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CÂMPUS DE BOTUCATU
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INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIASINSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA DE UMA
ÁREA DE CERRADO PERTENCENTE AO
ÁREA DE CERRADO PERTENCENTE AO ÁREA DE CERRADO PERTENCENTE AO
ÁREA DE CERRADO PERTENCENTE AO
CAMPUS
CAMPUSCAMPUS
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DE BAURU DA
DE BAURU DA DE BAURU DA
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ANA GABRIEL
ANA GABRIELANA GABRIEL
ANA GABRIELA FARACO
A FARACOA FARACO
A FARACO
BOTUCATU
BOTUCATU BOTUCATU
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ANA GABRIELA FARACO
ANA GABRIELA FARACOANA GABRIELA FARACO
ANA GABRIELA FARACO
PROF. DR. OSMAR CAVASSAN
PROF. DR. OSMAR CAVASSANPROF. DR. OSMAR CAVASSAN
PROF. DR. OSMAR CAVASSAN
Orientador
OrientadorOrientador
Orientador
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biociências da Universidade Estadual Paulista
UNESP Botucatu, para obtenção do título
de Mestre em Ciências Biológicas, Área de
Concentração: Botânica
.
BOTUCATU
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2007 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Faraco, Ana Gabriela.
Composição florística e estrutura fitossociológica de uma área de cerrado
pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – Unesp,
SP / Ana Gabriela Faraco. – Botucatu : [s.n.], 2007.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Biociências de Botucatu, 2007.
Orientador: Osmar Cavassan
Assunto CAPES: 20300000
1. Botânica 2. Comunidades vegetais - Bauru(SP) 3. Cerrado -
Ecologia
CDD 581.5
Palavras-chave: Cerrado; Estrato inferior; Estrato superior; Fitossociologia;
Florística
4
À minha querida mãe Ana Maria
Ao meu grande companheiro Tiago
Por nunca terem faltado comigo, por estarem
sempre ao meu lado em todos os momentos mais
importantes da minha vida e por serem exemplo
de vida para mim.
5
Agradecimentos
AgradecimentosAgradecimentos
Agradecimentos
É bom, ao final deste trabalho, olhar para trás e ver quantas
pessoas estiveram presente ao longo desses dois anos, me ajudando a
cumprir mais uma etapa da minha vida.
Agradeço ao professor Osmar Cavassan pela oportunidade e pela
orientação dada ainda na graduação, pelo seu heroísmo em me
agüentar e pela amizade construída nesses quatro anos de
convivência.
À Marina Carboni, grande companheira de mestrado, de
república, de viagens e de tantos momentos bons e ruins, à amizade
construída, ao bom humor de todos os dias, às palhaçadas que
fizeram com que os duros trabalhos de campo se tornassem mais leve,
por sempre me patrocinar um boa gargalhada toda vez que caía ou
dormia agarrada em uma árvore depois das noitadas, por toda a
ajuda desde o início do trabalho até a redação final. Foi “muito
lindo” tudo que passamos.
Ao Vinicius Castro Souza, para mim um exemplo de profissional,
por toda ajuda e pelo tempo dispensado na identificação das plantas,
por sempre ter me recebido muito gentilmente no herbário e por todos
os ensinamentos de botânica e taxonomia.
Ao pessoal do herbário ESA Fiorella F. M. Capelo, Marcelo A. P.
Ferreira (Pinus), Paula S. Coutinho (Paulinha), Wellington Forster e
Viviane Scalon pelas identificações, pela amizade e pela alegria e
gentileza com que sempre me receberam.
Ao diretor do Jardim Botânico Municipal de Bauru Luis Carlos
de Almeida Neto por ter sido tão presente, sempre incentivando,
vibrando com as vitórias e por ter me cedido os guardas para me
acompanhar nos trabalhos de campo.
A todo pessoal do Jardim Botânico pela agradável convivência e
por serem sempre tão prestativos.
6
Aos guardas do Jardim Botânico, Luis Antônio de Oliveira e
Maurício Andrade, pela amizade, por toda ajuda nos trabalhos de
campo, pelas piadas, pela festa com que sempre me receberam e por
nunca terem poupado esforços para fazer as coletas mais difíceis.
Minha eterna gratidão e amizade!
À Veridiana de Lara Weiser pelas identificações das trepadeiras,
por todas as dicas e pelas boas conversas.
À Clélia Mardegan pelas fotos áreas da área, pela amizade
cultivada desde que estava na graduação, pelas boas risadas e pelas
dicas quanto ao trabalho.
Ao pessoal do IPEMet, em especial ao Adelmo Correa e Zildene
Pedrosa por ter fornecido os dados de clima e por ter alegrado muitas
tardes com as histórias impagáveis num bom sotaque nordestino.
Ao professor Hélio Grassi, do departamento de Ciências do Solo da
UNESP – Botucatu, pela orientação quanto à coleta de solo.
Ao Ilismir Levorato pela ajuda com as interpretações das análises
de solo.
Ao Seu Osvaldo, funcionário da UNESP Botucatu pelo
inesquecível passeio panorâmico de tobatinha pelo
Campus
do
Lageado, quando me deu carona até o departamento de Ciências do
Solo.
À Jamile Peres e Eduardo Vasconcellos pela ajuda nos trabalhos
de campo.
Às amigas Daniela Sampaio, Alzira P. Bertoncini e Renata
Fernandez pela ajuda e por terem me abrigado em Piracicaba toda
vez que precisei.
As eternas amigas Sarita Rossi, Viviane C. de Oliveira e Poliana
R. Genovez, que mesmo estando muitas vezes tão longe sempre
estiveram presentes, pelo apoio, pelas palavras de conforto e pelos
momentos de descontração.
7
À Gisele A. Nóbrega pela identificação das pteridófitas, pela
amizade de tanto tempo, pelo incentivo e pelos bons papos.
Ao Marcos Vinícius (Marcão) pelas dicas sobre sagüi.
Ao Marcos Piola, professor de inglês, pela amizade, pelos valiosos
ensinamentos, pela força que sempre deu, pelas palavras de incentivo,
por me receber tão bem em sua casa e pela revisão do abstract.
Ao Guto e Alessanro da Cati-Bauru pelas fotos aéreas de Bauru.
À professora Sílvia Machado pela gentileza com que sempre me
tratou e por ter participado da banca de qualificação.
A professora Anne Lígia Dokkedal por aceitar participar da
banca de qualificação e da banca final.
À Giselda Durigan por aceitar participar da banca e pelas
valiosas contribuições para a redação final desta dissertação.
À Luisa S. Kinoshita, João Semir, Geraldo D. C. Franco, João B.
Baitello, Osni T. de Aguiar, Rodrigo A. S. Pereira, Marie Sugiyama,
Juan D. Urdampilleta, Kikio Yamamoto, Ana Maria G. A. Tozzi, Maria
Cândida H. Mammede e Pedro L. R. Moraes pelas identificações e/ou
confirmações.
À Maria Tereza Toniato (Matê) por ter levado as plantas para o
Instituto Florestal para identificar, pela ajuda e todas as palavras de
apoio e incentivo.
Ao professor Reginaldo J. Donatelli, do Departamento de
Biologia da UNESP Bauru, pela ajuda com o programa BioDiversity
Pro.
Aos sogros João e Cidinha pelo apoio, por tudo que fizeram por
mim e por me terem como uma filha.
À minha irmã Paula que sempre esteve presente, sempre vibrou
com minhas virias. Às minhas sobrinhas Ana Laura, Maria
Fernanda e Natália pelos momentos de alegria e pela festa com que
sempre me receberam em casa após os momentos de ausência, pelos
altos papos, por todo carinho.
8
À minha mãe por todo exemplo de força, dedicação e superação.
Por tudo que fez por mim, por nunca ter poupado esforços para que eu
conseguisse alcançar meus objetivos, por sempre estar ao meu lado,
por ter sofrido e comemorado comigo e por ter entendido os momentos
de ausência.
Ao Tiago, meu grande amor, por tudo que representa na minha
vida, pelo companheirismo, pelas palavras de conforto, por todo
amor, por tanto esforço em me fazer feliz, pelos momentos em que eu
estava em crise me acalmou com seu carinho dizendo que daria tudo
certo, por ter suportado minha ausência, minha impaciência e meus
momentos de stress. Por ter resolvido todos os meus problemas com o
Excel e com o computador em geral. Sem vo não teria conseguido
superar todas as adversidades e não teria tido graça comemorar as
vitórias. Obrigada!
Àqueles que fogem da minha memória neste momento, mas que
tiveram igual importância neste trabalho.
A Deus por ter colocado todas essas pessoas no um caminho.
Muito Obrigada!
9
SUMÁRIO
SUMÁRIOSUMÁRIO
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................x
LISTA DE TABELAS...................................................................................................................xiii
1. Introdução Geral..................................................................................................................1
1.1. Nomenclatura......................................................................................................................2
1.2. O cerrado no Brasil.............................................................................................................3
2. Referências bibliográficas....................................................................................................6
Capítul
CapítulCapítul
Capítulo 1.
o 1.o 1.
o 1. Florística de um fragmento de cerrado na área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP............................................................7
Resumo.........................................................................................................................................9
Abstract......................................................................................................................................11
1. Introdução...........................................................................................................................13
2. Material e métodos.............................................................................................................17
2.1. Área de estudo...................................................................................................................17
2.2. Vegetação...........................................................................................................................18
2.3. Levantamento florístico....................................................................................................20
2.4. Similaridade florística.......................................................................................................21
3. Resultados e discussão.......................................................................................................22
3.1. Levantamento florístico....................................................................................................22
3.2. Similaridade florística.......................................................................................................35
4. Considerações finais...........................................................................................................39
5. Referências bibliográficas..................................................................................................40
Capítulo 2.
Capítulo 2.Capítulo 2.
Capítulo 2. Caracterização estrutural do componente superior e inferior em um
fragmento cerrado na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, SP.................................................................................................................47
Resumo......................................................................................................................................48
Abstract......................................................................................................................................50
1. Introdução...........................................................................................................................52
2. Material e métodos.............................................................................................................54
2.1. Área de estudo...................................................................................................................54
2.2. Análise de solo...................................................................................................................54
2.3. Análise climática...............................................................................................................55
2.4. Levantamento fitossociológico do estrato superior........................................................55
2.4.1. Classes de altura...........................................................................................................56
2.4.2. Classes de diâmetro......................................................................................................56
2.5.
Levantamento fitossociológico do estrato inferior.........................................................56
2.6. Similaridade entre os estratos..........................................................................................57
10
3. Resultados e discussão.......................................................................................................57
3.1. Análise de solo...................................................................................................................57
3.2. Análise climática...............................................................................................................60
3.3. Levantamento fitossociológico do estrato superior........................................................61
3.3.1. Classes de altura...........................................................................................................72
3.3.2. Classes de diâmetro......................................................................................................77
3.4. Levantamento fitossociológico do estrato inferior.........................................................84
3.5. Similaridade entre os estratos..........................................................................................90
4. Considerações finais...........................................................................................................92
5. Referências bibliográficas..................................................................................................93
11
LISTA DE FIGURAS
Capítulo 1.
Capítulo 1.Capítulo 1.
Capítulo 1. Florística de um fragmento de cerrado na área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP
Figura 1. Localização da área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual
Paulista–UNESP, SP. AUn: área da UNESP não destinada a ser reserva, RL: área
destinada a Reserva Legal, N: nascentes do Córrego Vargem Limpa, JBMB: Jardim
Botânico Municipal de Bauru..............................................................................................18
Figura 2. Imagem aérea de 2005 da área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade
Estadual Paulista UNESP, SP. Fitocenoses: MB: mata de brejo, Cd: cerradão (imagem
modificada Google Earth).....................................................................................................19
Figura 3. Fotos da área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista
Unesp, SP. (a) Vista parcial mostrando a fisionomia florestal do cerrado, (b) Vista do
interior do cerrado, (c) Indivíduo de
Banisteriopsis anisandra
(A. Juss.) B. Gates
(trepadeira), (d) Presença de carvão no caule de
Copaifera langsdorffii
Desf.. Fotos: Ana
Gabriela Faraco......................................................................................................................20
Figura 4. Distribuição do número de espécies amostradas no levantamento florístico por formas
de vida na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista
UNESP, SP...............................................................................................................................29
Figura 5. Distribuição da riqueza em espécies nas famílias amostradas no levantamento florístico
na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP,
SP.............................................................................................................................................30
Figura 6. Contribuição das formas de vida para a riqueza das famílias amostradas na área
pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP. Fan:
fanerófitas, Cam: caméfitas, Hem: hemicriptófitas, Ter: terófitas, Geo: geófitas, Li: lianas
(trepadeiras), Epi: epífitas, SPV: semiparasitas vasculares, SV: saprófitas vasculares, NI:
não identificadas...................................................................................................................32
Figura 7. Variação da cobertura vegetal na área pertencente ao
Campus
Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP, período de 34 anos............................................................33
Figura 8. Dendrograma de similaridade entre os trabalhos realizados com diferentes tipos
vegetacionais em Bauru e nas áreas próximas...................................................................36
Capítulo 2.
Capítulo 2.Capítulo 2.
Capítulo 2. Caracterização estrutural do componente superior e inferior em um
fragmento cerrado na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP
Figura 1. Esquema mostrando a disposição das parcelas na área pertencente ao
Campus
de Bauru
da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP. Cd: cerradão, MB: mata de brejo, Ed.
Fís.: instalações do departamento de Educação Física........................................................56
Figura 2. Precipitação e temperatura média para o período de 1996 a 2006 no município de
Bauru, SP. Diagrama ombrotérmico conforme descrito em Dajoz (2005).....................60
12
Figura 3. Curva de suficiência amostral construída a partir dos dados do número de espécies por
área amostrada no levantamento fitossociológico. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP......................................................61
Figura 4. Distribuição dos valores de freqüência (FR), dominância (DoR) e densidade (DR) entre
as espécies de maior IVI. Área pertencente ao
Campus
Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP....................................................................................................................68
Figura 5. Distribuição dos valores de freqüência (FR), dominância (DoR) e densidade (DR) entre
as famílias de maior IVI. Área pertencente ao
Campus
Bauru Universidade Estadual
Paulista – UNESP....................................................................................................................71
Figura 6. Distribuição da freqüência das classes de altura dos indivíduos do estrato superior na
área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP,
SP.............................................................................................................................................73
Figura 7. Valores de altura mínima, média e máxima para as 80 espécies amostradas na área
pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP. A
legenda para a interpretação dos números se encontra na tabela 5................................75
Figura 8. Distribuição das classes de diâmetro dos indivíduos do estrato superior amostrados na
área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP,
SP................................................................................................................................................78
Figura 9. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Vochysia tucanorum
Mart. nas classes de
diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao
Campus
de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................................79
Figura 10. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Coussarea hydrangeifolia
(Benth.)
Müll. Arg. nas classes de diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP......................................80
Figura 11. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Rudgea viburnoides
(Cham.) Benth. nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................80
Figura 12. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Ocotea corymbosa
(Meisn.) Mez nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................81
Figura 13. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Xylopia aromatica
(Lam.) Mart. nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................81
Figura 14. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Pera glabrata
(Schott) Poepp. ex Baill.
nas classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................82
Figura 15. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Rapanea umbellata
(Mart.) Mez nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao
Campus
de Bauru
da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.....................................................................82
13
Figura 16. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Qualea grandiflora
Mart. nas classes de
diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................................83
Figura 17. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Copaifera langsdorffii
Desf. nas classes
de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................................83
Figura 18. Distribuição da porcentagem de indivíduos de
Ocotea pulchella
(Nees) Mez nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP..........................................................84
Figura 19. Espécies de maiores densidade relativa (DR) e freqüência relativa amostradas no
estrato inferior na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, SP.................................................................................................................88
Figura 20. Famílias mais abundantes amostradas no estrato inferior na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP......................................89
14
LISTA DE TABELAS
Capítulo 1.
Capítulo 1.Capítulo 1.
Capítulo 1. Florística de um fragmento de cerrado na área pertencente ao
Campus
de
Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP
Tabela 1. Lista das espécies vasculares coletadas na área pertencente à Universidade Estadual
Paulista UNESP campus Bauru SP. As espécies com asterisco (*) foram amostradas
fora das parcelas ou não entraram para a amostragem fitossociológica. Cam: caméfita,
Fan: fanerófita, Geo: geófita, Hem: hemicriptófita, Li: liana (trepadeira), SPV: semiparasita
vascular, SV: saprófita vascular, Ter: terófitas.......................................................................23
Tabela 2. Trabalhos utilizados para construção do dendrograma da Figura 8................................35
Capítulo 2.
Capítulo 2.Capítulo 2.
Capítulo 2. Caracterização estrutural do componente superior e inferior em um
fragmento cerrado na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP
Tabela 1. Análise granulométrica das amostras de solo coletadas nas parcelas utilizadas para a
fitossociologia na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, SP.................................................................................................................58
Tabela 2. Análise química das amostras de solo coletadas nas parcelas utilizadas para a
fitossociologia na área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, SP.................................................................................................................59
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato superior da área pertencente ao
campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP. FA = freqüência
absoluta, DA = densidade absoluta, DoM = dominância, DR = densidade relativa, DoR =
dominância relativa, FR = freqüência relativa, IVI índice de valor de importância, IVC =
índice de valor de cobertura....................................................................................................62
Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos das famílias do estrato superior da área pertencente ao
Campus
Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP. DA = densidade absoluta,
DoM = dominância, FA = freqüência absoluta, DR = densidade relativa, DoR =
dominância relativa, FR = freqüência relativa.......................................................................69
Tabela 5. Legenda para interpretação do gráfico de alturas da figura 7..........................................76
Tabela 6. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato inferior da área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP. Ni = número de
indivíduos, Np = número de parcelas com a espécie i, FR = freqüência relativa, DR =
densidade relativa.....................................................................................................................85
Tabela 7. Parâmetros florísticos e fitossociológicos dos estratos superior e inferior, amostrados na
área pertencente ao
Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista Unesp,
SP................................................................................................................................................91
15
1. Introdução Geral
Os neotrópicos contêm a segunda maior área de savanas e florestas abertas do
mundo (Furley 1999). Nas Américas, além de ocuparem regiões definidas na América
Central e Cuba, as savanas ocupam também duas grandes áreas na América do Sul,
separadas pela linha do equador (Solbrig 1996 apud Pinheiro 2006).
muitas discussões sobre a origem das savanas Neotropicais (Ledru 2002,
Ribeiro & Walter 1998) e duas hipóteses foram geradas para explicar como duas
formações vegetais distintas, como mata e cerrado, podem ocorrem na mesma latitude e
sob as mesmas condições climáticas (Ledru 2002).
A primeira hipótese sugere que as savanas seriam resultados do desenvolvimento
de florestas secas sob a influência do fogo, tendo em consideração as adaptações das
espécies ao fogo (Ledru 2002), como córtex suberoso e espesso, xilopódio e base das
folhas tunicadas (Ratter et al. 1997).
A segunda hipótese suporta a origem natural da savana, visto que o mais antigo
registro palinológico data de 32.000 anos antes do presente (Ledru 2002) e, naquela época,
provavelmente a vegetação do cerrado teria desenvolvido adaptações ao fogo (Scheel-
Ybert et al. 2003).
As hipóteses mais conhecidas, porém, levam em consideração o clima e o solo,
além da ação do fogo (Pinheiro 2006).
Alterações climáticas e geológicas ocorrentes durante o final do Terciário e ao
longo do Quaternário favoreceram as formações savânicas ou as formações florestais, a
partir da diminuição ou aumento da umidade ambiental respectivamente (Furley 1999;
Ribeiro & Walter 1998).
Registros palinológicos indicam que houve um relacionamento entre savanas e
florestas úmidas durante o Pleistoceno, com expansão de savanas e contração da floresta
Amazônica durante o período glacial e vice versa entre os períodos interglaciais (Ratter et
al. 1997).
Essas oscilações climáticas teriam propiciado condições para a formação de novas
espécies, o que contribuiu para a heterogeneidade do cerrado e da caatinga (Pinheiro
2006).
Tal hipótese considera que as espécies savânicas, como Aegiphila lhotskiana
Cham., Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. f., Andira humilis Mart. ex
Benth., Aspidosperma tomentosum Mart., Caryocar brasiliense Cambess., Dimorphandra
mollis Benth, Plathymenia reticulata Benth., Sclerolobium aureum (Tul.) Baill. e
16
Terminalia fagifolia Mart. seriam derivadas de espécies florestais que se retraíram com
concomitante expansão das formações abertas (Pinheiro 2006).
A retração das florestas para ambientes mais úmidos, como fundo de vales e ao
longo dos cursos d'água teria desencadeado uma série de alterações ambientais. As chuvas
esparsas foram suficientes para deixar os solos mais ácidos e com maiores concentrações
de alumínio (Pinheiro 2006).
Nem o aumento das precipitações do Holoceno fez com que as florestas úmidas
retornassem à sua cobertura primitiva (Oliveira Filho & Ratter 2002). Ao invés disso, as
chuvas contribuíram para aumentar o processo de lixiviação do solo, favorecendo a
ocupação do cerrado (Furley 1999).
