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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DOUTORADO EM ENFERMAGEM
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FILOSOFIA, SAÚDE E
SOCIEDADE.
MARIA EMILIA DE OLIVEIRA
A POESIA DE CUIDAR DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO:
UMA CONEXÃO ENTRE O SENSÍVEL, O INTUITIVO E O
CIENTÍFICO.
FLORIANÓPOLIS
2007
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MARIA EMILIA DE OLIVEIRA
A POESIA DE CUIDAR DO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO:
UMA CONEXÃO ENTRE O SENSÍVEL, O INTUITIVO E O
CIENTÍFICO.
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da
Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito para obtenção
do Título de Doutora em Enfermagem
na Área de Filosofia, Saúde e Sociedade.
ORIENTADORA: Dra. Cleusa Rios
Martins.
FLORIANÓPOLIS – SC
2007
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Tese apoiada pelo Programa Colégio
Doutoral Franco-Brasileiro - CAPES
Olhe para os lados. Sinta e observe. Depois questione.
Existem explicações para os fenômenos que você pode
sempre observar. Se ainda não encontrou as
explicações, quem sabe você mesmo possa criá-las
com sensibilidade, intuição e razão.
Oliveira, Maria Emilia
AGRADECIMENTOS
Não sei se a caminhada está iniciando ou terminando,
apenas sei que meu universo se modificou.
Por esta razão quero festejar... Quero me emocionar... Quero agradecer:
Primeiramente ao Universo, realidade suprema, origem e base de tudo que existe. Obrigada por sempre
conspirar a meu favor;
Agradeço a Vida, fonte inesgotável de energia, amiga e companheira que tem me permitido simplesmente
ser;
À amiga e orientadora Drª. Cleusa Rios Martins, um ser especial, um ser gigantesco que sabe que o sol é o
rei do universo, mas enxerga que quem ilumina a noite é a pequena Lua. Devido a sua grandeza, respeita
idéias, limitações, enxerga além do visível, sabe quando e como falar, caminha ao lado, dá segurança e ao
mesmo tempo nos deixa livres. Com sua alma de poeta conquistou minha amizade, meu respeito e meu
carinho. Obrigada pela paciência, pelas palavras sempre doces, pela valiosa contribuição, pela
cientificidade, intuição e sensibilidade. Obrigada por ser você;
À Camila Oliveira Athayde, minha linda princesa, que tudo diz sem nada dizer. Obrigada pela força,
pelo incentivo, pelo apoio incondicional que torna possível qualquer coisa que eu possa alcançar.
Obrigada por florir a minha vida, obrigada por ser meu pranto de alegria;
À minha querida irmã Darci, exemplo de mulher, corajosa, batalhadora, parceira nas alegrias e nas
tristezas. Obrigada por estar sempre presente na construção do meu caminho;
Aos amigos Drª. Ângela Ghiorzi, Dr. Antonio de Miranda Wosny, Drª. Marisa Monticelli e Drª.Grace
Dal Sasso. Obrigada pelas valiosas contribuições na banca de qualificação, possibilitando a construção
final da tese. Vocês legitimaram com sua experiência o conhecimento construído;
À amiga Drª. Marisa Monticelli, companheira de longos anos, que tem dividido comigo momentos de
alegria, de tristezas, de conquistas, de fracassos, momentos de deslumbramentos e de decepções. Obrigada
pela sua sensibilidade, pelo seu incentivo e discussões estimulantes que continuamente contribuem para a
expansão do meu horizonte intelectual. Obrigada pela sua participação na banca, pela dedicação a este
conhecimento e pelo rigor científico que contribuiu enormemente para o aperfeiçoamento deste estudo;
À amiga Drª.Odalea Maria Bruggemann cuja sabedoria e gentileza têm proporcionado brilhantes
discussões e reflexões acerca do cuidado prestado aos recém-nascidos e suas famílias.
Obrigada por
compartilhar entusiasticamente de várias idéias, que resultaram em trabalhos conjuntos. Obrigada pela
disponibilidade e pelas sugestões cuidadosas na banca que contribuíram enormemente para o
enriquecimento deste trabalho;
À Drª.lraci dos Santos por ter respondido prontamente ao meu convite para participar da banca,
manifestando entusiasmo pelo trabalho desenvolvido. Obrigada pela sensibilidade, pela disponibilidade e
pelo carinho na leitura deste trabalho. Obrigada pelas críticas e sugestões relevantes e fundamentais;
À Drª. Regina Costenaro pelo carinho demonstrado na resposta ao convite para participar da banca.
Obrigada pelas sugestões, comentários e opiniões inestimáveis que contribuem para que este conhecimento
seja re-visitado e reformulado;
À amiga Drª. Ilca Luci Keller Alonso que se disponibilizou a sair do seu descanso para com seu
incansável entusiasmo, gentileza e cientificidade, contribuir para o aprimoramento deste estudo.
Obrigada por ter me acompanhado em mais esta caminhada;
À amiga Drª. Jussara Gue Martini obrigada pelo seu jeito atencioso e prestativo em oferecer
contribuições de qualidade para o estudo em questão. Obrigada pelo carinho e pela amizade
demonstrados;
À CAPES por ter me proporcionado a oportunidade de permanecer por 06 meses na Universidade René
Descartes – Paris V cursando doutorado sanduíche sob a orientação do professor Michel Maffesoli;
Ao professor Michel Maffesoli e aos pesquisadores do Centro de Estudos da Atualidade e do Quotidiano
– CEAQ – Université René Descartes – Paris V. Obrigada por me acolherem e me possibilitarem
vivenciar novas amizades, novos conhecimentos e novas possibilidades;
À chefia do Departamento de Enfermagem Drª. Denise Maria Guerreiro da Silva e Drª. Silvia Maria de
Azevedo. Obrigada pelo carinho, pelas palavras de estímulo, pela confiança e pelo empenho em facilitar
as minhas atividades profissionais, sempre que possível;
À Coordenação do Programa de Pós Graduação em Enfermagem – PEN/UFSC, Drª. Maria Itayra
Coelho de Souza Padilha e Drª. Marta Prado que sempre acreditaram em meu potencial e não mediram
esforços para que eu conseguisse a bolsa para o doutorado sanduíche na França;
À equipe de Enfermagem da Unidade de Internação Neonatal pela disponibilidade em participar desta
pesquisa, pelo carinho, pelo comprometimento e pelo engajamento. Obrigada por terem sido meus grandes
parceiros nesta caminhada;
À enfermeira Roberta Costa, chefe de Enfermagem da Unidade de Internação Neonatal. Obrigada pelo
acolhimento caloroso, pela amizade, pela confiança e por se comprometer a continuar junto com a equipe
de Enfermagem, compondo a poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo e sua família;
Aos recém-nascidos pré-termo e suas famílias que a cada dia me mostram novas possibilidades no cuidado
de Enfermagem. Obrigada por contribuírem para que eu seja uma pessoa mais sensível e mais intuitiva;
Ao amigo Athos T. A. Athayde Junior que no seu jeito especial de ser, vibra com as minhas conquistas e
torce pelo meu sucesso;
À amiga Ivany Franklin da Silva que com suas palavras carinhosas renova minhas energias e perfuma
minha existência;
À minha amiga Vitória Regina Petters Gregório que assumiu a minha carga de trabalho na 5ª fase,
possibilitando a minha viagem para cursar o doutorado sanduíche na França. Obrigada por se
disponibilizar, por acreditar, por me empurrar quando eu queria parar. Obrigada pela companhia nos
intermináveis chopps que quase sempre resultavam em novas idéias para a tese. Obrigada por ser
exatamente como você é: amiga;
Aos amigos Miriam S. Borenstein e Raul Borenstein que discutiram comigo as minhas idéias mais
desencontradas, que me mostraram soluções, que me impulsionaram a seguir em frente, que me chamaram
a razão quando eu era só emoção. Vocês são presentes maravilhosos que fazem parte da minha vida.
Obrigada por existirem. Neste mundo de tantas incertezas, uma certeza sempre nos resta, a de que
podemos contar com os verdadeiros amigos;
Às amigas Odaléa Maria Bruggemann, Marisa Monticelli, Vitória Regina Petters Gregório, Maria de
Fátima Mota Zampieri e Evanguelia Kotzias Atherino dos Santos, parceiras na busca de um cuidado de
qualidade para as mães, os recém-nascidos e suas famílias, parceiras no compartilhamento de idéias e
decisões. Obrigada por serem presença e sentimento, estímulo na tristeza, companheiras na alegria, afeto
na distância;
Às amigas Rosangela Maria Fenili, Neide Maria Pereira, Ana Rosete, Margareth Linhares Martins e
Vera Blank, Obrigada pelo modo carinhoso, afetivo e gostoso de acrescentar, somar, multiplicar e dividir
comigo a sua amizade;
Às amigas da sala 242, Marisa Monticelli e Vera Radunz. Obrigada por escutarem minhas queixas, por
respeitarem o meu espaço quando muitas vezes eu invadia o seu, por compartilharem minhas ansiedades,
minhas alegrias, minhas angustias e minhas conquistas. Obrigada pelas palavras de estímulo e de
carinho. Obrigada pela presença amiga;
Aos amigos Ilca Keller Alonso e Márcio Alonso pessoas maravilhosas que me animaram com seu apoio e
inabalável entusiasmo. Obrigada pela amizade e pelo carinho;
Às parceiras de lutas da Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiras Obstetras – Seção SC –
Vânia Sorgato Collaço, Elizabeth Flor de Lemos, Joyce Green Koetker, Maria de Fátima Mota
Zampieiri, Roberta Costa, Melissa Orlandi Honório, Gisele Perin Guimarães, Michele Gayeski, Vitória
Regina Petters Gregório, Odaléa Maria Bruggemann, Daniela Linhares e Joeli Fernanda Basso.
Obrigada por se colocarem sempre disponíveis, por me ouvirem, e por confiarem no meu trabalho;
Às parceiras e parceiro da nova 5ª fase, Ana Izabel Jatobá de Souza, Edilza Maria Ribeiro, Elisabeta
Roseli Eckert, Vitória Regina Petters Gregório, Ana Maria Farias, Daniela Eda da Silva, Michele
Gayeski, Ana Márcia, Cínara Pierezan Arruda, Neli Canassa, Katiuscia e Carbajal Farias. Obrigada
por entenderam minhas necessidades e minhas limitações na coordenação da fase; obrigada por me
oferecerem sabedoria e coragem;
Aos funcionários da PEN, Claúdia e seu Jorge, obrigada pelo carinho e pela disponibilidade sempre
presentes;
À Maria Aparecida Sá de Souza, Odete e Alcioney , obrigada pelos sorrisos trocados, pela amizade, pelo
bom dia, pelo café, pelo carinho;
Às novas amizades encontradas em Paris – França: Cristiane Baggio, Kenia Moreira Cabral, Michelle
Gonçalves, Isabel e Arão. Obrigada pelos bons papos, pelos bons vinhos e queijos, pelas inúmeras
cervejas, pelas reuniões festivas e de trabalho, pela troca de conhecimentos e pela certeza de poder
continuar contando com vocês;
À colega de doutorado Sônia Meincke, por alimentar meu espírito com suas belas mensagens eletrônicas.
Obrigada por invadir meu trabalho solitário, as vezes para me fazer rir, outras para fazer chorar, mas
sempre me levando a refletir sobre o grande valor da sensibilidade em nossa vida;
Aos colegas de doutorado, obrigada pelos momentos de estudo, de festas, de conquistas, de brigas, pela
presença, pela ausência. Obrigada pelos momentos que passamos juntos;
Aos colegas professores do Departamento de Enfermagem, obrigada pelos momentos de trabalho
compartilhados. Cada um de vocês contribui para que eu sempre lembre da verdadeira importância de
cada coisa na vida;
E, finalmente, a todos os seres que de uma forma ou de outra fazem ou fizeram parte da minha vida.
Obrigada por terem acrescentado ‘algo mais’ no meu jeito de ser e no meu jeito de viver.
OLIVEIRA, Maria Emilia. A poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo: uma
conexão entre o sensível, o intuitivo e o científico, 2007. Tese (Doutorado em
Enfermagem) – Curso de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis. 191 p.
Orientadora: Drª. Cleusa Rios Martins
RESUMO
Esta tese tem como objetivo evidenciar a sensibilidade e a intuição na prática diária
dos profissionais de uma equipe de Enfermagem de uma Unidade de Internação
Neonatal, bem como, compreender como se dá a inserção do sensível e intuitivo como
tecnologia na prática de cuidar do recém-nascido pré-termo. O referencial teórico
utilizado foi o método filosófico-intuitivo-sensível de Henri Bergson aliado a idéias de
outros autores sobre a temática intuição e sensibilidade. Utilizei-me também de
autores que discutem o cuidado de Enfermagem e o desenvolvimento comportamental
e social do recém-nascido. O método utilizado foi a Sociopoética por tratar-se de um
método dialógico que aceita uma pluralidade de vozes, permitindo desta forma, uma
construção coletiva, a partir da escuta sensível. A coleta de dados constou de entrevista
individual e observação do cuidado prestado, sendo que na análise utilizei-me do
discurso do sujeito coletivo (DSC). O DSC é um método que permite a descrição do
imaginário de um grupo sobre um determinado tema, mostrando-se como um caminho
que possibilitou a elucidação dos termos intuição e sensibilidade no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo. Ao trabalhar com o imaginário individual,
ou seja, o discurso de cada um dos profissionais de Enfermagem, pude produzir a
soma dos discursos, o significado que a equipe de Enfermagem dá aos termos intuição
e sensibilidade no cuidado. Pode-se perceber nos discursos dos profissionais da equipe
de Enfermagem e na observação do cuidado prestado, que a intuição e a sensibilidade
são utilizadas diariamente, e que o uso destes elementos propicia um cuidado mais
individualizado, sendo que a rotina mecaniza o cuidado. A equipe de Enfermagem
considera ainda que o uso da intuição e da sensibilidade devem ser características
inerentes a todos os profissionais da saúde. No entanto estes elementos são pouco
valorizados, e por isto mesmo, na grande maioria das vezes, ignorados no cuidado.
Sobre o registro do uso destes elementos, a equipe de Enfermagem no seu discurso,
deixa claro que mesmo considerando importante, não tem o hábito de anotar devido ao
fato da intuição e da sensibilidade serem pouco valorizadas e não serem reconhecidas
como científicas pela equipe de saúde. Por outro lado, considera que se passasse a
fazer este tipo de registro haveria uma valorização da profissão de Enfermagem e
possibilitaria o estabelecimento de novas rotinas. Refere ainda, que seria necessário
um treinamento específico para poder colocar em prática este tipo de conduta. Cabe
salientar que a equipe de Enfermagem considera que só poderá evidenciar os
elementos sensibilidade e intuição no cuidado, se forem cuidados da mesma forma
pela instituição. Na busca do seu imaginário, a equipe de Enfermagem rompeu com os
conceitos rígidos e indo além dos limites de sua razão, entrelaçou realidade e
imaginação, compondo em discursos sensíveis e poéticos as suas considerações sobre
a sensibilidade e a intuição. Entendo que a equipe de Enfermagem a partir do refletido,
mergulhando no seu mundo real e imaginal, mostra-se estimulada e se propõe a
caminhar na composição da poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo e sua
família, reconhecendo a intuição e a sensibilidade como tecnologia do cuidado.
Descritores: cuidados de Enfermagem, intuição, recém-nascido prematuro.
OLIVEIRA, Maria Emilia. The poetry of taking care of the newborn pre-term: a
connection between the sensitive, the intuitive and the scientific, 2007. Thesis
(Doctor’s degree in Nursing) – Postgraduate Course in Nursing, Federal
University of Santa Catarina, Florianópolis. 191 p.
Orientadora: Dra. Cleusa Rios Martins
ABSTRACT
This thesis like gold to show up the sensibility and the intuition at the daily practice of
the professionals of a team of Nursing of a Unit of Admission Neonatal, as well like
understand how its given the insertion of the sensible and the intuitive as a technology
in the practice of taking care of the newborn pre-term. The theoretical yardstick
utilized were constituted of sensitive-intuitive philosophical method of Henri Bergson
allied to ideas of other authors on the thematic intuition and sensibility. I utilized also
of authors who discuss the care of Nursing and the development comportamental and
socially of the newborn baby. . The approach utilized was the Sóciopoetic since it’s a
approach dialogical that accepts a plurality of voices, allowing in this way a collective
construction, from the sensible listening. The fact-gathering was comprised of
individual interview and observation of the care that was lent, being that in the
analysis I utilized of the talk of the Collective Subject (DSC). The DSC is an approach
that allows the description of the imaginary of a group about a determined subject,
showing itself as a road that enable the elucidation of the terms intuition and
sensibility in the care of Nursing to the newborn pre-term. Upon working with the
individual imaginary, or be, the talk of each one of the professionals of Nursing, I was
able to produce the sum of these talks, the meaning that the team of Nursing gives to
the terms intuition and sensibility in the care. We are able to perceived in the talks of
the professionals of the team of Nursing and in the observation of the care lent, that the
intuition and the sensibility are utilized daily, and that the uses of these elements
provides a more individualized care, being that the routine mechanizes the care. The
team considers even that the use of the intuition and the sensibility must be inherent
characteristics to all the professionals of health. However these elements are little
valued, and because of this, in the majority of times, ignored in the care. About the
record of the use of these elements, the team, in their talk, makes it clear that even
considering important, does not have the habit of making notes due to the fact that the
intuition and the sensibility are little valued and are not recognized as scientific by the
team of health. On the other hand, they consider that if they started to do this kind of
record, there would be a valorization of the profession of Nursing and it would make
possible the establishment of new routines. They refers also that it would be necessary
a specific training to be able to put in practice this kind of conduct. It’s necessary to
highlight that the team considers that they only will be able to show the elements of
sensibility and intuition in the care of nursing, if they are taken care of, similarly, by
the institution. In the search of their imaginary, the researcher team broke with the
strict concepts and going beyond the limits of their reasons, intertwined reality and
imagination, composing in sensible and poetic talks their considerations about
sensibility and intuition. I understand that the team of Nursing, from what was thought,
diving in their real and imaginary world, shows itself stimulated and proposes to walk
in the composition of the poetry of take care of the newborn pre-term, recognizing the
intuition and the sensibility as a technology of the care.
Descriptors: nursing care, intuition, newborn premature.
OLIVEIRA, Maria Emilia. La poesía de cuidar del recién nacido prematuro: una
conexión entre lo sensible, lo intuitivo y lo científico, 2007. Tesis (Doctorado en
Enfermería) – Curso de Post Graduación en Enfermería, Universidad Federal de
Santa Catarina, Florianópolis. 191 p.
Orientadora: Drª. Cleusa Rios Martins
RESUMEN
Esta tesis tiene como objetivo evidenciar la sensibilidad y la intuición en la práctica
diaria de los profesionales de un equipo de enfermería de una Unidad de Internación
Neonatal, así como, comprender como se da la inserción de lo sensible e intuitivo
como tecnología en la práctica de cuidar del recién nacido prematuro. Le referencial
teorico utilizado era el método filosófico sensible intuitivo de Henri Bergson aliado a
ideas de otros autores en la temática intuición y sensibilidad. Hice el uso también de
autores que hablan del cuidado de Enfermería y el desarrollo comportamental y social
del bebé recién nacido. El método utilizado fue la Sociopoética por tratarse de un
método dialógico que acepta una pluralidad de voces, permitiendo de esta manera, una
construcción colectiva, a partir del escuchar sensible. La recolección de datos constó
de entrevista individual y observación del cuidado prestado, siendo que en el análisis
utilicé el discurso del sujeto colectivo (DSC) El DSC es un método que permite la
descripción del imaginario de un grupo sobre un determinado tema, mostrándose como
un camino que posibilitó la elucidación de los términos intuición y sensibilidad en el
cuidado de Enfermería al recién nacido prematuro. Al trabajar con el imaginario
individual, o sea, el discurso de cada uno de los profesionales de Enfermería, pude
producir la suma de los discursos, el significado que el equipo de Enfermería da a los
términos intuición y sensibilidad en el cuidado. Se pudo percibir en las expresiones de
los profesionales del equipo de Enfermería y en la observación del cuidado prestado,
que la intuición y la sensibilidad son utilizadas diariamente, y que el uso de estos
elementos propicia un cuidado más individualizado, siendo que la rutina mecaniza el
cuidado. El equipo considera aún que el uso de la intuición y de la sensibilidad deben
ser características inherentes a todos los profesionales de la salud. Sin embargo, estos
elementos son poco valorados, y por eso mismo, en la gran mayoría de las veces,
ignorados en el cuidado. Sobre el registro del uso de estos elementos, el equipo en su
discurso, deja claro que aún considerando importante, no tienen el hábito de anotar
debido al hecho de que la intuición y de la sensibilidad sean poco valoradas y no sean
reconocidas como científicas por el equipo de salud. Por otro lado, consideran que si
hiciesen este tipo de registro habría una valoración de la profesión de enfermería y
posibilitaría el establecimiento de nuevas rutinas. Refiere aún, que seria necesario un
entrenamiento específico para poder poner en práctica este tipo de conducta. Cabe
anotar que el equipo de enfermería considera que solo podrá evidenciar los elementos
sensibilidad e intuición en el cuidado, si fuesen cuidados de la misma forma por la
institución. En la busca de su imaginario, el equipo de enfermería rompió con los
conceptos rígidos y yendo más allá de los límites de su razón, unió realidad e
imaginación, componiendo en discursos sensibles y poéticos sus consideraciones sobre
la sensibilidad y la intuición. Entiendo que el equipo de enfermería a partir de la
reflexión, zambulléndose en el mundo real e imaginario, se muestra estimulada y se
propone caminar en la composición de la poesía de cuidar del recién nacido prematuro,
reconociendo la intuición y la sensibilidad como tecnología del cuidado.
Descritores: cuidado de Enfermería, intuición, recién nacido prematuro.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO .........................................................................................
17
1 PENSANDO A POESIA DE CUIDAR.......................................................
18
2 A SABEDORIA DAS POETISAS E DOS POETAS.................................
28
2.1 O método filosófico-intuitivo-sensível de Henri Bérgson e outros
olhares sobre a temática Intuição e Sensibilidade ....................................
28
2.2 O cuidado de Enfermagem.. ..............................................................
40
2.3 O desenvolvimento comportamental e social do recém-
nascido...........................................................................................................
48
3 A SONORIDADE RÍTMICA .....................................................................
58
3.1 Tipo de pesquisa......................................................................................
59
3.2 As poetisas e os poetas ...........................................................................
59
3.3 O Local da criação poética.....................................................................
59
3.4 A ética na poesia do cuidado .................................................................
60
3.5 O caminho e o cotidiano da composição poética .................................
3.5.1 Inserção no campo de estudo ...................................................
61
74
3.5.2 Produção e análise dos dados ...................................................
3.5.3 Contra-análise ou validação dos dados ...................................
3.5.4 Socialização da produção .........................................................
75
79
80
4 A COMPOSIÇÃO DA POESIA DE CUIDAR DO RECÉM-
NASCIDO PRÉ-TERMO ..............................................................................
81
4.1 Análise dos resultados ...........................................................................
81
4.2 Discussão dos resultados ......................... .............................................
92
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAMINHO PERCORRIDO ................
1
00
A MEMÓRIA DAS POETISAS E DOS POETAS. .....................................
1
05
ANEXO
Anexo 1...........................................................................................................
1
20
APÊNDICES
Apêndice A .....................................................................................................
Apêndice B......................................................................................................
1
23
1
24
APRESENTAÇÃO
Este trabalho consiste na tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina.
Tem como objetivo evidenciar a sensibilidade e a intuição na prática diária dos
profissionais de uma equipe de Enfermagem de uma Unidade de Internação Neonatal,
a partir de uma aproximação com o método da Sociopoética.
Denominei-o A Poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo: uma conexão
entre o sensível, o intuitivo e o científico. Por que poesia? Em primeiro lugar porque
utilizo como referencial teórico a Sociopoética, e em segundo lugar, porque entendo
que cada gesto do cuidar tem seu papel não apenas por seu significado, mas por seu
ritmo, sua sonoridade, pela forma como se expressa no cotidiano da Enfermagem.
O trabalho está dividido em seis capítulos, sendo que no primeiro, denominado
Pensando a Poesia de Cuidar, apresento uma contextualização da minha caminhada
na Enfermagem, a relevância da temática, bem como os objetivos. No segundo
capítulo, A sabedoria das Poetisas e dos Poetas, apresento alguns referenciais
teóricos que se fizeram necessários para desencadear o processo de pensar e a
inspiração, no exercício de poetizar sobre o cuidado ao recém-nascido pré-termo. O
terceiro capítulo, ao qual denominei A Sonoridade Rítmica apresento o tipo de
pesquisa realizado, as poetisas e os poetas responsáveis pela composição da poesia de
cuidar do recém-nascido pré-termo, o local da criação poética, a ética; bem como, o
caminho e o cotidiano da composição poética. No quarto capítulo denominado A
Composição da Poesia de Cuidar do Recém-nascido Pré-termo trago a análise e a
discussão dos resultados. No quinto capítulo apresento minhas Considerações sobre o
Caminho Percorrido, e no sexto e último capítulo, cito as referências bibliográficas
utilizadas, sendo que foi denominado A memória das Poetisas e dos Poetas.
Este trabalho buscou responder as minhas inquietações e devaneios, bem como,
compreender como se dá a inserção do sensível e intuitivo como tecnologia na prática
de cuidar do recém-nascido pré-termo, por uma equipe de Enfermagem de uma
Unidade de Internação Neonatal.
1 PENSANDO A POESIA DE CUIDAR
O poeta alemão Rainer Maria Rilke (2004) diz que:
Para escrever um simples verso, é preciso conhecer cidades, homens,
animais.
É preciso ter a alma aberta para o vôo dos pássaros e ser capaz de perceber
os gestos das flores que se abrem para o amanhecer.
Para escrever um simples verso, é preciso viajar por regiões desconhecidas,
estar preparado para encontros e desencontros inesperados.
É preciso saber voltar a momentos da nossa infância que até hoje não
conseguimos compreender.
É preciso lembrar o que sentimos quando ferimos alguém que sempre nos
desejou o melhor possível.
Para escrever um simples verso, é preciso passar por muitas manhãs diante
do pôr-do-sol, muitas noites diante de quem amamos.
Tudo isso para escrever um simples verso
Esta poesia me levou a refletir sobre o quanto tenho caminhado e o quanto
ainda preciso caminhar na busca de respostas para as minhas inquietações, quando se
trata do cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
Há mais de 20 anos, encontro-me, como professora da disciplina Enfermagem
Obstétrica e Neonatal do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSC, envolvida no
cuidado aos recém-nascidos, seja em Alojamento Conjunto, seja em Unidades de
Internação Neonatal. Nesta caminhada busco cuidar do recém-nascido e de sua
família, compartilhando significados, crenças e valores, auxiliando na reorganização e
adaptação do recém-nascido pré-termo e de sua família na Unidade de Internação
Neonatal, mostrando-me presente, promovendo a interação pais/recém-nascido,
cuidando de forma dialógica, participativa e interativa, com competência técnico-
científica e sensível-intuitiva. Minha dissertação de mestrado teve como objetivo
principal, o estabelecimento de um cuidado amoroso às mães e recém-nascidos pré-
termo, internados na Unidade de Internação Neonatal de um hospital escola. A partir
da relação dialógica, ancorada na teoria humanística de Josephine Paterson e Loretta
Zderad, que envolveu o encontro, o relacionamento, a presença e os chamados e
respostas, pude perceber e vivenciar com as mães os sentimentos que experenciavam
quando do nascimento prematuro (OLIVEIRA, 1998). Foi uma experiência
significativa, na qual pude tocar e ser tocada, descobrindo o amor em mim mesmo e
também nos seres humanos aos quais eu prestava o cuidado. A partir desta
experiência, venho ampliando os meus estudos sobre o amor, a humanização, o uso da
sensibilidade e intuição no cuidado, buscando contribuir com a discussão destas
temáticas. Também venho escrevendo alguns textos, ministrando palestras, cursos e
oficinas em várias cidades brasileiras.
Nos últimos anos, o universo científico vem se transformando no sentido de
buscar a recuperação do emocional, passando de uma visão mecanicista para um novo
olhar, a visão de um todo dinâmico, indivisível, no qual as partes são essencialmente
inter-relacionadas (WALDOW, 1998). Este novo olhar tem influenciado a
Enfermagem, para uma discussão do cuidado nas suas múltiplas dimensões.
A Enfermagem como uma profissão do cuidado, engloba elementos que de
acordo com muitos autores e no meu entendimento, podem ser tanto da ciência quanto
da arte, pois ela incorpora, além da técnica, elementos da alma, da mente e da
imaginação, e todos estes elementos são primordiais para a prestação do cuidado. Sua
verdadeira essência, de acordo com Donahue (1985, p.ix) “reside na imaginação
criativa, no espírito sensível e na compreensão inteligente que sustenta os fundamentos
para os cuidados efetivos de enfermagem”.
Cuidar pode ser entendido como um processo interativo, de desenvolvimento,
de crescimento, que se dá de forma contínua ou em um determinado momento, mas
que tem o poder de conduzir à transformação (WALDOW, 1998).
Para Watson (1988) cuidar é considerado como uma forma de ser, como uma
forma de se relacionar, como um imperativo moral e constitui a essência da
Enfermagem.
Cuidar em Enfermagem consiste em esforços transpessoais de ser humano para
ser humano, visando proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a
encontrar significados na doença, sofrimento e dor, bem como, na existência
(WALDOW; LOPES; MEYER, 1995).
Para Colliére (2001, tradução nossa) cuidar é a arte que precede todas as outras,
sem a qual não seria possível existir. É a base de todos os conhecimentos e a matriz de
todas as culturas. A autora refere que desde que a vida apareceu o cuidado existe, pois
é necessário cuidar da vida para que esta possa continuar. O cuidado se faz presente
pela necessidade de manter, desenvolver a vida e lutar contra a morte.
No meu entendimento, o cuidado de Enfermagem tem dimensões contextuais,
relacionais, existenciais, sendo construído entre os seres que cuidam e os que são
cuidados. Caracteriza-se como um encontro, em que cada ser é visto e entendido como
único e singular, diferenciado e semelhante na sua condição de humano. Cuidar
pressupõe um contrato profissional entre a Enfermagem e os clientes, no qual se
estabelece um vínculo compartilhado, afetivo, intuitivo e sensível, que permite que o
encontro entre os seres humanos seja pleno.
Concordo com Jatobá et al (1995) quando referem que cuidar prevê mil atos, e
estes, demonstram proximidade, interesse, afetividade, intuição, sensibilidade,
ultrapassando as fronteiras do tecnicismo frio e impessoal com o qual muitas vezes na
prática cotidiana, nos confrontamos e do qual nos defendemos.
Não pretendo de forma alguma rejeitar a técnica e o conhecimento científico,
mas sim, abrir um espaço para que a sensibilidade e a intuição no cuidado ao recém-
nascido pré-termo possam ser reconhecidas no seio da sua própria racionalidade, como
uma tecnologia, desmistificando a idéia de que o que contém emoção, intuição e
sensibilidade não são ‘conhecimento’. Afinal, como refere Mattos (2006), o
conhecimento fundamental é aquele que permite reconhecer as necessidades e tem
habilidade para aplicar as tecnologias de forma pertinente.
Tecnologia neste contexto pode ser entendida, de acordo com Merhy (2002)
como todo conhecimento organizado e aplicado. Não se aplica exclusivamente a
instrumentos ou equipamentos tecnológicos, mas também saberes e condutas como o
vínculo e o acolhimento, e no estudo em questão, o uso da sensibilidade e intuição no
cuidado de enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
Concordo com Marinelli (2004) quando refere que na enfermagem a tecnologia
compreende o conhecimento humano (científico e empírico) sistematizado. Esta
tecnologia se evidencia na presença humana, visando a qualidade de vida e se
concretizando no ato de cuidar, sendo que a questão ética e o processo reflexivo são
considerados.
Mattos (2006) reconhece a importância de utilizarmos o conhecimento
científico com responsabilidade, buscando o equilíbrio entre as aparentes
possibilidades de intervenção e nossa capacidade de antever as conseqüências do
cuidado.
O perigo da rigidez científica encontra-se exatamente no fato de se retirar do
saber, a subjetividade encontrada nas emoções, nos sonhos, nas intuições, ou seja, no
que denomina como ‘esconder a alma’ (BYINGTON, 1988).
Compreender o espaço predominante que ocupa a tecnologia em nossa
profissão e recuperar os saberes da experiência cotidiana, acompanhando as passagens
da vida com sensibilidade e intuição, re-introduzindo a dimensão simbólica do cuidado
e conciliando os saberes empíricos com os conhecimentos científicos, mostra-se como
uma necessidade emergente para que a enfermagem possa construir com inteligência o
seu futuro (COLLIÈRE, 2001, tradução nossa).
As temáticas intuição e sensibilidade no cuidado vêm sendo discutidas por
vários autores internacionais e alguns nacionais nos últimos anos, entre eles podemos
destacar Leininger (1991), Watson (1988), Paterson e Zderad (1979), Roach (1993),
Grifin (1983), Fry (1990; 1993), Carper (1979), Colliere (1989; 2001), Bishop e
Scudder (1991; 1996), Eriksson (1992; 1994), Leloup (1996), Waldow (1998; 2004;
2006), Boff (1999; 2003), Petitat (1998), Weil ( 1991), Silva (2002;2004), Pessini e
Bertachini (2006), Pinheiro e Mattos (2006), Oliveira, Bruggemann e Zampieri (2001),
entre outros.
As teses e dissertações que tratam desta temática são, na grande maioria,
centradas no cuidado com adultos; o cuidado intuitivo e sensível aos recém-nascidos, e
especificamente ao recém-nascido pré-termo, ainda tem uma forte ligação com a
psicologia. Entre as dissertações e teses desenvolvidas por enfermeiros brasileiros,
com este enfoque, na área neonatal podemos citar o trabalho de Christoffel (2002), que
busca conhecer o mundo imaginal da equipe de Enfermagem frente às reações do
recém-nascido submetido a procedimentos dolorosos; o de Martinez (2004), que
explora a participação das mães/pais no cuidado ao filho prematuro em unidade
neonatal; o de Caniatto (2005), que tem como objetivo promover o bem-estar e o
cuidado do recém-nascido prematuro por meio do toque; o de Costa (2005), que
compreende as reflexões da equipe de saúde sobre o método mãe canguru em uma
unidade de neonatologia; o de Guimarães (2006), que trata da formação do apego
pais/recém-nascido pré-termo e/ou de baixo peso no método mãe-canguru; o de
Fonseca (2002), que demonstra a necessidade de instrumentalizar a família frente aos
cuidados específicos ao recém-nascido pré-termo; o de Oliveira (1998), que trata do
cuidado amoroso aos recém-nascidos pré-termo e suas famílias; o de Gaiva (2002),
que trata da organização tecnológica do trabalho na assistência ao prematuro e sua
família e o de Santana ( 2003), que busca compreender o significado do cuidado para
uma equipe de Enfermagem de uma unidade neonatal, entre outros.
O que observo na minha vivência nas Unidades Neonatais, bem como, nos
cursos e palestras ministrados, é que se utiliza a intuição e sensibilidade no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo, no entanto, estes elementos não são
valorizados pela equipe de Enfermagem e nem sempre são assimilados como
componentes indissociáveis da prática cotidiana. Este é um discurso, que no meu
entendimento, ainda está muito centrado na academia.
Kletemberg, Mantovani e Lacerda (s/d) também observam um hiato entre a
academia e a prática de Enfermagem, visto que segundo as autoras, as discussões
sobre intuição aliada ao conhecimento científico, embasando teórica e holisticamente o
cuidador e o ser cuidado, ocorrem somente nos meios acadêmicos.
[...] acreditamos que os aspectos subjetivos somente introjetarão nos
profissionais de enfermagem com o decorrer do tempo, quando estes
perceberem que os pressupostos acadêmicos apenas respondem aos
anseios da sociedade contemporânea, na qual a ciência não esclarece
mais todas as questões, quer seja na área da saúde ou outras da vida
cotidiana da população (KLETEMBERG; MANTOVANI; LACERDA,
s/d, p.96).
Passos (1996) cita que a intuição, a sensibilidade e o amor são elementos pouco
valorizados na Enfermagem. Refere que isto se deva possivelmente pelo legado que
nos deixaram as enfermeiras americanas, responsáveis pela estruturação da
Enfermagem no Brasil. Estas enfermeiras com sua segurança, controle de emoções,
dinamismo e respeito, acredita Passos (1996), conseguiram incorporar na Enfermagem
brasileira o mito de que autoritarismo e dureza deveriam ser utilizados como
sinônimos de competência e responsabilidade.
Para Waldow, Lopes e Meyer (1995, p. 26)
[...] o cuidar tornou-se mecanizado, fragmentado e tanto as pessoas que
cuidam como as que recebem cuidado, parecem ter-se esquecido de que esta
habilidade ou qualidade, além de conter uma ação, é um valor, um
comportamento, uma filosofia, uma arte e uma ciência.
Nas propostas de políticas do Ministério da Saúde brasileiro (BRASIL, 2001,
2002, 2004) que visam a humanização do cuidado, percebe-se que estes elementos são
considerados, no entanto, sua assimilação na prática, ainda não se mostra muito
visível. Entre estas políticas, podemos citar o HumanizaSUS, programa que tem como
proposta reduzir as dificuldades encontradas durante o tratamento, favorecer a
recuperação da comunicação entre a equipe de profissionais da saúde e o usuário,
incluindo a família; o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento que tem
como objetivo assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do
acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério e o Método Mãe
Canguru um tipo de assistência neonatal que implica de acordo com Brasil (2002,
p.18)
{...} no contato pele a pele precoce entre mãe e recém-nascido de baixo
peso, de forma crescente e pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso
e suficiente, permitindo, dessa forma, uma maior participação dos pais no
cuidado ao recém-nascido.
A incorporação do intuitivo e do sensível, como complementos da razão no
cuidado, só será possível se houverem mudanças significativas em nossas estruturas
sociais e econômicas e em nossa tecnologia (CAPRA, 1982).
