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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas
CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO MICROAMBIENTE
HETICO NA HEMATOPOESE FETAL MURINA
Jackline de Paula Ayres da Silva
Orientadores:
Henrique Leonel Lenzi
Marcelo Pelajo-Machado
Departamento de Patologia
Instituto Oswaldo Cruz
FIOCRUZ - RJ
2007
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Ciências Biomédicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas
CARACTERÍSTICAS DINÂMICAS DO MICROAMBIENTE
HETICO NA HEMATOPOESE FETAL MURINA
Dissertação apresentada
como requisito parcial para
obtenção de grau de Mestre em
Ciências Morfológicas
Jackline de Paula Ayres da Silva
Orientadores:
Henrique Leonel Lenzi
Marcelo Pelajo-Machado
Departamento de Patologia
Instituto Oswaldo Cruz
FIOCRUZ - RJ
2007
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Dedico este trabalho em memória à minhae
pelo grande apoio e incentivo à carreira científica.
A vida é um milagre.
Cada flor,
Com sua forma, sua cor, seu aroma,
Cada flor é um milagre.
Cada pássaro,
Com sua plumagem, seu vôo, seu canto,
Cada pássaro é um milagre.
O espaço, infinito,
O espaço é um milagre.
O tempo, infinito,
O tempo é um milagre.
A memória é um milagre.
A consciência é um milagre.
Tudo é milagre.
Tudo, menos a morte.
Manuel Bandeira
No fundo, do real em si não conhecemos nada.
Claude Lévi-Strauss
Agradecimentos:
Aos meus orientadores Henrique Leonel Lenzi e Marcelo Pelajo Machado pelo incentivo
constante e crescente na carreira acadêmica, pelas belíssimas discussões e idéias que tanto me
motivaram, me alimentaram e ajudaram no meu crescimento profissional; não tão menos importantes
foram as conversas, principalmente nos momentos mais difícies, que me ajudaram a enfrentar e
superar os desafios da vida;
Aos meus familiares em especial,que muito me incentivaram no momento mais turbulento de
minha vida, não me deixando abater nem desistir de meus objetivos.
Ao meu pai Luiz Mariano, minha madastra, Helena Augusto e minha tia Joana pelo apoio e
imenso carinho. As palavras são imprecisas para expressar a minha gratidão. Obrigada por me
ensinarem as delícias e mazelas da vida adulta e por estarem cada vez mais presentes.
À minha mãe Olga, que tanto me incentivou e ajudou a trilhar o caminho científico, não se
importantando com luzes acesas e tendo como canção de ninar, incontáveis vezes, os meus dedos no
teclado do computador. Obrigada pelos momentos felizes que tivemos e pela lembrança destes em
todos os dias de minha vida. O meu profundo, respeito, admiração, amor e imensa saudade.
Aos meus amigos (infância, folclore, vizinhos, faculdade, Pedro II e laboratório), pelos
momentos de alegria e incentivo, o me deixando abater nos momentos de tristeza ou estresse. Em
especial, aos amigos e familiares de Guilherme Inocêncio e Isabel Cristina por não medirem esforços e
estarem presentes em qualquer hora e situação. Jóias mais preciosas e raras da minha vida.
Ao Ande toda sua família, por todo apoio, conversa e momentos felizes que me fazem
sentir todo o carinho e acolhimento depositados por vocês em mim.
À equipe técnica do laboratório de Patologia (IOC-FIOCRUZ) pela ajuda, atenção e
cuidado dispensados a mim e ao trabalho. Com carinho, à equipe do Histolab Luzia Caputo,
Alexandra Menezes, Luciana e Luzia, os operadores do microscópio confocal Pedro Paulo e
Bernardo, as técnicas de laboratório Andréia e Iolanda e as secretárias Rosi e Alexandra.
Ao Programa de Ciências Morfológicas pelas magníficas aulas, discussões, idéias, apoio
técnico-administrativo e oportunidade de novos amigos.
À Fundação Oswaldo Cruz por ter me iniciado e incentivado na carreira acadêmica; por
todas as pessoas que conheci nesta Instituição e que hoje o verdadeiros amigos; Obrigado por todo
apoio técnico e financeiro para execução deste trabalho.
Aos recém-colegas de trabalho do INCa pelo apoio e incentivo.
Ao Dr. Paulo Antônio, chefe da Divisão de Patologia do Instituto Nacional de Câncer, pelo
apoio, compreensão e pela dispensa nos momentos de finalização deste trabalho.
Obrigado a Deus pela vida, saúde e tranquilidade.
O mais profundo e sincero obrigado.
i
Resumo:
Em camundongos, o fígado é o principal órgão responsável pela
proliferação hematopoética durante o desenvolvimento embriológico.
O objetivo do trabalho foi descrever as características dinâmicas do
microambiente hepático, visando caracterizar eventos favoráveis e
desfavoráveis à hematopoese local no fígado fetal murino.
gados murinos de 12 dias pós-coito a 0 dia pós-parto foram
submetidos a colorões histoquímicas e marcações para várias lectinas.
Também foram realizadas imuno-marcações para fibronectina, MMP-1 e MMP-
9.
Durante a ontogenia, o fígado apresenta duas fases distintas: uma fase
imatura e predominantemente endodérmica (< 14 dpc), onde o fígado funciona
como estroma para linhagem eritróide. A outra fase mais madura
(endodérmico-mesenquimal) (> 15 dpc), onde ocorre o amadurecimento dos
hepatócitos, atua como estroma para linhagem mielóide. A diminuição da
hematopoese hepática (fase de desabitação) coincide com a maturidade
hepática.
ii
Resumo expandido:
Nos mamíferos, o fígado fetal é o principal órgão responsável pela
proliferação das células hematopoéticas durante o desenvolvimento
embrionário. Nos camundongos, a hematopoese murina intraembrionária se
inicia na região da AGM (Aorta-Gônadas-Mesonefros) aos 8,5 dpc. Em
seguida, as lulas migram para o fígado fetal, onde irão proliferar e se
diferenciar. Posteriormente, as células hematopoéticas migram para a medula
óssea, onde as células sangüíneas adultas serão geradas definitivamente.
O objetivo do trabalho foi descrever as características dinâmicas do
microambiente hepático no fígado fetal murino de camundongos, entre 12 dias
pós coito (dpc) e 0 (zero) dia pós parto (dpp) (período de hematopoese),
visando definir os eventos favoráveis (fase da habitação hematopoética) em
contraste com os eventos desfavoráveis à hematopoese local (fase da
desabitação hematopoética).
Neste estudo, os fígados fetais de 12 dpc ao 0 dpp foram dissecados e
fixados em formalina de Millonig modificada por Carson e processados
segundo a técnica histológica de rotina para inclusão em parafina. Cortes
seriados de 5m foram corados com HE, Giemsa de Lennert, Sirius Red
pH=10,2, Reticulina de Gomori, Perls, PAS-AB em pH=1,0 e em pH 2,5 e
analisados em microscopia de campo claro. Os cortes também foram
submetidos à histoquímica com lectinas com marcão direta (FITC) para SBA,
LCA, UEA, PNA, ABPR3, ConA, PHA e GSI. Reação histoquímica para naftol
cloroacetato esterase foi utilizada para a identificação específica de células
granulocíticas. Marcões imuno-histoquímicas indiretas (AlexaFluor 488) para
fibronectina, MMP-1 e MMP-9 também foram realizadas. O material marcado
com FITC e AlexaFluor 488 foi lido em microscópio confocal (LSM 510-Meta,
Zeiss).
Os resultados revelaram que a fibronectina parece estar relacionada ao
amadurecimento dos hepatócitos e da trama trabecular do fígado fetal. A LCA
apresentou um padrão trabecular e vascular, sugerindo o seu envolvimento
com os processos de adesão/fixação das células eritróides do ambiente
hepático. Após os 16 dpc, a LCA e a PNA marcaram seletivamente os
iii
neutrófilos; a MMP-1 foi expressa nos neutrófilos maduros, sugerindo que a
MMP-1 contribui para a evasão dos neutrófilos do fígado. As fibras reticulares
parecem o ter papel relevante na hematopoese fetal; porém, são
fundamentais na sustentação física do fígado fetal após os 18 dpc.
Baseado nos dados deste estudo é possível concluir que o
desenvolvimento embrionário do fígado fetal murino apresenta duas fases
distintas: uma fase imatura e predominantemente endodérmica (< 14 dpc),
onde as células hepáticas funcionam como estroma para linhagem eritróide; a
outra fase é mais madura (endodérmico-mesenquimal) (> 15 dpc),
apresentando hepatócitos mais maduros, os quais tamm passam a atuar
como estroma para linhagem mielóide. A redução da hematopoese hepática
(fase de desabitação) coincide com a maturidade hepática.
iv
Abstract
In mice, the liver is the main organ responsible for hematopoietic cell
expansion during the embryologic development.
The aim of this work was to describe the dynamic characteristics of
hepatic microenvironment, defining favorable and unfavorable events to the
focal hematopoiesis.
Thus, the murine fetal liver sections from 12 days post-coitum to 0 day
post-partum were submitted to histolochemical stainings and labeling with
differents lectins. Immunolabeling to fibronectin, MMP-1 and MMP-9 was
performed.
The results showed that: 1) the murine fetal liver during ontogenesis
shows two different phases: one immature, mainly endodermic (< 14 dpc), that
acts as a stroma for erythropoiesis and another mature (endodermic-
mesenchymal) (> 15 dpc), with maturation of hepatocytes, behaving as a
stroma to mieloid linneage; 2) the decrease of hepatic hematopoiesis (leaving)
coincides with hepatic maturation.
v
Expanded Abstract:
Intraembryonic murine hematopoiesis begins in the AGM (Aorta-Gonads-
Mesonephros) region at 8.5 days post coitus (dpc). Afterwards, blood cells
migrate to fetal liver where they develop and proliferate. In mammals, especially
mice, liver is the main organ responsible for hematopoietic cell expansion
during the embryologic development. After that, hematopoietic cells home to
bone marrow where the adult blood cells will be definitively generated.
The aim of this work was to describe the dynamic characteristics of
murine hepatic microenvironment, defining favorable (phase of hematopoietic
settling) and unfavorable (phase of hematopoietic leaving) events to the focal
hematopoiesis.
Murine fetal liver sections from 12 day post-coitum to 0 day post-partum
were fixed with Carson’s Millonig formalin and embedded in paraffin. Serial
sections (5 m) were stained with HE, Lennert’s Giemsa, Sirius Red pH=10.2,
Gomori’s Reticulin, PAS-AB pH=1,0 and 2,5 and analyzed by brightfield
microscopy. The following lectins (FITC-labeled) SBA, LCA, UEA, PNA, ABPR,
ConA, PHA and GSI
were applied. Indirect imunohistochemistry for fibronectin,
MMP-1 and 9 was developed by secondary antibody AlexaFluor488.
Histochemistry for naphtol cloroacetate esterase was performed for specific
identification of granulocytic cells. FITC and AlexaFluor488 labeled material was
analyzed by confocal microscopy (LSM 510-Meta, Zeiss).
The results showed that fibronectin was related to promotion of
hepatocyte and trabecular differentiation; LCA defined the vascular and
trabecullar hepatic components and appeared to collaborate to the erythroid
adhesion and cellular establishment in the fetal liver. After 16 dpc, LCA e PNA
labeled neutrophils. The MMP-1 was expressed in neutrophils, contributing to
their liver evasion. Reticulin fibers did not appear to participate in the fetal
hematopoiesis, but contributed to the liver physical support after 18 dpc.
In conclusion: 1) the murine fetal liver during ontogenesis shows two
different phases: one immature and mainly endodermic (< 14 dpc), acting as a
stroma for erythropoiesis and another mature (endodermic-mesenchymal) (> 15
dpc), with maturation of hepatocytes, behaving as a stroma to mieloid linneage;
2) the decrease of hepatic hematopoiesis (leaving) coincides with hepatic
maturation.
vi
Índice:
1.Introdução ........................................................................................................................................................... 1
1.1 – Considerações gerais......................................................................................................................... 1
1.2 – Ontogenia da hematopoese murina................................................................................................... 3
1.3 – Estruturas envolvidas na hematopoese embrionária...................................................................... 4
1.3.1 – Placenta........................................................................................................................................... 4
1.3.2 – Saco vitelínico................................................................................................................................ 5
1.3.3 – Esplancnopleura para-aórtica ou região da aorta-gônadas-mesonefros (AGM) ..................... 9
1.3.4 – Fígado fetal..................................................................................................................................... 12
1.3.4.A O desenvolvimento hepático................................................................................................. 12
1.3.4.B Ocupação do ambiente hepático pelas células hematopoéticas....................................... 17
1.3.4.C Arquitetura da matriz extracelular......................................................................................... 19
1.3.4.D A hematopoese hepática fetal............................................................................................... 23
1.3.4.E – O amadurecimento hepático e a saída das céulas hematopoéticas.................................. 25
1.3.4.F Moléculas de superfície envolvidas no processo de trânsito de lulas
hematopoéticas no gado fetal....…..................................................................................................................... 27
1.3.5 – Medula óssea.................................................................................................................................. 32
2.Objetivos.............................................................................................................................................................. 34
2.1 – Geral....................................................................................................................................................... 34
2.2 – Específicos............................................................................................................................................. 34
3. Metodologia........................................................................................................................................................ 35
3.1 – Acasalamento....................................................................................................................................... 35
3.2 – Determinação da idade gestacional.................................................................................................... 35
3.3 – Determinação do período pós-parto.................................................................................................... 36
3.4 - Processamento....................................................................................................................................... 36
3.4.1 – Técnica de coloração para análise da estrutura morfológica ................................................... 37
3.4.1.A Técnica de coloração pela Hematoxilina e Eosina.............................................................. 37
3.4.1.B Técnica de coloração pelo Giemsa de Lennert.................................................................... 38
3.4.1.C Técnica de coloração pelo método Tricromático de Masson............................................. 39
vii
3.4.1.D Técnica de coloração pelo Sirius Red pH=10,2................................................................... 40
3.4.1.E – Técnica de coloração pelo Perls............................................................................................ 40
3.4.1.F – Técnica de coloração pelo método Reticulina de Gomori.................................................. 41
3.4.1.G – Técnica de coloração pelo àcido Periódico + Reativo de Schiff (PAS-AB) pH=1,0.......... 42
3.4.1.H – Técnica de coloração pelo àcido Periódico + Reativo de Schiff (PAS-AB) pH=2,5.......... 43
3.4.2 – Técnica de histoquímica para detecção de cloroacetato esterase............................................ 44
3.4.3 – Técnica de histoquímica para revelação de lectinas.................................................................. 44
3.4.4 – Técnica de imunofluorescência.................................................................................................... 46
4.Resultados........................................................................................................................................................... 48
4.1 – 12 dpc..................................................................................................................................................... 48
4.2 – 13 dpc..................................................................................................................................................... 50
4.3 – 14 dpc..................................................................................................................................................... 51
4.4 – 15 dpc..................................................................................................................................................... 52
4.5 – 16 dpc..................................................................................................................................................... 54
4.6 – 17 dpc..................................................................................................................................................... 56
4.7 – 18 dpc..................................................................................................................................................... 57
4.8 – 0 dpp....................................................................................................................................................... 59
5.Discussão............................................................................................................................................................. 99
6.Conclusão............................................................................................................................................................ 121
7. Perpectivas......................................................................................................................................................... 122
7.Referências Bibliográficas................................................................................................................................. 123
viii
Lista de abreviaturas
AFP alfa-fetoproteína
AGM – Aorta-Gônadas-Mesonefros
BFU-E burst forming units-erythrocyte,unidades formadoras de burst eritróide
BSAbovine serum albumin, albumina sérica bovina
CAMs – Cellular Adhesion Molecules
CFU-GEMM
colony forming units granulocyte-erythrocyte-monocyte and megakaryocyte,
unidade formadora de colônia de granulócitos-eritrócitos-monócitos e megacariócitos
CFU-GM colony forming units-granulocyte macrophage, unidade formadora de colônias de
granulócitose macrófagos.
CFU-S – Colony Forming Unit – Spleen, unidade formadora de colônia no baço.
CFU-S
11
Colony Forming Unit Spleen 11 days post transplantation, unidade formadora de
colônia no baço 11 dias após o transplante.
CK-8 – citoqueratina 8
ConA – Canavalia ensiformis
CXCL-12 – SDF-1, stromal derived factor - 1
dpc – dias pós coito
FGF-1 – fibroblast growth factor-1, fator de crescimento de fibroblastos-1
FGF-2 – fibroblast growth factor-2, fator de crescimento de fibroblastos-2
FGF-4 – fibroblast growth factor-4, fator de crescimento de fibroblastos-4
FGF-8 – fibroblast growth factor-8, fator de crescimento de fibroblastos-8
G-CSF – Granulocyte-Colony Stimulating Factor, fator estimulador de colônias de granulócitos
GS I
Bandeiraea simplicifolia
LCA Lens culinaris
LTR-HSC – Long-Term Repopulating Hematopoietic Stem Cell, célula-tronco hematopoética de
povoamento de longo duração.
MEC – matriz extracelular
MMP-1 – metaloproteinase de matriz extracelular do tipo 1
MMP-9 – metaloproteinase de matriz extracelular do tipo 9
OSM – oncostatina M
PAF
platelet activating factor, fator ativador de plaquetas.
PBS – phosphate buffer saline, salina contendo tampão fosfato
PECAM -1 (CD31) platelet/endothelial cell adhesion molecule-1, molécula de adesão celular
de plaquetas e células endoteliais.
PHA-L – Phaseolus vulgaris
PNA Arachis hypogaea
SAMs – Substrate Adhesion Molecules
SDF-1 – stromal derived factor – 1, CXCL-12
SBAGlycine Max
Thy-1 – CD90
TIMP – Tissue inhibitor of MMP, inibidor tecidual de metaloproteinase
UEA I Ulex europeus
VCAM-1 – Vascular Cell Adhesion Molecule
VEGF Vascular endothelial growth factor, fator de crescimento do endotélio vascular
VLA-4 – very late antigen 4
ix
Ayres-Silva, Jackline de Paula
Características dinâmicas do microambiente hepático na
hematopoese fetal murina / Jackline de Paula Ayres da Silva. – Rio
de Janeiro: UFRJ / ICB, 2007.
ix 135 f. : il. ; 31 cm
Orientadores: Henrique Leonel Lenzi e Marcelo Pelajo-Machado
Dissertação (mestrado) –UFRJ / ICB, Programa de Pós-
graduação em Ciências Morfológicas 2007.
Referências bibliográficas: f. 123-135
1. Hematopoese extramedular - fisiologia. 2. Camundongos
-
embriologia. 3. Lectinas de plantas. 4. Fígado
histologia. 5. Matriz extracelular. 6. Morfologia -
Tese. I. Lenzi,
Henrique Leonel. II. Pelajo-
Machado, Marcelo. III. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, ICB, Morfologia. IV. Título.
1
1. Introdução:
1.1 – Considerações gerais
Durante a ontogenia, as células hematopoéticas migram a diversos
órgãos/ tecidos propícios à sua proliferação, diferenciação e amadurecimento,
que constituem ambientes diversificados e fomentadores de cada uma de suas
etapas de expano e desenvolvimento. As lulas presentes em um
determinado microambiente favorável à sua proliferação e/ ou desenvolvimento
permanecem neste local até o momento em que as condições convenientes se
modifiquem. Concomitantemente ao estabelecimento de um estado de
inadequação no ambiente prévio, outro microambiente favorável se instala em
outro local, receptivo às células migrantes (Dzierzak,1999; Cumano e Godin,
2001).
Inicialmente, células hematopoéticas transientes são geradas no saco
vitelínico e migram para diversos órgãos do embrião em desenvolvimento. A
partir do dia pós-coito (dpc) as células hematopoéticas transientes serão
substituídas por células hematopoéticas definitivas que são geradas na região
da AGM (aorta-gônadas-mesonefros). As células com capacidade multipotente
se originam nesse ambiente a partir do endotélio hemogênico sem passar por
um processo de amadurecimento. Este evento ocorre no fígado fetal, próximo
sítio no qual as células hematopoéticas irão migrar, amadurecer e proliferar.
Essas modificações ocorrem devido ao novo ambiente hepático, que contém
moléculas da matriz extracelular e células, principalmente hepatócitos, que irão
participar ativamente de um processo de indução da determinação do destino
celular de diversas linhagens (cell fate determination within lineages) (Arias e
2
Stewart, 2002). À medida que o fígado desenvolve, se estabelecem diversos
microambientes, gerando diferentes tipos celulares associados com a
expressão de genes determinantes do destino celular (fate-determining genes).
Estes genes codificam fatores de transcrão, cuja função é iniciar a sequência
de eventos que ocasionam a aquisição de um destino específico (Arias e
Sterwart, 2002). Os hepatócitos em determinado momento ou “janela” do
desenvolvimento ou ontogenia atuam como células estromais favoráveis a
hematopoese local. Devido à ativão de certos genes, o hepatócito
amadurece e deixa de atuar como estroma, fazendo com que as células
hematopoéticas migrem em procura de outros sítios favoráveis à sua
manutenção e diferenciação (Kinoshita et al., 1999).
