Download PDF
ads:
Daniel Bruno de Castro Almeida
Bancos e Concentração de Crédito no Brasil: 1995-2004
Belo Horizonte, MG
UFMG/CEDEPLAR
2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
Daniel Bruno de Castro Almeida
Bancos e Concentração de Crédito no Brasil: 1995-2004
Dissertação apresentada ao curso de mestrado do
Centro de Desenvolvimento e Planejamento
Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da
Universidade Federal de Minas Ger
ais, como
requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em
Economia.
Orientador: Dr. Frederico G. Jayme Jr.
Belo Horizonte, MG
UFMG/CEDEPLAR
2007
ads:
iii
PARA MEUS PAIS
iv
AGRADECIMENTOS
Vários são os colaboradores deste trabalho, seja na forma de incentivo e
companheirismo, seja via orientações e ensinamentos.
Primeiramente, agradeço a Deus pela saúde que possuo, pilar fundamental de
minhas ações, aos meus pais e familiares pelo incentivo ao estudo e pela
paciência. Da mesma forma, agradeço à Raquel pelo companheirismo e pela
compreensão demonstrados durante este período.
Ao meu orientador, Frederico Gonzaga Jayme Júnior, meu agradecimento pela
sua relevante e precisa orientação. Para a professora Ana Hermeto devo os mais
sinceros agradecimentos pelas inúmeras vezes em que me auxiliou na
formatação metodológica do modelo aqui exposto e pela participação na minha
banca. Também agradeço a presença na banca de defesa, aos professores
Gilberto Libânio e Luiz Fernando Rodrigues de Paula.
Ao professor Marco Crocco agradeço a pronta disposição em ajudar com idéias e
com a disponibilização de dados. Da mesma forma, no que tange à obtenção dos
dados e às discussões da melhor forma de elaborar o trabalho aqui apresentado,
também agradeço à colaboração do Matheus e da Mara, bolsistas de pesquisa do
CEDEPLAR, assim como aos colegas do mestrado e do doutorado, em especial
ao Bruno Badia, ao Guilherme Hirata e ao Guilherme Jonas.
Agradeço também aos professores Wanderley Ramalho e Flávia Chein, que muito
contribuíram na elucidação de alguns pontos em momentos difíceis da elaboração
da dissertação.
Aproveito para lembrar que nada seria possível sem a presteza de serviço e
atenção dispensada pelos funcionários do CEDEPLAR, em especial aos
funcionários da biblioteca.
v
Por fim, agradeço à compreensão e apoio recebidos dos colegas do BDMG, no
qual destaco o apoio constante do Reinaldo Lobo e da Alessandra Braga, que
tantas vezes me permitiram alterar o horário de trabalho, compensar em outros
dias e facilitaram a dupla jornada de trabalho e estudos.
A vocês meu muito obrigado!
vi
SUMÁRIO
Lista de Tabelas e Quadros......................................................................................vii
Lista de Gráficos e Figuras......................................................................................viii
Resumo..........................................................................................................................ix
Abstract ..........................................................................................................................x
Capítulo 1 Introdução...............................................................................................1
Capítulo 2 Desenvolvimento financeiro e econômico, sistema bancário e
crédito.............................................................................................................................4
2.1. Desenvolvimento econômico e financeiro: relevância e causalidade ...5
2.2. Bancos e o processo de consolidação do setor.......................................10
2.3. Bancos e a concessão de crédito................................................................17
Capítulo 3 - Sistema bancário e crédito: o caso brasileiro................................23
3.1. O processo de consolidação do setor bancário no Brasil......................24
3.2. Impacto da concentração bancária na concessão de crédito................39
Capítulo 4 Concentração bancária e concessão de crédito: resultados
empíricos para o Brasil..............................................................................................45
4.1. Dados e modelo...............................................................................................46
4.2. Resultados........................................................................................................54
Capítulo 5 Considerações Finais .........................................................................61
6 Referências Bibliográficas .................................................................................67
ANEXOS........................................................................................................................72
vii
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1 - Participação das regiões sobre o total de agências no país
Sistema Bancário (%)........................................................................................... 26
Quadro 1 - Bancos estaduais privatizados, liquidados e federalizados no
período de 1996 a 2004........................................................................................ 28
Tabela 2 - Quantitativo de bancos pela estrutura de capital........................... 30
Tabela 3 - Participação percentual de bancos pela estrutura de capital........ 30
Tabela 4 - Instituições do segmento bancário - porte classificado por ativos
totais...................................................................................................................... 32
Tabela 5 - Participação percentual nos ativos totais do segmento bancário. 32
Tabela 6 - Participação percentual dos 5, 10 e 20 maiores bancos e CEF
nos ativos totais do segmento bancário............................................................ 32
Tabela 7 - Evolução dos índices de concentração em ativos - 12/1995 a
06/2004................................................................................................................... 34
Tabela 8 - Número de sedes bancárias por Unidade Federativa e Região
para o período de 1995 a 2004............................................................................. 36
Tabela 9 - Estatística descritiva das variáveis analisadas: 1995 2004......... 52
Tabela 10 - Modelos lineares de Painel: estimadores usuais e modelos........ 53
Tabela 11 - Matriz de correlação entre as variáveis analisadas: 1995 - 2004..54
Tabela 12 - Valores do fator de inflação da variância para as variáveis do
modelo................................................................................................................... 55
Tabela 13 - Resultados obtidos para dados empilhados, painel com efeitos
aleatórios e com efeitos fixos............................................................................. 57
viii
LISTA DE GRÁFICOS E FIGURAS
Figura 1 - Aproximação teórica para finanças e crescimento......................... 06
Gráfico 1 - Participação dos Bancos no Sistema Financeiro
*
- Créditos e
Total de Ativos..................................................................................................... 23
Figura 2 - Presença de Bancos Comerciais, de Desenvolvimento e
Agências de Fomento Estaduais no início da década de 1990 e no final de
2002....................................................................................................................... 29
Gráfico 2 - Participação percentual dos 5, 10 e 20 maiores bancos e CEF
nos ativos totais do segmento bancário............................................................ 33
Gráfico 3 - Participação percentual no PIB, no estoque de depósitos à vista
e no estoque de operações de crédito para alguns Estados
selecionados........................................................................................................ 43
Gráfico 4 - Evolução da relação crédito / PIB no Brasil: jun/88-
mar/07.................................................................................................................... 64
Figura 3 Crédito em relação ao PIB em 2006.................................................. 65
ix
RESUMO
A partir da estabilização monetária em 1994, houve uma aceleração do processo
de consolidação bancária no Brasil. Este movimento segue tendência mundial de
concentração, na medida em que o segmento é desregulamentado. O presente
trabalho analisa o efeito da concentração bancária quanto à concessão de crédito,
no Brasil, no período de 1995 a 2004. Para isso, foi realizada estimação em painel
utilizando dados das vinte e sete unidades da federação. Os resultados
corroboram a idéia de que o processo de consolidação do setor bancário
brasileiro exerce impacto negativo sobre a concessão de crédito e, assim,
prejudica, principalmente, as regiões menos desenvolvidas do país.
x
ABSTRACT
After stabilization, Brazilian bank system came into a process of concentration.
This process follows world trend of bank concentration related with liberalization
and deregulation of the sector. This work aims at analyzing the effects of banking
concentration on credit concession in Brazil, during the period of 1995 to 2004. In
order to accomplish this objective, the thesis estimates a panel based on data
from the twenty seven federation units of Brazil, regarding the period. The results
reinforce the idea that the consolidation of Brazilian banking system presents a
negative effect on credit availability, especially in less developed regions of the
country, damaging their economic performance.
1
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
A partir da estabilização monetária o sistema bancário do Brasil passou por uma
aceleração do processo de consolidação. Este movimento segue tendência
mundial de concentração na medida em que o segmento é desregulamentado.
No campo teórico, duas correntes se contrapõem quanto às causas e
conseqüências do movimento de concentração do setor. Uma das correntes
argumenta que a consolidação é conseqüência da maior eficiência de algumas
instituições sobre as outras, o que leva à aquisição como forma de obter ganhos
de escala. Para este grupo, a consolidação trás benefícios para os consumidores,
já que está baseada na maior eficiência das instituições. A outra corrente
argumenta que as aquisições e fusões de bancos visam à obtenção de maior
poder de mercado, com prejuízo aos consumidores, que passariam a pagar mais
pelos serviços prestados.
Especificamente no caso brasileiro, o fim do ganho inflacionário ajudou a
impulsionar a consolidação do setor, que também teve o apoio oficial do governo
através de programas como o PROER e o PROES, pois se objetivava um sistema
bancário menos vulnerável a choques. Desta forma, a partir de 1994 observa-se
no Brasil dois movimentos: i) concentração geográfica das agências; e ii) redução
no número de sedes bancárias, resultado do processo de fusões e aquisições,
além das liquidações, também com concentração regional.
No entanto, este não é um processo que se passa despercebido ou sem maiores
implicações para o resto da economia. Existe um conjunto de trabalhos no âmbito
internacional que busca identificar a relação existente entre desenvolvimento
financeiro e crescimento econômico
1
. Existem indícios apontando para um efeito
positivo e relevante do desenvolvimento financeiro sobre o crescimento
econômico e, além disso, já se pode tomar como consensual a importância do
1
LEVINE (1997) forneceu uma contribuição seminal na discussão acerca da relação entre
desenvolvimento financeiro e crescimento econômico. Para MATOS, O. (2002), desenvolvimento
do sistema financeiro está relacionado à capacidade das instituições financeiras disponibilizarem
aos agentes, serviços que facilitem e intensifiquem as transações econômicas destes.
2
sistema bancário e do crédito para o bom funcionamento da economia. Ademais,
conforme estudo de MATOS (2002) e ARAÚJO e DIAS (2006), no Brasil o
desenvolvimento do sistema financeiro afeta positivamente a taxa de crescimento
da economia.
No que se refere à concessão do crédito, os bancos atuam de forma a obter a
maior gama de informações possíveis do tomador, visando reduzir sua exposição
ao risco. Os bancos também possuem preferência pela liquidez e buscam se
proteger de situações onde a informação disponível é baixa ou de qualidade ruim.
Todavia, em um território de regiões centrais e periféricas, onde a periferia além
de ter um menor grau de desenvolvimento se caracteriza por ser mais instável, é
natural supor que os bancos disponibilizem maior volume de recursos para a
região central. Com a consolidação do setor bancário, e conseqüente redução de
agências e o fechamento de sedes nas periferias, a informação sobre estas
regiões passa a ser ainda mais difícil para os bancos sediados no centro. Este
mecanismo tende a reduzir o crédito concedido justamente para as regiões
menos desenvolvidas, retro-alimentando um processo de desigualdade.
O presente trabalho analisa o efeito do processo de concentração bancária no
Brasil, sobre a concessão de crédito. Para isso, além da análise estatística dos
dados referentes ao setor bancário e uma revisão da literatura acerca do tema, foi
realizada uma análise de dados em painel, envolvendo valores referentes ao
período de 1995 a 2004 para as 27 unidades da federação, com o intuito de
captar os efeitos da dinâmica da concentração bancária sobre o crédito no corte
regional.
Os resultados obtidos corroboram a idéia de que a concentração bancária
ocorrida no Brasil, no período compreendido entre 1995 e 2004, acarretou uma
redução no crédito concedido. Percebe-se que a ausência ou a redução de sedes
bancárias, assim como de agências, levam à redução do crédito, mesmo tendo
em vista o aumento agregado do crédito nos últimos 2 a 3 anos.
Dada a relevância do crédito e do sistema bancário para o crescimento da
economia, o resultado obtido reforça a idéia de que o processo de consolidação
3
do setor bancário no Brasil tem um efeito negativo sobre as regiões prejudicadas
por este movimento, que são justamente as regiões menos desenvolvidas do
país.
No presente trabalho, os termos empréstimo e financiamento serão utilizados de
forma alternada, tendo a mesma conotação. Da mesma forma, concentração e
consolidação serão utilizados com o mesmo sentido.
O trabalho está dividido em 5 partes incluindo esta Introdução. Na próxima seção
é apresentado o arcabouço teórico acerca da relação entre sistema financeiro e
desenvolvimento econômico, mostrando a relevância do setor bancário, assim
como uma descrição do processo de consolidação do segmento bancário e de
alguns determinantes na decisão quanto à concessão de crédito. Na seção III,
analisa-se o caso brasileiro, quando o processo de concentração bancária ficou
mais eminente, suas principais características e os impactos sobre o crédito. Na
seção IV, temos os resultados empíricos do modelo sugerido. Por fim, na última
parte, estão relacionadas as conclusões do trabalho.
4
CAPÍTULO 2 DESENVOLVIMENTO FINANCEIRO E ECONÔMICO, SISTEMA
BANCÁRIO E CRÉDITO
Neste capítulo, pretende-se explicitar como tem sido o processo de concentração
bancária, assim como o que determina a decisão dos bancos quanto à oferta de
um volume maior de crédito em um determinado momento do tempo. Os bancos
estão continuamente escolhendo um volume a ser ofertado, de forma a adequar
seu portfólio de ativos a uma relação entre rentabilidade e liquidez que acreditam
ser ideal diante das expectativas que possuem quanto ao futuro.
No entanto, o setor bancário tem presenciado um forte processo de consolidação
que altera a forma como o mercado está estruturado, resultando em um ambiente
de menor concorrência. Este novo ambiente acarreta alterações sobre a decisão
de conceder crédito.
Por fim, este movimento ganha ainda mais relevância pela importância que o
sistema financeiro, especificamente o sistema bancário no foco do presente
trabalho, possui sobre o desempenho da economia. Se o desenvolvimento do
sistema financeiro impacta positivamente o crescimento econômico e se o crédito
é uma ferramenta importante para o bom desempenho da economia, é
interessante avaliar quais efeitos a consolidação do setor bancário tem tido sobre
o crédito.
Desta forma, neste capítulo será tratada a teoria referente à relação entre
desenvolvimento financeiro e econômico, a importância do sistema bancário e do
crédito. Para isso está dividido em três partes, sendo abordada na primeira seção
a relação entre desenvolvimento financeiro e econômico, tanto a questão da
relevância do sistema financeiro, quanto a direção de causalidade entre ambos. A
segunda parte trata do segmento bancário e o processo de consolidação deste.
Por fim, discutisse sobre determinantes na decisão bancária de concessão do
crédito.
5
2.1. Desenvolvimento econômico e financeiro: relevância e causalidade
O desenvolvimento financeiro e sua relação com o desenvolvimento econômico
têm despertado o interesse de vários autores
2
faz algum tempo. O ponto central
da investigação é a direção da causalidade entre ambos. Mesmo sem um
consenso sobre a direção da causalidade, os economistas concordam que o
crédito serve como uma ferramenta importante para o desenvolvimento
econômico. A questão é se o desenvolvimento econômico leva ao
desenvolvimento financeiro ou se a causalidade seria inversa. Ainda não
consenso sobre este ponto, haja vista que existem trabalhos que apontam tanto
para uma quanto para a outra direção de causalidade, assim como para uma
possível bi-causalidade
3
.
LEVINE (1997) analisa os fatores que propiciam o surgimento e desenvolvimento
do sistema financeiro, assim como este impacta o desenvolvimento econômico.
Notadamente, os custos de transação e para obter informações criam os
incentivos necessários para o surgimento de mercados e instituições financeiras.
Estas instituições apresentam como funções primordiais: i) facilitar a troca,
proteção e diversificação do risco; ii) alocar recursos; iii) monitorar os
administradores e exercer controle corporativo; iv) mobilizar a poupança; e v)
facilitar a troca de bens e serviços.
Através destas funções e capacidades o sistema financeiro consegue alterar a
taxa de poupança e realocá-la entre diferentes capitais, afetando a acumulação
de capital. A figura 1 mostra de forma sucinta porque surge o mercado financeiro,
as funções deste e como ele contribui para o crescimento do país.
2
Ver, dentre outros, LEVINE (1997), RAJAN e ZINGALES (1998), DEMETRIADES e HUSSEIN
(1996), ARESTIS e DEMETRIADES (1997) e JAYARATNE e STRAHAN (1996).
3
DEMETRIADES e HUSSEIN (1996), obtiveram evidências de bi-causalidade no estudo que
realizaram com 16 países, para a maioria dos casos, não conseguindo suporte para a idéia do
desenvolvimento financeiro liderar o desenvolvimento econômico, nem que o inverso seria
verdadeiro. No trabalho de ARESTIS e DEMETRIADES (1997), os autores concluíram que os
resultados que obtiveram variaram substancialmente entre os países analisados.
6
Figura 1. Aproximação teórica para finanças e crescimento
Fonte: Extraído de LEVINE (1997)
Para viabilizar as funções supracitadas, os bancos também devem prover liquidez
aos ativos, bem como informações
4
. Liquidez pode ser entendida como a
facilidade e/ou a velocidade na qual os agentes conseguem converter ativos em
poder de compra
5
. Como conseqüência desta definição, as incertezas associadas
à capacidade de conversão dos ativos em meios de troca geram o “Risco de
Liquidez”. As incertezas estão relacionadas com questões tais como assimetria de
informações e custos de transação (LEVINE, 1997).
4
Ver NEUBERGER (1997)
5
Para Keynes (1992: pp.138), “a preferência pela liquidez é uma potencialidade ou tendência
funcional que fixa a quantidade de moeda que o público reterá quando a taxa de juros for dada”.
Além disso, a condição necessária sem a qual não existiria a preferência pela liquidez como meio
de conservação da riqueza é a existência de incerteza quanto ao futuro das taxas de juros. Assim,
em períodos de maior incerteza, o prêmio para ativos relativamente mais líquidos irá aumentar em
relação aos ativos menos líquidos. RUNDE (1994), considera a existência de três teorias acerca
da incerteza e da preferência pela liquidez: i) Tobin (1958); ii) Davidson (1988); e iii) Makowski
(1989). Para Tobin, liquidez é sinônimo de dinheiro em espécie e o conceito de incerteza impede o
investidor de aprender qualquer coisa que o leve a alterar seu portfólio após este ter sido decidido
para um determinado período. Davidson e Makowski adotam a abordagem da preferência pela
liquidez como forma de flexibilidade diante de um ambiente onde fatores desconhecidos no
presente serão conhecidos no futuro. Davidson mostra a relevância de contratos monetários para
uma economia com incertezas. Por fim, Makowski define incerteza como risco mais a
possibilidade de aprendizado, ou seja, quanto maior a expectativa de aprendizado para o futuro,
maior a demanda por flexibilidade.
Fricções de Mercado
- custos de informação
- custos de transação
Mercados financeiros e intermediários
Funções financeiras:
- mobilizar poupança
- alocar recursos
- exercer controle corporativo
- facilitar a administração de riscos
facilitar a troca de bens, serviços e contratos
Canais para o crescimento
- acumulação de capital
- inovação tecnológica
Crescimento
7
Desta forma, mercados menos custosos para se comercializar instrumentos
financeiros e onde exista baixa incerteza acerca do prazo e da liquidação destas
trocas, são mercados de capitais líquidos. Assim, tanto os mercados de capital
quanto o sistema bancário conseguem reduzir o risco de liquidez. À medida que
ocorrem reduções nos custos de transação nos mercados de capitais, maior o
volume de investimentos em projetos de baixa liquidez e elevados retornos.
No que concerne ao sistema bancário, ao prover demanda por depósitos e
escolher um mix apropriado de investimentos, os bancos geram um ambiente de
segurança aos poupadores contra riscos de liquidez, enquanto facilitam
simultaneamente investimentos de longo prazo em projetos de retorno mais
elevado. A capacidade do sistema financeiro em ofertar serviços de diversificação
do risco pode afetar o crescimento de longo prazo da economia, por alterar a
alocação de recursos e as taxas de poupança. (LEVINE, 1997).
Com isso, os bancos têm a função e o potencial de diluir o risco e possibilitar
inversões em projetos de longo prazo e o sistema bancário ganha relevância no
desenvolvimento de um país.
Existem indícios de que o sistema bancário e o mercado de capitais funcionam de
forma complementar e aparecem como fatores importantes no desenvolvimento
econômico de longo prazo. De forma mais detalhada, a liquidez do mercado de
capitais e o grau de desenvolvimento bancário são positivamente correlacionados
com as taxas de crescimento econômico, acumulação de capital e crescimento da
produtividade. (LEVINE e ZERVOS, 1998)
RAJAN e ZINGALES (1998) concordam com a relevância do sistema bancário
para o desenvolvimento econômico e indicam que o mercado e as instituições
financeiras ajudam a firma a sobrepassar problemas de risco moral e seleção
adversa, reduzindo seu custo em tomar dinheiro de agentes externos. Com efeito,
o desenvolvimento financeiro deve ajudar desproporcionalmente as firmas (ou
indústrias) tipicamente dependentes de financiamento externo para o seu
8
crescimento, sendo a necessidade de financiamento externo
6
maior em alguns
setores de atividades, bem como quando as firmas são mais jovens. Ou seja, no
momento no qual as firmas estão surgindo, necessita-se de um bom sistema de
financiamento que possa viabilizar o adequado amadurecimento destas.
Na mesma direção, LEVINE (1997) cita Schumpeter lembrando que os bancos
que funcionam adequadamente incentivam as inovações tecnológicas através da
identificação e financiamento dos empreendedores com as melhores chances de
implementar, de forma bem sucedida, produtos e processos produtivos
inovadores. Neste caso, uma melhor performance bancária significa o
financiamento de projetos de melhor retorno, ou seja, de melhor qualidade.
Dada a relevância do sistema financeiro, a pergunta permanece: o
desenvolvimento do sistema financeiro leva ao desenvolvimento econômico ou
seria o inverso?
Evidências empíricas sugerem uma relação
positiva, de 1º ordem entre desenvolvimento
financeiro e crescimento econômico. Existem
mesmo evidências que o nível de
desenvolvimento financeiro é um bom preditor
das futuras taxas de crescimento econômico,
acumulação de capital e mudanças tecnológicas.
(...) um crescente corpo de trabalho demonstra
um link forte e positivo entre desenvolvimento
financeiro e crescimento econômico, e existem
mesmo evidências que o nível de
desenvolvimento financeiro é um bom preditor de
desenvolvimento econômico futuro” (LEVINE,
1997: pp. 689 e 703)
7
.
RAJAN & ZINGALES (1998), por seu turno, observam que o desenvolvimento
financeiro ex ante facilita o crescimento ex post de setores dependentes de
financiamento externo. Somente se o mercado de capitais mundial não for
6
Financiamento externo é aqui utilizado como capital obtido externamente à firma e não
necessariamente de fora do país.
7
LEVINE (1997: pp. 688) também cita Joan Robinson (1952) que defende a idéia oposta: “onde o
empreendedor lidera, segue-se o financiamento”. Neste caso, a autora acredita que o
desenvolvimento econômico gera a demanda por alguns tipos particulares de sistemas de
financiamento.
9
perfeitamente integrado o crescimento de um país pode ser afetado pelo
desenvolvimento financeiro doméstico. No entanto, existem “evidências de
fricções nos mercados de capitais mundiais” e, desta forma, novamente, nota-se a
relevância de um sistema financeiro bem estruturado.
Observa-se que tanto Levine (1997) quanto Rajan e Zingales (1998) concordam
na relevância do sistema financeiro no desenvolvimento dos países, inclusive no
que se refere ao sistema bancário. No entanto, LEVINE (1997) menciona a
necessidade de se desenvolver bases analíticas para a realização de
comparações das estruturas financeiras. Um segundo aspecto que necessitaria
de pesquisas adicionais envolve a área de influência do nível e da taxa de
crescimento da economia no sistema financeiro. O autor também menciona
fatores que afetariam tanto o desenvolvimento financeiro quanto o econômico em
momentos críticos durante o processo de crescimento. Exemplos destes fatores
são o sistema legal do país e as instituições políticas.
Evidências de relação positiva entre desenvolvimento financeiro e crescimento
econômico também foram obtidas para o Brasil. Ademais, esta relação pode ser
descrita como uma relação causal positiva e unidirecional (MATOS, 2002)
8
. Em
outro estudo, ARAÚJO e DIAS (2006), formalizaram um modelo no qual o
crescimento da economia é função do estoque de capital e de variáveis
monetárias, tais como reservas bancárias. Choques positivos na taxa de juros e
no imposto inflacionário afetam negativamente a taxa de crescimento da
economia, mas não têm efeito permanente sobre essa taxa. Por outro lado,
elevações nas reservas bancárias, acarretam reduções permanentes na taxa de
crescimento da economia.
Ou seja, o nível das reservas bancárias, que é uma decisão baseada na
regulamentação da autoridade monetária e da formação das expectativas dos
agentes financeiros
9
, que decidem se irão ou não realizar operações de
8
“(...) os resultados mais relevantes ocorreram quando o desenvolvimento financeiro foi medido
pela razões crédito bancário ao setor privado/PIB e ativos do público confiados ao sistema
financeiro/M2, em que M2 indica o total de recursos financeiros”. (MATOS, 2002: pp. 47)
9
ARAÚJO e DIAS (2006), também extraem como resultado de seu modelo, que as reservas
bancárias são exógenas no processo.
10
empréstimos e financiamentos, afeta permanentemente a taxa de crescimento da
economia.
2.2. Bancos e o processo de consolidação do setor
Como visto na seção anterior, o sistema financeiro possui um importante papel
para o bom funcionamento da economia, assim como o sistema bancário. Para
este, observa-se a existência de um processo de consolidação do setor, sendo
este um fenômeno recente
10
e, conseqüentemente, se discute inclusive as suas
motivações.
Existem duas correntes de explicação: i) a hipótese estrutural, acredita que as
fusões e aquisições são motivadas pelo desejo do adquirente obter poder de
mercado e assim, poder aumentar suas margens de retorno; e ii) a hipótese da
eficiência advoga que no ambiente de concorrência, aquelas empresas que
conseguem diminuir seus custos e obter maiores retornos, conseguem ganhar
mercado, conseqüentemente escala de produção, e acabam comprando as
empresas menos eficientes por verem nelas oportunidades de ganhos ao
introduzirem nestas empresas as práticas mais eficientes de gestão que
possuem.
DE PAULA e MARQUES (2004) listaram os fatores impulsionadores do processo
de concentração bancária no mundo, como sendo: i) a desregulamentação dos
serviços financeiros; ii) a maior abertura do setor bancário à competição
internacional; iii) os avanços tecnológicos; e iv) as mudanças na estratégia
empresarial
11
. A consolidação bancária seria o objetivo das instituições, pois
através deste mecanismo elas buscariam economias de escala, de escopo, de
renda e aumentar seu poder de monopólio. Ou seja, seria uma mescla entre os
objetivos relacionados pelas duas correntes supracitadas.
10
Para SAPIENZA (2002: pp. 329), “têm ocorrido uma consolidação bancária significativa nos
anos recentes”.
