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Bagaço de mandioca (Manihot esculenta, Crantz) na dieta de vacas leiteiras
LEANDRO PEREIRA LIMA
2006
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LEANDRO PEREIRA LIMA
Bagaço de mandioca (Manihot esculenta, Crantz) na dieta de vacas leiteiras.
Dissertação apresentada à Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia, como parte das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia, Área de Concentração em Produção
de Ruminantes, para obtenção do título de “Mestre”.
Orientadora:
Cristina Mattos Veloso
Co-orientadores:
Fabiano Ferreira da Silva
Paulo Bonômo
ITAPETINGA
BAHIA – BRASIL
2006
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Ao meu pai, Ailton e
À minha mãe, Aneci
Pela dedicação aos seus filhos e pelo incentivo, apoio,
amizade e carinho que sempre demonstraram.
Ao meu amado irmão, Junior
Pelo companheirismo e pela amizade incontestável.
E a todos parentes e amigos que sempre torceram pelo meu êxito profissional.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, razão suprema da minha existência e fonte da minha perseverança diante de todos os
longos e dificultosos caminhos.
À Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, juntamente com o Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, pela oportunidade de poder aprimorar meus conhecimentos através da realização desse
valoroso curso.
À professora e grande amiga Drª. Cristina Mattos Veloso, pela orientação, pelos ensinamentos
valiosos, pela amizade, confiança e exemplo de dedicação profissional.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pela concessão da bolsa de
estudos. Ao CNPq, pelo aporte financeiro para condução do projeto de pesquisa.
Aos professores Dr. Fabiano Ferreira da Silva e Dr. Paulo Bonomo, pela co-orientação, sugestões
para o desenvolvimento e escrita final deste trabalho.
Ao grande amigo, Rodrigo Pedral, e à Dona Glória, proprietários da Fazenda Água Azul, por terem
cedido as instalações e os animais, pela hospitalidade e, ainda, pela motivação.
Aos demais professores do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, pelos valiosos ensinamentos
transmitidos, cordialidade e amizade.
Aos amigos e colegas do curso, Atlas, Fredson, Alexandre, Ronaldo, Paulo, Cristina, Carla,
Evanete, Caio, Pedro, Norivaldo e Eliane, pela amizade e ajuda em diversos momentos.
Aos funcionários e amigos da Fazenda Água Azul, Antônio Carlos (Zoin), Ângelo (Galego),
Rubenaldo (Gaguinho), Laura, Negão (In memorian), Luciano e Zezê, pela ajuda incondicional em
todos os momentos em que precisei de auxílio para o bom andamento do ensaio de campo.
Aos graduandos em Zootecnia, colaboradores e amigos, Danilo, Alyson, Fabrício, George, Aires,
Saulo, Diogo, Mazilli, Hellen, Ingridy, Ildeu, Elen, Wilson, Gilmar e José Mário, pela ajuda
inestimável.
À grande amiga Roberta Bastos Gomes (In memorian), em especial, pela dedicação em todos os
momentos. Que Deus a tenha recebido em seu reino e dado o merecido conforto.
A Viviane, secretária do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, acima de tudo uma grande
amiga, pela atenção, paciência e simpatia, aliadas ao profissionalismo.
Aos funcionários dos Laboratórios de Nutrição Animal e Forragicultura e Pastagens, Paulo Valter,
José e Luzyanne, pelo apoio durante as análises bromatológicas.
Aos colegas de república, Atlas, Neto, André, Ricardo, José Mário e Carla, pelo companheirismo
em todo momento.
A todos que, direta e indiretamente, contribuíram, até mesmo sem perceber, para a elaboração deste
trabalho.
MUITO OBRIGADO.
RESUMO
LIMA, L. P. Bagaço de mandioca na dieta de vacas leiteiras. Itapetinga – BA: UESB, 2006.
37p. (Dissertação – Mestrado em Zootecnia, Área de Concentração em Produção de Ruminantes)*
Com objetivo de avaliar o efeito da inclusão de diferentes níveis (0, 5, 10 e 15%) de bagaço
de mandioca à dieta de vacas leiteiras, foram distribuídas 12 vacas mestiças Holandês x Zebu
(composição racial variando de ¼ a ¾ de sangue H x Z) em três Quadrados Latinos 4 x 4. Os
animais apresentaram, em média 478,5 kg de peso corporal e estavam com 100 a 150 dias de
lactação no início do período experimental. Foram avaliadas a produção e a composição do leite e o
consumo dos nutrientes. Foi fornecida silagem de capim-elefante como fonte de volumoso. As
relações volumoso:concentrado utilizadas foram de 65,19:34,81; 61,59:38,41; 59,08:40,92 e
54,76:45,24. As dietas foram formuladas para serem isoprotéicas e isoenergéticas. Verificou-se
aumento de 13,2% na produção de leite no tratamento com 15% de inclusão de bagaço de
mandioca. Não houve diferença nos teores de gordura, lactose e sólidos totais do leite, encontrando-
se diferença significativa no teor de proteína. Houve aumento linear do consumo de matéria seca,
matéria orgânica, proteína bruta, carboidratos totais, carboidratos não-fibrosos e nutrientes
digestíveis totais, efeito quadrático no consumo de extrato etéreo e redução do consumo de fibra em
detergente ácido, enquanto que o consumo de fibra em detergente neutro foi estatisticamente
semelhante em todos os tratamentos. Concluiu-se que o bagaço de mandioca pode ser utilizado até o
nível de 15% de inclusão na dieta total, mesmo havendo alterações no consumo de alguns
nutrientes, o foi observado nenhum distúrbio nutricional ou metabólico. Proporcionou aumento
produção, não sendo observadas alterações que poderiam prejudicar a qualidade do leite. A
utilização desse subproduto fica limitada somente a sua disponibilidade no mercado a um preço
acessível.
Palavras-chave: bagaço de mandioca, bovino leiteiro, consumo, composição do leite, produção de
leite, resíduo, subproduto.
_________________________
*Orientadora: Cristina Mattos Veloso, D.Sc., UESB e Co-orientadores: Fabiano Ferreira da Silva ,
D.Sc., UESB e Paulo Bonomo, D.Sc., UESB.
ABSTRACT
LIMA, L. P. Cassava bagasse in dairy cows diet. Itapetinga – BA: UESB, 2006. 37p. (Dissertation
– Master Degree in Animal Science, Concentration Area in Ruminant Production)*
With the objective of evaluate the effect of the inclusion of different levels (0, 5 10 and
15%) of cassava bagasse in the diet of dairy cows, 12 Holstein x Zebu crossbred cows (blood
percentage varying from ¼ to ¾ H x Z blood) were distributed in three 4 x 4 Latin Squares. The
animals had 478.5 kg mean body weight and were with 100 to 150 days in milk in the beginning of
the experimental period. Milk production and composition and nutrients intake were evaluated. It
was offered elephant grass silage as roughage source. Roughage:concentrate ratio used were
65.19:34.81; 61.59:38.41; 59.08:40.92 and 54.76:45.24. Diets were formulated to be isoproteic and
isoenergetic. It was verified 13.2% increase in milk production in the treatment with 15% of
cassava bagasse inclusion. There was no difference in milk fat, lactose and total solids contents,
finding significant difference in milk protein content. There was linear increase of dry matter,
organic matter, crude protein, total carbohydrates, non fiber carbohydrates and total digestible
nutrients intake, quadratic effect in ether extract intake and reduction of acid detergent fiber intake,
while neutral detergent fiber intake was statistically similar in all treatments. It was concluded that
cassava bagasse can be used up to 15% inclusion level in total diet, without alteration in milk
composition, promoting production increase and generating 47.02% more partial profit.
Key words: cassava bagasse, dairy cattle, intake, milk composition, milk production, residue, by-
product.
_________________________
*Adviser: Cristina Mattos Veloso, D.Sc., UESB and Co-advisers: Fabiano Ferreira da Silva, D.Sc.,
UESB and Paulo Bonomo, D.Sc., UESB.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria
seca......................................................................................................................
16
Tabela 2 - Composição bromatológica da silagem de capim-elefante, do bagaço de
mandioca e dos concentrados, na base da matéria seca......................................
17
Tabela 3 - Relação volumoso:concentrado (V:C), com base na matéria seca (MS) e na
matéria natural (MN), teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidradratos totais (CHOT),
carboidratos não fibrosos (CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT) e matéria
mineral (MM) das dietas experimentais fornecidas nos quatro
tratamentos..........................................................................................................
18
Tabela 4 - Preço médio de venda dos produtos no primeiro semestre de 2005, no
mercado de Macarani..........................................................................................
19
Tabela 5 - Preços de insumos e serviços utilizados no experimento................................... 20
Tabela 6 - Vida útil e valor de benfeitorias, máquinas, equipamentos e terra.....................
20
Tabela 7 - Quantidades de insumos e serviços utilizados por vaca/dia e por tratamento....
20
Tabela 8 - Tempo de uso de máquinas, equipamentos, benfeitorias e terra por vaca/dia e
por tratamento.....................................................................................................
21
Tabela 9 - Médias e equações de regressão (ER) do consumo de matéria seca (MS),
matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), em função
do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta e os respectivos coeficientes
de determinação (r
2
, R
2
) e de variação (CV, %).................................................
22
Tabela 10 -
Médias e equações de regressão (ER) do consumo de fibra em detergente
neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT),
carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT) em
função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta e os respectivos
coeficientes de determinação (r
2
) e de variação (CV, %)...................................
26
Tabela 11 -
Médias e equações de regressão (ER) da produção de leite (PL) e sua
composição em gordura (G), proteína bruta (PB), lactose (Lact) e sólidos
totais (ST), variação no peso corporal (VPC) e conversão alimentar (CA), em
função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta, e os respectivos
coeficientes de determinação (r
2
, R
2
) e de variação (CV,%)..............................
