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Universidade Federal Fluminense
Centro de Ciências Médicas
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
DANIELLE MOTA FONTES ANTUNES
AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO INTESTINAL DE D-XILOSE NO MODELO
EXPERIMENTAL DE INFLAMAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA
ANTÍGENO-ESPECÍFICA EM RATOS.
NITERÓI
2007
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ii
DANIELLE MOTA FONTES ANTUNES
AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO INTESTINAL DE D-XILOSE NO MODELO
EXPERIMENTAL DE INFLAMAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA ANTÍGENO-
ESPECÍFICA EM RATOS.
Dissertação submetida à apreciação da
banca do Programa de Pós-Graduação
stricto sensu em Ciências Médicas da
Universidade Federal Fluminense, como
requisito parcial para obtenção do Grau de
Mestre em Ciências Médicas.
Orientadores: Profº Dr. Gilberto Perez Cardoso
Profª Drª. Gerlinde Agate Platais Brasil Teixeira
Niterói
2007
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iii
Antunes, Danielle Mota Fontes
Avaliação da absorção intestinal de D-
xilose no modelo
experimental de inflamação intestinal crônica antígeno-
específica em ratos. / Danielle Mota Fontes Antunes.
Niterói : [s. n.], 2007.
150f., 30 cm.
Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) -
Universidade Federal Fluminense, 2007.
Bibliografia: f. 99-113.
1. Inflamação intestinal crônica. 2. Amendoim. 3.
Ratos. 4. D-xilose. I. Título.
iv
DANIELLE MOTA FONTES ANTUNES
AVALIAÇÃO DA ABSORÇÃO INTESTINAL DE D-XILOSE NO MODELO
EXPERIMENTAL DE INFLAMAÇÃO INTESTINAL CRÔNICA ANTÍGENO-
ESPECÍFICA EM RATOS.
Dissertação submetida à apreciação da banca
do Programa de Pós-Graduação stricto sensu
em Ciências Médicas da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Ciências
Médicas.
Aprovada em ___ / ___ / 2007.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Gilson Teles Boaventura
Prof. Dr. Mauricio Afonso Vericimo
Prof. Dr. José Galvão Alves
Niterói
2007
v
À minha família, pelo apoio
presente em todos os momentos e pelo
exemplo de amor e fé.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me abençoado, proporcionando a realização de mais uma conquista.
Aos meus pais e à minha irmã, pelo amor incondicional e apoio presente em todos
os momentos.
Ao Romulo, por sempre ter sido um companheiro exemplar, me apoiando com muito
amor, compreensão e amizade.
Ao prof. Gilberto, pela confiança, orientação e amizade.
À prof., amiga e orientadora Gerlinde, por ter me recebido de braços abertos no GIG,
acreditando e confiando em meu trabalho, sendo responsável pelo meu crescimento
pessoal e profissional.
Aos amigos do GIG – Patrícia, Munique, Priscila, Valéria, Monique, Mônica, Andrea
e Adriana – pela ajuda, respeito, carinho e aprendizado, assim também aos amigos
que já passaram por lá e deixaram uma marca especial, como Janilda, Vinícius,
Cecília e Archimedes. À Sylvia, pelo carinho e ajuda na revisão do texto.
Aos amigos do Mestrado, em especial a minha turma, pelo carinho, apoio e os
momentos maravilhosos de descontração.
Aos profs do Departamento de Imunobiologia, pelo apoio presente sempre que
necessário, em especial ao Prof. Mauricio Verícimo.
Aos profs do CCM, pelo ensino e respeito. Aos Profs Solange Artimos e Jocemir
Lugon, pelas reflexões críticas que foram tão construtivas; aos Profs Salim Kanaan e
Silvana Moreno, pela ajuda incontestável.
vii
"Jamais considere seus estudos como uma obrigação, mas
como uma oportunidade invejável para aprender a conhecer a
influência libertadora da beleza do reino do espírito, para seu
próprio prazer pessoal e para proveito da comunidade à qual
seu futuro trabalho pertencer".
Albert Einstein
viii
RESUMO
A alergia alimentar consiste em uma reação adversa que ocorre em pessoas
susceptíveis quando ingerem alimentos sensibilizantes, sendo uma das causas de
inflamação intestinal crônica. O estudo de modelos animais de inflamação da
mucosa, na tentativa de desvendar a patogênese das doenças inflamatórias
intestinais, tem sido estendido por quase meio século. A resposta imune
inapropriada aos alimentos, como ao amendoim, glúten e leite pode estar
relacionada à patogênese das doenças celíaca e de Crohn, as quais cursam com
má-absorção intestinal. Recentemente, vários estudos têm utilizado a absorção
intestinal de D-xilose como ferramenta investigativa na avaliação de problemas de
absorção de nutrientes em doenças intestinais. O objetivo do presente estudo
experimental consiste em avaliar a absorção intestinal de D-xilose no modelo em
ratos de inflamação intestinal crônica antígeno-especifica. Para isto, os animais do
grupo experimental foram inoculados com extrato protéico de amendoim antes de
serem expostos à dieta desafio, composta exclusivamente de sementes de
amendoim in natura, para a indução da reação inflamatória intestinal através da
alergia ao amendoim. Nossos resultados mostraram que a inoculação com extrato
protéico de amendoim levou a uma produção de maiores títulos de IgG específicos
do que no grupo controle (p<0,0001) e estes títulos se correlacionaram
positivamente com a alteração inflamatória da morfologia intestinal. Os animais
pertencentes ao grupo experimental mostraram uma absorção intestinal de D-xilose
menor do que os pertencentes ao grupo controle (p<0,0001). Assim, o uso do teste
sérico da D-xilose foi útil para identificar a presença de má-absorção intestinal em
nosso modelo de inflamação intestinal crônica em ratos.
Palavras-chave: inflamação intestinal crônica, amendoim, ratos, D-xilose.
ix
ABSTRACT
Food allergy is an adverse reaction that occurs in susceptible people when
they eat sensitizing foods and is one of the causes of Inflammatory Bowel Disease
(IBD). The study of animal models of mucosal inflammation as a means to probe the
pathogenesis of Inflammatory Bowel Disease (IBD) extends for almost a half century.
The inappropriate immune response to foods, such as peanut, wheat, milk may be
implicated in the pathogenesis of celiac and Crohn’s diseases, which present small
intestinal malabsorption. A number of recent studies have utilized D-xylose
absorption as an investigative tool to study small intestinal function in a variety of
clinical settings, including in IBDs. Thus, the aim of the present experimental study
was to evaluate the intestinal absorption of D-xylose in an antigen specific gut
inflammatory reaction rat model. Animals of the experimental group were immunized
with peanut protein extract before their exposure to a challenge diet containing
exclusively peanut seeds to induce the gut inflammatory reaction due to peanut
allergy. Our results show that systemic immunization with peanut protein extracts
renders antibody IgG titers higher than control group (p<0.0001) and that the
antibody titers correlate positively to an inflammatory alteration of the gut
morphology. Animals pertaining to the experimental group showed an intestinal
absorption of D-xylose lower than control rats (p<0.0001). In conclusion, the use of
serum D-xylose test was useful to identify the presence of small intestinal
malabsorption in our antigen specific gut inflammatory reaction rat model.
Key-words: chronic gut inflammation, peanuts, rats, D-xylose.
x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. A) Eletromicrografia da seção transversal do intestino delgado, demonstrando as
vilosidades e a parede intestinal. B) Histologia do intestino normal, demonstrando
as camadas: serosa, muscular externa e interna, submucosa e mucosa, esta
composta pela lamina propria, vilosidades e glândulas. Fonte: Mowat, 2003. .... 23
Figura 2. Processamento e apresentação de antígenos nas vilosidades intestinais. Esquema
modificado de Weiner, 1997. .............................................................................. 25
Figura 3. Um modelo para o transporte de açúcar pelo enterócito. Os açúcares são
transportados pela célula e não pelas junções comunicantes. Na borda em
escova, a glicose e a galactose são transportadas para dentro da célula por um
sódio co-transportador de glicose, denominado primariamente de SGLT1. A
frutose é transportada passivamente pela borda em escova pela SGLT5. Alguns
autores sugerem que há um segundo transportador de glicose de baixa afinidade
na borda em escova: uns dizem que é o GLUT2, enquanto outros dizem que
pode ser um segundo SGLT. A glicose, a galactose e a frutose são transportadas
passivamente para o exterior do enterócito pela membrana basolateral, indo para
o sangue. Para os análogos de açúcar que não são metabolizados, como o
3OMDG (3-O-metil-D-glicopiranosideo), o principal caminho é através do GLUT2.
A frutose e a glicose podem passar também pela GLUT2, mas uma grande
evidência de que a frutose também passa pela GLUT5 e que a glicose deixe a
célula por um mecanismo tipo a exocitose. Fonte: Wright et al., 2003................ 32
Figura 4 Vias de absorção de aminoácidos e peptídios. Fonte: Frenhani & Burini, 1999. .... 34
Figura 5. Fluxograma da classificação da EAACI de 1995 para reações adversas aos
alimentos baseada nos mecanismos patogenéticos. Fonte: Ortolani & Pastorello,
2006 (modificado)............................................................................................... 47
Figura 6. Possíveis mecanismos que levam ao desenvolvimento da DII. No intestino normal
(a), um estímulo antigênico intraluminal é tratado pela ação combinada das
respostas imunológicas antígeno- específicas e reações inflamatórias, reguladas
de modo negativo após a eliminação do estímulo; na DII (b), o estímulo persiste
(infecção crônica) ou ocorre a perda da regulação das respostas imunológicas e
inflamatórias. Em ambos os casos, o resultado consiste numa resposta
imunológica persistentemente intensificada, que provoca a lesão tecidual. Fonte:
Peakman & Vergani,1999................................................................................... 50
Figura 7. Desenho esquemático das principais alterações observadas em diferentes
estágios da inflamação intestinal crônica. Adaptação de Marsh, 1995. .............. 52
xi
Quadro 1. Protocolo experimental I...................................................................................... 59
Quadro 2. Protocolo experimental II..................................................................................... 61
Figura 8. Consumo de ração e amendoim expresso em mg/gpc, durante o período de dieta
desafio. Os grupos Normal Ração (NR) e Imune Ração (IR) receberam somente
ração no cocho de suas gaiolas, enquanto que os grupos Normal Amendoim (NA)
e Imune Amendoim (IA) receberam somente semente de amendoim in natura. (A)
Representação do consumo diário ao longo da semana. (B) Representação da
média do consumo semanal. (C) Média de consumo diário ao longo do período
de dieta desafio. A diferença no consumo entre os grupos que foram alimentados
com ração e os que foram alimentados com amendoim foi significativa (p<
0,0001). Também foi observada a mesma significância quando comparado o
grupo NA com o grupo IA. .................................................................................. 72
Figura 9. Média de calorias ingeridas entre os grupos do experimento durante o período de
dieta desafio. Os grupos que consumiram ração apresentaram uma ingestão
significativamente (p>0,05) maior de calorias do que os grupos que consumiram
amendoim. Quando comparamos os grupos que consumiram amendoim, o grupo
NA apresentou uma ingestão significativamente maior do que o grupo IA
(p<0,01).............................................................................................................. 73
Figura 10. Média da diferença de peso, em gramas, dos animais dos grupos Normal Ração
(NR), Normal Amendoim (NA), Imune Ração (IR) e Imune Amendoim (IA), antes
e durante as quatro semanas de dieta desafio. Os animais dos grupos controles
(NR e IR) apresentaram ganho de peso, enquanto os animais do grupo NA não
apresentaram diferença de peso. Já os animais do grupo experimental (IA)
apresentaram uma perda de peso significativa (p<0,001) a partir do primeiro dia
de introdução da dieta desafio............................................................................ 75
Figura 11. Média dos níveis de IgG total anti-proteína de amendoim dos grupos durante as
semanas de dieta desafio. Os animais dos grupos IA e IR apresentaram altos
títulos de anticorpos, enquanto os animais dos grupos controles NR e NA
apresentaram baixos títulos (p<0,001). .............................................................. 76
Figura 12. Títulos de anticorpos IgG total antiamendoim nos grupos experimental e controle.
P<0,0001............................................................................................................ 77
Figura 13. Diferenças histológicas entre os ratos do grupo controle e experimental. (A)
Aspectos da vilosidade de um rato do grupo controle, apresentando um tecido
preservado, sem edema e poucos leucócitos. (B) Aspectos da vilosidade de um
rato do grupo experimental, apresentando hiperemia e grande infiltrado
leucocitário (coloração HE, aumento de 200x). .................................................. 78
xii
Figura 14. Análise histomorfométrica dos segmentos intestinais do grupo experimental e
controle. Representação gráfica da razão altura/largura da vilosidade (A), onde
somente o duodeno dos ratos experimentais apresentou diferença significativa
(p<0,05) quando comparado ao dos ratos controle, enquanto na representação
da razão altura da célula epitelial/largura da lamina propria (B), somente o jejuno
apresentou diferença significativa (p<0,05). ....................................................... 79
Figura 15. Análise histomorfométrica dos segmentos intestinais dos grupos experimental e
controle. Representação gráfica da razão altura da vilosidade/altura da cripta (A),
onde observamos diferença significativa (p<0,05) somente no duodeno dos ratos
experimentais quando comparado ao dos ratos controle. Na representação da
razão células epiteliais intestinais (CEI) / leucócitos intraepiteliais (LIE) (B),
ambos os segmentos duodeno e jejuno apresentaram diferença significativa
(p<0,05).............................................................................................................. 80
Figura 16. Determinação da curva de absorção e excreção de D-xilose em animais normais.
A) valores individuais do tempo zero (jejum) e da a hora pós-gavagem com
1,23g de D-xilose. B) Média dos valores dos animais, mostrando uma diferença
significativa (p< 0,0001) entre o período de jejum e após a gavagem; entre a e
hora não diferença significativa, passando a apresentar um clearance a
partir da 4ª hora (p>0,05 na comparação entre a 3ª e 4ª horas)......................... 81
Figura 17. Média de D-xilose sérica (mg/ml) nos ratos do grupo experimental e controle. A
diferença de absorção entre os grupos foi estatisticamente significativa
(p<0,0001).......................................................................................................... 82
Figura 18. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão
altura/largura da vilosidade no duodeno (p<0,0001)........................................... 83
Figura 19. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão altura
da célula epitelial/largura da lamina propria no jejuno (p<0,0001). ..................... 83
Figura 20. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão altura
da vilosidade/altura da cripta no duodeno (p<0,0001). ....................................... 84
Figura 21. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão
células epiteliais intestinais/leucócitos intraepiteliais no duodeno (p<0,0001)..... 85
Figura 22. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a sorologia
(p<0,0001).......................................................................................................... 85
Figura 23. Representação da correlação linear entre a sorologia e a razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais no duodeno (p<0,0001). .............................. 86
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Exemplos de modelos animais de DII. ............................................................... 533
Tabela 2. Distribuição dos macronutrientes. ...................................................................... 622
Tabela 3. Distribuição de vitaminas e aminoácidos............................................................ 633
Tabela 4. Comparação da significância entre grupos quanto ao consumo calórico médio
durante o período de dieta desafio ................................................................... 744
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS
α/α
Alfa/alfa
α/β
Alfa/Beta
γδ
Gama - Delta
AA Aminoácidos
Ac Anticorpo
APC Célula Apresentadora de Antígeno
Ara h 1-8 Fração da proteína do amendoim (Arachis hypogaea)
BALB/c Linhagem isogênica de camundongos
BSA Albumina de soro bovino
CCR6 Receptor de quimiocina
CD Cluster of differentiation
CEI Células epiteliais intestinais
c-kit CD117 – receptor do fator de célula tronco
C57BL/6J Linhagem isogênica de camundongos
CP Placas da Cripta
DC Doença de Crohn
DII Doença Inflamatória Intestinal
DSS Dextrana de Sulfato de Sódio
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético (Ethylene Diamine TetrAcetic acid).
ELISA Ensaio Imunoenzimático
GLUT (1-5) Transportadores de membrana de glicose
HCl Ácido clorídrico
IA Grupo Imune Amendoim
ICE Enzima conversora de interleucina
IFN-γ Interferon-γ
Ig Imunoglobulina
IL Interleucinas
IR Grupo Imune Ração
K
+
Potássio
LIE Linfócitos intra-epiteliais
Lou-M Linhagem isogênica de ratos
LPS Lipopolissacarídeo de bactérias Gram-negativas
MALT Tecido Linfóide associado às mucosas
MHC Complexo Principal de Histocompatibilidade
Na
+
Sódio
NA Grupo Normal Amendoim
NR Grupo Normal Ração
OPD Ortofenilenodiamina
3OMDG Análogo de glicose: 3-O-metil-D-glicopiranosideo
OVA Ovalbumina
PBS Tampão Salino Fosfato
PPs Placas de Peyer
RAG Proteína de recombinação gênica de linfócitos
rpm Rotações por minuto
xv
RU Retocolite Ulcerativa
Sc Subcutâneo
SGLT (1,5) Co-transporte de molécula de glicose.
TCR Receptor da célula T
TGF Fator de crescimento tumoral
Th1 Células T helper 1
Th2 Células T helper 2
Th3 Células T helper 3
Thy-1 CD90 – marcador para linfócito T
TNF Fator de Necrose tumoral
xvi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...............................................................................22
2.1 O tubo digestório ............................................................................................22
2.2 Arquitetura e organização morfofuncional da mucosa intestinal.....................23
2.3 Mecanismos extrínsecos de proteção ............................................................25
2.3.1 Proteólise.............................................................................................25
2.3.2 O peristaltismo.....................................................................................26
2.3.3 O muco ................................................................................................26
2.4 Epitélio de absorção intestinal ........................................................................27
2.4.1 Enterócitos...........................................................................................27
2.4.2 Células caliciformes.............................................................................28
2.4.3 Células de Paneth................................................................................28
2.4.4 Células enteroendócrinas ....................................................................29
2.4.5 Células M.............................................................................................29
2.4.6 Células indiferenciadas da cripta .........................................................29
2.4.7 Linfócitos intra-epiteliais (LIE)..............................................................30
2.5 Mecanismos de absorção de nutrientes .........................................................31
2.5.1 Absorção do açúcar.............................................................................31
2.5.2 Absorção de proteínas.........................................................................33
2.5.3 Absorção de lipídios.............................................................................34
2.6 Tecido Linfóide Associado às Mucosas (MALT).............................................36
2.6.1 Placas da cripta (Cryptopatches-CP)...................................................37
2.6.2 Placas de Peyer (PP)...........................................................................37
2.7 Padrão de resposta imune aos antígenos presentes no lúmen intestinal.......39
2.8 Tolerância Oral ...............................................................................................42
2.8.1 Características do desenvolvimento e manutenção da tolerância oral 43
2.8.2 Regulação antígeno-específica............................................................45
2.9 Alergia alimentar.............................................................................................46
2.9.1 Proteínas .............................................................................................48
2.10 Inflamação Intestinal: O Problema..................................................................49
xvii
2.11 Modelos animais.............................................................................................53
2.12 Inflamação intestinal crônica e a má-absorção de nutrientes.........................55
2.12.1 Avaliação da absorção de glicídios através do teste da D-xilose ........55
3 OBJETIVOS.......................................................................................................57
3.1 Geral...............................................................................................................57
3.2 Específicos .....................................................................................................57
4 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................58
4.1 Animais...........................................................................................................58
4.2 Protocolos Experimentais...............................................................................58
4.2.1 Protocolo experimental I – Experimento piloto para indução da
inflamação..........................................................................................................58
4.2.2 Protocolo experimental II – Indução da inflamação intestinal crônica e
estudo do metabolismo de açúcares..................................................................60
4.3 Dietas .............................................................................................................62
4.3.1 Ração comercial ..................................................................................62
4.3.2 Amendoim............................................................................................62
4.3.3 Comparação da distribuição de macronutrientes da ração e do
amendoim ..........................................................................................................62
4.4 Extração de proteínas do amendoim..............................................................63
4.4.1 Procedimento de extração ...................................................................63
4.4.2 Dosagem de proteína obtida nos extratos de amendoim.....................64
4.5 Inoculações: extrato bruto de amendoim e salina ..........................................64
4.6 Sangrias .........................................................................................................65
4.7 Determinação do consumo diário de alimento................................................65
4.8 Peso dos animais ...........................................................................................65
4.9 Avaliação dos níveis de IgG anti-proteínas do Amendoim .............................66
4.10 Teste de absorção de carboidratos – Dosagem da D-xilose sérica................66
4.10.1 Padronização da técnica de absorção de D-xilose em ratos normais e
determinação da curva-padrão ..........................................................................66
4.10.2 Uso da técnica de D-xilose para avaliação dos animais do experimento
68
4.11 Coleta de segmentos do intestino dos ratos...................................................68
xviii
4.12 Estatística .......................................................................................................70
5 RESULTADOS...................................................................................................71
5.1 Protocolo Experimental – I..............................................................................71
5.1.1 Avaliação do consumo de ração e de semente de amendoim.............71
5.1.2 Peso dos animais.................................................................................74
5.1.3 Sorologia – dosagem de IgG total anti-proteína de amendoim............75
5.2 Protocolo Experimental II................................................................................76
5.2.1 Desenvolvimento do Modelo de Inflamação Intestinal Crônica em Ratos
76
5.2.2 Avaliação sorológica ............................................................................77
5.2.3 Avaliação Histológica...........................................................................77
5.2.4 Padronização do teste da D-xilose sérica............................................80
5.2.5 Correlação entre o teste de absorção de D-xilose e os achados
sorológicos e histológicos e entre a sorologia e um parâmetro histomorfométrico.
82
6 DISCUSSÃO......................................................................................................87
7 CONCLUSÕES ..................................................................................................98
8 BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................99
ANEXOS .................................................................................................................114
APÊNDICES.............................................................................................................117
19
1 INTRODUÇÃO
Contrariamente ao que pensamos, a maior área de contato do corpo não é a
pele, mas sim a superfície mucosa, que é bombardeada imediatamente após o
nascimento por uma ampla variedade de microrganismos e proteínas antigênicas
decorrentes do ambiente (Brandtzaeg, 2002). Em humanos, estima-se que a mucosa
do intestino delgado apresente 300m
2
de superfície e esta se encontra constantemente
exposta ao contato com antígenos. Aproximadamente 30 kg de proteínas alimentares
chegam a este órgão durante um ano, dos quais 130-190g destas proteínas são
absorvidas de forma imunogênica (Brandtzaeg, 1998). Isto significa que a principal
fonte de perturbação da atividade imunológica ocorre via mucosa, uma vez que uma
grande quantidade de células do sistema imunitário encontra-se neste local. Devido às
interações do sistema imunitário de mucosas com o sistêmico, os eventos iniciados no
trato gastrintestinal possuem importante reflexão sistêmica (Weiner, 2001).
Apesar deste fato, na maioria das vezes em que os antígenos penetram o
organismo através do intestino, a resposta imunológica resultante não é a resposta
clássica Th1 ou Th2 (Weiner, 2001). Esta rede imunológica da mucosa apresenta um
aspecto único a habilidade em manter uma responsividade não inflamatória
(tolerância) a uma gama enorme de antígenos derivados de fontes alimentares e
bactérias comensais. A resposta imunitária inflamatória aos agentes potencialmente
perigosos (bactéria, vírus entre outros) deve, no entanto, ser preservada para manter a
integridade do intestino e permitir a absorção do nutriente (Hyun et al., 2006).
Recentemente, alguns autores têm relatado um aumento na incidência de
reações adversas aos alimentos ingeridos, fato que pode ser decorrente de uma falha
da indução da tolerância oral ou de uma quebra em sua manutenção. Dentre os
20
alimentos causadores de reações adversas, um dos mais comuns é o amendoim. A
prevalência da alergia a esta semente que contém proteínas potencialmente
alergênicas, tem aumentado em crianças e adultos principalmente nos EUA e Reino
Unido (Strid et al., 2004).
A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa o denominadas doenças
inflamatórias intestinais (DII), porém apresentam características imunorregulatórias e
manifestações clínicas distintas, sendo uma das principais causas de morbidade em
países ocidentais (Weber & Turner, 2007). A literatura médica enfatiza a relação
existente entre as DII e os processos relacionados à má absorção e perda de peso
corporal. Vários problemas metabólicos podem complicar estas doenças, e isso
geralmente ocorre em pacientes com formas severas (Allan, 1998).
O estudo de inflamação de mucosa em modelos animais para desvendar a
patogênese das doenças inflamatórias do intestino se estende ao longo de quase meio
século (Strober et al., 2002). Diferentes modelos estão disponíveis para o uso na
pesquisa destas doenças, podendo ser usados para avaliar a patogênese, as
alterações extraintestinais e moléculas farmacológicas ou agentes que podem levar a
uma possível cura. Em geral, um modelo apropriado ou ótimo deve apresentar
características similares ou idênticas ao curso da respectiva doença em humanos, tais
como fisiopatologia, sinais e sintomas, inflamação e alterações morfológicas (Jurjus et
al., 2004).
Estudos recentes têm utilizado a absorção da D-xilose como ferramenta
investigativa da função duodenal em diferentes manifestações clínicas humanas, sendo
um método simples e barato (Ehrenpreis et al., 2001). A D-xilose é uma pentose
encontrada naturalmente nas plantas e sua metabolização incompleta permite seu uso
como teste absortivo (Craig & Ehrenpreis, 1999). Na literatura, não há descrição quanto
ao uso do teste de D-xilose em modelos experimentais de DII.
Em um trabalho anterior do nosso grupo, Teixeira (2003) desenvolveu em
camundongos C57BL/6J, um modelo de alergia ao amendoim que cursa com
inflamação intestinal crônica, caracterizado por atrofia das vilosidades, hiperplasia da
cripta, aumento do infiltrado de leucócitos mononucleares e edema na lamina propria
(Teixeira, 2003). Estes achados são típicos da doença celíaca humana (enteropatia
21
causada pelo glúten), podendo também ser observado em outras enteropatias
induzidas por alimentos (Marsh, 1995).
Assim, estabelecer o modelo de inflamação intestinal crônica antígeno-
específico em ratos, avaliar a absorção intestinal de D-xilose e testar se há uma
correlação positiva entre os achados laboratoriais e clínicos - histológicos permitirá uma
melhor compreensão dos prejuízos nos processos inflamatórios intestinais com
respeito à absorção e ao metabolismo de nutrientes.
22
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O tubo digestório
O tubo digestório compreende a boca, a faringe, o esôfago, o estômago, o
intestino delgado, o intestino grosso e o ânus. Os alimentos são triturados na boca
durante a mastigação, onde os amidos sofrem a primeira clivagem enzimática; ao
chegar no estômago, inicia-se a digestão protéica. O pH muito baixo e a ação de
enzimas propiciam o início da quebra das proteínas. No duodeno, o homogeneizado de
macromoléculas de origem protéica, lipídica e de carboidrato encontrará uma série de
enzimas que reduzirão a imensa maioria destas moléculas às suas unidades básicas
desprovidas de significado imunológico (Teixeira, 2003).
O muco, os movimentos peristálticos e mecanismos imunológicos agem como
barreiras físico-químicas, que dificultam a penetração de macromoléculas. Apesar de
todos estes mecanismos para garantir um contato restrito do organismo com
macromoléculas e microrganismos do meio ambiente, este contato acaba ocorrendo.
Embora insignificante do ponto de vista nutricional, ele é de grande importância do
ponto de vista imunológico, pois é responsável pela ativação constante do sistema
como um todo, principalmente das células do sistema imune de mucosas (Swarbrick et
al, 1979; Mayer, 2005).
A absorção dos nutrientes ocorre sob a ação de mecanismos ativos e passivos,
através da superfície de milhões de pequenas dobras. Após a entrada de
macromoléculas nas placas de Peyer ou na lamina propria, elas podem alcançar os
vasos linfáticos que as conduzirão aos linfonodos mesentéricos de drenagem regional.
Nessas estruturas, há uma vasta coleção de células apresentadoras de antígenos
23
(APC), além de linfócitos T e B. O enorme repertório de macromoléculas provenientes
do intestino pode também alcançar a circulação do sistema porta e estimular
componentes do sistema imunológico presentes no fígado. De fato, foi atribuído ao
fígado um papel importante na indução da tolerância oral. As macromoléculas e
microrganismos podem ainda alcançar a circulação sistêmica e se redistribuírem por
todo o organismo (Cantor & Dumont, 1967; Qian et al, 1985).