Com o estabelecimento da vascularização nos ossos longos, células
hematopoéticas migram para medula óssea, ao acaso pela circulação, e a
partir de determinado momento (abertura de outra janela ontogenética),
encontram novo ambiente propício para sua instalação e diferenciação. No
entanto, as células hematopoéticas, principalmente maduras ou semi-maduras,
estão constantemente migrando e podem habitar definitivamente certos órgãos
como ocorre com as linhagens linfóides. As lulas hematopoéticas também
podem se instalar em sítios variados até seu destino final e irreversível.
Recentemente foi descrito que as células imaturas podem ser mobilizadas para
o sangue periférico sob a ação do fator estimulador de colônias de granulócitos
(G-CSF, Granulokine
). A utilização do G-CSF tem sido empregada na doação
de progenitores hematopoéticos para transplante de medula óssea. Os
trabalhos recentes sobre terapia celular com lulas-tronco também levam à
3
reflexão que, fisiologicamente, essas células imaturas migram pela corrente
sangüínea e reparam pequenas lesões (Mansilla et al., 2006).
1.2 - Ontogenia da hematopoese murina:
O sistema hematopoético em camundongo possui dois compartimentos
originários do folheto mesodérmico que geram células hematopoéticas: um
primitivo ou transiente e um definitivo. O compartimento primitivo se localiza
extra-embrionariamente no saco vitelínico, enquanto que o definitivo se origina
da região da esplancnopleura para-aórtica (Dzierzak e Medvinsky, 1995;
Dzierzak, 1999).
Na vida embrionária, na região da aorta-gônadas-mesonefros (AGM), as
células hematopoéticas são geradas a partir de células-tronco multipotentes,
que são induzidas a se diferenciar em células-tronco comprometidas
totipotentes (Cumano et al. 1993; Godin et al. 1993). A partir do dia após o
coito (dpc), as lulas totipotentes migram para o interior dos vasos e ocupam
o fígado fetal. Neste órgão, as células hematopoéticas se expandem e, aos 16
dpc, as células-tronco hematopoéticas e as células diferenciadas passam a
migrar para as cavidades ósseas, formando assim o componente celular da
medula óssea (Cumano et al. 1993). A medula óssea será responsável pela
hematopoese definitiva nos mamíferos adultos (Dzierzak, 1999; Moore 2004).
4
1.3 – Estruturas envolvidas na hematopoese embrionária
1.3.1 – Placenta
A placenta é formada por uma parte fetal e outra parte materna, sendo
responsável pela troca de gases e nutrientes entre a mãe e o feto durante a
gestação. A placenta também produz fatores de crescimento e hormônios
importantes para o desenvolvimento fetal, conferindo imunoproteção ao
concepto. A parte materna da placenta consiste na decídua, que é composta
por artérias espiraladas provenientes do endométrio, denominadas labirinto, e
pela parte fetal, que é composta por células derivadas do trofoectoderma e do
mesoderma do alantóide (Rossant e Cross., 2001; Cross at al., 2003).
Durante a gastrulação, o alantóide se forma a partir do epiblasto e
cresce em direção à cavidade exocelômica como uma extensão da parte
posterior da fenda primitiva. O alantóide se fusiona com a placa coriônica,
originando a vasculatura umbilical, o cordão umbilical propriamente dito e os
componentes mesodérmicos fetais da placenta. Em camundongos, aos 8,5
dpc, ocorre a união corio-alantóica na qual o mesoderma da parte posterior do
embrião emite projeções que se insinuam por entre as células trofoblásticas até
alcaar o rion, estabelecendo uma rede altamente vascularizada - o
labirinto da placenta (Downs, 2002; Downs e Gardner, 1995). A molécula de
adesão celular vascular-1 (VCAM-1, vascular cell adhesion molecule) (Kwee et
al., 1995) e a cadeia 4 da integrina (Yang et al., 1995) o importantes neste
processo de fusão como demonstrado pelos estudos com camundongos
nocaute (knockout). Os camundongos nocaute são animais modificados
5
geneticamente que possuem deleção do gene de interesse, isto é, neste
estudo a cadeia 4 da integrina. Ainda neste estádio do desenvolvimento, há a
conexão da aorta dorsal e da artéria placentária através das artérias umbilicais.
Aos 12,5 dpc, o labirinto é capaz de facilitar a troca de oxigênio entre os
eritrócitos fetais e os eritrócitos maternos (Mikkola et al., 2005).
A primeira descrição do potencial hematopoético placentário foi obtida
com a detecção de precursores de linfócitos B na placenta em ensaios in vitro
(Melchers, 1979). A presença de progenitores hematopoéticos no alantóide de
embriões de galinha foi descrita a partir de enxertos de rudimentos alantóicos
de codornas em ovos de galinhas em estádio de desenvolvimento HH 16-17
(Hamburger-Hamilton 16-17), que são anteriores à vascularização. No entanto,
a origem hemangioblástica dos progenitores provenientes do alantóide ainda
não foi detectada (Caprioli et al., 1998 e 2001). Em mamíferos, os progenitores
hematopoéticos foram detectados no labirinto da placenta (parte materna)
através de ensaios in situ durante o desenvolvimento de placentas de
camundongos (Ottersbach e Dzierzak, 2005), in vitro (Alvarez-Silva et al., 2003)
e in vivo através de ensaios de transplantes destes progenitores em
camundongos irradiados letalmente (Gekas et al., 2005). A presença dos
progenitores hematopoéticos foi observada desde o 8,5 dpc até aos 18 dpc.
1.3.2 – Saco vitelínico
No mesoderma extra-embrionário da região do saco vitelínico o
geradas as ilhotas vitelínicas de Wolff-Pander, por volta de 7,0-7,5 dpc (Russel
e Bernstein, 1966 apud Pelajo-Machado, 2001). No mesoderma esplâncnico
6
extra-embrionário que circunda o saco vitelínico, surgem regiões de
adensamento celular, cujas lulas o denominadas hemangioblastos e se
encontram fortemente unidas por desmossomo. Doze horas após o surgimento
dos hemagioblastos, as células mais centrais se despendem das lulas da
periferia e se diferenciam em células hematopoéticas. As células periféricas da
ilhota de Wolff-Pander se diferenciam em células endoteliais, dando o início à
circulação sanguínea no embrião. Aos 8 dpc, as primeiras células
hematopoéticas compostas por populações de células eritrocíticas nucleadas
(Wong et al., 1986), lulas megacariocíticas (Xu et al., 2001) e células
macrofágicas (Cline e Moore, 1972; Shepard e Zon, 2000) são geradas no
mesoderma visceral do saco vitelínico.
Os eritrócitos primitivos são células nucleadas que podem possuir tanto
hemoglobina fetal quanto hemoblogina adulta. Xu e colaboradores (2001)
observaram que os sacos vitelínicos de embriões de 7,5 dpc continham
aproximadamente 50% de colônias formadoras de eritrócitos a partir do mero
total de células retiradas do saco vitelínico.
No saco vitelínico, os megacariócitos comam a ser produzidos a partir
do 7,5 dpc, perdurando até 13,5 dpc (Xu et al., 2001).
Os macrófagos primitivos foram detectados pela primeira vez no saco
vitelínico por Dantschakoff (1908) (apud Pelajo-Machado, 2001). Takahashi e
colaboradores (1989) sugeriram que a diferenciação dos macrófagos vitelínicos
segue uma via diferente da via descrita para os macrófagos gerados no interior
do embrião. Estes autores, ao estudarem sacos vitelínicos de ratos, detectaram
os primeiros macrófagos por técnicas de microscopia eletrônica aos 9 dpc. Os
7
macrófagos se apresentavam pequenos e arredondados, com núcleo grande e
exibiam poucas projeções citoplasmáticas. Aos 10 dpc, os macrófagos
desenvolviam filopódios e a partir desse momento, estas células ganhavam a
circulação embrionária, indo povoar diversos órgãos onde se tornavam
macrófagos residentes persistindo até a vida adulta (Takahashi et al., 1993).
Em contrapartida, os megacariócitos e os eritrócitos possuem tempo de vida
limitado, sendo completamente eliminados no transcurso da ontogenia. A
diferencião destes dois tipos de macrófagos se faz por detecção da atividade
da enzima peroxidase que é observada nas células geradas no interior do
embrião, enquanto que os macrófagos vitelínicos não expressam esta enzima
(Takahashi et al., 1989; 1993).
Godin e colaboradores (1995) observaram pela primeira vez a presença
de precursores de linfócitos B no saco vitelínico de embriões de 8,5 dpc. Neste
estudo, os pesquisadores isolaram as lulas do saco vitelínico e estimularam
in vitro a diferenciação das células hematopoéticas para as diferentes
linhagens de células sangüíneas, as quais foram detectadas no saco vitelínico.
Aos 8,5 dpc, a circulação intra-embrionária e extra-embrionária se
tornam interligadas, onde as artérias vitelínicas se conectam a aorta e, a partir
de então, o sangue coma a circular no embrião. Aos 9 dpc, as células
hematopoéticas podem ser isoladas de tecidos mesodérmicos embrionários
(Garcia-Porrero, et al. 1995).
Yoder e colaboradores (1994) observaram que as lulas de origem
endodérmica derivadas do saco vitelínico são um eficiente estroma para o
amadurecimento de neutrófilos. Por outro lado, as lulas mesodérmicas
8
isoladas do saco vitelínico possuíam uma maior capacidade de proliferação da
linhagem monocítica em relação a neutrofílica, mostrando que existem
ambientes próprios para diferenciação de cada linhagem hematopoética.
Uma potencial existência de células-tronco no saco vitelínico foi
observada a partir de ensaios de transplante de células do saco vitelínico de
camundongos meas grávidas mutantes para o gene da cadeia da globina
(Toles et al., 1989). Após o transplante, as células do saco vitelínico
colonizaram asmeas grávidas. Yoder e colaboradores (1997) após injetarem
células de saco vitelínico de fetos de 9 dpc mutantes para a isoenzima Gpi em
camundongos adultos normais (transplante primário), observaram a presea
de células-tronco hematopoéticas de origem mutante no saco vitelínico dos
animais normais. Células mutantes para a isoenzima obtidas do camundongo
normal transplantado (transplante primário) foram injetadas em outros
camundongos normais (transplante secundário). Nos animais que receberam o
transplante secundário, a isoenzima Gpi também foi detectada.
saco vitelínico
de camundongos
mutantes para Gpi
Cultivo de células
do saco vitelínico
Injeção de células
do saco vitelínico em
camundongos normais
injeção de células dos
camundongos transplantados
em camundongos normais
Transplante primário
Transplante secundário
Figura A - esquema experimental do trabalho de Yoder e colaboradores (1997)
9
1.3.3 - Esplancnopleura para-aórtica ou região da Aorta-Gônadas-
Mesonefros (AGM)
Aos 8 dpc, o embrião de camundongo se encontra na fase de disco
trilaminar, porém sem que tenha havido o seu fechamento. Nesse estádio de
desenvolvimento, o mesoderma intra-embrionário está dividido em mesoderma
para-axial ou mesoderma somítico, do qual originará primeiramente os somitos.
Posteriormente, dos somitos serão desenvolvidos o dermatomiótomo, que
originará a derme e os músculos; e o esclerótomo, que originará as cartilagens
e os ossos. Aos 9 dpc, do mesoderma intermediário derivará o sistema
urogenital. A diferenciação do sistema urinário se inicia com a formação dos
pronefros que irão se diferenciar em mesonefros, para finalmente formarem os
metanefros, aos 10 dpc (Gilbert e Singer, 2006).
Concomitantemente com a formação dos somitos, o mesoderma lateral
sofre uma bilaminação, dando origem ao mesoderma somático ou pára-aórtico
e o mesoderma esplâncnico que serão importantes no fechamento do embrião.
O mesoderma esplâncnico intra-embrionário em contato com o endoderma do
saco vitelínico irá compor a esplancnopleura enquanto que o mesoderma
somático intra-embrionário e o assoalho da bolsa amniótica irão constituir a
somatopleura. Neste momento, ocorre ainda o fusionamento das duas aortas
dorsais formando um único vaso. Entre os dois folhetos do mesoderma lateral
se formará o celoma intra-embrionário, que originará a cavidade celomática
(Gilbert e Singer, 2006).
Por volta dos 8,5 dpc, na região do mesoderma entre a aorta-gônadas-
mesonefros (aorta-gonad-mesonephros - AGM) se inicia a hematopoese
10
intraembrionária (Tyan e Herzenberg, 1968). Esta região será o primeiro sítio
de geração das células hematopoéticas definitivas. As lulas sangüíneas o
geradas até os 12,5 dpc, quando o número destes progenitores diminui no
mesoderma da região da AGM e aumenta no fígado, indicando um evento de
migração das células (Cumano et al., 1993; Godin et al., 1993; Medvinsky et
al., 1993; Müller et al., 1994).
Figura B - Região AGM mostrando o endotélio anterior da aorta dorsal (seta fina)
formando projeções papilíferas de células monocitóides (seta larga) (modificado de
prancha 26-C de Pelajo-Machado, 2001).
Medvinsky e Dzierzak (1996) comprovaram que a região da AGM possui
células-tronco hematopoéticas de povoamento de longa duração (LTR-HSC) ao
observarem a formação de unidades formadoras de colônias no bo (CFU-S,
colony forming unit - spleen) de animais irradiados letalmente que receberam
células da AGM previamente isoladas e em cultura. Este procedimento
possibilitou cultivar células da AGM, do fígado fetal e do saco vitelínico
isoladamente, de tal forma que não existisse circulação de células
hematopoéticas entre os três sítios, possibilitando o estabelecimento da origem
intraembrionária da hematopoese. Assim, após o cultivo in vitro, as células
11
isoladas dos três sítios foram injetadas em animais irradiados letalmente e, 11
dias após o transplante foram observadas colônias de células no baço (CFU-
S
11
). Somente os transplantes de células do saco vitelínico e da região AGM de
10 dpc produziram CFU-S
11
, sendo a quantidade de células geradas a partir da
AGM superior à quantidade obtida do saco vitelínico.
Medvinsky e Dzierzak (1996), Godin e colaboradores (1999) e De Bruijn
e colaboradores (2000a) após tendo retirado as regiões anterior e posterior da
AGM de embriões machos os explantes foram mantidos em cultura para a
realizão de ensaios de transplantes em fêmeas receptoras. As células
cultivadas foram dissociadas e injetadas em fêmeas receptoras irradiadas
letalmente. Os resultados mostraram que a região anterior da AGM possui uma
maior capacidade de repovoamento quando comparada com a região posterior.
Godin e colaboradores (1999) observaram que as células da região da AGM
possuía, além do potencial gerador, capacidade de expansão das células-
tronco hematopoéticas. A partir de células da AGM isoladas e cultivadas em
meios propícios para diferenciação, foi verificada uma pequena capacidade de
gerão de colônias eritróides e linfóides (linfócitos T e B) quando comparado a
outras regiões do embrião. De Bruijn e colaboradores (2000b) confirmaram os
achados de Godin e colaboradores (1999) e também confirmaram os dados
sugestivos de Garcia-Porrero e colaboradores (1995), Takakura e
colaboradores (1998) e North e colaboradores (1999) de que o menquima ao
redor das artérias vitelínicas e umbilicais, após o estádio de desenvolvimento
E11, também possui progenitores com capacidade de repovoamento de longa
12
durão, ao injetarem essas células em doadores murinos irradiados
letalmente.
1.3.4 - Fígado fetal
1.3.4.A – O desenvolvimento hepático
O desenvolvimento hepático é iniciado a partir de uma evaginação do
epitélio endodérmico da parte caudal do intestino anterior. As células
endodérmicas formam um broto (divertículo hepático) na região do septo
transverso (futuro diafragma) (Lôbo et al., 1973; Zaret, 1996).
O início da indução de diferenciação parece ser a partir do fator de
crescimento de fibroblastos 8 (FGF-8, fibroblast growth factor-8) que é
expresso no limite entre o mesoderma cardíaco e o endoderma (Jung et al.,
1999). A inativação desse fator causa letalidade do embrião, revelando sua
importância na especificação e diferenciação correta do mesoderma e do
primórdio hepático (Yamaguchi et al., 1994; Zaret, 2002).
Le Douarin e colaboradores (1975) mostraram em embriões de galinha
no estádio de 4-5 somitos que o endoderma do intestino anterior é capaz de se
diferenciar em epitélio hepático quando o mesênquima hepático entra em
contato com o mesênquima cardíaco. Porém, o endoderma retirado no estádio
do desenvolvimento anteriores a 5 somitos não possuía a capacidade de se
desenvolver em parênquima hepático. Nos experimentos, nos quais obstáculos
foram colocados entre o endoderma hepático anterior e o mesênquima da
placa lateral de embriões de galinha de 12 somitos, observou-se que ocorreu o
13
desenvolvimento do epitélio hepático, mas sem a diferenciação para
parênquima hepático. O mesmo resultado foi obtido quando uma parte de
tecido localizado entre o endoderma anterior e o mesênquima posterior foi
removida.
Fukuda (1979), ao realizar experimento semelhante em embriões de
codorna, também obteve resultados similares. Desta forma, foi possível
concluir que a determinação da estrutura hepática ocorre a partir do estádio de
5 somitos. Contudo, para que ocorra a diferenciação hepática é necessário que
o endoderma hepático interaja com o mesênquima cardíaco.
Em camundongos, por volta dos 8,5 dpc, a região do endoderma do
intestino anterior, adjacente ao mesênquima cardíaco, começa a proliferar
devido a mecanismos de indução das células de revestimento do intestino.
Neste momento, as células do mesoderma cardíaco expressam os fatores
FGF-1 e FGF-2 durante os estádios entre 7 e 8 somitos. Estudos in vitro
mostraram que a ão destes fatores é específica no endoderma ventral
adjacente ao intestino. O endoderma intestinal também expressa FGF-2, além
de expressar os receptores de FGF-1 e FGF-4 (Gualdi et al., 1996; Zaret,
2002).
Entre 9 e 9,5 dpc, o endoderma dos intestinos anterior e médio se
movimentam em direção à região central do embrião e as lulas migrantes
começam a expressar alfa-fetoproteína (AFP), um dos marcadores de
diferencião hepatocitária (Gualdi et al., 1996; Zaret, 2002).
Aos 9,5 dpc, o movimento migratório das células do endoderma i
posicioná-las em contato direto com o mesênquima cardíaco, o que disparará o
14
processo de diferenciação do endoderma intestinal em endoderma hepático.
Em seguida, células mesenquimais migram e se dispoem formando cordões ao
redor do mesênquima da região do septo transverso, se entremeando com as
veias vitelínicas, as quais começam a se anastomosar em seios venosos. As
células endoteliais ao redor das veias vitelínicas começam a se espessar e a
desenvolver espaços vasculares (Johnson e Jones, 1973). Neste momento, a
albumina coma a ser expressa pelas futuras células hepáticas (Houssaint,
1980). Aos 10,5 dpc, o fígado fetal possui uma estrutura morfológica
semelhante ao fígado de um animal adulto (Zaret, 2002).
O fígado fetal aos 11 dpc é formado por cordões hepáticos primitivos
com alguns hepatócitos anastomosados, os quais estão separados por
sinusóides em expansão (Sasaki, 1990). Os cordões hepáticos primitivos
exibem células hematopoéticas de diferentes linhagens e em diferentes
estágios de diferenciação ocupando os nichos sinusoidais (Thomas e Yoffey,
1964; Zamboni, 1965a; Zamboni, 1965b; Rifkind et al., 1969; Barak et al., 1980;
Sohn et al., 1993).
Fiegel e colaboradores (2003) descreveram a presença de duas
linhagens hepáticas presentes nos fígados fetais de ratos Sprague-Dawley de
16, 18 e 20 dpc: uma população positiva ao Thy1 (CD90) e citoqueratina 18, e
outra população somente positiva à citoqueratina 18. Neste trabalho, após as
células hepáticas terem sido isoladas por MACS (magnetic activated cell
sorting) e colocadas em cultura, foi observada a expreso destas duas
moléculas de superfície marcadoras de diferenciação: a Thy1 como
identificador de célula-tronco e a citoqueratina 18, como identificador da
15
linhagem hepatocitária. Também foram utilizados outros marcadores de
linhagem hepatocitária como alfa-fetoproteína (AFP) e a albumina. Na fração
enriquecida comlulas Thy1 positivas foi observado que a expressão de
albumina diminuia com o desenvolvimento, em contraste com a expressão de
AFP que aumentava. Na fração que expressava somente CK-18, na qual
somente foram retiradas as células hematopoéticas e endoteliais, foi observado
um aumento na expressão de albumina e uma diminuição na expressão de
AFP. Os resultados obtidos apontaram para uma linhagem mais primitiva, Thy1
positiva, que originaria as células-tronco hepáticas enquanto que os
hepatoblastos teriam origem em outra população (citoqueratina 18 positiva).
Chagraoui e colaboradores (2003) descreveram que as células
estromais hepáticas fetais passam por uma transição “mesênquima-epitelial”.
