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CRISTIANE REGINA CANTELLI
DESCRIÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE LESÕES DE MÚSCULO
PEITORAL E RIM ASSOCIADAS À INFECÇÃO DE CAMPO POR
VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA EM MATRIZES E FRANGOS
DE CORTE OCORRIDA NO OESTE E SUL DE SANTA CATARINA
LAGES – SC
2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA – UDESC
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS – CAV
MESTRADO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
CRISTIANE REGINA CANTELLI
DESCRIÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE LESÕES DE MÚSCULO
PEITORAL E RIM ASSOCIADAS À INFECÇÃO DE CAMPO POR
VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA EM MATRIZES E FRANGOS
DE CORTE OCORRIDA NO OESTE E SUL DE SANTA CATARINA
Dissertação apresentada à coordenação
do curso de Mestrado em Ciências
Veterinárias, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre.
Orientador: Dr. Célso Pilati
Lages – SC
2007
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CRISTIANE REGINA CANTELLI
DESCRIÇÃO HISTOPATOLÓGICA DE LESÕES DE MÚSCULO
PEITORAL E RIM ASSOCIADAS À INFECÇÃO DE CAMPO POR
VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA EM MATRIZES E FRANGOS
DE CORTE OCORRIDA NO OESTE E SUL DE SANTA CATARINA
Dissertação apresentada à coordenação do curso de Mestrado de Ciências
Veterinárias, como requisito para a obtenção do título de Mestre
Banca Examinadora
Orientador: _______________________________________
Prof. Dr. Célso Pilati
Universidade do Estado de Santa Catarina
Membro _______________________________________
Prof. Dr. David Driemeier
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Membro: _______________________________________
Prof. Dra. Glaucia Denise Kommers
Universidade Federal de Santa Maria
Lages, 05 de outubro de 2007
AGRADECIMENTOS
Celebrar a vida é somar amigos, experiências e conquistas, dando-lhes
sempre algum significado” (Autor Desconhecido). Sendo assim, gostaria de
agradecer as pessoas que, juntamente comigo, fizeram parte dessa etapa e tiveram
seu importante significado:
Ao Professor Célso Pilati, pela orientação, pela grande confiança e
credibilidade, pelos ensinamentos em Patologia Animal e por todos os outros
ensinamentos de vida que ficarão gravados, meu eterno agradecimento.
A todos os professores do mestrado e, em especial, ao professor Aldo Gava,
diretor do Laboratório de Patologia Animal; Professor Alceu Mezzalira, coordenador
do curso de mestrado em Ciências Veterinárias, e ao Professor Aury, pelo incentivo
na conclusão deste curso.
Agradeço a todos os bolsistas, estagiários e funcionários do Laboratório de
Patologia Animal, especialmente à Rita, que ajudaram na coleta e processamento de
material, seus auxílios foram para a execução de todo o processo.
A todos os colegas de turma do mestrado, em especial ao Fernando Furlan,
Denis Spricigo e Luana Neis, pela troca de experiências e também por todos os
churrascos que pudemos compartilhar.
À Perdigão Agroindustrial S/A e Wiper Industrial de Alimentos, pelo auxílio e
disponibilidade na realização da coleta de materiais deste estudo.
Aos meus pais, Dirceu e Salete, sabendo que somente agradecer é pouco
para retribuir tudo o que fizeram por mim. Agradeço toda a preocupação, confiança,
amor, e espero estar proporcionando mais um motivo de orgulho para vocês.
A minha nona Graciosa, por toda sua imensa fé e carinho compartilhados em
toda minha caminhada.
Ao meu namorado Tiago: “O dia mais importante não é o dia em que
conhecemos uma pessoa, e sim quando ela passa a existir dentro de nós”. Agradeço
seu amor, seu companheirismo, seu apoio e paciência.
4
Toda equipe de matrizes da Perdigão Agroindustrial S/A., Regional de Santa
Catarina, em especial às amigas Rose, Alethéia, Mônica e Fernanda pelas horas de
trabalho conjunto visando ao mesmo objetivo, pela descontração, risadas,
conversas, e ao Juliano pela compreensão e confiança.
Aos meus familiares e a todos os colegas de Empresa que contribuíram com
sua amizade. Muito Obrigada.
RESUMO
Relata-se a ocorrência de quatro surtos espontâneos de Bronquite Infecciosa (BI)
cursando com nefrite e miopatia peitoral objetivando descrever as lesões macro e
microscópicas do rim e músculo. Três surtos ocorreram em frangos de corte
afetando diversos lotes. Um surto ocorreu em matrizes afetando dois núcleos de
criação. Nos frangos de corte, foi observado em alguns lotes alta mortalidade, alto
índice de descarte e em outros alta condenação no abatedouro. Também
observou-se, ronquidão, apatia e desuniformidade. No lote de matriz, foi
observada queda de produção e mortalidade elevada. Todos os animais em que foi
realizada sorologia foram positivos para BI, o mesmo para o lote em que foi
realizada PCR. Na necropsia, observou-se tumefação e palidez renal, palidez e
estrias esbranquiçadas principalmente do músculo peitoral profundo, e em alguns
casos leve edema. No exame histopatológico, as lesões renais consistiam de
hiperplasia glomerular de moderada a intensa, em alguns casos degeneração
tubular e infiltrado inflamatório multifocal intersticial. No músculo, foi observado
edema intersticial, degeneração hialina, vacuolização, hipercontração e miofagia de
fibras musculares. Em um caso observou-se fibrose moderada. Em outros foram
observadas infiltração linfocitária de leve a moderada na traquéia. Nas matrizes,
além das lesões descritas, observou-se hiperplasia linfóide peribronquial e
degeneração hialina nos vasos pulmonares. Em todos os casos foi observada uma
estreita relação entre lesão renal e muscular.
Palavras-chave: Bronquite Infecciosa. Miopatia. Nefropatia. Frangos de corte.
Matrizes.
6
ABSTRACT
This report describes the occurrence of four natural outbreaks of Infectious
Bronchitis (IB) accompanied by nephritis and pectoral myopathy. The objectives are
to describe the macro and microscopical injuries of the kidneys and muscle. Three
outbreaks affected different flocks of broilers. One case occurred in broiler breeders
affecting two houses of a farm. In the broilers, high mortality and high index of
discarding was observed and also high condemnation in the abattoir. Respiratory
snicks, apathy and ununiformity were observed. In the flock of broiler breeders,
decline of production and high mortality were noticed. All the animals where positive
for IB serology, and positive results were also obtained on the flock where PCR was
carried through. In the necropsy, swollen and renal pallor were observed, pallor and
white streaks mainly of the deep pectoral muscles, and in some cases mild edema.
In the histopathology examination, the kidney injuries consisted of moderate to
intense glomerular hyperplasia, in some cases interstitial multifocal inflammatory
infiltrate and tubular degeneration. In the muscle, interstitial edema was found,
hyaline degeneration, vacuolation, hypercontraction and myophagia of the muscle
fibres. In one case, moderate fibrosis was observed. In other cases, mild to
moderate lymphocytic infiltration was observed in the trachea. In the broiler
breeders, other than the described lesions, a peribrochial lymphoid hyperplasia and
hyaline degeneration was noted in the pulmonary vessels. In all the cases a close
relation was observed between renal and muscular injury.
Keywords: Infectious Bronchitis. Miopathy. Nefropathy. Broilers. Broiler Breeders.
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Frango de corte 45 dias. Lesão renal. Rins aumentados de volume e
pálidos. Surto nº 1................................................................................40
Figura 02 – Frango de corte 45 dias. Músculo peitoral profundo com áreas e
estrias pálidas. Surto nº 1....................................................................40
Figura 03 - Ave com 56 dias. Corte transversal de músculo peitoral profundo.
Degeneração hialina de fibras, vacuolização e edema intersticial. H&E.
MO. Obj. 40x. Surto nº 1.......................................................................41
Figura 04 – Ave com 98 dias. Músculo peitoral profundo difusamente
esbranquiçado. Surto nº1.....................................................................43
Figura 05 - Ave com 98 dias. Corte longitudinal de músculo peitoral profundo.
Hipercontração de fibras, vacuolização e degeneração em gotas
hialinas. Surto nº 1.H&E. MO. Obj 40x.................................................43
Figura 06 - Ave com 115 dias. Músculo peitoral profundo com extensa área
branco-amarelada de consistência diminuída. Surto nº 1....................44
Figura 07 – Frango de corte com 115 dias. Músculo peitoral profundo com extensa
área de necrose, intensa miofagia e fibrose. Surto nº1. H&E. MO.
Obj.40x.................................................................................................45
Figura 08 – Frango de corte com 115 dias. Músculo peitoral profundo com intensa
fibrose.Tricômero de Masson. Surto nº1 MO. Obj. 40x.......................45
Figura 09 - Frango de corte com 30 dias. Corte longitudinal de músculo peitoral
profundo demonstrando intensa miofagia de fibra. Surto nº 2. MO.
Obj. 40x..................................................................................................46
Figura 10 – Matriz com 36 semanas. Corte de traquéia demonstrando infiltrado
linfocitário difuso moderado na mucosa. Surto nº 3. Lote A. H&E. MO
obj. 100x..............................................................................................48
Figura 11 – Matriz com 28 semanas. A) Hipercelularidade de glomérulo. B)
Glomérulos próximos do normal. Surto nº 3. Lote B. H&E. MO. Obj.
40x.......................................................................................................49
Figura 12 – Matriz com 28 semanas. Rim com infiltrado mononuclear intersticial.
Surto nº 3. Lote B. H&E. MO. Obj. 40x................................................49
Figura 13 – Frango de corte com 32 dias. Músculo peitoral profundo apresentando
miofagia intensa, vacuolização de fibras, degeneração hialina e edema
intersticial. Surto nº 4. Lote D. H&E. MO obj. 40x................................51
Figura 14 – Frango de corte com 32 dias. Músculo peitoral profundo apresentando
miofagia intensa, vacuolização de fibras, degeneração hialina e edema
intersticial. Surto nº 4. Lote D. H&E. MO obj. 40x................................51
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................12
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................14
2.1. Etiologia e Estrutura Viral.............................................................................................14
2.2. Variabilidade do VBI e Sorotipos .................................................................................15
2.3. A Doença: epidemiologia e sinais clínicos....................................................................18
2.3.1. Síndrome Nefrite-nefrose (SNN)................................................................................22
2.4. Lesões............................................................................................................................24
2.4.1. Aves jovens – menos de seis semanas de idade .....................................................24
2.4.2. Aves de postura – matrizes e poedeiras comerciais ...............................................25
2.4.3. Lesões Microscópicas.............................................................................................27
2.5. Miopatia Peitoral ...........................................................................................................28
2.6. Diagnóstico....................................................................................................................31
2.6.1. Isolamento do vírus ................................................................................................32
2.6.2. Diagnóstico sorológico...........................................................................................33
2.6.3. Diagnóstico diferencial...........................................................................................34
2.7. Controle e Vacinação.....................................................................................................34
3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................36
3.1 Materiais coletados.........................................................................................................36
3.2. Descrição dos surtos......................................................................................................37
3.2.1. Surto nº 01..............................................................................................................37
3.2.2. Surto nº 02..............................................................................................................38
3.2.3. Surto nº 03..............................................................................................................38
3.2.4. Surto nº 04..............................................................................................................38
4. RESULTADOS....................................................................................................................39
4.1. Surto nº 01 .....................................................................................................................39
4.1.1. Aves com 56 dias....................................................................................................41
4.1.2. Ave com 72 dias.....................................................................................................42
4.1.3. Ave com 98 dias.....................................................................................................42
4.1.4. Ave com 115 dias...................................................................................................44
4.2. Surto nº 02 .....................................................................................................................46
4.3. Surto nº 03 .....................................................................................................................47
4.3.1. Lote A.....................................................................................................................47
4.3.2. Lote B.....................................................................................................................48
4.4. Surto nº 04 .....................................................................................................................50
4.4.1. Lote A.....................................................................................................................50
4.4.2. Lote B.....................................................................................................................50
5. DISCUSSÃO........................................................................................................................52
6. CONCLUSÕES....................................................................................................................56
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................................57
12
1. INTRODUÇÃO
A Bronquite Infecciosa (BI), também chamada de Bronquite Infecciosa das
Galinhas, é uma doença respiratória viral, aguda, altamente contagiosa,
caracterizada por ruídos traqueais, tosse e espirros (CAVANAGH et al, 2003).