Assim, as espécies vegetais que passaram a ocupar tal ambiente, muitas das quais
provenientes das formações florestais da bacia amazônica e atlântica (Oliveira Filho &
Ratter 2002), contribuíram para a formação de uma flora savânica rica e complexa
inclusive com espécies endêmicas (Franco 2002 apud Pinheiro 2006), que muitas
desenvolveram a capacidade de acumular alumínio.
Um conjunto de fatores contribuiu para a distribuição da vegetação de cerrado no
Neotrópico, assim como a baixa fertilidade dos solos, precipitação sazonal, incêndios e
mesmo as flutuações climáticas do Quaternário (Oliveira Filho & Ratter 2002).
Furley (1999) citando Lenthall et al. (in press) distingue quatro zonas
biogeográficas distintas de áreas de savanas para as Américas.
O Brasil compreende o limite sul da distribuição das savanas no continente
Americano, sendo dominada pela flora do cerrado. Isso se caracteriza pela presença de
Qualea grandiflora Mart., que se acredita ser espécie endêmica dessa formação,
notavelmente no Brasil (Furley 1999).
1.1. Nomenclatura
A forma de vegetação predominante no Planalto Central Brasileiro recebeu diversas
denominações desde que começou a ser estudada pelos primeiros botânicos que vieram
para o Brasil (Coutinho 1978).
Àquela época era conhecida por tabuleiros, caindo em desuso na segunda metade
do século XIX, sendo então substituída pela palavra campo, onde se distinguiram formas
diversas de vegetação como os campos limpos, os campos sujos e os campos cerrados
(Coutinho 1978).
17
Cerrado é o termo genérico que se atribuiu a esta vegetação (Durigan et al. 2004) e
evoluiu para três acepções gerais de uso corrente.
A primeira se refere ao bioma predominante no Brasil Central e deve ser escrita
com letra maiúscula. A segunda acepção, cerrado lato sensu, inclui as diversas formas,
desde campo limpo até cerradão. A terceira, cerrado stricto sensu, se refere a um dos tipos
fisionômicos que ocorrem na formação savânica (Ribeiro & Walter 1998).
Veloso (1992) adota o termo savana como prioritário e cerrado, entre parênteses,
como sinônimo regionalista, por apresentar uma fitofisionomia ecológica homóloga à da
África e Ásia.
Este autor sugere quatro subdivisões da savana, de acordo com sua fisionomia,
sendo a savana florestada (cerradão), característica de solos arenosos e lixiviados,
ocorrendo em clima tropical eminentemente estacional, com predominância de micro e
nanofanerófitos. Sua florística é caracterizada por dominantes fanerófitos típicos tais como
Caryocar brasiliense Cambess., Dimorphandra mollis Benth, Bowdichia virgilioides
Kunth e Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc.. Savana arborizada (campo cerrado), de
formação natural ou antrópica, com predominância de nanofanerófitas formando um
campo ralo e hemicriptófitas graminóides. Apesar de sua composição florística se
assemelhar à savana florestada, ela é característica das regiões em que ocorre. A savana
parque é constituída essencialmente por um campo graminoso, com hemicriptófitas,
terófitas e geófitas integrando sua vegetação, com algumas nanofanerófitas isoladas, sendo
aquela de natureza antrópica presente em todo o país e naturalmente, presente
principalmente no pantanal-sul-matogrossense. A savana gramíneo-lenhosa apresenta
denso estrato herbáceo graminoso entremeado por plantas lenhosas raquíticas. Quando de
origem natural é a formação savânica mais diversificada, sendo constituída pela maioria
das formas de vida.
Neste trabalho a terminologia utilizada será cerrado por se tratar de um termo
popular e utilizado na maioria dos trabalhos científicos.
1.2. O cerrado no Brasil
A vegetação do cerrado ocorre no Brasil Central como área “core” (Ferri 1977) e
abrange os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, oeste da Bahia e de Minas
Gerais, sul do Mato Grosso e Maranhão, norte do Piauí e Rondônia e como área disjunta
em outros Estados (Eiten 1990) caracterizando o segundo maior bioma brasileiro.
18
O cerrado é quase totalmente tropical, apenas na porção sul e em altitudes
moderadas em São Paulo, especialmente no sudoeste, sofre geada moderada. Raras vezes
ocorre uma geada mais forte causando danos nas plantas mais sensíveis (Eiten 1990).
No estado de São Paulo, o cerrado ocorre como mancha dispersa (Durigan et al.
2004, Eiten 1990) principalmente na região centro-norte, interrompido por outras formas
de vegetação em diversos pontos (Cavassan 1990, Cavassan 2002).
Na área do Brasil Central, o cerrado está margeado por diversos tipos de formações
vegetais (Ribeiro & Walter 1998), como floresta atlântica e amazônica nas porções mais
úmidas, e pela caatinga e chaco nas regiões mais secas (Eiten 1972).
De maneira geral, esta vegetação está associada a uma interação de fatores, dentre
os quais se podem citar os fatores climáticos, através da sazonalidade e precipitação;
edáficos, como fatores físico-químicos, geomorfológico, pH ácido, concentração de
alumínio, fertilidade; e os ligados aos incêndios (Eiten 1990, Coutinho 1978, Ribeiro &
Walter 1998).
Estrutural e fisionomicamente, as formas de vegetação que constituem o cerrado
apresentam uma enorme diversidade, que vai desde campo limpo, com espécies
predominantemente inferior até o cerradão, caracterizado pela forma florestal. As formas
intermediárias entre esses dois tipos são conhecidas como campo sujo, campo cerrado e
cerrado senso restrito (Coutinho 1978).
A fisionomia florestal do cerrado é o cerradão. Possui dossel contínuo (mais de
90% de cobertura) (Durigan et al. 2004), com altura média do estrato arbóreo que varia de
7 m a 15 m de altura (Eiten 1990, Ribeiro & Walter 1998). Em áreas onde o dossel é mais
descontínuo, a maior luminosidade pode proporcionar o desenvolvimento de um estrato
herbáceo mais denso. Esse sub-bosque raramente está ausente, podendo ocorrer como
camada esparsa quando o dossel arbóreo faz muita sombra, contínua e graminosa quando
muita luz chega ao chão (Eiten 1990).
O cerradão é a forma principal de cerrado original que ocorre no estado de São
Paulo (Eiten 1990), sendo também a forma dominante no município de Bauru (Cavassan
1990, Pinheiro 2000).
Poucos, porém são os registros disponíveis sobre a distribuição da vegetação nativa
que recobria o município de Bauru. Cavassan (1990), em constantes visitas as diversas
manchas de vegetação nativa no município de Bauru, identificou maior ocorrência de
vegetação do tipo cerradão, discordando dos dados apresentados por Serra Filho et al.
19
(1974), para o qual 13,63% eram de cerrado stricto sensu, 11,05% de cerradão, 3,27%
campo cerrado e 0,82% de mata.
O fragmento florestal que está presente no município de Bauru constitui umas das
poucas áreas de cerrado protegidas no estado de São Paulo. Este fragmento está sob os
cuidados de três instituições. O Instituto Lauro de Souza Lima mantém mais de 50 anos
uma área de aproximadamente 217 hectares de vegetação nativa que a Instituição tem a
intenção de preservar (Cavassan 1990, Pinheiro 2000). O Jardim Botânico Municipal de
Bauru abriga desde 1994 uma área de 321,17 hectares de cerrado nativo (Pinheiro 2000),
que são utilizados para projetos de pesquisas e educação ambiental. A área pertencente ao
Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP possui ao todo 387,20 hà,
sendo que 132,0126 hà foram destinados a ser "Área de Reserva Legal".
Os locais que mantêm esta vegetação natural remanescente em Bauru estão
incluídos entre as áreas prioritárias para a conservação no estado de São Paulo (Cavalcanti
& Joly 2002) e estudos enfocando o conhecimento dessa vegetação tornam-se necessários
para subsidiar futuros projetos de manejamento dessas reservas.
Esta dissertação é constituída de dois capítulos, sendo que, no primeiro, se um
enfoque na composição florística, às formas de vida e à diversidade da área estudada,
comparando-a com outros estudos realizados na região de Bauru; o segundo capítulo trata
do conhecimento da estrutura fitossociológica dos estratos superior e inferior daquela
comunidade vegetal.
20
2. Referências bibliográficas
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23
FARACO, A.G. & CAVASSAN, O. Florística de um fragmento de cerrado na área
pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP.
2007. 98 p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, UNESP - Universidade
Estadual Paulista, Botucatu.
RESUMO - A área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista
UNESP está localizada próxima ao perímetro urbano do município de Bauru, na região
centro-oeste do estado de São Paulo, a 330 km da capital. Compreende uma área de 387,20
hà, a 580 m de altitude, próxima das coordenadas 22º 20’S e 49º 00’W. Esta área foi
escolhida por ser uma das poucas formações de vegetação natural protegidas no Estado de
São Paulo. O objetivo deste trabalho foi contribuir para o conhecimento da flora da região
de Bauru e para o preenchimento das lacunas das listas florísticas quanto às formas de vida
presentes no estrato herbáceo, além de discutir a contribuição das comunidades vegetais
vizinhas na composição florística observada. O levantamento florístico foi realizado
através de caminhadas aleatórias e dentro das parcelas para o estudo fitossociológico, onde
foram coletados os indivíduos vasculares do estrato superior, com diâmetro na altura do
solo (DAS) mínimo de 3 cm e inferior, com DAS menor que 3 cm e com altura superior a
20 cm. Incluíram-se também trepadeiras, pteridófitas, epífitas, semiparasitas vasculares e
saprófitas vasculares. Foram encontradas 187 espécies pertencentes a 136 gêneros e 57
famílias. As fanerófitas constituíram o grupo de maior riqueza florística, representando
51,34% da flora, seguida pelas caméfitas (17,11%), trepadeiras (11,23%) hemicriptófitas
(9,09%), epífitas (4,81%), geófitas, terófitas, semiparasita vascular e saprófita vascular
(0,53% cada). Para as espécies não identificadas não foi possível estabelecer qual sua
forma de vida. As famílias de maior riqueza florística foram Fabaceae com 20 espécies,
Myrtaceae (19), Bignoniaceae e Rubiaceae (11), Asteraceae (7), Apocynaceae,
Malpighiaceae, Orchidaceae, Sapindaceae e Vochysiaceae (6), Erythroxylaceae,
Malvaceae e Polypodiaceae (5), Annonaceae, Bromeliaceae e Dilleniaceae (4). Essas 16
famílias somam 66,84% do total de espécies amostradas. As fanerófitas tiveram uma maior
contribuição para a riqueza florística (96 espécies) seguida das caméfitas (32), trepadeiras
(21), epífitas (10), hemicriptófitas (16), terófita, geófita, saprófita vascular e semi-parasitas
(1). Oito espécies não puderam ter sua forma de vida determinada por estarem apenas
representadas por indivíduos jovens no estrato herbáceo. Dentre as 187 espécies
encontradas na área da Unesp, três estão na lista oficial das espécies da flora do Estado de
São Paulo ameaçadas de extinção. Bowdichia virgilioides Kunth e Pavonia garckeana
24
Gürke foram classificadas como vulneráveis (VU) e Psychotria capitata Ruiz & Pav. está
na categoria em perigo (EN). Para a similaridade florística levaram-se em consideração os
levantamentos realizados em diferentes formações vegetais da região de Bauru. Este
trabalho teve uma maior similaridade com as formações de cerrado adjacentes a este
fragmento. As matas de brejo foram as mais dissimilares, e formou um grupo a parte. As
matas estacionais ficaram entre essas duas formações vegetais, mostrando ser influenciada
por elementos florísticos de ambas.
Palavras-chave: cerrado, florística, Bauru.
25
FARACO, A.G. & CAVASSAN, O. Floristic composition of a community of a savanna
pertaining to Universidade Estadual Paulista – UNESP – campus Bauru, SP. 2007. 98
p. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, UNESP - Universidade Estadual
Paulista, Botucatu.
ABSTRACT The study was developed in the pertaining area to the Campus of Bauru of
the Universidade Estadual Paulista, located next to the urban perimeter to the city, in the
region center west of the state of São Paulo, the 330 km of the capital. Covers an area of
the 387.20 hà, at 580 m (altitude), around of the coordinates 22º 20'S e 49º 00' W. This
area was choose to be one of the few formation of natural vegetation protected in the São
Paulo state. The objectives of this work was contributed to the knowledgement of the
Bauru region an to fulfilling of the gaps in the floristics lists how much to life forms
presents in the herbaceous stract, instead to discuss the contribution of the neighboring
vegetal communities in the floristic composition. The floristic survey was carried through
random collection and into of the plots to the phytossociological study, when was collected
the vascular individuals of the arboreal-shrubby stract, with minimum diameter the height
of the ground (DAS) of 3 cm and herbaceous-subshrubby with minimum diameter the
height of the ground (DAS) lesser that 3 cm and with superior height 20 cm. It was also
included climbers, pteridophytas, epiphytes, semiparasite and vascular saprophyte. It was
found 187 species belong to 136 genera and 57 families. The phanerophytes had
constituted the group of bigger florística wealth representing 51.34% of the flora, followed
for camephytes (17.11%), climbers (11.23%), hemicriptophytes (9.09%), epiphytes
(4.81%), geophytes, terophytes, semiparasite, vascular saprophyte (0.53% each). For
unknowns species was not possible to establish which its form of life. The families with
bigger florística wealth had been Fabaceae with 20 species, Myrtaceae (19), Bignoniaceae
and Rubiaceae (11), Asteraceae (7), Apocynaceae, Malpighiaceae, Orchidaceae,
Sapindaceae and Vochysiaceae (6), Erythroxylaceae, Malvaceae and Polypodiaceae (5),
Annonaceae, Bromeliaceae and Dilleniaceae (4). These 16 families accumulated 66.84%
of the total of the wealth. The phanerophytes had the biggest contribution for the florística
wealth (96 species) followed of camephytes (32), climbers (21), epiphytes (10),
hemicriptophytes (16), terophytes, geophytes, vascular saprophyte and semiparasite (1).
Eight species will not be able to have its form of life determined for being represented for
young individuals in the herbaceous stract. Amongst the 187 species found in the UNESP
area, three they are in the official list of species of the flora of the state of São Paulo
26
threatened of extinguishing. Bowdichia virgilioides Kunth e Pavonia garckeana Gürke had
been classified as vulnerable and Psychotria capitata Ruiz & Pav. is in the category in
danger. For the florística similarity, one took in consideration the surveys carried through
in different vegetal formations of the region of Bauru. This work had a bigger similarity
with the adjacent savanna formations. The swamp had been more dissimilar and had
formed a group the part. The semidecidual forest had been between these two vegetal
formations, showing to be influenced by both.
Key words: savanna, floristic, similarity, Bauru.
27
1. Introdução
Os cerrados brasileiros estão entre as 25 áreas dos principais "hotspots" mundiais,
caracterizados pelo alto endemismo e grande diversidade (Myers et al. 2000).
A dinâmica fase de distribuição do padrão da vegetação do cerrado durante a sua
evolução no Pleistoceno, conduziu à sua rica biodiversidade pelas complexas interações
entre os organismos, resultando numa flora específica e diversa (Ratter et al. 1997).
Embora tenha restado aproximadamente 20% da cobertura original (Myers et al.
2000), estima-se que a vegetação do cerrado tenha em torno de 160.000 espécies entre
plantas, animais e fungos (Dias 1990). Alguns autores estimam que haja 800 espécies de
plantas vasculares, entre árvores e arbustos, considerados como verdadeiros de cerrado
(Ratter et al. 1997, Furley, 1999).
A diversidade da flora do estrato herbáceo é, porém, muito mais rica que a flora da
camada lenhosa (Ratter et al. 1997, Castro et al. 1999). É uma comunidade dominada por
caméfitas, hemicriptófitas, geófitas, terófitas e trepadeiras (Mueller-Dombois & Ellenberg
1974), além das epífitas, que embora estejam situadas predominantemente no estrato
arbóreo, têm consistência herbácea.
Alguns estudos (Mendonça et al. 1998) indicam pelo menos 4.700 espécies para as
comunidades herbáceas na região do cerrado, alcançando uma proporção maior quando
comparadas com as espécies das comunidades arbustivo-arbóreas, da ordem de 3:1 a 4,5:1
(Filgueiras 2002).
A comunidade herbácea tem a sua importância na manutenção dos processos
ecológicos; é ela que protege o solo da erosão, que oferece alimento, proteção e rotas de
fuga para pequenos mamíferos, aves e insetos (Filgueiras 2002).
O estrato herbáceo atua como indicador de qualidade desse meio; por possuir
menor porte e ter de enfrentar maior concorrência por luminosidade, nutrientes e água, se
torna sensível às mudanças do ambiente, podendo refletir em adaptações morfológicas e
fisiológicas (Citadini-Zanette 1984, Cestaro et al. 1986, Arantes 2002).
É o caso da presença dos xilopódios, que são estruturas subterrâneas especiais que
permitem à planta brotar nos períodos mais úmidos após sua parte aérea morrer durante o
período de seca; outras espécies possuem um extensivo caule subterrâneo, que é
claramente um meio de reprodução vegetativo bastante difundido (Filgueiras 2002).
Outro fenômeno que parece ser bastante difundido é a alta ocorrência de espécies
perenes, que possuem um sistema radicular extenso, capaz de captar água subterrânea
durante o período seco (Filgueiras 2002).
28
Entretanto, mesmo sendo um rico centro de biodiversidade (Sarmiento 1983, Ratter
et al. 1996), é raro encontrar mais que 130 espécies entre árvores e arbustos em qualquer
área de cerrado, pois há mudanças na composição florística de área para área, mesmo nas
mais ricas localidades e há, usualmente, consideráveis diferenças na composição de
espécies entre as áreas (Ratter & Dargie 1992, Furley 1999).
O endemismo de espécies vegetais para a região do cerrado é alto, da ordem de
44% (Myers et al. 2000). Estudos (Ratter & Dargie 1992, Ratter et al. 1996) demonstram
que nenhuma das espécies registradas como pertencentes à vegetação do cerrado ocorre em
todas as áreas estudadas, e que somente 27 a 28 espécies ocorreram em 50% ou mais áreas.
Segundo estes autores, Qualea grandiflora Mart. é a espécie mais difundida entre as áreas,
ocorrendo em 81% das localidades estudadas.
O cerrado é pouco conhecido para muitos grupos taxonômicos, como as aves,
répteis, insetos e organismos aquáticos (Cavalcanti & Joly 2002). As plantas são
consideradas o melhor grupo taxonômico estudado (Ratter et al. 1996), embora Castro et
al. (1999) atentem para o grande número de espécies que permanecem não identificadas ou
identificadas duvidosamente nas listas florísticas de vários trabalhos, podendo ser esta flora
muito mais rica do que geralmente é assumido.
Vários trabalhos têm se direcionado para o descobrimento de um padrão na
distribuição da vegetação do cerrado (Ratter et al. 1997). Ratter et al. (1996) encontraram
um forte padrão de distribuição da flora, permitindo o reconhecimento das savanas
Amazônicas e as regiões sul (São Paulo e Minas Gerais), sudeste (grande parte de Minas
Gerais), central (Distrito Federal Goiás e partes de Minas Gerais), centro-oeste (grande
parte do Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul) e regiões nortes (principalmente
Maranhão, Tocantins e Pará) como grupos bem distintos.
Devido a esse padrão de distribuição, cada localidade apresenta uma flora
específica, característica das interações entre a vegetação e as condições ambientais a que
ela está sujeita. A sua riqueza varia com a fisionomia (Mantovani 1987). Áreas com um
contínuo espacial, como na região "core", favorecem uma maior expressividade de
fisionomia e da flora (Castro et al. 1999).
Isto implica que nas áreas disjuntas de cerrado, há um empobrecimento da flora em
comparação com a área nuclear, embora possa ser complementado por elementos
florísticos das formações adjacentes (Castro et al. 1999).
A maior afinidade florística dos cerrados do centro e do sul está com as florestas
semidecíduas montanas do sudeste do Brasil (Oliveira Filho & Ratter 2002).
29
A grande concentração dos estudos está no sudeste e no Brasil central devido aos
programas de graduação das Universidades no Estado de São Paulo e em Brasília (Oliveira
& Marquis 2002), que normalmente estudam os cerrados da região.
Considerando-se também outros estratos e/ou formas de vida além do arbóreo, no
estado de São Paulo pode-se destacar os trabalhos de Mantovani & Martins (1993) na
Reserva Biológica de Moji Guaçu, município de Moji Guaçu, SP, que estudaram uma área
de cerrado com predomínio de fisionomias abertas. Analisaram a flora como um todo e os
componentes arbustivo-arbóreo e inferior separadamente. Listaram 524 espécies, 286
gêneros e 82 famílias, sendo Leguminosae, Myrtaceae e Rubiaceae as famílias mais ricas
no estrato arbustivo-arbóreo e Compositae, Graminae e Leguminosae as mais ricas no
componente inferior.
