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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
COMPORTAMENTO DA SIGATOKA NEGRA
(Mycosphaerella fijiensis Morelet) DA BANANEIRA NO
MUNICÍPIO DE CÁCERES, MATO GROSSO - BRASIL
MÁRCIA BENEDITA MARTINS
CUIABÁ - MT
2005
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
COMPORTAMENTO DA SIGATOKA NEGRA
(Mycosphaerella fijiensis Morelet) DA BANANEIRA NO
MUNICÍPIO DE CÁCERES, MATO GROSSO - BRASIL
MÁRCIA BENEDITA MARTINS
Engenheira Agrônoma
Orientador: Prof. Dr. JOÃO PEDRO VALENTE
Co - Orientadores: Prof
.a
. Dra. LEIMI KOBAYASTI
Dr. LUADIR GASPAROTTO
Dissertação apresentada à Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Mato Grosso,
para obtenção do título de Mestre em
Agricultura Tropical.
CUIABÁ-MT
2005
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2
M386c Martins, Márcia Benedita.
Comportamento da Sigatoka negra (Mycosphaerella fijiensis
Morelet) da Bananeira no município de Cáceres, Mato Grosso -
Brasil. / Márcia Benedita Martins. Cuiabá: a autora, 2005.
76p.
Orientador: Prof. Dr. João Pedro Valente.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Mato
Grosso. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Campus
Cuiabá.
1. Agricultura. 2. Doenças de plantas. 3. Pragas. 4. Plantação.
5. Bananeira. 6. Sigatoka negra. 7. Cáceres (MT). I. Título.
CDU 632.03 (043.3)
3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Título: COMPORTAMENTO DA SIGATOKA NEGRA (
Mycosphaerella
fijiensis Morelet) DA BANANEIRA NO MUNICÍPIO DE CÁCERES, MATO
GROSSO-BRASIL
Autora: MÁRCIA BENEDITA MARTINS
Orientador: Prof. Dr. JOÃO PEDRO VALENTE
Co - orientadores: Prof
ª
. Dra. LEIMI KOBAYASTI
Dr. LUADIR GASPAROTTO
Aprovada em 20 de outubro de 2005.
Comissão Examinadora:
_________________________
Prof. Dr. João Pedro Valente
(FAMEV/UFMT) (Orientador)
________________________
Profª. Dra. Leimi Kobayasti
(FAMEV/UFMT) (Co - Orientadora)
________________________
Dr. Luadir Gasparotto
(Embrapa) (Co - orientador)
________________________
Dr. Luiz Gonzaga Chitarra
(Embrapa) (Membro da banca)
4
DEDICO
A Deus.
A meus pais Adelino Martins e Terezinha
Cardoso Martins.
Aos meus irmãos: Antônio Máx Martins,
Augusto César Martins e Marcilene Martins.
5
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelos resultados alcançados;
À Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Agronomia e
Medicina Veterinária, pela oportunidade de realização do curso de Pós-
graduação em Agricultura Tropical;
Aos professores Dr. João Pedro Valente, Dra. Leimi Kobayasti e Dr.
Luadir Gasparotto pela orientação e paciência;
Aos professores Dr. Orlando Sales Junior, Dr. Daniel Cassetari Neto,
Dra. Maria Cristina Figueiredo de Albuquerque e ao Dr. Nicolau Priante pela
valiosa colaboração;
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agricultura
Tropical, pela atenção, pelo empenho na formação de profissionais e
valorização da Instituição;
À Secretaria de Estado de Ciência Tecnologia (SECITEC), e a
Fundação de Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT), pelo apoio
no fornecimento do aparelho, necessário a execução da pesquisa;
À Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural do Estado
de Mato Grosso – EMPAER/MT, pela colaboração;
Ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), pela contribuição ao
projeto;
Ao Instituto de Defesa Agropecuária INDEA/MT, pelo apoio
disponibilizado ao projeto;
Aos colegas da Coordenadoria de Defesa Sanitária Vegetal do
INDEA/MT, pelo incentivo e apoio;
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para elaboração
deste trabalho.
6
COMPORTAMENTO DA SIGATOKA NEGRA (Mycosphaerella fijiensis
Morelet) DA BANANEIRA NO MUNICÍPIO DECERES, MATO GROSSO
- BRASIL
RESUMO A Sigatoka negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis,
estádio anamórfico Paracercospora fijiensis, é uma doença que afeta as
folhas da bananeira, reduzindo a área fotossintética e, conseqüentemente a
produção, causando perdas que oscilam entre 50% a 100%. O objetivo
deste trabalho foi estudar o comportamento da Sigatoka negra em
bananeiras no Município de Cáceres, Mato Grosso - Brasil. O experimento
foi conduzido no período de janeiro a dezembro de 2004 em um cultivo de
bananeiras com as cultivares Maçã, Grande Naine e do plátano, a Farta
Velhaco (grupo Terra). As avaliações da severidade da doença foram
realizadas a cada período médio de 15 dias durante o ano de 2004, em
todas as folhas de 10 plantas de cada cultivar, antes do florescimento,
selecionadas ao acaso, e igualmente, em outras cinco plantas de cada
cultivar, com inflorescências recém emitidas. Os dados de temperatura e da
umidade relativa foram registrados por um aparelho eletrônico instalado na
área. A precipitação pluvial foi registrada na Estação meteorológica de
Cáceres, distante 12 km do experimento. Os dados da doença (severidade
na folha 8, área abaixo da curva de progresso da doença, número de
folhas viáveis e a folha mais jovem com sintomas) foram correlacionados
com os dados climáticos. Verificou-se que a umidade relativa é um fator
climático determinante do progresso da Sigatoka negra; a redução da
temperatura determina o aumento dos períodos de incubação e latência; a
precipitação pluvial não favorece o aumento da severidade. Nas condições
climáticas de Cáceres, a viabilização da bananicultura está condicionada a
utilização de irrigação e de cultivares resistentes a Sigatoka negra.
Palavras-chave: Paracercospora fijiensis, Musa spp., epidemiologia.
7
BEHAVIOUR OF BLACK SIGATOKA (Mycosphaerella fijiensis Morelet) IN
BANANA IN CÁCERES, MATO GROSSO STATE, BRAZIL
ABSTRACT The black Sigatoka, caused by mycosphaerella fijiensis
(anamorph state: Paracercospora fijiensis) causes up to 100% losses in
banana production. The objective of this project was to study the severity of
the black Sigatoka in the field condition in Cáceres, Mato Grosso State
Brazil. The experiment was carried out in a period from January to December
in 2004, in bananas plantations with the cultivars Maçã, the plantain Farta
Velhaco (Terra group) and Grande Naine. The disease severity was
quantificated each fifteen days intervals, during the year 2004, in all the
leaves of ten plants before the flowering, selected at random, and more five
plants each cultivar with the flowers just emitted. In the area was placed an
electronic apparatus to register the air temperature and relative humidity of
the air. The rainfall data was collected in a climatic station installed around
12 kilometers from the experiment. The disease data (disease severity in the
leaf number 8, area under disease progress curves, number of functional
leaves and number of the first leaf with symptoms) were submitted a
correlation test with climate data. The humidity relative of the air was a
determining factor to increase of disease severity, but the rainfall didn’t
collaborated the black Sigatoka progress. The temperature reduction
increased the incubation and latent periods. According to the climatic
conditions predominant in Cáceres, the viabilization of the banana culture is
conditioned to the watering use and the resistant plantation cultivars to the
black Sigatoka.
Keywords: Paracercospora fijiensis, Musa spp., epidemiology.
8
LISTA DE FIGURAS
Página
1
Severidade da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área
foliar lesionada na folha de
8 (SEV 8), folha mais jovem com
sintomas (FMJCS) e número de folhas viáveis (NFV), em plantas
das cultivares, Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine antes do
florescimento, com 6 a 7 meses de idade, em relação ao número
diário de horas com umidade relativa ig
ual ou superior a 90%
(NDHUR
90%), umidade relativa média (URM) em (%),
precipitação diária (P) em milímetro (mm), temperatura média (T.
méd.) em ºC e média das temperaturas xima (T. x.) e mínima
(T. mín.) em ºC, no período de janeiro a dezembro de 2
004, em
Cáceres/MT..........................................................................................
38
2
Progresso da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área
foliar lesionada na folha de 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10
)
e número de folhas viáveis (NFV) em plantas das cultivares Grande
Naine (A), Maçã (B) e Farta Velhaco (C) após a emissão do cacho,
no período de 13/02/04 a 16/04/04, em
Cáceres/MT..........................................................................................
61
3
Progresso da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área
foliar lesionada na folha de 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10)
e número de folhas viáveis (NFV) em plantas das cultivares Grande
Naine (A), Maçã (B) e Farta V
elhaco (C), após a emissão do cacho,
no período de 30/04/04 a 30/07/04, em
Cáceres/MT..........................................................................................
63
9
4
Progresso da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área
f
oliar lesionada na folha de nº 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10)
e número de folhas viáveis (NFV), em plantas da cultivar Grande
Naine, após a emissão do cacho, no período de 30/07/04 a
03/12/04, em Cáceres/MT...................................................................
65
10
LISTA DE TABELAS
Página
1 Escala de Stover modificada Gauhl et al. (1993).................................
32
2
Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka
negra na folha 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas, para a cultivar Maçã, antes do
florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT.............................................................................................
40
3 Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha nº 8, área abaixo da curva de progresso da
doença,
folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas, para a cultivar Farta Velhaco, antes
do florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT.............................................................................................
41
4 Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha nº 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com alg
umas variáveis climáticas, para a cultivar Grande Naine antes
do florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT............................................................................................
42
5 Duração dos períodos de incubação (PI) e latente (PL) da Sigatoka
negra, em dias, nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine
após a emissão do cacho, avaliadas em 2004, no município de
Cáceres/MT.............................................................................................
44
11
6 Dados climáticos e do progresso da Sigatoka negra nas cultivares
Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine registrados em 2004, em
Cáceres/MT..............................................................
...............................
47
7 Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha nº 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algu
mas variáveis climáticas, para a cultivar Maçã antes do
florescimento, avaliadas no segundo semestre de 2004, em
Cáceres/MT.............................................................................................
51
8 Coeficientes de correlação
linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha nº 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e mero de folhas viáveis,
com algumas variáveis climáticas, para a cultivar Farta Velhaco antes
do floresci
mento, avaliadas no segundo semestre de 2004, em
Cáceres/MT.............................................................................................
52
9 Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka neg
ra na folha nº 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas, para a cultivar Grande Naine, antes
do florescimento, avaliadas no segundo semestre de 2004, em
Cáceres/MT.............................................................................................
53
12
SUMÁRIO
Página
1 INTRODUÇÃO.............................................................................
13
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................
16
2.1 A Bananeira.................................................................................
16
2.2 Mycosphaerella fijiensis ..............................................................
17
2.3 Sigatoka negra.............................................................................
23
2.4 Clima............................................................................................
26
2.4.1 Temperatura................................................................................
26
2.4.2 Umidade relativa..........................................................................
27
2.4.3 Precipitação pluvial......................................................................
27
2.4.4 Balanço hídrico............................................................................
28
3 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................
31
3.1 Quantificação da Doença............................................................
32
3.2 Quantificação das Variáveis Climáticas.......................................
34
3.3 Análise Estatística........................................................................
34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................
36
4.1
Severidade da Sigatoka Negra em Plantas das Cultivares
Maçã, Grande Naine e Farta Velhaco (grupo Terra), antes do
Florescimento..............................................................................
36
4.2 P
rogresso da Sigatoka Negra em Plantas das Cultivares Maçã,
Grande Naine e Farta Velhaco (grupo Terra), após a Emissão
do Cacho.....................................................................................
60
5 CONCLUSÕES............................................................................
67
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................
68
13
1 INTRODUÇÃO
A banana é uma das frutas mais importantes do mundo, tanto no que
se refere à produção quanto à comercialização. Para muitos países, além de
ser um alimento complementar da dieta da população, a banana apresenta
grande relevância social e econômica, servindo como fonte de renda para
muitas famílias de agricultores, gerando postos de trabalho no campo e na
cidade e contribuindo para o desenvolvimento das regiões envolvidas em
sua produção. Para outros países, a banana é um produto de exportação
responsável por uma parte muito significativa dos ingressos relativos à
exportação agrícola (Fioravanço, 2003).
De acordo com a FAO (2003), em 2002, a banana foi a segunda fruta
mais produzida no mundo, cultivada em 124 países em uma área de 4,2
milhões de hectares, produzindo 69,5 milhões de toneladas. O Brasil é o
terceiro maior produtor, com 6,3 milhões de toneladas em 508 mil hectares,
perdendo apenas para a Índia e o Equador.
