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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CAMPUS DE BOTUCATU
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA ÁGUA RESIDUÁRIA DE
ABATEDOURO DE AVES PARA FINS DE REÚSO EM IRRIGAÇÃO.
ISRAEL MINGHINI
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agronômicas da Unesp Campus de
Botucatu, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia (Irrigação e Drenagem).
BOTUCATU – SP
Novembro – 2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CAMPUS DE BOTUCATU
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA ÁGUA RESIDUÁRIA DE
ABATEDOURO DE AVES PARA FINS DE REÚSO EM IRRIGAÇÃO.
ISRAEL MINGHINI
Orientador: Prof. Dr. Raimundo Leite Cruz
Co-Orientador: Prof. Dr. Germano Francisco Biondi
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agronômicas da Unesp Campus de
Botucatu, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia (Irrigação e Drenagem).
BOTUCATU – SP
Novembro – 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMEN-
MENTO DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO UNESP
FCA - LAGEADO - BOTUCATU (SP)
Minghini, Israel, 1957-
M665a Avaliação qualitativa da água residuária de abatedou-
ro de aves para fins de reúso em irrigação / Israel Min-
ghini. – Botucatu : [s.n.], 2007.
xi, 67 f. : il. color., tabs.
Dissertação (Mestrado) -Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Ciências Agronômicas, Botucatu,2007
Orientador: Raimundo Leite Cruz
Co-orientador: Germano Francisco Biondi
Inclui bibliografia.
1. Água - Reutilização. 2. Salmonella. 3.Irrigação. 4. A-batedouro de aves.
I. Cruz, Raimundo Leite. II. Biondi, Germano Francisco. III. Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”(Campus de Botucatu). Faculdade
de Ciências Agronômicas. IV. Título.
IV
Dedico...
...aos meus pais FRANCINETE DOS SANTOS MINGHINI e OSVALDO
MINGHINI (in memorian), que me ensinaram a viver com dignidade e lutar pelos meus
ideais, e que nunca mediram esforços para realização dos meus sonhos.
...a toda minha famíli
a, que de uma maneira ou de outra me apoiaram na
realização dos meus objetivos.
Há duas formas para viver sua
-
Uma é acreditar que não existe milagre,
-
Outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.
Albert Einstein
V
AGRADECIMENTOS
- A DEUS que com certeza estendeu-me a mão iluminando meu destino, dando-me forças e
saúde para trilhar no caminho que escolhi;
- A meu orientador Prof. Dr. Raimundo Leite Cruz pela dedicação, paciência, confiança e
principalmente por esta oportunidade;
- Ao meu co-orientador Prof. Dr. Germano Francisco Biondi, pela orientação a mim
dispensada;
- À Prof
a
. Drª. Ibiara C.L.A. Paz, ao Prof. Dr. Ariel Mendes e a Doutoranda Karen F. G.
Cardoso - do Departamento de Produção Animal da FMVZ/UNESP, pela ajuda e contato com
abatedouros de aves, sem vocês com certeza este experimento não teria sido realizado. Vocês
são um presente de DEUS!
- Ao Médico Veterinário Dr. Júlio César Lopes, do serviço de Inspeção Técnica do
Abatedouro de Aves em Pereiras – SP, pela ajuda e colaboração;
- Ao funcionário do Departamento de Engenharia Rural, José Israel Ramos, pelas análises e
ajuda na coleta das amostras. Com certeza todos do departamento devem muito a você;
- Ao Prof. Dr. João Carlos Cury Saad, pela ajuda e colaboração em várias etapas do mestrado,
principalmente na qualificação;
- Ao Departamento de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biociências - IB/UNESP-
em especial a Prof
a
. Drª. Vera Lúcia Mores, responsável pelas análises de salmonellas.
- A todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para realização desse trabalho.
Muito obrigado!
VI
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao meu orientador Prof. Dr. Raimundo Leite Cruz, pela orientação,
confiança, ajuda, e principalmente paciência com que teve comigo em todas as fases do
mestrado. Sem você tudo seria mais difícil; é de pessoas como você que o mundo de hoje
precisa. Sua humildade é contagiante.
Muito obrigado!
VII
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS............................................................................................................. X
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................XI
1 RESUMO................................................................................................................................1
2 SUMMARY............................................................................................................................ 3
3 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................5
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................. 7
4.1 Importância da gestão e monitoramento de recursos hídricos para irrigação................... 7
4.1.1 Principais parâmetros de qualidade da água........................................................... 10
4.1.1.1 Temperatura......................................................................................................... 10
4.1.1.2 Turbidez............................................................................................................... 10
4.1.1.3 Condutividade elétrica......................................................................................... 11
4.1.1.4 Nitrato e Nitrito ...................................................................................................11
4.1.1.5 Fósforo (P)........................................................................................................... 12
4.1.1.6 Ferro (Fe)............................................................................................................. 12
4.1.1.7 Sólidos sedimentáveis..........................................................................................13
4.1.1.8 pH ........................................................................................................................ 13
4.1.1.9 Demanda Química de Oxigênio (DQO).............................................................. 14
4.1.1.10 Demanda Bioquímica de Oxigênio....................................................................14
4.1.1.11 Coliformes total e fecal......................................................................................15
4.2 Irrigação com água de reuso........................................................................................... 16
4.3 Aspectos inerentes à legislação sobre recursos hídricos e saúde pública....................... 21
VIII
4.3.1 Microorganismos patogênicos presentes em águas poluídas .................................28
4.3.1.1 Salmonella ..........................................................................................................29
4.4 Principais métodos de tratamento de águas residuárias..................................................30
5 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 37
5.1 Características e instalações do abatedouro de aves.......................................................37
5.2 Período de coleta das amostras....................................................................................... 39
5.3 Locais e pontos de coleta das amostras .......................................................................... 39
5.4 Cuidados gerais com os materiais de coleta................................................................... 41
5.4.1 Acondicionamento das amostras ............................................................................ 41
5.5 Análises realizadas .........................................................................................................42
5.5.1 Procedimento de avaliação dos resultados ............................................................. 42
5.6 Metodologias utilizadas para medição dos parâmetros.................................................. 43
5.6.1 Parâmetros determinados........................................................................................43
5.6.1.1 No Laboratório de Recursos Hídricos ................................................................. 43
5.6.1.2 No Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas..................................................46
5.6.1.3 No Laboratório de Microbiologia e Imunologia..................................................46
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................47
6.1 Temperatura do ar e da água ..........................................................................................47
6.2 Potencial hidrogeniônico (pH) .......................................................................................48
6.3 Condutividade elétrica.................................................................................................... 48
6.4 Ferro (Fe)........................................................................................................................ 49
6.5 Nitrato e Nitrito ..............................................................................................................50
6.6 Coliformes ...................................................................................................................... 51
IX
6.7 Sólidos sedimentáveis ....................................................................................................52
6.8 Alumínio (Al) ................................................................................................................. 53
6.9 Turbidez.......................................................................................................................... 54
6.10 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) ..................................................................54
6.11 Demanda Química de Oxigênio (DQO)....................................................................... 55
6.12 Fósforo (P).................................................................................................................... 56
6.13 Salmonellas sp ............................................................................................................. 57
6.14 Macro e micronutrientes............................................................................................... 57
7 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 60
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................62
X
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Principais características físicas, químicas e biológicas da água...........................32
Tabela 2 – Valores para águas de Classe 1 (CONAMA/2005) ............................................... 42
Tabela 3 – Valores para Temperatura do ar da água................................................................47
Tabela 4 – Valores de pH ........................................................................................................ 48
Tabela 5 – Valores da Condutividade Elétrica (µS cm
-1
)........................................................ 49
Tabela 6 – Concentrações de Ferro (mg L
-1
)........................................................................... 50
Tabela 7 – Concentrações de Nitrato (mg L
-1
) ........................................................................ 50
Tabela 8 – Concentrações de Nitrito (mg L
-1
)......................................................................... 51
Tabela 9 – Número de Coliformes fecais e totais (NMP) .......................................................52
Tabela 10 – Volume de Sólidos sedimentáveis....................................................................... 52
Tabela 11 – Concentrações de Alumínio (mg L
-1
) .................................................................. 53
Tabela 12 – Valores da Turbidez (UNT)................................................................................. 54
Tabela 13 – Valores de Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg L
-1
) .....................................55
Tabela 14 – Valores de Demanda Química de Oxigênio (mg L
-1
).......................................... 55
Tabela 15 – Concentrações de Fósforo (mg L
-1
) ..................................................................... 56
Tabela 16 – Concentrações de Macro e Micronutrientes (mg L
-1
).......................................... 58
XI
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura l – Irrigação no Brasil por região (a) e por método (b).................................................. 8
Figura 2 – Evolução da área irrigada no Brasil nos últimos 50 anos ........................................ 9
Figura 3 – Lagoas de estabilização aeróbias em série ............................................................ 38
Figura 4 – Lagoa de estabilização anaeróbica......................................................................... 38
Figura 5 – Lagoa de maturação ............................................................................................... 39
Figura 6 – Local de coleta (primeiro ponto)............................................................................40
Figura 7 – Local de coleta (segundo ponto)............................................................................ 41
1
AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA ÁGUA RESIDUÁRIA DE ABATEDOURO DE
AVES PARA FINS DE REÚSO EM IRRIGAÇÃO.
Botucatu, 2007.
Dissertação (Mestrado em Agronomia/ Área de Concentração – Irrigação e Drenagem)
Faculdade de Ciências Agronômicas – Universidade Estadual Paulista.
Autor: ISRAEL MINGHINI
Orientador: RAIMUNDO LEITE CRUZ
Co-Orientador: GERMANO FRANCISCO BIONDI
1 RESUMO
O objetivo do presente trabalho consistiu na avaliação de parâmetros
de qualidade da água residuária proveniente de abatedouro de aves, visando analisar a
possibilidade de reutilizá-la na irrigação de culturas agrícolas, após sua caracterização.
As águas residuárias do abatedouro de aves, localizado na cidade de
Pereiras SP, foram coletadas em diferentes dias e épocas do ano e analisadas quanto aos
seguintes parâmetros: pH, temperatura, condutividade elétrica, fósforo total, nitrato, nitrito,
sólidos sedimentáveis, ferro, alumínio, turbidez, Salmonellas sp, macro e micronutrientes. As
temperaturas do ar e da água foram medidas no momento da coleta.
2
A discussão dos resultados obtidos esteve de acordo com a Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 357, de 17 de março de 2005, que
estabelece os padrões para classificação dos corpos de água.
A condutividade elétrica foi avaliada segundo padrões propostos pela
Companhia de Tecnologia de Saneamento Básico (CETESB, 2005) e o alumínio, segundo
valor estabelecido pelo Ministério da Saúde – Portaria nº 1 469.
Os resultados obtidos permitem concluir que a água residuária
analisada, não deve ser descartada diretamente em corpos dricos naturais, porém, pode ser
utilizada na irrigação de culturas agrícolas, após simples desinfecção.
_________________________________
Palavras chave: água residuária, Salmonellas, irrigação, abatedouro de aves.
3
QUALITATIVE ANALYSIS OF WASTEWATER FROM A POULTRY
SLAUGHTERHOUSE IN ORDER TO REUSE IT IN IRRIGATION.
Botucatu, 2007
Dissertation (Master in Agronomy/ Concentration Area- Irrigation and Drainage)
Agronomical Science College – University from São Paulo
Author: ISRAEL MINGHINI
Advisor: RAIMUNDO LEITE CRUZ
Co - Advisor: GERMANO FRANCISCO BIONDI
2 SUMMARY
The aim of this search consisted in comparing the quality of
wastewater from a poultry slaughterhouse, trying to analyze the possibility of using it in the
irrigation of agricultural growing, after its make-up.
Samples were colleted from wastewater from a poultry slaughterhouse
in Pereiras SP, in different days or time of the year, analyzing the following: pH,
temperature, electrical conductivity, total phosphorus, nitrate, nitrite, sedimentary solids, iron,
aluminium, muddy, salmonella, macro and micro nutrients. The temperature of the air and of
the water were measured at collection time.
4
The results were evaluated according to the Resolution of the
Environment National Council (CONAMA) 357, on March 17
th
- 2005, which establish the
patterns to classify the water contents.
The electrical conductivity was evaluated according to the amount
suggested by CETESB/2005 and the aluminium according to the established amount by Health
Ministry – Regulation nº 1.469.
The obtained results allow to conclude that the analyzed wastewater,
must not be rejected in natural water contents, however, it can be used in the irrigation of
agricultural growing, after simple disinfection.
_____________________________________________
Keywords: wastewater, salmonella, irrigation, slaughterhouse.