11
As mudanças na estratégia empresarial são conseqüências da maior pressão por retorno ao
acionista, num ambiente onde o aumento da competitividade levou à queda das margens de lucro.
Com isso, os bancos buscam fontes alternativas de “funding”.
11
Este tipo de debate não se restringe aos motivos pelos quais ocorrem fusões e
aquisições, mas também suas conseqüências
12
. Se o motivo for a obtenção de
maior poder de mercado, o consumidor não verá benefício algum com a
operação, pelo contrário, corre o risco de incorrer em maiores dispêndios para ter
acesso aos produtos e serviços oferecidos pela empresa resultante da
consolidação. Já se o processo é originado nos ganhos de eficiência, o
consumidor possui chances de se beneficiar da concentração, pois se os custos
são menores, os preços dos produtos e serviços podem ser reduzidos. Uma
conseqüência possível decorrente de processos de fusões e aquisições é o
redirecionamento da atuação da instituição financeira resultante do processo.
“Quando uma F&A [fusão e aquisição] inclui
duas (ou mais) instituições que atuam em
áreas geográficas distintas, as mudanças
administrativas que normalmente se seguem a
esse processo geralmente alteram a política
de alocação espacial dos recursos da nova
instituição, resultando em abertura /
fechamento de agências em algumas
localidades, redistribuição regional do crédito e
de outros produtos financeiros, etc”
(ALEXANDRE, M. et. al., 2006: pp. 250)
Todavia, há a possibilidade de mesmo que a motivação da operação de fusão e
aquisição seja o ganho de eficiência, da empresa resultante aproveitar para obter
ganho advindo de seu maior poder de mercado. Esta possibilidade, obviamente
advém do nível de concorrência existente no mercado após a concentração e a
contestabilidade deste.
“Segundo a hipótese do poder de mercado, a
desconcentração dos mercados deveria ser
um objetivo de política a ser perseguido pelo
governo na tentativa de diminuir os possíveis
prejuízos de práticas anti-competitivas por
parte das firmas. Já segundo a hipótese da
12
No que se refere aos riscos considerados pelas instituições financeiras, temos: i) o
idiossincrático, inerente à própria instituição, e que, por isso, pode ser reduzido por qualquer fusão
(ganhos de escala); ii) o de mercado local, que somente será reduzido, nos casos de fusões,
quando estas envolverem áreas geográficas distintas (diversificação geográfica); e o sistêmico,
que tende a ser maior para bancos com amplas redes de agências. (ALEXANDRE, M et al., 2006)
12
eficiência, a intervenção governamental seria
não apenas desnecessária, mas também
danosa à concorrência” (TONOOKA e
KOYAMA, 2003: pp. 5)
No debate relativo ao grau de concentração do sistema bancário existe um trade-
off entre estabilidade do sistema e competitividade. Quanto maior a concentração
do sistema bancário, maiores e mais diversificados em atuação são os bancos e,
conseqüentemente, maior a estabilidade e menor a fragilidade do sistema
bancário à ocorrência de crises
13
. Além disso, uma maior concentração pode
elevar o poder de mercado das instituições, alavancando seus lucros. Por fim,
com menor número de instituições a fiscalização do sistema se torna mais
simples. Um mercado mais concentrado possui vantagens para o responsável
pelo controle e fiscalização do sistema bancário na medida em que um menor
número de instituições significa maior facilidade de monitoramento e, com a
redução na competição devido à concentração, espera-se que diminua o risco de
falências bancárias e crises no sistema financeiro.
Além de apoiar a relação positiva entre concentração e estabilidade, o estudo de
BECK, et al. (2006) também sugere: i) a relação entre concentração e crise não é
dirigida por causalidade reversa
14
; ii) menores restrições regulatórias sobre os
bancos, como menos barreiras à entrada, e menos restrições às atividades
destes, reduzem a fragilidade do sistema bancário; iii) países com instituições que
facilitam a concorrência provavelmente sofrem menos crises bancárias.
Estes resultados onde tanto concentração quanto competitividade estão
positivamente relacionados com a estabilidade do sistema são vistos como indício
de que a concentração bancária é uma medida insuficiente da competitividade
bancária e inclusive indica que pesquisas futuras devem verificar os canais pelos
13
Segundo BECK, et al. (2006: pp. 1584), “uma crise sistêmica bancária refere-se a um episódio
onde todo o sistema bancário nacional sofre perdas suficientes tais que empréstimos sem
realização [empréstimos onde a instituição não consegue reaver o valor financiado] excedem 10%
do total de ativos do sistema bancário, ou quando o governo adota medidas extraordinárias, tais
como feriado bancário ou nacionalização de parte do sistema bancário”.
14
A causalidade reversa ocorreria se uma crise levasse a uma menor taxa de concentração, que
poderia ocorrer via mudanças nas políticas de competição e maior entrada de agentes no setor. O
estudo de BECK, et al. (2006) também mostra que países em crise bancária crescem mais
lentamente, experimentam choques negativos nos termos de troca e apresentam taxas maiores de
inflação, em relação aos países que não enfrentam crises.
13
quais concentração e competitividade do sistema financeiro impactam a
estabilidade deste. Mas a concentração do setor apesar de ser relevante na
análise não deve ser utilizada isoladamente, sem a abordagem da
contestabilidade deste. A pergunta que sempre vem junta, é se o mercado é
contestável ou não
15
. Será que o mercado bancário é perfeito? Se for, mesmo que
haja concentração em alguns poucos bancos, estes irão se comportar
competitivamente, pois correm o risco de novos entrantes.
O setor bancário apresenta barreiras à entrada de novos competidores que vão
desde a própria regulação do setor, tal como capital mínimo exigido, até
vantagens advindas de uma imagem de solvência e reputação. Além disso,
existem custos de transferências ao cliente e questões relativas à assimetria da
informação que prejudicam a migração de uma instituição para outra
(NEUBERGER, 1997)
16
.
Outro ponto a ser levado em conta no debate acerca dos efeitos da concentração
bancária é a capacidade de transferência das informações do cliente de uma
instituição para outra. A informação e as assimetrias existentes são extremamente
importantes para o setor bancário, inclusive no que tange as operações de
crédito. Os bancos, através das análises que realizam e de suas relações com os
clientes vão formando um conjunto de informações sobre estes. A importância da
informação fica mais evidente se não puder ser transferida facilmente para outros
potenciais emprestadores de recursos. Neste caso, se existe custo na
transferência das informações, o cliente não consegue trocar de emprestador com
facilidade e, conseqüentemente, os bancos podem exercer poder de mercado
mesmo quando o número de bancos é grande. (SAPIENZA, 2002)
15
“Definimos mercado contestável perfeito como aquele que é acessível a potenciais entrantes e
possui as duas propriedades seguintes: Primeiro, os potenciais entrantes podem, sem restrições,
satisfazer as mesmas demandas de mercado e utilizar as mesmas técnicas produtivas como as
disponíveis para as firmas estabelecidas. Assim, não existem barreiras no sentido do termo
utilizado por Stigler. Segundo, os potenciais entrantes avaliam a lucratividade de entrar pelo preço
pré-estabelecido pelas firmas estabelecidas” (BAUMOL et al., 1988: pp.5)
16
“Suporte para a contextabilidade [do setor bancário] foram encontrados para os Estados Unidos
e o Canadá (Shaffer 1993, Shaffer 1982, Nathan/Neave 1989), mas não para os bancos Europeus
(Molyneux et al. 1994)” (NEUBERGER, 1997: pp.12). Quanto à concentração do setor bancário,
ARAÚJO et al. (2005) apontam que o setor bancário brasileiro é mais concentrado do que nos
Estados Unidos, na Alemanha, na França e no Reino Unido, tendo o mesmo grau de concentração
encontrado na Espanha e em Portugal.
14
A assimetria de informação acaba por reduzir o mercado relevante para
operações de crédito, possibilitando nichos de atuação aos bancos, de forma que
estes se protegem da concorrência e conseguem aplicar uma política de preços
distinta da dos demais
17
.
Existem várias formas de obter informações sobre os clientes, tais como os
serviços existentes no Brasil que mostram se o potencial tomador de recursos
possui cheques protestados e a central de risco do Banco Central, acessada
pelas instituições financeiras. Além disso, a própria relação do cliente com o
intermediário financeiro é uma rica fonte de informações
18
. Esta relação é mais
intensa quanto mais longa ela for e quanto maior o número de interações existir
(múltiplos produtos).
Pelo lado do cliente, a intuição é que este terá uma maior fonte de recursos
(diversificação nas relações) quanto maior for seu porte. Não sendo tão claro que
o tempo de funcionamento da firma tenha alguma implicação na diversificação
das relações. (PETERSEN e RAJAN, 1994)
Dentre os estudos sobre concentração do setor bancário, existe um grande
número de trabalhos sobre o processo de consolidação nos Estados Unidos,
dentre eles o de JAYRATNE e STRAHAN (1996) que verificaram o impacto da
desregulamentação do setor no crescimento econômico. A desregulamentação,
que viabilizou o processo de consolidação do setor em vários Estados
americanos, parece estar relacionada positivamente com o desempenho
econômico, não necessariamente por ter aumentado as taxas de poupança e
17
Ver FERREIRA e FARINA (2005). Os autores colocam como pressuposto para esta hipótese a
distribuição heterogênea dos clientes ao longo do mercado. Desta forma, os bancos não se
posicionam de maneira eqüidistante. Além disso, na modelagem da análise regional os custos de
transporte foram substituídos pelos custos de monitoramento. Isto possibilita que existam custos
de monitoramento distintos, dada uma mesma localização, dependendo da natureza do produto
que se monitora.
18
Para PETERSEN e RAJAN (1994), aparentemente a reputação do proprietário é mais
importante do que a do negócio propriamente dita. Isto se reflete no caso onde uma empresa
muda de proprietário. Mesmo que ela exista há vários anos, a reputação dos proprietários atuais
entra com grande relevância na análise feita pelos bancos.
15
investimento, mas por ter melhorado a qualidade dos financiamentos,
aumentando a produtividade dos investimentos.
Em um estudo para o caso Italiano, SAPIENZA (2002), busca entender os efeitos
das fusões bancárias para as empresas tomadoras de recursos, ou seja, os
efeitos da consolidação para as políticas de crédito bancárias. Para isso, as
operações de consolidação do setor foram divididas em dois tipos: i) operações
entre firmas que atuam na mesma região e; ii) operações entre firmas que atuam
em regiões diferentes.
Como resultados de sua pesquisa, obteve: i) fusões e aquisições que envolvem
pequenas participações de mercado sempre geram ganhos de eficiência que são
benéficas aos tomadores de empréstimo. Nestes casos, se a concentração ocorre
entre bancos que operam na mesma região a queda nas taxas cobradas dos
tomadores de empréstimos é maior do que nas operações envolvendo instituições
de diferentes regiões; ii) quando a operação de fusão envolve maiores
participações de mercado local, os ganhos de eficiência são ofuscados pelo poder
de mercado e os tomadores de recursos se deparam com aumentos nas taxas de
concessão de crédito
19
; iii) a consolidação bancária afeta os tomadores de
empréstimos de forma diferenciada, dependendo de quantas relações com
instituições bancárias estes possuem; e iv) pequenos tomadores de recursos de
bancos alvos de aquisição provavelmente não tomarão novos recursos do banco
resultante da fusão, ou seja, após uma fusão os bancos reduzem os empréstimos
para os pequenos tomadores.
“A decisão de negar o crédito para pequenos
tomadores de empréstimos parece não estar
relacionada com as características
observáveis destes. Esta evidência sugere a
visão de que bancos grandes e pequenos
possuem estruturas organizacionais e
estratégias de empréstimos diferentes”
(SAPIENZA, 2002: pp. 365)
19
Ponto interessante nos resultados obtidos por SAPIENZA (2002) é que, nestes casos, os
bancos rivais se comportam similarmente ao banco resultante da consolidação e também
aumentam as taxas cobradas.
16
No que tange ao terceiro resultado explicitado acima, empresas com várias
relações bancárias possuem fontes alternativas de recursos e sofrem menos com
o maior poder de mercado do banco resultante da operação de concentração. Do
lado inverso da questão, as empresas que concentram suas operações em alguns
poucos bancos, também não sofrem com o aumento do poder de mercado do
banco, pois estes clientes já sofriam com a exploração do poder de mercado que
o banco possui sobre ele oriundo da assimetria de informações. Desta forma,
após as operações de concentração bancária, as empresas com um número
intermediário de relações com instituições bancárias são as que mais são
impactadas com o aumento do poder de mercado.
Além disso, o porte da firma bancária e o setor de atuação parecem influenciar na
decisão de crédito. Bancos maiores possuem a maior parte de suas carteiras nas
mãos de grandes e médias empresas, enquanto bancos menores concedem
crédito em sua maioria para as pequenas empresas
20
. A segmentação de
mercado também influencia as operações na medida em que bancos
especializados em determinado segmento possuem vantagens comparativas no
que tange as informações do setor em questão.
Nakamura (1993) mostra que os menores
bancos possuem vantagem informacional no
trato com os menores tomadores de
empréstimos porque possuem informações
detalhadas das condições econômicas locais”
(SAPIENZA, 2002: pp. 334)
Além da análise do sistema bancário como um todo e seu processo de
consolidação por região, existe um outro campo de estudos: a análise por tipo de
produto ou serviços oferecidos pelos bancos. Para esta corrente de pesquisa,
podem existir regiões com vários bancos, onde existe concorrência em alguns
produtos, mas onde para outros a situação é de alta concentração.
20
Ver SAPIENZA (2002)
17
CORVOSIER e GROPP (2001)
21
, observam que a concentração bancária
aumentou a margem dos bancos no mercado de crédito, estando em linha com a
hipótese estrutural. Por outro lado, no mercado de depósitos os resultados não
seguiram a mesma direção, para todos os produtos que o compõem. Para estes
produtos, parece haver uma relação com a questão geográfica: produtos onde a
proximidade geográfica com o cliente é relevante também apresentam aumento
das margens bancárias com a concentração, já produtos com características mais
explícitas de investimento, onde a proximidade geográfica já não é tão relevante,
apresentaram reduções nas taxas bancárias.
Este tipo de análise também é importante por suas implicações sobre a política
econômica, pois a velocidade de transmissão da política monetária parece ser
diferente para os diversos produtos. “Nossos resultados implicam, ceteris paribus,
que a transmissão para as taxas de empréstimos devem se tornar
crescentemente mais vagarosas enquanto a concentração aumentar (...)”
(CORVOSIER e GROPP, 2001: pp.25).
Desta forma, já se percebe que o processo de concentração bancária afeta a
decisão quanto à concessão de crédito. Na próxima seção, é abordada de forma
mais especifica os determinantes da decisão do agente financeiro quanto à
concessão de crédito.
2.3. Bancos e a concessão de crédito
Conforme relatado anteriormente, o processo de consolidação bancária possui
efeitos sobre a concessão de crédito, mas não é o único determinante deste. De
forma resumida, pode-se considerar que o banco faz a gestão de seus ativos
visando obter o melhor portfólio diante de suas expectativas, tanto para a
economia quanto para o retorno dos ativos, ajustando o portfólio em um trade off
21
Os autores estudaram o processo de concentração bancária nos países que compunham a
União Européia no período de 1993 a 1999. “Na maioria dos países, a concentração no mercado
de empréstimos tende a ser maior do que no mercado de depósitos. Dentro do mercado de
crédito, parece que o mercado de hipotecas é particularmente concentrado” (CORVOSIER e
GROPP, 2001: pp. 17).
18
entre liquidez e rentabilidade
22
(DE PAULA e ALVES JR., 2003). A escolha
realizada pelos bancos pode ser condensada em, por um lado, empréstimos e
financiamentos, e por outro lado, títulos públicos.
Existem vários modelos de risco de crédito
23
utilizados pelas instituições
financeiras no auxílio da decisão quanto ao melhor portfólio a ser perseguido, mas
em linhas gerais pode-se afirmar que eles possuem as seguintes características
em comum: i) geram taxas condicionais de não pagamento para cada tomador e
cada ambiente econômico; ii) permitem o cálculo da distribuição da taxa de não
pagamento condicional para conjuntos de sub-portfólios homogêneos; e iii) as
distribuições condicionais são ponderadas. (CARLING et al., 2004: pp. 2)
Notadamente, a rentabilidade destas aplicações obedece à regra de quanto maior
o risco maior o retorno esperado, sendo o maior risco inerente aos empréstimos e
financiamentos. Excetuando-se os casos de bancos públicos, cujo objetivo seja
de prover o desenvolvimento social e econômico, pode-se considerar que os
demais bancos visam o lucro. Desta forma, analisam tanto os clientes quanto o
ambiente econômico
24
na busca da melhor formação de expectativas quanto ao
futuro. Este processo de previsão é fundamental para a decisão bancária de
alocação de recursos e formação de seu portfólio de ativos.
No entanto, conforme já relatado por KEYNES (1992), a formação de expectativas
é fortemente influenciada pela atual conjuntura econômica. Se a economia está
em um momento positivo, de crescimento, as expectativas também passam a ser
positivas, com os agentes esperando que este processo se prolongue pelos
próximos anos. É o comportamento convencional tão bem relatado pelo autor.
22
Ver também BAUM et al. (2004) e BLUM e NAKANE (2003).
23
Para mais detalhes ver CARLING et al. (2004).
24
“Baseado numa aplicação da teoria do portfólio, demonstramos que variações na incerteza
macroeconômica durante o ciclo econômico pode afetar as decisões de alocação do portfólio
bancário e, no agregado, terá efeitos claros no grau de heterogeneidade das razões empréstimos-
ativos dos bancos” (BAUM et al., 2004: pp. 22). Os autores demonstram que num ambiente de
crise os bancos se comportam de forma semelhante, mais homogênea, e no momento positivo do
ciclo de negócios, este comportamento se torna mais heterogêneo, atribuindo esta diferença de
comportamento ao fato que alguns bancos investem mais em aquisição de informação do que
outros, possibilitando que alguns tenham uma postura menos conservadora no tocante à
concessão de crédito. Para a relevância de variáveis macroeconômicas no que tange o risco de
crédito, ver CARLING et al. (2004).
19
Todavia, quanto maior e mais demorado o crescimento econômico, mais o
sistema financeiro tende a se tornar frágil diante de crises, conforme já exposto
pela teoria de fragilidade financeira elaborada por Minsky. Os bancos, assim
como todos os agentes, possuem preferência pela liquidez, que é maior quanto
mais incerto for o futuro. Desta forma, quando a economia está em crescimento,
as expectativas se tornam cada vez mais positivas e os bancos passam a adotar
posturas cada vez mais abertas à concessão de crédito
25
, mas isso não significa
que as instituições financeiras se tornam mais propensas ao risco (DE PAULA e
ALVES JR. , 2003).
“(...) quando a economia está em processo de
crescimento, os agentes (empresas
financeiras e não-financeiras) tendem a
diminuir suas margens de segurança sem que
isto esteja associado a uma mudança nas
suas preferências individuais por “risco
retorno”, como poderia sugerir uma análise
tobiniana. (...) Mais precisamente, o risco
percebido, por ser uma função das
expectativas dos agentes sob condições de
incerteza, diminui em um período de
expansão” (DE PAULA e ALVES JR., 2003:
pp. 2)
Na fase positiva do ciclo econômico, os bancos passam a privilegiar rentabilidade
à liquidez, se expondo mais aos riscos inerentes à atividade bancária, tais como
risco de juros e de liquidez, que resultam do descasamento de taxas e de prazos
entre as operações ativas e passivas dos bancos, assim como risco de crédito,
que é o risco do tomador do recurso não honrar a dívida. (DE PAULA e ALVES
JR., 2003)
Da mesma forma agem os empresários, cujos projetos se tornam ainda mais
rentáveis dada expectativas mais positivas. Conseqüentemente, com a previsão
25
Mesmo adotando uma perspectiva na qual a incerteza pode ser mensurada, BAUM et al. (2004)
observa a importância desta para o processo de concessão de crédito bancário. “Na presença de
incerteza é provável que não somente o primeiro momento (tais como o crescimento do produto, o
nível da taxa de juros ou o nível da inflação), mas também o segundo momento (mensurações da
magnitude da incerteza) irá importar”. (BAUM et al., 2004: pp. 6)
20
de um fluxo de caixa positivo, um incremento no estoque de dívida da empresa
não é algo com que se preocupar.
Agregando o movimento tanto dos empresários quanto dos bancos, percebe-se o
motivo pelo qual o crescimento da economia leva a uma situação de maior
fragilidade do sistema financeiro. Com isso, no momento negativo do ciclo, os
bancos racionam crédito, afetando ainda mais as empresas no momento no qual
estão precisando de recursos, aprofundando os impactos da crise
26
.
Todavia, não é somente o ambiente de crise que propicia racionamento de
crédito. Neste sentido é relevante o trabalho de STIGLITZ e WEISS (1981), que
demonstraram o impacto sobre o crédito de mercados com informações
imperfeitas. Conforme já exposto, os bancos buscam informações dos clientes
para a concessão de crédito, mas a obtenção de informação é custosa
27
. Desta
forma, a assimetria de informação possibilita que o crédito seja negado para
projetos que teoricamente seriam rentáveis
28
.
O que se pode perceber é que, independentemente do momento econômico,
existirá racionamento de crédito dada a existência de assimetria de informação.
Assim, o racionamento será ainda maior, nos momentos de crise.
Além dos impactos referentes à conjuntura econômica sobre o crédito e da
análise feita pelos bancos em relação aos clientes e projetos, existe uma terceira
vertente influenciadora do nível de crédito concedido na economia: o ambiente
jurisdicional e regulatório existente
29
.
26
Enquanto na fase positiva do ciclo o financiamento é preponderantemente para compras e
expansão da capacidade produtiva, no momento de crise as empresas demandam crédito visando
a rolagem dos débitos contraídos anteriormente. (DE PAULA e ALVES JR., 2003)
27
“Devido a falhas no mercado financeiro induzidas pela incerteza, tais como risco moral e
problemas de seleção adversa, os bancos investem em informações privadas” (BAUM et al., 2004:
pp. 9)
28
O acesso ao crédito depende não somente das características apontadas no balanço
patrimonial da empresa, mas também da relação que esta possui com os bancos e seu histórico
de crédito. Além disso, firmas que possuem participação estrangeira ou que fazem parte de
grupos / conglomerados, parecem sofrer menos com a restrição de crédito. (GALINDO e
SCHIANTARELLI, 2002)
29
“(...) a análise do banco como um gerenciador de portfólios fundamentou a elaboração, em
1988, do Acordo de Basiléia (...), o qual prevê que bancos devem deter níveis de capital
compatíveis com o risco dos ativos em que aplicam” (BLUM e NAKANE, 2005: pp.1)
21
O aparato jurídico e institucional é sempre levado em conta em estudos
comparativos entre regiões ou países que notadamente possuem formações
institucionais e jurisdicionais distintas. Países que possuem sistemas legal e
regulatório favoráveis ao credor, de tal forma que este consiga receber os valores
que financiou, possuem intermediários financeiros que funcionam melhor que os
seus correspondentes em países que não dão o mesmo amparo aos credores.
(LEVINE et al., 1999)
“O grau no qual os intermediários financeiros
podem adquirir informação, celebrar contratos
e ter estes contratos aplicados irá influenciar
fundamentalmente a habilidade destes
intermediários para identificar firmas valiosas,
exercer controle corporativo, gerenciar o risco,
mobilizar poupanças e facilitar as trocas”
(LEVINE, R. et al., 1999: pp. 6)
Exemplo do impacto do marco regulatório sobre o crédito está na exigência de
capital
30
para os bancos que operam no mercado brasileiro, fruto da adoção do
Acordo da Basiléia. Por outro lado, existe um custo de se possuir determinada
proporção de capital no balanço patrimonial, assim como existe um custo, em não
se atender ao requerimento mínimo.
“Ou seja, quando um banco ameaça deixar de
atender ao requerimento, os fiscalizadores
podem, por exemplo, impor restrições a suas
atividades ou exigir que aumente o rigor de
seus critérios de provisionamento de
operações de crédito. (...) Os reguladores
podem requerer que a instituição siga um
plano de capitalização, restringir a distribuição
de dividendos, ou, em casos extremos,
decretar a liquidação do banco” (BLUM e
NAKANE, 2005: pp. 6).
30
Existem duas linhas básicas de pesquisa com relação ao impacto do requerimento de capital
sobre a concessão de crédito. Em uma, analisa-se o impacto do requerimento confrontando o
volume de crédito ofertado antes e depois da implementação da exigência. Na outra, dada a
regulamentação, busca-se avaliar a sua influência sobre a concessão de crédito, somente
analisando o pós-regulamentação. (BLUM e NAKANE, 2005)
22
Desta forma, a existência de “custos de regulação” atenua a concessão de
crédito, mesmo quando as taxas de retorno das operações sofrem um aumento,
pois os bancos fazem a gestão de seu portfólio tendo em vista o requerimento
mínimo e o custo de se aproximar do mínimo exigido ou até mesmo não atendê-
lo. Conseqüentemente, quanto maior a folga existente entre o capital do banco e
o mínimo exigido pela autoridade monetária, menor o “custo de regulação” e
maior o incentivo para que o banco aumente a oferta de crédito. (BLUM e
NAKANE, 2005)
De qualquer forma, fica evidente o efeito positivo que o crédito possui sobre a
economia, assim como o efeito negativo que o racionamento de crédito ocasiona,
especialmente em momentos de crise.
“O preço pago pela economia é que, nestas
circunstâncias, as possibilidades de expansão
da economia se tornam limitadas pela restrição
de financiamento, enquanto perdurar um quadro
de expectativas pessimistas” (DE PAULA e
ALVES JR., 2003: pp. 9)
Ou seja, o crédito bancário é uma importante ferramenta para o bom desempenho
da economia, assim como o desenvolvimento do sistema financeiro como um
todo, e do sistema bancário em específico, também impactam positivamente o
crescimento econômico. No entanto, o segmento bancário vem passando por um
processo de consolidação do setor que, independentemente de suas motivações,
tem afetado negativamente o crédito e, conseqüentemente, o próprio crescimento
econômico.
No próximo capítulo é tratado o caso brasileiro, como o processo de concentração
do setor bancário tem impactado o crédito. Para isso, além da abordagem teórica,
são apresentados dados estatísticos deste movimento.
23
CAPÍTULO 3 - SISTEMA BANCÁRIO E CRÉDITO: O CASO BRASILEIRO
Como visto no capítulo 2, o sistema financeiro brasileiro afeta positivamente o
desempenho da economia. No entanto, assim como em outros países, o Brasil
passa por um processo de consolidação do setor bancário com conseqüências
sobre o crédito, e conseqüentemente, sobre a economia. Adicionalmente, o
sistema bancário no Brasil representa grande parte do sistema financeiro
31
,
conforme se pode notar através do gráfico 1.