2.2 Arquitetura e organização morfofuncional da mucosa intestinal
A organização morfológica da parede do tubo digestório é muito parecida em
toda sua extensão. Assim, vista de dentro para a luz intestinal, a parede é constituída
por quatro camadas: a serosa, a muscular, a submucosa e a mais complexa das
quatro, a mucosa. A organização da mucosa e da submucosa, com pregas circulares,
vilosidades e bordas em escova das células epiteliais, gera um aumento da área de
contato de até 150 vezes a área da pele (Figura 1) (Camerini et al, 1993).
A B
Vilosidade com
epitélio colunar
Lamina propria
Submucosa
Camadas
Musculares
Serosa
Figura 1. A) Eletromicrografia da seção transversal do intestino delgado, demonstrando as vilosidades e
a parede intestinal. B) Histologia do intestino normal, demonstrando as camadas: serosa, muscular
externa e interna, submucosa e mucosa, esta composta pela lamina propria, vilosidades e glândulas.
Fonte:
Mowat, 2003.
24
A camada mais externa das quatro, em relação à luz intestinal, recebe o nome
de serosa ou adventícia, de acordo com o trecho considerado. Da faringe ao hiato
diafragmático, o tubo digestório é recoberto por um tecido conjuntivo frouxo que se
funde com os tecidos adjacentes, recebendo a denominação de adventícia.
Atravessando o hiato diafragmático e entrando na cavidade peritoneal, é recoberta pela
serosa, que como a adventícia, é composta por tecido conjuntivo frouxo. Esta camada
é recoberta pelo mesotélio que, por sua vez, continua com o peritônio parietal,
permitindo, deste modo, que o estômago e as alças intestinais não fiquem soltos na
cavidade abdominal (Camerini et al,1993).
A mucosa, camada mais complexa das quatro, é formada por glândulas, pela
lamina propria e por uma camada de células epiteliais colunares que, revestindo as
vilosidades e as criptas, mantém contato com o meio ambiente (Camerini et al,1993). É
na camada mucosa que ocorre a maioria das interações entre o meio ambiente e o
organismo (Johnson & Kudsk, 1999).
A lamina propria, que tem a largura aproximada da altura das células epiteliais, é
composta por um tecido conjuntivo reticular e fibroelástico que sustentação aos
vasos sangüíneos e linfáticos e às terminações nervosas. Nesta região encontramos
também uma quantidade importante de linfócitos, plasmócitos, macrófagos, mastócitos
e eosinófilos (Camerini et al, 1993).
As células epiteliais intestinais (CEI) ou enterócitos são distintas de acordo com
a região do tubo digestório em que se encontram. Elas permitem uma absorção
seletiva do material da luz, além de secretarem seus produtos de modo diferenciado
(Johnson & Kudsk, 1999).
Disperso entre as CEI, observamos um grande número de linfócitos intra-
epiteliais (LIE). Estes linfócitos estão mais concentrados no duodeno e no jejuno
proximal numa relação aproximada de 10/1 CEI/LIE. Estas células participam de modo
decisivo na regulação das interações que ocorrem entre o meio ambiente e o sistema
imunológico, sendo que estas interações produzem efeitos locais e sistêmicos (Guy-
Grand et al, 1978).
25
2.3 Mecanismos extrínsecos de proteção
A função primária do intestino é a absorção de nutrientes. No entanto, tendo em
vista sua função e a sua grande superfície de contato com o meio, o mesmo fica
exposto a uma grande variedade de antígenos derivados não dos alimentos, como
também das bactérias que compõem a microflora e/ou de possíveis microrganismos
patogênicos. Do ponto de vista fisiológico, o intestino é limitado por uma barreira
seletiva que permite a absorção de produtos essenciais e, ao mesmo tempo, impede a
entrada de substâncias agressoras (Johnson & Kudsk, 1999).
Figura 2. Processamento e apresentação de antígenos nas vilosidades intestinais. Esquema modificado
de Weiner, 1997.
2.3.1 Proteólise
O primeiro mecanismo a ser considerado é a atividade proteolítica das
secreções gastrintestinais. A absorção do nitrogênio dietético sofre influência das
condições gerais e locais de digestão, tais como: capacidade proteolítica, modo de
ingestão, composição química da dieta, absorção e motilidade intestinal (Waitzberg &
Mester, 1998). Qualquer alteração nestes fatores pode ter influência sobre o sistema
imunológico. Assim, ao se alterar a capacidade proteolítica das secreções, a
capacidade de absorção antigênica é modificada, podendo levar a repercussões
imunológicas importantes. Um exemplo disto é a dificuldade de indução de tolerância
oral concomitante a uma administração de inibidores de proteólise (Bruce & Ferguson,
26
1986). Este modelo experimental é traduzido na clínica, por exemplo, nos pacientes
com fibrose stica que apresentam uma secreção pancreática diminuída e, por
conseguinte, uma alta incidência de alergia alimentar (Walker & Isselbacher, 1974).
Outras proteínas secretadas pelas glândulas exócrinas, como o muco, também
apresentam um papel importante que limita o contato do organismo com antígenos,
principalmente de microrganismos patogênicos. Dentre estes fatores, que dificultam,
mas não impedem completamente a penetração dos microrganismos na parede
intestinal, destaca-se a lactoferrina. Esta proteína ligante de ferro - é secretada pelo
pâncreas e dificulta a reprodução das bactérias dependentes deste íon (Johnson &
Kudsk, 1999).
2.3.2 O peristaltismo
O peristaltismo intestinal não constitui uma barreira propriamente dita, mas
regula a velocidade do trânsito intestinal e conseqüentemente, o tempo de contato do
conteúdo luminal com as barreiras físico-químicas estabelecidas pelo muco e pelo
glicocálix (Teixeira, 2003).
2.3.3 O muco
O muco, outra barreira importante para a proteção, é um meio semi-sólido que
recobre a mucosa sob a forma de uma película aderente. Esta película pode ser
dividida em três camadas principais, de dentro para fora: o glicocálix, o muco
propriamente dito e a camada lipídica (Teixeira, 2003).
A camada lipídica é a mais externa e a primeira, entre as três, a fazer contato
com o material da luz intestinal. Composta predominantemente por fosfatidilcolina, esta
camada contribui de forma significativa na seletividade dos produtos que entrarão no
muco propriamente dito. Os lipídios que compõem a camada mais externa, bem como
aqueles que se localizam no interior do muco, agem como seqüestradores de radicais
livres secretados pelos microrganismos (Lamont, 1992).
O muco propriamente dito é composto por uma família heterogênea de
glicoproteínas altamente viscosas, as mucinas, que não diferem nas suas
proporções ao longo do trato digestório, como também ao longo da ontogenia do
indivíduo (Shub et al, 1983).
27
Por ser um meio semi-sólido, o muco age como uma membrana seletiva que
permite a difusão de substâncias de baixo peso molecular, dificultando ou impedindo a
passagem de macromoléculas e de microrganismos que permanecem em suspensão
no meio. Assim, ao permanecerem em suspensão no muco, os mesmos são
eliminados pelo peristaltismo. Os grupamentos de carboidratos que compõem estas
glicoproteínas são análogos aos existentes nas células epiteliais ou enterócitos
(Johnson & Kudsk, 1999). Desta forma, postula-se então que o muco compete pela
ligação de proteínas e microrganismos da luz intestinal que, de outra forma, se ligariam
aos enterócitos (Matsuo et al, 1997).
O glicocálix, que se encontra na interface entre o muco secretado e as
microvilosidades, é a camada mais densa das três. É composto por glicoproteínas que
revestem as microvilosidades da superfície apical dos enterócitos (Johnson & Kudsk,
1999; Mayer, 2000).
Deste modo, somente quando vencidas as barreiras físicas o conteúdo luminal
pode entrar em contato direto com o tecido epitelial da mucosa intestinal (Johnson &
Kudsk, 1999).
2.4 Epitélio de absorção intestinal
O tecido epitelial é constituído por uma monocamada de células epiteliais, os
enterócitos. Além deste constituinte principal e mais abundante, este tecido também é
composto pelas células caliciformes, células de Paneth, células enteroendócrinas,
células M, células indiferenciadas da cripta e os linfócitos intra-epiteliais (LIE) (Neutra &
Kraehenbuhl, 1992; Johnson & Kudsk, 1999; Mayer, 2000).
2.4.1 Enterócitos
Os enterócitos são células colunares, responsáveis pela absorção seletiva dos
nutrientes. Estão organizados de modo a regular e controlar a passagem de
macromoléculas do lúmen para a região intersticial. Encontram-se conectados uns aos
outros na região apical pelas junções bloqueadoras (tight junctions), que controlam a
passagem de moléculas hidrossolúveis, principalmente das macromoléculas. Estas
28
junções são refeitas e mantidas de forma eficiente durante a renovação epitelial e
durante a migração de LIE do tecido epitelial para o lúmen (Johnson & Kudsk, 1999).
Outra função importante das células epiteliais é sua capacidade de apresentar
antígenos para os linfócitos encontrados na lamina propria (Kaiselien et al, 1989). Para
tanto, estas células expressam constitutivamente baixos níveis de moléculas de
histocompatibilidade de classe II na superfície basolateral, aumentando assim de forma
significativa na presença de citocinas pró-inflamatórias (Teixeira, 2003).
Desta forma, os enterócitos apresentam, fisiologicamente, peptídeos absorvidos
do lúmen intestinal por endocitose (a partir das microvilosidades da região apical
celular) que, após o processamento, são expressos associados a moléculas de MHC
de classe II (Ramachandran et al, 2000; Neutra et al, 2001).
A apresentação de antígenos feita pelos enterócitos é diferente das APC. Os
enterócitos estimulam, preferencialmente, um padrão supressor dos linfócitos T CD8
+
.
Contudo, o aumento de IFN-γ no meio pode alterar este padrão de resposta celular,
potencializando a apresentação para linfócitos T CD4
+
(Mayer, 2000; Mayer, 2003).
2.4.2 Células caliciformes
As células caliciformes encontram-se distribuídas, tanto nas vilosidades como
nas criptas, por todo o intestino delgado e grosso. São responsáveis pela secreção e
liberação de muco (Kato & Owen, 1999).
2.4.3 Células de Paneth
As células de Paneth encontram-se geralmente localizadas nas criptas do
intestino delgado. Seu citoplasma é constituído, entre outros componentes, por vários
grânulos secretores contendo lisozima e fator de necrose tumoral (TNF). Atuam no
controle da proliferação de microrganismos na cripta (Kato & Owen, 1999).
29
2.4.4 Células enteroendócrinas
As células enteroendócrinas encontram-se distribuídas por todo o trato
gastrintestinal, tendo como principal função a liberação de hormônios nos capilares dos
tecidos conectivos em resposta às mudanças no meio externo (Kato & Owen, 1999).
2.4.5 Células M
Além dos enterócitos, a mucosa intestinal possui outro tipo de célula epitelial
recobrindo as placas de Peyer - as células M. Estas células apresentam sua superfície
apical polarizada e une-se às células vizinhas por junções tight. Sua face basolateral
apresenta grandes invaginações, formando bolsas intra-epiteliais que aumentam a
superfície de contato com o tecido linfóide subjacente organizado. Estas bolsas
constituem locais específicos para as interações entre as células M e as
subpopulações de LIE, uma vez que as primeiras são conhecidas por absorverem
antígenos da luz intestinal por transcitose (Neutra et al, 2001).
2.4.6 Células indiferenciadas da cripta
O epitélio intestinal caracteriza-se por uma população celular dinâmica. Assim,
as células epiteliais encontradas na cripta, são imaturas e se tornam, cada vez mais,
diferenciadas à medida que se desloca no sentido apical da vilosidade. Deste modo,
existem células epiteliais em diferentes estágios de maturação nas paredes
ascendentes das criptas. A partir da transição cripta-vilosidade, até o topo da
vilosidade, encontram-se apenas células maduras e diferenciadas (Baggi et al, 1999).
Embora a renovação celular ocorra de forma constante, sem risco à integridade da
barreira mucosa, esta requer uma regulação precisa, tanto da proliferação quanto da
diferenciação celular. Para tal, torna-se necessário a presença de fatores de
crescimento, componentes da matriz extracelular, substratos metabólicos,
prostaglandinas e estímulos imunológicos (Podolsky, 2000).
Dos fatores de crescimento, destacam-se o TGF-α e o TGF-β que regulam a
renovação das células epiteliais a partir da cripta para a vilosidade, através do controle
da proliferação e da diferenciação celular. Deste modo, o TGF-α estimula a proliferação
30
das células epiteliais indiferenciadas da cripta que migram no sentido da vilosidade e
neste caminho iniciam sua diferenciação estimulada e controlada pelo TGF-
β
. A
expressão de TGF-α nas células da vilosidade e, do mesmo modo, a expressão de
TGF-β encontrada nas células da cripta, sugere uma necessidade constitutiva de
restrição na proliferação (Podolsky, 2000).
Como exemplos da influência do substrato metabólico, destacam-se a glutamina
e os ácidos graxos de cadeia curta. No intestino delgado, principalmente na mucosa
intestinal, a glutamina funciona como principal substrato energético para os enterócitos
e linfócitos. Já no cólon, os principais substratos energéticos para os colonócitos são os
ácidos graxos de cadeia curta acetato, propionato e butirato formados a partir da
ação fermentativa das bactérias residentes desta região sobre as fibras alimentares
(Gu et al, 2001).
2.4.7 Linfócitos intra-epiteliais (LIE)
Os LIE estão localizados acima da lamina propria, principalmente no duodeno e
no jejuno proximal, e participam de modo decisivo na regulação das interações que
ocorrem entre o meio ambiente e o sistema imunológico, tanto local quanto sistêmico.
Estes linfócitos são, predominantemente, (98%) linfócitos T γδ CD8
+
CD45RO+ (células
de memória) (Mayer, 2005).
Contudo, também estão presentes linfócitos T com TCR
αβ
. Embora não exista
unanimidade quanto às funções desempenhadas por estes linfócitos, Mayer sugere
que a função citotóxica e/ou supressora seja a principal (Mayer, 2000). Outra
característica importante é a expressão da integrina seletiva
α
E
β
7, que se liga a E-
caderina nas células epiteliais cuja expressão é induzida pelo TGF-
β
(James & Kiyono,
1999).
Tanto os LIE que expressam o TCR αβ quanto os que expressam γδ,
apresentam uma diversidade limitada de receptores de antígenos. Esses achados
apóiam a teoria de que a variação da especificidade destes linfócitos é limitada (Mayer,
2005).
Imerso na lamina propria, encontramos também uma quantidade importante de
linfócitos, plasmócitos, macrófagos, mastócitos e eosinófilos. Os linfócitos da lamina
31
propria constituem uma mistura heterogênea de subpopulações linfocitárias - linfócitos
T, linfócitos B e plasmócitos secretores de imunoglobulinas, principalmente IgA.
Similarmente aos LIE, os linfócitos da lamina propria são T CD8
+
CD45RO+, embora
também expressem a integrina seletiva α4β7 (James & Kiyono, 1999; Mayer, 2000;
Nagler-Anderson, 2000).
As populações celulares descritas acima constituem o tecido epitelial e o tecido
linfóide difuso que revestem a superfície mucosa, onde cada elemento tem seu papel
em uma rede de interações complexas. Além deste tecido linfóide difuso, a mucosa
intestinal possui um tecido linfóide organizado, representado pelas placas de Peyer
(Teixeira, 2003).
2.5 Mecanismos de absorção de nutrientes
2.5.1 Absorção do açúcar
Os açúcares são a principal fonte de caloria em todos os estágios da vida. As
fontes dietéticas de açúcar variam da lactose no leite a carboidratos complexos. Estes
carboidratos são digeridos em monossacarídeos, na maioria glicose, galactose e
frutose, antes da absorção no intestino delgado. A digestão ocorre através de uma
série de reações complexas mediadas por amilases salivares e pancreáticas e por
dissacaridases ancoradas na superfície da borda em escova dos enterócitos que
cobrem a superfície do intestino delgado. Os enterócitos maduros no topo das
vilosidades intestinais são os responsáveis por completarem a absorção de açúcares
no corpo. Uma vez que absorvidas, a galactose e a frutose na maioria das vezes são
convertidas em glicose para o metabolismo ou estocagem (Wright et al., 2003;
Drozdowski & Thomson, 2006).
Como resultado da ação das amilases salivares e pancreáticas e das
dissacaridases da borda em escova, os carboidratos presentes na dieta são
convertidos em suas unidades monoméricas (hexose - as mais freqüentes) antes da
absorção. Estes são apresentados ao epitélio intestinal na forma de glicose, galactose
e frutose. Os açúcares são absorvidos no início e no meio do intestino delgado pelos
enterócitos maduros, na parte superior da vilosidade (Wright et al., 1994; Wright et al.,
2003; Drozdowski & Thomson, 2006; Raybould et al., 2006).
32
A glicose e a galactose são transportadas ativamente pela membrana borda em
escova através do co-transportador (symport) Na
+
/açúcar e são acumuladas dentro da
célula. Enquanto algumas destas glicoses fluem no metabolismo celular, uma grande
fração sai da célula pela membrana basolateral por difusão (uniport). No caso de
análogos de glicose que são transportados pela SGLT1, mas o o metabolizados,
como por exemplo, a alfa-metil-D-glicopiranosídeo, o meio intracelular pode alcançar
uma concentração 500-vezes maior do que aquela no lúmen intestinal. A energia para
este transporte ativo vem do gradiente de sódio que passa pela membrana borda em
escova. Este gradiente de sódio é mantido pela Na
+
/K
+
-ATPase basolateral, que
impulsiona os íons sódio co-transportados para fora pela membrana basolateral (Figura
3) (Wright et al., 2003).
Figura 3. Um modelo para o transporte de açúcar pelo enterócito. Os açúcares são transportados pela
célula e não pelas junções comunicantes. Na borda em escova, a glicose e a galactose são
transportadas para dentro da célula por um sódio co-transportador de glicose, denominado
primariamente de SGLT1. A frutose é transportada passivamente pela borda em escova pela SGLT5.
Alguns autores sugerem que um segundo transportador de glicose de baixa afinidade na borda em
escova: uns dizem que é o GLUT2, enquanto outros dizem que pode ser um segundo SGLT. A glicose, a
galactose e a frutose são transportadas passivamente para o exterior do enterócito pela membrana
basolateral, indo para o sangue. Para os análogos de açúcar que não são metabolizados, como o
3OMDG (3-O-metil-D-glicopiranosideo), o principal caminho é através do GLUT2. A frutose e a glicose
podem passar também pela GLUT2, mas uma grande evidência de que a frutose também passa pela
GLUT5 e que a glicose deixe a célula por um mecanismo tipo a exocitose. Fonte: Wright et al., 2003.
Para cada molécula de glicose que é transportada pela borda em escova, dois
íons sódio (e dois ânions) também são transportados pelo epitélio. Isto atrai
33
aproximadamente 1.100 moléculas de água pelo epitélio para manter a isosmolaridade
do absorvido, lembrando que a absorção de íon e do nutriente pelo intestino não
aumenta a osmolaridade do fluido que continua no lúmen intestinal. O conjunto de
absorção glicose, sal e água justificam o fato de que a absorção de água que ocorre na
porção inicial e no meio do intestino é glicose-dependente, e é a explicação para a
terapia de reidratação oral, usada tão eficazmente para tratar pacientes com diarréia
secretora (Hirschhorn & Greenough, 1991; Wright et al., 2003).
2.5.2 Absorção de proteínas
As proteínas ingeridas não sofrem na boca, modificações químicas, sendo
apenas reduzidas a partículas menores. No estômago, as proteínas e polipeptídios são
desnaturados por ação do HCl e hidrolisadas pela pepsina. A digestão no estômago
representa apenas 10-20% da digestão total protéica. A maior parte desta digestão
ocorre no lúmen do duodeno e jejuno, sob a influência do suco pancreático,
processando-se, quase completamente no íleo terminal (Frenhani & Burini, 1999;
Teixeira, 2003).
No intestino delgado, a enteropeptidase, em pH neutro, ativa o tripsinogênio a
tripsina que, por sua vez, promove a ativação das outras propeptidases do suco
pancreático. Ocorre, então, a hidrólise luminal de proteínas e polipeptídios, produzindo
aminoácidos (AA) livres e pequenos peptídios (2-6 AA). Os AA e pequenos peptídios,
produtos da hidrólise luminal, são então hidrolisados pelas peptidases da borda em
escova em AA, di e tripeptídios que são absorvidos, principalmente, no jejuno proximal
(Frenhani & Burini, 1999). É importante ressaltar que uma parte dos peptídeos é
absorvida intacta por difusão. Depois de absorvidos, estes podem ser hidrolisados em
aminoácidos por peptidases celulares e passar para a circulação (Waitzberg & Mester,
1998), alcançar os linfonodos regionais e serem apresentados ao sistema imunológico
local (Mayer, 2005).
A absorção dos produtos da digestão protéica, AA, di e tripeptídios, ocorrem por
processos complementares, e podem ser transportados por três mecanismos simples:
transferência passiva por difusão, transferência passiva por difusão facilitada e
transferência ativa por co-transporte (Figura 4). A transferência passiva pode ser por
34
vias celulares ou paracelulares, enquanto a transferência ativa, por vias celulares
(Frenhani & Burini, 1999).
Figura 4
Vias de absorção de aminoácidos e peptídios. Fonte: Frenhani & Burini, 1999.
A atividade dos transportadores de AA e peptídios na borda em escova é
regulada pelos respectivos níveis de substratos, sendo que as variações que ocorrem
nessa atividade, dependem do custo da síntese dos transportadores e da
disponibilidade de nutriente no lúmen, cuja presença causa estimulação da atividade do
transportador. Portanto, a absorção não parece ser diretamente regulada por
mecanismos neurais ou endócrinos, como os processos digestivos, dependendo
apenas da presença dos produtos a serem absorvidos em contato com a superfície da
mucosa (Frenhani & Burini, 1999).
2.5.3 Absorção de lipídios
O intestino delgado é o sítio inicial de absorção dos ácidos graxos da dieta.
Devido a sua lipossolubilidade acreditava-se que estes eram absorvidos por difusão.
Porém, Wilson e colaboradores demonstraram a existência de uma camada
estacionária de água junto à borda em escova dos enterócitos, na qual a solubilização
35
é muito baixa. Desta forma esta camada estacionária atua como barreira, impedindo a
migração das moléculas de ácidos graxos até a borda em escova. A solubilização
micelar é muito importante para garantir a absorção dos produtos da digestão lipídica
no lúmen intestinal. Quando a concentração luminal de sais biliares excede a
concentração micelar crítica, formam-se micelas mistas de sais biliares e fosfolipídios.
As moléculas difundem-se facilmente por entre a camada estacionária de água,
possibilitando um aumento significativo da concentração aquosa de ácidos graxos e
monoacilgliceróis (Curi et al., 2002). O fluxo de ácidos graxos pela membrana apical é
muito grande, favorecido por alguns fatores como: alta concentração luminal de ácidos
graxos, presença de mecanismos apicais de transporte mediados por carreadores e a
solubilização micelar dos ácidos graxos no lúmen intestinal (Berk et al., 1996; Trotter et
al., 1996). O tamanho da cadeia carbônica também interfere no processo de absorção.
Os ácidos graxos de cadeia curta o em sua maioria produzidos no intestino a partir
da fermentação bacteriana das fibras, principalmente as solúveis, sendo pouco
adquiridos da dieta (leite e derivados são fontes de ácido butírico). A absorção destes
ácidos graxos é diretamente proporcional à sua concentração na solução de perfusão
(Liao et al., 1984) e geralmente ocorre por difusão. A digestão enzimática dos
triglicerídios ocorre de forma mais intensa no duodeno pela ação da lipase e colipase
pancreáticas, além de íons cálcio. No duodeno, a lipase pancreática atua na região
hidrofóbica da interface óleo-água para separar os dois ácidos graxos da posição alfa.
A colipase facilita a ação da lipase pelo deslocamento do sal biliar do substrato, que
estes tendem a inibir a ação da lipase. Os produtos primários da ação da lipase sobre
as gorduras (ácidos graxos de cadeia longa e monoglicerídios) combinam-se com os
sais biliares formando micelas. As demais gorduras têm digestão diferenciada. Assim,
os ésteres de colesterol e fosfolipídios são rompidos por esterases em ácidos graxos,
colesterol e lisofosfatídeos. As vitaminas lipossolúveis podem ser incluídas no interior
das micelas, que se rompem ao entrar em contato com a borda em escova da
membrana intestinal. Os sais biliares permanecem no lúmem para formarem outras
micelas no jejuno-íleo e posteriormente sofrerem absorção (Armand, 2007).
Os monoacilgliceróis e os ácidos graxos de cadeia longa são absorvidos na borda
em escova dos enterócitos e migram para o retículo endoplasmático liso destes, no
qual ocorre a ressíntese dos triacilgliceróis, que formarão as lipoproteínas que atingem
36
a circulação via sistema linfático. Ockner e Manning isolaram e caracterizaram uma
família de pequenas proteínas (aproximadamente 15 kDa) denominadas de proteínas
ligantes de ácidos graxos (FABP) responsáveis pelo transporte citosólico dos ácidos
graxos de cadeia longa (Ockner & Manning, 1976). Além de transporte, elas atuam
como co-fatores de várias enzimas que participam do metabolismo lipídico (como a
acetilcoenzima A sintetase), participam do estoque de ácidos graxos de cadeia longa
não esterificado e protege a membrana celular contra o potencial ação detergente de
concentrações elevadas de ácidos graxos livres. Modulam ainda sinais intracelulares
mediados por lipídios, o crescimento e a diferenciação celular (Stremmel, 1988; Prieto
et al., 1996). Prieto e colaboradores (1996) demonstraram a existência de FABPs
associadas à borda em escova dos enterócitos e uma possível participação destas
proteínas na absorção de ácidos graxos. Bass e colaboradores (1985) investigaram a
cinética do influxo de ácido oléico marcado no jejuno e no íleo de ratos, utilizando
vesículas de membranas da borda em escova dos enterócitos (Bass et al., 1985).
2.6 Tecido Linfóide Associado às Mucosas (MALT)
O conceito de tecido linfóide associado às mucosas foi introduzido por
McDermont e Bienenstock (1978), que mostraram que os linfoblastos B de origem
intestinal migram preferencialmente para outras mucosas ou outros sítios do próprio
intestino (Mcdermott & Bienenstock, 1978; Mcdermott et al, 1980). Guy-Grand e
colaboradores (1978) mostraram, no camundongo, que o mesmo ocorre com
linfoblastos T. A idéia de um “sistema imunitário comum das mucosas” se baseia nas
características desta comunidade linfocitária que se estabelece nas mucosas e pela
circulação recursiva das mesmas (Guy-Grand et al, 1978).
O campo da imunologia de mucosa cresceu muito nas últimas duas décadas.
Hoje o fenômeno da tolerância oral e da população envolvida neste sistema são focos
importantes de estudo onde os modelos animais de inflamação intestinal se destacam
para o melhor entendimento deste complexo sistema (Mayer, 2005).
37
2.6.1 Placas da cripta (Cryptopatches-CP)
Em 1996, Kanamori e colaboradores identificaram um novo tipo de tecido linfóide
na mucosa intestinal de murinos, as placas da cripta (CP), por estarem localizadas na
lamina propria das criptas. Podem ser detectadas a partir de duas ou três semanas
após o nascimento, e uma fração dos linfócitos das CP expressam c-kit, IL-7R e Thy-1
(Kanamori et al, 1996).
As CP são compostas por pequenos grupos de células linfóides com fenótipos
de linfócitos imaturos e células dendríticas. Suas células precursoras expressam
CCR6, e a deleção deste receptor inibe o desenvolvimento dos folículos linfóides
isolados (Lügering & Kucharzik, 2006). A função das CP ainda é controversa. Quando
foram identificadas pela primeira vez acreditava-se que fosse um sítio extratímico de
desenvolvimento de linfócitos T intra-epiteliais através de observações feitas em
camundongos atímicos. Estudos mais recentes mostraram que as células das CP têm
um fenótipo consistente com as células tronco de origem linfopoiéticas. Novas
evidências mostram que a formação dos LIE não depende das CP. Estudos
subseqüentes demonstraram que presença destes linfócitos mesmo em
camundongos deficientes de linfócitos T (Mayer, 2005).
