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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Estudo da influência da temperatura na desativação de
catalisadores automotivos comerciais
Daniela Meyer Fernandes
Orientadoras: Fátima Maria Zanon Zotin
Cynthia Fraga Scofield
Rio de Janeiro /2007
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ii
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGRENHARIA QUÍMICA
ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA
DESATIVAÇÃO DE CATALISADORES AUTOMOTIVOS
COMERCIAIS
DANIELA MEYER FERNANDES
Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia
Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como
requisito final para a obtenção do Diploma de Mestre em Engenharia Química.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Fátima Maria Zanon Zotin – IQ-UERJ - Orientadora
______________________________________________________
Cynthia Fraga Scofield – IQ-UERJ - Orientadora
_____________________________________________________
Lúcia Gorenstin Appel – INT-MCT
______________________________________________________
Silvana Braun
______________________________________________________
Cristiane Assumpção Henriques – IQ-UERJ
Rio de Janeiro/2007
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iii
Aos meus pais e minha
irmã, Cláudio, Ligia e Juliana,
minha família querida, e ao
Felipe, com todo meu amor.
iv
Agradecimentos
Apesar de tantas adversidades enfrentadas por pessoas que desejam seguir o caminho
da educação neste país, sinto que todos os anos que dediquei ao estudo se tornam, neste
momento da minha vida, compensadores.
Posso afirmar que os anos de mestrado foram valiosos, não só por ter adquirido uma
maior bagagem de conhecimentos, mas também por ter evoluído como ser humano e estar,
cada vez mais, descobrindo o meu papel na sociedade. Meus sinceros agradecimentos:
À professora Cynthia Scofield pela orientação, incentivo e amizade.
À professora Fátima Zotin pela imensa contribuição como orientadora e pela grande
figura humana que muito contribuiu para meu crescimento pessoal.
Ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química do IQ-UERJ pela
oportunidade de crescimento profissional.
A PETROBRAS, uma vez que esta tese está inserida no âmbito do projeto envolvendo
o estudo de catalisadores automotivos comerciais.
Ao CENPES-PETROBRAS pelas análises de volumetria de N
2
e DRX.
Ao CETEM e seus funcionários pelas análises de FRX, DRX, TG-ATD e MEV-EDX.
Ao Mauri José Baldini Cardoso/CENPES-PETROBRAS e ao Arnaldo Alcover
Neto/CETEM, pelo incentivo, interesse e apoio durante a realização desta dissertação.
À Vanessa Rocha, em especial, que ofereceu grande ajuda nas análises no CETEM.
Sou muito grata por sua generosidade e orgulhosa de ter conquistado sua amizade.
A COPPE-UFRJ e ao IME-RJ pelas análises de MEV-EDX.
Ao professor Luna pelo auxílio nas análises químicas.
A CAPES pela bolsa de estudos concedida.
À minha família por estar sempre me apoiando e tornando meus sonhos possíveis.
Ao namorado Felipe por todo amor e carinho que trouxe para a minha vida e por suas
poucas horas vagas dedicadas a ajudar na minha tese.
À amiga Ana Luiza, que é como uma irmã, uma daquelas poucas pessoas com quem eu
posso sempre contar.
Ao amigo Luiz Mello, companheiro de mestrado, pelos bons conselhos e pelo incansável
esforço em ajudar a todos.
v
Ao amigo Paulo Júnior, companheiro de mestrado, que sempre me auxiliou com meus
“esquecimentos” e por todos os momentos de alegria.
À amiga Samara, pronta para ajudar e encorajar de uma maneira única e
descomplicada, com amor e paciência.
À amiga Gláucia, que muito colaborou com as análises de RTP e quimissorção de H
2
.
À amiga Zila, companheira de mestrado, por ensaiar apresentações, pesquisar métodos,
solucionar problemas, e ainda oferecer muito carinho e amizade.
A Deus, que está sempre comigo, cercando-me de pessoas queridas e guiando-me para
tomar as decisões certas.
vi
Fernandes, Daniela Meyer
Estudo da influência da temperatura na desativação de catalisadores
automotivos comerciais.
Daniela Meyer Fernandes, Rio de Janeiro: UERJ/IQ, 2006.
xii, 155 p.; il.
(Dissertação) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto
de Química, 2006. Orientadores: Fátima Maria Zanon Zotin e Cynthia Fraga
Scofield.
1. Catalisador automotivo comercial. 2. Lightoff. 3. DRX.
4. MEV-EDX. 5. Tese. (Mestrado – UERJ/IQ). 6. Orientadoras:
Fátima Maria Zanon Zotin e Cynthia Fraga Scofield
I – Título.
vii
“Não basta ensinar ao homem uma
especialidade, porque se tornará assim uma
máquina utilizável, não uma personalidade. É
necessário que adquira uma personalidade. É
necessário que adquira um sentimento, senso
prático daquilo que vale a pena ser
empreendido, daquilo que é belo, do que é
moralmente correto”.
Albert Einstein
viii
RESUMO
Foi estudada a influência da temperatura na desativação de catalisadores automotivos
comerciais, à base de Pt/Rh e de Pd/Rh, de diferentes fabricantes. Foram empregadas técnicas
de caracterização textural e físico-química como FRX, AAS, fisissorção de N
2
, TG-ATD,
DRX, RTP, quimissorção de H
2
e MEV-EDX. Os catalisadores foram avaliados nas reações
de oxidação do CO e oxidação do propano, utilizando uma mistura de gases estequiométrica
semelhante ao gás de exaustão.
Os catalisadores denominados G e V, de Pt/Rh e Pd/Rh, respectivamente, foram
envelhecidos a 900°C, em condições estequiométricas, e a 1200°C, em ar, por períodos de
tempo determinados. Em relação ao envelhecimento a 900°C, apesar da caracterização
apontar melhores resultados para o catalisador G, a comparação com os catalisadores novos
indicou que a extensão da desativação sofrida pelo catalisador V foi menor do que aquela
sofrida pelo catalisador G.
O envelhecimento oxidante a 1200°C foi muito prejudicial ao desempenho de ambos os
catalisadores. Os difratogramas dos catalisadores envelhecidos nestas condições mostraram
fenômenos importantes de transição de fase da alumina, bem como indícios de formação de
novas fases a partir do óxido misto de Ce/Zr. Os perfis de RTP mostraram uma grande queda
na redutibilidade, tanto para o catalisador G como para o V após este envelhecimento, e as
micrografias de MEV-EDX mostraram estruturas muito sinterizadas e vários pontos de Pd
aglomerado no catalisador V. Esse catalisador também apresentou partículas de texturas
incomuns. Além disso, para ambos foi verificado indícios de perda de material nas amostras
calcinadas por 72h a 1200ºC.
Com relação aos resultados de avaliação catalítica, o catalisador G apresentou um
desempenho inferior ao do catalisador V. A realização de envelhecimentos em atmosfera
oxidante pode justificar esse comportamento uma vez que esse procedimento promove a
formação de óxidos de platina, menos ativos que a platina metálica para essas reações. Além
disso, este catalisador apresentou um teor de Pt bem abaixo daqueles registrados na literatura
para catalisadores automotivos comerciais. Por outro lado, para catalisadores de Pd, o
envelhecimento oxidante leva à formação de PdO, mais ativo que o Pd metálico.
Outra observação significativa em relação à avaliação catalítica foi o fato de o
catalisador G novo ter apresentado uma atividade muito baixa, especialmente para o propano,
que tendeu a aumentar com o envelhecimento térmico. Foi sugerido que este catalisador
precisaria de uma ativação térmica, a qual o catalisador V parece ter sido submetido durante a
fabricação, pois há indícios da ocorrência de certo desgaste térmico neste catalisador novo,
como mostrados pelos resultados de fisissorção de N
2
, DRX, TG-ATD, RTP e MEV-EDX.
Foi também mostrado que os resultados de quimisorção de H
2
, apesar de não poderem
ser usados na determinação da dispersão metálica, apresentaram uma tendência de correlação
entre o consumo de H
2
e o desempenho catalítico expresso como T
50
ou T
20
. Observa-se um
aumento na atividade catalítica quando a quantidade de H
2
dessorvido (DTP-H
2
) aumenta.
Concluindo, o envelhecimento térmico mostrou ser prejudicial ao desempenho do
catalisador comercial, principalmente para situações drásticas como o envelhecimento
realizado a 1200ºC em condições oxidantes.
ix
ABSTRACT
The influence of the temperature on the deactivation of two commercial automotive
catalysts from different suppliers was studied. Textural and physico-chemical caracterization
techniques were employed, such as XRF, AAS, N
2
fisisorption, TG-DTA, XRD, TPR, H
2
chemisorption and SEM-EDX. The catalysts were evaluated in terms of CO and propane
oxidation with a stoichiometric gas mixture similar to the exaust gas.
The Pt/Rh catalyst was nominated G and the Pd/Rh one, V. They were aged at 900ºC
in stoichiometric conditions, and at 1200ºC in air, for determined periods of time. Concerning
aging at 900ºC, even though the caracterization analysis showed better results for catalyst G,
the comparison with fresh catalysts indicated that this catalyst suffered a larger deactivation
than catalyst V.
The aging in oxidizing conditions at 1200ºC was quite harmful to the performance of
both catalysts. The diffractograms of the catalysts aged in these conditions showed important
fenomena like alumina phase transitions and signs of formation of new mixed oxide phases.
TPR profiles presented great decay on reducibility for both catalysts after this aging. SEM-
EDS micrographs presented largely sintered structures and several spots of palladium
agglomerates on catalyst V. This catalyst also presented particles of unusual texture. Besides,
both catalysts presented signs of loss of catalytic material in the samples aged for 72h at
1200ºC.
Concerning catalytic activity results, catalyst G presented worse performance than
catalyst V. The aging in oxidizing atmosphere may justify this behavior because this
procedure leads to the formation of platinum oxides, which are less active than metallic
platinum for these reactions. Besides, this catalyst presented a much lower platinum content
than those reported in the literature for commercial automotive catalysts. On the other hand,
for palladium catalysts, oxidizing aging leads to the formation of PdO, which is more active
than metallic Pd.
Another relevant point about catalytic evaluation was the fact that fresh catalyst G
presented a poor activity, especially for propane oxidation, which tended to enhance with
thermal aging. It was suggested that this catalyst would need a thermal activation. It seems
that catalyst V was submitted to such activation during its fabrication. This hypothesis is
based on the signs of a slight thermal degradation found in the fresh catalyst, as showed by N
2
Fisisorption, XRD, TG-DTA, TPR and SEM-EDX.
Although it was not possible to determine metal dispersion though H
2
chemisorption
results, they appeared to correlate well with catalytic activity, expressed in T
50
or T
20
. It was
observed that catalytic activity was improved when the quantity of desorbed H
2
was
enhanced.
Finally, it can be concluded that thermal aging is harmful to commercial catalysts
peformance, principally in drastic situations like oxidizing aging at 1200ºC.
x
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................................................................XII
LISTA DE TABELAS.................................................................................................................................... XVII
I. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................. 1
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................................................. 4
II.1. O CATALISADOR AUTOMOTIVO .................................................................................................................4
II.2. PRINCIPAIS COMPONENTES DO CATALISADOR AUTOMOTIVO...................................................................... 5
II.2.1. γ-Alumina .......................................................................................................................................... 5
II.2.2. Óxido de cério e Óxidos mistos de Ce/Zr .......................................................................................... 7
II.2.2.1. Óxido de cério.................................................................................................................................................7
II.2.2.2. Óxidos mistos de Ce/Zr...................................................................................................................................8
II.2.2.3. Propriedades oxirredutoras do óxido de cério e dos óxidos mistos de Ce/Zr ................................................11
II.2.3. Metais nobres...................................................................................................................................13
II.3. PARÂMETROS DE OPERAÇÃO E PROPRIEDADES DO CATALISADOR AUTOMOTIVO ...............................15
II.3.1. Capacidade de Estocagem de Oxigênio (OSC)................................................................................ 15
II.3.2. Propriedades oxirredutoras dos catalisadores automotivos.............................................................. 18
II.3.3. Estocagem de NOx .......................................................................................................................... 20
II.3.4. Resistência e estocagem de enxofre................................................................................................. 21
II.4. REAÇÕES TÍPICAS DO CATALISADOR AUTOMOTIVO.............................................................................. 22
II.5. A DESATIVAÇÃO DE CATALISADORES AUTOMOTIVOS........................................................................... 24
II.5.1. Desativação térmica de catalisadores automotivos .......................................................................... 27
II.5.1.1. Sinterização da alumina.................................................................................................................................28
II.5.1.2. Sinterização dos óxidos mistos......................................................................................................................30
II.5.2. Efeito da temperatura na dispersão e redutibilidade dos metais nobres e interações
metal-suporte....................................................................................................................................
33
II.5.3. Efeito da desativação térmica no desempenho de catalisadores automotivos.................................. 37
II.5.4. Aditivos e compostos usados para promover a estabilidade térmica do washcoat .......................... 40
II.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO...................................................................... 45
III. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................................................ 47
III.1. CATALISADORES..................................................................................................................................... 47
xi
III.2. PROCEDIMENTOS DE ENVELHECIMENTO .............................................................................................. 48
III.3. CARACTERIZAÇÃO DOS CATALISADORES ............................................................................................. 49
III.3.1. Fluorescência de Raios X (FRX) ..................................................................................................... 49
III.3.2. Espectrometria de Absorção Atômica.............................................................................................. 50
III.3.3. Fisissorção de N
2
.............................................................................................................................. 51
III.3.4. Difração de raios X (DRX) .............................................................................................................. 51
III.3.5. Análise termogravimétrica e termodiferencial (ATG/ATD)............................................................ 52
III.3.6. Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectroscopia de Energia Dispersiva de
Raios X (MEV-EDX) ......................................................................................................................
52
III.3.7. Quimissorção de H
2
......................................................................................................................... 53
III.3.8. Redução a Temperatura Programada (RTP) .................................................................................... 56
III.4. AVALIAÇÃO CATALÍTICA....................................................................................................................... 57
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................................................. 59
IV.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA ................................................................................................................. 59
IV.1.1. Fluorescência de Raios X (FRX) ..................................................................................................... 59
IV.1.2. Espectrometria de Absorção Atômica.............................................................................................. 66
IV.1.3. Discussão dos resultados de análise química ................................................................................... 66
IV.2. CARACTERIZAÇÃO TEXTURAL: FISISSORÇÃO DE N
2
............................................................................ 67
IV.3. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA .................................................................................................... 69
IV.3.1. Análise Térmica (TG/ATD)............................................................................................................. 69
IV.3.2. Difração de Raios X (DRX)............................................................................................................. 71
IV.3.3. Redução à temperatura programada (RTP)...................................................................................... 77
IV.3.4. Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectroscopia de Energia Dispersiva de
Raios X (MEV-EDX) ......................................................................................................................
86
IV.3.5. Quimissorção de H
2
....................................................................................................................... 114
IV.4. AVALIAÇÃO CATALÍTICA..................................................................................................................... 119
V. CONCLUSÕES .......................................................................................................................................... 128
VI. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................... 131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................................132
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura I.1 - Evolução e estimativa da frota total e leve (ALVIM, 2000). .............................1
Figura II.1 - Estrutura de um conversor catalítico e seus principais componentes
(KOCI et al., 2004).............................................................................................5
Figura II.2 - Seqüências de transição de óxidos de alumínio até o córundum através
de tratamento térmico (PAGLIA, 2004).............................................................6
Figura II.3 - Diagrama de fases do sistema Ce
x
Zr
1-x
O
2
. Círculos e triângulos
indicam c’ – (100%) e t’ – (+c’) –ZrO
2
, respectivamente. As linhas
cheias foram inseridas por Yashima et al. (1994) e as linhas
pontilhadas são originalmente de Tani et al. (em YASHIMA et al.,
1994)...................................................................................................................
9
Figura II.4 - Comparação dos perfis de RTP de diferentes composições de óxidos
mistos de Ce/Zr (FALLY et al., 2000)............................................................12
Figura II.5 - Perfis de RTP para os catalisadores (i) ZrO
2
/CeO
2
/Al
2
O
3
, preparado
por impregnação seqüencial, (ii) CeO
2
-ZrO
2
/Al
2
O
3
preparado por co-
impregnação e (iii) CeO
2
-ZrO
2
-Al
2
O
3
preparado pelo método sol-gel.
Condições: a- novo, b- após RTP a 980°C seguida por oxidação a
550°C e c- após RTP a 980°C seguida por oxidação a 900°C
(KOSLOV et al., 2002). ...................................................................................13
Figura II.6 - Sonda lambda – percentual de conversão em função da razão
ar/combustível (A/C) (Lassi, 2003)..................................................................16
Figura II.7 - Perfis de RTP de Pt/Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
(linha fina) e de
Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
(linha grossa): (a) de temperaturas inferiores a
25°C a superiores a 25°C; (b) da temperatura ambiente a 800 ou
1000°C. 1- novo (calcinado a 500°C), 2- novo oxidado a 75°C
(amostra 2), 3- amostra 2 oxidada a 150°C (amostra 3), 4- amostra 3
oxidada a 300°C (amostra 4), 5- amostra 4 oxidada a 427°C (amostra
5), 6- amostra 5 oxidada a 427°C (amostra 6), 7- amostra 6 oxidada a
427°C (amostra 7), 8- amostra 7 oxidada a 1000°C (FORNASIERO et
al., 2003)...........................................................................................................
19
Figura II.8 - Perfis de RTP de catalisadores comerciais à base de Pd-Rh: (a) novo,
(b) envelhecido em veículo por 30.000 km e (c) 56.000 km
(LAMBROU et al., 2004). ...............................................................................20
Figura II.9 - Ilustrações dos principais tipos de desativação em catálise heterogênea
(MOULIJN et al., 2001)...................................................................................26
Figura II.10 - Transições de fases da boemita e áreas superficiais em função da
temperatura (LASSI, 2003). .............................................................................
29
xiii
Figura II.11 - Representação da desidroxilação superficial em uma região de contato
entre duas partículas adjacentes de γ-alumina (NEYESTANAKI et al.,
2004).................................................................................................................30
Figura II.12 - Cálculo termodinâmico para a decomposição de PdO (O
2
/PdO = 10)
(NEYESTANAKI et al., 2004). .......................................................................34
Figura II.13 - Curvas de Lightoff obtidas para as conversões de NO, CO e propeno
de um catalisador comercial novo e envelhecido (LARESE et al.,
2003).................................................................................................................37
Figura II.14 - Curvas de lightoff para CO e propano ao longo de uma taxa de
aquecimento de 3°C/min em condições estequiométricas. Símbolos:
(—) Pd/Al
2
O
3
, (- - -) Pd-Rh/Al
2
O
3
, (▬▬) Pd/Al
2
O
3
-CeO
2
, (- - -) Pd-
Rh/Al
2
O
3
-CeO
2
.................................................................................................38
Figura II.15 - Curvas de lightoff obtidas para catalisadores de Pt com diferentes
formulações (GONZALEZ-VELASCO et al., 2000).......................................39
Figura II.16 - Efeito da temperatura na formação de α-Al
2
O
3
em γ-Al
2
O
3
pura e
impregnada com 6 % em CeO
2
e 5 % em La
2
O
3
(DING et al., 2000). ............42
Figura II.17 - Efeito da adição de terras raras à γ-Al
2
O
3
na área BET (DING et al.,
2000).................................................................................................................42
Figura III.1 - Esquema proposto para a serragem dos catalisadores automotivos
comerciais.........................................................................................................47
Figura III.2 - Modelo para a serragem de amostras para determinação da
homogeneidade dos catalisadores.....................................................................50
Figura III.3 - Modelo para a serragem dos catalisadores para análise de MEV.....................53
Figura III.4 - Esquema da unidade multi-propósito utilizada para análises de
quimissorção de H
2
e de Redução a Temperatura Programada. (a)
Lateral direita; (b) lateral esquerda; (c) visão frontal.......................................55
Figura III.5 - Unidade de teste catalítico................................................................................58
Figura IV.1 - Comparação dos teores de Al
2
O
3
, CeO
2
e ZrO
2
nos catalisadores G e V
determinados por FRX. ....................................................................................64
Figura IV.2 - Comparação dos catalisadores G e V quanto à proporção de CeO
2
em
relação à de ZrO
2
determinados por FRX.........................................................64
Figura IV.3 - Comparação dos teores de BaO, La
2
O
3
, NiO e Pr
6
O
11
nos catalisadores
G e V determinados por FRX...........................................................................65
Figura IV.4 - Comparação dos volumes e diâmetro de poro dos catalisadores (a) G e
(b) V, novos e envelhecidos. ............................................................................68
Figura IV.5 - Curvas de TG para os catalisadores G A1 e V A1 novos.................................70
xiv
Figura IV.6 - Curvas de ATD para os catalisadores G A1 e V A1 novos..............................71
Figura IV.7 - DRX do catalisador G novo e envelhecido a 900°C, em condições
estequiométricas. ..............................................................................................72
Figura IV.8 - DRX do catalisador G novo e envelhecido a 1200°C em condições
oxidantes. y- fase rica em Zr segundo (LARESE et al., 2003) e z- fase rica
em Ce (Bozo et al., 2001). ..................................................................................73
Figura IV.9 - DRX ampliado na faixa de 25-35 2θ para o catalisador G novo e
envelhecido a 1200°C em condições oxidantes. y- fase rica em Zr
segundo Larese et al. (2003), t- fase Ce/Zr intermediária e z- fase rica
em Ce segundo Bozo et al. (2001). ..................................................................
74
Figura IV.10 - DRX do catalisador V novo e envelhecido a 900°C em condições
estequiométricas. y- fase rica em Zr e x- fase Zr
2
O
3
tetragonal
(LARESE et al. (2003).....................................................................................74
Figura IV.11 - DRX do catalisador V novo e envelhecido a 1200°C em condições
oxidantes. y- fase rica em Zr e x- fase Zr
2
O
3
tetragonal, segundo
Larese et al. (2003). z- fase rica em Ce segundo Bozo et al. (2001)................75
Figura IV.12 - DRX ampliado na faixa de 25-35 2θ para o catalisador V novo e
envelhecido a 1200°C em condições oxidantes. y- fase rica em Zr
segundo Larese et al. (2003), t- fase Ce/Zr intermediária e z- fase rica
em Ce segundo Bozo et al. (2001). ..................................................................76
Figura IV.13 - Perfis de RTP para o catalisador comercial G novo e envelhecido a
900°C em condições estequiométricas. ............................................................78
Figura IV.14 - Perfis de RTP para o catalisador comercial V novo e envelhecido a
900°C em condições estequiométricas. ............................................................78
Figura IV.15 - Decomposição dos picos do perfil de RTP do catalisador G A1
NOVO...............................................................................................................79
Figura IV.16 - Decomposição dos picos do perfil de RTP do catalisador V A1
NOVO...............................................................................................................
79
Figura IV.17 - Perfis de RTP para o catalisador comercial G novo e envelhecido a
1200°C em condições oxidantes.......................................................................84
Figura IV.18 - Perfis de RTP para o catalisador comercial V novo e envelhecido a
1200°C em condições oxidantes.......................................................................85
Figura IV.19 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura
monolítica do catalisador G A1 NOVO. ..........................................................92
Figura IV.20 - (a) washcoat do catalisador G A1 NOVO, (b) e (c) análise química por
EDX do ponto 2 em (a). ...................................................................................93
xv
Figura IV.21 - (a) washcoat do catalisador G A1 NOVO, (b) e (c) análise química por
EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a)...............................................94
Figura IV.22 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura
monolítica do catalisador V A1 NOVO. ..........................................................95
Figura IV.23 - (a) washcoat do catalisador V A1 NOVO e (b) análise química por
EDX do ponto 1 em (a). ...................................................................................96
Figura IV.24 - (a) washcoat do catalisador V A1 NOVO, (b) e (c) análise química por
EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a)...............................................97
Figura IV.25 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão aumentada da estrutura monolítica
do catalisador G A5 900 108h. Micrografias obtidas no microscópio
JEOL JSM – 5800 LV (IME). ..........................................................................98
Figura IV.26 - (a) washcoat do catalisador G A5 108h, (b) e (c) análise química por
EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). Micrografias obtidas
no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ)............................99
Figura IV.27 - (a) washcoat do catalisador G A5 108h, (b) e (c) análise química por
EDX das áreas representadas pelos pontos 1 e 2, respectivamente, em
(a). Micrografias obtidas no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª
(COPPE-UFRJ). .............................................................................................100
Figura IV.28 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura
monolítica do catalisador V A5 900 108h......................................................101
Figura IV.29 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h, (b) e (c) análise química
por EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). .....................................102
Figura IV.30 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h, (b) e (c) análise química
por EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). .....................................103
Figura IV.31 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h e (b) análise química por
EDX do ponto 1 em (a). .................................................................................104
Figura IV.32 - Estrutura monolítica do catalisador G C5 1200 72h. Micrografia obtida
no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ)..........................
105
Figura IV.33 - (a) washcoat do catalisador G C5 1200 72h e (b) análise química por
EDX do ponto 1 em (a). Micrografia obtida no microscópio Zeiss
Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ).............................................................106
Figura IV.34 - (a) washcoat do catalisador G C5 1200 72h, (b) e (c) análise química
por EDX dos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). Micrografia obtida
no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ)..........................
107
Figura IV.35 - (a) washcoat do catalisador G C5 72h, (b) e (c) análise química por
EDX das áreas representadas pelos pontos 1 e 2, respectivamente, em
(a). Micrografias obtidas no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª
(COPPE-UFRJ). .............................................................................................108
xvi
Figura IV.36 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura
monolítica do catalisador V C5 1200 72h. .....................................................109
Figura IV.37 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h e (b) análise química por
EDX do ponto 1 em (a). .................................................................................110
Figura IV.38 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h e (b) análise química por
EDX do ponto 1 em (a). .................................................................................111
Figura IV.39 - Washcoat do catalisador V C5 1200 72h. ......................................................112
Figura IV.40 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h, (b) e (c) análise química
por EDX dos pontos 1 e 4 em (a). ..................................................................113
Figura IV.41 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador G envelhecido a 900°C em
condições estequiométricas. ...........................................................................