Bertoncini (1996), em uma área de cerrado pertencente a Cia. Cervejaria Brahma
no município de Agudos analisou a estrutura da vegetação com ênfase no componente
arbustivo-arbóreo, com o objetivo de contribuir para o conhecimento da formação vegetal
do Estado de São Paulo, sendo que, na lista florística, acrescentou espécies herbáceas.
Batalha & Mantovani (2001) estudando a Reserva Pé-de-Gigante em Santa Rita do
Passa Quatro, SP, composta principalmente por três fisionomias de cerrado (campo
cerrado, cerrado sensu stricto e cerradão), encontraram 360 espécies pertencentes a 236
gêneros e 69 famílias. As famílias mais ricas foram: Fabaceae, Asteraceae, Poaceae e
Rubiaceae. As fisionomias savânicas foram muito mais ricas que a florestal. A maior
diversidade de espécies foi encontrada no componente arbustivo-arbóreo com uma razão
de 2:1 em relação ao componente inferior.
Durigan et al. (2002) caracterizaram dois estratos da vegetação de uma área de
cerrado no município de Brotas quanto à sua diversidade e estrutura pelo método de
parcelas. Foram amostradas no estrato arbóreo 44 espécies e 27 famílias. As espécies com
maior IVI foram Acosmium subelegans (Mohlenbr.) Yakovlev, Aspidosperma tomentosum
Mart., Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns, Styrax ferrugineus Nees & Mart.e
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl.. No estrato inferior foram amostradas 32 famílias e 61
espécies, destacando em IVI Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg, Bromelia
balansae Mez, Attalea geraensis Barb. Rodr., Xylopia aromatica (Lam.) Mart.e Ocotea
pulchella (Nees) Mez.
Tannus & Assis (2004) realizaram o levantamento florístico das espécies vasculares
de campo sujo e campo úmido ocorrentes em uma área de cerrado em Itirapina, SP. Foram
amostradas 384 espécies, 211 gêneros e 76 famílias sendo que, 255 espécies são exclusivas
30
do campo sujo e 114 do campo úmido. Apenas 10 espécies ocorreram nas duas
fisionomias. No campo sujo prevaleceu o componente inferior e no campo úmido foram
encontradas apenas espécies deste estrato.
No município de Bauru, os estudos de Cavassan (1983), Cavassan et al. (1984),
Ferracini et al. (1983), Cavassan (1990), Toniato (2001), Pinheiro (2000) se atentavam
apenas para a fitossociologia do componente arbustivo arbóreo em diferentes tipos de
vegetação. Tem-se registro apenas de cinco trabalhos que levaram em consideração outras
formas de vida, além das arbóreas.
Chistianini & Cavassan (1998) estudaram o estrato inferior na Reserva Ecológica
do Instituto “Lauro de Souza Lima”. Através do método de parcelas realizou-se o
levantamento de todos os indivíduos com diâmetro na base inferior a 3 cm e altura superior
a 50 cm. Foram amostrados 52 espécies, 27 gêneros e 22 famílias. Myrcia lingua foi a
espécie com maior número de indivíduos e Rubiaceae a família com maior valor para
riqueza em espécie.
No Jardim Botânico Municipal de Bauru têm-se os registros de Nóbrega (2005),
que realizou o levantamento preliminar das pteridófitas; Genovez (2005) que incluiu
espécies acaules ao realizar o levantamento de palmeiras; Weiser (2007), que incluiu
espécies arbustivas e trepadeiras em um hectare de cerrado. Koch (1994) realizou um
levantamento da família Apocynaceae na região de Bauru, incluindo o Jardim Botânico
Municipal de Bauru e Reserva Legal do Campus de Bauru da Unesp. Naquele trabalho
incluiu espécies herbáceas e trepadeiras daquela família.
Como não foram localizados muitos trabalhos que relacionam espécies com suas
respectivas formas de vida a revisão, considerando-se os estratos inferiores, foi o modo
encontrado de melhor referir-se aos estudos pretéritos que consideram formas de vida
freqüentemente desprezadas nas listas florísticas. Admite-se, no entanto, que a análise dos
estratos inferiores pode incluir espécies que potencialmente podem ocorrer quando adultas
com porte arbóreo.
Assim, considerando-se que esta pesquisa é parte do projeto Biodiversidade no
Cerrado” do programa Biota/Fapesp, para a região de Bauru, tem-se como um dos
objetivos deste capítulo, contribuir para o conhecimento da flora da região de Bauru e para
o preenchimento das lacunas das listas florísticas quanto às formas de vida presentes no
estrato inferior. É também propósito deste trabalho discutir a contribuição das
comunidades vegetais vizinhas na composição florística observada.
31
2. Material e métodos
2.1. Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido na área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista UNESP, na região centro-oeste do estado de São Paulo, a
330 km da capital (figura 1).
Esta área possui 387,20 e seu marco inicial esjunto à cerca do lado esquerdo
da Rodovia Estadual Jaú-Ipauçu (Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros SP 225),
próxima das coordenadas 22º 20’S e 49º 00’W, a 580 metros de altitude, na região sudeste
da cidade próxima ao perímetro urbano.
Faz divisa com a área remanescente da Prefeitura Municipal de Bauru (Zoológico
Municipal e Jardim Botânico), com o Jardim Marambá, o Jardim Mary e o loteamento
Santos Dumont.
Em 06 de Abril de 1995 foram averbados 132,0126 destinados a ser "Área de
Reserva Legal", segundo Artigo 16 da Lei Federal n.º4771, de 15/09/65, acrescido do
parágrafo segundo da Lei Federal n.º7803 de 18/07/89.
32
Figura 1. Localização da área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista–
UNESP, SP. AUn: área da UNESP não destinada a ser reserva, RL: área destinada a Reserva Legal,
N: nascentes do Córrego Vargem Limpa, JBMB: Jardim Botânico Municipal de Bauru.
2.2. Vegetação
três tipos de fisionomias presentes na área da UNESP: a mata estacional
semidecídua ribeirinha com influência fluvial permanente (mata de brejo) ao longo das
duas nascentes do Córrego Vargem Limpa, um afluente do Rio Bauru, pertencente à
microbacia hidrográfica Tietê-Jacaré; a mata estacional semidecídua, situada às margens
dos fragmentos da mata de brejo, formando uma área de transição com o cerrado, que
cobre a grande parte desta área (figura 2).
No geral, a fisionomia do cerrado se assemelha ao cerradão, com árvores entre 4 m
e 6 m, sendo poucas emergentes que atingem até 19 m de altura, com dossel contínuo na
sua maior parte e descontínuo em raros pontos, propiciando condições de luminosidade no
estrato inferior (figura 3).
Nestes locais mais iluminados houve o registro de espécies heliófilas como
Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth., Rhynchospora exaltata Kunth, Erythroxylum
campestre A. St.-Hil., Chamaecrista flexuosa (L.) Greene e Jacaranda rufa Silva Manso.
R
L
N
N
JBMB
AUn
UNESP
33
Figura 2. Imagem aérea de 2005 da área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade
Estadual Paulista UNESP, SP. Fitocenoses: MB: mata de brejo, Cd: cerradão (imagem
modificada Google Earth).
Em locais onde o dossel foi contínuo e, portanto mais sombreado, houve o registro
de Bromelia antiacantha Bertol. e Annanas sp formando grandes populações, Psychotria
capitata Ruiz & Pav., Siparuna guianensis Aubl. e Coussarea hydrangeifolia (Benth.)
Müll. Arg..
As lianas se mostraram bastante adensadas nas áreas mais iluminadas (figura 3),
muitas vezes dificultando a passagem, sendo necessário abrir caminhos com o facão. Nas
áreas mais sombreadas elas estavam presentes, na sua grande maioria, nas copas das
árvores.
Apesar de estar à beira da rodovia, ao lado da área urbana, não há indícios claros de
perturbação antrópica. O fogo parece ter ocorrido naquela área há muitos anos, sendo que o
único indício encontrado foi o carvão presente em alguns troncos de árvores mais
suberosas (figura 3), como Copaifera langsdorffii Desf., Anadenanthera falcata (Benth.)
Speg. e Qualea grandiflora Mart..
MB
MB
Cd
Cd
34
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3. Fotos da área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista
Unesp, SP. (a) Vista parcial mostrando a fisionomia florestal do cerrado, (b) Vista do interior do
cerrado, (c) Indivíduo de Banisteriopsis anisandra (A. Juss.) B. Gates (trepadeira), (d) Presença de
carvão no caule de Copaifera langsdorffii Desf.. Fotos: Ana Gabriela Faraco.
2.3. Levantamento florístico
O levantamento florístico foi realizado através de visitas programadas à área
amostral, onde foram coletados os indivíduos vasculares do estrato superior, com diâmetro
na altura do solo (DAS) mínimo de 3 cm e do estrato inferior, com DAS menor que 3 cm e
com altura superior a 20 cm, amostrados dentro das 50 parcelas construídas para o
levantamento fitossociológico (capítulo 2). Todas as espécies inéditas foram coletadas,
independente de apresentarem material reprodutivo.
35
Além das coletas dentro das parcelas, foram realizadas caminhadas ao acaso onde
as espécies, contendo material reprodutivo, não amostradas para a fitossociologia, foram
coletadas. Incluíram-se também trepadeiras, pteridófitas, epífitas, semiparasita e saprófitas
vasculares.
Para a definição das formas de vida utilizou-se a chave de classificação de
Raunkiaer modificada e acrescida das subformas de Mueller-Dombois & Ellemberg,
conforme exposto por Mantovani (1983), sendo que as geófitas, hemicriptófitas,
trepadeiras, terófitas e saprófitas vasculares foram consideradas pertencentes ao estrato
inferior, enquanto que as fanerófitas foram consideradas como pertencentes ao estrato
superior. Algumas espécies que se comportaram ora como caméfitas, ora como fanerófitas
foram consideradas como integrantes de ambos os estratos.
O procedimento de prensagem e herborização do material foi segundo o descrito
em Fidalgo & Bononi (1984) e realizado nas dependências do herbário UNBA do
Departamento de Ciência Biológicas da UNESP, campus de Bauru.
Após secarem totalmente, todos os espécimens foram identificados através de
chaves taxonômicas, comparação com material pertencente aos acervos dos herbários
UNBA e ESA da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", consulta em
bibliografias e envio à especialistas. A classificação se baseou no sistema APG de Souza &
Lorenzi (2005) para as angiospermas e Tryon & Tryon (1982) para as pteridófitas.
A correta grafia dos nomes foi conferida com a base de dados nomenclaturais
VAST – Vascular Trópicos (MISSOURI BOTANICAL GARDEN 1995).
O material coletado foi depositado nos herbários BOTU do Instituto de Botânica da
UNESP – Botucatu, UNBA do Departamento de Ciências Biológicas da UNESP – Bauru e
ESA da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz".
Com base no material botânico coletado elaborou-se uma lista florística com
informações sobre as famílias, gêneros e espécies, além de dados sobre formas de vida.
Esses dados foram complementados através de consultas a literatura, como: Mantovani
(1983) e Tannus & Assis (2004).
2.4. Similaridade florística
A composição florística de uma comunidade vegetal é função da capacidade de
adaptação das espécies às condições ambientes presentes no meio em que ocorrem, do
estádio sucessional e da capacidade de chegada de propágulos de espécies alóctones. Este
último fator é fortemente influenciado pelas comunidades distintas existentes na região.
36
Assim, com o intuito de se discutir a contribuição das demais comunidades vizinhas
na composição florística identificada, fez-se a similaridade entre esta lista e as demais
obtidas em outros levantamentos realizados na região, em um raio não superior a 40
quilômetros. Foram utilizadas apenas as espécies do estrato superior amostradas nas
unidades de amostras para fim de análise fitossociológica.
Para isso, utilizou-se o índice de similaridade de Jaccard apud Mueller-Dombois &
Ellemberg (1974), que se baseia apenas na presença e ausência de espécies. Foi realizada
uma análise de agrupamento através da média de grupo (UPGMA), utilizando o programa
BioDiversity Professional (McAleec 1997).
Foram escolhidos os trabalhos de Cavassan et al (1984), Cavassan (1990), Coral et
al. (1991), Bertoncini (1996), Christianini (1999), Paschoal & Cavassan (1999), Miranda
(2000), Pinheiro et al. (2002), Bertoncini (2003), Paschoal (2004), Paschoal (2004)
Toniato & Oliveira-Filho (2004), Weiser (2007) e Carboni (2007).
3. Resultados e discussão
3.1. Levantamento florístico
O estudo do levantamento da composição florística das espécies vasculares no
fragmento de cerrado da área da UNESP encontrou 187 espécies pertencentes a 136
gêneros e 57 famílias.
Deste total, 181 espécies estão representadas pelas angiospermas, distribuídas em
132 gêneros e 55 famílias. Do total de espécies de angiospermas, 30 estão identificadas até
gênero, três estão com identificação duvidosa e oito espécies permaneceram não
identificadas pela dificuldade em coletar material suficiente.
Na tabela 1 são apresentadas as famílias, gêneros e espécies, com suas respectivas
formas de vida.
37
Tabela 1. Lista das espécies vasculares coletadas na área pertencente à Universidade Estadual
Paulista UNESP campus Bauru SP. As espécies com asterisco (*) foram amostradas fora das
parcelas ou não entraram para a amostragem fitossociológica. Cam: caméfita, Fan: fanerófita, Geo:
geófita, Hem: hemicriptófita, Li: liana (trepadeira), SPV: semiparasita vascular, SV: saprófita
vascular, Ter: terófitas.
Família Espécie FV
ANACARDIACEAE Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Fan
Tapirira guianensis Aubl. Fan
ANNONACEAE Annona cacans Warm. Fan
Annona coriacea Mart. Fan
Duguetia furfuracea (A. St.-Hil.) Saff. * Fan
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Fan
APOCYNACEAE Aspidosperma sp * Fan
Aspidosperma tomentosum Mart. Fan
Forsteronia velloziana (A. DC.) Woodson Li
Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson * Fan
Prestonia coalita (Vell.) Woodson Li
Temnadenia violacea (Vell.) Miers Li
ARALIACEAE Schefflera vinosa (Cham. & Schltdl.) Frodin & Fiaschi Fan
ARECACEAE Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. Cam
ASTERACEAE Chromolaena sp * Hem
Elephantopus mollis Kunth * Hem
Gochnatia barrosii Cabrera Cam
Gochnatia sp Cam
Mikania sp * Li
Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Fan
Vernonia scorpioides (Lam.) Pers. Hem
BIGNONIACEAE Arrabidaea pulchra (Cham.) Sandwith * Cam
Arrabidaea sp Cam
Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. Fan
Distictella mansoana (DC.) Urb. * Li
Jacaranda rufa Silva Manso * Cam
Memora pedunculata (Vell.) Miers Li
Pithecoctenium crucigerum (L.) A.H. Gentry Li
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers * Li
Stizophyllum perforatum (Cham.) Miers * Li
Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Fan
Tabebuia sp Fan
38
Tabela 1 – Continuação
BROMELIACEAE Acanthostachys strobilacea (Schult. f.) Klotzsch * Epi
Annanas sp Hem
Bromelia antiacantha Bertol. Hem
Tillandsia recurvata (L.) L. * Epi
BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Fan
CARYOCARACEAE Caryocar brasiliense Cambess. Fan
CELASTRACEAE Plenckia populnea Reissek Fan
CHRYSOBALANACEAE
Couepia grandiflora (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook. f. Fan
Hirtella sp Fan
CLUSIACEAE Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Fan
Kielmeyera rubriflora Cambess. * Fan
COMBRETACEAE Terminalia brasiliensis (Cambess. ex A. St.-Hil.) Eichler Fan
CONNARACEAE Rourea induta Planch. Fan
CYPERACEAE Rhynchospora exaltata Kunth Hem
DILLENIACEAE Curatella americana L. * Fan
Davilla elliptica A. St.-Hil. * Fan
Davilla rugosa Poir. Cam
Doliocarpus dentatus (Aubl.) Standl. * Cam
EBENACEAE Diospyros hispida A. DC. Fan
ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum campestre A. St.-Hil. Fan
Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O.E. Schulz Fan
Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Fan
Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. * Fan
Erythroxylum sp Fan
EUPHORBIACEAE Manihot sp Cam
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. Fan
FABACEAE Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Fan
Acosmium subelegans (Mohlenbr.) Yakovlev Fan
Anadenanthera falcata (Benth.) Speg. Fan
Andira humilis Mart. ex Benth. Cam
39
Tabela 1 – Continuação
FABACEAE Bauhinia rufa (Bong.) Steud. Fan
Bowdichia virgilioides Kunth Fan
Chamaecrista flexuosa (L.) Greene Cam
Copaifera langsdorffii Desf. Fan
Dalbergia miscolobium Benth. Fan
Dimorphandra mollis Benth. Fan
Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. Fan
Eriosema crinitum (Kunth) G. Don * Hem
Machaerium acutifolium Vogel Fan
Macroptilium atropurpureum (Sessé & Moc. ex DC.) Urb. * Cam
Phàseolus atropurpureus Sessé & Moc. ex DC. * Cam
Pterodon emarginatus Vogel Fan
Senna rugosa (G. Don) H.S. Irwin & Barneby Fan
Stryphnodendron obovatum Benth. Fan
Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. Ter
Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke Fan
GENTIANACEAE Voyria aphylla (Jacq.) Pers. * SV
LACISTEMATACEAE Lacistema hasslerianum Chodat Fan
LAMIACEAE Eriope crassipes Benth. * Hem
LAURACEAE Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez Fan
Ocotea minarum (Nees & C. Mart.) Mez Fan
Ocotea pulchella (Nees) Mez Fan
LOGANIACEAE Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. Fan
MALPIGHIACEAE Banisteriopsis anisandra (A. Juss.) B. Gates Li
Banisteriopsis argyrophylla (A. Juss.) B. Gates * Li
Banisteriopsis stellaris (Griseb.) B. Gates * Cam
Byrsonima coccolobifolia Kunth Fan
Byrsonima intermedia A. Juss. Fan
Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Fan
MALVACEAE Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Fan
Helicteres brevispira A. St.-Hil. * Fan
Pavonia garckeana Gürke * Cam
Pavonia malacophylla (Link & Otto) Garcke * Cam
Pseudobombax longiflorum (Martius & Zuccarini) A. Robyns
Fan
MELASTOMATACEAE Miconia albicans (Sw.) Triana * Fan
40
Tabela 1 – Continuação
MELASTOMATACEAE Miconia stenostachya DC. Fan
MORACEAE Brosimum gaudichaudii Trécul Fan
Ficus obtusifolia HBK * Fan
Ficus sp Fan
MYRSINACEAE Rapanea umbellata (Mart.) Mez Fan
MYRTACEAE Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg Fan
Campomanesia sp Fan
Campomanesia sp 1 Fan
Campomanesia sp 2 Fan
Eugenia aurata O. Berg Fan
Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Fan
Eugenia sp Cam
Eugenia uniflora L. * Cam
Myrcia albo-tomentosa Camb. Fan
Myrcia cf guianensis (Aubl.) DC. Fan
Myrcia lingua (O. Berg) Mattos & D. Legrand Fan
Myrcia sp Cam
Myrcia sp 1 Cam
Myrcia sp 2 Cam
Myrcia sp 3 Cam
Myrcia sp 4 Cam
Myrcia tomentosa (Aubl.) DC. Fan
Psidium sp Cam
Psidium sp 1 Cam
NYCTAGINACEAE Guapira graciliflora (Schmidt) Lundell Fan
Guapira noxia (Netto) Lundell Fan
OCHNACEAE Ouratea spectabilis (Mart. ex Engl.) Engl. Fan
ORCHIDACEAE Catasetum fimbriatum (E. Morren) Lindl. & Paxton * Epi
Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. * Geo
Polystachya estrellensis Rchb. f. * Epi
Prescottia sp Hem
Prescottia stachyodes (Sw.) Lindl. Hem
Rodriguezia decora (Lem.) Rchb. f. * Epi
PASSIFLORACEAE Passiflora miersii Mart * Li
POACEAE Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth. Hem
41
Tabela 1 – Continuação
POACEAE Paspalum sp Hem
POLYGALACEAE Securidaca rivinaefolia A. St.-Hil. & Moq. Li
POLYGONACEAE Coccoloba mollis Casar. Fan
POLYPODIACEAE Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota * Epi
Pleopeltis pleopeltifolia (Raddi) Alston *
Epi
Polypodium catharinae Langsd. & Fisch. *
Epi
Polypodium hirsutissimum Raddi *
Epi
Polypodium latipes Langsd. & L. Fisch. * Epi
PROTEACEAE Roupala brasiliensis Klotzsch Fan
RHÀMNACEAE Gouania latifolia Reissek * Li
RUBIACEAE Alibertia myrciifolia Spruce ex K. Schum. Fan
Alibertia sessilis (Vell.) K. Schum. Fan
Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers. * Hem
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. Fan
Palicourea rigida Kunth Cam
Posoqueria sp Cam
Psychotria barbiflora DC. Cam
Psychotria capitata Ruiz & Pav. Cam
Psychotria carthagenensis Jacq. * Cam
Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. Fan
Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Fan
SALICACEAE Casearia sylvestris Sw. Fan
SANTALACEAE Phoradendron crassifolium (Pohl ex DC.) Eichler * SPV
SAPINDACEAE Matayba sp * Fan
Serjania caracasana (Jacq.) Willd. * Li
Serjania lethalis A. St.-Hil. * Li
Serjania reticulata Cambess. * Li
Serjania sp Li
Serjania sp 1 Li
SAPOTACEAE Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Fan
SCHIZAEACEAE
Anemia phyllitidis (L.) Sw. *
Hem
42
Tabela 1 – Conclusão
SIPARUNACEAE Siparuna guianensis Aubl. Fan
SMILACACEAE Smilax fluminensis Steud. * Li
Smilax sp * Li
SOLANACEAE Cestrum pedicellatum Sendtn. * Cam
Solanum variabile Mart. * Cam
STYRACACEAE Styrax camporum Pohl Fan
THYMELAEACEAE Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling Fan
URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul Fan
VERBENACEAE Lippia lupulina Cham. * Hem
Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl * Hem
VOCHYSIACEAE Callisthene fasciculata Mart. Fan
Qualea grandiflora Mart. Fan
Qualea multiflora Mart. Fan
Qualea parviflora Mart. * Fan
Qualea sp Fan
Vochysia tucanorum Mart. Fan
NÃO IDENTIFICADAS Não identificada
Não identificada 1
Não identificada 2
Não identificada 3
Não identificada 4
Não identificada 5
Não identificada 6
Não identificada 7
As fanerófitas constituíram o grupo de maior riqueza florística, representando
51,34% da flora, seguida pelas caméfitas (17,11%), trepadeiras (11,23%) hemicriptófitas
(9,09%), epífitas (4,81%), geófitas, terófitas, semiparasita vascular e saprófita vascular
(0,53% cada). Para as espécies não identificadas não foi possível estabelecer qual sua
forma de vida (figura 4).