Causada por um coronarus exclusivo das galinhas, não atacando outras
espécies de aves (Di FABIO, 1993) induz quadros clínicos dos mais variados,
conforme a idade das aves e o tipo de rus (ITO, 1999) podendo ou não apresentar
sinais clínicos respiratórios (Di FABIO, 1993). O vírus ocorre em muitas variantes
antigênicas como conseqüência de mutações no seu genoma (MURPHY, et al
1999).
Possui grande importância econômica na avicultura industrial, pois provoca
aumento da mortalidade, diminuição do ganho de peso e eficiência alimentar em
frangos de corte, e queda na produção e qualidade interna e externa de ovos em
matrizes (CAVANAGH et al., 2003; ABREU, 2006).
A BI foi descrita pela primeira vez nos Estados Unidos por Schalk e Hawn
(1931) e observada apenas em pintinhos. Cinco anos mais tarde, Beaudette
demonstra que a infecção também ocorre em aves adultas. Depois foi identificada
em diversos países do mundo: Inglaterra/1948, lgica/1955, Itália/1955, Holanda/
1956, França/1959, Alemanha/1959, Argentina/1965, Chile/1976 (COLUSI et al.,
1965; HIDALGO et al., 1976).
No Brasil, foi identificada pela primeira vez por Hipolito, no Estado de Minas
Gerais em 1957, que suspeitou da sua presença devido à grande disseminação da
doença nos EUA, e às importações de aves vindas deste país (HIPOLITO, 1973).
Após sua descoberta, outros sorotipos foram sendo identificados ao longo
dos anos em vários países, sendo em 1973 a primeira identificação da síndrome
nefrite-nefrose no Brasil (HIPOLITO, 1973). A partir de 1980, iniciou o processo de
vacinação contra BI utilizando o sorotipo Massachussets, o único liberado para
vacinação no Brasil até os dias atuais (RESENDE, 2003).
Assim, devido à alta transmissão natural da doença e à ocorrência de
13
múltiplos sorotipos do VBI têm dificultado e aumentado o custo das medidas de
prevenção da doença (CAVANAGH et al., 2003). Surtos de BI nos últimos anos têm
sido menos freqüentes devido à utilização de vacinas, no entanto, a doença ainda
ocorre, até mesmo quando adiciona-se aves infectadas em plantéis vacinados
(MURPHY et al., 1999).
Um novo sorotipo de BI foi identificado na Europa em 1996 (GOUGH et al.,
1992; COOK et al., 1996), distinto do sorotipo vacinal Massachussets, provocando
além de sinais clínicos respiratórios e/ou queda de produção, lesões de miopatia nos
músculos peitorais não observados em surtos anteriores de BI. Essa forma atípica
da doença ainda não havia sido observada no Brasil.
A partir do ano de 2003 no Brasil vêm ocorrendo novos surtos atípicos de BI,
tanto em frangos de corte como em matrizes (TREVISOL et al., 2006), associados
com a apresentação deste novo tipo de lesão, caracterizado por degeneração e
necrose da musculatura peitoral (BRENTANO et al., 2005; TREVISOL et al., 2006),
entretanto essa nova etiopatogenia do VBI ainda precisa ser estudada (RESENDE,
2003).
Devido à falta de informações sobre a descrição das lesões musculares e
renais associadas com a Bronquite Infecciosa das Aves, o objetivo deste estudo foi
caracterizar histopatologicamente as lesões nestes órgãos provenientes de aves de
surtos de campo de bronquite infecciosa.
14
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Etiologia e Estrutura Viral
O Vírus da Bronquite Infecciosa (VBI), causador da Bronquite Infecciosa das
Aves, é um membro da família Coronaviridae, a qual inclui os gêneros Coronavirus e
Torovirus. O VBI está no grupo III do gênero Coronavirus (CAVANAGH et al., 2003)
e é completamente distinto de outros coronavirus que infectam aves (perus) e
mamíferos (RESENDE, 2003).
O VBI tem simetria helicoidal e genoma formado por RNA de fita simples, não
segmentado, de polaridade positiva e com aproximadamente 27,6 kb (PENA et al.,
2005). Tem estrutura pleomórfica, mas geralmente arredondado, com envelope de
aproximadamente 120 nm de diâmetro contendo projeções superficiais (espículas)
com cerca de 20 nm de comprimento (RESENDE, 2003).
O vírus é composto por três grandes proteínas estruturais: as glicoproteínas
da espícula (S) e de membrana (M) da superfície viral, e a nucleoproteína interna
(N). Acredita-se também, que há uma quarta proteína, associada com o envelope do
vírion, a proteína de membrana (E), necessária para a replicação viral (CAVANAGH
et al., 2003).
A proteína N está localizada na parte interna do vírion, estando intimamente
associada ao RNA viral. Anticorpos dirigidos contra essa proteína são os primeiros a
serem detectados após a infecção, entretanto, não estão associados com a proteção
(PENA et al., 2005). Mutações na proteína N podem afetar a estabilidade e a
viabilidade viral (RESENDE, 2003). A glicoproteína M interage com o
nucleocapsídeo interno da partícula viral e tem cerca de 225 aminoácidos, sendo
que desses, somente 10% estão exteriorizados no envelope viral. Tem papel
importante na replicação viral e no processo de recombinação natural entre
diferentes sorotipos de VBI (MURPHY et al., 1999; PENA et al., 2005).
15
A glicoproteína S é dividida em duas subunidades: S
1
e S
2
. A estrutura
espacial da proteína S
2
tem o formato de clava e penetra no envoltório lipídico da
membrana, atravessando-a. Mais externamente e aderida à S
2
, está a proteína S
1
em forma globular. A S
1
é responsável pela infectividade viral, é a principal indutora
da resposta imune protetora contra a infecção pelo VBI, e também a base dos testes
de diagnóstico para identificar e caracterizar as amostras virais (COOK et al., 1996;
RESENDE, 2003; PENA et al., 2005). A variação na sua composição aminoacídica é
a principal estratégia do VBI para escapar dos mecanismos de defesa do hospedeiro
(PENA et al., 2005).
A subunidade S
2
tem uma importante função na manutenção da estrutura
espacial da S
1
e qualquer variabilidade na S
2
pode afetar a configuração estrutural
da S
1
, o que dificulta o reconhecimento da mesma por anticorpos específicos
(RESENDE, 2003; PENA et al., 2005;).
De modo geral, o vírus é bastante sensível aos desinfetantes comuns e em
ambientes secos não sobrevive por longos períodos (Di FABIO, 1993).
2.2. Variabilidade do VBI e Sorotipos
Através do seqüenciamento do glicopolipeptídeo S, pode-se constatar que a
variabilidade entre os isolados de VBI concentra-se em duas regiões da subunidade
S
1
, chamadas de regiões hipervariáveis (CAVANAGH et al., 2003; PENA et al.,
2005).
Inicialmente as cepas variantes eram bem distintas dos sorotipos conhecidos;
a capacidade de mutação e recombinação do vírus, além da pressão de seleção
através do uso prolongado de vacinas vivas, contribuiu para o aparecimento através
dos anos de uma grande variedade de sorotipos e subtipos (Di FABIO, 1993).
Uma classificação do VBI utilizada atualmente é a dos Patotipos, ou seja, as
amostras são classificadas segundo os órgãos mais lesados pelo vírus. No geral,
dois ou mais sistemas são afetados, que as amostras têm diferenças entre elas
com relação à virulência e o tropismo (Di FABIO, 2004).
Muitos sorotipos são conhecidos e algumas variantes antigênicas têm sido
relatadas. Dentre os sorotipos de VBI, Di Fabio (2004) relata os mais conhecidos:
16
- Massachussets (Mass): Primeiro sorotipo a ser descrito. Acomete os tratos
respiratório, reprodutivo e em menor grau o urinário. Altamente patogênica para o
sistema reprodutivo de fêmeas, mas não para o trato urinário, mesmo estando
presente em casos agudos de infecção.
- Beaudette: considerada como cepa mutante derivada da cepa
Massachussets, sendo apatogênica para aves. É uma amostra utilizada como
antígeno no teste de vírus-neutralização. Possui reação homóloga somente com o
sorotipo.
- Connecticut (Conn): primeira descrição de sorotipo diferente do Mass, não
tendo reação cruzada com este. Acomete o trato respiratório, porém é tida como
menos patogênica que a Mass. Causa as mesmas alterações microscópicas do que
a Mass. Não são relatadas infecções no trato genito-urinário.
- Amostras Nefrotrópicas: as amostras pertencentes a este grupo são Gray,
Holte, amostra T australiana e Holland. Esta última tem sua patogenicidade
diminuída quando inoculada sucessivamente em ovos embrionados, o que permite
sua aplicação em vacinas. Não perde, no entanto, a afinidade pelo tecido renal
- Arkansas: variante antigênica. Acomete os tratos respiratório e reprodutivo.
Não é relatada infecção no trato urinário.
Desde 1930 quando a BI foi reconhecida pela primeira vez, e em meados de
1950, quando foi iniciada a vacinação, apenas o sorotipo Mass era prevalente nos
EUA. Um segundo sorotipo foi identificado em 1950, o Connecticut (Conn) e logo se
iniciou o uso da vacina comercial com esta cepa (JIA et al., 2002).
Com a finalidade de verificar o conceito de que o único sorotipo existente no
EUA entre 1930 e 1950 era o Mass, Jia et al. (2002) analisaram 40 isolados de VBI,
sendo que trinta e oito destes foram identificados como pertencentes ao sorotipo
Mass, os outros dois o tiveram relação com aquele sorotipo. Os resultados
indicam que embora o sorotipo Mass fosse prevalente naquela época, outros
sorotipos também estavam presentes.
Cepas do sorotipo Mass têm sido isoladas na Europa desde 1940. Muitos
outros sorotipos, diferentes daqueles norte-americanos, também m sido isolados
na África, Ásia, Índia, Japão e Coréia, Austrália e Europa (CAVANAGH et al., 2003).
