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SILVIO HENRIQUE DE FREITAS
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA-
ESTRUTURAIS DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO
TOTAL DO PEDÍCULO HEPÁTICO
Recife – PE
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
SILVIO HENRIQUE DE FREITAS
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA-
ESTRUTURAIS DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO
TOTAL DO PEDÍCULO HEPÁTICO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciência Veterinária da
Universidade Federal Rural de Pernambuco
como requisito parcial para obtenção de grau
de Doutor em Ciência Veterinária.
Orientador
Prof. Dr. Joaquim Evêncio Neto
Recife – PE
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA VETERINÁRIA
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA-
ESTRUTURAIS DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO
TOTAL DO PEDÍCULO HEPÁTICO
Tese de doutorado elaborada por
SILVIO HENRIQUE DE FREITAS
Aprovada em....../.........../...........
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Joaquim Evêncio Neto
Orientador – Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – UFRPE
Prof. Dr. Manuel de Jesus Simões
Departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Prof. Dr. Alessandro César Jacinto da Silva
Departamento de Morfologia e Fisiologia animal – UFRPE
Prof. Dr. Lázaro Manoel de Camargo
Departamento de Clínica Médica da Fauldade de Medicina Veterinária da Universidade de
Cuiabá – UNIC
Profa. Dra. Liriane Baratella Evêncio
Departamento de Histologia e Embriologia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
DEDICATÓRIA
À minha família, orientador e aos amigos que direta ou indiretamente participaram desse
trabalho e, em determinada situação, mostraram caminhos que até então não eram vistos por
mim.
AGRADECIMENTO
Ao Orientador Dr. Joaquim Evêncio Neto, Professor Adjunto da Disciplina de Histologia do
Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da Universidade Federal Rural de
Pernambuco-URFPE, pelo empenho, atenção e confiança depositada em mim e em toda
equipe empenhada nesse trabalho. Obrigado pelo apoio e, principalmente, pelo tempo cedido
em prol da nossa luta voltada para a conclusão desse trabalho;
Ao Dr. Manuel de Jesus Simões, Professor Adjunto do Departamento de Morfologia da
Disciplina de Histologia da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP-EPM e Faculdade
de Medicina de Cuiabá-UNIC, pela humildade, atenção e dedicação voltada para pesquisa.
Obrigado pela colaboração e dedicação, não só durante o doutorado, mas por todo tempo que
estivemos juntos trabalhando.
Ao Dr. Lázaro Manoel de Camargo, Professor e Diretor da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade de Cuiabá - UNIC, pela amizade, dedicação e confiança
depositada em meu trabalho e, principalmente, pelo apoio oferecido em todo meu trabalho.
Obrigado pela credibilidade;
À Professora Renata Gebara Sampaio Dória, pela paciência, dedicação e companherismo
durante o desenvolvimento desta tese;
Ao Dr. Carlo Ralph De Musis, Professor, Coordenador de Departamento de Lesgislação e
Dados Institucionais/Avaliação – DLDI e Coordenador de Pesquisa – CPQ, pela dedicação
direcionada à pesquisa e contribuição dada à minha tese. Obrigado pelo apóio nesse trabalho.
À secretária Edna Shérias do Programa de Pós-Graduação em Ciência Veterinária da
Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, pelo apoio e dedicação voltada aos
alunos, funcionários e, principalmente, aos professores dessa instituição.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA- ESTRUTURAIS
DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO TOTAL DO PEDÍCULO
HEPÁTICO
RESUMO - Uma das complicações do clampeamento total do pedículo hepático é a
congestão esplâncnica e, consequentemente, a congestão esplênica. Este trabalho teve como
objetivo avaliar as alterações morfológicas, morfométricas e ultra-estruturais que ocorreram
no baço frente à isquemia produzida pelo clampeamento total do pedículo hepático. Para tanto
foram utilizados 40 ratos machos, divididos em quatro grupos de 10 animais. O grupo
controle (C) não foi submetido à isquemia, já os grupos experimentais (E
1
, E
2
e E
3
) foram
submetidos ao clampeamento por 10, 20 e 30 minutos, respectivamente. Após esses períodos,
fragmentos do baço foram retirados e analisados histologicamente pela técnica de
Hematoxilina-Eosina, Ferrocianeto-Férrico e microscopia eletrônica de transmissão. Os
resultados mostraram alterações microscópicas nos grupos E
1
, E
2
e E
3
que permitem concluir
que 10 minutos de clampeamento do pedículo hepático são suficiente para apresentar sinais de
congestão esplênica e 20 e 30 minutos promovem intensa digestão de hemácias pelos
macrófagos, com presença de grânulos de ferro (hemossiderina) no parênquima esplênico.
Palavras chave: Congestão, Hemossiderina, Baço, Rato, Ultra-estrutura.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA- ESTRUTURAIS
DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO TOTAL DO PEDÍCULO
HEPÁTICO
MORPHOLOGIC, MORPHOMETRIC AND ULTRASTRUCTURAL ASPECTS OF
THE SPLEEN OF RATS AFTER TOTAL CLAMPING OF THE HEPATIC PEDICLE
ABSTRACT - One of the complications of hepatic pedicle total clamping is the splanchnic
congestion and consequently a splenic congestion. The aim of this study was to evaluate the
macro and microscopic alterations that occurred in the spleen during an ischemia produced by
the hepatic pedicle total clamping. Fourthy male rats were divided in four groups of ten
animals each. The control group (C) was not submitted to ischemia and the experimental
groups (E
1
, E
2
and E
3
) were submitted to the clamping during 10, 20 and 30 minutes,
respectively. After these periods, spleen fragments were collected and histological analyzed
by the eosin-hematoxilin and ferric ferrocyanide staining technique. Based on the results it is
possible to conclude that 10 minutes of hepatic pedicle total clamping is sufficient to show
signs of splenic congestion and 20 and 30 minutes promote intense red bood cels digestion by
the macrophages with the presence of iron granules (hemosiderin) at the splenic parenchyma.
Keyword: Congestion, Hemossiderin, Spleen, Rat, Ultrastructure.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 13
3 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 17
4 MATERIAL E MÉTODO................................................................................................. 18
4.1. Amostras............................................................................................................. 18
4.2. Procedimento...................................................................................................... 19
4.3. Estudo morfológico ao microscópio de luz....................................................... 25
4.4. Estudo morfométrico......................................................................................... 26
4.5. Estudo ultra-estrutural...................................................................................... 27
4.6. Análise estatística............................................................................................... 28
5 RESULTADOS ................................................................................................................. 29
5.1. Macroscopia....................................................................................................... 29
5.2. Microscopia de luz............................................................................................. 29
5.3. Estudo Morfométrico........................................................................................ 32
5.4. Microscopia eletrônica de transmissão........................................................... 34
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................................... 35
7 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 40
8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 41
ANEXOS................................................................................................................................ 47
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Aplicação da associação anestésica pela via intramuscular na região
posterior da coxa direita.......................................................................
19
Figura 2. Animal sendo submetido à tosquia da região abdominal com
máquina tosquiadeira……………........................................................
20
Figura 3. Anti-sepsia da região abdominal do animal com iodo
povidona...............................................................................................
20
Figura 4. Panos de campo colocados sobre o animal e fixos com pinças
Backhaus..............................................................................................
21
Figura 5.
Incisão mediana pré-retro umbilical com bisturi…………..................
21
Figura 6.
Ampliação da incisão da cavidade abdominal com tesoura
Metzenbaum.........................................................................................
22
Figura 7.
Apresentação do hilo hepático (sistema porta hepático)......................
22
Figura 8. Clampeamento do pedículo hepático com pinça vascular………
23
Figura 9. Coleta do baço após o clampeamento utilizando tesoura
Metzenbaum.........................................................................................
24
Figura 10.
Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos
pertencentes aos vários grupos de estudo. Notar em C (Grupo
Controle) polpa vermelha com poucos grânulos de hemossiderina,
no entanto, estão aumentados (setas) nos grupos E1 (10 minutos) E2
(20 minutos) e E3 (30 minutos). H.E 10X
....................................................
30
Figura 11.
Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos
pertencentes aos vários grupos de estudo. Notar em C (Grupo
Controle) pouca reatividade, que se acha aumentada, de forma
acentuada e progressiva (setas), nos grupos E1 (10 minutos) E2 (20
minutos) e E3 (30 minutos). Reação de Perls (Ferrocianeto-férrico)
10X…………………………………………………………………...
31
Figura 12.
Eletromicrografias mostrando macrófagos presentes nos cordões de
Billrroth de ratos pertencentes aos vários grupos de estudo. Notar
em C (Grupo Controle) poucos grânulos eletrondensos (seta), que
aumentam em números (setas) com o decorrer do tempo de
clampeamento hepático (E
1
, E
2
e E
3
). 8200X......................................
34
LISTA DE TABELA
Tabela 1. Porcentagem (%) da área ocupada pelos grânulos de hemossiderina
na polpa vermelha dos baços pertencentes aos vários grupos de
estudo (C, E
1
, E
2
e E
3
) após o clampeamento total do pedículo
hepático................................................................................................
32
Tabela 2. Porcentagem (%) de pigmento de hemossiderina (média ± desvio
padrão) obtida na polpa vermelha dos ratos pertencentes aos vários
grupos de estudo (C, E
1
, E
2
e E
3
)
após o clampeamento total do
pedículo hepático..................................................................................
33
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1. Porcentagem de pigmento de hemossiderina (média ± desvio
padrão) obtida na polpa vermelha dos baços de ratos pertencentes
aos vários grupos de estudo (C, E
1
, E
2
e E
3
)após o clampeamento do
pedículo hepático..................................................................................
33
1. INTRODUÇÃO
As hemorragias hepáticas que ocorrem com freqüência após traumas, principalmente
nas ressecções e transplantes hepáticos, devem ser controladas; para tanto, modelos
experimentais de isquemia hepática têm sido muito difundidos. Inicialmente, Pringle (1908)
utilizou o clampeamento total do hilo hepático para conter os casos de hemorragias hepáticas.
Entretanto, Sébe (1999) trabalhando com clampeamento total do pedículo hepático em ratos,
observou que a privação de sangue neste órgão, por mais de vinte minutos, leva a lesões nas
organelas dos hepatócitos e, também, à congestão esplâncnica.
O baço é um órgão constituído por uma cápsula fibroelástica, de onde partem
trabéculas que servem para conduzir vasos e nervos e por um estroma representado por uma
rede de fibras e células reticulares que sustentam o parênquima ou polpa esplênica (polpas
branca e vermelha) (EICHNER, 1979; BLUE e WEISS, 1981; DELLMANN e BROWN,
1982; STITES et al., 1997). A polpa branca é formada por um conjunto de nódulos linfáticos
apresentando um centro germinativo e inúmeras células linfóides que se localizam ao longo
das arteríolas esplênicas. Já a polpa vermelha representa a maior parte do baço, onde são
observados inúmeros sinusóides sangüíneos que se entrelaçam e se anastomosam em várias
direções, separados por cordões celulares esplênicos, representados por fibroblastos,
leucócitos, eritrócitos e macrófagos (DOASSAN et al., 1984; ATRES, 1991; BANKS, 1992;
ROITT, 1992; POPE e ROCHAT, 1996). A reserva de hemácias no baço pode, quando
solicitado e sobre ação das catecolaminas, elevar o hematócrito em até 10% do seu valor
normal (LIPOWITZ e BLUE, 1998). O baço possui função hematopoiética nos recém
nascidos, podendo, também, desempenhar essa função nos adultos (LIPOWITZ e BLUE,
1998). A estrutura do baço, semelhante a uma peneira, torna-o eficiente no monitoramento de
células sangüíneas viáveis, facilitando, com isso, a fagocitose destas pelos macrófagos. Estes
acumulam pigmentos de hemossiderina, uma massa rica em ferro, oriunda da degradação da
hemoglobina (SWENSON e REECE, 1996; COUTO e HAMMER, 1997; CARLTON e
McGAVIN, 1998). Este órgão está, também, envolvido com os mecanismos de defesa do
organismo, através da produção de linfócitos e anticorpos (LIPOWITZ e BLUE, 1998;
RICHARD e SHERIND, 1998; SLATTER, 1998, MARQUES et al., 2004).