Diferentes tipos de banana o importantes em diferentes regiões do
mundo, porém, em todas elas os produtores de bananas e plátanos estão
enfrentando problemas para o seu cultivo devido, em grande parte, ao
aumento de pragas e doenças, mais especificamente devido à rápida
disseminação mundial da Sigatoka negra, causada pelo fungo
Mycosphaerella fijiensis (Rosales et al., 1998). Esta doença é considerada
uma das mais destrutivas que afeta o cultivo de bananas e plátanos na
maioria das regiões produtoras do mundo (Stover, 1983; Fullerton & Stover,
14
1989; Valmayor et al., 1991; Sulyo, 1992), devido a sua rápida
disseminação, alto poder destrutivo e porque afeta a maioria dos cultivares
explorados economicamente (Rosales et al., 1998).
O impacto econômico e social da Sigatoka negra nas regiões
produtoras de banana deve-se principalmente, às perdas na produção, que
oscilam entre 50 a 100%, aos altos custos de controle, que chegam a
representar de 27 a 45% dos custos da produção (Orozco-Santos, 1998) e a
redução das áreas de cultivo, abandonadas pelos pequenos agricultores,
que, em geral, não contam com recursos e tecnologias necessárias ao
combate da doença (Jacome, 1998).
Em Mato Grosso, a banana é a fruta mais produzida (IBGE, 2004),
exercendo alta importância econômica e social para os pequenos
agricultores (INDEA/MT, 2004). Desde o surgimento da Sigatoka negra em
1999, a área cultivada com banana em Mato Grosso reduziu de 29.387 ha
em 1999 (IBGE, 1999) para 10.914 ha em 2004 (IBGE, 2004),
correspondendo a uma redução de 63% da área cultivada, sendo que no
município de Cáceres a redução chegou a 75%.
A aplicação periódica de fungicidas é a alternativa mais conhecida
para o controle da Sigatoka negra. O uso de agroquímicos apoiado por
diversas técnicas de cultivo tende a reduzir fontes de inóculo e condições
favoráveis ao desenvolvimento do patógeno. No entanto, o uso constante de
produtos químicos é a atual preocupação, devido aos problemas de
contaminação ambiental, saúde humana e resistência do fungo a fungicidas
(Orozco-Santos, 1998).
Estudos biológicos, epidemiológicos, de controle químico, pré - aviso
biológico, avaliação de germoplasma resistente e a resistência do patógeno
a fungicidas são indispensáveis para subsidiar elaboração de estratégias de
manejo e controle integrado da Sigatoka negra.
No Estado de Mato Grosso, as restrições fitossanitárias ao trânsito
dos frutos foi um dos fatores que mobilizou produtores e seus
representantes junto ao governo estadual para o estudo do problema que
envolve a bananicultura, no sentido de propor alternativas para a produção,
15
dentre elas, a utilização de cultivares resistentes e a geração de
informações e tecnologias que permitam a convivência com a Sigatoka
negra (INDEA/MT, 2004).
Este trabalho consistiu em estudar o comportamento da Sigatoka
negra pela identificação e quantificação da doença no município de
Cáceres/MT.
16
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A Bananeira
A bananeira é uma planta herbácea originária do sudeste da Ásia,
cultivada em todas as regiões tropicais do mundo onde se registram
umidades elevadas e calor constante (Moreira, 1999).
Segundo Dantas et al. (1997), a bananeira (Musa spp.) pertence à
classe das monocotiledôneas, ordem Scitaminales, família Musacea,
subfamília Musoideae. É uma planta herbácea, caracterizada pela
exuberância de suas formas e dimensões das folhas, possuindo tronco curto
e subterrâneo (rizoma); pseudocaule, resultante da união das bainhas
foliares que termina com uma copa de folhas longas e largas;
inflorescências envoltas por brácteas ovaladas, em cujas axilas nascem as
flores, de onde se originam os frutos por partenocarpia.
As sementes das bananeiras primitivas eram férteis e teriam
dimensões de 2 cm, enquanto que, atualmente, o, em geral, estéreis,
apresentando-se apenas como pequenos pontos escuros localizados no
eixo central da fruta (Moreira, 1999).
As bananeiras são normalmente propagadas vegetativamente, por
meio de mudas desenvolvidas a partir de gemas do seu caule subterrâneo
ou rizoma (Souza et al., 1997).
A evolução das bananeiras comestíveis foi por mutação, hibridação e
cruzamentos espontâneos das espécies selvagens diplóides Musa
acuminata Colla (AA) e M. balbisiana Colla (BB), cuja combinação
17
genômica resultou nos grupos: AAA (cavendish) e AAB (plantains) (Dantas
et al., 1997).
As cultivares mais difundidas no Brasil são: Prata, Prata Anã,
Pacovan, Maçã, Mysore, Farta Velhaco, D’Angola do grupo AAB, Nanica,
Nanicão e Grande Naine do grupo AAA, utilizadas para exportação (Silva et
al., 1997).
Para o seu bom desenvolvimento e produção, a bananeira exige calor
constante, precipitações bem distribuídas e elevada umidade relativa
(Dantas et al., 1997). Segundo Aubert (1971) e Ganry (1973), a temperatura
ótima para o desenvolvimento das bananeiras comerciais gira em torno dos
28ºC, com mínimas não inferiores a 18ºC e máximas não superiores a 34ºC.
Segundo Dantas et al. (1997), as maiores produções estão
associadas a uma precipitação total anual de 1.900 mm, bem distribuída no
decorrer do ano, ou seja, sem deficiênciadrica, o que corresponde a
ausência de estação seca. Para obtenção de colheitas economicamente
rentáveis, considera-se suficiente uma precipitação de 100 a 180 mm/mês,
bem distribuída durante o ano (Dantas et al., 1997). Quanto a umidade
relativa, este mesmo autor relata que a bananeira apresenta melhor
desenvolvimento em locais com médias anuais superiores a 80%.
De acordo com Borges et al. (1995), os melhores solos para a
bananeira o os que ocorrem em condições de relevo plano a suavemente
ondulados, bem drenados, profundos, textura média a argilosa, bem
estruturados, permeáveis, férteis, com pH neutro a ligeiramente ácido, sem
perigo de inundação e sem problemas de salinidade.
2.2 Mycosphaerella fijiensis
O agente causal da Sigatoka negra é o fungo Mycosphaerella fijiensis
Morelet, pertencente à classe dos Ascomycetos, subclasse
Loculoascomycetidae, ordem Dothideales, da família Dothidaceae, e do
gênero Mycosphaerella (Alexopoulos et al., 1996), cujo estádio anamórfico é
o fungo Paracercospora fijiensis (Morelet) Deighton.
18
É disseminado por meios naturais (água e correntes de ar), mas pode
se disseminar por meios mecânicos (homens e animais). O homem,
mediante o transporte incontrolado de folhas doentes, pode converter-se no
agente disseminador mais rápido e efetivo (Vargas, 1996).
Segundo Vargas (1996) e Orozco-Santos (1998), o fungo se propaga
por esporos conhecidos como conídios e ascosporos. Os conídios, esporos
assexuais, são hialinos, obclavados a cilíndricos, retos ou ligeiramente
curvos com 6 a 9 septos, finos no ápice e largos na base com uma cicatriz
no hilo basal. Se formam em conidióforos produzidos em lesões jovens,
especialmente durante os estádios 2, 3 e 4 da escala de Fouré (Gauhl et
al.,1993). A dispersão ocorre entre as folhas inferiores da mesma planta por
meio de gotas de água que escorrem pelas folhas arrastando os esporos no
sentido ascendente e horizontal a curtas distâncias, pelo salpique de
gotículas de água da chuva carregada de conídios.
A produção e liberação de conídios (fase anamórfica) pode ocorrer a
partir dos primeiros sintomas (estádios 2 da escala de Fouré, 1985)
(Ramirez, 1998), principalmente em lesões localizadas na face abaxial da
folha (Pereira et al., 2003). A duração do período conidial como a
quantidade de conídios produzidos dependerá, principalmente, da umidade
sobre as folhas (Ramirez, 1988; Martinez, 1989).
A produção diária de inóculo está relacionada com a presença de
água líquida sobre a folha e com temperaturas amenas, porque em
temperaturas elevadas, raramente existe água líquida sobre as folhas
(Cordeiro & Kimati, 1997).
Segundo Orozco-Santos (1998), os ascosporos são esporos sexuais,
hialinos, fusiformes clavados, bicelulares com ligeira constrição no septo. Os
ascosporos são produzidos em peritécios em folhas velhas das plantas ou
em folhas mortas sobre o solo. São o principal meio de dispersão a longas
distâncias, entre plantações e dentro das áreas de cultivo e o meio mais
usual de dispersão durante os períodos com alta umidade relativa (Meredith
et al., 1973).
19
A produção de ascosporos é maior nas folhas que ocupam as
posições a partir da folha cinco quando ocorrem períodos chuvosos, com
temperaturas acima de 21ºC (Brun, 1963; Stover, 1964; 1972) e geralmente,
inicia-se em lesões no estádio 5 (mancha negra) atingindo o
amadurecimento em lesões no estádio 6 (necrose ou queima); a maior
presença destas estruturas é durante a época mais úmida, pois a chuva
favorece a formação de estruturas reprodutivas sexuais (Ramirez, 1998).
Segundo Meredith et al. (1973), a maturação dos ascosporos requer
a saturação dos tecidos das folhas mortas por, aproximadamente, 48 horas.
Em dias chuvosos, a maior concentração de ascosporos ocorre logo após o
começo da chuva e os aumentos estacionais na concentração diária média
de ascosporos estão associados com aumento da chuva e da umidade
relativa do ar.
A água da chuva é essencial para liberação dos ascosporos e a sua
disseminação é feita, principalmente, pelo vento, sendo este o responsável
pela disseminação a grandes distâncias (Brun, 1963; Stover, 1964; 1972)
porém, Parnel et al. (1998) afirmam que a dispersão a longas distâncias é
limitada a poucas centenas de quilômetros devido a sua suscetibilidade a
radiação ultravioleta.
Os ascosporos são depositados, principalmente, na superfície inferior
da vela, que é exposta primeiro e, conseqüentemente, as infecções ocorrem
na face inferior das folhas (Fullerton, 1994; Gonzáles, 1987).
A máxima germinação e sucesso na infecção ocorrem quando
longos períodos com alta umidade relativa e molhamento foliar (Fullerton,
1994; Gonzáles, 1987). Segundo Marín et al. (2003), a germinação dos
conídios ocorre na faixa de 92 a 100% de umidade relativa e dos
ascosporos entre 98 a 100%.
O período de incubação, tempo transcorrido entre a inoculação até o
surgimento dos primeiros sintomas, é notadamente influenciado por alguns
fatores climáticos, especialmente, a precipitação, o molhamento foliar, a
umidade relativa e a temperatura (Orozco-Santos, 1998). No México,
estudos realizados por Orozco-Santos (1998) com o plátano c.v. Enano
20
Gigante, constataram que o período de incubação é de 24 a 36 dias durante
o verão e outono e, de 48 a 80 dias na primavera e no inverno. Na
Colômbia, Vargas (1996) relata que, em condições ótimas, o período de
incubação é de 17 dias em bananas e 29 dias em plátanos.
Ganry (1973) relata que a taxa de crescimento do fungo é altamente
correlacionada com temperatura, mas, Meredith et al. (1973) não
encontraram evidências de que a produção ou liberação de ascosporos era
afetada por temperaturas mínimas, porém, Gauhl (1994) verificou que
redução na produção de inóculo durante os períodos secos coincidindo com
a estação de baixas temperaturas na zona Caribenha da Costa Rica.
Também estudos sobre o efeito da temperatura no crescimento do
tubo germinativo de ascosporos de M. fijiensis realizados por Porras & Pérez
(1997) mostraram que o mínimo crescimento do tubo germinativo ocorreu a
12ºC, a temperatura ótima foi de 27ºC e a máxima de 36ºC, não houve
crescimento em temperaturas iguais ou inferiores a 11ºC e iguais ou
superiores a 37ºC. Entre 10 e 20ºC a taxa de crescimento do tubo
germinativo de M. fijiensis foi reduzida a menos de 50% em relação à taxa
de crescimento a 27ºC. Observações estas relatadas também por Moulion-
Pefoura & Mourichon (1990) e pia (1993) para conídios M. fijiensis e M.
musicola.
A fase teliomórfica ou sexuada é considerada a mais importante na
reprodução da doença, devido à alta produção de ascosporos, que pode ser
até 100 vezes superior quando comparada com a produção de conídios
(Pereira et al., 2003).
Segundo Gauhl (1994) e Stover (1980), em virtude de M. fijiensis
produzir relativamente poucos conídios, os ascosporos são considerados a
forma mais importante de disseminação da doença. Contudo, relatam que a
hifa vegetativa de M. fijiensis pode emergir do estômato, crescer na
superfície da folha e penetrar no estômato adjacente ou produzir
conidióforos e conídios. Este crescimento epifítico permite que o fungo
colonize tecidos adjacentes da folha resultando no rápido desenvolvimento
dos sintomas. Jacome & Schuh (1991) afirmam que os conídios são
21
capazes de causar níveis significativos da doença e desenvolvimento de
sintomas idênticos aos causados pela infecção de ascosporos. Explicam
que os conídios tornam-se mais importantes durante os períodos secos
quando o desenvolvimento da doença é retardado por causa das condições
climáticas desfavoráveis.