Acostumados que estamos com o discurso de que a razão caracteriza o
empreendimento científico, ficamos cegos frente à emoção, que fica desvalorizada,
sendo muitas vezes considerada como algo que nega o racional. Ao nos declararmos
seres racionais, afirma Remen (1993), vivemos uma cultura que desvaloriza as
emoções e não vemos o entrelaçamento cotidiano entre razão e emoção, que constitui
o nosso viver humano, e não nos damos conta de que todo sistema racional tem um
fundamento emocional.
Como bem explicita Waldow (2006, p.75) o cuidado deve ser visto como “um
processo interativo e de fluição de energia criativa, emocional e intuitiva que compõe
o lado artístico, além do aspecto moral que contém”.
Os recém-nascidos são seres especiais, que nos chamam e respondem com
gestos e atitudes, buscando estabelecer este processo interativo, ou seja, o verdadeiro
‘encontro’.
Segundo Klaus e Klaus (2001) a compreensão dos variados estados de
consciência do recém-nascido, bem como a intuição e sensibilidade dos profissionais
de saúde para percebê-los, irão proporcionar uma nova compreensão do recém-
nascido, levando a uma série de efeitos positivos no seu desenvolvimento social, físico
e mental. Estes autores referem que o entendimento dos estados de consciência dos
recém-nascidos começou com os estudos dos pesquisadores, o psiquiatra Dr. Peter
Wolf em Boston e o psicólogo Professor Heinz Prechet nos Países Baixos. Estes
pesquisadores, de acordo com Klaus e Klaus (2001), observaram e documentaram os
movimentos dos braços e pernas, a respiração e atividade de sugar, os movimentos dos
olhos e pálpebras, as caretas, bem como todos os reflexos e respostas ao meio
ambiente. Com esta observação, concluíram que as atividades que não pareciam ter um
padrão encaixavam-se em grupos comportamentais, e que estas podiam sofrer
alteração quando o recém-nascido era submetido a procedimentos dolorosos, quando
estavam desconfortáveis, quando eram movimentados, enfim, quando queriam que
suas necessidades fossem compreendidas e atendidas (KLAUS; KLAUS, 2001).
Para Remen (1993) a concepção do relacionamento mente-corpo-sentimentos
como um sistema de energia aberto foi amplamente estudado pelos cientistas
comportamentais. As emoções não somente afetam o corpo, como este também é
afetado pelas emoções.
Compreender os ‘chamados’ do recém-nascido pré-termo (emoções,
sentimentos) com intuição e sensibilidade, e atuar de forma adequada frente a estes,
com certeza terá grande influência não só no corpo, como também nas emoções e na
prestação do cuidado.
Importante também salientar o papel que a intuição e a sensibilidade
desempenham no cuidado aos familiares. O ambiente da Unidade de Internação
Neonatal mostra-se a princípio assustador e gera ansiedade em todos que ali adentram
pela primeira vez. A maioria das famílias, quando vivencia o processo do nascimento,
não cogita a possibilidade de ter que freqüentar este ambiente e muitas vezes não
sabem sequer de sua existência, muito menos de suas especificidades. A vivência do
nascimento prematuro mostra-se como um evento de proporções catastróficas para
toda a família, sendo que os pais passam por diversas fases que vão da negação à
aceitação (MOREIRA; BRAGA; MORSCH, 2005).
Neste contexto, a utilização da intuição e da sensibilidade permitirá cuidar
destas famílias, compreendendo suas atitudes e comportamentos, possibilitando a sua
aceitação e inserção de forma integral na Unidade de Internação Neonatal.
A natureza humana não é desconhecida de nenhum de nós, através de nossa
experiência interior e observação dos outros, desenvolvemos a percepção de seu
alcance e amplitude, daquilo que nós mesmos e os outros somos e podemos ser. Os
profissionais de Enfermagem trabalham diariamente com as dimensões da pessoa,
como sentimentos, crenças, forças, valores, aspirações e objetivos. Entretanto, segundo
Remen (1993), a compreensão que temos dos outros e de nós mesmos é, de modo
geral, inconsciente. Raramente essa informação é sistematizada e intencionalmente
utilizada. Para que essa compreensão se torne um elemento mais útil em nossa prática
diária e em nossa vida, devemos perceber a informação que existe em nosso
inconsciente, na qual nossa intuição se baseia. Devemos refletir sobre a nossa prática,
buscando evidenciar os elementos que a constituem.
Entendo que a compreensão e incorporação da intuição e sensibilidade como
tecnologia no cuidado de Enfermagem, só poderá se concretizar a partir da construção
coletiva, levando em consideração os valores e pressupostos de cada um dos membros
da equipe de Enfermagem, num movimento de ação-reflexão-ação. Neste sentido, o
método da Sociopoética, proposto por Gauthier e Santos, mostra-se bastante
pertinente, pois propicia um movimento de criação/desestabilização, levando à
produção do conhecimento. Este método caracteriza-se como uma prática e uma
filosofia, da pesquisa, do ensino, da aprendizagem, do cuidar. A Sociopoética abrange
cinco princípios: 1) a instituição, negociada entre os parceiros, sendo que o
conhecimento deve ser produzido coletiva e cooperativamente; 2) o favorecimento de
culturas de resistência e das culturas dominadas, na leitura dos dados da pesquisa; 3) a
utilização do corpo inteiro de forma emocional, intuitiva, sensível, gestual,
imaginativa, sensual e racional como fonte de conhecimentos e dotado de marcas e
valores históricos; 4) a emergência de pulsões e saberes inconscientes, inesperados,
desconhecidos, utilizando-se para isto, técnicas artísticas de produção de dados; e 5) a
interrogação pelos participantes da pesquisa do sentido político, ético e humano do
processo de pesquisa que está sendo desenvolvido, bem como, as formas de
socialização da produção a serem escolhidas. Estes princípios devem ser vistos e
desenvolvidos simultaneamente em todos os momentos da pesquisa, no entanto,
observa-se que algumas pesquisas Sociopoéticas muitas vezes acentuam mais certos
princípios, o que é considerado aceitável, visto que muitos pesquisadores sentem-se
mais familiarizados com os mesmos (SANTOS et al, 2005)
Na pesquisa em questão o princípio mais acentuado foi o da utilização do corpo
como fonte de saber, sendo que os participantes foram convidados, a partir de uma
entrevista semi-estruturada, a liberar o seu imaginário, fazendo com que o seu saber
implícito se expressasse, tanto na dimensão ética, quanto na estética, subjetiva,
ecológica, social e ambiental.
Tenho como perguntas de pesquisa: como e quando a intuição e sensibilidade
se expressam e se manifestam no cuidado de enfermagem ao recém-nascido pré-
termo? Qual a dimensão imaginativa sobre intuição e sensibilidade no cuidado ao
recém-nascido pré-termo utilizando os princípios da Sociopoética, de um grupo
de profissionais de enfermagem de uma Unidade de Internação Neonatal? Qual a
possibilidade de interligar a intuição e sensibilidade com a razão, incorporando-
as como tecnologia no cuidado ao recém-nascido pré-termo?
A habilidade para se reconhecer e mobilizar todos os recursos para
compreender e interpretar os ‘chamados’ do recém-nascido pré-termo, de forma
sensível, dando ‘respostas’ compatíveis, pode exigir um esforço tanto cognitiva quanto
intuitivamente, necessitando, portanto, de uma reflexão de toda a equipe de
Enfermagem, no sentido de repensar o modo de desenvolver a poesia de cuidar em
Enfermagem.
Defendo a tese que:
A aplicação da intuição e da sensibilidade pelos profissionais de
Enfermagem na poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo se caracteriza na
tecnologia da ciência sensível da Enfermagem.
Este estudo tem como Objetivo Geral:
Evidenciar a sensibilidade e a intuição na prática diária dos profissionais
de uma equipe de Enfermagem de uma Unidade de Internação Neonatal.
Os objetivos específicos são:
Identificar em quais momentos do cuidado a intuição e a sensibilidade são
expressas;
Analisar os modos de aplicação da intuição e sensibilidade a partir do
imaginário da equipe de enfermagem da Unidade de Internação Neonatal;
Construir uma semiologia e uma semiotécnica para a utilização da intuição
e da sensibilidade no cuidado de enfermagem prestado ao recém-nascido
pré-termo.
2 A SABEDORIA DAS POETISAS E DOS POETAS
O conhecimento deve ser buscado, criado e reformulado constantemente,
numa interrelação entre o saber, fazer e sentir
(Waldow, 2005)
O referencial teórico utilizado foi o método filosófico-intuitivo-sensível de
Henri Bérgson
1
aliado a idéias de outros autores sobre a intuição e a sensibilidade.
Utilizei-me também de alguns autores que discutem sobre o cuidado de Enfermagem e
o desenvolvimento comportamental e social do recém-nascido. Acredito que estes
referenciais além de mostrarem-se bastante pertinentes ao tema investigado
contribuíram para o delineamento das expressões intuição e sensibilidade na poesia de
cuidar do recém-nascido pré-termo. Estas expressões quando refletidas em conjunto,
levaram a um desvelar do ser humano na sua integralidade, implicando num
compartilhar de sensações e signos entre a equipe de Enfermagem, levando a
compreensão do simbólico e do emocional do cliente.
2.1 O método filosófico-intuitivo-sensível de Henri Bergson e outros olhares
sobre a temática Intuição e Sensibilidade.
Henri Bergson elaborou o seu método filosófico-intuitivo-sensível a partir de
seus estudos com a intuição. O autor propõe uma apreensão da realidade, visando
reprimir as ilusões da inteligência, que só se viabiliza por meio da intuição. Para
Bergson, pensar intuitivamente significa pensar na duração, pois o objeto da intuição é
o próprio tempo, a duração, visto que a essência da realidade está na passagem do
tempo. Para que a intuição aflore é necessário se colocar presente no aqui e agora,
sendo espectador daquilo que é visto e sentido ao mesmo tempo. É apenas na
apreensão da qualidade, que é essência pura, que poderemos apreender a harmonia
invisível que articula os diferentes níveis da realidade (BERGSON, 1974).
1
Filósofo francês e prêmio Nobel, Henri Bérgson elaborou um método baseado na dimensão espiritual da vida
humana. Nasceu em Paris em dezoito de outubro de 1958 e estudou na Escola Normal Superior e na
Universidade de Paris. Morreu em 04 de janeiro de 1941 em Paris. Suas obras tem grande influência sobre os
filósofos, artistas e escritores do Século XX ( ENCICLOPÈDIA DIGITAL MASTER, 2005).
Desta forma, Bergson substituiu o método propriamente científico vigente na
época, por um método novo, fundado na intuição. Ele parte da idéia de que se
queremos representar a verdadeira natureza da vida, devemos aplicar a este objeto,
outra forma de conhecimento, não analítico, mas sim direto, imediato, o qual tem seu
princípio no instinto, razão pela qual, muitos autores vêem o bergsonismo como uma
apoteose da intuição e dos valores místicos e uma depreciação da inteligência
(BERGSON, 1974).
Foi na sua obra ‘A evolução criadora’ que Bérgson estudou todo o problema da
existência, concebendo o universo como algo que não é nem puramente matéria nem
puramente espírito, mas sim como um processo eterno, como um ‘devenir’ que
preserva o passado e cria o futuro (BERGSON, 1994).
O mundo para Bérgson (1974) não é fixo, ele se move eternamente, evoluindo,
adotando a forma de um equilíbrio eterno no qual ‘nada se cria, nada se aniquila’.
Considera o tempo real como o tempo eternamente presente.
Este conceito nos mostra que o universo se move sempre para frente, evolui
constantemente em uma atividade livre e criativa, sendo que a intuição e a
sensibilidade se mostram como elementos implícitos desta atividade. Neste sentido, o
método proposto por Bérgson mostra-se bastante pertinente para discutirmos e
compreendermos o valor que as ‘outras’ ciências apresentam na atualidade.
Para Bérgson (1974) o instinto está mais próximo do élan original do que a
inteligência.
A ação é sensível refere Bérgson, “mas o corpo é instrumento do espírito
enquanto órgão infinito. O valor é criação que não transcende a ação, mas lhe confere
a forma pela qual ultrapassa a finitude” (SILVA, 1994, p.286).
Bérgson (1979) considera a intuição como uma visão mais direta da realidade.
Ele nos traz a idéia da intuição como uma relação imediata ou direta com a realidade
absoluta, com a duração da consciência, ou com o impulso criativo da vida. Bérgson
afirma que a intuição é a visão do espírito, pois parte do espírito, significando
consciência imediata. Intuir pode ser considerado como refletir, ou, como
conhecimento interno. Desta forma, considera que se pudéssemos entrar em
comunicação direta com os nossos sentidos e a nossa consciência, deixando a
realidade tocar diretamente o nosso ser, seríamos todos artistas, pois nossas almas
vibrariam em conjunto com a natureza (BERGSON, 1979).
Para Bérgson (1994) a intuição cria quando o espírito não se volta para a
instrumentalidade. Vale dizer então, que a consciência criadora é consciência de
liberdade, ou seja, consciência imanente à duração.
Tal imanência dilui a relação subjetiva que a consciência tem com o mundo
natural e integra a subjetividade na temporalidade pré-objetiva, depois que a
intuição provocou a morte da objetividade. Assim, o advento da intuição é a
descoberta de imediatidade criadora do élan original (BRÉTONNEAU,
1975, p.10)
Esta unidade do élan original com a qual a intuição comunica é uma qualidade
interna, ou seja, a essência íntima do ser.
É da índole do absoluto que ela só possa ser apreendida intimamente, e para
tanto, o sujeito deve transitar pelo núcleo intuitivo de sua própria
interioridade, cuja continuidade, aquém da subjetividade ‘objetivante’, é
índice da intimidade do real enquanto temporalidade absoluta (SILVA, 1994,
p. 301)
Intuição segundo Bergson (1990), é um ato de reflexão profunda, que descendo
em direção à ação e à realidade atual, sem buscar apoio na razão e para além da
linguagem, apreende diretamente a realidade por um esforço de tensão de espírito. O
autor refere que a intuição acontece quando o pensamento racional permite que a
atenção se volte para o espírito ou para a sensibilidade. Neste caso afirma Bérgson
(1974), o domínio da intuição, é o espírito. Para que a intuição não se apresente como
um conhecimento difuso e impreciso Bergson propõe que os conceitos nasçam da
experiência efetiva, para então ser repassado a inteligência. Desta forma, a inteligência
se converte na intuição, ou seja, os conceitos tornam-se “fluidos, capazes de seguir a
realidade em todas as suas sinuosidades e de adotar o próprio movimento da vida
interior das coisas” (BERGSON, 1974, p. 32).
Sendo a intuição, reflexão, refere Bergson, é na interioridade da consciência que
se busca as raízes do ser, já que no plano da interioridade mais profunda o externo e o
interno remetem-se ao princípio originário, ou seja, a intuição nos faz alcançar a
continuidade de nossa vida interior. O objetivo da intuição é o movimento originário e
absoluto como interioridade em si, como unidade que internamente se cria (SILVA,
1994).
Quando diz que a característica da intuição é o conhecimento interno Bergson
(1974), infere que o objeto da filosofia é a interioridade, que em si quer dizer o ser
como temporalidade.
Entendo que a potencialização da reflexão na prática diária com os recém-
nascidos pré-termo nos leva à interioridade subjetiva, encaminhando-nos para um
cuidado intuitivo. Este movimento que harmoniza reflexão e interioridade supõe uma
ação de sensibilidade, culminando no cuidado intuitivo e sensível.
A sensibilidade para Bergson (1994) caracteriza-se como uma agitação
profunda da alma, que antecede no tempo as representações que a traduzem. O que
caracteriza a sensibilidade é o seu caráter inexprimível. A intuição revela-se a partir da
transformação prévia dos signos, a partir da profundidade da emoção que imprimimos
ao nosso pensamento. Para Bérgson (1994), a notação do fato não o representa na sua
autenticidade, mas precisamente o simboliza. A própria visão mística, enquanto
concretização do êxtase é por si só, uma comunicação em si.
Concordo com Bergson (1994) quando refere, que o conteúdo intuitivo é
experiência, no sentido pleno da palavra, e que esta experiência se constitui como uma
revelação. O recém-nascido pré-termo se revela no cuidado de enfermagem
experenciado com sensibilidade e intuição.
“Revelar é reconduzir à experiência originária, permitindo que o sujeito se
reconheça em ato, isto é, na atividade originária do phatos” (SILVA, 1997, p.320).
Para Sayegh
2
(1998), estudiosa da filosofia de Bérgson, a intuição caracteriza-
se como um esforço penoso, pois é necessário que se abandone a superficialidade dos
2
É autora do livro O método intuitivo – uma abordagem positiva do espírito, a partir das idéias de Bergson.
hábitos mentais, utilizando-se da sensibilidade, elevando as nossas mentes, buscando
uma consciência cada vez mais rica em qualidade para alcançarmos a adequada
sintonia com as manifestações da totalidade. Desta forma, superamos o papel de
espectador distante, passando a viver o espetáculo, que é a compreensão do ser
humano como um todo, de forma plena.
Sayegh (1998), refere que vivenciar a intuição, não consiste em uma
contemplação objetiva da realidade, mas sim um engajamento do próprio ser.
Neste sentido, concordo com a autora, quando refere que a intuição implica
então em uma emoção criadora, e acrescento que, a intuição aliada à sensibilidade em
consonância com o conhecimento científico, nos permite ver e ouvir com mais clareza,
não apenas os sons e as imagens na Unidade de Internação Neonatal, mas o todo,
compreendendo o recém-nascido pré-termo como ser integral e único, cujo cuidado
ultrapassa as barreiras dos sentidos.
Muitos outros autores vem discutindo a intuição e a sensibilidade ao longo dos
anos, no entanto de acordo com Goleman (1997, tradução nossa), os dogmas legados
pela ‘razão pura’ tem feito com que muitos estudiosos ignorem o lugar que os mesmos
ocupam em nossas vidas, sendo que o espaço dos sentimentos mostra-se em grande
parte, inexplorado pela psicologia científica. Na atualidade, percebe-se que a ciência
finalmente começa a reconhecer o valor e a importância das emoções em justaposição
com a razão. O autor reforça a necessidade de compreender porque e como nossa
inteligência pode caminhar em consonância com as nossas emoções. Cada emoção,
nos prepara para agir de certa maneira, cada uma nos mostra um caminho a ser seguido
(GOLEMAN, 1997, tradução nossa).
O mesmo autor refere que infelizmente a maioria das pessoas ainda exagera no
valor que tem a razão pura na vida humana. Segundo Goleman (1997, tradução nossa)
a inteligência é inútil se não utilizarmos nossa sensibilidade e nossa intuição. As
emoções incitam a ação, pois derivam do latim motore que significa ‘mover’ e do
prefixo e que indica um movimento em direção ao exterior, sendo que esta etimologia
sugere uma tendência a agir.
Para Goleman (1997) é importante reconhecer que temos dois sistemas de
conhecimento, o racional, que nos torna ponderados e reflexivos e o emocional que
nos torna impulsivos e muitas vezes ilógicos. Esta dicotomia segundo o autor
corresponde, grosso modo, a distinção entre ‘cabeça’ e ‘coração’. Quando sentimos no
fundo do coração que algo é verdadeiro, ele se revela num grau de convicção diferente
do que o que nos mostra o espírito racional. Na maior parte do tempo o espírito
racional e o emocional funcionam em perfeita harmonia, associando modos de
conhecimentos diferentes para nos guiar na nossa prática cotidiana junto ao recém-
nascido pré-termo.
De acordo com Inglis (1987) há mais de um século o filósofo e psicólogo
Frederic Meyers apresentou sua hipótese de mente subliminar, ou seja, o que
conhecemos atualmente como a mente inconsciente ou subconsciente. Meyers
acreditava que a mente subliminar, fora do âmbito dos sentidos, era responsável pela
sensibilidade e pela intuição. Freud (apud INGLIS, 1987) afirmava que o inconsciente
era um reservatório primordial de energia, completamente desorganizado, sobre o qual
o ego precisava exercer controle da melhor forma possível.
Koestler também escreveu sobre a intuição e a sensibilidade, referindo que
existem três ordens de realidade: a primeira faz alusão ao mundo estreito da percepção
sensorial, a segunda, a alguns fenômenos correlatos que os sentidos não percebem,
assim como os campos magnéticos, e a terceira, que de acordo com o autor é a mais
importante de todas, não somente envolve e interpenetra a segunda, dando-lhe um
sentido próprio, mas também envolve fenômenos esotéricos que não tem explicação
lógica nem no plano sensorial e nem no conceptual, entre eles, a intuição
(KOESTLER, 1969).
O mundo social de acordo com Maffesoli (2004, tradução nossa) se faz a partir
das emoções, das intuições e dos afetos, traduzindo-se numa ordem de movimento na
qual implica todos os estratos do indivíduo e da comunidade.
A razão afirmava Espinosa (1991) não é puramente lógica, formal, dissociada
da vida, ela inclui os sentidos, a percepção, o contato sensível com o objeto e a
interação. O homem não é a sua razão, não se identifica com ela, assim como não é
separado do mundo, do outro, das coisas. Isto garante haver uma empatia entre o
homem e tudo que o cerca, sendo que o conhecimento real baseia-se nesta empatia
juntamente com a razão.
No meu entendimento, isto se torna visível quando deixamos que nossa intuição
e nossa sensibilidade, guiadas pela razão, ou seja, pelo conhecimento científico, nos
direcione no cuidado de Enfermagem prestado ao recém-nascido pré-termo.
A intuição e sensibilidade são elementos que não podem ser discutidos em
separado, visto que um leva ao outro numa justa complementaridade.
Kant em suas observações sobre o sentimento do belo e do sublime, refere que
as faculdades da alma, assim como a intuição e a sensibilidade, são tão estreitamente
interligadas, que podemos julgar mais frequentemente os talentos do espírito pela
maneira como os sentimentos se manifestam (KEMPF, 1997).
A sensibilidade nasce nas coisas simples, em momentos inesperados, em
tempos incertos, espontânea, brilhante, suave, uma linda surpresa. São
toques, palavras, gestos, simples contatos, letras pequenas, são vagas
lembranças, ilegíveis. São as cores em seu conjunto, o universo nos detalhes,
o mundo dos olhares invisíveis (EDUARDO, 2002, p 1).
O processo mental intuitivo parece funcionar de trás para frente. As
conclusões antecedem as premissas. Isso não ocorre porque os passos que
ligam conclusões e premissas tenham sido omitidos, mas porque esses
passos são dados pelo inconsciente (NACHMANOVITCH, 1993, p. 43).
Se procurarmos o conceito de sensibilidade nos dicionários, encontraremos que
o termo está associado a emoção, sentimento, faculdade de receber informações sobre
as mudanças do meio e de a elas reagir através de sensações; disposição favorável que
se experimenta em relação a uma coisa ou uma idéia;
[...] faculdade responsável pela recepção das impressões sensoriais,
determinando os fundamentos empíricos do processo cognitivo, assim como
o vínculo inicial e intuitivo que o ser humano estabelece como os objetos do
conhecimento (HOUAISS, 2001, p. 2546).
A palavra sensibilidade vem do latim sensibilitas, que significa a ‘faculdade de
sentir’ revelando, desta forma, a abrangência e a riqueza semântica do termo.
Enquanto ‘faculdade de sentir’, a sensibilidade pode ser considerada como a
capacidade de receber e perceber impressões do próprio corpo e do mundo que lhe é
exterior. Ela está associada, quer à capacidade de ter sensações, percepcionar e
conhecer, quer à capacidade de ‘se ter vida afetiva’ (desejar, amar, sofrer, fruir,
comover-se, emocionar-se). Deste modo, o termo ‘sensibilidade’ tanto pode nos fazer
pensar nos conceitos de ‘aparelho sensitivo e perceptivo’, ‘intuição sensível’ ou de
‘excitabilidade, quanto nos conceitos de ‘sentimento’, ‘delicadeza de sentir’, ‘gosto’,
ou mesmo, ‘capacidade de fruição do Belo’ e ‘fantasia criativa’ – que nos permitem
ascender à experiência estética e à criação artística (CARCHIA; D’ANGELO, 2003;
LOGOS, 1997).
A capacidade de sentir empatia, de se deixar tocar pelos outros seres humanos,
de ouvir sua voz interior, de acordo com Assman e Mo Sung (2000), caracteriza-se
pela sensibilidade.
No Dicionário de Filosofia, encontramos sensibilidade
Como uma das duas fontes de conhecimento humano, se os objetos são
pensados pelo entendimento, são dados pela sensibilidade, por um lado,
graças às intuições empíricas ou sensíveis, que fornecem o material dos
fenômenos e, por outro, graças às intuições puras, ou formas a priori, da
sensibilidade (espaço e tempo) que predeterminam o contexto no qual esse
material é ordenado (DUROZOI; ROUSSEL, 1998, p.430).
Abbagnano (1999) refere que a sensibilidade é um elemento que se encontra na
esfera das operações sensíveis do homem. Considera-se em seu conjunto, tanto o
conhecimento sensível quanto o conhecimento que inclui os instintos e as emoções.
Caracteriza-se como a capacidade de receber sensações e de reagir aos estímulos, num
compartilhar contínuo. O ser humano sensível é aquele que tem capacidade de
compartilhar emoções, e que, utilizando os sentidos, compreende o outro no seu todo.
A sensibilidade pode ser visualizada como faculdade de experimentar
sentimentos de humanidade, exteriorizando-se através da compaixão e da alegria. Sua
promoção é feita através dos relacionamentos interpessoais e depende dos estímulos e
do afeto que recebe. É uma característica predominante do homem moral, possuindo
variados graus de intensidade (KEMPF, 1997).
Aristóteles em seu tratado ‘A alma’, refere que a sensibilidade afeta cada um
dos nossos sentidos e exterioriza o poder inerente, próprio a cada ser sensível. A
sensibilidade, diz ele, mostra-se como a alma tocada em seu princípio central, que se
encontra na região do coração (THILLET, 2005).
Para Barbier (1998) a sensibilidade mostra-se como a forma elaborada do
sentimento de ligação, uma empatia generalizada. Entrar dentro deste sentimento
reforça Barbier (1998), é aceitar estar receptivo, é aceitar estar aberto ao mundo que
frequentemente nos fala de formas diferentes. De acordo com Barbier (1998), há
vários tipos de sensibilidade: a sensitiva, a afetiva, a noética e a sensibilidade intuitiva.
A sensibilidade sensitiva é aquela que se apóia sobre as sensações, as percepções; a
afetiva ‘explode’ de emoção frente as situações que transformam as estruturas
estabelecidas. A sensibilidade noética é a manifestação de um sentimento no qual a
pessoa vai além da individualização e da consciência ativa de si mesmo. Já a
sensibilidade intuitiva descobre o inconsciente e se exprime por um senso de criação
simbólica e mito-poética.
A sensibilidade é vibração afetiva e pessoal de um ser em estado de ligação, ou
seja, de uma tomada de consciência intuitiva e sistêmica de inter-relação entre os
elementos do real e de sua complexidade radical (BARBIER, 1992).
O sensível é fonte de riqueza espiritual, fortalece o corpo, mas ao mesmo
tempo, permite a plenitude do coração. Todos os sentidos estão presentes
nessa harmonia, e é sua sinergia que engendra uma erótica coletiva.
(MAFFESOLI, 1999, p.78).
É a partir dos dados sensíveis que se elabora a união social. O sensível se
aloja na base de toda maneira de ser, difrata-se na vida cotidiana e tem um
peso considerável na vida de toda sociedade (MAFFESOLI, 1999, p.87).
A palavra intuição deriva do latim intueri- intuir + -ção que significa
contemplação pela qual se atinge em toda a sua plenitude, uma verdade de ordem
diversa daquela que se atinge por meio da razão ou do conhecimento discursivo ou
analítico (PAULI, 1997).
Conceituar intuição, não é uma tarefa fácil. Se consultarmos os dicionários,
encontraremos definições como:
[...] faculdade de perceber, discernir ou pressentir coisas,
independentemente de raciocínio lógico ou análise; forma de conhecimento,
claro e imediato capaz de investigar objetos pertinentes ao âmbito
intelectual, a uma dimensão metafísica ou à realidade (HOUAISS, 2001,
p.1640-1641).
Temos então a impressão de que intuir refere-se ao ato de ver alguma coisa de
maneira diferente da normalmente vista pela maioria das pessoas. Na realidade, entre a
visão normal no ato puro e simples de olhar e a visão ampliada, ou seja, o ato de
perceber, ver, discernir, encontra-se o segredo da intuição, também conhecida como “a
contemplação pela qual se atinge a verdade por meio não racional” (MAIA, 2005, p.2).
No Dicionário de Filosofia, encontramos intuição como “um modo de
conhecimento imediato e direto que coloca no mesmo momento o espírito em presença
de seu objeto” (DUROZOI; ROUSSEL, 1998, p.261).
Para o filósofo Emerson (2000) intuição é uma sabedoria interior que se
expressa e orienta por si própria. É uma inteligência que por meio de uma visão
interior, consegue resolver um problema ou elaborar um produto ou um serviço. É uma
forma de captar informações sem recorrer aos métodos do raciocínio e da lógica.
Nosso cérebro está dividido em dois hemisférios: o direito que armazena e
elabora as emoções, a imaginação e a criatividade, e não tem domínio verbal, e o
esquerdo, que é o lado organizado, racional, lógico, analítico, faz uso da linguagem e
domina a palavra. Na realidade, tanto a intuição quanto a razão tem os seus domínios
próprios, sendo que uma não se contrapõe à outra. Por esta razão é importante que
intuição e razão sejam utilizadas de forma equilibrada (FRANQUEMONT, 2002).
A intuição para Jung (1991) é uma energia ou uma capacidade inconsciente de
perceber possibilidades. É a função que serve de medianeira entre as percepções de
forma inconsciente. Para este psicanalista, criador do termo sincronicidade, esta
energia está presente em toda nossa vida, mas precisamos ter consciência dela, para
que a mesma possa se manifestar a nosso favor. Somos capazes de perceber a
sincronicidade quando colocamos a nossa intenção em tudo o que fazemos.
Aumentamos ainda mais a nossa percepção quando expandimos nossa consciência e
entramos num estado de tranqüilidade, de paz interior e de receptividade.
Jung (1991) considera a intuição conjuntamente com o pensamento, o
sentimento e a sensação, como qualidades que permitirão criar uma tipologia dos seres
humanos, visto a predominância de interação de cada uma e entre cada uma destas
funções. Para o autor, estas quatro funções são componentes indispensáveis para a
formação da personalidade do homem, sendo que a intuição é considerada como uma
ocorrência nascida e processada a partir do plano inconsciente.
A sensação e a intuição de acordo com Jung (1991), são classificadas como as
formas de apreender informações, ao contrário das formas de tomar decisões. A
sensação refere-se ao enfoque na experiência direta, na percepção de detalhes, de fatos
concretos, o que se pode ver, tocar, cheirar, já a intuição é uma forma de processar
informações em termos de experiências passadas, objetivos futuros e processos
inconscientes (JUNG, 1991).
Nachmanovitch (1993, p. 46), considera a intuição como
[...] a soma sináptica, em que todo o sistema nervoso equilibra e combina
multivariadas complexidades num único flash. [...]. O pensamento intuitivo
se baseia em tudo o que sabemos e em tudo o que somos. Num único
momento ocorre a convergência de uma rica pluralidade de fontes e
direções.
A intuição é entendida ao longo da história da filosofia como uma relação
direta com um objeto qualquer, sem utilização de intermediários, por esta razão
implica na presença efetiva do objeto. De acordo com Abbagnano (1999), Plotino
emprega este termo para designar o conhecimento imediato e total que o Divino tem
de si e de seus próprios objetos. Refere que é uma forma de conhecimento superior e
privilegiada, pois assim como para a visão sensível na qual se molda, compreende que
o objeto está imediatamente presente. Afirma Abbagnano (1999), que a intuição
determina uma identificação mística, uma contemplação, não de um objeto presente,
mas de algo inefável, puramente espiritual.
Abbagnano (1999) também destaca outros filósofos que abordam a intuição, a
exemplo de Leibniz que se referia a intuição como ‘verdade primitiva’, tanto da razão
quanto do fato, ou seja, as verdades que o intelecto apreende ou possui sem a
mediação de outras verdades, ou Hegel que compreendia o puro intuir como puro
pensar.
Para Kant, intuição é a representação tal qual se apresenta, pela decorrência da
imediata presença do objeto. Este filósofo se refere à intuição de duas maneiras, a
sensível e a intelectual, sendo que a sensível é aquela de todo ser presente finito, ela é,
portanto, passividade e afeição; a intelectual é originária e criativa, nela, o objeto é
posto ou criado, portanto só se encontra no Criador (KEMPF, 1997).
Fregtman (1989) refere que para Platão, a intuição apreende a própria realidade
em sua forma (eidos), implicando em ato de ver e em acontecimento que se olha, tanto
no exterior como no interior da mente. Descartes e Locke (apud FREGTMAN, 1989)
consideram a intuição como único caminho para chegar ao conhecimento. Para
Descartes, ela é um ato unificado do pensamento, oferecendo uma evidência, uma
certeza; e para Locke ela é ‘uma luz natural’ que possibilita a apreensão das relações,
os significados, as formas abstratas e o entrelaçamento não sensível das coisas. Flechte
(apud FREGTMAN, 1989) nos remete à intuição como o saber dos saberes e da
liberdade, a visão da verdade e a consciência de si mesmo como ato puro. Scheling
refere que a intuição é um conhecimento direto e imediato do Ser absoluto, do real e
ideal, do subjetivo e objetivo.
De acordo com Poincaré (apud ABBAGNANO, 1999, p. 582),
[...] demonstra-se com a lógica, mas só se inventa com a intuição. A
faculdade que nos ensina a ver é a intuição, assim a razão e a intuição tem
cada uma sua missão. Ambas são indispensáveis. A razão nos dá as certezas,
é o instrumento de demonstração, enquanto a intuição é o instrumento da
invenção.
A não racionalidade atribuída à intuição, de acordo com Silva (1994), retrata o
seu caráter essencial, mas não engloba propriamente todo o processo intuitivo. A
intuição seria o insight ou estalo, ou seja, a percepção de algo não notado nas outras
vezes em que se observou determinado objeto ou fenômeno. Uma forma de ampliar a
intuição seria através do mergulho interior. É importante, neste mergulho, saber
discernir informações objetivas e subjetivas e ter capacidade de fazer associações,
conexões e analogias. Ao desenvolver a percepção de si mesmo e o autoconhecimento,
o indivíduo começa a perceber e a conhecer o outro.
Desta forma, compreendo que o fazer, o sentir e o intuir formam uma tríade que
vibra em harmonia, em mútuo relacionamento e mútua interação, contribuindo para a
composição da poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo.
Quem não está convencido de que todas as manifestações da essência
humana, a sensibilidade e a razão, a intuição e o entendimento, devem ser
desenvolvidas para se tornarem uma decisiva unidade, independentemente
de quais destas qualidades se tornem predominantes, passará a vida se
esgotando nesta redução desagradável. [...] Assim, um homem nascido e
formado para as chamadas ciências exatas, quando estiver no ápice de sua
razão-entendimento, não compreenderá facilmente que pode haver também
uma fantasia sensível exata, sem a qual a arte é impensável (GOETHE,
1998, p. 42).
Neste sentido, a partir destas considerações, proponho assim como Espinosa
(1991), uma nova razão, que opere em consonância ao corpo e aos sentidos, buscando
a compreensão do todo, do real, da vida, para além do puramente intelectual, para que
possamos no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo, valorizar o
entendimento, a compreensão e o conhecimento, mergulhando num universo não-
linear, no qual a intuição e a sensibilidade se colocam como uma tecnologia,
desvendando os limites da razão.
2.2 O cuidado de Enfermagem
De acordo com Colliére (2001, tradução nossa), falar sobre o cuidado não é
tarefa simples uma vez que as palavras por si só não se mostram suficientes para
revelar a sua complexidade e expressar as emoções vivenciadas que se caracterizam
pelos olhares, a entonação da voz, o gesto e a postura do cuidador e do ser cuidado
frente ao ato de cuidar. Este tema nos leva a refletir sobre a importância das
concepções sobre as dimensões do cuidado e do viver humano.
Cuidar é uma necessidade imperiosa de todas as espécies vivas. Desde que a
vida apareceu, os cuidados existem: é necessário cuidar da vida para que ela possa
continuar. A evolução da prática e dos saberes de cuidado ao longo dos anos em todas
as sociedades tem se mostrado inseparável da interação das funções desenvolvidas por
homens e mulheres para assegurar a continuidade da vida e trabalhar contra a morte,
assim como as representações que se fazem do mundo, da vida e da morte, e das
interações entre o corpo e o espírito (COLLIÉRE, 2001, tradução nossa).
Ainda de acordo com Colliére (2001, tradução nossa), na história do cuidado, a
cultura tem merecido grande destaque, sendo que os saberes em relação ao cuidado se
desenvolvem entre o fazer, as representações do mundo, o avanço das tecnologias e as
concepções responsáveis pela introdução das ideologias que proclamam dogmas e
credos e decidem as regras de conduta e os modos de comportamento. Vislumbram-se
então segundo Colliére (2001, tradução nossa), quatro períodos na antropologia de
cuidados. O primeiro se caracteriza pela antropologia do corpo, o espírito inserido no
universo. Nesta antropologia, a transmissão de saberes se dá de forma oral, ou seja, de
pai para filho. Na antiguidade, este era o método pelo qual as práticas de cuidado eram
aprendidas, sendo utilizado por muitos povos e muitas culturas ainda nos dias atuais.
