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Avaliação da eficiência de corte
de fresas
carbide
em função dos
métodos de esterilização físicos e
químico. Análise gravimétrica
2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE ARARAQUARA
Laiza Maria Grassi Fais
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CORTE DE FRESAS
CARBIDE EM FUNÇÃO DOS MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO
FÍSICOS E QUÍMICO. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação
em Reabilitação Oral – Área
de Prótese da Faculdade de
Odontologia de Araraquara,
da Universidade Estadual
Paulista, para a obtenção do
Título de Mestre em
Reabilitação Oral – Área de
Prótese.
Orientador
Prof. Dr. Gelson Luis Adabo
Co-orientadora
Profa. Dra. Lígia Antunes Pereira Pinelli
Araraquara
2007
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Fais, Laiza Maria Grassi.
Avaliação da eficiência de corte de fresas carbide em função
dos métodos de esterilização físicos e químico. Análise
gravimétrica / Laiza Maria Grassi Fais. _ Araraquara : [s.n.],
2007.
145 f. ; 30 cm.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Odontologia.
Orientador : Prof. Dr. Gelson Luis Adabo
Co-orientadora: Profa. Dra. Lígia Antunes Pereira Pinelli
1. Instrumentos odontológicos 2. Controle de infecções
3. Esterilização 4. Microondas I. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas CRB 8/4612
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP
Laiza Maria Grassi Fais
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CORTE DE FRESAS
CARBIDE EM FUNÇÃO DOS MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO
FÍSICOS E QUÍMICO. ANÁLISE GRAVIMÉTRICA
COMISSÃO JULGADORA
DISSERTAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE
Presidente e Orientador: Profa. Dra. Lígia Antunes Pereira Pinelli
2º Examinador: Profa. Dra. Regina Helena Barbosa Tavares da Silva
3º Examinador: Profa. Dra. Daniela Atili Brandini
Araraquara, 28 de março de 2007.
Dados Curriculares
Laiza Maria Grassi Fais
NASCIMENTO: 19 de abril de 1982 – Araraquara –SP
FILIAÇÃO: Antonio Carlos Fais
Neuza Maria Grassi Fais
2000/2003 Curso de Graduação - Faculdade de Odontologia
de Araraquara - UNESP
2005/2007 Curso de Pós-Graduação em Reabilitação Oral –
Área Prótese, Nível de Mestrado, na Faculdade
de Odontologia de Araraquara – UNESP
Dedicatória
Em primeiro lugar, a Deus, pela força e
coragem durante toda esta caminhada.
Em especial aos meus pais, Antonio Carlos e
Neuza, a quem devo a vida e minha formação moral. Meu
reconhecimento e gratidão pela paciência, compreensão e apoio
constantes nesta jornada da vida.
À minha irmã, Naiara, pelo apoio e amizade.
Ao meu namorado, Rodrigo, pelo apoio,
incentivo e dedicação durante todos esses anos.
Agradecimentos Especiais
Ao meu orientador, Prof. Dr. Gelson Luis
Adabo, pelas oportunidades concedidas a minha formação.
À minha Co-orientadora e amiga, Profa. Dra
Lígia Antunes Pereira Pinelli, por ser uma pessoa disposta a
oferecer estímulos e a percorrer novos caminhos, ouvir com
interesse e ânimo todas as questões, dúvidas e problemas que
surgiam. Por ser uma pessoa paciente e generosa com
coragem de ousar trabalhar com novas idéias. Por sua
amizade, principalmente. Pela alegria de trabalharmos juntas.
Muito obrigada pelo aprendizado proporcionado, resultado de
uma orientação competente, amiga e criativa.
Aos amigos de Turma do Mestrado Alejandro,
Caroline, Isabella, Juliê, Lívia, Luciano e Paula pelo apoio,
amizade e companheirismo durante estes dois anos. Juliê,
obrigada pelo incentivo desde o estágio de iniciação científica.
Aos professores da Disciplina de Prótese
Parcial Fixa, Regina Helena Barbosa Tavares da Silva e José
Cláudio Martins Segalla, pelo apoio, amizade e exemplo de
profissionalismo.
Ao Professor Dalton Geraldo Guaglianoni,
não somente pela realização da análise estatística desta
Dissertação, mas também por todos os ensinamentos
proporcionados.
À Rosa Araújo, professora de inglês da
escola Lacus, pela atenção, presteza e amizade.
Aos estagiários da Disciplina de Prótese
Parcial Fixa, em especial à Sabrina, Juliana Cabrini, Juliana
Derceli e Pierre pela companhia e amizade.
Agradecimentos
À Faculdade de Odontologia de Araraquara,
representada pela Senhora Diretora Profa. Dra. Rosemary
Adriana Chiérici Marcantonio e pelo Senhor Vice-diretor Prof.
Dr. José Cláudio Martins Segalla pela oportunidade da
realização deste trabalho.
À Coordenação do Programa de Pós-
graduação em Reabilitação Oral, área de Prótese, da
Faculdade e Odontologia de Araraquara, representado pelo
Prof. Dr. Gelson Luis Adabo.
Ao Departamento de Materiais Odontológicos
e Prótese representado pelo Prof. Dr. Carlos Aberto dos
Santos Cruz, chefe do departamento, e pela Profa. Dra.
Regina Helena Barbosa Tavares da Silva, vice-chefe.
A todos os professores do Departamento de
Materiais Odontológicos Prótese pelos conhecimentos
transmitidos.
Aos funcionários do Departamento de
Materiais Odontológicos Prótese, em especial à Lúcia, Malú,
Marta e Sílvia pelo respeito e carinho.
Aos funcionários da seção de Pós-Graduação por
serem sempre prestativos e simpáticos.
Aos funcionários da Biblioteca, em especial à
Ceres Maria Carvalho Galvão de Freitas e Maria Helena,
responsáveis pela revisão bibliográfica, pela ajuda e
colaboração durante a elaboração de minha dissertação.
À Maria Lúcia Montoro, pela revisão
gramatical de texto.
A todos os funcionários da Faculdade de
Odontologia de Araraquara.
À CAPES, FAPESP e PROAP pelo apoio
financeiro concedido para a realização desta pesquisa.
Agradecer é admitir que houve um momento
em que se precisou de alguém; é reconhecer que o homem
jamais poderá lograr para si o dom de ser auto-suficiente.
Ninguém e nada cresce sozinho; sempre é preciso um olhar de
apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de compreensão,
uma atitude de amor. A todos aqueles que, embora não estejam
aqui citados, mas que colaboraram para o desenvolvimento
deste trabalho, a mais profunda gratidão e respeito.
“Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
Sumário
Resumo...............................................................................................12
Abstract .............................................................................................. 14
1 Introdução ...................................................................................... 16
2 Revisão da literatura................................................................... 23
2.1 Controle de infecção........................................................... 23
2.2 Uso das Microondas para o controle de infecção ....... 34
2.3 Alterações e desempenho dos instrumentos cortantes
rotatórios............................................................................... 47
3 Proposição ..................................................................................... 82
4 Material e método......................................................................... 83
5 Resultado ....................................................................................... 97
6 Discussão..................................................................................... 103
7 Conclusão..................................................................................... 119
8 Referências.................................................................................. 120
9 Apêndices..................................................................................... 133
Fais LMG. Avaliação da eficiência de corte de fresas carbide
em função dos métodos de esterilização físicos e químico.
Análise gravimétrica [Dissertação de Mestrado]. Araraquara:
Faculdade de Odontologia da UNESP. 2007.
Resumo
Este estudo avaliou o efeito de métodos de esterilização físicos
e químico sobre a eficiência de corte de fresas carbide.
Sessenta fresas da marca S.S. White foram utilizadas para o
desgaste de vidro (30 mm X 30 mm X 10 mm) e divididas em
cinco grupos experimentais em função do tratamento realizado:
E
1
– esterilização em autoclave, E
2
– esterilização em estufa,
E
3
– esterilização em forno de microondas, E
4
– esterilização
em substância química e E
0
–ausência de esterilização
(controle). Com o auxílio de um aparelho padronizador de
desgaste, as fresas foram utilizadas para o desgaste do vidro
em um total de 30 minutos divididos em doze períodos de 2,5
minutos. Após cada 2,5 minutos de uso, as fresas foram limpas
com escova de nylon sob água corrente e secas com jatos de
ar e, em seguida, submetidas as seus respectivos tratamentos.
A eficiência de corte das fresas foi determinada pela perda de
Resumo
13
massa do vidro, que teve sua massa aferida antes e após cada
período de desgaste. A soma ( ) da quantidade de desgaste
realizado por cada fresa após os 12 ciclos de uso foi calculada
e utilizada para se determinar a eficiência de corte após 30
minutos de uso. Os valores da
foram submetidos à análise
estatística pelos testes de Kruskal-Wallis e de Dunn.
Diferenças estatisticamente significantes entre os grupos
experimentais foram verificadas (p<0,05). De acordo com os
resultados, entre os métodos de esterilização avaliados, o uso
do calor seco foi responsável pelo melhor desempenho das
fresas, ao contrário da utilização de glutaraldeído, que foi
considerado o pior método de esterilização.
Palavras-chave: Instrumentos odontológicos; controle de
infecções; esterilização; microondas
Fais LMG. Evaluation of the cutting effectiveness of carbide
burs sterilized by physical and chemical methods. Gravimetric
analysis [Dissertação de Mestrado]. Araraquara: Faculdade de
Odontologia da UNESP. 2007.
Abstract
The aim of this study was to evaluate the influence of physical
and chemical sterilization methods on the cutting effectiveness
of carbide burs. Sixty S.S. White burs were used to cut glass
plates (30 mm X 30 mm X 10 mm) and subjected to the
following procedures: S
1
– sterilization by autoclave; S
2
sterilization by dry heat; S
3
– sterilization by microwave
irradiation; S
4
– sterilization by chemical substance and S
0
– no
sterilization (control group). The burs were used to cut glass
plates in a cutting machine for twelve 2.5-minute periods. After
each period, the burs were cleaned with a nylon brush under
running water, dried with air spray (40 seconds), and then
subjected to their procedures respectively. The cutting
effectiveness was calculated by the weight loss of the glass
which was weighed before and after each 2.5-minute period.
The sum (
) of the cutting amount performed by each bur
after twelve cycles of use were calculated and used to
Abstract
1
5
determine the cutting effectiveness after 30 minutes of use. The
values were statistically analyzed by Kruskal-Wallis´s and
Dunn´s tests. Statistical differences among the experimental
groups were observed (p <.05). According to the results, among
the sterilization methods, the use of dry heat was responsible
for the best carbide burs performance and, the use of
glutaraldehyde was responsible for the worst burs performance.
Keywords: Dental instruments; infection control; sterilization;
microwaves,
1 Introdução
Desde o início do século XIX, instrumentos
rotatórios de vários tipos são utilizados na rotina diária do
cirurgião–dentista com o objetivo de cortar ou abrasionar
estruturas dentais
77
. Durante muito tempo, fresas construídas
em aço comum foram utilizadas. Tais instrumentos, contudo,
eram girados com os dedos, dificultando o trabalho do
profissional por proporcionarem um corte não efetivo. Com o
aprimoramento das técnicas e o desenvolvimento de novos
equipamentos, as fresas passaram a ser utilizadas em um
motor dentário acionado com o pé ou com energia elétrica até
que fosse desenvolvida, em 1957, a primeira turbina a ar
42,68
.
Simultaneamente à evolução dos
equipamentos destinados ao desgaste da estrutura dental,
surgiu no mercado a disponibilidade de uma série de fresas
diferentes que viriam a substituir as fresas de aço comum uma
vez que estas possuíam características indesejáveis, como, por
exemplo, pequena durabilidade e eficiência de corte efêmera,
além de causarem superaquecimento na estrutura dental,
acarretando alterações pulpares na maioria das vezes
24
. A
Introdução
1
introdução dos instrumentos diamantados juntamente com o
aumento da velocidade de rotação (20.000 r.p.m. a
30.000 r.p.m.) aumentaram a eficiência de corte, facilitando os
procedimentos operatórios realizados. Em 1947, foram
desenvolvidas as fresas de aço inoxidável do tipo carbeto de
tungstênio (fresas carbide), as quais representaram uma
grande evolução para os procedimentos restauradores
67
,
destacando-se por apresentarem dureza duas vezes maior do
que o do aço comum.
As fresas carbide, cujo desenho básico
compreende uma ponta ativa com seis a oito lâminas de corte
56
e uma haste metálica, podem ser produzidas por dois
processos distintos. O primeiro, mais antigo e mais utilizado,
consiste na soldagem (elétrica ou com ligas metálicas) do
carbeto/cobalto de tungstênio semi-acabado em uma haste de
aço, sendo a parte ativa da fresa produzida por meio da
pulverização sob pressão de carboneto seguida de sinterização
em uma atmosfera não oxidante. O segundo método utiliza
partículas de carbeto de tungstênio 100 vezes menores
(0,05µm) em um sistema com pressão isostática sob calor,
reduzindo porosidades e aumentando a resistência das
fresas
82
.
Introdução
1
8
Com relação à utilização, as fresas carbide
são indicadas para realização de preparos dentais, remoção de
restaurações e polimento dental
23,31,39,48,63,69,70
, sendo
indispensáveis na rotina do cirurgião-dentista. Por ser
economicamente inviável torná-las descartáveis, são utilizadas
diversas vezes e em diferentes pacientes, devendo ser
completamente limpas e esterilizadas
2,40,55,63
uma vez que
estão sujeitas à contaminação por microrganismos presentes
na saliva, no sangue e até mesmo nos resíduos de
corte
12,13,19,22,23,44,49,66,85
.
No passado, os cirurgiões-dentistas foram
duramente criticados por bacteriologistas em função dos
métodos precários utilizados para esterilização. Devido à falta
de consenso sobre as alterações provocadas pelos métodos de
esterilização e à divulgação de que o uso da estufa ou
autoclave poderia acarretar fraturas, diminuição da eficiência e
da durabilidade das fresas, muitos profissionais realizavam
apenas sua desinfecção
46
, comprometendo o controle de
infecção cruzada
2,3,29,40,46
.
Por esses motivos, foram desenvolvidos
diferentes trabalhos sobre a necessidade do cumprimento de
normas de biossegurança para a manutenção da cadeia
Introdução
1
9
asséptica no consultório
2,3,29,40,87
e sobre a busca por métodos
de limpeza, desinfecção e esterilização que fossem eficazes
sem que houvesse interferência na durabilidade dos
instrumentos rotatórios
3,6,9,13,15,23,46,54,57,60,65,74,75,80
.
Desta forma, o estudo da eficiência de corte,
que é definida como a capacidade de remoção da máxima
quantidade de tecido dentário com uma mínima quantidade de
esforço, em um determinado tempo
19,34
, visando a manutenção
de um bom desempenho das fresas para a proteção do
complexo dentino-pulpar, associado à necessidade do controle
de infecção cruzada, tornou-se fundamental. Fatores como a
procedência do instrumento
26,65,78
, natureza do material a ser
desgastado
71,78
, o número de rotações por minuto
53,71
, o torque
exercido
9
, a forma da ponta ativa
34
, a força aplicada pelo
operador
41,53,71
e os métodos de limpeza
74,75
, desinfecção e
esterilização
9,26,57,65
são, freqüentemente, temas de pesquisas,
por serem fatores que podem alterar as características dos
instrumentos rotatórios
8,20
.
No Brasil, de acordo com a Portaria nº 2626,
que está em vigor desde 1998, todos os instrumentos utilizados
no atendimento a pacientes devem ser submetidos a processos
Introdução
2
0
de lavagem, enxágüe e esterilização, sendo recomendada, para
as fresas, a esterilização em estufa ou autoclave
12
.
Por esterilização entende-se o processo de
destruição de todas as formas de vida presentes num
material
2,12,40,76
, podendo ser dividida em duas categorias com
base em sua natureza e ação sobre os microrganismos:
processos físicos, representados pelo calor seco, radiação (luz
ultravioleta, raios X, beta, gama) e vapor d’água sob pressão,
ou processos químicos tais como óxido de etileno, peróxido de
hidrogênio, gás plasma e soluções químicas
22
.
Em razão da ausência de um método de
esterilização que satisfaça todas as exigências e também das
limitações dos métodos mais utilizados (estufa, autoclave e
substâncias químicas), tais como significante tempo de espera,
necessidade de equipamentos caros e até mesmo eventuais
danos aos instrumentos
9,11,23
e, mais recentemente, do advento
da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, tem sido
observada uma modernização dos métodos de esterilização,
destacando-se o interesse pela utilização do forno de
microondas
5,14,57
.
O uso do forno de microondas vem sendo
divulgado como um sistema rápido, econômico, com potencial
Introdução
21
de agir sobre bactéria, vírus, esporos e fungos
14,60,84
. O baixo
custo, a rapidez e a simplicidade para processos de
desinfecção e esterilização
14,61
estimularam estudos em
diferentes segmentos, como, por exemplo, esterilização de
instrumentos e materiais odontológicos
22,60,61,73
; lentes de
contato
16
e outros materiais médicos
30,62
, além da
descontaminação de alimentos
10,17,38
e desinfecção de próteses
dentárias confeccionadas em resina acrílica
7,18,58,83
.
Nos fornos de microondas caseiros, cuja
freqüência normalmente é de 2.450MHz, as microondas são
produzidas pela conversão da energia elétrica em ondas
eletromagnéticas com aproximadamente 10 centímetros de
comprimento ao passar por um tubo de magnetron. A seguir,
essas microondas são canalizadas por um guia de ondas e
transferidas por toda a cavidade no interior do forno
81
, sendo
absorvidas, transmitidas ou refletidas pelo material sobre o
qual incidem
25,35,61
. Quando essas ondas eletromagnéticas são
absorvidas, há uma interação com as moléculas do material,
gerando calor. Esse aquecimento é promovido pela conversão
de energia e não por condução de calor
28
, sendo mais rápido e
eficiente do que o produzido pelos métodos convencionais de
esterilização
36,58
, podendo representar um método alternativo
de esterilização.