Neste trabalho, após o cultivo de células isoladas de fígados fetais de 14,5 dpc
foi detectada a expressão de marcadores mesenquimais e epiteliais, em um
mesmo tipo celular, tais como: alfa-actina de músculo liso, vimentina,
osteopontina, fibronectina, citoqueratina 8 (CK-8), alfa-fetoproteína, albumina,
caderina E, dentre outros marcadores. O cultivo de células de um período mais
tardio, entre 14,5 e 18 dpc, revelou uma diminuição no número de colônias
formadoras de granulócitos e macrófagos (CFU-GM, colony forming unit-
granulocyte and monocyte), granulócitos-eritrócitos-monócitos e megacariócitos
(CFU-GEMM, colony forming units granulocyte-erythrocyte-monocyte and
megakaryocyte) e de “burst” eritróides (BFU-E, burst forming units-erythrocyte).
Além disso, foi detectado num período mais tardio da cultura que 70% das
células com fenótipo “menquimo-epitelial” expressavam somente marcadores
16
epiteliais, como a citoqueratina 8, a qual demonstra diferenciação epitelial, pois
as células se assemelhavam morfologicamente a hepatócitos. Também foi
detectada, mas em menor número, a presença de células com fenótipo
mesenquimal (células positivas à alfa-actina de músculo liso) remetendo a
células estreladas hepáticas (células perisinusoidais ou células de Ito)/
miofibroblastos.
Quando a oncostatina M (OSM) era adicionada à cultura, foi observada a
diferencião dos tipos celulares de duplo fenótipo em células de fenótipo
poligonal, isto é, células com núcleo proeminente, expressando citoqueratina 8
ou 19, com altos níveis de albumina e diminuição da expressão de alfa-
fetoproteína; o que confirmou os dados de Myajima e seus colaboradores. Este
fenótipo típico de células hepatocitárias, associado à ausência de células
hematopoéticas adjacentes, remetem à diferenciação celular em conseqüência
ao aumento da concentração de OSM (Kamiya et al., 1999; Kinoshita e
Miyajima, 2002).
Chagraoui e colaboradores (2003) em seus estudos in vitro observaram
resultados semelhantes àqueles obtidos nos experimentos em cultura de
células. Nos estádios iniciais do desenvolvimento hepático, de 11,5 a 15,5 dpc,
foram detectados células epitélio-mesenquimais (CK-8 e alfa-actina positivas) e
um grande número de células hematopoéticas. Aos 18,5 dpc, a expressão de
alfa-actina de sculo liso era restrita basicamente aos pericitos e
praticamente todas as células do tecido hepático eram CK-8 positivas (fenótipo
epitelial). Desta forma, os dados deste trabalho levam à reflexão da
necessidade de uma análise mais cuidadosa quanto à origem hepatocitária,
17
apesar de terem sido levantadas algumas hipóteses. Uma das hipóteses
sugere a origem mesodérmica para as células parenquimáticas hepáticas e a
outra hipótese seria a presença de lulas-tronco multipotentes no fígado fetal
como descrito na medula óssea adulta de mamíferos. No entanto, outros
estudos ainda são necessários para esclarecer a origem da célula hepática.
1.3.4.B – Ocupação do ambiente hepático por células hematopoéticas
Anterior aos experimentos realizados com as células da região AGM,
acreditava-se que a chegada das primeiras células hematopoéticas no fígado
fetal seriam proveniente do saco vitelínico, aos 11,5 dpc, quando a vasculatura
hepática estaria formada. No entanto, Cumano e colaboradores (1993)
observaram células hematopoéticas no fígado fetal desde os 8 dpc, sendo
estaslulas provenientes tanto do saco vitelínico quanto da região da AGM.
Dos 9 aos 15 dpc, o fígado fetal formado por hepatócitos imaturos é
invadido por células progenitoras hematopoéticas provenientes do saco
vitelínico e da região AGM (Cumano et al., 2000; Kamiya et al., 1999; Kinoshita
e Miyajima, 2002; Moore, 2004). No período compreendido entre 9,5 - 10 dpc,
os primeiros progenitores mielóides-eritróides provenientes do saco vitelínico
chegam através das veias vitelínicas e colonizam o fígado fetal. Num período
mais tardio, ocorre a conexão do fígado fetal com a placenta através da veia
umbilical permitindo o trânsito de progenitores placentários para o fígado fetal
(Mikkola et al. 2005).
18
Aos 11 dpc, os cordões hepáticos primitivos contêm células da linhagem
eritróide em diferentes estádios de diferenciação, que ocupam os nichos
sinusoidais (Thomas e Yoffey, 1964; Zamboni, 1965b; Rifkind et al., 1969;
Barak et al. 1980; Sohn et al. 1993).
Nos sinusóides também é observada a presença de macrófagos que
atuam como lixeiros (scavengers), fagocitando eritroblastos primitivos e seus
restos nucleares (Jones, 1959; Nagel e Billat, 1974; Sasaki e Iwatsuki, 1997).
Estes macrófagos, por conterem ferro em seu citoplasma (Nagel e Billat, 1974),
parecem atuar na apresentação e captação de ferro para os eritroblastos
(Bessis e Breton-Gorius, 1959; 1962). Recentemente, algumas moléculas
envolvidas na apresentação de ferro em gado de camundongos adultos foram
descritas como a ferroportina, a transferrina, a hepcidina e o receptor de
transferrina (Kaplan, 2002; Ganz, 2003).
Aos 14 dpc, os macrófagos lixeiros (scavengers) são observados em
mitose, emitindo longas e finas projeções citoplasmáticas, que auxiliam na
migração dos macrófagos sinusoidais para os cordões hepáticos. Nos cordões
hepáticos, os macrófagos criam nichos propícios à diferenciação das células
eritróides (ilhas eritroblásticas) (Sasaki e Iwatsuki, 1997). A microscopia
eletrônica de transmissão revelou que estes macrófagos podem abrigar a19
eritroblastos, os quais ficam inseridos em lacunas macrofágicas de 2 a 4
m de
profundidade por 2 a 8 m de largura (Morris et al., 1988).
Cumano e colaboradores (1992a
e b) demonstraram que os precursores
hematopoéticos presentes no fígado fetal, após 12 dpc, possuem capacidade
de gerar linfócitos B e macrófagos. Cumano e colaboradores (1993) também
19
detectaram que os precursores dos linfócitos B estariam presentes tanto no
saco vitelínico quanto no fígado fetal desde 8-8,5dpc (10-12 somitos).
A migração de células hematopoéticas para o fígado fetal parece ser
mediada por quimiocinas. As células hematopoéticas migrantes expressam em
sua superfície o receptor CXCR-4, o qual interage com o fator CXCL-12 (SDF-
1, stromal derived factor-1, fator derivado de estroma-1) produzido pelo sítio a
ser colonizado (Egawa et al., 2001). À medida que o fígado se desenvolve, os
níveis de transcritos de RNAm de CXCL-12 aumentam (McGrath et al., 1999).
Estudos com camundongos nocaute para CXCL-12 (Nagasawa et al., 1996) e
em camundongos nocaute para CXCR4 apresentaram redução dos
progenitores de linfócitos B no fígado fetal (Tachibana et al., 1998). Assim, o
CXCL-12 parece atrair e reter os precursores em ambientes propícios ao
desenvolvimento, enquanto que a expressão do seu receptor, CXCR-4, tem
sido observada em tecidos com potencial hematopoético (McGrath et al.,
1999).
1.3.4.C – Arquitetura da matriz extracelular (MEC)
A matriz extracelular (MEC) hepática fetal é detectada em baixa
quantidade ao redor dos vasos sangüíneos e ao redor dos sinusóides
hepáticos, a partir dos 12,5 dpc em camundongos e a partir de semana de
gestação em humanos. A MEC do fígado fetal é formada por fibronectina,
laminina, colágeno do tipo I, II, III, IV, VI (Rescan et al., 1989; Reif et al., 1990;
Baloch et al., 1992; Loreal et al., 1992; Couvelard et al., 1996; Monte et al.,
20
1996; Peters e Hynes, 1996; Amenta e Harrison, 1997; Couvelard et al.,1998;
Quondamatteo et al., 1999b; Sánchez et al., 2000; Gouysse et al., 2002; Shiojiri
e Sugiyama, 2004), vitronetina, tenascina, trombospondina (Couvelard et
al.1998; Gouysse et al. 2002), nidogênio (Quondamatteo et al. 1999b; Sánchez
et al., 2000; Shiojiri e Sugiyama, 2004) e heparan-sulfato (Shiojiri e Sugiyama,
2004).
Em humanos, as expressões de laminina e de nidogênio são
concomitantes e se restringem aos microvasos durante os períodos iniciais do
desenvolvimento hepático (6 a 8 semanas). Após 9 semanas de gestação, a
expressão destas duas moléculas reduz drasticamente, enquanto que a
expressão de colágeno IV é intensa. Somente os hepatócitos que se
diferenciarão em epitélio biliar expressam concomitantemente laminina,
nidogênio e colágeno IV (Quondamatteo et al., 1999b). Em geral, a membrana
basal dos vasos é discontínua e expressão de laminina é intensa no início do
desenvolvimento hepático, sendo substituída por fibronectina, tenascina e
trombospondina (Couvelard et al.,1996). Em ratos, parece que o papel da
fibronectina seria de favorecer a formação dos cordões hepáticos e o seu
conseqüente amadurecimento (Sánchez et al., 2000).
As cadeias
2,
1 e
1 da laminina foram detectadas por imuno-
histoquímica durante o período fetal, onde a laminina parece atuar na
estimulação da divisão celular dos hepatócitos. Após o nascimento, a laminina
deixa de ser expressa no fígado fetal; este fato parece estar relacionado ao
amadurecimento da vasculatura sinusoidal (Amenta e Harrison, 1997).
21
Com relação aos ligantes da maioria destas moléculas, foi observada a
expressão das cadeias do tipo 1, 1, 5, 6 e 9 da família de integrina. Em
humanos, níveis comparáveis ao detectado em adultos foram observados após
15 semanas de gestação, sendo que a cadeia
6 não é mais detectada após
30 semanas. Este desaparecimento foi correlacionado à concomitante
diminuição da laminina e aumento da expressão de tenascina na matriz
perisinusoidal, demonstrando que existe uma afinidade diferencial pelos
componentes de matriz extracelular nos diversos estádios de diferenciação dos
hepatócitos (Couvelard et al., 1998). Em camundongos, as cadeias dos tipos
2, 3 e 6 de integrina foram detectadas nas veias portais e hepáticas. Com
relação as outras cadeias da integrina, a cadeia do tipo 2 é presente nas
veias portais e ausente nas veias hepáticas; a cadeia do tipo 3 foi detectada
nos tecidos conjuntivos associados ao espaço periportal; enquanto que a
cadeia do tipo 6 foi detecada nas estruturas sinusoidais, diminuindo a partir
dos 17,5 dpc. A cadeia do tipo 4 da integrina foi observada somente nas veias
portais. Além disso, o PECAM-1 é expresso nos sinusóides, mas também
reduz sua expreso ao longo do desenvolvimento (Shiojiri e Sugiyama, 2004).
As metaloproteinases de matriz extracellular (MMP) são conhecidas por
degradarem a maior parte dos componentes de matriz extracelular, regulando
dessa forma eventos fisiológicos e de desenvolvimento através da sua atuação
nos eventos de migração, invasão, proliferação e morte celular. Durante o
desenvolvimento foram observadas nos eventos de crescimento celular,
morfogênese, angiogênese, cicatrização e degradação da matriz extracelular
(Vu e Werb, 2000). No fígado fetal de mamíferos as MMPs paracem ter
22
funções importantes na manutenção da integridade do tecido hepático em
desenvolvimento inicial, uma vez que foi detectada a presença de colágenos
dos tipos I, III e IV (Quondamatteo et al., 1999b) concomitante com a
expressão de MMPs expecíficas para degradação destes tipos de colágenos
como a MMP-1, MMP-2, MMP-7, MMP-13 (Quondamatteo et al., 1999a).
Durante o desenvolvimento embrionário de camundongos é descrita a
presença de MMP-1 na placa ductal e nas células migrantes biliares primitivas
e a expressão de MMP-2, MMP-3 e MMP-9 foi observada na placa ductal
(Terada et al., 1995). A partir de 15 dpc, o fígado fetal de camundongos
expressa transcritos de RNA mensageiro (RNAm) de MMP-9 (Canete-Soler et
al., 1995). A expressão de MMP-1, MMP-2, MMP-7 e MMP-13 foi observada
nos gados fetais humanos. A MMP-1 foi observada a partir da semana de
gestação nos hepatócitos, nos ductos biliares em formão e nas células
mesenquimais periportais. A MMP-2 foi restrita ao endotélio microvascular, na
semana de gestação e a partir da 7ª semana de gestação esta
metaloproteinase foi observada nos hepatócitos, eritrócitos, nas células
endoteliais e nas células mesenquimais periportais. A MMP-7 foi detectada em
alguns hepatócitos e em algumas células endoteliais na semana de
gestação. A partir da semana a expressão de MMP-7 e MMP-13 se
restringiu às células hematopoéticas (Quondamatteo et al., 1999a).
23
1.3.4.D – A hematopoese hepática fetal
Na hematopoese hepática fetal foi descrita a presença de células
granulocíticas (Thomas e Yoffey, 1964; Bessis, 1973; Moore e Williams, 1973;
Johnson e Moore, 1975; Enzan et al., 1978; Barak et al., 1980; Lenzi, 1980;
Emura et al., 1983; Sohn et al., 1993; Pelajo-Machado, 2001), células da
linhagem eritróide e células megacariocíticas (Thomas e Yoffey, 1964;
Zamboni, 1965b; Rifkind et al., 1969; Rifkind et al., 1974; Barak et al., 1980;
Lenzi, 1980; Sohn et al., 1993; Sasaki e Iwatsuki, 1997; Pelajo-Machado,
2001).
Nesta condição, as células eritróides proliferam rapidamente e verifica-
se a alteração da arquitetura dos cordões hepáticos e a morfologia das células
hepáticas, que assumem formato piramidal (Zamboni, 1965a). No fígado fetal
humano, as células são escassas por volta da semana e aumentam
expressivamente na semana (eritropoese trabecular), mantendo-se até o
mês, quando então passa a assumir gradativamente um caráter focal. No final
da gravidez, as células eritróides reduzem, formando pequenos e esparsos
focos parenquimatosos, constiuídos principalmente por normoblastos ou por
células eritróides de transição (Lenzi, 1980).
Enzan e colaboradores (1978) estudaram fetos humanos entre a e
13ª semanas de gestação e detectaram a presença de granulócitos
neutrofílicos e eosinofílicos. Na 7ª semana de gestação, somente algumas
células eritrocíticas e granulocíticas imaturas foram observadas; enquanto que
na 10ª semana, se detecta um maior número de células em diferentes estágios
de amadurecimento. Este trabalho o demonstrou distribuição seletiva dos
24
tipos celulares. No entanto, os autores chamaram a atenção para a presea
de populações granulocíticas em diferentes estágios de diferenciação próximos
às áreas mesenquimais hepáticas.
Barak e colaboradores (1980) investigaram in situ e in vitro a presença
de células e progenitores das linhagens granulocítica, macrofágica e eritrocítica
utilizando a coloração pelo Giemsa. Os resultados in situ mostraram que cerca
de 70% daslulas eram eritróides. O restante da população celular era
composto por alguns macrófagos, poucos granulócitos e poucas células
mononucleares primitivas. Neste estudo, Barak e colaboradores (1980)
utilizaram diversas cnicas histoquímicas, sendo que as análises citoquímicas
utilizando o ácido periódico e o reativo de Schiff (PAS), fosfatase alcalina,
peroxidase e naftol cloroacetato esterase não forneceram marcações para as
linhagens granulocíticas e para as células mononucleares; somente a -naftil
acetato esterase revelou a presença de macrófagos. No entanto, os resultados
com cultura de células mostraram muitos progenitores granulocíticos, que
representavam 92% das colônias. Dentre células granulocíticas em diferentes
estágios de diferenciação, 65% delas eram células imaturas e 35% eram
células maduras.
Em camundongos, megacariócitos são observados no fígado fetal
durante o período compreendido entre 12 e 15 dpc (Sasaki e Iwatsuki, 1997).
No fígado fetal humano, megacariócitos o identificados na semana de
gestação, exibindo aumento a partir da 18ª semana, com pico máximo entre a
24ª e 25ª semanas, declinando em seguida (Lenzi, 1980).
25
1.3.4.E O amadurecimento hepático e a saída das céulas
hematopoéticas
Com a chegada das células à região da AGM, o gado fetal inicia seu
processo de amadurecimento com a expressão de genes estádio-específicos,
produzindo proteínas como a alfa-fetoproteína (AFP), a albumina e a
oncostatina M (OSM). O ambiente hepático fetal constitui a maior etapa de
expansão e de diferenciação das células sangüíneas, sendo importante,
também para o amadurecimento dos hepatócitos (Kinoshita e Miyajima, 2002).
A alfa-fetoproteína (AFP) é uma glicoproteína com 590 aminoácidos,
sendo produzida principalmente pelo fígado fetal e em menor quantidade pelo
saco vitelínico e pelo trato gastrointestinal. A expressão de AFP pelos
hepatócitos tem sido utilizada como marcador de diferenciação inicial, embora
seus níveis diminuam ao longo do desenvolvimento embrionário. No entanto,
em humanos esta molécula ainda pode ser detectada em altas quantidades
nos recém-nascidos até um ano de idade. Em mulheres grávidas, a dosagem
de AFP no sangue ou fluído amniótico pode ser um indício da síndrome de
Down ou da mal-formão do tudo neural. Em adultos, a expressão de AFP
acontece em casos de hepatocarcinoma, tumores de células germinais,
metástase em fígado, hepatite e cirrose hepática. Nos casos de neoplasias
hepáticas, a AFP é utilizada como marcador para diagnóstico da doença (Sato
et al., 1993; Buamah et al., 1986; Li et al., 2001).
A expressão de albumina, tirosina amino transferase (TAT) e glicose-6-
fosfato aumentam com o desenvolvimento embrionário, atingindo os níveis
máximos no fígado adulto. Tais moléculas são muito utilizadas para verificação
26
do estágio e da diferenciação dos hepatócitos fetais. Estas moléculas
começam a ser expressas a partir da indução do amadurecimento dos
hepatócitos fetais pela oncostatina M (Kamiya et al., 1999; Miyajima et al.,
2000; Kamiya et al., 2002; Kinoshita e Miyajima, 2002).
A OSM é uma glicoproteína de 28 KDa, da família IL-6, formada por
duas subunidades: uma subunidade variável e uma subunidade conservada: a
gp130. Existem dois tipos de receptores para OSM: o receptor do tipo I (OSM-
RI) e o receptor do tipo II (OSM-RII), sendo que o OSM-RII é expresso em
camundongos. A OSM é produzida por células hematopoéticas CD45
+
e parece
reduzir a habilidade dos hepatócitos em propiciar um ambiente favorável a
hematopoese. Com o aumento do número de células CD45
+
, os níveis
teciduais de OSM aumentam, promovendo o desenvolvimento/
amadurecimento dos hepatócitos, que então adquirem funções metabólicas
como: desintoxicação, eliminação (clearance) de amônia e síntese de lipídeos
e de glicogênio (Kamiya et al., 1999). A OSM também induz mudanças
morfológicas como o aumento da adesão celular homofílica e a indução da
expressão de genes tecido-específicos nos hepatócitos, que também resultam
em um ambiente o propício à hematopoese (Kamiya et al., 1999; Kinoshita e
Miyajima, 2002). No entanto, especula-se que existam outros mecanismos
ainda não definidos que regulem a proliferão e a diferenciação das células
hematopoéticas (Boggs, 1999).
Ao final do período gestacional, no fígado fetal ocorre uma diminuição do
número de células hematopoéticas devido ao amadurecimento dos hepatócitos,
os quais passam a produzir outras moléculas de matriz extracelular, além de
27
expressar moléculas que não proporcionam um ambiente favorável à
diferencião hematopoética. Como conseqüência destas mudanças no meio
extracelular, a desagregação das ilhas eritroblásticas. Primeiramente os
eritrócitos afastam-se da vizinhança dos macrófagos centrais, os quais entram
em degenerão. As ilhotas eritroblásticas finalmente desaparecem no final da
hematopoese hepática e os macrófagos centrais degenerados passam a ser
removidos por macrófagos lixeiros (scavenger) localizados no espo
perisinusoidal (Sasaki e Iwatsuki, 1997).
1.3.4.F Moléculas de superfície envolvidas no processo de trânsito de
células hematopoéticas no fígado fetal
As moléculas envolvidas no trânsito celular durante o desenvolvimento
embrionário são pouco conhecidas. Os principais avaos na Biologia do
Desenvolvimento foram alcançados através da identificação das moléculas
envolvidas nos processos de endereçamento (homing), nos modelos de
transplante de medula óssea (TMO) (Zanjani et al., 1993; Hendrikx et al., 1996;
Szilvassy et al., 2003) ou na inflamação tecidual (Gallatin et al., 1986; Jutila et
al.,1989; Yednock e Rosen, 1989; Stoolman, 1989; Butcher, 1990).