No entanto, na maioria das sociedades, principalmente nas ocidentais, ela não é
reconhecida como científica e tem sido desapropriada ao longo dos anos, voltando a
ser repensada e retomada no final do Século XX. A segunda é denominada a
antropologia da saúde ou da morte, sendo que a mesma surgiu no século XIII com os
filósofos espiritualistas e a religião judaico-cristã. Seus objetivos, afirma Colliére
(2001, tradução nossa), era preparar-se para o outro mundo, pagar seus pecados e
sofrer em vida para evitar o sofrimento eterno. Os cuidados espirituais passaram a ser
então, a razão de ser dos cuidados nas instituições. A antropologia da saúde inspirou os
valores ideológicos, sendo que nesta época apareceram inúmeras obras com conselhos
e educação do povo, e durante a Grande Guerra ela reencontrou seu ápice,
influenciando sobremaneira o ‘papel moral da enfermeira’. A antropologia da morte,
por sua vez, na qual a morte era percebida como uma ameaça influenciou a concepção
dos cuidados nas instituições beneficentes. A terceira antropologia, a antropologia da
doença, refere Colliére (2001, tradução nossa), segue a doença como um objeto de
conhecimento científico, tentando evitar a morte e utilizando o corpo como objeto de
estudo. A dualidade estabelecida entre o corpo e o espírito dissocia mecanismos físicos
e mentais. A superioridade da razão científica busca vencer o corpo doente, dominar a
doença, relegando a um segundo plano as emoções, sentimentos e desejos. Assim,
nesta antropologia, a medicina dita científica confia o mal às tecnologias de
investigação e de tratamento, que se tornarão o objeto das práticas conhecidas como
cuidados. Esta é a antropologia dominante nas instituições de saúde. A quarta
antropologia, que de acordo com Colliére (2001, tradução nossa), foi anunciada por
Michel Foucault em seu livro ‘A vontade de saber’, é a da biomedicina, do biopoder
ou da biopolítica que vem revolucionar a bioética, “dans um monde ou les cadavres
sont devenus chauds e les embryons congeles
3
(COLLIÉRE, 2001 p.72). A
biomedicina é muito importante, no entanto deve ser utilizada de forma cuidadosa.
Pessini (2000) também reflete sobre a necessidade de estarmos alertas em
relação a biotecnologia, visto que, ao mesmo tempo que traz avanços e esperanças
significativas na saúde, nos coloca frente a inúmeros desafios éticos.
Desta forma Waldow (2006), frente aos avanços científicos e suas
conseqüências reforça a importância da cultura e da ética no cuidado, e refere que a
bioética surge com o objetivo de promover os direitos dos clientes e despertar para os
seus deveres e para os deveres dos profissionais envolvidos no cuidado. Neste sentido,
salienta a importância de valorizarmos tanto a dimensão ética quanto a estética no
cuidado de Enfermagem.
Para Colliére (2001, tradução nossa), toda situação de cuidado traz em si uma
situação antropológica. Ela é um encontro entre as pessoas, parte delas, tal como elas
são e como elas se experimentam. Ela obriga a se distanciar daquilo que se sabe a
priori, ou seja, ela procura dentro da desordem aquilo que é a ordem do outro. Ela vai
ao início do desconhecido da situação para descobrir e compreender em torno de que
ela se estrutura, ela necessita ver, ouvir atentivamente para compreender, para
apreender, para cuidar.
Carper (1979) refere que os enfermeiros utilizam na sua prática de cuidado,
quatro padrões de conhecimento, o ético, o estético, o pessoal e o empírico. O ético
compreende o conhecimento moral da Enfermagem, neste sentido, é importante
considerar a pessoa como um ser único, total que deve ser tratado com sensibilidade e
de forma integral. O estético se constitui na compreensão do significado de forma
subjetiva, única e particular, e é denominada a arte da Enfermagem. Compreende os
valores e as atitudes dos cuidadores e dos seres cuidados frente ao processo de inter-
relação.
3
“em um mundo no qual os cadáveres tornaram-se quentes e os embriões congelados” (tradução nossa)
Segundo Chinn e Kramer (1995) o padrão estético do cuidado envolve a
criatividade, a sensibilidade, valores, a imaginação e a intuição.
Waldow (2006) afirma que o que permite falar-se em dimensão estética no
cuidado é a relação existente entre criatividade, sensibilidade, intuição, valores e
imaginação.
A dimensão estética, acompanhando um movimento circular, refere Mafesolli
(2004, tradução nossa), torna-se ética, emoção e vice-versa. A ética, fundamento da
razão social depende estruturalmente da estética, esta capacidade de experimentar
sentimentos e trocar emoções.
O terceiro padrão de conhecimento, o pessoal, de acordo com Carper (1979),
compreende a experiência interior de tornar-se um todo, um self consciente. Ele
privilegia totalidade e integralidade, promovendo envolvimento.
Paterson e Zderad (1988) referem também a importância do auto-conhecimento
no cuidado de Enfermagem para reconhecer o outro em sua singularidade.
A equipe de Enfermagem ao buscar a sua experiência interior vai em direção ao
outro, promovendo com sensibilidade e intuição, o encontro na poesia de cuidar do
recém-nascido pré-termo.
O quarto padrão de conhecimento compreende o conhecimento empírico, e é
entendido, de acordo com Carper (1979), como a ciência da Enfermagem. Este
conhecimento é sistematicamente organizado em leis gerais e teorias, e tem o
propósito de descrever, explicar e predizer os fenômenos de interesse especial, e é
denominado como o corpo de conhecimento da Enfermagem.
De acordo com Ângelo (1994) o profissional de Enfermagem é possuidor de um
conhecimento teórico e experimental responsável pelo poder de decisão que lhe é
requisitado. O exercício da autonomia e autodeterminação do profissional de
Enfermagem, só será possível quando este dominar o conhecimento de seu campo e da
sua prática, utilizando-o, de maneira adequada na prestação do cuidado de
Enfermagem.
Roselló (1998) compreende o cuidado como arte, visto que na sua composição
se manifestam a técnica, a intuição e a sensibilidade.
Para Nascimento (1999) o profissional de Enfermagem utiliza suas capacidades
individuais como sensibilidade, intuição, compreensão e amor quando estabelece uma
conduta mais humanista e mais integradora na sua prática profissional, ou seja, quando
presta um cuidado intermediado pela arte da Enfermagem.
O cuidado para Mattos (2006), é considerado como uma dimensão da vida
humana que se dá frequentemente no plano da subjetividade. Para a autora, há várias
formas de cuidar e vários conhecimentos sobre o cuidado.
De acordo com Souza, Santos, Padilha, Prado (2005, p.269)
[...] o cuidado agrega uma série de ações profissionais de natureza própria da
Enfermagem, que se concretiza em prática multidisciplinar e com
sustentação teórica apoiada, inclusive, em outras ciências. Isto se dá no
processo de interações terapêuticas entre seres humanos, fundamentados em
conhecimento empírico, pessoal, ético, estético e político com a intenção de
promover a saúde e a dignidade no processo de vida humana.
Heidegger (1969) nos fala da dimensão ontológica do cuidado, sendo que
considera o cuidado como a essência do ser humano, assim como cuida de si, o ser
humano também cuida dos outros.
Foucault (1985) define o cuidado como uma forma de se relacionar com o
mundo.
Para Boff (2000), o cuidado não é apenas um ato pontual, ele faz parte da
essência humana. Cuidar requer uma atitude de preocupação, de envolvimento e de
responsabilidade para com o outro, pois compreende a escuta, o acolhimento e o
respeito. Quando cuidamos, estabelecemos uma relação de convivência cuja
centralidade não é ocupada pela razão, mas sim pela sensibilidade. Boff (2000), utiliza
a palavra cuidado, derivada de “cura” que significa relação de amor e de amizade.
Cuidado também pode ser utilizado derivado de ‘cogitare-cogitatus’ que
segundo Mattos (2006), tem o sentido de cogitar, pensar, colocar atenção em,
preocupação, desvelo.
Como podemos observar, a história do cuidado, e do cuidado na Enfermagem,
vem sendo contada e re-contada através dos tempos por vários autores que, ao se
depararem com as mudanças na sociedade, tentam uma reversão do modelo cartesiano,
refletindo constantemente sobre o seu fazer e o seu saber profissional.
Neste sentido, buscam a compreensão do significado da vida em todas as suas
dimensões, aliando aos conhecimentos científicos e atribuições técnicas, a percepção e
compreensão do ser humano em seu mundo, “como desenvolve sua identidade e
constrói sua própria história de vida” (BETTINELLI; WASKIEVICZ; ERDMANN,
2004, p. 88).
As pioneiras na utilização do termo cuidado humano na Enfermagem como
explicita Waldow (2006), foram as doutoras Jean Watson e Madeleine Leininger,
teoristas renomadas na área do cuidado.
Leininger (1991) enfoca o cuidado cultural, ou seja, diferentes grupos
apresentam comportamentos de cuidado diferentes entre si, já Watson (1998), situa a
enfermagem como ciência, destacando o cuidado como uma ação moral, que engloba
atitudes e valores que se evidenciam em ações concretas.
Autores como Fry (1999), Roach (1991), Paterson e Zderad (1988), Watson
(1998, 2005), entre outros, tem estudado o cuidado e suas implicações filosóficas. O
cuidado na perspectiva transcultural vem sendo estudado ao longo dos anos por
Leininger (1978, 1991), Boykin (1994), Gaut (1993), e mais recentemente por
Monticelli (2003), Bohes (2001), entre outros. As práticas de cuidar e seus conceitos
também tem merecido atenção especial por parte de autores como Waldow (1998,
2004, 2006), Colliére (1989, 2001), Riemen (1986), Patrício (1995), Silva (1998),
Arruda e Gonçalves (1999). Na área de educação em enfermagem encontramos
trabalhos escritos por Bevis e Watson (1989), entre outros. Na administração, também
encontramos alguns trabalhos relacionados com o cuidado, como os de Almeida e
Rocha (1986), Oliveira (1972), Erdmann (1995), entre outros.
Observa-se também, nas dissertações de mestrado e teses de doutorado na
Enfermagem brasileira, que o estudo do cuidado numa visão mais sensível,
privilegiando a expressão psicossocial e a busca de uma prática fundamentada nas
relações humanas tem sido uma constante. Entre eles gostaríamos de citar o de Silva
(1997), que propõe o cuidado transdimensional, com uma perspectiva de
transformação e integração, no qual há uma convergência da arte, ciência e
espiritualidade; o de Martins (1999), que busca pensar sobre a arte de Enfermagem,
reconhecendo a expressão da imaginação e dos sentidos no cuidado de Enfermagem; o
de Tavares (2000), que traz como proposta a perspectiva da imaginação criadora sobre
o cuidar de psiquiatria; o de Ghiorzi (2002), que busca resgatar o significado do não-
dito e da comunicação não-verbal no cuidado de Enfermagem, o de Patrício (1995),
que propõe numa interação razão-sensibilidade o referencial do cuidado holístico-
ecológico, o de Wosny (2002), que tem como objetivo contribuir para possíveis novas
reflexões acerca do significado das sensações olfativas e sua pertinência como
fenômeno constante na prática da Enfermagem, o de Valverde (1997), que propõe a
construção de um modelo de assistência de Enfermagem amorosa às adolescentes
grávidas, entre outros.
Valverde (1997, p.59) refere que “é importante na assistência que os
profissionais acolham o amor como valor em seu processo de vida e, mais do que isso
aprendam a amar-se e sentir-se amados na atividade de Enfermagem”.
Em relação ao cuidado Colliére (2001, tradução nossa) nos incita sobre a
necessidade de repensá-lo, re-introduzindo sua dimensão simbólica, conciliando o
saber empírico com o conhecimento científico, aliando sensibilidade e intuição na
prática cotidiana.
Colliére (2001, tradução nossa) reflete sobre a necessidade de re-descobrir, re-
apropriar-se e restabelecer os saberes a respeito dos cuidados. Segundo a autora, para
que isto aconteça torna-se necessário distinguir o que significa cuidado e o que
significa tratamento. O tratamento não substitui o cuidado, pode-se viver sem
tratamento, mas não sem cuidado. Tratar deriva da palavra tractare que significa
negociar, sendo que não é exatamente este o significado que lhe damos na saúde. Na
saúde, tratar significa modificar a ação da doença, ou seja, o tratamento é centrado na
doença. A palavra, cuidado, no entanto, significa se ocupar de. Como bem assinala
Colliére (2001, tradução nossa), este é um dos raros verbos que se conjuga na forma
passiva, pronominal e ativa: ser cuidado, se cuidar, cuidar. Estas formas revelam as
etapas da vida pelas quais passamos progressivamente, inicialmente com a ajuda dos
outros, depois cuidando de nós mesmos e finalmente acompanhando os outros em seus
cuidados. Desde o nascimento até a morte, ser cuidado, se cuidar e cuidar são
elementos indissociáveis de nossa vida, não em justaposição, mas se alternando
conforme as várias etapas vivenciadas. O exercício profissional do cuidado pode ser
desenvolvido em qualquer uma destas etapas, acompanhando as passagens difíceis da
vida, estimulando, desenvolvendo capacidades, mantendo, ouvindo, buscando
compensar o que não vai bem, ou seja, unindo reflexão e ação, expressando
sentimentos, construindo e avaliando em conjunto projetos de cuidado, de acordo com
a cultura de cada ser cuidado e sua família (COLLIÉRE, 2001, tradução nossa).
O cuidado segundo Carvalho (1996) diferencia-se de aplicar uma terapêutica,
pois envolve pensamentos e sentimentos que nos levam a agir e a evidenciar
determinados comportamentos frente ao ser cuidado.
Ayres (2001) também assinala a importância de nos afastarmos da referência da
intervenção e de nos aproximarmos da noção de cuidado. O autor refere que a história
da saúde é marcada por intervenções capitaneadas por certo exercício do poder-saber
técnico normatizado. No entanto, coloca Ayres (2001), o cuidado implica estar em
relação, requer a aceitação de um outro sujeito, a aceitação da dimensão do encontro
desejante.
Cuidar é muito mais que tratar. Essa é uma entre as tantas necessidades da
saúde. Cuidar é respeitar, ouvir, falar, comunicar-se, entender, compartilhar,
ajudar, fazer, orientar, supervisionar é encaminhar. Cuidar é pensar, refletir,
criticar, agir, criar. È conhecimento (AMBROZANO, 2002, p.81).
Waldow (1998) nos lembra que a Enfermagem utiliza no cuidado, um
conhecimento que não se enquadra totalmente dentro do “dito” conhecimento
científico, no entanto não quer dizer que seu conhecimento não seja científico.
Lemkov (1992) refere que a relação entre a razão mais elevada, como a
expressada pelo pensamento filosófico e a percepção intuitiva é significativa. A razão
formula a inspiração e o insight sob a forma de linguagem, de modo a serem
utilizados, já a inspiração em si, vem de níveis mais elevados que a razão – vem da
percepção espiritual através da intuição.
Não podemos negar o valor da ciência, que tem contribuído sensivelmente no
cuidado aos seres humanos, mas também não podemos, como afirma D´Ambrosio
(1993), negar que precisamos repensar a razão e a subjetividade científica.
A utilização de técnicas e tecnologias duras no cuidado, deve ser integrada ao
processo relacional. O cuidado deve permear as práticas de saúde, incorporando ao
acolhimento, a sensibilidade, a intuição, a escuta atenta e ao relacionamento, as
competências e tarefas técnicas (AYRES, 2001).
Como já referimos anteriormente, não nos colocamos contra esta tecnologia,
mas ela deve ser questionada em relação à sua utilização e ao sentido do seu uso,
resguardando-se sempre os princípios éticos e humanos indispensáveis ao ato de
cuidar.
É preciso, de acordo com Patrício (1995, p.21)
[...] ter consciência que a ciência tem provocado muitos males. Talvez,
porque falte àqueles ingênuos cientistas e aos manipuladores do
conhecimento, refletir sobre o uso dos conhecimentos e a satisfação humana,
independentemente do progresso. E isto não é uma questão de ciência, mas
do que fazemos dela.
Para Santin (1994, p.23) “a sensibilidade precisa ser pensada nas duas
dimensões, enquanto conhecimento válido e enquanto vida afetiva. Devem-se conciliar
razão e sensibilidade, subjetividade e objetividade”.
É chegada a hora de uma nova racionalidade que, de acordo com Demo (1989),
parte da visão da necessidade de ultrapassar limites, soltando a criatividade, sendo que
algumas categorias surgem como libertadoras, a arte, a dimensão estética, a expressão,
a intuição e a sensibilidade.
Neste sentido, parece-me inevitável visualizar a intuição e a sensibilidade como
tecnologia do cuidado, compartilhando saberes, crenças e valores, ousando expor
nossas idéias, discordâncias, aspirações e conhecimentos na busca de uma proposta
que possa ser utilizada por todos os envolvidos na poesia de cuidar do recém-nascido
pré-termo, levando a uma prática na qual a diversidade seja a marca, mas que esta
diversidade seja calcada na intuição, sensibilidade e cientificidade
.
2.3 O desenvolvimento comportamental e social do r
ecém-nascido
A história da neonatologia data da era greco-romana segundo Volpe (2001),
sendo que Sorano de Éfaso foi um dos primeiros estudiosos a falar sobre a atenção à
gestante e práticas voltadas ao recém-nascido. Em 1630, sob o reinado de Luis XIII,
foi inaugurado na França, o hospital de crianças órfãs, destinado a receber bebês
abandonados, sendo que o mesmo existe até hoje em Paris, sob o nome de Hospital
São Vicente de Paulo. Em 1769, foi criado em Londres, o primeiro serviço com
características de uma maternidade, que também era um local para receber crianças
pobres. No entanto, o primeiro hospital destinado ao atendimento de gestantes e
recém-nascidos, foi criado em Paris em 1815, conhecido nos dias de hoje com o nome
de Port Royal. Foi neste hospital, nos meados dos anos 60 e 70 que os pioneiros da
neonatologia moderna iniciaram suas atividades com recém-nascidos e especialmente
com os recém-nascidos prematuros. A partir desta época, vários estudos vêm sendo
realizados internacionalmente, demonstrando as intercorrências associadas à
prematuridade, seus mecanismos de constituição, os tratamentos adequados, além dos
prognósticos esperados (VOLPE, 2001).
Autores como Brazelton e Nugent (2001) e Klaus e Klaus (2001) dentre outros,
são unânimes em reforçar a necessidade de conciliar o seguimento neurológico do
recém-nascido com os aspectos afetivos e emocionais, buscando a partir da
compreensão da formação do sistema nervoso do recém-nascido, entender as suas
reações e comportamentos.
De acordo com Dumm (2006) a função neural começa a desenvolver-se a partir
da sexta semana de vida intra-uterina, sendo que na oitava semana surgem os
movimentos de flexão e extensão da coluna vertebral do feto. A movimentação ativa
dos membros se dá por volta da nona semana, sendo que o ato de sucção já pode ser
observado a partir da décima terceira semana de vida. Entre o terceiro e o sexto mês,
observa-se a mielinização das áreas visual e auditiva, sendo que a partir da 24ª semana
de gestação, o feto é capaz de responder a estímulos como luz, odor e sons. A partir da
sexta semana, inicia-se, primeiramente na região perioral, a sensibilidade ao tato,
sendo esta estendida à face, palmas das mãos e região superior do tórax em torno da
sexta e oitava semanas. Desta forma, em torno da 12ª semana, como refere Dumm
(2006) toda a superfície do corpo, com exceção do dorso e do alto da cabeça, já se
mostra sensível ao tato. Entre o quarto e o quinto mês de gestação, observam-se
movimentos respiratórios, no entanto, os mesmos, só serão mantidos de forma
independente, a partir do sétimo mês. No último trimestre, as alterações do
comportamento fetal são mais lentas e menos evidenciadas, ou seja, ela se desenvolve
de forma progressiva e rápida até a 32ª semana, diminuindo até o dia do parto
(DUMM, 2006).
Segundo Verny (1993) a criança, antes de nascer, é um ser capaz de reações,
consciente e com uma vida afetiva ativa. O feto pode ver, degustar, tocar, entender, e
aprender dentro do útero, mesmo que a um nível ainda bastante primário.
Ao nascer e nas semanas que se seguem refere Verny (1993), o recém-nascido
não é apenas consciente, ele assimila pequenas doses de estimulação visual. Observa-
se que os contrastes exercem uma forte atração sobre os recém-nascidos, sendo que a
atração que demonstra faz muitas vezes com que a equipe de Enfermagem tenha
dificuldade, em captar o seu olhar. A audição também se apresenta bastante
desenvolvida logo após o nascimento, sendo que todos os sons preenchem o seu
universo, mas o que se encontra mais particularmente adaptado às suas capacidades
auditivas é o som da voz humana. Observa-se que o fato de aumentar o som da voz e
falar respeitando espaços de cinco e quinze segundos são importantes para acordar o
recém-nascido e reter a sua atenção. Quanto às capacidades olfativas, embora ainda
não existam muitos estudos, Verny (1993), salienta que o recém-nascido é sensível a
quatro odores: o alcaçuz, o alho, o vinagre e o odor da mãe. A sensibilidade cutânea é
a primeira a se desenvolver no concepto humano, sendo que já pode ser observada a
partir da sexta ou sétima semana de vida. Os receptores cutâneos de frio e de calor se
formam a partir da décima semana. A sensibilidade à luz é observada nos fetos a partir
da décima sexta semana de gestação (VERNY, 1993).
As reações do recém-nascido, de acordo com Verny (1993), são pouco
qualificadas e unidimensionadas logo após o nascimento, levando a significações
diferentes e contraditórias. Um observador atento pode ter dificuldade de dizer o que o
bebê sente, uma vez que seus pontapés, por exemplo, podem manifestar alegria,
tristeza, medo ou ansiedade.
Desta forma, a observação atenta e sensível, utilizando-se da intuição e do
conhecimento científico, mostra-se como elementos primordiais no cuidado a estes
pequenos seres.
O recém-nascido tem uma vida emocional densa e complexa como bem refere
Klein (1952, tradução nossa). Junto a ele, salienta a autora, podemos ressentir a força
de emoções como alegria, deslumbramento, cólera e tristeza. O acesso à complexidade
de sua vida psíquica requer muita escuta, observação, sensibilidade, intuição e atenção.
Com a vida emocional dos bebês Klein (1952, tradução nossa) mostrou que os
recém-nascidos tem uma vida psíquica, um mundo interno povoado de emoções
intensas e contrastantes.
Bolwby (1978, tradução nossa) é um pioneiro nos estudos sobre as emoções do
bebê. Ele refere que as ligações afetivas são extremamente significativas para a
sobrevida dos recém-nascidos. Este autor descreveu um certo número de
comportamentos instintivos que tem como objetivo a aproximação do recém-nascido
com sua mãe: a sucção, a ação de seguir com os olhos, o choro, o sorriso, entre outros.
A dinâmica emocional responsável pelo fenômeno da aproximação mostra-se, segundo
Bolwby (1978, tradução nossa), como o determinante da identidade intrapsíquica do
bebê.
As bases do desenvolvimento emocional dos recém-nascidos, demonstrando
suas ‘agonias primitivas’, foram colocadas em prática por Winnicott (WINNICOTT,
1974, tradução nossa).
Bick demonstrou a importância de trabalhar nossas próprias emoções quando
em contato com o recém-nascido, ajudando-nos assim, a melhor compreender sua vida
psíquica. O autor demonstrou a existência de defesas primitivas das quais o bebê se
serve para demonstrar seus estados de estresse ou de descontentamento, como por
exemplo, o se encolher, se esticar, fixar um ponto luminoso, entre outros (BICK, 1968,
tradução nossa).
Em relação as defesas do recém-nascido o Ministério da Saúde Brasileiro
(BRASIL, 2002), refere que podemos observar o fechamento sobre si mesmo,
conhecido por hibernação mental, sendo que neste estado o bebê pode não responder
mesmo a estímulos agradáveis, como por exemplo, a voz da sua mãe. O grande risco,
neste tipo de comportamento de acordo com o Ministério da Saúde Brasileiro
(BRASIL, 2002), pode ser a dificuldade de interação entre o bebê e os pais,
prejudicando o desenvolvimento psíquico. Outros mecanismos de defesa utilizados
pelos recém-nascidos referem-se ao sono como recusa de contato e a fixação adesiva
do olhar, observados principalmente após um período prolongado de cuidados
intensivos (BRASIL, 2002).
Dolto em 1948, de acordo com Mellier (2006, tradução nossa) demonstrou que
os recém-nascidos apresentam diferentes tipos de choro, para chamar a atenção ou
para significação da dor. O choro do bebê se manifesta como um modo de
comunicação emocional.
Mazet e Stolleru (1988, tradução nossa) reforçam que os recém-nascidos
apresentam a capacidade de diferenciar as expressões faciais e vocais de alegria,
cólera, tristeza ou ausência de emoção, antes mesmo de reconhecerem os rostos ou
vozes que lhe são familiares.
Foi Spitz que transformou o mundo da infância com seus estudos,
demonstrando que o recém-nascido é capaz de sentir o amor, a separação e o
sofrimento, e que as situações trágicas vivenciadas na infância podem levar a
repercussões nocivas na vida adulta (SPITZ, 1965).
Desta forma, fica evidenciado que a equipe de Enfermagem deve mostrar-se
atenta aos sinais emitidos pelo recém-nascido, bem como, orientar os familiares sobre
estes sinais, pois são eles que lhes ajudarão frente às situações vivenciadas.
Como bem refere Winnicott (1974, tradução nossa), um bebê não existe
independente de um espaço que lhe é próprio, que lhe forneça um cuidado e que lhe
apresente um significado.
A compreensão e o conhecimento da vida emocional do recém-nascido
mostram-se como elementos preciosos para repensarmos a nossa prática de cuidado.
Não se trata apenas de olhar o bebê, mas sim como bem afirmam Lacroix e
Monmayrat (2005, tradução nossa) conhecer, ou seja, nascer no mundo junto com ele.
Estar junto com o recém-nascido é colocar-se numa atitude de receptividade
aberta, ou seja, ascender ao mundo das emoções, intuições e sensações (LACROIX;
MONMAYRAT, 2005, tradução nossa).
Klaus e Klaus (2001) referem que os recém-nascidos apresentam dois estados
de sono, ou seja, sono tranqüilo e sono ativo e três estados de vigília, alerta tranqüilo,
alerta ativo e choro, e a sonolência, uma transição entre o sono e a vigília. Cada um
desses estados acompanha-se de comportamentos específicos, que podem ser
decodificados, quando compreendidos.
No estado alerta tranqüilo, segundo Klaus e Klaus (2001), os bebês raramente
se movem, porém seus olhos estão bem abertos, atentos e brilhantes. Acompanham o
cuidador com os olhos, viram a cabeça quando ouvem a voz humana e podem também,
imitar a expressão facial do observador. Neste estado, a atividade motora é suprimida e
toda a energia do recém-nascido parece estar canalizada para a visão e para a audição.
Desta forma, referem Klaus e Klaus (2001) eles assimilam grande parte de seu
ambiente, respondendo e adaptando-se a ele. Este estado é observado com mais
freqüência, na primeira semana de vida. No estado alerta ativo, o recém-nascido se
mostra de forma diferente. Apresenta movimentos freqüentes, olha ao redor, as vezes
em torno da sala, e pode emitir alguns sons. Este estado normalmente aparece quando
o recém-nascido está inquieto. Embora não se mexa continuamente, os movimentos
ocorrem em ritmo especial e podem ter um propósito adaptativo. Alguns cientistas, de
acordo com Klaus e Klaus (2001), referem que estes sinais se caracterizam como
pistas que mostram aos cuidadores que o recém-nascido está precisando de algo, ele
quer comunicar algo.
Importante salientar que quando o bebê nasce antes do tempo previsto, as
repercussões de assimilação dos estímulos externos para o desenvolvimento cerebral
ainda não são bem conhecidas (KLAUS; KLAUS, 2001).
Portanto, torna-se primordial um acompanhamento destes recém-nascidos com
intuição e sensibilidade, buscando entender seus comportamentos e suas reações. No
processo de conhecer os recém-nascidos é importante que os profissionais de
Enfermagem reconheçam as diferentes atividades e maneiras de ser em cada um dos
estados vivenciados.
No estado de choro, referem Klaus e Klaus (2001), o recém-nascido busca
comunicar-se verbalmente, isto pode ocorrer quando ele está com fome,
desconfortável ou solitário. Os olhos podem estar abertos ou fechados, o rosto fica
contorcido e vermelho, e os braços e pernas movem-se vigorosamente. Os diferentes
sinais e as diferentes qualidades de choro indicam necessidades diferenciadas e
também devem ser entendidos para que possam ser adequadamente atendidos. O
estado de sonolência geralmente ocorre quando o recém-nascido está acordando ou
adormecendo, ele pode continuar mexendo-se, franzir as sobrancelhas, sorrir ou
apertar os lábios. As pálpebras ficam caídas, e os olhos podem ficar com uma
aparência apática e sem foco. No sono tranqüilo, ainda de acordo com Klaus e Klaus
(2001), o recém-nascido apresenta-se com o rosto relaxado e as pálpebras fechadas ou
imóveis. Não apresenta movimentos corporais, com exceção de alguns sobressaltos e
leves movimentos dos lábios. Neste estado, eles estão descansando totalmente. No
sono ativo, apresenta atividade motora ocasional, que pode manifestar-se por
movimentos dos braços e das pernas ou estiramento de todo o corpo. Os olhos
normalmente estão fechados, mas podem tremular algumas vezes, abrindo-se e
fechando-se. Quando em sono ativo, os recém-nascidos ocasionalmente se
movimentam de um lado para o outro do berço, na maioria das vezes eles procuram as
beiradas, alojando-se principalmente perto de objetos macios (KLAUS; KLAUS,
2001).
Cada recém-nascido tem o seu próprio ritmo de desenvolvimento, que deve ser
percebido e respeitado. O recém-nascido pré-termo, devido ao nascimento antecipado
apresentam variações nestes níveis de comportamento, sendo que permanecem maior
tempo nos estados de sono do que de vigília (KLAUS; KLAUS, 2001).
O que se observa frente ao recém-nascido pré-termo como assinalam Moreira,
Braga e Morsch (2003), é que para adaptar-se à sua nova situação, estes bebês
concentram sua energia no sentido de manter sua auto-regulação. Por esta razão, logo
após o nascimento, suas respostas são débeis ou muitas vezes inexistentes, eles não
têm como se disponibilizar para as interações, pois estas demandam um grande
dispêndio de energia. O recém-nascido pré-termo apresenta grande dificuldade na
regulação do ciclo sono-vigília, pois além de ser submetido a uma série de
intervenções, ainda está exposto a luminosidade, ruídos excessivos, entre outros.
Buscando adaptar-se a todos estes estímulos, o recém-nascido pré-termo seleciona os
estímulos que recebe e liga-se a um ou a outro, de acordo com sua idade gestacional.
Desta forma, embora pareçam a princípio inertes, os bebês estão na realidade
acionando um sistema complexo de auto-regulação. É importante salientar que o
recém-nascido pré-termo necessita de tempo para encontrar o seu ‘equilíbrio’
(MOREIRA;BRAGA; MORSCH, 2003).
Necessita de tempo para amadurecer, para se fortalecer, tempo para conhecer
a si próprio e aos outros. E o seu tempo pouco tem a ver com o que ocorre
fora da incubadora, É um tempo que lhe é próprio e singular, como sua
história de vida (MOREIRA; BRAGA; MORSCH, 2003, p.56-57).
Nos bebês pré-termo, principalmente nos pré-termo extremos (entre 25 e 30
semanas), de acordo com Klaus e Klaus (2001), o cérebro apresenta uma imaturidade
funcional e estrutural importante, sendo que estes bebês apresentam risco aumentado
de futuras deficiências cognitivas e neuropsicomotoras. As hipóteses descritas para
explicar a origem destas deficiências se devem a oxigenação intra-uterina deficiente
que leva ao nascimento prematuro e lesão da substância branca do cérebro;
vulnerabilidade do recém-nascido pré-termo a hemorragias e à redução de irrigação
sanguínea cerebral, conseqüente às complicações do parto ou período pós-natal, bem
como, a agressões contínuas e efeito do stress ambiental sobre o cérebro imaturo
(KLAUS; KLAUS, 2001).
Os recém-nascidos são capazes de reconhecer os perigos e as ameaças a sua
vida, reagindo com comportamentos de defesa aos mesmos, como também assinala
Popesco (2005).
Os sinais que podem ser observados no recém-nascido pré-termo e que se
caracterizam como sinais de estresse de acordo com o Ministério da Saúde Brasileiro
(BRASIL, 2002) são os sinais autonômicos, os motores e de controle de estado e
atenção. Os sinais autonômicos compreendem as flutuações de cor, como palidez,
moteamento, cianoses periorais, pletora e coloração mais escura; alterações
cardiovasculares que se manifestam por bradicardia, respiração irregular e apnéias;
aumento ou diminuição na freqüência respiratória; movimentos peristálticos; vômitos;
engasgos; soluços; respiração ofegante; suspiros; bocejos; espirros; sustos e tremores.
Quanto aos sinais motores podemos evidenciar a flacidez de tronco, da face e de
extremidades; a hipertonia motora que pode se manifestar com hipertensão de pernas,
braços, afastamento dos dedos, caretas, extensão da língua e hiperflexão do tronco e
extremidades, além de atividade desordenada e movimentos de estremecimento. Já em
relação aos sinais de estresse no controle de estado e atenção o Ministério da Saúde
Brasileiro (BRASIL, 2002) refere que podemos perceber o sono difuso; movimentos
faciais bruscos; estados de alerta com choramingo; movimentos oculares vagos; choro
silencioso; choro fatigado; olhar fixo; desvio do olhar; estado hiperalerta; sono pesado;
irritabilidade; choro inconsolável; inquietude e dificuldade para manter o sono
(BRASIL, 2002).
Segundo Béziers e Hunsinger (1994) o recém-nascido, principalmente o pré-
termo, precisa ser compreendido, para que possamos ajudá-lo na organização da
coordenação motora, que se caracteriza, de acordo com os autores, em uma posição de
bem-estar. “A posição de bem estar é entendida como aquela em que a criança está
‘reagrupada’ sobre si mesma, ou seja, em enrolamento” (BÉZIERS; HUSINGER,
1994, p.17).
No enrolamento, a cabeça e a bacia se deslocam uma em direção a outra, por
meio do trabalho dos músculos flexores da parte anterior do tronco (músculos do
pescoço, abdômen e períneo), os braços ficam a frente e se enrolam por iniciativa
própria. Esta posição pode ser observada nos vários estados apresentados pelo recém-
nascido. Se o recém-nascido estiver com algum problema, ou se encontrar em
desequilíbrio, não ocorrerá o enrolamento, ao contrário, o que iremos observar é a
posição inversa ‘em extensão’, na qual a cabeça e os braços ficam atirados para trás, o
dorso arqueado e os músculos extensores endurecidos (BÉZIERS; HUNSINGER,
1994).
O Ministério da Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002) refere que a equipe de saúde
deve esclarecer os pais sobre os estágios de desenvolvimento comportamental e
neurossocial dos pré-termos, para que os mesmos possam compreender as respostas de
seus filhos. Com 32 semanas, os recém-nascidos não suportam muita estimulação e se
desorganizam com facilidade. Quando estimulados com muita freqüência não
conseguem inibir suas ações, entrando rapidamente em estado de fadiga. Este período
é conhecido como o período de reorganização fisiológica. Entre 34 e 35 semanas
estabelece-se a responsividade comportamental organizada. Os bebês segundo o
Ministério da Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002), começam a responder aos estímulos,
são capazes de manter uma homeostase mínima e ocasionalmente procuram a
interação social. Os bebês que nascem entre 36 e 40 semanas, encontram-se no período
de reciprocidade ativa com o meio social, no entanto, bebês que apresentam um estado
clínico crítico podem apresentar respostas menos ativas aos estímulos, protegendo-se
desta forma das agressões que lhe são impostas (BRASIL, 2002).
Neste sentido, reforço a importância do conhecimento científico aliado aos
elementos intuição e sensibilidade, para que a equipe de Enfermagem compreenda as
necessidades da família em relação ao cuidado com o seu bebê.
Muito há a fazer pelos pais na UTI, para que possam construir pontes entre
os aspectos físicos e os aspectos psíquicos do recém-nascido. Não se pode
esquecer que quem se encontra ali na frente é o filho para o qual escolheram
um nome e para quem possuem projetos futuros. E ao resgatarem seus
sonhos, estarão resgatando sua própria competência, apercebendo-se de sua
capacidade de exercer um cuidado especial e único – a maternagem e a
paternagem – diferente do oferecido pela equipe. Capaz de unir, por meio do
toque e da palavra, as experiências iniciais do bebê na UTI, facilitando a
integração do bebê, protegendo-o tanto do ponto de vista psíquico quanto do
imunológico e fisiológico, uma vez que estes são aspectos sempre
interdependentes
(MOREIRA; BRAGA; MORSCH, 2003, p.60).
O nascimento de um recém-nascido pré-termo coloca a família frente a uma
experiência desafiadora e desgastante, na qual tem que conviver com a dúvida e
preocupação sobre a sobrevivência de seu filho (KLAUS; KENNEL, 2000).
Na assistência neonatal, refere Caetano (2004), a abordagem do cuidado deve
ser ampliada para além do bebê, enfocando sobretudo a família, que são seres em
interação social com o recém-nascido, potencialmente ativos e parceiros na prestação
do cuidado.
Para Belli e Silva (2002) a compreensão pelos profissionais da saúde, da
vivência destes pais, oferecendo-lhes um espaço legítimo para expressão de seus
sentimentos, contribuirá para transformações estruturais e emocionais que
possibilitarão que os pais superem mais facilmente a experiência do nascimento
prematuro e se movimentem em direção ao seu filho, estabelecendo a interação e
facilitando a formação do vínculo.
Por esta razão, reafirmo que o uso da intuição e da sensibilidade como
tecnologia do cuidado de Enfermagem juntamente com o conhecimento científico,
contribuirá para a prestação de um cuidado humano e científico, compondo a poesia de
cuidar do recém-nascido pré-termo.
3 A SONORIDADE RÍTMICA
A memória, os sentidos e o entendimento estão todos fundados sobre a imaginação.
(Deleuze)
Na busca das respostas as minhas inquietações sobre a manifestação dos termos
intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem, interligando-os ao conhecimento
científico e incorporando-os como tecnologia no cuidado ao recém-nascido pré-termo,
senti a necessidade de uma abordagem metodológica que possibilitasse expressar, com
abrangência, os múltiplos significados destes termos, a partir do imaginário dos
profissionais de Enfermagem. Esta abordagem deveria caracterizar-se como a
sonoridade rítmica na composição dos versos, contribuindo para transformar o
invisível em visível, a aliar a ciência à arte, possibilitando-me sonhar.
