nervosas C6, C7, C8 e T1. Os autores relataram facilidade
na localização dos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7 e C7-T1. A raiz T1 de ser
localizada 2 a 3 cm caudais à primeira costela.
Figura 9. Pontos de referência para a
realização do bloqueio paravertebral
cervical.
Figura 10. Palpação do processo
transverso de C6 com o dedo polegar da
mão esquerda e deslocamento caudal da
escápula, com a mão direita, para a
localização da cabeça da primeira costela.
Fonte: Otero (2004)
Fonte: Otero (2004)
- 33 -
2.3 Cloridrato de Lidocaína
Os anestésicos locais previnem o rápido influxo de sódio para dentro da célula
nervosa impedindo a propagação do potencial de ação (Strichartz & Ritchie, 1987).
A lidocaína é o anestésico local mais comumente empregado na prática clínica,
devido à sua potência, rápido início e moderada duração de ação (Skarda, 1991).
Segundo Lemke & Dawson (2003), o período de latência da lidocaína é de 10 a 15
minutos e seu período hábil varia entre 60 a 120 minutos, dependendo da utilização ou
não de um vasoconstritor.
Skarda (1996) descreveu que o bloqueio sensitivo e motor do plexo braquial
iniciou-se entre 10 e 15 minutos após a administração de lidocaína a 2% associada a
vasoconstritor, e produziu uma anestesia de duas horas e uma recuperação plena da
propriocepção do membro torácico em seis horas.
A lidocaína, entre outros anestésicos, é comumente diluída com solução
fisiológica (NaCl 0,9%) para a prática da anestesia local (Kanai & Hoka, 2006). Em
estudo realizado em pacientes submetidos a cirurgias abdominais ginecológicas,
comparou-se a aplicação por via epidural de duas soluções: lidocaina a 1% e lidocaína
a 1% diluida em solução fisiológica. Os resultados indicaram que a lidocaína diluída foi
menos potente que a lidocaína 1% sem diluição.
Segundo Kanai & Hoka (2006), a hipernatremia com a associação de solução
fisiológica ao anestésico pode aumentar a excitabilidade do tecido nervoso, reduzindo
o efeito esperado dos anestésicos locais, sendo necessário o aumento nas doses a
serem administradas. Scott et al. (1980) relataram que aumentando-se a
concentração da bupivacaína de 0,5% para 0,75%, e da etidocaina de 1,0% para
1,5%, na anestesia epidural, a analgesia produzida foi mais rápida e o bloqueio motor
foi mais efetivo.
Wenger et al. (2005) descreveram que a associação de lidocaína e bupivacaína,
para o bloqueio do plexo braquial em cães submetidos à artrodose da articulação
carpal ou osteossíntese de rádio e ulna, promoveu reduções na concentração de
isofluorano necessária para manutenção da anestesia, e nas doses de fármacos
analgésicos nos períodos trans e pós-operatórios.
- 34 -
2.4 Determinação da Concentração Alveolar Mínima (CAM)
A concentração alveolar mínima (CAM) é definida como a concentração de um
anestésico inalatório necessária para abolir movimentos em resposta a um estímulo
doloroso em metade dos pacientes testados (Quasha et al., 1980).
A concentração alveolar de um agente inalatório está diretamente relacionada à
profundidade anestésica, ou seja, pelo grau de depressão do sistema nervoso central
causado pelo anestésico inalatório e sua concentração nos alvéolos (Steffey, 1996).
A CAM de um anestésico inalatório necessária para prevenir a resposta motora
frente a estímulo doloroso é usada para medir a potência de um anestésico (Eger et
al., 1965; Quasha et al., 1980; Steffey, 1996).
O estímulo elétrico atualmente vem sendo usado para a determinação da CAM
em Medicina Veterinária, onde previamente é ajustada a voltagem e/ou a amperagem
a ser utilizada (Quasha et al., 1980; Valverde et al., 2003). Esse estímulo pode ser
aplicado nas extremidades de membros, cauda ou da mucosa bucal (Quasha et al.,
1980; Valverde et al., 2003).
Valverde et al. (2003) descreveu o uso do estímulo elétrico, resultando em
respostas nociceptivas supramáximas similares às observadas pelo método de
pinçamento de cauda. O estímulo elétrico utilizado nesse estudo foi de 50 V a 50 Hz
com duração de 10 ms, o qual foi aplicado na porção lateral da região radioulnar.
A caracterização de uma resposta motora positiva frente à estímulo nociceptivo
é dada por movimentos consecutivos e bruscos em membros, pescoço, rotação de
cabeça, flexão sustentada de pescoço e/ou movimentos tronco (Ewing et al., 1993).
No entanto, para a CAM apresenta variações, dentre elas a CAM
BAR
, a qual
permite avaliar a concentração desejada de agente inalatório mínima para bloquear a
resposta autonômica, ou seja, freqüência cardíaca e pressão arterial, ou bloqueio
adrenérgico (March & Muir, 2003; March & Muir, 2005).
A resposta cardiovascular (freqüência cardíaca e pressão arterial) frente ao
estímulo doloroso são importantes nas determinações de morbidades de pacientes
(Roizen et al., 1980).
Em felinos, na avaliação da CAM para mensurar a resposta do sistema nervoso
central frente ao estímulo nociceptivo, consideraram-se como respostas positivas
variações superiores à 15%, em relação a antes da aplicação do estímulo, nos valores
de freqüência cardíaca e/ou de pressão arterial (March & Muir, 2003). Em outro estudo
- 35 -
realizado em gatos, a CAM motora de halotano foi de 1,22V%, enquanto a CAM
BAR
foi
de 1,81V%, uma diferença 48% superior a CAM (Schmeling et al., 1999).
A resposta hemodinâmica e a resposta autonômica requerem que as vias
aferentes e eferentes da dor no rebro e medula estejam preservadas. O estímulo
nociceptivo e as vias sensoriais na medula espinhal e cérebro ativam componentes do
sistema nervoso simpático na medula espinhal, tronco cerebral e hipotálamo (Roizen
et al., 1981; Schemeling et al., 1999; Stanski, 2000).
- 36 -
3
H
IPÓTESES
a) A anestesia paravertebral cervical é um procedimento anestésico eficaz para o
bloqueio anestésico local do membro torácico na espécie canina.
b) A anestesia paravertebral cervical é um procedimento anestésico exeqüível e viável,
onde a localização das raízes nervosas cervicais pode ser obtida através da
identificação de estruturas anatômicas externas.
c) A extensão do bloqueio anestésico local do membro torácico produzido com a
anestesia paravertebral cervical abrange as regiões escapular e umeral proximal.
4
O
BJETIVOS
Para a verificação das hipóteses propostas os objetivos deste estudo foram:
a) Realizar um estudo anatômico para a identificação das estruturas anatômicas
externas de referência na região cervical e dos troncos nervosos constituintes do plexo
braquial, e para o desenvolvimento da técnica de acesso lateral às raízes nervosas
cervico-torácicas. Esta etapa foi executada em cadáveres de cães com a
administração de corante e a subseqüente dissecação da região cervical para a
verificação do tingimento das raízes nervosas.
b) Analisar a eficácia da técnica de anestesia paravertebral cervical na espécie canina,
avaliando a extensão da área bloqueada e o tempo de bloqueio anestésico local em
três regiões distintas (escapular, umeral e radioulnar) do membro torácico de cães
anestesiados com 1 CAM de isofluorano.
- 37 -
5
-
M
ATERIAL E
M
ÉTODOS
Este estudo foi realizado após a sua aprovação pela Câmara de Ética em
Experimentação Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Unesp,
campus de Botucatu (protocolo número 176/2007).
A pesquisa foi dividida em duas partes, sendo a primeira constituída de um
estudo anatômico, realizado em peças anatômicas e cadáveres de cães conservados
sob refrigeração, para a identificação de estruturas e a padronização da técnica
anestésica. A segunda parte consistiu de um estudo experimental do procedimento de
bloqueio paravertebral cervical, realizado em cães submetidos à anestesia inalatória
com isofluorano.
5.1 Estudo anatômico
Esta etapa foi desenvolvida em colaboração com a disciplina de Anatomia dos
Animais Domésticos do Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências IB,
Unesp, campus Botucatu. Foram identificadas as referências anatômicas externas das
regiões cervical e torácica, bem como, as alternativas de acesso às raízes nervosas
cervicais, definindo-se o risco potencial à execução da técnica anestésica pela
localização de estruturas anatômicas adjacentes sujeitas a traumatismos ou lesões.