43
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
% de espécies
Fananerófitas
Caméfitas
Trepadeiras
Hemicriptófitas
Epifitas
Não identificadas
Geófitas
Semiparasita
Saprófita
Terófita
formas de vida
Figura 4. Distribuição do número de espécies amostradas no levantamento florístico por formas de
vida na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
As pteridófitas contribuíram com seis espécies pertencentes a quatro gêneros e duas
famílias. O gênero Polypodium foi o mais rico em espécie (3), Anemia, Pleopeltis e
Microgramma aparecem com apenas uma espécie cada. Eiten (1972) cita que as
pteridófitas parecem contar com poucas espécies no cerrado, sendo representadas
normalmente pelos gêneros Polypodium, Anemia e Adiantum.
Entretanto Nóbrega (2005) encontrou seis gêneros em um levantamento preliminar
no Jardim Botânico Municipal de Bauru, adjacente à área da UNESP, além dos gêneros
citados acima, com exceção de Adiantum, Nóbrega (2005) encontrou Cyathea,
Microgramma, Pleopeltis e Thelypteris ocorrendo em áreas de cerradão. Esta autora
ressalta que não trabalhos de levantamento de pteridófitas na região central do estado e
que esta área estudada apresentou uma grande diversidade de pteridófitas e merece ser
estudada com mais detalhe.
As famílias de maior riqueza florística foram Fabaceae com 20 espécies, Myrtaceae
(19), Bignoniaceae e Rubiaceae (11), Asteraceae (7), Apocynaceae, Malpighiaceae,
Orchidaceae, Sapindaceae e Vochysiaceae (6), Erythroxylaceae, Malvaceae e
Polypodiaceae (5), Annonaceae, Bromeliaceae e Dilleniaceae (4). Essas 16 famílias
44
somam 66,84% do total de espécies amostradas. As 41 famílias restantes, que tiveram entre
três e uma espécies representam 33,15% do total da riqueza na área estudada (figura 5).
0 15 30 45 60 75 90
riqueza em espécies
OUTRAS
FABACEAE
MYRTACEAE
BIGNONIACEAE
RUBIACEAE
ASTERACEAE
APOCYNACEAE
MALPIGHIACEAE
ORCHIDACEAE
SAPINDACEAE
VOCHYSIACEAE
famílias
Figura 5. Distribuição da riqueza em espécies nas famílias amostradas no levantamento florístico
na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
Vochysiaceae provavelmente constitui a família mais característica da vegetação do
cerrado por ser mais bem representada neste tipo de vegetação do que na mata (Goodland
1970), sendo que Vochysia, Qualea e Callisthene podem ser também encontrados nas
formações florestais adjacentes (Goodland & Ferri 1979).
As famílias Asteraceae, Poaceae, Melastomataceae, Fabaceae, Myrtaceae,
Bignoniaceae, Rubiaceae, Lamiaceae, Apocynaceae e Euphorbiaceae estão entre as
famílias mais bem representadas e mais ricas em diversos estudos de cerrado (Leitão-Filho
1992, Ratter et al. 1996, Mendonça et al. 1998, Mantovani & Martins 1993). Entre elas
Fabaceae, Myrtaceae, Bignoniaceae, Rubiaceae, Asteraceae e Apocynaceae estão entre as
dez famílias com maior riqueza neste trabalho.
Myrtaceae aparece como uma das famílias mais numerosas em espécies, sendo
particularmente abundante no sul do estado de São Paulo (Leitão-Filho 1992). Esta família
também obteve destaque nos trabalhos de Cavassan (1990), Mantovani & Martins (1993),
Bertoncini (1996), Christianini & Cavassan (1998) e Durigan et al. (2002).
45
Malpighiaceae e Bignoniaceae são duas famílias que não possuem grande
representação mundial, mas estão bem representadas na vegetação do cerrado,
principalmente pelos gêneros Byrsonima e Tabebuia (Goodland 1970).
Em termos de riqueza de gêneros, 47,06% dos gêneros estão representados em nove
famílias. Fabaceae aparece em primeiro lugar com 19, seguida por Bignoniaceae (9),
Rubiaceae (8), Asteraceae (6), Apocynaceae e Orchidaceae (5), Bromeliaceae, Malvaceae
e Myrtaceae (5). As 48 famílias restantes aparecem com três a um gênero representando
52,95% do total da riqueza em gênero.
Os gêneros que se destacaram em riqueza de espécies foram Myrcia (9),
Erythroxylum e Serjania (5), Campomanesia e Qualea (4), Banisteriopsis, Byrsonima,
Ocotea e Psychotria (3).
Segundo Leitão-Filho (1992) Myrcia, Erythroxylum, Banisteriopsis e Byrsonima
recebem lugar de destaque no estado de São Paulo e estão entre os gêneros mais
abundantes na flora do cerrado (Rizzini, 1970/1971).
As fanerófitas tiveram uma maior contribuição para a riqueza florística das famílias
Fabaceae, Myrtaceae e Vochysiaceae (14, 10 e 6 espécies respectivamente). As caméfitas
contribuíram com maior riqueza para as famílias Myrtaceae e Rubiaceae (9 e 5 espécies
respectivamente). As trepadeiras apresentaram maior riqueza nas famílias Sapindaceae e
Bignoniaceae (5 espécies) e Apocynaceae (3 espécies) (figura 6).
As epífitas estiveram presentes nas famílias Polypodiaceae, Orchidaceae e
Bromeliaceae (5, 3 e 2 espécies respectivamente). Todas as espécies de epífitas coletadas
neste trabalho também foram encontradas no cerradão da Estação Ecológica de Assis por
Breier (2005).
Nas demais famílias a forma de vida predominante foi fanerófita (50), seguidas das
hemicriptófitas (9), caméfitas (8), epífitas (7), trepadeiras (5), terófita, geófita, saprófita
vascular e semiparasita (1). Oito espécies não puderam ter sua forma de vida determinada
por estarem apenas representadas por indivíduos jovens no estrato herbáceo.
46
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Número de espécie
Outras
Fabaceae
Myrtaceae
Bignoniaceae
Rubiaceae
Asteraceae
Apocynaceae
Malpighiaceae
Orchidaceae
Sapindaceae
Vochysiaceae
Famílias
Fan Cam Hem Ter Geo Li Epi SPV SV NI
Figura 6. Contribuição das formas de vida para a riqueza das famílias amostradas na área
pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP. Fan: fanerófitas,
Cam: caméfitas, Hem: hemicriptófitas, Ter: terófitas, Geo: geófitas, Li: lianas (trepadeiras), Epi:
epífitas, SPV: semiparasitas vasculares, SV: saprófitas vasculares, NI: não identificada.
A predominância de fanerófitas e caméfitas é esperada para uma área de cerradão,
que o maior sombreamento impede o crescimento de espécies de forma de vida
herbácea, predominantemente heliófitas (Coutinho 1978, Durigan et al. 2002, Filgueiras
2002).
Segundo Coutinho (1978) um verdadeiro antagonismo entre os elementos da
flora florestal e campestre, pois as condições climáticas proporcionadas pela vegetação
arbustivo-arbórea dificultam a sobrevivência dos indivíduos inferiores.
As espécies características de áreas abertas como Paspalum sp, Rhynchospora
exaltata Kunth, Andira humilis Mart. ex Benth., Chamaecrista flexuosa (L.) Greene,
Campomanesia spp, Smilax spp e Byrsonima spp (Filgueiras 2002) ocorreram em locais
onde a vegetação se mostrou mais esparsa, com árvores mais baixas e dossel descontínuo,
favorecendo condições de luminosidade para o desenvolvimento dessas espécies.
Embora não medido, percebeu-se que em locais onde o dossel se apresentou mais
fechado e, portanto, com menor luminosidade chegando ao estrato inferior, registrou-se a
47
ocorrência dos gêneros Coccocypselum, Psychotria e da espécie Serjania lethàlis A. St.-
Hil., que são espécies ocorrentes com mais freqüência nas formações florestais (Filgueiras
2002).
também a presença de Daphnopsis fasciculata (Meisn.) Nevling, Rapanea
umbellata (Mart.) Mez e Tapirira guianensis Aubl. que são indicadoras que esta área, pelo
menos em sua maior parte, está protegida do fogo, pois não apresentam resistência a este e
provavelmente não são espécies verdadeiras de cerrado (Ratter et al., 1988).
Esta proteção contra o fogo pode ocasionar mudanças na vegetação por
provavelmente permitir o desenvolvimento e o estabelecimento de espécies florestais
(Ratter et al., 1988) e possivelmente representam o principal mecanismo de expansão do
cerradão (Pinheiro 2006).
Poucos, porém são os registros disponíveis sobre a distribuição da vegetação nativa
que recobria o município de Bauru. Cavassan (1990), em constantes visitas às diversas
manchas de vegetação nativa no município de Bauru, identificou maior ocorrência de
vegetação do tipo cerradão, discordando dos dados apresentados, por Serra Filho et al.
(1974), para o qual 13,63% cerrado stricto sensu, 11,05% eram cerradão, 3,27% campo
cerrado, 0,82% mata.
Em relação à área estudada, percebe-se através da seqüência de fotografias aéreas
que, em 1972 a vegetação parecia ser mais rala que a atual, com a presença de várias
trilhas que ainda permanecem abertas no interior do cerrado, mas que hoje não podem
mais ser visualizadas nas fotografias (figura 7).
Figura 7. Variação da cobertura vegetal na área pertencente ao Campus Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP, período de 34 anos.
1972
2002
2006
48
Dentre as 187 espécies encontradas na área da Unesp, três estão na lista oficial das
espécies da flora do Estado de São Paulo ameaçadas de extinção, de acordo com a
resolução SMA 48, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo Meio Ambiente
em 22 de setembro de 2004.
A resolução é baseada em 12 critérios, sendo um de exclusão e 11 de inclusão. A
combinação dos 11 critérios de inclusão resultou nas seguintes categorias:
presumivelmente extinta (EX), presumivelmente extinta na natureza (EW), em perigo
crítico (CR), em perigo (EN) e vulnerável (VU).
Bowdichia virgilioides Kunth e Pavonia garckeana Gürke foram classificadas
como vulneráveis (VU) e Psychotria capitata Ruiz & Pav. está na categoria em perigo
(EN).
Para verificar a ocorrência dessas espécies em outras localidades foram consultados
os dados dos herbários BOTU-IBB/UNESP, ESA-LCB/ESALQ, FUEL, HISA-
IB/UNICAMP, HRCB-IB/UNESP, IAC, JBRJ_RB, MBM, SP-IBt, SPF-IB/USP, SPSF,
UEC-IB/UNICAMP E UPCB disponíveis a partir da base de dados do speciesLink (2007).
Bowdichia virgilioides Kunth ocorre na maioria dos estados brasileiros e em vários
municípios do estado de São Paulo. Porém sua ocorrência em Unidades de Conservação é
restrita, estando presente nos municípios de Itirapina (Estação Experimental), Assis
(Estação Ecológica do Instituto Florestal) e Santa Rita do Passa Quatro (ARIE Cerrado
Pé de Gigante, Parque Estadual de Vassununga).
Pavonia garckeana Gürke e Psychotria capitata Ruiz & Pav. possuem uma
distribuição mais restrita no Estado. Foi encontrado registro de P. garckeana Gürke apenas
em Assis (Estação Ecológica do Instituto Florestal). P. capitata Ruiz & Pav. não obteve
nenhum registro dentro de áreas de Unidades de Conservação.
Apesar de essas espécies ocorrerem em rios municípios do estado de São Paulo,
um dos critérios obrigatórios para enquadrá-las nas categorias de vulnerável e em perigo é
a sua ocorrência dentro de Unidades de Conservação. No município de Bauru, as áreas de
vegetação nativa estão classificadas como Área de Proteção Ambiental (Bauru 1997 apud
Pinheiro 2000), que não são incluídas, de acordo com os critérios da resolução SMA 48,
como unidades de conservação.
49
3.2. Similaridade florística
A escolha dos trabalhos utilizados para a similaridade florística levou em
consideração os levantamentos realizados em diferentes formações vegetais da região de
Bauru, conforme exposto na tabela 2.
Tabela 2. Trabalhos utilizados para construção do dendrograma da Figura 8.
Município Autores Formações vegetais
Bauru 1 Cavassan et al. 1984 mata estacional semidecídua
Bauru 2 Cavassan 1990 Cerrado
Agudos 1 Coral et al. 1991 transição cerrado-mata
Agudos 2 Bertoncini 1996 Cerrado
Agudos 3 Christianini 1999 mata estacional semidecídua
Agudos 5 Paschoal e Cavassan 1999 mata de brejo
Avaí 1 Miranda 2000 mata estacional semidecídua ribeirinha com
influência fluvial sazonal
Bauru 3 Pinheiro et al. 2002 mata estacional semidecídua
Avaí 2 Bertoncini 2003 mata estacional semidecídua
Agudos 4 Paschoal 2004 mata estacional semidecídua
Agudos 6 Paschoal 2004 mata de brejo
Bauru 4 Toniato & Oliveira-Filho 2004 mata estacional semidecídua
Bauru 5 Weiser 2007 Cerrado
Bauru 6 Carboni 2007 mata de brejo
Bauru 7 Faraco 2007 Cerradão
A partir da análise do dendrograma (figura 8), podemos definir três grupos
vegetacionais bem distintos, as matas de brejo, as matas estacionais e o cerrado.
O grupo das matas estacionais inclui os trabalhos de Cavassan et al. (1984) (Bauru
1), Toniato & Oliveira Filho (2004) (Bauru 4), Christianini (1999) (Agudos 3), Paschoal
(2004) (Agudos 4) e Pinheiro et al. (2002) (Bauru 3).
No grupo do cerrado estão os trabalhos de Cavassan (1990) (Bauru 2), Bertoncini
(1996) (Agudos 2), Weiser (2007) (Bauru 5) e este trabalho (Bauru 7).
As matas de brejo estão representadas pelos trabalhos de Paschoal & Cavassan
(1999) (Agudos 5), Paschoal (2004) (Agudos 6) e Carboni (2007) (Bauru 6).
50
Figura 8. Dendrograma de similaridade entre os trabalhos realizados com diferentes tipos
vegetacionais em Bauru e nas áreas próximas.
Os trabalhos realizados em uma mesma área, com um mesmo tipo de vegetação
tenderam a se agrupar e se apresentam similares entre si. Os trabalhos Bauru 4 e Bauru 1
foram realizados na mata estacional mais bem preservada do mesmo fragmento, na Estação
Ecológica Sebastião Aleixo. Agudos 3 e Agudos 4 foram realizados na Cia. Cervejaria
Brahma. Porém as áreas de Bauru e Agudos não apresentam similaridade entre si.
Bauru 3, apesar de ser realizado em mata estacional semidecídua, sofre a influência
do cerrado, que margeia todo o fragmento estudado, assim sua composição florística
contém elementos tanto de mata, como Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze, Cupania
vernalis Cambess. e Trema micrantha (L.) Blume, quanto de cerrado, como Coussarea
hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg., Gochnatia polymorpha (Less.) Cabrera, Vochysia
Cerrado
Área de transição entre cerrado e mata
Mata ciliar
Mata de brejo
Mata estacional semidecídua
51
tucanorum Mart. e Qualea grandiflora Mart.. influência também das matas de brejo
que ficam próximas, representado pelas espécies Calophyllum brasiliense Cambess.,
Guarea kunthiana A. Juss. e Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch..
Avaí 2 não apresentou similaridade com nenhuma das áreas ao redor, esta área
apresenta pontos de perturbação como pastagem, hoje reduzidas, e áreas de cultivo
abandonadas, que foram colonizadas por espécies vindas dos fragmentos do entorno e com
introdução de espécies arbóreas, originalmente não pertencentes à flora local.
Agudos 1 (Coral et al. 1991) é uma área de transição entre cerrado e mata
estacional e teve uma maior similaridade com Bauru 2 e Bauru 7, por serem áreas que
também estão em uma região onde o cerrado e a mata estacional têm um íntimo contato.
Avaí 1 é uma área de mata ciliar, que se apresenta sujeita à inundação periódica e
segundo a autora parece sofrer pouca influência da vegetação adjacente, tanto que não
apresentou similaridade com as demais áreas.
Vários fatores têm que ser levados em conta quando se tenta comparar diferentes
fragmentos de cerrado e formular um padrão de distribuição, como clima e particularmente
a duração das estações secas (Ratter et al. 1996), solo, topografia, vegetação do entorno,
presença de agentes perturbadores e a metodologia empregada para a amostragem.
Todas as áreas de cerrado apresentaram similaridade entre si (acima de 26%). Entre
as áreas de cerrado, as maiores similaridades se deram entre Bauru 2, Bauru 5 e Bauru 7.
Essa alta similaridade, provavelmente deve-se à proximidade entre as áreas, juntas elas
formam um contínuo vegetacional, com aproximadamente 648 de vegetação nativa,
com o predomínio do cerradão, com grande probabilidade de ocorrerem sob as mesmas
condições climáticas e sob o mesmo tipo de solo (Arenito Bauru).
Das 189 espécies registradas para as quatro áreas de cerrado, 84 espécies (44,4%)
foram compartilhadas, pelo menos com um dos demais tipos de vegetação. O maior
número de espécies compartilhadas foi com a mata estacional semidecídua (59). Estes
dados estão de acordo com Castro et al. (1999) ao citar que a composição florística das
áreas marginais e disjuntas de cerrado é enriquecida pelos elementos florísticos da
vegetação do entorno, embora sua fisionomia e florística continuem sendo facilmente
distinguíveis.
As 105 espécies restantes foram exclusivas para as áreas de cerrado e apenas 28
espécies ocorreram nas quatro áreas comparadas.
O gênero Byrsonima foi o mais bem representado com três espécies, Byrsonima
coccolobifolia Kunth, Byrsonima intermedia A. Juss e Byrsonima verbascifolia (L.) DC..
52
Estes dados estão de acordo com Goodland & Ferri (1979) e Ratter et al. (1992)
quando citam que o gênero Byrsonima é um importante componente da vegetação do
cerrado, sendo encontrado na maioria dos locais pesquisados.
Qualea grandiflora Mart também ocorreu nas quatro áreas e, segundo Ratter et al.
(1992), é uma das espécies mais características e difundidas, ocorrendo na maioria das
áreas de cerrado estudadas.
É difícil, entretanto, obter uma estimativa confiável do número de espécies que
ocorrem com exclusividade em uma determinada área, pois as metodologias empregadas e
o tamanho da área amostral nem sempre são padronizadas e isso possivelmente interfere na
análise de similaridade florística (Pinheiro 2000). Além do que muitas espécies
permanecem não identificadas ou com identificação duvidosa, o que dificulta fazer
comparações.
53
4. Considerações finais
Fanerófita foi a forma de vida que mais contribuiu para a composição florística, o
que era esperado, em se tratando de uma fisionomia de cerradão, já que o maior
sombreamento causado pelo dossel mais contínuo impede o crescimento das espécies
herbáceas heliófilas.
As formas de vida que compõem o estrato herbáceo foram bem representadas,
sendo que a maior expressividade das hemicriptófitas ocorreu nas famílias Asteraceae,
Poaceae, Bromeliaceae e Verbenaceae; das caméfitas foi Fabaceae, Myrtaceae e
Rubiaceae; das trepadeiras foi Sapindaceae e Bignoniaceae e das epífitas Orchidaceae e
Polypodiacae.
