Download PDF
ads:
FARELO DE CACAU E CANA-DE-AÇÚCAR NA
ENSILAGEM DE CAPIM-ELEFANTE
FÁBIO ANDRADE TEIXEIRA
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FÁBIO ANDRADE TEIXEIRA
FARELO DE CACAU E CANA-DE-AÇÚCAR NA ENSILAGEM DE CAPIM-
ELEFANTE
Dissertação apresentada à Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação de Mestrado em
Zootecnia, Área de Concentração em Produção de
Ruminantes, para obtenção do título de “Mestre”.
Orientadora:
D.Sc. Cristina Mattos Veloso
Co-orientadores:
D.Sc. Aureliano José Vieira Pires
D.Sc. Fabiano Ferreira da Silva
ITAPETINGA
BAHIA - BRASIL
2006
ads:
Catalogação na Fonte:
Rogério Pinto de Paula – CRB 1746 - 6ª Região
Diretor da Biblioteca – UESB – Campus de Itapetinga-Ba
Índice Sistemático para desdobramentos por Assunto:
1. Forragicultura – Forragem
2. Capim-elefante – Silagem – Ensilagem
3. Nutrição animal
633.2 Teixeira, Fábio Andrade.
T266f Farelo de cacau e cana-de-açúcar na ensilagem de capim-elefante /
Fábio Andrade Teixeira. Itapetinga-Ba: UESB-Itapetinga, 2006.
60p. Il.
Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB - campus de Itapetinga. Sob a
orientação da Profª. Dr. Sc. Cristina Mattos Veloso e com a Co-orientação do Profº
Dr. Sc. Aureliano José Vieira Pires e Profº Dr. Sc. Fabiano Ferreira da Silva.
Os trabalhos a seguir foram elaborados segundo as normas da Revista Arquivo
Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia (Brazilian Journal of Veterinary
and Animal Sciences) e Normas da ABNT.
Bibliografia: p.58-60
1. Forragecultura – Forragem 2. Capim-elefante – Silagem – Ensilagem. 3.
Nutrição animal. I. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - Programa de
Pós-Graduação em Zootecnia. II. Veloso, Cristina Mattos. III. Pires, Aureliano
José Vieira. IV. Silva, Fabiano Ferreira. V. Título.
CDD (21) 633.2
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
Área de Concentração em Produção de Ruminantes
Campus de Itapetinga-BA
TERMO DE APROVAÇÃO
Título: “Farelo de cacau e cana-de-açúcar na ensilagem de capim-elefante”.
Autor: Fábio Andrade Teixeira
Aprovada como parte das exigências para obtenção do Título de Mestre em Zootecnia,
área de concentração em Produção de Ruminantes, pela Banca Examinadora:
__________________________________________
Profª. Cristina Mattos Veloso, D.Sc. – UESB
Presidente
__________________________________________
Prof. Paulo Bonomo, D.Sc. – UESB
__________________________________________
Prof. Vicente Ribeiro Rocha Júnior, D.Sc. - UNIMONTES
Data da defesa: 29 de setembro de 2006
UESB - Campus Juvino Oliveira, Praça Primavera n
o
40 – Telefone: (77) 3261-8628
Fax: (77) 3261-8701 – Itapetinga – BA – CEP: 45.700-000 – E-mail: [email protected]
Ao Senhor Jesus Cristo, pela vida e salvação
À minha esposa, Fabiana, minha companheira em todos os momentos
Às minhas filhas Ângela e Andressa, minhas inspirações
Aos meus pais, Djalma e Eurli, pelo amor e exemplo
Aos colegas, professores e co-orientadores, pela amizade e incentivo
À bolsista Roberta (em memória), pelo auxílio e cooperação
DEDICO
À minha orientadora, Profª. Drª. Cristina Mattos Veloso, pelo incentivo,
motivação e exemplo de pessoa que é, como forma de agradecimento
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus, que me ajudou em todos os momentos e me capacitou para superar
minhas limitações e vencer todos os obstáculos.
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e ao Programa de Pós-
graduação em Zootecnia, pelo oferecimento do curso, na pessoa do Prof. Dr. Fabiano Ferreira
da Silva (Coordenador).
À Profª. Drª. Cristina Mattos Veloso, pela orientação, paciência, pelos conhecimentos
adquiridos e apoio nos momentos difíceis.
Ao Prof. Aureliano José Vieira Pires, pela motivação, incentivo e sua disposição em
cooperar em todos os momentos.
Aos demais professores do Programa de Pós-graduação em Zootecnia, pelos
ensinamentos e convivência.
Ao colega e grande amigo Paulo Valter Nunes Nascimento, pela ajuda durante as
análises de laboratório, pelo incentivo e pela grande amizade.
Aos colegas de curso, André, Rogério, José Nobre, Rita, Luciana, Cristiane, Jacqueline,
Gesiane, Lizziane, Fábio Silva, pela amizade e agradável convivência.
Aos amigos Evanete, Caio, Leo, Atlas, Robério, Carla, Cristina, Fredson e Alexandre,
pelo auxílio e pelos momentos de descontração.
Aos funcionários Dae e José, por toda dedicação e amizade.
A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste
trabalho.
O meu muito obrigado
RESUMO
TEIXEIRA, F.A. Farelo de cacau e cana-de-açúcar na ensilagem de capim-elefante.
Itapetinga-BA: UESB, 2006. 60p. (Dissertação - Mestrado em Zootecnia - Produção de
Ruminantes).*
Foram estudados os efeitos da adição de farelo de cacau e cana-de-açúcar na ensilagem de
capim-elefante, com o objetivo de avaliar as perdas, o valor nutritivo e a degradação ruminal.
Foram conduzidos três experimentos no Setor de Forragicultura da UESB, Campus de
Itapetinga. Nos dois primeiros, o delineamento experimental adotado foi o inteiramente ao
acaso, utilizando-se um esquema fatorial 2 x 4, sendo 0 e 15% de farelo de cacau e 0, 15, 30 e
45% de cana-de-açúcar, com quatro repetições. O capim-elefante apresentava 29,2% de matéria
seca (MS) e as silagens foram produzidas em silos experimentais de PVC providos com
válvulas tipo Bunsen e utilizou-se uma compactação de 600 kg/m
3
de silagem. A abertura dos
silos ocorreu aos 60 dias após a ensilagem, quando foi determinada a composição químico-
bromatológica, os teores de nitrogênio amoniacal e o pH das silagens. A adição de farelo de
cacau reduziu as perdas de nitrogênio amoniacal e por gases, enquanto a adição de cana-de-
açúcar promoveu aumento linear das perdas por gases. Entretanto, a adição associada do farelo
de cacau e da cana-de-açúcar permitiu absorção da umidade excessiva, controlaram as perdas de
MS, efluente, nitrogênio amoniacal e mantiveram o pH estável, favorecendo ao processo
fermentativo na ensilagem do capim-elefante. A cana-de-açúcar também reduziu o teor de fibra
em detergente ácido, aumentou a degradabilidade potencial da MS e aumentou os valores dos
nutrientes digestíveis totais até a inclusão de 20,5% de cana. A associação do farelo de cacau e
da cana-de-açúcar ao capim-elefante, no processo de ensilagem, melhorou o valor nutritivo da
silagem. No terceiro experimento, foi avaliada a degradação ruminal da MS, da proteína bruta
(PB) e da fibra em detergente neutro (FDN) de quatro silagens, escolhidas após avaliação no
primeiro e no segundo experimento: silagem de capim-elefante sem aditivo; aditivada com 30%
de cana-de-açúcar; aditivada com 15% de farelo de cacau; e aditivada com 45% de cana e 15%
de farelo de cacau. Amostras de cada silagem foram incubadas no rúmen de três novilhos
mestiços holandês x zebu, durante os períodos de 0, 12, 24, 48, 72 e 96 horas. O delineamento
experimental utilizado foi o de parcelas subdivididas e os coeficientes não lineares a, B e c,
foram estimados por meio de procedimentos iterativos de Gauss-Newton. Para o capim-elefante
ensilado com farelo de cacau, foram observados maiores valores da fração a da MS e da PB. As
silagens que apresentaram as maiores frações não-degradáveis i da FDN foram as silagens de
capim-elefante sem aditivo e com 30% de cana, enquanto a silagem aditivada com 45% de cana
e 15% de farelo de cacau destacou-se pela maior degradação potencial da MS, da PB e da FDN,
em todos os períodos estudados, e maiores DE da MS e da PB, para as taxas de passagem de 2,
5 e 8%/h. A inclusão associada da cana-de-açúcar com o farelo de cacau no momento da
ensilagem do capim-elefante apresenta-se como uma alternativa para aumentar a
degradabilidade da forragem em estádio de crescimento avançado.
Palavras-chave: aditivo, degradabilidade, efluente, ensilagem
_________________________
*Orientadora: Cristina Mattos Veloso, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Aureliano José Vieira
Pires, D.Sc., UESB e Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc., UESB.
ABSTRACT
TEIXEIRA, F.A. Cocoa meal and sugarcane in elephant grass ensilage. Itapetinga-BA:
UESB, 2006. 60p. (Dissertation - Masters Degree in Animal Science - Ruminant Production).*
The effects of the addition of cocoa meal and sugarcane in the elephant grass ensilage were
studied with the objective of evaluating losses, nutritional value and rumen degradation. Three
experiments were conducted in the Forage Sector of UESB, Campus of Itapetinga. In the first
two, the adopted experimental design was the completely randomized, using a 2 x 4 factorial
scheme, being 0 and 15% of cocoa meal and 0, 15, 30 and 45% of sugarcane, with four
repetitions. The elephant grass had 29.2% of dry matter (DM) and the silages were produced in
PVC experimental silos provided with Bunsen type valves and a 600 kg/m
3
silage compaction
was used. The silos opening happened at the 60 days after ensilage, when silages chemic-
bromatological composition, ammonia nitrogen content and pH were determined. Cocoa meal
addition reduced ammonia nitrogen and gases losses, while sugarcane addition promoted linear
increase of gases. However, the associated addition of cocoa meal and sugarcane allowed
absorption of excess humidity, controlled DM, effluent and ammonia nitrogen losses and
maintained the pH stable, favoring the fermentative process in the elephant grass ensilage. The
sugarcane also reduced the acid detergent fiber content, increased DM potential degradability
and increased the total digestible nutrients values up to the inclusion of 20.5% of sugarcane. The
association of cocoa meal and sugarcane to the elephant grass in the ensilage process improved
the silage nutritional value. In the third experiment, the DM, crude protein (CP) and neutral
detergent fiber (NDF) ruminal degradation of four silages, chosen after evaluation in the first
and in the second experiments, was evaluated: elephant grass silage without additive; added
with 30% of sugarcane; added with 15% of cocoa meal; and added with 45% of sugarcane and
15% of cocoa meal. Samples of each silage were incubated in the rumen of three Holstein x
Zebu crossbred steers during the periods of 0, 12, 24, 48, 72 and 96 hours. The experimental
design used was the subdivided parcels and the non linear coefficients a, B and c were estimated
through Gauss-Newton iterative procedures. For the elephant grass ensiled with cocoa meal,
larger values of DM and CP fraction a were observed. The silages that showed the largest no-
degradable i fractions of NDF were the elephant grass silages without additive and with 30% of
sugarcane, while the silage addicted with 45% of sugarcane and 15% of cocoa meal showed up
by the largest DM, CP and NDF potential degradation in all of the studied periods, and larger
DM and CP ED for passage rates of 2, 5 and 8%h
-1
. The associated inclusion of sugarcane with
cocoa meal at the elephant grass ensilage moment comes as an alternative to increase the
degradability of forage in advanced growth stage.
Key-words: additive, degradability, effluent, ensilage
LISTA DE TABELAS
TRABALHO 1
Página
Tabela 1 - Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar
e do farelo de cacau .........................................................................................................
15
Tabela 2 - Nível de significância dos fatores da análise de variância para matéria seca
(MS), taxa de recuperação da MS (RMS), pH, nitrogênio amoniacal (N-NH
3
), perdas
por efluente e por gases das silagens de capim-elefante ..................................................
17
Tabela 3 - Teor de matéria seca de silagens de capim-elefante aditivado com farelo de
cacau e cana-de-açúcar. Equação de regressão, coeficiente de determinação (R
2
) e
coeficiente de variação (CV) ...........................................................................................
18
Tabela 4 - Perdas por efluente em kg/t de MN das silagens de capim-elefante
aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equações de regressão e coeficiente
de determinação (R
2
) .......................................................................................................
19
Tabela 5 - Perdas por gases em porcentagem da matéria seca das silagens de capim-
elefante aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equações de regressão e
coeficiente de determinação (R
2
) .....................................................................................
20
Tabela 6 - Valores de pH das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-
açúcar e farelo de cacau. Equações de regressão e coeficiente de determinação (R
2
) .....
20
Tabela 7 - Concentração de nitrogênio amoniacal das silagens de capim-elefante
aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau .............................................................
22
TRABALHO 2
Tabela 1 - Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar
e do farelo de cacau .........................................................................................................
30
Tabela 2 - Nível de significância dos fatores da análise de variância para matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF), fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), nutrientes digestíveis totais estimado
(NDTest) e degradabilidade potencial da MS em 48 horas (DP MS48h) das silagens
de capim-elefante .............................................................................................................
33
Tabela 3 - Teor de matéria seca em função da adição de farelo de cacau e cana-de-
açúcar na ensilagem de capim-elefante. Equação de regressão e coeficiente de
determinação (R
2
) ............................................................................................................
34
Tabela 4 - Teor de proteína bruta das silagens de capim-elefante aditivado com cana-
de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão .........................................................
34
Tabela 5 - Carboidratos não fibrosos das silagens de capim-elefante aditivado com
cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação
(R
2
) ...................................................................................................................................
35
Tabela 6 - Fibra em detergente neutro das silagens de capim-elefante aditivado com
cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação
(R
2
) ...................................................................................................................................
36
Tabela 7 - Fibra em detergente ácido das silagens de capim-elefante aditivado com
cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação
(R
2
) ...................................................................................................................................
36
Tabela 8 - Degradabilidade potencial da matéria seca em 48 horas das silagens de
capim-elefante aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão
e coeficiente de determinação (R
2
) ..................................................................................
38
TRABALHO 3
Página
Tabela 1 - Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar
e do farelo de cacau utilizados na ensilagem ...................................................................
46
Tabela 2 - Composição químico-bromatológica das silagens de capim-elefante (CE)
ensilado com cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC) .................................................
48
Tabela 3 - Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da matéria seca (MS)
das silagens de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau
(FC) ..................................................................................................................................
49
Tabela 4 - Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da matéria seca (MS) das
silagens de capim-elefante (CE), calculadas para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h .....
