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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
DOUTORADO EM DENTÍSTICA RESTAURADORA
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE UNIÃO E DA ADAPTAÇÃO
INTERNA ENTRE CAVIDADE DENTINÁRIA E ADESIVOS
APLICADOS
EM UMA E DUAS CAMADAS
CLARISSA GRASSI SOARES
CLARISSA GRASSI SOARESCLARISSA GRASSI SOARES
CLARISSA GRASSI SOARES
Tese apresentada como parte dos requisitos
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Tese apresentada como parte dos requisitos
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Odontologia,
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ística Restauradora.
stica Restauradora.stica Restauradora.
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Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Ana Maria Spohr
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PORTO ALEGRE
DEZEMBRO – 2007
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecário Responsável
Ginamara Lima Jacques Pinto
CRB 10/1204
S676a Soares, Clarissa Grassi
Avaliação da resistência de união e da adaptação interna entre
cavidade dentinária e adesivos aplicados em uma e duas camadas /
Clarissa Grassi Soares. Porto Alegre, 2007.
128 f.
Tese (Doutorado) – Faculdade de Odontologia. Programa de
Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração Dentística
Restauradora. PUCRS, 2007.
Orientador: Profa. Dra. Ana Maria Spohr
1. Adesivos Dentários. 2. Dentística. 3. Resinas – Odontologia.
4. Materiais Dentários. I. Título.
CDD : 617.675
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, na
pessoa do diretor da Faculdade de Odontologia, Prof. Marcos Túlio M.
Carvalho e da vice-diretora Profa. Angélica Fritscher.
Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação pelo convívio
agradável e presteza no atendimento.
À empresa 3M/ESPE pela doação de parte dos materiais utilizados
neste trabalho.
Agradeço ao Centro de Microscopia e Microanálise da PUCRS, sob a
coordenação da Profa. Dra Berenice Dedavid, pela utilização de suas
instalações para realização de parte deste estudo. Principalmente agradeço
ao Eduardo, que com paciência e conhecimento colaborou para a realização
da análise e na obtenção das imagens no microscópio eletrônico de
varredura.
Ao Prof. Dr. Jorge Mariath, coordenador do Laboratório de Anatomia
Vegetal do Departamento de Botânica e diretor do Instituto de Biociências da
UFRGS, agradeço pela disponibilidade, interesse e presteza em atender à
solicitação sobre que microscopia poderia ser utilizada neste estudo. Vejo
nele o amor pela ciência e pelo ensino, o que fortaleceu em mim o
sentimento de continuar buscando novos caminhos e conhecimentos e,
acima de tudo, continuar lutando para ser uma profissional completa e
realizada através da atuação na área acadêmica. Agradeço também ao
Marco, técnico do LAVEG, pelo tempo e atenção a mim prestados durante
todo o período em que estive trabalhando naquele laboratório.
Agradeço aos professores da banca de qualificação, Prof. Dr. Eduardo
Mota e Profa. Dra. Rejane Maria Holderbaum por terem contribuído com suas
sugestões para a conclusão deste trabalho. E aos professores Luiz Henrique
Burnett Jr., Hugo Oshima e Luciana Mayumi Hirakata, Rosemary S. Arai
Shinkai pelo agradável convívio nas aulas e laboratório, pelo companheirismo
e dedicação em auxiliar e passar conhecimentos.
Algumas pessoas tiveram participação direta e especial nesta etapa da
minha carreira, portanto merecem agradecimento em separado:
- A Prof. Dra. Nilza Pereira da Costa, coordenadora do curso de Pós-
Graduação em Odontologia, que muito mais do que realizar este árduo papel
com dignidade e excelência, foi, e sempre será um modelo de caráter e
dedicação à Odontologia e ao ensino. Além de ser uma grande amiga, que
sempre está pronta a auxiliar, dar apoio e tranqüilidade nas mais diferentes
questões.
- A Profa. Dra. Ana Maria Spohr pela total disponibilidade e doação
durante a realização deste trabalho. Pela constante responsabilidade e pelo
espírito de ensinar, além das inúmeras horas de convívio agradável sempre
com palavras de estímulo, sabedoria e tranqüilidade. Pela capacidade de
compreender e lidar com as diferentes formas de agir e pensar, respeitando e
argumentando de forma consistente e doce. Considero-a um exemplo de
orientadora, pesquisadora, professora, entre tantos outros papéis que exerce
(mãe, esposa, mulher...), pois sempre age com dedicação, carinho, respeito,
sabedoria, humildade, responsabilidade e alegria. tenho a agradecer pela
oportunidade de ter sido orientada por ela, conhecê-la um pouco melhor e ter
aprendido muito com esse convívio. Ana, MUITO OBRIGADA POR TUDO!!!
Agradeço também aos colegas e amigos de doutorado em Materiais
Dentários, Dentística Restauradora e Prótese: Ana Paula Braun, Maria
Perpétua M. Freitas, Luis Felipe Grazziotin, Ana Amélia Biancchi e Silva,
Julieta Gomes Tavares, Helena Glüer Carracho, Caio Selaimem, Álvaro
Couto e Kleber Meyer pelas inúmeras horas de descontração, alegria e
carinho pelas quais passamos nestes anos de ótimo convívio. Também pela
troca de conhecimentos, apoio e incentivos sempre constantes entre nós.
Muitos destes, que considerava colegas, hoje considero amigos e espero que
continuemos a nos encontrar para que momentos tão bons não virem apenas
lembranças.
Mais do que a ninguém, devo agradecer aos meus pais, Cléber e
Jacira que, além de terem me dado a vida, me ensinaram o valor das
pessoas, a ter retidão de caráter, honestidade, e responsabilidade.
À minha mãe, em especial, quero agradecer por estar aqui. Por ser a
mulher mais forte e decidida que conheço e pela enorme capacidade de
amar. Contigo aprendi a ser forte. Contigo aprendi a aproveitar as coisas
boas da vida. Contigo aprendi, sobretudo, a amar e não ter vergonha de
assumir esse amor. Além de mãe e amiga sempre foste uma profissional
exemplar. Sempre à frente do seu tempo, atualizada e preocupada em fazer
o melhor para seus pacientes. Em ti me espelho a cada dia, trabalhando com
prazer e amor, fazendo sempre o melhor de mim. Mãe, TE AMO!
À minha querida irmã, pelo constante apoio e incentivo transmitidos
com tanto carinho, paciência e alegria. Pela força que sempre me deste,
sempre que precisei. Pelo carinho e capacidade de compreender a minha
maneira de ser.
Agradeço a todos os meus amigos, em especial à Vanessa, amiga-
irmã de todas as horas, imprescindível na minha vida; à Lucilene, secretária-
amiga, sempre disposta a ajudar, dando apoio profissional, carinho e
incentivo; ao Marcel que, além de amigo de muitos anos, se tornou um irmão
por ter lutado pela vida da mãe, sofrendo juntos e, graças a Deus, sorrindo
juntos; à Dra. Cibele pelo apoio incondicional nas inúmeras vezes em que
precisei de alento, direção e força.
A todos que souberam entender minha ausência, minha falta de
tempo, minha necessidade de afastamento.
A todos àqueles que, mesmo longe, torceram para tudo dar certo e, de
alguma forma, fizeram ou fazem parte da minha vida: Muito Obrigada!
RESUMO
Esta pesquisa avaliou a influência do número de camadas de adesivo de três
sistemas adesivos sobre: 1) a resistência de união à microtração (µT) à
dentina e o padrão de fratura; 2) a adaptação interna (AInt) entre estrutura
dentinária e restauração de resina composta. Nas faces vestibulares de 30
incisivos bovinos foram confeccionadas duas cavidades, uma incisal e uma
cervical, distantes 2 mm entre si, com 4 x 4 x 2 mm nas amostras para a AInt
e 3,5 x 3,5 x 1,5 mm para a µT (fator C=3). Os adesivos Scotchbond Multi-
Uso (MP), Single Bond 2 (SB) (3M/ESPE) e Clearfil SE Bond (CF) (Kuraray)
foram aplicados em uma camada (MP-I, SB-I e CF-I) e em duas camadas
(MP-II, SB-II e CF-II), sendo fotopolimerizadas separadamente por 20 s. A
resina composta Z250 (3M/ESPE), na cor A3, foi inserida em incrementos.
Para cada sistema adesivo foram utilizados dez dentes, sendo cinco para
cada teste. Após 48 h foram obtidos palitos de resina/dentina (n=15/grupo),
com área adesiva média de 0,53 mm
2
, para a µT, e fatias com espessura
entre 0,15 - 0,20 mm contendo as duas restaurações (n=15/grupo) para a
AInt. Os palitos foram submetidos ao ensaio de µT na máquina EMIC DL2000
e, após o teste, as extremidades foram analisadas em MEV para
classificação do padrão de fratura. As fatias foram analisadas com 10 x de
aumento em microscópio óptico Leica DMR com sistema de luz polarizada e
contraste interferencial. As imagens das restaurações foram capturadas por
uma câmera digital Nikon Coolpix 990, sendo analisados os tipos e
quantidades de falhas (fenda, trinca, ruptura). Os valores médios de µT foram
submetidos à ANOVA Fatorial e teste de Tukey (á=0,05). Os fatores adesivos
(p=0,001) e camadas (p=0,025) apresentaram diferença significativa, mas a
interação entre eles não teve diferença significativa (p=0,189). Os valores
médios de µT foram os seguintes: MP-II: 56,92; MP-I: 52,23; CF-II: 47,77; CF-
I: 42,25; SB-I: 35,12; SB-II: 34,69. A fratura do tipo mista foi predominante.
Em relação à AInt, houve diferença estatística entre os adesivos para trincas
e rupturas de acordo com o teste de Kruskal-Wallis (á=0,05). O SB-I e II teve
os maiores valores de trincas e, o MP-I, os menores. Para rupturas, SB-II
apresentou valores estatisticamente superiores. A aplicação de duas
camadas não favoreceu os resultados de µT e de AInt.
Palavras-chave: adesivos dentinários; resistência à tração; dentina
ABSTRACT
This research evaluated the influence of the adhesive layers of three adhesive
systems on: 1) the microtensile bond strength (µTBS) to dentine and the
fracture pattern; 2) the dentine/composite resin interfacial adaptation (DIA).
Two cavities measuring 4 x 4 x 2 mm in samples for DIA, and 3,5 x 3,5 x 1,5 mm in
samples for µTBS (factor C=3), 2 mm distant among themselves, were made
at the vestibular surfaces of 30 incisive bovine. Scotchbond Multi-Purpose
(MP), Single Bond 2 (SB) (3M/ESPE) and Clearfil SE Bond (CF) (Kuraray)
were applied in one layer (MP-I, SB-I and CF-I) and in two layers (MP-II, SB-II
and CF-II), being light-cured separately for 20 s. The composite resin Z250
(color A3) was inserted in four increments. Ten teeth for each adhesive
system were used, being five for each test. After 48 h, resin/dentin sticks were
made (n=15/group), with 0.53 mm
2
of adhesive area mean for µTBS test, and
slices containing the two restorations with thickness among 0,15 - 0,20 mm
(n=15/group) for DIA analysis. The sticks were submitted to the µTBS test
using the universal testing machine EMIC DL-2000 and, after the test, the
extremities were analyzed by SEM to classify the fracture pattern. The slices
were analyzed in a Leica DMR optical microscope at x10, using polarized light
and differential interference contrast microscope images. The restorations
images were captured by a Nikon Coolpix 990 digital camera and the types
and amounts of flaws (gap, crack, rupture) were classified. The mean values
of µTBS were submitted to ANOVA Factorial and Turkey’s test (á=0.05). The
factors adhesive (p=0,001) and layers (p=0,025) presented significant
difference, but the interaction among them did not have significant difference
(p=0.189).The mean values of µTBS were the following: MP-II: 56.92; MP-I:
52:23; CF-II: 47:71; CF-I: 42.25; SB-I: 35.12; SB-II: 34.69. The predominant
fracture pattern was mixed failure. For DIA analysis, the Kruskal-Wallis test
(á=0.05) showed statistics differences for cracks and ruptures between the
adhesives systems. SB-I and II had the highest values of cracks, and MP-I,
the lowest value. SB-II showed significantly greater values for rupture. The
application of two layers did not favor the results of µTBS and of DIA.
Key words: dentin bonding agents; tensile strength; dentin
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Matrizes metálicas para preparo das cavidades para os testes
de microtração (a, c) e de adaptação interna (b, d). ..........................................72
Figura 2 - Dentes bovinos: a - face vestibular com duas cavidades
preparadas; b - vista das paredes laterais internas das cavidades. ...................74
Figura 3 - Esquema do posicionamento da matriz metálica e da ponta
diamantada sobre o esmalte vestibular. .............................................................75
Figura 4 - Esquema de posicionamento da ponta ativa da ponta
diamantada no momento do preparo cavitário sobre esmalte/dentina
(padronização da profundidade da cavidade).....................................................75
Figura 5 - Conjunto dente/restaurações. ...............................................80
Figura 6 Esquema do conjunto dente/restaurações para microtração
incluído em resina acrílica; realização dos cortes seriados; amostras em forma
de palito. .............................................................................................................82
Figura 7 Esquema do conjunto dente/restaurações para avaliação da
adaptação interna incluído em resina acrílica; realização dos cortes seriados;
amostras em forma de lâminas contendo duas restaurações.............................82
Figura 8 - Posicionamento do corpo de prova no momento do ensaio
mecânico de microtração – A - dentina; B - resina composta.............................84
Figura 9 - Grade posicionada sobre a fotomicrografia com aumento de
200X. ..................................................................................................................85
Figura 10 - a – microscópio Leica DMR; b – sistema digital Nikon Coolpix
990; c – monitor Sony.........................................................................................87
Figura 11 - Imagem obtida na microscopia com luz polarizada. a
dentina; b – esmalte; c – resina composta; d – junção amelo- dentinária.........87
Figura 12 - Fotomicrografia em MEV (250 x de aumento) de corpo-de-
prova com presença de falha mista. A) Falha em camada híbrida. B) Falha
coesiva no adesivo. C) Falha coesiva em resina composta. D) Falha coesiva em
dentina. ...............................................................................................................94
Figura 13 - Fotomicrografia em MEV (240 x de aumento) de padrão de
falha interfacial. A) Falha coesiva em camada híbrida B) Falha coesiva em
adesivo. Área demarcada presente em maior aumento na Figura 14. ...............95
Figura 14 - Fotomicrografia em MEV (900 x de aumento) de padrão de
falha interfacial. A) Falha coesiva em camada híbrida B) Falha coesiva em
adesivo. ..............................................................................................................95
Figura 15 - Fotomicrografia em MEV (210 x de aumento) de padrão de
falha coesiva em resina composta......................................................................96
Figura 16 - Fotomicrografia em MEV (230 x de aumento) de padrão de
falha coesiva em dentina. ...................................................................................96
Figura 17 Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A) adesivo; B) dentina; C) trinca em dentina com afastamento. ............99
Figura 18 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A) resina composta; B) 2
a
camada adesiva; C) 1
a
camada adesiva; D)
dentina; E) fenda entre dentina-adesivo; z) zonas de tensão. ............................99
Figura 19 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A, B e C) seqüência de fotos de um ruptura em resina composta em
região de ângulo e parede de fundo: a) dentina; b) resina composta; c) adesivo –
1 camada; d) ruptura (fundo da lâmina)............................................................100
Figura 20 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A e B) Fotos de trincas (setas) em adesivo/resina/dentina a) dentina; b)
resina composta; c) adesivo - 1 camada; z) zonas de tensão. .........................100
Figura 21 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A) Rupturas em adesivo/resina (fundo da lâmina); B) fenda entre
adesivo/dentina; a) dentina; b) resina composta; c) adesivo - 1 camada; z) zonas
de tensão. .........................................................................................................101
Figura 22. Resultados da Análise de Correlação entre os valores de
resistência de união à microtração e as falhas de adaptação interna. .............102
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resultados da Análise de Variância Fatorial para os fatores
sistemas adesivos e número de camadas. .............................................. 91
Tabela 2. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre os
sistemas adesivos com 1 camada. .......................................................... 92
Tabela 3. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre os
sistemas adesivos com 2 camadas. ........................................................ 92
Tabela 4. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre as
camadas, independente dos sistemas adesivos...................................... 92
Tabela 5. Análise descritiva de freqüências dos padrões de fraturas para
cada sistema adesivo em 1 e 2 camadas. ............................................... 93
Tabela 6. Comparação do percentual médio de incidência de cada substrato
por sistema adesivo/camada. .................................................................. 94
Tabela 7. Comparação do percentual médio de incidência das falhas de
adaptação interna por sistema adesivo/ número de camadas................. 99
Tabela 8. Resultados da Análise de Correlação entre os valores de
resistência de união à microtração e as falhas de adaptação interna. .. 102
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Nome comercial, composição, lote e fabricante dos
materiais utilizados no estudo. ...........................................................................69
Quadro 2 - Delineamento do ensaio de microtração ..............................70
Quadro 3 - Delineamento da análise da adaptação interna das
restaurações .......................................................................................................70
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANOVA Análise de variância
AInt Teste de Adaptação Interna
µTBS Teste de resistência de união à microtração
CF Clearfil SE Bond
C.V.(%) Coeficiente de Variação (%)
SB Single Bond 2
MP Scotchbond Multi-Purpose
4-META 4-metacriloxietil-trimetil anidro
Bis-EMA Bisfenol-A-dimetacrilato etoxilado
Bis-GMA Bisfenol-Glicidil-Metacrilato
DMA Dimetacrilato
EDTA Ácido etilenodiaminotetra acético
et al. e outros (abreviatura de “et alli”)
HEMA 2-Hidroxi-Etil-Metacrilato
ISO International Organization for Standardization
10-MDP 10-Metacriloxietil dihidrogênio fosfato
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
MOD Mésio-ocluso-distal (Cavidade)
PMDM Ácido piromelítico dietilmetacrilato
PMGDM Ácido piromelítico glicidildietilmetacrilato
PVC Poli cloreto de vinila
SBPqO Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica
TEGDMA Trietilenoglicoldimetacrilato
UDMA Uretano-Dimetacrilato
RC Resina Composta
CH Camada Híbrida
LISTA DE SÍMBOLOS E UNIDADES
% Porcentagem
< Menor que
> Maior que
± Mais ou menos
µm Micrometro
cm Centímetro
cp Corpo-de-prova
cv Coeficiente de Variação
dines/cm Dinas por Centímetro
dp Desvio-Padrão
g Grama
GPa Gigapascal
h Hora
kg Quilograma
kgf Quilograma Força
mA Miliampere
min Minuto
ml Mililitro
mm Milímetro
mm/min Milímetro por Minuto
mm
2
Milímetro Quadrado
mm
3
Milímetro Cúbico
mol/L Mol por Litro
MPa Megapascal
Ghz GigaHertz
psi libra por polegada quadrada
mW/cm
2
Miliwatt por Centímetro Quadrado
N Newton
n Número de Corpos-de-prova
n
o
Número
o
C Grau Celsius
p Valor de Probabilidade
rpm Rotações por minuto
s Segundo
sig. Significância
vol. Volume
x Indica número de vezes
Ex.: 200x (duzentas vezes de
aumento)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... .20
2 REVISÃO DE LITERATURA..................................................................... 25
3 OBJETIVOS.............................................................................................. 66
4 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................ 68
4.1 MATERIAIS............................................................................................ 69
4.2 MÉTODOS............................................................................................. 70
4.2.1 Delineamento do estudo ..................................................................... 70
4.2.2 Seleção e preparo dos dentes ............................................................ 71
4.2.3 Preparo das cavidades ....................................................................... 71
4.2.4 Procedimento Restaurador ................................................................. 76
4.2.4.1 Aplicação dos sistemas adesivos .................................................... 76
4.2.4.2 Inserção da resina composta........................................................... 79
4.2.5 Identificação e inclusão em resina acrílica.......................................... 80
4.2.6 Procedimento de corte........................................................................ 81
4.2.7 Ensaio de resistência à microtração ................................................... 83
4.2.8 Preparo das amostras para observação dos padrões de fratura em
microscópio eletrônico de varredura............................................................ 84
4.2.9 Avaliação dos padrões de fratura – Fractografia ................................ 84
4.2.10 Análise da adaptação interna das restaurações ............................... 86
4.3 Análise Estatística.................................................................................. 89
5 RESULTADOS.......................................................................................... 90
6 DISCUSSÃO........................................................................................... 103
7 CONCLUSÕES....................................................................................... 113
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 115
9 ANEXOS................................................................................................. 123
9.1 Carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS ...... 124
9.2 Carta de aprovação da Comissão Científica e de Ética da Faculdade de
Odontologia da PUCRS ............................................................................. 125
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1 INTRODUÇÃO
As resinas compostas fotopolimerizáveis têm sido amplamente
aplicadas clinicamente para recompor a estrutura dentária devido à estética,
praticidade de uso e capacidade de união ao dente.