El-Houdfi et al. (1986) isolaram e caracterizaram pela primeira vez o VBI no
17
Marrocos a partir de seis isolados de campo em lotes de frangos de corte. Cinco
destes isolados demonstraram ser relacionados ao sorotipo Mass, enquanto que o
sexto, designado G, não apresentou correlação com aquele sorotipo. Todos os
isolados causaram doença respiratória típica de VBI em inoculação experimental em
pintinhos SPF. A particularidade do isolado G refere-se a uma predileção do rus
pelo trato digestivo, em que ele pode ser isolado do esôfago e proventrículo até 21
dias pós-inoculação, e do duodeno até 28 dias. O teste de proteção vacinal com o
sorotipo Mass protegeu contra todos os isolados, com exceção do isolado G.
Isolados variantes também foram descritos por Gelb et al. (1991) que
sorotipificaram 20 cepas de campo do VBI obtidas de aves de postura comercial e
frangos de corte. Nas aves de postura, de um total de sete isolados, cinco foram
considerados sorotipos variantes, sendo que dois diferentes foram isolados na
mesma granja de matrizes com idades múltiplas. Ao contrário do que ocorreu em
frangos de corte, de um total de 13 isolados, apenas um sorotipo foi considerado
variante.
Parsons et al. (1992) relataram quatro isolados variantes, semelhantes entre
si, mas diferentes de todos os outros isolados conhecidos, obtidos de dois lotes de
matrizes vacinadas que apresentaram aumento de mortalidade e queda na produção
de ovos. No experimento, o sorotipo vacinal Mass (H120) não protegeu as aves do
desafio com os novos isolados até 21 dias pós-inoculação.
Na Grã-Bretanha, pelo menos dez sorotipos distintos são conhecidos, todos
diferentes dos sorotipos descritos em muitos países através do mundo (COOK,
1990).
No Brasil, no período entre maio a dezembro de 1995, foi observado em
frangos de corte com idade entre 28 e 44 dias um significante aumento de doença
respiratória, acompanhados por problemas digestivos e renais. No mesmo período,
foi observada queda de produção em lotes de matrizes entre 25 e 60 semanas.
Estes problemas eram vistos principalmente nos Estados do Sudeste em São Paulo
e no Rio de Janeiro; do Sul, no Paraná; e Nordeste, no Estado da Bahia. Muitos
destes lotes não eram vacinados para BI. Di Fabio et al. (2000), caracterizaram os
isolados provenientes de 126 lotes de aves oriundas daqueles Estados. Foram
identificados 15 isolados do VBI, sendo que uma das cepas correspondia ao sorotipo
Mass, enquanto que as outras 14 eram pertencentes a pelo menos quatro grupos
antigênicos diferentes a todos os descritos até aquele momento em outros países,
18
confirmando a presença de VBI variantes também no Brasil.
A existência de sorotipos variantes no Brasil também foi confirmada por
Resende (2003) através de estudos com isolados de VBI obtidos de surtos ocorridos
em Minas Gerais de 1972 a 1989.
Sabe-se que muitos tipos sorológicos diferentes do VBI são encontrados em
muitos países diferentes e que vários sorotipos diferentes podem coexistir num
determinado país. Além disso, também está claro que os sorotipos comumente
encontrados em um determinado país podem se alterar no decorrer do tempo
(COOK, 1990).
Alguns autores sugerem a possibilidade de uma nova classificação do vírus,
não em sorotipos, mas em Protectotipos. Estes seriam amostras de vírus capazes
de conferir proteção contra sorotipos do mesmo grupo ou de grupos sorologicamente
distintos. Essa idéia provém do fato que, somente algumas alterações de
aminoácidos na glicoproteína S pode gerar o aparecimento de um novo sorotipo de
BI. Portanto, a maior parte da estrutura viral permanece inalterada acarretando em
reações cruzadas entre os sorotipos (Di FABIO, 2004).
A possibilidade da ocorrência de novos sorotipos de VBI é definida por dois
mecanismos: recombinação entre duas partículas virais antigenicamente diferentes,
ou como resultado da pressão de seleção imposta pelo uso, por várias décadas, da
vacina viva de BI. É provável que ambos os mecanismos sejam importantes (COOK,
1990).
O aparecimento de variantes é mais freqüente em plantéis de vida longa,
como reprodutoras e poedeiras, do que em frangos de corte, pelo maior tempo de
contato entre o vírus e o hospedeiro, múltiplas idades e uma maior possibilidade de
erros na replicação viral do genoma. Assim, na região hipervariável S
1,
o
aparecimento de mutações antigênicas no gene S é grande e pode levar a
emergência de novos sorotipos (Di FABIO, 2004).
2.3. A Doença: epidemiologia e sinais clínicos
O VBI ataca aves de todas as idades, mas os pintos são mais suscetíveis e
apresentam maior mortalidade. As aves adultas, quando recebem o vírus sob a
19
forma de aerossol apresentam sintomas respiratórios 18 a 24 horas após a
inoculação (HIPOLITO et al., 1979).
A infecção ocorre via trato respiratório e a traquéia é o alvo primário. As
infecções pelo VBI têm um período de incubação curto e seus sinais clínicos como
estertores traqueais, exsudato nasal, são evidentes após 24 a 48 horas de
exposição ao vírus. Além disso, o VBI é um vírus altamente infeccioso, sendo
necessárias poucas partículas virais para iniciar uma infecção (COOK, 1990).
O rus realiza a invasão via epitélio traqueal, seguido por uma viremia um a
dois dias após a infecção, distribuindo-se em outros órgãos (COOK, 1990;
MURPHY, 1999). Fora o trato respiratório, os tecidos nos quais o VBI é capaz de
causar lesões são os do ovário, oviduto e dos rins (Di FABIO, 1993). Atualmente,
tem-se descrito um novo sorotipo de VBI causando lesões também no músculo
peitoral superficial e profundo, associado ou não a outro tipo de lesão (DHINAKAR
RAJ e JONES, 1996).
A transmissão do vírus entre aves doentes e aves sadias se por contato
direto ou indireto. O vírus pode ser transmitido durante qualquer estágio respiratório
da doença e tem sido reisolado de aves infectadas até quatro semanas após a
inoculação. Os portadores são capazes de transmitir o vírus até 43 dias após a
ocorrência da doença e em alguns casos até mesmo depois de dois meses
(HIPOLITO et al., 1979). As aves recuperadas da infecção permanecem susceptíveis
a uma outra infecção por outro sorotipo do VBI (Di FABIO, 1993).
O vírus é excretado a partir do trato respiratório via aerossol por um período
superior a quatro semanas pós-infecção, mas via fezes por um período
consideravelmente maior. O vírus pode também ser excretado via ovo e tem sido
encontrado em pintos recém-nascidos, mas este não é reconhecido como um meio
importante de transmissão do VBI (COOK, 1993).
Estudos realizados por El-Houadfi et al. (1986) com seis isolados de VBI
demonstraram que, ao serem inoculados em aves de três semanas SPF os sinais
clínicos respiratórios de tosse, espirros e conjuntivite tiveram durações diferentes
entre os isolados, e sem ocorrência de mortalidade. Observaram também, que a
permanência dos isolados nos tecidos foi diferente, sendo que o vírus na maioria foi
detectado na traquéia entre 9 e 13 dias, embora em um isolado tenha sido detectado
aos 28 dias. Apenas dois isolados, foram encontrados nos rins, e outros dois nas
fezes.
20
Os sinais clínicos são dependentes das idades afetadas e sorotipo do VBI.
Em aves jovens, os sinais respiratórios característicos são tosse, espirros, descarga
nasal e ruídos traqueais. Cabeça inchada também pode ser observada, e em alguns
casos, pode haver inchaço dos sinusóides. As aves apresentam-se apáticas,
procuram se aquecer, diminuem consumo de alimentos e ganho de peso
(CAVANAGH et al., 2003).
As infecções respiratórias podem ser complicadas pela presença de
Mycoplasma gallisepticum, M. sinoviae e Escherichia coli, resultando em pericardite,
aerossaculite, peri-hepatite e peritonite (PENA et al., 2005).
Estudos de sorotipificação com isolados de campo de VBI realizados por Gelb
et al. (1991) confirmam que a variação de sinais clínicos da doença está ligada ao
sorotipo e à idade das aves. Cinco isolados foram obtidos de plantéis não vacinados
de frangos de corte que apresentaram doença respiratória, alta mortalidade e
condenação ao abate. Um lote de matrizes que tinha sido vacinado com vacina viva
Mass foi o provável causador da disseminação do vírus nos frangos. Isolados de VBI
também foram obtidos de outro lote de frangos de corte com doença respiratória e
com E. coli associada causando aerossaculite. VBI também foi isolado de um lote de
matrizes com 26 semanas, vacinado, apresentando queda de postura de 15%. Todo
complexo da granja tinha histórico de problemas de produção e qualidade de ovos.
Em aves com idade acima de seis semanas e em aves adultas, os sinais
clínicos são similares, porém não ocorre descarga nasal com freqüência. A doença
pode passar despercebida se o plantel não for observado com cuidado, pois os
sinais são pouco intensos, e os ruídos são apenas observados à noite quando as
aves estão normalmente em silêncio (CAVANAGH et al., 2003).
DiFabio et al. (2000) examinaram vários isolados de VBI provenientes de
surtos de campo em frangos de corte com idade entre 30 a 40 dias, em que
puderam ser observados os seguintes sinais clínicos: lote 1, infecção respiratória +
diarréia; lote 2, sinais respiratórios + aumento de mortalidade; lote 3, sinais
respiratórios.
Em lotes de poedeiras comerciais e matrizes, são vistos declínios na
produção e qualidade de ovos em adição aos sinais respiratórios. Em muitos casos
são observadas alterações na coloração da casca dos ovos, queda de produção e
ausência de sinais respiratórios (CAVANAGH et al., 2003).
A queda de postura pode chegar a 25%, e a incubabilidade pode reduzir em
21
7%, devido ao aparecimento de ovos de casca mole, sem casca ou com casca
rugosa. A qualidade interna do ovo também é afetada, o albúmen apresenta-se
aquoso (HIPOLITO et al., 1979). A severidade da queda de produção vai variar com
a idade da matriz e com a virulência do VBI (CAVANAGH et al., 2003). Pode ainda
não haver alteração dos ovos e as quedas serem representadas por oscilações na
postura diária (Di FABIO, 1993).
Parsons et al. (1992) caracterizaram o VBI de dois lotes de matrizes de
postura com idades diferenciadas e que apresentaram aumento de mortalidade e
queda na produção de ovos.
Um dos lotes de matrizes com 29 semanas apresentou diminuição do
consumo de ração e aumento da mortalidade em 0,65% de um dia para o outro. Os
sinais clínicos observados foram letargia, depressão, inchaço ao redor dos olhos,
olhos fechados, agitação da cabeça, dificuldade respiratória e asas abertas. Entre 28
e 30 semanas a mortalidade aumentou para 1,5%. Foi observada queda na
produção de ovos de 8% e perda de coloração de casca.
Dois dias depois do início dos sinais clínicos do lote anterior, outro lote de
matrizes com 55 semanas, situado a um quilômetro de distância, também
apresentou sinais clínicos semelhantes. A mortalidade aumentou, houve queda de
produção de 51,9% para 29,5% por quatro semanas, depois mostrou alguma
melhora. Os dois lotes eram vacinados para BI.