28
Tabela 12 -
Renda bruta, custo operacional efetivo, custo operacional total, custo total,
lucro de produção por vaca e por tratamento e retorno sobre o capital
investido..............................................................................................................
33
Tabela 13 -
Simulação na variação do preço do quilo do leite e seu efeito na renda bruta e
no lucro por vaca, por quilo de leite produzido e por tratamento.......................
36
Tabela 14 -
Efeito dos preços dos concentrados nos custos de produção e no lucro por
vaca, por quilo de leite produzido e por tratamento............................................
37
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Consumo de matéria seca (MS), em kg/dia, em função do nível de inclusão de
bagaço de mandioca (BM) na dieta total...................................................................
23
Figura 2 - Produção de leite (kg) em função do nível de inclusão de bagaço de mandioca
(BM) na dieta total.....................................................................................................
29
Figura 3 - Conversão alimentar (CA, kg de MS/kg de leite produzido) em função do nível de
inclusão de bagaço de mandioca (BM) na dieta total................................................
31
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AGVs Ácidos graxos voláteis
BM Bagaço de mandioca (% MS)
CA Conversão alimentar (kg de MS/kg de leite)
CCHOT Consumo de carboidratos totais (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CCNF Consumo de carboidratos não-fibrosos (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CEE Consumo de extrato etéreo (kg/dia, % PC e g/kg
0,75
)
CFDA Consumo de fibra em detergente ácido (kg/dia, % PC e g g/kg PM)
CFDN Consumo de fibra em detergente neutro (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CHOT Carboidratos totais (%)
CMO Consumo de matéria orgânica (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CMS Consumo de matéria seca (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CNDT Consumo de nutrientes digestíveis totais (kg/dia, % PC e g/kg PM)
CNF Carboidratos não-fibrosos (% MS)
CPB Consumo de proteína bruta (kg/dia, % PC e g/kg PM)
EE Extrato etéreo (% MS)
FDA Fibra em detergente ácido (% MS)
FDN Fibra em detergente neutro (% MS)
G Gordura (%)
GMD Ganho médio diário (kg)
Lact Lactose (%)
MO Matéria orgânica (%)
MS Matéria seca (%)
NDT Nutrientes digestíveis totais (% MS)
PB Proteína bruta (% MS)
PBL Proteína bruta do leite (%)
PC Peso corporal (kg)
PL Produção de leite (kg)
PM Peso metabólico
SAEG Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas
ST Sólidos totais (%)
UESB Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 12
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................................... 13
3 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................... 15
3.1 Caracterização.......................................................................................................................
15
3.2 Produção e composição do leite............................................................................................
18
3.3 Análise estatística..................................................................................................................
18
3.4 Análise econômica................................................................................................................ 19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................
22
4.1 Consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato
etéreo (EE), em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta....................................
22
4.2 Consumo de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
carboidratos totais (CHOT), carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais
(NDT), em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na
dieta.............................................................................................................................................
25
4.3 Produção de leite (PL) e sua composição em gordura (G), proteína bruta (PB), lactose
(Lact) e sólidos totais (ST), variação no peso corporal (VPC) e conversão alimentar (CA),
em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta........................................................
28
4.4 Análise econômica ............................................................................................................... 31
5 CONCLUSÕES........................................................................................................................
39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................
40
1 INTRODUÇÃO
Na criação de ruminantes a principal fonte de custos é a alimentação, sendo fundamental o
planejamento e à execução de um programa de alimentação. A busca de formas para reduzir os
custos pode ser direcionada para a utilização racional dos recursos alimentares disponíveis, como
fontes de menor custo, utilizando resíduos de colheita e subprodutos da agroindústria. A
disponibilidade e a qualidade desses materiais variam em função da forma de industrialização e de
acordo com a região em que são produzidos.
Os subprodutos da mandioca (Manihot esculenta, Crantz) são abundantes no Brasil,
considerando que este é o segundo maior produtor mundial, com produção anual de
aproximadamente 24 milhões de toneladas (BUFARAH, 2002). Na alimentação animal, são
utilizados subprodutos da produção da farinha de mesa e da extração do amido, raízes frescas,
raízes secas picadas e a parte aérea.
Regionalmente, os resíduos da produção da farinha de mandioca recebem denominações
diferentes, dificultando a caracterização. Melloti (1972) denomina farelo de varredura os resíduos
juntados no chão, acrescidos daqueles restos vindos do lavador e os grãos maiores e duros que
ficam retidos na peneira quando da produção da farinha de mandioca; em algumas regiões do
Nordeste, também é chamado de “grolão”. Conceitua-se como bagaço de mandioca os resíduos do
processo de fabricação do polvilho, também conhecido, na Bahia, como farinha lavada.
A mandioca e seus subprodutos têm potencial e disponibilidade para serem utilizados na
alimentação animal. A raiz da mandioca integral possui valor energético semelhante ao do milho
(CAVALCANTI, 2002), dependendo dos teores de amido. Segundo o National Research Council
(NRC, 1996), a mandioca é um alimento que contém 3,04 Mcal/kg de energia metabolizável (EM),
sendo, portanto, próximo à EM do milho, com 3,25 Mcal/kg.
O valor nutritivo dos subprodutos da raiz de mandioca é dependente dos teores de amido
que contêm, que podem variar de acordo com a matéria-prima que lhe deu origem e o
processamento. O bagaço de mandioca é um dos subprodutos, dentre os vários advindos deste
alimento, que possui, além de boa qualidade de fibra, também um relativo teor de amido, mas os
dados referentes à utilização deste subproduto em substituição parcial ou total aos alimentos
utilizados tradicionalmente para alimentação de vacas em lactação são limitados.
O objetivo foi estudar os efeitos do nível de inclusão de bagaço de mandioca (Manihot
esculenta, Crantz) sobre o consumo de nutrientes, a produção e a composição do leite de vacas
mestiças Holandês x Zebu; e avaliar os impactos no custo da alimentação como da utilização do
subproduto.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
No Brasil, como no restante dos países subdesenvolvidos, a produção agropecuária utiliza
técnicas inadequadas e incapazes de tornar a produção mais eficiente, pois apesar de possuir o
maior rebanho do mundo, com 204,512 milhões de cabeças, possuindo 13% do efetivo mundial,
segundo o IBGE (2004), produz apenas 4,4 % do leite, ocupando o lugar na classificação
mundial dos principais países produtores de leite (EMBRAPA, 2005). Há, portanto necessidade do
uso de tecnologias adequadas à realidade produtiva nacional.
O Brasil possui uma grande disponibilidade de resíduos agroindustriais, que podem e
devem ser utilizados, evitando inclusive problemas ambientais. São aproximadamente 130 milhões
de toneladas de subprodutos gerados anualmente, que poderiam ser utilizados na alimentação
animal. Os resíduos e subprodutos agroindustriais variam em quantidade e qualidade, conforme a
região (PIRES et al. 2002).
Dentre os alimentos não tradicionais, a mandioca (Manihot esculenta, Crantz) fornece, além
da raiz, resíduos culturais, folhas, caule (TIESENHAUSEN, 1987) e subprodutos ou resíduos
industriais (casca, farinha de varredura e massa de fecularia), que podem ser usados na alimentação
de ruminantes (PEREIRA, 1987), como fonte alternativa de energia, visto que os grãos mais nobres
são usados na alimentação humana e de animais não ruminantes, que apresentam melhor resposta à
utilização deste tipo de alimento.
Massa, farelo ou bagaço de mandioca é o resíduo sólido composto pelo material fibroso de
raiz e amido residual que o foi possível extrair durante o beneficiamento (CEREDA, 1994),
constituindo-se em uma opção interessante, pois apresenta amido de qualidade superior à do milho.
É produzido durante a separação da fécula (amido proveniente da mandioca) e possui elevado teor
de amido (63 a 75%).
Castro & Silva (1989) concluíram que a raspa de mandioca melhorou a conversão
alimentar e diminuiu linearmente os ganhos de peso diários de novilhos confinados, à medida que
se aumentou a sua quantidade na ração. Substituindo o milho por raspa de mandioca em diferentes
níveis, Gontijo et al. (1972), Teixeira (1975) e Rubio (1985) encontraram resultados controversos,
provavelmente por terem utilizado diferentes percentuais de inclusão na ração.
Trabalhando com cabras em lactação, Mouro (2001) verificou que a inclusão da farinha de
varredura em substituição ao milho, não alterou a produção, bem como a composição do leite. A
autora utilizou os seguintes níveis de substituição: 0, 33, 67 e 100%, chegando à conclusão de que é
recomendável a utilização da farinha de varredura em total substituição ao milho para aqueles
animais.
Zinn & DePeters (1991) utilizaram “pellets” da raiz de mandioca na dieta de bovinos em
confinamento, concluindo que eles podem substituir até 30% da MS da dieta sem afetar o
crescimento e o consumo.
Holzer et al. (1997) utilizaram dietas isoenergéticas e isoprotéicas, incluindo ou não 20 ou
40% de raspa de mandioca, ou raspa de mandioca mais cama-de-frango para bovinos em
crescimento e engorda. Não houve diferença no ganho de peso entre os tratamentos sem raspa e os
tratamentos com 20 ou 40% de raspa de mandioca. A inclusão de 11% de cama-de-frango e 36% de
raspa de mandioca também não afetou o ganho de peso, mas o custo da alimentação por quilograma
de ganho de peso foi reduzido em 14%, comparado ao custo da dieta controle sem esses
ingredientes.
Avaliando o desempenho de bezerros holandeses alimentados com farinha de varredura em
substituição ao milho, Jorge et al. (2002) observaram que houve redução nos consumos de MS,
proteína bruta (PB) e fibra em detergente neutro, porém não no consumo de amido. A conversão
alimentar não foi alterada e, apesar do ganho de peso ter sido menor com a inclusão da farinha de
varredura, os valores observados foram satisfatórios. Os autores recomendaram a farinha de
varredura em substituição total ao milho, do desaleitamento até os 180 dias.
