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Universidade Federal de Itajubá
Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Energia
TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA
em
Subestações de Alta Tensão Desabrigadas
LAERTE DOS SANTOS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia da Energia
da Universidade Federal de Itajubá como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Engenharia da Energia.
Orientador: Prof. Dr. Edson da Costa Bortoni
Itajubá
2006
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ii
ii
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À minha esposa Luzia e aos meus filhos
Marco Túlio, Larissa,
Paulo, Patrícia
e Simone.
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Senhor Deus, criador do universo. Aquele que nos apresenta pessoas e
situações, que muitas vezes parecem estar em direção oposta ao objetivo tão
desejado, mas que no tempo adequado se revelam como elementos essenciais para
alcançá-lo.
À Minha mãe e ao meu já falecido pai, que se estivesse vivo teria o maior
orgulho de seu filho.
À Minha esposa e aos meus filhos que renunciaram às poucas oportunidades
de lazer que ainda têm, para serem meus maiores incentivadores e parceiros nesse
trabalho.
À FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A., empresa que acolheu meu pai,
meus tios, meus irmãos e me acolhe desde 1982.
Ao Eng. Ricardo Medeiros, gerente da Superintendência de Engenharia de
Manutenção – EM.O por possibilitar o desenvolvimento desse trabalho.
Ao Eng. Luiz Antônio Gouvêa de Albuquerque, gerente do Centro Técnico de
Ensaios e Medições – CTE.O. Administrador que vê na educação e no
conhecimento diferenciais de um trabalho confiável e de qualidade. Meus
agradecimentos por acreditar e apoiar esse trabalho, do início até a sua conclusão.
Ao Eng. Juarez Neves Cardoso, gerente do Laboratório de Medidas Elétricas
e Eletrônicas - LAME.O pelo apoio e confiança nos resultados desse trabalho.
Ao Professor Doutor Edson da Costa Bortoni, meu orientador, que acreditou
na proposta desse trabalho mesmo antes do mestrado ter se iniciado.
Ao meu irmão Donizeti e ao meu amigo José Geraldo, companheiros de
mestrado e, principalmente, de incentivo mútuo para enfrentar os 600 km de estrada
e 16 horas de aulas toda semana.
iv
Aos meus amigos de Furnas, envolvidos com a termografia, com quem estou
sempre aprendendo e descobrindo as novas possibilidades de aplicação desta
técnica.
Aos amigos e companheiros de trabalho do Centro Técnico de Ensaios e
Medições – CTE.O que me incentivaram durante o desenvolvimento dessa
dissertação.
v
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS................................................................................................ IV
ÍNDICE...................................................................................................................... VI
ÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................... IX
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................ XIII
RESUMO.................................................................................................................XIV
ABSTRACT..............................................................................................................XV
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................16
2. REVISÃO DA LITERATURA................................................................................19
2.1. HISTÓRICO.................................................................................................................... 19
2.2. REVISÃO DA LITERATURA ESPECÍFICA................................................................... 22
2.3. TEORIAS ENVOLVIDAS ............................................................................................... 29
2.3.1. Calor.......................................................................................................................29
2.3.2. Temperatura ...........................................................................................................30
2.3.3. Modos de Transferência de Calor..........................................................................30
2.3.3.1. Condução.........................................................................................................30
2.3.3.2. Convecção .......................................................................................................33
2.3.3.3. Radiação ..........................................................................................................34
2.3.3.3.1. Radiação Infravermelha................................................................................35
2.3.4. Teoria da Radiação................................................................................................37
2.3.4.1. Leis da Radiação para o Corpo Negro.............................................................40
2.3.4.1.1. Lei de Planck................................................................................................40
2.3.4.1.2. Lei do deslocamento de Wien ......................................................................43
2.3.4.1.3. Lei de Stefan-Boltzmann..............................................................................45
2.3.4.2. Leis da Radiação para emissores reais ............................................................46
2.3.4.2.1. Efeito Cavidade ............................................................................................49
3. LIMITAÇÕES DA TERMOGRAFIA ......................................................................51
3.1. INSPETOR ..................................................................................................................... 53
3.2. TERMOVISOR................................................................................................................ 54
vi
3.2.1.Tecnologias de detecção..........................................................................................55
3.2.2. Faixa de temperatura .............................................................................................57
3.2.3. Faixa espectral.......................................................................................................58
3.2.4. Resolução espacial.................................................................................................60
3.2.5. Resolução de medida..............................................................................................62
3.2.6. Sensibilidade térmica .............................................................................................65
3.2.7. Taxa de repetição de quadro (Frame Rate) ...........................................................65
3.2.8. Termovisor recomendado para inspeções em subestações de alta tensão.............66
3.3. EQUIPAMENTO / COMPONENTE SOB INSPEÇÃO.................................................... 67
3.3.1. Emissividade...........................................................................................................67
3.3.1.1. Ângulo de visão...............................................................................................72
3.3.2. Corrente de carga...................................................................................................74
3.4. CONDIÇÕES AMBIENTAIS........................................................................................... 82
3.4.1. Transmitância atmosférica.....................................................................................82
3.4.1.1.Absorção...........................................................................................................83
3.4.1.2. Dispersão.........................................................................................................83
3.4.1.3. Emissão............................................................................................................83
3.4.1.4. Turbulência......................................................................................................83
3.4.2. Atmosfera terrestre.................................................................................................84
3.4.2.1. Ensaio para verificação da atenuação atmosférica..........................................86
3.4.3. Fatores Climáticos .................................................................................................90
3.4.3.1. Radiação solar .................................................................................................92
3.4.3.1.1. Carregamento solar.......................................................................................92
3.4.3.1.2. Reflexo Solar................................................................................................95
3.4.3.2. Chuva e umidade.............................................................................................98
3..4.3.2.1. Resfriamento................................................................................................99
3.4.3.2.2. Atenuação...................................................................................................100
3.4.3.3. Vento .............................................................................................................101
3.4.3.4. Temperatura ambiente...................................................................................105
4. PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO .....................................................................107
4.1. ESCOPO ...................................................................................................................... 107
4.2. OBJETIVOS................................................................................................................. 107
vii
4.3. DEFINIÇÕES................................................................................................................ 108
4.4. RESPONSABILIDADES .............................................................................................. 110
4.5. INSPEÇÃO TERMOGRÁFICA..................................................................................... 111
4.6. SEGURANÇA NAS INSPEÇÕES................................................................................ 114
4.7. AVALIAÇÃO DA SEVERIDADE DAS ANOMALIAS TÉRMICAS ENCONTRADAS.. 115
4.8. MODELO DE RELATÓRIO DE INSPEÇÃO TERMOGRÁFICA.................................. 121
5. CONCLUSÃO .....................................................................................................122
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................124
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 – Evolução dos Termovisores ....................................................................22
Figura 2 – Chapa plana indicando a direção do fluxo de calor.................................31
Figura 3 - Variação da condutividade térmica com a temperatura. ..........................32
Figura 4 – Transferência de calor por condução em uma seccionadora.. ................33
Figura 5 – Termograma de um TP e a visualização do nível de óleo.......................34
Figura 6 – Espectro eletromagnético........................................................................35
Figura 7 – Onda eletromagnética .............................................................................38
Figura 8 – Discrepância entre a distribuição espectral do Corpo Negro e as
calculadas pela Lei de Wien e Lei de Rayleigh-Jeans. .........................39
Figura 9 – Exitância radiante espectral de um Corpo Negro ....................................41
Figura 10 – Relação entre a temperatura (T) e a exitância radiante espectral de um
Corpo Negro (M
λ
b
) para diferentes comprimentos de onda (λ). ...........42
Figura 11 – Curvas de Planck em escala semi-log...................................................44
Figura 12 – Comprimento de onda (λ
máx
) em que ocorre a máxima exitância radiante
do Corpo Negro (M
bmáx
) em uma dada temperatura (T)........................44
Figura 13 – Exitância radiante total do Corpo Negro (M
b
) em uma dada temperatura
(T). ........................................................................................................45
Figura 14 – Radiação incidente em um objeto real e as possíveis frações de
radiação absorvida (α
λ
), refletida (ρ
λ
) e transmitida (τ
λ
)........................47
Figura 15 – Exitância radiante espectral dos três tipos de fontes de radiação.........48
Figura 16 – Emissividade espectral dos três tipos de fontes de radiação. ...............48
Figura 17 – Radiação incidindo em uma superfície de baixa emissividade..............50
Figura 18 – Inspeção termográfica em um equipamento de subestação. ................51
Figura 19 – Inspeção termográfica em um equipamento de subestação com as
possíveis influências. ............................................................................52
Figura 20 – Diagrama simplificado de um Termovisor genérico...............................54
Figura 21 - Esquema simplificado de um Termovisor com sistema de detecção por
varredura...............................................................................................55
ix
Figura 22 – Esquema simplificado de umo Termovisor com sistema fixo de detecção
(FPA).....................................................................................................56
Figura 23 – Resposta espectral de alguns detectores de infravermelho. .................57
Figura 24 – Seccionadora com os contatos acima de 500° C, tornando visível parte
da radiação emitida...............................................................................58
Figura 25 – Espectro eletromagnético e as faixas espectrais utilizadas na fabricação
de Termovisores comerciais. ................................................................58
Figura 26 – Energia disponível nas faixas de 3 a 5 µm e de 8 a 14 µm para um
objeto a uma temperatura de 300 K (26,8° C). .....................................59
Figura 27 – Representação do Campo de Visão (FOV) e do Campo de Visão
Instântaneo (IFOV) de um Termovisor..................................................60
Figura 29 - Grampo que fixa o cabo pára-raio na estrutura da torre. .......................64
Figura 30 – Imagem visível e térmica da superfície de um ferro de passar roupa com
diferentes emissividades.......................................................................68
Figura 31 – Conexão com alta temperatura e baixa emissividade ...........................69
Figura 32 – Percentagem de componentes defeituosos encontrados pela inspeção
termográfica na CHESF. .......................................................................70
Figura 33 - Percentagem de componentes defeituosos encontrados pela inspeção
termográfica em FURNAS.....................................................................70
Figura 34 – Equipamentos e conexões apresentando maior emissividade nas áreas
de cavidades.........................................................................................72
Figura 35 – Conexão apresentando maior emissividade nas áreas oxidadas..........72
Figura 36 – Emissividade em função do ângulo de visão.........................................73
Figura 37 – O termografista deve buscar a visão mais perpendicular possível com a
superfície do componente sob inspeção...............................................73
Figura 38 – Gráfico da corrente circulante pela seccionadora no período de 24 hs.75
Figura 39 – Termogramas mostrando o efeito da corrente sobre a temperatura de
uma seccionadora com alta resistência de contato e sobre a
temperatura de uma seccioandora normal............................................76
Figura 40 – Esquema do ensaio para determinar a variação da temperatura em uma
conexão em função da corrente............................................................78
Figura 41 – Foto do experimento Temperatura x Corrente. .....................................79
x
Figura 41 – Gráfico da variação de Temperatura em função da Corrente em uma
conexão defeituosa. ..............................................................................80
Figura 43 – Transmissão da atmosfera para uma distância de 1,8 km ao nível do
mar com 17 mm de precipitação de chuva. ..........................................85
Figura 44 – Transmitância atmosférica para uma distância de 10 m. ......................86
Figura 45 – Transmitância atmosférica para uma distância de 50 m. ......................86
Figura 46 – Esquema do ensaio para a determinação da atenuação atmosférica...87
Figura 47 – Foto do ensaio para a determinação da atenuação atmosférica...........88
FIgura 48 – Gráfico da temperatura em função da distância - Referência (Corpo
Negro) em 50° C. ..................................................................................89
FIgura 49 – Gráfico da temperatura em função da distância - Referência (Corpo
Negro) em 100° C. ................................................................................89
Figura 51 – Esquema do ensaio para a monitoração das temperaturas das conexões
(normal e defeituosa) e da influência de fatores climáticos...................91
Figura 52 – Foto do ensaio para monitoração das temperaturas das conexões
(normal e defeituosa) e da influência de fatores climáticos...................91
Figura 53 – Termogramas de uma conexão defeituosa e uma conexão normal - (a)
Sem carregamento solar (22:51 h)..- (b) Com carregamento solar (17:26
h)...........................................................................................................93
Figura 54 – Energia do Sol tipicamente vista através da atmosfera da Terra. .........93
Figura 55 – Variação da temperatura das conexões durante períodos com e sem a
incidência de radiação solar..................................................................94
Figura 56 – Termogramas de um Transformador de Corrente, sob o Sol, obtidos de
três posições distintas...........................................................................95
Figura 57 – Esquema do ensaio realizado para demonstrar o efeito do reflexo solar
..............................................................................................................96
Figura 58 – Reflexo solar provocando um falso ponto com alta temperatura em uma
conexão de um Transformador de Corrente - TC .................................97
Figura 59 – Saturação da água no ar em função da temperatura (ao nível do mar).98
Figura 60 – Efeito da chuva sobre a temperatura das conexões do ensaio da Figura
51. .........................................................................................................99
Figura 61 – Efeito da chuva sobre a temperatura das conexões do ensaio da Figura
51. .........................................................................................................99
xi
Figura 62 – Dispersão em função do comprimento de onda para diferentes
intensidades de neblina (nevoeiro) e para uma distância de 1 Km.....100
Figura 63 – Efeito do vento sobre a temperatura de um disjuntor a óleo. ..............101
Figura 64 – Redução da temperatura do componente em função da velocidade do
vento. ..................................................................................................102
Figura 65 – Variação da velocidade e direção do vento, monitorados por um período
de 24 horas, em uma subestação de alta tensão desabrigada...........103
Figura 66 – Efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e uma
normal. ................................................................................................104
Figura 67 – Efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e uma
normal .................................................................................................104
Figura 68 – Variação da temperatura de uma conexão defeituosa e outra normal e
da temperatura ambiente durante um período de aproximadamente 70
horas. ..................................................................................................105
xii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Diferentes divisões propostas na literatura para a região de radiação
infravermelha..........................................................................................36
Tabela 2 – Divisão baseada em limites espectrais de detectores de infravermelho.37
Tabela 3 – Divisão da radiação infravermelha adotada pela ABNT..........................37
Tabela 4 – Energia disponível nas faixas de comprimento de onda dos Termovisores
...............................................................................................................59
Tabela 5 – Absorbância solar e emitância infravermelha para diferentes superfícies a
uma temperatura próxima de 300 K (26,85° C)......................................71
Tabela 6 – Resultados da variação da Temperatura em função da Corrente...........79
Tabela 7 – Aplicação da Equação 23 nos resultados da Tabela 6. ..........................80
Tabela 8 – Gases que formam a atmosfera..............................................................84
Tabela 9 – Fator de correção para uma placa vertical............................................103
Tabela 10 – Comparativo de critérios de severidade de algumas Normas
internacionais. ......................................................................................117
xiii
Resumo
RESUMO
A Termografia Infravermelha, se corretamente utilizada, é uma excelente
ferramenta de manutenção preditiva em subestações de alta tensão, detectando
defeitos em seus estágios iniciais e evitando paradas não programadas,
aumentando a segurança nas inspeções e aumentando o tempo entre as paradas
para manutenção e conseqüentemente, aumentando a confiabilidade do Sistema
Elétrico e reduzindo custos. Contudo, possui limitações, principalmente quando
realizada em ambientes abertos, onde os resultados obtidos podem ser alterados
consideravelmente por influências ambientais, dificultando a análise e o correto
diagnóstico dos equipamentos inspecionados.
Essa dissertação de Mestrado tem como objetivo definir as principais
limitações e influências sobre uma inspeção termográfica em subestações de alta
tensão desabrigadas. Analisar, desde a influência de quem executa a inspeção
(termografista), as limitações do equipamento utilizado para se fazer a inspeção
(termovisor), as condições do equipamento sob inspeção, até as influências de
fatores ambientais sobre a medição e a análise das anomalias térmicas encontradas.
Apresentar de modo prático, através de ensaios em laboratório ou em campo, a
implicação dessas influências e discutir meios de reduzi-las ou evitá-las. A partir daí,
desenvolver uma metodologia de inspeção capaz de obter resultados mais
confiáveis, possibilitando uma análise mais consistente dos defeitos encontrados.
xiv
Abstract
ABSTRACT
The Infrared Thermography, when correctly applied, is an excellent predictive
maintenance tool for high voltage substations. Its utilization allows the detection of
failures in their initial phases avoiding, therefore, undesired not programmed
maintenances. Consequently there is an increasing in the inspections safety, time
between maintenances and power system reliability, reducing costs. However, there
are limitations in its applications, mainly when it is carried out in outdoor
environments. In these conditions, the obtained results can be considerably
influenced by environmental quantities, turning the analysis more difficult and
diagnosis of inspected equipments less reliable.
The aim of this dissertation is at to define the main limitations and influences
on a thermographic inspection on uncovered high voltage substations. It analyzes the
influence from who executes the inspection (the thermographer), the limitations of
equipment employed in the inspection (thermal camera) and the conditions of
equipment under inspection. The influences of environmental factors over the
measuring and the analysis of thermal anomalies identified are also considered. It
presents the implications of these influences, through tests in laboratory and in field,
proposing procedures to reduce or to avoid them. After that, the development of an
inspection methodology in order to get more reliable results is made, enabling a more
consistent analysis of the found failures.
xv
1. INTRODUÇÃO
O Sistema elétrico nacional compreendendo a geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica é parte fundamental na infra-estrutura brasileira.
Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, o mercado de
energia elétrica experimenta um crescimento da ordem de 4,5% ao ano, devendo
ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2008, (ANEEL, 2006). Portanto, torna
evidente a importância de se investir na expansão do Sistema Elétrico. Mas tão
importante quanto a expansão, é a eficaz manutenção do Sistema instalado,
proporcionando disponibilidade de energia com qualidade, continuidade e baixo
custo, fatores vitais para o bom desempenho da economia brasileira. Sob esse ponto
de vista, se faz necessário buscar a melhor estratégia para manter os equipamentos
em operação e reduzir as falhas no Sistema Elétrico. Entre essas estratégias está a
Manutenção Preventiva, que determina intervenções programadas e periódicas para
a substituição ou reparo de componentes específicos em função de parâmetros
como vida útil nominal e experiência anterior, além de dados históricos e estudos
estatísticos, mas não a real condição de funcionamento dos equipamentos. Embora
para o Sistema Elétrico possa ser melhor que uma Manutenção Reativa, na qual o
componente só é substituído ou reparado quando ocorre a falha, a Manutenção
Preventiva freqüentemente deixa sem manutenção componentes que deveriam ser
reparados ou substituídos, ou são reparados ou substituídos componentes em bom
estado de operação, (Abende, 2006). Outra abordagem para manter os
equipamentos é a Manutenção Preditiva, que ao invés de realizar a manutenção em
um intervalo regular, ela só é efetuada se a condição do equipamento requerer esta
atividade. Na Manutenção Preditiva, falhas podem ser encontradas e corrigidas em
seus estágios iniciais, antes que se tornem falhas potenciais capazes de provocar a
interrupção no fornecimento da energia elétrica. Com ela é possível reduzir custos e
o tempo de intervenção através do conhecimento prévio dos defeitos a serem
corrigidos, aumentar a disponibilidade dos equipamentos para o fornecimento de
energia, minimizando os riscos de acidentes e interrupções inesperadas.
Na manutenção preditiva, certos parâmetros dos componentes devem ser
monitorados para identificar o início da falha e corrigi-la, (Okrasa et alii, 1997). Em
16
sistemas elétricos as falhas freqüentemente são precedidas de uma anormalidade
térmica do componente elétrico, fato que faz da medição de temperatura um dos
principais parâmetros de análise e diagnóstico, (Newport, 2002).
A medição de temperatura pode ser realizada por dois métodos:
Medição por contato, na qual termômetros de líquido em vidro,
termômetros de resistência e termopares são utilizados.
Medição sem contato, na qual termômetros de infravermelho
(radiômetros), pirômetros ópticos e Termovisores podem ser empregados,
(Holst, 2000).
A escolha, de um ou de outro método, vai depender basicamente da
aplicação.