Pesquisar intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem exige do
pesquisador “uma atitude atenta, mas também sonhadora, crítica e, sobretudo flexível
na escolha do método de investigação, pois torna-se praticamente impossível pesquisar
a poética da imaginação com os métodos positivos da razão” (TAVARES, 2000, p.
99).
Na minha dissertação de mestrado, tive a oportunidade de trabalhar com uma
teoria existencial-fenomenológica-humanista, a Teoria de Josephine E. Paterson e
Loretta T.Zderad, que valoriza o encontro, a presença, o relacionamento, o diálogo e
os chamados e respostas no cuidado de Enfermagem. Foi uma experiência
significativa, que influenciou sobremaneira o meu fazer profissional e pessoal. Já
naquela época, eu tinha o entendimento que a ciência não podia existir desvinculada da
arte, do sensível e da poesia, o que faz com que o cuidado de Enfermagem seja ao
mesmo tempo, especial e complexo.
Ao me encaminhar para o doutorado, as idéias sobre o método a ser utilizado
ainda eram vagas. No entanto, as minhas caminhadas literárias me levaram ao
encontro da Sociopoética, abordagem do conhecimento, fundada pelo filósofo e
pedagogo francês Jacques Gauthier, após suas experiências de estranhamento em
terras alheias à sua cultura de origem. Segundo Gauthier (1999) este é um método
dialógico, e não uma metodologia de pesquisa. Este método aceita uma pluralidade de
vozes, permitindo desta forma, uma construção coletiva, a partir da escuta sensível.
3.1 Tipo de pesquisa
Estudo qualitativo, dialógico e reflexivo, com aproximação ao método de
pesquisa da Sociopoética. Este tipo de pesquisa revela-se como apropriado aos
objetivos e perguntas do estudo, porque como refere Minayo (1996), preocupa-se com
um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o universo de
significações, motivos, crenças, aspirações, valores e atitudes que correspondem a um
espaço mais profundo das relações.
Entendo assim como Borba (1997) que para elucidar e objetivar os fatos,
situações e práticas, na sua complexidade, a adoção de uma abordagem teórica
qualitativa, interdisciplinar e multirreferencial, mostra-se pertinente.
3.2 As poetisas e os poetas
O trabalho foi desenvolvido com 20 profissionais da equipe de Enfermagem,
incluindo cinco enfermeiros e 15 auxiliares e técnicos de Enfermagem, dos diversos
turnos. Os profissionais da equipe de Enfermagem foram contatados individualmente,
no seu ambiente de trabalho. O único critério para seleção foi a aceitação em participar
do estudo, pois a pretensão era que toda a equipe fosse sensibilizada para o exercício
de pensar sobre a sensibilidade e intuição como tecnologia no cuidado de Enfermagem
ao recém-nascido pré-termo.
3.3 O Local da criação poética
O trabalho foi desenvolvido na Unidade Neonatal do Hospital Universitário
Polidoro Ernani de São Thiago (HU) no município de Florianópolis – SC.
A Unidade Neonatal, assim como toda a maternidade do HU conta com uma
filosofia (Anexo 01) que preconiza a humanização do cuidado.
A estrutura física da Unidade Neonatal está passando por uma reforma para se
adequar as novas demandas da unidade, ou seja, implantação da unidade mãe canguru.
Atualmente é composta de dois ambientes, sala de cuidados intensivos, com quatro
leitos e sala de cuidados intermediários com seis leitos, perfazendo um total de dez
leitos. Na sala de cuidados intensivos são internados os recém-nascidos pré-termo e/ou
de baixo peso, com graves problemas de saúde ou com peso inferior a 1500 gramas. A
sala de cuidados intermediários recebe os recém-nascidos que tiveram alta dos
cuidados intensivos e/ou que necessitam adquirir peso. Conta ainda com outras salas
como expurgo, descanso médico, descanso de Enfermagem, almoxarifado, posto de
Enfermagem, chefia, copa e guarda de materiais.
A equipe de saúde é composta por trinta e cinco profissionais de Enfermagem
de nível médio, oito enfermeiras (os), dez médicas (os) neonatologistas, um
escriturário, duas fonoaudiólogas, uma psicóloga, uma nutricionista e uma assistente
social. Importante salientar que as fonoaudiólogas, a psicóloga, a nutricionista e a
assistente social atendem a toda a maternidade. Conta também com o apoio da Central
de Aleitamento Materno.
O modelo de cuidado de Enfermagem adotado para registro das atividades, tem
sua base teórica no modelo de Wanda de Aguiar Horta, sistematizado através do
prontuário orientado para o problema, a partir do sistema Weed. A enfermeira é
responsável pela elaboração da prescrição de Enfermagem e pela evolução do recém-
nascido, sendo que as atividades são desenvolvidas pelos técnicos e auxiliares de
Enfermagem, juntamente com a enfermeira. Os técnicos e auxiliares de Enfermagem
elaboram os registros de suas atividades que são utilizados pela enfermeira para o
registro da evolução do recém-nascido pré-termo.
3.4 A ética na poesia do cuidado
Esta pesquisa foi submetida ao Comitê de Pesquisa com Seres Humanos da
UFSC, bem como ao Comitê de Ética do HU, sendo aprovado de acordo com o
Parecer de nº. 268/2005. Durante o desenvolvimento da mesma foram cumpridos os
termos da Resolução 196/96 que normatiza e regulamenta as pesquisas envolvendo
seres humanos. O processo de pesquisa iniciou após explicação aos (as) participantes
sobre os objetivos e após a obtenção por escrito do consentimento livre e esclarecido
(Apêndice A). Durante todo o desenvolvimento da pesquisa foram assegurados: o
direito de recusar a participar ou de se retirar da pesquisa em qualquer momento, a
confidencialidade das informações, bem como, o anonimato das identidades dos (as)
participantes.
3.5 O caminho e o cotidiano da composição poética
Para Gauthier e Santos (1996) a Sociopoética caracteriza-se como um método,
um acontecimento poético e dialógico, que considera a ética, a política e a arte como
dimensões fundamentais na constituição da cientificidade.
Concordando com esta postura dialógica Petit e Soares (2002) referem que para
a Sociopoética
[...] o método é um caminho que se faz ao caminhar e não um conjunto de
receitas e procedimentos. O método em Sociopoética é aquela trilha nunca
pré-determinada, aberta ao acaso e ao inesperado. Aberta à criatividade dos
grupos e dos indivíduos. Aberta à poética da vida (PETIT; SOARES, 2002,
p.3).
Petit (2002) refere que na Sociopoética, o pesquisador oficial se transforma em
facilitador de oficinas e convida os sujeitos da pesquisa para se tornarem co-
pesquisadores de um determinado tema, a partir de uma negociação, no qual afetos e
idéias afloram, revelando a poesia do pensar em conjunto.
A Sociopoética de acordo com Gauthier e Santos (1996) se inspirou nos
ensinamentos de Paulo Freire, na Análise Institucional, da qual toma emprestado o
conceito operativo de analisador, na Esquizo-Análise que apresenta uma crítica radical
a toda tendência homogeneizadora, refutando todo essencialismo e apropriando-se do
termo devir, bem como, no Teatro do Oprimido de Augusto Boal que acredita que
“quando o espectador entra em cena e realiza a ação que imagina, ele o fará de uma
maneira pessoal, única e intransferível, como só ele poderá fazê-lo e nenhum artista
em seu lugar” (BOAL, 1996, p.123).
Uma outra influência marcante na Sociopoética de acordo com Gauthier (1998),
é a contribuição da escuta sensível mito-poética de René Barbier, que implica na
atenção empática e escuta sensível a partir do sentimento, o que permite uma
compreensão intuitivo-afetiva da situação na sua complexidade.
Barbier (1998) ressalta que a escuta sensível refere-se à capacidade do
pesquisador de “sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para
compreender do interior as atitudes e os comportamentos, o sistema de idéias, de
valores, de símbolos e de mitos” (BARBIER, 1998, p.59). Este sentir o universo do
outro, não significa identificar-se ou aderir às idéias do outro, mas sim, abrir-se para
compreendê-las.
De acordo com Petit (2002, p.6)
na Sociopoética, a postura de sensibilidade – misto de respeito, carinho,
atenção e distanciamento crítico – é um desafio do facilitador. Sem abafar os
conflitos, a Sociopoética se preocupa em gerar um certo clima de confiança
entre os membros, a fim de facilitar a escuta sensível.
Um aspecto importante da escuta sensível de Barbier (1998) e que se coloca
totalmente de acordo com pesquisa em questão é o reconhecimento de que, para
pesquisar precisamos aliar a razão com os outros modos de pensar, intuição, emoção e
sensação.
Concordo com Santos et al (2004,
p.4) quando dizem que
[...] pensar na Enfermagem como o lugar do cuidado às pessoas é pensar em
complexidade, poder trabalhar com o insuficiente e o vago; aceitar a ordem e
a desordem [...]. Isto exige o reconhecimento de fenômenos tais como
liberdade e criatividade [...]. Portanto, o cuidado de Enfermagem é um lugar
de inserção para uma nova abordagem do conhecimento do homem – a
Sociopoética. Este é um método que privilegia as pesquisas nas ciências
humanas e sociais, ou seja, aquelas que tem o fenômeno humano como
objeto de investigação.
A Sociopoética para Santos et al (2004) proporciona uma experiência
compartilhada, criativa e sensível para todos os envolvidos, mostrando-se como um
método, cuja abordagem é complexa e multirreferencial no conhecimento do ser
humano e da realidade. Por meio de um agir coletivo, ela transforma poeticamente a
realidade para melhor conhecê-la.
Neste sentido, entendendo método como o proposto pela Sociopoética, e
utilizando-me do corpo inteiro de forma emocional, intuitiva, sensível, gestual,
imaginativa, sensual e racional como fonte de conhecimentos, ousei engendrar-lhe
novos sentidos. Devido a dificuldades sentidas pela pesquisadora e pelos profissionais
da equipe de Enfermagem na conciliação dos dias e horários para a realização das
vivências, optamos pela utilização de entrevistas para a coleta dos dados, bem como,
da observação do cuidado prestado na Unidade de Internação Neonatal, buscando
evidenciar em quais momentos do cuidado a equipe de Enfermagem se utiliza da
intuição e sensibilidade.
A observação do cuidado prestado foi realizada nos meses de outubro e
novembro de 2006 e contribuiu para a elucidação do cotidiano dos profissionais da
equipe de Enfermagem, evidenciando o seu ser e o seu fazer na Unidade de Internação
Neonatal. Por esta razão, descrevo a seguir os resultados desta observação.
Ao chegar à unidade conversava com a equipe e em seguida procurava sentar-
me em um local que permitisse a visualização do cuidado prestado. Acredito que
principalmente no início do plantão a minha presença silenciosa incomodava o
profissional de Enfermagem, no entanto no decorrer do mesmo, a equipe parecia
sentir-se mais a vontade não se incomodando pelo fato de estarem sendo observados.
Durante a observação utilizei-me também da escuta sensível proposta por
Barbier (1992), que preconiza que se ouça o indivíduo sem se utilizar da
intencionalidade, suspendendo todo o julgamento, deixando-se surpreender,
compreendendo que cada experiência pessoal é única, não devendo ser reduzida a
modelos previamente determinados.
Em relação ao cuidado prestado pelos profissionais de Enfermagem ao recém-
nascido pré-termo, pude perceber que os mesmos se utilizam, na grande maioria das
vezes, da intuição e da sensibilidade. Mantém, no contato diário, a comunicação verbal
e não verbal, sendo que muitas vezes esta comunicação flui como se fosse uma
perfeita melodia. A equipe de Enfermagem conversa e sorri e na maioria das vezes
explica ao recém-nascido a técnica que está realizando. Seus gestos são seguros e
parecem dar segurança aos bebês.
A profissional de Enfermagem aproxima-se do recém-nascido para dar
o banho. Coloca o material na mesinha ao lado da incubadora, abre a
incubadora e faz um carinho na cabeça do recém-nascido dizendo:
agora vamos tomar um banhinho. Tenho certeza que você se sentirá
muito bem após o banho. Ele será bem rápido, veja como a água está
quentinha. Vamos começar?
Sziger (1997, tradução nossa) afirma que falar com uma criança é uma questão
de coincidência entre o sentido e o modo de dizê-lo.
Os adultos, do ponto de vista do recém-nascido, são muito grandes, geralmente
bruscos e barulhentos. Sem aviso prévio, tocam o bebê, lhe movimentam dentro da
incubadora, lhe tiram para um outro local, lhe devolvem para a incubadora, sendo que
todos estes gestos mostram-se como determinantes para sua ‘desorganização’.
Neste sentido, conversar com o recém-nascido antes da prestação de qualquer
cuidado, antes de tocá-lo ou pega-lo no colo, mostra-se de suma importância, visto que
este simples gesto permitirá que o bebê se prepare, se abra para o outro e antecipe o
gesto que será feito, mostrando-se como um sujeito ativo no cuidado.
Este chamado à sua intencionalidade, conhecido como holding de acordo com
Winnicot (1975, tradução nossa), com certeza fará toda a diferença na prestação do
cuidado e na ‘organização’ do recém-nascido.
É importante que se instaure entre o cuidador e o recém-nascido pré-termo um
diálogo não verbal, no qual ambos trocam mutuamente confiança e confirmação
afetiva. As emoções do recém-nascido, neste caso, mostram-se mais observáveis e o
diálogo adquire outra conotação. Aqui, o uso da sensibilidade e da intuição, permite
um olhar mais acurado, fazendo a diferença na compreensão destas reações.
Os recém-nascidos internados na UIN durante este período apresentaram-se na
grande maioria das vezes, cuidados nas suas necessidades, sendo que durante a
observação eu percebia que os profissionais da equipe de Enfermagem procuravam
atender os chamados dos recém-nascidos de forma intuitiva e sensível, dando respostas
compatíveis com suas demandas.
O recém-nascido regurgitou enquanto a profissional de Enfermagem lhe
administrava a alimentação por sonda. A mesma conversou com o recém-
nascido, dizendo que ele havia comido um pouco demais. Deixou-o em
posição confortável, por meio de rolinhos. O recém-nascido parecia um
pouco angustiado. A profissional conversou um pouco mais com ele e lhe
fez um carinho colocando a mão de modo firme em sua cabeça, sendo que o
recém-nascido se acalmou e sua face mostrou-se novamente serena.
Responder de maneira adequada aos sinais e chamados do recém-nascido
referem Klaus e Klaus (2001), indica que o mundo é bom e carinhoso. Os recém-
nascidos não se acalmam facilmente quando estão estressados, eles precisam do toque
humano, do abraço, da voz tranqüilizadora, de um cuidado sensível e intuitivo.
Para que isto ocorra, o profissional de Enfermagem deve dominar o
conhecimento do seu campo e de sua prática, ou seja, compreender quais estímulos são
mais adequados ao recém-nascido pré-termo e como estes estímulos devem ser
aplicados.
A aplicação de um estímulo a um canal perceptivo por vez favorece a
reorganização do recém-nascido e possibilita o seu conforto (MOREIRA; BRAGA;
MORSCH, 2003).
Ao nascimento, o recém-nascido perde a liberdade que tinha dentro do ventre
materno. Lá, ele podia se movimentar, dançar, brincar com seu cordão e sua placenta,
sugar sua mão ou seu pé e encostar-se nas paredes do útero. Agora, no entanto, seus
espaços são diferenciados, limitados, e principalmente o recém-nascido pré-termo,
sente ainda mais esta diferença, pois ele é colocado dentro de uma incubadora, um
espaço pequeno, no qual mal consegue se mexer. Várias vezes por dia ele deve
enfrentar o medo e tentar entender porque tantas mãos lhe tocam ou lhe seguram, mãos
algumas vezes firmes, outras, inseguras. Ele experimenta a fome, a respiração, o frio, o
calor, as fraldas sujas ou molhadas, o desconforto que lhe causam uma imensidão de
tubos desconhecidos e agressivos.
Neste mundo novo, segundo o Ministério de Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002),
o recém-nascido pré-termo procura colocar em funcionamento seus órgãos sensoriais e
sensuais, muitas vezes ainda embotados pelo nascimento prematuro, buscando
estabelecer o contato e se fazer compreender pela sua família e pelos seus cuidadores.
Na grande maioria das vezes, o bebê se encontra sem defesas, e por esta razão, mesmo
com grande dificuldade, procura colocar seus sentidos em alerta, reagindo ao que lhe
incomoda e buscando sentido a tudo que lhe acontece, pois ele não pode fazer nada por
si mesmo. Ele apenas pode enviar sinais, e infelizmente, na grande maioria das vezes,
estes sinais são ignorados ou interpretados de forma errônea por seus cuidadores
(BRASIL, 2002).
Muitas das reações do recém-nascido pré-termo podem exprimir simplesmente
um estágio de desenvolvimento, porém, outras podem exprimir desconforto, angústia,
desorganização na sua coordenação motora. Por esta razão, a sensibilidade dos
profissionais de Enfermagem, mostra-se como primordial. Guiar e interpretar o recém-
nascido neste novo universo, em consonância com os seus pais, lhe ajudará não
somente a definir a compreensão que terá deste novo mundo, como também o seu
desenvolvimento futuro.
À medida que a equipe de Enfermagem passa a reconhecer os diferentes
comportamentos e percebe quando eles ocorrem e quais são as respostas esperadas,
conhece melhor o recém-nascido pré-termo, atendendo suas necessidades de forma
adequada, bem como, ajudando os pais nesta compreensão.
Os profissionais da equipe de Enfermagem demonstraram também preocupação
no sentido de manter o recém-nascido em posição confortável, logo após a realização
das técnicas. Neste sentido, mudavam o decúbito quando era possível ou estabeleciam
limites por meio do uso de rolinhos. Durante os procedimentos dolorosos faziam uso
de dedo de luva, soluções adocicadas buscando com sensibilidade e intuição, o
conforto e diminuição da dor do recém-nascido.
As evidências científicas em neonatologia vêm demonstrando que recursos
como a sucção não nutritiva, diminuição de estímulos táteis e luminosos, adequação de
procedimentos técnicos, contenção facilitada (colocação de mãos paradas por 10 a 15
minutos na cabeça e membros do bebê), enrolamento, preensão palmar e plantar,
períodos de repouso antes e após os procedimentos, contato pele a pele e substâncias
adocicadas mostram-se como alternativas que podem ser utilizadas para o manuseio da
dor do recém-nascido durante os vários procedimentos técnicos realizados, sendo que
estas contribuem na diminuição do choro e atenuam a mímica facial de dor (FRESCO,
2004, tradução nossa).
A intuição e a sensibilidade dos profissionais de Enfermagem na utilização
destas alternativas são fundamentais para que se estabeleça um cuidado
individualizado.
Durante a execução das técnicas em geral, a equipe de Enfermagem interage
com os recém-nascidos, percebendo suas singularidades e procurando cuidá-los de
acordo com as mesmas.
O foco nas singularidades e individualidades de cada recém-nascido em
particular é relevante para que a equipe de Enfermagem se coloque ao lado do bebê,
olhando-o de forma particularizada, procurando compreender o que se passa,
colocando-se como bem refere Mellier (2005, tradução nossa), à frente de si mesmo,
em uma atitude de receptividade aberta para ascender ao mundo das emoções e das
sensações.
O recém-nascido é um ser que acaba de passar de um estado a outro, em
condições não tão normais, e esta mudança, comporta uma série de emoções e
sensações. Tudo lhe afeta e tudo é potencialmente ameaçador. O recém-nascido se
abre ao mundo, esperando uma confiança que nem sempre será satisfatória. Tudo é a
primeira vez, experiência nova, tudo deixa um traço profundo, bom ou mal em termos
de segurança de base ou de insegurança, de prazer ou de desprazer. Por esta razão, o
cuidado aos recém-nascidos deve ser sustentado por uma atitude interior, olhando-o de
forma a ver o que se passa nas suas particularidades, indo além do visível (MELLIER,
2005, tradução nossa).
A compreensão dos mecanismos de defesa dos recém-nascidos, bem como as
respostas intuitivas, sensíveis e científicas a serem dadas frente as suas reações são de
acordo com Mellier (2005, tradução nossa), fundamental para que o recém-nascido
seja cuidado em suas particularidades.
Em relação ao ambiente, os profissionais de Enfermagem mostram-se
preocupados em manter um ambiente calmo e tranqüilo, com uma iluminação difusa e
diminuição dos ruídos.
O bebê chorava na sala de cuidados intermediários, a profissional de
Enfermagem entrou na sala, conversou com ele, acomodou-o, apagou as
luzes e cantou uma pequena canção com voz baixa e tranqüila, sendo que o
bebê permaneceu em silêncio e de olhos fechados, com uma expressão
sorridente na face. A profissional saiu em silêncio.
O ruído nas Unidades Neonatais é extremamente prejudicial aos recém-
nascidos, principalmente ao pré-termo como bem refere o Ministério da Saúde
Brasileiro (BRASIL, 2002), podendo ocorrer diminuição da saturação de oxigênio,
aumento da freqüência cardíaca, da freqüência respiratória e da pressão intracraniana,
susto, choro, dificuldade na manutenção do sono, bem como redução das habilidades
perceptivas auditivas e inclusive a possibilidade de perda auditiva.
A utilização de estratégias simples é bastante útil e demonstram um cuidado
sensível e intuitivo por parte da equipe de saúde, como, por exemplo, eliminar
televisores e rádios dentro da unidade, não usar saltos altos, falar baixo, remover água
dos dutos dos respiradores, não utilizar celulares, entre outros.
O Ministério da Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002) recomenda ainda o uso de
protetores de ouvido em situações particulares, como no caso de pré-termo extremos
(28 a 32 semanas) ou no caso de hipertensão pulmonar; atentar para os alarmes
atendendo-os imediatamente e desligando-os quando o bebê for manuseado;
diminuição da campainha do telefone convencional; manuseio suave das incubadoras,
etc.
Quanto à iluminação, o Ministério da Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002),
Consentino e Malerba (1996), Marrese (1996) e
Scochi (2000) ressaltam também, que a
luz constante pode levar a privação do sono ou interferir na consolidação normal do
sono, além de que a luz forte evita que o recém-nascido abra os olhos e inspecione o
ambiente, podendo causar alterações endócrinas e prejudicar a sua interação com os
cuidadores e os familiares.
É importante que os profissionais de Enfermagem estejam atentos aos
malefícios que a iluminação excessiva pode causar e adote estratégias que possibilitem
que o recém-nascido pré-termo seja cuidado com intuição e sensibilidade como, por
exemplo, utilizar vendas oculares quando necessário, cobrir a incubadora, mantendo
parte do corpo visível e utilizando monitorização adequada; usar iluminação
individualizada, com reguladores de intensidade luminosa; evitar direcionar o foco de
procedimentos diretamente nos olhos do recém-nascido, entre outros (BRASIL, 2002).
Outras vezes, pude observar que a equipe de Enfermagem juntamente com os
outros profissionais da saúde conversava alto tanto na sala de cuidados intermediários
como também no posto de Enfermagem.
Neste sentido considero que a equipe de saúde precisa de momentos para que
possa discutir sobre sua atuação na Unidade, sendo que estas estratégias devem ser
frequentemente reforçadas, pois na minha percepção, a equipe acaba não percebendo
que está conversando alto e que sua conversa pode estar sendo prejudicial para o
recém-nascido internado na Unidade de Internação Neonatal.
Acredito que uma estratégia que poderia ser utilizada pela chefia, seria de, a
cada dia, deixar um profissional da equipe observando a prestação do cuidado, e a ao
final do plantão, a equipe de Enfermagem discutiria rapidamente sobre esta
observação, chamando atenção para os pontos fortes e os pontos falhos.
No cuidado aos familiares, a equipe de Enfermagem na grande maioria das
vezes, interage dando explicações coerentes, aproximando os pais dos seus filhos,
ouvindo, orientando, bem como, trocando experiências.
A mãe do bebê estava alimentando-o e parecia um pouco preocupada. A
profissional de Enfermagem que se encontrava no cuidado intermediário
fazendo suas anotações, percebeu que aquela mãe estava precisando ser
cuidada. A profissional levantou-se e perguntou: e daí mãe, como está se
passando a alimentação, está tudo bem? A mãe do bebê, disse: não sei, acho
que ele está muito quieto, está sugando muito devagar. A profissional
sentou-se do lado da mãe e começou a observar o recém-nascido junto com a
mesma, chamando-lhe a atenção para as respostas que o bebê dava e
mostrando-lhe como deveria agir com a alimentação. Aquela mãe mostrou-
se mais tranqüila, sendo que após alimentar o bebê, colocou-o para eructar
conversando o tempo todo com a profissional e com o bebê. Após a
eructação colocou o bebê no berço, agradeceu a profissional de Enfermagem
e saiu da unidade com um largo sorriso de satisfação.
Moreira, Braga e Morsch (2003) reforçam a necessidade de esclarecer os pais
sobre a importância de decodificar os sinais emitidos pelo recém-nascido pré-termo e
de compreensão da sua necessidade de auto-regulação. Desta forma, os pais,
auxiliados pela equipe de enfermagem, passam a criar mecanismos de adaptação à
nova realidade, descobrindo recursos que propiciam “a aproximação com o seu bebê e
com sua história, que também é a história de sua parentalidade” (MOREIRA;
BRAGA; MORSCH, 2003, p. 58).
Para Naganuma et al (1995) é importante convidar os pais a entrarem na
unidade e explicar o que está sendo feito com o seu filho.
A atitude do profissional de saúde referem Carvalho et al (1997), deve
favorecer a aproximação dos pais e facilitar a compreensão do diagnóstico e
tratamento recebido pelo recém-nascido.
A prestação de um cuidado sensível e intuitivo, aliado à competência técnica,
citam Belli e Silva (2002), é essencial para que os pais, e principalmente as mães,
vivenciem o nascimento prematuro com menos angústia e sofrimento.
O Ministério da Saúde Brasileiro (BRASIL, 2002) refere também que uma
atenção cuidadosa oferecida pelos profissionais de saúde nos primeiros momentos de
encontro entre pais e filhos na UTIN poderá reduzir ansiedades e medos. Antes de se
oferecer informações sobre a rotina, aparelhos e o tratamento que está sendo utilizado
para seu filho, a equipe deve ouvir atentamente os temores e preocupações dos pais,
contribuindo desta forma para o estabelecimento da relação pais-equipe, primordial
para que se estabeleça a poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo.
A equipe de Enfermagem, consciente de seu papel integra os pais no cuidado
aos seus filhos, contribuindo desta forma para que o processo de vinculação familiar
continue se estabelecendo por meio do ver, ouvir, tocar e cuidar.
Algumas vezes, no entanto, pude perceber que os profissionais de Enfermagem
recebem os familiares, mas não conseguem compreender os seus chamados,
distanciando-se.
O pai do recém-nascido, que já estava habituado à unidade, entrou e se
aproximou do seu filho. A profissional de Enfermagem aproximou-se,
cumprimentou o pai que começou a conversar sobre o seu filho. A
profissional se limitou a responder algumas perguntas e se distanciou. Pude
perceber que o pai deste bebê mexia as mãos, olhava o bebê, e apresentava
uma face crispada de preocupação, no entanto a equipe parecia não
compreender os seus chamados e por esta razão não pode dar as respostas
esperadas
. O pai permaneceu pouco tempo na unidade, olhando várias
vezes para o posto de Enfermagem, e saiu em seguida com a cabeça
baixa e esfregando as mãos intensamente.
A presença dos pais nas unidades de internação desempenhando cuidados é
relativamente recente na nossa realidade, principalmente em cuidados intensivos que
tem sua atenção muito centrada nos parâmetros fisiológicos e no modelo biomédico.
Por esta razão, algumas vezes o profissional da equipe de Enfermagem mesmo
consciente da importância dos familiares na Unidade de Internação Neonatal, acaba
esquecendo que a parceria equipe/família no cuidado é primordial para o
restabelecimento do recém-nascido pré-termo. Desta forma, apresenta-se distante e
relata dificuldade em lidar com as famílias.
Oliveira (1991); Vila (2001); Corrêa et al (2002) referem, que há momentos em
que a equipe não se sente preparada para lidar com os familiares, não quer se envolver
emocionalmente ou sente-se insegura em relação à forma como é percebida pela
família, passando a evitar o contato.
Para Belli e Silva (2002) nem sempre os pais são acolhidos na diversidade dos
sentimentos que apresentam devido ao fato dos profissionais de saúde, desconhecerem
os variados comportamentos que podem ser apresentados pelos mesmos acerca da
internação de seu filho.
Costa (2005) refere que no encontro pais/bebê, a equipe de Enfermagem deve
observar os aspectos específicos de cada grupo familiar, buscando desta forma, prestar
um cuidado individualizado. Alguns precisam de muitas informações, outros ainda não
se sentem preparados para ouvir o que está acontecendo com seu filho, alguns querem
tocar o bebê, se aproximar, outros, no entanto, preferem ficar olhando de longe. Cada
casal refere Costa (2005), tem o seu tempo para iniciar o processo interativo, e este
deve ser respeitado.
Acredito também que na grande maioria das vezes a equipe de Enfermagem
encontra-se tão centrada no seu fazer que deixa de lado o ser, como explicitam na
entrevista, quando dizem que a rotina deixa o cuidado mecanizado. Desta forma, a
intuição e a sensibilidade ficam embotadas e o cuidado aos familiares é colocado em
um segundo plano.
Ressalta-se que na Unidade de Internação Neonatal tanto o recém-nascido pré-
termo quanto a família precisam ser cuidadas em suas individualidades e
singularidades, sendo que a preocupação com as conseqüências emocionais da
internação para ambos é um tema que vem sendo discutido e estudado por vários
especialistas da área.
Baldini e Krebs (2007) referem que a principal unidade de cuidado ao recém-
nascido pré-termo é sua família, por esta razão a equipe de saúde deve apoiá-la e
prepará-la para que possa se aproximar e cuidar do seu bebê.
Neste sentido, a utilização de algumas estratégias que contribuam para a
aproximação entre pais e filhos na Unidade de Internação Neonatal, é fundamental.
Entre elas, podemos citar: a inserção dos pais no cotidiano da unidade, a comunicação
correta entre a equipe e família utilizando-se sempre de informações pertinentes que
respondam as preocupações e dúvidas, o incentivo e apoio à presença do familiar na
unidade com flexibilização de horários de visitas, a valorização da comunicação entre
os pais e seus filhos, estimulando o toque, o contato olho a olho e o colo, entre outros
(LAMY, 1995; BRAZELTON, 1988; KLAUS; KENNELL, 1993; OLIVEIRA, 1998;
COSTA, 2005)
A prescrição de Enfermagem encontrada no prontuário do recém-nascido,
embora a chefe de Enfermagem tenha referido que estão iniciando a implantação de
um novo modelo que será disponibilizado on-line, ainda é eminentemente técnica e
padronizada e não atende individualidades, como podemos ver na prescrição de
Enfermagem abaixo:
- Verificar Sinais Vitais;
- rodiziar sensor de oxímetro;
- pesar;
- dar banho de aspersão na incubadora;
- aplicar álcool 70% no coto;
- manter cuidados com fluidoterapia;
- observar e registrar alterações respiratórias e glicêmicas;
- observar e registrar eliminações (evacuação, diurese e emese);
- ofertar dieta VSOG por gavagem (aspirar resíduo gástrico);
- observar e registrar evolução da icterícia;
- manter ambiente calmo e tranquilo ( controlar ruídos e iluminação);
- orientar pais quanto ao toque adequado e cuidados;
- promover toque, fala e conforto adequado;
- orientar 1ª etapa MMC aos pais.
Pude perceber também que o registro do cuidado limita-se a técnica, em
nenhum momento em que prestou um cuidado sensível e intuitivo, o profissional de
Enfermagem fez qualquer tipo de anotação.
Alguns estudos vêm sendo realizados no sentido de avaliar a qualidade dos
registros de Enfermagem, no entanto estes estudos não demonstram uma preocupação
com os registros intuitivos e sensíveis, mas sim com os registros técnicos, bem como
com a forma como o cuidado pode ser sistematizado, como pode ser observado nos
estudos de Silva (1981); Teixeira (1998); Nóbrega (1980); Rossi (1997), entre outros.
A equipe de Enfermagem da Unidade de Internação Neonatal em questão é
guiada por uma sistematização da assistência, sendo que a enfermeira prescreve e
avalia o cuidado que é implementado pela equipe.
A sistematização do cuidado evidencia-se como um instrumento facilitador do
trabalho da equipe de Enfermagem. No entanto, da forma como vem sendo
desenvolvida ela não se consubstancia como um guia norteador para os cuidados, mas
apenas como bem refere Kurcgant (1976), uma atividade exercida pela equipe na
expectativa do reconhecimento de seu papel no processo de cuidar de forma científica.
Esta observação mostrou-se de grande importância para a compreensão do dito,
do sentido e do não dito durante as entrevistas, sendo que muito do observado foi
corroborado nas respostas dos profissionais da equipe de Enfermagem.
As entrevistas puderam então ser realizadas a partir de uma aproximação
existencial-social, sendo que desta forma pude perceber de diferentes maneiras a
relação traduzida pela intuição, pela sensibilidade, pelo olhar, pelo sentir e pela escuta.
Garret (1967, p.19) refere que a entrevista “é uma arte, uma boa técnica que
pode ser desenvolvida e aperfeiçoada pela prática constante”.
Acredito que a utilização da entrevista como um dos métodos para coleta de
dados na perspectiva da Sociopoética, aliada a observação do cuidado prestado,
possibilitou por meio da escuta sensível, estabelecer um encontro que proporcionou na
intersubjetividade do diálogo, explicitar o dito, o sentido e o não dito, desvelando o
imaginário do profissional de Enfermagem sobre os termos intuição e sensibilidade no
cuidado de Enfermagem. A escuta sensível permitiu-me atentar para as maneiras
possíveis de olhar, escutar e sentir com o corpo todo, deixando fluir os meus canais de
sensibilidade.
Ao considerar a multirreferencialidade, levei em consideração a singularidade
de cada situação dialógica vivenciada durante a entrevista, considerando os vários
devires em relação a temática pesquisada.
.
A forma de aproximação com o entrevistado mais que racional e
científica é uma vivência metodológica, sensível e espiritual, deixando
de ser apenas um encontro relativizado que objetiva a obtenção do
êxito acadêmico, passando a ser um encontro solidário para reflexão e
criação coletiva. A busca do conhecimento através da entrevista como
vivência caracteriza-se pela transcendência da verdade objetiva
(SOUSA, 1998, p. 36).
A pesquisa seguiu quatro das etapas propostas pela Sociopoética: 1) inserção no
campo de estudo, formação do grupo-pesquisador e apresentação do tema intuição e
sensibilidade no cuidado de enfermagem; 2) produção e análise dos dados; 3) contra-
análise ou validação dos dados e 4) socialização da produção (GAUTHIER; SANTOS,
1996).
3.5.1 Inserção no campo de estudo
A entrada no campo de estudo é fundamental para o desenvolvimento da
pesquisa. A Unidade de Internação Neonatal é um campo no qual acredito já ter
conquistado um espaço, pois além de utilizá-lo como campo de atividades práticas
para os alunos de graduação, também desenvolvi minha dissertação de mestrado nesta
unidade. Desta forma, inicialmente solicitei à chefia de Enfermagem da Unidade de
Internação Neonatal permissão para participar de uma reunião da equipe de
Enfermagem com o propósito de me apresentar, apresentar os objetivos da pesquisa e
convidar o grupo para participar da mesma. Participei de uma reunião no final do ano
de 2005, na qual estava presente uma média de 20 profissionais, sendo que todos
consideraram os objetivos da pesquisa relevantes, concordaram com a discussão da
temática intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem, e se prontificaram para
participar da pesquisa.
Durante o mês de janeiro de 2006 estive na Unidade de Internação Neonatal,
mais umas quatro vezes, com o objetivo de convidar e sensibilizar o restante da equipe
de Enfermagem para participação na pesquisa, sendo que mais alguns profissionais se
disponibilizaram em participar. No entanto, de um total de 43 profissionais da equipe
de Enfermagem, apenas 20 participaram.
3.5.2 Produção e análise dos dados
A entrevista semi-estruturada e individual foi realizada com 20 profissionais de
Enfermagem, no local e horário de serviço dos mesmos, durando uma média de 30
minutos cada entrevista. Constou inicialmente de três perguntas, elaboradas de forma
que os objetivos, as questões norteadoras e o suporte teórico pudessem emergir nas
respostas. As perguntas foram: 1)Você considera que usa a intuição e a sensibilidade
no cuidado de enfermagem ao recém-nascido pré-termo? Como? 2)Você anota este
cuidado? Acha importante anotar? Por quê? 3)Como poderíamos anotar o uso da
intuição e da sensibilidade? Após estas perguntas, passávamos para a vivência poética
dos quatro elementos, sendo que após uma pequena pausa, pedia que o profissional de
Enfermagem inspirasse e expirasse profundamente e de olhos fechados tentasse se
confrontar com o seu imaginário, buscando elucidar de forma espontânea e autêntica,
numa dinâmica intersubjetiva de penetração no seu eu, o significado dos termos
intuição e sensibilidade, a partir dos questionamentos: Se a intuição e a sensibilidade
fossem Madeira, o que significaria para você? E se fosse Fogo? Como seria a intuição
e sensibilidade como Terra? E se fosse Água, que significado teria a intuição e
sensibilidade?
A partir da escuta sensível, pude perceber no momento em que buscava o
imaginário dos entrevistados, que a grande maioria apresentava momentos de silêncio
e contemplação, buscando conectar-se a uma dimensão mais introspectiva e
imaginativa. Poucos entrevistados referiram dificuldade em conseguir conectar-se com
o seu imaginário, no entanto, considera-se bastante compreensível esta dificuldade,
visto que, durante as entrevistas não havia um momento prévio de sensibilização
específica. Não penso que estas situações tenham se evidenciado como um limitante
para a análise de dados, visto que esta dificuldade foi sentida apenas por três ou quatro
profissionais.