2.6.2 Placas de Peyer (PP)
Para muitos autores, são nos agregados linfóides das placas de Peyer que
ocorre a maior parte da reatividade às macromoléculas que penetram na mucosa
intestinal. Sendo um órgão linfóide reconhecidamente importante do intestino, foi
descrito em 1677 por Joseph Hans Conrad Peyer como um agregado linfóide
macroscópico (Mayer, 2005).
As PP estão situadas abaixo de um tecido epitelial especializado, denominado
de células M. Estas são mais permeáveis a macromoléculas que as células epiteliais,
que recobrem as vilosidades e as criptas adjacentes (Owen, 1977; Pappo et al, 1988).
Este aumento na permeabilidade está diretamente relacionado às suas características
morfológicas, destacando-se uma camada de glicocálix e de muco mais delgada do
que aquela que recobre o restante do intestino delgado. Diferentemente das células
38
epiteliais, as células M não apresentam uma borda em escova (microvilosidades) bem
desenvolvida (Mayer, 2005).
O aumento de permeabilidade, em relação ao restante do epitélio, associado à
expressão constitutiva de proteínas de classe II do MHC, sugere um papel importante
destas células na regulação das interações do sistema imunológico com o meio
ambiente (Allan et al, 1993).
As células M, diferentemente dos enterócitos, utilizam a endocitose como
principal via de transporte transepitelial. Assim, pouco ou nada do material endocitado
é direcionado aos lisossomos. Embora este compartimento endossomial seja
acidificado e contenha proteases, pouco se sabe sobre a participação destas células no
processamento e apresentação de antígenos. A proximidade das bolsas encontradas
na superfície basolateral com a superfície apical diminui efetivamente a distância de
transporte da vesícula de transcitose através da barreira de células M (Neutra et al,
2001). Recentemente, Verbrugghe e colaboradores (2006) demonstraram a expressão
de Anexina V nas células M. Esta molécula é importante no processo de endocitose e
de suporte da membrana plasmática sugerindo, assim, que Anexina V tem um papel
importante no transporte de antígenos mediados pelas células M (Verbrugghe et al.,
2006)
Uma vez que macromoléculas tenham atravessado as células M, elas entram
em contato com as subpopulações de linfócitos localizadas nas bolsas da superfície
basolateral. Estas subpopulações são constituídas basicamente por linfócitos T, B e
células dendríticas. Os dois últimos tipos celulares funcionam como APC’s nas placas
de Peyer, processando estas moléculas e apresentando seus produtos aos linfócitos T
adjacentes, os quais, por sua vez, estimulam os linfócitos B que ali se encontram.
Estes linfócitos T diferem dos intra-epiteliais e são predominantemente CD4
+
(Neutra et
al, 2001).
Foi demonstrado que as interações entre as células envolvidas na resposta aos
antígenos oriundos das células M induzem, seletivamente, linfócitos B a secretarem
IgA. Deste modo, em estados fisiológicos, ocorre uma resposta do tipo Th2, com
secreção das interleucinas (ILs) IL-4, 5, 6, 10, 13 e TGF-
β
e níveis mínimos de IFN-
γ
(McIntyre & Strober, 1999; Mayer, 2000; Nagler-Anderson, 2000).
39
É importante ressaltar que os linfócitos B ativados e diferenciados, antes de se
tornarem plasmócitos secretores de IgA, deixam as PP, através dos vasos linfáticos
aferentes, em direção aos linfonodos da região mesentérica, onde iniciam seu processo
de maturação. Após esta etapa, estes linfócitos B ganham a circulação sistêmica,
através do ducto torácico, entrando em contato com as outras estruturas linfóides da
periferia. Finalmente, eles retornam para a lamina propria na mucosa intestinal onde,
finalmente, se diferenciam em plasmócitos (Johnson & Kudsk, 1999).
A maioria dos estudos sobre as PP é realizada em modelos murinos. Existem
poucos estudos em humanos, indicando diferenças na estrutura e função deste órgão
linfóide entre as diferentes espécies. Primeiro, sua maior concentração está na região
do íleo, enquanto que nos camundongos encontramos um número maior na região do
duodeno. Segundo, seu desenvolvimento é pré-natal, enquanto que nos murinos o
término do desenvolvimento se na fase pós-natal, a partir do contato com antígenos
no lúmen. Essas diferenças parecem ajudar a explicar as dificuldades encontradas nas
tentativas de indução de tolerância oral em humanos (Mayer, 2005).
2.7 Padrão de resposta imune aos antígenos presentes no lúmen
intestinal
O intestino possui um tecido linfóide capaz de iniciar e efetuar uma grande
variedade de respostas imunológicas. Estas reações afetam não o trato
gastrintestinal, mas o organismo como um todo, de forma sistêmica. Para se ter
verdadeira dimensão da importância do trato digestório como um órgão imunológico,
basta compararmos as superfícies externas da pele, do pulmão e do trato digestório.
Assim, no homem adulto, enquanto a extensão da pele é de apenas 2m
2
,
o pulmão
possui cerca de 80m
2
e o trato digestório pode alcançar até 300m
2
(Brandtzaeg, 2002).
Além desta diferença em extensão, o intestino é um local privilegiado para contatos do
organismo com o mundo antigênico, incluindo bactérias, parasitas, enzimas, toxinas e
uma ampla variedade de proteínas alimentares e seus produtos metabólicos (Teixeira,
2003).
A barreira essencial a este constante contato antigênico é a mucosa e, portanto,
sua integridade é fundamental dependendo da replicação, maturação e metabolismo de
40
seus constituintes. Funções adicionais para a manutenção da homeostase dependem
do muco, das lisozimas secretadas pelo pâncreas, fagócitos e de fatores humorais
envolvidos no processo inflamatório e na resposta imunológica (Brandtzaeg, 2002).
Estes fatores são produzidos, na sua maioria, localmente e o somatório destes
mecanismos celulares e moleculares constitui a barreira da mucosa. No entanto, esta
barreira não é absoluta, ao contrário, ocorre uma absorção contínua de antígenos pelas
células epiteliais. As estruturas especializadas das PP, dos folículos linfóides, do
apêndice vermiforme e de seus epitélios especializados permitem uma captação
antigênica contínua (Mayer, 2003).
Por causa deste aporte antigênico intenso e constante, o intestino pode ser
descrito como o principal órgão imunológico de contato fisiológico com o meio
ambiente. As respostas imunes advindas deste contato podem ser diametralmente
opostas levando, por um lado, a resposta imune clássica, com a proliferação
linfocitária, produção de altas concentrações de anticorpos (Ac) e citocinas ou, por
outro, uma hiporreatividade sistêmica conhecida como tolerância oral (Gebbers &
Laissue, 1989).
Embora a maioria dos trabalhos publicados em imunologia uma grande
ênfase à atividade dos linfócitos e seus produtos nos linfonodos, baço e outras
estruturas internas, não são nestes locais que se encontra a maior parte do sistema
linfóide. Na verdade, é na mucosa do intestino delgado que se localiza o maior número
de linfócitos secretores de imunoglobulinas (Ig) do corpo (Van der Heijden et al, 1995).
A observação de um grande número de células do sistema imunológico (linfócitos B e
T, macrófagos, polimorfonucleares, etc.) no intestino levou vários autores a
descreverem a mucosa e a submucosa do trato digestório como cronicamente
inflamada ou fisiologicamente inflamada (Newby et al, 1980; Newby & Stokes, 1984).
Quando os animais são mantidos em condições artificiais, isentos de germes,
ocorre uma redução importante do número de células linfóides na mucosa intestinal. No
entanto, a redução é ainda mais drástica quando é oferecido a estes animais uma dieta
livre de macromoléculas – animais livres de antígenos (Hooijkaas et al, 1984). Portanto,
esse tecido linfóide associado às mucosas está envolvido na reatividade a alimentos e
outros materiais provenientes do tubo intestinal. Além disso, os eventos imunológicos
ali iniciados têm evidentes repercussões sistêmicas e não são restritos às mucosas.
41
Assim, as mucosas em geral e a mucosa digestiva em particular, podem ser vistas
como vias naturais e efetivas de acesso ao sistema imunológico (Menezes et al, 2003).
Assim, o que se achava que eram múltiplos mecanismos para garantir um
contato restrito do organismo com macromoléculas e microrganismos do meio
ambiente, na verdade, são mecanismos que permitem o contato de forma constante e
adequado. A absorção de macromoléculas é de grande importância do ponto de vista
das reatividades imunológicas e da manutenção da estrutura morfológica da mucosa
uma vez que sem estímulos antigênicos não secreção de fatores tróficos para a
manutenção da fisiologia local (Teixeira, 2003).
Uma das funções das subpopulações de linfócitos T CD4+, CD8+ e linfócitos B é
a regulação da proliferação e manutenção da estrutura epitelial, preservando a
integridade da mucosa intestinal. Desse modo, a presença dos nutrientes na luz
intestinal e seu contato direto com a mucosa intestinal são responsáveis pelos
estímulos antigênicos e, conseqüentemente, pela manutenção da estrutura íntegra da
mucosa intestinal (Mayer, 2005).
A ausência de estímulos antigênicos derivados de uma desnutrição protéico-
calórica ou de uma alimentação peptídica leva à diminuição das subpopulações
linfocitárias e seus produtos as citocinas. Isto pode levar a um aumento do tempo de
migração celular da cripta para a vilosidade, o que leva à diminuição na renovação
celular, uma das causas da atrofia das vilosidades e, conseqüente, alterações na
permeabilidade e perda da função de barreira (King et al, 1997).
Independente da forma como entram as macromoléculas, através das células M
ou via enterócitos, a resposta fisiológica observada na mucosa intestinal mostra a
ausência de processo inflamatório. Nagler-Anderson e Shi (2001) relatam que após a
administração oral de uma proteína ocorre expansão clonal de linfócitos T,
independente se o padrão de resposta local é tolerogênica ou imunogênica (Nagler-
Anderson & Shi, 2001).
Deste modo, no processo da tolerância oral o ocorre, necessariamente, a
deleção dos clones reativos ao tolerógeno, existindo ao contrário, uma complexa rede
de interações celulares e moleculares na sua indução e manutenção. A tolerância
também é importante para a prevenção de reações de hipersensibilidade aos alimentos
42
e aos componentes da microflora não patogênica (Nagler-Anderson & Shi, 2001;
Neutra et al., 2001).
A importância fisiológica da tolerância oral, que muitas vezes foi negligenciada,
está sendo cada vez mais estabelecida. Assim, nos últimos anos, têm sido propostos
vários mecanismos para explicar tal fenômeno.
2.8 Tolerância Oral
Embora não reconhecida como tal, a tolerância oral foi o primeiro fenômeno com
bases imunológicas a aparecer na literatura após o relato de Jenner, em 1798, sobre a
vacinação anti-variólica (Mowat, 1987).
Em 1829, Dakin relata como os índios norte-americanos evitavam as dermatites
de contato causadas por uma planta sensibilizante do gênero Rhus (poison ivy). Eles
davam de beber às suas crianças uma infusão da planta. A partir de 1909, surge uma
nova série de artigos descrevendo a indução da tolerância oral a diversas proteínas
derivadas do leite (Beresdka, 1909), do milho e do ovo (Wells, 1911).
Após um novo hiato de três décadas, surge o trabalho de Chase, em 1946,
mostrando que a ingestão prévia de cloreto de picrila (dinitroclorobenzeno) evita a
dermatite de contato pelo pincelamento da pele com este composto (Chase, 1946;
Kraus et al, 2004).
No entanto, foi a partir do final da década de 70 que surgiu uma grande massa
de trabalhos envolvendo a tolerância oral, desta vez utilizando vários antígenos e
modelos animais como o cão (Cantor & Dumont, 1967), o porco (Bourne et al, 1975), a
cobaia (Heppell & Kilshaw, 1982), o rato (Bazin & Plateau, 1976; Bazin & Plateau,
1977); e o camundongo (Hanson et al, 1977; Vaz et al, 1981; Guerra, 1991; Slavin et al,
2001).
É verdade que os alimentos são digeridos na sua maior parte às unidades
estruturais de cada grupo (aminoácidos, ácidos graxos e monossacarídeos). No
entanto, uma parcela biologicamente ativa das macromoléculas ingeridas é absorvida
in natura pela mucosa, entrando em contato direto com os LIE e com as PP (Pappo et
al, 1988). Encontram-se vários relatos na literatura mostrando que ocorre a absorção
43
de macromoléculas minutos ou até segundos após a sua ingestão, inclusive através da
passagem para o feto ou para o lactente (Bruce & Ferguson, 1986; Bruce et al, 1987).
A rápida absorção de macromoléculas intactas para a circulação pode ser
evidenciada clinicamente nas alergias alimentares, que podem se manifestar por
sintomas generalizados, como urticárias, segundos após a ingestão do alimento
alergênico. No laboratório, ela também pode ser facilmente comprovada por
radioimunoensaio e outros métodos de detecção da presença de antígenos na
circulação (Teixeira, 2003).
Outras formas de hipersensibilidade, que não apenas a hipersensibilidade
imediata, também estão envolvidas nas alergias alimentares como na doença celíaca e
alergia ao leite, por exemplo. Nestas, a característica predominante é o infiltrado de
linfócito T, levando a alterações de inflamação crônica com a secreção de citocinas e
produção de IgG (Teixeira, 2003).
2.8.1 Características do desenvolvimento e manutenção da tolerância oral
A tolerância induzida por via oral não é um fenômeno subtrativo; ou seja, não
exige, necessariamente, a deleção dos clones reativos ao tolerógeno. Isto pode ser
afirmado diante das seguintes observações:
1. A transferência adotiva da tolerância oral pode ser obtida pela transferência
de linfócitos (Bruce et al, 1987);
2. Alguns dias após a indução de tolerância à OVA, por via oral, aparecem no
baço precursores de células secretoras de imunoglobulinas anti-OVA, que
alcançam níveis idênticos aos de animais inoculados (Titus & Chiller, 1981).
No entanto, estas células não se expandem em clones secretores de
anticorpos. Esta é uma situação semelhante à da existência fisiológica de
clones auto-reativos (precursores de células formadoras de auto-anticorpos),
hoje amplamente reconhecidos (Klinman et al, 1988; Coutinho et al, 1992;
Avrameas & Ternync, 1995);
3. Tanto a tolerância quanto a inoculação podem advir da introdução do
antígeno por via digestiva, na dependência do status imunológico, da dose,
44
freqüência e intervalo entre as exposições antigênicas (Peng et al, 1989;
Faria et al, 1993);
4. Na tolerância oral, a supressão da formação de anticorpos parece ser isotipo
específica (Suzuki et al, 1986; Kitamura et al, 1988), com uma redução da
síntese de anticorpos dos isotipos IgG e IgE. A síntese de IgA pode ser
afetada de forma diametralmente oposta. Às vezes, é induzida e outras vezes
é inibida (Challacombe & Tomasi, 1983);
5. A digestão do antígeno e seu posterior processamento pelas células
acessórias parece ter importância, uma vez que a indução da tolerância é
dificultada pela administração de inibidores de enzimas proteolíticas (Bruce &
Ferguson, 1986);
6. A transferência de soro de animais normais recém alimentados com OVA, é
capaz de transferir a tolerância oral (Bruce & Ferguson, 1986);
7. A transferência adotiva de linfócitos γδ intra-epiteliais de animais imunes para
animais tolerantes é capaz de reverter a tolerância oral ( Fujihashi et al, 1992;
Fujihashi et al, 1996).
8. A exposição a antígenos orais induz, preferencialmente, um padrão de
resposta Th2(IL-4/IL-10) ou Th3 (TGF-β) com propriedades supressoras
sobre a resposta Th1 e outras células imunitárias. As células tipo Th3,
aparentemente, são distintas das células Th2, uma vez que células CD4(+)
secretoras de TGF-β com propriedades supressivas no trato gastrintestinal
têm sido geradas em animais deficientes em IL-4 (Inobe et al, 1998; Baggi et
al, 1999; Slavin et al, 2001).
Estes dados indicam, portanto, a operação de uma complexa rede de interações
linfocitárias na indução e manutenção da tolerância oral. Estão incluídos nestas
interações tanto células T com receptores αβ, como γδ (Fujihashi et al, 1989; Fujihashi
et al, 1990).
45
2.8.2 Regulação antígeno-específica
Embora os mecanismos que resultem na indução de hiporresponsividade
sistêmica, após a introdução de um antígeno por via oral, ainda não estejam
completamente esclarecidos, sabe-se que a dose do antígeno tem grande importância
neste fenômeno (Friedman & Weiner, 1994). Por exemplo, doses baixas e repetitivas
induzem uma supressão ativa caracterizada pela presença de células T regulatórias
que incluem as células Th3 secretoras de TGF-
β
e as células Th1 secretoras de IL-10
(Groux, 2001; Carrier et al, 2007), enquanto que, uma dose única alta com freqüência
leva a hiporresponsividade sistêmica e local tanto da resposta humoral como celular
por deleção clonal ou anergia dos clones específicos (Kraus et al, 2004).
Assim, a via fisiológica de contato com antígenos dietéticos, ao contrário das
formas artificiais como tem sido estudada a tolerância oral, induzem respostas ativas
com proliferação celular, baixa secreção de anticorpos antígeno específicos, além da
regulação do micro ambiente local mediado através de citocinas, sem ativar os circuitos
inflamatórios das respostas imunitárias clássicas. Esta conclusão pode ser inferida pela
observação de que as principais citocinas envolvidas neste mecanismo são a TGFβ e
IL-10 (Teixeira, 2003).
Dada a multiplicidade das interações inter-linfocitárias, através de interações de
grupo, idiotípicas ou idiopeptídicas, cada clone pode, em princípio, ser afetado por uma
alteração funcional ou quantitativa de outro clone, alteração esta que se propagaria no
sistema imunológico. Embora não se conheça o impacto e extensão de tais interações,
estas devem contribuir de forma substancial para a seleção do repertório T e B, ou
seja, determinar quais especificidades de regiões variáveis, e quantas de cada tipo
estão presentes em um dado momento da vida do indivíduo. A topologia desta rede -
qual linfócito interage com qual, e de que forma e qual seu fenótipo efetor (Th1, Th2,
Th3, imunoregulador, etc.) - determinaria os estados de tolerância ou imunidade, em
relação a antígenos, sejam estes próprios e/ou estranhos (Mayer & Shao, 2004).
É interessante notar que nas doenças auto-imunes observa-se uma perturbação
do repertório T e B que é muito mais ampla do que se esperaria no caso de uma
atividade restrita a um pequeno conjunto de clones auto-agressivos. Isto sugere que a
quebra da tolerância e o conseqüente estabelecimento da auto-imunidade envolvem
uma extensa modificação da homeostase do sistema imunológico, alterações estas que
46
não dizem respeito somente aos clones diretamente auto-reativos, mas a circuitos
regulatórios pouco conhecidos. Seria, portanto, desejável que o desequilíbrio desta
homeostase pudesse ser estudado através de uma análise global do repertório T e B, e
com isso, fosse correlacionado o perfil do repertório com o estado funcional do sistema
imunológico (tolerância, auto-agressão, resposta imune) (Mayer & Shao, 2004).
2.9 Alergia alimentar
Aproximadamente 20% da população altera a dieta em função de reações
adversas a algum tipo de alimento. Estas podem ser desencadeadas pela variabilidade
de antígenos aos quais as pessoas entram em contato diariamente, pela diversidade
das respostas imunes a estes antígenos, por desordens metabólicas do indivíduo ou
até mesmo toxicidade do alimento em questão (Sicherer & Sampson, 2006).
Em um encontro de especialistas (alergistas, dermatologistas, pediatras, clínicos
gerais, pneumologistas e nutricionistas), ocorrido em Ultrecht, em 1990, buscava-se o
estabelecimento de um consenso sobre as hipersensibilidades alimentares,
particularmente no que concerne aos mecanismos da doença, métodos diagnósticos e
tratamento. Neste encontro não se chegou a uma conclusão em relação à
nomenclatura que diz respeito a todos os mecanismos envolvidos na hipersensibilidade
alimentar como, por exemplo, as manifestações extra-entéricas (de Monchy, 1991). No
entanto, um ponto importante deste encontro, foi o estabelecimento do uso de termos
como alergia e intolerância alimentar. Estas definições e/ou distinções estão
enunciadas a seguir:
Alergia alimentar
“Definida como manifestações adversas ao alimento, mediadas por
mecanismos imunológicos”.
Intolerância alimentar
“Definida como mecanismos não imunológicos das reações adversas ao
alimento como, por exemplo, a ausência da síntese de lactase na intolerância
ao leite”.
47
Tendo em vista a necessidade de se identificar os fatores desencadeadores das
reações adversas, a Academia Européia de Alergologia e Imunologia Clínica (EAACI)
estabeleceu, em 1995, uma classificação simples para as reações adversas aos
alimentos, baseada nos seus mecanismos patogênicos (Figura 5) (Johansson, 2004).
Figura 5.
Fluxograma da classificação da EAACI de 1995 para reações adversas aos alimentos baseada
nos mecanismos patogenéticos. Fonte: Ortolani & Pastorello, 2006 (modificado).
A primeira distinção feita com relação à toxicidade dos alimentos resulta em um
efeito nocivo observável em qualquer indivíduo (tóxico). Dois exemplos de efeitos
tóxicos agudos são: contaminação bacteriana (a própria bactéria ou suas toxinas) e
organofosforados. Como um exemplo de efeito tóxico crônico, podemos citar a
contaminação alimentar com metais pesados - chumbo ou mercúrio. Do lado das
reações não tóxicas, distinguem-se aquelas de ordem não imunológica (intolerância) ou
imunológica (alergia alimentar) (Ortolani & Pastorello, 2006).
As reações adversas não imunológicas podem ser classificadas em:
a) Enzimáticas - que na maioria dos casos é hereditária, como por exemplo,
a intolerância a lactose (ausência da enzima específica);
Reação adversa aos alimentos
Tóxica
Não-tóxica
Imuno Mediada (alergia
alimentar)
Não imuno mediada
(intolerância alimentar)
Enzimática
Farmacológica
Indefinida
IgE
Não-IgE
48
b) Farmacológicas - alguns indivíduos apresentam um limiar mais baixo ao
contato com substâncias tais como a histamina, presentes em alguns
alimentos (morango, vinho tinto);
c) Indefinidas - aquelas intolerâncias que não se encaixam nas duas formas
anteriores (Ortolani & Pastorello, 2006).
As reações adversas de ordem imunológica são, de um modo geral, respostas a
proteínas e são classificadas em:
a) Mediada por imunoglobulinas da classe IgE a forma de alergia
alimentar mais comum e mais estudada que pode apresentar desde
sinais e sintomas dos mais leves (edema transitório), até reações graves
que envolvem problemas na pele, nos tratos respiratório e gastrintestinal
e no sistema cardiovascular (Ortolani & Pastorello, 2006);
b) Não mediadas pela IgE - que consiste em mecanismos que envolvem
outras classes de imunoglobulinas (IgG, IgM e IgA), imunocomplexos ou
células (Sicherer & Sampson, 2006).
2.9.1 Proteínas
As respostas alérgicas induzidas por certas proteínas em indivíduos suscetíveis
estão bem estudadas e estabelecidas. No entanto, a interação das proteínas com o
sistema imune é bastante complexa e por isso torna difícil o entendimento de todos os
seus mecanismos. É sugerido que algumas proteínas sejam mais alergênicas do que
outras, porém ainda é um desafio para a ciência identificar as características que
conferem às proteínas esse potencial alergênico (Huby et al, 2000). Entre as proteínas
consideradas muito alergênicas estão aquelas derivadas do amendoim, oleaginosas de
árvores (tree nuts), clara de ovo, leite, peixes, crustáceos, entre outras (Teixeira, 2003).
A sensibilização induzida pelo amendoim afeta uma parcela significativa da
população, principalmente nos Estados Unidos, onde o consumo de amendoim é muito
grande (Palmer & Burks, 2006). Por outro lado, para outras oleaginosas, como a
castanha do Pará e a castanha de caju, poucos são os relatos de alergenicidade na
literatura internacional. Em um levantamento bibliográfico, consultando o banco de
49
dados do Pubmed, no período de 1935 a 2007, foram encontradas as seguintes
referências:
Cashew nut AND allergy - 56 relatos envolvendo alergia a castanha de caju;
Brazil nut AND allergy - 41 relatos envolvendo alergia a castanha do Pará;
Peanut AND allergy 873 relatos envolvendo a alergia ao amendoim;
Egg white AND allergy – 1335 relatos envolvendo a alergia a clara do ovo.
Para o melhor entendimento da resposta imune aos antígenos protéicos, tais
como o amendoim e a clara de ovo, é importante conhecer seus componentes
alergênicos. Hoje estão identificados oito alérgenos principais dentre a fração
protéica do amendoim (Arachis hypogaea) (Ara h1 a Ara h8). Algumas pesquisas
recentes na população americana mostram uma maior alergenicidade de Ara h1 e Ara
h2 (Palmer & Burks, 2006), enquanto que um estudo desenvolvido na Itália mostrou
que Ara h3 é o antígeno principal na indução de alergias na população estudada
(Restani et al, 2005).
2.10 Inflamação Intestinal: O Problema
A etiologia para a maioria das doenças inflamatórias intestinais (DII) é
multifatorial, envolvendo fatores genéticos, estímulos da microflora, fatores ambientais
e possíveis anormalidades na imunidade sistêmica e da mucosa (Elson et al, 1998).
Assim, um único agente ou um mecanismo isolado não parece ser suficiente para
produzir ou desencadear a inflamação intestinal. Ainda que não existam evidências
diretas, a quebra da tolerância oral pode contribuir de modo importante para o
desenvolvimento e perpetuação das DII crônicas que iniciaram, muitas vezes, meses
ou anos antes de seu diagnóstico (Mowat & Weiner, 1999).
As questões relativas à patogenia da DII foram exemplificadas na seguinte
proposição: a atividade inflamatória recorrente e crônica da doença reflete uma
resposta apropriada a um estímulo persistentemente anormal (por exemplo, alteração
estrutural do intestino ou agente causal no meio ambiente) ou uma resposta
anormalmente prolongada a um estímulo normal (Figura 6) (Peakman & Vergani,1999).
50
Figura 6. Possíveis mecanismos que levam ao desenvolvimento da DII. No intestino normal (a), um
estímulo antigênico intraluminal é tratado pela ação combinada das respostas imunológicas antígeno-
específicas e reações inflamatórias, reguladas de modo negativo após a eliminação do estímulo; na DII
(b), o estímulo persiste (infecção crônica) ou ocorre a perda da regulação das respostas imunológicas e
inflamatórias. Em ambos os casos, o resultado consiste numa resposta imunológica persistentemente
intensificada, que provoca a lesão tecidual. Fonte: Peakman & Vergani,1999.
As inflamações intestinais crônicas podem ser classificadas em um sentido
amplo como: retocolite ulcerativa (RU), doença de Crohn (DC), enteropatias com perda
protéica (protein losing enteropathies), doença celíaca, alergias alimentares e outras
enteropatias mediadas imunologicamente (Teixeira, 2003). Uma outra classificação,
mais restrita, ressalta apenas duas doenças: a DC e a RU. Ambas resultam em
sintomas constantes ou recorrentes incluindo diarréia, dor, diminuição do apetite, perda
de peso e retardo de crescimento. Estas doenças manifestam-se durante a infância ou
adolescência em 20-25% dos pacientes. A incidência destas DII varia mundialmente,
apresentando uma baixa incidência nos países asiáticos e mediterrâneos e uma alta
incidência, abrangendo de 0,3% a 0,8% da população no nordeste da Europa,
Escandinávia, Nova Zelândia e Estados Unidos (Nicholas et al., 2007).
Tendo em vista que as DC e RU são multifatoriais, mediadas imunologicamente,
e, além do mais, podem ser classificadas em várias entidades, utilizamos neste
trabalho, a classificação mais ampla das inflamações intestinais crônicas.
51
Além das alterações no padrão de resposta local dos linfócitos T e B da mucosa
intestinal, ou até em função destas, observa-se também uma mudança na população
de macrófagos que são importantes na resposta inflamatória imune e de reparo do
tecido. Na mucosa intestinal normal, principalmente na lamina propria e nas PP, existe
uma grande população de macrófagos. Estes representam a principal população de
APC capazes de determinar o tipo de resposta celular mediada pelas células T para os
antígenos luminais (Allison et al, 1988).