A ocorrência de espécies sensíveis ao fogo, típicas das formações florestais
adjacentes a este fragmento, pode indicar que esta área está bem protegida quanto à ação
antrópica, principalmente de incêndios recentes. As famílias Vochysiaceae e
Malpighiaceae bem representadas na maioria das listas florísticas de cerrado, sendo
consideradas típicas dessa formação vegetal, tiveram também neste trabalho, destaque em
riqueza de espécies. No entanto, Myrtaceae e Fabaceae que apresentaram os maiores
valores de riqueza da área de estudo, estão entre as famílias mais bem representadas na
flora mundial,
A maior similaridade se deu com as áreas de cerrado adjacentes. A mata estacional
semidecídua teve pouca influência na composição florística da área estudada.
54
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62
FARACO, A.G. & CAVASSAN, O. Caracterização estrutural do componente superior
e inferior em um fragmento cerrado na área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista UNESP, SP 2007. 98 p. Dissertação (Mestrado) -
Instituto de Biociências, UNESP - Universidade Estadual Paulista, Botucatu.
RESUMO – O estudo foi desenvolvido na área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista, localizada próxima ao perímetro urbano da cidade, na
região centro oeste do estado de São Paulo, a 330 km da capital. Compreende um área de
387,20 hà, a 580 m de altitude, ao redor das coordenadas 22º 20'S e 49º 00' W. Foram
coletadas amostras compostas de solo, numa profundidade de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm,
em 6 diferentes parcelas, para determinar a sua composição química. Realizou-se, pelo
método de parcelas, a análise dos parâmetros fitossociológicos do estrato superior, onde
foram amostrados todos os indivíduos com diâmetro a altura do solo 3cm, em 50
parcelas de 10 m x 10 m (0,5 hà). Para o estrato inferior foram utilizadas 50 parcelas de 2
m x 2 m (0,02 hà) onde todos os indivíduos com diâmetro à altura do solo 3 cm e altura
superior a 20 cm foram coletados. Foram amostrados no estrato superior 2814 indivíduos
vivos, distribuídos em 80 espécies, 65 gêneros e 41 famílias. As mortas perfizeram um
total de 318 indivíduos e foram tratadas como um táxon a parte. As espécies vivas e as
mortas somam um total de 3132 indivíduos amostrados, das quais Vochysia tucanorum
Mart, Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. e Ocotea corymbosa (Meisn.)
apresentaram os maiores índices de valor de importância (IVI). Dentre as 41 famílias
amostradas, as mais abundantes foram Rubiaceae (783),Vochysiaceae (315), Lauraceae
(291), Annonaceae (250), Myrsinaceae (232) e Euphorbiaceae (219). A diversidade (H') foi
de 3,027 e a eqüabilidade (J') foi de 0,689. A maioria dos indivíduos se concentrou nas
menores classes de altura e diâmetro, demonstrando ser uma vegetação baixa, com um
denso sub-bosque e com muitos indivíduos no componente regenerativo. Algumas espécies
com maiores IVI não apresentaram indivíduos nas menores classes de diâmetro, o que
pode indicar que essas espécies não estão se regenerando no local, enquanto outras estão
presentes apenas nas menores classes, demonstrando um bom recrutamento. No estrato
herbáceo-subarbustivo foram amostrados 949 indivíduos. As mortas somam 10 indivíduos.
Os demais 939 indivíduos estão distribuídos em 37 famílias, 77 gêneros e 99 espécies.
Psychotria capitata Ruiz & Pav., Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg.,
Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth. , Bromelia antiacantha Bertol., Rapanea
umbellata (Mart.) Mez , Miconia stenostachya DC. e Rhynchospora exaltata Kunth foram
63
as espécies com maiores densidades, representam 48,05% dos indivíduos vivos e
acumulam 55,72% da densidade relativa. Essa alta densidade pode ser resultado da forte
reprodução vegetativa que a maioria das espécies de cerrado apresenta, perfilhando na base
do caule. As famílias Myrsinaceae (38), Melastomataceae (32) e Cyperaceae (31) estão
entre as mais abundantes devido a uma única espécie e embora Rubiaceae (318
indivíduos), Bromeliaceae (55) e Poaceae (51) possuam mais de uma espécie, apenas uma
contribuiu com mais de 50% do valor total, enquanto que Myrtaceae (68), Fabaceae (48) e
Lauraceae (43) possuem várias espécies contribuindo para a abundância. O índice de
diversidade de Shannon (H') para este estrato foi de 3,562 e a eqüabilidade de Jaccard (J)
foi de 0,774. A similaridade entre os dois estratos, apesar de apresentar um alto valor, foi
considerada baixa em se tratando de dois estratos de uma mesma vegetação de um mesmo
local. Muitas espécies presentes com altos valores de densidade e freqüência no estrato
superior não estão representadas com os mesmos valores no estrato herbáceo subarbustivo,
podendo ser um indicativo de que não estão se regenerando no local.
Palavras-chave – cerrado, fitossociologia, estrato superior, estrato inferior
64
FARACO, A.G. & CAVASSAN, O. Structural chàracterization of the arboreal-
shrubby and herbaceous-subshrubby component in a savanna pertaining area to the
Campus of Bauru of the Universidade Estadual Paulista UNESP, SP 2007. 98 p.
Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biociências, UNESP - Universidade Estadual
Paulista, Botucatu.
ABSTRACT The study was developed in the pertaining area to the Campus of Bauru of
the Universidade Estadual Paulista, located next to the urban perimeter to the city, in the
region center west of the state of São Paulo, the 330 km of the capital. Covers an area of
the 387,20 hà, at 580 m (altitude), around of the coordinates 22º 20'S e 400' W Ground
samples had been collected composed, in a depth of 0 the 20 cm and 20 the 40 cm, in 6
different parcels, to determine its chemical composition. It was become fulfilled, for the
method of plots, the analysis of the phytosociological parameters of the arboreal-shrubby
stract, where had been showed to all the individuals with diameter the height of the ground
3cm, in 50 plots of 10 m x 10 m (0,5 hà). For the herbaceous-subshrubby stract had been
used 50 plots of 2 m x 2 m (0,02 hà) where all the individuals with diameter the height of
the ground 3 cm and superior height the 20 cm had been collected. It had been showed in
the arboreal-shrubby stract 2814 livings individuals, distributed in 80 species, 65 genera
and 41 families. The deceased add a total of 318 individuals and were treated as one taxon
the part. The alive species and the deceased add a total of 3132 showed individuals, of
which Vochysia tucanorum Mart, Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. e Ocotea
corymbosa (Meisn.) had presented the biggest indices of value of importance (IVI).
Amongst the 41 showed families, most abundant they had been Rubiaceae
(783),Vochysiaceae (315), Lauraceae (291), Annonaceae (250), Myrsinaceae (232) and
Euphorbiaceae (219). The diversity (H') was of 3,027 and the equitability (J) was of 0,689.
The majority of the individuals if concentrate in the minor class of height and diameter,
demonstrating to be a vegetation low, with a dense sub-forest and many individuals in the
regenerative component. Some species with greaters IVI had not presented individuals in
the lesser class of diameter, what it can indicate that these species are not if regenerating in
the place, while others are gifts only in the lesser class, demonstrating a good conscription.
In the herbaceous-subshrubby stract, 949 individuals had been showed. The deceased add
10 individuals. The others 939 individuals are distributed in 37 families, 77 genera and 99
species. Psychotria capitata Ruiz & Pav., Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg.,
Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex Benth., Bromelia antiacantha Bertol., Rapanea
65
umbellata (Mart.) Mez, Miconia stenostachya DC. e Rhynchospora exaltata Kunth had
been the species with bigger densities, represent 48.05% of the individuals livings creature
and accumulate 55.72% of the relative density. This high density can be resulted of the
strong vegetative reproduction that the majority of the savanna species presents, adopting
in the base of stems. The families Myrsinaceae (38), Melastomataceae (32) and
Cyperaceae (31) are between most abundant they must to an only species and even so
Rubiaceae (318 individuals), Bromeliaceae (55), Poaceae (51) possess a species more than,
only one contributed more than with 50% of the total value, whereas Myrtaceae (68),
Fabaceae (48) and Lauraceae (43) possess some species contributing for the abundance.
The index of diversity of Shannon (H') for this stract was of 3,562 and the equitability of
Jaccard (J) was of 0,774. The similarity between two stratus, although to present one high
value, was considered low in if treating to two stratus of one same vegetation of exactly
local one. Many species gifts with high values of density and frequency in the arboreal-
shrubby stract are not represented with the same values in the herbaceous-subshrubby
stract, being able to be an indicative of that they are not if regenerating in the place.
Key words: savanna, phytosociological, herbaceous-subshrubby stract, arboreal-shrubby
stract
66
1. Introdução
O cerrado no estado de São Paulo que originalmente cobria 14% do Estado ocupa,
atualmente, somente 1% de sua superfície. Porém, estes 238.400 hà remanescentes de
cerrado estão fragmentados em 8.353 ilhas, das quais metade é menor que 10
(Cavalcanti & Joly 2002).
Nos últimos anos, o cerrado foi o bioma que mais sofreu distúrbios, devido ao
preço mais acessível das terras, fácil mecanização, clima favorável aos sistemas de
silvicultura, exploração de madeiras, proximidade com os centros de consumo e ao
desenvolvimento de tecnologias que permitiram o cultivo em solos ácidos (Verdesio 1990,
Alho & Martins 1995, Pereira-Silva et al. 2004).
Os cerrados paulistas, por estarem localizados próximos do limite sul da
distribuição desse bioma, estão sujeitos a fenômenos climáticos que não ocorrem na sua
porção nuclear (Cavassan 2002). Esses fenômenos, como por exemplo, as geadas, são
capazes de influenciar sua estrutura e composição (Brando & Durigan 2004), tornando-os
vegetações peculiares.
Esta acelerada redução do cerrado paulista representa enorme perda de
biodiversidade e de recursos potenciais (Gomes et al. 2004) por não permitirem
conhecimento pleno de sua vegetação e flora (Castro et al. 1999, Teixeira et al. 2004) e
nem da estrutura de suas comunidades.
O entendimento da dinâmica de uma comunidade, que é baseada nas medidas de
taxa de mortalidade e recrutamento, são parâmetros essenciais para o estudo e a predição
das respostas da vegetação às mudanças globais e às curtas mudanças climáticas
(Henriques & Hay 2002).
Estes mesmos autores citam que as razões entre taxa de mortalidade e recrutamento
fornecem informações importantes sobre o sucesso do estabelecimento das espécies e o
futuro da estrutura de uma comunidade.
Para se entender o processo de sucessão em uma comunidade é necessário estudar o
estrato inferior, pois nele está presente o banco de plântulas, cujo conhecimento é
importante para que se compreendam os processos de regeneração e cicatrização ou
sucessão de clareiras naturais ou antrópicas (Christianini & Cavassan 1998).
Entretanto, o estrato inferior é pouco considerado em trabalhos sobre comunidades
vegetais e sua flora é subestimada do total de diversidade (Filgueiras 2002), principalmente
devido à dificuldade em estudar-se conjuntamente toda a vegetação e à maior importância
estrutural e econômica dada às árvores nessa formação (Cestaro et al. 1986).
67
Estas plantas são menos conspícuas nas formações florestais, mas são os mais
importantes elementos nas formações abertas, dominando todo o cenário em número de
espécies e indivíduos (Filgueiras 2002).
Seja qual for o tipo de floresta a que pertençam, as plantas do estrato inferior atuam
como indicadoras de qualidade desse meio. Por possuírem menor porte e terem de
enfrentar maior concorrência por luminosidade, nutrientes e água, se tornam sensíveis às
mudanças do ambiente, podendo refletir em adaptações morfológicas e fisiológicas
complexas (Citadini-Zanette 1984, Cestaro et al. 1986, Arantes 2002).
Os estudos sobre a estrutura fitossociológica do cerrado são principalmente mais
escassos nas áreas marginais (Gomes et al. 2004) e disjuntas (Toledo Filho 1989) do
estado de São Paulo.
Para o município de Bauru têm-se os registros dos trabalhos de Chistianini &
Cavassan (1998) que estudaram o estrato inferior na Reserva Ecológica do Instituto “Lauro
de Souza Lima” no município de Bauru. Através do método de parcelas realizou-se o
levantamento de todos os indivíduos com diâmetro na base inferior a 0,03 m e altura
superior a 0,05 m. Foram amostrados 52 espécies, 27 gêneros e 22 famílias. Myrcia lingua
(O. Berg) Mattos & D. Legrand foi a espécie com maior número de indivíduos e Rubiaceae
a família com maior valor para riqueza em espécie.
Weiser (2007) realizou o levantamento fitossociológico em um hectare de cerradão
no Jardim Botânico Municipal de Bauru, onde, além do componente superior em um
hectare de cerrado, amostrou também as trepadeiras.
Outros trabalhos em cerrado na região de Bauru, como o de Cavassan (1990),
Bertoncini (1996) e Coral et al. (1991), preocuparam-se apenas com o estrato superior.
Dentro deste contexto, o presente trabalho, a partir da caracterização climática,
edáfica do meio e a fitossociologia daquela vegetação, considerando-se os estratos superior
e inferior, teve por objetivo discutir a evolução da comunidade vegetal em estudo.
68
2. Material e métodos
2.1. Área de estudo
O trabalho foi desenvolvido na área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista UNESP, na região centro-oeste do estado de São Paulo, a
330 km da capital.
Esta área possui 387,20 e seu marco inicial esjunto à cerca do lado esquerdo
da Rodovia Estadual Jaú-Ipauçu (Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros SP 225),
próxima das coordenadas 22º 20’S e 49º 00’W, a 580 metros de altitude, na região sudeste
da cidade próxima ao perímetro urbano (capítulo 1).
2.2. Análise de solo
Visando futuras comparações entre este e outros trabalhos, além de possíveis
correlações entre vegetação e solo, fez-se sua análise físico-química.
Para isso, foram escolhidos seis pontos. Em cada ponto de coleta, foram retiradas,
com o auxílio de um trado, quatro amostras em duas profundidades diferentes: de 0 cm a
20 cm e de 20 cm a 40 cm, segundo orientação do professor Dr. Hélio Grassi do
Departamento de Solos da Unesp Campus de Botucatu – SP
As quatro amostras coletadas em cada ponto foram homogeneizadas para compor
uma amostra única com aproximadamente 200 g.
As amostras de solo coletadas foram encaminhadas para o Departamento de
Ciências do Solo do Campus de Botucatu da Universidade Estadual Paulista UNESP,
onde foram realizadas análises químicas de macro e micro nutrientes, tendo sido
calculados os teores de matéria orgânica (M.O.), fósforo (P), hidrogênio + alumínio (H +
Al), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), soma de bases (SB), capacidade de troca
catiônica (CTC), saturação por bases (V%) e acidez (pH).
Os procedimentos laboratoriais utilizados para as análises químicas foram os
recomendados por Raji et al. (2001) e as análises físicas conforme descrito no Manual de
Métodos de Análise de Solo (Embrapa 1997).
69
2.3. Análise climática
A análise climática para definição das temperaturas máximas e mínimas e os dados
de precipitação para o período de 1996 a 2006, foram feitas a partir de dados obtidos junto
ao Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp (IPMet).
A estação meteorológica do IPMet/UNESP, está localizada no Campus
Universitário de Bauru, cuja posição é dada pelas seguintes coordenadas: 22º 21’ 30’’ S e
49º 01’ 37’’ W, a 620 metros de altitude.
Com esses dados foi construído um diagrama ombrotérmico para o referido
período, de acordo com Dajoz (2005).
2.4. Levantamento fitossociológico do estrato superior
Para o levantamento fitossociológico deste estrato, foram alocadas, ao longo de
duas linhas perpendiculares à margem do fragmento, 50 parcelas de 10 m x 10 m (Mueller-
Dombois & Ellemberg, 1974) interdistantes 10 m cada uma, conforme mostra o esquema
da figura 1.
Foram amostrados todos os indivíduos lenhosos com diâmetro do tronco à altura do
solo (DAS) igual ou maior que 3 cm. A vantagem deste método é abranger espécies que
seriam excluídas se medidas mais restritivas fossem utilizadas (Castro 1987, Cavassan
1990).
Os caules com ramificação na base foram considerados como pertencentes a um
único indivíduo, caso esta ramificação ocorresse acima do solo. Os caules cuja ramificação
ocorreu abaixo do solo foram considerados distintos pela inviabilidade de se testar se eles
pertenciam realmente ao mesmo indivíduo.
Os parâmetros fitossociológicos calculados foram: densidade total absoluta (DTA),
densidade absoluta da espécie "e" (Dae), densidade relativa da espécie "e" (DRe),
freqüência absoluta da espécie "e" (Fae), freqüência relativa da espécie "e" (FRe),
dominância total absoluta (DoTA), dominância absoluta da espécie "e" (DoAe), densidade
relativa da espécie "e" (DoRe), índice de valor de importância (IVI) e índice de valor de
cobertura (IVC), conforme descrito em Cavassan (1990), Bertoncini (1996) e Arantes
(2002). Para isso foi utilizado o programa FITOPAC de autoria do Prof. Dr. George John
Sheperd do Departamento de Botânica da UNICAMP.
A determinação da suficiência amostral para o estrato superior foi realizada através
da curva de espécie-área, conforme Mueller-Dombois & Ellemberg, (1974), com as
parcelas tomadas ao acaso.
70
Figura 1. Esquema mostrando a disposição das parcelas na área pertencente ao Campus de Bauru
da Universidade Estadual Paulista UNESP, SP. Cd: cerradão, MB: mata de brejo, Ed. Fís.:
instalações do departamento de Educação Física.
2.4.1. Classes de altura
Para analisar a distribuição vertical das espécies amostradas foi construído um
histograma de freqüência de classes de alturas em intervalos de 1 m fechados à direita.
2.4.2. Classes de diâmetro
Para as classes de diâmetro foi construído um histograma com intervalos de 2 cm
fechado à direita.
2.5. Levantamento fitossociológico do estrato inferior
O estrato inferior foi amostrado a partir de 50 parcelas de 2 m x 2 m, construídas no
centro das parcelas utilizadas para a amostragem do estrato superior. Todos os indivíduos
com pelo menos 20 cm de altura e DAS menor que 3 cm foram identificados e coletados
quando necessário para sua posterior identificação.
Cd
MB
UNESP
Ed. Fís.
71
Para este estrato foram calculadas densidade e freqüência. O índice de diversidade e
a eqüabilidade foram calculados através do programa BioDiversity Professional (McAleec
1997).
2.6. Similaridade entre os estratos
Com o intuito de comparar as espécies que ocorreram no estrato superior e no
inferior, utilizou-se o índice de similaridade de Jaccard (Mueller-Dombois & Ellemberg
1974) que se baseia apenas no conceito de presença e ausência de espécies, não
envolvendo quantidade de indivíduos em cada uma delas. Para o cálculo utilizou-se o
programa Biodiversity Pro (McAleec 1997).
3. Resultados e discussão
3.1.Análise de solo
O solo da região de Bauru é classificado como Latossolo, que são solos altamente
intemperizados, resultantes da remoção de sílica e de bases trocáveis (Reatto et al. 1998).
Morfologicamente são solos muito profundos, geralmente superiores a 2 m de
profundidade, pouca diferenciação dos horizontes A, B e C (Rezende et al. 1988 apud
Reatto et al., 1998) e boa drenagem, ocorrendo em relevo plano a suave ondulado
(Haridasan 1990, Leão 1990).
Quanto à textura, nota-se o predomínio de areia (83,74%) em relação à argila
(12,13%) e silte (4,13%) nos diferentes horizontes, sendo que elas são levemente maiores
na profundidade 0-20 cm em relação à profundidade 20-40 cm (tabela 1).
A fração areia apresenta os maiores valores, entre 887 g/kg, na profundidade 0-20
cm na parcela 8 e 758 g/kg na profundidade de 0-20 cm na parcela 23, o que alterou sua
classificação para textura média. A fração argila apresenta valores intermediários, entre 87
g/kg na profundidade 0-20 cm na parcela 8 e 147 g/kg na profundidade 20-40 cm na
parcela 23. Já a fração silte apresenta os menores valores, ficando entre 26 g/kg na
profundidade 0-20 cm na parcela 8 e 54 g/kg nas profundidades 0-20 cm na parcela 23 e
20-40 cm na parcela 46.
Fisicamente, o latossolo possui baixo teor de silte e argila (Reatto et al. 1998), o
que pode ser comprovado nesta análise, onde o teor de argila e silte ficaram entre 12% e
4% respectivamente.
72
O teor de argila não aumenta abruptamente com a profundidade, o que é outra
característica importante dos latossolos e, mesmo se o teor de argila for maior, ele não
apresenta características de reter água, ter baixa infiltração, baixa capacidade de troca
catiônica e nem problemas de aeração. Por possuírem partículas do tipo 1:1 e serem
compostas de óxidos de ferro e alumínio comportam-se com textura mais grossa no solo
(Reatto et al. 1998).
