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todos”, em outras palavras, quer dizer: Emos, aqui estou para suprir sua carências,
para entender seu medo do crescimento, suas angústias, seu abandono, sua
rejeição, sua história. E “tenham vida”, vida física, de participação na sociedade, de
aceitação no seio da família, de composição do corpo de Cristo com qualidade. A
expressão “vida em abundância” transpõe o entendimento de vida secular e
transcende o nosso entendimento, é um convite para a vida eterna, abundante,
completa, plena. A igreja enquanto instituição tem o papel de afirmar, através da
comunhão, que é amor, compreensão e aceitação às peculiaridades do indivíduo,
mesmo que suas manifestações sejam aparentemente “contrárias” ao Reino de
Deus.
O outro papel importante é o da escola. O educador pode ser resumido na
assertiva de Paulo Freire, que diz que educar são duas vias, porque na medida que
o educador estabelece contato com o educando, vê este sujeito nos seus aspectos
sócio-psicológicos, e os detalhes não podem ficar para trás: a história do educando,
seus hábitos atuais, a sua interação com o grupo e a influência recíproca que há
entre estes. O educador precisa aprender com seu educando a sua linguagem, os
seus costumes, a sua cultura. Deve entrar no mundo do educando, segurar em sua
mão e percorrer ruas e avenidas, descortinar horizontes, atravessar rios e
montanhas, visitar lugares sombrios e voltar à realidade, resgatando-o fortalecido
com mais uma experiência de vida, mais um aprendizado, porque houve a
identificação não só do problema apresentado por seu pupilo, mas sobretudo a
identificação com este, recuperando a sua confiança e integrando-o no processo de
aprendizagem social e escolar.
Por fim, se a sociedade é a soma das instituições definidas e organizadas,
nas suas formas tradicionais e aceitas sem contestação, paralelamente não se pode
duvidar de grupos que são criados, aqueles denominados de não tradicionais.
Muitos destes são temporários, mas de grande influência na sociedade, quer
interagindo com esta, quer rejeitando-a. De qualquer forma, compõem o cenário das
mudanças sociais, resistindo ou promovendo conflitos. A família, a escola, a igreja,
toda a sociedade, ao invés do antagonismo, deve buscar aproximação, o
conhecimento e o aprendizado, pois a cura só se processa de forma efetiva a partir
do contato com próximo, no uso do “remédio” que é o amor.