Não é fácil induzir uma resposta inflamatória em macrófagos intestinais normais
residentes da mucosa, pois estes não liberam a IL-1 madura, mas sim uma forma
inativa desta (Allison et al, 1988). Esta incapacidade se deve ao fato destes
macrófagos expressar apenas a forma inativa da enzima conversora da interleucina
(ICE – Interleukin Converting Enzyme), mesmo quando estimulados por LPS - um
potente ativador destas células. Ao contrário, no processo ativo da inflamação intestinal
crônica, a população de macrófagos presentes na mucosa é, na sua maioria, derivada
do sangue periférico que, quando estimulados pelo LPS, expressam tanto o precursor
quanto a forma ativa da enzima conversora (ICE) e, portanto da IL-1. Isto sugere que a
indução do processo inflamatório intestinal depende diretamente de macrófagos
derivados de monócitos circulantes e não das populações de macrófagos residentes
(Mahida, 2000).
Além disso, os macrófagos recrutados do sangue periférico são fenotipicamente
diferentes da população residente da mucosa. Em pacientes com DC e RU, estes
macrófagos são capazes de secretar, além da IL-1, muitas outras interleucinas pró-
inflamatórias (IL-6, IL-8, IL-12, IL-18, TNF-α), além de metabólitos reativos do oxigênio
e do nitrogênio, que degradam a matriz extracelular. Por outro lado, os macrófagos
também são importantes no processo de cicatrização e reparo que ocorrem durante a
fase de remissão da doença (Mahida, 2000).
Além dos macrófagos, os neutrófilos, mastócitos e eosinófilos também podem ter
um papel importante na patogenia da inflamação intestinal. Entretanto, o papel dessas
células ainda não foi completamente elucidado (Madara et al, 1991; Kucharzik et al,
2001).
O número aumentado de mastócitos e eosinófilos na mucosa inflamada está
correlacionado à manutenção da resposta inflamatória local, uma vez que liberam
52
mediadores pró-inflamatórios como a histamina, metabólitos do ácido araquidônico e
enzimas proteolíticas (Resnick et al, 1993). Araki e colaboradores (2000) mostraram
que animais deficientes de mastócitos apresentam uma forma muito mais branda da
colite induzida por uma Dextrana de Sulfato de Sódio - DSS (dextran sulphate sodium)
(Araki et al, 2000).
As prostaglandinas e os leucotrienos, mediadores lipídicos do processo
inflamatório, o sintetizados a partir do ácido araquidônico. Seus efeitos metabólicos
incluem a vasodilatação, o aumento da permeabilidade vascular e a quimiotaxia para
neutrófilos (Newberry et al, 1999).
A síntese de mediadores pró-inflamatórios a partir do ácido araquidônico e a
importância de determinados substratos metabólicos no restabelecimento dos danos
teciduais da mucosa, causados pela inflamação intestinal crônica, indicam a utilização
de nutrientes específicos como uma possível terapia exclusiva, ou adjuvante, na
resolução da inflamação intestinal crônica (Newberry et al, 1999).
A inflamação intestinal crônica provoca destruição das vilosidades, hiperplasia
das criptas e infiltrado inflamatório na lamina propria. Optamos por mostrar,
esquematicamente (figura 7), uma classificação para as alterações da mucosa
intestinal, proposta por Marsh (Marsh, 1995).
Normal Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV
Estágio I ou infiltrativo - infiltrado de leucócitos com predomínio de linfócitos.
Estágio II ou hipertrófico - infiltração leucocitária e uma hiperplasia da mucosa.
Estágio III ou destrutivo - além do infiltrado, inicia-se a destruição da mucosa.
Estágio IV ou hipoplásico - hipoplasia da mucosa.
Figura 7. Desenho esquemático das principais alterações observadas em diferentes estágios da
inflamação intestinal crônica. Adaptação de Marsh, 1995.
53
2.11 Modelos animais
Vários modelos têm sido desenvolvidos para o estudo dos mecanismos
envolvidos nas DII buscando o entendimento destas entidades em humanos e animais
domésticos. Embora nenhuns dos modelos animais atuais tenham reproduzido
completamente a DII humana, os modelos animais de inflamação intestinal têm
providenciado conhecimentos úteis em relação à patogênese da resposta inflamatória
intestinal. Esses modelos animais têm se referido à ocorrência espontânea ou induzida
da doença. Modelos induzidos de DII incluem (i) animais que foram tratados com
agentes que promovem inflamação intestinal, (ii) roedores que foram manipulados
geneticamente por marcadores de genes ou pela introdução de transgenes, e (iii)
animais imunodeficientes em que as populações celulares que medeiam a inflamação
intestinal foram transferidas (Hendrickson et al., 2002). A tabela 1 cita alguns exemplos
de modelos animais de DII descritos.
Tabela 1.
Exemplos de modelos animais de DII.
Ocorrência espontânea
Linhagem de camundongo C3H/HeJBir
Linhagem de camundongo SAMP1/Yit
Tratamento com agentes que provocam injúria na mucosa
Enemas de ácido sulfônico trinitrobenzeno (TNBS)
Administração de dextrana de sulfato de sódio (DSS)
Alteração da função das citocinas
Camundongo knockout IL-10
Camundongo knockout IL-2
Camundongo TNF ARE
Camundongo transgênico STAT-4
Alteração da função da célula T
Camundongo knockout com receptor α para célula T
Camundongo knockout com receptor β para célula T
Rato transgênico HLA-B27
Transferência de células de camundongo CD4
+
CD45RB
hi
para SCID ou Rag
-/-
Desregulaçao da função da barreira epitelial
Camundongo mutante com gene multi-drogas resistente
Camundongo knockout com fator trefoil intestinal
Fonte: Hendrickson et al., 2002.
54
Nos últimos anos, a geração de animais manipulados geneticamente através da
deleção, inserção e/ou alteração de genes específicos levou à geração inesperada de
linhagens de roedores que desenvolvem a inflamação intestinal crônica espontânea.
Embora nenhuma destas linhagens geneticamente modificadas reproduza fielmente
todas as alterações histopatológicas e clínicas associadas às formas humana das DII
crônicas, muitas exibem aspectos fundamentais que compõem o desenvolvimento
espontâneo destas enfermidades (Hendrickson et al., 2002).
Os modelos experimentais são promissores, uma vez que permitem dissecar os
vários constituintes do epitélio intestinal e da resposta imune da mucosa, necessária
tanto para a manutenção da homeostasia como para a sua quebra e, conseqüente,
inflamação intestinal crônica.
Também têm surgido muitos modelos animais para o estudo da alergia
alimentar, entendida classicamente como reação mediada pela IgE. Nos modelos
animais descritos na literatura, os aspectos histológicos do trato gastrintestinal não são
o foco de atenção principal, como revisto por Helm (2002). Os principais animais
utilizados nestes modelos são cobaias, camundongos, ratos, cães atópicos e porcos
recém-natos. Geralmente, têm se procurado nestes modelos a produção de IgE,
resposta clínica à re-exposição antigênica e a classificação por ranqueamento da
alergenicidade dos alimentos, incluindo fontes protéicas não dietéticas (Helm, 2002).
O modelo murino de inflamação intestinal crônica desenvolvido por Teixeira
(2003) avalia os processos inflamatórios crônicos desencadeados por proteínas
dietéticas oferecidas de forma fisiológica (via oral). Neles, não se observa uma
resposta Th2 típica como descrito para a maioria dos modelos de alergia alimentar,
mas uma resposta que sugere o padrão Th1 (Teixeira, 2003). A proteína alergênica
utilizada neste modelo é o amendoim (Arachis hypogea), que pode ser consumido por
roedores em condições naturais, não faz parte da composição da ração utilizada para a
manutenção dos camundongos utilizados, é uma semente de baixo custo e de fácil
obtenção (Teixeira, 1995; Teixeira et al., 2007). Além disso, o amendoim é uma
semente considerada como um dos alimentos que mais freqüentemente levam a
respostas alérgicas em humanos
(Burks et al., 1995). Em nossa revisão não
encontramos modelos experimentais de alergia alimentar com respostas tipicamente
Th1. Em humanos, algumas formas de intolerância ao glúten, à caseína e outras
55
proteínas alimentares são mediadas por respostas tipo Th1, reforçando desta forma a
importância deste modelo experimental.
2.12 Inflamação intestinal crônica e a má-absorção de nutrientes
A literatura médica enfatiza a relação existente entre as DII e os processos
relacionados à absorção e perda de peso corporal, em que o comprometimento
intestinal provoca alterações de absorção de nutrientes (glicídios, lipídios e proteínas)
em diferentes graus. A má absorção entérica pode estar presente em uma variedade
de condições clínicas, podendo ser resultante da competição bacteriana ou da flora
intestinal alterada, de alterações funcionais da mucosa do intestino delgado, da
obstrução do fluxo linfático ou de doenças que afetam a mucosa do intestino delgado,
como os diferentes tipos de inflamação que a atingem (Kao et al., 1999).
Clinicamente se sabe que a permanência prolongada de tais alterações se
reflete, posteriormente, em prejuízos para o organismo. O prejuízo na absorção de
aminoácidos influi num mesmo teor de proteínas orgânicas com reflexos gerais, tais
como, hipoproteinemia, hipoalbuminemia, anemia e baixo título de anticorpos
plasmáticos.
A má-absorção de açúcares pode ocorrer sob diversas circunstâncias,
decorrente de mudanças adaptativas na função do intestino delgado, como as que
ocorrem nas DII, como nos casos de DC e RU (Thomson & Wild, 1997).
Indiretamente, a má-absorção pode ser causada pela redução na área de
digestão da superfície intestinal, por exemplo, na síndrome do intestino curto ou
doenças de inclusão em microvilos, num aumento da motilidade intestinal, ou em
defeitos nos processos digestivos, como por exemplo, na insuficiência pancreática ou
hipolactasia (Wright et al., 2003).
2.12.1 Avaliação da absorção de glicídios através do teste da D-xilose
Danos nos enterócitos, causados pela ativação de células T e liberação de
citocinas, podem levar à má-absorção de monossacarídios e ao aumento da
permeabilidade duodenal. Enquanto a má-absorção pode contribuir para a perda de
56
peso e desnutrição, o aumento da permeabilidade intestinal pode provocar uma
enteropatia inflamatória (Sharpstone et al., 1999). Dentro dos quadros de inflamação
intestinal observamos alterações importantes na absorção de açúcares. Assim,
investigações não-invasivas da função intestinal são úteis para monitorar as
modificações sofridas pelos pacientes.
diversos testes que podem ser realizados para avaliar a alteração de
absorção de carboidratos, tais como o 51 Cr EDTA, lactose, rhamnose e manitol
(Howden et al., 1991; Barboza Jr et al., 1999; Tibble & Bjarnason, 2001), porém estes
testes são complexos.
O teste da D-xilose é atualmente a mais confiável medida quantitativa da função
absortiva intestinal, sendo um teste simples e barato, usado quase 60 anos (Roe &
Rice, 1948; Eberts et al., 1979). Vários estudos recentes têm utilizado a absorção da D-
xilose como ferramenta investigativa da função duodenal em diferentes cursos clínicos,
como na infecção pelo HIV (Perin et al., 2001) e DII.
A D-xilose é uma pentose encontrada naturalmente nas plantas e sua
metabolização incompleta permite o uso como teste absortivo (Craig & Ehrenpreis,
1999), sendo um método simples e barato (Ehrenpreis et al., 2001). É absorvida no
duodeno e no jejuno; sua absorção é semelhante à de glicídios, que é estimulado
pelo transporte de íons sódio. Ela pode ser dosada na urina ou soro, porém a maioria
dos estudos parece ser mais favoráveis ao teste sérico do que ao de excreção urinária
para triagem de pacientes adultos e pediátricos para má-absorção intestinal, pois pode
sofrer interferências como hidratação inadequada, alteração do clearance renal, tempo
de coleta, dentre outras (Craig & Atkinson, 1988). Em humanos, também o teste de
D-xilose avaliado através de níveis de H
2
expelidos na respiração após sua ingestão,
sendo um teste útil no diagnóstico da má-absorção intestinal tanto em adultos quanto
em crianças. O princípio deste teste consiste no fato de que, quando a integridade da
mucosa duodenal apresenta um distúrbio, quantidades elevadas de D-xilose
administradas oralmente irão alcançar o cólon e serão fermentadas pela flora local,
produzindo taxas excessivas de excreção de H
2
pela respiração (Casellas et al., 2000;
Rana et al., 2007).
57
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Avaliar a absorção intestinal de D-xilose no modelo experimental de inflamação
intestinal crônica antígeno-específica.
3.2 Específicos
Reproduzir o modelo murino de inflamação intestinal crônica antígeno-
específica, desenvolvido para camundongos, em ratos;
Padronizar a técnica da D-xilose sérica, adaptada para camundongo, no modelo
de alergia alimentar em ratos;
Avaliar a inflamação intestinal crônica através de parâmetros, como:
o
A evolução do peso corporal;
o A titulação de anticorpos IgG total anti-proteína de amendoim;
o
Os aspectos histológicos da mucosa intestinal;
o
Absorção intestinal da D-xilose.
Correlacionar os achados referentes à absorção intestinal da D-xilose com os
achados sorológicos e histológicos.
58
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Animais
Ratos isogênicos adultos, machos, da linhagem Lou-M, criados e mantidos no
Núcleo de Animais de Laboratório – Instituto de Biologia da Universidade Federal
Fluminense. Os animais foram mantidos em gaiolas de polipropileno com tampas de
aço inox e sobre cama (maravalha) esterilizada pelo calor. A temperatura ficou em
torno de 25ºC, controlada por exaustores, assim como a purificação do ar.
Inicialmente, os animais foram divididos em três grupos controle - Normal Ração
(NR), Normal Amendoim (NA), Imune Ração (IR) e um grupo experimental - Imune
Amendoim (IA). A constituição de cada grupo será detalhada na seção abaixo.
4.2 Protocolos Experimentais
4.2.1 Protocolo experimental I – Experimento piloto para indução da inflamação
4.2.1.1 Objetivo
Reproduzir o modelo murino de inflamação intestinal crônica antígeno-específica
em ratos, além de avaliar e comparar o consumo, o peso corporal e a sorologia entre
os grupos do experimento.
59
Quadro 1. Protocolo experimental I
Grupos
Imunização
Primária
(sc)
Imunização
Secundária
(sc)
Dieta
Desafio
Imune
Ração
(IR)
Ração
ad libitum
Imune
Amendoim
(IA)
Extrato protéico de amendoim
+ Al(OH)
3
Extrato protéico de amendoim
Amendoim
in natura ad
libitum
Normal
Ração
(NR)
Ração
ad libitum
Normal
Amendoim
(NA)
SANGRIA ZERO – plexo retrorbital - 1ml
Salina+ Al(OH)
3
SANGRIA PÓS – PRIMÁRIA - plexo retrorbital - 1ml
Salina
SANGRIA PÓS – SECUNDÁRIA - plexo retrorbital - 1ml
Amendoim
in natura
ad libitum
SANGRIA PÓS – 1ª SEMANA DE DIETA, AV. DO CONSUMO E
PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 2ª SEMANA DE DIETA, AV. DO CONSUMO E
PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 3ª SEMANA DE DIETA, AV. DO CONSUMO E
PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 4ª SEMANA DE DIETA, AV. DO CONSUMO E
PESO CORPORAL
4.2.1.2 Descrição do Protocolo
Ratos Lou-M machos adultos (8-12 semanas) foram divididos em 4 grupos
(n=40), denominados de acordo com o protocolo de inoculação e com a dieta que
receberam no período de exposição à dieta desafio:
Imune Ração (IR): animais submetidos à inoculação (sc) contendo extrato
protéico de amendoim e que receberam ração comercial ad libitum no cocho
de suas gaiolas durante o período de dieta desafio (por 4 semanas); este
grupo foi criado como controle do grupo Imune Amendoim, para verificar se o
fato destes ratos terem recebido a inoculação com amendoim e não terem se
alimentado com a mesma proteína, iriam desenvolver alergia e
conseqüentemente inflamação intestinal.
Imune Amendoim (IA): animais submetidos à inoculação (sc) contendo
extrato protéico de amendoim e que receberam semente de amendoim in
natura ad libitum no cocho de suas gaiolas durante o período de dieta desafio
60
(4 semanas); consiste no grupo experimental que foi criado para desenvolver
alergia à proteína de amendoim e conseqüentemente, inflamação intestinal
crônica.
Normal Ração (NR): animais submetidos à inoculação (sc) contendo solução
salina e que receberam ração comercial ad libitum no cocho de suas gaiolas
durante o período de dieta desafio (4 semanas); consiste no grupo controle
normal do experimento.
Normal Amendoim (NA): animais submetidos à inoculação (sc) contendo
solução salina e que receberam semente de amendoim in natura ad libitum
no cocho de suas gaiolas durante o período de dieta desafio (4 semanas);
este grupo foi criado para verificar se o fato destes ratos terem recebido a
inoculação com salina e terem se alimentado com a semente de amendoim,
iriam desenvolver alergia e conseqüentemente, inflamação intestinal.
Durante o período de quatro semanas após a inoculação secundária, avaliamos
o consumo de ração e de semente de amendoim diariamente dos grupos e,
semanalmente, todos os ratos foram pesados e sangrados, para avaliação clínica e
sorológica respectivamente.
4.2.2 Protocolo experimental II Indução da inflamação intestinal crônica e
estudo do metabolismo de açúcares
4.2.2.1 Objetivo
Indução da inflamação intestinal crônica dos ratos para avaliar os aspectos
histológicos da mucosa intestinal e padronizar a técnica da D-xilose sérica para avaliar
o metabolismo de carboidratos dos animais controle (NR) e experimental (IA).
Correlacionar os parâmetros utilizados para diagnóstico da inflamação intestinal crônica
com o teste de absorção da D-xilose.
61
Quadro 2. Protocolo experimental II
Grupos
Imunização
Primária
(sc)
Imunização
Secundária
(sc)
Dieta
Desafio
Experimental
(IA)
Extrato
protéico de
amendoim +
Al(OH)
3
Extrato
protéico de
amendoim
Amendoim
in natura
ad libitum
Controle
(NR)
SANGRIA ZERO – plexo retrorbital - 1ml
Salina+
Al(OH)
3
SANGRIA PÓS – PRIMÁRIA - plexo retrorbital - 1ml
Salina
SANGRIA PÓS – SECUNDÁRIA - plexo retrorbital - 1ml
Ração
ad libitum
SANGRIA PÓS – 1ª SEMANA DE DIETA E PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 2ª SEMANA DE DIETA E PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 3ª SEMANA DE DIETA E PESO CORPORAL
SANGRIA PÓS – 4ª SEMANA DE DIETA E PESO CORPORAL
GAVAGEM DA SOLUÇÃO DE D-XILOSE E SANGRIA
DOSAGEM DA D-XILOSE
MORTE – Retirada dos segmentos para a histologia
4.2.2.2 Descrição do protocolo
Ratos Lou-M machos adultos (8-12 semanas) foram divididos em 2 grupos:
Grupo Controle, equivalente ao Normal Ração (NR) e o Grupo Experimental,
equivalente ao grupo Imune Amendoim (IA). Depois de terem sido submetidos aos
respectivos procedimentos do protocolo anterior até a etapa de exposição à dieta
desafio, cada animal foi submetido a uma gavagem intragástrica contendo solução de
D-xilose. Em seguida, foram sangrados para a determinação da absorção de D-xilose,
através da quantificação deste açúcar no soro. Foi realizada a eutanásia de todos os
ratos para o procedimento de retirada de segmentos intestinais e a realização da
técnica de histologia.
62
4.3 Dietas
4.3.1 Ração comercial
Foi fornecida uma ração balanceada (NUVILAB-NUVITAL®) ad libitum a todos
os animais antes do período de dieta desafio e durante este período, foi fornecida
somente aos grupos NR e IR. Esta ração é composta de: carbonato de cálcio, farelo de
milho, farelo de soja, farelo de trigo, fosfato bicálcico, cloreto de sódio, premix mineral
vitamínico e aminoácidos.
4.3.2 Amendoim
Utilizamos como dieta desafio para a indução da alergia alimentar, e
conseqüentemente, para indução da inflamação intestinal, sementes de amendoim in
natura, oferecido no coxo da gaiola de forma exclusiva. Esta dieta foi imposta aos
animais dos grupos NA e IA por um período de 30 dias após a segunda inoculação.
4.3.3 Comparação da distribuição de macronutrientes da ração e do amendoim
A distribuição de macronutrientes, assim como a distribuição de vitaminas e
aminoácidos da ração e do amendoim, encontra-se descrita nas tabelas abaixo.
Tabela 2.
Distribuição dos macronutrientes.
Ração Comercial Amendoim
Componente % Componentes %
Umidade 12,5
Umidade
11,00
Proteína bruta 22,0
Proteína bruta
29,31
Carboidratos 43,5
Carboidratos
5,94
Extrato etéreo 4,0
Extrato etéreo
48,75
Material mineral 10,0
Material mineral
2,40
Matéria fibrosa 8,0
Matéria fibrosa
2,60
Calorias 298 Kcal Calorias 579,7 Kcal
Fonte: FRANCO, 1982.
63
Tabela 3. Distribuição de vitaminas e aminoácidos.
Ração Amendoim
Componente Concentração Componente Concentração
Vit A 12.000 UI Vit A 3,0 mcg
Vit. D3 1.800 UI Vit. D3 Nd
Vit K 3,00 mg Vit K Nd
Vit B1 5,00 mg Vit B1 910,0 mcg
Vit B12 20,00 mg Vit B12 0,1 mcg
Niacina 60,00 mg Niacina 17,6mg
Ac. pantotênico 20mg Ac. pantotênico Nd
Biotina 0,05 mg Biotina 0,039ng
Colina 60,00 mg Colina Nd
DL - metionina 300mg DL - metionina 0,43
Lisina 100mg Lisina 1,56
Ferro 50,00 mg Ferro
4 mg
Zinco 60,00 mg Zinco
6 mg
Cobre 10,00 mg Cobre
0,90 mg
Iodo 2,00 mg Iodo
Nd
Manganês 60,00 mg Manganês
Nd
Selênio 0,05 mg Selênio
Nd
Cobalto 1,50 mg Cobalto
Nd
Fonte: FRANCO, 1982.
4.4 Extração de proteínas do amendoim
4.4.1 Procedimento de extração
A obtenção de extratos de amendoim foi realizada pela metodologia
desenvolvida para extração de proteínas do milho na Embrapa - Sete Lagoas, M.G,
modificação da técnica descrita por Landry (Teixeira, 2003).
De forma sintética, as sementes foram descascadas e moídas em moedor
elétrico, tipo de café. O material resultante foi colocado em tubo de 15mL e suspenso
em tampão de extração alcalino na proporção de uma parte do material para dez de
tampão. O tubo foi agitado delicadamente por inversão durante 30 minutos, à
64
temperatura ambiente. A seguir, o material foi centrifugado por 30 minutos, a 5
o
C, 3000
rpm, e o sobrenadante recolhido. Foram realizadas, além desta extração, outras duas
com a utilização de um tampão ácido e outro neutro. A concentração de proteínas foi
determinada pela técnica de Lowry (Lowry et al, 1951).
4.4.2 Dosagem de proteína obtida nos extratos de amendoim
Resumidamente, a partir da amostra titulada de BSA (1mg/mL) foram feitas 4
diluições de cada amostra de extrato protéico de amendoim. Uma vez que as amostras
foram diluídas, acrescentamos o reativo 1 aos tubos e esperamos a reação por 10
minutos. O reativo de Folin-Ciocalteau foi diluído e acrescentado às amostras após os
10 minutos da reação anterior. Após esta última etapa, esperamos por mais 50 minutos
para que as amostras obtivessem coloração proporcional ao seu conteúdo de proteína.
Após os 50 minutos de reação, foi realizada a leitura em espectrofotômetro, em
comprimento de onda de 500nm. Cada amostra foi lida duas vezes e foi retirada a
média das leituras de cada tubo. Estabelecemos a equação da reta e o valor de R
2
, a
partir do qual foi calculada a concentração de proteína das amostras.
Os procedimentos de preparo de reagentes e diluição dos extratos e amostras
encontram-se em anexo.
4.5 Inoculações: extrato bruto de amendoim e salina
As inoculações foram realizadas por via subcutânea (sc). Na inoculação
primária, cada animal dos grupos Imune Amendoim e Ração recebeu 200µg de extrato
protéico de amendoim, mais 5mg de hidróxido de alumínio (Al(OH)
3 -
adjuvante) em
solução salina q.s.p no volume final de 1mL, enquanto que cada animal dos grupos
Normal Ração e Normal Amendoim recebeu uma inoculação composta somente por
solução salina mais 5mg de adjuvante, num volume final de 1mL.
Após um intervalo de 28 dias, os animais dos grupos Imunes Amendoim e
Ração receberam a inoculação secundária (sc) com 200µg de extrato protéico de
amendoim em solução salina q.s.p no volume final de 1mL, sem adjuvante, enquanto
que os animais dos grupos Normais Ração e Amendoim receberam novamente uma
inoculação com salina num mesmo volume final, sem adjuvante.
65
4.6 Sangrias
Foram retirados 1mL de sangue do plexo retro-orbitário de todos os animais
antes de qualquer manipulação e após qualquer exposição aos antígenos, quer por via
oral ou por via parenteral. Após a retração dos coágulos, as amostras de sangue foram
centrifugadas, os soros recolhidos e, em seguida, guardados a –20ºC até serem
analisados.
4.7 Determinação do consumo diário de alimento
Os componentes da dieta (amendoim ou ração) foram pesados e colocados nos
cochos das gaiolas a cada manhã. Após 24h de consumo ad libitum, o alimento
restante de cada gaiola foi separado e pesado. O consumo foi avaliado dividindo-se a
diferença entre o peso oferecido e o recolhido pelo peso corporal total dos animais do
grupo e expresso como miligrama de alimento por grama de peso corporal (mg/gpc).
CONSUMO (mg) = peso oferecido (g) – peso recolhido em 24h(g) X 1.000
Peso corporal total do grupo (g)
O consumo diário foi expresso em (mg) no sentido de melhorar a visualização
dos resultados.
A partir da avaliação do consumo diário de alimento, avaliamos o consumo diário
de calorias por grama de peso corporal de cada grupo. O cálculo de calorias ingeridas
foi realizado através da multiplicação do valor do consumo em gramas do alimento pela
quantidade de calorias contidas neste mesmo alimento.
4.8 Peso dos animais
Os animais foram pesados antes e durante ao período de dieta desafio,
semanalmente, em balança digital com duas casas decimais da marca Plenna
®
.
66
4.9 Avaliação dos níveis de IgG anti-proteínas do Amendoim
Para a quantificação dos níveis de anticorpos (Ac) IgG total anti-proteínas da
semente do amendoim, foi utilizada a técnica de ELISA. Placas de microtitulação foram
cobertas com 10µg de extrato protéico de amendoim em 100µL de tampão PBS por
poço e incubadas durante 12 - 18 horas, a 4
o
C. Em seguida, foram lavadas duas vezes
com uma solução de PBS-Tween 0,05% e cobertas com PBS-gelatina durante 1 hora,
à temperatura ambiente.
Após este período, as placas foram esgotadas e incubadas por 1h com os soros
a serem testados. Para isto, foram adicionados 20
µ
L de soro diluído a 1:10 em 180
µ
L
de PBS-gelatina na primeira fileira e, em seguida, feita a diluição seriada obtendo-se
uma diluição final de 1:12000.
Terminado o período de incubação, cada placa foi lavada seis vezes com PBS-
Tween, e em seguida, foi adicionado o Ac IgG de cabra anticadeia
α
e
β
de rato,
conjugado com peroxidase. Após novo período de incubação de 1h, a 37
o
C, as placas
foram lavadas como na etapa anterior e, em seguida, foi adicionado 100µL da solução
do substrato (OPD - 4mg, H
2
O
2
- 4µL, em 10mL de tampão citrato fosfato).
A reação foi interrompida após 20 minutos com uma solução 0,1M de ácido
sulfúrico (H
2
SO
4
).
A medida das densidades ópticas foi realizada em um leitor de
ELISA (Anthos-2010), utilizando um comprimento de onda de 492nm.