Em sistemas elétricos, fatores como segurança, distância do objeto a ser
medido, agilidade na obtenção da medida e o caráter não destrutivo do método,
fazem da medição sem contato uma opção bastante atraente e, em certos casos, a
única opção. Dentre as alternativas de medição sem contato, a termografia
infravermelha possui a grande vantagem de ser um método visual e capaz de
examinar grandes superfícies em pouco tempo (alto rendimento), ideal para locais
com grande quantidade de equipamentos a ser inspecionada como é o caso de
subestações de alta tensão, (Santos et alii, 2005).
A aplicação da Termografia Infravermelha em subestações de alta tensão
possui limitações, principalmente quando realizada em ambientes abertos, onde os
resultados obtidos podem ser alterados consideravelmente por influências
ambientais, dificultando a análise e o correto diagnóstico dos equipamentos
inspecionados. Contudo, se corretamente utilizada é uma excelente ferramenta de
manutenção preditiva em subestações de alta tensão, detectando defeitos em seus
estágios iniciais e evitando paradas não programadas, aumentando a segurança nas
inspeções e aumentando o tempo entre as paradas para manutenção e,
conseqüentemente, aumentando a confiabilidade do Sistema Elétrico e reduzindo
custos.
17
A termografia infravermelha aplicada à área elétrica tem sido tema de estudo
de muitas publicações internacionais e objeto para a elaboração de algumas
normas. No entanto, grande parte destes trabalhos, apesar de dar conhecimento das
várias influências envolvidas no processo de inspeção, não os leva em consideração
na análise dos dados obtidos.
Essa Dissertação tem como objetivo investigar as limitações e influências
envolvidas na aplicação da termografia infravermelha na inspeção de subestações
de alta tensão desabrigadas. Considerando essas limitações e influências,
apresentar uma metodologia de inspeção capaz de ponderá-las, possibilitando uma
análise mais consistente dos dados obtidos, com um conseqüente aumento da
confiabilidade nos resultados da aplicação da termografia e favorecimento de uma
contínua operacionalidade de subestações e do Sistema Elétrico como um todo.
Essa dissertação está dividida em cinco capítulos, sendo este o primeiro,
introdutório. O capítulo 2 faz uma revisão da literatura, descrevendo fatos históricos
importantes para o desenvolvimento da termografia infravermelha, desde a
descoberta da radiação infravermelha até os dias atuais. Apresenta ainda, uma
revisão da literatura particularmente direcionada às influências e limitações da
termografia e se encerra apresentando os conceitos básicos das teorias envolvidas.
No capítulo 3 são discutidas as limitações da termografia quando aplicada em
inspeções de subestações de alta tensão desabrigadas. No capítulo 4 é descrito um
procedimento de inspeção, elaborado a partir das melhores práticas de empresas do
setor de energia e das limitações discutidas no capítulo 3. Finalmente, o capítulo 5
apresenta a conclusão desse trabalho, que serviu como estímulo inicial de trabalhos
mais específicos, aprovados pela ANEEL e já em andamento.
18
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Histórico
A Termografia Infravermelha, tal como é conhecida hoje, com Termovisores
portáteis capazes de detectar e converter, em tempo real, a radiação infravermelha
em imagens visíveis e com a possibilidade de medição de temperatura, só foi
possível devido a diversos estudos e descobertas, das quais algumas das mais
importantes, a partir da descoberta da radiação infravermelha, são descritas abaixo.
Em 1800, o alemão Friedrich Wilhelm Herschel, mais conhecido por Sir
William Herschel, astrônomo do rei inglês, George III, e descobridor do planeta
Urano, (Maldague & Moore, 2001), procurava um meio de proteger seus olhos
quando observava o Sol através de telescópios e, ao testar amostras de vidros
coloridos, observou que algumas deixavam passar mais calor que outras. Na
tentativa de descobrir um único material, que pudesse atenuar o calor e proteger
seus olhos do brilho do sol, repetiu a experiência que Marsilio Landriani havia
realizado em 1777, (Rogalski & Chrzanowski, 2002). Com o auxílio de um prisma e
três termômetros de mercúrio com os bulbos pintados de preto, Hershel mediu a
temperatura das várias componentes de cor da luz do sol refratados através do
prisma e incididos em um anteparo. Notou um aumento de temperatura da cor
violeta para a cor vermelha, como havia sido observado anteriormente por Landriani,
entretanto, observou também que o maior pico de temperatura ocorria na região
escura, além do vermelho. Com isso concluiu que existia, naquela região, luz
invisível aquecendo os termômetros. À região deu o nome de Espectro
Termométrico e à radiação o nome de Calor Negro. Décadas mais tarde essa região
do espectro eletromagnético passou a ser chamada de Região Infravermelha e a
radiação, de Radiação Infravermelha, (Richards, 2001). Herschel publicou os
resultados dos seus experimentos em um artigo para a Philosophical Transactions of
Royal Society, (AGA, 1969).
Em 1829, Leopoldo Nobili inventou o primeiro termopar, sensor de contato
formado pela junção de dois metais distintos e baseado no efeito termoelétrico
descoberto em 1821 por Thomas Seebeck, (Rogalski & Chrzanowski, 2002).
19
Em 1830, Macedônio Melloni descobriu que o cloreto de sódio (NaCl) é
transparente ao infravermelho, (Veratti, 1984). Esse foi o principal material óptico
para infravermelhos até a década de 30, época em que os cristais sintéticos
começaram a ser criados, (Flir Systems, 2003).
Em 1833, o mesmo Melloni foi responsável pela construção da primeira
termopilha, (Maldague & Moore, 2001). Conectando vários termopares em série e
focando a radiação sobre um lado das junções, conseguia detectar o calor liberado
pelo corpo de uma pessoa a uma distância de aproximadamente 10 metros.
John Frederick William Hershel, filho de Sir William Hershel, publicou em 1840
um artigo no qual descrevia um arranjo usado para gravar imagens infravermelhas
do espectro solar. Esse arranjo consistia de um prisma que projetava a luz do sol
sobre um papel preto, muito fino, imerso em uma solução de tintura a álcool colorido.
As ondas de luz absorvidas pelo papel produziam diferentes taxas de evaporação da
solução de tintura, o que resultava em uma rudimentar imagem térmica estampada
no papel, (Richards, 2001). Foi a primeira imagem de infravermelho registrada. Esta
técnica foi aprimorada em 1929 por Marianus Czerny que inventou o Evaporograph,
(Holst, 2000). O Evaporography era um sistema de processamento de imagens
infravermelhas que utilizava uma fina película de óleo volátil aplicado a uma fina
membrana absorvente e se baseava na evaporação diferencial do óleo, (Richards,
2001).
Em 1880 o bolômetro foi inventado por Samuel Pierpont Langley e
aperfeiçoado por Charles Greeley Abbot. Um bolômetro é um detector térmico que
consiste de uma ponte de Wheatstone, na qual é conectada a um dos seus braços
uma fina tira de platina escurecida, cuja condutividade elétrica varia quando
aquecida por uma radiação incidente, (Gaussorgues, 1994). Com esse bolômetro
era possível detectar o calor emitido por uma vaca a uma distância de
aproximadamente 400 metros, (Flir Systems, 2003).
No ano de 1892, Sir James Dewar introduziu o uso de gases liquefeitos como
agentes de refrigeração e inventou um recipiente isolado a vácuo, conhecido como
frasco Dewar, no qual era possível armazenar gases liquefeitos por dias inteiros.
20
Anos mais tarde esta técnica seria usada para a refrigeração de detectores de
Termovisores, (AGA, 1969).
A partir de 1900, muitas patentes relacionadas a dispositivos de detecção por
infravermelho foram emitidas, mas o grande desenvolvimento da termografia foi
resultado do interesse militar que já na I Guerra Mundial desenvolvia sistemas
experimentais de detecção do inimigo. Um sistema de infravermelho testado naquela
época permitia detectar um avião a uma distância de 1500 metros ou uma pessoa a
mais de 300 metros, (AGA, 1969).
Em 1917, Case desenvolveu o primeiro fotodetector, dispositivo baseado na
interação direta entre os fótons da radiação incidente com os elétrons do material e
cuja sensibilidade e tempo de resposta eram superiores às do bolômetro, (Maldague
& Moore, 2001)
Com o desenvolvimento do fotodetector, programas de pesquisa militar na
área de processamento de imagens térmicas se intensificaram e durante a II Guerra
Mundial obteve grandes avanços no desenvolvimento da visão noturna, mísseis
guiados pelo calor e do primeiro scanner de linha, (Tavares, 2003), equipamento que
fornece o perfil de temperatura ao longo de uma linha e para formar uma imagem
bidimensional necessita do movimento relativo do objeto sob inspeção. Com a
inclusão, em 1954, de um sistema de varredura óptico-mecânico ou eletrônico, os
equipamentos podiam diretamente formar uma imagem bidimensional, mesmo
assim, um Termovisor levava 45 minutos para criar uma imagem e só em meados da
década de 60 é que foi lançado o primeiro Termovisor de tempo real, capaz de
produzir 20 imagens por segundo. Nesta ocasião se iniciou a comercialização de
Termovisores, (Holst, 2000).
No início da década de 70 chegou ao Brasil os primeiros Termovisores. Nessa
época, empregavam detectores resfriados a nitrogênio líquido, sistemas de
varredura ópticos-mecânicos para formar as imagens térmicas e a temperatura do
objeto inspecionado era obtida através de cálculos, (Santos et alii, 2005).
21
Rápidos avanços na tecnologia foram observados de 1970 até os nossos
dias. Detectores de resfriamento criogênico evoluíram para resfriados eletricamente
e, em seguida, para detectores sem resfriamento. Os sistemas de varredura ópticos-
mecânicos foram substituídos pela tecnologia de FPA (Focal Plane Array), o peso
que nos anos 70 chegava próximo dos 40 kg diminuiu para menos de 2 kg (Figura
1), as leituras de temperatura passaram a ser mostradas diretamente no monitor do
Termovisor e a sensibilidade térmica aumentou consideravelmente. Atualmente os
Termovisores são portáteis, podem ser conectados ao computador e possuem
softwares para análise das imagens, facilitando ainda mais a aplicação da
termografia em sistemas elétricos.
(a)
(
)
(
c
)
(
)
Figura 1 – Evolução dos Termovisores – (a) Detector resfriado a nitrogênio líquido, sistema de
varredura óptico/mecânico, peso total de 37 kg – (b) Detector resfriado eletricamente, sistema de
varredura óptico/mecânico, peso de 6,1 kg – (c) Detector não resfriado, FPA (Focal Plane Array), peso
de 2,7 kg – (d) Detector não resfriado, FPA (Focal Plane Array), peso de 2,0 kg.
2.2. Revisão da Literatura Específica
Posteriormente à comercialização dos primeiros Termovisores, em meados
da década de 60, alguns trabalhos começaram a ser desenvolvidos e publicados.
Inicialmente trabalhos preocupados em apresentar a nova tecnologia à sociedade
civil e como ela poderia ser aplicada às diversas áreas do conhecimento humano.
Entre eles, o trabalho de Ferreti & Giorgi (1969), no qual cita a possibilidade de
aplicação da termografia em várias áreas e aponta a área médica e a área elétrica
como áreas típicas para sua utilização. Ferreti & Giorgi apresentam a nova
tecnologia e suas vantagens na aplicação em plantas elétricas de alta tensão e,
sobretudo, descrevem os resultados de uma investigação em aproximadamente
22
10.000 componentes de uma empresa de energia elétrica italiana. Nessa
investigação, nove subestações de 220 kV e quinze de 132 kV foram avaliadas e
381 (3,81%) componentes foram detectados com sobreaquecimento. Foi utilizado
um critério baseado na temperatura para a classificação dos componentes
sobreaquecidos.
O trabalho de Brice (1978) mostra que um lado importante da operação de
subestações de alta tensão é a manutenção preventiva de equipamentos elétricos
energizados. Os problemas nestes equipamentos freqüentemente aparecem como
pontos quentes devido a sobrecargas térmicas locais ou mau contato. Um excelente
método de localização destes pontos quentes é a detecção remota da radiação
infravermelha emitida. O trabalho faz uma revisão dos sistemas de detecção da
radiação infravermelha aplicáveis a estes casos. A primeira parte do trabalho é uma
breve introdução à detecção infravermelha e sistemas de imagem. Em seguida, a
pesquisa de sistemas disponíveis comercialmente, adequados para a tarefa, é
apresentada. O trabalho termina destacando os novos desenvolvimentos na
tecnologia infravermelha.
Nessa mesma linha, Veratti (1981) descreve a aplicação da termografia em
indústrias petroquímicas e em inspeções elétricas. Cita critérios de temperatura para
priorizar as manutenções, lembrando de correlacioná-los com a corrente do circuito,
importância da linha, tipo de componente e a sua tolerância. Veratti (1984) descreve
a teoria básica da radiação e faz uma revisão dos sistemas infravermelhos, além de
apresentar as várias aplicações da termografia.
Agema (1989) descreve as vantagens da utilização da termografia
infravermelha em instalações elétricas e apresenta os resultados positivos obtidos
por várias empresas de energia. Entre elas, três produtores de energia da Bélgica
que após iniciarem a inspeção de subestações com a termografia infravermelha
diminuíram, em seis anos, o número de falhas de 2,35% para 0,24% e uma empresa
italiana, da região de Milão, que diminuiu o número de componentes sobreaquecidos
de 1% para 0,5% em três anos.
23
Com a crise de energia nos Estados Unidos na década de 70, a termografia
foi vista como uma importante ferramenta para detecção de perdas de calor. Em
1978 foi criada a primeira conferência dirigida ao uso comercial, industrial e científico
da termografia, a ThermoSense, tendo em sua primeira edição grande parte dos
trabalhos voltados para a conservação de energia, (Madding et alii, 2003).
No Brasil, a termografia foi uma das preocupações do então Grupo
Coordenador para Operação Interligada – GCOI, que em 1985 reuniu nove
empresas do setor elétrico brasileiro para desenvolver procedimentos de inspeção
em subestações utilizando Termovisores, (GCOI, 1985).
Com a contínua evolução da tecnologia, tornando os equipamentos mais
portáteis, com a introdução de equipamentos baseados em microprocessadores que
realizavam medidas de temperatura em tempo real e o advento dos detectores de
FPA (Focal Plane Array), os Termovisores tornaram-se mais fáceis de usar e
aumentou o interesse pela aplicação da termografia. Apesar da facilidade de
utilização dos Termovisores, a correta aplicação da termografia em sistemas
elétricos necessitava de conhecimento. Na tentativa de estabelecer procedimentos
de inspeção, algumas organizações criaram normas referentes à termografia
infravermelha. Em meio a essas normas, algumas das mais difundidas são:
E1934 - Standard Guide for Examining Electrical and Mechanical
Equipment with Infrared Thermography desenvolvido pela American
Society for Testing and Materials – ASTM.
MIL-STD-2194 - Military Standard Infrared Thermal Imaging Survey
Procedure for Electrical Equipment elaborado pela United States Navy.
NETA MTS - Maintenance Testing Specification for Electrical Power
Distribution Equipment and Systems da InterNational Electrical Testing
Association - NETA.
TTCTRAN.015 - Guidelines for Thermographic Inspection in Electrical
Installations desenvolvido pelo Danish Technology Institute.
24
No Brasil foi criada no ano de 2005, dentro do Organismo de Normalização
Setorial (ONS 58) credenciado pela ABNT, a comissão de estudos CE 58:000.11,
responsável pela elaboração das Normas Brasileiras de termografia.
Entre os muitos trabalhos orientados aos procedimentos de inspeção em
sistemas elétricos e às suas limitações, encontramos Snell & Spring (1992) que
apresentam alguns fatores importantes para o sucesso de um programa de inspeção
termográfica, dentre eles o treinamento e a segurança do pessoal envolvido, a
escolha do Termovisor adequado, a definição da periodicidade de inspeção, a
necessidade de relatórios detalhados e um banco de dados para armazenar os
dados das inspeções. Discutem ainda, como esses fatores devem ser incluídos em
um programa de inspeção utilizando a termografia.
Snell (1995) discute a validade de se usar dados de temperatura, obtidos pela
termografia infravermelha, para determinar a severidade de um problema em
sistemas elétricos. Segundo Snell, o pouco conhecimento em medidas radiométricas
de grande parte dos inspetores de termografia, as variações das condições de
campo, as limitações inerentes à medida radiométrica e a escassa pesquisa
científica sobre a relação entre a elevação de temperatura do componente e o tempo
esperado de sua falha, são algumas das razões para não confiar nesta metodologia.
Snell apresenta quatro normas americanas para inspeção elétrica utilizando
termografia infravermelha, National Electrical Testing Association - NETA, United
States Navy - US NAVY, Infraspection Institute, e Nuclear Maintenance Applications
Center - NMAC e observa que todas possuem critérios para priorizar reparos
baseados em temperatura, mas que permitem ao inspetor de termografia mudar esta
prioridade de acordo com sua avaliação pessoal e com pouca orientação de como
isso deve ser feito. Snell mostra as diversas variáveis que influenciam nos resultados
de uma inspeção termográfica quantitativa para reafirmar o uso de uma termografia
qualitativa, mas por outro lado, apresenta ações para melhorar a confiabilidade de
inspeções termográficas quantitativas e afirma que se a relação entre corrente e
temperatura, o impacto das mudanças ambientais na medida de temperatura e a
relação entre o calor e o tempo relativo à falha do componente fossem mais bem
compreendidos, a inspeção termográfica quantitativa ganharia mais credibilidade.
25
Snell (1996) aborda a necessidade de uma formalização do protocolo de
inspeção termográfica em procedimentos escritos e considera que eles são vitais
para produzir resultados consistentes e de alta qualidade e são essenciais para a
segurança do inspetor de termografia, por essa razão, pode vir a ser solicitado por
agências regulatórias. Snell faz uma revisão das normas e procedimentos existentes
para inspeções termográficas, assim como, das normas para qualificação e
certificação de inspetores de termografia. Expõe a preocupação de entidades, como
a American Society of Testing and Materials - ASTM, Electric Power Research
Institute - EPRI e American Society for Nondestructive Testing – ASNT, no
desenvolvimento de normas específicas para inspeções em sistemas elétricos.
Apresenta ainda, uma metodologia geral de como desenvolver um procedimento
escrito e avalia que o investimento no seu desenvolvimento pode ser alto, mas que o
retorno é significantemente maior.
O trabalho de Epperly et al (1997) aborda a questão de que um programa de
inspeção termográfica utilizando equipamento adequado e pessoal devidamente
treinado pode ser extremamente efetivo para prevenir falhas potenciais em sistemas
elétricos. O artigo faz uma breve descrição da termografia infravermelha e de suas
vantagens e limitações. Descreve estudos de caso, cita critérios para seleção de um
Termovisor adequado e apresenta várias normas para determinar a urgência do
reparo após a descoberta do defeito pela inspeção termográfica.
Snell & Fritz (1998) discutem o risco de ter a temperatura medida, através da
termografia, como único parâmetro para predizer uma falha, declarando que vários
fatores tornam a medida radiométrica muito imprecisa. Fatores como a baixa
emissividade dos componentes inspecionados, as variações na corrente de carga, o
efeito da convecção natural e forçada, as mudanças na temperatura ambiente e o
fato de que, na maioria das vezes, o ponto medido está na superfície do
componente e não no ponto em que está realmente a fonte do aquecimento. Snell &
Fritz detalham cada um desses fatores e apresentam técnicas importantes para
melhorar os resultados obtidos com a termografia infravermelha em inspeções
elétricas.
26
Snell (1998) reforça a idéia de treinamento das pessoas envolvidas com a
termografia e a necessidade de implantação de um procedimento escrito como base
para um programa termográfico de sucesso. Nesse artigo, Snell descreve o trabalho
de duas grandes empresas no desenvolvimento de procedimentos escritos e termina
apresentando uma recomendação de procedimento escrito para inspeções em
sistemas elétricos, no qual são descritos os principais itens do documento, como o
escopo, as referências utilizadas, as orientações de segurança, a qualificação dos
inspetores, dados do Termovisor, os passos detalhados do procedimento de
inspeção e a descrição do registro das anomalias térmicas encontradas.
Veratti (2000) aborda uma metodologia de análise de anomalias térmicas
utilizando critérios de classificação de componentes aquecidos e o risco ao sistema
produtivo.