Queda na produção de ovos associada com aumento na mortalidade também
foi observada por Di Fabio et al. (2000) em lotes de matrizes entre 25 e 30 semanas
em que foi isolado VBI.
Cook et al. (1986) avaliaram o efeito de três isolados de VBI em relação à
queda de produção de ovos e alteração de coloração de casca em matrizes de
postura comercial. Observaram que os isolados, quando inoculados em aves de
postura de ovos marrons, produziram pequena alteração na produção de ovos, mas
uma significativa alteração na coloração da casca, reportando a importância
econômica deste tipo de infecção.
Infecções em matrizes com um dia podem produzir danos irreversíveis ao
oviduto conduzindo a uma baixa produção e qualidade de ovos quando as aves
entrarem em produção, transformando-se em falsas poedeiras. Presença de
anticorpos maternos tem demonstrado proteger o oviduto de danos provocados pelo
VBI nos primeiros dias de vida (CAVANAGH et al., 2003).
22
A duração dos sinais clínicos varia de um galpão a outro e entre as aves do
mesmo galpão. Os sinais cessam entre 7 a 18 dias após o início da infecção. A
morbidade no plantel é alta (CAVANAGH et al., 2003), mas a mortalidade que pode
alcançar 25%, afeta as aves mais jovens, principalmente os pintos (HIPOLITO et
al., 1979).
2.3.1. Síndrome Nefrite-nefrose (SNN)
A infecção respiratória inicial pode ser seguida pela infecção de outros
tecidos, principalmente os do trato reprodutivo da fêmea e os dos rins. Em
decorrência, a irregular produção de ovos ou a nefrite podem ser a seqüela de uma
traqueíte inicial (COOK, 1990).
Alguns sorotipos, denominados sorotipos nefropatogênicos, determinam
lesões renais com vários graus de comprometimento. Esses sorotipos estão
relacionados na etiologia da nefrite-nefrose aviária (PENA et al., 2005).
Os sorotipos nefropatogênicos mais conhecidos são o Holte, Gray e a
Amostra T. Algumas cepas menos atenuadas do sorotipo Holland também causam
lesões no aparelho urinário como a H52. Cepas do sorotipo Massachussets também
podem lesionar o sistema urinário de maneira moderada a severa (Di FABIO, 1993;
ITO, 1999).
Estudos ultraestruturais de rins infectados pelo VBI nefropático revelam que
as lulas epiteliais do baixo néfron e ductos são os locais primários de replicação
do VBI (CAVANAGH et al., 2003).
VBI nefropáticos geralmente induzem depressão, penas arrepiadas, fezes
aquosas e aumento do consumo de água após o término da fase respiratória.
Empastamento de cloaca e/ou diurese é observado em alguns casos e, comumente,
aves assintomáticas apresentam somente lesões microscópicas no rim
caracterizadas por necrobiose tubular e hiperplasia linfóide. Cepas mais patogênicas
podem induzir a nefrite-nefrose (ITO, 1999).
Hipólito et al., em 1973, isolaram pela primeira vez no Brasil o sorotipo do VBI
causador da SNN, que havia sido identificado na Austrália e nos Estados Unidos.
Em complementação com aquele estudo, July et al. (1973), analisaram os aspectos
23
ultraestruturais da partícula viral e descreveram um método mais rápido e simples do
que o descrito por Hipólito et al. (1973), para o diagnóstico laboratorial da doença.
Em outra pesquisa envolvendo seis granjas em Minas Gerais e São Paulo,
com uma população total de mais de 300 mil frangos, Lamas et al. (1979) estudaram
os aspectos clínicos e anatomopatológicos da SNN em aves com idades entre 15 a
45 dias.
Os principais sinais clínicos observados foram aspecto úmido da cama,
mortalidade elevada, cianose de crista e barbela, e diarréia branco-leitosa. O
canibalismo também foi constatado no início da doença, principalmente nos lotes
com 15 e 23 dias de idade.
Macroscopicamente, as aves apresentavam as seguintes lesões: na traquéia
das aves com 23, 35 e 42 dias, observou-se discreta congestão e presença de um
líquido seromucoso; o rim apresentou aumento de volume, duas a três vezes o
tamanho normal, consistência friável e preenchido por um material branco-leitoso,
ureteres dilatados e repletos do mesmo material encontrado nos rins. Os demais
órgãos não apresentaram lesões.
Microscopicamente, a traquéia apresentou edema, congestão discreta e
infiltração de células mononucleares no epitélio e lâmina própria. Em alguns casos,
havia hiperplasia dos folículos linfóides isolados na submucosa. Os pulmões
apresentaram discreta bronquite catarral nos grandes brônquios e hiperplasia
folicular adjacente.
As lesões renais se caracterizaram por degeneração turva e necrose de
coagulação tubular, edema intersticial, acentuado acúmulo de uratos e cilindros
granulosos intratubulares. Além das lesões degenerativas, os autores observaram
uma nefrite intersticial aguda difusa com exsudato de células mononucleares
(linfócitos) tanto na cortical como na medular. Os glomérulos renais mostraram-se
invadidos por células inflamatórias dando um quadro de glomerulite aguda.
Amostras de soro coletadas durante a fase aguda da doença e submetidas à
prova de neutralização foram negativas. No segundo teste, realizado três semanas
após o início do surto nas granjas infectadas o resultado foi positivo para BI.
Butcher et al. (1990) isolaram de rins de frangos de corte uma cepa
Massachussets nefropatogênica designada H13-IBV. Em infecção experimental com
pintinhos SPF, os sinais clínicos observados foram distúrbios respiratórios,
depressão e diarréia.
24
Macroscopicamente, os rins apresentaram coloração pálida, aumento de
volume e deposição de uratos; engrossamento e edema de sacos aéreos; congestão
da traquéia e presença de exsudato seroso na mucosa.
Na microscopia, as lesões renais se caracterizavam por infiltrado
mononuclear intersticial, degeneração e necrose das células epiteliais; traquéia com
perda dos cílios, infiltrado inflamatório e metaplasia escamosa. As lesões renais
foram mais severas em pintinhos infectados até um dia de idade.
Sinais clínicos semelhantes em frangos de corte foram observados por Lin et
al. (1991) quando isolaram quatro VBI nefropatogênicos diferentes do sorotipo
vacinal utilizado. Na necropsia, constatou-se rins aumentados de volume com
túbulos proeminentes e ureteres distendidos caracterizando uma nefrite
tubulointersticial.
Em 2002, Landman et al. avaliando a proteção vacinal conferida por uma
cepa nefropatogênica, PA/Wolgemuth/98, na Pensilvânia, observaram as seguintes
lesões microscópicas renais provocadas pela cepa em questão: leve a severa
infiltração linfoplasmocitária nos cones medulares, edema, infiltrado heterofílico,
degeneração e necrose tubular.
2.4. Lesões
As lesões limitam-se à traquéia, pulmões e brônquios, mas está na
dependência da idade em que a ave foi afetada e o sorotipo do VBI.
2.4.1. Aves jovens – menos de seis semanas de idade
Sistema Respiratório
As lesões mais comumente encontradas são edema e exsudato catarral ou
mucoso na traquéia e brônquios, congestão pulmonar, inflamação catarral ou
fibrinosa nos sacos aéreos, pericardite e pleurite. Pintos muito novos apresentam
inflamação catarral das vias aéreas e dos seios causando descarga nasal e
lacrimejamento. A coagulação do exsudato forma tampões que podem vedar a luz
25
da laringe e produzir morte por asfixia. O quadro clínico da síndrome da cabeça
inchada, ou seja, conjuntivite, edema de barbela e sinusite muco-purulenta pode
estar associado ao VBI. Observa-se também, espessamento da mucosa e
submucosa da traquéia. (DiFABIO, 1993; HIPOLITO, 1979).
Em aves em crescimento a traqueíte é o achado mais constante, a mucosa
apresenta-se edemaciada, às vezes congesta e com a superfície coberta por um
exsudato que pode ser claro ou turvo (HIPOLITO, 1979).
Sistema Urinário
As amostras nefrotrópicas produzem de moderada a severa diarréia,
desidratação e graves lesões renais com nefrite, nefrose e urolitíase (GELB et al.,
1991; Di FABIO, 1993).
Especula-se se a urolitíase não seria uma interação de um vírus da BI
associado a altas dietas de lcio e baixas de fósforo. Falta de água também o
pode ser descartada (Di FABIO, 1993).
Cavanagh et al. (2003), citam autores que realizaram experimentos utilizando
altos níveis de cálcio na alimentação das aves seguido por infecção com a cepa
Gray desenvolvendo assim urolitíase e lesões renais. Em contrapartida, nas mesmas
condições, somente o aumento da taxa de cálcio na alimentação das aves durante
oito semanas não produziu urolitíase.
2.4.2. Aves de postura – matrizes e poedeiras comerciais
Sistema respiratório
Nas aves adultas as lesões são mais ou menos semelhantes às observadas
nas aves em crescimento. O edema é geralmente bem pronunciado e a mucosa
traqueal, não raro, se apresenta coberta por um exsudato mucoso (Di FABIO, 1993).
Muitas vezes não apresentam lesão macroscópica na traquéia, mas podem tornar-se
improdutivas apresentando atrofia ou hipotrofia do oviduto (BACK, 2002).
Em poedeiras comerciais, e menos freqüente em reprodutoras pesadas, pode
ocorrer sinusite e traqueíte complicadas, quando a infecção com o VBI estiver
associada com M. gallisepticum e M. synoviae (BACK, 2002).
26
Parsons et al. (1992) isolaram o VBI em dois lotes de matrizes de frangos de
corte apresentando queda de produção e mortalidade elevada. As aves
necropsiadas apresentaram carcaças pálidas, traqueíte e grande quantidade de
muco. Rins estavam pálidos e aumentados de volume e pulmões congestos.
Sistema urinário
As lesões vão de discretas, como um ligeiro aumento renal, a um quadro de
urolitíase que é uma condição de degeneração renal seguida de atrofia renal,
fibrose, presença de pedra nos rins formada nos ductos coletores e ureteres de aves
afetadas. Aves mortas geralmente apresentam um quadro de gota úrica visceral
(GELB et al., 199; Di FABIO, 1993).
Nefropatias crônicas ou mesmo problemas digestivos induzidos pelo VBI de
tropismo diferenciado, podem comprometer a qualidade da casca devido à alteração
no metabolismo do cálcio, fósforo e minerais essenciais (ITO, 1999).
Sistema reprodutor
Fase de viremia em que algumas cepas podem atingir e lesar o sistema
reprodutor causando atrofia de ovário, ooforite não purulenta, salpingite com queda
leve a severa na produção de ovos (Di FABIO, 1993).
De modo geral não são observadas lesões macroscópicas no oviduto, exceto
discreto encurtamento. No entanto, a severidade das lesões macro e microscópicas
podem variar conforme a patogenicidade da amostra, idade de infecção, tempo pós-
infecção, e associação com E. coli (ITO, 1999).
Material fluido da gema pode ser encontrado na cavidade abdominal das
fêmeas em produção infectadas pelo VBI (CAVANAGH et al., 2003).
Quando a infecção ocorre nas primeiras semanas de vida ou durante a
maturação do sistema reprodutor, observam-se aves com oviduto e ovário infantil,
tornando-se improdutivas ao longo da vida (BACK, 2002).
Sistema Digestivo
Amostras de VBI com enterotropismo podem estar associadas com
27
gastroenteropatias, diarréias, diurese e injúria epitelial na bolsa de Fabrícius (Di
FABIO, 1993; ITO, 1999).
Em 1996, na China, foi descrito um sorotipo de VBI causando lesões no
proventrículo em frangos de corte. A doença era caracterizada por um inchaço no
proventrículo, hemorragia e ulceração do órgão (CAVANAGH et al., 2003).
No mesmo país, foram descritos casos em que as aves apresentavam sinais
de depressão, olhos inchados, lacrimejamento, diarréia e sinais respiratórios. A
morbidade foi de 100% e a mortalidade 20%. Lesões macroscópicas demonstraram
que a lesão primária foi o aumento de tamanho/inchaço do estômago glandular
(CAVANAGH et al., 2003).
2.4.3. Lesões Microscópicas
Microscopicamente observa-se hiperplasia e metaplasia epitelial na traquéia e
nos brônquios, edema e infiltração de heterófilos, monócitos e linfócitos na lâmina
própria (BACK, 2002).
Infiltração linfocitária também pode ser vista no oviduto, associada com
metaplasia do epitélio, dilatação glandular e proliferação dos folículos linfóides. O
epitélio do oviduto das fêmeas adultas apresenta-se edemaciado e com infiltração
de células inflamatórias (BACK, 2002).
As lesões renais são características de nefrite intersticial. O vírus causa uma
degeneração hidrópica, vacuolização e descamação do epitélio tubular, infiltração
severa de heterófilos no interstício nos estágios agudos da doença. As lesões nos
túbulos são mais proeminentes na medular. Áreas focais de necrose podem ser
vistas como indicadores de regeneração do epitélio tubular (CAVANAGH et al.,
2003).
Em muitos casos, as alterações degenerativas podem persistir e provocar
uma severa atrofia de uma ou todas as divisões dos néfrons. Na urolitíase, os
ureteres associados com a atrofia renal ficam distendidos por acúmulos de uratos
formando lculos (CAVANAGH et al., 2003). Observa-se também necrose do
epitélio tubular e acúmulo de material necrótico no lúmen (BACK, 2002).
Algumas lesões de BI foram descritas por El-Houadfi et al. (1986) em um
28
estudo que caracterizou seis isolados do vírus no Marrocos. Os pintinhos de um dia
inoculados com as estirpes dos VBI apresentaram lesões respiratórias típicas, como
traquéia congesta e com acúmulo de muco, opacidade dos sacos aéreos, congestão
dos sinusóides e com conteúdo mucoso, aumento de volume renal também foi
observado em alguns casos.
As alterações microscópicas na traquéia caracterizaram-se por perda de cílios
e de glândulas mucosas, adelgaçamento do epitélio, infiltrado de células
mononucleares e edema.
2.5. Miopatia Peitoral
A BI continua sendo a causa de sérios problemas econômicos na indústria
avícola devido à constante recombinação do vírus, conseqüente surgimento de
novos sorotipos, sua vasta disseminação e o tropismo pelos diferentes tecidos
(DHINAKAR e JONES, 1996).
Em 1991, foi identificada uma variante do VBI na Grã-Bretanha, em machos
de reprodução vacinados, associada com alta mortalidade das aves e miopatia
bilateral do músculo peitoral superficial e peitoral profundo, lesão até então nunca
descrita relacionada com infecção pelo VBI. A nova variante foi denominada de
793/B ou 4/91
(GOUGH et al., 1992).
Não foi possível distinguir a lesão de miopatia
observada daquela, sem etiologia específica, descrita por Wight e Siller em 1980.
A vacina contra BI usada comumente H120, sorotipo Mass, oferece pouca
proteção contra esta nova variante (Parsons et al., 1992; COOK et al., 1996).
Quatro anos depois da primeira identificação, Cook et al. (1996) analisaram
várias amostras de soros de lotes de aves comerciais de diferentes países com
suspeita de infecção pelo IBV 4/91. Os soros eram originados de lotes de matrizes
de frangos de corte e poedeiras comerciais, com histórico de infecção respiratória
nas aves adultas e quedas de produção e qualidade de ovos, algumas vezes
acompanhadas de mortalidade. A análise dos soros confirma a presença do IBV
4/91 não na Europa, mas também na Grécia, México, Espanha, Tailândia, Nova
Zelândia, França e Alemanha.
Com o objetivo de conhecer mais sobre o VBI causador desta forma atípica
29
da doença, Dhinakar Raj e Jones (1996) estudaram a imunopatogênese do isolado
793/B ou 4/91 causador de miopatia peitoral. Foram realizadas inoculações
experimentais em pintinhos SPF e em frangos de corte com seis semanas, sendo as
aves sacrificadas em idades determinadas. Para análise histopatológica, foram
coletadas traquéia, glândula de Harder, músculo peitoral e rins dos frangos de corte,
e dos pintinhos SPF, apenas músculo peitoral.
Nos pintinhos SPF não foram observados sinais respiratórios evidentes e nem
mortalidade durante os 21 dias. A traquéia nos dias três e cinco pós-inoculação (p.i.)
apresentou-se congesta, com acúmulo de muco e pulmões também congestos.
Tecidos respiratórios demonstraram-se normais a partir do dia sete (p.i.). Rim
aumentado e pálido no vigésimo primeiro dia (p.i.), mas não foi observado acúmulo
de uratos. Três aves do grupo apresentaram músculo peitoral pálido em três dias
(p.i). O exame histopatológico do músculo não revelou alterações significativas,
exceto um edema separando as fibras musculares.
Os frangos de corte com seis semanas apresentaram sinais respiratórios
leves com tosse e espirros até três dias (p.i.) e diarréia esverdeada. Na necropsia,
traquéia com bastante muco no terceiro dia (p.i.). O músculo peitoral se apresentou
pálido e edematoso em vinte e um dias (p.i.). Análise histopatológica demonstrou
lesões na traquéia, características de infecção por VBI, mas músculo e rins não
apresentaram lesões.
Com relação ao isolamento viral, este foi mais alto no esôfago seguido de
traquéia, rim, pulmão, reto, bursa, tonsilas cecais, proventrículo, íleo e duodeno. Não
foi isolado vírus do jejuno nem do músculo peitoral em nenhuma ocasião.
Os autores puderam concluir que o isolado 793/B se distribui nos tecidos
respiratórios, digestivo e urinário, entretanto o tropismo e a persistência diferem pela
idade da ave. As particularidades do 793/B são as lesões musculares, rápida
eliminação do vírus do trato respiratório em frangos de seis semanas e a replicação
do rus no intestino. A patogênese do dano muscular não foi esclarecida, acredita-
se que possa ser resultado de deposição de imunocomplexos nas paredes dos
capilares (DHINAKAR RAJ e JONES, 1996).
Estudos da seqüência aminoacídica da proteína S
1
têm demonstrado que os
membros do subgrupo 4/91 do VBI diferem de outros isolados europeus e
americanos entre 21% a 48% (DHINAKAR RAJ e JONES, 1996).
No Brasil, essa forma atípica da doença ainda não havia sido descrita. A partir
30
do ano de 2003, surgiram os primeiros casos de VBI causando lesões de miopatia
peitoral.
Brentano et al. (2005) investigaram três lotes de matrizes pesadas com
suspeita de BI atípica buscando realizar o isolamento do vírus para diagnóstico e a
reprodução experimental. Os lotes apresentaram sinais clínicos de apatia,
dificuldade respiratória, aumento de mortalidade, queda de produção e aparecimento
de ovos com casca fina. Na necropsia, foram observadas necrose e/ou edema na
musculatura do peito e casos de hipertrofia renal com retenção de uratos. Através do
isolamento viral e PCR, foi confirmada a presença da BI atípica nos três lotes de
matrizes suspeitos. Os autores confirmaram o diagnóstico de BI também por
reprodução da doença respiratória e renal in vivo, mas não foi possível reproduzir as
lesões de miopatia em aves leves SPF.
Esses surtos observados no Brasil assemelham-se aos descritos inicialmente
na Europa, cujo novo sorotipo identificado foi o 793/B ou 4/91. Brentano et al. (2006)
realizaram o seqüenciamento do gene S
1
dos VBI isolados dos três lotes de matrizes
com BI atípica. Nenhuma das três amostras analisadas se agrupa com a 4/91
descrita como novo sorotipo de VBI associado com lesões de miopatia peitoral. Os
autores concluem que, através dos resultados da filogenia, não necessariamente
uma relação entre o sorotipo variante e as novas lesões de miopatia observadas.
Devido ao aparecimento de outras formas clínicas de BI, e sendo o sorotipo
Massachusetts o único liberado para vacinação no Brasil, Trevisol et al. (2006)
realizaram testes para avaliar a capacidade da amostra vacinal viva H120 proteger
as aves desafiadas com uma amostra de BI isolada de caso clínico de miopatia.
Avaliaram-se sinais clínicos, lesões macroscópicas, e fez-se tentativas de
recuperação viral e análise de ciliostase para determinação dos índices de proteção.
Não houve reprodução das lesões de miopatia e os únicos sinais visíveis foram de
estertores pulmonares e presença de muco nas traquéias.
Através do teste vacinal, houve redução dos sinais clínicos, mas não
completa redução da ciliostase e a alta taxa de recuperação viral demonstra que a
amostra atípica de VBI analisada é uma variante contra a qual não completa
proteção cruzada pelo sorotipo Massachusetts.
Gomes (2004) na tentativa de correlacionar a lesão de miopatia peitoral com
um vírus variante de BI, realizou um estudo em sete granjas de frangos de corte que
apresentaram altas taxas de mortalidade a partir dos 25 dias de idade. Os sinais
31
clínicos observados foram diarréia aquosa e, na fase final, estertores traqueais e
espirros. As alterações macroscópicas observadas foram músculo peitoral superficial
com manchas pálidas difusas de forma uni ou bilateral e o músculo peitoral profundo
com intensa palidez, edema gelatinoso e discreta hemorragia na scia muscular.
Não foram encontradas alterações significativas na histopatologia, apenas um
grande espaço entre as fibras musculares. Através de isolamento viral e PCR o autor
isolou da traquéia, rins e tonsilas cecais uma amostra considerada variante de VBI.
Não foi possível isolar o vírus do músculo peitoral.
Lesões de miopatia peitoral em lotes de matrizes também foram observadas
por Wight e Siller (1980), porém a única enfermidade associada ao aparecimento da
lesão foi a pododermatite. Os autores classificaram as lesões peitorais
macroscopicamente em três categorias: edema agudo progredindo a uma necrose
esverdeada, presença de uma cicatriz localizada centralmente e pela presença de
tecido fibroadiposo. Microscopicamente a lesão de coloração esverdeada consistia
de necrose com fibras musculares anucleadas circundadas por uma psula fibrosa
com uma borda interna reativa, sem infiltrado inflamatório. Os achados indicam se
tratar de uma necrose isquêmica, lesão não relacionada à infecção pelo VBI.