De acordo com Stover (1972) e Stover & Simmonds (1987),
diferenças comportamentais entre conídios e ascosporos refletem no
comportamento da doença no campo. Assim, a produção de ascosporos é
maior nos períodos chuvosos com temperaturas acima de 21ºC, atingindo o
pico da produção no início da estação seca, enquanto que a produção de
conídios, predomina na estação seca, em noites com 10 a 12 horas de
orvalho, porém, é sensível a temperaturas inferiores a 22ºC.
A Sigatoka negra é uma doença policíclica, com uma seqüência
constante de infecção, colonização, esporulação, dispersão e infecção
ramificada devido as duas formas de esporos (Zadocks & Shein, 1979).
De acordo com Vanderplank (1963) e Zadoks & Shein (1979), a
produção de esporos durante o período infeccioso é o pilar onde se assenta
a epidemiologia clássica para explicar o aumento da intensidade da doença
em função do tempo. Os esporos produzidos, após serem liberados,
dispersos e depositados, germinarão, penetrarão e produzirão novas lesões,
com mais esporos. Esta série de eventos é o ciclo de infecção que leva a
cadeia de infecção e que explica a ocorrência de epidemias, conhecida
como via horária de infecção. Segundo Bergamin Filho (1995), nos países
de clima temperado, predominam condições propícias para o patógeno
infectar o hospedeiro, como temperaturas amenas e abundância de orvalho.
Nos trópicos, as condições gerais de clima impõem diversas limitações aos
patógenos (Palti, 1981). Uma via alternativa de infecção foi à solução
encontrada por alguns patógenos para o ficar à mercê da inclemência do
clima, a via anti-horária de infecção. A via anti-horária de infecção
representa o crescimento da lesão original. Os sítios doentes podem gerar
novos sítios doentes pela infecção dos sítios adjacentes àqueles
previamente doentes, sem que seja necessário o concurso de esporos e da
22
via horária de infecção. Assim, o progresso da doença é explicado mais pelo
crescimento da lesão do que pelo número de lesões. A grande vantagem
desta estratégia, para o patógeno, é que o crescimento da lesão depende
menos de condições climáticas (Zadoks, 1984) do que a infecção por
esporos.
Amorim (1995) relata que a infecção é um processo crítico, onde a
doença, como processo, tem início. Nesta fase, o patógeno encontra-se
vulnerável às condições do ambiente. Assim, depois de iniciado, o processo
poderá não se completar devido às adversidades climáticas ou se completar
e estabelecer relações estáveis com o hospedeiro se as condições
climáticas forem favoráveis. Durante a germinação, externa ao hospedeiro,
é que o patógeno se encontra mais vulnerável, pois, embora os esporos
sejam estruturas resistentes, o mesmo o se pode dizer do tubo
germinativo, uma estrutura muito delicada, sujeita à dessecação. Assim,
quanto menor o tempo de exposição do fungo as intempéres climáticas,
maior a possibilidade de uma infestação bem sucedida.
Bergamin Filho (1995) destaca que o mal de Sigatoka (M. musicola) e
o mal das folhas (M. ulei), são duas das mais graves doenças conhecidas,
não pela magnitude dos danos que causam à produção mas,
principalmente, pela freqüência com que estes danos podem ocorrer. Na
ausência de medidas de controle, estes dois patógenos, todos os anos,
provocam epidemias, como se eles estivessem acima das leis que
governam a infecção, como se o clima, para eles, fosse sempre um
cúmplice. Uma das razões para esta anormal inclinação para causar
epidemias é a presença de ambas as vias de infecção, via horária e a via
anti-horária de infecção. Além disso, ambos os patógenos, ao contrário de
quase todos os outros, produzem dois tipos de esporos durante a fase
epidêmica da doença: esporos sexuais e assexuais. A ocorrência de dois
tipos de esporos permite a definição de dois tipos de via horária de infecção:
a via horária assexual e a via horária sexual. Ambas tem características
distintas, usualmente complementares, podendo também, sob condições
ideais, tornarem-se aditivas. É esta flexibilidade de comportamento, que
23
permite a M. musicola e M. ulei ignorarem as muitas restrições de ordem
climática que o processo horário de infecção muitas vezes apresenta.
O fungo M. fijiensis possui grande capacidade reprodutiva, com
ampla variabilidade genética e patogênica permitindo adaptar-se a diversas
condições ambientais e de cultivo em quase todas as áreas produtoras de
banana do mundo. Tem grande facilidade de apresentar populações
resistentes a agrotóxicos, devido a sua alta mutabilidade vertical e também
pela pressão de seleção exercida por fungicidas sistêmicos usados para
combatê-lo (Stover, 1976; Carlier et al., 1993).
Mouliom-Pefoura (1996), estudando o desenvolvimento de M. fijiensis
e M. musicola em bananas e plátanos em diferentes zonas ecológicas,
concluiu que o tempo para o desenvolvimento das lesões em baixas
altitudes foi mais curto para M. fijiensis que para M. musicola, o que pode
ajudar a explicar o desaparecimento deste patógeno em áreas situadas em
altitudes baixas. Em zonas de média e alta altitude, esporos de M. musicola
desenvolveram muito mais rápido que esporos de M. fijiensis.
2.3 Sigatoka Negra
A Sigatoka negra é o principal problema na produção de bananas e
plátanos em todo o mundo (Stover, 1983; Fullerton & Stover, 1989;
Valmayor et al., 1991; Sulyo, 1992).
Esta doença pode se estabelecer em qualquer região onde se cultiva
banana ou plátano, no entanto, é especialmente destrutiva em variedades
suscetíveis cultivadas em regiões quentes e úmidas, localizadas a menos de
500 metros de altitude, com temperatura média entre 25 a 28ºC. Regiões
com períodos longos de seca e com pouca formação de orvalho durante a
noite, são inapropriadas para o desenvolvimento da doença mesmo em
temperaturas favoráveis (Vargas, 1996).
Segundo Ploetz (2001), a Sigatoka negra foi identificada pela primeira
vez no Vale de Sigatoka, distrito de Fiji, em 1963, quando provavelmente,
estava amplamente disseminada pelo sudeste da Ásia e Pacífico Sul. No
hemisfério ocidental apareceu no ano de 1972 em Honduras e atualmente,
24
está presente desde a Flórida até o sul da Bolívia, na parte noroeste do
Brasil e no Caribe (Cuba, Jamaica e República Dominicana). Na África, foi
registrada em Zâmbia no ano de 1973 e desde então, tem se expandido por
todo o continente africano.
No Brasil, foi constatada no Amazonas em fevereiro de 1998, nos
municípios de Tabatinga e Benjamin Constant de onde se disseminou por
todo o Estado, vindo a atingir os Estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso
(Pereira et al., 2000). Atualmente, a doença encontra-se disseminada nos
Estados de Roraima, Amapá, Pará (Gasparotto et al., 2001), Minas Gerais,
São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul (EPAGRI, 2004).
No Estado de Mato Grosso esta doença foi detectada em abril de
1999 (Souza e Feguri, 2004), nos municípios de Cáceres e Lambari
D’Oeste, possivelmente, trazida pela massa de ar Equatorial Continental
originária da Amazônia Ocidental. Segundo Serra & Ratisbonna (1942), este
fluxo é o responsável pela maior parte das chuvas de primavera e verão
ocorridas em Mato Grosso.
O desenvolvimento das lesões da Sigatoka negra é fortemente
influenciado pelos fatores ambientais como a umidade (chuva ou orvalho), a
temperatura e o vento (Cordeiro, 1998).
A Sigatoka negra evolui em seis estádios de desenvolvimento de
lesões, definidos por Fouré (Gauhl et al.,1993). Os primeiros indícios da
doença se observam como pequenas descolorações ou despigmentação
visível somente na face inferior da folha (estádio 1). Posteriormente, estas
descolorações se convertem em pequenas estrias de cor café nas faces
inferior e superior da folha (estádio 2). Com o tempo as estrias aumentam
em diâmetro e comprimento mantendo-se da cor café (estádio 3). O primeiro
sintoma em forma de mancha apresenta-se quando a lesão muda da cor
café para o negro (estádio 4), a qual posteriormente apresenta-se
circundada por um halo amarelo (estádio 5). Finalmente, a mancha se
deprime e muda de cor novamente para cinza claro, onde se observa
25
grande quantidade de pontos negros que correspondem aos corpos
frutíferos chamados peritécios (estádio 6).
Segundo Ramirez (1998), quando iniciam as chuvas, abundante
liberação de ascosporos de lesões velhas que provocam uma grande
quantidade de infecções na vela e folhas 1, 2 e 3. Sob condições de alta
umidade, surgem os primeiros sintomas e em seguida, inicia-se a produção
conidial, abundante e intermitente. Por coalescência, as lesões rapidamente
atingem os estádios 5 e 6 da escala de Fouré (Gauhl et al.,1993), o ciclo do
fungo encurta-se e produz uma alta quantidade de ascosporos, quando a
Sigatoka negra alcança níveis epidêmicos e determinam os maiores danos à
folhagem e perdas no rendimento anual. O final da fase epidêmica coincide
com o decréscimo gradual na temperatura e na umidade ambiental.
Holguin (1998), avaliando a influência das condições climáticas no
desenvolvimento da doença, constatou o desenvolvimento mais lento
durante a época seca em relação a época chuvosa, com diferença de 8 a 10
dias para o aparecimento dos primeiros sintomas e de 20 a 29 dias para
atingir os sintomas mais avançados.
Stover (1980), estudando a influência dos fatores do clima no
desenvolvimento da M. fijiensis e M. musicola, verificou que a Sigatoka
Negra apresenta resposta similar a Sigatoka amarela para temperatura e
umidade. Tempo seco e temperaturas noturnas abaixo de 20ºC reduzem o
desenvolvimento de Sigatoka negra.
Em Cuba, a doença apresenta uma dinâmica estacional determinada
pelas variações de temperatura e precipitação ao longo do ano. Se medidas
de controle o forem adotadas, o fungo causa drástica redução da área
fotossintética ativa e a conseqüente redução do peso dos cachos e dos
rendimentos que pode atingir 40% da produção total e 100% da produção
comercializável (Pérez, 1998).
Alguns pesquisadores relatam que a doença causa perdas no
rendimento que variam de 50% (Ploetz, 2001; Burt, 1994) a 100% (Orozco-
Santos, 1998), devido à redução significativa da área fotossintética e
amadurecimento prematuro da fruta destinada à exportação (Ploetz, 2001).
26
No México, os prejuízos na produção devido a esta doença oscilam
entre 50 a 100%, se medidas de controle não forem adotadas (Orozco-
Santos, 1998).
No Brasil, no Estado do Amazonas, a Sigatoka negra causa perdas
que podem atingir 100% da produção em bananas verdadeiras e 70% em
plátanos (Pereira et al., 2000).
2.4 Clima
A região do Alto Pantanal, onde está localizado o município de
Cáceres, compõe um conjunto de terras baixas (80 a 300 metros)
fortemente circundadas por relevos e topografias mais elevadas (entre 300 a
600 metros). Nesta região, o caráter de descida forçada das principais
correntes e descontinuidades atmosféricas origem a Unidades Climáticas
Sub-Úmidas aqui denominadas Clima Tropical Megatérmico Sub-Úmido das
Depressões e Pantanais de Mato Grosso. Estas unidades climáticas são
áreas fortemente aquecidas em função das altitudes muito baixas (a maioria
delas com altitudes inferiores a 200 metros) e também por serem muito
planas, ou seja, depressões ou planícies sazonalmente inundáveis. Devido
ao forte aquecimento superficial ocorrem elevadas perdas de água por
evapotranspiração, aumentando a deficiência hídrica sazonal e diminuindo
também o volume de água excedente na estação chuvosa. Desta forma, as
Unidades Climáticas Megatérmicas Sub-úmidas foram assim consideradas
por possuírem seca severa e excedente pequeno a moderado (Mato
Grosso, 2000).
2.4.1 Temperatura
Em Cáceres, a temperatura média é de 25,33ºC. As médias das
máximas e máximas absolutas são extremamente altas. A média das
máximas é de 32,52ºC e as máximas absolutas ultrapassam 35ºC com
extremos acima de 40ºC nos meses mais quentes, que são outubro e
novembro. O declínio da temperatura é notável nos meses de maio, junho e
27
julho, pela entrada de frentes frias. A média das mínimas fica abaixo de
20ºC e as mínimas absolutas tem registros abaixo de 5ºC (Brasil, 1982).
Segundo Mato Grosso (2000), o comportamento da temperatura em
Mato Grosso decorre de fatores geográficos (continentalidade, latitude e
relevo) e dinâmicos (circulação atmosférica). A distância da costa brasileira,
impedindo a influência moderadora do oceano, condiciona a ocorrência de
altas temperaturas e fortes amplitudes térmicas anuais. Na Baixada do
Pantanal ocorre um aumento térmico médio anual, explicado pelo
decréscimo altimétrico nessa região. As amplitudes rmicas mensais são
elevadas, especialmente, no inverno. As amplitudes térmicas diárias são
elevadas, especialmente, na época mais seca, em virtude da existência de
uma menor quantidade de vapor d’água na atmosfera, possibilitando uma
maior insolação e radiação terrestre mais intensa durante a noite. No
período quente e úmido, a elevada porcentagem de vapor d’água na
atmosfera, aliada à maior nebulosidade, possibilita um certo equilíbrio
térmico, impedindo a ocorrência de grandes variações térmicas numa
mesma massa de ar.