A análise dos resultados foi realizada pela comparação do somatório das
densidades ópticas de cada soro, denominado de ELISA*. A sorologia foi avaliada pelo
método do ELISA a partir dos soros recolhidos das sangrias feitas nas diversas etapas
dos experimentos.
4.10 Teste de absorção de carboidratos – Dosagem da D-xilose sérica
4.10.1 Padronização da técnica de absorção de D-xilose em ratos normais e
determinação da curva-padrão
Para a dosagem da D-xilose, utilizamos o reagente floroglucinol (VETEC), Ácido
acético glacial (Merck), ácido clorídrico fumegante (Merck) e a D-xilose (VETEC).
Utilizamos a técnica descrita por Eberts e cols. (1979), padronizando-a para ratos.
67
Assim, submetemos cinco animais normais, sem manipulação anterior, a um
jejum por 12h. Após este período, todos os animais foram sangrados para obter um
controle.
A técnica, em resumo consistiu em:
1. Preparo do reagente indicador:
Foi pesado 0,5g de fluoroglucinol, acrescentado a 10ml de ácido clorídrico
fumante (HCl) e completado para 100ml com ácido acético.
2. Preparo da solução de D-xilose (padrão):
Foram diluídos 18,5g de D-xilose em 30ml de água destilada.
Para a confecção da curva padrão, realizamos diluições seriadas 1:2 da
solução padrão de D-xilose 62% (ou seja, foi retirado 100µl e adicionado a
100µl de água destilada) por 9 diluições, atingindo uma diluição final de
0,0027mg de D-xilose. Estabelecemos 60µl para 2ml de solução indicadora
de cor, logo, a solução padrão no primeiro tubo, possuiu, 2mg de D-xilose.
3. Após o preparo das soluções, os ratos foram sangrados para a coleta do soro
pós-jejum e depois, foi realizada a gavagem da solução: cada animal recebeu
uma gavagem estomacal de 2ml contendo uma solução de D-xilose a 62%, o
equivalente à ingestão de 1,23g D-xilose. A seguir, realizamos as sangrias pelo
plexo retrorbital na 1ª, 2ª, 3ª e 4ª horas pós-gavagem.
4. Após a coleta do soro dos animais, os tubos para análise por espectrofotômetro
foram preparados:
Tubo Branco:
- Consistiu na mistura de 60µl de água destilada em 2ml do reagente de cor.
Tubos para curva-padrão:
- Consistiu na mistura de 60µl da solução padrão no primeiro tubo em 2ml do
reagente de cor a seguir, foi realizado uma diluição seriada em 9 tubos,
como descrito no segundo item.
Tubos contendo os soros a serem testados:
68
- Consistiu em 60µl de soro de cada amostra em tubos com 2ml de indicador.
5. Todos os tubos foram aquecidos em banho-maria até atingir 100ºC, por 4
minutos. Depois, esfriados à temperatura ambiente.
6. Os tubos foram lidos em espectrofotômetro (Pelkin Elmer), num comprimento de
onda de 554nm.
4.10.2 Uso da técnica de D-xilose para avaliação dos animais do experimento
Após a padronização desta técnica em animais normais, repetimos o mesmo
procedimento descrito acima nos animais pertencentes ao experimento, de acordo com
o protocolo, que será descrito mais adiante, no item 4.13.2.
Em resumo, os procedimentos realizados nestes animais:
Jejum dos animais por 12h;
Sangria pós-jejum dos animais;
Gavagem estomacal da solução de D-xilose a 62%;
Sangrias na 1ª e 3ª hora pós-gavagem;
Soro centrifugado, recolhido e armazenado a -20ºC até a análise;
Preparo dos tubos para análise;
Aquecimento de todos os tubos até atingir 100ºC por 4 minutos;
Leitura de todos os tubos em espectrofotômetro, em 554nm.
4.11 Coleta de segmentos do intestino dos ratos
A coleta de segmentos do intestino foi realizada pela técnica descrita por
Teixeira (Teixeira, 2003). Submete-se o animal à anestesia, utilizando inicialmente
Atropina, em dose de 0,05 mg/kg via subcutânea. Dez minutos após a injeção de
Atropina, foi aplicado 0,03mL via intramuscular de solução mãe (1mL ketamina (50mg)
+ 1mL de xilazina (20mg). Após a parada cardiorespiratória, o peritônio foi aberto e a
alça intestinal liberada do mesentério.
A avaliação macroscópica foi feita com a observação da textura e coloração do
intestino.
69
Os segmentos de interesse, duodeno e jejuno, foram dissecados, retirando-se
3cm de cada segmento. Estes segmentos foram colocados sobre um pedaço de papel
de filtro e abertos longitudinalmente com auxílio de uma pinça de relojoeiro e tesoura
reta oftalmológica. O processo de abertura do segmento de alça é um processo
delicado, sendo necessário muito cuidado para não danificar a camada mucosa.
Imediatamente após a abertura da alça, pinga-se formol tamponado para a fixação do
tecido. Em seguida, este tecido foi colocado em um recipiente contendo solução de
formol tamponado até a inclusão em parafina.
A carcaça e as vísceras foram embaladas e preparadas para incineração.
O conjunto dos segmentos intestinais ficou imerso em solução formol-salina
10%, por um período de 24-48 horas;
Após a lavagem das peças em água corrente por 4 horas, seguimos com as
etapas de imersão em: 1) álcool a 70%; 2) álcool a 95%, 3) álcool absoluto I, II e III a
100%; 4) xilol I e II, para clarear. O conjunto dos segmentos intestinais ficou imerso
durante 50 minutos em cada etapa.
A técnica foi prosseguida com o banho de parafina I e II em estufa, durante 50
minutos cada, e a inclusão dos segmentos em parafina. Foram feitos os cortes
histológicos, com espessura de 5µm, utilizando micrótomo manual (American optical
coorporation-820). Os cortes foram deixados em banho-maria para distenderem e,
então, foram colocados em lâminas, previamente albuminizadas;
Após desparafinização e hidratação, foi realizada a coloração das lâminas em
hematoxilina, por 20 minutos e eosina floxina, por 2 minutos. Após a montagem e
secagem, as lâminas foram analisadas em microscopia óptica.
Os parâmetros histomorfométricos utilizados, para avaliação da inflamação
intestinal, foram: número total de vilosidades por campo; número de leucócitos
mononucleares e número de enterócitos. As análises foram feitas por animal em cada
grupo, onde para a área do intestino delgado foram analisadas altura e largura de 10
vilosidades. A contagem dos enterócitos e dos leucócitos mononucleares intra-epiteliais
foi avaliada com a utilização de objetiva reticulada, com unidade de microscopia no
aumento de 60x, onde um campo equivale a 0,2 mm de tecido. As fotomicrografias
foram feitas com câmera Olympus acoplada ao microscópio óptico Olympos BX41
usando filme Kodak asa 100.
70
4.12 Estatística
De acordo com os protocolos experimentais consideramos o n mínimo de 10
para cada grupo. Os dados foram organizados a partir de seus valores originais e
representados graficamente.
Foram utilizados os testes T de Student, a Análise de Variância ANOVA com o
pós-teste de Tukey para a determinação da diferença mínima significativa e o
coeficiente de Pearson (r) (correlação linear).
O grau de significância utilizado será representado nos gráficos referente aos
resultados, de forma simbólica, como se segue:
P<0,05 será representado por *
P<0,01 será representado por **
P<0,001 será representado por ***
Todos os testes estatísticos foram feitos com auxílio do software
GraphPadInstat
versão 4.10 for Windows 98, GraphPad Software, San Diego
Califórnia – USA, www.graphpad.com Copyright 1992-1998.
71
5 RESULTADOS
5.1 Protocolo Experimental – I
5.1.1 Avaliação do consumo de ração e de semente de amendoim
5.1.1.1 Objetivo
Analisar se diferença significativa entre os grupos, em relação ao consumo
diário de ração e semente de amendoim e de calorias ingeridas durante o período de
exposição à dieta desafio.
5.1.1.2 Consumo diário da dieta e ingestão de calorias durante o período de dieta
desafio
Avaliamos o consumo de dieta de três formas distintas: o consumo médio diário
(Figura 8A), o consumo médio semanal (Figura 8B) e consumo médio total (Figura 8C).
O consumo de ração pelo grupo Imune Ração (IR) e pelo grupo Normal Ração (NR)
não apresentou diferença significativa na avaliação diária. Ambos os grupos
apresentam uma flutuação no consumo diário dentro de uma faixa de normalidade. Os
animais que foram alimentados com semente de amendoim apresentaram um consumo
diário menor, quando comparado aos grupos anteriores. Embora haja uma
variabilidade diária de consumo, os animais do grupo Normal Amendoim (NA)
consumiram sempre quantidades iguais ou maiores do que o grupo Imune Amendoim
(IA). Esta diferença se estabelece claramente a partir da segunda semana com um
grau de significância de p<0,0001.
72
A
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
sem
sem
sem
sem
mg/gpc
Gpo NR Gpo NA Gpo IR Gpo IA
B
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
1a sem 2a sem 3a sem 4a sem
mg/gpc
Gpo NR Gpo NA Gpo IR Gpo IA
C
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
Ração Amendoim
mg/gpc
Imune
Normal
Figura 8.
Consumo de ração e amendoim expresso em mg/gpc, durante o período de dieta desafio. Os
grupos Normal Ração (NR) e Imune Ração (IR) receberam somente ração no cocho de suas gaiolas,
enquanto que os grupos Normal Amendoim (NA) e Imune Amendoim (IA) receberam somente semente
de amendoim in natura. (A) Representação do consumo diário ao longo da semana. (B) Representação
da média do consumo semanal. (C) Média de consumo diário ao longo do período de dieta desafio. A
diferença no consumo entre os grupos que foram alimentados com ração e os que foram alimentados
***
73
com amendoim foi significativa (p< 0,0001). Também foi observada a mesma significância quando
comparado o grupo NA com o grupo IA.
Quando apresentamos as médias do consumo semanal, estes padrões de
comportamento se tornaram mais evidentes. Na avaliação média do consumo durante
as quatro semanas de exposição à dieta desafio, mostramos que os animais que foram
alimentados com ração (NR e IR) apresentaram consumo diário significativamente
maior do que os dois grupos que consumiram amendoim (NA e IA) (p<0,0001). Embora
o consumo médio do grupo IR (92,61±9,30mg/gpc) seja maior do que o grupo NR
(88,73,43mg/gpc) não diferença entre estes grupos. Por outro lado, existe uma
diferença significativa quando comparamos o consumo do grupo NA
(38,42,31mg/gpc) com o consumo do grupo IA (27,60± 3,88mg/gpc) (p<0,0001).
Uma outra maneira de avaliar o consumo do alimento é através da quantificação
das calorias totais. Optamos por apresentar graficamente apenas a média do consumo
calórico diário por semana (figura 9), uma vez que este nos apresenta a melhor
visualização.
0,00
50,00
100,00
150,00
200,00
250,00
300,00
350,00
1a sem 2a sem 3a sem 4a sem
Gpo NR Gpo NA Gpo IR Gpo IA
Figura 9.
Média de calorias
ingeridas entre os grupos do experimento durante o período de dieta
desafio. Os grupos que consumiram ração apresentaram uma ingestão significativamente (p>0,05) maior
de calorias do que os grupos que consumiram amendoim. Quando comparamos os grupos que
consumiram amendoim, o grupo NA apresentou uma ingestão significativamente maior do que o grupo
IA (p<0,01).
Podemos visualizar na figura acima que o único grupo que se destaca quanto ao
valor calórico consumido foi o grupo inoculado com extrato protéico de amendoim e
74
alimentado com a respectiva proteína durante o período de dieta desafio (IA) com
diferentes graus de significância para cada um dos três grupos restantes. Entre estes,
aqueles alimentados com ração (NR e IR) e o grupo alimentado com amendoim e que
não foi inoculado com o extrato protéico de amendoim (NA), não diferença
significativa (p>0,05) (tabela 4).
Tabela 4.
Comparação da significância entre grupos quanto ao consumo calórico médio durante o
período de dieta desafio
Comparação entre grupos Diferença média q Significância p valor
Gpo NR vs Gpo NA 34,263 2,564 ns P>0,05
Gpo NR vs Gpo IR -11,172 0,8362 ns P>0,05
Gpo NR vs Gpo IA 97,305 7,282 ** P<0,01
Gpo NA vs Gpo IR -45,435 3,400 ns P>0,05
Gpo NA vs Gpo IA 63,043 4,718 * P<0,05
Gpo IR vs Gpo IA 108,48 8,119 *** P<0,001
Ao final do período de exposição à dieta, o grupo NR ingeriu em média
257,49,96kcal, enquanto o grupo IR ingeriu 268,58±26,98kcal sem apresentar
diferença significativa (p>0,05). O grupo NA apresentou uma ingestão média de
223,113,43kcal, enquanto o grupo IA ingeriu significativamente menos calorias
160,10 ± 22,51kcal (p<0,05).
5.1.2 Peso dos animais
5.1.2.1 Objetivo
Verificar se a dieta desafio altera, de forma significativa, o ganho de peso em
animais inoculados com a respectiva proteína comparados com os animais inoculados
com salina, bem como comparar o ganho de peso em animais inoculados com a
proteína do amendoim ou salina que continuam comendo ração (grupos NR e IR).
5.1.2.2 Evolução do peso corporal médio dos animais entre os grupos
Antes do início do período de dieta desafio, os ratos de todos os grupos
apresentaram um peso médio de 242,03 ± 9,60g.
Os animais dos grupos alimentados com ração, independente do protocolo de
inoculação (proteína do amendoim (IR) ou salina (NR)), apresentaram um ganho de
75
peso contínuo durante o experimento sem diferença significativa (p>0,05) entre os
grupos.
Os animais dos grupos alimentados com amendoim (IA e NA), não só não
ganharam peso, como os que foram inoculados com a respectiva proteína (IA)
apresentaram uma perda significativa de peso (p<0,001), chamando a atenção para a
perda de peso do grupo IA desde a primeira semana de exposição à dieta desafio
(Figura 10).
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
0 semana 1ª sem 2ª sem 3ª sem 4ª sem
gramas
Gpo NR Gpo NA Gpo IR Gpo IA
Figura 10.
Média da diferença de peso, em gramas, dos animais dos grupos Normal Ração (NR),
Normal Amendoim (NA), Imune Ração (IR) e Imune Amendoim (IA), antes e durante as quatro semanas
de dieta desafio. Os animais dos grupos controles (NR e IR) apresentaram ganho de peso, enquanto os
animais do grupo NA não apresentaram diferença de peso. os animais do grupo experimental (IA)
apresentaram uma perda de peso significativa (p<0,001) a partir do primeiro dia de introdução da dieta
desafio.
5.1.3 Sorologia – dosagem de IgG total anti-proteína de amendoim
5.1.3.1 Objetivo
Determinar, através da análise sorológica, se existe diferença quanto aos títulos
de IgG total entre os grupos inoculados com extrato protéico de amendoim e salina.
5.1.3.2 Titulação de anticorpos IgG de cada grupo do experimento
A inoculação sistêmica com extrato de amendoim (grupos IR e IA), proporcionou
um aumento significativo dos títulos de anticorpos (Ac) específicos anti-amendoim
76
(p<0,001), quando comparado aos grupos inoculados com salina mesmo durante as
quatro semanas de dieta desafio. Não houve diferença significativa (p>0,05) nos títulos
de anticorpos entre os grupos inoculados com salina (NR e NA) nem entre os aqueles
inoculados com extrato protéico de amendoim (IR e IA) (Figura 11).
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
sg pós-sec 1 sem 2 sem 3 sem 4 sem
NR NA IR IA
Figura 11.
Média dos níveis de IgG total anti-proteína de amendoim dos grupos durante as semanas de
dieta desafio. Os animais dos grupos IA e IR apresentaram altos tulos de anticorpos, enquanto os
animais dos grupos controles NR e NA apresentaram baixos títulos (p<0,001).
5.2 Protocolo Experimental II
5.2.1 Desenvolvimento do Modelo de Inflamação Intestinal Crônica em Ratos
A partir das análises observadas no experimento piloto (I), pode-se observar que
o modelo foi desenvolvido com sucesso, pois os dados sorológicos e de peso foram
similares aos achados prévios em camundongos (Teixeira, 2003).
Devido à observação de que os grupos controles NA, NR e IR, apresentaram
comportamentos de consumo e peso similares, foi desenvolvido um novo protocolo
experimental (II), constando somente dos dois grupos extremos: IA (inoculados com
extrato protéico de amendoim e alimentados com a respectiva proteína) e NR
(inoculados com salina e alimentados exclusivamente com ração). A partir de agora,
denominados de grupo experimental e grupo controle, respectivamente. Este segundo
protocolo teve como objetivo avaliar a interferência do processo inflamatório crônico na
sua capacidade de absorção de glicídios e para confirmar o estado fisiopatológico e
77
imunológico (sorologia) dos animais destes grupos, também foi realizada a avaliação
histológica do intestino e a titulação de anticorpos anti-amendoim.
5.2.2 Avaliação sorológica
5.2.2.1 Objetivo
Confirmar através da análise sorológica, a resposta imunitária à inoculação com
extrato protéico de amendoim.
5.2.2.2 Titulação de anticorpos IgG anti-proteína de amendoim dos grupos
Confirmando resultados prévios, os ratos do grupo experimental (submetidos à
inoculação sistêmica com extrato bruto de amendoim) apresentaram títulos de
anticorpos IgG significativamente maiores (5,085±0,126) do que os ratos do grupo
controle, inoculados com solução salina (0,905±0,053). A diferença entre os títulos
nestes grupos foi significativa (p<0,0001) (Figura 12).
0
1
2
3
4
5
6
1 sem 2 sem 3 sem 4 sem
semanas de exposição
Unidades arbitrárias de ELISA*
Grupo Experimental
Grupo Controle
Figura 12.
Títulos de anticorpos IgG total antiamendoim nos grupos experimental e controle. P<0,0001.
5.2.3 Avaliação Histológica
5.2.3.1 Objetivo
Comparar as alterações histomorfométricas entre os grupos controle e
experimental.
78
5.2.3.2 Análise macroscópica e microscópica
Na análise macroscópica, os animais do grupo controle apresentaram tecido
intestinal de consistência normal, sem sinais de inflamação. Os animais pertencentes
ao grupo experimental apresentaram um tecido intestinal friável e foi observada
secreção purulenta em alguns animais (quatro entre os dez animais deste grupo).
A análise microscópica condiz com a macroscopia, onde foi observada uma
estrutura intestinal preservada nos animais do grupo controle, enquanto foi observado
nos animais do grupo experimental, vilosidades com edema, hiperemia e um grande
infiltrado leucocitário, tanto no duodeno quanto no jejuno (Figura 13A e B).
Figura 13.
Diferenças histológicas entre os ratos do grupo controle e experimental. (A) Aspectos da
vilosidade de um rato do grupo controle, apresentando um tecido preservado, sem edema e poucos
leucócitos. (B) Aspectos da vilosidade de um rato do grupo experimental, apresentando hiperemia e
grande infiltrado leucocitário (coloração HE, aumento de 200x).
Ao realizar a avaliação histomorfométrica do duodeno de animais do grupo
experimental, observamos um aumento significativo da largura das vilosidades com
uma conseqüente diminuição da razão altura/largura (3,54±1,10) quando comparamos
com o grupo controle (4,55±0,74) (p<0,05). A diminuição desta razão também ocorreu
79
no jejuno, mas não foi significativa quando comparamos os grupos citados (Figura
14A).
Figura 14.
Análise histomorfométrica dos segmentos intestinais do grupo experimental e controle.
Representação gráfica da razão altura/largura da vilosidade (A), onde somente o duodeno dos ratos
experimentais apresentou diferença significativa (p<0,05) quando comparado ao dos ratos controle,
enquanto na representação da razão altura da lula epitelial/largura da lamina propria (B), somente o
jejuno apresentou diferença significativa (p<0,05).
Foi observada uma diferença significativa (p<0,05) no jejuno, mas não no
duodeno, quando avaliada a razão altura da célula epitelial/largura da lamina propria.
Nesta avaliação, os animais experimentais apresentaram uma razão menor (0,62±0,08)
do que os animais controles (0,83±0,38) (Figura 14B).
O terceiro critério avaliado foi a razão altura da vilosidade/altura da cripta. Esta
razão foi maior em animais controle (1,97±0,11), quando comparado aos animais
experimentais (1,80±0,07). Após a avaliação dos dois segmentos intestinais,
observamos uma diferença significativa (p<0,05) somente no duodeno (Figura 15A).
80
Figura 15.
Análise histomorfométrica dos segmentos intestinais dos grupos experimental e controle.
Representação gráfica da razão altura da vilosidade/altura da cripta (A), onde observamos diferença
significativa (p<0,05) somente no duodeno dos ratos experimentais quando comparado ao dos ratos
controle. Na representação da razão células epiteliais intestinais (CEI) / leucócitos intraepiteliais (LIE)
(B), ambos os segmentos duodeno e jejuno apresentaram diferença significativa (p<0,05).
O quarto critério usado foi a comparação do número de células epiteliais
intestinais (CEI) com o número de leucócitos intraepiteliais (LIE) e o estabelecimento
da razão CEI/LIE. Para este critério, observamos diferenças significativas (p<0,05) em
ambos os segmentos intestinais quando comparamos os animais experimentais com os
animais controle. No duodeno, a razão CEI/LIE foi 9,09±1,43 no grupo experimental e
22,95±2,93 no grupo controle, enquanto no jejuno a razão foi 8,52±2,43 no grupo
experimental e 13,22±0,80 no grupo controle. Os animais do grupo controle
apresentaram uma relação maior do que dos animais experimentais (Figura 15B).
5.2.4 Padronização do teste da D-xilose sérica
5.2.4.1 Objetivo
Padronizar a técnica de D-xilose para avaliar e comparar a absorção intestinal
de carboidratos entre os grupos controle e experimental.
5.2.4.2 Experimento piloto – animais sem manipulação
Após a gavagem, todos os animais foram sangrados a cada hora durante as
quatro primeiras horas para determinar a curva de absorção e excreção de D-xilose.
81
Analisando a curva de absorção individual até a terceira hora pós-gavagem,
observamos que não houve diferença estatística nos níveis séricos de D-xilose, mesmo
quando foi feita a comparação entre os animais. Assim, passamos a utilizar a sangria
da primeira e terceira hora. Analisando as médias dos animais, observamos uma
diferença significativa na concentração de D-xilose no sangue entre o período de jejum
e após a gavagem, mas não durante as três horas pós-gavagem. A partir da quarta
hora inicia-se o clearance da D-xilose com uma diferença significativa na concentração
deste açúcar, quando comparado com a terceira hora (p>0,05) (Figura 16).
A
0
5
10
15
20
25
30
35
Jejum 1ª hora hora 3ª hora 4ª hora
Concentração de D-xilose sérica (mg/ml)
B
0
5
10
15
20
25
30
35
40
jejum 1ª hora 2ª hora hora hora
Concentração de D-xilose sérica (mg/ml)
Figura 16.
Determinação da curva de absorção e excreção de D-xilose em animais normais. A) valores
individuais do tempo zero (jejum) e da a hora pós-gavagem com 1,23g de D-xilose. B) Média dos
valores dos animais, mostrando uma diferença significativa (p< 0,0001) entre o período de jejum e após
a gavagem; entre a e hora não diferença significativa, passando a apresentar um clearance a
partir da 4ª hora (p>0,05 na comparação entre a 3ª e 4ª horas).
5.2.4.3 Teste de absorção nos animais do experimento
Baseado na curva de absorção observada acima, nós determinamos que cada
animal do grupo experimental e do grupo controle deveria ser sangrado na primeira e
terceira hora após a gavagem. Os valores de absorção foram expressos como média
de ambas as sangrias.
Como mostrado na figura 17, os animais pertencentes ao grupo experimental
apresentaram uma absorção intestinal de D-xilose (9,66±1,79mg) significativamente
menor do que os animais do grupo controle (19,63 ± 2,89 mg (p<0,0001)).
*
***
82
0
5
10
15
20
25
Grupo Experimental Grupo Controle
D-xilose sérica (mg/ml)
Figura 17.
Média de D-xilose sérica (mg/ml) nos ratos do grupo experimental e controle. A diferença de
absorção entre os grupos foi estatisticamente significativa (p<0,0001).
5.2.5 Correlação entre o teste de absorção de D-xilose e os achados sorológicos
e histológicos e entre a sorologia e um parâmetro histomorfométrico.
5.2.5.1 Objetivo
Verificar se o teste de absorção de D-xilose, utilizado para avaliação da
absorção intestinal, apresenta correlação significativa com os outros parâmetros
utilizados para avaliar a inflamação intestinal crônica (razões histomorfométricas e os
títulos de IgG específicos).
5.2.5.2 Correlação entre o teste sérico de D-xilose e razão altura/largura da vilosidade
O coeficiente de correlação (r) entre a razão altura/largura da vilosidade, a
absorção intestinal de D-xilose foi igual a 0,7645, indicando que, quanto maior esta
razão (proximidade com o padrão de normalidade histomorfométrica) maior a absorção
intestinal deste açúcar. Portanto, como observado na figura 18, esta correlação foi
positiva e significativa (p<0,0001).
***
83
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7
Razão altura/largura vilosidade
D-xilose (mg/ml)
Figura 18.
Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão altura/largura da
vilosidade no duodeno (p<0,0001).
5.2.5.3 Correlação entre o teste sérico de D-xilose e razão altura da célula
epitelial/largura da lamina propria
O coeficiente de correlação (r) entre a razão altura da célula epitelial/largura da
lamina propria (que é um dos indicativos de alteração da lamina proporia como, por
exemplo, edema e infiltrado celular) e a absorção intestinal de D-xilose foi igual a
0,9001, indicando que quanto menor esta razão (lamina propria mais larga ou
achatamento de lula epitelial - padrão de inflamação intestinal crônica), menor é a
absorção de D-xilose. À medida que esta razão aumenta (proximidade com a
normalidade), observamos também um aumento na absorção intestinal deste açúcar.
Como observado na figura 19, esta correlação foi positiva e significativa (p<0,001).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 0,5 1 1,5 2 2,5
Razão Epitélio/Lamina propria
D-xilose (mg/ml)
Figura 19.
Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão altura da lula
epitelial/largura da lamina propria no jejuno (p<0,0001).
84
5.2.5.4 Correlação entre o teste sérico de D-xilose e razão altura da vilosidade/altura da
cripta
O coeficiente de correlação (r) entre a razão altura da vilosidade/altura da cripta
e absorção de D-xilose foi igual a 0,9763, indicando que, quanto mais próximo da
normalidade, maior a absorção intestinal de D-xilose. À medida que esta razão diminui
(típico de um processo inflamatório crônico), a absorção intestinal deste açúcar
também diminui. Como observado na figura 20, esta correlação foi positiva e
significativa (p<0,0001).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4
Razão vilosidade/cripta
D-xilose (mg/ml)
Figura 20.
Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a rao altura da
vilosidade/altura da cripta no duodeno (p<0,0001).
5.2.5.5 Correlação entre o teste sérico de D-xilose e razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais
O coeficiente de correlação (r) entre o teste sérico de D-xilose e a razão células
epiteliais intestinais/leucócitos intraepiteliais foi igual a 0,8628, indicando que, quanto
maior o infiltrado celular e portanto, menor a razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais, menor a absorção intestinal de D-xilose. À medida
que esta razão aumenta, observamos também um aumento na absorção intestinal
deste açúcar. Como mostra a figura 21, esta correlação foi positiva e significativa
(p<0,0001).
85
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 5 10 15 20 25 30
Razão CEI/LIE
D-xilose (mg/ml)
Figura 21.
Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais no duodeno (p<0,0001).
5.2.5.6 Correlação entre o teste sérico de D-xilose e Sorologia
O coeficiente de correlação (r) entre o teste sérico de D-xilose e a sorologia foi
igual a -0,7773, indicando que, quanto maior a titulação de IgG anti-amendoim do
animal, menor é a sua absorção intestinal de D-xilose. Como observado na figura 22,
esta correlação foi negativa e significativa (p<0,0001). Temos que lembrar que neste
caso, os títulos de anticorpos anti-amendoim estão sendo mantidos elevados pela
estimulação constante com a proteína presente na dieta desafio.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
Sorologia (D.O.)