5.1.1 Esqueleto e cadáveres preservados em formaldeído a 4%
Um esqueleto canino montado em suporte metálico, simulando a posição
quadrupedal fisiológica para a espécie, foi empregado inicialmente para a identificação
e reconhecimento dos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7, C7-T1 e T1-T2, por onde
emergem as raízes neurais constituintes do plexo braquial.
Posteriormente, foi realizada a primeira avaliação anatômica com a dissecação
de três cadáveres de cães de porte médio, preservados em formaldeído a 4%
1
.
____________________________________
1
Formol 10%, Rioquímica Indústria Farmacêutica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
- 38 -
Este procedimento possibilitou a identificação de estruturas anatômicas
adjacentes à coluna vertebral cervical. Iniciando-se a técnica de dissecação padrão a
partir da pele em direção aos planos anatômicos mais profundos, todos os grupos
musculares cervicais foram isolados e identificados, bem como nervos e vasos
sangüíneos
5.1.2 Cadáveres preservados sob refrigeração
Essa fase do estudo foi realizada junto ao Setor de Patologia Veterinária da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - Unesp, campus Botucatu.
Foram utilizados doze cadáveres de cães adultos, machos e fêmeas, sem raça
definida, com peso médio de 18,0±3,5 kg, preservados sob refrigeração, em
temperatura de 0 a 10ºC, durante 24 horas, provenientes do Centro de Controle de
Zoonozes do Município de Botucatu-SP.
Os cadáveres foram posicionados em decúbito lateral esquerdo, sobre a mesa
de dissecação, para a realização de tricotomia da região cervical e das faces lateral e
medial do membro torácico direito.
Sob a região cervical foi introduzido um “travesseiro de areia”, confeccionado
especificamente para auxiliar a execução da técnica em estudo (Figura 9). Revestido
em couro sintético e preenchido com areia, este possuía duas faces, uma plana (25 X
15 cm), que era apoiada sobre a superfície da mesa de dissecação, e a outra convexa
(altura máxima de 5 centímetros) permanecia em contato com a face lateral esquerda
da região cervical (Figuras 10 e 11). O objetivo da utilização do “travesseiro de areia”
foi promover a estabilidade cervical e facilitar ao executor a palpação dos processos
transversos das vértebras cervicais.
Através do estudo anatômico prévio realizado em cadáveres preservados em
formaldeído, foram definidos quatro pontos de acesso às emergências das raízes
nervosas constituintes do plexo braquial em cães, denominados como pontos 1, 2, 3 e
4. O posicionamento e a introdução de agulhas hipodérmicas, e a administração de
azul de metileno foram executados conforme a descrição a seguir:
a) Ponto 1 - espaço intervertebral C5-C6 e emergência da raiz nervosa C6:
A partir da palpação do processo transverso da quinta vértebra cervical, o mais
proeminente de todos, e o processo transverso da sexta vértebra cervical, delimitou-se
o espaço intervertebral C5-C6. Neste espaço intervertebral, uma agulha hipodérmica
- 39 -
30X8
2
foi introduzida perpendicularmente à superfície da pele, aproximadamente 2 cm,
até que o bisel atingisse o corpo vertebral de C6 (Figura 12).
b) Ponto 2 - espaço intervertebral C6-C7 e emergência da raiz nervosa C7:
Utilizando-se como referência os processos transversos da sexta e da sétima
vértebras cervicais, delimitou-se o espaço intervertebral C6-C7. Uma agulha
hipodérmica 30X8
2
foi introduzida perpendicularmente à superfície da pele,
aproximadamente 2 cm, até que o bisel atingisse o corpo vertebral de C7 (Figura 13).
c) Ponto 3 - espaço intervertebral C7-T1 e emergência da raiz nervosa C8:
De maneira semelhante aos pontos 1 e 2, utilizou-se como referência o
processo transverso da sétima vértebra cervical, delimitando-se o espaço intervertebral
C7-T1, de onde emerge a oitava raiz neural cervical. A agulha hipodérmica 30X8
2
foi
introduzida perpendicularmente à superfície da pele, aproximadamente 2 cm, até que o
bisel atingisse o corpo vertebral de T1 (Figura 14).
d) Ponto 4 - espaço intervertebral T1-T2 e emergência da raiz nervosa T1:
O quarto ponto corresponde à primeira raiz nervosa torácica, ou seja, entre os
processos transversos torácicos T1-T2. Esses processos transversos torácicos não
são palpáveis, pois são encorbertos pela escápula. O último processo transverso
palpável nesta região é o processo transverso correspondente à sétima vértebra
cervical.
Para suprir a necessidade de localização desse espaço, a alternativa
encontrada foi utilizar o espaço eqüidistante entre os processos cervicais e torácicos.
Desta maneira, se o espaço entre os processos transversos C5-C6, C6-C7 e C7-T1 foi
de aproximadamente 1,5 cm, esse espaço duplicado (3,0 cm), a partir do processo
transverso da sétima vértebra cervical com o intuito de introduzir a agulha ao encontro
da raiz T1.
________________________
2
BD Precision Glide, Becton Dickison Indústrias Cirúrgicas Ltda, Curitiba, PR, Brasil
- 40 -
Neste ponto, uma agulha espinhal 100X8
3
foi introduzida medialmente à
escápula, em um ângulo de 45° em relação ao processo espinhoso das vértebras
torácicas, a aproximadamente 10 cm de profundidade, até que o bisel atingisse o
corpo vertebral T2 (Figuras 15 e 16).
Nos pontos 1, 2 e 3 administrou-se o corante azul de metileno 0,5%
4
no volume
de 0,5 ml. No ponto 4, o volume administrado da mesma solução foi de 1,5 ml.
Em seguida à administração do corante procedeu-se a dissecação das regiões
cervical e escapular, seguindo técnica padrão, para a visualização dos nervos C6, C7,
C8 e T1, e a avaliação do tingimento individual das raízes nervosas. As raízes coradas
com o azul de metileno foram consideradas como “positivas” (Figuras 17 e 18), e as
não marcadas “negativas”.
Os resultados desta fase do estudo são apresentados em tabelas descrevendo
as porcentagens de tingimento em cada raiz nervosa.
_
__________________________________________
3
Raquiespinal, Unisis Corporation, Tókio, Japão
4
Azul de Metileno, Rioquímica Indústria Farmacêutica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
- 41 -
Figura 11.
Travesseiro de areia, seringas
com azul de metileno e agulha espinal.
Figura 12.
Posicionamento em decúbito
lateral esquerdo.
Figura 14.
Localização dos processos
transversos de C5 e de C6 (dedos anular e
médio, respectivamente) e posicionamento
da agulha no espaço intervertebral C5-C6.
Fig
ura 15.
Localização dos processos
transversos C6 e C7 (dedos médio e
indicador, respectivamente) e
posicionamento da agulha no espaço
intervertebral C6-C7.
Figura 16.
Localização do processo transverso
C7 (dedo indicador) e posicionamento da
agulha no espaço intervertebral C7-T1.
Figura 13.
Apoio da região cervical sobre o
travesseiro de areia.
- 41 -
Figura 17.
Localização do processo
transverso C7 (dedo indicador) e introdução
da agulha espinhal.
Figura 18.
Vista Caudo-cranial do
posicionamento das agulhas hipodérmicas
nos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7 e
C7-T1, e da agulha espinhal no espaço
intervertebral T1-T2.
Figura 19.
Raízes nervosas C6, C7, C8 e T1
coradas com azul de metileno e a formação
do plexo braquial a partir delas.
Figura 20
.
Da direita para a esquerda,
processos transversos (setas) das rtebras
C5, C6 e C7, e tingimento com azul de
metileno das raízes nervosas C6, C7, C8 e
T1.
- 41 -
5.2 Estudo experimental
5.2.1 Animais
Foram utilizados seis cães hígidos adultos, sem raça definida, cinco fêmeas
e um macho, com peso corporal médio de 17,8±2,3 kg, oriundos do canil
experimental da Anestesiologia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia – Unesp, campus de Botucatu.