2.4.2 Umidade relativa
Em Cáceres, a umidade relativa do ar situa-se em torno de 80% no
verão e decresce para 60 a 70% na estiagem, sendo exceção na região do
Pantanal, onde a umidade relativa é baixa, situando-se entre 50 a 60%, não
atingindo os 80%, mesmo nos meses mais úmidos (Brasil, 1982).
2.4.3 Precipitação pluvial
Na região do Pantanal, onde está localizado o município de Cáceres,
o regime de chuvas é tropical, com duas estações bem definidas: a seca e a
chuvosa, sendo o período de maio a outubro o mais seco. Em Cáceres, a
média anual é de 1244 mm com maior concentração no período de
novembro a fevereiro (Brasil, 1982).
Segundo Serra & Ratisbonna (1942), a origem do período seco está
relacionado com a invasão das massas de ar do Pacífico, contribuindo
28
grandemente para as suas elevadas temperaturas e secura. Durante os
meses de maio a setembro ocorre também a penetração da massa Tropical
Atlântica com ventos nordeste e leste, responsáveis pelo regime de seca e
estabilidade, com céu claro e dias ensolarados.
No verão, a chegada da massa de ar Equatorial Continental,
originária da Amazônia Ocidental sob a forma de instabilidades tropicais, é a
responsável pela maior parte das chuvas de primavera e verão ocorridas em
Mato Grosso. Os ventos de direção noroeste e oeste acarretam chuvas e
trovoadas devido as suas altas temperaturas e umidade relativa (Serra &
Ratisbonna, 1942).
Nas áreas rebaixadas (Vale do Guaporé, Depressão Cuiabana,
Depressão do Paraguai, Depressão do Araguaia e o Pantanal, onde está
localizado o município de Cáceres), as altitudes variam entre 80 a 300
metros e se constituem nas regiões onde o efeito de ressecamento,
associado à descida da coluna de ar (compressão adiabática), provoca
considerável diminuição nos totais pluviométricos. Os menores valores
observados em todo o Estado correspondem a região do Pantanal, de modo
geral, áreas onde as altitudes são inferiores a 100 metros; nesta região os
totais variam entre 1.100 a 1.300 mm. Por outro lado, tratando-se de
superfícies com altitude baixa (150 a 300 metros) e quase sempre planas ou
com o relevo suave de colinas amplas, origem a uma condição de
elevado aquecimento do solo, e por conseqüência dos fortíssimos
aquecimentos da camada de ar próxima da superfície (Mato Grosso, 2000).
2.4.4 Balanço hídrico
A estimativa das perdas máximas superficiais de umidade indica
valores anuais elevados para quase todo o Estado de Mato Grosso. O
extremo noroeste do Estado, a Depressão do Araguaia e a região do
Pantanal, onde está localizado o município deceres, registram os valores
anuais mais elevados de evapotranspiração potencial, oscilando entre 1.400
a 1.450 mm. Este fato se deve à combinação das altitudes e latitudes mais
29
baixas do Estado, aumentando, conseqüentemente, a disponibilidade de
energia disponível para a evaporação e transpiração (Mato Grosso, 2000).
A evapotranspiração real apresenta valores elevados em todo o
território do Estado de Mato Grosso. Existe uma relativa homogeneidade na
distribuição no espaço, devido a uma relativa concentração dos valores mais
elevados das chuvas em praticamente um único período, ou seja, de
outubro-novembro a março-abril. Isto significa que existe uma longa estação
chuvosa, entre 6 a 7 meses, onde as perdas superficiais de umidade são,
geralmente, repostas pelas chuvas. Desta maneira, o gradiente de variação
vai de um mínimo de 850 mm (nos chapadões) a um máximo de 1.100 a
1.200 mm no extremo noroeste do Estado. O Vale do Guaporé e as
depressões (do Pantanal, do Alto Paraguai, Cuiabana e do Rio Vermelho
em Rondonópolis) ficam com totais entre 1.000 a 1.150 mm (Mato Grosso,
2000).
A variação da intensidade anual média da seca no Estado de Mato
Grosso indica padrões bem definidos. O primeiro deles é associado ao
caráter tropical alternadamente úmido e seco do seu clima zonal e regional.
Nota-se, portanto, em todo o seu território um período “seco definido”, muito
embora a duração (meses) e a intensidade mostrem variações significativas
ao sabor dos processos genéticos zonais (circulação atmosférica) e
regionais-locais (altitude, forma e orientação do relevo). De forma geral, as
deficiências hídricas anuais variam entre 100 a 450 mm. Nas depressões
(do Paraguai e Alto Cuiabá) os valores aumentam à medida que as altitudes
diminuem e o efeito orográfico de proximidade das áreas serranas também
diminui. As deficiências hídricas ocorrem entre fins do outono e início da
primavera, intensificando-se no inverno. As estações meteorológicas
representativas do setor Sudoeste do Estado (Cuiabá, Cáceres, Rosário
Oeste e Barão de Melgaço) indicam um período de deficiência hídrica
prolongado, entre 6 a 7 meses, que em Cáceres totaliza 307 mm (Mato
Grosso, 2000).
30
Os menores valores de excedentes hídricos (100 a 400 mm) ocorrem
à medida que as altitudes vão ficando menores (inferiores a 300 metros) e
que se distancia da influência serrana (cinturão orográfico da Bacia
Paraguai - Uruguai). Dentro desta área se inclui o Pantanal (onde as
altitudes são inferiores a 100 m) e onde, em muitos anos, o excedente
hídrico local se aproxima de zero, enquanto que, na média, os valores
oscilam entre 75 a 200 mm. A condição de pequeno excedente hídrico é
observada em vários pontos de amostragem do Pantanal. Em Orion (Posto
P398 no município de Cáceres) o excesso é de apenas 54,2 mm, com
reposição hídrica suficiente para saturar os solos durante apenas os meses
de janeiro e fevereiro. Esta característica do balanço de água, com excesso
muito reduzido, aumenta sobremaneira a importância da água que chega
(nas depressões e pantanais) pelo escoamento superficial (fluvial
principalmente) e escoamento subterrâneo, como uma fonte alternativa de
recurso hídrico nos anos com desvios negativos da pluviosidade (Mato
Grosso, 2000).
31
3 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em 2004, na área experimental da
EMPAER/MT – Centro de Pesquisa e Difusão de Tecnologia, situada a
16º09’03’’ de latitude Sul e 57º37’ 55’’ de longitude Oeste de Greenwich, em
Cáceres. O município de Cáceres pertence à microrregião do alto Pantanal,
Bacia do Paraguai, Mato Grosso Brasil, a 118 m de altitude (Mato Grosso,
2004).
A área experimental foi em um cultivo de bananeiras das cultivares
Maçã e Grande Naine e do plátano, a Farta Velhaco (grupo Terra), com
idade de dois anos, estabelecidas no espaçamento de 2 x 3 m para a
cultivar Grande Naine e 4 x 2 m para as cultivares Maçã e Farta Velhaco.
Na área cultivada com Grande Naine o solo foi preparado por aração
e gradagem. A adubação e a calagem foram realizadas de acordo com os
resultados da análise do solo. Durante a condução do experimento foram
efetuados capinas e desbastes das folhas velhas.
O experimento com as cultivares Maçã e Farta Velhaco foi conduzido
em área de primeiro uso e de acordo com os resultados da análise do solo
não foi necessário a realização de adubação e calagem. Os tratos culturais
foram semelhantes aos realizados no cultivo da Grande Naine.
Durante a condução do experimento não foram aplicados produtos
químicos ou biológicos para o controle da Sigatoka negra.
32
3.1 Quantificação da Doença
Foram feitas avaliações em plantas de bananeiras antes do
florescimento e em plantas após a emissão do cacho.
Na seleção das plantas a serem avaliadas antes do florescimento,
considerou-se o grau de desenvolvimento da vela. Assim, de acordo com os
oito diferentes estádios propostos por Brun (1963), foram selecionadas ao
acaso, 10 plantas antes do florescimento, com cerca de seis a sete meses
de idade, que apresentavam a vela afastada da folha mais próxima, porém,
ainda totalmente fechada, ou seja, no estádio de desenvolvimento 4. Para
avaliação da severidade adotou-se uma numeração seqüencial das folhas
da bananeira a partir da vela, definida como folha de número zero. A
primeira folha aberta após a vela foi a número um e assim sucessivamente
até a última folha da planta. O índice folha mais jovem com sintomas
(FMJCS) indica em qual folha da planta ocorre incidência da doença e o
número de folhas viáveis (NFV), a quantidade de folhas com severidade até
o grau 3. As avaliações foram efetuadas a cada período médio de 15 dias,
com início no mês de janeiro e término no s de dezembro de 2004. A
avaliação da severidade da doença foi realizada em todas as folhas das
plantas selecionadas utilizando-se a escala de Stover modificada por Gauhl
et al. (1993), apresentada na Tabela 1.
TABELA 1. Escala de Stover, modificada por Gauhl et al. (1993).
Grau Descrição do dano na folha
1 Até 10 manchas por folha
2 Menos de 5% da área foliar lesionada
3 De 6 a 15% da área foliar lesionada
4 De 16 a 33% da área foliar lesionada
5 De 34 a 50% da área foliar lesionada
6 Mais de 50% da área lesionada
33
Posteriormente, a partir dos dados coletados no campo computaram-
se a severidade da doença na folha 8 (SEV 8), área abaixo da curva de
progresso da doença (AACPD), a folha mais jovem com sintomas (FMJCS)
e o número de folhas viáveis (NFV). Considerou-se como folha viável, todas
as folhas sadias e aquelas cuja severidade da doença não ultrapassou o
grau 3 da escala de Stover.
Foram selecionadas à parte, cinco plantas de cada cultivar com
inflorescências recém emitidas, as quais foram marcadas e avaliadas para
determinar o tempo e o número de folhas que permaneciam viáveis após a
emissão do cacho e o período de duração das folhas 8 e de 10. Para
avaliação da severidade adotou-se uma numeração seqüencial das folhas
da bananeira a partir do cacho. A primeira folha aberta após o cacho foi a
número um e assim sucessivamente até a última folha da planta.
A avaliação da severidade da doença foi realizada a cada período
médio de 15 dias em todas as folhas das plantas após a emissão do cacho,
utilizando-se a escala de Stover modificada por Gauhl et al. (1993) (Tabela
1). A partir dos dados coletados no campo computaram-se a severidade da
doença na folha n.º 8 (SEV 8) a severidade da doença na folha n.º 10 (SEV
10) e o número de folhas viáveis (NFV).
No total foram avaliados três grupos de plantas, sendo cada grupo
composto por três conjuntos de cinco plantas de cada cultivar. O primeiro
grupo foi avaliado entre 13 de fevereiro e 16 de abril; o segundo entre 30 de
abril a 30 de julho e o terceiro grupo, formado apenas por plantas da cultivar
Grande Naine, foi avaliado desde 30 de julho até a colheita do cacho em 03
de dezembro. No segundo semestre de 2004 não foram avaliadas plantas
das cultivares Maçã e Farta Velhaco, pois coincidiu com o período mais
seco do ano não havendo plantas florescidas suficiente para a avaliação.
Quantificou-se o período de incubação em plantas após a emissão do
cacho, considerando-o como o tempo decorrido entre a marcação da vela
até o aparecimento dos primeiros sintomas na mesma folha, após a sua
abertura na posição um ou superior e o período latente para produção de
ascosporos, correspondente ao período entre a marcação da vela até as
34
lesões atingirem na mesma folha, após a sua abertura, o estádio 5 da
escala de Fouré (Gauhl et al., 1993), com o centro necrótico de cor cinza
esbranquiçado.
3.2 Quantificação das Variáveis Climáticas
Durante o período de avaliação foram registrados os dados horários
de temperatura e umidade relativa do ar, por meio de aparelho eletrônico
registrador de temperatura e umidade, modelo Hobo Pro código H08-032-
08, instalado na área.
A precipitação foi registrada pelo Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET)
1
, na Estação Meteorológica de Cáceres, localizada a 12 km do
local do experimento. A partir dos dados horários de temperatura e umidade
relativa referente ao período de janeiro a dezembro de 2004, foram obtidos
dados diários médios de temperatura xima, média, mínima, e número de
horas consecutivas diárias com umidade relativa do ar igual ou superior a
90% (UR 90%). Considerou-se, neste caso, o dia iniciando às 18:00 horas
e terminando às 18:00 horas do dia subseqüente. As médias diárias foram
calculadas considerando-se todos os dados horários. Foram tabulados
ainda, a precipitação total em milímetros e o número de dias com chuva.
3.3 Análise Estatística
Efetuaram-se correlações lineares, utilizando o programa SPSS,
versão 10.0 for Windows, entre a severidade da Sigatoka negra na folha n º
8 (SEV 8), área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), folha
mais jovem com sintomas (FMJCS) e número de folhas viáveis (NFV) com
os dados médios das temperaturas máxima, média e mínima, com
precipitação total (PT), com o número de dias com precipitação (NDP) e
com o número de dias com UR 90%, durante pelo menos 3, 5, 7, 9, 11 e
13 horas consecutivas (NDUR), registrados nos 75 dias anteriores a data de
cada avaliação da doença.
1
Instituto Nacional de Meteorologia, 9º Distrito – Mapa de observações meteorológicas.
35
O uso de umidade relativa 90% foi utilizado por Gasparotto (1988)
que encontrou alta correlação entre os períodos UR 90% e os de
molhamento foliar.
As correlações foram feitas separadamente para os dados coletados
no primeiro e no segundo semestre de 2004 devido à marcada distinção das
condições climáticas e do comportamento da doença em cada período.
Determinou-se a área abaixo da curva de progresso da doença
(AACPD) pela equação proposta por Shaner & Finner (1977):
n - 1
AACPD =
[(y
i+1+
y
i
)/2] [( t
i+1
-t
i
)]
i
Em que: y
i
= porcentagem da doença da i-ésima avaliação
t
i
= tempo (dias) na i-ésima avaliação
n = número total de avaliações
36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Severidade da Sigatoka Negra em Plantas das Cultivares Maçã,
Grande Naine e Farta Velhaco, antes do Florescimento.
Durante a condução deste experimento procurou-se
inicialmente, avaliar a severidade da Sigatoka negra utilizando-se a folha
10, porém, nas condições de Cáceres, a bananeira somente possui a folha
10 durante o período chuvoso, quando também ocorre elevada umidade
relativa e temperaturas amenas durante a noite, favorecendo portanto, o
progresso da Sigatoka negra e a destruição das folhas da planta. Durante o
período seco ocorre redução do progresso da doença (Figura 1), mas, as
plantas o mantém a folha nº 10 devido a deficiência hídrica prolongada
que se estende de maio a setembro (Mato Grosso, 2000), razão que
determinou a utilização da folha nº 8 para avaliação da severidade da
Sigatoka negra.
A bananeira não tolera as deficiências hídricas por serem plantas que
possuem mínimas reservas hídricas, sendo obrigadas a equilibrar
constantemente a absorção radicular com as perdas de água por
transpiração (Aubert, 1968). Quando submetidas a estresse hídrico os
estômatos fecham-se durante o dia, impedindo a atividade fotossintética, o
que resulta em atraso no ciclo vegetativo e do crescimento dos órgãos
florais (Borges et al., 1997). Além da deficiência hídrica no solo, a redução
da umidade relativa do ar, intensificada entre agosto e setembro (Figura 1),
contribui para uma dessecação acelerada das folhas mais velhas. Estes
dados indicam que em Cáceres, o estresse hídrico é tão prejudicial a cultura
37
da bananeira quanto a Sigatoka negra, logo, a viabilização da bananicultura
nessas condições está condicionada a utilização de irrigação e de cultivares
resistentes a Sigatoka negra.
A severidade da Sigatoka negra na folha 8 (SEV 8), o mero de
folhas viáveis (NFV) e a folha mais jovem com sintomas (FMJCS) para as
cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine antes do florescimento, com
6 a 7 meses de idade, os dados diários do número de horas com umidade
relativa igual ou superior a 90% (NDUR 90%); da umidade relativa média
(URM); da precipitação pluvial (P); da temperatura média (T. méd.) e médias
das temperaturas xima (T. máx.) e mínima (T. mín.), registradas no
período de janeiro a dezembro de 2004, estão apresentados na Figura 1.
A Sigatoka negra ocorreu durante todo o ano de 2004, com maior
intensidade nas cultivares Maçã e Grande Naine a partir de fevereiro e na
cultivar Farta Velhaco a partir de maio. A precipitação não favoreceu o
progresso da Sigatoka negra e a temperatura tornou-se desfavorável de
maio asetembro, porém, a ocorrência de umidade relativa elevada com
média diária de 10 horas consecutivas de UR 90% entre janeiro a junho
compensou estes dois fatores favorecendo o progresso da doença no
primeiro semestre (Figura 1).
No segundo semestre até outubro, houve ocorrência de baixas
temperaturas combinada com baixa umidade relativa causando redução
gradual do progresso da doença, evidenciado pelo aumento do número de
folhas viáveis e pela redução da incidência da doença, constatada pela
elevação do número da folha mais jovem com sintomas (Figura 1). Apesar
disso, apenas em dezembro as plantas apresentavam cerca de 10 folhas
viáveis quando a severidade da doença foi extremamente reduzida.
A partir de outubro houve elevação gradual da temperatura,
combinado com ocorrência de precipitação e aumento da umidade relativa
favorecendo o progresso da doença, observado no final de dezembro,
especialmente na cultivar Grande Naine, pelo aumento da SEV 8, redução
do número da FMJCS e do NFV (Figura 1).
38
FIGURA 1. Severidade da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área foliar
lesionada na folha 8 (SEV 8), folha mais jovem com sintomas (FMJCS) e
número de folhas viáveis (NFV), em plantas das cultivares Maçã, Farta Velhaco
e Grande Naine antes do florescimento, com 6 a 7 meses de idade, em relação
ao número diário de horas com umidade relativa igual ou superior a 90%
(NDUR 90%), umidade relativa média (URM) em (%), precipitação diária (P)
em mm, temperatura média (T.méd.) em ºC e médias das temperaturas
máxima (T. máx.), e mínima (T. mín.) em ºC, no período de janeiro a dezembro
de 2004, em Cáceres/MT.
39
As análises de correlação dos dados do primeiro semestre de 2004
para as cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine, estão apresentadas
nas Tabelas 2, 3 e 4. Nas cultivares Maçã e Farta Velhaco houve correlação
positiva entre AACPD e a SEV 8 com a umidade relativa a partir do número
de dias com pelo menos 9 horas consecutivas de UR 90% (NDUR9).
Estas correlações tornaram-se significativas com o número de dias com pelo
menos 13 horas consecutivas de UR 90% (Tabelas 2 e 3).
Na cultivar Grande Naine, as correlações tornaram-se positivas para
AACPD a partir do número de dias com pelo menos 9 horas consecutivas de
UR 90% (NDUR9) e para SEV 8 a partir do mero de dias com pelo
menos 11 horas consecutivas de UR 90% (NDUR11), sendo que, para a
AACPD a correlação foi significativa com o mero de dias com pelo menos
13 horas consecutivas de UR 90% (Tabela 4).
Nas cultivares Maçã e Farta Velhaco, as correlações entre AACPD e
SEV 8 com a temperatura, precipitação e mero de dias com chuva (NDP)
foram negativas e significativas (Tabelas 2 e 3). Na cultivar Grande Naine
estas correlações foram negativas, sendo significativa para AACPD (Tabela
4).
A FMJCS apresentou correlações positivas com a temperatura, a
precipitação e o número de dias com chuva, para as cultivares Maçã, Farta
Velhaco e Grande Naine (Tabelas 2, 3 e 4).
As correlações entre FMJCS e umidade relativa
foram positivas ao
número de dias com pelo menos 7 horas consecutivas de UR 90%
para as
cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine (Tabelas 2, 3 e 4).
As correlações negativas entre FMJCS e umidade relativa foram
significativas para a cultivar Maçã com o número de dias com pelo menos 9
horas consecutivas de UR 90% e para a cultivar Farta Velhaco com o
número de dias com pelo menos 11 horas consecutivas de UR 90%
(Tabelas 2, 3). Para a cultivar Grande Naine, essa correlação o foi
significativa com o número de dias com pelo menos 9, 11 e 13 horas
consecutivas de UR 90% (Tabela 4).
40
TABELA 2. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre a severidade da
Sigatoka negra na folha 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas, para a cultivar Maçã antes do
florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,794
*
-0,903** 0,468 0,766*
T. mín. -0,843
**
-0,968** 0,487 0,892**
T. méd. -0,831
*
-0,948** 0,490 0,845**
PT -0,806* -0,954** 0,688 0,857**
NDP -0,867** -0,992** 0,603 0,887**
URM -0,160 -0,236 0,011 0,393
NDUR7 -0,582 -0,725* 0,229 0,562
NDUR9 0,421 0,359 -0,742* -0,292
NDUR11 0,450 0,414 -0,446 -0,233
NDUR13 0,720* 0,757* -0,600 -0,594
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. máx. T. mín.
e T. méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
41
TABELA 3. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre a severidade da
Sigatoka negra na folha n.º 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas para a cultivar Farta Velhaco antes
do florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,931** -0,916** 0,631 0,837**
T. mín. -0,934** -0,989** 0,529 0,913**
T. méd. -0,939** -0,965** 0,587 0,889**
PT -0,775* -0,942** 0,554 0,970*
NDP -0,857** -0,986** 0,592 0,968**
URM -0,086 -0,267 -0,378 0,262
NDUR7 -0,880** -0,763* 0,208 0,635
NDUR9 0,036 0,269 -0,612 -0,396
NDUR11 0,221 0,331 -0,885** -0,458
NDUR13 0,732* 0,735* -0,781* -0,694
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. máx. T. mín.
e T. méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
42
TABELA 4. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha n.º 8, área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e número de folhas viáveis
com algumas variáveis climáticas para a cultivar Grande Naine antes
do florescimento, avaliadas no primeiro semestre de 2004, em
Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,647 -0,883**
0,463 0,574
T. mín. -0,509 -0,965**
0,274 0,336
T. méd. -0,578 -0,937** 0,372 0,453
PT -0,157 -0,941**
0,327 0,175
NDP -0,286 -0,988**
0,274 0,156
URM 0,443 -0,298 -0,653 -0,776*
NDUR7 -0,422 -0,742* 0,140 0,332
NDUR9 -0,260 0,316 -0,493 0,027
NDUR11 0,216 0,364 -0,670 -0,307
NDUR13 0,581 0,711* -0,691 -0,676
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. máx. T. mín.
e T. méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
As correlações foram positivas entre o NFV com a temperatura, a
precipitação e o NDP para as cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande
Naine, porém significativas para as cultivares Maçã e Farta Velhaco.
Entre NFV e umidade relativa, as correlações foram positivas com o
número de dias com pelo menos 7 horas consecutivas de UR 90% para as
cultivares Maçã e Farta Velhaco (Tabelas 2 e 3). Para a cultivar Grande
Naine as correlações foram positivas até o número de dias com pelo menos
9 horas consecutivas de UR 90% (Tabela 4).
Na cultivar Maçã as correlações entre URM com a SEV 8 e a AACPD
foram negativas e com FMJCS e NFV foram positivas (Tabela 2). Na cultivar
43
Farta Velhaco, a correlação foi positiva somente para NFV (Tabela 3). Na
cultivar Grande Naine as correlações foram positivas para SEV 8 e
negativas para AACPD, FMJCS e NFV com URM (Tabela 4).
A análise do progresso da Sigatoka negra e os fatores climáticos não
detectaram correlações positivas entre a SEV 8 e a AACPD com as
temperaturas máxima, média e mínima devido à redução da temperatura,
registrada a partir de maio de 2004 (Figura 1). Estes resultados estão de
acordo com rez (1998) que observou que a taxa de desenvolvimento da
doença depende da temperatura, da quantidade de inóculo e da duração
dos períodos de molhamento foliar.
Na região onde foi desenvolvido o experimento, fatores como a
continentalidade e a baixa altitude determinam amplitudes térmicas
elevadas, especialmente, no inverno quando a temperatura cai durante a
noite e eleva-se durante o dia. Neste experimento a temperatura anual
média diurna foi de 28ºC e a média noturna anual de 23ºC.
As baixas temperaturas retardam o desenvolvimento dos sintomas e
as temperaturas elevadas reduzem o tempo de molhamento foliar
prejudicando a germinação dos esporos e infecção justificando as
correlações negativas entre as temperaturas máxima, mínima e média com
a SEV 8 e a AACPD para as cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande
Naine.
As baixas temperaturas ocorreram, principalmente, durante a noite,
com média de 8 horas abaixo de 20ºC, tornando-se favoráveis durante o
dia, especialmente, na parte da manhã, quando ainda se mantinha umidade
nas folhas, suficiente para infecção e desenvolvimento da doença, pois
temperaturas acima de 20ºC são mais favoráveis à Sigatoka negra e abaixo
de 20ºC retardam o seu desenvolvimento (Pérez, 1998; Stover, 1980).
De acordo com Vargas (1996) e Orosco-Santos (1998), a faixa de
temperatura ótima para a Sigatoka negra situa-se entre 25 a 28ºC. Esta
condição foi verificada entre janeiro a abril de 2004 quando ocorreu
temperatura média de 27ºC e média das mínimas de 23ºC, portanto
favorável à doença (Figura 1).