A utilização do bagaço de mandioca, em substituição ao milho utilizado no concentrado (0,
33, 66 e 99% - base da MS), foi avaliada por Ramos et al. (2000a) em novilhos em crescimento,
com peso corporal (PC) inicial de 215 kg, alimentados com feno de aveia/azevém de baixa
qualidade, contendo 6,4% de PB. A oferta diária de concentrado foi de 0,83% do PC. Os autores
concluíram que o bagaço de mandioca pode ser utilizado em substituição ao milho no concentrado
para bovinos até 66%, sem alterar o ganho médio diário (GMD) e a conversão alimentar. Neste
experimento, as médias de GMD e conversão alimentar foram 1,06 kg/animal/dia e 5,12 kg de
MS/kg de leite, respectivamente.
De Bem (1996) e Martins (1999) concordam que os valores da composição química da raiz
de mandioca e seus resíduos não são homogêneos e padronizados, semelhantemente aos alimentos
tradicionais utilizados na alimentação animal. Sobre este aspecto, Cereda (1994) concluiu que esta
variação é fruto de fatores, tais como nível tecnológico da casa de farinha, mão-de-obra
diferenciada, metodologia de análise empregada, bem como as variedades de mandioca.
O consumo de nutrientes é um dos principais fatores, associado ao desempenho animal, pois
é determinante no atendimento das exigências de mantença e produção de ruminantes. Existem
vários fatores relacionados ao consumo de alimento pelos bovinos, podendo este, ser limitado pelo
alimento, animal ou pelas condições de alimentação. A ingestão de matéria seca (IMS) é importante
critério para avaliação de dietas, especialmente para vacas de alta produção. Nem sempre é possível
atender aos requerimentos de energia para animais de alta produção com IMS limitante, resultando
em perda de peso e, conseqüentemente, redução na produção. A IMS depende de muitas variáveis,
incluindo peso vivo, nível de produção de leite, estádio da lactação, condições ambientais, fatores
psicogênicos e de manejo, histórico de alimentação, condição corporal e tipo e qualidade dos
ingredientes da ração, particularmente forragens (NRC, 1988).
Mertens (1992) afirmou que os pontos críticos para se estimar o consumo são as limitações
relativas ao animal, ao alimento e às condições de alimentação. Quando a densidade energética da
ração é alta (baixa concentração de fibra), em relação às exigências do animal, o consumo será
limitado pela demanda energética. Para rações de densidade energética baixa (alto teor de fibra), o
consumo selimitado pelo efeito de enchimento. Se houver disponibilidade limitada de alimentos,
o enchimento e a demanda de energia não seriam importantes para predizer o consumo.
O NRC (1988) relatou valores mínimos de 25 a 27% de FDN na dieta de vacas, sendo que
75% desse total devem ser oriundos de forragens, para evitar problemas de redução nos teores de
gordura do leite.
Há, portanto, necessidade de se fazer à avaliação da composição e do valor nutritivo a nível
de laboratório para a utilização adequada do bagaço de mandioca. Em indústrias de mandioca no
estado de São Paulo, Melotti (1972) para o farelo de bagaço de mandioca evidenciou 89,93% de
MS; 1,64% de PB; 0,48% de extrato etéreo; 9,70% de fibra bruta, 1,48% de matéria mineral; 0,42%
de cálcio; 0,02% de fósforo; 9,82% de celulose; 0,43% de sílica e 74,83% de nutrientes digestíveis
totais.
A literatura pesquisada não permite afirmar quais os níveis ideais de bagaço de mandioca na
dieta de bovinos de várias categorias, do ponto de vista nutricional e/ou econômico e,
principalmente, os níveis ideais para produção de leite.
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização
O experimento foi conduzido na fazenda Água Azul, no Município de Macarani-Bahia no
período compreendido entre o início de outubro ao final de novembro de 2005. Foram utilizadas 12
vacas mestiças Holandês x Zebu (composição racial variando de ¼ a ¾ de sangue H x Z),
apresentando em média 478,5 kg de peso corporal em média e com 100 a 150 dias de lactação no
início do período experimental. As 12 vacas lactantes foram distribuídas em três Quadrados Latinos
4 x 4.
Os quatro tratamentos foram constituídos de níveis de inclusão de bagaço de mandioca na
dieta, 0; 5; 10 e 15% na base da matéria seca (MS). O volumoso utilizado foi silagem de capim-
elefante (Pennisetum purpureum) obtida com plantas cortadas aos 70 dias e pré-secadas antes da
ensilagem. As dietas foram calculadas para conter nutrientes suficientes para mantença e produção
de 15 kg de leite/dia, de acordo com o NRC (2001), com base nos dados da análise bromatológica
da silagem de capim-elefante previamente feita no início do período de adaptação e nas
composições químicas dos ingredientes dos concentrados copilados da literatura (VALADARES
FILHO et al., 2001). Todas as dietas foram calculadas na tentativa de serem isoprotéicas e
isoenergéticas.
As proporções estimadas dos ingredientes nos concentrados são apresentadas na Tabela 1,
a composição bromatológica da silagem e dos concentrados, na Tabela 2; e a composição
bromatológica na base da matéria seca (MS) das dietas, na Tabela 3. Encontrou-se uma relação
volumoso:concentrado de 65,19:34,81; 61,59:38,41; 59,08:40,92 e 54,76:45,24, na base da matéria
seca, para as dietas com 0, 5, 10 e 15% de bagaço de mandioca, respectivamente (Tabela 3).
Tabela 1 - Proporção dos ingredientes nos concentrados, na base da matéria seca
Nível de bagaço de mandioca na dieta (%)
Ingrediente 0 5 10 15
Bagaço de mandioca (%) 0,0 12,99 24,30 32,97
Milho grão moído (%) 71,64 59,66 48,94 40,80
Farelo de soja (%) 21,82 21,29 21,30 20,62
Uréia (%) 3,12 2,82 2,64 2,39
Calcário calcítico (%) 0,69 0,77 0,70 1,31
Fosfato bicálcico (%) 0,23 - - -
Sal mineral
1
(%) 2,50 2,26 2,11 1,91
1
Composição: Cálcio, 20% ; Fósforo, 10% ; Magnésio, 1,5% ; Enxofre, 1,2% ; Sódio, 0,68%; Selênio, 32 ppm; Cobre,
1650 ppm; Zinco, 6285 ppm; Manganês, 1960 ppm; Iodo, 195 ppm; Cobalto, 200 ppm.
O experimento foi constituído de quatro períodos experimentais, sendo o primeiro com
duração de 16 dias, nove de adaptação e sete de coletas de amostras, os três últimos períodos
tiveram duração de 12 dias cada, sendo os primeiros sete dias considerados de adaptação, conforme
recomendação de Oliveira (2000).
Os animais foram alojados em baias individuais providas de cocho e bebedouro. O
alimento foi oferecido na forma de mistura completa, duas vezes ao dia, à vontade, de modo a
permitir 5% de sobras. As quantidades de ração oferecida e de sobras foram registradas diariamente
para estimativas do consumo.
Do 8º ao 12º dia de cada período experimental, o alimento oferecido e as sobras foram
Tabela 2 - Composição bromatológica da silagem de capim-elefante, do bagaço de mandioca e dos
concentrados, na base da matéria seca
Nível de bagaço de mandioca na dieta (%)
Componente
Silagem de
capim-elefante
Bagaço de
mandioca
0 5 10 15
MS 25,67 + 1,38 87,5 + 0,33 88,17 + 0,25
87,83 + 0,41
87,62 + 0,46
87,16 + 0,20
MO
1
89,00 + 2,36 98,38+0,45 94,16 + 0,46
94,59 + 0,63
95,04 + 0,20
94,45 + 0,52
PB
1
4,66 + 0,73 1,95 + 0,24 22,50 + 1,27
22,10 + 0,86
21,80 + 0,96
20,90 + 0,81
EE
1
3,17 + 0,28 0,60 + 0,68 2,10 + 0,52 1,61 + 0,43 1,63 + 0,54 1,44 + 0,24
MM
1
11,00 + 2,36 1,62 + 0,04 5,84 + 0,43 5,41 + 0,63 4,96 + 0,20
5,55 + 0,52
FDN
1
72,26 + 1,40 12,02 + 2,33
11,39 + 1,38
12,54 + 0,76
14,49 + 0,73
16,49 + 3,13
FDA
1
28,76 + 1,14 6,73 + 1,27 7,84 + 1,31
7,47 + 2,51 6,67 + 1,49 8,34 + 1,90
CNF
1,2
8,75 + 2,07 85,06 + 1,68
58,2 + 2,03 58,3 + 2,18 57,1 + 1,85 55,6 + 3,25
CHOT
1,5
81,01 + 1,93 97,10 + 0,83
77,70 + 1,64
70,9 + 1,59 71,6 + 1,14 72,1 + 0,24
NDT
1,3,4
42,08 + 1,28 70,70 + 0,72
66,99 + 0,43
66,49 + 0,41
66,97 + 0,42
66,09 + 0,44
1
Na base da MS.
2.
Equação: CNF = 100 - (PB + EE + MM + FDN)
3.
NDT da silagem de capim-elefante = recomendação de Cappelle et al. (2001) para volumosos.
4.
NDT do concentrado = recomendação de Cappelle et al. (2001) para concentrados.
5
Equação: CHOT= FDN + CNF.
amostrados. As alíquotas retiradas das amostras de sobras e da ração oferecida foram pré-secas em
estufa de ventilação forçada, com temperatura controlada de 65ºC. Após a pré-secagem, todo
material foi moído em moinho com peneira de crivos de 1 mm, acondicionado em frascos
hermeticamente fechados e identificados para posteriores análises no Laboratório de Nutrição
Animal da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), campus de Itapetinga.