114
Figura IV.42 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador G envelhecido a 1200°C em
condições oxidantes........................................................................................115
Figura IV.43 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador V envelhecido a 900°C em
condições estequiométricas. ...........................................................................115
Figura IV.44 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador V envelhecido a 1200°C em
condições oxidantes........................................................................................116
Figura IV.45 - Curvas de lightoff do catalisador G para a conversão de CO.........................121
Figura IV.46 - Curvas de lightoff do catalisador G para a conversão de propano..................122
Figura IV.47 - Curvas de lightoff do catalisador V para a conversão de CO.........................123
Figura IV.48 - Curvas de lightoff do catalisador V para a conversão de propano..................123
Figura IV.49 - Relação entre o consumo de H
2
durante a DTP de hidrogênio e a
atividade catalítica expressa em termos de T
50
, para os catalisadores G
e V novos e envelhecidos. ..............................................................................126
Figura IV.50 - Relação entre o consumo de H
2
durante a DTP de hidrogênio e a
atividade catalítica expressa em termos de T
20
, para os catalisadores G
e V novos e envelhecidos. ..............................................................................
127
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela II.1 - Classificação das fases existentes no sistema binário de CeO
2
– ZrO
2
a
temperaturas inferiores a 1000°C (MASUI et al., 2000)..................................10
Tabela II.2 - Mecanismos de desativação na catálise em geral (BARTHOLOMEW,
2001; MOULIJN et al., 2001). .........................................................................25
Tabela II.3 - Temperatura de decomposição do PdO (T
D
) e reoxidação (T
R
) em
diferentes suportes (em NEYESTANAKI et al., 2004). ..................................34
Tabela II.4 - Ponto de fusão dos metais e seus compostos (MOULIJN et al., 2001). ..........35
Tabela II.5 - Efeito da adição de terras raras à γ-Al
2
O
3
na área BET (DING et al.,
2000).................................................................................................................
41
Tabela III.1 - Condições de envelhecimento dos catalisadores comerciais estudados...........49
Tabela III.2 - Procedimento experimental utilizado para a análise de quimissorção de
H
2
......................................................................................................................56
Tabela IV.1 - Determinação em triplicata e avaliação estatística dos principais
componentes presentes nos resíduos de serragem do catalisador G.................60
Tabela IV.2 - Determinação em triplicata e avaliação estatística dos principais
componentes presentes nos resíduos de serragem do catalisador V.................60
Tabela IV.3 - Teores dos principais componentes do catalisador G determinados por
FRX. .................................................................................................................62
Tabela IV.4 - Teores dos principais componentes do catalisador V determinados por
FRX. .................................................................................................................
63
Tabela IV.5 - Teores de Pt, Pd e Rh dos catalisadores G e V determinados por
absorção atômica. .............................................................................................
66
Tabela IV.6 - Propriedades texturais do catalisador G. ..........................................................67
Tabela IV.7 - Propriedades texturais do catalisador V. ..........................................................67
Tabela IV.8 - Consumos de H
2
de cada pico obtido a partir da decomposição dos
perfis de RTP dos catalisadores G e V A1 NOVOS (Figuras IV.15 e
IV.16)................................................................................................................80
Tabela IV.9 - Consumos totais de H
2
durante a RTP até 500°C para os catalisadores
comerciais G e V. .............................................................................................85
Tabela IV.10 - Quantidades de H
2
dessorvidas por grama de catalisador..............................116
Tabela IV.11 - Temperaturas de lightoff (T
50
) para as conversões de CO e propano dos
catalisadores G e V.........................................................................................
120
1
I. INTRODUÇÃO
No que diz respeito à poluição nas grandes cidades, destaca-se a poluição atmosférica
pela sua atuação constante e nociva na saúde da população. Nesse sentido, um dos agentes
que mais contribui para a poluição do ar é o automóvel e, dessa forma, essa poluição está
diretamente associada ao número de veículos.
Os veículos equipados com motores de ignição por centelha, movidos a gasolina, a
etanol e a gás natural, juntamente com os veículos equipados com motores de ignição por
compressão, movidos a diesel, constituem a maior fonte de poluição atmosférica urbana
(KOLTSAKIS e STAMATELOS, 1997).
No Brasil, no ano de 2000, a participação dos veículos leves (automóveis e comerciais
leves do ciclo Otto) - majoritariamente destinada ao transporte individual de passageiros –
atingiu valores superiores a 90% da frota total (ALVIM et al., 2000). Na Figura I.1 tem-se
uma projeção da frota veicular de ciclo Otto para o Brasil. Observa-se uma crescente
tendência de aumento no número de veículos leves, o que proporcionará, conseqüentemente,
uma elevação na taxa de emissões.
Figura I.1 - Evolução e estimativa da frota total e leve (ALVIM, 2000).
Para veículos leves, os gases emitidos consistem, basicamente, de monóxido de
carbono (CO) resultante de uma oxidação parcial dos compostos presentes, hidrocarbonetos
não convertidos (HC) decorrentes da queima incompleta da gasolina e óxidos de nitrogênio
2
(NO
x
). Os NO
x
estão principalmente na forma de NO, com menos de 5% na forma de NO
2
.
Estes compostos são formados pela oxidação do nitrogênio do ar, facilitada pelo excesso de ar
admitido nos motores à gasolina, em temperaturas próximas àquelas geradas na queima de
combustíveis. Os NO
x
podem ainda, ser provenientes da oxidação de compostos nitrogenados
presentes no combustível (BOWKER, 1998; CANT et al., 2002).
O advento do conversor catalítico veio reduzir as emissões veiculares e assim,
melhorar sensivelmente a qualidade do ar nas grandes cidades. A tecnologia do catalisador
automotivo é complexa e vem se aperfeiçoando progressivamente, visando alcançar maiores
conversões de compostos poluentes em gases de escape menos tóxicos, sob condições
operacionais mais drásticas. A vida útil do catalisador automotivo é variável, principalmente
devido às altas temperaturas a que é submetido e pela interferência de contaminantes do
combustível.
A desativação do catalisador automotivo, apesar estar sendo postergada através do
desenvolvimento de novas tecnologias, é um processo inevitável. Há a necessidade de se
investigar cada vez mais as causas dessa perda de desempenho, visando à obtenção de
catalisadores mais resistentes térmica e quimicamente, ou seja, mais ativos e com vida útil
mais longa.
Devido à complexidade do sistema catalítico automotivo e das várias reações
simultâneas que o mesmo proporciona, é muito difícil prever as causas de sua desativação.
Mesmo depois da modificação contínua desses catalisadores, principalmente em termos de
formulação, ainda há dúvidas sobre os fatores que realmente contribuem para a desativação
do catalisador automotivo. Sabe-se, no entanto, que na maioria dos casos ela ocorre por
mecanismos térmicos e químicos (KOLTSAKIS e STAMATELOS, 1997).
Comercialmente, estão disponíveis várias tecnologias de catalisadores automotivos,
cuja fase ativa difere pelo metal nobre utilizado e pelos aditivos, além de seus teores. Cada
tipo de catalisador é desenvolvido em função do veículo, do motor e do combustível com o
qual este opera.
Dentro desse contexto, esta dissertação teve por objetivo estudar o efeito de
desativação térmica em dois tipos de catalisadores comerciais, utilizados em veículos com
motor de ignição por centelha, movidos à gasolina, e que diferem pelo metal nobre utilizado:
um dos catalisadores é à base de Pt/Rh, e o outro à base de Pd/Rh. A desativação térmica, que
afeta diretamente a vida útil do catalisador automotivo, foi discutida com base nas
caracterizações e testes catalíticos desses catalisadores envelhecidos de duas maneiras: em
atmosfera estequiométrica, a 900°C, e em meio oxidante, a 1200°C. Foram analisados os
3
fenômenos decorrentes do envelhecimento térmico como as transições de fases dos óxidos
que compõe o catalisador, a perda da área superficial, a queda da dispersão metálica devido à
aglomeração e/ou encapsulamento dos metais nobres, a perda das características oxirredutoras
e o impacto desses fenômenos na atividade catalítica.
4
II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
II.1. O Catalisador Automotivo
O conversor catalítico dos automóveis é também chamado de catalisador de três vias,
pois consegue converter os três grandes poluentes (CO, NO
x
e hidrocarbonetos) praticamente
de forma simultânea, através de reações de oxirredução (RANGEL, 2003; BOWKER, 1998).
Seu uso passou a ser obrigatório em todos os automóveis fabricados no Brasil a partir de
1997.
O catalisador automotivo é constituído por um conjunto de componentes que atuam
sinergicamente na conversão dos poluentes. As reações de oxidação dos hidrocarbonetos
(HC) e do monóxido de carbono (CO) são catalisadas por metais nobres como platina (Pt)
e/ou paládio (Pd), com a participação dos óxidos mistos de cério e zircônio (CZ), na presença
de aditivos. A conversão dos NO
x
é uma das etapas mais complexas do sistema, pois envolve
a redução dessas espécies a N
2
,
em meio oxidante. No entanto, pode-se envolver duas espécies
poluentes, de forma simultânea, no caso da reação de oxidação do CO pelos NO
x
. Nas reações
de conversão dos NO
x
, o ródio é um excelente catalisador, pois minimiza reações laterais
indesejáveis que podem, por exemplo, produzir N
2
O, também tóxico (BOWKER, 1998).
A Figura II.1 apresenta a estrutura geral do catalisador automotivo e seus principais
componentes. No interior do invólucro metálico encontra-se uma estrutura monolítica de
cerâmica (cordierita) ou de metal, onde o catalisador é depositado. Dessa estrutura destaca-se
um dos canalículos que constitui o sistema catalítico. Esses canais são revestidos por uma fase
denominada washcoat cuja espessura varia entre 20 μm e 60 μm. Esta construção garante uma
grande área de contato entre a superfície do catalisador e os gases de escape, e foi projetada
visando minimizar a resistência à difusão dos gases, garantindo uma alta conversão e,
conseqüentemente, uma elevada atividade catalítica. Além disso, essa estrutura minimiza
problemas de perda de carga no sistema (BOWKER, 1998; LASSI, 2003).
5
Figura II.1 - Estrutura de um conversor catalítico e seus principais componentes (KOCI et al., 2004).
II.2. Principais componentes do catalisador automotivo
O washcoat é a fase cataliticamente ativa do catalisador automotivo, sendo composto
de várias substâncias com funções definidas no processo catalítico. Dentre elas estão o
suporte (γ-Al
2
O
3
), a fase ativa (Pd/Pt – Rh) e os óxidos puros e mistos de CeO
2
e ZrO
2
, além
de aditivos como o NiO, o La
2
O
3
, o BaO, entre outros. Os aditivos citados não serão tratados
individualmente neste tópico, mas estão inseridos no contexto de outros tópicos presentes
nesta revisão.
II.2.1. γ-Alumina
Estudos mostram que a alumina apresenta-se em uma variedade de estruturas de
transição reprodutíveis e estáveis a temperatura ambiente. As aluminas de transição são assim
denominadas porque as transições de fases existentes entre as espécies são irreversíveis e
ocorrem com o aumento de temperatura. As aluminas de transição são formadas a partir de
vários hidróxidos de alumínio que são desidratados. Um exemplo é a gibsita passando a
boemita, que por sua vez se transforma na γ-Al
2
O
3
, δ- Al
2
O
3
, θ- Al
2
O
3
, até a formação da α-
Al
2
O
3
, mais conhecida como córundum, o produto final de calcinação dos hidróxidos de
alumínio. Cada fase de transição exibe um padrão de difração de raios X distinto. Esse
6
precursor e outros utilizados na produção de aluminas são apresentados na Figura II.2. A α-
Al
2
O
3
é a única fase termodinamicamente estável da alumina (PAGLIA, 2004).
Figura II.2 - Seqüências de transição de óxidos de alumínio até o córundum através de tratamento térmico
(PAGLIA, 2004).
As várias espécies de alumina são importantes e possuem diferentes aplicações. A α-
alumina de baixíssima área superficial é mais útil em aplicações cerâmicas. Em catálise,
destacam-se as aluminas de transição. São fases de baixa cristalinidade caracterizadas por alta
área superficial e elevada porosidade (MORTERRA e MAGNACCA, 1996). Para fins de
catálise automotiva, a γ-Al
2
O
3
é a fase ideal, pois reúne características de boa estabilidade
térmica e alta área específica. Assim, componentes do catalisador automotivo como os óxidos
de Ce/Zr, são dispersos na γ-Al
2
O
3
, sendo esta, então, a fase presente em maior quantidade no
washcoat virgem.
Gibsita
γ-Al(OH)
3
Boemita
Gelatinosa
Boemita γ-AlOOH
Baierita
α- Al(OH)
3
γ-Al(OH)
3
/α- Al(OH)
3
(desidratação rápida)
χ
-Al
2
O
3
-Al
2
O
3
κ-Al
2
O
3
κ
-Al
2
O
3
κ-Al
2
O
3
Tohdite 5Al
2
O
3
.H
2
O
Amorfo/
Fundido
γ
-Al
2
O
3
γ
-Al
2
O
3
δ-Al
2
O
3
θ-Al
2
O
3
θ-Al
2
O
3
θ-Al
2
O
3
δ-Al
2
O
3
/θ- Al
2
O
3
η
-Al
2
O
3
η
-Al
2
O
3
ρ
-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
α-Al
2
O
3
Va
p
or
(
CVD
)
Temperatura (°C)
7
II.2.2. Óxido de cério e Óxidos mistos de Ce/Zr
II.2.2.1. Óxido de cério
A questão das emissões em catalisadores automotivos está diretamente relacionada
com a razão ar/combustível (A/C) utilizada, conforme será discutido no item II.3.1. Sabe-se
que, operando-se em condições estequiométricas, ou seja, quando se utiliza a quantidade exata
de oxigênio do ar na queima do combustível (A/C = 14,63:1), atinge-se a situação de menores
níveis de emissão, considerando-se os principais contaminantes (CO, HC e NO
x
). Entretanto,
na prática, a razão A/C oscila próximo do valor estequiométrico, operando ora em condições
oxidantes, ora em condições redutoras. Para minimizar o impacto dessas alterações nas
emissões, utiliza-se o CeO
2
, que funciona como um tampão de O
2
, liberando oxigênio para o
meio quando o motor opera em condições redutoras e estocando O
2
quando em condições
oxidantes. Sua oxidação ocorre à temperatura ambiente, porém, sua redução só começa a
200°C. A reação observada é (MASUI et al., 2000; NELSON et al., 2001):
Devido a sua capacidade redox, o óxido de cério é o principal componente responsável
pela OSC, ou seja, capacidade de estocagem de oxigênio. Quanto maior a OSC, melhor é o
desempenho catalítico. Assim, o CeO
2
auxilia nas reações de oxidação em condições
redutoras, além de apresentar múltiplas funções no catalisador automotivo. O óxido de cério é
supostamente o promotor das reações de reforma de HC e de water-gas-shift (WGS),
executando papel fundamental na conversão de HC e CO, respectivamente, em condições
transientes. A reação de WGS sobre metais preciosos representa um caminho adicional para a
oxidação de CO, especialmente em condições ricas. Além de oxidar o CO, esta reação
também produz H
2
, que ajuda no desempenho do catalisador automotivo, pois é um agente
redutor mais efetivo na conversão dos NO
x
.
O óxido de cério também promove a estabilização da dispersão de metais nobres sob
temperaturas relativamente elevadas e age como inibidor da sinterização do suporte de
alumina, reduzindo a taxa de conversão da γ-Al
2
O
3
em outras fases de menor área específica
(GONZALEZ-VELASCO et al., 1999; WU, 2004; BUNLUESIN et al., 1998).
CeO
2
CeO
2-x
+ (x/2) O
2
onde 0
x
0,5 (1)
8
II.2.2.2. Óxidos mistos de Ce/Zr
Quando o óxido de cério é submetido a altas temperaturas (cerca de 800°C) podem
ocorrer alterações na sua estrutura, e conseqüente perda da capacidade de transferência de O
2
para os sítios metálicos, ainda que os cristalitos metálicos permaneçam de tamanho inalterado
(BUNLUESIN, 1998). O CeO
2
sinteriza-se completamente a temperatura de,
aproximadamente, 900
o
C, perdendo sua estrutura porosa. Este, provavelmente, é o principal
motivo pelo qual não se tem um suporte feito exclusivamente de CeO
2
, frente aos muitos
benefícios que este óxido traz ao catalisador automotivo. Para evitar a sinterização do CeO
2
,
foi observado que a inclusão de ZrO
2
na formulação aumentava a estabilidade térmica e a
partir daí, inúmeros estudos se dedicaram à compreensão dos sistemas cério-zircônio. Os
óxidos mistos de Ce-Zr constituem uma evolução desse processo, pois conferem uma maior
resistência à sinterização, melhoram a função de estocagem de oxigênio do CeO
2
e,
conseqüentemente, sua atuação nas oxidações do CO e dos HC provenientes da queima
incompleta do combustível (GONZALEZ-VELASCO et al., 1999; BUNLUESIN et al., 1998)
A substituição dos íons Ce
+4
da estrutura do CeO
2
por íons de tamanhos diferentes
(como é o caso do Zr
+4
) resulta numa solução sólida com defeitos estruturais. O tamanho da
cela unitária decresce com a adição de Zr
+4
em relação à estrutura do CeO
2
, pois o raio iônico
do Zr
+4
(0,84Ǻ) é menor que o do Ce
+4
(0,97Ǻ), o que melhora a mobilidade dos íons
oxigênio dentro da estrutura cristalina do CeO
2,
facilitando a redutibilidade dos íons Ce
+4
. Os
óxidos mistos também apresentam maior estabilidade térmica possibilitando a sua utilização
em uma faixa mais ampla de temperatura e condição de operação (BOZO, 2001; KENEVEY
et al., 2001). Além disso, a inserção de Zr
+4
na estrutura do CeO
2
promove um aumento da
capacidade de estocagem de oxigênio do catalisador (discutido em detalhes no item II.3.1)
(LAMBROU et al, 2004).
Os óxidos mistos apresentam outras propriedades. Além das citadas acima, foi
verificada a sua capacidade de estabilizar as partículas de Rh contra a aglomeração à alta
temperatura. O óxido misto de composição Ce
0,75
Zr
0,25
O
2
consegue um efeito de sinergismo
com os metais preciosos e a γ-Al
2
O
3
, mantendo a capacidade de estocagem de oxigênio. Estas
características conferem uma estabilidade térmica e uma atividade catalítica favorável, mesmo
após envelhecimento a 1000
o
C por 20h. Além disso, foi também relatado que os óxidos de
Ce/Zr sofrem redução a temperaturas mais baixas quando metais nobres são suportados sobre
eles, o que foi atribuído ao efeito de espalhamento do H
2
(spillover) que ocorre do metal
nobre para o suporte de Ce/Zr (WU et al., 2004; MASUI et al., 2000).
9
Nota-se a complexidade desse sistema e a importância das propriedades estruturais no
mesmo. Uma análise do diagrama de fases correspondente (Figura II.3) permite uma melhor
compreensão dos fenômenos envolvidos. Dependendo do teor de Ce e da temperatura, as
soluções sólidas de CeO
2
– ZrO
2
cristalizam-se como fases monoclínica, tetragonal ou cúbica.
Este diagrama vem sendo atualizado à medida que novas fases são descobertas devido aos
avanços das análises por difração de raios X (DRX) e espectrometria Raman. A Tabela II.1
mostra a classificação das fases de acordo com a composição do sistema binário de Ce/Zr.
Figura II.3 - Diagrama de fases do sistema Ce
x
Zr
1-x
O
2
. Círculos e triângulos indicam c’ – (100%) e t’ – (+c’)
–ZrO
2
, respectivamente. As linhas cheias foram inseridas por Yashima et al. (1994) e as linhas
pontilhadas são originalmente de Tani et al. (em YASHIMA et al., 1994).
10
Tabela II.1 - Classificação das fases existentes no sistema binário de CeO
2
– ZrO
2
a temperaturas inferiores a
1000°C (MASUI et al., 2000).
Fase Faixa de composição (%mol de Ce)
Monoclínica (m) 0 – 20
Tetragonal (t) 20 – 40
Tetragonal (t’) 40 – 65
Tetragonal* (t’’) 65 – 80
Cúbica (c) 80 – 100
* cúbica por DRX
Transições de fases estruturais entre as formas cúbica e tetragonal ocorrem no sistema
CeO
2
– ZrO
2
, de acordo com a composição e temperatura a que este sistema é submetido. A
fase cúbica, típica do CeO
2
, se transforma em tetragonal através de deslocamentos dos íons
oxigênio da estrutura fluorítica ideal. Existem três tipos de fases tetragonais, designadas por t,
t’e t’’. A fase t é estável e é formada através da decomposição de fases por um processo de
difusão de íons pela estrutura. A forma t’ é obtida através de uma transição sem difusão e é
metaestável a altas temperaturas. A forma t’’ também é metaestável e apresenta
deslocamentos de oxigênio nos espaços ocupados na estrutura fluorítica ideal. É intermediária
entre as fases t’ e cúbica, mas é reconhecida como cúbica por DRX. O perfil de DRX é obtido
essencialmente pela estrutura gerada pelos cátions, portanto não detecta as mudanças
causadas pelos deslocamentos de íons oxigênio (YASHIMA et al., 1994; FORNASIERO et
al., 1996b).
Observa-se que para teores de Ce abaixo de 20%, o sistema apresenta a forma
monoclínica, enquanto que para teores de Ce acima de 80%, a estrutura cúbica prevalece
(para temperaturas abaixo de 1200°C, aproximadamente). Abaixo de 1000
o
C, condição em
que o catalisador automotivo opera, as fases monoclínica (rica em Zr) e cúbica (rica em Ce)
são estáveis termodinamicamente, enquanto que fases tetragonais podem existir como estáveis
ou metaestáveis e aparecer para uma larga faixa de composições. A verdadeira natureza das
fases ainda não é conhecida. Observou-se pelos difratogramas de várias composições de
óxidos mistos, após calcinação a 900
o
C, que a amostra contendo 47% de Ce é claramente uma
mistura das fases tetragonal e cúbica (MASUI et al., 2000; BOZO et al., 2001).
11
Sobre a influência da técnica de preparo dos óxidos mistos nas propriedades do
catalisador automotivo, foi verificado que se trata de um parâmetro realmente importante
(MARTÍN et al., 2003; BOZO et al., 2001), pois é possível se obter uma variedade de
composições de óxido que se comportarão de maneira diferente frente ao efeito da
temperatura, cujas fases são diferenciadas através de parâmetros oriundos das análises de
DRX (parâmetros de cela, deslocamento de picos, etc.). Dentre as técnicas de preparo mais
utilizadas, citam-se os métodos por impregnação, coprecipitação, microemulsão, ou sol-gel
(em LETICHEVSKY et al., 2005).
Liotta et al. (2003) verificaram que o óxido misto de composição Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
,
preparado pelo método sol-gel, se separa em duas fases, conforme indicado por análises de
DRX, após calcinações a 650°C, 800°C e 1000°C. A hipótese da formação dessas fases
durante o preparo não é descartada. São elas cúbica, rica em cério, e tetragonal (t’), rica em
zircônio, não muito diferentes da fase nominal, cujas composições não variam muito com a
temperatura. As áreas superficiais diminuem com o aumento da temperatura de calcinação,
porém a capacidade de estocagem de oxigênio (OSC) mantida por eles praticamente não se
altera.
Letichevsky et al. (2005) estudaram o efeito do precursor de cério usado no preparo de
CeO
2
-ZrO
2
por coprecipitação. O uso de Ce(NO
3
)
3
levou à formação de um óxido misto que
apresentou as fases t-ZrO
2
e c-CeO
2
, enquanto que o precursor (NH
4
)
2
Ce(NO
3
)
6
levou à
formação de uma solução sólida. Isto foi concluído pela observação do deslocamento dos
ângulos 2θ de 28,6° para 29,0° e de 33,1 para 33,5° comparando-se os difratogramas obtidos
das amostras dos dois precursores. Estes deslocamentos indicam uma mudança de parâmetro
de cela, causada pela modificação da estrutura fluorítica nas amostras obtidas a partir do
precursor (NH
4
)
2
Ce(NO
3
)
6
.
II.2.2.3. Propriedades oxirredutoras do óxido de cério e dos óxidos mistos de Ce/Zr
A literatura relata vários estudos sobre as propriedades oxirredutoras do CeO
2
e das
diferentes composições de óxidos mistos. A técnica normalmente utilizada para a avaliação
desta propriedade é a redução à temperatura programada (RTP). Fally et al. (2000)
compararam o comportamento redox de três composições de óxidos mistos com o óxido de
cério puro, após envelhecimento em ar. Os resultados são apresentados na Figura II.4. Vale
ressaltar que não foram apresentados os perfis de redução a temperatura programada dos
12
óxidos antes do envelhecimento, pois o número de picos observados bem como as
temperaturas dos mesmos não foram alterados pelo envelhecimento. A única diferença
observada foi a diminuição das áreas dos picos, ou seja, o consumo de H
2
foi menor para as
amostras envelhecidas.
O perfil do óxido de cério apresentou um pico a 480°C, atribuído à redução da
superfície, e outro a 895°C, atribuído à redução de seu interior (bulk). Este comportamento de
redução do óxido de cério tem sido amplamente relatado na literatura (BOARO et al., 2003).
Para os óxidos mistos, um único pico é observado, com um máximo entre 570-590°C,
temperatura esta que aumenta com o aumento do teor de Zr no óxido misto. Isto implica em
assumir que não há distinção entre a fase mássica e a superfície dos óxidos mistos como há
para o óxido de cério puro, ou seja, a mobilidade do O
2
na fase mássica dos óxidos mistos faz
com que a redução desta fase ocorra quase que de forma concomitante com a redução da
superfície (FALLY et al., 2000).