50
Tabela 5 - Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da proteína bruta (PB)
das silagens de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau
(FC) ..................................................................................................................................
52
Tabela 6 - Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da proteína bruta (PB) das
silagens de capim-elefante (CE), calculadas para taxas de passagem de 2, 5 e 8%/h .....
53
Tabela 7 - Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da fibra em detergente
neutro (FDN) das silagens de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e ou
farelo de cacau (FC) .........................................................................................................
55
Tabela 8 - Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da fibra em detergente
neutro (FDN) das silagens de capim-elefante (CE), calculadas para taxas de passagem
de 2, 5 e 8%/h ..................................................................................................................
55
LISTA DE FIGURAS
TRABALHO 1
Página
Figura 1 - Taxa de recuperação da matéria seca de silagens de capim-elefante
aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau .............................................................
19
TRABALHO 2
Figura 1 - Teores de nutrientes digestíveis totais (NDT %MS) em silagens de capim-
elefante aditivado com cana-de-açúcar ............................................................................
37
TRABALHO 3
Figura 1 - Degradabilidade da matéria seca (DMS) das silagens de capim-elefante
aditivado com cana-de-açúcar e, ou farelo de cacau (FC) em função dos períodos de
incubação no rúmen, estimada pela equação: y = A + B (1 - e
-c*t
) ..................................
51
Figura 2 - Degradabilidade da proteína bruta (DPB) das silagens de capim-elefante
(CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC) em função dos períodos de
incubação no rúmen, estimada pela equação: y = A + B (1 - e
-c*t
) ..................................
54
Figura 3 - Degradabilidade da fibra em detergente neutro (DFDN) das silagens de
capim-elefante contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC) em função dos
períodos de incubação no rúmen, estimada pela equação: y = A + B (1 - e
-c*t
) ...............
56
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
TRABALHO 1
Perdas da silagem de capim-elefante aditivado com farelo de cacau e cana-de-
açúcar ..............................................................................................................................
12
Resumo ............................................................................................................................ 12
Abstract ............................................................................................................................ 13
1 Introdução .....................................................................................................................
14
2 Material e Métodos .......................................................................................................
15
3 Resultados e Discussão .................................................................................................
17
4 Conclusões ....................................................................................................................
23
5 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 24
TRABALHO 2
Valor nutritivo do capim-elefante ensilado com cana-de-açúcar e farelo de cacau
26
Resumo ............................................................................................................................ 26
Abstract ........................................................................................................................... 27
1 Introdução .....................................................................................................................
28
2 Material e Métodos .......................................................................................................
30
3 Resultados e Discussão .................................................................................................
33
4 Conclusões ....................................................................................................................
39
5 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 40
TRABALHO 3
Degradação ruminal do capim-elefante ensilado com cana-de-açúcar e farelo de
cacau ................................................................................................................................
42
Resumo ............................................................................................................................ 42
Abstract ............................................................................................................................ 43
1 Introdução .....................................................................................................................
44
2 Material e Métodos .......................................................................................................
46
3 Resultados e Discussão .................................................................................................
48
4 Conclusões ....................................................................................................................
57
5 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 58
12
TRABALHO 1
Perdas da silagem de capim-elefante aditivado com farelo de cacau e cana-de-açúcar
Resumo - Foram estudados os efeitos da adição de farelo de cacau e cana-de-açúcar sobre as
perdas de silagem de capim-elefante. Utilizou-se um esquema fatorial 2 x 4, sendo 0 e 15% de
farelo de cacau e 0, 15, 30 e 45% de cana-de-açúcar, com quatro repetições, no delineamento
inteiramente casualizado. O capim-elefante apresentava 29,2% de matéria seca (MS) e as
silagens foram produzidas em silos experimentais de PVC providos com válvulas tipo Bunsen,
utilizando-se uma compactação de 600 kg de silagem/m
3
. A abertura dos silos ocorreu aos 60
dias após a ensilagem, quando foram determinados os teores de nitrogênio amoniacal e o pH das
silagens. A adição de farelo de cacau reduziu as perdas de nitrogênio amoniacal e por gases,
enquanto a adição de cana-de-açúcar promoveu aumento linear das perdas por gases. Verificou-
se redução linear da taxa de recuperação da MS e do pH e aumento linear das perdas por
efluente das silagens sem adição de farelo de cacau. Entretanto, a adição associado do farelo de
cacau e da cana-de-açúcar permitiram absorção da umidade excessiva, controlaram as perdas de
MS, efluente, nitrogênio amoniacal e mantiveram o pH estável, favorecendo ao processo
fermentativo na ensilagem do capim-elefante.
Palavras-chave: efluente, ensilagem, fermentação, nitrogênio amoniacal
13
Losses of elephant grass silage added with cocoa meal and sugarcane
Abstract - The effects of the addition of cocoa meal and sugarcane in the elephant grass on
elephant grass silage losses were studied. A 2 x 4 factorial scheme was used, being 0 and 15%
of cocoa meal and 0, 15, 30 and 45% of sugarcane, with four repetitions, in a completely
randomized design. The elephant grass showed 29.2% of dry matter (DM) and the silages were
produced in PVC experimental silos provided with Bunsen type valves and a 600 kg/m
3
silage
compaction was used. The silos opening happened at the 60 days after ensilage, when silages
chemic-bromatological composition, ammonia nitrogen content and pH were determined. Cocoa
meal addition reduced ammonia nitrogen and gases losses, while sugarcane addition promoted
linear increase of gases losses. Linear reduction of DM recovery rate and pH and linear increase
of effluent losses were verified in silages without cocoa meal addition. However, the associated
addition of cocoa meal and sugarcane allowed absorption of excess humidity, controlled DM,
effluent and ammonia nitrogen losses and maintained the pH stable, favoring the fermentative
process in the elephant grass ensilage.
Key words: ammonia nitrogen, effluent, ensiling, fermentation
14
1 INTRODUÇÃO
A ensilagem constitui uma das estratégias mais utilizadas para armazenar forragem
visando minimizar as perdas na produção dos rebanhos durante os períodos de escassez.
Contudo, para que se obtenha uma silagem de boa qualidade deve-se usar forrageiras que
apresentem teores de umidade e quantidade de carboidratos solúveis (CS) adequados,
características estas que são limitantes para ensilagem do capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum), que segundo Ferrari Jr. & Lavezzo (2001), apresenta no estádio de melhor
valor nutritivo, excesso de umidade, propiciando silagens de baixa qualidade, com grande
decomposição protéica, além de elevadas perdas por efluente. Por outro lado, com a maturação,
a planta, ainda que aumente a produção de matéria seca (MS), resulta em um produto de baixo
valor nutritivo.
Outras forrageiras, como a cana-de-açúcar, também podem ser ensiladas, porém, Nussio
et al. (2003) ressaltaram que a produção de etanol, em função da alta concentração de CS na
cana-de-açúcar, seja a principal limitação para o uso desta gramínea no processo de ensilagem.
Por outro lado, poderia servir com o fornecimento de carboidratos solúveis em silagens de
capim-elefante, quando utilizada como aditivo (Velloso et al., 1973). Woolford (1984)
acrescentou que, além da elevada concentração desses carboidratos, o principal fator que
possibilita o rápido desenvolvimento das leveduras nas silagens de cana-de-açúcar, são os
baixos teores de MS.
Com a finalidade de melhorar o processo fermentativo da silagem do capim-elefante,
vários aditivos têm sido testados. Aditivos ricos em carboidratos o fibrosos, como fubá de
milho e melaço em pó, podem ser utilizados em silagens de capim-elefante contendo 15,3% de
MS (Andrade & Melotti, 2004). O sabugo de milho reduziu a umidade do capim-elefante
ensilado com 15,9% de MS (Tosi et al., 1999), Bernardino et al. (2005) garantiram que 20% de
casca de café promoveram boa preservação da silagem e eliminaram a produção de efluente,
utilizando capim-elefante com 12,4% de MS, Rodrigues et al. (2005) enfatizaram que valores de
4,7 a 7,6% de polpa cítrica peletizada, foram suficientes para melhorar a qualidade de
fermentação.
A decisão pelo tipo de material absorvente depende não somente dos seus efeitos
positivos, mas também da sua disponibilidade e viabilidade econômica. Nesse contexto, o farelo
de cacau, resíduo da retirada da casca das amêndoas (Pires et al., 2002), surge como uma
alternativa que, de acordo com Teixeira et al. (2005), é eficiente na redução da umidade da
silagem de capim-elefante.
Objetivou-se avaliar os efeitos da adição do farelo de cacau e da cana-de-açúcar sobre as
perdas de silagem de capim-elefante.
15
2 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no setor de Forragicultura da Universidade Estadual do Sudoeste
da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga. Como forrageira para ensilagem utilizou-se o capim-
elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Mercker . Como aditivos foram utilizados a cana-
de-açúcar (Saccharum officinarum) cv. IAC 86-2480, com teor de carboidratos solúveis igual a
12 graus brix, e o farelo de cacau (Theobroma cacao) (Tabela 1).
Tabela 1 -
Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar e do
farelo de cacau
Variáveis Capim-elefante Cana-de-açúcar Farelo de cacau
Matéria seca (%)
29,2 18,2 88,3
Proteína bruta
1
3,8 3,0 13,8
CNF
1
12,2 36,1 47,3
FDN
1
79,2 56,7 49,9
FDA
1
52,5 32,7 39,0
NIDN
2
45,0 48,9 59,0
NIDA
2
9,3 10,0 32,7
Cinza
1
8,1 7,4 4,8
CNF = carboidratos não fibrosos; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NIDN =
nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido.
1
% da MS e
2
% do N total.
O delineamento experimental adotado foi inteiramente ao acaso, num esquema fatorial 2
x 4, com quatro repetições. Ao capim-elefante foram adicionados 0, 15, 30 e 45% de cana-de-
açúcar, com base na matéria natural, sem inclusão de farelo de cacau e as mesmas doses para as
silagens que receberam 15% de farelo de cacau, com base na matéria natural.
O capim-elefante aos 120 dias de crescimento, contendo 29,2% de MS, e a cana-de-
açúcar aos 12 meses de idade, com 18,2% de MS, foram colhidos manualmente, a 10 cm do
solo, sendo picados em fragmentos de dois cm em ensiladeira estacionária.
Foram utilizados 32 silos experimentais de PVC, com 50 cm de altura por 10 cm de
diâmetro, providos de válvula de Bunsen, com areia e tela no fundo, previamente pesados, para
captar o efluente desprendido da silagem. O material foi compactado adotando-se a densidade
de 600 kg de silagem/m
3
; posteriormente, os silos foram vedados e pesados. Após o período de
60 dias de armazenamento, os silos foram novamente pesados para se avaliar as perdas por
16
gases e, em seguida, abertos para a retirada da silagem e pesagem da areia do fundo do silo para
se obter as perdas por efluente.
A taxa de recuperação de MS foi calculada segundo a equação sugerida por Loures et al.
(2004):
RMS = {[(Ms x MSs)] / (Mf x MSf)} x 100
Sendo:
RMS = taxa de recuperação da MS (%);
Ms = massa da silagem (kg matéria natural);
MSs = matéria seca da silagem (%);
Mf = massa da forragem (kg matéria natural);
MSf = matéria seca da forragem (%).
Após a abertura dos silos, o material foi retirado, homogeneizado e colhidas amostras das
silagens, que foram divididas em duas porções, quando uma porção, imediatamente à abertura
dos silos, foi destinada à determinação do nitrogênio amoniacal e do pH, segundo a metodologia
de Bolsen et al. (1992).
Os resultados foram submetidos à análise de variância, considerando como fontes de
variação a adição de farelo de cacau, de cana-de-açúcar e a interação entre esses fatores. A
interação foi desdobrada, ou não, de acordo com a sua significância. O efeito da adição da cana-
de-açúcar foi avaliado por análise de regressão, por meio de polinômios ortogonais, pela
decomposição da respectiva soma de quadrado em efeitos linear, quadrático e cúbico, também
foram observados os coeficientes de determinação. A adição de farelo de cacau, por se tratar de
apenas dois níveis, foi comparada pelo teste F. Para realizar as análises estatísticas foi utilizado
o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas – SAEG (Ribeiro Jr., 2001).
17
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A significância do efeito da adição de farelo de cacau, cana-de-açúcar e da interação
entre estes fatores, bem como os coeficientes de variação da análise de variância para as
silagens de capim-elefante podem ser verificados na Tabela 2. Foi constatado efeito (P<0,01) da
interação do farelo de cacau x cana-de-açúcar para a taxa de recuperação da MS, pH e perdas
por efluente.
Tabela 2 -
Nível de significância dos fatores da análise de variância para matéria seca (MS),
taxa de recuperação da MS (RMS), pH, nitrogênio amoniacal (N-NH
3
), perdas por
efluente e por gases das silagens de capim-elefante
Fonte de variação gl MS RMS
1
pH N-NH
3
2
Efluente
3
Gases
1
Farelo de cacau (F) 1 ** ** **
Cana-de-açúcar (C) 3 ** **
Interação C x F 3 ns ** ** ns ** ns
Resíduo 24
CV (%) 2,5 2,2 2,8 5,9 22,2 13,0
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F.
1
% da MS,
2
% do nitrogênio total,
3
kg/t de matéria natural.
Embora os teores de MS do material ensilado apenas com adição de cana-de-açúcar
encontrem-se abaixo da faixa considerada ideal, de 30 a 40%, conforme sugerido por Silveira
(1987) como necessária para garantir produção de silagens de boa qualidade, a adição de 15%
de farelo de cacau resultou em aumento médio (P<0,01) de 27,7 para 34,7% de MS nas silagens
(Tabela 3). Este aditivo promoveu um incremento de 0,47% de MS por unidade percentual de
farelo de cacau incluído, próximos aos 0,49% estimados por Teixeira et al. (2005), quando
adicionou farelo de cacau na ensilagem do capim-elefante com 18,9% de MS. Por outro lado,
foi verificada redução linear (P<0,01) do teor de MS com a adição de cana-de-açúcar. De
acordo com Van Soest (1994), o aumento no teor de MS provoca maior pressão osmótica do
meio, tornando o ambiente desfavorável para o desenvolvimento e a atividade metabólica das
leveduras.
18
Tabela 3 -
Teor de matéria seca de silagens de capim-elefante aditivado com farelo de cacau e
cana-de-açúcar. Equação de regressão, coeficiente de determinação (R
2
) e
coeficiente de variação (CV)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo
de cacau
(% MN)
0 15 30 45
Média Equação de Regressão R
2
0 29,9 29,6 26,4 25,0 27,7 b
15 37,1 35,9 32,6 33,1 34,7 a
Média 33,5 32,7 29,5 29,0 31,2 = 33,6953 - 0,11069**X 0,91
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
De acordo com McDonald et al. (1991), o etanol produzido nas silagens pode acarretar
perdas de até 48% da MS. Freitas et al. (2006) encontraram 22,4% de perdas de MS mesmo
com a inclusão de resíduo de soja em silagem de cana-de-açúcar, e Kung Jr. & Stanley (1982)
encontraram 29% de perdas de MS, para cana-de-açúcar ensilada aos 15 meses de crescimento.