A inflamação tecidual gerada por diversos indutores tem sido o melhor
modelo para estudo das moléculas envolvidas no processo de migração. Após
a vasodilatação e a diminuição da velocidade de fluxo sangüíneo, as células
hematopoéticas tendem a margear a parede dos vasos sangüíneos e as
células endoteliais próximas ao tecido lesado expõem as selectinas P e E em
28
sua porção luminal. As células hematopoéticas leucocitárias presentes na
corrente sangüínea expressam a selectina L, que se liga homotipicamente às
selectinas endoteliais. Esta ligação é fraca e permite que a célula migrante seja
freada e comece a estabelecer interações mais intensas. A ligação das
selectinas E e a presença de quimiocinas, como o fator ativador de plaquetas
(PAF, platelet activating factor), induzem a ativão de integrinas leucocitárias
(Van Der Schoot e Dercksen, 1994; Abbas e Lichtman, 2003; Alberts et al.,
2002). Após a interção com as integrinas, as células aderidas migram por entre
as células endoteliais com a ajuda de integrinas e proteínas da superfamília
das imunoglobulinas, como o PECAM-1 (platelet/endothelial cell adhesion
molecule-1, molécula de adesão celular de plaquetas e células endoteliais)
(Müller et al., 1993).
No transplante de medula óssea, a medula óssea é depletada devido à
ão de quimioterapia e/ou radioterapia, de modo a induzir a morte das células
com alto poder proliferativo. A seguir, são administradas células indiferenciadas
de medula óssea ao paciente, sendo que as células migram para o ambiente
medular por processo denominado enderamento (homing). No entanto, ainda
não estão claros alguns dos mecanismos que governam este processo (Wright
et al., 2001).
No modelo experimental laboratorial de transplante de medula óssea, as
células marcadas são injetadas em camundongos isogênicos, que podem
receber ou não dose sub-letal de irradiação antes da injeção. Através de
estudos morfológicos, estas células o acompanhadas com afinalidade de se
29
obter informões sobre os sítios preferenciais de migração celular, bem como
as moléculas envolvidas neste processo.
No modelo de transplante de medula óssea, tem sido caracterizado que
a principal molécula endereçadora/ quimioatratora da migrão é o CXCL-12
que produz um gradiente permissivo/ indutor à movimentação unidirecional de
células-tronco para o local lesado. Camundongos nocaute para selectina-P e
selectina-E demonstraram uma diminuição na migração das células
hematopoéticas para medula óssea, com retenção destas células no baço após
realizão do transplante (Frenette et al., 1998). As células CD34
+
(células-
tronco) em co-cultura com células endoteliais ativadas tiveram a sua ligação
com as células endoteliais inibidas após o tratamento das lulas CD34
+
com
anticorpo anti-VLA-4 (very late antigen 4), demonstrando um possível papel
desta molécula na migração celular (Rood et al., 2000).
Os carboidratos e as lectinas também são moléculas importantes
envolvidas nos processos de opsonização de microorganismos, fagocitose,
interação, adesão, migração, ativão, diferenciação e morte celular
(apoptose). As lectinas foram descritas inicialmente em 1888 por Peter
Hermann Stillmark, que descobriu a reação de hemaglutinação através da
lectina Ricinus communis. Atualmente são descritos inúmeros tipos de lectinas,
não somente em plantas como também em microorganismos e diversas
classes de animais, como a classe Reptilia e Mammalia (Ni e Tizard, 1996).
As lectinas são glicoproteínas ou proteínas ligantes de úcares muito
variáveis estruturalmente que reconhecem especificamente certos resíduos de
carboidratos, podendo ser encontradas na forma solúvel ou associada a
30
células, sendo muito empregadas na caracterizão de tipos sangüíneos,
reconhecimento e ativação de leucócitos, precipitação de células e
glicoconjugados, dentre outras funções (Ni e Tizard, 1996). Os resíduos de
galactosil e manosil, por exemplo, foram descritos como moléculas importantes
que participam no processo da interação célula migrante-endotélio (Aizawa e
Tavassoli, 1988; Tavassoli e Hardy, 1990). Aizawa e Tavassoli (1988)
realizaram um transplante de medula óssea competitivo com células-tronco
femurais e resíduos de galactosil-BSA, manosil-BSA, fucosil-BSA e
asialofetuína em dois grupos de camundongos isogênicos C57BL6, um
esplectomizado e outro não-esplectomizado que foram irradiados letalmente.
Após o transplante foi observada uma inibição na migração das células
hematopoéticas para a medula óssea nos grupos de animais esplectomizados
que receberam as células-tronco conjuntamente com resíduos de manosil-BSA
e galactosil-BSA, demonstrando a importância destes resíduos de úcares
nos processos de reconhecimento e migração celular.
A remoção dos resíduos de ácido siálico das células hematopoéticas
também diminui a migração celular das células migrantes para a medula óssea,
demonstrando uma provável importância dos carboidratos no processo de
migração (Tonelli e Meintz, 1977; Papayannopoulou e Craddock, 1997). De
forma semelhante, a inibição competitiva do receptor hepático da
asialoglicoproteina pela fetuína diminui a migração das células hematopoéticas
para o gado, porém aumenta o número de unidades formadoras de colônias
no baço e a celularidade medular (Samlowski e Daynes, 1985).
31
Os processos de adesão e de rolamento das células hematopoéticas
sobre as células endoteliais, seguidos da diapedese, parecem ser fenômenos
conservados e funcionam como nos processos inflamatórios (Gallatin et al.,
1986; Yednock e Rosen, 1989; Stoolman, 1989; Butcher, 1990). O CD44
funciona como um receptor de matriz extracelular e de adesão célula-célula e
pode se ligar à fibronectina, ao ácido hialurônico, ao PECAM-1, à proteína
ligante de heparina e à selectina L. O tratamento de camundongos com
anticorpos anti-VLA-4, anti-integrina 1, anti-VCAM-1 ou anti-CD44 inibiram o
endereçamento dos progenitores hematopoéticos para medula óssea e para o
baço (Papayannopoulou et al., 1995; Vermeulen et al., 1998). No entanto,
camundongos nocaute para VCAM-1 não revelaram alterção da mielopoese e
da linfopoese (Friedrich et al., 1996). Contudo, os camundongos nocaute para
CD44 exibiram redução do número de progenitores CFU-GM (colony forming
units–granulocyte macrophage), provavelmente devido à falta de interação das
células mutadas com a matriz extracelular (Schmits et al., 1997). Da mesma
forma, os progenitores hematopoéticos deficientes de integrina 4 se
desenvolvem normalmente no fígado fetal, no baço e na medula óssea (Arroyo
et al., 1996; 1999). Entretanto, estudos com células hematopoéticas nocaute
para a integrina
1 mostraram a incapacidade destas células povoarem o
fígado fetal, o baço, o timo e a medula óssea (Hirsch et al., 1996; Potocnik et
al., 2000).
Apesar dos diversos estudos, os mecanismos referentes à cinética de
migração para os diferentes órgãos durante o período fetal ainda permanecem
escassos, principalmente no que se refere ao conhecimento dos tipos celulares
32
envolvidos e às moléculas de endereçamento (homing) expressas pelas células
hematopoéticas (Boggs, 1999).
1.3.5 - Medula óssea
Após o período de expansão celular hepato-esplênico, muitas células
diferenciadas migram para a medula óssea que, encontra-se em fase final de
formação. Dos 16 aos 21 dpc, o desenvolvimento da medula óssea tem seu
início definido a partir da penetração de vasos sangüíneos oriundos do
pericôndrio e presentes na zona de cartilagem recém-calcificada, em especial,
na região central dos ossos longos (Moore, 2004). Com a chegada de vasos no
ambiente medular, as células hematopoéticas em diversos estádios de
diferencião, vindas principalmente do fígado e as lulas-tronco
mesenquimais começam a ocupar os espaços gerados pela morte dos
condrócitos hipertrofiados imersos em uma matriz extracelular calcificada.
Concomitantemente, começam a diminuir os níveis hepáticos de transcritos de
CXCL-12, a principal quimiocina de atração e de retenção de precursores nos
ambientes propícios ao desenvolvimento (McGrath et al., 1999).
Em camundongo, a hematopoese medular, se inicia com a chegada de
neutrófilos no ambiente medular (Pelajo-Machado, 2001) e é seguida pelo
acúmulo de grande mero de células blásticas basofílicas (Moore, 2004). Na
medula óssea de fetos humanos na 10ª semana de gestação, foi possível
identificar pela primeira vez o tecido hematopoético na clavícula e no úmero.
Este tecido é constituído por células das linhagens eritróide e mielóide,
33
localizado preferencialmente no tecido conjuntivo frouxo periarteriolar (Lenzi,
1980). Estudos com camundongos nocaute para CXCL-12 mostraram uma
diminuição do número de progenitores de linfócitos B no fígado fetal e na
medula óssea, além da redução do número de células mielóides na medula
óssea (Nagasawa et al., 1996). Ara e colaboradores (2003) observaram que a
migração de células mielóides do fígado fetal para medula óssea era afetada
pela ausência da quimiocina; porém, a geração/ amadurecimento de células da
linhagem mielóide não era afetada, pois aslulas mielóides eram encontradas
no fígado fetal e no sangue periférico. Na medula óssea de camundongos
nocaute para CXCR4 verifica-se um número reduzido de células
hematopoéticas e ausência de linfócitos B maduros, demonstrando a
paticipação deste receptor no comprometimento e/ou proliferão dos
precursores de linfócitos B (Zou et al., 1998). Ma e colaboradores (1999)
observaram que as células da linhagem B dos camundongos nocaute para
CXCR-4 conseguiam se desenvolver normalmente e eram observados no
sangue periférico, mas a migração dos linfócitos B para medula óssea
apresentava-se comprometida.
Até 1 ou 2 dias após o nascimento, os ossos recebem as células
hematopoéticas migrantes que durante toda a vida extra-embrionária, será o
principal sítio de geração de células hematopoéticas. A partir desse momento
até a vida adulta, a medula óssea passa a desempenhar a função de principal
órgão hematopoético em mamíferos (Lenzi, 1980; Pelajo-Machado, 2001;
Moore, 2004).
34
2.Objetivos
2.1 - Geral
O objetivo geral deste trabalho é descrever as características
dinâmicas do microambiente hepático, relatando os eventos favoráveis à
hematopoese local (
fase da habitação hematopoética
) em contraposição aos
eventos desfavoráveis (fase da desabitação hematopoética) no fígado fetal
murino, entre 12 dias pós-coito (dpc) e 0 (zero) dia pós parto (dpp) (período de
hematopoese).
2.2 - Específicos
 Descrever as etapas de migração dos tipos celulares hematopoéticos para
o fígado fetal (região da aorta-gônadas-mesonefros (AGM) fígado fetal);
 Descrever os ambientes preferenciais de instalação/ proliferação das
células hematopoéticas;
 Mapear a expressão de fibronectina e de colágenos intersticiais presentes
nos ambientes preferenciais de instalação/ proliferação das células
hematopoéticas;
 Mapear os resíduos glicídicos expressos pelas células endoteliais
hepáticas, que possam participar na implantação e saída das células
hematopoéticas do fígado fetal, bem como a chegada destas células na
medula óssea.
35
3. Metodologia
Todos os procedimentos envolvendo o uso dos animais deste estudo
estão em conformidade com as normas de ética aplicáveis, tendo sido
submetidos ao Comitê Ética no Uso de Animais da Fundação Oswaldo Cruz
(CEUA-FIOCRUZ), sob o protocolo n° P-0250/05.
3.1 - Acasalamento
Foram utilizados 16 camundongos adultos de Swiss Webster, sendo 8
fêmeas e 8 machos, provenientes do Centro de Criação de Animais de
Laboratório (CECAL) da Fundação Oswaldo Cruz. Estes animais foram
acasalados, mantidos em caixas individuais contendo maravalha e receberam
alimentação e água ad libitum. No dia após o acasalamento, as fêmeas tiveram
seu tampão vaginal verificado pela manhã, tendo sido colocadas em caixas
individualizadas de forma que este dia fosse determinado como o dia 0 (zero)
pós-coito (dpc).
3.2 - Determinação da idade gestacional
A idade gestacional dos fetos foi determinada após verificação do
tampão vaginal, além de ter sido realizada uma datação baseada no atlas
36
histológico de Kaufman (1992) a partir da análise das lâminas obtidas dos
fetos. Tal confronto empírico-experimental se faz necessário uma vez que fetos
gerados na mesma mãe podem apresentar estágios de desenvolvimento
distintos (Kaufman, 1992).
3.3 - Determinação do período pós-parto
A determinação do período de desenvolvimento do camundongo
nascituro foi estabelecida após o parto normal das fêmeas grávidas. O dia do
nascimento dos camundongos foi estabelecido como dia 0 pós-parto.
3.4 - Processamento
Neste estudo 8 camundongos Swiss Webster fêmeas grávidas (12, 13,
14, 15, 16, 17, 18 dpc e 0 dpp) foram eutanasiadas por inalação de mistura
CO
2
/O
2
em câmara fechada, sendo uma fêmea grávida por ponto. Os cornos
uterinos foram dissecados e em seguida, os fetos com suas respectivas
placentas foram individualizados. A partir de 14 dpc, os fetos foram
decapitados e tiveram seu fígado dissecado e fixado em formalina de Millonig
modificada por Carson (Carson et al., 1973).
Os fetos e fígados fetais foram fixados em temperatura ambiente por 7
dias em formalina de Millonig modificada por Carson. Os fetos de 12 e 13 dpc
37
foram clivados transversalmente na altura abdominal de forma que os fígados
fossem individualizados. A seguir, o material foi processado utilizando-se
banhos crescentes de álcool etílico (70%, 95% e 100% - um banho de 1h cada,
dois banhos de álcool a 100% por 1:30 min cada; um banho de álcool a 100%
por 2:30 min - etapa de desidratação) e xilol (2 banhos de 2h cada - etapa de
diafanização), impregnados (1 banho de parafina por 2h e 30 min) e incluídos à
vácuo em 1 banho de parafina por 2h e 30 min para obtenção de cortes de 5µm
de espessura em lâminas silanizadas. Os cortes foram submetidos a diferentes
métodos histoquímicos como descritos a seguir, tendo sido analisados ao
microscópio de luz de campo claro, equipado com mera digital Zeiss
AxioCam HRC para aquisição de imagens e posterior gravação em meio digital
e tratadas (correção de curva de cores, recorte/ aumento de áreas
selecionadas), quando necessário, com o auxílio do software AxioVision
®
(Zeiss) ou Adobe Photoshop 7.0
®
(Adobe).
3.4.1 - Técnicas de coloração para análise da estrutura morfogica
3.4.1.A - Técnica de coloração pela hematoxilina-eosina (HE)
Esta cnica tem por objetivo fornecer a visualização do aspecto
morfológico geral do órgão.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
38
água destilada. Procedeu-se a coloração pela hematoxilina de Mayer por 20
minutos, seguida de lavagem em água corrente por 25 minutos.
Posteriormente, os cortes foram desidratados em álcool etílico a 70% por 3
minutos. A seguir, os cortes foram submetidos à coloração pela eosina-floxina
por 2 minutos. Após pida lavagem álcool etílico 90%, os cortes foram
desidratados em 3 banhos de álcool etílico 100%, clarificados em xilol e
montados com lamínulas, usando-se Goma de Damar como meio de
montagem.
Através do emprego desta técnica de coloração, as estruturas basófilas,
como o núcleo, coram-se em azul e as estruturas acidófilas, como citoplasma,
coram-se em rosa.
3.4.1.B – Técnica de coloração pelo Giemsa de Lennert (Lennert, 1978)
Esta cnica tem por objetivo fornecer a visualização do aspecto
morfológico geral do órgão.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada. Os cortes foram corados em solução de Giemsa a 20% por 1
hora. A seguir, os cortes foram diferenciadas em solução de ácido acético 1% e
desidratados em álcool etílico 95% e 3 banhos de álcool isopropílico 100%,
clarificados em xilol e montados com lamínulas, usando-se Goma de Damar
como meio de montagem.
39
Nesta técnica de coloração, as estruturas bafilas, como o núcleo,
coram-se em azul escuro e as estruturas acidófilas, como citoplasma, grânulos
basófilos e neutrofílicos coram-se em azul mais claro. As hemácias e os
grânulos eosinofílicos coram-se em rosa. Os grânulos de mastócitos coram-se
desde tonalidades arroxeadas a róseas.
3.4.1.C – Técnica pelo método Tricromático de Masson
Esta técnica tem por objetivo detectar a presença de colágeno.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada.
Procedeu-se a colorão pela hematoxilina férrica de Weigert por 10
minutos, seguida de lavagem em água corrente por 10 minutos.
Posteriormente, os cortes foram corados por 5 minutos em solução de Biebrich
Escarlat-Fucsina ácida e lavados em água destilada por 20 minutos. A seguir,
os cortes foram imersos no ácido fosfotúngstico-fosfomolibdico 5% por 30
minutos e corados em azul de anilina por 30 minutos. Após lavagem em água
destilada, os cortes foram desidratados em álcool etílico (95% e 100%),
clarificados em xilol e montados com lamínulas usando-se goma de damar
como meio de montagem.
Nesta técnica de coloração, os núcleos coram-se em azul escuro, as
fibras colagênicas, em azul e o citoplasma em vermelho.
40
3.4.1.D – Técnica de coloração pelo Sirius Red pH=10,2 (Bogomeletz,
1980; Luque e Montes, 1989)
Esta técnica tem por objetivo visualizar eosinófilos teciduais.
Os cortes foram desparafinados em três banhos de xilol, hidratados em
uma série de concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%)
e lavados em água destilada. Procedeu-se a coloração pela hematoxilina de
Mayer por 3 minutos, lavando os cortes em seguida em água destilada por 5
minutos. A seguir, os cortes foram imersos em álcool 70% por 3 minutos, sendo
corados em seguida pela solução de Sirius Red pH=10,2 por 1 hora. Após
lavagem em água destilada por 3 minutos, os cortes foram desidratados em
álcool etílico (70%, 90% e 100%), clarificados em xilol e montados com
lamínulas usando-se goma de damar como meio de montagem.
Nesta cnica de coloração, os eosinófilos coram-se em vermelho e os
núcleos coram-se em azul.
3.4.1.E – Técnica pelo método de Perls (Perls, 1867)
Esta técnica tem por objetivo detectar pigmentos férricos.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada. Os cortes foram imersos na solução de ferrocianeto de potássio
5% por 5 minutos, seguidos pela solução de ferrocianeto de potássio 3,5% por
41
20 minutos. Posteriormente, os cortes foram lavados em 2 banhos de água
destilada por 3 minutos cada. A seguir, os cortes foram corados pelo vermelho
pido, lavados em água destilada desidratados em álcool etílico (70%, 90% e
100%), clarificados em xilol e montados com lamínulas usando-se Goma de
Damar como meio de montagem.
O pigmento férrico é evidenciado em azul, o núcleo cora-se em vermelho
e o citoplasma cora-se em rosa pálido.
3.4.1.F – Técnica de coloração da Reticulina de Gomori (Volnei e Siqueira,
1981)
Esta técnica tem por objetivo detectar a presença de fibras reticulares.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada. Os cortes foram imersos em solução de permanganato de
potássio 1% durante 1 minuto, seguida de lavagem em água destilada por 2
minutos. A seguir, os cortes foram descorados pelo ácido oxálico 3% por 3
minutos e lavados em água corrente por 3 minutos. Em seguida, os cortes
permaneceram na solução de alúmen de ferro 2% por 1 minuto, seguida de
lavagem em água destilada por 2 minutos. Posteriormente, os cortes foram
imersos em solução de nitrato de prata amoniacal por 1 minuto, lavados em
água destilada por 5 minutos, imersos em formol 10% por 3 minutos, lavados
em solução de cloreto de ouro 1% por 3 minutos e lavados em água destilada
42
por 2 minutos. A seguir, os cortes foram imersos em solução de tiosssulfato de
sódio 5% por 2 minutos, lavados em água corrente por 2 minutos, desidratados
em álcool etílico (70%, 90% e 100%), clarificados em xilol e montados com
lamínulas usando-se Goma de Damar como meio de montagem.
Nesta cnica de coloração, as fibras reticulares são evidenciadas em
negro.
3.4.1.G – Técnica de coloração ácido periódico + reativo de Schiff (PAS)
Alcian blue (AB) em pH=1,0 (PAS-AB pH=1,0)
Esta técnica tem por objetivo detectar a presença de glicoproteínas
neutras e proteoglicanos ácidos sulfatados.
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada. A seguir, os cortes foram imersos em solução de ácido
clorídrico 0,1N por 5 minutos, corados pelo Alcian blue pH=1,0 por 45 minutos
e lavados novamente na solução de ácido clorídrico 0,1 N por 5 minutos. Em
seguida, os cortes foram oxidados em ácido periódico a 1% por 15 minutos,
lavados em água destilada por 5 minutos e colocados no Reagente de Schiff
por 20 minutos. Em seguida, os cortes foram lavados em água corrente por 5
minutos e posteriormente em água destilada. Os cortes foram desidratados em
álcool etílico (70%, 90% e 100%), clarificados em xilol e montados com
lamínulas, usando-se Goma de Damar como meio de montagem.