Na modalidade de entrevista, o pesquisador está presente e desta forma, o
participante pode responder aos questionamentos com liberdade e espontaneidade. A
entrevista foi aplicada aos profissionais da equipe de Enfermagem que após
conhecerem os objetivos da pesquisa, assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido. Os profissionais da equipe de Enfermagem concordaram com a gravação
da entrevista e divulgação de suas falas, sendo-lhes garantido o anonimato.
A Sociopoética de acordo com Gauthier e Santos (1996) utiliza-se de
linguagens mitológicas, tanto ocidentais quanto orientais, para fazer emergir o
imaginário
4
do grupo participante, pois acredita que estas possam produzir dados não
aparentes e diferentes dos encontrados nas pesquisas convencionais, devido ao
estranhamento que as mesmas provocam.
Neste sentido Gauthier (1994) propõe as Vivências dos Lugares Geomíticos.
Estas foram criadas a partir de suas vivências com os indígenas do Pacífico, na qual se
observou que a projeção da lógica de algumas imagens (terra, poço, falha, fluxos,
cume, túnel, labirinto, limiar, gruta, caminho, estrada, galáxia, rio, trilha e arco-íris)
funciona como reveladora de conteúdos freqüentemente silenciados.
Pelo fato de ter optado pela entrevista como coleta de dados e considerando
assim como Tavares (2000, p.106-107), que “percorrer todos os lugares propostos,
discutir sua repercussão em nós e posteriormente analisá-los é uma tarefa exaustiva”,
busquei como pesquisadora iniciante, eleger novas categorias, que, mesmo em menor
número, pudessem, com igual abrangência, num movimento de ação-reflexão, instigar
o imaginário dos profissionais de Enfermagem e contribuir para aflorar as dimensões
sensibilidade e intuição no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
As categorias eleitas foram os quatro elementos: Madeira, Fogo, Terra e Água,
e denominei a Vivência Poética dos Quatro Elementos.
Estes elementos foram concebidos, pelos antigos sábios taoístas, a partir de uma
linguagem simbólica, sendo que podem ser aplicados a todos os âmbitos da vida.
Quando me refiro a elementos, entenda-se como ideograma, conforme escrito no Japão
e na China, e que traduzem a idéia de movimento ou transformação. Estes elementos
4
Imaginário é entendido conforme Barbier (1994 p.20) como “a capacidade elementar e irredutível de evocar
uma imagem, a faculdade originária de se afirmar ou se dar, sob forma de representações. Ele deve usar o
simbólico, não somente para exprimir, mas para existir”.
ocorrem como etapas dentro de um ciclo, sendo que podem ser entendidas a partir das
estações do ano. A Madeira ou a Árvore simboliza os planos, os inícios e reinícios, o
nascimento e insere-se na Primavera que é a estação em que tudo começa a crescer e a
natureza começa a desenvolver-se numa nova vida. O Fogo é a etapa da comunicação,
da comunhão, do riso e do apogeu e está inserido no Verão que caracteriza a plenitude
do florescimento, com muita vida e muito movimento. A Terra, que simboliza o
cuidado ao próximo e consigo mesmo, a capacidade de nutrir-se e nutrir, é entendida a
partir da Colheita, uma fase intermediária entre o Verão e o Outono, que se caracteriza
pelo início da colheita. A Água simboliza a entrega, o repouso, a profundidade e está
inserida no Inverno, estação em que tudo está quieto, e a Terra descansa na sua
profundidade, preparando-se para a primavera. Todas as etapas são importantes, e uma
não pode acontecer sem passar pela outra (COHEN, 2005).
Segundo Nachmanovitch (1993) os deuses criadores, utilizando-se dos
materiais simples que tinham nas mãos, como a água, a terra, o fogo e a madeira,
conseguiam improvisar e elaborar o seu processo criativo.
Acredito que a utilização destes elementos durante as entrevistas, permitiu
reconhecer e viver em toda sua plenitude cada etapa do imaginário em busca da
intuição e sensibilidade no cuidado ao recém-nascido pré-termo, pois elas
possibilitaram a expressão dos princípios metodológicos da Sociopoética, estão ligadas
ao imaginário coletivo, promovem a criação dinâmica e viabilizam a expressão poética
dos entrevistados.
Como refere Gauthier (1998, p.173) “precisamos de técnicas que favoreçam as
emergências, a tomada de consciência do que é escondido na profundidade do corpo
ou que corre na superfície da pele e dos sentidos”.
Para a análise dos dados optei pelo discurso do sujeito coletivo, visto tratar-se
de uma proposta que oferece uma alternativa para a descrição do imaginário de um
grupo sobre um dado tema num dado contexto histórico. O discurso do sujeito coletivo
(DSC) é uma proposta que a partir do discurso individual, expressa o pensamento da
coletividade, ou seja, um pensamento social (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2000).
De acordo com Lefèvre e Lefèvre (2000) o DSC caracteriza-se, portanto, como
uma competência social, pois à medida que viabiliza e permite a troca de significados
entre indivíduos distintos de um mesmo grupo “permite construir indutivamente por
abstração, a partir de um conjunto de falas individuais de sentido semelhante ou
complementar, com a finalidade precípua de expressar ou representar um pensamento
coletivo” (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2000, p. 16).
Como referem Lefèvre e Lefèvre (2000, p.16) “[...] o discurso do sujeito
coletivo tem como objetivo visualizar o conjunto de individualidades semânticas
componentes do imaginário social”.
Para trabalhar com o discurso do sujeito coletivo, algumas figuras
metodológicas são utilizadas: as expressões-chave, as idéias centrais, a ancoragem e o
discurso do sujeito coletivo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2000).
As expressões-chave se referem a trechos do discurso que revelam a essência do
dito pelo sujeito individual e devem ser destacadas. Nas expressões-chave o
pesquisador busca desvendar a literalidade do depoimento, sendo que são essenciais
para a construção dos discursos do sujeito coletivo (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2000).
Lefèvre e Lefèvre (2000) referem que, as idéias centrais compreendem a
descrição direta do sentido do depoimento, por esta razão ela precisa descrever de
forma precisa o sentido de cada um dos discursos analisados, bem como de cada
conjunto de expressões-chave.
A ancoragem de acordo com Lefèvre e Lefèvre (2000, p.17) “é uma
manifestação lingüística explícita de uma dada teoria, ou ideologia, ou crença que o
autor do discurso professa e que, na qualidade de afirmação genérica, está sendo usada
pelo enunciador para enquadrar uma situação específica”.
O discurso do sujeito coletivo mostra-se então como destacam Lefèvre e
Lefèvre (2000) como a síntese das falas, redigida na primeira pessoa do singular e
composto pelas expressões-chave que tem a mesma idéia central ou a mesma
ancoragem.
Desta forma, inicialmente as entrevistas foram ouvidas várias vezes buscando
com sensibilidade e intuição desvelar o sentido do dito e do não dito, tentando revelar
as subjetividades e as multirreferencialidades que caracterizavam o discurso dos
profissionais de enfermagem. Num segundo momento, a resposta a cada uma das
questões foi transcrita em um quadro, no qual as expressões chaves e idéias centrais
foram destacadas, buscando-se preservar de forma fiel o depoimento de cada um dos
profissionais de Enfermagem. No terceiro momento, as idéias centrais de cada um dos
discursos dos entrevistados foram reunidas e revisitadas, identificando-se as idéias
centrais sínteses presentes nos discursos, sendo que optei por evidenciar o número de
entrevistas que deram origem aquela idéia central síntese. Por último, reuniram-se as
idéias centrais de acordo com a idéia central síntese, e descreveu-se o discurso do
sujeito coletivo a partir das expressões-chave que tinham a mesma idéia central, tendo-
se o cuidado de preservar a fala original dos entrevistados na estruturação dos
discursos. As perguntas utilizadas na entrevista foram descritas como temas.
O DSC, no estudo em questão, mostrou-se como um caminho que possibilitou a
elucidação dos termos intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem. Ao
trabalhar com o imaginário individual, ou seja, o discurso de cada um dos profissionais
de Enfermagem pode-se produzir a soma dos discursos, o significado que a equipe de
Enfermagem dá aos termos intuição e sensibilidade no cuidado ao recém-nascido pré-
termo.
3.5.3 Contra-análise ou validação dos dados
A contra-analise foi realizada com a devolução dos dados para a equipe de
Enfermagem, que após leitura dos mesmos, concordou com os resultados e sua efetiva
validação.
3.5.4 Socialização da produção
A socialização da produção, quarta etapa da pesquisa como proposto pela
Sociopoética, consiste na apresentação da tese com “finalidade de debates e possíveis
reformulações e não somente para apresentação acadêmica da obra em construção”
(SANTOS; GAUTHIER, 1999).
4 A COMPOSIÇÃO DA POESIA DE CUIDAR DO
RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO
Um galo sozinho não tece uma manhã; ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito e o lance a outro; e de outros galos que com muitos
outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã,
desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E, se incorporando
em tela, onde entrem todos, se entretendo para todos, no toldo que plana livre
de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo, que se eleva por si.
Neto, JC de M, 2007.
4.1 Análise dos resultados
Em relação ao uso dos elementos intuição e sensibilidade, no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo, pude perceber no discurso da equipe de
Enfermagem que a mesma considera que utiliza a intuição e a sensibilidade, e que o
uso destes elementos propicia um cuidado mais individualizado, sendo que a rotina
mecaniza o cuidado. A equipe de Enfermagem considera ainda que o uso da intuição e
da sensibilidade devem ser características inerentes a todos os profissionais da saúde.
No entanto, estes elementos são pouco valorizados, e por isto mesmo, na grande
maioria das vezes, ignorados no cuidado.
Sobre a anotação do uso destes elementos, os profissionais de Enfermagem no
seu discurso, deixam claro que mesmo considerando importante esta anotação, não
tem o hábito de anotar devido ao fato da intuição e da sensibilidade serem pouco
valorizadas e não serem reconhecidas como científicas pela equipe de saúde. Por outro
lado, consideram que se a equipe de Enfermagem passasse a fazer este tipo de
anotação haveria uma valorização da profissão e possibilitaria o estabelecimento de
novas rotinas. Referem ainda, que para poder colocar em prática esta conduta, os
profissionais de Enfermagem necessitam de um treinamento específico.
Ao serem indagados como se poderia colocar em prática a anotação do uso
da intuição e da sensibilidade, os entrevistados no seu discurso trazem uma série de
contribuições: iniciar com a prescrição e evolução da enfermeira, nas anotações dos
técnicos ou na passagem de plantão. Fica claro, no entanto, a preocupação em que a
forma de anotar seja amplamente discutida entre a equipe de Enfermagem, no sentido
de que, respaldados mutuamente, encontrem a melhor opção. Cabe salientar que os
profissionais de Enfermagem consideram que só poderão evidenciar os elementos
sensibilidade e intuição no cuidado, se forem cuidados da mesma forma pela
instituição.
Na busca do seu imaginário, a equipe de Enfermagem rompeu com os conceitos
rígidos e indo além dos limites de sua razão, entrelaçou realidade e imaginação,
compondo em discursos sensíveis e poéticos as suas considerações sobre a intuição e a
sensibilidade.
Apresento abaixo os Temas que se caracterizam pelas perguntas da entrevista,
as Idéias Centrais Sínteses que foram construídas a partir das Idéias Centrais retiradas
das expressões-chave, bem como, o respectivo Discurso do Sujeito Coletivo. Em cada
Idéia Central Síntese aparece o número de entrevistas respectivas. O quadro de
respostas dos entrevistados com as Expressões-chave, Idéias Centrais e Ancoragem na
íntegra encontra-se em apêndice (Apêndice B).
Tema A: O uso da intuição e da sensibilidade no cuidado de Enfermagem
ao recém-nascido pré-termo
Idéia Central Síntese 1 - O uso da intuição e da sensibilidade permite colocar-se em
sintonia com o cliente, percebendo suas particularidades e proporcionando um cuidado
individualizado.
(18 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Sim uso, porque para cuidar do recém-nascido você precisa estar em sintonia, e para
estar em sintonia você precisa estar disponível, e você só se mostra disponível quando
se utiliza da intuição e da sensibilidade. No cuidado com os recém-nascidos, a
observação é fundamental, uma vez que eles não te dão respostas objetivas. Cada
bebê tem uma particularidade, um jeito próprio de ser e para compreendê-lo
precisamos usar nossa intuição e sensibilidade. Você precisa olhar o bebê utilizando
todos os seus sentidos, estando atento para ver o que não se mostra, ouvir o que não é
dito e imaginar o que se passa. É desta forma que você se coloca em sintonia com o
bebê, com a família, com a equipe. Você capta a mensagem do cliente quando utiliza a
intuição e a sensibilidade. Conhecendo o cliente você cuida dele de forma
individualizada, personalizada, menos rotinizada. Muitas vezes usa-se sem perceber,
pois a intuição é uma percepção subjetiva, algo que se percebe apenas de forma
subliminar. A intuição e a sensibilidade te levam para um caminho que mostra a
melhor forma de fazer, uma forma que te guia que te direciona nas suas ações. A
intuição e a sensibilidade são caminhos que respondem as necessidades do cuidado
quando a ciência por si só não dá mais conta, já ultrapassou todos os limites. São
elementos que extrapolam o protocolo, a rotina, te fazem fluir, te levam a ouvir sua
voz interna. O uso da intuição e da sensibilidade possibilita uma maior aproximação e
desta forma um melhor cuidado, permite perceber mais claramente o que o recém-
nascido precisa.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e a sensibilidade não são percebidas no cuidado,
porque na grande maioria das vezes não são valorizadas.
(04 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
A intuição e a sensibilidade são vivenciadas o tempo todo com o recém-nascido, a
família e a equipe e a cada dia você vai aprimorando. O que acontece é que na grande
maioria das vezes, você as usa, mas não percebe porque não são valorizadas no
cuidado. Os profissionais em geral não dão muita importância. A intuição
principalmente não é muito considerada, então a gente fica sem graça de dizer que se
utiliza dela no cuidado, pois isto não é nada científico.
Idéia Central Síntese 3 – A rotina, sem o uso da intuição e da sensibilidade torna o
cuidado mecanizado.
(06 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 –
Uso o tempo todo, e percebo quando estou cansada ou com algum problema que o
cuidado torna-se mais mecanizado. A rotina deixa o cuidado mecanizado, mas mesmo
seguindo a rotina, procuro utilizar a intuição e a sensibilidade. Muitas vezes você
deixa a técnica te dominar, e o cuidado fica prejudicado. O trabalho rotinizado, feito
sem pensar, sem utilizar a intuição e a sensibilidade, faz os bebês sofrerem muitas
vezes. Quando faço uma técnica e não levo em conta minha intuição, percebo que
muitas vezes a técnica não dá certo, quando vou contra minha intuição,, não consigo
realizar a técnica.
Idéia Central Síntese 4 – O uso da intuição e da sensibilidade deve ser uma
característica de todos os profissionais da saúde.
(01 entrevista)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4 –
A intuição e a sensibilidade devem ser características inerentes a todo profissional da
saúde.
Tema B: A anotação da utilização dos elementos intuição e sensibilidade no
cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo e sua importância.
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e sensibilidade, não são anotadas no cuidado de
Enfermagem prestado ao recém-nascido pré-termo, pois além de não serem
valorizadas e reconhecidas pelos profissionais em geral, não são consideradas como
científicas.
(18 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Não anoto no prontuário, passo no plantão ou no livro de intercorrências. Considero
que se anotar, pode ser mal interpretado, pois não é o hábito e nem todas as pessoas
reconhecem como importante e não é muito científico. Acredito que não se anota pelo
fato de não serem percebidos, valorizados no cuidado. Não anoto e muitas vezes nem
compartilho com a equipe, porque não é valorizado e embora nos últimos anos se
tenha buscado uma visão mais sensível pela própria história da ciência, ainda há
muitas reticências em relação ao uso da sensibilidade e da intuição. Anoto a técnica
em si, as particularidades que tem o cuidado não anoto porque não é científico. A
equipe não valoriza as especificidades do cuidado. Não anoto, pois não há uma
demanda para tal, o que se cobra é a anotação da técnica. Acho importante anotar,
mas acredito que se anotasse a maioria das pessoas não levaria em consideração esta
anotação.
Idéia Central Síntese 2 – A anotação da sensibilidade e da intuição no cuidado de
Enfermagem pode possibilitar um cuidado mais individualizado.
(16 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 -
È importante anotar o uso da intuição e da sensibilidade no cuidado de Enfermagem,
porque desta forma podemos desmistificar a parte da ética com a intuição. Se a
equipe anotasse o uso da intuição e da sensibilidade, o cuidado seria mais visível. Se
formos boas observadoras, poderemos prever mudanças significativas no estado da
criança. O fato de anotar prepararia a equipe previamente no sentido de melhor
conhecer o bebê. Mobilizaria em relação aos pequenos sinais no cuidado prestado aos
recém-nascidos e famílias. Anotar faz com que a equipe comece a perceber sua
importância no cuidado e possibilita um cuidado mais individualizado, torna público
o observado e possibilita que todos profissionais conheçam as individualidades do
bebê. A diferença no cuidado, seria que olharíamos o bebê e a família de uma forma
mais individualizada, sem seguir uma rotina pré-estabelecida, adaptando o cuidado a
cada paciente em particular. Contribuiria para que os profissionais ficassem mais
atentos as particularidades de cada bebê e sua família. Anotar melhoraria o cuidado
prestado. Ao anotar, o profissional poderia avaliar melhor a sua prática diária, se dar
conta de suas ações cotidianas, chamaria a atenção para o não dito, o não visível. O
profissional do outro turno, desta forma, já conheceria algumas preferências do
cliente e poderia por o cuidado em prática. Se anotássemos, poderíamos olhar o
recém-nascido e a família com outros olhos, daríamos indícios do que o bebê gosta,
de como agir em determinadas situações. O bebê seria cuidado de forma
individualizada.
Idéia Central Síntese 3 – A anotação do sensível e intuitivo no cuidado de
Enfermagem poderia ser importante no estabelecimento de novas rotinas e na
valorização da profissão.
(07 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 -
Anotar a intuição e a sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido e
família faria com que a equipe refletisse nas suas ações diárias e valorizaria o
trabalho desempenhado pela enfermagem. Poderia ser importante no estabelecimento
de novas rotinas e daria um outro direcionamento ao cuidado de Enfermagem. A
enfermagem não se dá conta do trabalho que realiza, se considerássemos o intuitivo e
o sensível no cuidado profissional, com certeza seríamos mais valorizados na
profissão. Se a equipe anotasse, o cuidado seria favorecido, pois iniciaríamos um
processo de valorização destes elementos que implicaria num processo de valorização
da profissão. Considero que se anotássemos o uso destes elementos no cuidado, a
equipe de saúde daria mais importância ao cuidado prestado pela Enfermagem.
Anotar, mesmo sendo difícil no início mostraria como o cuidado de Enfermagem está
realmente sendo realizado. Se anotássemos talvez nos olhassem de outra forma, ou
olhassem o cuidado prestado pela Enfermagem com outro olhar.
Idéia Central Síntese 4 – A anotação do intuitivo e sensível seria difícil, necessitando
de um treinamento prévio.
(01 entrevista)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4 -
Se houvesse uma demanda para se anotar, seria bastante difícil, talvez precisasse de
um treinamento prévio.
Tema C – Como colocar em prática a anotação do uso da intuição e da
sensibilidade.
Idéia Central Síntese 1 – A anotação dos dados intuitivos sensíveis pode ser iniciada
na prescrição e evolução da enfermeira, devendo ser avaliado depois de um certo
tempo de uso.
(03 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Acho que poderia começar pela evolução da enfermeira, sendo que cada uma iria
inserindo aos poucos os dados sensíveis intuitivos e depois de um tempo a equipe
avaliaria e veria a possibilidade de inserir uma prescrição específica. Ou ainda na
prescrição, já que a mesma está sendo elaborada diretamente no computador, desta
forma sairíamos do modelo rotinizado.
Idéia Central Síntese 2 – A anotação dos dados intuitivos e sensíveis pode iniciar
pela observação dos técnicos, após uma demanda da chefia de Enfermagem.
(09 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Não é fácil, poderia ser introduzido aos poucos, talvez nas observações dos técnicos
que chamariam a atenção para os pequenos detalhes, que após a enfermeira colocaria
na sua evolução. Poderia ser colocado tudo o que os técnicos fazem, com detalhes,
com um encaminhamento via chefia.
Idéia Central Síntese 3 – A forma de anotar os dados intuitivos e sensíveis precisa ser
amplamente discutida entre a equipe.
(07 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 –
Seria importante discutir com toda a equipe para que juntos pudéssemos tomar a
melhor decisão. A chefia poderia marcar uma reunião ou fazer oficinas no horário de
trabalho.
Idéia Central Síntese 4 – A intuição e sensibilidade só serão evidenciadas no cuidado
diário quando a equipe for cuidada.
(02 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4
A equipe deve ser cuidada pela instituição com intuição e sensibilidade para que a
mesma possa evidenciar estes elementos no cuidado diário.
Idéia Central Síntese 5 – A passagem de plantão mostra-se como um momento
importante para que a equipe de Enfermagem exponha o uso da intuição e
sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
(03 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 5 -
Acredito que poderíamos fazer uma experiência para ver o resultado, talvez começar
pela passagem de plantão e ir introduzindo aos poucos nas observações escritas.
Parece-me como um bom momento para expormos o uso da intuição e da
sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo e sua família.
Tema D – O profissional de Enfermagem buscando no seu imaginário a
compreensão dos temas intuição e sensibilidade a partir dos elementos: Madeira,
Fogo, Terra e Água.
MADEIRA –
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e sensibilidade como Madeira no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo mostra-se como firmeza, estrutura,
confiança, sustentação, e embasamento.
(20 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Firmeza, estrutura, sustentação, suporte, embasamento para o cuidado. Solidez, força,
segurança. Tronco denso que completa o cuidado. Tem aplicação em diversas
situações. Abertura para o mundo, quebra de barreiras, dá firmeza ás ações, pode ser
moldado. Força nas convicções, quando bem plantada, floresce, dá frutos, prospera,
muda o cenário do cuidado, não deixa o cuidado se perder. Solidez sem rigidez, pode
ser esculpida. Permite construir um cuidado diferente. Reciclagem, traços fortes,
vibrantes, formas diferentes, cores diferentes. Fortes troncos que sustentam o cuidado.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo como Madeira mostra-se ainda como madeira leve, mas
precisa transformar-se em madeira firme, pois fazem a diferença no cuidado.
(06 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Pode e deve tornar-se real. Pode ser madeira clara quando as visualizamos no
cuidado e madeira escura quando não a visualizamos. No cuidado mostra-se como
pequenas ripas pouco visíveis que não são valorizadas, mas que fazem a diferença
pois sutentam, protegem. Precisa se transformar em madeira firme que não cede, que
não enverga que resiste a críticas e mostra-se. Precisa de vontade para molda-la.
FOGO:
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Fogo no cuidado de
Enfermagem é luz, força, proteção, que transforma, aquece e complementa o cuidado.
(17 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
Aquece o cuidado, labaredas que preenchem o cotidiano da Enfermagem. Ilumina,
torna o cuidado mais energético, impregna. Inflama, satisfação de fazer acontecer,
calor que responde ao outro, energia que flui de forma livre, que faz bem. Inicia de
forma sutil e aos poucos vai crescendo, nutrindo, tornando-se fogueira intensa. Vida,
troca, transformação, sensação agradável de calor, invade o cuidado, reforça,
completa, transforma. Rápido, se dissemina, te obriga a ser ágil, a observar.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo devem ser utilizadas com outras possibilidades, num
movimento de troca constante.
(03 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Deve-se cuidar para não queimar, deve ser utilizado com bom senso, com outras
possibilidades, num movimento de troca constante.
Idéia Central Síntese 3 – A intuição e a sensibilidade como Fogo no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo, quando valorizadas e reconhecidas poderão
se tornar uma fogueira poderosa que iluminarão o cuidado de Enfermagem.
(11 entrevistas)
DISCURSO DO SEUJEITO COLETIVO 3 -
Queima, demanda uma atitude, algo que nos invade com força e precisa ser
valorizada. Fogueira, que se inicia pequena e quanto mais utiliza e valoriza mais a
fogueira se torna densa, você não consegue apagar facilmente. É uma chama que se
alastra, mesmo que ainda pouco visível, que não queiramos percebê-la,irão se tornar
uma fogueira poderosa e com certeza irão mostrar como a Enfermagem cuida.
Precisa ser reavivada constantemente para que permaneça acesa.
TERRA:
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Terra no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo é um chão firme que precisa ser adubado
para que o cuidado floresça e a Enfermagem seja valorizada como profissão.
(11 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
A intuição e a sensibilidade como Terra precisa ser adubada com vigor para que se
possa plantar o cuidado e mostrar o valor da profissão. Só a partir do momento em
que esta Terra seja semeada, ou seja, a partir do momento em que a intuição e a
sensibilidade forem valorizadas é que o cuidado será forte. É uma terra forte na qual
o cuidado germina de forma diferente, no entanto esta terra fértil é negada. Se bem
adubada, frutifica. A Terra precisa ser reconhecida e adubada para que o equilíbrio
não seja ameaçado.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade como Terra são elementos férteis
que aliados ao conhecimento científico, nutrem, reforçam, dão segurança, equilíbrio e
firmeza no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
(17 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 -
É uma terra fértil na qual se pode semear muitas coisas e tirar bons frutos quando
aliada ao conhecimento científico. São como grãos que se juntam para guiar as ações
no cuidado. Chão firme, seguro, é a Terra preta que faz com que o cuidado germine
de forma diferente. A Terra mantém o equilíbrio da Natureza, a intuição e a
sensibilidade como Terra, mantém o equilíbrio do cuidado.
ÁGUA:
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Água no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo mostra-se como rio, cachoeira, mar furioso,
nutrindo, hidratando, completando o conhecimento e harmonizando a técnica.
(20 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
É uma fonte que serve para se refrescar, nutre, transborda, na medida certa preenche,
completa o conhecimento, harmoniza a técnica. É calor humano, conforto, vida,
profundidade. É um vazamento que não se consegue fechar, abertura para o outro,
fluxo de troca, que mergulha no cuidado de forma equilibrada. Nos impele a seguir
em frente.È um rio caudaloso, tranqüilo que torna o cuidado transparente,
contribuindo para ações concretas no cuidado. As vezes parece um mar furioso com
grandes ondas que mudam o cuidado. É um copo cheio que quando com sede,
sentimos seu sabor, compreendemos sua importância. Mata a sede, refresca, hidrata.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e a sensibilidade como Água muitas vezes não é
tomada ou mostra-se turva, não sendo evidenciadas no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo.
(03 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Muitas vezes a Água mostra-se turva, difícil de engolir, é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo e
sua família. Outras vezes mesmo com a fonte disponível, transbordando, a
desvalorizamos e por isto sofremos com o calor, ou seja, o paciente sofre, pois não é
cuidado nas suas especificidades.
Idéia Central Síntese 3 – A intuição e a sensibilidade como Água no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo tem muita força, mas muitas vezes escorre
ou é tomada sem ser percebida.
(10 entrevistas)
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 -
Muitas vezes as águas são tão serenas que nem percebemos sua presença, ela escorre
sem ser notada. Mesmo escorrendo o tempo todo, nem sempre é visível. É um rio
límpido que tem muita força, mas passa calmamente, quase sem ser notado. Muitas
vezes tomamos esta água sem compreender o quanto ela é necessária e transforma o
cuidado.
4.2 Discussão dos resultados
A intuição e a sensibilidade mostram-se como elementos importantes para a
equipe de Enfermagem que reconhece que os mesmos encontram-se inseridos no seu
processo de ser e fazer. O profissional de Enfermagem enquanto ser que se ocupa,
sente e se preocupa, refere que busca na diversidade de suas ações cotidianas, cuidar
de maneira que o ser que cuida e o ser que é cuidado se coloquem por inteiro na
relação, vivendo a prática da Enfermagem.
Neste sentido percebem que este tipo de cuidado proporciona um olhar
diferenciado para o recém-nascido pré-termo, possibilitando cuidá-lo em suas
singularidades e individualidades como descrito em seus discursos.
Para Chin e Kramer (1995) é no momento e no contexto da interação que
podemos compartilhar a experiência humana.
Não se pode ser intuitivo e sensível sem se colocar por inteiro na relação com o
outro. A intuição e a sensibilidade no cuidado devem se manifestar pelo engajamento
do próprio ser. É por esta razão que Bérgson (1984), refere que a intuição é uma
emoção criadora capaz de gerar idéias próprias.
O ato de cuidar com intuição e sensibilidade envolve uma sintonia com o ser
cuidado de forma direta, imediata, na qual apreende-se as tendências constitutivas do
ser (BERGSON, 1950).
No caso do recém-nascido pré-termo permite acompanhar os seus progressos e
seus retrocessos, entrando em sincronia com suas demandas, com suas tensões, com
suas mudanças comportamentais e fisiológicas, mantendo um processo de atenção e
interpretação, percebendo as mensagens que são repassadas e as respostas muitas
vezes desconexas.
Ao considerar que o uso da intuição e da sensibilidade permite reconhecer as
singularidades e individualidades de cada ser cuidado, a equipe de Enfermagem se dá
conta de que estes elementos são um diferencial no cuidado de Enfermagem,
possibilitando a valorização da profissão e o estabelecimento de novas rotinas. Desta
forma, se propõe a procurar em conjunto, a melhor forma de explicitá-los.
Podemos evidenciar que seus discursos apontam para uma ciência do sensível,
buscando um cuidado que vá além da rotina, um cuidado na perspectiva estética. Neste
sentido, percebemos que começa a se delinear um caminho para a construção de uma
semiologia e semiotécnica do cuidado intuitivo e sensível, indo ao encontro dos
objetivos deste estudo.
Mandes (2004, p.139) refere que a compreensão desta singularidade “é tão
importante ou porque não dizer até mais importante que o conhecimento técnico”.
De acordo com Colliere (2001, tradução nossa) é necessário encontrar as vozes
da sensibilidade e da intuição que dão a Enfermagem as chaves de seu trabalho,
permitindo-lhe se interrogar sobre o que fazem e o que é necessário ao nível da
consciente imbricação entre ação e conhecimento.
Re-introduzir e reconhecer a dimensão simbólica do cuidado, conciliar o
intuitivo e o sensível com os conhecimentos científicos, mostram-se como uma
imperiosa necessidade que se coloca aos profissionais de Enfermagem no sentido de
viver a prática da Enfermagem, constituindo o seu futuro.
De acordo com Kletemberg, Mantovani e Lacerda (s/d, p. 97) “[...] viver a
prática da Enfermagem se coloca num permanente ir e vir da modernidade a pós-
modernidade. É uma luta permanente entre o dever ser e o desejo de ser e estar
juntos”.
É uma luta entre o que o profissional de Enfermagem pratica e o que se espera
dele. Desta forma, evidencia-se em seus discursos um paradoxo importante em relação
ao seu entendimento sobre ciência, como podemos ver em seus discursos quando
referem que não anotam porque não é valorizado, porque não é científico, mas que se
anotassem o cuidado de Enfermagem seria valorizado, contribuiria para que os
profissionais ficassem mais atentos às particularidades de cada recém-nascido.
A proliferação das ciências e das técnicas, da forma que são entendidas,
segundo Silva e Batoca (2005), leva a um horizonte formado de lógicas, onde se
valoriza o modo de fazer, a eficácia, a experiência e as distribuições das correlações
estatísticas. Esta relação entre a técnica e o sensível, que faz parte do cuidado e,
portanto da ciência da Enfermagem, acaba sendo relegada a um segundo plano.
As instituições passam então a cobrar a execução das técnicas e rotinas
conforme o normatizado, sendo que desta forma a equipe de Enfermagem não
consegue visualizar a importância do que se oculta por detrás da técnica, como bem
referem Henriques e Acioli (2006). O cuidado fica então relegado a um segundo plano,
principalmente porque os profissionais de Enfermagem ainda são formados numa
cultura parcelada que privilegia o técnico em detrimento de outros valores
(HENRIQUES; ACIOLI, 2006).
Davis, Billings e Ryland (1994) reforçam este pensamento e referem que pelo
fato de terem uma formação voltada para a valorização do técnico, os profissionais de
Enfermagem na grande maioria não conseguem perceber a importância do uso e do
registro dos dados sensíveis e intuitivos.
Evidencia-se desta forma a busca de auto-afirmação profissional e a sua
legitimação pelo tecnicismo do ato de cuidar. No entanto como bem afirma Bérgson
(1950), a intuição e a sensibilidade não se contrapõem à cientificidade e ao tecnicismo,
pois é por baixo da realidade técnica, mecânica, dita científica, que se encontra a mais
profunda realidade, o que faz com que haja movimento, a continuidade do fluir em
conjunto, ao qual só chegamos quando nos utilizamos da intuição e da sensibilidade.
Para fluir em conjunto, ou seja, nos colocarmos em sintonia com o recém-nascido pré-
termo, precisamos estar conscientes, e para estarmos conscientes é necessário que
abandonemos a superficialidade de nossos atos técnicos e nos demos conta da elevação
de nossas metas. Por esta razão é tão difícil considerar o uso da intuição e da
sensibilidade no cuidado de Enfermagem.
A competência profissional não depende apenas dos conhecimentos científicos
das profissões, mas principalmente da “coragem de se deparar com o espaço liso da
perda de domínios e das referências fortemente instituídas” (CECCIN, 2006, p. 269).
A equipe de Enfermagem confrontada com a prática que desenvolve e
reconhecendo os elementos intuição e sensibilidade como um diferencial no cuidado
de Enfermagem e o papel que os mesmos podem desempenhar na valorização da
profissão, percebe-se engajada e com coragem para vivenciar e demonstrar a arte da
Enfermagem, compondo a poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo.
De acordo com Waldow (2006, p.131) “a arte e a estética tanto na prática
quanto no ensino começam a ter uma nova roupagem, um novo brilho, desvelando a
sensibilidade e a espiritualidade”.
Os registros de Enfermagem mostram-se como o espaço em que o profissional
de Enfermagem pode demonstrar o trabalho executado, sendo que devem ser o reflexo
da eficiência e eficácia dos cuidados oferecidos.
O registro do intuitivo e do sensível, de acordo com os profissionais de
Enfermagem não é uma tarefa fácil, sendo que um treinamento prévio seria
interessante. Quando questionados como poderíamos fazer este registro, a equipe
apresenta algumas propostas, como já explicitado em seus discursos, sendo que
poderia iniciar pela evolução da enfermeira, ou ainda pelas observações dos técnicos
de Enfermagem ou mesmo pela passagem de plantão.
Cianciarullo (1997, p 59) define registro de Enfermagem como,
registro sistematizado elaborado pela equipe de Enfermagem no prontuário
do paciente, do tratamento, das alterações subjetivas ou objetivas observadas
ou referidas pelo profissional, paciente ou acompanhante
.
O registro do profissional de Enfermagem no meu entendimento deve
demonstrar o cuidado prestado e não apenas as técnicas executadas e a descrição do
tratamento médico prescrito. Deve-se fazer uma fiel anotação dos fatos de forma com
que a impressão instantânea captada pela sensibilidade e intuição corresponda à
verdadeira substância do observado, como refere Bérgson (1964). Não basta apenas
anotar, é preciso perceber, ouvir com o corpo todo, interpretar a prática exercida.
Os registros devem permitir a comunicação entre a equipe sobre a evolução do
estado de saúde do recém-nascido e expressar a forma como o recém-nascido foi
cuidado permitindo a compreensão do que foi feito, como foi feito, por que foi feito,
por quem foi feito e quais resultados foram obtidos.
Neste sentido, acredito que se a equipe de Enfermagem se engajar procurando a
interpretação de sua prática a partir da passagem de plantão, poderá com o tempo, a
partir de discussões conjuntas, implementar registros mais intuitivos e sensíveis no seu
cotidiano diário, demonstrando como presta o cuidado.
Como bem afirma Colliére (2001, tradução nossa) é essencial que a equipe de
Enfermagem explicite na sua prática cotidiana, bem como em seus registros, a sua
identidade e a natureza dos cuidados de Enfermagem, mostrando a sua complexidade
legítima para que possa ser conhecida e reconhecida.
Para que um indivíduo ou grupo se torne um ator da história da sociedade, é
necessário primeiro deixar de aceitar a identidade que lhe transmite o sistema social.
Ele não ascende à história e a uma nova identidade a não ser que assuma o seu real
papel, rejeitando o status e o papel que a sociedade lhe impõe (TOURAINE, 1974).
Importante observar a preocupação da maioria dos profissionais de
Enfermagem em que esta seja uma proposta discutida e tomada em conjunto,
evidenciando o papel da chefia de Enfermagem neste processo.
De acordo com Baradel (2004), para que se estabeleça uma mudança de atitude
e de reconhecimento e registro dos elementos intuição e sensibilidade no cuidado de
Enfermagem, uma revisão de nossas crenças e atitudes faz-se necessário e este é um
trabalho que exige disponibilidade para aprendizados e mudanças.
Neste sentido, a conscientização de cada profissional em particular, o
comprometimento e o esforço coletivo mostra-se como fundamental, primeiro porque
os seres que cuidam possuem limiares diferentes de sensibilização e segundo, porque a
forma como cada um age está intimamente relacionada com a sua história de vida.
Para Bérgson (1974) intuir é mudança na experiência, mudança difícil que
implica em esforço coletivo, pois a possibilidade de mudança de experiência não se faz
de forma teórica, mas sim de forma prática. “É preciso retomar o olhar para o interior,
é preciso entrar em si” (BERGSON, 1974, p.132).
A chefia de Enfermagem da Unidade de Internação Neonatal participou da
pesquisa e mostrou-se disponível para continuar conscientizando a equipe de
Enfermagem sobre a importância de evidenciar os elementos intuição e sensibilidade
no cuidado ao recém-nascido pré-termo, incorporando-os como tecnologia, bem como
a melhor forma de registro destes dados. Os profissionais da equipe de Enfermagem
mostraram-se também sensibilizados, no sentido de continuar refletindo sobre o
cuidado prestado e na melhor forma de anotá-lo, levando em consideração, os
elementos intuição e sensibilidade.