Gráfico 1 - Participação dos Bancos no Sistema Financeiro
*
- Créditos e
Total de Ativos
(Em porcentagem)
Fonte: adaptado do IPEA (2001)
* Sistema Financeiro: Sistema Bancário + (Soc. De Crédito Financiamento e Investimento, Soc. De Crédito Imobiliário, Soc.
Corretoras, Soc. Distribuidoras e Soc. Arrendamento Mercantil).
O processo de concentração do setor foi intensificado após a estabilização
monetária, acarretando impactos no volume de crédito concedido quando se
analisa o crédito numa perspectiva regional. Desta forma, o sistema bancário
brasileiro é grande, mas também é geograficamente concentrado e há indícios de
que isso reforça a concentração de crédito nas regiões centrais em detrimento da
periferia.
31
Ver BELAISCH (2003), para a qual apesar do sistema financeiro ser grande e dominado pelos
bancos, a intermediação entre depósitos e crédito é baixa.
Créditos do Sist. Bancário / Créditos do Sist. Financeiro
Total de ativos do Sist. Bancário / Total de ativos do Sist. Financeiro
24
Tendo em vista, conforme exposto no capítulo 2, que há um impacto permanente
das reservas bancárias, conseqüentemente do crédito, na taxa de crescimento da
economia, os efeitos da concentração bancária no desempenho das unidades da
federação ganha ainda mais destaque.
O presente capítulo aborda o processo de consolidação do setor bancário no
Brasil. Suas motivações principais, sua dinâmica e seus efeitos sobre o crédito.
Para isso, o capítulo está dividido em duas seções. Na primeira, é feito um relato
do processo de concentração bancária, especialmente para o período pós-
estabilização (Plano Real). Na segunda parte, discutisse os efeitos deste
processo sobre a concessão de crédito.
3.1. O processo de consolidação do setor bancário no Brasil
O processo de consolidação bancária no Brasil, mesmo que tenha se acelerado
em meados da década de 1990, teve início em 1988, quando o Conselho
Monetário Nacional criou a figura do banco múltiplo. Esta decisão veio reverter
uma característica do setor bancário brasileiro implementada com a reforma
bancária de 1964, quando o setor foi segmentado. No entanto, esta reversão não
foi sentida de forma significativa logo após sua implantação, pois ainda existia o
benefício do floating aos bancos
32
.
Todavia, após a estabilização em 1994 e a desregulamentação do setor, o
processo de consolidação foi impulsionado, podendo ser acrescentados como
fatores motivadores à concentração bancária, adicionais aos citados no capítulo
2, o processo de estabilização de preços, o programa de privatizações dos
bancos estaduais e a adesão aos acordos da Basiléia. A concentração bancária
brasileira pode ser dividida em dois movimentos que acontecem
simultaneamente: i) concentração geográfica das agências bancárias e; ii) forte
movimento de fusões, aquisições e liquidações.
32
Os bancos lucravam com a diferença entre depósitos não indexados ou recolhimento de tributos
e os ganhos que obtinham investindo estes recursos. (BARBACHAN e FONSECA, 2004)
25
O primeiro movimento está fortemente relacionado com as diretrizes emanadas
pelas autoridades monetárias e que sofreram forte modificação nos anos mais
recentes, especialmente do início da década de 1990 em diante. Por exemplo, no
início dos anos 80 o Banco Central tinha como objetivo, no que se refere à
localização das agências bancárias, estender a assistência bancária a todos os
municípios brasileiros, melhorar a assistência bancária de municípios menos
assistidos e efetuar medidas de regionalização bancária
33
.
Para isso, adotou uma série de medidas entre as quais a diminuição no depósito
compulsório das agências situadas nas regiões da SUDAM, SUDENE e SUDECO
e admitiu a redução de até 50% do capital mínimo regulamentar caso o banco
comercial concentrasse no mínimo 90% das suas dependências em regiões que
abrangessem no máximo três estados limítrofes, num dos quais este banco teria
que estar sediado (CORRÊA, 2006: pp. 112). Como conseqüência, estas ações
geraram uma maior capilaridade do atendimento bancário, via agências, pelo
território nacional. Este tipo de política foi abandonada e, em adição à
necessidade dos bancos cortarem custos devido ao fim do ganho inflacionário,
iniciou-se o processo de relocalização das agências
34
(ver tabela 1 para a
participação das regiões sobre o total de agências no período entre 1995 e 2002).
“Em 13 anos, de 1988 até 2000, houve um
crescimento discreto do número de agências no
Brasil (de aproximadamente 13.500 para 15.600).
Esse crescimento foi basicamente explicado pelo
aumento do número de agências nos estados de
São Paulo e Rio de Janeiro. (...) Contudo, pode
ser dito que houve um tênue crescimento em
todas as regiões e estados analisados (Sul, NE,
NO, CO, SP, RJ, MG e ES), com exceção do
Nordeste, que teve uma queda acentuada do
número de agências no período, de 2.436 para
2.134.” (SICSÚ e CROCCO, 2003: pp. 99)
33
Ver CORRÊA (2006)
34
Atualmente como forma de realizar o atendimento bancário em regiões menos desenvolvidas,
os bancos utilizam os serviços prestados por outras instituições, tais como as casas lotéricas e as
agências dos correios, num fenômeno conhecido como bancarização.
26
Tabela 1 Participação das regiões sobre o total de agências no país
Sistema Bancário (%)
Região
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
Norte 4,10 4,00 3,91 3,48 3,46 3,41 3,35 3,42
Nordeste 16,10 15,79 15,40 14,77 14,47 14,21 14,08 15,26
Centro-Oeste 8,24 7,98 8,01 7,53 7,40 7,29 7,33 6,46
Sul 21,39 21,03 20,61 21,06 20,87 20,61 20,33 20,48
Sudeste 50,17 51,20 52,08 53,16 53,80 54,49 54,92 54,38
Total
100
100
100
100
100
100
100
100
Fonte: Adaptado de CORRÊA (2006)
Fica claro, que mesmo que tenha ocorrido crescimento em números absolutos,
em termos relativos houve um processo de concentração de agências na região
sudeste.
Adicionalmente, o sistema bancário vivenciou dois tipos de processos durante os
anos 1980 que moldaram sua estrutura de forma significativa e serviriam como
motivações para o movimento de fusões e aquisições. Um dos processos
vivenciados foi o uso dos bancos públicos estaduais na rolagem das dívidas das
unidades federativas e o outro foi o processo inflacionário. CORRÊA (2006) relata
claramente o uso problemático dos bancos públicos estaduais durante a década
de 1980.
(...) em termos dos Bancos Comerciais Oficiais,
verificamos uma forte deterioração dos ativos,
pois são efetuados empréstimos incobráveis,
concedidos a governos estaduais e empresas
estatais. Os governos estaduais valeram-se do
comando político sobre os Bancos Públicos
Estaduais, usando-os, tanto para carregar os
títulos da dívida mobiliária não colocados junto ao
setor privado, quanto para tomar empréstimos
com o objetivo de atender aos gastos públicos e
aos problemas emergenciais. Assim, o Estado
aparecia como principal tomador dos créditos
destes bancos, sendo que em 1984, chega a ser
responsável por 70% das operações de crédito
dos mesmos” (CORRÊA, 2006: pp. 110)
Quanto ao processo inflacionário, o Plano Real, implementado em 1994, reduziu
os índices de inflação e extinguiu a principal fonte de rentabilidade do sistema
bancário na época o floating. Os principais impactos da estabilização sobre o
sistema bancário foram a necessidade de racionalizar custos, o fechamento de
27
agências bancárias, a demissão de empregados dos bancos e o aumento de
investimentos em automação bancária. (CORRÊA, 2006; VILHENA e SICSÚ,
2006)
Desta forma, em meados da década de 1990, os bancos privados se defrontaram
com a perda de fonte de renda relevante para as suas operações e, concomitante
à perda da receita inflacionária, os bancos públicos estaduais estavam com
problemas gerados pela forma como vinham sendo administrados. Estas
mudanças no ambiente econômico do setor bancário brasileiro, em adição ao
movimento de consolidação do setor que já vinha ocorrendo no mundo,
conduziram o sistema bancário a um processo forte de reestruturação.
No mesmo período, o Brasil assina os acordos da Basiléia que têm por objetivo
dar maior solidez ao setor financeiro e, no contexto de possível crise no sistema
bancário, a solidez deste foi o objetivo perseguido. Por estes acordos, que
estipularam, entre outras medidas, exigência de capital mínimo ponderado pelo
risco das operações ativas do banco, a sobrevivência de instituições de menor
porte foi dificultada. Outra medida tomada na mesma direção, e com o mesmo
efeito sobre as menores instituições, foi o aumento do capital inicial para a
obtenção da autorização de funcionamento.
Não só agências foram fechadas / relocalizadas, como todo o sistema passou por
uma forte reestruturação, onde ocorreram processos de liquidações, fusões e
incorporações. Esta reestruturação foi incentivada por dois Programas
implantados pelo governo: o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER) e o Programa de
Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (PROES),
implantados em 1995 e 1996 respectivamente, além do Fundo Garantidor de
Crédito (FGC) (CORRÊA, 2006). Além destes dois programas, em 2001 também
foi criado o Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais
(PROEF), pelo qual o Tesouro Nacional assumiu parte das dívidas dos quatro
bancos controlados pelo Governo Federal - Banco do Brasil, Caixa Econômica
28
Federal, Banco da Amazônia (BASA) e Banco do Nordeste (BNB). Além disso,
Caixa, Basa e BNB receberam injeção de recursos
35
.
Quadro 1 Bancos estaduais privatizados, liquidados e federalizados no
período de 1996 a 2004
Ano Privatizado Liquidado*
Federalizado e ainda não
privatizado
1996
1997
- Credireal - Banco de Crédito Real de Minas
Gerais (Bradesco)
- Banerj - Banco do Estado do Rio de Janeiro
(Itaú)
- Banco Meridional do Brasil - RJ (Bozano
Simonsen)
- Caixa Econômica do Estado de Goiás
1998
- Bemge - Banco do Estado de Minas Gerais
(Itaú)
- Bandepe - Banco do Estado de Pernambuco
(ABN Amro)
- Beron - Banco do Estado de Rondônia
- Caixa Econômica do Estado de Minas
Gerais
1999
- Baneb - Banco do Estado da Bahia (Bradesco)
- Banco do Estado do Acre
- Baner - Banco do Estado de Roraima
- Banap - Banco do Estado do Amapá
- Bemat - Banco do Estado de Mato
Grosso
- BEC - Banco do Estado do
Ceará **
2000
- Banespa - Banco do Estado de São Paulo
(Santander)
- Banestado - Banco do Estado do Paraná
- Banco do Estado do Rio Grande do Norte
- Banco do Estado de Santa
Catarina
- Banco do Estado do Piaui
2001
- BEG - Banco do Estado de Goiás (Itaú)
- Paraiban - Banco do Estado da Paraíba
(ABN Amro)
2002
- BEA - Banco do Estado do Amazonas
(Bradesco)
- Produban - Banco do Estado de Alagoas
2003
2004
- BEM - Banco do Estado do Maranhão
(Bradesco)
Fonte: Elaborado pelo autor baseado em FREITAS (2005)
* O Baner Banco do Estado de Roraima teve sua concessão para funcionar cancelada em abril de 1999
** O BEC Banco do Estado do Ceará foi privatizado em dezembro de 2005, sendo o Bradesco o vencedor do leilão.
Obs: Os nomes entre parênteses após o nome do banco privatizado correspondem ao Banco vencedor do leilão de
privatização.
Obs2: A data de liquidação corresponde à data final do processo, sendo a data da liquidação ordinária. Todos os bancos
relacionados no quadro tiveram suas liquidações judiciais iniciadas anteriormente à data explicitada.
Conforme observado no Quadro 1 e na Figura 2, das 27 unidades federativas,
somente os Estados do Tocantins e do Mato Grosso do Sul não possuíam um
Banco Comercial Estadual no início da década de 1990. Pela figura 2 fica fácil de
observar os efeitos do PROES
36
e do processo de privatização, além das
liquidações. Em 2002, somente os Estados de São Paulo, Sergipe, Rio Grande do
Sul e Espírito Santo ainda possuíam um Banco Comercial sobre controle público
35
Ver NAKANE, M. e WEINTRAUB, D. (2004).
36
As principais resoluções que faziam parte do PROES eram: “(i) 100% dos recursos necessários
ao saneamento dos bancos estaduais foram condicionados ou à privatização das instituições ou à
sua transformação em agências de fomento ou à sua liquidação; (ii) a ajuda federal ficaria limitada
a 50% dos recursos necessários, caso não houvesse a transferência do controle acionário ou a
transformação em agências de fomento (os outros 50% ficariam a cargo dos governos estaduais);
(iii) as garantias apresentadas pelos estados, no caso de ajuda federal, deveriam ser apropriadas
ao montante do empréstimo; em caso de inadimplência os estados autorizavam o saque, por parte
dos credores, dos montantes correspondentes das suas contas bancárias depositárias” (DE
PAULA e MARQUES, 2004: pp. 15)
29
do próprio Estado. Além disso, o governo federal havia assumido o controle dos
bancos dos Estados do Ceará, do Piauí e de Santa Catarina, com o intuito de
privatizá-los, o que efetivamente já ocorreu no caso do banco cearense,
privatizado em 2005.
Figura 2 Presença de Bancos Comerciais, de Desenvolvimento e Agências
de Fomento Estaduais no início da década de 1990 e no final de 2002.
Fonte: Elaborado pelo autor baseado em FREITAS (2005)
Obs: O Banco do Estado do Ceará que aparece em 2002 como Banco Comercial Federalizado, foi privatizado em
dezembro de 2005, tendo sido adquirido pelo Bradesco.
Nota-se que a maior parte das privatizações e, especialmente, das liquidações
ocorreram de 1997 a 1999. Quanto ao resultado das privatizações, verifica-se a
preponderância de quatro instituições: Bradesco, Itaú, ABN Amro e Santander
37
.
No caso do leilão do Meridional, cujo vencedor foi o Bozano Simonsen,
posteriormente esta instituição foi adquirida pelo Santander, reforçando a idéia de
quatro grandes participantes e vencedores no processo de privatização. Além
destes, podem ser acrescentados o Unibanco que adquiriu o Banco Nacional e o
HSBC que adquiriu o Banco Bamerindus do Brasil
38
.
Na Figura 2, além dos bancos comerciais, foram incluídos os bancos de
desenvolvimento e agências de fomento para explicitar um segundo processo que
37
Para NAKANE, M e WEINTRAUB, D. (2004), os bancos públicos estaduais são menos
produtivos do que os bancos privados e, conseqüentemente, a privatização teve um impacto
positivo sobre a produtividade, mesmo existindo uma defasagem temporal até que estes efeitos
sejam percebidos.
38
Outras duas grandes aquisições foram as realizadas pelo ABN Amro ao incorporar o Banco
Real e do Bilbao Viscaya sobre o Banco Excel Econômico.
30
ocorreu no período: vários bancos de desenvolvimento estaduais também
deixaram de existir, sendo alguns incorporados pelos bancos estaduais antes da
privatização, outros simplesmente extintos e outros transformados em agências
de fomento. Alguns estados que não contavam com bancos de desenvolvimento
criaram agências de fomento com o intuito de atenuar os efeitos da ausência de
bancos comerciais públicos sobre a concessão de crédito e adoção de políticas
industriais e de desenvolvimento na região. Todavia, o presente trabalho foca
simplesmente o crédito concedido por bancos múltiplos com carteira comercial,
bancos comerciais e caixas econômicas, permanecendo desde já a observação
de que a atuação destes bancos e agências deve ser futuramente analisada.
Claramente quando se analisa os bancos públicos dentro deste processo de
reestruturação, o destaque vai sem dúvida para os bancos estaduais que
praticamente deixaram de existir, conforme indicado nas tabelas 2 e 3. Para isso,
foi extremamente importante a abertura do sistema bancário à participação
estrangeira de forma mais efetiva a partir de 1995 (VILHENA e SICSÚ, 2006).
Tabela 2 Quantitativo de bancos pela estrutura de capital
Bancos * 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Públicos 32 32 27 22 19 17 15 15 15 14
Privados 210 198 190 182 175 175 167 152 150 150
Nacionais ** 172 157 141 123 110 105 95 87 88 92
Estranegiros *** 38 41 49 59 65 70 72 65 62 58
Total 242 230 217 204 194 192 182 167 165 164
Fonte: Banco Central do Brasil Relatórios de evolução do SFN
* Inclui bancos múltiplos, bancos comerciais e caixa econômica
** Inclui os bancos nacionais e nacionais com participação estrangeira
*** Inclui os bancos de controle estrangeiro e filiais de bancos estrangeiros
Obs: os valores são relativos à posição de dezembro de cada ano.
Tabela 3 Participação percentual de bancos pela estrutura de capital
Bancos * 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Públicos 13,2 13,9 12,4 10,8 9,8 8,9 8,2 9,0 9,1 8,5
Privados 86,8 86,1 87,6 89,2 90,2 91,1 91,8 91,0 90,9 91,5
Nacionais ** 71,1 68,3 65,0 60,3 56,7 54,7 52,2 52,1 53,3 56,1
Estranegiros *** 15,7 17,8 22,6 28,9 33,5 36,5 39,6 38,9 37,6 35,4
Fonte: Elaborado pelo autor baseado nos relatórios de evolução do SFN do Banco Central do Brasil
* Inclui bancos múltiplos, bancos comerciais e caixa econômica
** Inclui os bancos nacionais e nacionais com participação estrangeira
*** Inclui os bancos de controle estrangeiro e filiais de bancos estrangeiros
Obs: os valores são relativos à posição de dezembro de cada ano.
31
Nas tabelas 2 e 3 a linha referente ao quantitativo de bancos públicos inclui tanto
os bancos federais quanto os estaduais. No entanto, a forte redução no número
destas instituições é reflexo da adoção do PROES e a diminuição no número de
bancos estaduais. Pode-se notar que apesar do número total de bancos sofrer
uma retração, esta não se deu de forma linear. A redução no número de bancos
públicos, de cerca de 56%, foi bem superior à redução ocorrida dentre os bancos
privados, que foi de quase 29%. Desta forma, em 2004 a participação dos bancos
privados no sistema bancário é superior ao encontrado em 1995. Crescimento na
participação também se verifica para os bancos privados estrangeiros que
ampliam sua participação em quase 20 pontos percentuais.
Além disso, é interessante notar a intensidade do processo que foi bem mais
forte, especialmente no caso dos bancos públicos, para o período de 1995 a
1999. Após este ano, mesmo que a redução no número de bancos tenha
continuado, a velocidade do processo foi menor. Por exemplo, da redução de 18
bancos públicos verificada no período, 13 ocorreram até 1999 e 5 entre 1999 e
2004. Ou seja, 72% da redução no número de bancos públicos verificada entre
1995 e 2004 ocorreu até 1999. Da mesma forma, ocorreu entre os bancos
privados, só que numa relação mais tênue. Neste caso, 58% da redução no
número de bancos observado em todo o período em questão, ocorreu até 1999.
Outro ponto interessante é o comportamento do número de bancos privados
nacionais e estrangeiros. Apesar da participação dos bancos estrangeiros crescer
no período como um todo, observa-se uma mudança de tendência em 2001/2002.
Neste momento, o número de bancos estrangeiros que vinha continuamente
crescendo, passa a diminuir. Por outro lado, o número de bancos nacionais que
vinha sistematicamente reduzindo, inverte a tendência e volta a aumentar. Este
comportamento parece ser reflexo da reação dos bancos nacionais ao avanço
das instituições estrangeiras.
Outra forma de visualizar as mudanças ocorridas no sistema bancário brasileiro é
verificar a participação por porte dos bancos. Este tipo de análise é um pouco
mais complexa, pois um banco pode mudar de tamanho, crescendo ou
32
diminuindo, devido ao seu desempenho ou como consequência de fusões e
aquisições.
Todavia, apesar destas considerações, pode-se observar nas tabelas 4 e 5 que,
entre 1995 e 1999, a redução do número de grandes bancos foi bem menor do
que a registrada entre os bancos de menor porte (ver critério de porte no anexo I).
Assim, em 1998 encontramos a maior participação percentual dos grandes
bancos em relação ao ativo total do setor, qual seja, 79,7%. De 1999 a 2004, há
uma maior redução no número de grandes bancos, com crescimento mais
pronunciado de bancos médios.
Tabela 4 Instituições do segmento bancário - porte classificado por ativos
totais
Porte 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Grandes 24 28 24 25 23 21 17 16 14 13
Médios 59 62 63 55 55 56 54 47 49 48
Pequenos 159 141 130 123 116 115 111 104 101 103
Total 242 231 217 203 194 192 182 167 164 164
Fonte: Banco Central do Brasil Relatórios de evolução do SFN
Tabela 5 Participação percentual nos ativos totais do segmento bancário
Porte 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Grandes 78,7 78,3 79,1 79,7 79,2 79,2 74,0 74,8 74,3 75,2
Médios 17,8 18,1 18,1 16,9 17,4 17,4 21,8 21,0 21,5 20,7
Pequenos 3,5 3,6 2,8 3,4 3,4 3,5 4,2 4,2 4,2 4,1
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Banco Central do Brasil Relatórios de evolução do SFN
De qualquer forma, quando se pretende analisar a questão da concentração
bancária, observa-se a participação dos maiores bancos nos ativos totais do
segmento bancário, conforme Tabela 6 e Gráfico 2.
Tabela 6 Participação percentual dos 5, 10 e 20 maiores bancos e CEF nos
ativos totais do segmento bancário
Bancos 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
5 maiores 51,2 48,7 50,2 50,5 50,7 50,2 47,9 50,7 53,7 53,0
10 maiores 64,4 60,1 61,3 62,7 62,7 64,1 62,4 64,1 67,2 68,0
20 maiores 75,7 72,0 75,9 75,4 76,5 78,2 77,3 79,7 81,3 83,2
Fonte: Banco Central do Brasil Relatórios de evolução do SFN
33
Gráfico 2 - Participação percentual dos 5, 10 e 20 maiores bancos e CEF nos
ativos totais do segmento bancário
Participação percentual dos 5, 10 e 20 maiores bancos e CEF
nos ativos totais do segmento bancário
51,2
48,7
50,2
50,5
50,7
50,2
47,9
50,7
53,7 53,0
64,4
60,1
61,3
62,7
62,7
64,1
62,4
64,1
67,2
68,0
75,7
72,0
75,9
75,4 76,5
78,2
77,3
79,7
81,3
83,2
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Ano
Percentual
5 maiores 10 maiores 20 maiores
Fonte: Elaborado pelo autor baseado nos relatórios de evolução do SFN do Banco Central do Brasil
Nitidamente há um aumento da participação dos maiores bancos nos ativos totais
do sistema. Seguindo o mesmo tipo de corte temporal realizado acima, observa-
se que, entre 1995 e 1999, somente ocorre aumento na participação nos ativos
totais para os 20 maiores bancos, ocorrendo redução na participação dos 10 e
dos 5 maiores bancos. De 1999 a 2004, os 20 maiores bancos aumentaram sua
participação quase que continuamente, apresentando redução somente em 2001.
Para a categorização dos 5 e dos 10 maiores bancos, somente se observa um
aumento mais significativo na participação dos ativos totais para o período
posterior a 2001, sendo neste ano o registro da menor participação dos 5 maiores
bancos em todo o período em questão.
É interessante notar que no período onde ocorreu a redução mais veloz no
número de bancos, especialmente de bancos públicos, não se registra um
aumento na participação dos maiores bancos nos ativos totais do segmento
bancário. No entanto, no período mais recente, que coincide com o período de
recuperação da representatividade dos bancos privados nacionais no setor e
onde a magnitude da redução do número de instituições existentes se torna mais
34
tênue, observa-se um incremento na participação dos maiores bancos nos ativos
totais do sistema.
Desta forma, pode-se caracterizar o processo em duas etapas. Na primeira, entre
1995 e 1999, há uma redução mais forte no número de instituições em
funcionamento no sistema, principalmente no que se refere às instituições
públicas. No segundo período, que se inicia em 1999, apesar de continuar o
processo de redução no número de bancos, o que chama mais atenção é o
aumento da participação dos maiores bancos nos ativos totais do segmento
bancário.
A concentração bancária e a relevância desta divisão temporal também são
observados ao se analisar os índices de concentração do setor bancário,
conforme tabela 7. Na tabela estão representados os índices de Herfindahl-
Hirschman (HHI), Hall-Tideman (HTI) e de entropia de Theil (T)
39
. Em todos os
três casos, há indícios de aumento da concentração no período de 1995 a 2004.
No entanto, novamente a segmentação do período em 1999 parece ser relevante.
Todos os três índices apontam para um aumento da concentração entre 1995 e
1999. No período seguinte, entre 1999 e 2004, HHI e T oscilaram nos anos, mas
ao final do período indicam uma menor concentração do que a observada em
1999. Já o índice de Hall-Tideman também apresentou oscilação nos anos, mas
aponta para uma maior concentração em 2004 do que em 1999.
Tabela 7 - Evolução dos índices de concentração em ativos - 12/1995 a
06/2004
1995_12
1996_12
1997_12
1998_12
1999_12
2000_12
2001_12
2002_12
2003_12
2004_06
HHIA 0,0779 0,0789 0,0857 0,0965 0,0924 0,0893 0,0851 0,0906 0,0906 0,0836
HTIA 0,0408 0,0412 0,0511 0,0555 0,0566 0,0587 0,0585 0,0645 0,0631 0,0617
TA 0,6908 0,6923 0,6708 0,6501 0,6420 0,6555 0,6652 0,6540 0,6734 0,6877
Fonte: adaptado de ARAÚJO et al. (2005)
Nota: A refere-se aos ativos totais
39
Para os índices HHI e HTI, o valor tende para um no caso de estrutura de mercado de
monopólio. Já para o índice de entropia de Theil, uma estrutura de monopólio é indicada pelo valor
zero, sendo o índice mais próximo de 1 quanto mais a estrutura se aproxima do caso de
concorrência perfeita (ARAÚJO et al., 2005) Os índices mais utilizados são os de Theil e o de
Hirschman-Herfindahl porque apresentam características abrangentes sobre os tamanhos
relativos de cada firma e podem ser padronizados de forma a facilitar as conclusões. Porém, o
cálculo desses índices pode ser impossível se não se conhece o tamanho de todas as firmas que
fazem parte da indústria e, por isso, outros índices parciais, como a razão de concentração
industrial, são utilizados. (SALAZAR, 2005)
35
Mas e o que levaria à forma como a concentração bancária se realiza? Existe
algum padrão regional na concentração bancária? O processo de consolidação do
setor parece ter uma relação muito forte com a idéia de economias centrais e
periféricas. No trabalho de ALEXANDRE et al. (2005), as conclusões são de
ampliação da concentração da atividade bancária na cidade de São Paulo, que é
ainda maior quando se analisa as operações bancárias em vez do número de
agências. Neste sentido, a distribuição local do PIB deve ser levada em
consideração e isso explicaria a forte concentração bancária em São Paulo. Esta
conclusão é corroborada no estudo de CORRÊA (2006), que mostra que o
movimento financeiro se concentra no entorno de cidades de intensa
concentração populacional e de forte dinamismo econômico.