As análises de MS, matéria orgânica, nitrogênio total, extrato etéreo (EE), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), e matéria mineral (MM) nas sobras
foram realizadas conforme Silva & Queiroz (2002). Os carboidratos não fibrosos (CNF) foram
obtidos pela equação 100 - (%PB + %EE + %FDN+ %MM), conforme recomendações de Sniffen
et al. (1992). Foram determinados os consumos de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT) e nutrientes digestíveis totais (NDT), em kg/dia, % do
peso corporal e em relação ao peso metabólico, e a conversão alimentar. Os animais foram pesados
no início do experimento e, periodicamente, a cada 12 dias, após a ordenha matutina para
acompanhamento da mudança de peso corporal.
Tabela 3 - Relação volumoso:concentrado (V:C), com base na matéria seca (MS) e na matéria
natural (MN), teores médios de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em
detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT), carboidratos não fibrosos
(CNF), nutrientes digestíveis totais (NDT) e matéria mineral (MM) das dietas
experimentais fornecidas nos quatro tratamentos
Nível de inclusão de bagaço de mandioca (%)
Item 0 5 10 15
V:C (MS) 65,19 : 34,81 61,59 : 38,41 59,08 : 40,92 54,76 : 45,24
MS
1
(%) 47,4 49,5 50,9 53,5
MO
2
(%) 90,8 91,1 91,4 91,5
PB
1
(%) 10,9 11,4 11,7 12,0
EE
1
(%) 2,8 2,6 2,5 2,4
FDN
1
(%) 51,1 49,3 48,6 47,0
FDA
1
(%) 21,5 20,7 19,7 19,5
CHOT
1
(%) 77,1 77,2 77,2 77,1
CNF
1
(%) 26,1 27,9 28,6 30,0
NDT
1
(%) 50,8 51,5 52,2 52,9
MM
1,
(%) 9,2 8,9 8,5 8,5
1
. Na base da matéria seca da dieta.
3.2 Produção e composição do leite
As vacas foram ordenhadas diariamente e manualmente às 6:30 h e 16:00 h, e suas
produções foram registradas individualmente utilizando balança mecânica. A produção de leite foi
avaliada do 8º ao 12º dia de cada período experimental, somando-se a ordenha vespertina de um dia
com a ordenha matutina do dia posterior. Amostras de leite da segunda ordenha do 9º dia e primeira
ordenha do 10º dia de cada período experimental foram colhidas e compostas por animal, de forma
a se obter 10% da quantidade que o animal produziu em cada ordenha, e enviadas à Clínica do
Leite/ESALQ-USP-Piracicaba-SP para análise e determinação da composição.
3.3 Análise estatística
Os dados de desempenho (consumo, conversão alimentar, variação de peso, produção e
composição do leite) foram avaliados por análise de regressão, utilizando-se o Sistema de Análises
Estatísticas e Genéticas - SAEG (RIBEIRO Jr, 2001), por intermédio de polinômios ortogonais e
pela decomposição da soma do quadrado de tratamentos (níveis de inclusão de BM) em efeitos
linear, quadrático e cúbico, e os parâmetros testados pelo teste F, considerando 1% de
probabilidade.
3.4 Análise econômica
Foram considerados, para avaliação do custo de produção, a metodologia de custo
operacional utilizada pelo IPEA (MATSUNAGA et al., 1976) e o critério de lucro e retorno sobre
capital investido para análise econômica. Consideraram-se, como renda bruta, os valores
correspondentes à venda do leite e à venda de esterco, cuja quantidade foi estimada a partir da
indigestibilidade da matéria seca (MS) da ração total de cada tratamento, a preços de mercado,
coletados no segundo semestre de 2005, em Macarani. Como custos, foram considerados os gastos
e as despesas com alimentação, mão-de-obra, depreciação dos bens empregados no processo
produtivo e juros e taxas bancárias. Considerou-se, como valor da mão-de-obra, o salário mínimo e
os encargos sociais vigentes no segundo semestre de 2005, cujo valor foi de R$ 460,30. Os custos
de insumos e serviços foram calculados multiplicando-se as quantidades efetivamente utilizadas,
pelos respectivos preços.
A depreciação de benfeitorias, máquinas e equipamentos foi estimada pelo método linear de
cotas fixas, com valor final igual a zero. Para a remuneração do capital, utilizou-se a taxa de juro
real de 6% ao ano.
O custo da terra nua foi calculado multiplicando-se o seu preço pelo juro real de 6% ao ano.
Considerou-se, como gasto médio anual com reparos de benfeitoria e de máquinas e equipamentos,
o equivalente a 1,5 e 5,0%, respectivamente, do valor mobilizado em benfeitorias e aquisição de
máquinas e equipamentos (GOMES & NOVAES, 1992). O custo de formação e manutenção da
capineira está incorporado no preço do quilo de matéria seca do capim-elefante a campo (REIS,
2000). Constam da Tabela. 4 a forma de comercialização dos produtos e seus respectivos preços.
Nas Tabela. 5 e 6 são apresentados, respectivamente, de forma detalhada, os dados sobre
preços de insumos e serviços, e a vida útil e o valor de benfeitoria, máquinas, equipamentos, e o
valor da terra, utilizados no experimento. Nas Tabela. 7 e 8, encontram-se suas respectivas
quantidades utilizadas por vaca/dia e por tratamento.
Tabela 4 - Preço médio de venda dos produtos no primeiro semestre de 2005, no mercado de
Macarani.
Produto Unidade Valor unitário(R$)
Leite kg 0,50
Esterco de curral t 35,00
Tabela 5 - Preços de insumos e serviços utilizados no experimento
Discriminação Unidade Preço unitário (R$)
Concentrado 0% de BM kg MS 0,51
Concentrado 5% de BM kg MS 0,49
Concentrado 10% de Bm kg MS 0,49
Concentrado 15% de BM kg MS 0,47
Silagem de. Capim-elefante kg MS 0,12
Energia KW/h 0,27
Mão-de-obra d/h 15,34
Tabela 6 - Vida útil e valor de benfeitorias, máquinas, equipamentos e terra
Discriminação Vida útil (dias) Valor de mercado (R$)
Balança de curral - 1500kg 5475 2638,13
Balança para pesagem de leite - 50 kg 3650 250
Garfo de quatro de dentes 730 12
730 6,1
Carrinho de mão 730 75
Utilidades de pequeno valor 730 35,3
Galpão de confinamento 5475 8000
Terra nua (R$/ha) 2250
Capital fixo investido R$ 13266,53
Tabela 7 - Quantidades de insumos e serviços utilizados por vaca/dia e por tratamento
Item Unidade Nível de inclusão de bagaço de mandioca (%)
0 5 10 15
Mão-de-obra d/h 0,025 0,025 0,025 0,025
Concentrado kg/MS 4,72 5,26 5,50 9,57
Silagem de capim-elefante kg/MS 8,48 8,09 7,63 6,99
Energia KW/h 0,86 0,86 0,86 0,86
Tabela 8 - Tempo de uso maquinas, equipamentos, benfeitorias e terra por vaca/dia e por
tratamento
Nível de inclusão de bagaço de mandioca (%)
0 5 10 15
1-Máquinas e equipamentos
Balança de curral dias 0,0017 0,0017 0,0017 0,0017
Balança para pesagem de leite dias 0,0347 0,0347 0,0347 0,0347
Garfo de quatro dentes dias 0,017 0,017 0,017 0,017
dias 0,017 0,017 0,017 0,017
Carrinho de mão dias 0,035 0,035 0,035 0,035
Utilitários de pequeno valor dias 0,017 0,017 0,017 0,017
2-Benfeitorias
Galpão de confinamento dias 5,5 5,5 5,5 5,5
3-Terra ha 0,25 0,25 0,25 0,25
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Consumo de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato
etéreo (EE), em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta.
Os dados de consumo de MS (CMS), MO (CMO), PB (CPB) e EE (CEE), são apresentados
na Tabela 4.
Tabela 9 -
Médias e equações de regressão (ER) do consumo de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), em função do vel de
bagaço de mandioca (BM) na dieta, e os respectivos coeficientes de determinação
(r
2
, R
2
) e de variação (CV, %)
Nível de bagaço de mandioca (%)
Unidade 0 5 10 15 CV(%)
ER
MS
kg/dia 13,20 13,35 13,13 16,57 8,68 1
% PC 2,67 2,73 2,69 3,35 8,50 2
g/kg PM 125,62 128,14 126,26 158,00 8,48 3
MO
kg/dia 11,99 12,16 12,00 15,25 8,81 4
% PC 2,42 2,48 2,46 3,09 8,55 5
g/kg PM 114,05 116,64 115,35 145,46 8,56 6
PB
kg/dia 1,45 1,53 1,55 2,32 9,50 7
% PC 0,29 0,31 0,32 0,47 9,12 8
g/kg PM 13,81 14,70 14,88 22,15 9,14 9
EE
kg/dia 0,37 0,34 0,34 0,38 8,02 10
% PC 0,08 0,07 0,07 0,08 8,24 11
g/kg PM 3,56 3,23 3,26 3,58 8,13 12
BM
Y
1978,0578,12
^
1
+=
58,0
2
=r
BM
Y
04,05555,2
^
2
+=
62,0
2
=r
BM
Y
8452,122,120
^
3
+
=
59,0
2
=r
BM
Y
1928,0403,11
^
4
+=
60,0
2
=r
BM
Y
0396,03154,2
^
5
+=
64,0
2
=r
BM
Y
8585,194,108
^
6
+=
63,0
2
=r
BM
Y
0526,03192,1
^
7
+=
69,0
2
=r
BM
Y
0107,0268,0
^
8
+=
71,0
2
=r
BM
Y
5038,0606,12
^
9
+=
71,0
2
=r
2
^
10
0008,00111,03735,0 BMBM
Y
+=
99,0
2
=R
2
^
11
0001,0002,00755,0 BMBM
Y
+
=
99,0
2
=R
2
^
12
0065,009581,05554,3 BMBM
Y
+=
99,0
2
=R
Os resultados da análise de regressão resultaram em equação linear crescente para CMS,
CMO e CPB e equação quadrática para CEE, expressos em kg/dia, %PC e g/kg PM. No presente
trabalho para o CMS obteveram-se valores de 2,67 a 3,35% do PC, resultando em uma equação
linear crescente, com a inclusão de BM na dieta.