Figura II.4 - Comparação dos perfis de RTP de diferentes composições de óxidos mistos de Ce/Zr (FALLY
et al., 2000).
O método de preparo dos óxidos mistos de Ce/Zr também influencia as características
redox e as interações destes com outros componentes do washcoat, como a alumina. A Figura
II.5 mostra os perfis de RTP de um estudo de Koslov et al. (2002), que testaram sistemas
13
CeO
2
-ZrO
2
/Al
2
O
3
preparados por impregnação seqüencial, co-impregnação e pelo método
sol-gel. Foram obtidas as curvas de RTP para os catalisadores novos e após ciclos redox a
diferentes temperaturas.
Figura II.5 - Perfis de RTP para os catalisadores (i) ZrO
2
/CeO
2
/Al
2
O
3
, preparado por impregnação seqüencial,
(ii) CeO
2
-ZrO
2
/Al
2
O
3
preparado por co-impregnação e (iii) CeO
2
-ZrO
2
-Al
2
O
3
preparado pelo
método sol-gel. Condições: a- novo, b- após RTP a 980°C seguida por oxidação a 550°C e c-
após RTP a 980°C seguida por oxidação a 900°C (KOSLOV et al., 2002).
Observa-se que o método sol-gel originou amostras mais facilmente redutíveis, mesmo
após o tratamento a 900°C. O método de impregnação seqüencial foi o que gerou amostras de
menor capacidade de redução a baixas temperaturas. Uma fração de catalisador ainda pode ser
reduzida a menores temperaturas na amostra preparada pelo método de co-impregnação. As
amostras preparadas pelo método sol-gel apresentaram completa inserção de zircônio na
estrutura fluorítica do CeO
2
após oxidação a 900°C segundo análises de DRX. O tratamento
redox aumentou a redutibilidade do Ce
+4
a altas temperaturas e as partículas de óxido misto
formadas se mantiveram pequenas e homogêneas, sem formação de outras fases (KOSLOV et
al., 2002).
II.2.3. Metais nobres
A utilização de metais preciosos como a platina, o paládio e o ródio em catalisadores
automotivos é indicada por estes metais serem muito ativos e menos suscetíveis ao
envenenamento comparados a catalisadores à base de óxidos de outros metais de transição
(LASSI, 2003).
Entre as décadas de 70 e 80, a maioria dos veículos fabricados nos EUA continha
catalisadores à base de Pd, Pt e Rh. A General Motors também usou o catalisador de três vias
14
à base desses três metais nos seus veículos entre 1981 e 1992. Em meados da década de 90, a
maioria dos catalisadores utilizava uma combinação de Pt e Rh. O ródio é um metal muito
ativo para catalisar a reação de redução de NO, sofre menos a influência do SO
2
, produz
menos NH
3
do que a Pt, além de ser particularmente ativo para a reação de reforma a vapor.
Alguns fabricantes substituíram a Pt pelo Pd para reduzir o custo dos metais nobres no
catalisador. Porém, existem desvantagens quanto ao uso de Pd em combinação com o Rh e a
Pt como, por exemplo, a formação de uma liga entre Pd e Rh enriquecida de Pd na superfície,
suprimindo a ação catalítica do Rh. Esse fato exigiu o aprimoramento das técnicas de fixação
dos metais nobres em diferentes fases do suporte. Além disso, o Pd mostrou-se mais
suscetível na interação com contaminantes, especialmente chumbo e enxofre (KOLTSAKIS e
STAMATELOS, 1997; GANDHI et al., 2003).
A utilização do paládio, no entanto, não é apenas vantajosa devido ao aspecto
econômico associado, mas também pelo fato deste metal apresentar boa resistência às altas
temperaturas requeridas nas condições de exaustão. Tendo em vista a virtual ausência de Pb e
os níveis de enxofre decrescentes nas gasolinas atualmente comercializadas em todo o mundo,
muitos estudos têm se dedicado ao desenvolvimento de catalisadores contendo somente Pd
como metal precioso, mas mantendo bons níveis de conversão dos NO
x
(BECK e
SOMMERS, 1995; GANDHI et al., 2003).
Uma outra aplicação do Pd é em pré-catalisadores chamados lightoff ou warmup, que
ficam localizados perto da saída de gases do motor e, cuja função é favorecer a conversão
mais eficiente dos HC aproveitando o calor da combustão da gasolina. A mistura pobre em
HC passa, em seguida, por um outro catalisador contendo os outros metais nobres para que a
conversão dos gases poluentes não convertidos aconteça (LASSI, 2003).
A atividade dos metais nobres também depende de outros fatores como, por exemplo,
o estado de oxidação destes metais. Para a reação de oxidação do CO, segundo Descorme et
al. (2002), catalisadores de Pt são ativos na forma reduzida, ao passo que o Pd é ativo na
forma oxidada. Isto pode estar relacionado às configurações eletrônicas desses metais na
forma reduzida. A Pt
0
possui orbitais d e s incompletos que podem proporcionar transições
eletrônicas, o que não ocorre com o PtO. Para o Pd, o oposto é observado.
Em relação à reação de oxidação do propano, o mesmo foi observado quanto às
atividades de Pt e Pd por Maillet et al. (2001). Em atmosfera subestequiométrica, a Pt atingiu
o máximo de conversão de propano, ao contrário do Pd, que só atingiu 20% de conversão.
Isso se deve ao fato de que após 20% de conversão, o PdO passou a Pd
0
, acarretando em
15
queda na atividade. Mais informações sobre as características redox dos metais nobres serão
apresentados no item II.5.2.
É interessante mencionar que, a 450
o
C, em condições transientes e após
envelhecimento a 900
o
C por 2h em atmosfera de 10% de H
2
O e 1% O
2
, catalisadores de
Rh/CeO
2
/Al
2
O
3
são mais ativos para a reação de oxidação do CO do que os catalisadores à
base de Pd e Pt. Este fato é confirmado por Tagliaferri et al. (1998), e seu estudo é relatado no
item II.5.3. Essa maior atividade do Rh pode ser derivada tanto de uma alta estabilidade das
partículas de Rh
2
O
3
frente à sinterização comparada a PtO
2
e PdO, como de uma melhor taxa
de transferência de oxigênio do CeO
2
ao Rh. (DESCORME et al., 2002). Para a reação de
oxidação do propano em catalisadores de Rh e Pd em alumina, Maillet et al. (2001)
concluíram que o Rh é menos ativo que o Pd, pois o Rh, na forma oxidada tende a se difundir
sobre o suporte de alumina. Entretanto, para a reação de reforma do propano, o Rh é mais
ativo, pois está na forma reduzida (menos oxigênio no meio) e é mais resistente à sinterização,
permanecendo mais disperso sobre o suporte (MAILLET et al., 2001).
II.3. Parâmetros de operação e propriedades do catalisador automotivo
II.3.1. Capacidade de Estocagem de Oxigênio (OSC)
Vários são os parâmetros associados ao bom desempenho do catalisador automotivo.
Entre eles podemos citar a sua composição, a qualidade da gasolina usada, a temperatura de
operação e o meio reacional. Este último parâmetro está relacionado à razão ar/combustível
que é controlada pela sonda lambda, conforme indicado na Figura II.6.
16
Figura II.6 - Sonda lambda – percentual de conversão em função da razão ar/combustível (A/C) (Lassi, 2003).
A operação ótima dos catalisadores automotivos requer que a composição do gás de
exaustão esteja ao redor da estequiométrica, com uma razão ar/combustível igual a 14,63
(GONZALEZ-VELASCO et al., 2000). Quando a razão ar/combustível é menor do que esse
valor, os gases de escape contêm mais compostos redutores (CO, hidrocarbonetos, etc.) e o
motor opera em condições ricas. Nesse caso, a redução de NO
x
é favorecida. Uma razão
ar/combustível (A/C) superior a 14,63 indica que o motor está trabalhando em condições
pobres e há mais agentes oxidantes no gás de exaustão (por exemplo, O
2
e NO
x
), o que
favorece a oxidação de CO e hidrocarbonetos.
A maioria dos veículos à gasolina opera de acordo com o sensor lambda que controla
o sistema de injeção de combustível de modo assegurar que os cilindros sejam abastecidos de
uma mistura ar/combustível estequiométrica. Porém, ainda assim, a razão A/C admitida tende
a oscilar em torno de 14,6, acarretando em um gás de exaustão ora oxidante, ora redutor. Para
minimizar esse efeito, conforme discutido no item II.2.2, o óxido de cério e os óxidos mistos
de Ce/Zr são utilizados, pois promovem estocagem e liberação de oxigênio de acordo com as
condições redox do gás de exaustão, “regulando-o” para a estequiometria.
Os óxidos de Ce/Zr, no entanto, não são os únicos componentes que apresentam
propriedades redox. Os metais nobres dispersos no washcoat também podem sofrer redução
ou oxidação, consumindo ou liberando O
2
.
Portanto, a OSC é definida pela quantidade total de
oxigênio estocada, geralmente dada em μmols de O
2
por grama de catalisador.
17
A área superficial deve ser um parâmetro importante na questão da estocagem de
oxigênio. Hori et al. (2000) afirmaram que catalisadores de baixa área superficial são mais
suscetíveis à perda da OSC baseados no argumento de que a redutibilidade do suporte pode
ser comprometida diante da sinterização, uma vez que parte da OSC está associada à área
metálica e, com a aglomeração e diminuição da mesma, espera-se também uma perda da
OSC. Fornasiero et al. (1999), através de análises de RTP juntamente com dados de área
superficial, já haviam observado que o catalisador Rh/CeO
2
perde suas propriedades redox a
temperaturas moderadas pelo colapso da área superficial, o que não ocorre com
Pt/Ce
0,5
Zr
0,5
O
2
e Pd/Ce
0,5
Zr
0,5
O
2
, que apresentam uma melhora desta propriedade após
tratamento térmico e ciclos redox. De acordo um trabalho anterior de Fornasiero et al. (1996),
a redução mássica ocorre concomitantemente com a redução da superfície do óxido misto, o
que não é observado para o CeO
2
. Isto ocorre devido a modificações causadas pela inserção
de Zr na estrutura que facilitam a redução mássica. A temperaturas moderadas, a redução do
CeO
2
é controlada pela superfície, daí o fato de a sinterização deste óxido prejudicar tanto a
sua redutibilidade.
Outros estudos envolvendo catalisadores de Pt-Rh/CeO
2
-ZrO
2
/γ-Al
2
O
3
submetidos a
um envelhecimento térmico, mostraram que a perda da OSC está mais relacionada com a
diminuição da área metálica, e que também é influenciada pelo teor de metal nobre. Nesse
caso, os catalisadores de menor teor são mais rapidamente desativados na questão da OSC
(HORI et al., 2000). Trabalhos posteriores como de Bozo (2001) e Letichevsky et al. (2005)
não acharam uma correlação entre as áreas específicas e a OSC dos óxidos mistos.
Ainda sobre estudos relativos a OSC de catalisadores automotivos, é importante
ressaltar o efeito de aditivos ao washcoat, como o ferro. Lambrou e Efstathiou (2006)
detectaram uma melhora de até 40% na OSC em catalisadores contendo até 0,3% de Fe.
Técnicas aplicadas nesse estudo confirmaram esta melhora através da deposição do Fe sobre
os sítios metálicos de Pd e Rh, bem como sobre o óxido de cério, promovendo interações
eletrônicas que favoreceram as propriedades redox destes componentes. Resultados de DTP
de H
2
e XPS indicaram que a presença do Fe causou uma alteração no ambiente eletrônico
dos átomos superficiais de Pd afetando, assim, suas propriedades de quimissorção. A
formação de uma forte interação entre Fe e Pd em condições redutoras, já relatada na
literatura, e o diagrama de fases Pd-Fe confirma a formação de liga (em LAMBROU e
EFSTHATIOU, 2006).
18
II.3.2. Propriedades oxirredutoras dos catalisadores automotivos
A manutenção das propriedades oxirredutoras de catalisadores automotivos é de
fundamental importância para o seu bom desempenho, já que as reações de conversão dos
poluentes presentes no gás de exaustão ocorrem através de reações de transferência de
elétrons entre a superfície do catalisador e a fase gasosa. A técnica de redução a temperatura
programada aplicada a catalisadores automotivos permite chegar a alguns resultados e
conclusões que serão discutidos a seguir.
Fornasiero et al. (2003) obtiveram perfis de RTP para várias amostras dos sistemas
Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
e Pt/Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
, novas (calcinadas a 500°C) e submetidas a um
tratamento térmico em meio oxidante abrangendo uma ampla faixa de temperatura (de 75°C a
1000°C). Os dados de consumo de H
2
foram coletados a partir da temperatura de - 75°C até
1000°C. Analisando-se a região de temperaturas inferiores a 25°C (Figura II.7a), observa-se
um consumo importante de H
2
para todas as amostras, para valores de temperatura próximos a
25°C, com exceção da amostra de catalisador novo e da amostra referente ao tratamento
realizado na condição mais drástica (envelhecimento final a 1000°C – amostra 8). Segundo os
autores, esse consumo se deve à redução da Pt, que favorece o efeito de espalhamento de H
2
pelo suporte (spill-over). Ele também foi também associado à redução reversível do Ce
+4
. O
catalisador novo e a amostra 8 diferem dos demais pelo fato de apresentarem consumos muito
baixos de H
2
próximo a 25°C. Isto sugere a presença de óxido de Pt aglomerado de difícil
redução, gerado através de tratamento oxidante intenso. Outra explicação seria a presença de
espécies Pt-O-Ce também difíceis de serem reduzidas, formadas a partir da interação entre a
Pt e o oxigênio da rede do Ce/Zr. Para Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
, não se verificou qualquer consumo
de H
2
nessa região de temperaturas menores que 25°C.
19
Figura II.7 - Perfis de RTP de Pt/Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
(linha fina) e de Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
(linha grossa): (a) de
temperaturas inferiores a 25°C a superiores a 25°C; (b) da temperatura ambiente a 800 ou
1000°C. 1- novo (calcinado a 500°C), 2- novo oxidado a 75°C (amostra 2), 3- amostra 2 oxidada
a 150°C (amostra 3), 4- amostra 3 oxidada a 300°C (amostra 4), 5- amostra 4 oxidada a 427°C
(amostra 5), 6- amostra 5 oxidada a 427°C (amostra 6), 7- amostra 6 oxidada a 427°C (amostra
7), 8- amostra 7 oxidada a 1000°C (FORNASIERO et al., 2003).
Os perfis obtidos para temperaturas ligeiramente acima de 25°C até 1000°C, para
todas as amostras, são apresentados na Figura II.7b. Para Pt/Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
, o catalisador
novo apresenta um consumo de H
2
a 180°C atribuído à redução do óxido de Pt e de parte do
Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
. O pico a 600°C foi atribuído à redução do CeO
2
não incorporado ao sistema. Os
ciclos redox a 427°C (amostras 5, 6 e 7) causaram uma melhora na redutibilidade dos
catalisadores, sem gerar a formação de aglomerados de óxido de Pt, pois observaram-se picos
intensos de redução à temperatura ambiente (Figura II.7a). O consumo entre 100 e 240°C
ocorreu devido à redução do Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
mássico. Para Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
, foi verificado que
o envelhecimento redox desloca o pico de redução de 600°C (catalisador novo) para 300°C
(catalisador envelhecido), conforme indicado na Figura II.7b (FORNASIERO et al., 2003).
Esse comportamento está de acordo com o observado por Lambrou et al. (2004) e
provavelmente deve-se a uma reestruturação das fases do óxido misto Ce/Zr.
20
A análise de RTP pode, assim, permitir inferências sobre o estado de oxidação e
capacidade redox do catalisador, a influência de tratamentos térmicos oxidantes e redutores,
possíveis interações metal-suporte e indícios de sinterização.
Lambrou et al. (2004) estudaram as propriedades oxirredutoras de catalisadores
automotivos comerciais. Os resultados de RTP para o catalisador novo indicaram dois picos, a
70°C e 125°C, que foram atribuídos à redução dos óxidos de Rh e Pd, respectivamente
(Figura II.8a). Os cálculos, considerando a estequiometria de redução destes óxidos por H
2
,
levaram a resultados consistentes com o teor pré-estabelecido de metais nobres do catalisador.
Com o envelhecimento houve uma mudança drástica nos perfis de RTP dos catalisadores,
pois sabe-se que estes dependem fortemente do tamanho das partículas metálicas e da
morfologia do catalisador. Um envelhecimento em temperaturas mais elevadas mostrou que
os picos relativos à redução dos metais nobres diminuem e são deslocados para temperaturas
mais altas (Figura II.8b). Para o catalisador envelhecido por maior tempo de uso (56000 km),
não se observa mais os picos de consumo de H
2
relativos à redução dos metais, indicando uma
redução drástica da dispersão metálica (Figura II.8c). Nesse caso, o perfil de RTP ainda
apresenta a redução dos óxidos CeO
2
e Ce
x
Zr
1-x
O
2
, principalmente (LAMBROU et al., 2004).
Figura II.8 - Perfis de RTP de catalisadores comerciais à base de Pd-Rh: (a) novo, (b) envelhecido em veículo
por 30.000 km e (c) 56.000 km (LAMBROU et al., 2004).
II.3.3. Estocagem de NOx
Durante a operação oxidante do motor, o NO que é componente majoritário dos NO
x
,
é oxidado a NO
2
na superfície da Pt ou do Pd e é estocado em um óxido básico como o BaO.
Existem catalisadores cuja formulação consiste na combinação de metais nobres para as
funções de oxidação/redução e óxido/carbonato de Ba para a função de estocagem de NO
x
(AMBERNTSSON et al., 2003). Na breve troca para a operação redutora, este NO
2
é liberado
21
e reduzido também na superfície dos metais nobres. O NO
x
é geralmente estocado na forma
de NO
3
-
e pode ser determinado por DRX ou FTIR. A formação de nitratos a partir do NO
2
foi
observada por (AMBERNTSSON et al., 2003; NOVA et al., 2002). Este processo de
estocagem exige um fornecimento de O
2
para elevar o número de oxidação do nitrogênio de
+4 para +5, como na reação:
BaO + 2NO
2
+ 1/2O
2
Ba(NO
3
)
2
(2)
Ela é possível de ocorrer, pois há excesso de O
2
no gás de exaustão; porém, quando a
Pt está presente, há a possibilidade de caminhos reacionais diferentes, já que o NO e NO
2
se
interconvertem, e não podem ser distinguidos. Nesse sentido, Cant e Patterson (2002)
decidiram estudar a estequiometria de estocagem e liberação do NO
2
no suporte de
BaO/Al
2
O
3
. Eles descobriram que o processo de estocagem de NO
2
a 400
o
C ocorre em duas
etapas, sendo a primeira pequena, mais completa, e a segunda maior, porém mais lenta e
incompleta, gerando uma molécula de NO para cada três moléculas de NO
2
não estocadas. A
dessorção de NO
2
é observada a uma temperatura abaixo de 500
o
C, porém a liberação de NO
acompanhada de O
2
também está presente a temperatura de 520
o
C e isto pode ser devido a
capacidade do BaO/Al
2
O
3
converter NO
2
a NO nesta temperatura. A presença de CO
2
em fase
gasosa não previne a estocagem de NO
2
, porém, neste caso, o responsável pela estocagem não
é o BaO, e sim o BaCO
3
, sendo a reação (3) termodinamicamente favorável acima de 380
o
C
utilizando, preferencialmente, o oxigênio proveniente do NO
2
ao oxigênio da fase gasosa
(CANT et al., 2002):
BaCO
3
+ 3NO
2
Ba(NO
3
)
2
+ NO + CO
2
(3)
II.3.4. Resistência e estocagem de enxofre
Os óxidos de enxofre, na forma de SO
2
e SO
3
, produzidos a partir da queima oxidante
dos compostos sulfurados presentes na gasolina caracterizam um dos fatores
reconhecidamente responsáveis por desativar o catalisador automotivo. Estes gases se
adsorvem no washcoat, a baixas temperaturas, e reagem com a γ-Al
2
O
3
, produzindo sulfato de
alumínio, reduzindo a área superficial do suporte. Os óxidos de enxofre são estocados no
óxido de Ce-Zr na forma de sulfatos e sulfitos que, em condições redutoras, se transformam
22
em H
2
S. Este se adsorve nos sítios metálicos formando sulfetos inativos (BECK e
SOMMERS, 1995; LASSI, 2003).
O conversor automotivo pode emitir H
2
S proveniente da redução do SO
2
sobre o
catalisador. Isto ocorre devido à capacidade do catalisador de três vias armazenar enxofre na
forma de SO
2
em condições oxidantes e liberá-lo na forma de H
2
S em condições redutoras.
Estas emissões coincidem com mudanças específicas na operação do motor, por exemplo,
aceleração, desaceleração, mudança de marcha, etc. As emissões de H
2
S podem ser atenuadas
adicionando-se um precursor de Ni no washcoat. Utilizando-se uma mistura de H
2
S/N
2
,
(GOLUNSKY e ROTH, 1991) mostraram que NiO funciona como “capturador de H
2
S” e
pode ser regenerado pela sua exposição à uma atmosfera oxidante. A “captura” de H
2
S é
termodinamicamente possível a altas temperaturas, mas o níquel pode ajudar a prevenir a sua
formação a temperaturas menores que 600
o
C (em GOLUNSKY e ROTH, 1991).
Além do níquel, o bário também confere ao catalisador, entre outras propriedades,
melhor resistência ao enxofre. Assim como este óxido captura os NO
x
na forma de nitrato,
também captura SO
x
e os armazena na forma de sulfato deixando os sítios metálicos livres
para as reações de conversão de poluentes (KLINGSTEDT et al., 2001).
A função de estocagem de enxofre pelo óxido de bário acaba sendo um fator negativo
em catalisadores do tipo estocadores de NO
x
. Para reduzir esta tendência de acúmulo de
enxofre na forma de sulfato nestes catalisadores, pequenas quantidades de óxido de titânio
também têm sido adicionadas sem, contudo, reduzir a capacidade de estocagem de NO
x
.
Assim, além do catalisador estocar menos enxofre, o óxido de titânio reduz o tamanho de
partícula dos sulfatos estocados, facilitando sua decomposição em condições redutoras
(MATSUMOTO, 2004).
II.4. Reações típicas do catalisador automotivo
As reações mais comuns do catalisador automotivo, quando operando em condições
normais, são (NEYESTANAKI et al., 2004):
Oxidação do CO: CO
(g)
+ ½ O
2(g)
CO
2(g)
(4)
Oxidação de hidrocarbonetos: HC
(g)
+ O
2(g)
CO
2(g)
+ H
2
O
(v)
(5)
Oxidação do CO pelo NO
x
: CO
(g)
+ NO
x(g)
CO
2(g)
+ ½ N
2(g)
(6)
23
Redução dos NO
x
pelo H
2
: H
2(g)
+ NO
x(g)
H
2
O
(v)
+ ½ N
2(g)
(7)
A reação (5) ocorre a uma temperatura de, aproximadamente, 400
o
C para os HC na
faixa entre C
2
– C
4
. O metano, porém, é mais difícil de ser oxidado devido à força das
ligações C – H. O PdO é o catalisador que possui a maior atividade de conversão do metano
(NEYESTANAKI et al., 2004).
Além de CO, NO
x
e HC, os gases de exaustão também contêm CO
2
e vapor d’água,
que exercem influência na conversão dos gases poluentes. As reações que ocorrem no
conversor automotivo, segundo Whittington et al. (1995) incluem:
Oxidação parcial: C
3
H
8
+ 7/2O
2
3CO + 4H
2
O (8)
Oxidação: 2H
2
+ O
2
2H
2
O (9)
Reação de deslocamento do gás de síntese (Water-gas shift): CO + H
2
O CO
2
+ H
2
(10)
Reforma a vapor: C
3
H
8
+ 3H
2
O
3CO + 7H
2
(11)
Reforma de CO
2
: C
3
H
8
+ 3CO
2
6CO + 4H
2
(12)
A extensão da reação de reforma de CO
2
é baixa comparada à reforma a vapor. As
reações de reforma a vapor e de WGS são reconhecidamente promovidas no catalisador
automotivo, mas em temperaturas superiores à necessária para iniciar a oxidação, ou seja,
acima de 350
o
C para reforma e acima de 300
o
C para WGS (WHITTINGTON et al., 1995).
As reações 10, 11 e 12 contribuem para o aparecimento de H
2
na mistura de exaustão.
Embora o hidrogênio puro seja mais reativo, quando em presença de CO na mistura, sua
conversão tende a ocorrer ao mesmo tempo que as conversões das outras espécies
(KOLTSAKIS e STAMATELOS, 1997).
No trabalho de Bunluesin et al. (1998), foi demonstrado que as taxas de WGS são
exatamente iguais para catalisadores de diferentes metais nobres suportados em CeO
2
,
maiores
sobre catalisadores de Pd/CeO
2
, Pt/CeO
2
e Rh/CeO
2
do que sobre CeO
2
puro ou sobre os
metais suportados em Al
2
O
3
. São de ordem 0 para o CO e de 1ª ordem para a H
2
O, como
previsto pelo mecanismo a seguir:
CO + σ CO
ad
(13)
H
2
O + Ce
2
O
3
2CeO
2
+ H
2
(etapa lenta) (14)
24
CO
ad
+ 2CeO
2
CO
2
+ Ce
2
O
3
(15)
onde σ representa os sítios ativos metálicos.
Bunluesin et al. (1998) estudaram o efeito da temperatura de calcinação do CeO
2
antes
da impregnação com Pd nas taxas de oxidação do CO e da reação de WGS. Este tratamento
promoveu mudanças na estrutura do CeO
2
sem que a dispersão metálica se alterasse. A
calcinação do CeO
2
a 515°C promoveu perda de atividade para a reação de WGS em um fator
de 50. Em temperaturas mais elevadas formaram-se cristalitos maiores de óxido de cério,
aparentemente mais difíceis de serem reduzidos, tornando a etapa (14) ainda mais lenta.