No que se refere ao número de sedes bancárias, conforme tabela 8, novamente é
fácil perceber a concentração existente em São Paulo, que em qualquer um dos
anos em análise, teve no mínimo 50% das sedes existentes no país localizadas
dentro do Estado (ver anexo II para relação das sedes por UF por ano). Além de
São Paulo, o Estado do Rio de Janeiro também possui um grande número de
sedes de bancos em relação às demais unidades da federação, contribuindo para
a forte concentração das sedes na região sudeste, que passou de 77% das sedes
em 1995 para quase 78,7% em 2004. Somente a região sul conseguiu ampliar
proporcionalmente sua representatividade no que se refere à localização das
sedes dos bancos, passando de 7,6% das sedes em 1995 para 9,3% em 2004.
No entanto, é interessante notar que o Rio de Janeiro, mesmo ainda sendo o
segundo Estado em sedes bancárias, apresentou uma forte redução na sua
representatividade, que diminuiu de 19% para 14%. Outro ponto que chama a
atenção é o fato de que todas as sedes da região norte estão no Estado do Pará,
assim como todas as sedes da região centro-oeste estão no Distrito Federal.
Além disso, estas sedes são todas de bancos públicos
40
.
40
Em 2004, as instituições com sede no Distrito Federal eram o Banco do Brasil, a Caixa
Econômica Federal, o Banco de Brasília (BRB) e o Bancoob. No Pará as instituições sediadas no
Estado eram o BASA e o Banpará.
36
Tabela 8 Número de sedes bancárias por Unidade Federativa e Região
para o período de 1995 a 2004
Fonte: Elaborado pelo autor baseado na seção de informações cadastrais e contábeis do Banco Central do Brasil
Por outro lado, os Estados de Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul
mantiveram o número de sedes que possuíam em 1995. No caso mineiro,
chegou-se a registrar uma diminuição até 1999, tendo o número de sedes
aumentado novamente e fazendo com que os dados de 2004 sejam iguais aos de
1995. A Bahia chegou a registrar aumento no número de sedes em 1996 e 1997,
mas voltou em 2004 para o patamar de 1995. No caso gaúcho, 2004 registra uma
sede a mais do que em 1995.
UF / Região
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
AC 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RR 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0
AP 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
AM 0 1 1 1 1 1 1 0 0 0
PA 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
TO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Norte
4
5
4
4
3
3
3
2
2
2
GO 2 2 2 1 1 1 1 0 0 0
DF 4 4 5 4 4 4 4 4 4 4
MT 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0
MS 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Centro-Oeste
7
7
8
5
5
5
5
4
4
4
SP 76 75 70 67 66 67 68 63 63 63
MG 6 6 7 4 4 5 5 5 6 6
RJ 27 26 24 21 21 18 19 17 16 15
ES 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1
Sudeste
111
109
103
94
93
92
93
86
86
85
PR 4 4 5 4 4 3 2 2 2 2
SC 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
RS 6 7 8 8 8 8 8 7 7 7
Sul
11
12
14
13
13
12
11
10
10
10
BA 2 3 3 4 3 3 3 3 2 2
AL 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0
SE 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1
PE 1 2 2 2 1 1 1 1 1 1
PB 1 1 1 1 1 1 0 0 0 0
RN 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
CE 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
MA 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0
PI 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Nordeste
11
12
11
12
10
10
9
9
8
7
Total
144
145
140
128
124
122
121
111
110
108
37
Observando o processo para o Brasil, a redução do número de sedes bancárias
foi da ordem de 25%, sendo mais forte após 1998. De 1995 a 1997 o número de
sedes permanece praticamente o mesmo.
Em 1995, 21 Unidades Federativas tinham pelo menos uma sede bancária, tendo
chegado a 22 Unidades da Federação com sede bancária em 1996. De 1997 em
diante ocorre o processo de concentração das sedes regionalmente, sendo que
em 2004 somente 14 UF`s possuíam pelo menos uma sede bancária.
No entanto, a distribuição espacial da atividade econômica, ao menos no caso
brasileiro, não parece ser a única fonte de explicação para o grau e a evolução da
concentração bancária. Vale ressaltar que a relação entre participação no PIB e
participação nas operações de crédito não é direta.
(...) a ausência de agências bancárias no Norte e
no Nordeste certamente influencia esse fato. Em
31/12/2003, dos 1.600 municípios brasileiros sem
agência bancária e sem PAB (Posto de
atendimento bancário), 770 (48,1%) estavam no
Nordeste e 233 (14,6%), no Norte. E, em segundo
lugar, há outros fatores que influenciam a
demanda por (e, conseqüentemente, a oferta de)
operações de crédito. Nas regiões mais
desenvolvidas do País, predominam firmas
maiores, com estrutura de capital mais
desenvolvida e, assim, com uma propensão ao
endividamento maior, o que faz com que nessas
regiões haja uma maior demanda por crédito
bancário” (ALEXANDRE, M. et al., 2005: pp. 25).
SICSÚ e CROCCO (2003) buscam exatamente a resposta para o que leva uma
agência a ser localizada numa determinada região. Quais as variáveis que os
bancos levam em conta na decisão de manter uma agência aberta ou fechá-la? O
que fica claro é que os fatores que motivam a localização da sede do banco não
são necessariamente os mesmos que levam à localização das agências. Os
autores buscaram na teoria da localização da firma industrial inspiração para
respondê-la e, adaptando-a a realidade do setor, concluem que o fator transporte
não é uma variável relevante já que a firma bancária se localiza dentro do seu
mercado consumidor e do mercado fornecedor.
38
Quanto aos fatores aglomerativos
41
, estes influiriam mais na localização da sede
do banco, do que na localização das agências
42
. Assim, as externalidades do
mercado de trabalho, como a dependência de mão-de-obra especializada, seriam
uma necessidade mais premente para as sedes. O mesmo raciocínio vale para a
demanda por serviços intermediários, spillovers tecnológicos e de informação
43
.
Para a localização das agências, são relacionadas três variáveis que devem ser
levadas em consideração: i) o fator populacional; ii) o fator renda; e iii) o fator
distribuição da renda. Acredita-se que todos os três fatores devem ter uma
relação positiva com o número de agências existentes numa determinada
localidade, ou seja, quanto maior a população, maior a renda e melhor for a
distribuição da renda, maior o número esperado de agências.
Todavia, mesmo que exista concentração bancária, é importante verificar se o
mercado é imperfeito. Será que o setor bancário brasileiro é contestável?
44
As
evidências apontam para a existência de um mercado não contestável. Segundo
BELAISCH (2003), existe uma estrutura bancária oligopolizada no Brasil, onde os
bancos extraem vantagens, no que tange às receitas, da diversificação
geográfica
45
. Para NAKANE (2001), o setor bancário brasileiro não trabalha de
forma cartelizada, embora também não se comporte de maneira competitiva.
Além disso, observa que os bancos brasileiros utilizam mais seu poder de
41
SICSÚ e CROCCO (2003) acreditam que as forças desaglomerativas ainda não são “fortes o
suficiente para que fosse observado um processo de realocação das atividades dos grandes
centros financeiros” e maiores seriam os motivos para acreditar que também não possuem efeito
sobre a localização das agências.
42
ALEXANDRE et al. (2005) indicam como causas para a concentração bancária: a busca de
ganhos de escala e escopo; externalidades favoráveis como infra-estrutura, capital humano e
sistema judicial, na escolha da localização da sede; e “spillovers” informacional e externalidades
geradas pela própria concentração.
43
No caso dos “spillovers” tecnológicos, não seria necessária a aglomeração das agências, pois
as sedes poderiam repassar as inovações.
44
Para TONOOKA e Koyama (2003: pp.16), “com exceção do mercado de notas promissórias,
todos os demais mercados apresentam graus de concentração relativamente baixos, talvez baixos
o suficiente para não caracterizar a existência de poder de mercado por parte dos bancos”. Este
resultado foi obtido numa análise por produto, mas sem observar a dimensão regional, onde os
próprios autores levantam a possibilidade de existir poder de mercado regional.
45
Os resultados não são suficientes para apontar que os bancos estrangeiros também se
comportam de forma oligopolista. Nestes casos, as receitas são mais sensíveis aos custos.
Adicionalmente, o aumento da competição bancária não pode ser considerado como a força motriz
da redução nas taxas de juros no caso brasileiro (BELAISCH, 2003).
39
mercado no longo prazo do que no curto
46
. Desta forma, o setor bancário
brasileiro se comporta de maneira que se encaixaria num modelo intermediário
entre a concorrência perfeita e o monopólio / cartel
47
. Há indícios de que a
questão regional é fundamental no grau de competitividade do mercado, assim
como a atividade em questão, tal como a atividade de empréstimo bancário.
“Os resultados mostram que a hipótese de
comportamento competitivo não pode ser
rejeitada para os bancos estrangeiros, enquanto a
de oligopólio pode. Por outro lado, bancos
pequenos e médios e bancos estatais se
comportam oligopolisticamente. Deve ser o caso
de que os bancos pequenos operam em regiões
do Brasil que possuem poucos bancos e onde se
beneficiam de poder de mercado local.
Finalmente, não é possível diferenciar entre
oligopólio e competição no segmento de
empréstimos bancários, onde os grandes bancos
operam” (BELAISCH, 2003: pp. 17).
Na próxima seção foca-se o impacto deste processo de concentração do setor
bancário brasileiro sobre o crédito.
3.2. Impacto da concentração bancária na concessão de crédito
No tocante à concessão de crédito, também surgem dois movimentos
influenciadores do volume a ser concedido: i) o conceito de regiões centrais e
periféricas, onde a periferia caracteriza-se por ser mais volátil e instável. Neste
caso, os bancos possuem maior preferência pela liquidez nestas regiões e o
crédito é racionado; e ii) a concentração das sedes bancárias em adição à
existência de custos de informação, levam a um maior desconhecimento de
regiões mais distantes do centro decisório dos bancos, acarretando uma postura
46
NAKANE (2002) realizou um estudo para os dados agregados dos bancos brasileiros para o
período de agosto de 1994 a agosto de 2000, observados mensalmente. O autor seguiu a
metodologia desenvolvida por BRESNAHAN (1982) e LAU (1982), que visa identificar e mensurar
empiricamente o grau de competitividade em uma indústria. Segundo o autor, a utilização desta
metodologia já levou à conclusão, via diversos trabalhos já realizados, que os mercados bancários
canadense, americano e colombiano são competitivos. Já os bancos uruguaios se comportam de
forma oligopolizada, os bancos finlandeses apresentam competição imperfeita e para os bancos
europeus (França, Dinamarca, Alemanha, Holanda, Espanha e Reino Unido) existe evidências de
cartel.
47
Ver também NAKANE, M. et al. (2006).
40
mais cautelosa por parte destes na concessão de crédito para estas regiões. A
decisão de emprestar dependerá da confiabilidade que os bancos possuem na
base de informações disponível.
Por definição, as regiões centrais possuem uma trajetória de crescimento mais
estável. Portanto, a incerteza é mais marcante na periferia, que também
apresenta maior relação cash-depósitos oriunda do menor nível de renda e
maior participação do setor informal, e conseqüentemente, os agentes destas
tendem a apresentar uma maior preferência pela liquidez, inclusive os bancos.
Este fato tende a manifestar-se numa maior relação reserva-depósitos na periferia
do que no centro (AMADO, 1998).
Ao adicionar esse ambiente de maior incerteza nas regiões periféricas com a
questão da concentração bancária, onde as sedes estão concentradas no centro
e a base de informações referentes à periferia é mais remota, chega-se a um
mecanismo onde o crédito tende a ser concentrado, perpetuando ou até mesmo
reforçando a situação de desigualdade existente na economia. Além disso, os
bancos de atuação nacional tendem a estender crédito nas economias periféricas,
através de filiais de empresas também sediadas na região central, com as quais o
banco já possui um histórico de relação
48
.
Ademais, se já existe uma tendência de restrição ao crédito nas regiões
periféricas, é de se esperar que esta restrição seja ainda maior no caso das
empresas de menor porte, pois a obtenção de informações relativas a estas
empresas é ainda mais difícil. Conseqüentemente, as empresas de menor porte,
caso optem por obter financiamento bancário, provavelmente recorrerão aos
bancos locais, caso existam. Estes, por seu turno, se beneficiarão desta relação
48
“A concentração bancária tende a gerar/acentuar um processo de concentração industrial. (...)
bancos que operam no nível nacional e que ganham importância em decorrência do processo de
concentração bancária tenderão a estender crédito em economias periféricas através de firmas
com as quais eles tenham alguma ligação, normalmente filiais de firmas que também têm suas
sedes nas economias centrais, uma vez que a base de informações dessas firmas é menos volátil
ao banco do que a de firmas locais. (...) Esse processo de concentração industrial também terá
efeitos sobre a futura disponibilidade financeira na região, uma vez que as firmas extra-regionais
tendem a manter maiores ligações na compra de insumos com as suas regiões de origem e isso
culminará por ampliar a drenagem financeira das regiões periféricas, reduzindo assim a
disponibilidade de finanças nessas regiões” (AMADO, 1998: pp. 85).
41
de proximidade, sabendo que o cliente dificilmente conseguirá o financiamento
em outra instituição localizada mais distante.
“Avaliações de crédito, principalmente para firmas
pequenas, freqüentemente envolvem informações
imprecisas e difíceis de transmitir, coletadas em
um amplo espectro de dimensões. A natureza
dessas informações limita a concorrência
bancária às instituições financeiras próximas ao
cliente” (FERREIRA e FARINA, 2005: pp. 186).
A idéia do impacto da preferência pela liquidez e da incerteza sobre a forma de
atuação dos bancos é reforçada no trabalho de DE PAULA et al. (2001), onde os
bancos, pela sua natureza especulativa, buscam equilibrar lucratividade com
escala de preferência pela liquidez. Quando as expectativas são otimistas, os
bancos privilegiam rentabilidade à liquidez, o que impacta positivamente nas
operações de empréstimos de maior prazo. Por outro lado, em momentos de
expectativas negativas e alta incerteza, os bancos direcionam suas aplicações
para ativos de maior liquidez, o que reduz a oferta de crédito de mais longo prazo.
Segundo AMADO (2006: pp. 90), “a formação de expectativas com base em
convenções traz uma extrema volatilidade à economia, uma vez que a deixa
sujeita a súbitas e intensas transformações”. Esta característica de economias
monetárias de produção leva ao aumento da importância da realização de
contratos monetários, pois estes são uma forma do agente reduzir as incertezas.
Além disso, a moeda é demandada como meio de adiar a tomada de decisão, por
se tratar do ativo de maior liquidez.
Desta forma, pode-se notar que as expectativas possuem uma forte influência na
maneira como os bancos realizam suas operações. No entanto, dada a
concentração bancária que reflete a diferenciação das regiões em centro e
periferias, existe uma desigualdade na formação das expectativas das diversas
localidades, impactando na concessão de crédito. DE PAULA et al. (2001)
corroboram e aprofundam a idéia ao afirmar que o volume e as condições de
42
oferta de crédito são determinados pelas conjecturas dos bancos em relação ao
retorno dos empréstimos
49
.
Baseado nos conceitos de incerteza, risco de liquidez e regiões centrais e
periféricas, é de se esperar que um processo de concentração bancária que
praticamente elimine os bancos de caráter regional periférico tenderá a acentuar
as restrições financeiras dessas regiões
50
. Ou seja, tendo em vista o processo de
concentração bancária vivenciada no Brasil nos últimos anos, supõe-se que haja
uma maior restrição financeira nas regiões menos desenvolvidas e que esta
realidade se perpetue, prejudicando o desenvolvimento econômico destas áreas.
O Gráfico 3 mostra a participação de uma determinada unidade da federação no
PIB, no estoque de crédito e no estoque de depósitos. Pode-se verificar que São
Paulo e o Distrito Federal apresentam participação no estoque de crédito superior
à participação no PIB. O caso paulista é reflexo justamente da concentração de
crédito existente no país, sendo o contraponto deste fato o vazamento de
depósitos facilmente verificado em estados como o Acre e Pernambuco, cuja
curva de participação nos depósitos fica acima da curva de participação nos
créditos.O caso do Distrito Federal (DF) parece refletir o fato de sediar os grandes
bancos públicos
51
.
Dois estados apresentam tendências interessantes. Minas Gerais, que no início
da série se encaixava na caracterização de uma região com vazamento de
poupança, mesmo que ainda apresente participação no crédito inferior à sua
participação no PIB, apresenta de 2002 a 2004 uma redução na diferença entre
participação nos depósitos e participação no crédito, sendo que o vazamento
praticamente deixa de existir no último ano em análise.
49
OREIRO (2004) também se posiciona a favor desta idéia. Segundo o autor, “o nível de atividade
econômica não depende apenas do volume de crédito concedido pelos bancos como também dos
termos nos quais esse crédito é concedido”
50
AMADO (2006) argumenta que o processo de concentração bancária foi incentivado justamente
por não se ver nenhuma importância na existência de bancos regionais.
51
“O Distrito Federal concentra as operações dos dois maiores bancos públicos (Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal) de modo superior ao dos demais estados” (VASCONCELOS, M. et al.,
2004: pp.10). Por essa razão, e como as lógicas de empréstimo de bancos públicos e privados
são diversas, os autores decidiram retirar o DF da análise que realizaram.
43
Gráfico 3 Participação percentual no PIB, no estoque de depósitos à vista
e no estoque de operações de crédito para alguns Estados selecionados*
Fonte: Elaborado pelo autor baseado em dados do Banco Central e das Contas Nacionais IBGE.
* DV refere-se ao estoque de depósitos à vista e OCRED ao estoque de operações de crédito
O Rio Grande do Sul também apresenta participação no crédito inferior à
participação no PIB, mas possui uma relação entre crédito e depósito que não
permite caracterizar a região como exportadora de poupança. O estado gaúcho
apresenta praticamente a mesma participação tanto no crédito quanto no
depósito.
SÃO PAULO
30,9
31,8
32,6
33,4
33,7
35,5
34,9
35,5 35,5
34,9
38,5
36,7
38,0
36,9
38,6
39,0
37,0
39,0
39,4
37,3
46,1
53,4
56,9
58,3
58,9
50,0
48,6
48,5
42,8
55,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
RIO GRANDE DO SUL
8,1
8,2
7,8
7,8
7,7
7,7
7,7
7,9
8,1
8,3
5,7
5,8
5,85,8
5,4
6,1
5,5
5,3
5,6
5,7
5,8
6,1
6,3
5,6
5,2
4,6
5,3
5,7
5,7
5,3
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
DISTRITO FEDERAL
2,762,69
2,29
2,75
2,29
2,12
2,05
2,65 2,43 2,46
5,49
7,58
5,53
6,01
6,28
5,03
5,42
5,76
5,33
8,04
6,89
4,98
4,81
4,82
6,73
9,65
9,40
7,81
7,66
2,71
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
ACRE
0,15
0,15
0,16
0,15
0,16
0,16
0,18
0,17
0,17
0,15
0,21
0,18
0,180,20
0,19
0,21
0,20
0,17
0,32
0,26
0,05
0,070,07
0,05
0,05
0,030,04
0,05
0,06
0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
MINAS GERAIS
9,7
10,1
10,0
9,8
9,6 9,6
9,5
9,3
9,3
9,4
6,6
7,1
7,0
7,8 7,5
7,5
7,3
7,0 7,1
7,6
5,9
5,0
5,3 5,2
4,8
5,0
5,4
7,5
5,5
4,3
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
PERNAMBUCO
2,7
2,7
2,7
2,7
2,7
2,6
2,6
2,7 2,7 2,7
2,9
2,4
2,6
2,8
2,3
2,3
2,2
2,3
2,0
2,1
2,0
2,1
1,8
1,5
1,2
1,1
1,1
1,2
3,3
1,9
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
% PIB %DV % OCRED
44
Vale ressaltar que, conforme já relatado anteriormente, a relação entre crédito e
PIB não é direta. São Paulo apresenta um declínio na participação do PIB
nacional, mas aumenta a participação no estoque de crédito, novamente
indicando os efeitos do processo de concentração bancária. Obviamente São
Paulo se beneficia de ser sede de vários grupos empresariais nacionais e,
conforme relatado, os grandes bancos nacionais preferem conceder
financiamento para as regiões periféricas, via empresas cuja sede esteja na
região central.
Por fim, seguindo a mesma linha de pesquisa de estudos internacionais e
apresentados no capítulo 2, é de se esperar que a natureza do produto em
análise afete o grau de concorrência no mercado local, ou seja, o poder de
mercado que uma instituição pode exercer numa determinada localidade depende
do produto em questão.
A proximidade física facilita o monitoramento dos
clientes próximos, o que configura uma vantagem
comparativa a ser explorada nas operações de
crédito. Depósitos não exigem monitoramento e
não são muito afetados pela proximidade dos
bancos” FERREIRA e FARINA (2005: pp. 179)
No entanto, a análise por produto está foro do escopo do presente trabalho. No
próximo capítulo é apresentado o modelo aqui sugerido, que visa captar os efeitos
do processo de concentração bancária sobre o crédito, e os resultados obtidos.
45
CAPÍTULO 4 CONCENTRAÇÃO BANCÁRIA E CONCESSÃO DE CRÉDITO:
RESULTADOS EMPÍRICOS PARA O BRASIL
Como visto nos capítulos anteriores, a consolidação do setor bancário é um
fenômeno ocorrido em vários países e que, no caso brasileiro, foi reforçado com a
estabilização em 1994. No entanto, o setor bancário é fundamental na economia,
principalmente ao se levar em conta o seu aspecto monetário, onde os bancos
atuam de forma a reduzir os riscos e fornecer liquidez aos investimentos, por um
lado, e alocar estes recursos em financiamentos e empréstimos por outro lado.
No entanto, o sistema bancário incorre em custos de informação, ao analisar mais
detalhadamente os projetos a serem financiados, como a situação econômica da
região onde este projeto está localizado e a qualificação dos empreendedores.
Estes custos são potencializados quando se leva em conta a questão regional e a
distância entre o local do projeto a ser financiado e a instituição financiadora,
inclusive no que tange à qualidade da informação disponível. A região periférica
cuja característica é a de uma região mais instável do que a região central, ainda
é penalizada pela menor presença bancária, seja em número de agências ou de
sedes bancárias. A concentração bancária na região central faz com que a
informação referente à região mais estável e rica seja a de mais fácil obtenção.
Adicionalmente ao custo da informação, o processo de concentração bancária
viabiliza aos bancos exercerem algum tipo de poder de mercado, mesmo que seja
em uma região específica, onde o banco percebe a ausência de concorrência, ou
em algum produto onde o banco encontre um nicho de mercado. Esta postura dos
bancos é facilitada pela dificuldade dos clientes transferirem suas informações de
uma instituição para outra, acarretando um problema de assimetria da informação
e, por sua vez, pode conduzir a um acirramento da incerteza e da preferência pela
liquidez.
Este capítulo objetiva captar o impacto do processo de consolidação bancária que
vem ocorrendo no Brasil sobre a concessão de crédito, quando a análise leva em
conta a perspectiva regional. Os resultados corroboram a idéia de que o processo
46
de consolidação do setor bancário, como o que tem ocorrido no Brasil, tem um
efeito negativo sobre a concessão de crédito, principalmente para as regiões
periféricas.
Baseado nos argumentos teóricos previamente apresentados, a próxima seção se
incumbe de apresentar o modelo. São apresentados os dados utilizados, as
variáveis que compõem o modelo e é feita uma análise descritiva destas. Na
segunda parte, são apresentados os resultados obtidos, inclusive verificando a
robustez destes.
4.1. Dados e modelo
Baseado nos argumentos teóricos até agora apresentados, o modelo estimado
possui o estoque de crédito como variável dependente e pode ser descrito
conforme segue:
iITITTITITITITIT
UDUMMYANONUMSEDESELICTHEILPOPAGPIBPCDVPCCREDPC ++++++++=
16543210
δβββββββ
CREDPC
it
: log do estoque per capita de crédito na UF
i
;
DVPC
ti
: log do estoque per capita de depósitos na UF
i
;
PIBPC
ti
:
log do PIB per capita da UF
i
;
POPAG
ti
: log da razão entre população e número de agências na UF
i
;
THEIL
ti
: Índice de Theil na UF
i
;
SELIC
It-1
: log da taxa de juros defasada em um período;
NUMSEDE
It
: número de sedes bancárias existentes na UF
i;
DUMMYANO
1
: dummy para o período de 1995 a 1999.
U
i
: componentes do erro (erros idiossincrático e específico)
SICSÚ e CROCCO (2003) buscam identificar quais as variáveis-chave na
definição de localização bancária. Mesmo esta dissertação não tendo o objetivo
de aprofundar o estudo sobre localização da agência bancária, esta é uma
informação importante na análise sobre concessão de crédito, pois a informação é
um item relevante neste setor. Assim, espera-se que, onde exista maior número
de agências, seja maior o crédito concedido. Para viabilizar a comparação entre
estados, foi elaborada uma razão entre a população do Estado e o número de
47
agências (POPAG), buscando refletir a extensão da atuação de cada agência
52
.
Quanto maior a razão, menor a presença bancária em relação ao tamanho da
população e, desta forma, menor deve ser o crédito concedido nesta região.
Além disso, a renda da região (PIBPC) e o grau de concentração desta (THEIL),
completam as variáveis identificadas como relevantes na determinação da
localização da firma bancária. Apesar de não introduzir estas variáveis com a
mesma formatação utilizada no trabalho de SICSÚ e CROCCO (2003), todas as
três variáveis estão presentes no modelo: PIB per capita, Índice de Theil e a razão
população / número de agências. Espera-se que o PIB per capita apresente sinal
positivo, ou seja, quanto maior a renda média da população da região, maior o
estoque de crédito per capita. Quanto ao índice de concentração, o sinal
esperado é ambíguo, pois a concentração de renda tanto pode representar um
desestímulo, visto que regiões com maior concentração tendem a apresentar
menor número de agências, quanto um estímulo, dependendo das políticas locais
ou setoriais que incentivem o crédito como instrumento no processo de
desconcentração regional de renda.