Os profissionais de Enfermagem referem ainda que para que possam cuidar
com intuição e sensibilidade precisam ser cuidados da mesma forma pela instituição.
As condições de trabalho e o bem-estar dos profissionais de saúde, entre eles o
profissional de Enfermagem, vêm sendo relegados a um segundo plano pela grande
maioria das instituições, sendo que a dimensão humana destes profissionais não está
sendo contemplada.
A equipe de Enfermagem necessita de cuidados, não só do ponto de vista
emocional, mas também físico, intelectual e espiritual. São estes cuidados que
contribuirão para que a equipe possa restaurar suas forças, exprimir suas emoções,
suas preocupações e enriquecer os seus conhecimentos (COLLIÉRE, 2001, tradução
nossa).
Waldow (2006) refere que o cuidado não pode ser privilégio da relação entre o
cuidador e o ser que cuida. O cuidado deve ser estendido de forma ampla entre todos
os membros da equipe de Enfermagem e de saúde. A equipe de Enfermagem deve
valorizar e praticar o cuidado entre si, sendo que as chefias devem atuar como modelos
e motivadoras de relações de cuidado.
Uma equipe que se sente cuidada com intuição e sensibilidade por sua chefia,
certamente saberá manifestar estes elementos no seu cuidado diário. Acredito que ao
promover um ambiente de trabalho em que a intuição e a sensibilidade se mostrem
presentes, com certeza as instituições de saúde, os cuidadores e os seres cuidados serão
os maiores beneficiados.
Martins (2007) nos fala que, para que sejamos mais eficazes na tarefa de cuidar
precisamos nos dispor a promover o bem-estar do outro, sem, no entanto, nos
esquecermos de nós mesmos.
Ninguém pode dar ao outro o que não tem, diz um antigo provérbio, por esta
razão, a Enfermagem deve se preocupar com seriedade em cuidar de seus cuidadores.
Espírito Santo; Escudeiro e Chagas Filho (2000, p. 27) referem que “cuidar é
um processo que possui uma dimensão essencial e complexa tanto na experiência de
quem cuida quanto de quem recebe o cuidado, ou até mesmo de quem ensina a cuidar
e de quem está aprendendo a cuidar”.
Acredito que outras discussões e estudos acerca do significado e importância do
cuidado intuitivo e sensível sejam necessários para que esta prática seja reforçada,
compreendida, percebida e valorizada por toda a equipe de Enfermagem. A partir daí
compreendo que estes elementos poderão ser reconhecidos como uma tecnologia do
cuidado e não como uma exterioridade eventual sendo incorporados na dinâmica e
organização do cuidado de Enfermagem.
Na busca do seu imaginário a equipe de Enfermagem ao se utilizar dos
elementos Madeira, Água, Fogo e Terra, fontes inesgotáveis para os devaneios
criadores, remaneja os seus conhecimentos, supera o método de repetir o que sabe para
se lançar em busca do que não sabe, traduz cada um deles em criação poética, em
poesia.
Os profissionais de Enfermagem percebem que para valorizar, implementar e
registrar o cuidado sensível e intuitivo deve fluir na energia do ‘fogo’ que transforma,
aquece e complementa o cuidado, se enraizando na ‘terra’ fértil que nutre, reforça, dá
segurança, equilíbrio e firmeza, refletindo sobre o cuidado prestado e sua valorização
profissional. Ao mesmo tempo deve mergulhar no fluxo das ‘águas’ algumas vezes
mansas, outras furiosas, percebendo a sua força na complementação do cuidado e
harmonização da técnica, e se apoiar na ‘madeira’ como elemento que dá firmeza,
estrutura, confiança, sustentação e embasamento para o cuidado.
Entendo que a equipe de Enfermagem a partir do refletido, mergulhando no seu
mundo real e imaginal, mostra-se estimulada e se propõe a caminhar na composição da
poesia de cuidar do recém-nascido pré-termo, reconhecendo a intuição e a
sensibilidade como tecnologia do cuidado.
5 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CAMINHO PERCORRIDO
Acredito que o maior presente que alguém pode me dar é ver-me,
ouvir-me, compreender-me e tocar-me. O maior presente que eu posso
dar é ver, ouvir, entender e tocar o outro.
Satir, V., 2000
Percorrer o caminho em busca da composição da poesia de cuidar do recém-
nascido pré-termo mostrou-se pleno de idas e vindas. O ponto do início da jornada,
bem como dos atalhos a serem seguidos, foi determinado pelos profissionais de
Enfermagem que num movimento de reflexão colocou-se por inteiro no caminho do
cuidado, refletindo sobre a intuição e a sensibilidade, algumas vezes de forma
consciente e outras de forma inconsciente.
Ao se deter sobre a temática intuição e sensibilidade no cuidado, a equipe de
Enfermagem demonstra sua dificuldade em exteriorizar e evidenciar seu uso, deixando
na sombra, parte da realidade concreta do seu trabalho, pois se sente ainda ligada a um
modelo tecnicista que reconhece a ciência como construída a partir de dados
concretos, no qual a técnica predomina em detrimento de outros elementos.
No entanto, confrontado com o seu imaginário desvela a sua prática e reformula
conceitos pré-determinados. Acredito que o poema São João da Cruz explicite esta
compreensão,
Entrei onde não sabia
E fiquei sem saber
Toda a ciência transcendendo
Eu não sabia onde entrava
Porém quando lá me vi
Sem saber onde estava
Grandes coisas entendi
Não direi o que senti
Pois fiquei sem saber
Toda a ciência transcendendo
De paz e de piedade
Era a ciência perfeita
Em profunda solidão
Diretamente entendida
Era coisa tão secreta
Que fiquei balbuciando
Toda a ciência transcendendo
Estava tão enlevado
Tão absorto e desatento
Que meu sentido ficou
De todo sentir privado
E o espírito dotado
De um entendimento sem entender
Toda ciência transcendendo
E se quiserdes ouvi-lo
Essa ciência suprema
Consiste num vivíssimo sentir
Da divina essência
É obra de sua clemência
Deixar ficar sem entender
Toda ciência transcendendo.
(Sociedade das Ciências Antigas)
A equipe de Enfermagem compreende que para que a intuição e a sensibilidade
aflorem torna-se necessário colocar-se por inteiro na relação de cuidado, fazendo-se
presente e presença, sendo espectador daquilo que é visto e sentido ao mesmo tempo.
Desta forma, reforça nos seus discursos, que os elementos intuição e sensibilidade no
cuidado de Enfermagem, mostram-se como um diferencial que aponta para uma nova
visão da Enfermagem, aliando razão e emoção, que uma vez explicitados, contribuirão
para uma nova maneira de cuidar e para a valorização do trabalho desenvolvido pela
equipe. Assim, passam a questionar a sua prática cotidiana e se comprometem no
sentido de prestar um cuidado que não se direcione somente para as condutas técnicas
operacionais, mas também para uma tecnologia que ao associar intuição, razão e
sensibilidade possibilitem a interação plena com o ser cuidado, percebendo e
respeitando suas individualidades e singularidades.
Os resultados desta tese reafirmam a necessidade da equipe de Enfermagem
repensar a sua prática como ciência e arte, revendo o seu conceito de cuidado,
instituindo assim a estética do cuidar em Enfermagem. A arte na Enfermagem ajuda a
interpretar a realidade, descortina o que se mostra escondido em suas dobras e avisa
que o que existe, pode ser diferente.
Como refere o poema de Affonso Romano Sant’Anna (Perissé, 2007, p.1):
Como nomear o que aí nasce,
se toda palavra é limite,
sinal a menos, e a realidade
- sinal a mais?
O desenvolvimento do estudo a partir de uma aproximação com a Sociopoética,
mostrou-se adequado para o alcance dos objetivos, pois a partir do seu imaginário,
utilizando-se dos elementos Fogo, Água, Terra e Madeira, a equipe de Enfermagem
conseguiu descrever os termos intuição e sensibilidade compreendendo-os como
elementos que podem transformar o cotidiano diário, nutrindo o cuidado de
Enfermagem prestado ao recém-nascido pré-termo. Por esta razão, assinalam que a
incorporação destes elementos parece constituir-se como necessidade urgente de
afirmação da profissão e que não podem ser desconsideradas nas atividades
desenvolvidas pelos profissionais de saúde.
A utilização das entrevistas e da observação do cuidado prestado para a coleta
dos dados, utilizando-me sempre da escuta sensível, mostrou-se de início um pouco
difícil, pois exigiu um trabalho sobre o meu próprio ser, no sentido de não interpretar o
dito e o ouvido e de suspender todos os julgamentos prévios, buscando compreender
por empatia o sentido do que se mostrava. Ao mesmo tempo possibilitou reconhecer
sem julgamentos, sem medidas e sem comparação, o que a equipe de Enfermagem
queria mostrar, afirmando a congruência de suas manifestações, a partir de suas
emoções, seu imaginário, suas interrogações e seus sentimentos, visto que para serem
acessados os pensamentos na qualidade de expressão da subjetividade, os mesmos
precisam passar pela consciência humana.
Deixei-me surpreender pelo desconhecido, compreendendo que cada
experiência pessoal é única e cada discurso tem um significado próprio, sendo que a
utilização do discurso do sujeito coletivo permitiu mostrar como em uma escultura, a
forma de pensar intuição e sensibilidade dos profissionais de Enfermagem da Unidade
de Internação Neonatal, sem redução do dito, do ouvido e do percebido.
O processo de pensar sua prática, buscando evidenciar a compreensão e
utilização dos elementos intuição e sensibilidade, despertou o interesse da equipe de
Enfermagem e a atenção em relação ao cuidado prestado. De acordo com relato da
chefia de Enfermagem da Unidade de Internação Neonatal, após a realização das
entrevistas, muitos profissionais de Enfermagem vêm se preocupando e enfatizando o
cuidado sensível e intuitivo tanto em suas ações cotidianas quanto nos registros.
Principalmente nas observações complementares dos técnicos de Enfermagem, podem
ser observados registros que até então não eram valorizados, como por exemplo:
Após os procedimentos fiquei confortando o bebê, durante o procedimento
fiz contenção, sucção não nutritiva, observei o bebê muito agitado e re-
organizei ele na incubadora.
Frente a estas considerações, proponho que a equipe de Enfermagem, que se
mostrou disponível e sensibilizada, reveja a sua prática no sentido de incorporar os
elementos intuição e sensibilidade como tecnologia do cuidado de Enfermagem. Para
que isto seja possível faz-se necessário uma preparação dos profissionais de
Enfermagem no sentido de relacionar o que diz respeito ao corpo e ao espírito, às
emoções e aos sentimentos, numa justaposição sensibilidade, intuição e razão. Esta
preparação pode-se dar a partir de educação continuada, vivências, reuniões da equipe
de Enfermagem ou treinamento em serviço, desde que compactuadas por todos os
profissionais da Enfermagem. O importante é que este trabalho possibilite que os
profissionais de Enfermagem continuem refletindo sobre sua atuação profissional
permitindo que descubram em conjunto como incorporar a intuição e sensibilidade
como tecnologia no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
Como bem refere Bérgson (1964) intuição, sensibilidade e razão representam
direções opostas do trabalho consciente, que devem caminhar na mesma direção para
que o trabalho seja bem realizado.
A chefia de Enfermagem mostrou-se comprometida, no sentido de continuar
refletindo em conjunto com a equipe de Enfermagem sobre o cuidado prestado, sobre
como evidenciar os elementos intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo, bem como, sobre as formas de registro deste cuidado.
Neste sentido, proponho que as temáticas: cuidado, intuição e sensibilidade na
Enfermagem continuem sendo pesquisadas, discutidas e incorporadas na vida
acadêmica, na pessoal e principalmente no âmbito profissional, pois desta forma
estaremos contribuindo para a prestação de um cuidado individualizado e centrado nas
necessidades dos seres cuidados.
Acredito que esta pesquisa trouxe respostas significativas às questões
inicialmente formuladas, sendo que a partir da reflexão sobre o cuidado prestado, a
equipe de Enfermagem passou a reconhecer os elementos intuição e sensibilidade
como elementos indissociáveis do cuidado, propondo-se a incorporá-los como uma
tecnologia do cuidado.
Para finalizar,
Senti vontade de escrever um pequeno verso;
tive um louco desejo de versejar,
intuir, sentir, pensar e assim
o cuidado de Enfermagem prestar.
Pensamentos vagos, inversos, desconexos,
agora me levam a imaginar,
como posso no cuidado poetisar?
Talvez tecendo uma tese
que possa fazer germinar uma semente,
que sirva para que possamos,
do recém-nascido pré-termo e sua família,
cuidar de forma diferente.
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ANEXO 01
FILOSOFIA DA MATERNIDADE DO HU
(Filosofia da Maternidade HU, 1995)
“Na maternidade do HU acredita-se que:
h em prestando-se assistência se ensina;
h é direito de toda mulher – recém nascido (RN) – família, no processo de
gravidez, parto e puerpério, receber atendimento personalizado que garanta uma
assistência adequada, segundo Carter, nos aspectos biológicos, sociais, psicológicos e
espirituais;
h a atenção à saúde da mãe, RN e família na gravidez, parto e puerpério, se
considera a importância do papel do pai, sua presença e participação;
h o sistema de alojamento conjunto facilita a criação e aprofundamento de laços
mãe-RN-família, favorecendo a vinculação afetiva, a compreensão do processo de
crescimento e desenvolvimento, a participação ativa e a educação para a saúde dos
elementos mencionado;
h a equipe interdisciplinar que presta assistência à mulher-RN-família deve atuar
de forma integrada, visando um atendimento adequado, segundo Carter;
h as atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas pela equipe
interdisciplinar ligadas à saúde da mulher-RN-família, devem refletir atitudes de
respeito ao ser humano e reverter em benefício de uma melhor assistência;
h a equipe deve exercer um papel atuante na educação da mulher/acompanhante e
grupo familiar, com vistas ao preparo e adaptação ao aleitamento materno,
desenvolvimento da confiança e capacidade de cuidar do filho, execução de cuidados
básicos de saúde e planejamento familiar;
h todo pessoal deve ter qualificação da assistência a que tem direito a mãe-RN e a
família;
h a parturiente não deixará de ser assistida por quaisquer problemas burocráticos.
Ou as rotinas terão flexibilidade suficiente para todas e quaisquer exceções, ou serão
adaptadas após a geração do fato;
h o desenvolvimento de atividades será de forma integrada quanto às unidades que
operam na maternidade, ou com ela se relacionem;
h a mulher deve permanecer internada o tempo suficiente para que sejam
atendidas suas necessidades assistenciais e de educação em saúde.
APÊNDICE A
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
De acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde
Prezado (a) participante
Sou enfermeira, professora do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal
de Santa Catarina e atualmente estou cursando o Doutorado em Enfermagem nesta mesma
Universidade. Esta pesquisa, denominada: “A Poesia de cuidar do recém-nascido pré-
termo: uma conexão entre o sensível, o intuitivo e o científico” tem como objetivo:
Evidenciar a sensibilidade e a intuição na prática diária dos profissionais de uma equipe
de Enfermagem de uma Unidade de Internação Neonatal.
Ela resultará em uma Tese de Doutorado que me outorgará o título de Doutora em
Enfermagem.
A pesquisa será desenvolvida de forma compartilhada, por meio de Entrevistas e
Observação do cuidado prestado. As entrevistas serão gravadas, caso o grupo concorde. A
privacidade, anonimato e o sigilo do (a) participante serão garantidos durante todo o
desenvolvimento da pesquisa.
O (a) participante poderá desistir de participar da pesquisa em qualquer momento que
julgar necessário.
Atenciosamente,
Enfermeira Maria Emilia de Oliveira
Autorização do (a) participante:
Declaro que estou CIENTE do conteúdo deste termo e dos objetivos da pesquisa, e
que aceito participar da mesma, conforme consta neste documento.
Nome Completo: RG:
Assinatura:
Florianópolis, ..............de ...................................................de 200
APÊNDICE B
RESPOSTAS DAS ENTREVISTAS
O presente quadro foi construído retirando-se das expressões-chave utilizadas pelos
profissionais de Enfermagem, as idéias centrais que estão sinalizadas em itálico, bem
como a ancoragem que encontra-se em itálico e sublinhada. As idéias centrais e as
ancoragens que tinham o mesmo significado foram identificadas por letras (A,B,C,D,
E). Em seguida, as idéias centrais semelhantes foram reescritas, construindo-se a partir
das mesmas, a Idéia Central Síntese. Abaixo da Idéia Central Síntese foi descrito o
número de entrevistas utilizadas para a composição da Idéia Central Síntese e do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), e em seguida escreveu-se o respectivo DSC.
QUESTÃO 1: Você considera que usa a intuição e a sensibilidade no cuidado de
enfermagem ao recém-nascido pré-termo? Como?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
PE 1- O tempo todo, até
percebo a diferença
quando estou cansada ou
com algum problema
pessoal, daí o cuidado
torna-se mais mecanizado.
A intuição passa
despercebida. É necessário
estar em sintonia com o
paciente, e para estar em
sintonia precisa estar
disponível. Cada bebê tem
uma personalidade
diferente que deve ser
1ª idéia –uso o tempo todo,
quando estou cansada ou
com problema o cuidado
torna-se mais mecanizado.
C
2ª idéia - para perceber a
intuição e a sensibilidade
precisa estar em sintonia,
precisa estar disponível.
A intuição e a
sensibilidade permitem
captar a mensagem do
bebê.
A
percebida com intuição e
sensibilidade. Quando
você percebe um choro
diferente, mesmo que tudo
pareça em ordem, você
sabe que algo não está
bem, você capta a
mensagem do bebê quando
utiliza a intuição e a
sensibilidade. A intuição e
a sensibilidade são
vivenciadas o tempo todo
com o rn, com a família e
mesmo com a equipe, e a
cada dia você vai
aprimorando.
A
3ª idéia – você usa o tempo
todo e a cada dia vai
aprimorando.
B
PE 2 – Sim, uso a intuição
e a sensibilidade o tempo
todo no cuidado,
Considero muito
importante, porque desta
forma, você pode ver o
bebê de outra forma,
consegue prever o que o
bebê ou a família
necessita, conhece o
paciente nas suas
particularidades.
Conhecendo o paciente,
você cuida dele de forma
1ª idéia – uso o tempo
todo, porque considero
importante, você pode ver
o bebê de outra forma.
Conhece o paciente nas
suas particularidades.
A
Permite cuidar de forma
individualizada.
A
individualizada.
PE 3 – Considero que sim,
porque com os bebês não
se tem uma resposta
objetiva, é através do uso
da intuição e sensibilidade
que posso cuidar de forma
personalizada e individual,
menos rotinizada. Procuro
utilizar a intuição e
sensibilidade em tudo que
faço, na minha vida diária.
1ª idéia – sim, porque os
bebês não tem respostas
objetivas
A
Permite cuidar de forma
individualizada.
A
PE 4 – Sim, uso, mas
muitas vezes sem perceber.
Acho importante o uso
porque no cuidado com os
recém-nascidos a
observação é fundamental,
e para desenvolver a
observação você precisa
ter sensibilidade e levar em
conta sua intuição. Acho
que a intuição é uma
percepção subjetiva, algo
que se percebe apenas de
forma subliminar.
1ª idéia – importante
porque no cuidado ao
recém-nascido a
observação é fundamental.
Percepção subjetiva
A
PE 5 – Sim, considero que
uso em todos os momentos,
apesar de muitas vezes me
sentir assoberbada pela
rotina diária, considero que
a intuição e a sensibilidade
são sempre visadas,
olhando o bebê de uma
forma especial. Quando
lido com os familiares
percebo mais o uso da
intuição pois ali você
precisa aguçar todos os
seus sentidos, já na técnica
propriamente dita, acho
que a intuição e a
sensibilidade são usadas de
forma muito subliminar.
Quando faço uma técnica e
não levo em conta minha
intuição, percebo que
muitas vezes a técnica não
dá certo, por exemplo,
pegar uma veia: as vezes
vejo veias ótimas, mas
acho que devo pegar outra
não tão visível. A equipe
toda diz, não esta aqui está
ótima, bem visível, aí vou
contra minha intuição,
pronto, não consigo
realizar a técnica. Acho
que a intuição e a
1ª idéia – uso em todos os
momentos, me levam para
um caminho que mostra a
melhor forma de fazer, te
guia, te direciona nas suas
ações.
A
Permitem captar a
mensagem do bebê.
A
sensibilidade te levam
para um caminho que
mostra a melhor forma de
fazer, uma forma que te
guia, que te direciona nas
suas ações, Extrapola o
protocolo, a rotina, te faz
fluir, te leva a ouvir a sua
voz interna.
PE 6 – Considero que uso
sim, pois os bebês pelo
fato de se comunicarem
por meio de expressões,
acabam te induzindo a
isto. A intuição e a
sensibilidade são caminhos
que respondem as
necessidades do cuidado
quando a ciência por si só
não dá mais conta, já
ultrapassou todos os
limites.
1ª idéia - uso, pois os
bebês pelo fato de se
comunicarem por meio de
expressões te induzem a
isto.
A
Permitem captar a
mensagem do bebê.
A
PE 7 – Sim, pois o bebê,
principalmente o pré-
termo é um ser que não
responde muito as suas
demandas, então você
precisa estar atento para
ver o que não se mostra,
1ª idéia – sim, pois os
bebês não respondem as
suas demandas. Você
precisa estar atento para
ver o que não se mostra,
ouvir o que não é dito,
imaginar o que se passa.
ouvir o que não é dito,
imaginar o que se passa.
A
PE 8 – Acredito que sim,
principalmente porque o
bebê não se manifesta de
forma clara, é necessário
olha-lo com todos os
sentidos. Em relação a
família, sinto que muitas
vezes, as mesmas só
precisam de um ombro
amigo, não se manifestam,
mas se você utiliza a
intuição e sensibilidade,
muitas vezes um simples
toque, um simples ouvir
pode fazer a diferença para
eles.
1ª idéia – sim, pois o bebê
não se manifesta de forma
clara, é necessário olhá-lo
com todos os sentidos.
A
Permite captar a
mensagem do cliente.
A
PE 9 – Acho que sim,
mesmo seguindo a rotina.
O que acontece quando
utilizamos a rotina é que o
cuidado fica muito
mecanizado. Sinto que
quando me dou conta da
intuição e da sensibilidade
no cuidado, consigo
observar melhor o rn e
1ª idéia – acho que sim,
mesmo seguindo a rotina,
que deixa o cuidado mais
mecanizado.
C
2ª idéia – consigo observar
melhor o recém-nascido e
atender melhor as suas
especificidades.
Permite a compreensão do
cliente e cuidar de forma
individualizada.
A
atender melhor as suas
especificidades.
A
PE 10 – Uso o tempo todo.
E este uso me coloca em
sintonia com o bebe, com a
família e com a equipe.
Cada bebe tem uma
particularidade, um jeito
próprio de ser e para
compreende-lo precisamos
usar a nossa intuição e
sensibilidade.
1ª idéia – uso o tempo todo
e o uso me coloca em
sintonia com o cliente.
A
Permite a compreensão do
cliente.
A
PE 11 – Acho que uso a
intuição algumas vezes, já
a sensibilidade sempre.
Muitas vezes a rotina deixa
o cuidado muito
mecanizado. O uso da
intuição e sensibilidade
permite observar as
particularidades de cada
bebê.
1ª idéia – uso, mas a rotina
deixa o cuidado
mecanizado.
C
2ª idéia – permite observar
as particularidades de cada
bebê
A
Permite a compreensão do
cliente.
A
PE 12 – Uso, mas acredito
que os profissionais em
geral não dão muita
importância. O cuidado
diário acaba tornando-se
1ª idéia – uso, mas não é
valorizado pela maioria
dos profissionais.
B
Permite a compreensão do
cliente.
A
rotinizado muitas vezes,
sem que nos demos conta
destes elementos. O uso da
intuição e da sensibilidade
permite observar o rn com
outros olhos.
2ª idéia – a rotina
mecaniza o cuidado.
C
3ª idéia – permite observar
o recém-nascido com
outros olhos
A
PE 13 – Sim, porque com o
bebê não se conta com
respostas objetivas, o
tempo todo você usa da
s
ubjetividade e por isto
precisa usar a intuição e
muita sensibilidade.
1ª idéia- sim, porque com
o bebê não se conta com
respostas objetivas
A
PE 14 – Sim, acho que uso,
pois só desta forma posso
cuidar de um ser com
tantas particularidades
quanto o rn. No caso dos
familiares considero
extremamente importante,
pois possibilita uma maior
aproximação e desta forma
um melhor cuidado.
1ª idéia – sim, porque o
recém-nascido tem muitas
particularidades.
A
Permite cuidar de forma
individualizada
A
PE 15 – Claro, pois ao
cuidar de bebês você fica
muito sem saber o que
1ª idéia - sim, pois o bebê
não te dá respostas claras.
A
Permite a compreensão do
cliente.
A
fazer, ele não te dá
respostas claras. Ele
precisa que você o
compreenda, e só com
intuição e sensibilidade
você consegue isto.
PE 16 – Olha, até acho
que uso, mas na grande
maioria das vezes não
percebo, talvez porque não
dê um grande valor
principalmente a intuição.
A sensibilidade já é uma
coisa que não dá como não
perceber, mas muitas vezes
você deixa a técnica te
dominar e daí o bebê
acaba sendo prejudicado.
1ª idéia – uso , mas não
percebo, porque talvez não
valorize, principalmente a
intuição.
B
2ª idéia – muitas vezes
você deixa a técnica te
dominar, e o bebê fica
prejudicado.
C
PE 17 – Cuidar de um rn
exige de você algumas
particularidades e acredito
que o uso da intuição e da
sensibilidade são muito
importantes. Como poderia
cuidar de alguém que não
manifesta se está bem, se
tem algum problema, que
não emite muitas vezes
nenhum som, se não
1ª idéia - cuidar de recém-
nascidos exige
particularidades, por isto
uso a intuição e a
sensibilidade.
A
deixasse fluir sentimentos
como a intuição e a
sensibilidade? Acho quase
impossível.
PE 18 – Sempre, em todos
os momentos. Utilizo a
intuição e a sensibilidade
mesmo fora da minha vida
profissional. Acho que
desta forma posso
perceber mais claramente
o que o rn precisa.
1ª idéia – sempre em todos
os momentos, permite
perceber mais claramente o
que o recém-nascido
precisa.
A
Permite a compreensão do
cliente.
A
PE 19 – Não sei, acho que
sim. A intuição
normalmente não é muito
considerada, então a gente
fica um pouco sem graça
de dizer que se utiliza dela
no cuidado, pois isto não é
nada científico. A
sensibilidade, acho que
deve ser uma
característica inerente de
todos os profissionais da
saúde.
1ª idéia – utiliza, mas
como não é considerada,
fica sem graça de dizer.
B
2ª idéia – deve ser uma
característica inerente de
todos os profissionais da
saúde.
D
PE 20 – Sim, claro, como
cuidar se não for desta
forma? Nem sempre a
ciência dá conta de tudo, e
1ª idéia – o trabalho
rotinizado, sem pensar e
sem utilizar a intuição e a
sensibilidade faz os bebês
Permite a compreensão do
cliente.
A
a técnica rotinizada, feita
sem pensar, sem utilizar a
intuição e a sensibilidade
faz os bebês sofrerem
muitas vezes. Quando você
usa a intuição e a
sensibilidade você permite
que o bebe e a família
sejam cuidados de forma
diferenciada, você os olha
de forma diferente.
sofrerem muitas vezes.
C
2ª idéia – permite que o
bebê e a família sejam
cuidados de forma
diferenciada, você os olha
de forma diferente.
A
IDÉIAS CENTRAIS SINTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO:
Idéia Central Síntese 1 - O uso da intuição e da sensibilidade permite colocar-se em
sintonia com o cliente, percebendo suas particularidades e proporcionando um cuidado
individualizado.
(18 entrevistas)
IC1 – para perceber a intuição e a sensibilidade precisa estar em sintonia, precisa estar
disponível;
IC2 - uso o tempo todo, porque considero importante, você pode ver o bebê de outra
forma. Permite conhecer o paciente nas suas particularidades;
IC3 – sim, porque o bebê não tem respostas objetivas;
IC4 - importante porque no cuidado ao recém-nascido a observação é fundamental.
Percepção subjetiva;
IC5 - uso em todos os momentos, me leva para um caminho que mostra a melhor forma
de fazer, te guia, te direciona nas suas ações;
IC6 - uso, pois os bebês pelo fato de se comunicarem por meio de expressões te
induzem a isto;
IC7 – sim, pois os bebês não respondem as suas demandas. Você precisa estar atento
para ver o que não se mostra, ouvir o que não é dito, imaginar o que se passa;
IC8 - sim, pois o bebê não se manifesta de forma clara, é necessário olha-lo com todos
os sentidos;
IC9 – sim, pois consigo observar melhor o recém-nascido e atender melhor as suas
especificidades;
IC10 - uso o tempo todo e o uso me coloca em sintonia com o cliente;
IC11 - permite observar as particularidades de cada bebê;
IC12 - permite observar o recém-nascido com outros olhos;
IC13 - sim, porque com o bebê não se conta com respostas objetivas;
IC14 - sim, porque o recém-nascido tem muitas particularidades;
IC15 - sim, pois o bebê não te dá respostas claras;
IC17 - cuidar de recém-nascidos exige particularidades, por isto uso a intuição e a
sensibilidade;
IC18 - sempre em todos os momentos, permite perceber mais claramente o que o recém-
nascido precisa;
IC20 – permite que o bebê e a família sejam cuidados de forma diferenciada, você os
olha de forma diferente.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Sim uso, porque para cuidar do recém-nascido você precisa estar em sintonia, e para
estar em sintonia você precisa estar disponível, e você só se mostra disponível quando
se utiliza da intuição e da sensibilidade. No cuidado com os recém-nascidos, a
observação é fundamental, uma vez que eles não te dão respostas objetivas. Cada bebê
tem uma particularidade, um jeito próprio de ser e para compreendê-lo precisamos
usar nossa intuição e sensibilidade. Você precisa olhar o bebê utilizando todos os seus
sentidos, estando atento para ver o que não se mostra, ouvir o que não é dito e
imaginar o que se passa. É desta forma que você se coloca em sintonia com o bebê, com
a família, com a equipe. Você capta a mensagem do cliente quando utiliza a intuição e
a sensibilidade. Conhecendo o cliente você cuida dele de forma individualizada,
personalizada, menos rotinizada. Muitas vezes usa-se sem perceber, pois a intuição é
uma percepção subjetiva, algo que se percebe apenas de forma subliminar. A intuição e
a sensibilidade te levam para um caminho que mostra a melhor forma de fazer, uma
forma que te guia que te direciona nas suas ações. A intuição e a sensibilidade são
caminhos que respondem as necessidades do cuidado quando a ciência por si só não dá
mais conta, já ultrapassou todos os limites. São elementos que extrapolam o protocolo,
a rotina, te fazem fluir, te levam a ouvir sua voz interna. O uso da intuição e da
sensibilidade possibilita uma maior aproximação e desta forma um melhor cuidado,
permite perceber mais claramente o que o recém-nascido precisa.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e a sensibilidade não são percebidas no cuidado,
porque na grande maioria das vezes não são valorizadas.
(04 entrevistas)
IC1 - você usa o tempo todo e a cada dia vai aprimorando;
IC12 - uso, mas não é valorizado pela maioria dos profissionais;
IC16 - uso, mas não percebo, porque talvez não valorize principalmente a intuição;
IC19 - utilizo, mas como não é considerada, fico sem graça de dizer.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
A intuição e a sensibilidade são vivenciadas o tempo todo com o recém-nascido, a
família e a equipe e a cada dia você vai aprimorando. O que acontece é que na grande
maioria das vezes, você as usa, mas não percebe porque não são valorizadas no
cuidado. Os profissionais em geral não dão muita importância. A intuição
principalmente não é muito considerada, então a gente fica sem graça de dizer que se
utiliza dela no cuidado, pois isto não é nada científico.
Idéia Central Síntese 3 – A rotina, sem o uso da intuição e da sensibilidade torna o
cuidado mecanizado.
(06 entrevistas)
IC1 – uso o tempo todo, quando estou cansada ou com problema, o cuidado torna-se
mais mecanizado;
IC9 - acho que sim, mesmo seguindo a rotina, que deixa o cuidado mais mecanizado;
IC11 - a rotina mecaniza o cuidado;
IC12 - uso, mas a rotina deixa o cuidado mecanizado;
IC16 - muitas vezes você deixa a técnica te dominar, e o bebê fica prejudicado;
IC20 - o trabalho rotinizado faz muitas vezes os bebês sofrerem.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 –
Uso o tempo todo, e percebo quando estou cansada ou com algum problema que o
cuidado torna-se mais mecanizado. A rotina deixa o cuidado mecanizado, mas mesmo
seguindo a rotina, procuro utilizar a intuição e a sensibilidade. Muitas vezes você deixa
a técnica te dominar, e o cuidado fica prejudicado. O trabalho rotinizado, feito sem
pensar, sem utilizar a intuição e a sensibilidade, faz os bebês sofrerem muitas vezes.
Idéia Central Síntese 4 – O uso da intuição e da sensibilidade deve ser uma
característica de todos os profissionais da saúde.
(01 entrevista)
IC19 - deve ser uma característica de todos os profissionais da saúde.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4 –
A intuição e a sensibilidade devem ser características inerentes a todo profissional da
saúde.
QUESTÃO 2: Você anota este cuidado? Acha importante anotar? Por quê?
EXPRESSÕES-CHAVE IDÉIAS CENTRAIS ANCORAGEM
PE 1- Não anoto no 1ª idéia – não anoto no O cuidado seria mais
prontuário, só passo no
plantão ou anoto no livro
de intercorrências. Acho
importante anotar, porque
desta forma se
desmistificaria a parte da
ética com a intuição.Se a
equipe anotasse as
particularidades do
cuidado prestado, com
certeza o cuidado de
enfermagem seria mais
visível.
prontuário, passo no
plantão ou no livro de
intercorrências.
A
2ª idéia – importante
anotar, porque se
desmistifica a parte da
ética com a intuição. Se a
equipe anotasse o cuidado
seria mais visível.
B
visível
B
PE 2 – Não anoto, acho
importante, mas considero
que posso ser mal
interpretada se o fizer.
Acho que a grande maioria
das pessoas é muito
prática, valoriza mais a
cientificidade do que a
intuição e a sensibilidade.
Considero que se formos
boas observadoras,
poderemos prever
mudanças no estado da
criança antes que a mesma
chegue ao nível crítico.
1ª idéia – não anoto, pois
considero que posso ser
mal interpretada.
A
2ª idéia – se formos boas
observadoras, poderemos
prever mudanças no estado
da criança.
B
O cuidado seria mais
visível
B
PE 3 – Não anoto, acho 1ª idéia – não anoto, acho O cuidado seria mais
importante anotar mas não
é o hábito na unidade e
acho que nem todas
pessoas reconhecem como
importante, por isto não
valorizam. Acho que a
anotação deste cuidado
prepararia a equipe
previamente, no sentido de
melhor conhecer o bebê,
pois é uma percepção que
te aproxima mais do
cliente e que permite o
cuidado individualizado.
Anotar mobilizaria mais a
equipe em relação aos
pequenos sinais no
cuidado prestado aos
recém-nascidos e suas
famílias
importante, mas não é o
hábito, e nem todas
pessoas reconhecem como
importante.
A
2ª idéia – prepararia a
equipe previamente no
sentido de melhor
conhecer o bebê.
Mobilizaria em relação aos
pequenos sinais no cuidado
prestado aos recém-
nascidos e famílias
B
visível
B
PE 4 – Não anoto, e
acredito que não se anota
pelo fato de a intuição e a
sensibilidade não serem
percebidas, valorizadas no
cuidado. Acho importante
anotar e começar a
perceber a sua importância
no cuidado. Anotar pode
possibilitar um cuidado
1ª idéia – não anoto, e
acredito que não se anota
pelo fato de não serem
percebidos, valorizados no
cuidado.
A
2ª idéia – acho importante
anotar e começar a
perceber a sua importância
O cuidado seria mais
visível
B
mais individualizado,
torna público o observado
e possibilita que todos os
profissionais conheçam as
individualidades do bebê
prestem um cuidado de
forma mais
particularizada. Anotar
exercitará a percepção do
cuidado prestado,
evidenciando o que
normalmente não é
percebido no dia a dia.
Acredito que desta forma a
equipe refletiria nas suas
ações diárias e valorizaria
o trabalho que
desempenha.
no cuidado. Pode
possibilitar um cuidado
mais individualizado, torna
público o observado e
possibilita que todos os
profissionais conheçam as
individualidades do bebê.
B
3ª idéia – desta forma a
equipe refletiria nas suas
ações diárias e valorizaria
o trabalho que desempenha
C
PE 5 – Não anoto e muitas
vezes nem compartilho o
que fiz com a equipe. Faço
bem escondidinho.
Considero que o fato de
anotar poderia ser
importante no
estabelecimento de novas
rotinas e daria um outro
direcionamento ao
cuidado de enfermagem.
Acho que como não se
valoriza a intuição e a
1ª idéia – não anoto e
muitas vezes nem
compartilho o que fiz com
a equipe.
A
2ª idéia – considero que o
fato de anotar poderia ser
importante no
estabelecimento de novas
rotinas e daria um outro
direcionamento ao cuidado
de enfermagem.
O cuidado seria mais
visível
B
sensibilidade, a decisão de
anotar levaria a
resistências por parte da
equipe de saúde. A
diferença no cuidado seria
que olharíamos para o
bebê e família de uma
forma mais
individualizada, sem
seguir uma rotina pré-
estabelecida, adaptando o
cuidado a cada paciente
em particular.
C
3ª idéia – a diferença no
cuidado seria que
olharíamos para o bebê e
família de uma forma mais
individualizada, sem seguir
uma rotina pré-
estabelecida, adaptando o
cuidado a cada paciente
em particular.
B
PE 6 – Não anoto porque
não é valorizado, e embora
nos últimos anos se tenha
buscado uma visão mais
sensível pela própria
história da ciência, ainda
há muitas reticências em
relação ao seu uso. O que
se valoriza em relação ao
profissional da saúde é a
técnica bem feita, a
rapidez, a liderança. A
enfermagem não se dá
conta do trabalho que
realiza. Se
considerássemos o sensível
e o intuitivo no cuidado
1ª idéia – não anoto,
porque não é valorizado, e
embora nos últimos anos
se tenha buscado uma
visão mais sensível pela
própria história da ciência,
ainda há muitas reticências
em relação ao seu uso.