2.6. Diagnóstico
O histórico e os sinais clínicos orientam o diagnóstico presuntivo, mas isso
é possível nos estágios finais da doença, quando outros fatores como duração da
doença e índice de mortalidade o conhecidos. Nos estágios iniciais a BI pode ser
facilmente confundida com outras doenças respiratórias, como a doença de
Newcastle, laringotraqueíte infecciosa, coriza e a doença crônica respiratória
(HIPOLITO et al., 1979).
Independente dos sistemas afetados, os sinais clínicos desencadeados e as
lesões macro e microscópicas não são patognomônicas de uma infecção pelo VBI,
sendo necessárias outras providências posteriores aos exames clínico e
anatomopatológico para confirmação da infecção (RESENDE, 2003).
Para o sucesso da detecção do VBI em surtos de campo, é necessário o
conhecimento da patogênese do vírus nas aves para minimizar a ocorrência de erros
32
de diagnóstico. A detecção do vírus é influenciada por numerosos fatores, dentre
eles, cita-se o tempo do início da infecção e a amostragem; nível de imunidade da
ave no momento da infecção; número de aves amostradas; escolha e qualidade dos
órgãos coletados para análise; genética da ave; e possibilidade de imunossupressão
(WIT, 2000).
O diagnóstico de BI deveria incluir o sorotipo do vírus causal devido à grande
variação antigênica das cepas de VBI. Técnicas para detecção do VBI ou anticorpos
induzidos pelo vírus são descritas e comparadas por Wit (2000).
Seguem, nos itens abaixo, algumas considerações sobre o diagnóstico de BI.
2.6.1. Isolamento do vírus
Fragmentos de traquéia, pulmão e rins constituem o material de eleição para
o isolamento do vírus (HIPOLITO et al., 1979).
Todos os VBI podem ser isolados do trato respiratório, onde a maior
concentração de vírus está na traquéia entre os primeiros três a cinco dias após a
infecção. Após este período, a concentração do vírus cai rapidamente. Rins, tonsilas
cecais e swab cloacal são órgãos de eleição no caso de infecção crônica ou em
lotes vacinados onde é esperada uma pequena quantidade de vírus no trato
respiratório (WIT, 2000).
Amostras para isolamento viral são comumente inoculadas em ovos
embrionados. O material coletado, geralmente um pool de órgãos, é triturado e
tratado conforme rotina laboratorial (HIPOLITO et al., 1979). Recomenda-se
inoculação em embriões de 9 a 12 dias de idade pela cavidade alantóide. Após sete
dias, verifica-se a mortalidade, nanismo e enrolamento do embrião e depósito de
uratos nos mesonéfrons.
A inoculação de pintos suscetíveis com líquido alantóide colhido da primeira
passagem, pode abreviar o diagnóstico, que a mortalidade e o encontro de lesões
podem ocorrer nesta fase. Nos casos positivos, os sinais respiratórios como ruídos
traqueais, aparecem de 18 a 36 horas após a inoculação. Juntando-se essa a outras
informações, o diagnóstico pode ser feito em três a quatro dias.
Em aves vacinadas, é necessário combinar dados de isolamento viral, análise
de patogenicidade e aumento de título de anticorpos circulantes após a ocorrência
33
do quadro clínico (BACK, 2002).
O isolamento também pode ser feito em cultura de células primárias de rim de
embrião ou de pinto recém-nascido e no epitélio de anel de traquéia. Quando ocorre
o crescimento do VBI, observa-se efeito citopático nas culturas de células renais,
caracterizado pelo aparecimento de células birrefringentes arredondadas. Anéis de
traquéia infectados com o VBI apresentam ciliostase ou perda dos movimentos dos
cílios e degeneração com descamação das células epiteliais (BACK, 2002).
2.6.2. Diagnóstico sorológico
Os métodos sorológicos são altamente recomendáveis para identificação da
BI pela sua especificidade e pela reprodutibilidade dos resultados. Baseia-se na
demonstração de um título ascendente de anticorpos no soro das aves afetadas,
colhida a primeira amostra, na fase inicial da doença, e a segunda, duas a três
semanas após. O título baixo na primeira amostra e o aumento do mesmo na
segunda amostragem é a prova da existência da infecção por VBI (HIPOLITO et al.,
1979).
A sorologia de rotina para o VBI é usualmente feita com vírus-neutralização,
Inibição da hemaglutinação ou ELISA, individualmente ou associados.
- Vírus-neutralização (VN): é o processo preferido para identificar
sorologicamente o VBI, usando-se a amostra Beaudette. Se o anti-soro neutraliza o
vírus, o diagnóstico esfeito, mas os resultados negativos podem ser atribuídos a
um vírus da bronquite de grupo sorológico distinto ou a um vírus diferente.
- Inibição da hemaglutinação (IH): prova sorológica qualitativa que pode ser
empregada tanto para a identificação sorológica como no sorodiagnóstico do vírus.
A identificação sorológica faz-se mediante a inibição da hemaglutinação de uma
amostra viral por um soro padrão. O sorodiagnóstico é a detecção no soro do animal
de anticorpos que inibem a hemaglutinação por um vírus específico. O vírus da BI
não é naturalmente hemaglutinante, necessitando de tratamento prévio com a
enzima fosfolipase tipo C para exposição das hemaglutininas, o que torna essa
prova muito trabalhosa e de difícil padronização (Di FABIO e ROSSINI, 2000).
- ELISA: o teste de ELISA é amplamente utilizado na sorologia. A resposta de
anticorpos pode ser detectada mais precocemente pelo ELISA do que pelo teste de
34
VN (RESENDE, 2003). No entanto, uma grande quantidade de vírus é necessária
para que seja detectado antígeno pelo teste de ELISA, uma vez que a sensibilidade
para detecção de VBI diretamente em órgãos é baixa. Esta técnica é muito usada
quando há uma grande quantidade de amostras a serem analisadas (WIT, 2000).
Também podem ser usadas para pesquisa de anticorpos de bronquite, os
testes de precipitação em ágar-gel (AGP), Imunofluorescência , Imunoperoxidase,
imunoistoquímica e para detecção do genoma do VBI, PCR e RT-PCR que são
muito utilizados atualmente (WIT, 2000).
2.6.3. Diagnóstico diferencial
Existem outros agentes infecciosos que podem ocasionar os mesmos quadros
clínicos observados na BI, tais como a Doença de Newcastle (DN), Laringotraqueíte
(LT), Coriza infecciosa (CI) e Síndrome da Queda de Postura (EDS).
Segundo Di Fabio e Rossini (2000), existem sinais característicos que permitem
diferenciá-las da BI. Na DN, tem-se um quadro mais severo, com mortalidade
elevada e por vezes, sinais nervosos. Na LT, a disseminação é mais lenta.na CI,
observa-se edema facial com descarga nasal serosa que, raramente, ocorre na BI.
Quadros reprodutivos tais como, queda na postura e alteração na qualidade dos
ovos, podem ser vistos na EDS. A diferença entre elas reside no fato de que na
EDS não há alteração da qualidade da albumina, o que ocorre na BI.
Ainda que considerar as interferências ambientais que podem ocasionar
quadros respiratórios. Nos distúrbios reprodutivos, além de causas infecciosas,
existem as causas nutricionais e as ambientais.
2.7. Controle e Vacinação
No Brasil, o único sorotipo liberado para vacinação é o Mass. A decisão de se
optar por VBI vacinais deste sorotipo baseou-se no fato de que conferiam uma
imunogenicidade mais ampla, inclusive sobre VBI pertencentes a outros sorotipos
(RESENDE, 2003).
35
Atualmente, não existe amostra ou combinação de amostras vacinais de
diferentes sorotipos que produzam proteção cruzada completa contra variantes
emergentes (Di FABIO, 2004).
São utilizadas basicamente as cepas H120 e H52 vivas ou inativadas. O
esquema básico seria uma vacina nas primeiras semanas H120 ocular e após uma
vacina H52 viva por spray ou ocular, ou ainda, uma vacina inativada geralmente
associada a Newcastle e/ou EDS ou Coriza Infecciosa. Durante a produção se
utilizam uma ou duas vacinações com cepas H120 ou H52 vivas (Di FABIO, 1993).
36
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais analisados foram provenientes de surtos de campo
acompanhados entre 2005 e 2006 nas regiões Oeste e Sul de Santa Catarina, nos
quais as aves apresentavam sinais clínicos compatíveis com Bronquite Infecciosa,
tanto em frangos de corte como em matrizes. Alguns casos acompanhados não
apresentaram sinais clínicos característicos de BI, porém exames complementares
confirmaram o diagnóstico.
Da maioria dos surtos, foram coletados sangue para exame sorológico
(CARDOSO et al., 1996) e, de todos os surtos, órgãos para análise histopatológica
no Laboratório de Patologia da Universidade do Estado de Santa Catarina -
UDESC/CAV.
3.1 Materiais coletados
Em todos os casos acompanhados, as aves foram sacrificadas por
deslocamento cervical, necropsiadas e coletados músculo peitoral superficial e
profundo, traquéia, pulmão, rins, coração, proventrículo, moela, intestino delgado e
grosso.
As amostras coletadas foram mantidas em formol neutro, 10%, para fixação.
Após, os tecidos foram incluídos em parafina, cortados em micrótomo na espessura
de quatro a cinco micras (µm), corados com hematoxilina e eosina (H&E) conforme
as cnicas de rotina, e analisados em microscópio óptico (MO). Alguns cortes de
músculo peitoral foram submetidos à coloração especial de Tricômico de Masson
(PROPHET et al., 1992) para observação de tecido fibroso.
Os cortes de músculo peitoral foram fixados sobre superfície de papelão e
presos nas duas extremidades através de alfinetes para evitar artefatos de contração
muscular.
37
Em todos os lotes foi realizado exame sorológico através de coleta de sangue
por venopunção.
3.2. Descrição dos surtos
Foram incluídos neste estudo lotes de frangos de corte que apresentaram
sinais clínicos e mortalidade na faixa etária compatível com casos de BI ocorrida em
lotes anteriores no mesmo local.
No caso ocorrido em matrizes, foram selecionados lotes que possuíam sinais
clínicos compatíveis com BI.
Nos surtos acompanhados foram realizadas necropsias de algumas aves,
observadas lesões macroscópicas e coletados órgãos para exame histopatológico,
conforme descrito no item 3.1.
Todos os lotes de matrizes foram vacinados contra BI na recria e produção
com a cepa H120 ou MA5, sorotipo Massachussets.
3.2.1. Surto nº 01
Duas granjas de frangos de corte, com idade de 45 dias, localizadas em
Orleans, Santa Catarina, com sistema automatizado e capacidade para 27.000 aves.
As aves foram vacinadas com cepa H120 no e 1dias. Sinais clínicos
iniciaram a partir de 21 dias de vida do lote, período em que foi realizada a coleta de
sangue para exame sorológico. A histopatologia foi realizada aos 45 dias de vida.
Deste lote, foram separadas oito aves para observação da evolução da
doença e da lesão muscular.
Assim, com um intervalo de 15 a 20 dias, uma das aves era sacrificada,
realizada a necropsia, coletava-se o material respectivo e comparava-se, através da
microscopia, a evolução das lesões do músculo peitoral.