Estes materiais são formados por monômeros como o bisfenol-A-
glicidil metacrilato (Bis-GMA) e trietilenoglicol dimetacrilato (TEGDMA) e, no
momento da fotoativação, ocorre a formação das redes de polímeros que irão
proporcionar rigidez ao material, havendo contração volumétrica inerente a
este processo (DAVIDSON; FEILZER, 1997).
Esta contração ocorre devido à conversão da dupla ligação de carbono
(C=C), sendo que, para cada segmento do monômero da cadeia, o espaço
intermolecular de uma ligação de van-der-Walls é substituído por uma ligação
intramolecular covalente, cujo espaço é menor (WATTS, 2005). Isto resulta
em uma mudança de densidade do material no processo de formação da
rede polimérica, gerando redução de 1,7% a 5,7% de volume (ALVAREZ-
GAYOSSO et al., 2004).
O processo de contração pode ser dividido em fase pré-gel e fase pós-
gel. Durante a fase pré-gel o compósito apresenta fluidez permitindo que o
estresse gerado internamente seja liberado. Após a geleificação, a fluidez
cessa e o estresse de contração não pode mais ser compensado, o que faz
com que esse estresse seja transmitido à estrutura dentária adjacente e à
superfície de união entre o compósito e o dente durante a fase pós-gel (YAP;
SOH, 2004).
O estresse de contração pode causar falhas na união e,
eventualmente, na restauração propriamente dita, gerando a formação de
22
fenda (MIGUEZ et al., 2004; BRAGA; BALLESTER; FERRACANE, 2005;
FERRACANE, 2005). Quando a força de união entre o dente e o material
restaurador resiste à força de contração, ocorre a geração de estresse
residual na estrutura dentária remanescente que pode resultar na
propagação de microtrincas no dente, perda de material nas margens da
restauração, sensibilidade pós-operatória, microinfiltração e cárie secundária
(VERSLUIS et al., 2004; ILLIE; KUNZELMANN; HICKEL, 2006).
Algumas alterações na composição química das resinas compostas
têm sido propostas para minimizar este problema: a) utilização de
monômeros como o uretanodimetacrilato (UDMA) e o bisfenol-A-dimetacrilato
etoxilado (Bis-EMA) que apresentam menor grau de contração (YAP; SOH,
2004); b) monômeros que apresentem expansão durante o processo de
polimerização como o anel alicíclico espiroortocarbonato. No entanto, este
polímero é incompatível com componentes das resinas compostas como o
Bis-GMA, sendo necessárias modificações que possibilitem sua utilização
nas matrizes das resinas compostas (EICK et al., 1993).
Clinicamente alguns métodos podem ser utilizados para minimizar a
contração de polimerização das resinas compostas: a) a aplicação do
material em incrementos, visando diminuir o número de paredes de contato
do material na cavidade e o menor volume de material durante a
polimerização, diminuindo a contração volumétrica (NIKOLAENKO et al.,
2004); b) a modificação da técnica de fotopolimerização, de forma que o
material permaneça por mais tempo na fase pré-gel, possibilitando que o
estresse de contração seja liberado (DAUVILLIER; AARNST; FEILZER,
2000).
23
Outra forma de minimizar a contração de polimerização baseia-se no
conceito de adesão elástica. Esta camada consiste na aplicação de uma
resina fluida entre o sistema adesivo e a resina composta, ou na aplicação de
uma camada de adesivo mais espessa que pode ser conseguida através da
aplicação de mais de uma camada de adesivo (IRIE; SUZUKI; WATTS;
2004). Estes materiais, por apresentarem alta elasticidade, seriam capazes
de absorver o estresse de contração gerado durante a fotopolimerização,
minimizando os efeitos deletérios do estresse de contração de polimerização
(LABELLA et al., 1999; KOIKE et al., 2002; HARADA, 2006).
Alguns estudos têm testado a resistência de união quando a dupla
camada de adesivo é aplicada (SWIFT et al., 1997; PLATT et al., 2001).
Porém existem poucos trabalhos que verificam a adaptação interna do
adesivo no preparo cavitário para determinar se esta técnica favorece a
diminuição ou eliminação de falhas entre o dente e o material restaurador
(HARADA et al., 2006). Menor ainda é o número de estudos que relacionam
estes dois aspectos (HASHIMOTO et al., 2004 a) que são indícios
importantes sobre a aplicabilidade clínica da técnica proposta.
Diante deste fato torna-se necessário verificar a influência da
aplicação de duas camadas de sistemas adesivos na resistência de união à
dentina, assim como na adaptação interna entre a estrutura dentária e a
restauração.
Este estudo adotou as seguintes hipóteses nulas:
- a aplicação de duas camadas de adesivo não proporciona maior
resistência de união à dentina;
24
- a aplicação de duas camadas de adesivo não proporciona melhor
adaptação interna à restauração.
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26
2 REVISÃO DA LITERATURA
Eick, et al. (1993) realizaram uma revisão de literatura sobre a
evolução futura dos sistemas adesivos e das resinas compostas. Uma efetiva
adesão à dentina depende do grau de umidade da dentina, da capacidade de
penetração do sistema adesivo e da reatividade da dentina tratada
anteriormente ao adesivo. A estrutura de colágeno da dentina
desmineralizada interfere no comportamento da adesão. Sistemas adesivos
que não desnaturam completamente as fibras colágenas e permitem o
entrelaçamento do adesivo com essas estruturas produzem superior
resistência de união, acima de 20 MPa. Estudos têm buscado desenvolver
polímeros que não contraiam para serem utilizados como matriz de resinas
compostas. Um material estudado é o anel alicíclico espiroortocarbonato que
expande durante a polimerização e pode ser utilizado em Odontologia. Este
polímero consiste em quatro anéis, dois de cada lado do espirocarbono. A
expansão durante a polimerização ocorre pela presença de duas ligações
covalentes que se rompem formando uma nova ligação. No entanto, este
polímero é incompatível com componentes das resinas compostas como o
Bis-GMA, sendo necessárias modificações que possibilitem sua utilização
nas matrizes das resinas compostas.
Eliades (1994), em artigo no qual revisou a literatura sobre as
maneiras utilizadas para testar em laboratório os adesivos dentinários, afirma
haver ainda grande controvérsia sobre a habilidade dos testes laboratoriais
em predizer as qualidades clínicas de um determinado material restaurador.
Desta forma, a identificação de parâmetros para que os testes in vitro sejam
27
de relevância têm uma importância crucial. Segundo o autor, ao testar a
resistência de união de adesivos dentinários, a análise topográfica dos
corpos-de-prova após a realização do ensaio de resistência é considerada
muito importante para determinar qual o tipo de falha do adesivo. Como o
modo de fratura é geralmente complexo, microscopias óptica e eletrônica
deveriam ser utilizadas para identificar quando a fratura ocorreu na interface
ou em outro nível dos componentes do sistema adesivo.
Van Noort (1994) afirmou que um achado comum nos testes de
resistência de união é que a falha não ocorre com freqüência entre o
substrato e o adesivo, mas, sim, no interior do adesivo, fato que a torna uma
falha essencialmente coesiva. Enfatizou que quando esta é genuinamente
adesiva ela ocorre devido à falta de habilidade do adesivo adaptar-se ao
substrato, de modo que nenhuma interação ao nível molecular ocorre. Em
geral, os adesivos tendem a ter pobres propriedades mecânicas quando
comparados ao substrato. As falhas e defeitos internos desencadeiam o
papel predominante na determinação da resistência adesiva na interface de
união. Se a superfície exposta do adesivo contiver falhas, então a
probabilidade de encontrar um tio desencadeador de ruptura é grande. A
camada de aplicação do adesivo deve ter espessura muito fina, o que impõe
limites à adição de partículas inorgânicas as quais são incorporadas para
aumentar a resistência adesiva. Outra razão pela qual é desejável aplicar
uma fina camada de adesivo é devido à contração de polimerização. Quando
um adesivo contrai, a contração resultante pode originar uma quebra na
adesão, descolando precocemente o material. Quanto mais fina a camada de
adesivo, menor sea contração. Para que o adesivo seja efetivo ele deve
28
obter íntimo contato com o substrato permeando neste facilmente. O uso de
solventes com baixa tensão de superfície e adesivos com alta viscosidade
causa interferência no ângulo de contato formado, porém a resistência ao
escoamento oferecida pelo adesivo dificulta o umedecimento da superfície.
Adesivos com carga apresentam alta tensão superficial e pobre capacidade
de umedecimento. Quanto maior a viscosidade do adesivo e mais fina a
camada aplicada maior será a força necessária para romper essa união.
Pashley et al. (1995) revisaram a literatura sobre os métodos utilizados
para testar os sistemas adesivos e descreveram as diversas variáveis que
podem estar presentes nos testes de resistência de união. De acordo com os
autores, ao examinar o modo de falha de um adesivo, é importante que seja
utilizado o Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), pois ao microscópio
óptico e a olho nu existe resolução suficiente somente para definir modos de
falhas óbvios. Observaram também que áreas de adesão relativamente
extensas têm uma tendência a produzir falhas coesivas em dentina sob
forças relativamente pequenas. Sob este aspecto, segundo os autores, as
áreas de 1mm² utilizadas na microtração virtualmente eliminam os problemas
de estresse induzido na dentina, proporcionando falhas essencialmente
adesivas.
Swift et al. (1997) avaliaram o efeito de múltiplas aplicações de três
sistemas adesivos de frasco único na resistência de união de resina
composta à dentina. Foram utilizados 110 molares humanos que
permaneceram estocados em solução de cloramina 0,5% por 1 semana e
posteriormente colocados em água destilada. Os sistemas adesivos foram
29
aplicados na superfície oclusal de dentina, previamente exposta e
regularizada. O grupo controle recebeu aplicação do adesivo conforme
indicado pelos fabricantes. Dois grupos experimentais de cada sistema
adesivo receberam maior número de aplicações e uma fotopolimerização
para cada aplicação. A resistência de união foi determinada através de uma
máquina de ensaio universal Instron, em uma velocidade de 5 mm/min, após
24 horas da confecção dos corpos de prova. Os dados foram analisados por
ANOVA e Tukey. A média de resistência de união do grupo controle do
adesivo Prime&Bond foi significativamente maior do que os outros grupos. A
múltipla aplicação de adesivo diminuiu os valores de resistência de união
para todos os sistemas testados, sendo significativa somente para o adesivo
One-Step. Prime&Bond e One-Step tiveram médias de resistência de união
maiores que o TenureQuik. Múltiplas aplicações desses sistemas adesivos
não aumentaram os valores de resistência de união à dentina.
Davidson e Feilzer (1997) escreveram um artigo científico com o
objetivo de contribuir com o entendimento do processo de contração de
polimerização. Enfatizaram que a estabilidade dimensional dos materiais
restauradores é comprometida pela reação de polimerização da matriz
orgânica. A conversão das moléculas de monômeros numa rede de
polímeros é acompanhada do encurtamento dessas moléculas gerando
contração volumétrica do material. Essa redução de volume é comumente
chamada de contração de polimerização. Essa inevitável contração que
ocorre com os compósitos durante a polimerização gera o estresse de
contração, que é visto como o mecanismo responsável pela formação de
fendas marginais devido ao rompimento da interface adesiva, fratura coesiva
30
no material restaurador ou no remanescente dentário. Uma importante
ferramenta para minimizar esse problema é a adesão formada com a
estrutura dentária que, sendo eficiente, será capaz de evitar a formação de
fendas marginais na restauração. A aplicação de um liner promove a
formação de uma camada elástica que permite dissipar a força de contração,
evitando assim o rompimento da interface adesiva. Os sistemas adesivos que
contém carga, quando aplicados em mais de uma camada, bem como as
resinas do tipo flow e os cimentos de ionômero de vidro (técnica sanduíche)
são capazes de reduzir esse estresse de contração.
Nakabayashi e Pashley (1998) afirmaram que a tendência atual é
acrescentar diferentes tipos de partículas inorgânicas aos adesivos que
contenham apenas monômeros. A elasticidade do adesivo pode absorver um
pouco do estresse de polimerização. Os materiais restauradores podem se
unir à dentina por meio de uma camada intermediária de adesão. Essa
camada intermediária entre dentina e material restaurador forma um filme ou
uma película adesiva entre esses dois elementos. Esse filme ou película
adesiva também é denominado de agente de acoplamento à dentina, agente
de união à dentina ou simplesmente adesivo dentinário. Até a década de 70,
a smear layer não era removida, os sistemas adesivos não eram compatíveis
com o substrato úmido da dentina e, portanto, a adesão ocorria entre o
adesivo e a smear layer. Estudos sobre resistência de união do esmalte ou
da dentina antes e depois da remoção da smear layer tem mostrado que é
necessária a remoção desta para obter um alto valor de resistência de união.
31
Labella et al. (1999) avaliaram a contração de polimerização e a
elasticidade de resinas compostas do tipo flow e de adesivos com carga.
Segundo os autores a interface adesiva entre dente e material restaurador
está sujeita a mudanças causadas pelo estresse de contração levando a
falhas no tratamento restaurador. Com relação às propriedades dos
materiais, o módulo de elasticidade é um fator importante que interfere no
estresse de contração. As resinas fluidas (tipo flow) bem como os adesivos
com carga podem ser capazes de reduzir os efeitos da contração de
polimerização, pois agem como uma camada elástica. Este estudo avaliou
diferentes marcas comerciais de resinas fluidas, resinas compostas
convencionais e sistemas adesivos, quanto ao módulo de elasticidade,
contração volumétrica e a cinética da contração de polimerização. As resinas
do tipo flow contraíram mais do que as híbridas e menos do que os adesivos.
Vários estudos indicam que a aplicação de uma camada adesiva espessa
pode estar associada à redução do estresse de contração e preservação da
adaptação marginal. Se adesivos que apresentam espessura de película
maior, como os adesivos com carga, forem escolhidos, isso não ocorre, pois
eles apresentam maior rigidez do que os adesivos com baixa quantidade de
carga e sem carga. A maior contração das resinas flow em relação às
híbridas pode indicar um maior potencial para causar estresse de contração,
porém a sua baixa rigidez pode ser um fator compensatório. As resinas
microparticuladas mostraram baixos valores de contração e baixa rigidez,
combinação esta que pode gerar menor efeito deletério às margens adesivas.
A capacidade dos adesivos agirem como agentes que aliviam o estresse
continua imprevisível.
32
Dauvillier, Aarnst e Feilzer (2000) realizaram uma revisão de literatura
sobre as propriedades e técnicas importantes para minimizar os efeitos da
contração de polimerização das resinas compostas. Segundo os autores,
uma restauração ideal deve ter um alto selamento com o remanescente
dentário. A matriz orgânica da maioria dos compósitos consiste de
monômeros a base de metacrilato que, durante a polimerização, apresenta
uma redução de volume. Enfatizaram que muitas variáveis influenciam a
contração de polimerização: o tamanho da molécula de monômero formada
no processo de polimerização; a quantidade de partículas inorgânicas; as
propriedades mecânicas das resinas compostas. A contração de
polimerização das resinas compostas é um problema que deve ser
minimizado, para evitar a formação de fendas marginais nas restaurações.
Essas fendas ocorrem quando a magnitude da contração de polimerização
excede a força de união dos adesivos dentinários ao dente. Também podem
ocorrer microfraturas no esmalte ou no material restaurador quando essas
forças são maiores que a resistência coesiva do material ou do dente.