Todos os animais foram alimentados com ração comercial seca
5
, fornecida
duas vezes ao dia, e água ad libidum. Antes do início da fase experimental, os cães
foram vacinados
6
e vermifugados
7
, e realizados exames clínico e laboratoriais
(hemograma completo e exames bioquímicos).
Antes do início de cada procedimento anestésico, os cães foram submetidos
a jejum alimentar de doze horas e hídrico de duas horas. Cada animal foi
submetido a três anestesias, com um intervalo mínimo de uma semana entre cada
um.
5.2.2 Avaliação da concentração alveolar mínima (CAM) individual de
isofluorano
O primeiro procedimento anestésico teve como objetivo a determinação da
concentração alveolar mínima individual de isofluorano (CAM
iso
).
A indução da anestesia geral foi realizada com isofluorano
8
, diluído em
oxigênio (FiO
2
=1), por meio de máscara facial. O vaporizador calibrado
9
foi
ajustado na concentração de 5%, em um fluxo de O
2
de 4 l/min, até que houvesse
a perda do reflexo laringotraqueal, permitindo a intubação traqueal. Em seguida, os
animais foram conectados a um circuito circular valvular
10
e mantidos sob
ventilação mecânica, em um fluxo de O
2
de 1 l/min
10
, com a freqüência respiratória
(f), o volume corrente (Vt) e a relação inspiração/expiração ajustados para a
manutenção dos valores da concentração de dióxido de carbono ao final da
expiração (ETCO
2
) entre 35 e 45 mmHg.
______________________________
5
Excellence Adulto, Selecta Pet Care Indústria e Comércio Ltda, Arthur Nogueira, SP, Brasil
6
Vacina Polivante, Merial Saúde Animal Ltda, Paulínia, SP, Brasil
7
Canex composto, Vetbrands Saúde Animal Ltda, Campinas, SP, Brasil
8
Isoforine, Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda, Itapira, SP, Brasil
9
Inter VPZ ISO – Intermed
R
, São Paulo, SP, Brasil
10
Aparelho de Anestesia Inter Línea C - Intermed
R
, São Paulo, SP, Brasil
- 41 -
A concentração de expirada de isofluorano (ET
iso
) foi mensurada com um
analisador de gases anestésicos
11
, sendo a ET
iso
inicial de 1,8V% reduzida ao
longo do experimento em intervalos de 0,2V%. Durante a mensuração da CAM
iso
,
cada ET
iso
foi mantida estável por um período de 15 minutos antes da aplicação do
estímulo nociceptivo, para permitir o equilíbrio entre as concentrações de
isofluorano nos alvéolos, sangue arterial e cérebro (Quasha et al., 1980).
O modelo de estimulação nociceptiva empregado foi o padrão pulsátil
validado por Valverde et al. (2003). Caso a resposta motora frente ao estímulo
nociceptivo aplicado fosse inicialmente negativa, a ET
iso
era reduzida gradualmente
em 0,2V% até a observação de resposta uma motora positiva. Ato contínuo, a ET
iso
era elevada gradualmente em 0,1V% até que houvesse bloqueio da resposta
motora. Caso a resposta motora inicial fosse positiva, os ajustes na ET
iso
eram
realizados de forma inversa.
A CAM
iso
foi calculada como a média aritmética entre a menor concentração
de isofluorano que inibiu a resposta motora ao estímulo nociceptivo (resposta
negativa) e maior concentração que permitiu que tal resposta fosse deflagrada
(resposta positiva) (Quasha et al., 1980).
5.2.3 Grupos experimentais
Os animais foram posicionados em decúbito lateral esquerdo sobre a mesa
experimental, sendo realizada a seguir a tricotomia do membro torácico direito
(faces lateral e medial) e das regiões cervical e torácica direitas. O membro pélvico
direito (face lateral da região tibial distal e região metatársica) foi também
tricotomizado para as cateterizações
12
da veia safena lateral direita e da artéria
metatarsiana dorsal.
A indução anestésica foi realizada com propofol
13
na dose de 6 mg/kg,
administrado pela via intravenosa. Em seguida, procedeu-se a intubação traqueal e
a conexão da sonda traqueal ao circuito circular valvular do aparelho de anestesia
inalatória
10
.
________________________
11
Quick Cal Calibration Gás, Datex Engstrom Division Instrumentarium Corp, Helsinki, Finland
12
Cateter Intravenoso BD Insyte, Becton Dickison Indústrias Cirúrgicas Ltda, Curitiba, PR, Brasil
13
Propovan, Cristália Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda, Itapira, SP, Brasil
- 41 -
Um analisador de gases
14
, calibrado com uma amostra des padrão
11
antes do início de cada experimento, foi conectado à extremidade distal da sonda
traqueal para a colheita contínua de amostras dos gases expirados e a
determinação das concentrações expiradas de isofluorano (ET
iso
) e dióxido de
carbono
(ETCO
2
).
A manutenção da anestesia geral foi realizada com isofluorano, inicialmente
na concentração expirada equivalente a 1,2 CAM
iso
individual.
A ventilação a pressão positiva intermitente
10
foi instituída, de maneira
semelhante a realizada durante o procedimento anestésico para a determinação da
CAM
iso
individual, durante todo o período anestésico. Nos momentos da
estimulação elétrica nociceptiva, em que alguns animais apresentaram movimentos
respiratórios espontâneos, foi adotada a ventilação assistida mandatória
intermitente.
As pressões arteriais sistólica, média e diastólica foram mensuradas pelo
método invasivo através da cateterização da artéria metatarsiana dorsal esquerda,
sendo o cateter coaptado a um transdutor de pressão
14
. O transdutor foi
posicionado na altura da linha média do tórax com o valor zero de referência
ajustado periodicamente.
A freqüência e o ritmo cardíacos foram monitorados por eletrocardiógrafo
14
com os eletrodos posicionados na derivação DII.
Fluidoterapia com a administração de Ringer com lactato
15
, na taxa de
infusão 5 ml/kg/h, foi instituída por meio de uma bomba de infusão peristáltica
16
,
durante todo o período de manutenção da anestesia.
A temperatura corpórea foi mensurada por meio de um sensor esofágico de
temperatura
14
, com sua extremidade posicionada na poção torácica do esôfago.
Esta variável foi mantida entre 37,5 e 38,5 ºC com os auxílios de uma manta
elétrica
17
, sobre a qual os animais foram posicionados, e de um insuflador de ar
aquecido
18
.
________________________
14
Datex Engstrom A/S 3, Helsinki, Finland
15
Solução Ringer Lactato, Laboratório Sanobiol Ltda, Pouso Alegre, MG, Brasil
16
Samtronic 550-T2, Samtronic Infusion Systems, Socorro, SP, Brasil
17
Colchão Termo-elétrico Estek, Ortovet, São Paulo, SP, Brasil
18
Patient Warming System - Warmtouch – Mallinkrodt, Pleasanton, CA, EUA
- 41 -
Após a instrumentação dos animais, procedeu-se as antissepsias da região
cervical direita e do membro torácico direito com solução de clorexidine 2%
19
, e a
colocação de um pano de campo fenestrado (12X8 cm) estéril sobre a região
cervicotorácica direita. Em seguida iniciou-se a execução da técnica de anestesia
local paravertebral cervical de acordo com os procedimentos de acesso
padronizados durante o estudo anatômico descritos anteriormente.
Todos os cães foram submetidos a dois tratamentos, instituídos de forma
aleatória:
a) Tratamento controle: execução da técnica paravertebral cervical com solução de
NaCl 0,9%
20
e administração subseqüente de lidocaína 1% com vasoconstrictor,
pela via intramuscular.
b) Tratamento lidocaína: execução da técnica paravertebral cervical com lidocaína
1% com vasoconstrictor, e administração subseqüente de solução de NaCl 0,9%
20
,
pela via intramuscular.
Foi empregada lidocaína 2% sem vasoconstrictor
21
diluída com água
bidestilada na razão de 1:1, ou seja, 10 ml de solução NaCl 0,9% e 10 ml de
anestésico local. Após a diluição era adicionado à solução, 0,1 ml de epinefrina
22
(1mg/ml). O intuito de acrescentar a epinefrina à solução diluída de anestésico local
foi de formar uma solução de cloridrato de lidocaína à 1% com vasoconstritor.
Os volumes empregados de lidocaína 1% com vasoconstritor e de solução
de NaCl 0,9%, em ambos os tratamentos, tanto na técnica paravertebral cervical
quanto nas administrações intramusculares, foram de 1 ml/kg. Portanto, a dose de
lidocaína administrada foi de 10 mg/kg.