38
3.2.2. Surto nº 02
Cinco granjas de frangos de corte, com idade de 30 dias, localizadas na
Região do Vale do Rio do Peixe.
Aves vacinadas contra a doença de Gumboro no campo com 14 ou 18 dias
dependendo da região. Matrizes vacinadas contra BI com a cepa H120 ou MA5 nas
semanas 33, 43 e 53.
3.2.3. Surto nº 03
Granja de matriz de frango de corte, localizada no Vale do Rio do Peixe,
formada por seis cleos de múltiplas idades com capacidade para 40.000 aves.
Sinais clínicos ocorreram em dois núcleos com intervalo de uma semana entre eles.
Lote A
Matrizes com 36 semanas apresentando aumento da mortalidade quatro dias
após acasalamento de machos provenientes de outro lote.
Lote B
Matrizes com 28 semanas apresentando aumento de mortalidade e queda de
produção.
3.2.4. Surto nº 04
Monitoria de Bronquite Infecciosa realizada em granjas de frangos de corte,
devido à suspeita de infecção pela observação de sinais clínicos compatíveis com a
doença.
Lote A
Lote de frangos de corte com idade de 31dias.
Lote B
Frangos de corte com 32 dias.
39
4. RESULTADOS
Todos os casos acompanhados são referentes a surtos de campo ocorridos
no período de 2005 e 2006 em matrizes e frangos de corte, nas regiões Oeste e Sul
de Santa Catarina.
4.1. Surto nº 01
Analisaram-se dois lotes de 27.000 frangos de corte, com idade de 45 dias,
apresentando aumento de mortalidade (4,7%), desuniformidade, atraso no
desenvolvimento, ronquidão e apatia. Essas alterações foram observadas a partir de
21 dias de vida do lote.
Foram necropsiadas 20 aves de cada lote. As lesões macroscópicas
observadas foram semelhantes nos dois lotes e se caracterizaram por aumento de
volume renal em quase todas as aves (Figura 01). Algumas apresentaram rins
aumentados e de coloração pálida e músculo peitoral profundo com estrias de
coloração esbranquiçada distribuídas por toda a sua extensão (Figura 02).
Na microscopia, o músculo peitoral apresentou degeneração hialina de fibras,
algumas com vacuolização e outras fibras individuais mostrando intensa miofagia.
No corte longitudinal, observou-se hipercontração de fibras com perda das
estriações transversais e edema intersticial. O rim apresentou glomérulos com
hipercelularidade de leve a moderada, degeneração tubular leve e infiltrado
eosinofílico moderado intersticial. O fígado apresentou necrose individual de
hepatócitos, infiltrado mononuclear focal e infiltrado moderado de eosinófilos no
espaço porta. Intestino com infiltrado linfoplasmocitário difuso moderado.
Outro lote apresentou as mesmas lesões de rins e músculo descritas acima,
mas também foram observadas lesões microscópicas na traquéia, que se
caracterizaram por infiltrado mononuclear difuso severo. Não foram observadas
lesões de fígado e intestino neste lote.
40
FIGURA 01 – Frango de corte 45 dias. Lesão renal. Rins aumentados de volume e pálidos. Surto nº1.
FIGURA 02 – Frango de corte 45 dias. Músculo peitoral profundo com áreas e estrias pálidas. Surto
1.
41
Através do exame sorológico das aves realizado aos 21 dias de vida, foi
constatada a presença de infecção pelo Vírus da Bronquite Infecciosa, sendo
confirmada pelas lesões no exame histopatológico.
Deste mesmo lote, foram separadas oito aves e necropsiadas em seqüência
com intervalos de 10 a 15 dias cada uma, para observação da evolução das lesões.
A descrição das lesões macro e microscópicas observadas em cada ave seguem
relatadas nos itens abaixo.
4.1.1. Aves com 56 dias
Macroscopicamente, o sculo peitoral profundo apresentou algumas
pequenas áreas de coloração mais esbranquiçada, e o rim apresentou-se
aumentado de volume.
Na microscopia, o músculo apresentou degeneração hialina de fibras com
vacuolização de algumas e edema intersticial (Figura 03); rim com leve
hipercelularidade do glomérulo, leve degeneração tubular e calcificação isolada de
túbulos.
FIGURA 03 - Ave com 56 dias. Corte transversal de músculo peitoral profundo. Degeneração hialina
de fibras, vacuolização e edema intersticial. H&E. MO. Obj. 40x. Surto nº 1.
42
4.1.2. Ave com 72 dias
Na macroscopia, o músculo peitoral profundo também apresentou algumas
pequenas áreas de coloração mais esbranquiçada e rins aumentados de volume e
de aspecto pálido.
Microscopicamente, a traquéia apresentou leve infiltrado linfocitário na
mucosa; músculo peitoral com degeneração individual de fibras e miofagia de
algumas fibras; rim com leve hipercelularidade glomerular, degeneração tubular
moderada e infiltrado multifocal linfocitário intersticial.
4.1.3. Ave com 98 dias
Macroscopicamente, o músculo peitoral profundo apresentou uma extensa
área longitudinal de coloração esbranquiçada e algumas estrias no sentido paralelo
de coloração esbranquiçada. Foram observadas também, pequenas áreas de
coloração avermelhada sobre a musculatura peitoral profunda (Figura 04).
Microscopicamente, o músculo apresentou intensa degeneração hialina com
vacuolização, edema intersticial acentuado e algumas fibras apresentaram leve
mineralização central. No corte longitudinal, foi observada intensa hipercontração de
fibras, vacuolização e intensa formação de gotas hialinas (Figura 05). Foi observada
igualmente, miofagia individual de fibras.
O rim apresentou hipercelularidade de leve a moderada, degeneração tubular
leve e infiltrado linfocitário intersticial leve difuso.
43
FIGURA 04 – Ave com 98 dias. Músculo peitoral profundo difusamente esbranquiçado. Surto nº 1.
FIGURA 05 - Ave com 98 dias. Corte longitudinal de músculo peitoral profundo.
Hipercontração de fibras, vacuolização e degeneração em gotas hialinas. Surto nº 1.
H&E. MO. Obj 40x.
44
4.1.4. Ave com 115 dias
Macroscopicamente, o músculo peitoral profundo esquerdo apresentou uma
extensa área pálida, que após o rebatimento da fáscia, apresentou consistência
diminuída na superfície. Observou-se também uma pequena área de coloração
vermelho-escura sobre a área pálida (Figura 06). Não foram observadas alterações
renais significativas.
FIGURA 06 - Ave com 115 dias. Músculo peitoral profundo com extensa área branco-amarelada
de consistência diminuída. Surto nº 1.
Microscopicamente, o músculo apresentou degeneração hialina de fibras
difusa moderada, vacuolização, focos com intensa miofagia, infiltrado focal
eosinofílico, edema intersticial, áreas com fibrose, hemorragia multifocal e
proliferação vascular moderada (Figura 07).
No rim, foi observada hipercelularidade de leve a moderada, infiltrado
linfocitário multifocal intersticial e degeneração tubular leve. O pulmão apresentou
hiperplasia linfóide peribronquial.
Para melhor observação das áreas de fibrose, foi realizada coloração de
Tricômico de Masson (Figura 08). Assim, foram evidenciadas áreas com intensa
fibrose e leve infiltração de tecido fibroso entre as fibras musculares envolvendo-as
individualmente.
45
FIGURA 07 – Frango de corte com 115 dias. Músculo peitoral profundo com extensa área
de necrose, intensa miofagia e fibrose. Surto nº1. H&E. MO. Obj. 40x.
FIGURA 08 – Frango de corte com 115 dias. Músculo peitoral profundo com intensa fibrose.
Tricômico de Masson. Surto nº1 MO. Obj. 40x.
46
4.2. Surto nº 02
Analisaram-se cinco lotes de frangos de corte, com idade de 30 dias,
apresentando condenação bastante elevada no abatedouro devido à colibacilose.
A mortalidade durante a vida do lote não superou a meta esperada para a
idade, porém a causa da morte da maioria dos frangos era a colibacilose.
Na necropsia, as aves apresentaram músculo peitoral profundo com estrias
esbranquiçadas distribuídas por toda extensão, rins aumentados de volume, bursa
aumentada de volume e algumas com aspecto gelatinoso, sendo que algumas aves
apresentaram granuloma, devido à colibacilose.
Microscopicamente, o músculo peitoral apresentou degeneração hialina de
fibras, algumas com intensa miofagia (Figura 8) e outras com vacuolização e edema
intersticial leve. O rim apresentou hipercelularidade de leve a moderada,
degeneração tubular moderada e infiltrado linfocitário multifocal. A traquéia
apresentou infiltrado linfocitário difuso moderado na mucosa. Dois lotes
apresentaram cortes de pulmão com hiperplasia linfóide peribronquial e infiltrado
linfocitário intersticial moderado.
A sorologia e o PCR (BOOM et al., 1990) de rim, traquéia e pulmão realizados
no período foram positivos para BI. Não se vacinavam os frangos de corte contra BI
no período dos surtos, apenas as matrizes.
FIGURA 09 - Frango de corte com 30 dias. Corte longitudinal de músculo peitoral
profundo demonstrando intensa miofagia de fibra. Surto nº 2. MO. Obj. 40x.
47
4.3. Surto nº 03
4.3.1. Lote A
Analisado lote de 35.000 matrizes de frangos de corte, com 36 semanas de
idade, apresentando aumento de mortalidade quatro dias após a introdução de
machos para reposição, queda de produção (4,4%), aves paradas, algumas com
bico aberto, demora no consumo de ração de até cinco horas, sendo que a ingestão
normal seria realizada em duas horas.
Foram necropsiadas oito aves. As fêmeas apresentaram alterações de
formato de ovário, duas apresentaram formato pendular e outras duas ovário
marcado como um cinto. Apenas uma apresentou músculo peitoral profundo de
aspecto pálido. Um macho apresentou músculo peitoral com edema bastante
acentuado, laringe com petéquias, tonsilas cecais avermelhadas e aumentadas de
tamanho.
Microscopicamente, a traquéia apresentou infiltrado linfocitário difuso
moderado na mucosa (Figura 10); pulmão com degeneração hialina dos vasos com
endotélio reativo, hiperplasia linfóide peribronquial moderada, presença de exsudato
catarral na luz de brônquio e calcificação focalmente extensa dos capilares aéreos;
rim com hipercelularidade de moderada a acentuada e difusa, infiltrado linfocitário
multifocal e degeneração tubular moderada; o fígado apresentou infiltrado
heterofílico moderado no espaço porta.
48
FIGURA 10 – Matriz com 36 semanas. Corte de traquéia demonstrando infiltrado linfocitário difuso
moderado na mucosa. Surto nº 3. Lote A. H&E. MO obj. 100x.
4.3.2. Lote B
Outro lote, na mesma granja, com idade de 28 semanas, apresentou aumento
de mortalidade, queda de produção (2.5%), aumento de refugagem de machos e
demora no consumo de ração uma semana depois de observados os sinais clínicos
no Lote A.
Não foram observadas lesões macroscópicas significativas exceto um macho
com músculo peitoral profundo de coloração pálida.