Tabela 1. Análise granulométrica das amostras de solo coletadas nas parcelas utilizadas para a
fitossociologia na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista
UNESP, SP.
AMOSTRA(S) AG AF Areia/T
Argila
Silte Arg. Nat.
Textura
Laboratório
Interessado
g/Kg do Solo
1 0-20 ---- ---- 887 87 26 ----- Arenosa
2 20-40 ---- ---- 873 98 29 ----- Arenosa
3 0-20 ---- ---- 880 91 29 ----- Arenosa
4 20-40 ---- ---- 848 115 37 ----- Arenosa
5 0-20 ---- ---- 758 188 54 ----- Média
6 20-40 ---- ---- 813 147 40 ----- Arenosa
7 0-20 ---- ---- 857 102 41 ----- Arenosa
8 20-40 ---- ---- 835 125 40 ----- Arenosa
9 0-20 ---- ---- 848 102 50 ----- Arenosa
10 20-40 ---- ---- 813 133 54 ----- Arenosa
11 0-20 ---- ---- 834 122 44 ----- Arenosa
12 20-40 ---- ---- 810 139 51 ----- Arenosa
Os resultados da análise química se encontram na tabela 2, sendo que sua
interpretação se baseia no boletim técnico 100 de Raij et al. (1996).
A acidez foi alta em todas as amostras, variando de 3,8 na amostra 3 (0-20 cm) até
4 nas amostras 7 (0-20 cm) e 8 (20-40 cm), sendo que o pH não se alterou com a
profundidade.
A matéria orgânica foi baixa em todas as amostras, variando de 25 mg.dm
-3
na
amostra 5 (0-20 cm) a 11 mg.dm
-3
nas amostras 2 e 4 (20-40 cm). Os baixos veis de
matéria orgânica se devem à baixa taxa de decomposição da serapilheira em ambientes de
cerrado, em locais onde o dossel é mais aberto (amostras 1, 2, 3 e 4) a matéria orgânica foi
mais baixa que nas demais amostras, pois a luminosidade interfere na ação dos
decompositores (Delitti 1984).
73
Em solos muito ácidos, o fósforo tende a diminuir sensivelmente. Em todas as
amostras o nível de fósforo demonstrou valores muito baixos, chegando a 2 mg.dm
-3
na
amostra 10 (20-40 cm).
No geral, cálcio, potássio e magnésio apareceram com valores muito baixos,
chegando a atingir o mínimo crítico em quase todas as amostras.
A presença de baixas concentrações de fósforo, cálcio, magnésio e potássio e o alto
pH, são características do latossolo, sendo citado para a maioria dos trabalhos (Bertoncini
1996, Pinheiro 2006).
A capacidade de troca catiônica foi baixa em todas as amostras e quando aliada ao
alto nível de alumínio não permitem uma boa absorção de cálcio e fósforo (Furley & Ratter
1988).
A taxa de alumínio se mostrou alta nas duas profundidades amostradas. De maneira
geral, o alumínio é tóxico para a maioria das espécies; porém, muitas espécies nativas do
cerrado, principalmente das famílias Vochysiaceae, várias Rubiaceae, Loganiaceae
(Strychnos pseudoquina A. St.-Hil.) apresentam capacidade de acumular grandes
quantidades de alumínio em suas folhas e raízes. Algumas famílias, incluindo
Vochysiaceae, são obrigatoriamente acumuladoras de alumínio e não podem crescer na sua
ausência (Oliveira-Filho & Ratter 2002).
Tabela 2. Análise química das amostras de solo coletadas nas parcelas utilizadas para a
fitossociologia na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista
UNESP, SP.
AMOSTRA(S)
pH M.O.
P
resina
Al
3+
H+Al
K Ca Mg SB CTC
V%
S
Labor. Int. CaCl
2
g/dm
3
mg/dm
3
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
mmol
c
/dm
3 _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
mg/dm
3
1
P8 0-20 3,9 19 3 11 52 0,8 2 1 4 56 7 7
2
P8 20-40
3,9 11 3 11 44 0,6 2 1 3 47 7 8
3
P13 0-20 3,8 17 4 13 55 0,9 2 1 4 59 6 11
4
P13 20-40
3,9 11 3 13 48 0,6 2 1 3 51 7 8
5
P23 0-20 3,9 25 6 17 80 1,2 3 2 7 86 8 12
6
P23 20-40
3,9 16 4 15 67 0,9 2 1 4 71 6 15
7
P37 0-20 4,0 15 3 12 50 0,8 2 1 4 54 7 7
8
P37 20-40
4,0 12 3 12 45 0,8 2 1 4 49 8 8
9
P46 0-20 3,9 20 4 16 66 1,1 2 1 4 70 6 8
10
P46 20-40
3,9 12 2 15 56 0,6 2 1 3 59 6 6
11
P50 0-20 3,9 20 4 17 70 1,0 2 1 4 74 5 9
12
P50 20-40
3,9 14 3 16 56 0,6 2 1 3 59 6 6
74
3.2.Análise climática
O Clima da região de Bauru é Cwa de acordo com a classificação de Köppen,
definido como clima mesotérmico, com inverno seco e verão chuvoso e temperatura média
acima de 22ºC no mês mais quente e abaixo de 18ºC no mês mais frio.
A precipitação média anual para o período de 1996 a 2006 foi de 882,8 mm, valor
inferior se comparado ao período anterior (1984 a 1998), onde a precipitação anual foi de
1654,2 mm (Pinheiro 2000). Isto é reflexo do período de seca que aumentou. Antes
abrangia apenas os meses de julho e agosto, nesses últimos 10 anos, passou a abranger o
fim de maio até o início de setembro. A temperatura média anual de 20,6 ºC também caiu
comparado com o período acima citado que foi de 23 ºC.
A figura 2 mostra um excedente hídrico no período que corresponde à primavera-
verão, culminando em janeiro e dezembro, que tem os maiores valores de precipitação
mensal de 190,5 mm e 148,8 mm. Na estação seca corresponde ao período de outono-
inverno e início de primavera, a precipitação máxima não ultrapassou 47 mm em maio e a
mínima foi 17 mm em junho.
Quanto à temperatura a máxima registrada para o período foi de 22,6 ºC e a mínima
de 17,9 ºC.
Figura 2. Precipitação e temperatura média para o período de 1996 a 2006 no município de Bauru,
SP. Diagrama ombrotérmico conforme descrito em Dajoz (2005).
Chuvas acima de 100 mm
Excedente hídrico
Período seco
º C
mm
75
3.3.Levantamento fitossociológico do estrato superior
Foram amostrados no estrato superior 2814 indivíduos vivos, distribuídos em 80
espécies, 65 gêneros e 41 famílias. As mortas perfizeram um total de 318 indivíduos e
foram tratadas como um táxon a parte pela impossibilidade de se identificar a qual espécie
pertence. As espécies vivas e as mortas somam um total de 3132 indivíduos amostrados.
Todas as espécies e seus parâmetros fitossociológicos se encontram na tabela 3.
Destas 80 espécies, sete permaneceram identificadas apenas no nível de gênero
(Campomanesia sp 2, Ficus sp, Gochnatia sp, Hirtella sp, Myrcia sp 3 e sp 4, Tabebuia sp)
e uma não pode ser identificada em qualquer táxon, devido à falta de material suficiente.
Através da curva de suficiência amostral pode-se verificar o aumento gradativo do
número de espécies até 600 m
2
de amostragem (6º parcela), onde metade do número de
espécies já havia sido amostrada (Figura 3).
O número de espécies aumentou gradativamente até a 40ª parcela onde se constatou
o primeiro platô. Após esta parcela, foi necessário o aumento de 900m
2
de área amostrada
para acrescentar três novas espécies na amostragem, indicando que aquelas que ocorreram
em maior densidade na área foram incluídas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
parcelas
nº de escies
Figura 3. Curva de suficiência amostral construída a partir dos dados do número de espécies por
área amostrada no levantamento fitossociológico. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
76
Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato superior da área pertencente ao campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP,
SP. FA = freqüência absoluta, DA = densidade absoluta, DoM = dominância, DR = densidade relativa, DoR = dominância relativa, FR = freqüência relativa,
IVI índice de valor de importância, IVC = índice de valor de cobertura.
Especie No.ind. No.parcel. FA DA DoM DR DoR FR IVI IVC
Vochysia tucanorum 218 44 88.00 436.00 .0215 6.96 19.39 5.43 31.77 26.35
Coussarea hydrangeifolia 521 46 92.00 1042.00 .0034 16.63 7.42 5.67 29.72 24.05
Morta 318 50 100.00 636.00 .0079 10.15 10.46 6.17 26.77 20.61
Ocotea corymbosa 140 35 70.00 280.00 .0184 4.47 10.65 4.32 19.44 15.12
Xylopia aromatica 244 48 96.00 488.00 .0042 7.79 4.21 5.92 17.92 12.00
Pera glabrata 219 38 76.00 438.00 .0064 6.99 5.79 4.69 17.47 12.79
Rudgea viburnoides 239 42 84.00 478.00 .0035 7.63 3.50 5.18 16.31 11.13
Rapanea umbellata 232 31 62.00 464.00 .0017 7.41 1.61 3.82 12.84 9.02
Qualea grandiflora 71 35 70.00 142.00 .0186 2.27 5.47 4.32 12.05 7.74
Ocotea pulchella 149 34 68.00 298.00 .0043 4.76 2.63 4.19 11.58 7.39
Copaifera langsdorffii 85 37 74.00 170.00 .0121 2.71 4.26 4.56 11.54 6.98
Siparuna guianensis 122 30 60.00 244.00 .0030 3.90 1.50 3.70 9.10 5.40
Anadenanthera falcata 30 16 32.00 60.00 .0337 .96 4.19 1.97 7.12 5.14
Miconia stenostachya 82 31 62.00 164.00 .0015 2.62 .50 3.82 6.94 3.12
Protium heptaphyllum 63 25 50.00 126.00 .0061 2.01 1.59 3.08 6.69 3.60
Pterodon emarginatus 27 11 22.00 54.00 .0302 .86 3.37 1.36 5.59 4.24
Tapirira guianensis 19 11 22.00 38.00 .0292 .61 2.29 1.36 4.26 2.90
Coccoloba mollis 42 12 24.00 84.00 .0070 1.34 1.22 1.48 4.04 2.56
Machaerium acutifolium 20 16 32.00 40.00 .0090 .64 .75 1.97 3.36 1.39
Bowdichia virgilioides 13 12 24.00 26.00 .0193 .42 1.04 1.48 2.93 1.45
Alibertia sessilis 21 16 32.00 42.00 .0016 .67 .14 1.97 2.78 .81
Ficus SP 10 9 18.00 20.00 .0312 .32 1.29 1.11 2.72 1.61
Qualea multiflora 24 12 24.00 48.00 .0031 .77 .31 1.48 2.56 1.08
Stryphnodendron obovatum 16 12 24.00 32.00 .0031 .51 .21 1.48 2.20 .72
Terminalia brasiliensis 15 5 10.00 30.00 .0151 .48 .94 .62 2.03 1.42
77
Tabela 3 – Continuação
Roupala brasiliensis 14 9 18.00 28.00 .0040 .45 .23 1.11 1.79 .68
Pseudobombax longiflorum 10 8 16.00 20.00 .0080 .32 .33 .99 1.64 .65
Dalbergia miscolobium 7 7 14.00 14.00 .0123 .22 .36 .86 1.44 .58
Daphnopsis fasciculata 12 7 14.00 24.00 .0030 .38 .15 .86 1.40 .53
Guapira noxia 6 4 8.00 12.00 .0252 .19 .63 .49 1.31 .82
Caryocar brasiliense 8 6 12.00 16.00 .0090 .26 .30 .74 1.29 .55
Myrcia lingua 7 6 12.00 14.00 .0093 .22 .27 .74 1.23 .49
Aspidosperma tomentosum 6 6 12.00 12.00 .0102 .19 .25 .74 1.18 .45
Myrcia tomentosa 9 6 12.00 18.00 .0035 .29 .13 .74 1.16 .42
Myrcia albo-tomentosa 7 7 14.00 14.00 .0016 .22 .05 .86 1.13 .27
Couepia grandiflora 6 5 10.00 12.00 .0125 .19 .31 .62 1.12 .50
Eriotheca gracilipes 6 6 12.00 12.00 .0074 .19 .18 .74 1.12 .38
Ouratea spectabilis 6 5 10.00 12.00 .0055 .19 .14 .62 .94 .33
Annona coriacea 5 5 10.00 10.00 .0020 .16 .04 .62 .82 .20
Cybistax antisyphilitica 4 4 8.00 8.00 .0026 .13 .04 .49 .66 .17
Pouteria ramiflora 3 3 6.00 6.00 .0137 .10 .17 .37 .64 .27
Byrsonima verbascifolia 5 3 6.00 10.00 .0045 .16 .09 .37 .62 .25
Eugenia aurata 3 3 6.00 6.00 .0056 .10 .07 .37 .53 .16
Lacistema hasslerianum 4 3 6.00 8.00 .0016 .13 .03 .37 .52 .15
Gochnatia barrosii 3 2 4.00 6.00 .0141 .10 .18 .25 .52 .27
Eugenia punicifolia 4 3 6.00 8.00 .0011 .13 .02 .37 .52 .15
Syagrus flexuosa 4 2 4.00 8.00 .0033 .13 .06 .25 .43 .18
Strychnos pseudoquina 4 2 4.00 8.00 .0033 .13 .05 .25 .43 .18
Piptocarpha rotundifolia 2 2 4.00 4.00 .0117 .06 .10 .25 .41 .16
Diospyros hispida 4 2 4.00 8.00 .0018 .13 .03 .25 .40 .16
Kielmeyera coriacea 3 2 4.00 6.00 .0043 .10 .05 .25 .40 .15
Desconhecida 1 1 2.00 2.00 .0495 .03 .21 .12 .36 .24
Ocotea minarum 2 2 4.00 4.00 .0034 .06 .03 .25 .34 .09
78
Tabela 3 –Conclusão
Styrax camporum 2 2 4.00 4.00 .0033 .06 .03 .25 .34 .09
Acosmium subelegans 1 1 2.00 2.00 .0437 .03 .18 .12 .34 .21
Vatairea macrocarpa 1 1 2.00 2.00 .0423 .03 .18 .12 .33 .21
Tocoyena formosa 2 2 4.00 4.00 .0014 .06 .01 .25 .32 .08
Brosimum gaudichaudii 2 2 4.00 4.00 .0012 .06 .01 .25 .32 .07
Bauhinia rufa 2 2 4.00 4.00 .0011 .06 .01 .25 .32 .07
Tabebuia ochracea 2 1 2.00 4.00 .0122 .06 .10 .12 .29 .17
Tabebuia sp 1 1 2.00 2.00 .0127 .03 .05 .12 .21 .08
Annona cacans 1 1 2.00 2.00 .0119 .03 .05 .12 .20 .08
Casearia sylvestris 2 1 2.00 4.00 .0020 .06 .02 .12 .20 .08
Myrcia sp 2 1 2.00 4.00 .0014 .06 .01 .12 .20 .08
Callisthene fasciculata 2 1 2.00 4.00 .0014 .06 .01 .12 .20 .08
Gochnatia sp 2 1 2.00 4.00 .0012 .06 .01 .12 .20 .07
Dimorphandra mollis 1 1 2.00 2.00 .0050 .03 .02 .12 .18 .05
Byrsonima intermedia 1 1 2.00 2.00 .0038 .03 .02 .12 .17 .05
Acosmium dasycarpum 1 1 2.00 2.00 .0027 .03 .01 .12 .17 .04
Enterolobium gummiferum 1 1 2.00 2.00 .0025 .03 .01 .12 .17 .04
Byrsonima coccolobifolia 1 1 2.00 2.00 .0022 .03 .01 .12 .16 .04
Myrcia sp 1 1 1 2.00 2.00 .0016 .03 .01 .12 .16 .04
Schefflera vinosa 1 1 2.00 2.00 .0016 .03 .01 .12 .16 .04
Erythroxylum deciduum 1 1 2.00 2.00 .0011 .03 .00 .12 .16 .04
Lithraea molleoides 1 1 2.00 2.00 .0011 .03 .00 .12 .16 .04
Cecropia pachystachya 1 1 2.00 2.00 .0011 .03 .00 .12 .16 .04
Plenckia populnea 1 1 2.00 2.00 .0011 .03 .00 .12 .16 .04
Guapira graciliflora 1 1 2.00 2.00 .0011 .03 .00 .12 .16 .04
Campomanesia sp 1 1 2.00 2.00 .0010 .03 .00 .12 .16 .04
Rourea induta 1 1 2.00 2.00 .0009 .03 .00 .12 .16 .04
Hirtella sp 1 1 2.00 2.00 .0005 .03 .00 .12 .16 .03
79
A área basal total foi de 48,27 m
2
.hà
-1
, próximo àquele encontrado em Bauru
(Cavassan 1990) de 42,19 m
2
.hà
-1
, em Agudos (Bertoncini 1996) de 42,828 m
2
.hà
-1
.
Na comunidade estudada poucos indivíduos apresentaram uma grande área basal e
exerceram um papel de dominância sobre os demais. A maior área basal ficou com
Vochysia tucanorum Mart. (19,39%). Cavassan (1990) e Bertoncini (1996) citam que este
maior perímetro basal é decorrente da hipertrofia na base do caule, decorrente dos
sucessivos brotamentos causados pelas injúrias, tanto bióticas quanto abióticas.
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez, a segunda colocada em área basal, apresentou um
dos maiores diâmetros de caule.
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. obteve o terceiro maior valor de área
basal; o alto número de indivíduos e o perfilhamento do caule foram os fatores que mais
contribuíram para este índice, visto que a média de diâmetro obtido para esta espécie foi de
6,1 cm.
A densidade total absoluta foi de 6.264 indivíduos.hà
-1
. Se comparado com outros
trabalhos em que o mesmo critério de inclusão (DAS de 3 cm) foi utilizado, este valor foi
menor que os encontrados em Bauru (Cavassan 1990) e Agudos (Bertoncini 1996), que
obtiveram uma densidade de 8135 indivíduos.hà
-1
e 7.204 indivíduos.hà
-1
Dez espécies contribuíram com 61,62% da densidade relativa, sendo que as 70
espécies restantes contribuíram com 32,38%.
As espécies com maiores densidades foram Coussarea hydrangeifolia (Benth.)
Müll. Arg. (16,63%), Xylopia aromatica (Lam.) Mart. (7,79%), Rudgea viburnoides
(Cham.) Benth. (7,63%), Rapanea umbellata (Mart.) Mez (7,41%), Pera glabrata (Schott)
Poepp. ex Baill. (6,99%) e Vochysia tucanorum Mart. (6,96%). Juntas elas representaram
59,5% dos indivíduos vivos.
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. também foi uma das espécies mais
abundantes em Bauru, na área estudada por Cavassan (1990), sendo uma das espécies mais
freqüentes do sub-bosque.
O grupo das mortas obteve o terceiro lugar em abundância (318 indivíduos) com
10% do total de indivíduos. A alta porcentagem de indivíduos mortos pode ser
conseqüência das geadas que ocorrem com uma maior freqüência na região de Bauru,
herbivoria, ataque de fungos, tombamento por raios e ventos, além das dificuldades dos
jovens em se estabelecerem em um ambiente mais sombreado (Pinheiro 2006).
De fato, muitas árvores mortas amostradas dentro das parcelas tombaram, após
tempestades muito fortes ocorridas nos meses de dezembro e janeiro. Quanto às injúrias
80
causadas por animais, as espécies Vochysia tucanorum Mart. e Qualea grandiflora Mart.
parecem ser preferidas pelos sagüis Callitrix jacchus (muito abundantes e não nativos desta
região) e Callitrix penicillata (nativo porém está em desequilíbrio), que se alimentam do
exudato que sai do caule após ser raspado (Miranda & Faria 2001, Seabra et al. 1991,
Castro 2003).
A ação antrópica não parece constituir uma causa evidente de morte dos indivíduos
desta comunidade, a única evidência de presença humana nesta área são as caixas de
abelhas para a coleta de mel, colocadas por moradores de bairros próximos à área.
Dentre as 80 espécies amostradas na análise fitossociológica 31 (38,75%)
apresentaram baixa densidade relativa (até 4 indivíduos.hà
-1
). Por apresentarem baixa
densidade de indivíduos são consideradas espécies raras e podem ser apontadas como
referenciais para monitoramento de reserva genética (Pereira-Silva 2004).
A baixa densidade pode representar um problema para a manutenção das espécies,
que a probabilidade de cruzamento entre indivíduos aparentados aumenta, levando à
endogamia, o que expõe as populações aos alelos recessivos, levando à extinção local
(Borges & Sheperd 2005).
Nenhuma espécie esteve presente em todas as parcelas. Xylopia aromatica (Lam.)
Mart., espécie com maior freqüência absoluta, esteve presente em 96% das parcelas,
seguida por Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. (92%), Vochysia tucanorum
Mart. (88%) e Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. (84%).