Portanto, inúmeras técnicas podem ser aplicadas no intuito de reduzir esse
efeito nas restaurações adesivas: a aplicação da resina composta de forma
incremental; recobrir todas as paredes cavitárias com uma camada espessa
de um material com baixo dulo de elasticidade permitindo que, durante a
polimerização do material restaurador, haja a liberdade de movimentação
deste sem o rompimento da adesão, devido à melhor distribuição das forças
de tensão e tração na interface adesiva; reduzir a velocidade de conversão
de monômeros em polímeros através de técnicas e métodos que retardem a
polimerização.
33
Haller (2000) identificou as bases da adesão à dentina e relatou vários
aspectos relacionados à adesão. A confecção de uma adesão estável à
dentina é um procedimento sensível devido ao substrato apresentar relação
direta com o tecido pulpar. A remoção da smear layer aumenta a capacidade
de penetração dos adesivos à dentina, promovendo uma retenção
micromecânica. A qualidade da adesão formada entre sistema adesivo e
dentina pode ser perdida com o passar do tempo, devido à degradação
hidrolítica da camada híbrida. A incompleta penetração do adesivo e a
resultante nanoinfiltração são algumas das causas desta deterioração. A
profundidade da camada híbrida formada não tem relação com os valores de
resistência de união, porém a qualidade tem importância crucial. O
colabamento da rede de colágeno pode ser evitado com a aplicação de
soluções com monômeros acídicos autocondicionantes, pois se elimina o
risco de erro nas etapas de condicionamento, lavagem e principalmente
secagem da dentina. Sistemas adesivos com efetiva união à dentina são
necessários para resistir à contração de polimerização inerente às resinas
compostas. Em restaurações onde a camada adesiva é espessa, estudos
mostraram menor desadaptação marginal, pois ela age dissipando o estresse
de polimerização. Sistemas adesivos com carga em sua composição
promovem uma película adesiva mais espessa, reduzindo desta maneira o
estresse de contração.
Choi, Condon e Ferracane (2000) afirmaram que uma camada de
adesivo sem carga colocada entre o dente e a restauração de resina
composta é capaz de absorver parte da tensão gerada durante a
polimerização da resina composta reduzindo o valamento interfacial. Os
34
objetivos deste estudo foram medir a mudança do estresse de contração de
polimerização da resina composta aderida ao dente quando a espessura do
adesivo foi sistematicamente variada, e correlacionar os efeitos da espessura
de adesivo e da redução do estresse de polimerização na desadaptação
marginal em cavidades classe V. A força máxima de contração da resina
composta (Herculite XRV) foi medida em um tensilômetro quando a
espessura do agente adesivo (Scotchbond MP) variou de 20 a 300 pLm. A
resina composta foi inserida em cavidades classe V preparadas nas
superfícies vestibulares de dentes bovinos, onde espessuras diferentes de
adesivo foram aplicadas em camadas e o teste de infiltração marginal foi
executado por meio da penetração com nitrato de prata. O estresse de
contração diminuiu significativamente com aumento da espessura da camada
de adesivo. Este resultado foi apoiado por um exame teórico dos dados. Em
cavidades classe V, a aplicação de camadas de adesivo adicional na área
marginal reduziu o grau global de microinfiltração. A tensão de contração
gerada durante a confecção de uma restauração de resina composta
contribuiu significativamente para a infiltração marginal prematura, e esta
tensão foi significativamente absorvida e aliviada pela aplicação de uma
espessura crescente de adesivo de baixa dureza.
Zheng et al. (2000) avaliaram o efeito da espessura de película de
adesivo de dois sistemas comerciais na resistência de união. Quarenta e seis
molares humanos extraídos foram aleatoriamente divididos em dois grupos
para receberem tratamento com Clearfil Liner Bond 2V (Kuraray) e com
Single Bond (3M). Esses foram divididos em subgrupos de acordo com a
espessura de camada adesiva. Após 24 h de armazenagem em água, os
35
dentes foram seccionados em placas de 0,7 mm de espessura, que foram
desgastadas formando uma área de união de 1 mm
2
que foram submetidas
ao teste de microtração. Os dados foram analisados por one-way ANOVA e
teste de Fischer (p<0,05). Para o adesivo Clearfil Liner Bond 2V os valores de
resistência de união aumentaram significativamente com o aumento de
espessura da camada de adesivo, porém para o sistema Single Bond os
valores de resistência de união reduziram significativamente com o aumento
de espessura da camada de adesivo.
Leloup et al. (2001) analisaram dados sobre resistência de união
publicados na literatura entre 1992 e 1996 para verificar os efeitos dos
aspectos experimentais na resistência de união. As variáveis em ordem
decrescente de influência sobre a resistência de união foram às seguintes:
profundidade de dentina, velocidade de carregamento, tempo de
armazenagem das amostras, tempo máximo de armazenagem dos dentes,
área de união, temperatura de armazenamento dos dentes, temperatura de
armazenamento das amostras e espessura do compósito. Todos os
parâmetros exerceram influência sobre a resistência de união, com exceção
do lado da dentina e da termociclagem. Foi encontrada uma forte correlação
entre o modo de falha e a resistência de união, pois quanto maior a
resistência de união, maior o número de falhas coesivas. Os autores
enfatizaram que os parâmetros de teste podem ser controlados através do
uso de um protocolo padrão, como o recomendado pela ISO para adesão aos
tecidos dentais. No entanto, estes padrões são aplicados em poucos estudos.
36
Platt et al. (2001) realizaram um estudo sobre os efeitos da aplicação
de dupla camada de adesivos de frasco único na resistência de união à
dentina. Para isso foram utilizados 90 molares humanos que foram divididos
em 6 grupos (n=15). A superfície oclusal foi removida e a dentina exposta foi
polida com lixa de granulação 600. Os sistemas adesivos utilizados foram o
Prime&Bond NT (Dentsply), o OptiBond Solo (Kerr) e o One Step (Bisco).
Cada material foi testado usando o número de aplicações recomendado pelo
fabricante e fotopolimerizado, ou aplicando duas vezes o recomendado com
duas fotopolimerizações. Os corpos-de-prova foram armazenados em água
destilada à 36ºC até a realização dos testes de resistência de união a uma
velocidade de 0,5 mm/min. A comparação entre as formas de aplicação dos
adesivos foi analisada através do teste-t. O modo de fratura foi determinado
utilizando um estereomicroscópio em 20 x. As falhas foram classificadas em
coesiva em dentina, adesiva e mista. As camadas adesivas foram analisadas
em microscopia. Os resultados mostraram um aumento significativo nos
valores de união do adesivo Prime&Bond NT quando da aplicação de dupla
camada, porém para os outros dois adesivos estudados não houve diferença
significativa. Clinicamente todos os adesivos pareciam ter camadas
satisfatórias, porém na análise microscópica o adesivo Prime&Bond NT, com
uma camada, não apresentou espessura uniforme. A penetração de adesivo
nos túbulos e a zona de hibridização foram visíveis para todos os grupos.
Van Meerbeek et al. (2001) realizaram uma revisão de literatura sobre
o estado atual dos sistemas adesivos. Uma classificação dos sistemas
adesivos de acordo com a forma de ação foi proposta e passos críticos da
técnica adesiva foram discutidos em detalhe, além da efetividade de adesão
37
ao esmalte e dentina. Com relação à aplicação dos adesivos cabe ressaltar a
indicação da utilização do conceito de “camada adesiva elástica”, que
consiste em uma camada adesiva espessa capaz de absorver e dissipar a
força de contração de polimerização gerada no processo de
fotopolimerização das resinas compostas. Os autores alertaram que quando
da utilização de sistemas adesivos de frasco único, a concentração de
solvente é maior, possibilitando que a camada de adesivo aplicada seja muito
fina após a evaporação deste, principalmente quando este é a acetona. Para
garantir uma adequada espessura de película nestes sistemas é necessária a
aplicação de várias camadas de adesivo. A quantidade de monômeros deve
ser suficiente não somente para saturar a rede de colágeno desmineralizada
pelo condicionamento ácido, mas também para estabelecer uma camada de
adesivo satisfatória sobre a camada híbrida. Essa camada de adesivo
apresenta flexibilidade suficiente para absorver o estresse gerado na
polimerização, evitando falhas na interface adesiva. Outra forma de promover
uma camada adesiva uniforme e espessa é a incorporação de
nanopartículas. Evidências clínicas suportam o conceito de camada elástica
para os adesivos Clearfil Liner Bond (Kuraray), Scotchbond Multi-Purpose
(3M) e Optibond Dual Cure (Kerr) em inúmeros estudos clínicos realizados
pelos autores e outros pesquisadores.
Armstrong, Keller e Boyer (2001) compararam o ensaio de microtração
(resistência de união) e o ensaio de mini-barra com entalhe (resistência
interfacial à fratura) em termos de valores absolutos e modo de falha na
interface adesiva utilizando o adesivo Optibond FL associado à resina
composta Prodigy em dois períodos de armazenamento (30 dias e 6 meses).
38
Foram selecionados 80 molares humanos (20 por grupo) a partir dos quais
foram obtidos 40 corpos-de-prova para microtração (alteres com 0,38 mm
2
a
0,54 mm
2
de área adesiva cilíndrica) e outros 40 para mini-barra com entalhe,
sendo que os corpos-de-prova para microtração possuíam apreensão em
face dupla. Após ensaio, estes foram levados ao MEV para verificar o modo
de falha de acordo com a seguinte classificação: coesiva em resina
composta/dentina (substrato), interfacial (base ou topo de camada híbrida
e/ou coesiva em adesivo) ou mista, sendo importante realizar esta análise
para determinar qual a região mais fraca e susceptível à ocorrência de falhas.
Os valores resultantes foram os seguintes: mini-barra 30 dias 0,82 MPa
(100% de falha interfacial), 6 meses 0,87 MPa (100% de falha interfacial);
microtração 30 dias 52,23 MPa (25% coesiva em resina composta., 30%
coesiva dentina, 30% interfacial, 15% mista), 6 meses 14,71 MPa (90%
interfacial, 10% mista). Segundo os autores, a metodologia de mini-barra foi
incapaz de caracterizar valores de união diferenciados para 30 dias e 6
meses, uma vez que não houve diferença significativa entre estes dois
períodos de armazenamento. o ensaio de microtração não foi capaz de
caracterizar o padrão de falha na interface adesiva com 30 dias de
armazenamento, pois foi predominante a falha coesiva dos substratos. Aos
seis meses, a indicação do padrão de falha na interface adesiva foi
semelhante para os dois métodos de ensaio (base de camada híbrida).
Dietschi et al. (2002) avaliaram a adaptação marginal de restaurações
classe II após a colocação imediata e tardia de resina composta.
Restaurações diretas em resina composta classe II MOD (n = 8 por grupo)
foram realizadas em terceiros molares humanos intactos, com a margem
39
proximal 1 mm acima e 1 mm abaixo da junção amelo-cementária. Todas as
cavidades foram preenchidas com a técnica incremental horizontal,
imediatamente após a aplicação do adesivo (IP) e após 24 horas de atraso
(DP). Foram utilizados um sistema adesivo de três componentes com carga
(OptiBond FL: OB) e um sistema adesivo de um único frasco sem carga
(Prime Bond 2.1: PB). A adaptação marginal foi acessada antes e depois de
cada fase da carga mecânica (25.0000 ciclos em 50 N, 25.0000 ciclos em 75
N e 50.0000 ciclos em 100 N); a adaptação interna foi avaliada após a
complementação do teste. Réplicas de resina banhadas a ouro foram
observadas em microscopia eletrônica de varredura (MEV) e a qualidade das
restaurações foi avaliada em percentagem de continuidade (C) nas margens
e dentro da interface interna, após a secção das amostras. A adaptação ao
esmalte biselado mostrou ser satisfatório em todos os grupos. Após a carga,
a adaptação à dentina gengival degradou mais em PB –IP (C = 55,1%) do
que PB DP (C = 86,9%) ou OB DP (C = 89%). Maior quantidade de
defeitos internos foi observada nas amostras de PB (IP: C = 79,2% e DP: C =
86,3%) comparada às amostras de OB (IP: C = 97,4% e DP: C = 98,3%). O
adesivo com carga (OB) promoveu uma melhor adaptação do que o adesivo
de um frasco (PB), hipoteticamente pela formação de uma camada que
absorve o estresse, limitando o desenvolvimento de falhas.
Tay et al. (2002) testaram a hipótese que a resistência de união à
microtração de todos os sistemas adesivos dentinários de passo único é
afetada pela polimerização tardia dos compósitos fotopolimerizáveis, e que
este fenômeno somente ocorre na presença de água proveniente do
substrato que faz parte da interface adesiva. No experimento I, um adesivo
40
de três passos (All-Bond 2) foi utilizado como controle e seis adesivos de
passo único (One-Up Bond F, Etch&Prime 3.0, Xeno CF Bond, AQ Bond,
Reactmer Bond e Prompt-L-Pop) foram aderidos à dentina sadia e úmida.
Uma resina microparticulada foi colocada sobre os adesivos polimerizados e
foi fotoativada imediatamente ou depois de armazenada por 20 minutos em
ambiente escuro. O experimento II, três adesivos de passo único
(Etch&Prime 3.0, Xeno CF Bond, AQ Bond) foram igualmente aderidos a
dentina completamente desidratada, seguindo o mesmo protocolo de
fotopolimerização. No experimento III, uma porção de resina composta
polimerizada foi utilizada como substrato para a adesão para os mesmos três
sistemas adesivos de passo único, sendo também cobertos por resina,
seguindo o mesmo protocolo imediato e tardio de fotopolimerização. As
amostras foram cortadas para confecção dos corpos-de-prova para
microtração e a fractografia foi realizada por MEV. Amostras com o mesmo
tratamento adesivo, em forma de fatias não submetidas a estresse e o
desmineralizadas foram também analisadas por MET. Quando aderidos à
dentina hidratada, a ativação tardia não teve efeito sobre o sistema adesivo
controle de três passos, mas reduziu significativamente a resistência de união
de todos os sistemas de passo único. Este efeito adverso da polimerização
tardia não foi observado para os três adesivos de passo único quando
aderidos à dentina desidratada ou à resina composta. Manifestações
morfológicas da fotopolimerização tardia no grupo do substrato de dentina
hidratada ocorreram exclusivamente ao longo da interface adesiva / resina
composta e foi apresentada como grandes espaços, glóbulos de resina e
estruturas parecidas com favos de mel que, juntamente com micro bolhas,
41
estavam presentes em toda a interface fraturada. Este fato se assemelha ao
fenômeno de sobre-umidade (over wet), que foi previamente relatado ao
longo da interface dentina /adesivo de alguns adesivos de três passos com
acetona. A polimerização da camada adesiva, nos adesivos de passo único,
pode agir como uma membrana semipermeável que permite a difusão de
água da dentina hidratada aderida até a zona intermisturada formada pelo
adesivo e pela resina composta não polimerizada. Este processo de osmose,
que promove a formação de gotículas de água ao longo da superfície da
camada adesiva polimerizada, em conjunto a polimerização da emulsão
formada por componentes das resinas que não se misturam à água,
provavelmente contribuem para o comprometimento da resistência de união
dos adesivos de passo único após a polimerização tardia da resina
composta.
Koike et al. (2002) testaram a eficácia de múltiplas aplicações de um
sistema adesivo de condicionamento ácido total através da medição da fenda
formada pela contração de polimerização da resina composta e pela medição
da resistência de união. O sistema adesivo utilizado foi o Single Bond (3M),
tendo sido aplicado em uma e duas camadas para cada grupo de teste.
Metade de cada grupo foi restaurada com resina composta Z100 (3M) e outra
metade com Silux Plus (3M). A fenda de contração, para ambas as resinas
compostas, não foi verificada quando duas camadas de adesivo foram
aplicadas. A espessura de película de uma e duas camadas de adesivo
foram, respectivamente, de aproximadamente 5 µm e 10 µm. A resistência de
união não apresentou diferença significativa, nem quando da aplicação de
duas camadas de adesivo, nem quando da aplicação de resinas compostas
42
diferentes. A espessura de 10 µm da camada adesiva formada pela dupla
aplicação do sistema Single Bond (3M) foi capaz de evitar a formação de
fenda marginal em restaurações de resina composta em dentina.
Van Meerbeek et al. (2003) afirmam que a união ao tecido dentário
pode ser alcançada pela utilização de um sistema de condicionamento ácido
total, autocondicionante ou com sistema de ionômero de vidro. O mecanismo
de união básico para esmalte e dentina destes três sistemas se manifestam
por meio de interações interfaciais de caráter ultra-morfológico e químico
entre dente e biomaterial. Além disso, teste de resistência de união e a
medição da efetividade de selamento marginal (as duas metodologias para
determinar a efetividade da união adesiva mais comumente empregadas no
laboratório) foram avaliados em valor e relevância predizendo desempenho
clínico. Uma nova metodologia dinâmica para testar a união de um
biomaterial ao dente, com modo de fadiga, é introduzida com um dispositivo
de teste de fadiga micro-rotativo recentemente desenvolvido. Eventualmente,
os adesivos de hoje serão severamente criticados em seu desempenho em
diversos estudos laboratoriais e clínicos. Foi prestada atenção especial aos
benefícios e desvantagens de um adesivo de condicionamento ácido total
contra um autocondicionante quanto ao desempenho à longo prazo destes
adesivos. A correlação entre dados recolhidos em estudos laboratoriais com
resultados clínicos mostra claramente que as pesquisas de laboratório podem
predizer efetividade clínica. Embora exista uma tendência para simplificar os
procedimentos adesivos, os dados apresentados ainda confirmam que os
adesivos de condicionamento ácido total de três passos cumprem de maneira
mais favorável e são muito seguros a longo prazo. Não obstante, os adesivos
43
autocondicionantes podem ter uma boa perspectiva futura, devido ao modo
de aplicação. Clinicamente, quando os adesivos não requerem um passo
de condicionamento ácido e lavagem, o tempo de aplicação, e mais
importante, a sensibilidade da cnica está substancialmente reduzida.