5
3 INTRODUÇÃO
Os parâmetros analisados para uma adequada interpretação da
qualidade da água para irrigação, devem estar relacionados com seus efeitos na cultura, no
solo e no manejo da irrigação, para evitar problemas relacionados com a saúde pública.
Destaca-se como parâmetro sico analisado para determinação de
qualidade da água para irrigação o seu aspecto sanitário, devido principalmente aos diversos
tipos de tratamentos adotados para sua despoluição (BERNARDO, 1995), obtendo-se um
produto final conhecido como “água residuária”, e que muitas vezes é utilizada na irrigação de
culturas – principalmente hortaliças e frutíferas.
No Brasil, o lançamento de água residuária nos meios hídricos ainda é
prática comum. Os agricultores ribeirinhos utilizam estas águas para irrigar suas culturas e
podem ser contaminados ou contaminarem os seus produtos agrícolas, muitas vezes,
comercializados e levados diretamente à mesa dos consumidores sem a prévia avaliação da sua
qualidade para o consumo. Esta prática popular está ligada a empreendimentos rudimentares
sem nenhum controle técnico e sanitário.
O uso de água para fins domésticos, industriais, recreação, agrícolas e
para geração de energia, vem aumentando a níveis preocupantes em escala mundial. A oferta
de recursos hídricos em todas as regiőes tem diminuído quantitativa e qualitativamente, com a
demanda crescente pela pressão demográfica e econômica das sociedades modernas. Essa
carência favorece a discussão sobre a necessidade urgente da utilização de águas de qualidade
6
inferior, como as águas residuárias domésticas ou industriais tratadas em um nível compatível,
para a sua reutilização em outras finalidades (MACHADO, 2005).
Ainda segundo Machado (2005) ao liberar as fontes de água com
padrões de qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, a reutilização de
água de qualidade inferior para fins de irrigação, respeitando-se os limites de segurança à
saúde pública, contribui para um melhor planejamento dos recursos hídricos.
Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar a
qualidade da água residuária proveniente de abatedouro de aves, destacando a importância de
parâmetros microbiológicos, para posterior utilização em irrigação, principalmente de
hortaliças.
7
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1 Importância da gestão e monitoramento de recursos hídricos para irrigação
Essencial à vida, a água é uma substância necessária às diversas
atividades humanas, além de constituir componente fundamental da paisagem e do meio
ambiente (MEDEIROS et al., 2003). A qualidade da água constitui-se num dos aspectos mais
relevantes na agricultura irrigada porque pode afetar o sistema de irrigação, a cultura, a
qualidade do produto, o irrigante e as propriedades do solo.
Felizmente, no Brasil as águas superficiais apresentam bons padrões
para irrigação; no entanto, com a crescente degradação dos rios, reservatórios e lagos pelo
lançamento de efluentes industriais, esgoto sanitário e resíduos da pecuária intensiva, pode-se
implicar em futuro próximo à limitação do uso dessas águas para fins de irrigação
(DOMINGUES, 2005).
No Brasil, 61% das águas captadas dos rios e lagos săo utilizadas na
irrigaçăo e 50% dessa água é efetivamente utilizada pelas plantas.
A agricultura consome 70% dos recursos hídricos utilizados no mundo,
enquanto a atividade industrial utiliza apenas 23% e o uso doméstico 7%. A área irrigada
global é de aproximadamente 260 milhőes de hectares, representando 17% da área total
irrigada, porém contribui com 40% da produção de alimentos (COUTO, 2003 citado por
DOMINGUES, 2005).
8
Estima-se que, a área irrigada no Brasil, está distribuída nas regiőes do
país aproximadamente nas seguintes porcentagens: Norte 3%, Nordeste 19%, Sudeste
30%, Sul 41%, Centro-Oeste 7%. Em termos de porcentagem ocupada por método de
irrigação, observa-se: superfície 58%, aspersão convencional e autopropelida 17%,
aspersão mecanizada – 19%, microirrigação – 6%.
Na Figura l são apresentados os gráficos relativos a área irrigada no
Brasil por região (a), e a área irrigada por método (b); ambos relativos a 2001.
Fonte: Domingues (2005)
(a) (b)
Figura 1 – a) Irrigação no Brasil por região b) Irrigação no Brasil por método
A área irrigada no Brasil representa cerca de 5% da área total
cultivada, mas, contribui apenas com 16% da produção agrícola e representa 35% do total
dessa produção (SANTOS, 1998 citado por DOMINGUES, 2005).
9
Na Figura 2 observa-se a evolução da área irrigada no Brasil nos
últimos 50 anos.
Fonte: Domingues (2005)
Figura 2 – Evolução da área irrigada no Brasil nos últimos 50 anos.
No âmbito dos recursos hídricos derivados dos mananciais, a
agricultura irrigada é considerada a principal usuária, sendo responsável pelo uso de
aproximadamente 61% do total de água utilizado.
Dentre os principais problemas encontrados na agricultura irrigada
merecem destaque a baixa taxa de utilizaçăo de técnicas de manejo de irrigação, com
desperdício de água e energia e a utilizaçăo por um grande número de irrigantes de sistemas de
produção e de tecnologias desenvolvidas para a agricultura de sequeiro. Outro grande
equívoco que se tem cometido é com relaçăo à escolha do método e do sistema de irrigação.
Muitas vezes o agricultor ou empresário, por desconhecimento ou por
assessoria inadequada, faz a opçăo por um sistema de irrigaçăo totalmente inadequado para as
suas condiçőes ou para o tipo de cultura. Outro ponto a considerar é o projeto de irrigaçăo em
si, e o dimensionamento do sistema e dos equipamentos de irrigaçăo que muitas vezes săo
feitos sem muito critério. Hoje, com o acirramento da competitividade pelo uso da água nos
diversos setores e atividades e com a maior aplicabilidade dos instrumentos de gestăo de
recursos hídricos introduzidos pela lei 9.433/97 que trata da política nacional de recursos
10
hídricos e as correspondentes leis estaduais, é necessário um maior grau de organizaçăo do
setor agrícola para se ajustar aos novos paradigmas e às exigências da sociedade com relaçăo
aos aspectos ambientais e de sustentabilidade (DOMINGUES, 2005).
4.1.1 Principais parâmetros de qualidade da água
O grau de poluiçăo das águas é medido através de características
físicas, químicas e biológicas das impurezas existentes, que, por sua vez, săo identificadas
como parâmetros de qualidade das águas, que definem os limites de concentraçăo a que cada
substância presente na água deve obedecer.
De maneira geral, as características físicas são analisadas sob o ponto
de vista de sólidos (suspensos, coloidais e dissolvidos na água) e gases. As características
químicas, nos aspectos de substâncias orgânicas e inorgânicas e, as biológicas sob o ponto de
vista da vida animal, vegetal e organismos unicelulares (CETESB, 2005).
4.1.1.1 Temperatura
Segundo Patemiani e Pinto (2001) a temperatura é a medida da
quantidade de calor de um sistema. Através da absorção e espalhamento da luz solar na água, a
energia dessa radiação diminui, transformando-se em calor. Este processo é influenciado pela
estrutura molecular da água, pela presença de partículas em suspensão e, especialmente, por
compostos orgânicos dissolvidos.
A temperatura atua em muitos equilíbrios físicos e químicos, sendo
importante fator ecológico. Assim, as variaçőes da temperatura influenciam as concentraçőes
de O
2
e CO
2
da água, o teor de carbonato e os valores de pH (PATEMIANI e PINTO, 2001).
4.1.1.2 Turbidez
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de
intensidade que um feixe de luz sofre ao atravessá-la, e esta redução se por absorção e
espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbidez nas águas são maiores que o
11
comprimento de onda da luz branca, devido à presença de sólidos em supensão, tais como
partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos, algas e bactérias, plâncton
em geral, etc. A erosão das margens dos rios em estações chuvosas é um exemplo e fenômeno
que resulta em aumento da turbidez das águas (CETESB, 2005).
A turbidez é um dos parâmetros de controle de qualidade da água mais
usados em sistemas de tratamento de água devido a sua rápida e fácil determinação com
resultados bastante confiáveis e precisos (PATEMIANI e PINTO, 2001).
A turbidez da água é normalmente reduzida através da filtração.
4.1.1.3 Condutividade elétrica
A condutividade elétrica é a propriedade expressa pela quantidade de
eletricidade transferida através de uma área unitária, num gradiente de potencial e intervalo de
tempo definidos. É uma propriedade intrínseca de cada material e, no caso de sistemas
líquidos depende do número de cargas de íons dissolvidos.
A condutividade elétrica de uma solução é a capacidade em conduzir
corrente elétrica, em função da concentração iônica, principalmente pelo conteúdo de
nutrientes como cálcio, magnésio, potássio, sódio, carbonato, sulfato e cloreto (ESTEVES,
1988).
Dependendo das concentrações iônicas e da temperatura, indica a
quantidade de sais existentes na coluna d’água, e, portanto, representa uma medida indireta da
concentração de poluentes.
A condutividade elétrica de uma solução é um fenômeno cumulativo,
sendo resultado da somatória das condutividades dos diferentes íons (CONTE e LEOPOLDO,
2001).
4.1.1.4 Nitrato e Nitrito
A origem de excessos de nitrogênio na água está normalmente
associada a despejos domésticos e industriais, excrementos de animais e uso de fertilizantes.
Devido a este último fator, sua importância na agricultura irrigada tem tido atenção
12
intensificada, principalmente devido a difusão das técnicas de fertirrigação. A presença de
nitrogênio na forma de nitrato em excesso na água, pode trazer problemas graves de saúde à
população, como a metahemoglobinemia; doença que pode causar morte em crianças
(PATEMIANI e PINTO, 2001).
Esta doença ocorre porque o nitrato se reduz a nitrito na corrente
sanguínea, competindo com o oxigênio livre. Por isso, o nitrato é padrão de potabilidade,
sendo 10 ml L
-1
o valor máximo permitido (CETESB, 2005).
4.1.1.5 Fósforo
A presença do fósforo na água pode se dar de diversas formas. A mais
importante delas para o metabolismo biológico é o ortofosfato. O fósforo é um nutriente e não
traz problemas de ordem sanitária para a água. Sua presença nas águas pode ter origem na
dissolução de compostos do solo (escala muito pequena), despejos domésticos e/ou industriais,
detergentes, excrementos de animais e fertilizantes.
A utilização crescente de detergentes de uso doméstico e industrial
favorece muito o aumento das concentrações de fósforo nas águas.
Concentrações elevadas de fósforo podem contribuir, da mesma forma
que o nitrogênio, para a proliferação de algas e acelerar, indesejavelmente, em determinadas
condições, o processo de eutrofização.
Por outro lado, o fósforo é um nutriente fundamental para o
crescimento e multiplicação das bactérias responsáveis pelos mecanismos bioquímicos de
estabilização da matéria orgânica (CETESB, 2005).
4.1.1.6 Ferro total
Segundo Esteves (1988), o ferro é um elemento considerado
micronutriente em relação às plantas e necessário para o metabolismo animal, em
concentrações elevadas pode se tornar tóxico.
A presença do ferro em águas superficiais é atribuída, principalmente,
à decomposição de rochas ricas em ferro e nos solos resultantes dessa decomposição. Sendo
13
um elemento abundante na superfície terrestre, é normalmente encontrado nos corpos d’água,
para onde é transportado, principalmente pelas chuvas, por meio da lixiviação do solo.
4.1.1.7 Sólidos sedimentáveis
É a porção de sólidos em suspensão que se sedimenta sob a ação da
gravidade durante um determinado tempo, à partir de 1 litro de amostra mantida em repouso.
É um teste muito utilizado para avaliar sistemas de tratamento de
esgoto. A quantidade de sólidos sedimentáveis é determinada em mm L
-1
h
-1
.
4.1.1.8 pH
Conforme PATEMIANI e PINTO (2001), o potencial hidrogeniônico
(pH) é medida importante na análise de água para irrigação por estar intimamente relacionado
com a concentração de outras substâncias presentes na água. Assim, por exemplo, uma água
que apresenta pH acima de 8,3 contém altas concentrações de sódio, carbonatos e
bicarbonatos, podendo tornar-se inadequada para irrigação.
As águas de irrigação com pH inferior a 7,0 tornam-se corrosivas,
enquanto valores de pH acima de 7,0 favorecem a incrustação de materiais nas tubulações e
equipamentos de irrigação.
Os valores de pH da água de irrigação estão normalmente entre 6,5 e
8,4 (AYERS, 1977 citado por PATEMIANI e PINTO, 2001). Valores fora desses limites
indicam que pode haver problemas na qualidade da água, recomendando-se uma análise mais
detalhada dos parâmetros que definem sua qualidade.