Vale ressaltar que o número de agências aqui utilizado se refere ao número de
agências com balancetes processados pelo Banco Central do Brasil. Esta opção
foi realizada para conciliar o número de agências com os dados referentes ao
estoque de crédito e de depósitos à vista que são retirados dos balancetes em
questão. Doravante esta diferenciação não será mais realizada, sendo o número
de agências processadas denominada simplesmente de número de agências.
Tanto os dados de crédito quanto os de depósito são relativos ao estoque
existente em dezembro de cada ano e são o resultado da agregação de um
conjunto de variáveis, conforme o Plano Contábil do Sistema Financeiro Nacional
52
SICSÚ e CROCCO (2003), elaboraram dois índices referentes à distribuição geográfica das
agências bancárias, com o intuito de facilitar a comparação dos resultados e entender melhor
como se processa a escolha da localização da firma bancária. Um dos índices é a razão entre a
proporção da população do Estado em relação à população do país sobre a proporção do número
de agências do Estado sobre o número de agências do país. O segundo índice segue a mesma
idéia, sendo utilizada a proporção do PIB no lugar da proporção da população. No presente
trabalho, é utilizada uma razão mais simples, simplesmente entre a população da Unidade
Federativa em relação ao número de agências localizadas na respectiva UF.
48
(COSIF)
53
(ver anexo III). O crédito é denominado operações de crédito e é
composto por empréstimos e títulos descontados, financiamentos, financiamentos
rurais à agricultura e à pecuária
54
, financiamentos agroindustriais, rendas a
apropriar de operações de financiamentos rurais e agroindustriais, financiamentos
imobiliários, operações especiais, créditos em liquidação e outras operações de
crédito. Já os depósitos são constituídos por depósitos tanto dos governos quanto
do setor privado.
A utilização da variável depósito no mesmo período, sem defasagem temporal,
está baseada na idéia de bancos que atuam ativamente na administração do
passivo, característica da evolução do sistema bancário, conforme discutido por
Victoria Chic (1992)
55
. Para os depósitos espera-se encontrar uma relação
positiva com o crédito, conforme largamente aceito pela teoria.
“No enfoque pós-keynesiano, os bancos estão
atuando no estágio V da evolução bancária
elaborada por Chick (1992), ou seja,
pressupõe a existência de um banco central
em sua função de emprestador de última
instância e o desenvolvimento de técnicas de
administração de passivo por parte dos
bancos. Os bancos nesta perspectiva são
vistos como agentes ativos que administram
dinamicamente os dois lados de seu balanço,
o que significa que eles não tomam o seu
passivo como dado, na medida em que
procuram influenciar as preferências dos
depositantes, através do gerenciamento das
obrigações e da introdução de inovações
53
O Plano Contábil do Sistema Financeiro Nacional (COSIF) foi criado com a edição da Circular
1.273, em 29 de dezembro de 1987, com o objetivo de unificar os diversos planos contábeis
existentes à época e uniformizar os procedimentos de registro e elaboração de demonstrações
financeiras (BANCO CENTRAL DO BRASIL)
54
Os financiamentos rurais à agricultura e à pecuária envolvem contas de custeio / investimento e
de comercialização.
55
A evolução do sistema bancário pode ser assim descrito: 1º estágio) os depósitos são o
elemento limitador do sistema, são o parâmetro para reservas e créditos; 2º estágio) os depósitos
passam a ser tratados como meios de pagamento e os bancos passam a estender crédito como
múltiplo de suas reservas; 3º estágio) surge a possibilidade de empréstimos entre bancos,
tornando os empréstimos livres da restrição das reservas. As reservas limitam o sistema como um
todo, mas não um banco em específico; 4º estágio) a autoridade monetária assume o papel de
emprestador de última instância e todo o sistema fica livre da restrição imposta pelas reservas; e
estágio) caracteriza-se pela administração de passivos dos bancos. Os bancos concedem
crédito e depois buscam novos depósitos que equilibrem seus balanços. (AMADO, 1998)
49
financeiras” (DE PAULA e ALVES JR., 2003:
pp. 5).
Ao incluirmos a razão população sobre número de agências no modelo, a questão
da concentração regional das agências está sendo tratada. No entanto, falta a
observação sobre a concentração das sedes bancárias. Para isso, foi elaborada a
variável NUMSEDE que se refere ao número de sedes bancárias existentes em
uma determinada unidade federativa por ano. Os dados foram extraídos das
informações cadastrais e contábeis do Banco Central do Brasil. Prevê-se que
quanto maior o número de sedes bancárias existentes em uma região, mais fácil a
obtenção de informações sobre os clientes e projetos, assim como mais provável
que o mercado regional seja competitivo, facilitando as condições para a tomada
do crédito.
Na verdade, esta variável funciona como uma proxy para o número de sedes
bancárias dos dados em análise neste trabalho. Os dados obtidos para crédito,
depósito e número de agências são relativos a bancos comerciais, bancos
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas. Já a variável NUMSEDE
inclui toda a listagem de bancos obtidas do relatório supracitado, onde pode
eventualmente constar algum banco que não se encaixa na caracterização dos
bancos cujos dados são aqui analisados. Não se pretendeu realizar um ajuste na
listagem, devido à possibilidade de incorrer em algum erro de exclusão ou até
mesmo de manutenção dos bancos na listagem.
Finalmente há a dummy para o período de 1995 a 1999 (DUMMYANO) e a
variável referente à taxa de juros (SELIC). A dummy para o período de 1995 a
1999 foi incluída para captar a diferença existente no processo de consolidação
do setor entre este período e o período posterior, com início no ano 2000,
conforme analisado no capítulo 3
56
. Desta forma, para os anos de 1995 a 1999
56
No estudo de VASCONCELOS et al. (2004), que também analisou a questão da reestruturação
do setor bancário e a concessão de crédito no âmbito regional, mas com foco maior na
privatização, os dados para o período de 1994 a 2002 são analisados com uma quebra em
1998/1999. “Após termos verificado um avanço [do crédito] nos primeiros anos do Plano Real, a
partir de 1998 notamos uma tendência de queda, pois com o despontar das crises internacionais
em meados de 1997 começa a haver uma contração de crédito. Sendo assim, os dados sobre o
crédito por UF foram separados em dois sub-períodos: 1994-1998 e 1999-2002, para captar tanto
a mudança no comportamento do crédito quanto aos impactos das aquisições de bancos
50
a dummy recebe valor um, para os demais anos o valor é zero. Conforme já
demonstrado no capítulo 3, o processo de consolidação para o período de 1995 a
1999, apesar de ser mais intenso no que se refere ao número de bancos que
deixaram de existir, teve um impacto menor sobre a concentração dos ativos
totais do setor bancário do que o ocorrido no período seguinte. Desta forma,
pode-se supor que após a concentração ocorrida de 1995 a 1999, os bancos
passaram a exercer com maior efetividade o poder de mercado obtido com o
processo. Assim, o estoque de crédito médio do período inicial deve ser maior do
que para o período de 2000 a 2004, perfazendo um sinal positivo para
DUMMYANO.
No que se refere à taxa de juros (SELIC), foi calculada a taxa real com base na
taxa over-selic, por ser a taxa básica da economia, e o IPCA anual
57
, por ser um
índice com menor influência de variações cambiais, além de ser o índice de
inflação oficial. A série para a taxa de juros foi a taxa anual, captada diariamente,
sendo utilizado o valor do último dia do ano. Além disso, conforme já bem aceito
pela teoria, o efeito da taxa de juros sobre a economia possui uma defasagem
temporal. No entanto, como a série aqui analisada é composta por 10
observações, a série temporal fica insuficiente para a aplicação de testes de
séries temporais que visem captar a melhor defasagem a ser utilizada. Na
impossibilidade de adotar uma defasagem inferior a um ano e acreditando que
defasagem superior a este tempo é desnecessária para captar os efeitos da taxa
de juros sobre a economia, adotou-se a defasagem de um período, ou seja, um
ano. Novamente seguindo o senso comum e a teoria econômica, espera-se uma
relação negativa entre a taxa de juros e a concessão de crédito.
Com o intuito de captar os efeitos reais das variáveis, os dados de crédito
(CREDPC) e de depósito (DVPC) foram corrigidos a valores de dezembro de
2004 utilizando-se o IPCA. Para a variável de PIB per capita (PIBPC) adotou-se o
deflator implícito, historicamente utilizado no que se refere à correção dos valores
estaduais e regionais pelos grandes bancos nacionais e de controle estrangeiro”
(VASCONCELOS, M et al., 2004: pp. 8)
57
O índice de inflação utilizado para o IPCA foi o índice de dezembro a dezembro, justamente por
ser o índice recomendado na análise de dados em estoque, como os dados de crédito e depósito
existentes no presente trabalho.
51
correntes do produto interno. Para as demais variáveis não é necessária a adoção
de nenhum tipo de correção pela inflação.
No que concerne o índice de concentração de renda de Theil (THEIL), a série de
dados possui uma falha no ano 2000 (ano de realização do censo). Como forma
de estimar os valores para este ano, tornando o painel balanceado
58
, foi realizada
uma interpolação levando-se em conta os anos de 1997 a 2003, ponderando os
anos mais próximos do ano 2000, com pesos maiores. A utilização de vários anos
para a realização da interpolação e a ponderação dos anos buscou suavizar a
série e captar melhor a tendência.
Por fim, para viabilizar a análise de sensibilidade, as variáveis foram
transformadas em logaritmos, exceção para o índice de theil, o número de sedes
e a dummy para o período de 1995 a 1999. Além disso, utiliza-se as variáveis
crédito per capita, depósito per capita e produto per capita para possibilitar uma
melhor comparação / dimensionamento do efeito do processo de concentração
bancária sobre a concessão de crédito.
Vale ressaltar que, apesar de VASCONCELOS et al. (2004) retirar o Distrito
Federal, conforme mencionado anteriormente, evitando um possível viés nos
resultados devido às características inerentes à região, no presente trabalho
todas as unidades da federação serão consideradas, pois não somente o Distrito
Federal apresenta algumas características específicas, mas também São Paulo e
outras unidades. Justamente estas características são captadas em modelos de
dados em painel. Além disso, ao contrário do exposto naquele trabalho, não é
foco desta dissertação analisar as diferenças existentes entre empréstimo de
bancos públicos e privados, e sim o efeito da concentração bancária sobre a
concessão de crédito.
Apesar de ser um campo relevante de análise, a questão legal e regulatória não
será abordada no presente trabalho, pois todos os Estados brasileiros possuem o
58
Existem métodos que possibilitam a estimação de painéis não balanceados. Para maiores detalhes ver
WOOLDRIDGE (2002). No entanto, dado que a série aqui analisada não é composta de um grande número
de anos, preferiu-se balancear o painel a descartar dados da série.
52
mesmo marco jurídico no que se refere ao sistema bancário. Desta forma, mesmo
que se argumente que estas variáveis possuem efeito negativo no caso brasileiro,
com um sistema regulatório que não protege o credor e, com isso, inibe o
desenvolvimento do setor creditício, isto é verdade para todos os Estados
brasileiros, não sendo um fator de comparação entre estes
59
.
Os dados de crédito, depósito e agências foram obtidos do Banco Central do
Brasil. Os dados de PIB per capita, a série dos índices de concentração de Theil e
série da taxa de juros, assim como as taxas de inflação e os dados de população
foram obtidos no IPEA e no IBGE. A seguir são apresentadas as estatísticas
descritivas (tabela 9).
Tabela 9 - Estatística descritiva das variáveis analisadas: 1995 - 2004
VARIÁVEL OBS MÉDIA DESVIO PADRÃO MÍNIMO MÁXIMO
CREDPC 270 7.4163 0.9643 5.8830 10.4674
DVPC 270 5.8667 0.5971 4.8132 8.0727
PIBPC 270 8.7607 0.5321 7.6695 9.9756
POPAG 270 9.5831 0.4840 8.7115 10.5355
THEIL 270 0.6850 0.1116 0.3388 0.9608
SELIC 270 2.5784 0.5012 1.8617 3.5218
NUMSEDE 270 4.6407 13.0902
0 76
DUMMYANO 270 0.5 0.5009
0 1
Fonte: dados do trabalho
Utilizando-se das variáveis acima descritas e dado o objetivo de demonstrar que o
processo de concentração bancária levou a uma concentração de crédito, foi
realizada uma análise de painel, com dados para as 27 unidades da federação
(UF) no período de 1995 até 2004.
Pelo fato dos painéis conterem observações periódicas das mesmas variáveis,
estes possuem um grande potencial de resolver questões que os modelos de
cross-section não conseguem tratar adequadamente. CAMERON e TRIVEDI
(2005) atribuem à modelagem via painel a vantagem de aumentar a precisão da
59
Para PINHEIRO, Armando C. e CABRAL, C. (1999), existem especificidades na forma como a
legislação é aplicada para cada unidade da federação, devido a diferenças na forma como o
judiciário estadual atua. Além disso, demonstra que os direitos creditórios são fracamente
protegidos no Brasil, com a demora e os custos processuais sendo apontados como grandes
problemas do sistema jurídico e, conseqüentemente, a razão crédito / produto é afetada
negativamente. No entanto, mesmo que haja diferenças na aplicação da regulação bancária para
as unidades da federação, o objetivo do presente trabalho está na captação do impacto da
concentração bancária sobre o crédito. Desta forma, a questão legal não será abordada
explicitamente no modelo.
53
estimação. São benefícios da análise de dados em painel
60
: i) controla para a
heterogeneidade individual (no caso, das unidades da federação); ii) fornece mais
informação, maior variabilidade, menor colinearidade entre as variáveis, mais
graus de liberdade e maior eficiência; iii) é melhor para estudar a dinâmica de
ajustamento; iv) é melhor para identificar e mensurar efeitos que são
simplesmente não detectáveis em cross-section pura ou pura série temporal; v)
permite a construção e teste de modelos comportamentais mais complexos.
Existem diferentes modelos que podem ser utilizados em dados em painel: i)
pooled ou empilhados; ii) efeito aleatório; e iii) efeito fixo. Além disso, existem
diferentes formas de estimar os coeficientes, sendo as mais usuais: i) mínimos
quadrados empilhados; ii) between; iii) efeito fixo; iv) primeira diferença; e v) efeito
aleatório. A tabela 10 mostra a consistência dos estimadores, em modelos
lineares, dada a maneira como os coeficientes foram obtidos e o modelo de painel
utilizado.
Tabela 10 Modelos lineares de Painel: estimadores usuais e modelos
Modelo assumido
Método de estimação
Dados Empilhados Efeito aleatório Efeito fixo
MQO Empilhados Consistente Consistente Inconsistente
Between Consistente Consistente Inconsistente
Efeito Fixo Consistente Consistente Consistente
Primeira Diferença Consistente Consistente Consistente
Efeito aleatório Consistente Consistente Inconsistente
Fonte: CAMERON e TRIVEDI (2005: pp.699)
Existe a possibilidade do modelo aqui proposto possuir variáveis endógenas,
especificamente, as variáveis de depósitos (DVPC) e PIB (PIBPC). No entanto, as
variáveis são altamente correlacionadas com a própria variável defasada,
prejudicando a utilização destas como instrumentos. Diante disso, e da dificuldade
de se obter outros instrumentos eficazes, o modelo será estimado assumindo-se a
hipótese de exogenia. Não obstante, observa-se que o mais recomendado para
as variáveis de PIB (PIBPC) e da taxa de juros (SELIC) seria a utilização das
respectivas expectativas, mas não estão disponíveis séries de dados para todo o
60
Ver BALTAGI (2005).
54
período aqui em análise. Assim, na próxima seção são apresentados os
resultados obtidos para o modelo aqui sugerido, utilizando-se os três modelos:
dados empilhados, com efeito aleatório e com efeito fixo.
4.2. Resultados
Observa-se, através da matriz de correlação (tabela 11), que a relação positiva
entre o índice de concentração (THEIL) e a razão população / número de
agências (POPAG) corrobora o argumento de SICSÚ e CROCCO (2003), ou seja,
quanto mais concentrada for a renda em uma determinada região, menor o
número de agências necessárias para captar a renda disponível, maior será a
razão entre população e agências. Da mesma forma, quanto maior a razão
população / número de agências, menor o crédito per capita, indicando que a
presença de agências bancárias é fundamental para a concessão de crédito.
Tabela 11 Matriz de correlação entre as variáveis analisadas: 1995 - 2004
CREDPC DVPC PIBPC POPAG THEIL SELIC NUMSEDE DUMMYANO
CREDPC 1.0000
DVPC 0.7361 1.0000
PIBPC 0.6895 0.8087 1.0000
POPAG -0.7859 -0.6579 -0.7581 1.0000
THEIL -0.0715 -0.3186 -0.4666 0.2952 1.0000
SELIC 0.2371 0.0232 -0.0667 -0.0252 0.1091 1.0000
NUMSEDE 0.4657 0.4137 0.4239 -0.3888 -0.1941 0.0163 1.0000
DUMMYANO 0.3217 -0.0576 -0.0729 -0.0904 0.1544 0.8127 0.0284 1.0000
Fonte: dados do trabalho
O PIBPC apresenta relação positiva e relevante tanto com o estoque de crédito
(OCREDPC) quanto com o estoque de depósitos (DVPC), conforme a teoria já
prevê. A taxa de juros (SELIC) apresenta relação negativa com o produto per
capita, conforme previsto pela teoria, possivelmente pelos efeitos negativos que o
aumento dos juros possui sobre o crédito, mas apresenta relação positiva com os
estoque de crédito e depósito. Esta relação pode ser explicada pelo fato do
depósito aqui analisado ser o estoque de depósito e este provavelmente sofrer
algum tipo de correção.
O número de sedes (NUMSEDE) possui relação positiva com o estoque de
crédito, reforçando a idéia de que a presença não só de agências no âmbito
regional, mas também de sedes bancárias é relevante para a concessão de
55
crédito. Adicionalmente pode-se verificar que existe uma relação negativa entre o
número de sedes (NUMSEDE) e a razão população / número de agências
(POPAG), ou seja, quanto maior o número de sedes bancárias numa determinada
região, maior será a presença de agências espalhadas por esta região, reduzindo
a razão população / número de agências.
Outra correlação que corrobora a hipótese que se pretende confirmar no presente
trabalho é a obtida pela dummy para o período de 1995 a 1999 (DUMMYANO),
que possui relação positiva com o estoque de crédito per capita, indicando que o
estoque de crédito para o período inicial era, em média, superior ao obtido no
segundo período em análise.
Por fim, no que se refere às relações observadas pela matriz de correlação,
assumindo que exista forte correlação entre variáveis para valores absolutos
superiores a 0,8, observamos que o estoque de depósitos está fortemente
correlacionado com o PIB per capita e que a taxa de juros está fortemente
correlacionada com a dummy para o período de 1995 a 1999.
Com o intuito de verificar se efetivamente existe a presença de multicolinearidade
no modelo, foi calculado o fator de inflação da variância (FIV). É prática na
literatura considerar que existe multicolinearidade severa quando o FIV excede o
valor 5. Conforme a tabela 12, o FIV é inferior a 5 para todas as variáveis do
modelo. Assim, o modelo foi gerado sem a exclusão de qualquer das variáveis
aqui analisadas.
Tabela 12 Valores do fator de inflação da variância para as variáveis do
modelo
VARIÁVEL FIV 1/FIV
PIBPC 4.64
0.215323
DUMMYANO 3.30
0.303196
DVPC 3.20
0.312135
SELIC 3.18
0.314583
POPAG 2.59
0.385877
THEIL 1.33
0.751962
NUMSEDE 1.26
0.795029
MÉDIA FIV 2.79
Fonte: Elaboração própria a partir dos resultados do MQO empilhado
56
Todos os modelos foram gerados ajustando a matriz de variâncias para a forma
robusta. Como se pode ver pela tabela 13, o resultado obtido com dados
empilhados foram os mais próximos aos resultados esperados.
Tomando os resultados do modelo com dados empilhados observa-se que todas
variáveis são significativas a 1% à exceção do PIB per capita e da taxa de juros
que são significativos a 10% (para maiores detalhes ver anexo IV).
Analisando o modelo de dados empilhados, verifica-se que quanto maior o
estoque de depósitos per capita e maior o PIB per capita, maior será o estoque de
crédito per capita, conforme se esperava. Os sinais obtidos para a razão
população / número de agências e para o número de sedes, corroboram a
hipótese aqui apresentada. Desta forma, quanto maior a razão população por
agência, menor o estoque de crédito per capita, revelando uma das
conseqüências negativas do processo de concentração bancária, com a
concentração regional das agências bancárias.
Além disso, quanto maior o número de sedes de bancos existentes numa
determinada região, maior será o estoque de crédito per capita. No entanto, o
valor do coeficiente de NUMSEDE é baixo, revelando um impacto reduzido sobre
o estoque de crédito per capita.
Ou seja, tomando estes dois resultados, reforça-se a análise realizada no capítulo
3, dos efeitos negativos para a concessão de crédito no âmbito regional, do
processo de consolidação bancária vivenciado no Brasil. Não obstante, observa-
se um impacto maior sobre o crédito do processo de relocalização das agências
bancárias do que aquele obtido via concentração das sedes dos bancos.
Estes resultados permitem supor que as agências possuem determinado grau de
autonomia na decisão do crédito bancário. Outra possibilidade é que este
resultado seja fruto da natureza do crédito concedido, na sua maioria créditos
para pessoas físicas, de menor valor, onde a decisão pode ser tomada no âmbito
da agência.
57
Tabela 13 Resultados obtidos para dados empilhados, painel com efeitos
aleatórios e com efeitos fixos: 1995 - 2004
Variável dependente = estoque de crédito per capita (CREDPC)
Variáveis Independentes MQO (Empilhados) Efeito Aleatório Efeito Fixo
DVPC 0.666*** 0.497*** 0.319**
(0.093) (0.121) (0.144)
PIBPC 0.177* 0.159 -0.403
(0.107) (0.178) (0.396)
POPAG -0.834*** -0.959*** -1.014***
(0.084) (0.144) (0.349)
THEIL 1.831*** 1.366*** 1.006***
(0.309) (0.364) (0.375)
SELIC -0.158* -0.104 -0.065
(0.092) (0.079) (0.101)
NUMSEDE 0.009*** 0.010*** 0.019
(0.002) (0.003) (0.016)
DUMMYANO 0.664*** 0.610*** 0.523***
(0.101) (0.086) (0.114)
CONSTANTE 8.746*** 11.300*** 17.944***
-1.605 -2.755 -4.144
OBSERVAÇÕES 243 243 243
R2 0.84 0,54 0.56
VALOR DE F 44,39
0.0000
FIV 2,79
RHO 0,3361 0,6602
HAUSMAN 12,52
0.0848
BREUSCH-PAGAN 70,66
0.0000
Desvios-padrão robustos em parênteses
* significativo a 10%; ** significativo a 5%; *** significativo a 1%
Fonte: Elaboração própria a partir dos resultados das regressões
Outro ponto a ser destacado é a confirmação empírica da necessidade de dividir a
análise em dois períodos. O período de 1995 a 1999 apresenta um estoque de
crédito per capita superior ao obtido para o período subseqüente. Desta forma,
pode-se inferir que após um período de profundos ajustes no sistema bancário e
de forte concentração, os bancos resultantes deste processo passaram a
conceder crédito de forma mais racionalizada.
Obviamente o ambiente econômico se altera, mas não parece ser a explicação
para a diminuição no estoque de crédito per capita registrada para o período de
1999 a 2004, pois exatamente de 1995 a 1999 ocorreram as crises do México, da
Ásia, da Rússia e do Brasil, que culminou na flutuação do câmbio em 1999 e
adoção da política de metas de inflação. Para o período subseqüente, a única
58
crise, apesar de sua relevância, foi a crise energética. Ou seja, a redução no
estoque de crédito per capita para o período de 1999 a 2004 não pode ser
fundamentada no ambiente externo e na ocorrência de crises.
Ao contrário do resultado obtido na matriz de correlação, a taxa de juros defasada
em um ano, aparece com um efeito negativo sobre o crédito, corroborando o
resultado obtido por ARAÚJO e DIAS (2006). Tendo em vista justamente a
realidade econômica vivenciada no país para estes anos, pode-se vislumbrar a
magnitude deste processo para o crédito e, conseqüentemente, o
desenvolvimento regional. Na mesma época em que ocorre a consolidação do
setor bancário, o país também possui um ambiente de taxas de juros reais
elevadas, ampliando o impacto na concessão de crédito.
De forma adicional, as variáveis de estoque de depósito, PIB per capita e taxa de
juros estão na forma logarítmica, facilitando a análise de sensibilidade do estoque
de crédito à variações destas variáveis. Com isso, pode-se inferir que uma
variação de 1% no estoque de depósito per capita aumenta em aproximadamente
0,7% o estoque de crédito per capita. Para uma variação semelhante no PIB per
capita, há um incremento de 0,18% no estoque de crédito. Quanto à taxa de juros,
para cada 1% de aumento nesta, há uma redução de aproximadamente 0,16% no
estoque de crédito per capita.
Por fim, vale ressaltar que o modelo aqui trabalhado apresenta um R
2
igual a
84%, demonstrando o alto grau de explicação deste.
Analisando os resultados para os modelos com efeitos aleatórios e efeitos fixos,
percebe-se que os resultados, apesar de perderem significância, permanecem em
linha com o resultado esperado e obtido para o modelo com dados empilhados. A
perda de significância de algumas variáveis pode estar relacionada justamente ao
fato de que o modelo com efeitos fixos passa a considerar efeitos específicos de
cada UF. É plausível que existam características singulares de cada região que
afetem o estoque de crédito, ou seja, a existência de dinâmicas regionais
diferenciadas.
59
De toda forma, o modelo com efeitos aleatórios apresenta resultados mais
próximos aos obtidos com dados empilhados do que os resultados obtidos por
efeitos fixos e é exatamente o modelo mais adequado, conforme resultado obtido
pelo teste de Hausman. No que se refere à autocorrelação serial dos resíduos,
para o modelo RE, não existe autocorrelação a 5% (para o resultado dos testes
ver anexo V).
Ademais, o teste de Breusch-Pagan que testa a hipótese de que a variância do
componente específico seja igual a zero, rejeita a hipótese e indica que a
utilização de um modelo de efeito aleatório seria preferível em relação ao modelo
de dados empilhados. Na mesma direção, a estatística RHO revela que a
variância do componente específico em relação à variância total do resíduo é
elevada, especialmente no caso do efeito fixo, mostrando a importância deste
componente.