Para que a oxidação do CO aconteça através do óxido de cério, este deve ser
previamente oxidado, ou pelo O
2
(OSC), ou pela H
2
O, segundo a etapa (14) do mecanismo
descrito acima. Verificou-se que as energias de ativação e as velocidades de ambos os
processos são similares. Portanto, a H
2
O pode ter um papel igualmente importante ao do O
2
nestes processos, principalmente porque está em grandes quantidades no gás de exaustão
(maior que O
2
) e pode contribuir para o controle do estado de oxidação do óxido de cério.
A operação do catalisador é satisfatória enquanto a estrutura que o compõe é mantida.
Como já mencionado na introdução, vários fenômenos podem ocorrer de modo a modificar as
propriedades do catalisador.
A fim de esclarecer os fenômenos decorrentes da operação do catalisador que causam
a desativação térmica, os principais componentes do catalisador e suas funções serão
discutidos em relação aos efeitos térmicos que ocorrem sobre eles.
II.5. A desativação de catalisadores automotivos
A desativação de catalisadores, em geral, é um fenômeno complexo, pois pode
decorrer de um único fator ou, mais freqüentemente, devido a um somatório de fatores
associados às condições de operação do catalisador. Geralmente, processa-se de forma lenta e
pouco reversível, o que evidencia a necessidade de retardá-la ao máximo.
O desenvolvimento de diferentes tecnologias de preparo de catalisadores, novas
formulações, bem como a otimização das condições de operação veiculares são formas
possíveis de minimizar o problema da desativação.
Como exemplos de causas gerais de desativação tem-se a ocorrência de
envenenamento causado por uma interação forte entre contaminantes e reagentes e os sítios
25
catalíticos, a formação de compostos intermediários que podem bloquear o acesso aos sítios,
além da sinterização da fase ativa ocasionada pela operação sob altas temperaturas, entre
outros (MOULIJN et al., 2001). Na Tabela II.2 apresentam-se os principais mecanismos de
desativação de catalisadores em geral e a Figura II.9 ilustra os referidos mecanismos.
Tabela II.2 - Mecanismos de desativação na catálise em geral (BARTHOLOMEW, 2001; MOULIJN et al.,
2001).
Mecanismo Descrição
Degradação térmica
Perda de área superficial catalítica ou do suporte e
interações metal/suporte.
Envenenamento
Forte quimissorção de espécies nos sítios ativos,
inutilizando-os para a reação catalítica.
Reações vapor-sólido e sólido-
sólido
Reações entre vapores ou componentes do suporte
com a fase ativa, resultando em fase inativa.
Atrito
Perda de material catalítico ou área superficial
interna devido à abrasão ou descolamento do
material catalítico.
Formação de vapor
Reações entre fases gás/sólido com a produção de
compostos voláteis e perda de fase ativa.
Deposição de coque
Deposição física de espécies carbonáceas,
oriundas da fase fluida, sobre a superfície do
catalisador.
Lixiviação
Perda de fase ativa por dissolução da mesma no
meio reacional.
26
Figura II.9 - Ilustrações dos principais tipos de desativação em catálise heterogênea (MOULIJN et al., 2001).
A seguir, será analisado cada mecanismo citado com vistas à questão da desativação
de catalisadores automotivos.
O mecanismo de desativação por deposição de coque ocorre em processos onde
moléculas orgânicas são os componentes principais da corrente. Essas moléculas se
polimerizam sob temperaturas moderadas e se condensam para, depois, se depositarem na
superfície catalítica. Não se trata de um mecanismo significativo no catalisador automotivo,
pois nos gases de emissão veicular há apenas hidrocarbonetos de baixa massa molar e em
concentrações muito baixas.
A desativação química por envenenamento envolve as interações entre contaminantes
e a fase ativa ou até interações entre os componentes do catalisador. Trata-se de um tipo de
desativação muito marcante em catalisadores automotivos pela presença de metais nobres e
óxidos metálicos compondo a fase ativa. Dentre os contaminantes mais comuns destacam-se
os compostos contendo enxofre, provenientes da queima da gasolina. Esses compostos podem
interagir com os componentes do catalisador formando, por exemplo, sulfato de cério e/ou
alumina. Outros contaminantes também são comuns nesse sistema como aqueles oriundos do
óleo lubrificante, à base de fósforo, que interagem com cério e/ou alumina formando fosfato.
Como exemplo da desativação química que pode ocorrer devido à interação entre os próprios
componentes do catalisador cita-se a formação de aluminato de cério, resultante da interação
entre o suporte de alumina e o cério, em temperaturas moderadas.
27
Em aplicações automotivas, a aderência do washcoat no monolito é muito importante.
Devido à ampla faixa de temperatura de operação e mudanças bruscas de temperatura, o
washcoat pode ser fraturado e/ou separado do monolito por ação de contração e expansão
térmicas repentinas, por impacto e desgaste por atrito. Estes mecanismos estão relacionados à
desativação mecânica (MOULIJN et al., 2001; ZOTIN et al., 2004).
Dependendo da temperatura pode-se também observar a ocorrência de volatilização da
fase ativa. Normalmente, esse mecanismo de desativação pode ser desprezado, pois as perdas
são mínimas. No entanto, em temperaturas elevadas, as perdas podem ser consideráveis, como
será discutido no item II.5.2, como no caso da volatilização de metais nobres do catalisador
automotivo.
Devido às elevadas temperaturas de operação, o catalisador automotivo sofre
degradação térmica com o tempo de uso, o que acontece sob a forma de crescimento cristalino
da fase ativa, colapso da estrutura do suporte ou interações entre o suporte, os promotores e a
fase ativa (BARTHOLOMEW, 2001). Este assunto será tratado em detalhes no item II.5.2.
O mecanismo de lixiviação não tem um papel determinante na catálise automotiva,
sendo particularmente importante em sistemas catalíticos sólido-líquido, em que a fase líquida
pode, eventualmente, carrear partículas da fase ativa, diminuindo, assim, a quantidade de
sítios ativos presentes na superfície.
Em virtude da grande importância da desativação térmica de catalisadores automotivos
ela será tratada, separadamente e em detalhes, no próximo tópico.
II.5.1. Desativação térmica de catalisadores automotivos
A desativação térmica é um processo físico sendo, provavelmente, o principal
mecanismo de desativação presente no catalisador automotivo. A força direcionadora desse
processo é o abaixamento da energia superficial, que é obtido pelo transporte, crescimento e
coalescência de partículas, bem como eliminação de poros (NEYESTANAKI et al., 2004).
No catalisador automotivo a desativação térmica resulta na aglomeração dos metais
nobres acarretando em decréscimo da atividade catalítica, perda das funções do óxido de cério
como promotor e estocador de oxigênio, perda de área superficial da γ-Al
2
O
3
e dos outros
óxidos porosos do washcoat por transformações de fases ou sinterização.
A sinterização ocorre devido a difusão de pequenas partículas sobre a superfície.
Partículas maiores ganham mobilidade em temperaturas mais elevadas. Além da temperatura,
a taxa de sinterização também pode depender da composição do gás que envolve a estrutura
28
porosa. Em atmosfera oxidante, a sinterização é mais marcante do que em atmosferas
redutoras. Trata-se de um processo irreversível onde há perda de área ativa por crescimento
cristalino dos compostos do washcoat, inclusive da fase metálica (metais nobres) e assemelha-
se à cristalização, onde partículas maiores crescem a partir de partículas menores (MOULIJN
et al., 2001). A operação do sistema a altas temperaturas também pode proporcionar perdas de
OSC por sinterização do óxido de cério acarretando perda do contato íntimo com os sítios
metálicos, contato este necessário para o transporte de O
2
. Porém, também podem promover
fortes interações entre metais preciosos e o suporte, diminuindo a atividade catalítica pelo
decréscimo de sítios ativos disponíveis, como é o caso da interação do Rh com a alumina,
estudada por McCabe et al. (1994), Gandhi et al. (2003) e Wu et al. (2004). Este caso
específico configura uma desativação termoquímica (BECK e SOMMERS, 1997b; LASSI,
2003).
Outra forma de desativação térmica ocorre pela perda de área ativa por volatilização.
A pressão de vapor dos metais nobres que compõe o washcoat aumenta com a temperatura e
também é fortemente dependente da composição da atmosfera que envolve esses sítios
metálicos. Por exemplo, o Pd é volátil em temperaturas superiores a 850°C, dependendo da
atmosfera a que for submetido (BARTOLOMEW, 2001), como será abordado no item II.5.2.
Os aspectos da desativação de catalisadores citados neste item serão tratados, em
detalhes, nos tópicos apresentados a seguir.
II.5.1.1. Sinterização da alumina
A eficiência dos catalisadores automotivos é bastante dependente da estabilidade
térmica conferida pela alumina. Porém, as aluminas de transição são metaestáveis e se
transformam em α-Al
2
O
3
(estrutura termodinamicamente estável da alumina) sob
temperaturas superiores a 1027
o
C (PIRAS et al., 2000), conforme também comentado no item
II.2.1.
Na Figura II.10, observa-se a transição de fases desde a boemita, que é obtida a partir
da desidratação da gibsita (Al(OH)
3
), até o coríndon (α-Al
2
O
3
) (LASSI, 2003).
29
Figura II.10 - Transições de fases da boemita e áreas superficiais em função da temperatura (LASSI, 2003).
Uma comparação entre as Figuras II.10 e II.2 mostra algumas diferenças nos valores
de temperaturas de transição de fases, que são esperadas uma vez que vários parâmetros
interferem no estabelecimento dessas temperaturas como o tamanho de cristal inicial, a taxa
de aquecimento, etc. Analisando a Figura II.10 observa-se que, com o aumento da
temperatura, a γ-Al
2
O
3
diminui sua área superficial devido à uma transformação textural. Esta
transformação envolve a condensação de grupos hidroxila de partículas adjacentes de alumina
e resulta no fechamento dos poros, como pode ser visto na Figura II.11. Entretanto, uma perda
crítica de área superficial ocorre acima de 1000
o
C com o início da transformação estrutural na
forma mais termodinamicamente estável, a α-alumina, com a etapa determinante da
velocidade de sinterização sendo exatamente a sua nucleação (WU e YANG, 2004;
NEYESTANAKI et al., 2004).
30
Nas condições de exaustão veicular, é praticamente impossível evitar a transformação
de fase da γ-Al
2
O
3
, ou, até mesmo, a sua interação com outros componentes do washcoat. Há
alternativas para minimizar estes processos de modo a tornar a vida útil do washcoat mais
longa. Pode-se melhorar a estabilidade do washcoat de alumina adotando-se um procedimento
especial para o preparo de aluminas termoestáveis com controle de estrutura e morfologia.
Uma outra alternativa é simplesmente inibir a sinterização da alumina ativa pelo uso de
aditivos. Destacam-se os óxidos de terras raras, como o lantânio, ou óxido de bário, que
reconhecidamente melhoram o desempenho dos catalisadores e, com isso, minimizam o teor
de metais preciosos necessário na sua formulação (ISLI et al., 1997; DING et al., 2000). Esse
aspecto será tratado em detalhes no item II.5.4.
Figura II.11 - Representação da desidroxilação superficial em uma região de contato entre duas partículas
adjacentes de γ-alumina (NEYESTANAKI et al., 2004).
II.5.1.2. Sinterização dos óxidos mistos
Segundo Bozo et al. (2001), os óxidos mistos, apesar de conferirem maior estabilidade
térmica ao catalisador quando são utilizados em substituição ao óxido de cério, não se
mostraram resistentes à sinterização ao serem submetidos a um envelhecimento hidrotérmico.
Nessas condições, observou-se um decréscimo na área superficial dos mesmos, em alguns
casos (Ce (%mol) entre 16-83) acompanhada de separação de fases (ou demixing), que se
inicia a 1000
o
C e completa-se após envelhecimento a 1200
o
C.
31
O processo de transformação de fases é dirigido pela energia superficial do sistema.
Entende-se que energia superficial é a energia média necessária para criar uma superfície e é
diretamente proporcional à tensão de contato do sólido com o ar. Assim, quando o tamanho
das partículas que compõe a superfície é pequeno (área superficial elevada), a energia
superficial é alta. Nesse caso, espécies como o Ce
0,50
Zr
0,50
O
2
são termodinamicamente
estáveis. Quando há sinterização, a energia superficial diminui, dando lugar à formação de
composições mais estáveis (menor área superficial). Isso ocorre com o óxidos Ce
0,82
Zr
0,18
O
2
e
Ce
0,20
Zr
0,80
O
2
, originados do Ce
0,50
Zr
0,50
O
2
, a partir de um processo de demixing que ocorre a
altas temperaturas (KENEVEY et al., 2001).
Kenevey et al. (2001) observaram o comportamento de composições de Ce/Zr por
DRX e constataram que existe um tamanho crítico de cristalitos obtido após calcinação em
condições oxidantes. Após sinterização, as partículas tendem a reagir para formar uma fase
termodinamicamente mais estável naquela superfície. Como mencionado anteriormente, este
processo é justamente governado pela energia superficial, pois as soluções sólidas são estáveis
até que seus cristalitos não excedam o tamanho crítico de 150 Ǻ, acima do qual a energia
superficial não será grande o suficiente para permitir sua estabilização (KENEVEY et al.,
2001; BOZO et al., 2001).
Como comentado, o óxido misto Ce
0,50
Zr
0,50
O
2
(estrutura tetragonal) submetido a
calcinação a 950°C em condições oxidantes levou à formação de fases mais estáveis
(Ce
0,82
Zr
0,18
O
2
– cúbica e Ce
0,20
Zr
0,80
O
2
- tetragonal) por um processo de demixing. A partir
daí, com o aumento do tempo de calcinação, as estequiometrias dos óxidos que compõe essas
fases se mantiveram constantes, ou seja, não se verificou a formação de novas fases, pois as
posições dos picos de DRX permaneceram as mesmas, somente as áreas dos picos
aumentaram. Por outro lado, o Ce
0,68
Zr
0,32
O
2
(estrutura cúbica) quando submetido ao mesmo
tratamento oxidante levou a um aumento dos parâmetros estruturais da fase cúbica (principal),
mostrando que a fase cúbica tem uma estequiometria variável, fenômeno este típico de
soluções sólidas.
Também foi observado que a presença de metais nobres, como o Pd (que contribui
mais que a Pt), acelera o processo de demixing para o Ce
0,50
Zr
0,50
O
2
, aumentando a
mobilidade iônica e promovendo a nucleação de novas fases. O metal atuaria como um
catalisador, acelerando as transformações de fase. No entanto, para o óxido misto
Ce
0,68
Zr
0,34
O
2
, o metal não mostrou participar do processo de demixing. Isto sugere que a
interação entre o metal e o suporte pode ser dependente da estrutura cristalina assumida pelo
óxido (KENEVEY et al., 2001).
32
Os óxidos mistos de composição Ce
x
Zr
1-x
O
2
, com 0 < x < 0,84 foram estudados por
Bozo et al. (2001). No preparo dos óxidos foi utilizado o método de co-precipitação e os
mesmos foram calcinados a 700°C ou a 900°C, gerando fases tetragonais e cúbicas,
dependendo da composição. Também foram envelhecidos em condições hidrotérmicas a
1000°C e 1200°C. Foi observada uma significativa sinterização mesmo a 900°C. A 1200 °C a
sinterização foi muito importante. Os óxidos submetidos a tratamento hidrotérmico a partir de
1000°C, com composições entre 16-83% de Ce, apresentaram separação de fases (demixing)
que foi completa para os sólidos tratados a 1200°C. Foram formadas duas fases, uma
tetragonal, rica em Zr, e uma fase cúbica, rica em Ce. A fase rica em Zr é formada na
superfície da partícula e a fase rica em Ce concentra-se mais em seu interior. Esse fenômeno
deve acarretar sérias implicações na OSC dos catalisadores à base desses óxidos. Embora a
OSC não tenha uma correlação direta com a área superficial, pois para óxidos mistos o O
2
da
fase bulk contribui amplamente para a estocagem de oxigênio, é necessário haver Ce na
superfície para que haja uma boa OSC devido à presença do par redox Ce
+4
/Ce
+3
. Outro
aspecto a ser observado é o favorecimento cinético da redução do cério de estrutura cúbica, o
que seria prejudicado pela formação de fase predominantemente tetragonal (rica em Zr) na
superfície.
Graham et al. (2000) já haviam investigado a OSC em função das composições dos
óxidos mistos de Ce/Zr e concluíram que, embora a redutibilidade do CeO
2
aumente com o
aumento do teor de Zr, a OSC diminui. Uma OSC máxima foi observada para a composição
contendo 70% em Ce.
Alguns dados sobre o processo de sinterização de óxidos mistos de Ce-Zr também são
apresentados por Wu e Yang (2004) que verificaram, por DRX, um aumento do parâmetro de
cela do óxido misto Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
de 2,73 para 2,87Å em catalisadores de Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
/γ-Al
2
O
3
depois de calcinação a 1050
o
C por 50 h. Como o raio iônico dos íons Ce
+4
é maior, é razoável
assumir que o CeO
2
esteja se separando do óxido misto, ou que íons Ce
+4
estejam interagindo
com a alumina para formar o CeAlO
3
. É confirmada a presença da fase de ZrO
2
nos
difratogramas. As fases CeO
2
e CeAlO
3
não podem ser determinadas por DRX, pois seus
picos se sobrepõem aos picos relativos ao óxido misto em questão.
33
II.5.2. Efeito da temperatura na dispersão e redutibilidade dos metais nobres e
interações metal-suporte
No catalisador automotivo, é essencial que os metais nobres estejam bem dispersos no
washcoat para garantir um maior número possível de sítios ativos acessíveis às moléculas do
gás de exaustão.
A aglomeração de metais em catalisadores suportados pode ocorrer por migração
atômica ou migração de cristalitos. Na migração atômica, os átomos escapam dos cristalitos,
se transportam através da superfície do suporte (ou na fase gasosa), e são capturados na
colisão com outro cristalito metálico. Como partículas maiores são mais estáveis, pois a
energia de ligação metal-metal é maior que a interação metal-suporte, cristalitos menores
tendem a diminuir ainda mais, enquanto que os maiores tendem a aumentar de tamanho. A
segunda hipótese propõe que ocorra migração de cristalitos pela superfície do suporte. Estes
colidem para formar cristalitos maiores (FORZATTI e LIETTI, 1999).
A aglomeração de metais suportados envolve fenômenos físico-químicos complexos, o
que dificulta o entendimento de seus aspectos mecanísticos. Observações experimentais
mostraram que as taxas de aglomeração de catalisadores suportados são fortemente afetadas
pela temperatura. Em menor extensão, essas taxas são afetadas pela atmosfera do meio, bem
como pela cinética das reações de superfície. O vapor d’água acelera a taxa de sinterização de
metais suportados. Observa-se, também, que os metais sinterizam-se relativamente rápido em
O
2
e relativamente devagar em H
2
(BARTHOLOMEW, 2001). Segundo Lassi et al. (2004)
este fato refletiu na atividade catalítica de conversão de CO em catalisadores de Pd-
Rh/Ce
x
Zr
1-x
O
2
/Al
2
O
3
, que permaneceram mais altas quando o envelhecimento térmico
ocorreu em atmosfera redutora.
A forma mais ativa do paládio, o PdO, se decompõe a Pd
0
em temperaturas superiores
a 600
o
C em excesso de oxigênio, como mostra a Figura II.12 . O suporte pode influenciar na
temperatura de decomposição, mas temperaturas superiores a 850°C garantem a formação de
paládio metálico. A transição PdO Pd
0
é muito importante, até a baixas temperaturas.
Existe uma histerese na decomposição do PdO e sua reoxidação com a variação de
temperatura, segundo a Tabela II.3. Hidrocarbonetos são capazes de reduzir o PdO a
temperaturas bem mais baixas do que sua temperatura de decomposição. Nesse caso, se a
temperatura de operação for maior do que aquela necessária para haver a reoxidação do Pd
0
, a
atividade catalítica permanece muito baixa (NEYESTANAKI et al., 2004).
34
Figura II.12 - Cálculo termodinâmico para a decomposição de PdO (O
2
/PdO = 10) (NEYESTANAKI et al.,
2004).
Tabela II.3 - Temperatura de decomposição do PdO (T
D
) e reoxidação (T
R
) em diferentes suportes (em
NEYESTANAKI et al., 2004).
Suporte T
D
(°C) T
R
(°C) T
D
– T
R
(°C)
PdO não suportado 810 785 25
Al
2
O
3
795 690 105
La
2
O
3
/Al
2
O
3
800 690 110
CeO
2
/Al
2
O
3
800 755 45
CeO
2
/La
2
O
3
/Al
2
O
3
800 750 50
ZrO
2
800 730 70
Outros fatores afetam a estabilidade de um cristalito metálico contra a aglomeração,
como por exemplo, a forma e o tamanho do cristalito, a rugosidade do suporte e o tamanho de
poros, e as impurezas presentes tanto no suporte como no metal. Espécies como carbono,
oxigênio, cálcio, bário, cério ou germânio podem diminuir a mobilidade metálica, enquanto
outras como chumbo, bismuto, cloro, flúor ou enxofre podem aumentá-la. Óxidos de terras
raras como CeO
2
e La
2
O
3
auxiliam na fixação dos metais no washcoat devido a uma interação
química forte e localizada (FORZATTI e LIETTI, 1999).
É razoável assumir que quanto mais perto da sua temperatura de fusão, mais móvel o
sólido se tornará em uma superfície. Portanto, a temperatura de sinterização é definida como
35
sendo aquela em que a fase sólida se torna móvel dependendo de vários fatores como textura,
tamanho e morfologia (MOULIJIN et al., 2001).
A Tabela II.4 apresenta o ponto de fusão de metais e compostos. Nota-se que os
óxidos de metais nobres possuem pontos de fusão mais baixos do que as forma metálicas.
Esse resultado explica porque se observa uma maior desativação por perda de área metálica
após envelhecimento oxidante.
Tabela II.4 - Ponto de fusão dos metais e seus compostos (MOULIJN et al., 2001).
Composto Temperatura de fusão (K) Composto Temperatura de fusão (K)
Pt 2028 Rh 2258
PtO 823 Rh
2
O
3
1373
c
PtO
2
723 Ni 1725
PtCl
2
854
c
NiO 2228
PtCl
4
643
c
NiCl
2
1281
Pd 1828 Ni(CO)
4
254
PdO 1023
c
NiS 1249
Al
2
O
3
2318
c
se decompõe a esta temperatura.
Outro fenômeno também relacionado com as pressões de vapor dos metais é a perda
de fase ativa por volatilização. Este tipo de desativação pode ocorrer nos catalisadores
automotivos devido às altas temperaturas de operação, embora em condições normais não seja
considerada relevante, pois os metais nobres possuem pontos de ebulição bastante altos.
Porém, a Pt quando tratada em condições oxidantes a 650°C, por exemplo, como forma de
redispersá-la, vaporiza suavemente devido à formação do óxido (MOULIJN et al., 2001).
A ordem de pressões de vapor dos metais nobres e dos seus óxidos é (em LASSI,
2003):
Metais: Pd>>Pt>Rh
Óxidos: Pt>Rh>>Pd
36
Outro importante processo de desativação relacionado à sinterização é o
encapsulamento de partículas metálicas pelo suporte devido ao colapso estrutural do mesmo a
altas temperaturas. O fechamento dos poros do suporte de alumina pode envolver as partículas
metálicas, não permitindo mais sua exposição. Portanto, as partículas metálicas encapsuladas
não podem ter atividade catalítica, pois estão sem contato com as moléculas em fase gasosa.
O encapsulamento pode ser detectado diretamente por microscopia eletrônica de transmissão
ou indiretamente por difração de raios X (DRX), dependendo do teor de metais nobres
contido no catalisador. Graham et al. (2000) detectaram partículas de Pd encapsuladas pela
comparação dos difratogramas de amostras de catalisadores envelhecidos em atmosfera redox
a altas temperaturas. Foram estudados catalisadores contendo 2% de Pd e diferentes
composições de óxidos de Ce/Zr, que foram envelhecidos em atmosfera redox. O pico de Pd
0
da amostra oxidada foi desviado para um maior ângulo de difração, caracterizando uma
mudança no parâmetro de cela causada pela tensão exercida pelo óxido de cério-zircônio
sobre a partícula de Pd encapsulada. Este fenômeno já foi estudado e é sensível ao tipo do
metal ativo usado e ao suporte, pois o Pd e o Rh são mais suscetíveis ao encapsulamento
quando se utilizam óxidos de Ce-Zr como componente do washcoat. A estabilidade da área
superficial, a composição do óxido misto de Ce-Zr e o tipo de atmosfera usada no teste de
envelhecimento influenciam na quantidade de metal encapsulado (GRAHAM et al., 1998).
Ainda com respeito aos metais nobres, podem ocorrer também, interações metal-
suporte que não são benéficas ao desempenho do catalisador automotivo, pois afetam a
dispersão de metais suportados (FORZATTI e LIETTI, 1999). Exemplos dessas interações
incluem o Rh, que perde sua redutibilidade quando em contato com a alumina a temperaturas
acima de 600
o
C em atmosfera oxidante, mas que pode ser restaurada a 800
o
C com tratamento
redutor. Esse comportamento pode estar relacionado a vários fatores, dentre eles, a formação
de aluminato de ródio ou encapsulamento deste pela alumina. Com base nas observações de
Wu et al. (2004) que usou a técnica de XPS e observou a presença de picos atribuídos a sítios
de Rh
0
, mesmo após envelhecimento, conclui-se que o óxido misto Ce
0,75
Zn
0,25
O
2
presente no
suporte previne a reação entre o Rh e a alumina para a formação parcial do óxido de Rh
irredutível. Dessa forma, é importante que o Rh esteja bem disperso sobre o Ce
x
Zr
1-x
O
2
, e não
sobre a alumina (GANDHI et al., 2003).
37
II.5.3. Efeito da desativação térmica no desempenho de catalisadores automotivos
O efeito mais notório e mais importante acarretado pela desativação térmica é a queda
do desempenho catalítico, ou seja, a perda parcial ou total da capacidade do catalisador de
promover as reações de conversão dos gases poluentes em gases menos nocivos.