De acordo com a CETESB (2005), a influência do pH sobre os
ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente devido a seus efeitos sobre a fisiologia das
diversas espécies. Também o efeito indireto é muito importante, podendo determinadas
condições de pH contribuir para a precipitação de elementos químicos tóxicos como metais
pesados; outras condições podem exercer efeitos sobre as solubilidades de nutrientes.
14
4.1.1.9 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
É a quantidade de oxigênio necessário para oxidação da matéria
orgânica através de um agente químico. Os valores de DQO normalmente são maiores que os
da DBO, sendo o teste realizado num prazo menor e em primeiro lugar, servindo os resultados
de orientação para o teste da DBO (GEOCITIES, 2005).
A DQO é um parâmetro indispensável e bastante eficiente nos estudos
e no controle de sistemas de tratamento anaeróbios de esgotos sanitários e de efluentes
industriais, recomenda-se utilizar tal parâmetro conjuntamente com a DBO para observar a
biodegrabilidade de despejos. Como a DBO mede apenas a fração biodegradável, quanto mais
esse valor se aproxima da DQO significa que mais facilmente biodegradável será o efluente.
Um valor alto de DQO indica uma grande concentração de matéria
orgânica e baixo teor de oxigênio.
De acordo com a CETESB (2005) o aumento na concentração de
DQO num corpo d’água se deve principalmente a despejos de origem industrial. A DQO é
geralmente medida em mg L
-1
.
4.1.1.10 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
A DBO traduz indiretamente a quantidade de matéria orgânica
presente no corpo de água. A matéria orgânica é formada por inúmeros componentes, como
compostos de proteína, carboidratos, uréia, surfactantes (detergentes), gordura, óleos, fenóis,
pesticidas, etc.
Esta matéria carbonácea, apresenta-se em suspensão ou dissolvida,
podendo ser biodegradável ou não. Dada a diversidade dos compostos e formas como se
apresentam no corpo d’água, procura-se quantificá-la, indiretamente, medindo-se sua
capacidade de consumo de oxigênio dissolvido na água, que se dá através das bactérias
oxidantes.
A DBO padrão é aquela que representa o consumo de oxigênio no
processo de oxidação da matéria orgânica presente em uma amostra de água durante um
período de 5 dias, e incubada a 20º C.
15
A DBO padrão está associada à porção biodegradável da matéria
orgânica de origem vegetal e animal e também àquela presente nos despejos domésticos
industriais.
Esgotos domésticos possuem valor de DBO em torno de 300 mg L
-1
,
que representa o consumo de 300 mg de oxigênio em 5 dias à 20º C, no processo de
estabilização da matéria orgânica carbonácea biodegradável presente em 1 litro de esgoto.
Um valor de DBO alto significa presença de poluição através da
matéria orgânica proveniente de fontes pontuais e/ou difusas de origem doméstica ou
industrial (GEOCITIES, 2005).
4.1.1.11 Coliformes fecais e totais
As bactérias do grupo coliforme são utilizadas como principais
indicadores biológicos da qualidade das águas (contaminação fecal). A contaminação das
águas por fezes humana e/ou animal pode ser detectada pela presença desse grupo de
bactérias.
O grupo coliforme de bactérias se divide como indicador de
contaminação fecal, da seguinte forma:
- coliformes totais (fecal e não fecal);
- coliformes fecais (fecal);
- estreptococos fecais (fecal).
O grupo coliforme é formado por um número de bactérias que inclui os
gêneros: Klebsiella, Escherichia, Serratia, Erwenia e Enterobactéria. Todas as bactérias
coliformes são gram-negativas manchadas, de hastes não esporuladas que estão associadas
com as fezes de animais de sangue quente e com o solo. As bactérias coliformes fecais
reproduzem-se ativamente a 44,5º C e são capazes de fermentar o açucar.
O uso das bactérias coliformes fecais para indicar poluição sanitária,
mostra-se mais significativo que o uso da bactéria coliforme total, porque as bactérias fecais
estão restritas ao sistema digestório de animais de sangue quente (GEOCITIES, 2005).
Segundo Fravet (2006) como os coliformes fecais (termotolerantes)
existem em grande quantidade nas fezes de animais de sangue quente, quando encontrados na
16
água, indica que a mesma recebeu carga de esgoto doméstico e/ou de adubação orgânica e por
isso são impróprias do ponto de vista sanitário para o uso na irrigação por aspersão, podendo
conter microorganismos causadores de doenças.
O grupo de bactérias coliformes é encontrado no sistema digestório de
animais de sangue quente (homem, porco, cão, vaca, etc), onde vivem saprofitamente, não
causando em geral, nenhum dano ao hospedeiro. Cada pessoa descarta de 100 a 400 bilhões de
organismos coliformes por dia, além de outras bactérias. Tais organismos nem sempre são
patógenos, mas, indicam uma possível contaminação e a potencialidade de transmissão de
doenças (BRANCO, 1986 citado por FRAVET, 2006).
Esse parâmetro de controle de qualidade da água para irrigação tem
merecido grande atenção nos últimos tempos devido à difusão das técnicas de reúso de água
residuárias para irrigação. Embora o reúso da água venha a contribuir para a economia desse
escasso recurso natural, deve-se tomar cuidado com relação a contaminações por organismos
patogênicos, pois mesmo após a colheita alguns microorganismos sobrevivem nos frutos e
hortaliças por várias semanas, podendo contaminar seus consumidores (PATEMIANI e
PINTO, 2001).
A Resolução nº 357/05 CONAMA, não estabelece valores limites
quanto a existência de coliformes totais, entretanto, estabelece valores máximos permissíveis
para coliformes termotolerantes, que é de 200 NMP mL
-1
em 80% ou mais, de pelo menos 6
amostras, coletadas durante o período de um ano.
Os órgãos ambientais utilizam-se deste indicador para diagnosticar
também as condições para o banho de mar. Esse serviço informa à população a adequabilidade
ou não de banho junto às águas litorâneas (excelente, muito boa, satisfatória e imprópria) e é
denominado de condições de balneabilidade.
De acordo com a CETESB (2005), a contaminação fecal é medida em
número mais provável de coliformes por 100 mL de água amostrada (NMP100
-1
mL).
4.2 Irrigação com águas de reúso
O objetivo da irrigação é proporcionar umidade adequada para o
desenvolvimento das plantas para aumentar a produtividade e superar o efeito dos períodos
17
secos. Qualquer que seja a fonte, a avaliação da água utilizada na irrigação das culturas é
indispensável e de importância fundamental (MATTOS, 2003).
Segundo Reichardt (1990) na prática de irrigação, a longo prazo, a
qualidade da água é um dos fatores mais importantes. Pequenas quantidades de soluto podem
em projetos de irrigação mal elaborados, transformar lentamente uma área fértil em um solo
salino de baixa produtividade. Quando o agricultor percebe o problema, muitas vezes é tarde
demais, pois a recuperação de solos salinos ou salinizados é difícil, demorada e dispendiosa.
A agricultura irrigada requer elevados investimentos em sistemas e
equipamentos de irrigação e independentemente do tamanho do estabelecimento exige a
utilização de alta tecnologia de produção. Desta forma, cada vez mais a agricultura irrigada
deverá buscar a racionalização do uso da água, o aumento da produtividade física, a melhoria
da qualidade dos produtos, as estratégias de mercado, os aspectos relacionados à pós-colheita
e comercialização e com a sustentabilidade dos sistemas do ponto de vista ambiental,
econômico e social.
Considerando-se que, grande parte da produção de alimentos orgânicos
provem da horticultura, especial atenção deve ser dada à qualidade da água, que muitos
produtos hortigranjeiros são consumidos in natura”. A captação, os reservatórios e o sistema
de irrigação adotado serăo fatores determinantes na qualidade da água que está sendo utilizada
(DIAS, 2000).
Para produção de alimentos orgânicos, por exemplo, o ideal é que a
água para irrigação e higienização dos produtos tenha sua origem na propriedade e seja, de
preferência, proveniente de nascentes. Sabe-se que, a agricultura de hoje é separada em
sistemas com irrigação e sistemas sem irrigação, e que, além dos córregos e rios, deve-se
recorrer a outras fontes como poços artesianos e poços do lençol freático. Esta disponibilidade
de água pode ser o fator determinante para a vialibilidade do sistema de produção orgânica
(DIAS, 2000).
Segundo Bernardo (1995) quanto ao aspecto sanitário da água utilizada
na irrigação, três casos a considerar: a contaminação do irrigante durante a condução da
irrigação, a contaminação da comunidade ao redor do projeto de irrigação e a contaminação
dos usuários dos produtos irrigados. Nos dois primeiros casos, a principal doença é a
esquistossomose, cuja contaminação se por meio de contato direto do irrigante com a água
18
de irrigação, especificamente no segundo, há as verminoses adquiridas pela ingestão dos
hortifrutigranjeiros contaminados pela água de irrigação.
À medida que a água năo está prontamente disponível ou o seu custo
de produção é aumentado, ela torna-se um fator crítico para o desenvolvimento e, até mesmo,
para a sobrevivência da sociedade (FIGUEIREDO, 1997). O objetivo maior da preservação da
água é garantir sua qualidade e disponibilidade em todos os níveis de consumo. No que se
refere ao uso da água na agricultura, a irrigação só passa a ser fator de risco para as reservas de
água quando não inclui, nas práticas de manejo, os cuidados necessários para a conservação do
solo e da vegetação e, quando năo adota medidas preventivas para evitar a contaminação da
água por agrotóxicos e fertilizantes (OLIVEIRA et al., 2002).
As águas ocupam 71% da superfície do planeta, além do potencial
hídrico subterrâneo que é 100 vezes maior que o potencial das águas superficiais. Do total,
apenas 0,63% é água doce, e grande parte dela é imprópria para o consumo, sendo que a água
doce do planeta viável para o aproveitamento humano, é de aproximadamente
14 mil Km
3
ano
-1
. Caso se mantenha a taxa de crescimento da população mundial em 1,6 % ao
ano, e o consumo per capita de água se mantiver, haverá aproximadamente 50 anos de
abastecimento de água garantido, após este período a procura será maior que a demanda
(DIAS, 2000).
Segundo Oliveira et al. (2002) a agricultura utiliza grande quantidade
de água e a atividade pode tolerar águas de qualidade inferior à necessária em indústria e uso
doméstico. Em termos quantitativos, o volume de águas residuárias disponíveis para a
irrigação é insignificante, em comparação com o total de água usado na agricultura irrigada,
mas as possíveis conseqüências de seu uso são de tal importância econômica, ambiental e
social, que a necessidade de planejamento é justificada para controlar, em longo prazo, os
efeitos de salinidade, sodicidade, nutrientes e oligoelementos, sobre os solos e as culturas.
A substituição da água com bons padrões de qualidade por águas
residuárias tratadas na irrigação, possibilita a economia de água doce, aumentando assim a
disponibilidade de recursos hídricos para finalidades que requerem padrões de qualidade mais
exigentes como o abastecimento domiciliar e industrial (MONTE, 2001).
19
As normas, os padrőes e os códigos de prática de água de reúso
agrícola no Brasil são realizados com base em diretrizes desenvolvidas por organismos
internacionais.
A contaminação das águas no Brasil aumentou cerca de cinco vezes
nos últimos dez anos, e, avança muito rápido num espaço de tempo considerado curto. No
atual ritmo, se continuar, nos próximos dez anos a situação será realmente crítica.
O problema nas regiőes metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte sobre a situação, chama muito a atenção, pois as áreas onde cinco anos não
havia sido detectado nenhum tipo de poluição das águas, hoje já estăo dentro das áreas
consideradas contaminadas (MORELLI, 2005).
Segundo Machado (2005) a grande vantagem da utilização da água de
reúso é a de preservar água potável exclusivamente para abastecimento de necessidades que
exigem a sua potabilidade, como para o abastecimento humano. A demanda crescente por
água tem feito do reúso planejado de água um tema atual e de grande importância. Deve-se
considerar o reúso de água como parte de uma atividade mais abrangente de gestão integrada
que é o uso racional ou eficiente da água, o qual compreende também o controle de perdas e
desperdícios, e a minimização da produção de efluentes e do consumo de água.
Dentro dessa ótica, os esgotos tratados têm um papel fundamental no
planejamento e na gestão sustentável dos recursos hídricos como um substituto para o uso de
águas destinadas a fins agrícolas e de irrigação, entre outros. Ao liberar as fontes de água de
boa qualidade para abastecimento público e outros usos prioritários, como os requeridos pelas
diversas indústrias, sem dúvida, o uso de esgotos contribui para a conservação dos recursos e
acrescenta uma dimensão econômica ao planejamento dos recursos hídricos.