A importância desta pesquisa está em aproximar os modelos experimentais da
situação real em que tal procedimento é utilizado na prática médica diária. No presente estudo
procurou-se utilizar o modelo de isquemia hepática total, através do clampeamento total do
pedículo hepático sem derivação vascular, para pesquisar, em diferentes tempos, as alterações
histológicas que ocorrem no baço em diferentes tempos.
2. REVISÃO DE LITERATURA
O baço é um órgão linfóide que exerce funções complexas e variadas. Apesar de ter
sido bastante estudado, muitas destas funções ainda permanecem inexploradas ou
inexplicadas (POPE e ROCHAT, 1996).
Anatomicamente, o baço está localizado na cavidade abdominal, no quadrante cranial
esquerdo, em uma orientação dorsoventral, entre a curvatura maior do estômago, peritônio
parietal da parede abdominal lateral esquerda e o fígado. Ele está fixado ao omento maior na
região do hilo, na superfície visceral. Através do hilo, várias artérias e nervos simpáticos
penetram o baço e vasos venosos e linfáticos deixam o mesmo (EVANS e LAHUNTA, 1994;
LIPOWITZ e BLUE, 1998; GARTNER e HIATT, 1999). Ao corte, ele apresenta uma
superfície de coloração vermelho-escuro, conhecida como polpa vermelha, com áreas
acinzentadas, que constituem a polpa branca e estrias denominadas trabéculas (POPE e
ROCHAT, 1996; LIPOWITZ e BLUE, 1998).
Microscopicamente, o baço é constituído por uma espessa cápsula fibroelástica,
composta por tecido conjuntivo denso, fibras elásticas e musculares lisas, de onde partem
trabéculas que se ramificam e anastomosam repetidas vezes formando uma complexa trama
que sustenta o parênquima esplênico (polpas branca e vermelha) e serve para conduzir os
vasos e nervos (EICHNER, 1979; BLUE e WEISS, 1981; DELLMANN e BROWN, 1982;
GEORGE et al., 1998; BIER et al., 1989; STITES et al., 1997; ZHANG, 2001).
Histologicamente, o baço apresenta uma rede tridimensional de fibras e células
reticulares que se interligam entre a cápsula e as trabéculas, formando o parênquima esplênico
(EICHNER, 1979; BLUE e WEISS, 1981; DELLMANN e BROWN, 1982; BIER et al.,
1989; STITES et al., 1997, GARTNER e HIATT, 1999).
A polpa branca é constituída por uma massa linfóide esplênica composta por linfócitos
T e B, que corresponde aproximadamente a 5 a 20% da massa total do baço. Estas células
compreendem a bainha linfática periarterial que está intimamente associada com a arteríola
central (BURKITT et al., 1994; GARTNER e HIATT, 1999). Os linfócitos T estão
localizados ao redor da arteríola central, enquanto os linfócitos B constituem os nódulos
linfáticos ovóides, que podem apresentar centros germinativos com atividade antigênica
(GEORGE et al., 1998; GARTNER e HIATT, 1999). Esta polpa está envolvida por uma zona
marginal constituída por plasmócitos, linfócitos T e B, macrófagos e células dendríticas
apresentadoras de antígenos (GARTNER e HIATT, 1999). Entre as polpas branca e vermelha
há uma região denominada de zona marginal que recebe sangue de várias artérias terminais e
é densamente habitada por macrófagos (LIPOWITZ e BLUE, 1998).
A polpa vermelha, maior porção do baço, é constituída de sinusóides sangüíneos e
cordões esplênicos (cordões de Billroth) que se entrelaçam e se anastomosam em várias
direções. Nela ainda estão presentes várias células como fibroblastos, leucócitos, eritrócitos e
macrófagos (DOASSANS et al., 1984; TIZARD, 1985; ATRES, 1991; BANKS, 1992;
ROITT, 1992; POPE e ROCHAT, 1996; GARTNER e HIATT, 1999). É bastante semelhante
a uma esponja, onde as lacunas representam os sinusóides e as estruturas que as interligam
representam os cordões esplênicos, também denominados de parênquima (GARTNER e
HIATT, 1999). Os sinusóides esplênicos possuem um endotélio revestido por células
fusiformes e uma lâmina basal descontínua, sobre as quais estão presentes fibras reticulares
distribuídas transversalmente (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999). Entre as células
endoteliais há espaços por onde migram hemácias dos cordões esplênicos para os sinusóides.
As hemácias velhas ou parasitadas, por perderem a sua flexibilidade e por não conseguirem
penetrar nos sinusóides, são fagocitadas e destruídas pelos macrófagos (hemocaterese).
Esses macrófagos, que são células muito ativas, possuem à microscopia eletrônica
uma superfície irregular, com inúmeras saliências e reentrâncias e um citoplasma contendo
vários lisossomos que depositam suas enzimas nos vacúolos que contém material fagocitado,
formando os fagossomos, onde vai ser realizada a digestão do material fagocitado (GEORGE
et al., 1998; GARTNER e HIATT, 1999; JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999). A
hemoglobina resultante da digestão de hemácias se desdobra em porções heme e globina. A
fração globina é quebrada em seus constituintes de aminoácidos que vão para circulação
sanguínea e as moléculas de ferro, da fração heme, no interior dos macrófagos, se agrupam
formando um pigmento denominado de hemossiderina que são levados à medula óssea pela
transferrina, onde são utilizadas para formação de novas hemácias (SWENSON e REECE,
1996; COUTO e HAMMER, 1997; CARLTON e MCGAVIN, 1998; GEORGE et al., 1998;
GARTNER e HIATT, 1999, ALENCAR et al., 2002).
A irrigação esplênica é realizada pela artéria esplênica que vai se ramificando à
medida que penetra a cápsula através do hilo do baço. Vasos menores, como as artérias
trabeculares, vão surgindo e sendo transportados para o interior do parênquima esplênico por
trabéculas cada vez menores (KOLB, et al., 1984; GARTNER e HIATT, 1999). Estes vasos
esplênicos, ao atingirem diâmetros de 0,2mm, abandonam as trabéculas e vão sendo
envolvidos por uma bainha de linfócitos denominada bainha linfática periarterial, rica em
linfócitos T. Por estar localizado no centro da bainha, o vaso sanguíneo passa a ser chamado
de artéria central (KOLB et al., 1987; BURKITT, 1994; GARTNER e HIATT, 1999).
A artéria central, na sua extremidade, perde a bainha e se subdivide em vários ramos
curtos e paralelos, denominados de arteríolas penicilares, que penetram a polpa vermelha.
Estas arteríolas possuem três regiões denominadas de arteríola pulpar, arteríola encapsulada e
capilares arteriais terminais (GUYTON, 1992; BURKITT et al., 1994; GARTNER e HIATT,
1999). É sabido que estes últimos vasos despejam sangue nos seios esplênicos, porém, o
mecanismo da circulação ainda não está completamente elucidado, provocando a formulação
de três teorias: circulação fechada, circulação aberta e mista. Na primeira, o endotélio dos
capilares arteriais terminais tem continuidade com o endotélio dos sinusóides. Na segunda,
acreditam que o endotélio dos capilares arteriais terminais não está interligado com o
endotélio dos sinusóides, onde o sangue percorre a polpa vermelha até os seios esplênicos. Na
última, o endotélio dos capilares terminais pode ou não estar ligado ao endotélio dos
sinusóides, caracterizando uma circulação mista. O sangue dos sinusóides esplênicos é
drenado por pequenas veias da polpa vermelha que vão aumentando de calibre até formar a
veia esplênica que é uma tributária da veia porta hepática (GARTNER e HIATT, 1999).
O baço dos animais tem uma grande importância como reservatório sangüíneo,
podendo, quando solicitado e sobre ação das catecolaminas, elevar o hematócrito em até 10%
do seu valor normal (KOLB et al., 1987; LIPOWITZ e BLUE, 1998). Além disso, está
envolvido na produção de linfócitos T e B e de anticorpos (LIPOWITZ e BLUE, 1998;
RICHARD e SHERIND, 1998; LIPOWITZ e BLUE, 1998). Nos recém nascidos, o baço tem
função hematopoiética e, quando necessário, também pode produzir hemácias nos adultos
(LIPOWITZ e BLUE, 1998).
A estrutura do baço, devido a sua malha tridimensional, realiza o monitoramento de
células sangüíneas viáveis, favorecendo a fagocitose dos leucócitos, plaquetas e eritrócitos
senis pelos macrófagos (ZHANG, 2001). O material, quando processado pela Hematoxilina e
Eosina (H&E), apresenta grumos marrons de hemossiderina, uma massa rica em ferro,
oriunda da hemoglobina (SWENSON e REECE, 1996; COUTO e HAMMER, 1997;
CARLTON e MCGAVIN, 1998).
Nas lesões sangrantes do fígado, o bloqueio dos vasos torna-se necessário para
facilitar as manobras cirúrgicas (SILVA JR. et al., 2002, ARAÚJO JR. et al 2005). Em 1908,
Pringle já utilizava do clampeamento total do hilo hepático para conter hemorragias. O
clampeamento total do pedículo hepático utilizado para conter a hemorragia nos
procedimentos cirúrgicos do fígado resulta na congestão esplâncnica e, consequentemente,
perfusão sanguínea deficiente de órgãos como estômago, intestino delgado e parte anterior do
intestino grosso, baço e pâncreas (SEBE, 1999a; FREITAS, 2000; CAMARGO; 2003). Esse
procedimento resulta em hipóxia celular, aumento do metabolismo anaeróbico e formação de
substâncias lesivas às células como prostaglandinas e radicais livres (superóxidos - O
2
-
,
peróxido de hidrogênio - H
2
O
2
e hidroxil - OH
-
) (FORYTH e GUILFORD, 1995).
As células necessitam de oxigênio para oxidar substratos energéticos por meio das
enzimas citocromo oxidase. Para que essa reação ocorra, o oxigênio tem que receber quatro
elétrons para ser reduzido em água. Caso ocorra redução do oxigênio por um elétron, será
formado o radical superóxido (O
2
-
). Já a redução de dois elétrons, resulta em peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
) e a redução por três elétrons resulta no radical hidroxil (OH
-
)
(FLAHERTY e WEISFELDT, 1988). Esta redução do oxigênio por até três elétrons dá
origem a produtos conhecidos como radicais livres do oxigênio. Tanto o radical superóxido
quanto o hidroxil são altamente instáveis, podendo reagir com macromoléculas biológicas,
alterando sua conformação e provocando danos celulares. O radical hidroxil é considerado o
mais reativo, podendo reagir com moléculas de DNA. Embora o peróxido de hidrogênio seja
considerado o menos potente, na presença de íons de metais como o ferro, o peróxido de
hidrogênio pode ser convertido em radical hidroxi, tornando-se reativol (FLAHERTY e
WEISFELDT, 1988).
Para melhorar estas condições, Barbarino et al.(1978) trabalharam em seus
experimentos utilizando apenas o clampeamento isolado da veia porta. Essa técnica teve como
finalidade diminuir o afluxo de sangue para o fígado e a congestão esplâncnica. Mesmo assim
observaram esplenomegalia, com aumento da polpa vermelha, diminuição do número de
folículos de Malpighi que se apresentaram aumentados de tamanho.
SEBE (1999), FREITAS (2000) e CAMARGO (2003) observaram que o
clampeamento total do pedículo hepático, em ratos, por mais de vinte minutos, leva a
congestão esplâncnica. A partir deste fato, propôs-se com este trabalho, avaliar as alterações
morfológicas, morfométricas e ultra-estruturais do baço durante o clampeamento total do
pedículo hepático (manobra de PRINGLE modificada).
3. OBJETIVOS
Avaliar os aspectos morfológicos, morfométricos e ultra-estruturais do baço de ratos
após o clampeamento total do pedículo hepático em diferentes tempos.
4. MATERIAL E MÉTODO
4.1. Amostra
Foram utilizados 40 ratos (Rattus norvegicus albinus), da linhagem OUTB EPM-1,
Wistar, machos, de três meses de idade e peso entre 232 e 359 gramas. Os animais foram
fornecidos pelo Biotério da Universidade de Cuiabá (UNIC) e ficaram alojados em gaiolas de
poliuretano com grade de aço, de 41 x 34 x 17 cm, em número de dois por gaiola, sendo a
higienização destas realizada diariamente.
A temperatura foi mantida por ar condicionado em 22
o
C, a umidade em 65% e a
luminosidade foi controlada artificialmente com lâmpadas fluorescentes (luz do dia - Phillips
– 40 Watts) com 12 horas de luz e 12 horas sem luz.
Utilizou-se ração Labina
(Purina), própria para ratos e os animais foram mantidos em
jejum alimentar de duas horas anteriores à cirurgia.
Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos de 10 animais,
denominados grupo controle (C) e grupos experimentais (E
1,
E
2
e E
3
). Os procedimentos
realizados em cada grupo de animais foram os seguintes:
Grupo C – animal anestesiado + celiotomia + retirada do baço após 30 minutos;
Grupo E
1
– animal anestesiado + celiotomia + clampeamento do pedículo hepático do 20
o
ao
30
o
minuto + retirada do baço;
Grupo E
2
– animal anestesiado + celiotomia + clampeamento do pedículo hepático do 10
o
ao
30
o
minuto + retirada do baço;
Grupo E
3
– animal anestesiado + celiotomia + clampeamento do pedículo hepático por 30
minutos + retirada do baço.
4.2. Procedimento
Os ratos foram trazidos ao Laboratório de Técnica Operatória e Cirurgia Experimental
da UNIC, instantes antes do início do experimento e mantidos isolados em uma sala separada.
Após serem sorteados aleatoriamente, foram enquadrados em um dos quatro grupos,
sendo etiquetados com um número de 1 a 10 e acrescida da letra de um dos quatro grupos
(C, E
1
, E
2
ou E
3
).
Após o sorteio e identificação, os animais foram pesados e submetidos à anestesia
dissociativa com 25 mg/Kg de xilazina
1
e 50 mg/Kg de cetamina
2
. A via de administração foi
intramuscular, na região posterior da coxa direita (Fig. 1).
Figura 1. Aplicação da associação anestésica pela via intramuscular
na região posterior da coxa direita.
1
Virbaxil 2% - Virbac do Brasil Indústria e Comércia Ltda, São Paulo, SP.
2
Vetanarcol – Koning do Brasil Ltda, Florianópolis, SC.
Em seguida foram realizadas tosquias da regiões abdominais dos animais com
máquina tosquiadeira (Fig. 2).
Figura 2. Animal sendo submetido à tosquia da região abdominal
com máquina tosquiadeira.
Na sequência, os animais foram posicionados na mesa cirúrgica em decúbito dorsal,
onde se procedeu anti-sepsia com iodo povidona
3
(Fig. 3) e foram colocados campos
operatórios (Fig. 4).
Figura 3. Anti-sepsia da região abdominal do animal com iodo
povidona.
3
Riodeine tópico – Indústria Farmacêutica Rioquímca Ltda, São Paulo, SP.
Figura 4. Panos de campo colocados sobre o animal e fixados com
pinças Backhaus.
Foi realizada uma incisão mediana pré-retro umbilical com lâmina de bisturi n
0
11,
partindo da cartilagem xifóide, se estendendo aproximadamente 4 cm caudal à cicatriz
umbilical (Fig. 5). Após incisão da pele e divulsão do subcutâneo, realizou-se a abertura da
parede abdominal com bisturi, ampliando a incisão com tesoura Metzenbaum (Fig. 6). Após a
abertura da cavidade abdominal localizou-se o pedículo hepático (Fig. 7).
Figura 5. Incisão mediana pré-retro umbilical com bisturi.
Figura 6. Ampliação da incisão da cavidade abdominal com tesoura
Metzenbaum.
Figura 7. Apresentação do hilo hepático (sistema porta hepático).
A artéria hepática, a veia porta e o colédoco foram clampeados utilizando-se pinça de
clampeamento vascular de 3 cm (Fig. 8).
Figura 8. Clampeamento do pedículo hepático com pinça vascular.
Em seguida as incisões foram cobertas com gazes embebidas em solução fisiológica a
0,9%
4
aquecida para evitar a hipotermia e desidratação.
Os animais do grupo C foram anestesiados, e as celiotomia foram realizadas na
sequência, porém não tiveram os pedículos hepáticos clampeados. Após 30 minutos seus
baços foram coletados.
Os demais animais, em seus respectivos grupos, tiveram seus pedículos hepáticos
clampeados por 10, 20 ou 30 minutos. Após cada tempo estipulado, oss baço foram coletados,
utilizando-se tesoura Metzenbaum. Foram seccionados todos os componentes do pedículo
esplênico (Fig. 9).
4
Solução fisiológica – JP Indústria Famacêutica SA, Ribeirão Preto, SP.
Figura 9 Coleta do baço após o clampeamento utilizando uma
tesoura Metzenbaum.
Após remoções dos baços, fragmentos foram coletados e imediatamente mergulhados
em solução de formaldeído a 10% ou em solução de glutaraldeido a 4%, tampão cacodilato.
Em seguida, os animais foram submetidos a eutanásia por aprofundamento anestésico
e cloreto de potássio a 10%
5
.
4.3. Estudo Morfológico ao microscópio de luz
Fragmentos do terço médio dos baços que permaneceram durante 24 horas
mergulhados em formol 10%, para fixação, foram submetidos às técnicas rotineiras para
inclusão em parafina. Após fixação, o material foi desidratado em concentrações crescentes
de álcool etílico (desde 70 GL até o absoluto ou 100
o
GL). Em seguida, foram submetidos à
diafanização pelo xilol e impregnação em parafina líquida a 59 ºC. Os fragmentos foram
incluídos em blocos de parafina de tal maneira que fosse possível observar, nas lâminas,
cortes perpendiculares ao maior eixo dos fragmentos. Dos blocos foram realizados cortes de
5µm de espessura, com o auxílio de micrótomo rotativo MR2125 Leica, coletados em lâminas
e corados pela Hematoxilina-Eosina (H.E). Alguns cortes de cada aminal foram submetidos à
metodologia citoquímica para identificação dos íons de ferro, pelo método de Perls
(Ferrocianeto-Férrico), para estudo morfométrico. Neste método, o ferro da hemossiderina,
em meio ácido, é liberado e vai combinar com ferrocianeto de potássio, formando o
ferrocianeto férrico de coloração azul da prússia. As lâminas coradas pelo H.E foram
analisadas em microscopia de luz (Axiolab 2.0 da Carl Zeiss) com objetivas que variavam de
4 a 100 X e ocular de 10X. O material foi fotografado em fotomicroscópio Olympus.
5
Cloreto de potásio 10% – Aster Produtos Médicos Ltda, Sorocaba, SP
4.4. Estudo Morfométrico
A análise morfométrica foi realizada nas lâminas submetidas à reação de Perls.
Imagens foram inicialmente capturadas com o auxilio de um sistema de captura de imagens,
que consiste em câmara digital de alta resolução (Axio Vision – Carl Zeiss) acoplada em
microscópio de luz (Axiolab 2.0 - Carl Zeiss) sob objetiva de 40X. A imagem obtida foi
transferida para computador Pentium 4.0 em ambiente Windows, contendo programa de
captura de imagens (Rel 4.0 da Carl Zeiss). Em seguida, com o auxílio de um sistema
computacional de análise de imagens (softwares IMAGELAB 2000), o material foi lido com
intuíto de analisar a porcentagem de área no corte que continha ferrocianeto férrico (resultado
da reação de Perls). Para tanto, foram capturados 10 campos do baço em cada animal, na
região imediatamente ao redor da polpa branca, ou seja, na região da polpa vermelha. Em
cada campo foi obtido um valor (percentual) sendo, ao final, obtido um valor médio para cada
animal.
4.5. Estudo ultra-estrutural
Para o estudo ultra-estrutural foram coletados fragmentos do terço médio do baço,
que foram transformados em peças de aproximadamente 1mm
3
, imediatamente imersas em
solução de glutaraldeído a 4,0% (0,32 osmolar), em tampão cacodilato de sódio 0,1 M, em pH
7,2, à temperatura de 4 °C, por quatro horas. Em seguida, foram lavadas três vezes em
solução salina a 0,9%, 0,32 osmolar e imersas em acetato de uranila a 0,5%, 0,32 osmolar,
durante 12 horas, à 4°C. Logo após, as peças foram lavadas três vezes em água bidestilada e
desidratadas pelo etanol em concentrações crescentes, seguida de duas passagens de 10
minutos cada uma, pelo óxido de propileno. Em seguida, foi feita infiltração, onde as peças
ficaram em movimento giratório por uma hora, à temperatura ambiente, em mistura de óxido
de propileno e meio de inclusão (araldite) 1:1. O material foi, então, transferido para o meio
de inclusão, onde permaneceu girando por uma hora em estufa à 37°C. A inclusão das peças
foi realizada em araldite e mantida em estufa à 60 °C, por 72 horas, para a polimerização da
resina e preparo dos blocos, onde através de um ultramicrótomo Porter Blum MT - 1, foram
conseguidos cortes semifinos de espessuras de 0,5 µm. As lâminas foram preparadas e
coradas em mistura de partes iguais de Azur II a 1%, em água destilada e azul de metileno a
1%, em bórax a 1%, à quente. Em seguida, foram enxaguadas e examinadas ao microscópio
de luz para selecionar os blocos que continham a polpa vermelha. Após estes procedimentos,
os blocos foram selecionados e levados ao ultramicrótomo para obtenção de cortes ultrafinos,
com espessura variando de 40 a 80 nm. Para obtenção dos cortes ultrafinos foram usadas
facas de vidro e telas de cobre de 200 malhas. A análise dos cortes ultrafinos e de suas
eletromicrografias foram realizadas em microscópio de marca Carl Zeiss, modelo EM 900 a
80kV.
Nas eletromicrografias foram observadas a morfologia geral da polpa vermelha, em
especial dos macrófagos.
4.6. Análise estatística
Os dados da percentagem dos pigmentos férricos de hemossiderina foram
submetidos inicialmente à análise de variância, complementados pelos testes de Kolmogorov-
Smirnov, Levene e Welch e Brown-Forsythe (sofware - SPSS 15.0). O nível de significância
máximo adotado foi P < 0,05.
5. RESULTADOS
5.1. Macroscopia
Após o período de clampeamento do hilo hepático observou-se que os baços de todos
os grupos esperimentais (E
1
, E
2
e E
3
) mostraram coloração vermelho escuro a azulada,
semelhantes aos grupo controle.
5.2. Microscopia de luz
No Grupo Controle foi observado baço circundado por uma cápsula de tecido
fibromuscular que emite septos para o seu interior (trabéculas). No interior do órgão notou-se,
no parênquima, a presença de acúmulos de linfócitos (polpa branca) que formam cordões ao
redor de vasos sangüíneos ou nódulos com arteríola central. Ao redor dos nódulos linfáticos
notaram-se inúmeros capilares contendo hemácias no seu interior (polpa vermelha), sendo os
capilares rodeados por inúmeros macrófagos (cordões de Billrrot). Alguns macrófagos
apresentaram pequena quantidade de grânulos alaranjados (hemossiderina) no seu interior e,
após a reação ao ferrocianeto de potássio (Reação de Perls), se observou pequena quantidade
pigmentos férricos de coloração azulada (Fig. 10C e 11C, Tab. 2 e Graf. 1).
O Grupo E
1
(10 minutos de clampeamento) apresentou uma arquitetura do baço
muito semelhante ao Grupo Controle. Entretanto, observou-se ligeira vasodilatação nos
capilares presentes na polpa vermelha e maior quantidade de grânulos azulados de
hemossiderina que no Crupo C (Fig. 10E
1
e 11E
1
, Tab. 2 e Graf. 1 ).
No Grupo E
2
(20 minutos de clampeamento) notou-se que o baço também
apresentava a mesma arquitetura histológica daquela observada no grupo Controle. No
entanto, percebeu-se nítida diminuição da polpa branca, tanto da porção cordonal quanto da
nodular. A polpa vermelha mostrou-se bem evidente, com intensa dilatação dos capilares
sinusóides e concentração acentuada de grânulos de hemossiderina
(Fig. 10E
2
e 11E
2
, Tab. 2 e
Graf. 1).
No Grupo E
3
(30 minutos de clampeamento) foi observado acentuado aumento da
polpa vermelha. A polpa branca encontra-se praticamente tomada pela polpa vermelha devido
a acentuada dilatação dos vasos sangüíneos presentes nesta região e elevada concentração de
grânulos de hemossiderina (Fig. 10E
3
e 11E
3
, Tab. 2 e Graf. 1).
Figura 10. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes aos vários
grupos de estudo. Notar em C (Grupo Controle) polpa vermelha com poucos grânulos de
hemossiderina, que no entanto, estão aumentados (setas) nos grupos E
1
(10 minutos), E
2
(20 minutos) e
E
3
(30 minutos). H.E 10X.
E
1
E
3
C
E
2
Figura 11. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes aos vários grupos de
estudo. Notar em C (grupo controle) pouca reatividade, que se acha aumentada, de forma acentuada e
progressiva (setas), nos grupos E
1
(10 minutos), E
2
(20 minutos) e E
3
(30 minutos). Reação de Perls
(Ferrocianeto-férrico) 10X.
5.3. Estudo morfométrico
Os dados relativos à análise morfométrica dos grânulos de hemossiderina encontram-
se expressos na tabela 1 e 2 e gráfico 1.
Tabela 1. Porcentagem (%) da área ocupada pelos grânulos de hemossiderina na polpa
vermelha dos baços pertencentes aos vários grupos (C, E
1
, E
2
e E
3
) de estudo após o
clampeamento total do pedículo hepático.
GRUPOS
C (%)
1,2
2,2
1,3
1,4
1,5
1,4
1,3
1,3
1,5
1,4
E
1
(%)
2,2
1,3
2,1
2,1
1,1
2,1
2,5
2,3
2,0
1,8
E
2
(%)
5,4
7,5
5,7
4,5
3,2
5,6
4,5
5,4
3,2
4,2
E
3
(%)
12,5
15,4
17,8
16,5
18,9
15,7
16,7
18,5
18,9
19,6
Tabela 2. Porcentagem (%) de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão) obtida na
polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários grupos (C, E
1
, E
2
e E
3
) após o
clampeamento total do pedículo hepático.
Grupos
Controle (%) E1 (%) E2 (%) E3 (%)
Médias
1,45
A
1,95
B
4,92
C
17,05
D
Desvio Padrão
0,28 0,44 1,29 2,15
Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si (p<0,05).
Média ± desvio padrão de E3 > E2 > E1 > Grupo Controle.
Grupos
Controle E1 E2 E3
% de pigmento
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
22,5
Gráfico 1. Porcentagem de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão)
obtida na polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários grupos
(C,
E
1
, E
2
e E
3
) após o clampeamento total do pedículo hepático.
5.4. Microscopia eletrônica de transmissão
No Grupo Controle foram observados inúmeros macrófagos em contato com
eritrócitos, sendo que alguns deles apresentavam no seu citoplasma alguns grânulos
eletrondensos (Fig. 12C).
Nos Grupos E
1
, E
2
e E
3
notou-se intensa vasodilatação que se acentua com o decorrer
do tempo de clampeamento e maior concentração de macrófagos contendo no seu interior
inúmeros grânulos eletondensos (Fg. 12 E
1
, E
2
e E
3
). Em alguns macrófagos notou-se que os
grânulos eletrondensos estavam constituídos por restos de hemácias ou de células (Fig.
12E
1
,E
2
e E
3
).
Figura 12. Eletromicrografias mostrando macrófagos presentes nos cordões de Billrroth dos ratos
pertencentes aos vários grupos
(C, E
1
, E
2
e E
3
). Notar em C (Grupo Controle) poucos grânulos
eletrondensos (seta), que aumentam em números (setas) com o decorrer do tempo de clampeamento hepático
(E
1
, E
2
e E
3
). 8200X.
6. DISCUSSÃO
O rato foi o animal escolhido para a realização deste trabalho por ser de fácil
aquisição, apresentar uma linhagem bem definida para se conseguir amostras de maior
homogeneidade e por ser amplamente utilizado nesse tipo de experimento (SHIBAYAMA et
al., 1991; HARDY et al., 1995; SEBE, 1999; CAMARGO et al, 2003).
Várias associações de tranquilizantes e anestésicos como midazolan e cetamina,
medetomidina e cetamina, xilazina e cetamina, podem ser utilizadas para anestesiar animais
de laboratório (HENS e BROSNAN, 1970; HORIUCHI et al., 1995 (SPINOSA et al., 1999;
FREITAS et al., 2000; SEBE et al., 2000; CAMARGO, 2003; ISOZAKI et al., 1992). Neste
experimento os barbitúricos foram evitados, uma vez que atuam na musculutara lisa da
cápsula esplênica, causando relaxamento da mesma, aumentando, com isso, o reserva
sanguínea esplênica, o que poderia interferir nos resultados durante o clampeamento do
pedículo hepático, elevando a pressão sangüínea intra-esplênica e aumentando a fagocitose
das hemácias pelos macrófagos (ETTINGER, 1996; CARLTON e MCGAVIN, 1998;
FRASER, 1991). Sendo assim, foi empregada a associação de xilazina e cetamina, na mesma
seringa, por via intramuscular, por ser de fácil aplicação, produzir analgesia, relaxamento
muscular e anestesia nos animais durante o procedimento cirúrgico, sem que promovesse
alterações hepáticas (WEISBROTH e FUDENS, 1972).
Vale lembrar que o ambiente onde os animais de laboratório são acomodados no
período pré-operatório é um fator a ser considerado, pois existe interfência da resposta aos
fármacos anestésicos frente a estímulos excitatórios externos (MASSONE, 2003). Diante do
exposto, optou-se, neste estudo, por um período de adaptação dos animais em uma sala
isolada, com ventilação e sem ruidos, de forma a obter uma anestesia satisfatória e livre de
intercorrências durante todo experimento.
O acesso à cavidade abdominal mais comumente utilizado na literatura é pela linha
mediana, partindo da cartilagem xifóide e estendendo-se em direção à cicatriz umbilical
(FREDERIKS et al., 1982; ASAKAVA et al., 1989; ISOZAKI et al., 1995, GONCE et al.,
1995; HARDY et al., 1995; MARUYAMA et al., 1995, SEBE et al., 2000). Esse tipo de
incisão foi utilizada nos animais do experimento, possibilitando a visualização do hilo
hepático, fígado e baço, facilitando o clampeamento do hilo hepático e avaliação direta do
baço.
A torção esplênica primária ou secundária, decorrente da dilatação e vólvulo-
gástrico, em pequenos animais, inicialmente promove a oclusão das veias de paredes
delgadas, mas não das artérias correspondentes, resultando em congestão, isquemia e,
posteriormente, necrose do parênquima esplênico. A patogênese da torção ainda não está bem
esclarecida, porém o grau de lesão esplênica irá depender do comprometimento dos vasos e
do tempo de privação sanguínea para esse órgão (POPE e ROCHAT, 1996). Da mesma
forma, neste estudo, a congestão esplênica observada após clampeamento total do pedículo
hepático, não promoveu necrose, pois a obstrução vascular comprometeu apenas a circulação
venosa, mantendo-se intacta a circulação arterial. Provavelmente, o tempo de clampeamento
não foi suficiente para causar necrose deste órgão, embora tenha promovido congestão
esplâncnica.
Silva Jr e Beer (1998), em seus modelos experimentais de isquemia hepática,
utilizaram a manobra de Pringle, de maneira modificada, clampeando o tronco vascular e
ducto biliar de determinado lobo hepático, não provocando, dessa forma, congestão
esplâncnica. Já Gonçalez et al. (1979) e Frederiks et al. (1982) realizaram o clampeamento da
artéria hepática esquerda, veia porta esquerda e ducto biliar esquerdo, causando isquemia no
lobo mediano e lobo lateral esquerdo do fígado de ratos, mantendo-se, dessa maneira, uma
parte do fígado funcional e evitando-se, então, a congestão esplâncnica. Derry e Slapak
(1973) utilizando o clampeamento hepático seletivo, baseado na segmentação do fígado de
ratos, propuseram um novo modelo de falência hepática aguda e, assim, conseguiram
isquemiar 70% do órgão e manter 30% com circulação normal, não sendo necessário
promover a descompressão vascular para impedir a congestão esplâncnica. Também,
Omokava et al. (1991) em seu experimento, trabalharam com isquemia hepática, promovendo
o desvio porto-sistêmico. O baço foi colocado na parede abdominal, sua cápsula foi
escarificada e ele foi sepultado numa bolsa de tecido subcutâneo, produzindo assim a
anastomose porto-sistêmica, com a finalidade de evitar a congestão esplâncnica.
Por outro lado, neste experimento foi utilizada a manobra de Pringle (1908)
modificada, uma técnica que consiste no clampeamento do pedículo hepático (artéria
hepática, veia porta e colédoco). Com essa técnica observou-se congestão esplâncnica, que
resultou na congestão esplênica. Barbarino et al. (1978) já haviam utilizado apenas a ligação
da veia porta e, observaram, em relação ao baço, esplenomegalia, aumento do diâmetro da
polpa vermelha, diminuição do número de folículos de Malpighi, como pôde, também, ser
observado neste trabalho. Da mesma forma, Sebe et al. (2000) e Camargo et al. (2003), em
seus experimentos, observaram congestão esplâncnica, com mudança de coloração dos órgãos
drenados pelo sistema porta.
De acordo com a literatura consultada, os períodos experimentais de tempo de
isquemia hepática variam desde 30 minutos até 100 minutos (ASAKAVA et al., 1989;
ISOZAKI et al., 1995), sendo os maiores períodos de tempo relacionados com trabalhos que
envolvem isquemia hepática parcial ou total com derivações vasculares e os menores
períodos de tempo relacionados com trabalhos que envolvem isquemia total, sem derivações
vasculares, como descrito por Sébe (1999) e reproduzido neste estudo.
No modelo experimental realizado por Sébe (1999), Freitas et al. (2000) e Camargo et
al. (2003), utilizando a manobra de Pringle modificada por 10, 20 e 30 minutos, notou-se
isquemia hepática, intestinal e congestão esplênica, decorrentes da congestão esplâncnica. A
isquemia hepática total em diferentes tempos, acarreta congestão esplâncnica e,
consequentemente, congestão esplênica, que é caracterizada pela diminuição da polpa branca
(nódulos linfáticos) e pelo aumento da polpa vermelha, sendo essa mais intensa aos trinta
minutos, conforme relatada por Freitas et al. (2006) e confirmada através deste estudo.
A hemocaterese fisiológica de eritrócitos envelhecidos, lesionados ou enfermo, pelos
macrófagos, libera grandes concentrações de ferro reutilizável, que é armazenado pelo baço e
parte é direcionado à medula óssea para ser utilizado na produção de novas hemácias (POPE e
ROCHAT, 1996; ALENCAR et al., 2002). Inicialmente, neste estudo, foi notado a presença
de pigmentos férricos no parênquima esplênico que caracteriza a hemocaterese fisiológica,
porém, com o aumento de tempo de clampeamento essa concentração aumentava.
O clampeamento do hilo hepático pode reduzir a concentração de energia e intensificar
a acidose láctica esplênica, que poderá causar danos às membranas dos eritrócitos e alteração
de sua elasticidade, aumentando a fagocitose das hemácias danificadas pelos macrófagos,
resultando numa maior produção de pigmentos férricos de hemossiderina. Estas alterações
ocorrem devido ao fato da concentração de glicose e colesterol nos seios venosos esplênicos
ser menor se comparado ao restante do sistema circulatório, que juntamente com a produção
de ácido láctico através do metabolismo das hemácias, resulta num ambiente tolerado apenas
por hemácias jovens e saudáveis, levando ao descarte das hemácias velhas ou enfermas
(POPE e ROCHAT, 1996). A presença de granulos de hemossiderina no parênquima
esplênico caracterisa destruição de hemácias (FREITAS 2000), evento também notada nesse
estudo, porém não se sabe se os pigmentos férricos são oriundos de hemácias jovens ou
velhas e se realmente os tempos de clampeamentos foram suficientes para alterar,
bioquimicamente, o baço
Também, o aumento da pressão sangüínea e da temperatura esplênica podem lesionar
os eritrócitos e intensificar a eritrofagocitose pelos macrófagos (FRASER, 1986, POPE e
ROCHAT, 1996, CARLTON e McGAVIN, 1998). Desse forma, notou-se nesse experimento,
que durante o clampeamento do pedículo hepático, a drenagem venosa esplênica, realizada
pelo sistema porta, ficou comprometida, caracterizada pela congestão esplênica, que
possivelmente, acarreta um aumento da pressão sanguínea intraesplênica. O acúmulo
progressivo de pigmentos férricos de hemossiderina observado no interior dos macrófagos,
caracteriza a eritrofagocitose decorrente do aumento da pressão sanguínea no parênquima e
seios venosos esplênicos.
Embora a reação de Perls ou azul da Prússia seja muito antiga, esta técnica ainda é
muito utilizada nos dias atuais para identificação do ferro celular na forma de ferritina ou
hemossiderina em várias patologias. A reação se processa na interação de íons ferrocianeto
com íons férricos no interior da célula, resultando em um produto de cor azul-esverdeado
denominado ferrocianeto férrico. Essa técnica é utilizada para detectar ferro no interior do
eritroblasto (sideroblasto), de macrófagos e nas hemácias (ASANO et al., 2006; FREITAS et
al., 2006; MEGURO et al., 2007). Por ser o baço um órgão que possui uma população muito
grande de macrófagos que atuam na destruição das hemácias, principalmente as velhas ou
danificadas, optou-se neste experimento, por utilizar essa técnica para detectar pigmentos
férrricos orindos de eritrócitos no interior dos macrófagos.
A mensuração e a quantificação dos tecidos podem ser realizadas pela morfometria
manual ou digital (HALASZ et al., 1993, VEIAGA et at, 2007). A quantificação
morfométrica digital (Softwares IMAGELAB 2000), por ser um método prático e confiável,
foi utilizada neste experimento, onde foi possível mensurar em porcentagem os pigmentos
férricos de hemossiderina presentes nos macrófagos esplênicos em diferentes tempos.
Com relação à análise estatítisca da porcentagem de pigmentos férricos na polpa
vermelha, o modelo adotado foi uma análise de variância de um fator. Entretanto, embora não
rejeitada a hipótese de aderência à distribuição Normal pelo teste de Kolmogorov-Smirnov
(α=0.365), detectou-se heterogeneidade de variâncias pelo teste de Levene (α=0.000), o que
levou a optarmos por um procedimento não sensível a esta heterocedasticidade, no caso os
testes de Welch e Brown-Forsythe (SOKAL e ROHLF, 1995). Após esta análise estatística
foram obesevadas diferenças estatísticas entre todos os grupos.
Os oxirradicais livres (ânions hiperóxidos, radicais hidroxila e peróxido de hidrogênio)
são moléculas altamente reativas e capazes de causar lesões celulares e no DNA. O peróxido
de hidrogênio não é um radical livre, porém, com a produção acelerada e em presença de
catalizadores metálicos como o ferro, através da reação de Haber-Weiss, formam radicais
hidroxila reativos (OH
-
) (FLAHERTY e WEISFELDT, 1988; AMBRÓSIO et al., 2000;
ALENCAR, et al.,2002, VALCARENGHI, 2006). Neste experimento, notou-se um aumento
considerado de pigmentos férricos de hemossiderina, proporcionalmente ao tempo de
clampeamento. Provavelmente, os pigmentos férricos contidos nos macrófagos, após o
desclampeamento do hilo hepático possam adentrar a circulação e aumentar a produção de
radicais livres, causando lesões às membranas celulares e, dependendo do grau destas lesões,
levar a óbito o paciente no pós-operatório.
Conforme nota-se nas literaturas consultadas, é de interesse estudar as possíveis
alterações que, eventualmente, possam ocorrer nos órgãos afetados pelo clampeamento do
hilo hepático durante procedimentos cirúrgicos realizados no fígado. Baseado nos trabalhos
de SEBE et al.(1999b) e CAMARGO (2004) que observaram alterações estruturais, por meio
de microscopias de luz e eletrônica de transmissão, em nível das vilosidades intestinais e,
também, congestão esplâncnica após clampeamento total do pedículo hepático, foi possível
demonstrar, com este estudo, inúmeras alterações esplênicas, que salientam a necessidade de
pesquisas complementares nesta área, principalmente no que tange sua proximidade à clínica
médica-cirúrgica.
7. CONCLUSÃO
Os dados obtidos permitem concluir que 10 minutos de clampeamento total do pedículo
hepático são suficientes para apresentar sinais de congestão esplênica e 20 e 30 minutos,
promovem diminuição da polpa branca, dilatação dos capilares sinusóides, intensa digestão de
hemácias pelos macrófagos, com presença de grânulos de ferro (hemossiderina) no
parênquima esplênico.
8. REFERÊNCIAS
ALENCAR, N. X.; KOHAYAGAWA, A. CAMPOS, K.C.H. Metabolismo do ferro nos
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ANEXOS
(Trabalhos enviados)
ASPECTOS MACROSCÓPICOS, MORFOLÓGICOS E MORFOMÉTRICOS DO
BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO TOTAL DO PEDÍCULO
HEPÁTICO
MACROSCOPIC, MORPHOLOGIC AND MORPHOMETRIC ASPECTS OF THE
SPLEEN OF RATS AFTER TOTAL CLAMPING OF THE HEPATIC PEDICLE
Silvio Henrique de Freitas
1
; Joaquim Evêncio Neto
2
; Renata Gebara Sampaio Dória
1
; Fábio
de Souza Mendonça
3
; Manuel de Jesus Simões
4
; Lázaro Manoel de Camargo
5
; Abrão Antônio
Sébe
6
___________________________________________________________________________
_
1. Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de Cuiabá – UNIC.
2. Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco - UFRPE.
3. Professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de Cuiabá - UNIC.
4. Professor Livre Docente do Departamento de Morfologia da Universidade de Federal de
São Paulo - ENIFESP-EPM.
5. Professor do Departamento de Clínica da Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade de Cuiabá - UNIC.
6. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Cuiabá – UNIC.
Silvio Henrique de Freitas. Av. Antártica, n
e
788, casa 26, Residencial Villas Boas,
Ribeirão da Ponte, CEP 78040-500, Cuiabá – MT, Brasil, E-mail:
[email protected], Telefone: (65) 36151222
RESUMO
Uma das complicações do clampeamento total do pedículo hepático é a congestão esplâncnica
e, consequentemente, a congestão esplênica. Este trabalho teve como objetivo observar as
alterações macroscópicas, morfológicas e morfométricas que ocorreram no baço frente à
isquemia produzida pelo clampeamento do pedículo hepático. Para tanto foram utilizados 40
ratos machos, divididos em quatro grupos de 10 animais. O grupo controle (C) não foi
submetido à isquemia, já os grupos experimentais (E
1
, E
2
e E
3
) foram submetidos ao
clampeamento total por 10, 20 e 30 minutos, respectivamente. Após esses períodos,
fragmentos do baço foram retirados e analisados histologicamente pela técnica de
Hematoxilina-eosina e Ferrocianeto-férrico. Os resultados mostraram alterações
microscópicas nos grupos E
1
, E
2
e E
3
, que permitem concluir que o clampeamento total do
pedículo hepático promove intensa congestão vascular, aumento de grânulos de
hemossiderina, diminuição da polpa branca e aumento da polpa vermelha, sendo essas
alterações mais intensas aos 30 minutos.
Palavras chave: Congestão, Hemossiderina, Baço, Rato.
ABSTRACT
One of the complications of hepatic pedicle total clamping is the splanchnic congestion and
consequently a splenic congestion. The aim of this study was to observe the macro and
microscopic alterations that occurred in the spleen during an ischemia produced by the hepatic
pedicle clamping. Fourth male rats were divided in four groups of nine animals each. The
control group (C) was not submitted to ischemia and the experimental groups (E
1
, E
2
and E
3
)
were submitted to the total clamping during 10, 20 and 30 minutes, respectively. After these
periods, spleen fragments were collected and histological analyzed by the eosin-hematoxilin
and ferric ferrocyanide staining technique. The results showed microscopic alterations at the
E
1
, E
2
and E
3
groups that permitted to conclude that the total clamping of the hepatic pedicle
promote intense vascular congestion, increase of the hemosiderin granules, decrease of the
white pulp and increase of the red pulp, being these alterations more pronounced at the 30
minutes.
Keywords: Congestion, hemossiderina, spleen, rats.
INTRODUÇÃO
O baço é um órgão constituído por uma cápsula fibroelástica, de onde partem
trabéculas que servem para conduzir vasos e nervos e por um estroma representado por uma
rede de fibras e células reticulares que sustentam o parênquima ou polpa esplênica (polpas
branca e vermelha) (EICHNER, 1979; BLUE e WEISS, 1981; DELLMANN e BROWN,
1982; STITES et al., 1997). A polpa branca é formada por um conjunto de nódulos linfáticos
apresentando um centro germinativo e inúmeras células linfóides que se localizam ao longo
das arteríolas esplênicas. Já a polpa vermelha representa a maior parte do baço, onde são
observados inúmeros sinusóides sangüíneos que se entrelaçam e se anastomosam em várias
direções, separados por cordões celulares esplênicos representados por fibroblastos,
leucócitos, eritrócitos e macrófagos (DOASSAN et al., 1984; ATRES, 1991; BANKS, 1992;
ROITT, 1992; POPE e ROCHAT, 1996).
O baço tem uma grande importância como reservatório sangüíneo, podendo, quando
solicitado e sobre ação das catecolaminas, elevar o hematócrito em até 10% do seu valor
normal. Possui função hematopoiética nos recém nascidos, podendo, também, desempenhar
essa função nos adultos (LIPOWITZ e BLUE, 1998). A estrutura do baço, semelhante a uma
peneira, torna-o eficiente no monitoramento de células sangüíneas viáveis, facilitando com
isso a fagocitose destas pelos macrófagos. Estes acumulam pigmentos de hemossiderina, uma
massa rica em ferro, oriunda da degradação da hemoglobina (SWENSON e REECE, 1996;
COUTO e HAMMER, 1997; CARLTON e McGAVIN, 1998). Este órgão está, também,
envolvido com os mecanismos de defesa do organismo, através da produção de linfócitos e
anticorpos (LIPOWITZ e BLUE, 1998; RICHARD e SHERIND, 1998; SLATTER, 1998).
Em humanos, hemorragias hepáticas que ocorrem com freqüência após traumas
decorrentes de transplantes e ressecções devem ser controladas; para tanto, diversas técnicas
podem ser aplicadas. Inicialmente, Pringle (1908) utilizou o clampeamento total do hilo
hepático para conter os casos de hemorragias hepáticas. Entretanto, Sébe (1999) trabalhando
com clampeamento total do pedículo hepático em ratos, observou que a privação de sangue
neste órgão, por mais de vinte minutos, leva a lesões nas organelas dos hepatócitos e, também,
à congestão esplâncnica.
Na congestão esplâncnica decorrente do clampeamento total do pedículo hepático,
ocorre aumento da pressão sangüínea do baço, elevando a eritrofagocitose, com significativa
destruição de eritrócitos (FRASER, 1986; CARLTON e McGAVIN, 1998). O objetivo deste
trabalho é a avaliação das possíveis alterações macroscópicas, morfológicas e morfométricas
do baço durante o clampeamento total do pedículo hepático em diferentes tempos.
MATERIAL E MÉTODO
Foram utilizados 40 ratos (Rattus norvegicus albins), Wistar, machos, com de três
meses de idade e pesando entre 295 gramas. Os animais foram fornecidos pelo Biotério da
Universidade de Cuiabá - UNIC e ficaram alojados em gaiolas de poliuretano com grade de
aço, de 41 x 34 x 17 cm, em número de dois animais por gaiola. A temperatura ambiente foi
mantida por condicionador de ar a 22
o
C, a umidade em 65% e a luminosidade controlada
artificialmente com 12 horas de claro e 12 horas de escuro. As gaiolas foram higienizadas
diariamente.
Os animais foram divididos em quatro grupos, denominados grupo controle (C) e
grupos experimentos (E
1,
E
2
e E
3
). Todos os animais foram submetidos a um mesmo protocolo
anestésico, utilizando-se a associação de xilazina
6
e cetamina
7
, na mesma seringa, nas
dosagens de 25 mg/kg e 50 mg/kg, respectivamente, pela via intramuscular, na região
posterior da coxa. Em seguida, foi realizada tricotomia da região abdominal ventral de cada
animal e posicionamento em decúbito dorsal na mesa cirúrgica, quando foi realizada anti-
sepsia com iodo polivinilpirrolidona
8
.
Após cinco minutos da anestesia, foi efetuada incisão mediana pré-retro umbilical,
partindo da cartilagem xifóide até 4 cm caudal à cicatriz umbilical. Em seguida, foi realizada
abertura da cavidade abdominal e, então, identificou-se o hilo hepático (artéria e veia
hepática, a veia porta e o ducto hepático).
Nos animais do grupo C, não foi realizado clampeamento do hilo hepático, apenas os
animais dos grupos experimentos tiveram seus pedículos clampeados, utilizando uma pinça de
clampeamento vascular de 3 cm. Os animais do grupo C tiveram seus baços coletados após
trinta minutos e os dos grupos experimentos (E
1
, E
2
e E
3
), tiveram seus pedículos clampeados
por 10, 20 e 30 minutos, respectivamente. Após cada tempo pré-estabelecido, o baço foi
coletado e analisado quanto a coloração e, então, os animais foram eutanasiados por
aprofundamento do plano anestésico e cloreto de potássio a 10%
9
.
Em seguida, fragmentos esplênicos foram coletados e imediatamente mergulhados
em solução de formaldeído a 10%, onde permaneceram por um período de 24 horas. Após
esse período de fixação, foram feitas sucessivas trocas com álcool etílico a 70%
progressivamente até 100
o
GL. Em seguida foram submetidos á técnicas de inclusão em
parafina e realizados cortes de 5µm de espessura em micrótomo rotativo e corados pela
Hematoxilina-Eosina (H.E) e pelo Ferrocianeto-Férrico (reação de Perls) e analisados em
microscopia de luz e fotografados com fotomicroscópio Olympus.
Macroscopicamente, os baços foram analisados quanto à coloração. Os resultados
microscópicos referentes à congestão esplênica foram avaliados pela técnica da hematoxilina-
eosina e os resultados referentes à concentração de pigmentos férricos de hemossiderina pela
análise morfométrica realizada nas lâminas submetidas à reação de Perls, onde as imagens
foram inicialmente capturadas com o auxílio de um sistema captador de imagens, que consiste
em câmara digital de alta resolução (Axio Vision – Carl Zeiss) acoplada em microscópio de
luz (Axiolab 2.0 - Carl Zeiss) sob objetiva de 40X. A imagem obtida foi transferida para
computador Pentium 4.0 em ambiente Windows, contendo programa de captura de imagens
6
Virbaxil 2% - Virbac do Brasil Indústria e Comércia Ltda, São Paulo, SP.
7
Vetanarcol – Koning do Brasil Ltda, Florianópolis, SC.
8
Riodeine tópico – Indústria Farmacêutica Rioquímca Ltda, São Paulo, SP.
(Rel 4.0 da Carl Zeiss). Em seguida, com o auxílio de um sistema computacional de análise de
imagens (softwares IMAGELAB 2000), o material foi lido com o intuíto de analisar a
porcentagem de área no corte que continha ferrocianeto férrico (resultado da reação de Perls).
Para tanto, foram capturados 10 campos do baço em cada animal, na região imediatamente ao
redor da polpa branca, ou seja, na região da polpa vermelha. Em cada campo foi obtido um
valor porcentual sendo, ao final, obtido um valor médio para cada animal que foi,
inicialmente, submetido a análise de variância e complementada pelos testes de Kolmogorov-
Smirnov, Levene e Welch e Brown-Forsythe (sofware - SPSS 15.0). O nível de significância
máximo adotado foi P< 0,05.
RESULTADOS
A) Macroscópicos
Após o período de clampeamento total do hilo hepático observou-se que os baços de
todos os animais estudados mostraram coloração vermelho escuro a azulada, semelhante ao
grupo controle.
B) Microscopia de luz
No Grupo Controle foi observado baço circundado por uma cápsula de tecido
fibromuscular que emitia septos para o seu interior (trabéculas). No interior do órgão notou-
se, no parênquima, a presença de acúmulos de linfócitos (polpa branca) que formam cordões
ao redor de vasos sangüíneos ou nódulos com arteríola central. Ao redor dos nódulos
linfáticos notaram-se inúmeros capilares contendo hemácias no seu interior (polpa vermelha),
sendo os capilares rodeados por inúmeros macrófagos (cordões de Billrrot). Alguns
macrófagos apresentaram pequena quantidade de grânulos alaranjados (hemossiderina) no seu
interior e, após a reação ao ferrocianeto de potássio (Reação de Perls), se observou pequena
quantidade pigmentos férricos de coloração azulada (Fig. 1C e 2C, Tab. 1 e Fig. 3).
O Grupo E
1
(10 minutos de clampeamento) apresentou uma arquitetura do baço
muito semelhante ao Grupo Controle. Entretanto, observou-se ligeira vasodilatação nos
capilares presentes na polpa vermelha e maior quantidade de grânulos azulados de
hemossiderina que no Grupo C (Fig. 1E
1
e 2E
1
, Tab. 1 e Fig. 3 ).
No Grupo E
2
(20 minutos de clampeamento) notou-se que o baço também
apresentava a mesma arquitetura histológica daquela observada no grupo Controle. No
9
Cloreto de potásio 10% – Aster Produtos Médicos Ltda, Sorocaba, SP
entanto, percebeu-se nítida diminuição da polpa branca, tanto da porção cordonal quanto da
nodular. A polpa vermelha mostrou-se bem evidente, com intensa dilatação dos capilares
sinusóides e concentração acentuada de grânulos de hemossiderina
(Fig. 1E
2
e 2E
2
, Tab. 1 e
Fig. 3).
No Grupo E
3
(30 minutos de clampeamento) foi observado acentuado aumento da
polpa vermelha. A polpa branca encontra-se praticamente tomada pela polpa vermelha devido
a acentuada dilatação dos vasos sangüíneos presentes nesta região e elevada concentração de
grânulos de hemossiderina (Fig. 1E
3
e 1E
3
, Tab. 1 e Fig. 3).
Figura 1. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes aos
vários grupos de estudo. Notar em C (Grupo Controle) polpa vermelha com poucos
grânulos de hemossiderina, que no entanto, estão aumentados (setas) nos grupos E
1
(10 minutos), E
2
(20 minutos) e E
3
(30 minutos). H.E, objetiva10X.
E
1
E
3
C
E
2
Figura 2. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes aos
vários grupos de estudo. Notar em C (grupo controle) pouca reatividade, que se acha
aumentada, de forma acentuada e progressiva (setas), nos grupos E
1
(10 minutos), E
2
(20 minutos) e E
3
(30 minutos). Reação de Perls (Ferrocianeto-férrico), objetiva 10X.
B.1. Estudo morfométrico
análise morfométrica dos grânulos de hemossiderina encontram-
se expr
abela 1. Porcentagem (%) de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão) obtida na
Grupos Controle (%) E1 (%) E2 (%) E3 (%)
Os dados relativos à
essos na tabela 1 e gráfico 1.
T
polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários grupos (C, E
1
, E
2
e E
3
) após o
clampeamento total do pedículo hepático.
Médias
1,45
A
1,95
B
4,92
C
17,05
D
Desvio adrão
0,28 0,44 1,29 2,15
P
Médias seguidas de letras ntes diferem entre si (p<0,05).
difere
e E3 > Média ± desvio padrão d E2 > E1 > Grupo ole. Contr
Grupos
Controle E1 E2 E3
% de pigmento
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
22,5
Figura 3. Porcentagem de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão)
obtida na polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários
grupos
(C, E
1
, E
2
e E
3
) após o clampeamento total do pedículo
hepático.
DISCUSSÃO
O acesso à cavidade abdominal, baço e hilo hepático foi realizado pela linha
mediana, utilizando os mesmos procedimentos sugeridos por FREDERIKS et al. (1982),
ASAKAVA et al., (1989), ISOZAKI et al. (1995) e GONCE et al. (1995). Para produzir
congestão esplâncnica que resultasse em congestão do baço, neste estudo foi utilizada a
manobra sugerida por PRINGLE (1908), que consiste no clampeamento do hilo hepático
(artéria e veia hepática, veia porta e ducto biliar).
A isquemia total hepática por diferentes períodos de tempo, acarreta congestão
esplâncnica (SEBE, 1999) e, consequentemente, congestão esplênica, que é caracterizada pela
diminuição da polpa branca (nódulos linfáticos) e pelo aumento da polpa vermelha, sendo
essa progressiva e mais intensa aos trinta minutos, conforme relatada por FREITAS et al.
(1999) e demonstrado neste trabalho, através da microscopia de luz que confirmou acentuada
dilatação dos vasos sangüíneos e a elevada concentração de grânulos de hemossiderina no
parênquima esplênico.
Embora a reação de Perls ou azul da Prússia seja muito antiga, esta técnica ainda é
muito utilizada nos dias atuais para identificação do ferro celular na forma de ferritina ou
hemossiderina em várias patologias. A reação se processa na interação de íons ferrocianeto
com íons férricos no interior da célula, resultando em um produto de cor azul-esverdeado
denominado ferrocianeto férrico. Essa técnica é utilizada para detectar ferro no interior do
eritroblasto (sideroblasto), de macrófagos e nas hemácias (ASANO et al., 2006; FREITAS et
al., 2006; MEGURO et al., 2007). Por ser o baço um órgão que possui uma população muito
grande de macrófagos que atuam na destruição das hemácias, principalmente as velhas ou
danificadas, optou-se neste experimento, por utilizar essa técnica para detectar pigmentos
férrricos orindos de eritrócitos no interior dos macrófagos.
A mensuração e a quantificação dos tecidos podem ser realizadas pela morfometria
manual ou digital (HALASZ et al., 1993, VEIAGA et al, 2007). A quantificação
morfométrica digital (Softwares IMAGELAB 2000), por ser um método prático e confiável,
foi utilizada neste experimento, onde foi possível mensurar em porcentagem os pigmentos
férricos de hemossiderina presentes nos macrófagos esplênicos em diferentes tempos.
Conforme descrito por FREITAS et al. (2000), através da técnica do ferrocioneto-
férrico, este trabalho demonstrou acúmulo de pigmentos férricos (hemossiderina) no
parênquima esplênico de maneira progressiva em relação ao tempo de clampeamento do
pedículo hepático. Sabe-se que a reação da hemossiderina com o peróxido de hidrogênio
(reação de Fenton) produz hidroxil, substância altamente lesiva para as células (FLAHERTY
e WEISFELDT, 1988; ROCHAT, 1991, CHUA-ANUSORN, 1999, MARX e HIDER, 2002,
VACARENGHI, 2006). Da mesma forma, durante o clampeamento total do pedículo
hepático, haverá uma perfusão deficiente de órgãos como estômago, intestino delgado e parte
anterior do intestino grosso, pâncreas, fígado e baço. Esta baixa concentração de oxigênio
celular (isquemia) pode promover aumento do metabolismo anaeróbico e formação de
substâncias lesivas, como as prostaglandinas e radicais livres (superóxidos - O
2
-
, peróxido de
hidrogênio - H
2
O
2
e hidroxil - OH
-
) (FORYTH e GUILFORD, 1995), sugerindo a necessidade
de novos trabalhos que estudem as lesões promovidas pela reperfusão deste órgão.
CONCLUSÕES
Este estudo demonstra que o clampeamento total do pedículo hepático promove, de maneira
progressiva, congestão esplênica com redução da polpa branca e aumento da polpa vermelha,
caracterizado por acentuada dilatação dos vasos sangüíneos e da concentração de grânulos de
hemossiderina.
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ASPECTOS MORFOLÓGICOS, MORFOMÉTRICOS E ULTRA- ESTRUTURAIS
DO BAÇO DE RATOS APÓS O CLAMPEAMENTO TOTAL DO PEDÍCULO
HEPÁTICO
MORPHOLOGIC, MORPHOMETRIC AND ULTRASTRUCTURAL ASPECTS OF
THE SPLEEN OF RATS AFTER TOTAL CLAMPING OF THE HEPATIC PEDICLE
Silvio Henrique de Freitas - Professor do Departamento de Cirurgia da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade de Cuiabá – UNIC. Av. Antártica, n
e
788, casa 26,
Residencial Villas Boas, Ribeirão da Ponte, CEP 78040-500, Cuiabá – MT, Brasil, e-mail:
[email protected], telefone: (65) 36151222
Joaquim Evêncio Neto - Professor Adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia da
Universidade Federal Rural de Pernanbuco - UFRPE.
Renata Gebara Sampaio Dória - Professora do Departamento de Clínica e Cirurgia da
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cuiabá - UNIC.
Fábio de Souza Mendonça - Professor do Departamento de Patologia da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade de Cuiabá - UNIC.
Manuel de Jesus Simões - Professor Livre Docente do Departamento de Morfologia da da
Universidade de Federal de São Paulo - ENIFESP-EPM.
Lázaro Manoel de Camargo - Professor do Departamento de Clínica e Cirurgia da
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Cuiabá - UNIC.
Abrão Antônio Sebe - Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Cuiabá –
UNIC.
RESUMO
Uma das complicações do clampeamento total do pedículo hepático é a congestão esplâncnica
e, consequentemente, a congestão esplênica. Este trabalho teve como objetivo avaliar as
alterações morfológicas, morfométricas e ultra-estruturais que ocorreram no baço frente à
isquemia produzida pelo clampeamento total do pedículo hepático. Para tanto foram
utilizados 40 ratos machos, divididos em quatro grupos de 10 animais. O grupo controle (C)
não foi submetido à isquemia, já os grupos experimentais (E
1
, E
2
e E
3
) foram submetidos ao
clampeamento por 10, 20 e 30 minutos, respectivamente. Após esses períodos, fragmentos do
baço foram retirados e analisados histologicamente pela técnica de Hematoxilina-Eosina,
Ferrocianeto-Férrico e microscopia eletrônica de transmissão. Os resultados mostraram
alterações microscópicas nos grupos E
1
, E
2
e E
3
que permitem concluir que 10 minutos de
clampeamento do pedículo hepático são suficiente para apresentar sinais de congestão
esplênica e 20 e 30 minutos promovem intensa digestão de hemácias pelos macrófagos, com
presença de grânulos de ferro (hemossiderina) no parênquima esplênico.
Palavras chave: Congestão, Hemossiderina, Baço, Rato, Ultra-estrutura.
ABSTRACT
One of the complications of hepatic pedicle total clamping is the splanchnic congestion and
consequently a splenic congestion. The aim of this study was to evaluate the macro and
microscopic alterations that occurred in the spleen during an ischemia produced by the hepatic
pedicle total clamping. Fourthy male rats were divided in four groups of ten animals each.
The control group (C) was not submitted to ischemia and the experimental groups (E
1
, E
2
and
E
3
) were submitted to the clamping during 10, 20 and 30 minutes, respectively. After these
periods, spleen fragments were collected and histological analyzed by the eosin-hematoxilin
and ferric ferrocyanide staining technique. Based on the results it is possible to conclude that
10 minutes of hepatic pedicle total clamping is sufficient to show signs of splenic congestion
and 20 and 30 minutes promote intense red bood cels digestion by the macrophages with the
presence of iron granules (hemosiderin) at the splenic parenchyma.
Keyword: Congestion, Hemossiderin, Spleen, Rat, Ultrastructure.
INTRODUÇÃO
Nas lesões sangrantes do fígado, o bloqueio dos vasos torna-se necessário para
facilitar as manobras cirúrgicas (SILVA JR. et al., 2002; ARAÚJO JR. et al, 2005). Pringle
(1908) realizou clampeamento total do hilo hepático para conter hemorragias hepáticas.
Barbarino et al. (1978) trabalharam em seus experimentos utilizando apenas o clampeamento
isolado da veia porta. Essa técnica teve como finalidade diminuir o afluxo de sangue para o
fígado e a congestão esplâncnica. Mesmo assim observaram esplenomegalia, com aumento da
polpa vermelha, diminuição do número de folículos de Malpighi que se apresentaram
aumentados de tamanho. Porém, Sebe (1999), Freitas et al. (1999; 2000) e Camargo et al.
(2003) demonstraram que o clampeamento total do pedículo hepático utilizado para conter a
hemorragia nos procedimentos cirúrgicos do fígado resulta na congestão esplâncnica e,
consequentemente, perfusão sanguínea deficiente de órgãos como estômago, intestino delgado
e parte anterior do intestino grosso, pâncreas e baço.
O baço dos animais tem uma grande importância como reservatório sangüíneo,
podendo, quando solicitado e sobre ação das catecolaminas, elevar o hematócrito em até 10%
do seu valor normal (KOLB et al., 1987; LIPOWITZ e BLUE, 1998). Nos recém nascidos, o
baço tem função hematopoiética e, quando necessário, também pode produzir hemácias nos
adultos (LIPOWITZ e BLUE, 1998). Além disso, está envolvido na produção de linfócitos T
e B e de anticorpos (LIPOWITZ e BLUE, 1998; RICHARD e SHERIND, 1998).
A estrutura do baço, devido a sua malha tridimensional, realiza o monitoramento de
células sangüíneas viáveis, favorecendo a fagocitose dos leucócitos, plaquetas e eritrócitos
senis pelos macrófagos (ZHANG, 2001). Sendo assim, hemácias velhas ou parasitadas, por
perderem a sua flexibilidade e por não conseguirem penetrar nos sinusóides, são fagocitadas e
destruídas pelos macrófagos (hemocaterese). Esses macrófagos, que são células muito ativas,
possuem à microscopia eletrônica uma superfície irregular, com inúmeras saliências e
reentrâncias e um citoplasma contendo vários lisossomos que depositam suas enzimas nos
vacúolos que contém material fagocitado, formando os fagossomos, onde vai ser realizada a
digestão do material fagocitado (GEORGE et al., 1998; GARTNER e HIATT, 1999;
JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999). A hemoglobina resultante da digestão de hemácias se
desdobra em porções heme e globina. A fração globina é quebrada em seus constituintes de
aminoácidos que vão para circulação sanguínea e as moléculas de ferro, da fração heme, no
interior dos macrófagos, se agrupam formando um pigmento denominado de hemossiderina
que são levados à medula óssea pela transferrina, onde são utilizadas para formação de novas
hemácias (SWENSON e REECE, 1996; COUTO e HAMMER, 1997; CARLTON e
MCGAVIN, 1998; GEORGE et al., 1998; GARTNER e HIATT, 1999, ALENCAR et al.,
2002).
A partir destes fatos, propôs-se com este trabalho, avaliar as alterações morfológicas,
morfométricas e ultra-estruturais do baço durante o clampeamento total do pedículo hepático
(manobra de Pringle modificada).
MATERIAL E MÉTODO
Foram utilizados 40 ratos Wistar, machos, três meses de idade e peso variando de 232
a 359 gramas. Os animais ficaram alojados em gaiolas, com temperatura ambiente mantida
por ar condicionado em 22
o
C, umidade em 65% e luminosidade controlada artificialmente
com lâmpadas fluorescentes (luz do dia - Phillips – 40 Watts), com 12 horas de luz e 12 horas
de escuro.
Após jejum alimentar de duas horas, os animais foram divididos aleatoriamente em
quatro grupos de 10 animais, denominados grupo controle (C) quando foram realizadas
anestesia dissociativa (25 mg/Kg de xilazina
10
e 50 mg/Kg de cetamina
11
, intramuscular),
celiotomia e retirada do baço após 30 minutos, sem clampeamento do pedículo hepático e
grupos experimentais (E
1,
E
2
e E
3
), quando foram realizadas anestesia, celiotomia e retirada do
baço após 10, 20 e 30 minutos de clampeamento total do pedículo hepático (artéria hepática,
veia porta e colédoco).
Após remoções dos baços, fragmentos foram coletados e imediatamente mergulhados
em solução de formaldeído 10% ou em solução de glutaraldeido 4%, tampão cacodilato. Em
seguida, os animais foram eutanasiados com o mesmo padrão de anestesia e, na sequência,
cloreto de potássio a 10%
12
.
Fragmentos do terço médio dos baços, que permaneceram durante 24 horas
mergulhados para fixação, foram submetidos às técnicas rotineiras para inclusão em parafina
e coloração pela Hematoxilina-Eosina (H.E), sendo analisados em microscopia de luz
(Axiolab 2.0 da Carl Zeiss), com objetivas que variavam de 4 a 100 X e ocular de 10X.
Alguns cortes de cada animal foram submetidos à metodologia citoquímica para
identificação dos íons de ferro, pelo método de Perls (Ferrocianeto-Férrico), para estudo
morfométrico. Imagens foram inicialmente capturadas com o auxilio de um sistema de
captura de imagens, que consiste em câmara digital de alta resolução (Axio Vision – Carl
Zeiss) acoplada em microscópio de luz (Axiolab 2.0 - Carl Zeiss) sob objetiva de 40X. A
imagem obtida foi transferida para computador Pentium 4.0 em ambiente Windows, contendo
programa de captura de imagens (Rel 4.0 da Carl Zeiss). Em seguida, com o auxílio de um
sistema computacional de análise de imagens (softwares IMAGELAB 2000), o material foi
lido com intuíto de analisar a porcentagem de área no corte que continha ferrocianeto férrico
(resultado da reação de Perls). Para tanto, foram capturados 10 campos do baço em cada
animal, na região imediatamente ao redor da polpa branca, ou seja, na região da polpa
vermelha. Em cada campo foi obtido um valor (percentual) sendo, ao final, obtido um valor
médio para cada animal.
Para o estudo ultra-estrutural foram coletados fragmentos do terço médio do baço,
imediatamente imersas em solução de glutaraldeído 4,0% (0,32 osmolar), em tampão
cacodilato de sódio 0,1 M, em pH 7,2, à temperatura de 4 °C, por quatro horas e, a seguir,
10
Virbaxil 2% - Virbac do Brasil Indústria e Comércia Ltda, São Paulo, SP.
11
Vetanarcol – Koning do Brasil Ltda, Florianópolis, SC.
12
Cloreto de potásio 10% – Aster Produtos Médicos Ltda, Sorocaba, SP
processados para observação em microscópio eletrônico de transmissão Carl Zeiss, modelo
EM 900, sob tensão de 80kV.
Nas eletromicrografias foram observadas a morfologia geral da polpa vermelha, em
especial dos macrófagos.
Os dados da porcentagem dos pigmentos férricos de hemossiderina foram
submetidos inicialmente à análise de variância, complementados pelos testes de Kolmogorov-
Smirnov, Levene e Welch e Brown-Forsythe (sofware - SPSS 15.0). O nível de significância
máximo adotado foi P < 0,05.
RESULTADOS
Macroscopicamente, após o período de clampeamento do hilo hepático observou-se
que os baços de todos os grupos esperimentais (E
1
, E
2
e E
3
) mostraram coloração vermelho
escuro a azulada, semelhantes aos grupo controle.
No Grupo Controle foi observado baço circundado por uma cápsula de tecido
fibromuscular que emite septos para o seu interior (trabéculas). No interior do órgão notou-se,
no parênquima, a presença de acúmulos de linfócitos (polpa branca) que formam cordões ao
redor de vasos sangüíneos ou nódulos com arteríola central. Ao redor dos nódulos linfáticos
notaram-se inúmeros capilares contendo hemácias no seu interior (polpa vermelha), sendo os
capilares rodeados por inúmeros macrófagos (cordões de Billrrot). Alguns macrófagos
apresentaram pequena quantidade de grânulos alaranjados (hemossiderina) no seu interior e,
após a reação ao ferrocianeto de potássio (Reação de Perls), se observou pequena quantidade
pigmentos férricos de coloração azulada (Fig. 1C e 2C, Tab. 1 e Graf. 1).
O Grupo E
1
(10 minutos de clampeamento) apresentou uma arquitetura do baço
muito semelhante ao Grupo Controle. Entretanto, observou-se ligeira vasodilatação nos
capilares presentes na polpa vermelha e maior quantidade de grânulos azulados de
hemossiderina que no Crupo C (Fig. 1E
1
e 2E
1
, Tab. 1 e Graf. 1 ).
No Grupo E
2
(20 minutos de clampeamento) notou-se que o baço também
apresentava a mesma arquitetura histológica daquela observada no grupo Controle. No
entanto, percebeu-se nítida diminuição da polpa branca, tanto da porção cordonal quanto da
nodular. A polpa vermelha mostrou-se bem evidente, com intensa dilatação dos capilares
sinusóides e concentração acentuada de grânulos de hemossiderina
(Fig. 1E
2
e 2E
2
, Tab. 1 e
Graf. 1).
No Grupo E
3
(30 minutos de clampeamento) foi observado acentuado aumento da
polpa vermelha. A polpa branca encontra-se praticamente tomada pela polpa vermelha devido
a acentuada dilatação dos vasos sangüíneos presentes nesta região e elevada concentração de
grânulos de hemossiderina (Fig. 1E
3
e 2E
3
, Tab. 1 e Graf. 1).
Os dados relativos à análise morfométrica dos grânulos de hemossiderina encontram-
se expressos na tabela 1 e gráfico 1.
Figura 1. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes
aos vários grupos de estudo. Notar em C (Grupo Controle) polpa vermelha com poucos
grânulos de hemossiderina, que no entanto, estão aumentados (setas) nos grupos E
1
(10
minutos), E
2
(20 minutos) e E
3
(30 minutos). H.E 10X.
Figura 2. Fotomicrografias mostrando cortes histológicos de baços de ratos pertencentes aos
vários grupos de estudo. Notar em C (grupo controle) pouca reatividade, que se acha
aumentada, de forma acentuada e progressiva (setas), nos grupos E
1
(10 minutos), E
2
(20
minutos) e E
3
(30 minutos). Reação de Perls (Ferrocianeto-férrico) 10X.
Tabela 1. Porcentagem (%) de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão) obtida na
polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários grupos (C, E
1
, E
2
e E
3
) após o
clampeamento total do pedículo hepático.
Grupos Controle (%) E1 (%) E2 (%) E3 (%)
Médias
1,45
A
1,95
B
4,92
C
17,05
D
Desvio Padrão
0,28 0,44 1,29 2,15
Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si (p<0,05).
Média ± desvio padrão de E3 > E2 > E1 > Grupo Controle.
Grupos
Controle E1 E2 E3
% de pigmento
0,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
17,5
20,0
22,5
Gráfico 1. Porcentagem de pigmento de hemossiderina (média ± desvio padrão)
obtida na polpa vermelha dos baços dos ratos pertencentes aos vários grupos
(C,
E
1
, E
2
e E
3
) após o clampeamento total do pedículo hepático.
No Grupo Controle foram observados inúmeros macrófagos em contato com
eritrócitos, sendo que alguns deles apresentavam no seu citoplasma alguns grânulos
eletrondensos (Fig.3C).
Nos Grupos E
1
, E
2
e E
3
notou-se intensa vasodilatação que se acentua com o decorrer
do tempo de clampeamento e maior concentração de macrófagos contendo no seu interior
inúmeros grânulos eletondensos (Fig.3 E
1
, E
2
e E
3
). Em alguns macrófagos notou-se que os
grânulos eletrondensos estavam constituídos por restos de hemácias ou de células (Fig.3 E
1
,
E
2
e E
3
).
Figura 3. Eletromicrografias mostrando macrófagos presentes nos cordões de Billrroth dos ratos
pertencentes aos vários grupos (C, E
1
, E
2
e E
3
). Notar em C (Grupo Controle) poucos grânulos
eletrondensos (seta), que aumentam em números (setas) com o decorrer do tempo de
clampeamento hepático (E
1
, E
2
e E
3
). 8200X.
DISCUSSÃO
A torção esplênica primária ou secundária, decorrente da dilatação e vólvulo-
gástrico, em pequenos animais, inicialmente promove a oclusão das veias de paredes
delgadas, mas não das artérias correspondentes, resultando em congestão, isquemia e,
posteriormente, necrose do parênquima esplênico. A patogênese da torção ainda não está bem
esclarecida, porém o grau de lesão esplênica irá depender do comprometimento dos vasos e
do tempo de privação sanguínea para esse órgão (POPE e ROCHAT, 1996). Da mesma
forma, neste estudo, a congestão esplênica observada após clampeamento total do pedículo
hepático, não promoveu necrose, pois a obstrução vascular comprometeu apenas a circulação
venosa, mantendo-se intacta a circulação arterial. Provavelmente, o tempo de clampeamento
não foi suficiente para causar necrose deste órgão, embora tenha promovido congestão
esplâncnica.
Neste experimento foi utilizada a manobra de Pringle (1908) modificada, uma técnica
que consiste no clampeamento do pedículo hepático (artéria hepática, veia porta e colédoco).
Com essa técnica observou-se congestão esplâncnica, que resultou na congestão esplênica.
Barbarino et al. (1978) já haviam utilizado apenas a ligação da veia porta e, observaram, em
relação ao baço, esplenomegalia, aumento do diâmetro da polpa vermelha, diminuição do
número de folículos de Malpighi, como pôde, também, ser observado neste trabalho. Da
mesma forma, Sebe et al. (2000) e Camargo et al. (2003), em seus experimentos, observaram
congestão esplâncnica, com mudança de coloração dos órgãos drenados pelo sistema porta.
De acordo com a literatura consultada, os períodos experimentais de tempo de
isquemia hepática variam desde 30 minutos até 100 minutos (ASAKAVA et al., 1989;
ISOZAKI et al., 1995), sendo os maiores períodos de tempo relacionados com trabalhos que
envolvem isquemia hepática parcial ou total com derivações vasculares e os menores
períodos de tempo relacionados com trabalhos que envolvem isquemia total, sem derivações
vasculares, como descrito por Sébe (1999) e reproduzido neste estudo.
No modelo experimental realizado por Sébe (1999), Freitas et al. (1999; 2000) e
Camargo et al. (2003), utilizando a manobra de Pringle modificada por 10, 20 e 30 minutos,
notou-se isquemia hepática, intestinal e congestão esplênica, decorrentes da congestão
esplâncnica. A isquemia hepática total em diferentes tempos, acarreta congestão esplâncnica
e, consequentemente, congestão esplênica, que é caracterizada pela diminuição da polpa
branca (nódulos linfáticos) e pelo aumento da polpa vermelha, sendo essa mais intensa aos
trinta minutos, conforme relatada por Freitas et al. (2006) e confirmada através deste estudo.
A hemocaterese fisiológica de eritrócitos envelhecidos, lesionados ou enfermo, pelos
macrófagos, libera grandes concentrações de ferro reutilizável, que é armazenado pelo baço e
parte é direcionado à medula óssea para ser utilizado na produção de novas hemácias (POPE e
ROCHAT, 1996; ALENCAR et al., 2002).
O clampeamento do hilo hepático pode reduzir a concentração de energia e intensificar
a acidose láctica esplênica, que poderá causar danos às membranas dos eritrócitos e alteração
de sua elasticidade, aumentando a fagocitose das hemácias danificadas pelos macrófagos,
resultando numa maior produção de pigmentos férricos de hemossiderina. Estas alterações
ocorrem devido ao fato da concentração de glicose e colesterol nos seios venosos esplênicos
ser menor se comparado ao restante do sistema circulatório, que juntamente com a produção
de ácido láctico através do metabolismo das hemácias, resulta num ambiente tolerado apenas
por hemácias jovens e saudáveis, levando ao descarte das hemácias velhas ou enfermas
(POPE e ROCHAT, 1996).
Também, o aumento da pressão sangüínea e da temperatura esplênica podem lesionar
os eritrócitos e intensificar a eritrofagocitose pelos macrófagos (FRASER, 1986; POPE e
ROCHAT, 1996; CARLTON e McGAVIN, 1998). Desse forma, notou-se nesse experimento,
que durante o clampeamento do pedículo hepático, a drenagem venosa esplênica, realizada
pelo sistema porta, ficou comprometida, caracterizada pela congestão esplênica, que
possivelmente, acarreta um aumento da pressão sanguínea intraesplênica. O acúmulo
progressivo de pigmentos férricos de hemossiderina observado no interior dos macrófagos,
caracteriza a eritrofagocitose decorrente do aumento da pressão sanguínea no parênquima e
seios venosos esplênicos.
A mensuração e a quantificação dos tecidos podem ser realizadas pela morfometria
manual ou digital (HALASZ et al., 1993, VEIAGA et at, 2007). A quantificação
morfométrica digital (Softwares IMAGELAB 2000), por ser um método prático e confiável,
foi utilizada neste experimento, onde foi possível mensurar em porcentagem os pigmentos
férricos de hemossiderina presentes nos macrófagos esplênicos em diferentes tempos.
Os oxirradicais livres (ânions hiperóxidos, radicais hidroxila e peróxido de hidrogênio)
são moléculas altamente reativas e capazes de causar lesões celulares e no DNA. O peróxido
de hidrogênio não é um radical livre, porém, com a produção acelerada e em presença de
catalizadores metálicos como o ferro, através da reação de Haber-Weiss, formam radicais
hidroxila reativos (OH
-
) (FLAHERTY e WEISFELDT, 1988; AMBRÓSIO et al., 2000;
ALENCAR, et al., 2002; VALCARENGHI, 2006). Neste experimento, notou-se um aumento
considerado de pigmentos férricos de hemossiderina, proporcionalmente ao tempo de
clampeamento. Provavelmente, os pigmentos férricos contidos nos macrófagos, após o
desclampeamento do hilo hepático possam adentrar a circulação e aumentar a produção de
radicais livres, causando lesões às membranas celulares e, dependendo do grau destas lesões,
levar a óbito o paciente no pós-operatório.
Conforme nota-se nas literaturas consultadas, é de interesse estudar as possíveis
alterações que, eventualmente, possam ocorrer nos órgãos afetados pelo clampeamento do
hilo hepático durante procedimentos cirúrgicos realizados no fígado. Baseado nos trabalhos
de SEBE et al.(1999) e CAMARGO (2003) que observaram alterações estruturais, por meio
de microscopias de luz e eletrônica de transmissão, em nível das vilosidades intestinais e,
também, congestão esplâncnica após clampeamento total do pedículo hepático, foi possível
demonstrar, com este estudo, inúmeras alterações esplênicas, que salientam a necessidade de
pesquisas complementares nesta área, principalmente no que tange sua proximidade à clínica
médica-cirúrgica.
CONCLUSÃO
Os dados obtidos permitem concluir que 10 minutos de clampeamento total do pedículo
hepático são suficientes para apresentar sinais de congestão esplênica e 20 e 30 minutos,
promovem diminuição da polpa branca, dilatação dos capilares sinusóides, intensa digestão de
hemácias pelos macrófagos, com presença de grânulos de ferro (hemossiderina) no
parênquima esplênico.
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