O desempenho catalítico é geralmente acompanhado através dos chamados testes de
lightoff, que significa incendiar, ou seja, tornar o catalisador ativo para a conversão de um
determinado poluente a uma determinada temperatura. Seguindo esta idéia, o parâmetro mais
utilizado para comparar as eficiências dos catalisadores testados é:
T
50
= temperatura de lightoff ou aquela na qual 50% da conversão é atingida.
A T
50
é obtida, experimentalmente, fazendo-se passar a mistura de exaustão pelo leito
catalítico a várias temperaturas, de modo a construir um gráfico de porcentagens de conversão
em função da temperatura da reação. Através da comparação das curvas de lightoff assim
elaboradas pode-se concluir que o catalisador mais ativo para a conversão de determinado
poluente é aquele que apresentar menor T
50
.
Muitos trabalhos reportam resultados de desempenho catalítico através de curvas de
lightoff. A Figura II.13 mostra resultados de Larese et al. (2003), que estudaram um
catalisador comercial, à base de Pd/Rh, com aproximadamente 30.000 km rodados. O teste foi
realizado utilizando-se uma mistura próxima ao gás de exaustão contendo CO
2
, H
2
O, NO e
propeno em concentrações fixas, além de CO, H
2
e O
2
em concentrações variando entre dois
valores extremos, na freqüência de 1 Hz, produzindo diferentes razões A/C em condições
dinâmicas, mais próximas a da operação real do catalisador.
Figura II.13 - Curvas de Lightoff obtidas para as conversões de NO, CO e propeno de um catalisador comercial
novo e envelhecido (LARESE et al., 2003).
Observa-se na Figura II.13, um deslocamento das curvas de lightoff do catalisador
envelhecido para temperaturas mais elevadas, fazendo com que o parâmetro T
50
seja mais
alto, indicando menor atividade catalítica. Inclusive, a conversão de propeno para o
catalisador envelhecido foi tão baixa que a T
50
não foi atingida (LARESE et al., 2003).
38
Tagliaferri et al. (1998) estudaram os efeitos de diferentes composições de
catalisadores automotivos submetidos a diferentes condições de operação na atividade
catalítica. As curvas de lightoff obtidas para as conversões de CO e propano, em condições
estequiométricas, são apresentadas na Figura II.14. As diferentes curvas representam
diferentes formulações. São elas Pd/Al
2
O
3
, Pd-Rh/Al
2
O
3
, Pd/Al
2
O
3
-CeO
2
e Pd-Rh/Al
2
O
3
-
CeO
2
.
Figura II.14 - Curvas de lightoff para CO e propano ao longo de uma taxa de aquecimento de 3°C/min em
condições estequiométricas. Símbolos: (
) Pd/Al
2
O
3
, (- - -) Pd-Rh/Al
2
O
3
, (▬▬) Pd/Al
2
O
3
-
CeO
2
, (- - -) Pd-Rh/Al
2
O
3
-CeO
2
.
A melhor atividade de conversão de CO foi atingida para o catalisador Pd/Al
2
O
3
-
CeO
2
, enquanto o catalisador Pd/Al
2
O
3
demonstrou o pior desempenho. A adição de Rh ao
catalisador de Pd aumentou a atividade, porém, quando este foi adicionado ao catalisador
contendo cério, a atividade foi reduzida suavemente. O propano foi escolhido como
representante dos HC devido a sua baixa reatividade, já que com o propeno, todos os
catalisadores atingiram 100% de conversão entre 250-300°C. Para a conversão deste poluente,
o catalisador Pd/Al
2
O
3
também foi o pior catalisador, e o Pd-Rh/Al
2
O
3
, o melhor. A adição de
cério ao catalisador contendo somente de Pd causou um abaixamento da T
50
, enquanto que
quando adicionado ao catalisador de Pd-Rh, a T
50
aumentou. Sob fluxo estático, a adição de
Rh promoveu maiores conversões dos gases poluentes. O efeito promotor da adição de cério
pode ser melhor evidenciado quando experimentado em condições dinâmicas, ou seja, durante
uma operação alternada em ciclos onde varia-se a razão A/C entre oxidante e redutora
(TAGLIAFERRI et al., 1998).
Gonzales-Velasco et al. (2000) estudaram as atividades catalíticas de catalisadores
monometálicos e bimetálicos à base de óxido de cério e alumina. Este trabalho discute o
desempenho de catalisadores de Pd, Pd/Rh, Pt e Pt/Rh, novos e envelhecidos a 900ºC por 5h,
em atmosfera oxirredutora, nas conversões de CO, NO e propeno. Assim como em Larese et
al. (2003), a mistura gasosa utilizada nos testes catalíticos também variava entre oxidante e
39
redutora, em uma freqüência de 1 Hz. As curvas de lightoff estão apresentadas na Figura II.15,
obtidas por Gonzalez-Velasco et al. (2000), para os catalisadores contendo Pt. Os teores de Pt
e Rh utilizados nos catalisadores foram de, aproximadamente, 0,08% e 0,02%,
respectivamente.
Figura II.15 - Curvas de lightoff obtidas para catalisadores de Pt com diferentes formulações (GONZALEZ-
VELASCO et al., 2000).
Observa-se, a partir da Figura II.15, que as atividades decrescem com o
envelhecimento para todos os catalisadores. O catalisador de Pt/Rh foi o que apresentou a
melhor performance devido ao sinergismo entre Pt e Rh. As temperaturas de lightoff para o
catalisador Pt-Rh são bem menores que aquelas obtidas para os catalisadores monometálicos e
bem próximas àquelas obtidas para o catalisador de Rh novo (GONZALEZ-VELASCO et al.,
2000).
40
II.5.4. Aditivos e compostos usados para promover a estabilidade térmica do
washcoat
A estabilidade térmica pode ser compreendida como a capacidade de manutenção de
uma boa dispersão dos óxidos metálicos e preservação da atividade catalítica durante a
exposição do catalisador a altas temperaturas (NELSON et al., 2001).
Como comentado anteriormente, alguns aditivos são utilizados visando aumentar a
estabilidade térmica do catalisador automotivo como um todo. Dentre eles destacam-se os
elementos de terras-raras e alguns metais alcalino-terrosos como o bário e o estrôncio.
Piras (2000) investigou a influência do óxido de cério na estabilização da alumina
após exposição de CeO
2
/Al
2
O
3
a temperatura de 1200
o
C em diferentes atmosferas redox (5%
H
2
/Ar; ar) através da análise de difração de raios X das amostras. Enquanto este tratamento
em condições oxidantes comprometeu totalmente a estabilidade do CeO
2
/Al
2
O
3
, o tratamento
sob condições redutoras foi extremamente favorável à estabilidade em termos de área
superficial e distribuição de fases. A justificativa para esse comportamento foi associada à
possível formação de Ce
+3
presente principalmente como CeAlO
3
, que inibiria a difusão na
superfície de espécies responsáveis pela sinterização e preveniria a formação da α-Al
2
O
3
responsável pelo decréscimo em área superficial. O mecanismo associado está provavelmente
relacionado à formação de microdomínios de aluminato de lantânio na superfície da alumina
que impediria a formação de íons alumínio coordenados reativos em ligações insaturadas
(PIRAS et al., 2000).
Embora esteja claro que o CeO
2
estabiliza parcialmente a área superficial da alumina,
vários resultados indicaram que a extensão dessa estabilização depende de vários fatores
incluindo o conteúdo de CeO
2
, a dispersão, a temperatura e a atmosfera (em PIRAS et al.,
2000). Entretanto, comparando-se os efeitos estabilizantes do CeO
2
aos do La
2
O
3
, pode-se
afirmar que os do primeiro são desprezíveis a temperaturas maiores que 1373 K sob
condições oxidantes. O óxido de lantânio mostrou-se muito mais efetivo até para tratamentos
prolongados a temperaturas menores. Devido a esses aspectos, o óxido de lantânio é
geralmente adicionado para a estabilização enquanto que o CeO
2
exerce outras funções,
principalmente relacionadas a OSC (PIRAS et al., 2000). Além disso, óxidos de terras raras
(TR) trivalentes como La
2
O
3
ou Nd
2
O
3
também se mostraram efetivos como promotores no
catalisador automotivo, principalmente para a reação de oxidação do CO pelo NO
x
. O óxido
de Ce/Zr, quando estabilizado por TR teve sua eficiência e durabilidade aumentadas. A
41
otimização dos parâmetros de estrutura e composição desses óxidos tem levado a uma grande
melhora no desempenho do catalisador (LOONG e OSAWA, 2000).
Ding et al. (2000) também estudaram o efeito da adição de óxidos de terras raras em
catalisadores automotivos. A Tabela II.5 apresenta a influência do teor de TR na área
específica da γ-Al
2
O
3
. Observou-se que a adição tanto de CeO
2
como de LaO
3
preservou
significativamente a área superficial do suporte de γ-Al
2
O
3
a 950
o
C. A Figura II.15 mostra
que a formação da α-Al
2
O
3
inicia-se a 900
o
C na amostra de γ-Al
2
O
3
sem TR, com conversão
completa em α-Al
2
O
3
a 1100
o
C. Por outro lado, para a amostra aditivada, em concordância
com Piras et al. (2000), a transformação de fases só se completa a 1250
o
C. Uma explicação
para esta estabilização proporcionada pelos terras raras estaria no fato desses cátions
ocuparem vacâncias de oxigênio existentes na estrutura da γ-Al
2
O
3
e, por serem maiores que
os cátions Al
+3
, diminuiriam a mobilidade dos mesmos bem como dos íons O
-2
dentro da
estrutura, reduzindo a taxa de sinterização assim como a transformação de fases. Outra
possibilidade seria a estabilização pela nucleação de LaAlO
3
na superfície da γ-Al
2
O
3
,
inibindo sua transformação. Porém, análises de DRX não indicaram a presença de La
2
O
3
ou
LaAlO
3
nem em amostras calcinadas a 1200
o
C. Foi observado, no entanto, uma segregação do
CeO
2
em amostras calcinadas a altas temperaturas sem formação de aluminatos (DING,
2000).
Outro aspecto discutido pelos autores foi com relação ao teor de terra-rara utilizado. A
Figura II.17 apresenta a evolução da área específica da γ-Al
2
O
3
com o aumento do conteúdo
de TR, no caso, cério e lantânio. Observa-se que quando se aumenta o teor de cério, a área da
alumina é melhor preservada. Por outro lado, um aumento no teor de lantânio apresenta um
efeito inverso.
Tabela II.5 - Efeito da adição de terras raras à γ-Al
2
O
3
na área BET (DING et al., 2000).
γ-Al
2
O
3
γ-Al
2
O
3
+ Ce
2
O
3
γ-Al
2
O
3
+ La
2
O
3
Temperatura de calcinação (
o
C) 950 950 950
Área BET (m
2
.g
-1
) 19,2 132,5 135,7
Foi também estudado como a forma em que os TR são adicionados ao suporte
influencia na estabilidade térmica deste. O suporte composto por uma mistura física dos
42
óxidos de TR com a alumina apresenta ligeira melhora na estabilidade térmica comparado ao
suporte impregnado. Foi também observado que a quantidade de α-Al
2
O
3
formada varia com
o teor de CeO
2
(DING et al., 2000).
Figura II.16 - Efeito da temperatura na formação de α-Al
2
O
3
em γ-Al
2
O
3
pura e impregnada com 6 % em CeO
2
e 5 % em La
2
O
3
(DING et al., 2000).
Figura II.17 - Efeito da adição de terras raras à γ-Al
2
O
3
na área BET (DING et al., 2000).
Assim como os TR, metais alcalinos terrosos como o bário, na forma de óxido de
bário (BaO), são adicionados à catalisadores suportados em alumina a fim de melhorar seu
desempenho sob condições severas de envelhecimento. Esta característica conferida pelo
óxido de bário é explicada pela capacidade de reter maiores áreas superficiais na alumina,
pois os cátions Ba
+2
ocupam sítios superficiais ou mássicos, prevenindo a difusão atômica,
que origina as transformações de fase até a formação da α-alumina. Além disso, Klingstedt et
al. (2002) verificaram que a presença de bário em catalisadores de Pd/alumina aumentou a
43
dispersão de Pd, bem como a concentração do metal na superfície catalítica e melhorou a
resistência ao envenenamento por enxofre (KLINGSTEDT et al., 2002).
Isli et al. (1997) também verificaram o efeito de aditivos de Ba e La na estabilização
térmica da γ-Al
2
O
3
quando submetida a temperaturas de calcinação de 500°C, 600°C e 800°C.
Foram testados teores de 3 e 6% de cada aditivo, além de uma amostra não aditivada para
comparação. As maiores áreas específicas foram obtidas com o teor de 3% para ambos os
aditivos. Ding et al. (2000) também observou uma queda de 82 m
2
/g para aproximadamente
69 m
2
/g quando variou-se o teor de La na γ-Al
2
O
3
de 2% para 5%, após calcinação a 780
o
C.
Segundo Isli et al. (1997), uma possível explicação para a perda da área superficial com teores
maiores de aditivos pode estar relacionado a uma cobertura dos poros da γ-Al
2
O
3
com La.
Segundo Ding et al. (2000), é possível que tenha havido a formação de LaAlO
3
não só na
superfície da γ-Al
2
O
3
, mas também no interior de seus poros, quando 5% de La foi adicionado
a alumina.
Quando as amostras de 3% de Ba/Al
2
O
3
e La/Al
2
O
3
são calcinadas a 1150
o
C, ou seja,
uma temperatura alta o suficiente para que a γ-Al
2
O
3
se transforme em α-Al
2
O
3
, há uma
perda inicial de área específica para calcinações por até 4h, em seguida há um ganho de área
após 5h de calcinação, fazendo com que a diferença de áreas específicas da La/γ-Al
2
O
3
e
Ba/γ-Al
2
O
3
em relação à γ-Al
2
O
3
pura seja de 3 e 2,5 vezes maior, respectivamente. Esta
estabilização deve-se à formação de aluminatos de La e Ba, que ocorrem simultaneamente aos
mecanismos de transições de fases desde a γ-Al
2
O
3
até a α-Al
2
O
3
, para amostras calcinadas a
partir de 750°C. A presença dos aluminatos de Ba e La foi confirmada por DRX. Observa-se
uma maior formação de α-Al
2
O
3
para a amostra dopada com Ba, provavelmente devido a uma
estabilização ligeiramente menor por parte do bário, já refletido nos valores de área
superficial nas amostras em que está presente (ISLI et al., 1997).
Osawa (2005) aditivou uma γ-Al
2
O
3
com uma série de terras raras e metais alcalinos
diferentes e observou que, após calcinação a 1200
o
C em ar por 3 h, as aluminas modificadas
com La, Sm, Sr e Ba apresentaram as maiores áreas específicas (~60m
2
/g contra 8-12m
2
/g
para a alumina pura). A área superficial da alumina modificada com Ce foi de 40m
2
/g.
Comparando-se o efeito da manutenção da área específica, após aquecimento a 1200
o
C, com a
variação do teor de La adicionado à alumina, observou-se que o teor de 3% mostrou
novamente ser o ideal, pois para teores acima desse valor, a área superficial diminuiu. Neste
trabalho, foi mencionada a possível formação de LaAlO
3
como uma monocamada sobre a
alumina, difícil de se detectar por DRX, assim como uma possível formação de
hexaaluminatos e aluminas defeituosas resultante da adição de pequenas quantidades de La.
44
Imagens de MEV mostraram o efeito da adição de La na alumina suportada em uma
fina folha metálica, simulando o sistema usado no catalisador automotivo. Após aquecimento
a 1100
o
C por 3 h, a imagem da alumina pura apresentou fraturas, ao contrário do que foi
observado após a adição de La (OSAWA, 2005).
O aumento da estabilidade térmica do suporte de Al
2
O
3
com a adição de óxidos mistos
de Ce/Zr também foi constatado por (WU e YANG, 2004). Segundo o autor, não há
evidências de formação de α-alumina no suporte com o óxido misto de Ce
0,75
Zr
0,25
O
2
após
calcinação a 1000
o
C, por 20h. Porém, quando o mesmo suporte sem o óxido misto é
submetido às mesmas condições, há uma completa transição da γ- Al
2
O
3
para δ-Al
2
O
3
. Tanto
o óxido de cério quanto o óxido misto de cério e zircônio se acumulam em partes planas da
estrutura de espinélio da γ-Al
2
O
3
, evitando sua transição até a α-Al
2
O
3
.
Observou-se também que a redução da área superficial do suporte de alumina
contendo Ce/Zr, após envelhecimento a 1000
o
C, por 20 h, foi bem menor, do que a do suporte
sem Ce/Zr. Micrografias eletrônicas de varredura, registradas antes e após o envelhecimento,
mostraram que a adição de Ce
0,75
Zr
0,25
O
2
à γ-Al
2
O
3
proporciona uma melhor distribuição das
partículas além de uma boa estabilidade térmica ao washcoat. Aparentemente, a inserção de
óxidos mistos no suporte de alumina provoca a diminuição do contato entre as partículas da
alumina e, assim, inibe o crescimento cristalino que leva à transição para a α-Al
2
O
3
(WU et
al., 2004; WU e YANG, 2004).
Wu e Yang (2004) também caracterizaram amostras contendo 0, 10, 20, 30 e 40%
Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
/γ-Al
2
O
3
por análise térmica (TG-ATD), difração de raios X e volumetria de
nitrogênio. Nas análises de ATD, observou-se a presença de um pico exotérmico pequeno a
965 – 975
o
C e outro maior a 1200 – 1222
o
C para todas as amostras. Estes picos são referentes
às transições de δ-Al
2
O
3
para θ-Al
2
O
3
e θ-Al
2
O
3
para α-Al
2
O
3
, respectivamente. Ambos os
picos foram deslocados para temperaturas mais altas quando o percentual de Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
foi
maior ou igual a 20, sendo este, então, o teor ideal de óxido misto para estabilizar a alumina.
Nos difratogramas dos catalisadores obtidos após calcinação a 1050
o
C por 50 h, observou-se
que, para aquele contendo 20% de Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
em γ-Al
2
O
3
,
houve
uma menor incidência da θ-
Al
2
O
3
, o que está de acordo com os resultados obtidos por ATD. Quando a área superficial é
analisada, após calcinação a 1100
o
C por 6 h, observa-se que teores de 10-20% da composição
Ce
0,7
Zr
0,3
O
2
em γ-Al
2
O
3
são capazes de minimizar a queda na área superficial (25 m
2
/g contra
19 m
2
/g para a γ-Al
2
O
3
pura), apesar de apresentarem um rápido decréscimo inicial. Quando o
envelhecimento ocorre a 1050
o
C por 50 h, o óxido misto presente em 20% no suporte de
45
alumina retém 24 m
2
/g contra 16 m
2
/g para a γ-Al
2
O
3
pura. Teores maiores do óxido misto
resultam numa área superficial final menor, pois a área superficial desses óxidos é menor do
que a da alumina. (WU e YANG, 2004).
Osawa (2005) também acompanhou a manutenção da área superficial de compósitos
de Ce
1-x
O
2
-Zr
x
O
2
/γ-Al
2
O
3
preparados por impregnação após tratamento térmico a 800
o
C.
Quanto mais próximo de 1 é o valor de x, maior a área superficial obtida, ou seja, o Zr inibe o
crescimento cristalino nestas amostras.
II.6. Considerações finais e objetivos da dissertação
Confirma-se através da literatura que diversos fenômenos podem ocorrer na superfície
de um catalisador automotivo, somente devido a efeitos térmicos. Alguns deles são
determinantes na desativação do catalisador.
Embora presentes em baixíssimas concentrações no washcoat, metais nobres como Pt,
Pd e Rh apresentam um papel fundamental na conversão dos gases poluentes. Seus estados de
oxidação, dispersão e interação com componentes do washcoat são dados fundamentais para a
garantia de um bom funcionamento do catalisador. Há evidências de que a aglomeração dos
metais nobres, relacionada a temperatura, contribua fortemente para a queda da atividade
catalítica.
Transições de fases da alumina que ocorrem a diferentes temperaturas e que vêm
acompanhadas de perda de área específica do catalisador, têm um impacto significativo no
desempenho do catalisador, pois poderá proporcionar queda na dispersão dos metais
suportados sobre ela, com a possível ocorrência de encapsulamento e conseqüente diminuição
da acessibilidade dos gases poluentes aos sítios ativos. Esse fenômeno pode também ser
acompanhado por interações da alumina com os outros óxidos, levando à formação de
aluminatos de cério, lantânio ou até mesmo de ródio, prejudiciais à manutenção do bom
funcionamento do catalisador e, dessa forma, terá impacto na atividade catalítica.
Conforme também observado, o óxido misto de Ce/Zr, um dos principais componentes
do catalisador automotivo, também sofre mudanças de fase com alterações na área específica
quando submetidos a altas temperaturas. Algumas mudanças de fases são acompanhadas de
segregação de compostos de Ce e Zr, que também podem levar a problemas de desempenho
do catalisador. Alguns metais podem estar sendo suportado sobre eles, como, por exemplo, o
46
ródio, que além de ter capacidade de formar compostos estáveis com a alumina, pode sofrer
queda na sua dispersão com a diminuição da área específica.
Um dos maiores impactos do efeito da temperatura, no entanto, será na capacidade de
estocagem de oxigênio (OSC). Apesar de não se observar uma relação definida entre a área
específica do óxido misto e a OSC, vários trabalhos confirmam que a perda da OSC está, de
forma geral, ligada a perda das características oxi-redutoras e, mais especificamente, ligada a
perda de área metálica.
Finalmente, a presença ou ausência de outros componentes estabilizantes ou
promotores como os óxidos de bário, lantânio, neodímio, ou outras terras-raras, são essenciais
para a minimização de problemas indesejáveis associados a efeitos térmicos. A participação
desses compostos tem um papel decisivo no desempenho do catalisador.
Dentro desse contexto, o trabalho desenvolvido nesta tese se justifica pelo fato da
importância de um estudo mais aprofundado de catalisadores automotivos comerciais, nas
condições brasileiras, que diferem significativamente, por exemplo, das européias ou
americanas, uma vez que o clima (inverno pouco rigoroso) e o combustível (teores
significativos de enxofre) brasileiros são diferentes e, portanto, as características e
formulações dos catalisadores automotivos aqui comercializados também são específicas.
É interessante que se tenha uma maior compreensão de como a temperatura atua na
desativação desses catalisadores comerciais, principalmente no que concerne às diferenças na
formulação industrial dos mesmos.
Para tanto, serão utilizados dois catalisadores comerciais, um de Pd/Rh e o outro de
Pt/Rh. Eles serão envelhecidos termicamente em duas condições distintas para depois serem
caracterizados e avaliados quanto ao seu desempenho catalítico. A discussão e comparação
dos resultados obtidos para os dois catalisadores com estudos da literatura permitirão
inferências sobre os mecanismos de desativação provocados pelo envelhecimento térmico.
Além disso, será possível comparar a eficiência de catalisadores de formulações diferentes,
nas condições experimentais adotadas.
47
III. MATERIAIS E MÉTODOS
III.1. Catalisadores
Os dois catalisadores utilizados nesta tese são comerciais, fabricados no ano de 2004,
porém, de diferentes origens. Um deles é à base de Pt/Rh, enquanto que o outro é à base de
Pd/Rh. O catalisador de Pt/Rh recebeu a designação de G e o de Pd/Rh foi chamado de V.
O formato dos catalisadores e sua divisão em corpos de prova para a sua
caracterização e utilização em testes catalíticos estão representadas na Figura III.1. Procedeu-
se o corte desses catalisadores utilizando-se uma serra de precisão da marca South Bay
Technology Inc., modelo 660, equipada com Disco-Leco 802-439, seguindo o esquema
proposto.
Figura III.1 - Esquema proposto para a serragem dos catalisadores automotivos comerciais.
As linhas pontilhadas das seções radiais e longitudinais indicam os locais de corte.
Foram obtidos 18 corpos de prova para cada catalisador. Cada corpo de prova foi
devidamente identificado com letras e números, de A1 até C6. Os corpos de prova A1 de
ambos os catalisadores foram tomados como referência.
1
2
3
4
5
6
A
B
C
h = 15,3 cm
φ
G
= 10,5 cm
φ
V
= 11,8 cm
48
III.2. Procedimentos de Envelhecimento
Dois tipos de envelhecimento foram aplicados aos catalisadores comerciais. Um deles
foi realizado em um forno de precisão da marca Jung, com três zonas de aquecimento e
controle de temperatura PID. O forno é vertical e fixa um reator flangeado de aço inox 310, de
90 cm de comprimento e 5,5 cm de diâmetro interno, com passagem de gás. A vazão de gás
no reator foi de aproximadamente 13,5 L/h e a velocidade espacial foi de 135 h
-1
. O reator foi
preenchido com anéis de Rachig de ¼ in cerâmica até próximo à metade do reator, onde os
corpos de prova foram colocados. O recheio foi utilizado não apenas para suportar o
catalisador, como também para garantir um melhor aquecimento e distribuição do fluxo de
gás. A temperatura utilizada foi de 900°C. Foram realizados envelhecimentos por 12h e 108h.
O gás utilizado no envelhecimento constitui de mistura gasosa representativa do gás
de exaustão veicular em condições estequiométricas. Esta mistura continha,
aproximadamente, em porcentagem molar, 1,0% de CO, 0,33% de H
2
, 1,27% de O
2
, 9,3% de
CO
2
, 0,12% de C
3
H
8
e balanço em He. Chegou-se a esta composição a partir da fórmula (1)
adaptada, segundo Botas et al. (2001), onde S igual a 1 representa uma mistura
estequiométrica.
[]
[][] [ ]
832
2
10
2
HCHCO
O
S
++
=
(1)
Um outro tipo de envelhecimento (estático) foi realizado em uma mufla, também da
marca Jung, n° 4240, modelo 0913. Não foi utilizado fluxo de gás nestes envelhecimentos. As
amostras foram submetidas a uma temperatura de 1200°C em ar (sem fluxo), ou seja, em
ambiente oxidante. Os catalisadores foram expostos a este envelhecimento por 12h ou 72h.