___________________
19
Riohex 2%, Rioquímica Indústria Química, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
20
Solução Fisiológica NaCl 0,9%, Laboratório Sanobiol Ltda, Pouso Alegre, MG, Brasil
21
Cloridrato de lidocaína, Hipolabor Farmacêutica Ltda, Sabará, MG, Brasil
22
Adrenalin, Hipolabor Farmacêutica Ltda, Sabará, MG, Brasil
- 41 -
Na técnica paravertebral cervical os volumes totais de anestésico local e de
solução de NaCl 0,9% foram divididos, sendo administrados nos pontos 1, 2 e 3
(C5-C6, C6-C7 e C7-T1, respectivamente) três volumes iguais, cada um
correspondendo a 20% do volume total. No ponto 4 (T1-T2), foi administrado 40%
do volume total calculado de lidocaína 1% ou de solução de NaCl 0,9%.
A administração de lidocaína ou de solução de NaCl 0,9%, em todos os
pontos da técnica paravetebral cervical, foi realizada lentamente (aproximadamente
30 segundos em cada ponto), a contar o momento do posicionamento definitivo da
agulha nos espaços intervetebrais.
Os tratamentos instituídos eram desconhecidos pelo pesquisador executor e
avaliador dos procedimentos.
Ao final da execução dos tratamentos, o “travesseiro de areia” foi removido e
a região cervical massageada durante cinco minutos.
Três pares de agulhas hipodérmicas (30X7)
2
foram implantados no tecido
subcutâneo, sendo cada par posicionado em três regiões do membro torácico
direito: face lateral do terço médio da região escapular, face lateral do terço médio
da região umeral e face lateral do terço médio da região radioulnar. A distância
entre as agulhas de cada par foi de cinco centímetros (Figura 8).
Após a implantação das agulhas, a concentração expirada de isofluorano
(ET
iso
) foi ajustada ao valor correspondende a CAM
iso
individual e mantida estável
durante quinze minutos antes da aplicação do primeiro estímulo nociceptivo.
Figura 21
. Posicionamento das agulhas em três regiões
do membro torácico (escapular, umeral e radioulnar).
- 41 -
Foram conectadas às agulhas dois eletrodos para a administração do
estímulo nociceptivo supramáximo, que constituiu de uma corrente elétrica de 50V,
50 Hz e 10 ms
23
. O modelo de estimulação elétrica empregado foi baseado o
padrão pulsátil validado por Valverde et al. (2003). De acordo com esse modelo são
administrados quatro estímulos com intervalos de cinco segundos entre si (dois
estímulos simples e dois contínuos com duração de três segundos).
O momento foi caracterizado por uma seqüência de três estímulos em três
regiões distintas, sendo elas: radioulnar (R), umeral (U) e escapular (E). Essas
permitiram seis combinações entre si: RUE, REU, URE, UER, ERU e EUR. A partir
de um sorteio prévio foi determinada a seqüência das combinações a serem
utilizadas para cada momento.
A avaliação paramétrica teve início aos 30 minutos e término aos 180
minutos após a realização do bloqueio. Entre os momentos houve um intervalo de
30 minutos, totalizando 6 momentos, ou seja, 30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos.
Os parâmetros cardiorrespiratórios (FC, PAS, PAD, PAM, f, ETCO
2
,
Saturação O
2
), bem como os valores de temperatura corpórea e CAM foram
observados em todos os momentos. No entanto, para avaliação de alteração da
CAM
BAR
e consequentemente avaliação da eficácia da técnica, padronizou-se a
utilização dos valores referentes a freqüência cardíaca e pressão arterial média.
Em cada região estimulada foram mensurados três valores de FC e PAM:
antes do estímulo, logo após o estímulo e 1 minuto após o estímulo nociceptivo
aplicado.
Ao término das avaliações mantinham-se os animais anestesiados por mais
15 minutos, para a remoção dos equipamentos de monitorização e a realização de
compressão da artéria metatarsiana dorsal esquerda. Foram administrados
acepromazina
24
(0,03 mg/kg, IM) e meloxican
25
(0,2 mg/kg, IM), e aplicado
polissulfato de polissacarídeo
26
sobre os pontos de inserção das agulhas utilizadas
no estímulo e a região metartasiana dorsal esquerda. Os animais foram observados
até a recuperação anestésica completa, quando foram fornecidas água e ração.
___________________
23
S 48 Stimulator, Grass Instrument Division – Astra Medical Incorporation
24
Acepran 0,2%, Vetnil Indústria e Comércio de Produtos Veterinários Ltda, Louveira, SP, Brasil
25
Maxican 0,2%, Ouro Fino Saúde Animal, Jaboticabal, Brasil
25
Hirudoid 3mg, Daiichi Sankyo Brasil Farmacêutica Ltda, Barueri, Brasil
- 41 -
5.3 Análise Estatística
A avaliação estatística foi efetuada em duas fases. O estudo anatômico
compreendeu a primeira etapa da avaliação, na qual foram comparadas as
porcentagens de raízes neurais coradas e não-coradas, pelo teste qui-quadrado.
Na segunda etapa da avaliação estatística compararam-se os resultados
entre os diferentes tratamentos (controle X lidocaína), e os valores basais (antes do
estímulo) com os valores após o estímulo (logo após e um minuto após estímulo),
utilizando-se a Análise de Perfil (p<0,05).
- 41 -
6 - RESULTADOS
6.1 Estudo anatômico
De acordo com a Tabela 2 e a Figura 20 após a administração de solução de azul
de metileno, observou-se a coloração das raízes C6 (ponto 1) e C7 (ponto 2) em 100 e
91,7%, respectivamente, dos cadáveres utilizados nesta fase de estudo anatômico.
Entretanto, a raiz C8 (ponto 3) foi corada em 66,7%, e a raiz T1 (ponto 4) em apenas 50%,
dos casos. Na avaliação de cada raiz nervosa, houve uma diferença significativa, nas
raízes C6, C7 e C8 entre os grupos corados e não-corados.
Tabela 2: Valores absolutos e distribuição percentual dos cadáveres que
apresentaram ou não coloração com azul de metileno, de acordo com as raízes
nervosas (C6, C7, C8 e T1), durante a execução do estudo anatômico (n=12).
0
20
40
60
80
100
C6 C7 C8 T1
Pontos
Porcentagem %
Corado
Não corado
Figura 22: Distribuição percentual das raízes nervosas (C6, C7,
C8 e T1) coradas e não-coradas com azul de metileno em doze
cadáveres preservados de cães, durante a execução do estudo
anatômico. * diferença significativa entre grupos corados e
não-corados da mesma raiz.
Raiz Nervosa Corada Não-corada Total
N
0
cadáveres
%
n
0
cadáveres
%
n
0
cadáveres
%
C6 12
100,0
0 0,0
12
100,0
C7 11 91,7
1 8,3
12
100,0
C8 8 66,7
4 33,3
12
100,0
T1 6 50,0 6 50,0 12
100,0
*
*
*
- 41 -
6.2 Estudo experimental em cães
6.2.1 Tempo de execução da técnica paravertebral cervical
A tabela 3 apresenta os valores individuais, médias e desvios-padrão do
tempo de execução da técnica de anestesia paravertebral cervical realizada
durante o estudo experimental em seis es. Não houve diferença significativa
entre os tratamentos controle e lidocaína.
Tabela 3: Valores individuais, médias e desvios-padrão do
tempo de execução da técnica paravertebral cervical nos
tratamentos controle e lidocaína, durante a execução do
estudo experimental em seis cães.
do Animal
Tempo de Execução
(minutos)
Controle
Lidocaína
1 8 9
2 7 9
3 13 6
4 9 6
5 8 5
6 5 8
Média
8,33
7,17
Desvio
-
Padrão
2,66
1,72
- 41 -
6.2.2 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região radioulnar
No tratamento controle houve diferença estatística significativa entre os
valores médios de freqüência cardíaca registrados imediatamente após e um
minuto após a aplicação do estímulo elétrico, e os seus valores anteriores, em todo
o período de avaliação (Tabela 4).
Com o tratamento lidocaína, foram observadas diferenças significativas na
freqüência cardíaca, imediatamente após e um minuto após a aplicação do
estímulo a partir de 60 e 120 minutos de avaliação, respectivamente, até 180
minutos (Tabela 4).