Todas essas espécies possuem um padrão de distribuição agregada, o que interfere
nos valores de estimativa de abundância e freqüência. O alto índice de agregação (40,7%)
está provavelmente associado à forma de reprodução e regeneração dos indivíduos
(Durigan et al. 2002). Sabe-se que muitas espécies no cerrado têm um brotamento através
de estruturas subterrâneas, gerando indivíduos idênticos e formando grandes populações.
A maioria das espécies (53,35%) apresentou-se com baixas taxas de freqüência,
tendo até cinco indivíduos.
Das 80 espécies amostradas, dez contribuem com 59,23% do IVI total; se as mortas
forem incluídas este índice sobe para 69,14%. Vochysia tucanorum Mart parece exercer
um papel importante na composição estrutural da vegetação. Foi a espécie com maior valor
de IVI (10,59%) fortemente influenciado pela sua dominância relativa (19,39%), sendo
responsável por 62,7% desse índice (figura 4).
Esta espécie parece não exercer papel de dominância neste estudo, como
também nas formações vegetais da região, sendo que esteve entre os dez maiores valores
81
de IVI em Bauru (Cavassan 1990) e Agudos (Bertoncini 1996). A presença de Vochysia
tucanorum Mart. é geralmente constatada em levantamentos florísticos de matas
estacionais semidecíduas da região (Pinheiro 2000, Bertoncini 2003), porém essa espécie
apresenta baixos valores de IVI nessa formação vegetal.
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. foi a segunda espécie com maior IVI
(9,9%); este valor foi influenciado pela sua densidade relativa, correspondendo a 57% do
valor total do índice.
O alto valor de IVI do grupo de mortas (6,87%) se deve à maior área basal
(10,46%), representada pelas árvores de grande porte que morreram provavelmente devido
à senescência.
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez (6,48%) obteve valores semelhantes para
dominância e densidade relativa, ficando com o terceiro maior IVI.
Nas demais espécies, os parâmetros de densidade, freqüência e dominância
contribuíram de modo diferente para a composição do IVI. O parâmetro com o maior peso
em grande parte das espécies foi a freqüência.
Muitas espécies que foram registradas neste levantamento fitossociológico, são
também registradas para a mata estacional semidecídua da região, porém não apresentam
valor de importância similar.
As demais espécies apresentam IVI pouco significativo, somando 30,86% do total.
Parece comum em levantamentos fitossociológicos que poucas espécies contribuam com
alto percentual de IVI, enquanto que a maioria das espécies contribui com porções menos
significativas. Do total de espécies amostradas 55% têm o IVI abaixo de 1%.
82
0 5 10 15 20 25 30 35
IVI
Vochysia tucanorum
Coussarea hydrangeifolia
Ocotea corymbosa
Xylopia aromatica
Pera glabrata
Rudgea viburnoides
Rapanea umbellata
Qualea grandiflora
Ocotea pulchella
Copaifera langsdorffii
Espécies
DR DoR FR
Figura 4. Distribuição dos valores de freqüência (FR), dominância (DoR) e densidade (DR) entre
as espécies de maior IVI. Área pertencente ao Campus Bauru da Universidade Estadual Paulista
UNESP.
Dentre as 41 famílias amostradas, as mais abundantes foram Rubiaceae
(783),Vochysiaceae (315), Lauraceae (291), Annonaceae (250), Myrsinaceae (232) e
Euphorbiaceae (219). Os parâmetros fitossociológicos para as famílias estão na tabela 4.
O parâmetro de abundância das famílias é reflexo da abundância de suas espécies;
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. é responsável por 66,5% dos indivíduos
pertencentes à família Rubiaceae, Vochysia tucanorum Mart. é responsável por 69% dos
indivíduos da família Vochysiaceae e Xylopia aromatica (Lam.) Mart. corresponde a 97%
dos indivíduos da família Annonaceae.
Apenas as famílias Fabaceae e Rubiaceae estiveram presentes em todas as
amostras, sendo seguidas por Annonaceae, presente em 48 parcelas, Vochysiaceae e
Lauraceae, presentes em 47 parcelas.
83
Tabela 4. Parâmetros fitossociológicos das famílias do estrato superior da área pertencente ao Campus Bauru da Universidade Estadual Paulista UNESP,
SP. DA = densidade absoluta, DoM = dominância, FA = freqüência absoluta, DR = densidade relativa, DoR = dominância relativa, FR = freqüência relativa.
Família No.indiv. Nspp %spp DA DoM FA DR DoR FR
RUBIACEAE 783 4 4.94 1566.00 .0034 100.00 25.00 11.06 8.35
VOCHYSIACEAE 315 4 4.94 630.00 .0193 94.00 10.06 25.18 7.85
LAURACEAE 291 3 3.70 582.00 .0110 94.00 9.29 13.31 7.85
FABACEAE 205 13 16.05 410.00 .0172 100.00 6.55 14.58 8.35
MORTA 318 1 1.23 636.00 .0079 100.00 10.15 10.46 8.35
ANNONACEAE 250 3 3.70 500.00 .0041 96.00 7.98 4.30 8.01
EUPHORBIACEAE 219 1 1.23 438.00 .0064 76.00 6.99 5.79 6.34
MYRSINACEAE 232 1 1.23 464.00 .0017 62.00 7.41 1.61 5.18
SIPARUNACEAE 122 1 1.23 244.00 .0030 60.00 3.90 1.50 5.01
MELASTOMATACEAE 82 1 1.23 164.00 .0015 62.00 2.62 .50 5.18
BURSERACEAE 63 1 1.23 126.00 .0061 50.00 2.01 1.59 4.17
ANACARDIACEAE 20 2 2.47 40.00 .0277 24.00 .64 2.30 2.00
MYRTACEAE 34 8 9.88 68.00 .0039 38.00 1.09 .56 3.17
POLYGONACEAE 42 1 1.23 84.00 .0070 24.00 1.34 1.22 2.00
MORACEAE 12 2 2.47 24.00 .0262 20.00 .38 1.30 1.67
MALVACEAE 16 2 2.47 32.00 .0078 24.00 .51 .51 2.00
COMBRETACEAE 15 1 1.23 30.00 .0151 10.00 .48 .94 .83
PROTEACEAE 14 1 1.23 28.00 .0040 18.00 .45 .23 1.50
THYMELAEACEAE 12 1 1.23 24.00 .0030 14.00 .38 .15 1.17
NYCTAGINACEAE 7 2 2.47 14.00 .0218 10.00 .22 .63 .83
CARYOCARACEAE 8 1 1.23 16.00 .0090 12.00 .26 .30 1.00
CHRYSOBALANACEAE 7 2 2.47 14.00 .0108 12.00 .22 .31 1.00
APOCYNACEAE 6 1 1.23 12.00 .0102 12.00 .19 .25 1.00
ASTERACEAE 7 3 3.70 14.00 .0098 10.00 .22 .28 .83
BIGNONIACEAE 7 3 3.70 14.00 .0068 10.00 .22 .20 .83
84
Tabela 4 – Conclusão
MALPIGHIACEAE 7 3 3.70 14.00 .0041 10.00 .22 .12 .83
OCHNACEAE 6 1 1.23 12.00 .0055 10.00 .19 .14 .83
SAPOTACEAE 3 1 1.23 6.00 .0137 6.00 .10 .17 .50
LACISTEMATACEAE 4 1 1.23 8.00 .0016 6.00 .13 .03 .50
ARECACEAE 4 1 1.23 8.00 .0033 4.00 .13 .06 .33
LOGANIACEAE 4 1 1.23 8.00 .0033 4.00 .13 .05 .33
EBENACEAE 4 1 1.23 8.00 .0018 4.00 .13 .03 .33
CLUSIACEAE 3 1 1.23 6.00 .0043 4.00 .10 .05 .33
STYRACACEAE 2 1 1.23 4.00 .0033 4.00 .06 .03 .33
DESCONHECIDA 1 1 1.23 2.00 .0495 2.00 .03 .21 .17
SALICACEAE 2 1 1.23 4.00 .0020 2.00 .06 .02 .17
ARALIACEAE 1 1 1.23 2.00 .0016 2.00 .03 .01 .17
URTICACEAE 1 1 1.23 2.00 .0011 2.00 .03 .00 .17
ERYTHROXYLACEAE 1 1 1.23 2.00 .0011 2.00 .03 .00 .17
CELASTRACEAE 1 1 1.23 2.00 .0011 2.00 .03 .00 .17
CONNARACEAE 1 1 1.23 2.00 .0009 2.00 .03 .00 .17
85
A família Rubiaceae obteve o maior índice de valor de importância (14,8%).
Vochysiaceae obteve o segundo valor de importância (14,6%), seguido por Lauraceae
(10,15%) e Fabaceae (6,93%) (figura 5).
Novamente a alta densidade de Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. e a
maior dominância de Vochysia tucanorum Mart. foram responsáveis pelos altos IVI de
suas respectivas famílias. Lauraceae obteve valores equivalentes de densidade, freqüência
e dominância e Fabaceae foi influenciada pela dominância.
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
IVI
DEMAIS
RUBIACEAE
VOCHYSIACEAE
LAURACEAE
FABACEAE
ANNONACEAE
EUPHORBIACEAE
MYRSINACEAE
SIPARUNACEAE
MELASTOMATACEAE
famílias
DR DoR FR
Figura 5. Distribuição dos valores de freqüência (FR), dominância (DoR) e densidade (DR) entre
as famílias de maior IVI. Área pertencente ao Campus Bauru Universidade Estadual Paulista
UNESP.
Nas áreas de cerrado do estado de São Paulo, a família Vochysiaceae parece
exercer um papel de importância nas comunidades estudadas. Normalmente esta família é
representada por poucas espécies, mas com valores de densidade, freqüência e área basal
bastante elevada.
A correspondência de IVI entre Rubiaceae, Vochysiaceae e Lauraceae, com suas
respectivas espécies citadas acima, seguindo as mesmas proporções, evidencia que uma
única espécie poder ser responsável para determinar o grau de importância de sua família
na comunidade.
86
A diversidade representada pelo índice de Shannon (H') foi de 3,027. Resultado
próximo foi encontrado por Pinheiro (2006), onde a diversidade de espécies foi igual a
2,92, se levado em conta apenas a vegetação de cerradão, uma vez que amostrou também
parte da mata existente no local; na comunidade como um todo o índice foi de 3,06.
Entretanto, este índice é considerado baixo se comparado com outras áreas de
cerradão da região. Cavassan (1990) em Bauru encontrou um índice de 3,11 e Bertoncini
(1996) em Agudos obteve 3,28.
Dois componentes afetam a diversidade de uma área: a riqueza em espécies e a
eqüabilidade, que expressa a distribuição dos indivíduos entre as espécies.
A eqüabilidade obtida (0,689) foi baixa, significando que a distribuição dos
indivíduos nas espécies não se deu de modo regular. Nessa comunidade a eqüabilidade está
sendo fortemente influenciada pela alta densidade das dez primeiras espécies em IVI, que
representaram 67,62% dos indivíduos amostrados.
3.3.1. Classes de altura
Após o cálculo da amplitude de intervalos de classes, foram definidas 18 classes de
altura, com intervalos de 1 m fechados à direita.
A distribuição dos indivíduos por altura foi heterogênea apresentando uma maior
concentração de indivíduos (58,52%) nas três primeiras classes, com alturas entre 1,5 m e
4 m, o que indica um denso sub-bosque, com 8,68% indivíduos na primeira classe, 18,68%
indivíduos na segunda classe e 31,17% dos indivíduos na terceira classe (figura 6).
O indivíduo mais baixo amostrado, com 1,5 m foi uma Byrsonima coccolobifolia
Kunth., arbusto típico da vegetação do cerrado. A altura máxima alcançada foi 19m por um
único indivíduo de Coccoloba mollis Casar.. A média de altura ficou em 4,42 m.
87
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
% indivíduos
1
-
2
2
-
3
3
-
4
4
-
5
5
-
6
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-
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-
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9
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5
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1
6
-
1
7
1
7
-
1
8
1
8
-
1
9
classes de altura
Figura 6. Distribuição da freqüência das classes de altura dos indivíduos do estrato superior na
área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
As cinco classes que abrangem as alturas de 12 a 17 metros não apresentaram
nenhum indivíduo, o que não deve ser visto como falha de crescimento dos indivíduos,
que estas alturas estão representadas pelos indivíduos emergentes. As duas classes
seguintes apresentaram apenas um indivíduo cada.
Definir o que é um indivíduo adulto em uma vegetação de cerrado apenas pela
altura é complicado, visto que muitas espécies com pequeno porte se apresentavam em
pleno período reprodutivo com apenas 1,5 m. Por outro lado, tem-se que admitir que a
altura de um indivíduo pode resultar de vários fatores além da idade, tais como,
potencialidade inata para o crescimento, fertilidade do solo, competição e injúrias. Assim,
é comum encontrarmos, por exemplo, em campo cerrado, espécies adultas ocupando o
estrato arbustivo, não ultrapassando dois metros e no cerradão a mesma espécie, chegou a
alturas próximas a sete metros.
As populações presentes apenas nas menores classes de altura são compostas por
indivíduos adultos de pequeno porte e por indivíduos jovens de plantas que podem atingir
as maiores alturas para aquela comunidade, como mostra a figura 7, onde se tem uma
distribuição de alturas mínima, média e máxima para cada espécie amostrada.
Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez, Ocotea pulchella (Nees) Mez, Copaifera
langsdorffii Desf. e Pterodon emarginatus Vogel parecem estar bem representados na
88
maioria das classes de altura, embora muitas dessas espécies não estejam representadas
com muitos indivíduos.
Algumas espécies são típicas da submata e provavelmente nunca irão atingir as
maiores alturas, como Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg., Campomanesia sp,
Rourea induta Planch., Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. e Tocoyena formosa (Chàm. &
Schltdl.) K. Schum..
Outras, porém são espécies que têm potencial para crescer mais e, presentes apenas
na submata, podem se tratar de uma população jovem, em estabelecimento, como Cybistax
antisyphilitica (Mart.) Mart., Diospyros hispida A. DC.e Enterolobium gummiferum
(Mart.) J.F. Macbr..
Algumas espécies foram registradas apenas nas maiores classes de altura,
apresentando pouco ou nenhum indivíduo de menor porte, como é o caso de Annona
cacans Warm.e Vatairea macrocarpa (Benth.) Ducke. e Tapirira guianensis Aubl.,
presente com poucos indivíduos nas classes de menor altura.
As famílias mais bem representadas com menor porte, com espécies que não
alcançarão maiores alturas foram Myrtaceae e Rubiaceae, sendo muito comuns em
formações florestais (Chistianini & Cavassan 1998), principalmente nos sub-bosques.
Deve-se ressaltar que a maioria das espécies teve ampla distribuição entre as
classes de alturas tendo maior chance de sua representatividade na comunidade estudada
estar garantida.
89
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
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21
22
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28
29
30
31
32
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37
38
39
40
41
42
43
44
45
4647
48
49
50
51
52
53
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55
56
57
58
5960
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
7879
80
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
espécies
altura (m)
alt. min. alt. máx. alt. méd.
Figura 7. Valores de altura mínima, média e máxima para as 80 espécies amostradas na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual
Paulista – UNESP, SP. A legenda para a interpretação dos números se encontra na tabela 5.
90
Tabela 5. Legenda para interpretação do gráfico de alturas da figura 7.
Espécies Nº espécie
Espécies Nº espécie
Acosmium dasycarpum 1
Lithraea molleoides 41
Acosmium subelegans 2
Machaerium acutifolium 42
Alibertia sessilis 3
Miconia stenostachya 43
Anadenanthera falcata 4
Myrcia albo-tomentosa 44
Annona cacans 5
Myrcia lingua 45
Annona coriacea 6
Myrcia sp 46
Aspidosperma tomentosum
7
Myrcia sp 1 47
Bauhinia rufa 8
Myrcia tomentosa 48
Bowdichia virgilioides 9
Ocotea corymbosa 49
Brosimum gaudichàudii 10
Ocotea minarum 50
Byrsonima coccolobifolia 11
Ocotea pulchella 51
Byrsonima intermedia 12
Ouratea spectabilis 52
Byrsonima verbascifolia 13
Pera glabrata 53
Callisthene fasciculata 14
Piptocarpha rotundifolia 54
Campomanesia sp 15
Plenckia populnea 55
Caryocar brasiliense 16
Pouteria ramiflora 56
Casearia sylvestris 17
Protium heptaphyllum 57
Cecropia pachystachya 18
Pseudobombax longiflorum 58
Coccoloba mollis 19
Pterodon emarginatus 59
Copaifera langsdorffii 20
Qualea grandiflora 60
Couepia grandiflora 21
Qualea multiflora 61
Coussarea hydrangeifolia 22
Rapanea umbellata 62
Cybistax antisyphilitica 23
Roupala brasiliensis 63
Dalbergia miscolobium 24
Rourea induta 64
Daphnopsis fasciculata 25
Rudgea viburnoides 65
Dimorphandra mollis 26
Schefflera vinosa 66
Diospyros hispida 27
Siparuna guianensis 67
Enterolobium gummiferum
28
Strychnos pseudoquina 68
Eriotheca gracilipes 29
Stryphnodendron obovatum 69
Erythroxylum deciduum 30
Styrax camporum 70
Eugenia aurata 31
Syagrus flexuosa 71
Eugenia punicifolia 32
Tabebuia sp 72
Ficus sp 33
Tabebuia ochracea 73
Gochnatia sp 34
Tapirira guianensis 74
Gochnatia barrosii 35
Terminalia brasiliensis 75
Guapira graciliflora 36
Tocoyena formosa 76
Guapira noxia 37
Vatairea macrocarpa 77
Hirtella sp 38
Vochysia tucanorum 78
Kielmeyera coriacea 39
Xylopia aromatica 79
Lacistema hasslerianum 40
Não Identificada 80
91
3.3.2. Classes de diâmetro
A estrutura etária de uma vegetação pode ser também estimada pela sua
distribuição diamétrica, definida pelo número de indivíduos por área e pelo seu intervalo
de classe de diâmetro (Pires-O'Brien & O'Brien 1995 apud Pereira-Silva et al. 2004).
A maioria dos indivíduos (79,62%) amostrados está presente nas menores classes
diamétricas, entre 3 cm e 10 cm (figura 8). Segundo Cavassan et al. (1993) é comum nos
cerradões da região de Bauru a presença de um elevado número de indivíduos de pequeno
diâmetro ocupando o estrato inferior da vegetação.
As demais classes diminuem de forma significativa, caracterizando uma curva
decrescente, que é uma distribuição típica de áreas que apresentam abundância de
indivíduos no componente de regeneração natural (Pires & Prance 1977 apud Pereira-Silva
et al. 2004).
A diferença nas distribuições das classes de diâmetro pode indicar tipos diferentes
de respostas reprodutivas para a população. Martins (1991) relaciona dois fatores que
podem contribuir com o declínio de indivíduos nas maiores classes de diâmetro: a
necessidade de mais tempo para o crescimento de indivíduos maiores e a diminuição de
sobrevivência destes diante da competição com os indivíduos das classes inferiores,
diminuindo a taxa de regeneração.
As espécies Acosmium subelegans (Mohlenbr.) Yakovlev, Vatairea macrocarpa
(Benth.) Ducke, Tabebuia ochracea (Cham.) Standl., Tabebuia sp, Annona cacans Warm.
e uma espécie não identificada, tiveram seus representantes apenas nas maiores classes de
diâmetro, indicando falta de recrutamento, talvez por condições desfavoráveis ao seu
estabelecimento.
92
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
% indivíduos
3-5
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-10
10-1
5
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-2
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20
- 25
25 - 30
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-
35
35 -40
40-45
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-5
0
5
0-5
5
55-60
60
-6
5
6
5-7
0
classes de diâmetro
Figura 8. Distribuição das classes de diâmetro dos indivíduos do estrato superior amostrados na
área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
Vochysia tucanorum Mart. apresentou a maior área basal, sendo que a maioria dos
indivíduos está representada nas classes de 10 a 15 cm diâmetro, com poucos
representantes jovens, podendo estar em declínio nesta comunidade (figura 9).
As espécies Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. e Rudgea viburnoides
(Cham.) Benth. são típicas de submata, possuem poucos indivíduos arbóreos e o seu maior
diâmetro basal se deve ao perfilhamento do caule, pelo seu tipo de reprodução vegetativa e
essa alta densidade, que faz com que sua área basal seja superestimada. Por serem
indivíduos pequenos e típicos de submata, jamais alcançarão as classes maiores de
diâmetro (figuras 10 e 11).
O valor máximo de diâmetro foi observado na espécie Ocotea corymbosa (Meisn.)
Mez (67,5 cm). Esta espécie se encontra distribuída na maioria das classes, com mais de
20% dos seus indivíduos na primeira classe, indicando que é uma espécie que está tendo
um recrutamento satisfatório (figura 12).
Xylopia aromatica (Lam.) Mart. foi amostrada apenas nas primeiras classes de
diâmetro. Segundo Lorenzi (2002), esta espécie não costuma ter caule com diâmetro maior
que 25 cm; sendo assim, esta espécie parece estar bem estabelecida nesta comunidade
(figura 13).