Especialmente os adesivos autocondicionantes "moderados" de dois passos
que tem a união promovida pela combinação da interação micromecânica e
química com tecido dentário, apresenta uma abordagem similar aos sistemas
convencionais de três passos no que diz respeito ao desempenho da união.
Yoshida et al. (2004) acreditam que a hidroxiapatita residual, deixada
pelo tipo de desmineralização dentinária dos sistemas adesivos
autocondicionantes, serve como um receptor para interações químicas com
os monômeros funcionais dos adesivos, contribuindo para a adesão. Foram
estudadas as interações químicas obtidas através da ligação de três
monômeros funcionais com hidroxiapatita sintética. Os monômeros utilizados
foram 10-MDP, 4-META e fenil-p. O 10-MDP apresentou maior capacidade
de aderir à hidroxiapatita, formando uma adesão estável, comprovada pela
baixa taxa de dissolução em água. A adesão do 4-META foi
significativamente menor e o fenil-p apresentou união à hidroxiapatita instável
na presença de água.
Alvarez-Gayosso et al. (2004) calcularam a taxa de contração
resultante da contração de polimerização das resinas compostas
fotopolimerizáveis. Quatorze resinas compostas foram submetidas à análise
termogravimétrica para avaliar a quantidade de material inorgânico presente
nas resinas não polimerizadas. Para avaliar a contração de polimerização
44
dos materiais foi utilizado um dispositivo capaz de medir o deslocamento
entre duas laminas de vidro entre as quais as resinas eram inseridas. Foi
encontrada diferença de contração de polimerização dependendo da fluidez
da resina composta e do tipo de monômero presente na matriz orgânica. A
taxa de contração das resinas compostas com fluidez média variou entre
55,71 e 114,12 µm/min., enquanto que para as resinas fluidas a taxa ficou
entre 124,72 e 167,00 µm/min. Segundo os autores, esta maior taxa de
contração das resinas fluidas se deve ao fato destas apresentarem maior
quantidade de ligações duplas promovendo uma polimerização mais rápida.
Os autores observaram haver relação entre quantidade de carga, tipo e
quantidade de monômeros e grau de polimerização do material, sendo que o
conteúdo de carga pode reduzir a tensão de contração de polimerização e a
taxa de contração das resinas compostas.
Loguercio, Reis e Ballester (2004) avaliaram a contração de
polimerização linear e seu efeito sobre a formação de fenda, resistência de
união e resistência coesiva de uma resina composta sob diferentes fatores de
contração e técnica de inserção da resina. Para o estudo foi utilizado o
sistema adesivo Single Bond (3M ESPE) e a resina composta Z250 (3M
ESPE). A resina foi inserida em cavidades com 4 x 4 x 2 mm
3
(fator C= 3) ou
em superfície plana de dentina (fator C= 0,3) de incisivos bovinos, após a
aplicação de sistema adesivo. Foi realizada a inserção da resina em um ou
em três incrementos, seguido da fotopolimerização por 80 s. A contração de
polimerização linear foi mensurada acoplando uma sonda na superfície da
amostra para medir o deslocamento no sentido da superfície ao fundo da
massa de resina. Metade destas amostras foi seccionada em palitos de
45
resina para o teste de resistência coesiva. A outra metade foi seccionada em
fatias para avaliar e mensurar a fenda interna da cavidade, sendo avaliados
os dois lados da fatia em microscópio ótico em aumento de 400 x. Foram
analisadas três fatias para cada cavidade. Considerando que a fenda interna
não apresenta uma configuração geométrica regular, a medida foi realizada
somando as medidas de áreas retangulares. Essas fatias foram novamente
seccionadas para formar palitos de dentina/resina para serem submetidos ao
teste de resistência de união à microtração. Para as amostras com fator C
baixo, a contração de polimerização linear foi similar tanto para um
incremento como para três incrementos de resina. com um fator C alto, a
técnica incremental promoveu uma menor contração de polimerização linear.
Para o grupo com alto fator C, a largura da fenda interna da cavidade foi
maior e a resistência de união foi menor que para o grupo com fator C baixo.
A resistência coesiva da resina composta foi similar para todos os grupos.
Não foi encontrada correlação entre resistência de união e largura de fenda.
Os efeitos da contração de polimerização não são reduzidos pela cnica
incremental frente aos diferentes fatores de configuração cavitários utilizados.
Versluis et al. (2004) avaliaram a distribuição do estresse residual em
molares após a confecção de restauração de resina composta. Três
diferentes fatores de configuração cavitária foram aplicados em um modelo
de elemento finito de molar. As propriedades do compósito empregadas no
elemento finito foram baseadas em estudos prévios da resina Z100 (3M
ESPE). O padrão de deformação oclusal e o estresse residual do dente, da
restauração e da interface dente/restauração foram calculados através de um
modelo de polimerização baseado no conceito de contração pós-gel. O
46
estresse de contração depende da configuração e do tamanho da
restauração. A resistência do dente frente à contração de polimerização
diminuiu com o aumento da perda de tecido dentário. Restaurações amplas
resultam em menores níveis de estresse na restauração e na interface
dente/restauração, porém acarreta maior estresse ao dente. Segundo os
autores, o estresse residual que ocorre no dente restaurado permanece
mesmo quando não carga funcional sobre o dente/restauração. A
presença desse estresse resulta em um comportamento alterado do dente
restaurado interferindo na performance clínica, podendo causar adaptação
inadequada da restauração, propagação de microtrincas no dente, perda de
material nas margens da restauração, sensibilidade pós-operatória,
microinfiltração e cárie secundária.
Yap e Soh (2004) relatam a utilização de monômeros que apresentam
menor grau de contração, como o UDMA e o Bis-EMA. Os autores
compararam a contração s-gel de duas resinas compostas de “baixa
contração” (InTen-S, Ivoclar-Vivadent; Aelite LS, Bisco), do ormocer Admira
(Voco) e de duas resinas compostas miniparticuladas (Renew, Bisco; Z100,
3M ESPE). Um dispositivo de monitoramento de tração e configuração de
teste foi usado para medir a contração de polimerização linear dos
compósitos durante e 60 minutos após a fotopolimerização. Cada amostra foi
irradiada por 40 s com uma unidade de luz halógena. A contração de
polimerização linear imediatamente após a fotopolimerização e durante os 60
minutos seguintes variou de 0,10% a 0,40% e de 0,22% a 0,60%,
respectivamente. A contração de polimerização pós-gel das resinas de “baixa
contração” e do ormocer foi significativamente menor do que a das resinas
47
compostas miniparticuladas testadas. Segundo os autores os compósitos
contraem entre 1 e 5% em volume durante o processo de fotopolimerização.
A contração total pode ser dividida em duas fases: pré-gel e pós-gel. Durante
a polimerização na fase pré-gel o compósito é capaz de fluir e o estresse
presente dentro da estrutura é aliviado. Porém, isso não ocorre na fase pós-
gel, pois, após a geleificação, a fluidez cessa e o estresse de contração não
pode ser dissipado. Desse modo a polimerização na fase pós-gel resulta em
acúmulo de estresse na estrutura dentária circunvizinha e na interface
adesiva dente/ restauração.
Miguez et al. (2004) mediram a resistência de união dentina/resina e
avaliaram a formação de fenda na parede pulpar de restaurações oclusais de
resina composta com a utilização de uma resina fluida como liner, seguido
das técnicas de inserção de resina composta incremental e em incremento
único. Preparos oclusais foram confeccionados em dezesseis molares
humanos extraídos e foram divididas aleatoriamente em dois grupos de
acordo com o sistema adesivo e resina composta utilizados: One-Step
(Bisco) + Renew (Bisco) e OptiBond SOLO (Kerr) + Herculite XRV (Kerr). As
resinas fluidas ÆliteFlo (Bisco) ou Revolution (Kerr) foram aplicadas como
liner na metade dos corpos-de-prova de cada grupo. Os grupos com e sem
liner foram restaurados com resina composta inserida em um incremento ou
com incrementos de 1,5 mm. Após 24 h de armazenagem em água, os
dentes restaurados foram seccionados em blocos com 0,7 mm de espessura
e foram examinados em microscópio óptico em 400 x de aumento para
determinar a presença de fenda interna entre resina e dentina. As amostras
livres de fenda foram desgastadas e submetidas ao teste de resistência de
48
união à microtração. As amostras que apresentaram fenda foram utilizadas
para o teste de dureza Knoop dos materiais restauradores utilizados. Todas
as restaurações preenchidas pela técnica incremental ficaram bem
adaptadas à parede pulpar, porém quase todas as restaurações que
receberam apenas um incremento de resina apresentaram fenda entre o liner
de resina fluida e a resina híbrida. O uso de resina fluida aumentou a
resistência de união das restaurações com o adesivo One-Step, mas não
para aquelas realizadas com o OptiBond SOLO. A técnica incremental
preveniu a formação de fenda indiferentemente do uso de resina fluida. Em
contrapartida, o uso de resina fluida como liner não garantiu uma restauração
livre de fenda ou melhorou a resistência de união da resina à dentina nas
restaurações realizadas com incremento único. Os autores relataram que
apesar das resinas fluidas terem menor módulo de elasticidade, menor
concentração de carga e, em geral, propriedades mecânicas inferiores às
resinas hibridas, não suportando situações de alto estresse, elas são
utilizadas como liners com o intuito de prevenir a formação de fenda
internamente na restauração de resina composta.
Nikolaenko et al. (2004) relatam que, devido à contração de
polimerização dos materiais a base de resina, restaurações Classe I com
elevado fator C apresentam uma certa quantidade de estresse quando o
material é aderido. Por este motivo realizaram um estudo para avaliar a
influência do fator C e diferentes técnicas de inserção de resina composta em
camadas utilizando três diferentes sistemas adesivos. A resistência de união
da resina composta Z250 unida aos adesivos OptiBond FL, Single Bond e
One Up Bond F foi medida com a utilização de restaurações classe I e com a
49
confecção de blocos de resina sobre uma superfície plana de dentina sem
paredes laterais, tendo sido utilizada diferentes formas de aplicação de
camadas de resina composta. A resina composta foi inserida em camadas de
forma vertical, horizontal e oblíqua, todas elas com e sem a aplicação de uma
resina fluida como liner. Os grupos unidos à superfície plana de dentina
apresentaram valores de resistência de união significativamente maiores que
os apresentados pelos grupos onde a resina foi inserida em cavidades classe
I. Dentre os grupos de cada sistema adesivo, a cnica de inserção de resina
apresentou diferenças significativas. A técnica de preenchimento da cavidade
em incremento único levou aos menores valores de resistência de união para
os adesivos Single Bond e One-Up Bond F. A técnica de inserção de
camadas horizontais resultou em aumento da resistência de união quando
comparada às técnicas de camadas verticais e oblíquas. A utilização de uma
resina fluida como liner não aumentou os valores de união para o adesivo
OptiBond FL. Para os outros adesivos, a aplicação deste liner melhorou os
resultados de união quando camadas verticais ou obliquas de resina foram
realizadas, porém com a aplicação de camadas horizontais não houve efeito
significativo. O fator C é um fator que influencia a adesão à dentina. Porém,
com a aplicação da resina composta em camadas de forma apropriada, altos
valores de resistência de união podem ser obtidos mesmo em cavidades com
elevado fator C.
Hashimoto et al. (2004 a) avaliaram o efeito da aplicação de múltiplas
camadas de adesivo unido à dentina humana sobre a nanoinfiltração e a
resistência de união entre resina composta e dentina. Amostras de resina
unida à dentina foram preparadas com um adesivo de condicionamento ácido
50
total (One-Step Plus) aplicado em camadas sucessivas, ou usando dois
sistemas adesivos autocondicionantes (iBond ou Fluoro Bond). Para o
adesivo autocondicionante foram executadas aplicações de resina e
evaporação de ar 1, 2, 3, ou 4 vezes. Os adesivos autocondicionantes foram
aplicados de acordo com as instruções dos fabricantes. Amostras para o
teste de microtração (palitos) de resina/dentina foram preparadas e
armazenadas em água (controle) ou amoníaco nitrato de prata. Depois do
armazenamento, o teste de resistência de união à microtração foi realizado.
As superfícies fraturadas foram examinadas por microscopias eletrônicas de
varredura e de transmissão (MEV e MET), e espectroscopia dispersiva de
energia (EDS). Não foi encontrada nenhuma diferença significante nos
valores de resistência de união entre os grupos de armazenamento em água
ou em nitrato de prata. Vários tipos de depósitos de prata (mancha, reticular,
ou árvores de água) foram encontrados na união adesiva. A resistência de
união das amostras confeccionadas com uma camada dos adesivos
autocondicionantes foi significativamente mais baixa do que aquela
encontrada para o grupo de 2 - 4 camadas. Camadas únicas de adesivo
produziram mais nanoinfiltração do que camadas múltiplas. Porém, nenhuma
correlação foi encontrada entre os valores de resistência de união e
nanoinfiltração com os diferentes adesivos testados (adesivo de
condicionamento ácido total em diferentes condições ou adesivos
autocondicionantes).
Hashimoto et al. (2004 b) avaliaram o efeito da aplicação de
consecutivas camadas de adesivo sobre dentina através da resistência de
união a microtração e nanoinfiltração ao nitrato de prata amoníaco. Foram
51
utilizados dois sistemas de condicionamento acido total (OptiBond Solo Plus
e Single Bond). A aplicação do adesivo e a secagem para evaporação do
solvente foram realizadas de 1 até 8 vezes sobre a dentina úmida tratada
com ácido. A nanoinfiltração foi avaliada por MET. Os resultados indicaram
que houve aumento da resistência de união a cada camada aplicada,
principalmente acima da quarta camada. A nanoinfiltração diminuiu com o
aumento do número de camadas de adesivo, ficando significativamente
menor após a quarta camada. Pequena quantidade de prata foi encontrada
no interior da camada híbrida, mesmo nos grupos onde houve elevados
valores de resistência de união, porém, para o grupo com uma camada de
adesivo, grande quantidade de prata foi verificada sobre e dentro da camada
híbrida. A impregnação por prata se nas áreas vazias formadas pelo
acúmulo de água. A repetição da aplicação de adesivo e, subseqüente
evaporação do solvente, promove o aumento da infiltração do adesivo entre
as fibrilas colágenas. Essa técnica da aplicação de varias camadas seguida
de várias secagens, sem fotopolimerização entre elas, possibilita o aumento
da saturação de resina dentro da rede de colágeno. A não polimerização dos
co-monômeros permite que os monômeros continuem se difundindo para o
interior da rede colágena, enquanto que os solventes são difundidos para fora
desta. É formada uma camada híbrida mais consistente com menos
quantidade de água residual no interior, porém sem aumentar a espessura da
camada adesiva. Porém, quando cada camada de adesivo é fotopolimerizada
separadamente, o aumento da espessura da camada adesiva, sem que a
qualidade da camada híbrida seja melhorada. Esta ultima técnica pode ser
capaz de aumentar a resistência de união devido ao aumento da elasticidade
52
do adesivo, melhorando a distribuição do estresse de contração. O maior
tempo de aplicação do adesivo aumenta a resistência de união à dentina,
provavelmente pela maior impregnação de adesivo na rede de colágeno. A
técnica proposta pelos autores funciona da mesma forma, causando redução
da nanoinfiltração e o aumento na resistência de união no período de 24 h.
Os autores sugerem que esta técnica pode ser utilizada para todos os
adesivos que utilizam condicionamento ácido total.
Hashimoto et al. (2004 c) avaliaram a extensão da penetração de água
através da interface dentina/ resina antes e após ser selada com adesivo.
Foram utilizados 2 adesivos de condicionamento ácido total e dois adesivos
com primer autocondicionantes. Discos de dentina foram colocados sobre um
dispositivo que simula a pressão da câmara pulpar e mede o fluxo de fluido
através da dentina, com ou sem a pressão fisiológica, durante o
procedimento adesivo ou 24 h após a adesão. O movimento do fluido através
da dentina ocorre através dos túbulos dentinários após o condicionamento
ácido. A quantidade de movimentação do fluido através da interface
resina/dentina, quando foram usados adesivos de condicionamento acido
total, foi significativamente maior do que quando foram empregados adesivos
autocondicionantes. O efeito do condicionamento promovido pelo primer
acídico, mantém smear plugs dentro dos bulos dentinários após a
hibridização, reduzindo a movimentação do fluido dentinário para fora,
resultando em um melhor selamento da dentina. A movimentação de fluido
dentinário ocorre através e ao redor da interface adesiva para todos os
adesivos, porém para os que empregam o condicionamento ácido total esse
movimento é muito maior. Durante a fotopolimerização ocorre a
53
movimentação para dentro da dentina enquanto que durante a colocação de
ar para evaporação do solvente este movimento ocorre de dentro para fora.
Isso pode ser explicado devido à expansão térmica do fluido dentinário, pela
ação do calor proveniente da fonte de luz, e pela evaporação da água
presente no adesivo a na dentina subjacente. Essa movimentação do fluido
dentinário ocorre de forma transitória e pode ser grande o suficiente para
formar arvores de água, que contribuem para a degradação hidrolítica da
adesão dentina / resina. Essa formação de arvores de água durante o
processo adesivo deve facilitar a sorção de água nas 24 h seguintes por
ficarem canais sem adesivo no interior da camada híbrida. A movimentação
do fluido quando se utiliza adesivos autocondicionantes foi menor do que
aquela encontrada para os adesivos com condicionamento ácido total,
provavelmente devido a menor interferência da água por não sofrerem o
processo de lavagem. Para o adesivo Clearfil Protect Bond a taxa de
movimentação do fluido foi extremamente baixa, provavelmente devido a
aplicação de uma camada de adesivo hidrofóbico sobre a camada de primer
hidrofílico, agindo como um selamento da interface adesiva.