As avaliações da pressão arterial média (PAM) realizadas imediatamente e
um minuto após a aplicação do estímulo elétrico, quando o tratamento controle foi
instituído, resultaram em diferenças estatisticamente significativas em relação aos
valores registrados antes do estímulo, em todos os momentos de avaliação (Tabela
5).
Não foram observadas diferenças significativas entre os valores de PAM no
tratamento lidocaína, aos 30 minutos de avaliação, na comparação dos valores
registrados imediatamente após e um minuto após a aplicação do estímulo elétrico
com os valores anteriores (Tabela 5). Aos 60 minutos de avaliação não houve
diferença entre os valores médios dessa mesma variável observados
imediatamente após o estímulo e os anteriores a sua aplicação (Tabela 5).
- 41 -
Tabela 4: Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do
tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na
região radioulnar, em seis cães (p< 0,05).
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lido
caína
Controle
Lidocaína
Antes
105±13 107±15 107±13 111±12 108±19 108±7 114±17 106±10 127±11 125±12 115±14 115±17
Após
141±21
*
123±15 150±10
*
128±9
*
157±18
*
138±14
*
150±20
*
144±14
*
161±14
*
144±12
*
160±21
*
149±12
*
1 min.após
125±13
*
119±11 130±12
*
125±5 130±6
*
127±10 131±7
*
131±5
*
138±8
*
136±8 134±8
*
131±8
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
Tabela 5: Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30,
60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na região
radioulnar, em seis cães (p< 0,05).
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Contr
ole
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Antes
68,8±13 73,7±10 66,2±15 71,0±7 63,18 73,5±13 67,24 73,2±20 71,6±26 78,2±16 65,4±30 79,5±13
Após
90,7±13* 81,7±17 90,7±13* 82,2±26 91,7±14* 87,8±20* 94,5±22* 87,2±23 95,6±16* 88,0±19 87,8±25* 92,7±24
1 min.após
88,7±15* 86,0±16 92,0±16* 91,3±13* 91,5±19* 93,7±19* 94,0±25* 94,8±17* 94,6±19* 100,3±16* 87,8±26* 100,2±18*
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
- 41 -
6.2.3 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região umeral
De maneira semelhante à avaliação da região radioulnar, houve diferenças
significativas nos valores médios de freqüência cardíaca, no tratamento controle,
entre os valores observados imediatamente após e um minuto após a aplicação do
estímulo nociceptivo, em todos os momentos (Tabela 6).
No tratamento lidocaína, não foram registradas diferenças estatísticas entre
os valores de freqüência cardíaca antes, imediatamente após e um minuto após a
aplicação do estímulo elétrico, aos 30 e aos 150 minutos de avaliação. Aos 60
minutos, os valores dessa variável observados antes e um minuto após o estímulo,
também não diferiram (Tabela 6).
Em todos os momentos de avaliação no tratamento controle, somente foram
verificadas diferenças significativas nos valores de pressão arterial média
registrados um minuto após o estímulo. O mesmo não foi observado quando os
valores médios de imediatamente após o estímulo foram comparados aos
anteriores, entre 30 e 150 minutos de avaliação (Tabela 7).
Com o tratamento lidocaína os valores médios de PAM registrados antes,
imediatamente após e um minuto após o estímulo não apresentaram diferenças
significativas aos 30, 60 e 150 minutos de avaliação (Tabela 7).
- 41 -
Tabela 6: Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do
tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na
região umeral, em seis cães.
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Antes
103±20 111±16 107±15 102±10 100± 7 109±14 112±17 106±13 113±19 120±17 115±20 115±21
Após
136±14* 119±15 141±11* 131±15* 142± 5* 132±19* 140±14* 133±15* 152±5* 142±12 148±13* 145±13*
1min.após
124±11* 115±11 129±10* 119±10 132±11* 128±12* 134± 6* 128± 6* 138± 6* 140±18 142±7* 134±13
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
Tabela 7: Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30,
60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na região
umeral, em seis cães.
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Antes
75,3±18 79,3±15 65,3±17 76,7±12 74,8±19 72,8±8 71,8±24 78,7±19 63,6±16 74,2±10 70,0±24 78,2±19
Após
83,2±12 77±16 79,2±20 80,8±18 82,7±18 76,8±18 85,7±18 83,3±15 86,6±25 84,7±21 82,6±19* 85,5±15*
1min.após
86±15* 79,8±13 89,2±23* 84,8±17 90,0±27* 89,2±16* 90,3±23* 95,5±11* 91,0±27* 92,0±14 87,2±22* 95,2±17*
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
- 41 -
6.2.4 Avaliação das respostas ao estímulo elétrico na região escapular
Houve diferenças significativas entre os valores médios de freqüência
cardíaca e de pressão arterial média, registrados após e um minuto após o
estímulo elétrico, em comparação aos anteriores à sua aplicação na região
escapular, em todos os momentos de avaliação, com o emprego do tratamento
controle (Tabelas 8 e 9).
Com o tratamento lidocaína, não foram verificadas diferenças na freqüência
cardíaca entre os valores registrados antes, após e um minuto após o estímulo
nociceptivo, aos 30, 60 e 120 minutos de avaliação (Tabela 8).
A pressão arterial média também não apresentou diferenças significativas
entre os valores registrados, após e um minuto após o estímulo, e os anteriores,
aos 30, 60, 90 e 120 minutos de avaliação (Tabela 9).
Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos valores
médios das variáveis: freqüência respiratória (f), saturação de oxigênio na
hemoglobina (SpO
2
), pressão parcial de dióxido de carbono no final da expiração
(ETCO
2
) e temperatura corporal, entre os tratamentos controle e lidocaína, durante
todo o período de avaliação (Apêndices 1, 2, 3 e 4).
- 41 -
Tabela 8: Valores médios e desvios-padrão de freqüência cardíaca (batimentos por minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do
tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na
região escapular, em seis cães.
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Antes
96±19 101±14 97±13 106±8 106±8 98±9 105±12 118±14 118±20 104±24 120±9 105±13
Após
133±18* 116±14 132±14* 120±17 141±7* 133±10* 140±8* 129±12 132±17* 132±15* 142±6* 133±9*
1 min.após
122±8* 110±19 125±14* 113±10 131±8* 126±7* 127±9* 129±10 126±18* 129±14* 136±5* 126±5*
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
Tabela 9: Valores médios e desvios-padrão de pressão arterial média (mmHg) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30,
60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico na região
escapular, em seis cães.
30’
60’
90’
120’
150’
180’
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Controle
Lidocaína
Antes
64,8±16 78,3±15 70,8±22 77,3±12 68,7±22 75,7±13 70,0±24 74,8±19 74,6±25 72,5±18 69,8±22 75,7±19
Após
77,0±14* 77,3±16 83,3±22* 78,2±14 85,8±25* 81,7±20 81,2±23* 80,8±18 79,6±16* 83,3±13 84,4±15* 84,8±11
1 min.após
81,7±15* 81,7±11 87,5±19* 81,0±14 87,7±25* 85,3±13 82,8±29* 81,8±15 89,0±27* 88,3±10* 81,0±20* 92,3±16*
*valores diferentes em relação ao momento “Antes da aplicação do estímulo elétrico” (p< 0,05).
- 41 -
7 - DISCUSSÃO
As raízes nervosas C6, C7, C8 e T1 formam os nervos que suprem o
membro torácico (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001). No presente estudo,
observou-se a formação da inervação do membro torácico pelas mesmas raízes
nervosas nos dozes cães dissecados.
Em um estudo anatômico para a avaliação do acesso às raízes nervosas
que constituem o membro torácico em cães, os autores relataram facilidade na
localização dos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7 e C7-T1 (Hofmeister et al.,
2007). Posicionando-se os cadáveres preservados em decúbito lateral, foi possível
utilizar os processos transversos das vértebras C5, C6 e C7 como referências para
delimitar as áreas de emergência das raízes nervosas C6, C7 e C8,
respectivamente.