43
Nesta técnica de coloração, as glicoproteínas neutras contendo hexose
e/ou ácido siálico são evidenciadas em magenta e os proteoglicanos
carboxilados em azul.
3.4.1.H Técnica de coloração ácido periódico + reativo de Schiff (PAS)
Alcian blue (AB) em pH=2,5
(
PAS-AB pH=2,5
)
Esta técnica tem por objetivo detectar a presença de glicoproteínas
neutras e proteoglicanos ácidos sulfatados (menor quantidade) e carboxilados
(maior quantidade).
Os cortes foram desparafinados em xilol, hidratados em uma série de
concentrações decrescentes de álcool etílico (100%, 90% e 70%) e lavados em
água destilada. A seguir, os cortes foram imersos em solução de ácido acético
3% por 5 minutos, corados pelo AlcianBlue pH=2,5 por 45 minutos e lavados
novamente na solução de ácido acético 3% por 5 minutos. Em seguida, os
cortes foram oxidados em ácido periódico a 1% por 15 minutos, lavados em
água destilada por 5 minutos e colocados no Reagente de Schiff por 20
minutos. Em seguida, os cortes foram lavados em água corrente por 5 minutos
e posteriormente em água destilada. Após rápida lavagem em água destilada,
os cortes foram desidratados em álcool etílico (70%, 90% e 100%), clarificados
em xilol e montados com lamínulas, usando-se Goma de Damar como meio de
montagem.
44
Nesta técnica de coloração, as glicoproteínas neutras contendo hexose
e/ou ácido siálico são evidenciadas em magenta e os proteoglicanos em azul.
3.4.2 – Técnica de histoquímica para detecção de cloroacetato-esterase
Esta técnica tem por objetivo detectar a presença granulócitos.
A presea de cloroacetato-esterase em granulócitos foi detectada
utilizando-se o kit naftol AS-D cloroacetato esterase (Sigma-Aldrich
®
- Kit 91-C)
seguindo as especificões do fabricante.
Os cortes foram desparafinizados em banhos de xilol, hidratados em
banhos decrescentes de álcool (100%, 90% e 70%) e água destilada. A seguir
os cortes foram corados com a solução fornecida pelo kit, revelados com Fast-
Red, montados com lamínula em água destilada e analisadas em microscópio
confocal de varredura a laser LSM 510 META (Zeiss), empregando-se laser
Ar488 e filtro LP650nm e laser 405 e filtro LP420.
3.4.3 – Técnica de histoquímica para detecção de lectinas
Os cortes foram desparafinizados em banhos de xilol, hidratados em
banhos decrescentes de álcool e água destilada. A seguir, os cortes foram
submetidos à recuperação antigênica em forno de microondas doméstico
(Panasonic
®
), utilizando-se tampão citrato pH=6,0. O tampão foi previamente
aquecido em potência média durante 10 minutos aatingir 96°C. Em seguida,
os cortes foram imersos no tampão citrato e submetidos a 3 ciclos de
45
aquecimento de 4 minutos com intervalo de 2 ciclos de dois minutos em forno
de microondas. A seguir, os cortes foram lavados 3 vezes (3, 5 e 7 minutos) em
solução salina contendo tamo fosfato (PBS) e incubadas durante a noite
(overnight), à 4ºC, com as seguintes lectinas fluorescinadas: Glycine Max -
SBA, Lens culinaris - LCA, Ulex europeus - UEA, Arachis hypogeae - PNA,
Abrus precatorius - ABPR, Concanavalina A - ConA, Phaseolus vulgaris - PHA
e Bandeirae simplicifolia – GSI (tabela 1).
Tabela 1. Esquema da especificidade de cada lectina utilizada na marcação emgados
fetais durante o desenvolvimento.
nome específico lectina especificidade
Arachis hypogaea peanut agglutinin (PNA)
beta-galactose (13) N
acetilgalactosamina
Abrus precatorius jequitiri bean (ABPR3) galactose
Lens culinaris lentil (LCA) alfa-D-manose
Canavalia
ensiformis
Concanavalina A (ConA
)
Jack bean tipo IV
alfa-manose
alfa-glicose
Glycine max soy bean (SBA) N acetilgalactosamina
Ulex europeus UEA I alfa-L-fucose
Bandeiraea
simplicifolia
Griffonia simplicifolia - BS I
(GSI)
alfa-galactose
alfa-N-acetilgalactosamina
Phaseolus vulgaris
red kidney bean
(PHA-L)
oligosacarídeo
No dia seguinte, os cortes foram lavados em tampão PBS (3, 5 e 7
minutos). A coloração com DAPI (5g/mL) durante 30 minutos foi utilizada para
evidência dos cleos. A seguir, os cortes foram contra-corados com azul de
Evans (1:10.000) por 1 minuto, diferenciados em PBS e montados em glicerol
46
contendo parafenilenodiamina. As lâminas foram analisadas em microscópio
confocal de varredura a laser LSM 510 META (Zeiss), empregando-se laser
Ar488 e filtro BP505-550nm (AlexaFluor488), ou laser HeNe543 e filtro
LP560nm (azul de Evans) e laser 405 e filtro LP420 (DAPI).
3.4.4 – Técnica de imunofluorescência
Os cortes foram desparafinizados em banhos de xilol, hidratados em
banhos decrescentes de álcool e água destilada. A seguir, os cortes foram
submetidos à recuperação antigênica em forno de microondas doméstico
(Panasonic
®
), utilizando-se tampão citrato pH=6,0. O tampão foi previamente
aquecido em potência média durante 10 minutos aatingir 96°C. Em seguida,
os cortes foram imersos no tampão citrato e submetidas a 3 ciclos de
aquecimento de 4 minutos com intervalo de 2 ciclos de dois minutos em forno
de microondas. A seguir, os cortes foram lavados 3 vezes (3, 5 e 7 minutos) em
solução salina contendo tamo fosfato (PBS) e incubados durante a noite
(overnight), à 4ºC, com anticorpos primários diluídos em PBS contra moléculas
de matriz extracelular (fibronectina, MMP-1, MMP-9 e AFP). No dia seguinte, os
cortes foram lavados em PBS (3, 5 e 7 minutos) e incubados a 37ºC com
anticorpos secundários conjugados a AlexaFluor 488 durante 1 hora. Os cortes
foram novamente lavados em PBS (3, 5 e 7 minutos) e tiveram seus núcleos
corados com DAPI (5g/mL) durante 30 minutos. A seguir, os cortes foram
47
contra-corados com azul de Evans (1:10.000) por 1 minuto, diferenciados em
PBS e montados em glicerol contendo parafenilenodiamina.
As lâminas imunomarcadas foram analisadas em microscópio confocal
de varredura a laser LSM 510 META (Zeiss), empregando-se laser Ar488 e
filtro BP505-550nm (AlexaFluor488), ou laser HeNe543 e filtro LP560nm (azul
de Evans) e laser 405 e filtro LP420 (DAPI).
48
4. Resultados:
As lectinas ConA, SBA, UEA, GS-I e PHA-L o revelaram marcão
em nenhum dos estádios estudados: 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18 dpc e 0 dpp.
4.112 dpc:
Aos 12 dpc, o fígado fetal evidenciava tecido hematopoético com
presença maciça de lulas eritróides e vários megacarioblastos. A população
eritróide se distribuía uniformemente em grupos misturando-se com os
hepatócitos (Fig.1 e 2). As células em argolas eram raras e bastante imaturas
(mielócitos), sendo predominantemente encontradas na região subcapsular.
Material PAS positivo foi observado próximo ao mesotélio subcapsular e no
endotélio dos vasos intra-hepáticos. A coloração pelo PAS-AB pH=1,0 detectou
uma trama muito delicada, quase imperceptível, de proteoglicanos no endotélio
dos espaços-porta primitivos (Fig. 3). Grande quantidade de figuras mitóticas
(metáfase, anáfase e telófase) e escassas células em apoptose (núcleos
fragmentados) foram visualizadas (Fig. 1). As fibras reticulares estavam
presentes na região submesotelial da cápsula, mas eram raras no interior do
fígado, onde se observou raros filetes próximos a vasos. Na periferia de células
imaturas (com características da linhagem eritróide) notou-se a presença de
fibras reticulares (Fig. 4). A reação de Perls não foi detectada nas células
estromais, restringindo-se aos eritroblastos.
A expressão de fibronectina foi observada na parede de sinusóides e
de vênulas e ao redor de algumas células parenquimatosas e/ ou
49
hematopoéticas, exibindo um padrão puntiforme descontínuo. A região
capsular foi fracamente positiva (Fig. 45 e 46).
A marcação da lectina LCA, que se liga aos resíduos de -D-manose,
foi observada intensamente em megacariócitos e megacarioblastos, na região
subendotelial de vênulas e em arranjo pericelular fino e granular ao redor de
todas as células; porém não foi possível discriminar as linhagens celulares. As
hemácias nucleadas intracelulares não apresentavam reação à LCA (Fig. 47-
49).
A lectina ABPR3, que se liga aos resíduos de galactose, revelou reação
positiva ao redor de todas as células, exibindo um arranjo pericelular fino nas
regiões subvenular e submesotelial, na superfície de células mesoteliais e em
megacarioblastos (Fig. 50).
A lectina PNA, que possui afinidade para
-galactose (13) N
acetilgalactosamina revelou reação negativa em todo tecido.
A expressão de metaloproteinase-1 (MMP-1) ocorreu na periferia de
células provavelmente da linhagem eritróide, sendo um pouco mais intensa em
vênulas e em alguns tipos celulares imaturos, intravasculares e circulantes
(Fig.51).
A expreso de metaloproteinase-9 (MMP-9) foi observada mais
intensamente na parede de vasos e ao redor de alguns grupos de células
pequenas, provavelmente da linhagem eritróide. Na camada mesotelial a
expressão da MMP-9 era menos intensa (Fig. 52).
50
4.2 13 dpc:
A coloração pelo Giemsa e pela hematoxilina-eosina revelou a presença
de eritroblastos, megacarioblastos, megacariócitos e inúmeras células em
mitose (Fig. 5). No fígado ainda havia nítido predomínio de lulas eritróides
imaturas, porém com maior grau de diferenciação. As tramas vascular e
trabecular se mostravam mais definidas, com um aumento da população de
células hematopoéticas (Fig. 5 e 6). A reação ao método do PAS evidenciou
material PAS-positivo no tecido conjuntivo da parede de veias e na região da
cápsula (Fig. 7 e 8). Tanto no mesotélio capsular quanto no endotélio venular,
notou-se a presença linear de proteoglicanos AB positivos (pH=1,0) (Fig. 7 e 8).
Fibras reticulares foram detectadas na região submesotelial da cápsula
semelhante como observado aos 12 dpc. As células eritróides não foram
positivas aos métodos da reticulina de Gomori e do Pearls. Nos sinusóides
hemácias nucleadas foram visualizadas (Fig. 5 e 6).
A expressão de fibronectina mostrou um padrão puntiforme endotelial e
subendotelial mais intenso que o observado aos 12 dpc. Tamm foi possível
notar que a marcação ao redor de certos grupos celulares, provavelmente da
linhagem eritróide, foi menos intensa do que a marcação endotelial e
subendotelial. Detectou-se ainda uma marcação subcapsular linear muito
delgada (Fig. 53 e 54).
A reação a lectina LCA, que identifica os resíduos de -D-manose, foi
observada mais intensamente na região subendotelial de vênulas,
megacariócitos, megacarioblastos e nas células GM, formando um arranjo
pericelular fino em todas as lulas, mas sem definição de linhagens e
51
mantendo padrão semelhante ao observado aos 12 dpc. A cápsula e as
hemácias nucleadas intravasculares foram negativas à reação com LCA (Fig.
55 e 56).
A lectina ABPR3 que se liga aos resíduos de galactose mostrou uma
expressão delicada e difusa entre as células, delineando os sinusóides em
formação e definindo melhor o padrão trabecular hepatocitário. A camada
submesotelial também revelou reação à ABPR3 positiva; porém, a linhagem
megacariocítica mostrou uma fraca expressão (Fig. 57).
A expreso de MMP-1 foi observada no citoplasma de células
eritróides, mas a cápsula (mesotélio + camada submesotelial) o apresentou
reação (Fig. 58).
A MMP-9 exibiu expreso mais dispersa que aos 12 dpc, sendo
observada por todo o parênquima, em um padrão granular, assim como na
parede de vênulas. A MMP-9 não foi expressa na cápsula (Fig.59).
A lectina PNA em todo o fígado nesta fase de desenvolvimento não foi
detectada.
4.3 – 14 dpc
O fígado fetal aos 14 dpc continuava ser intensamente eritróide, com
aumento de células maduras e predomínio de hemácias anucleadas nos vasos
sangüíneos (Fig. 9 e 10). Os megacariócitos mostravam também maior
diferenciação e a reação ao PAS–AB era fraca, mas mais fraca no pH=2,5,
quando comparada ao pH=1,0. Vênulas intra-hepáticas ainda eram positivas ao
PAS; contudo, células subendoteliais descontínuas e ricas em finos grânulos
52
eram PAS positivos (Fig. 11). A superfície do endotélio venular e do mesotélio
revelaram reação positiva ao AB pH=1,0 de forma linear (Fig. 12). Abaixo da
camada de proteoglicanos do mesotélio, notou-se fraca reação ao PAS (Fig.
12). O método da reticulina de Gomori, assim como a reação de Perls não
foram identificados.
A expreso de fibronectina foi restrita à parede de vasos, incluindo
sinusóides, sendo mais acentuada nas veias portais (Fig. 60-62), onde, às
vezes, se organizava em camadas concêntricas.
A expressão da LCA (resíduo de
-D-manose) foi detectada no
citoplasma de megacariócitos, no tecido conjuntivo subendotelial, na região da
cápsula hepática e nos sinusóides, com acentuada diminuição da expreso
nos demais sítios (Fig. 63 e 64).
A lectina ABPR3 (resíduo de galactose) revelou reão na camada
submesotelial e na parede dos ramos portais, além de mostrar uma fraca
marcão pericelular por todo o parênquima (Fig. 65 e 66).
A histoquímica para esterases de granulócitos neutrofílicos (naftol
cloroacetato esterase) mostrou a presença de alguns granulócitos na região
próxima à cápsula e dispersos no parênquima (Fig. 67 e 68).
A lectina PNA, a MMP-1 e a MMP-9 não revelaram reão tecidual.
4.4 – 15 dpc
Aos 15 dpc, o fígado continuava com intensa produção eritróide,
notando-se também aumento da linhagem megacariocítica (Fig. 14 e 15).
Neste ponto, destacava-se o aparecimento de hepatócitos PAS-positivos, ainda
53
distantes um do outro ou exibindo o início de formação de trabéculas (Fig. 16).
Nos sinusóides, verificou-se diminuição significativa de hemácias nucleadas.
As ilhotas de neutrófilos imaturos eram escassas e se localizavam na região
subcapsular. Os primeiros eosinófilos apareceram, principalmente próximos a
grandes ramos da veia porta. Algumas células em mitose ainda eram
observadas. As vênulas continuavam mostrando um cordão linear e
descontínuo de material PAS-positivo, com desaparecimento das células com
grânulos glicoprotéicos de distribuição subendotelial (Fig. 17). O método da
reticulina de Gomori e o método de Pearlso apresentaram reação (Fig. 18).
A marcação com fibronectina era intensa e exibia um padrão granular
formando lâminas concêntricas na parede de vênulas, no conjuntivo
submesotelial da cápsula e na parede dos sinusóides, delimitando trabéculas
hepáticas ricas em eritropoese (Fig. 69 e 70).
A marcação pela lectina LCA (resíduo de -D-manose) foi intensa em
todo citoplasma de megacariócitos, na parede de veias portais e de sinusóides,
no mesotélio e no tecido submesotelial da cápsula hepática e ao redor de todas
as células hepáticas/ hematopoéticas. A reação da LCA nas nulas foi mais
intensa na parede vascular do que no endotélio (Fig. 71-73).
A lectina ABPR3 (resíduo de galactose) exibiu reação nos sinusóides,
nos megacariócitos, e por toda a região pericelular do parênquima, sendo um
pouco mais intensa em células da linhagem eritróide (Fig. 74 e 75).
A marcação com PNA (resíduo de -galactose (13) N
acetilgalactosamina), foi evidenciada na camada mesotelial e submesotelial, ao
redor de algumaslulas e em sinusóides (Fig.76).
54
As metaloproteinases MMP-1 e MMP-9 não foram expressas.
4.5 – 16 dpc
Aos 16 dpc, as linhagens eritróide e megacariocítica continuavam
intensas, porém a eritróide tendia à diferenciação, caracterizada pelo grande
número de normoblastos (Fig. 19-22). Focos de neutropoese foram
visualizados com número menor de eosinófilos em quase toda a extensão da
região subcapsular e na parede (estroma) de ramos maiores ou principais da
veia porta (Fig. 20).
Os hepatócitos foram mais facilmente visualizados em todas as
colorações, se apresentando mais maduros. Os hepatócitos eram PAS-
positivos e exibiam fraca expressão da alfa-fetoproteína, denotando síntese de
glicogênio (Fig. 23 e 24). Foram observadas isoladamente duas células
esféricas com citoplasma basofílico e metacromático ao Giemsa (precursores
de mastócitos?). Os eosinófilos foram visualizados esparsos no interior do
parênquima hepático, mas sempre com aspecto maduro, não tendo sido
evidenciada a eosinopoese. Algumas células grandes com núcleo em argola
pareciam corresponder a células GM. Um foco subcapsular de monocitopoese
também foi evidenciado. Colágeno intersticial e fibras reticulares ainda eram
ausentes, mesmo na parede da veia porta (Fig. 22), que continha colágeno
evidenciado pelo método tricromático de Masson (Fig. 25). Células esparsas
contendo pigmento férrico foram visualizadas. O mesotélio era AB (pH=1,0)
positivo e houve uma redução do material PAS-positivo na parede das vênulas
com intensificão nos hepatócitos (Fig. 23).
55
A expressão de fibronectina no fígado fetal estava diminuída na parede
de vênulas, no conjuntivo submesotelial da cápsula e no interstício de todo o
parênquima exibindo um padrão granular na parede de sinusóides (Fig. 77).
Neste estádio também foram observadas algumas células de aspecto
neutrofílico expressando MMP-1. A MMP-9 não foi detectada.
No fígado fetal, a marcação pela lectina LCA foi identificada na região
vascular, sendo mais intensa na camada subendotelial. A reação também foi
evidenciada em células circulantes, provavelmente neutrófilos, bem como
megacariócitos e agregados de lulas mesoteliais aderidas à cápsula. O
mesotélio e o tecido conjuntivo submesotelial foram intensamente marcados,
enquanto que o arranjo pericelular apresentou marcação linear menos intensa,
principalmente no centro de agregados eritróides. O endotélio o revelou a
reação (Fig. 78-80).
A lectina ABPR3 (resíduo de galactose) foi expressa na parede de
vênulas, em sinusóides, principalmente os centro-lobulares, nas camadas
submesotelial e sub capsular e em lulas em torno de ramos principais da
veia porta. A marcação celular era difusa, sendo mais intensa em células
pequenas, provavelmente da linhagem eritróide (Fig. 81-83). Os megacariócitos
exibiam marcação granular no citoplasma (Fig. 83).
A lectina PNA (resíduo de -galactose (13) N-acetilgalactosamina)
revelou reação seletiva às células da linhagem mielóide presentes no fígado,
em especial os neutrófilos. Estas células foram encontradas na sua grande
maioria próximas a vasos (Fig. 84-86).
56
A expressão da MMP-1 também foi intensa no citoplasma de neutrófilos
(Fig. 87 e 88). Contudo, a cloroacetato esterase possibilitou a cil
visualização da localização preferencial subcpasular dos focos de neutropoese
(Fig. 89).
4.6 – 17 dpc
Aos 17 dpc observou-se amadurecimento significativo da linhagem
eritróide, com predomínio de normoblastos tardios (eritroblástos picnóticos) e
de normoblastos intermediários (eritroblastos policomatófilos). Os normoblastos
se distribuíam homogeneamente por todo o fígado, formando áreas densas em
torno de vênulas portais. Notou-se também expressiva redução de células da
linhagem megacariocítica. Porém, a densidade relativa das células eritróides
em relação aos hepatócitos era menor quando comparada com os fígados dos
estádios anteriores (12, 13, 14, 15 e 16 dpc) e as hemácias intravasculares se
apresentavam anucleadas (Fig.26-28). Também foi observado foco
monocitóide com células imaturas imunoblastóides na perifieria de grandes
ramos da veia porta (Fig. 29). As trabéculas hepatocitárias tornaram-se mais
nítidas e os hepatócitos exibiam citoplasma vacuolizado com conteúdo
fortemente PAS-positivo. Algumas células de Kuppfer continham pigmento
férrico (Fig. 30).
A imuno-marcação para fibronectina evidenciou uma trama intensa de
padrão granular na parede de vênulas, no tecido conjuntivo submesotelial da
cápsula e na parede dos sinusóides (Fig. 90-91).