Durante as duas últimas décadas, o uso da água de esgotos tratados em
irrigação de culturas aumentou significativamente devido principalmente à dificuldade
crescente de identificar fontes alternativas de águas para irrigação. A água de reúso tratada é
produzida normalmente dentro das estaçőes de tratamento de esgotos (ETEs) e pode ser
utilizada para inúmeros fins, como a geração de energia, irrigação de hortaliças, gramados e
rega de áreas verdes.
Reúso é o processo de utilização da água por mais de uma vez, tratada
ou não, para o mesmo ou outro fim (MACHADO, 2005).
20
O reúso da água pode ser direto ou indireto, bem como decorrer de
őes planejadas ou não planejadas (BREGA FILHO e MANCUSO, 2003).
Os autores reafirmam que, o reúso indireto não planejado de águas
ocorre quando a água utilizada uma ou mais vezes em alguma atividade humana é
descarregada no meio ambiente e novamente utilizada a jusante. O reúso planejado de água
ocorre quando se pressupőe a existência de um sistema de tratamento de efluentes que atenda
aos padrőes de qualidade requeridos pelo novo uso que se deseja fazer da água.
A utilização de águas residuárias na agricultura irrigada era prática de
pequenas civilizaçőes aproximadamente 5000 anos (ASANO e LEVINE, 1996). A
aplicaçăo de águas residuárias ao solo é mencionada desde tempos antes de Cristo. O uso de
efluentes com o propósito de beneficiar a agricultura, ocorria na Alemanha, no século XVI.
Desde essa época até hoje, a aplicaçăo de efluentes no solo é praticada em diversos países
como Inglaterra, Austrália, México, França, África do Sul, Argentina, Israel, Índia, Hungria,
Bélgica, Estados Unidos, entre outros (BRAILE e CAVALCANTI, 1993).
A aplicação de esgotos na agricultura vem tendo um grande avanço
nas últimas décadas devido aos seguintes fatores: os benefícios econômicos referidos graças
ao aumento de produtividade, dificuldades crescentes de fonte de água natural para irrigação e
de impacto no solo e culturas, desde que tomadas das devidas precauçőes (MATTOS, 2003).
No Brasil, pouco ou quase nada se tem registrado sobre reúso direto de
efluentes, tratados ou não, o que não quer dizer que não ocorra e de forma indiscriminada e
sem controle. Mas o reúso indireto é, sem dúvida, prática corrente, haja vista a quase
inexistência de tratamentos de esgotos, somente 10% do volume total de esgotos coletados no
país são submetidos a algum tipo de tratamento (CABES citado por BASTOS, 1999a).
Na realidade brasileira, existirão sempre situaçőes onde, não somente
caberão, mas tornar-se-ão necessárias tecnologias simples e de baixo custo para tratamento de
esgotos, incluindo seu reúso. Entretanto, de se admitir que o conhecimento acumulado
sobre o assunto no Brasil, ainda é escasso (BASTOS, 1999a).
Segundo Bastos (1999b) um bom ponto de partida seria o próprio
conhecimento de que, de fato, o reúso é praticado no país, o que torna evidente a necessidade
de pesquisas e açőes na direção do reúso controlado, incluindo suja regulamentação.
21
Estando comprovada a excelência dos esgotos e/ou efluentes tratados
na irrigação e se os riscos sanitários podem ser controlados e eliminados, o não
aproveitamento dos mesmos não ocorre quando nao vontade política, quando não são
necessários por razőes climáticas ou econômicas, quando não há sistemas de coleta de esgotos
ou quando a prática não é aceita por motivos culturais (ANDRADE NETO, 1992).
Segundo Chernicharo (2001) a matéria orgânica contida nos esgotos
aumenta a capacidade do solo em reter água, sendo que a aplicação dos nutrientes neles
contidos pode reduzir, ou mesmo eliminar, a necesidade de fertilizantes comerciais.
Em geral, os esgotos sanitários apresentam teores de macro e
micronutrientes satisfatórios, para a demanda da maioria das culturas. Porém, a presença de
sais e sólidos dissolvidos fixos deve ser vista com atenção, que tais características podem
gerar um efluente salino, impróprio para a irrigação (FOLEGATTI, 1999).
Segundo Sousa et al. (2006), atualmente o uso de esgotos tratados na
agricultura cresceu consideravelmente, haja vista ser este uma fonte natural de fertilizante que
garante uma boa produtividade das culturas irrigadas.
A escassez de água como matéria prima em processos produtivos e as
crescentes exigências em relação à quantidade e qualidade dos efluentes, visando preservar o
meio ambiente, vem aumentando significativamente os custos, tanto no seu suprimento como
no seu descarte.
A tecnologia do reúso acoplada com a reciclagem da água surge como
um esforço da engenharia ambiental e sanitária, buscando uma solução para sua utilização
racional em processo produtivo e a máxima proteção ambiental com o menor custo possível.
4.3 Aspectos inerentes à legislação sobre recursos hídricos e saúde pública
A Resolução nº 357 de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do
Meio Ambiente CONAMA (BRASIL, 2005) estabelece a classificação das águas doces,
salobras e salinas do Território Nacional, que segundo seus usos preponderantes, são
enquadradas em 13 classes, dentro de limites de condiçőes indispensáveis, visando os
diferentes usos e o equilíbrio ecológico dos corpos de água.
22
As águas doces são classificadas em 5 classes, ou seja, classe especial
e classes 1, 2, 3 e 4, de acordo com sua qualidade e condiçőes de utilização, que assim podem
ser descritas:
I – classe especial: águas destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;
b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e
c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de
proteção integral.
II – classe 1: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se
desenvolvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e
e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
III – classe 2: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e
mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;
d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de
esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
e) à aqüicultura e a atividade de pesca.
IV – classe 3: águas que podem ser destinadas:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional ou
avançado;
b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
c) à pesca amadora;
d) à recreação de contato secundário; e
e) à dessedentação de animais.
23
V – classe 4: águas que podem ser destinadas:
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
Essa Resolução estabelece os teores máximos permitidos de
substâncias químicas potencialmente prejudiciais, além de valores relativos a parâmetros
físico-químicos e biológicos.
O efluente dos esgotos, mesmo dos previamente tratados, pode conter
ovos de patógenos que se dispersam pelos rios e campos, quando inundaçőes ou quando as
águas são desviadas para irrigação (REY, 2001).
O uso de esgotos ou águas contaminadas por esgoto sanitário na
agricultura de acordo com a legislação vigente, deve estar condicionado ao tratamento, às
restriçőes quanto ao tipo de culturas, escolha de métodos de aplicação e controle de exposição
do homem e de animais (MAGALHÃES et al., 2001).
Segundo SOCCOL e PAULINO (2000) rios trabalhos de pesquisa
realizados no Brasil, demonstram a presença de ovos de helmintos ou cistos de protozoários
em vegetais consumidos in natura. Porém, a maioria dos autores não realiza testes de
viabilidade ou infectividade destes ovos ou cistos, os quais são de fundamental importância
para a determinaçăo dos riscos da infecção humana. Os autores citam que patologias no
homem e nos animais são diversificadas, causadas por vírus, bactérias, fungos, protozoários e
helmintos, podendo apresentar desde uma sintomatologia simples até conseqüências mais
graves.
Os limites para a presença de determinadas substâncias de origem
antrópica na água tęm por objetivo a proteção da saúde pública e a proteãăo, ou mesmo
recuperação, dos ecossistemas (SANTOS, 2002).
De acordo com SAMPAIO et al. (2001) a utilização de águas
residuárias na irrigação representa parcela considerável. Vários trabalhos apontam que a
próxima crise da humanidade estará intimamente relacionada com a disponibilidade e
conservação dos recursos hídricos.
No Nordeste, a maior parte das águas residuárias destina-se à irrigação.
Isso soluciona em parte a escassez da água existente para diversas atividades e evita a elevada
exploração de poços subterrâneos, mantendo o equilíbrio dos aqüíferos (BRITO, 2000).
24
ARAUJO et al. (2000) relata uma experiência de reúso indireto de
esgotos no cultivo de alface, onde foram montadas seis colunas experimentais de solo: três
eram irrigadas com água oriunda de um riacho poluído e três eram com água de
abastecimento, ( servindo de testemunha).
Os resultados das análises bacteriológicas mostraram que os
coliformes e estreptococos fecais estavam ausentes na água de abastecimento, porém, no
líquido percolado a concentração média foi até 10
2
UFC 100
-1
mL, detectando a presença
destas bactérias indicadoras no solo. No experimento, as concentraçőes médias de coliformes
fecais da água de irrigação poluída apresentaram valores superiores ao estabelecido e
recomendado pela World Health Organization (WHO, 1958) para irrigação irrestrita, como é o
caso das alfaces, que são consumidas cruas.
Embora seja indispensável ao organismo humano, a água pode conter
determinadas substâncias, elementos químicos e microorganismos que devem ser eliminados
ou reduzidos a concentraçőes que năo sejam prejudiciais a saúde do ser humano. Apesar de os
mananciais superficiais estarem mais sujeitos à poluiçăo e a contaminaçăo decorrente de
atividades antrópicas, também tem sido observada a deterioração da qualidade das águas
subterrâneas, o que acarreta sérios problemas de saúde pública em localidades que carecem de
tratamento e de sistema de distribuição de água adequada (DI BERNARDO, 2000).
Segundo Di Bernardo et al. (2002) grande parte das doenças que se
alastram pelos países em desenvolvimento é proveniente da água de qualidade insatisfatória.
As doenças de transmissão hídrica mais comuns são: as febres tifóide e paratifóide, disenteria
bacilar e amebiana, cólera, esquistossomose, hepatite infecciosa, giardíase e criptosporidíase.
Outras doenças de origem hídrica incluem, as cáries dentárias (falta de fluor), fluorose
(excesso de fluor), saturnismo (devido ao chumbo) e metaemoglobinemia (teor elevado de
nitratos). Além desses males, os danos à saúde humana podem decorrer da presença de
substâncias tóxicas na água.
Um aspecto a ser considerado quando se utiliza irrigaãăo com águas
residuárias é a tolerância das culturas a salinidade. A maioria das águas residuárias tratadas,
não são muito salinas, geralmente se situam entre 200 e 500 mg L
-1
. A importância da
salinidade está na influência quanto ao potencial osmótico do solo, à toxidade iônica
25
específica e a degradação das condiçőes físicas que pode ocorrer no solo, prejudicando as
culturas (MATTOS, 2003).
De acordo com ASANO e PETTYGROVE (1990) o efeito mais
importante da salinidade sobre os cultivos é a redução da absorção de água pelas raízes das
plantas. Algumas culturas podem alcançar valores que oscilam entre oito a dez vezes a
tolerância de outras.
Na escolha do vegetal irrigado com águas residuárias deve-se,
portanto, escolher uma cultura que seja tolerante ou pelo menos moderadamente tolerante à
salinidade para que se possam manter os rendimentos das mesmas a níveis aceitáveis, pois,
salinidades maiores do que a cultura pode suportar, reduzem a taxa de seu crescimento.
Segundo Terada (1985) as premissas básicas para a seleção de um
vegetal que iser cultivado com água proveniente de esgotos domésticos tratados devem ter,
principalmente, grande resistência à poluição e à umidade, requisitos extremamente
importantes, que o lançamento dos esgotos é acumulativo no solo; que seja perene; que
tenha as raízes profundas, as quais permitam um maior alcance da ação do sistema radicular
do vegetal na utilização dos macro e microelementos; capacidade de proporcionar uma maior
aeração do solo; ser resistente a longos períodos de imersão; fácil obtenção e manuseio.
De acordo com Mattos (2003) preferencialmente deve-se utilizar a
composiçao de diversas espécies vegetais, em vez de aplicar-se uma só espécie. A composição
deve representar um melhor potencial e um complemento de cada espécie resultando em um
equilíbrio no sistema solo-planta adaptado às condiçőes da disposição de esgotos.
Ainda segundo Mattos (2003) na irrigação com água residuária, a
escolha do método de irrigação deve ser considerada, tendo em vista os riscos à saúde dos
trabalhadores e consumidores, o tipo de contaminação da cultura, as possíveis obstruçőes no
sistema, os maus odores e a presença de aerossóis, além dos fatores econômicos, natureza do
solo e sua topografia.
