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O manejo vai conseguir sustentar a indústria madeireira por mais
alguns séculos. Hoje a gente vê no Sudeste muito o reflorestamento
de pinos, eucalipto. Agora você imagina a gente aqui, vê uma
madeira de 0,20, ,30 cm de diâmetro nem olha pra ela, e isso pra
eles hoje é ouro. Hoje a madeira que a gente está deixando para
traz, ta tentando fazer um ciclo de 25 anos, eu não vou dizer pra
você que a madeira que nós deixamos lá de 0,30 cm depois de 25
anos ela vai estar com 1 metro de diâmetro. Não vai, mas ela vai
estar lá chegando a 0,50cm no máximo. Daqui pra frente essas
madeironas mais grossas que a gente hoje tem a oportunidade de
pegar vai se tornar mais difícil, mais essas madeiras mais finas com
a mesma qualidade ela vai estar disposta no manejo. É a tendência
do ciclo do manejo florestal e da sustentabilidade. (Renato Almeida
– Gerente da madeireira São Cristóvão, 06 de novembro de 2006).
O manejo é o meio mais correto de se conseguir matéria-prima
florestal hoje no nosso país. Quando elaborado e executado da
forma que a Lei diz é o ideal para sustentabilidade. Isso ainda está
caminhando, a sustentabilidade é muito ampla precisa ter muita
coisa para garantir que foi sustentável, mais ainda é em termos de
floresta o melhor caminho, não tem outro. Mas para isso tem que ter
consciência e fazer do jeito que tem que ser. Se for feito do jeito que
tem que ser, existe sustentabilidade se não, não existe
sustentabilidade. A sustentabilidade até da própria indústria, do seu
investimento, é garantia de trabalho pra frente. A gente quando faz
um investimento a gente já sabe que investimento de indústria é
coisa a longo prazo o retorno é lento, então a gente tem que ter
essa garantia. A sustentabilidade dela qual é? A certeza que vai
chegar lá, que vai extrair, vai deixar o que não é pra tirar e na época
certa pode voltar lá e extrair de novo. A sustentabilidade tem que ser
para indústria, para os funcionários, para todas aquelas empresas
que vivem em torno do setor. (Marluce Gomes Barllati – Proprietária
da madeireira Laminados Catedral -, 08 de novembro de 2006).
A visão de sustentabilidade aqui contida não abrange padrões
preservacionistas como defendem alguns ambientalistas, mas procura atender ao
modelo econômico de mercado vigente, onde a floresta é vista tão somente como
fonte supridora de matéria-prima das indústrias de transformação e não como o
lugar de vivência de milhares de pessoas.
A floresta é um espaço desejado para diferentes utilidades. O
madeireiro vê como um valor ligado à madeira, o pecuarista extensivo como uma
superfície a ser transformada em pasto para criar seu rebanho, o agricultor a vê
como uma reserva fundiária para desenvolver culturas, já o seringueiro acreano a vê
como seu habitat social, indo além do modo de produção, mas representando acima
de tudo seu espaço de vivência e para a “convivência” familiar e comunitária.