Para o modelo com efeitos aleatórios vale observar que a variável de PIB per
capita (PIBPC) perde significância, assim como a taxa de juros (SELIC). Para a
taxa de juros, conforme explicado na seção anterior, foi utilizada a taxa over-selic,
mas esta é somente a taxa básica da economia, não sendo de fato a taxa obtida
no momento da concessão de crédito. Já é de conhecimento comum que a
economia brasileira, para o período em questão, convive com altos spreads
bancários
61
, acarretando altas taxas de juros na ponta. Desta forma, a perda de
significância da taxa de juros tanto no modelo com efeitos aleatórios quanto no
com efeitos fixos, pode ser fruto da utilização da taxa de juros básica da
economia.
Os demais resultados para o modelo de efeitos aleatórios são semelhantes aos
obtidos para o modelo de dados empilhados, com a alteração na magnitude dos
coeficientes, destacando-se, neste aspecto, a variação obtida para o coeficiente
da razão população / número de agências (POPAG), que torna a variável ainda
mais importante no seu efeito sobre o crédito.
61
Ver OREIRO et. al. (2007) e OREIRO et. al. (2006).
60
Seria interessante recorrer a um expediente comum em artigos com análise de
dados em painel, que costumam apresentar o mesmo modelo em cross-sections
para todos os anos em estudo, como forma de aumentar o entendimento sobre a
dinâmica do processo e corroborar os resultados obtidos, tornando o modelo mais
robusto. No entanto, como o presente modelo apresenta variável defasada no
tempo esta pratica não é possível.
Além disso, como forma de verificar a robustez do modelo, trocando o índice de
theil pelo índice de gini, os resultados permanecem praticamente os mesmos,
exceto o próprio coeficiente da variável de concentração, que se tornou bem
maior e a variável de PIB per capita que deixa de ser significativa. (para os
resultados do modelo com o índice de gini, ver anexo VI).
De qualquer maneira, tendo em vista a matriz de correlação e os resultados
obtidos pelo modelo de dados empilhados e de dados em painel com efeitos
aleatórios, que foi o método indicado pelo teste de Hausman, o que se verifica é
que os resultados corroboram a teoria apresentada e a análise realizada nos
capítulos 2 e 3.
Ou seja, o processo de consolidação do setor bancário no Brasil tem gerado um
efeito negativo sobre a concessão de crédito ao se realizar a análise levando-se
em conta o aspecto regional do processo. Desta forma, a região periférica que
passa a ter uma menor rede de atendimento bancário via agências e praticamente
deixa de ter sedes de bancos, passa a vivenciar um ambiente onde o crédito é
ainda mais racionado.
No próximo capítulo, além de tecer mais algumas considerações sobre os
resultados aqui obtidos, faz-se uma análise de pontos que podem ser
aprofundados para um melhor entendimento do processo de concentração
bancária e seus efeitos sobre a concessão de crédito, assim como a sugestão de
algumas medidas que podem mitigar o efeito negativo encontrado.
61
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existe um debate sobre a relação de causalidade entre desenvolvimento
financeiro e desenvolvimento econômico. Esta questão ganha ainda mais
importância diante do processo de consolidação do setor bancário e seus efeitos
sobre a concessão de crédito. Especificamente no caso brasileiro, onde a
consolidação do setor bancário ganhou força após a estabilização da economia
em 1994, existem estudos que apontam para uma relação causal positiva e
unidirecional entre crescimento econômico e desenvolvimento financeiro. Não
obstante, são vários os textos que abordam os efeitos negativos da concentração
bancária sobre o crédito.
Desta forma, esta dissertação pretendeu captar os impactos da concentração
bancária sobre a concessão de crédito, e é possível afirmar que a hipótese aqui
apresentada, na qual a consolidação do setor bancário possui impacto negativo
sobre a concessão de crédito, foi corroborada pelos resultados obtidos. Este
resultado esta em linha com o obtido por VASCONCELOS et. al. (2004)
Fica evidente que a presença de agências e sedes bancárias nas regiões está
relacionada positivamente com o crédito. Desta forma, a relocalização das
agências nas regiões mais desenvolvidas do país, assim como a concentração
regional das sedes bancárias, acarretam uma redução no estoque de crédito per
capita nas demais regiões. Além disso, percebe-se pelos resultados que o
processo de relocalização das agências acarreta um impacto maior sobre o
crédito do que o processo de concentração das sedes bancárias.
Tendo em vista que as regiões que deixaram de possuir sedes bancárias e
passaram a ter uma maior relação entre população e número de agências, são as
menos desenvolvidas do país, percebe-se a existência de um mecanismo
prejudicial ao desenvolvimento destas.
62
Além disso, observou-se empiricamente os efeitos da concentração bancária.
Após um período de forte ajuste, os bancos passam a racionar mais fortemente o
crédito, possivelmente fruto do maior poder de mercado que passam a exercer.
Os demais resultados obtidos mostram o alinhamento do modelo com a teoria
existente, na qual tanto o produto per capita, quanto o estoque de depósitos
apresentam impactos positivos sobre o crédito. Por outro lado, a taxa de juros
afeta negativamente o estoque de crédito.
Assim, mesmo que a privatização tenha impactado a produtividade do setor
bancário de forma positiva (NAKANE e WEINTRAUB, 2006), o presente trabalho
mostra os efeitos do processo de consolidação do setor no Brasil, no qual a
privatização é um dos pilares, sobre o crédito. Não se pretende discutir a
privatização e seus efeitos sobre o sistema financeiro, pois não foi motivo de
análise neste trabalho. O que é importante observar é que um resultado da
privatização foi a concentração dos ativos nas mãos de poucos bancos, com
efeito deletério sobre o crédito. Ademais, conforme visto nos capítulos 2 e 3, o
crédito é uma importante ferramenta para o desenvolvimento econômico.
Não obstante, apesar dos resultados mostrarem o efeito negativo da
concentração bancária sobre o crédito, não se pode desprezar que o setor
industrial também é concentrado no Brasil. Desta forma, várias operações de
crédito contabilizadas na região da sede industrial têm seus recursos aplicados
em projetos de outra região. De qualquer forma, este tipo de análise não prejudica
os resultados obtidos, mas indicam que o presente trabalho não esgota o assunto
aqui tratado, sendo possível aprofundar a pesquisa e obter melhor ajustamento do
modelo.
Uma possibilidade de melhoria é a adoção de expectativas para o crescimento
econômico e para as taxas de juros e de inflação como variáveis explicativas. As
séries para as expectativas não estão disponíveis para todo o período aqui em
análise, mas podem ser úteis em trabalhos que possuam a data de início dos
dados mais recente.
63
Outra possibilidade de aprofundamento do trabalho está no detalhamento dos
dados por município e a desagregação do crédito por tipo de operação (por
produto). Conforme CORVOSIER e GROPP (2001), a questão da natureza do
produto é relevante na análise da concentração bancária e seus efeitos sobre as
taxas cobradas.
Por fim, conforme salientado por CAVALCANTE et al. (2004), a oferta de crédito é
influenciada não só pela preferência pela liquidez, mas também pelo estágio de
desenvolvimento bancário. Assim, é interessante aprofundar na questão do grau
de desenvolvimento do sistema bancário e financeiro no Brasil.
De qualquer forma, dado o mecanismo prejudicial à concessão de crédito,
especialmente para as regiões periféricas, existem algumas medidas que podem
mitigar este efeito. Medidas que visem reduzir a concentração bancária, assim
como aquelas que possibilitem uma maior facilidade na captação de informações
e transferência destas entre instituições, podem gerar resultados positivos na
oferta de crédito.
Observa-se que, no período 2004/2006, o crédito tem aumentado, inclusive
fazendo a relação crédito sobre PIB aumentar novamente após vários anos de
redução, conforme gráfico 4. Para o período aqui analisado, a maior relação
ocorre no mês inicial da série, janeiro de 1995. Depois percebe-se claramente
uma tendência declinante até março/2003, quando ocorre uma inflexão na
tendência.
Esta inflexão pode estar relacionada com um ambiente econômico mais favorável,
onde as expectativas quanto ao crescimento econômico se tornam mais positivas,
bem como medidas de política creditícia, como o crédito consignado. Também
pode ser fruto de melhorias nos sistemas e cadastros de informações dos
tomadores de recursos.
64
Gráfico 4 Evolução da relação crédito / PIB no Brasil: jun/88-mar/07
0
5
10
15
20
25
30
35
40
jun/88
jun/89
jun/90
jun/91
jun/92
jun/93
jun/94
jun/95
jun/96
jun/97
jun/98
jun/99
jun/00
jun/01
jun/02
jun/03
jun/04
jun/05
jun/06
%
Fonte: Elaborado com base nos dados extraídos do Sistema Gerenciador de Séries Temporais, Banco Central do
Brasil (2006)
Nota: crédito/PIB: operações de crédito do sistema financeiro (risco total)/PIB.
De qualquer forma, o Brasil apresenta uma relação de crédito em relação ao PIB
inferior a de outros países (ver figura 3), refletindo o potencial de crescimento que
esta ferramenta possui no país como um todo. Além disso, dentro deste contexto,
se encaixa o racionamento de crédito nas regiões periféricas do país, onde a
relação é ainda menor.
Neste sentido, é positiva a sugestão de BELAISCH (2003), para a qual é
necessária uma reforma nas bases legais e estruturais sobre as quais o sistema
bancário opera, para aumentar a competitividade
62
. Exemplo destas reformas são
mudanças nas altas taxas de compulsório, que elevam o custo da intermediação.
BLUM e NAKANE (2005), sugerem redução no nível mínimo legal de capital.
Outra medida que poderia melhorar a tomada de decisão quanto à concessão de
crédito é a efetiva adoção da proposta já elaborada pelo Banco Central de
formatar um cadastro de bons pagadores. Atualmente, existem cadastros e bases
de dados referentes a credores com histórico negativo
63
, mas não existe uma
base que indique para um determinado tomador de recurso se o financiamento
62
“(...) a crescente participação estrangeira nos anos recentes não modificou dramaticamente o
modus operandi do sistema bancário” (BELAISCH, 2003: pp.7)
63
Para maiores detalhes ver PINHEIRO e CABRAL (1999).
Jan/95: 36,8%
Jan e Mar/03: 21,8%
Dez/05: 28,1%
Mar/07: 31,3%
65
almejado é o primeiro que solicita ou se já possui um histórico de boas relações
com o sistema financeiro
64
.
Figura 3 Crédito em relação ao PIB em 2006
Fonte: MEIRELLES, 2006.
Da mesma forma, este histórico de crédito não deve ser restrito à instituição
financeira no qual o cliente é correntista. Obviamente obedecendo à legislação de
sigilo bancário, mediante solicitação do próprio cliente, outra instituição bancária
deveria ter acesso ao seu histórico de crédito. Esta possibilidade de transferência
de informação diminuiria o custo de transferência e a assimetria de informação,
aumentando a concorrência entre os bancos.
“Compartilhamento da informação,
documentação do histórico de crédito e o
funcionamento adequado do registro de
crédito são importantes ferramentas na
redução do impacto de assimetrias
informacionais, e conseqüentemente,
restrições de financiamento” (GALINDO e
SCHIANTARELLI, 2002: pp.22).
64
STUDART (2005) também defende a idéia de que bases de dados de risco de crédito podem reduzir
problemas de assimetria da informação.
66
Uma terceira proposta, que também merece estudos mais detalhados, é a
manutenção e implantação de bancos e agências de desenvolvimento, até que o
mercado de crédito bancário apresente uma realidade diferente da atual, com
maior concorrência e abrangência nacional. Idéia semelhante é apresentada por
FREITAS (2005), que reconhece a importância dos Bancos e Agências de
Desenvolvimento, pelo menos para o curto prazo. Neste caso, as agências e
bancos de desenvolvimento possuem função primordial até que ocorra a queda
dos spreads e o sistema bancário possa realizar empréstimos de longo prazo.
Vale ressaltar que a existência de bancos de desenvolvimento não está
condicionada à existência de financiamentos direcionados
65
.
Por fim, em linha com o exposto por LEVINE (1999) e PINHEIRO (1999), ajustes
no marco legal e regulatório do sistema financeiro e jurídico brasileiro podem
prover um ambiente mais propício à concessão de crédito. Mas, conforme já
relatado, este campo de estudo está fora do escopo do presente trabalho. Da
mesma forma, o fortalecimento do mercado de capitais como forma alternativa de
capitação de recursos, pode ser uma nova possibilidade para as empresas de
maior porte.
65
“(...) observou-se que os financiamentos direcionados aos setores agroindustrial e imobiliário
diminuem a velocidade de convergência [dos Estados brasileiros]. Tratam-se de modalidades para
as quais parte das captações bancárias deve ser, obrigatoriamente, direcionada. Isso corrobora
resultados de impactos negativos das finanças sobre o crescimento em algumas circunstâncias.
Talvez a obrigatoriedade de direcionamento de recursos para esses setores esteja gerando
ineficiências, as quais, porém, certamente merecem uma análise mais detalhada” (ALEXANDRE,
et al., 2004: pp. 16).
67
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEXANDRE, Michel et al. Determinantes das decisões locacionais da
atividade financeira. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 16, n.2, p. 243-263,
maio/ago. 2006.
ALEXANDRE, Michel et al. Distribuição espacial da atividade bancária no
Brasil: dimensões e indicadores. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 15, n. 1,
p. 11-33, jan./abr., 2005.
ALEXANDRE, Michel et al. Distribuição regional do crédito bancário e
convergência no crescimento estadual brasileiro. In: ENCONTRO NACIONAL
DE ECONOMIA, 32., 2004, João Pessoa, PB. Anais. Belo Horizonte: ANPEC,
2004. (Disponível em CD-ROM)
ALVES JR, Antônio José. Sistematização do debate sobre “Sistema de
Financiamento do Desenvolvimento”. In: CASTRO, Ana Célia.
Desenvolvimento em debate: novos rumos do desenvolvimento no mundo.
Rio de Janeiro: BNDES, 2002. v. 2.
AMADO, Adriana. A questão regional e o sistema financeiro no Brasil: uma
interpretação pós-keynesiana. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 27, n. 3,
p. 417-440, set./dez. 1997.
AMADO, Adriana. Impactos regionais do processo de reestruturação bancária
do início dos anos 1990. In: CROCCO, Marco; JAYME JR, F. G. Moeda e
território: uma interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo Horizonte:
Autêntica, 2006. p. 147-168.
AMADO, Adriana. Moeda, financiamento, sistema financeiro e trajetórias de
desenvolvimento regional desigual: a perspectiva pós-keynesiana. Revista de
Economia Política, v. 18, n. 1, jan./mar. 1998.
ARAÚJO, Eliane; DIAS, Joilson. Endogeneidade do setor financeiro e
crescimento econômico: uma análise empírica para a economia brasileira
(1980-2003). Revista Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3,
p. 575-610, set./dez. 2006.
ARAÚJO, L. et al. Competição e concentração entre os bancos brasileiros. In:
ENCONTRO DE ECONOMIA DA REGIÃO SUL, 8., 2005, Porto Alegre, RS.
Anais. Porto Alegre: ANPECSUL, 2005. (Disponível em CD-ROM)
ARESTIS, P.; DEMETRIADES, P. Financial development and economic
growth: assessing the evidence. Economic Journal, v. 107, n. 442, p. 783-
799, May 1997.
BALTAGI, Baldi. Econometric analysis of panel data. 3. ed. Chichester:
John Wiley & Sons, 2005. 302 p.
68
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema financeiro nacional: composição e
evolução do SFN, relatório de evolução do SFN. 2005. Disponível em:
<http://www5.bcb.gov.br/?REVSFN200512>, Acesso em: 05/06/2006.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Sistema financeiro nacional: informações
cadastrais e contábeis. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/?INFCADASTRO> Acesso em: 05/06/2006.
BARBACHAN, J. S. F.; FONSECA, M. M. Concentração bancária brasileira:
uma análise microeconômica. São Paulo: IBMEC, 2004. (FinanceLab working
paper; 2).
BAUM, C. et al. The second moments matter: the response of bank lending
behavior to macroeconomic uncertainty. Leicester, UK: University of Leicester,
2004. 36 p. (Working paper, 04/13)
BAUMOL, W. et al. Contestable markets and the theory of industry
structure. Rev. ed. San Diego: Harcourt Brace Jovanovich, 1988. 538 p.
BECK, T. et al. Bank concentration, competition, and crises: first results.
Journal of Banking and Finance, v. 30, n. 5, p. 1581-1603, May 2006.
BELAISCH, Agnès. Do Brazilian banks compete? Washington, D.C.: IMF,
2003. (Texto para discussão, 03/113)
BLUM, D.; NAKANE, M. O impacto de requerimentos de capital na oferta de
crédito bancário no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA, 33.,
2005, Natal, RN. Anais. Belo Horizonte: ANPEC, 2005. (Disponível em CD-
ROM)
CAMERON, A.C.; TRIVEDI, Pravin K. Linear panel models: basics. In:
Microeconometrics: methods and applications. Cambridge: Cambridge
University, 2005. Cap. 21.
CARLING, K. et al. Corporate credit risk modelling and the
macroeconomy. 2004. Disponível em:
<http://www.riksbank.com/upload/Research/roszbach/CarlingJacobsonLindeRo
szbach-CreditRiskModelling&Macroeconomy-20041203.pdf >
CAVALCANTE, A. et al. Preferência pela liquidez, sistema bancário e
disponibilidade de crédito regional. Belo Horizonte: UFMG/Cedeplar, 2004.
22 p. (Texto para discussão, 237).
CORRÊA, Vanessa Petrelli. Distribuição de agências bancárias e
concentração financeira nas praças de maior dinamismo econômico: um
estudo dos anos 1980 e 1990. In: CROCCO, Marco; JAYME JR, F. G. Moeda
e território: Uma interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo Horizonte:
Autêntica, 2006. p. 169-210.
CORVOSIER, S.; GROPP, R. Bank concentration and retail interest rates.
Frankfurt: European Central Bank, 2001. 76 p. (Working paper; 72)
69
CROCCO, Marco e JAYME JR., Frederico G. O ressurgimento da geografia da
moeda e do sistema financeiro. In: CROCCO, Marco; JAYME JR, F. G..
Moeda e território: Uma interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo
Horizonte: Autêntica, 2006. p. 11-26.
DE PAULA, L. F. R e ALVES JR., A. J. Comportamento dos bancos,
percepção de risco e margen de segurança no ciclo minskiano. Análise
Econômica, Porto Alegre, v. 21, n. 29, p. 137-162, 2003.
DE PAULA, L. F. R. et al. Ajuste Patrimonial e Padrão de Rentabilidade dos
Bancos Privados no Brasil durante o Plano Real (1994/98). Estudos
Econômicos, São Paulo, v. 31, n. 2, pp. 285-319, abr/jun. 2001.
DE PAULA, L.F.R.; MARQUES, Maria B.L. Tendências recentes da
consolidação bancária no mundo e no Brasil. In: ENCONTRO NACIONAL DE
ECONOMIA POLÍTICA, 9 , junho, 2004.,Uberlândia, MG. Anais. Uberlândia:
Sociedade Brasileira de Economia Política, 2004. (Disponível em CD-ROOM)
DEMETRIADES, P.O.; HUSSEIN, K.A. Does financial development cause
economic growth? Time series evidence from 16 countries. Journal of
Development Economics, v. 51, n. 2, p. 387-411, Dec.1996.
FERREIRA, C.; FARINA, E. Concorrência e performance do setor bancário em
um mercado heterogêneo. Economia Revista da ANPEC, v. 6, n. 3,. p. 157-
189, Dez 2005. (número especial Selecta)
FREITAS, Carlos E. A experiência brasileira com instituições financeiras
de desenvolvimento. Santiago de Chile: CEPAL, 2005. 115 p.
(Financiamiento del desarrollo; 155)
GALINDO, A.; SCHIANTARELLI, F. Credit constraints in Latin America: an
overview of the micro evidence. Boston: Boston College, 2002. 27 p. (Working
papers in economics)
IBGE. Contas regionais. Brasília: IPEA. Disponível em:
<http://www.ipeadata.gov.br> Acesso em: 05/06/2006
IPEA. Ipeadata: dados macroeconômicos e regionais. Brasília: IPEA.
Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br> Acesso em: 05/06/2006
JAYARATNE, J.; STRAHAN, P. E. The finance-growth nexus: evidence from
bank branch deregulation. Quartely Journal of Economics, v. 111, n. 3, p.
639-670, Aug. 1996.
KEYNES, John M. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São
Paulo: Atlas, 1992. 328 p.
LEVINE, R. et al. Financial Intermediation and growth: causality and causes.
Journal of Monetary Economics, v. 46, n, 1, p. 31-77, Aug. 2000.
LEVINE, R. Financial development and economic growth: views and agenda.
Journal of Economic Literature, v. 35, n. 2, p.688-726, Jun. 1997.
70
LEVINE, R.; ZERVOS, S. Stock markets, banks, and economic growth. The
American Economic Review, v. 88, n. 3, p.537-558, June 1998.
MATOS, O. C. Desenvolvimento do sistema financeiro e crescimento
econômico no Brasil: evidências de causalidade. Brasilia, D.F.: Banco
Central do Brasil, 2002. 64 p. (Trabalhos para discussão; 49)
MEIRELLES, Henrique de Campos. Tendências de financiamento ao setor
privado. Brasília, D.F.: Banco Central do Brasil, 2006. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/?APRES200611>
NAKANE, M. A test of competition in Brazilian Banking. Brasilia, D.F.:
Banco Central do Brasil, 2001. 24 p. (Working paper; 12)
NAKANE, M.; ALENCAR, L.S.;KANCZUC, F. Demand for bank services and
market power in Brazilian banking. Brasilia, D.F.: Banco Central do Brasil,
2006. 46 p. (Working paper, 107)
NAKANE, M.; WEINTRAUB, D. Bank privatization and productivity:
evidence for Brazil. Brasilia, D.F.: Banco Central do Brasil, 2004. 54 p.
(Working paper, 90)
NEUBERGER, D. Structure, conduct and performance in banking
markets. Rostock: Universitat of Rostock, 1997. 29 p. (Working paper, 12)
OREIRO, J. et al. Determinantes macroeconômicos do spread bancário no
Brasil: teoria e evidência recente. Economia Aplicada, v. 10, n. 4, p. 609-634,
out./dez. 2006.
OREIRO, J. et al. Por que o custo do capital no Brasil é tão alto? In:
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA POLÍTICA, 12., 2007, São Paulo.
Anais. São Paulo: Sociedade Brasileira de Economia Política, 2007. v. 1. p.
25-50.
OREIRO, José Luis. Preferência pela liquidez, racionamento de crédito e
concentração bancária: uma nova teoria pós-keynesiana da firma bancária.
Estudos Econômicos, São Paulo, v. 35, n.1, p.101-131,2005.
PETERSEN, M.; RAJAN, R.G. The benefits of lending relationships: evidence
from small business data. Journal of Finance, v. 49, n.1, p. 3-37, Mar. 1994.
PINHEIRO, Armando C.; CABRAL, C. Credit markets in Brazil: the role of
judicial enforcement and other institutions. New York: Banco Interamericano de
Desarrollo, 1999. (Documento de trabajo, R-368)
RAJAN, R. G.; ZINGALES, L. Financial dependence and growth. American
Economic Review, v. 88, n. 3, p. 559-586, June 1998.
RUNDE, Jochen. Keynesian uncertainty and liquidity preference. Cambridge
Journal of Economics, v. 18, n. 2, p. 129-144, Apr. 1994.
71
SALAZAR P., DAVID A. Medidas de concentração na indústria bancária:
algumas observações para Brasil, Equador e Panamá. (s.n.t), 2005.
SAPIENZA, P. The effects of banking mergers on loan contracts. The Journal
of Finance, v. 57, n. 1, p. 329-367, Feb. 2002.
SICSÚ, João; CROCCO, Marco. Em busca de uma teoria da localização das
agências bancárias: algumas evidências do caso brasileiro. Economia,
Niterói, v. 4, n. 1, p. 85-112, jan/jun. 2003.
SOARES, Ricardo P. Evolução do crédito de 1994 a 1999: uma explicação.
Rio de Janeiro: IPEA, 2001. 46 p. (Texto para discussão; 808)
STIGLITZ, J.; WEISS, A. Credit rationing in markets with imperfect information.
American economic review, v. 71, n. 3, p. 393-410, 1981.
STUDART, R. O sistema financeiro e o financiamento do crescimento: uma
alternativa pós-keynesiana à visão convencional. Revista de Economia
Política, v. 13, n. 1, p. 101-118, jan./mar, 1993.
STUDART, R. The state, the markets and development financing. CEPAL
Review, n. 85, p. 19-32, Apr. 2005.
TONOOKA, E.; KOYAMA, S. Taxa de juros e concentração bancária no
Brasil. Brasília, D.F.: Banco Central do Brasil, 2003. 35 p. (Trabalhos para
discussão, 62)
TROSTER, Roberto L. Concentração bancária. São Paulo:FEBRABAN,
2004. 16 p. (Estudos, textos e ensaios) Disponível em:
<http://www.febraban.org.br/Arquivo/Servicos/Imprensa/Conc0404.pdf>
VASCONCELOS, Marcos R. et al. O todo e as partes: uma análise da
desigualdade de crédito entre os estados brasileiros e os determinantes do
crédito bancário com a aplicação de dados em painel. Economia e
Sociedade, Campinas, v.13, n. 22, p. 123-149, jan./jun. 2004.
VILHENA, Fernanda; SICSÚ, João. Mapeamento da produtividade do trabalho
nos bancos brasileiros. In: CROCCO, Marco; JAYME JR, F. G. Moeda e
território: uma interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo Horizonte:
Autêntica, 2006. p. 271-294.
WOOLDRIDGE, Jeffrey M. Econometric analysis of cross section and
panel data. Cambridge, Mass.: MIT, 2002. 752 p.
72
ANEXOS
73
Anexo I Critério do Banco Central para classificação das instituições por
porte
A classificação das instituições por porte é feita com base no ativo total ajustado
apresentado pelos bancos comerciais, bancos múltiplos e caixa econômica no
mês de dezembro, com base nos seguintes critérios:
1) Relaciona-se a participação relativa do ativo total ajustado de cada instituição
com a soma dos ativos totais ajustados de todas as instituições consideradas. As
instituições cujo percentual de participação individual é superior a 15% são
consideradas de grande porte e excluídas da amostra.
2) Toma-se a amostra dos demais bancos e os classifica em ordem decrescente
de suas participações individuais no total dos ativos dessa amostra e acumulam-
se essas participações.
3) Faz-se os cortes quando esse acumulado atinge 70%, 95% e 100% dos ativos
dessa amostra;
4) As instituições que compõe a faixa de até 70%, inclusive, do montante de
participação acumulada, também são consideradas de grande porte, juntamente
com aquelas apuradas no item 1. As instituições que compõem a faixa acima de
70% até 95% são consideradas de médio porte. As que compõem a faixa acima
de 95% até 100% são consideradas de pequeno porte.
74
Anexo II Relação de bancos considerados para a formulação da variável
de número de sedes bancárias (numsede)
Ano: 2004
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
SOCIETE GENERALE
SP
2
CEF
DF 69
LLOYDS
SP
3
BRADESCO
SP 70
PRIMUS
SP
4
ITAU
SP 71
MODAL
RJ
5
UNIBANCO
SP 72
ARBI
RJ
6
SANTANDER BANESPA
SP 73
INTERCAP
SP
7
ABN AMRO
SP 74
PEBB
RJ
8
SAFRA
SP 75
PARANA
PR
9
HSBC
PR 76
FATOR
SP
10
NOSSA CAIXA
SP 77
PECUNIA
SP
11
VOTORANTIM
SP 78
RENDIMENTO
SP
12
CITIBANK
SP 79
SOCOPA
SP
13
BANKBOSTON
SP 80
BCOMURUGUAI
RS
14
BNB
CE 81
BONSUCESSO
MG
15
BANRISUL
RS 82
GUANABARA
RJ
16
CREDIT SUISSE
SP 83
FICSA
SP
17
ALFA
SP 84
UBS WARBURG
RJ
18
JP MORGAN CHASE
SP 85
LUSO BRASILEIRO
SP
19
PACTUAL
RJ 86
BEPI
PI
20
SANTOS - Sob Intervenção
SP 87
VR
SP
21
BNP PARIBAS
SP 88
RENNER
RS
22
BBM
BA 89
CREDIBEL
SP
23
RURAL
RJ 90
MORADA
RJ
24
DEUTSCHE
SP 91
GERDAU
RS
25
BIC
SP 92
OPPORTUNITY
RJ
26
BASA
PA 93
MATONE
RS
27
MERCANTIL DO BRASIL
MG 94
RIBEIRAO PRETO
SP
28
RABOBANK
SP 95
EMBLEMA
MG
29
BANESTES
ES 96
LA PROVINCIA
SP
30
FIBRA
SP 97
CARGILL
SP
31
BMG
MG 98
CEDULA
RJ
32
SS
SP 99
MÁXIMA
RJ
33
ABC-BRASIL
SP 100
UNO - E
SP
34
CRUZEIRO DO SUL
SP 101
BANCNACION
SP
35
BESC
SC 102
LEMON BANK
SP
36
IBIBANK
SP 103
LA REPUBLICA
SP
37
BRB
DF 104
POTTENCIAL
MG
38
BANCOOB
DF 105
BANCAP
BA
39
BMC
SP 106
KEB
SP
40
DRESDNER
SP 107
BM&F
SP
41
CREDIT LYONNAIS
SP 108
UNION
SP
42
AMEX
SP
43
WESTLB
SP
44
BEC
CE
45
CLASSICO
RJ
46
BCO JOHN DEERE
RS
47
SOFISA
SP
48
PINE
SP
49
ING
SP
50
DAYCOVAL
SP
51
BANSICREDI
RS
52
TOKYOMITSUBISHI
SP
53
BANESE
SE
54
SCHAHIN
SP
55
MORGAN STANLEY
SP
56
CACIQUE
SP
57
SMBC
SP
58
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
59
TRIANGULO
MG
60
BRASCAN
RJ
61
BVA
RJ
62
BARCLAYS
SP
63
BANPARA
PA
64
GE CAPITAL
SP
65
INDUSVAL
SP
66
BGN
PE
67
PROSPER
RJ
2004
75
Ano: 2003
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
MODAL
RJ
2
CEF
DF 69
INDUSVAL
SP
3
BRADESCO
SP 70
INTER AMEX
SP
4
ITAU
SP 71
PEBB
RJ
5
UNIBANCO
SP 72
CREDIT LYONNAIS
SP
6
ABN AMRO
SP 73
ARBI
RJ
7
SANTANDER BANESPA
RJ 74
SOCIETE GENERALE
SP
8
SAFRA
SP 75
RENDIMENTO
SP
9
NOSSA CAIXA
SP 76
CREDIBEL
SP
10
HSBC
PR 77
MORGAN STANLEY
SP
11
CITIBANK
SP 78
BCOMURUGUAI
RS
12
VOTORANTIM
SP 79
CARGILL
SP
13
BANKBOSTON
SP 80
INTERCAP
SP
14
BNB
CE 81
BGN
PE
15
BANRISUL
RS 82
GUANABARA
RJ
16
CREDIT SUISSE
SP 83
PECUNIA
SP
17
SANTOS
SP 84
VR
SP
18
ALFA
SP 85
PARANA
PR
19
JP MORGAN CHASE
SP 86
FICSA
SP
20
RURAL
RJ 87
BONSUCESSO
MG
21
PACTUAL
RJ 88
SOCOPA
SP
22
DEUTSCHE
SP 89
FATOR
SP
23
BASA
PA 90
UBS WARBURG
RJ
24
BIC
SP 91
LUSO BRASILEIRO
SP
25
BBM
BA 92
RENNER
RS
26
BNP PARIBAS
SP 93
MORADA
RJ
27
FIBRA
SP 94
BEPI
PI
28
MERCANTIL DO BRASIL
MG 95
RIBEIRAO PRETO
SP
29
RABOBANK
SP 96
OPPORTUNITY
RJ
30
BANESTES
ES 97
STOCK
RJ
31
BESC
SC 98
MATONE
RS
32
ABC-BRASIL
SP 99
LA PROVINCIA
SP
33
SS
SP 100
GERDAU
RS
34
BMC
SP 101
CEDULA
RJ
35
WESTLB
SP 102
UNO - E
SP
36
CRUZEIRO DO SUL
SP 103
LEMON BANK
SP
37
BMG
MG 104
LA REPUBLICA
SP
38
TOKYOMITSUBISHI
SP 105
EMBLEMA
MG
39
ING
SP 106
BANCNACION
SP
40
BRB
DF 107
POTTENCIAL
MG
41
BANCOOB
DF 108
BANCAP
BA
42
BVA
RJ 109
UNION
SP
43
LLOYDS
SP 110
KEB
SP
44
BNL
SP
45
DRESDNER
SP
46
BEC
CE
47
PINE
SP
48
SOFISA
SP
49
SMBC
SP
50
CACIQUE
SP
51
CLASSICO
RJ
52
PROSPER
RJ
53
BANESE
SE
54
IBIBANK
SP
55
BANSICREDI
RS
56
BCO JOHN DEERE
RS
57
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
58
DAYCOVAL
SP
59
BRASCAN
RJ
60
ZOGBI
SP
61
SCHAHIN
SP
62
BEM
MA
63
BARCLAYS
SP
64
GE CAPITAL
SP
65
BANPARA
PA
66
PRIMUS
SP
67
TRIANGULO
MG
2003
76
Ano: 2002
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
IBIBANK
SP
2
CEF
DF 69
TRIANGULO
MG
3
BRADESCO
SP 70
CLASSICO
RJ
4
ITAU
SP 71
BANPARA
PA
5
UNIBANCO
SP 72
BCOMURUGUAI
RS
6
SANTANDER BANESPA
RJ 73
ARBI
RJ
7
ABN AMRO
SP 74
BANIF
RJ
8
CITIBANK
SP 75
SOCIETE GENERALE
SP
9
NOSSA CAIXA
SP 76
CREDIT LYONNAIS
SP
10
HSBC
PR 77
INDUSVAL
SP
11
BANKBOSTON
SP 78
MÁXIMA
RJ
12
SAFRA
SP 79
RENDIMENTO
SP
13
VOTORANTIM
SP 80
GUANABARA
RJ
14
SUDAMERIS
SP 81
CARGILL
SP
15
BILBAO VIZCAYA
BA 82
BGN
PE
16
BANRISUL
RS 83
MODAL
RJ
17
BNB
CE 84
BEPI
PI
18
JP MORGAN CHASE
SP 85
INTERCAP
SP
19
LLOYDS
SP 86
PECUNIA
SP
20
SANTOS
SP 87
FATOR
SP
21
ALFA
SP 88
PARANA
PR
22
RURAL
RJ 89
FICSA
SP
23
BASA
PA 90
UBS WARBURG
RJ
24
BNP PARIBAS
SP 91
SOCOPA
SP
25
CREDIT SUISSE
SP 92
LUSO BRASILEIRO
SP
26
FIBRA
SP 93
LA PROVINCIA
SP
27
WESTLB
SP 94
BONSUCESSO
MG
28
ABC-BRASIL
SP 95
MORADA
RJ
29
RABOBANK
SP 96
RIBEIRAO PRETO
SP
30
PACTUAL
RJ 97
RENNER
RS
31
ING
SP 98
CREDIBEL
SP
32
MERCANTIL DO BRASIL
MG 99
OPPORTUNITY
RJ
33
BIC
SP 100
VR
SP
34
TOKYOMITSUBISHI
SP 101
GERDAU
RS
35
BANESTES
ES 102
MORGAN STANLEY
SP
36
DRESDNER
SP 103
CEDULA
RJ
37
DEUTSCHE
SP 104
MATONE
RS
38
BNL
SP 105
LA REPUBLICA
SP
39
BESC
SC 106
BANCNACION
SP
40
BRASCAN
RJ 107
UNION
SP
41
SS
SP 108
KEB
SP
42
BRB
DF 109
LEMON BANK
SP
43
SOFISA
SP 110
POTTENCIAL
MG
44
BMC
SP 111
BANCAP
BA
45
BMG
MG
46
SMBC
SP
47
BANCOOB
DF
48
SUL AMERICA
SP
49
BBM
BA
50
BEC
CE
51
GE CAPITAL
SP
52
BARCLAYS
SP
53
PINE
SP
54
CACIQUE
SP
55
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
56
BVA
RJ
57
BCO JOHN DEERE
RS
58
BANSICREDI
RS
59
BEM
MA
60
AMEX
SP
61
BANESE
SE
62
DAYCOVAL
SP
63
ZOGBI
SP
64
SCHAHIN
SP
65
CRUZEIRO DO SUL
SP
66
PROSPER
RJ
67
PEBB
RJ
2002
77
Ano: 2001
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
SOCIETE GENERALE
SP
2
CEF
DF 69
BANCOOB
DF
3
BRADESCO
SP 70
BCOMURUGUAI
RS
4
ITAU
SP 71
BEA
AM
5
SANTANDER BANESPA
RJ 72
BANPARA
PA
6
UNIBANCO
SP 73
SCHAHIN
SP
7
ABN AMRO
SP 74
ARBI
RJ
8
SAFRA
SP 75
BANSICREDI
RS
9
BANKBOSTON
SP 76
CARGILL
SP
10
CITIBANK
SP 77
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
11
NOSSA CAIXA
SP 78
FATOR
SP
12
HSBC
PR 79
TRIANGULO
MG
13
SUDAMERIS
SP 80
CLASSICO
RJ
14
BBA-CREDITANSTALT
SP 81
CREDIT LYONNAIS
SP
15
VOTORANTIM
SP 82
INDUSVAL
SP
16
BILBAO VIZCAYA
BA 83 PRIMUS RJ
17
BNB
CE 84 STOCK RJ
18
BANRISUL
RS 85
IBIBANK
SP
19
LLOYDS
SP 86
UBS WARBURG
RJ
20
MERCANTIL SP
SP 87
GUANABARA
RJ
21
DEUTSCHE
SP 88
CREDIBEL
SP
22
JP MORGAN CHASE
SP 89
BEPI
PI
23
CREDIT SUISSE
SP 90
INTERCAP
SP
24
PACTUAL
RJ 91
OPPORTUNITY
RJ
25
SANTOS
SP 92
FICSA
SP
26
ALFA
SP 93
WACHOVIA
SP
27
RURAL
RJ 94
SOCOPA
SP
28
BASA
PA 95
LA PROVINCIA
SP
29
ABC-BRASIL
SP 96
PECUNIA
SP
30
BNL
SP 97
RENDIMENTO
SP
31
MERCANTIL DO BRASIL
MG 98
PARANA
PR
32
BNP PARIBAS
SP 99
MORADA
RJ
33 EUROPEU SP 100
RENNER
RS
34
DRESDNER
SP 101
BGN
PE
35
BRASCAN
RJ 102
LUSO BRASILEIRO
SP
36
BANESTES
ES 103
VR
SP
37
FIBRA
SP 104
MODAL
RJ
38
ING
SP 105
RIBEIRAO PRETO
SP
39
TOKYOMITSUBISHI
SP 106
BONSUCESSO
MG
40
BIC
SP 107
MORGAN STANLEY
SP
41
BESC
SC 108
MATONE
RS
42
RABOBANK
SP 109
GERDAU
RS
43
SS
SP 110
CEDULA
RJ
44
BBM
BA 111
BANCNACION
SP
45
BRB
DF 112
KEB
SP
46
BEG
GO 113
FINANCIAL
SP
47
SMBC
SP 114
BOREAL
RJ
48
PROSPER
RJ 115
UNION
SP
49
BARCLAYS GALICIA
SP 116
FICRISA AXELRUD
RS
50
BMC
SP 117
LA REPUBLICA
SP
51
PINE
SP 118
PATAGON
SP
52
BMG
MG 119
INDUSCRED
SP
53
BVA
RJ 120
BANCAP
BA
54
BEC
CE 121
POTTENCIAL
MG
55 INTER AMEX SP
56
SOFISA
SP
57
ZOGBI
SP
58
CACIQUE
SP
59
BEM
MA
60
DAYCOVAL
SP
61
CRUZEIRO DO SUL
SP
62
GE CAPITAL
SP
63
PEBB
RJ
64
BANESE
SE
65
BCO JOHN DEERE
RS
66
SUL AMERICA
SP
67
INVESTCRED
RJ
2001
78
Ano: 2000
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
PINE
SP
2
CEF
DF 69
BVA
RJ
3
BRADESCO
SP 70
BEA
AM
4
ITAU
SP 71 PRIMUS RJ
5
UNIBANCO
SP 72
TRIANGULO
MG
6
BANESPA
SP 73
DAYCOVAL
SP
7
ABN AMRO
SP 74
BANSICREDI
RS
8 SANTANDER BRASIL RJ 75
CRUZEIRO DO SUL
SP
9
SAFRA
SP 76
INVESTCRED
RJ
10
HSBC
PR 77
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
11
NOSSA CAIXA
SP 78
BANCOOB
DF
12
BANKBOSTON
SP 79
PROSPER
RJ
13
CITIBANK
SP 80
PARAIBAN
PB
14
BBA-CREDITANSTALT
SP 81
SCHAHIN
SP
15
SUDAMERIS
SP 82
CLASSICO
RJ
16
BILBAO VIZCAYA
BA 83
CARGILL
SP
17
BNB
CE 84
BCOMURUGUAI
RS
18
MERCANTIL SP
SP 85
INDUSVAL
SP
19
BANRISUL
RS 86
WACHOVIA
SP
20
VOTORANTIM
SP 87
GUANABARA
RJ
21
LLOYDS
SP 88
UBS WARBURG
RJ
22 CHASE SP 89
LA PROVINCIA
SP
23
ALFA
SP 90
BEPI
PI
24 CSFB GARANTIA SP 91
INTERCAP
SP
25
SANTOS
SP 92
FICSA
SP
26
RURAL
RJ 93
PECUNIA
SP
27
MERCANTIL DO BRASIL
MG 94
CREDIBEL
SP
28
BASA
PA 95
GE CAPITAL
SP
29
DRESDNER
SP 96
VR
SP
30
BBM
BA 97
SANTOS NEVES
ES
31
ABC-BRASIL
SP 98
MORADA
RJ
32
BANESTES
ES 99
ARAUCARIA
PR
33 EUROPEU SP 100
RENNER
RS
34
BNL
SP 101
PARANA
PR
35
MORGAN
SP 102
BGN
PE
36
DEUTSCHE
SP 103
OPPORTUNITY
RJ
37
ING
SP 104
INTERIOR
SP
38
BARCLAYS GALICIA
SP 105
LUSO BRASILEIRO
SP
39
BIC
SP 106
GERDAU
RS
40
PACTUAL
RJ 107
RIBEIRAO PRETO
SP
41
BESC
SC 108
BONSUCESSO
MG
42
FIBRA
SP 109
MODAL
RJ
43
TOKYOMITSUBISHI
SP 110
CEDULA
RJ
44
BRASCAN
RJ 111
BANCNACION
SP
45
BRB
DF 112
MATONE
RS
46
RABOBANK
SP 113
RENDIMENTO
SP
47
FININVEST
RJ 114
UNION
SP
48
SS
SP 115
FINANCIAL
SP
49
BEG
GO 116
FICRISA AXELRUD
RS
50
BMC
SP 117
LA REPUBLICA
SP
51 AGF BRASEG SP 118
PORTO REAL
RJ
52
SOFISA
SP 119
FRANCES INTER
SP
53
INTER AMEX
SP 120
THECA
SP
54
SUMITBANK
SP 121
POTTENCIAL
MG
55
CACIQUE
SP 122
BANCAP
BA
56
BMG
MG
57
BEC
CE
58
ZOGBI
SP
59
BNP PARIBAS
SP
60
BEM
MA
61
SUL AMERICA
SP
62
SOCIETE GENERALE
SP
63
PEBB
RJ
64
BANESE
SE
65
BCO JOHN DEERE
RS
66
FATOR
SP
67
BANPARA
PA
2000
79
Ano: 1999
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
SCHAHIN
SP
2
CEF
DF 69
BANPARA
PA
3
BRADESCO
SP 70
BEA
AM
4
ITAU
SP 71
UBS WARBURG
RJ
5
UNIBANCO
SP 72
BANESE
SE
6
BANESPA
SP 73
INVESTCRED
RJ
7
ABN AMRO
SP 74
PROSPER
RJ
8
SAFRA
SP 75
PINE
SP
9
NOSSA CAIXA
SP 76
MODAL
RJ
10
BANKBOSTON
SP 77
SOCIETE GENERALE
SP
11 SANTANDER BRASIL RJ 78
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
12
CITIBANK
SP 79
BVA
RJ
13
HSBC
PR 80
BANCOOB
DF
14
BBA-CREDITANSTALT
SP 81
TRIANGULO
MG
15
SUDAMERIS
SP 82
LA PROVINCIA
SP
16
BILBAO VIZCAYA
BA 83
DAYCOVAL
SP
17
BANDEIRANTES
SP 84
FATOR
SP
18
MERCANTIL FINASA
SP 85
CRUZEIRO
SP
19
BNB
CE 86
AGROINVEST
RS
20
MERIDIONAL
RS 87
CLASSICO
RJ
21
BANRISUL
RS 88
PARAIBAN
PB
22
BANESTADO
PR 89
GUANABARA
RJ
23
LLOYDS
SP 90
BANSICREDI
RS
24
VOTORANTIM
SP 91
BCOMURUGUAI
RS
25
BOAVISTA
RJ 92
WACHOVIA
SP
26 CSFB GARANTIA SP 93
INTERCAP
SP
27 CHASE SP 94
BEPI
PI
28
ALFA
SP 95
FICSA
SP
29
RURAL
RJ 96
VR
SP
30
DEUTSCHE
SP 97
INTERIOR
SP
31
JP MORGAN
SP 98
PECUNIA
SP
32
BARCLAYS GALICIA
SP 99
MORADA
RJ
33
DRESDNER
SP 100
ARAUCARIA
PR
34
BBM
BA 101
CREDIBEL
SP
35
BASA
PA 102
RENNER
RS
36
BEG
GO 103
SANTOS NEVES
ES
37
BIC
SP 104
LAVRA
SP
38
MERCANTIL DO BRASIL
MG 105
BGN
PE
39
ING
SP 106
PARANA
PR
40
PACTUAL
RJ 107 PRIMUS RJ
41
BANESTES
ES 108
LUSO BRASILEIRO
SP
42
BEAL
SP 109
ARGENTARIA
SP
43
ABC-BRASIL
SP 110
RIBEIRAO PRETO
SP
44
CREDIBANCO
RJ 111
BONSUCESSO
MG
45
BNL
SP 112
OPPORTUNITY
RJ
46
TOKYOMITSUBISHI
SP 113
BANCNACION
RJ
47
BMC
SP 114
PORTO REAL
RJ
48 AGF BRASEG SP 115
GE CAPITAL
SP
49
BRB
DF 116
GERDAU
RS
50
FIBRA
SP 117
THECA
SP
51
SANTOS
SP 118
UNION
SP
52
CACIQUE
SP 119
CEDULA
RJ
53
RABOBANK
SP 120
FRANCES INTER
SP
54
BESC
SC 121
MATONE
RS
55
INTER AMEX
SP 122
LA REPUBLICA
SP
56
SUMITBANK
SP 123
BANCAP
BA
57
BMG
MG 124
HISPANO
SP
58
BEC
CE
59
FININVEST
RJ
60
SUL AMERICA
SP
61
BNP
SP
62
BRASCAN
RJ
63
SS
SP
64
SOFISA
SP
65
PEBB
RJ
66
CREDITO SP
SP
67
BEM
MA
1999
80
Ano: 1998
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
BB
DF 68
BEA
AM
2
CEF
DF 69
SOFISA
SP
3
BRADESCO
SP 70
BANPARA
PA
4
ITAU
SP 71
INDUSTRIAL DO BRASIL
SP
5
UNIBANCO
SP 72
PEBB
RJ
6
BANESPA
SP 73
CACIQUE
SP
7 REAL SP 74
PINE
SP
8
BANRISUL
RS 75
BANESE
SE
9
HSBC
PR 76
BVA
RJ
10
NOSSA CAIXA
SP 77
BEM
MA
11
SAFRA
SP 78
SCHAHIN
SP
12 SANTANDER BRASIL RJ 79
LA PROVINCIA
SP
13
SUDAMERIS
SP 80
TRIANGULO
MG
14
ABN AMRO
SP 81
PROSPER
RJ
15
CITIBANK
SP 82
GUANABARA
RJ
16
BBA-CREDITANSTALT
SP 83
DAYCOVAL
SP
17
BANKBOSTON
SP 84
MODAL
RJ
18
MERCANTIL FINASA
SP 85
GE CAPITAL
SP
19
BNB
CE 86
CLASSICO
RJ
20
MERIDIONAL
RS 87
UBS WARBURG
RJ
21
BILBAO VIZCAYA
BA 88
PARAIBAN
PB
22
BANDEIRANTES
SP 89
WACHOVIA
SP
23
BANESTADO
PR 90
INVESTCRED
RJ
24
BOAVISTA
RJ 91
VR
SP
25
VOTORANTIM
SP 92
INTERCAP
SP
26
LLOYDS
SP 93
CRUZEIRO
SP
27 CHASE SP 94
AGROINVEST
RS
28
BBM
BA 95
FICSA
SP
29
RURAL
RJ 96
BEPI
PI
30 CSFB GARANTIA SP 97
ARAUCARIA
PR
31
PONTUAL
SP 98
BANCOOB
DF
32
ING
SP 99
CREDIBEL
SP
33
BANEB
BA 100
FATOR
SP
34
DRESDNER
SP 101
LAVRA
SP
35
DEUTSCHE
SP 102
PECUNIA
SP
36
BIC
SP 103
INTERIOR
SP
37
BESC
SC 104
BGN
PE
38
JP MORGAN
SP 105
PARANA
PR
39
BMB
MG 106
BCOMURUGUAI
RS
40
BARCLAYS GALICIA
SP 107
RENNER
RS
41
BMC
SP 108
MORADA
RJ
42
CREDIBANCO
RJ 109
SANTOS NEVES
ES
43
BASA
PA 110
BANCNACION
RJ
44
TOKYOMITSUBISHI
SP 111
BANSICREDI
RS
45
FIBRA
SP 112
UNION
SP
46
BMG
MG 113
RIBEIRAO PRETO
SP
47
BEG
GO 114
LUSO BRASILEIRO
SP
48
PACTUAL
RJ 115
CEDULA
RJ
49
BEAL
SP 116
EXTERIBANK
SP
50
BRB
DF 117
GERDAU
RS
51
BANESTES
ES 118
THECA
SP
52
ABC-BRASIL
SP 119
MATONE
RS
53
BNL
SP 120
OPPORTUNITY
RJ
54
BEC
CE 121
BONSUCESSO
MG
55
BANDEPE
PE 122 PRIMUS RJ
56
SUMITBANK
SP 123
DESTAK
RJ
57
SANTOS
SP 124
PLANIBANC
SP
58
SUL AMERICA
SP 125
LA REPUBLICA
SP
59 AGF BRASEG SP 126
BANER
RR
60
FININVEST
RJ 127
BANCAP
BA
61
INTER AMEX
SP 128
HISPANO
SP
62 SOGERAL SP
63
RABOBANK
SP
64
BNP
SP
65
CREDITO SP
SP
66
BRASCAN
RJ
67
PANAMERICANO
SP
1998
81
Ano: 1997
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
CEF
DF 68
SUL AMERICA
SP 135
THECA
DF
2
BB
DF 69
BANDEPE
PE 136
MINAS
MG
3
BANESPA
SP 70
SANTOS
SP 137
BANCAP
BA
4
ITAU
SP 71
BANESE
SE 138
APLICAP
RJ
5
BRADESCO
SP 72 SRL SP 139
CAMBIAL
RJ
6
UNIBANCO
SP 73
PANAMERICANO
SP 140
HISPANO
SP
7 REAL SP 74
BEA
AM
8
NOSSA CAIXA
SP 75
CREDITO SP
SP
9
BEMGE
MG 76
CACIQUE
SP
10
BANRISUL
RS 77
SOFISA
SP
11
SAFRA
SP 78 OMEGA RJ
12
HSBC BAMERINDUS
PR 79
INDUSTRIAL
SP
13
BAMERINDUS
PR 80
SCHAHIN
SP
14
BCN
SP 81
BANPARA
PA
15
BANKBOSTON
SP 82
BNP
SP
16
CITIBANK
SP 83
FINANCIAL
SP
17
BANESTADO
PR 84
BBC
GO
18
BOAVISTA
RJ 85 PRIMUS RJ
19
SUDAMERIS
SP 86
BRASCAN
RJ
20
BBA-CREDITANSTALT
SP 87
PEBB
RJ
21
MERCANTIL SP
SP 88
BEM
MA
22 EXCEL BA 89
PROSPER
RJ
23
BNB
CE 90
LA PROVINCIA
SP
24
ABN AMRO
SP 91
TRIANGULO
MG
25
BANDEIRANTES
SP 92
PINE
SP
26
BOZANO,SIMONSEN
RJ 93
DAYCOVAL
SP
27
AMERICA DO SUL
SP 94
PARAIBAN
PB
28
LLOYDS
SP 95
GUANABARA
RJ
29 GARANTIA SP 96
BVA
RJ
30 CHASE SP 97
BEPI
PI
31
JP MORGAN
SP 98
LAVRA
SP
32
VOTORANTIM
SP 99
CREDIBEL
SP
33 SANTANDER BRASIL RJ 100
FICSA
SP
34
MERIDIONAL
RS 101
BEMAT
MT
35
BANEB
BA 102
INTERCAP
SP
36
BIC
SP 103
INVESTCRED
RJ
37
BESC
SC 104
FATOR
RJ
38
FIBRA
SP 105
VR
SP
39
BMC
SP 106
WACHOVIA
SP
40
ING BANK
SP 107
CRUZEIRO
SP
41
CREDIBANCO
RJ 108
MODAL
RJ
42
PONTUAL
SP 109
CLASSICO
RJ
43
PACTUAL
RJ 110
ARAUCARIA
PR
44
DIBENS
SP 111
PECUNIA
SP
45
RURAL
MG 112
PARANA
PR
46
BARCLAYS
SP 113
RENNER
RS
47
DEUTSCHE
SP 114
MORADA
RJ
48
BMG
MG 115
UNION
SP
49
BMB
MG 116
BANCNACION
RJ
50
BRB
DF 117
BGN
PE
51
DRESDNER
SP 118
INTERIOR
SP
52
BASA
PA 119
LUSO BRASILEIRO
SP
53
BEAL
SP 120
SANTOS NEVES
ES
54
BEG
GO 121
GERDAU
RS
55
ABC-BRASIL
SP 122
CEDULA
RJ
56
TOKYOMITSUBISHI
SP 123
AGROINVEST
RS
57
BEC
CE 124
RIBEIRAO PRETO
SP
58
BNL
SP 125
BANSICREDI
RS
59 SOGERAL SP 126
EXTERIBANK
SP
60
FININVEST
RJ 127
MATONE
RS
61
BANESTES
ES 128
OPPORTUNITY
RJ
62
CREFISUL
SP 129
BCOMURUGUAI
RS
63
CREDIREAL
MG 130
PLANIBANC
SP
64
SUMITBANK
SP 131
BANER
RR
65
BMD
SP 132
DESTAK
RJ
66 AGF BRASEG SP 133
LA REPUBLICA
SP
67
RAIBOBANK
SP 134
BANCOOB
DF
1997
82
Ano: 1996
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
CEF
DF 68
AGF BRASEG
SP 135
BANAP
AP
2
BB
DF 69
BEAL
SP 136
BNP
SP
3
BANESPA
SP 70
BEA
AM 137
LA REPUBLICA
SP
4
BRADESCO
SP 71
BCO GARANTIA
SP 138
PINE
SP
5
ITAU
SP 72
PANAMERICANO
SP 139
PREMIER
MG
6
UNIBANCO
SP 73
SRL
SP 140
INDUSCRED
SP
7 REAL SP 74
BANSANDER
SP 141
PLANIBANC
SP
8
BAMERINDUS
PR 75
CACIQUE
SP 142
CAMBIAL
RJ
9
NOSSA CAIXA
SP 76
SOFISA
SP 143
HISPANO
SP
10
BANRISUL
RS 77
BANPARA
PA 144
THECA
DF
11
CREDIREAL
MG 78
CREDITO SP
SP 145
BANCIONAL
BA
12
SAFRA
SP 79
SCHAHIN
SP
13
CITIBANK
SP 80
BEM
MA
14
BCN
SP 81
BANESE
SE
15
BANESTADO
PR 82
BBC
GO
16
SUDAMERIS
SP 83
RAIBOBANK
SP
17
BANKBOSTON
SP 84
PEBB
RJ
18
MERCANTIL SP
SP 85
INVESTCRED
RJ
19
BOAVISTA
RJ 86
FINANCIAL
SP
20
BNB
CE 87
DESTAK
RJ
21 BBA-CREDITANSTALT SP 88 PRIMUS RJ
22
BOZANO,SIMONSEN
RJ 89
PORTUGUES
SP
23
BANDEIRANTES
SP 90
TRIANGULO
MG
24
BBV BANCO
BA 91
LA PROVINCIA
SP
25
AMERICA DO SUL
SP 92
PARAIBAN
PB
26
ABN AMRO
SP 93
DAYCOVAL
SP
27
LLOYDS
SP 94
PROSPER
RJ
28
BEMGE
MG 95
CREDIBEL
SP
29
BMC
SP 96
BRASCAN
RJ
30
BIC
SP 97
LAVRA
SP
31
MERIDIONAL
RS 98
ARAUCARIA
PR
32 CHASE SP 99
GUANABARA
RJ
33
PONTUAL
SP 100
INTERCAP
SP
34
BANEB
BA 101
BEPI
PI
35
BESC
SC 102
OPPORTUNITY
RJ
36
DIBENS
SP 103
FICSA
SP
37
PACTUAL
RJ 104
DBLABM
SP
38
FIBRA
SP 105
VR
SP
39
BMB
MG 106
PRODUBAN
AL
40
DEUTSCH
SP 107
MAPPIN
SP
41
CREDIBANCO
RJ 108
BEMAT
MT
42
RURAL
RJ 109
VEGA
RJ
43
BMG
MG 110
PARANA
PR
44
BRB
DF 111
BVA
RJ
45
JP MORGAN
SP 112
PECUNIA
SP
46 GERAL DO COMERCIO RJ 113
BGN
PE
47
BANESTES
ES 114
UNION
SP
48
BNL
SP 115
MODAL
RJ