Pedroso (2003) relacionou as elevadas perdas e a dificuldade de controlá-las, provavelmente ao
elevado conteúdo de CS presentes na cana-de-açúcar. Contudo, a inclusão de cana-de-açúcar
nas silagens que receberam farelo de cacau, manteve uma média de 95,3% de taxa de
recuperação da MS (Figura 1), observando-se, calculando-se uma perda de 4,6% de perda de
MS, o que indica que a elevação do teor de MS provocada pelo farelo de cacau para veis
adequados evitou maiores perdas de MS do material ensilado. As perdas encontradas podem ser
consideradas baixas para as doses de cana-de-açúcar estudadas. Considerando a taxa média de
recuperação da MS das silagens com inclusão de farelo de cacau, como perdas aceitáveis, doses
acima de 22,4% de cana-de-açúcar aumentariam consideravelmente as perdas de MS,
comprometendo o processo de fermentação da silagem.
Foi observado um aumento (P<0,01) linear nas perdas por efluente com a inclusão de
cana-de-açúcar nos tratamentos sem farelo de cacau, estimando-se perdas de 1,3 kg/t por
unidade percentual de cana-de-açúcar adicionada, quantidade muito elevada, levando-se em
conta, que o efluente perdido carreia, os nutrientes em água, representando prejuízos no valor
nutritivo das silagens. Desdobrando o efeito do farelo de cacau dentro das doses de cana-de-
açúcar, foram verificadas reduções significativas (P<0,01) de 68,6; 83,4 e 88,8% da produção
de efluente para as silagens com 15, 30 e 45% de cana-de-açúcar respectivamente, quando se
adicionou o farelo de cacau (Tabela 4). De maneira semelhante, Hameleers et al. (1999)
verificaram que a polpa de beterraba reduziu a produção de efluente em silagens de milho e
Bernardino et al. (2005) concluíram que proporções maiores que 20% de casca de café foram
suficientes para eliminar toda a produção de efluente das silagens de capim-elefante.
19
88
90
92
94
96
98
100
102
0 15 30 45
Dose de cana-de-açúcar (% matéria natural)
Taxa de recuperação da MS (%)
0% 15% farelo de cacau
= 100,31 - 0,224**X
R
2
= 0,77
= 95,3
Tabela 4 -
Perdas por efluente em kg/t de MN das silagens de capim-elefante aditivado com
cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equações de regressão e coeficiente de
determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN)
Farelo de cacau
(% MN)
0 15 30 45
Média
Equação de Regressão R
2
0 9,5a 13,7a 37,3a 66,0a 31,6 = 2,6593 + 1,2871**X 0,92
15 5,4a 4,3b 6,2b 7,4b 5,8 = 5,81
dia 7,5 9,0 21,7 36,7 18,7
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
De acordo com Pedroso (2003), a perda de CS na forma de gases, durante a fermentação,
resulta também na produção de água, diminuindo o teor de MS da forragem. Pode-se deduzir
que a adição de cana-de-açúcar às silagens sem farelo de cacau foi responsável pela maior perda
por efluente.
O capim-elefante que foi ensilado sem adição de farelo de cacau sofreu as maiores perdas
por gases, em média 6,3% da MS e, quando o farelo de cacau foi adicionado, essas perdas
reduziram (P< 0,01) para 4,7% da MS (Tabela 5). A maior causa de perda de MS na silagem de
cana-de-açúcar é a reação bioquímica da produção de etanol, em que a MS é catalisada via
Figura 1 -
Taxa de recuperação da matéria seca de silagens de capim-elefante aditivado com
cana-de-açúcar e farelo de cacau.
20
fermentação pelas leveduras, de modo que cada molécula de glicose fermentada gera duas
moléculas de etanol, duas de dióxido de carbono e duas moléculas de água (Rodrigues et al.,
2005). As menores perdas com a inclusão do farelo de cacau podem ser explicadas pelo
aumento do teor de MS das silagens. Por outro lado, a cana-de-açúcar, por possuir alto conteúdo
de CS, elevou as perdas por gases que estão relacionadas com as perdas de MS observadas com
a redução da taxa de recuperação da MS.
Tabela 5 -
Perdas por gases em porcentagem da matéria seca das silagens de capim-
elefante aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equações de regressão
e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau
(% MN)
0 15 30 45
dia
Equação de Regressão R
2
0 5,1 5,8 6,9 7,3 6,3a
15 3,2 4,0 5,8 5,9 4,7b
Média 4,1 4,9 6,3 6,6 5,5 = 4,15474 + 0,05901**X 0,94
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
A variação do pH, de 3,7 a 4,1, encontra-se próxima da faixa ótima de 3,8 a 4,2,
recomendada por McDonald (1981) para fermentação adequada. Resultados semelhantes foram
encontrados por Freitas et al. (2006), cuja variação foi de 3,5 a 3,9, quando utilizou resíduos da
soja em silagens de cana-de-açúcar. A adição de farelo de cacau manteve o pH em 4,1 para
todos os veis de cana-de-açúcar adicionados, estimando-se pela equação de regressão, =
4,15474 + 0,05901**X, a adição de até 26,2% de cana-de-açúcar, para os tratamentos sem a
presença do farelo de cacau, para se obter pH dentro da faixa recomendada (Tabela 6).
Tabela 6 -
Valores de pH das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-açúcar e
farelo de cacau. Equações de regressão e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau
(% MN)
0 15 30 45
dia
Equação de Regressão R
2
0 4,2a 3,8b 3,7b 3,7b 3,8 = 4,08525–0,0109**X 0,83
15 4,1a 4,1a 4,1a 4,1a 4,1 = 4,1
Média 4,1 4,0 3,9 3,9 4,0
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
21
Houve redução linear (P<0,01) do pH, na medida em que foi adicionada cana-de-açúcar
na ensilagem do capim-elefante. Quando se trabalha com forragens com altos teores de açúcares
e baixos de proteína, a estabilidade do pH ocorre, normalmente, antes do décimo dia de
ensilagem, destacando-se que o estímulo à fermentação pode ser prejudicial no processo de
ensilagem, uma vez que aumenta o consumo de CS e que o desenvolvimento das leveduras não
é inibido apenas pelo declínio do pH das silagens (McDonald et al., 1991). A redução do pH das
silagens sem farelo de cacau pode ser explicada pelos altos teores de CS, responsáveis pelo
abaixamento do pH. Os resultados demonstram que somente a redução do pH não foi capaz de
evitar as perdas por gases, nitrogênio amoniacal e efluente das silagens sem inclusão de farelo
de cacau.
Apenas as silagens adicionadas de farelo de cacau apresentaram teores de nitrogênio
amoniacal dentro da faixa ideal, média de 3,9% do N-total, considerando silagens com teores de
nitrogênio amoniacal abaixo de 8% como de boa qualidade (Silveira, 1975), enquanto as
silagens que não continham farelo de cacau, tiveram perdas de nitrogênio amoniacal da ordem
de 13,6% em média do N total, que foi um indicativo de silagem de qualidade inferior (Tabela
7). Apesar do baixo teor de PB dos tratamentos sem adição de farelo de cacau, os valores de
nitrogênio amoniacal são considerados elevados, pois, segundo Van Soest (1994), valores acima
de 10% indicam que o processo de fermentação resultou em quebra excessiva de proteína em
amônia.
Estimou-se que a adição de farelo de cacau promoveu redução (P<0,01) de 71% das
perdas por nitrogênio amoniacal, resultado superior aos 60% encontrados por Freitas et al.
(2006), que utilizou resíduo da colheita da soja. Embora Ferrari Jr. & Lavezzo (2001) não
tenham encontrado efeito com a adição de até 12% de farelo de mandioca em silagem de capim-
elefante com 18,7% de MS, Bernardino et al. (2005) observaram decréscimo do teor de
nitrogênio amoniacal, à medida que adicionou casca de café em silagem de capim-elefante.
Segundo Evangelista et al. (2004), o valor de pH, juntamente com o nitrogênio amoniacal,
fornece uma indicação da forma como se processou a fermentação. A redução da concentração
de nitrogênio amoniacal com a inclusão do farelo de cacau pode ser explicada pela diminuição
do teor de MS, que teria reduzido a atividade de bactérias do gênero Clostridium, promotoras da
proteólise e da liberação do nitrogênio amoniacal durante o processo de ensilagem. Pode-se
afirmar que o farelo de cacau melhorou as características fermentativas da silagem, pois,
juntamente com o pH, manteve o nitrogênio amoniacal dentro da faixa adequada, 4,1 e 3,9%,
respectivamente.
22
Tabela 7 -
Concentração de nitrogênio amoniacal das silagens de capim-elefante aditivado
com cana-de-açúcar e farelo de cacau
Cana-de-açúcar (% MN)
Farelo de
cacau (% MN)
0 15 30 45
dia
Equação de Regressão
0 14,7 13,0 13,6 13,1 13,6a
15 3,9 3,9 3,8 4,0 3,9b
Média 9,3 8,4 8,7 8,6 8,8 = 8,8
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,05).
% MN = % da matéria natural.
23
4 CONCLUSÕES
O farelo de cacau é eficaz na redução da umidade e da concentração de nitrogênio
amoniacal das silagens de capim-elefante com 29% de matéria seca.
A inclusão de até 22,4% da cana-de-açúcar, cv - IAC86 – 2480, na ensilagem de capim-
elefante, não provoca perdas excessivas de matéria seca.
A associação de farelo de cacau e cana-de-açúcar, em todas as doses de cana estudadas,
permite a manutenção de uma alta taxa de recuperação da matéria seca, o que reduz as perdas de
matéria seca e de efluentes além de mantém o pH estável, favorecendo ao processo fermentativo
da silagem de capim-elefante.
24
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, S.J.T.; MELOTTI, L. Efeito de alguns tratamentos sobre a qualidade da silagem de
capim- elefante cultivar Napier (Pennisetum purpureum, Schum). Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, v.41, p.409-415, 2004.
BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R.; ROCHA, F.C. et al. Produção e características do efluente
e composição bromatológica da silagem de capim-elefante contendo diferentes níveis de casca
de café. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2185-2191, 2005. (supl.)
BOLSEN, K.K.; LIN, C.; BRENT, B.E. et al. Effect of silage additives on the microbial
succession and fermentation process of alfalfa and corn silages. Journal of Dairy Science, v.75,
n.11, p.3066-3083, 1992.
EVANGELISTA, A.R.; PERON, A.J.; AMARAL, P.N.C. Forrageiras não convencionais para
silagem mitos e realidades. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA
PASTAGEM, 2., 2004, Viçosa . Anais... Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2004. p.463-
507.
FERRARI Jr. E.; LAVEZZO, W. Qualidade da silagem de capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) emurchecido ou acrescido de farelo de mandioca. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.30, n.5, p.1424-1431, 2001.
FREITAS, A.W.P.; PEREIRA, J.C.; ROCHA, F.C. et al. Avaliação da qualidade nutricional da
silagem de cana-de-açúcar com aditivos microbianos e enriquecida com resíduo da colheita de
soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.38-47, 2006.
HAMELEERS, A.; LEACH, K.A.; OFFER, N.W. et al. The effects of incorporating sugar beet
pulp with forage maize at ensiling on silage fermentation and effluent output using drum silos.
Grass and Forage Science, v.54, p.322-335, 1999.
KUNG JR, L.; STANLEY, R.W. Effect of stage of maturity on the nutritive value of whole-
plant sugarcane preserved as silage. Journal of Animal Science, v.54, p.689-796, 1982.
LOURES, D.R.S.; NUSSIO, L.G.; PAZIANI, S.F.; PEDROSO, A.F. et al. Perdas por efluente
em gase em silagens de capim Tanzânia sob os efeitos do teor de matéria seca, tamanho de
partícula e do uso de aditivos. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 41., Campo
Grande, 2004, Anais... São Paulo: Sociedade Brasileira de Zootecnia/Gmosis [2004]. CD-ROM.
Forragicultura. FOR-133.
McDONALD, P. The biochemistry of silage. Nova York: John Wiley & Sons, 1981. 226p.
McDONALD, P.; HENDERSON, A.R.; HERON, S.J.E. The biochemistry of silage. 2.ed.
Marlow: Chalcomb Publications, 1991. 340p.
NUSSIO, L.G.; SCHIMDT, P.; PEDROSO, A.F. Silagem de cana-de-açúcar. In:SIMPÓSIO DE
FORRAGICULTURA E PASTAGENS: TEMAS EM EVIDÊNCIA – SUSTENTABILIDADE,
2003, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2003. p.49-74.
PEDROSO, A.F. Aditivos químicos e microbianos no controle de perdas e na qualidade de
silagem de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.). Piracicaba: Escola Superior de
25
Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2003. 120p. Dissertação (Doutorado em Agronomia) - Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2003.
PIRES, A.J.V.; CARVALHO JÚNIOR, J.N., SILVA, F.F. et al. Farelo de cacau (Theobroma
cacao) na alimentação de ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 39. 2002. Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-
ROM. Nutrição de Ruminantes.
RIBEIRO Jr., J.I. Análises estatísticas no SAEG (Sistema para análises estatísticas). Viçosa,
MG: UFV, 2001. 301p.
RODRIGUES, P.H.M.; BORGATTI, L.M.O.; GOMES, R.W. et al. Efeito da adição de níveis
crescentes de polpa cítrica sobre a qualidade fermentativa e o valor nutritivo da silagem de
capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1138-1145, 2005.
SILVEIRA, A.C. Produção e utilização de silagens. In: SEMANA DE ZOOTECNIA, 12., 1987,
Pirassununga. Anais… Pirassununga: Fundação Cargill, 1987. p.119-134.
SILVEIRA, A.C. Técnicas para produção de silagens. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE
PASTAGENS, 2., 1975, Piracicaba, Anais... Piracicaba: ESALQ, 1975. p.156-180.
TEIXEIRA, F.A.; SANTOS, L.C.; NASCIMENTO, P.V.N. et al. Perdas por nitrogênio
amoniacal em silagem de capim-elefante (Penninsetum purpureum Schum) acrescido de farelo
de cacau (Theobroma cacao). Revista Electrónica de Veterinária, http://www.veterinaria.org/
revistas/redvet/n111105.html (acessada em 12 de abril de 2005) v.6, n.11, 2005.
