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Figura 3: Matriz sistematizadora da dimensão representatividade e os fatores
condicionantes configuração do espaço, trajetória do representante e trajetória
associativa do município ou território.
Representatividade
Configurações institucionais
Espaços com abrangências maiores determinam um número maior de representados dificultando o
contato mais direto destes com os representantes (DAHL, 2001), fazendo com que a comunicação
destes seja dificultada e, quando esta ocorre, muitas vezes esta seja realizada através de
mediadores e assimétricamente (DAHL; TUFTE, 1974).
Escalas maiores geram uma crescente assimetria na relação entre os cidadãos e os representantes,
gerada pelo crescimento da diferença de poder, conhecimento e capacidade de comunição existente
entre eles (DAHL ; TUFTE, 1974)
A participação política é mais equitativamente distribuida em unidades menores que nas grandes,
pois a fala e as atividades de liderança são mais equitativamente distribuídas em pequenas
unidades do que nas maiores (MANSBRIDGE, 1980).
Os representantes de poucos constituintes são mais parecidos com seus constituintes, em
características sociais e em preferências políticas (MANSBRIDGE, 1980).
Os interesses comuns são mais facilmente encontrados em espaços com poucos membros, a não
ser que o grupo tenha sido determinado por um interesse comum (MANSBRIDGE, 1980).
Espaços com grupos maiores geram subunidades organizadas, gerando a diversificação de
interesses e provavelmente, os conflitos entre os seus membros (MANSBRIDGE, 1980; DAHL;
TUFTE, 1974).
A eleição é um instrumento importante (ARATO, 2002; LAVALLE; HOUTZAGER; CASTELLO, 2005),
mas, a participação de representados poucos cientes da conjuntura e dos trâmites da discussão
política, faz com que as eleições não sejam um instrumento eficiente de responsabilização social
(MANIN; PRZEWORSKI; STOKES,1999a; 1999b; PITKIN, 1967).
Trajetória dos
representantes
A compreensão clara das necessidades e preocupações distintas de seus constituintes surge do fato
que representante e seus representados são similarmente situados (WILLIAMS, 1998).
A capacidade de um representante de se posicionar perante seus iguais em espaços próprios é um
dos determinantes de como será a sua atuação em outros espaços, pois um representante que
caracteristicamente se sente seguro de seu próprio conhecimento e convicções é mais provável
atuar a partir deles e um que tende a ser mais cauteloso em relação a sua própria visão é mais
provável que queira saber o que os seus constituintes pensam (PITKIN, 1967). Entretanto, os
membros destes grupos protegidos podem tornar legítimos o interesse material e o interesse próprio
nestas e em outras deliberações, a partir do encorajamento à investigação das suas decisões,
sujeitando cada questão à contínua análise e possível reformulação (MANSBRIDGE, 1996).
F a t o r e s C o n d i c i o n a n t e s
Trajetória associativa do
município/território
Os participantes entendem melhor os seus próprios interesses, quando eles vivenciam uma
variedade de diferentes arenas para deliberação, oscilando entre grupos protegidos, nos quais eles
podem explorar suas idéias em um ambiente de encorajamento mútuo, e aqueles mais hostis, no
qual eles podem testar aquelas idéias contra a realidade reinante (MANSBRIDGE, 1996). Fazendo
com que estes tenham os seus pontos de vista articulados no espaço de participação social
(BENHABIB, 1996b).
Os atores sociais são realmente representativos, caso exista uma relação entre o representante e
interesses sociais produzidos numa sociedade civil ativa e socialmente enraizada (TOURAINE,
1996).
A capacidade de se relacionar com outros grupos de alguns atores, pode resultar no distanciamento
destes de seus representados, devido à grande maioria da população ainda permanecer
marginalizada desse diálogo (OLIVEIRA, 2000) ou por este representante se colocar como porta-voz
desta população, mesmo sem priorizar os interessses e desejos desta, mas o seu próprio ou de seu
grupo (WOLF, 1971; BOURDIEU, 2004; COSTA, 2002).