D-xilose (mg/ml)
Figura 22. Representação da correlação linear entre D-xilose sérica (mg/ml) e a sorologia (p<0,0001).
86
5.2.5.7 Correlação entre a Sorologia e a razão células epiteliais intestinais/leucócitos
intraepiteliais
Confirmando os dados da figura 23 quando se estabelece, neste modelo, o
coeficiente de correlação (r) entre a sorologia e a razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais, o valor encontrado foi igual a -0.7885, indicando
que, quanto maior a titulação de IgG anti-amendoim do animal, menor é a razão células
epiteliais intestinais/leucócitos intraepiteliais, mostrando que a inoculação sistêmica
com a presença das respectivas proteínas na dieta interferem na arquitetura histológica
do intestino. A figura abaixo mostra que esta correlação foi negativa e significativa
(p<0,0001).
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500
Sorologia (D.O.)
Razão CEI/LIE
Figura 23.
Representação da correlação linear entre a sorologia e a razão células epiteliais
intestinais/leucócitos intraepiteliais no duodeno (p<0,0001).
87
6 DISCUSSÃO
O intestino não é simplesmente um tubo onde os alimentos entram e o que é
soluto é absorvido e o sólido, eliminado consiste na nossa mais profunda vinculação
com o meio ambiente. Dessa intimidade decorre nossa própria sobrevivência: é graças
a ela que processamos, registramos e neutralizamos as proteínas estranhas que desde
o primeiro dia de vida ingerimos (Madi et al., 2001). Podemos ter um outro olhar para a
função do trato digestório a de permitir o acoplamento estrutural com o meio ambiente,
ou seja, interagimos com ele, nos integramos de forma mais harmônica possível
permitindo a absorção de proteínas estranhas sem que elas nos causem problemas
nos tornamos tolerantes a elas sem a necessidade de neutralizá-las (Teixeira, 2003).
Assim, embora as mucosas entrem em contato diariamente com uma infinidade
de antígenos, sua morfofisiologia lhe garante o estado de homeostasia. A quebra desta
homeostasia, por diversos fatores, pode levar à ocorrências fisiopatológicas de
importância clínica variada, indo desde gastrenterites de resolução rápida até
processos mais complexos, como as alergias alimentares e as doenças inflamatórias
intestinais crônicas (Mayer, 2000; Nagler-Anderson & Shi, 2001).
As alergias alimentares estão emergindo como um importante problema de
saúde devido à severidade da inflamação intestinal resultante destas e do aumento
crescente no número de casos nas últimas décadas (Knippels et al., 2004). O aumento
na incidência destas alergias pode ser decorrente de uma falha na indução da
tolerância oral ou de uma quebra em sua manutenção. O amendoim consiste em uma
potente fonte de proteínas alergênicas e a prevalência da alergia a esta semente vem
aumentando tanto em crianças quanto em adultos, principalmente nos EUA e Reino
Unido (Strid et al., 2004). É também conhecida por persistir durante toda a vida.
88
Somente de 10-20% dos pacientes alérgicos ao amendoim perdem sua sensibilidade a
esta semente (Skolnick et al., 2001), comparado com 85% dos alérgicos ao ovo e ao
leite de vaca (Dannaeus & Inganas, 1981; Host et al., 2002). Várias proteínas do
amendoim têm sido identificadas como alergênicas, como por exemplo, a Ara h1, Ara
h2, Ara h3 (Burks et al., 1998).
A doença inflamatória intestinal (DII) é uma doença debilitante que abrange tanto
a doença de Crohn (DC) e retocolite ulcerativa (RU) quanto as inflamações não-
infecciosas do intestino e têm sido um enigma tanto para os gastroenterologistas como
imunologistas desde suas primeiras descrições, no inicio do século XX (Strober, 2007).
Recentemente, estima-se que as DII afetam aproximadamente um milhão de pessoas
somente na América do Norte (Bamias et al., 2005). A resposta imunitária inapropriada
aos alimentos e às bactérias comensais, que pode ser uma causa da doença celíaca e
da DC, decorrem da desregulação de processos cruciais de controle do intestino
(Mowat, 2003).
A tolerância imunológica é reconhecida como o estado de reatividade normal do
sistema imunitário do trato gastrintestinal frente ao contato com antígenos da
alimentação e da flora microbiana. Existe uma ampla variedade de tipos celulares que
participam de forma regulada para manter, não a tolerância imunológica como a
integridade da mucosa intestinal (Sands, 2007). Os produtos da orquestração destas
células (em particular as citocinas), em um contexto de homeostasia, são fatores
tróficos para o crescimento das vilosidades um dos fatores que ajudam na manutenção
da relação adequada da altura da vilosidade e da cripta (Ohtsuka & Sanderson, 2000).
Estas interações do sistema imunitário das mucosas permitem, ao mesmo tempo, a
capacidade de construir uma resposta não inflamatória às proteínas alimentares e uma
resposta inflamatória aos microorganismos patogênicos.
Devido à impossibilidade ética de se realizar experimentos em humanos, os
cientistas vêm estabelecendo modelos animais para o estudo dos mecanismos
subjacentes ao desenvolvimento da alergia alimentar, com o objetivo de identificar
novas estratégias terapêuticas. Nas últimas duas décadas, o número de modelos
experimentais que apresentam diferentes manifestações clínicas semelhantes àquelas
observadas nos humanos tem aumentado (Jurjus et al., 2004). Estes modelos
contribuem imensamente para avanços importantes no nosso entendimento dos
89
mecanismos fundamentais da inflamação e da patogênese da doença. Em geral, um
modelo apropriado ou ótimo deve apresentar características similares ou idênticas ao
curso das doenças humanas e em particular, no nosso caso, às doenças inflamatórias
intestinais tais como: fisiopatologia, sinais e sintomas, bem como inflamação e
alterações morfológicas no intestino (Jurjus et al., 2004). Para isso, a maioria dos
modelos disponíveis induz à inflamação intestinal através da irritação da superfície
mucosa pela sua exposição a produtos e reagentes químicos, como ácido acético,
éster forbol e vários polissacarídeos sulfatados (carragenina, sulfato de amilopectina e
DSS) ou usam animais geneticamente modificados (Strober et al., 2002).
Neste sentido, Teixeira estabeleceu, em 2003, um modelo de alergia alimentar e,
portanto, de inflamação intestinal crônica, em camundongos da linhagem isogênica
C57Bl/6J que possui um padrão típico de resposta Th1, reproduzindo o padrão
histológico encontrado na doença celíaca em humanos. É importante ressaltar que a
doença celíaca é uma reação ao glúten presente no trigo, porém no modelo
desenvolvido por Teixeira (2003), o antígeno utilizado foi o amendoim, que é
reconhecidamente alergênico (Teixeira, 2003). Embora, a maioria das alergias ao
amendoim, tanto em humanos quanto em modelos animais, são mediadas por uma
resposta do tipo Th2 e, portanto, dependentes da produção de IgE (Sampson, 1994),
no modelo desenvolvido no nosso laboratório este padrão não foi observado, talvez
porque utilizamos como via de sensibilização a via subcutânea com altas doses do
antígeno (dados ainda não publicados).
A reprodutibilidade deste modelo de alergia ao amendoim desenvolvido em
camundongos C57BL/6J, foi demonstrada em camundongos BALB/c (Castro Junior,
2006; Antunes et al., 2007) e no presente trabalho, em ratos Lou-M (Antunes et al.,
2007). As características principais deste modelo de inflamação intestinal são atrofia
das vilosidades, hiperplasia da cripta, aumento do infiltrado de leucócitos
mononucleares, tanto na lamina propria como intraepitelial, e edema na lamina propria.
Estes são sinais típicos da doença celíaca no humano, podendo também ser
observado em outras enteropatias induzidas por alimentos (Marsh, 1995).
Teixeira (2003) demonstrou que os camundongos C57Bl/6J inoculados e
expostos a uma dieta exclusiva com o antígeno sensibilizante durante quatro semanas,
perdem peso corporal sem, no entanto, apresentar sinais como prostração ou
90
caquexia. Embora tenham apresentado fezes amolecidas, estes não apresentaram
diarréia franca. Estas características também foram observadas nos camundongos
BALB/c (Castro Junior, 2006) e em nossos ratos do grupo experimental (grupo IA).
Em nossos resultados mostramos que os animais que consumiram ração
durante o período da dieta desafio (grupos NR e IR) apresentaram um ganho de peso
constante e significativo, fato que pode ser justificado pela quantidade de calorias
ingeridas e por estarmos trabalhando com animais jovens (dois meses no início do
protocolo experimental). Após a introdução da semente de amendoim como dieta
exclusiva neste mesmo período (dieta desafio), observamos que os animais do grupo
NA, apesar de apresentarem uma oscilação no peso durante essas semanas, não
apresentaram alteração no peso no final deste período. Essa estabilidade de peso em
animais jovens pode ser explicada pelo fato do amendoim conter uma alta
concentração de gordura, o que tende a levar a uma saciedade maior e um
esvaziamento gástrico mais lento, justificando o consumo discretamente calórico menor
do que dos animais que foram alimentados com ração. Este fato o foi observado em
camundongos por Teixeira (2003). Os animais do grupo experimental (IA)
apresentaram uma perda de peso significativa a partir da primeira semana de
introdução da semente de amendoim como dieta desafio, quando comparados aos
demais animais. Mas como podemos justificar a perda de peso se não ocorre diarréia
nestes animais? Uma justificativa pode ser a presença da inflamação intestinal, o que
induz a um desconforto abdominal e tende a levar a uma aversão ao alimento e,
portanto, a redução da ingestão, como descrito por Garcia (1974). Outra justificativa
pode ser a absorção deficiente dos alimentos como pôde ser comprovado pela
absorção de D-xilose neste trabalho.
Teixeira (2003) ainda observou que, logo após a retirada da dieta desafio
(amendoim) e retorno para a dieta convencional (ração), todos os animais voltam a
ganhar peso, chegando a patamares de normalidade em quatro semanas de
recuperação. Por outro lado, observou que se a dieta desafio for composta por ração,
além do amendoim, não perda de peso, uma vez que o processo inflamatório da
mucosa intestinal não se estabeleceu de forma tão intensa. A nossa hipótese que ainda
não foi testada é de que este comportamento se deve provavelmente pela proteção
oferecida pela tolerância oral às proteínas da ração.
91
O oferecimento de sementes de amendoim ad libitum aos animais sensibilizados
sistemicamente através da inoculação da respectiva proteína com objetivo de induzir a
inflamação intestinal (condição freqüente nas alergias alimentares humanas) é mais
próximo a história natural da doença intestinal inflamatória do que sua indução através
da utilização de irritantes da mucosa intestinal. Este é o diferencial do nosso modelo.
Existem outros trabalhos, onde os autores têm usado desafio intragástrico com
as proteínas alimentares para induzir uma reação alérgica, no entanto estes protocolos
utilizam como irritante a toxina colérica, molécula esta que provoca uma grande
irritação na mucosa intestinal (Morafo et al., 2003; Adel-Patient et al., 2005). Optamos
por uma inoculação subcutânea para simular a fase de sensibilização sistêmica, pois
podemos controlar a quantidade de proteína que o animal será exposto. Este protocolo
pode não estar tão longe das reais condições de sensibilização primária como
demonstrado recentemente por Strid e cols (2005), onde a exposição epicutânea a
proteínas de amendoim leva a uma sensibilização alérgica e previne a tolerância oral,
sugerindo que a sensibilização epidérmica pode ser uma das formas de se
desencadear uma condição alérgica alimentar. Mowat (2003) descreveu que a
desregulação da tolerância alimentar em humanos pode provocar a inflamação
intestinal crônica, como a doença celíaca ou de Crohn.
Nossos resultados confirmam que a inoculação sistêmica a uma proteína
alimentar pode levar a uma doença semelhante a DII no modelo animal. No modelo
desenvolvido por Teixeira (2003) nos camundongos C57BL/6J e no que foi reproduzido
por Castro Junior (2006) em camundongos BALB/c, foi observado presença de títulos
elevados e similares de IgG1, um isotipo de IgG derivado do padrão de resposta Th2.
Embora não tenhamos avaliado os subtipos de IgG nos ratos, os resultados obtidos
para IgG total específica foram similares aos achados em ambas linhagens de
camundongos.
Em contraste ao atual pensamento de que a alergia ao amendoim é
primariamente um processo de origem Th2, vários dados na literatura indicando que
a alergia a esta semente é um resultado de uma mistura da resposta imune Th1-Th2.
Van Wijk e cols (2004) demonstraram essa mistura de respostas que contém citocinas
e anticorpos poli-isotípicos num modelo murino de alergia ao amendoim, específicos
aos principais alérgenos desta semente – as proteínas Ara h1, Ara h2, Ara h3 e Ara h6.
92
Também encontraram produção de IL-4 e IFN-γ (citocinas com efeitos antagônicos
Th2/Th1 respectivamente), produção de IgE, IgG1 e IgG2a na fase inicial da resposta
ao amendoim. O mesmo grupo também examinou o papel do CTLA-4, um regulador
negativo da ativação da célula T, na sensibilização com amendoim e relataram que o
uso de anticorpos contra CTLA-4 num modelo murino de alergia ao amendoim impediu
a resposta alérgica específica (van Wijk et al., 2005).
Embora Teixeira (2003) e Castro Junior (2006) tenham encontrado anticorpo de
isotipo derivado de resposta Th2 (IgG1) nos camundongos, o infiltrado celular do
epitélio intestinal não é típico de um perfil anafilático. A ausência de reações sistêmicas
anafiláticas no nosso modelo corrobora com a idéia de uma modulação de alergia ao
amendoim de perfil misto Th1-Th2. Finalmente, a verificação de uma resposta
inflamatória similar no intestino de camundongos com diferentes perfis genéticos e em
ratos, valida nosso modelo de alergia ao amendoim, providenciando assim um caminho
interessante para o estudo destas respostas imunes mistas às proteínas do amendoim.
Como foi descrito por Teixeira (2003) em camundongos, no presente estudo
também observamos que a inoculação com extrato protéico de amendoim induz títulos
de anticorpos significativamente maiores (observado no grupo experimental - IA) do
que nos ratos que receberam a inoculação com solução salina (grupos NA e NR). Os
animais do grupo experimental (IA) que foram alimentados com a dieta desafio
contendo amendoim por 30 dias após a inoculação, mantiveram estes altos níveis de
anticorpos ao longo de todo o período e apresentaram uma alteração correspondente
na morfologia intestinal, típica de reações inflamatórias crônicas intestinais.
Quando comparamos somente os grupos que foram alimentados com o
amendoim durante o período de exposição oral, observamos que a ingestão desta
semente após a inoculação com a mesma proteína mantém altos títulos de Ac,
enquanto a ingestão desta semente após a inoculação com solução salina (grupo NA)
não induz à sensibilização sistêmica. Os animais do grupo experimental (IA) que foram
alimentados com a dieta desafio contendo amendoim por 30 dias apresentaram uma
perda de peso significativa, o que pode ser justificado por um quadro de absorção
em função da inflamação intestinal. Por outro lado, aqueles animais que foram
inoculados com extrato de amendoim e receberam como dieta desafio a ração (grupo
IR) mantiveram altos tulos de Ac, porém apresentaram um ganho de peso durante o
93
mesmo período, indicando que a presença de títulos elevados de anticorpos não é
indicativo de alterações gastrintestinais a não ser que haja a presença do estímulo
antigênico. A partir da observação destes fatos podemos concluir que a inoculação
sistêmica com a proteína de amendoim por si não induz a alterações clínicas que
caracterizam um quadro de inflamação intestinal para que o animal desenvolva este
quadro, é necessário que ele se alimente da mesma proteína a qual foi sensibilizado.
Em nosso modelo desenvolvido em ratos, os achados histológicos foram
similares aos descritos em experimentos anteriores do nosso grupo (Teixeira, 2003),
nos quais se verificou que animais experimentais (inflamados) apresentam, por
exemplo, uma relação CEI/LIE menor (3:1) do que a relação dos animais normais
(10:1). Esta alteração é devido ao aumento do número de leucócitos infiltrando a
camada epitelial dos animais experimentais. De acordo com a literatura, os parâmetros
histomorfométricos utilizados em nosso experimento, tais como razão altura
vilosidade/cripta, enterócito/lamina propria e enterócito/leucócito intraepitelial, são
parâmetros de avaliação das alterações intestinais em humanos com inflamação
intestinal crônica (Madi et al., 2001). Em nosso experimento, observamos que os ratos
do grupo experimental apresentaram razões menores do que os ratos do grupo
controle. Essas modificações morfológicas presentes nos animais experimentais são
semelhantes àquelas encontradas na doença celíaca, onde o infiltrado leucocitário no
epitélio intestinal é um sinal característico da doença (Madi et al., 2001). Baseado na
correlação linear de Pearson significativa, concluímos que a sorologia correlaciona-se
negativamente com um dos principais achados histomorfométricos; quanto maior a
titulação de IgG anti-amendoim do animal, menor é a razão de CEI/LIE. Assim, a partir
da análise sorológica e associando às alterações histológicas observadas, nossos
resultados indicam que os ratos do grupo experimental estão realmente apresentando
uma resposta alérgica ao amendoim. Da mesma forma que para a evolução dos pesos,
os animais inoculados com extrato de amendoim e que receberam a dieta desafio
contendo apenas ração não apresentaram as mesmas alterações, ou seja, não foi
possível estabelecer uma correlação entre títulos de IgG e alterações
histomorfométricas neste grupo (dados preliminares não apresentados neste trabalho).
Em qualquer estágio das DII, pode-se observar a ocorrência de uma doença
relacionada à má nutrição, perda de peso e condição nutricional subótima. As causas
94
de nutrição nestas enfermidades são múltiplas e incluem a baixa ingestão dietética
e os prejuízos relacionados à digestão e absorção dos nutrientes (O’sullivan &
O’morain, 2006).
Em quadros de inflamação intestinal crônica, os danos aos enterócitos,
causados pela ativação de células T e a liberação de citocinas, podem levar a má-
absorção de monossacarídeos e ao aumento da permeabilidade duodenal (Sharpstone
et al., 1999). Na presença de quadros de inflamação intestinal, observamos alterações
importantes na absorção de açúcares e por isso, as investigações não-invasivas da
função intestinal são úteis para monitorar as modificações sofridas pelos pacientes.
Para avaliação da absorção de carboidratos são utilizados diversos tipos de testes que
são poucos invasivos, não para o diagnóstico como também como
acompanhamento em doenças crônicas, como as DII e a Aids (Perin et al. 2001;
Thomas et al., 2003).
O teste da D-xilose é um dos testes quantitativos mais confiáveis da função
absortiva intestinal, podendo ser utilizado para a avaliação da má-absorção do intestino
delgado em diversas circunstâncias clínicas (Craig & Cebra 1971; Haeney et al., 1978;
Craig & Atkinson, 1988; Rolston & Mathan, 1989; Thomas et al., 2003). A D-xilose é
uma pentose encontrada naturalmente nas plantas, e sua metabolização incompleta
permite seu uso como teste absortivo (Craig & Ehrenpreis, 1999), sendo um teste
simples e barato (Ehrenpreis et al., 2001). A maioria dos estudos é favorável a
utilização do teste sérico do que ao teste de excreção urinária para triagem de
pacientes adultos e pediátricos em casos de má-absorção intestinal (Craig & Atkinson,
1988) devido à presença relativamente freqüente de falso-positivos (Ehrenpreis et al.,
2001).
O objetivo principal deste trabalho foi comparar a absorção intestinal dos ratos
com ou sem reação inflamatória intestinal antígeno-específico, usando o teste de
absorção da D-xilose sérica. Em pacientes pediátricos, principalmente em bebês e
crianças mais novas, o uso do teste sérico ao invés do urinário é mais favorável devido
a dificuldades em obter as coletas urinárias no tempo correto (Craig & Atkinson, 1999),
problema que também iríamos encontrar na aplicação deste teste em ratos. Ehrenpreis
e cols (2001) recomendam o uso das determinações séricas após a primeira e a
95
terceira hora da ingestão da D-xilose para a triagem de pacientes com sintomas de má-
absorção.
Na literatura, há poucos estudos referentes ao uso do teste de D-xilose em ratos,
e eles estão relacionados a outros modelos de doenças diferentes das DII, como
trauma hemorrágico, sepse (Singh et al., 1991), e anemia por deficiência de ferro
(Wayhs et al., 2004). No estudo de Singh, os autores mensuraram a capacidade
absortiva intestinal (CAI) usando o teste de absorção de D-xilose após a primeira hora
de administração da solução e encontraram achados significativos no soro destes
animais (Singh et al., 1991). Por outro lado, no estudo que envolve anemia (Wayhs et
al., 2004), os autores utilizaram o teste de excreção urinária para avaliar a absorção
intestinal de D-xilose nos ratos e não encontraram nenhuma diferença entre os grupos
com anemia e o controle. Estes resultados confirmam achados anteriores descritos por
Sharma e cols (1973) em ratos. Podemos argumentar que as diferenças observadas
nestes estudos podem ser derivadas de erros em procedimentos técnicos ou das
doenças em questão.
Em relação a estudos utilizando D-xilose em outros roedores, como em
camundongos, podemos citar o que foi realizado em nosso grupo por Costa (2005), no
nosso laboratório. Esta autora avaliou não a absorção intestinal de glicídios, como
também a absorção de outros nutrientes, como lipídios e proteínas, no modelo de
inflamação intestinal crônica em camundongos C57Bl/6J (Costa, 2005).
No presente estudo, foi necessário determinar os melhores tempos de sangria
após a gavagem da solução de D-xilose. Baseado na literatura, os animais foram
sangrados durante quatro horas, com intervalos de uma hora. Nossos resultados
mostraram que durante as primeiras três horas não diferenças significativas, o que
está de acordo com os relatos de Ehrenpreis e cols (2001), que sugerem que os
pacientes deveriam ser testados na primeira e na terceira hora após a administração da
D-xilose. Nossos achados também concordam com os achados em camundongos que
foram descritos por Costa (2005).
De acordo com estudos humanos e baseando-se no tempo de eliminação da D-
xilose no sangue, nós definimos como padrão sangrar os animais na primeira e na
terceira hora após a gavagem. Assim, observamos que os animais que apresentavam
perda de peso e presença de altos títulos de IgG específico ao amendoim (ratos do
96
grupo experimental), apresentaram uma absorção da solução de D-xilose
significativamente inferior à absorção observada nos ratos do grupo controle. Estes
resultados sugerem que o teste de absorção de D-xilose em animais expostos a
antígenos alimentares após inoculação sistêmica (modelo de inflamação intestinal
crônica antígeno-específico desenvolvido pelo nosso grupo) é sensível como teste
diagnóstico da atividade absortiva do intestino em condições fisiopatológicas distintas.
Este achado também foi observado por Costa (2005), porém tal estudo se limitou a
somente descrever este fato, sem realizar nenhum tipo de correlação entre este e os
achados sorológicos e histomorfométricos. Utilizando o teste de correlação de Pearson
neste estudo, em ratos, observamos uma correlação negativa entre a absorção de D-
xilose e os achados sorológicos, confirmando o fato de que, quanto maiores os títulos
de anticorpos anti-amendoim em ratos submetidos à dieta desafio com a respectiva
semente, menor a absorção da D-xilose, o que caracteriza a ocorrência de uma má-
absorção intestinal. Por outro lado, os animais sensibilizados que não foram
submetidos à dieta desafio não apresentaram a mesma correlação significativa (dados
não mostrados), indicando que a ingestão da dieta desafio por um período de 30 dias,
que induz o processo inflamatório, é essencial para a má absorção e é capaz de
manter altos títulos de Ac. Além disso, altos títulos específicos de Ac anti-alimento
indicam alergia alimentar, mas não necessariamente inflamação intestinal, sugerindo
que tal alimento específico seja um constituinte da dieta do indivíduo que deve ser
evitado.
Demonstramos também que a absorção de D-xilose revelou correlação positiva
com os parâmetros histomorfométricos estabelecidos, os quais são utilizados para
avaliar alterações intestinais na inflamação intestinal crônica em humanos (Madi et al.,
2001). Confirmando nossa hipótese, quanto menor as razões histomorfométricas
(indicativo de um processo inflamatório crônico, que foram observadas nos ratos do
grupo experimental), menor é a absorção de D-xilose, indicando que a inflamação
intestinal reduz ou impede a absorção de D-xilose.
Assim, de acordo com os resultados encontrados, podemos confirmar os
achados humanos e concluir que o teste da D-xilose sérica é uma ferramenta útil para
avaliar a má-absorção intestinal, apresentando uma boa correlação com outros
métodos de diagnóstico de doença inflamatória intestinal. Logo, na clínica quando
97
temos altos títulos de anticorpos e um quadro de má-absorção intestinal, podemos
inferir que também um quadro de inflamação intestinal. Os resultados obtidos neste
estudo permitem uma redução na quantidade de animais que serão utilizados em
experimentos mais longos para buscar o entendimento dos processos inflamatórios
crônicos do intestino, permitindo a realização de um diagnóstico não-invasivo destes
animais, sem a necessidade de eutanásia durante o período experimental.
Como perspectivas de trabalho, iremos dar continuidade aos estudos
metabólicos neste modelo de inflamação intestinal crônica em ratos, onde pretendemos
avaliar os marcadores de leucocitose fecal, como a calprotectina. Estes marcadores
possuem grande valor diagnóstico nas DII humanas, pois estão diretamente
associados ao processo inflamatório, o são invasivos e são fáceis de serem
mensurados.
98
7 CONCLUSÕES
O modelo murino de inflamação crônica intestinal antígeno-específico foi
desenvolvido com sucesso em ratos;
Os ratos apresentaram um padrão de alterações similares aos observados nos
camundongos, na avaliação do peso corporal, no consumo da dieta desafio, na
avaliação de anticorpos específicos e nos aspectos histológicos;
A inoculação sistêmica dos antígenos alimentares deixa os animais suscetíveis à
dieta desafio, provocando alergia;
O teste sérico de absorção da D-xilose foi padronizado com sucesso;
Os animais experimentais (inflamados) apresentaram uma absorção da D-xilose
significativamente menor do que os animais controle;
O teste da D-xilose sérica após a e 3ª hora de gavagem foi útil para identificar
a presença de má absorção no nosso modelo em ratos, permitindo análise
clínica sem a eutanásia destes animais;
Foi observada uma correlação positiva entre a presença da má-absorção e a
presença de inflamação intestinal, sendo condizente aos estudos em humanos;
Demonstramos que no quadro de alergia ao amendoim, os animais apresentam
má-absorção intestinal, concluído pela correlação negativa entre absorção de D-
xilose e os altos títulos de IgG anti-proteína de amendoim;
Nosso modelo consiste em uma ferramenta eficiente para estudar a evolução
das alterações metabólicas no processo crônico antígeno-específico.
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114
ANEXOS
1. Extração de proteínas do amendoim
Preparo dos reagentes
a) Tampão borato 0,1M pH 10:
Adicionar 38,12g de borato a 900 mL de água (H
2
O) destilada;
Acertar o pH com hidróxido de sódio (NaOH) para 10;
Adicionar água qsp 1000mL;
Foi utilizado o pHmetro QUIMIS
, modelo Q.400.A.
Borato de sódio =
Na
2
B
4
O
7
.10H
2
O
38,12g
H
2
O destilada qsp 1000mL
b) Salina fisiológica, pH 7.2:
Adicionar o NaCl à 900 mL de água destilada;
Ajustar o pH entre 7.0 e 7.2;
Foi utilizado o pHmetro QUIMIS, modelo Q.400.
Cloreto de sódio (NaCl) 8,5g
H
2
O destilada qsp 1000mL
2. Dosagem de proteína obtida nos extratos de amendoim
a) Preparo dos reagentes
Reativo 1
Sulfato de cobre (CuSO
4
) 1% 0,5 mL
Tartarato de sódio (C
4
H
2
Na
2
O
6
. H
2
O) 2% 0,5 mL
Carbonato de sódio (NaCO
3
) 2%. 50 mL
115
Reativo de Folin -Diluição
Reativo de Folin
400
µ
L
H
2
O destilada
6000µL
b) Elaboração da curva-padrão
Diluição dos extratos salino e borato.
Tipo de extrato Diluição
Extrato amendoim salino Diluição 1:5
Extrato amendoim borato Diluição 1:10
Diluição das amostras e fases da dosagem de proteína.