A emergência da raiz nervosa T1 localiza-se ao lado da face medial da
escápula (Getty, 1986), e por esse motivo seu acesso é restrito (Lemke & Dawson,
2003; Hofmeister et al., 2007). A maior dificuldade de acesso ao nervo T1 poderia
justificar a porcentagem menor de tingimento com azul de metileno (50%) dessa
raiz nervosa, em comparação às raízes C6, C7 e C8, observada durante a
realização do estudo anatômico. A raiz T1 pode ser localizada de 2 a 3 cm caudais
a primeira costela (Hofmeister et al., 2007). Baseado na palpação do processo
transverso da sétima vértebra cervical, e na utilização da estimativa da distância
existente entre os processos transversos de C5, C6 e C7, foi possível administrar o
corante próximo à emergência da raiz nervosa T1.
A restrição no emprego de técnicas parciais ou totais de bloqueio anestésico
local do membro torácico em cães é atribuída ao acesso difícil dos nervos que
suprem essa região (Hofmeister et al., 2007).
O acesso às raízes nervosas C6, C7, C8 e T1 por via paravertebral descrito
por Lemke & Dawson (2003) requer a transposição de toda musculatura a região,
composta pelos músculos: trapézio, omotransverso, rombóide (parte dorsal),
serrátil dorsal cranial, eretores da espinha (iliocostal, longo e espinhal), transverso
espinhal, interespinhais e intertransversais (Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001).
A técnica proposta para acesso paravertebral cervical é realizada pela face
lateral da região cervical. A passagem da agulha através dos músculos
clidocervical, omotransverso, esplênio, serrátil cervical ventral e intertransversais
- 41 -
(Getty, 1986; Evans & Delahunta, 2001), foi mais fácil, pois essa musculatura da
face lateral cervical é menos espessa. Outro ponto importante é que o acesso
lateral cervical permitiu a palpação dos processos transversos cervicais (C5, C6 e
C7), facilitando a delimitação da área onde as agulhas seriam inseridas.
A anestesia local do plexo braquial em cães, pelo acesso supraescapular, é
obtida pelos bloqueios perineurais das raízes C6, C7, C8 e T1 (Lemke & Dawson,
2003; Hofmeister et al., 2007; Mahler et al., 2007). Nesse estudo, foram abordadas
as mesmas raízes nervosas descritas para o bloqueio do membro torácico pela via
supraescapular.
No estudo anatômico realizado em cadáveres, administrou-se azul de
metileno, no volume de 3 ml, nos pontos de acesso às raízes C6, C7, C8 e T1,
resultando no tingimento de todas às raízes em 33% dos cadáveres, e de três
raízes em 66% (Hofmeister et al., 2007). No entanto, os autores não informaram o
percentual de coloração das raízes nervosas de maneira individualizada.
No presente estudo, a administração de 0,5 ml de azul de metileno em C6,
C7 e C8, e 1,5 ml em T1, possibilitou o tingimento de todas as raízes neurais em
33% dos cadáveres, e de três e duas raízes em 42% e 25%, respectivamente. Os
percentuais de coloração obtidos com azul de metileno em relação às raízes
nervosas foram: C6=100%, C7=91,7%, C8=66,7% e T1=50%.
A inserção da agulha para administração do anestésico local, para o
bloqueio das raízes C6, C7 e C8, foi realizada em ângulo de 45° em relação aos
respectivos processos espinhosos (Otero, 2005; Hofmeister et al., 2007), e paralela
ao processo espinhoso de T1 para o bloqueio dessa raiz (Hofmeister et al., 2007).
Lemke & Dawson (2003), descreveram a inserção da agulha para o bloqueio de
todas as raízes nervosas, em paralelo aos processos espinhosos. Durante a
padronização da técnica paravertebral cervical do presente estudo, foi utilizada a
angulação de 90° em relação aos processos espinhosos de C5, C6 e C7, para a
inserção da agulha nos espaços intervertebrais C5-C6, C6-C7 e C7-T1 (pontos 1, 2
e 3, respectivamente), e de 45° em relação ao processo espinhoso de T1 para o
espaço T1-T2 (ponto 4).
A técnica paravertebral cervical para bloqueio do membro torácico
necessitou de 5 a 13 minutos para sua execução, tempos próximos aos relatados
nas técnicas de bloqueio anestésico local do plexo braquial de 6 a 15 minutos
(Futema et al., 2002), e de 5 a 15 minutos (Muir et al., 2003).
- 41 -
No estudo experimental em cães, os volumes de lidocaína e de solução de
NaCl, aplicados em cada espaço intervertebral, foram diferentes. Em C5-C6, C6-C7
e C7-T1 (pontos 1, 2 e 3, respectivamente) administraram-se 20% do volume total
calculado para o animal em cada um desses pontos, sendo os 40% restantes
administrados no espaço T1-T2 (ponto 4). O volume superior empregado no ponto
4, foi uma tentativa de aumentar a taxa de bloqueio anestésico do nervo T1, pois
durante estudo anatômico prévio, a porcentagem de tingimento com azul de
metileno observada nessa raiz nervosa foi a menor dentre todas (50%),
especialmente quando comparada aos resultados em C6 (100%) e C7 (91,7%).
Entretanto, a administração de anestésico local, em volumes pequenos distribuídos
igualitariamente entre as quatro raízes neurais que suprem o membro torácico, foi
descrita na espécie canina (Otero, 2005).
O volume de anestésico local administrado para execução de bloqueios
anestésicos é um fator muito importante para o seu sucesso (Winnie et al., 1979).
No presente estudo, utilizou-se o volume de 1 ml/kg de lidocaína. Como a dose
tóxica desse fármaco em cães varia de 11 a 20 mg.kg
-1
(Skarda, 1996), para
reduzir os riscos de intoxicação, mantendo-se o volume determinado, procedeu-se
a diluição da lidocaína de 2 para 1%, com solução de NaCl 0,9%, a seguir
adicionando-se epinefrina na proporção de 1:200.
No entanto, a concentração do anestésico local influencia o período de
latência, e a duração dos bloqueios sensitivo e motor produzidos pelo fármaco
(Kanai & Hoka, 2006). Quando a concentração de bupivacaína foi elevada de 0,5
para 0,75%, houve aumentos significativos no período de latência e no tempo de
bloqueio anestésico (Scott et al., 1980). Na comparação entre uma apresentação
comercial de lidocaína 1%, e lidocaína diluída, em solução de NaCl, na
concentração de 1%, a forma diluída apresentou concentrações mais elevadas de
íons cloreto e sódio (Kanai & Hoka, 2006). A hipernatremia pode aumentar a
excitabilidade do tecido nervoso, reduzindo o efeito esperado dos anestésicos
locais, sendo necessário o aumento nas doses a serem administradas (Kanai &
Hoka, 2006).
A lidocaína 1% com vasoconstritor possui período hábil anestésico mínimo
de 120 minutos quando aplicados em botões intradérmicos (Massone et al.,1999).
No bloqueio do plexo braquial, o período de latência observado foi de 10 a 15
minutos após a administração de lidocaína a 2% com vasoconstritor, produzindo
- 41 -
anestesia de duas horas de duração e recuperação plena da propriocepção do
membro torácico em seis horas (Skarda, 1996).
Na determinação da CAM
BAR
dos anestésicos inalatórios, considera-se como
respostas positivas ao estímulo nociceptivo aplicado, elevações superiores a 15%
nos valores prévios das variáveis freqüência cardíaca e/ou pressão arterial (Roizen
et al., 1981; March & Muir, 2003). Durante esse processo, com a superficialização
progressiva da anestesia, as respostas autonômicas (elevações na freqüência
cardíaca e na pressão arterial) frente ao estímulo utilizado tendem a ocorrer antes
da movimentação do animal, sendo os valores de CAM
BAR
mais elevados que os de
CAM baseados em respostas motoras (March & Muir, 2003). As determinações da
CAM
ISO
individual dos cães foram baseadas em respostas motoras. Assim, a
CAM
ISO
individual manteria a imobilidade dos animais durante a aplicação do
estímulo elétrico supramáximo, mas possibilitaria a observação de respostas
autonômicas na freqüência cardíaca ou na pressão arterial média, para as
avaliações da eficácia e do tempo bloqueio anestésico produzido pela lidocaína 1%
com vasoconstritor, nas três regiões do membro torácico.