A
2ª idéia – a enfermagem
não se dá conta do trabalho
que realiza. Se
considerássemos o sensível
e o intuitivo no cuidado
profissional , com certeza
seríamos mais valorizados
profissional, com certeza
seríamos mais valorizados
na profissão. Anota-se as
técnicas, mas não as
especificidades do cuidado
prestado, a atitude do
profissional frente ao
cliente não é valorizada no
cuidado de enfermagem,
por esta razão não é
anotada. Se a equipe
anotasse o cuidado seria
favorecido, pois
iniciaríamos um processo
de valorização destes
elementos. Acredito que a
intuição e a sensibilidade
no cuidado só serão
valorizadas quando forem
anotadas.
na profissão. Se a equipe
anotasse, o cuidado seria
favorecido, pois
iniciaríamos um processo
de valorização destes
elementos. A intuição e a
sensibilidade no cuidado
só serão valorizadas
quando forem anotadas.
C
PE 7 – Não anoto, acho
que se anotar posso não
ser bem interpretada, pois
não é muito científico. Se
começasse a anotar acho
que faria a diferença no
cuidado, porque
despertaria a atenção dos
profissionais de saúde
para o cuidado prestado.
1ª idéia – não anoto, acho
que se anotar posso não ser
bem interpretada, pois não
é muito científico.
A
2ª idéia – se começasse a
anotar faria diferença no
cuidado, porque
despertaria a atenção dos
O cuidado seria mais visível
Contribuiria para que os
profissionais ficassem
mais atentos as
particularidades de cada
bebê e de sua família.
profissionais de saúde para
o cuidado prestado.
C
3ª idéia – contribuiria para
que os profissionais
ficassem mais atentos as
particularidades de cada
bebê e sua família.
B
PE 8 – Não anoto, apenas
passo no plantão, mas
considero que se
anotássemos a equipe de
saúde daria mais
importância ao cuidado
prestado pela enfermagem,
pois estaríamos
evidenciando as
particularidades do
cuidado.
1ª idéia – não anoto,
apenas passo no plantão
A
2ª idéia – considero que se
anotássemos a equipe de
saúde daria mais
importância ao cuidado
prestado pela enfermagem
C
PE 9 – Anoto as vezes, mas
acho que se anotássemos
sempre, as
particularidades do
cuidado seriam mais
valorizadas. Despertaria
os profissionais da saúde
para a importância destes
1ª idéia – anoto as vezes,
mas acho que se
anotássemos sempre, as
particularidades do
cuidado seriam mais
valorizadas. A anotação
despertaria os profissionais
da saúde para a
elementos e a necessidade
de se estar sempre
disponível para o cliente.
importância destes
elementos e a necessidade
de se estar sempre
disponível para o cliente.
B
PE 10 – Anoto a técnica
em si, mas as
particularidades que tem o
cuidado, ou seja, o uso da
intuição e da
sensibilidade, não, porque
não é científico. Acho
importante anotar porque
desta forma o outro
profissional ao ler o
descrito já tem uma outra
visão do cliente, ou seja,
ele pode cuidar de forma
mais individualizada. Acho
que anotar melhoraria o
cuidado prestado.
1ª idéia – anoto a técnica
em si, mas as
particularidades que tem o
cuidado, ou seja, o uso da
intuição e da sensibilidade
não, porque não é
científico.
A
2ª idéia – acho importante
anotar porque desta forma
o outro profissional ao ler
o descrito já tem uma visão
do cliente, ou seja, ele
pode cuidar de forma mais
individualizada. Acho que
anotar melhoraria o
cuidado prestado.
B
O cuidado seria mais visível
B
PE 11 – Não anoto porque
não é técnico, acho que as
pessoas não valorizam o
uso da intuição e da
sensibilidade. Ao anotar, o
1ª idéia – não anoto porque
não é técnico, acho que as
pessoas não valorizam o
uso da intuição e da
sensibilidade.
O cuidado seria mais visível
B
profissional poderia
avaliar melhor a sua
prática diária, se dar
conta das suas ações
cotidianas. Seria
importante anotar pois
possibilitaria cuidar de
forma individualizada.
A
2ª idéia – ao anotar, o
profissional poderia avaliar
melhor a sua prática diária,
se dar conta de suas ações
cotidianas. Possibilitaria
cuidar de forma
individualizada.
B
PE 12 – Acho importante
anotar, mas não anoto.
Acredito que ao anotar
estaríamos desmistificando
as diferenças estabelecidas
entre a ciência e os
sentimentos.
1ª idéia – acho importante
anotar, mas não anoto. Ao
anotar estaríamos
desmistificando as
diferenças estabelecidas
entre a ciência e os
sentimentos.
A
PE 13 – Acho importante
anotar, mas não anoto.
Considero que a equipe
não valoriza as
especificidades do
cuidado. Anotar chamaria
a atenção para o não dito,
o não visível.
1ª idéia – acho importante
anotar, mas não anoto.
Considero que a equipe
não valoriza as
especificidades do
cuidado.
A
2ª idéia – anotar chamaria
a atenção para o não dito, o
não visível.
B
PE 14 – Não anoto,
considero importante
anotar, pois se
anotássemos os
profissionais de saúde em
geral poderiam conhecer
melhor o recém-nascido.
Pelo fato de não se anotar,
o recém-nascido não é
cuidado dentro de suas
individualidades, passando
muitas vezes por estressse
desnecessário.
1ª idéia – não anoto,
considero importante
anotar.
A
2ª idéia – se anotássemos
os profissionais de saúde
em geral poderiam
conhecer melhor o recém-
nascido. Pelo fato de não
se anotar, o recém-nascido
não é cuidado dentro de
suas individualidades.
B
PE 15 – Não, não anoto,
pois acho que a maioria
das pessoas não levaria
em consideração esta
anotação. Acho que é
importante anotar, mesmo
que seja difícil no início,
pois desta forma
poderíamos mostrar como
o cuidado realmente está
sendo realizado.
1ª idéia – não, não anoto
pois acho que a maioria
das pessoas não levaria em
consideração esta
anotação.
A
2ª idéia – acho importante
anotar,
mesmo que seja difícil no
início, pois
poderíamos mostrar como
o cuidado
O cuidado seria mais
visível
B
realmente está sendo
realizado.
C
PE 16 – É verdade, nunca
pensei em anotar, pois não
há uma demanda para tal,
o que se cobra é a
anotação da técnica, do
estado do bebê, dados
técnicos. Acho que se
houvesse uma demanda
para se anotar o uso da
intuição e sensibilidade
seria bastante difícil, talvez
precisássemos de um
treinamento prévio, não
sei, mas pode ser
interessante, pois desta
forma mostraríamos que a
enfermagem cuida de
forma individualizada.
1ª idéia – nunca pensei em
anotar, pois não há uma
demanda para tal, o que se
cobra é a anotação da
técnica, dados técnicos.
A
2ª idéia – se houvesse uma
demanda para se anotar,
seria bastante difícil, talvez
precisasse de um
treinamento prévio.
D
3ª idéia – ao anotar,
mostraríamos que a
enfermagem cuida de
forma individualizada.
B
PE 17 – Não anoto, mas
considero importante
talvez nos olhassem de
outra forma, ou olhassem
o cuidado prestado pela
enfermagem com um outro
olhar. Já pensou? Ao
1ª idéia – não anoto, mas
considero importante.
A
2ª idéia – se anotasse
talvez nos olhassem de
outra forma, ou olhassem o
O cuidado seria mais visível
B
anotarmos, estaríamos
mostrando as
individualidades do bebê,
e o profissional do outro
turno já conheceria
algumas preferências
observadas e poderia por
este cuidado em prática,
sem esperar que o bebê
chorasse para isto.
cuidado prestado pela
enfermagem com um outro
olhar.
C
3ª idéia – ao anotar,
estaríamos mostrando as
individualidades do bebê, e
o profissional do outro
turno já conheceria
algumas preferências e
poderia por isto em prática.
B
PE 18 – Não anoto, mas
considero importante no
sentido de podermos
avaliar melhor o que
fazemos e o que os outros
fazem. Ao anotar,
mostramos as preferências
do bebê.
1ª idéia – não anoto, mas
considero importante no
sentido de podermos
avaliar melhor o que
fazemos e o que os outros
fazem. Ao anotar
mostramos as preferências
do bebê.
B
O cuidado seria mais visível
B
PE 19 – Anotar? Nunca
pensei em anotar, até
porque fica um pouco
esquisito, pois
normalmente a chefia
cobra a anotação da
técnica e não se fala em
1ª idéia – nunca pensei em
anotar, pois fica esquisito,
já que a chefia cobra a
anotação da técnica e nem
se fala em intuição e
sensibilidade.
intuição e sensibilidade,
mas agora que você está
falando talvez se
anotássemos pudéssemos
olhar para o recém-
nascido e a família com
outros olhos, daríamos
indícios do que o bebê
gosta, de como agimos em
determinada situação, se
deu certo ou não , e assim
os profissionais nos outros
turnos já saberiam de
antemão como agir.
A
2ª idéia – se anotássemos
poderíamos olhar o recém-
nascido e a família com
outros olhos, daríamos
indícios do que o bebê
gosta, de como agimos em
determinada situação, e
assim os profissionais nos
outros turnos já saberiam
como agir.
B
PE 20 – Se anoto, não,
anoto a técnica em si,
algumas vezes coloco que
o bebê se apresentou de
uma certa maneira, que
parecia não estar bem
adaptado, choroso, mas
não entro em detalhes
tenho medo de ser mal
interpretada. Acho que se
anotássemos o bebê seria
cuidado de forma
individualizada.
1ª idéia – não anoto, anoto
a técnica em si, algumas
vezes coloco que o bebê se
apresentou de uma certa
maneira, que parecia não
estar bem adaptado,
choroso, mas não entro em
detalhes, tenho medo de
ser mal interpretada.
A
2ª idéia – se anotássemos o
bebê seria cuidado de
forma individualizada.
B
O cuidado seria mais visível
B
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e sensibilidade, não são anotadas no cuidado de
enfermagem prestado ao recém-nascido pré-termo, pois além de não serem valorizadas
e reconhecidas pelos profissionais em geral, não são consideradas como científicas.
(18 entrevistas)
IC1 - não anoto no prontuário, passo no plantão ou no livro de intercorrências;
IC2 - não anoto, pois considero que posso ser mal interpretada;
IC3 - não anoto, acho importante, mas não é o hábito, e nem todas pessoas reconhecem
como importante;
IC4 - não anoto, e acredito que não se anota pelo fato de não serem percebidos,
valorizados no cuidado;
IC5 - não anoto e muitas vezes nem compartilho o que fiz com a equipe;
IC6 - não anoto, porque não é valorizado, e embora nos últimos anos se tenha buscado
uma visão mais sensível pela própria história da ciência, ainda há muitas reticências em
relação ao seu uso;
IC7 - não anoto, acho que se anotar posso não ser bem interpretada, pois não é muito
científico;
IC8 - não anoto, apenas passo no plantão;
IC10 - anoto a técnica em si, mas as particularidades que tem o cuidado, ou seja, o uso
da intuição e da sensibilidade não, porque não é científico;
IC11 - não anoto porque não é técnico, acho que as pessoas não valorizam o uso da
intuição e da sensibilidade;
IC12 - acho importante anotar, mas não anoto;
IC13 - acho importante anotar, mas não anoto. Considero que a equipe não valoriza as
especificidades do cuidado;
IC14 - não anoto, considero importante anotar;
IC15 - não, não anoto, pois acho que a maioria das pessoas não levaria em consideração
esta anotação;
IC16 - nunca pensei em anotar, pois não há uma demanda para tal, o que se cobra é a
anotação da técnica, dados técnicos;
IC17 - não anoto, mas considero importante;
IC19 - nunca pensei em anotar, pois fica esquisito, já que a chefia cobra a anotação da
técnica e nem se fala em intuição e sensibilidade;
IC20 - não anoto, anoto a técnica em si, algumas vezes coloco que o bebê se apresentou
de uma certa maneira, que parecia não estar bem adaptado, choroso, mas não entro em
detalhes, tenho medo de ser mal interpretada.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Não anoto no prontuário, passo no plantão ou no livro de intercorrências. Considero
que se anotar, pode ser mal interpretado, pois não é o hábito e nem todas as pessoas
reconhecem como importante e não é muito científico. Acredito que não se anota pelo
fato de não serem percebidos, valorizados no cuidado. Não anoto e muitas vezes nem
compartilho com a equipe, porque não é valorizado e embora nos últimos anos se tenha
buscado uma visão mais sensível pela própria história da ciência, ainda há muitas
reticências em relação ao uso da sensibilidade e da intuição. Anoto a técnica em si, as
particularidades que tem o cuidado não anoto porque não é científico. A equipe não
valoriza as especificidades do cuidado. Não anoto, pois não há uma demanda para tal,
o que se cobra é a anotação da técnica. Acho importante anotar, mas acredito que se
anotasse a maioria das pessoas não levaria em consideração esta anotação.
Idéia Central Síntese 2 – A anotação da sensibilidade e da intuição no cuidado de
enfermagem pode possibilitar um cuidado mais individualizado.
(16 entrevistas)
IC1 - importante anotar, porque se desmistifica a parte da ética com a intuição. Se a
equipe anotasse o cuidado seria mais visível;
IC2 - se formos boas observadoras, poderemos prever mudanças no estado da criança;
IC3 - prepararia a equipe previamente no sentido de melhor conhecer o bebê.
Mobilizaria em relação aos pequenos sinais no cuidado prestado aos recém-nascidos e
famílias;
IC4 - acho importante anotar e começar a perceber a sua importância no cuidado. Pode
possibilitar um cuidado mais individualizado, torna público o observado e possibilita
que todos os profissionais conheçam as individualidades do bebê;
IC5 - a diferença no cuidado seria que olharíamos para o bebê e família de uma forma
mais individualizada, sem seguir uma rotina pré-estabelecida, adaptando o cuidado a
cada paciente em particular;
IC7 - contribuiria para que os profissionais ficassem mais atentos as particularidades de
cada bebê e sua família;
IC9 - anoto as vezes, mas acho que se anotássemos sempre, as particularidades do
cuidado seriam mais valorizadas. A anotação despertaria os profissionais da saúde para
a importância destes elementos e a necessidade de se estar sempre disponível para o
cliente;
IC10 - acho importante anotar porque desta forma o outro profissional ao ler o descrito
já tem uma visão do cliente, ou seja, ele pode cuidar de forma mais individualizada.
Acho que anotar melhoraria o cuidado prestado;
IC11 - ao anotar, o profissional poderia avaliar melhor a sua prática diária, se dar conta
de suas ações cotidianas. Possibilitaria cuidar de forma individualizada;
IC13 - anotar chamaria a atenção para o não dito, o não visível;
IC14 - se anotássemos os profissionais de saúde em geral poderiam conhecer melhor o
recém-nascido. Pelo fato de não se anotar, o recém-nascido não é cuidado dentro de
suas individualidades;
IC16 - ao anotar, mostraríamos que a enfermagem cuida de forma individualizada;
IC17 - ao anotar, estaríamos mostrando as individualidades do bebê, e o profissional do
outro turno já conheceria algumas preferências e poderia por isto em prática;
IC18 - não anoto, mas considero importante no sentido de podermos avaliar melhor o
que fazemos e o que os outros fazem. Ao anotar mostramos as preferências do bebê;
IC19 - se anotássemos poderíamos olhar o recém-nascido e a família com outros olhos
daria indícios do que o bebê gosta, de como agimos em determinada situação, e assim os
profissionais nos outros turnos já saberiam como agir;
IC20 - se anotássemos o bebê seria cuidado de forma individualizada.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 -
È importante anotar o uso da intuição e da sensibilidade no cuidado de enfermagem,
porque desta forma podemos desmistificar a parte da ética com a intuição. Se a equipe
anotasse o uso da intuição e da sensibilidade, o cuidado seria mais visível. Se formos
boas observadoras, poderemos prever mudanças significativas no estado da criança. O
fato de anotar prepararia a equipe previamente no sentido de melhor conhecer o bebê.
Mobilizaria em relação aos pequenos sinais no cuidado prestado aos recém-nascidos e
famílias. Anotar faz com que a equipe comece a perceber sua importância no cuidado e
possibilita um cuidado mais individualizado, torna público o observado e possibilita
que todos profissionais conheçam as individualidades do bebê. A diferença no cuidado,
seria que olharíamos o bebê e a família de uma forma mais individualizada, sem seguir
uma rotina pré-estabelecida, adaptando o cuidado a cada paciente em particular.
Contribuiria para que os profissionais ficassem mais atentos as particularidades de
cada bebê e sua família. Anotar melhoraria o cuidado prestado. Ao anotar, o
profissional poderia avaliar melhor a sua prática diária, se dar conta de suas ações
cotidianas, chamaria a atenção para o não dito, o não visível. O profissional do outro
turno, desta forma, já conheceria algumas preferências do cliente e poderia por o
cuidado em prática. Se anotássemos, poderíamos olhar o recém-nascido e a família
com outros olhos, daríamos indícios do que o bebê gosta, de como agir em
determinadas situações. O bebê seria cuidado de forma individualizada.
Idéia Central Síntese 3 – A anotação do sensível e intuitivo no cuidado de enfermagem
poderia ser importante no estabelecimento de novas rotinas e na valorização da
profissão.
(07 entrevistas)
IC4 - desta forma a equipe refletiria nas suas ações diárias e valorizaria o trabalho que
desempenha;
IC5 - considero que o fato de anotar poderia ser importante no estabelecimento de novas
rotinas e daria um outro direcionamento ao cuidado de enfermagem;
IC6 - a enfermagem não se dá conta do trabalho que realiza. Se considerássemos o
sensível e o intuitivo no cuidado profissional, com certeza seríamos mais valorizados na
profissão. Se a equipe anotasse, o cuidado seria favorecido, pois iniciaríamos um
processo de valorização destes elementos. A intuição e a sensibilidade no cuidado só
serão valorizadas quando forem anotadas;
IC7 - se começasse a anotar faria diferença no cuidado, porque despertaria a atenção dos
profissionais de saúde para o cuidado prestado;
IC8 - considero que se anotássemos a equipe de saúde daria mais importância ao
cuidado prestado pela enfermagem;
IC15 - acho importante anotar, mesmo que seja difícil no início, pois poderíamos
mostrar como o cuidado realmente está sendo realizado;
IC17 -se anotasse talvez nos olhassem de outra forma, ou olhassem o cuidado prestado
pela enfermagem com um outro olhar.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 -
Anotar a intuição e a sensibilidade no cuidado de enfermagem ao recém-nascido e
família faria com que a equipe refletisse nas suas ações diárias e valorizaria o trabalho
desempenhado pela enfermagem. Poderia ser importante no estabelecimento de novas
rotinas e daria um outro direcionamento ao cuidado de enfermagem. A enfermagem
não se dá conta do trabalho que realiza, se considerássemos o intuitivo e o sensível no
cuidado profissional, com certeza seríamos mais valorizados na profissão. Se a equipe
anotasse, o cuidado seria favorecido, pois iniciaríamos um processo de valorização
destes elementos que implicaria num processo de valorização da profissão. Considero
que se anotássemos o uso destes elementos no cuidado, a equipe de saúde daria mais
importância ao cuidado prestado pela Enfermagem. Anotar, mesmo sendo difícil no
início mostraria como o cuidado de enfermagem está realmente sendo realizado. Se
anotássemos talvez nos olhassem de outra forma, ou olhassem o cuidado prestado pela
Enfermagem com um outro olhar.
Idéia Central Síntese 4 – A anotação do intuitivo e sensível seria difícil, necessitando
de um treinamento prévio.
(01 entrevista)
IC16 -se houvesse uma demanda para se anotar, seria bastante difícil, talvez precisasse
de um treinamento prévio.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4 -
Se houvesse uma demanda para se anotar, seria bastante difícil, talvez precisasse de
um treinamento prévio.
QUESTÃO 03: Como poderíamos anotar o uso da intuição e da sensibilidade?
EXPRESSÕES CHAVE IDÉIAS CENTRAIS
PE 1- Acho que poderia começar pela
evolução da enfermeira, sendo que cada
uma iria inserindo aos poucos dados
sensíveis intuitivos. Depois de um tempo,
a equipe avaliaria e veria a possibilidade
de inserir uma prescrição específica.
1ª idéia – acho que poderia começar pela
evolução da enfermeira, sendo que cada
um iria inserindo aos poucos os dados
sensíveis intuitivos, depois de um tempo
a equipe avaliaria e veria a possibilidade
de inserir uma prescrição específica.
A
PE 2 – Difícil, mas poderia ser feito uma
experiência para ver o resultado, talvez
iniciar com as observações dos técnicos.
1ª idéia – difícil, mas poderia ser feito
uma experiência para ver o resultado,
talvez iniciar com as observações dos
técnicos.
B
PE 3 – Acho que deveria ser discutido
com toda a equipe no sentido de ver
como fazer.
1ª idéia – discutir com a equipe no
sentido de ver como fazer
C
PE 4 – Poderia ser introduzido aos
poucos, talvez nas observações dos
técnicos e desta forma a enfermeira
introduziria na sua evolução.
1ª idéia – poderia ser introduzido aos
poucos talvez nas observações dos
técnicos
B
PE 5 – como estamos usando atualmente
a prescrição no computador, e não mais o
modelo pré pronto, poderíamos inserir na
prescrição ou talvez começar pelos
técnicos anotando suas observações mais
sensíveis e intuitivas.
1ª idéia – como estamos usando a
prescrição no computador, poderíamos
inserir na prescrição da enfermeira
A
2ª idéia – talvez começar pelos técnicos
anotando suas observações mais sensíveis
e intuitivas
B
PE 6 – Acho que as instituições deveriam
trabalhar a equipe, a equipe deve ser
cuidada com sensibilidade e intuição
para poder utilizar e evidenciar estes
elementos no cuidado diário. Acho que a
passagem de plantão seria um momento
importante para começarmos a expor o
uso da intuição e da sensibilidade no
cuidado.
1ª idéia – as instituições deveriam
trabalhar a equipe, a equipe deve ser
cuidada com sensibilidade e intuição para
evidenciar estes elementos no cuidado.
D
2ª idéia – acho que a passagem de plantão
seria um momento importante para
começarmos a expor o uso da intuição e
sensibilidade no cuidado.
E
PE 7–acredito que poderíamos fazer uma
experiência para ver o resultado, talvez
iniciar pela passagem de plantão, ou nas
observações dos técnicos.
1ª idéia – acredito que poderíamos fazer
uma experiência para ver o resultado,
talvez iniciar pela passagem de plantão
E
2ª idéia – ou talvez nas observações dos
técnicos
B
PE 8 – Seria importante discutir com toda
a equipe para achar a melhor maneira de
começar a anotar.
1ª idéia – seria importante discutir com
toda a equipe para achar a melhor
maneira de começar a anotar
C
PE 9 – Poderia começar com as
observações dos técnicos, chamando a
atenção para os pequenos detalhes que a
enfermeira colocaria na sua evolução.
1ª idéia – começar com as observações
dos técnicos, chamando a atenção para os
pequenos detalhes que a enfermeira
colocaria na sua evolução.
B
PE 10 – precisa ser discutido com a
equipe, assim acharíamos a melhor
maneira. Seria interessante a chefia
marcar uma reunião.
1ª idéia – precisa ser discutido com a
equipe, seria interessante a chefia marcar
uma reunião.
C
PE 11 – Não sei como fazer, talvez
discutir com a equipe ou fazer oficinas no
horário do trabalho.
1ª não sei como fazer, talvez
discutir com a equipe ou fazer oficinas no
horário de trabalho.
C
PE 12 – Poderia ser inserida na evolução
da enfermeira a partir das observações
1ª idéia – poderia ser inserida na evolução
da enfermeira a partir das observações
dos técnicos.
dos técnicos.
B
PE 13 discutir entre a equipe seria
interessante para saber como fazer.
1ª idéia – discutir com a equipe para saber
como fazer
C
PE 14 – Precisa uma cobrança da chefia,
a partir da chefia deve ser discutido entre
a equipe como fazer.
1ª idéia – cobrança da chefia, a partir da
chefia deve ser discutido com a equipe
como fazer
C
PE 15 – Talvez iniciar com a evolução da
enfermeira, mostrando que utiliza a
intuição e sensibilidade e como faz e
avaliar depois de um tempo.
1ª idéia – iniciar com a evolução da
enfermeira, mostrando que utiliza a
intuição e sensibilidade e como faz e
avaliar depois de um tempo.
A
PE 16 – não sei, talvez nas observações
dos técnicos, com uma demanda da
chefia.
1ª idéia – não sei, talvez nas observações
dos técnicos, com uma demanda da
chefia.
B
PE 17 – Sei que pode ser feito, não sei
bem como, mas acho que o
encaminhamento via chefia para que os
técnicos colocassem tudo que é
observado nas anotações seria
importante.
1ª idéia – sei que pode ser feito, não sei
bem como, mas acho que o
encaminhamento via chefia para que os
técnicos colocassem tudo o que é
observado nas anotações seria importante.
B
PE 18 –Talvez precise ser discutido entre
a equipe, para que juntos possamos
tomar a melhor decisão.
1ª idéia - talvez precise ser discutido entre
a equipe, para que juntos possamos tomar
a melhor decisão.
C
PE 19 –Acredito que poderíamos
começar pelas observações, anotando
tudo o que fazemos, com detalhes. Mas
acredito também que seja preciso que a
instituição também cuide da equipe,pos
se não somos cuidados como podemos
cuidar do outro?
1ª idéia – começar pelas observações,
anotando tudo o que fazemos com
detalhes.
B
2ª idéia – acredito também, que seja
preciso que a instituição cuide da equipe,
pois se não somos cuidados como
podemos cuidar do outro?
D
PE 20 –Talvez começar pela passagem
de plantão e aos poucos ir introduzindo
nas observações escritas.
1ª idéia – talvez começar pela passagem
de plantão e ir introduzindo aos poucos
nas observações escritas
E
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO:
Idéia Central Síntese 1 – A anotação dos dados intuitivos sensíveis pode ser iniciada
na prescrição e evolução da enfermeira, devendo ser avaliado depois de um certo tempo
de uso.
(03 entrevistas)
IC1 - acho que poderia começar pela evolução da enfermeira, sendo que cada um iria
inserindo aos poucos os dados sensíveis intuitivos, depois de um tempo a equipe
avaliaria e veria a possibilidade de inserir uma prescrição específica;
IC5 - como estamos usando a prescrição no computador, poderíamos inserir na
prescrição da enfermeira;
IC15 - iniciar com a evolução da enfermeira, mostrando que utiliza a intuição e
sensibilidade e como faz; avaliar depois de um tempo.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Acho que poderia começar pela evolução da enfermeira, sendo que cada uma iria
inserindo aos poucos os dados sensíveis intuitivos e depois de um tempo a equipe
avaliaria e veria a possibilidade de inserir uma prescrição específica. Ou ainda na
prescrição, já que a mesma está sendo elaborada diretamente no computador, desta
forma sairíamos do modelo rotinizado.
Idéia Central Síntese 2 – A anotação dos dados intuitivos e sensíveis pode iniciar pela
observação dos técnicos, após uma demanda da chefia.
(09 entrevistas)
IC2 - difícil, mas poderia ser feito uma experiência para ver o resultado, talvez iniciar
com as observações dos técnicos;
IC4 - poderia ser introduzido aos poucos talvez nas observações dos técnicos;
IC5 - talvez começar pelos técnicos anotando suas observações mais sensíveis e
intuitivas;
IC7 - ou talvez nas observações dos técnicos;
IC9 - começar com as observações dos técnicos, chamando a atenção para os pequenos
detalhes que a enfermeira colocaria na sua evolução;
IC12 - poderia ser inserida na evolução da enfermeira a partir das observações dos
técnicos;
IC16 - não sei, talvez nas observações dos técnicos, com uma demanda da chefia;
IC17 - sei que pode ser feito, não sei bem como, mas acho que o encaminhamento via
chefia para que os técnicos colocassem tudo o que é observado nas anotações seria
importante;
IC19 - começar pelas observações, anotando tudo o que fazemos com detalhes.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Não é fácil, poderia ser introduzido aos poucos, talvez nas observações dos técnicos
que chamariam a atenção para os pequenos detalhes, que após a enfermeira colocaria
na sua evolução. Poderia ser colocado tudo o que os técnicos fazem, com detalhes, com
um encaminhamento via chefia.
Idéia Central Síntese 3 – A forma de anotar os dados intuitivos e sensíveis precisa ser
amplamente discutida entre a equipe.
(07 entrevistas)
IC3 - discutir com a equipe no sentido de ver como fazer;
IC8 - seria importante discutir com toda a equipe para achar a melhor maneira de
começar a anotar;
IC10 - precisa ser discutido com a equipe, seria interessante a chefia marcar uma
reunião;
IC11 - não sei como fazer, talvez discutir com a equipe ou fazer oficinas no horário de
trabalho;
IC13 - discutir com a equipe para saber como fazer;
IC14 - cobrança da chefia, a partir da chefia deve ser discutido com a equipe como
fazer;
IC18 - talvez precise ser discutido entre a equipe, para que juntos possamos tomar a
melhor decisão.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 –
Seria importante discutir com toda a equipe para que juntos pudéssemos tomar a
melhor decisão. A chefia poderia marcar uma reunião ou fazer oficinas no horário de
trabalho.
Idéia Central Síntese 4 – A sensibilidade e intuição só serão evidenciadas no cuidado
diário quando a equipe for cuidada.
(02 entrevistas)
IC6 - as instituições deveriam trabalhar a equipe, a equipe deve ser cuidada com
sensibilidade e intuição para evidenciar estes elementos no cuidado;
IC19 - acredito também, que seja preciso que a instituição cuide da equipe, pois se não
somos cuidados como podemos cuidar do outro?
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 4 -
A equipe deve ser cuidada pela instituição com intuição e sensibilidade para que a
mesma possa evidenciar estes elementos no cuidado diário.
Idéia Central Síntese 5 – A passagem de plantão mostra-se como um momento
importante para que a equipe exponha o uso da intuição e sensibilidade no cuidado de
enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
(03 entrevistas)
IC6 - acho que a passagem de plantão seria um momento importante para começarmos a
expor o uso da intuição e sensibilidade no cuidado;
IC7 - acredito que poderíamos fazer uma experiência para ver o resultado, talvez iniciar
pela passagem de plantão;
IC20 - talvez começar pela passagem de plantão e ir introduzindo aos poucos nas
observações escritas.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 5 -
Acredito que poderíamos fazer uma experiência para ver o resultado, talvez começar
pela passagem de plantão e ir introduzindo aos poucos nas observações escritas.
Parece-me como um bom momento para expormos o uso da intuição e da sensibilidade
no cuidado de enfermagem ao recém-nascido pré-termo e sua família.
QUESTÃO 04: Utilizando o imaginário: Se a intuição e sensibilidade fosse
Madeira o que seria para você?
EXPRESSÕES CHAVE IDÉIAS CENTRAIS
PE 1-
Madeira – firmeza, estrutura para
alguma coisa, dá embasamento ao
cuidado.
Firmeza, estrutura, embasamento para o
cuidado
A
PE 2 –
Madeira – árvore que não deixa espaços
abertos, caracteriza-se como uma
proteção do cuidado, que ajuda na
tomada de decisões, que dá confiança, é
um campo aberto, firme.
Proteção do cuidado, ajuda na tomada de
decisões, confiança, firmeza.
A
PE 3 –
Madeira – solidez, algo que pode e deve
se tornar real. No cuidado é força,
segurança, é um tronco denso que
completa o cuidado.
Solidez, força, segurança, tronco denso
que completa o cuidado.
A
Pode e deve se tornar real
B
PE 4 –
Madeira – dá força, sustenta, tem
aplicação em diversas situações. Pode
ser clara ou escura, clara é quando os
visualizamos no cuidado, escuro é
quando não os visualizamos.
Dá força, sustenta, tem aplicação em
diversas situações.
A
Pode ser clara ou escura, clara quando a
visualizamos, escura quando não
visualizamos.
B
PE 5 –
Madeira – sustentação, suporte que no
cuidado ainda é leve, precisa se
transformar em madeira firme que não
cede, que não enverga, que resiste a
críticas e que mostra-se.
Sustentação, suporte.
A
No cuidado ainda é leve, precisa se
transformar em madeira firme que não
cede, que não enverga, que resiste a
críticas e mostra-se.
B
PE 6 –
Madeira – abertura para o mundo,
quebra de barreiras, sustenta, dá firmeza
às ações, pode ser moldado, mas precisa
de força, de vontade para moldá-la.
Abertura para o mundo, quebra de
barreiras, sustenta, dá firmeza às ações,
pode ser moldado.
A
Precisa de força, de vontade para moldá-
la.
B
PE 7 –
Madeira – me imagino em um campo
aberto com muitas árvores, árvores fortes
que dão toda uma estrutura, que
sustentam o cuidado.
Árvores fortes que dão estrutura,
sustentam o cuidado.
A
PE 8 –
Madeira – solidez, que reforça o cuidado.
Solidez, reforça o cuidado.
A
PE 9 –
Madeira – força nas convicções, que
quando bem plantada floresce, dá frutos,
prospera, muda o cenário do cuidado,
não deixa o cuidado se perder.
Força nas convicções, quando bem
plantada floresce, dá frutos, prospera,
muda o cenário do cuidado, não deixa o
cuidado se perder.
A
PE 10 –
Madeira – proteção, firmeza, completa o
cuidado.
Proteção, firmeza, completa o cuidado.
A
PE 11 –
Madeira – solidez sem ser rígido, pode
ser moldada, pode ser esculpida. Dá
firmeza, completa o cuidado.
Solidez sem ser rígido, pode ser moldada,
esculpida. Dá firmeza, completa o
cuidado.
A
PE 12 –
Madeira – firmeza, estrutura,
embasamento do cuidado.
Firmeza, estrutura, embasamento do
cuidado.
A
PE 13
Madeira – solidez, dá força ao cuidado,
embasa. Com a madeira você pode
construir uma casa, você pode fazer
quadros, você pode criar. A intuição e a
sensibilidade te permitem construir um
cuidado diferente, sólido, embasado.
Solidez, dá força ao cuidado, embasa.
Permite construir um cuidado diferente,
sólido, embasado.
A
PE 14 –
Madeira – firmeza esculpe, molda o
Firmeza, esculpe, molda, segurança.
cuidado, dá firmeza, segurança.
A
PE 15 –
Madeira – abertura para o mundo,
quebra de barreiras. Reciclagem,
moldagem. O cuidado pode ser moldado,
pode ser visto de forma diferente se você
usar a intuição e a sensibilidade como
Madeira.
Abertura para o mundo, quebra de
barreiras. Reciclagem, moldagem.
A
PE 16 –
Madeira – algo que precisa ser esculpido,
mostrado, traços fortes, vibrantes,
moldável.
Algo que precisa ser esculpido, mostrado.
B
Traços fortes, vibrantes, moldável.
A
PE 17 –
Madeira - Tronco, raiz, força,
sustentação. Formas diferentes, cores
diferentes. O cuidado com intuição e
sensibilidade tem novas formas, novas
cores.
Tronco, raiz, força, sustentação. Formas
diferentes, cores diferentes.
A
PE 18 – Vigas fortes que sustentam uma
casa, que sustentam o cuidado. Abrigo,
consolo, força.
Sustentação, abrigo, consolo, força.
A
PE 19 – Construção, força, sustentação.
A madeira serve para construir, para
esculpir. Você pode fazer coisas
Construção, força, sustentação, pode ser
diferentes com a Madeira, você pode
cuidar de forma diferente quando usa a
intuição e a sensibilidade no cuidado.
esculpido.
A
PE 20 – Algumas vezes se parecem com
fortes troncos que sustentam o cuidado,
outras vezes, pequenas ripas pouco
visíveis que não são valorizadas, mas que
fazem a diferença pois sustentam,
protegem.
Fortes troncos que sustentam o cuidado.
A
Pequenas ripas poucos visíveis que não
são valorizadas, mas que fazem a
diferença pois sustentam, protegem.
B
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e sensibilidade como Madeira no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo mostra-se como firmeza, estrutura, confiança,
sustentação, e embasamento.
(20 entrevistas)
IC1 - Firmeza, estrutura, embasamento para o cuidado;
IC2 - proteção do cuidado, ajuda na tomada de decisões, confiança, firmeza;
IC3 - solidez, força, segurança, tronco denso que completa o cuidado;
IC4 - dá força, sustenta, tem aplicação em diversas situações;
IC5 - sustentação, suporte;
IC6 - abertura para o mundo, quebra de barreiras, sustenta, dá firmeza às ações, pode ser
moldado;
IC7 - arvores fortes que dão estrutura, sustentam o cuidado;
IC8 – solidez que reforça o cuidado;
IC 9 - força nas convicções, quando bem plantada floresce, dá frutos, prospera, muda o
cenário do cuidado, não deixa o cuidado se perder;
IC10 - proteção, firmeza, completa o cuidado;
IC11 - solidez sem ser rígido, pode ser moldada, esculpida. Dá firmeza, completa o
cuidado;
IC12 - firmeza, estrutura, embasamento do cuidado;
IC13 - solidez dá força ao cuidado, embasa. Permite construir um cuidado diferente,
sólido, embasado;
IC14 - firmeza, esculpe, molda, segurança;
IC15 - abertura para o mundo, quebra de barreiras. Reciclagem, moldagem;
IC16 - traços fortes, vibrantes, moldável;
IC17 - tronco, raiz, força, sustentação. Formas diferentes, cores diferentes;
IC18 - sustentação, abrigo, consolo, força;
IC19 - construção, força, sustentação, pode ser esculpido;
IC20 - fortes troncos que sustentam o cuidado.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1
Firmeza, estrutura, sustentação, suporte, embasamento para o cuidado. Solidez, força,
segurança. Tronco denso que completa o cuidado. Tem aplicação em diversas
situações. Abertura para o mundo, quebra de barreiras, dá firmeza ás ações, pode ser
moldado. Força nas convicções, quando bem plantada, floresce, dá frutos, prospera,
muda o cenário do cuidado, não deixa o cuidado se perder. Solidez sem rigidez, pode
ser esculpida. Permite construir um cuidado diferente. Reciclagem, traços fortes,
vibrantes, formas diferentes, cores diferentes. Fortes troncos que sustentam o cuidado.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo como Madeira mostra-se ainda como madeira leve, mas
precisa transformar-se em madeira firme, pois fazem a diferença no cuidado.