Tubos
Volume
(mL)
H
2
O destilada
(mL)
Reativo 1
(mL)
Reativo de Folin
(mL)
Amd borato 1 0,05 0,55 4 0,4
Amd borato 2 0,10 0,50 4 0,4
Amd borato 3 0,20 0,40 4 0,4
Amd salino 1 0,05 0,55 4 0,4
Amd salino 2 0,10 0,50 4 0,4
Amd salino 3 0,20 0,40 4
Esperar 10 minutos
0,4
Esperar 50 minutos
4. Preparo dos reagentes – ELISA
Solução PBS 1X pH 7.2 para coating
Cloreto de sódio (NaCl) 8g
Cloreto de potássio (KCl) 0,2g
Fosfato de sódio dibásico (Na
2
HPO
4
) 1,15g
116
Dihidrogenofosfato de potássio (KH
2
PO
4
) 0,2g
Água (H
2
O) 1000mL
PBS-gelatina
Gelatina em pó 10g
PBS 1000mL
Tampão Citrato Fosfato pH 5.0
Ácido cítrico anidro 9,6g
Fosfato de sódio dibásico (Na
2
HPO
4
) 17,04
H
2
O qsp 1000mL
Ácido Sulfúrico (H
2
SO
4
) 2N
Peso molecular
Normalidade =
Nº de hidrogênios
N = 98/2 N =
49N/litro
Ni x Vi = Nf x Vf
2N = 4 mols 98 x Vi = 4 x 1
Vi = 0,04 x 1000
Vi = 41 mL de H
2
SO
4
Ácido sulfúrico 41 mL
H
2
O destilada qsp 1000mL
117
APÊNDICES
1. Artigo intitulado “Induction of an Antigen Specific Gut Inflammatory Reaction in
Mice and Rats: A Model for Human Inflammatory Bowel Disease”.
Submetido à
revista Brazilian Archives of Biology and Technology.
Status do envio:
118
Induction of an Antigen Specific Gut Inflammatory Reaction in Mice and Rats: A
Model for Human Inflammatory Bowel Disease.
Danielle Mota Fontes Antunes*
1,2
, Archimedes Barbosa de Castro Júnior
2,3
, Sylvia Maria Nicolau
Campos
2
, Monique de Morais Bitetti Pedruzzi
2
, Patrícia Olaya Paschoal
2,3
, Janilda Pacheco da Costa
1,2
,
Vinicius da Silva Araújo
2
, Luis Antônio B. Andrade
3
, Silvana Ramos Farias Moreno
1
, Luiz Querino de
Araújo Caldas
1
, Gilberto Perez Cardoso
1
, Gerlinde Agate Platais Brasil Teixeira
2,3
, Alberto Felix Antonio
da Nobrega
4
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Centro de Ciências Médicas, Universidade Federal
Fluminense, 24033-900, Niterói, RJ, Brasil;
2
Departamento de Imunobiologia, Laboratório do Grupo de
Imunologia Gastrintestinal, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, 24020-150, Niterói,
RJ, Brasil;
3
Programa de Pós-Graduação em Patologia,
Universidade Federal Fluminense, 24033-900,
Niterói, RJ, Brasil.
4
Departamento de Imunologia, Instituto de Microbiologia e Imunologia, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 21944-970, Ilha do Fundão, RJ.
ABSTRACT
Food allergy is an adverse reaction that occurs in susceptible people when they eat sensitizing
foods and is one of the causes of Inflammatory Bowel Disease (IBD). The effort to understand
the induction process of these diseases is important once IBD is increasing worldwide, including
in Brazil. Our aim was to develop an experimental antigen specific inflammatory process of the
gut of mice and rats. For this, we used peanut seeds. Animals were immunized with peanut
protein extract before their exposure to the in natura peanut seeds. Our results show that
systemic immunization with peanut protein extracts renders significantly higher antibody titers
than control groups and that immunized animals submitted to a challenge diet containing
peanuts present time dependent alterations of the gut similar to celiac disease. In conclusion,
results suggest that this experimental model is a convenient tool to study the evolution of
alterations in chronic antigen specific gut inflammatory process.
Key words: food allergy, peanuts, inflammatory bowel disease, rats, mice.
INTRODUCTION
Contrary to what is commonly thought, the
largest contact area of the body is not the
skin, but the mucosal surface, which is
bombarded immediately after birth by a large
variety of microorganisms and protein
antigens from the environment. The gut itself
presents an area approximately 300 to 600
fold that of the skin (Brandtzaeg, 2002; Moog,
1981). In humans the mucosa of the small
intestine, is estimated to be 300 m
2
and it is
constantly exposed to antigenic contacts.
Approximately 30 kg of food proteins reaches
119
this organ during a year and 130–190g of
these proteins is absorbed daily in the gut
(Brandtzaeg, 1998). This means that the
principal source of perturbation of
immunological activity occurs via the mucosa
and events initiated at this site have important
systemic reflections due to its large number of
immune cells. Despite of this fact, in most of
the times that antigens penetrate the system
through the gut, the resulting immunological
response is not the classical Th1 or Th2
response (Weiner, 2001). This mucosal
immune network has a unique aspect - the
ability to maintain relative unresponsiveness
(tolerance) to an enormous array of antigens
(Ags) derived from dietary sources and
commensal bacteria (Hyun et al., 2006).
Immune responsiveness to these harmless
agents must be prevented to maintain the
integrity of the gut and allow nutrient
absorption (Hyun et al., 2006). Therefore,
immunologic nonresponsiveness to luminal
Ags is more common than mucosal
responsiveness.
Another way of viewing this is that oral
tolerance allows the mucosal immune system
to focus on Ags or pathogens that pose a
threat to the host (Faria and Weiner, 2005).
The expresion oral tolerance is used when a
reduction in the systemic immunological
response is observed after parentally
challenging the animal with the same antigen
that it has eaten (Weiner, 2001). The
immunological consequence of the oral
administration of an antigen normally depends
on where and how the antigen is taken up and
presented to T cells. The intestinal immune
system is characterized by a distinct profile of
cytokines (Signore et al., 2002), adhesion
molecules, chemokines and cells (Mowat,
2003). The idea that the immunological
environment of the gut seems to make great
efforts to ensure that tolerance is the default
response to antigen is often challenged on the
basis that this would be a dangerous strategy
for host survival in the face of continuous
exposure to pathogens. The inappropriate
immune response to foods and commensal
bacteria that are responsible for celiac
disease and Crohn’s disease are due to
deregulation of these crucial processes
(Mowat, 2003). Thus, an increasing incidence
of adverse reactions to ingested foods is
being reported, which may reflect a failure of
oral tolerance induction or a breakdown of its
maintenance. Peanuts appear to consist of
particular potent allergenic proteins and the
prevalence of peanut allergy is rising in both
children and adults, mainly in USA and UK
(Strid et al., 2004), and it is also known for its
persistence through life as just 10-20% of
peanut allergic patient lose their sensitivity to
peanut (Skolnick et al., 2001) compared with
85% for egg and cow’s milk allergy
(Dannaeus and Inganas, 1981; Host et al.,
2002). Peanut (Arachis hypogaea) belongs to
the family of Leguminosae and consists of
albumins and storage proteins that comprise
87% of the total protein contents (Fries,
1982). Several peanut proteins have been
120
identified as allergens, such as Ara h1, Ara
h2, Ara h3 (Burks, Sampson and Bannon,
1998). However, recent work shows that the
food matrix is important in the immune
response to peanut and purified peanut
allergens may have little intrinsic stimulatory
capacity (van Wijk et al., 2005).
The gut-associated lymphoid tissue (GALT)
which is responsible for the induction phase of
the immune response can be divided into
effector sites which consist of lymphocytes
scattered throughout the epithelium and
lamina propria of the mucosa, and as
organized tissues such as the Peyer’s
patches (isolated small lymphoid follicles
distributed throughout the wall of the small
and large intestines) and mesenteric lymph
nodes (MLNs) (Hamada et al., 2002). Many
investigators believe that the lymphoid
aggregates of T and B cells of the Peyer
patches are the central players in the
induction of the immune response after oral
contact with macromolecules derived from the
diet or flora (Bruce and Ferguson, 1986). In
the gut, special sets of T and B cells co-exist,
which suggests the existence of a special
immunologic reactivity, prepared for constant
contacts of the immune system and the
environment. On the contrary, Inflammatory
Bowel Disease (IBD) is associated with
classical Th1 and Th2 responses, which are
characterized by the breakdown of the
immunoregulatory mechanisms that maintain
oral tolerance (Andrade et al., 2003). Crohn’s
disease and Ulcerative colitis both are IBD’s
with distinct immunoregulatory characteristics
and clinical manifestations. They are given a
common name because sometimes one
resembles the other so closely that even a
pathologist cannot distinguish between them
(Karlinger et al., 2000). Many potential
metabolic problems may complicate IBD, and
this usually occurs in patients with severe
forms of the disease (Allan, 1998). The study
of animal models of mucosal inflammation as
a means to probe the pathogenesis of IBD
extends for almost a half century (Strober et
al., 2002). Several animal models are
available for use in IBD research which
evaluates pharmacological molecules or
agents that could lead to a possible cure for
this devastating disease entity. Over the past
two decades, a steadily increasing number of
more than 20 experimental models with a
variable range of clinical manifestations
similar to those observed in human IBD have
been developed (Jurjus et al., 2004). These
models contributed greatly to important
advances in our current understanding of the
underlying mechanisms of inflammation and
disease pathogenesis as well as treatment. In
general, an appropriate or an optimal animal
model should display certain key
characteristics similar or identical to the
human IBD course: pathophysiology,
symptoms and signs. The gut of this model
should also exhibit inflammation and
morphological alterations (Jurjus et al., 2004).
For this, most of the available models induce
gut inflammation through irritation of the
121
mucosal surface by their exposure to
chemical reagents and products, such as,
acetic acid, phorbol ester and various sulfated
polysaccharides (carageenan, amylopectin
sulfate and dextran sulfate sodium) or use
genetically modified animals (Strober et al.,
2002).
We chose peanuts seeds (Arachis hypogea)
as our source of antigen once peanuts are
considered to be one of the most potent food
allergens causing severe diseases. Although
in humans most of the clinical symptoms are
Th2 related and show acute anaphylactic
symptoms, we here present a model with a
chronic profile.
The aim of this study was to develop an
animal model of the antigen specific gut
inflammation in rats and mice to analyze the
serum, the gut histology and some clinical
parameters (as weight measure and presence
of diarrhea), comparing control with
immunologically manipulated (immune)
animals.
MATERIALS AND METHODS
Animals
In this study we used 30 male adult Lou-M
rats (8-12 weeks) and 30 female (6–8 weeks)
BALB/c and C57BL/6J mice, bred and
maintained at the Animal Facility of the
Immunobiology Department of Fluminense
Federal University (Rio de Janeiro, Brazil).
The animals of each strain were randomly
divided into 2 groups: control group and
experimental group. They were individually
numbered enabling paired statistical analysis.
The Ethics Committee of the Medicine School
of Fluminense Federal University approved
this research (protocol 167/05).
Peanut protein extracts (PPE)
Peanut seeds were minced in an electrical
coffee grinder sieved and defatted with ether
(Teixeira, 1995). To the defatted seed
preparation, extraction buffer (Sodium borate,
0,0125M, SDS 1%, Mercaptoetanol 1% - pH
10) was added, maintaining a 1:10 w/v ratio.
This mixture was then placed on a rocker for
30 min at room temperature, centrifuged at
600g, for 30 minutes. The supernatant was
collected and kept frozen at -20
o
C until use.
The protein concentration was determined
using a technique developed by Lowry (Lowry
et al., 1951).
Immunization protocol for rats
The rats were immunized twice with 200
µ
g
PPE subcutaneously (sc). Primary
immunization was done with 5mg Al(OH)
3
and
booster immunization without adjuvant after a
21-28 day interval. Control animals were
sham immunized with physiologic saline plus
5mg Al(OH)
3
,
and booster immunization
without adjuvant.
Immunization protocol for mice
122
The mice were immunized twice with 100µg
PPE sc. Primary immunization was done with
1mg Al(OH)
3
and booster immunization
without adjuvant after a 21-28 day interval.
Control animals were sham immunized with
physiologic saline plus 1mg Al(OH)
3
,
and
booster immunization without adjuvant.
Challenge diet
A challenge diet composed exclusively of
peanut seeds in natura offered ad libitum for a
30-day period was introduced one week after
secondary immunization.
Bleeding
All the animals were bled from the retrorbital
plexus prior to manipulation, and 10 days
after each immunization withdrawing 1ml and
200µl from rats and mice respectively. The
serum was collected and stored at -20º C until
analyses.
Clinical Evaluation
Weekly clinical evaluation included: weight
measure (Plenna digital balance 0.1g
resolution), presence of diarrhea and fur
characteristics.
ELISA
The serum samples were evaluated by ELISA
method to quantify specific anti-peanut protein
antibody titers. For antigen-specific IgG and
IgG1 antibodies, 96-well plates were coated
with PPE at 10µg/well in Phosphate Buffered
Saline (PBS) at C overnight. Plates were
washed with 0,05% Tween-20 in PBS and
then blocked with 100µl of a 1% PBS/gelatin
solution for 1h at room temperature. Serum
samples were plated in 1:100 dilution
(100
µ
l/well) and incubated for 3h at room
temperature. Plates were then washed and
received peroxidase-labeled rabbit anti-
mouse IgG (SIGMA-Aldrich - Germany), goat
anti-mouse IgG1 (Southern Biothechnology
USA) or goat anti rat IgG (Southern
Biothechnology USA) and incubated for 3h
at room temperature. Reactions were
developed with 100µl of solution containing
H
2
O
2
and o-phenylene-diamine (OPD)
(SIGMA-Aldrich - Germany). Plates were read
at 492nm on an automated ELISA reader
(Anthos 2010, Germany). The results are
reported as arbitrary units of ELISA
corresponding to the area under the dilution
curve of each serum.
Collection of the Intestine Segments and
Histological Parameters
After the diet exposure period, all animals
were euthanazed to collect 1-3cm segments
of gastro-duodenum junction and jejunum.
These segments were fixed with 10%
buffered formaldehyde and stained with
123
Hematoxilin-Eosin (HE). The histological
parameters evaluated from both duodenum
and jejunum were the general description of
the slide (integrity of the intestinal structure,
number of villi per field, edema, congestion
and leukocyte infiltrate). The villi height/width
ratio; epithelial-cell-height/lamina-propriety-
width ratio, villi-height/cript-height ratio and
Intestinal Epithelial Cells/Intraepithelial
Leukocytes (IEC/IEL) ratio were obtained
from the previous parameters.
Statistical Analysis
Statistical analysis were performed by using
Fisher’s test, ANOVA and Tukey´s post test to
determine the minimum significance
difference (MSD) using GraphPad InStat
program by GraphPad Software Inc.
RESULTS
Weight analysis
The weight of all rats and mice was analyzed
during the peanut feeding period (challenge
diet). In rats, at the beginning of the challenge
diet, animals of both groups (control and
experimental) presented an average weight of
250.75±12.10g and 258.80±16.21g
respectively. After the 4
th
week of the
challenge diet, it was observed that control
animals presented a significant difference of
weight compared with experimental rats
(p<0.05). Control rats gained 19.55±0.24g
while experimental animals lost an average of
5.62±2.82g. Animals of the control group
gained weight during the first week of the
challenge diet while experimental animals
began to lose weight at the second week (Fig.
1A).
At the beginning of the challenge diet, mice,
of both groups (control and experimental)
presented an average weight of 23.81g ±
1.47g. Mice of both strains presented a similar
behavior. Experimental group began to lose
weight at the first week of the challenge diet
with an average loss of 1.42±0.45g, while the
control group began to gain weight at the
second week and presented an average of
1.48±0.37g. The weight difference between
groups was significant (p<0.05). (Fig. 1B).
The systemic immunization with crude peanut
extract renders significantly higher antibody
titers.
Experimental rats (submitted to systemic
immunization with crude peanut extract)
render significantly higher total IgG antibody
titers (4.651±0.180 units) than control rats
(sham immunized) (0.879
±
0.087 units)
(p<0.05); eating peanuts over a 30-day
period, after immunization, maintains the high
antibody levels of experimental animals (Fig.
2A).
124
A
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
0 1 2 3 4
weight in grams
Control rats Experimental rats
weeks
B
-2,50
-2,00
-1,50
-1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
0 1 2 3 4 5
weeks
weight in grams
Control mice Experimental mice
Figure 1. Evolution of the average weight of experimental and control animals during challenge diet (A)
rats and (B) C57BL/6J mice.
A
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
2 weeks 3 weeks 4 weeks
booster feeding peanuts
Arbitrary units of ELISA*
Experimental rats Control rats
B
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
2 weeks 3 weeks 4 weeks
booster feeding peanuts
Arbitrary units of ELISA*
C57BL/6J experimental C57BL/6J control
Balb/c experimental Balb/c control
Figure 2.
Total antipeanut IgG antibody titers
in experimental and control rats (A) and in experimental
and control mice of both strains (B).
Similar to rats, mice of both strains, submitted
to the systemic immunization with crude
peanut extract, presented higher titers of IgG
and IgG1 when compared to control
counterparts. There were no differences
between experimental BALB/c and C57BL/6J
IgG1 antibodies titers, although total specific
IgG titers of experimental BALB/c mice were
significantly higher than of C57BL/6J mice
(C57BL/6J: 5.084±0.376 units; BALB/c:
7.673±3.360 units; p<0.05) (Fig. 2B). As seen
with the rats, eating peanuts over a 30-day
period, after immunization, maintains the high
antibody levels of experimental mice. In
contrast to control animals that does not
present the observed increase in antibody
titers. The difference of both strains IgG and
IgG1antibody titers between control and
experimental mice was significant (p<0.05).
Morphological Analysis of the Intestine
The macroscopic analysis of rats and mice
revealed a frail consistency of the intestinal
tissue pertaining to animals of the
125
experimental group in contrast to the intestinal
tissue of the control group.
The microscopic analysis, agrees with the
macroscopy, in which a preserved intestinal
structure in control animals was seen while in
the experimental animals their villi presented
edema, congestion and a high leukocyte
infiltration in both duodenum and jejunum
(Fig. 3 e 4).
In rats (Fig. 3), the villi from duodenum but not
jejunum of experimental animals presented
significant alterations (p<0.05) in the
height/width ratio (3.54±1.10) when compared
to control animals (4.55±0.74). A significant
difference (p<0.05) in jejunum but not
duodenum was observed in experimental
animals when evaluated the epithelial-cell-
height/lamina-propria-width ratio (0.62±0.08),
in wich the control animals presented a higher
ratio (0.83
±
0.38). The third criteria analyzed,
villi-height/crypt-height ratio, also showed
significant difference (p<0.05) in only one of
the intestinal segments, duodenum but not
jejunum, in which this ratio was higher in
control animals (1.97
±
0.11) when compared
to experimental animals (1.80
±
0.07). The
fourth criteria used to determine the
inflammatory process was to compare the
number of Intestinal Epithelial Cells (IEC) and
Intraepithelial Leukocytes (IEL) and establish
the IEC/IEL ratio. For this criterion, both
segments analyzed presented significant
differences when compared to control animals
(experimental duodenum: 9.09±1.43 vs.
control duodenum: 22.95±2.93 - p<0.05 and
experimental jejunum: 8.52±2.43 vs. control
jejunum: 13.22
±
0.80; p<0.05), in which control
animals presented a higher ratio than
experimental animals. We correlated the sera
Ab titers and the IEC/IEL ratio of control and
experimental animals, and according to
Fisher’s test, the row/column association was
statistically significant and the two-sided p
value was 0.0236.
Figure 3.
Histological differences between control
and experimental rats.
(A) Villi aspects of an
experimental rat, with presence of congestion and
increased leukocyte infiltration. (B) Villi aspects of
a control rat, with a preserved tissue, no edema
and few leukocytes. Tissue was stained with
Hematoxilin-Eosin.
Histological evaluation of mice (Fig. 4)
showed that experimental BALB/c mice
developed signs of gut inflammation on the
second week of peanut challenge, whereas in
experimental C57BL/6J mice only presented
significant inflammatory signs on the third
week of challenge. It was observed the
presence of edema in lamina propria and loss
126
of vilous integrity in duodenum. Control
animals submitted to peanut diet presented
IEC/IEL ratio (9.80±0.97) similar to that
observed in chow fed animals either
(11.00±1.55). BALB/c experimental mice
presented a significant increase (p<0.05) in
intraepithelial leukocytes number in duodenal
villus, represented by the decrease of IEC/IEL
ratio (5.60±1.14), and lamina propria edema
in the second week after receiving the
challenge diet (peanut). The IEC/IEL ratio, in
these animals, persists until the fourth week
of peanut challenge (5.72±1.11).
Experimental C57BL/6J animals only
presented a similar decrease in IEC/IEL ration
on the the third week of peanut challenge
(4.46
±
1.07). As observed with BALB/c mice,
the IEC/IEL ratio in duodenum of C57BL/6J
animals did not change after its initial
reduction (4.73
±
0.64). The peanut diet
caused gut morphological alterations (p<0.05)
in experimental mice of both strains tested
and was characterized by vilous atrophy and
lamina propria edema, especially after the
fourth week of challenge. Finally, control
animals, which underwent peanut
consumption, presented normal histological
appearance of gut as seen in chow fed
animals.
Figure 4.
Histological differences between control
and experimental mice.
(A) Villi of an experimental
BALB/c mouse. (B) Villi of an experimental
C57BL/6J mouse. (C) A normal villi of a control
C57BL/6J mouse. X200. Tissue was stained with
Hematoxilin-Eosin.
DISCUSSION
In the present work it was demonstrated the
reproducibility of a peanut allergy model,
originally developed in C57BL/6J mice by
Teireixa (2003), in BALB/c mice and Lou-M
rats. The features of this model of gut
inflammation are vilous atrophy, crypt
hiperplasia, prominent mononuclear leukocyte
infiltrate and lamina propria edema. These
signs are typical of human celiac disease
(gluten enteropathy), which is also observed
in other food induced enteropathies (Marsh,
1995). Teixeira (2003) demonstrated that
experimental C57BL/6J mice presented a mild
127
weight loss but no visible diarrhea. It was
observed weight loss in rats and BALB/c mice
in the experimental group with a gain in
weight in all control animals suggesting that
eating a foodstuff rich in calories in normal
situations induces fatting while in the
presence of an enteropathy this same food
will induce weight loss.
Offering peanut seeds ad libitum to animals in
order to induce gut inflammation is more
proximal to real conditions of human food
allergies and is distinctive of our model. In
other works, authors have been using
intragastric challenge to achieve an allergic
reaction (Morafo et al., 2003; Adel-Patient et
al., 2005). Nevertheless, our subcutaneous
mode of immunization may not be so far from
real conditions of primary sensitization.
Recently, Strid et al. (2005) have
demonstrated that epicutaneous exposure to
peanut proteins lead to allergic sensitization
and prevented oral tolerance, suggesting that
epidermal sensitization may be realistic to
provide a food allergy condition.
The presence of high and similar titers of
IgG1 a Th2 derived IgG isotype, in both
C57BL/6J and BALB/c mice in our model of
peanut allergy deserves more attention as
well as the fact that no major difference
between the gut inflammatory pattern were
found into these two mouse strains. Although
we did not measure IgG subtypes in rats the
results obtained for total specific IgG is similar
to that of the mice.
In contrast to the current thought that peanut
allergy is primarily a Th2-driven process,
there are accumulating data from the
literature indicating that peanut allergy is a
result of a mixed Th1-Th2 immune response.
Van Wijk and colleagues (2004)
demonstrated a mixed citokine response and
polyisotypic humoral response in murine
model of peanut allergy, specifically to major
peanut allergens Ara h1, Ara h2, Ara h3 and
Ara h6. Both IL-4 and IFN-γ production as well
as IgE, IgG1 and IgG2a were found at the
very early phase of the response to peanuts.
The same group also examined the role of
cytotoxic T-lymphocyte associated antigen 4
(CTLA-4), a negative regulator of T cell
activation, on peanut sensitization (Van Wijk
et al., 2005b). The use of an antibody against
CTLA-4 in a murine model of peanut allergy
failed to elicit an allergen-specific response.
Despite the induction of Th2 cytokines,
activation of antigen presenting cell (APC)
and an elevation in total serum IgE levels,
anti-CTLA-4 treatment did not induce peanut-
specific IgE antibodies or mast cell
degranulation. These data challenge the
pivotal role of a Th2 cytokine environment in
the induction phase of peanut allergy.
In our work, although we found Th2 derived
antibody isotype (IgG1) in mice, the cellular
infiltrate of the gut epithelium is not typical of
an anaphylactic profile. In addition, the
absence of anaphylactic systemic reactions in
our model corroborate the idea of a mixed
Th1-Th2 modulation of peanut allergy. Finally,
128
the verification of similar inflammatory
response in the gut of rats and mice with
different genetic backgrounds validates our
model of peanut allergy and provides an
interesting way for the study of this mixed
immune response to peanut proteins. Our
group has been interested in the study of
natural products derived from local plants as
possible alternatives for anti-inflammatory
drugs (Moreno et al., 2005). We are now
conducting new experiments in which this
animal model shall be used.
In conclusion, our results confirm that
systemic immunization to food antigens
makes animals susceptible to challenge diets,
leading to an antigen specific inflammatory
bowel disease, what makes this a convenient
tool to study the evolution of alterations in
chronic antigen specific gut inflammatory
process. As our findings are similar for more
than one species we may argue that we have
a robust model for food allergy.
ACKNOWLEDGEMENTS
Research supported by CAPES and UFF. We
would also like to thank Ms. Maira Platais for
her significant contribution in the revision of
the language.
RESUMO
A alergia alimentar consiste em uma reação
adversa que ocorre em pessoas susceptíveis
quando ingerem alimentos sensibilizantes,
sendo uma das causas das Doenças
Inflamatórias Intestinais (IBD). O objetivo
deste estudo foi desenvolver um protocolo
experimental de indução de um processo
inflamatório intestinal antígeno-específico em
camundongos e ratos. Foi escolhida para a
indução deste processo a semente de
amendoim. Os animais foram imunizados
com o extrato protéico previamente à
exposição com a semente in natura. Nossos
resultados mostram que a imunização
sistêmica com extratos protéicos de
amendoim ocasiona títulos significativamente
maiores de anticorpos quando comparado ao
grupo controle e que os animais imunizados
submetidos ao desafio com a dieta contendo
exclusivamente amendoim apresentam
alterações intestinais tempo-dependente
similares àquelas observadas na doença
celíaca. Os resultados obtidos sugerem que
este modelo experimental constitui uma
ferramenta conveniente para avaliar as
alterações no processo inflamatório intestinal
crônico antígeno-específico.
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131
2. Artigo intitulado
“Small intestinal malabsorption of D-xylose in rats with antigen
specific gut inflammatory reaction”.
Submetido à revista Nutrition Research.
Status do envio:
De Nutrition Research <nr@purdue.edu>
Para danimfantunes@gmail.com
Data 30/07/2007 12:17
assunto: Your submission
Nutrition Research
Title: Small intestinal malabsorption of D-xylose in rats with antigen specific gut
inflammatory reaction
Dear Dr. Antunes:
We have made an editorial office review of your manuscript and request that you
address the issues that came up during this review. Please include a detailed letter
indicating changes made in the revision (we will not resume the review process without
this letter). After we have your revised manuscript we can continue with the peer review
process. The peer review process will end if we do not hear from you and do not
receive a revised manuscript.
Your manuscript is important to our editorial office and we appreciate the opportunity to
evaluate your work for publication in Nutrition Research. We look forward to receipt of
your revised manuscript in 12 calendar days to continue the peer review process (EES
for electronic submission of manuscripts supported by Elsevier
http://ees.elsevier.com/nr/).
Regards,
Yong Li
Assistant Editor
132
Small intestinal malabsorption of D-xylose in rats with antigen specific gut
inflammatory reaction.
Danielle MF Antunes
*1,2
, Janilda P da Costa
1,2
, Sylvia MN Campos
2
, Patrícia O Paschoal
2,3
,
Valéria Garrido
2
, Munique Siqueira
2
, Silvana RF Moreno
1
, Gilberto P Cardoso
1
, Gerlinde APB
Teixeira
2,3
1
Graduation Program in Medical Sciences, Medical Sciences Centre, Fluminense Federal
University;
2
Immunobiology Department, Gastrintestinal Immunology Group, Biology Institute,
Fluminense Federal University;
3
Graduation Program in Pathology, Fluminense Federal
University, Niteroi, RJ, Brazil.