Para ambos os envelhecimentos, a taxa de aquecimento foi de 20°C/min. Os corpos de
provas eram retirados após total resfriamento para em seguida serem serrados e/ou moídos, de
acordo com as exigências de cada análise a que foram submetidos.
A Tabela III.1 apresenta as condições de envelhecimento realizadas nesta dissertação.
Além dos catalisadores envelhecidos apresentados na Tabela III.1, as partes A1 de ambos os
catalisadores G e V foram tomadas como referência nas análises e foram designadas G A1
NOVO e V A1 NOVO, respectivamente. Os cortes A3, A5, C3 e C5 foram escolhidos sem
49
maiores critérios, pois foi verificado que todos os cortes apresentavam-se homogêneos de
acordo com os resultados de FRX descritos no item IV.1.1.
Tabela III.1 - Condições de envelhecimento dos catalisadores comerciais estudados.
CATALISADOR
FORNO A 900°C
(ESTEQUIOMÉTRICO)
MUFLA A 1200°C
(OXIDANTE)
G A3 900 12h G C3 1200 12h
G
G A5 900 108h G C5 1200 72h
V A3 900 12h V C3 1200 12h
V
V A5 900 108h V C5 1200 72h
III.3. Caracterização dos Catalisadores
A seguir, apresentam-se as técnicas utilizadas na caracterização dos catalisadores.
Esclarece-se que o procedimento de amostragem adotado está descrito em cada item. Quando
não há informações sobre ele, está subentendido que se utilizou a amostra em pó, obtida pela
moagem em moinho de bolas (Pulverisette 6, FRTSCH) e posterior homogeneização do pó
obtido. A moagem foi realizada a 400 rpm por 20 minutos.
III.3.1. Fluorescência de Raios X (FRX)
Com o objetivo de verificar a questão da homogeneidade do washcoat nos
catalisadores comerciais novos, foram realizadas análises químicas por fluorescência de raios
X (FRX) de amostras dos 18 corpos de prova obtidos para cada catalisador, totalizando 36
amostras.
Essas amostras foram retiradas serrando-se os corpos de prova longitudinalmente, a
partir de 1 cm de seus vértices, seguindo o esquema (vista superior) da Figura III.2. Assim,
cada corpo de prova gerou uma amostra que foi moída e analisada por FRX. O resíduo obtido
a partir da serragem de cada catalisador também foi recolhido, homogeneizado e analisado
por FRX em triplicata a fim de se testar a reprodutibilidade dos resultados.
As amostras foram moídas separadamente em um moinho de bolas nas condições
especificadas anteriormente. O equipamento utilizado foi um S4_Explorer (tubo de ródio) da
Brucker-AXS do Brasil. As amostras foram fundidas com tetraborato de lítio, na diluição 1:5,
e os resultados foram obtidos através do método da varredura semi-quantitativa.
50
Figura III.2 - Modelo para a serragem de amostras para determinação da homogeneidade dos catalisadores.
III.3.2. Espectrometria de Absorção Atômica
A técnica de espectrometria de absorção atômica foi utilizada para a determinação de
Pd, Pt e Rh. A técnica FRX não é adequada, pois os metais nobres estão presentes em
baixíssimas concentrações no washcoat de catalisadores automotivos comerciais.
Antes da análise, as amostras dos catalisadores G A1 e V A1 novos foram digeridas,
em microondas, segundo Borisov et al. (1997). Aproximadamente 0,2 g de amostra foi pesado
e transferido para um copo de teflon, próprio para microondas, equipado com um dispositivo
de segurança próprio para suportar altas pressões. Foram adicionados 4 mL de HNO
3
concentrado e 5 mL de uma solução HCl-HF numa proporção de 7:3. A mistura foi levada ao
microondas para operação a 100% de potência por 2,5 min e depois, a 65% de potência por 20
min. Após resfriamento, adicionou-se 10 mL de uma solução 0,35 mg/mL de H
3
BO
3
, a fim de
dissolver fluoretos insolúveis e permitir uso de materiais de vidro após a digestão. Operou-se
no microondas a 100% de potência por 10 min. As soluções obtidas foram filtradas,
avolumadas a 50 mL.
As soluções resultantes foram analisadas em um espectrômetro de absorção atômica
da marca SpectrAA, tipo chama, com um comprimento de onda de 343,5 nm para Rh, 247,6
nm para Pd e 265,9 nm para Pt. As correntes utilizadas nas lâmpadas de Rh, Pd e Pt foram de
5,0 mA, 5,0 mA e 10,0 mA, respectivamente.
A
B
C
1
6
2
4
3
5
1
6
2
4
3
5
1
6
2
4
3
5
51
III.3.3. Fisissorção de N
2
A técnica de adsorção-dessorção de N
2
, pelo método B.E.T. (Brunauer, Emmet e
Teller) é baseada na fisissorção de um gás sobre um sólido e na formação de multicamadas na
pressão de equilíbrio P, e foi empregada para obtenção de dados referentes à área superficial
específica e as isotermas dos catalisadores comerciais. Com isso, foram determinados a
distribuição de volume de poros dos catalisadores e o diâmetro médio de poros (método BJH).
O equipamento utilizado foi um analisador ASAP 2400 V3.07.
A amostragem do catalisador comercial para as análises de área superficial específica
consistiu em retirar pequenas frações do monolito, sem pulverizá-las.
III.3.4. Difração de raios X (DRX)
Quando um feixe de raios X incide sobre um material, planos cristalinos,
principalmente aqueles que apresentam alta densidade atômica, difratam estes raios. Esta
difração ocorrerá de acordo com o modelo proposto por BRAGG (CULLITY, 2001),
2 d senθ = n λ (2)
onde n é a ordem de reflexão; λ é o comprimento de onda dos raios X; d é a distância
interplanar e θ é o ângulo de incidência.
Por meio da equação de Bragg, são obtidos valores dos espaçamentos interplanares,
que são característicos para cada composto cristalino, o que pode permitir a investigação das
diferentes fases cristalinas presentes na amostra e a determinação das transformações da fase
sólido-sólido induzidas pelo envelhecimento.
Assim, a análise de DRX foi utilizada para determinar as fases cristalinas presentes
nos catalisadores comerciais novos e envelhecidos. Os difratogramas de raios X das amostras,
obtidos pelo método do pó, foram coletados em um equipamento Philips PW 1710 equipado
com espelho de Goeble para feixe paralelo de raios X, nas seguintes condições de operação:
radiação Cu Kα (40 kV/30 mA), velocidade do goniômetro de 0,060º por passo com tempo de
contagem de 0,80 s por passo e coletados em um intervalo de 2θ de 5° a 70°. A interpretação
qualitativa dos difratogramas foi efetuada por comparação com dados da literatura.
52
III.3.5. Análise termogravimétrica e termodiferencial (ATG/ATD)
Na termogravimetria, a massa da amostra é medida continuamente enquanto a mesma
é aquecida a uma taxa programada em uma atmosfera definida. Na ATD, a diferença de
potencial entre a amostra e um material de referência é medida, sendo sensível a
transformações acompanhadas de absorção ou liberação de energia. Essas análises fornecem
informações importantes como, por exemplo, mudanças de fases cristalinas, colapso de
estrutura e decomposições térmicas.
Os termogramas das amostras G A1 e V A1, ambos catalisadores novos, foram obtidos
em um equipamento de análise térmica ATG/ATD, modelo SDT 2960 TA Instruments. As
condições de operação utilizadas foram as seguintes: taxa de aquecimento de 10°C/min, faixa
de temperatura de ambiente (25ºC) a 1000°C/min, atmosfera de nitrogênio e vazão de gás de
100 mL/min.
III.3.6. Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectroscopia de Energia
Dispersiva de Raios X (MEV-EDX)
A microscopia eletrônica é utilizada para a caracterização da morfologia dos
catalisadores heterogêneos. Além disso, os microscópios eletrônicos podem ser equipados
com dispositivos que permitem determinar a composição elementar das fases presentes nos
sólidos, constituindo uma ferramenta importante para o estudo de catalisadores automotivos.
A técnica de MEV-EDX possibilita a análise pontual em regiões espaciais de 2×2 μm,
permitindo a identificação de componentes do catalisador e até a presença de contaminantes,
mesmo em pequenas proporções. Estas informações possibilitam inferências sobre o tipo de
desativação ao qual o catalisador foi submetido.
A amostragem consistiu no corte de fatias de 1 cm de espessura de cada corpo de
prova A1 (referência), segundo o esquema da Figura III.3.
53
Figura III.3 - Modelo para a serragem dos catalisadores para análise de MEV.
Após o envelhecimento dos demais corpos de prova, estes também foram serrados
segundo o procedimento descrito anteriormente, ou seja, pelo corte superior de todas as peças.
Essas amostras foram embutidas em resina epóxi, desbastadas, polidas com diamante
com granulometria até 1 µm e recobertas com carbono, tornando-se condutoras para posterior
análise em microscópio eletrônico de varredura. Como as análises foram realizadas em
laboratórios distintos, foram utilizados três microscópios eletrônicos de varredura (MEV). Um
deles, de marca LEICA S440, equipado com sistema de espectroscopia de energia dispersiva
de raios X (EDX) Link ISIS L300 com detetor de SiLi Pentafet, janela ultrafina ATW II, de
resolução de 133 eV para 5.9 keV foi utilizado na maioria das amostras. As imagens foram
geradas pelo detector de elétrons retro-espalhados (BSD). Deste modo, os níveis de cinza são
proporcionais ao número atômico médio do material analisado. Quanto maior o número
atômico, mais clara a fase se apresenta na imagem. Os outros microscópio utilizado foram um
JEOL JSM – 5800 LV e um Zeiss Germany DSM 940ª, nas mesmas condições de análise.
III.3.7. Quimissorção de H
2
Lambrou et al. (2004) conseguiram determinar a dispersão da fase metálica de um
catalisador comercial à base de Pd-Rh por quimissorção de H
2
seguida de DTP de H
2
em He.
Eles realizaram os testes de quimissorção a três temperaturas diferentes: 25°C, 200°C e
400
o
C. Além do catalisador novo, eles também testaram o mesmo catalisador depois de
30.000 km e 56.000 km rodados.
Sabe-se, através da literatura, que a presença de óxidos mistos de Ce-Zr em contato
com os metais nobres dispersos pode acarretar o espalhamento de moléculas de H
2
pelo
washcoat, levando a um resultado errôneo de dispersão metálica (BOARO et al., 2003;
1 cm
A1
54
FORNASIERO et al., 2003). Porém, Lambrou et al. (2004) comprovaram que este efeito é
praticamente nulo quando a quimissorção de H
2
é realizada a temperatura de 25°C, tendo
correlacionado os dados de dispersão e tamanho de partícula calculados a partir da curva de
dessorção a 25
o
C com os resultados de microscopia eletrônica de transmissão (MET).
A técnica de quimissorção de H
2
foi empregada a fim de se determinar as dispersões
das partículas de metais nobres nos catalisadores. Os experimentos foram realizados em uma
unidade multi-propósito, cujo esquema encontra-se na Figura III.4. A unidade é constituída de
um reator de quartzo tipo “tubo em U”, um forno vertical com controle de temperatura PID,
que possibilita a programação de oito taxas de aquecimento e oito patamares diferentes.
Foi empregada uma massa de 1,000 g de catalisador triturado e uma vazão de 30
mL/min para todas as etapas. Misturas gasosas de 1,6%, de H
2
/Ar e 5,0% de O
2
/He e Ar com
99,999% de pureza foram utilizadas. Todos os gases foram fornecidos pela AGA. O resumo
do procedimento experimental, obtido segundo Lambrou et al. (2004), encontra-se na Tabela
III.2.
Todos os pré-tratamentos foram realizados a 600°C, temperatura máxima de dessorção
de H
2
, a fim de evitar dessorção e, conseqüentemente, a interferência de espécies que
pudessem estar eventualmente presentes.
As estequiometrias admitidas para a quimissorção de H
2
, tanto em Pd como em Pt
foram de 2:1, ou seja, dois sítios metálicos para uma molécula de H
2
(LÉGARÉ, 2004;
LASSI, 2003). A quantidade de sítios metálicos disponíveis pode ser calculada a partir da
quantidade de átomos de hidrogênio consumida por grama de catalisador (μmol H/gcat).
Quanto maior este valor, mais disperso estão os metais.
A área metálica pode ser calculada dividindo-se o número de sítios metálicos
encontrado pela técnica de quimissorção de H
2
pelo número de átomos metálicos por área de
metal, que são valores tabelados. A dispersão metálica, em porcentagem, foi calculada a partir
da razão entre os sítios disponíveis (quantidade de H adsorvida) e os sítios totais, por massa
de catalisador (FIGUEIREDO, 1987). A quantidade de sítios totais foi determinada através de
análise química por espectrometria de absorção atômica.
55
Figura III.4 - Esquema da unidade multi-propósito utilizada para análises de quimissorção de H
2
e de Redução
a Temperatura Programada. (a) Lateral direita; (b) lateral esquerda; (c) visão frontal.
inertes
H
2
/Ar
He
Ar
outros O
2
/He
1
2
(a)
(b)
(c)
56
Tabela III.2 - Procedimento experimental utilizado para a análise de quimissorção de H
2
.
1- Oxidação com O
2
/He a 600°C por 1h
2- Redução com H
2
/Ar a 600°C por 1h
3- Pré-tratamento com Ar a 600°C por 1h
4- Resfriamento do reator até 25°C em fluxo de Ar
5- Quimissorção com H
2
/Ar por 30 min
6- Dessorção de H
2
fisissorvido com fluxo de Ar por 30 min
7- Quimissorção com H
2
/Ar por 30 min
8- Dessorção de H
2
fisissorvido com fluxo de Ar por 30 min
9- Dessorção de H
2
quimissorvido com uma taxa de aquecimento de 30°C/min até 600°C
III.3.8. Redução a Temperatura Programada (RTP)
A técnica de RTP consiste na redução dos catalisadores pela passagem de um gás,
normalmente uma mistura de hidrogênio em argônio, através de um reator de vidro pirex
aquecido a uma taxa linear de temperatura. Esta técnica pode fornecer informações úteis no
estudo do comportamento oxirredutor dos catalisadores, podendo, assim, auxiliar na
compreensão da interação entre os seus componentes e os efeitos da sua desativação.
Segundo Liotta et al. (2003), ciclos de oxirredução como redução-oxidação-redução,
causam uma reestruturação da superfície catalítica, contribuindo para um leve deslocamento
dos picos de redução para temperaturas mais baixas. Além disso, faz-se necessário oxidar o
catalisador antes da RTP para assegurar que seja registrado o consumo de H
2
necessário para
reduzir toda a superfície catalítica.
Assim, o procedimento adotado nesta tese consistiu em, primeiramente, reduzir a
superfície do catalisador com H
2
/Ar a 500°C por 1h e, em seguida, realizar uma oxidação em
O
2
/He a 500°C por 1h. Só então, após resfriamento do leito catalítico até a temperatura
ambiente (25ºC), foi iniciada a RTP com a mesma mistura H
2
/Ar, utilizando-se uma taxa de
aquecimento de 10°C/min até 500°C. A vazão dos gases foi de 30 mL/min, para todas as
etapas. A massa de catalisador utilizada foi de 0,500 g. As misturas de gases foram fornecidas
pela AGA. As composições foram de 1,61% H
2
/Ar e 5% de O
2
/He. Este experimento foi
realizado na mesma unidade utilizada para as análises de quimissorção de H
2
.
57
III.4. Avaliação Catalítica
Para a realização dos testes catalíticos, foram utilizadas as amostras em pó
homogeneizadas. Assim, garantiu-se que a fração recolhida e analisada de cada parte do
catalisador apresentaria uma atividade representativa do corpo de prova correspondente.
Usando-se uma prensa de marca CARVER, modelo 4332, e uma pressão de aproximadamente
3500 psi, foram preparadas pastilhas a partir do pó.
Em estudo anterior (FERNANDES et al., 2006), pastilhas preparadas de outro
catalisador comercial novo e a base de Pd foram moídas e peneiradas em etapas, utilizando-se
três peneiras em série, de modo a se obter três faixas de granulometria: 20-40 mesh, 40-60
mesh e 60-80 mesh. Efeitos difusionais foram avaliados testando-se cada faixa de tamanho de
partícula, repetindo-se os experimentos várias vezes na mesma faixa granulométrica. Chegou-
se a conclusão de que, a partir da faixa compreendida entre 40-60 mesh, as curvas de light-off
coincidiam. Apesar de não garantir a inexistência de efeitos difusionais, esses resultados
garantiram que, caso existam, eles são semelhantes, e permitem que os catalisadores sejam
comparáveis.
Assim, as pastilhas dos catalisadores em estudo nesta tese foram moídas e peneiradas
em etapas a fim de se recolher a fração correspondente a granulometria de 40-60 mesh. O
leito catalítico foi diluído com carbeto de silício, na proporção mássica de 1:3, segundo
procedimento adotado em estudo anterior (FERNANDES et al., 2006), com o objetivo de se
minimizar a formação de pontos quentes no interior do reator.
Antes do início da avaliação catalítica, foi realizado um pré-tratamento em fluxo de
He, a 150°C por 1h, a fim de se retirar a água fisissorvida no catalisador. A unidade de
avaliação catalítica, como apresentada na Figura III.5, é constituída de um reator de vidro
pirex tipo “tubo em U”, de diâmetro interno de 0,66 cm, um forno vertical com controle de
temperatura PID, que possibilita a programação de oito taxas de aquecimento e oito patamares
diferentes. Para a determinação das conversões de CO e propano, a unidade de avaliação
catalítica descrita foi acoplada, em linha, a um cromatógrafo gasoso Agilent 6890N . Esses
gases (CO e C
3
H
8
) estão presentes na mistura simulando o gás de exaustão, sendo a mesma
utilizada no envelhecimento no forno descrito no item 2 deste capítulo. Foi aplicada uma
velocidade espacial de 35.000 h-1, durante todo o teste.
As conversões foram medidas a cada 15 minutos, tempo aproximado de duração de
uma análise no cromatógrafo, ao longo de uma taxa de aquecimento de 2°C/min, desde a
temperatura ambiente (25°C) até 500°C.
58
Foram construídos gráficos de porcentagem de conversão em função da temperatura
gerando as curvas de lightoff de modo a comparar as atividades dos catalisadores novos e
envelhecidos, nas condições adotadas nesta tese.
Figura III.5 - Unidade de teste catalítico.
1- postos de controle de pressão dos gases
2- válvula de controle da passagem da mistura (forno/bypass)
3- reator de vidro pirex contendo o leito catalítico
4- forno
5- controlador de temperatura do forno
6- saída da mistura do forno para o cromatógrafo
7- cromatógrafo gasoso
8- saída dos gases do cromatógrafo
9- medidor de vazão
59
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV.1. Caracterização Química
IV.1.1. Fluorescência de Raios X (FRX)
Os catalisadores foram analisados por FRX para se avaliar a homogeneidade química
dos mesmos, visando compará-los entre si. Utilizando-se os resíduos da serragem dos
catalisadores com posterior homogeneização, foram realizadas análises em triplicata dessas
amostras de forma a avaliar a repetibilidade dos resultados. Nas Tabelas IV.1 e IV.2 são
apresentadas as médias dos teores dos óxidos do washcoat, os desvios-padrão e os desvios-
padrão relativos (RSD). A média dos valores obtidos na análise dos resíduos foi calculada e
em seguida, o desvio-padrão e o desvio-padrão relativo, ou RSD (%), foram calculados a
partir das equações (1) e (2), segundo Ribani et al. (2004):
1
)(
2
=
n
xx
s
i
(1)
100(%) ×=
x
s
RSD (2)
onde
x
é a média aritmética de um conjunto de medições,
i
x é o valor individual de
uma medição e
n
é o número de medições.
Ainda segundo Ribani
et al. (2004), os métodos que quantificam compostos em macro
quantidades requerem um RSD de 1 a 2%. Em métodos de análise de traços ou impurezas, são
aceitos RSD de até 20%, dependendo da complexidade da amostra. Portanto, as
determinações por FRX deste trabalho cujos valores de RSD encontram-se acima de 20%
serão desconsideradas.
Para o catalisador G (Tabela IV.1), observaram-se RSD menores que 10%. Para o
catalisador V (Tabela 2), algumas determinações não foram reprodutíveis como Fe
2
O
3
e
HfO
2
, com RSD ao redor de 30%. Portanto, essas determinações não foram consideradas.
60
De modo geral, no entanto, a técnica se mostrou adequada para a análise dos principais
componentes do
washcoat, ou seja, os que se encontram com teores superiores a 1% (em
média).
Tabela IV.1 - Determinação em triplicata e avaliação estatística dos principais componentes presentes nos
resíduos de serragem do catalisador G.
Resíduos de serragem do catalisador G Avaliação Estatística
Composto
Análise 1
(% m/m)
Análise 2
(% m/m)
Análise 3
(% m/m)
Média
(% m/m)
Desvio
Padrão
RSD (%)
Al
2
O
3
40,0 42,9 40,6 41,1 1,5 3,7
BaO
1,41 1,35 1,47 1,41 0,06 4,4
CeO
2
18,7 17,2 18,7 18,2 0,9 5,0
Fe
2
O
3
0,53 0,63 0,59 0,58 0,05 8,9
HfO
2
0,46 0,45 0,40 0,44 0,04 8,2
La
2
O
3
0,68 0,63 0,76 0,69 0,07 9,4
NiO
2,87 2,88 2,88 2,88 0,01 0,2
Pr
6
O
11
2,63 2,43 2,53 2,53 0,10 4,0
TiO
2
0,91 0,93 0,95 0,93 0,02 2,6
ZrO
2
30,7 30,0 30,2 30,3 0,3 1,1
Tabela IV.2 - Determinação em triplicata e avaliação estatística dos principais componentes presentes nos
resíduos de serragem do catalisador V.
Resíduos de serragem do catalisador V Avaliação Estatística
Composto
Análise 1
(% m/m)
Análise 2
(% m/m)
Análise 3
(% m/m)
Média
(% m/m)
Desvio
Padrão
RSD (%)
Al
2
O
3
44,4 45,2 43,5 44,4 0,9 1,9
BaO
5,27 5,25 5,74 5,42 0,28 5,1
CeO
2
19,8 19,4 20,2 19,8 0,4 2,1
Fe
2
O
3
0,34 0,42 0,64 0,46 0,16 33,5
HfO
2
0,19 0,21 0,33 0,24 0,07 29,3
La
2
O
3
0,21 0,17 0,22 0,20 0,02 11,6
NiO
1,41 1,37 1,47 1,42 0,05 3,7
Pr
6
O
11
1,20 1,05 1,12 1,13 0,08 6,7
SrO
0,14 0,16 0,19 0,16 0,03 15,9
TiO
2
1,18 1,17 1,50 1,28 0,19 15,0
ZrO
2
23,8 23,4 23,5 23,6 0,2 0,8
61
Nas Tabelas IV.3 e IV.4 são apresentados os resultados das análises realizadas nas
várias seções de cada catalisador automotivo, G e V, e se referem à composição do
washcoat.
Para cada catalisador foram realizadas 18 análises, que envolviam regiões da entrada, meio e
saída, centro e borda, conforme indicado no item III.3.1. Os cálculos foram feitos subtraindo-
se o teor de cordierita das amostras. Isto foi possível graças às medidas do teor de MgO por
FRX. O óxido de magnésio é proveniente somente da cordierita, cuja composição é 13,78%
em MgO, 34,86% em Al
2
O
3
e 51,36% em SiO
2
. Assim, calcula-se a fração de Al
2
O
3
associada apenas ao
washcoat. Subtrai-se o teor de SiO
2
proveniente da cordierita e calcula-se
a nova composição percentual representativa somente ao
washcoat do catalisador automotivo.
As médias e os desvios padrão foram calculados considerando grupos de amostras originadas
de diferentes partes do catalisador, com referência ao procedimento de corte descrito no item
III.1.
Quanto às análises das partes A, B e C, o catalisador G só apresentou RSD maior que
15% para o Fe
2
O
3
e HfO
2
, como esperado devido aos teores abaixo de 1%. Já o catalisador V
apresentou maior desvio para o La
2
O
3
. A média do teor de La
2
O
3
para o catalisador G é
0,69%, obtida da análise do resíduo de corte. Esta média para o V é de 0,20%. O teor global
deste óxido no catalisador G é o mesmo obtido no resíduo de corte, o que não ocorreu para o
V. Os grandes desvios obtidos nas análises das diferentes partes do catalisador V devem-se ao
fato deste óxido sequer ter sido determinado em várias amostras deste catalisador. Por isso o
La
2
O
3
foi considerado ausente neste catalisador. Uma justificativa para a ausência de óxido de
lantânio no catalisador V, é a presença de, aproximadamente, 5,6% de óxido de bário (Tabela
IV.4), ou seja, quatro vezes mais BaO no catalisador V do que no G (Tabela IV.3). Segundo
Klingstedt
et al. (2002) e Isli et al. (1997), a adição de óxido de bário confere maior
estabilidade térmica ao catalisador, além das funções de estocagem de nitrogênio e proteção
contra envenenamento por enxofre, discutidas no itens II-3.3 e II-3.4. Isli
et al. (1997)
compararam os efeitos proporcionados pela adição de Ba e La na alumina e confirmaram que
o óxido de bário é eficiente, embora menos que o La, na manutenção da área específica da
alumina.
Em relação à determinação de Pd, a técnica de FRX não foi capaz de detectar este
metal com a acurácia e precisão adequadas. Na maioria das amostras, Pt e Rh não foram
detectados, provavelmente por estarem em concentrações muito baixas. Optou-se por analisá-
los pela técnica de absorção atômica (item III.3.2).