No presente estudo, o bloqueio anestésico simultâneo das três regiões do
membro torácico: escapular, umeral e radioulnar, somente foi verificado aos 30
minutos do período de avaliação, quando imediatamente após, e um minuto após a
aplicação do estímulo elétrico, não houve aumentos significativos na freqüência
cardíaca e na pressão arterial média (Tabelas 4 a 9). Esse tempo de bloqueio
anestésico foi curto e possivelmente influenciado pelo emprego de lidocaína 1%
diluída em solução de NaCl. Outros estudos empregando-se uma apresentação
comercial de lidocaína na mesma concentração, ou mesmo em concentrações
superiores, seriam necessários para verificar essa hipótese.
A cinética clínica do bloqueio nervoso, diferentemente dos estudos
neurofisiológicos, determinam que o início do bloqueio de condução é diretamente
proporcional ao calibre da fibra, ou seja, axônios motores e proprioceptivos (fibras
A), seguidos das fibras sensitivas e autonômicas (fibras C) (Strichartz & Covino,
1989; Carpenter & Mackey, 1996). Desta maneira, no bloqueio anestésico clínico
de grandes troncos nervosos, quando as barreiras difusionais são removidas e o
anestésico é depositado próximo a esses, as fibras A podem ser mais sensíveis ao
bloqueio anestésico do que as fibras C. (Strichartz & Covino, 1989; Carpenter &
Mackey, 1996). Essa particularidade de bloqueio diferenciado das fibras que
- 41 -
constituem raiz nervosa, associada à diluição do anestésico local, pode ter
proporcionado uma bloqueio anestésico das fibras C pouco eficaz, permitindo
respostas autonômicas precoces.
Houve porém, diferença nos tempos de bloqueio anestésico entre as três
regiões do membro torácico avaliadas. As regiões radioulnar e umeral
apresentaram bloqueio de até 30 minutos (Tabelas 4 a 7), enquanto na região
escapular o bloqueio anestésico foi verificado até 60 minutos após a execução da
técnica paravertebral cervical (Tabelas 8 e 9). O tempo mais longo de bloqueio
nessa região poderia ser explicado pelo fato dos nervos supraescapular,
subescapular e braquiocefálico que a suprem originarem-se das raízes nervosas
C6 e C7, as de mais fácil localização, e que apresentaram as porcentagens mais
elevadas de tingimento com azul de metileno (100 e 91,7%, respectivamente),
registradas no estudo anatômico.
Os nervos musculocutâneo, axilar, radial, ulnar e mediano suprem as
regiões umeral e radioulnar e derivam das raízes C8 e T1, de localização e de
execução de bloqueio mais difíceis, especialmente a raiz T1, comprovados pelos
valores de tingimento mais baixos observados (66,7 e 50%, respectivamente), no
estudo anatômico prévio.
O bloqueio unilateral do nervo frênico pode ocorrer sem comprometer a
função pulmonar. Devido ao risco de bloqueio do nervo frênico e paralisia da
musculatura diafragmática, a técnica paravertebral cervical bilatteral não deve ser
executada (Lemke & Dawson, 2003). No presente estudo, não foi possível observar
alterações respiratórias, já que foi empregada ventilação artificial em todos os cães.
Ao final do procedimento experimental, não foram verificadas alterações,
relacionadas a técnica de bloqueio paravertebral cervical em nenhum dos cães
utilizados nesse estudo (hematomas, reações de toxicidade pelo anestésico local,
injúrias de nervos, paralisia de diafragma ou dispnéia), como descritas após o
bloqueio interescaleno no homem (Miller et al., 2005).
Os resultados observados indicam a exeqüibilidade da técnica paravertebral
cervical e a eficácia o bloqueio anestésico local produzido, nas três regiões do
membro torácico em cães. Entretanto, o tempo de bloqueio produzido pela
lidocaína 1% foi muito curto nas regiões radioulnar e umeral, indicando a
necessidade da realização outros estudos, empregando-se outros fármacos
anestésicos locais como a bupivacaína e a ropivacaína, ou a mesmo a lidocaína
- 41 -
em concentrações mais elevadas, para prolongar o bloqueio anestésico local. Outro
aspecto a ser discutido é que o bloqueio da raiz T1 foi prejudicado pela carência de
referências anatômicas externas mais precisas, e pela dificuldade de acesso ao
espaço intervertebral C7-T1, sugerindo também a realização estudos adicionais
empregando-se um neurolocalizador ou um ultra-sonógrafo para a localização e
bloqueio anestésico precisos dessa raiz neural e assim aprimorar a técnica
anestésica local paravertebral cervical na espécie canina.
- 41 -
8 - CONCLUSÕES
A partir da metodologia empregada no estudo e dos resultados observados
conclui-se que:
A técnica de anestesia paravertebral cervical é um procedimento exeqüível,
que possibilita, através de referências anatômicas externas, a localização e o
bloqueio das quatro raízes espinhais formadores dos nervos que suprem o membro
torácico em cães.
A técnica de anestesia paravertebral cervical é eficaz para o bloqueio
anestésico local do membro torácico, abrangendo as regiões escapular, umeral e
radioulnar.
A utilização de cloridrato de lidocaína, diluído a 1% em solução de NaCl
0,9%, limitou o período hábil do bloqueio anestésico local nas três regiões do
membro torácico avaliadas.
As dificuldades para a localização e o acesso à raiz espinhal T1 indicam a
necessidade de estudos adicionais, empregando-se equipamentos eletrônicos que
possibilitem aumentar a precisão na localização dessa raiz neural e assim,
aprimorar a técnica de anestesia paravertebral cervical na espécie canina.
- 41 -
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Apêndice 1: Valores médios e desvios-padrão da freqüência respiratória (movimentos por minuto) nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do
tempo (30, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após a aplicação de estímulo elétrico nas regiões
radioulnar, umeral e escapular, em seis cães.
DP = Desvio padrão, T1 = antes do estímulo, T2 = imediatamente após o estímulo e T3 = um minuto após o estímulo elétrico
30 minutos
60 minutos
90 minutos
120 minutos
150 minutos
1
80 minutos
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar
Lidocaina Média
14,0 11,7 13,8 13,7 24,5 18,0 14,0 23,8 14,7 14,3 27,0 20,2 16,3 19,3 20,0 17,8 31,5 23,8
DP
2,5 3,1 2,6 2,8 13,5 9,6 2,0 20,4 1,9 2,3 10,4 8,2 3,4 16,2 6,3 10,0 18,1 17,8
Controle dia
14,2 21,2 14,8 12,5 19,0 17,7 18,2 17,0 16,0 18,5 15,3 23,4 14,8 33,6 17,8 16,4 24,8 16,4
DP
4,1 19,7 4,5 2,3 10,1 7,5 12,1 6,1 5,1 11,0 3,9 14,0 3,4 19,0 5,0 3,1 10,5 1,3
Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral
Lidocaína Média
13,5 13,8 13,2 14,3 21,5 14,5 14,0 23,8 22,5 14,8 26,3 19,0 14,8 31,2 30,0 18,7 34,8 22,8
DP
2,6 2,3 2,5 2,5 18,0 2,5 2,4 12,0 18,4 2,6 16,7 5,5 2,3 18,2 18,0 10,6 16,1 19,2
Controle dia
16,3 20,8 15,7 12,3 19,2 22,3 15,0 26,0 29,3 14,8 30,3 21,8 13,8 19,0 23,0 16,6 21,0 23,8
DP
12,1 6,3 5,2 1,6 9,5 19,9 4,1 17,4 21,0 2,8 20,7 11,7 2,2 6,6 4,6 4,0 16,1 13,3
Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular
Lidocaína Média
14,0 13,7 13,8 15,0 15,7 14,3 13,5 15,0 13,5 15,8 19,7 17,0 33,3 18,3 22,3 14,7 32,5 25,8
DP
2,5 2,5 2,5 2,1 3,3 2,3 2,1 2,7 1,6 3,6 6,7 4,5 42,1 5,8 12,6 2,3 16,9 17,2
Controle Média
11,8 16,5 18,2 11,8 23,7 16,8 12,8 22,5 18,5 16,2 23,0 27,0 15,2 27,2 30,4 14,6 25,8 16,4
DP
1,6 4,6 15,7 1,9 10,4 6,9 2,1 9,8 6,7 8,5 11,3 18,9 4,4 20,2 18,3 2,9 9,3 1,9
- 41 -
Apêndice 2. Valores médios e desvios-padrão da saturação de oxigênio nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90 120,
150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após o estímulo elétrico. nas regiões radioulnar, umeral e escapular,
em seis cães.