Abbreviations list
Ab - Antibody
Al(OH)
3
- aluminium hydroxide
BALB/c - isogenic mice mice strain
57BL/6J – isogenic mice strain
CO
2
– Carbon dioxide
ELISA - Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay
GAC - Gut Absorptive Capacity
H
2
O
2
– Hydrogen peroxide
HE – Hematoxilin-Eosin stain
IBD - Inflammatory Bowel Disease
IEC - Intestinal Epithelial Cells
IEL - Intraepithelial Leukocytes
Ig – Immunoglobulin
Lou-M - isogenic rats strain
OPD - o-phenylene-diamine
PBS - Phosphate Buffered Saline
PPE - peanut protein extract
sc - subcutaneous rout
Abstract
The study of animal models of mucosal inflammation as a means to probe the pathogenesis of
Inflammatory Bowel Disease (IBD) extends for almost a half century. The inappropriate immune
133
response to foods, such as peanut, wheat and milk may be implicated in the pathogenesis of
celiac and Crohn’s diseases, which present small intestinal malabsorption. A number of recent
studies have utilized D-xylose absorption as an investigative tool to study small intestinal
function in a variety of clinical settings. Thus, the aim of the present experimental study was to
evaluate the intestinal absorption of D-xylose in an antigen specific gut inflammatory reaction rat
model. Animals of the experimental group were immunized with peanut protein extract before
their exposure to a challenge diet containing exclusively peanut seeds to induce the gut
inflammatory reaction due to peanut allergy. Our results show that systemic inoculation with
peanut protein extracts renders antibody titers higher than control group (p<0.0001) and that the
antibody titers correlate positively to an inflammatory alteration of the gut morphology. Animals
pertaining to the experimental group showed an intestinal absorption of D-xylose lower than
control rats (p<0.0001). In conclusion, the use of serum D-xylose test was useful to identify the
presence of small intestinal malabsorption in our antigen specific gut inflammatory reaction rat
model.
Key Words: xylose, rats, peanut allergy, malabsorption and gut inflammation.
Introduction
Ulcerative colitis and Crohn’s disease, collectively known as Inflammatory Bowel Disease (IBD),
are major causes of lifetime morbidity and each disease clearly involves an abnormal mucosal
inflammatory response [1]. The idea that the immunological environment of the gut seems to
make great efforts to ensure that tolerance is the default response to antigen is often challenged
on the basis that this would be a dangerous strategy for host survival in the face of continuous
exposure to pathogens. The inappropriate immune response to foods and commensal bacteria
responsible for celiac and Crohn’s disease are due to deregulation of crucial control processes
of the gut [2]. The use of animal models of mucosal inflammation as a means to probe the
pathogenesis of IBD extends for almost a half century [3] and several animal models are
available. These models have been used to evaluate pharmacological molecules or agents and
have contributed greatly to important advances in our current understanding of the underlying
mechanisms of inflammation and disease pathogenesis as well as treatment [4].
A number of recent studies have utilized D-xylose absorption as an investigative tool to study
small intestinal function in a variety of clinical settings. D-xylose is a pentose found naturally in
plants, and its incomplete metabolization allows it to be used as an absorptive test [5]. The
majority of studies appear to favor of the serum D-xylose measurements over urinary D-xylose
134
excretion to screen adult and pediatric patients for small intestinal malabsorption [6] which is a
simple and low-cost method [7].
In a prior study we demonstrated the reproducibility of a peanut allergy model, originally
developed in C57BL/6J mice by Teixeira [8,9], in BALB/c mice and Lou-M rats [10]. Peanuts
seeds (Arachis hypogea) were chosen as source of antigen as peanuts are considered to be
one of the most potent food allergens causing severe diseases [11-13]. The main features of
this model of gut inflammation are villous atrophy, crypt hiperplasia, prominent mononuclear
leukocyte infiltrate and lamina propria edema. These signs are similar to food induced
enteropathies in humans such as celiac disease, a gluten enteropathy. The aim of this study
was to evaluate the intestinal absorption of the D-xylose in an antigen specific gut inflammatory
reaction rat model. Unlike for diagnosis in humans, we are unaware of any reports in the
literature, in which D-xylose is utilized to evaluate the intestinal absorption in rat models of IBD.
Materials and methods
The Ethics Committee of the Medicine School of Fluminense Federal University approved this
research (protocol 167/05).
Animals
In this study 35 male adult Lou-M rats (8-12 weeks and 250-300g body weight) bred and
maintained at the Animal Facility of the Fluminense Federal University (Niteroi, Brazil) were
used. The healthy animals were randomly divided into 2 groups: control group and experimental
group. They were individually numbered to enable paired statistical analysis.
Induction of the antigen-specific gut inflammation
The induction of the antigen-specific gut inflammation was realized following the protocol
described before [10]. To develop the antigen-specific gut inflammation, all rats of the
experimental group (n=15) were inoculated twice with 200µg peanut protein extract through the
subcutaneous rout (sc). The primary inoculation with 5mg of adjuvant [Al(OH)
3
] and after an
interval of 21 days, each animal received a booster inoculation without adjuvant. After this
second inoculation, all rats were submitted to a challenge diet composed exclusively of peanuts
in natura ad libitum over a 30-day period. The control animals (n=15) were inoculated with
135
physiologic saline plus 5mg Al (OH)3, and after the same interval of 21 days, they received a
second inoculation with physiologic saline. After this second inoculation, all control animals
continued to receive commercial rodent chow (Nuvilab,NUVITAL, Brazil). The chow and peanut
macronutrients distribution are described in table 1.
Table 1.
Macronutrients distribution of the rats diet.
All animals were bled from the retrorbital plexus, prior to manipulation and 10 days after each
inoculation, withdrawing 1ml. The serum was collected and stored at -20ºC until analyses.
ELISA
The serum samples were evaluated by ELISA to quantify specific anti-peanut protein antibody
titers. For antigen-specific IgG antibody, 96-well plates were coated with peanut protein extract
(PPE) at 10ug/well in Phosphate Buffered Saline (PBS) at 4°C overnight. Unbound extract were
discarded, plates were washed with 0.05% Tween-20 in PBS and then blocked with 100ul of a
1% PBS/gelatin solution for 1h at room temperature. Serum samples were placed in the first
well at a 1% dilution (100ul/well) followed by a three fold serial dilution (obtaining a final dilution
of 1:218700) and incubated for 3h at room temperature. Plates were then washed and received
peroxidase-labeled goat anti-rat IgG (Southern Biothechnology USA) and incubated for 3h at
room temperature. Reactions were developed with 100ul of solution containing H
2
O
2
and o-
phenylene-diamine (OPD) (SIGMA-Aldrich - Germany). Plates were read at 492nm on an
automated ELISA reader (Anthos 2010, Germany). The results are reported as arbitrary units of
ELISA corresponding to the area under the dilution curve of each serum.
Anesthesia
Rats received the equivalent of 100 mg/kg Ketamine and 10 mg/kg Xylazine body weight
through intraperitoneal.
136
Determination of D-xylose absorption curve in normal animals
Anesthetized normal rats received an aqueous solution of 2ml containing 1.23g of D-xylose into
the stomach by gavage (n=5). All animals were bled from the retrorbital plexus - withdrawing
1ml immediately prior to the gavage and at one-hour intervals after the D-xylose
administration, until the third hour. The serum was collected and stored at -20º C until analysis.
The amount of D-xylose in serum was determined as described by Eberts [14].
D-xylose absorption test in experimental and control animals
To determine if inflammation interferes in D-xylose absorption, the test was performed at the
end of the 30-day period of challenge diet in the same fashion as described above using the 1
st
and 3
rd
hour post gavage.
Necropsy
All animals were euthanazed with CO
2
to collect a 3cm segment of the gastro-duodenum
junction, after the D-xylose test. This segment was fixed with 10% buffered formalin and stained
with Hematoxilin-Eosin (HE).
Statistical analysis
The statistical analysis performed was ANOVA with Tukey´s or Fisher post test to determine the
minimum significance difference (MSD), using GraphPad InStat Program by GraphPad
Software Inc
. P<0.05 was considered as statistically significant.
Results
The systemic inoculation with crude peanut extract renders high antibody titers
Confirming previous results in mice [8], experimental rats (submitted to systemic inoculation with
crude peanut extract) presented significantly higher (p<0.0001) IgG antibody titers (5.085 ±
0.126 units) than control rats (inoculated with saline) (0.905 ± 0.053 units) (Fig. 1).
137
Figure 1. Total antipeanut IgG antibody titers in experimental and control rats. Experimental rats
presented significantly higher (p<0.0001) IgG antibody titers than control rats.
Intestinal absorption of D-xylose
After gavage all animals were bled at hour intervals for the first three hours to determine the
absorption and excretion curve of D-xylose. Evaluating the individual absorption curves of the
first three hours after gavage of D-xylose we found that as of the first and until the third hour
there are no statistical differences in blood levels of D-xylose neither between animals nor time.
Evaluating the mean values of the five animals there is a statistical difference between before
and after gavage but not during the three hours following gavage (Fig. 2).
Figure 2.
Determination of the absorption curve of D-xylose in normal animals. Mean values of the five
animals showing a statistical difference (P< 0.0001) between before and after gavage, but not during the
three hours following gavage.
138
Based on the absorption curve we determined that each experimental and control animal should
be bled on the first and third hour after gavage. Absorption values are expressed as the mean
of both bleedings. As shown in figure 3, experimental animals showed an intestinal absorption
of xylose (9.66 ±1.79mg) significantly lower (p<0.0001) than control rats (19.63 ± 2.89 mg).
Figure 3.
Mean absorption of D-xylose (mg/ml) in experimental and control rats. Experimental animals
showed an intestinal absorption of xylose significantly lower (p<0.0001) than control rats.
Intestinal analysis
Animals of the experimental group presented a frail consistency of the intestinal tissue observed
in the macroscopic analysis in contrast to the intestinal tissue of the control group.
The microscopic analysis agrees with the macroscopy in which a preserved intestinal structure
in control animals was seen while in the experimental animals, villi presented edema,
congestion and a high leukocyte infiltration in duodenum (Fig. 4).
139
A
B
Figure 4.
Diferences in duodenum analysis between experimental and control animals (200x HE). (A)
Villi from an experimental rat presenting alteration of the normal morphology (edema, congestion and a
high leukocyte infiltration). (B) Villi from a control rat presenting normal aspects.
Other criteria that used to determine the inflammatory process was to compare the number of
Intestinal Epithelial Cells (IEC) and Intraepithelial Leukocytes (IEL) and established the IEC/IEL
ratio. For this criteria, the duodenum segment analyzed presented significant differences
(p<0.05), where control animals presented a higher ratio than experimental animals.
We correlated the sera Ab titers and the IEC/IEL ratio of control and experimental animals, and
according to Fisher’s test, the row/column association was statistically significant (p=0.0236).
Discussion
The objective of the present study was to evaluate the intestinal absorption of rats with an
antigen specific gut inflammatory reaction, using the serum D-xylose absorption test, which
consists in a standard method of diagnosing small intestinal bowel malabsorption [7]. We chose
the serum D-xylose test rather than urine test because in some human studies a reduced
specificity of the urine test was observed due to false-positives. In pediatric patients, especially
in very young children and infants, the use of serum rather than urinary D-xylose testing is
favored due to difficulties in obtaining accurately timed urine collections [5]. Ehrenpreis et al
recommend the use of both 1 and 3 hour serum D-xylose determination to screen patients with
symptoms of malabsorption [7]. In literature, there are few studies on the use of D-xylose in rats,
and they are related to disease models other than IBD, such as trauma hemorrhage, sepsis [15]
and iron-deficiency anemia [16]. In the first study, authors measured the gut absorptive capacity
140
(GAC) using the 1-h D-xylose absorption test and found significative findings in portal blood
[15]. On the other hand in the study involving anemia [16], authors based the intestinal
absorption of D-xylose on urinary excretion and did not find any difference between the anemic
and control groups. These results confirm prior findings carried out by Sharma et al in rats [17].
We may argue that the differences observed in these studies may be due to the technical
procedures or to the underlying diseases. Due to the difficulties involved in adequate urine
collection in the rat we established to use serum determination of D-xylose absorption.
In the present study, it was necessary to determine the best bleeding times after D-xylose
gavage. Based on literature animals were bled during three hours with hourly intervals. Our
results are in accordance with data presented by Ehrenpreis et al who specified that patients
should be tested at the first and third hour after D-xylose administration [7]. Our results
demonstrate that during the first 3 hours there are no statistical differences. Thus, in accordance
to human studies and based on the timing of D-xylose elimination from the blood we defined as
a rule to use the 1
st
and 3
rd
hour after gavage to bleed the animals. As observed by Teixeira in
mice [8,9], in the present study we also have observed that the systemic inoculation with crude
peanut extract (experimental mice) renders antibody titers significantly higher than saline
inoculated rats. Experimental animals that eat the challenge diet containing peanuts over a 30-
day period, after inoculation, maintain the high antibodylevels throughout the period, and
present a corresponding alteration of the gut morphology typical of chronic inflammatory gut
reactions demonstrating that this group presented peanut allergy. As shown by Mowat, that
deregulation of food tolerance in humans can provoke IBD like celiac or Chron´s disease [2],
our results confirm that systemic inoculation to a food protein can lead to an IBD-like disease in
the animal model.
In our previous work [8-10] we demonstrated that systemic inoculation without a challenge diet
does not induce inflammatory gut reactions but prior inoculation is absolutely fundamental for its
induction. On the other hand, eating the allergenic foodstuff prior to systemic inoculation
protects the animal form this form of IBD when submitted to the challenge diet. We found in our
peanut allergy/IBD rat model a positive association between higher IgG anti-peanut antibody
titers, presence of intestinal inflammation and the presence of small intestine malabsorption,
demonstrated by the D-xylose test. These results are in accordance to human findings [7].
In conclusion, the 1 and 3 hour serum D-xylose test was useful to identify the presence of small
intestinal malabsorption in our antigen specific gut inflammatory reaction rat model which
permits a clinical evaluation without having to euthanize the animals during the experimental
period.
141
Acknowledgments
The present work was carried out with support of the CAPES, Institution of the Brazil
Government for development of human resources. We are also indebted to UFF.
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143
3. Artigo intitulado
“Correlation between D-xylose absorption and sorological and
histological events in a Rat Model of Chronic Gut Inflammation”
. Submetido à
revista Brazilian Archives of Biology and Technology.
Status
do envio:
De Claudineia Nunes Pereira <clau@tecpar.br>
Para Danielle Antunes <danimfantune[email protected]>
Data 01/08/2007 15:12
Assunto Re: Fw: Envio de artigo - favor acusar recebimento
enviado por tecpar.br
Danielle,
Recebemos seu artigo: "Correlation of D-xylose absorption with serological and
histological events in an Animal Model of Chronic Gut Inflammation" no dia 30/07/07. O
número de referencia é BD-2062.
Atenciosamente
Claudinéia
Claudinéia Nunes Pereira
TECPAR - Instituto de Tecnologia do PR
Divisão de Extensão Tecnológica - DEXT
Brazilian Archives of Biology and Technology - BABT
Rua Prof. Algacyr Munhoz Mader, 3775 - CIC
81.350-010 - Curitiba - PR
Fone: (41) 3316-3012
144
Correlation of D-xylose absorption with serological and histological events in an
Animal Model of Chronic Gut Inflammation.
Danielle Mota Fontes Antunes*
1,2
, Janilda Pacheco da Costa
1,2
, Gilberto Perez Cardoso
1
,
Gerlinde Agate Platais Brasil Teixeira
2,3
.
1
Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Centro de Ciências Médicas, Universidade Federal
Fluminense, 24033-900, Niterói, RJ, Brasil;
2
Departamento de Imunobiologia, Laboratório do Grupo de
Imunologia Gastrintestinal, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense, 24020-150, Niterói,
RJ, Brasil;
3
Programa de Pós-Graduação em Patologia,
Universidade Federal Fluminense, 24033-900,
Niterói, RJ, Brasil.
ABSTRACT
Inflamatory Bowel Disease (IBD) is a debilitating disease that can be provoked by inappropriate
immune response to foods. Recently, the D-xylose absorption test has been used as an
investigative tool to study small intestinal function in human IBD. Our aim is to analyse the
relationship between absorption of D-xylose with serological and histological events in a animal
model of peanut allergy/IBD. Animals immunized with peanut protein extract and exposed to a
peanut containing challenge diet (inflammatory induction period), received a D-xylose gavage
and were bled after the first and third hour to determine serum clearance of this sugar.
Duodenum segments were collected to determine degree of gut inflammation. We show that D-
xylose absorption correlates negatively with IgG titers and positively with morphometric
parameters. In conclusion, our results indicate that the D-xylose test is a useful tool to evaluate
intestinal malabsorption and presents a good correlation with other diagnostic methods of IBD.
Key words: inflammatory bowel disease, animal model, D-xylose, peanuts.
2
INTRODUCTION
IBD mainly by ulcerative colitis and Crohn
disease but also including noninfectious
inflammation of the gut, have posed an
enigma to gastroenterologists and
immunologists alike since their first
modern descriptions some 75–100 years
ago (Strober, 2007). Recently, it has been
estimated that IBD affects approximately
one million people in North America alone
(Bamias et al., 2005). The inappropriate
immune response to foods and
commensal bacteria responsible for celiac
and Crohn’s disease are due to
deregulation of crucial control processes
of the gut (Mowat, 2003). It is recognized
that immune tolerance is the normal state
of the intestinal immune system and it is
apparent that a wide variety of cell types
are orchestrated in a tightly regulated
fashion to maintain immunologic tolerance.
At the same time, the capacity to build an
immune and inflammatory response within
the mucosa is maintained. So, both the
innate and adaptive immune responses
play integrated roles in the homeostasis of
the intestinal mucosal immune response
(Sands, 2007). Disease related
malnutrition (undernutrition), weight loss
and sub-optimal nutritional status may be
present at any stage of IBD. The causes of
malnutrition in IBD are multiple and
include poor dietary intake, impaired
nutrient digestion and absorption
(O’Sullivan and O’Morain, 2006).
Several animal models of mucosal
inflammation are avaialble and these have
provided useful insights into the
pathogenesis of the intestinal inflammatory
response (Hendrikson et al., 2002).
Many recent studies have utilized D-xylose
absorption as an investigative tool to study
small intestinal function in a variety of
clinical settings in humans and animals
models (Singh et al., 1991; Wayhs et al.,
2004). D-xylose is a pentose found
naturally in plants, its incomplete
metabolization allows it to be used as a
tracer and therefore as an absorptive test
(Craig and Ehrenpreis, 1999).
In prior studies, we demonstrated the
reproducibility of a peanut allergy model,
in BALB/c mice and in Lou-M rats which
was originally developed in C57BL/6J
mice (Antunes et al., 2007a). In another
study we standardized in normal rats the
use of serum D-xylose as a tool to identify
small intestinal sugar absorption and
presented preliminary result of sugar
absorption in our rat model of IBD (Costa,
2005; Antunes et al., 2007b).
The aim of this study was to analyse the
relationship between D-xylose absorption
and serological and histological events
which were found in our animal model of
peanut allergy/IBD.
MATERIALS AND METHODS
The Ethics Committee of the Medicine
School of Fluminense Federal University
3
approved this research (protocol 167/05).
We used 30 male adult Lou-M rats (8-12
weeks and 250-300g body weight) and 30
male adult C57Bl/6J mice (6–8 weeks and
20-25g body weight) bred and maintained
at the Animal Facility of the Fluminense
Federal University (Niteroi, Brazil). The
healthy animals were randomly divided
into 2 groups: control and experimental.
Induction of the gut inflammation
To develop the induction of the antigen
specific gut inflamation, all rats and mice
were immunized twice as described before
(Antunes et al., 2007a) the control group
received a sham immunization with saline
while the experimental group received an
immunization with a peanut protein
extract. The experimental group was
submitted to a challenge diet composed
exclusively of peanuts in natura ad libitum
over a 30-day period while control animals
continued to receive commercial rodent
chow.
Serum Analysis
All animals were bled from the retrorbital
plexus prior to manipulation, and 10 days
after each immunization, withdrawing 1ml.
The serum was collected and stored at -
20º C until ELISA analyses.
Evaluation of the gut absorption
To determine if inflammation interferes in
D-xylose absorption, the test was
performed at the end of the 30-day period
of challenge diet, as described in rats by
Antunes et al. (2007b) and in mice by
Costa (2005).
All rats and mice were anesthetized
through intraperitoneal. After this, rats
received an aqueous solution of 2ml
containing 1.23g of D-xylose into the
stomach by gavage while mice received
an aqueous solution of 100µl containing
0,01g of D-xylose. All animals were bled
from the retrorbital plexus - withdrawing
1ml of rats and 200µl of mice - at the first
and third hour after the D-xylose
administration. The serum was collected
and stored at -20º C until analysis.
The amount of D-xylose in serum was
determined as described by Eberts (1979).
In short, 60µl of serum was added to the
2ml of chromogen (phloroglucinol,
chloridric acid and acetic acid) and
reacted in a boiling water bath at 100
o
C for
4 minutes. After cooling at room
temperature, optical density was
measured using Pelkin Elmer
spectrophotometer at 554 nm.
Gut segments collection
After the D-xylose test, all animals were
euthanazed with CO
2
to collect a 3cm
segment of the gastro-duodenum junction
to establish histological parameters: villi
height/width ratio, villi-height/crypt-height
4
ratio and Intestinal Epithelial Cells
(IEC)/Intraepithelial Leukocytes (IEL) ratio.
The intestinal segments were fixed with
10% buffered formalin and stained with
Hematoxilin-Eosin (HE).
Statistical Analyses
Statistical analyses were performed by
using GraphPad InStat program by
GraphPad Software Inc. Interaction
between variables was studied using
Pearson correlation. P<0.05 was
considered as statistically significant.
RESULTS
Serological analyses, showed that
experimental animals (submitted to
systemic immunization with crude peanut
extract) presented significantly higher total
IgG antipeanut titers (rats: 5.95±0.19 units;
mice: 5.04±0.26 units) than control
animals (sham immunized) (rats:
0.96±0.05 units; mice: 0.85±0.02 units)
(p<0.001).
After the 30 day challenge diet and D-
xylose gavage, serum of experimental
animals showed an intestinal absorption of
xylose (rats: 9.73±1.65mg; mice:
2,09±1,42mg) significantly lower (p<0.001)
when compared to absorption titers of
control animals (rats: 20.61± 2.99 mg;
mice: 30,21± 12,87).
As shown previously, all histological
parameters here analysed were significant
when comparing experimental and control
groups (p<0.05). The villi height/width, villi-
height/crypt-height and IEC/IEL ratio was
significantly lower in experimental
duodenum than control animals (table 1).
Table 1. Histological parameters analysed in
mice and rats.
Lou-M rats
C57Bl6/J mice
Histological
Parameters
Control Exper. Control Exper.
Villi height/
width ratio
5.05±0.82 3.91±1.07 4.84±1.85 2.60±1.04
Villi-height/
crypt-
height ratio
2.09±0.18 1.90±0.10 1.98±0.23 1.70±0.15
IEC/IEL
ratio
21.89
±
2.7
7
9.48
±
1.37 18.87
±
3.9
1
10.90
±
2.46
Correlating D-xylose absorption with IgG
antibody titers of animals exposed to
challenge diet, we found a negative
correlation (r= -0.7773), (Fig. 1).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
IgG titers (O.D.)
D-xylose (mg/ml)
Figure 1.
Correlation between antibody (Ab)
titers and D-xylose. (r= -0.7773; p<0.0001).
On the other hand, correlating D-xylose
absorption with villi height/width ratio
(r=0.7645), villi-height/crypt-height ratio (r=
0.9763) and IEC/IEL ratio (r=0.8628
Fig.2), a positive correlation was found.
5
0
5
10
15
20
25
30
5 7 9 11 13 15 17 19
IEC/IEL Ratio
D-xylose(mg/ml)
Figure 2. Correlation between IEC/IEL ratio
and D-xylose. (r=0.8628; p<0.001).
DISCUSSION
In the present study, the observed events
are similar to those described in prior
reports (Antunes et al., 2007a; Antunes et
al., 2007b).
The objective of this study was to correlate
the intestinal absorption of D-xylose and
the serological and histological findings in
an animal model of an antigen specific gut
inflammatory reaction (IBD model).
The serum D-xylose absorption test
consists in a standard method of
diagnosing small intestinal bowel
malabsorption in humans (Ehrenpreis et
al., 2001). In the literature, there are few
studies describing the use of D-xylose in
rats and mice, and they are related to
disease models other than IBD, such as
trauma hemorrhage, sepsis (Singh et al.,
1991) and iron-deficiency anemia (Wayhs
et al., 2004).
As observed in a prior study (Antunes et
al., 2007a), our results confirm that
systemic immunization to food antigens
make animals susceptible to the antigen
specific challenge diet, leading to specific
inflammatory bowel disease. As shown
before, this is a convenient tool to study
the evolution of alterations in a chronic
setting. Thus, having at hand an animal
model which mimics chronic human
disease, we decided to evaluate gut
absorption of nutrients, which is a serious
problem in the human IBD setting.
In preliminary reports (Costa, 2005;
Antunes et al., 2007b), we observed that
rats and mice with chronic inflammation of
the gut presented lower D-xylose
absorption than control animals.
Morphometric parameters, which are used
to evaluate gut alterations in chronic gut
inflammation in humans, have been
applied to our animal models (mouse and
rat) demonstrating to be very similar
(Antunes et al., 2007a). Thus, the
following ratios: villi-height/crypt-height,
villi height/width and IEC/IEL have shown
to be good parameters in determining the
intensity of gut inflammation. All three
parameters decrease as the inflammatory
process aggravates (Madi, 2001).
Confirming our hypothesis, as the
histomorphometric ratios observed in
experimental animals decrease (indicative
of a chronic inflammatory process), D-
xylose absorption also decreases, which
implies that inflammation reduces or
impedes D-xylose absorption. Correlating
D-xylose absorption with serological
events, a negative correlation was
observed in animals submitted to the
challenge diet. On the other hand,
6
sensitized animals that have not yet been
submitted to the challenge diet did not
present the same correlation P>0.05 (data
not shown) indicating that the challenge
diet, which induces the inflammatory
process, is essential for the malabsortion
and is capable of maintaining high
antibody titers over a 30 day period. Thus,
high specific anti-food antibody titers
indicate food allergy, but not necessarily
inflammation of the gut and suggests that
the specific foodstuff should not be a
constituent of the diet of that individual.
In conclusion, our results confirm the
human findings that the D-xylose test is a
useful tool to evaluate intestinal
malabsorption and presents a good
correlation with other diagnostic methods
of IBD. This permits that fewer animals be
used in long experiments in the
understanding of chronic inflammatory
processes of the gut, given that the
animals may be evaluated without having
to euthanize them throughout the
experiments.
ACKNOWLEDGEMENTS
Research supported by CAPES and UFF.
RESUMO
A doença inflamatória intestinal (DII) é
uma doença debilitante e pode ser
provocada por uma resposta imune
inapropriada a alimentos. Recentemente,
o teste de absorção de D-xilose tem sido
usado como ferramenta investigativa para
avaliar a função duodenal em humanos
com DII. Nosso objetivo é analisar a
relação entre o teste de absorção de D-
xilose e achados sorológicos e
histológicos no modelo animal de alergia
ao amendoim/DII. Animais imunizados
com extrato protéico de amendoim e
expostos à dieta desafio contendo
sementes de amendoim (período de
indução da inflamação), receberam uma
gavagem de D-xilose e foram sangrados
após a primeira e a terceira hora para
determinar a concentração deste açúcar.
Segmentos duodenais foram coletados
para determinar o grau de inflamação
intestinal. Nós mostramos que a absorção
de D-xilose correlaciona negativamente
com os títulos de IgG, e positivamente
com os parâmetros morfométricos.
Concluindo, nossos resultados confirmam
que o teste da D-xilose é uma ferramenta
útil para avaliar a má-absorção intestinal e
correlaciona-se bem a outros métodos de
diagnósticos de DII.
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