Reis et al. (2004) avaliaram a influência do tempo de armazenagem e
a velocidade de corte durante a preparação das amostras na resistência de
união de sistemas adesivos de um frasco. Para obtenção das amostras uma
superfície de dentina plana foi exposta em 36 terceiros molares humanos. O
sistema adesivo (Single Bond, 3M Espe, St Paul, MN, USA) foi aplicado de
acordo com instruções do fabricante, e coroas de resina composta (Z250, 3M
Espe, St Paul, MN, USA) foram construídas pela técnica incremental. As
amostras foram armazenadas por 10 min, 24 h, ou 1 semana em água
54
destilada a 37ºC antes de serem seccionados longitudinalmente em direções
“x” e “y” em diferentes velocidades de corte (0,5, 1,6 e 2,6 m/s) para obter
bastões com uma área de secção transversal de 0,8 mm². As amostras foram
submetidas a uma carga de tração a uma velocidade de 0,5 mm/min e o
modo de falha foi analisado. Um teste ANOVA two-way com tempo de
armazenamento (3 níveis) e velocidade de corte (3 níveis) como fatores
foram usados para comparar as médias de resistência de união à
microtração. Foram detectados efeitos e interações altamente significantes
(p<0,0001). A maior média de resistência de união foi obtida com um tempo
de armazenagem de 1 semana e velocidade de corte de 2,6 m/s. A menor
média foi encontrada quando as amostras foram preparadas imediatamente
após a colocação da resina composta e recortadas a uma velocidade de 0,5
m/s. Tanto o tempo de armazenagem quanto a velocidade de corte podem
afetar os resultados de resistência de união.
Irie, Suzuki e Watts (2004) avaliaram o desempenho do sistema
adesivo autocondicionante Adper Prompt L-Pop (3M/Espe) quanto foi
realizada a aplicação de uma ou duas camadas de adesivo, seguido da
aplicação de três classes de materiais restauradores fotopolimerizáveis em
comparação com o desempenho apresentada por cada material e seu
respectivo sistema adesivo. Foram utilizados três parâmetros de comparação
do desempenho entre os sistemas adesivos: adaptação marginal imediata
(ou formação de fenda marginal); determinação da tensão de contração
através da avaliação imediata da espessura da fenda marginal em uma
cavidade não aderente de Teflon; a resistência de união imediata ao esmalte
e à dentina. A máxima e mínima espessura de fenda marginal nas cavidades
55
em dente e na cavidade de Teflon foram medidas imediatamente (3 minutos)
após a fotopolimerização com a utilização de microscópio óptico (400 x). A
resistência de união ao esmalte e à dentina também foi medida 3 minutos
após a confecção das restaurações. Para os materiais restauradores
fotopolimerizáveis nos momentos iniciais (< 3 minutos), a aplicação do sistema
adesivo Adper Prompt L-Pop apresentou melhor adaptação marginal quando
comparado à maioria dos sistemas adesivos. Entretanto, não houve beneficio
adicional com a aplicação de dupla camada deste adesivo. A formação de
fenda na cavidade em dente e no molde de Teflon apresentou forte
correlação (r=0,86, p<0,02). Para os resultados de resistência de união ao
esmalte e dentina, não houve diferença significativa quando da aplicação de
duas camadas de adesivo para todos os materiais testados, com exceção do
Toughwell e Z250 em esmalte. Os autores concluíram que a aplicação de um
adesivo autocondicionante foi uma alternativa possível e benéfica aos
sistemas adesivos preconizados pela maioria dos materiais
fotopolimerizáveis testados.
Cadenaro et al. (2005) analisaram a extensão da polimerização de
diferentes adesivos em relação a permeabilidade. Um adesivo de cada classe
foi investigado: OptiBond FL; One-step; Clearfil Protect Bond e Xeno III. Os
filmes de adesivos foram preparados e fotopolimerizados por 20, 40 ou 60 s.
A curva da cinética de polimerização foi obtida através de escaneamento de
calorimetria diferencial (DSC) e os dados foram correlacionados com
microdureza. A permeabilidade dos adesivos sob as mesmas condições
experimentais foram avaliadas pela união a dentes humanos extraídos
acoplados a um dispositivo de permeabilidade. Os resultados mostraram que
56
a extensão da polimerização obtida pela DSC exotérmica foi diretamente
correlacionada com microdureza. O aumento do grau de polimerização após
elevado tempo de fotopolimerização foi confirmado para todos os adesivos
testados. Os adesivos simplificados exibiram a menor extensão de
polimerização e mostraram polimerização incompleta mesmo após 60 s. Uma
correlação inversa foi encontrada entre o grau de cura a permeabilidade. A
permeabilidade dos adesivos simplificados está correlacionada com a
incompleta polimerização dos monômeros resinosos e com o tempo de
exposição à luz. Esses adesivos podem se tornarem menos permeáveis pelo
uso de tempos de fotopolimerização maiores do que aqueles recomendados
pelos fabricantes.
Watts (2005) realizou um estudo com o objetivo de discorrer sobre as
relações existentes entre a fotopolimerização dos compósitos, a rede de
polímeros com suas cinéticas e o estresse resultante da transmissão do
comportamento micro-mecânico destes materiais. Os números de fótons e
energias foram calculados e comparados a um modelo simples de um
sistema de compósito-monômero. Foram computadas expressões para a luz
irradiada através do material, sendo consideradas as conseqüências do
estado estável assumido no modelo cinético de conversão e da taxa de
tensão de contração. As propriedades do estresse resultante transmitido o
uma função complexa do transporte de fótons, da absorção pelos
fotoiniciadores, formando possivelmente um estado não-estável livre de
radicais de ligações cruzada, causando colapso do volume livre e
desenvolvimento de uma rede elástica que revela uma estrutura não
homogênea, que apresenta viscoelasticidade e sofre efeitos de
57
envelhecimento. Segundo os autores, a causa dominante da tensão de
contração imediata gerada nos monometacrilatos surge da conversão da
dupla ligação de carbono (C=C), onde, para cada segmento do monômero da
cadeia, o espaço intermolecular de uma ligação de van-der-Waals (amplo) é
substituído por uma ligação intramolecular covalente, cujo espaço é menor.
Isso resulta em uma mudança de densidade durante a transformação de
monômero em polímero.
Ito et al. (2005) avaliaram a sorção de água e o módulo de elasticidade
de cinco resinas experimentais sem carga, aumentando a hidrofilicidade, e de
cinco resinas comerciais: Excite (Ivoclair/Vivadent), Scotchbond MP
(3M/ESPE), One-Up Bond F (Tokuyama), Xeno III (LD Caulk) e Clearfil SE
Bond (Kuraray Medical). Metade dos corpos-de-prova foi armazenada em
água e a outra metade em óleo (hexadecano). Foram realizadas medições
repetidas da dureza, da sorção de água e da solubilidade, durante 3 dias.
Nenhum dos corpos-de-prova armazenado em óleo apresentou diminuição
significativa no módulo de elasticidade, enquanto que todas as resinas
armazenadas em água apresentaram redução do dulo de elasticidade,
sendo esta dependente do tempo e proporcional ao grau de sorção de água.
A sorção de água das resinas experimentais foi proporcional ao aumento da
polaridade, resultando em alta sorção de água. A sorção de água nas resinas
comerciais variou de 5% para o Clearfil SE Bond, até 11,6% para o Xeno III.
A solubilidade variou de 1,1% para Clearfil Se Bond e 9,3% para o Xeno III.
Foi observada correlação inversa significativa entre o aumento de sorção de
água e a diminuição do módulo de elasticidade. Quanto mais polarizada a
resina, maior a sorção de água e maior a redução do módulo de elasticidade.
58
Os grupos funcionais polares são o grupo hidroxila no Bis-GMA e HEMA, os
grupos carboxila no TCDM e grupos fosfato no 2MP. O significativo aumento
da sorção de água parece estar mais associado ao aumento das ligações das
moléculas de água à matriz polimérica, através dos grupos polares, do que à
hidrofilicidade dos monômeros. Clinicamente a camada adesiva está
protegida da água, por um lado, pela dentina e pelo outro pela resina
composta. O uso de resinas sem solventes ao invés de resinas com
solventes representa uma condição ideal, pois o uso de resinas com
solventes cria regiões não homogêneas onde há o aumento da mobilidade da
cadeia polimérica, tornando esses sistemas mais susceptíveis à sorção de
água. A inclusão de partículas de carga também altera as características de
sorção de água, conseqüentemente a propriedades mecânicas desses
materiais.
Ferracane (2005) relatou que a polimerização de resinas compostas é
acompanhada por contração significante e produção de tensão interna. Esta
tensão seria um fator causador das discrepâncias marginais observadas em
restaurações de resinas compostas. Este estudo realizou a avaliação das
origens das tensões de polimerização de resinas compostas, descreveu
brevemente os métodos para medir a tensão de contração, discutiu a relação
entre tensão de contração e resultados, identificou os materiais e fatores de
inserção que afetam a tensão de contração e descreveu várias estratégias
propostas para reduzir as tensões. O autor enfatizou que o fenômeno de
desenvolvimento de tensão de contração em restaurações de compósitos
dentais é altamente complexo e, apesar de muitas investigações, ainda é
uma preocupação clínica significante.
59
Braga, Ballester e Ferracane (2005) afirmam que a tensão de
polimerização de resinas compostas pode ter um impacto negativo no
desempenho clínico de restaurações adesivas. O propósito desta revisão
sistemática foi discutir os fatores primários envolvidos com o
desenvolvimento da tensão de contração de polimerização. De acordo com a
literatura atual, a tensão de polimerização das resinas é determinada pela
contração volumétrica destas, comportamento visco-elástico e por restrições
impostas à contração de polimerização. Então, a composição do material,
seu grau de conversão e cinética de reação se tornam aspectos de interesse,
junto com a configuração da cavidade. O desenvolvimento de tensão de
contração deve ser considerado um fenômeno multifatorial. Então, determinar
a contribuição específica sobre contração volumétrica, comportamento visco-
elástico, cinética de reação e condições locais em magnitude de tensão
parece impraticável. Algumas das técnicas restauradoras que apontam a
redução de tensão apresentam aplicabilidade limitada, porque a eficiência
delas varia dependendo dos materiais empregados. Devido a uma intensa
atividade de pesquisa durante anos, a compreensão deste assunto aumentou
notavelmente, conduzindo ao desenvolvimento de técnicas restauradoras
novas e materiais que podem ajudar a minimizar este problema.
Frankenberger e Tay (2005) avaliaram a integridade marginal de
adesivos dentinários aplicados em esmalte e dentina, antes e após a
aplicação de ciclagem térmica e mecânica. Em terceiros molares humanos
extraídos foram confeccionadas cavidades MO com caixas proximais com
limite cervical abaixo do limite amelodentinário. Restaurações diretas de
resina composta Tetric Ceram foram unidas às cavidades com a utilização de
60
diferentes adesivos: Syntac Classic, Solobond Plus, OptiBond FL
(condicionamento ácido total de três passos); Admira Bond, Single Bond
(condicionamento ácido total de dois passos); AdheSE, Clearfil SE Bond
(autocondicionantes de dois passos), Adper Prompt, Xeno III e iBond
(autocondicionantes de um passo all-in-one). As amostras foram
armazenadas em água destilada à 37º C durante 21 dias. Após, foram
confeccionadas réplicas em resina epóxica para analisar em microscopia
eletrônica de varredura a adaptação marginal quanto à presença de fendas.
As interfaces adesivas, após a ciclagem rmica e mecânica, foram
analisadas em microscopia eletrônica de transmissão para identificar
atributos pré-existentes para subseqüente desintegração marginal. Em
esmalte, alta porcentagem de margem integra foi inicialmente identificada
para todos os adesivos. Após a ciclagem térmica e mecânica, os sistemas
adesivos de condicionamento ácido total apresentaram aproximadamente
90% de margens integras, enquanto que os adesivos autocondicionantes de
dois passos e os de um passo (all-in-one) apresentaram aproximadamente
75% e 55%, respectivamente. O adesivo iBond não removeu completamente
a smear layer em esmalte. Em dentina, entre 89% e 100% de margens
integras foram inicialmente observadas. Após a ciclagem térmica e mecânica,
não foi encontrada diferença significativa entre os adesivos com
condicionamento ácido total (62 - 70%) e os adesivos autocondicionantes de
dois passos (62 - 63%). Os adesivos all-in-one apresentarem
significativamente menos margens integras em dentina (< 40%), sendo que o
adesivo iBond mostrou os resultados mais baixos (15%). A presença de
canais de água pré-existentes dentro da camada adesiva provavelmente
61
acelerou a sorção de água quando as restaurações foram colocadas em
estresse funcional. Os autores concluíram que a união ao esmalte foi mais
efetiva com o condicionamento com ácido fosfórico. Tanto os sistemas
adesivos que utilizam o condicionamento ácido total como os
autocondicionantes de dois passos mostraram adaptação marginal
promissora em dentina e devem ter melhor prognóstico clínico do que a união
conseguida com os adesivos all-in-one.
Harada et al. (2006) testaram a hipótese que não há diferença na
microinfiltração de restaurações de resina composta com margem em dentina
usando uma ou duas camadas de um sistema adesivo de frasco único. As
superfícies de esmalte de dentes bovinos foram removidas e foram
confeccionadas cavidades classe V (3 x 3 x 1,5 mm) na área cervical das
faces vestibulares. Os dentes foram restaurados e agrupados de acordo com
o tipo de sistema adesivo [Prime Bond 2.1 (PB2.1), Prime&Bond NT (PBNT)
e Single Bond (SB)] e pelo número de camadas aplicadas (uma ou duas). As
restaurações foram polidas e imersas em solução aquosa de fucsina 0,5%
por 4 horas. Os dentes foram então seccionados, a fatia mais infiltrada de
cada dente foi selecionada, escaneada e quantitativamente analisada através
de um programa de computador. Os dados foram analisados por ANOVA de
duas vias e Student-Newman-Keuls (α=0,05). Os grupos com adesivos sem
carga (PB2.1 e SB) não mostraram diferença na microinfiltração usando uma
ou duas camadas. Entretanto, o sistema adesivo PBNT (nanoparticulado)
mostrou menor infiltração com a aplicação de apenas uma camada. A
influência do número de camadas de sistema adesivo na microinfiltração em
dentina foi dependente do material utilizado.
62
Illie, Kunzelmann e Hickel (2006) determinaram a influência da
contração de polimerização sobre a união à dentina de oito resinas
compostas híbridas, microparticuladas e nano particuladas [Z100 e Filtek
Supreme (3M/ESPE); Charisma e Durafill (Heraeus Kulzer); Tetric e InTen-S
(Ivoclar Vivadent); Enamel plus HFO (GDF); Palfique Estelite Low Flow
(Tokuyama)]. As resinas foram inseridas em incremento único de 2 mm em
moldes plásticos, simulando uma cavidade com 4 x 4 x 2 mm (fator C= 0,3),
ligados a máquina de ensaio universal. A contração de polimerização foi
registrada oito vezes para cada material, por 300 s após o início da
fotopolimerização, à temperatura ambiente. O estresse de contração máximo
após 300 s, o tempo até a geleificação e o coeficiente linear da força/tempo
de contração (gradiente) foram analisados. Para a avaliação da resistência
de união à microtração, foram confeccionadas amostras em forma de
ampulheta a partir de 32 terceiros e segundos molares humanos extraídos,
divididos em oito grupos. O módulo de elasticidade e a variação deste foi
determinado através do teste de três pontos. A análise da qualidade de
polimerização dentro da resina composta usada para preencher as
cavidades, assim como a dureza da porção interna das restaurações, foram
realizadas a partir de fatias obtidas através de cortes longitudinais no terço
médio das restaurações. Foi encontrada correlação significativa entre
contração de polimerização e resistência de união à microtração. A
correlação também foi significativa entre módulo de elasticidade e estresse
de contração, coeficiente linear da força/tempo de contração (gradiente),
tempo aa geleificação e resistência de união à microtração. Alta tensão de
contração e alto módulo de elasticidade afetaram negativamente a adesão
63
das resinas compostas à estrutura dentária. Adicionalmente, o número de
amostras perdidas durante o processo de corte das fatias ou durante o
preparo das amostras em forma de ampulheta apresentou correlação
fortemente significativa com o estresse de contração, coeficiente linear da
força/tempo de contração e módulo de elasticidade. Todos os materiais
mostraram suficiente polimerização internamente em comparação à
superfície. A dureza da resina na porção mais profunda da restauração foi
80% maior do que o valor máximo de dureza. O módulo de elasticidade não
foi consideravelmente reduzido no interior da restauração de resina
composta. Altos estresse de contração e módulo de elasticidade, rápido
desenvolvimento da força de contração e um início rápido na formação de
estresse no material inserido em uma cavidade restrita causam tensão no
material com a subseqüente possibilidade de distorção da adesão e da
estrutura dentária. O baixo módulo de elasticidade não está necessariamente
associado com alta resistência de união, entretanto, causa uma distribuição
mais uniforme do estresse na interface dente/material restaurador. Isto
também fica evidente frente ao reduzido número de amostras perdidas
durante as diferentes etapas de preparo das amostras.
Malacarne et al. (2006) avaliaram a sorção de água, solubilidade e
cinética de difusão de água em sistemas adesivos comerciais e um
experimental formulado para uso em dentina e esmalte. Quatro marcas
comerciais foram selecionadas de acordo com a combinação de monômeros
e solventes: Adper Scotchbond Multi-Purpose (MP), Clearfil SE Bond (SE),
Adper Single Bond (SB) e Excite (EX). Cinco adesivos experimentais com
metacrilato com hidrofilicidades conhecidas (R1, R2, R3, R4 e R5) foram
64
utilizadas como materiais de referência. Foram preparadas amostras em
forma de discos dispensando material fluido em um molde (5,8 mm x 0,8
mm). Após dessecação, as amostra polimerizadas foram pesadas e
armazenadas em água destilada para avaliação da cinética de difusão da
água em um período de 28 dias. A composição da resina e a hidrofilicidade
(classificada pelo parâmetro de solubilidade de Hoy) influenciaram a sorção
de água, solubilidade e difusão de água em ambos os sistemas adesivos,
comerciais e experimentais. A resina experimental mais hidrofílica (R5)
mostrou os maiores coeficientes de sorção de água, solubilidade e difusão de
água. Dentre os sistemas adesivos comerciais, aqueles com solventes
incorporados, SB e EX, mostraram coeficientes de sorção de água,
solubilidade e difusão de água significativamente maiores que aqueles
observados pelos sistemas sem solvente, MP e SE (p<0,05). Em geral, a
extensão e a razão da sorção de água aumentaram com a hidrofilicidade das
combinações de resinas. A quantidade extensa de sorção de água nas
resinas dentais hidrofílicas correntes é causa de preocupação. Isto pode
afetar estabilidade mecânica dessas resinas e favorecer à rápida e
catastrófica degradação da união resina-dentina.