A Figura IV.1 apresenta os resultados de ambos os catalisadores com base na média (valor
médio de 12 valores obtidos ou no centro ou na borda) de cada uma das regiões entrada (A), meio
62
(B) e saída (C) para os principais componentes. Pode-se observar que eles são individualmente
homogêneos com relação à entrada, meio e saída, quanto aos principais componentes do
washcoat. Ambos contêm mais ZrO
2
do que CeO
2
, conforme também observado pela Figura IV.2
que apresenta valores semelhantes para a proporção de óxido de cério nos catalisadores em
relação à soma das quantidades de CeO
2
e ZrO
2
A formulação destes catalisadores muito
provavelmente inclui óxidos mistos de Ce e Zr, no entanto, não se pode sugerir que estes sejam
ricos em Zr pois é possível que haja CeO
2
e Zr
2
O
3
puros no washcoat.
Tabela IV.3 - Teores dos principais componentes do catalisador G determinados por FRX.
G Médias e desvios padrão
Composto
Meios
(A+B+C)
Bordas
(A+B+C)
A
(meio +
bordas)
B
(meio +
bordas)
C
(meio +
bordas)
Global
Al
2
O
3
42,2 ± 1,3 42,5 ± 1,5 43,6 ± 1,1 42,6 ± 0,9 41,0 ± 1,0 42,4 ± 1,4
BaO
1,42 ± 0,18 1,40 ± 0,16 1,61 ± 0,1 1,27 ± 0,07 1,34 ± 0,06 1,41 ± 0,16
CeO
2
18,5 ± 0,7 18,0 ± 0,92 18,9 ± 0,8 17,5 ± 0,7 18,1 ± 0,4 18,1 ± 0,9
Fe
2
O
3
0,65 ± 0,05 0,84 ± 0,11 0,81 ± 0,16 0,77 ± 0,12 0,76 ± 0,13 0,78 ± 0,13
HfO
2
0,46 ± 0,06 0,44 ± 0,05 0,41 ± 0,04 0,46 ± 0,04 0,48 ± 0,04 0,45 ± 0,05
La
2
O
3
0,70 ± 0,04 0,70 ± 0,05 0,73 ± 0,07 0,69 ± 0,03 0,67 ± 0,03 0,70 ± 0,05
NiO
3,04 ± 0,28 3,09 ± 0,23 3,37 ± 0,05 2,93 ± 0,10 2,90 ± 0,13 3,07 ± 0,24
Pr
6
O
11
2,23 ± 0,14 2,11 ± 0,21 2,00 ± 0,17 2,15 ± 0,16 2,31 ± 0,12 2,15 ± 0,20
TiO
2
1,05 ± 0,05 1,33 ± 0,05 1,22 ± 0,13 1,25 ± 0,16 1,23 ± 0,17 1,23 ± 0,14
ZrO
2
28,5 ± 1,25 29,0 ± 2,1 26,7 ± 0,4 29,6 ± 0,4 30,3 ± 1,3 28,9 ± 1,8
G RSD (%)
Composto Meios Bordas A B C Global
Al
2
O
3
3,2 3,5 2,6 2,1 2,3 3,4
BaO
12,4 11,2 3,6 5,6 4,2 11,3
CeO
2
3,8 5,1 4,4 4,2 2,1 4,8
Fe
2
O
3
7,7 12,7 20,0 15,9 16,4 16,7
HfO
2
12,3 10,7 10,5 9,1 9,0 11,0
La
2
O
3
6,4 7,7 9,4 4,0 4,2 7,1
NiO
9,2 7,4 1,4 3,5 4,4 7,8
Pr
6
O
11
6,1 10,1 8,7 7,5 5,3 9,1
TiO
2
4,7 4,0 10,9 12,5 13,6 11,7
ZrO
2
4,4 7,1 1,5 1,3 4,2 6,2
63
Tabela IV.4 - Teores dos principais componentes do catalisador V determinados por FRX.
V Médias e desvios padrão
Composto
Meios
(A+B+C)
Bordas
(A+B+C)
A
(meio +
bordas)
B
(meio +
bordas)
C
(meio +
bordas)
Global
Al
2
O
3
44,6 ± 1,1 44,1 ± 1,2 45,0 ± 0,8 43,2 ± 0,6 44,4 ± 1,3 44,3 ± 1,1
BaO
5,43 ± 0,34 5,63 ± 0,43 5,57 ± 0,49 5,96 ± 0,09 5,40 ± 0,36 5,61 ± 0,42
CeO
2
19,8 ± 0,2 19,6 ± 0,5 19,7 ± 0,5 19,9 ± 0,2 19,9 ± 0,5 19,8 ± 0,4
Fe
2
O
3
0,66 ± 0,10 0,52 ± 0,11 0,61 ± 0,14 0,61 ± 0,10 0,51 ± 0,12 0,57 ± 0,11
HfO
2
0,23 ± 0,14 0,28 ± 0,05 0,22 ± 0,13 0,31 ± 0,06 0,26 ± 0,04 0,26 ± 0,05
La
2
O
3
0,11 ± 0,10 0,08 ± 0,10 0,07 ± 0,10 0,05 ± 0,11 0,11 ± 0,09 0,08 ± 0,09
NiO
1,47 ± 0,02 1,45 ± 0,03 1,46 ± 0,03 1,49 ± 0,02 1,46 ± 0,03 1,47 ± 0,03
Pr
6
O
11
1,05 ± 0,11 1,02 ± 0,08 1,02 ± 0,10 1,05 ± 0,08 1,07 ± 0,09 1,05 ± 0,09
SrO
0,16 ± 0,01 0,16 ± 0,02 0,15 ± 0,01 0,18 ± 0,01 0,16 ± 0,02 0,16 ± 0,01
TiO
2
1,56 ± 0,19 1,42 ± 0,13 1,60 ± 0,15 1,51 ± 0,05 1,33 ± 0,09 1,47 ± 0,13
ZrO
2
23,8 ± 0,9 23,8 ± 0,6 23,5 ± 0,5 24,4 ± 0,6 24,0 ± 0,7 23,9 ± 0,7
V RSD (%)
Composto Meios Bordas A B C Global
Al
2
O
3
2,5 2,7 1,7 1,3 2,8 2,5
BaO
6,3 7,7 8,8 1,5 6,6 7,4
CeO
2
1,0 2,7 2,6 1,2 2,4 2,2
Fe
2
O
3
14,6 21,4 22,3 16,1 24,3 20,1
HfO
2
60,3 19,2 60,0 19,2 16,4 20,5
La
2
O
3
91,4 123,5 137,2 200,0 78,0 112,4
NiO
1,1 2,1 1,9 1,2 1,9 1,9
Pr
6
O
11
10,7 7,9 10,0 7,2 8,6 8,6
SrO
8,9 9,4 6,8 6,8 9,8 9,1
TiO
2
11,9 9,2 9,6 3,5 6,8 9,1
ZrO
2
3,8 2,5 2,2 2,3 2,9 2,8
64
0.0
5.0
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
40.0
45.0
50.0
ABCABC
GV
Catalisador
Teor (%)
Al2O3
CeO2
ZrO2
Figura IV.1 - Comparação dos teores de Al
2
O
3
, CeO
2
e ZrO
2
nos catalisadores G e V determinados por FRX.
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
ABCABC
GV
Catalisador
CeO
2
/ CeO
2
+ ZrO
2
Figura IV.2 - Comparação dos catalisadores G e V quanto à proporção de CeO
2
em relação à de ZrO
2
determinados por FRX.
Comparando-se outros componentes presentes no catalisador, em menores teores
(Figura IV.3), confirma-se a homogeneidade observada entre entrada, meio e saída. Por outro
65
lado, uma análise conjunta, envolvendo os catalisadores G e V para esses elementos, já mostra
diferenças significativas. Na Figura IV.3 observa-se que o catalisador G contém La
2
O
3
enquanto o catalisador V praticamente não apresenta esse elemento. Por outro lado, o
catalisador V tem um teor importante de óxido de bário comparado ao catalisador G, mas
apresenta menos NiO e Pr
6
O
11
. Pelas Tabelas IV.3 e IV.4 observa-se ainda a presença de Sr
no catalisador V, bem como de Ti e Fe e Hf nos catalisadores G e V, mas em teores baixos.
Dessa forma, conclui-se que os catalisadores, individualmente são homogêneos,
apresentam composições semelhantes entre si no que se refere aos principais componentes (os
presentes em maiores quantidades), mas diferem no tipo e quantidade de aditivos utilizados.
Com relação ao teor de metais nobres, o item IV.1.2 apresentará os resultados baseado nas
análises de espectrometria de absorção atômica.
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
ABCABC
GV
Catalisador
Teor (%)
BaO
La2O3
NiO
Pr6O11
Figura IV.3 - Comparação dos teores de BaO, La
2
O
3
, NiO e Pr
6
O
11
nos catalisadores G e V determinados por
FRX.
66
IV.1.2. Espectrometria de Absorção Atômica
Conforme indicado pelos resultados anteriores, a técnica de FRX não é
suficientemente precisa para analisar teores baixos dos metais nobres, um dos principais
componentes da fase ativa do catalisador automotivo. Optou-se então pelo uso da técnica de
absorção atômica. Para tanto, foi feita a abertura das amostras, segundo metodologia
apresentada no item III-3.2. Os resultados são apresentados na Tabela IV.5. Observa-se que o
catalisador G apresenta apenas platina e ródio em sua composição, enquanto que o catalisador
V contém apenas paládio e ródio.
Tabela IV.5 - Teores de Pt, Pd e Rh dos catalisadores G e V determinados por absorção atômica.
Teor de Metal Nobre (mg/kg)
Catalisador Pt Pd Rh
G A1 NOVO
440 - 180
V A1 NOVO
- 1100 88
IV.1.3. Discussão dos resultados de análise química
Na literatura, são encontrados alguns trabalhos informando a composição química de
catalisadores comerciais. Martín
et al. (2003) verificaram os teores dos principais metais
presentes no
washcoat de catalisadores comerciais de Pd-Rh e Pt-Rh. Os teores de compostos
presentes em maior quantidade como Al e Zr estão relativamente próximos aos obtidos para
os catalisadores comerciais estudados neste trabalho. Com relação aos metais nobres, as
diferenças foram consideráveis. Os catalisadores comerciais à base de Pd/Rh e Pt/Rh estudados
por Martín
et al. (2003) apresentaram uma média de 6000 mk/kg de Pd e 180 mg/kg de Rh, 2000
mg/kg de Pt e 360 mg/kg de Rh, respectivamente.
Os teores dos demais elementos, incluindo a razão Ce/Zr, se mostraram diferentes,
tanto para os catalisadores de Pd quanto para os de Pt, comparados aos da literatura,
provavelmente, devido à origem diferente desses catalisadores e às necessidades associadas a
cada aplicação, o que inclui o veículo usado, o posicionamento do catalisador, o combustível,
entre outras particularidades. Essas diferenças mostram a complexidade de análise e
comparação de resultados entre diferentes catalisadores comerciais.
67
IV.2. Caracterização Textural: Fisissorção de N
2
As isotermas de adsorção obtidas para os catalisadores G e V novos e envelhecidos
são do tipo IV, típica de sólidos mesoporosos conforme classificação da IUPAC (Figueiredo e
Ribeiro, 1987).
As Tabelas IV.6 e IV.7 apresentam os resultados de área específica, volume e
diâmetro médio de poros, determinados pelo método BJH, para os catalisadores G e V
envelhecidos em tempos, atmosferas e temperaturas diferentes. Apresentam-se também os
dados dos catalisadores novos, colocados nas respectivas tabelas para facilitar a comparação.
Tabela IV.6 - Propriedades texturais do catalisador G.
Catalisador G
Tempo de
envelhecimento
(h)
Área
BET
(m
2
/g)
Volume de
Poros
(cm
3
/g)
Diâmetro
de Poros
(Ǻ)
NOVO 0 46 0,112 103
12 23 0,097 137 Envelhecido em
forno a 900
°C
108 23 0,099 146
12 0 n.d. n.d. Envelhecido em
mufla a 1200
°C
72 0 n.d. n.d.
n.d. – não detectado
Tabela IV.7 - Propriedades texturais do catalisador V.
Catalisador V
Tempo de
envelhecimento
(h)
Área
BET
(m
2
/g)
Volume de
Poros
(cm
3
/g)
Diâmetro
de Poros
(Ǻ)
NOVO 0 30 0,070 93
12 21 0,067 117 Envelhecido em
forno a 900
°C
108 18 0,059 125
12 1 0,0008 90 Envelhecido em
mufla a 1200
°C
72 0 n.d. n.d.
n.d. – não detectado
68
Esclarece-se que todos os resultados de área específica estão influenciados por um teor
significativo de cordierita que, apesar de dispor de uma área desprezível, interfere nos
resultados, pois estes são apresentados em área por grama de catalisador (fase ativa e suporte
de cordierita). Dessa forma, as áreas apresentadas não se referem apenas à fase ativa do
catalisador automotivo. No entanto, como o percentual de cordierita é o mesmo em ambos os
catalisadores, V e G, os valores de área específica podem ser comparados entre si.
Os resultados indicam que o envelhecimento térmico pode ser muito prejudicial à
textura do catalisador. Para a temperatura de 900ºC, as perdas observadas atingem 50% da
área inicial, para envelhecimentos de 108h, no caso do catalisador G e de 40%, no caso do
catalisador V. A Figura IV.4 apresenta a variação do volume e do diâmetro de poros nessas
condições. Observa-se (como esperado) que o diâmetro de poros aumenta com o tempo de
envelhecimento em condições estequiométricas a 900°C, enquanto o volume de poros diminui
(assim como a área).
0,05
0,07
0,09
0,11
0,13
012108
Tempo de envelhecimento a 900°C
Volume de poros (cm
3
/g)
50
70
90
110
130
150
170
Diâmetro de poros (Ǻ)
0,05
0,06
0,07
0,08
0 12 108
Tempo de envelhecimento a 900°C
Volume de poros
(cm
3
/g)
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Diâmetro de poros (Ǻ)
(a) (b)
Figura IV.4 - Comparação dos volumes e diâmetro de poro dos catalisadores (a) G e (b) V, novos e
envelhecidos.
Quando os catalisadores foram submetidos a uma temperatura mais drástica (1200ºC),
a textura do catalisador foi seriamente comprometida, mesmo por um período de exposição de
12h, com valores de área praticamente nulos.
Assim, o aumento da temperatura de envelhecimento de 900 para 1200°C e a mudança
da atmosfera para a condição oxidante implicou em perda praticamente total de área
específica.
As características texturais observadas podem ser justificadas quanto à composição e
tipos de envelhecimento empregados nos catalisadores G e V. A alumina, componente
majoritário do catalisador, atua como suporte para os óxidos do
washcoat por ter alta área
específica e boa estabilidade térmica. Ela é um dos principais componentes responsáveis pela
69
área específica, juntamente com os óxidos mistos de Ce/Zr que também estão em quantidades
superiores aos outros componentes.
A γ-Al
2
O
3
pura começa a sua transição para fases de menor área específica por volta
de 800°C, e só passa a α-Al
2
O
3
, fase não-porosa, acima de 1000ºC (PAGLIA, 2004; LASSI,
2003). Na presença de compostos como os óxidos mistos de Ce/Zr, o óxido de lantânio e o
óxido de bário, esta transição de fases é retardada, e ocorre a temperaturas mais altas (WU e
YANG, 2004; PIRAS, 2000; DING
et al., 2000; ISLI et al., 1997). Portanto, a manutenção de
parte da área específica original após envelhecimento ao forno a 900°C já era esperada.
O envelhecimento a 1200ºC em ar foi responsável pelo grande comprometimento da
estrutura porosa tanto do catalisador G como do V. Já após 12h de envelhecimento, a área
específica dos catalisadores G e V não foram detectadas. Estes valores, apesar de estarem
abaixo da precisão do equipamento (10 m
2
/g), são relatados para enfatizar o dano causado por
este tipo de envelhecimento. Como ainda foi possível observar uma isoterma com aspecto
semelhante ao das outras amostras do catalisador V, o que permitiu determinar o diâmetro de
poros deste catalisador, é provável que o catalisador V tenha resistido um pouco melhor ao
envelhecimento a 1200°C do que o catalisador G devido à presença de 5,6% de óxido de bário
que tem como uma de suas principais propriedades promover um aumento da estabilidade
térmica (ISLI
et al., 1997; KLINGSTEDT et al., 2001). Além disso, o catalisador V possui
óxido de estrôncio, que segundo Granados
et al. (2006), é um aditivo utilizado em
catalisadores automotivos para estabilizar as propriedades texturais da alumina. O catalisador
G, por outro lado, possui óxido de lantânio em sua composição, bem como óxido de bário,
mas em menor teor em relação ao usado no catalisador V (inferior a 2%).
IV.3. Caracterização Físico-Química
IV.3.1. Análise Térmica (TG/ATD)
Foram obtidos resultados de análise termogravimétrica (TG) e termodiferencial (ATD)
para os catalisadores G e V novos. Como o objetivo desta análise é acompanhar possíveis
transformações de fases e perdas de massa com a temperatura, a análise de amostras
envelhecidas, ou seja, que já foram submetidas a altas temperaturas, torna-se dispensável.
A Figura IV.5 apresenta uma comparação das curvas de TG para os catalisadores G e
V, que foram bem semelhantes. Há uma perda de massa bem pequena, porém mais acentuada
70
entre 50°C e 100°C, suavizando-se até 500°C e, finalmente, atingindo quase um patamar a
partir desta temperatura. Observa-se que o catalisador G perdeu aproximadamente 3,5% em
massa e o catalisador V perdeu um pouco mais de 4,0%.
A Figura IV.6 apresenta uma comparação das curvas de ATD para os catalisadores G
e V que, assim como as curvas de TG, foram semelhantes. Observa-se um pico endotérmico
para as duas amostras a 50°C, mais intenso para o catalisador G. Segundo Paglia (2004), a
presença desse pico endotérmico juntamente com a perda de massa até 450°C corresponde à
perda de água adsorvida na γ-Al
2
O
3
. De fato, o pico endotérmico do catalisador V é maior, e
este também apresentou uma maior perda de massa.
Além desse pico, os perfis de ATD dos catalisadores G e V indicam modificações
bastante suaves com o aumento da temperatura aplicada. Isto já era esperado, pois os
catalisadores são comerciais e, conforme observado, são constituídos por um conjunto extenso
de componentes que interagem entre si, dificultando a visualização de fenômenos individuais,
que naturalmente já são observados de forma sutil por essa técnica. Assim, podem-se notar
pequenas oscilações nas curvas de ATD, provavelmente indicando transições de fases, como
ocorre nos óxidos mistos de Ce/Zr e na alumina. A literatura nesse assunto, para catalisadores
automotivos é escassa, provavelmente pelas respostas muito sutis. Segundo Paglia (2004), o
pico suave, endotérmico, observado na Figura IV.6 a 950°C, deve-se à transição da alumina
para a fase θ.
95.5
96
96.5
97
97.5
98
98.5
99
99.5
100
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Temperatura (°C)
Massa (%)
TG G A1 NOVO
TG V A1 NOVO
Figura IV.5 - Curvas de TG para os catalisadores G A1 e V A1 novos.
71
-0.06
-0.05
-0.04
-0.03
-0.02
-0.01
0
0.01
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000
Temperatura (
o
C)
Temperatura Diferencial
G A1 NOVO
V A1 NOVO
Figura IV.6 - Curvas de ATD para os catalisadores G A1 e V A1 novos.
IV.3.2. Difração de Raios X (DRX)
As amostras dos catalisadores destinadas às análises de DRX, conforme descrito no item
III-3.4, foram trituradas sem haver nenhuma separação do
washcoat e da cordierita, de forma a
se ter controle sobre a composição das amostras. Por isso, houve muita interferência da matriz
de cordierita, que é cristalina e possui picos intensos em ângulos 2θ iguais ou semelhantes a
outros picos de componentes do
washcoat como os óxidos mistos de Ce/Zr e as diferentes fases
de transição da alumina. Apesar disso, ainda assim, é possível fazer inferências sobre a
formação de fases decorrentes do processo de envelhecimento térmico, através da comparação
dos difratogramas dos catalisadores novos e envelhecidos. Foram destacados apenas os picos de
difração que não se sobrepõem a outros ou que apresentaram evolução na intensidade ao longo
da exposição ao envelhecimento térmico.
Na Figura IV.7 são apresentados os difratogramas das amostras do catalisador G, novo e
envelhecido a 900°C, por 12 e 108 h, em condições estequiométricas , bem como o difratograma da
cordierita pura, segundo Martín
et al. (2003). Como se pode observar, o difratograma do catalisador
novo se assemelha muito ao da cordierita pura. O envelhecimento nessas condições não mostrou
nenhuma diferença entre esses difratogramas, indicando que este tipo de envelhecimento no
catalisador G não causou transformações de fases visíveis por DRX.
72
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
5 10152025303540455055606570
2
θ
I (u.a.)
G A1 NOVO
G A3 900 12h
G A5 900 108h
Figura IV.7 - DRX do catalisador G novo e envelhecido a 900°C, em condições estequiométricas. Difratograma
em preto acima: cordierita pura (Martín et al., 2003).
Na Figura IV.8 são apresentados os difratogramas do catalisador G novo e
envelhecido a 1200°C em mufla. Nota-se que mesmo após 12h de envelhecimento foi
possível identificar indícios do aparecimento das fases de transição δ (32° e 45°), θ (37°) e α
(26°, 57,5° e 68°) da alumina, de acordo com Wu e Yang (2004) e Iglesias-Juez
et al. (2004).
Os picos marcados como
y se referem a uma fase do óxido misto rica em Zr, de acordo
com Bozo
et al. (2001). Desta forma, parece que ocorreu uma segregação de fases de soluções
sólidas de Ce/Zr após envelhecimento a 1200°C, com o aparecimento de picos referentes à
fase tetragonal (rica em Zr), que aumenta de intensidade com o aumento do tempo de
envelhecimento a 1200°C. Esses picos ocorreram nos seguintes ângulos 2θ: 30°, 35°, 50° e
60°, aproximadamente. Ainda se observa um pico a 49° que pode ser referente a uma fase de
óxido misto, rica em Ce, designada por
z. Segundo Bozo et al. (2001), esta fase seria a Ce
-
0,83
Zr
0,17
O
2
. Esse fenômeno é esperado conforme relatado por vários pesquisadores (BOZO et
al.
, 2001; KENEVEY et al., 2001; YASHIMA et al., 1994).
73
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
5 10152025303540455055606570
2
θ
I (u.a.)
G A1 NOVO
G C3 1200 12h
G C5 1200 72h
α
y
y
δ
θ
δ
z
α
y
y
α
Figura IV.8 - DRX do catalisador G novo e envelhecido a 1200°C em condições oxidantes. y- fase rica em Zr segundo
(LARESE et al., 2003) e z- fase rica em Ce (Bozo et al., 2001).
Na Figura IV.9, ampliou-se a escala para o intervalo de 2θ de 25° a 35°, permitindo
uma melhor visualização dos vários picos presentes nesta faixa. Agora, de forma mais clara,
nota-se que com o prolongamento do envelhecimento a 1200°C, ocorre a sinterização do
óxido misto de Ce/Zr. A fase intermediária designada como
t a 29,5°, que segundo Bozo et al.
(2001), é o óxido misto de composição Ce
0,47
Zr
0,53
O
2
, dá lugar a outras duas fases
anteriormente comentadas: uma rica em cério (
z), com o aparecimento de um novo pico a 29°
após 72h de envelhecimento, e outra rica em Zr (
y).
Um processo semelhante de transição de fases ocorre para o catalisador V, mas com
indícios dessa transição já no próprio catalisador novo, como pode ser notado através da
Figura IV.10. O difratograma do catalisador V novo também se assemelha muito ao da
cordierita pura (MARTÍN
et al., 2003), porém, quando comparado ao catalisador G novo, o V
já apresenta um ombro a 30°, provavelmente referente à fase rica em Zr. Além disso,
apresenta um pico a aproximadamente 24°, referente à fase Zr
2
O
3
tetragonal, segundo Larese
at al. (2003). Como mostrado na Figura IV.2, o catalisador V tem em torno de 45% de CeO
2
e
55% de ZrO
2
. Como foi encontrado indícios de óxido de zircônio tetragonal, então é provável
que nem todo o teor de zircônio tenha sido inserido na estrutura do óxido de cério durante o
preparo, resultando assim, numa solução sólida Ce/Zr com um teor de CeO
2
maior que 45%.
74
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
2
θ
I (u.a.)
G A1 NOVO
G C3 1200 12h
G C5 1200 72h
α
z
t
y
δ
Figura IV.9 - DRX ampliado na faixa de 25-35 2θ para o catalisador G novo e envelhecido a 1200°C em
condições oxidantes. y- fase rica em Zr segundo Larese et al. (2003), t- fase Ce/Zr intermediária
e z- fase rica em Ce segundo Bozo et al. (2001).
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
5 10152025303540455055606570
2
θ
I (ua)
V A1 NOVO
V A3 900 12h
V A5 900 108h
x
y
Figura IV.10 - DRX do catalisador V novo e envelhecido a 900°C em condições estequiométricas. y- fase rica
em Zr e x- fase Zr
2
O
3
tetragonal (LARESE et al. (2003).
75
O envelhecimento a 900°C em condições estequiométricas, assim como para o
catalisador G, não causou diferenças significativas nas fases cristalinas presentes (Figura
IV.10).
A Figura IV.11 mostra que o envelhecimento do catalisador V em mufla a 1200°C
aumentou a incidência de picos das fases da alumina nos difratogramas, mais do que
observado para o catalisador G. Detectaram-se picos da θ-Al
2
O
3
a 33,5° e 37°, da δ-Al
2
O
3
a
32° e 45° e picos da α-Al
2
O
3
a 25,5°, 57,5° e 68°. Além dos picos encontrados relativos à fase
y (rica em Zr) no catalisador G, o catalisador V ainda apresentou o pico a 57,5°, que também
pode ser atribuído a esta fase. Foi também observado um pico a 29°, referente à fase
z (rica
em Ce), e outro a 29,5° referente à fase intermediária designada de t, de provável composição
Ce
0,47
Zr
0,53
O
2
, segundo (BOZO et al., 2001).