O aumento da proporção de concentrado à medida que aumentou os níveis de bagaço de
mandioca (BM) na dieta total foi responsável pelo aumento do CMS, CMO e CPB. Stumpf &
Lopez (1994), trabalhando com ovelhas, testaram níveis de inclusão de raspa de mandioca (0, 15,
30 e 45%), em ração com feno de capim-elefante, observaram que os maiores CMO e CPB
ocorreram com 30% de inclusão de raspa de mandioca. Os autores atribuíram este resultado ao
possível aumento na taxa de passagem da ração.
O aumento do CMS com o aumento da inclusão de bagaço de mandioca (BM) pode ser
devido a maior ou mais rápida degradação ruminal do amido do BM.
O consumo de MS (Figura 1) foi influenciado pelo vel de bagaço de mandioca (P<0,01),
diferente dos resultados encontrados por Aguiar (2004) utilizando o BM na ensilagem de capim-
elefante, tendo observado que o CMS expresso em kg/dia, % PC e g/kg PM foi 5,5; 3,18 e 115,42,
respectivamente, não havendo diferença do nível de inclusão de BM na ensilagem.
58,0
2
=r
BM
Y
1978,0578,12
^
+=
12,0
12,5
13,0
13,5
14,0
14,5
15,0
15,5
16,0
16,5
17,0
0 5 10 15 20
vel de BM (%)
Cconsumo de MS (kg/dia)
Figura 1-
Consumo de matéria seca (MS), em kg/dia, em função do nível de inclusão de
bagaço de mandioca (BM) na dieta total.
A média de CMS de 134,51 g/kg PM encontrada neste trabalho, é superior à média de 85,7
g/kg PM encontrada por Ramos et al. (2000b), que utilizaram BM em substituição ao milho no
concentrado de bovinos em crescimento. Diferença essa que pode ser explicada pelo fato dos
autores, terem utilizado uma categoria animal com exigências nutricionais totalmente diferentes.
Esses autores observaram, também, que níveis acima de 48,74% de BM no concentrado reduziram
o CMS.
Trabalhando com bezerros holandeses e utilizando farinha de varredura, Jorge et al. (2002)
também observaram que não houve redução no CMS em relação ao PC, (2,75 a 2,80% do PC)
quando se aumentou a quantidade de farinha de varredura na dieta.
Silva et al. (2005), não encontraram diferença da inclusão do BM no CMS de novilhas ¾
Holandês x Zebu. Os níveis de inclusão de BM (5, 10, 15 e 20%) não interferiram no CMS, sendo
de 6,0 kg de MS/animal/dia, valores estes bastante inferiores aos encontrados neste trabalho, que
foram de 14,06 kg MS/animal/dia, enfatizando a diferença nas exigências nutricionais decorrentes
das diferentes categorias animais.
Trabalhos citados apresentam resultados contraditórios aos encontrados neste estudo,
possivelmente pelo fato dos níveis de concentrado não terem variado e ainda pelo fato dos autores
terem feito a substituição do milho pelo resíduo, sendo que esse ingrediente possui valor energético
superior aos dos subprodutos da mandioca. Marques et al. (2000), também encontraram variações
negativas no CMS, com a inclusão de farinha de varredura em quatro tipos de rações para testar o
desempenho de novilhas mestiças.
Diversos trabalhos citam reduções no CMS de rações contendo alguns resíduos da
mandioca, atribuídos, em alguns casos, ao fato desses subprodutos apresentarem pulverulência.
Neste estudo não foi possível observar se houve alguma interferência de algum aspecto físico do
BM sobre o CMS e de qualquer outro nutriente.
O CMO acompanhou o CMS, apresentando também efeito linear positivo com a inclusão
dos níveis de BM. As médias estimadas variaram entre 11,99 e 15,25 kg/dia, 2,42 e 3,09% PC e
114,05 e 145,46 g/kg PM. Efeito semelhante foi encontrado por Figueira (2006), trabalhando com
bovinos mestiços em confinamento, o qual obteve médias variando entre 11,0 e 13,4; 2,9 e 3,4;
127,1 e 150,4 a kg/dia, %PC, g/kg PM, respectivamente. Porém, Marques et al. (2000), trabalhando
com novilhas provenientes de cruzamento industrial entre as raças Nelore, Aberdeen Angus e
Simental, encontraram diminuição no CMO com a substituição do milho pela farinha de varredura e
pela raspa de mandioca. As diferenças entre os resultados daquele trabalho com os deste podem ser
atribuídas a menor aceitabilidade daqueles resíduos em relação ao BM dentre outros fatores, tais
como raça e relação volumoso:concentrado. Relação quadrática foi encontrada por Ramos et al.
(2000b), sendo o maior CMO (82,34 g/kg PM) observado para 44,1% de substituição do milho,
valores inferiores ao deste trabalho (145,46 g/kg PM). As diferenças podem ser atribuídas à
inclusão de BM à dieta e não em substituição ao milho, como foi feito naquele trabalho.
O CPB expresso em kg/dia, apresentou diferença significativa, resultando em efeito linear
crescente em função do nível de inclusão de bagaço de mandioca (P<0,01). Quando se aumentou o
nível de inclusão de BM, houve aumento no CPB, devido ao aumento no consumo de MS.
A ingestão de PB também acompanhou o CMS, tanto em kg/dia como em % PC e g/kg PM.
Deve-se atentar à possibilidade da amônia proveniente da uréia ter sido prontamente utilizada pelos
microrganismos ruminais na fermentação ruminal, possibilitando, assim, maior sincronismo entre a
liberação de amônia e a fermentação dos carboidratos prontamente fermentáveis provenientes do
BM e, dessa forma, a digestão ocorreu de forma mais rápida, permitindo maior CMS da dieta.
Segundo Mclaren et al. (1965) e Belasco (1956), o fornecimento de níveis crescentes de
carboidratos facilmente fermentáveis possibilita melhor utilização da uréia, devido à maior
eficiência de utilização da amônia para a síntese de proteína microbiana.
Médias inferiores de CPB em g/kg PM (10,38) foram encontrados por Ramos et al. (2000b)
quando utilizaram BM em substituição ao milho no concentrado de bovinos em crescimento. Essa
diferença é devida provavelmente ao fato destes autores terem trabalhado com uma categoria
animal de menor exigência. Essa maior ingestão de proteína no maior nível (15%) foi devida a
maior concentração de PB na dieta total, como também a maior proporção de concentrado em
relação ao volumoso, podendo ainda atribuir essa fato à seletividade dos animais, tendendo a
procurar consumir mais concentrado, o qual é adicionado em maior quantidade na dieta total
quando são fornecidos níveis mais elevados de BM, para suprir suas necessidades nutricionais.
Menezes et al. (2004) também encontraram valores médios inferiores (9,79) para CPB g/kg PM;
porém, esses autores observaram uma resposta linear decrescente.
Para o CEE, foi detectada relação quadrática, com ponto mínimo de consumo em 7,3% de
inclusão de BM. O BM apresenta menor teor de EE e sua inclusão reduz o EE na deita total (Tabela
3). A inclusão crescente do BM propiciou uma redução do CEE na dieta em níveis inferiores do
BM, pois o consumo de MS não aumentou muito, e foi elevando-se possivelmente devido ao
incremento positivo no consumo de MS em níveis elevados de BM. Figueira (2006) detectou efeito
linear decrescente, exceto quando expresso em kg/dia. O autor atribuiu este comportamento à
diminuição dos teores de EE devido à incorporação de BM na dieta total. O mesmo não aconteceu
no presente estudo porque, mesmo elevando-se os níveis de BM na dieta, os animais compensaram
o “déficit” de EE consumindo maior quantidade de concentrado, caracterizando, novamente, a
seletividade dos mesmos.
4.2 Consumo de fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA),
carboidratos totais (CHOT), carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis
totais (NDT), em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta.
Os valores referentes aos resultados obtidos para CFDN, CFDA, CCHOT, CCNF e CNDT,
são apresentados na Tabela 5.
O consumo de FDN (CFDN), expresso em kg/dia, %PC e g/kg PM, não apresentou
diferença significativa com o aumento do nível de BM, devido à redução da FDN da dieta, pois, ao
reduzir a proporção de volumoso, ingrediente que contém altos teores de fibra, elevou-se a
Tabela 10 - Médias e equações de regressão (ER) do consumo de fibra em detergente neutro
(FDN), fibra em detergente ácido (FDA), carboidratos totais (CHOT),
carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis totais (NDT), em
função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta, e os respectivos
coeficientes de determinação (r
2
) e de variação (CV, %)
Nível de bagaço de mandioca (%)
Unidade 0 5 10 15 CV(%) ER
FDN
kg/dia 6,72 6,56 6,26 6,48 8,94
1
% PC 1,36 1,34 1,28 1,31 8,49
2
g/kg PM 63,93 62,92 60,15 61,79 8,54
3
FDA
kg/dia 2,76 2,72 2,63 2,61 9,12
4
% PC 0,56 0,55 0,54 0,53 8,71
5
g/kg PM 26,32 26,06 25,32 24,91 8,75
6
CHOT
kg/dia 10,14 10,27 10,11 12,56 8,76
7
% PC 2,05 2,10 2,07 2,54 8,51
8
g/kg PM 96,50 98,53 97,16 119,77 8,51
9
CNF
kg/dia 3,47 3,76 3,79 5,92 9,80
10
% PC 0,72 0,75 0,78 1,21 11,95
11
g/kg PM 33,84 35,57 36,44 56,95 10,62
12
NDT
kg/dia 6,74 6,91 6,90 9,28 8,78
13
% PC 1,36 1,41 1,41 1,88 8,64
14
g/kg PM 64,16 66,36 66,41 88,45 8,61
15
51,6
1
=
Y
32,1
2
=
Y
20,62
3
=
Y
BM
Y
0109,07635,2
^
4
=
96,0
2
=r
55,0
5
=
Y
65,25
6
=
Y
BM
Y
1418,07058,9
^
7
+=
59,0
2
=r
BM
Y
0292,09707,1
^
8
+=
63,0
2
=r
BM
Y
3688,1723,92
^
9
+=
62,0
2
=r
BM
Y
1479,01267,3
^
10
+=
71,0
2
=r
BM
Y
0298,06431,0
^
11
+=
69,0
2
=r
BM
Y
404,1169,30
^
12
+=
69,0
2
=r
BM
Y
152,03173,6
^
13
+=
65,0
2
=r
BM
Y
031,02844,1
^
14
+=
68,0
2
=r
BM
Y
4581,141,60
^
15
+=
68,0
2
=r
quantidade de CNF da dieta. O mesmo comportamento foi observado por Dias (2006), quando fez a
inclusão de diferentes níveis (0, 7, 14 e 21%) de BM à dieta de novilhas leiteiras e por Aguiar
(2004), quando adicionou BM na ensilagem do capim elefante.