Barreto Jr. et al (2001) apresenta um estudo parcial para o diagnóstico da
condição de defeito em equipamentos instalados em subestações de 138kV, no qual
pretende estabelecer limites máximos de temperatura admissível utilizando a técnica
de termovisão.
Snell (2001) volta a opinar contra a metodologia que define a prioridade dos
reparos em equipamentos baseando apenas no valor da temperatura medida por
termografia e propõe uma interessante alternativa, na qual uma matriz contendo
vários fatores como segurança, importância do equipamento, corrente de carga,
convecção, etc, são analisados e ponderados para a definição da prioridade de
reparo.
Abordagens mais detalhadas, focando fatores específicos de influência nos
resultados de uma inspeção termográfica, são encontradas em trabalhos como:
Niancang (1998) que discute algumas técnicas para diagnosticar problemas
relacionados às falhas internas em equipamentos de uma subestação, através da
termografia infravermelha.
27
Madding & Lyon Jr. (1999) fazem uma revisão dos fatores que influenciam na
avaliação de um resultado obtido por termografia infravermelha, desde a corrente de
carga a fatores ambientais.
Madding & Lyon Jr. (2000) mostram, através de um ensaio em laboratório,
que baixas velocidades do vento têm uma forte influência em pontos aquecidos e
que o resfriamento continua com o aumento da velocidade, mas a taxas menores.
Mostram também que a quantidade de resfriamento não depende somente da
velocidade do vento, mas da potência dissipada no ponto aquecido. Madding & Lyon
Jr. advertem que, na tentativa de corrigir os efeitos do vento na medida de
temperatura, algumas empresas têm usado simples fatores multiplicativos e afirma
que essa prática não é correta. Eles lembram que o resfriamento por convecção
depende de muitos fatores, entre eles, o tamanho, a forma, a orientação do vento e
as estruturas que envolvem o ponto sob análise.
O artigo de Lyon Jr. et al (2002) discute a relação entre a corrente e a
temperatura de uma conexão defeituosa, bem como a resposta térmica em função
da corrente de carga. Afirma que procedimentos baseados apenas na medida de
temperatura absoluta ou na elevação da temperatura (Delta T) correm o risco de
diagnósticos incorretos e que podem levar a falso senso de segurança, falha de
equipamento, fogo e até danos pessoais. Comenta a necessidade de conhecimento
dos fatores envolvidos nos diagnósticos, sendo um deles a corrente de carga, que
tem um drástico efeito sobre a temperatura do componente sob inspeção. Esse
efeito sobre a temperatura é complexo e depende dos processos de transferência de
calor por radiação, condução e convecção e as muitas variáveis envolvidas. Nesse
artigo é apresentado um ensaio realizado em laboratório em condições controladas,
no qual é simulado um defeito nos contatos de uma Chave Fusível. A elevação da
temperatura e a corrente foram monitoradas e, através dos dados obtidos, sugerem
uma variação do expoente x utilizado na Equação 1, entre um valor de 1,5 e 1,8.
Essa variação seria para se estimar a faixa de aumento da temperatura em função
da corrente, Equações 2 e 3.
28
X
I
I
TT
=
1
2
1
. (1)
5,1
1
2
1min
.
=
I
I
TT (2)
8,1
1
2
1max
.
=
I
I
TT (3)
O trabalho de Madding (2002) aponta como a emissividade afeta a medida de
temperatura e discute técnicas para sua medição. Madding propõe a fabricantes que
seus equipamentos sejam revestidos por materiais de alta emissividade e possuam
informação a respeito de assinaturas térmicas e modelos térmicos sob todos os tipos
de condições ambientais.
Newport (2002) cita que antes mesmo do termo Manutenção Preditiva ser
usado, a termografia já era utilizada como ferramenta preditiva e menciona como
exemplo o caso da Swedish Power Board, que no ano de 1965 inspecionou 150.000
componentes com a termografia infravermelha.
2.3. Teorias envolvidas
Uma vez que a termografia é utilizada em sistemas elétricos para analisar a
distribuição térmica e medir temperaturas de equipamentos e conexões através da
detecção da radiação infravermelha, é importante a revisão dos conceitos de calor,
temperatura e dos modos de transferência de calor. Uma atenção especial é dada à
teoria da radiação.
2.3.1. Calor
Calor é a transferência de energia de uma região para outra como resultado
de uma diferença de temperatura entre elas. Essa energia se origina da agitação
das moléculas das quais a matéria é constituída e sua transferência se processa da
região mais quente para a mais fria. O calor é, portanto, um fenômeno transitório,
que cessa quando não existe mais uma diferença de temperatura, (Holst, 2000).
29
2.3.2. Temperatura
Se dois objetos estão em equilíbrio térmico com um terceiro objeto, então eles
estão em equilíbrio térmico um com o outro. Em conseqüência disso, existe um certo
atributo ou propriedade de estado que descreve os estados termodinâmicos dos
objetos que estão em equilíbrio térmico um com o outro, e isto é denominado de
temperatura, (Chrzanowski, 2001).
2.3.3. Modos de Transferência de Calor
Existem três modos de transferência de calor: condução, convecção e
radiação. Todos os processos de transferência de calor ocorrem através de um ou
mais desses três modos. A termografia infravermelha é baseada na medição do
fluxo de calor por radiação e está, portanto muito relacionada ao modo de
transferência de calor por radiação.
2.3.3.1. Condução
A condução pode ser definida como o processo pelo qual a energia é
transferida de uma região de alta temperatura para outra de temperatura mais baixa
dentro de um meio (sólido, líquido ou gasoso) ou entre meios diferentes em contato
direto. Este mecanismo pode ser visualizado como a transferência de energia de
partículas mais energéticas para partículas menos energéticas de uma substância
devido a interações entre elas, (Quites & Lia, 2005). A fonte de calor excita
diretamente as partículas que transferem parte de suas energias a partículas
vizinhas e essas por sua vez transferem a outras partículas. A intensidade do fluxo
depende da condutividade térmica do material, sendo que metais têm alta
condutividade térmica e isoladores têm baixa condutividade térmica.
A quantidade de calor por unidade de tempo através de uma chapa plana é
representada pela Figura 2 e expressa pela lei de Fourier na Equação 4.
30
T
1
T
2
L
A
CALOR
Figura 2 – Chapa plana com a seta indicando a direção do fluxo de calor.
L
TTAk
t
Q )12.(.
=
Δ
(4)
Na qual,
Q/
Δ
t [J.s
-1
] é o fluxo de calor por condução.
k [J.s
-1
.m
-1
.K
-1
] é o coeficiente de condutividade térmica do material.
A [m
2
] é área da seção através da qual o calor flui por condução, medida
perpendicularmente à direção do fluxo;
T2–T1 [K] é o gradiente de temperatura na seção.
L [m] é a espessura da seção.
O fator de proporcionalidade k (condutividade térmica) que surge da equação
de Fourier é uma propriedade de cada material e exprime a maior ou menor
facilidade que um material apresenta à condução de calor. Os valores numéricos de
k variam em extensa faixa dependendo da constituição química, estado físico e
temperatura dos materiais. Quando o valor de k é elevado o material é considerado
condutor térmico e, caso contrário, isolante térmico. Em alguns materiais como o
alumínio e o cobre, o k varia muito pouco com a temperatura, porém em outros,
31
como alguns aços, o k varia significativamente com a temperatura. Nestes casos,
adota-se, como solução de engenharia, um valor médio de k em um intervalo de
temperatura.
A variação, para alguns materiais, da condutividade térmica com a
temperatura é mostrada na Figura 3.
[
K
]
Figura 3 - Variação da condutividade térmica com a temperatura.
A Figura 4 apresenta um exemplo de transferência de calor por condução, na
qual uma seccionadora com alta resistência de contato tem um aumento de
temperatura no ponto T
1
(onde ocorre a falha) e o calor se dissipa para áreas de
menor temperatura T
2
.
32
T
1
T
2
Figura 4 – Transferência de calor por condução em uma seccionadora. A seta indica a direção do
fluxo de calor, do ponto de mais alta temperatura T
1,
para áreas de menor temperatura T
2
.
2.3.3.2. Convecção
A convecção pode ser definida como o processo pelo qual a energia é
transferida das porções quentes para as porções frias de um fluido através da ação
combinada de: condução de calor, armazenamento de energia e movimento de
mistura, (Quites & Lia, 2005).
O óleo de transformadores e a água de sistemas de refrigeração são
exemplos de fluidos que produzem resfriamento convectivo. O ar, forçado ou não,
que sopra os equipamentos de uma subestação é outro exemplo de fluido que pode
afetar drasticamente a temperatura desses equipamentos.
O calor transferido por convecção, na unidade de tempo, entre uma superfície
e um fluido não possui uma equação simples, mas uma aproximação pode ser
conseguida através da relação proposta por Isaac Newton:
)21.(. TTAh
t
Q
=
Δ
(5)
Na qual,
Q/
Δ
t [J.s
-1
] é o fluxo de calor transferido por convecção.
33
h [J.s
-1
.m
-1
.K
-1
] é o coeficiente de transferência de calor por convecção.
A [m
2
] é área de transferência de calor.
T1 - T2 [K] é a diferença de temperatura entre a superfície e o fluido.
O coeficiente de transferência de calor por convecção h dependente de vários
fatores como: a orientação da superfície, tipo de fluido, velocidade do fluido e tipo de
superfície.
A Figura 5 mostra a imagem térmica (termograma) de um Transformador de
Potencial (TP) e a visualização do seu nível de óleo, exemplo de um meio onde
ocorre a transferência de calor por convecção.
Figura 5 – Termograma de um Transformador de Potencial e a visualização do nível de óleo.
2.3.3.3. Radiação
A radiação pode ser definida como o processo pelo qual o calor é transferido
de uma superfície de alta temperatura para uma superfície de temperatura mais
baixa quando tais superfícies estão separadas no espaço, ainda que exista vácuo
entre elas. A energia assim transferida é chamada radiação térmica e é feita sob a
forma de ondas eletromagnéticas que viajam na velocidade da luz.
34
A transferência de calor por radiação é fundamento para a medição de
temperatura através da termografia infravermelha, que detecta a radiação
proveniente do objeto sob inspeção, mais especificamente a radiação infravermelha.
2.3.3.3.1. Radiação Infravermelha
Todos os objetos acima do zero absoluto (0 K ou -273,16° C) emitem radiação
térmica devido à agitação térmica de átomos e moléculas dos quais são
constituídos. Quanto maior essa agitação, mais quente se encontra o objeto e mais
radiação ele emite.
A radiação térmica pode ser emitida nas faixas de ultravioleta, visível,
infravermelho e até na faixa de microondas do espectro eletromagnético. Entretanto,
para temperaturas típicas encontradas na Terra, a maior parte da radiação térmica é
emitida dentro da faixa de infravermelho, (Chrzanowski, 2001). Assim sendo, os
Termovisores são fabricados com detectores que respondem a essa faixa do
espectro.
A termografia detecta a radiação infravermelha emitida pelo objeto
inspecionado, que é invisível ao olho humano, e a transforma em imagens térmicas
visíveis, com a possibilidade de convertê-la em leituras de temperatura, (Maldague &
Moore, 2001).
Dentro do espectro eletromagnético, Figura 6, a radiação infravermelha está
localizada entre a região de radiação visível e a região de radiação de microondas.
Essas regiões são divididas arbitrariamente, dependendo dos métodos utilizados
para produção e detecção da radiação.
Figura 6 – Espectro eletromagnético
35
A radiação Infravermelha, assim como as radiações das diferentes regiões do
espectro eletromagnético, basicamente obedecem às mesmas leis. Propagam-se em
linha reta, refletem, refratam, são absorvidas, interferem, apresentam espalhamento
de feixe, podem ser enfocadas e viajam, no vácuo, a uma velocidade de
aproximadamente 3 x 10
8
m/s.
O espectro infravermelho pode ainda ser dividido em sub-regiões e várias são
as propostas publicadas na literatura, como apresentada em parte por Chrzanowski
(2001) e reproduzida na Tabela 1.
Tabela 1- Diferentes divisões propostas na literatura para a região de radiação infravermelha
FONTE PROPOSTA
1
International Lighting Vocabulary of CIE
IR-A – 0,78 µm - 1,4 µm
IR-B - 1,4 μm - 3 μm
IR-C - 3 μm - 1000 μm
2
Guide for Spectroscopy -Catalog, Jobin
Yvon, 1993.
Near IR - 0,65μm - 1,5μm
Middle IR - 1,5µm - 5μm
Far IR >5μm
3
The Photonics Spectrum Reference Wall
Chart, Photonics Spectra, 1995.
Near IR - 0,68μm -3μm
Middle IR - 3µm - 30μm
Far IR - 30µm -1000 μm
4
Hudson R.D., Infrared System Engineering,
John Wiley&Sons, 1969.
Near IR - 0, 76 μm –3 μm
Middle IR - 3µm - 6 μm
Far IR - 6µm -15 μm
Extremely Far IR >15 μm
5
Mc Graw-Hill Encyclopedia of Physics, ed.
Sybil P. Parker, 1993. P. 570
IR radiation: 1μm-1000μm
6
Ed. Robert M. Besancon, The encyclopedia
of physics, Van Nostrand Reinhold
Company, 1974
IR radiation: 0,7μm -1000μm
Near IR - 0,7-1,5μm
Intermediate IR - 1,5-20μm
Far IR - 20-1000μm
7
www.FSI.com\meas.html
Near IR - 0,75µm - 3 µm
Middle IR - 3µm -6 μm
Far IR - 6µm -15 μm
Extreme IR - 15µm -100 μm
Rogalski & Chrzanowski (2002) apresentam outra proposta baseada em
limites espectrais de detectores de infravermelho comumente utilizados.
36
Tabela 2 - Divisão baseada em limites espectrais de detectores de infravermelho
Região (abreviação) Faixa de Comprimento de Onda
Near Infrared (NIR)
0,78 µm – 1 µm
Short Wavelength IR (SWIR)
1µm – 3 µm
Medium Wavelength IR (MWIR)
3 µm – 6 µm
Long Wavelength IR (LWIR)
6 µm – 15 µm
Very Long Wavelength IR (VLWIR)
15 µm – 1000 µm
Os fabricantes de equipamentos de termografia infravermelha confundem
ainda mais esta questão, denominando equipamentos que trabalham na faixa de 8
µm a 14 µm de Ondas Longas (Long-Wave – LW) e equipamentos na faixa de 3 µm
a 5 µm de Ondas Curtas (Short-Wave – SW).
Existe ainda a utilização dos termos, Infravermelho Refletido para radiações
que vão de 0,75 µm a 1,2 µm e Infravermelho Térmico para radiações de vão além
de 2 µm.
A proposta da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, (ABNT,
1991), segue o International Lighting Vocabulary of CIE, na qual o espectro
infravermelho é subdividido em:
Tabela 3 – Divisão da radiação infravermelha adotada pela ABNT
Região (abreviação) Faixa de Comprimento de Onda
IR-A 0,78 µm – 1,4 µm
IR-B 1,4 µm – 3 µm
IR-C 3 µm – 1000 µm
2.3.4. Teoria da Radiação
Gustav Robert Kirchhoff em 1860 propôs o termo Corpo Negro como sendo
um corpo capaz de absorver toda radiação incidente, independente de seu
comprimento de onda, sua direção de incidência e sua polarização. A radiação por
ele emitida teria uma distribuição espectral dependente apenas de sua temperatura.
Para tal corpo estar em equilíbrio termodinâmico, ele deveria irradiar energia na
37
mesma taxa em que a absorve, (AGA, 1969). Portanto, um Corpo Negro, além de
ser um absorvedor perfeito, é também um emissor perfeito, (Groote, 2004).
Em 1879, Josef Stefan concluiu através de medidas experimentais que a
quantidade total de energia irradiada por um Corpo Negro é proporcional à quarta
potência de sua temperatura absoluta, mesma conclusão obtida por meios teóricos
por Ludwig Eduard Boltzmann em 1884, resultando na Lei de Stefan-Boltzmann.
Em 1865, o inglês James Clerk Maxwell, supondo que um campo magnético
variável produz um campo elétrico e que um campo elétrico variável produz um
campo magnético e que este processo pode se propagar pelo espaço, previu
teoricamente a existência de ondas eletromagnéticas (Figura 7) e propôs sua
igualdade com ondas de luz após verificar a coincidência entre o valor calculado da
velocidade das ondas eletromagnéticas e o valor medido da velocidade das ondas
luminosas.
O alemão Heinrich Rudolf Hertz, através do fenômeno da indução
eletromagnética, confirmou em 1887 as teorias de Maxwell, detectando ondas
eletromagnéticas em laboratório e demonstrando que elas propagam com a mesma
velocidade das ondas de luz.
Comprimento de Onda (
λ
)
Dire
ç
ão
Campo
Elétrico
Campo
Ma
g
nético
Figura 7 – Onda eletromagnética
38
39
A relação entre o comprimento de onda e a freqüência de radiação é dada
por:
fc =
λ
(6)
Na qual,
M
λ
b
λ
Lei de Rayleigh - Jeans
Lei de Wien
Corpo Negro
(Catástrofe do ultravioleta)
c [m.s
-1 8
] é a velocidade de propagação no meio (no vácuo c = 2,99792458 x 10
[m.s
-1
]),
λ
[m] é o comprimento de onda.
f [Hz] é a freqüência da onda.
As tentativas de determinar a curva de distribuição espectral da radiação de
um Corpo Negro, utilizando apenas os conhecimentos da teoria eletromagnética,
não foram bem sucedidas. Como exemplo, as experiências de Wilhelm Wien, cuja
fórmula era válida apenas para comprimentos de onda curtos e de John William
Strutt (Lord Rayleigh) e James Hopwood Jeans, que obtiveram uma expressão que
funcionava bem para comprimentos de onda longos, mas que se afastava muito dos
resultados experimentais a partir de comprimentos de onda próximos ao ultravioleta,
como mostra a Figura 8.
Figura 8 – Discrepância entre a distribuição espectral do Corpo Negro e as calculadas pela Lei de
Wien e Lei de Rayleigh-Jeans.
Em função dessas e outras teorias que apresentavam resultados que não
concordavam com resultados experimentais, o físico alemão Max Karl Ernst Ludwig
Planck, em 1900, formulou uma teoria para explicar o comportamento da radiação
emitida por Corpos Negros.
Max Planck, ao expor seu trabalho diante da Sociedade de Física de Berlim,
apresentou uma fórmula concordante com os resultados experimentais introduzindo
uma hipótese: o movimento térmico dos átomos e das moléculas, responsável pela
geração das ondas eletromagnéticas, pode oscilar livremente em qualquer
freqüência, mas a emissão de radiação decorrente desta oscilação se dá de forma
descontínua, ou seja, através de pulsos, chamados quanta e a energia emitida por
eles é proporcional à freqüência de oscilação das partículas, na forma:
40
fhE = (7)
Na qual,
E [J] é a energia.
-34
h [J.s] é a constante de Planck = 6,6260755 x 10 [J.s].
f [Hz] é a freqüência de oscilação.
2.3.4.1. Leis da Radiação para o Corpo Negro
2.3.4.1.1. Lei de Planck
Com a quantização da energia, a lei de Planck pôde descrever a distribuição
espectral da radiação (M
λb
) emitida por um Corpo Negro (b) em uma dada
temperatura (T), por unidade de área, por unidade de comprimento de onda (
λ
):
)1(
5
2
kThc
e
hc
λ
λ
π
2
M
λ
b
= (8)
Na qual:
41
M
λ
b
[W.m
-2
.µm
-1
] é a exitância radiante espectral do Corpo Negro.
-34
h [J.s] é a constante de Planck = 6,6260755 x 10 [J.s].
c [m.s
-1 8
] é a velocidade da luz no vácuo = 2,99792458 x 10 [m.s
-1
].
λ
[m] é o comprimento de onda.
k [J.K
-1 -23
] é a constante de Boltzmann = 1,380658 x 10 [J.K
-1
].
T [K] é a temperatura absoluta do Corpo Negro.
Utilizando a fórmula de Planck e levantando o gráfico para várias
temperaturas obtém-se uma família de curvas como mostrado na Figura 9.
Figura 9 – Exitância radiante espectral de um Corpo Negro para temperaturas de 300 K a 5500 K
conforme a lei de Planck.
Observa-se pela Figura 9, que a energia irradiada é zero para comprimentos
de onda próximos de zero, aumentando até um valor máximo e voltando a se
aproximar de zero para comprimentos de onda mais longos.
A lei de Planck permite o cálculo da exitância radiante espectral de um Corpo
Negro (M
λ
b
) a determinados comprimentos de onda (λ), porém, em certos casos
pode ser interessante determinar a temperatura (T) quando é conhecida a exitância
(M ). Isto pode ser feito utilizando a Equação 10.
λ
b
+
=
λ
λ
λ
λ
λ
λ
)
5
(
)
5
1
(
ln
2
M
M
c
T
b
b
c
(10)
Na qual,
4
42
c
1
= 3,741832 x 10 [W.cm
-2 4
.µm ]
4
c = 14387,86 x 10 [µm.K]
2
Esta equação pode ser usada para calcular a temperatura de um objeto
quando medindo a exitância (M
λ
b
) em uma estreita faixa do espectro. O gráfico da
Figura 10 mostra a temperatura (T) em função da exitância (M
λ
b
) para diferentes
comprimentos de onda (λ).
M
λ
b
[Watt/m
2
µm]
Figura 10 – Relação entre a temperatura (T) e a exitância radiante espectral de um Corpo Negro (M
λ
b
)
para diferentes comprimentos de onda (λ).
2.3.4.1.2. Lei do deslocamento de Wien
Ainda pela Figura 9 pode-se notar que quando a temperatura aumenta, a
quantidade de radiação por unidade de área aumenta, assim como o comprimento
de onda em que a intensidade de irradiação é máxima, desloca para comprimentos
de onda mais curtos.
Derivando a fórmula de Planck com relação ao comprimento de onda (λ) e a
resolvendo para o resultado máximo, obtém-se uma simples relação entre o
comprimento de onda (λ
máx
), no qual a exitância radiante do Corpo Negro (M
b
) é
máxima, e a temperatura do Corpo Negro:
43
0028978,0=T (11)
máx
λ
ou
T
máx
=
λ
0028978,0
(12)
Na qual,
λ
máx
[m] é o comprimento de onda em que ocorre a máxima exitância radiante do
Corpo Negro em uma determinada temperatura T.
T [K] é a temperatura absoluta do Corpo Negro.
Essa equação encontrada empiricamente por Wilhelm Carl Werner Otto Fritz
Franz Wien em 1893, mostra que, à medida que T aumenta, λ
máx
diminui. Desta
maneira se explica porque ao aumentar a temperatura de um radiador térmico, ele
torna-se primeiro vermelho e depois laranja ou amarelo.
Figura 11 – Curvas de Planck em escala semi-log. A linha pontilhada representa o lugar geométrico
da exitância radiante máxima (M
bmáx
) para diferentes temperaturas (T), de acordo com a lei do
deslocamento de Wien.
A Figura 12 apresenta o gráfico do comprimento de onda em que ocorre a
máxima exitância radiante do Corpo Negro (λ
máx
) em função da temperatura T.
Figura 12 – Comprimento de onda (λ
máx
) em que ocorre a máxima exitância radiante do Corpo Negro
(M
bmáx
) em uma dada temperatura (T).
44
2.3.4.1.3. Lei de Stefan-Boltzmann
A exitância radiante total (M
b
) de um Corpo Negro pode ser obtida integrando
a fórmula de Planck sobre o comprimento de onda λ = 0 até o comprimento de onda
λ = .
45
= (13)
0
λ
λ
dW
b
M
b
Resultando em:
M
b
=
σ
T
4
(14)
Na qual,
[W.m
-2
] é a exitância radiante total. M
b
σ
[W.m
-2 -4 -8
.K ] é a constante de Stefan-Boltzmann = 5,67051 x 10 [W.m
-2
.K
-4
].
T [K] é a temperatura absoluta.
Graficamente, a exitância radiante total (M
b
) representa a área abaixo da
curva de Planck para uma temperatura específica. A Figura 13 mostra a exitância
radiante total do Corpo Negro (M ) em uma dada temperatura (T).
b
Figura 13 – Exitância radiante total do Corpo Negro (M ) em uma dada temperatura (T).
b
2.3.4.2. Leis da Radiação para emissores reais
As leis de radiação descritas até o momento se referem apenas ao Corpo
Negro. Objetos do mundo real não seguem essas leis em grande parte do espectro,
embora possam se aproximar do comportamento de um Corpo Negro em certos
intervalos de comprimentos de onda.
A exitância radiante de objetos reais é menor que a de um Corpo Negro e é
necessário caracterizar algumas propriedades radiativas de tais objetos.
Existem duas relações entre as propriedades radiativas dos materiais que são
muito importantes. A primeira é a que relaciona absorbância, refletância e
transmitância no balanço da energia radiativa, e a segunda é a lei de Kirchhoff que
relaciona absorbância e emissividade.
Um corpo real quando atingido por uma radiação pode apresentar os
seguintes fenômenos:
Uma fração da radiação incidente pode ser absorvida α.
Uma fração da radiação incidente pode ser refletida ρ.
Uma fração da radiação incidente pode ser transmitida τ.
A intensidade desses fenômenos depende do comprimento de onda da
radiação incidente, portanto:
A absorção espectral α
λ
é a relação da energia espectral absorvida por um
corpo pela radiação incidente sobre ele.
A reflexão espectral ρ
λ
é a relação da energia espectral refletida por um
corpo pela radiação incidente sobre ele.
A transmissão espectral τ
λ
é a relação da energia espectral transmitida por
um corpo pela radiação incidente sobre ele.
A soma dos três coeficientes αλ, ρλ e τλ para um mesmo comprimento de
onda λ, resulta na radiação total:
46
αλ + ρλ + τλ = 1 (15)
A Figura 14 mostra a radiação incidente em um objeto real e as possíveis
frações de radiação absorvida (α ), refletida (ρ ) e transmitida (τ ).
λ λ λ
τ
λ
α
ρ
λ
λ
RADIA
Ç
ÃO INCIDENTE
Figura 14 – Representação gráfica da radiação incidente em um objeto real e as possíveis frações de
radiação absorvida (α
47
λ
), refletida (ρ
λ
) e transmitida (τ
λ
).
Para objetos opacos, τ
λ
= 0 e a relação se simplifica para:
αλ + ρλ = 1 (16)
Uma outra propriedade chamada de emissividade (ε) descreve a fração da
exitância radiante produzida por uma superfície qualquer em relação com a
produzida por um Corpo Negro à mesma temperatura, logo a emissividade espectral
(ε
λ
) é a relação da exitância radiante espectral de uma superfície pela exitância
radiante de um Corpo Negro à mesma temperatura e comprimento de onda:
b
M
M
λ
λ
λ
ε
o
=
(17)
De modo geral, existem três tipos de fontes de radiação, caracterizados pelo
modo como a exitância radiante espectral varia com o comprimento de onda:
Corpo Negro, para o qual ε = ε = 1.
λ
Corpo cinza, para o qual ε = ε = constante e menor que 1.
λ
Radiador seletivo, para o qual ε varia com comprimento de onda.
As curvas da distribuição espectral e a emissividade espectral dessas três
fontes de radiação são apresentadas na Figura 15 e na Figura 16, respectivamente.
Figura 15 – Exitância radiante espectral dos três tipos de fontes de radiação.
Figura 16 – Emissividade espectral dos três tipos de fontes de radiação.
48
De acordo com a lei de Kirchhoff, a capacidade de um corpo em absorver
energia incidente em um determinado comprimento de onda λ é equivalente à
capacidade deste corpo em emitir energia no mesmo comprimento de onda.
Para uma melhor compreensão, considere um objeto opaco que está em
equilíbrio térmico. Sua temperatura permanece constante e, de acordo com a lei de
Kirchhoff, para que isto aconteça a radiação emitida deve estar balanceada com a
radiação absorvida. Por outro lado, se a radiação emitida é maior que a radiação
absorvida o objeto se resfriará. Se a radiação absorvida for maior do que a radiação
emitida o objeto se aquecerá.
A capacidade de uma superfície, em emitir e absorver radiação em um
determinado comprimento de onda, está relacionada à emissividade espectral,
sendo que superfícies com alta emissividade têm maior capacidade em emitir e
absorver radiação.
2.3.4.2.1. Efeito Cavidade
Cada vez que a radiação é refletida, sua intensidade I é reduzida pela
refletância
ρ
de sua superfície. Se a radiação é refletida N vezes, a intensidade
resultante é:
49
N
o
II
ρ
=
(18)
Na qual,
I [W.s
-1
] é a intensidade final.
[W.s
-1
] é a intensidade inicial I
o
N é o número de vezes que a radiação é refletida.
Múltiplas reflexões têm um enorme efeito na intensidade refletida, (Holst,
2000). Esse fato, conhecido como “efeito cavidade”, funciona como um meio de
aumentar a emissividade de superfícies de baixa emissividade como é ilustrado na
Figura 17.
Radiação
Incidente
Radiação
Refletida
Figura 17 – Radiação incidindo em uma superfície de baixa emissividade.
50
3. LIMITAÇÕES DA TERMOGRAFIA
Equipamentos de uma subestação de energia elétrica tipicamente podem
passar por problemas relacionados com alta resistência elétrica, curto circuitos,
circuitos abertos, aquecimento indutivo, harmônicos, desbalanceamento de carga,
sobrecarga e componentes instalados incorretamente. Problemas que geralmente
são detectados pela termografia.
A Figura 18 apresenta uma típica cena de uma inspeção termográfica em
subestação de alta tensão, na qual estão presentes os principais personagens dessa
ação: Inspetor, Termovisor, equipamento sob inspeção e o meio que os envolve.
Figura 18 – Inspeção termográfica em um equipamento de subestação.
Uma atividade aparentemente simples, na qual o inspetor opera o Termovisor,
aponta-o para o equipamento sob inspeção e detecta o defeito através da análise do
termograma obtido. Porém, existem influências e limitações neste processo que
podem induzir a um diagnóstico incorreto ou até mesmo incapacitar a detecção do
defeito. A baixa emissividade dos componentes sob inspeção, a variação da
corrente de carga do equipamento inspecionado e componentes de pequena
dimensão a grandes distâncias são exemplos de fatores que dificultam a inspeção
termográfica. Em ambientes abertos, além dos fatores citados, influências
ambientais como a radiação solar, a atenuação atmosférica, o vento, mudanças na
51
temperatura ambiente, chuva e umidade podem estar presentes. Levando tudo isso
em consideração, uma representação mais detalhada de uma inspeção termográfica
é mostrada na Figura 19.
Vento
Radiação solar
Chuva e umidade
Atenuação
atmosférica
Emissividade
Temperatura
ambiente
Corrente
de
Carga
Figura 19 – Inspeção termográfica em um equipamento de subestação com as possíveis influências.
Também é importante ressaltar que, Termovisores não medem temperatura
diretamente, eles detectam a radiação térmica que atinge seu detector, que por sua
vez, gera um sinal de saída, em função dessa radiação, que é processado e
transformado em imagens visíveis e leituras de temperatura. Porém, a radiação
detectada pode se originar não apenas do objeto sob inspeção, mas de outras
fontes envolvidas no meio em que o objeto está inserido. Além disso, o valor da
intensidade do sinal de saída, gerado pelo detector, associado a alguns parâmetros
fornecidos pelo operador do Termovisor, como emissividade, distância objeto ao
Termovisor e outros parâmetros relativos ao ambiente são necessários para o
cálculo da temperatura do objeto sob inspeção. Assim sendo, a exatidão da medida
de temperatura depende da calibração do Termovisor e da exatidão dos parâmetros
informados pelo operador.
Nesse cenário mais complexo, as limitações e características dos
personagens envolvidos na inspeção termográfica devem ser consideradas para
uma análise consistente e confiável das anomalias térmicas encontradas.
52
3.1. Inspetor
Talvez o principal fator de limitação da inspeção termográfica seja o próprio
inspetor de termografia (Termografista). Sua motivação para a realização da
inspeção pode interferir diretamente nos resultados, tanto com relação à quantidade
de anormalidades encontradas, bem como na qualidade das imagens térmicas
obtidas. Além disso, ele deve conhecer a operação e as características do
Termovisor utilizado, assim como o funcionamento dos equipamentos sob inspeção.
Deve ter ciência da forte influência da radiação solar, do vento e da chuva e como
eles afetam drasticamente a distribuição térmica dos objetos em ambientes abertos.
Deve conhecer a teoria básica que envolve a radiação infravermelha e os princípios
de transferência de calor, conhecimentos essenciais para uma análise correta dos
termogramas e do funcionamento dos equipamentos inspecionados. Resumindo,
para obter resultados consistentes, o inspetor deve estar motivado e ser qualificado
para a inspeção, ter um alto nível de treinamento e conhecimento, para que possa
ser capaz de detectar todas as falhas possíveis e discernir entre um defeito real e
uma falsa anomalia, o que pode economizar milhares de Reais em paradas não
programadas e/ou paradas e manutenções desnecessárias, (Santos, 2005).
Portanto, o investimento em treinamento e qualificação torna-se importante e
necessário na redução dos erros inseridos pelo inspetor de termografia nos
resultados da inspeção.
Com a finalidade de orientar no treinamento, qualificação e certificação de
inspetores de termografia e reduzir suas limitações, normas têm sido criadas, dentre
elas pode-se citar:
ISO-9712 – The International Organization for Standardization - ISO
ISO -18436 – The International Organization for Standardization - ISO
SNT-TC-1A – American Society for Nondestructive Testing – ASNT
Em 2005 foi formado no Brasil o Grupo de Trabalho responsável pela
elaboração da norma brasileira para certificação de inspetores de termografia. A
entidade responsável pela coordenação do Grupo de Trabalho é a Associação
Brasileira de Ensaios Não Destrutivos – ABENDE, credenciada pela Associação
53
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT para elaboração de normas relativas a
ensaios não destrutivos.
3.2. Termovisor
O Termovisor é o principal instrumento de uma inspeção termográfica.
Através dele a radiação infravermelha emitida pelo objeto é detectada e convertida
em imagem visível e em leituras de temperatura (Figura 20).
Figura 20 – Diagrama simplificado de um Termovisor genérico.
A escolha correta do Termovisor para a inspeção em subestações depende
do conhecimento de certas características técnicas do Termovisor, do ambiente
onde ele será utilizado e do tipo de componente que será inspecionado. Por
exemplo:
A temperatura do objeto a ser inspecionado define a faixa de temperatura
e a melhor faixa de comprimento de onda que o Termovisor deve
responder.
A distância e dimensão do objeto a ser inspecionado define a resolução
espacial e de medida.
A temperatura do ambiente de inspeção define a faixa de temperatura de
operação do Termovisor; etc.
Assim sendo, é importante conhecer as características do Termovisor e
direcioná-las à aplicação em questão, que nesse caso é a inspeção em subestações
de alta tensão em ambientes abertos.
54
3.2.1.Tecnologias de detecção
Os Termovisores podem se utilizar basicamente de dois tipos de tecnologias
de detecção:
Sistema de detecção por varredura (Scanning system).
Sistema fixo de detecção ou sem varredura (Staring system).
O sistema de detecção por varredura faz uso de um conjunto eletromecânico
de espelhos e/ou prismas rotativos com os quais faz a varredura da cena de
interesse. A vantagem dessa configuração é a utilização de apenas um detector ou
de um arranjo linear de detectores (Figura 21). Por outro lado, essa varredura limita
a taxa de repetição dos quadros (Frame Rate) e prejudica a qualidade da imagem.
Figura 21 - Esquema simplificado de um Termovisor com sistema de detecção por varredura.
O sistema fixo de detecção ou sem varredura, também conhecido como
Matriz de plano focal (Focal Plane Array – FPA) utiliza-se de uma matriz bi-
dimensional de detectores, na qual a radiação infravermelha proveniente da cena de
interesse a atinge diretamente. Como não existe a necessidade de varredura, a taxa
de repetição dos quadros (Frame Rate) pode ser alta e cada elemento de detecção
pode monitorar continuamente a emissão de radiação vinda do objeto sob inspeção,
(Maldague & Moore, 2001). A Figura 22 mostra o esquema simplificado de um
Termovisor com sistema de detecção fixo (FPA).
55
Figura 22 – Esquema simplificado de um Termovisor com sistema fixo de detecção (FPA).
Dos componentes que compõem o Termovisor, o detector de infravermelho é
o mais importante e é fator limitante para o desempenho do Termovisor. Os
detectores podem ser divididos em duas grandes categorias:
Detectores térmicos
Respondem a uma mudança de temperatura com uma variação de alguma
propriedade física, como por exemplo, a variação de sua resistência. Operam na
temperatura ambiente e têm uma resposta espectral ampla e uniforme. Comparados
aos fotodetectores possuem uma sensibilidade baixa e tempo de resposta lento (da
ordem de milissegundos). Os detectores térmicos mais comuns são os Bolômetros e
as termopilhas.
Detectores de fótons ou fotodetectores
Respondem diretamente à incidência de radiação liberando cargas elétricas.
Geralmente operam em temperaturas abaixo de zero para melhorar o desempenho.
Para isso, necessitam de resfriamento criogênico ou resfriamento por processo
elétrico. Possuem uma resposta espectral limitada, alta sensibilidade e rápido tempo
de resposta (da ordem de microssegundos). O detector de Mercúrio-Cádmio-telúrio
(HgCdTe) é um exemplo de fotodetector, (Wolfe, 1996).
A Figura 23 apresenta a resposta espectral de alguns detectores de
infravermelho.
56
Figura 23 – Resposta espectral de alguns detectores de infravermelho.
3.2.2. Faixa de temperatura
É a faixa de medição de temperatura do Termovisor. No caso de subestações
de alta tensão, a menor temperatura encontrada nos equipamentos e conexões vai
estar próxima à temperatura ambiente e a maior pode chegar, em casos extremos, à
temperatura de fusão dos metais utilizados (ex.: alumínio = 657,7° C). Apesar disso,
a faixa de -20° C a 500° C, normalmente comercializada, é suficiente para as
inspeções em subestações. A razão é que raramente o limite máximo da faixa (500°
C) será atingido, além de ser uma temperatura muito alta e que deve ser evitada em
sistemas elétricos, acima dessa temperatura parte da radiação emitida pelo objeto
começa a entrar na faixa de comprimento de onda visível (lei de deslocamento de
Wien), podendo ser detectada sem o auxílio de um Termovisor. Na Figura 24 é
apresentado um exemplo dessa condição.
57
> 500° C
Figura 24 – Seccionadora com os contatos acima de 500° C tornando visível parte da radiação
emitida.
3.2.3. Faixa espectral
As faixas de comprimento de onda utilizadas para a fabricação de
Termovisores aplicáveis ao sistema elétrico são de 3 µm a 5 µm e de 8 µm a 14 µm,
como pode ser visto na Figura 25.
Figura 25 – Espectro eletromagnético e as faixas espectrais utilizadas na fabricação de Termovisores
comerciais.
58
Nessas faixas a transmitância da atmosfera à radiação infravermelha é alta.
Dentre elas, a faixa de 8 a 14 µm é a mais recomendada por apresentar uma
transmitância ainda maior, (Ghosh & Galeski, 1994). Além disso, essa faixa é menos
sensível a falsos pontos de alta temperatura resultantes do reflexo solar e para as
temperaturas normalmente encontradas em sistemas elétricos, a radiação emitida
nessa faixa é maior, como pode ser observado na Tabela 4, (Rogalski &
Chrzanowski, 2002).
Tabela 4 – Energia disponível nas faixas de comprimento de onda dos Termovisores
Região Radiação solar
Emissão de um
de infravermelho ao nível do solo
Corpo Negro a 290 K
59
(µm) (W/m
2
) (W/m
2
)
3 a 5 24 4,1
8 a 13 1,5 127
A Figura 26 mostra a radiação emitida por um objeto a uma temperatura de
300 K (26,8° C) em função do comprimento de onda e destaca as faixas de 3 a 5 µm
e 8 a 14 µm e suas respectivas energias disponíveis, (Kaplan, 2000).
Figura 26 – Energia disponível nas faixas de 3 a 5 µm e de 8 a 14 µm para um objeto a uma
temperatura de 300 K (26,8° C).
3.2.4. Resolução espacial
Define o menor detalhe de imagem que pode ser percebido. É função do
tamanho do detector e da óptica do sistema. Na maioria das vezes é especificado
em radianos e definido como “Campo de Visão Instantâneo” (Instantaneous Field of
View – IFOV). O IFOV é equivalente à projeção de um pixel na superfície observada
e, a soma de todos os IFOVs forma o Campo de Visão (FOV), que é a área total que
pode ser vista pelo Termovisor (Figura 27). Geralmente o FOV é declarado em graus
pelo fabricante.
Figura 27 – Representação do Campo de Visão (FOV) e do Campo de Visão Instantâneo (IFOV) de
um Termovisor.
O IFOV pode ser calculado a partir da Equação 19.
Pix
FOV
IFOV =
(19)
Na qual,
IFOV [mrad] é o Campo de Visão Instantâneo.
FOV [mrad] é o Campo de Visão.
60
Pix é o número de pixels.
Por exemplo, um Termovisor com Campo de Visão – FOV igual a 24° x 18° e
320 x 240 pixels tem um IFOV igual a:
IFOV = 24 x 17,45 / 320 = 1,3 mrad
horizontal
IFOV
vertical
= 18 x 17,45 / 240 = 1,3 mrad
O IFOV é um parâmetro geralmente fornecido pelos fabricantes e possibilita,
por meio da Equação 20, o cálculo da distância máxima que um objeto de tamanho
determinado pode ser detectado, (Snell, 2005).
IFOV
D
Dist
d
= (20)
Na qual,
Dist
d
[m] é a distância máxima que um objeto de tamanho D pode ser
detectado pelo Termovisor.
D [m] é o tamanho do objeto sob inspeção.
IFOV [rad] é o Campo de Visão Instantâneo.
Por exemplo, um Termovisor com IFOV igual a 1,3 mrad pode detectar um
objeto de 0,05 m x 0,05 m a uma distância máxima de:
-3
= 0,05 / 1,3 x 10 = 38,46 m. Dist
d
Em subestações de alta tensão, cujas distâncias do Termovisor ao objeto são
relativamente grandes e os diâmetros de cabos e dimensões das conexões são
relativamente pequenos, o Campo de Visão Instantâneo pode fazer a diferença entre
localizar, ou não, um defeito.
61
Lentes telescópicas podem melhorar essa resolução, em contrapartida
estreitam o campo de visão do Termovisor, como mostrado na Figura 28.
FOV = 2
4
°FOV = 1
2
°FOV = 7 °
Figura 28 – Filtro de onda observado a uma mesma distância com lentes com Campo de Visão de 24°,
12° e 7°.
3.2.5. Resolução de medida
Define o menor objeto que pode ter sua temperatura medida com exatidão a
uma determinada distância. Raramente é declarado nas especificações do fabricante
do Termovisor, mas é tipicamente inferior a resolução espacial por um fator entre 2 e
4. Por essa razão, em muitas situações, o objeto poderá ser detectado pelo
Termovisor, mas estará fora da sua resolução de medida. Quando fornecido pelo
fabricante é especificado em radianos e definido como “Campo de Visão Instantâneo
de Medida” (Measuring Instantaneous Field of View – MIFOV ou IFOV
m
). Leituras de
temperatura obtidas fora dos limites da resolução de medida normalmente serão
menores que a leitura real, o que pode ter grande influência na análise da
severidade do defeito (Snell, 2005).
Para o cálculo da distância máxima em que um objeto de tamanho
determinado pode ter sua temperatura lida com exatidão, a Equação 21 pode ser
utilizada.
MIFOV
D
Dist
m
= (21)
Na qual,
Dist
m
[m] é a distância máxima que um objeto de tamanho D, pode ter sua
temperatura medida com exatidão.
62
D [m] é o tamanho do objeto sob inspeção.
MIFOV [rad] é o Campo de Visão Instantâneo de Medida.
Aproveitando o exemplo anterior, no qual um Termovisor possui IFOV igual a
1,3 mrad e supondo que a resolução de medida é três vezes inferior à resolução
espacial, um objeto de 0,05 m x 0,05 m só poderá ter sua temperatura medida com
exatidão a uma distância máxima de:
-3
63
Dist
m
= 0,05 / 1,3 x 10 / 3= 12,8 m
Portanto, no exemplo apresentado, o mesmo objeto pôde ser detectado por
um Termovisor de IFOV igual a 1,3 mrad a uma distância de 38,46 m, mas para ter
sua temperatura medida com exatidão será necessário encurtar a distância para
apenas 12,8 m. Essa situação, muitas vezes desconhecida dos Termografistas, leva
a grandes erros na medida de temperatura e conseqüentemente na análise e
diagnóstico do defeito.
Existem duas alternativas para eliminar a influência da distância devido à
resolução de medida.
A primeira é aproximar-se do componente sob inspeção até a uma distância
na qual a temperatura possa ser medida com exatidão. Em subestações de alta
tensão isso nem sempre é possível porque distâncias limites de segurança devem
ser respeitadas.
A segunda alternativa é melhorar a resolução de medida com o uso de lentes
telescópicas que podem ser definidas através da Equação 21. Abaixo é apresentada
uma situação para cálculo da lente.
Supondo que o ponto mais alto, sujeito a defeito, que pode ser encontrado
nas subestações de alta tensão, seja o grampo que fixa o cabo pára-raio na
estrutura da torre (Figura 29) e considerando que o grampo mais alto pertença às
subestações de 750 kV, foram utilizados os dados de projeto de uma subestação de
750 kV, pertencente ao sistema de transmissão de Itaipu, para o cálculo de uma
lente telescópica que pudesse atender a todas inspeções termográficas nas
subestações brasileiras.
50 m
Figura 29 - Grampo que fixa o cabo pára-raio na estrutura da torre.
Dados:
Distância do solo ao grampo do pára-raio = 50 metros
Diâmetro da conexão do grampo = 0,07 metros
Supondo que o Termografista tenha uma altura de 1,7 metros e esteja a uma
distância de 2 metros da base da torre resulta em:
64
Dist = (50 – 1,7)
2
+ 2
2
= 52,3 m
MIFOV
D
Dist =
Dist
D
MIFOV =
=> = 0,07 / 52,3 = 1,34 mrad
Logo, considerando um Termovisor com o IFOV três vezes menor que o
MIFOV e com 320 x 240 pixels, a lente telescópica que deve ser usada pode ser
calculada utilizando a Equação 19.
FOV = (1,34 / 3) x 320 / 17,45 = 8,2°
horizontal
FOV = (1,34 / 3) x 320 / 17,45 = 8,2°
vertical
Comercialmente pode ser encontrada a lente de 7° x 5,3° que atenderia o
caso extremo que foi calculado e praticamente todas as situações encontradas nas
subestações de alta tensão brasileiras. Em situações normalmente encontradas, em
que a distância não ultrapassa os 40 metros e as conexões inspecionadas têm uma
dimensão da ordem de 0,1 m x 0,1 m, ou maior, a lente de 12° x 9° seria suficiente.
3.2.6. Sensibilidade térmica
Refere-se a menor diferença de temperatura que pode ser detectada.
Depende das propriedades do sistema óptico, da resposta do detector e do nível de
ruído do sistema. Geralmente é especificada como a Diferença de Temperatura
Equivalente ao Ruído (Noise Equivalent Differential Temperature - NEDT ou Noise
Equivalent Temperature Difference - NETD ou Noise Equivalent Temperature - NET).
A sensibilidade térmica é inversamente proporcional à temperatura em que o
componente está envolvido, o que significa que o sistema torna-se mais ruidoso em
baixas temperaturas e a resolução de temperatura diminui.
Quando a temperatura ambiente cai, Termovisores com resposta espectral na
faixa de 3 µm a 5 µm tendem a ter sua sensibilidade mais prejudicada do que
Termovisores com resposta espectral de 8 µm a 14 µm, (Holst, 2000).
3.2.7. Taxa de repetição de quadro (Frame Rate)
É o número de vezes que uma imagem completa da cena observada é
atualizada pelo Termovisor em um segundo. Baixas taxas de repetição de quadro
produzem uma imagem borrada quando existe um movimento relativo entre o
Termovisor e o objeto sob inspeção.
65
3.2.8. Temperatura de operação
É a faixa de temperatura em que o fabricante garante as especificações
fornecidas e o adequado funcionamento do Termovisor. Com relação à inspeção em
subestação em ambientes abertos deve-se observar a variação da temperatura
ambiente. No Brasil, onde a temperatura máxima não ultrapassa os 44° C e a
mínima raramente desce abaixo dos -14° C, (Barsa, 1993), a faixa de temperatura
de -15° C a 50° C, geralmente comercializada, atende adequadamente.
3.2.8. Termovisor recomendado para inspeções em subestações de alta tensão
Observando as características citadas anteriormente recomenda-se que um
Termovisor utilizado em inspeção de subestações de alta tensão possua as
especificações abaixo:
Ser portátil e leve para não causar a fadiga do inspetor, o que poderia
limitar a duração e a qualidade da inspeção em grandes áreas.
Sistema fixo de detecção (Detector de Matriz de Plano Focal - Focal Plane
Array), evitando as partes móveis e mecânicas utilizadas no sistema de
detecção por varredura.
Detector de microbolômetro, menor consumo de energia e operação do
detector em temperatura ambiente, não havendo necessidade de
resfriamento a temperaturas abaixo de zero e eliminando o uso de
refrigerantes líquidos.
Faixa de temperatura de -20° C a 500°C.
Faixa espectral de 8 µm a 14µm.
Resolução espacial e de medida devem atender às distâncias e
dimensões dos alvos encontrados na subestação. Na maioria das
situações a lente de 12° x 9° seria suficiente.
Sensibilidade térmica de 80 mK (0,08° C).
Taxa de repetição dos quadros (Frame Rate) de 60 Hz.
Temperatura de operação de -15° C a 50° C.
66
A capacidade de armazenar imagens e voz é também importante na
agilização da inspeção e no pós-processamento dos dados.
3.3. Equipamento / componente sob inspeção
A necessidade de uma operação confiável, segura e contínua dos
equipamentos de uma subestação é o motivo principal da realização de uma
inspeção termográfica. O bom resultado da inspeção depende, em grande parte, do
conhecimento do funcionamento do equipamento sob inspeção e do comportamento
térmico de seus componentes. Sem esse conhecimento, torna-se difícil determinar o
que está dentro da normalidade e o que é um problema. Portanto, influências
relacionadas ao equipamento sob inspeção, como a emissividade e a corrente de
carga devem ser discutidos.
3.3.1. Emissividade
Metais como alumínio, cobre e aço são muito utilizados em equipamentos de
uma subestação devido às suas características de condutividade, sendo o alumínio
o preferido em ambientes abertos pela alta resistência à corrosão atmosférica e
menor custo em relação ao cobre, (Burndy, 1995). Entretanto, esses metais
geralmente possuem uma superfície de baixa emissividade, dificultando a inspeção
com a termografia infravermelha.
A emissividade é uma propriedade de superfície que determina a capacidade
dessa superfície em emitir radiação. Os valores de emissividade vão de zero (refletor
perfeito) a um (emissor perfeito - Corpo Negro). A emissividade pode variar com a
qualidade da superfície, com o comprimento de onda, com o formato do objeto, com
a temperatura e com o ângulo de visão, (Epperly, 1997). Como os Termovisores não
medem temperatura diretamente e sim radiação, as leituras de temperatura
fornecidas pelo Termovisor tornam-se muito dependentes dessa propriedade, como
mostra a Equação 22 que representa a radiância emitida por um objeto opaco e
medida pelo Termovisor, (Madding, 2002).
67
).().1().(. TLTLL
fundoobjetom
ε
+=
ε
(22)
Na qual,
68
L
m
[W.m
-2
.sr
-1
] é a radiância medida pelo Termovisor.
ε
.L.( T
objeto
) [W.m
-2 -1
] é a radiância emitida pelo objeto. .sr
(1-
ε
).L.( T
fundo
) [W.m
-2 -1
] é a radiância refletida pelo objeto. .sr
O efeito da emissividade na radiação emitida por uma superfície e detectada
por um Termovisor pode ser observado na Figura 30, na qual um ensaio realizado
em laboratório mostra a superfície de um ferro de passar roupa com a emissividade
de algumas áreas alterada pela mudança do material de superfície ou pelo seu
estado (polida, suja ou áspera). Nota-se que apesar de toda a superfície estar à
mesma temperatura, as áreas com maior emissividade se apresentam na imagem
termográfica com maior temperatura (áreas mais claras).
ÁREAS DE ALTA
EMISSIVIDADE
61,6° C
33,3° C
65,5° C
Figura 30 – Imagem visível e térmica da superfície de um ferro de passar roupa com diferentes
emissividades.
A Figura 31 mostra uma situação real de uma conexão com alta
temperatura e baixa emissividade, na qual se pode observar o aumento da
emissividade de uma pequena área com a aplicação de uma fita de identificação. É
importante lembrar, que toda a região demarcada se encontra em uma mesma
temperatura.
69
Etiqueta de
identificação
aumentando a
emissividade
da superfície
Região de
mesma
temperatura
Figura 31 – Conexão com alta temperatura e baixa emissividade
Como pode ser observado nas figuras acima, a emissividade é um fator que
deve ser fortemente considerado nas inspeções. Embora os Termovisores tenham
um ajuste de emissividade para compensar essa influência, em subestações de alta
tensão existe uma grande dificuldade em determinar a emissividade correta dos
vários equipamentos e conexões envolvidos. Além disso, o valor da emissividade
pode sofrer uma grande variação dependendo de fatores como sujeira, oxidação,
corrosão, etc. Assim sendo, o melhor modo de reduzir essa influência seria o
incremento da emissividade dos componentes inspecionados para um valor o mais
próximo possível da unidade. Antes, porém, de apresentar uma proposta para atingir
esse objetivo, é importante mostrar duas pesquisas realizadas por duas grandes
empresas do setor elétrico brasileiro, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco –
Chesf e Furnas Centrais Elétricas – FURNAS. Nessas pesquisas um estudo sobre
os principais componentes defeituosos encontrados pela inspeção termográfica é
apresentado.
Na Chesf, em 4379 inspeções realizadas, os resultados encontrados foram os
seguintes:
chaves
38%
outros
10%
conees 52%
Figura 32 – Percentagem de componentes defeituosos encontrados pela inspeção termográfica na
Chesf, (Galindo, 2005).
Em FURNAS, em um levantamento realizado em um período de 3 anos e com
530 ocorrências, os resultados obtidos foram:
Outros
5%
Chaves
33%
Conexões
62%
Figura 33 - Percentagem de componentes defeituosos encontrados pela inspeção termográfica em
FURNAS, (Barbosa, 2005).
Pode-se observar com esses resultados que são as conexões os principais
componentes defeituosos detectados através da termografia infravermelha, ficando
em segundo as chaves seccionadoras e em terceiro, equipamentos como Pára-
raios, Transformadores de Corrente (TCs), Transformadores de Potencial (TPs),
Disjuntores, etc.
Com base nessas pesquisas, torna-se importante buscar junto aos fabricantes
um meio de viabilizar o aumento da emissividade desses componentes,
principalmente para as conexões utilizadas nas subestações, que geralmente são
fabricadas com material de baixa emissividade. No entanto, o incremento da
emissividade deve ser seletivo, isto é, deve-se evitar que a emissividade seja alta na
faixa de comprimento de onda da radiação solar, evitando a elevação de
70
temperatura do componente durante o dia devido à absorção da radiação do sol, o
que prejudicaria sua operação e diminuiria sua vida útil. Por outro lado, a
emissividade precisa ser alta na faixa de comprimento de onda na qual os
Termovisores respondem, geralmente de 3 µm a 14 µm, aumentando a exatidão das
leituras de temperatura e conseqüentemente aprimorando a análise e o diagnóstico
dos problemas detectados.
Uma proposta para se alcançar o resultado acima seria a utilização de uma
tinta branca a base de materiais chamados de refletores solares seletivos. Esses
materiais possuem uma baixa absorbância para a radiação solar e uma alta
emitância para a radiação infravermelha o que proporcionaria um melhor resultado
da inspeção termográfica, um resfriamento mais eficaz e um menor aquecimento do
componente durante dias ensolarados. A Tabela 5 mostra que apesar do cobre e o
alumínio possuírem baixa absorbância solar, eles também possuem baixa emitância
infravermelha, dificultando a inspeção termográfica e impedindo uma melhor
transferência do calor pela radiação. A absorbância solar e a emitância
infravermelha da tinta branca acrílica e a base de óxido de zinco também é
apresentada, (Lienhard, 2004).
Tabela 5 – Absorbância solar e emitância infravermelha para diferentes superfícies a uma temperatura
próxima de 300 K (26,85° C)
Superfície Absorbância Solar Emitância Infravermelha
Alumínio puro 0,09 0,10
Cobre polido 0,30 0,04
Tinta Branca (Acrílica) 0,26 0,90
Tinta Branca (óxido de Zinco) 0,12 – 0,18 0,93
Na impossibilidade de se colocar em prática esse método, o inspetor deve
buscar fazer a medição de temperatura nas áreas dos componentes onde
apresentem cavidades (Figura 34), aproveitando-se do incremento da emissividade
pelo “efeito cavidade” ou buscar áreas com oxidação, corrosão ou sujeira (Figura 35)
71
que também provocam o aumento da emissividade e conseqüentemente da exatidão
da medida realizada por um Termovisor.
Figura 34 – Equipamentos e conexões apresentando maior emissividade nas áreas de cavidades.
Figura 35 – Conexão apresentando maior emissividade nas áreas oxidadas.
3.3.1.1. Ângulo de visão
A emissividade de uma superfície diminui quando o ângulo de visão aumenta
com relação a sua normal, sendo que medidas de temperatura exatas somente
podem ser feitas com ângulos abaixo de 30°. De 30° a 60° um pequeno erro é
introduzido e a partir de 60° o erro se torna muito grande, (Holst, 2000), como
mostra o gráfico da Figura 36.
72
73
Figura 36 – Emissividade em função do ângulo de visão.
Em subestações de alta tensão a maioria dos componentes a serem
inspecionados está localizada a uma altura superior a do Termografista e
freqüentemente a leitura de temperatura é realizada em um ângulo diferente da linha
normal. Para reduzir e até mesmo eliminar os erros devido ao ângulo de visão, o
Termografista deve buscar a visão mais perpendicular possível com a superfície do
componente sob inspeção como mostra a Figura 37.
Figura 37 – O termografista deve buscar a visão mais perpendicular possível com a superfície do
componente sob inspeção.
3.3.2. Corrente de carga
O calor gerado em uma conexão defeituosa depende do fluxo de corrente que
passa através dela, sendo que a potência dissipada é diretamente proporcional ao
quadrado da corrente (P=I
2
.R) e a temperatura apesar de aumentar com a corrente
segue um padrão mais complexo, entre uma taxa linear e geométrica, (Lyon Jr. &
Orlove, 2002).
Durante sua operação, o equipamento pode sofrer de freqüentes variações de
carga que podem influenciar no resultado da inspeção, logo a corrente de carga é
outro fator que deve ser considerado em inspeções termográficas de sistemas
elétricos.
A corrente circulante pelo componente sob inspeção não é responsável por
erros na medida de temperatura, ela pode interferir sim, na análise e diagnóstico do
defeito. Por exemplo, em casos em que a corrente é baixa, certas falhas podem não
ser percebidas ou defeitos graves podem ser subestimados.
Em ensaio realizado em uma subestação de 345 kV, a temperatura e a
corrente de uma chave seccionadora com alta resistência de contato foram
monitoradas por 24 horas. Para a medida de temperatura foi utilizado um Termovisor
posicionado a uma distância de 4 metros da chave em questão. Os valores de
corrente foram obtidos através de dados fornecidos pelo sistema de supervisão e
controle da subestação, Sage (Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia). Dois
instantes foram selecionados para mostrar o efeito da corrente na temperatura. Na
Figura 38 é apresentado na forma de gráfico e na Figura 39 através de
termogramas. Nesses dois instantes, variáveis como velocidade do vento,
temperatura ambiente e umidade relativa do ar permaneceram praticamente
constantes e foi escolhido um período, de aproximadamente uma hora, em que a
corrente teve pequena variação para se obter a estabilização térmica.
74
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
110,0
120,0
130,0
16
:3
9
:
54
17
:
27
:
55
18:1
5
:54
19
:0
3
:
55
19
:
51
:
54
20:3
9
:55
21
:2
7
:
55
22
:
15
:
54
23:03:55
2
3
:5
1
:
54
0:
39:
55
1:27
:
55
2:15
:
55
3
:
03:5
5
3:51
:
54
4:39
:
54
5:27:55
6:15
:
54
7:03
:
55
7:51:54
8:39
:
55
9:27
:
54
10
:1
5
:
55
11:03
:
54
11:5
1
:5
4
12
:3
9
:
54
13
:
27
:
55
14:1
5
:55
15
:0
3
:
55
15
:
51
:
55
16:3
9
:54
LEGENDA:
Corrente circulante pela seccionadora x 10.
Temperatura da Seccionadora com alta resistência de contato.
Temperatura da Seccionadora com resistência de contato normal.
A
B
Figura 38 – Gráfico da corrente circulante pela seccionadora no período de 24 horas – As setas
indicam o momento em que foram capturadas as imagens da Figura 39.
75
101,4 °C
78,0 °C
I = 1192 A
I = 882 A
48,5 °C
I = 882 A I = 1192 A
55,6 °C
Seccionadora
Defeituosa
FASE B
Seccionadora
Normal
FASE A
A
B
B
A
Figura 39 – Termogramas mostrando o efeito da corrente sobre a temperatura de uma seccionadora
com alta resistência de contato e sobre a temperatura de uma seccionadora normal.
Para eliminar a influência da corrente de carga na inspeção termográfica, o
ideal seria a realização da inspeção com os equipamentos operando em plena
carga, no entanto isso nem sempre é possível devido à variação da corrente
circulante em função da carga requerida pelo Sistema, como pode ser visto na
Figura 38. Em ocasiões em que a inspeção termográfica esteja sendo realizada com
a corrente de carga abaixo de 100% da máxima, a maior parte dos trabalhos aqui
revisados orienta pela utilização de uma equação, com a qual se pretende prever a
temperatura do componente quando a corrente for máxima, fornecendo mais
subsídios para uma melhor análise do equipamento sob inspeção. A equação
geralmente recomendada é:
2
.
Δ=Δ
m
máx
mC
I
I
TT
(23)
Na qual,
76
77
T
C
[°C] é a elevação da temperatura acima de uma temperatura de
referência quando a corr
máx.
m
[°C] é a elevação da temperatura acima de uma temperatura de
referên
máx
Aplicando a Equação 23 para o exemplo real da Figura 39 e supondo que a
inspeção foi realizada no instante em
elevaç o será:
ente atinge o valor máximo I
T
cia quando medida com a corrente I
m.
I [A] é a corrente máxima permitida.
I
m
[A] é a corrente circulante no momento da medida.
que a corrente era 882 A, o cálculo da
ã de temperatura acima da temperatura de referência
I = 1192 A I
máx m
= 882 A
T = 78 – 48,5 = 29,5° C
m
2
882
11
.5,29
=Δ
C
T
92
T
C
= 53,9° C
Resultado 17,7% maior que o valor real:
T = 101,4 – 55,6 = 45,8° C
Para uma melhor observação da relação entre temperatura e corrente, um
experimento em labor i
utilizad
Termômetro Digital de contato – Fabricante Fluke, modelo 2190A, série
atório foi realizado, no qual uma conexão com defeito real fo
a.
Nesse experimento foram empregados os seguintes equipamentos:
Termovisor – Fabricante LAND, modelo TI-35, série 346681/QE/74.
2750064.
Amperímetro alicate – Fabricante Trub-Tauber, série 931.
78
ro-anemômetro – Fabricante Kestrel, modelo 3000, série
série
A máquina de corrente serviu como fonte para a variação de corrente através
da con
Figura 40 – Esquema do ensaio para determinar a variação da temperatura em uma conexão em
função da corrente.
Máquina de corrente – Fabricante Eltra, modelo 13704, série 29220.
Termo-hig
352417.
Multímetro Digital – Fabricante Hewlett-Packard, modelo 34401A,
US36076659.
exão, como mostra o esquema da Figura 40 e a foto da Figura 41.
79
Figura 41 – Foto do experimento Temperatura x Corrente.
O experimento foi realizado em ambiente fechado, com uma variação da
temperatura ambiente de 24,6° C a 26,9° C e da umidade relativa do ar de 44% a
55%. A distância entre a conexão e o Termovisor foi de 1,5 m. A corrente aplicada
foi de 100 A a 600 A em intervalos de 100 A. O tempo para estabilização da
temperatura foi de aproximadamente uma hora a cada incremento de corrente.
Os dados obtidos são apresentados na Tabela 6 e no gráfico da Figura 42.
Tabela 6 – Resultados da variação da Temperatura em função da Corrente.
I I T T
Conexão Conexão Conexão Referência
(A) % (°C) (°C)
0 0,0% 25,2 25,2
100 16,7% 26,2 26,0
200 33,3% 31,0 26,2
300 50,0% 39,7 27,0
400 66,7% 53,5 33,8
500 83,3% 74,1 43,8
600 100,0% 102,2 51,9
25,2
26
31
40
54
74
102
0
20
40
60
80
100
120
0 100 200 300 400 500 600
I (A)
T (°C)
Figura 41 – Gráfico da variação de Temperatura em função da Corrente em uma conexão defeituosa.
Aplicando a Equação 23 nos dados da Tabela 6 para o cálculo da elevação
de temperatura acima da temperatura de referência (
Δ
T ):
C
Tabela 7 – Aplicação da Equação 23 nos resultados da Tabela 6.
Δ
T
Δ
TI T t (T – T
80
Conexão Conexão referência m Conexão amb
)
C
(A)
(°C) (°C) (°C) (°C)
100 26,2 25,5
0,7 25,2
200 31,0 26,2
4,8 43,2
300 39,7 27,0
12,7 50,8
400 53,5 33,8
19,7 44,3
500 74,1 43,8
30,3 43,6
600 102,2 51,9
50,3 50,3
Diferentemente dos resultados obtidos no exemplo da seccionadora, os
resultados de laboratório apontam para valores abaixo do real. A explicação para
essa divergência pode estar no fato de que esse ensaio foi realizado em laboratório,
com componente distinto e em condições controladas e estáveis, o que difere do
comportamento da seccionadora em ambiente aberto e exposta a diferentes
influências simultaneamente. Cabe lembrar também, que a Equação 23 é uma
equação prognóstica que visa simplificar um fenômeno complexo. Por essa razão,
quando utilizada, deve servir apenas para auxiliar o termografista na compreensão
do impacto da corrente sobre a temperatura do objeto sob inspeção.
Ainda com relação ao efeito da corrente sobre a temperatura, é importante
observar que existe uma inércia térmica, isto é, após um incremento ou decremento
da corrente é necessário um período para a estabilização da temperatura.
Considerando o ensaio da Figura 40, o tempo de estabilização da temperatura após
um incremento de corrente foi de aproximadamente 60 minutos, enquanto para o
ensaio realizado por Lyon et al (2002) foi de aproximadamente 45 minutos.
No caso de grande parte dos equipamentos de subestação a corrente
circulante varia constantemente, sendo possível que em certas situações a corrente
no momento da inspeção possa estar totalmente diferente da corrente no instante
anterior e o uso da Equação 23, que leva em consideração apenas a corrente do
momento, levaria a erros consideráveis, uma vez que ela não contempla a resposta
térmica do componente sob inspeção.
O gráfico da Figura 42 mostra a variação da corrente registrada na
seccionadora da Figura 39 em um período de 24 horas. Os pontos A e B indicam
alguns dos vários momentos em que a análise do defeito, levando em consideração
apenas o valor da corrente no momento da inspeção, poderia levar a um diagnóstico
equivocado, assim como a utilização da Equação 23 para a previsão da elevação da
temperatura (
Δ
T
81
C
) para a corrente máxima (I ).
máx
82
3.4. Condições ambientais
ada a inspeção termográfica exerce um
import
3.4.1. Transmitância atmosférica
aria com a temperatura, umidade relativa do ar e
com a
A atmosfera pode atuar sobre a radiação emitida pelos objetos por meio de
quatro
Absorção
Figura 42 – Variação da corrente em uma seccionadora em um período de 24 horas.
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
16:40
17:30
1
8:2
0
1
9:1
0
20:00
20:50
21:40
2
2:30
2
3:20
0
0:1
5
0
1
:
0
5
0
1
:
5
5
02:45
03:35
04:25
0
5
:
1
5
0
6
:
0
5
0
6
:
5
5
07:45
08:35
0
9:2
5
1
0:1
5
1
1:0
5
11:55
12:45
13:35
1
4:25
1
5:15
1
6
:
0
5
1
6
:
5
5
Tempo
I (A)
A
B
O ambiente em que é realiz
ante papel nos resultados obtidos. A transmitância atmosférica, a radiação
emitida pelo sol, a temperatura ambiente, o vento, a chuva e a umidade relativa do
ar podem afetar de maneiras diferentes a distribuição térmica dos componentes sob
inspeção, bem como a quantidade de radiação infravermelha que chega ao
Termovisor.
A transmitância atmosférica v
quantidade de partículas suspensas no ar (poeira, poluição, neblina e névoa).
fenômenos:
Dispersão
Emissão
83
3.4.1.1
provoca a atenuação da radiação e pode ser de dois tipos:
componentes menores da atmosfera, a absorção
molec
da dispersão provoca a redistribuição do fluxo incidente em
todas
o da emissão soma uma radiação adicional à radiação emitida pelo
compo
a turbulência é causado por movimentos irregulares do ar. Ele
aparec
a flutuação aleatória do índice de refração da atmosfera, o que resulta em uma
Turbulência
.Absorção
A absorção
Absorção molecular.
Absorção aerossol.
Por causa dos diversos
ular é uma fonte de atenuação da propagação da radiação muito mais
significante que a absorção aerossol.
3.4.1.2. Dispersão
O fenômeno
as direções de propagação e diminui o fluxo na direção original. Existem dois
tipos distintos de dispersão atmosférica, a dispersão molecular (Rayleigh) e a
dispersão aerossol (Mie). A dispersão aerossol afeta a transmitância atmosférica
muito mais fortemente que a dispersão molecular. Geralmente, o efeito da dispersão
diminui quando o comprimento de onda de propagação da radiação aumenta.
Portanto, a transmitância na fumaça é muito maior para o infravermelho na faixa de
8 a 14 µm do que para a faixa de 3 µm a 5 µm.
3.4.1.3. Emissão
O fenômen
nente sob inspeção. Para efeito de inspeção por termografia em subestações,
a emissão pode ser considerada desprezível, já que a emissividade atmosférica é
freqüentemente baixa e a temperatura da atmosfera na maior parte das inspeções é
menor que a temperatura do componente sob inspeção.
3.4.1.4. Turbulência
O fenômeno d
e quando moléculas do ar de temperaturas levemente diferentes são
misturadas pelo vento e convecção. Do ponto de vista óptico, tal movimento significa
imperfeição da imagem gerada pelo sistema óptico. Em inspeções de subestações,
cujas distâncias componente -Termovisor raramente ultrapassam os 50 metros, o
efeito desse fenômeno pode ser desprezado, (Chrzanowski, 2001).
3.4.2. Atmosfera terrestre
84
A atmosfera da terra é uma mistura de muitos gases. Os gases nela contidos
e espaço, todavia para uma típica e clara atmosfera
pode-s
formam a atmosfera
Gás Constituinte Conteúdo (% por volume)
variam com a altitude, hora
e considerar os gases da tabela 8.
Tabela 8 – Gases que
N 78,084
2
O 20,9476
2
Ar 0,934
CO
2
3 × 10
-2
H 10
-5 -2
O a 10
2
-3
Ne 1,81 x 10
-4
HE 5,2 x 10
-4
CH 2 x 10
4
-4
Kr 1,14 x 10
-3
H 5 x 10
2
-5
N 5 x 10
20
-6
CO 7 x 10
0 a 7 x 10
-6
O
3
0 a 2 x 10
-6
NO
bserva-se que o Nitrogênio (N2) e o Oxigênio (O2) são os principais
componentes na composição da atmosfera e que a concentração dos outros gases é
muito
O
menor, entretanto dois deles têm papel importante na transmitância da
radiação infravermelha:
O vapor de água (H2O) que depende muito da altitude, estação do ano,
localização geográfica, hora do dia, condições meteorológicas e está
sujeito a grandes flutuações.
O Dióxido de Carbono (CO2) que existe em maior concentração em áreas
industriais e de vegetação do que em oceanos e desertos.
A Figura 43 mostra graficamente a transmitância atmosférica em função do
comprimento de onda, bem como as áreas de maior absorção dos gases e as
chamadas “janelas” infravermelhas de 3 a 5 µm e de 8 a 14 µm, (Rogalski &
Chrzanowski, 2002).
Figura 43 – Transmissão da atmosfera para uma distância de 1,8 km ao nível do mar com 17 mm de
precipitação de chuva.
A transmitância atmosférica é função do comprimento de onda e da distância,
sendo que quanto maior a distância componente-Termovisor menor a transmitância
atmosférica. As Figuras 44 e 45 representam a transmitância atmosférica para a
faixa de comprimento de onda normalmente utilizada pelos Termovisores e para
distâncias geralmente encontradas em inspeções de subestações de alta tensão.
85
Figura 44 – Transmitância atmosférica para uma distância de 10 m.
Figura 45 – Transmitância atmosférica para uma distância de 50 m.
Observa-se pelas Figuras 44 e 45 que a atenuação atmosférica é baixa para
distâncias abaixo dos 50 metros nas chamadas “janelas” infravermelhas. Para
ratificar essa baixa atenuação, o ensaio descrito abaixo foi realizado.
3.4.2.1. Ensaio para verificação da atenuação atmosférica
Foi utilizado como referência de temperatura um Corpo Negro com uma
grande área de medição (0,2 m X 0,2 m) para tentar evitar o erro devido ao sistema
óptico do Termovisor e avaliar apenas a influência atmosférica. O levantamento dos
86
dados foi realizado com duas temperaturas distintas, de 50° C e 100° C, escolhidas
por serem representativas das tipicamente encontradas em defeitos detectados em
inspeções de subestações de alta tensão.
Um Termovisor com faixa de comprimento de onda de 7,5 µm a 13 µm foi
usado para medir a temperatura do Corpo Negro a distâncias entre 10 metros e 70
metros, em intervalos de 10 metros. O Termovisor utilizado possuía um ajuste de
distância para compensar a atenuação atmosférica. Também com o objetivo de
reduzir o erro devido ao sistema óptico uma lente de campo de visão de 12° foi
acoplada ao Termovisor.
As distâncias foram medidas entre a lente do Termovisor e a área de medição
do Corpo Negro. Uma Trena Laser foi usada para esse propósito.
O ensaio foi realizado no outono, no período das 10:00 horas às 11:20 horas,
em uma altitude aproximada de 700 metros, latitude ‘W 46° 19’, longitude S 20° 40’,
com uma temperatura ambiente variando de 20,5° C a 23° C, umidade relativa do ar
variando de 66% a 68%, céu nublado e atmosfera livre de poluição industrial.
A Figura 46 e a Figura 47 mostram o diagrama e a foto do ensaio realizado,
respectivamente.
D
istância
(
m
)
Termovisor
Corpo
Negro
Área de
medição de
0,2m X 0,2m
Lente
de 12°
Figura 46 – Esquema do ensaio para a determinação da atenuação atmosférica.
87
Figura 47 – Foto do ensaio para a determinação da atenuação atmosférica.
Instrumentos utilizados:
Corpo Negro – Fabricante Mikron, modelo 315, série M0000382.
Termovisor – Fabricante FLIR, modelo P60, série 21802350.
Trena Laser – Fabricante Bosch, modelo , série 587279842.
Termo-higro-anemômetro – Fabricante Kestrel, modelo 3000, série
352417.
Os dados obtidos através do ensaio confirmam que a atenuação atmosférica
abaixo de 50 metros de distância é baixa e que o ajuste de distância embutido no
Termovisor reduz ainda mais o erro da leitura de temperatura. Os gráficos das
Figuras 48 e 49 mostram esses resultados.
88
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Distância (m)
Temperatura (°C)
Corrigido
50,6 50,4 50,2 50,0 49,2 48,8 48,8
Sem Correção
50,2 49,8 49,4 49,1 47,9 47,5 47,3
10 20 30 40 50 60 70
Figura 48 – Gráfico da temperatura em função da distância - Referência (Corpo Negro) em 50° C.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Distância (m)
Temperatura (°C)
Corrigido
100,7 99,5 100,2 100,0 97,9 98,1 97,1
Sem Correção
99,6 97,9 98,0 97,6 96,6 95,0 93,9
10 20 30 40 50 60 70
Figura 49 – Gráfico da temperatura em função da distância - Referência (Corpo Negro) em 100° C.
89
A Figura 50 mostra duas imagens térmicas do ensaio descrito acima.
90
Figura 50 – Termograma do Corpo Negro a 10 m (a) e a 70 m (b) do Termovisor (lente de 12°).
(a)
(b)
Apesar da baixa influência da atmosfera em inspeções de subestações de
alta tensão, deve-se procurar a menor distância possível entre o Termovisor e o
componente sob inspeção, buscando eliminar por completo essa influência e
principalmente a influência da parte óptica que geralmente é a mais atuante. Cabe
lembrar que as distâncias limites de segurança devem ser sempre respeitadas.
3.4.3. Fatores Climáticos
Para avaliar a influência de fatores como a radiação solar, temperatura
ambiente, vento, chuva e umidade relativa do ar na inspeção termográfica, foram
utilizados, durante o período de aproximadamente 70 horas, um Termovisor e uma
estação meteorológica para monitorar uma conexão defeituosa e a variação do clima
próximo a essas conexões, conforme o esquema da Figura 51 e a foto da Figura 52.
O ensaio foi realizado no verão, compreendendo períodos noturnos e diurnos, com e
sem incidência de sol, e períodos chuvosos.
Termoviso
r
Conexão
normal
Estação
meteorológica
Conexão
defeituosa
Figura 51 – Esquema do ensaio para a monitoração das temperaturas das conexões (normal e
defeituosa) e da influência de fatores climáticos.
Conexões
Termovisor
Estação
meteorológica
Boa
Ruim
Figura 52 – Foto do ensaio para monitoração das temperaturas das conexões (normal e defeituosa) e
da influência de fatores climáticos.
Instrumentos utilizados:
Termovisor – Fabricante FLIR, modelo P60, série 21802350.
91
Estação meteorológica – Fabricante Davis, modelo Vantage Pro, série
A41119A79.
Termohigroanemômetro Fabricante Kestrel, modelo 3000, série 352417
Computador – Fabricante IBM, modelo ThinkPad G40, série 82561L1.
Após localizar uma conexão com defeito em uma subestação de 345 kV, um
Termovisor utilizando lente de 12° foi empregado para monitorar a temperatura da
mencionada conexão. Para a monitoração de dados referentes à radiação solar,
temperatura ambiente, vento, chuva e umidade relativa do ar foi instalada, próxima à
conexão, uma estação meteorológica. O Termovisor foi montado a uma distância de
15 metros da conexão e sob abrigo para evitar a incidência direta da umidade e da
chuva em sua lente. Os valores da corrente circulante pela conexão foram obtidos
através de dados fornecidos pelo sistema de supervisão e controle da subestação,
Sage (Sistema Aberto de Gerenciamento de Energia).
3.4.3.1. Radiação solar
A maior parte dos equipamentos e componentes de uma subestação de alta
tensão desabrigada fica exposta à radiação solar. Ela pode influenciar de duas
maneiras a inspeção termográfica:
Pelo carregamento solar
Pelo reflexo solar
3.4.3.1.1. Carregamento solar
O carregamento solar afeta os componentes de uma subestação de uma
maneira geral, aumentando suas temperaturas e dificultando a distinção, pela
termografia, de um componente defeituoso e um normal, Figura 53. Isto é
particularmente verdadeiro quando o defeituoso apresenta uma pequena diferença
de temperatura com relação ao componente normal. Além disso, a radiação solar
pode elevar a temperatura de componentes defeituosos, que já estão com
temperaturas críticas, fazendo com que evoluam mais rapidamente para a falha.
92
(a) (b)
55° C
31
°
C
60° C
45
°
C
Figura 53 – Termogramas de uma conexão defeituosa e uma conexão normal - (a) Sem carregamento
solar (22:51 h) - (b) Com carregamento solar (17:26 h)
Todas as superfícies expostas à radiação solar e que possuem alta absorção
na região do espectro solar (Figura 54) tendem a aquecer.
Figura 54 – Energia do Sol tipicamente vista através da atmosfera da Terra.
A temperatura dependerá da relação entre a absorção no comprimento de
onda do sol e da emissão no comprimento de onda do infravermelho, faixa na qual
será emitida a maior parte da energia absorvida. Quanto maior essa relação, maior o
aquecimento da superfície em função à exposição ao Sol.
93
O nível de carregamento solar depende da estação do ano, sendo no verão o
período de máxima exposição, mas em países tropicais como o Brasil, praticamente
o ano inteiro existe um alto nível de carregamento solar.
A Figura 55 apresenta graficamente a variação da temperatura das conexões,
monitoradas no ensaio da Figura 51, durante períodos com e sem a incidência de
radiação solar.
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
11:12:39
13:00:38
14:48:31
16:43:31
18:31:35
20:19:30
22:07:25
23:55:16
01:43:08
03:30:51
05:18:43
07:06:31
08:54:29
11:02:52
12:50:55
14:38:57
16:26:58
18:29:55
20:17:53
22:05:48
23:53:41
01:41:30
03:29:21
05:17:09
07:04:56
09:05:09
10:53:08
12:41:09
14:29:02
16:17:11
18:05:15
19:53:12
21:50:54
23:38:47
01:26:41
03:14:29
05:02:14
06:50:06
Radiação
Solar
(W/m
2
)/10
Temperatura
da conexão
defeituosa
Temperatura
da conexão
normal
(
°C
)
(
°C
)
Figura 55 – Variação da temperatura das conexões durante períodos com e sem a incidência de
radiação solar.
Recomenda-se que a inspeção termográfica seja realizada em horários livres
da radiação solar, ou seja, entre o por do sol e as primeiras horas do dia, ou em dias
com o céu nublado. Entretanto, deve-se levar em consideração, para efeito de
análise e diagnóstico dos defeitos encontrados na inspeção, que as temperaturas
medidas no período livre do carregamento solar poderão aumentar durante o dia
devido à exposição ao Sol. A Figura 56 abaixo mostra claramente a influência do
carregamento solar sobre equipamentos de uma subestação de alta tensão.
94
(b) (c) (a)
Figura 56 – Termogramas de um Transformador de Corrente, sob o Sol, obtidos de três posições
distintas.(a) A favor do Sol – (b) Intermediária entre a favor e contra o Sol – (c) Contra o Sol.
Na necessidade de realização da inspeção termográfica em dias com alto
carregamento solar, o efeito do carregamento pode ser minimizado realizando a
leitura de temperatura na superfície do componente oposta à incidência do Sol, isso
pode ser observado na Figura 56 – (c). É importante lembrar que componentes
defeituosos, com pequenas diferenças de temperatura em relação a componentes
normais, podem passar despercebidos.
3.4.3.1.2. Reflexo Solar
Os metais utilizados em subestações tipicamente possuem uma emissividade
muito baixa, tanto para a radiação solar quanto para a radiação infravermelha,
principalmente quando novos e polidos, como apresentado na Tabela 5. Como a
transmitância desses metais é nula nesses comprimentos de onda, a refletância é
alta, conforme a Equação 16. Portanto, a radiação que chega ao detector do
Termovisor pode ser, em sua maior parte, de outra fonte de calor próxima ou até
mesmo da radiação solar refletida pela superfície do componente.
O esquema da Figura 57 representa o ensaio montado para demonstrar o
efeito do reflexo solar na inspeção termográfica.
95
Termovisor
3 µm – 5 µm
Termovisor
7,5 µm – 13 µm
Reflexo
solar
Figura 57 – Esquema do ensaio realizado para demonstrar o efeito do reflexo solar
Instrumentos utilizados:
Termovisor – Fabricante FLIR, modelo P60, série 21802350.
Termovisor – Fabricante LAND, modelo TI-35, série 346681/QE/74.
Após localizar, em uma subestação de 345 kV, um Transformador de
Corrente (TC), cuja conexão tipo T apresentava superfície bastante polida e com
baixa emissividade, dois Termovisores, um com resposta espectral na faixa de 3 µm
a 5 µm e outro na faixa de 7,5 µm a 13 µm foram posicionados em um ângulo no
qual a radiação solar era refletida pela superfície da conexão diretamente às suas
lentes.
Apesar da conexão estar normal e com temperatura real próxima a
temperatura ambiente, os termogramas obtidos pelos dois Termovisores
apresentaram uma leitura de temperatura alta em razão do reflexo solar, Figura 58.
96
1
59
°
C
Reflexo
solar
(a)
(B)
(c)
250
°
C
Figura 58 – Reflexo solar provocando um falso ponto com alta temperatura em uma conexão de um
Transformador de Corrente - TC - (a) Imagem visível - (b) Imagem obtida por Termovisor (3 µm a 5
µm) - (c) Imagem obtida por Termovisor (7,5 µm a 13 µm)
O Termovisor com resposta espectral de 7,5 µm a 13 µm apresentou menor
sensibilidade ao reflexo solar que o Termovisor que responde de 3 µm a 5 µm, mas
o ensaio mostrou que ambas as faixas de comprimento de onda não estão livres
dessa adversidade.
Como pode ser observado na Figura 58, o reflexo solar pode levar o inspetor
inexperiente a diagnosticar situações normais como uma falha iminente e, com isso,
solicitar um desligamento desnecessário do circuito para a manutenção de urgência.
Para eliminar a influência do reflexo solar, recomenda-se executar a inspeção
em períodos noturnos ou em dias com o céu nublado. Caso a inspeção seja
97
realizada sob o sol e reflexos solares prejudiquem a inspeção, aconselha-se a
mudança de ângulo, entre o Termovisor e o componente sob inspeção, para eliminar
o problema.
3.4.3.2. Chuva e umidade
A umidade é a concentração de vapor de água no ar. Como qualquer outra
substância, o ar tem um limite de absorção, este limite se denomina saturação.
Acima do limite de saturação (ponto de orvalho) a quantidade de água em excesso
se precipita em forma de neblina ou de pequenas gotas de água (chuva). A
quantidade de água que o ar absorve antes de atingir a saturação depende da
temperatura e aumenta progressivamente com ela, como mostra o gráfico da Figura
59 (wikipedia, 2006).
Figura 59 – Saturação da água no ar em função da temperatura (ao nível do mar).
A alta umidade do ar age sobre a inspeção termográfica de duas maneiras:
Resfriando o componente, dificultando a detecção, análise e o diagnóstico
do defeito.
Atenuando a radiação infravermelha, emitida pelo componente sob
inspeção, que chega ao detector do Termovisor.
98
3..4.3.2.1. Resfriamento
Em ambientes com alta umidade em razão de precipitação atmosférica de
água, a alta condutividade térmica da água ajuda na dissipação do calor produzido e
o resfriamento por evaporação reforça o processo de arrefecimento. O resultado é
uma forte redução na temperatura do componente sob inspeção, assim como de
toda cena envolvida, como pode ser visto no gráfico da Figura 60 e na imagem (b)
da Figura 61, que mostra o efeito da chuva sobre o resultado de uma inspeção
termográfica em uma conexão defeituosa e outra normal. Os dados e as imagens
foram obtidos do ensaio descrito anteriormente e apresentado na Figura 51.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
13:59:07
14:06:05
14:13:03
14:20:02
14:27:02
14:34:04
14:41:03
14:48:03
14:55:02
15:02:00
15:09:00
15:15:59
15:22:59
15:29:59
15:37:02
15:44:04
15:51:07
15:58:11
16:05:11
16:12:11
16:19:10
16:26:09
16:33:08
16:40:07
16:47:06
16:54:06
17:01:05
17:08:06
17:15:06
17:22:08
17:29:10
17:36:11
17:43:13
Temperatura
da conexão
defeituosa
(°C) / 20
Temperatura
da conexão
normal
(°C) / 20
Precipitação
de água
(
mm
)
Figura 60 – Efeito da chuva sobre a temperatura das conexões do ensaio da Figura 51.
(
a
)
(
b
)
(
c
)
Figura 61 – Efeito da chuva sobre a temperatura das conexões do ensaio da Figura 51. (a) Uma hora
antes do início da Chuva - (b) Durante a chuva - (c) Uma hora após o término da chuva
99
3.4.3.2.2. Atenuação
O vapor dágua presente na atmosfera provoca a absorção da radiação
infravermelha reduzindo a transmitância atmosférica. Quando a concentração de
água na atmosfera aumenta, a transmitância diminui. Em casos de neblina, a
atenuação maior é causada pela dispersão da radiação devido aos aerossóis
(partículas suspensas no ar). A amplitude da dispersão depende da relação do
diâmetro da partícula e o comprimento de onda. Quando essa relação é grande a
dispersão é significante, caso contrário a dispersão é mínima, (Host, 2000). O gráfico
da Figura 62 mostra o coeficiente de dispersão em função do comprimento de onda
para diferentes intensidades de neblina (diferentes dimensões de partículas) e para
uma distância de 1 km.
Figura 62 – Dispersão em função do comprimento de onda para diferentes intensidades de neblina
(nevoeiro) e para uma distância de 1 Km.
Em inspeções termográficas de subestações de alta tensão, cujas distâncias
dificilmente ultrapassam 50 metros, a atenuação devido à dispersão é mínima.
Para reduzir a influência da chuva e umidade sobre os resultados da inspeção
termográfica, recomenda-se não realizar inspeções termográficas sob chuva, garoa,
neblina ou com umidade relativa do ar muito alta. Inspeções termográficas,
100
imediatamente após a ocorrência de chuva, devem ser evitadas em razão da forte
redução da temperatura do componente sob inspeção, como pode ser conferido nos
resultados do gráfico da Figura 60. É conveniente que a inspeção tenha início com,
no mínimo, uma hora após o término da chuva, Figura 61 (c).
3.4.3.3. Vento
O vento é considerado como ar em movimento. Resultado do deslocamento
de massas de ar, derivado dos efeitos das diferenças de pressão atmosférica entre
duas regiões distintas, que têm uma origem térmica e diretamente relacionadas com
a radiação solar e os processos de aquecimento das massas de ar, (Wikipedia,
2006).
Em inspeções termográficas realizadas em ambientes abertos, o vento exerce
um papel importante no resultado final da inspeção. Ventos com velocidade
relativamente baixa podem afetar consideravelmente a temperatura do objeto
inspecionado. Sérios defeitos podem ter sua temperatura reduzida e aparentar, em
uma imagem térmica, um problema sem maior gravidade. Por outro lado, defeitos
em estágios iniciais, apresentando pequenos aumentos de temperatura, podem
simplesmente não ser detectados pela inspeção, (Snell, 2001). A Figura 63 mostra
um exemplo em que as duas situações descritas ocorrem.
117
°
C
85
°
C
81
°
C
85
°
C
76
°
C
72
°
C
(
a
)
(
b
)
Figura 63 – Efeito do vento sobre a temperatura de um disjuntor a óleo. (a) Com velocidade do vento
igual a 0 km/h – (b) Com velocidade do vento moderada.
101
Em experimentos realizados em laboratório, com condições estáveis e
controladas, Madding & Lyon (2000), utilizando uma Chave Fusível como amostra,
demonstram que as maiores reduções na temperatura do componente ocorrem nas
baixas velocidades de vento, continuando em queda nas altas velocidades, mas a
uma taxa muito menor, Figura 64.
Figura 64 – Redução da temperatura do componente em função da velocidade do vento.
O efeito do vento sobre a temperatura do componente sob inspeção depende
de vários fatores. Entre eles, a potência que está sendo dissipada pelo componente
em questão, a velocidade, direção e duração do vento, a área e o formato do
componente e as estruturas e construções que estão à sua volta, (Madding & Lyon,
1999). Embora trabalhos, como o de Kaplan (1999), apresentem tabelas de fatores
de conversão da temperatura em função da velocidade do vento – (Tabela 9), um
simples fator multiplicativo de correção é impraticável em situações reais de
inspeção em ambientes abertos.
102
Tabela 9 – Fator de correção para uma placa vertical
V
elocidade do Vento
Fator de Correção
m/s km/h
< 1 < 3,6 1,00
2 7,2 1,36
3 10,8 1,64
4 14,4 1,86
5 18,0 2,06
6 21,6 2,23
7 25,2 2,40
8 28,8 2,50
O gráfico da Figura 65 apresenta um exemplo de como uma subestação de
alta tensão em ambiente aberto pode estar sujeita à variação da velocidade e da
direção do vento. Os dados foram retirados do ensaio apresentado na Figura 51.
103
Velocidade do vento
(
km/h
)
Dire
ç
ão do vento
Legenda:
Velocidade do Vento
Direção do Vento
Figura 65 – Variação da velocidade e direção do vento, monitorados por um período de 24 horas, em
uma subestação de alta tensão desabrigada.
Ainda utilizando os dados do ensaio esquematizado na Figura 51 e
selecionando um período no qual a corrente teve uma pequena variação, pode-se
observar pelo gráfico da Figura 66 e pelas imagens da Figura 67, o forte efeito do
vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e uma normal, mesmo sendo
a baixas velocidades.
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
2:00
2:12
2:24
2:36
2:48
3:00
3:12
3:24
3:36
3:48
4:00
4:12
4:24
4:36
4:48
5:00
5:12
5:24
5:36
5:48
6:00
6:12
6:24
6:36
6:48
7:00
7:12
7:24
7:36
7:48
8:00
8:12
8:24
8:47
8:59
9:11
9:23
9:35
9:47
9:59
Temperatura
da conexão
defeituosa
(°C) / 10
Temperatura
da conexão
normal
(°C) / 10
Velocidade
do vento
(km/h)
Figura 66 – Efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e uma normal.
42,1° C
62,9° C
20,4° C
29,6° C
(
a
)
(
b
)
Figura 67 – Efeito do vento sobre a temperatura de uma conexão defeituosa e uma normal. (a) Com
velocidade do vento de 6,4 km/h (5:55 h) - (b) Com velocidade do vento igual a 0 km/h (9:14 h).
O efeito do vento sobre a inspeção termográfica é importante e geralmente
difícil de evitar. Fatores de correção da temperatura em função da velocidade do
104
vento para ambientes abertos são impraticáveis. Portanto, resta ao inspetor de
termografia ter conhecimento da influência do vento sobre a temperatura do
componente sob inspeção e tentar realizar as medidas de temperatura nos intervalos
de menor velocidade de vento possível. Para ajudar na análise e diagnóstico das
imagens térmicas, Madding & Lyon (2002) recomendam fazer a leitura de
temperatura, quando possível, na superfície do componente oposta à incidência do
vento, para que o seu efeito seja minimizado.
3.4.3.4. Temperatura ambiente
Inspeções termográficas em ambientes abertos devem levar em conta a
temperatura ambiente, especialmente nos extremos do verão e do inverno.
Considerando as outras influências estáveis, um aumento da temperatura ambiente
resultará em um aumento da temperatura do componente (Figura 68), portanto
falhas têm uma maior probabilidade de ocorrerem durante dias quentes. Por outro
lado, defeitos que comumente apresentariam um ligeiro aumento de temperatura,
em dias frios podem simplesmente não ser detectados, (Maldague & Moore, 2001).
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
11:12:39
12:58:37
14:44:32
16:37:32
18:23:34
20:09:30
21:55:27
23:41:19
01:27:09
03:12:54
04:58:46
06:44:34
08:30:28
10:36:54
12:22:50
14:08:58
15:54:58
17:55:58
19:41:56
21:27:43
23:13:43
00:59:33
02:45:23
04:31:15
06:17:03
08:02:57
10:01:06
11:47:11
13:33:07
15:19:00
17:05:04
18:51:16
20:46:58
22:32:52
00:18:46
02:04:37
03:50:23
05:36:12
07:22:03
105
Figura 68 – Variação da temperatura de uma conexão defeituosa e outra normal e da temperatura
ambiente durante um período de aproximadamente 70 horas.
Temperatura
da conexão
defeituosa
(
°C
)
Temperatura
da conexão
normal
(
°C
)
Temperatura
ambiente
(
°C
)
Sempre que possível, a inspeção deve ser realizada sob as piores condições.
Se a periodicidade de inspeção for anual, o período do ano escolhido deve ser o
mais quente, ou seja, durante o verão.
106
4. PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO
Diante de todas as influências e limitações da aplicação da termografia
descritas e demonstradas nesse trabalho, da carência de publicações e normas
nacionais sobre o assunto e a importância que a termografia tem alcançado no setor
de energia elétrica, é fundamental que um procedimento de inspeção dirigido à
aplicação da termografia em subestações localizadas em ambientes abertos seja
aqui apresentado. Procedimento que poderá servir como base de procedimentos
mais específicos de cada empresa, lembrando que um procedimento escrito não
substitui e nem elimina a necessidade de Termografistas treinados e capacitados
para a inspeção, mas que tem como finalidade orientá-los a proceder de um modo
seguro, padronizado e repetitivo na busca de resultados consistentes e confiáveis,
extraindo o máximo benefício da técnica.
O procedimento descrito a seguir é produto da revisão de diversos artigos
publicados, de normas internacionais dirigidas à termografia, da observação da
Norma Regulamentadora N° 10 - NR 10, de procedimentos de inspeção adotados
por empresas do setor de energia brasileiro (PETROBRÁS, FURNAS,
ELETRONUCLEAR, CHESF, ELEKTRO, CTEEP, ALCOA) e dos resultados obtidos
pelos ensaios apresentados nesse trabalho.
4.1. Escopo
Inspeções utilizando a termografia infravermelha em Subestações de Alta Tensão
localizadas em ambientes abertos.
4.2. Objetivos
Definir os procedimentos para a execução de inspeções utilizando a termografia
infravermelha em Subestações de Alta Tensão localizadas em ambientes abertos,
bem como fornecer um modelo de registro das anomalias térmicas encontradas e
prover critérios para avaliação da severidade das anomalias térmicas.
107
4.3. Definições
Anomalia Térmica
Componente, conexão ou condutor que apresente uma indicação de
temperatura que se desvie do esperado.
Corrente Histórica
Média das correntes máximas dos últimos 12 meses, eliminando as
contingências.
Delta Tref (
Δ
Tref)
Módulo da diferença entre a leitura da temperatura do Ponto com Anomalia
Térmica (Pat) e a leitura da temperatura do Ponto de Referência (Pref):
Δ
Tref = | T
108
Pat
– T |
Pref
Na qual,
Δ
Tref = Diferença entre a temperatura do Pat e a temperatura do Pref.
= Leitura da temperatura do Pat. T
PTA
= Leitura da temperatura do Pref.
T
Pref
Delta Tamb (
Δ
Tamb)
Diferença entre a leitura da temperatura do Ponto com Anomalia Térmica
(Pat) e a leitura da temperatura ambiente:
Δ
Tamb = T
Pat
– T
amb
Na qual,
Δ
Tamb= Diferença entre a temperatura do Pat e a temperatura ambiente.
109
T
Pat
= Leitura da temperatura do Pat.
T
amb
= Leitura da temperatura ambiente.
Emissividade
Relação variável entre a energia total irradiada por uma dada superfície em
uma dada temperatura e a energia total irradiada por um Corpo Negro à mesma
temperatura.
A emissividade é um fenômeno de superfície que depende da composição e
da condição desta superfície. Materiais polidos têm menor emissividade que
materiais ásperos ou corroídos.
A faixa de valores de emissividade varia entre 0, para um refletor perfeito, e
1,0, para um Corpo Negro.
Ponto com Anomalia Térmica (Pat)
Ponto de maior temperatura da anomalia térmica.
Ponto de Referência (Pref)
Ponto que possua o mesmo material e esteja sob as mesmas condições de
operação e carga do Ponto com Anomalia Térmica (Pat) que está sendo avaliado.
Preferencialmente em outra fase e que apresente temperatura dentro dos valores
normais esperados.
Responsável pela Inspeção Termográfica
É o profissional que solicitou a inspeção termográfica.
Rota de Inspeção
Caminho que o inspetor deve seguir para realizar as inspeções. Deve
relacionar os equipamentos a serem inspecionados, observando questões de
segurança, importância dos equipamentos no Sistema e eficiência relacionada a
possíveis manutenções.
Termografista
É o profissional capacitado a realizar e a documentar inspeções
termográficas. Em função de sua capacitação, pode também, analisar e gerenciar
trabalhos de inspeções termográficas.
Termograma
Imagem térmica obtida a partir da radiação térmica (infravermelha),
naturalmente emitida pelos corpos, em função de sua temperatura e sua
emissividade.
4.4. Responsabilidades
Termografista
Conhecer a operação do termovisor utilizado e suas limitações para o tipo
de inspeção requerida.
Ter conhecimento suficiente para entender os padrões de radiação térmica
observados.
Observar e saber ponderar os efeitos das condições ambientais e da
condição dos equipamentos sob inspeção, no momento da inspeção.
Obter autorização para trabalhar na área a ser inspecionada.
Realizar, em conjunto com o Responsável pela Inspeção Termográfica,
uma avaliação prévia dos riscos (APR). Estudar e planejar as atividades e
ações a serem desenvolvidas de forma a atender a todos os requisitos de
segurança aplicáveis à área a ser inspecionada (NR 10 – 10.7.5).
Seguir a Rota de Inspeção elaborada pelo Responsável pela Inspeção
Termográfica.
Registrar, conforme modelo, as anomalias térmicas encontradas.
Responsável pela Inspeção Termográfica
Elaborar a Rota de Inspeção.
110
Realizar, em conjunto com o Termografista, uma avaliação prévia dos
riscos (APR). Estudar e planejar as atividades e ações a serem
desenvolvidas de forma a atender a todos os requisitos de segurança
aplicáveis à área a ser inspecionada (NR 10 – 10.7.5).
Fornecer ao Termografista a autorização para trabalhar na área a ser
inspecionada.
4.5. Inspeção Termográfica
Pré-requisitos
Realizar a inspeção com, no mínimo, um Termografista e um trabalhador
autorizado a trabalhar em instalações elétricas (NR 10 – 10.7.3).
Obter autorização para trabalhar na área a ser inspecionada.
Abrir ordem de serviço específica para data e local, assinada pelo
responsável pela área a ser inspecionada (NR 10 – 10.7.4).
Equipamentos e Materiais Necessários para a Inspeção
Termovisor.
Termo-higro-anemômetro.
Máquina fotográfica digital.
Lanterna de alta potência (inspeções noturnas).
Rádio para comunicação com o centro de operação (NR 10 – 10.7.9).
Obs.: A câmera térmica e o termo-higro-anemômetro devem estar com a
calibração dentro do prazo de validade. (NR 10 – 10.7.8)
Precauções
Observar as normas de segurança comuns à área a ser inspecionada.
Observar as especificações e os cuidados descritos no manual do
fabricante referente aos equipamentos utilizados.
111
Recomendações
As recomendações abaixo devem ser observadas, embora a inspeção possa
ser realizada em ocasiões em que seja difícil alcançar todas as condições
desejadas. Entretanto, o Termografista deve ter em mente que tal opção pode
influenciar consideravelmente os resultados obtidos.
Evitar inspeções termográficas diurnas para não haver influências do
reflexo e do carregamento solar.
Evitar inspeções com velocidade do vento acima de 20 km/h.
Evitar inspeções com corrente abaixo de 40% da corrente histórica.
Não realizar inspeções com umidade relativa do ar acima de 90%.
Após a ocorrência de chuva esperar, no mínimo, 1 hora para iniciar a
inspeção.
Para obter as leituras de temperatura, os equipamentos sob inspeção
deverão estar em carga no período que antecede a inspeção de, no
mínimo uma hora, para que seja possível alcançar a estabilidade térmica.
O ângulo entre a lente do termovisor e o ponto inspecionado deve ser o
mais perpendicular possível para se evitar a redução da emissividade por
ângulos de observação muito agudos.
Procedimento Detalhado
Iniciar a inspeção, preferencialmente, uma hora após o por do Sol. Na
necessidade de inspeções diurnas, recomenda-se que sejam realizadas
preferencialmente até no máximo 2 horas após o nascer do sol ou em dias
nublados para evitar o carregamento solar.
Adaptar ao termovisor, a lente telescópica adequada às distâncias e às
dimensões dos pontos a serem inspecionados, não esquecendo que
essas lentes têm uma distância mínima focal. Na maioria das situações
encontradas nas subestações brasileiras uma lente de campo de visão de
12° é suficiente.
112
Ajustar a emissividade do termovisor para 0,75.
Realizar a inspeção de acordo com a Rota de Inspeção pré-estabelecida.
Ao localizar algum ponto com provável anomalia:
o aproximar-se o máximo possível (sempre respeitando as distâncias
limites de segurança) para obter a imagem e a leitura de temperatura;
o ajustar o foco da câmera para a melhor condição, a fim de se evitar
erros de leitura;
o procurar medir a temperatura nos pontos de maior emissividade do
objeto sob inspeção, isto é, nas áreas pintadas ou com cavidades, ou
atacadas por corrosão ou oxidação ou poluição;
o realizar e registrar as medidas de velocidade do vento, temperatura
ambiente e umidade relativa do ar;
o obter e registrar a corrente média no ponto no período de uma hora
anterior à inspeção;
o identificar e registrar os dados do ponto, como dados de placa, fase
ou n° do circuito e faixa de tensão;
o obter a imagem térmica e visível do ponto com anomalia, bem como a
imagem e a leitura de temperatura do Ponto de Referência.
Ao final da inspeção comunicar à Sala de Controle.
Para cada anomalia encontrada:
o Responder às perguntas do item 4.7 para determinar as providências
a serem adotadas.
o Preencher o relatório apresentado no item 4.8 e dar conhecimento ao
setor encarregado da manutenção para programar a data do reparo
em função das respostas às perguntas do item 4.7.
Após a equipe de manutenção ter feito o reparo, deve ser realizada outra
inspeção para assegurar que as anomalias foram sanadas. Caso o ponto
ainda esteja apresentando problemas, outro relatório deve ser emitido,
com a observação de que o ponto já foi relatado anteriormente.
113
Periodicidade
A periodicidade da inspeção termográfica em subestações de alta tensão
deve ser definida de acordo com as particularidades de cada empresa, mas deve ser
levado em consideração que inspeções realizadas com periodicidades curtas
favorecem a detecção de anomalias térmicas em estágios iniciais, possibilitando
uma manutenção programada, ao passo que, inspeções com periodicidades longas
podem encontrar anomalias em estágios críticos exigindo uma manutenção de
urgência.
Pode-se estabelecer uma periodicidade inicial de três meses e futuramente
definir a periodicidade ideal para a subestação, levando em consideração a
observação anterior.
4.6. Segurança nas Inspeções
Orientações gerais
Uma das grandes vantagens da termografia é a realização da inspeção
sem a interrupção da produção, isto é, com os equipamentos em pleno
funcionamento (energizados e sob carga), por essa razão o cumprimento
das normas de segurança comuns à área a ser inspecionada deve ser
rigorosamente observado. Um cuidado especial deve ser tomado quando
existe a necessidade de abertura de painéis e a aproximação de
equipamentos energizados, situações em que o Termografista está
exposto a grandes riscos.
Outra observação importante é com relação ao caminho percorrido. Em
subestações o terreno geralmente é irregular e a visão através do
termovisor não dá a noção de profundidade. Britas, valas e diferenças de
níveis podem causar a queda do Termografista com a câmera. É
importante um prévio conhecimento do caminho a ser percorrido ou que o
Termografista que caminha com a câmera seja orientado das
irregularidades do terreno pelo parceiro de inspeção.
114
Antes de iniciar os trabalhos de inspeção, o Responsável pela Inspeção
Termográfica em conjunto com o Termografista devem realizar uma
avaliação prévia dos riscos (APR), estudar e planejar as atividades e
ações a serem desenvolvidas de forma a atender a todos os requisitos de
segurança aplicáveis à área a ser inspecionada (NR 10 – 10.7.5).
Acesso à Subestação
O inspetor de termografia deve fazer uma varredura, com o termovisor, nos
equipamentos da subestação, antes mesmo de transpor o portão da subestação.
Equipamentos em processo de deterioração e prestes a explodir geralmente
apresentam altas temperaturas que podem ser detectadas pelo termovisor a
distâncias relativamente grandes.
Equipamento de Proteção Individual (EPI):
Inspeção em Ambientes Abertos da Subestação
Capacete.
Óculos de segurança.
Bota de segurança com solado para riscos elétricos.
Vestimentas aprovadas.
Inspeção em Painéis e Cubículos Blindados
Capacete.
Óculos de segurança.
Bota de segurança com solado para riscos elétricos.
Luvas de malha de Nomex.
Traje de proteção contra arco elétrico
4.7. Avaliação da Severidade das Anomalias Térmicas Encontradas
Uma análise da severidade das anomalias térmicas encontradas deve ser
realizada para se determinar a urgência dos reparos. Infelizmente pouco se sabe
sobre a relação entre temperatura e o tempo para a ocorrência de falhas causadas
115
por alta resistência em pequenas superfícies de contato, mas valores de
temperatura, nos quais os metais (utilizados em condutores e conexões) oxidam,
recozem ou fundem, podem ser tomados como limites de temperatura e como dados
iniciais de análise. Por exemplo:
A temperatura para o cobre não deve exceder a 80° C, pois a partir dessa
temperatura, a taxa de oxidação do cobre na presença de ar aumenta
rapidamente e pode produzir um acumulativo e excessivo aquecimento
local nas conexões e contatos. Com base nesse fato, as normas da
American Institute of Electrical Engineers – AIEE e National Electric
Manufacturers – NEMA especificam como limites de operação para
condutores descobertos um aumento de temperatura de 30° C acima de
uma temperatura ambiente de 40° C, (Burndy, 1995).
Para muitas ligas utilizadas em condutores e conexões, o recozimento
pode ocorrer caso a temperatura se mantenha acima de 93° C por um
período de 30 dias. Após o recozimento, ocorre uma alteração nas
características do material, com a perda da resistência, o que aumenta
consideravelmente a probabilidade de falhas, (Snell, 2001). Além disso,
temperaturas acima de 93° C podem degradar os compostos comumente
utilizados para proteger as conexões da oxidação, acelerando o processo
de envelhecimento e diminuindo a vida útil da conexão, (IEEE, 2004).
A maioria das Normas e Orientações internacionais baseia seus critérios de
avaliação da severidade das anomalias térmicas no aumento de temperatura acima
de uma temperatura de referência (componente similar e sob mesma carga,
Δ
Tref)
ou acima da temperatura ambiente (
Δ
Tamb). A Tabela 10 faz uma comparação
entre algumas das Normas mais conhecidas.
116
Tabela 10 – Comparativo de critérios de severidade de algumas Normas internacionais.
117
Severidade Ref.
NETA
1
(° C)
US NAVY
2 3
(° C)
NMAC
(° C)
Nuclear
4 5
CES
(° C) (° C)
1 – 3 10 – 24 0,5 – 8 5 – 15 14 – 20
ΔTref
Baixa
1 – 10
ΔTamb
4 – 15 25 – 39 9 – 28 16 – 35 21 – 60
ΔTref
Média
11 – 20
ΔTamb
NA 40 – 69 29 – 56 36 – 75
ΔTref
Alta
21 – 40
ΔTamb
> 15 > 70 > 56 > 75 > 61
ΔTref
Crítica
> 40
ΔTamb
1
NETA – NETA MTS-2001, “Maintenance Testing Specifications for Electric Power
Distribution Systems”, NETA – InterNational Electrical Testing Association, (Snell,
2001).
2
US NAVY – MIL-STD-2194 (SH) “Infrared Thermal Imaging Survey Procedure for
Electrical Equipment”; Naval Sea Systems Command 02/1988; (Snell, 2001).
3
NMAC – Nuclear Maintenance Applications Center – Infrared Thermography Guide
(NP-6973), EPRI Research Reports Center. (Snell, 2001).
4
Nuclear – Nuclear industry guidelines - (IR-F/H/V-200, Rev. 1); (Rogers, 2002).
5
CES Guidelines - Overhead electrical wiring; (Rogers, 2002).
Ainda com referência à Tabela 10, a ação a ser tomada e o prazo para
executá-la são definidos como descrito a seguir:
Severidade Baixa - Verificar na próxima manutenção programada.
Severidade Média - Corrigir na próxima manutenção programada.
Severidade Alta - Intervenção de urgência observando as restrições
operativas do Sistema.
Severidade Crítica - Intervenção imediata.
A aplicação das Normas citadas acima deve ser feita com precaução quando
em subestações em ambientes abertos, visto que, os critérios de severidade se
fundamentam em leituras de temperatura (Delta T) e não levam em consideração as
várias influências descritas nesse trabalho. Assim sendo, podem levar a análises
equivocadas e a diagnósticos errados.
Em seu artigo “Prioriting Based on all Relevant Factors“, Snell (2003) adota
um método que se utiliza de várias perguntas direcionadas ao termografista, cuja
finalidade é a avaliação, através das respostas fornecidas, da severidade das
anomalias térmicas em função dos vários fatores relevantes em uma inspeção
termográfica. A partir dessa avaliação é definida a ação a ser tomada e o prazo para
executá-la. Baseado nesse método e dando um enfoque a subestações de alta
tensão em ambientes abertos foram elaboradas as questões abaixo.
Estágio 1
Existe aquecimento visível ou derretimento evidente?
A temperatura absoluta é maior que 93° C? (Medidas feitas em superfícies
de alta emissividade próximas da fonte de aquecimento).
O delta T entre a anomalia térmica e uma temperatura de referência
(componente similar e sob mesma carga,
Δ
Tref) é maior que 35° C?
(Medidas feitas em superfícies de alta emissividade próximas da fonte de
aquecimento).
O aquecimento é de origem interna e o delta T entre a anomalia térmica e
a temperatura de referência (componente similar e sob mesma carga,
Δ
Tref) é maior que 10° C? (Conexões dentro de dispositivos a óleo, pára-
raios, conectores prensados, etc).
Se qualquer uma das questões tiver resposta positiva existe uma alta
probabilidade de falha e as ações a serem tomadas podem ser:
Intervir imediatamente.
Monitorar o componente continuamente até ser possível a intervenção.
118
Se nenhuma das perguntas tiver resposta positiva o termografista passa a
responder o Estágio 2.
Estágio 2
O delta T entre a anomalia térmica e uma temperatura de referência
(componente similar e sob mesma carga,
Δ
Tref) é maior que 10° C?
(Medidas feitas em superfícies de alta emissividade próximas da fonte de
aquecimento).
Existe a possibilidade da corrente de carga dobrar antes do reparo?
A emissividade do componente é muito baixa?
A velocidade do vento é maior que 10 km/h? (Medidas da velocidade do
vento feitas próximas da anomalia).
Existe um histórico de falhas para este componente?
O componente está sujeito a um severo ciclo de trabalho? (Excessiva
vibração, poeira, poluição, agentes corrosivos ou oscilação de carga).
Se duas ou mais questões tiverem resposta positiva, a anomalia térmica é
classificada com tendo uma moderada probabilidade de falha. Nesse caso uma
avaliação por parte do gerente da manutenção ou da subestação ajudará a definir
qual ação deve ser tomada.
As perguntas abaixo auxiliam o gerente nessa tarefa:
Existe grande risco de acidentes pessoais caso a falha ocorra?
Qual é a importância do equipamento / circuito para o Sistema no
momento atual?
Existe a possibilidade de reduzir o risco de falha por meio de manobras de
circuitos e/ou diminuição da corrente de carga?
Existem pessoal e sobressalente disponíveis para o reparo no período
estabelecido para a intervenção?
119
Com base nas respostas, as ações podem ser:
Intervir com urgência observando as restrições operativas do Sistema.
Corrigir na próxima manutenção programada.
Monitorar o componente periodicamente até ser possível o reparo.
Executar outros testes de diagnóstico.
Reduzir a corrente de carga do componente.
Caso uma ou nenhuma pergunta do Estágio 2 tiver resposta positiva, a
anomalia é classificada como tendo uma baixa probabilidade de falha e as ações
podem ser as seguintes:
Corrigir na próxima manutenção programada.
Verificar na próxima manutenção programada.
Executar outros testes de diagnóstico.
120
4.8. Modelo de Relatório de Inspeção Termográfica
RELATÓRIO Nº: DATA: DATA DA INSPEÇÃO:
SUBESTAÇÃO: SETOR: CIRCUITO:
FUNCIONÁRIOS
NOME DO FUNCIONÁRIO: MATRÍCULA:
NOME DO FUNCIONÁRIO: MATRÍCULA:
TERMOVISOR UTILIZADO
FABRICANTE: MODELO: Nº SÉRIE: LENTE:
DADOS AMBIENTAIS
TEMP. AMBIENTE (°C): UMIDADE (%): VELOC. DO VENTO (km/h):
PONTO COM ANOMALIA TÉRMICA
EQUIPAMENTO: FABRICANTE: MODELO:
IDENTIFICAÇÃO DO PONTO:
TEMP. DO PONTO: TEMP. DA REFERÊNCIA: Δt:
CORRENTE: CORRENTE HISTÓRICA: EMISSIVIDADE:
IMAGEM VISÍVEL TERMOGRAMA
RECOMENDAÇÃO:
OBSERVAÇÕES:
121
5. CONCLUSÃO
A despeito de ser uma excelente ferramenta de auxílio na prevenção de
falhas do Sistema Elétrico, a inspeção utilizando a termografia infravermelha em
subestações de alta tensão desabrigadas pode estar subordinada a muitas
influências e limitações. Mesmo sendo a maioria delas difícil de quantificar, é
possível, tendo um conhecimento prévio, reduzi-las ou evitá-las. Essa Dissertação
procurou apresentar essas influências e limitações, comprová-las de maneira prática
e especialmente dirigida às subestações de alta tensão desabrigadas, fornecendo
material para suprir a carência deste tipo de informação a nível nacional.
A pesquisa das limitações e influências tratadas no capítulo 3 e a realização
de ensaios para comprová-las, resultaram em observações, embora simples, ainda
não abordadas em nenhum dos documentos aqui revisados e de grande importância
na análise dos resultados da inspeção termográfica. Observações como o período
pós-chuva restritivo à inspeção e a utilização equivocada da corrente instantânea
versus a corrente máxima do circuito para a análise do defeito em sistemas com
grande variação de carga, desconsiderando a resposta térmica. Ainda no capítulo 3
é proposto um aumento seletivo da emissividade das conexões para aprimorar o
resultado da inspeção termográfica, sendo que alguns trabalhos, aqui mencionados,
incentivam apenas o aumento da emissividade, não levando em consideração o
comprimento de onda. O Procedimento de Inspeção, apresentado no Capítulo 4 e
elaborado a partir de práticas de várias empresas, trabalhos aqui referenciados e
principalmente das influências e limitações aqui discutidas e avaliadas, pode servir
como um documento base para procedimentos padronizados mais específicos de
empresas do setor de energia, tornando-se um elemento importante na aquisição de
dados sobre bases confiáveis e repetitivas.
Essa Dissertação procurou abordar de forma geral as limitações da aplicação
da Termografia Infravermelha em subestações de alta tensão desabrigadas. Desse
trabalho surgiu o interesse por trabalhos mais específicos, que já estão sendo
desenvolvidos. Um deles busca quantificar as influências físicas sobre as inspeções
122
utilizando a termografia e outro procura desenvolver um sistema de auxílio à tomada
de decisões e interpretação dos termogramas.
123
124
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abende, Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção; “Fatores
Críticos para o Sucesso da Manutenção Preditiva”; Revista Abende, N° 14,
Ano II, pág. 35 – Junho 2006.
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas; “TB-23/91 Lighting Terminology”;
Dez/1991.
AGA; “Thermovision System 680/102B – Operating Manual, Publication 556.053”;
AGA 1969.
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