Introdução
2
2
Diante das limitações apontadas ao uso da
estufa, autoclave e substâncias químicas, com a queda de
alguns empecilhos relacionados ao uso do forno de
microondas, tais como o risco de danos ao magnetron por
objetos metálicos e a existência de pontos frios e quentes em
seu interior
60,61
e devido à escassez de trabalhos controlados
que avaliem a influência destes procedimentos sobre o
desempenho fresas carbide, julgou-se de interesse avaliar se a
eficiência de corte deste tipo de fresa pode ser alterada em
função do método de esterilização utilizado.
2 Revisão da literatura
2.1 Controle de infecção
Medeiros et al.
47
(1990) realizaram uma
avaliação laboratorial da eficácia da esterilização e/ou
desinfecção de fresas de aço inoxidável. As fresas foram
contaminadas com culturas de Pseudomonas aureginosa ou
Bacillus subtilis e Clostridium sporogenes e submetidas aos
seguintes procedimentos: imersão em solução de formaldeído
1% (10 minutos, 30 minutos ou 1 hora), imersão em solução de
glutaraldeído 2% (10 minutos, 30 minutos ou 1 hora),
armazenamento em recipiente metálico hermeticamente
fechado contendo seis pastilhas de paraformaldeído (24 horas)
ou aplicação de calor seco (estufa a 160ºC durante 90
minutos). A seguir, os instrumentos foram inoculados em tubos
de ensaio contendo meio de cultura e mantidos a 37ºC, durante
96 horas, para avaliação da presença do crescimento dos
microrganismos por meio da análise de turvação do meio. Os
resultados obtidos indicaram a efetividade da esterilização das
fresas quando se utilizou a estufa, o paraformaldeído e a
imersão durante 10 horas em glutaraldeído 2% e formaldeído
1% e a presença de desinfecção após a imersão nessas
Revisão da literatura
24
substâncias durante períodos inferiores a 30 minutos. Segundo
os autores, desde que as orientações dos fabricantes sejam
corretamente seguidas, todos os métodos testados são
eficazes para a esterilização das fresas.
Hastreiter et al.
33
(1991) investigaram a
eficácia dos métodos de esterilização utilizados em
consultórios odontológicos. Quatrocentos e noventa e sete
cirurgiões-dentistas receberam indicadores biológicos contendo
Bacillus stearothermophilus e Bacillus subtilis, sendo
orientados a efetuarem a esterilização dos instrumentos da
mesma forma que a realizavam rotineiramente. Com relação
aos métodos de esterilização utilizados, em 43% dos
consultórios empregava-se a autoclave, em 47,5% o vapor
químico, em 36% a estufa e em 0,5% o óxido de etileno. Em
381 consultórios, uma esterilização eficaz era realizada, o que
foi demonstrado pela ausência de microrganismos após o
plaqueamento do material biológico presente nos indicadores.
Com relação à presença de microrganismos após a
esterilização, 43% das falhas ocorreram quando foi utilizado o
calor seco e apenas 16% quando da utilização da autoclave.
Diante das constatações obtidas, os autores afirmaram que os
operadores da esterilização são os maiores responsáveis pela
ineficácia desse tipo de procedimento.
Revisão da literatura
2
5
Miller
49
, em 1993, discutiu todas as etapas
exigidas para o controle de infecção em um consultório
odontológico e destacou a importância da limpeza de
instrumentos, equipamentos e superfícies, além de indicações
específicas para cada método de esterilização disponível e das
recomendações fornecidas pela American Dental Association e
pelo Centers for Diseases Control and Prevention para o
processamento e a esterilização de instrumentos e turbinas de
alta rotação.
Samaranayake
64
(1993) reforçou a
necessidade de o cirurgião-dentista estar atento às regras de
controle de infecção cruzada. Uma revisão prática que
disponibiliza regras universais de controle de infecção
referentes à rotina de avaliação do paciente, às barreiras para
proteção individual, à esterilização controlada dos
instrumentos, à desinfecção de equipamentos e superfícies e a
medidas apropriadas de descarte dos objetos perfurantes é
apresentada pelo autor, que enfatiza a obrigação do
profissional em manter o ambiente odontológico livre de
infecções potenciais.
Devido ao amplo uso da esterilização por meio
da autoclave, Savage e Walsh
66
, em 1995, relataram os
Revisão da literatura
2
6
principais aspectos referentes ao uso desse equipamento.
Segundo os autores, o vapor úmido sob pressão é classificado
como um método absoluto para a eliminação dos
microrganismos presente nos instrumentos em qualquer área
de assistência à saúde desde que procedimentos prévios à
esterilização, tais como a limpeza e o empacotamento dos
instrumentos, e revisões periódicas referentes ao correto
funcionamento da autoclave sejam efetuados.
Tate et al.
73
(1995) compararam a eficácia da
esterilização e da desinfecção em dois diferentes kits de
instrumentos para acabamento e polimento de compósitos,
utilizando substâncias químicas, autoclave, quimiclave e forno
de microondas. Sistemas da marca Enhance e Mide-Identoflex
foram utilizados clinicamente, coletados, levemente
esfregados, enxagüados em água destilada e submetidos a um
dos seguintes tratamentos experimentais: imersão em
glutaraldeído, iodofórmio ou composto fenólico, durante 18
horas, em temperatura ambiente; esterilização em autoclave,
durante 15 minutos, a 121ºC; esterilização em quimiclave
durante 30 minutos, a 132ºC e 28 psi; ou irradiação em forno
de microondas, durante 6 minutos, a 750 watts. Para a
irradiação, cada instrumento foi colocado em tubos com tampa
de rosca contendo 5 ml de água destilada, e posicionados
Revisão da literatura
2
7
dentro de um béquer contendo 100 ml de água destilada no
centro do forno de microondas. A análise microbiológica
(turvação do meio e plaqueamento) utilizada para averiguação
do crescimento de microrganismos aeróbios e anaeróbios
demonstrou que o uso do iodofórmio ou do composto fenólico
não promoveu sequer a desinfecção e que o emprego de
glutaraldeído, da irradiação, da autoclave e da quimiclave foi
efetivo para a esterilização dos instrumentos.
Em 1996, a American Dental Association
2
republicou orientações voltadas ao controle de infecção
cruzada, expondo aos cirurgiões-dentistas a necessidade de
procedimentos adequados de assepsia, tais como lavagem
correta das mãos e uso apropriado de barreiras, além de
enfatizar a importância da limpeza por meio da escovação ou
do uso de ultra-som previamente à esterilização dos
instrumentos.
Burkhart, Crawford
13
(1997) enfatizaram a
necessidade de limpeza dos instrumentos odontológicos
previamente à esterilização ao avaliarem a efetividade de
diferentes técnicas para a eliminação de resíduos. Utilizando
microscopia eletrônica, foram analisadas associações
referentes ao uso de ultra-som, imersão em água destilada e
Revisão da literatura
2
8
enxágüe dos instrumentos. Foi observado que a limpeza com
ultra-som é efetiva para a remoção dos resíduos, desde que a
solução de imersão seja trocada após cada uso, sendo o
enxágüe dos instrumentos extremamente importante. Segundo
os autores, novos trabalhos referentes a procedimentos que
visem à eliminação de resíduos deveriam ser realizados e
divulgados aos profissionais da área odontológica, que, na
maioria das vezes, não possuem qualquer tipo de treinamento
para a realização da limpeza e da esterilização.
Molinari
52
(1999) destacou os aspectos
positivos referentes ao controle de infecção cruzada no
ambiente odontológico. De acordo com o autor, a aplicação
rotineira de precauções, tais como corretos procedimentos de
assepsia, uso de luvas, máscaras, óculos de proteção e gorros,
disponibilidade da utilização de equipamentos automáticos para
a descontaminação e para a esterilização dos instrumentos,
pode ser considerada uma revolução no controle de infecção,
não havendo, no decorrer da história, um período no qual os
cirurgiões-dentistas e os pacientes estivessem tão protegidos
da possibilidade de infecções ocupacionais.
O conhecimento do cirurgião-dentista a
respeito da esterilização e da desinfecção do instrumental
Revisão da literatura
29
clínico foi avaliado por Zardetto et al.
87
em 1999. Cento e
quarenta e um profissionais, alunos ou docentes responderam
a um questionário que abordava temas relacionados à
desinfecção química prévia à esterilização,
desinfecção/esterilização de artigos semi-críticos, fresas e
peças de alta e de baixa rotação. Os resultados da avaliação
demonstraram que o conhecimento dos cirurgiões-dentistas é
falho em vários aspectos, sendo alarmante o fato de a
desinfecção e a esterilização dos instrumentos serem
realizadas de forma incorreta.
No Brasil, o Ministério da Saúde
12
publica
orientações a respeito do controle de infecção cruzada no
ambiente odontológico. No ano de 2000, esse órgão
governamental distribuiu um manual de condutas direcionado
aos cirurgiões-dentistas, no qual determinava as obrigações do
profissional para a correta realização dos procedimentos de
assepsia, desinfecção e esterilização de materiais e
instrumentos, evidenciando a condição atual do país em
relação à disseminação da Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida e demais doenças infecto-contagiosas.
Gordon et al.
29
(2001) analisaram os estudos
voltados à investigação do conhecimento e das atitudes dos
Revisão da literatura
30
membros da classe odontológica a respeito dos métodos de
controle de infecção. Apesar de os cirurgiões-dentistas
possuírem conhecimento sobre as doenças infecto-contagiosas
e relatarem seguir as normas recomendadas para assepsia,
desinfecção e esterilização, os autores destacaram a
necessidade de cursos sobre o assunto, a precariedade das
pesquisas na área e a ausência de controle dos órgãos
governamentais com relação ao cumprimento das normas
estabelecidas.
Um levantamento a respeito dos métodos de
controle de infecção cruzada utilizados pelos cirurgiões-
dentistas foi realizado por Machado, Kather
45
no ano de 2002.
Participaram voluntariamente do estudo 75 cirurgiões-dentistas
da cidade de Taubaté-SP, os quais responderam a um
questionário com assuntos relacionados aos métodos de
esterilização, desinfecção e barreiras técnicas de proteção
direta e indireta. Foi averiguado que a maioria dos profissionais
utiliza a estufa (45%), seguida da autoclave (23%) e de
substâncias químicas (16%) para a esterilização do
instrumental, sendo a utilização de luvas e de gorros,
respectivamente, os métodos de proteção direta mais e menos
usados. Os autores destacaram, com preocupação, o fato de as
barreiras de proteção indireta serem pouco utilizadas,
Revisão da literatura
31
principalmente no que se refere à desinfecção de moldes,
modelos e próteses. Por meio das respostas obtidas, esse
estudo demonstrou que, apesar da preocupação evidente dos
cirurgiões-dentistas com a contaminação, as barreiras de
proteção são ignoradas em razão de fatores econômicos e da
falta de costume.
Nesse mesmo ano, Miller
50
descreveu os
processos de esterilização e as recomendações referentes ao
armazenamento e à manutenção da esterilidade dos
instrumentos até o atendimento ao paciente. Segundo o autor,
os principais métodos utilizados para esterilização em
Odontologia são o vapor sob pressão (autoclave), o calor seco
(estufa) e o vapor químico insaturado (quimiclave). Para uma
esterilização eficiente, deve-se optar por embalagens
apropriadas e seguir as orientações concernentes à relação
tempo/temperatura de cada equipamento. A esterilização em
vapor sob pressão deixa as embalagens úmidas e, por esse
motivo, não devem ser removidas antes da completa secagem,
para evitar que rasguem ou que microrganismos sejam
transportados para dentro da embalagem úmida pela água.
Depois da esterilização, os instrumentos estéreis devem ser
estocados até o momento de seu uso em local seco e arejado.
Instrumentos não embalados devem ser usados imediatamente.
Revisão da literatura
3
2
Outro fator destacado refere-se à importância do
monitoramento da efetividade da esterilização, o qual deve ser
efetuado, periodicamente, por meio de testes com esporos ou
tintas termo-sensíveis posicionados no interior das
embalagens.
Considerando a importância das etapas
prévias à esterilização e a possibilidade de algumas delas
serem negligenciadas, Miller
51
(2002) descreveu e justificou a
seqüência de procedimentos indicados para uma esterilização
eficaz. De acordo com o autor, existem sete etapas que devem
ser realizadas corretamente: (1) imersão inicial dos
instrumentos por um período inferior a 3 horas (para evitar a
corrosão) em soluções desinfectantes, (2) limpeza realizada
pelo uso do ultra-som, soluções detergentes ou escovação
manual, a qual promove a remoção de resíduos que possam
proteger os microrganismos dos agentes esterilizantes; (3)
enxágüe; (4) secagem; (5) imersão em agentes anticorrosivos
(como por exemplo, o nitrato de sódio); (6) nova secagem pois,
caso os instrumentos fossem submetidos à esterilização
estando úmidos, a possibilidade de corrosão aumentaria e (7)
acondicionamento correto e específico de acordo com o método
de esterilização selecionado. Segundo o autor, a realização
Revisão da literatura
33
desses procedimentos é capaz de manter a segurança da
equipe odontológica e do paciente durante o tratamento.
No ano de 2004, Kohn et al.
40
publicaram a
revisão mais atual referente às normas para o controle de
infecções estabelecidas pelo Centers for Diseases Control and
Prevention e pela American Dental Association. Nesse artigo,
foram apresentadas discussões sobre várias diretrizes federais
e recomendações pertinentes à odontologia, indicando-se as
razões científicas para cada método, processo ou produto
recomendado. De acordo com os autores, a adoção das normas
publicadas resulta no fortalecimento da obtenção de uma
prática dental segura.
Whitworth et al.
85
(2004) avaliaram a
eficiência de seis técnicas de limpeza - escovação manual (sob
água e ao ar), uso de agentes enzimáticos (Gigasept e
Alkazyme) e uso de equipamentos desinfectantes (Medisafe
HSC-032 e Miele G 7830 TD) em fresas diamantadas, fresas de
aço carbono e fresas carbide. Para a comparação entre os
métodos de limpeza, as fresas estéreis foram contaminadas
com Streptococcus sanguis, Streptococcus sanguis + saliva
humana, Streptococcus sanguis + sangue ou com
Streptococcus sanguis + saliva humana + sangue, e em
Revisão da literatura
34
seguida, foram submetidas aos seus respectivos métodos de
limpeza e esterilizadas em autoclave (3,5 minutos a 134ºC). Os
autores realizaram a contagem das unidades formadoras de
colônia, identificando várias espécies potencialmente
patogênicas. O uso da autoclave sem a realização de limpeza
prévia não foi suficiente para a esterilização das fresas
diamantadas e de aço de carbono, tendo a escovação manual
em água mostrado-se mais eficaz que ao ar. Entre os métodos
comparados, equipamentos desinfectantes foram os mais
efetivos, sendo eleitos pelos autores como a escolha ideal para
uma limpeza pré-esterilização satisfatória.
2.2 Uso das Microondas para o controle de infecção
Diante do interesse cada vez maior dos
cientistas pelos princípios básicos da irradiação por
microondas e da variedade de estudos sobre esse tipo de
energia em diversas áreas, Goldlith
28
(1966) apresentou uma
revisão crítica a respeito dos mecanismos de funcionamento,
da evolução dos fornos e dos progressos obtidos com o uso
dessa fonte de energia. O autor listou as áreas em que
resultados promissores foram obtidos (processamento de
alimentos, destruição de vírus, desidratação de vegetais),
Revisão da literatura
3
5
destacando a possibilidade de uso dessa fonte de energia para
procedimentos de esterilização.
O mecanismo de ação letal sobre os
microrganismos irradiados por microondas foi analisado por
Vela, Wu
79
em 1979. Utilizando um aparelho que simulava um
forno de microondas e permitia uma regulagem da quantidade
de energia liberada (1,5 Kw), cepas de bactérias, fungos e
esporos no estado seco ou em ambiente aquoso (diferentes
quantidades de água) foram irradiadas pelas microondas (2.450
MHz) e tiveram sua temperatura aferida imediatamente após a
exposição, sendo submetidas ao plaqueamento para
determinação do número de unidades formadoras de colônias.
Por meio de comparações das taxas de inativação microbiana
com as diferentes quantidades de água e temperaturas
atingidas, foi demonstrado que, em meio aquoso, a temperatura
da amostra e a inativação das bactérias depende da quantidade
de radiação distribuída no interior do forno de microondas e,
também, que o aumento de temperatura da amostra depende
da quantidade de água presente no microrganismo. Todos os
microrganismos no estado seco falharam em absorver energia
suficiente para promover a inativação mesmo após longos
períodos de irradiação. Os autores concluíram que o efeito letal
Revisão da literatura
3
6
das microondas parece ser térmico e que, se existe um efeito
não-térmico, ele não é bactericida.
Hume, Makinson
35
(1978) examinaram a
efetividade da esterilização de instrumentos por meio da
irradiação por microondas e do uso de óleos lubrificantes
bactericidas. O uso do forno de microondas foi avaliado
mediante a análise da presença ou não de microrganismos
após a irradiação de tiras de papel contaminadas com Bacillus
stearothermophyllus, de peças de mão, fresas carbide, escovas
de profilaxia, escarificadores endodônticos e alicates
ortodônticos contaminados com Staphylococcus aureus ou
Herpes simplex. As tiras de papel e os instrumentos
contaminados por esporos foram irradiados por períodos de 1,
4, 8, 16 e 64 minutos, e aqueles contaminados por bactérias e
vírus foram submetidos a um, 3,5 e 12 minutos de exposição às
microondas. Além disso, óleos lubrificantes foram aplicados em
meios de cultura e incubados, por 24 horas, a 37ºC. Com
exceção da irradiação das peças de mão durante 12 minutos,
nenhuma inativação dos microrganismos foi obtida. Entre os
óleos lubrificantes, apenas o Kavo All-Air não apresentou efeito
bacteriostático. Por meio da metodologia aplicada, os autores
concluíram que o uso do forno de microondas doméstico não é
útil para a esterilização, havendo a possibilidade de a
Revisão da literatura
3
7
superfície metálica dos instrumentos proteger os
microrganismos das microondas, e enfatizaram que resultados
diferentes poderiam ser obtidos caso os instrumentos
irradiados estivessem em meio aquoso ao invés de estarem
secos.
No ano de 1985, Rohrer, Bulard
61
investigaram a possibilidade de uso da esterilização por
microondas nos consultórios dentários. Turbinas de alta
rotação, fresas carbide e diamantadas, instrumentos metálicos
manuais e próteses de resina acrílica foram contaminados com
diversas bactérias, fungos e vírus e submetidos à irradiação em
forno de microondas (720 watts) variando-se o período de
exposição (30 segundos, 1, 2, 3, 4, 6, 8, 10 e 15 minutos) com
a presença ou não de um dispositivo que permitia a rotação
tridimensional dos materiais irradiados. Devido à reflexão das
microondas promovida pelos objetos metálicos, durante a
execução dos procedimentos um béquer contendo 150 ml de
água foi mantido no interior do forno, o qual agiu como material
absorvente e protegeu o magnetron da formação de um arco de
energia. Após análise microbiológica, verificaram a inativação
de todos os microrganismos quando foi associado o uso do
dispositivo rotacional e um período de exposição igual a 15
minutos. Para os autores, o uso do forno de microondas,
Revisão da literatura
3
8
mediante a realização de pequenas adaptações, mostrou-se
simples, rápido e não-destrutivo e eficaz para a esterilização
em odontologia.
Em 1987, Jeng et al.
36
avaliaram a
possibilidade de desenvolvimento de um ciclo de esterilização
em baixa temperatura, por meio de irradiação por microondas
de esporos secos, e a possível existência de efeitos não-
térmicos responsáveis pela morte dos microrganismos.
Ampolas contaminadas com Bacillus subtilis foram irradiadas
em forno de microondas (4 kW) com potência controlada
automaticamente por um sistema computadorizado externo, ou
mantidas em um forno elétrico de calor seco com temperatura
controlada. Um par de ampolas foi exposto simultaneamente e,
com o uso de um sistema computadorizado, a potência das
microondas foi ajustada para que a ampola no interior do forno
de microondas aquecesse na mesma proporção que a ampola
no interior do forno convencional. Em seguida, o plaqueamento
dos microrganismos foi realizado, e os resultados foram
comparados em função do número de microrganismos viáveis.
As temperaturas alcançadas durante os experimentos foram
107ºC, 117ºC, 130ºC e 137ºC, havendo uma diferença menor
que 2ºC entre as duas fontes de calor, sendo verificado baixo
grau de letalidade com as temperaturas abaixo de 117ºC. Não
Revisão da literatura
39
houve diferença significante entre o aquecimento convencional
e por microondas na inativação dos esporos em todas as
temperaturas estudadas. Segundo os autores, efeitos não-
térmicos não são significantes no processo de esterilização a
seco por microondas.
Rosaspina et al.
62
(1994) compararam a
efetividade da irradiação por microondas em lâminas de bisturi
e placas de vidro com os métodos físicos de esterilização mais
empregados. Lâminas de bisturi de aço inoxidável e placas de
vidro contaminadas com Mycobacterium bovis foram irradiadas
em forno de microondas (600 watts, 2.450 MHz, durante 4
minutos), esterilizadas em estufa (140ºC durante 2 horas) ou
em autoclave (121ºC durante 20 minutos), sendo
posteriormente transferidas para meios de cultura, para análise
microbiológica e para análise em microscópio eletrônico de
varredura. Em nenhum dos métodos testados, com exceção de
um grupo controle, no qual se realizou apenas a contaminação,
foi observada a presença de crescimento microbiológico. Com
relação à análise microscópica, as alterações morfológicas dos
esporos submetidos à irradiação mostraram-se mais intensivas
e consistentes.
Revisão da literatura
40
A inativação de esporos de Clostridium
sporogenes após a irradiação por microondas foi avaliada por
Welt et al.
84
(1994). Três diferentes técnicas foram utilizadas
por esses pesquisadores. Na primeira técnica, um guia de
ondas projetado pelos autores foi utilizado para a irradiação de
suspensões contendo os microrganismos. Esse aparelho
possibilitava a aferição da temperatura das amostras por meio
de um fio de fibra óptica, sendo realizado, posteriormente, um
aquecimento convencional até as mesmas temperaturas
atingidas durante a irradiação para a comparação com um
grupo controle. A segunda e a terceira técnicas delineadas
visavam avaliar a inativação dos microrganismos após a
irradiação com alta potência sob temperaturas subletais
(abaixo de 40ºC). Assim, na segunda e terceira técnicas,
simultaneamente à irradiação, as suspensões eram esfriadas
continuamente pelo contato direto com uma serpentina de
cobre ou de policarbonato. Nenhuma diferença de inativação foi
obtida após a comparação entre a primeira técnica e o
aquecimento convencional. Durante a segunda técnica, tanto os
microrganismos irradiados como os não submetidos à
exposição às microondas foram inativados, o que, segundo os
autores, ocorreu em função da toxicidade dos íons de cobre.
Durante a terceira técnica, nenhuma inativação foi obtida. De
Revisão da literatura
41
acordo com os resultados obtidos, os autores concluíram que
os efeitos responsáveis pela inativação dos microrganismos
irradiados não podem ser distinguidos daqueles observados
durante o aquecimento convencional.
Em 1995, Polyzois et al.
58
avaliaram o efeito
de dois métodos de desinfecção (glutaraldeído e microondas)
sobre a estabilidade dimensional, a dureza, a resistência à
flexão e o módulo de elasticidade de uma resina acrílica
termopolimerizável. Foram confeccionados 60 corpos-de-prova
de resina acrílica Paladon, os quais foram submetidos à
desinfecção ao serem imersos em glutaraldeído 2% durante
uma (Grupo A
1
) ou 12 horas (Grupo A
2
) ou ao serem irradiados
em microondas a 500 watts por 3 minutos (Grupo B
1
) ou 15
minutos (Grupo B
2
). Como controle, 10 corpos-de-prova foram
imersos em água por uma ou 12 horas. As alterações lineares
foram avaliadas utilizando um paquímetro digital para aferição
das dimensões dos corpos-de-prova. A resistência à flexão e o
módulo de elasticidade foram obtidos com a realização de um
teste de resistência em três pontos, e a dureza superficial
mediante a leitura em microdurômetro com carga de 500g
durante 15 segundos. Todos os corpos-de-prova exibiram
alterações lineares de -0,005% a 0,03%, com menores valores
no Grupo B
1
. Os corpos-de-prova do Grupo A
1
tiveram a maior
Revisão da literatura
4
2
resistência à flexão, que variou entre 91,29 MPa e 100,63 MPa.
Nenhuma diferença estatisticamente significante foi verificada
entre os módulos de elasticidade dos diferentes grupos
experimentais. Os corpos-de-prova submetidos à desinfecção
em microondas durante 3 minutos exibiram a maior dureza
superficial. Os autores concluíram que todos os métodos
testados podem ser utilizados com segurança para desinfecção
de resinas acrílicas, sendo a irradiação por microondas uma
alternativa segura e vantajosa.
Atmaca et al.
4
(1996) investigaram o efeito da
irradiação por microondas sobre as características reprodutivas
de cepas bacterianas. Suspensões de 1 ml e de 5 ml de
Pseudomonas aeruginosa, Pseudomonas acidovorans,
Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermis foram
submetidas à irradiação por microondas durante períodos de 5,
6, 7, 8, 10, 12, 14, 16, 18, 20, 25 e 30 segundos,
com 2.450 MHz e 550 watts. Um grupo controle negativo foi
composto por suspensões não submetidas à irradiação.
Suspensões bacterianas submetidas ao aquecimento
convencional (16, 20, 25 e 30 segundos) formaram um grupo
controle positivo. Após o plaqueamento das suspensões,
realizaram a contagem das unidades formadoras de colônia e a
comparação entre os grupos experimentais. Os resultados
Revisão da literatura
43
indicaram que o efeito da irradiação foi diferente em relação ao
aquecimento convencional e que a quantidade de água
presente no meio influenciou a absorção da energia gerada
pelas microondas.
Fini, Breccia
25
(1999) revisaram o mecanismo
de ação das microondas em função das diferentes reações
químicas por elas proporcionadas. De acordo com os autores, a
ação desse tipo de onda sobre diferentes sistemas químicos
permanece em debate, não havendo um consenso a respeito de
seus efeitos térmicos, relacionados à transferência de calor
dos meios reagentes ou solventes, ou não-térmicos, que
estariam relacionados à absorção das microondas e a seus
efeitos sobre as moléculas. Entretanto, apesar de esses fatores
permanecerem obscuros, vantagens relacionadas ao
aquecimento rápido e à interação com diferentes materiais
motivam a utilização desse tipo de energia.
Em 2003, Banik et al.
5
realizaram uma revisão
de literatura com o intuito de investigar os bioefeitos das
microondas. De acordo com os autores, desde o século XVIII,
os cientistas estudam o mecanismo pelo qual as microondas
podem afetar organismos vivos. Apesar da comprovação da
eficiência do uso das microondas para esterilização, os fatores
Revisão da literatura
44
que levam à destruição dos microrganismos permanecem
incógnitos, havendo escassez de teorias relativas aos efeitos
biológicos desse tipo de onda. Sabe-se que a presença de
água é fundamental para a eliminação dos microrganismos, e
que, na sua ausência, períodos mais longos são necessários
para a destruição dos mesmos. De acordo com os autores, foi
comprovado recentemente que as microondas afetam o DNA
dos microrganismos, causando sua fragmentação ao romperem
as ligações covalentes.
A efetividade da esterilização de fresas
odontológicas por microondas também foi avaliada por Farias
22
no ano de 2003. Oitenta e uma fresas diamantadas foram
contaminadas com suspensões bacterianas mistas contendo
Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus
aureus, Streptococcus mutans, Lactobacillus acidophillus,
Actinomyces viscosus, Enterococcus faecalis e Bacillus subtilis
e submetidas a diferentes tratamentos: (1) limpeza com escova
de aço, acondicionamento em placas de Petri com 40 ml e
irradiação durante 1, 2 ou 3 minutos; (2) ausência de limpeza,
acondicionamento em folha de poliéster e embalagem para
esterilização em autoclave e irradiação durante 2, 4, 5, 6 ou 8
minutos ou (3) limpeza com escova de aço, acondicionamento
em folha de poliéster e embalagem para esterilização em
Revisão da literatura
4
5
autoclave e irradiação durante 2, 4, 5, 6 ou 8 minutos. Após a
irradiação, as fresas foram incubadas em meio de cultura
realizando-se análise microbiológica referente à presença ou
não de crescimento dos microrganismos, a qual revelou a
esterilização dos instrumentos quando irradiados a partir de 1
minuto para o tratamento 1, e após 6 minutos para o tratamento
3. De acordo com o autor, a irradiação em forno de microondas
pode ser um método simples, rápido e eficaz para a
esterilização de fresas.
O baixo custo e a rapidez da esterilização por
microondas incentivaram Celandroni et al.14 (2004) a
avaliarem o efeito da irradiação por microondas em esporos de
Bacillus subtilis. Com o objetivo de compararem a efetividade
de destruição e os efeitos causados nesses microrganismos, os
autores analisaram o número de unidades formadoras de
colônias, as alterações celulares (microscopia eletrônica de
varredura) e a quantidade de dipicolinato de cálcio após a
irradiação e o aquecimento convencional. Tubos de ensaio
contendo suspensões microbianas foram irradiados em um guia
de ondas desenvolvido pelos autores e que possibilitava o
controle de temperatura das amostras e a distribuição de
energia (750 watts e 2,45 GHz) durante 2, 4, 6, 10, 14 ou 20
minutos ou mantidos em água fervente durante esses mesmos
Revisão da literatura
4
6
períodos (aquecimento convencional). Os resultados foram
comparados com os de um grupo controle, no qual não foi
realizado nenhum dos tratamentos descritos. Após a irradiação,
o número de unidades formadoras de colônia foi semelhante
àquele registrado nos mesmos períodos de aquecimento
convencional, ocorrendo a inativação dos microrganismos após
o período de 20 minutos. Com relação à quantidade de
dipicolinato de cálcio, observaram 78,8% de liberação após o
aquecimento convencional e apenas 42,8% após a irradiação.
Microscopicamente, os córtices celulares dos esporos
submetidos ao aquecimento convencional mostraram-se 10
vezes mais largos enquanto os dos irradiados não
apresentaram alterações. Com os resultados obtidos, os
autores afirmaram que a inativação dos microrganismos após a
irradiação foi tão efetiva quanto após o aquecimento
convencional, induzindo, porém, alterações estruturais e
moleculares que diferem das propiciadas apenas pelo aumento
de temperatura.
Revisão da literatura
4
7
2.3 Alterações e desempenho dos instrumentos cortantes
rotatórios
O estudo do desempenho de instrumentos
cortantes rotatórios teve início no ano de 1955, quando Henry,
Peyton
34
compararam a relação existente entre o design, a
eficiência de corte e a durabilidade de fresas de aço e fresas
carbide nº 557 e nº 37 fornecidas por diferentes fabricantes. O
design das fresas foi analisado em microscópio eletrônico de
varredura, sendo observados os seguintes aspetos: número de
lâminas de corte, ângulo formado entre as lâminas, ângulo
formado entre as lâminas de corte e o material a ser
desgastado (substrato) e ângulo formado entre as lâminas e o
centro de rotação da fresa. Para a avaliação das outras duas
propriedades, as fresas foram utilizadas para o desgaste de
diferentes materiais (plástico sintético - eficiência de corte e
bronze - durabilidade) sob força constante (500g), sendo a
mensuração de ambas determinada pela relação entre a
variação de peso (antes e após os desgastes - análise
gravimétrica) e o tempo de uso da fresa. Os resultados
referentes ao design das fresas indicaram grandes variações
em função do tipo (carbide ou aço comum), da marca comercial
e até mesmo entre as fresas do mesmo tipo e do mesmo
fabricante. Com relação à eficiência e à durabilidade,
Revisão da literatura
4
8
verificaram que os instrumentos com ângulo negativo entre as
lâminas e o centro de rotação da fresa apresentaram menor
poder de corte, porém maior durabilidade. De acordo com os
autores, o design das fresas, apesar de não ser o único fator,
pode exercer influência sobre a eficiência de corte e a
durabilidade dos instrumentos, sendo necessária a realização
de mais estudos nessa área.
Hartley et al.
32
(1957) pesquisaram o
desempenho dos instrumentos cortantes rotatórios ao
investigarem comparativamente a eficiência de corte de fresas
diamantadas em função do substrato de desgaste (lâminas de
vidro, Pyrex e esmalte dental) e da velocidade de rotação da
turbina de alta rotação (3.000 r.p.m, 5.000 r.p.m., 10.000 r.p.m.
ou 15.000 r.p.m.). O substrato e as fresas/turbina de alta
rotação foram posicionados em um aparelho que realizava a
movimentação do substrato em direção à fresa possibilitando a
realização de desgastes contínuos sob força controlada.
Diferentes tempos de desgaste e forças foram empregados
para cada substrato: 25 minutos/400g para as lâminas de vidro
e Pyrex e 20 minutos/200g para o esmalte dental. Para a
quantificação da eficiência de corte, o substrato era levado a
uma balança de precisão antes e após cada 1 minuto de
desgaste, sendo determinada uma relação entre a variação de
Revisão da literatura
49
peso (análise gravimétrica) o tempo de uso da fresa. Os
resultados obtidos indicaram que, independentemente da
velocidade de rotação utilizada, a eficiência de corte das fresas
não diminuiu quando foi realizado o desgaste do esmalte
dental, porém foi anulada após 15 minutos de desgaste em
Pyrex. Todas as fresas fraturaram após 5 minutos de uso em
lâminas de vidro. Uma relação proporcional entre o aumento da
velocidade de rotação e o aumento da quantidade de desgaste
foi verificada. Nenhuma correlação entre o uso do dente e o
uso do vidro foi determinada. Segundo os autores, apesar de o
vidro acelerar a deterioração das fresas, não reproduzindo
condições clínicas, seu uso como substrato de desgaste pode
ser interessante por apresentar a mesma dureza em toda a
superfície.
Em 1969, Berman
8
descreveu os fatores que
influenciam a eficiência de corte dos instrumentos rotatórios:
número de rotações por minuto, torque, sistema de presa da
fresa à turbina de alta rotação ou ao contra-ângulo, resistência
friccional, tipo de fresa e limpeza do instrumento. Nesse
estudo, o autor disponibilizou um método para aumentar a
eficiência do instrumento no intuito de remover um volume
máximo de tecido dentário com a menor quantidade de força
utilizada e no menor tempo clínico possível em função de cada
Revisão da literatura
50
um dos fatores discutidos, enfatizando a necessidade de
padronização das fresas pelos fabricantes.
Eames, Nale
21
, em 1973, estudaram a eficácia
dos instrumentos cortantes rotatórios ao compararem a
eficiência de corte e a durabilidade de fresas carbide nº 557 e
nº 57 de nove fabricantes diferentes. Os autores
desenvolveram um equipamento específico para a realização
de desgastes, o qual possibilitava a manutenção em 150g da
força de corte exercida pela fresa sobre o substrato (molar
humano recém-extraído ou lâmina de vidro). Os desgastes
foram realizados de maneira intermitente, com intervalos de 0,5
segundos, a 300.00 r.p.m., 30 libras de pressão do ar e
refrigeração com água. A eficiência de corte da fresa foi
determinada pelo tempo gasto para a confecção de uma
canaleta com 2mm de profundidade, e sua durabilidade pela
quantidade de desgaste em milímetros realizada até o momento
em que a fresa não cortasse mais o substrato. No vidro, as
fresas nº 557 mostraram maior eficiência de corte e
durabilidade, sendo as das marcas Densco e Premier aquelas
com melhor performance. Entre as fresas nº 57, as fabricadas
pela Premier e S.S. White forneceram melhores resultados,
sendo mais eficientes e duráveis ao desgastarem dente
Revisão da literatura
51
humano. Os autores concluíram que existe uma grande
variação na qualidade das fresas carbide.
Nesse mesmo ano, Reisbick, Bunshah
59
investigaram a durabilidade e o padrão de desgaste causado
em fresas carbide de diferentes configurações (nº 4, nº 34 e nº
700) e fabricantes. Cada instrumento foi utilizado para o corte
de espessuras predeterminadas de blocos de aço num total de
dez vezes (10 ciclos de uso), sendo fotografado em
microscópio eletrônico de varredura antes e após cada ciclo.
Para controlar a força de corte exercida pela fresa (113
gramas), os autores desenvolveram um equipamento específico
que também possibilitou o registro do número de rotações
realizadas pelas fresas e o tempo gasto para o desgaste do
aço durante cada ciclo (variável utilizada para comparar a
eficiência de corte/durabilidade da fresa). Apesar de serem
observadas diferenças significantes em função da marca
comercial e do design das fresas, os autores verificaram que os
instrumentos testados apresentaram diminuição da eficiência
de corte à qual foi associada a fratura do material de confecção
e ao arredondamento das lâminas de corte devido à presença
de deformações plásticas.
Revisão da literatura
5
2
As alterações morfológicas presentes em
fresas carbide após sua esterilização e desinfecção foram tema
de um estudo realizado por McLundie
46
em 1974. As fresas
foram submetidas a 30 ciclos de esterilização em estufa
(160ºC/1 hora ou 180ºC/30 minutos) ou autoclave (134ºC/34
minutos ou 134ºC/20 minutos) ou desinfectadas pela imersão
em água fervente (30 minutos) ou imersão durante períodos de
24 horas, 10 dias e 5 semanas em diferentes substâncias
(álcool isopropílico, nitrato de sódio, formalina, solução
alcoólica de clorexidina, brometo de amônia, álcool etílico,
solução de Milton e peróxido de hidrogênio 1%). Todas as
fresas foram fotografadas em microscópio eletrônico de
varredura, tendo suas características comparadas em função
dos diferentes tratamentos realizados e entre dois grupos
controle - em um deles, as fresas não recebiam nenhum
procedimento e, no outro, era realizado o armazenamento a
vácuo das fresas para eliminação de qualquer dúvida sobre a
possibilidade de ocorrer oxidação pelo ar. Adicionalmente, foi
realizada a análise de espectrometria das substâncias químicas
para determinar a quantidade de cobalto removida das fresas
após a desinfecção. O emprego da estufa propiciou pequenas
alterações nas lâminas de corte da fresas, e aquelas
esterilizadas em autoclave apresentaram pequena deterioração
Revisão da literatura
53
diferentemente das fresas imersas em soluções desinfectantes,
que apresentaram diferentes níveis de corrosão e oxidação
com perdas variáveis da quantidade de cobalto. Diante das
evidências obtidas, os autores desaconselharam o uso de
substâncias químicas e revelaram a necessidade de estudos
que avaliem o efeito dos diferentes métodos de esterilização
sobre as propriedades mecânicas das fresas carbide.
No ano de 1975, a American Dental
Association
1
revisou a Especificação nº 23 para fresas de aço e
fresas carbide. Nessa publicação, foram incluídas as
exigências referentes às dimensões e aos limites de
concentricidade para a fabricação das fresas e também
determinações para a realização de testes que avaliem a
durabilidade, a eficiência de corte e a resistência de união
ponta ativa/haste desses tipos de fresas.
Lloyd et al.
42
(1978) realizaram testes
referentes à influência de diversos métodos de refrigeração
sobre a eficiência de corte de fresas e sobre a capacidade de
controle da temperatura da estrutura dental desgastada. Foram
feitas comparações entre quatro técnicas de refrigeração: ar
constante, spray ar-água, jato de água, jato de água aplicado
diretamente no centro da fresa. Utilizando um equipamento
Revisão da literatura
54
desenvolvido por eles e que possibilitava a manutenção da
força de desgaste controlada em 70g, os autores desgastaram
segundos e terceiros molares com fresas carbide nº558
acopladas em turbinas de alta rotação (pressão de ar de 30
psi) durante 15 a 20 segundos, quando realizavam refrigeração
sem água, ou durante 6 a 10 segundos, quando a água era
utilizada. A eficiência de corte foi analisada pela relação entre
o tempo utilizado para o desgaste e a variação de peso (antes
e após o desgaste) dos dentes (análise gravimétrica), e as
alterações de temperatura foram mensuradas por um
termômetro acoplado ao equipamento. Pelos resultados
obtidos, os autores verificaram que a refrigeração com água foi
responsável pelas menores variações de temperatura, além de
favorecer a manutenção da eficiência de corte das fresas.
Pines, Schulman
56
(1979) realizaram uma
pesquisa in vivo com o intuito de caracterizar o desempenho de
fresas carbide utilizadas no desgaste de materiais
restauradores e de tecidos dentários. Trinta e nove fresas
foram utilizadas no desgaste de esmalte dentário durante o
preparo de restaurações classe I e II em molares e pré-
molares, para procedimentos de corte em amálgama ou em
resina composta. Para o controle dos procedimentos, um único
operador realizou os desgastes utilizando a mesma turbina de
Revisão da literatura
5
5
alta rotação com pressão de 30psi e refrigeração por spray de
água. Duas variáveis foram comparadas: a percepção do
operador em relação à perda de corte da fresa e a presença de
alterações nas lâminas de corte, julgada pela análise em
microscopia eletrônica de varredura. Todas as fresas
apresentaram arredondamento das lâminas de corte, porém foi
atribuído um pior desempenho para aquelas utilizadas em
resina composta devido à maior adesão do material, que se
funde e se mantêm entre as lâminas de corte. De acordo com
os autores, os fabricantes devem confeccionar fresas com
design específico de acordo com suas indicações e com o
material a ser desgastado.
Luebke et al.
44
(1980) conduziram uma
pesquisa sobre a eficiência de corte de fresas carbide com o
intuito de determinarem o tempo médio de uso desses
instrumentos. Trinta fresas fornecidas por diferentes
fabricantes (Kerr, S.S. White e Densco) foram utilizadas para o
desgaste de molares humanos recém-extraídos no tempo total
de 30 minutos, sendo avaliadas tanto quantitativa, pela
diferença de peso antes e após os desgastes (análise
gravimétrica), como qualitativamente, ao serem fotografadas
em microscópio eletrônico de varredura. Foram realizados 30
desgastes na região do sulco central dos molares, com duração
Revisão da literatura
5
6
de 1 minuto cada, utilizando turbina de alta rotação com
240.000 r.p.m. e força de corte igual a 70g. Os resultados
obtidos indicaram que a eficiência de corte diminuiu em função
do tempo de uso, havendo diferenças significantes entre as
diferentes marcas comerciais, porém a análise microscópica
das fresas não revelou a presença de deterioração das lâminas
de corte.
As alterações morfológicas presentes nas
fresas carbide após o uso foram apresentadas por Fichman et
al.
24
em 1981. Trinta fresas carbide de dez diferentes formas e
características foram utilizadas no desgaste de estrutura dental
e de amálgama por um período de 1 ou de 5 minutos. Após o
desgaste, as fresas foram limpas em ultra-som e avaliadas em
microscópio eletrônico de varredura. Foi observado que as
fresas com pontas ativas de tamanho reduzido (esféricas nº 2 e
tronco-cônicas invertidas nº 35) apresentaram alterações
visíveis tanto na ponta quanto na lâmina devido à concentração
de forças, diferentemente das fresas de dimensões maiores
(cilíndricas lisas nº 56; tronco-cônicas nº 701), nas quais foram
visíveis somente pequenas alterações. De acordo com os
autores, mesmo as fresas novas fotografadas apenas para
comparações possuíam aspecto poroso e irregularidades
inerentes ao processo de fabricação, sendo as alterações
Revisão da literatura
5
7
notadas após 5 minutos de uso, insignificantes no que diz
respeito à perda de corte e inutilização da fresa.
Nesse mesmo ano, Vaz et al.
78
avaliaram a
eficiência de corte de instrumentos rotatórios diamantados
utilizando diferentes substratos (dente e vidro). Fresas de três
marcas comerciais, duas importadas e uma nacional, foram
utilizadas para a realização de desgastes sob força controlada
(50g). Para a comparação entre as marcas comerciais e em
função dos diferentes substratos, a eficiência de corte foi
determinada pelo método de “perda de massa” (análise
gravimétrica) efetuando-se, portanto, a aferição de massa dos
substratos antes e após períodos predeterminados de
desgaste. Os resultados demonstraram que as perdas da
eficiência de corte foram diferentes entre as marcas
comerciais, não sendo, porém, verificada diferença entre as
velocidades de perda da eficiência para o desgaste de dente ou
de vidro.
King et al.
39
, em 1982, avaliaram a eficiência
de corte de fresas carbide visando aperfeiçoar procedimentos
de desgaste em resinas compostas. Os volumes de resina
desgastados pelas fresas durante a realização de dois corte
lineares (fator empregado para determinação da eficiência de
Revisão da literatura
5
8
corte) foram comparados em relação ao tipo de refrigeração
utilizado (ar ou spray ar/água) e à manutenção constante da
força (110 g) ou da velocidade de desgaste (0,21 mm/seg).
Após análise dos resultados, verificaram uma eficiência de
corte superior e prolongada quando foi utilizada refrigeração
apenas por ar, independentemente da manutenção da força ou
da velocidade de corte. Entretanto, os autores ressaltaram o
risco de aquecimento dental pela refrigeração apenas por ar,
sugerindo a realização de movimentos intermitentes e com
força suave como forma de minimizar esse risco.
Para otimizar o uso dos instrumentos
cortantes rotatórios e predizer a vida útil dos mesmos, em
1985, Fontana et al.
26
avaliaram comparativamente a eficiência
de corte de fresas carbide e diamantadas em função do tempo
de uso. Seis fresas carbide nº 57 (Maillefer e S.S.White) e seis
fresas diamantadas (K.G. Sorensen e Intensiv) foram usadas
para o desgaste de esmalte dental humano, num tempo total de
34 minutos, mediante a realização de cortes intermitentes com
força controlada (100-150g) em um aparelho desenvolvido
pelos autores. Para a quantificação da eficiência de corte, os
autores utilizaram o método de perda de massa (análise
gravimétrica), realizando antes e após cada 20 segundos de
desgaste a aferição da massa do esmalte dental. Os resultados
Revisão da literatura
59
indicaram diferença na eficiência de corte entre os diferentes
instrumentos rotatórios, sendo as fresas diamantadas mais
eficientes do que as fresas carbide devido ao design e ao
mecanismo de ação durante o uso. Nenhuma diminuição da
eficiência de corte, independentemente do tipo de fresa
utilizada, foi averiguada após 32 minutos.
As alterações da eficiência de corte de fresas
carbide previamente tratadas com substâncias anticorrosivas e
esterilizadas em autoclave foram pesquisadas por Johnson et
al.
37
em 1987. Quarenta e duas fresas carbide nº57 foram
imersas em uma das quatro substâncias anticorrosivas
testadas, esterilizadas e utilizadas para o desgaste de blocos
de hidroxiapatita. A comparação da eficiência de corte das
fresas foi efetuada mediante a mensuração do tempo gasto por
cada uma delas para desgastar 5mm de hidroxiapatita
utilizando procedimentos de corte no sentido horizontal e com
força constante igual a 10g. Os resultados obtidos indicaram
uma redução de aproximadamente 64% do desempenho das
fresas quando apenas a esterilização era realizada. A
utilização das substâncias anticorrosivas revelou menores
taxas de diminuição da eficiência de corte, sendo a solução de
nitrato de sódio 2% indicada pelos autores em função da
relação custo-benefício.
Revisão da literatura
60
Bapna, Mueller
6
(1988) determinaram o
potencial de corrosão eletroquímico de fresas de aço carbide e
fresas de aço inoxidável causado pela utilização de
substâncias desinfectantes e esterilizantes ao realizarem uma
análise de polarização anódica e por microscopia eletrônica de
varredura. As fresas foram divididas em grupos experimentais
de acordo com a marca comercial (Kerr no. 363 ou Brasseler
no. 172) e com a substância utilizada (Sporicidin, Sterall,
Glutarex, Omni II e Omnicide), permanecendo imersas em suas
respectivas soluções de acordo com as recomendações dos
fabricantes. Com o uso de um potenciômetro, no período em
que as fresas permaneciam imersas, registravam a ocorrência
de trocas iônicas nas superfícies das fresas, e, em seguida,
uma análise visual quantitativa em microscópio eletrônico. As
substâncias avaliadas promoveram o desenvolvimento do
processo corrosivo em todos os instrumentos rotatórios
utilizados, sendo a interface de união ponta ativa/haste das
fresas carbide, a região de predominância da corrosão em
função da formação de uma ligação galvânica macroscópica
entre as diferentes partes das fresas.
Patterson, McLundie
54
(1988) avaliaram o
efeito da limpeza com ultra-som e da esterilização em
autoclave sobre as alterações morfológicas de fresas carbide,
Revisão da literatura
61
do tipo FG, de duas marcas comerciais (Grupo A- Dentisply e
Grupo B- Jet Brand). De acordo com o tratamento realizado, as
fresas foram divididas em três subgrupos: limpeza em ultra-
som (solução de ácido fosfórico 5% durante 5 minutos),
esterilização em autoclave (134
0
C durante 3-5 minutos a 32
psi) e limpeza em ultra-som + esterilização em autoclave,
sendo realizado um total de 40 ciclos em cada um deles. As
alterações foram avaliadas após o 1º e 40º ciclos utilizando
microscopia eletrônica de varredura. As fresas do Grupo A
mostraram apenas um ligeiro escurecimento após os 40 ciclos,
independentemente do tratamento realizado. Já as fresas do
Grupo B apresentaram sinais de corrosão visíveis a olho nu
logo após o primeiro ciclo nos subgrupos que utilizavam o
ultra-som. Tais alterações foram confirmadas ao verificarem,
por meio do microscópio eletrônico de varredura, o
comprometimento seletivo na área de interface ponta
ativa/haste de aço. De acordo com os autores, a diferença
significante entre os comportamentos das fresas dessas duas
marcas comerciais pode ser atribuída ao material de
composição, que deve ser melhor investigado. Os autores
concluíram que, independentemente dos resultados obtidos, os
instrumentos cortantes rotatórios devem ser submetidos à
limpeza e à esterilização obrigatoriamente e que, para
Revisão da literatura
6
2
minimizar os danos potenciais pode-se restringir a utilização de
soluções ácidas para imersão em ultra-som.
Visando avaliar o efeito de diferentes métodos
de esterilização sobre os instrumentos rotatórios, Cooley et
al.
15
(1990) determinaram a resistência à fratura e a eficiência
de corte de fresas indicadas para o preparo de pinos
dentinários. Tais instrumentos foram submetidos a quatro
métodos de esterilização: quimiclave (20 minutos, 20psi e
270ºF), autoclave (2º minutos, 15psi e 250ºF), estufa (1 hora a
123ºC), ou glutaraldeído 2% (10 horas, temperatura ambiente),
num total de dez ciclos, sendo comparadas as alterações
morfológicas (microscopia eletrônica), a eficiência de corte
(tempo gasto para a realização do preparo para um pino
intradentinário antes e após a esterilização) e a resistência à
fratura da região de união ponta ativa/haste metálica. As fresas
submetidas à esterilização em autoclave foram as que
apresentaram maiores alterações morfológicas, com
deterioração das lâminas de corte, e também o pior
desempenho durante o uso. Com relação à resistência à
fratura, nenhum método de esterilização afetou tal propriedade
de maneira significante. Diante dos resultados obtidos, os
autores sugeriram que a diminuição da eficiência de corte das
Revisão da literatura
63
fresas levadas à autoclave estava relacionada ao acúmulo de
resíduos e à corrosão das mesmas.
Visando predizer o desempenho clínico das
fresas carbide, Wilweding, Aiello
86
(1990) compararam a
eficiência de corte de fresas de diferentes fabricantes após o
uso em blocos de cerâmica Macor. Trezentas e trinta fresas de
seis diferentes fabricantes foram empregadas para o desgaste
da cerâmica num período de 5 minutos cada. Todo o
experimento foi realizado utilizando a mesma turbina de alta
rotação, que era lubrificada antes do início de cada desgaste,
havendo um controle da pressão de ar (34 psi) e da força
aplicada sobre a cerâmica (40g). A eficiência de corte das
fresas foi calculada em função da profundidade do corte e do
tempo utilizado para o desgaste (mm/min). Entre as seis
marcas comerciais avaliadas, uma apresentou eficiência de
corte extremamente superior, sendo observada alta variação
entre o desempenho dos instrumentos, mesmo quando eram
manufaturados pelo mesmo fabricante. De acordo com os
autores, a eficiência de corte foi diminuída de maneira
gradativa no decorrer do uso, e mais estudos na área deveriam
ser realizados.
Revisão da literatura
64
Com o objetivo de avaliar a deterioração de
fresas utilizadas para o desgaste de cerâmicas odontológicas,
Tanaka et al.
71
(1991) analisaram as alterações morfológicas, a
eficiência de corte e a velocidade de fresas carbide durante
procedimentos de desgaste em oito tipos de cerâmica e em
dentina bovina. As fresas efetuaram quatro ciclos de desgaste
com duração de 5 segundos em um dos substratos, variando a
força aplicada em 80, 60, 40 ou 20 gramas. Para a comparação
da eficiência de corte, o volume de substrato desgastado
(massa de um molde da região dividida pela densidade do
material de moldagem) foi calculado. A velocidade de rotação
das fresas foi fornecida por um sensor posicionado na cabeça
de turbina de alta rotação, que estava conectado a um contador
eletrônico que registrava os valores a cada 0,1 segundos. As
alterações morfológicas foram analisadas em microscópio
eletrônico de varredura. De acordo com os resultados,
observou-se que maiores pressões de corte induziram maior
diminuição na velocidade de rotação e um aumento na
eficiência de corte, sendo essa tendência diferente em função
da dureza do substrato desgastado. Quando dentina bovina ou
cerâmicas à base de mica foram desgastadas, a velocidade de
corte mostrou-se moderadamente reduzida, a eficiência de
corte permaneceu alta e a deterioração da fresa foi pequena,
Revisão da literatura
6
5
efeitos opostos aos verificados durante o desgaste das
cerâmicas à base de alumina e silício. De acordo com os
autores, o uso de dentes bovinos em testes que avaliam a
durabilidade e a eficiência de fresas carbide deve ser
interpretado com cautela devido às diferenças de dureza,
sendo sua substituição por cerâmicas à base de mica uma das
possibilidades disponíveis.
A indução de corrosão nos instrumentos
cortantes rotatórios por causa do uso de substâncias químicas
motivou Lopes et al.
43
(1992) a investigarem o efeito da
imersão em hipoclorito de sódio sobre as fresas de aço
inoxidável do tipo Gates-Glidden. Fresas de diferentes
fabricantes foram imersas durante 5, 10, 20 ou 30 minutos em
solução de hipoclorito de sódio com concentrações de 4% a 6%
e avaliadas de maneira quantitativa ao terem seu peso
mensurado em balança de precisão e também qualitativamente
mediante análise em microscópio eletrônico de varredura. Os
resultados obtidos indicaram que a resistência à corrosão das
fresas Gates Glidden, quando imersas em solução de
hipoclorito de sódio, variou de acordo com a marca comercial
uma vez que a presença ou não de corrosão está relacionada à
composição química, à microestrutura, ao acabamento
superficial e à natureza da solução utilizada.
Revisão da literatura
6
6
O efeito da esterilização por microondas sobre
fresas odontológicas foi tema de um estudo realizado por
Rizzo
60
em 1993. Diversas fresas diamantadas tiveram suas
características morfológicas avaliadas pela análise em
estereomicroscópios (aumento de 40 vezes) antes e após 3
minutos de irradiação em forno de microondas num total de 15
vezes. A avaliação microscópica das fresas não revelou a
presença de alterações referentes ao brilho e à suavidade da
superfície de aço, à integridade ou à perda da cromatura
interposta entre os diamantes, além de à resistência ao
deslocamento dos cristais, fatores que poderiam interferir na
eficiência de corte do instrumento. Para o autor, esse método
de esterilização, no que diz respeito à manutenção da
qualidade do instrumento, pode ser empregado como método
alternativo para fresas diamantadas.
Com o objetivo de avaliar os danos causados
nos instrumentos de corte após a esterilização/desinfecção,
Araújo, Fantinato
3
(1994) estudaram o efeito da utilização da
estufa e de substâncias antimicrobianas sobre as
características morfológicas de fresas diamantadas. Simulando
um preparo de classe II, 30 fresas KG Sorensen nº 1093 foram
utilizadas para o desgaste de dentes humanos durante
períodos controlados. Após o uso, as fresas foram avaliadas
Revisão da literatura
6
7
em lupa estereoscópica, num aumento de 25X, e submetidas
aos seus respectivos métodos de esterilização ou desinfecção:
ação da estufa a 137ºC por uma hora, imersão em Calbenium
por 30 minutos, imersão em Cidex por 10 horas ou imersão em
Glutassept por 6 horas, e novamente avaliadas na lupa.
Escores de 10 a 0, sendo a nota máxima atribuída às fresas
com menores alterações, foram utilizados para a comparação
entre os grupos experimentais. Os autores verificaram que
nenhum dos processos de esterilização ou desinfecção
utilizados promoveu alterações nas fresas testadas, sendo os
danos observados, relacionados ao uso da fresa.
Ohmoto et al.
53
(1994), realizaram um estudo
para avaliar as características de diferentes técnicas de
desgaste de estrutura dental quanto à direção do desgaste, à
velocidade de rotação da fresa e à força aplicada,
relacionando-as com a eficiência de corte de fresas carbide.
Dentina bovina foi desgastada por fresas carbide acopladas a
uma turbina de alta rotação, sendo monitoradas,
simultaneamente, a velocidade de rotação da fresa e a força
aplicada pela turbina. Quatro técnicas foram avaliadas: corte
contínuo vertical (fresa perpendicular ao dente) ou horizontal
(fresa paralela ao dente) durante 5 segundos e corte
intermitente durante 10 segundos, vertical ou horizontal. A
Revisão da literatura
6
8
eficiência de corte da fresa foi avaliada de maneira indireta
pelo volume de corte (peso do molde da região desgastada
dividido pela densidade do material de moldagem) dividido pelo
tempo total de contato da fresa com a estrutura dental. Os
resultados mostraram uma relação inversamente proporcional
entre a velocidade da fresa e a força de corte, sendo esta
última maior durante a realização do corte vertical
(independente de ser contínuo ou intermitente), provavelmente
devido a uma concentração de esforços na extremidade da
mesma. Já a eficiência de corte mostrou-se superior durante o
corte horizontal intermitente. Os autores concluíram que o
corte intermitente deve ser selecionado devido a maior
eficiência na remoção de estrutura dental uma vez que permitir
que o spray de água permaneça em contato com a fresa
promovendo a remoção imediata de resíduos de corte.
Em uma revisão de literatura realizada no ano
de 1995 e referente à análise da eficiência de corte de
instrumentos cortantes rotatórios, Dyson, Darvell
20
destacaram
que diferentes metodologias têm sido aplicadas e que métodos
apropriados de avaliação, tanto da caneta de alta rotação como
de fresas, são necessários para pesquisas. Durante a análise
dos artigos, os autores verificaram que características
relacionadas ao operador, à caneta de alta/baixa rotação, ao
Revisão da literatura
69
instrumento rotatório, à refrigeração utilizada e ao substrato
desgastado influenciam o comportamento de corte,
comprometendo a relevância clínica dos estudos. Observaram
ainda, que muitas pesquisas possuem defeitos severos ao
utilizarem metodologias sob condições arbitrárias, o que pode
ser um reflexo da ausência de padrões definidos por comitês
internacionais de pesquisas. Materiais homogêneos com
relevância identificável para substituição do esmalte e da
dentina, maiores informações sobre o ciclo de uso clínico e sua
influência sobre o comportamento de corte, um melhor
entendimento sobre o impacto da velocidade e da força na
caneta utilizada bem como dos líquidos refrigerantes são,
segundo os autores, fatores que necessitam ser definidos para
que progressos significantes sejam obtidos no desenvolvimento
de um protocolo para avaliação do corte de instrumentos
rotatórios.
O pequeno número de estudos que avaliam a
velocidade de rotação de fresas e a força de corte exercida na
turbina de alta rotação, fatores que podem influenciar a
condição pós-operatória, motivou Liao et al.
41
(1995) a
analisarem a eficiência de corte de fresas diamantadas
mediante a mensuração da velocidade de rotação e da força
aplicada pelo cirurgião-dentista durante a realização de
Revisão da literatura
70
desgastes em esmalte e dentina de incisivos bovinos.
Inicialmente, os dentes foram embutidos em blocos de resina
acrílica, posicionando-se o longo eixo paralelamente ao solo,
para, em seguida, serem acoplados em um equipamento
composto por sensores de carga e por um sensor magnético
fixo na turbina de alta rotação (para o registro da velocidade de
rotação). Três técnicas de corte foram utilizadas – desgaste
contínuo com força moderada (DCFM), desgaste intermitente
com força moderada (DIFM) e desgaste intermitente com força
suave (DIFS) – tanto na direção horizontal como vertical, num
total de 10 segundos cada. Os valores de eficiência de corte
foram obtidos com a divisão do volume de estrutura dental
desgastada (peso do molde da região desgastada dividido pela
densidade do material de moldagem utilizado) pelo tempo real
total de corte (contato da fresa com o dente durante o
desgaste). Verificaram que, quando realizado o desgaste
intermitente, há uma pequena variação da velocidade de
rotação e da força utilizada, caracterizando-se ciclos periódicos
de desgaste compreendidos por períodos de corte (diminuição
da velocidade e aumento da força) e períodos de descanso
(aumento da velocidade e diminuição da força). Os valores da
força máxima exercida variaram de 35g (desgaste horizontal
intermitente com força suave em dentina) até 105g (desgaste
Revisão da literatura
71
vertical intermitente com força moderada em esmalte). Valores
de força 30% a 40% maiores foram verificados durante os
desgastes na direção vertical. Comparando-se as três técnicas
de corte, forças máximas similares foram exercidas durante o
DCFM e durante o DIFM, as quais tenderam a ser superiores
ao DIFS. O tempo real de corte, independentemente da
direção, foi constante e igual a 10 segundos para o DCFM, 0,4
segundos para o DIFM e 0,25 segundos para o DIFS. O DIFM
foi responsável pela maior eficiência de corte, sendo o DIFS
responsável pelos menores valores. Maior eficiência de corte é
obtida com o desgaste na direção horizontal. Os autores
concluíram que o desgaste horizontal intermitente com leve
força produz melhores resultados, sendo a utilização de uma
força leve indicada para acabamentos e ajustes finais nos
preparos.
Erros de concentricidade resultantes do
processo de fabricação de fresas carbide podem acarretar
diversos problemas, tais como profundidades de corte
irregulares, vibração excessiva e danos ao substrato de corte.
Sendo assim, Watson, Cook
82
(1995) avaliaram o grau de
concentricidade de fresas carbide confeccionadas por
diferentes técnicas e o efeito da inexatidão desses
instrumentos cortantes rotatórios sobre o esmalte dental.
Revisão da literatura
7
2
Foram avaliadas 30 fresas carbide n
o
57 de 6 fabricantes
diferentes, sendo 5 fresas de corpo único e 25 produzidas pela
soldagem da ponta ativa em uma haste de aço. Utilizando um
microscópio de varredura que possibilitava a filmagem das
fresas, e com estas rotacionando em baixa velocidade, os
autores determinaram, pela diferença média entre os raios de
rotação de cada lâmina de corte, o grau de concentricidade das
fresas. Uma análise microscópica dinâmica (filmagem) da
interação entre a fresa e a superfície dental foi feita durante a
realização de desgastes em esmalte dental de incisivos
centrais, que estavam posicionados em um equipamento
desenvolvido pelos autores, o que possibilitava a manutenção
da direção de desgaste (horizontal) e o controle da velocidade
de rotação em 120.000 r.p.m. Maiores variações na
concentricidade das lâminas de corte foram verificadas nas
fresas carbide fabricadas pela soldagem entre a ponta ativa e a
haste. Essas alterações foram responsáveis por uma ação mais
agressiva que produziu cortes irregulares e maior quantidade
de trincas no esmalte.
Diante da publicação de estudos que
avaliavam a eficiência de corte de fresas utilizando substratos
de desgaste com diferentes espessuras e durezas superficiais,
Freire, Freitas
27
(1996) investigaram o desempenho de diversas
Revisão da literatura
73
fresas diamantadas submetidas a procedimentos de corte em
lâminas de vidro. Os instrumentos foram acoplados a uma
turbina de alta rotação (260.000 r.p.m., pressão de ar igual a
30 libras) e utilizados para o corte de sulcos com 5 mm de
profundidade num total de 12 vezes. A eficiência de corte,
determinada pelo tempo gasto para a confecção de cada sulco,
apresentou diminuição progressiva em relação ao tempo de
uso, havendo diferenças entre os comportamentos das fresas
fornecidas por diferentes fabricantes. De acordo com os
autores, pesquisas nesta área são dificultadas pela falta de
parâmetros e normas que possibilitem a padronização e a
comparação de resultados.
Tate et al.
72
(1996) realizaram um estudo
comparativo do desempenho de dois sistemas de acabamento e
polimento antes e após três ciclos de esterilização em
microondas ou autoclave. Foram confeccionados 30 discos de
resina composta, com 6mm de diâmetro e 3mm de espessura,
para cada marca comercial utilizada (TPH e Z100), os quais
foram randomicamente divididos em 3 grupos de 10, referentes
à esterilização em microondas (exposição dos discos de resina
acomodados em tubos de vidro vedados contendo 5ml de água
destilada posicionados dentro de um béquer com 100ml de
água destilada a uma freqüência de 750 watts, durante 6
Revisão da literatura
74
minutos), à autoclave (121
0
C durante 15 minutos) ou sem
esterilização (controle), e dois subgrupos de 5 em função do
sistema utilizado (Enhance Finishing e Polishing System ou
Min-Identoflex Polishers). Após a confecção e três ciclos de
esterilização, cada disco de resina recebia o
acabamento/polimento com o sistema correspondente ao seu
grupo experimental, de acordo com as recomendações do
fabricante, num período de 30 segundos, tendo, em seguida,
sua rugosidade avaliada em um perfilômetro. Adicionalmente,
após a terceira avaliação da rugosidade, os discos de resina
recebiam acabamento com discos de óxido de alumínio extra-
fino e eram levados ao perfilômetro novamente. A rugosidade
dos discos de TPH não variou quando o sistema Min-Identoflex
foi utilizado, porém foi maior após a esterilização do sistema
Enhance em microondas. Nos discos confeccionados com
resina Z100, superfícies mais lisas foram conseguidas após a
esterilização em microondas, independentemente do sistema
de acabamento/polimento utilizado. Valores equivalentes de
rugosidade foram obtidos após a utilização de Sof-Lex quando
dois sistemas de acabamento/polimento utilizados foram
comparados com o grupo controle. Diante dos resultados
obtidos, os autores concluíram que os dois sistemas testados
Revisão da literatura
7
5
podem ser esterilizados em autoclave ou microondas pelo
menos três vezes sem que suas performances sejam afetadas.
A influência dos métodos de esterilização
sobre a efetividade de instrumentos cortantes rotatórios foi
pesquisada por Santana
65
em 2000. Fresas diamantadas
cilíndricas de duas marcas comerciais foram utilizadas para a
realização de desgastes, sob força controlada, em esmalte
dental humano durante 72 minutos, sendo realizada a
esterilização (calor seco ou vapor sob pressão) após cada 12
minutos (seis ciclos de desgaste e cinco ciclos de
esterilização). A determinação da eficiência de desgaste das
fresas foi obtida de maneira indireta por meio da aferição de
massa dos dentes antes e após cada dois minutos de uso
(análise gravimétrica). Pelos resultados obtidos, o autor
verificou que as fresas perderam a eficiência de desgaste ao
longo do tempo, não havendo alterações em decorrência dos
métodos de esterilização utilizados.
Watanabe et al.
81
(2000) investigaram o efeito
de diferentes soluções iônicas na inativação de microrganismos
após a irradiação por microondas. Tubos de ensaio com
suspensões microbianas (Escherichia coli, Staphylococcus
aureus e Candida albicans) adicionadas de diferentes
Revisão da literatura
7
6
concentrações de NaCl, KCl ou sacarose foram colocados
individualmente em Erlenmeyer contendo água e irradiados a
2.450MHZ e 500 watts durante diferentes tempos
experimentais. A temperatura das suspensões microbianas foi
determinada com o auxílio de um termômetro digital. Os
resultados evidenciaram que os microrganismos avaliados
foram inativados após 50 segundos de irradiação e que o
aumento da morte microbiana foi proporcional ao aumento de
temperatura do meio e ao aumento das concentrações de NaCl
e KCl.
Ferreira et al.
23
(2000/2001) compararam o
efeito de métodos de esterilização e desinfecção associados ou
não ao uso de lubrificantes com relação à corrosão dos
instrumentos cortantes rotatórios. Fresas de aço carbono e de
aço carbide foram submetidas à limpeza por lavagem com
Endozime ou desincrustante, lubrificadas com Premix Slip,
nitrato de sódio 1% ou Sekudrill e esterilizadas (autoclave ou
estufa) ou desinfectadas (imersão em formaldeído 1% ou
glutaraldeído 2%), num total de quatro processamentos com
intervalos médios de 24 a 48 horas. Para averiguar a presença
de corrosão, as fresas foram fotografadas em lupa
estereoscópica com aumento de 20 a 30 vezes, sendo
realizadas comparações com fresas submetidas apenas a
Revisão da literatura
7
7
lavagem com Endozime. Todas as fresas apresentaram
corrosão, tendo este fenômeno um aumento progressivo a cada
reprocessamento. Os resultados demonstraram que o processo
mais confiável para as fresas testadas foi a esterilização em
estufa. Segundo os autores, o uso da autoclave deve ser
associado ao emprego de agentes anticorrosivos: Sekudrill
para as fresas de aço carbide e nitrato de sódio 1% para as
fabricadas em aço carbono.
Em 2002, Tavares da Silva et al.
74
avaliaram o
efeito de métodos químicos de desinfecção, após limpeza com
ultra-som, sobre a eficiência de corte de fresas diamantadas de
diferentes marcas comerciais. Esses instrumentos foram
utilizados para o desgaste de esmalte dental humano sob força
controlada (50g a 80 g) durante 2.400 segundos. Antes e após
cada 30 segundos de desgaste, os dentes foram levados à
balança de precisão para a averiguação da quantidade de
desgaste realizada (análise gravimétrica) e, após cada 300
segundos, as fresas foram submetidas à limpeza com ultra-som
e desinfetadas pelo método selecionado (glutaraldeído 2%,
derivado de amônia 0,2% ou nenhuma desinfecção). Diferenças
estatisticamente significantes foram obtidas em função da
marca comercial e do tempo de uso. Os agentes de
desinfecção não causaram alteração na eficiência de corte das
Revisão da literatura
7
8
fresas diamantadas, havendo diminuição da quantidade de
desgaste ao longo do uso.
Nesse mesmo ano, Tavares da Silva et al.
75
estudaram o efeito de um método de limpeza e diferentes
métodos químicos de desinfecção sobre a eficiência de corte
de fresas diamantadas de diversas marcas comerciais. Os
diferentes tratamentos experimentais equivaliam à realização
de limpeza com escova de aço seguida da desinfecção por
glutaraldeído 2%, derivado de amônia 0,2% ou nenhuma
desinfecção. Para a determinação da eficiência de corte, as
fresas foram utilizadas para o desgaste em esmalte dental sob
força controlada (50g a 80g) durante 1.200 segundos, sendo
averiguada a quantidade de desgaste realizada após cada 30
segundos (análise gravimétrica), e realizados os diferentes
tratamentos após cada 300 segundos de uso da fresa. Apesar
de diferenças entre as marcas comerciais, os autores
observaram que a eficiência de corte foi reduzida com o tempo
de uso e que os métodos de desinfecção prolongaram essa
eficiência.
Bianchi et al.
9
(2003) avaliaram a influência
dos processos de esterilização sobre os aspectos
microscópicos de instrumentos cortantes rotatórios. Fresas
Revisão da literatura
79
diamantadas foram usadas para o desgaste de substratos
vítreos e tiveram sua eficiência de corte e as alterações
microscópicas (análise em microscópio eletrônico de varredura)
avaliadas antes e após três ciclos de esterilização (autoclave,
estufa, glutaraldeído 2%). Para que a eficiência de corte das
fresas fosse mensurada, os autores utilizaram uma máquina
retificadora em que ambos, turbina de alta rotação e substrato,
eram posicionados e mediram o número de vezes que a fresa
desgastava o vidro até o momento em que o poder de corte do
instrumento diminuísse a ponto de travar a turbina de alta
rotação por causa do aumento excessivo do torque exercido.
Após a comparação entre os dados da eficiência de corte e as
características microscópicas, verificaram que a esterilização
por calor seco promoveu as menores alterações nas fresas
diamantadas, tanto em relação à eficiência de corte quanto em
relação às alterações microscópicas, diferentemente do uso da
autoclave e da substância química, que comprometeram o
desempenho das fresas ao induzirem processos de corrosão.
Pita
57
(2005) comparou a eficiência de corte e
a presença de alterações morfológicas nas fresas carbide em
função do tempo de uso e da utilização de diferentes métodos
de esterilização. Fresas carbide fabricadas pela Komet e pela
S.S. White foram utilizadas para o desgaste de esmalte dental
Revisão da literatura
80
bovino durante um total de 60 minutos. Antes e após cada dois
minutos de desgaste, os dentes foram submetidos à pesagem,
sendo determinada a quantidade de esmalte removida e,
indiretamente, a eficiência de corte das fresas (análise
gravimétrica). A cada 12 minutos de uso, os instrumentos
cortantes rotatórios eram submetidos à esterilização em
autoclave (121º C a 103 kPa durante 30 minutos), estufa
(170ºC durante 1 hora) ou microondas (6 minutos de irradiação
estando as fresas envoltas por folhas de poliéster com 2 gotas
de água ou 1 minuto de irradiação com as fresas posicionadas
em placas de Petri com 40ml de água destilada) e fotografados
em lupa estereoscópica. Pela análise dos resultados, o autor
observou que, independentemente da realização ou não da
esterilização, após 60 minutos de uso, as fresas perderam
aproximadamente 50% da eficiência de corte e que apesar de
haver diferença entre as marcas comerciais das fresas
utilizadas, a esterilização em estufa foi melhor em relação aos
demais métodos testados.
No ano de 2006, Viana et al.
80
investigaram a
influência dos métodos de esterilização mais utilizados em
Odontologia sobre as propriedades mecânicas de instrumentos
rotatórios. O comportamento menico e a resistência à fadiga
de fresas endodônticas de NiTi foram comparados em função
Revisão da literatura
81
da realização ou não de cinco ciclos de esterilização em estufa
ou em autoclave. A microdureza (Vickers) da haste das fresas
foi determinada após cada ciclo de esterilização, e a
resistência à fadiga foi avaliada em função da tensão
necessária para a quebra dos instrumentos. De acordo com os
resultados obtidos, nenhuma alteração foi verificada em
nenhum dos dois parâmetros avaliados. Segundo os autores,
as mudanças induzidas nas propriedades mecânicas de fresas
de NiTi por cinco ciclos de esterilização foram insignificantes,
sendo o uso da estufa ou autoclave procedimentos seguros.
3 Proposição
Avaliar o efeito de métodos de esterilização físicos –
estufa, autoclave, irradiação em forno de microondas
doméstico - e químico (glutaraldeído 2%) - sobre a eficiência
de corte de fresas carbide.
Material e método
83
4 Material e método
4.1 Materiais
4.1.1
Béquer de vidro fabricado por Satélite, Araraquara, São
Paulo, Brasil.
4.1.2
Embalagem plástica para esterilização em autoclave
marca Sispack, Sispack Medical Ltda., São Paulo, SP,
Brasil.
4.1.3
Frasco reagente graduado com tampa de rosca da
marca Schott, Sispack UK Ltd., Stafford, Inglaterra.
4.1.4
Fresas de aço inoxidável do tipo com carbeto de
tungstênio (carbide) nº57, S.S. White Burs Inc.,
Lakewood, NJ, EUA.
4.1.5
Recipientes plásticos de poliestireno com altura igual a
35,5mm, 36,7mm de diâmetro e capacidade para 15ml,
Injeplast, São Paulo, SP, Brasil.
Material e método
8
4
4.1.6
Solução de glutaraldeído da marca Glutaron II,
Rioquímica, São José do Rio Preto, SP, Brasil.
4.1.7
Vidros laminados com dimensões iguais a 30mm X
30mm X 10mm, Cebrace Cia Brasileira de Cristal,
Jacareí, SP, Brasil.
4.2 Aparelhos e Instrumentos
4.2.1
Aparelho padronizador de desgaste idealizado pelo
“Grupo de Pesquisas em Prótese Parcial Fixa e Sobre
Implantes”.
4.2.2
Autoclave modelo HA, Sercon, Indústria e Comércio de
Aparelhos Médicos Hospitalares Ltda., Mogi das
Cruzes, SP, Brasil.
4.2.3
Balança eletrônica de precisão modelo Sartorius BL-
210S, Sartorius AG, Göettingen, Alemanha.
4.2.4
Broqueiro para esterilização em estufa com capacidade
para 15 fresas, fabricado por KG Sorensen, Barueri,
SP, Brasil.
Material e método
8
5
4.2.5
Cronômetro modelo HS-6-4DF, Casio Computer Co.,
Ltda., Tókio, Japão.
4.2.6
Estufa Olidef, CZ Ind. e Comércio de Aparelhos
Hospitalares, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
4.2.7
Forno de microondas modelo doméstico, com dupla
emissão de ondas e dimensões internas iguais a 330
mm de altura, 600 mm de largura e 477 mm de
profundidade, Brastemp Sensor Crisp 38, BMC 38ª,
Multibrás Ltda., Manaus, AM, Brasil.
4.2.8
Lupa estereoscópica modelo Citoval, Carl Zeiss, Jena,
Alemanha.
4.2.9
Pinça clínica da marca Duflex, S.S. White, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil.
4.2.10
Seladora SelaPack, Modelo SM 25 plus, Sispack
Medical Ltda., São Paulo, SP, Brasil.
4.2.11
Termômetro para estufa modelo L- 190/05, Inconterm®,
Canela, RS, Brasil
Material e método
8
6
4.2.12
Turbina de alta rotação com pressão de ar de 2,2 bar e
350.000 r.p.m., modelo 605 Extratorque, Kavo do Brasil
Indústria e Comércio Ltda, Joinville, SC, Brasil.
4.3 Método
4.3.1 Corpos-de-prova e composição dos grupos
experimentais
Como corpos-de-prova foram utilizadas 60
fresas carbide nº 57 cilíndrico-lisas, de extremidade plana, com
seis lâminas de corte. Esses instrumentos rotatórios foram
inicialmente analisados em lupa estereoscópica com um
aumento de 10X no intuito de eliminar aqueles com qualquer
defeito de fabricação. Após essa análise, as fresas foram
acondicionadas em recipientes plásticos devidamente
numerados e divididas, aleatoriamente, em cinco grupos
experimentais em função do método de esterilização a que
foram submetidas (Tabela 1).
Material e método
8
Tabela 1 - Composição dos grupos experimentais e seus respectivos
procedimentos para esterilização
Grupos Natureza da esterilização
Método de
esterilização
Procedimentos
E
1
Processo físico – vapor sob
pressão
Autoclave
1,5Kgf/cm
2
,
127ºC
E
2
Processo físico – calor seco Estufa 170ºC por 1 hora
E
3
Processo físico – irradiação
Forno de
microondas
doméstico
608,52 watts por
5 minutos
E
4
Processo químico –
substância química
Glutaraldeído
Imersão por 10
horas
E
0
Controle Nenhum Nenhum
4.3.2 Análise gravimétrica
Para que fosse avaliada a influência dos
métodos de esterilização sobre a eficiência de corte das fresas
carbide, estas foram submetidas a um teste
gravimétrico
26,32,42,44,57,65,74,75,78
que, de maneira indireta,
quantificou seus desempenhos, utilizando-se como substrato de
desgaste o vidro
1,9,21,27,32,78
, que tinha sua massa aferida antes
e após cada ciclo de desgaste.
Material e método
8
8
Para a comparação entre os grupos
experimentais, mensurou-se a diferença entre a pesagem
inicial e a final, e, pela perda de massa do vidro, estimou-se a
eficiência de corte da fresa carbide e a influência do método de
esterilização sobre essa eficiência.
Cada corpo-de-prova foi submetido a 30
minutos de desgaste, sendo esse tempo dividido em períodos
de 2,5 minutos cada, equivalentes a 1 ciclo de desgaste,
perfazendo, portanto, 12 ciclos.
Após cada ciclo de desgaste, com exceção do
último, as fresas foram submetidas aos procedimentos de
esterilização correspondentes aos grupos a que pertenciam,
num total de 11 ciclos de esterilização.
Visando a padronização dos desgastes, foi
desenvolvido um aparelho especificamente idealizado e
construído com base na linha de pesquisa do “Grupo de
Pesquisas em Prótese Parcial Fixa e Sobre Implantes”,
denominado aparelho padronizador de desgaste - APD (Figura
1).
O aparelho é constituído por duas
plataformas, uma horizontal, que pode ser movimentada, por
meio de manivelas, para a direita ou esquerda (manivela A),
Material e método
8
9
para cima ou para baixo (manivela B), e para a frente ou para
trás (manivela C), e outra plataforma, vertical, com uma célula
de carga acoplada internamente, responsável pelo controle da
força
21,26,39,41,42,44,59,65,69,74,75,86
exercida sobre o substrato em
0,68N
42,44
com movimentos para baixo e para cima,
possibilitando a realização dos desgastes.
O aparelho também possui um equipo
acoplado possibilitando o acionamento e o funcionamento da
turbina de alta-rotação com refrigeração por meio de jatos de
spray de água sem a interferência do pesquisador, além de um
temporizador que controlava, em minutos, a duração dos
desgastes.
Com o auxílio de uma prensa em U, o
substrato de desgaste foi mantido sobre a plataforma
horizontal. A turbina de alta rotação foi fixada à plataforma
vertical de forma que a fresa permanecesse paralela ao
substrato. A cada toque da fresa no substrato de desgaste, a
plataforma horizontal se movimentava automaticamente
0,02mm para cima.
Material e método
9
0
V
U
H
A
C
B
Legenda:
V – plataforma vertical
U – prensa em U
H – plataforma horizontal
A – manivela A
B – manivela B
C – manivela C
T – temporizador
T
FIGURA 1 - Aparelho padronizador de desgaste – APD.
Para a realização de cada ciclo de desgaste,
o vidro foi, inicialmente, levado à balança eletrônica de
precisão para aferição de sua massa em gramas (pesagem
inicial), sendo, em seguida, fixado à prensa em U do APD.
A fresa carbide foi colocada na turbina de alta
rotação, mantendo-se paralela ao substrato de desgaste. Nesse
momento, o botão de ajuste do aparelho era pressionado para
que, por meio da movimentação da manivela A, a fresa carbide
fosse posicionada sobre o vidro fazendo com que somente sua
ponta ativa, em toda a sua extensão, mantivesse contato com o
vidro durante o desgaste. Da mesma maneira, a manivela B foi
movimentada para permitir um contato inicial mínimo da fresa
com o vidro (Figura 2).
Material e método
91
FIGURA 2 – Posicionamento inicial da fresa em relação ao
substrato de desgaste.
Após a seleção do tempo (2,5 minutos) no
temporizador, o aparelho era ligado, acionando
automaticamente a turbina de alta-rotação. A fresa, então, era
aplicada no vidro realizando o desgaste com movimentos
intermitentes
41,53,57,65,74,75
sob refrigeração com spray de
água
41,42,44,53,65
. Durante o período de 2,5 minutos, houve o
toque da fresa com o vidro 87 vezes, com força constante de
0,68N
42,44
, e, a cada toque, o substrato de desgaste era
elevado em 0,02mm.
Após o tempo de desgaste, o vidro era
removido do APD e seco com jatos de ar e toalha de papel
durante 40 segundos para, em seguida, ser levado novamente
Material e método
9
2
à balança (pesagem final). A fresa carbide era limpa com
escova de nylon durante 40 segundos em água corrente e seca
para ser submetida ao método de esterilização conforme o
grupo experimental. Esses procedimentos foram repetidos até
completar 30 minutos de desgaste, totalizando 12 ciclos de
desgaste e 11 ciclos de esterilização por fresa.
4.3.3 Procedimentos para esterilização
Esterilização em autoclave
Para a esterilização pelo vapor sob pressão
(Grupo E
1
), as fresas foram colocadas e seladas,
individualmente, em envelopes para esterilização cortados nas
dimensões de 55mmX100mm e levadas à autoclave, onde
permaneceram por 15 minutos a uma pressão de 1,5Kgf/cm
2
,
correspondente à temperatura de 127ºC
2,12,15,66
, e por mais 15
minutos para secagem, realizada automaticamente.
Material e método
93
Esterilização em estufa
As fresas do Grupo E
2
, submetidas à
esterilização por meio do calor seco, foram dispostas em um
broqueiro de alumínio, sendo o conjunto levado à estufa à
temperatura ambiente. Os corpos-de-prova foram esterilizados
por 1 hora, a 170±1ºC, a partir do momento em que a estufa
atingia essa temperatura, que era controlada por um
termômetro posicionado no teto da estufa. Em seguida, a
estufa foi desligada, aguardando-se o seu resfriamento natural
até a temperatura ambiente
12,57,63
.
Esterilização em forno de microondas doméstico
Inicialmente, foram colocados 10ml de água
destilada em um frasco de reagente graduado, com tampa de
rosca, juntamente com uma fresa do Grupo E
3
, estando o
frasco devidamente identificado. Em seguida, o conjunto foi
colocado na posição lateral direita da cavidade do forno de
microondas junto com um béquer de vidro contendo 1.000 ml
de água posicionado no centro do prato giratório (Figura 3),
reduzindo-se a possibilidade de formação de um arco de
energia e, conseqüentemente, de um superaquecimento do
magnetron
22,57,60,61
. O forno de microondas foi, então, acionado
Material e método
9
4
na potência 9, que equivale a uma irradiação de 608,52 watts,
durante 5 minutos, aguardando-se o resfriamento natural até a
temperatura ambiente. Foi esterilizada somente uma fresa
carbide por vez, sendo trocada a água do interior do béquer a
cada nova esterilização
*
.
B
A
Legenda:
A – Frasco reagente com tampa de rosca
B – Béquer de vidro
FIGURA 3 – Vista do interior da cavidade do forno de
microondas.
Esterilização em substância química
Para a esterilização química, as fresas
carbide do Grupo E
4
foram individualmente depositadas no
interior de um recipiente plástico contendo 10ml de
glutaraldeído preparado de acordo com as recomendações do
*
A metodologia aplicada para a esterilização em forno de microondas foi definida em estudos
prévios realizados pelo Grupo de Pesquisas em Prótese Parcial Fixa e Sobre Implantes como capaz
de esterilizar fresas carbide.
Material e método
9
5
fabricante (mistura de 2g de glutaraldeído com 100ml de
fosfato trissódico), permanecendo imersas nessa solução por
10 horas
6,15,87
. Após esse período, as fresas foram lavadas em
água corrente e secas com jatos de ar por 40 segundos.
Ausência de esterilização (grupo controle)
No Grupo controle (Grupo E
0
), as fresas
carbide foram submetidas apenas ao processo de limpeza com
escova de nylon e água, sem qualquer método de esterilização.
4.4 Planejamento experimental
Para a realização deste estudo, considerou-se
como variável a eficiência de corte de fresas carbide mediante
o desgaste de vidro, estabelecendo-se como tratamentos a
esterilização em autoclave, em estufa, em forno de microondas,
em glutaraldeído e ausência de esterilização.
O número de corpos-de-prova necessário para
a execução deste experimento foi calculado com base nos
resultados obtidos em estudo piloto, no qual se definiu como
adequado a realização de 12 repetições para cada condição
Material e método
9
6
experimental (60 corpos-de-prova). Durante a execução da
prova piloto, foi verificado que a eficiência de corte das fresas
do Grupo controle diminuiu em 50% após a realização de 12
ciclos de desgaste, demonstrando a necessidade de descarte
das mesmas
57
. Sendo assim, foi estabelecido o número de
ciclos de uso (12) e de esterilização (11).
Os valores da eficiência de corte obtidos
foram organizados em tabelas, criando-se um banco de dados
no software Microsoft Office Excel 2003, e submetidos ao teste
de normalidade para se averiguar a distribuição dos dados
amostrais e definir o teste estatístico mais apropriado ao nível
de significância de 5%.
5 Resultado
As médias da quantidade de desgaste em
gramas, para todos os grupos experimentais referentes às
alterações da eficiência de corte no decorrer dos 12 ciclos de
uso e 11 ciclos de esterilização são apresentadas no Gráfico 1.
0,0000
0,0100
0,0200
0,0300
0,0400
T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12
Ciclos
Quantidade de desgaste (g)
Autoclave
Estufa
Microondas
Glutaraldeído
Controle
GRÁFICO 1 – Médias da quantidade de desgaste, em gramas,
em função dos ciclos de uso e de esterilização
de acordo com os grupos experimentais.
Como pode ser verificado no Gráfico 1, as
fresas de todos os grupos experimentais apresentaram redução
da eficiência de corte. Nos Grupos E
1
, E
2
e E
0
, foi observada a
presença de picos de desgastes intercalados com períodos de
Resultado
9
8
diminuição da quantidade de vidro desgastada, ou seja, um
comportamento decrescente não uniforme das fresas carbide,
diferentemente do padrão de desgaste apresentado pelas
fresas dos Grupos E
3
e E
4
, nos quais a diminuição da eficiência
de corte ocorreu gradualmente.
Para a comparação da eficiência de corte
entre os cinco grupos experimentais, foi calculada a soma
(
) da quantidade de desgaste, em gramas, para cada uma
das sessenta fresas em todos os tempos, representativas da
eficiência de corte após o tempo total de desgaste
(30 minutos), apresentadas na Tabela 2, a seguir.
Resultado
9
9
Tabela 2 – Soma da quantidade de desgaste, em gramas, em função dos
grupos experimentais
Repetições
Autoclave
1
Estufa
2
Microondas
3
Glutaraldeído
4
Controle
0
1
0,2207 0,2620 0,1779 0,1252 0,2440
2
0,2387 0,2328 0,1409 0,1948 0,2302
3
0,2016 0,1886 0,2133 0,1238 0,2635
4
0,2113 0,2202 0,2084 0,0881 0,2520
5
0,1619 0,0261 0,1862 0,1100 0,2408
6
0,1896 0,2331 0,1918 0,0873 0,2349
7
0,1935 0,2355 0,1918 0,1230 0,2577
8
0,2099 0,2547 0,1795 0,1684 0,3453
9
0,2356 0,2289 0,1990 0,1154 0,2704
10
0,2064 0,2410 0,2246 0,1912 0,2418
11
0,2362 0,2330 0,2771 0,0479 0,3266
12
0,1865 0,2445 0,1851 0,0684 0,2628
Média geral
0,2077 0,2167 0,1980 0,1203 0,2642
Os dados obtidos não se ajustaram às
pressuposições para a utilização da ANOVA. Desta forma, para
análise dos resultados foi aplicada a análise de variância não-
paramétrica de Kruskal-Wallis e para testar as comparações
múltiplas utilizou-se o teste de Dunn (Tabela 3, Tabelas A13 e
Resultado
10
0
A14 do Apêndice), ambos com nível de significância igual a
5%.
Os resultados obtidos pelo teste de Kruskal-
Wallis indicaram diferença entre os grupos experimentais (p
<0,05), rejeitando-se então a hipótese de que a esterilização
não afeta a eficiência de corte das fresas carbide testadas. Os
resultados referentes às comparações entre os diferentes
métodos de esterilização são apresentados na Tabela 3.
Tabela 3 – Postos médios e as respectivas diferenças
encontradas pela análise de variância de
Kruskal-Wallis e pelo teste de Dunn
Grupos
Postos Médios
E
0
- Controle 51,08
a
E
2 -
Estufa 37,63
ab
E
1
- Autoclave 29,50
b
E
3
– Microondas 24,88
bc
E
4
- Glutaraldeído 9,42
c
Letras minúsculas iguais indicam não haver diferença
estatisticamente significante entre os grupos
experimentais.
A análise da Tabela 3 indica que as fresas
carbide esterilizadas em autoclave, as que foram irradiadas e
aquelas imersas em substância química, quando comparadas
Resultado
101
com as fresas do Grupo controle, apresentaram significante
diminuição da eficiência de corte.
Apesar de os valores obtidos nos Grupos E
1
(autoclave) e E
3
(microondas) serem estatisticamente iguais
aos do Grupo E
2
(estufa), eles foram inferiores aos valores do
grupo controle; as fresas esterilizadas em microondas tiveram
eficiência de corte semelhante à das fresas submetidas à
esterilização química.
Durante a execução da metodologia, 15 fresas
carbide fraturaram: uma fresa pertencente ao Grupo E
1
, 2
fresas do Grupo E
3
e 12 fresas do Grupo E
4
, no qual nenhuma
fresa resistiu a mais de 8 ciclos de esterilização.
Este estudo não foi capaz de identificar
diferenças estatisticamente significantes entre os métodos
físicos de esterilização. Entretanto, pode-se supor que as
fresas esterilizadas em calor seco foram as que tiveram melhor
desempenho por serem submetidas à esterilização no único
método físico estatisticamente igual ao Grupo Controle (E
0
).
Comportamentos diferentes em relação ao Grupo Controle
foram apresentados pelos demais métodos físicos, visto que
ambos, Grupo E
1
(autoclave)
e Grupo E
3
(microondas), foram
estatisticamente diferentes do grupo controle. Com relação ao
Resultado
10
2
desempenho das fresas esterilizadas pela irradiação pode-se
supor que tais instrumentos apresentaram o menor
desempenho entre os métodos físicos por possuírem um
comportamento estatisticamente semelhante aos das fresas do
Grupo E
4
(glutaraldeído), que por sua vez, tiveram a pior
influência sobre a eficiência de corte das fresas, uma vez que
todas elas fraturaram. Desta forma, a esterilização em
autoclave que não se diferenciou da esterilização em estufa e
nem da esterilização em forno de microondas pode ser
considerada um método físico intermediário em relação ao
desempenho das fresas.
Os dados originais referentes à quantidade de
vidro desgastada por cada corpo-de-prova durante a execução
da metodologia constam das Tabelas de A1 a A12 do Apêndice.
6 Discussão
Todos os membros de uma equipe dental têm
obrigação moral e ética de oferecer tratamento aos pacientes e
realizá-lo em um ambiente livre de infecções potenciais
40,64
.
Segundo Johnson et al.
37
pequenos instrumentos pontiagudos
são os principais responsáveis pela infecção cruzada por
fornecerem maior risco de ferimentos percutâneos ao operador
e à equipe. Normas para o controle de infecção foram
elaboradas há anos, sendo constantemente aperfeiçoadas.
Suas diretrizes estão amplamente disponíveis aos profissionais
da área de saúde apesar de sua implantação requerer maior
controle e fiscalização por parte dos órgãos governamentais
29
.
O Ministério da Saúde
10
, a American Dental
Association
2
e o Centers for Diseases Control
40
determinam o
uso de procedimentos para o controle de infecção cruzada,
recomendando que todos os instrumentos que penetrem nos
tecidos ou que tenham contato com membranas mucosas e
fluídos orais sejam esterilizados entre os atendimentos de cada
paciente.
Discussão
10
4
Entretanto, instrumentos delicados de corte,
tais como as fresas carbide, freqüentemente geram dúvidas aos
cirurgiões-dentistas quanto à segurança do método utilizado e
à ausência de danos estruturais nas fresas quando se realiza a
esterilização. Esses profissionais muitas vezes associam o uso
do calor à perda de corte dos instrumentos e, com isso, usam
apenas a desinfecção química
3
.
Apesar de a maioria dos cirurgiões-dentistas
relatar que esterilizam os instrumentos cortantes rotatórios,
Zardetto et al.
87
publicaram dados alarmantes. Embora o
método mais utilizado para esterilização de fresas seja a
estufa, seguido pelo uso do glutaraldeído 2% e da autoclave,
aproximadamente 18% dos profissionais não sabe qual a
temperatura e o tempo corretos para a esterilização com calor
seco, além de 25% deles interromperem um ciclo de
esterilização já iniciado. Outro fator de destaque refere-se ao
tempo de imersão para a esterilização dos materiais em
glutaraldeído, uma vez que mais de 30% dos profissionais
utilizam períodos inferiores a 30 minutos quando o
recomendado para a esterilização é de 10 horas.
Dessa forma, este estudo avaliou a influência
de três métodos físicos e de um método químico sobre a
Discussão
10
5
eficiência de corte de fresas carbide. Como observado no
Gráfico 1, independentemente da realização ou não da
esterilização, as fresas apresentam reduções na eficiência de
corte no decorrer do tempo. Esse mesmo Gráfico mostrou uma
oscilação muito grande de comportamento das fresas em
função da quantidade de vidro desgastada entre um tempo e
outro, o que levou a realização de uma análise comparativa
entre os grupos experimentais baseada na soma da quantidade
de desgaste realizada por cada fresa no decorrer dos 12 ciclos
de uso. Resultados diferentes foram obtidos em função dos
Grupos experimentais, o que significa que o processo utilizado
por cada método de esterilização possui características
específicas, e que devem ser conhecidas por atuarem de
diferentes maneiras sobre as fresas.
Neste estudo, o uso da estufa foi considerado
o melhor método de esterilização para as fresas carbide por ser
o único grupo cujos resultados foram estatisticamente iguais
aos do Grupo controle (E
0
). Tais resultados corroboram os
obtidos por Pita
57
e são justificados pelo fato de a esterilização
ocorrer em um ambiente seco, que preserva a integridade do
instrumental
45
não causando corrosão
9
nas lâminas de corte
das fresas
51
.
Discussão
10
6
A esterilização com o uso do calor seco
(estufa) ocorre em conseqüência da desidratação dos
microrganismos quando expostos ao ar quente. Essa
desidratação sobrevem do aquecimento fornecido por dois tipos
de ciclos, um longo, com temperatura de 160ºC por 2 horas, ou
um curto, equivalente a 170ºC por uma hora
9,12
. Esse método é
recomendado para a esterilização de artigos críticos que não
devem ser submetidos à ação de vapor úmido, tais como os
instrumentos de corte ou de pontas que podem ser oxidados
pelo vapor
23
, sendo o primeiro procedimento de escolha
recomendado pelo fabricante das fresas testadas neste
estudo
63
.
Apesar das vantagens de não causar corrosão
e esterilizar vários instrumentos ao mesmo tempo, mantendo-os
secos
49
, a efetividade da esterilização pelo calor seco pode ser
comprometida por depender dos operadores
33
, pelo fato do
processo demandar maior tempo de espera e não agir sobre
líquidos
9,80
. Sabe-se que a morte dos microrganismos, mesmo
os esporos, ocorre segundos após a temperatura de
esterilização recomendada ser atingida, porém é necessário um
tempo extra para que a temperatura haja sobre todas as
superfícies dos instrumentos
49
, sendo inadmissível que o
profissional interrompa um ciclo de esterilização iniciado. Além
Discussão
10
7
disso, outra desvantagem relacionada ao seu uso pode ser
atribuída ao fato de a distribuição e de a penetração do calor
dentro da estufa não ocorrerem de maneira uniforme
9,80
.
Já o uso da autoclave é um método rápido e
seguro que emprega calor úmido em altas temperaturas na
forma de vapor saturado sob pressão
87
. Seu efeito letal decorre
da ação conjugada da temperatura e da umidade, a qual
possibilita a penetração nos materiais porosos e a coagulação
das proteínas dos microrganismos
23
. Esse método é
considerado “absoluto” por ser claramente superior ao uso de
estufa e de substâncias químicas em função do poder de
penetração do calor, da ampla variedade de materiais sobre os
quais pode agir, além de ser menos sensível à falha humana,
dificultando interrupções no ciclo de esterilização uma vez que
o aparelho é previamente programado
9,33,49
.
Apesar de sua incontestável eficiência, a
utilização da autoclave também apresenta limitações, que
estão relacionadas à indução de corrosão em instrumentos de
aço comum
44,49,51
e de aço inoxidável
15,37,43,57,80
. Alguns
equipamentos também apresentam a desvantagem de não
possuírem ciclos pré-programados que efetuem a secagem dos
instrumentos
50
.
Discussão
10
8
Corroborando dados publicados por outros
pesquisadores
37, 57
, foi verificado neste estudo que o uso da
autoclave influenciou negativamente a eficiência de corte das
fresas carbide. Segundo Johnson et al.
37
, esse método causa a
corrosão de instrumentos cortantes de aço ou de carbono em
função do potencial eletroquímico de corrosão, um fenômeno
de ocorrência comum em itens metálicos que entram em
contato com a água e que pode ser acentuado quando se utiliza
a autoclave ou qualquer outro procedimento que envolva água
e calor
51
.
A corrosão, definida como a deterioração de
um material, geralmente metálico, é gerada por ação química
ou eletroquímica do meio ambiente. Trata-se de um processo
espontâneo e indesejável que intensifica alterações macro e
microestruturais acarretando desgaste, variação de
composição, redução da resistência mecânica e do tempo de
vida útil, sendo as ligas metálicas mais sujeitas a esse
fenômeno que os metais puros
23,43
. Para a confecção dos
instrumentos cortantes rotatórios, são utilizadas várias ligas
metálicas diferentes, tais como aço carbide, aço carbono, aço
inoxidável, tungstênio e níquel-titânio entre outros. As fresas
carbide utilizadas neste experimento possuem a ponta ativa
produzida por um produto sofisticado de metalurgia composto
Discussão
10
9
pela associação de finas partículas de carbeto de tungstênio
aglutinadas com uma matriz metálica de cobalto
46,59
além de
outros metais. Mais especificamente, essa porção da fresa é
composta por 86,05% de tungstênio, 8,63% de cobalto, 2,69%
de carbono, 2,11% de ferro, 0,98% de cromo e 0,46% de
alumínio
57
. Após sua confecção, por meio de um processo de
soldagem, a ponta ativa da fresa é unida a uma haste metálica
confeccionada de aço inoxidável.
Apesar da presença de corrosão nas fresas
ser um problema associado à esterilização dos instrumentos,
especialmente quando substâncias químicas são utilizadas
9
, o
que pode inutilizá-las
23,37,57
, outros motivos podem influenciar
o desempenho de corte das fresas. Segundo Berman
8
, a
diminuição da área de contato das lâminas de corte com o
substrato é o principal fator determinante da quantidade de
desgaste efetuada pela fresa. Entretanto, também são
evidenciados na literatura
34
,
57
fatores tais como fraturas das
lâminas de corte causadas pela quantidade de carbono e
cobalto presentes
59
e pela dureza do metal
44,54,71
, perda do fio
de corte
56
, design
34
, composição metalográfica da ponta
ativa
57
, processo de manufatura e controle de qualidade.
Discussão
11
0
No passado, os cirurgiões-dentistas
verificaram que as fresas carbide submetidas à esterilização
física por meio da estufa e da autoclave fraturavam após curto
período de uso, fato este que motivou a utilização de
substâncias químicas para a esterilização
3,46
.
As substâncias para imersão disponíveis como
métodos químicos de esterilização capazes de destruir
bactérias, fungos, vírus e esporos são à base de iodo,
compostos fenólicos, compostos de cloro ou
glutaraldeídos
3,9,23
. Esse processo de eliminação dos
microrganismos é considerado apropriado para a esterilização
de materiais sensíveis ao calor
9,66
, porém apresenta eficácia
discutível
3,45,47,61,72,73
por demandar longos períodos de
imersão, pelo fato dos materiais não permanecerem estéreis,
uma vez que são esterilizados fora de embalagens
9
, além de
requerer um maior número de cuidados e de possuir toxicidade
e potencial carcinogênico
3,9,73
.
Nas recomendações apresentadas nos rótulos
da maioria dos produtos à base de glutaraldeído 2%
(substância química utilizada neste estudo), os fabricantes
ressaltam que é necessário um período de 10 horas de imersão
Discussão
111
em recipiente plástico fechado com tampa para que haja
esterilização completa
9,12,87
.
As substâncias indicadas para a esterilização
química contêm ingredientes ativos, tais como o glutaraldeído,
os quais são agentes potencialmente corrosivos. A corrosão
promovida pelo uso dessas substâncias pode comprometer o
desempenho das fresas por possuir um efeito microscópico
referente ao ataque aos componentes que compõem a fresa e
que irá influenciar a eficiência de corte da mesma, além do
efeito macroscópico relativo à formação de uma corrente
galvânica entre as diferentes partes das fresas (a haste
comporta-se como elemento catódico, a área de solda e a
ponta ativa como componentes anódicos), o qual promove o
enfraquecimento da região de união da haste com a ponta
ativa
6
.
Infelizmente, no Brasil, auditorias sobre a
realização dos procedimentos de controle de infecção cruzada,
tais como os recomendados para a esterilização dos materiais
e instrumentos, não são comuns, existindo apenas dados
obtidos por meio de entrevistas ou questionários, nos quais se
destaca a utilização errônea de substâncias químicas para
esterilização. Muitos profissionais realizam a imersão por
Discussão
11
2
períodos inferiores a 30 minutos, não havendo sequer a
desinfecção dos instrumentos nesse tempo
3,23,87
.
Neste estudo, o uso do glutaraldeído foi
responsável pelo maior comprometimento do desempenho das
fresas carbide, visto que apresentou os menores valores de
e o menor posto médio além de causar a quebra precoce de
todas as fresas do grupo. A deterioração das fresas carbide
submetidas à esterilização química pôde ser comprovada neste
estudo, uma vez que tais instrumentos apresentaram alterações
na região de solda visíveis a olho nu, fraturando, na grande
maioria das vezes, nessa região, antes mesmo de perderem a
eficiência de corte de maneira acentuada. Segundo
McLundie
46
, as fresas submetidas à imersão em substâncias
químicas podem apresentar diferentes níveis de decomposição
do metal, sem que haja, no entanto, um comprometimento
significante das lâminas de corte.
Um outro método de esterilização físico, a
irradiação por microondas, tem sido pesquisado em diferentes
áreas. As microondas são ondas eletromagnéticas com
comprimento menor em relação às ondas radioelétricas, são
produzidas pela conversão de energia elétrica em um tubo
chamado magnetron, sendo, em seguida, transferidas por um
Discussão
113
guia de ondas em todo o interior da cavidade do forno de
microondas
81
, podendo ser absorvidas, transmitidas ou
refletidas pelo material sobre o qual incidem
25,61
.
Apesar de o mecanismo responsável pela
morte dos microrganismos ainda não ter sido elucidado, o
efeito letal das microondas já foi comprovado
4,5,14,79,81
.
Enquanto alguns autores afirmam que a morte dos
microrganismos irradiados é resultante do aquecimento dos
objetos irradiados ou do meio no qual se encontram, sendo um
efeito térmico
36,79,81
, outros, acreditam haver demais efeitos
responsáveis por alterações e pela morte celular
4,14,62
.
O aquecimento promovido pelas microondas,
que difere do mecanismo tradicional de condução do calor que
ocorre na estufa e na autoclave, provém da vibração
molecular
25,28,35,81
. Essas ondas eletromagnéticas causam uma
movimentação das moléculas com cargas assimétricas, tais
como proteínas, gorduras e água, por causa da alteração da
corrente elétrica. Durante a movimentação, ocorre uma fricção
intermolecular que produzirá aumento de temperatura e
possíveis alterações nas moléculas afetadas
25,35,62
.
Esse aquecimento é considerado tão ou até
mesmo mais letal aos
esporos quanto o aquecimento
Discussão
11
4
convencional
62,84
; entretanto, segundo alguns autores, a
inibição dos microrganismos dependerá da quantidade de água
presente
35,36,79
por estar relacionada a energia absorvida pelo
meio em que os microrganismos se encontram.
A diminuição da eficiência de corte das fresas
esterilizadas por microondas observada neste estudo pode ser
explicada pelos mesmos fatores que causam alterações quando
o vapor sob pressão é utilizado, visto que o metal foi submetido
ao aumento de temperatura em um ambiente aquoso. A
necessidade de as fresas estarem imersas em água explica-se
pelo fato do metal ser composto de moléculas apolares
35
que
refletem as microondas ao invés de absorvê-las, o que acarreta
um comprometimento da absorção de energia
25
, do
aquecimento e, conseqüentemente, da eliminação dos
microrganismos. Além disso, a água atua como meio
absorvente protetor de eventuais danos ao magnetron devido à
formação de um arco de energia
61
.
Tal como avaliado neste estudo, outros
autores também investigaram os efeitos da esterilização por
microondas em instrumentos odontológicos ao analisarem o
efeito da irradiação sobre o desempenho de taças de borracha
Discussão
11
5
e discos de silício
72
, sobre as características morfológicas
57,60
e a eficiência de corte de fresas
57
.
Pita
57
também verificou uma diminuição da
eficiência do corte de fresas carbide esterilizadas em forno de
microondas observando, adicionalmente, a presença de
corrosão nas lâminas de corte daquelas fabricadas pela S.S.
White. Entretanto, a ausência de alterações superficiais em
fresas diamantadas
60
e um melhor desempenho dos
instrumentos indicados para o polimento de restaurações de
resina composta
72
após a irradiação encontram-se relatados na
literatura.
Embora tenha sido verificada uma igualdade
estatística dos resultados obtidos pelas fresas esterilizadas por
microondas, em autoclave e em estufa, a irradiação pode ser
considerada o método físico responsável pelo pior desempenho
das fresas por fornecer valores semelhantes aos do uso de
glutaraldeído 2%, o pior método testado neste estudo. Talvez,
essa semelhança estatística entre microondas e glutaraldeído
possa ser explicada pela ausência de um ciclo de secagem tal
como ocorre na autoclave.
Segundo Dyson, Darvell
20
, métodos
apropriados para avaliar a habilidade de corte de instrumentos
Discussão
11
6
rotatórios são necessários para pesquisas. Ainda que diversos
autores tenham analisado diferentes parâmetros relacionados à
tal habilidade, a ausência de procedimentos padronizados faz
com que os resultados das pesquisas não possam ser
aplicados em condições clínicas diretamente, além de
dificultarem eventuais comparações.
Neste estudo, a eficiência de corte das fresas
após a esterilização por diferentes métodos foi avaliada de
maneira indireta pela quantidade de vidro desgastada
utilizando-se um aparelho que permitiu a padronização de
diversos fatores, como, por exemplo, a força de desgaste
exercida, a velocidade de rotação da turbina e a refrigeração,
uma vez que tais variáveis, quando não controladas, dificultam
a avaliação específica da influência da esterilização sobre as
fresas.
Com o mesmo intuito, optou-se pela utilização
do vidro como substrato, o qual é recomendado pela American
Dental Association
1
como um dos materiais utilizados para
testes de durabilidade e eficiência de corte de fresas carbide.
Esse material destaca-se por apresentar a mesma dureza em
toda a sua superfície, diferentemente do dente humano ou do
dente bovino já utilizados em outras pesquisas, mas não reflete
Discussão
11
7
condições observadas durante a performance clínica das
fresas
32
.
Apesar de o vidro afetar acentuadamente a
eficiência de corte das fresas, acelerando o processo de perda
dessa eficiência, o padrão de desgaste do vidro (Gráfico 1)
mostrou-se cíclico, sendo semelhante ao citado por Pita
57
durante o desgaste de dentes bovinos, ou seja, durante o uso,
independentemente do material a ser desgastado, as lâminas
de corte sofrem microfraturas que contribuem para um aumento
da área total de contato e maior eficiência da fresa, mas,
quando esses danos se intensificam, a eficiência de corte
diminui novamente, e esse processo se repete até que a fresa
sofra acentuada diminuição do seu potencial de corte.
Embora tenha sido utilizada uma máquina que
permitiu a padronização dos procedimentos de desgaste
associada a um substrato que possuía a mesma dureza em
toda a sua superfície, os dados obtidos apresentaram uma
distribuição não paramétrica desde o primeiro ciclo de uso
quando os mesmos procedimentos foram realizados em todas
as fresas. Desta forma, esta ausência de normalidade pode ser
atribuída à deficiência no controle de qualidade das fresas.
Discussão
11
8
Essas variações também foram observadas quando outros tipos
de fresas foram testados por demais pesquisadores
21,34,86
.
Considerando-se todos os métodos de
esterilização avaliados neste estudo, a esterilização química
com glutaraldeído pode ser contra-indicada uma vez que foi
responsável pela quebra precoce de todas as fresas do Grupo.
A esterilização de fresas carbide em microondas pode ser
indicada para situações emergenciais como, por exemplo,
quando durante um atendimento a fresa é contaminada
acidentalmente, uma vez que tal método possui vantagens,
como menor tempo para a esterilização, facilidade técnica e
menores gastos.
7 Conclusão
Diante da metodologia empregada e com as limitações
deste estudo experimental in vitro pode-se concluir que:
- a esterilização por calor seco (estufa) não afetou a
eficiência de corte das fresas carbide;
- a esterilização química pela utilização de glutaraldeído
2% foi o método responsável pelo pior desempenho das fresas
carbide;
- apesar de não apresentar os melhores resultados, a
utilização da autoclave deve ser indicada para a esterilização
de fresas carbide.
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9 Apêndices
Tabela A1 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais referentes ao primeiro ciclo de desgaste
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0235 0,0273 0,0183 0,0279 0,0307
2 0,0332 0,0226 0,0216 0,0215 0,0220
3 0,0213 0,0241 0,0231 0,0214 0,0184
4 0,0198 0,0153 0,0256 0,0350 0,0272
5 0,0264 0,0210 0,0392 0,0271 0,0323
6 0,0280 0,0199 0,0234 0,0222 0,0333
7 0,0258 0,0230 0,0346 0,0298 0,0334
8 0,0317 0,0264 0,0345 0,0191 0,0287
9 0,0246 0,0247 0,0229 0,0252 0,0423
10 0,0363 0,0251 0,0378 0,0258 0,0272
11 0,0259 0,0203 0,1249 0,0216 0,0337
12 0,0281 0,0239 0,0298 0,0351 0,0276
Soma
0,3246 0,2736 0,4357 0,3117 0,3568
Apêndice
13
4
Tabela A2 - Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 2 ciclos de desgaste e 1 ciclo de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0248 0,0260 0,0225 0,0306 0,0121
2 0,0178 0,0213 0,0114 0,0270 0,0078
3 0,0279 0,0278 0,0162 0,0292 0,0265
4 0,0233 0,0229 0,0213 0,0314 0,0411
5 0,0202 0,0051 0,0176 0,0294 0,0404
6 0,0304 0,0185 0,0224 0,0372 0,0349
7 0,0239 0,0180 0,0345 0,0300 0,0272
8 0,0269 0,0254 0,0213 0,0261 0,1274
9 0,0305 0,0277 0,0288 0,0181 0,0281
10 0,0242 0,0292 0,0219 0,0139 0,0297
11 0,0262 0,0174 0,0133 0,0193 0,0195
12 0,0205 0,0159 0,0178 0,0333 0,0207
Soma
0,2966 0,2552 0,249 0,3255 0,4154
Apêndice
13
5
Tabela A3 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 3 ciclos de desgaste e 2 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0216 0,0301 0,0139 0,0077 0,0219
2 0,0123 0,0289 0,0173 0,0196 0,0189
3 0,0116 0,0317 0,0190 0,0081 0,0176
4 0,0309 0,0281 0,0273 0,0217 0,0277
5 0,0106 0,0000 0,0206 0,0156 0,0362
6 0,0203 0,0248 0,0259 0,0203 0,0190
7 0,0215 0,0196 0,0143 0,0150 0,0247
8 0,0277 0,0268 0,0174 0,0199 0,0270
9 0,0267 0,0204 0,0238 0,0218 0,0176
10 0,0163 0,0210 0,0249 0,0195 0,0215
11 0,0203 0,0173 0,0189 0,0070 0,0305
12 0,0247 0,0237 0,0315 0,0000 0,0331
Soma
0,2445 0,2724 0,2548 0,1762 0,2957
Apêndice
13
6
Tabela A4 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 4 ciclos de desgaste e 3 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0284 0,0208 0,0108 0,0138 0,0202
2 0,0170 0,0250 0,0113 0,0255 0,0257
3 0,0213 0,0132 0,0218 0,0175 0,0243
4 0,0121 0,0154 0,0281 0,0000 0,0190
5 0,0231 0,0000 0,0136 0,0163 0,0154
6 0,0286 0,0204 0,0164 0,0076 0,0225
7 0,0170 0,0190 0,0254 0,0246 0,0298
8 0,0202 0,0208 0,0226 0,0190 0,0242
9 0,0209 0,0159 0,0205 0,0254 0,0297
10 0,0187 0,0134 0,0221 0,0212 0,0211
11 0,0273 0,0277 0,0205 0,0000 0,0235
12 0,0151 0,0266 0,0171 0,0000 0,0211
Soma
0,2497 0,2182 0,2302 0,1709 0,2765
Apêndice
13
7
Tabela A5 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 5 ciclos de desgaste e 4 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0139 0,0332 0,0326 0,0114 0,0246
2 0,0259 0,0213 0,0216 0,0285 0,0265
3 0,0113 0,0238 0,0253 0,0150 0,0306
4 0,0103 0,0210 0,0182 0,0000 0,0129
5 0,0130 0,0000 0,0209 0,0216 0,0230
6 0,0196 0,0270 0,0120 0,0000 0,0234
7 0,0090 0,0207 0,0169 0,0236 0,0279
8 0,0140 0,0264 0,0118 0,0154 0,0228
9 0,0184 0,0244 0,0116 0,0178 0,0279
10 0,0206 0,0237 0,0114 0,0354 0,0254
11 0,0103 0,0220 0,0234 0,0000 0,0831
12 0,0075 0,0273 0,0143 0,0000 0,0350
Soma
0,1738 0,2708 0,22 0,1687 0,3631
Apêndice
13
8
Tabela A6 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 6 ciclos de desgaste e 5 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0134 0,0242 0,0223 0,0181 0,0128
2 0,0225 0,0322 0,0139 0,0229 0,0105
3 0,0309 0,0214 0,0212 0,0228 0,0178
4 0,0180 0,0242 0,0281 0,0000 0,0253
5 0,0136 0,0000 0,0250 0,0000 0,0142
6 0,0118 0,0222 0,0108 0,0000 0,0248
7 0,0228 0,0327 0,0133 0,0000 0,0199
8 0,0214 0,0236 0,0120 0,0166 0,0259
9 0,0197 0,0219 0,0141 0,0071 0,0181
10 0,0115 0,0229 0,0235 0,0754 0,0328
11 0,0251 0,0319 0,0170 0,0000 0,0298
12 0,0148 0,0167 0,0098 0,0000 0,0200
Soma
0,2255 0,2739 0,211 0,1629 0,2519
Apêndice
13
9
Tabela A7 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 7 ciclos de desgaste e 6 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0153 0,0129 0,0147 0,0157 0,0215
2 0,0106 0,0148 0,0071 0,0166 0,0238
3 0,0097 0,0129 0,0161 0,0098 0,0284
4 0,0107 0,0225 0,0201 0,0000 0,0210
5 0,0101 0,0000 0,0157 0,0000 0,0179
6 0,0081 0,0203 0,0157 0,0000 0,0129
7 0,0106 0,0283 0,0154 0,0000 0,0264
8 0,0180 0,0171 0,0101 0,0123 0,0117
9 0,0261 0,0192 0,0206 0,0000 0,0248
10 0,0165 0,0174 0,0247 0,0000 0,0153
11 0,0213 0,0140 0,0179 0,0000 0,0197
12 0,0182 0,0256 0,0177 0,0000 0,0224
Soma
0,1752 0,205 0,1958 0,0544 0,2458
Apêndice
14
0
Tabela A8 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 8 ciclos de desgaste e 7 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0155 0,0023 0,0102 0,0000 0,0203
2 0,0027 0,0084 0,0108 0,0215 0,0132
3 0,0148 0,0132 0,0224 0,0000 0,0205
4 0,0227 0,0264 0,0097 0,0000 0,0188
5 0,0078 0,0000 0,0111 0,0000 0,0160
6 0,0099 0,0202 0,0160 0,0000 0,0192
7 0,0122 0,0198 0,0171 0,0000 0,0178
8 0,0039 0,0271 0,0128 0,0400 0,0230
9 0,0071 0,0199 0,0154 0,0000 0,0154
10 0,0118 0,0119 0,0187 0,0000 0,0093
11 0,0106 0,0198 0,0172 0,0000 0,0210
12 0,0123 0,0186 0,0141 0,0000 0,0270
Soma
0,1313 0,1876 0,1755 0,0615 0,2215
Apêndice
141
Tabela A9 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 9 ciclos de desgaste e 8 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0209 0,0198 0,0139 0,0000 0,0219
2 0,0111 0,0015 0,0098 0,0117 0,0263
3 0,0197 0,0092 0,0299 0,0000 0,0258
4 0,0120 0,0019 0,0099 0,0000 0,0204
5 0,0102 0,0000 0,0072 0,0000 0,0090
6 0,0083 0,0031 0,0111 0,0000 0,0090
7 0,0141 0,0030 0,0081 0,0000 0,0073
8 0,0105 0,0175 0,0107 0,0000 0,0098
9 0,0136 0,0087 0,0174 0,0000 0,0194
10 0,0117 0,0128 0,0086 0,0000 0,0072
11 0,0220 0,0135 0,0122 0,0000 0,0151
12 0,0121 0,0139 0,0127 0,0000 0,0123
Soma
0,1662 0,1049 0,1515 0,0117 0,1835
Apêndice
14
2
Tabela A10 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 10 ciclos de desgaste e 9 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0147 0,0180 0,0075 0,0000 0,0183
2 0,0409 0,0217 0,0073 0,0000 0,0128
3 0,0094 0,0113 0,0064 0,0000 0,0248
4 0,0068 0,0135 0,0055 0,0000 0,0258
5 0,0127 0,0000 0,0051 0,0000 0,0065
6 0,0071 0,0231 0,0096 0,0000 0,0133
7 0,0117 0,0214 0,0049 0,0000 0,0129
8 0,0143 0,0129 0,0148 0,0000 0,0080
9 0,0258 0,0231 0,0069 0,0000 0,0106
10 0,0197 0,0242 0,0159 0,0000 0,0153
11 0,0261 0,0189 0,0040 0,0000 0,0144
12 0,0164 0,0188 0,0130 0,0000 0,0112
Soma
0,2056 0,2069 0,1009 0 0,1739
Apêndice
143
Tabela A11 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 11 ciclos de desgaste e 10 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0132 0,0226 0,0088 0,0000 0,0130
2 0,0264 0,0062 0,0067 0,0000 0,0199
3 0,0144 0,0000 0,0101 0,0000 0,0168
4 0,0319 0,0136 0,0118 0,0000 0,0056
5 0,0037 0,0000 0,0065 0,0000 0,0205
6 0,0079 0,0132 0,0225 0,0000 0,0166
7 0,0153 0,0109 0,0064 0,0000 0,0149
8 0,0109 0,0185 0,0081 0,0000 0,0251
9 0,0110 0,0077 0,0122 0,0000 0,0158
10 0,0096 0,0222 0,0071 0,0000 0,0185
11 0,0098 0,0185 0,0078 0,0000 0,0241
12 0,0086 0,0102 0,0073 0,0000 0,0241
Soma
0,1627 0,1436 0,1153 0 0,2149
Apêndice
14
4
Tabela A12 – Valores de desgaste, em gramas, dos diferentes grupos
experimentais após 12 ciclos de desgaste e 11 ciclos de
esterilização
Repetições
Grupo
E
1
Grupo
E
2
Grupo
E
3
Grupo
E
4
Grupo
E
0
1 0,0155 0,0248 0,0024 0,0000 0,0267
2 0,0183 0,0289 0,0021 0,0000 0,0228
3 0,0093 0,0000 0,0018 0,0000 0,0120
4 0,0128 0,0154 0,0028 0,0000 0,0072
5 0,0105 0,0000 0,0037 0,0000 0,0094
6 0,0096 0,0204 0,0060 0,0000 0,0060
7 0,0096 0,0191 0,0009 0,0000 0,0155
8 0,0104 0,0122 0,0034 0,0000 0,0117
9 0,0112 0,0153 0,0048 0,0000 0,0207
10 0,0095 0,0172 0,0080 0,0000 0,0185
11 0,0113 0,0117 0,0000 0,0000 0,0122
12 0,0082 0,0233 0,0000 0,0000 0,0083
Soma
0,1362 0,1883 0,0359 0 0,171
Apêndice
14
5
Tabela A13 – Valores referentes aos ranks e postos médios
fornecidos pelo teste de Kruskal-Wallis para
cada grupo experimental
Grupos Ranks Postos Médios
E
1
354,00 29,50
E
2
451,50 37,63
E
3
298,50 24,88
E
4
113,00 9,42
E
0
613,00 51,08
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado – 37,45
p < 0,05
Tabela A14 – Diferenças dos postos médios/z calculado
referentes ao teste de Kruskal-Wallis
Grupo E
1
Grupo E
2
Grupo E
3
Grupo E
4
Grupo E
2
8,13/1,14
Grupo E
3
4,63/0,65 12,75/1,79
Grupo E
4
20,08/2,82 28,21/3,96* 15,46/2,17
Grupo E
0
21,58/3,03* 13,46/1,89 26,21/3,68* 41,67/5,84*
z crítico = 2,87
* p < 0,05
Autorizo a reprodução deste trabalho.
Araraquara, 28 de março de 2007.
LAIZA MARIA GRASSI FAIS
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