O teor médio de FDN das dietas foi de 48,94%, estando bem acima daquele sugerido por
Mertens (1992), que está entre 34 e 38% para vacas produzindo 16 a 24 kg de leite corrigido para
4% de gordura. Este teor médio de FDN da dieta está associado ao teor de FDN do volumoso
(silagem de capim-elefante) de 72,26%. Dessa forma, o CFDN em relação ao PC foi de 1,32%,
acima do valor de 1,2 ± 0,1% PC sugerido por Mertens (1997), como valor para se obter consumo
ótimo de MS. Porém, no Brasil, vários autores encontraram consumos de FDN entre 1,3 e 1,6% do
PC (Araújo et al., 1995; Malafaia et al., 1996; Almeida, 1997; Campos, 1998; Moreira, 2000,),
podendo ser uma adaptação dos animais às forrageiras tropicais.
Como a FDN geralmente fermenta e passa pelo rúmen-retículo mais lentamente que os
outros constituintes da dieta, podendo, desta forma, apresentar maior efeito de enchimento, ela pode
ser considerada como limitador da ingestão voluntária de MS. Neste trabalho, os teores de FDN da
dieta podem ter influenciado o CMS das vacas em lactação. No presente estudo, apesar da diferença
numérica, CFDN não apresentou diferença estatisticamente significativa.
Diferenças no consumo CFDN em kg/dia também não foram encontradas por Menezes et
al. (2004). Porém, decréscimo linear decrescente tanto em função do peso metabólico, quanto para
% PC foi encontrado por Jorge et al. (2002), avaliando o efeito de níveis de substituição do milho
pela farinha de varredura, sobre o consumo e digestibilidade dos nutrientes das rações fornecidas a
bezerros.
O teor de FDN das rações experimentais reduziu, mas mesmo assim seu consumo não
sofreu alteração, uma vez que houve aumento do consumo de MS à medida que se levou o nível de
inclusão de BM na dieta. Fato que reforça a alta correlação entre o CMS e o teor de FDN da dieta.
O consumo de FDA (CFDA), expresso em kg/dia, apresentou comportamento linear
decrescente com o aumento do nível de bagaço (P<0,01), devido à redução da FDA da dieta. Porém,
quando expresso em % PC e em g/kg PM não foi detectada nenhuma diferença no consumo deste
componente, apenas decréscimo linear sem significado nutricional. Ramos et al. (2000b),
trabalhando com bovinos em crescimento, observaram comportamento linear crescente no CFDA
com a substituição do milho por BM, devido ao fato das dietas terem a mesma relação
volumoso:concentrado e a inclusão do BM ter aumentado o teor de FDA da dieta pelo fato deste
resíduo apresentar maior teor de FDA do que o milho. Porém, Dias (2006), trabalhando com
novilhas leiteiras, também encontrou decréscimo linear no CFDA expresso em kg/dia o qual, de
forma semelhante ao presente estudo, variou a relação volumoso:concentrado, permitindo o ajuste
energético da dieta.
O consumo de CHOT (CCHOT) apresentou efeito linear crescente (P<0,01) com a inclusão
do BM. Tal comportamento pode ser explicado pelo aumento no CMS e da participação percentual
do concentrado no nível mais alto de inclusão de BM. Comportamento parecido foi descrito por
Figueira (2006), alimentando bovinos mestiços em confinamento com diferentes níveis (0, 7, 14 e
21%) deste mesmo resíduo, tendo observado efeito linear positivo. Porém, os resultados se
equiparam aos encontrados no presente estudo, quando comparados com os níveis mais altos de
inclusão de BM. A média de CCHOT em kg/dia (11,11 kg/dia) dos tratamentos do trabalho desse
autor também foram semelhantes à encontrada no presente estudo (10,77 kg/dia), porém
apresentaram-se superiores quando expressas em %PC e g/kg PM, para as quais o autor encontrou
2,85% e 126,34 g/kg, respectivamente e, neste estudo, encontraram-se 2,19% e 102,99 g/kg PM.
A ingestão de CNF, conforme se elevou o nível de inclusão de BM, apresentou aumento
linear, pois o bagaço apresenta maior quantidade de CNF e, aumentando sua inclusão o teor de FDN
foi reduzido. Quando expressos em %PC e g/kg PM, verificou-se o mesmo comportamento. A
diferença de CCNF entre as dietas pode ser atribuída à diferença no CMS.
Neste trabalho foram utilizadas dietas isoenergéticas, portanto o resultado de CNDT
aumentou com inclusão do BM, pois o mesmo acompanhou diretamente o CMS. Figueira (2006),
trabalhando com novilhos em crescimento alimentados com BM também observou efeito linear
crescente nas diferentes formas de expressão de CNDT.
Avaliando níveis de concentrado na dieta ou níveis de ingestão em bovinos confinados,
Silva et al. (2005) e Leão et al. (2005) também encontraram efeito linear positivo para CNDT.
4.3 Produção de leite (PL) e sua composição em gordura (G), proteína bruta (PB), lactose
(Lact) e sólidos totais (ST), variação no peso corporal (VPC) e conversão alimentar (CA),
em função do nível de bagaço de mandioca (BM) na dieta.
Os valores médios observados para a produção e composição do leite, a variação no peso
corporal e a conversão alimentar são apresentados na Tabela 11.
Tabela 11 - Médias e equações de regressão (ER) da produção de leite (PL) e sua composição
em gordura (G), proteína bruta (PB), lactose (Lact) e sólidos totais (ST), variação
no peso corporal (VPC) e conversão alimentar (CA), em função do nível de bagaço
de mandioca (BM) na dieta, e os respectivos coeficientes de determinação (r
2
, R
2
) e
de variação (CV,%)
Nível de bagaço de mandioca (%)
0 5 10 15
PL (kg) 11,39 11,76 11,93 12,89 4,67 1
G (%) 3,52 3,57 3,56 3,57 20,08 2
PB (%) 3,04 3,18 3,20 3,31 3,38 3
Lact (%) 4,53 4,58 4,47 4,61 3,10 4
ST (%) 12,05 12,31 12,24 12,50 5,54 5
VPC (Kg.) +0,486 +0,125 +0,771 +0,715 179,24 6
CA (kg MS/kg leite)
1,16 1,12 1,11 1,29 9,20 7
BMY 0931,0292,11
^
1
+=
89,0
2
=r
55,3
2
=
Y
BM
Y
164,00598,3
^
3
+=
99,0
2
=r
55,4
4
=
Y
28,12
5
=
Y
524,0
6
=
Y
2
^
7
0023,00264,01711,1 BMBM
Y
+=
94,0
2
=R
A produção de leite foi influenciada pelos tratamentos, resultando em acréscimos na
produção em função da inclusão de níveis crescentes de BM. Este resultado pode ser primeiramente
atribuído ao crescente aumento da ingestão de alguns nutrientes, dentre eles a MS, PB, CHOT e
NDT. Na Figura 2, pode ser observado que, para cada 1% de inclusão de BM na dieta, a produção
aumentou aproximadamente 0,09 kg. Desta forma, observou-se que a produção do leite foi
diretamente dependente da dieta. A dieta com 15% de inclusão de BM promoveu acréscimo de
13,2% na produção, comparada à dieta controle.
89,0
2
=r
BMY 0931,0292,11
^
+=
10,0
11,0
12,0
13,0
14,0
15,0
0 5 10 15 20
Nível de BM (%)
Produção de leite (kg)
Figura 2-
Produção de leite (kg) em função do nível de inclusão de bagaço de mandioca (BM)
na dieta total.
Cardoso et al. (1968), avaliaram o efeito da substituição gradativa do milho pela raspa de
mandioca (variando de 0,0 a 41,5%) sobre a produção de leite em vacas e encontrou produções
menores com níveis maiores de substituição, mesmo assim a análise econômica mostrou que a
utilização desse subproduto foi economicamente viável.
O efeito da substituição total do milho desintegrado com palha e sabugo (MDPS) pela raspa
de mandioca no concentrado sobre a produção de leite foi verificada por Mello et al. (1976). Os
autores concluíram que a raspa de mandioca pode substituir o MDPS em até 54,5% sem prejudicar
a produção de leite desde que seus preços sejam competitivos. Ribeiro et al. (1976) encontraram
resultados concordantes, verificando que a raspa de mandioca é bem aceita pelas vacas em lactação
quando substitui 50% do milho no concentrado.
Dentre os diversos fatores que podem ocasionar variações na composição do leite, pode-se
citar, com determinada importância, a composição da dieta.
