essa comunhão, iniciou-se a segunda etapa de nossa história. As comunidades agruparam-
se em Igrejas regionais, chamados sínodos
104
.
Com o surgimento dos Sínodos
105
foi possível tratar das questões musicais e litúrgicas
a partir de um novo horizonte. A adoção de um hinário comum para as comunidades filiadas
foi um dos sinais mais claros de unidade entre as comunidades que constituíram os sínodos.
106
A cultura hinariológica dos imigrantes possibilitou a manutenção e o desenvolvimento da mú-
sica sacra protestante no Brasil. Com isso se manteve viva a confessionalidade nos tempos de
carência de atendimento eclesiástico
107
. O aspecto da preservação da história
108
merece ser
mencionado quando se trata de hinários; neste sentido, o P. Creutzberg afirma que “os hiná-
rios usados no âmbito da IECLB refletem nitidamente o desenvolvimento histórico de nossa
Igreja”
109
.
O Sínodo Riograndense é que deu o maior passo na organização da música sacra, cri-
ando, em 1934, o Departamento de Música Sacra, que tinha o objetivo de “auxiliar as comu-
nidades e coros no cultivo da boa música, treinando coros e dirigentes e fornecendo músi-
104
Idem.
105
Sínodo Riograndense: fundado em 20 de maio de 1886, em São Leopoldo, sob a presidência do Pastor Dr.
Wilhelm Rotermund. Comunidades: São Leopoldo/Lomba Grande, São Sebastião do Caí, Santa Cruz do Sul,
Mundo Novo (Igrejinha), Santa Maria (da Boca do Monte), Baumschneis (Dois Irmãos) e Teutônia. Sínodo
Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e Outros Estados: fundado em 9 de outubro de 1905, em
Estrada da Ilha SC, sob a presidência do Pastor Otto Kuhr. Comunidades: Castro PR, Cupim PR, Curitiba
PR, Pedreira SC e Quilômetro 21. Associação de Comunidades Evangélicas (mais tarde denominada Sínodo
Evangélico) de Santa Catarina: fundado em 6 de agosto de 1911, em Blumenau, sob a presidência do Pastor
Walther Mummelthey. Comunidades: Badenfurt, Blumenau, Brusque, Florianópolis, Itoupava, Pomerode,
Santa Teresa, São Bento do Sul, Teresópolis e Timbó. Sínodo Evangélico do Brasil Central: fundado em 28
de Junho de 1912, no Rio de Janeiro, sob a presidência do Pastor Ludwig Hoepffner. Comunidades: Rio de
Janeiro, Petrópolis, Campinas, Rio Claro, São Paulo, Juiz de Fora, Califórnia ES, Campinho e Santa Leopol-
dina I. J. FISCHER, op. cit., p. 15-16.
106
Em 1892, o Sínodo Riograndense resolveu adotar como hinário oficial o Hinário Evangélico para a Renânia e
Vestfália. (...) Nos anos de 1932 foi introduzido oficialmente no Sínodo Riograndense o Deutsches Evange-
lisches Gesangbuch (Hinário Evangélico Alemão), após ter sido usado e até impresso em São Leopoldo já na
década de 1920. (...) Por volta de 1926 que o Sínodo Luterano adotou o Hinário para a Igreja Evangélico-
Luterana na Baviera como hinário comum. Esse hinário foi o livro de canto oficial do Sínodo Luterano so-
mente por poucos anos, pois o Sínodo, necessitando de apoio financeiro e não encontrando esse apoio na I-
greja Luterana da Baviera, ligou-se à Federação Evangélica Alemã de Igrejas em 1933. E essa sugeriu o uso
do Hinário Evangélico Alemão. (...) O Sínodo Evangélico de Santa Catarina e Paraná adotou o Livro do Lar
Evangélico (Evangelisches Hausbuch), produzido pela firma Koehler de Blumenau.Tudo indica que esse li-
vro se tornou o hinário oficial do novo Sínodo. (...) A partir da década de 30 o Sínodo das Comunidades Teu-
to-Evangélicas do Brasil Central começou a usar o Hinário Evangélico Alemão (Deutsches Evangelisches
Gesangbuch). L. CREUTZBERG, op. cit., p. 42-50.
107
Os apêndices dos hinários, muitas vezes chamados de Hausbuch (Livro do Lar), cumpriram especial função
neste sentido. Neles são encontradas coletâneas de orações matutinas e vespertinas para uma ou mais sema-
nas, coletas para os domingos e dias festivos bem como orações para diversas situações e oportunidades.
108
Um amplo espectro histórico sobre a música à época da formação da Federação Sinodal é encontrado na obra
de Henriqueta Rosa Fernandes BRAGA, Música Sacra Evangélica no Brasil, cap. 6.
109
L. CREUTZBERG, op. cit., p. 11.