Breschi et al. (2007) realizaram uma revisão sobre adesão dentária
onde verificaram que a maioria dos sistemas adesivos dentinários
apresentam resultados imediatos favoráveis de selamento da interface
adesiva e retenção, assim contrabalançando a contração de polimerização
que afeta os materiais restauradores resinosos. Apesar da eficácia imediata,
existe uma preocupação principal quando as interfaces adesivas em dentina
são testadas após a ação do tempo por um período curto, isto é, seis meses.
65
Este trabalho discutiu criticamente os estudos publicados recentemente
relacionados à formação, ao envelhecimento e à estabilidade da adesão
resinosa, enfocando no micro e nano fenômeno relacionado à degradação da
interface adesiva. A maioria dos sistemas adesivos simplificados de passo
único mostrou serem os menos duráveis, enquanto os adesivos de três
passos com condicionamento ácido total e os autocondicionantes de dois
passos continuam mostrando os melhores desempenhos, como reportado na
grande maioria dos estudos. Portanto, a simplificação dos procedimentos de
aplicação clínica ocorre em detrimento da eficácia da adesão. Entre
diferentes fenômenos de envelhecimento que ocorrem na interface adesiva
em dentina, alguns são considerados principais na degradação da camada
híbrida, particularmente se adesivos simplificados são utilizados.
Impregnação de resina insuficiente em dentina, separação de fases e
ativação de enzimas endógenas colagenolíticas são alguns dos fatores
recentemente reportados para a redução da longevidade da interface
adesiva. Para superar estes problemas, estudos recentes têm indicado que a
técnica de impregnação de resina deve ser aperfeiçoada, principalmente para
os adesivos com condicionamento ácido total de dois passos; o uso de
adesivos convencionais multi-passos é recomendado, dado que eles
envolvem o uso de uma resina de cobertura insolúvel e hidrofóbica; estender
o tempo de fotopolimerização deve ser considerado como forma de reduzir a
permeabilidade e permitir uma melhor polimerização do filme adesivo;
inibidores de proteases poderiam ser utilizados como um primer adicional,
visando aumentar a estabilidade das fibrilas colágenas dentro da camada
híbrida e inibindo a atividade colagenolítica intrínseca à dentina humana.
3
3
O
O
b
b
j
j
e
e
t
t
i
i
v
v
o
o
s
s
67
3 OBJETIVOS
O objetivo da pesquisa foi avaliar a influência do número de camadas
de adesivo (uma ou duas camadas) de três sistemas adesivos (Scotchbond
MP, Single Bond 2 e Clearfil SE Bond) sobre:
a) a resistência de união à microtração sobre a dentina e o tipo de
falha ocorrido com este ensaio mecânico;
b) a adaptação interna entre a estrutura dentinária e a restauração de
resina composta por meio da ausência ou presença de falhas e quantificação
das mesmas.
4
4
M
M
a
a
t
t
e
e
r
r
i
i
a
a
i
i
s
s
e
e
M
M
é
é
t
t
o
o
d
d
o
o
s
s
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Este estudo foi aprovado na Comissão Científica e de Ética da
Faculdade de Odontologia da PUCRS e pelo Comitê de Ética em Pesquisa
do Hospital São Lucas da PUCRS (ANEXO 1).
4.1 MATERIAIS
Os materiais empregados no estudo estão dispostos no quadro 1.
Quadro 1 Nome comercial, composição, lote e fabricante dos materiais
utilizados no estudo.
Material Composição Lote Fabricante
Condicionador
ácido AC 37
Ácido ortofosfórico 37%,
espessante, corante, água
deionizada
2009.APR
FGM, Joinville,
SC, Brasil
Sistema
Adesivo
Scotchbond
MP
Primer: solução aquosa de HEMA,
copolímero do ácido polialcenóico.
Adesivo: Bis-GMA, HEMA,
fotoiniciador
6BC 3M /ESPE, St.
Paul, MN, EUA
Sistema
Adesivo
Adper Single
Bond 2
Primer/Adesivo: HEMA, Bis-GMA,
água, etanol, DMA,
fotoiniciador,ácido polialcenóico,
ácido poliitacônico, 10 % (em peso)
nanopartículas de sílica (5nm).
6HR 3M/ESPE, St.
Paul, MN, EUA
Sistema
Adesivo
Clearfil SE
Bond
Primer autocondicionante: HEMA,
dimetacrilato hidrofílico, 10-MDP,
toluidina, canforoquinona, água
Adesivo: Sílica silanizada, Bis-
GMA, HEMA, dimetacrilato
hidrofílico, 10-MDP, toluidina,
canforoquinona
51387 Kuraray,
Kurashiki,
Okayama, Japão
Resina
Composta
Z250
Bis-GMA, UDMA, Bis-EMA,
Zircônia/Sílica 60% (0,19 a 3,3
micrômetros
Cor: A3
5CG 3M,ESPE, St.
Paul, MN, EUA
70
4.2 MÉTODOS
4.2.1 Delineamento do estudo
Os delineamentos dos estudos para o ensaio de microtração e para a
análise da adaptação interna estão dispostos nos Quadros 2 e 3,
respectivamente.
Quadro 2 - Delineamento do ensaio de microtração
Grupo
Adesivo
Grupo
Camada
Sistema
Adesivo
n
o
de
camadas
n
o
de
dentes
n
o
de
cavidades
(2
cavidades
/dente)
n
o
de
palitos
I Single Bond 2 1 5 15 SB
II Single Bond 2 2
5
5 15
I Scotchbond MP 1 5 15 MP
II Scotchbond MP 2
5
5 15
I Clearfil SE
Bond
1 5 15 CF
II Clearfil SE
Bond
2
5
5 15
TOTAL - - - 15 30 90
Quadro 3 - Delineamento da análise da adaptação interna das cavidades.
Grupo
Adesivo
Grupo
Camada
Sistema
Adesivo
n
o
de
camadas
n
o
de
dentes
n
o
de
cavidades
(2 cavidades
/dente)
n
o
de fatias
(3 fatias
/dente)
I Single
Bond 2
1 5 SB
II Single
Bond 2
2
5
5
15
I Scotchbond
MP
1 5 MP
II Scotchbond
MP
2
5
5
15
I Clearfil SE
Bond
1 5 CF
II Clearfil SE
Bond
2
5
5
15
TOTAL - - - 15 30 45
71
4.2.2 Seleção e preparo dos dentes
Foram utilizados 30 incisivos bovinos livres de defeitos de formação.
Os dentes foram limpos com lâminas de bisturi n
o
11 para a remoção de
ligamentos periodontais e desinfetados em solução de cloramina 0,5%
durante 15 dias. Permaneceram armazenados em água destilada, sob
refrigeração à 4
o
C, por um período máximo de seis meses aa utilização.
Quinze dentes foram utilizados para a confecção das amostras para o ensaio
de microtração e 15 dentes para a análise da adaptação interna.
Após o período de desinfecção e armazenagem, os dentes utilizados
para o ensaio de microtração tiveram as raízes seccionadas 2 mm abaixo da
junção amelo-cementária com disco diamantado dupla face (KGSorensen,
São Paulo, SP, Brasil) em baixa rotação sob refrigeração à água para permitir
a posterior inclusão em resina acrílica. Os dentes utilizados para a análise de
adaptação interna permaneceram com a porção radicular. Todos os dentes
tiveram a superfície de esmalte vestibular limpa com jato de bicarbonato
(ProfiIICeramic Dabi Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil) a uma distância de
2 cm por aproximadamente 15 s.
4.2.3 Preparo das cavidades
Na face vestibular de cada dente foram confeccionadas duas
cavidades, uma incisal e uma cervical, distantes 2 mm entre si, com fator
C=3, com as seguintes medidas: 3,5 mm de largura x 3,5 mm de altura x 1,5 mm
de profundidade nas amostras para o ensaio de microtração, e 4 mm de
largura x 4 mm de altura x 2 mm de profundidade nas amostras para a
análise da adaptação interna.
72
As cavidades foram preparadas com uso de turbina de alta-rotação
com spray ar-água e pontas diamantadas 2094 (KGSorensen, São Paulo,
SP, Brasil) na área mais plana das faces vestibulares dos dentes bovinos,
ficando a cavidade mais próxima da cervical a 4 mm do limite amelo-
cementário. As pontas diamantadas utilizadas eram substituídas por novas a
cada quatro cavidades preparadas.
Para padronizar as dimensões das cavidades foram confeccionadas
duas matrizes metálicas quadradas com medidas internas correspondentes
àquelas das cavidades para o ensaio de microtração e para a análise da
adaptação interna, sendo os valores de largura e profundidade de 3,5 mm x
3,5 mm e de 4 mm x 4 mm, respectivamente. As matrizes apresentam alturas
internas diferentes, sendo 2,5 mm para o ensaio de microtração e 2 mm para
a análise da adaptação interna (Figura 1).
Figura 1 - Matrizes metálicas para preparo das cavidades para
o ensaio de microtração (a, c) e a análise da adaptação interna
(b, d).
d
4mm
4mm
c
3,5mm
3,5mm
a b
2,5mm
2mm
d
4mm
4mm
c
3,5mm
3,5mm
a b
2,5mm
2mm
73
Para o ensaio de microtração, o preparo cavitário com profundidade de
2 mm impossibilita a confecção de corpos-de-prova (palitos) com
comprimento de dentina viável para colagem na matriz de microtração,
devido à amplitude das câmaras pulpares dos dentes bovinos em relação à
espessura dentinária. Portanto, a profundidade foi reduzida para 1,5 mm, o
que corresponde aproximadamente à espessura do esmalte vestibular,
ficando a parede de fundo localizada logo abaixo do limite amelo-dentinário.
as cavidades para a análise da adaptação interna foram confeccionadas
com profundidade de 2 mm para que houvesse uma área interna de dentina
maior para fazer a análise de falhas.
Para que as cavidades de ambos os testes tivessem o mesmo fator de
configuração cavitário (fator C = 3), as medidas de largura e altura daquelas
para microtração foram diminuídas para 3,5 mm x 3,5 mm. Para chegar a
esses valores de fator C e das medidas das cavidades foi utilizado o cálculo
(LOGUERCIO; REIS; BALLESTER, 2004):
Para a realização dos preparos cavitários de cada um dos testes
propostos, a respectiva matriz metálica foi fixada ao esmalte vestibular dos
dentes bovinos com adesivo a base de cianoacrilato Superbonder Gel
(Loctite, São Paulo, SP, Brasil) respeitando as distâncias previamente
definidas (4 mm do limite amelo-cementário e 2 mm entre cavidades)
As diferentes alturas das matrizes (2,5 mm e 2 mm) permitiram que as
profundidades das cavidades também fossem padronizadas (Figura 2).
Soma das áreas das paredes livres
Fator C =
Soma das áreas das paredes aderidas
74
Figura 2 - Dentes bovinos: a - face vestibular com duas cavidades
preparadas; b - vista das paredes laterais internas das cavidades.
A ponta diamantada 2094 tem 4 mm de comprimento na ponta ativa e
seu longo eixo foi posicionado paralelamente às paredes da matriz metálica.
Quando do acionamento da alta-rotação, esta foi aprofundada no tecido
dentário aque o limite superior da ponta ativa correspondesse, em altura,
ao limite superior da matriz (Figuras 3 e 4). Desta forma foram
confeccionadas seis perfurações na profundidade correta (1,5 mm ou 2 mm),
quatro correspondendo aos ângulos da cavidade e duas centrais que serviam
de guias para complementar o preparo cavitário. A matriz metálica foi
removida após a confecção das perfurações para evitar o desgaste de suas
paredes internas pelo contato com a ponta diamantada. Após foi feita a
remoção do adesivo Superbonder gel da superfície de esmalte com lâmina
de bisturi n
o
11 (Two Arrows - RPC Shanghai Méd. S.N., Shanghai, China).
a
2mm
4mm
b
2mm
a
2mm
4mm
b
2mm
75
Figura 3 - Esquema do posicionamento da matriz metálica e
da ponta diamantada sobre o esmalte vestibular.
Figura 4 - Esquema de posicionamento da ponta ativa da ponta
diamantada no momento do preparo cavitário sobre
esmalte/dentina (padronização da profundidade da cavidade).
PONTA DIAMANTADA
ESMALTE
Ponta ativa = 4 mm
Matriz
2 mm
ou
2,5 mm
DENTINA
ESMALTE
PONTA DIAMANTADA
Matriz
2 mm
ou
2,5 mm
Ponta ativa
4 mm
Profundidade 2 mm
da
ou
cavidade 1,5 mm
76
4.2.4 Procedimento Restaurador
Para cada sistema adesivo foram utilizados dez dentes, cada um com
duas cavidades na face vestibular (conjuntos dente/restaurações), sendo
cinco dentes para o teste de microtração e cinco dentes para o teste de
adaptação interna. Em cada dente, a cavidade cervical recebeu a aplicação
de uma camada de sistema adesivo e, na cavidade incisal, foram aplicadas
duas camadas de sistema adesivo conforme descrito abaixo:
4.2.4.1 Aplicação dos sistemas adesivos
Grupos I: aplicação de uma camada de sistema adesivo
Scotchbond MP:
- condicionamento com ácido fosfórico 37% durante 15 s;
- lavagem por 15 s;
- secagem da cavidade com papel absorvente;
- secagem do esmalte circunvizinho com jato de ar estando a cavidade
protegida com papel absorvente;
- aplicação do primer em dentina e esmalte com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- fotopolimerização por 20 s;
Single Bond 2 :
- condicionamento com ácido fosfórico 37% durante 15 s;
- lavagem por 15 s;
- secagem da cavidade com papel absorvente;
77
- secagem do esmalte circunvizinho com jato de ar estando a cavidade
protegida com papel absorvente;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s.
Clearfil SE Bond:
- aplicação do primer-autocondicionante com microbrush por 20 s;
- jato de ar até remover o excesso de primer, mantendo toda a
superfície brilhante;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s.
Grupos II: aplicação de duas camadas de sistema adesivo
Scotchbond MP:
- condicionamento com ácido fosfórico 37% durante 15 s;
- lavagem por 15 s;
- secagem da cavidade com papel absorvente;
- secagem do esmalte circunvizinho com jato de ar estando a cavidade
protegida com papel absorvente;
- aplicação do primer em dentina e esmalte com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
78
- aplicação do adesivo com microbrush;
- fotopolimerização por 20 s;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- fotopolimerização por 20 s.
Single Bond 2 :
- condicionamento com ácido fosfórico 37% durante 15 s;
- lavagem por 15 s;
- secagem da cavidade com papel absorvente;
- secagem do esmalte circunvizinho com jato de ar estando a cavidade
protegida com papel absorvente;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s.
Clearfil SE Bond:
- aplicação do primer-autocondicionante com microbrush por 20 s;
- jato de ar até remover o excesso de primer, mantendo toda a
superfície brilhante;
- aplicação do adesivo com microbrush;
79
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s;
- aplicação do adesivo com microbrush;
- jato de ar por 3 s a uma distância de 10 cm;
- fotopolimerização por 20 s.
4.2.4.2 Inserção da resina composta
A resina composta Z250 na cor A3 foi inserida concomitantemente nas
cavidades cervicais e incisais em quatro incrementos, sendo um incremento
mesial e um distal, sem contato entre si, seguidos de fotopolimerização por
20 s; um incremento inserido entre estes para complementar a restauração,
seguido de 20 s de fotopolimerização e o último incremento sobre os
anteriores para promover correta adaptação da resina composta nas
margens da cavidade, sendo este também fotopolimerizado por 20 s. As
fotopolimerizações foram realizadas para ambas as restaurações ao mesmo
tempo para evitar diferença de exposição entre elas. (Figura 5)
A potência da luz halógena do aparelho fotopolimerizador Optilight
Plus (Gnatus, Ribeirão Preto, SP, Brasil), com ponteira de 10 mm de
diâmetro, foi aferida antes de cada utilização por meio do radiômetro
analógico (Demetron Kerr Corporation, Orange, CA, EUA), permanecendo na
faixa entre 450-570 mW/cm
2
.
Após as restaurações receberam acabamento com discos sof-lex pop-
on nas granulações média-grossa (cor laranja escuro) e média (cor laranja)
(3M – ESPE, St. Paul, MN, EUA).
80
Figura 5 - Conjunto dente/restaurações
4.2.5 Identificação e inclusão em resina acrílica
Para o teste de microtração, os dentes foram posicionados em uma
lâmina de cera utilidade (Epoxiglass Ind. Com. Prod. Quím, Diadema, SP,
Brasil) com as restaurações paralelas ao solo. Ao redor dos dentes foram
posicionados cilindros de PVC onde foi vazada resina acrílica quimicamente
ativada na fase arenosa (JET Clássico, SP, SP, Brasil) a cobrir toda a
coroa, com exceção da face vestibular. Após a presa da resina acrílica, o
conjunto dente/resina acrílica foi removido da cera, sendo as restaurações e
o esmalte vestibular limpos com espátula Lecron e álcool. As restaurações
foram então identificadas com caneta de retro-projetor azul para as
restaurações cervicais (Grupos I) e, vermelho, para as incisais (Grupos II),
possibilitando desta forma a identificação dos palitos pertencentes a cada
grupo de teste no momento da realização dos cortes seriados. Após a
identificação, foi acrescentada uma fina camada de resina acrílica
quimicamente ativada transparente sobre as restaurações. Esta camada
81
promoveu estabilidade das fatias durante o procedimento de corte no
segundo sentido (Figura 6).
Para a análise da adaptação interna da cavidade, os conjuntos
dente/restaurações foram presos em cera utilidade pela porção apical das
raízes, de modo que as restaurações ficassem posicionadas perpendiculares
ao solo. Ao redor de cada raiz foi posicionado um cilíndrico de PVC onde foi
vazada resina acrílica quimicamente ativada na fase arenosa. Desta forma, a
raiz do dente ficou fixa na resina acrílica, formando uma base para possibilitar
o procedimento de corte em fatias.
4.2.6 Procedimento de Corte
Os conjuntos dente/restaurações foram armazenados por um período
de 48 h em água destilada à 37
o
C em uma estufa (Fanem, modelo 002- CB,
São Paulo, SP, Brasil). Decorrido o período de armazenamento, os conjuntos
dente/restaurações do teste de microtração foram posicionados na cortadora
de precisão Labcut 1010 (Extec, Londres, Inglaterra) e submetidos a cortes
seriados perpendiculares à interface adesiva com espessuras de
aproximadamente 0,7 mm, nos sentidos inciso-cervical e mésio-distal, com a
utilização de um disco diamantado (Extec, Londres, Inglaterra), com
espessura de 0,3 mm, em rotação de 500 a 512 rpm e constante irrigação
com água destilada. Desta forma, foram obtidos corpos-de-prova em forma
de palitos (Figura 6).
Para a análise da adaptação interna, foram realizados cortes seriados
apenas no sentido inciso-cervical, formando corpos-de-prova em forma de
lâminas com aproximadamente 0,5 mm de espessura. (Figura 7)
82
resina
dentina
Figura 6 Esquema do conjunto dente/restaurações, para o ensaio de
microtração, incluído em resina acrílica; realização dos cortes
seriados; corpos-de-prova em forma de palito.
Figura 7 Esquema do conjunto dente/restaurações, para avaliação
da adaptação interna; realização dos cortes seriados; obtenção dos
corpos-de-prova em forma de lâminas contendo duas restaurações.
83
4.2.7 Ensaio de resistência à microtração
Os corpos-de-prova obtidos em forma de palitos, com uma extremidade
em dentina e outra em resina composta, foram inspecionados em lupa
estereoscópica (Olympus, Tókio, Japão) com 30 x de aumento para avaliar se,
na área de união, havia a presença de bolhas ou falhas no processo adesivo.
Os palitos que apresentaram falhas, comprimentos inadequados de resina
composta e/ou dentina, ou áreas de esmalte junto à interface adesiva, foram
descartados. Aqueles selecionados para o teste de microtração foram
medidos com paquímetro digital (Starret, São Paulo, SP, Brasil) e a área
adesiva foi calculada em mm
2
.
Os espécimes selecionados foram afixados individualmente ao
dispositivo de microtração com adesivo a base de cianoacrilato Superbonder e
Catalisador Zip Kicker (Pacer, Rancho Cucamonga, CA, EUA) pelas suas
extremidades, de forma a posicionar a área adesiva perpendicularmente ao
longo eixo da força de tração (Figura 8).
O ensaio foi realizado na máquina universal EMIC DL-2000 (São José
do Pinhais, PR, Brasil) operada por computador através do software MTest a
uma velocidade de 0,5 mm/min. Após o ensaio, as duas porções fraturadas
foram removidas do dispositivo de microtração e os fragmentos foram
submetidos ao exame em microscopia eletrônica de varredura (MEV) para
determinar o tipo de falha ocorrido.
Para realização do ensaio de resistência de união as condições
climáticas do laboratório foram monitoradas com auxílio de um termo
higrômetro (TESTO, São Paulo, SP, Brasil) ficando na temperatura de 21 ±
2ºC e umidade relativa de 50-55%.
84
Figura 8 - Posicionamento do corpo-de-prova no momento do ensaio
mecânico de microtração – A - dentina; B - resina composta.
4.2.8 Preparo das amostras para observação dos padrões de
fratura em microscópio eletrônico de varredura
Após a fratura dos corpos-de-prova no ensaio de microtração, as
extremidades correspondentes à dentina foram secas em ambiente contendo
sílica à temperatura de 37
o
C e fixadas em “stubs” com o uso de adesivo
Superbonder gel de forma que ficassem com a interface adesiva voltada para
cima. Após, as amostras foram submetidas à metalização com ouro a 10 mA
por 1 minuto, sendo então observadas no microscópio eletrônico de varredura
(Philips modelo XL30, Inglaterra) em aumentos de aproximadamente 200 x.
4.2.9 Avaliação dos padrões de fratura – Fractografia
Após a análise em MEV, o padrão de fratura foi avaliado e classificado
de acordo com o proposto por Armstrong, Keller, Boyer, 2001 nos seguintes
tipos: interfacial, coesiva em dentina, coesiva em resina composta e
mista quando mais de um tipo estivesse presente. A fratura do tipo interfacial
diz respeito à soma das fraturas do tipo base de camada híbrida, topo de
A B
85
camada híbrida e coesiva em adesivo. A fratura do tipo mista corresponde à
presença de fratura interfacial e coesiva em resina composta e/ou em dentina.
As imagens digitais obtidas pela microscopia eletrônica de varredura
foram analisadas através da área relativa para cada padrão de fratura, sendo
estes expressos em porcentagem em relação à área total do corpo-de-prova.
Para isto, foi realizada uma grade com 100 divisões sobre cada
fotomicrografia com aumento de aproximadamente 200 x de modo que, em
cada quadrado, foi determinado o material predominante (adesivo, resina
composta, dentina e camada híbrida). No final, foram somados os quadrados
de cada tipo de material e calculada a porcentagem de cada um deles
(Figura 9).
Aumentos maiores foram realizados apenas para confirmação dos
achados em menor aumento.
Figura 9 - Grade posicionada sobre a fotomicrografia com aumento de
200 x.
86
4.2.10 Análise da adaptação interna das restaurações
Após o procedimento de corte dos cinco conjuntos dente/restaurações
de cada grupo, foram selecionadas três fatias de cada dente e,
conseqüentemente, de cada cavidade, totalizando 45 fatias. Essas fatias
foram lixadas manualmente em lixas de carbeto de silício 400 e 600 sob
refrigeração à água, até atingirem a espessura entre 0,15 e 0,2 mm, sendo a
espessura aferida com paquímetro digital (Starret, São Paulo, SP, Brasil). As
fatias foram colocadas em uma cuba ultra-sônica com água destilada durante
dez minutos para remoção dos resíduos provenientes dos procedimentos de
corte e lixamento. Cada fatia foi, então, analisada em aumento de 100 x em
um microscópio (Leica DMR, Heeerbrugg, Suíça) com sistema de luz
polarizada e contraste interferencial nas seguintes especificações: filtro 2,
prisma D1, colimador γ, filtro de interferência 90º. As observações foram
realizadas em um monitor de 14 polegadas (Triniton, Sony, Tóquio, Japão),
acoplado ao microscópio e cada área observada foi registrada através da
fotografia digital no sistema digital (Nikon Coolpix 990, Tóquio, Japão)
(Figuras 10 e 11). Foram registradas imagens seriadas de cada restauração,
sendo que, de cada área, foram realizadas, no mínimo, duas imagens com
diferentes focos, possibilitando a visualização da área em diferentes
profundidades e das linhas de tensão formadas no material e confirmação do
tipo de falha encontrado.
As imagens digitais obtidas tiveram, quando necessário, brilho e
contraste ajustados manualmente no programa Image Tool 3.0 UTHSCSA
(University of Texas Health Science Center in San Antonio, TX, USA). A
visualização das imagens para classificação e quantificação das falhas foi
87
realizada através do aplicativo Windows Picture and Fax Viewer do
Sistema Microsoft Windows XP Home Edition version 2002, sendo
utilizada apenas a ferramenta lupa em áreas onde houve dúvida quanto à
classificação no aumento padrão.
Figura 10 - a microscópio Leica DMR; b sistema digital
Nikon Coolpix 990; c – monitor Sony.
Figura 11 - Imagem obtida na microscopia com luz
polarizada. a dentina; b esmalte; c – resina composta; d
junção amelo-dentinária.
a
b
c
d
88
Na análise da adaptação interna da restauração foi desconsiderada a
área da restauração referente ao esmalte devido à alta friabilidade do
mesmo, tendo sido considerada apenas as áreas de dentina até o limite
amelo-dentinário.
Para classificar as falhas encontradas nas imagens de adaptação
interna, foi criada uma escala dividida em três grupos de falha (fendas,
trincas e rupturas). Foi considerado que fendas ocorrem apenas em
interfaces, enquanto que trincas e rupturas ocorrem apenas em substrato.
As áreas onde houve afastamento entre as porções pertencentes às
falhas caracterizam-se pela coloração apresentada na lâmina de vidro, ou
seja, áreas sem material que, mediante as especificações do microscópio,
apresentaram a cor azul turquesa ou azul escuro. Esta última ocorreu nas
áreas junto às margens do corpo-de-prova. Os substratos (dentina, resina,
adesivo) apresentaram coloração diferente destas. Portanto, foi considerada
área de afastamento aquelas regiões onde foi possível visualizar a cor azul
turquesa ou azul escuro dentro dos limites analisados.
As falhas do tipo trincas podem ou não apresentar afastamento, porém
este fator não pareceu ser significativo para incluir na classificação.
Foram consideradas como ruptura aquelas áreas onde houve
afastamento amplo entre as porções do substrato, mostrando muito
claramente o fundo da lâmina com coloração azul turquesa.
Para cada corpo-de-prova foram contabilizadas as quantidades de
fendas, trincas ou rupturas encontradas, sendo realizada a média aritmética
para cada falha em cada grupo experimental.
89
4.3 Análise estatística
A análise estatística deste trabalho foi realizada através de tabelas,
gráficos, estatísticas descritivas (média e desvio-padrão) e testes destacados
a seguir, utilizando o nível de significância de 5% (α = 0,05).
Para a verificação da normalidade dos dados foi utilizado o teste o-
paramétrico Kolmogorov-Smirnov. Algumas medidas encontradas neste
estudo não tiveram esta condição garantida, por isto foram aplicados testes
paramétricos e não-paramétricos.
Para a comparação da resistência entre os sistemas adesivos e o
número de camadas foi utilizada a Análise de Variância Fatorial e o teste de
Tukey. A variável dependente foi resistência de união e os fatores fixos foram
os sistemas adesivos e o número de camadas.
Para a comparação do percentual dio de incidência de cada
substrato e das médias das falhas de adaptação interna por sistema adesivo/
camada, foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis.
Para a verificação da existência de correlação entre a resistência de
união e os tipos de falhas internas foi calculado o coeficiente de correlação de
Pearson.
Para o processamento e análise destes dados foi utilizado o software
estatístico SPSS versão 10.0.
5
5
R
R
e
e
s
s
u
u
l
l
t
t
a
a
d
d
o
o
s
s
5 RESULTADOS
Através dos resultados da Análise de Variância Fatorial (Tabela 1)
verifica-se que os fatores sistema e camada apresentaram diferença
significativa entre os grupos separadamente, enquanto que a interação
Sistema * Camada não apresentou diferença significativa nos resultados de
resistência de união à microtração.
Tabela 1. Resultados da Análise de Variância Fatorial para os fatores
sistemas adesivos e número de camadas.
Origem Soma de Quadrados df Quadrado Médio F P
Sistema
5803,625 2 2901,812 64,167 0,000
Camada
236,066 1 236,066 5,220 0,025
Sistema * Camada
153,491 2 76,745 1,697 0,189
Erro
3798,739 84
45,223
Através das tabelas 2 e 3 verifica-se que, com a aplicação de uma ou
duas camadas, a maior média de resistência de união foi obtida com o
sistema adesivo Scotchbond MP, sendo este valor estatisticamente superior
aos outros dois sistemas adesivos. Média intermediária foi obtida para o
Clearfil SE Bond, sendo estatisticamente superior ao Single Bond 2, o qual
apresentou a menor média de resistência de união.
Na tabela 4 verifica-se que a aplicação de duas camadas de adesivo
forneceu média de resistência de união estatisticamente superior à aplicação
de uma camada, independente do sistema adesivo.
92
Tabela 2. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre os
sistemas adesivos com 1 camada.
Sistema n Média (MPa) Desvio-padrão C. V. (%)
Scotchbond MP 15 52,23
a
6,55
12,55
Clearfil SE Bond 15 42,26
b
7,47
17,68
Single Bond 2 15 35,12
c
6,05
17,23
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5%.
Tabela 3. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre os
sistemas adesivos com 2 camadas.
Sistema n Média (MPa) Desvio-padrão C. V. (%)
Scotchbond MP 15 56,92
a
6,70
9,94
Clearfil SE Bond 15 47,71
b
7,77
16,28
Single Bond 2 15 34,69
c
5,54
15,98
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5%.
Tabela 4. Comparação da resistência de união à microtração (MPa) entre as
camadas independente dos sistemas adesivos.
Camadas n Média (MPa) Desvio-padrão
2 camadas 45 46,20
a
11,33
1 camada 45 43,23
b
9,67
*Médias seguidas por letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de significância de 5%.
A área adesiva média testada neste estudo foi de 0,53 mm
2
com um
desvio padrão de 0,15.
De acordo com a tabela 5 o maior percentual de falhas, em todos os
grupos, foi do tipo mista. Os outros tipos de padrão de fratura distribuíram-se
de forma distinta entre os grupos. Durante a parte experimental um corpo-de-
prova do grupo do Single Bond 2, com duas camadas, foi perdido.
93
Tabela 5. Análise descritiva de freqüências dos padrões de fraturas para
cada sistema adesivo em 1 e 2 camadas.
Sistema Adesivo – Camada (Média em %)
Padrão de fratura
CF- 1 CF - 2 MP - 1
MP – 2
SB - 1 SB - 2
Total
Perdas 0% 0% 0% 0% 0% 6,7% 1,1%
Coesiva em dentina 0% 0% 6,7% 20% 0% 0% 4,4%
Coesiva em Resina 0% 0% 0% 0% 0% 6,7% 1,1%
Interfacial 0% 13,4% 6,7% 0% 6,7% 0% 4,4%
Mista 100% 86,6% 86,6% 80% 93,3% 86,6% 88,9%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Através do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis (α = 0,05) (Tabela 6)
verificou-se que para o substrato adesivo e para a camada híbrida houve
diferença estatística entre os grupos experimentais. O sistema adesivo
Clearfil SE Bond, com uma e duas camadas, apresentou os maiores valores
de área em adesivo, não diferindo estatisticamente do sistema adesivo Single
Bond 2 com duas camadas. Enquanto que os sistemas adesivos Scotchbond
MP e Single Bond 2, ambos com duas camadas, apresentaram valores de
área de camada híbrida estatisticamente inferiores aos outros grupos, os
quais não diferiram entre si.
94
Tabela 6. Comparação do percentual médio de incidência de cada substrato
por sistema adesivo/camada.
Sistema Adesivo – Camada (Média em %)
Substrato
P
CF- 1
n=15
CF – 2
n=15
MP – 1
n=15
MP – 2
n=15
SB – 1
n=14
SB – 2
n=15
Adesivo 0,003
28,68%
A
30,85%
A
12,51%
BC
15,43%
BC
4,09%
C
21,99%
A
Dentina 0,098
23,61% 13,55% 13,08% 50,91% 15,57% 19,18%
Resina 0,257
14,13% 22,77% 21,30% 16,84% 24,87% 40,27%
Camada
Híbrida
0,003
33,58%
A
32,82%
A
53,11%
A
16,82%
B
55,47%
A
18,56%
B
*Médias, na linha, seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Kruskal-Wallis (α = 0,05)
As figuras de 12 a 16 são representativas dos diferentes padrões de
falha.
Figura 12 - Fotomicrografia em MEV (250 x de aumento) de corpo-de-
prova com presença de falha mista. A) Falha em camada híbrida. B)
Falha coesiva no adesivo. C) Falha coesiva em resina composta. D)
Falha coesiva em dentina.
A
B
C
D
95
Figura 13 - Fotomicrografia em MEV (240 x de aumento) de padrão de
falha interfacial. A) Falha coesiva em camada híbrida B) Falha coesiva em
adesivo. Área demarcada presente em maior aumento na Figura 14.
Figura 14 - Fotomicrografia em MEV (900 x de aumento) de padrão de
falha interfacial. A) Falha coesiva em camada híbrida B) Falha coesiva em
adesivo.
A
B
A
B
96
Figura 15 - Fotomicrografia em MEV (210 x de aumento) de padrão de
falha coesiva em resina composta.
Figura 16 - Fotomicrografia em MEV (230 x de aumento) de padrão de
falha coesiva em dentina.
97
Na análise de adaptação interna observaram-se três tipos de falhas:
fendas (somente em interfaces), trincas e rupturas (somente em substratos)
(Figuras 17 a 21).
Através dos resultados do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis (α =
0,05) (Tabela 7) verificou-se que as falhas que apresentaram diferença
significativa entre os grupos experimentais foram as trincas e as rupturas,
não havendo diferença estatística para as fendas. Porém, o fator camada
apresentou diferença estatística apenas para rupturas com o uso do Single
Bond 2. Nenhum dos outros adesivos apresentou diferença entre uma e duas
camadas.
O sistema adesivo Single Bond 2, tanto com uma como com duas
camadas, apresentou valores de trinca estatisticamente superiores aos
outros sistemas adesivos, enquanto que o Scotchbond MP, com uma
camada, apresentou o menor valor de trinca, não diferindo estatisticamente
do Clearfil SE Bond e do Scotchbond MP, ambos com duas camadas.
Para a falha do tipo ruptura, o sistema adesivo Single Bond 2 com
duas camadas apresentou o maior valor, diferindo estatisticamente de todos
os outros grupos.
98
Tabela 7. Comparação da média de incidência das falhas de adaptação
interna por sistema adesivo/ número de camadas.
Grupo n Média Desvio-padrão
p
Fendas
Clearfil SE Bond 1 camada 12 6,83
1,70 0,204
Clearfil SE Bond 2 camadas 13 7,54 2,07
Scotchbond MP 1 camada 14 6,00 1,71
Scotchbond MP 2 camadas 14 7,29 2,70
Single Bond 2 1 camada 15 7,07 1,28
Single Bond 2 2 camadas 15 8,40 2,87
Trincas
Clearfil SE Bond 1 camada 12 6,83
a
3,76 0,0001
Clearfil SE Bond 2 camadas 13 4,31
ab
2,78
Scotchbond MP 1 camada 14 2,71
b
2,55
Scotchbond MP 2 camadas 14 4,14
ab
1,88
Single Bond 2 1 camada 15 12,67
c
7,52
Single Bond 2 2 camadas 15 15,27
c
7,61
Rupturas
Clearfil SE Bond 1 camada 12 0,25
a
0,62 0,0001
Clearfil SE Bond 2 camadas 13 0,08
a
0,28
Scotchbond MP 1 camada 14 0,00
a
0,00
Scotchbond MP 2 camadas 14 0,29
a
0,73
Single Bond 2 1 camada 15 0,80
a
1,15
Single Bond 2 2 camadas 15 1,40
b
1,35
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Kruskal-Wallis (α = 0,05).