A irrigação por aspersão é o método em que a água é aspergida sobre a
superfície do terreno, assemelhando-se a uma chuva, por causa do fracionamento do jato de
água em gotas. O jato de água e o seu fracionamento são obtidos pela passagem da água sob
pressão através de pequenos orifícios ou bocais. A água é aplicada às áreas por meio de
26
equipamento, tubulaçőes, aspersores e conjunto moto-bomba, sendo este utilizado quando
houver necessidade de vencer uma determinada altura manométrica.
Os aerossóis são definidos como partículas sólidas ou líquidas
suspensas em um meio gasoso (CAVINATO, 1999). Essas partículas são transportadas pelo
ar, apresentando tamanho que varia de 0,01 a 50 µm. Os aerossóis produzidos por aspersores
são, na sua maioria, não perceptíveis como aqueles existentes naturalmente no ambiente.
Segundo Paganini (1997) bactérias não podem ser detectadas em
aerossóis a distâncias de dez ou mais metros, quando os esgotos a serem aplicados
apresentarem concentraçőes inferiores a 1 000 microrganismos 100 mL
-1
de amostra.
Hespanhol citado por Andrade Neto (1992), registra que uma distância
de 50 a 100 metros de estradas e residências seja suficiente como proteção aos riscos reais dos
aerossóis.
Os estudos realizados até o momento não indicam uma correlação
definitiva entre exposição de aerossóis e doenças. Muitos deles indicam uma representativa
incidência de doenças respiratórias e gastrintestinais em áreas que recebem, frequentemente,
aerossóis resultantes da aplicação de esgoto. Essa incidência pode ser resultante de outros
fatores concorrentes (PAGANINI, 1997).
No Brasil, estima-se que 60% das internaçőes hospitalares estejam
relacionadas às deficiências do saneamento sico, que geram outras conseqüências de
impacto extremamente negativo para a qualidade e expectativa de vida da população. Estudos
indicam que cerca de 90% dessas doenças se devem à ausência de água em quantidade
satisfatória ou à sua qualidade imprópria para consumo. Em outras localidades brasileiras tem
sido comum a distribuição de água que não atende ao padrão de potabilidade vigente no país.
Além de problemas operacionais, a escolha inadequada da tecnologia adotada no projeto na
Estação de Tratamento de Água (ETA) acarreta sérios prejuízos à qualidade da água produzida
(DI BERNARDO, 2000).
De acordo com Bastos e Mara (1993) a probabilidade de uma pessoa
contrair uma doença transmissível depende de vários fatores básicos:
. Concentração: quantidade de microrganismos patogênicos lançados na rota de transmissão;
. Latência: necessidade que certos microrganismos têm de um intervalo de tempo desde a
infecçăo até tornar-se infectivo;
27
. Persistência: capacidade de sobrevivência do microrganismo no meio ambiente, extra
hospedeiro, medida de tempo;
. Dose efetiva: número de microrganismos necessários para provocar uma infecção;
. Susceptibilidade da pessoa à doença, que por sua vez depende da reação individual,
principalmente em função dos níveis de nutrição e imunidade, e do comportamento da
comunidade relativa aos hábitos culturais e padrőes higiênicos.
De acordo com Brito (1997) o risco real de um indivíduo ser infectado
depende na verdade da combinação de vários fatores, dentre os quais pode-se destacar: a
resistência dos organismos patogênicos ao tratamento de esgoto e às condiçőes ambientais;
dose efetiva; patogenicidade; suscetibilidade e grau de imunidade do hospedeiro, grau de
exposição humana aos focos de transmissão.
Os fatores aliados à existência de outros modos de transmissão foram
identificados por (Shuval et al., 1986 citado por Bastos, 1999) como a base para formulação de
um modelo epidemiológico capaz de medir os riscos teóricos e potenciais de transmissão de
doenças através da irrigação com efluentes.
Shuval et al. (1986), citado por Brito (1997), elaboraram a seguinte
classificação para os microrganismos patogênicos em ordem decrescente, segundo sua
capacidade de impor riscos sanitários:
Alto risco: helmintos (ex: A. lumbricoides, Trichuris trichiura, N. americanus e A.
duodenale);
Médio risco: bactérias (ex: V. chlolerae, S. ryhi e Shigellae spp) e protozoários (ex: E.
hystolitica e G. lamblia);
Baixo risco: vírus (ex: vírus entéricos e vírus da hepatite).
A transmissão de doenças a partir da irrigação de efluentes de acordo
com os critérios da OMS, ou seja; da avaliação dos riscos reais, somente pode ser realizada
com base em estudos epidemiológicos. Entretanto, tais estudos merecem maiores pesquisas,
devido à sua complexidade, uma vez que exigem a comparação entre populőes expostas e
não expostas aos riscos associados com a irrigação de águas residuárias.
Dos trabalhos disponíveis, cabe destacar o estudo de Blumental et al.
(1996), conduzido no México em que mostra o resumo das informaçőes disponíveis sobre a
28
sobrevivência no solo e plantas de microorganismos patogênicos encontrados nos esgotos
sanitários. Cabe ressaltar que tais informaçőes são bastante genéricas, sendo que fatores locais
poderão influenciar na sobrevivência dos microorganismos. Geralmente, pode-se dizer que as
temperaturas mais elevadas, períodos de insolação mais prolongados, solos com boa
capacidade de drenagem (arenosos), baixos teores de umidade, superfícies lisas da cultura
irrigada, são fatores que concorrem para a redução da sobrevivência de microorganismos.
As recomendaçőes da OMS não incluem padrőes bacteriológicos para
a água a ser utilizada em irrigação de maneira irrestrita, devido à ausência de evidências
epidemiológicas de riscos de transmissão de doenças bacterianas e viróticas aos agricultores,
no entanto, pesquisas realizadas levaram os autores acima citados a incluir uma recomendação
adicional de um limite de 10 000 CF 100 mL
-1
para irrigação restrita.
4.3.1 Microorganismos patogênicos presentes em águas poluídas
As principais doenças de veiculação hídricas e/ou alimentos são
causadas por agentes biológicos.
A história nos tem relatado numerosos casos de epidemias provocadas
pelo consumo de água contaminada por diferentes agentes etiológicos. Nos Estados Unidos,
entre 1990 e 1992, ocorreram 1 768 surtos de veiculação hídrica, afetando 472 228 indivíduos
e ocasionando 1 091 mortes. Nos países em desenvolvimento infecçőes e doenças parasitárias,
equivalem a 44% dos óbitos e 71% da mortalidade infantil. Estima-se que ocorram no mundo
cerca de 900 milhőes de casos de diarréia e aproximadamente 2 milhőes de óbitos infantis por
ano, associados ao consumo de água contaminada (WORLD DEVELOPMENT REPORT,
1992).
Consta ainda no relatório da OMS que 80% das doenças que ocorrem
nos países em desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água (WHO, 1989).
29
4.3.1.1 Salmonella
Segundo Delazari (1998) o índice de coliformes totais avalia as
condiçőes higiênicas e o de coliformes fecais é empregado como indicador de contaminação
fecal. Torna-se importante ressaltar a existência de duas formas distintas, pelas quais as águas
poluídas atingem um determinado corpo receptor (rio, baía, lago, laguna, reservatório,
aquífero subterrâneo e o mar).
A primeira, denominada fonte ou poluição pontual, refere-se, como a
poluição decorrente de őes modificadoras localizadas, é o caso, por exemplo, da
desembocadura em um rio, de efluentes de uma estação de tratamento de esgotos domésticos
ou industriais, ou mesmo, a saída de um tronco coletor de esgotos domésticos sem tratamento,
ou ainda a saída no mar, de um emissário submarino.
A segunda, denominada poluição difusa ocorre devido a ação das
águas da chuva ao lavarem e transportarem a poluição nas suas diversas formas espalhadas
sobre a superfície do terreno (urbano ou não) para os corpos receptores. A poluição difusa
alcança os rios, lagoas, baías, etc., distribuindo-se ao longo das margens, não se concentrando
em um único local como é o caso da poluição pontual.
Doenças de transmissão hídrica e alimentares são ocasionadas por
ingestão de alimento e/ou águas contaminadas por microorganismos, toxinas e outros agentes
químicos ou físicos.
As Salmonellas sp, são o gênero de bactérias patogênicas que mais
causam problemas com gravidade pela ingestão de águas ou alimentos contaminados. A água
pode ser contaminada no próprio manancial (rio, lago ou poço), por tratamento inadequado ou
contaminação da rede de distribuição, podendo a bactéria sobreviver por períodos prolongados
em esgoto, água, alimento ou gelo, porém pode ser eliminada pelo uso de hipoclorito de sódio.
O gênero Salmonella sp indica a presença das mais importantes
bactérias que causam intoxicaçőes alimentares. A análise de Salmonella sp, coliformes fecais,
coliformes totais, é usada no controle da qualidade dos produtos derivados do frango.
Os produtos de origem animal em geral, e em particular os de origem
aviária, têm recebido por parte do consumidor uma grande dose de atenção e preocupação
(NASCIMENTO et al., 1996). A Salmonella sp é o mais importante organismo em surtos
30
associados à carne de aves, sendo um dos mais importantes enteropatógenos humanos
frequentemente associados a microbiota entérica das aves (DELAZARI, 1998).
Nos Estados Unidos e Europa a Salmonella é considerada um grave
problema de saúde pública. De acordo com o Departamento de Agricultura daquele país,
estima-se que um ovo contaminado com Salmonella sp para cada 20 mil ovos, o que
significa que naquele país cerca de 2,7 milhões de ovos, anualmente, podem conter essa
bactéria.
No Brasil, embora sejam inúmeros os trabalhos publicados que
indicam a importância da Salmonella como um problema de saúde pública, ainda são escassos
os dados sobre a situação da “cepa” identificada e encaminhada para o Instituto Adolfo Lutz
(IAL) para confirmação e sorotipagem.
A doença geralmente causa febre, cólicas abdominais e diarréia que
pode apresentar grumos de sangue, dura entre 4 e 7 dias, e a maioria das pessoas se recupera
apenas com a reposição de sais e líquidos. Contudo a diarréia pode ser severa, e o paciente
pode necessitar de hospitalização. Geralmente é mais grave em idosos, crianças, gestantes e
imunodeprimidos, podendo a infecção se disseminar através da corrente sanguínea para outros
órgãos e causar a morte (CVE, 2000).
4.4 Principais métodos de tratamento de águas residuárias
A qualidade da água utilizada e o objetivo específico do reúso
geralmente estabelecem os níveis de tratamento recomendados, os critérios de segurança a
serem adotados, os custos de capital, operação e manutenção associados (HESPANHOL,
2003).
Numa primeira análise visual, pode parecer que a água utilizada para a
irrigação possa apresentar padrões de qualidade física, química e biológica pior do que aquela
a ser usada para abastecimento público. Na verdade, são vários os fatores que determinam a
qualidade da água para irrigação. No entanto, alguns fatores săo considerados mais
importantes do que outros, em função de seus efeitos no solo e na planta (PATEMIANI e
PINTO, 2001).
31
O tratamento sanitário de água para fins de irrigação é um processo
dispendioso que, em geral, não é utilizado pelos agricultores. Entre os tipos de tratamentos
disponíveis, a cloração é uma alternativa relativamente simples, embora de custo elevado, que
pode reduzir sensivelmente a pressão infectante de patógenos na água. O uso de lagoas de
sedimentação e oxidação é outra opção para o tratamento de água para irrigação
(MAROUELLI et al., 2001).
Ainda segundo o autor, da área total de hortaliças irrigadas no Brasil,
mais de 90% săo realizadas por aspersão, que, embora seja o método de irrigação mais
utilizado, não deve ser considerado ideal para todas as condiçőes e capaz de atender a todos os
interesses envolvidos. Tratando-se de irrigação de hortaliças, culturas muitas vezes
consumidas “cruas”, é preciso tomar cuidado com a qualidade da água empregada para a
aspersão, pelo contato direto da água com a cultura, podendo contaminá-la.
De acordo com Patemiani e Pinto (2001) a qualidade desejável para a
água usada na irrigação varia em função dos tipos de culturas onde será aplicada. Culturas
alimentícias, por exemplo, exigem uma qualidade de água superior à de culturas não-
alimentícias.
O grau de pureza da água é alterado devido a diversos componentes
presentes na mesma, podendo ser retratados de maneira generalizada de acordo com suas
características físicas, químicas e biológicas. Essas características podem ser traduzidas na
forma de parâmetros de qualidade da água (BISCARO, 2003). A Tabela 1 representa as
principais características físicas, químicas e biológicas da água.
32
Tabela l – Principais características físicas, químicas e biológicas da água.
Características Parâmetros
Físicas
Sólidos presentes na água. Podem ser em suspensão, coloidais
ou dissolvidos, dependendo do seu tamanho.