As concentrações de gordura, lactose e sólidos totais do leite não foram alteradas (P>0,01)
pelos níveis de BM, registrando-se teores médios de 3,6; 4,6 e 12,3%, respectivamente. Tal fato
pode ser atribuído ao consumo semelhante de FDN. Isto implica que, independente da dieta, o nível
de FDN foi suficiente para evitar qualquer possível depressão do teor de gordura do leite, o qual
apresenta correlação positiva com teor de FDN da dieta, responsável por aumento da concentração
de ácido acético no rúmen, principal precursor na síntese de gordura do leite.
Foi observada relação linear crescente do teor de PB do leite com os níveis de inclusão de
BM, o que é resultado direto do crescente aumento da ingestão de proteína da dieta e o maior
consumo de CNF, o que estimula o crescimento bacteriano (Tabela 4).
Mouro et al. (2001) avaliaram efeito da substituição do milho pela farinha de mandioca de
varredura, em dietas de cabras Saanen em lactação, sobre o desempenho, a composição do leite
(sólidos totais e PB), e verificaram que não houve influência (P>0,01) sobre a produção de leite,
nem sobre a sua composição.
Resultados semelhantes foram encontrados por Souza et al. (2005), quando objetivando
avaliar o consumo, a digestibilidade aparente, a produção e a composição do leite de vacas
consumindo dietas contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café em substituição ao milho
da ração concentrada, concluíram que, apesar de a casca de café ter reduzido a digestibilidade dos
nutrientes da dieta, essas alterações não foram capazes de reduzir a produção e a composição do
leite. Os valores médios encontrados por esses autores foram 4,0% de gordura; 3,1% de PB e
12,22% de sólidos totais.
Os resultados das análises físico-químicas do leite encontrados neste trabalho (Tabela 11)
estão dentro da faixa de valores recomendados pelo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária
de Produtos de Origem Animal - RISPOA (BRASIL, 1980). Isso indica que o leite de vacas que
façam uso de rações suplementadas com BM nestas mesmas condições não tem as características
alteradas, sendo, portanto considerado um leite normal dentro da legislação, podendo ser utilizado
pelas indústrias de laticínios.
Verificou-se, no presente estudo, a variação de peso médio diário de +0,524 kg/dia,
mostrando que mesmo com uma dieta de alta qualidade os animais não foram capazes de expressar
a produção de leite esperada, com médias inferiores a 15 kg de leite/dia, onde a partição dos
nutrientes foi favorável ao ganho de massa corporal, mostrando que os animais possuíam potencial
médio para produção de leite. No decorrer do experimento todas as vacas demonstraram manter-se
em boa condição de escore corporal. Resultados semelhantes foram observados por Assis et al.
(2004) e por Souza et al. (2005), trabalhando com vacas de leite alimentadas com polpa de citrus e
casca de café, respectivamente.
É de grande importância lembrar, ainda, que os animais foram pesados apenas uma vez no
final de cada período experimental e que não foram submetidos a jejum antes das pesagens. A
variação no peso corporal não deve ser vista como efeito direto do resíduo avaliado, pois parte das
diferenças pode ter resultado de variações ocasionais no CMS no dia anterior às pesagens. O
coeficiente de variação (CV) apresentado (179,24%) não permite confiabilidade, pois houve perda
de peso de alguns animais em diferentes tratamentos, por isso as médias estavam sempre próximas
de zero, resultando em um CV tão alto.
A conversão alimentar apresentou efeito quadrático (Figura 3), com ponto mínimo em
4,2% de inclusão de BM. Portanto, obtém-se uma melhor conversão alimentar incluindo este nível
de BM na dieta, chegando-se a um consumo ótimo de MS com uma produção satisfatória de leite.
94,0
2
=R
2
^
0023,00264,01711,1 BMBM
Y
+=
1,05
1,10
1,15
1,20
1,25
1,30
1,35
0 5 10 15 20
Nível de BM (%)
CA (kg MS/kg leite)
Figura 3 - Conversão alimentar (CA, kg de MS/kg de leite produzido) em função do nível de
inclusão de bagaço de mandioca (BM) na dieta total.
Dos níveis estudados, o tratamento com 10% de inclusão BM foi o que demonstrou melhor
resposta, com 1,11 kg de MS para cada kg de leite produzido.
4.4 Análise econômica
Os custos de produção e os resultados econômicos (renda bruta, custos, lucros e retorno
sobre o capital investido), por tratamento e por bezerro, são apresentados na Tabela. 12.
Por meio da análise econômica pôde-se observar, que todos os tratamentos apresentaram
resultados negativos, notadamente o tratamento com 15% de bagaço de mandioca, que
proporcionou maior prejuízo, enquanto que os tratamentos com menores quantidades de BM
apresentaram resultados semelhantes, porém menores prejuízos tanto quando se trata de lucro por
animal, quanto se analisa os lucros obtidos por litro de leite.
O tratamento com 15% de BM apresentou renda bruta 8,6% superior à média da renda dos
outros tratamentos, devido à maior quantidade de leite disponibilizada para venda. Contrariamente,
Tabela 12 - Renda bruta, custo
operacional efetivo, custo operacional total, custo total, lucro de produção por vaca e por tratamento e retorno sobre o
capital investido
0% 5%
10%
Quant. Valor Quant. Valor Quant.
1-Renda bruta
Venda de leite kg 0,50 11,3500 5,6750 11,9652 5,9826 11,9197
Venda de esterco kg/MS 0,035 26,1017 0,9136 25,4367 0,8903 25,3142
Total 6,5886 6,8729
2-Custo
2.1Custo operacional efetivo
Mão-de-obra d/h 15,34 0,0250 0,3835 0,0250 0,3835 0,0250
Concentrados (0%, 5%, 10%
e 15%) kg/MS
(0,51;0,49;
0,49 e 0,47) 4,7200 2,4072 5,2600 2,5774 5,5000
Silagem de capim-elefante kg/MS 0,12 8,4800 1,0176 8,0900 0,9708 7,6300
Energia KW/h 0,27 0,8600 0,2322 0,8600 0,2322 0,8600
Reparo de benfeitorias R$ 0,6000 0,6000
Reparo de máquinas e
equipamentos R$ 0,0457 0,0457
Subtotal 4,6862 4,8096
2.2-Custo operacional total
2.2.1-Custo operacional
efetivo R$ 4,6862 4,8096
2.2.2-Depreciação de
benfeitorias
R$ 2,6800 2,6800
2.2.3-Depreciação de R$ 1,3300 1,3300
máquinas e equipamentos
2.2.4-Depreciação das vacas R$ 0,2397 0,2397
Subtotal 8,9359 9,0593
Continuação da Tabela 12
2.3-Custo total
2.3.1-Custo operacional total
8,9359 9,0593
2.3.2-Juros sobre capital de
benfeitoria 0,5500 0,5500
2.3.3-Juros sobre capital de
máquinas e equipamentos 0,2100 0,2100
Custo total/animal R$ 9,6959 9,8193
Unitário/kg de leite R$/kg 1,7085 1,6413
Lucro total/animal R$ -3,1073 -2,9464
Unitário/kg de leite R$/kg -0,2738 -0,2463
o tratamento com 0% de BM apresentou menor renda bruta.(6,2%), em relação à média dos outros
tratamentos, devido á menor quantidade de leite disponibilizada para comercialização.
A comercialização de esterco incorporou valores à renda bruta da ordem de 13,87; 12,95;
12,94; e 12,44% para os tratamentos 0%; 5%; 10%; e 15% respectivamente.
Os custos operacionais efetivos representaram gastos da ordem de 48,33%; 48,98; 49,30%;
e 56,84% do custo total de produção para os tratamentos 0%; 5%; 105; e 15% respectivamente,
sendo maior no tratamento com 15% de BM, devido ao maior gasto com concentrado nesse
tratamento.
O custo total por quilo de leite produzido foi maior no tratamento com 15% de
inclusão de BM, chegando a ser 7,9% maior do que as médias dos demais tratamentos.
A alimentação representou, em média 38,49% do custo total de produção, variando de
35,32 a 45,98%. Esse gasto foi 35,83; 33,51; e 32,24% maior para o tratamento com 15% de BM
em relação aos tratamentos com 0%; 5%; e 10%, respectivamente. Mesmo reduzindo em 7,8% o
custo do concentrado em relação à dieta controle, a adição de 15% de BM aumentou os custos da
alimentação, devido ao aumento do consumo de concentrado.
Como pôde ser observado na Tabela. 12, o custo por quilo de leite produzido em todos os
tratamentos foi superior ao preço pago ao produtor, gerando prejuízos, indicando, portanto,
limitação de ordem econômica. Tal fato aponta a necessidade de se procurar alternativas de
mercado que valorizem a qualidade do produto obtido através deste sistema de produção, visto que
é possível se produzir leite de qualidade superior em se tratando de higiene e ser melhor
remunerado por isso.
Na Tabela 13 constam os resultados do estudo, no qual foi simulada apenas a variação no
preço do quilo de leite, cuja referência foi o valor da situação real da pesquisa, e mantido o custo de
produção inalterado.
Nota-se que, apesar da variação no preço do quilo do leite ter sido igual em todos os
tratamentos, o maior impacto na renda bruta recaiu sobre o tratamento com 15% de BM, que
superou em 9 pontos percentuais a média da renda dos outros tratamentos, quando o maior índice de
correção foi considerado. Entretanto, o tratamento controle, com renda bruta 12,3% inferior ao
tratamento com 15% de BM, proporcionou lucro por animal de R$ 0,611 maior e lucro de R$
0,0565 superior por quilo de leite produzido.
A maior renda bruta no tratamento com 15% e os maiores lucros nos tratamento com 5% e
10% de BM foi decorrente da maior produção obtida no primeiro e do menor custo de produção por
animal dos outros dois.