49
BASA
PA 116
FATOR
RJ
50
VOTORANTIM
SP 117
LUSO BRASILEIRO
SP
51
TOKYOMITSUBISHI
SP 118
CRUZEIRO
SP
52
BEC
CE 119
CEDULA
RJ
53
SUMITBANK
SP 120
BANER
RR
54 SOGERAL SP 121
RENNER
RS
55
SANTOS
SP 122
SANTOS NEVES
ES
56
BCN BARCLAYS
SP 123
INTERIOR
SP
57
ING BANK
SP 124
EXTERIBANK
SP
58 ROMA SP 125
GERDAU
RS
59
BEG
GO 126
EMPRESARIAL
SP
60
DEUTSCHE
SP 127
BANCNACION
RJ
61
SUL AMERICA
SP 128
MORADA
RJ
62
BMD
SP 129
BCO.SICREDI
RS
63
BANFORT
SP 130
RIBEIRAO PRETO
SP
64
BANDEPE
PE 131
MATONE
RS
65
FININVEST
RJ 132
AGROINVEST
RS
66 OMEGA RJ 133
CLASSICO
RJ
67
INDUSTRIAL
SP 134
APLICAP
RJ
1996
83
Ano: 1995
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
Número Instituição
UF
Sede
1
CEF
DF 68
BEG
GO 135
BANCNACION
RJ
2
BB
DF 69
BANFORT
SP 136
PREMIER
MG
3
BANESPA
SP 70
BANSANDER
SP 137
SANTOS NEVES
ES
4
BRADESCO
SP 71
CACIQUE
SP 138
GERDAU
RS
5
UNIBANCO
SP 72
BANPARA
PA 139
INDUSCRED
SP
6
ITAU
SP 73
INVESTCRED
RJ 140
COMERCIAL SP
SP
7
BAMERINDUS
PR 74
FININVEST
RJ 141
THECA
DF
8 REAL SP 75
AGF
SP 142
BCO PLANIBANC
SP
9
NOSSA CAIXA
SP 76
PANAMERICANO
SP 143
BANCIONAL
BA
10
BANRISUL
RS 77
PORTUGUES
SP 144
CREDIPLAN
SE
11
SAFRA
SP 78
SOFISA
SP 145
12
CREDIREAL
MG 79
CREDITO SP
SP
13
BANERJ
RJ 80
BEM
MA
14
BCN
SP 81
BANESE
SE
15
BNB
CE 82
FINANCIAL
RJ
16
BANESTADO
PR 83
SCHAHIN
SP
17
SUDAMERIS
SP 84
PRODUBAN
AL
18
CITIBANK
SP 85
BBC
GO
19
BANKBOSTON
SP 86
HISPANO
SP
20 BBA-CREDITANSTALT SP 87
INDUSTRIAL
SP
21
MERCAPAULO
SP 88
BCO GARANTIA
SP
22
BOAVISTA
RJ 89
PARAIBAN
PB
23
LLOYDS
SP 90
CREDIBEL
SP
24
AMERICA DO SUL
SP 91
CONTINENTAL
SP
25
BCO BFB
SP 92
BRASCAN
RJ
26
BOZANO,SIMONSEN
RJ 93
DAYCOVAL
SP
27
ABN AMRO
SP 94
PEBB
RJ
28
BEMGE
MG 95
BEPI
PI
29
MERIDIONAL
RS 96
LAVRA
SP
30
BCO BANDEIRANTES
SP 97
TRIANGULO
MG
31
PONTUAL
SP 98
UNION
SP
32
BANEB
BA 99
BEMAT
MT
33
BANCO BMC
SP 100
GUANABARA
RJ
34
BESC
SC 101
FATOR
RJ
35
DIBENS
SP 102
ARAUCARIA
PR
36
JP MORGAN
SP 103
MAPPIN
SP
37
BMB
MG 104
INTERUNION
RJ
38
EXCEL
SP 105
INTERCAP
SP
39
PACTUAL
RJ 106
PRIMUS
RJ
40
CREDIBANCO
RJ 107
PARANA
PR
41
VOTORANTIM
SP 108
VR
SP
42
BRB
DF 109
VEGA
RJ
43
BIC
SP 110
PROSPER
RJ
44
CHASE MANHATTAN
SP 111
FICSA
SP
45
DEUTSCHE
SP 112
LOGICA
RJ
46
FIBRA
SP 113
MORADA
RJ
47
RURAL
RJ 114
PECUNIA
SP
48
BASA
PA 115
LUSO BRASILEIRO
SP
49
BMG
MG 116
LA PROVINCIA
SP
50 GERAL DO COMERCIO RJ 117
UNIVERSAL
RJ
51
BCN BARCLAYS
SP 118
AGROINVEST
RS
52
DEUTSCH
SP 119
BANER
RR
53 SOGERAL SP 120
BANAP
AP
54
BANESTES
ES 121
EXTERIBANK
SP
55
BEC
CE 122
SEGMENTO
SP
56
NEDERLANDEN
SP 123
RENNER
RS
57
SUMITBANK
SP 124
CEDULA
RJ
58
BNL
SP 125
INTERIOR
SP
59
BANDEPE
PE 126
EMPRESARIAL
SP
60
ABC-ROMA
SP 127
CLASSICO
RJ
61
BEAL
SP 128
CRUZEIRO
SP
62 OMEGA RJ 129
RIBEIRAO PRETO
SP
63
MITSUBISHI
SP 130
LA REPUBLICA
SP
64
SANTOS
SP 131
CAMBIAL
RJ
65
SRL
SP 132
BVA
RJ
66
BMD
SP 133
MATONE
RS
67
SUL AMERICA
SP 134
BGN
SP
1995
84
Anexo III Quadro descritivo das variáveis de crédito e depósito
Conta
Nome da conta
Função
1600
OPERAÇÕES DE CRÉDITO
Registrar as operações de créditos concedidos
161
EMPRESTIMOS E TITULOS DESCONTADOS
Registra as operações realizadas sob a modalidade de empréstimos e de
desconto de títulos
162
FINANCIAMENTOS
Registra as operações realizadas sob a modalidade de financiamento
163
FINANCIAMENTOS RURAIS AGRICULTURA-
CUSTEIO E INVESTIMENTO
Registra os financiamentos à agricultura (custeio e investimento) que estejam em
conformidade com as normas especíticas do crédito rural
164
FINANCIAMENTOS RURAIS PECUÁRIA-CUSTEIO E
INVESTIMENTO
Registra os financiamentos à pecuária (custeio e investimento) que estejam em
conformidade com as normas especíticas do crédito rural
165
FIN RURAIS AGRICUL-COMERCIALIZAÇÃO
Registra os financiamentos à comercialização agrícola
166
FIN RURAIS PECUARIA-COMERCIALIZAÇÃO
Registra os financiamentos à comercialização pecuária
167
FINANCIAMENTOS AGROINDUSTRIAIS
Rgistra as operações realizadas sob a modalidade de financiamento
agroindustrial, a pessoas físicas e jurídicas que satisfaçam as condições para a
contratação de operações em espécie
169
FINANCIAMENTOS IMOBILIÁRIOS
Registra as operações realizadas sob a modalidade de financiamento imobiliário
172
OUTROS CRÉDITOS
Registra os valores contábeis relativos a operações com características de
concessão de crédito que não possam ser enquadradas como operações de
crédito ou de arrendamento mercantil
173
PROVISÃO PARA CRÉDITOS EM LIQUIDAÇÃO
Contabiliza a provisão para os créditos considerados de liquidação duvidosa
176
OPERAÇÕES ESPECIAIS (Banco do Brasil e
Empresas de liquidação extra-judicial)
Contabiliza empréstimos para pagamento de obrigações externas (ao governo, a
empresas estatais e ao setor privado), empréstimos deferidos em condições
especiais com recursos do governo federal, registra recursos orçamentários do
governo federal para execu
Conta
Nome da conta:
Função
4000
DEPOSITOS A VISTA- GOVERNOS
Registra os depósitos à vista mantidos por órgãos da administração direta ou
indireta que prestem serviços públicos ou exerçam atividades empresariais, com
exceção do depósitos de instituições financeiras e seguradoras
401
SERVIÇOS PÚBLICOS
Registra depósitos de órgãos da administração direta ou indireta que prestem
serviços púplicos
402
ATIVIDADES EMPRESARIAIS
Registra depósitos de órgãos da administração direta ou indireta que exerçam
atividades empresariais
403
ESPECIAIS DO TESOURO NACIONAL
4100
DEPÓSITOS A VISTA- SETOR PRIVADO
Registra os depósitos à vista mantidos pelo setor privado
411
DE PESSOAS FÍSICAS
Registra os depósitos de livre movimentação, mantidos exclusivamente por
pessoas físicas
412
DE PESSOAS JURÍDICAS
Registra os depósitos de livre movimentação, mantidos por pessoas jurídicas,
inclusive firmas individuais, condomínios, cartórios, clubes de serviços e
entidades sem fins lucrativos, tais como instituições religiosas, de caridade,
educativas, culturais, b
413
DE INTITUIÇÒES FINANCEIRAS
Registra os depósitos de livre movimentação, mantidos por instituições
financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central, por
entidades subordinadas à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e à
Secretaria de Previdência Co
415
OBRIGATÓRIOS
Registra o valor de depósitos sujeitos à observância de condições legais ou
regulamentares para sua movimentação
416
PARA INVESTIMENTOS
Registrar os depósitos destinados a investimentos decorrentes de incentivos
fiscais SUDAM, SUDENE, SUDEPE, EMBRATUR E IBDF
417
VINCULADOS
Registra as importâncias recebidas para um fim predeterminado ou especial,
bem como o valor do produto da cobrança de duplicatas ou outros títulos
recebidos em garantias de operações, inclusive garantias prestadas em dinheiro
418
DEMAIS DEPÓSITOS
419
SALDOS CREDORES EM CONTAS DE
EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS- OUTROS
Registra, pelo valor global, os saldos credores que as contas de empréstimo e
financiamento apresentarem
ATIVO
PASSIVO
85
Anexo IV Resultados obtidos para o modelo principal
Resultados do modelo com dados empilhados
Linear regression Number of obs = 243
F( 7, 235) = 231.83
Prob > F = 0.0000
R-squared = 0.8402
Root MSE = .38744
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .6660228 .0931343 7.15 0.000 .4825379 .8495077
lpibpcdef | .1769866 .1068414 1.66 0.099 -.0335026 .3874758
lpopag | -.834197 .0836681 -9.97 0.000 -.9990324 -.6693616
theil | 1.83149 .3093282 5.92 0.000 1.222079 2.440901
lselicdezr~l |
L1. | -.1582466 .0921243 -1.72 0.087 -.3397416 .0232484
numsede | .0088246 .0015379 5.74 0.000 .0057947 .0118545
dummyano | .6639828 .1011387 6.57 0.000 .4647284 .8632371
_cons | 8.746402 1.605163 5.45 0.000 5.584055 11.90875
------------------------------------------------------------------------------
Resultados do modelo com efeitos aleatórios
Random-effects GLS regression Number of obs = 243
Group variable (i): cod Number of groups = 27
R-sq: within = 0.5473 Obs per group: min = 9
between = 0.9128 avg = 9.0
overall = 0.8330 max = 9
Random effects u_i ~ Gaussian Wald chi2(8) = 31895.63
corr(u_i, X) = 0 (assumed) Prob > chi2 = 0.0000
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .4968482 .1213464 4.09 0.000 .2590136 .7346827
lpibpcdef | .1588871 .1782897 0.89 0.373 -.1905542 .5083284
lpopag | -.9594889 .1438687 -6.67 0.000 -1.241466 -.6775114
theil | 1.365977 .3644992 3.75 0.000 .651572 2.080383
lselicdezr~l |
L1. | -.1040298 .0792681 -1.31 0.189 -.2593924 .0513327
numsede | .0100992 .0030242 3.34 0.001 .0041719 .0160265
dummyano | .6104374 .0855823 7.13 0.000 .4426991 .7781757
_cons | 11.29954 2.754528 4.10 0.000 5.90076 16.69831
-------------+----------------------------------------------------------------
sigma_u | .22630058
sigma_e | .31804512
rho | .33611441 (fraction of variance due to u_i)
------------------------------------------------------------------------------
86
Resultados do modelo com efeitos fixos
Fixed-effects (within) regression Number of obs = 243
Group variable (i): cod Number of groups = 27
R-sq: within = 0.5590 Obs per group: min = 9
between = 0.7744 avg = 9.0
overall = 0.7197 max = 9
F(7,209) = 44.39
corr(u_i, Xb) = 0.3376 Prob > F = 0.0000
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .3187025 .1437078 2.22 0.028 .0353998 .6020052
lpibpcdef | -.4033999 .3961516 -1.02 0.310 -1.184365 .3775652
lpopag | -1.014156 .3485444 -2.91 0.004 -1.70127 -.3270432
theil | 1.006046 .3746314 2.69 0.008 .2675054 1.744587
lselicdezr~l |
L1. | -.0649061 .101316 -0.64 0.522 -.2646384 .1348261
numsede | .0191574 .0158134 1.21 0.227 -.0120169 .0503316
dummyano | .5232252 .1142831 4.58 0.000 .2979299 .7485205
_cons | 17.94419 4.144171 4.33 0.000 9.774461 26.11393
-------------+----------------------------------------------------------------
sigma_u | .44328165
sigma_e | .31804512
rho | .66016378 (fraction of variance due to u_i)
------------------------------------------------------------------------------
87
Anexo V Testes de Hausman, de Autocorrelação e de Breusch-Pagan
Teste de Hausman
---- Coefficients ----
| (b) (B) (b-B) sqrt(diag(V_b-V_B))
| fe re Difference S.E.
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .3187025 .4968482 -.1781457 .0627153
lpibpcdef | -.4033999 .1588871 -.562287 .3298642
lpopag | -1.014156 -.9594889 -.0546675 .2491453
theil | 1.006046 1.365977 -.3599313 .1669295
L.lselicde~l | -.0649061 -.1040298 .0391237 .0395305
numsede | .0191574 .0100992 .0090581 .0207973
dummyano | .5232252 .6104374 -.0872122 .0570476
------------------------------------------------------------------------------
b = consistent under Ho and Ha; obtained from xtreg
B = inconsistent under Ha, efficient under Ho; obtained from xtreg
Test: Ho: difference in coefficients not systematic
chi2(7) = (b-B)'[(V_b-V_B)^(-1)](b-B)
= 12.52
Prob>chi2 = 0.0848
(V_b-V_B is not positive definite)
Teste de autocorrelação serial
xtserial locredpcipca ldvpcipca lpibpcdef lpopag theil lselicdezreal numsede dummyano
Wooldridge test for autocorrelation in panel data
H0: no first-order autocorrelation
F( 1, 26) = 4.342
Prob > F = 0.0471
xtserial locredpcipca ldvpcipca lpibpcdef lpopag theil numsede dummyano
Wooldridge test for autocorrelation in panel data
H0: no first-order autocorrelation
F( 1, 26) = 6.536
Prob > F = 0.0168
Teste de Breusch-Pagan para feitos aleatórios
locredpcipca[cod,t] = Xb + u[cod] + e[cod,t]
Estimated results:
| Var sd = sqrt(Var)
---------+-----------------------------
locredp~a | .9121404 .9550604
e | .1011527 .3180451
u | .051212 .2263006
Test: Var(u) = 0
chi2(1) = 70.66
Prob > chi2 = 0.0000
88
Anexo VI Resultados obtidos para o modelo utilizando-se o índice de gini
Variável dependente = estoque de crédito per capita (CREDPC)
Variáveis Independentes
MQO (Empilhados)
Efeito Aleatório
Efeito Fixo
DVPC 0.627*** 0.477*** 0.326**
(0.093) (0.122) (0.143)
PIBPC 0.093 0.086 -0.442
(0.097) (0.177) (0.394)
POPAG -0.895*** -1.009*** -1.038***
(0.083) (0.150) (0.350)
GINI 5.179*** 4.159*** 3.229**
(0.915) (1.167) (1.252)
SELIC -0.163* -0.110 -0.076
(0.093) (0.079) (0.101)
NUMSEDE 0.010*** 0.011*** 0.020
(0.001) (0.003) (0.016)
DUMMYANO 0.647*** 0.595*** 0.519***
(0.099) (0.083) (0.114)
CONSTANTE 8.600*** 11.098*** 17.329***
-1.542 -2.861 -4.271
OBSERVAÇÕES 243 243 243
R2 0.84 0.55 0.56
VALOR DE F 43.18
0.0000
FIV 2.74
RHO 0.3683 0.6502
HAUSMAN 13.71
0.0567
BREUSCH-PAGAN 87.15
0.0000
Desvios-padrão robustos em parênteses
* significativo a 10%; ** significativo a 5%; *** significativo a 1%
Fator de Inflação da Variância
VARIÁVEL FIV 1/FIV
PIBPC 4.35
0.230068
DUMMYANO 3.33
0.300533
DVPC 3.29
0.303982
SELIC 3.18
0.314780
POPAG 2.59
0.385917
THEIL 1.26
0.790770
NUMSEDE 1.20
0.836467
MÉDIA FIV 2.74
89
Resultados do modelo com dados empilhados
Linear regression Number of obs = 243
F( 7, 235) = 241.27
Prob > F = 0.0000
R-squared = 0.8375
Root MSE = .39071
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .6268067 .0930091 6.74 0.000 .4435685 .8100448
lpibpcdef | .0930043 .0967391 0.96 0.337 -.0975824 .283591
lpopag | -.894914 .0826292 -10.83 0.000 -1.057703 -.7321254
gini | 5.17899 .9146369 5.66 0.000 3.377055 6.980926
lselicdezr~l |
L1. | -.163098 .0926446 -1.76 0.080 -.3456182 .0194221
numsede | .0095573 .0014884 6.42 0.000 .006625 .0124896
dummyano | .6468317 .0987586 6.55 0.000 .4522665 .841397
_cons | 8.600088 1.54247 5.58 0.000 5.561252 11.63892
------------------------------------------------------------------------------
Resultados do modelo com efeitos aleatórios
Random-effects GLS regression Number of obs = 243
Group variable (i): cod Number of groups = 27
R-sq: within = 0.5512 Obs per group: min = 9
between = 0.9099 avg = 9.0
overall = 0.8317 max = 9
Random effects u_i ~ Gaussian Wald chi2(8) = 29328.82
corr(u_i, X) = 0 (assumed) Prob > chi2 = 0.0000
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. z P>|z| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .4773057 .1215373 3.93 0.000 .2390969 .7155145
lpibpcdef | .0858201 .1774381 0.48 0.629 -.2619523 .4335924
lpopag | -1.008584 .1498384 -6.73 0.000 -1.302262 -.714906
gini | 4.159441 1.167281 3.56 0.000 1.871613 6.44727
lselicdezr~l |
L1. | -.1097964 .0786614 -1.40 0.163 -.26397 .0443771
numsede | .0107808 .0030854 3.49 0.000 .0047334 .0168281
dummyano | .5949023 .0830682 7.16 0.000 .4320915 .7577131
_cons | 11.09759 2.860563 3.88 0.000 5.490985 16.70419
-------------+----------------------------------------------------------------
sigma_u | .24239811
sigma_e | .31745395
rho | .3683033 (fraction of variance due to u_i)
------------------------------------------------------------------------------
90
Resultados do modelo com efeitos fixos
Fixed-effects (within) regression Number of obs = 243
Group variable (i): cod Number of groups = 27
R-sq: within = 0.5607 Obs per group: min = 9
between = 0.7827 avg = 9.0
overall = 0.7276 max = 9
F(7,209) = 43.18
corr(u_i, Xb) = 0.3292 Prob > F = 0.0000
------------------------------------------------------------------------------
| Robust
locredpcipca | Coef. Std. Err. t P>|t| [95% Conf. Interval]
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .3257971 .143139 2.28 0.024 .0436159 .6079784
lpibpcdef | -.4417152 .3935715 -1.12 0.263 -1.217594 .3341635
lpopag | -1.037537 .3499336 -2.96 0.003 -1.727389 -.3476853
gini | 3.228516 1.251532 2.58 0.011 .7612706 5.695762
lselicdezr~l |
L1. | -.075758 .1013745 -0.75 0.456 -.2756055 .1240895
numsede | .0199427 .0160344 1.24 0.215 -.0116671 .0515526
dummyano | .5186109 .1138387 4.56 0.000 .2941917 .7430301
_cons | 17.32871 4.270776 4.06 0.000 8.909385 25.74803
-------------+----------------------------------------------------------------
sigma_u | .43276454
sigma_e | .31745395
rho | .65015533 (fraction of variance due to u_i)
------------------------------------------------------------------------------
Teste de Hausman
---- Coefficients ----
| (b) (B) (b-B) sqrt(diag(V_b-V_B))
| fegini regini Difference S.E.
-------------+----------------------------------------------------------------
ldvpcipca | .3257971 .4773057 -.1515086 .0756138
lpibpcdef | -.4417152 .0858201 -.5275353 .3513036
lpopag | -1.037537 -1.008584 -.0289532 .3162308
gini | 3.228516 4.159441 -.9309253 .4514296
L.lselicde~l | -.075758 -.1097964 .0340384 .0639465
numsede | .0199427 .0107808 .009162 .0157347
dummyano | .5186109 .5949023 -.0762914 .077839
------------------------------------------------------------------------------
b = consistent under Ho and Ha; obtained from xtreg
B = inconsistent under Ha, efficient under Ho; obtained from xtreg
Test: Ho: difference in coefficients not systematic
chi2(7) = (b-B)'[(V_b-V_B)^(-1)](b-B)
= 13.71
Prob>chi2 = 0.0567
(V_b-V_B is not positive definite)
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo