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CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES NATURAIS E
ANTRÓPICOS RESPONSÁVEIS PELO
DESENCADEAMENTO DAS FEIÇÕES EROSIVAS
NA CABECEIRA DORREGO CAMPO ALEGRE
ANTÔNIO MARIANO DA SILVA
UBERLÂNDIA, 18 DE DEZEMBRO DE 2007.
D
ISSERTAÇÃO DE
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ESTRADO
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
Antônio Mariano da Silva
CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES NATURAIS E
ANTRÓPICOS RESPONSÁVEIS PELO
DESENCADEAMENTO DAS FEIÇÕES EROSIVAS NA
CABECEIRA DO CÓRREGO CAMPO ALEGRE
Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Civil da
Universidade Federal de Uberlândia, como parte dos
requisitos para a obtenção do tulo de Mestre em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Nishiyama
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Uberlândia, 18 de dezembro de 2007.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S586c
Silva, Antônio Mariano da, 1967-
Caracterização dos fatores naturais e antrópicos responsáveis pelo
desencadeamento das feições erosivas na cabeceira do Córrego Campo
Alegre / Antônio Mariano da Silva. - 2007.
162 f. : il.
Orientador: Luiz Nishiyama.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Uberlândia, Pro-
grama de Pós-Graduação em Engenharia Civil.
Inclui bibliografia.
1. Erosão
- Teses. 2. Mecânica do solo - Teses. 3. Campo Alegre,
Córrego (Uberlândia, MG). I. Nishiyama, Luiz. II. Universidade Fede-
ral de Uberlâ
ndia. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil. III.
Título.
CDU: 551.3.053
Elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogão e Classificação
A minha mãe, e em especial à minha esposa pelo
estimulo, carinho e amor neste período importante de
minha vida.
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Ao meu Deus por sempre iluminar meu caminho.
Ao professor Luiz Nishiyama pela orientação, incentivo e paciência durante todo o
desenvolvimento deste trabalho e, sobretudo pela amizade.
Aos professores Maria Elisa, Carlos Alberto e Laerte Arruda pela credibilidade e incentivo.
Aos técnicos do Laboratório de Solos, Veloso, Romes e Paulino.
A Sueli, secretária do curso de Pós-graduação pela amizade neste período.
Ao amigo João Fernandes, técnico do Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos do
Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
A Beatriz do museu de minerais e rochas.
Aos meus colegas da Faculdade de Engenharia Civil, que contribuíram de forma direta e
indireta para a realização deste trabalho.
Ao meu amigo Carlos que sempre me ajudou em meus trabalhos de campo.
Aos meus amigos Luciano e Emerson pelo apoio e amizade.
A minha família que me deu estrutura para mais esta caminhada, em especial minha
esposa.
Silva, A. M. da. Caracterização dos fatores naturais e antrópicos responsáveis pelo
desencadeamento das feições erosivas na cabeceira do córrego Campo Alegre. 156 p.
Dissertação de Mestrado, Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Uberlândia, 2007.
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Este trabalho consiste em caracterizar os fatores naturais e antrópicos responsáveis pela
erosão acelerada do solo na área urbana da bacia do córrego Campo Alegre. A área de
estudo possui aproximadamente 5,52 Km² e se localiza na porção sudeste da cidade de
Uberlândia – Minas Gerais – Brasil, entre as coordenadas geográficas de 18
o
57' 21" e 18
o
58' 35" latitude sul e 48
o
13' 24" e 48
o
15' 6" de longitude oeste. Os resultados da
caracterização da bacia do Córrego Campo Alegre servirão como fonte de dados para
melhor gerenciamento da ocupação da área de estudo e amenizar os impactos aentão
ocorridos. A caracterização da bacia do córrego Campo Alegre possibilitou a identificação
dos elementos fisiográficos como geologia, geomorfologia, declividade e altimetria. Para a
obtenção de resultados de ensaios físicos do solo foram realizadas análise granulométrica,
azul de metileno, erodibilidade, compactação, índices de consistência. A evolução da
ocupação antrópica é apresentada por dados estatísticos e fotografias aéreas de 1969 a
2004. Considerando que existem duas galerias de águas pluviais em plena cabeceira do
córrego Campo Alegre oriundas de áreas residenciais, levantou-se os totais pluviométricos
no município e a varião média da vazão do córrego para entender o arraste de material
do solo causado pela concentração de águas pluviais, fazendo o registro fotográfico da
evolução da erosão acelerada da área de estudo. Os resultados obtidos demonstraram que a
bacia do córrego Campo Alegre apresenta-se bastante susceptível à erosão tendo como
fatores condicionantes a falta de vegetação, o solo de textura arenosa, predomínio de
baixas declividades nas poões de topo. Associados a estes fatores estão o direcionamento
das águas pluviais em uma área de vereda e a urbanização que ocorre em um ritmo
acelerado, sem possuir projetos que respeitem a preservação ambiental.
Palavras-chave: erosão acelerada, erosão do solo, bacia hidrográfica, mecânica dos solos.
Silva, A. M. da. Characterization of the natural and anthropic factors which have been
responsible for erosion acceleration of the urban area of the basin of the Campo Alegre
stream. 156 p. Ms. Dissertation, College of Civil Engineering, Universidade Federal de
Uberlândia, 2007.
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This work aims to characterize the natural and anthropic factors which have been
responsible for the erosion acceleration of the urban area of the basin of Campo Alegre
stream. The study area has approximately 5,52km2 and is located in the southeast portion
of the city of Uberlândia, MG, between the geographical coordinates 18
o
57' 21" and 18
o
58' 35" south latitude and 48o 13' 24" e 48o 15' 6" west longitude. The results of this
characterization will serve as a source of data for a better management of the occupation of
the study area and to reduce the impacts that have been occurred. The characterization of
this basin made the physiographic elements identification possible such as: geology,
geomorphology, declivity and altimetry. For the attainment of results of the soil physical
assays, analyses of grain-size, methylene blue, erosion rates, compaction, consistency
index had been carried through. The evolution of the anthropic occupation is presented by
statistical data and air photographs from 1969 until 2004. Considering the existence of two
pluvial water galleries deriving from residential areas of the Campo Alegre stream
headboard, arose the pluviometric totals in the city and the average variation of the stream
outflow to understand the drags of soil materials caused by the pluvial water concentration,
making the photographic register of the evolution of the erosion presents at the study area.
The results had demonstrated that the basin of Campo Alegre stream is presented
sufficiently sensitive to the erosion having as conditioning factors the lack of vegetation,
the arenaceous texture soil, predominance of low declivities in the portions of the top.
Associated to these factors are the pluvial water trail management and the urbanization
acceleration without projects that respect the environmental conservation.
Key words: erosion acceleration, soil erosion, hydrographic basin, mechanics of soil.
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SÍMBOLOS
A – área da secção transversal.
C – fator de cobertura do solo.
cm³ - centímetros cúbicos.
E – perda de solo calculada por unidade de área.
g grama.
g/cm³ – grama /centímetro cúbico.
g.s/cm² – grama vezes segundo por centímetro quadrado.
h Teor de umidade natural.
Kgf/cm² – Quilograma força por centímetro quadrado.
K – erodibilidade do solo.
Km² – quilometro quadrado.
L – comprimento da encosta.
l litros.
Ms – massa de solo seco.
m – metro
m³ – metros cúbicos
m³/h metros cúbicos por hora.
mm milímetro.
nº – numero.
P – fator referente às práticas de controle da erosão.
Pa – Peso de uma quantidade de água.
pH – potencial hidrogeniônico.
Pp 10 – percentual que passa na # 10.
Ps – Peso do material sólido.
Q – vazão em litros por segundo.
R – erosividade da chuva.
S – declividade da encosta.
s – curso (comprimento).
s – segundos.
T – temperatura.
t – tempo.
t/ha Toneladas por hectare.
V – Volume.
Vs Volume de sólidos.
Vv volume de vazios.
W – umidade.
5R – (100% de vermelho e 0% de amarelo)
5Y – (0% de vermelho e 100% de amarelo).
ε Índice de vazios.
η – Porosidade.
# – Peneira.
% – Percentual.
ABREVIATURAS E SIGLAS
AM – Azul de Metileno
CEMIG – Companhia Energética de Minas Gerais.
CTC – Capacidade de Troca Catiônica.
EQUIPGEO – Equipamentos Geológicos Ltda.
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
EPAMIG – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais.
FECIV – Faculdade de Engenharia Civil.
IG – Instituto de Geografia.
IP – Índice de plasticidade.
LL Limite de liquidez.
LP – Limite de plasticidade.
NBR – Norma Brasileira Registrada.
PMU – Prefeitura Municipal de Uberlândia.
SE – Superfície específica.
UFU Universidade Federal de Uberlândia.
UTM – Universal Tranverse Mercator.
ZPT – Zona de Preservação Total.
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Figura 3.1 – Formação de sulcos na superfície do terreno.................
...............................
20
Figura 3.2 –
Modelo evolutivo de voçorocas....................................................................
22
Figura 3.3 – Abatimento dos taludes.....................................................................
27
Figura 3.4 –
Movimento de massa (rastejo)......................................................................
28
Figura 3.5 – Classificação dos elementos de encosta de uma paisagem de acordo com
a forma e os processos operantes.........
............................................................................
32
Figura 3.6 – Ciclo hidrológico.......................................................................................... 32
Figura 3.7 – Componentes esquemáticos do
balanço hidrológico próximo à superfície.
33
Figura 3.8 –
Impacto da água de chuva na superfície do solo...........................................
34
Figura 4.1 –
Local de medida da vazão do córrego Campo Alegre..................................
45
Figura 4.2 –
Ponto inicial da medição da vazão do córrego Campo Alegre.....................
46
Figura 4.3 –
Local de medição da vazão do córrego.........................................................
46
Figura 4.4 Croqui da planilh
a utilizada mensalmente para registro das dimenes do
córrego.............................................................................................................................
47
Figura
4.5 – Talude da vereda do córrego Campo Alegre.......
..........................................
49
Figura 4.6 –
Talude da vereda do córrego Campo Alegre................................................
49
Figura 5.1 –
Localização da bacia do córrego Campo Alegre..........................................
54
Figura 5.2 – Classes de solos da Bacia do Rio Araguari..................................................
57
Figura 6.1 –
Mapa de declividade da bacia dorrego Campo Alegre............................
60
Figura 6.2 –
Mapa de altimetria da bacia do córrego Campo Alegre...............................
61
Figura 6.3 – Talude do córrego Campo Alegre................................................................
62
Figura 6.4 –
Amostra de solo amarelo..............................................................................
63
Figura 6.5 – Amostra de solo rosado..............................................................
....................
63
Figura 6.6 –
Amostra de solo cinzento claro....................................................................
64
Figura 6.7 – Amostra de solo
preto..................................................................................
64
Figura 6.8 – Palmeira arbórea Mauritia flexuosa
(Buriti) córrego Campo Alegre...........
65
Figura 6.9 – Palmeira arbórea Mauritia flexuosa
(Buriti) córrego Campo Alegre...........
66
Figura 6.10 – Pastagem ao longo do córrego...............................................................
.....
67
Figura 6.11 –
Área de antiga cobertura arbórea................................................................
67
Figura 6.12 – Erosão nas margens do córrego..
................................................................
68
Figura 6.13 –
Área de antiga cobertura arbórea................................................................
68
Figura 6.14 – Vegetação nativa 1979 –
2004....................................................................
70
Figura 6.15 – Totais pluviométricos em Uberlândia, Ago de 2005 a Dez de 2005.........
.
72
Figura 6.16 –
Totais pluviométricos em Uberlândia, Jan de 2006 a Dez de 2006...........
72
Figura 6.17 – Variação da vazão do rrego, Ago de 2005 a Dez de 2005...
...................
73
Figura 6.18 –
Variação da vazão do córrego, Jan de 2006 a Dez de 2006.......................
74
Figura 6.19 – Residencial Campo Alegre...........
..............................................................
77
Figura 6.20 –
Residencial Campo Alegre.........................................................................
78
Figura 6.21 –
Córrego Campo Alegre. Ano de 1964........................................................
79
Figura 6.22 – Córrego Campo Alegre. Ano de 1979...............................................
.........
80
Figura 6.23 –
Córrego Campo Alegre. Ano de 1997........................................................
81
Figura 6.24 – Córrego Campo Alegre. Ano de 2004...
......................................................
83
Figura 6.25 –
Distribuição granulométrica do solo amarelo.............................................
89
Figura 6.26 –
Distribuição granulométrica do solo rosado................................................
89
Figura 6.27 –
Distribuição granulométrica do solo cinzento claro....................................
90
Figura 6.28 –
Distribuição granulométrica do solo preto.................................................
91
Figura 6.29 – Limite de liquidez do solo amarelo.................
...........................................
92
Figura 6.30 –
Limite de liquidez do solo rosado...............................................................
92
Figura 6.31 –
Limite de liquidez do solo cinzento claro...................................................
93
Figura 6.32 –
Gráfico da curva de compactação do solo amarelo....................................
95
Figura 6.33 –
Gráfico da curva de compactação do solo rosado......................................
96
Figura 6.34 – Gráfico da curva de compactação do solo cinzento claro......
...................
96
Figura 6.35 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1 kgf/ cm² solo amarelo..................
97
Figura 6.36 – Curva de adensamento Solo Amarelo 1
kgf/cm²........................................
97
Figura 6.37 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1,5 kgf/cm² Solo Amarelo..............
97
Figura 6.38 – Curva de adensamento Solo Amarelo 1,5 kgf/cm²....................................
97
Figura 6.39 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1,5 kgf/cm² Solo Amarelo...............
97
Figura 6.40 – Curva de adensamento Solo Amarelo 1,5 kgf/cm²....................................
97
Figura 6.41 – Curva de c
isalhamento direto, tensão 1 kgf/cm² Solo Rosado....................
98
Figura 6.42 –
Curva de adensamento Solo Rosado 1 kgf/cm².........................................
98
Figura 6.43 – Curva de cisalhamento direto, tensão 1,5 kgf/cm² Solo Rosado................
98
Figura 6.44 –
Curva de adensamento Solo Rosado 1,5 kgf/cm².......................................
98
Figura 6.45 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 2 kgf/cm² Solo Rosado...................
98
Figura 6.46 – Curva de adensamento Solo
Rosado 2 kgf/cm²...........................................
98
Figura 6.47 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1 kgf/cm² Solo Cinzento Claro........
99
Figura 6.48 – Curva de adensamento Solo Cinzento Claro 1 kgf/cm².............................
99
Figura 6.49 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1,5 kgf/cm² Solo Cinzento Claro....
99
Figura 6.50 –
Curva de adensamento Solo Cinzento Claro 1,5 kgf/cm²............................
99
Figura 6.51 – Curva de cisalhamento direto, tensão 2 kgf/cm² Solo
cinzento Claro........
99
Figura 6.52 –
Curva de adensamento Solo Cinzento Claro 2 kgf/cm².............................
99
Figura 6.53 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1 kgf/cm² Solo Preto........................
100
Figura 6.54 – Curva de ade
nsamento Solo Preto 1 kgf/cm².............................................
100
Figura 6.55 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 1,5 kgf/cm² Solo Preto.....................
100
Figura 6.56 – Curva de adensamento Solo Preto 1,5 kgf/cm².................
..........................
100
Figura 6.57 –
Curva de cisalhamento direto, tensão 2 kgf/cm² Solo Preto.......................
100
Figura 6.58 –
Curva de adensamento Solo Preto 2 kgf/cm².............................................
100
Figura 6.59 –
Envoltória de resistência Solo Amarelo......................................................
101
Figura 6.60 – Envoltória de resistência Solo Rosado.......................................................
101
Figura 6.61 – Envoltória de resistência Solo
Cinzento Claro............................................
101
Figura 6.62 –
Envoltória de resistência Solo Preto...........................................................
101
Figura 7.1 – Voçoroca do córrego Campo Alegre...........................................................
107
Figura 7.2 –
Voçoroca do córrego Campo Alegre.............................................................
108
Figura 7.3 – Despejo de águas pluviais e esgoto na cabeceira do córrego......................
108
Figura 7.4 – Despejo de águas pluviais e esgoto na cabeceira do córrego.......................
109
Figura 7.5 –
Volume de solo, aproximadamente com 12 metros x 6 metros x 10 metros.
109
Figura 7.6 – Local onde existia o volume de solo............................................................
110
Figura 7.7 – Tombamento de Buriti.................................................................................
111
Figura 7.8 – Buriti com as folhas retiradas e pisoteio do gado.................................
.........
111
Figura 7.9 –
Encontro do esgoto doméstico com uma das nascentes do córrego.............
112
Figura 7.10 –
Encontro do esgoto doméstico com uma das nascentes do córrego...........
112
Figura 7.11 – Escavação do leito do córrego devido ao impacto das águas pluviais.......
113
Figura 7.12 –
Degradação ambiental devido ao impacto das águas pluviais....................
113
Figura 7.13 –
Queda de talude devido ao impacto das águas pluviais..............................
114
Figura 7.14 – Movim
entação de massa devido ao impacto das águas pluviais................
114
Figura 7.15 – Pneu e lixo depositados nas margens do córrego.......................................
115
Figura 7.16 – Assoreamento do córrego com entulhos de construção civil......
.................
116
Figura 7.17 –
Erosão lateral do córrego............................................................................
116
Figura 7.18 –
Carreamento de sedimentos.......................................................................
117
Figura 7.19 –
Fenda na área de estudo..............................................................................
118
Figura 7.20 –
Trinca na área de estudo..............................................................................
118
Figura 7.21 –
Fissuras no solo hidromórfico.....................................................................
119
Figura 7.22 – Queda de vegetação.......................................................................
.............
119
Figura 7.23 –
Queda de vegetação....................................................................................
120
Figura 7.24 – Queda de vegeta
ção....................................................................................
120
Figura 7.25 –
Ocorrência de subsidência..........................................................................
121
Figura 7.26 –
Aumento lateral da voçoroca......................................................................
122
Figura 7.27 – Estaca de monitoramento da voçoroca.....
..................................................
123
Figura 7.28 – Evolução dos processos erosivos 1979 –
2004..........................................
124
Figura 8.1 – Ta
lude antes da aplicação da hidrossemeadura............................................
127
Figura 8.2 –
Talude depois a aplicação da hidrossemeadura............................................
127
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Tabela 3.1 – Identificação visual e táctil dos solos..........................................................
8
Tabela 3.2 – Classificação da porosidade e do índice de vazios no solo.........................
11
Tabela 3.3 – Classificação do grau de saturação..............................................................
12
Tabela 3.4 – Classes de estruturas....................................................................................
16
Tabela 3.5 – Classes de permeabilidade...........................................................................
16
Tabela 3.6 – Agente e tipos de erosão..............................................................................
19
Tabela 3.7 –
Classes de declividade..................................................................................
30
Tabela 3.8 – Classificação do relevo em relação às classes de declividade.....................
30
Tabela 6.1 – Espessuras das camadas
dos solos nos taludes da voçoroca........................
62
Tabela 6.2 – Totais pluviométricos de Uberlândia (1981 –
2006)....................................
71
Tabela 6.3 – Setor sudeste de Uberlândia: moradias e lotes urbanizados em 1995.........
75
Tabela 6.4 – Bairros que originaram o bairro São Jorge..................................................
75
Tabela 6.5 –
Domicílios e população estimada do bairro São Jorge.................................
76
Tabela 6.6 – Bairros que originaram o bairro Laranjeiras...............................................
76
Tabela 6.7 –
Domicílios e população estimada do bairro Laranjeiras...............................
77
Tabela 6.8 – Umidade higroscópica dos solos...............................................
...................
84
Tabela 6.9 – Massa Específica dos sólidos de diferentes minerais..................................
85
Tabela 6.10 – Massa específica dos grãos........................................................................
85
Tabela 6.11 – Peneiramento fino solo amarelo................................................................
86
Tabela 6.12 –
Peneiramento fino solo rosado...................................................................
87
Tabela 6.13 – Peneiramento fino solo cinzento claro....................................................... 87
Tabela 6.14 – Peneiramento fino solo preto.....................................................................
88
Tabela 6.15 – Limite de plasticidade dos solos................................................................
98
Tabela 6.16 – Resultados dos ensaios de cisalhamento dos solos....................................
101
Tabela 6.17 –
Permeabilidade dos solos com carga constante..........................................
102
Tabela 6.18 – Potencial hidrogeniônico (pH)...................................................................103
Tabela 6.19 –
Ensaio de azul de metileno...........................................................................
104
Tabela 6.20 – Matéria orgânica........................................................................................
104
Tabela 6.21 –
Classes de interpretação dos valores de K..................................................
106
Tabela 6.22 – Erodibilidade dos solos..............................................................................
106
Tabela 7.1 –
Monitoramento do avanço do talude............................................................
122
Tabela 8.1 – Espécie de plantas para recuperação da área de
estudo................................
126
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Capítulo 1 – Introdução
.................................................................................................
1
Capítulo 2 – Objetivos....................................................................................................
5
2.1 – Objetivos geral................................................................................................... 5
2.2 – Objetivos específicos............
..............................................................................
5
Capítulo 3 – Revisão de literatura
.................................................................................
6
3.1 – Solo.............................................
.......................................................................
6
3.2 – Propriedades mecânicas dos solos…………………………………………….
9
3.3 –
Erosão do solo…………………………………………….…………………...
16
3.4 – Movimentos gravitacionais…………………………………….………
……...
24
3.5 –
Relevo…………….……………………………………………………………
28
3.6 – Ação das chuvas no solo.................................................................................... 32
3.7 – Cobertura vegetal……………………………………………………………... 38
3.8 – Ação antrópica………………………………………………………………...
40
Capítulo 4 – Materiais e métodos……………………………………….….................
44
4.1 – Primeira etapa....................................................................................................
44
4.2 – Segunda etapa....................................................................................................
44
4.3 –
Terceira etapa.....................................................................................................
48
4.4 – Quarta etapa.......................................................................................................
48
4.5 – Quinta etapa.......................................................................................................
49
4.6 – Sexta etapa.........................................................................................................
52
4.7 – Sétima etapa....................................................................................................... 52
4.8 – Oitava etapa.......
.................................................................................................
52
Capítulo 5 – Características gerais
………………………............................................
53
5.1 –
Localização…………………………………….……………………………...
53
5.2 –
Geologia…………………………………………………………………….…
55
5.3 – Geomorfologia...................................................................................................
56
5.4 – Pedologia.....................................................................
.......................................
57
5.5 –
Clima..................................................................................................................
57
Capítulo 6 – Resultados.................................................................................................
59
6.1 – Declividade e altimetria.....................................................................................
59
6.2 – Solos..................................................................................................................
62
6.3 –
Vegetação na bacia do córrego Campo Alegre..................................................
65
6.4 – Pluviosidade em Uberlândia......................................................
........................
71
6.5 – Vazão do córrego Campo Alegre......................................................................
73
6.6 –
Ação antrópica na bacia do córrego Campo Alegre..........................................
74
6.7 – Ensaios fí
sicos dos solos....................................................................................
84
6.7.1
Umidade higrospica................................................................................
84
6.7.2 Peneiramento grosso.................................................................................
84
6.7.3 Massa específica dos grãos.......................................................................
85
6.7.4 Peneiramento fino.....................................................................................
86
6.7.5
Distribuição granulométrica......................................................................
88
6.7.6 Limites de consistência........................................................................
.....
91
6.7.6.1 –
Limite de liquidez..........................................................................
91
6.7.6.2 –
Limite de plasticidade....................................................................
93
6.7.6.3 – Índice de plasticidade..
..................................................................
94
6.7.7
Ensaios de compactação............................................................................
94
6.7.8 Ensaios de cisalhamento direto...................................
..............................
97
6.7.8.1 – Ensaios de cisalhamento direto solo amarelo...............................
97
6.7.8.2 –
Ensaios de cisalhamento direto solo rosado..................................
98
6.7.8.3 – Ensaios de cisalhamento direto
solo cinzento claro......................
99
6.7.8.4 –
Ensaios de cisalhamento direto preto............................................
100
6.7.8.5 – Envoltória de resistência dos solos...............................................
101
6.7.9 Permeabilidade dos solos com carga constante........................................
102
6.7.10
Potencial hidrogeniônico (pH)................................................................
103
6.7.11 – Ensaio de azul de metileno (AM)...........................................................
103
Capítulo 7 – Evolução da eroo ..................................................................................
107
Capítulo 8 – Proposta para contenção da voçoroca....................................................
125
Capítulo 9 – Considerações finais...............................................................................
128
Referências bibliográficas..............................................................................................
132
Capítulo 1 Introdução
1
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O processo de ocupação do Brasil caracterizou-se pelo uso incorreto dos recursos naturais,
principalmente o solo, e como conseência a destruão da vegetação representada por
diferentes biomas que vem sendo fragmentada, cedendo espaço para as culturas agrícolas,
as pastagens e as cidades. Estas interferências antrópicas nos solos culminaram na
aceleração dos processos erosivos.
A partir da década de 1970 tem-se o início da expansão da fronteira agrícola brasileira que
avança sobre as áreas dos Cerrados, graças ao aumento da demanda por alimentos. A
vegetação do Cerrado começa a dar lugar a áreas agrosilvopastoris através da
implementação de programas de desenvolvimento como o POLOCENTRO (Programa de
Desenvolvimento do Cerrado), criado no início do governo Geisel, em 1975, que aplicou
recursos, na ordem de US$ 248 milhões entre 1975 e 1984 que se destinaram à construção
de armazéns, ao apoio à pesquisa e assistência técnica, ao sistema de transporte, à rede de
energia, exploração do calcáreo e ao reflorestamento através do FISET (Fundo de
Investimentos Setoriais).
Em termos de área, a expansão se deu predominantemente pela atividade pecuária. Do total
da área incrementada de 8,2 milhões de hectares pelo POLOCENTRO entre 1975 e 1980,
70% foram destinadas à pastagem e apenas 23% para a agricultura. O efetivo de gado
bovino cresceu de 16,6 milhões de cabeças em 1970 para 37,8 milhões em 1985 (SHIKI,
1997).
Segundo Shiki (1997), ainda no governo Geisel, outros programas como PRODECER e o
PROALCOOL direcionaram recursos para o Cerrado, atendendo a interesses e objetivos
específicos. O PRODECER (Programa de Cooperação Nipo-brasileiro para de
Desenvolvimentos dos Cerrados) tinha o propósito de introduzir novas tecnologias para o
desenvolvimento da agricultura no cerrado. Teve uma maior relevância no direcionamento
Capítulo 1 Introdução
2
da ocupação e que mereceu grande atenção na época de sua implantação devido à
participação dos japoneses no financiamento do projeto.
Na região dos Cerrados especialmente no Triângulo Mineiro estes programas
proporcionaram uma melhoria na infra-estrutura das cidades. Uma dessas cidades é
Uberlândia, onde nas décadas 1970 e 1980, chegaram as primeiras indústrias como Souza
Cruz, Daiwa, Brasfrigo, Cargill entre outras. Na década de 1990 e 2000, com a chegada de
várias universidades, a cidade recebeu um grande número de migrantes procedentes de
todas as regiões do Brasil, por ser atrativa pela perspectiva de uma vida melhor.
O município de Uberlândia encontra-se delimitado pelas coordenadas geográficas de 18º
34' 00" e 19º 14' 00" latitude sul e de 47º 03' 00" e 48º 50' 00" de longitude oeste.
Possui uma área de 4.115,09 km² e está situado na região do Triângulo Mineiro, oeste do
Estado de Minas Gerais, distante cerca de 556 km da capital Belo Horizonte. A cidade
possui 64 bairros delimitados, dentre eles os bairros São Jorge e Laranjeiras. São bairros
horizontais distantes da área central, localizados na porção sudeste da malha urbana de
Uberlândia, na bacia do córrego Campo Alegre, afluente do rio Uberabinha,
caracterizando-se como um dos setores urbanos que mais se expandiu nos últimos vinte
anos.
O rio Uberabinha desempenha importante papel no município: no abastecimento urbano,
nas atividades rurais e no lazer. Suas nascentes estão localizadas no município de Uberaba,
à cerca de 96 km ao sul da cidade de Uberlândia. Na área urbana, o rio Uberabinha recebe
23 tributários, dentre estes o Córrego Campo Alegre que está localizado na porção sudeste
do perímetro urbano de Uberlândia, objeto de estudo da presente dissertação de Mestrado.
Segundo Baccaro (1989) a bacia do Córrego Campo Alegre encontra-se em uma área de
relevo de topo plano que tem como principais características morfológicas, amplos vales
muitos espaçados entre si, drenagem pouco ramificada, vertentes com declividades entre 2º
e desenvolvidas sobre os arenitos da Formação Marília e sedimentos do Cenoico. No
médio e alto curso do córrego Campo Alegre ocorrem solos hidromórficos e orgânicos.
Ainda, segundo a referida autora, dentre os processos geomorfológicos que ocorrem na
bacia do córrego Campo Alegre, os processos geomorfológicos de escoamento pluvial
Capítulo 1 Introdução
3
laminar e difuso são os mais importantes na remoção dos detritos e na evolução dessas
vertentes.
Em janeiro de 1983, com aprovação do loteamento do bairro São Jorge, deu-se inicio ao
processo de urbanização na bacia do córrego Campo Alegre. Com a implantação deste
bairro e de outros que se seguiram durante a década de 1980, toda a água pluvial
proveniente destes bairros foi direcionada para uma de suas cabeceiras.
A ocupação humana cada vez mais acentuada nos espos urbanos de Uberlândia trouxe
vários problemas ambientais, um deles é a ação erosiva dos solos. Os agentes aceleradores
da erosão como a impermeabilização do solo, poluição hídrica, e a redução da cobertura
vegetal, estão diretamente ligados à falta de planejamento urbano ao longo de décadas, que
pode ser a principal causa da maioria destes problemas ambientais.
Dentre os principais fenômenos geológicos que ocorrem no planeta Terra, a eroo tem
chamado à atenção de vários pesquisadores. Ela ocorre de diversas formas e com várias
denominações, porém suas ações têm deixado grandes marcas em nosso planeta,
principalmente nas bacias hidrográficas, pela quantidade de material carreado tendo sua
origem intimamente ligada ao desmatamento, às queimadas e à ausência de planejamento
urbano.
A Gestão das bacias hidrográficas assume grande importância na recuperação de áreas
degradadas por vários motivos. Um deles é o fato de grande parte dos danos ambientais
que ocorrem na superfície terrestre estarem situados nas bacias hidrográficas. Nesse
sentido é preciso conhecer sua formação, constituão e dinâmica, para que as obras de
recuperação não sejam apenas temporárias e sem grande eficácia. Não podemos pensar
numa bacia hidrográfica levando-se em conta apenas os processos que ocorrem no leito
dos rios, porque grande parte dos sedimentos que ela transporta é oriunda de áreas situadas
mais a montante, vindos das encostas que fazem parte da bacia hidrográfica (ARAUJO;
ALMEIDA, 2005).
A compreensão das causas da degradação ambiental da bacia do córrego Campo Alegre é
um tema de grande interesse, pois situações semelhantes em termos de formas de ocupação
Capítulo 1 Introdução
4
podem ocorrer em outras bacias hidrográficas. A área à montante das nascentes do córrego
es urbanizada e toda água pluvial é direcionada para a cabeceira do córrego, onde é
sempre alarmante a quantidade de material que é transportado à jusante. Quase totalidade
da área da bacia é utilizada como pastagem, acelerando a remoção de solo dos taludes do
córrego e causando erosões.
Este trabalho analisou e avaliou a relação e impactos da atividade antrópica na
intensificação dos processos erosivos na bacia hidrográfica do Córrego Campo Alegre e
identificou as propriedades físicas do solo fornecendo subsídios para o planejamento e
aplicação de medidas mitigadoras no processo erosivo da área em estudo.
Capítulo 2 Objetivo
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2.1 – OBJETIVO GERAL
Caracterizar os fatores naturais e antrópicos responsáveis pelo desenvolvimento de feições
erosivas aceleradas na bacia do Córrego Campo Alegre.
2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Caracterizar os aspectos físicos da bacia do Córrego Campo Alegre, tais como: geologia,
declividade, altimetria, vegetação, processos naturais e antropogênicos.
Avaliar os parâmetros físicos dos solos mediante estudos de campo e análises laboratoriais
de mecânica dos solos.
Caracterizar e quantificar o vel de degradação do córrego (comparativo de fotografia
aérea de diferentes épocas).
Relacionar a ocupação urbana da bacia com a degradação do Córrego Campo Alegre.
Propor ações necesrias para reduzir o nível de erosão atual do córrego.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
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3.1 – Solo
Para Araújo e Almeida (2005), o solo, assim como a água, é um recurso vital para a
humanidade, porém esse recurso natural tem sido mal utilizado pelos seres humanos.
Atividades antrópicas como desmatamento, corte de encostas, disposição de resíduos
domésticos e industriais, uso agrícola, ou ões naturais como declividade, textura do solo
e quantidade de matéria orgânica têm sido associadas à rápida degradação do solo.
Conforme NBR 6502/1995 solo é um material proveniente da decomposição das rochas
pela ação de agentes físicos ou químicos, podendo ou não conter matéria orgânica.
Os solos são corpos naturais da superfície terrestre que ocupam áreas e expressam
características (cor, textura, estrutura, etc.) da ação combinada dos fatores, associados aos
mecanismos e processos de formação do solo. As diferenças entre as várias condições
naturais determinam as características individuais de cada individuo solo. A quantidade e a
intensidade de chuva, radiação solar, temperatura, umidade declividade do terreno,
comunidades de plantas que nele se desenvolvem, afetam a natureza do solo em cada local.
O solo como entidade natural independente, pode possuir características herdadas do
material originário e / ou características adquiridas, cujas relações variam com o tempo
(PALMIERI; LARACH, 1996).
Segundo Pinto (2002) os solos são constituídos por um conjunto de partículas com água
(ou outro líquido, com influência antrópica) e ar nos espaços intermediários. As partículas,
de maneira geral, encontram-se livres para deslocar entre si. O comportamento do solo
depende do movimento das partículas sólidas.
Para Jenny (1941), apud Palmieri e Larach (1996), o solo é função de cinco variáveis
independentes, denominados fatores de formação dos solos: clima, organismos, material
originário, relevo e tempo.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
7
Para Leinz e Amaral (1995) os fatores de formação do solo, comumente denominados de
intemperismo, incluem as forças físicas que resultam na desintegração ou desagregação das
rochas, as reações químicas que alteram a composição das mesmas, e as forças biológicas
que intensificam a ação das duas anteriores.
As decomposições das rochas através de agentes químicos e físicos originam os solos, as
variações de temperaturas provocam trincas, nas quais penetra a água, atacando
quimicamente os minerais. O congelamento da água nas trincas, entre outros fatores,
exerce elevadas tensões, do que decorre maior fragmentação dos blocos. A presença da
fauna e flora promove o ataque químico, através de hidratação, hidrólise, oxidação,
lixiviação, troca de tions e carbonatação. O conjunto desses processos, que são muito
mais atuantes em climas quentes do que em climas frios, leva à formação dos solos, que
em conseqüência, são misturas de partículas pequenas que se diferenciam pelo tamanho e
pela composição química (PINTO, 2002).
Segundo Campos e Demattê (2004), a cor é amplamente reconhecida como uma medida
primária identificadora de solos. Propriedades físicas, químicas e mineralógicas dos solos
determinam sua cor. O enquadramento de algumas classes de solos, no segundo nível
categórico do atual Sistema Brasileiro de Classificação de solos, requer que a cor da
amostra do horizonte diagnóstico seja determinada por comparação com os padrões
existentes na escala de Munsell. A cor é a sensação visual que se manifesta na presença da
luz, e de certo modo reflete a quantidade de matéria orgânica, o tipo de óxido de ferro
presente, além da classe de drenagem do solo sendo intimamente associada à composição
do solo. A carta de Munsell é comumente utilizada na designação de cores do solo. Nela
constam o matiz, o valor (ou tonalidade) e o croma (ou intensidade). O matiz se refere à
combinação dos pigmentos vermelho (do inglês red) e amarelo (do inglês yellow), o valor
indica a proporção de preto e de branco e o croma refere-se à contribuição do matiz. Os
matizes variam de 5R (100% de vermelho e 0% de amarelo) até 5Y (0% de vermelho e
100% de amarelo).
A distribuição e o arranjo das cores ao longo de um perfil de solo, são critérios empregados
para identificação e separação de horizontes, bem como para conceituação de classes de
solos nos diversos levantamentos executados no Brasil. Apesar das cores terem uma
Capítulo 3 Revisão de Literatura
8
grande amplitude de variação, elas têm sido relacionadas, principalmente, com os teores de
matéria orgânica, umidade e predominância de determinados tipos de óxidos de ferro
(GUERRA; CUNHA, 1996).
De acordo com Bueno e Vilar (1980) existem alguns testes rápidos que permitem, a partir
das características apresentadas pelo solo, a sua identificação, (Tabela 3.1). Como na
natureza os solos normalmente são uma mistura de partículas dos mais variados tamanhos,
busca-se determinar qual o tamanho que ocorre em maior quantidade. È usual também na
identificação de um solo, citar a sua cor.
Tabela 3.1 – Identificação Visual e Táctil dos Solos.
TIPOS DE SOLOS PROCEDIMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Areias e solos
arenosos
Tacto áspero observação visual incoerente.
Areias finas, siltes,
areias siltosas ou
pouco argilosas.
Tacto-pequena resistência do torrão seco (esfarela facilmente), torrão
seco desagrega rapidamente quando submerso; dispersão em água
(sedimenta rápido e a água permanece turva por pouco tempo).
Argilas e solos
argilosos (com pouca
areia ou silte).
Tacto midos: saponáceos; secas: farinhosas); torrão seco bastante
resistente, e não desagrega quando submerso; plasticidade; baixa
mobilidade da água intersticial.
Turfas e solos
turfosos (solos
orgânicos).
Cor geralmente cinza, castanho-escura; preta; partículas fibrosas,
cheiro característico de matéria orgânica em decomposição;
inflamáveis, quando secos, e de pouca a média plasticidade.
Autor: Bueno e Vilar (1980).
Segundo Fiori e Carmignani (2001), a parametrização físico-hídrica (textura, massa
específica do solo e de partículas, porosidade total, micro e macro porosidade,
condutividade hidráulica saturada, infiltração) dos solos é um instrumento básico para
prevenção de eroes, bem como para elaboração de planos de obras para o seu controle.
De acordo com Pinto (2002), a diversidade e a enorme diferença de comportamento
apresentada pelos diversos solos, perante as solicitações de interesse da engenharia,
levaram ao seu natural agrupamento em conjuntos distintos, que podem ser oriundas de
algumas propriedades. Desta tendência racional de organização da experiência acumulada,
surgiram os sistemas de classificação dos solos. O objetivo desta classificação, sob o ponto
de vista da engenharia, é o de poder estimar o provável comportamento do solo ou, pelo
Capítulo 3 Revisão de Literatura
9
menos, o de orientar o programa de investigão necessário para permitir a adequada
análise do problema.
Lima e Bernardino (1996) apud Gonçalves (2003) afirmam que a compactação dos solos é
um dos problemas mais importantes de degradação ambiental, provocada por uso e manejo
inadequados, como o preparo do solo em condições desfavoráveis de umidade,
implementos de preparo mal regulados, utilização excessiva de grade. Afeta também o
solo, modificando seu sistema de poros, diminuindo o seu espaçamento. Caracteriza-se
pelo adensamento das camadas do solo, e em conseqüência disto, aumenta a resistência à
penetração das raízes; influenciando, diretamente a condutividade hidráulica, a capacidade
de infiltração, a retenção de água, e consequentemente o aumento da enxurrada e da
erosão.
3.2 – Propriedades Mecânicas dos Solos
Segundo Fiori e Carmignani (2001) os índices físicos dos solos expressam relações
matemáticas entre peso e volume dos componentes de uma massa de solo, ou seja, entre as
frações de sólidos, líquidos e gases.
Para Pinto (2002) os índices físicos são relações entre as diversas fases, em termos de
massa ou pesos e volumes, que procuram caracterizar as condições físicas em que um solo
se encontra em um dado momento e por isso, pode ser alterado ao longo do tempo, esses
mesmos índices desempenham importante papel no estudo das propriedades dos solos, uma
vez que estas dependem dos seus constituintes e das proporções relativas entre eles, assim
como da interação de uma fase sobre as outras.
De acordo com Bueno e Vilar (1984) em relação ao tamanho das partículas os solos, se
classificam em solos grossos (pedregulhos e areias), e solos de granulação fina (siltes e
argilas). Os pedregulhos são acumulações incoerentes de fragmentos de rocha, com
dimenes maiores que 2 mm. As areias tem origem semelhante à dos pedregulhos,
entretanto as suas dimensões variam entre 2 mm e 0,05 mm, elas são ásperas ao tato, e
estando isenta de finos, não se contraem ao secar, o apresentam plasticidade e
comprimem quase instantaneamente ao serem carregadas. Os siltes são solos de granulação
fina que apresentam pouca ou nenhuma plasticidade, as argilas são solos de granulação
Capítulo 3 Revisão de Literatura
10
muito fina que apresentam características marcantes de plasticidade e elevada resisncia,
quando secas, constituem a fração mais ativa nos solos.
A granulometria é descrita através da representação gráfica da distribuição do diâmetro
aproximado dos grãos de um solo, em que a abscissa é o tamanho das partículas, crescente
para a direita em escala logarítmica, e a ordenada é a percentagem acumulada do solo seco
em relação à massa total seca, com diâmetro menor que o tamanho correspondente
conforme a NBR 6502/1995.
De acordo com NBR 13292/95, a permeabilidade expressa a maior ou menor facilidade
com que a água flui por entre os vazios do solo. O valor da permeabilidade depende da
interligação dos poros, vazios e fraturas do meio. Cascalhos e areias apresentam
permeabilidade elevada, ao contrário das argilas dotadas de elevada porosidade, mas
pequena permeabilidade. Os ensaios podem ser realizados com carga constante e variável.
O coeficiente de permeabilidade é apresentado por K, é medido em cm/seg e depende das
características do fluído, tais como: viscosidade, temperatura e natureza.
Segundo Bueno e Vilar (1980), as principais características do solo que afetam a
permeabilidade são o tamanho das partículas, o índice de vazios o grau de saturação. A
permeabilidade varia grosseiramente com o quadrado do tamanho das partículas.
De acordo com Hillel (1971) a porosidade é um índice do volume relativo dos poros no
solo, seu valor encontra-se geralmente na escala 30 - 60 %. Em solos hidromórficos, a
porosidade é altamente variável, porque o solo muda seu volume alternadamente, encolhe,
agrega, se dispersa, compacta e forma rachaduras na ausência de água. O termo porosidade
indica a fração do volume dos poros, em relação ao volume total, mas este valor deve ser
igual, na média, à porosidade areal (a fração dos poros em uma área de seção transversal
representativa) assim como a porosidade linear média (estando a um comprimento
fracionário dos poros cruzados por uma linha que passa através do solo em algum sentido).
A porosidade total, em todo o caso, não revela nada sobre a distribuição de tamanho dos
poros.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
11
Segundo Fiori e Carmignani (2001) a porosidade é uma propriedade do solo
frequentemente usada para fins de agricultura e, em menor escala, para fins geocnicos,
sendo expressa em porcentagem e pela razão do volume de vazios (Vv) pelo volume total
(V) da massa do solo amostrada: η = Vv / V.
Fiori e Carmignani (2001) afirmam ainda que o índice de vazios é uma medida de
densidade e, portanto representa uma das características mais importantes para definição de
um solo. Dessa propriedade dependem a permeabilidade, a compressibilidade e a
resisncia à ruptura. O índice de vazios de um solo (ε) é expresso pela razão do volume de
vazios (Vv) pelo volume de sólidos (Vs), normalmente é usado como decimal: ε = Vv / Vs.
A Tabela 3.2 classifica a porosidade e o índice de vazios dos solos.
Tabela 3.2 – Classificação da porosidade e do índice de vazios no solo.
POROSIDADE ÍNDICE DE VAZIOS DENOMINAÇÃO
Maior que 50 Maior que 1 Muito alta
50 - 45 1,0 – 0,80 Alta
45 - 35 0,80 – 0,55 Média
35 -30 0,55 – 0,43 Baixa
Menor que 30 Menor que 0,43 Muito baixa
Fonte: Iaeg, 1974 apud Fiori; Carmignani, 2001.
Para Pinto (2002), os valores de índices de vazios dos solos costumam se situar entre 0,5 e
1,5; mas argilas orgânicas podem ocorrer com índices de vazios superiores a 3.
De acordo ainda com Fiori e Carmignani (2001), o teor de umidade, também chamado de
umidade natural do solo é definido como a razão do peso da água (Pa) pelo peso do
material sólido (Ps), sendo expresso em porcentagem. h = Pa / Ps, ou seja, o teor de
umidade natural é a porcentagem de água existente no solo.
Pinto (2002) considera que os teores de umidade dependem do tipo de solo e se situam
geralmente entre 10 e 40%, podendo ocorrer valores muito baixos (solos secos) ou muito
altos (150% ou mais).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
12
O grau de saturação representa a percentagem do volume do solo que contém água (Tabela
3.3). A determinação do grau de saturação é de grande importância no estudo das
propriedades físicas do solo pela sua influência na permeabilidade, na compressibilidade e
na resistência à ruptura. Ele é dado pela razão do volume de água (Va) pelo volume de
vazios (Vv), sendo expresso em percentagem: G= Va / Vv (FIORI; CARMIGNANI,
2001).
Tabela 3.3 - Classificação do grau de saturação.
GRAU DE SATURAÇÃO (%) DENOMINAÇÃO
0 – 0,25 Naturalmente seco
0,25 – 0,50 Úmido
0,50 – 0,80 Muito úmido
0,80 – 0,95 Altamente saturado
0,95 – 1,00 Saturado
Fonte: Iaeg, 1974 apud Fiori; Carmignani, 2001.
No dizer de Fiori e Carmignani (2001), o peso específico de um solo é definido como
sendo a razão entre o peso de um determinado componente das três partes físicas do solo,
pelo seu volume: γ = P / V.
Fiori e Carmignani (2001) definem como peso especifico natural a razão entre o peso da
amostra de solo pelo seu volume, como coletada no campo, o que implica em certo
conteúdo de água, armazenada entre as partículas sólidas: γnat= P / V.
Peso específico dos grãos (ou dos sólidos) é a razão entre o peso dos grãos constituintes do
solo e o volume ocupado pelos mesmos: γg = Ps / Vs (FIORI; CARMIGNANI, 2001).
Segundo Pinto (2002) massa específica natural é a relação entre a quantidade de matéria
(massa) (M) e o volume (V): γ = M / V, normalmente é expressa em ton / m³; kg / dm³ ou
g / cm³.
Umidade higroscópica é o teor de umidade de um solo após secagem por exposição ao ar.
È a relação entre a massa de água contida nos vazios de um solo e a massa das partículas
sólidas (grãos) expressa em percentagem (PINTO, 2002).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
13
A consistência do solo ocorre em função das forças de adesão e coesão, que variam com o
seu grau de umidade. A consistência inclui propriedades como resistência à compressão e
ao esboroamento, friabilidade, plasticidade e pegajosidade. Ela varia com a textura, a
quantidade de matéria orgânica, quantidade e natureza do material coloidal e teor de água.
Os limites de consistência são três e são conhecidos como: Limite de Contração (LC),
Limite de Plasticidade (LP) e Limite de Liquidez (LL), (FIORI; CARMIGNANI, 2001).
Conforme a NBR 6502/1995 (Rochas e solos), o Limite de Liquidez é o teor de umidade
de um solo argiloso correspondente ao estado de consistência limite entre os estados
líquido e plástico.
Limite de plasticidade é o teor de umidade na fronteira entre os estados plástico e semi-
sólido, corresponde ao teor de umidade para o qual o solo começa a se fraturar quando se
tenta moldar com a palma da mão um cilindro com cerca de 3 mm de diâmetro e cerca de
10 cm de comprimento. O ensaio é realizado de acordo com a NBR 7180/1984 (Solo
Determinação do limite de plasticidade). Quando o é possível se obter o (LP) Limite de
Plasticidade de um solo, ele é denominado não plástico (NP), (FIORI; CARMIGNANI,
2001).
De acordo com Bueno e Vilar (1980), a plasticidade pode ser definida em Mecânica dos
solos, como a propriedade que um solo tem de experimentar deformações rápidas, sem que
ocorra variação volumétrica apreciável e ruptura. Para que essa propriedade possa
manifestar-se, compreende-se que a forma característica das partículas finas permita que
elas deslizem uma por sobre as outras, desde que haja quantidade suficiente de água para
atuar como lubrificante. Ou seja, a plasticidade está associada aos solos finos, e depende
do argilo-mineral e da quantidade de água no solo.
No dizer de Fiori e Carmignani (2001), o Limite de Contração corresponde ao teor de
umidade de um solo a partir do qual não mais se contrai, não obstante continue a perder
peso, em função da perda de água por secamento, ou seja, o teor de umidade necessário
para preencher totalmente os vazios de uma amostra contraída no secamento lento.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
14
O Índice de Plasticidade (IP) mede a maleabilidade dos solos e fisicamente representa a
quantidade de água necessária para que um solo passe do estado plástico ao líquido. E
mede também a tendência à expansão do solo, calculado pela diferença entre LL e LP.
(FIORI; CARMIGNANI, 2001).
Segundo Pinto (2002) a compactação é entendida como a ão mecânica por meio da qual
se impõe ao solo uma redução do seu índice de vazios, através da expulsão de ar dos poros.
A compactação tem em vista dois aspectos: aumentar a intimidade de contato entre os
grãos e tornar o aterro mais homogêneo.
De acordo com a NBR 6502/1995 o ensaio de compactação determina a relação entre o
teor de umidade e a massa específica seca do solo, quando compactado de acordo com os
processos especificados.
Para Oliveira (1999), apud Alves (2004) as tenes de cisalhamento potencializam em
encostas e paredes de voçorocas da seguinte forma: remoção de suporte lateral, sobrecarga,
colapso, pressão lateral e outros tipos de tensões relacionadas com vibrações de diversas
origens. São considerados aspectos físicos que reduzem as tensões de cisalhamento:
composição e textura; natureza e resultantes físico-químicas sobre materiais; ações da água
matricial; reorganização da estrutura; extirpação da vegetação.
Segundo a NBR 6502/1995, o ensaio de cisalhamento direto é o que ocorre em laboratório
onde um corpo de prova é submetido a uma tensão normal e solicitado até haja a ruptura
pelo deslocamento de uma porção da amostra em relação à outra, segundo um plano de
cisalhamento pré-definido. Este ensaio é destinado à determinação dos parâmetros de
resisncia ao cisalhamento do solo.
É importante ressaltar que além das propriedades mecânicas do solo existem ensaios de
laboratório com a finalidade específica de caracterizar e identificar propriedades dos solos
através do azul de metileno, quantidade de matéria orgânica e pH.
No dizer de Pejon (1992), o azul de metileno é um corante ornico que apresenta a
composição química C16 H18 N3 S CL 3H2O, com o nome de cloridrato de metiltiamina.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
15
Caracteriza-se como um corante catiônico, ou seja, em solução aquosa apresenta-se
dissociado em ânions cloreto e tions azul de metileno (C16 H18 N3 S+). O método da
adsorção do azul de metileno permite a determinação da capacidade de troca de cátions
(CTC) e da superfície especifica (SE) dos argilo-minerais. Segundo Chen et al (1974) o
cátion azul de metileno substitui os cátions Na+, Ca²+, K+ Mg²+ e H3O+, absorvidos aos
argilo-minerais, ocorrendo um processo de adsorção irreversível, caracterizando-se como
uma forma de medida da capacidade de troca catiônica.
O ensaio de adsorção de azul de metileno pelo método da mancha, utilizado por FABBRI
(1994), apud Oliveira (2005) consiste na titulão de uma suspensão de 1,0 g de solo
(passado na peneira 0,0074 mm) em 100 ml de água com uma solução de azul de metileno
padronizada, (1,0 g de sal de azul de metileno anidro por litro de solução), em meio
intensamente agitado. Após a adição de 1 ml da solução do corante e 1 minuto de agitação,
retira-se uma gota da suspensão (corante + solo + água), que é pingada sobre um papel de
filtro. Se a mancha formada pela difuo da gota no papel apresentar uma aura azul clara
ou esverdeada, significa que excesso de corante na solução, senão adiciona-se mais um
ml do corante e após 1 minuto de agitação, repete-se o teste da mancha aatingir-se o
ponto onde há excesso de corante, designado como ponto de viragem.
Segundo Guerra (2005) o potencial hidrogeniônico (pH) tem uma função determinante no
solo, um solo ácido possui maior concentração de microorganismos e consequentemente
aumento do conteúdo orgânico, característica que diminui a erodibilidade.
A quantificação da matéria orgânica é de importância fundamental para o analise de
erosão. Ela influencia muito nas propriedades tais como a absorção e a retenção de água e
plasticidade. A determinação da quantidade de matéria orgânica existente foi através do
método de calcinação Loss of Ignitioneste método consiste em secar 4 g de cada
amostra previamente seca a 105ºC posteriormente estas amostras são levadas a uma mufla
que é aquecida por 5 h a 250ºC. posteriormente a amostra é pesada e a diferença entre o
peso inicial e final corresponde ao teor de matéria orgânica.
Para Wischmeier; Smith (1978) fator (K) de Erodibilidade do solo representa a
suscetibilidade do solo em ser erodido e é dado pelas características intrínsecas do mesmo.
Este valor pode ser obtido diretamente através de ensaios de laboratório e campo ou
Capítulo 3 Revisão de Literatura
16
através de métodos indiretos. Ambos propõem o uso de um nomograma para determinação
deste valor, este nomograma para o cálculo da erodibilidade do solo inclui cinco
parâmetros: % de argila, % de areia grossa, % de matéria orgânica (OM), estrutura (s) e
permeabilidade (p). Cada parâmetro foi classificado por classes, de acordo com as Tabelas
3.4 e 3.5.
Tabela 3.4 – Classes de estruturas.
CLASSES DESCRIÇÃO
1 granular muito fina (< 1 mm)
2 granular fina (1 – 2 mm)
3 granular grosseira (> 2 mm)
4 em bloco, massas ou placas
Tabela 3.5 – Classes de permeabilidade.
CLASSES NOMENCLATURA
PERMEABILIDADE
(mm/h)
1 Muito lenta < 5
2 Lenta 20 - 5
3 Moderadamente lenta 20 – 63,5
4 Moderada 63,5 - 127
5 Moderadamente rápida 127 - 254
6 Rápida > 254
3.3 – Erosão do solo
A palavra erosão está etimologicamente ligada ao verbo erodere (latim) que, significa
corroer, desgastar. Esse termo tem sido conceituado e discutido por vários autores, com
diversos enfoques ao longo de várias décadas, em muitos paises. Como por exemplo, nas
obras de Bennett, 1939; Ellison, 1947; Meyer et al., 1975; SCSA, 1976; Hóly, 1980;
Zachar, 1982; Bigarella e Mazuchowski, 1985; DAEE, 1989; Rodrigues, 1992; weggel et
al., 1992; Onda, 1994; Morgan, 1995; Vandaele et al., 1996, Nishiyama, 1998; Bastos,
1999 apud (SOUZA, 2000).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
17
A eroo como um processo natural, é considerada um agente geológico que provoca a
modificação das paisagens terrestres e, como tal, é geralmente lenta e medida pelo tempo
geológico. A interferência humana geralmente altera esse processo natural, acelerando a
sua ação e aumentando a sua intensidade (BASTOS, 1999 apud SOUZA, 2000).
A erosão é definida como desgaste da superfície da terra por ação da água pluvial, do
vento, do gelo ou por outros agentes geológicos, incluindo processos como o rastejamento
gravitacional. Particularmente é útil distinguir duas classes de erosão: geológica e
aceleradas, embora outras classificações recentes propostas, possam ser úteis em situações
particulares (ARNOUDUS 1974, apud EL-SWAIFY et al., 1982).
A forma mais comum de erosão é a perda da camada superficial do solo pela ação da água
e / ou vento. O escoamento superficial da água carrega a camada superior do solo; isso
ocorre sob a maioria das condições físicas e climáticas. O deslocamento de partículas da
camada superior pela ação do vento é mais comum em climas árido e semi-árido do que
sob as condições mais úmidas. A perda da camada de solo, seja pela ação da água ou do
vento, reduz a fertilidade pelas seguintes razões: a) conforme o solo se torna mais denso e
fino, fica menos penetrável as raízes e pode se tornar superficial demais a elas; b) reduz a
capacidade do solo de reter água e torná-la disponível as plantas, e c) os nutrientes para as
plantas são levados com as partículas de solos erodidas (ARAÚJO et al, 2005).
De acordo com Guerra; Guerra (1997) existem vários tipos de erosão e podem receber a
seguinte classificação:
“- Erosão Acelerada é o mesmo que erosão antropogenética ou antrópica.
Realizada na superfície terrestre pela intervenção humana, ocasionando um
desequilíbrio ambiental. É o aceleramento da erosão nas camadas superficiais
do solo, motivado por desmatamentos, cortes de barrancos em estradas, etc.
- Erosão de Ravinamento é o escavamento produzido pelo lençol de escoamento
superficial ao sofrer certas concentrações resultando em erosão e sulcos (rill
erosion).
- Erosão Diferencial é a realização do trabalho desigual dos agentes erosivos ao
devastarem a superfície do relevo. Há rochas que resistem mais a um
determinado tipo de erosão, e outras menos, da mesma maneira há certos
acidentes produzidos pela tectônica, como fraturamento, que favorecem o
Capítulo 3 Revisão de Literatura
18
trabalho de certos agentes de erosão. Esse jogo de resistência desigual, oposto
pelas rochas aos agentes erosivos, constitui a erosão diferencial.
- Erosão Elementar é o conjunto de fatores que concorrem lentamente nas
transformações da paisagem. Pode-se agrupá-los nos seguintes processos:
variação da temperatura – amplitudes térmicasm grande importância na
fragmentação das rochas; desagregação mecânica esfoliação das rochas
dando pães-de-açúcar (granitos e gnaisses do Rio de Janeiro e Espírito Santo);
gelo e degelo decomposição química reduz a fragmentos menores os produtos
desagregados pelos agentes mecânicos. A erosão elementar é também conhecida
como meteorização ou intemperismo.
- Erosão em Lençol ou Laminar é a erosão causada pelo escoamento em lençol.
Não há escoamento de fluxos em ravinas, neste estágio do escoamento que é
difuso.
- Erosão Espasmódica refere-se a erosão que age de modo intermitente e com
grande violência. Como exemplo pode citar a erosão produzida pelas torrentes,
cujo regime é espasmódico, isto é, intermitente. Esta nomenclatura é pouco
utilizada por certos autores.
- Erosão Fluvial ou Linear é o trabalho contínuo das águas correntes na
superfície do globo terrestre, é também chamada de erosão normal pelos
geomorfólogos nas regiões temperadas. Os geólogos chamam de erosão natural
ou erosão geológica. Para os morfologistas europeus, ela é restrita apenas ao
trabalho de modelagem do relevo, feito pelos rios. Os geólogos dão um sentido
mais amplo considerando todos os efetivos dinâmicos exógenos de gliptogênese,
em que o homem não tenha interferência, como erosão geológica. A erosão
fluvial é de grande importância para os morfologistas, pois o estudo da rede
hidrográfica pode, muitas vezes, tirar conclusões de ordem morfológica.
- Erosão Geológica ou Natural é realizada normalmente pelos diversos agentes
erosivos sem que haja a intervenção do homem, acelerando o trabalho de
destruição e construção feito por estes agentes.
- Erosão Pluvial ou Pluvierosão é o trabalho executado pelas águas das chuvas
na superfície do relevo. A ão das chuvas será tanto mais importante quanto
maior for a quantidade precipitada no espaço mínimo de tempo.”
A eroo é um dos principais fenômenos geológicos que ocorre na Terra e se processa de
várias formas se considerarmos o seu ambiente de ocorrência. A erosão acelerada
conhecida por voçoroca, se desenvolve pelo escoamento da água, condicionado por fatores
locais. Os fatores influentes do quadro erosivo são interdependentes e constituem um
Capítulo 3 Revisão de Literatura
19
número relativamente elevado, dentre eles pode destacar os fatores climáticos, natureza do
terreno, relevo, cobertura vegetal, ação antrópica e ação da água (RODRIGUES, 1982).
A erosão antrópica ou acelerada é resultante da ocupação inadequados solos por atividades
agrícolas ou urbanas, que aceleram e intensificam os processos erosivos devido às
condições induzidas ou modificadas pelo homem ao solo. As condições mais favoráveis
estão presentes em solos sem cobertura vegetal, compactados e recentemente
movimentados através do preparo motomecanizado, ocasionando como efeitos o aumento
na desagregação do solo, diminuão da capacidade de infiltração de água no solo e
consequentemente aumento do escoamento superficial (BERTONI; LOMBARDI NETO,
1990, apud FUJIHARA, 2002).
Para Araújo et al (2005) os diferentes tipos de erosão podem ser causados pelos diversos
agentes, conforme Tabela 3.6.
Tabela 3.6 – Agente e tipos de erosão.
AGENTE TIPO DE EROSÃO OU PROCESSO DE DEGRADAÇÃO
Água 1 – Efeito splash
2 – Erosão laminar
3 – Ravinamento
4 – Voçorocas
5 – Erosão do canal fluvial
6 – Ação em ondas
7 – Dutos e solapamentos
Gelo 1 – Fluxo de sólidos
2 – Erosão glacial
3 – Arrancamento do gelo
Vento A erosão eólica não pode ser subclassificada em
tipos, ela varia principalmente por grau.
Gravidade 1 – Rastejamento
2 – Fluxo de terra
3 – Avalanches
4 – Deslizamentos de terra
Fonte: Adaptada de Gray e Sotir (1996) Araújo et al (2005).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
20
De acordo com Souza (2000) a utilização de alguns termos relativos à feições erosivas
oriundas da literatura inglesa no Brasil, tem gerado algumas controvérsias semânticas. Os
principais termos adotados por diversos autores são: sheet erosion (laminar ou lençol), rill
(linear), gully, gully erosion (profunda), interrill erosion (intersulco), piping e stream bank
erosion (erosão marginal ou de margem).
Segundo Nishiyama (1989) apud SOUZA (2000), gully erosion consiste na remoção de
solos e materiais alterados a montante, pela ação do fluxo concentrado, resultando na
formação de canais. No entanto, esses canais, quando não podem ser refeitos por operações
normais de preparo de solo, são denominados gully.
Os sulcos são incisões que se formam nos solos em função do escoamento superficial
concentrado (Figura 3.1). As ravinas são um tipo de sulco mais desenvolvido. As
voçorocas ou o escavações ou rasgões do solo ou de rocha decomposta, resultante da
erosão do lençol de escoamento superficial. As voçorocas em grandes números e
relativamente paralelas dão aparecimento a verdadeiras áreas voçorocadas, normalmente
terras impróprias para a agricultura, muito prejudicadas pela erosão pluvial, e cheias de
sulcos e valetas de profundidades variadas (GUERRA; GUERRA, 1997).
FIGURA 3.1 – Formação de sulcos na superfície do terreno.
Dispovel em: DAEE/IPT, 1990 apud http://sidklein.vilabol.uol.com.br/pos/metexp.htm.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
21
Segundo Rodrigues (1982) o termo voçoroca deriva do tupi-guarani IBI-ÇOROC e
corresponde a terra rasgada ou rasgão no solo. Dependendo da região onde ocorre,
atribuem-se outros nomes para o mesmo processo erosivo, tais como: vossoroca, buracão,
grota, grotão, desbarrancado, botoroca, soroca, cavão, barroca (Portugal), lavaka
(Republica Malgaxe), donga (África do Sul) e “gully erosion (países da língua inglesa).
As voçorocas são ravinas profundas de erosão que se desenvolvem, tanto em sedimentos
quanto em solos, nos taludes naturais e artificiais. Esse tipo de erosão surge em qualquer
terreno, porém preferencialmente nos sedimentos silto-arenosos recentes, face à relativa
facilidade que são erodidos, devido a sua baixa compacidade (RODRIGUES, 1982).
Para Gerits et al (1987), a voçoroca é caracterizada na maioria das vezes pela intensa
incisão de água em um canal, mas alguns canais são dissecados com a associação da água
aos sedimentos. Em áreas voçorocadas a distribuição do canal parece freqüentemente
coincidir com determinadas unidades litológicas. Esta coincidência pode ter diversas
causas:
A unidade litológica pode ocupar determinadas posições críticas na paisagem.
Podem coincidir com as inclinações particularmente íngremes.
As características de superfície de produtos do intemperismo podem criticamente
afetar a hidráulica e a concentração do fluxo de superfície.
Oliveira (1999) apresenta modelo evolutivo de voçorocas, modificado de Oliveira; Meis
(1985) e Oliveira (1989). São três os principais modelos apresentados: voçoroca conectada
à rede hidrográfica, voçoroca desconectada da rede hidrográfica e integração entre os dois
tipos. A encosta é subdividida em elementos geométricos tal como proposto por Ruhe
(1974) sendo TS toeslope; FS footslope; BS backslope; SH shouder; SU summit (Figura
3.2).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
22
Segundo Iwasa e Prandini (1980 apud RODRIGUES, 1982) a gênese e evolução de
voçorocas é condição fundamental para preveão e correção dos fenômenos erosivos. As
voçorocas são decorrentes do mau uso e ocupação do solo e dos métodos de combate ao
fenômeno erosivo que são inadequados frente aos seus mecanismos de evolução.
Vieira (1973) apud Rodrigues (2002) ao estudar as voçorocas da região de Franca (SP),
apresentou uma análise morfométrica, na qual relaciona os fatores que considera como
componentes do processo erosivo acelerado, tais como clima, litologia-estrutura,
hidrologia, topografia, biogeografia e ação antrópica, ressaltando que se um destes fatores
for alterado, o equilíbrio de todo o sistema será rompido. Aponta a meteorização, a eroo
pela gota de chuva, o escoamento pluvial, a água de infiltração, os movimentos do regolito,
como sendo os principais processos morfogenéticos atuantes no fenômeno do
voçorocamento.
FIGURA 3.2 – Modelo evolutivo de voçorocas.
Fonte: Modificado de Oliveira e Meis (1985) e Oliveira (1989).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
23
De acordo com Guerra (2005) as voçorocas são formas resultantes de processos erosivos
acelerados que evoluem no tempo e no espaço. Dessa maneira, para se conhecer como e
para onde estão evoluindo, é necessário fazer seu monitoramento. Existem diversas formas
de avaliar a sua evolução. Uma das maneiras é colocar estacas no solo ao redor das
voçorocas, afastadas umas das outras cerca de 20 metros (esse afastamento pode ser maior,
caso a dimensão da voçoroca seja quilométrica), com afastamento de pelo menos dez
metros das bordas da voçoroca. A cada dois ou três meses (ou com uma periodicidade
relacionada a distribuição temporal das chuvas) retorna-se ao local e realiza-se nova
medição.
Segundo Rodrigues (2002) a erosão produzida pela interferência humana é um processo
existente desde a antiguidade, assumindo proporções alarmantes em várias partes do
mundo, podendo-se observar diferentes feições erosivas que vão desde a erosão laminar,
imperceptível nos seus estágios iniciais, até os voçorocamentos.
Um dos processos erosivos mais comuns nas áreas urbanas e também em áreas rurais é a
erosão fluvial. Uma vez instalada no curso superior de um rio, isto é, nas regiões próximas
as cabeceiras, onde predomina geralmente, a atividade erosiva e transportadora, uma
grande quantidade de detritos fornecidos pela água de rolamento, os quais ocorrem sobre
as encostas e se juntam aos detritos originados da atividade erosiva do próprio rio. Nestas
condições o rio aumenta a profundidade de seu leito, determinando uma forma de vale que
lembra a de “Vagudo, são os chamados vales em “V”. No seu curso médio, graças a
menor declividade, há a diminuição da velocidade das águas e do seu poder transportador,
ocasionando uma possível deposição dos fragmentos maiores, que o agora proteger o
fundo do rio contra o trabalho erosivo. Com o aumento da deposição de detritos nas
regiões de menor velocidade, verificam-se uma mudança na configuração do vale, que
passaa ter a forma de um “U” bastante aberto, de base muitas vezes maior que os lados.
Tal configuração decorre da deposição no fundo e da erosão que passou a ser lateral
(LEINZ; AMARAL, 1995).
Para Pickup (1984) as características dos sedimentos depositados ao longo dos rios
dependem de três fatores principais: a fonte da carga da bacia da drenagem, a capacidade
do rio de classificar e transportar os sedimentos e a severidade da extensão da abrasão e
Capítulo 3 Revisão de Literatura
24
das outras forças que conduzem ao desgaste e a fragmentação da partícula, incluindo a
litologia.
Araújo et al. (2005) em relação Equação Universal de Perdas de Solo (USLE) afirma:
“No princípio dos anos 60, o Departamento de Agricultura Americano (USDA)
desenvolveu uma equação semi-empírica conhecida como Equação Universal de
Perdas de Solo (USLE Universal Soil Loss Equation). A USLE leva em
consideração todos os fatores conhecidos que afetam a erosão pluvial, ou seja,
clima, solo, topografia e cobertura vegetal. A equação é baseada na análise
estatística da erosão mensurada no campo, em uma classificação de parcelas de
experimentação, sob chuva natural e simulada. Apesar e suas limitações a USLE
fornece um método simples e fácil de estimar as perdas de solo. A perda anual
do solo de um dado local é prevista de acordo com a seguinte relação.
E = R.K.L.S.C.P onde:
E = perda de solo calculada por unidade de área
R = erodibilidade da chuva
K = erodibilidade do solo
L = comprimento da encosta
S = declividade da encosta
C = fator de cobertura do solo
P = fator referente as práticas de controle da erosão”.
Os riscos de erosão dependem tanto das condições naturais quanto do modelo do uso da
terra. O clima (especialmente a intensidade da chuva), as características das encostas, a
cobertura vegetal e a natureza do solo também são importantes. Com respeito ao uso da
terra qualquer atividade humana que exija a remoção da cobertura vegetal protetora
(florestas, arbustos, forragens, etc.) promove a erosão (ARAÚJO et al., 2005).
3.4 – Movimentos gravitacionais
Os movimentos gravitacionais são grandes deslocamentos de massa, ocorrem geralmente
em taludes ou encostas de morros podendo ter sua causa na interferência antrópica ou não.
A estabilidade das encostas é regulada por variáveis topográficas, geológicas e climáticas
que controlam a força de cisalhamento e a resistência ao cisalhamento em uma encosta. As
encostas deslizam quando a força excede a resistência ao cisalhamento, ao longo de um
plano de deslizamento crítico. O fator de segurança de uma encosta é definido como a
Capítulo 3 Revisão de Literatura
25
razão entre a força de cisalhamento e a resistência a ele, ao longo de uma superfície de
cisalhamento crítica. A superfície com menor proporção é a superfície de cisalhamento, ela
também demarca o limite entre o solo estável e o dinâmico. O termo deslizamento,
implicitamente, especifica um movimento relativo entre os dois (ARAÚJO et al., 2005).
Os movimentos de massa foram classificados em categorias baseadas principalmente no
tipo de movimento e material envolvido, Varnes, (1978) apud Araújo et al., (2005). O
deslizamento é um movimento relativamente lento da encosta, no qual a força de
cisalhamento ocorre ao longo de uma superfície especifica, ou uma combinação de
superfícies que constituem o plano de cisalhamento.
As Corridas são movimentos rápidos nos quais os materiais se comportam como fluidos
altamente viscosos. A distinção de corridas e escorregamentos nem sempre é fácil de ser
feita no campo. Muitas vezes, a origem de uma corrida é representada por um típico
escorregamento indicando que, em muitos casos, as corridas são movimentos complexos.
Caracteriza-se pelo movimento semelhante de um líquido viscoso desenvolvimento ao
longo das drenagens; velocidades médias a altas; mobilização de solo, rocha, detritos e
água; grandes volumes de material; extenso raio de alcance, mesmo em áreas planas
(FERNANDES; AMARAL, 1996).
Segundo Araújo et al. (2005) as corridas são originadas a partir de um grande aporte de
material para as drenagens. Esses materiais, associados com um determinado volume de
água, acaba formando uma massa viscosa com alto poder destrutivo e de transporte, e com
extenso raio de alcance. São causadas por índices pluviométricos excepcionais, sendo mais
raros que os demais movimentos de massa, porém mais destrutivos”.
Os Escorregamentos são também definidos como queda de barreiras, desbarrancamentos e
deslizamentos, são caracterizados como movimentos rápidos, de curta duração, com plano
de ruptura bem definido, permitindo a distinção entre o material deslizado e aquele não
movimentado, pode ser constituído por solo, rocha, por uma complexa mistura de solo e
rocha ou até mesmo por lixo doméstico. As principais causas dos escorregamentos são:
lançamento e concentração de águas pluviais, lançamento de águas servidas, vazamentos
na rede de abastecimento da água, fossa sanitária, declividade e altura excessiva dos cortes,
Capítulo 3 Revisão de Literatura
26
execução inadequada dos aterros, deposição de lixo e remoção indiscriminada da cobertura
vegetal (FERNANDES; AMARAL, 1996).
Segundo Fernandes; Amaral (1996) os Escorregamentos são geralmente divididos com
base na forma do plano de ruptura e no tipo de material em movimento. Quanto à forma do
plano de ruptura os escorregamentos subdividem-se em translacionais e rotacionais:
“Escorregamentos Rotacionais são movimentos possuem uma supercie de
ruptura curva, côncava para cima, ao longo da qual se um movimento
rotacional da massa de solo. Dentre as condições que mais favorecem a geração
desses movimentos destaca-se a existência de solos espessos e homogêneos,
sendo comuns em encostas compostas por material de alteração originado de
rochas argilosas como argilitos e folhelhos. O início do movimento está
associado muitas vezes a cortes na base desses materiais, sejam eles artificiais,
como na implantação de uma estrada, ou mesmo naturais, originados, por
exemplo, pela erosão fluvial no sopé da encosta”.
“Os Escorregamentos Translacionais representam a forma mais freqüente entre
todos os tipos de movimentos de massa. Possuem supercie de ruptura com
forma planar a qual acompanha, de modo geral, descontinuidades mecânicas
e/ou hidrológicas existentes no interior do material. Tais planos de fraqueza
podem ser resultantes da atividade de processos geológicos (acamamentos,
fraturas), geomorfológicos (depósitos de encostas) ou pedológicos (contatos
entre horizontes, contato entre saprolito). Os escorregamentos translacionais
são, em geral, compridos e rasos, onde o plano de ruptura encontra-se, na
grande maioria das vezes em profundidades que variam de 0,5m a 5,0m. Os
materiais deslizados são subdivididos em: Rocha; Solo residual; Talús /
colúvios; Lixo; Massa de detritos, uma combinação de diferentes granulometria
e gênese variada”.
Queda de Blocos são movimentos rápidos de blocos e/ou lascas de rocha caindo pela ação
da gravidade sem a presença de uma superfície de deslizamento, na forma de queda livre.
Ocorrem em encostas íngremes de paredões rochosos e contribuem decisivamente para a
formação dos depósitos de tálus. A ocorrência de quedas de blocos é favorecida pela
presença de descontinuidades na rocha, tais como fraturas e bandamentos composicionais,
assim, como pelo avanço dos processos de intemperismo físico e químico (FERNANDES;
AMARAL, 1996).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
27
Os Tombamentos acontecem em encostas/taludes íngremes de rochas com
descontinuidades verticais, onde a mudaa da geometria acaba propiciando o tombamento
das paredes do talude (FERNANDES; AMARAL, 1996).
Na Figura 3.3 pode-se observar o abatimento do talude caracterizando um movimento de
massa.
Rastejo ou fluência são movimentos lentos associados a alterações climáticas sazonais
(umedecimento e secagem). Este processo não apresenta superfície de ruptura (limite entre
a massa de movimentação e o terreno estável) bem definida. Afetam tanto a superfície
quanto as camadas mais profundas, e podem preceder movimentações mais rápidas, como
os escorregamentos (FERNANDES; AMARAL, 1996).
O rastejo consiste em movimento descendente, lento e contínuo da massa de solo de um
talude, caracterizando uma deformação plástica, sem geometria e superfície de ruptura
definidas. Ocorrem geralmente em horizontes superficiais de solo e de transição
solo/rocha, como também em rochas alteradas e fraturadas. A ocorrência de rastejo pode
ser identificada através da observação de indícios indiretos (Figura 3.4), tais como:
encurvamento de árvores, postes e cercas, fraturamento da superfície do solo e de
FIGURA 3.3 – Abatimento dos taludes.
Dispovel em: DAEE/IPT, 1990 apud http//sidklein.vilabol.uol.com.br/metexp.htm.
Acesso em: 02 nov. 2007
Capítulo 3 Revisão de Literatura
28
pavimentos, além do "embarrigamento" de muros de arrimo (UNESP, 2007). Disponível
em: <http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/inter09a.html. > Acesso em: 02 nov. 2007.
3.5 – Relevo
O estudo das formas de relevo deriva substancialmente das concepções geológicas do
culo XVIII, que representaram a tendência naturalista prática, subjugada aos interesses
do sistema de produção capitalista em desenvolvimento. Em torno de 1850 a geologia
havia chegado a grandes interpretações de conjunto da crosta terrestre, contando com um
corpo teórico ordenado. A partir de então, registraram-se as primeiras contribuições dos
glogos nos estudos do relevo, dentre os quais podem se destacar os trabalhos de A.
Surell, expondo esquema clássico de erosão torrencial; de Jean L. Agassiz, estabelecendo
as bases da morfologia glacial; de W. Jukes, apresentando os primeiros conceitos sobre os
traçados dos rios; de Andrew Ramsay e Grove K. Gilbert, evidenciando a capacidade de
aplainamento das águas correntes; de John W. Powell e Clarence E. Dutton, calculando os
FIGURA 3.4 – Movimento de massa (Rastejo).
Dispovel em: http://www.rc.unesp.br/igce/aplicada/ead/interacao/inter09a.html
Acesso em: 02 nov. 2007.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
29
ritmos de arraste e sedimentação dos materiais (JIMÉNEZ; CANTERO, 1982, apud
CASSETI, 1994).
Gerrard, 1992; Goudie, 1995; Goudie; Viles, 1997; Guerra, 1999 e 2001; Cunha; Guerra
2000; Fernandes; Amaral, 2000; apud Araújo et al, 2005, afirmam que o estudo das formas
de relevo é de importância fundamental para a recuperação de áreas degradadas. Na
realidade, as atividades econômicas que o homem desenvolve na superfície terrestre estão
situadas sobre alguma forma de relevo e algum tipo de solo. Essas formas de relevo darão
uma resposta, que pode ser mais catastrófica ou de menor impacto, dependendo do tipo de
uso e manejo do solo, e também das características do meio físico.
A geomorfologia constitui-se em um elemento essencial para análise do ambiente físico,
visto que as variedades das formas na superfície revelam os processos morfodinâmicos que
nele atuaram e continuam atuando. Tais processos são os testemunhos de eventos ocorridos
no passado, mostrando como as formas se ajustam de maneira diferenciada (FELTRAN
FILHO, 1997 apud RODRIGUES, 2002).
Fontes (1999) apud Rodrigues (2002) afirmam que o relevo também determina a
velocidade dos processos erosivos. Maiores velocidades de erosão podem ser mais
esperadas em relevos acidentados do que em relevos suaves, visto que as declividades mais
acentuadas favorecem o desenvolvimento de maiores velocidades de escoamento das
águas, aumentando assim sua capacidade erosiva. A declividade tem maior importância
quanto maior for o trecho percorrido pela água que escoa, isto é, quanto maior for o
comprimento da encosta. Desta forma a influência do relevo na erosão é analisada
respeitando-se os fatores declividade e comprimento e forma das encostas.
Para Rodrigues (1982) a declividade é indubitavelmente o fator topográfico mais relevante
no condicionamento da gênese e evolução das voçorocas. Quanto maior for a inclinação da
encosta, mais acentuado e volumoso será o escoamento superficial, o que acelerará os
fenômenos erosivos. A análise da declividade de uma encosta pode ser expressa
simplesmente por um único valor em graus. Para isto toma-se a diferença de nível entre
dois pontos com as cotas mais elevada e mais baixa da encosta e a relacionamos com a
distância horizontal entre eles. Essa análise não representa salvo exceções, as variações que
Capítulo 3 Revisão de Literatura
30
geralmente ocorrem ao longo da encosta. Uma análise mais realista deve considerar pelo
menos três valores de declividade, sendo um na parte baixa, outro no trecho médio e o
último no topo da encosta.
De acordo com Guerra e Cunha (1996) a declividade é a informação básica de topografia
utilizada nas metodologias de identificação de áreas potenciais ao processo de erosão e nos
sistemas de avaliação do planejamento e uso da terra. As classes de declividades e
classificação do relevo em relação à declividade podem ser visualizadas nas Tabelas 3.7 e
3.8.
Tabela 3.7 – Classes de declividades.
CATEGORIAS PERCENTAGEM (%)
Muito fraca Até 6%
Fraca De 6% a 12%
Média De 12 a 20%
Forte De 20 a 30%
Muito forte Acima de 30%
Fonte: Guerra e Cunha (1996).
Tabela 3.8 – Classificação do relevo em relação às classes de declividade.
CLASSE DE DECLIVIDADE (%) CLASSE DE RELEVO
0 a 3 Plano
3,1 a 8 Suave ondulado
8 a 20 Ondulado
20 45 Forte ondulado
Fonte: Assad e Sano (1998) apud Fujihara 2002.
A declividade fornece a medida de inclinação (em graus ou percentual) do relevo em
relação ao plano do horizonte. A velocidade de deslocamento de material e, portanto, a
capacidade de transporte de massas sólidas e líquidas, é diretamente proporcional à
declividade. Esta variável tem grande importância nos processos geomorfológicos,
condicionando cursos de água e deslocamento de colúvio (Christofolletti, 1974; Clark e
Capítulo 3 Revisão de Literatura
31
Small, 1982; Tarboton et al., 1991; Crepani et al., 1999; Nogami, 1998). Disponível em:
http//www.obt.inpe.br/pgsere/Sestini-M-F-1999/cap2.pdf). Acesso em: 14 out. 2007.
A topografia da bacia é um importante contribuinte através da rugosidade topográfica e da
presença de declives acentuados, instáveis, ela tem um papel relevante no equilíbrio das
encostas sendo um dos fatores da erosão potencial e dos movimentos de massa (GUERRA;
CUNHA, 1996).
O comprimento das encostas também é um fator significativo nos processos erosivos
acelerados, pois o aumento no comprimento de uma encosta faz com que ocorra um
aumento no volume do escoamento superficial e, consequentemente, um aumento na
intensidade da erosão, sobretudo sob a forma de sulcos (NISHIYAMA, 1998 apud
RODRIGUES, 2002).
A morfologia de uma encosta, em perfil e em planta, pode condicionar tanto de forma
direta quanto indireta, a geração de movimentos de massa. Mapeamentos de campo
revelam, no entanto, que o maior número de movimentos de massa não ocorre,
necessariamente, nas encostas mais íngremes. Salter et al. (1981), estudando a distribuição
de deslizamentos na Nova Zelândia após chuvas intensas observaram que 97% dos
deslizamentos ocorreram em encostas com declividade acima de 20º. No entanto a maior
densidade de movimentos não se deu nas encostas mais íngremes (<35º), mas sim nas
encostas com declividades entre 2 25º. Tal comportamento foi atribuído a variações no
tipo de cobertura vegetal e no fato de que nas encostas mais íngremes os solos teriam
sido removidos por movimentos anteriores (FERNANDES; AMARAL, 1996).
Bloom (1970), apud Rodrigues (1982) utilizando-se dos modelos geométricos de vertente
de Troeh (1965), divide os quatro principais tipos de encostas em dois grupos (Figura 3.5):
“a) coletoras de água”, com contornos côncavos (quadrantes I e II);”
“b) distribuidoras de água”, com contornos convexos (quadrantes II e IV).”
“O eixo vertical do diagrama separa as encostas com perfis convexos, que
facilitam o desenvolvimento do rastejamento (quadrantes II e III), das encostas
com perfis côncavos, que favorecem a lavagem pela água das chuvas
(quadrantes I e IV).“
Capítulo 3 Revisão de Literatura
32
3.6 – Ação das chuvas no solo
Segundo Guerra (1999), o ciclo hidrológico (Figura 3.6) é o ponto de partida dos processos
erosivos, o efeito splash ou impacto da gota de chuva sobre o solo é o primeiro estágio do
processo erosivo, porque ele é responsável direto pela ruptura dos agregados, diminuindo a
superfície de contato, selando a parte superior do solo e facilitando, portanto o transporte
das partículas pelo escoamento superficial. As gotas de chuva têm uma grande importância
no fenômeno erosivo, pois quando elas caem sobre o solo descoberto, podem compactá-lo
e desagregá-lo aos poucos.
FIGURA 3.6 – Ciclo Hidrológico.
Fonte: Magossi e Bonacella (2001).
FIGURA 3.5 – Classificação dos elementos de encostas de uma paisagem
de acordo com a forma e os processos operantes.
Fonte: Adaptada Troeh (1965) apud Rodrigues 1982.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
33
Carson e Kirkby (1975), Nishiyama (1998) apud Rodrigues (2002) entendem que a chuva
ao alcançar a superfície do terreno, subdivide-se em vários componentes (Figura 3.7). Parte
dela é retirada pela vegetação permanecendo sobre sua superfície foliar, evaporando-se
posteriormente, outra parte chega à superfície do terreno mediante gotejamento, após
sofrer um retardamento, parte da água da chuva chega á superfície do solo preenchendo
pequenas irregularidades da superfície, produzindo um armazenamento superficial, se o
solo estiver saturado e escoando superficialmente o excedente, a água que percola através
da superfície do solo pode incorporar-se nele sob a forma de umidade ou continuar
percolando até atingir a zona saturada. Entretanto, existem situações em que os horizontes
do solo menos permeáveis, ou mesmo o substrato rochoso estando presentes, a água da
percolação movimenta-se lateralmente formando um fluxo subsuperficial (througflow).
O efeito splash constitui-se na etapa inicial da erosão (Figura 3.8), seguido pelo
escoamento da água sobre a vertente, responsável pela retirada e transporte do material
desagregado. Tais efeitos resultam, via de regra, da remoção da cobertura vegetal quando
da ocupação da vertente, agravando-se com a remoção de parte dos depósitos de cobertura,
capa protetora natural contra a erosão. A concentração da água pluvial proporciona o
FIGURA 3.7 – Componentes esquemáticos do balanço hidrológico próximo a superfície.
Fonte: CARSON e KIRKBY (1975); NISHIYAMA (1998) apud RODRIGUES (2002).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
34
aumento da energia cinética que, em contato com a superfície exposta, desencadeia o
processo de erosão (RODRIGUES, 2002).
Salomão (1999), apud Reis (2004), descreve o efeito splash da seguinte maneira: para
processos erosivos dois importantes eventos desencadeadores merecem destaque, o
primeiro é o impacto das gotas de chuva no solo, em particular nos solos onde foi retirada a
cobertura vegetal, a força do impacto provoca a desagregação e liberação de suas
partículas. O segundo momento se dá por meio do escoamento superficial das águas, as
partículas liberadas são transportadas para as partes mais baixas do relevo.
Ellison (1948), apud Araújo et al. (2005), o efeito splash, resulta do impacto das gotas de
chuva caindo diretamente sobre as partículas de solo expostas ou finas superfícies de água
cobrindo o solo. Quantidades enormes de solo podem ser desprendidos. Em solos expostos,
estimou-se que até 250 t/ha podem ser salpicados no ar durante uma chuva forte, em
encostas íngremes, esse salpico causará um movimento encosta abaixo.
Ellison (1944, 1947), Nishiyama (1998), mencionados por Rodrigues (2002),
compreendem que as partículas deslocadas de sua posição inicial pelo splash podem atingir
alturas de até 60 cm ou mais, e se deslocarem por mais de 150 cm horizontalmente. Nos
taludes com mais de 10% de inclinação e ausência de ventos, a incidência de gotas de
FIGURA 3.8 – Impacto da água de chuva na superfície do solo.
Disponível em: DAEE/IPT, 1990 apud: //sidklein.vilabol.uol.com.br/pos/metexp.htm.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
35
chuva faz com que cerca de 3/4 das partículas lançadas pelo impacto sejam transportadas
em direção a jusante do ponto de colisão, e 1/4 das partículas movam-se a montante.
De acordo com Guerra (1999), a ação do splash, também conhecido por erosão por
salpicamento (Guerra; Guerra, 1997), em português, é o estágio mais inicial do processo
erosivo, pois prepara as partículas que compõem o solo, para serem transportadas pelo
escoamento superficial. Trabalhos experimentais têm demonstrado o significado da ação
morfogenética do pingo da chuva, responvel pela desagregação do material, sobretudo
quando a superfície da vertente encontra-se desprotegida. Carson; Kirkby (1972) citam
deslocamento de partículas desde curtas distâncias, da ordem de alguns milímetros, até
maiores distâncias, podendo atingir o raio de 10 cm em relação ao ponto de impacto. Da
mesma forma, o splash move diretamente detritos em torno de 10 mm de diâmetro, e
indiretamente pode deslocar fragmentos de maiores dimensões.
É mister lembrar que a gota de chuva tem uma elevada energia cinética, podendo deslocar
partículas e arremessá-las a disncias variáveis, a quantidade de partículas desprendidas e
a distância que o arremessadas dependem de fatores como tamanho e velocidade da gota
de chuva, volume, intensidade e freqüência das precipitações, bem como as variações de
temperatura, tipos de solo e relevo (RODRIGUES, 2002).
O efeito splash varia não com a resistência do solo ao impacto das gotas de água, mas
também com a própria energia cinética das gotas de chuva. Dependendo da energia
impactada sobre o solo, vai ocorrer, com maior ou com menor facilidade, a ruptura dos
agregados, formando as crostas que provocam a selagem dos solos. A compactação
resultante do impacto de gotas de chuva cria uma crosta superficial de 0,1 a 3,0 mm de
espessura (Farres, 1978), que pode implicar redução da capacidade de infiltração superior a
50%, dependendo das características do solo (MORIN et al., 1981 apud GUERRA, 1999).
Guerra (1997) aborda de forma eficiente a distinção de erosividade e erodibilidade:
“Quando se fala de erosão deve-se distinguir erodibilidade de erosividade.
Erodibilidade diz respeito à susceptibilidade que os solos têm de ser erodidos.
Dentre as propriedades do solo que influenciam na erodibilidade, podemos
destacar o teor de areia, silte e argila, a densidade aparente e real, a
porosidade, o teor e a estabilidade dos agregados, o teor de matéria orgânica e
o pH dos solos. Erosividade é a propriedade que as águas das chuvas têm de
Capítulo 3 Revisão de Literatura
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provocar a erosão do solo. Pode ser medida através da energia cinética das
águas das chuvas. A maior ou menor erosividade depende, não da
intensidade a chuva, mas também da quantidade total de chuva, precipitada em
uma determinada área, levando-se em conta o tempo de duração de cada evento
chuvoso. Os escoamentos superficiais de águas pluviais podem desencadear
sulcos, ravinas, eroo e a voçoroca ou voçoroca e bad land. A intensidade das
chuvas é extremamente importante para o entendimento dos processos
morfogenéticos. As chuvas de elevada intensidade são as responsáveis por
mudanças acentuadas nas voçorocas”.
Para Young et al (1990) a erodibilidade do solo é a facilidade com que o solo é destacado
pelo respingo durante a chuva e ou pela arraste do fluxo de superfície. Fundamentalmente
a erodibilidade do solo é a mudança na matriz do solo ou no estado da energia da matriz do
solo pela força ou energia externa aplicada. Na equação universal da perda do solo (USLE)
(WISCHMEIER; SMITH 1978), o erodibilidade do solo é relacionado aos efeitos
integrados da chuva, do escoamento superficial e da infiltração e perda do solo e o fator do
erodibilidade do solo, o fator K, reflete os efeitos combinados de todas as propriedades do
solo que influenciam significativamente na perda do solo e o efeito da chuva e o
escoamento superficial, se o solo não for protegido por resíduos de colheita, sedimentos,
cobertura vegetal.
Segundo Rodrigues (1982) como a evolução do processo erosivo está ligada a quantidade
de água excedente que escoa na encosta, é importante estabelecer os índices
pluviométricos para os meses durante o ano. É evidente que os processos erosivos são mais
atuantes e enérgicos durante o período chuvoso. A intensidade das chuvas é extremamente
importante para o entendimento dos processos morfogenéticos. Chuvas de mesma
intensidade, porém com durações diferentes, terão ações erosivas diferenciadas, e tanto
maiores quanto mais longas a precipitação.
Para Torri (1987) a erosão superficial é influenciada extremamente por caractesticas do
solo, que determinam diretamente a resistência de partículas do solo, ao destacamento dos
agregados e pelo impacto da gota de chuva. Além disso, as características do solo
influenciam no fluxo superficial, na taxa de infiltração e nas condições superficiais de tipo
de solo.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
37
Segundo Guerra; Cunha (1996), nas áreas rurais, o mau uso da terra, aliado a intensa
mecanização e a monocultura, pode provocar eroo laminar, ravinas e voçorocas. A
concentração das chuvas, os elevados teores de silte e areia fina, os baixos teores de
matéria orgânica e a elevada densidade aparente contribuem sem dúvida para o aumento da
degradação nessas áreas.
As chuvas representam o principal elemento climático altamente relacionado com os
desequilíbrios que se registram na paisagem das encostas. A variação espacial da
intensidade das precipitações (volume) associada à sua freência (concentração em alguns
meses do ano), o fatores primordiais a serem avaliados em situações críticas. Chuvas
concentradas, associadas aos espessos mantos de intemperismo e ao desmatamento podem
gerar áreas de potenciais de erosão e de movimentos de massa, fornecedoras de sedimentos
para os leitos fluviais (GUERRA; CUNHA, 1996).
Rodrigues (1982) afirma que o tipo de solo também é fator importante a ser considerado no
tocante à ão erosiva pela gota d’água, sendo esta proporcional à coesão do solo. O
impacto do pingo de chuva em terrenos arenosos gera o aparecimento de pequenas
depressões que deixam as partículas progressivamente mais soltas, tornando-se facilmente
deslocáveis por processos erosivos posteriores.
Em se tratando dos Cerrados, Baccaro (1999), salienta que:
“a estabilidade das encostas vem sendo comprometida pelos processos erosivos
relacionados com a água da chuva, desde o escoamento laminar ou em lençol
lavando a superfície dos solos desprotegidos pela ão do homem e pelo longo
período de estiagem, assim como pela canalização do escoamento superficial
pluvial em fluxos concentrados, rasgando as longas vertentes recobertas em sua
maioria por pastagem”.
De acordo com Guerra e Cunha (2000), os processos erosivos desencadeados pelas chuvas
de modo geral ocorrem quase que numa totalidade pelo planeta, na região dos trópicos
(isto ocorre com maior intensidade), pois seus índices pluviométricos são bem mais
elevados e em algumas regiões concentrados o que acelera ainda mais o desgaste erosivo.
Somando a energia das chuvas alguns fatores acentuam os processos erosivos como o
Capítulo 3 Revisão de Literatura
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desmatamento para extração de madeira ou para práticas agrícolas, pois retirando a
cobertura natural os solos ficam desprotegidos facilitando a ação erosiva.
3.7 – Cobertura vegetal
A vegetação constitui um importante fator de proteção do solo contra a atuação das gotas
de chuvas e aumento da resistência aos escoamentos superficiais. A deposição de
partículas, por interceptação ou por redução de velocidade do fluxo da água é importante
na contenção e aglutinação do solo por ação das raízes, formando agregados mais esveis
e ampliando as taxas de infiltração. Neste sentido, Epstein e Grant (1973), Nishiyama
(1998), apud Rodrigues (2002) concluem que a presença da cobertura vegetal, viva ou
morta, evita a formação de crosta decorrente da ão da água de chuva.
A retirada de vegetação de uma encosta para a implantação de casas ou mesmo para o
cultivo resulta na exposição do solo, aumentando a possibilidade de escorregamentos e/ ou
movimentos de massas. Geralmente nas encostas com vegetação, é mais difícil o
aparecimento de movimentos de massa, principalmente escorregamentos, entretanto, a
simples presença de vegetação não significa que em uma determinada encosta não
apresentar problemas, mas diminui muito suas possibilidades (RODRIGUES, 2002).
A vegetação, de maneira geral, protege o solo de fatores que condicionam os
deslizamentos, como a compactação do solo pelo impacto de gotas de chuva e conseqüente
aumento do escoamento superficial, pois a cobertura vegetal intercepta as águas pluviais
reduzindo a energia cinética e favorecendo a infiltração, além de certos tipos de sistemas
radiculares conterem a erosividade por manterem a agregação do solo. Porém em reges
tropicais úmidas, nem sempre isso ocorre. Nos períodos de elevada pluviosidade a água
das chuvas penetra entre as descontinuidades do dossel atingindo o solo, compactando-o,
gerando e/ou reativando ravinas e canais de primeira ordem, o que ocorrem especialmente
se não houver uma cobertura composta de flora de porte arbustivo (Tricart, 1972; Thomas,
1979; Selby, 1982; Wolle, 1988; Guerra, 1994), apud disponível em:
<http://www.obt.inpe.br/pgsere/Sestini-M-F-1999/cap2.pdf). > Acesso em: 14 out. 2007.
Tendo como base os processos de movimentos de massa, sabe-se que a cobertura vegetal,
de forma geral, inibe suas ocorrências, pois a matéria orgânica, devido à polarização
Capítulo 3 Revisão de Literatura
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positiva que possui, mantém a sustentação da vertente ao agregar as partículas de argila do
solo (polarizadas negativamente), mantendo-o coeso, em oposição à ação da gravidade
(STRAHLER; STRAHLER, 1992, SELBY, 1985 apud FELLIPE; UMBELINO, 2007).
Rodrigues (1982) afirma que a retirada da cobertura vegetal provoca uma série de
mudanças no sistema, que se fazem sentir no solo através da interrupção do efeito
estabilizador da floresta, da interrupção de todas as funções exercidas pela cobertura
vegetal (interceptação, retenção, evapotranspiração e outras), do desaparecimento do
horizonte húmico, facilitando o aumento da infiltração, da elevação do lençol freático e
conseqüente aumento do grau de saturação do maciço natural, da diminuição da resistência
mecânica do solo pela deteriorização do sistema radicular.
Segundo Lima (1960 apud RODRIGUES, 1982) a destruição da cobertura vegetal é o
principal agente desencadeador da erosão acelerada.
A cobertura vegetal reduz as taxas de erosão do solo através de sua densidade, da
possibilidade de reduzir a energia cinética das chuvas através da interceptação de suas
copas, e de formar húmus, importante para a estabilidade e teor de agregados dos solos
(GUERRA; CUNHA, 1996).
Guerra (2005) afirma que a vegetação tem uma função extremamente importante no
controle da erosão pluvial. No caso de eroo superficial a vegetação herbácea e as
gramíneas são mais eficientes que a vegetação arbórea, porque fornecem uma cobertura
densa no solo. Os efeitos benéficos da vegetação herbácea e de gramíneas na prevenção da
erosão pluvial são assim apresentados pelo autor:
“Interceptação: as folhagens e os resíduos de plantas absorvem a energia da
chuva e impedem o destacamento do solo pelo impacto da chuva”.
“Contenção: o sistema radicular ata ou contém fisicamente as partículas do
solo, enquanto as partes acima da superfície filtram os sedimentos do
escoamento superficial”.
“Retardamento: os caules e as folhagens aumentam a rugosidade da superfície e
diminuem a velocidade do escoamento superficial”.
Capítulo 3 Revisão de Literatura
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“Infiltração: as plantas e os seus resíduos ajudam a manter a porosidade e a
permeabilidade do solo, consequentemente atrasando ou mesmo impedindo o
inicio do escoamento superficial”.
3.8 – Ação antrópica
A inserção do Brasil na nova divisão internacional do trabalho, do Pós-Segunda Guerra,
conduziu a uma acelerada transformação no uso do território, que se refletiu
principalmente na consolidação da urbanização do país, a ocupação intensiva e extensiva
da nação foi regida por uma nova lógica de organização econômica. (ALMEIDA, 2001).
O espaço urbano é resultado de drásticas transformações antrópicas sobre o meio físico ao
longo dos anos. Inúmeros pesquisadores tomaram por objeto de estudo em função dos
impactos que estes espaços estão submetidos. Assim, buscou-se de forma integrada
determinar variáveis, diagnosticar, compreender e prever os efeitos da ocupação humana
sobre o meio físico, como sua dinâmica temporal. As áreas urbanas por constitrem
ambientes onde a ocupação e a concentração humana tornaram-se intensas e muitas vezes
desordenadas, transformaram-se em locais senveis às gradativas transformações
antrópicas à medida que se intensificam em freqüência e intensidade o desmatamento, a
ocupação irregular, a eroo e o assoreamento dos canais fluviais, entre outras coisas
(GONÇALVES; GUERRA, 2001).
O surgimento e o crescimento de uma cidade estão profundamente relacionados com a
posição do seu sítio em relação aos espos vizinhos. Muitas vezes o relevo e as
facilidades ou dificuldades que este estabelece para a expansão dos assentamentos
humanos pode interferir em seu crescimento. Todas as cidades do mundo, de modo geral,
o constantemente pressionadas pela demanda de espaço. Isto acaba forçando tanto a
incorporação de novos territórios como o adensamento dos ocupados. Assim as cidades
tendem a crescer, ampliando sua periferia no sentido horizontal e verticalizando as áreas
centrais, quando esse crescimento não é controlado torna-se precário os serviços urbanos, e
geram vários problemas inclusive ambientais (ROSS, 2003).
A urbanização é o processo de conversão do meio sico natural para o assentamento
humano, acompanhada de drásticas e irreversíveis mudanças do uso do solo, gerando uma
Capítulo 3 Revisão de Literatura
41
nova configuração da superfície aerodinâmica e das propriedades radiativas, da umidade e
da qualidade do ar. (OKE, 1980 apud BRANDÃO, 2001).
Acredita-se que os seres humanos, ao se concentrarem num determinado espo físico,
aceleram inexoravelmente os processos de degradação ambiental. Segundo esta lógica, a
degradação ambiental cresce na proporção que a concentração populacional aumenta.
Desta forma, cidades e problemas ambientais teriam entre si uma relação de causa e efeito
rígido. Outra idéia generalizada pelo senso comum é a de que os seres humanos são, por
natureza, depredadores e aceleradores dos processos erosivos (COELHO, 2001).
As cidades o os locais onde o homem produz seu maior impacto sobre a natureza. A sua
construção alteram de modo drástico os ambientes naturais onde são erguidas, criando um
novo ambiente, com demandas únicas, em que cada habitante, em média, consome
diariamente 560 litros de água, 1,8 kg de alimentos, 8,6 kg de combustível fóssil e cerca de
450 litros de águas servidas (sujas), 1,8 kg de lixo e 0,9 de poluentes do ar (UNESCO,
1983 apud DIAS, 2001).
Dentre as modificações globais que estamos experimentando, uma especial atenção tem
sido dada a correlação crescimento populacional humano versus mudanças globais
induzidas pelas práticas do uso da terra e pelas modificações causadas em sua cobertura
(DIAS, 2001).
A ampliação das áreas impermeabilizadas, devido ao crescimento urbano, repercute na
capacidade de infiltração das águas no solo, favorecendo o escoamento superficial, a
concentração das enxurradas e a ocorrência de ondas de cheia. Afeta, também, o
funcionamento do ciclo hidrológico, uma vez que interfere no rearranjo dos
armazenamentos e na trajetória das águas. Para a área da seção transversal dos cursos
d’água não ser afetada pela urbanização é necessário que o total das áreas pavimentadas da
bacia de drenagem seja inferior a 5% da área total (CHRISTOFOLETTI, 1980 apud
GUERRA; CUNHA, 2000).
Capítulo 3 Revisão de Literatura
42
Monbeig (1949), apud Rodrigues (1982), ressalta que a interferência do homem, a
permeabilidade do solo e o clima são os fatores mais relevantes para explicar o fenômeno
erosivo.
A complexidade dos processos de impacto ambiental urbano apresenta um duplo desafio.
De um lado é preciso problematizar a realidade e construir um objeto de investigação, de
outro, é necessário articular uma interpretação coerente dos processos ecológicos e sociais
à degradação do ambiente urbano (COELHO, 2001).
Morin (1998), apud Coelho (2001) descreve que o ambiente ou meio ambiente é social e
historicamente construído:
“Sua construção se faz no processo da interação contínua entre uma sociedade
em movimento e um espaço físico particular que se modifica permanentemente.
O ambiente é passivo e ativo. É, ao mesmo tempo, suporte geofísico,
condicionado e condicionante de movimento, transformador da vida social. Ao
ser modificado, torna-se condição para novas mudanças, modificando assim a
sociedade. Para a ecologia social, a sociedade transforma os ecossistemas
naturais, criando com a civilização urbana um meio ambiente urbano, ou seja,
um novo meio, um novo ecossistema, ou melhor, um ecossistema urbano, no
ecossistema natural”.
Segundo Pastore (1986) a implantação de obras civis, loteamentos, expano urbana e
atividades de mineração e agrícolas, encontram-se entre os casos mais comuns de fonte de
material erodido, em conseqüência da intervenção desordenada do homem no meio físico,
a erosão hídrica acelerada desagrega os materiais do solo em seu estado natural, com a
simultânea remoção dos mesmos de um lugar para outro, de forma mais intensa que a
natural.
Pela complexidade o tema erosão deve ser enfrentado por equipes multidisciplinares em
que a soma da experiência de profissionais de diferentes áreas pode levar sem vida as
melhores soluções. Desta forma são de extrema importância para o assunto os estudos
relativos ao meio físico tanto no seu aspecto qualitativo quanto quantitativo. As principais
características são os dados de clima, relevo, vegetação, origem, distribuão e
propriedades intnsecas do solo, são imprescindíveis, ainda os dados de ocupação e
Capítulo 3 Revisão de Literatura
43
manejo dos solos que, aliados aos conhecimentos da dinâmica do meio físico, podem levar
a critérios de projetos mais adequados à solução ou a prevenção dos problemas erosivos
(PASTORE, 1986).
Dentre as principais causas associadas à intervenção humana na indução de
escorregamentos destacam-se (IPT, 1991):
“- Lançamento e concentração de águas pluviais.
- Lançamento de águas servidas.
- Vazamentos na rede de abastecimento de água.
- Fossa sanitária
- Declividade e altura excessivas de cortes.
- Execução inadequada de aterros.
- Deposição de lixo.
- Remoção indiscriminada da cobertura vegetal.
É evidente a interdependência dos diversos fatores naturais do meio ambiente: clima, tipos
de solo, relevo, vegetação, entre outros. Entretanto, a maneira como o homem utiliza e
ocupa o meio físico (falta de planejamento e desconsideração dos atributos limitantes deste
meio), pode ser fator condicionante a uma série de aspectos destrutivos, culminado numa
intensa degradação ambiental (RODRIGUES, 2002).
Capítulo 5 Materiais e métodos
44
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O
O
D
D
O
O
S
S
Para a realização deste trabalho desenvolveu-se um levantamento bibliográfico, vários
trabalhos de campo, coleta de material (solo) para ensaios mecânicos, aquisição de
fotografias reas de diferentes épocas, coleta de dados na Prefeitura Municipal de
Uberlândia em relação à ocupação da área de estudo, confecção de mapas de declividade,
altimetria e perda da vegetação ao longo dos anos.
Nos diversos trabalhos de campo realizados, houve um acompanhamento fotográfico,
inicialmente por uma quina fotográfica Canon “AF” e posteriormente máquina
fotográfica SONY digital DSC – W30. Estes registros fotográficos permitiram acompanhar
toda a dinâmica da área de estudo no período da pesquisa.
Neste sentido seguiram-se as etapas de realização desta pesquisa.
4.1 – Primeira Etapa
Revisão bibliográfica envolvendo o tema: Córrego Campo Alegre consultando livros,
revistas, jornais, Internet, leis e resoluções, para maior interação do assunto proposto. E
também levantamento de dados na Prefeitura Municipal de Uberlândia: início da ocupação
da área, aprovação dos loteamentos, número de habitantes, para melhor compreensão da
urbanização na bacia do córrego Campo Alegre.
4.2 – Segunda Etapa
A segunda etapa consistiu em estimar a vao mensal do rrego Campo Alegre, para ter
subsídios para entendimento de uma possível influência da vazão do córrego no arraste de
material à jusante e também colaborar com o meio acadêmico com aquisição de dados
sobre a vazão do córrego.
Capítulo 5 Materiais e métodos
45
Durante o período de agosto de 2005 a dezembro de 2006 foi realizada a medição da vazão
do córrego, anotando-a uma única vez ao mês, não ultrapassando a primeira quinzena,
tentando estabelecer intervalos de dias mais aproximados possíveis. O ponto escolhido
para medição foi após o anel viário, por ser a única saída de água à jusante da área de
estudo (Figura 4.1).
Para a medição da vazão utilizou-se a técnica de medir o tempo em que um volume de
água se desloca de um ponto determinado da montante para outro ponto determinado da
jusante, distantes 10 (dez) metros um do outro (VASCONCELOS 2005). Este
procedimento consistiu na utilização de um determinado corpo flutuante, lançado alguns
metros acima do ponto inicial de leitura, com o objetivo de alcançar a velocidade da
correnteza e proporcionar o registro do tempo de percurso entre os 10 (dez) metros na
distância longitudinal do córrego o mais confiável possível (Figuras 4.2 e 4.3), vale
ressaltar que este método foi realizado dez vezes em cada dia de leitura, totalizando 170
medições de agosto de 2005 a dezembro de 2006, para que se pudesse tirar uma média
mensal mais aproximada possível da vazão do córrego.
FIGURA 4.1 – Local de medida da vazão
do córrego Campo Alegre.
Data: 15/02/2006.
Capítulo 5 Materiais e métodos
46
Foi medida também a secção do córrego (profundidade e largura) em metros e registrou os
valores encontrados em uma planilha (Figura 4.4). De posse destas variáveis chegou-se a
vazão do córrego, naquele momento obteve o volume de água na extensão de dez metros
demarcados ao longo do canal fluvial e os resultados finais obtidos foram: volume de água
da sessão analisada em litros (l) e o tempo gasto em segundos (s) pelo flutuador para
deslocar-se no espaço de dez metros no sentido da montante para a jusante. Obteve-se o
resultado da vazão em litros por segundo (l/s).
Identificação dos pontos da planilha da Figura 4.4 (Planta do rrego ou vista superior):
Ponto A – profundidade no lado direito do córrego.
Ponto B – profundidade na parte central do córrego.
Ponto C – profundidade no lado esquerdo do córrego.
Ponto D – profundidade no lado direito do córrego, após 2,5 metros do ponto A.
Ponto E profundidade na parte central do córrego, após 2,5 metros do ponto B.
Ponto F – profundidade no lado esquerdo do córrego, após 2,5 metros do ponto C.
Ponto G – profundidade no lado direito do córrego, após 2,5 metros do ponto D.
Ponto H – profundidade na parte central do córrego, após 2,5 metros do ponto E.
Ponto I profundidade no lado esquerdo do córrego, após 2,5 metros do ponto F.
Ponto J – profundidade no lado direito do córrego, após 2,5 metros do ponto G.
FIGURA 4.3 – Local de medição da vazão do córrego.
Data: 05/08/2005.
FIGURA 4.2 – Ponto inicial da medição da
vazão do córrego. (Dez metros)
Data: 05/08/2005.
Capítulo 5 Materiais e métodos
47
Ponto K – profundidade na parte central do córrego, após 2,5 metros do ponto H.
Ponto L profundidade no lado esquerdo do córrego, após 2,5 metros do ponto I.
Ponto M – profundidade no lado direito do córrego, após 2,5 metros do ponto J.
Ponto N – profundidade na parte central do córrego, após 2,5 metros do ponto K.
Ponto O – profundidade no lado esquerdo do córrego, após 2,5 metros do ponto L.
PLANILHA DE REGISTRO DAS DIMENSÕES DO
CÓRREGO CAMPO ALEGRE
(SENTIDO MONTANTE PARA JUSANTE)
MONTANTE
● Ponto A ● Ponto B Ponto C
-------------------------------- Largura do córrego -------------------------
● Ponto D Ponto E Ponto F
------------------------------- Largura do córrego --------------------------
● Ponto G ● Ponto H Ponto I
------------------------------- Largura do córrego --------------------------
● Ponto J ● Ponto K Ponto L
------------------------------- Largura do córrego --------------------------
● Ponto M ● Ponto N Ponto O
←¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨Margem direita do córrego 10 metros ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨→
¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
------------------------------- Largura do córrego --------------------------
←¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨Margem esquerda do córrego 10 metros ¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨¨
JUSANTE
FIGURA 4.4 – Croqui da Planilha utilizada mensalmente para registro das dimensões do córrego.
Capítulo 5 Materiais e métodos
48
4.3 – Terceira Etapa
Aquisição de recursos básicos para análise ambiental da área em estudo:
Fotografias aéreas de diferentes épocas, (USAF 1964; IBC-GERCA 1979;
ENGEFOTO 1997; monocromáticas e PMU 2004 colorida), na escala 1: 8.000, e
através de um estereoscópio compará-las e visualizar a evolução de todo o
processo erosivo, a urbanização da bacia e a perda da vegetação nativa, desde
1979 até o ano de 2004.
Os mapas de localizão da área de estudo, de declividade, altimetria, vegetação foram
obtidos através do processo de digitalização que consistiu em três fases:
Base cartográfica da área de estudos foi elaborada a partir das orthofotos escala
1:8.000 de março de 2004, disponibilizadas pela Prefeitura Municipal de
Uberlândia. As mensurações dos atributos analisados, bem como a vetorização dos
layers referentes à drenagem, vias de circulação, erosão e polígono da área de
estudos foi elaborada no ambiente do software ArcView 9.1.
Digitalização da Carta Topográfica Cachoeira do Sucupira (Folha SE.22-Z-B-VI-
4-SO) escala 1:25.000 e Carta Topográfica Uberlândia (Folha SE.22-Z-B-VI-3-
SE) escala 1:25.000.
Georreferenciamento das orthofotos foi feito utilizando-se pontos de controle
levantados em campo com utilização de receptor GPS marca Garmin, modelo
Etrex Legend, com acurácia de 8 m.
4.4 – Quarta Etapa
Em 22/11/2004 foram instaladas com o auxílio de uma marreta de 500 gramas, 12 estacas
de madeira (400 x 50 x 15) mm, na área da voçoroca, na margem esquerda do córrego para
o monitoramento de sua evolução. Este local foi escolhido por ser considerado no início do
trabalho o ponto mais crítico, estas estacas foram instaladas entre 2 e 4 metros da margem
e 5 metros de espaçamentos entre si.
Em 22/07/2007 com a utilização de uma trena modelo: GW-7H85X (7,5 metros) foi
medida a distância de evolução da erosão lateral do córrego, tendo como referência as
estacas posicionadas em 22/11/2004.
Capítulo 5 Materiais e métodos
49
4.5 – Quinta Etapa
A quinta etapa quantificou e qualificou as camadas de solos existentes através de ensaios
físicos tais como: massa específica, análise granulométrica, permeabilidade, azul de
metileno, erodibilidade, pH, compactação, cisalhamento direto, utilizando amostras
deformadas e indeformadas para relacionar as propriedades mecânicas dos solos com o
processo erosivo. Estes ensaios foram realizados no período de fevereiro a junho de 2006
no Laboratório de Solos da FECIV (Faculdade de Engenharia Civil) e no Laboratório de
Geologia do IG (Instituto de Geografia), ambos da Universidade Federal de Uberlândia,
com o auxilio dos técnicos responsáveis pelos laboratórios.
Em 13/02/2006, seguindo a NBR 9604/1986 (Abertura de poço e trincheira de inspeção em
solo, com retirada de amostras deformadas e indeformadas), foram coletadas quatro
amostras deformadas de solo da área da vereda, utilizou-se para esta atividade pá, enxada,
picareta e sacos plásticos de 50 litros. A retirada deste número de amostras deve-se ao fato
de visualmente observar quatro tipos de cores diferentes, amarelo, rosado, cinzento claro e
preto (Figuras 4.5 e 4.6).
FIGURA 4.6 – Talude da vereda do córrego
Campo Alegre.
Data: 15/02/2006.
FIGURA 4.5 – Talude da vereda do córrego
Campo Alegre.
Data: 15/02/2006.
Capítulo 5 Materiais e métodos
50
Para os ensaios nos Laboratórios de Solos da UFU utilizou-se a norma NBR 7181 (solo
análise granulométrica), juntamente com as Normas Complementares: NBR 5734 (peneiras
para ensaio especificação) e NBR 6457 (preparação de amostras de solo para ensaio
normal de compactação e ensaios de caracterização método de ensaio). Os ensaios de
granulometria foram realizados com o objetivo de se determinar a curva de distribuição
granulométrica para uma possível classificação do material coletado.
Foi utilizada a Norma NBR 6457/1995, para encontrar o Teor de Umidade, o Teor de
Umidade Higroscópica. A obtenção da massa específica dos grãos foi feita através do
método do Picnômetro, obedecendo a NBR 6508/1984, uma vez que para a aplicão desta
norma é necessário consultar a NBR 5734 (Peneiras para Ensaio Especificação) e a NBR
6457 (Preparação de amostras de solo para ensaio de compactação e ensaios de
caracterização). Realizaram-se dois ensaios satisfatórios, até conseguir resultados que não
diferiram de mais de 0,02 g/cm³.
O Peneiramento fino foi conseguido após secar o material resultante da sedimentação
retido na peneira de 0,075 mm em estufa, a temperatura de 105º C a 110° C, até consncia
de massa. Utilizando-se o agitador mecânico, passou o material nas peneiras de 1,2; 0,6;
0,42; 0,25; 0,15; 0,075mm. Anotou-se a resolução de 0,01g das massas retidas acumuladas
em cada peneira.
Para execução do limite de liquidez utilizou-se a NBR 6459/1984 (Determinão do limite
de liquidez), consultando a NBR 6457 (Preparação de amostras de solo para ensaio de
compactação e ensaios de caracterização).
Para execução do limite de plasticidade utilizou-se a NBR 7180/1984 e como apoio a NBR
6459/1984 (Determinação do limite de liquidez), consultando também a NBR 6457
(Preparação de amostras de solo para ensaio de compactação e ensaios de caracterização).
Para obter os valores do Ensaio de Compactação utilizou-se a Norma NBR 7182/1986.
Também foram utilizadas, as Normas Complementares NBR 5734 (Peneiras para ensaios
Especificação), NBR 6457 (Amostras de solo Preparação para ensaio de compactação e
Capítulo 5 Materiais e métodos
51
ensaios de caracterização Método de ensaio), NBR 6508 (Grãos de solo que passam na
peneira 4,8 mm – Determinão da massa específica – Método de ensaio).
Os ensaios de cisalhamento direto foram realizados em amostras indeformadas retiradas no
talude do rrego (Figuras 4.5 e 4.6), com o auxílio da norma NBR 9604/1986 (Abertura
de poço e trincheira de inspeção em solo, com retirada de amostras deformadas e
indeformadas). Utilizando um aparelho de cisalhamento direto motorizado, com razão de
deformação constante modelo: EQP- 1000 (EQUIPGEO), de caixa de aço inoxidável de
100 mm de lado. Os testes foram realizados a uma velocidade constante de avanço da
máquina de 0,0812 mm/min, e tensão normal aplicada à amostra de 1 Kgf/cm²; 1,5
Kgf/cm² e 2 Kgf/cm², com peso do sistema de 43,80 g, pressão do sistema 0,438 Kgf/cm²,
com uma forma de 174,04 g, e altura de 19,98 mm, uma área de seção 103,93 cm², volume
do corpo de prova de 207,66 cm³. A coleta de dados ocorreu a cada 30 segundos e, após
cada experimentação, a curva tensão-deformação do solo foi obtida plotando-se a
deformação horizontal da amostra no eixo das abscissas, versus tensão cisalhante no eixo
das ordenadas. Os experimentos foram realizados no período de 28 de abril de 2006 a 03
de maio de 2006.
Em dezembro de 2006 após receber as quatro amostras de solos existentes no rrego
Campo Alegre, o Laboratório de Agronomia da Universidade Federal de Uberlândia, fez
uma análise para a identificação do pH de cada amostra.
No intuito de entender o comportamento da água no solo foi realizado um ensaio de
laboratório de permeabilidade utilizando um permeâmetro de carga constante em amostra
indeformada, os valores médios do Coeficiente de Permeabilidade (k), para temperatura de
20º C (K20); dmetro médio do anel do corpo de prova 79,7 mm; altura do anel do corpo
de prova 31,9 mm; tara do corpo de prova 251,4; volume do corpo de prova 157,3 cm³,
sendo a altura da carga hidráulica 67 mm. Anotou-se o tempo em segundos de escoamento
a cada ml, o número de leituras e a temperatura respectiva.
O ensaio de azul de metileno utilizou o método baseado em linhas gerais no procedimento
descrito por Lan (1977, 1980) e Beaulieu (1979) apud Pejon (1992). Utilizou material que
passou na peneira 2 mm; determinou-se a umidade da amostra; pesou 3 gramas de solo
úmido; preparou uma suspensão com solo e 10 ml de água destilada, dissolveu 1 litro de
Capítulo 5 Materiais e métodos
52
água destilada com 1,5 g de azul de metileno. Usando um agitador, uma bureta, um
Becker, uma haste de vidro e papel de filtro para cristais finos, iniciou o ensaio
certificando que durante todo o experimento a suspensão do solo permaneceu em constante
agitação. Adicionou-se uma quantidade de solução de azul de metileno e após um intervalo
de três minutos procedeu-se à retirada com uma haste de vidro, de uma gota da suspensão
de solo, que foi colocada sobre o papel de filtro. Quando apareceu uma aureola azul clara
em torno da mancha o teste chegou ao final. Através do método azul de metileno
determinou-se a superfície específica dos argilo-minerais estimando a quantidade de finos
no solo.
A quantificação da matéria orgânica é de importância fundamental para o analise de
erosão. Ela influencia muito nas propriedades tais como a absorção e a retenção de água e
plasticidade. Um dos métodos de determinação da quantidade de matéria orgânica
existente no solo é através do método de calcinação Loss of Ignition”, este método
consiste em secar 4 g de cada amostra previamente seca a 105ºC posteriormente estas
amostras o levadas a uma mufla que é aquecida por 5 h a 250ºC. posteriormente a
amostra é pesada e a diferença entre o peso inicial e final corresponde ao teor de matéria
orgânica (www.unifenas.br/pesquisa/revistas/download/ArtigosRev1_99/pag21-26.pdf -).
4.6 – Sexta etapa
Na sexta etapa identificaram-se através da Carta de Munsell, as quatro amostras de solos
de tonalidades e cores diferentes do talude do córrego Campo Alegre. Estas classificações
de cores ajudaram na caracterização dos solos.
4.7 – Sétima etapa
Consistiu em verificar a mensuração das dimensões da bacia (área e comprimento).
Conforme Christofoletti (1980) existem várias formas para definição do comprimento da
bacia. Entre elas podemos mencionar: a distância do eixo vetorial, a eqüidistância da
desembocadura, maior distância da desembocadura, maior largura da bacia e a distância
entre o ponto mais alto e a desembocadura.
4.8 – Oitava etapa
A oitava etapa consistiu na redação do trabalho.
Capítulo 5 Características gerais
53
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
5
5
C
C
A
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R
A
A
C
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T
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E
R
R
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I
C
C
A
A
S
S
G
G
E
E
R
R
A
A
I
I
S
S
5.1 – Localização
A área de estudo possui de 5,52 km² e encontra-se delimitada pelas coordenadas
geográficas de 18
o
57' 21" e 18
o
58' 35" latitude sul e 48
o
13' 24" e 48
o
15' 6" de
longitude oeste, e pertence a malha urbana de Uberlândia, onde se localizam os bairros São
Jorge e Laranjeiras que ocupam 2,7 km² da referida área. Ocupa toda a porção norte da
bacia do córrego Campo Alegre, limitando-se ao sul pelo anel viário (Figura 15). O acesso
pode ser feito pela BR 050 no sentido, saída para Uberaba, seguindo pelo anel viário de
Uberlândia sentido oeste, ou pela malha urbana da cidade adentrando-se ao bairro São
Jorge.
A bacia do córrego Campo Alegre localiza-se na porção sudeste da malha urbana do
município de Uberlândia, Minas Gerais, possuindo coordenadas geográficas de 18
o
57' 13"
e 18
o
59' 27" latitude sul e de 48
o
13' 24" e 48
o
15' 6" de longitude oeste (Figura 5.1).
Capítulo 5 Características gerais
54
Anel viário
Figura 5.1 – Localização da bacia do córrego Campo Alegre.
Capítulo 5 Características gerais
55
5.2 – Geologia
De acordo com Nishiyama (1989) quase a totalidade da área do Triângulo Mineiro, es
inserida na Bacia Sedimentar do Paraná que é representado pelas unidades geológicas de
idade Mesozóicas (245 milhões a 65 milhões de anos atrás): as formações Botucatu, Serra
Geral, Adamantina, Uberaba e Marília.
A Formação Serra Geral de caráter vulcânico, caracteriza-se pelas idades Neojurássica
(208 milhões a 144 milhões de anos atrás) e Eocretácia (144 milhões a 65 milhões de anos
atrás). A sua distribuição horizontal é muito ampla no Triangulo Mineiro, contudo,
apresenta-se recoberta em grande extensão pelas litogias sedimentares do Grupo Bauru que
impedem seu afloramento mais extensivo. Esta unidade é representada pelas rochas
efusivas de natureza básica e lentes de arenitos intercaladas aos derrames (Intertrapes).
Esse conjunto de rochas distribui-se sobre uma área de mais de 800.000 km² na bacia
sedimentar do Paraná somente em território brasileiro, estendendo-se também para os
países vizinhos como a Argentina, Paraguai e Uruguai, elevando a área de ocorrência para
cerca de 1.200.000 km² (LEINZ; AMARAL, 1995).
No perímetro urbano de Uberlândia o basalto aflora no vale do rio Uberabinha e afluentes.
Os topos dos interflúvios acham-se recobertos por sedimentos do Grupo Bauru e/ou
sedimentos cenozóicos cujas espessuras não ultrapassam 60 metros na área central da
cidade (NISHIYAMA, 1989).
O Grupo Bauru é representado, na região do Triângulo Mineiro pelas Formações
Adamantina, Uberaba e Marília. As litologias sedimentares desse grupo fecham a fase
deposicional na Bacia Sedimentar do Paraná no Cretáceo Superior (144 milhões a 65
milhões de anos atrás), com deposição de sedimentos da Formação Marília
(Maestrictiano). No entanto, as rochas desse grupo encontram-se recobertas, em grande
parte, pelos sedimentos cenozóicos.
A Formação Adamantina é representada, no município de Uberlândia, pelos arenitos de
granulação média e grossa, coloração marrom, marrom avermelhada, teor de matriz silico-
argilosa variável nos bancos. Frequentemente apresentam feições maciças, mas localmente
exibem estruturas semelhantes à perfuração de vermes (NISHIYAMA, 1989).
Capítulo 5 Características gerais
56
A Formação Marília é constituída por arenitos conglomeráticos, com grãos angulosos, teor
variável de matriz, seleção pobre, ricos em feldspatos, minerais pesados e minerais
instáveis. Esses sedimentos ocorrem em bancos com espessura média de 1 a 2 metros,
maciços ou com acamamento incipiente, subparalelo e descontínuo; raramente apresentam
estratificação cruzada de dio porte com seixos concentrados nos extratos cruzados e
igualmente raros são as camadas descontínuas de lamitos vermelhos e calcários. A feição
morfológica característica desta região é o relevo de topo plano e de bordas abruptas graças
à cimentação mais intensa da rocha. O arenito apresenta coloração rósea e os
conglomerados, cinza-esbranquiçado a creme. (SOARES et alli., 1980 apud NISHIYAMA,
1989).
Nishiyama (1989) afirma que os sedimentos Cenozóicos apresentam-se revestidos por um
filme de óxido de ferro e recobrem quase toda a extensão do município de Uberlândia,
capeando as rochas mais antigas, ocupando todos os níveis topográficos desde as áreas de
chapadas até as vertentes dos vales fluviais, geralmente as camadas de cascalho constituem
diversos níveis de espessuras de granulometria variáveis. A cimentação incipiente dos
sedimentos cenozóicos tem levado a problemas de erosão acelerada de solos nas áreas de
sua ocorrência, principalmente onde existe a predominância de termos arenosos.
5.3 – Geomorfologia
Por meio de análise comparativa, em que se levou em conta o relevo, a declividade, a
geologia e os processos erosivos atuais, a área do município de Uberlândia, Baccaro (1989)
classifica o relevo de Uberlândia em três categorias: área de relevo dissecado, área de
relevo intensamente dissecado e área de relevo com topo plano.
Baccaro afirma que a bacia do Córrego Campo Alegre desenvolve-se sobre uma superfície
de relevo de topo plano. Essa unidade de relevo compreende todas as porções de topos
planos e amplos vales muitos espaçados entre si, com pouca ramificação de drenagem,
vertentes com baixas declividades (entre 2% e 5%) sustentadas pelos arenitos da Formação
Marília e recobertos pelos sedimentos Cenozóicos. Próximo aos canais fluviais em ambas
as margens, ocorre uma massa significante de solo hidromórfico (organossolo e gleissolo).
Os processos geomorfológicos de escoamento pluvial laminar e difuso são os mais
importantes na remoção dos detritos e na evolução das vertentes fluviais.
Capítulo 5 Características gerais
57
5.4 – Pedologia
Segundo Brito e Rosa (2003) após compilarem os mapas dos limites das classes de solos
do mapa de média intensidade de solos do Triângulo Mineiro, escala 1/500.000
(EMBRAPA/EPAMIG) e do mapa de solos da área de contribuição da usina hidroelétrica
de Nova Ponte, escala 1/500.000 (CEMIG, 1987), estabeleceram 11 unidades de
mapeamento de classes de solos para a região, agrupada de acordo com o Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999). Dentre estas unidades está à
classe do solo encontrado área de estudo: LVAw (Latossolo Vermelho-Amarelo Àcrico +
Latossolo Vermelho-Àcrico, ambos textura argilosa) Figura 5.2.
5.5 – Clima
Mendes (2001) assim entende as características climáticas do Trngulo Mineiro:
“Que a região do Triângulo Mineiro, a qual está inserida a área de estudo, mesmo
fazendo parte politicamente do Estado de Minas Gerais, dada à posição geográfica e as
formas do relevo, possui características climáticas que se assemelham mais a região
Centro-Oeste, do que ao restante do estado mineiro”.
“Minas Gerais tem como influência principal os fenômenos metereológicos das latitudes
dias e tropicais que fazem com que o clima atuante no Estado seja caracterizado
FIGURA 5.2 – Classes de solos da Bacia do Rio Araguari.
Escala: 1:500.000.
Fonte: Brito; Rosa 2003.
Capítulo 5 Características gerais
58
como de transição, ou seja, duas estações bem definidas, uma seca e outra chuvosa
(NIMER, 1997 apud MENDES, 2001)”.
“Essa característica se deve a dinâmica de atuação dos sistemas atmosféricos, como por
exemplo, a Frente Polar Atlântica (FPA), que praticamente todos os anos, juntamente
com a Massa Polar (MP), alcançam o estado de Minas Gerais, causando diminuição da
temperatura do ar durante o verão”.
“Durante o inverno, devido ao gradiente de temperatura do ar entre o Equador e o Pólo
Sul serem muito intenso, as frentes apresentam um forte gradiente barométrico, que
provoca regiões de movimento ascendente do ar, normalmente na frente norte do
sistema frontal, que ocasiona precipitação tipicamente frontal”.
“Del Grossi (1991) apud Mendes (2001) afirma que a dinâmica atmosférica em
Uberlândia está sob o controle, principalmente dos sistemas intertropicais, cuja
participação no transcorrer do ano é superior a 50%, completada com atuação dos
sistemas polares, cuja participação é pouco superior a 25%. A atuação desses sistemas
de circulação ocasiona sobre Uberlândia a formação de um clima tropical
alternadamente seco e úmido”.
“Em análises climatológicas feitas pelo 5º Distrito de Meteorologia, localizado no
Parque do Sabiá em Uberlândia, existem registros que os meses mais frios na cidade são
junho e julho com temperatura média inferior a 18º C. as temperaturas dias mais
quentes dificilmente ultrapassam os 24° C (DEL GROSSI, 1991 apud MENDES, 2001)”.
Capítulo 6 Resultados
59
C
C
A
A
P
P
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Í
T
T
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6.1 – Declividade e Altimetria
As declividades da bacia do córrego Campo Alegre representadas pela medida de
inclinação em percentual do relevo em relação ao plano do horizonte, estão apresentadas
na Figura 6.1. A velocidade de deslocamento de material e a capacidade de transporte de
massas lidas e líquidas estão diretamente relacionadas à declividade. Esta variável
influencia nos processos geomorfológicos, quanto maior for à declividade maior será a
energia concentrada no arraste de material. Na bacia do córrego em áreas onde a
declividade é maior o processo erosivo é mais acentuado, ocorrendo movimentos de massa
tipo escorregamentos e rastejos, causando o assoreando do leito do córrego devido a
grande quantidade de material erodido.
As nascentes do Córrego Campo Alegre situam-se em cotas altimétricas próximas de 860
metros. Após um percurso aproximado de 3080 metros, deságua na margem direita do Rio
Uberabinha, a uma altitude de 790 metros. A Figura 6.2 mostra a variação altimétrica da
bacia do Córrego Campo Alegre, cujos valores variam de 930 metros a 790 metros. A sua
área de drenagem é de aproximadamente 8,11 Km² e a área de estudo possui
aproximadamente 5,52 Km². No caso da bacia do rrego Campo Alegre para achar sua
distancia vetorial utilizou-se a maior distância do ponto de desembocadura e a distância da
desembocadura do ponto mais elevado, 930 metros que coincidentemente são os mesmos
pontos, medindo 4.650 metros de comprimento.
Capítulo 6 Resultados
60
Anel viário
Área de estudo
Coo
rdenadas Geográficas
Datum WGS 84
Organizador: Luiz A. Oliveira
Ago/2007
FIGURA 6.1 – Mapa de Declividade da bacia do Córrego Campo Alegre.
Capítulo 6 Resultados
61
Anel vi
ário
Área de estudo
Coordenadas Geográficas
Datum WGS 84
Organizador: Luiz A. Oliveira
Ago/2007
FIGURA 6.2 – Mapa de Altimetria da bacia do Córrego Campo Alegre.
Capítulo 6 Resultados
62
6.2 – Solos
Nos diversos trabalhos de campo realizados constatou-se que em toda extensão do talude
do córrego Campo Alegre existem cinco solos de cores diferentes (Figura 6.3) e de
variadas espessuras (Tabela 6.1).
Tabela 6.1 – Espessuras das camadas dos solos nos taludes da voçoroca.
COR VARIAÇÃO DE ESPESSURAS
(1) Amarelo 1 a 2 metros
(2) Rosado 0,5 a 3 metros
(3) Cinzento Claro 1 a 3 metros
(4) Preto 0,5 a 3,5 metros
(5) Vermelho 0 a 1 metro
Porém um destes solos, o de coloração avermelhada (amostra 5), não é originário do local
de estudo. Este pode ser visualizado sobre o solo de coloração preta, em boa parte da área
da vereda. Trata-se de um material transportado pelas águas das chuvas, após ter sido
despejado na cabeceira do córrego Campo Alegre na década de 1990, para contenção de
uma voçoroca.
4
5
3
2
1
FIGURA 6.3 Talude do córrego Campo Alegre.
Data: 13 de fevereiro de 2005.
Capítulo 6 Resultados
63
A amostra de solo número 1 (Figura 6.4) inicialmente identificada visualmente como solo
amarelo, pela Carta de Munsell teve a seguinte identificação: HUE 2.5YR 8/6 YELLOW
“AMARELO”.
FIGURA 6.4 – Amostra de solo (Amarelo).
A amostra de solo número 2 (Figura 6.5) inicialmente identificada visualmente como solo
rosado, pela Carta de Munsell teve a seguinte identificação: HUE 7.5YR 7/4 PINK
“ROSADO”.
FIGURA 6.5 – Amostra de solo (Rosado).
Capítulo 6 Resultados
64
A amostra de solo número 3 (Figura 6.6) inicialmente identificada visualmente como solo
cinza, pela Carta de Munsell teve a seguinte identificação: HUE 10YR 7/2 LIGHT GRAY
“CINZENTO CLARO”.
FIGURA 6.6 – Amostra de solo (Cinzento claro).
A amostra de solo número 4 (Figura 6.7) inicialmente identificada visualmente como solo
preto, pela Carta de Munsell teve a seguinte identificação: HUE 7.5YR 2/0 BLACK
“PRETO”.
FIGURA 6.7 – Amostra de solo (Preto).
Capítulo 6 Resultados
65
6.3 – Vegetação na bacia do córrego Campo Alegre
As Figuras 6.8 e 6.9 ilustram que a vegetação originalmente encontrada na porção norte da
bacia do córrego Campo Alegre é o cerrado entrecortado por veredas. Segundo Ribeiro;
Walter (1998) a vereda:
“é uma fitofisionomia caracterizada pela presença da palmeira arbórea
Mauritia flexuosa (Buriti) emergente, em meio a agrupamentos mais ou menos
densos de espécies arbustivo-herbácios, circundadas por Campo Limpo,
associado a solos hidromórficos, hidricamente saturados durante a maior parte
do ano. Os Buritis caracterizam por alturas médias de 12 a 15 metros. Nas
veredas são encontrados solos hidromórficos, hidricamente saturados durante a
maior parte do ano”.
FIGURA 6.8 Palmeira arbórea Mauritia flexuosa (Buriti). Córrego Campo Alegre.
Data: 13 de fevereiro de 2005.
Capítulo 6 Resultados
66
Segundo Shiki (1997) os cerrados são entrecortados por uma miríade de formões
ecológicas (mata de galeria, covoais e veredas), que são capazes de absorver e armazenar
os excedentes de águas precipitadas no período chuvoso e de alimentar as redes hídricas
compostas de riachos, rregos e ribeirões, que abastecem vários dos grandes rios
brasileiros, sendo verdadeiros sistemas reguladores do regime hídrico dos Cerrados. Como
na bacia do córrego Campo Alegre não existem mais matas de galeria, e sua vereda
encontra-se demasiadamente degradada, a regulação do regime hídrico está parcialmente
comprometida.
A Mata de Galeria é a vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e
córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores fechados (galerias) sobre o
curso de água, que fornece abrigo e alimentos para fauna silvestre, geralmente localiza-se
nos fundos de vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda não
escavaram um canal definitivo (Ratter et al. 1973, Ribeiro et al. 1983, apud Ribeiro; Walter
1998). As Figuras 6.10, 6.11, 6.12 e 6.13 representam a atual situação da Mata de Galeria
FIGURA 6.9 – Palmeira arbórea
Mauritia flexuosa
(Buriti). Córrego Campo Alegre.
Data: 12 de julho de 2007.
Capítulo 6 Resultados
67
do córrego Campo Alegre, na maior parte a vegetação original foi substituída por pastagem
e o processo erosivo se encarrega de arrastar a mata remanescente.
FIGURA 6.10 – Pastagem ao longo do córrego.
Data: 13 de fevereiro de 2005.
FIGURA 6.11 – Área de antiga cobertura arbórea.
Data: 13 de fevereiro de 2005.
Capítulo 6 Resultados
68
FIGURA 6.12 – Erosão nas margens do córrego.
Data: 13 de fevereiro de 2005.
FIGURA 6.13 – Área de antiga cobertura arbórea.
Data: 22 de julho de 2007.
Capítulo 6 Resultados
69
A existência de áreas com a cobertura natural é fundamental para manutenção da
biodiversidade. Nos últimos 30 anos a área da bacia vem sofrendo contínuos
desmatamentos para edificações residenciais, comerciais, reflorestamento. E próximo ao
leito do córrego sua mata de galeria deu lugar a pastagem. A destruição é alarmante pouco
se restou da mata original. De acordo com a Figura 6.14 é possível observar que a parte de
coloração verde representa a vegetação nativa que existia próxima à área do córrego, que
em abril de 1979 era de 744.517 m². As algumas décadas, verificou-se em 2004 que
houve uma redução considerável desta vegetação para 121.206 m², representada pela área
de coloração lilás na figura mencionada, restando apenas 16,28% da área registrada em
1979.
Capítulo 6 Resultados
70
Anel viário
Área de estudo
Coordenadas Geográficas
Datum WGS 84
Organizador: Luiz A. Oliveira
Ago/2007
FIGURA 6.14 – Vegetação nativa 1979 2004.
Capítulo 6 Resultados
71
6.4 – Pluviosidade em Uberlândia
A Tabela 6.2 apresenta os índices totais pluviométricos na cidade de Uberlândia, no
período de 26 anos, desde o ano de 1981 ao ano de 2006, confirmando as duas estações
bem definidas no bioma Cerrado, uma chuvosa e outra de seca. A chuvosa perdurando de
outubro a março e a estação seca, de abril a setembro, sendo que o período de maior
intensidade de chuvas ocorre nos meses de dezembro e janeiro.
Tabela 6.2 – Totais pluviométricos (1981-2006) na cidade de Uberlândia.
Ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
1981 256,2 99,1 169,0 41,1 17,0 59,9 0,0 0,1 0,9 155,7 273,0 431,6
1982 660,4 124,3 321,6 105,7 73,6 40,0 19,0 42,6 23,7 188,1 218,8 402,3
1983 400,4 231,6 226,9 89,1 38,7 6,2 50,6 1,2 119,9 240,8 234,6 323
1984 191,3 82,2 233,1 93,6 43,6 0,0 0,0 45,9 36,0 76,4 189,6 286,3
1985 570,0 111,3 291,5 75,4 20,2 0,0 0,0 0,0 23,6 66,5 150,8 263,4
1986 215,3 176,4 164,8 99,8 27,6 0,0 1,6 50,0 42,0 125,0 107,6 545,0
1987 238,2 201,2 169,3 102,1 28,0 10,0 0,0 0,0 37,8 59,2 282,5 348,9
1988 174,8 285,2 256,4 150,1 43,0 5,4 0,0 0,0 42,3 124,2 116,6 316,5
1989 223,1 248,4 127,5 44,6 3,5 0,0 55,2 22,2 70,1 34,5 312,3 265,1
1990 110,9 150,1 97,6 25,3 68,7 0,0 43,3 37,8 51,5 103,3 168,4 155,7
1991 383,5 255,0 469,4 178,7 4,7 0,0 0,0 0,0 39,3 79,3 113,4 258,7
1992 398,8 383,7 112,8 119,5 46,2 0,0 0,0 4,8 80,9 148,7 363,5 310,6
1993 180,9 285,0 137,8 107,2 30,2 72,2 0,0 18,8 78,0 199,8 98,6 433,5
1994 385,3 142,6 340,6 26,6 35,9 9,4 9,4 0,0 7,4 135,0 177,3 351,9
1995 288,2 422,2 239,1 57,1 121,6 3,4 1,6 0,0 22,0 65,2 133,5 308,2
1996 279,8 137,6 176,6 39,8 56,1 8,4 6,8 6,9 103,2 69,5 263,8 295,2
1997 297,4 131,0 390,4 127,4 36,3 105,1 0,0 0,0 32,9 79,0 302,4 312,3
1998 144,7 162,7 97,4 61,3 57,2 21,2 0,0 85,4 4,4 189,9 178,5 311,0
1999 382,5 185,1 166,3 45,8 10,6 8,8 0,2 0,0 59,9 60,3 247,1 217,4
2000 345,4 280,6 446,3 54,3 0,0 0,0 10,7 9,4 164,3 16,7 161,1 350,5
2001 256,6 112,3 198,6 15,7 67,8 1,3 0 27,5 73,3 99,5 164,1 319,1
2002 325,9 319 105,9 53 19,4 0 1,3 0,1 57,5 45,1 216,4 347,3
2003 556,1 97 310,2 97,8 62,1 0 1,2 2,7 38,4 67,1 234,2 168,8
2004 290,7 265,9 165,6 161,6 9,8 14,1 23,9 0 2,9 136,5 138,7 345,4
2005 434,2 63,8 273,6 22,1 47,1 44,1 0 16,9 33,7 55,2 244,6 239
2006 208,3 189,5 258,1 96,5 6,4 1,5 0 15,5 104,1 276 119,4 460,4
Durante esta pesquisa, agosto de 2005 a dezembro de 2006 a precipitação total de
Uberlândia foi de 2325,1 mm. Os meses mais chuvosos foram novembro e dezembro de
2005 e janeiro, fevereiro, março, novembro e dezembro de 2006 totalizando 1719,3 mm
representando 73,94% de todo período. Em média a precipitação mensal foi de 136,77 mm.
Sendo os maiores totais pluviométricos em março de 2006 de 258,1 mm e dezembro de
Fonte: Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos. Instituto de Geografia.
Universidade Federal de Uberlândia.
Capítulo 6 Resultados
72
2006 de 460,4 mm. Os meses menos chuvosos foram junho de 2006 quando se registrou
1,5 mm e o mês de julho de 2006 que não choveu (Figuras 6.15 e 6.16).
Totais Pluviométricos (mm)
16,9
33,7
55,2
244,6
239
0
100
200
300
Ago/05
Set/05
Out/05
Nov/05
Dez/05
Totais Pluviométricos (mm)
208,3
258,1
96,5
6,4
1,5
0
15,5
276
189,5
104,1
119,4
460,4
0
100
200
300
400
500
Jan/06 Fev/06 Mar/06
Abr/06
Mai/06 Jun/06
Jul/06
Ago/06
Set/06
Out/06 Nov/06
Dez/06
FIGURA 6.15 – Totais pluviométricos em Uberlândia, agosto de 2005 a dezembro de 2005.
FIGURA 6.16 – Totais pluviométricos em Uberlândia, janeiro de 2006 a dezembro de 2006.
Capítulo 6 Resultados
73
6.5 – Vazão do córrego Campo Alegre
Na Figura 6.17 observa-se a variação da vazão do Córrego Campo Alegre. Devido aos
índices totais pluviométricos pode-se dizer que nos meses de agosto, setembro e outubro
observaram-se os menores valores de vazão do córrego. Após consulta ao Laboratório de
Climatologia da Universidade Federal de Uberlândia, constatou-se que o total de
precipitação ocorrida no mês de agosto foi de 16,9 mm, em setembro de 33,7 mm e no mês
de outubro de 55,2 mm. Porém a leitura no mês de agosto foi feita no dia 14 registrando
Zero mm de chuva; no mês de setembro realizou-se leitura no dia 07 e registrou 0,8 mm, já
no mês de outubro a leitura ocorreu no dia 10, entretanto neste dia não houve precipitação.
Durante os meses de novembro e dezembro o município apresentou valores pluviométricos
um pouco maiores; em novembro choveu 244,6 mm e dezembro 239 mm, porém as
medições da vazão do córrego foram feitas nos dias 11 de novembro com o índice
pluviométrico de 10,4 mm e no dia 15 de dezembro com 10,4 mm.
No ano de 2006 pode-se dizer que a vazão do Córrego Campo Alegre oscilou na casa dos
200 litros por segundo durante os meses de maio a outubro. A exceção para menos
aconteceu durante os meses de junho e julho que registraram vazões inferiores de 153,2 e
116,2 litros por segundo respectivamente. Entretanto nos meses de janeiro (839,1
litros/segundo), março (919,5 litros/segundo) e dezembro (862,3 litros/segundo)
obtiveram-se os maiores valores de vazão durante todo o ano (Figura 6.18).
Variação da vao em litros/segundo
135,3
121,5
217,8
201,7
192,3
0
50
100
150
200
250
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
2005
FIGURA 6.17 – Variação da vazão do córrego, agosto a dezembro de 2005.
Capítulo 6 Resultados
74
6.6 – Ação antrópica na bacia do córrego Campo Alegre
De acordo com a Prefeitura Municipal de Uberlândia a cidade possui 64 bairros
delimitados, dentre eles os bairros São Jorge e Laranjeiras. Localizados na região sudeste
da malha urbana de Uberlândia em plena área da micro-bacia do córrego Campo Alegre,
caracterizam-se como uma das áreas que mais se expandiu nos últimos vinte anos. São
bairros horizontais, distantes da área central, com a presença de casas sempre em obras,
processo de autoconstrução, presentes nos lotes urbanizados e pelos conjuntos
habitacionais com moradias tipo embrião, semi-acabadas e de tamanho cujas moradias
iniciais mediam 23m² e 29m², habitados por uma população de baixa renda. Estes bairros
começaram a serem estruturados a partir de 1988, com a pavimentação somente das
principais vias de acesso e implantação de pequenos comércios, áreas de lazer, postos de
saúde, creches, escolas. As casas foram financiadas pela Caixa Econômica Federal e os
lotes urbanizados pelo Fundo Municipal de Habitação.
Até 1995 os bairros São Jorge I, São Jorge II, São Jorge III, São Jorge IV, Viviane,
Seringueira, Regina, São Gabriel, Aurora, Laranjeiras e Paineiras, totalizavam 5.067
residências com uma população aproximada de 30.000 habitantes (Tabela 6.3). A partir
daquele ano, a prefeitura municipal reorganizou todo o espaço urbano de Uberlândia
limitando todos estes bairros citados, somente a dois: Bairro o Jorge atras da Lei
municipal . 6.286 de 20 de abril de 1995 (Tabelas 6.4 e 6.5) e Bairro Laranjeiras lei
municipal 6.322 de 5 de junho de 1995 (Tabelas 6.4 e 6.7).
Variação da vazão em litros/
segundo
209,5
919,5
290,7
204,4
153,2
116,2
222
195,1
221,3
283
839,1
862,3
0
200
400
600
800
1000
JAN FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
2006
FIGURA 6.18 – Variação da vazão do rrego, janeiro a dezembro de 2006.
Capítulo 6 Resultados
75
Tabela 6.3 – Setor sudeste de Uberlândia: número de moradias e lotes urbanizados 1995.
UNIDADES BAIRROS
MORADIAS LOTES URBANIZADOS
São Jorge I - 1350
São Jorge II 108 -
São Jorge III 265 -
São Jorge IV 456 -
Viviane 154 -
Seringueira e Regina 450 -
São Gabriel 975 -
Aurora 1500 -
Laranjeiras 426 -
Paineiras 403 -
TOTAL 5.067 1350
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente. 2005.
Tabela 6.4 – Bairros que originaram o Bairro São Jorge.
LOTEAMENTO DATA DA APROVAÇÃO
Parque São Jorge I (parte) 27/01/1983
Parque São Jorge III 27/01/1983
Conjunto Residencial Viviane 27/01/1983
Remanescente do Quinhão Dois 08/08/1988
Parque São Jorge III (prolongamento) 04/10/1990
Parque das Seringueiras 28/07/1991
Parque São Gabriel 18/11/1991
Primavera Parque (parte) 31/01/1996
Jardim das Hortênsias 11/10/1996
Parque São Jorge V 04/02/1999
Residencial Campo Alegre (parte) 23/09/2003
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente. 2005.
Capítulo 6 Resultados
76
Tabela 6.5 – Domicílios e população estimada do Bairro São Jorge.
ANO DOMICÍLIOS POPULAÇÃO
2000 5645 21364
2001 5832 22071
2002 6025 22801
2003 6224 23557
2004 6420 24299
2005 6591 24948
2006 6762 25594
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente. 2006.
Tabela 6.6 – Bairros que originaram o bairro Laranjeiras.
LOTEAMENTO DATA DA APROVAÇÃO
Parque São Jorge I (parte) 27/01/1983
Parque São Jorge II 27/01/1983
Parque São Jorge IV 21/09/1989
Parque das Paineiras 04/02/1991
Parque das Laranjeiras 05/02/1991
Jardim Aurora (setor A) 17/10/1991
Jardim Aurora (setor B) 17/10/1991
Primavera Parque (parte) 31/01/1996
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente. 2006.
Capítulo 6 Resultados
77
Tabela 6.7 – Domicílios e população estimada do Bairro Laranjeiras.
ANO DOMICÍLIOS POPULAÇÃO
2000 3954 14546
2001 4085 15027
2002 4220 15524
2003 4360 16039
2004 4497 16554
2005 4617 16986
2006 4736 17424
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e
Meio Ambiente. 2006.
Em 23 de setembro de 2003 foi entregue à população de Uberlândia mais um conjunto
habitacional, o Residencial Campo Alegre, totalmente dentro da micro-bacia do córrego
Campo Alegre, a montante das nascentes. O residencial possui edificações simples para
uma população de baixa renda e infra-estrutura deficiente como ruas que o possuem
pavimentação e problemas de drenagem pluvial (Figuras 6.19 e 6.20).
FIGURA 6.19 –
Residencial Campo Alegre.
Data
: 13 de fevereiro de 2005.
Capítulo 6 Resultados
78
As Figuras 6.21, 6.22, 6.23 e 6.24 representam fotografias aéreas obtidas em diferentes
épocas (1964, 1979, 1997 e 2004), nas quais se pode observar um pouco da evolução da
urbanização ocorrida na cabeceira do Córrego Campo Alegre e a conseqüente aceleração
de seus processos erosivos.
Na Figura 6.21 a fotografia aérea de 1964, evidencia que a área do cerrado ainda era pouco
utilizada próximo à cabeceira do córrego. É possível observar na bacia do córrego Campo
Alegre, vegetação de Campos Sujos e várias interferências antrópicas, como por exemplo,
abertura de trilhas no cerrado, próximo as nascentes. Vislumbra-se ainda que a área da
Vereda e a Mata de Galeria encontram-se parcialmente intactas ao redor do córrego. Outra
visualização que merece destaque é a presença de terras cultiváveis no norte da nascente
esquerda.
FIGURA 6.20 –
Residencial Campo Alegre.
Data: 22 de julho de 2007.
Capítulo 6 Resultados
79
FIGURA 6.21 – Córrego Campo Alegre. Ano de 1964.
Fonte: USAF.
Escala: 1: 8000.
Na Figura 6.22 a fotografia aérea de 1979 evidencia uma área de vereda começando a
sofrer redução e o aparecimento de alguns pontos de erosão próximo à cabeceira do
córrego, devido à abertura de curvas de nível e o preparo da terra para a agricultura e
pecuária, aliado a declividade do terreno de 10 a 15% como indicado na fotografia aérea.
Mostra ainda a existência de reflorestamento a redor de suas nascentes. A urbanização
Camp
o sujo
Campo sujo
Trilhas
Agricultura
Capítulo 6 Resultados
80
ainda não atingiu a área da bacia. Pode-se dizer que até este momento o córrego encontra-
se em bom estado de preservação, pois permanece com seu leito protegido pela Mata de
Galeria, a vereda ainda não sofreu danos catastróficos e não transportes excessivos de
sedimentos córrego abaixo.
FIGURA 6.22 – Córrego Campo Alegre. Abril de 1979.
Fonte: IBC – GERCA.
Escala: 1: 8000
Na Figura 6.23 observa-se a ocupação humana considerável na cabeceira do córrego
Campo Alegre em 1997, as ruas ainda não possuem pavimentação, existem poucas
Reflorestamento
Pastagem
Agricultura ou
pastagem
Reflorestamento
Inicio de
processo erosivo
Capítulo 6 Resultados
81
moradias e em alguns quarteirões não existem habitações. São os bairros São Jorge e
Laranjeiras representando a expansão urbana de Uberlândia. Alguns pontos de erosão o
percebidos na área do córrego. Onde existia Mata de Galeria começa a aparecer solo
exposto, ou seja, extenso assoreamento do curso d’água; é o momento em que se acentua a
influência antrópica no processo erosivo do rrego Campo Alegre. Observa-se também
que onde existia área de reflorestamento em 1979, transformou-se em 1997, em vegetação
regenerativa de cerrado.
FIGURA 6.23 – Córrego Campo Alegre. Outubro 1997.
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia. ENGEFOTO
Escala: 1:8000
Regeneração
do cerrado
Pastagem
Assoreamento do
curso d’água
Ocupação humana
Erosão
Anel viário
Capítulo 6 Resultados
82
Na Figura 6.24 observa-se a situação em que se encontra bacia do córrego Campo Alegre
em março de 2004, sofrendo com a intervenção antrópica, através da ampliação da área
urbanizada. A forma construtiva das ruas e avenidas contribuem fortemente para o
escoamento das águas pluviais até a vereda, não existe nenhuma barreira física para
amenização da força hidráulica, por isso a velocidade das águas contribuem para o arraste
de partículas do solo, agravando a erosão acelerada da área de estudo. Na parte superior
direita do córrego é possível visualizar a presença de sulcos e ravinas que estão bastante
concentrados.
Na fotografia aérea de 2004 representada pela Figura 6.24 observa-se a situação em que se
encontra bacia do córrego Campo Alegre, sofrendo com a intervenção humana, através da
ampliação da área urbanizada em número de residências:
Na parte superior direita do rrego é possível visualizar a presença de sulcos e
ravinas que estão bastante concentrados, devido à declividade do terreno de 15 a
20%, associada ao direcionamento das ruas e avenidas dos bairros o Jorge e
Laranjeiras que vão de encontro as nascentes do córrego.
As águas superficiais (runnof) que não são transportadas pelas galerias pluviais,
geram um fluxo concentrado e aumentam o arraste de material arenoso na área de
estudo.
No leito do córrego observa-se assoreamento e erosão acelerada, conseqüência do
modelo de urbanização (disposição das ruas e avenidas) e o deságüe das galerias
pluviais em plena área de vereda.
O Cerrado, vegetação original praticamente não existe mais, o que se são
pastagens e pontos isolados de vegetação secundária do cerrado. Na parte sul das
cabeceiras encontra-se o anel viário, outra forte interfencia antrópica, que por
sinal é a delimitação da área de estudo da presente dissertação. O anel viário é
também o limite do perímetro urbano de Uberlândia.
Capítulo 6 Resultados
83
FIGURA 6.24 – Córrego Campo Alegre. Março de 2004.
Fonte: Prefeitura Municipal de Uberlândia. ESTEIO.
Escala: 1:8000.
Pastagem
Anel viário
(Perímetro Urbano)
Pastagem
Pastagem
Voçoroca
Bairro São Jor
ge
Bairro Laranjeiras
Galeria
Pluvial
Capítulo 6 Resultados
84
6.7 – Ensaios físicos dos solos.
As propriedades físicas dos solos podem ser medidas com relativa facilidade em
laboratório e pequenas variações de seus valores não modifica substancialmente o
comportamento e equilíbrio dos solos. No estudo do comportamento dos solos preocupam-
se com as propriedades físico-químicas, forças intergranulares, efeito dos fluidos
intersticiais, para, a partir de tais fenômenos, explicar o comportamento dos solos. Os
ensaios de campo e laboratório são necessários para fornecer as reais propriedades dos
solos BUENO; VILAR (1984).
6.7.1 – Umidade Higroscópica.
Umidade higroscópica é o teor de umidade de um solo após secagem por exposição ao ar.
Nos ensaios realizados para obtenção da umidade higroscópica do solo amarelo, do solo
rosado e do solo cinzento claro obtiveram-se valores aproximados uns dos outros. Quanto
ao solo de cor preta seu resultado foi muito acima se comparado aos outros três, pois o solo
de coloração preta é hidromórfico e na ausência de água seu volume reduziu
consideravelmente. Enquanto a umidade higroscópica dos três primeiros solos era
aproximadamente 0,5% a do solo preto foi de quase 30% (Tabela 6.8).
Tabela 6.8 – Umidade Higroscópica dos solos.
Umidade Higroscópica %
Solo Amarelo 0,53
Solo Rosado 0,59
Solo Cinzento Claro 0,37
Solo Preto 29,37
6.7.2 – Peneiramento Grosso
Nos ensaios de peneiramento grosso todas as amostras de solos passaram praticamente
100% nas peneiras de # 9,5 mm; 4,8 mm e 2 mm.
Capítulo 6 Resultados
85
6.7.3 – Massa Específica dos Grãos
É a relação entre a quantidade de matéria (massa) (M) e o volume (V) dos grãos. A massa
específica encontrada em cada uma das amostras representa o valor médio das massas
especificas de cada tipo de grãos de minerais que constituem a fase sólida do solo. A
Tabela 6.9 apresenta os valores de massa específica dos sólidos de minerais mais comuns.
Tabela 6.9 – Massa Específica dos sólidos de diferentes minerais.
MINERAL MASSA ESPECIFICA DOS SÒLIDOS (g/m
3
)
Feldspato 2,592,90
Mica 2,70 – 3,20
Caulinita 2,60 – 2,65
Montmorilonita 2,50 – 2,80
Ilmenita 4,50 – 5,00
Quartzo 2,65
Goetita 4,40
Magnetita 5,17
Hematita 5,2
Disponível em: http://www.etg.ufmg.br/~cassia/notas1.htm. Acesso em: 02 dez. 2007.
A Tabela 6.10 mostra os valores de massa específica dos solos da área de estudo. Com
exceção da amostra de solo preto que foi de 2,4 g / cm³, provavelmente por conter matéria
orgânica em todas as outras três amostras de solo, os valores da massa específica dos grãos
variaram em torno de 2,7 g / cm³.
Tabela 6.10 – Massa específica dos grãos.
MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS g / cm³
Solo Amarelo 2,714
Solo Rosado 2,681
Solo Cinzento Claro 2,686
Solo Preto 2,432
Capítulo 6 Resultados
86
A massa especifica da amostra do Solo Amarelo de 2,714 g / cm³ encontra-se dentro dos
valores dos solos que contém Feldspato, Caulinita, Montmorilonita, que são
argilominerais. O valor da massa especifica do Solo Rosado de 2,681 g / cm³ localiza-se
dentro dos valores dos solos que apresentam Feldspato, Montmorilonita, que também o
considerados argilominerais. O Solo Cinzento Claro apresentou uma massa específica de
2,686 g / cm³ encontra-se dentro dos valores dos solos que apresentam Feldspato,
Montmorilonita, que também são considerados argilominerais. Os argilominerais são
considerados como os principais fatores que influenciam na susceptibilidade a sofrer
processos erosivos. Por exemplo, as argilas do tipo Montmorilonitas aumentam
consideravelmente a plasticidade, as Ilitas, possui maior resistência à erosão que as
Caulinitas, sendo o valor das Caulinitas 2,65 g / cm³, valor este bem próximo do resultado
obtido das quatro amostras de solo que com certeza influenciaram de certa forma no
potencial erosivo do solo em estudo.
6.7.4 – Peneiramento Fino
As Tabelas 6.11, 6.12, 6.13 e 6.14 representam a quantidade de material que passaram nas
respectivas peneiras: 16, 30, 40, 60, 100 e 200, utilizadas para a realização do
peneiramento fino.
Tabela 6.11 – Peneiramento fino Solo Amarelo.
Peso do solo seco Nº da
peneira
Diâmetro
(mm)
Retido
acumulado
Passado
% que passa
parcial
% que
passa
16 1,2 0,870 118,485 99,3 99,2
30 0,6 6,790 112,565 94,3 94,3
40 0,42 15,970 103,385 86,6 86,6
60 0,25 34,170 85,185 71,4 71,3
100 0,15 56,140 63,215 52,9 52,9
200 0,075 72,090 47,265 39,6 39,6
Capítulo 6 Resultados
87
Tabela 6.12 – Peneiramento fino Solo Rosado.
Peso do solo seco Nº da
peneira
Diâmetro
(mm)
Retido
acumulado
Passado
% que passa
parcial
% que
passa
16 1,2 1,06 118,236 99,1 99
30 0,6 6,19 113,106 94,8 94,7
40 0,42 13,80 105,496 88,4 88,3
60 0,25 31,18 88,116 73,9 73,8
100 0,15 55,12 64,176 53,8 53,7
200 0,075 72,12 47,176 39,5 39,5
Tabela 6.13 – Peneiramento fino Solo Cinzento claro.
Peso do solo seco Nº da
peneira
Diâmetro
(mm)
Retido
acumulado
Passado
% que passa
parcial
% que
passa
16 1,2 0,49 119,073
99,6 99,5
30 0,6 4,58 114,983
96,2 96,1
40 0,42 13,08 106,483
89,1 89
60 0,25 33,50 86,063 72 71,9
100 0,15 60,63 58,993 49,3 49,2
200 0,075 79,44 40,123 33,6 33,5
Capítulo 6 Resultados
88
Tabela 6.14 – Peneiramento fino Solo Preto.
Peso do solo seco Nº da
peneira
Diâmetro
(mm)
Retido
acumulado
Passado
% que passa
parcial
% que
passa
16 1,2 0,63 92,127 99,3 99,3
30 0,6 8,96 83,797 90,3 90,3
40 0,42 19,39 73,367 79,1 79,1
60 0,25 32,35 60,407 65,1 65,1
100 0,15 42,89 49,867 53,8 53,8
200 0,075 49,67 43,087 46,5 46,4
Após a experimentação concluiu-se que as quatro amostras ao passarem pela peneira nº
200 de abertura de # 0,075 mm apresentaram características granulares muito semelhantes,
ou seja, o percentual que passou pela peneira foi bem próximo para os quatro solos,
confirmando que todos os solos analisados são de granulometria grossa.
6.7.5 – Distribuição Granulométrica
A distribuição granulométrica do Solo Amarelo encontra-se representada pela curva
semilogarítmica (Figura 6.25), demonstrando que de acordo com a escala, esse solo possui
26% de argila; 10,2% de silte; 48,8% de areia fina; 15% de areia média. Segundo a forma
da curva a granulometria é bem graduada e contínua.
Capítulo 6 Resultados
89
FIGURA 6.25 – Distribuição granulométrica do Solo Amarelo.
A Figura 6.26 representa uma amostra de Solo de cor Rosado com a seguinte constituição
granulométrica: 30,1% de argila; 5,8% de silte; 50,6% de areia fina; 13,5% de areiadia.
Segundo a forma da curva, a granulometria é bem graduada e contínua.
FIGURA 6.26 – Distribuição granulométrica do Solo Rosado.
AMOSTRA
-
Solo Rosado
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,001
0,01
0,1
1
10
100
diâmetro (mm)
% que
passa
4
10
16200
100
60 40 30
número das peneiras
AMOSTRA - Solo Amarelo
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,001
0,01
0,1
1
10
100
diâmetro (mm)
% que
passa
4
10
16
200
100
60
40
30
número das peneiras
Capítulo 6 Resultados
90
O Solo Cinzento Claro apresenta 19,7% de argila; 13,4% de silte; 54,6% de areia fina;
12,3% de areia média, de acordo com a forma da curva granulométrica, bem graduada e
contínua (Figura 6.27).
FIGURA 6.27 – Distribuição granulométrica do Solo Cinzento Claro.
A distribuição granulométrica da amostra de Solo Preto encontra-se representada no
gráfico da Figura 6.28. Este solo possui 30,3% de argila; 10,2% de silte; 38,6% de areia
fina; 20,9% de areia média e de acordo com a forma da curva, a granulometria é bem
graduada e contínua.
AMOSTRA 03- Solo Cinzento claro
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,001
0,01
0,1
1
10
100
diâmetro (mm)
% que
passa
4
1016
200
100 60 40 30
número das peneiras
Capítulo 6 Resultados
91
AMOSTRA 04- Solo Preto
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
0,001 0,01 0,1 1 10 100
diâmetro (mm)
% que passa
41016200 100 60 40 30
número das peneiras
FIGURA 2.28 – Distribuição granulométrica do Solo Preto.
Constatou-se com o resultado das curvas granulométricas que todos os quatro tipos de solo
apresentam granulometria arenosa fina, bem graduada, contínua e que são classificados
como areno-argilosos SC segundo a classificação (SUCS). Conforme a classificação HRB
pertencem ao grupo A3, que são areias finas não plásticas.
6.7.6 – Limites de consistência
A consistência inclui propriedades como resistência à compressão e ao esboroamento,
friabilidade, plasticidade e pegajosidade. Está relacionada com a capacidade do solo de
sofrer alterações e ser susceptível aos processos erosivos.
6.7.6.1 – Limite de Liquidez
É o teor de umidade de um solo argiloso correspondente ao estado de consistência limite
entre os estados líquido e plástico. As Figuras 6.29, 6.30 e 6.31 mostram os limites de
liquidez dos Solos Amarelo, Rosado e Cinzento claro.
Capítulo 6 Resultados
92
16
18
20
22
24
26
28
30
32
1 10 100
NÚMERO DE GOLPES
TEOR DE UMIDADE (%)
FIGURA 6.29 – Limite de liquidez Solo Amarelo.
20
22
24
26
28
1 10 100
NÚMERO DE GOLPES
TEOR DE UMIDADE (%)
FIGURA 6.30 – Limite de liquidez Solo Rosado.
LL=22,
3
%
LL=22,8 %
Capítulo 6 Resultados
93
16
18
20
22
24
26
28
30
1 10 100
NÚMERO DE GOLPES
TEOR DE UMIDADE (%)
FIGURA 6.31 – Limite de liquidez Solo Cinzento Claro.
Durante os experimentos pode-se concluir que as características dos solos em relação ao
limite de liquidez são muito parecidas. O solo amarelo apresentou 22,3 % de LP, o solo
rosado 22,8 % de LP e o solo cinzento claro 21,4 % de LP. Entretanto, no solo de
coloração preta não foi possível a realização do ensaio, já que tal fato pode ser justificado
por se tratar de solo orgânico e com alta pegajosidade.
6.7.6.2 – Limite de Plasticidade
Limite de plasticidade é o teor de umidade na fronteira entre os estados plástico e semi-
sólido. A Tabela 6.15 mostra os valores do limite de plasticidade dos solos analisados.
Tabela 6.15 – Limite de plasticidade dos solos.
Limite de plasticidade W-médio (%)
Solo Amarelo 16,01
Solo Rosado 14,30
Solo Cinzento Claro 15,87
Solo Preto -
LL=
21,4
%
Capítulo 6 Resultados
94
Conforme o acontecido durante a tentativa de verificação do Limite de Liquidez, não se
conseguiu alcaar também o Limite de Plasticidade.
6.7.6.3 – Índice de Plasticidade
O Índice de Plasticidade (IP) mede a plasticidade dos solos.
Solo Amarelo:
IP = LL – LP
IP = 22, 3 – 16, 01 = 6, 29 %.
Solo Rosado:
IP = LL – LP
IP = 22, 8 – 14, 30 = 8, 5 %.
Solo Cinzento claro:
IP = LL – LP
IP = 21, 4 – 15, 87 = 5, 53 %.
Assim verificou-se que pelo IP - Índice de Plasticidade, que o solo mais expansivo é o de
coloração rosado (8,5%), seguido pelo solo amarelo (6,29 %) e finalmente, o solo cinzento
claro (5,53%). Sem o Limite de Plasticidade e o Limite de Liquidez do solo de coloração
preta, não foi possível obter seu IP.
6.7.7 – Ensaios de Compactação
O ensaio de compactação fornece os valores do peso especifico aparente seco e a umidade
ótima que segundo Pinto (2002) não são índices físicos do solo. Estes valores, na realidade,
o resultantes da energia aplicada no referido ensaio. O autor afirma que o solo quando se
encontra com umidade abaixo da ótima, a aplicação de maior energia de compactação
provoca aumento de densidade seca, mas quando a umidade é maior do que a ótima a
aplicação da energia na compactação não provoca aumento na densidade seca, pois não
consegue expulsar o ar dos vazios do solo. Este fato nos permite entender como o pisoteio
do gado influencia na diminuição do espaço poroso entre partículas, levando o solo a
perder a sua capacidade de absorção, consequentemente nos períodos chuvosos, as águas
Capítulo 6 Resultados
95
pluviais não infiltram no solo, aumentando o escoamento superficial, causando
susceptibilidade a processos erosivos do tipo laminar.
Os ensaios têm como função aumentar a intimidade de contato entre os grãos e tornar o
solo mais homogêneo, na tentativa de retardar futuras ações erosivas. Através do ensaio de
compactação consegue-se determinar a relação entre o teor de umidade e massa específica
seca do solo (Figuras 6.32, 6.33 e 6.34).
Os ensaios de compactação tinham como objetivo primário servir de dados estáticos para
futuras obras de recuperação da área de estudo, com este experimento comprovou-se
novamente que o solo amarelo, o rosado e o cinzento claro possuem caracterização
extremamente semelhante quanto à umidade ótima e a massa específica seca.
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,600
1,650
1,700
1,750
1,800
1,850
1,900
8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0 18,0
TEOR DE UMIDADE (%)
MASSA ESPECÍFICA SECA (g/cm
3
)
FIGURA 6.32 Gráfico da curva de compactação Solo Amarelo.
UMIDADE ÓTIMA = 13,7%
MASSA ESPECÍFICA SECA MÁX. = 1,853 g/cm³
Capítulo 6 Resultados
96
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,500
1,550
1,600
1,650
1,700
1,750
1,800
1,850
1,900
8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0 17,0
TEOR DE UMIDADE (%)
MASSA ESPECÍFICA SECA (g/cm
3
)
FIGURA 6.33 – Gráfico da curva de compactação Solo Rosado.
UMIDADE ÓTIMA = 12,7%
MASSA ESPECÍFICA SECA MÁX. = 1,855 g/cm³
CURVA DE COMPACTAÇÃO
1,600
1,650
1,700
1,750
1,800
1,850
1,900
1,950
6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0 12,0 13,0 14,0 15,0 16,0
TEOR DE UMIDADE (%)
MASSA ESPECÍFICA SECA (g/cm
3
)
FIGURA 6.34 – Gráfico da curva de compactação Solo Cinzento Claro.
UMIDADE ÓTIMA = 11,6%
MASSA ESPECÍFICA SECA MÁX. = 1,898 g/cm³
Não foi possível a realização do ensaio de compactação do Solo Preto, após colocação da
amostra de solo no equipamento para ensaio, o solo com característica aglutinante,
impregnou nos acessórios que tornou impraticável o ensaio.
Capítulo 6 Resultados
97
6.7.8 – Ensaios de Cisalhamento Direto
O ensaio de cisalhamento direto determina parâmetros de resistência ao cisalhamento do
solo. As tensões de cisalhamento promovem em voçorocas a remoção de suporte lateral, a
sobrecarga, o colapso e a pressão lateral.
6.7.8.1 – Cisalhamento Direto Solo Amarelo
As Figuras 6.35 a 6.40 ilustram os valores encontrados da curva de cisalhamento direto e
adensamento do Solo Amarelo.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO AMARELO 1 kgf/cm²
0
1,36
1,37
1,395
1,405 1,415
1,425
1,441,435
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1,5 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO AMARELO 1,5 kgf/cm²
0
1,54
1,55
1,56
1,575 1,585
1,59
1,611,6
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 2 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO AMARELO 2 kgf/cm²
0
1,87
1,88
1,9
1,91
1,925
1,935
1,971,96
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
FIGURA 6.35 – Curva de cis
alhamento direto,
tensão 1 kgf/cm² Solo Amarelo.
FIGURA 6.36 – Curva de adensamento Solo
Amarelo 1 kgf/cm².
FIGURA 6.37 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1,5 kgf/cm² Solo Amarelo.
FIGURA 6.39 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1,5 kgf/cm² Solo Amarelo.
FIGURA 6.38 – Curva de adensamento Solo
Amarelo 1,5 kgf/cm².
FIGURA 6.40 – Curva de adensamento Solo
Amarelo 1,5 kgf/cm².
Capítulo 6 Resultados
98
6.7.8.2 – Cisalhamento Direto Solo Rosado
As Figuras 6.41 a 6.46 ilustram os valores encontrados da curva de cisalhamento direto e
adensamento do Solo Rosado.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO ROSADO 1 kgf/cm²
0
2,25
2,255
2,24
2,222,19
2,15
2,11
2,1
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1,5 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO ROSADO 1,5 kgf/cm²
0
2,955
2,96
2,94
2,932,9
2,87
2,76
2,62
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 2 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO ROSADO 2 kgf/cm²
0
2,44
2,65
2,84
3,01
3,1
3,19
3,2253,21
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
FIGURA 6.41 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1 kgf/cm² Solo Rosado.
FIGURA 6.43 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1,5 kgf/cm² Solo Rosado.
FIGURA 6.45 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 2 kgf/cm² Solo Rosado.
FIGURA 6.46 – Curva de adensamento Solo
Rosado 2 kgf/cm².
FIGURA 6.44 – Curva de adensamento Solo
Rosado 1,5 kgf/cm².
FIGURA 6.42 – Curva de adensamento Solo
Rosado 1 kgf/cm².
Capítulo 6 Resultados
99
6.7.8.3 – Cisalhamento Direto Solo Cinzento Claro
As Figuras 6.47 a 6.52 ilustram os valores encontrados da curva de cisalhamento direto e
adensamento do Solo Cinzento Claro.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO CINZENTO CLARO 1 kgf/cm²
0
1,51
1,53
1,55
1,57
1,58
1,595
1,625
1,61
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1,5 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO CINZENTO CLARO 1,5 Kgf/cm²
0
2,27
2,32
2,37
2,38
2,39
2,405
2,42
2,415
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 2 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO CINZENTO CLARO 2 kgf/cm²
0
2,77
2,85
2,94
2,985 3,015
3,04
3,055
3,05
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
FIGURA 6.49 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1,5 kgf/cm² Solo Cinzento Claro.
FIGURA 6.47 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1 kgf/cm² Solo Cinzento Claro.
FIGURA 6.51 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 2 kgf/cm² Solo Cinzento Claro.
FIGURA 6.52 – Curva de adensamento Solo
Cinzento Claro 2 kgf/cm².
FIGURA 6.50 – Curva de adensamento Solo
Cinzento Claro 1,5 kgf/cm².
FIGURA 6.48 – Curva de adensamento Solo
Cinzento Claro 1 kgf/cm².
Capítulo 6 Resultados
100
6.7.8.4 – Cisalhamento Direto Solo Preto
As Figuras 6.53 a 6.58 ilustram os valores encontrados da curva de cisalhamento direto e
adensamento do Solo Preto.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO PRETO 1 kgf/cm²
0
2,02
2,06
2,09
2,12 2,15 2,18
2,23
2,205
0
0,5
1
1,5
2
2,5
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 1,5 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO PRETO 1,5 kgf/cm²
0
2,95
3,15
3,25
3,38
3,55
3,71
3,795
3,76
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00
DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA (%)
TENSÃO kgf/cm²
pressão vertical = 2 kgf/cm2
ADENSAMENTO SOLO PRETO 2 kgf/cm²
0
2,8
2,91
3,03
3,15
3,27
3,375
3,53
3,46
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
RAIZ QUADRADA DO TEMPO (min)
ADENSAMENTO
FIGURA 6.53 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1 kgf/cm² Solo Preto.
FIGURA 6.55 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 1,5 kgf/cm² Solo Preto.
FIGURA 6.57 – Curva de cisalhamento direto,
tensão 2 kgf/cm² Solo Preto.
FIGURA 6.54 – Curva de adensamento Solo
Preto 1 kgf/cm².
FIGURA 6.56 – Curva de adensamento Solo
Preto 1,5 kgf/cm².
FIGURA 6.58 – Curva de adensamento Solo
Preto 2 kgf/cm².
Capítulo 6 Resultados
101
6.7.8.5 – Envoltória de resistência dos Solos
As Figuras 6.59 a 6.62 representam os valores das envoltórias dos solos da área de estudo,
obtidas através dos ensaios de cisalhamento direto.
Envoltória de resisncia- cisalhamento direto
Solo Amarelo
y = 0,55x + 0,175
R
2
= 0,9758
0
0,5
1
1,5
2
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Pressão vertical kgf/cm2
Tensão de ruptura kgf/cm2
Envoltória de resistência- cisalhamento direto
Solo Rosado
y = 0,4662x
R
2
= 0,936
0
0,5
1
1,5
2
0 0,5 1 1,5 2
Envoltória de resisncia- cisalhamento direto
Solo Cinzento
y = 0,45x + 0,175
R
2
= 0,9643
0
1
2
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Envoltória de resistência- cisalhamento direto
Solo Preto
y = 0,5292x
R
2
= 0,9969
0
1
2
0 0,5 1 1,5 2
A Tabela 6.16 reporta os resultados obtidos com o ensaio de cisalhamento direto dos solos
da área de estudo.
Tabela 6.16 – Resultados dos ensaios de cisalhamento dos solos.
Cor do
solo
Pressão
vertical
kgf/cm²
Tensão de
ruptura
kgf/cm²
y C Ø
1,0 0,7
1,5 1,05
Amarelo
2,0 1,25
0,55x + 0,175
0,9758 0,175 28,8º
1,0 0,42
1,5 0,73 Rosado
2,0 1,18
0,4662x 0,936 0 26º
1,0 0,6
1,5 0,9
Cinzento
Claro
2,0 1,05
0,45x + 0,175
0,9643 0,175 24º
1,0 0,52
1,5 0,8 Preto
2,0 0,8
0,5292x 0,9969 0,34 14º
FIGURA 6.59 – Envoltória de resistência Solo
Amarelo.
FIGURA 6.60 – Envoltória de resistência Solo
Rosado.
FIGURA 6.61 – Envoltória de resistência Solo
Cinzento Claro.
FIGURA 6.62 – Envoltória de resistência Solo
Preto.
Capítulo 6 Resultados
102
De acordo com os resultados obtidos nos ensaios de cisalhamento direto o solo preto é o
solo menos erodível, possuindo um ângulo de atrito de 14º, seguido do solo cinzento claro
com 24º de ângulo de atrito, posteriormente o solo rosado com 26º, e o mais erodível dos
quatros solos é o solo amarelo com 28,8º de ângulo de atrito. Uma observação desta
seqüência de maior para menor erodibilidade é o fato destes solos estarem dispostos na
mesma seqüência no talude, de cima para baixo: preto, cinzento claro, rosado e amarelo.
Os solos amarelo e rosado estão mais próximos do NA e estão mais susceptíveis de serem
mais lixiviados.
Em uma escavação que envolva os quatro solos, sugere-se que o ângulo de atrito deve ter
uma inclinação inferior a 24º para evitar o riscos de deslizamentos e garantir a estabilidade
do talude. Considerando que a espessura do solo de coloração preta possui um ângulo de
atrito de 14º, sua espessura é pequena não afetando uma fundação.
6.7.9 – Permeabilidade dos Solos com Carga Constante
A permeabilidade indica a facilidade com as partículas de água fluem por entre os vazios
do solo, possibilitando o maior ou menor carreamento do solo (Tabela 6.17). A
permeabilidade caracteriza a capacidade do solo em infiltrar a água, este parâmetro reflete
a relação infiltração/deflúvio e está diretamente relacionado à estrutura do solo, preparo do
solo, erosão, aeração e absorção de água. A análise da permeabilidade pode fornecer os
primeiros indícios do potencial de erodibilidade.
Tabela 6.17 – Permeabilidade dos solos com carga constante.
Cor do solo K(cm/s) Temp.
Classe
Amarelo 2,30E-05 20
0
C
Moderadamente
lenta
Rosado 3,10E-05 20
0
C
Moderada
Cinzento Claro 1,95E-05 20
0
C
Moderadamente
lenta
Preto 1,33E-04 20
0
C
Muito lenta
Após os ensaios de permeabilidade de solos com carga constante verificou-se que o solo
rosado tem a maior permeabilidade de 3,10E-05 cm/s, a temperatura de 20ºC; o solo
Capítulo 6 Resultados
103
amarelo segue com 2,30E-05 cm/s, o solo cinzento claro com 1,95E-05 cm/s e, o solo preto
com 1,33E-04 cm/s quando submetidos à mesma temperatura de teste.
6.7.10 – Potencial Hidrogeniônico (pH)
O potencial hidrogeniônico (pH) tem uma fuão determinante no solo, um solo ácido
possui maior concentração de microorganismos e consequentemente maior fertilidade
contribuindo para a proliferação da cobertura vegetal e coesão do solo. Em geral o
aumento do conteúdo orgânico de um solo diminui sua erodibilidade, o húmus é muito
importante para a estabilidade dos agregados. A matéria orgânica devido à polarização
positiva agrega as partículas de argila nos solos.
Os solos que possuem pH ácidos, geralmente o caracterizados por apresentarem uma
desagregação de partículas não em forma alarmante, mas infelizmente este condicionante
natural do solo é afetado pelo lançamento indevido de drenagens de águas pluviais com pH
geralmente superior ao do solo, favorecendo, assim, a sua desagregação e acelerando o
processo erosivo. A Tabela 6.18 mostra os resultados de pH obtidos dos solos.
Tabela 6.18 – Potencial hidrogeniônico (pH).
Cor do solo pH
Amarelo 5,4
Rosado 5,39
Cinzento Claro 4,92
Preto 4,7
O solo amarelo apresentou um pH de 5,4 (ácido), o solo rosado 5,39 (ácido), o solo
Cinzento Claro 4,92 (ácido) e o solo na coloração preta, se tratando de um solo rico em
matéria orgânica apresentou o pH mais baixo de todos 4,7 (ácido).
6.7.11 – Ensaio de Azul de Metileno (AM)
A Tabela 6.19 ilustra os valores obtidos no ensaio de Azul de Metileno, ensaio que tem por
finalidade a caracterização e identificação da fração fina dos solos. É a forma de medição
indireta de finos do solo, através da superfície específica que permite a medida estimada do
tamanho dos grãos finos. Assim, os solos de granulometria maior são mais susceptíveis à
Capítulo 6 Resultados
104
erosão, enquanto os de menor granulometria, por serem mais coesos apresentam resistência
á processos erosivos.
Tabela 6.19 – Ensaio de azul de metileno.
Cor do solo
Azul de Metileno
Utilizado Vb
Superfície
Especifica
SE
Capacidade
de Troca
Catiônica
(CTC )
meq/100g
Argila
Amarelo 1,75 ml 2,14 m²/g 87,5 Montmorilonita
Rosado 2 ml 2,44 m²/g 100 Montmorilonita
Cinzento
Claro 1,25 ml 1,53 m²/g 62,5 Montmorilonita
Preto 18 ml 22,02 m²/g 1000 Vermiculita
6.7.12 – Matéria ornica
A matéria orgânica é formada por resíduos de vegetais e animais. Seu papel principal é
fornecer nutrientes as plantas e se constituir na fonte alimentar mais importante dos
microorganismos, além de estabilizar a estrutura do solo. A concentração de matéria
orgânica aumenta a capacidade de retenção de umidade dos solos arenosos. A presença de
matéria orgânica é um fator que influencia na resistência do solo aos processos erosivos.
Esta influencia estará vinculada a propriedades de retenção de água, a fortalecimento das
ligações entre grãos e aumento da resistência à desagregação e à dispersão. A tabela 6.20
mostra os percentuais de matéria orgânicas dos solos em estudo.
Tabela 6.20 – Matéria orgânica.
MATÉRIA ORGÂNICA
Solo Amarelo 0,25%
Solo Rosado 1,5%
Solo Cinzento Claro 0,5%
Solo Preto 12,75%
Capítulo 6 Resultados
105
Segundo Ploey e Poesen (1985) apud Ramidan (2003) os solos instáveis são aqueles que
possuem menos de 2% de matéria orgânica. Os resultados obtidos de quantificação de
matéria orgânica dos solos Amarelo, Rosado e Cinzento Claro da área de estudo são
menores que 2%, portanto, podem ser considerados propensos a erosão. Já o solo Preto
possui 12,75% de matéria orgânica, caracterizando-se como um solo resistente à erosão.
6.7.13 – Erodibilidade
O fator (K) de Erodibilidade do solo representa a suscetibilidade do solo em ser erodido e é
dado pelas características intrínsecas do mesmo. Este valor pode ser obtido diretamente
através de ensaios de laboratório e campo ou através de métodos indiretos.
WISCHMEIER; SMITH (1978) propõe o uso de um nomograma para determinação deste
valor, construído com base na equação abaixo:
100
35,2225,312101,2
414,1
cbaM
K
Onde:
K: índice de erodibilidade do solo
a: % de matéria orgânica
b: classe de estrutura do solo
c: classe de permeabilidade do solo
M: parâmetro que representa a textura do solo dado em %
M= (% silte + % areia muito fino)* (100 - % argila).
Para a obtenção do parâmetro K com maior aproximação (erodibilidade do solo) pode ser
utilizada a equação abaixo, apresentada, de WISCHMEIER & SMITH (1978). O valor
de K é expresso em t.ha.h/ha.MJ.mm.
Os valores obtidos pela devem ser multiplicados por um fator de correção igual a 0,1317, para
se obter os resultados em unidades de [(ton.ha.h)/(MJ.mm.ha)]. Carvalho (1994) divide os
valores de K em classes de interpretação, descritas na Tabela 6.21.
Capítulo 6 Resultados
106
Tabela 6.21 – Classes de interpretação dos valores de K.
Classes de interpretação Intervalos de valores de K
(t.ha.h/MJ.mm.ha)
Erodibilidade baixa
K < 0,0198
Erodibilidade média
0,0198 < K < 0,040
Erodibilidade alta
K > 0,040
Após estas observações chegou-se nos resultados de erodibilidade dos solos da área de estudo.