44
A partir de maio, registraram-se sucessivas quedas na temperatura
(Figura 1). No primeiro semestre, entre os meses de maio a junho, a
temperatura mínima foi 9ºC, a temperatura média 22ºC e a média das
mínimas, 17ºC, determinando o aumento dos períodos de incubação e
latente (Tabela 5).
TABELA 5. Duração dos Períodos de Incubação (PI) e Latente (PL) da Sigatoka
negra (Mycosphaerella fijiensis), em dias, nas cultivares Maçã, Farta
Velhaco e Grande Naine após a emissão do cacho, avaliadas em
2004, no município de Cáceres/MT.
Período
PI/PL Maçã Farta Velhaco Grande Naine
PI 15 15 15
PIM 15 15 15
PL 49 - 63 49 - 63 37 - 49
13/02
a
16/04
PLM 56 56 43
PI 15 - 37 15 - 43 30
PIM 26 30 30
PL 63 - 77 77 – 92 49 – 77
30/04
a
30/07
PLM 70 84 63
PI * * 39 – 43
PIM * * 41
PL * * 84 – 126
30/07
a
03/12
PLM * * 105
PI = Período de incubação, PIM = Período de incubação médio, PL = Período Latente, PLM
= Período latente médio.
* Não avaliadas devido à ausência de plantas florescidas das cultivares Maçã e Farta
Velhaco.
A duração dos períodos de incubação e latente varia em função da
temperatura e da suscetibilidade do hospedeiro (Hernández & Pérez, 1997),
mas, o progresso da Sigatoka negra depende da temperatura, da
quantidade de inóculo e da duração dos períodos de molhamento foliar
45
(Pérez, 1998). Assim, apesar da influência das baixas temperaturas
aumentando a duração dos períodos de incubação e latente, a ocorrência
de uma média de 10 horas consecutivas de UR 90% (Figura 1) registrado
entre janeiro a junho de 2004 favoreceu o progresso da Sigatoka negra nas
cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine neste período (Figura 1),
confirmado pelas correlações positivas e significativas entre a AACPD com o
NDUR13 (Tabelas 2, 3 e 4) e pelas correlações positivas e significativas
entre SEV 8 com o NDUR13 nas cultivares Maçã e Farta Velhaco (Tabelas 2
e 3).
Em experimento realizado na Costa Rica com a cultivar Grande
Naine, Marín et al. (2003) observaram que, sob condições favoráveis, o
período de incubação variava de 13 a 14 dias e nos períodos desfavoráveis
chegava até os 35 dias. Mobambo et al. (1996) relataram resultados
similares para plátanos na Nigéria, onde durante a estação chuvosa o
período de incubação foi de 14 dias, mas na estação seca foi de 24 dias.
Resultados semelhantes foram encontrados neste experimento onde, sob
condições favoráveis, o período de incubação foi de 15 dias nas cultivares
Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine, de até 37 dias na cultivar Maçã e de
até 43 dias na cultivar Grande Naine e no plátano Farta Velhaco, quando
houve redução na temperatura ambiente (Tabela 5).
O período latente registrado por Marín et al. (2003) para a cultivar
Grande Naine foi de 25 dias na estação chuvosa e de até 70 dias na
estação seca, resultados diferentes do registrado em Cáceres, cuja duração
foi de 37 a 49 dias no período chuvoso e de 49 a 126 dias no período de
maio a dezembro de 2004 (Tabela 5). Segundo Marín et al. (2003), os
períodos de incubação e latente o influenciados pelas condições
climáticas, suscetibilidade do hospedeiro e intensidade de infecções.
De acordo com Cordeiro & Kimati (1997), a germinação dos esporos
dos fungos de M. musicola e M. fijiensis, depositados sobre uma superfície
foliar molhada, depende da temperatura, podendo germinar entre 2 a 6
horas e que a hifa crescerá sobre a folha por mais 2 a 6 horas até encontrar
um estômato para penetração. Stover (1972) relata que a germinação dos
46
esporos de M. fijiensis, em condições favoráveis, ocorre em duas horas,
mas a penetração ocorre após 48 a 72 horas. Vargas (1996) cita que a
germinação ocorre em menos de duas horas, dando origem aos tubos
germinativos que se alargam e ramificam em direção aos estômatos por
onde penetram em menos de uma semana. Beveraggi (1992) reforça que o
fungo pode crescer epifiticamente, na superfície da folha por até seis dias
antes da penetração. Gauhl (1994) e Stover (1980) verificaram que após
penetrar na folha, a hifa de M. fijiensis coloniza as células adjacentes por
aproximadamente sete dias sem nenhuma evidência de ruptura de células.
Estes dados indicam a ocorrência da infecção entre 8 e 14,5 dias,
confirmando os resultados encontrados neste experimento, pois, a partir do
número de dias com pelo menos 9 horas consecutivas de UR 90%
(NDUR9) as correlações foram positivas para a SEV 8 e a AACPD,
provavelmente, porque a partir deste limite se atingiu a condição de
umidade adequada para infecção do patógeno e aumento da severidade e
do progresso da doença (Tabelas 2 e 3). O aumento significativo da SEV 8 e
da AACPD ocorreu quando se acumularam 15 dias com pelo menos 13
horas consecutivas de UR 90%, demonstrado pela correlação significativa
entre o NDUR13 com a SEV 8 e a AACPD (Tabela 2 e 3).
Em todo o primeiro semestre houve uma média de 16 dias com pelo
menos 13 horas consecutivas de UR 90% (Tabela 6), o que favoreceu o
aumento da SEV 8 e AACPD. Estes dados indicam que a infecção ocorreu a
partir do NDUR9, mas a incubação do patógeno somente se completou
quando se acumularam 15 dias com pelo menos 13 horas consecutivas de
UR 90%, justificando as correlações significativas entre SEV 8 com o
NDUR13, pois somente após a incubação do patógeno ocorre a
manifestação dos sintomas que aumenta a severidade.
47
TABELA 6. Dados climáticos e do progresso da Sigatoka negra nas cultivares
Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine registrados em 2004, em
Cáceres/MT.
i = data de cada avaliação da doença; T. méd., T. máx. e T.mín.= Temperatura média,
máxima média e mínima média respectivamente; FMJCS = Folha mais jovem com
sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; SEV 8 = Severidade da doença na folha de nº 8;
AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença; PT = Precipitação Total em mm;
NDP = Número dias com chuva; URM = Umidade relativa média em (%); NDUR7, NDUR9,
NDUR11 e NDUR13 = Número diário com pelo menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de
umidade relativa 90% registrados nos 75 dias anteriores à data de cada avaliação da
doença ; * = Dados não coletados.
48
Na cultivar Grande Naine não se detectou correlação significativa
entre a SEV 8 e o NDUR13 devido à redução do NDUR13 entre 15 de
março e 30 de abril (Tabela 6) causando diminuição da SEV 8 (Figura 1) e
devido à alteração no período de incubação do patógeno, pois as baixas
temperaturas a partir de maio de 2004 (Figura 1) determinaram o aumento
do período de incubação do patógeno na cultivar Grande Naine, de 15 para
30 dias (Tabela 5), no entanto, a partir de 30 de abril de 2004 não se
acumularam 30 dias com pelo menos 13 horas consecutivas de UR 90%
(Tabela 6) necessárias à incubação do patógeno, causando portanto,
redução de novos sítios de infecção da doença, justificando a correlação
não significativa entre a SEV 8 com o NDUR13.
Apesar de não significativa a correlação entre a SEV 8 e o NDUR13,
houve correlação significativa entre o NDUR13 com a AACPD, indicando
progresso da doença. A explicação para este resultado tem como base o
caráter policíclico da Sigatoka negra (Zadocks & Shein,1979), que apresenta
uma seqüência constante de infecção, colonização, esporulação, dispersão
e infecção ramificada devido as duas formas de esporos produzidos.
Portanto, mesmo que haja comprometimento da infecção, considerada
como uma fase crítica quanto às exigências em temperatura e umidade
(Amorim, 1995), o progresso da doença ocorreu pelo desenvolvimento das
lesões previamente estabelecidas. Para Sigatoka negra este fenômeno é
descrito por Gauhl (1994) como o crescimento epifítico, que permite com
que o fungo colonize os tecidos adjacentes da folha produzindo rápido
desenvolvimento dos sintomas, justificando a correlação significativa entre
AACPD com o NDUR13. Zadocks (1984) e Bergamin Filho (1995) relatam
que esta via alternativa de infecção foi a solução encontrada por alguns
patógenos por ser menos dependente das condições climáticas.
De acordo com estes mesmos autores, sítios doentes podem gerar
novos sítios pela infecção de sítios adjacentes àqueles previamente
doentes, sem que seja necessário a ocorrência da série de eventos que
compõe o ciclo de infecção ou seja a via horária de infecção, a qual exige
condições propícias para infectar seu hospedeiro como temperaturas
49
amenas e molhamento foliar. Portanto, o progresso da Sigatoka negra na
cultivar Grande Naine é explicado mais pelo crescimento das lesões
originais, via anti-horária de infecção, do que pelo número de novas lesões,
justificando a não observação de correlação significativa entre a SEV 8 com
o NDUR13 quando houve correlação significativa entre o NDUR13 e a
AACPD.
A esporulação ocorreu aos 49 dias após a manifestação dos
primeiros sintomas, com pelo menos 9 horas consecutivas de UR 90%
(NDUR9) nas cultivares Maçã e Farta Velhaco e Grande Naine (Tabelas 2,
3, 4 e 6), logo, o progresso da Sigatoka negra ocorreu a partir de um
número de dias com um número menor de horas consecutivas de UR 90%
comparado ao exigido para incubação do patógeno, conforme descreve
Zadoks (1984) e Bergamin Filho (1995). Estes resultados estão de acordo
com Vargas (1996), que verificou que sob condições climáticas favoráveis o
ciclo de vida do patógeno culmina com a liberação dos primeiros ascosporos
49 dias após a inoculação em bananas e 64 dias em plátanos.
As correlações negativas e significativas entre SEV 8 com a
precipitação e o número de dias com precipitação, tanto para o primeiro
quanto para o segundo semestre, estão relacionadas com o baixo volume
de precipitação e com as características das chuvas, denominadas chuvas
de manga ou de manchas, pois segundo Mato Grosso (2000), o padrão de
distribuição das chuvas no Pantanal formando manchas, indica sua relação
com processos convectivos devido ao forte aquecimento da superfície,
sendo quase sempre rapidamente evapotranspiradas pelo forte calor e
aquecimento existente. De forma que, este tipo de chuva não favorece a
infecção do patógeno, mas, a ocorrência de elevada umidade relativa do ar
favoreceu o molhamento foliar necessário para a germinação dos esporos e
infecção.
Os sistemas coletores de água dos planaltos (Depressão do
Guaporé, Pantanal e Depressão do Araguaia) têm os seus valores
quantitativos de chuva reduzidos pelo “efeito orográfico”, que se constitui
numa área onde o “efeito de descida” da coluna de ar provoca uma
50
diminuição considerável nos totais de chuva (Mato Grosso, 2000). Os
menores valores observados em todo o Estado correspondem ao Pantanal
(de um modo geral, áreas onde as altitudes são inferiores a 100 metros);
região onde os totais variam entre 1.100 a 1.300 mm anuais. No município
de Cáceres, região do pantanal onde a altitude é de 118 m, a dia
pluviométrica anual é de 1.244 mm (BRASIL, 1982), sendo que em 2004,
durante o período de condução do experimento foi registrado um total de
1.168,2 mm. Apesar disso, longos períodos com UR 90%, essenciais à
germinação, infecção, esporulação e liberação de esporos compensaram os
períodos com baixa precipitação observado com o aumento da severidade
da Sigatoka negra (Figura 1).
As correlações positivas e significativas entre o NFV com as
temperaturas demonstram que este fator favoreceu o desenvolvimento das
plantas no primeiro semestre de 2004, quando se registraram temperatura
média de 25ºC, mínima média de 21ºC e máxima média de 32ºC (Figura 1).
Segundo Aubert (1971) e Ganry (1973), a temperatura ótima para o
desenvolvimento de bananeiras gira em torno de 28ºC, com mínimas o
inferiores a 18ºC e máximas não superiores a 34ºC.
As correlações positivas e significativas entre NFV e precipitação
para as cultivares Maçã e Farta Velhaco foram devidas ao fato de que a
chuva favorece a emissão de folhas novas possibilitando o aumento do
número de folhas viáveis. A precipitação não afetou significativamente o
número da FMJCS que registrou decréscimo ao longo do primeiro semestre
(Figura 1), provavelmente, porque as condições climáticas favoreceram a
incidência da Sigatoka negra nas folhas. Segundo Holguin (1998), a
ocorrência de chuvas favorece a produção e a liberação de ascosporos,
considerados os esporos mais importantes para a disseminação da doença.
No segundo semestre de 2004 as correlações foram negativas e
significativas entre SEV 8 com as temperaturas dia e mínima nas
cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine (Tabelas 7, 8 e 9).
51
TABELA 7. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha 8, a área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e o número de folhas
viáveis com algumas variáveis climáticas para a cultivar Maçã, antes
do florescimento, avaliadas no segundo semestre de 2004, em
Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,617 0,899**
0,815**
0,806**
T. mín. -0,820**
0,706**
0,925**
0,923**
T. méd. -0,757* 0,881**
0,915**
0,908**
PT -0,892**
0,616* 0,967** 0,969**
NDP -0,906**
0,612* 0,960** 0,967**
URM -0,199 -0,515 -0,048 -0,023
NDUR7 0,009 -0,606* -0,285 -0,263
NDUR9 0,199 -0,728**
-0,458 -0,435
NDUR11 0,204 -0,743**
-0,450 -0,422
NDUR13 0,070 -0,675**
-0,316 -0,278
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. Máx. T. mín.
e T. Méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
52
TABELA 8. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha 8, a área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e o número de folhas
viáveis com algumas variáveis climáticas para a cultivar Farta
Velhaco, antes do florescimento, avaliadas no segundo semestre de
2004, em Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,524 0,922**
0,641* 0,666**
T. mín. -0,925**
0,837**
0,904**
0,878**
T. méd. -0,789** 0,966**
0,843**
0,841**
PT -0,953** 0,704**
0,910**
0,894**
NDP -0,961** 0,706**
0,900**
0,885**
URM -0,166 -0,455 -0,006 -0,045
NDUR7 -0,011 -0,587* -0,147 -0,176
NDUR9 0,131 -0,703**
-0,288 -0,321
NDUR11 0,131 -0,701**
-0,314 -0,352
NDUR13 0,059 -0,625* -0,277 -0,311
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. max. T. mín.
e T. méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
53
TABELA 9. Coeficientes de correlação linear simples (r) entre severidade da
Sigatoka negra na folha 8, a área abaixo da curva de progresso da
doença, a folha mais jovem com sintomas e o número de folhas
viáveis com algumas variáveis climáticas para a cultivar Grande Naine
antes do florescimento, avaliadas no segundo semestre de 2004, em
Cáceres/MT.
r
Variáveis
Climáticas
SEV 8 AACPD FMJCS NFV
T. máx. -0,833**
0,944**
0,541* 0,611*
T. mín. -0,903** 0,759**
0,661* 0,636*
T. méd. -0,954**
0,936**
0,667**
0,691**
PT -0,802**
0,621* 0,646* 0,620*
NDP -0,797**
0,620* 0,577* 0,564*
URM 0,292 -0,547* -0,142 -0,237
NDUR7 0,434 -0,660* -0,216 -0,292
NDUR9 0,556* -0,770**
-0,346 -0,433
NDUR11 0,549* -0,775**
-0,385 -0,472
NDUR13 0,480 -0,704** -0,431 -0,492
**, * significativo ao nível de 1 e 5% de probabilidade, respectivamente pelo teste t.; SEV 8
= Severidade na folha de
8; AACPD = Área abaixo da curva de progresso da doença;
FMJCS = Folha mais jovem com sintomas; NFV = Número de folhas viáveis; T. máx. T. mín.
e T. méd. = Temperaturas máxima, mínima e média respectivamente; PT e NDP =
Precipitação total e número de dias com precipitação, respectivamente; URM = Umidade
relativa média em %; NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 = número diário com pelo
menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90%, respectivamente, registrados nos 75
dias anteriores à data de cada avalião da doença.
A correlação da SEV 8 com a temperatura máxima foi negativa e
significativa na cultivar Grande Naine (Tabela 8) e com a precipitação e o
NDP foram negativas e significativas nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e
Grande Naine (Tabelas 7, 8 e 9).
Entre a SEV 8, a AACPD, a FMJCS e o NFV com a URM, as
correlações foram negativas, nas cultivares Maçã e Farta Velhaco (Tabelas
7 e 8). Na cultivar Grande Naine a correlação foi positiva para SEV 8
(Tabelas 9).
Na cultivar Maçã, as correlações foram positivas entre a SEV 8 com o
NDUR7, NDUR9, NDUR11, NDUR13 (Tabela 7). Na cultivar Farta Velhaco,
54
foram positivas entre SEV 8 com NDUR9, NDUR11, NDUR13 (Tabela 8) e,
na cultivar Grande Naine, as correlações foram positivas entre SEV 8 com
NDUR7, NDUR9, NDUR11 e NDUR13 (Tabela 9), sendo significativa para o
NDUR9 e NDUR13.
As correlações entre AACPD, FMJCS e o NFV com as temperaturas
máxima, média e mínima, a precipitação e o NDP foram positivas e
significativas nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine (Tabelas
7, 8 e 9).
Na cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine as correlações
foram negativas e significativas entre a AACPD com o número de dias com
pelo menos 7, 9, 11 e 13 horas consecutivas de UR 90% (Tabela 7, 8 e 9).
No primeiro semestre de 2004 a alta umidade relativa compensou o
baixo volume de chuvas e a influência das baixas temperaturas nos
períodos de incubação e latente favorecendo o progresso da Sigatoka
negra.
No segundo semestre, a ocorrência de baixas temperaturas
estendeu-se até setembro (Figura 1). No período de julho a setembro, a
temperatura máxima atingiu 40ºC, a dia 25ºC e a mínima média 17ºC
com picos de até 10ºC positivos. As baixas temperaturas causaram o
aumento dos períodos de incubação e latente (Tabela 5), justificando as
correlações negativas e significativas entre a SEV 8 e as temperaturas
máxima, média e mínima (Tabelas 7, 8 e 9).
A partir da segunda quinzena de julho, houve decréscimo na umidade
ambiental. A umidade relativa média de 63% reduziu o tempo de
molhamento foliar para 4 horas, em média, no período de julho a setembro.
A combinação de baixas temperaturas e baixa umidade relativa
ocorrida até o mês de setembro foi extremamente desfavorável ao
progresso da Sigatoka negra, causando redução da mesma (Figura 1). Esta
redução foi confirmada pelas correlações negativas e significativas entre
AACPD com o número de dias com pelo menos 7, 9, 11 e 13 horas
consecutivas de UR 90%, nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande
Naine (Tabelas 7, 8 e 9). A diminuição da doença foi constatada também
55
pela redução da incidência e da severidade constatada pelo aumento no
número da FMJCS e do NFV nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande
Naine, a partir de julho (Figura 1).
As correlações positivas e significativas entre a SEV 8 com o NDUR 9
e o NDUR 11 (Tabela 9) na cultivar Grande Naine foi porque nos 75 dias
anteriores a avaliação da doença do dia 15 de julho, acumularam-se 37 e 47
dias com pelo menos 9 e 11 horas consecutivas de UR 90%,
respectivamente, necessárias à incubação do patógeno (Tabela 6). A partir
de 30 de julho, a severidade foi decrescente na cultivar Grande Naine
(Figura 1) devido à redução do número de horas consecutivas de UR 90%,
ou seja, devido à redução do período de molhamento foliar necessário a
germinação do esporo e infecção.
Nas cultivares Maçã e Farta Velhaco não se detectaram correlações
significativas entre a SEV 8 com o NDUR7 NDUR9 NDUR11 NDUR13
(Tabelas 7 e 8). A elevada SEV 8 até 10 de setembro na cultivar Farta
Velhaco e anovembro na cultivar Maçã foi devido à redução da emissão
de folhas pela planta após um longo período seco, com aproximadamente, 5
meses sem precipitação que se estendeu de maio a setembro de 2004
(Figura 1). No segundo semestre de 2004, as cultivares Maçã e Farta
Velhaco emitiram, em média, duas folhas a menos que no primeiro
semestre. A cultivar Farta Velhaco manteve uma média de 9 folhas no
primeiro semestre contra 7 no segundo; a cultivar Maçã manteve uma média
de 8 no primeiro semestre e 6 no segundo e a cultivar Grande Naine não
apresentou variação, com média de 8 folhas, durante o ano de 2004.
No primeiro semestre de 2004, a ocorrência de baixas temperaturas e
alta umidade relativa favoreceu o progresso da Sigatoka negra causando a
redução do número de folhas na planta, no segundo semestre, a
combinação de baixas temperatura e umidade relativa foi desfavorável ao
progresso da Sigatoka negra, causando aumento do número de folhas
viáveis e elevação no mero da folha mais jovem com sintomas, porém, a
deficiência hídrica prolongada foi extremamente prejudicial ao
desenvolvimento da planta causando redução da emissão de novas folhas e
56
a diminuição das inflorescências. Estes dados demonstram que em
Cáceres/MT, durante o período seco, as plantas não emitem folhas
suficientes para recompor as destruídas pela doença, aumentando os danos
à produção.
Segundo Champion (1975), nos plátanos, a seca provoca pelo menos
duas conseqüências graves. A primeira é o fechamento dos estômatos
durante o dia, resultando em diminuição da atividade fotossintética, e
conseqüentemente, o atraso vegetativo, uma emissão mais lenta de folhas e
uma diminuição no crescimento dos órgãos foliares e florais, seguida de
uma dessecação acelerada das folhas mais velhas, que parecem não
resistir as deficiências hídricas estacionais. Este mesmo autor relata que, na
Nova Guiné, durante a estação seca, apesar da irrigação, os plátanos, na
época do florescimento possuem duas ou três folhas funcionais a menos
que na estação úmida.
Os valores mais elevados de deficiência hídrica em Mato Grosso
ocorrem na região do Pantanal. À medida que se inicia a descida para as
áreas rebaixadas dos vales do Paraguai e Cuiabá, registram-se os totais
anuais mais elevados de deficiência hídrica, que oscila entre 300 a 444 mm.
Em Cáceres, o período de deficiência hídrica prolonga-se por 6 a 7 meses,
entre fins do outono e início da primavera, totalizando 307 mm (Mato
Grosso, 2000). Este total é considerado muito acima do aceitável para o
cultivo da bananeira, que requer uma grande e permanente disponibilidade
de água no solo (Alves et al., 1997) e quando a deficiência hídrica anual,
com base no balanço hídrico, é superior a 80 mm, a cultura não se
desenvolve satisfatoriamente, afetando, conseqüentemente, a produção, a
produtividade e a qualidade do fruto (Brunini, 1984).
Com relação à precipitação, a região do Pantanal é a que recebe as
menores quantidades, com totais variando entre 1.100 a 1.300 mm anuais.
No município de Cáceres a média anual é de 1.244 mm (BRASIL, 1982),
concentrados na primavera e verão. Porém, no ano de 2004, durante a
condução do experimento foi registrado um total de 1.168,2 mm
concentrados no período de outubro a abril, portanto, um volume
57
pluviométrico anual inferior ao recomendado para o cultivo da bananeira. A
precipitação efetiva ideal para a bananicultura é de 100 mm por mês
totalizando uma precipitação efetiva anual de 1.200 mm, abaixo do qual, os
climas são considerados marginais (Stover & Simmonds,1987).
As depressões do Estado de Mato Grosso, cujas áreas
correspondem as Bacias do Guaporé, Alto Paraguai, Alto Cuiabá e dio
Araguaia – Rio das Mortes, tem como propriedade fundamental serem áreas
com elevadas temperaturas, alta perda de águas superficiais através da
evapotranspiração potencial e excedente hídrico de dio a reduzido. Os
excedentes hídricos ocorrem, em geral, entre o final da primavera e no
verão, coincidindo com o período chuvoso. Na região do Pantanal, os totais
anuais de excedentes hídricos são inferiores a 200 mm, com 109 mm em
Cáceres (Mato Grosso, 2000). Estes dados demonstram que nas condições
de Cáceres/MT, o cultivo da bananeira, requer a utilização de irrigação
suplementar nos meses secos, de outra forma, as plantas somente
possuem 10 folhas ou mais, no período chuvoso.
Com o início do período chuvoso ocorre uma recuperação das
plantas, que em dezembro, possuíam em dia, 10 folhas viáveis com os
menores índices de severidade na folha nº 8 (Figura 1), justificando as
correlações positivas e significativas entre NFV com a precipitação nas
cultivares Maçã e Farta Velhaco (Tabelas 7 e 8). Porém, o período chuvoso
vem acompanhado de alta umidade relativa, que favorece igualmente o
desenvolvimento do patógeno, com o reinício do progresso da doença
observado pelo aumento na SEV 8 da cultivar Grande Naine, que em 30 de
dezembro apresentava severidade de 22% na folha nº 8 (Figura 1).
As correlações positivas e significativas entre FMJCS e NFV com as
temperaturas para as cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine, não
diferiram do registrado no primeiro semestre de 2004, provavelmente,
porque no segundo semestre registraram-se os mesmos valores médios de
temperatura, indicando que durante o ano, a temperatura foi favorável ao
desenvolvimento da planta. A bananeira exige calor constante para o seu
bom desenvolvimento e produção (Alves et al., 1997), condição verificada
58
neste experimento quando a temperatura média anual foi de 26ºC, mínima
média anual de 20ºC e máxima média anual de 33ºC (Figura 1). As
temperaturas baixas no período de maio a setembro (Figura 1)
predominaram durante a noite, situação que Champion (1975) relata ter
pouco efeito no desenvolvimento vegetativo da planta se os dias o
quentes.