(06 entrevistas)
IC3 - Pode e deve se tornar real;
IC4 - pode ser clara ou escura, clara quando a visualizamos, escura quando não
visualizamos;
IC5 - no cuidado ainda é leve, precisa se transformar em madeira firme que não cede,
que não enverga, que resiste a críticas e mostra-se;
IC6 - precisa de força, de vontade para molda-la;
IC16 - algo que precisa ser esculpido, mostrado;
IC20 - pequenas ripas poucos visíveis que não são valorizadas, mas que fazem a
diferença pois sustentam, protegem.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Pode e deve tornar-se real. Pode ser madeira clara quando as visualizamos no cuidado
e madeira escura quando não a visualizamos. No cuidado mostra-se como pequenas
ripas pouco visíveis que não são valorizadas, mas que fazem a diferença pois sutentam,
protegem. Precisa se transformar em madeira firme que não cede, que não enverga que
resiste a críticas e mostra-se. Precisa de vontade para molda-la.
QUESTÃO 4 Utilizando o imaginário: Se a intuição e sensibilidade fosse Fogo, o
que seria para você?
EXPRESSÕES CHAVE IDÉIAS CENTRAIS
P1 – Serve para dar um toque no
ambiente ou aquecer o cuidado, também
pode significar que queima. Nesta caso, a
intuição e a sensibilidade devem ser
usadas com bom senso, aquecendo,
gerando energia. Não se deve fazer um
eixo paralelo com o modelo biomédico,
pois se corre o risco de se queimar. A
intuição e sensibilidade devem ser usadas
Serve para dar um toque no ambiente,
aquecer o cuidado.
A
Devem ser usadas com bom senso. Com
outras possibilidades.
B
com outras possibilidades.
P2 – Fogueira. A intuição queima,
demanda uma atitude, é algo que nos
invade com grande força e que precisa
ser valorizada. A intuição e a
sensibilidade são como labaredas que
preenchem o cotidiano do cuidado de
Enfermagem.
Queima, demanda uma atitude, algo que
nos invade com grande força e precisa ser
valorizada.
C
Labaredas que preenchem o cotidiano do
cuidado de Enfermagem.
A
P3 – Fogo – não sei. Me vem a idéia de
uma fogueira que se inicia com uma
pequena chama. Aos poucos as chamas
vão crescendo e quanto mais você utiliza
e valoriza a intuição e a sensibilidade,
mais a fogueira aumenta, aquecendo o
cuidado.
Fogueira que se inicia com pequena
chama, quanto mais você utiliza e
valoriza, mais a fogueira aumenta.
C
P4 – ilumina, torna o cuidado mais
perceptível, mais claro, mais energético,
impregna.
Ilumina, torna o cuidado mais claro,
energético, impregna.
A
P5 – queima, persegue, uma chama
sempre presente, mas pouco valorizada.
Quando passarmos a valorizá-la poderá
se transformar em labaredas que
aquecerão o cuidado de forma constante.
Queima, persegue, uma chama sempre
presente, mas pouco valorizada. Quando
valorizadas poderão se transformar em
labaredas que aquecerão o cuidado de
forma constante.
C
P6 – Fogo, inflama, satisfação de fazer
acontecer, calor que aquece o cuidado,
que responde ao outro, energia que flui
de forma livre, que faz bem, não queima
se usado com inteligência aliado a outros
elementos, e se queima é para se
mostrar. Devem ser utilizadas num
movimento de troca constante.
Inflama, satisfação de fazer acontecer,
calor que aquece o cuidado, que responde
ao outro, energia que flui de forma livre,
que faz bem.
A
Se usado com inteligência aliados a
outros elementos não queima. Devem ser
utilizados num movimento de troca
constante.
B
P7 – fogueira, labaredas intensas que
aquecem o cuidado.
Labaredas intensas que aquecem o
cuidado.
A
P8 – aquece o cuidado, inicia de forma
sutil e aos poucos vai crescendo,
tomando conta de tudo, aquecendo.
Quando as usamos e as reconhecemos no
cuidado, a intuição e a sensibilidade
tornam-se uma fogueira densa que você
não consegue apagar facilmente, elas
invadem, aquecem o cuidado.
Aquece o cuidado, inicia de forma sutil e
aos poucos vai crescendo, tomando conta
de tudo.
A
Quando as usamos e reconhecemos no
cuidado tornam-se uma fogueira densa,
que você não consegue apagar facilmente.
C
P9 – labaredas que aquecem, que nutrem,
que aos poucos assumem grandes
proporções, mas nem sempre são
observadas, ficam queimando de leve,
chamando a atenção, mostrando-se.
Labaredas que aquecem, que nutrem.
A
Aos poucos assumem grandes
proporções,mas nem sempre são
observadas, ficam queimando de leve,
chamando a atenção, mostrando-se.
C
P10 – luz, aquecimento, energia, força,
proteção. A intuição e a sensibilidade é o
fogo no cuidado, mas as vezes não
queremos nos aquecer e por esta razão
não as valorizamos, as escondemos,
embora elas estejam ali, brilhando,
mostrando-se.
Luz, aquecimento, energia, força,
proteção.
A
As vezes não queremos nos aquecer e por
esta razão não as valorizamos, as
escondemos, embora elas estejam ali,
brilhando, mostrando-se.
C
P11 – aquecimento, energia que flui de
forma densa, dinâmica, com intensidade,
brilho.
Aquecimento, energia que flui de forma
densa, dinâmica, com intensidade, brilho.
A
P12 – chama pequena que vai crescendo
a medida que se utiliza e se percebe sua
importância no cuidado. Aos poucos
aquece, invade, torna-se uma fogueira
intensa.
Chama pequena que vai crescendo a
medida que se utiliza e se percebe sua
importância no cuidado.
C
Aos poucos aquece, invade, torna-se
fogueira intensa
A
P13 – aquecimento, toque, troca,
sensação agradável de calor, invade o
cuidado, reforça, aquece, completa,
transforma.
Aquecimento, toque, troca, sensação
agradável de calor, invade o cuidado,
reforça, completa, transforma.
A
P14 – rápido, se dissemina , te obriga a
ser ágil, a observar, queima, aquece.Mas
deve-se cuidar para não queimar, deve
ser utilizado com outros elementos.
Rápido, se dissemina, te obriga a ser ágil,
a observar, queima, aquece.
A
Deve-se cuidar para não queimar, deve
ser utilizado com outros elementos.
B
P15 – vida, troca, aquecimento,
transformação. O fogo invade, se alastra
com intensidade, tentamos combatê-lo,
mas ele vai queimando, aquecendo. A
intuição e a sensibilidade no cuidado
como Fogo é uma chama que aquece, que
transforma, que se alastra, mesmo que
não queiramos enxergá-las.
Vida, troca, aquecimento, transformação.
A
É uma chama que se alastra, mesmo que
não queiramos enxergá-la.
C
P16 – calor, pequenas chamas que vão
crescendo aos poucos, aquecendo,
Calor, invadem o cuidado de forma
reforçando, tornando-se fortes, invadem o
cuidado de forma vibrante, transformam.
vibrante, transformam.
A
P17 – começa aos poucos, invadindo,
aquecendo, precisa ser reavivado
constantemente para que permaneça
acesa a sua chama. A intuição e a
sensibilidade quando percebidas e
valorizadas no cuidado, tornam-se
chamas fortes, incandescentes.
Precisa ser reavivado constantemente
para que permaneça acesa a sua chama.
Quando percebidas e valorizadas no
cuidado, tornam-se chamas fortes,
incandescentes.
C
P18 – o fogo transforma, aquece, se
instala devagarinho e quando
percebemos já se alastrou por tudo, com
força, poderoso. Creio que a intuição e a
sensibilidade transformam, aquecem o
cuidado, mas ainda estão se alastrando,
ainda são pouco visíveis, mas vão se
tornar uma fogueira poderosa e com
certeza irão mostrar como a Enfermagem
cuida.
Transforma aquece, se instala
devagarinho e quando percebemos já se
alastrou por tudo, com força, poderoso.
A
A intuição e a sensibilidade ainda estão se
alastrando, ainda são pouco visíveis, mas
vão se tornar uma fogueira poderosa e
com certeza irão mostrar como a
Enfermagem cuida.
C
P19 – uma chama que inflama, que
transforma, que aquece, que se espalha e
se torna visível. Aquece de forma intensa,
muda, complementa.
Chama que inflama, que transforma, que
aquece, que complementa
A .
P20 – labaredas que confortam,
aquecem. As vezes tentamos não enxergá-
las,mas não tem como, elas estão ali
aquecendo, transformando, mostrando-
se.
Labaredas que confortam, aquecem.
A
As vezes tentamos não enxergá-las, mas
não tem como, elas estão ali, aquecendo,
transformando, mostrando-se.
C
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Fogo no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo é luz, força, proteção, que transforma, aquece
e complementa o cuidado.
(17 entrevistas)
IC1 - Serve para dar um toque no ambiente, aquecer o cuidado;
IC2 - Labaredas que preenchem o cotidiano do cuidado de Enfermagem;
IC4 - Ilumina, torna o cuidado mais claro, energético, impregna;
IC6 - Inflama, satisfação de fazer acontecer, calor que aquece o cuidado, que responde
ao outro, energia que flui de forma livre, que faz bem;
IC7 - Labaredas intensas que aquecem o cuidado;
IC8 - Aquece o cuidado, inicia de forma sutil e aos poucos vai crescendo, tomando
conta de tudo;
IC9 - Labaredas que aquecem, que nutrem;
IC10 - Luz, aquecimento, energia, força, proteção;
IC11 - Aquecimento, energia que flui de forma densa, dinâmica, com intensidade,
brilho;
IC12 - Aos poucos aquece, invade, torna-se fogueira intensa;
IC13 - Aquecimento, toque, troca, sensação agradável de calor, invade o cuidado,
reforça, completa, transforma;
IC14 - Rápido, se dissemina, te obriga a ser ágil, a observar, queima, aquece.
IC15 - Vida, troca, aquecimento, transformação;
IC16 - Calor, invadem o cuidado de forma vibrante, transformam;
IC18 - Transforma aquece, se instala devagarinho e quando percebemos já se alastrou
por tudo, com força, poderoso;
IC19 - Chama que inflama, que transforma, que aquece, que complementa;
IC20 - Labaredas que confortam, aquecem.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
Aquece o cuidado, labaredas que preenchem o cotidiano da Enfermagem. Ilumina,
torna o cuidado mais energético, impregna. Inflama, satisfação de fazer acontecer,
calor que responde ao outro, energia que flui de forma livre, que faz bem. Inicia de
forma sutil e aos poucos vai crescendo, nutrindo, tornando-se fogueira intensa. Vida,
troca, transformação, sensação agradável de calor, invade o cuidado, reforça,
completa, transforma. Rápido, se dissemina, te obriga a ser ágil, a observar.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao
recém-nascido pré-termo devem ser utilizadas com outras possibilidades, num
movimento de troca constante.
(03 entrevistas)
IC1 - Devem ser usadas com bom senso. Com outras possibilidades;
IC6 - Se usado com inteligência aliados a outros elementos não queima. Devem ser
utilizados num movimento de troca constante;
IC14 - Deve-se cuidar para não queimar, deve ser utilizado com outros elementos.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Deve-se cuidar para não queimar, deve ser utilizado com bom senso, com outras
possibilidades, num movimento de troca constante.
Idéia Central Síntese 3 – A intuição e a sensibilidade como Fogo no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo quando valorizadas e reconhecidas poderão se
tornar uma fogueira poderosa que iluminarão o cuidado de Enfermagem.
(11 entrevistas)
IC2 - Queima, demanda uma atitude, algo que nos invade com grande força e precisa ser
valorizada;
IC3 - Fogueira que se inicia com pequena chama, quanto mais você utiliza e valoriza,
mais a fogueira aumenta;
IC5 - Queima, persegue, uma chama sempre presente, mas pouco valorizada; Quando
valorizadas poderão se transformar em labaredas que aquecerão o cuidado de forma
constante;
IC8 - Quando as usamos e reconhecemos no cuidado tornam-se uma fogueira densa, que
você não consegue apagar facilmente;
IC9 - Aos poucos assumem grandes proporções,mas nem sempre são observadas, ficam
queimando de leve, chamando a atenção, mostrando-se;
IC10 - As vezes não queremos nos aquecer e por esta razão não as valorizamos, as
escondemos, embora elas estejam ali, brilhando, mostrando-se;
IC12 - Chama pequena que vai crescendo a medida que se utiliza e se percebe sua
importância no cuidado;
IC15 - É uma chama que se alastra, mesmo que não queiramos enxergá-la;
IC17 - Precisa ser reavivado constantemente para que permaneça acesa a sua chama.
Quando percebidas e valorizadas no cuidado, tornam-se chamas fortes, incandescentes;
IC18 - A intuição e a sensibilidade ainda estão se alastrando, ainda são pouco visíveis,
mas vão se tornar uma fogueira poderosa e com certeza irão mostrar como a
Enfermagem cuida;
IC20 - As vezes tentamos não enxerga-las, mas não tem como, elas estão ali,
aquecendo, transformando, mostrando-se.
DISCURSO DO SEUJEITO COLETIVO 3 -
Queima, demanda uma atitude, algo que nos invade com força e precisa ser valorizada.
Fogueira, que se inicia pequena e quanto mais utiliza e valoriza mais a fogueira se
torna densa, você não consegue apagar facilmente. É uma chama que se alastra,
mesmo que ainda pouco visível, que não queiramos percebê-la, irão se tornar uma
fogueira poderosa e com certeza irão mostrar como a enfermagem cuida. Precisa ser
reavivada constantemente para que permaneça acesa.
QUESTÃO 04: Utilizando o imaginário – Se a intuição e sensibilidade fosse Terra
o que seria para você?
EXPRESSÕES CHAVE IDÉIAS CENTRAIS
PE 1-
Terra – se bem adubada frutifica. Se a
Enfermagem valorizar o uso da intuição
e da sensibilidade no cuidado, também
será mais valorizada. Deve-se firmar
pelo cuidado, a enfermagem reivindica
coisas, mas tem vergonha de mostrar
como cuida.
Se bem adubada, frutifica. Se valorizar o
seu uso, será mais valorizada. Deve-se
firmar pelo cuidado. Tem vergonha de
mostrar como cuida.
A
PE 2 –
Terra – chão firme, mas que precisa ser
adubado com outros elementos para que
o cuidado aflore na medida certa, é um
elemento de confiança.
Chão firme, que precisa ser adubado.
A
Elemento de confiança no cuidado.
B
PE 3 –
Terra – precisa ser adubada com outros
elementos, mas é uma terra já forte na
qual o cuidado germina com vigor de
uma forma diferente. Fértil, fofa, pode-se
semear muitas coisas e tirar bons frutos,
aproveita melhor os conhecimentos em
relação ao cuidado.
Precisa ser adubada, mas é uma terra
forte na qual o cuidado germina de forma
diferente.
A
Fértil, fofa, pode-se semear muitas coisas
e tirar bons frutos.
B
PE 4 –
Terra – a terra abriga a raiz, no cuidado
com intuição e sensibilidade podemos
descobrir esta raiz, é importante que o
solo seja fértil para que a raiz seja fértil.
No cuidado é importante que a
enfermagem reconheça a intuição e a
sensibilidade para que o mesmo seja
diferenciado, fértil.
No cuidado com intuição e sensibilidade
precisamos descobrir a raiz, é importante
que o solo seja fértil para que a raiz seja
fértil. A enfermagem precisa reconhecer
estes elementos para que o cuidado seja
diferenciado, o solo fértil.
A
PE 5 –
Terra – abundância, pó, pequenos grãos
que vão se juntando para guiar suas
ações e quanto mais você usa e valoriza,
o cuidado vai se transformando, virando
uma planície.
Abundância, pó, grãos que se juntam para
guiar as ações no cuidado. Quanto mais
se usa e valoriza, o cuidado se
transforma.
B
PE 6 –
Terra – fertilidade, terra fofa que
consegue fazer germinar boas ações e
dar frutos suculentos se dermos vazão a
esta terra fértil que é a intuição aliada a
sensibilidade, conhecimento técnico e
outros.
Fertilidade, consegue fazer germinar boas
ações e dar frutos suculentos, quando
aliadas ao conhecimento científico.
B
PE 7 –
Terra – um chão firme que não te dá todas
as respostas, que precisa ser adubado,
grãos que tornam o cuidado confiável.
Chão firme que precisa ser adubado.
A
Grãos que tornam o cuidado confiável.
B
PE 8 –
Terra – força, terra negra que contribui
para que boas atitudes germinem no
cuidado. Nutre, reforça.
Força, contribui para que boas atitudes
germinem no cuidado. Nutre, reforça.
B
PE 9 –
Terra – segurança, firmeza, troca de
energia.
Segurança, firmeza, troca de energia.
B
PE 10 –
Terra – firmeza, solo fértil, segurança
complemento do cuidado. A Enfermagem
precisa reforçar esta terra, valorizá-la,
cavar profundamente para poder
encontrar a si mesma como profissão.
Firmeza, solo fértil, segurança,
complemento do cuidado.
B
A Enfermagem precisa reforçar esta terra
para poder encontrar-se como profissão.
A
PE 11 –
Terra – vida, sustento para o cuidado,
alicerce que mantém o cuidado
sustentável.
Vida, alicerce que mantém o cuidado
sustentável.
B
PE 12 –
Terra – solidez, mistura de elementos,
força que brota e que enriquece o
cuidado. No entanto a Enfermagem nega
esta Terra fértil e por esta razão não
mostra como cuida.
Solidez, força que brota e que enriquece o
cuidado.
B
A Enfermagem nega esta terra fértil e por
esta razão não mostra como cuida.
A
PE 13
Terra – fertilidade, terra fofa onde se
pode semear muitas coisas, colhendo-se
sempre bons frutos.
Fertilidade, onde se pode semear muitas
coisas, colhendo-se bons frutos.
B
PE 14 –
Terra – abundância, caminho seguro,
firme.
Abundância, caminho seguro, firme.
B
PE 15 –
Terra – fertilidade, terra fofa que
consegue fazer germinar boas ações e
dar frutos suculentos, principalmente se
aliarmos ao conhecimento científico.
Fertilidade, consegue fazer germinar boas
ações e dar frutos suculentos,
principalmente se aliadas ao
conhecimento científico.
B
PE 16 –
Terra – chão firme, seguro, traz
contribuições importantes, dá segurança.
Firma o cuidado, é a terra preta que faz
com que o cuidado germine de forma
diferente.
Chão firme, seguro, traz contribuições
importantes, é a terra preta que faz com
que o cuidado germine de forma
diferente.
B
PE 17 – Sustenta o cuidado, mas de
forma sutil já que não é reconhecido e
nem valorizado. Precisa ser adubada
com freqüência, a terra precisa ser
revolvida, cavada.
Sustenta o cuidado.
B
Precisa ser adubado com freqüência para
que seja reconhecido e valorizado.
A
PE 18 – Mantém o cuidado, embora o
profissional não se dê conta disto. Por
esta razão, esta terra precisa ser cuidada
constantemente, adubada com vigor para
que se possa plantar o cuidado e mostrar
o valor da Enfermagem.
Mantém o cuidado.
B
Precisa ser adubada com vigor para
que se possa plantar o cuidado e mostrar
o valor da Enfermagem.
A
PE 19 – A Terra é a base para que algo
floresça, para que isto seja possível esta
terra precisa ser adubada, cuidada. Se
não valorizarmos a intuição e a
sensibilidade no cuidado de Enfermagem
como podemos ter um cuidado forte?
Como poderemos nos afirmar como
profissão? È primordial que comecemos a
semear esta Terra e acredito que este
trabalho está nos proporcionando isto, é
uma pequena semente que está sendo
lançada.
A Terra é a base para que algo floresça e
por esta razão precisa ser adubada. O
cuidado só será forte se valorizarmos a
intuição e a sensibilidade, ou seja
começarmos a semear esta Terra.
A
PE 20 – A Terra é quem mantém o
equilíbrio da natureza, e acredito que a
intuição e a sensibilidade são os
elementos que mantém o equilíbrio do
cuidado. Precisamos adubar esta Terra
para que este equilíbrio não seja
ameaçado.
A Terra mantém o equilíbrio da Natureza,
a intuição e a sensibilidade como Terra
mantém o equilíbrio do cuidado.
B
A Terra precisa ser adubada para que o
equilíbrio não seja ameaçado.
A
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Terra no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo é um chão firme que precisa ser adubado para
que o cuidado floresça e a Enfermagem seja valorizada como profissão.
(11 entrevistas)
IC1 - Se bem adubada, frutifica. Se valorizar o seu uso, será mais valorizada; Deve-se
firmar pelo cuidado. Tem vergonha de mostrar como cuida;
IC2 - chão firme, que precisa ser adubado;
IC3 - precisa ser adubada, mas é uma terra forte na qual o cuidado germina de forma
diferente;
IC4 - no cuidado com intuição e sensibilidade precisamos descobrir a raiz, é importante
que o solo seja fértil para que a raiz seja fértil. A enfermagem precisa reconhecer estes
elementos para que o cuidado seja diferenciado, o solo fértil;
IC7 - chão firme que precisa ser adubado;
IC10 - a Enfermagem precisa reforçar esta terra para poder encontrar-se como profissão;
IC12 - a Enfermagem nega esta terra fértil e por esta razão não mostra como cuida;
IC17 - precisa ser adubado com freqüência para que seja reconhecido e valorizado;
IC18 - precisa ser adubada com vigor para que se possa plantar o cuidado e mostrar o
valor da Enfermagem;
IC19 – a Terra é a base para que algo floresça e por esta razão precisa ser adubada. O
cuidado só será forte se valorizarmos a intuição e a sensibilidade, ou seja, começarmos a
semear esta Terra;
IC20 - a Terra precisa ser adubada para que o equilíbrio não seja ameaçado.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
A intuição e a sensibilidade como Terra precisa ser adubada com vigor para que se
possa plantar o cuidado e mostrar o valor da profissão. Só a partir do momento em que
esta Terra seja semeada, ou seja, a partir do momento em que a intuição e a
sensibilidade forem valorizadas é que o cuidado será forte. É uma terra forte na qual o
cuidado germina de forma diferente, no entanto esta terra fértil é negada. Se bem
adubada, frutifica. A Terra precisa ser reconhecida e adubada para que o equilíbrio
não seja ameaçado.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e sensibilidade como Terra são elementos férteis
que aliados ao conhecimento científico, nutrem, reforçam, dão segurança, equilíbrio e
firmeza no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo.
(17 entrevistas)
IC2 - Elemento de confiança no cuidado;
IC3 - Fértil, fofa, pode-se semear muitas coisas e tirar bons frutos;
IC5 - Abundância, pó, grãos que se juntam para guiar as ações no cuidado. Quanto mais
se usa e valoriza, o cuidado se transforma;
IC6 - Fertilidade consegue fazer germinar boas ações e dar frutos suculentos, quando
aliadas ao conhecimento científico;
IC7 - Grãos que tornam o cuidado confiável;
IC8 - Força contribui para que boas atitudes germinem no cuidado. Nutre, reforça;
IC9 - Segurança, firmeza, troca de energia;
IC10 - Firmeza, solo fértil, segurança, complemento do cuidado;
IC11 - Vida, alicerce que mantém o cuidado sustentável;
IC12 - Solidez, força que brota e que enriquece o cuidado;
IC13 - Fertilidade, onde se pode semear muitas coisas, colhendo-se bons frutos;
IC14 - Abundância, caminho seguro, firme;
IC15 - Fertilidade, consegue fazer germinar boas ações e dar frutos suculentos,
principalmente se aliado ao conhecimento científico;
IC16 - Chão firme, seguro, traz contribuições importantes, é a terra preta que faz com
que o cuidado germine de forma diferente;
IC17 - Sustenta o cuidado;
IC18 - Mantém o cuidado;
IC20 - A Terra mantém o equilíbrio da Natureza, a intuição e a sensibilidade como
Terra mantém o equilíbrio do cuidado.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 -
É uma terra fértil na qual se pode semear muitas coisas e tirar bons frutos quando
aliada ao conhecimento científico. São como grãos que se juntam para guiar as ações
no cuidado. Chão firme, seguro, é a Terra preta que faz com que o cuidado germine de
forma diferente. A Terra mantém o equilíbrio da Natureza, a intuição e a sensibilidade
como Terra, mantém o equilíbrio do cuidado.
QUESTÃO 04: Utilizando o imaginário: Se a intuição e sensibilidade fosse Água, o
que seria para você?
EXPRESSÕES CHAVE IDÉIAS CENTRAIS
PE 1-
Água – fonte para se refrescar, na
medida certa, conforta, refresca,
preenche, completa. Muitas vezes esta
fonte é desvalorizada e sofremos com o
calor, com sede, assim é quando não
valorizamos a intuição e a sensibilidade
no cuidado, o paciente sofre, pois não é
cuidado nas suas especificidades.
Fonte para se refrescar, na medida certa
conforta, preenche, completa.
A
Muitas vezes a fonte de água é
desvalorizada e sofremos com o calor,
assim é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado, o
paciente sofre, pois não é cuidado nas
suas especificidades.
B
PE 2 –
Água – rio que nos persegue nos
acompanha a vida afora, é intenso,
caudaloso, mas muitas vezes nem
percebemos como as águas correm,
assim são a intuição e a sensibilidade no
cuidado.
Rio que nos acompanha a vida afora,
intenso, caudaloso.
A
Muitas vezes não percebemos como as
águas correm
C
PE 3 –
Água – cachoeira, no início pode parecer
turva, é quando você ainda não percebe o
uso da intuição e sensibilidade no
cuidado;
aos poucos a água vai se
tornando clara, até cristalina e quanto
mais você percebe o seu uso, mais
cristalina ela fica. As vezes ela é calma
como um rio, outras vezes ela é intensa,
forte, como uma cachoeira.
Cachoeira que se torna clara e cristalina
quando se percebe seu uso. As vezes é
calma como um rio, outras vezes intensa
como uma cachoeira.
A
Cachoeira turva, quando ainda não se
percebe o seu uso no cuidado.
C
PE 4 –
Água – alimenta, clareia o cuidado, sacia
a sede, completa o conhecimento,
harmoniza a técnica.
Alimenta, clareia o cuidado, sacia a sede,
completa o conhecimento, harmoniza a
técnica.
A
PE 5 –
Água – a água sacia a sede, mas nem
sempre a tomamos, no cuidado a intuição
Sacia a sede, no cuidado a intuição e a
sensibilidade saciam nossas limitações,
e a sensibilidade saciam nossas
limitações, preenchem alguns vazios, no
entanto muitas vezes não percebemos.
preenchem alguns vazios.
A
Nem sempre a tomamos, nem sempre
percebemos a sensibilidade e a intuição
no cuidado.
C
PE 6 –
Água – vazamento que não se consegue
fechar, uma abertura para o outro,
levando a um fluxo de troca, seguindo o
fluxo e mergulhando no cuidado de forma
equilibrada. A intuição e a sensibilidade
são com um fluxo de água corrente que
nos impele a seguir em frente.
Vazamento que não se consegue fechar,
abertura para o outro, fluxo de troca, que
mergulha no cuidado de forma
equilibrada. Nos impele a seguir em
frente.
A
PE 7 –
Água – rio tranqüilo que segue
contribuindo para ações concretas no
cuidado, as vezes parece um mar furioso
que tem grandes ondas que mudam o
cuidado, outras vezes é tão sereno que
nem percebemos sua presença, o que
ocorre quase sempre.
Rio tranqüilo que segue contribuindo para
ações concretas no cuidado. As vezes
parece um mar furioso com grandes
ondas que mudam o cuidado.
A
As vezes é tão sereno que nem
percebemos sua presença, o que ocorre
quase sempre.
C
PE 8 –
Água – serve para saciar a sede de
cuidar, em pequenas gotas preenche o
Serve para saciar a sede de cuidar. Em
pequenas gotas preenche o cuidado.
cuidado, muitas vezes é inodora, clara,
outras vezes mostra-se turva, difícil de
engolir, é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado.
Muitas vezes é clara.
A
Outras vezes, mostra-se turva, difícil de
engolir é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado.
B
PE 9 –
Água – calor humano, na relação com o
bebê mostra-se como algo que não pode
escapar pelas mãos, mas que as vezes
escorre sem que se dê conta, sem que seja
percebido.
Calor humano, na relação com o bebê
mostra-se como algo que não pode
escapar.
A
Muitas vezes escorre sem que se dê conta,
sem que seja percebido.
C
PE 10 –
Água – conforto, mata a sede, umedece o
cuidado.
Conforto, mata a sede umedece o
cuidado.
A
PE 11 –
Água – vida, profundidade, são
elementos profundos no cuidado,
preenche, completa.
Vida, profundidade, preenche, completa.
A
PE 12 –
Água – fonte que nutre, que transborda,
que corre em abundância, calma, solidez
Fonte que nutre, que transborda, que
corre em abundância, calma , solidez.
A
PE 13
Água – cachoeira abundante que escorre
sem cessar, mata a sede, no cuidado faz a
diferença, conforta, é limpa,
transparente, confiável.
Cachoeira abundante que escorre sem
cessar. No cuidado faz a diferença,
conforta, é limpa, transparente, confiável.
A
PE 14 –
Água – rio caudaloso, faz trocas, limpa,
quando utilizado em abundância, clareia,
torna o cuidado transparente. Muitas
vezes escorre sem ser notado.
Rio caudaloso, faz trocas, limpa, clareia,
torna o cuidado transparente.
A
Muitas vezes escorre sem ser notado.
C
PE 15 –
Água – penso em um pequeno filete que
escorre o tempo todo, no entanto nem
sempre está visível. Quando o
percebemos ele serve para refrescar,
hidratar. Assim são a intuição e a
sensibilidade estão o tempo todo
presentes, nem sempre visíveis, mas
hidratam e depuram o cuidado o tempo
todo.
Escorre o tempo todo, mas nem sempre é
visível
C
Quando percebido, serve para refrescar,
hidratar, depurar o cuidado.
A
PE 16 –
Água – rio límpido que passa
calmamente, muitas vezes sem ser
notado, limpando, clareando, muda, lava,
faz a diferença. Muitas vezes transborda,
Rio límpido que passa calmamente,
muitas vezes sem ser notado.
C
Limpa, clareia, faz a diferença.
no entanto continua sendo desvalorizado.
A
Muitas vezes transborda, mas continua
sendo desvalorizado.
B
PE 17 –
Água – profundeza, claridade, limpidez,
reforça as ações do cuidado, limpa,
transforma. Tem muita força, no entanto
passa calmamente quase sem ser notado.
Profundeza, claridade, limpidez, reforça
as ações do cuidado, limpa, transforma.
A
Tem muita força, mas passa calmamente,
quase sem ser notado.
C
PE 18 – Quando penso em intuição e
sensibilidade como água, penso em um
copo cheio, que quando estamos com
muita sede tomamos sentindo seu sabor,
compreendendo sua importância. No
entanto, na maioria das vezes tomamos
esta água sem perceber, sem
compreender o quanto ela está sendo
necessária e o quanto ela transforma.
Copo cheio, que quando com sede,
sentimos seu sabor, compreendemos sua
importância.
A
Na maioria das vezes tomamos a água
sem perceber, sem compreender o quanto
ela é necessária e transforma.
C
PE 19 – A água mata a sede, refresca,
hidrata. A intuição e a sensibilidade
como água invadem o cuidado, hidratam,
transformando-o. Esta hidratação é
sentida aos poucos quando você consegue
perceber melhoras no recém-nascido e em
sua família.
Mata a sede, refresca, hidrata, invadem o
cuidado, transformando-o.
A
PE 20 – Penso em um rio, que está ali
para que eu possa me refrescar, me
hidratar, me lavar, matar minha sede,
suprir minhas necessidades. È isto que a
intuição e a sensibilidade fazem no
cuidado, suprem algumas necessidades
não visíveis, mas na grande maioria das
vezes super necessárias.
Um rio que refresca, hidrata, lava, mata
minha sede supre minhas necessidades.
A
IDÉIAS CENTRAIS SÍNTESES, IDÉIAS CENTRAIS (IC) E DISCURSOS DO
SUJEITO COLETIVO
Idéia Central Síntese 1 – A intuição e a sensibilidade como Água no cuidado de
enfermagem ao recém-nascido pré-termo mostra-se como rio, cachoeira, mar furioso,
nutrindo, hidratando, completando o conhecimento e harmonizando a técnica.
(20 entervistas0
IC1 - Fonte para se refrescar, na medida certa conforta, preenche, completa;
IC2 - Rio que nos acompanha a vida afora, intenso, caudaloso;
IC3 - Cachoeira que se torna clara e cristalina quando se percebe seu uso. As vezes é
calma como um rio, outras vezes intensa como uma cachoeira;
IC4 - Alimenta, clareia o cuidado, sacia a sede, completa o conhecimento, harmoniza a
técnica;
IC5 - Sacia a sede, no cuidado a intuição e a sensibilidade saciam nossas limitações,
preenchem alguns vazios;
IC6 - Vazamento que não se consegue fechar, abertura para o outro, fluxo de troca, que
mergulha no cuidado de forma equilibrada. Nos impele a seguir em frente;
IC7 - Rio tranqüilo que segue contribuindo para ações concretas no cuidado. As vezes
parece um mar furioso com grandes ondas que mudam o cuidado;
IC8 - Serve para saciar a sede de cuidar. Em pequenas gotas preenche o cuidado. Muitas
vezes é clara;
IC9 - Calor humano, na relação com o bebê mostra-se como algo que não pode escapar;
IC10 – Conforto, mata a sede, umedece o cuidado;
IC11 – Vida, profundidade, preenche completa;
IC12 – Fonte que nutre, que transborda, que corre em abundância, calma, solidez;
IC13 - Cachoeira abundante que escorre sem cessar. No cuidado faz a diferença,
conforta, é limpa, transparente, confiável;
IC14 - Rio caudaloso, faz trocas, limpa, clareia, torna o cuidado transparente;
IC15 - Quando percebido, serve para refrescar, hidratar, depurar o cuidado;
IC16 - Limpa, clareia, faz a diferença;
IC17 - Profundeza, claridade, limpidez, reforça as ações do cuidado, limpa, transforma;
IC18 - Copo cheio, que quando com sede, sentimos seu sabor, compreendemos sua
importância;
IC19 - Mata a sede, refresca, hidrata, invadem o cuidado, transformando-o;
IC20 - Um rio que refresca, hidrata, lava, mata minha sede supre minhas necessidades.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 1 –
É uma fonte que serve para se refrescar, nutre, transborda, na medida certa preenche,
completa o conhecimento, harmoniza a técnica. É calor humano, conforto, vida,
profundidade. É um vazamento que não se consegue fechar, abertura para o outro,
fluxo de troca, que mergulha no cuidado de forma equilibrada. Nos impele a seguir em
frente.È um rio caudaloso, tranqüilo que torna o cuidado transparente, contribuindo
para ações concretas no cuidado. As vezes parece um mar furioso com grandes ondas
que mudam o cuidado. É um copo cheio que quando com sede, sentimos seu sabor,
compreendemos sua importância. Mata a sede, refresca, hidrata.
Idéia Central Síntese 2 – A intuição e a sensibilidade como Água muitas vezes não é
tomada ou mostra-se turva, não sendo evidenciadas no cuidado de enfermagem ao
recém-nascido pré-termo.
(03 entrevistas)
IC1 - Muitas vezes a fonte de água é desvalorizada e sofremos com o calor, assim é
quando não valorizamos a intuição e a sensibilidade no cuidado, o paciente sofre, pois
não é cuidado nas suas especificidades;
IC8 - Outras vezes, mostra-se turva, difícil de engolir é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado;
IC16 - Muitas vezes transborda, mas continua sendo desvalorizado.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 2 –
Muitas vezes a Água mostra-se turva, difícil de engolir, é quando não valorizamos a
intuição e a sensibilidade no cuidado de Enfermagem ao recém-nascido pré-termo e
sua família. Outras vezes mesmo com a fonte disponível, transbordando, a
desvalorizamos e por isto sofremos com o calor, ou seja, o paciente sofre, pois não é
cuidado nas suas especificidades.
Idéia Central Síntese 3 – A intuição e a sensibilidade como Água no cuidado de
Enfermagem ao recém-nascido pré-termo tem muita força, mas muitas vezes escorre ou
é tomada sem ser percebida.
(10 entrevistas)
IC2 - Muitas vezes não percebemos como as águas correm;
IC3 - Cachoeira turva, quando ainda não se percebe o seu uso no cuidado;
IC5 - Nem sempre a tomamos, nem sempre percebemos a sensibilidade e a intuição no
cuidado;
IC7 - As vezes é tão sereno que nem percebemos sua presença, o que ocorre quase
sempre;
IC9 - Muitas vezes escorre sem que se dê conta, sem que seja percebido;
IC14 - Muitas vezes escorre sem ser notado;
IC15 - Escorre o tempo todo, mas nem sempre é visível;
IC16 - Rio límpido que passa calmamente, muitas vezes sem ser notado;
IC17 - Tem muita força, mas passa calmamente, quase sem ser notado;
IC18 - Na maioria das vezes tomamos a água sem perceber, sem compreender o quanto
ela é necessária e transforma.
DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO 3 -
Muitas vezes as águas são tão serenas que nem percebemos sua presença, ela escorre
sem ser notada. Mesmo escorrendo o tempo todo, nem sempre é visível. É um rio
límpido que tem muita força, mas passa calmamente, quase sem ser notado. Muitas
vezes tomamos esta água sem compreender o quanto ela é necessária e transforma o
cuidado.
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