TOSI, P.; MATTOS, W.R.S.; TOSI, H. et al. Avaliação do capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) cultivar taiwan a-148, ensilado com diferentes técnicas de redução de
umidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.28, n.5, p.947-954, 1999.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. New York: Cornell University
Press, 1994. 476p
VELLOSO, L.; ROCHA, G. L.; FARIA, V. P. Avaliação de silagens de milho com ou sem
aditivo, pelo sistema Flieg. Boletim de Indústria Animal, v.30, n.2, p.245-251, 1973.
WOOLFORD, M.K. The silage fermentation. New York: Marcel Dekker, 1984. 350p.
26
TRABALHO 2
Valor nutritivo do capim-elefante ensilado com cana-de-açúcar e farelo de cacau
Resumo Os efeitos da adição de farelo de cacau e cana-de-açúcar sobre o valor nutritivo de
silagem de capim-elefante foram estudados, adotando-se um esquema fatorial 2 x 4, utilizando-
se 0 e 15% de farelo de cacau e 0, 15, 30 e 45% de cana-de-açúcar, com quatro repetições. O
capim-elefante apresentava 29,2% de matéria seca (MS) e as silagens foram produzidas em silos
experimentais de PVC, que foram abertos aos 60 dias após a ensilagem. A adição de farelo de
cacau reduziu a fibra em detergente ácido (FDA) e aumentou os teores de MS e proteína bruta e
a degradabilidade potencial da MS (DP MS48h). A cana-de-açúcar também reduziu o teor de
FDA, aumentou a DP MS48h e aumentou o valor dos nutrientes digestíveis totais (NDT) até a
inclusão de 20,5% de cana, embora tenha reduzido o teor de MS. Nas silagens contendo farelo
de cacau e com a inclusão da cana-de-açúcar foram observados redução linear do conteúdo de
fibra em detergente neutro (FDN) e aumento linear dos carboidratos não fibrosos (CNF) e NDT.
A associação do farelo de cacau e da cana-de-açúcar ao capim-elefante no processo de
ensilagem melhora a qualidade nutritiva da silagem, promovendo redução da FDN, aumento dos
CNF e conseqüente aumento dos valores de NDT das silagens.
Palavras-chave: degradabilidade, ensilagem, fibra, matéria seca
27
Nutritional value of elephant grass ensiled with sugarcane and cocoa meal
Abstract The effects of the addition of cocoa meal and sugarcane on the nutritional value of
elephant grass silage were studied, adopting a 2 x4 factorial scheme, using 0 and 15% of cocoa
meal and 0, 15, 30 and 45% of sugarcane, with four repetitions. The elephant grass had 29.2%
of dry matter (DM) and the silages were produced in PVC experimental silos, that were opened
60 days after the ensilage. Cocoa meal addition reduced the acid detergent fiber (ADF) and
increased the DM and crude protein contents and the DM potential degradability (48h DMPD).
Sugarcane also reduced the ADF content, increased 48h DMPD and increased the total
digestible nutrients (TDN) value up to the 20.5% sugarcane inclusion, although the DM content
had been reduced. In the silages containing cocoa meal and with inclusion of sugarcane linear
reduction of neutral detergent fiber (NDF) content and linear increase of non fiber
carbohydrates (NFC) and TDN were observed. The association of cocoa meal and sugarcane to
the elephant grass in the ensilage process improves the silage nutritive quality, promoting
reduction of NDF, increase of NFC and consequent increase of TDN values of the silages.
Key words: degradability, dry matter, ensilage, fiber
28
1 INTRODUÇÃO
O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum), tradicionalmente utilizado para corte,
tem se destacado como uma boa opção para ensilagem, principalmente, de acordo com Andrade
& Lavezzo (1998), pelas suas características de produção de matéria seca (MS). Entretanto, no
momento ideal para o corte, ou seja, associando valor nutritivo e boa produção por unidade de
área, o capim-elefante apresenta, segundo Bernardino et al. (2005), alto teor de umidade, baixas
concentrações de carboidratos solúveis (CS), características indesejáveis para o processo
fermentativo, prejudicando a qualidade do produto preservado, com acentuada queda no valor
nutritivo. Entretanto, a ensilagem com forrageiras em estádio de crescimento avançado, embora
apresente teor adequado de MS, aumenta consideravelmente a proporção de parede celular e
com isso resulta em um produto final de baixa qualidade nutricional.
A cana-de-açúcar também pode ser ensilada, como outras forrageiras. Entretanto,
Andrade et al. (2001) relataram que a ensilagem de cana-de-açúcar de forma isolada ocasiona
redução acentuada no seu valor nutritivo. Nussio et al. (2003) ressaltaram que talvez a produção
de etanol, em função da alta concentração de CS na cana-de-açúcar, em detrimento do valor
nutritivo da silagem, seja a principal dificuldade para o uso desta gramínea. Por outro lado,
Woolford (1984) acrescentou que, além da elevada concentração desses carboidratos, o
principal fator que possibilita o rápido desenvolvimento das leveduras nas silagens de cana-de-
açúcar, são os baixos teores de MS.
Andrade et al. (2001) observaram decréscimo na produção de etanol à medida que níveis
mais altos de rolão-de-milho foram aplicados na ensilagem de cana-de-açúcar com 20,9% de
MS, associando os resultados com o aumento do teor de matéria seca, além de melhorar o valor
nutritivo da silagem. Freitas et al. (2006) encontraram melhoria na qualidade nutritiva da
silagem de cana-de-açúcar com 28,6% de MS, com a associação do resíduo da colheita da soja.
Com a finalidade de melhorar a qualidade da silagem do capim-elefante, vários aditivos
têm sido testados. A adição do bagaço de caju melhorou as características fermentativas
(Ferreira et al., 2004); de acordo com Rezende et al. (2002), a inclusão da planta de girassol
com 25,6% de MS, até o nível de 23% da mistura elevou o teor de proteína bruta (PB) e reduziu
o teor de fibra em detergente neutro (FDN); a adição de vagens de algaroba (Batista et al., 2006)
promoveu aumento no teor de MS; o sabugo de milho reduziu a umidade do capim-elefante
ensilado com 15,9% de MS, mas reduziu o teor de carboidratos solúveis e não limitou a
atividade das bactérias do gênero Clostridium (Tosi et al., 1999); a adição de casca de café no
nível de 17,4% de forragem fresca ensilada com alto teor de umidade (14,5% de MS),
contribuindo com maior disponibilidade de nitrogênio e menor teor de FDN (Souza et al.,
29
2003). Rodrigues et al. (2005) enfatizaram que a adição de polpa cítrica peletizada aumentou o
teor de PB, os valores de digestibilidade in vitro e reduziu o teor de FDN da silagem de capim-
elefante.
A decisão pelo tipo de material absorvente depende não somente dos seus efeitos
positivos, mas também da sua disponibilidade e viabilidade econômica. Nesse contexto, o farelo
de cacau, resíduo da retirada da casca das amêndoas, apesar da disponibilidade, é muito pouco
empregado na alimentação animal (Pires et al., 2002). De acordo com estes autores, mesmo
tendo boa aceitabilidade pelos animais, possui baixa digestibilidade, dependente do tipo de
processamento utilizado na sua obtenção, e deve ser usado de forma restrita na alimentação
animal, em decorrência da presença da teobromina, que é uma substância tóxica. Carvalho et al.
(2004) observaram redução do consumo de MS e da eficiência de ruminação, com a inclusão de
30% de farelo de cacau para cabras em lactação, concordando com Pires et al. (2002), que não
verificaram diferença no consumo e no ganho de peso, no entanto, o consumo dos animais que
receberam 30% de farelo de cacau foi menor. Como aditivo para silagem de capim-elefante é
eficiente na redução da umidade, de acordo com Teixeira et al. (2005).
O objetivo foi avaliar o valor nutritivo da silagem de capim-elefante aditivado com farelo
de cacau e cana-de-açúcar.
30
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Forragicultura da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga. A forrageira usada para ensilagem foi o
capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Mercker e como aditivos utilizaram-se a
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) cv. IAC 86-2480 com 12 graus brix, e o farelo de
cacau (Theobroma cacao) (Tabela 1).
Foi montado um esquema fatorial 2 x 4, com quatro repetições e o delineamento
experimental adotado foi inteiramente ao acaso. Ao capim-elefante foram adicionados 0, 15, 30
e 45% de cana-de-açúcar, com base na matéria natural, sem inclusão de farelo de cacau e as
mesmas doses para as silagens que receberam 15% de farelo de cacau com base na matéria
natural.
Tabela 1 -
Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar e do
farelo de cacau
Variáveis Capim-elefante Cana-de-açúcar Farelo de cacau
Matéria seca (%)
29,2 18,2 88,3
Proteína bruta
1
3,8 3,0 13,8
CNF
1
12,2 36,1 47,3
FDN
1
79,2 56,7 49,9
FDA
1
52,5 32,7 39,0
Lignina
1
12,7 8,4 27,9
Hemicelulose
1
27,6 14,9 18,4
NIDN
2
45,0 48,9 59,0
NIDA
2
9,3 10,0 32,7
Cinzas
1
8,1 7,4 4,8
NDTest
1
42,1 55,3 52,9
DP MS48h
1
49,8 72,8 62,8
CNF = carboidratos não fibrosos; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NIDN =
nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido; NDTest = nutrientes
digestíveis totais estimado; DP MS48h = degradabilidade potencial da MS em 48 h.
1
% da MS e
2
% do N total.
O capim-elefante aos 120 dias de crescimento contendo 29,2% de MS e a cana-de-açúcar
aos 12 meses de idade com 18,2% de MS, foram colhidos manualmente a 10 cm do solo, sendo
31
picados em fragmentos de dois cm em ensiladeira estacionária. Ao capim-elefante foram
adicionados 0, 15, 30 e 45% de cana-de-açúcar, com base na matéria natural, sem inclusão de
farelo de cacau e as mesmas doses para as silagens que receberam 15% de farelo de cacau com
base na matéria natural.
Foram utilizados 32 silos experimentais de PVC com 50 cm de altura por 10 cm de
diâmetro. Após a abertura aos 60 dias da ensilagem, o material foi retirado, homegeneizado e
colhidas as amostras. Estas foram secas em estufa de circulação forçada de ar regulada a 55ºC,
durante 72 horas. Em seguida, foram moídas em moinho tipo Willey, com peneira de 1 mm e
submetidas às análises de: matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), extrato etéreo (EE), celulose, hemicelulose, lignina,
cinzas, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente
ácido (NIDA), conforme procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).
Os CNF foram calculados conforme a fórmula:
CNF= CHO – FDNcp
Sendo:
CHO= 100 – (PB + EE + cinzas)
FDNcp = FDN – (CIDN + PIDN)
CIDN = % cinzas do resíduo da FDN
PIDN = % de PB no resíduo da FDN
Os nutrientes digestíveis totais (NDT) foram calculados conforme as equações descritas
pelo NRC (2001):
NDT = tdCNF + tdPB + (tdAG x 2,25) + tdFDN – 7
Sendo:
tdCNF = 0,98 {100 – [ (FDN – PBFDN)* + PB + EE + Cinzas]} x FAP
tdPB = PB [-1,2 x (PBFDA/PB)]
tdAG = AG = EE - 1. Se EE < 1, AG = 0
tdFDN = 0,75 x [(FDN – PBFDN)* – Lig] x {1 – [Lig/(FDN-PBFDN)*]0,667}
* se a FDN for determinada adicionando sulfito de sódio, não subtrair a PBFDN
Em que:
tdCNF = Carboidratos não fibrosos verdadeiramente digestíveis;
tdPB = Proteína bruta verdadeiramente digestível;
tdAG = Ácidos graxos verdadeiramente digestíveis;
tdFDN = FDN verdadeiramente digestível;
PBFDN = Proteína bruta ligada a FDN;
FAP = Fator de ajuste de processamento, neste caso igual a 1;
PBFDA = Proteína bruta ligada a FDA;
Lig = Lignina
32
A degradabilidade potencial da matéria seca em 48 horas (DP MS48h) foi determinada
através da incubação das amostras das silagens, utilizando um novilho mestiço holandês x zebu,
fistulado no rúmen, com peso vivo médio de 300 kg. As amostras foram acondicionadas em
sacos de náilon, na quantidade de 3 g/saco, os quais foram inseridos no rúmen por intermédio da
fístula ruminal, fixados a uma corrente de aço e mantidos durante 48 horas, conforme NRC
(2001). Em seguida, os sacos foram removidos e lavados em água corrente, até que esta se
apresentasse limpa, procedendo-se, então, à secagem. A determinação da MS foi feita em estufa
a 55ºC por 72 horas. Os valores da DP MS48h foram obtidos pela diferença de peso, entre as
pesagens efetuadas antes e após a incubação ruminal e expressos em porcentagem.
Os resultados foram submetidos à análise de variância, considerando como fontes de
variação a adição de farelo de cacau, de cana-de-açúcar e a interação entre esses fatores. A
interação foi desdobrada, ou não, de acordo com a sua significância. O efeito da adição da cana-
de-açúcar foi avaliado por análise de regressão, por meio de polinômios ortogonais, pela
decomposição da respectiva soma de quadrado em efeitos linear, quadrático e cúbico, também
foram observados os coeficientes de determinação. A adição de farelo de cacau, por se tratar de
apenas dois níveis, foi comparada pelo teste F. Para realizar as análises estatísticas foi utilizado
o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas – SAEG (Ribeiro Jr., 2001).
33
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os níveis de significância do efeito da adição de farelo de cacau, cana-de-açúcar, da
interação entre estes fatores e seus coeficientes de variação da análise de variância para as
silagens de capim-elefante podem ser verificados na Tabela 2. Foi constatado efeito (P<0,01) da
interação farelo de cacau x cana-de-açúcar dos carboidratos não fibrosos (CNF), da fibra em
detergente neutro (FDN), e nutrientes digestíveis totais (NDT).
Tabela 2 -
Nível de significância dos fatores da análise de variância para matéria seca (MS),
proteína bruta (PB), carboidratos não fibrosos (CNF), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), nutrientes digestíveis totais estimado
(NDTest) e degradabilidade potencial da MS em 48 horas (DP MS48h) das
silagens de capim-elefante
Fonte de variação gl MS PB
1
CNF
1
FDN
1
FDA
1
NDTest
1
DP MS48h
1
Farelo de cacau (F) 1 ** * ** **
Cana-de-açúcar (C) 3 ** ** **
Interação C x F 3 ns ns ** ** ns ** ns
Resíduo 24
CV (%) 2,5 2,9 10,7 1,9 2,9 2,7 2,3
** Significativo a 1% e * 5% de probabilidade pelo teste F.
1
% da MS.
Os valores de MS do material ensilado sem a presença de farelo de cacau encontraram-se
abaixo da faixa considerada ideal, de 30 a 40%, segundo Silveira (1987), como necessária para
garantir produção de silagens de boa qualidade. No entanto, a adição de 15% de farelo de cacau
resultou em aumento médio (P<0,01) de 27,7 para 34,7% de MS das silagens (Tabela 3),
promovendo um incremento de 0,47% de MS por unidade de farelo de cacau, próximos aos
0,49% estimados por Teixeira et al. (2005), quando adicionou farelo de cacau na ensilagem do
capim-elefante com 18,9% de MS. Por outro lado, foi verificada redução linear (P<0,01) do teor
de MS com a adição de cana-de-açúcar.
O aumento do teor de MS com a inclusão do farelo de cacau, era esperado,
considerando os valores 88,3% de MS do farelo de cacau, o que evidencia sua eficiência como
aditivo absorvente. A redução com a inclusão da cana-de-açúcar também era prevista em
função do seu baixo teor de MS, 18,2%.
34
Tabela 3 -
Teor de matéria seca em função da adição de farelo de cacau e cana-de-açúcar na
ensilagem de capim-elefante. Equação de regressão e coeficiente de determinação
(R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo
de cacau
(% MN)
0 15 30 45
Média Equação de Regressão R
2
0 29,9 29,6 26,4 25,0 27,7b
15 37,1 35,9 32,6 33,1 34,7a
Média 33,5 32,7 29,5 29,0 31,2 = 33,6953 – 0,11069**X 0,91
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste “t”.
% MN = % da matéria natural.
Observou-se que a adição de farelo de cacau elevou (P<0,01) o teor de PB das silagens de
3,7 para 8,5% (Tabela 4), valor que se encontra acima dos 6 a 8% citados por Mertens (1994)
como o teor mínimo para que este nutriente não seja limitante à fermentação dos carboidratos
estruturais pela flora microbiana do rúmen. Resultados semelhantes foram encontrados por
Freitas et al. (2006), com a adição do resíduo da soja, que foi eficiente em elevar o teor de PB
em 11,6% das silagens de cana-de-açúcar. Esse incremento era esperado em função do maior
teor de PB do farelo de cacau (13,8%) em relação aos baixos teores encontrados no capim-
elefante e na cana-de-açúcar, 3,8 e 3,0%, respectivamente, o que promoveu um incremento na
qualidade da silagem.
Tabela 4 -
Teor de proteína bruta das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-
açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão
Cana-de-açúcar (% MN)
Farelo de cacau
(% MN)
0 15 30 45
dia Equação de Regressão
0 3,6 3,7 3,5 3,9 3,7b
15 8,0 8,5 9,0 8,3 8,5a
Média 5,8 6,1 6,3 6,1 6,1 = 6,1
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,05).
% MN = % da matéria natural.
Embora a cana-de-açúcar utilizada tenha apresentado elevados teores de CS (12º brix),
sua adição não proporcionou nenhum incremento nas silagens sem inclusão de farelo de cacau,
o que indica que estes CS foram fermentados. No entanto, para os tratamentos que receberam
farelo de cacau, houve aumento linear (P<0,01) do teor de CNF com a inclusão da cana-de-
35
açúcar, calculando-se um incremento de 0,24% para cada unidade percentual de cana-de-açúcar
adicionada. Esse fato evidencia que a presença do farelo de cacau limitou a fermentação da
sacarose, em função da elevação do teor de MS da silagem e do controle das perdas, permitindo
a participação dos CS, que não foram fermentados, como constituinte dos CNF.
Também houve elevação (P<0,01) dos teores de CNF com a adição de farelo de cacau
para todos os níveis de cana-de-açúcar, enfatizando um aumento de 9,4 para 27,2% de CNF,
para as silagens contendo 0 e 15% de farelo de cacau, respectivamente, no tratamento com 45%
de adição de cana-de-açúcar (Tabela 5), o que era esperado em função do alto teor, 36,1% de
CNF do farelo de cacau em relação aos 12,2% do capim-elefante.
Tabela 5 -
Carboidratos não fibrosos das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-
açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau
(% MN)
0 15 30 45
Média
Equação de Regressão
R
2
0 8,9b 9,8b 9,8b 9,4b 9,5 = 9,5
15 15,5a
21,2a 21,8a
27,2a
21,4 = 16,0574+0,238959**X 0,93
Média 12,2 15,5 15,8 18,3 15,5
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
Para as silagens aditivadas com farelo de cacau, observou-se redução linear (P<0,01)
dos teores de FDN, à medida que se adicionou cana-de-açúcar, estimando-se uma redução de
0,16% para cada unidade percentual de cana-de-açúcar adicionada, semelhante aos resultados
encontrados por Batista et al. (2006), que observaram redução no conteúdo de FDN ao adicionar
vagens de algaroba na ensilagem do capim-elefante. Também houve efeito (P<0,01) do farelo
de cacau na redução da FDN para todos os níveis de cana-de-açúcar, ocorrendo uma redução de
78,1 para 64% de FDN para as silagens com 0 e 15% de farelo de cacau, respectivamente, no
tratamento contendo 45% de cana-de-açúcar (Tabela 6). Estes resultados foram semelhantes aos
encontrados por Rodrigues et al. (2005), que observaram redução linear da FDN, à medida que
se adicionou polpa cítrica em silagens de capim-elefante, e por Freitas et al. (2006), que também
verificaram menor concentração dos constituintes da fibra nos tratamentos com inclusão do
resíduo da soja. O efeito de interação do farelo de cacau e da cana-de-açúcar na redução da FDN
pode ser atribuído aos baixos teores, 49,9 e 56,7%, respectivamente, em relação aos 79,2% do
capim-elefante.
36
Tabela 6 -
Fibra em detergente neutro das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-
açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau
(% MN)
0 15 30 45
Média
Equação de Regressão
R
2
0 79,4a
77,9a 77,4a
78,1a
78,2 = 78,2
15 71,6b
68,9b 67,6b
64,0b
68,0 = 71,6142 - 0,159003**X 0,97
Média 75,5 73,4 72,5 71,1 73,1
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
A inclusão de farelo de cacau reduziu (P<0,01) a FDA da silagem, de 52 para 48,1%
(Tabela 7), efeito também observado com a adição de cana-de-açúcar, independente da presença
do farelo de cacau, que proporcionou uma redução linear, ou seja, para cada unidade percentual
de cana-de-açúcar adicionada houve uma redução de 0,09% da FDA. Os resultados encontrados
foram diferentes dos relatos de Freitas et al. (2006), que observaram, nas silagens de cana-de-
açúcar com aditivos microbianos e resíduo de soja, maiores concentrações da FDA, 34,4% e
redução dos teores de MS, 28%, em relação ao material original antes da ensilagem 23,2 e
34,3%, respectivamente, variação que ocorreu em função do maior teor de MS, 28,2%, da cana-
de-açúcar utilizada pelo autor. A redução do teor de FDA foi influenciada pelos baixos teores
deste componente no farelo de cacau e na cana-de-açúcar utilizados, em relação ao de capim-
elefante, 39 e 32,7% vs 52,5% respectivamente, o que é um indicador de qualidade das silagens
que receberam aditivos.
Tabela 7 -
Fibra em detergente ácido das silagens de capim-elefante aditivado com cana-de-
açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau (%
MN)
0 15 30 45
Média
Equação de Regressão
R
2
0 53,8 53,7 51,1 49,3 52,0a
15 49,4 49,3 47,9 45,9 48,1b
Média 51,6 51,5 49,5 47,6 50,1 = 52,1608 - 0,09357**X 0,91
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
37
Para os tratamentos aditivados com farelo de cacau, foi constatado aumento linear
(P<0,01) do NDT das silagens com a inclusão de cana-de-açúcar, estimando-se, um incremento
de 0,12% de NDT para cada unidade percentual de cana-de-açúcar adicionada. Para as silagens
que não receberam adição de farelo de cacau, foi verificado efeito quadrático (P<0,01),
estimando-se, pela derivação da equação, o valor máximo de NDT com a inclusão de 20,5% de
cana-de-açúcar à silagem (Figura 1). No entanto, a adição de farelo de cacau promoveu redução
dos valores de NDT para as silagens com 0, 15 e 30% de cana-de-açúcar, destacando-se uma
variação entre 47,6% a 41,8 para as silagens contendo 0 e 15% de farelo de cacau,
respectivamente, nos tratamentos com 0% de adição de cana-de-açúcar. Esta redução pode ser
atribuída aos altos teores de NIDN e lignina contidos no farelo de cacau.
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
0 15 30 45
Dose de cana-de-açúcar (% matéria natural)
NDT (% matéria seca)
0% 15% farelo de cacau
= 47,5851 + 0,1358X - 0,0033*X
2
R
2
= 0,99
= 41,3606 + 0,1185**X
R
2
= 0,96
A inclusão do farelo de cacau aumentou (P<0,01) a DP MS48h das silagens, de 47,6 para
52,8%, efeito também observado com a adição de cana-de-açúcar que proporcionou um
aumento linear, resultando em acréscimo de 0,11% para cada unidade percentual de cana-de-
açúcar adicionada independente da presença do farelo de cacau (Tabela 8). Freitas et al. (2006)
constataram elevação dos valores de DP MS48h com a adição do resíduo de soja em silagens de
cana-de-açúcar, atribuída ao resíduo, que possuía degradabilidade superior à da cana-de-açúcar.
Rodrigues et al. (2002) encontraram valores de 60,8% para silagem de sorgo e Rezende et al.
(2002) relataram 59% para silagem de capim-elefante cortado aos 70 dias. O incremento já era
Figura 1 -
Teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) em porcentagem da matéria
seca (%MS) na silagem de capim-elefante aditivado com farelo de cacau e
cana-de-açúcar.
38
esperado devido à maior DP MS48h do farelo de cacau e da cana-de-açúcar em relação a do
capim utilizado, o que provavelmente ocorreu em função da menor concentração dos
componentes da parede celular, além da maior disponibilidade de nitrogênio dos aditivos, que
favoreceram o crescimento microbiano, resultando em maior degradabilidade das silagens.
Tabela 8 -
Degradabilidade potencial da matéria seca em 48 horas das silagens de capim-
elefante aditivado com cana-de-açúcar e farelo de cacau. Equação de regressão
e coeficiente de determinação (R
2
)
Cana-de-açúcar (% MN) Farelo de
cacau (%
MN)
0 15 30 45
Média
Equação de Regressão
R
2
0 44,6
46,9 48,5
50,6
47,6b
15 51,2
51,7 53,2
54,9
52,8a
Média 47,9
49,3 50,8
52,8
50,2 = 47,78240 + 0,10749**X 0,99
Médias seguidas de letras distintas na coluna diferem pelo teste F (P<0,01).
** Significativo a 1% de probabilidade pelo teste "t".
% MN = % da matéria natural.
39
4 CONCLUSÕES
O farelo de cacau é eficaz no aumento do teor de proteína bruta das silagens de capim-
elefante.
A utilização da cana-de-açúcar, cv - IAC86 2480, na ensilagem de capim-elefante,
reduz os teores de fibra em detergente ácido e eleva a degradabilidade potencial da matéria seca
em 48 horas. A inclusão de até 20,5% aumenta os valores estimados dos nutrientes digestíveis
totais.
A associação cana-de-açúcar e farelo de cacau aumenta o teor de carboidratos não
fibrosos e os valores estimados dos nutrientes digestíveis totais, além de reduzir a fibra em
detergente neutro das silagens de capim-elefante.
40
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, J.B.; FERRARI JÚNIOR, E.; BRAUN, G. Valor nutritivo da silagem de cana-de-
açúcar tratada com uréia e acrescida com rolão de milho. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v.36, n.9, p.1169-1174, 2001.
ANDRADE, J.B.; LAVEZZO, W. Aditivos na ensilagem do capim-elefante. Composição
bromatológica das forragens e das respectivas silagens. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.33,
n.11, p.1859-1872, 1998.
BATISTA, A.M.V.; GUIM, A.; SOUZA, I.S. et al. Efeitos da adição de vagens de algaroba
sobre a composição química e a microbiota fúngica de silagens de capim-elefante. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.1-6, 2006.
BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R.; ROCHA, F.C. at al. Produção e características do efluente
e composição bromatológica da silagem de capim-elefante contendo diferentes níveis de casca
de café. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2185-2191, 2005. (supl.)
CARVALHO, G.G.P. PIRES, A.J.V., SILVA, F.F., et al. Comportamento ingestivo de cabras
leiteiras alimentadas com farelo de cacau ou torta de dendê. Pesquisa Agropecuária Brasileira.
Brasília, v.39, n.9, p.919-925, 2004.
FERREIRA, A.C.H.; NEIVA, J.N.M.; RODRIGUEZ, N.M. et al. Valor nutritivo das silagens
de capim-elefante com diferentes níveis de subprodutos da indústria do suco de caju. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1380-1385, 2004.
FREITAS, A.W.P.; PEREIRA, J.C.; ROCHA, F.C. et al. Avaliação da qualidade nutricional da
silagem de cana-de-açúcar com aditivos microbianos e enriquecida com resíduo da colheita de
soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.38-47, 2006.
MERTENS, D.R. Regulation of forage intake. In: FAHEY JR., G.C. (Ed.). Forage quality,
evaluation and utilization. Madison: American Society of Agronomy, 1994. p.450-493.
NRC-NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Dairy Cattle. 7.ed.
Washington: National Academy Press, 2001. 450p.
NUSSIO, L.G.; SCHIMDT, P.; PEDROSO, A.F. Silagem de cana-de-açúcar. In:SIMPÓSIO DE
FORRAGICULTURA E PASTAGENS: TEMAS EM EVIDÊNCIA – SUSTENTABILIDADE,
2003, Lavras. Anais... Lavras: Universidade Federal de Lavras, 2003. p.49-74.
PIRES, A.J.V.; CARVALHO JÚNIOR, J.N., SILVA, F.F. et al. Farelo de cacau (Theobroma
cacao) na alimentação de ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 39. 2002. Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-
ROM. Nutrição de Ruminantes.
REZENDE, A.V.; EVANGELISTA, A.R.; BARCELOS, A.F. et al. Efeito da mistura da planta
de girassol (Helianthus annuus L.), durante a ensilagem do capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) no valor nutritivo da silagem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.5,
p.1938-1943, 2002.
RIBEIRO Jr., J.I. Análises estatísticas no SAEG (Sistema para análises estatísticas). Viçosa,
MG: UFV, 2001. 301p.
41
RODRIGUES, P.H.M.; BORGATTI, L.M.O.; GOMES, R.W. et al. Efeito da adição de níveis
crescentes de polpa cítrica sobre a qualidade fermentativa e o valor nutritivo da silagem de
capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1138-1145, 2005.
RODRIGUES, P.H.M.; SENATORE, A.L.; ANDRADE, S.J.T. et al. Efeitos da adição de
inoculantes microbianos sobre a composição bromatológica e perfil fermentativo da silagem de
sorgo produzida em silos experimentais. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.6, p.2373-
2379, 2002.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed.
Viçosa: UFV, 2002. 165p.
SILVEIRA, A.C. Produção e utilização de silagens. In: SEMANA DE ZOOTECNIA, 12., 1987,
Pirassununga. Anais… Pirassununga: Fundação Cargill, 1987. p.119-134.
SOUZA, A.L.; BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R. et al. Valor nutritivo de silagem de capim-
elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com diferentes níveis de casca de café. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.32, n.4, p.828-833, 2003.
TEIXEIRA, F.A.; SANTOS, L.C.; NASCIMENTO, P.V.N. et al. Perdas por nitrogênio
amoniacal em silagem de capim-elefante (Penninsetum purpureum Schum) acrescido de farelo
de cacau (Theobroma cacao). Revista Electrónica de Veterinária, http://www.veterinaria.org/
revistas/redvet/n111105.html (acessada em 12 de abril de 2005) v.6, n.11, 2005.
TOSI, P.; MATTOS, W.R.S.; TOSI, H. et al. Avaliação do capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) cultivar taiwan a-148, ensilado com diferentes técnicas de redução de
umidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.28, n.5, p.947-954, 1999.
WOOLFORD, M.K. The silage fermentation. New York: Marcel Dekker, 1984. 350p.
42
TRABALHO 3
Degradação ruminal da silagem de capim-elefante aditivado com cana-de-açúcar e farelo
de cacau
Resumo Objetivou-se avaliar a degradação ruminal da matéria seca (MS), da proteína bruta
(PB) e da fibra em detergente neutro (FDN) das silagens de capim-elefante; capim-elefante
ensilado com 30% de cana-de-açúcar; 15% de farelo de cacau; e 45% de cana mais 15% de
farelo de cacau. Amostras de cada silagem foram incubadas no rúmen de três novilhos mestiços
holandês x zebu durante os períodos de 0, 12, 24, 48, 72 e 96 horas. O delineamento
experimental utilizado foi o de parcelas subdivididas e os coeficientes não lineares a, B e c
foram estimados por meio de procedimentos iterativos de Gauss-Newton. Para o capim-elefante
ensilado com farelo de cacau, foram observados maiores valores da fração a da MS e da PB,
próximos a 60%, além de maiores taxas da degradação da fração B e da degradabilidade efetiva
(DE) da PB para as taxas de passagem 2, 5 e 8%h
-1
. As silagens que apresentaram as maiores
frações não-degradáveis i da FDN foram as silagens de capim-elefante sem aditivo e com 30%
de cana, enquanto a silagem aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau destacou-se
pela maior degradação potencial da MS, da PB e da FDN, em todos os períodos estudados, e
maiores DE da MS e da PB para as taxas de passagem 2, 5 e 8%h
-1
. A inclusão associada da
cana-de-açúcar com o farelo de cacau, no momento da ensilagem do capim-elefante, apresenta-
se como alternativa para aumentar a degradabilidade da forragem em estádio de crescimento
avançado.
Palavras-chave: degradabilidade, ensilagem, forragem, taxa de passagem
43
Ruminal degradation of elephant grass silage added with sugarcane and cocoa meal
Abstract The objective was to evaluate the DM, crude protein (CP) and neutral detergent
fiber (NDF) ruminal degradation of silages of elephant grass; elephant grass ensiled with 30%
of sugarcane; 15% of cocoa meal; and 45% of sugarcane plus 15% of cocoa meal. Samples of
each silage were incubated in the rumen of three Holstein x Zebu crossbred steers during the
periods of 0, 12, 24, 48, 72 and 96 hours. The experimental design used was the subdivided
parcels and the non linear coefficients a, B and c were estimated through Gauss-Newton
iterative procedures. For the elephant grass ensiled with cocoa meal, larger values of DM and
CP fraction a were observed, next to 60%, besides the greatest B fraction degradation rates and
effective degradability (ED) of CP to passage rates of 2, 5 and 8%h
-1
. The silages that showed
the largest no-degradable i fractions of NDF were the elephant grass silages without additive
and with 30% of sugarcane, while the silage addicted with 45% of sugarcane and 15% of cocoa
meal showed up by the largest DM, CP and NDF potential degradation in all of the studied
periods, and larger DM and CP ED for passage rates of 2, 5 and 8%h
-1
. The associated inclusion
of sugarcane with cocoa meal at the elephant grass ensilage moment comes as an alternative to
increase the degradability of forage in advanced growth stage.
Key words: degradability, ensilage, roughage, passage rate
44
1 INTRODUÇÃO
Uma das principais causas da baixa produtividade dos rebanhos nos trópicos é a
sazonalidade da produção de forragem nos períodos “secos” do ano. Para minimizar seus efeitos
negativos, uma estratégia viável e muito utilizada pelos criadores é o armazenamento de
volumosos na forma de silagem. Dentre as gramíneas tropicais, o capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum) é uma forrageira bastante utilizada para alimentação de bovinos, pelo seu
bom valor nutritivo e alto potencial produtivo (Deschamps & Brito, 2001), características que
têm estimulado sobremaneira a utilização desta gramínea para produção de silagem.
No entanto, o estádio de melhor valor nutritivo do capim-elefante coincide com excesso
de umidade, o que é indesejável para o processo de ensilagem, pois, segundo Ferrari Jr. &
Lavezzo (2001), propicia silagens de baixa qualidade, em que é grande a decomposição
protéica, com evidente queda do valor nutritivo. Por outro lado, à medida que a planta se
desenvolve, ocorre aumento na produção de matéria seca (MS), entretanto, observa-se redução
do teor protéico e aumento no teor de fibra, associados à elevação do teor de lignina (Rodrigues
et al., 2004).
Diversas pesquisas têm sido direcionadas ao desenvolvimento de tratamentos que
garantam boas condições para o processo fermentativo e a manutenção da qualidade nutricional
das silagens de capim-elefante. Esses tratamentos envolvem, dentre outras técnicas, a adição de
materiais com altos teores de matéria seca (Souza et al., 2003; Bernardino et al., 2005; Batista et
al., 2006) e de fontes de carboidratos (Andrade & Melotti, 2004; Ferreira et al., 2004; Rodrigues
et al., 2005).
Dentre os resíduos disponíveis, o farelo de cacau, resíduo da retirada da casca das
amêndoas (Pires et al., 2002), tem se mostrado eficiente na redução da umidade de silagens
(Teixeira et al., 2005). Por outro lado, a cana-de-açúcar, que se destaca pela alta concentração
de sacarose, pode ser utilizada para o fornecimento de carboidratos solúveis em silagens de
capim-elefante (Velloso et al., 1973).
A utilização de aditivos tem por objetivo proporcionar bom processo fermentativo das
silagens, reduzindo a perda de nutrientes. Entretanto, o valor nutritivo deve ser alterado em
função da proporção e da composição química do ingrediente adicionado e, sua avaliação
eficiente, deve basear-se na determinação das quantidades de proteína e energia digestíveis que
o animal pode obter dessas silagens. Dentro desta concepção, o conhecimento do valor nutritivo
potencial dos alimentos, por meio da degradação ruminal, permite o emprego racional dos
mesmos, como alimento único ou como ingrediente de misturas mais complexas (Cabral et al.,
2005).
45
O desempenho animal é diretamente afetado pela variação na degradação ruminal, na
taxa de degradação dos compostos nitrogenados e no conteúdo de fibra da dieta. Segundo
Azevêdo et al. (2003), a utilização das forragens depende de complexas interações que ocorrem
entre estes compostos e os microrganismos do retículo-rúmen. Ou seja, o aumento na
degradabilidade da proteína eleva a disponibilidade de nitrogênio na forma de amônia e, quando
não aproveitado, é perdido pela urina na forma de uréia. Para que estas perdas sejam reduzidas,
e que seja maximizado o crescimento microbiano, necessidade de disponibilidade de energia
no rúmen na forma de carboidratos fermentáveis, desde que a quantidade de nitrogênio
disponível não seja limitante.
As informações relativas à composição bromatológica e à ingestão de MS são de grande
importância, entretanto, não refletem o verdadeiro valor nutritivo dos alimentos. Para tanto, faz-
se necessário o conhecimento da utilização dos nutrientes pelo ruminante, que é obtido por meio
de estudos de degradabilidade ruminal. De acordo com Chizzotti et al. (2005), o conhecimento
dos locais de digestão dos nutrientes é relevante, pois permite calcular as quantidades
aparentemente absorvidas nos diferentes segmentos do trato digestório.
Dentre as técnicas empregadas para avaliar a degradação ruminal dos alimentos, a in
situ tem sido a mais extensivamente utilizada (Valadares Filho et al., 1991), a qual consiste em
determinar o desaparecimento de componentes da amostra de alimentos acondicionados em
sacos de náilon, incubados no rúmen por períodos variáveis. Embora não permita que o
alimento sofra todos os eventos digestivos, como mastigação e ruminação, de acordo com
Teixeira (1997), o extenso uso desta técnica está ligado à sua rápida e cil execução, pois
requer pequena quantidade de amostra do alimento teste e, segundo Mertens (1993), possibilita
sua exposição ao contato íntimo com o ambiente ruminal, além da obtenção do valor nutritivo
mais próximo aos encontrados com ensaio in vivo.
O objetivo do estudo foi avaliar a degradação ruminal da matéria seca, da proteína bruta
e da fibra em detergente neutro do capim-elefante ensilado com cana-de-açúcar e farelo de
cacau.
46
2 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de Forragicultura da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia - UESB, Campus de Itapetinga. Como forrageira para ensilagem utilizou-se o
capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv- Mercker. Como aditivos foram utilizados a
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) cv- IAC86 -2480 com 12 graus brix, colhida aos 12
meses de idade e o farelo de cacau (Theobroma cacao). A composição químico-bromatológica
do capim-elefante, da cana-de-açúcar e do farelo de cacau utilizados na ensilagem encontra-se
na Tabela 1.
O capim-elefante foi colhido manualmente a 10 cm do solo, aos 120 dias de crescimento,
sendo picado em fragmentos de dois cm em ensiladeira estacionária. Foram avaliados os
seguintes tratamentos: silagem de capim-elefante; silagem de capim-elefante com 30% de cana-
de-açúcar; silagem de capim-elefante com 15% de farelo de cacau; e silagem de capim-elefante
com 45% de cana-de-açúcar com 15% de farelo de cacau.
Tabela 1 -
Composição químico-bromatológica do capim-elefante, da cana-de-açúcar e do
farelo de cacau
Item Capim-elefante Cana-de-açúcar Farelo de cacau
Matéria seca
29,2 18,2 88,3
Proteína bruta
1
3,8 3,0 13,8
CNF
1
12,2 36,1 47,3
FDN
1
79,2 56,7 49,9
FDA
1
52,5 32,7 39,0
Lignina
1
12,7 8,4 27,9
Celulose
1
35,0 25,4 10,7
NIDN
2
45,0 48,9 59,0
NIDA
2
9,7 11,2 35,3
CNF = carboidratos não fibrosos; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NIDN =
nitrogênio insolúvel em detergente neutro; NIDA = nitrogênio insolúvel em detergente ácido.
1
% da MS e
2
% do N total.
Utilizando quatro repetições por tratamento, o material foi acondicionado em silos
experimentais de PVC com 50 cm de altura por 10 cm de diâmetro, providos de válvula de
Bunsen, com areia e tela no fundo para captação do efluente desprendido da silagem. A
compactação foi feita adotando-se uma densidade de 600 kg de silagem/m
3
. Após o período de
47
60 dias de armazenamento, os silos foram abertos e o material retirado foi homogeneizado e
coletadas amostras das silagens para serem secas em estufa de circulação forçada de ar regulada
a 55ºC durante 72 horas. Em seguida, foram moídas em moinho tipo Willey, com peneira de
malha de 5 mm, e as amostras proporcionais de cada repetição, por tratamento individual, foram
misturadas e obtidas compostas de cada tratamento, as quais foram destinadas à incubação
ruminal.
Para a incubação in situ, foram utilizados três novilhos mestiços (holandês x zebu),
fistulados no rúmen, com peso corporal médio de 300 kg, mantidos em pastagens de Brachiaria
decumbens. Cada animal representou uma repetição. As amostras foram acondicionadas em
sacos de náilon, na quantidade de 3 g de MS/saco, de modo a proporcionar cerca de 10 a 20 mg
de amostra/cm
2
de área útil dos sacos (Nocek, 1988). Os sacos foram inseridos no rúmen por
intermédio da fístula ruminal, fixados a uma corrente de o, de forma inversa, nos tempos 0,
12, 24, 48, 72 e 96 horas. Decorridos os tempos de incubação, todos os sacos foram removidos
de uma vez, promovendo, dessa forma, lavagem uniforme do material em água corrente até
que esta se apresentasse limpa, procedendo-se, então, a secagem. A determinação da MS foi
feita em estufa a 55ºC por 72 horas e o resíduo obtido após esta etapa foi utilizado para as
análises de PB e FDN, segundo metodologias descritas por Silva & Queiroz (2002).
Os dados de degradabilidade in situ da MS, PB e FDN foram obtidos pela diferença de
peso, encontrada para cada componente, entre as pesagens efetuadas antes e após a incubação
ruminal e expressos em porcentagem. O delineamento experimental utilizado foi o de parcelas
subdivididas, em que os três animais representaram os blocos; as silagens, os tratamentos; e os
seis horários de incubação dos alimentos no rúmen, os subtratamentos. Com o auxílio do SAEG
Sistema para Análises Estatísticas (Ribeiro Jr., 2001), foram calculadas as taxas de
degradação da MS, da PB e da FDN, utilizando-se a equação proposta por Ørskov & McDonald
(1979):
Dt= a + B (1 – e
-ct
), em que:
Dt= fração degradada no tempo t (%), a= fração solúvel (%); B= fração insolúvel
potencialmente degradável (%); c= taxa de degradação da fração B (h
-1
); e t = tempo h.
Os coeficientes não lineares a, B e c, foram estimados por meio de procedimentos
iterativos de Gauss-Newton. A degradabilidade efetiva (DE) da MS e da PB no rúmen foi
calculada utilizando-se o modelo:
DE= a + (B x c / c + k), em que:
k corresponde à taxa estimada de passagem das partículas no rúmen.
O cálculo da fração não degradável da MS, da PB e da FDN foi feito por diferença [i =
100 (a + B)], pois o somatório do percentual das frações prontamente degradável a,
potencialmente degradável B e indegradável i é igual a 100.
48
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na composição químico-bromatológica das silagens avaliadas, constataram-se menores
teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido
(NIDA) e maiores teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) nas silagens de capim-elefante e no capim-elefante ensilado com 30% de cana-de-açúcar
(Tabela 2). Quanto aos parâmetros cinéticos da degradação da MS (Tabela 3), observou-se que
a degradação da fração a foi mais elevada para as silagens aditivadas com farelo de cacau em
relação às demais silagens, o que pode ser atribuído ao menor teor de FDN daquelas silagens.
Tabela 2 -
Composição químico-bromatológica das silagens de capim-elefante (CE) ensilado
com cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC)
Item CE CE + 30%Cana CE +15%FC CE+ 45%Cana
+15%FC
Matéria seca
29,9 26,4 37,1 33,1
Proteína bruta
1
4,3 4,0 8,6 8,8
CNF
1
8,9 9,8 15,5 27,2
FDN
1
79,4 77,4 71,6 64,0
FDA
1
53,8 51,1 49,4 45,9
Celulose
1
42,3 40,2 32,1 28,1
Lignina
1
8,4 8,6 14,8 15,2
NIDN
2
19,2 24,9 45,0 61,4
NIDA
2
11,3 10,0 32,6 33,3
N-NH
3
14,7 13,6 3,9 4,0
pH
4,2 3,7 4,1 4,1
CNF = carboidratos não fibrosos; FDN = fibra em detergente neutro; FDA = fibra em detergente ácido; NIDA =
nitrogênio indigestível em detergente ácido; N-NH
3
= nitrogênio amoniacal.
1
% da MS e
2
% do N total.
Considerando que a fração a representa a porção da planta que está prontamente
disponível para os microrganismos do men, o maior valor, 19,9%, encontrado para silagem
aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau, foi próximo aos 18,6 e 19% encontrados
por Sarti et al. (2005) para silagens de capim-elefante tratadas com inoculante bacteriano e
enzimo-bacteriano, respectivamente, e menores do que os 29,3% encontrados por Chizzotti et
al. (2005) para silagem de capim-elefante com 25,6% de MS, 4,3% de PB e 77,7% de FDN.
Pode-se inferir que a inclusão associada da cana-de-açúcar com o farelo de cacau na ensilagem
49
do capim-elefante promoveu uma maior disponibilidade de nutrientes contidos na MS,
resultando numa maior degradação ruminal dos mesmos, o que pode ser explicado pelo maior
conteúdo de carboidratos não fibrosos desta silagem (Tabela 2).
O valor da degradação da fração a da MS para silagem de capim-elefante, 11%, pode
ser considerado baixo, quando comparado com os 16,7% encontrados por Cabral et al. (2005).
Essa diferença de 5,7 pontos percentuais observados pode ser explicada pelo baixo valor
nutritivo do capim-elefante utilizado neste experimento (Tabela 1), pois, dentre outras variáveis,
o capim utilizado pelos autores apresentou maior teor de PB e menor teor de FDN, em 2,2 e 4
unidades percentuais, respectivamente.
Além dos maiores valores da fração a observados para a silagem aditivada com 45% de
cana-de-açúcar e 15% de farelo de cacau, a fração insolúvel potencialmente degradável B da
MS foi maior com valor de 45,9%. As taxas de degradação da fração B da MS em %h
-1
variaram entre 2,2 e 2,9%, com o maior valor para a silagem de capim-elefante, que apresentou,
em termos numéricos, maior velocidade de hidrólise da MS (Tabela 3), acima dos 2,4%
encontrados por Chizzotti et al. (2005) e abaixo dos 3,25% encontrados por Cabral et al. (2005),
quando avaliaram a degradabilidade ruminal da silagem de capim-elefante.
Tabela 3 -
Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da matéria seca das silagens de
capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC)
Silagem Parâmetro R
2
a B i c
Capim-elefante 11,0 42,3 46,7 0,029 0,99
CE + 30% cana-de-açúcar 14,9 43,1 42,0 0,022 0,99
CE + 15% FC 16,4 39,6 44,0 0,027 0,98
CE + 45% cana + 15% FC 19,9 45,9 34,2 0,024 0,98
a = fração solúvel (%); B = fração insolúvel potencialmente degradável (%); i = fração não-degradável (%); c = taxa
de degradação (%h
-1
) R
2
= coeficiente de determinação.
Foi observado maior valor da degradabilidade potencial (DP) da MS, 65,8%, para a
silagem de capim-elefante aditivado com 45% de cana e 15% de farelo de cacau e o menor
valor, 53,3%, para a silagem de capim-elefante sem aditivo. Embora os resultados observados
para silagem de capim-elefante estejam abaixo dos 64,9% de DP da MS (Tabela 4), encontrados
por Cabral et al. (2005), a adição simultânea de cana-de-açúcar e farelo de cacau contribuiu para
um aumento de 53,3 para 65,8 na degradabilidade potencial da MS em relação à silagem sem
aditivo, aproximando-se dos valores encontrados pelos autores, que utilizaram um capim de
melhor valor nutritivo (18% MS, 6,5% PB e 75% FDN), fato que pode ser explicado pela
redução da FDN com a utilização dos dois aditivos e pela contribuição do farelo de cacau no
50
aumento do teor de PB, enquanto Mello et al. (2006), estudando diferentes clones de capim-
elefante, relataram valor dio de 79,4%, acima dos valores encontrados neste estudo, o que
pode ser atribuído às perdas durante o processo de ensilagem.
A baixa DP da MS, obtida neste trabalho, pode ser justificada pelo baixo valor nutritivo
do capim-elefante, que foi colhido em estádio de crescimento avançado e apresentou elevada
proporção de parede celular (FDN). A FDN, por sua vez, apresenta lenta e incompleta digestão,
ocupando espaço no trato gastrintestinal (Mertens, 1996) e é a principal responsável pela
variação na digestão das forrageiras tropicais, além de exercer efeito marcante sobre o consumo
dos alimentos (Van Soest, 1994, Mertens, 1996).
Para a degradabilidade efetiva (DE) da MS, constatou-se a mesma tendência verificada
para a DP, ou seja, a silagem aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau apresentou
maiores valores de DE para as taxas de passagem de 2, 5 e 8%/hora. Pode-se deduzir que a
inclusão associada da cana-de-açúcar com o farelo de cacau na ensilagem do capim-elefante
melhorou o processo fermentativo e a qualidade nutricional das silagens.
Como pode ser observado na Figura 1, os potenciais de degradação da MS da silagem
aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau foram superiores em todos os períodos
estudados, comparando com as demais silagens, que apresentaram taxas de desaparecimento da
MS muito próximas. Constata-se que, para atingir 40% de degradação, foi necessário um
período de 24 horas para a silagem aditivada com 45% de cana e 15% de farelo, de 36 horas
para a silagem aditivada com 15% de farelo de cacau e de 42 horas para a silagem de capim-
elefante e para a silagem aditivada com 30% de cana. Essa diferença entre os períodos de
degradação ruminal da MS pode ser atribuída ao baixo teor de FDN da silagem contendo cana e
farelo de cacau, que promoveu uma degradação mais rápida da MS desta silagem. Em função
disso, ocorre uma passagem mais rápida do alimento, liberando espaço no rúmen, fatores que
Tabela 4 -
Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da matéria seca das silagens de
capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e farelo de cacau (FC), calculadas
para taxas de passagem de 2, 5 e 8%h
-1
DE
Taxa de passagem (%h
-1
)
Silagem DP
2 5 8
Capim-elefante 53,3 36,0 26,5 22,3
CE + 30% cana-de-açúcar 58,0 37,5 28,1 24,2
CE + 15% FC 56,0 39,1 30,3 26,4
CE + 45% cana + 15% FC 65,8 44,9 34,8 30,5
51
provavelmente influenciam o consumo animal, que, por sua vez, se constitui num dos maiores
problemas da utilização de forrageiras com baixo valor nutritivo.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 24 48 72 96
Período de incubação (horas)
Degradabilidade da MS (%)
mm
CE CE+30%Cana CE+15%FC CE+45%Cana+15%FC
Figura 1- Degradabilidade da matéria seca das silagens de capim-elefante (CE) aditivado
com cana-de-açúcar e, ou farelo de cacau (FC) em função dos períodos de
incubação no rúmen, estimada pela equação: y = a + B(1 - e
-c*t
).
Mais da metade da PB das silagens apresentou-se na forma solúvel em água ou fração a,
apresentando valores entre 51,9 e 62,2% (Tabela 5), resultados próximos aos encontrados por
Cabral et al. (2005), que verificaram 56% da fração a em silagem de capim-elefante e superiores
aos 43,9% achados por Sarti et al. (2005) para capim-elefante com inoculante enzimo-
bacteriano. As silagens aditivadas com farelo de cacau demonstraram maior fração solúvel da
PB (Tabela 5), o que pode ser atribuído aos maiores teores de PB e menores teores de N-NH
3
apresentados nestas silagens (Tabela2). Esses resultados indicam que grande parte desta fração
solúvel esteja disponível na forma de nitrogênio não-protéico (NNP), como sugerem Sniffen et
al.(1992) e Cabral et al. (2003), e comprovado por Cabral et al. (2004), que encontraram 56,9%
de NNP, quando fracionaram os compostos nitrogenados da silagem de capim-elefante. Os
valores da fração B variaram entre 11,3 e 20,4%, próximo aos 14% para silagem de capim-
elefante verificados por Cabral et al. (2005). Entretanto, as taxas de degradação da PB, em %h
-1
,
fração c, foram mais elevadas para as silagens que continham farelo de cacau, entre 5,8 e 4%
(Tabela 4), em relação a 0,8 e 1,6% das silagens sem farelo de cacau.
52
Tabela 5 -
Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da proteína bruta das silagens
de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e farelo de cacau (FC)
Silagem Parâmetro R
2
a B i c
Capim-elefante 53,1 20,4 26,5 0,008 0,91
CE + 30% cana-de-açúcar 51,9 12,4 35,7 0,016 0,72
CE + 15% FC 62,2 11,3 26,5 0,058 0,86
CE + 45% cana + 15% FC 59,8 20,3 19,9 0,04 0,96
a = fração solúvel (%); B = fração insolúvel potencialmente degradável (%); i = fração não-degradável (%); c = taxa
fracional de degradação (%h
-1
); R
2
= coeficiente de determinação.
Em relação à DP da PB, excetuando a silagem contendo 30% de cana-de-açúcar, os
valores obtidos para as demais silagens mostraram-se um pouco superiores aos 70%
encontrados por Cabral et al. (2005) para silagem de capim-elefante cortado com 120 dias de
crescimento. Apenas a silagem capim-elefante aditivado com 45% de cana e 15% de farelo de
cacau apresentou DP acima de 80% (Tabela 6), comparável aos 78% encontrados por Sarti et al.
(2005) para silagem de capim-elefante com inoculante enzimo-bacteriano. A inclusão associada
da cana-de-açúcar com o farelo de cacau, na ensilagem do capim-elefante, aumentou a
disponibilidade da PB da silagem, melhorando a qualidade do capim-elefante utilizado, que
apresentava apenas 3,8% de PB.
Percebe-se que as silagens aditivadas com farelo de cacau apresentaram valores
superiores de DE da PB, em relação às não aditivadas, independente da taxa de passagem.
Considerando a taxa de passagem de 5%h
-1
, para as silagens aditivadas com farelo de cacau,
foram encontrados valores superiores a 68% (Tabela 6), acima dos 60% encontrados por Veloso
et al. (2006) para folíolos de leucena. Verificou-se um aumento na DE em todas as taxas de
passagens, com a utilização do farelo de cacau, em relação as silagens que não receberam este
aditivo, o que pode ser explicado pelo elevado teor de PB, 13,8%, deste aditivo, embora 35,3%
deste nutriente estejam indisponíveis na forma de NIDA (Tabela 1). A variabilidade nos valores
das frações a, B e c da PB das silagens estudadas pode ser creditada às características do
material ensilado (composição química) e qualidade durante o processo de ensilagem.
53
Tabela 6 -
Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da proteína bruta das silagens de
capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e farelo de cacau (FC), calculadas
para taxas de passagem de 2, 5 e 8%h
-1
DE
Taxa de passagem (%h
-1
)
Silagem DP
2 5 8
Capim-elefante 73,5 58,9 55,9 55,0
CE + 30% cana-de-açúcar 64,3 57,4 54,9 54,0
CE + 15% FC 73,5 70,6 68,3 66,9
CE + 45% cana + 15% FC 80,1 73,3 68,8 66,6
Além de apresentar maiores teores de PB das silagens contendo farelo de cacau, as
silagens revelaram, em sua composição químico-bromatológica, menores valores em FDA,
evidenciando uma correlação negativa entre o teor de FDA, em relação ao de PB e DP e DE da
PB.
Quando se observa a taxa de desaparecimento da PB nos períodos de 0 a 96 horas
(Figura 2), percebe-se que as silagens aditivadas com farelo de cacau apresentaram maior
potencial de degradação em todos os períodos e, a partir das 24 horas, houve um aumento desse
potencial para a silagem capim-elefante aditivado com 45% de cana e 15% de farelo de cacau.
Não foram observadas variações entre as silagens que não receberam farelo de cacau (Figura 2).
A alta taxa de desaparecimento da proteína das silagens favoreceu uma alta concentração de
amônia no rúmen, principalmente para as silagens contendo farelo de cacau, que tiveram valores
acima de 60% da PB desaparecida logo nas primeiras horas de incubação, o que indica que estas
silagens possuem bom potencial de produção de proteína microbiana, mesmo com baixos teores
de PB na MS, desde que no rúmen tenha quantidade de carboidratos fermentáveis suficientes
para fornecer a energia mínima requerida.
54
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 24 48 72 96
Período de incubação (horas)
Degradabilidade da proteína bruta (%)
vv
CE CE+30%Cana CE+15%FC CE+45%Cana+15%FC
Figura 2 - Degradabilidade da proteína bruta das silagens de capim-elefante (CE) contendo
cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC) em função dos períodos de incubação
no rúmen, estimada pela equação: y = a + B (1 - e
-c*t
).
Dentre as silagens avaliadas, foi verificada a elevada fração não-degradável i da FDN
nas silagens de capim-elefante sem aditivo e aditivada com 30% de cana-de-açúcar (Tabela 7).
Considerando que os teores de carboidratos fibrosos (CF = FDN) apresentam lenta e incompleta
digestão no trato gastrintestinal dos ruminantes (Mertens, 1996), pode-se presumir que a baixa
degradação dessas silagens pode ser atribuída aos elevados teores de FDN (Tabela 2), em
decorrência do avançado estádio de crescimento em que o capim foi cortado para confecção das
silagens, o que explica, também, a baixa DP da MS encontrada neste estudo, pois, segundo
Cabral et al. (2005), a FDN representa a maior proporção da MS e exerce forte efeito sobre a
digestão ruminal das forragens.