Na microscopia, o sculo peitoral apresentou degeneração hialina difusa e
leve edema intersticial; a traquéia apresentou infiltrado linfocitário difuso moderado
na mucosa e infiltrado eosinofílico leve; rim com hipercelularidade de moderada a
acentuada e difusa, infiltrado monuclear multifocal, degeneração tubular moderada
(Figura 11 e 12) e alguns focos de necrose tubular.
49
FIGURA 11 – Matriz com 28 semanas. A) Rim com glomérulos de tamanhos normais. B)
Hipercelularidade de glomérulos. Surto nº 3. Lote B. H&E. MO. Obj. 40x.
FIGURA 12 – Matriz com 28 semanas. Rim com infiltrado mononuclear intersticial. Surto nº 3. Lote B.
H&E. MO. Obj. 40x.
A
A
B
B A
50
4.4. Surto nº 04
Os casos descritos a seguir, referem-se a coletas de rotina em frangos de
corte com 31 dias, devido ao aparecimento constante de lotes de baixo desempenho
final e ronquidão.
Foram realizadas coletas de sangue para sorologia, órgãos para PCR e para
exame histopatológico com suspeita de infecção pelo VBI.
Um dos lotes monitorados apresentou PCR positivo para VBI, porém se
tratava de vírus vacinal.
4.4.1. Lote A
Estudou-se lote de frangos de corte com 31 dias. Macroscopicamente,
foram observadas estrias esbranquiçadas no sculo peitoral profundo e rins
levemente aumentados de volume.
Na microscopia, o músculo peitoral apresentou degeneração hialina de fibras,
miofagia e vacuolização de fibras, além de edema intersticial. A traquéia apresentou
infiltrado linfocitário leve na mucosa; rim com hipercelularidade glomerular
moderada, degeneração tubular leve e infiltrado multifocal linfocitário.
4.4.2. Lote B
Analisaram-se frangos de corte com 32 dias. Na necropsia foram observadas
as mesmas lesões do Lote A.
Microscopicamente, o músculo peitoral profundo apresentou degeneração
hialina, vacuolização de fibras, edema intersticial, extensa área de necrose difusa
acentuada com intensa miofagia e leve infiltrado linfocitário e heterofílico (Figura 13
e 14).
51
FIGURA 13 – Frango de corte com 32 dias. Músculo peitoral profundo apresentando miofagia intensa,
vacuolização de fibras, degeneração hialina e edema intersticial. Surto nº 4. Lote D.
H&E. MO obj. 40x.
FIGURA 14 – Frango de corte com 32 dias. Músculo peitoral profundo apresentando miofagia intensa,
vacuolização de fibras, degeneração hialina e edema intersticial. Surto nº 4. Lote D.
H&E. MO obj. 40x.
52
5. DISCUSSÃO
O diagnóstico de miopatia pelo Vírus da Bronquite infecciosa das aves neste
estudo foi confirmado pelos dados epidemiológicos, sinais clínicos, achados macro e
microscópicos, pela sorologia positiva na maioria dos casos e PCR positivo no único
caso em que foi realizada essa técnica.
O uso da sorologia também foi utilizado no diagnóstico da Bronquite
Infecciosa quando do surgimento da variante nefropática (LAMAS, 1979).
No surto 03, uma análise de PCR foi positiva para VBI, porém a cepa
identificada foi a vacinal, devido a uma reação de rolagem no incubatório entre aves
vacinadas para as não vacinadas (PLONCOSKY 2006, comunicação pessoal).
Neste estudo foram descritas as lesões macro e microscópicas de nove casos
de BI em frangos de corte e dois em matrizes, demonstrando que a doença é
importante para ambos os tipos de exploração acola.
Nos frangos de corte, a manifestação da doença ocorreu sempre na quarta
semana de vida, coincidindo provavelmente com a queda nos níveis de anticorpos
maternos, visto que, em alguns surtos não era realizada vacina de BI nas aves de
corte no período, fator epidemiológico importante para diagnóstico clínico.
Outro fator que auxiliou no diagnóstico foi o controle da nefropatia e miopatia
nos frangos de corte pela introdução da vacina, após a ocorrência constante dos
surtos, ou pela troca da vacina por outras cepas vacinais onde se vacinava ou
ainda pelo reforço na vacinação em alguns casos. Lotes posteriores foram
acompanhados e não foi observada reincidência dos surtos no local.
Os altos níveis de descarte e condenação nos lotes de frangos de corte
ocorreram normalmente por infeccção secundária por E. coli, com a presença ou não
de granuloma. Essa associação também foi demonstrada experimentalmente por
Cook et al. (1986) inoculando a bactéria e o VBI, observando o aumento da
ocorrência de lesões por colibacilose devido à associação da infecção.
No surto 02, os sinais clínicos foram detectados pelo aumento da
condenação no abatedouro sem ter ocorrido aumento na mortalidade do lote. Isso
53
ocorre porque a mortalidade se deve normalmente a infecções secundárias, e nestes
surtos devido ao abate precoce (32 dias), não houve tempo suficiente para
refugagem e aumento da mortalidade.
Em uma das integrações aqui estudadas, não foi observada alta condenação
de animais no abate devido a rigoroso programa de descarte de animais refugos no
campo para diminuir os custos de produção e aumentar a eficiência alimentar, visto
que animais doentes ocupam espaço, servem como reservatório da doença para os
animais saudáveis, e mesmo doentes, acabam ingerindo um pouco de alimento o
que reduz os ganhos do lote.
Neste estudo foi observado que as alterações da traquéia foram constantes,
apesar de ter ocorrido variação na intensidade das lesões. as lesões pulmonares
raramente estavam presentes, e quando presentes eram de intensidade baixa e
consistiam apenas de congestão e hiperplasia linfóide peribronquial.
Gomes (2005) descreve casos de miopatia em frangos de corte, onde foram
observadas manchas pálidas difusas, uni ou bilateralmente no músculo peitoral
superficial, e no peitoral profundo intensa palidez, edema gelatinoso difuso e discreta
hemorragia na fáscia muscular. Estas lesões coincidem com as deste estudo, com
exceção do edema gelatinoso que foi observado de forma discreta apenas em
alguns casos.
Por outro lado, na microscopia, o mesmo autor e Dhinakar Raj e Jones
(1996), descrevem apenas grande espaço entre as fibras musculares, ao contrário
deste estudo, em que foram observadas lesões musculares de degeneração hialina,
necrose, vacuolização, edema e hipercontração de fibras.
Nos frangos de corte, foi observado macroscopicamente músculo peitoral com
estrias ou áreas esbranquiçadas, alguns com pequenas áreas avermelhadas e rins
aumentados de volume e pálidos, afetando tanto o músculo peitoral profundo como
o superficial. Esses achados contrariam as alterações provocadas pela Doença de
Oregon, ou Doença do Músculo Verde, que afeta somente o músculo peitoral
profundo (WIGHT e SILLER, 1980), e além disto, o músculo afetado pode
apresentar-se esverdeado, achado que não foi observado em nenhum dos casos
aqui registrados.
Neste estudo não foram observadas lesões de proventrículo em nenhum dos
surtos acompanhados, lesão essa reportada na China em 1996 (CAVANAGH et al.,
54
2003), fato provavelmente relacionado com cepas virais diferentes ou outros fatores
associados com a BI.
Em todos os casos aqui estudados, observou-se uma relação constante entre
as lesões renais e musculares, mas não uma correlação positiva entre lesões
traqueais e musculares, ou seja, nem todos os animais que apresentaram lesões
musculares, apresentaram lesões de traquéia.
Na traquéia foi observado infiltrado inflamatório linfocitário, mas não foi
observada descamação epitelial e perda dos cílios como descrevem Di Fabio et al.
(2000). Este achado pode estar relacionado à evolução da doença, pois os autores
acima observaram a lesão nos dois primeiros dias de infecção, e neste estudo os
animais foram necropsiados após este período, podendo ter havido regeneração do
epitélio.
A infecção por cepas nefropáticas cursa com tumefação e palidez renal,
assim como túbulos e ureteres distendidos com uratos (LAMAS et al., 1979;
CAVANAGH, et al. 2003). As duas primeiras alterações foram uma constante nos
casos aqui estudados, mas a presença de uratos não foi observada em nenhum dos
casos descritos, podendo estar relacionada a influências de outros fatores, como por
exemplo, a desidratação das aves.
A nefrite intersticial observada neste estudo também foi descrita por Lamas et
al. (1979).
Nos lotes de matrizes, observou-se queda nos níveis de postura e alta
mortalidade, sinais clínicos também observados por Parsons et al. (1992) e Di Fabio
et al. (2000).
Diferentemente do que relataram Wight e Siller (1980), na necrose do
músculo peitoral profundo, observa-se necrose de massa muscular seguida por
regeneração de fibras e infiltração gordurosa, assim como um encapsulamento da
massa muscular necrótica.
Nas análises não foram observadas as lesões descritas pelos autores, mas
sim, um processo reparativo pela proliferação de tecido fibroso. Essa constatação
de fibrose ocorre devido à ação primária do vírus provocando degeneração e
necrose muscular, com posterior reparação, e este por sua vez, torna-se
progressivo, intensificando a fibrose em casos crônicos, como descrito no surto
01, frango de corte com 115 dias.
55
No caso de necrose isquêmica do músculo peitoral, observa-se também
alterações vasculares (WIGHT e SILLER, 1980), que não foram observadas neste
estudo.
Outra patologia que pode levar à necrose do músculo peitoral é a miopatia
nutricional (distrofia muscular) que cursa com edema generalizado, porém mais
pronunciado na região de pescoço, sob as asas e necrose muscular em outros
músculos além do peitoral (FARIA e JUNQUEIRA, 2000). Em nenhum destes locais
foram observadas essas alterações.
Não há regeneração nas lesões musculares, o que indica que a lesão ocorre
na fibra como um todo, diferentemente do observado em outras miopatias onde
geralmente a lesão é segmentar (WIGHT e SILLER, 1980).
No surto ocorrido em matrizes, foi observada degeneração hialina de vasos e
presença de alguns trombos hialinos que podem ser resultantes da deposição de
imunocomplexos levando à degeneração vascular e formação de trombos.
A degeneração hialina de vasos não foi vista nos casos de frangos de corte,
contrariando, portanto, a literatura (DHINAKAR RAJ e JONES, 1996) que descreve
estas alterações resultando em deposição de imunocomplexos, sendo a possível
causa das lesões musculares, segundo os autores.
56
6. CONCLUSÕES
A BI é uma doença importante em aves pelo alto índice de mortalidade ou
condenação por infecções secundárias.
As lesões renais e musculares sempre estão associadas, porém não ocorre
lesão respiratória em todos os casos de miopatia.
As lesões musculares são diferentes daquelas observadas em outras
doenças que cursam com miopatia.
Determinadas cepas do vírus da Bronquite Infecciosa das aves podem levar à
degeneração e necrose muscular, visto que, nos surtos em que foi realizada a
sorologia, o resultado foi positivo para o VBI. A utilização de imunoistoquímica seria
uma opção para identificar se há replicação viral no músculo.
Novos estudos fazem-se necessários para tentar identificar a cepa viral
associada com a miopatia.
57
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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