57
A marcação com a lectina LCA evidenciou uma marcação subendotelial
na parede vascular, com perda significativa do arranjo pericelular linear, além
da evidenciação da linhagem neutrofílica justa-venular e em toda a camada
subcapsular. A reação também foi detectada nos megacariócitos e na cápsula
(Fig. 92-95).
A galactose evidenciada pela lectina ABPR3 continuou a ser expressa
nos vasos centro-lobulares e nos neutrófilos hepáticos. Células mielóides em
aglomeração, como neutrófilos e eosinófilos, também mostraram reação
positiva a lectina, asssim como células em geral, independentemente do tipo
celular (Fig. 96 e 97).
A lectina PNA foi observada exclusivamente nos neutrófilos maduros,
tanto no fígado fetal, quanto na medula óssea recém formada. No fígado fetal a
reação foi identificada por todo o parênquima e em especial na região
subcapsular e na região justa-endotelial (Fig. 98). Os neutrófilos também foram
visualizados pela marcação da naftol cloroacetato esterase (Fig. 99).
A expressão de MMP1 era bastante intensa nos neutrófilos, que
eventualmente se apresentavam ao redor dos vasos.
4.7 – 18 dpc
As linhagens eritróide e megacariocítica mostraram um padrão bastante
semelhante aos 17 dpc, onde foi observado uma maior rarefação do
componente hematopoético. Porém, ocorreu um aumento das linhagens
neutrofílica e eosinofílica, que eram mais freqüentes e ocorriam em grandes
espaços na região subcapsular. Estas células foram visualizadas em espaços
58
porta menores, onde a presença de colágenos foi evidente, mas escasso.
Células mielóides (neutrófilos e eosinófilos) também são esparsas no
parênquima (Fig. 31-33). Os hepatócitos tornaram-se mais evidentes, contendo
mais glicogênio (Fig. 34). Pigmento férrico não foi identificado pelo Perls. Fibras
reticulares foram evidentes na cápsula, nos grandes espaços porta; porém
fibras reticulares isoladas foram eventualmente visualizadas no parênquima
(Fig. 35 e 36). O mesotélio capsular era AB positivo ao pH=1,0.
A expressão de fibronectina revelou uma trama um pouco menos
intensa de padrão granular na parede de vênulas, no tecido conjuntivo
submesotelial da cápsula e na parede dos sinusóides (Fig. 100 e 101).
No fígado fetal, a marcão pela LCA foi visualizada nos
megacariócitos, na camada subdendotelial dos grandes vasos portais, nos
neutrófilos justa-endoteliais e no mesotélio. Notou-se perda significativa do
arranjo pericelular linear na maioria das células, restando apenas alguns
agregados ou filas de células eritróides positivas a LCA (Fig. 102 e 103).
A ligação da lectina ABPR3 aos resíduos de galactose foi intensa nos
grandes ramos portais e nos sinusóides, sendo também observada nos
megacariócitos, na camada mesotelial e ao redor das outras células
parenquimáticas (Fig. 104 e 105).
A lectina PNA revelou uma marcação tênue em veias e em sinusóides
(Fig. 106 e 107).
Neste estádio, a MMP-1 ainda é observada nos neutrófilos maduros
(Figs. 108 e109).
59
4.8 – 0 dpp
A linhagem eritróide se organizava em pequenos focos dispersos por
todo o fígado. Nestes focos existem eritroblastos basófilos, normoblastos
intermediários, normoblastos tardios e, às vezes, fragmentos puntiformes de
núcleos (apoptose) (Fig. 37). A linhagem megacariocítica mostrou um aumento
em relação aos 18 dpc, caracterizada pela presença de megacarioblastos e de
maior número de células (Fig. 38). As células mielóides, principalmente as
células da linhagem neutrofílica, continuaram em progressão crescente,
exibindo focos, principalmente nos grandes espaços porta e na região
subcapsular (Fig. 40). Os eosinófilos foram visualizados em menor número
(Fig. 39), enquanto que as células imunoblastóides (imaturas o
caracterizadas) eram esparças por todo o parênquima. Os mastócitos eram
raros e dispersos pelo panquima ou nos espaços porta, e focos isolados de
monócitos foram identificados, sendo um destes focos subcapsular (Fig. 38).
As fibras reticulares apresentaram um aumento significativo e formavam uma
trama bem exuberante por todo o parênquima hepático, com maior densidade
nas regiões portal e capsular (Fig. 42-44). Pequenos agregados contendo Fe
+++
foram identificados em todo o parênquima. Os hepatócitos exibiam esteatose
microgoticular difusa e generalizada com material glicoprotéico PAS positivo
circundando os vacúolos lipídicos (Fig. 37-41). o houve aumento significativo
de colágeno no tecido conjuntivo de vênulas intra-hepáticas e nos espaços
porta.
A expressão de fibronectina continuava mais ou menos constante,
quando comparada com os estádios anteriores, exibindo padrão granular na
60
parede de vênulas, no tecido conjuntivo submesotelial da cápsula e na parede
dos sinusóides (Fig. 110 e 111).
A marcão com LCA foi mais intensa nos megacariócitos, sendo ainda
bastante proeminente nas paredes venulares e sinusoidais, em agregados da
linhagem eritróide e em neutrófilos maduros. Na cápsula não foi visualizada a
reação (Fig. 112 e 113).
As lectinas
PNA
e
ABPR3
não revelaram reação. A
MMP-1
marcou
exclusivamente os neutrófilos (Fig. 114).
A tabela 2 resume o resultado das principais marcações realizadas no
desenvolvimento do fígado fetal murino. A tabela 3 analisa a variação semi-
quantitativa dos principais tipos celulares hematopoéticos e a tabela 4 analisa a
variação semi-quantitativa da expreso seqüencial de diferentes componentes
da MEC e a maturidade hepatocitária no desenvolvimento do fígado fetal
murino entre 12 dpc e 0 dpp.
Tabela 2. Sumário dos resultados obtidos com vários marcadores em fígado fetal murino
em diferentes idades gestacionais e logo após o parto (dpp).
Tempo
de
desenvolvimento
Fibronectina
Lens
culinaris
Abrus
precatorius
Arachis
hypogaea
MMP-1 MMP-9
12 dpc
+ (granular)
++ (celular/
vascular)
+++ (celular)
+++ (vascular)
Negativo
+ (eritróide) +
(endotélio)
+ (eritróide)
+++(endotélio
)
13 dpc
+/++ (linear)
+++ (celular/
vascular)
+ (celular)
+++ (vascular)
Negativo
+ (eritróide)
+++(endotélio)
+++ (eritróide)
+(endotélio)
14 dpc
+/++ (trabecular) + (vascular)
+/++ (celular)
++ (vascular)
Negativo Negativo Negativo
15 dpc
++ (trabecular)
+++ (celular/
vascular)
+++ (eritróide)
++/+++ (vascular)
+ (celular)
+ (vascular)
Negativo Negativo
61
16 dpc
++ (trabecular) ++ (vascular)
++ (eritróide)
++/+++ (vascular)
Neutrófilos
(vascular
negativo)
Neutrófilos Negativo
17 dpc
+++ (trabecular/
vascular)
++ (vascular/
neutrófilos)
++++ (mielóide)
++ (vascular)
Neutrófilos Neutrófilos Negativo
18 dpc
+++ (trabecular/
vascular)
++ (vascular/
neutrófilos/
megacariócitos)
+ (celular)
++++ (vascular)
+ (vascular) Neutrófilos Negativo
0 dpp
+++ (trabecular/
vascular)
++ (vascular) Negativo Negativo Neutrófilos Negativo
Tabela 3 - Variação semi-quantitativa de diferentes linhagens hematopoéticas no fígado
fetal murino.
Tempo de
desenvolvimento
eritróide megacariócito mielóide
12 dpc
++++ ++++ +
13 dpc
++++ ++++ +
14 dpc
++++ ++++ ++
15 dpc
+++ +++ +++
16 dpc
+++ +++ ++++
17 dpc
+++ ++ ++++
18 dpc
++ ++ ++
0 dpp
+ + +
Tabela 4 - Expressão seqüencial de diferentes componentes da MEC e da maturidade
hepatocitária no fígado fetal murino.
Tempo de
desenvolvimento
colágeno
Fibras
reticulares
AB pH=1,0 PAS
12 dpc
+ ++ + +
13 dpc
+ ++ + ++
14 dpc
+ - + ++
15 dpc
+ - + +++
16 dpc
+ - + ++++
17 dpc
+ - + ++++
18 dpc
+ + + ++++
0 dpp
+ +++ + +++
62
Para uma análise temporal de cada uma das moléculas estudadas,
sugerimos a observação das lâminas a seguir:
Fibronectina
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras 45, 46 53, 54 60, 62 69, 70 77 90, 91 100,101 110,111
Lens culinaris (LCA)
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras 47-49 55, 56 63, 64 71-73 78-80 92-95 102,103 112,113
Abrus precatorius (ABPR3)
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras 50 57 65, 66 74, 75 81-83 96-97 104,105 ____
Arachis hypogaea (PNA)
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras ____ ____ ____ 76 84-86 98 106,107 ____
MMP-1
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras 51 58 ____ ____ 87 ____ 108,109 114
MMP-9
dpc/ dpp 12 13 14 15 16 17 18 0
Figuras 52 59 ____ ____ ____ ____ ____ ____
63
Fig. 1 - 4 - fígado fetal aos 12 dpc.
1 e 2) Presença de células das linhagens eritrocítica (), por vezes nucleada,
no interior de vasos e megacariocítica (). Figuras mitóticas () tambémo
observadas. Coloração: 1 - Sirius Red pH=10,2 e 2 - Giemsa de Lennert.
3) Fina camada contendo proteoglicanos de baixa sulfatação ao redor de
células () e de polissacarídeos PAS-positivos na região da cápsula ().
Corlorão: Reação do PAS-AB pH=1,0 (PAS-AB pH=1,0).
4) Grande quantidade de fibras reticulares () na região da cápsula e poucas
tramas de fibras no parênquima hepático. Método: Reticulina de Gomori.
Fig 5 - 8 – fígado fetal aos 13 dpc.
5 e 6) Nichos de proliferação eritróide com a presença de eritroblastos,
normoblastos intermediários e tardios (). Eritrócitos nucleados provenientes
do saco vitelínico ainda são observados no interior de vasos. Presença de
megacariócitos () e mieloblastos (). Ainda são observadas algumas figuras
mitóticas (). Colorações: 5 - Hematoxilina e Eosina (HE) e 6 - Giemsa de
Lennert.
7 e 8) Presença de fina camada de proteoglicanos de baixa sulfatação ao redor
de células e no endotélio (). Polissacarídeos PAS-positivos foram observados
na região da cápsula e ao redor de vasos porta; os polissacarídeos PAS-
positivos distribuem-se em um padrão puntiforme (). Método: PAS-AB
pH=1,0.
64
65
Fig. 9 - 13 – fígado fetal aos 14 dpc.
9 e 10) Presença massiva de eritroblastos, normoblastos intermediários e
tardios e eritrócitos com e sem núcleo. megacarioblastos () e monócitos ( )
também são observados. Colorações: 9 - HE e 10 - Giemsa de Lennert.
11 e 12) Fina camada de proteoglicanos de baixa sulfatação ao redor de
células e no endotélio (). Polissacarídeos PAS-positivos na região da
cápsula, ao redor de alguns vasos porta e em alguns hepatócitos (). Método:
PAS-AB pH=1,0.
13) Ausência de fibras reticulares na região capsular. Método: Reticulina de
Gomori.
Fig. 14 - 16 – fígado fetal aos 15 dpc.
14 e 15) Intensa proliferação eritróide e megacariocítica. Na fig. 15 notar
células da linhagem mielóide () em áreas subcapsulares. Coloração: HE.
16) Material PAS-positivo com padrão granular () nos hepatócitos próximos
aos sinusóides e em certas áreas do parênquima. A presença de
proteoglicanos de baixa sulfatação ainda é observada ao redor das células
hematopoéticas e no endotélio (). Método: PAS-AB pH=1,0.
66
67
Fig. 17 e 18 - Fígado fetal aos 15 dpc.
17) Polissacarídeos PAS-positivos com padrão granular () nas células
endoteliais de vasos na região porta. Método: PAS-AB pH=1,0.
18) Intensa presença de eritroblastos () e megacariócitos (). Ausência de
fibras reticulares na cápsula e no parênquima hepático. Método: Reticulina de
Gomori.
Fig. 19 - 24 – fígado fetal aos 16 dpc.
19, 21 e 22) Intensa proliferação eritróide, aumento da proliferação da linhagem
megacariocítica () e presença de células mielóides (*). Coloração: 19 - HE;
21 e 22 – Tricromática de Masson.
20) Aparecimento de eosinófilos maduros (corados em vermelho) associados
às áreas perivasculares e a focos mielóides. Coloração: Sirius Red pH=10,2.
23) Amadurecimento dos hepatócitos em todo o parênquima e na região
subcapsular, exibindo material citoplasmático fortemente positivo ao PAS.
Coloração: PAS-AB pH=1,0
24) Fraca expressão de alfa fetoproteína (AFP) (em verde). Método: imuno-
fluorescência anti-AFP revelado com AlexaFluor488
68
69
Fig. 25 – fígado fetal aos 16 dpc.
25) Ausência de fibras reticulares. Método: Reticulina de Gomori.
Fig. 26 – 30 – fígado fetal aos 17 dpc.
26 29) Redução do componente hematopoético; presença de células
imunoblastóides (), foco monocitóide () justa-venular e foco linfocitário ().
Coloração: Giemsa de Lennert.
30) Áreas de pigmento férrico intracelular (). Método: Perls.
Fig. 31 e 32 – fígado fetal aos 18 dpc.
31) Extensa proliferação mielóide associada às áreas perivasculares.
Proliferação eritróide ainda presente. Método: Giemsa de Lennert.
32) Eosinófilos associados a eritroblastos tardios em áreas próximas a vasos.
Coloração: Sirius Red pH=10,2.
70
71
Fig. 33 - 36 – fígado fetal aos 18 dpc.
33) Presea tênue de colágeno (em azul claro) em áreas capsular e
subcapsular e no citoplasma de megacarioblastos. Método: Tricromática de
Masson.
34) Hepatócitos maduros exibindo material citoplastico PAS-positivo.
Método: PAS-AB pH=1,0.
35 e 36) Reaparecimento de fibras reticulares () nas áreas capsulares (C).
Método: Reticulina de Gomori.
Fig. 37 e 38 – fígado de 0 dpp.
37) Diminuição expressiva da linhagem eritróide () com permanência de
poucos nichos de proliferação. Presença de células mielóides () na área
capsular. Hepatócitos bastante vacuolizados (). Coloração: HE.
38) Área focal de proliferação monocítica (
) na região capsular. Coloração:
Sirius Red pH=10,2.
72
73
Fig. 39 - 44 – fígado aos 0 dpp.
39) Presença de eosinófilos e de algumas células em mitose. Colorção: Sirius
Red pH=10,2.
40) Foco de proliferação mielóide () perivascular. Método: Tricromática de
Masson.
41) Glicoproteínas PAS-positivas ao redor dos hepatócitos, alguns dos quais
exibem expreso mais acentuada. A marcão pelo PAS delimita as
vacuolizões hepatocitárias. Método: PAS-AB pH=1,0.
42 - 44) Trama reticular distribuída por todo o fígado, mais freqüente quando
comparada com o fígado fetal de 18 dpc. Método: Reticulina de Gomori.
74
75
Fig. 45 - 50 – fígado fetal aos 12 dpc.
45 e 46) Expressão de fibronectina (em verde) em padrão puntiforme
descontínuo ao redor dos sinusóides e de algumas células parenquimatosas e/
ou hematopoéticas. A região capsular mostra fraca positividade. Método:
Imunomarcação.
47 e 48) Marcão por LCA no parênquima hepático ao redor de todas as
células, em células megacariocíticas () e em vênulas. Método: Histoquímica
para lectinas.
49) LCA expresso no mesotélio capsular. Método:Histoquímica para lectinas.
50) Marcão por ABPR3 exibindo arranjo pericelular fino nas regiões
subvenular e submesotelial, na superfície de células mesoteliais e no
citoplasma de megacarioblastos (). Método: Histoquímica para lectinas.
76
77
Fig. 51 e 52 – figado fetal aos 12 dpc.
51) Expreso mais intensa de metaloproteinase-1 (MMP-1) no endotélio de
vênulas (
) e em células intravasculares (). No parênquima, a expressão é
evidente na periferia de agregados celulares, provavelmente da linhagem
eritróide (). Método: Imuno-marcação.
52) Expreso de metaloproteinase-9 (MMP-9) nos agregados eritróides do
parênquima e na camada mesotelial (menor intensidade). Método: Imuno-
marcão.
Fig. 53 - 56 – fígado fetal aos 13 dpc.
53 e 54) Expressão de fibronectina em agregados eritróides (), nas regiões
capsular (C), endotelial e subendotelial. Método: Imuno-marcação.
55 e 56) Marcão por LCA no citoplasma de células da linhagem
megacariocítica () (megacariócito e megacarioblasto). Positividade
pericelular em todas as células e na região subendotelial dos vasos e vênulas.
Método:Histoquímica para lectinas.
78
79
Fig. 57 - 59 – fígado fetal aos 13 dpc.
57) Marcão por ABPR3 delineando os sinusóides hepáticos em formação.
Método: Histoquímica para lectinas.
58) Expressão de MMP-1 em células eritróides presentes no parênquima
hepático e no interior de vênulas (células circulantes). Método: Imuno-
marcão.
59) Expressão granular de MMP-9 em células dispersas por todo o
parênquima. Método: Imuno-marcação.
Fig. 60 - 62 – fígado fetal aos 14 dpc.
60 - 62) Expressão de fibronectina (em verde) ao redor de grupo de células que
provavelmente são da linhagem eritróide e em áreas subcapsular, endotelial e
subendotelial. Método: Imuno-marcação.
80
81
Fig. 63 - 68 - Fígado fetal aos 14 dpc.
63 e 64) Marcão por LCA em citoplasma de megacariócitos (), no
conjuntivo subendotelial, em extenes filamentosas periportais sinusoidais e
na região da cápsula hepática. Método: Histoquímica para lectinas.
65 e 66) Marcão por ABPR3 na parede dos ramos portais. Fraca marcação
no parênquima. Método: Histoquímica para lectinas.
67 e 68) Presença da enzima cloroacetato-esterase em células mielóides (em
vermelho) localizadas no parênquima e na região subcapsular. Método:
Histoquímica para cloroacetato esterase.
82
83
Fig. 69 - 74 – fígado fetal aos 15 dpc.
69 e 70) Expressão de fibronectina no tecido conjuntivo submesotelial da
cápsula, na parede de vênulas e sinusóides. Método: Imuno-marcão.
71 - 73) Marcão por LCA na cápsula hepática (mesotélio e tecido
submesotelial), no citoplasma de megacariócitos (), na parede de veias
portais, nos sinusóides e ao redor de todas as células hepáticas/
hematopoéticas. Método: Histoquímica para lectinas.
74) Marcão por ABPR3 em células da linhagem megacariocítica (
megacariócitos e megacarioblastos), em todas as células parenquimais, sendo
um pouco mais intensa nos grupos de eritrócitos (). Observa-se ainda
marcão delineando vasos e sinusóides. Método: Histoquímica para lectinas.
84
85
Fig. 75 e 76 – fígado fetal aos 15 dpc.
75) Marcão por ABPR3 em células da linhagem megacariocítica (
megacariócitos e megacarioblastos), em todas as células parenquimais, sendo
um pouco mais intensa em grupos de eritrócitos (). Observa-se ainda a
marcão delineando vasos e sinusóides. Método: Histoquímica para lectinas.
76) Marcação por PNA delineando os sinusóides, em todas as células
parenquimais e na camada mesotelial e submesotelial (cápsula = C). Método:
Histoquímica para lectinas.
Fig. 77 - 80 – fígado fetal aos 16 dpc.
77) Expressão de fibronectina com um padrão granular em parede de vênulas
e no interstício de todo o parênquima. Método: Imuno-marcação.
78 - 80) Marcão por LCA em megacariócitos (), na cápsula hepática (C) e
na camada subendotelial. Agregados eritróides () possuem menor expreso
glicídica quando comparardo com o estádio 14 dpc. Positividade (em verde)
nos neutrófilos perivasculares () (Fig. 80) e circulantes aderidos a vaso justa-
hepático (Fig. 78). Método: Histoquímica para lectinas.
86
87
Fig. 81 - 86 – fígado fetal aos 16 dpc.
81 - 83) Marcão por ABPR3 no sinusóide centro-lobular, em torno de ramos
principais da veia porta e em lulas periportais, das quais algumas são da
linhagem mielóide (
). Ocasionalmente essa marcão se mostrava difusa,
sendo mais intensa em pequenas células, da linhagem eritróide () e em
megacariócitos (). Método: Histoquímica para lectinas.
84, 85 e 86) Marcão com PNA evidenciando células da linhagem mielóide,
majoritariamente perivascular (verde). Método: Histoquímica para lectinas.
88
89
Fig. 87 - 89 – fígado fetal aos 16 dpc.
87 e 88) MMP-1 expressa no citoplasma de neutrófilos e eventualmente em
regiões justa-venulares. Método: Imuno-marcação.
89) Granulócitos submesoteliais (em vermelho) expressando cloroacetato-
esterase. Método: Histoquímica para cloroacetato esterase.
Fig. 90 - 92 – fígado fetal aos 17 dpc.
90 e 91) Expressão de fibronectina (em verde) na parede de vênulas, no
conjuntivo submesotelial da cápsula, na parede dos sinusóides e nas células
pequenas (eritróides) perivasculares. Método:Imuno-marcação.
92) Marcação por LCA no mesotélio, no tecido conjuntivo submesotelial e nos
neutrófilos subcapsulares () Método: Histoquímica para lectinas.
90
91
Fig. 93 – 98 – fígado fetal aos 17 dpc.
93 - 95) Marcão por LCA na região subendotelial, nos megacariócitos () e
nos neutrófilos peri e justa-venulares. Método: Histoquímica para lectinas.
96 e 97) Marcão por ABPR3 nos vasos centro-lobulares, em células
mielóides e agregados eritróides eventualmente no interior de vênulas. Método:
Histoquímica para lectinas.
98) Marcação por PNA em neutrófilos justavenulares e subcapsulares. Método:
Histqouímica para lectinas.
92
93
Fig. 99 – fígado fetal aos 17 dpc.
99) Histoquímica para cloroacetato-esterase evidenciando granulócitos
(vermelho). Método: Histoquímica.
Fig. 100 - 104 – fígado aos 18 dpc.
100 e 101) Expressão de fibronectina nos sinusóides, no tecido conjuntivo
submesotelial, no mesotélio, no endotélio e no subendotélio. Método: Imuno-
marcão.
102 e 103) Marcação por LCA nos megacariócitos (), nos neutrófilos justa-
endoteliais, no mesotélio, alguns agregados de lulas eritróides () e na
camada subdendotelial dos grandes ramos portais. Método: Histoquímica para
lectinas.
104) Marcão por ABPR3 no mesotélio da cápsula (C) e nos sinusóides.
Método: Histoquímica para lectinas.
94
95
Fig. 105 - 109 – fígado fetal aos 18 dpc.
105) Marcação sinusoidal por ABPR3. Método: Histoquímica para lectinas.
106 e 107) Tênue marcação por PNA nos vasos e nos sinusóides. Método:
Histoquímica para lectinas.
108 e 109) Expressão de MMP-1 nos neutrófilos localizados no tecido
conjuntivo peri-venular (Fig. 108) e ocasionalmente distribuídos pelo
parênquima (Fig. 109). Método: Imuno-marcão
Fig. 110 – fígado aos 0 dpp.
110) Expressão de fibronectina em conjuntos de células hematopoéticas e na
parede de vênulas e nos sinusóides. Método: Imuno-marcão.
96
97
Fig. 111 - 114 – fígado ao 0 dpp.
111) Expressão de fibronectina na parede de vênulas, no tecido conjuntivo
submesotelial da cápsula e em conjunto de células hematopoéticas. Notam-se
ainda vacuolizões hepatocitárias (). Método:Imuno-marcação.
112 e 113) Marcão por LCA nas paredes sinusoidais, nos megacariócitos,
nos agregados da linhagem eritróide e nos neutrófilos maduros circulantes no
interior de sinusóides (). Método:Histoquímica para lectinas.
114) Expressão de MMP-1 pelos neutrófilos distribuídos uniformemente por
todo o parênquima. Método: Imuno-marcão.
98
99
5. Discussão
Este trabalho abordou uma descrição temporal da hematopoese
hepática fetal, que corresponde ao segundo grande sítio da hematopoese
intra-embrionária (período hepático), que se inicia a partir dos 12 dpc,
quando o primórdio hepático esdesenvolvido.
A partir dos 12 dpc, ocorre a intensa chegada de células progenitoras,
que inicialmente se diferenciam nas linhagens eritróide e megacariocítica.
Neste momento, os hepatócitos imaturos exercem o papel de células estromais
hematopoéticas, abrigando células hematopoéticas de todas as linhagens até
os 18 dpc. Durante este processo, ocorre o amadurecimento dos hepatócitos e
a modulação da expressão de componentes da matriz extracelular, de
moléculas de adesão, de fatores de transcrão e de uma série de outras
moléculas. Próximo ao puerpério, os ossos apresentam cavidade medular
desenvolvida e repleta por células hematopoéticas, em sua maioria da
linhagem granulocítica. Neste fase do desenvolvimento, a medula óssea passa
a substituir o fígado na produção e manutenção das diversas linhagens
hematopoéticas. O fígado segue as quatro fases morfológicas do
desenvolvimento dos órgãos linfóides e linfo-hematopoéticos descritos por
Lenzi (1980) e Lenzi & Lenzi (1986), isto é: 1- fase pré-hematopoética, que no
fígado fetal é mesênquimo-endodérmica; 2- fase de estabelecimento de
tecido hematopoético; 3- fase de diferenciação e especialização do órgão; 4-
fase de expansão ou terminal.
Os mecanismos de migração e de interação das células hematopoéticas
com as células estromais e as células endoteliais hepáticas são pouco
100
estudados, reforçando a importância desse estudo, que também abordou a
expressão celular de resíduos de açúcares e a expressão de
metaloproteinases pelas células hematopoéticas, bem como a caracterizão
da matriz extracelular em fígado fetal murino em diferentes idades do
desenvolvimento.
Os processos ontogenéticos, incluindo o desenvolvimento do fígado
fetal, assemelham-se a outras três situações biológicas, nas quais ocorre o
fenômeno metastático ou metastático similar: disseminação de células linfóides
e inflamatórias, tumores malignos e micoses sistêmicas. Tais eventos se
caracterizam por apresentar as seguintes etapas evolutivas: 1- sítio ou fonte
celular; 2- proliferação local; 3- intravasão (invasão vascular); 4- migração em
vasos sanguíneos e/ou linfáticos (transporte vascular); 5- extravasão (saída
dos vasos); 6- invasão local de sítio(s) diferente(s) do(s) da(s) fonte celular(es)
original(ais), com proliferação (metástase); 7- nova intravasão e repetição
sucessiva das fases descritas (De Vitta et al., 2004; Mendes-Giannini et al.,
2000).
O estudo da matriz extracelular (MEC), em seus aspectos de síntese e
de degradação, tem sido relevante para o entendimento de muitas das etapas
acima referidas como, por exemplo, a proliferação local, a intravasão, o
endereçamento e a proliferação “metastática” distante da fonte original. No que
se refere à hematopoese, principalmente fetal, poucos são os trabalhos de
descrição e fisiologia da matriz extracelular presente no gado fetal e o seu
papel na proliferação e diferenciação das células hematopoéticas. Assim, o
presente estudo caracterizou as etapas de constrão, in situ, desses
101
ambientes de indução hepáticos, uma vez que a maioria dos trabalhos da
literatura foram realizados in vitro ou foram analisaram tópicos isolados, o
incorporando uma vio mais integral e in situ da hematopoese hepática.
Neste trabalho verificamos que os componentes colagênicos e de
proteoglicanos, mostraram-se escassos e mais ou menos constantes,
pricipalmente na fase de hematopoese mais intensa (entre 12 e 18 dpc). A
expressão de
fibronectina
foi intensa e constante, mudando apenas em
alguns aspectos topográficos e de acordo com o amadurecimento do fígado.
Porém, a fibronectina sempre foi mais evidente no território vascular, na parede
de veias e sinusóides, passando a definir a maturidade sinusoidal,
concomitante com a maturidade trabecular dos hepatócitos. Sánchez e
colaboradores (2000) descreveram o papel da fibronectina no favorecimento do
desenvolvimento dos cordões hepatocitários e na promão da diferenciação
dos hepatócitos. Durante o desenvolvimento, sugere-se que a fibronectina
também possui papel importante na regulação da proliferação/ diferenciação
das células hematopoéticas. Neste trabalho, a regulação da saída das células
hematopoéticas maduras do fígado fetal não parece estar relacionada à
quantidade de fibronectina secretada pelos hepatócitos, pois esta glicoproteina
se manteve mais ou menos constante em todos os períodos fetais analisados.
Craddock e colaboradores (1997a e b) ao tratarem macacos com anticorpos
anti-CD44 ou anti-VLA4, observaram a ocorrência de uma maior mobilização
sistêmica de células hematopoéticas imaturas da medula óssea para o sangue
periférico. Todavia, enquanto anti-VCAM-1 induzia a mobilizão, um peptídeo
competidor do segmento conectante-1 da fibronectina (CS1) não exercia
102
nenhum efeito (Craddock et al. 1997a e b). Estes dados indicaram que a
fibronectina não participa no processo de mobilização de células da medula
óssea após o tratamento com os anticorpos. Em conseqüência, foi verificado
um aumento da expressão de fibronectina na medula óssea nos estados de
hipoplasia medular. Assim, podemos sugerir que a fibronectina pode estar
desempenhando um papel importante na ecotaxia de lulas hematopoéticas
maduras e progenitoras durante a ontogenia, além de contribuir na indução de
proliferação local. Contudo, seu principal efeito parece estar relacionado ao
amadurecimento hepatocitário.
O desenvolvimento do arcabouço de fibras reticulares hepáticas fetais é
bastante tardio, comando a partir de 17,5 dpc como foi detectado por Amenta
e Harrison (1997) e verificado neste estudo. Tal fato talvez favora a
hematopoese, pois um ambiente escasso em colágeno facilitaria a
movimentação celular, o que é fundamental para o desenvolvimento da
hematopoese. Um ambiente com grande quantidade de colágeno apresentaria
muitas barreiras físicas, o que dificultaria a chegada e saída das células. Caso
as fibras reticulares, ricas em colágeno III e moléculas adesivas de matriz
extracelular estivessem presentes no gado fetal, num estádio anterior a 18
dpc, talvez as células hematopoéticas ficassem retidas nesta malha ou
saíssem mais precocemente. Outra hipótese seria que a própria saída das
células hematopoéticas poderia desencadear um estímulo para a produção e
secrão de colágeno pelos hepatócitos. A escassez de elementos lançados
na matriz extracelular, principalmente nos sinusóides imaturos, facilitaria a
penetração das lulas precursoras no espaço perisinusoidal de Disse,
103
colocando-as em contato direto com os hepatócitos (hematopoese trabecular).
Na realidade, no período fetal, os hepatócitos se comportam como as principais
células estromais da hematopoese. O surgimento tardio da trama colagênica
parece estar mais na dependência da necessidade do estroma de sustentação
resistente e necessário para suportar o aumento gradativo e acentuado do
tamanho do fígado.
Devido à escassez de matriz extracelular no fígado fetal, nos parece
razoável afirmar que a hematopoese hepática fetal é principalmente controlada
por sinalização dependente de contato célula-célula, do que mediada por
elementos da matriz extracelular. Em geral, a matriz extracelular em ambientes
hematopoéticos apresenta-se escassa, refoando os dados encontrados no
desenvolvimento fetal hepático. Parece que as células hematopoéticas o
sensíveis a baixas concentrões de elementos lançados na matriz extracelular
e reativas a níveis mais baixos ainda. Brill e colaboradores (2002) observaram
que a matriz extracelular extraída de fígados fetais, com remoção das cadeias
de condroitin-sulfato não foi eficiente para induzir a diferenciação de
hepatócitos fetais. Os hepatócitos adultos, cultivados nesta mesma matriz,
também reduziram a sua proliferão, mostrando a importância da presea
dos proteoglicanos na divisão celular, em especial das cadeias de condroitin-
sulfato. Assim sendo, estudos complementares in vitro utilizando hepatócitos,
serão importantes na obtenção de respostas sobre o controle da hematopoese
hepática fetal, enfatizando a sinalizão mediada por glicosaminoglicanos e
proteoglicanos.
104
O estudo migratório das células hematopoéticas tem sido bastante
focalizado nos últimos anos, principalmente sob o aspecto das citocinas
pertinentes ao processo. No entanto, poucos são os trabalhos que se
preocupam em observar o tempo de migração de cada uma das linhagens
hematopoéticas entre os sítios de desenvolvimento e a situação anatomo-
funcional dos órgãos doador e receptor. Sabe-se que nestes processos
participam quimiocinas, citocinas, moléculas de adesão, metaloproteinases e
inibidores de metaloproteinases, dentre outras moléculas. (Christensen et al.,
2004), mas ainda não metodologia acessível que possibilite avaliar,
multifatorialmente, os eventos que ocorrem na complexidade dos tecidos. Por
outro lado, os estudos in vitro são reducionistas e descontextualizados,
gerando interpretações artificiais. Estudar a complexidade dos fenômenos
biológicos in vivo é o grande desafio metodológico do futuro.
A estabilidade de ligações adesivas entre as moléculas é determinada
pelas alterações de energia-livre associada com ligações interativas
eletrostáticas, tipo Van der Waals ou de pontes de hidrogênio entre moléculas
de adesão celular (CAMs, cellular Adhesion Molecules) (Forgacs e Newman
2005). As ligações e separações entre as células (CAMs) e entre as células e o
estroma (SAMs, Substrate Adhesion Molecules) não são lineares. Segundo
Holland (1995), uma característica importante da não linearidade é a taxa de
reação (aderência) que ocorrre no choque ou no encontro entre as células ou
entre os agregados celulares (taxa de reação do agregado). As interações não-
lineares impedem de atribuir uma taxa de reação a reação agregada (Holland,
1995).
105
Neste trabalho, as células eritróides foram observadas no fígado fetal a
partir de 12 dpc e formavam focos (clusteres) de proliferação profundamente
imbricados com os hepatócitos, dificultando a sua visualização (eritropoese
trabecular). Somente após 14 dpc verificou-se a troca gradativa das hemácias
nucleadas pelas anucleadas, em contraste com as observões de Rifkind e
colaboradores (1969), quando descreveram a presença das hemácias a partir
de 10 dpc.
Em humanos, as células da linhagem megacariocítica foram
identificadas no interior de sinusóides e em espaço porta hilar a partir da 6 ª e
semana, respectivamente, junto às células eritróides (Lenzi, 1980). Para
outros autores, o encontro de megacariócitos é mais tardio, apenas na 12ª
semana de gestação, quando a hematopoese hepática es totalmente
estabelecida e todas as linhagens sangüíneas são detectadas (Zamboni, 1965a
e b). Neste trabalho, desde os 12 dpc foram identificados alguns
megacariócitos próximos aos vasos hepáticos. Aos 15 dpc, uma diminuição
no número dos megacariócitos, os quais persistem até os 18 dpc. Os
megacariócitoso importantes na hemostasia, pois os eventos de coagulação
necessitam que haja a produção/ liberação de plaquetas por estas células.
Assim, observou-se que, no início da hematopoese tanto os precursores
do saco vitelínico, como da região da AGM, amadureceram para células das
linhagens eritróide e megacariocítica. Os mecanismos de migração dos
megacariócitos despertam muito interesse, pois embora teoricamente os
megacariócitos possam provocar um retardamento do fluxo sangüíneo, levando
a uma coagulação intravenosa, tal fenômeno não é observado. Trabalhos como
106
o de Hamada e colaboradores (1998) e Lane e colaboradores (2000), que
buscaram algumas moléculas responveis pela migração dos megacariócitos
in vitro, serão importantes no estudo dos mecanismos de migração e saída
dessas células para o fígado fetal e ocupação na medula óssea recém-
formada.
Neste trabalho, constatou-se ainda que os granulócitos neutrofílicos e
raros eosinofílicos estão presentes no fígado fetal a partir dos 12 dpc. No
estádio de 15 dpc até o estádio de 17 dpc, os granulócitos neutrofílicos e
eosinofílicos também foram visualizados junto aos grandes vasos. Em estádios
mais tardios do desenvolvimento, os eosinófilos encontram-se freqüentemente
junto com muitos neutrófilos. Em relação ao surgimento tardio da série
granulocítica ou mielóide duas possibilidades: 1) os precursores estavam
latentes no fígado até o surgimento local de condições microambientais
favoráveis, dependentes do mesênquima e não do endoderma (aparecimento
de matriz extraceleular subcapsular e em parede de ramos maiores da veia
porta); 2) os precursores migrariam tardiamente a partir de um sítio
desconhecido. Esta segunda hipótese é pouco provável, pois a hematopoese
cessa no saco vitelínico e na placenta aos 11,5 dpc e na região AGM, em 12
dpc (Pelajo-Machado, 2001).
A expressão concomitante de neutrófilos e eosinófilos indica que, a partir
de determinado momento, o fígado estimula a produção de uma cascata de
citocinas, com conseqüente indução de fatores de transcrição favoráveis a
cada linhagem, sem possibilitar, contudo, a discriminação topográfica de
territórios seletivos. Ambas as linhagens neutrofílicas e eosinofílicas o
107
dependentes do estroma mesenquimal, que somente se expressa tardiamente
de modo significativo, principalmente na parede de ramos principais da veia
porta. Desta forma, estes fatos justificam o aparecimento tardio da linhagem
mielóide dependente de mesênquima, diferente da linhagem eritróide, que é
dependente do endoderma, pelo menos no território hepático.
Em relação à fisiologia da migração dos neutrófilos, assim que o
ambiente deixa de ser propício à sua adesão ou fixação local, os neutrófilos
entram na circulação (intravasão) até se instalarem aleatoriamente em algum
ambiente favorável, podendo deixar o fígado como células maduras ou
imaturas. Papayannopoulou e Craddock (1997) mostraram que células
hematopoéticas injetadas em camundongos, incluindo suas progenitoras, não
eram retidas seletivamente pela medula óssea, mas distribuiam-se amplamente
para vários tecidos (fígado, pulmões, rins, baço, medula óssea).
Posteriormente, com o decorrer do desenvolvimento, as células
hematopoéticas são encontradas na medula ósea e no baço, indicando
retenção ou sobrevida e proliferação preferencial nestes dois órgãos. Células-
tronco hematopoéticas no fígado fetal de camundongo dobram em mero
diariamente de 12,5 a 14,5 dpc e depois diminuem em número aos 15,5 dpc
(Ikuta e Weissman 1992; Morrison et al., 1995). Aos 12,5 dpc,
aproximadamente 1.200 células-tronco hematopoéticas estavam presentes,
subindo para 2.430 em 13,5 dpc e 5.100 em 14,5 dpc. Todavia, ao vez de
dobrar para 10.200, somente 4.350 células-tronco hematopoéticas do gado
fetal foram encontradas em 15,5 dpc. Esta diminuição ou falha do fígado fetal
em dobrar as células-tronco hematopoéticas do dia 14,5 para o dia 15,5 dpc foi
108
inesperada, porque a mesma percentagem de células-tronco hematopoéticas
permanecem circulando no sangue fetal durante os estádios 14, 5 e 15,5 dpc
(Morrison et al., 1995). Assim, em torno de 5.800 lulas-tronco
hematopoéticas “faltaram no fígado aos 15,5 dpc, possivelmente porque
migraram para a circulação sangüínea para instalar-se no baço e na medula
óssea. Como o número de células-tronco hematopoéticas circulantes no
sangue fetal foi mais ou menos constante durante a maioria do
desenvolvimento fetal tardio, a instalação das células-tronco hematopoéticas
no baço e na medula óssea é progressiva e não parece resultar da grande
migração em determinado tempo da gestação. Assim, a diminuição de células-
tronco hematopoéticas no fígado fetal aos 15,5 dpc parece decorrer da
diferencião das células-tronco hematopoéticas para células mais maduras
(fora do pool de células-tronco hematopoéticas) sendo devido ao início da
diferencião hepática e da indução de fatores de crescimento hepáticos
(Kinoshita et al., 1999; Christensen et al., 2004).
Neste estudo, o órgão preferencial para a instalação ou endereçamento
dos neutrófilos que deixam o fígado fetal a partir de 15 dpc, foi a medula óssea,
como observado anteriormente por Pelajo-Machado (2001). Antes da chegada
das lulas hematopoéticas, a medula óssea fetal é formada por lulas de
aspecto estromal fibroblastóide e alguns osteoblastos. Moore (2004) também
observou células diferenciadas na medula óssea na fase final de formação,
porém não chamou a atenção para nenhuma linhagem em especial.
Conforme descrito por Moloney e colaboradores (1960) e Rozenszajn e
colaboradores (1968) a reação da naftol cloroacetato esterase demonstra
109
especificamente esterase de neutrófilos, reagindo com promielócitos e
polimorfonucleares. Em complementação a estes trabalhos, este trabalho
mostrou através da reação da naftol cloroacetato esterase, que estas células
realmente se tratam de neutrófilos e que quando ocupam a medula óssea, os
neutrófilos expressam metaloproteinase-1 (MMP-1). Na medula óssea, os
neutrófilos desempenham provavelmente um papel no remodelamento da
matriz extracelular recém-sintetizada pelos osteoblastos, participando na
formação de um estroma mais favorável à posterior instalação de células
progenitoras ou imaturas, como destacado por Pelajo-Machado (2001). Neste
estudo, as metaloproteinase-1 (MMP-1) e metaloproteinase-9 (MMP-9)
expressam comportamentos diferentes: A MMP-1 foi expressa fracamente pelo
endotélio do fígado de 12 dpc, pelas células eritróides (12 e 13 dpc), reagindo
fortemente no citoplasma de neutrófilos maduros (16 dpc a 0 dpp). Khanna-
Gupta e colaboradores (2005) verificaram que a colagenase neutrofílica
humana (HNC, human neutrophilic collagenase) é uma das proteínas presentes
nos grânulos secundários expressada no amadurecimento tardio da linhagem
mielóide. Por outro lado, a
MMP-9
foi expressa somente pelo endotélio e pelas
células eritróides da fase imatura do fígado (12 e 13 dpc); porém, sendo
completamente negativa nos demais estádios do estudo (> 15 dpc). Estes
dados sugerem a possível interferência de ambas metaloproteinases no início
da eritropoese hepática através de mecanismos ainda desconhecidos.
Robinson e colaboradores (2005) mostraram que a MMP-9 não é requerida
para a mobilização de eritropoetina e de G-CSF (granulocyte colony-stimulating
factor). Por outro lado, Heissig e colaboradores (2002) verificaram que a MMP-
110
9, induzida em células da medula óssea, libera ligante solúvel de Kit (SKitL),
possibilitando a transferência de células-tronco endoteliais e hematopoéticas
dos nichos quiescentes para nichos proliferativos. De fato, as
metaloproteinases de matriz extracelular (MMP) promovem não só a quebra de
ligações na matriz, mas também provocam a liberação da ligação de citocinas
à superfície celular (Vu e Werb, 2000), como o fator de crescimento endotelial
vascular (VEGF, Vascular Endothelial Growth Factor), que pode regular a
angiogênese (Bergers et al., 2000) ou o recrutamento osteoclástico (Engsig et
al., 2000). Portanto, além de modificar a matriz extracelular, a MMP e a TIMP
(tissue inhibitor of MMP, inibidor tecidual de MMP) exercem outras funções,
incluindo a atividade de fator de crescimento, remão de receptores de
superfície celular e auto-imunidade (Guedez et al. 1996). Vários trabalhos
demostraram que a TIMP-1 e a TIMP-2 o moléculas bifuncionais como o
fator de crescimento fibroblástico e a trombina, apresentando atividades anti-
proteásica e de fator de crescimento, atuando como potencializadores da
linhagem eritróide (Docherty et al., 1985; Hayakawa et al., 1990; Stetler-
Stevenson et al., 1992; Chesler et al., 1995). Dados da literatura descrevem
que no remodelamento ósseo a participação da MMP-1 (Krane, 1995), fato
que corrobora para a importância da expressão MMP-1 nas células de
ocupação pioneira da medula óssea (dado o mostrado). Ademais, foi
descrito que os neutrófilos presentes na doença pulmonar obstrutiva crônica
expressam a MMP-1 (Cawston et al., 2001), bem como nos neutrófilos de
infiltrado inflamatório de lesões da polpa dentária (Shin et al., 2002).
111
A MMP-1 também pode desempenhar um papel na degradação da
matriz extracelular das membranas basais dos vasos durante os eventos de
migração do fígado fetal para a medula óssea, desempenhando um mecanismo
análogo aos eventos de migração e invasão de lulas neoplásicas
(Brinckerhoff et al., 2000; Yana e Seiki, 2002; Seiki, 2003; Seiki e Yana, 2003;
Pardo e Selman, 2005).
Thomas e Yoffey (1964), Enzan e colaboradores (1978), Lenzi (1980),
Emura e colaboradores (1983) e Sohn e colaboradores (1993) observaram a
presença de granulócitos no fígado fetal de humanos. Em camundongos, não
foram encontrados relatos sobre o assunto, reafirmando a necessidade deste
estudo in situ. O relato feito por Enzan e colaboradores (1978) da presença de
granulócitos em cultura nos instigou a verificar em quais ambientes hepáticos
estariam estas células. Enzan e colaboradores (1978), utilizando a microscopia
de campo claro, detectaram a presença de granulócitos neutrofílicos e
eosinofílicos entre 10 e 13 semanas de gestão humana; contudo, os autores
não mencionaram qualquer característica de distribuição seletiva dessas
células. No entanto, os autores chamaram a atenção para a presença de
populações granulocíticas em diferentes estágios de diferenciação próximos às
áreas mesenquimais hepáticas.
Neste trabalho, a localização preferencial de granulócitos neutrofílicos na
região subcapsular (14 aos 17 dpc) foi observada pela reação da naftol
cloroacetato esterase. A partir de 15 dpc houve um aumento dos granulócitos
neutrofílicos no tecido conjuntivo da parede de grandes ramos da veia porta
que mais tardiamente, quando em maior mero, se localizavam de forma
112
difusa pelo parênquima. Barak e colaboradores (1980), utilizando fetos
humanos para investigar a presença de células das linhagens granulocítica,
macrofágica, eritrocítica e leucocitária, constataram in situ que cerca de 70%
das lulas observadas pelo Giemsa eram células eritróides. O restante da
população celular era constituída por alguns macrófagos, poucos granulócitos e
poucas células mononucleares primitivas. As análises citoquímicas utilizando
diferentes métodos como PAS, fosfatase alcalina, peroxidase e naftol
cloroacetato esterase foram negativas. Somente a -naftil acetato esterase
identificou a presença de macrófagos no tecido. No entanto, os resultados com
cultura de células mostraram que existem muitos progenitores granulocíticos,
uma vez que 92% das colônias observadas eram da linhagem granulocítica.
Dentre estas células granulocíticas em diferentes estágios de diferenciação,
65% delas eram constituídas por células imaturas e 35% por células maduras.
A discrepância observada por Barak e colaboradores (1980), entre os
resultados in situ e in vitro, provavelmente foi devido ao método de detecção
histoquímica/ citoquímica utilizado.
A associação dos granulócitos, tanto neutrofílicos quanto eosinofílicos, à
região capsular ou subcapsular deve ser devido à formação de um ambiente
especial nessa área, com um pouco mais de estroma conjuntivo (fibras
reticulares e colagênicas) e diferente gradiente de oxigenação (área periférica).
As características da região periférica do fígado não são bem conhecidas;
porém esta região normalmente apresenta reações peculiares. Por exemplo,
em pacientes com sangramento digestivo por ruptura de varizes esofágicas,
como nos casos de esquistossomose hepatoesplênica, se instala um quadro
113
regenerativo pseudo-cirrótico na periferia do fígado. A preferência das células
hematopoéticas por lulas mesenquimais foi descrita por Chagraoui e
colaboradores (2003). Contudo os autores não observaram a composição do
ambiente formado por estas células. Estudos que abordem as moléculas de
matriz extracelular presentes no microambiente de proliferão e
amadurecimento granulocítico nos diferentes sítios hematopoéticos fetais
(fígado e medula óssea) serão importantes na intelecção da cascata de
diferencião hematopoética.
Os mecanismos responsáveis pela migração de células hematopoéticas
durante a ontogenia têm sido estudados, principalmente pelo uso de animais
nocaute. Nestes animais, as principais moléculas que participam do processo
de endereçamento são retiradas do genoma do camundongo e os efeitos de
sua ausência são observados. No entanto, a obtenção destes animais
mutantes com vida até o estágio de desenvolvimento que se deseja analisar é
razoavelmente árduo, resultando numa análise limitada.
O uso de lectinas na detecção de úcares importantes na interação
entre diferentes tipos celulares tem sido cada vez mais o alvo de diversos
estudos. A importância das lectinas tem sido destacada na relação parasito-
hospedeiro, incluindo estudos sobre as vias de penetração parasitária, na
ativação de células hematopoéticas, dentre uma gama de outras aplicações. A
utilização de lectinas para identificar os resíduos glicídicos importantes na
interação entre lulas endoteliais e células hematopoéticas têm sido
empregada para o mapeamento de açúcares importantes no mecanismo de
migração de lulas hematopoéticas transplantadas. Neste estudo, a
114
expressão de alguns resíduos glicídicos no fígado fetal durante o período
hematopoético foi investigada. Os açúcares são importantes nos mecanismos
migratórios durante a ontogenia, uma vez que a sua utilizão em estudos
embriológicos ainda é muito escassa. Detectou-se a marcação citoplasmática
de algumas células, como neutrófilos, eosinófilos e megacariócitos pela LCA
que possui afinidade pelos resíduos de -D-manose. No entanto, trabalhos
anteriores de Malin-Berdel e colaboradores (1984) e De Dios e colaboradores
(1984) relataram a presença de -D-manose em linfócitos. Esses trabalhos
mostraram uma maior afinidade da LCA pelos linfócitos B do que pelos
linfócitos T. Além disso, a participão de resíduos de galactosil e manosil nos
processos de interação entre lulas migrante-endotélio foi descrita por alguns
autores (Aizawa e Tavassoli, 1988; Tavassoli e Hardy, 1990). Em nosso
trabalho, observou-se que a LCA (-D-manose) apresentava dois padrões
principais: vascular e celular, que oscilaram de intensidade durante o
desenvolvimento hepático. O padrão vascular foi constante, enquanto que o
padrão celular mudou de expressão nas linhagens celulares, marcando
inicialmente a linhagem eritróide (eritropoese trabecular) (até 15 dpc), tendo
uma queda expressiva na intensidade aos 14 dpc. A marcação foi novamente
intensificada nos dois padrões aos 15 dpc, para depois ficar restrita (a partir
dos 16 dpc), além dos vasos e da cápsula, às linhagens megacariocítica e
neutrofílica, sendo negativa na linhagem eritróide.
A presença de
-D-manose foi observada na superfície de
megacariócitos em diferentes estágios de diferenciação (Abgrall et al., 1991) e
na superfície de plaquetas (Tsunehisa et al., 1984), inclusive neste trabalho.
115
Uma das funções descritas para -D-manose é inibir a agregação de plaquetas
e induzir a reação de liberação dessas pelos megacariócitos (Tsunehisa et al.,
1984, Abgrall et al., 1991). Tal reação parece ser causada pelo bloqueio dos
receptores de colágeno presentes na superfície plaquetária, principalmente a
glicoproteína IIb (Tsunehisa et al., 1984).
Uma outra afinidade da LCA é com a fração L3 da alfa fetoproteína
(AFP), sendo inclusive utilizada como marcador de carcinomas hepáticos (Sato
et al.,1993; Buamah et al., 1986; Li et al., 2001). Provavelmente a marcação
das células estromais periductais e algumas células hepáticas até a idade de
15 dpc corresponda a alguns hepatócitos imaturos que ainda estejam
expressando a AFP. Nesse sentido, é importante destacar que, pela
característica de expressão tecidual, a LCA possibilitou distinguir as fases
evolutivas do fígado fetal, que tem como ponto de viragem (turning point) a
transição de 14 para 15 dpc. Até 14 dpc, o fígado é mais imaturo, atuando
quase que exclusivamente como um órgão endodérmico, o qual estimula as
linhagens eritróide e megacariocítica, passando a apresentar sinais de maior
maturidade a partir de 15 dpc: hepatócitos aumentam a síntese de glicogênio,
aumenta o estroma mesodérmico e surgem células mielóides (neutrófilos e
eosinófilos).
Uma outra lectina utilizada no diagnóstico clínico de neoplasias
hepáticas é a ConA. A ConA e a LCA possuem homologias de resíduos, além
de compartilharem a especificidade pela -manose (Foriers et al., 1981;
Buamah et al., 1986). No entanto, neste trabalho, os fetos analisados foram
negativos para ConA, provavelmente devido a sua afinidade de ligação ser
116
diferente (Kornfeld et al.,1981; Buamah et al., 1986). A ConA consegue
diferenciar a AFP de células de carcinoma hepatocelular primário e das células
de metástase hepática; porém, a discriminação entre tumores benignos e
malignos é feita através da afinidade da LCA (Buamah et al., 1984; Buamah et
al. 1986). Atribuímos a diferença de resultados encontrada em nosso trabalho a
afinidade diferencial das duas lectinas pela AFP.
A marcação com a lectina PNA (-galactose (13) N-
acetilgalactosamina) foi completamente negativa na fase mais imatura do
fígado fetal (12 a 14 dpc), surgindo fracamente em células e vasos aos 15 dpc,
para depois marcar intensamente neutrófilos maduros (16-17 dpc). Com a
saída dos neutrófilos do fígado, persitiu apenas uma fraca expressão em vasos
(18 dpc), negativando-se ao 0 dpp. Malin-Berdel e colaboradores (1984), ao
analisarem a afinidade da PNA por lulas do sangue periférico, não
observaram nenhuma ligação específica da PNA com as células
indiferenciadas e diferenciadas. No entanto, Nicola e colaboradores (1980),
através da PNA, enriqueceram populações de progenitores de granulócitos e
macrófagos. Dini e colaboradores (1987) observaram a presença de receptores
de galatose em hepatócitos e macrófagos durante a ontogenia. Após o
nascimento, os receptores de galactose e manose foram detectados nas
células endoteliais. Kolb-Bachofen e colaboradores (1982) também detectaram
a presença de receptores de galactose nos progenitores de granulócitos e
macrófagos, nos hepatócitos e nas células endoteliais de ratos adultos.
Quondamatteo e colaboradores (1997) também verificaram a presença de
resíduos de galactose no desenvolvimento de fígados humanos e sugeriram
117
que o desaparecimento dos glicoconjugados que possuem -galactose poderia
representar um marcador de diferenciação hepática. De fato, em nossso
material, a PNA somente passou a ser detectada no fígado fetal a partir de 15
dpc, quando o fígado inicia a fase de maior maturidade.
A presença de resíduos de
-galactose foi observada na matriz
extracelular periportal e parece participar na diferenciação dos ductos biliares
(Shiojiri e Nagai, 1992, Quondamatteo et al., 1997). Quando resíduos de -
galactose são expressos na lâmina basal, eles estimulam o movimento de
células epiteliais (Trinkaus-Randall et al., 1988). Assim, nossos resultados
mostraram que não somente o endotélio adulto expõe ligação à -galactose,
mas que durante o desenvolvimento esta ligação também parece ter
importância, possivelmente promovendo a migração dos hepatócitos para
estabelecimento da organização em trabéculas. Ademais, foi possível destacar
as células neutrofílicas in situ.
Os resultados de Aizawa e Tavassoli (1988) e Tavassoli e Hardy (1990)
demonstraram a importância dos resíduos de galactosil e manosil no processo
de migração de células hematopoéticas através do endotélio. Dessa forma, a
marcão pela PNA, observada ao redor de vasos hepáticos sinusoidais e
vasculares aos 15 dpc, não somente confirma os dados da literatura, mas
também os aprofunda, mostrando que existe uma ligação da galactose com N-
acetilgalactosamina exposta pelo endotélio hepático. Esta ligação pode estar
participando no evento da migração/ adesão daslulas hematopoéticas.
Comparando os resultados obtidos com ABPR3 e PNA, observou-se
que a marcão da ABPR3 foi mais ampla, uma vez que a especificidade desta
118
lectina é maior do que a especificidade de PNA, que reconhece a ligação da
galactose com N-acetilgalactosamina (galactose X -galactose (13) N-
acetilgalactosamina). A lectina ABPR3 (galactose) marcou fortemente as
células endoteliais dos vasos (padrão vascular) e células da linhagem eritróide
e mielóide (neutrófilos) (padrão celular), não tendo sido possível, pela sua
constância de expressão, discriminar as etapas evolutivas do fígado fetal, como
ocorreu com a LCA (-D-manose). Além disso, também foi possível perceber
que os resíduos de galactose estão mais disponíveis que os resíduos de N-
acetilgalactosamina, visto que as lectinas como SBA e GSI foram negativas.
Os eventos de N-glicosilação no aparelho de Golgi terminam com a
adição de ácido siálico a uma molécula de galactose; anterior a galactose, é
encontrada a N-acetilglicosamina. Os nossos dados mostram que as
glicoproteínas expressas pelas células endoteliais hepáticas possuem um
padrão de glicosilação um pouco distinto. Tal fato é importante na investigação
dos úcares participantes dos eventos de reconhecimento e migração das
células hematopoéticas durante a ontogenia, como também apontará as
prováveis glicoproteínas que devem ser caracterizadas para compreensão da
hematopoese.
O receptor de asialoglicoproteína é expresso no fígado e no endotélio
dos vasos. Tonelli e Meintz (1977) e Papayannopoulou e Craddock (1997)
conseguiram diminuir a migração celular das células hematopoéticas após
removerem os resíduos de ácido siálico, ao exporem os resíduos de galactose.
Os nossos resultados podem estar revelando a localizão desse receptor
durante ontogenia através do uso das lectinas ABPR3 e PNA. No entanto,
119
estes resultados necessitam ser aprofundados para que tais propostas sejam
confirmadas.
Outras moléculas que podem estar sendo evidenciadas por essas
lectinas estão relacionadas às células da linhagem neutrofílica. Os neutrófilos
podem estar expondo pequenos glicosaminoglicanos, que interagiriam com o
CD44 expresso pelas células endoteliais e assim mediariam os eventos de
rolamento, adesão e diapedese.
Apesar dos resíduos de fucose estarem presentes em camundongos
Swiss Webster adultos como, por exemplo, em moléculas de sialil-Le(x)
(Watkins e Clarke, 2001), sua expressão entre 14 e 17dpc não foi detectada.
Tal fato deve estar relacionado a uma expressão tardia dessas moléculas
ligantes de selectina.
Alguns dados obtidos pela literatura sobre lectinas objetivaram o
isolamento de populações celulares, principalmente das populações de células
mais indiferenciadas (Reisner et al., 1978; Nicola et al., 1980). No entanto, para
esse fim, a identificação por sialomucinas de conjuntos de diferenciação
(clusters of diferentiation CD) tem se mostrado mais eficaz. Em contrapartida,
os resultados deste trabalho são importantes para os estudos de identificação
de moléculas de enderamento ou ecotaxia (homing), uma vez que a
importância de vários resíduos de úcares durante essse tipo de evento é
conhecida. Os dados descritos neste trabalho merecem um maior
aprofundamento, a fim de que sejam obtidas maiores informações sobre os
mecanismos de endereçamento das células hematopoéticas migrantes para o
120
fígado fetal e a saída das mesmas para a medula óssea, sítio no qual ocorre
a hematopoese definitiva nos mamíferos adultos.
De modo complementar, os mecanismos pelos quais as células
hematopoéticas permanecem no fígado fetal, interagindo diretamente com os
hepatócitos também necessitam de uma descrão mais detalhada para um
melhor conhecimento do assunto. Dessa forma, os resultados deste trabalho
confirmaram os dados da literatura sobre a importância dos resíduos de
galactose e manose, além de identificar a importância da ligação da galactose
com a acetilgalactosamina no fígado fetal de camundongos entre 15 e 16 dpc.
121
6. Conclusão
A análise integral dos resultados possibilitou as seguintes conclusões:
1 O fígado fetal, durante seu processo ontogenético, apresenta duas
fases distintas, uma fase imatura e predominantemente endodérmica (< 14
dpc) e outra fase mais madura (endodérmico-mesenquimal), com
amadurecimento dos hepatócitos, melhor definição dos padrões trabecular e
vascular e aumento do conjuntivo mesenquimal na cápsula, parede de veias e
no interstício do parênquima (> 15 dpc).
2 - Os hepatócitos na fase imatura do fígado fetal atuam como o estroma
fundamental da linhagem eritróide (hematopoese trabecular) (suporte estroma
endodérmico).
3 - A fibronectina parece estar mais relacionada ao amadurecimento
dos hepatócitos e da trama trabecular do fígado fetal.
4 – As fibras reticulares não foram relevantes para a hematopoese fetal
e surgem apenas no período tardio da fase mais madura do fígado fetal.
5 O surgimento das células da linhagem mielóide (neutrófilos,
eosinófilos e monócitos) no fígado fetal foi dependente do aumento,
principalmente na parede de grandes ramos da veia porta, de estroma
mesenquimal.
6 A cloroacetato esterase foi o melhor marcador para focos de
neutropoese, enquanto que os neutrófilos maduros foram marcados por LCA,
ABPR3, PNA e MMP-1.
6- A diminuição da hematopoese hepática (fase de desabitação)
coincide com a maturidade hepática.
122
7. Perspectivas
Para complementar este trabalho, novas metodologias deverão ser
empregadas, como:
a ampliação de marcadores imunoistoquímicos para rias proteínas
envolvidas com a hematopoese, os fatores de transcrição e genes in situ
(histogenômica e histoproteômica);
a microdissecção a laser com expressão gênica no tecido microdissecado
(para estudo de microambientes hepáticos, aplicando técnicas moleculares
e de proteômica);
a detecção gênica por microarrranjos;
 estudos ultraestruturais;
 aplicação de microscopia de força atômica em células isoladas para estudo
de interações adesionais;
a utilizão de animais nocauteados, transnicos, com silenciamento
gênico;
Para finalizar, é importante salientar que o estudo in situ da
hematopoese fetal, assim como em outros sítios, é extremamente complexo,
exigindo cada vez mais procedimentos metodológicos não-lineares, ainda
inexistentes ou de difícil aplicação.
123
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