Químicas
Matéria orgânica ou inorgânica
Biológicas
Seres vivos ou mortos presentes na água. Dos seres vivos,
tem-se os pertencentes aos reinos animal e vegetal, além dos
protistas.
Fonte: Von Sperling (1996).
A ocorrência ou não de problemas com o uso de água de pior
qualidade em irrigação está ligada a aspectos do solo, clima e da cultura, bem como às
características do método de irrigação utilizado e à habilidade e aos conhecimentos do usuário
da água no estabelecimento de sua estratégia de manejo do sistema. Portanto, a qualidade da
água pode ou năo ser um fator limitante à irrigaçăo, desde que o agricultor esteja ciente de
como proceder para evitar problemas (DOMINGUES, 2005).
Ainda segundo Domingues (2005) o Brasil com a segunda área
potencial irrigável do mundo 55 milhőes de hectares, tem apenas uma pequena parcela de
suas terras agricultáveis dedicadas à irrigação – 3 milhőes de hectares, o que representa apenas
1% da área total irrigada no mundo. Atualmente, a agricultura depende de suprimento de água
a um nível tal, que a sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o
desenvolvimento de novas fontes de suprimento.
Se por um lado a prática da irrigação permite ampliar a oferta de
alimentos com menor expansão da fronteira agrícola, possibilitando a preservação ambiental
das áreas não ocupadas, por outro é a maior usuária de água – estima-se que no mundo 70% da
água captada dos rios e lagos é utilizada na agricultura irrigada, sendo que apenas 40% dessa
água chega às raízes das plantas, ainda que parcela representativa retorne para a bacia como
água subterrânea ou por escoamento superficial.
Avalia-se que cerca de 10 bilhőes de litros de esgoto por dia são
jogados diretamente nos cursos d’água brasileiros. Informaçőes obtidas pela Agência Nacional
33
de Energia Elétrica (ANEEL, 2002) junto a Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Amazônia legal, demonstram que atualmente 49% do
esgoto sanitário produzido no Brasil é coletado e, desse percentual, apenas 32% săo tratados
(FONSECA, 2002).
Ainda segundo Fonseca (2002) o efluente de esgoto tratado (EET)
caracteriza-se por ser um material líquido que possui algumas características peculiares,
diferindo-o da água convencional. As principais diferenças em relação à água esta na presença
de matéria ornica expressa pela Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda
Bioquímica de Oxigênio (DBO), macro e micronutrientes, metais pesados essenciais e não
essenciais as plantas.
Para SOUZA et al. (2001), as águas residuárias tratadas quando
lançadas em um corpo d’água ou mesmo infiltradas no solo, sofrem naturalmente diluiçăo e
aeraçăo podendo, assim, ser novamente captadas, tratadas e reutilizadas como água potável.
Os métodos de tratamento de esgotos foram, inicialmente, concebidos
como resposta à preocupação associada aos efeitos negativos causados pela descarga de
efluentes no meio ambiente.
O tratamento biológico de esgotos e águas residuárias industriais é
uma imitação de processos que ocorrem normalmente na natureza, denominado fenômeno da
autodepuração. Essa técnica visa estabelecer a atividade de bactérias e microorganismos que
se alimentam de matéria orgânica dos próprios resíduos; as bactérias, são os principais
microorganismos responsáveis pela estabilização da matéria orgânica presente nos esgotos.
Os processos biológicos de tratamento tem por principio básico
reproduzir, as reações bioquímicas de oxidação da matéria orgânica por microorganismos que
ocorreriam em corpos d’água receptores, antes do lançamento dos despejos nos mesmos.
De acordo com Naval et al. (2002) atualmente são utilizadas diversas
tecnologias para o tratamento de águas residuárias. Os sistemas de tratamento mais
comumente utilizados, que são projetados de acordo com as características principais dos
despejos, da disponibilidade de área para o tratamento e da legislação referente ao local, são
basicamente:
34
a) Filtros biológicos:
O filtro biológico é uma estrutura construída normalmente de concreto,
que contém no seu interior um enchimento de materiais inertes como: pedras, plástico ou
bambus, que serve de leito sobre o qual o esgoto é aspergido. O esgoto escorre através do
leito, propiciando o desenvolvimento de uma população biológica que se acumula sobre o
substrato do filtro sob forma de uma película de lodo, no interior do qual vivem os
microorganismos aeróbios e anaeróbios, que consomem a matéria orgânica (MANCUSO,
2003).
b) Lodo ativado:
O processo de lodos ativados constitui-se de um tanque de aeração e
um decantador secundário. Consiste em se provocar o desenvolvimento de uma cultura
microbiológica na forma de flocos (flocos ativados) em um tanque totalmente misturado
(tanque de aeração), que é alimentado pelo efluente a tratar.
De acordo com Mancuso (2003) o tratamento de esgoto por lodos
ativados é um processo biológico no qual o material orgânico é utilizado como alimento pelos
microorganismos. Isso é feito por meio de agitação e aeração da mistura constituída de esgoto
e lodo biológico (microorganismos) em tanques de aeração ou reatores. Logo após segue-se a
separação do esgoto tratado por decantadores, chamados secundários, de onde uma parte do
lodo retorna ao tanque de aeração, descartando-se o excesso.
c) Lagoas de estabilização:
No sistema de Lagoas de estabilização ou Lagoa de oxidação não
existe nenhum meio artificial ou qualquer tipo de equipamento mecânico em operação, o
processo se baseia na decomposição bacteriana aeróbica.
Segundo Mancuso (2003) sob essa denominação agrupam-se alguns
processos de tratamento, tendo em comum o uso de reservatórios artificialmente construído,
geralmente de pequena profundidade, delimitados por diques de terra, paredes de alvenaria ou
escavados no próprio terreno, nos quais águas residuárias brutas ou pré-tratadas são
estabilizadas por processos naturais onde se desenrolam os fenômenos responsáveis pelo
tratamento de esgotos. Estes fenômenos consistem na decomposição da matéria orgânica pela
35
ação dos microorganismos, troca de gases com o ar atmosférico, mistura e decantação de
partículas, além da ação da temperatura, vento, insolação e precipitação pluviométrica. São as
denominadas lagoas aeradas, aeradas aeróbias, aeradas facultativas, anaeróbias, facultativas,
maturação.
É o método que mais se aproxima dos processos de depuração
existentes na natureza.
De acordo com Paganini (2003) as lagoas de estabilização são os
sistemas de tratamento de esgotos sanitários e efluentes mais eficientes, em termos de remoção
de microorganismos patogênicos e de nutrientes eutrofizantes.
d) Disposição controlada no solo:
A disposição no solo de efluentes de Estação de tratamento de esgotos
(ETE) é uma técnica de reúso de águas, podendo se caracterizar como um sistema de
tratamento. Destaca-se que tal tecnologia não pode ser caracterizada como um simples
depósito indiscriminado e desordenado de resíduos, necessitando de monitoramento adequado
(FERREIRA, 2003).
De acordo com Paganini (2003) embora seja mais comum dispor os
esgotos e efluentes nos corpos d’água, a disposição no solo é uma alternativa ainda
empregada de forma muito intensa. A aplicação de esgotos no solo é atualmente vista como
uma forma efetiva de controle da poluição e uma alternativa viável para aumentar a
disponibilidade hídrica, em regiões áridas e semi-áridas, sendo os maiores benefícios dessa
tecnologia os aspectos econômicos, ambientais e de saúde pública.
e) Reatores anaeróbios (reator UASB):
Além dos processos aeróbios de tratamento de esgoto, existem os
processos anaeróbios, onde a decomposição da matéria orgânica é efetuada através de
microorganismos anaeróbios. A biodigestão anaeróbia tornou-se uma opção viável para certos
tipos de despejos, principalmente os mais facilmente biodegradáveis, tais como despejos de
indústrias alimentícias e agro-industriais.
Este processo baseia-se em uma série de reações em sequência,
desencadeada por uma cultura diversificada de microorganismos anaeróbios, os quais
36
promovem a redução da moléculas orgânicas mais complexas (como gorduras e proteínas) a
estruturas moleculares mais simples (aminoácidos, ácidos orgânicos, aldeídos e álcoois).
De acordo com Bezerra et al. (1998) o tratamento de esgotos utilizando
reator UASB (upflow anaerobic sludge blanket) reator anaeróbio de manta de lodo, constitui
um método eficiente e relativamente de baixo custo para se removerem matéria orgânica e
sólidos em suspensão, diminuindo consideravemlmente o potencial poluidor dos esgotos após
o tratamento.
Considera-se como significativa desvantagem do uso do reator UASB
sua baixa eficiência quanto à remoção de patógenos e nutrientes, devido principalmente ao
baixo tempo de detenção hidráulica deste tipo de reator, em torno de 6 horas.
Muitos países situados em regiőes áridas e semi-áridas, tais como o
norte da África e o Oriente Médio, consideram esgotos e águas de baixa qualidade como parte
integrante de seus recursos hídricos nacionais, equacionando sua utilização junto aos sistemas
locais de gestão, urbanos e rurais (HESPANHOL, 2003).
37
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Características e instalações do abatedouro de aves
Com a finalidade de identificar o potencial de utilização da água
residuária proveniente de abatedouros de aves em irrigação de culturas agrícolas, foram
coletadas amostras de água, à montante (afluente) e a jusante (efluente) do sistema de
tratamento implantado no local. Devido à importância e a potencialidade para uso de efluentes
tratados para fins agrícolas, optou-se por fazer o levantamento em um abatedouro de aves de
médio a grande porte, com capacidade de abater até 100 000 aves por dia, localizado no
município de Pereiras, SP.
O abatedouro conta com um sistema de tratamento de efluentes,
composto inicialmente por um removedor de gorduras e material sobrenadante e de quatro
lagoas de estabilização arranjadas em série: 2 aeróbias (Figura3), 1 anaeróbia (Figura 4) e a
última lagoa de maturação (Figura 5). O Tempo de Detenção Hídraúlica (TDH) total é em
torno de 20 dias, com uma área total de aproximadamente quatro hectares.
38
Fonte: Minghini (2007)
Figura 3 – Lagoas de estabilização aeróbias em série.
Fonte: Minghini (2007)
Figura 4 – Lagoa de estabilização anaeróbia.
39
Fonte: Minghini (2007)
Figura 5 – Lagoa de maturação
5.2 Período de coleta das amostras
As amostras de água residuária para as análises, num total de seis,
foram coletadas em diferentes dias e épocas do ano de 2007.
O período escolhido para as coletas foi em função da época do ano e
também da obtenção de autorização por parte dos proprietários, sendo as mesmas efetuadas
nos dias: 25/04 - outono; 23/05 – outono e 21/06 – inverno, entre as 8h e 10 h da manhã.
Verificados os primeiros resultados das análises, constatou-se a não
necessidade de novas coletas, uma vez que, estes se mostraram constantes e conclusivos.
5.3 Locais e pontos de coleta das amostras
As amostras foram coletadas em dois pontos distintos do abatedouro:
- O primeiro, na entrada do escoadouro à montante das lagoas de estabilização; isso após a
passagem da água utilizada na limpeza das aves, livre de partes sólidas maiores como: pele,
40
pena, vísceras, etc, por um sistema especial de filtros para coleta de sangue e resíduos sólidos;
que são utilizados na fabricação de rações e produtos similares na região;
A figura 6 mostra o primeiro ponto de coleta das amostras, à montante
(afluente) das Lagoas de estabilização.
Fonte: Minghini (2007)
Figura 6 – Local de coleta (primeiro ponto).
- O segundo, na saída, à jusante das lagoas de estabilização.
A figura 7 mostra o segundo ponto de coleta das amostras, à jusante
(efluente) das Lagoas de estabilização.
41
Fonte: Minghini (2005)
Figura 7 – Local de coleta (segundo ponto).
5.4 Cuidados gerais com os materiais de coleta
Tomou-se o cuidado na ocasião das coletas, da utilização de 3 frascos
de vidro de 100 mL para Coliformes e 3 frascos de vidros esterelizados para Salmonellas sp, e
outros dois frascos para as demais amostras, bem como o uso de luvas estéreis, evitando-se
assim a contaminação da amostra e segurança do manuseador.
5.4.1 Acondicionamento das amostras
Após serem coletadas, as amostras foram acondicionadas em gelo para
maior segurança dos resultados na ocasião das análises.
42
5.5 Análises realizadas
Para caracterização da qualidade da água residuária, para fins de
irrigação, foram analisados os seguintes parâmetros: temperatura, pH, condutividade elétrica,
ferro, nitrito e nitrato, coliformes fecal e total, sólidos sedimentáveis, alumínio, turbidez,
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), fósforo,
Salmonella sp, macro e micronutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Fe, Mn, Zn).
5.5.1 Procedimento de avaliação dos resultados
Os resultados foram comparados, principalmente, com os valores
estabelecidos pela Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357, de
17 de março de 2005, para águas de classe l, que são destinadas à irrigação de hortaliças
consumidas cruas. Os valores dados pela Resolução podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2 – Valores para águas de Classe 1 segundo Resolução 357/05 CONAMA.
Parâmetros Valores
pH 6,0 a 9,0
Turbidez Até 40 unidades termotolerantes
DBO 3 mg L
-1
DQO 3,0 a 5,0 mg L
-1
Sólidos Sedimentáveis 1 mg L
-1
.h
-1
Ferro 0,3 mg L
-1
Nitrato 10 mg L
-1
Nitrito 1,0 mg L
-1
Fósforo 0,020 a 0,025 mg L
-1
43
Como a Resolução nº 357/05 CONAMA não estabelece valores limites
para a Condutividade elétrica e para o Alumínio, essas variáveis foram confrontadas com
valores sugeridos pela CETESB (2005) e pelo Ministério da Saúde – Portaria nº 1 469.
As Temperaturas do ar e da água foram medidas na hora da coleta das
amostras.
5.6 Metodologias utilizadas para medição dos parâmetros
5.6.1 Parâmetros determinados
5.6.1.1 No Laboratório de Recursos Hídricos do Departamento de Engenharia
Rural da FCA/UNESP – Botucatu – SP:
- Potencial hidrogeniônico (pH)
A metodologia utilizada para determinação do pH foi o
potenciométrico, utilizando-se de medidor de pH, modelo DMPH – 2, com leitura direta.
- Condutividade Elétrica (CE)
O instrumento utilizado na determinação da Condutividade elétrica foi
o condutivímetro digital, modelo KM – 31.
O condutivímetro digital, modelo KM 31, é um equipamento ideal
para diversas aplicações, por sua versatilidade de funções e simplicidade de operações. Possui
instruções auto-explicativas que mantém diálogo com o usuário, permitindo que se interaja na
rotina do programa conforme as características do sistema a ser analisado.
- Nitrato, Nitrito e Ferro
Foram determinados, com o uso do espectrofotômetro, modelo
DR/2010 HACH, utilizando metodologia descrita no manual do aparelho de acordo com o
44
“Standard Method for the Examination of Water and Wastewater”, APHA (1995) conforme se
segue:
Nitrato: Método 8039 (Camium Reduction Method) na faixa entre 0 a 30,0mg L
-1
de
NO
3
.
Nitrito: Método 8507 (Diazotization Method) na faixa entre 0 a 0,300 mg L
-1
de NO
2.
Ferro: Método 8008 (Ferro Ver Method) abrangendo a faixa de 0 a 3,00 mg L
-1
de
ferro.
- Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
A DBO padrão está associada à porção biodegradável da matéria
orgânica de origem vegetal e animal e também àquela presente nos despejos domésticos
industriais.
Para análise da DBO utilizou-se o Método da incubação por cinco dias
em estufa para DBO à 20º C, com ou sem diluição.
- Método A: Método da incubação sem diluição Aplica-se às águas superficiais pouco
poluídas, que contêm microorganismos próprios e oxigênio suficiente para que, após cinco
dias de incubação, ainda haja oxigênio na amostra.
- Método B: Método da incubação com diluição Aplica-se às águas superficiais poluídas e
águas residuárias, porém que não têm oxigênio suficiente para que, após cinco dias de
incubação, ainda haja oxigênio dissolvido na amostra.
- Demanda Química de Oxigênio (DQO)
Para análise da DQO, utilizou-se 2 mL da amostra, colocou-se em um
Kit de reagente para DQO, em seguida colocou-se a mistura no aparelho por 2 h à 140º C.
Após esfriar até a temperatura ambiente, a leitura foi feita em comprimento de onda de
420 nm no espectrofotômetro modelo DR/2010.
45
- Coliformes
As bactérias do Grupo Coliformes indicam a possibilidade de
contaminação de um corpo de água por bactérias patogênicas.
Coliformes fecais e totais foram determinados com o emprego do
método cromogênico com a utilização de reagente Colilert e cartelas próprias (APHA, 1995).
- Turbidez
A turbidez de uma amostra é a presença de material em suspensão, o
qual possui a propriedade de refletir a luz incidente. Assim, a quantidade de luz refletida pelas
partículas em suspensão é a turbidez.
A determinação da turbidez foi feita por leitura direta no
espectrofotômetro modelo DR/2010 HACH, utilizando a metodologia descrita no manual do
aparelho, expressa em Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT).
- Sólidos sedimentáveis
É a porção de sólidos em suspensão, que se sedimenta sob a ação da
gravidade durante o período de l hora à partir de l litro da amostra mantida em repouso em um
cone de Imhoff.
Seu objetivo é verificar o volume de material sedimentável existente
na água. É um teste muito utilizado para se avaliar sistemas de tratamento de esgoto.
A determinação dos sólidos sedimentáveis foi feita da seguinte forma:
- Agitou-se o frasco contendo a amostra de água residuária a ser analisada, colocando-a em
seguida, no Cone de Imhoff de 1 000 mL. Após um período de sedimentação de 45 minutos e
com o auxílio de um bastão de vidro, agitou-se novamente a solução, para que os sólidos
aderidos à parede do cone se sedimentassem por mais 15 minutos. A leitura foi feita
diretamente em mL L
-1
h
-1
.
46
5.6.1.2 No Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas – FCA/UNESP
- Macro e micronutrientes
Todas as leituras foram feitas diretamente nas amostras de águas
residuárias analisadas. A leitura do N foi feita através de Titulação com o H
2
SO
4
, a do P
(total) através da Colorometria do Metaranadato, a dos elementos S e B, através do
Espectrofotômetro (leitura através da luz). Os demais elementos: K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn,
foram medidos através da Fotometria de absorção atômica.
5.6.1.3 No Laboratório de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biociências
IB – UNESP – Botucatu/SP
- Salmonellas
Para análise de detecção de Salmonellas sp, utilizou-se a seguinte
técnica:
Uma alíquota de 25 mL da amostra foi homogeneizada em 225 mL de
água peptonada a 1% (Difco) e incubada da 35° C por 24 horas. Em seguida, transferiu-se 1
mL do homogeneizado para um tubo de ensaio contendo 10 mL de caldo tetrationato com
iodeto de potássio. O tubo foi incubado a 35° C por 24 horas. Outra alíquota de 0,1 mL foi
transferida para um tubo com 10 mL de caldo Rapapport, sendo incubado a 42° C por 24
horas. Após este período, uma alçada de cada tubo foi semeada em placas de Petri contendo
ágar XLD (xilose-lisina-desoxicolato Difco) e agar CHROMagar (Boplife), sendo as placas
incubadas invertidas a 35° C por 24 horas. A seguir, as colônias características de Salmonella
foram isoladas e repicadas para tubos de ensaio contendo ágar tripticase soja inclinado (TSA –
Difco), sendo incubados a 35° C por 24 horas (Cepas Estoque). A partir das cepas estoque
foram realizados os testes bioquímicos (Agar Tríplice Açúcar Ferro TSI e Ágar Fenilalanina
– Difco) para confirmação das cepas características.
47
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 Temperatura do ar e Temperatura da Água
A temperatura desempenha principal papel de controle no meio
aquático, condicionando as influências de uma série de parâmetros físico-químicos (CETESB,
2005).
Na tabela 3 são apresentados os valores da temperatura do ar e da
água, nos pontos de coleta designados para estudo.
Tabela 3. Valores da temperatura do ar (ºC) e da água (ºC) no local de coleta das amostras.
Temperatura do ar ºC Temperatura da água ºC Dia e época
da coleta
montante jusante montante Jusante
25/04/07 (outono) 31,0 31,0 28,0 28,0
23/05/07 (outono) 19,0 19,0 19,0 22,0
21/06/07 (inverno) 17,0 17,6 18,0 18,3
Notou-se ligeira queda na temperatura tanto do ar quanto da água nos
locais de coleta das amostras, devido à chegada do inverno, no entanto, estas temperaturas
estão longe daquelas que podem influenciar a sobrevivência de ovos de parasitas.
48
A elevação da temperatura em um corpo d’água geralmente é
provocada por despejos industriais ou usinas termoelétricas (CETESB, 2005).
Segundo Andreoli e Pegorini (1998), a temperatura ideal para destruir
ovos de parasitas presentes nos corpos d’água, é de 60º C.
6.2 Potencial hidrogeniônico (pH)
O valor do pH não indica a quantidade de ácidos das amostras de água
ou efluentes, indica intensidade de acidez ou de alcalinidade presente no corpo d’água.
De acordo com a Resolução 357/05 CONAMA, os valores de pH
devem estar entre 6,00 e 9,00, para águas de Classe 1.
A Tabela 4 mostra os valores de pH obtidos nas amostras analisadas.
Tabela 4. Valores de pH encontrados nas amostras analisadas.
Valores de pH obtido Dia e época de
coleta
montante jusante
25/04/07 (outono) 7,36 7,78
23/05/07 (outono) 7,00 7,65
21/06/07 (inverno) 6,35 7,41
Evidenciou-se que os valores de pH relacionados na Tabela 4, se
enquadram nos valores especificados pela legislação, estando entre os valores limites
permitidos de águas residuárias para fins agrícolas.
6.3 Condutividade Elétrica (CE)
À medida que mais sólidos dissolvidos são adicionados na água, a
condutividade elétrica de mesma aumenta. Altos valores podem indicar características
corrosivas da água (CETESB, 2005).
49
A legislação em vigor (CONAMA, 2005) não determina valores para o
parâmetro CE, porém, a CETESB, orienta no sentido de que quando os valores forem
superiores a 50 µS cm
-1
, deve-se verificar outros fatores (esgoto doméstico, fertilidade do solo
da região, utilização de insumos agrícolas, etc.) que podem influenciar os resultados.
A Tabela 5 mostra os valores da CE obtidos nas amostras analisadas.
Tabela 5. Valores da Condutividade elétrica encontrados nas amostras analisadas.
Valores da Condutividade (µS cm
-1
) Dia e época de
coleta
montante Jusante
25/04/07 (outono) 3,78 3,14
23/05/07 (outono) 2,19 3,24
21/06/07 (inverno) 4,85 3,29
De acordo com os resultados obtidos na Tabela 5, em todas as
amostras analisadas, os valores da CE são baixos, evidenciando-se que a água analisada,
apresenta baixa concentração de íons, o que a caracteriza como de má condutividade elétrica, e
que houve poucas modificações na sua composição, principalmente na sua concentração
mineral.
6.4 Ferro
Conforme Resolução 357/05 CONAMA, o valor máximo permitido
para concentrações de ferro presentes nas águas de Classe l deve ser de 0,30 mg L
-1
.
A Tabela 6 mostra as concentrações de ferro nas amostras analisadas.
50
Tabela 6. Concentrações de Ferro nas amostras analisadas.
Concentrações de Ferro (mg L
-1
) Dia e época de
coleta
montante jusante
25/04/07 (outono) 0,00 0,27
23/05/07 (outono) 0,09 0,20
21/06/07 (inverno) 0,07 0,19
Observando-se os resultados na Tabela 6 verifica-se que em todas as
amostras analisadas, as concentrações de Fe estão dentro dos padrões permitidos pela
legislação, não apresentando risco quanto à utilidade da água para fins de irrigação.
6.5 Nitrato e Nitrito
No sistema digestório dos animais, o nitrato pode se reduzir a nitrito
dando origem a substâncias cancerígenas. Os produtores devem ser alertados a otimizar o uso
de fertilizantes nitrogenados para evitar possíveis problemas de saúde pública.
As Tabelas 7 e 8 mostram as concentrações de nitrato e nitrito nas
amostras analisadas.
Tabela 7. Concentrações de nitrato nas amostras analisadas.
Concentrações de Nitrato (mg L
-1
) Dia e época de
coleta
montante jusante
25/04/07 (outono) - 5,80
23/05/07 (outono) 7,60 4,50
21/06/07 (inverno) - 8,20
51
Tabela 8. Concentrações de nitrito nas amostras analisadas.
Concentrações de Nitrito (mg L
-1
) Dia e época de
coleta
montante jusante
25/04/07 (outono) - 0,015
23/05/07 (outono) 0,005 0,030
21/06/07 (inverno) - -
Pela Resolução 357/05 CONAMA, o valor máximo de nitrato é de
10 mg L
-1
e para nitrito é de 1,0 mg L
-1
. Com base nesta informação, pode-se observar que as
concentrações de nitrato e de nitrito encontradas, cujos valores estão representados na Tabela
7 e 8 respectivamente, estão dentro dos parâmetros estabelecidos. Os valores acima deste
padrão podem ser atribuídos ao uso de fertilizantes nitrogenados na área na forma de nitrato, já
que esta forma é muito utilizada por ser mais estável no solo, não sendo esta a situação
observada.