93
Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. apresenta um distribuição em exponencial
decrescente, denotando equilíbrio e condições favoráveis ao estabelecimento na
comunidade em estudo (figura 14).
Rapanea umbellata (Mart.) Mez é, entre as espécies de maior IVI, a que possui o
menor diâmetro de caule. O máximo atingido foi 9,9 cm. A maioria dos indivíduos
apresenta caules finos e estiolados, muitas vezes envergando por não suportar o peso da
copa e, devido a isso, foram mais susceptíveis a quebras após fortes tempestades, de
acordo com as observações feitas em campo (figura 15).
Qualea grandiflora Mart. é a espécie com o maior número de representantes de
grande porte, estando fracamente representada na menor classe de diâmetro. Isto indica um
possível declínio dessa espécie nesta comunidade, devido ao não recrutamento (figura 16).
Copaifera langsdorffii Desf. e Ocotea pulchella (Nees) Mez são espécies jovens
que provavelmente, encontraram condições favoráveis para o seu estabelecendo nesta
comunidade, apresentando a maioria dos seus indivíduos nas duas menores classes de
diâmetro (figura 17 e 18).
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
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% indivíduos
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7
0
classes de diâmetro
Vochysia tucanorum
Mart.
Figura 9. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Vochysia tucanorum Mart. nas classes de
diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP.
94
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% indivíduos
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7
0
classes de diâmetro
Coussarea hydrangeifolia
(Benth.) Müll. Arg.
Figura 10. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll.
Arg. nas classes de diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao Campus de Bauru
da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
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% indivíduos
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7
0
classes de diâmetro
Rudgea viburnoides
(Cham.) Benth.
Figura 11. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Rudgea viburnoides (Cham.) Benth. nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
95
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
% indivíduos
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-
6
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5
-
7
0
classes de diâmetro
Ocotea corymbosa
(Meisn.) Mez
Figura 12. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Ocotea corymbosa (Meisn.) Mez nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
% indivíduos
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7
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classes de diâmetro
Xylopia aromatica
(Lam.) Mart.
Figura 13. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Xylopia aromatica (Lam.) Mart. nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
96
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
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% indivíduos
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6
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-
7
0
classes de diâmetro
Pera glabrata
(Schott) Poepp. ex Baill.
Figura 14. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill.
nas classes de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
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% indivíduos
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3
5
3
5
-
4
0
4
0
-
4
5
4
5
-
5
0
5
0
-
5
5
5
5
-
6
0
6
0
-
6
5
6
5
-
7
0
classes de diâmetro
Rapanea umbellata
(Mart.) Mez
Figura 15. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Rapanea umbellata (Mart.) Mez nas
classes de diâmetro. Intervalos fechados à direita. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
97
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
% indivíduos
3
-
5
5
-
1
0
1
0
-
1
5
1
5
-
2
0
2
0
-
2
5
2
5
-
3
0
3
0
-
3
5
3
5
-
4
0
4
0
-
4
5
4
5
-
5
0
5
0
-
5
5
5
5
-
6
0
6
0
-
6
5
6
5
-
7
0
classes de diâmetro
Qualea grandiflora Mart.
Figura 16. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Qualea grandiflora Mart. nas classes de
diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade
Estadual Paulista – UNESP, SP.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
% indivíduos
3
-
5
5
-
1
0
1
0
-
1
5
1
5
-
2
0
2
0
-
2
5
2
5
-
3
0
3
0
-
3
5
3
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-
4
0
4
0
-
4
5
4
5
-
5
0
5
0
-
5
5
5
5
-
6
0
6
0
-
6
5
6
5
-
7
0
classes de diâmetro
Copaifera langsdorffii Desf.
Figura 17. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Copaifera langsdorffii Desf. nas classes
de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
98
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
% indivíduos
3
-
5
5
-
1
0
1
0
-
1
5
1
5
-
2
0
2
0
-
2
5
2
5
-
3
0
3
0
-
3
5
3
5
-
4
0
4
0
-
4
5
4
5
-
5
0
5
0
-
5
5
5
5
-
6
0
6
0
-
6
5
6
5
-
7
0
classes de diâmetro
Ocotea pulchella
(Nees) Mez
Figura 18. Distribuição da porcentagem de indivíduos de Ocotea pulchella (Nees) Mez nas classes
de diâmetro. Intervalos fechados à esquerda. Área pertencente ao Campus de Bauru da
Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
3.4.Levantamento fitossociológico do estrato inferior
No estrato inferior foram amostrados 949 indivíduos em 0,02 de amostragem.
As mortas somam 10 indivíduos. Os demais 939 indivíduos estão distribuídos em 37
famílias, 77 gêneros e 99 espécies.
Destas 99 espécies, 17 permaneceram identificadas apenas em nível de gênero e
sete não podem ser identificadas em qualquer táxon, devido à falta de material suficiente.
A densidade total absoluta foi de 47.450 ind.hà
-1
. As espécies amostradas e os seus
parâmetros encontram-se na tabela 6.
99
Tabela 6. Parâmetros fitossociológicos das espécies do estrato inferior da área pertencente ao
Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP. Ni = número de indivíduos, Np
= número de parcelas com a espécie i, FR = freqüência relativa, DR = densidade relativa.
Espécie Ni Np FR DR
Psychotria capitata
208 38 8,243
21,918
Coussarea hydrangeifolia
61 27 5,857
6,428
Ichnanthus pallens
47 14 3,037
4,953
Bromelia antiacantha
39 19 4,121
4,109
Rapanea umbellata
38 17 3,688
4,004
Miconia stenostachya
32 14 3,037
3,372
Rhynchospora exaltata
31 16 3,362
3,266
Xylopia aromatica
26 17 3,688
2,739
Siparuna guianensis
24 12 2,603
2,529
Eugenia aurata
23 15 3,254
2,424
Rudgea viburnoides
21 10 0,217
2,213
Psychotria barbiflora
20 5 1,085
2,107
Rourea induta
20 7 1,518
2,107
Não identificada 18 13 2,819
1,897
Ocotea corymbosa
17 10 2,169
1,791
Ocotea pulchella
17 11 2,386
1,791
Ananas sp 16 12 2,603
1,686
Tapirira guianensis
13 11 2,386
1,369
Erythroxylum deciduum
12 6 1,304
1,264
Protium heptaphyllum
12 10 2,169
1,264
Roupala brasiliensis
12 8 1,735
1,264
Banisteriopsis anisandra
11 7 1,518
1,159
Morta 10 8 1,735
1,054
Andira humilis
9 2 0,434
0,948
Campomanesia sp 9 5 1,085
0,948
Erythroxylum campestre
9 5 1,085
0,948
Lacistema hasslerianum
9 9 1,952
0,948
Ocotea minarum
9 4 0,434
0,948
Copaifera langsdorffii
8 8 1,735
0,843
Machaerium acutifolium
7 5 1,085
0,738
Pera glabrata
7 4 0,868
0,738
Campomanesia adamantium
6 2 0,434
0,632
Daphnopsis fasciculata
6 5 1,085
0,632
Eugenia sp 6 2 0,434
0,632
Myrcia albo-tomentosa
6 1 0,217
0,632
Vernonia scorpioides
6 4 0,868
0,632
Myrcia lingua
5 5 1,085
0,527
Securidaca rivinaefolia
5 2 0,434
0,527
100
Tabela 6 - Continuação
Vochysia tucanorum
5 5 1,085
0,527
Anadenanthera falcata
4 3 0,651
0,421
Bauhinia rufa
4 4 0,868
0,421
Forsteronia velloziana
4 4 0,868
0,421
Paspalum sp 4 1 0,217
0,421
Pterodon emarginatus
4 3 0,651
0,421
Qualea sp 4 3 0,651
0,421
Stryphnodendron obovatum
4 3 0,651
0,421
Temnadenia violacea
4 4 0,868
0,421
Não identificada 5 4 1 0,217
0,421
Alibertia sessilis
3 2 0,434
0,316
Davilla rugosa
3 3 0,651
0,316
Erythroxylum sp 3 3 0,651
0,316
Myrcia tomentosa
3 2 0,434
0,316
Qualea multiflora
3 3 0,651
0,316
Serjania sp 3 3 0,651
0,316
Brosimum gaudichaudii
2 2 0,434
0,211
Byrsonima coccolobifolia
2 2 0,434
0,211
Campomanesia sp 1 2 2 0,434
0,211
Chamaecrista flexuosa
2 2 0,434
0,211
Cybistax antisyphilitica
2 2 0,434
0,211
Myrcia sp 2 2 2 0,434
0,211
Palicourea rigida
2 2 0,434
0,211
Qualea grandiflora
2 2 0,434
0,211
Strychnos pseudoquina
2 2 0,434
0,211
Acosmium dasycarpum
1 1 0,217
0,105
Alibertia myrciifolia
1 1 0,217
0,105
Arrabidea sp 1 1 0,217
0,105
Bowdichia virgilioides
1 1 0,217
0,105
Byrsonima verbascifolia
1 1 0,217
0,105
Callisthene fasciculata
1 1 0,217
0,105
Casearia sylvestris
1 1 0,217
0,105
Coccoloba mollis
1 1 0,217
0,105
Couepia grandiflora
1 1 0,217
0,105
Dimorphandra mollis
1 1 0,217
0,105
Eriotheca gracilipes
1 1 0,217
0,105
Erythroxylum cuneifolium
1 1 0,217
0,105
Eugenia punicifolia
1 1 0,217
0,105
Guapira graciliflora
1 1 0,217
0,105
Manihot sp 1 1 0,217
0,105
Memora pedunculata
1 1 0,217
0,105
101
Tabela 6 - Conclusão
Myrcia sp
1 1 0,217
0,105
Myrcia cf guianensis
1 1 0,217
0,105
Myrcia sp 1 1 1 0,217
0,105
Ouratea spectabilis
1 1 0,217
0,105
Pithecoctenium crucigerum
1 1 0,217
0,105
Posoqueria sp 1 1 0,217
0,105
Prescottia stachyodes
1 1 0,217
0,105
Prestonia cf coalita
1 1 0,217
0,105
Pseudobombax longiflorum
1 1 0,217
0,105
Psidium sp 1 1 0,217
0,105
Psidium sp 1 1 1 0,217
0,105
Senna rugosa
1 1 0,217
0,105
Serjania sp 1 1 1 0,217
0,105
Stylosanthes guianensis
1 1 0,217
0,105
Tocoyena formosa
1 1 0,217
0,105
Vatairea macrocarpa
1 1 0,217
0,105
Não identificada 1 1 1 0,217
0,105
Não identificada 2 1 1 0,217
0,105
Não identificada 3 1 1 0,217
0,105
Não identificada 4 1 1 0,217
0,105
Não identificada 6 1 1 0,217
0,105
As espécies que tiveram a maior densidade relativa foram Psychotria capitata Ruiz
& Pav. (21,9%), Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. (6,4%), Ichnanthus pallens
(Sw.) Munro ex Benth. (4,9%), Bromelia antiacantha Bertol. (4,1%), Rapanea umbellata
(Mart.) Mez (4,0%), Miconia stenostachya DC. (3,3%) e Rhynchospora exaltata Kunth
(3,2%). Estas espécies representaram 48,05% dos indivíduos vivos e acumulam 55,72% da
densidade relativa (figura 19).
As demais espécies (92%) apresentam uma baixa densidade, com menos de três
indivíduos por hectare.
A maior densidade nos indivíduos de Psychotria capitata Ruiz & Pav. e Coussarea
hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. deve-se ao alto índice de perfilhamento devido à
reprodução vegetativa. Muitas vezes foi necessária a retirada da serapilheira para verificar
se os caules que se apresentavam próximos pertenciam ou não ao mesmo indivíduo.
O mesmo pode ser dito para a espécie de Ichnanthus pallens (Sw.) Munro ex
Benth.; por seu crescimento se dar por estolhos, foi difícil identificar quantos indivíduos
estavam presentes nas parcelas.
102
Bromelia antiacantha Bertol. chegou a formar grandes populações, alcançando o
número máximo de 10 indivíduos na parcela 19.
Essa reprodução vegetativa tão difundida nas espécies de cerrado (Filgueiras 2002),
aliada à impossibilidade de checar se os vários caules pertenciam ao mesmo indivíduo
pode ter superestimado os valores de densidade para estas espécies.
Das espécies amostradas 36,36% apresentam distribuição agregada e os mais altos
valores de agregação correspondem àquelas com os maiores valores de freqüência e
densidade.
Assim como observado para a densidade relativa, as freqüências relativas das
espécies do estrato inferior também estiveram concentradas em poucas espécies.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
densidade e freência relativa
Outras
Psychotria capitata
Coussarea hydrangeifolia
Ichnanthus pallens
Bromelia antiacantha
Rapanea umbellata
Miconia stenostachya
Rhynchospora exaltata
Xylopia aromatica
Siparuna guianensis
Eugenia aurata
espécies
FR DR
Figura 19. Espécies de maiores densidade relativa (DR) e freqüência relativa amostradas no estrato
inferior na área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
O mais alto índice de freqüência foi de Psychotria capitata Ruiz & Pav., presente
em 76% das parcelas. Psychotria é um dos gêneros mais freqüentes das formações
florestais (Filgueiras 2002).
Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll. Arg. foi a segunda espécie mais
freqüente, presente em 27% das parcelas. Nenhuma espécie obteve 100% de freqüência.
103
O grupo das mortas ocupa a vigésima terceira posição no estrato inferior, com 10
indivíduos (10,01%) com baixa densidade e freqüência.
Das espécies que ocupam os 10 primeiros lugares em freqüência e densidade, cinco
estão representadas no estrato superior, são elas Coussarea hydrangeifolia (Benth.) Müll.
Arg., Rapanea umbellata (Mart.) Mez (4,0%), Miconia stenostachya DC., Xylopia
aromatica (Lam.) Mart., Eugenia aurata O. Berg e Siparuna guianensis Aubl..
As outras cinco são características do estrato inferior, não ocorrendo no estrato
superior. O banco de plântulas amostrado neste trabalho parece ser composto
principalmente por espécies típicas de submata, do que por espécies que ocorrem nos
estratos superiores.
A participação das famílias refletiu claramente os valores individuais das espécies,
mostrando uma ordem diferente daquela encontrada para as espécies mais abundantes.
As famílias Myrsinaceae (38), Melastomataceae (32) e Cyperaceae (31) estão entre
as mais abundantes devido a uma única espécie e embora Rubiaceae (318 indivíduos),
Bromeliaceae (55), Poaceae (51) possuam mais de uma espécie, apenas uma contribuiu
com mais de 50% do valor total, enquanto que Myrtaceae (68), Fabaceae (48) e Lauraceae
(43) possuem várias espécies contribuindo para suas abundâncias (figura 20).
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
% indiduos
OUTRAS
RUBIACEAE
MYRTACEAE
BROMELIACEAE
POACEAE
FABACEAE
LAURACEAE
MYRSINACEAE
MELASTOMATACEAE
CYPERACEAE
DESCONHECIDA
famílias
Figura 20. Famílias mais abundantes amostradas no estrato inferior na área pertencente ao Campus
de Bauru da Universidade Estadual Paulista – UNESP, SP.
104
Comparando-se os dados obtidos com os trabalhos realizados em outras áreas de
cerrado (Christianini & Cavassan 1998, Arantes 2002, Weiser 2007) observa-se a
predominância das famílias Myrtaceae, Rubiaceae e Fabaceae, ocupando posições de
destaque. Segundo Christianini & Cavassan (1998) as espécies da família Rubiaceae
tendem a ocorrer com maior abundância nos estratos inferiores de formações florestais.
Em áreas mais abertas de cerrado essas famílias têm uma menor representatividade,
sendo que as mais abundantes são Asteraceae, Poaceae e Cyperaceae (Mantovani &
Martins 1993, Bertoncini 1996).
O índice de diversidade de Shannon (H') para este estrato foi de 3,562 e a
eqüabilidade de Jaccard (J) foi de 0,774.
A diversidade se mostrou alta pelo maior número de espécies amostrado neste
estrato, além disso, a eqüabilidade contribuiu para que este índice se elevasse. Poucas
espécies mostraram-se com padrão de distribuição agregado, sendo que a grande maioria
se distribuiu de modo uniforme por toda a área amostral.
3.5. Similaridade entre os estratos
Em vários trabalhos, o componente inferior demonstrou riqueza florística bem
superior, se comparado ao componente lenhoso (Mantovani & Martins 1993). Neste
trabalho, tal resultado foi confirmado, uma vez que, foram amostradas 80 espécies no
estrato superior e 99 espécies no inferior (Tabela 7).
Para uma vegetação de cerradão essa maior diversidade era esperada, que, além
das espécies exclusivas de submata, muitas espécies de porte arbóreo são encontradas
também no estrato inferior, constituindo o banco de plântulas.
Se compararmos as espécies amostradas nos dois estratos quanto a suas formas de
vida, onde as espécies lenhosas (fanerófitas e caméfitas) somam 75 espécies das 99
amostradas no estrato inferior, verifica-se que o estrato herbáceo é composto, na grande
maioria, pelo banco de plântulas das espécies adultas que encontram condições de
desenvolvimento favorável à sombra do dossel.
Na análise de similaridade entre os dois estratos, encontrou-se o índice de 39,84%,
valor considerado elevado, se correspondessem a fragmentos distintos, mas segundo
Durigan et al. (2002) considerado baixo para dois estratos de uma vegetação de um mesmo
local. Essa similaridade poderia ser explicada pelo fato do estrato inferior ser composto
tanto por espécies que já estão estabelecidas, quanto por espécies que estão começando a
se
estabelecer.
105
Tabela 7. Parâmetros florísticos e fitossociológicos dos estratos superior e inferior, amostrados na
área pertencente ao Campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista – Unesp, SP.
Superior Inferior
Número de parcelas 50 50
Área das parcelas 100m
2
4m
2
Área total da amostra 0,5hà 0,02hà
Densidade total (hà) 6.264 ind.hà
-1
47.450 ind.hà
-1
Número de espécies 80 99
Diversidade Shannon (H´) 3,02
3,562
Eqüabilidade Jaccard (J) 0,689 0,774
As espécies que não estão presentes em ambos os estratos poderão não ter a sua
representatividade garantida na comunidade futuramente (Pereira-Silva 2002). O não
recrutamento seguido da morte dos indivíduos adultos pode causar extinção local dessas
espécies (Durigan et al. 2002).
Algumas espécies que poderão fazer parte do estrato superior, no entanto, foram
amostradas no estrato inferior, como as espécies do gênero Myrcia e Psidium. Tais
espécies apresentaram baixos valores de densidade e freqüência, contando com poucos
indivíduos, o que pode revelar que essas espécies não se estabelecem nesse ambiente ou
são plântulas recém introduzidas naturalmente no fragmento e ainda não chegaram à fase
adulta. Se estas espécies se estabelecerem poderão futuramente modificar a composição
florística e estrutural daquela comunidade.
106
4. Considerações finais
O cerrado estudado está sobre um latossolo, proveniente do Arenito Bauru,
altamente lixiviados, com baixos níveis de matéria orgânica, potássio, cálcio, fósforo,
magnésio e pH. A taxa de alumínio no solo é considerada alta, embora muitas espécies que
estão aí presentes tenham a capacidade de acumulá-lo, podendo não sobreviver sem ele.
O clima está de acordo com aquele registrado para regiões onde ocorre a vegetação
de cerrado, com precipitação de 1654,2 mm e temperatura média de 20,6 ºC.
A espécie Vochysia tucanorum Mart., de maior valor de IVI no estrato superior,
parece ser também uma das mais importante em outros cerrados da região. Ela também
aparece nas formações de mata estacional, porém com valores mais baixos.
A classe de altura indicou que a maioria dos indivíduos é de baixo porte, sendo que
poucas se sobressaem. Essas espécies de baixo porte formam um denso sub-bosque, sendo
típicas desse estrato, onde predominam as espécies das famílias Rubiaceae e Myrtaceae.
A classe de diâmetro mostra a maioria dos indivíduos concentrados nas primeiras
classes que correspondem aos menores diâmetros, decaindo nas classes maiores. Este
padrão é típico de florestas bem estabelecidas, onde a maior parte dos indivíduos está
concentrada no estrato de regeneração.
Algumas espécies, porém, mostram interrupções na distribuição dos indivíduos nas
classes de diâmetro, podendo estar relacionado com problemas de estabelecimento dessas
populações.
A baixa diversidade encontrada neste estrato pode ser conseqüência da baixa
eqüabilidade
O estrato inferior mostrou se composto por espécies típicas deste componente
através da alta freqüência e densidade de Psychotria capitata Ruiz & Pav., e por plântulas
das espécies que compõem o estrato superior.
Essa composição de espécies de ambos os estratos, aliada à maior eqüabilidade,
resultou no maior índice de diversidade, quando comparada ao estrato superior.
Algumas espécies com os maiores valores de freqüência e densidade no estrato
superior não tiveram a mesma expressão no estrato inferior, podendo indicar que não estão
se regenerando no local. O não recrutamento poderá levar essas espécies à extinção local.
107
5. Referências bibliográficas
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