A partir de outubro de 2004, a elevação da temperatura foi favorável
a Sigatoka negra (Figura 1). As correlações positivas e significativas entre
AACPD e as temperaturas máxima, média e mínima (Tabelas 7, 8 e 9)
foram devido à ocorrência de temperaturas superiores a 20ºC (Figura 1).
Durante o dia a temperatura média manteve-se em 30ºC e durante a noite
em 25ºC, portanto, dentro da faixa adequada ao desenvolvimento da
Sigatoka negra, pois, a temperatura ótima para o crescimento do tubo
germinativo é 27ºC e a máxima 36ºC (Porras & Perez,1998).
As correlações positivas e significativas entre AACPD e a
precipitação deveram-se a ocorrência combinada de precipitação, elevada
umidade relativa e temperaturas superiores a 22ºC a partir de outubro
(Figura 1). Estas condições climáticas foram favoráveis à produção e
liberação de ascosporos da Sigatoka negra e ao progresso da doença,
observado pelo aumento da SEV 8 no final de dezembro de 2004. A SEV 8
na cultivar Grande Naine verificado em 30 de dezembro foi de 22%,
combinada com a redução do número da FMJCS e do NFV para 4,9 e 5,6,
respectivamente (Figura 1).
Segundo Meredith et al. (1973) e Stover (1980), a liberação dos
ascosporos requer a presença de um filme de água da chuva ou de orvalho
que hidrata o peritécio e quando começam a secar ejetam os ascosporos
que são disseminados pelas correntes de ar. Esta condição foi realçada
neste experimento onde as chuvas são do tipo mancha (Mato Grosso,
2000). Este padrão de chuvas está relacionado com processos convectivos,
sendo quase sempre rapidamente evapotranspiradas pelo forte calor e
aquecimento existente, portanto, produzindo ciclos de umedecimento e
59
secagem favorável a liberação dos ascósporos, considerados os esporos
mais importantes na disseminação e aumento da doença.
Por outro lado, como as chuvas são evaporadas rapidamente, não
favorecem o prolongamento do molhamento foliar por tempo suficiente para
germinação e infecção dos esporos, justificando as correlações negativas
entre a precipitação e a SEV 8. O aumento da SEV 8 ocorreu devido a
elevada umidade relativa do ar, uma média de 7 horas consecutivas de UR
90%, entre outubro a dezembro, que favoreceu o molhamento foliar
necessário para a germinação dos esporos e infecção.
60
4.2 Progresso da Sigatoka Negra em Plantas das Cultivares Maçã,
Grande Naine e Farta Velhaco, após a Emissão do Cacho.
O progresso da Sigatoka negra demonstrado pela severidade nas
folhas 8 e 10 e pelo número de folhas viáveis das cultivares Maçã,
Grande Naine e Farta Velhaco, cujas plantas marcadas em três datas
distintas estavam no início da emissão do cacho, está apresentado nas
Figuras 2, 3 e 4.
No primeiro período de avaliação da doença, compreendido entre 13
de fevereiro a 16 de abril de 2004 (Figura 2), as plantas da cultivar Grande
Naine no início da emissão do cacho apresentavam cinco folhas viáveis,
com 31% de severidade na folha 8 e 88% na folha 10. Tanto a folha
8 como a folha nº 10, foram destruídas, ou seja, mortas, 15 dias após a
emissão dos cachos. As plantas da cultivar Grande Naine, 49 dias após a
emissão do cacho não apresentavam folhas viáveis (Figura 2A).
Na cultivar Maçã, na época da emissão dos cachos, as plantas
apresentavam, em média, sete folhas viáveis com 19% de severidade na
folha 8 e 61% de severidade na folha 10, que foram destruídas após
31 e 15 dias, respectivamente. As plantas da cultivar Maçã, 63 dias após a
emissão dos cachos apresentavam-se com as folhas totalmente destruídas
(Figura 2B).
Na cultivar Farta Velhaco, por ocasião da emissão dos cachos, as
plantas apresentavam, em média, seis folhas viáveis com 37% e 43% de
severidade nas folhas 8 e 10, respectivamente. A folha 8 foi
destruída aos 49 dias e a folha nº 10 aos 15 dias. Aos 63 dias após a
emissão do cacho as plantas da cultivar Farta Velhaco não apresentavam
folhas viáveis (Figura 2C).
61
FIGURA 2. Progresso da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área foliar lesionada
na folha de 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10) e número de folhas viáveis
(NFV) em plantas das cultivares Grande Naine (A), Maçã (B) e Farta Velhaco (C)
após a emissão do cacho, no período de 13/02/04 a 16/04/04, em Cáceres/MT.
62
No primeiro período de 2004 registraram-se médias de 27ºC de
temperatura diária, 22ºC de temperatura mínima, 79% de umidade relativa
com pelo menos 10 horas consecutivas de UR 90% e 259 mm de
precipitação pluvial (Figura 1). Estas condições foram extremamente
favoráveis ao progresso da Sigatoka negra causando a destruição completa
das folhas aos 49 dias após a emissão dos cachos na cultivar Grande Naine
e aos 63 dias nas cultivares Maçã e Farta Velhaco, portanto, acarretando
prejuízo de 100% da produção comercial (Figura 2). Estes dados estão de
acordo com os resultados encontrados por Pereira et al., (2000) no
Amazonas, onde a destruição total das folhas das cultivares Maçã e Prata
ocorreram cerca de 40 dias após o florescimento. De acordo com Pereira et
al., (2000), o fato de a bananeira não mais emitir novas folhas após o
florescimento e, portanto, não haver compensação, torna a doença
extremamente severa após a emissão do cacho, com reflexos na
produtividade da planta, pois, os frutos não se desenvolvem, ficam
pequenos, com maturação precoce e desuniforme.
Segundo Perez (1998), se medidas de controle não forem adotadas,
a redução do peso dos cachos e dos rendimentos pode atingir 40% da
produção total e 100% da produção comercializável.
No segundo período de avaliação, compreendido entre 30 de abril a
30 de julho de 2004, as plantas da cultivar Grande Naine no início da
emissão do cacho, apresentavam em dia, cinco folhas viáveis, 31% de
severidade na folha 8, os mesmos valores observados para o primeiro
período de avaliação e 73% de severidade na folha nº 10 (Figura 3A). Houve
aumento no tempo de vida da folha 8 que durou 15 dias a mais, sendo
destruída aos 30 dias, enquanto que a folha nº 10 foi destruída aos 15 dias
após o início da emissão do cacho. As folhas da cultivar Grande Naine
foram totalmente destruídas aos 77 dias (Figura 3A), em média, 30 dias
mais tarde que as plantas avaliadas no primeiro período (Figura 2A).
63
FIGURA 3. Progresso da Sigatoka negra expressa em porcentagem de área foliar lesionada
na folha de 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10) e número de folhas viáveis
(NFV) em plantas das cultivares Grande Naine (A), Maçã (B) e Farta Velhaco (C),
após a emissão do cacho, no período de 30/04/04 a 30/07/04, em Cáceres/MT.
64
As plantas da cultivar Maçã por ocasião da emissão do cacho
apresentavam, em média, seis folhas viáveis com 31% e 88% de severidade
nas folhas nº 8 e nº 10, respectivamente, (Figura 3B). A folha nº 8 foi
destruída aos 30 dias e a folha 10 aos 15 dias após a emissão do cacho,
não havendo diferença entre o tempo de destruição destas folhas e o
observado no primeiro período (Figura 2B). As folhas da cultivar Maçã foram
completamente destruídas aos 77 dias (Figura 3B), em média, 14 dias mais
tarde que as plantas avaliadas no primeiro período (Figura 2B).
As plantas da cultivar Farta Velhaco no início da emissão do cacho
apresentavam, em média, seis folhas viáveis, valor igual ao observado no
primeiro período (Figura 2C) com 24% e 77% de severidade nas folhas nº 8
e 10, respectivamente (Figura 3C). A folha 10 foi destruída aos 15 dias
e a folha nº 8 aos 60 dias, 11 dias mais tarde que a folha nº 8 avaliada no
primeiro período (Figura 2C). As folhas da cultivar Farta Velhaco foram
destruídas aos 92 dias (Figura 3C), em média, 30 dias mais tarde que as
plantas avaliadas no primeiro período (Figura 2C).
No segundo período de avaliação registraram-se temperatura dia
diária igual a 22ºC, temperatura mínima média de 17ºC e umidade relativa
média de 77%.
A queda na temperatura a partir de maio (Figura 1) aumentou o
período latente nas três cultivares avaliadas (Tabela 5) reduzindo a
velocidade de desenvolvimento dos sintomas e atrasando em 30 dias a
destruição das folhas pela Sigatoka negra, observado aos 77 dias para as
cultivares Grande Naine e Maçã e aos 92 dias para a Farta Velhaco (Figuras
3 A, B e C). Apesar do aumento do período latente a partir de maio de 2004,
durante a avaliação da severidade da Sigatoka negra nas plantas no início
da emissão do cacho (Figura 3), foram registradas uma média diária de pelo
menos 9 horas consecutivas de UR 90%, suficiente para germinação dos
esporos, infecção e desenvolvimento dos sintomas até a esporulação. Estes
dados concordam com os resultados obtidos neste experimento nas plantas
das cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine antes do florescimento,
onde se verificou que no primeiro semestre de 2004, apesar da queda da
65
temperatura a partir de maio, a alta umidade relativa do ar favoreceu o
progresso da Sigatoka negra, pela ocorrência, no período de janeiro a julho,
de uma média de 10 horas de molhamento foliar (Figura 1), confirmando a
teoria de Pérez (1998), de que o progresso da Sigatoka Negra depende da
temperatura, da quantidade de inóculo e da duração dos períodos de
molhamento foliar.
No terceiro período de avaliações, compreendido entre 30 de julho a
03 de dezembro de 2004, as plantas da cultivar Grande Naine, no início da
emissão do cacho apresentavam seis folhas viáveis, 43% de severidade na
folha 8 e a folha nº 10 totalmente destruída com 100% de severidade
(Figura 4) coincidindo com o fim do período de alta umidade relativa,
favorável ao progresso da doença (Figura 1). O aumento do número de
folhas viáveis de cinco para seis indica que apesar do aumento da
severidade verificado na época da emissão do cacho o houve
desenvolvimento dos sintomas além do grau 3 (Tabela 1).
FIGURA 4. Progresso da Sigatoka Negra expressa em porcentagem de área foliar lesionada
na folha de 8 (SEV 8), na folha de 10 (SEV 10) e número de folhas viáveis
(NFV), em plantas da cultivar Grande Naine, após a emissão do cacho, no
período de 30/07/04 a 03/12/04, em Cáceres/MT.
No segundo semestre de 2004 houve redução na taxa de progresso
da Sigatoka negra devido ao decréscimo na umidade relativa do ar cuja
66
média foi de 68%, insuficiente para acumular o número de dias com horas
consecutivas de UR 90% correspondente à duração do período latente
observado para este terceiro grupo de plantas da cultivar Grande Naine, que
variou de 84 a 126 dias (Tabela 5).
A redução no progresso da Sigatoka negra nas folhas, após as
plantas emitirem os cachos, ao longo do segundo semestre de 2004
possibilitou um melhor desenvolvimento da planta e formação do cacho para
colheita aos 126 dias. Na época da colheita, as plantas apresentavam
quatro folhas, sendo duas viáveis com até 15% de severidade (grau 3, de
acordo com escala de Stover modificada por Gauhl et al. (1993) e duas com
severidade entre 34% a 50%, grau 5 (Figura 4), evidenciando o atraso no
desenvolvimento dos sintomas da doença diferente do observado nas
plantas avaliadas no primeiro semestre de 2004.
Estes resultados estão de acordo com os relatos de Quinón (1972),
Ramirez (1988), Martinez (1989) e Merchan (1989), que afirmaram que a
temperatura e a umidade na forma de orvalho e, ou chuva afeta o ciclo da
doença desde o surgimento dos primeiros sintomas até as manchas
atingirem o estádio de queima, sendo que na época seca do ano
apresentam-se ciclos longos, de 120 a 150 dias e na época chuvosa, se
encurtam para 30 a 50 dias.
67
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados de severidade da Sigatoka negra obtidos
nas cultivares Maçã, Farta Velhaco e Grande Naine e nos dados de clima
registrados no município de Cáceres/MT, durante o ano de 2004, conclui-se
que:
A umidade relativa foi um fator climático determinante do progresso
da Sigatoka negra, pois a sua diminuição a partir de julho causou redução
no progresso da doença.
A precipitação pluvial não favoreceu o aumento da severidade
A diminuição da temperatura determinou aumento dos períodos de
incubação e latente.
As plantas após a emissão do cacho, perderam totalmente as folhas
aos 49 dias, na cultivar Grande Naine e aos 63 dias nas cultivares Maçã e
Farta Velhaco.
Nas condições de Cáceres/MT, a viabilização da bananicultura está
condicionada a utilização de irrigação e cultivares resistentes a Sigatoka
negra.
68
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