Resultados estes expostos na Tabela 6.22.
Tabela 6.22 – Erodibilidade dos solos.
ERODIBILIDADE (t.ha.h/MJ.mm.ha)
Solo Amarelo 0,32
Solo Rosado 0,27
Solo Cinzento Claro 0,41
Solo Preto 0,06
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
107
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
7
7
E
E
V
V
O
O
L
L
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
O
O
P
P
R
R
O
O
C
C
E
E
S
S
S
S
O
O
E
E
R
R
O
O
S
S
I
I
V
V
O
O
A realização dos vários trabalhos de campo na área de estudo possibilitou o registro
fotográfico da evolução da voçoroca no Córrego Campo Alegre (Figuras 7.1 e 7.2), além
de várias ações antrópicas como, desmatamento, criação de gado, aterros, queimadas e
despejo de esgoto residencial que contribuíram e contribuem ainda para a sua degradação.
FIGURA 7.1 – Voçoroca do rrego Campo Alegre.
Data: 16/09/2004.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
108
A Figura 7.3 evidencia o despejo clandestino de esgoto residencial associado a uma galeria
pluvial em setembro de 2004, proveniente do bairro São Jorge. Este despejo acontece vinte
e quatro horas por dia. Em 2006 a Prefeitura Municipal de Uberlândia implantou uma
grande obra, a construção de um novo emissário de esgoto com o intuito de separação da
água pluvial e de águas servidas, porém o lançamento das águas pluviais dos bairros o
Jorge e Residencial Campo Alegre continuaram no mesmo local.
FIGURA 7.2 – Voçoroca do córrego Campo Alegre.
Data: 05/04/2007.
FIGURA 7.3 – Despejo de águas pluviais e esgoto na cabeceira do córrego.
Data: 16/09/2004.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
109
Em abril de 2007 era possível se observar ainda o lançamento clandestino de esgoto na
galeria recém construída, devido às ligações realizadas pela própria população,
provavelmente pela falta de conscientização ambiental dos moradores (Figura 7.4).
Em setembro de 2004 num dos trabalhos de campo realizados, pôde-se observar uma
espécie de ilha na parte interna do canal fluvial com aproximadamente 6 a 7 metros de
altura e com 10 metros de largura por uns 12 de comprimento próximo à saída de água da
galeria pluvial (Figura 7.5).
FIGURA 7.5 – Volume de solo, aproximadamente com 12 metros x 6 metros x 10 metros.
Data: 16/09/2004.
.
FIGURA 7.4 – Despejo de águas pluviais e esgoto na cabeceira do córrego.
Data: 05/04/2007.
.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
110
Dois anos e sete meses depois o material residual foi erodido por ação das águas pluviais,
podendo ser observado na Figura 7.6. A grande quantidade de solo que formava esse
material residual, não existe mais. E o processo de evolução da voçoroca é ativado
durante o período chuvoso, acontecendo, no entanto, em menor intensidade durante a seca,
como é o caso de trincas e rachaduras.
A área de vereda do córrego ainda possui alguns Buritis que resistiram ao desmatamento,
ao arraste das águas e aos ataques de vândalos. É comum observar Buritis que se
desenvolvem tombados e até inclinados devido a movimentos de massa que ocorrem em
conseqüência da fragilidade do solo (solo saturado). Em todo o percurso do córrego é alta a
quantidade de troncos de Buritis e de árvores do cerrado encontrados, resultantes da
evolução da voçoroca. Por ser uma área destinada à pastagem, o gado contribui
sobremaneira com a compactação do solo e ajuda a na deteriorizão dos taludes,
desfazendo-os ao pisoteá-los (Figuras 7.7 e 7.8).
FIGURA 7.6 – Local onde existia o volume de solo.
Data: 05/04/2007.
.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
111
Dentre as várias nascentes existentes na área de estudo, no ano de 2004 observava-se o
encontro do esgoto clandestino em tom mais escuro com uma das nascentes do córrego
Campo Alegre em tom mais claro, neste ponto a erosão ainda é pouco profunda e com
pouco avanço lateral (Figura 7.9). Em julho de 2007 ainda continuava o encontro do esgoto
com a mesma nascente e o processo erosivo lateral era bastante expressivo (Figura 7.10).
FIGURA 7.7 – Tombamento de Buriti.
Data: 16/09/2004.
.
FIGURA 7.8 – Buriti com as folhas retiradas e pisoteio do gado.
Data: 22/07/2007.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
112
Nas Figuras 7.11 e 7.12 é possível visualizar o impacto ambiental sofrido pelo mau
planejamento ou não planejamento dos órgãos públicos responsáveis, no que se refere à
construção de galerias pluviais. Não se levando em conta que por ser uma área de vereda o
solo hidromórfico é vulnerável a grandes forças hidráulicas. Nos trabalhos de campo
realizados na área em estudo percebeu-se o alargamento do canal em toda sua extensão e
escavação em determinados pontos, chegando os taludes a medirem aproximadamente seis
metros de altura. Com isso toda a vegetação ficou comprometida desde os Campos
FIGURA 7.9 – Encontro do esgoto doméstico com uma das nascentes do córrego.
Data: 16/09/2004.
FIGURA 7.10 – Encontro do esgoto doméstico com uma das nascentes do córrego.
Data: 22/07/2207.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
113
Limpos, Buritis, árvores inteiras típicas do cerrado e a própria fauna que depende das
mesmas para sobrevivência.
Praticamente em toda a extensão os taludes da área em estudo apresentam ângulos em
torno de 90º. Quando ocorrem deslizamentos de massas de sedimentos, esse material
movimentado pode permanecer temporariamente apoiado no fundo da voçoroca. Nesses
FIGURA 7.11 – Escavação do leito do córrego devido ao impacto das águas pluviais.
Data: 16/09/2004.
FIGURA 7.12 – Degradação ambiental devido ao impacto das águas pluviais.
Data: 16/09/2004.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
114
casos, as paredes apresentam dois ângulos distintos, um quase vertical e outro com
aproximadamente 50º na massa terrosa deslizada (Figuras 7.13 e 7.14).
FIGURA 7.13 – Queda de Talude, devido ao impacto das águas pluviais.
Data: 16/09/2004.
FIGURA 7.14 – Movimentação de massas devido ao impacto das águas pluviais.
Data: 16/09/2004.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
115
Para tentar amenizar o problema de erosão da área que circunda o córrego Campo Alegre a
prefeitura despejou vários caminhões de terra e entulho de material de construção civil,
porém esta atitude não resolveu o problema, uma vez que os entulhos de construção civil
normalmente vêm misturados a algum tipo de lixo: sacolas plásticas, pneus, embalagens de
alumínio (marmitex), garrafas pets, (Figura 7.15).
Na tentativa de impedir o carreamento de material a prefeitura não obteve êxito em
despejar vários caminhões de entulho de construções civis, todas as vezes que chega o
período chuvoso este material é transportado córrego abaixo (Figura 7.16), conseguindo
deixar no leito do córrego, cacos de tijolos, pedaços de concreto, pneus, sacolas plásticas.
FIGURA 7.15 – Pneu e lixo depositados nas margens do córrego.
Data: 16/09/2004.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
116
Durante toda a pesquisa contatou-se o avanço da voçoroca, tanto lateralmente quanto no
leito do córrego. Com o aumento da deposição de detritos nas regiões de menor
velocidade, verificou-se uma mudança na configuração do vale, que passou a ter a forma
de um “Ubastante aberto, de base muitas vezes maior que os lados. Tal configuração
decorre da deposição no fundo e da erosão que passou a ser lateral (Figura 7.17). Com a
erosão lateral do córrego e por se tratar de um solo arenoso, a ação abrasiva resultou no
carreamento de sedimentos que pode ser visualizado na Figura 7.18.
FIGURA 7.16 – Assoreamento do córrego com entulhos de construção civil.
Data: 16/09/2004.
FIGURA 7.17Erosão lateral do córrego.
Data: 01/06/2006.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
117
A erosão ao remover materiais do fundo, da cabeceira e dos taludes da voçoroca, provocou
um alívio de tensões, tanto vertical quanto horizontal. Essas alterações se configuraram
uma alteração principalmente no aparecimento de trincas ou fendas próximas ao topo dos
taludes e das cabeceiras das voçorocas. A presença dessas fendas de aumento de tensão
paralelas aos taludes da voçoroca, tem uma função importante na evolução do processo
erosivo, não só nos taludes laterais, como também na cabeceira, à montante.
Durante vários trabalhos de campo observaram-se várias trincas desde sua formação,
passando por várias etapas de abertura até a ruptura total das paredes da voçoroca. Com o
avanço da erosão essas trincas ficam próximas dos taludes e a abertura entre os blocos
aumenta em a 20 cm (Figura 7.19), aparecendo então novas trincas paralelas ou
subparalelas a essa primeira (Figura 7.20), dando continuidade a todo o processo erosivo.
FIGURA 7.18 – Carreamento de sedimentos.
Data: 13/02/2005.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
118
As fissuras no solo hidromórfico do córrego Campo Alegre são causadas pela migração da
água para níveis mais baixos, essas fissuras ficam expostas à ação do tempo, facilitando a
penetração das águas pluviais. Dessa forma quando chega o período de estiagem a
estrutura dos agregados ressecam-se e se quebram, e consequentemente a vegetação de
FIGURA 7.19 – Fenda na área de estudo.
Data: 01/06/2006.
FIGURA 7.20 – Trinca na área de estudo.
Data: 05/04/2207.
Trinca
Fenda
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
119
cerrado que se tornou vulnerável com a falta de solo para sua sustentação cai dentro da
área voçorocada (Figuras 7.21 a 7.24).
FIGURA 7.21 Fissuras no solo hidromórfico.
Data: 01/06/2006.
FIGURA 7.22 Queda de vegetação.
Data: 22/07/2007.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
120
FIGURA 7.23 – Queda de vegetação.
Data: 01/06/2006.
FIGURA 7.24 Queda de vegetação.
Data: 22/07/2007.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
121
Próximo aos taludes do córrego Campo Alegre observou-se a presea de rias áreas de
subsidência (Figura 7.25), a distâncias variáveis da borda da erosão, porém não superiores
a 7 metros. Essas estruturas apresentam um contorno aproximadamente circular, com
diâmetro de 3 a 4 metros e com aprofundamento contínuo.
Durante o período chuvoso essas áreas afundadas atuam como reservatórios de retenção
das enxurradas e com o passar do tempo se agregam à voçoroca aumentando-a
lateralmente (Figura 7.26). Não se pôde precisar a origem das subsidências, a princípio
parece estar associada a raízes de vegetação pretérita ou a cupinzeiros que existem em
abundância neste local.
FIGURA 7.25 – Ocorrência de subsidência.
Data: 01/06/2006.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
122
Em 22/07/2007 foi medido a distância de evolução da erosão lateral do córrego. Após o
primeiro período chuvoso, final de 2004 e início de 2005 as primeiras estacas fixadas à
margem do talude tinham sido arrastadas junto com o solo monitorado, ou seja, houve
um alargamento da voçoroca em mais de 1,70 metros. No segundo período chuvoso de
2005/2006 a margem do talude evoluiu mais 1,20 metros e no período chuvoso 2006/2007
o talude avançou mais 0,90 metros, comparado à leitura anterior. A altura do talude media
em torno de 6,5 metros de altura, conseqüência do rrego estar bem pximo de atingir
seu nível de base, Tabela 7.1.
Tabela 7.1 – Monitoramento do avanço do talude.
Data Distância do talude
1º ponto
Distância do talude
2º ponto
Altura do talude
22/11/2004 4 metros 4 metros 6 metros
20/07/2005 2,10 metros 2,30 metros 6,2 metros
15/07/2006 1,00 metros 1,10 metros 6,2 metros
22/07/2007 zero 0,20 metros 6,5 metros
FIGURA 7.26 – Aumento lateral da voçoroca.
Data: 22/07/2007.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
123
Foram instalados em 22/07/2007 no local de monitoramento da voçoroca mais quatro
estacas na distância de dez metros da margem do talude, devido ao avanço pido da
erosão que ocorreu durante a pesquisa (Figura 7.27).
Não se pode precisar o período inicial da dinâmica erosiva do Córrego Campo Alegre.
Porém foi feito uma estimativa da perda do solo durante os anos de 1979 a 2004;
verificando que houve uma perda considerável de 17.145,6 de superfície do solo,
representada pela área de coloração amarela na Figura 7.28.
Estaca de monitoramento
FIGURA 7.27 – Estacas de monitoramento da voçoroca.
Capítulo 7 Evolução do Processo Erosivo
124
FIGURA 7.28 – Evolução dos processos erosivos 1979 – 2004.
Estacas
Coordenadas Geográficas
Datum WGS 84
Organizador: Luiz A. Oliveira
Ago/2007
Capítulo 8 Proposta para contenção da Voçoroca
125
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
8
8
PROPOSTAS PARA CONTENÇÃO DA
VOÇOROCA
A conservação do solo consiste em dar o uso e o manejo adequado às suas características
químicas, físicas e biológicas, visando à manutenção do equilíbrio ou recuperação. Através
das práticas de conservação, é possível manter a fertilidade do solo e evitar problemas
comuns, como a erosão e a compactação.
No caso específico do Córrego Campo Alegre, por se tratar uma área de vereda, a primeira
atitude a ser tomada deve partir do poder público. Deve-se desviar toda a água pluvial que
é direcionada ao córrego, construindo uma galeria pluvial e o novo deságüe ser direto no
rio Uberabinha, pois o seu volume e suas dimenes o bem superiores à do Córrego
Campo Alegre.
Para conter ravinas e voçorocas podem-se adotar alguns métodos de contenção, que o
baseadas no clássico trabalho de Bigarella e Mazuchowski (1985) apud Viera e Molinari
(2005) que se encontram apresentadas aqui de forma resumida:
“a) Desvio das águas de superfície – toda vez que se tentar conter o crescimento
de uma incisão erosiva deve-se primeiramente desviar as águas de superfície. Se
não for possível desviar a água de maneira segura é prefevel não fazê-lo, caso
contrário daria início a um novo voçorocamento. Para tanto, utilizam-se os
canais de derivação revestidos. Estes canais ou tubulações dão seqüência à
condução das águas pluviais e servidas até um local adequado para a descarga
das águas, onde a sua energia possa ser dissipada. Os dissipadores de energia
das águas são obras construídas nas extremidades dos emissários ou obras
executadas através da estabilização de vales receptores, cuja principal função é
diminuir a energia do escoamento das águas nos pontos de descarga.
b) Proteção das cabeceiras se o terreno acima da ravina/voçoroca/movimento
de massa for demasiadamente declivoso para o emprego das técnicas de
terraceamento, ou ainda, se a bacia alimentadora for constituída de pastagens
ou matas, é possível usar valas de desvio, para impedir que o escoamento
concentrado se dirija para o barranco. Os terrenos à montante deverão ser
convenientemente protegidos. Essa proteção segundo Bigarella e Mazuchowski
(1985) apud Viera e Molinari (2005) “deverá consistir em prática que facilite a
infiltração das águas pluviais no solo: recomenda-se uma eficaz proteção da
vegetação nas cabeceiras das voçorocas, pois quanto mais densa e vigorosa for
a vegetação tanto menores serão as sobras de água”.
c) Revestimento vegetal como citado anteriormente, a vegetação compreende
um fator de estabilidade e proteção das encostas, além de que onde
vegetação o processo de infiltração é maior. Vale ressaltar, que uma vez
estabelecida a vegetação na incisão erosiva, será mais difícil que a erosão se dê
Capítulo 8 Proposta para contenção da Voçoroca
126
com velocidade, tendendo a uma estagnação completa. A vegetação poderá ou
não aparecer nessas incisões em qualquer fase de seu desenvolvimento desde
que ocorra em algum setor onde haja possibilidade de crescimento da
vegetação. Porém, quando a vegetão natural parecer incapaz de dominar a
erosão, ou onde se deseje certas espécies vegetais de valor econômico, será
necessário considerar a possibilidade de se plantar espécies vegetais desejadas.
Vale frisar, que uma primeira tentativa de introdução de vegetação na
recuperação de áreas degradadas deverá priorizar as espécies nativas da
região”.
A área de estudo está ocupada com pastos e poucos arbustos, além de cercar as nascentes é
preciso plantar algumas árvores, escolhendo bem as espécies, a quantidade e a distribuição.
O plantio de muitas árvores pode secar as nascentes por algum tempo. Para uma área
cercada de 7854 m² recomenda-se plantar cerca de 30 a 100 árvores, dependendo do
potencial de regeneração e do ecossistema local (CEMIG, UFLA, 2004). Nessa
quantidade, essas árvores irão atrair pássaros e outros animais que trarão novas sementes
que irão reflorestar a área aos poucos, além de aumentar a infiltração da água de chuva no
solo Tabela 8.1.
Tabela 8.1 – Espécies de plantas para recuperação da área em estudo.
Nome
científico
Nome
vulgar
Porte
da
árvore
Importância para a fauna
Agonandra
brasiliensis
Pau-marfim-
do-cerrado
8 a 15
metros
Flores especialmente atrativas para
periquitos e papagaios.
Schinus
terebinthifolius
Aroeira-
mansa
5 a 10
metros
As flores são melíferas. Os frutos são
procurados por várias espécies da avifauna.
Tapirira
obtusa
Pau-pombo 8 a 12
metros
As flores são melíferas. Os frutos são
altamente procurados pelo pombo silvestre.
Annoma
coriacea
Araticum 3 a 6
metros
Frutos apreciados pela fauna.
Xylopia
aromatica
Pimenta-de-
macaco
4 a 6
metros
Frutos procurados por várias espécies de
pássaros.
Tabebuia
ochracea
Ipê amarelo 6 a 14
metros
Flores muito visitadas por abelhas e outros
insetos.
Coupeia
grandiflora
Fruta-de-ema
4 a 6
metros
Os frutos o consumidos por morcegos e
alguns outros animais.
(CEMIG, UFLA, 2004)
Capítulo 8 Proposta para contenção da Voçoroca
127
A hidrossemeadura consiste na aplicação de uma massa pastosa em taludes ou áreas
inclinadas susceptíveis à erosão. Composta por fertilizantes, sementes, adesivos e matéria
orgânica viva. Lançada por jato de alta pressão, esta massa adere à superfície formando
uma camada protetora que além de fixar as sementes e demais componentes, funciona
como escudo contra a ação da chuva, do vento e outros agentes causadores da erosão, Este
método leva em conta as características do solo e suas necessidades (Figuras 8.1 e 8.2).
FIGURA 8.1 – Talude antes da aplicação da hidrossemeadura.
Fonte: Conspizza Hidrossemeadura
FIGURA 8.2 – Talude depois da aplicação da hidrossemeadura.
Fonte: Conspizza Hidrossemeadura
Capítulo 9 Considerações finais
128
CAPÍTULO 9
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho identificou uma área de voçoroca dentro de uma vereda, seu comportamento
evolutivo resultante das ações antrópicas, como desmatamento, criação de gado,
urbanização e deságüe de águas pluviais e suas conseqüências. Procurou compreender as
características físicas do solo através de ensaios mecânicos realizados em laboratórios.
No Cerrado, bioma onde se localiza a área de estudo, por ter duas estações bem definidas,
uma seca e outra chuvosa, percebe-se nitidamente uma evolução do processo erosivo na
estação chuvosa. A dinâmica do processo erosivo ganha mais intensidade, a energia
liberada pela água pluvial escava lateralmente a área voçorocada de tal forma que além de
arrastar uma grande quantidade de solo, leva junto toda a vegetação que encontra pela
frente. No período de seca o processo erosivo é insignificante, com exceção do pisoteio de
gado e da retirada de solo orgânico pelos moradores da região, que de forma direta
contribuem para a fragilidade do solo. A voçoroca apresenta uma profundidade de
aproximadamente de 6 a 7 metros, e em torno dessa área voçorocada a vegetação é
composta por árvores de pequeno porte com altura entre 3 a 4 metros.
No córrego Campo Alegre os processos erosivos iniciam-se pelo impacto da água pluvial
com o terreno, desagregando suas partículas que associadas à declividade são arrastadas e
liberadas, uma vez que solos com textura arenosa são extremamente suscetíveis aos
processos erosivos, em especial quando sofrem desmatamento generalizado e concentração
do escoamento das águas pluviais. Muito material foi e está sendo carreado córrego
abaixo, árvores inteiras estão sendo arrancadas do seu local de origem, onde havia farturas
de Buritis, hoje se Buritis solitários e inclinados ou até mesmos secos e vulneráveis a
ações das queimadas dos vândalos. Muitas aves estão desaparecendo e a área que se
considerava vereda não pode ser classificada com tal. Houve uma redução de 84% da
vegetação nativa encontrada na área de estudo comparando os anos de 1979 com 2004. No
ritmo que se encontra o carreamento de solo em breve não restarão arvores, arbustos ou
Capítulo 9 Considerações finais
129
qualquer tipo de vegetação no local. Deve-se imediatamente cessar o deságüe de águas
pluviais no Córrego Campo Alegre e expandir suas galerias pluviais até o rio Uberabinha.
Diante do exposto, verificam-se irregularidades referentes à legislação ambiental DIAS
(2001). Dentre elas, podem-se citar:
Desflorestamento da vegetação da área de preservação permanente próxima às
nascentes e soterramento da mesma.
A Resolução Conama 4, de 18/09/1985, estabelece em seu artigo que são reservas
ecológicas:
“(...) as florestas e demais formas de vegetação natural situadas nas
nascentes permanentes ou temporárias incluindo os olhos d’ água e veredas,
seja qual for a sua situação topográfica, com uma faixa mínima de 50 metros
a partir de sua margem, de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia de
drenagem contribuinte (...)”.
“(...) ao longo dos rios ou corpos d’água, em faixa marginal além do leito
maior sazonal medida horizontalmente, cuja largura mínima será de 30
metros para os rios com menos de 10 metros de largura (...)”.
O Código Florestal, Lei n° 7.803, de 15 de julho de 1989, tamm em seu artigo
comenta:
“(...) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados ‘olhos d’água’,
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio de 50 metros de
largura(...)”.
Erosão dos solos, retirada da mata galeria e consequentemente assoreamento dos
rios.
O Código Florestal, Lei n° 7.803, de 15 de julho de 1989, estabelece em seu artigo 2°:
“(...) são áreas de preservação permanente, pelo só efeito dessa lei, as
florestas e demais formas de vegetão natural situadas: a) ao longo dos rios
ou de qualquer outro curso d’água, em faixa marginal cuja largura mínima
será de 30 metros para os rios com até 10 metros de largura (...), as florestas
e demais formas de vegetação natural destinadas a atenuar a erosão das
terras (...)”.
Presença de lixo orgânico e inorgânico em uma área de vereda, despeja de esgoto
doméstico, resultando em poluição do córrego, afetando e comprometendo a vida
vegetal e animal.
A Resolução Conama n° 1, de 23/01/1986, considera em seu artigo 1°:
“(...) impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente, afetam: I a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a
Capítulo 9 Considerações finais
130
biota; IV as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e V a qualidade
dos recursos naturais (...)”.
Conforme Cap IV do Meio Ambiente, artigo 225, da Constituição da República Federativa
do Brasil, 1988:
“(...) todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum ao povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder público e
à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentes e futuras
gerações (...)”.
O Art. 1º do Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990 que regulamenta a Lei 6902 de
27 de abril de 1981, e a Lei nº 6938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe respectivamente,
sobre a criação de Estações Ecológicas e áreas de Proteção Ambiental e sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente.
“(...) identificar e informar, aos órgãos e entidades do Sistema Nacional do Meio
Ambiente, a existência de áreas degradadas ou ameaçadas de degradação, propondo
medidas para sua recuperação (...)”.
Lei Complementar 245, 30 de novembro de 2000. Plano Diretor da Cidade de
Uberlândia no Capítulo IV no que se refere: Do Zoneamento do uso do solo, artigo 54.
“(...) considera-se Zona de Preservação Total (ZPT) a região dos fundos de vale,
praças, parques, bosques e outras áreas similares de interesse público, de preservação
obrigatória. Além da Lei Complementar 245 de 30 de novembro de 2000. “Dispõe
sobre o Parcelamento e Zoneamento do uso e ocupação do solo do município de
Uberlândia”, anexo III Zona de Preservação Total Parte 1 – Rio Uberabinha –
Margem Direita segue por sua margem rumo oeste, segue por este numa faixa de
quinhentos metros até o Córrego Campo Alegre, segue por este, pela margem
esquerda numa faixa de trinta metros, contorna as nascentes e retorna pela margem
direita, numa faixa de trinta metros até o Rio Uberabinha, (...)”.
No Plano Diretor da Cidade de Uberlândia existe um equívoco: determina-se respeitar a
faixa de 30 metros em toda a extensão do córrego Campo Alegre. Esta determinação não
condiz com o Código Florestal, Lei 7.803, de 15 de julho de 1989 uma vez que devem
ser respeitados os 50 metros em torno das nascentes e 30 metros para as margens dos rios
até 10 metros de largura.
Os resultados obtidos nos ensaios físicos de laboratórios mostraram que o solo é de textura
arenosa, poroso e plástico e consequentemente erodível. O ensaio de cisalhamento direto
confirmou que o solo da área de estudo é vulnerável à erosão. Estes resultados serão
também de importante relencia para o planejamento territorial regional, urbano ou rural
no que se refere elaboração e execução de obras de controle e amenização do problema,
podendo ser usados como referência pelos órgãos públicos, como a Prefeitura Municipal
de Uberlândia, IBAMA e outros órgãos que se atentem para as áreas de veredas,
Capítulo 9 Considerações finais
131
possibilitando assim, a ocupação adequada da bacia e servindo também de subsídio para o
planejamento de ocupação de outras bacias de características semelhantes.
A urbanização é uma forma de uso do solo que provoca a diminuição da infiltração e
aumento da quantidade e da velocidade de escoamento das águas superficiais. O modelo
urbanístico das ruas e avenidas dos bairros São Jorge e Laranjeiras direcionam toda a água
pluvial para a área de vereda do córrego Campo Alegre, contribuindo excessivamente para
a degradação e carreamento de material da área de estudo.
A urbanização e expansão dos bairros São Jorge e Laranjeiras é perceptível, e logo
abraçarão o Córrego Campo Alegre ou o que restar dele. Sendo estes bairros povoados por
uma população de baixa renda e que com certeza não possui recursos para um lazer digno.
A Prefeitura Municipal de Uberlândia poderia transformar esta Zona de Preservação Total
(ZPT) em Parque Linear e em área verde para a população, considerando a deficiência em
parques com preservação de cerrado nesta região da cidade, onde poderia ser
desenvolvidos projetos voltados para a educação e conscientização ambiental da população
e das crianças residentes nestes bairros e na região.
Uberlândia possui várias empresas e através de parceria com a iniciativa privada, esta área
poderia ser aproveitada como um grande viveiro de mudas típicas do Cerrado para
revitalização e recuperação de matas ciliares do Rio Uberabinha e dos córregos do
município, sendo uma oportunidade para muitos proprietários de terras conseguirem mudas
acessíveis e de qualidade para uma ação que refletirá em bem estar e conforto para toda a
população.
Referências Bibliográficas
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