A silagem aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau destacou-se pela
elevada degradabilidade da fração B, 60,3% e menor fração não-degradável 39,7, valores
próximos aos encontrados por Freitas et al. (2006), que relataram 58,9% da fração B e 41,1% da
fração não-degradável para cana-de-açúcar IAC86-2480, a mesma variedade utilizada como
aditivo neste experimento, o que indica que a inclusão associada desses aditivos no momento da
ensilagem favorece o aumento da degradação ruminal da FDN das silagens. para a fração a,
registraram-se, para todas as silagens estudadas, valores próximos a zero, o que já era esperado,
uma vez que a FDN não contém fração solúvel e requer maior tempo de colonização.
55
Tabela 7 -
Estimativa dos parâmetros de degradação ruminal da fibra em detergente neutro
das silagens de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau
(FC)
Silagem Parâmetro R
2
a B i c
Capim-elefante 0,0 49,4 50,6 0,0238 0,98
CE + 30% cana-de-açúcar 0,1 47,9 52,0 0,0212 0,97
CE + 15% FC 0,3 52,3 47,4 0,0194 0,99
CE + 45% cana + 15% FC 0,0 60,3 39,7 0,0164 0,97
a = fração solúvel (%); B = fração insolúvel potencialmente degradável (%); i = fração não-degradável (%); c = taxa
fracional de degradação (%h
-1
); R
2
= coeficiente de determinação.
Foram observados maiores valores de DP da FDN para as silagens contendo farelo de
cacau. Destaca-se a silagem aditivada com 45% de cana e 15% de farelo de cacau, que
apresentou 60,3% de DP da FDN (Tabela 8), próximo aos encontrados por Sarti et al. (2005),
quando avaliaram a degradabilidade ruminal da silagem de capim-elefante e relataram valor de
60% para a DP da FDN e dos 60,5% de DP da FDN em 72 horas de incubação, obtidos por
diversos autores e registrados por Valadares Filho et al. (2006). Em contrapartida, os resultados
encontrados para as demais silagens foram considerados baixos, o que pode ser atribuído ao
baixo valor nutritivo da forrageira utilizada.
Tabela 8 -
Degradabilidade potencial (DP) e efetiva (DE) da fibra em detergente neutro das
silagens de capim-elefante (CE) contendo cana-de-açúcar e farelo de cacau (FC),
calculadas para taxas de passagem de 2, 5 e 8%h
-1
DE
Taxa de passagem (%/h)
Silagem DP
2 5 8
Capim-elefante 49,4 26,8 15,9 11,3
CE + 30% cana-de-açúcar 48,0 24,7 14,4 10,1
CE + 15% FC 52,6 26,1 14,9 10,5
CE + 45% cana + 15% FC 60,3 27,2 14,9 10,3
A curva de desaparecimento da fração FDN (Figura 3) mostra pouca variação entre as
silagens. Os valores de degradação da FDN atingiram os 30% próximo das 48 horas de
incubação. Contudo, a partir deste período, a silagem capim-elefante aditivado com 45% de
cana e 15% de farelo de cacau apresentou maiores valores de degradação ruminal da FDN.
Apesar do maior potencial de degradação da FDN, constataram-se menores taxas de degradação
56
(fração c) para as silagens contendo farelo de cacau, indicando que mesmo com maior potencial
de degradação, o tempo de permanência da FDN destas silagens no rúmen foi maior do que o
das silagens que não continham este aditivo, o que pode ser atribuído pelo elevado teor de
lignina deste aditivo.
Estudando a degradabilidade ruminal de silagens, Molina et al. (2003) verificaram
valores de DP, no tempo de incubação de 96 horas, de 67,47, 66,03, 60,47 e 58,80%,
respectivamente, para as silagens de sorgo BR 303, AG 2006, BR 700 e BR 701. Os valores
encontrados por estes autores, para a DP da FDN, são próximos dos 60,3% observados para as
silagens de capim-elefante contendo 45% de cana e 15% de farelo de cacau. Por outro lado, os
valores observados para DE da FDN não variaram, observando-se amplitude máxima de menos
de 1,5 unidades percentuais nos valores de DE para a taxa de passagem de 5%h
-1
. Os resultados
observados, entre 14,4 e 15,9%, foram inferiores aos encontrados por Lopes & Aroeira (1999),
quando avaliaram a degradabilidade do capim-elefante e verificaram valor de 34% de DE da
FDN com a mesma taxa de passagem. Os baixos valores de DE encontrados podem ser
explicados pelo avançado estádio de crescimento do capim utilizado neste estudo, que
apresentava elevado teor de lignina, componente que não é degradado no rúmen e ainda
influencia numa maior permanência do alimento no rúmen.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
0 24 48 72 96
Período de incubação (horas)
Degradabilidade da FDN (%)
CE CE+30%Cana CE+15%FC CE+45%Cana+15%FC
70
60
50
40
30
20
10
Figura 3 - Degradabilidade da fibra em detergente neutro das silagens de capim-elefante
(CE) contendo cana-de-açúcar e ou farelo de cacau (FC) em função dos períodos
de incubação no rúmen, estimada pela equação: y = a + B (1 - e
-c*t
).
57
4 CONCLUSÕES
A adição de farelo de cacau na ensilagem do capim-elefante aumenta a fração solúvel da
matéria seca e da proteína bruta, além de elevar as taxas da degradação da fração B e a
degradabilidade efetiva da proteína bruta em todas as taxas de passagens.
Dentre as silagens estudadas, a silagem contendo 45% de cana e 15% de farelo de cacau
se destaca pela maior degradação potencial da matéria seca, da proteína bruta e da fibra em
detergente neutro, em todos os períodos estudados, e apresentam as maiores degradabilidades
efetivas da MS e da PB em todas as taxas de passagens.
A inclusão simultânea da cana-de-açúcar e do farelo de cacau ao capim-elefante, em
estádio de crescimento avançado, no momento da ensilagem, apresenta-se como uma alternativa
para aumentar a degradabilidade e, possivelmente o consumo destas silagens.
58
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, S.J.T.; MELOTTI, L. Efeito de alguns tratamentos sobre a qualidade da silagem de
capim- elefante cultivar Napier (Pennisetum purpureum, Schum). Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, v.41, p.409-415, 2004.
AZEVÊDO, J.A.G.; PEREIRA, J.C.; QUEIROZ, A.C. et al. Composição químico-
bromatológica, fracionamento de carboidratos e cinética da degradação in vitro da fibra de três
variedades de cana-de-açúcar (Saccharum ssp.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.6,
p.1443-1453, 2003.
BATISTA, A.M.V.; GUIM, A.; SOUZA, I.S. et al. Efeitos da adição de vagens de algaroba
sobre a composição química e a microbiota fúngica de silagens de capim-elefante. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.1-6, 2006.
BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R.; ROCHA, F.C. et al. Produção e características do efluente
e composição bromatológica da silagem de capim-elefante contendo diferentes níveis de casca
de café. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.6, p.2185-2191, 2005. (supl.)
CABRAL, L.S.; VALADARES FILHO, S.C.; DETMANN, E. et al. Composição químico-
bromatológica, produção de gás, digestibilidade in vitro da matéria seca e NDT estimado da
silagem de sorgo com diferentes proporções de panículas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32,
p.1250-1258, 2003.
CABRAL, L.S.; VALADARES FILHO, S.C.; DETMANN, E. et al. Taxas de Digestão das
Frações Protéicas e de Carboidratos para as Silagens de Milho e de Capim-Elefante, o Feno de
Capim-Tifton-85 e o Farelo de Soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1573-1580,
2004.
CABRAL, L.S.; VALADARES FILHO, S.C.; ZERVOUDAKIS, J.T. et al. Degradabilidade in
situ da matéria seca, da proteína bruta e da fibra de alguns alimentos. Pesquisa agropecuária
brasileira, v.40, n.8, p.777-781, 2005.
CHIZZOTTI, M.L.; VALADARES FILHO, S.C.; LEÃO, M.I. et al. Casca de algodão em
substituição parcial à silagem de capim-elefante para novilhos. 1. Consumo, degradabilidade e
digestibilidade total e parcial. Revista Brasileira de Zootecnia. v.34, n.6, p.2093-2102, 2005.
DESCHAMPS, F.C.; BRITO, C.J.F.A. de. Qualidade da forragem e participação coletiva na
produção de matéria seca de diferentes frações de cultivares de capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum Macl). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 30, n. 5, p. 1418-1423, 2001.
FERRARI Jr. E.; LAVEZZO, W. Qualidade da silagem de capim-elefante (Pennisetum
purpureum Schum.) emurchecido ou acrescido de farelo de mandioca. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.30, n.5, p.1424-1431, 2001.
FERREIRA, A.C.H.; NEIVA, J.N.M.; RODRIGUEZ, N.M. et al. Valor nutritivo das silagens
de capim-elefante com diferentes níveis de subprodutos da indústria do suco de caju. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1380-1385, 2004.
FREITAS, A.W.P.; PEREIRA, J.C.; ROCHA, F.C. et al. Avaliação da divergência nutricional
de genótipos de cana-de-açúcar (Saccharum spp.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1,
p.229-236, 2006.
59
LOPES, F.C.F.; AROEIRA, L.J.M. Degradabilidade do capim-elefante (Pennisetum
purpureum, Schum.) e da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum, L.) mais uréia no rúmen de
vacas mestiças Holandês x Zebu em lactação. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, v.51, n.4, p.383-386, 1999.
MELLO, A.C.L.; LIRA, M.A.; DUBEUX JÚNIOR, J.C.B. et al. Degradação ruminal da
matéria seca de clones de capim-elefante em função da relação folha/colmo. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.35, n.4, p.1316-1322, 2006.
MERTENS, D.R. Rate and extent of digestion. Chap. II. In: FORBES, J.M, FRANCE, J (Eds.).
Quantitative aspects of ruminant digestion and metabolism. Commonwealth Agricultural
Bureaux, Cambridge University Press, England, 1993, p.13-51.
MERTENS, D.R. Using fiber and carbohydrate analyses to formulate dairy rations. In:
INFORMATIONAL CONFERENCE WITH DAIRY AND FORAGE INDUSTRIES, 1996,
Wisconsin, USA. Wisconsin, [s.ed.], 1996. Proceedings. p.81-92.
MOLINA, L.R.; RODRIGUEZ, N.M.; GONÇALVES, L.C. et al. Parâmetros de
degradabilidade potencial dos componentes da parede celular das silagens de seis genótipos de
sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), na presença ou ausência de tanino no grão, avaliados
pela técnica in situ. Ciência e Agrotecnologia, v.27, n.5, p.1138-1143, 2003.
NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: a
review. Journal of Dairy Science, v.71, n.5, p.2051-2069, 1988.
ØRSKOV, E.R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumenfron
incubation measurements weighted according to rate of passage. Journal Agricultural Science,
v.92, n.1, p.449-453, 1979.
PIRES, A.J.V.; CARVALHO JÚNIOR, J.N., SILVA, F.F. et al. Farelo de cacau (Theobroma
cacao) na alimentação de ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
ZOOTECNIA, 39. 2002. Recife. Anais... Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002. CD-
ROM. Nutrição de Ruminantes.
RIBEIRO Jr, J.I. Análises estatísticas no SAEG (Sistema para análises estatísticas). Viçosa,
MG: UFV, 2001. 301p.
RODRIGUES, A.L.P.; SAMPAIO, I.B.M.; CARNEIRO, J.C. et al. Degradabilidade in situ da
matéria seca de forrageiras tropicais obtidas em diferentes épocas de corte. Arquivo Brasileiro
de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, n.5, p.658-664, 2004.
RODRIGUES, P.H.M.; BORGATTI, L.M.O.; GOMES, R.W. et al. Efeito da adição de níveis
crescentes de polpa cítrica sobre a qualidade fermentativa e o valor nutritivo da silagem de
capim-elefante. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.4, p.1138-1145, 2005.
SARTI, L.L.; JOBIM, C.C.; BRANCO, A.F. et al. Degradação ruminal da matéria seca, da
proteína bruta e da fração fibra de silagens de milho e de capim-elefante. Ciência Animal
Brasileira, v.6, n.1, p.1-10, 2005.
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa:
UFV, 2002. 235p.
SNIFFEN, C.J.; O’CONNOR, D.J.; Van SOEST, P.J. et al. A net carbohydrate and protein
system for evaluating cattle diets: carbohydrate and protein availability. Journal of Animal
Science, v.70, n.12, p.3562-3577, 1992
60
SOUZA, A.L.; BERNARDINO, F.S.; GARCIA, R. et al. Valor Nutritivo de Silagem de Capim-
Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com Diferentes Níveis de Casca de Café. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.32, n.4, p.828-833, 2003.
TEIXEIRA, F.A.; SANTOS, L.C.; NASCIMENTO, P.V.N. et al. Perdas por nitrogênio
amoniacal em silagem de capim-elefante (Penninsetum purpureum Schum) acrescido de farelo
de cacau (Theobroma cacao). Revista Electrónica de Veterinária, http://www.veterinaria.org/
revistas/redvet/n111105. html (acessada em 12 de abril de 2005) v.6, n.11, 2005.
TEIXEIRA, J.C. Introdução aos métodos de determinação de digestibilidade em ruminantes.
In: TEIXEIRA, J.C. (Ed). Digestibilidade em ruminantes. Lavras: UFLA/FAEP, 1997. p.7-27.
VALADARES FILHO, S.C.; MAGALHÃES, K.A.; ROCHA JÚNIOR, V.R. et al. Tabelas
brasileiras de composição de alimentos para bovinos. 2.ed.Viçosa: UFV/DZO, 2006. 329p.
VALADARES FILHO, S.C.; SILVA, J.F.C.; LEÃO, M.I. et al. Degradabilidade in situ da
proteína bruta e da matéria seca de alguns alimentos em vacas gestantes e lactantes. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.20, n.1, p.111-122, 1991.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2.ed. Ithaca: Cornell University Press,
1994. 476p.
VELOSO, C.M.; NORBERTO, M.M.; CARVALHO, G.G.P. et al. Degradabilidade ruminal da
matéria seca e da proteína bruta de folhas e folíolos de forrageiras tropicais. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.35, n.2, 2006.
VELLOSO, L.; ROCHA, G. L.; FARIA, V. P. Avaliação de silagens de milho com ou sem
aditivo, pelo sistema Flieg. Boletim de Indústria Animal. Nova Odessa, v.30, n.2, p.245-251,
1973.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo