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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
PARASITISMO DE OVOS DE Leptopharsa heveae DRAKE
& POOR, 1935 (HEMIPTERA: TINGIDAE) EM
SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis Müell. Arg.) NO
ESTADO DO MATO GROSSO
Rodrigo Souza Santos
Biólogo
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL
novembro de 2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
PARASITISMO DE OVOS DE Leptopharsa heveae DRAKE
& POOR, 1935 (HEMIPTERA: TINGIDAE) EM
SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis Müell. Arg.) NO
ESTADO DO MATO GROSSO
Rodrigo Souza Santos
Orientador: Prof. Dr. Sérgio de Freitas
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias UNESP, Campus de
Jaboticabal, como parte das exigências para a
obtenção do título de Doutor em Agronomia, Área
de Concentração em Entomologia Agrícola.
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL
novembro de 2007
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DADOS CURRICULARES DO AUTOR
Rodrigo Souza Santos - nascido aos 10 dias do mês de maio de 1978, em
São José do Rio Preto - SP, é Licenciado em Ciências Biológicas formado pelo
Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE/UNESP) em janeiro de
2000. Obteve o grau de Mestre em Agronomia, área de concentração em
Entomologia Agrícola pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
(FCAV/UNESP) em fevereiro de 2004. Iniciou o curso de Doutorado em
Agronomia, área de concentração em Entomologia Agrícola na Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias - Universidade Estadual Paulista, UNESP,
Campus de Jaboticabal SP, em março de 2004. Desenvolveu sua pesquisa na
fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.” P.E.M, situada no município
de Itiquira – MT, no período de 2006 e 2007.
“Criamos a época da velocidade,
mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos;
nossa inteligência, empedernidos e cruéis.
Pensamos em demasia e sentimos bem pouco.”
(Charles Chaplin)
“Concedei-nos Senhor, Serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos modificar,
Coragem para modificar aquelas que podemos
e Sabedoria para distinguirmos umas das outras.”
(Autor Desconhecido)
“Tantas foram As vezes que Temi meus Inimigos...
Antes tivesse Navegado sempre pelas águas do Amor.”
(Autor Desconhecido)
i
Aos meus avós, Nelson Trassi e Matilde Gonçales Trassi,
de onde eu espelho exemplos de caráter, de amor e de vida.
DEDICO
DEDICODEDICO
DEDICO
À
ÀÀ
À minha mãe Dauria Souza Santos pela ajuda e apoio.
OFEREÇO
OFEREÇOOFEREÇO
OFEREÇO
ii
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos a todos que direta ou indiretamente colaboraram
para a realização deste trabalho e, particularmente às seguintes pessoas e empresa:
À FCAV - UNESP e professores do curso de Pós-Graduação em
Agronomia – Entomologia Agrícola pelos ensinamentos ministrados.
À empresa “Plantações E. Michelin Ltda. (PEM)”, pelo apoio financeiro e
material, necessário para a realização desta pesquisa.
Ao Professor Dr. Sérgio de Freitas pela orientação e incentivo.
Ao supervisor do Projeto, junto à Michelin, Fernando da Silva Fonseca, ao
gerente agrícola Yannick Balerin e aos colaboradores Cássio H. Junqueira Scomparin e
Raphael Bortolazzo Fonseca, pelas idéias, sugestões e apoio à pesquisa realizada.
Aos funcionários da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Braz da Silva
e Silmar Dias Ferreira, pela ajuda na execução dos experimentos, sem a qual não teria
sido possível a realização deste intuito.
Aos funcionários do DTA: Roberto Berro Cardoso, Júlio César de Andrade,
Henry Ribeiro Barbosa, Cícero Casimiro, Maria de Lourdes Silva Siqueira, Marcelo
Souza Santos, Moisés Tomé de Oliveira, Jurandi Tomé de Oliveira e Pedro Bom.
Aos professores doutores que compuseram minha banca de doutorado:
Sérgio de Freitas, Sérgio Antonio de Bortoli, Francisco Jorge Cividanes, Angélica Maria
Penteado Martins Dias e Valmir Antonio Costa, pela disponibilidade e críticas
construtivas ao trabalho apresentado.
iii
Aos taxonomistas Valmir Antônio Costa e Ranyse B. Querino da Silva,
pela identificação do material.
À bibliotecária Tiêko Takamiya Sugahara pela correção das referências.
Ao cnico de laboratório André Maurício Múscari, pela amizade sincera
durante todos estes anos de convivência.
À Juliana S. Nakata e família pela ajuda e apoio.
Aos companheiros, ex-companheiros e agregados da República: Daniell
Rodrigo Rodrigues Fernandes (Mossoró “Turco Cebola”), Paulo Roberto Pala
Martinelli (Paulinho), Marco Wellington Benetoli (Marcão), Marcelo Zart (Gaúcho), Jo
Inácio Lacerda Moura (Inácio), Alexandre Colombi (Colombi) e Dan Érico Petit Lobão
(“O Iluminado”), pelo apoio, amizade e muitos risos durante nosso convívio.
Aos amigos Márcio dos Reis Duarte, pelo auxílio na condução dos
experimentos e Michael Gomes dos Santos, por ser prova viva da bondade ainda
existente no ser humano.
Aos colegas do curso de pós-graduação e aos funcionários do
Departamento de Fitossanidade pela alegre convivência.
Meu muito obrigado!
i
SUMÁRIO
Página
RESUMO.............................................................................................................
iii
SUMMARY..........................................................................................................
iv
CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.................................................... 1
1 Gênero Heveae........................................................................................................
1
2 Características morfológicas da seringueira.....................................................
2
3 Cultivo da seringueira no Brasil.........................................................................
3
4 Importância e usos da borracha natural............................................................
4
5 Pragas da seringueira...........................................................................................
5
6 Família Tingidae Drake & Ruhoff, 1965............................................................
6
7 Percevejo-de-renda da seringueira.....................................................................
7
8 Métodos de controle de Leptopharsa heveae........................................................
8
9 Referências.............................................................................................................
11
CAPÍTULO 2 – PARASITISMO SOBRE OVOS DE Leptopharsa heveae
(HEMIPTERA: TINGIDAE) EM CLONES DE SERINGUEIRA (Hevea
brasiliensis Müell. Arg.)...............................................................................
19
1 Introdução..............................................................................................................
20
2 Material e métodos geral.....................................................................................
22
3 Ensaio 1 A – Folhas coletadas (período de outubro de 2005 a fevereiro de
2006).................................................................................................................
22
3. 1 Caracterização do talhão.......................................................................
22
3. 2 Fenologia dos clones de seringueira estudados.................................
23
3. 3 Material e métodos.................................................................................
25
4 Ensaio 1 B – Folhas envelopadas (período de outubro de 2005 a fevereiro
de 2006)............................................................................................................
29
5 Resultados e discussão.........................................................................................
31
5. 1 Ensaio 1 A................................................................................................
31
5. 2 Ensaio 1 B.................................................................................................
45
6 Ensaio 2 Folhas coletadas (período de agosto de 2006 a janeiro de
2007).................................................................................................................
47
6. 1 Caracterização dos talhões....................................................................
47
6. 2 Material e métodos.................................................................................
48
6. 3 Resultados e discussão...........................................................................
49
7 Conclusões.............................................................................................................
59
8 Referências.............................................................................................................
60
CAPÍTULO 3 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Erythmelus tingitiphagus
(HYMENOPTERA: MYMARIDAE) EM PLANTIOS DE SERINGUEIRA........
65
ii
1 Introdução..............................................................................................................
66
2 Material e métodos geral.....................................................................................
67
3 Ensaio 1 – Período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006...........................
67
3.1 Caracterização dos talhões.....................................................................
67
3.2 Material e métodos..................................................................................
70
4 Resultados e discussão.........................................................................................
72
5 Ensaio 2 – Período de agosto de 2006 a janeiro de 2007.................................
80
5.1 Caracterização do talhão........................................................................
80
5.2 Material e métodos..................................................................................
80
6 Resultados e discussão.........................................................................................
82
7 Conclusões.............................................................................................................
85
8 Referências.............................................................................................................
86
Capítulo 4
INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA DE SERINGUEIRA
SOBRE A OVIPOSIÇÃO E PARASITISMO DE OVOS DE
Leptopharsa
heveae (HEMIPTERA: TINGIDAE)................................................................
89
1 Introdução..............................................................................................................
90
2 Material e métodos...............................................................................................
91
2.1 Caracterização do talhão........................................................................
91
3 Resultados e Discussão........................................................................................
94
4 Conclusão..............................................................................................................
100
5 Referências.............................................................................................................
101
Capítulo 5 – IMPLICAÇÕES.............................................................................. 103
iii
PARASITISMO DE OVOS DE Leptopharsa heveae DRAKE & POOR, 1935
(HEMIPTERA: TINGIDAE) EM SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis Müell. Arg.) NO
ESTADO DO MATO GROSSO
RESUMO O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de
parasitóides associados à Leptopharsa heveae (Hemiptera: Tingidae) em talhões de
seringueiras de cultivo na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, município
de Itiquira MT (17º22’23’’S, 54º44’23’’W). Foram realizados três ensaios para
determinar a ocorrência, porcentagem de parasitismo e flutuação populacional da praga
e parasitóides em talhões com e sem aplicação de produtos fitossanitários. Também foi
verificada a influência a idade da folha de seringueira na oviposição de L. heveae e na
ocorrência de parasitóides e a distribuição espacial de parasitóides nos lados dos
talhões, em cinco clones de seringueira (RRIM 600, PR 255, PB 217, PB 235 e GT 1).
Nos ensaios realizados eram coletadas folhas maduras (completamente expandidas),
sendo demarcadas as áreas contendo os ovos de L. heveae, do terço inferior da copa
de árvores dos cinco clones estudados. No ensaio correspondente à influência da idade
das folhas, além de folhas maduras, eram coletadas folhas intermediárias (semi-
expandidas e verde-claras) e novas (não expandidas e arroxeadas). Em todos os
ensaios realizados a espécie Erythmelus tingitiphagus (Hymenoptera: Mymaridae) foi a
mais abundante e freqüente. A porcentagem de parasitismo de E. tingitiphagus sobre
ovos de L. heveae variou entre 13,8% no clone PB 235 a 30,8% no RRIM 600 em
condições naturais. Os picos populacionais de L. heveae e de E. tingitiphagus deram-se
nos meses de outubro e novembro nas áreas estudadas. Verificou-se que a distribuição
de E. tingitiphagus ocorreu de maneira eqüitativa nos lados dos talhões, com tendência
a concentrar-se no centro dos mesmos. A oviposição de L. heveae é maior em folhas
maduras em relação às intermediárias e novas.
Palavras-Chave: Controle biológico, Chalcidoidea, heveicultura, parasiide,
percevejo-de-renda
iv
PARASITISM OF Leptopharsa heveae DRAKE & POOR, 1935 (HEMIPTERA:
TINGIDAE) EGGS IN RUBBER TREE (Hevea brasiliensis Müell. Arg.) IN MATO
GROSSO STATE
SUMMARY The objective of this work was to make a survey of parasitoids
associated with Leptopharsa heveae (Hemiptera: Tingidae) in lots of rubber trees
cultivation on the farm of the company “Plantações E. Michelin Ltda.”, municipality
of Itiquira MT (17º2223, 54º4423W). Three experiments were made to
determine the occurrence, percentage of parasitism and population flotation of the
pest and parasitoids in lots with and without application of pesticides. Also the
influence of the age of the rubber tree leaf was verified in the oviposition of L.
heveae and in the parasitoids occurrence and the space distribution of parasitoids
beside the lots, in five rubber tree clones (RRIM 600, PR 255, PB 217, PB 235 and
GT 1). Through the experiments made, ripe leaves were collected (completely
expanded), being demarcated the areas containing L. heveaes eggs, of the inferior
third of the canopies of the five studied clones. In the experiment corresponding to
the influence of the age of the leaves, besides ripe leaves, intermediate leaves
were collected (semi-expanded and light green) and new (unexpanded and purple).
In all experiments made, the species Erythmelus tingitiphagus (Hymenoptera:
Mymaridae) was the most abundant and frequent. The percentage of parasitism of
E. tingitiphagus on eggs of L. heveae varied between 13.8% in the PB 235 clone, to
30.8% in RRIM 600 in natural conditions. L. heveaes and E. tingitiphaguss
population picks happened in the months of October and November in the studied
areas. It was verified that that the distribution of E. tingitiphagus happened in an
equal way in the sides of the lots, with tendency to concentrate in the center of
themselves. The oviposition of L. heveae is larger in ripe leaves related to the
intermediate and new ones.
Keywords: Biological control, Chalcidoidea, heveiculture, parasitoid, lace bug
1
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1 Gênero Hevea
O gênero Hevea pertence à família Euphorbiaceae que compreende outros
gêneros importantes de culturas tropicais, tais como Ricinus (mamona) e Manihot
(mandioca). A classificação atual do gênero Hevea congrega 11 espécies (Hevea
brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) ell. Arg., 1865; Hevea guianensis Aubl., 1775;
Hevea benthamiana Müell. Arg., 1865; Hevea nitida Mart. ex Müell. Arg., 1874; Hevea
rigidifolia (Spruce ex Benth.) Müell. Arg., 1865; Hevea camporum Ducke, 1925; Hevea
spruceana (Benth.) Müell. Arg., 1865; Hevea microphylla Ule, 1905; Hevea camargoana
Pires, 1981; Hevea paludosa Ule, 1905 e Hevea pauciflora (Spruce ex Benth.) Müell.
Arg., 1865) (WATSON & DALLWITZ, 1992), dentre as quais se destaca H. brasiliensis
(GONÇALVES et al., 2002). O gênero Hevea tem como sua área de ocorrência a
Amazônia brasileira, bem como Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador,
Suriname e Guiana. Das 11 espécies do gênero, a originária do Brasil, H. brasiliensis, é
a que tem maior capacidade reprodutiva, a maior variabilidade genética e a maior
produtividade de látex (COSTA, 2001; FRANCISCO et al., 2004).
A espécie H. brasiliensis é uma planta de ciclo perene, de origem tropical,
cultivada e utilizada de modo extrativo, com a finalidade de produção de borracha
natural (CAMPELO JÚNIOR, 2000). A partir da saída de seu habitat, passou a ser
cultivada em grandes monocultivos, principalmente nos países asiáticos. No Brasil, seu
cultivo obteve grande sucesso nas regiões Sudeste, Centro-Oeste, na Bahia e mais
recentemente no oeste do Paraná (MARINHO, 2006). A seringueira é uma planta
semidecídua, heliófita ou esciófita, característica da floresta Amazônica nas margens de
rios e lugares inundáveis da mata de terra firme. Ocorre preferencialmente em solos
argilosos e férteis da beira de rios e várzeas (LORENZI, 2000).
A seringueira é uma espécie arbórea de crescimento rápido, apresentando
grande capacidade de reciclagem de carbono, transformando-o em látex, celulose,
2
madeira etc. A seringueira permanece viva e produtiva por longo tempo (25 a 30 anos),
além de representar mais uma cultura alternativa, permitindo a utilização das áreas
degradadas ou imprestáveis para o cultivo de culturas anuais (IAC, 2004a).
2 Características morfológicas da seringueira
A seringueira é uma árvore de hábito ereto, podendo atingir até 30 metros de
altura total sob condições favoráveis, iniciando aos quatro anos a produção de
sementes dos seis aos sete anos (quando propagada por enxertia) a produção de látex
(IAPAR, 2004).
Seu tronco varia de 30 a 60 cm de diâmetro. A casca é o principal componente
do tronco da H. brasiliensis, responsável pela produção de tex, transporte e
armazenamento de assimilados produzidos na folha. Além dos vasos laticíferos,
encontram-se na casca, próximo ao câmbio, os tubos crivados, as células
parenquimatosas e os raios medulares. Dados da literatura sugerem a existência de
uma relação positiva entre o diâmetro dos tubos crivados e a produção de látex
(ANÍSIO et al., 1998).
O desenvolvimento das raízes da seringueira está diretamente relacionado às
condições físicas ideais do solo, como boa aeração, drenagem e retenção de umidade
adequada, permitindo maior exploração do sistema radicular da planta por volume de
solo (RIBON et al., 2003).
A espécie pertence ao grupo das dicotiledôneas, sendo monóica. As flores são
unissexuadas, pequenas, amarelas e dispostas em racimo. Possui folhas compostas
trifolioladas, longamente pecioladas, com folíolos membranáceos e glabros (IAC,
2004a).
O fruto é uma cápsula grande que geralmente apresenta três sementes. Todas
as espécies são lenhosas arbóreas, em geral, ocorrem de estatura mediana a grande
em floresta alta, com exceção da H. camporum e H. camargoana, que são arvoretas ou
arbustos de campo (IAC, 2004a).
3
As sementes da seringueira são geralmente grandes (2,5 a 4,0 cm),
normalmente pesando de 3,5 a 6,0 gramas, de forma oval, com uma superfície neutral
ligeiramente achatada. O tegumento é duro e brilhante, de cor marrom com numerosos
matizes sobre a superfície dorsal (IAC, 2004a).
3 Cultivo da seringueira no Brasil
A borracha natural, obtida pelo extrativismo teve seu ciclo de exploração no
século XIX até início do século XX, levando a região amazônica a um período de
grande prosperidade econômica. A partir de 1912, esse extrativismo começou a entrar
em decadência, devido, principalmente, a dois fatores: a entrada no mercado
internacional de borracha oriunda dos países asiáticos, onde o cultivo se fazia intensivo,
e o surgimento da doença conhecida como “mal-das-folhas”, causada pelo fungo
Microcyclus ulei (P. Henn.), comum nas regiões quentes e úmidas (MARTINELLI,
2004).
A heveicultura, desde 1970, vem expandindo de forma considerável em área
plantada no Brasil. Esse aumento esteve relacionado a dois fatores: preços altos no
mercado interno e condições ecológicas favoráveis à cultura (BERNARDES, 1992).
Existem mais de 200 mil hectares de terras ocupadas com seringais de cultivo,
distribuídos por várias regiões do país (ABREU, 1996).
Os países asiáticos, Tailândia, Indonésia, Malásia, China e Vietnã, são os mais
importantes produtores mundiais de borracha natural, respondendo por cerca de 90%
do total. Atualmente, o Brasil ocupa o nono lugar na produção mundial, correspondendo
a aproximadamente 1,4% do total (MORCELI, 2003).
Em âmbito nacional, os Estados de São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Espírito
Santo são os principais produtores, sendo São Paulo responsável pela maior parcela da
produção nacional, o que lhe confere a condição de principal produtor de borracha
natural do Brasil. Somente esse Estado possui 14 milhões de hectares aptos à
heveicultura (IAC, 2004b).
4
O aumento de plantios nos Estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Bahia e Goiás deve-se ao fato de estas áreas serem consideradas
como de escape ao “mal-das-folhas”, considerado problema importante nas áreas
tradicionais de cultivo de seringueira. Nesses Estados, a queda das folhas ocorre em
períodos de baixa umidade, desfavorecendo a ação do fungo (ORTOLANI, 1986).
Em seringais recém-implantados, principalmente em pequenas propriedades, o
uso de uma cultura intercalar pode ser uma alternativa para complementar a renda do
produtor. A consorciação com culturas anuais deve ser feita no início do
desenvolvimento do seringal, sendo que qualquer cultura pode ser utilizada nas
entrelinhas da seringueira, desde que não hospedem pragas e doenças que possam
infestar o seringal e a competição entre as duas espécies não prejudique o
desenvolvimento da cultura principal. Dependendo do desenvolvimento do seringal, até
o terceiro ou quarto ano, existem condições de luminosidade nas entrelinhas,
permitindo o cultivo de alguma cultura intercalar (MAY et al., 1999).
Com a utilização de grandes áreas propícias ao cultivo da seringueira em
sistema de monocultura, ocorre um favorecimento à adaptação de insetos que se
tornam problema (ALTIERI, 1994), interferindo na fisiologia da planta e reduzindo a
produção de látex.
4 Importância e usos da borracha natural
A importância da seringueira é devida à qualidade da sua borracha que combina
leveza, elasticidade, termoplasticidade, resistência à abrasão e à corrosão,
impermeabilidade a líquidos e gases, isolamento elétrico, bem como capacidade de
adesão ao tecido e ao aço. Embora a borracha natural, em alguns casos, possa ser
substituída pela borracha sintética, a impossibilidade de se produzir quimicamente um
polímero com as mesmas qualidades do natural, faz com que ela tenha características
únicas, sendo muito consumida (SCHUH & GAYER, 1997; PEREIRA, 1997),
principalmente na confecção de luvas cirúrgicas, preservativos, pneus de automóveis e
5
caminhões. A indústria de pneumáticos consome aproximadamente 80% da borracha
natural produzida (KALIL FILHO et al., 2000). Nesse sentido, a produção de borracha
natural se torna imprescindível na fabricação de uma série de artefatos de suma
importância na vida do homem moderno, em praticamente todos os países, Estados e
municípios.
No contexto mundial, projeções indicam que o consumo crescerá mais que a
produção. BURGER & SMIT (1997) estimam que no ano de 2020 o consumo de
borracha natural será de 9,71 milhões de toneladas para uma produção de 7,06 milhões
de toneladas, e em 2001 houve uma produção mundial de 7,17 milhões de toneladas
para um consumo de 7,33 milhões de toneladas.
5 Pragas da seringueira
Como qualquer outra cultura, a seringueira está sujeita ao ataque de pragas,
principalmente com o aumento da área plantada e a adoção de monocultura em áreas
extensivas. Um número considerável de insetos e ácaros estão associados à
seringueira, embora apenas uma parte deles tenha se destacado como praga, pela
freqüência e níveis de infestação em que ocorrem (ABREU, 1996).
Dentre as principais espécies de ácaros fitófagos encontrados na cultura da
seringueira estão: Oligonychus gossypii (Zacher), Eutetranychus banksi (McGregor),
Tetranychus sp. (Acari, Tetranychidae), Calacarus heveae Feres, Phyllocoptruta
seringueirae Feres, Shevtchenkella petiolula Feres (Acari, Eriophyidae), Brevipalpus
phoenicis (Geijskes) e Tenuipalpus heveae Baker (Acari, Tenuipalpidae) (FAZOLIN &
PEREIRA, 1989; FERES, 1992; FERES, 2000; FERES et al., 2002; BELLINI et al.,
2005).
A espécie maior causadora de danos à heveicultura é C. heveae, encontrada
desde a região amazônica até o Estado de o Paulo, causando sérios problemas às
folhas e, conseqüentemente, provocando a queda prematura das mesmas (FERES,
1992).
6
Os insetos que apresentam importância econômica na heveicultura brasileira,
segundo BASTOS (1981), VENDRAMIM (1986) e GALLO et al. (2002), são as
espécies: Agrotis subterranea (Fabr.), Spodoptera frugiperda (Smith) (Lepidoptera:
Noctuidae), Erinnyis ello (L.), Erinnyis alope (Drury) (Lepidoptera: Sphingidae) e
Premolis semirufa (Walker) (Lepidoptera: Arctiidae); ortópteros: Gryllus assimilis (Fabr.)
(Orthoptera: Gryllidae) e Neocurtila hexadactila (Perty) (Orthoptera: Gryllotalpidae);
cupim: Coptotermes testaceus (L.) (Isoptera: Rhinotermitidae); besouros: Platypus
mattai Brethes (Coleoptera: Platypodidae), Xyleborus confusus Eichhoff, Hipothemes
sp. (Coleoptera: Scotylidae), Malacopterus tenellus (Fabr.) e Achryson surinamum (L.)
(Coleoptera: Cerambycidae); formigas: Atta sexdens L., Atta cephalotes (L.), Atta
laevigata (F. Smith) e Acromyrmex sp. (Hymenoptera: Formicidae); tripes: Actinothrips
bondari Hood, Anactinothrips distinguendus Bagnall e Scirtothrips sp. (Thysanoptera:
Thripidae); hemípteros: Aleurodicus coccois (Curtis) e Aleurodicus pulvinatus (Maskell)
(Hemiptera: Aleyrodidae); cochonilhas: Pinaspis sp., Aspidiotus destructor Sign,
Selenaspidus articulatus (Morgan) (Hemiptera: Diaspididae), Saissetia coffeae
(Bernard), Saissetia oleae (Walker), Parasaissetia nigra (Neitner) (Hemiptera: Coccidae)
e o percevejo Leptopharsa heveae Drake & Poor (Hemiptera: Tingidae).
6 Família Tingidae Drake & Ruhoff, 1965
Em uma lista de organismos associados à seringueira e às plantas de cobertura,
em todo mundo, Brasil (1971), citado por VENDRAMIM (1992), relacionou cerca de 275
espécies de animais. Cerca de 80% desse total, ou seja, 218 espécies pertencem à
classe Insecta e 9,6% são hemípteros.
Nesta ordem de insetos, Leptopharsa Stäl é o gênero que possui o maior número
de espécies dentro da família Tingidae, alcançando um total de 94. Segundo MONTE
(1940), no Brasil ocorre a maioria delas, ou seja, cerca de 54 espécies. Em um estudo
sobre hospedeiros de tingídeos, LIVINGSTONE (1977) afirma que estes insetos são
predominantemente monófagos, ocasionalmente oligófagos e raramente polífagos.
7
Cerca de 33 espécies de plantas foram reportadas tendo somente uma espécie de
tingídeo.
Em diversas culturas do Brasil esses insetos são considerados praga, como em
mandioca na região Nordeste ocorre o gênero Vatiga Drake & Hambleton. No Ceará,
Gargaphia lunulata (Mayr), conhecido como “mosquito do maracujá”, é uma das pragas
mais importantes. No tomate, ocorre Corythaica cyathicollis (Costa, 1864) (GALLO et
al., 2002).
Em outros países como na Colômbia, na cultura do dendê, Gargaphia Stäl têm
causado sérios prejuízos (GENTY et al., 1975). Nos Estados Unidos, a segunda praga
mais importante de azaléia é Stephanitis pyrioides (Scott, 1874) (NEARL JR. &
DOUGLAS, 1988). Na Flórida, HALL (1991) constatou Leptodictya tabida (Herrich-
Schäffer, 1840) em cana-de-açúcar.
7 Percevejo-de-renda da seringueira
Na heveicultura destaca-se o percevejo-de-renda da seringueira, L. heveae
(Hemiptera: Tingidae), como praga desta cultura. Tanto o adulto quanto a ninfa sugam
a seiva das plantas, diminuem sua atividade fotossintética e, conseqüentemente,
debilitam as mesmas (VENDRAMIM, 1992). Como conseqüência, promove a desfolha
fora de época, provocando, assim, o surgimento de brotações precoces que favorecem
o ataque de M. ulei mesmo em áreas de escape (JUNQUEIRA, 1994).
L. heveae foi registrado pela primeira vez em 1935 no município de Boa Vista
RR e Rio Tapajós PA, por Charles H. T. Townsend (DRAKE & POOR, 1935). Este
inseto tornou-se praga dos seringais primeiramente no município de Mosteiro PA, em
1977, onde a infestação ocorreu em viveiros e seringais jovens de cinco anos de idade
(RODRIGUES, 1977). Na região Centro-Oeste, KUFFNER (1986) citou L. heveae como
praga da seringueira e que a infestação no Estado do Mato Grosso, na região de São
José do Rio Claro, ocorreu principalmente nos meses de novembro e dezembro. Na
região Sudeste, no Estado de São Paulo, onde segundo MARTIN & ARRUDA (1993),
8
estão concentradas as maiores regiões produtoras do país, BATISTA FILHO et al.
(1995) observaram a presença deste inseto no município de Buritama SP, nos clones
PR 261 e GT 1.
O percevejo-de-renda ataca as folhas de seringueiras enviveiradas, em plantios
jovens e em plantios produtivos. O adulto é caracterizado pelo aspecto reticulado e
alveolado dos hemiélitros e tórax, cor esbranquiçada, presença de espinhos testáceos,
pernas longas, pronoto reticulado, tricarenado e hemiélitros que se estendem
posteriormente ao abdome (DRAKE & POOR, 1935).
Possui desenvolvimento paurometabólico, e passa por cinco ecdises para atingir
o estádio adulto (MOREIRA, 1986). As posturas são endofíticas, com ovos isolados, na
superfície abaxial das folhas de seringueira, deixando o opérculo exposto (TANZINI,
1996).
Segundo MOREIRA (1986), tanto as formas jovens do percevejo-de-renda
quanto os adultos se localizam na parte inferior das folhas, sugando a seiva e
destruindo o parênquima, dificultando a função clorofiliana da planta, além de produzir
lesões que favorecem a penetração de microrganismos.
O ataque em altas infestações provoca uma redução de 28% no crescimento em
altura e de 44,5% no diâmetro do colo das plantas, em mudas (MOREIRA, 1986) ou
ainda queda na produção de látex em até 30% (TANZINI & LARA, 1998).
Em São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia e Goiás,
regiões de escape do “mal-das-folhas”, o percevejo-de-renda torna-se ainda mais
importante, pois sua ação ocasiona a senescência precoce ou a queda anormal das
folhas. Deste modo, a seringueira renova a folhagem em períodos quentes e úmidos,
favoráveis ao surgimento da doença (JUNQUEIRA et al., 1987).
8 Métodos de controle de Leptopharsa heveae
O controle químico dessa praga tem oferecido resultados satisfatórios, mas o
elevado número de pulverizações requeridas para seu controle e o alto custo destas
9
tem induzido aos produtores a abandonarem os seringais após o esgotamento destes
(JUNQUEIRA et al, 1999). o controle biológico tem sido utilizado através do uso do
fungo Sporothrix insectorum (Hoog & Evans), em diversos locais do Brasil. Em surtos
ocorridos no Centro Nacional de Pesquisas da Seringueira e Dendê em Manaus, foi
utilizado este microrganismo, atingindo o percentual de controle de 93% das ninfas e
76% dos adultos em árvores com copas mais densas (CELESTINO FILHO &
MAGALHÃES, 1986). Entretanto, sua eficiência está diretamente ligada ao clima,
variando de 25,5% a 93,5% do período mais seco ao mais úmido, respectivamente,
apresentando, portanto baixo índice de parasitismo e eficiência em períodos de
umidade relativa baixa (JUNQUEIRA et al., 1988).
Os crisopídeos também figuram entre os inimigos naturais do percevejo-de-
renda. Esses predadores se alimentam de grande variedade de insetos sugadores de
seiva (pulgões, cochonilha e psilídeos), ácaros, tripes, ovos e lagartas de lepidópteros e
pequenos hemípteros (Tingidae) (FREITAS & FERNANDES, 1996). Em Ibitinga, SP,
foram observados diferentes gêneros de crisopídeos na cultura da seringueira, no clone
RRIM 600; sendo eles: Ceraeochrysa Adams, Chrysoperla Steinmann, Nodita Navás,
Chrysopodes Navás e Plesiochrysa Adams (BERGMANN et al., 1993). Foram
observados crisopídeos em seringueira no município de Buritama, SP, relacionados
com surtos do percevejo-de-renda (BATISTA FILHO et al., 1995). Estes insetos foram
observados em seringueira predando tanto ninfas como adultos do tingídeo L. heveae,
em Itiquira, MT (TANZINI, 1997), sendo possível sua utilização para controlar esta
praga em épocas de baixa umidade relativa, contornando, desta maneira, a baixa
eficiência do fungo S. insectorum.
No Brasil, foram observados ovos de tingídeos parasitados por
microimenópteros do gênero Erythmelus Enock, 1909 (Chalcidoidea: Mymaridae).
SOARES (1941) descreveu a espécie Erythmelus tingitiphagus (como Anaphes
tingitiphagus), a partir de exemplares coletados em ovos de Corythaica planaria (Uhler)
e Corythaica monacha (Stäl) (Hemiptera: Tingidae) em cultura de tomate, na região
Centro-Oeste do país, registrando uma taxa de parasitismo superior a 80%. COSTA et
al. (2003) observaram ovos de L. heveae, coletados em folhas do clone PB 235, no
10
município de Pindorama, SP, parasitados pelo microimenóptero E. tingitiphagus,
verificando um parasitismo de 7%.
No entanto, são necessárias mais pesquisas a fim de implementar um futuro
sistema de criação massal e liberação deste inimigo natural em campo. Nesse sentido,
esta pesquisa destinou-se a verificar a ocorrência de parasitóides associados ao
percevejo-de-renda, bem como a taxa de parasitismo, influência da idade da folha na
taxa de parasitismo e distribuição espacial em talhões de seringueira, na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.” – P.E.M., Itiquira, MT.
11
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19
CAPÍTULO 2 PARASITISMO SOBRE OVOS DE Leptopharsa heveae
(HEMIPTERA: TINGIDAE) EM CLONES DE SERINGUEIRA (Hevea brasiliensis
Müell. Arg.)
RESUMO O percevejo-de-renda, Leptopharsa heveae (Drake & Poor, 1935),
ocorre em altas populações em plantios de seringueira, sendo fator limitante para a
extração de látex. Sua ação promove perda de área fotossintetizante, debilitando as
árvores infestadas. O controle desta praga tem sido, principalmente, à base de produtos
fitossanitários, gerando contaminação ambiental. A alternativa para o uso de inseticidas
seria a aplicação de agentes de controle biológico; entretanto, informações acerca dos
inimigos naturais de L. heveae são escassas. Sabe-se que o parasitóide Erythmelus
tingitiphagus (Soares, 1941) (Chalcidoidea: Mymaridae) ocorre parasitando ovos do
percevejo-de-renda. Os objetivos deste estudo foram verificar a ocorrência de E.
tingitiphagus em plantios de clones de seringueira, na fazenda da empresa “Plantações
E. Michelin Ltda.”, município de Itiquira MT, as taxas de parasitismo em cinco clones
de seringueira e as flutuações populacionais da praga e do parasitóide. Foram
coletados semanalmente folíolos de árvores dos clones RRIM 600, PR 255, GT 1, PB
235 e PB 217, durante o período de 2005 a 2007. Observou-se a ocorrência do
parasitóide durante todo o período estudado. A taxa de parasitismo de ovos de L.
heveae hospedados nos diferentes clones variou de 16,7 a 20,6% em área que não
sofreu pulverizações e de 13,8 a 30,8% em áreas que sofreram pulverizações no
período e os picos populacionais do percevejo-de-renda e de E. tingitiphagus deram-se
no final do mês de outubro e início de novembro na região.
Palavras-Chave: Controle biológico, heveicultura, Hymenoptera, parasitismo,
percevejo-de-renda
20
1 Introdução
A seringueira, Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Müell. Arg., da qual é
extraída a borracha natural (látex), é plantada em grandes áreas nos Estados de Mato
Grosso, São Paulo e Bahia. A industrialização da mesma constitui um segmento
importante da economia agrícola e industrial do Brasil (PINO et al., 2000).
A utilização de grandes áreas propícias ao cultivo da seringueira em sistema de
monocultura favorece o surgimento de pragas. Entre os insetos praga que têm causado
danos à cultura da seringueira está o percevejo-de-renda, ou mosca-de-renda,
Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Figura 1). Este tingídeo (Hemiptera) tem sido
relacionado como importante praga da seringueira (MOREIRA, 1986; BATISTA FILHO
et al., 1995), sendo que adultos e ninfas sugam a seiva das folhas, diminuindo sua
atividade fotossintética e, conseqüentemente, reduzindo seu período de vida
(VENDRAMIM, 1992). Como conseqüência, promove a desfolha prematura,
provocando assim, o surgimento de brotações precoces em períodos quentes e úmidos,
favorecendo o ataque do fungo Microcyclus ulei (P. Henn.), causando a doença
conhecida como “mal-das-folhas”, mesmo em áreas de escape (JUNQUEIRA, 1994).
Figura 1. Adulto de Leptopharsa heveae na face abaxial de folíolo de seringueira.
(Crédito da fotografia: Fernando da Silva Fonseca, “Plantações E. Michelin
Ltda.” – P.E.M.).
21
Segundo MOREIRA (1986), a infestação provoca uma redução de 28% no
crescimento e de 44,5% no diâmetro do colo das plantas. A queda da produção de látex
pode atingir 30% (TANZINI & LARA, 1998). A densidade populacional de ninfas de L.
heveae aumenta com o incremento da temperatura ambiental e, na faixa de 20-30 °C
há diminuição da duração do ciclo biológico da praga (CIVIDANES et al., 2004a).
O controle biológico está dentre as opções de controle de pragas disponíveis em
um manejo integrado de pragas (MIP), utilizando o emprego de agentes biológicos para
o controle de pragas, como: predadores, parasitóides, fungos entomopatogênicos etc.
O fungo entomopatogênico Sporothrix insectorum (Hoog & Evans) tem sido utilizado
para controlar surtos populacionais de L. heveae em diversos locais do Brasil
(CELESTINO FILHO & MAGALHÃES, 1986; TANZINI, 2002); entretanto, o controle
químico ainda tem grande participação. Existe a limitação de uso deste agente somente
em períodos onde o ambiente tem alta umidade, apresentando baixo índice de
parasitismo e eficiência em períodos de umidade relativa baixa (JUNQUEIRA &
FELDMANN, 1988; SCOMPARIN, 2000).
Os crisopídeos são considerados eficientes predadores, sendo que
SCOMPARIN (1997) observou alta capacidade de predação por larvas de
Ceraeochrysa cincta (Schneider, 1851) (Neuroptera: Chrysopidae), que se alimentaram
tanto de ninfas quanto de adultos de L. heveae. Com relação aos parasitóides, COSTA
et al. (2003) observaram que 7% dos ovos coletados em folhas de seringueira do clone
PB 235, estavam parasitados pelo microimenóptero Erythmelus tingitiphagus (Soares,
1941), em Pindorama, SP. Este parasitóide, descrito originalmente por SOARES
(1941), ocorre no Brasil, Venezuela e Argentina, e está associado aos tingídeos das
seguintes espécies: Corythaica cyathicollis (Costa), C. monacha (Stäl), Gargaphia
lunulata (Mayr), Leptodictya tabida (Herrich-Schaeffer) e L. heveae Drake & Poor
(Hemiptera: Tingidae) (TRIAPITSYN, 2003).
Entretanto, são escassos estudos sobre os inimigos naturais de L. heveae no
Brasil. Nesse sentido este trabalho objetivou verificar a ocorrência de parasitóides de L.
heveae, taxa de parasitismo e flutuação populacional do percevejo-de-renda e
22
parasitóides, em cinco clones de seringueira na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
.
2 Material e métodos geral
O levantamento qualitativo e quantitativo da ocorrência de parasitóides de L.
heveae foi realizado em dois anos consecutivos, durante os períodos de ocorrência da
praga, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.” – P.E.M., Itiquira, MT.
Foram realizados dois ensaios no período de outubro de 2005 a fevereiro de
2006, em cinco clones de seringueira (RRIM 600, PR 255, PB 235, PB 217 e GT 1) em
um plantio policlonal e, no período de agosto de 2006 a janeiro de 2007 foi repetido um
dos ensaios, em plantios comerciais nos mesmos clones de seringueira estudados no
primeiro ensaio. Nos Ensaios 1 A e 2, foram coletadas folhas maduras (completamente
expandidas), com sintomas de ataque de L. heveae, para verificação da emergência de
parasitóides de ovos de L. heveae. No Ensaio 1 B, folíolos eram envelopados em
campo, para verificar possíveis ocorrências de parasitóides de ninfas e/ou adultos do
percevejo-de-renda.
3 Ensaio 1 A Folhas Coletadas (período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006)
3.1 Caracterização do talhão
Quadra 211 A Talhão policlonal contendo os clones RRIM 600, PB 235,
PB 217, PR 255 e GT 1, cultivados em regime tradicional de monocultivo, com árvores
de 22 anos de idade, altura média de 11 a 13 m e espaçamento de 2,5 x 8 m. A parcela
estudada ocupa área de aproximadamente 1,2 ha e as árvores não receberam nenhum
tipo de tratamento fitossanitário contra o percevejo-de-renda desde 14 de dezembro de
2002.
23
3.2 Fenologia dos clones de seringueira estudados
RRIM 600 Árvores altas, com tronco ereto, regular e de rápido crescimento
quando jovem. Copa com alta densidade de galhos, com ramos aparecendo
tardiamente e formando grossas bifurcações que acarretam grande peso para a base
das plantas e, em caso de problemas de vento, pode haver quebra, provocando o
aparecimento de clareiras no seringal. O período de desfolhamento é tardio e
homogêneo. A floração é média a fraca, e se encontra presente desde plantas jovens.
Os frutos possuem bom poder germinativo. É um clone suscetível a doenças de folhas
(FONSECA, F. S. 2007, “Plantações E. Michelin, Ltda.”, comunicação pessoal).
PB 235 Árvores possuem caules muito retos, regulares, e boa
compatibilidade com relação ao enxerto e porta-enxerto. Quando jovem, possui, na
base, muitos galhos pequenos, dispostos horizontalmente. As árvores adultas revelam
uma formação de galhos bastante homogênea, mas entre os seis e os dez anos, ocorre
um desbaste natural, proporcionando o aparecimento de novos ramos mestres situados
muito altos e com ângulo bem definido. As folhas são de coloração verde bem
acentuada. O PB 235 caracteriza-se principalmente por entrar em produção muito
rápido, favorecido por sua grande homogeneidade. Os caracteres secundários, de
modo geral, são bons, executando-se a seca do painel, problema que se tornou de
grande importância na Costa do Marfim (FONSECA, F. S. 2007, “Plantações E.
Michelin, Ltda.”, comunicação pessoal).
PB 217 Tronco ereto e regular, porém o entroncamento é baixo. Apresenta
numerosos pequenos galhos e possui a arquitetura da copa bem aberta. O período de
desfolhamento é tardio e homogêneo. A floração é abundante. Os frutos são pequenos
(2 a 3 cm) e com alto poder germinativo, porém a taxa de fecundação é baixa,
reduzindo a produção de frutos. É sensível ao vento e ao “corte seco”. Também é
suscetível a doenças de folhas. Possui metabolismo intermediário com altos teores de
24
sacarose. Responde bem a sangria quando estimulado (FONSECA, F. S. 2007,
“Plantações E. Michelin, Ltda.”, comunicação pessoal).
PR 255 – Tronco ereto e ligeiramente oval. Apresenta numerosos galhos
laterais. O período de desfolhamento é intermediário e homogêneo. É sensível ao vento
e corte seco. Também é suscetível a doenças de folhas. Possui metabolismo
intermediário com fracos teores de sacarose, portanto, implica-se em utilizar a
estimulação com muita moderação (FONSECA, F. S. 2007, “Plantações E. Michelin,
Ltda.”, comunicação pessoal).
GT 1 Árvores de caule vertical, podendo apresentar irregularidades, tais
como estrias na região do enxerto. A abertura da copa é bastante tardia e de hábito
variável, pois algumas árvores não apresentam galhos líderes, enquanto outras
possuem vários. As árvores jovens são altas e tendem a entortar quando a formação
dos galhos é tardia. As folhas, durante o período de imaturidade, são grandes, verde-
escuras e brilhantes, e menores quando a árvore atinge a fase adulta. A produção tem
um pequeno declínio durante a senescência. Apresenta caracteres secundários
desejáveis, pois a resistência à quebra pelo vento é de dia para boa e a ocorrência
de seca do painel, é pouco notada, salvo quando submetido à sangria intensiva. Esse
clone demonstra uma tendência de aumentar a produção de tex com o passar do
tempo. O látex é branco e adequado para todos os processos de produtos
manufaturados (FONSECA, F. S. 2007, “Plantações E. Michelin, Ltda.”, comunicação
pessoal).
25
3.3 Material e métodos
O estudo foi conduzido entre outubro de 2005 a fevereiro de 2006 na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.” – P.E.M., município de Itiquira, MT (17º22’23’’S,
54º44’23”W).
Semanalmente eram coletadas folhas maduras (completamente expandidas) em
árvores dos clones RRIM 600, PB 235, PB 217, PR 255 e GT 1, totalizando 18 coletas
no período. Foram coletadas três folhas maduras, do terço inferior da copa e em cinco
árvores, que apresentavam sintomas de ataque de L. heveae (Figura 2), totalizando 15
folhas por clone. As folhas foram colocadas em sacos de papel identificados e levadas
ao laboratório.
Segundo CIVIDANES et al. (2004b), a distribuição de ninfas e adultos de L.
heveae nas folhas de seringueira dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
No laboratório, um folíolo de cada folha era selecionado aleatoriamente,
totalizando 15 folíolos por clone. Estes foram submetidos à lavagem, com suaves
pinceladas, em solução de hipoclorito de sódio (1,5%) durante dois minutos, para
remoção de impurezas e ovos de outros insetos que pudessem se encontrar na
superfície dos folíolos (Figura 3). Após, foram enxaguados em água destilada por dois
minutos e mantidos em papel absorvente até a secagem. A seguir, cada folíolo foi
examinado sob microscópio estereoscópico, sendo as áreas contendo os ovos de L.
heveae delimitadas com caneta de retroprojetor (Figura 4 A, B e C), determinando o
número de ovos íntegros para cada folíolo, seguindo a metodologia adaptada do
trabalho de COSTA et al. (2003).
26
Figura 2. Folha de seringueira com sintomas de ataque de Leptopharsa heveae
(Hemiptera: Tingidae).
Figura 3. Procedimento de limpeza e desinfecção dos folíolos: A. Lavagem em solução
de hipoclorito de sódio (1,5%) e B. Enxágüe em água destilada.
27
Figura 4. A. Área contendo ovos de Leptopharsa heveae, na superfície abaxial de
folíolo de seringueira, delimitada com auxílio de caneta de retroprojetor; B.
Aspecto externo de um ovo endofítico de L. heveae parasitado; C. Aspecto
externo de um ovo endofítico de L. heveae não parasitado.
Os pecíolos de cada folíolo foram inseridos em tubos plásticos (ponteiras de
pipeta soldadas na extremidade) contendo água destilada, tendo sua abertura lacrada
com Parafilm M
®
para evitar o escoamento da mesma (Figura 5).
Figura 5. Folíolo de seringueira com pecíolo no interior de tubo plástico contendo água
destilada e lacrado com Parafilm M
®
.
28
Esse material (tubos + folíolos) foi colocado em sacos plásticos (12 x 30 cm)
identificados, enchidos com um compressor de ar e selados com auxílio de uma
seladora elétrica (Figura 6). Os sacos foram transferidos para sala climatizada a
25 ± 1 ºC e fotofase de 12 horas e pendurados em varais, com auxílio de prendedores.
A avaliação procedeu-se cinco dias após a coleta, observando-se os saquinhos e
folíolos sob microscópio estereoscópico, verificando a presença dos parasitóides. Com
auxílio de um instrumento pontiagudo, os ovos foram dissecados a procura daqueles
não-emergidos. A porcentagem de parasitismo foi obtida dividindo-se número total de
indivíduos coletados (inclusive os não-emergidos), pelo número total de ovos e
multiplicando o valor por 100.
Os dados meteorológicos foram coletados pela “Estação Meteorológica da
Plantações E. Michelin Ltda.” (17º37’24’’S, 54º73’87”W).
Figura 6. Procedimento de montagem dos ensaios: A. Tubo plástico + folíolo no interior
de saco plástico identificado; B. Compressor de ar; C. Seladora elétrica.
O índice de parasitismo (IP), proposto neste trabalho, foi calculado através do
coeficiente obtido pela aplicação da seguinte fórmula:
29
IP = (Pc/Pt) x No, onde Pc = número de parasitóides obtidos para cada clone;
Pt = número total de parasitóides (em todos os clones);
No = número de ovos observados em cada clone.
Este índice foi proposto com a finalidade de demonstrar diferenças encontradas
entre os clones estudados, dada pelo número de ovos de L. heveae observados em
cada clone, o que não é verificado pela porcentagem de parasitismo, que não leva em
consideração este fato.
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
(EMBRAPA – RR) para identificação.
4 Ensaio 1 B Folhas envelopadas em campo (período de outubro de 2005 a
fevereiro de 2006)
O estudo foi conduzido entre setembro de 2005 a janeiro de 2006 na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, município de Itiquira, MT (17º22’23’’S,
54º44’23”W) com o objetivo de verificar a presença de parasitóides de ninfas e/ou
adultos de L. heveae nos clones de seringueira: RRIM 600, PR 255, PB 235, PB 217 e
GT 1.
Foram realizadas oito coletas quinzenais no período, sendo fixados envelopes de
plástico e tecido “voil” (30 x 40 cm), com o lado plástico voltado para cima e com
abertura lacrada com velcro (Figura 7), em folhas de árvores dos cinco clones
estudados, localizados na Quadra 211 A (talhão policlonal). Este talhão não sofre
aplicação de produtos fitossanitários contra o percevejo-de-renda desde 14 de
dezembro de 2002.
Eram fixados 20 envelopes em cada clone, sendo colocado um envelope por
folha contendo ninfas e adultos de L. heveae, no estrato correspondente ao terço
inferior da copa, em diferentes árvores (Figura 8).
30
Figura 7. Envelope confeccionado com plástico, tecido “voil” e velcro.
Figura 8. Folhas de Hevea brasiliensis envelopadas em campo.
31
Segundo CIVIDANES et al. (2004b), a distribuição de ninfas e adultos de L.
heveae nas folhas de seringueira dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
Após 15 dias, os envelopes contendo as folhas em seu interior eram retirados
com auxílio de uma tesoura de poda e levados ao laboratório para avaliação da
presença e quantificação dos parasitóides.
No laboratório os envelopes eram abertos, sendo as folhas observadas com
auxílio de microscópio estereoscópico. Após, os envelopes também eram observados
para avaliação da presença dos parasitóides de ovos, ninfas e/ou adultos de L. heveae.
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
EMBRAPA – RR) para identificação.
5 Resultados e discussão
5.1 Ensaio 1 A Folhas coletadas (período de outubro de 2005 a fevereiro de
2006)
Foi avaliado um total de 1.350 folíolos em todos os clones de seringueira
estudados, sendo contabilizado um total de 10.558 ovos de L. heveae e 1.986
parasitóides da espécie E. tingitiphagus. A taxa média de parasitismo nos ovos
encontrados nos folíolos das árvores nos diferentes clones foi de 18,8%, variando entre
20,6% no clone RRIM 600 e 18,6% no PB 235 (Tabela 1). Apesar das porcentagens de
parasitismo nos clones PB 217 (18,7%) e PB 235 (18,6%) serem próximas, o índice de
parasitismo foi muito superior no clone PB 217 (460,5) em relação ao PB 235 (154,5)
(Tabela 1). Como este índice leva em consideração o número de ovos por clone, o
número total de parasitóides (em todos os clones) e o número de parasitóides por
32
clone, demonstra que no clone PB 217 houve um número superior de ovos e de E.
tingitiphagus, em relação ao clone PB 235.
O número de ovos de L. heveae por folíolo diminuiu sensivelmente desde o início
das amostragens, do mês de outubro até fevereiro, independentemente do clone de
seringueira estudado (Figura 9). O aumento do número de parasitóides e as condições
climáticas provavelmente contribuíram para esta queda na população de L. heveae.
Tabela 1. Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus e ovos de Leptopharsa
heveae em folíolos dos clones de seringueira PR 255, RRIM 600, GT 1, PB
217 e PB235, taxa e índice de parasitismo no período de agosto de 2005 a
fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”,
Itiquira, MT.
CLONES N° de Ovos N° de E. tingitiphagus % Parasitismo Índice de parasitismo (IP)
PR 255 2.388 459 19,2 551,9
RRIM 600
2.344 483 20,6 570,1
GT 1 2.333 391 16,8 459,3
PB 217 2.209 414 18,7 460,5
PB 235 1.284 239 18,6 154,5
TOTAL 10.558 1.986 Média = 18,8
As médias máximas de ovos por folíolo foram de 25,6, 23,5, 22,2, 19,6 e 17,9
para os clones PB 217, GT 1, RRIM 600, PR 255 e PB 235, respectivamente
(Tabela 2). O clone que apresentou menor número médio de ovos por folíolo foi o PB
235 e aquele com maior número foi PR 255 (Figura 9; Tabela 2). Características de
resistência e susceptibilidade dos clones ao ataque de L. heveae provavelmente estão
envolvidos nestes resultados.
LARA & TANZINI (1997) observaram uma não-preferência por oviposição de L.
heveae para os clones FX 4037, RO 38, RO 46 e preferência para os clones GT 1 e
IAN 873. Neste sentido, provavelmente, o clone PB 235 possa possuir algum
mecanismo de defesa (químico e/ou físico) ao ataque de L. heveae, que o levou a
apresentar um menor número de ovos por folíolo em relação aos demais clones
estudados.
33
Figura 9. Número médio mensal de ovos de Leptopharsa heveae por folíolo de
seringueira, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, para cinco
clones de seringueira, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”,
Itiquira, MT.
O clone PB 235 foi o que apresentou o menor número de ovos (85,4), entretanto
a porcentagem de parasitismo foi próxima ao clone PB 217, que apresentou número
superior de ovos (147,2) (Tabela 2). O índice de parasitismo, para o período, foi de
570,1 (RRIM 600), 551,9 (PR 255), 460,5 (PB 217), 459,3 (GT 1) e 154,5 (PB 235)
(Tabela 1). Observa-se que, em geral, as médias mais altas de ovos de L. heveae e de
E. tingitiphagus concentraram-se nos meses de outubro e novembro (Figura 6;
Tabela 2).
0
2
4
6
8
10
12
14
16
outubro novembro dezembro janeiro fevereiro
Número médio de ovos
RRIM 600
GT 1
PR 255
PB 235
PB 217
34
Tabela 2. Número médio EP) de ovos de Leptopharsa heveae e espécimes de Erythmelus tingitiphagus, no
período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, para os clones de seringueira RRIM 600, GT 1, PR 255,
PB 235 e PB 217, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
RRIM 600 GT 1 PR 255 PB 235 PB 217
Datas
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
08/10/05 22,2 ± 3,1 5,1 ± 1,3 10,1 ± 1,5 1,7 ± 0,4 9,5 ± 2,3 2,6 ± 0,7 3,8 ±
0,5 1,2 ± 0,3 6,9 ± 1,4 2,3 ± 0,6
19/10/05 9,9 ± 1,3 3,5 ± 0,9 17,5 ± 3,0 3,3 ± 0,8 10,5 ± 2,3 3,3 ± 0,8 6,1 ±
1,3 2,5 ± 0,6 22,4 ± 7,1 4,6 ± 1,2
26/10/05 4,9 ± 0,7 0,5 ± 0,1 17,7 ± 1,3 2,5 ± 0,6 12,3 ± 2,7 2,5 ± 0,6 7,6 ±
1,3 0,7 ± 0,2 5,9 ± 1,1 0,9 ± 0,2
02/11/05 19,7 ± 2,6 0,7 ± 0,2 23,5 ± 3,8 3,1 ± 0,8 19,6 ± 3,6 2,8 ± 0,7 11,1 ±
1,7 1,5 ± 0,4 2,9 ± 0,8 0,3 ± 0,1
09/11/05 11,6 ± 3,0 4,2 ± 1,1 4,5 ± 0,6 1,3 ± 0,3 9,1 ± 1,4 3,7 ± 1,0 6,3 ±
1,1 1,4 ± 0,4 5,3 ± 0,7 0,8 ± 0,2
16/11/05 16,1 ± 3,4 5,5 ± 1,4 11,3 ± 2,5 2,9 ± 0,7 12,5 ± 1,9 3,7 ± 1,0 17,9 ±
4,1 4,6 ± 1,2 20,1 ± 4,2 5,6 ± 1,4
23/11/05 12,0 ± 2,0 2,6 ± 0,7 10,9 ± 1,5 3,7 ± 1,0 18,3 ± 2,4 3,3 ± 0,8 7,3 ±
1,5 0,7 ± 0,2 16,4 ± 1,6 4,9 ± 1,3
30/11/05 6,8 ± 0,9 1,4 ± 0,4 7,9 ± 1,6 0,9 ± 0,2 14,6 ± 1,6 2,1 ± 0,5 3,3 ±
0,7 0,5 ± 0,1 25,6 ± 2,2 2,8 ± 0,7
07/12/05 4,5 ± 0,6 0,8 ± 0,2 12,5 ± 1,0 2,7 ± 0,7 3,7 ± 0,8 0,1 ± 0,0 10,5 ±
2,2 1,5 ± 0,4 8,9 ± 1,6 1,1 ± 0,3
14/12/05 10,5 ± 1,2 1,1 ± 0,3 5,7 ± 1,0 0,7 ± 0,2 10,6 ± 1,6 2,2 ± 0,6 3,5 ±
1,1 0,4 ± 0,1 7,9 ± 1,8 0,9 ± 0,2
21/12/05 3,0 ± 0,7 0,6 ± 0,1 6,5 ± 1,0 0,7 ± 0,2 3,0 ± 0,4 0,4 ± 0,1 2,1 ±
0,4 0,2 ± 0,0 3,3 ± 1,4 0,2 ± 0,0
28/12/05 9,4 ± 1,6 3,7 ± 0,9 5,1 ± 1,0 07 ± 0,2 1,7 ± 0,8 0,2 ± 0,0 0,8 ±
0,3 0,1 ± 0,0 5,5 ± 0,8 0,9 ± 0,2
04/01/06 4,7 ± 1,0 0,9 ± 0,2 4,7 ± 0,8 0,5 ± 0,1 8,0 ± 1,4 1,6 ± 0,4 2,1 ±
0,7 0,3 ± 0,1 4,3 ± 0,8 0,7 ± 0,2
11/01/06 13,6 ± 2,8 0,9 ± 0,2 4,3 ± 1,1 0,6 ± 0,1 5,9 ± 1,2 0,4 ± 0,1 1,5 ±
0,5 0,4 ± 0,1 1,5 ± 0,3 0,1 ± 0,0
18/01/06 1,1 ± 0,6 0,3 ± 0,1 6,9 ± 1,3 0,2 ± 0,0 3,9 ± 0,7 0,5 ± 0,1 0,3 ±
0,2 0,0 ± 0,0 3,9 ± 1,0 0,8 ± 0,2
25/01/06 4,7 ± 0,8 0,5 ± 0,1 5,3 ± 0,8 0,3 ± 0,1 8,6 ± 1,9 0,7 ± 0,2 0,7 ±
0,2 0,1 ± 0,0 2,4 ± 0,7 0,4 ± 0,1
01/02/06 1,1 ± 0,3 0,0 ± 0,0 1,0 ± 0,4 0,0 ± 0,0 5,5 ± 0,9 0,4 ± 0,1 0,2 ±
0,1 0,0 ± 0,0 2,7 ± 0,6 0,2 ± 0,0
08/02/06 0,2 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,3 ± 0,1 0,1 ± 0,0 1,9 ± 0,5 0,1 ± 0,0 0,3 ±
0,1 0,0 ± 0,0 1,3 ± 0,5 0,1 ± 0,0
Médias
156 32,3 155,7 25,9 159,2 30,6 85,4 16,1 147,2 27,6
Médias
Totais
8,7 1,8 8,6 1,4 8,8 1,7 4,7 0,1 8,2 1,5
35
Foram encontradas quatro espécies de parasitóides de ovos no período
estudado. Três espécies foram identificadas até nível específico, E. tingitiphagus
(Figura 10), Schizophragma bicolor (Dozier, 1932) (Chalcidoidea: Mymaridae) (Figura
11) e Epoligosita mexicana Viggiani, 1988 (Chalcidoidea: Trichogrammatidae) (Figura
12) e uma até nível genérico, Encarsia sp..
Diagnose de E. tingitiphagus: microimenóptero de dimensões, de dimensões
extremamente pequenas, pertencente à superfamília Chalcidoidea, família Mymaridae.
O macho mede aproximadamente quatro décimos de milímetro (0,44 mm) e a fêmea
(0,51 mm). A fêmea possui antena do tipo genículo clavada, com nove segmentos.
Escapo, pedicelo e os cinco segmentos seguintes amarelados, terminando por um
segmento maior e uma clava, ligeiramente fuliginosos. Olhos vermelhos e três ocelos
presentes. Pronto e tórax amarelo-pardacentos. Escutelo conspícuo, grande,
aparentemente ligado ao mesonoto, de coloração pardacenta. Fêmures, tíbias e tarsos
de quatro segmentos, amarelados. Abdômen com oito segmentos, apresentando
coloração amarelada na parte anterior e pardacenta na posterior, abrangendo os
últimos segmentos, isto é, aproximadamente a metade do abdômen. Asas anteriores
translúcidas e bem franjadas, com cerdas longas na base anal. Nervuras marginal e
estigmática visíveis, esta espiniforme, com quatro cerdas três grandes e uma menor no
ápice. Sensílios visíveis. As asas do segundo par são estreitas, pecioladas, diáfanas e
menos franjadas, muito distintas do primeiro, pela sua constituição extremamente
afilada. Ovipositor com estiletes escuros, visíveis e destacados do abdômen (Figura 10)
(SOARES, 1941).
E. tingitiphagus foi a espécie mais freqüente e abundante em todos os clones de
seringueira estudados (Tabela 3), o que não ocorreu com as demais espécies que
ocorreram em baixa freqüência. No clone RRIM 600 ocorreram E. tingitiphagus e um
exemplar de S. bicolor; no GT 1, E. tingitiphagus e um exemplar de Encarsia sp.; no PR
255, E. tingitiphagus e um exemplar de E. mexicana; no PB 217, E. tingitiphagus e um
exemplar de E. mexicana e no PB 235 somente E. tingitiphagus. Nota-se pela Tabela 3,
que os maiores números de indivíduos de E. tingitiphagus foram observados nos meses
de outubro e novembro.
36
Figura 10. Fêmea adulta de Erythmelus tingitiphagus (Chalcidoidea: Mymaridae).
A espécie S. bicolor tem sua distribuição relatada nos países: Costa Rica,
Guatemala, Haiti, Hawaii, México, Porto Rico, Trinidad & Tobago e Estados Unidos
(ALYOKHIN et al., 2001; YANG et al., 2002), sendo o primeiro relato desta espécie no
Brasil. A espécie está associada aos hospedeiros primários Empoasca fabalis DeLong
e Sophonia rufofasciata (Kuoh & Kuoh) (Hemiptera: Cicadellidae), provavelmente sendo
contaminante do material, que algumas ninfas de cicadelídeos foram encontradas
nas análises dos sacos sob microscópio estereoscópico.
A espécie E. mexicana tem sua distribuição relatada nos países: México e
Estados Unidos (Arizona) (PINTO & VIGGIANI, 1988; DE SANTIS & FIDALGO, 1994),
sendo o primeiro relato desta espécie no Brasil. A espécie está associada aos
hospedeiros primários Dikrella cockerelli (Gillete) e Erythroneura ziczac Walsh
(Hemiptera: Cicadellidae). A espécie E. duliniae Livingstone & Yacoob, que ocorre na
Índia está associada ao tingídeo Dulinius conchatus Distant (Hemiptera: Tingidae)
(LIVINGSTONE & YACOOB, 1983). Dessa forma, há dentro do gênero Epoligosita, pelo
menos uma espécie que parasita Tingidae. Assim sendo, E. mexicana, também pode
estar associada a L. heveae.
37
Figura 11. Fêmea adulta de Schizophragma bicolor (Chalcidoidea: Mymaridae).
Figura 12. Fêmea adulta de Epoligosita mexicana (Chalcidoidea: Trichogrammatidae).
(Crédito da fotografia: Profa. Dra. Ranyse B. Querino da Silva EMBRAPA
RR)).
38
Tabela 3. Número total de espécimes de Erythmelus tingitiphagus coletados, por data e
por clone de seringueira, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006,
na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
A porcentagem de ocorrência de E. tingitiphagus variou entre 24,3% no clone
RRIM 600 e 12% no PB 235 (Figura 13). Provavelmente, isto se deva ao fato de o
número de ovos de L. heveae ser menor no clone PB 235 em relação aos demais,
tornando a disponibilidade de hospedeiros menor neste clone. Substâncias produzidas
pela planta devido às injúrias causadas pelas pragas, também podem atuar como
sinalizadores químicos para parasitóides (THALER, 1999). A arquitetura das árvores
dos clones estudados podem proporcionar condições microclimáticas mais ou menos
favoráveis ao inimigo natural, podendo influenciar na ocorrência do mesmo.
Nectários extraflorais (Figura 14) foram observados em alguns clones de
seringueira, tais como RRIM 600 e PR 255 (GONÇALVES, 2002). Clones que
apresentam estas glândulas podem proporcionar uma fonte alimentar extra para adultos
de E. tingitiphagus, sendo, provavelmente, um dos fatores que influenciaram a maior
ocorrência desta espécie nestes dois clones, em relação aos demais clones estudados.
CLONES
DATAS
RRIM 600 GT 1 PR 255 PB 235
PB 217
08/10/05
76 26 39 18 34
19/10/05
52 49 49 37 69
26/10/05
7 37 37 10 13
02/11/05
10 47 42 22 4
09/11/05
63 20 56 21 12
16/11/05
83 43 55 69 84
23/11/05
39 56 49 11 74
30/11/05
21 14 32 7 42
07/12/05
12 41 2 22 17
14/12/05
16 10 33 6 13
21/12/05
9 11 6 3 3
28/12/05
55 11 3 1 14
04/01/06
14 7 24 5 1
11/01/06
13 9 6 6 1
18/01/06
5 3 8 0 12
25/01/06
8 5 11 1 6
01/02/06
0 0 6 0 3
08/02/06
0 2 1 0 2
TOTAL 483 391 459 239 414
39
O número médio de indivíduos de E. tingitiphagus acompanhou a variação do
número médio de ovos de L. heveae por folíolo, apresentando os maiores índices no
mês de novembro para os clones PR 255, PB 217 e PB 235 e mantendo-se
praticamente estáveis no RRIM 600 e GT 1, em relação ao mês anterior (Figura 15).
Figura 13. Porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus tingitiphagus nos
clones de seringueira RRIM 600, GT 1, PR 255, PB 235 e PB 217, no período
de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações
E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Figura 14. Detalhe do exsudado de nectários extraflorais, na junção dos três folíolos,
em uma folha de seringueira.
24,3%
23,1%
20,9%
19,7%
12,0%
RRIM 600
PR 255
PB 217
GT 1
PB 235
40
Figura 15. Número médio mensal de espécimes de Erythmelus tingitiphagus por folíolo
de seringueira, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, para cinco
clones de seringueiras, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin, Ltda.”,
Itiquira, MT.
Provavelmente, este aumento seja devido à maior quantidade de ovos de L.
heveae neste mês, aumentando a disponibilidade de hospedeiros. Observa-se que o
aumento do número de parasitóides é bem menor em relação ao número de ovos em
todos os clones estudados. A idade dos ovos (TAYLOR & STERN, 1971; VAN DUKEN
et al., 1986; LOPES & PARRA, 1991; OLIVEIRA et al., 2003), o potencial biótico da
praga e do parasitóide (CALDAS et al., 1999; VILLAS BÔAS et al., 2002; PRATISSOLI
et al., 2004) e a capacidade de postura (SALVADORI, 1999) de fêmeas de E.
tingitiphagus podem estar relacionados a estes resultados.
O número de parasitóides diminuiu sensivelmente nos meses de dezembro,
janeiro e fevereiro, exceto no clone GT 1, que apresentou o pico de o número de
parasitóides no s de dezembro (Figura 15). Esta queda acompanhou a diminuição
do número médio de ovos de L. heveae neste período.
O mero médio de ovos de L. heveae por folíolo apresentou um aumento no
mês de novembro para os clones RRIM 600, PR 255, PB 235 e PB 217, com exceção
do GT 1, e diminuiu sensivelmente nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, nos
cinco clones estudados (Figura 6). De maneira geral, o aumento do número de ovos de
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
outubro novembro dezembro janeiro fevereiro
Número médio de parasitóides
RRIM 600
GT 1
PR 255
PB 235
PB 217
41
L. heveae e do número de E. tingitiphagus deu-se no início da estação chuvosa na
região (novembro a dezembro), diminuindo afevereiro de 2006 (Figuras: 16 A e B,
17 A e B e 18) nos clones estudados.
A espécie E. tingitiphagus demonstra ser um promissor agente de controle
biológico de L. heveae, podendo ser incluído em programas de manejo desta praga.
Entretanto são necessários estudos referentes à sua capacidade de postura, criação
massal em laboratório e futuras liberações em condições de campo.
42
Figura 16. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para os clones: A. RRIM 600 e B. GT 1, no período
de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações
E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
0
50
100
150
200
250
300
350
out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez dez jan jan jan jan fev
Nº de ovos e parasitóides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura (ºC) e pluviosidade (mm)
Ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez dez jan jan jan jan fev
Nº de ovos e parasitóides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura (ºC) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
43
Figura 17. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para os clones: A. PR 255 e B. PB 235, no período
de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações
E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
0
50
100
150
200
250
300
350
out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez dez jan jan jan jan fev
Nº de ovos e parasitóides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura (ºC) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
0
50
100
150
200
250
300
out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez dez jan jan jan jan
Nº de ovos e parasitóides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura (ºC) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
44
Figura 18. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para o clone PB 217, no período de outubro de
2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin
Ltda.”, Itiquira, MT.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez dez jan jan jan jan fev
Nº de ovos e parasitóides
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Temperatura (ºC) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
45
5.2 Ensaio 1 B Folhas envelopadas em campo (período de setembro de 2005 a
janeiro de 2006)
Foram encontrados insetos das famílias, gêneros e espécies identificados como:
Mymaridae (E. tingitiphagus, S. bicolor, Alaptus sp.), Evaniidae (Semaeomyia sp.),
Encyrtidae (Metaphycus sp.), Trichogrammatidae (E. mexicana), Bethylidae,
Signiphoridae, Ceraphronidae, Scelionidae e Eulophidae, além de dípteros e tripes
(Tabela 4).
Como pode ser observada na Tabela 4, a maioria dos gêneros e famílias
identificados o parasitam hemípteros e tingídeos sendo, provavelmente, parasitóides
de outros insetos e/ou ovos que se encontravam nas folhas, no momento do
envelopamento das mesmas.
A espécie E. tingitiphagus ocorreu em todos os clones estudados, entretanto, o
mesmo não foi verificado para as demais espécies. Foi contabilizado um total de 310
espécimes de E. tingitiphagus, nos cinco clones estudados, sendo 79 no clone RRIM
600, 68 no PB 235, 65 no PB 217, 53 no GT 1, 45 no PR 255 (Tabela 5).
No clone RRIM 600 ocorreram as espécies E. tingitiphagus, S. bicolor, um
exemplar do gênero Metaphycus e um exemplar das famílias Scelionidae e
Signiphoridae; no GT 1, E. tingitiphagus, dois exemplares de E. mexicana e exemplares
das famílias Bethylidae e Eulophidae; no PR 255, E. tingitiphagus, S. bicolor, E.
mexicana, um exemplar pertencente ao gênero Alaptus e um exemplar da família
Ceraphronidae; no PB 217, E. tingitiphagus e E. mexicana e no PB 235, E.
tingitiphagus, E. mexicana e um exemplar do gênero Semaeomyia.
O número de espécies encontradas nas arenas, nos clones estudados, foi
superior ao encontrado em laboratório. Isto seria explicado pelo fato da possibilidade
de, além de parasitóides de ovos, serem capturados parasitóides de ninfas e/ou adultos
nas arenas. Devido ao porte relativamente grande de algumas espécies capturadas
(maiores que 2 mm), descarta-se a sua associação com ovos de L. heveae sendo,
provavelmente associadas a outros insetos presentes nas folhas, no momento em que
foram envelopadas.
46
No entanto, o alto número de parasitóides da espécie E. tingitiphagus
encontrados neste ensaio em relação às demais espécies, indica que provavelmente L.
heveae tem como principal inimigo natural parasitóides de ovos em relação às ninfas
e/ou adultos.
Tabela 4. Famílias, gêneros e espécies de parasitóides capturados nos envelopes, no
período de setembro de 2005 a janeiro de 2006, na fazenda da empresa
“Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Legenda: n.d. = não determinado
Tabela. 5. Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus no período de setembro
de 2005 a janeiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin
Ltda.”, Itiquira, MT.
GÊNERO ESPÉCIE SUPERFAMÍLIA FAMÍLIA HOSPEDEIRO OBSERVAÇÕES
Erythmelus tingitiphagus Chalcidoidea Mymaridae
Leptopharsa
heveae
Parasitóide de ovos
Schizophragma bicolor Chalcidoidea Mymaridae Cicadellidae Parasitóide de ovos
Alaptus sp. Chalcidoidea Mymaridae Psocoptera Parasitóide de Pscoptera
Epoligosita mexicana Chalcidoidea Trichogrammatidae Cidadellidae
A espécie E. duliniae parasita ovos de
uma espécie de tingídeo na Índia
Semaeomyia sp. Evanioidea Evaniidae Blattodea Família toda parasita Blattodea
Signiphora sp. Chalcidoidea Signiphoridae n.d. Não parasita Tingidae
Metaphycus sp. Chalcidoidea Encyrtidae n.d.
Parasita as famílias: Asterolecaniidae,
Coccidae, Diaspididae, Eriococcidae e
Kerriidae
n.d. n.d. Ceraphronoidea Ceraphronidae n.d. Nenhuma
n.d. n.d. Chalcidoidea Eulophidae n.d. Nenhuma
n.d. n.d. Proctotrupoidea Scelionidae n.d. Nenhuma
n.d. n.d. Chrysidoidea Bethylidae n.d. Nenhuma
CLONES
DATAS RRIM 600
GT 1
PR 255
PB 235
PB 217
21/09/05
42 11 1 17 10
06/10/05
19 13 14 17 21
21/10/05
6 26 17 23 9
05/11/05
4 1 5 6 18
20/11/05
8 2 4 2 2
05/12/05
0 0 1 3 1
20/15/05
0 0 2 0 1
04/01/06
0 0 1 0 3
TOTAL 79 53 45 68 65
47
6 Ensaio 2 – Folhas coletadas (período de agosto de 2006 a janeiro de 2007)
6.1 Caracterização dos talhões
Quadra 308 D Clone de seringueira RRIM 600, cultivado em regime
tradicional de monocultivo, com 26 anos de idade, altura média das árvores entre 14 a
16 m e espaçamento de 8 x 2,5 m. Foram realizadas aplicações dos produtos
fitossanitários: Monocrotophós, Monocrotophós + Sporothrix insectorum, Metamidophós
e Methomyl + Paecilomyces sp., no período estudado.
Quadra 408 B Clone de seringueira PB 217, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 24 anos de idade, altura média das árvores entre 14 a 16 m e
espaçamento de 8 x 2,5 m. Foram realizadas aplicações do produto fitossanitário:
Methomyl juntamente com o fungo Paecilomyces sp., no período estudado.
Quadra 407 C Clone de seringueira PR 255, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 24 anos de idade, altura média das árvores entre 14 a 16 m e
espaçamento de 8 x 2,5 m. Foram realizadas aplicações dos produtos fitossanitários:
Monocrotophós + S. insectorum e Methomyl + Paecilomyces sp., no período estudado.
Quadra 412 C – Clone de seringueira GT 1, cultivado em regime tradicional de
monocultivo, com 21 anos de idade, altura média das árvores entre 11 a 13 m e
espaçamento de 8 x 2,5 m. Foram realizadas aplicações dos produtos fitossanitários:
Monocrotophós, Monocrotophós + Paecilomyces sp.; Monocrotophós + S. insectorum,
Metamidophós + Paecilomyces sp. e Methomyl + Paecilomyces sp., no período
estudado.
Quadra 611 B Clone de seringueira PB 235, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 22 anos de idade, altura média das árvores entre 14 a 16 m e
espaçamento de 8 x 2,5 m. Foram realizadas aplicações dos produtos fitossanitários:
48
Monocrotophós, Metamidophós, Metamidophós + Paecilomyces sp. e Methomyl +
Paecilomyces sp., no período estudado.
6.2 Material e Métodos
O estudo foi conduzido entre agosto de 2006 a janeiro de 2007 na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, em cinco talhões comerciais de seringueira,
cultivados em regime tradicional de monocultivo. Foram realizadas 24 coletas semanais
de folhas que apresentavam sintomas de ataque de L. heveae, localizadas no terço
inferior da copa, em cinco árvores dos clones RRIM 600, PB 235, PB 217, PR 255 e
GT 1.
Segundo CIVIDANES et al. (2004b), a distribuição de ninfas e adultos de L.
heveae nas folhas de seringueira dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
De cada árvore foram coletadas 4 folhas, totalizando 20 folhas por clone. As
folhas coletadas foram acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas ao
laboratório, procedendo-se, posteriormente, a mesma metodologia de preparação dos
folíolos e contagem dos ovos íntegros, utilizada no Ensaio 1 e adaptada do trabalho de
COSTA et al. (2003). A avaliação precedeu-se sete dias após a montagem, sendo os
sacos plásticos e folíolos observados sob microscópio estereoscópico, sendo
contabilizados o número de parasitóides (emergidos e não emergidos).
Nesta segunda etapa não foi realizado o envelopamento dos folíolos em campo,
devido aos resultados obtidos na primeira fase no Ensaio 2.
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
EMBRAPA – RR) para identificação.
Os dados meteorológicos foram coletados pela “Estação Meteorológica da
Plantações E. Michelin Ltda.” (17º37’24’’S, 54º73’87”W).
49
6.3 Resultados e Discussão
Foi avaliado um total de 2.400 folíolos em todos os clones de seringueira
estudados, no período compreendido.
Foram encontradas três espécies de parasitóides de ovos, sendo E. tingitiphagus
a espécie mais freqüente. As demais espécies ainda não foram identificadas e
ocorreram em baixa freqüência, como pode ser visualizado na Tabela 5. A espécie E.
tingitiphagus ocorreu em todos os clones, entretanto, o mesmo não foi verificado para
as demais espécies. No clone GT 1 ocorreram E. tingitiphagus e um exemplar de
Eretmocerus sp. (Chalcidoidea: Aphelinidae); no PR 255, E. tingitiphagus e 2
exemplares da sp. 2; no PB 217, E. tingitiphagus e um exemplar de E. mexicana; no
RRIM 600 e PB 235 somente ocorreu E. tingitiphagus (Tabela 5). A alta ocorrência de
E. tingitiphagus pode estar relacionada à sua especificidade de hospedeiros, tendo
como hospedeiros relatados hemípteros restritos à família Tingidae (SOARES, 1941). A
baixa ocorrência das demais espécies pode estar relacionada à competição inter-
específica com E. tingitiphagus e/ou uma maior gama de hospedeiros para as demais
espécies, no caso destas também serem parasitóides de ovos de L. heveae.
Tabela 5. Número total de espécies de parasitóides coletadas no período de agosto de
2006 a janeiro de 2007, para os clones RRIM 600, GT 1, PR 255, PB 235 e
PB 217, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Foi contabilizado um total de 6.717 ovos de L. heveae e 1.664 parasitóides da
espécie E. tingitiphagus. A taxa média de parasitismo, nos ovos encontrados nos
folíolos das plantas nos diferentes clones foi de 24,2%, variando entre 30,8% no clone
RRIM 600 e 13,8% no PB 235 (Tabela 6). O menor índice de parasitismo foi observado
RRIM 600 GT 1 PR 255 PB 235 PB 217
MESES
Nº. de
coletas
E.
tingitiphagus
E.
tingitiphagus
Eretmocerus
sp.
E.
tingitiphagus
E.
mexicana
E.
tingitiphagus
E.
tingitiphagus
E.
mexicana
agosto 4 1 6 0 0 0 3 1 0
setembro 4 22 22 0 29 0 13 19 0
outubro 5 331 82 0 221 1 81 175 0
novembro 4 126 99 0 119 0 68 97 0
dezembro 4 4 24 0 61 0 8 44 1
janeiro 3 2 6 1 0 1 0 0 0
TOTAL 24 486 239 1 430 2 173 336 1
50
em ovos dos folíolos do clone PB 235 (Tabela 6), apresentando um menor número de
posturas de L. heveae em relação aos demais clones. Como discutido anteriormente,
características físicas e/ou químicas deste clone podem estar relacionadas às menores
taxas de oviposição no mesmo.
Tabela 6. Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus e ovos de Leptopharsa
heveae em folíolos dos clones de seringueira PR 255, RRIM 600, GT 1, PB
217 e PB 235, taxa e índice de parasitismo no período de agosto de 2006 a
janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”,
Itiquira, MT.
O número médio de ovos de L. heveae por folíolo aumentou de agosto até
outubro, atingindo os maiores valores neste s, para os clones RRIM 600, PR 255 e
PB 217, decrescendo nos meses de novembro, dezembro e janeiro,
independentemente do clone de seringueira estudado (Figura 19). As condições
climáticas, o aumento no número de parasitóides e a aplicação dos produtos
fitossanitários nas áreas podem ter contribuído para este decréscimo populacional da
população de L. heveae.
As médias máximas de ovos por folíolo foram de 8,7, 5,7, 4,57, 4,1 e 3,6 para os
clones RRIM 600, PR 255, PB 217, GT 1 e PB 235 (Figura 13), respectivamente, sendo
inferiores aos valores encontrados para os mesmos clones em área que não sofre
pulverização, no Ensaio 1. Entretanto, a média da porcentagem de parasitismo de
24,2% foi superior à observada no talhão policlonal (18,8%) (Ensaio 1 A), que não
recebe tratamento fitossanitário contra o percevejo-de-renda desde dezembro de 2002.
Algumas hipóteses podem ser levantadas a respeito desta constatação: (1) Os produtos
fitossanitários aplicados na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, no
período do estudo, foram seletivos ao parasitóide E. tingitiphagus; (2) O método de
CLONES Nº de Ovos N° de E. tingitiphagus % Parasitismo Índice de parasitismo (IP)
RRIM 600 1576 486 30,8 460
PR 255 1571 430 27,4 405
PB 217 1247 336 26,9 252
GT 1 1071 239 22,3 154
PB 235 1252 173 13,8 130
TOTAL 6.717 1.664 Média = 24,2
51
aplicação dos produtos fitossanitários (aplicação no foco da infestação do percevejo-de-
renda e não na área total do talhão), mantém a população de E. tingitiphagus na área,
permitindo uma rápida re-colonização da mesma; (3) Os produtos fitossanitários não
matam os ovos de L. heveae, portanto, os ovos parasitados por E. tingitiphagus manter-
se-iam viáveis, emergindo novos parasitóides adultos e mantendo a população destes
estáveis na área; (4) Os produtos fitossanitários utilizados possuem um período residual
curto. Caso sejam validadas estas hipóteses, evidencia-se a utilização futura deste
parasitóide, juntamente com outras táticas, num programa de manejo integrado do
percevejo-de-renda.
Figura 19. Número médio mensal de ovos de Leptopharsa heveae por folíolo de
seringueira, no período de agosto de 2006 a janeiro de 2007, em cinco clones
de seringueira, na empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
O número médio de E. tingitiphagus por folíolo também acompanhou o aumento
do número de ovos de L. heveae no período, aumentando de agosto até outubro e
atingindo as maiores médias neste mês para os clones RRIM 600, PR 255 e PB 217,
diminuindo sensivelmente de novembro a janeiro (Tabela 7, Figura 18). As médias
máximas de E. tingitiphagus por folíolo foram de 3,3, 2,2, 1,7, 1,2 e 0,8 para os clones
RRIM 600, PR 255, PB 217, GT 1 e PB 235 respectivamente (Figura 20). A maior
disponibilidade de hospedeiros (ovos) no mês de outubro pode ter sido o principal fator
das maiores médias de E. tingitiphagus por folíolo, observadas neste período.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro
Número médio de ovos/folíolo
PB 217
PR 255
RRIM 600
PB 235
GT 1
52
De maneira geral, o aumento do número de ovos de L. heveae e do número de
E. tingitiphagus deu-se no início da estação chuvosa na região (novembro a dezembro),
diminuindo até fevereiro de 2006 (Figuras: 21 A e B, 22 A e B e 23) nos clones
estudados.
53
Tabela 7. Número médio EP) de ovos de Leptopharsa heveae e Erythmelus tingitiphagus, no período de agosto
de 2006 a janeiro de 2007, para os clones de seringueira RRIM 600, GT 1, PR 255, PB 235 e PB 217, na
fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
RRIM 600 GT 1 PR 255 PB 235 PB 217
Datas
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
Ovos de L.
heveae
E.
tingitiphagus
07/08/06 0,20 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,30 ± 0,3 0,0 ± 0,0 0,05 ± 0,1 0,0 ± 0,0 2,40 ± 0,9 0,05 ± 0,1 0,40 ± 0,1 0,05 ± 0,1
14/08/06 0,15 ± 0,1 0,05 ± 0,1 0,60 ± 0,2 0,20 ± 0,2 0,25 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,20 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,05 ± 0,1 0,0 ± 0,0
21/08/06 0,15 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,90 ± 0,4 0,10 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 1,20 ± 0,5 0,10 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0
28/08/06 0,30 ± 0,2 0,0 ± 0,0 1,10 ± 0,4 0,0 ± 0,0 0,25 ± 0,2 0,0 ± 0,0 1,20 ± 0,5 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0
04/09/06 2,15 ± 0,6 0,10 ± 0,1 0,25 ± 0,2 0,20 ± 0,2 2,15 ± 0,5 0,0 ± 0,0 9,95 ± 2,2 0,0 ± 0,0 0,80 ± 0,3 0,0 ± 0,0
11/09/06 1,60 ± 0,4 0,0 ± 0,0 0,65 ± 0,3 0,0 ± 0,0 0,90 ± 0,4 0,0 ± 0,0 4,10 ± 0,6 0,0 ± 0,0 3,70 ± 0,9 0,15 ± 0,1
18/09/06 1,00 ± 0,3 0,35 ± 0,2 2,40 ± 0,7 0,55 ± 0,3 5,30 ± 1,3 0,40 ± 0,2 3,95 ± 1,0 0,60 ± 0,3 1,00 ± 0,4 0,15 ± 0,1
25/09/06 4,90 ± 1,3 0,65 ± 0,3 1,05 ± 0,3 0,35 ± 0,3 5,35 ± 1,4 1,05 ± 0,6 0,35 ± 0,2 0,05 ± 0,1 3,00 ± 0,7 0,65 ± 0,2
02/10/06 9,20 ± 1,8 5,20 ± 1,2 3,05 ± 0,6 1,40 ± 0,4 4,05 ± 0,7 1,55 ± 0,5 0,95 ± 0,4 0,35 ± 0,2 2,90 ± 0,8 1,25 ± 0,4
09/10/06 4,00 ± 0,7 1,85 ± 0,4 1,35 ± 0,3 0,10 ± 0,1 12,9 ± 2,4 6,05 ± 1,4 2,00 ± 0,4 0,0 ± 0,0 3,60 ± 0,8 1,45 ± 0,5
16/10/06 2,40 ± 0,7 0,45 ± 0,2 3,10 ± 0,8 1,05 ± 0,3 2,95 ± 1,0 1,70 ± 0,6 3,60 ± 1,1 0,10 ± 0,1 8,55 ± 2,5 2,50 ± 0,9
23/10/06 4,70 ± 1,0 1,90 ± 0,6 1,90 ± 0,7 0,60 ± 0,3 2,25 ± 0,8 0,85 ± 0,5 5,10 ± 0,8 1,30 ± 0,3 1,30 ± 0,4 0,35 ± 0,2
30/10/06 23,0 ± 5,1 7,15 ± 1,2 10,45 ± 2,3 0,95 ± 0,3 6,30 ± 2,3 0,90 ± 0,4 5,90 ± 1,8 2,30 ± 0,7 6,50 ± 1,3 3,20 ± 0,8
06/11/06 5,85 ± 1,2 1,65 ± 0,4 4,20 ± 0,9 1,55 ± 0,4 4,45 ± 1,2 1,15 ± 0,4 3,25 ± 0,6 1,65 ± 0,5 5,05 ± 1,4 1,70 ± 0,6
13/11/06 6,95 ± 3,0 3,25 ± 1,5 4,10 ± 0,8 2,65 ± 0,6 12,6 ± 3,5 4,00 ± 1,3 5,35 ± 0,1 0,60 ± 0,3 4,10 ± 1,1 1,50 ± 0,5
20/11/06 2,40 ± 0,6 1,15 ± 0,4 2,10 ± 0,7 0,40 ± 0,1 0,45 ± 0,2 0,15 ± 0,1 3,75 ± 0,8 0,35 ± 0,2 2,45 ± 0,7 0,75 ± 0,2
27/11/06 2,30 ± 0,6 0,25 ± 0,1 6,05 ± 1,6 0,35 ± 0,2 1,40 ± 0,4 0,65 ± 0,3 1,95 ± 0,8 0,80 ± 0,3 4,40 ± 0,8 0,90 ± 0,2
04/12/06 0,30 ± 0,3 0,10 ± 0,1 3,00 ± 1,3 1,00 ± 0,5 6,55 ± 1,6 1,75 ± 0,5 0,75 ± 0,3 0,0 ± 0,0 3,80 ± 0,6 0,95 ± 0,3
11/12/06 1,05 ± 0,4 0,0 ± 0,0 0,95 ± 0,2 0,10 ± 0,1 6,70 ± 1,6 1,15 ± 0,5 1,25 ± 0,6 0,15 ± 0,1 3,50 ± 0,7 0,50 ± 0,3
18/12/06 2,45 ± 0,7 0,05 ± 0,1 2,70 ± 0,5 0,10 ± 0,1 1,60 ± 0,5 0,0 ± 0,0 1,75 ± 0,4 0,0 ± 0,0 4,60 ± 1,2 0,65 ± 0,4
25/12/06 2,00 ± 0,4 0,05 ± 0,1 0,80 ± 0,2 0,0 ± 0,0 1,10 ± 0,3 0,15 ± 0,1 1,55 ± 0,4 0,25 ± 0,1 1,70 ± 0,4 0,10 ± 0,1
01/01/07 1,15 ± 0,4 0,0 ± 0,0 0,70 ± 0,4 0,30 ± 0,2 0,40 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,95 ± 0,3 0,0 ± 0,0 0,65 ± 0,3 0,0 ± 0,0
08/01/07 0,10 ± 0,1 0,10 ± 0,1 1,05 ± 0,4 0,0 ± 0,0 0,50 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,70 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,10 ± 0,1 0,0 ± 0,0
15/01/07 0,20 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,80 ± 0,3 0,0 ± 0,0 0,10 ± 0,1 0,0 ± 0,0 0,45 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,20 ± 0,2 0,0 ± 0,0
Médias
78,5 24,3 53,55 11,95 78,55 21,5 62,6 8,65 62,35 16,8
Médias
Totais
3,27 1,01 2,23 0,50 3,27 0,9 2,61 0,36 2,6 0,7
54
Figura 20. Número médio mensal de espécimes Erythmelus tingitiphagus por folíolo de
seringueira, no período de agosto de 2006 a janeiro de 2007, em cinco clones
de seringueira, na empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro
Número médio de parasitóides/folíolo
PB 217
PR 255
RRIM 600
PB 235
GT 1
55
Figura 21. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para os clones: A. RRIM 600 e B. GT 1, no período
de agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
ago ago ago ago set set set set out out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez jan jan jan
Nº de ovos e parasitóides
0
20
40
60
80
100
120
140
Temperatura (º C) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
0
50
100
150
200
250
ago
ago
ago
ago
set
set
set
set
out
out
out
out
out
nov
nov
nov
nov
dez
dez
dez dez
jan
jan
jan
0
20
40
60
80
100
120
140
Nº de ovos de Leptopharsa heveae
Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C)
Pluviosidade semanal acumulada (mm)
Temperatura (º C) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos e parastióides
56
Figura 22. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para os clones: A. PR 255 e B. PB 235, no período
de agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
0
50
100
150
200
250
300
ago ago ago ago set set set set out out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez jan jan jan
Nº de ovos e parasitóides
0
20
40
60
80
100
120
140
Temperatura (º C) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
0
50
100
150
200
250
ago ago ago ago set set set set out out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez jan jan jan
Nº de ovos e parasitóides
0
20
40
60
80
100
120
140
Temperatura (º C) e pluviosidade
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
57
Figura 23. Flutuação populacional de Leptopharsa heveae (ovos) e de espécimes de
Erythmelus tingitiphagus, temperatura média semanal C) e pluviosidade
semanal acumulada (mm) para o clone PB 217, no período de agosto de
2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin
Ltda.”, Itiquira, MT.
A porcentagem de ocorrência de E. tingitiphagus variou entre 29,2% para o clone
RRIM 600 e 10,4% para o PB 235 (Figura 24). Provavelmente, isto se deva ao fato do
número de ovos de L. heveae serem menores no clone PB 235 em relação aos demais,
tornando a disponibilidade de hospedeiros menor neste clone. Outros mecanismos de
resistência, tais como folíolos com cutícula mais espessa, com maior dureza e os
metabólitos secundários produzidos pelos diferentes clones, certamente estão
envolvidos nas diferenças de ataque de L. heveae nos mesmos.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
ago ago ago ago set set set out out out out out nov nov nov nov dez dez dez dez jan jan jan
Nº de ovos e parasitóides
0
20
40
60
80
100
120
140
Temperatura (º C) e pluviosidade (mm)
Nº de ovos de Leptopharsa heveae Nº de Erythmelus tingitiphagus
Temperatura média semanal (º C) Pluviosidade semanal acumulada (mm)
58
Figura 24. Porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus tingitiphagus nos
clones de seringueira RRIM 600, GT 1, PR 255, PB 235 e PB 217, no período
de agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
25,8%
20,2%
14,4%
10,4%
29,2%
RRIM 600
PR 255
PB 217
GT 1
PB 235
59
7 Conclusões
Ocorrem parasitóides em ovos de Leptopharsa heveae na fazenda da empresa
“Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira MT, sendo a espécie Erythmelus tingitiphagus
a mais abundante nos cinco clones estudados.
A porcentagem de parasitismo de E. tingitiphagus, sobre ovos de L. heveae, em
condições naturais varia entre 13,8% a 30,8%.
Os picos populacionais de L. heveae e de E. tingitiphagus deram-se nos meses
de outubro a novembro na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”.
60
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65
CAPÍTULO 3 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE Erythmelus tingitiphagus
(HYMENOPTERA: MYMARIDAE) EM PLANTIOS DE SERINGUEIRA
RESUMO Dentre as principais pragas da seringueira destaca-se o percevejo-
de-renda, Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Hemiptera: Tingidae) que pode
reduzir a produção de látex em até 30%. Dentre os inimigos naturais relatados para L.
heveae estão os crisopídeos, o fungo Sporothrix insectorum e o microimenóptero
Erythmelus tingitiphagus (Soares) (Hymenoptera: Mymaridae). São escassos estudos
sobre distribuição de insetos-praga e seus inimigos naturais em seringueira. O objetivo
deste trabalho foi verificar a distribuição espacial (bordadura para o interior do talhão) e
flutuação populacional do parasitóide E. tingitiphagus em talhões de cinco clones de
seringueira (RRIM 600, PR 255, PB 217, PB 235 e GT 1). As amostragens foram
realizadas nos lados Norte, Sul, Leste e Oeste dos cinco talhões, sendo coletadas
folhas maduras do terço inferior da copa de cinco árvores marcadas, da bordadura em
direção ao interior dos talhões. As folhas eram levadas ao laboratório, lavadas em
solução de hipoclorito de sódio (1,5%), enxaguadas e secadas sob papel absorvente.
Os pecíolos de cada folíolo eram inseridos em tubos plásticos contendo água, lacrados,
acondicionados em sacos plásticos (12 x 30 cm) identificados, enchidos com auxílio de
um compressor de ar e selados em seladora elétrica. O material era transportado para
uma sala climatizada a 25 ± 1 ºC e fotofase de 12 horas e pendurados em varais. Após
cinco a sete dias os sacos e folíolos eram observados sob microscópio estereoscópico,
sendo contabilizados os parasitóides (emergidos e não-emergidos). Verificou-se uma
distribuição eqüitativa do parasitóide, variando de 22,1% (Sul) a 28,3% (Oeste), em
média para os cinco clones (Ensaio 1) e de 22% (Oeste) a 31% (Leste) somente para o
clone PB 217 (Ensaio 2) e uma tendência do parasitóide se concentrar no interior dos
talhões de seringueira.
Palavras-chave: Chalcidoidea, Hevea brasiliensis, Hemiptera, heveicultura
66
1 Introdução
O percevejo-de-renda Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Hemiptera:
Tingidae) tem sido relatado como uma importante praga da seringueira, sugando a
seiva das folhas, diminuindo sua capacidade fotossintética e reduzindo a produção de
látex em até 30% (ABREU, 1996).
Dentre os inimigos naturais relatados para L. heveae, destacam-se os
crisopídeos (SCOMPARIN, 1997), o fungo entomopatogênico Sporothrix insectorum
Hoog & Evans (TANZINI, 2002) e, recentemente, o micro-himenóptero Erythmelus
tingitiphagus (Soares) (COSTA et al., 2003).
Estudos sobre a distribuição vertical ou sazonal de insetos na planta hospedeira
têm contribuído para programas de manejo integrado de pragas, pelo fato de
identificarem as partes da planta ou épocas preferidas pelos insetos (CROFT & HOYT,
1983; TRUMBLE et al., 1987; ALI et al., 1998). Estas pesquisas permitem ainda o
desenvolvimento de técnicas de amostragem mais efetivas, reduzindo o tempo e o
custo do monitoramento e proporcionando a previsão de ocorrência e a seleção de
métodos de controle (GRANADINO & CAVE, 1997; SHUSTER, 1998; GILES et al.,
2000) com a finalidade de aplicações no manejo integrado de pragas (BARBOSA &
PERECIN, 1982). Além disso, os estudos permitem identificar mais precisamente os
pontos de liberação de inimigos naturais na planta, aumentando a eficiência do controle
biológico (SPANGLE & CALVIN, 2001). Freqüentemente, a abordagem restringe-se à
interação cultura-praga e em outros raros casos inclui os inimigos naturais (ALTIERI et
al., 2003).
Apesar da importância dos estudos mencionados, poucos trabalhos referem-se à
distribuição de L. heveae e seus inimigos naturais em seringueira. Assim, o presente
trabalho teve por objetivo verificar a distribuição espacial (da bordadura ao interior do
talhão) e flutuação populacional de E. tingitiphagus em talhões de cinco clones de
seringueira na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
67
2 Material e métodos geral
O levantamento quantitativo da ocorrência e distribuição de parasitóides de
L. heveae foi realizado em dois anos consecutivos, durante o período de ocorrência da
praga.
Foram coletadas folhas maduras (completamente expandidas), com sintomas de
ataque de L. heveae, em cinco clones de seringueiras (RRIM 600, PR 255, PB 235, PB
217 e GT 1) para verificação da distribuição e ocorrência de parasitóides de ovos de
L. heveae nos lados (Norte, Sul, Leste e Oeste) dos talhões e da bordadura para o
interior dos mesmos.
3 Ensaio 1 – Período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006
3.1 Caracterização dos talhões
Quadra 410 E Clone de seringueira RRIM 600, cultivado em regime
tradicional de monocultivo, com 18 anos de idade, altura média das árvores de 16 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m (Figura 1A). Os lados Norte, Sul, Leste e Oeste do talhão
fazem limite com estradas de terra. O talhão ocupa uma área de aproximadamente
10,44 ha e as árvores receberam tratamento convencional de produtos fitossanitários e
o fungo entomopatogênico S. insectorum.
Quadra 310 C - Clone de seringueira PB 217, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 11 anos de idade, altura média das árvores de 12 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m (Figura 1B). Os lados Norte e Leste do talhão fazem limite
com estradas de terra e os lados Sul e Oeste com carreadores. O talhão ocupa uma
área de aproximadamente 9,68 ha e as árvores receberam tratamento convencional de
produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S. insectorum.
68
Quadra 209 Sul D - Clone de seringueira GT 1, cultivado em regime
tradicional de monocultivo, com 14 anos de idade, altura média das árvores de 13 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m (Figura 1C). Os lados Norte, Sul e Leste do talhão fazem
limite com estradas de terra e o lado Oeste limite com um carreador. O talhão ocupa
uma área de aproximadamente 11,02 ha e as árvores receberam tratamento
convencional de produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S. insectorum.
Quadra 610 A - Clone de seringueira PR 255, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 14 anos de idade, altura média das árvores de 15 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m (Figura 1D). Os lados Norte, Sul e Oeste do talhão fazem
limite com estradas de terra e o lado Leste limite com um carreador. O talhão ocupa
uma área de aproximadamente 9,97 ha e as árvores receberam tratamento
convencional de produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S. insectorum.
Quadra 611 A - Clone de seringueira PB 235, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 13 anos de idade, altura média das árvores de 15 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m (Figura 1E). Os lados Norte, Sul e Oeste do talhão fazem
limite com estradas de terra e o lado Leste limite com um carreador. O talhão ocupa
uma área de aproximadamente 9,98 ha e as árvores receberam tratamento
convencional de produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S. insectorum.
69
Sul
26 m
60 m
4
113 m
3
97 m
2
55 m
1
16 m 18 m
5
29 m
3 2 1 Leste
13 m
Oeste 1 2 3 4 5 5 4
5
19 m 22 m 38 m
Norte
1
38 m
2
54 m
3
53 m
4
53 m
325 m
198 m
75 m
106 m
Sul
3
18 m
2
19 m
1
Leste
15 m
29 m
5
28 m
32 m
34 m
4
42 m
4 3 2 14 5 5Oeste 1 2 3
09 m 29 m 37 m 45 m
25 m
2
22 m
3
24 m
4
26 m
5
Norte
1
113 m
87 m
82 m
142 m
Sul
3
26 m
2
28 m
1
Leste
51 m 79 m
5
36 m 35 m
18 m
4
23 m
4 3 2 1
31 m 30 m
Oeste 1 2 3 4 5 5
34 m
5
50 m 53 m
Norte
1
35 m
2
44 m
3
43 m
4
95 m
132 m
156 m
254
m
Norte
1
109 m
2
86 m
3
62 m
4
65 m
5
19 m
12 m
21 m
20 m
Oeste 1 2 3 4 5 5 4 3 2 1 Leste
14 m 29 m
5
26 m
Sul
37 m
40 m
4
48 m
3
43 m
2
52 m
1
183 m
104 m
322 m
74 m
Sul
3
38 m
2
38 m
1
Leste
16 m 11 m
5
66 m 25 m
66 m
4
80 m
4 3 2 14 5 5Oeste 1 2 3
18 m 21 m 68 m 128 m
24 m
2
41 m
3
50 m
4
31 m
5
Norte
1
222 m
146 m
66 m
287 m
Figura 1.
Representação esquemática da distância entre os pontos amostrais, da
bordadura ao interior do talhão, para os clones de seringueira: A. RRIM 600,
B. PB 217, C. GT 1, D. PR 255 e E. PB 235.
70
3.2 Material e métodos
Foram realizadas 17 coletas no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006
na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, localizada no município de
Itiquira, MT (17º22’23’’S, 54º44’23’’W). Semanalmente eram coletadas 200 folhas de
seringueira (40 folhas/clone), nos clones RRIM 600 (Quadra 410 E), GT1 (Quadra 209
Sul D), PB 217 (310 C), PB 235 (Quadra 611 A) e PR 255 (Quadra 610 A).
As amostragens foram realizadas nos lados Norte, Sul, Leste e Oeste dos cinco
talhões (Figura 2), sendo coletadas folhas de cinco árvores (duas folhas por árvore), da
bordadura em direção ao interior dos talhões, totalizando 10 folhas por lado do talhão.
As árvores foram marcadas com uma fita de sinalização e escolhidas em função da
facilidade de coleta das folhas no terço inferior da copa, não sendo padronizado a
distância entre as mesmas nos respectivos lados.
Segundo CIVIDANES et al. (2004), a distribuição de ninfas e adultos de
L. heveae nas folhas de seringueira dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
71
Figura 2. Representação esquemática dos pontos de amostragem nos lados Norte, Sul,
Leste e Oeste da bordadura ao interior do talhão.
As folhas que apresentavam sintomas de ataque de L. heveae foram
acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas ao laboratório para posterior
avaliação. No laboratório, dois folíolos por árvore foram submetidos à lavagem, com
suaves pinceladas, em solução de hipoclorito de sódio a (1,5%) durante dois minutos
para remoção de impurezas. Após, foram enxaguados em água destilada por mais dois
minutos e mantidos em papel absorvente até a secagem, utilizando uma metodologia
adaptada do trabalho de COSTA et al. (2003). Os ovos de L. heveaeo foram
contabilizados neste ensaio.
Os pecíolos de cada folíolo foram colocados em tubos plásticos (bicos de pipeta)
contendo água destilada, tendo sua abertura lacrada com Parafilm M
®
para evitar o
escoamento da mesma. Esse material (tubos + folíolos) foi colocado em sacos plásticos
(12 x 30 cm) identificados, enchidos com um compressor de ar e selados com auxílio de
uma seladora elétrica. Os sacos foram transferidos para uma sala climatizada a
25 ± 1ºC e fotofase de 12 horas e pendurados em varais, com auxílio de prendedores.
1
2
4
NORTE
SUL
LESTE
OESTE
3
5
72
A avaliação procedeu-se após cinco dias após a coleta das folhas, observando
os saquinhos e folíolos sob microscópio estereoscópico e verificando a presença dos
parasitóides.
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
EMBRAPA – RR) para identificação.
4 Resultados e discussão
Constatou-se a existência de parasitóides em populações de L. heveae nos cinco
talhões estudados. Foram encontradas cinco espécies de parasitóides de ovos, sendo
E. tingitiphagus a espécie mais freqüente e abundante (Tabela 1). As demais espécies
ainda ocorreram em baixa freqüência e abundância. A espécie E. tingitiphagus ocorreu
em todos os clones, entretanto, o mesmo não foi verificado para as demais espécies.
No clone RRIM 600 ocorreram E. tingitiphagus, três exemplares de Epoligosita
mexicana Viggiani, 1988; um exemplar de Schizophragma bicolor (Dozier, 1932) e um
exemplar da família Eulophidae; no GT 1, E. tingitiphagus e dois exemplares de E.
mexicana; no PR 255, E. tingitiphagus e três exemplares de S. bicolor; no PB 217, E.
tingitiphagus, dois exemplares de E. mexicana; cinco exemplares de S. bicolor e um
exemplar do gênero Encarsia e no PB 235, E. tingitiphagus, um exemplar de E.
mexicana e um exemplar de S. bicolor (Tabela 1).
A maior ocorrência da espécie E. tingitiphagus em ovos de L. hevea, talvez seja
pelo fato da especificidade desta espécie em parasitar ovos de tingídeos em relação às
demais espécies encontradas (Tabela 1). Neste caso, E. tingitiphagus demonstra ser a
espécie com mais potencial a ser explorado para uma futura criação massal em
laboratório e liberação em condições de campo, com a finalidade de controlar
populações de L. heveae em seringais de cultivo.
73
Tabela 1. Número total de espécies de parasitóides coletadas em folíolos de
seringueiras contendo ovos de Leptopharsa heveae, por s e por clone, no
período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa
“Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
MESES
outubro novembro
dezembro janeiro
fevereiro TOTAL
CLONES ESPÉCIE Nº. DE INDIVÍDUOS
E. tingitiphagus
37 184 74 39 3
337
E. mexicana
0 0 1 2 3
3
S. bicolor
0 0 0 1 0
1
RRIM 600
Eulophidae 0 0 0 0 1
1
E. tingitiphagus
24 241 69 18 3
355
GT 1
E. mexicana
0 0 0 2 0
2
E. tingitiphagus
95 257 297 14 0
663
PR 255
S. bicolor
0 0 0 3 0
3
E. tingitiphagus
23 81 64 16 4
188
E. mexicana
0 0 1 0 0
1
PB 235
S. bicolor
0 0 0 3 0
3
E. tingitiphagus
57 139 98 30 1
325
E. mexicana
0 0 0 2 0
2
S. bicolor
0 1 2 1 1
5
PB 217
Encarsia sp.
0 0 0 1 0
1
Obs.: Nº. de coletas – outubro = 2; novembro = 4; dezembro = 5; janeiro = 4; fevereiro = 2
Pode-se observar que a espécie E. tingitiphagus ocorreu em todos os talhões,
independentemente do clone plantado. Foram contabilizados um total de 1.868
indivíduos de E. tingitiphagus nos cinco clones estudados, sendo 663 no clone PR 255,
355 no clone GT 1, 337 no RRIM 600, 325 no PB 217 e 188 no PB 235 (Tabela 2). O
número de parasitóides, por lado do talhão, também foi sempre menor no clone PB 235
(Tabela 2). Os diferentes produtos fitossanitários aplicados nos talhões podem ter
influenciado nestes resultados observados. O alto número de E. tingitiphagus
encontrados no lado Leste do talhão do clone PR 255, provavelmente seja devido a
uma concentração de hospedeiros neste lado do talhão, que o ataque de L. heveae
se inicialmente em foco e “reboleira” nos talhões de seringueira (FONSECA, F. S.
2007, “Plantações E. Michelin, Ltda.”, comunicação pessoal).
Características físicas e/ou químicas entre os clones estudados podem
influenciar a preferência por alimentação e oviposição de L. heveae, influenciando o
número de parasitóides encontrados entre os mesmos, por uma relação de densidade-
dependência.
74
Tabela 2. Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus, por lado do talhão e por
clone, em árvores dos clones PR 255, GT 1, RRIM 600, PB 217 e PB 235, no
período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa
“Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
A porcentagem de ocorrência de E. tingitiphagus variou entre 35,5% no clone PR
255 e 10,1% no PB 235 (Figura 3). Provavelmente isto seja devido a uma preferência
por oviposição de L. heveae pelo clone PR 255, conferindo uma maior disponibilidade
de hospedeiros (ovos) para o parasitóide em relação ao PB 235.
Foi verificado que a espécie E. tingitiphagus é um endoparasitóide solitário e
idiobionte, emergindo sempre um parasitóide por ovo de L. heveae (Figura 4).
Figura 3. Porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus tingitiphagus nos
clones RRIM 600, GT 1, PR 255, PB 235 e PB 217, no período de outubro de
2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin
Ltda.”, Itiquira, MT.
LADOS DO TALHÃO
CLONES NORTE SUL LESTE OESTE TOTAL
PR 255 172 81 210 200 663
GT 1 100 60 62 133 355
RRIM 600 90 85 62 100 337
PB 217 82 91 71 81 325
PB 235 38 53 61 36 188
TOTAL 482 370 466 550 1.868
18,0%
35,5%
17,4%
19,0%
10,1%
RRIM 600
PR 255
PB 217
GT 1
PB 235
75
Figura 4. Ovo de Leptopharsa heveae parasitado por Erythmelus tingitiphagus
(Chalcidoidea: Mymaridae).
Foi observado maior percentual de E. tingitiphagus no lado Oeste dos talhões
(28,3%), seguido pelos lados Norte (25,2%), Leste (24,4%) e Sul (22,1%),
independentemente dos clones plantados (Tabela 3). No entanto, pode-se verificar uma
distribuição eqüitativa do parasitóide nos lados dos talhões, não sendo verificada uma
discrepância acentuada nas médias observadas (Tabela 3).
Os limites das bordaduras dos talhões (estradas de terra ou carreadores) podem
interferir na maior ou menor ocorrência da praga nos mesmos. Talhões que possuem
lados voltados às estradas de terra, estão sujeitos a interferência de trânsito de
pessoas e máquinas agrícolas, além de uma maior incidência de poeira, depositadas na
superfície das folhas. Estes fatores podem levar ao deslocamento de L. heveae para o
interior do talhão e, conseqüentemente, de E. tingitiphagus. Além destes fatores,
condições microclimáticas locais das copas das árvores dos clones estudados podem
favorecer a maior ou menor ocorrência dos parasitóides nestes locais.
76
Tabela 3. Porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus tingitiphagus nos
lados Norte, Sul, Leste e Oeste dos talhões dos clones RRIM 600, PB 217,
GT1, PB 235 e PB 255, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006,
na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Houve variação no número de parasitóides emergidos, sendo os maiores índices
observados nos meses de outubro e novembro, período de maior infestação do
percevejo-de-renda, diminuindo consideravelmente a partir de dezembro, início do
período chuvoso na região (Figura 5). Tal fato deve-se principalmente à diminuição da
população do percevejo-de-renda no campo, diminuindo a quantidade de ovos
disponíveis para o parasitismo. A aplicação de produtos fitossanitários e do fungo
entomopatogênico S. insectorum também pode ter influenciado na ocorrência dos
parasitóides nas áreas estudadas, agindo diretamente nas populações de E.
tingitiphagus e de L. heveae levando à morte, adultos do parasitóide e do percevejo-de-
renda, diminuindo na disponibilidade de parasitos e de hospedeiros.
De maneira geral, no cômputo total do número de E. tingitiphagus, houve uma
tendência de aumento do número do parasitóide da bordadura em direção ao centro do
talhão (Tabela 4). Estas informações são essenciais em estratégias de liberações
inoculativas ou inundativas desta espécie futuramente, otimizando as liberações em
locais específicos nos talhões de seringueira.
A preferência por determinado local da árvore pelos insetos pode ser
influenciada por fatores relacionados com características das folhas (GANZHORN,
1995), arquitetura da planta (PRICE et al., 1995) e existência de diferentes microclimas
na copa, em virtude dos efeitos do vento, da temperatura e da incidência da radiação
solar sobre a árvore (BERNAYS & CHAPMAN, 1994; ALONSO, 1997). Possivelmente
pela bordadura sofrer maior influência dos fatores citados, o percevejo-de-renda se
CLONE NORTE SUL LESTE OESTE % TOTAL
RRIM 600 26,7 25,2 18,4 29,7 100
PB 217 25,2 28,0 21,9 24,9 100
GT 1 28,2 16,9 17,4 37,5 100
PB 235 20,2 28,2 32,5 19,1 100
PR 255 25,9 12,2 31,7 30,2 100
MÉDIA 25,2 22,1 24,4 28,3 100
77
desloque em direção ao interior do talhão. Neste sentido, provavelmente a maior
ocorrência de E. tingitiphagus no interior dos talhões, seja principalmente, devida a uma
maior disponibilidade de hospedeiros no interior dos mesmos.
78
o
u
t
/
0
5
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5
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40
50
60
70
80
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Número de Parasitóides
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10
20
30
40
50
60
70
80
90
Número de Parasitóides
o
u
t
/
0
5
o
u
t
/
0
5
n
o
v
/
0
5
n
o
v
/
0
5
n
o
v
/
0
5
n
o
v
/
0
5
d
e
z
/
0
5
d
e
z
/
0
5
d
e
z
/
0
5
d
e
z
/
0
5
d
e
z
/
0
5
d
e
z
/
0
5
j
a
n
/
0
6
j
a
n
/
0
6
j
a
n
/
0
6
f
e
v
/
0
6
f
e
v
/
0
6
R
R
I
M
6
0
0
P
B
2
1
7
G
T
1
P
B
2
3
5
P
R
2
5
5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Número de Parasitóides
Figura 5
.
Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus coletados nos lados Norte, Sul, Leste e Oeste em
talhões dos clones RRIM 600, PB 217, GT 1, PB 235 e PR 255, no período de outubro de 2005 a
fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
NORTE SUL
LESTE OESTE
79
Tabela 4. Somatório e porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus tingitiphagus, da bordadura ao
interior do talhão, nos lados Norte, Sul, Leste e Oeste, para os clones RRIM 600, PR 255, GT 1, PB 235 e
PB 217, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
CLONES DE SERINGUEIRA
RRIM 600 PR 255 GT 1 PB 235 PB 217
E.
tingitiphagus
%
Ocorrência
E.
tingitiphagus
%
Ocorrência
E.
tingitiphagus
%
Ocorrência
E.
tingitiphagus
%
Ocorrência
E.
tingitiphagus
%
Ocorrência
TOTAL
Bordadura
75 22,2 74 11,2 58 16,3 30 16,0 34 10,5 271
1
o
ponto
80 23,7 106 16,0 99 27,9 33 17,6 47 14,5 365
2
o
ponto
40 12,0 144 21,7 84 23,7 35 18,6 98 30,1 401
3
o
ponto
77 22,8 183 27,6 47 13,2 39 20,7 62 19,1 408
4
o
ponto
65 19,3 156 23,5 67 18,9 51 27,1 84 25,8 423
TOTAL 337 100 663 100 355 100 188 100 325 100 1.868
80
5 Ensaio 2 – Período de agosto de 2006 a janeiro de 2007
5.1 Caracterização do talhão
Quadra 310 B Clone de seringueira PB 217, cultivado em regime tradicional
de monocultivo, com 21 anos de idade, altura média das árvores de 11 a 13 m e
espaçamento de 2,5 x 8 m. Os lados Norte, Leste e Oeste do talhão fazem limite com
talhões vizinhos e o lado Sul faz limite com estrada de terra. O talhão ocupa uma área
de aproximadamente 6,32 ha e as árvores receberam tratamento convencional de
produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S. insectorum.
5.2 Material e Métodos
Foram realizadas 23 coletas semanais, no período de agosto de 2006 a janeiro
de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, localizada no
município de Itiquira, MT (17º22’23’’S, 54º44’23’’W). Semanalmente eram coletadas 160
folhas de seringueira, no clone PB 217 (Quadra 310 B). Este clone foi escolhido devido
às características do talhão (área quadrada, árvores de tamanho uniforme e
espaçamento entre as árvores padronizado), facilitando as amostragens.
As amostragens foram realizadas nos lados Norte, Sul, Leste e Oeste, em duas
linhas contendo cinco árvores/linha/lado, com espaçamento de 25 m entre as árvores
(Figura 6), da bordadura em direção ao interior do talhão. As linhas foram escolhidas na
metade do perímetro de cada lado. Com auxílio de podão telescópico, eram coletadas
quatro folhas maduras (completamente expandidas) por árvore (que apresentavam
sintomas de ataque de L. heveae), no terço inferior da copa, totalizando 20 folhas por
linha e 40 folhas por lado amostrado.
Segundo CIVIDANES et al. (2004), a distribuição de ninfas e adultos de L.
heveae nas folhas de seringueira, dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
81
As árvores foram demarcadas com tinta, a fim de que as coletas posteriores
pudessem ser realizadas nas mesmas.
Figura 6. Representação esquemática dos pontos de amostragem da quadra 310B, nos
lados Norte, Sul, Leste e Oeste, da bordadura para o interior do talhão.
As folhas eram acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas ao
laboratório, procedendo-se, posteriormente, a mesma metodologia de preparação dos
folíolos utilizada no Ensaio 1, adaptada do trabalho de COSTA et al. (2003). Os ovos de
L. heveae não foram contabilizados neste ensaio.
A avaliação procedeu-se após sete dias, observando os saquinhos e folíolos sob
microscópio estereoscópico, verificando a presença dos parasitóides emergidos. Com
auxílio de instrumento pontiagudo, os ovos eram dissecados a procura dos parasitóides
não emergidos.
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
1
2
3
5
4
NORTE
SUL
LESTE
OESTE
1.1
2.2
3.3
5.5
4.4
25 m
82
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
EMBRAPA – RR) para identificação.
6 Resultados e discussão
Constatou-se a existência de parasitóides em populações de L. heveae no talhão
estudado. Foi contabilizado um total de 2.944 parasitóides, pertencentes a cinco
espécies, sendo Erythmelus tingitiphagus, a mais freqüente e abundante. As demais
espécies ocorreram em baixa freqüência e abundância, como pode ser visualizado na
Tabela 1.
Tabela 1. Número total de espécies de parasitóides e de indivíduos coletados em
folíolos, contendo ovos de Leptopharsa heveae, do clone PB 217, no período
de agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
De maneira geral, número e a porcentagem de ocorrência de E. tingitiphagus, foi
similar entre os lados Norte, Sul e Oeste, apresentando maior ocorrência no lado Leste
(Tabela 2). Provavelmente a infestação de L. heveae tenha sido maior no lado Leste,
proporcionando uma maior concentração de hospedeiros disponíveis ao parasitóide.
ESPÉCIES DE PARASITÓIDES
MESES
coletas
Erythmelus
tingitiphagus
Schizophragma
bicolor
Epoligosita
mexicana
Encarsia
sp.
Eretmocerus
sp.
agosto /2006
3 0 0 0 0 0
setembro /2006
4 9 0 0 0 2
outubro /2006
4 343 0 0 0 0
novembro
/2006
5 2.174 6 9 1 0
dezembro
/2006
4 380 1 2 0 0
janeiro /2007
3 14 2 0 1 0
TOTAL 23 2.920 9 11 2 2
83
Tabela 2. Número e porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus
tingitiphagus, por lado do talhão, em folíolos do clone PB 217, no período de
agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Foi observado o pico populacional de E. tingitiphagus no mês de novembro de
2007, correspondendo a mais de 74% do total de indivíduos desta espécie coletados no
período (Tabela 1). Neste mês também foi observado o período de maior infestação do
percevejo-de-renda. A população de E. tingitiphagus diminuiu consideravelmente a
partir de dezembro, início do período chuvoso na região (Figura 3). Tal fato deve-se
principalmente à diminuição da população do percevejo-de-renda no campo, diminuindo
a quantidade de ovos disponíveis para o parasitismo, além de condições climáticas
desfavoráveis. A aplicação de produtos fitossanitários e o fungo entomopatogênico S.
insectorum, a partir do início da estação chuvosa na região, também pode ter
influenciado na diminuição da ocorrência dos parasitóides na área estudada,
ocasionando mortalidade de adultos da praga e do seu inimigo natural.
LADOS DO TALHÃO
NORTE
SUL
LESTE
OESTE
TOTAL
Nº. de Erythmelus tingitiphagus
666 697 902 655 2920
% de ocorrência 23 24 31 22 100
84
Figura 3. Flutuação populacional de espécimes de Erythmelus tingitiphagus coletados nos lados Norte, Sul, Leste e
Oeste em talhão do clone PB 217, no período de agosto de 2006 a janeiro de 2007, na fazenda da empresa
“Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
o
u
t
/
0
6
o
u
t
/
0
6
o
u
t
/
0
6
o
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t
/
0
6
n
o
v
/
0
6
n
o
v
/
0
6
n
o
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/
0
6
n
o
v
/
0
6
n
o
v
/
0
6
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e
z
/
0
6
d
e
z
/
0
6
d
e
z
/
0
6
d
e
z
/
0
6
j
a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
P
B
2
1
7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Número de E. tingitiphagus
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
o
u
t
/
0
6
o
u
t
/
0
6
o
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t
/
0
6
o
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t
/
0
6
n
o
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/
0
6
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/
0
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n
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/
0
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n
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/
0
6
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/
0
6
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e
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/
0
6
d
e
z
/
0
6
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/
0
6
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e
z
/
0
6
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a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
P
B
2
1
7
0
50
100
150
200
250
Número de E. tingitiphagus
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
t
/
0
6
s
e
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/
0
6
s
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/
0
6
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/
0
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t
/
0
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/
0
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t
/
0
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/
0
6
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o
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0
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/
0
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/
0
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/
0
6
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e
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/
0
6
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e
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/
0
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/
0
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/
0
6
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/
0
7
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n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
P
B
2
1
7
0
20
40
60
80
100
120
Número de E. tingitiphagus
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
a
g
o
/
0
6
s
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/
0
6
s
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/
0
6
s
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t
/
0
6
s
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/
0
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t
/
0
6
o
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/
0
6
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u
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/
0
6
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/
0
6
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o
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/
0
6
n
o
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/
0
6
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/
0
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n
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/
0
6
n
o
v
/
0
6
d
e
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/
0
6
d
e
z
/
0
6
d
e
z
/
0
6
d
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z
/
0
6
j
a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
j
a
n
/
0
7
P
B
2
1
7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Número de E. tingitiphagus
NORTE
SUL
LESTE
OESTE
85
A ocorrência de E. tingitiphagus foi menor na bordadura do talhão, sendo
distribuído de maneira mais homogênea nos demais pontos amostrais (Tabela 3).
Provavelmente a infestação de L. heveae na área se concentrou no interior do talhão,
aumentando a concentração de hospedeiros disponíveis neste local. Além disso, a
bordadura sofre maior impacto de radiação solar, poeira, vento e movimentação de
máquina e pessoas, levando a praga se deslocar em direção ao centro do talhão.
Tabela 3. Número e porcentagem de ocorrência de espécimes de Erythmelus
tingitiphagus, da bordadura ao interior do talhão, nos lados Norte, Sul, Leste e
Oeste, para o clone de seringueira PB 217, no período de agosto de 2006 a
janeiro de 2007, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”,
Itiquira, MT.
7 Conclusões
A ocorrência de E. tingitiphagus é menor na bordadura dos talhões dos clones de
seringueira.
O pico populacional de E. tingitiphagus foi registrado no mês de novembro para
os clones de seringueira estudados.
Ponto amostral
Nº. de espécimes
% Ocorrência
Bordadura 408 14,0
25 m 717 24,5
50 m 616 21,1
75 m 583 20,0
100 m 596 20,4
TOTAL 2.920 100
86
Referências
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seringueira no Brasil. Ilhéus: CEPLAC/CEPEC, 1996, 21p.
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89
CAPÍTULO 4 INFLUÊNCIA DA IDADE DA FOLHA DE SERINGUEIRA NA
OVIPOSIÇÃO E PARASITISMO DOS OVOS DE Leptopharsa heveae (HEMIPTERA:
TINGIDAE)
RESUMO - Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Hemiptera: Tingidae) é o
mais importante inseto-praga da seringueira no Brasil. Ninfas e adultos sugam a seiva
na face abaxial das folhas, reduzindo em até 30% a produção de látex. Dentre os
inimigos naturais desta praga destacam-se os crisopídeos, o fungo Sporothrix
insectorum e o microimenóptero Erythmelus tingitiphagus (Soares) (Hymenoptera:
Mymaridae). Os insetos atacam as plantas em diferentes intensidades, dependendo da
fase de desenvolvimento que ela se encontra, pelas características das folhas,
arquitetura da planta e existência de diferentes microclimas na copa. Nesse sentido,
este estudo visou determinar a influência da idade das folhas (novas, intermediárias e
maduras), na oviposição e taxa de parasitismo de ovos de L. heveae. Semanalmente
eram coletadas folhas das três idades em cinco clones de seringueira. As folhas eram
levadas ao laboratório onde eram lavadas em solução de hipoclorito de sódio (1,5%),
enxaguadas e secadas em papel absorvente. Os pecíolos de cada folíolo eram
inseridos em tubos plásticos contendo água, lacrados, acondicionados em sacos
plásticos (12 x 30 cm), enchidos com auxílio de um compressor de ar e selados em
seladora elétrica, transportados para uma sala climatizada (25 ± 1 ºC e fotofase de 12
horas) e pendurados em varais. As áreas contendo ovos eram demarcadas com caneta
de retroprojetor. A avaliação procedeu-se após cinco dias, observando-se os folíolos e
sacos sob microscópio estereoscópico. Verificou-se que o número de oviposições de
L. heveae, a taxa de parasitismo e a ocorrência de E. tingitiphagus foram superiores
nas folhas maduras.
Palavras-chave: Chalcidoidea, folíolo, Hevea brasiliensis, mosca-de-renda, preferência
90
1 Introdução
Durante o transcorrer da evolução, boa parte dos insetos tornou-se mais
especializada em seu comportamento alimentar através da adaptação a certas plantas,
partes de plantas e tecidos, ou mesmo através da adaptação no micro-habitat fornecido
pela morfologia das plantas, provavelmente em resposta à competição interespecífica
por alimento e abrigo (LARA, 1991). Em resposta ao ataque dos insetos, as plantas
possuem diversos mecanismos para resistir a este ataque, apresentando
características físicas e químicas que atuam negativamente na alimentação,
metabolismo e reprodução dos insetos (PAINTER, 1951; LARA, 1991).
Normalmente, considera-se que as plantas mais novas são mais susceptíveis
aos insetos do que num estágio mais desenvolvido, mas isso nem sempre ocorre e, em
muitos casos, tem-se observado um comportamento inverso. Mesmo em se tratando de
apenas uma espécie de planta, as variedades podem apresentar diferentes
comportamentos em relação à idade. Este aspecto é válido para todas as partes ou
órgãos da planta (LARA, 1991).
Os insetos atacam as plantas com diferentes intensidades, dependendo da fase
de desenvolvimento em que ela se encontra (LARA, 1991), por fatores relacionados
com características das folhas (GANZHORN, 1995), arquitetura da planta (PRICE et al.,
1995) e existência de diferentes microclimas na copa, em virtude dos efeitos do vento,
da temperatura e da radiação solar sobre a árvore (BERNAYS & CHAPMAN, 1994;
ALONSO, 1997).
As relações tritróficas envolvendo plantas, pragas e inimigos naturais também
são importantes e derivam de vários fatores, que podem ser resumidos basicamente
como resultantes de dois tipos de efeitos: (a) efeito direto da planta sobre a biologia
e/ou o comportamento do inimigo natural devido a substâncias químicas ou
características morfológicas presentes na planta; e (b) efeito da planta sobre a praga
alterando-lhe o comportamento, o desenvolvimento, o tamanho e o vigor, o que,
indiretamente também afeta o inimigo natural (VENDRAMIM, 2002).
91
São justamente essas interações que podem explicar as variações no
parasitismo ou predação em função da planta ou variedade em que a praga está se
alimentando (LARA et al., 1997). Estas interações se tornam ainda mais complexas
quando mais de uma espécie de inimigo natural presente, situação que leva à
ocorrência de sucessões tróficas capazes de afetar o comportamento e a biologia de
cada organismo envolvido (VENZON et al., 2001).
Nesse sentido, este trabalho objetivou verificar a influência de diferentes idades
de folhas de seringueira, sobre a oviposição e o parasitismo de ovos de Leptopharsa
heveae Drake & Poor, 1935 (Hemiptera: Tingidae).
2 Material e métodos
2.1 Caracterização do talhão
Quadra 510 A (Jardim Clonal) Clones de seringueira RRIM 600, PR 255,
GT 1, PB 235 e PB 217, cultivados em regime tradicional de monocultivo, com 9 anos
de idade, altura média das árvores de três metros e espaçamento de 1,0 x 1,5 x 4 m
(linhas duplas). O Jardim Clonal ocupa uma área de aproximadamente 0,8 ha sendo
utilizado como fonte de “cavalos” para enxertia, sofrendo podas periódicas. Os lados
Leste e Oeste do talhão fazem limite com Arachis sp. (amendoim-bravo). A área sofreu
ataque do fungo Microcyclus ulei (P. Henn.), causador da doença conhecida como “mal-
das-folhas”. Nesta ocasião, as árvores receberam tratamento fitossanitário com
fungicida no final do mês de dezembro e início de janeiro. Não foram coletadas folhas
novas e de idade intermediária no período de ataque deste fungo, por estarem
contaminadas e impróprias para o ensaio. A área foi escolhida por apresentar as idades
das folhas necessárias para o ensaio no decorrer do ano.
O estudo foi realizado no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, no
Jardim Clonal (Quadra 511 A) da fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”,
localizada no município de Itiquira, MT (17º22’23’’S, 54º44’23’’W).
92
Foram realizadas 16 coletas semanais no período do ensaio. A cada coleta eram
escolhidas ao acaso cinco árvores por clone, nos clones RRIM 600, GT 1, PR 255,
PB 217 e PB 235. Em cada árvore eram coletadas nove folhas, sendo três novas
(folíolos de coloração arroxeada a verde-claro e não expandidos), três intermediárias
(folíolos de coloração verde-claro e semi-expandidos) e três maduras (folíolos de
coloração verde escuro e completamente expandidos), como observado na Figura 1, do
terço inferior da copa, totalizando 45 folhas por clone.
Segundo CIVIDANES et al. (2004), a distribuição de ninfas e adultos de L.
heveae nas folhas de seringueira, dá-se de maneira similar nos diferentes estratos da
planta, não comprometendo a amostragem.
Figura 1. Folíolos de seringueira em três idades distintas: A. folíolo novo; B. folíolo
intermediário; C. folíolo maduro.
As folhas eram acondicionadas em sacos de papel identificados e levadas ao
laboratório para posterior avaliação. De cada folha era retirado aleatoriamente um
folíolo, por idade e por árvore, totalizando nove folíolos (três novos, três intermediários
e três maduros), por árvore e 45 folíolos por clone. Posteriormente, era escolhido um
1 cm
93
folíolo de cada idade para quantificação dos ovos de L. heveae (cinco folíolos por
árvore e 15 por clone), sendo as áreas contendo ovos demarcadas com caneta de
retroprojetor, de acordo com metodologia adaptada do trabalho de COSTA et al. (2003).
Após, os folíolos foram submetidos à lavagem, com suaves pinceladas, em solução de
hipoclorito de sódio a 1,5% durante dois minutos para remoção de impurezas,
enxaguados em água destilada por dois minutos e mantidos em papel absorvente até a
secagem.
Os pecíolos de cada folíolo foram colocados em tubos plásticos contendo água
destilada, tendo sua abertura lacrada com Parafilm M
®
. Esse material (tubos + folíolos)
foi colocado em sacos plásticos (12 x 30 cm) identificados, enchidos com um
compressor de ar e selados com auxílio de uma seladora elétrica. Os sacos foram
transferidos para uma sala climatizada a 25 ± 1 ºC e fotofase de 12 horas e pendurados
em varais, com auxílio de prendedores.
A avaliação procedeu-se após cinco dias, observando-se os saquinhos e folíolos
sob microscópio estereoscópico, verificando a presença dos parasitóides. Com auxílio
de instrumento pontiagudo, os ovos dos folíolos marcados, eram dissecados a procura
de parasitóides não-emergidos. A porcentagem de parasitismo foi obtida pelo número
total de indivíduos coletados (inclusive os não-emergidos), dividindo pelo número total
de ovos e multiplicando o valor por 100 (somente para os folíolos marcados).
Os parasitóides encontrados foram preservados em frascos contendo etanol
(80%), sendo posteriormente, enviados para identificação ao taxonomista Dr. Valmir
Antonio Costa (APTA/Instituto Biológico, Campinas SP). Parasitóides da família
Trichogrammatidae foram enviados à taxonomista Dra. Ranyse B. Querino da Silva
EMBRAPA – RR) para identificação.
94
3 Resultados e discussão
Constatou-se a existência de parasitóides em populações de L. heveae nos cinco
clones de seringueira estudados. Foram encontradas seis espécies de parasitóides de
ovos, sendo E. tingitiphagus a mais abundante. As demais espécies ocorreram em
baixa freqüência e abundância, como pode ser visualizado na Tabela 1. A espécie E.
tingitiphagus ocorreu em todos os clones, entretanto, o mesmo não foi verificado para
as demais espécies.
No clone RRIM 600 ocorreram E. tingitiphagus, sete exemplares de Epoligosita
mexicana Viggiani, 1988 e um exemplar de Schizophragma bicolor (Dozier, 1932); no
GT 1, E. tingitiphagus e um exemplar de S. bicolor; no PR 255, E. tingitiphagus, quatro
exemplares de E. mexicana, um exemplar de S. bicolor, dois exemplares de
Eretmocerus sp. (Chalcidoidea: Aphelinidae), um exemplar da família Encyrtidae e um
exemplar de Encarsia sp.; no PB 235, E. tingitiphagus, quatro exemplares de E.
mexicana e um exemplar de Eretmocerus sp. e no PB 217, E. tingitiphagus, três
exemplares de E. mexicana, dois exemplares de S. bicolor e um exemplar da família
Encyrtidae. O único clone que apresentou as seis espécies encontradas foi o PR 255
(Tabela 1).
A ocorrência de Arachis sp. (amendoim-bravo) nos lados Leste e Oeste do talhão
e entre as linhas dos clones, pode ter influenciado na diversidade de parasitóides na
área, que esta planta floresce o ano todo, proporcionando recurso alimentar extra
e/ou hospedeiros alternativos para os adultos das espécies de parasitóides. A altura
média de três metros das árvores no Jardim Clonal pode favorecer a concentração dos
hospedeiros (ovos) em praticamente apenas um estrato da copa. Este fator também
pode levar à maior facilidade dos parasitóides encontrarem seus hospedeiros. A
diversidade genética dos clones plantados no jardim clonal também pode ser um fator
importante para a atração de espécies de parasitóides para a área, que cada clone
pode exalar um volátil (semioquímico) diferente.
Foi contabilizado um total de 857 parasitóides da espécie E. tingitiphagus nos
cinco clones estudados, sendo 356 no clone PR 255, 166 no GT1, 163 no RRIM 600,
95
140 no PB 235 e 32 no PB 217 (Tabela 1). Não foi observado parasitismo por E.
tingitiphagus em folíolos novos, sendo constatado em folíolos intermediários e em maior
número em folíolos maduros (Tabela 2). Possivelmente o baixo número de ovos
encontrados em folíolos novos (Tabela 3) influenciou na ausência de parasitismo nesta
idade de folha.
Tabela 1. Número total de indivíduos das espécies de parasitóides coletadas em
folíolos de seringueiras contendo ovos de Leptopharsa heveae, por mês e por
clone, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
MESES
outubro novembro
dezembro janeiro
fevereiro TOTAL
CLONES ESPÉCIE Nº. DE INDIVÍDUOS
E. tingitiphagus
9 57 41 55 1
163
E. mexicana
0 2 2 3 0
7
RRIM 600
S. bicolor
0 0 0 1 0
1
E. tingitiphagus
25 39 40 60 2
166
GT 1
S. bicolor
0 0 0 1 0
1
E. tingitiphagus
17 93 66 177 3
356
E. mexicana
1 0 3 0 0
4
S. bicolor
0 0 1 0 0
1
Eretmocerus sp.
0 1 0 1 0
2
Encyrtidae 0 1 0 0 0
1
PR 255
Encarsia sp.
0 1 0 0 0
1
E. tingitiphagus
5 31 15 87 2
140
E. mexicana
0 0 1 3 0
4
PB 235
Eretmocerus sp.
0 0 0 1 0
1
E. tingitiphagus
4 14 3 11 0
32
E. mexicana
0 0 3 0 0
3
S. bicolor
0 0 0 2 0
2
PB 217
Encyrtidae 0 1 0 0 0
1
Obs.: Nº. de coletas – outubro = 2; novembro = 4; dezembro = 4; janeiro = 5; fevereiro = 1
96
Tabela 2. Número de espécimes de Erythmelus tingitiphagus em três idades diferentes de folhas de seringueira,
para os clones PB 217, PB 235, RRIM 600, GT 1 e PR 255, na fazenda da empresa “Plantações E.
Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Legenda: FN = Folíolo novo; FI = Folíolo intermediário; FM = Folíolo maduro; = folíolos não coletados devido ao
ataque do fungo Microcyclus ulei.
PB 217 PB 235 RRIM 600 GT 1 PR 255
Número de Erythmelus tingitiphagus
MESES
FN
FI
FM
FN
FI
FM FN
FI
FM FN
FI
FM FN
FI
FM
out/05 0 0 1 0 0 2 0 0 6 0 0 11 0 0 10
out/05 0 0 3 0 0 3 0 0 3 0 0 14 0 0 7
nov/05 0 0 1 0 0 5 0 0 1 0 0 2 0 0 5
nov/05 0 0 1 0 0 6 0 0 14 0 0 7 0 0 29
nov/05 0 0 2 0 1 7 0 0 27 0 0 26 0 0 35
nov/05 0 0 10 0 0 12 0 0 15 0 0 4 0 2 22
dez/05 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 7
dez/05 0 0 0 0 0 12 0 0 0 0 0 11 0 2 15
dez/05 0 0 0 0 0 1 0 0 4 0 2 17 0 5 15
dez/05 0 0 2 - - 2 - - 37 - - 9 - - 22
jan/06 - - 3 - - 16 - - 35 - - 5 - - 88
jan/06 - - 6 - - 16 - - 6 - - 49 - - 7
jan/06 0 0 1 - - 48 - - 8 - - 2 - - 64
jan/06 0 0 1 - - 3 - - 3 - - 3 - - 13
jan/06 - - 0 - - 4 - - 3 - - 1 - - 5
fev/06 - - 0 - - 2 - - 1 - - 2 - - 3
TOTAL 0 0 32 0 1 139
0 0 163
0 2 164
0 9 347
97
As folhas novas, caracterizadas por maior flexibilidade, menor dureza cuticular,
menor tamanho e coloração mais clara, praticamente não apresentaram oviposições, à
exceção de plantas do clone PR 255, onde foi possível verificar a presença de 34 ovos
no total (Tabela 3). Os folíolos de idade intermediária apresentaram maior incidência de
ovos quando comparados aos novos, entretanto o número de parasitóides foi incipiente
(Tabela 3). O número de ovos de L. heveae foi sempre superior em folíolos maduros
em relação aos intermediários e novos, variando de 664 para o clone PR 255 e 76 para
o PB 217.
LARA & TANZINI (1997) observaram uma não-preferência por alimentação de L.
heveae, para os clones FX 4037, RO 38, RO 46 e preferência nos clones GT 1 e IAN
873. Desta maneira, demonstra que L. heveae possua preferência por alimentação e,
possivelmente, oviposição por determinados clones de seringueira em detrimento de
outros. Neste sentido, as características físicas e/ou químicas dos folíolos maduros
(resistência cuticular, presença de metabólitos secundários, espessura, coloração etc.)
atuem positivamente na preferência de L. heveae por esta idade de folha. Estas
características podem variar nas diferentes idades de folhas e clones, determinando as
variações na taxa de oviposição encontradas. Estudos são necessários para comprovar
esta hipótese.
O número médio de parasitóides nos folíolos maduros variou de 21,7 para o
clone PR 255 e 2,0 para o clone PB 217, sendo superior em todos os clones, quando
comparado aos folíolos intermediários e novos (Figura 2). Isto pode ser explicado, pelo
fato do número de oviposições de L. heveae ser muito maior nos folíolos maduros em
relação aos intermediários e novos, proporcionando uma maior disponibilidade de
hospedeiros nesta idade de folha, para os parasitóides de ovos encontrados (Tabela 3),
além das características físicas e/ou químicas presentes em cada uma das idades de
folhas.
A porcentagem de parasitismo variou de 14,5% para o clone PB 217 a 24,4%
para o PR 255 em folíolos maduros e de 2,3% no PR 255 a 5% no GT 1 em folíolos
intermediários. Não foi verificado parasitismo em folíolos novos em todos os clones
estudados (Tabela 3).
98
Tabela 3. Número de ovos de Leptopharsa heveae, espécimes de Erythmelus tingitiphagus e porcentagem de
parasitismo, em cinco folíolos de cada idade (novos, intermediários e maduros), para os clones PB 217, PB
235, RRIM 600, GT 1 e PR 255, na fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, Itiquira, MT.
Legenda: FN = Folíolo novo; FI = Folíolo intermediário; FM = Folíolo maduro; = folíolos o coletados devido ao
ataque do fungo Microcyclus ulei.
PB 217 PB 235 RRIM 600 GT 1 PR 255
Nº. de ovos de L. heveae / Nº. de E. tingitiphagus
MESES FN
FI FM FN
FI FM FN
FI FM FN
FI FM FN FI FM
out/05 0/0
0/0 1/1 0/0
3/0 4/0 0/0
2/0 2/0 0/0
2/0 12/3 0/0 24/0 10/4
out/05 0/0
0/0 10/1 0/0
0/0 10/2 1/0
4/0 5/3 0/0
1/0 10/3 5/0 6/0 9/3
nov/05 0/0
0/0 2/0 0/0
3/0 12/3 0/0
5/0 2/0 0/0
2/0 10/2 1/0 4/0 10/1
nov/05 0/0
0/0 1/0 3/0
6/0 20/4 0/0
0/0 34/7 1/0
0/0 19/5 2/0 14/1 38/10
nov/05 0/0
9/0 3/0 0/0
6/1 23/3 0/0
2/0 20/10 0/0
6/0 39/15 0/0 3/0 45/15
nov/05 0/0
1/0 8/3 0/0
5/0 21/7 0/0
1/0 34/7 0/0
1/0 3/1 0/0 10/0 37/9
dez/05 0/0
0/0 5/1 0/0
0/0 8/0 0/0
0/0 21/0 0/0
1/0 10/1 6/0 18/0 27/4
dez/05 0/0
0/0 8/0 0/0
0/0 49/11 0/0
0/0 0/0 0/0
1/0 35/8 6/0 7/0 51/6
dez/05 0/0
0/0 2/0 0/0
2/0 20/1 0/0
0/0 27/3 0/0
6/1 37/10 14/0
90/3 64/11
dez/05 0/0
0/0 1/0 - - 13/2 - - 118/22
- - 32/4 - - 82/14
jan/06 - - 7/1 - - 23/4 - - 43/14 - - 20/4 - - 124/44
jan/06 - - 15/4 - - 48/13 - - 15/2 - - 95/17 - - 7/2
jan/06 0/0
1/0 5/0 - - 19/11 - - 8/4 - - 7/1 - - 89/25
jan/06 0/0
1/0 6/0 - - 7/3 - - 10/0 - - 5/0 - - 22/10
jan/06 - - 0/0 - - 3/1 - - 8/2 - - 2/0 - - 30/2
fev/06 - - 2/0 - - 16/2 - - 2/0 - - 2/1 - - 19/2
TOTAL 0/0
12/0
76/11
3/0
25/1
296/67
1/0
14/0
349/74
1/0
20/1
338/75
34/0
176/4
664/162
% Parasitismo
0 0 14,5 0 4 22,6 0 0 21,2 0 5 22,2 0 2,3 24,4
99
Figura 2. Número médio de espécimes de Erythmelus tingitiphagus em três idades de
folhas para os clones de seringueira: A. PR 255, B. GT 1, C. RRIM 600,
D. PB 235 e E. PB 217, no período de outubro de 2005 a fevereiro de 2006, na
fazenda da empresa “Plantações E. Michelin Ltda.”, MT.
FN
FI
FM
0
0,22
10,3
0
5
10
15
20
25
Número médio de E. tingitiphagus
GT 1
FN
FI
FM
0
1,00
21,7
0
5
10
15
20
25
Número médio de E. tingitiphagus
PR 255
FN
FI
FM
0
0
10,2
0
5
10
15
20
25
Número médio de E. tingitiphagus
RRIM 600
FN
FI
FM
0
0
2
0
5
10
15
20
25
Número médio de E. tingitiphagus
PB 217
FN
FI
FM
0
0,11
8,7
0
5
10
15
20
25
Número médio de E. tingitiphagus
PB 235
100
Conclusões
A taxa de oviposição de L. heveae é maior em folíolos maduros de seringueira.
A ocorrência e taxa de parasitismo de E. tingitiphagus é maior em folíolos
maduros de seringueira.
101
Referências
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microenvironment for Yponomeuta mahalebella. Entomologia Experimentalis et
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102
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VENZON, M.; PALLINI, A.; JANSSEN, A. Interactions mediated by predators in
arthropod food webs. Neotropical Entomology, Londrina, v. 30, n. 1, p. 1-9, 2001.
103
CAPÍTULO 5 – IMPLICAÇÕES
Nos dois períodos estudados, foi observado um maior número de ovos de
Leptopharsa heveae Drake & Poor, 1935 (Hemiptera: Tingidae), bem como de
espécimes de Erythmelus tingitiphagus (Soares, 1941) (Hymenoptera: Mymaridae) no
talhão policlonal, não sujeito a aplicações de produtos fitossanitários. A não aplicação
de produtos fitossanitários favorece a multiplicação da praga, dado o número elevado
de ovos nos clones, na área não tratada em relação à área que sofre tratamento
convencional. Entretanto, o número de parasitóides nos dois ensaios não teve uma
variação contundente, possivelmente pelo fato dos produtos fitossanitários não
atingirem os ovos endofíticos de L. heveae e, portanto, não ocasionando a morte dos
ovos parasitados. Nesse sentido, a população de E. tingitiphagus não sofre um impacto
muito forte devido à aplicação dos produtos fitossanitários utilizados na fazenda da
empresa “Plantações E. Michelin Ltda.” – P.E.M., Itiquira – MT.
De maneira geral, as porcentagens de parasitismo foram maiores na área tratada
em relação à não-tratada. Provavelmente a taxa de oviposição de uma fêmea de E.
tingitiphagus não seja muito alta e, dessa maneira, um aumento exponencial do número
de hospedeiros disponíveis não significará o mesmo aumento no número de
parasitóides. Outra hipótese é a de que o potencial biótico da praga seja muito superior
a do parasitóide.
São necessários estudos sobre seletividade de produtos fitossanitários à E.
tingitiphagus, no intuito de minimizar o impacto negativo sobre a população deste
inimigo natural de L. heveae em campo.
O controle do percevejo-de-renda em plantios de seringueira é realizado pelo
controle químico que, além de ser oneroso, acarreta riscos ambientais e ao aplicador e
pelo controle biológico utilizando-se o fungo entomopatogênico Sporothrix insectorum
(P. Henn.) que apresenta baixa eficiência nos períodos de umidade relativa baixa.
Neste sentido, o parasitóide E. tingitiphagus mostra ser um promissor agente de
controle biológico de L. heveae, devido às suas altas taxas de parasitismo e pela sua
tolerância às aplicações de produtos fitossanitários, além de poder sem empregado em
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períodos de estiagem. Isto demonstra que este agente de controle biológico pode ser
mais um importante componente no controle de L. heveae e podendo ser empregado
num programa de manejo integrado desta importante praga dos seringais.
Estudos futuros da criação de E. tingitiphagus em laboratório, ou mesmo de seu
incremento populacional em campo se fazem necessários, a fim de possibilitar futuras
liberações deste agente de controle biológico em condições de campo.
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