Foi possível verificar que, a partir do acréscimo de 70% sobre o preço do quilo do leite,
que todos tratamentos apresentaram resultados positivos, com pequena margem de lucro variando
de R$ 0,25 a R$ 1,24 por animal e R$ 0,02 a 0,10 por quilo de leite comercializável. O lucro por
quilo de leite produzido, acrescido de 70% do valor referência (R$ 0,50) foi de R$
Tabela 13 - Simulação na variação do preço do quilo do leite e seu efeito na renda bruta e
no lucro por vaca, por quilo de leite produzido e por tratamento
Preço do leite
(R$/kg)
Renda bruta
(R$)
Custo total Lucro
(R$/animal) (R$/kg) (R$/animal) (R$/kg)
0% de BM
0,50 6,5886 9,6959 0,8543 -3,1073 -0,2738
0,55 7,1561 9,6959 0,8543 -2,5398 -0,2238
0,65 8,2911 9,6959 0,8543 -1,4048 -0,1238
0,75 9,4261 9,6959 0,8543 -0,2698 -0,0238
0,85 10,5611 9,6959 0,8543 0,8652 0,0762
5% de BM
0,50 6,8729 9,8193 0,8207 -2,9464 -0,2462
0,55 7,4711 9,8193 0,8207 -2,3482 -0,1963
0,65 8,6676 9,8193 0,8207 -1,1517 -0,0963
0,75 9,8641 9,8193 0,8207 0,0448 0,0037
0,85 11,0607 9,8193 0,8207 1,2414 0,1038
10% de BM
0,50 6,8458 9,8817 0,829 -3,0359 -0,2547
0,55 7,4418 9,8817 0,829 -2,4399 -0,2047
0,65 8,6338 9,8817 0,829 -1,2479 -0,1047
0,75 9,8258 9,8817 0,829 -0,0559 -0,0047
0,85 11,0177 9,8817 0,829 1,1360 0,0953
15% de BM
0,50 7,3544 11,6078 0,9013 -4,2534 -0,3303
0,55 7,9983 11,6078 0,9013 -3,6095 -0,2803
0,65 9,2862 11,6078 0,9013 -2,3216 -0,1803
0,75 10,5741 11,6078 0,9013 -1,0337 -0,0803
0,85 11,862 11,6078 0,9013 0,2542 0,0197
0,076; R$ 0,103; R$ 0,095; e R$ 0,019 para os tratamentos com 0%; 5%; 10% e 15% de inclusão de
BM, respectivamente, destacando-se os resultados dos animais submetidos ao tratamento com 5 e
10% de BM com lucros superiores aos demais tratamentos, previsivelmente devido aos menores
custos por quilo de leite destes tratamentos. Com base nestes dados, pode-se inferir que o lucro
alcançado em cada tratamento não foi satisfatório, quando comparado com a margem de lucro na
atividade leiteira, cujo valor gira em torno de R$ 0,03 a R$ 0,07 por quilo de leite produzido
dependendo do sistema de produção (RODRIGUES FILHO et al. 2002), sendo que lucros com
índices satisfatórios poderiam ser alcançados com preços superiores pagos por quilo de leite
produzido.
Quando feita a comparação dos resultados de eficiência técnica, mostrados na Tabela. 11,
com os de eficiência econômica, no estudo da Tabela. 12, entre os tratamentos, verificou-se que o
melhor desempenho técnico dos animais submetidos ao tratamento com 15% de inclusão de BM
não correspondeu á maior eficiência econômica observada nos tratamentos com 5 e 10% de BM.
Segundo Mejía (1995), a economicidade das rações deve ser analisada no contexto total dos custos
de produção, sendo a ração mais viável a de maior rentabilidade. Portanto, pode-se concluir que
para as condições em que foi conduzido o presente estudo, a inclusão de tanto 5% quanto 10% de
BM, representam a melhor alternativa tecnológica para exploração destes animais, pois geraram
semelhantes entre si e melhores custos-benefício em relações aos demais tratamentos. Deve-se
atentar ainda ao fato do tratamento com 10% de inclusão de BM à dieta ter apresentado melhor
conversão alimentar (Tabela. 11), portanto esse, levando-se em conta esse aspecto, seria a melhor
alternativa entre os tratamentos.
Na Tabela. 14 estão expostos os resultados da avaliação feita sobre as variações do preço
dos concentrados. É possível observar que mesmo fazendo-se reduções em até 70% do preço base
do concentrado de todos os tratamentos não é possível obter lucros satisfatórios, os quais são
insuficientes para remunerar o capital investido nas condições de realização desse estudo. Tal fato
demonstra o quanto a alimentação proveniente de alimentos concentrados influi direta e
expressivamente no custo final de produção nesse sistema de produção. Ao contrário do que
aconteceu na análise anterior (Tabela. 13), o tratamento que mostrou melhores lucros foi o com
15% de BM, onde se pôde verificar que a utilização desse resíduo está limitada diretamente ao seu
preço de aquisição no mercado.
Baseado nos dados obtidos com as análises de variações nos preços do quilo do leite
comercializável e dos concentrados da dieta pode-se concluir que para se obter lucros suficientes
para a remuneração do capital investido seria necessário se obter um melhor preço pelo quilo leite
aliado a uma redução considerável do preço final dos concentrados. Para tal, seria necessário se
atentar para melhorias na qualidade do produto final, para justificar uma melhor remuneração por
parte da indústria que o utilizará como matéria prima e também um planejamento econômico com
base em adquirir os ingredientes para formular os concentrados em época propícia, ou seja, que suas
disponibilidades sejam abundantes e com preços mais acessíveis. Para lucros satisfatórios nas
condições desse estudo, o ideal é que o preço de venda do leite fosse 34% maior e que se fizesse
uma redução próxima a 50% do custo final dos concentrados.
Tabela 14 - Efeito dos preços dos concentrados nos custos de produção e no lucro por vaca, por
quilo de leite produzido e por tratamento
Preço
Leite
Preço
Concentrado
Relação preço
Leite/Conc. Custo total Lucro
(R$/kg) (R$/kg) (R$/kg)/(R$/kg) (R$/animal) (R$/kg) (R$/animal) (R$/kg)
0% de BM
0,50 0,51 0,98 9,6959 0,8543 -3,1073 -0,27377
0,50 0,46 1,09 9,4599 0,8335 -2,8713 -0,25298
0,50 0,41 1,22 9,2239 0,8127 -2,6353 -0,23219
0,50 0,36 1,39 8,9879 0,7919 -2,3993 -0,21139
0,50 0,31 1,61 8,7519 0,7711 -2,1633 -0,1906
0,50 0,26 1,96 8,5159 0,7503 -1,9273 -0,16981
0,50 0,20 2,50 8,2327 0,7253 -1,6441 -0,14485
0,50 0,15 3,33 7,9967 0,7046 -1,4081 -0,12406
5% de BM
0,50 0,49 1,02 9,8193 0,8207 -2,9464 -0,24625
0,50 0,44 1,14 9,5563 0,7987 -2,6834 -0,22427
0,50 0,39 1,28 9,2933 0,7767 -2,4204 -0,20229
0,50 0,34 1,47 9,0303 0,7547 -2,1574 -0,18031
0,50 0,29 1,72 8,7673 0,7327 -1,8944 -0,15833
0,50 0,25 2,04 8,5569 0,7152 -1,684 -0,14075
0,50 0,20 2,55 8,2939 0,6932 -1,421 -0,11876
0,50 0,15 3,33 8,0309 0,6712 -1,158 -0,09678
10% de BM
0,50 0,49 1,02 9,8817 0,829 -3,0359 -0,25469
0,50 0,44 1,14 9,6067 0,806 -2,7609 -0,23162
0,50 0,39 1,28 9,3317 0,7829 -2,4859 -0,20855
0,50 0,34 1,47 9,0567 0,7598 -2,2109 -0,18548
0,50 0,29 1,72 8,7817 0,7367 -1,9359 -0,16241
0,50 0,25 2,04 8,5617 0,7183 -1,6701 -0,14011
0,50 0,2 2,50 8,2867 0,6952 -1,4409 -0,12088
0,50 0,15 3,33 8,0117 0,6721 -1,1659 -0,09781
15% de BM
0,50 0,47 1,06 11,6078 0,9013 -4,2534 -0,33027
0,50 0,42 1,19 11,1293 0,8642 -3,7749 -0,29311
0,50 0,38 1,32 10,7465 0,8344 -3,3921 -0,26339
0,50 0,33 1,52 10,268 0,7973 -1,7023 -0,13218
0,50 0,28 1,79 9,7895 0,7601 -2,4351 -0,18908
0,50 0,24 2,13 9,4067 0,7304 -2,0523 -0,15936
0,50 0,19 2,63 8,9282 0,6932 -1,5738 -0,1222
0,50 0,14 3,57 8,4497 0,6561 -1,0953 -0,08505
5 CONCLUSÕES
O bagaço de mandioca pode ser utilizado na alimentação de vacas leiteiras mestiças até o
nível de 15% de inclusão na dieta total, sem trazer modificações na composição do leite,
promovendo, ainda, aumento de 13,2% na produção, comparada à da dieta controle sem o
subproduto.
Diferenças no consumo de alguns nutrientes foram observadas em conseqüência do
aumento no consumo de concentrado; porém, nenhum distúrbio nutricional ou fisiológico foi
detectado.
A análise econômica indica lucro negativo, com a venda do leite pelo preço da época da
realização do estudo bem como pelo preço final dos concentrados de todos os tratamentos. Seriam
necessários acréscimos a partir de 34% no preço de venda do leite e reduções por volta de 50% nos
preços dos concentrados para que tal estudo indique viabilidade econômica nas condições em que
foi realizado, o qual apresentaria melhores rentabilidades. Em todas as formas analisadas, o
tratamento com 5% de inclusão de BM foi o que apresentou melhor relação benefício/custo.
Em ordem de importância os custos operacionais foram: alimentação, (concentrados e
silagem de capim-elefante), depreciação de benfeitorias, depreciação de máquinas e equipamentos,
juros, reparos, mão-de-obra, depreciação das vacas e energia.
A adoção de tal sistema de produção deve ser baseada em prévio estudo de mercado,
pagamento diferenciado por litro de leite produzido com qualidade superior e estratégias de manejo
alimentar.
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