DP = Desvio padrão, T1 = antes do estímulo, T2 = imediatamente após o estímulo e T3 = um minuto após o estímulo elétrico
30 minutos
60 minutos
90 minutos
120 minutos
150 minutos
180 minutos
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
T1
T2
T3
Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar
Lidocaina Média
97,83 96,33
98,00
97,50
97,50 99,17
97,67 97,50
97,83
98,67
97,50
97,00
98,83
98,83
99,00
98,67
97,67
98,67
DP
0,98 3,56 1,55 2,35 2,81 0,41 2,42 2,35 3,37 1,03 3,27 3,95 0,41 0,41 0,63 0,52 1,97 0,52
Controle Média
99,00 97,00
97,33
98,50
96,00 96,67
97,67 93,83
96,50
98,00
97,00
96,17
98,67
95,83
96,83
98,83
98,00
98,50
DP
0,63 3,52 2,88 0,84 3,69 3,50 1,63 3,54 3,89 0,89 1,90 3,37 1,03 4,54 3,71 1,17 2,19 1,76
Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral
Lidocaína Média
97,17 97,67
97,83
98,67
99,00 98,50
98,83 98,50
97,17
98,33
98,00
98,17
98,50
99,00
99,00
98,67
99,00
98,17
DP
2,64 0,82 1,17 0,52 0,63 1,38 0,41 1,76 3,60 2,16 2,45 2,56 0,84 0,63 0,00 0,82 0,00 1,17
Controle Média
98,83 97,83
98,33
99,17
95,00 96,50
97,83 94,83
94,00
98,17
97,00
97,83
98,33
95,83
97,00
98,50
96,83
96,67
DP
0,75 2,14 1,75 0,41 4,52 3,99 1,47 3,31 3,10 0,75 3,16 2,56 0,82 4,54 3,52 1,05 4,02 3,67
Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular
Lidocaína Média
96,83 96,33
97,67
99,00
98,67 98,67
97,83 97,83
99,00
98,50
98,33
98,33
98,83
98,83
98,83
98,67
99,00
98,67
DP
2,86 3,08 2,94 0,00 0,52 0,82 2,04 1,83 1,10 1,05 1,51 1,63 0,41 0,41 0,41 1,03 0,63 0,52
Controle Média
98,50 98,33
99,00
98,83
98,00 98,00
98,83 96,67
97,50
98,17
97,50
96,17
98,67
94,67
95,50
98,50
97,00
97,67
DP
0,55 1,21 1,26 0,98 2,68 2,53 0,75 3,61 2,35 1,17 3,73 3,87 0,82 5,13 4,42 1,38 2,61 2,16
- 41 -
Apêndice 3. Valores médios e desvios-padrão da fração expirada de gás carbônico nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60,
90 120, 150 e 180 minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após o estímulo elétrico. nas regiões radioulnar, umeral e
escapular, em seis cães.
DP = Desvio padrão, T1 = antes do estímulo, T2 = imediatamente após o estímulo e T3 = um minuto após o estímulo elétrico
30 minutos 60 minutos 90 minutos 120 minutos 150 minutos 180 minutos
T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3
Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar
Lidocaina Média
38,83 38,67
36,83
38,17
38,67 39,50
36,67 33,83
38,67
37,00
31,00
36,50
39,67
32,83
39,17
36,83
29,17
38,00
DP
4,79 3,93 3,60 1,94 6,38 3,02 1,63 7,39 2,25 1,41 7,46 3,73 3,20 7,60 3,76 3,43 10,61
5,22
Controle Média
39,17 33,50
41,83
38,17
32,17 41,67
40,00 33,67
38,50
38,50
32,50
37,67
38,00
32,40
40,60
36,20
32,20
38,00
DP
2,71 7,64 3,37 2,93 5,08 3,56 2,76 9,83 4,55 4,85 10,82
6,86 2,35 6,19 2,19 2,59 5,50 4,00
Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral
Lidocaína Média
38,17 38,33
38,17
38,17
39,00 38,17
37,33 35,67
37,67
36,83
32,83
36,83
39,00
27,50
39,00
37,67
32,33
38,33
DP
2,48 2,73 1,94 2,64 4,29 3,87 2,16 7,61 3,27 2,86 2,86 4,96 4,56 6,19 7,59 3,33 9,46 5,47
Controle Média
39,83 34,83
42,50
40,33
29,00 41,33
39,33 31,00
38,17
38,33
36,50
39,33
37,80
34,40
38,60
38,80
27,80
38,20
DP
4,36 10,19
3,45 3,08 6,36 3,39 1,51 9,01 8,84 1,21 8,69 2,94 1,79 5,86 3,36 2,17 4,92 3,19
Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular
Lidocaína Média
37,67 37,17
38,33
37,67
38,17 37,83
36,83 40,00
39,83
36,33
35,67
38,17
38,17
35,17
37,33
37,00
32,67
37,50
DP
2,58 2,64 2,34 1,51 3,49 2,86 1,72 4,73 3,25 2,66 5,82 3,06 2,79 5,98 6,12 3,69 5,96 7,77
Controle Média
38,67 35,67
41,83
38,67
38,83 41,67
38,83 34,67
39,17
38,33
37,83
41,17
39,80
35,80
38,80
38,20
34,00
36,60
DP
2,80 7,28 3,76 2,80 2,86 3,88 1,83 8,29 4,58 2,25 4,79 3,87 2,95 6,34 2,59 2,49 4,00 3,58
- 41 -
Apêndice 4. Valores médios e desvios-padrão da temperatura nos tratamentos controle e lidocaína ao longo do tempo (30, 60, 90 120, 150 e 180
minutos), nos momentos: antes, imediatamente após e um minuto após o estímulo elétrico. nas regiões radioulnar, umeral e escapular, em seis
cães.
DP = Desvio padrão, T1 = antes do estímulo, T2 = imediatamente após o estímulo e T3 = um minuto após o estímulo elétrico
30 minutos 60 minutos 90 minutos 120 minutos 150 minutos 180 minutos
T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3 T1 T2 T3
Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar Radioulnar
Lidocaina Média
37,90 37,90
37,90
38,23
38,23 38,23
38,15 38,15
38,15
38,03
38,03
38,03
38,13
38,13
38,13
38,03
38,03
38,03
DP
0,28 0,28 0,28 0,37 0,37 0,37 0,40 0,40 0,40 0,29 0,29 0,29 0,21 0,21 0,21 0,31 0,31 0,31
Controle Média
37,80 37,80
37,80
38,13
38,13 38,13
38,30 38,30
35,80
38,14
38,14
38,14
38,18
38,18
38,18
38,23
38,23
38,23
DP
0,35 0,35 0,35 0,41 0,41 0,41 0,26 0,26 5,07 0,09 0,09 0,09 0,17 0,17 0,17 0,25 0,25 0,25
Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral Umeral
Lidocaína Média
37,98 37,98
37,98
38,22
38,22 38,22
38,17 38,17
38,17
38,05
38,05
38,05
38,17
38,17
38,17
38,07
38,07
38,07
DP
0,28 0,28 0,28 0,45 0,45 0,45 0,38 0,38 0,38 0,33 0,33 0,33 0,21 0,21 0,21 0,24 0,24 0,24
Controle Média
37,75 37,75
37,75
38,15
38,15 38,15
38,38 38,38
38,38
38,20
38,20
38,20
38,13
38,13
38,13
38,23
38,23
38,23
DP
0,31 0,31 0,31 0,50 0,50 0,50 0,26 0,26 0,26 0,16 0,16 0,16 0,30 0,30 0,30 0,25 0,25 0,25
Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular Escapular
Lidocaína Média
37,90 37,90
37,90
38,27
38,27 38,27
38,20 38,20
38,20
38,10
38,10
38,10
38,13
38,13
38,13
38,10
38,10
38,10
DP
0,28 0,28 0,28 0,49 0,49 0,49 0,35 0,35 0,35 0,32 0,32 0,32 0,22 0,22 0,22 0,21 0,21 0,21
Controle Média
37,68 37,68
37,68
38,15
38,15 38,15
38,35 38,35
38,35
38,24
38,24
38,22
38,20
38,20
38,20
38,28
38,28
38,28
DP
0,22 0,22 0,22 0,41 0,41 0,41 0,31 0,31 0,31 0,17 0,17 0,15 0,24 0,24 0,24 0,30 0,30 0,30
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