O que tem caracterizado a escola brasileira, nas últimas décadas é o fato de ela
se nortear pelo princípio da exclusão, e não pelo da inclusão. Além disso, por influência
do chamado modelo clínico (médico e psicológico), tem havido também constante
patologização dos processos educativos, com a crescente culpabilização daqueles a
quem realmente a escola deveria atender: os próprios alunos diferentes ou deficientes.
Na escola, este processo de biologização geralmente se manifesta colocando
como causas do fracasso escolar quaisquer doenças das crianças. Desloca-se
o eixo de uma educação político-pedagógica para causas e soluções
pretensamente médica, portanto inacessíveis à Educação. A isso, temos
chamado medicalização do processo de ensino-aprendizagem. Recentemente,
por uma ampliação da variedade de profissionais da saúde envolvidos com o
processo (não apenas o médico, mas também o enfermeiro, o psicólogo, o
fonoaudiólogo, o psicopedagogo), temos usado a expressão patologização
do processo de ensino-aprendizagem (Collares e Moysés, 1992:16).
Na educação regular acabou emergindo um novo personagem – o aluno-
problema –, que vem atrapalhando a vida tanto do aluno com deficiência quanto do
chamado aluno normal. O “aluno-problema” é uma forma prévia do professor conceber
o aluno que tem algum tipo de dificuldade na sala de aula.
Em decorrência, na prática pedagógica do professor, surge nele a crença que
ou ele ensina o aluno em um processo contínuo, ou então, ele se encontra
frente a um aluno que apresenta algum tipo de distúrbio de aprendizagem ou
deficiência mental [...] Ao se privilegiar na Educação a existência de um
modelo prévio de ensino fundamentado na normalidade, acabou-se também
por criar o seu oposto: a patologização do processo de ensino-
aprendizagem... Ou seja, privilegiou-se um olhar médico a respeito dos
alunos, em vez de se enfatizar um olhar pedagógico. (Mrech, 1999:44 e 46).
Assim, não é de se estranhar, que se as próprias crianças “normais” são
concebidas a partir de um modelo patologizador do processo ensino-aprendizagem,
mais ainda este olhar estigmatizador se fortalece quando nós nos encontramos frente aos
alunos deficientes.
O discurso da inclusão educacional se generaliza, não só no posicionamento
teórico de alguns profissionais, mas também em propostas educacionais de instituições
de diversos tipos em nível nacional, estadual e municipal, na tentativa de se ajustar às
determinações de normas legais. “Os professores rejeitam a integração almejada por