99
Figura 17 Imagem obtida do microscópio de luz polarizada -
região de ângulo: A) adesivo; B) dentina; C) trinca em dentina
com afastamento.
Figura 18 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada -
região de ângulo: A) resina composta; B) 2
a
camada adesiva; C)
1
a
camada adesiva; D) dentina; E) fenda entre dentina-adesivo;
z) zonas de tensão.
D
B
A
C
z
z
A
B
C
E
100
Figura 19 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de ângulo:
A, B e C) seqüência de fotos de uma ruptura em resina composta em região de
ângulo e parede de fundo: a) dentina; b) resina composta; c) adesivo -1 camada;
d) ruptura (fundo da lâmina).
Figura 20 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada - região de
ângulo: A e B) Fotos de trincas (setas) em adesivo/resina/dentina a) dentina;
b) resina composta; c) adesivo - 1 camada; z) zonas de tensão.
A C B
a
b
c
d
d
d
A B
a
b
c
z
z
a
c
b
a
b b
a
c
101
Figura 21 - Imagem obtida do microscópio de luz polarizada -
região de ângulo: A) Rupturas em adesivo/resina (fundo da
lâmina); B) fenda entre adesivo/dentina; a) dentina; b) resina
composta; c) adesivo - 1 camada; z) zonas de tensão.
Através dos resultados da Análise de correlação obtidos com a
aplicação de Coeficiente de correlação de Pearson (Tabela 8 e Figura 22), ao
nível de significância de 5%, verificou-se que existe uma correlação negativa
fraca entre resistência de união e fendas (r= - 0,223), assim como para
resistência de união e rupturas (r= - 0,174). Porém uma correlação
negativa média entre resistência de união e trincas (r= - 0,479). Estas
variáveis foram inversamente correlacionadas, ou seja, quanto maior a
resistência de união, menor tende a ser a formação interna de fendas, trincas
e rupturas nas restaurações de resina composta.
A
a
c
b
z
z
B
102
Tabela 8. Resultados da Análise de Correlação entre os valores de
resistência de união à microtração e as falhas de adaptação interna.
Correlação
Coeficiente de Correlação de Pearson (r)
Resistência X Fendas R= - 0,223
Resistência X Trincas R= - 0,479
Resistência X Rupturas R= -0,174
Figura 22. Resultados da Análise de Correlação entre os valores de resistência
de união à microtração e as falhas de adaptação interna.
2
4 6
8
10
12 14
Fendas
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Tensão Força Máxima (MPa)
0 5
10 15
20 25
30
Trincas
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Tensão Força Máxima (MPa)
0
1
2
3
4
Rupturas
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Tensão Força Máxima (MPa)
6
6
D
D
i
i
s
s
c
c
u
u
s
s
s
s
ã
ã
o
o
6 DISCUSSÃO
De acordo com a ANOVA Fatorial, o fator camada foi significativo para
os valores de resistência de união. A média de resistência de união para
duas camadas foi de 46,20 MPa e, para uma camada, de 43,23 MPa.
Portanto, a primeira hipótese nula, de que a aplicação de duas camadas de
adesivo o proporciona maior resistência de união à dentina, foi rejeitada.
No entanto, apesar de haver diferença estatística significativa entre os
valores, provavelmente uma diferença de somente 3 MPa não teria
relevância clínica.
Apesar da interação sistema adesivo * camada não ter apresentado
diferença significativa nos resultados de resistência de união, houve uma
tendência das médias serem maiores quando da aplicação de duas camadas
para os sistemas adesivos Clearfil SE Bond e Scotchbond MP. No entanto,
para o Single Bond 2 observou-se uma pequena redução na resistência de
união com a aplicação de duas camadas. Zheng et al. (2000) também
verificaram aumento na resistência de união para o Clearfil SE Bond e
redução para o Single Bond com a aplicação de duas camadas; no entanto,
houve diferença estatística, diferente do presente estudo. Já Koike et al.
(2002), não encontraram diferença estatística para a resistência de união
quando da aplicação de uma e duas camadas.
Segundo Malacarne et al. (2006) os adesivos que contém solventes
incorporados (Single Bond 2) apresentam maior coeficiente de sorção de
água, maior solubilidade e maior difusão de água no interior da camada
adesiva quando comparados aos sistemas que não apresentam solvente
incorporado na fórmula do agente adesivo (SBMP e Clearfil SE Bond).
105
Além disso, os sistemas adesivos simplificados contêm quantidade
maior de monômeros hidrofílicos na sua composição do que os sistemas de
três passos. Isso favorece a presença de uma maior quantidade desses
monômeros quando da aplicação de duas camadas de adesivo. Com isso a
aplicação de uma segunda camada de adesivo simplificado promove maior
hidrofilicidade à camada adesiva e, conseqüentemente, favorece a
degradação hidrolítica da camada híbrida (BRESCHI et al., 2007). Essa
hidrofilicidade dos monômeros que compõem os adesivos simplificados faz
com que sejam mais facilmente degradados nos períodos iniciais após o
processo adesivo devido à própria umidade presente no tecido dentinário
(ITO et al.,2005; TAY et al., 2002; HASHIMOTO et al., 2004 c ).
Outra possível explicação para a tendência das maiores médias de
resistência de união quando aplicadas duas camadas do Scotchbond MP e
do Clearfil SE Bond é a qualidade da camada híbrida obtida que, segundo
Haller (2000) é um fator importante para a união. Além disto, a presença de
uma camada “protetora” formada pela segunda camada adesiva
proporcionaria uma melhora na polimerização devido à anulação da ação
inibitória do oxigênio, somado ao fato deste material ser novamente
fotopolimerizado, aumentando seu grau de polimerização. Isso diminuiria a
sorção de água nos períodos subseqüentes à confecção da restauração
(BRESCHI et al., 2007; CADENARO et al. 2005). A maior quantidade de
monômeros hidrofóbicos na resina de cobertura desses dois sistemas
propiciaria a formação de uma camada adesiva com menor afinidade por
água e, por o apresentarem solventes nesta camada, formariam uma
106
camada híbrida mais consistente e menos sujeita a coleção de água no seu
interior.
Segundo um estudo realizado por Reis et al. (2004) os melhores
resultados de resistência de união foram encontrados nos grupos que
permaneceram uma semana armazenados em água, devido à
complementação do processo de polimerização, enquanto que os grupos que
permaneceram armazenados apenas 10 minutos apresentaram os menores
resultados. Este estudo confirma a fragilidade da hibridização nos períodos
iniciais após a confecção da restauração. Visando preservar a qualidade da
união obtida, neste estudo foi aguardado um período mínimo de 48 horas
para que fossem realizados os procedimentos de corte das amostras para o
ensaio de microtração e a análise da adaptação interna.
Independente do número de camadas, o sistema adesivo Scotchbond MP
apresentou a maior média de resistência de união seguido pelo Clearfil SE
Bond, sendo a menor média para o Single Bond 2. Estes achados
corroboram com os estudos de Van Meerbeek et al. (2003), Frankenberger e
Tay (2005) e Breschi et al. (2007) que verificaram que os adesivos de três
passos, que utilizam a técnica de condicionamento ácido total, apresentaram
os melhores desempenhos nos testes laboratoriais quando comparados com
os adesivos simplificados, como o Single Bond 2 e os adesivos
autocondicionantes de passo único.
A análise do padrão de fratura foi realizada em todos os corpos-de-
prova com a utilização de microscopia eletrônica de varredura. Autores como
Eliades (1994) e Pashley et al. (1995) recomendam o uso de microscopia
eletrônica para análise topográfica da área de teste, pois com microscopia
107
óptica somente falhas realmente óbvias podem ser determinadas. Este
método permite analisar se a metodologia empregada está fornecendo
valores de resistência de união correspondente à interface adesivo/dentina,
que é justamente a união que se deseja estudar. Também permite determinar
qual a região mais fraca e susceptível à ocorrência de falhas (ARMSTRONG;
KELLER; BOYER, 2001), sendo que a ocorrência de falhas exclusivamente
na interface adesiva é característica de materiais que apresentam baixa
interação com o substrato (VAN NOORT, 1994).
Segundo Armstrong, Boyer e Keller (2001), as falhas podem ser
classificadas como: falha na interface adesiva ou interfacial (coesiva no
adesivo e/ou na camada híbrida), sendo esta classificação subdividida em
topo e base de camada híbrida; falha coesiva no substrato (dentina e/ou
resina composta), ou mista quando na mesma área encontra-se mais de um
padrão (interfacial + substrato). No presente estudo foi aplicada esta
classificação, porém de forma simplificada, em que a subclassificação de
topo ou base de camada híbrida não foi utilizada. Os resultados dos padrões
de fratura evidenciaram que a fratura tipo mista foi predominante em todos os
grupos experimentais. Como as fraturas mistas caracterizam-se pela
presença de falha interfacial associada à falha coesiva em dentina ou resina
composta, somado ao fato que o maior percentual de substrato presente nas
fraturas foi de camada hibrida (Tabela 6) pode-se sugerir que a interface de
interesse (adesivo/dentina) foi mensurada em praticamente todos os corpos-
de-prova.
Para o sistema adesivo Single Bond 2 os percentuais de fratura em
camada híbrida, para uma e duas camadas, apresentaram diferença
108
estatística significativa sendo de 55,47% e de 18,56%, respectivamente.
Também houve diferença significativa para as porcentagens de área em
adesivo, sendo de 4,09% para uma camada e de 21,99% para duas
camadas. A possível explicação para este achado baseia-se na maior
espessura da camada adesiva quando da aplicação de duas camadas.
Segundo Van Noort (1994) a resistência coesiva dos adesivos geralmente
apresenta-se menor que a resistência na interface de união, conferindo maior
fragilidade para uma camada adesiva mais espessa. Este fato possivelmente
justifica a maior quantidade de falha ao nível de adesivo para o Single Bond 2
com duas camadas. No entanto, com uma camada, houve maior percentual
de falhas ao nível da camada híbrida, provavelmente devido a uma menor
espessura da camada adesiva e uma maior concentração das tensões ao
nível da interface adesivo/substrato (camada híbrida). Aliado a isto,
Hashimoto et al. (2004 b) relatam que os adesivos simplificados, que
empregam condicionamento ácido total, formam uma camada híbrida
altamente permeável e que, quando apenas uma camada de adesivo é
aplicada, ocorre maior infiltração por prata, que seria a ocupação dos
espaços deixados pela incorporação de água durante o processo adesivo.
Entretanto, essa diferença no percentual de localização das falhas não
influenciou nos valores de resistência de união.
Para o sistema adesivo Scotchbond MP houve diferença estatística
entre as médias de área em camada híbrida, ficando em 53,11% para uma
camada e 16,82% para duas camadas. Para o grupo de duas camadas, a
média em dentina ficou em 50,91% contra 13,08% do grupo de uma camada,
não havendo diferença estatística. Segundo Leloup et al. (2001) a quantidade
109
de falhas coesivas em substrato (dentina/ resina composta) é diretamente
proporcional aos valores de resistência de união. Este estudo corrobora o
comportamento de padrão de fratura apresentado pelo Scotchbond MP, pois
houve uma pequena tendência de aumento da média de resistência de união
para duas camadas e um maior percentual de falhas coesivas em dentina.
De acordo com os resultados do teste não-paramétrico Kruskal-Wallis,
a segunda hipótese nula, de que a aplicação de duas camadas de adesivo
não favoreceria uma melhor adaptação interna das restaurações, foi
confirmada. Em nenhum grupo experimental houve uma redução significativa
nas fendas, trincas e rupturas quando realizada a aplicação de duas
camadas. No entanto observou-se um aumento estatisticamente significativo
na média de rupturas para a aplicação do Single Bond 2 com duas camadas.
Porém, esta diferença de valores seria muito pequena para ter relevância
clinica. Para as trincas, o Single Bond 2 foi o sistema adesivo que mais
apresentou este tipo de falha, diferindo estatisticamente dos outros materiais.
Acredita-se que esta diferença teria relevância clínica, pois em praticamente
todos os corpos-de-prova do Single Bond 2 houve a ocorrência de trincas
(Tabela 7).
Neste estudo foram utilizados dois sistemas adesivos com carga
inorgânica (Single Bond 2 e Clearfil SE Bond) e um sem carga (Scotchbond
MP). O acréscimo de partículas inorgânicas aos adesivos proporcionaria uma
melhor distribuição das tensões de contração de polimerização das resinas
compostas durante a polimerização, minimizando esse estresse na interface
adesiva (NAKABAYASHI; PASHLEY, 1998; HALLER, 2000; Van MEERBEEK
et al., 2001; DIETSCHI et al., 2002). Os resultados de adaptação interna
110
obtidos no presente estudo vão de encontro a esta teoria. Caso a presença
de carga fosse um fator capaz de diminuir o estresse de contração, os
sistemas adesivos Clearfil SE Bond e Single Bond 2 deveriam ter
apresentado as menores médias de falhas, enquanto que o sistema
Scotchbond MP deveria ter apresentado um maior número de falhas. Porém,
os resultados foram exatamente o contrário, ficando em ordem decrescente
de freqüência geral de falhas o Single Bond 2, seguido do Clearfil SE Bond e
do Scotchbond MP.
A adição de carga causa um aumento de tensão superficial do
adesivo, diminuindo a capacidade de umedecimento da superfície dentinária
(VAN NOORT, 1994), além de aumentar a rigidez do adesivo (LABELLA et
al.,1999), o que poderia estar associado a maior freqüência de falhas de
adaptação interna nos sistemas com carga. Já, o Scotchbond MP, por não
apresentar carga, possui menor rigidez e, talvez, por isso seja capaz de
compensar melhor o estresse de contração de polimerização das resinas
compostas (CHOI; CONDON; FERRACANE, 2000).
Comparando os sistemas adesivos Clearfil SE Bond e Single Bond 2,
ambos com carga, o primeiro apresentou menor média de falhas (trincas e
rupturas). Possível explicação para este achado seria a presença do
monômero 10-MDP na sua composição, que possui afinidade pela
hidroxiapatita, promovendo uma adesão dentinária hidroliticamente mais
estável que o Single Bond 2 (YOSHIDA et al. 2004; Van MEERBEEK et al.
2003).
Ainda em relação à análise de adaptação interna, observou-se que,
para os três sistemas adesivos testados, a grande maioria das falhas do tipo
111
trinca, e todas as falhas do tipo ruptura, ocorreram nos ângulos internos da
cavidade e em resina composta próximo à interface resina/adesivo. Em
contrapartida, a presença de fendas na interface dentina/adesivo ocorreu de
forma uniforme em todas as áreas das restaurações. Isto parece estar
associado à maior quantidade de adesivo que fica depositada nas áreas de
ângulo e às propriedades inerentes a estes já discorridas aqui.
O padrão de fratura encontrado para o sistema Single Bond 2 com
duas camadas de adesivo está em acordo com os encontrados na análise de
adaptação interna. Este adesivo apresentou significativamente mais falhas do
tipo ruptura, que ocorre, na grande maioria dos casos, em resina composta e
foi o único sistema adesivo que, na fractografia, apresentou falhas coesivas
em resina (Tabela 5). Concordâncias de resultados entre o ensaio de
microtração, análise da adaptação interna e da fractografia também foram
encontradas para o sistema Scotchbond MP. Este apresentou os maiores
valores de resistência de união, os menores valores de falhas de adaptação
interna e também foi o único que apresentou fratura coesiva em dentina.
Através da aplicação do Coeficiente de correlação de Pearson,
verificou-se que os resultados de resistência de união à microtração
apresentaram correlação negativa fraca com a incidência de falhas internas
do tipo fenda e ruptura, e correlação negativa média para trinca. Ou seja,
quanto maiores os valores de resistência de união apresentados pelos
sistemas adesivos, menor foi a tendência para a formação de trincas, fendas
e rupturas internas nas restaurações de resina composta independente do
número de camadas. Portanto, o número de aplicações de camadas de
adesivo não tiveram influência nos resultados de resistência de união à
112
microtração, tão pouco minimizaram a formação de falhas internas oriundas
da contração de polimerização das resinas compostas. Porém, esses
resultados foram dependentes do tipo de sistema adesivo utilizado.
Van Meerbeek et al. (2003) relataram haver correlação entre os dados
obtidos em estudos laboratoriais com resultados clínicos, mostrando que as
pesquisas de laboratório podem predizer efetividade clínica. Diante disto,
poder-se-ía extrapolar os resultados aqui encontrados, sugerindo que a dupla
camada de adesivo não seja empregada clinicamente pelo fato desta o
promover melhora nem nos valores de resistência de união nem na
adaptação interna da cavidade.
Visto que a maioria dos estudos laboratoriais ainda não apresenta
resultados conclusivos sobre o assunto, deve-se continuar pesquisando
novos recursos, materiais e técnicas para tentar minimizar o estresse de
contração de polimerização.
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7 CONCLUSÕES
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, concluiu-se que:
1) Os valores de resistência de união e de adaptação interna das
restaurações de resina composta dependeram do tipo de sistema adesivo
utilizado;
2) O número de aplicações de camadas de adesivo teve influência nos
resultados de resistência de união, no entanto não minimizaram a formação
de falhas internas nas restaurações;
3) O padrão de fratura do tipo mista foi predominante para todos os
sistemas adesivos, tanto em uma como em duas camadas;
4) O sistema adesivo Single Bond 2 apresentou as menores médias de
resistência de união e os maiores valores de trincas e rupturas, enquanto que
o sistema Scotchbond MP apresentou comportamento exatamente inverso.
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