Por este parâmetro, é viável a utilização da água residuária analisada
para fins agrícolas.
6.6 Coliformes
A Resolução 357/05 CONAMA estabelece que para águas de
classe 1, o valor de coliformes fecais não pode ultrapassar 200 NMP, no entanto, não
especifica valores limites para presença de coliformes totais.
A Tabela 9 relaciona os valores de coliformes fecal e total nas
amostras analisadas.
52
Tabela 9. Número de Coliformes fecais e totais nas amostras analisadas.
Número de Coliformes fecais e totais (NMP 100 mL
-1
) Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) > 2419,2 > 2419,2
23/05/07 (outono) > 2419,2 >2419,2
21/06/07 (inverno) >2419,2 >2419,2
Observou-se, pelos resultados das amostras analisadas na Tabela 9,
que o número de coliformes fecais, está muito acima do limite máximo permitido na
Resolução 357/05 CONAMA. Os valores de coliformes totais também encontram-se altos
(> 2429,2), valores máximos de leitura do aparelho, evidenciando-se grande presença de
coliformes. De acordo com os valores detectados para este parâmetro, a qualidade da água
residuária analisada não está adequada para fins de irrigação agrícola, sendo classificada como
imprópria para utilização em irrigação de hortaliças que são consumidas cruas. Portanto, a
produção de hortaliças utilizando métodos de aspersão fica comprometida, a não ser que haja
tratamento ou desinfecção da água dessa fonte.
6.7 Sólidos sedimentáveis
A Resolução nº 357/05 CONAMA, determina limite padrão de 1
mg L
-1
h
-1
, para águas de Classe 1.
Na Tabela 10 encontram-se os volumes de sólidos sedimentáveis
obtidos nas amostras analisadas.
Tabela 10. Volume de Sólidos sedimentáveis nas amostras analisadas.
Volume de Sólidos sedimentáveis (NMP L
-1
h
-1
) Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) 32 0
23/05/07 (outono) 8,5
0
21/06/07 (inverno) 45 0
53
Observou-se pela tabela 10, que o volume obtido de sólidos
sedimentáveis nas 3 amostras analisadas à montante das lagoas de estabilização estão bem
acima do limite padrão estabelecido pela legislação, podendo ocasionar problemas de
entupimento de emissores se utilizada em irrigação.Verificou-se à montante (afluente),
elevada quantidade de resíduos sólidos liberados na água por ocasião da lavagem das aves,
mostrando que houve alguma falha no sistema de coleta de sangue e sólidos (filtros) instalados
antes das lagoas de estabilização. Os valores de sólidos sedimentáveis encontrados à jusante
(efluente), evidenciam grande eficiência no sistema de tratamento da água residuária quanto à
retenção de resíduos, já que estes reduziram-se a zero.
6.8 Alumínio
É abundante em rochas e minerais, sendo considerado um elemento
constituinte, podendo também ser encontrado dissolvido em águas residuárias.
De acordo com a Portaria 1469 do Ministério da Saúde, o valor
máximo permitido nas águas de Classe l é de 0,2 mg L
-1
.
A Tabela 11 mostra as concentrações de Alumínio obtidas nas
amostras analisadas
Tabela 11. Concentrações de Alumínio nas amostras analisadas.
Concentrações de Alumínio (mg L
-1
) Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) - 0
23/05/07 (outono) - -
21/06/07 (inverno) - 0
A Tabela 11 mostra que as concentrações deste elemento nas amostras
analisadas, apresentaram valores bem abaixo do valor limite estabelecido pelo Ministério da
54
Saúde, não sendo nem mesmo detectadas pelo aparelho, evidenciando-se, que o efluente
analisado, de acordo com este parâmetro, pode ser utilizado para fins de irrigação.
6.9 Turbidez
A Resolução 357/05 CONAMA, determina para águas de Classe 1,
até 40 Unidades Nefelométricas de Turbidez (UNT).
A Tabela 12 mostra os valores da Turbidez obtidos nas amostras
analisadas.
Tabela 12. Valores da Turbidez nas amostras analisadas.
Turbidez (UNT) Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) 11 23
23/05/07 (outono) 15 25
21/06/07 (inverno) 36 27
Todas as amostras analisadas na Tabela 12, encontram-se abaixo do
limite máximo estabelecido pela Resolução 357/05 CONAMA sendo que, apenas l dessas
amostras, com valor (36 UNT) ficou próxima do valor máximo estabelecido pela referida
legislação, evidenciando-se, maior quantidade de partículas sólidas dispersas na amostra
analisada no momento da coleta.
De acordo com este parâmetro, a água residuária analisada pode ser
utilizada para fins agrícolas.
6.10 Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)
Segundo Resolução nº 357/05 CONAMA, o limite padrão estabelecido
para o consumo de O
2
no processo de oxidação em um período de 5 dias a 20º C é de 3 mg L
-1
(DBO).
55
A Tabela 13 mostra os valores obtidos de DBO nas amostras
analisadas.
Tabela 13. Valores de DBO nas amostras analisadas.
Demanda Bioquímica de Oxigênio (mg L
-1
). Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) 1.460 335
23/05/07 (outono) 1.495 416
21/06/07 (inverno) 3.650 612
Evidencia-se, principalmente à montante (afluente), valores muito
superior ao limite padrão estabelecido, compreensivo pela emissão de grande quantidade de
matéria orgânica no corpo d’água, comprometendo a qualidade da água residuária para
descarte direto em rios ou demais corpos hídricos naturais, porém, não compromete por este
parâmetro, a sua viabilidade para irrigação.
6.11 Demanda Química de Oxigênio (DQO)
A Resolução 357/05 CONAMA, estabelece um limite padrão para
DQO de 3 a 5 mg L
-1
.
A Tabela 14 mostra os valores obtidos de DQO nas amostras
analisadas.
Tabela 14. Valores de DQO nas amostras analisadas.
Demanda Química de Oxigênio (mg L
-1
). Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) 2 874 1 061
23/05/07 (outono) 2 726 1 140
21/06/07 (inverno) 4 871 1 174
56
Pelos resultados apresentados na Tabela 14 verifica-se elevados
valores de DQO, concordando com o que foi discutido para DBO. As amostras apresentam
material orgânico, que pode levar ao comprometimento de corpos hídricos, porém da mesma
forma que o parâmetro anterior, isso não impede o aproveitamento desta água para fins de
irrigação.
6.12 Fósforo (P)
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, o Fósforo (P)
aparece em ambientes naturais devido principalmente às descargas de esgotos sanitários.
Nestes, os detergentes superfosfatados empregados em larga escala domesticamente,
constituem a principal fonte, além da própria matéria fecal, que é rica em proteínas.
Alguns efluentes industriais como os de indústrias de fertilizantes,
pesticidas, conservas alimentícias, abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam fósforo
em quantidade excessiva.
De acordo com a legislação (CONAMA, 2005) o valor padrão
estabelecido encontra-se entre 0,020 e 0,025 mg L
-1
.
Tabela 15. Concentrações de Fósforo nas amostras analisadas.
Concentrações de Fósforo (mg L
-1
). Dia e época de
coleta
Montante jusante
25/04/07 (outono) 110,88 115,38
23/05/07 (outono) 70,88 110,38
21/06/07 (inverno) 202,88 112,38
Pelos resultados observados, na Tabela 15, verificou-se uma elevada
concentração deste nutriente nas amostras analisadas, não recomendando o descarte desta água
residuária diretamente em corpos dricos, podendo causar sérios problemas como
eutrofização. No entanto, o aproveitamento desta água para fins de irrigação é viável, pois o
fósforo, é um importante macronutriente para as plantas.
57
6.13 Salmonellas sp
A Resolução CONAMA 2005, não determina um limite padrão quanto
ao número de bactérias existentes em corpos d´água, cabendo a órgãos do Ministério da
Saúde, a vigilância e a notificação compulsória bem como o encaminhamento dacepa”
identificada para o Instituto Adolfo Lutz (IAL).
Em todas as amostras analisadas, não foram encontradas bactérias do
gênero Salmonellas, não havendo risco de contaminação do irrigante ou do produto agrícola
com o uso desta água em irrigação.
6.14 Macro e micronutrientes
Os nutrientes analisados e apresentados na Tabela 16 são importantes
no desenvolvimento de plantas, devendo ser adicionados na forma de fertilizantes, quando
necessários, sendo benéfico do ponto de vista do desenvolvimento vegetal a sua presença na
água de irrigação.
A Tabela 16 mostra as concentrações de macro e micronutrientes
obtidos nas amostras de águas residuárias coletadas no abatedouro de aves e, em experimento
realizado com água residuária de estação de tratamento de efluentes, em Espírito Santo do
Pinhal - SP
58
Tabela 16. Concentrações de macro e micronutrientes nas amostras analisadas e na
Estação de tratamento em Espírito Santo do Pinhal – SP (HUSSAR et.al. (2005), adaptado).
Concentrações (mg L
-1
)
Elemento Químico
Montante Jusante
Concentrações (mg Kg
-1
)
N 77 76 456,4
P 33 31 81,5
K 65 71 73,4
Ca 23 17 52,0
Mg 4 3 7,5
S 30 35 63,5
B 1,19 1,02 1,5
Cu 0,08 0,02 0,10
Fe 0,43 0,21 0,24
Mn 0,01 0,01 0,10
Zn 0,08 0,02 0,10
N Tabela 16, comparou-se os resultados obtidos, com os valores
apresentados de macro e micronutientes em experimento realizado por Hussar et al. (2003),
com água residuária de uma estação de tratamento de efluentes, em Espírito Santo do Pinhal
SP, para se determinar o efeito dos mesmos na fertirrigação da beterraba.
Notou-se através de comparação das concentrações de macro e
micronutrientes obtidos nos diferentes experimentos, que apesar das águas residuárias serem
provenientes de diferentes métodos de tratamento de efluentes, o primeiro – Lagoas de
Estabilização, e o segundo Reator Anaeróbio Compartimentado (RAC), apresentaram
expressivos valores comparativos entre si, quanto às concentrações de macro e
micronutrientes, evidenciando-se a importância da qualidade nutricional dos referidos
efluentes não na aplicação da cultura da beterraba, como possívelmente na grande maioria
das culturas agrícolas.
59
O uso do efluente analisado (água residuária) em irrigação agrícola,
torna-se viável, mostrando a importância do reúso de águas residuárias tratadas na irrigação
agrícola, devido principalmente às concentrações de nutrientes nelas apresentados,
influenciando beneficamente na complementação ou mesmo na substituição da adubação
química, podendo assim, beneficiar a produção.
60
7 CONCLUSÕES
Analisando-se os resultados obtidos, pode-se concluir que, de uma
forma geral, as águas residuárias analisadas, encontram-se em condições de serem utilizadas
para irrigação, após simples desinfecção.
Observou-se que os parâmetros: Temperatura, pH, Condutividade elétrica, Ferro,
Nitrato, Nitrito, Alumínio, Turbidez, Salmonellas, Macro e Micronutrientes,
apresentam valores dentro dos padrões limites estabelecidos pela legislação no que se
refere a águas de reúso para irrigação;
Quanto as análises de Coliformes fecais e Coliformes totais, as águas residuárias
analisadas, apresentam valores acima do permitido por lei, representando risco à saúde
pública, por contaminação do produtor e dos produtos agrícolas;
Para os parâmetros de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química
de Oxigênio (DQO), apesar de apresentarem valores superiores aos padrões legais, não
comprometem a viabilidade de reúso da água residuária analisada para irrigação
agrícola;
A elevada concentração de Fósforo nas amostras analisadas, apresentando valores
superiores ao limite estabelecido pela legislação, evidencia que, a água residuária
analisada não deve ser descartada em corpos hídricos naturais, devido principalmente a
problemas de eutrofização;
61
Valores de Sólidos Sedimentáveis elevados à montante afluente) e reduzidos a zero à
jusante (efluente) das lagoas de estabilização, justificam grande eficiência no sistema
de tratamento da água residuária local, quanto à retenção de resíduos sólidos.
Especial atenção deve ser dada aos parâmetros analisados: presença de
Coliformes fecais e Coliformes totais e o de sólidos sedimentáveis, por estarem relacionados
com a incidência de doenças, principalmente para irrigação de hortaliças consumidas “in
natura”.
62
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