Figura IV.11 - DRX do catalisador V novo e envelhecido a 1200°C em condições oxidantes. y- fase rica em Zr e
x- fase Zr
2
O
3
tetragonal, segundo Larese et al. (2003). z- fase rica em Ce segundo Bozo et al.
(2001).
A ampliação da escala de 2θ entre 25° e 35° (Figura IV.12) possibilitou, para ambos
os catalisadores, a observação do processo de sinterização do óxido misto, mostrando o
aparecimento, após 12h de envelhecimento, da fase rica em Ce (
z). Aparentemente, o
catalisador V sofreu mais intensamente o processo de envelhecimento, tanto a 900 como a
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
5 10152025303540455055606570
2θ
I (ua)
V A1 NOVO
V C3 1200 12h
V C5 1200 72h
x
α
y
y
y
y
y
δ
θ
θ
δ
z
α
α
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
5 10152025303540455055606570
2θ
I (ua)
V A1 NOVO
V C3 1200 12h
V C5 1200 72h
x
α
y
y
y
y
y
δ
θ
θ
δ
z
α
α
76
1200°C, comparado ao catalisador G, pois se observa melhor o aparecimento de fases
cristalinas típicas da ocorrência de sinterização do
washcoat.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
2
θ
I (u.a.)
V A1 NOVO
V C3 1200 12h
V C5 1200 72h
α
z
t
y
y
θ
δ
Figura IV.12 - DRX ampliado na faixa de 25-35 2θ para o catalisador V novo e envelhecido a 1200°C em
condições oxidantes. y- fase rica em Zr segundo Larese et al. (2003), t- fase Ce/Zr intermediária
e z- fase rica em Ce segundo Bozo et al. (2001).
Nas Figuras IV.9 e IV.12 é apresentada a evolução de picos relativos a 2θ entre 29° e
30°, que representa a sinterização ou, como muitas vezes chamado na literatura, o
demixing
(separação de fases) do óxido misto de Ce/Zr. Segundo vários autores, a composição
Ce
0,5
Zr
0,5
O
2
quando submetida a tratamento térmico em condições oxidantes, sinteriza, dando
origem a duas outras fases, uma rica em cério e outra rica em zircônio (COLON
et al., 1999;
KENEVEY
et al. 2001; BOZO, 2001).
Os difratogramas dos catalisadores novos mostraram a presença de um pico em 29,5°,
que se refere à fase designada como
t nesta tese, por ser uma fase de transição entre a y (rica
em Zr) e a
z (rica em Ce). De acordo com Bozo et al. (2001), esta fase corresponde ao óxido
misto de composição Ce
0,47
Zr
0,53
O
2
. Embora a 29,5° haja a ocorrência de um pico da
cordierita, a variação de intensidade desse pico ao longo do envelhecimento (Figuras IV.9 e
IV.12) é marcante, evidenciando a existência do óxido misto em questão. O fato é que esta
composição é bem semelhante àquela citada na literatura (Ce
0,5
Zr
0,5
O
2
), cujos estudos
indicaram o seu
demixing em fases ricas em Ce e ricas em Zr. Portanto, há fortes indícios de
que foi utilizada uma composição de óxido misto com aproximadamente 50% em Ce nos dois
77
catalisadores comerciais estudados (G e V), e que a referida separação de fases ocorreu no
envelhecimento a 1200°C em atmosfera oxidante.
A comparação dos difratogramas dos catalisadores G e V envelhecidos a 1200°C não
mostra diferenças marcantes. Considerando-se que a cordierita estava presente, a
possibilidade de visualização dos picos da alumina indica que o envelhecimento oxidante a
1200°C provocou sinterização em grande extensão para ambos os catalisadores (Figuras IV.8
e IV.11). Porém, foi possível observar picos mais intensos relativos às fases de óxido misto,
geradas através do processo de
demixing, além de maior visibilidade de picos relativos às
fases de transição da γ-Al
2
O
3
para o catalisador V. Além disso, os resultados de análise
térmica do catalisador V mostraram um pico endotérmico na faixa de temperatura de transição
da θ-Al
2
O
3
, corroborando os resultados de DRX, onde esta fase foi melhor observada para o
catalisador V (Figura IV.6).
Não foi encontrado nenhum indício da existência de CeAlO
3
nos difratogramas
apresentados. Segundo Larese
et al. (2003), a presença de Zr previne a reação do Ce
+3
com a
alumina, evitando a formação do aluminato de cério. De fato, Yue
et al. (2005), que
prepararam catalisadores de Ce
x
Zr
1-x
O
2
/Al
2
O
3
com diferentes teores de Zr no óxido misto,
também não observaram a formação de CeAlO
3
nas amostras calcinadas a 1000°C por 2h.
Também não foi possível visualizar picos da γ-Al
2
O
3
nos catalisadores novos. O
difratograma da γ-Al
2
O
3
pura pode ser visto em Paglia (2004).
IV.3.3. Redução à temperatura programada (RTP)
Os perfis de consumo de hidrogênio obtidos com o aumento da temperatura permitem
inferências com relação às características oxirredutoras das amostras. Conforme descrito no
item III.3.8, a técnica de RTP foi utilizada, para os catalisadores novos e envelhecidos, com o
objetivo de se analisar as conseqüências de envelhecimentos em temperaturas elevadas.
É importante enfatizar que, quando se estudam catalisadores comerciais, uma atribuição
definitiva de cada pico de RTP não é direta como em muitos casos onde o estudo é baseado em
catalisadores modelo, ou seja, quando se tem um domínio maior sobre os possíveis fenômenos que
estão ocorrendo, observação esta também citada em Larese
et al. (2003).
As Figuras IV.13 e IV.14 apresentam os perfis de RTP dos catalisadores G e V, novos
e envelhecidos a 900°C em condições estequiométricas.
78
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Temperatura (°C)
Consumo de H
2
(
μ
mol H/g)
G A1 novo
G A3 900 12h
G A5 900 108h
Figura IV.13 - Perfis de RTP para o catalisador comercial G novo e envelhecido a 900°C em condições
estequiométricas.
-1
2
5
8
11
14
20 60 100 140 180 220 260 300 340 380 420 460 500
Temperatura (°C)
Consumo de H
2
(
μ
mol H/g)
V A1 novo
V A5 900 108h
V A3 900 12h
Figura IV.14 - Perfis de RTP para o catalisador comercial V novo e envelhecido a 900°C em condições
estequiométricas.
79
Segundo a literatura, os metais nobres normalmente são reduzidos a baixas
temperaturas (ROGEMOND
et al., 1997; WU et al., 2005; CHEN et al., 2005). No caso
específico deste trabalho, visando avaliar se apenas os metais estavam sendo reduzidos nesse
estágio da RTP, foi feita a decomposição dos perfis, conforme apresentado nas Figuras IV.15
e IV.16 para os catalisadores G e V, respectivamente. O consumo de hidrogênio referente a
cada pico numerado foi obtido através da integração dos mesmos e está indicado na Tabela
IV.8.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
0
10
20
30
40
50
4
3
2
1
Taxa (μmol H/g.min)
Tempo (s)
Figura IV.15 - Decomposição dos picos do perfil de RTP do catalisador G A1 NOVO.
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
0
5
10
15
20
25
30
35
5
4
3
2
1
Taxa (μmol H/g.min)
Tempo (s)
Figura IV.16 - Decomposição dos picos do perfil de RTP do catalisador V A1 NOVO.
80
Tabela IV.8 - Consumos de H
2
de cada pico obtido a partir da decomposição dos perfis de RTP dos
catalisadores G e V A1 NOVOS (Figuras IV.15 e IV.16).
Consumo de H
2
(μmol H/g)
Temperatura
(°C)
Catalisador G Catalisador V
92-93 (1°) 12 60
124 (2°) 64
136 (2°) 66
153 (3°) 87
241 (3°) 25
343 (4°) 37
382 (4°) 217
504 (5°) 6
Para o catalisador V, nota-se que o primeiro (e grande) pico a baixa temperatura
(93°C) não está associado apenas à redução dos óxidos dos metais nobres (PdO e Rh
2
O
3
),
uma vez que o consumo de H
2
para a redução dos mesmos, ou seja, 23 μmol H/g, calculado
com base nos teores desses metais determinados por análise química, é muito inferior ao valor
obtido pela integração (60 μmol H/g). Dessa forma, sugere-se que os picos a baixas
temperaturas estejam associados à redução concomitante de metais do grupo da platina e do
Ce
+4
a Ce
+3
, conforme também comentado por Larese et al. (2003).
Lambrou
et al. (2004) também encontraram dois picos na faixa de 25-200°C em um
catalisador comercial de Pd/Rh, mas atribuíram o primeiro, centrado em 77°C, à redução do
óxido de ródio. O segundo, maior, centrado em 125°C, foi atribuído à redução de óxidos de
paládio. Não houve quantificação desses picos e, portanto, é possível que também estejam
envolvendo a redução de outras espécies, por exemplo, do cério.
Para o catalisador G, analisando-se da mesma forma que o catalisador V, ou seja,
atribuindo todo o consumo do primeiro (e pequeno) pico (92°C) à redução dos metais nobres,
obteve-se um valor relativamente coerente (12 μmol H/g) bem próximo à quantidade de H
2
necessária para a redução dos óxidos dos metais nobres (14 μmoles H/g). Nesse cálculo
considerou-se que as espécies iniciais eram PtO
2
e Rh
2
O
3
, devido à etapa de oxidação
realizada anteriormente a RTP. Segundo Rogemond
et al. (1997), na etapa de oxidação há a
formação preferencial de PtO e Rh
2
O
3
, o que acarretaria em 10 μmoles H/g necessários para a
redução da fase ativa do catalisador G. Ainda assim, essas quantidades são próximas.
81
Entretanto, como verificado para o V, no catalisador G, além do pico em 93°C
também foi observado outro pico a baixa temperatura (153°C). Segundo Fornasiero
et al.
(2003), a redução de óxidos de Pt como PtO e PtO
2
ocorre a 50°C e 100°C, respectivamente, e
podem justificar o pico a 92°C, mas também podem ser atribuídos ao ródio como citado por
Lambrou
et al. (2004). Além disso, Fan et al. (2005) observaram o pico em 153ºC e
atribuíram o mesmo a uma provável redução de óxido de platina. Assim, ambos os picos
podem estar associados à redução dos metais nobres além de englobarem a redução
simultânea de cério.
Essa capacidade dos metais nobres de antecipar a redução do cério está associada ao
efeito de espalhamento do H
2
a partir do metal em direção ao suporte de Ce/Zr, facilitando a
sua redução (WU
et al., 2005; ROGEMOND et al., 1997; FAN et al., 2005; CHEN et al.,
2005). A presença de picos em maior número e de menor área, também localizados a
baixas/médias temperaturas, pode sugerir a existência de mais de uma fase de óxido misto de
diferente estequiometria sendo reduzida.
Já que ambos os catalisadores contém NiO, foi considerada a hipótese de haver
redução deste óxido abaixo de 500ºC. Resultados de RTP de Takeguchi
et al. (2001), obtidos
a partir de catalisadores à base de NiO/CeO
2
-ZrO
2
, confirmaram a ocorrência de picos de
redução do NiO após 250°C. Portanto esta redução pode estar ocorrendo simultaneamente à
redução dos outros óxidos.
Os picos de redução observados para os catalisadores G e V a temperaturas mais altas
(acima de 340°C) provavelmente são relativos à redução dos óxidos mistos. Estes picos
ocorrem a temperaturas mais altas que as observadas quando em presença de metais nobres. A
redução destes óxidos, puros ou suportados em alumina, ocorre a temperaturas maiores que
400°C (FORNASIERO
et al., 1996b; WU et al., 2005; VIDAL et al., 2000; FALLY et al.,
2000).
No entanto, é importante comentar que Koslov et al (2002), estudando Ce
0,45
Zr
0,55
O
2
suportado em alumina preparado por um método sol gel modificado, observaram que mesmo
em um sistema ausente de metais nobres ocorreu um consumo de hidrogênio durante a RTP, a
320°C. Esse fenômeno foi atribuído à segregação de uma pequena fração de Ce
3+
a partir do
óxido misto em redução e a subseqüente formação de uma fase rica em cério, finamente
dispersa na superfície do óxido misto sob reoxidação. Esse fato foi observado somente
quando o CeO
2
-ZrO
2
estava suportado em alumina, uma vez que esta foi capaz de estabilizar
as partículas de óxido misto durante tratamentos térmicos severos.
82
Para os catalisadores submetidos a envelhecimento térmico (Figuras IV.13 e IV.14),
nota-se que o perfil varia com o grau de envelhecimento, em termos de tempo de exposição e
temperatura.
Para o catalisador V (Figura IV.14), no início da RTP, observa-se a presença de um pico
negativo na temperatura de 65°C após envelhecimento a 900ºC em meio estequiométrico. Esse
fenômeno também foi observado por Ferrer
et al. (2005) a 77°C, e atribuído à decomposição do
β-hidreto de paládio. Esse fenômeno também foi verificado por outros autores (OSKAN
et al.,
1998; CHEN
et al., 2005; YUE et al., 2005). Este argumento é suportado pelo fato de que o
catalisador G, à base de Pt, não apresentou picos negativos ao longo de seus perfis de RTP. É
provável que os hidretos de Pd tenham sido formados durante a realização da RTP. Segundo
Chen
et al. (2005), durante a RTP, algumas moléculas de H
2
são dissociadas sobre cristais de
Pd
0
. Essas espécies são então adsorvidas no paládio metálico, formando uma fase de hidreto
de paládio, que se torna instável quando a temperatura atinge ao redor de 100°C, e se
decompõe a H
2
molecular, produzindo o pico negativo.
Os hidretos de paládio também podem ter sido formados durante o envelhecimento
dos catalisadores, pois este ocorreu sob atmosfera estequiométrica, na qual H
2
estava presente.
Os catalisadores V expostos ao envelhecimento oxidante não apresentaram picos de RTP
negativos.
A continuidade da análise de RTP mostrou que, mantendo-se a temperatura constante,
um aumento no tempo de envelhecimento, na maioria dos casos, promoveu um deslocamento
dos picos de redução para temperaturas mais altas, como observado nas Figuras IV.13 e
IV.14, com base nos perfis dos catalisadores V e G envelhecidos a 900°C sob condições
estequiométricas. O catalisador G apresentou picos mais finos e melhor definidos do que
aqueles obtidos para o catalisador V. Com o aumento do tempo de envelhecimento, no caso
do catalisador G, o primeiro pico foi deslocado para uma temperatura de redução mais alta, o
que não foi observado para o segundo mais largo. A forma dos picos não se altera com o
tempo de envelhecimento, dando indícios de que a estrutura do catalisador G é mais estável,
ou seja, talvez essa temperatura de envelhecimento não seja suficiente para causar interações
significativas entre os componentes do
washcoat. Apesar das diferenças, para ambos os
catalisadores, houve um deslocamento da maioria dos picos para temperaturas mais elevadas
em relação aos novos, além de uma diminuição na quantidade e na área dos picos, indicando
que as partículas estão mais sinterizadas e, portanto, mais difíceis de serem reduzidas.
Esse fenômeno também foi verificado por Lambrou
et al. (2004), no estudo de
catalisadores comerciais à base de Pd/Rh. A diminuição dos picos acompanhada de um
83
alargamento dos mesmos que, segundo os autores, pode indicar a redução de espécies
formadas por interações entre metais e suporte, resultantes do envelhecimento térmico.
Fornasiero
et al. (2003) estudando catalisadores de Pt suportada em Ce
0,6
Zr
0,4
O
2
/Al
2
O
3
submetido a um envelhecimento oxidante a 1000ºC, também observaram um deslocamento
dos picos de RTP para temperaturas mais altas, em comparação à amostra original, diferente
do observado quando a oxidação era feita em temperaturas mais baixas (até 427ºC) quando se
observava uma antecipação da redução, provavelmente devido ao processo de espalhamento
de H
2
. Segundo os autores, é possível que tenha ocorrido a formação de óxido de platina
mássico, que se reduz com dificuldade. Além disso, a interação entre partículas metálicas e os
átomos de oxigênio do CeO
2
-ZrO
2
pode ter gerado uma fase difícil de ser reduzida, como as
espécies Pt-O-Ce que, somada a alguma desidroxilação da superfície, levaram à perda na
capacidade de redução das amostras. Assim esses fenômenos devem, também, justificar as
alterações observadas nos perfis dos catalisadores envelhecidos a 900°C que, resumidamente,
envolvem a redução de espécies formadas pelo aumento da temperatura.
Nas Figuras IV.17 e IV.18 são apresentados os perfis de RTP para os mesmos catalisadores, V
e G, respectivamente, após terem sido submetidos a um envelhecimento a 1200ºC, sob atmosfera
oxidante.
Nota-se que eles evidenciam um envelhecimento muito mais drástico que o observado
a 900ºC. A redução das amostras envelhecidas somente teve início acima de 200°C e não se
observaram picos definidos.
Comportamento semelhante foi observado por Lambrou
et al. (2004) quando analisou
por RTP um catalisador comercial envelhecido em veículo após rodar 56.000 km, ou seja,
ausência de pico de redução a baixas temperaturas apresentando um perfil de consumo de H
2
disperso ao longo da rampa de temperatura.
No caso do catalisador V (Figura IV.18), também foi observado que os perfis para os
catalisadores envelhecidos por 12 e 72 horas foram bastante semelhantes, mostrando que após 12h
de envelhecimento até 72h, as características redox do catalisador V não foram muito alteradas.
Para o catalisador G (Figura IV.17), observou-se claramente que este tipo de
envelhecimento comprometeu significativamente suas propriedades oxirredutoras. Nota-se
um perfil bem disperso após envelhecimento por 12h, centralizado em 283°C, semelhante ao
observado para o catalisador V. Após 72h de envelhecimento, no entanto, o perfil alterou-se
significativamente, a redução teve início a uma temperatura mais elevada, aproximadamente,
100°C acima da observada para o catalisador envelhecido por 12h a 1200°C.
84
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500
Temperatura (°C)
Consumo de H
2
(mmol H/g)
G C3 1200 12h
G C5 1200 72h
G A1 NOVO
Figura IV.17 - Perfis de RTP para o catalisador comercial G novo e envelhecido a 1200°C em condições
oxidantes.
Dessa forma, o catalisador V envelhecido nas mesmas condições que o G,
aparentemente, suportou melhor o envelhecimento a 1200°C sob condições oxidantes.
Os consumos totais de H
2
obtidos através da RTP até 500°C das amostras dos
catalisadores comerciais novos e envelhecidos encontram-se na Tabelas IV.9.
85
-1
2
5
8
11
14
20 60 100 140 180 220 260 300 340 380 420 460 500
Temperatura (°C)
Consumo de H
2
(mmol H/g)
V A1 NOVO
V C3 1200 12h
V C5 1200 72h
Figura IV.18 - Perfis de RTP para o catalisador comercial V novo e envelhecido a 1200°C em condições
oxidantes.
Tabela IV.9 - Consumos totais de H
2
durante a RTP até 500°C para os catalisadores comerciais G e V.
Forno a 900°C em condições
estequiométricas
Mufla a 1200°C em ar
Tempo de
Envelhecimento
(h)
G
(μmol/g)
V
(μmol/g)
G
(μmol/g)
V
(μmol/g)
NOVO 408 191 408 191
12 280 152 119 112
72 - - 72 96
108 248 127 - -
Da tabela anterior, observou-se que o catalisador G novo apresentou um consumo total
de H
2
bem superior ao catalisador V novo (um pouco mais que o dobro). Nota-se, através da
análise das Figuras IV.15 e IV.16, que o catalisador G novo apresenta seus picos de redução
ocorrendo a temperaturas mais altas que aquelas referentes aos picos de redução do
catalisador V, indicando, por exemplo, que os compostos em G estão em maior interação com
o suporte. Este fato continua a ser observado nos perfis de RTP quando ambos são
envelhecidos a 900ºC, em condições estequiométricas. Um envelhecimento mais drástico,
86
como o realizado a 1200°C em atmosfera oxidante, mostrou que o catalisador G sofre uma
maior perda em suas propriedades oxirredutoras. A queda do consumo de H
2
após
envelhecimento oxidante a 1200°C por 12h – foi superior a 70%. O envelhecimento nessas
mesmas condições, por um tempo seis vezes maior, 72h, reduziu em mais 40% o consumo de
H
2
. O envelhecimento a 900°C afetou menos as propriedades dos catalisadores. Após 12h
nessa temperatura o consumo de hidrogênio caiu em 31% e após outras 96 h, completando as
108 h, resultou em uma queda de 11%.
O catalisador V, apesar de não apresentar um consumo total de H
2
tão significativo
quando novo, foi capaz de manter melhor suas propriedades redox tanto ao longo do
envelhecimento em forno, quanto em mufla. Após o envelhecimento de 12 h a 900°C perdeu
aproximadamente 21% da sua capacidade de redução e, após 108h de envelhecimento na
mesma temperatura, a perda em relação ao catalisador envelhecido por 12 h também foi de 12
%. No envelhecimento mais drástico, realizado a 1200°C, nas primeiras 12 h observou-se uma
queda na capacidade de redução de 42 %, aproximadamente; as 60 h posteriores ocasionaram
uma diminuição extra de 8%.
Assim, pelos resultados de RTP, pode-se observar que a capacidade oxirredutora do
catalisador G apresenta-se, aparentemente, mais vulnerável ao efeito da temperatura que o
catalisador V.
Esses resultados estão de acordo com os obtidos no estudo textural, onde foi possível
verificar que o catalisador V novo, apesar de apresentar-se com menor área apresentou
indícios de ter suportado melhor o envelhecimento a altas temperaturas, uma vez que sua área
diminuiu proporcionalmente menos quando comparada a do catalisador G, nas mesmas
condições.
IV.3.4. Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectroscopia de Energia
Dispersiva de Raios X (MEV-EDX)
Os resultados obtidos por MEV-EDX serão apresentados inicialmente para os
catalisadores novos e, em seguida, serão analisados os resultados relativos aos catalisadores
envelhecidos. Apesar de comentados, esclarece-se que nem todos os resultados de MEV e
EDX foram apresentados, apenas os mais relevantes.
Nas Figuras IV.19, IV.20 e IV.21 mostram-se as micrografias do catalisador G A1
NOVO. Este catalisador apresentou Ce (ponto 1, Figura IV.20a), Zr (Figura IV.20b), Al
87
(ponto 3, Figura IV.20a) e partículas contendo outras espécies de terras-raras como Pr e Nd,
além de Hf (Figura IV.20c). Pode-se notar claramente a presença de Ni (Figura IV.21b), e
muitos pontos contendo Ce, Zr e Al (Figura IV.21c). Não se observou Pt aglomerada.
Nas Figuras IV.22, IV.23 e IV.24 mostram-se as micrografias do catalisador V A1
NOVO. Podem-se notar diferenças marcantes entre os catalisadores G e V. O
washcoat do
catalisador V parece ser composto de camadas diferentes, como visto na Figura IV.24a.
Observa-se pelas tonalidades presentes e pela análise de EDX que a camada interna contém os
componentes do
washcoat em geral, e a camada externa contém principalmente alumina. Uma
possível explicação seria sua utilização para minimizar o contato do
washcoat com o fluxo de
gás a temperaturas muito elevadas. Ainda com relação à presença de duas camadas de
washcoat no catalisador automotivo, há na literatura uma patente (em HAYES et al., 2001)
que descreve o uso de uma barreira de difusão para limitar o superaquecimento ocorrido em
reações de oxidação. Isso se justifica uma vez que o PdO é o catalisador mais ativo em
reações de oxidação de hidrocarbonetos, conforme comentado anteriormente item II.2.3,
entretanto, em temperaturas superiores a 750°C, ele se decompõe formando Pd metálico
(NEYESTANAKI
et al., 2004). Tendo em conta que a oxidação de hidrocarbonetos e do CO
são exotérmicas, a questão do superaquecimento pode ser um problema crítico para os
catalisadores automotivos a base paládio. Assim, foi proposta a utilização de uma barreira que
consiste de uma camada porosa de material inerte que, de acordo com os autores, pode ser de
γ-Al
2
O
3
, sílica, titânia ou zircônia. Essa barreira tem a função de regular a velocidade das
reações de oxidação evitando um superaquecimento do catalisador. Foi constatado que uma
camada muito fina já é suficiente para reduzir significativamente a taxa de reação, e este
procedimento pode efetivamente regular o aumento de temperatura em momentos em que há
altas concentrações de hidrocarbonetos e CO na operação do catalisador.
Segundo Farrauto e Heck (1999), outra explicação para a existência de duas camadas
no
washcoat do catalisador V seria a aplicação de uma tecnologia de separação das fases
ativas para se atingir um maior desempenho na conversão dos diferentes poluentes. Segundo
estes pesquisadores, a aplicação de Pd, promotores e estabilizantes na camada superior
promoveria a redução dos NO
x
e oxidação dos HC. A presença de Pd, estabilizantes e óxidos
de Ce/Zr na camada inferior favorecem um aumento da OSC e a oxidação de CO.
Também foi detectada a presença de uma grande partícula de Pd na Figura IV.23a,
confirmada pela análise por EDX (Figura IV.23b), em meio a partículas de Ce, Zr e Ni. O
catalisador G mostrou ter o
washcoat mais homogêneo.
88
Após envelhecimento por 12h no forno a 900
o
C, não se observaram diferenças
significativas na estrutura física e química de nenhum dos catalisadores, por isso, as
micrografias não foram apresentadas.
Nas Figuras IV.25, IV.26 e IV.27 mostram-se as micrografias do catalisador G A5
108h. Nas Figuras IV.25a e IV.25b observa-se que a estrutura do catalisador G foi preservada,
mesmo após envelhecimento a 900°C por 108h em condições estequiométricas. A análise
química de alguns pontos do
washcoat deste catalisador (Figura IV.26a) revela a presença de
partículas de cério (Figura IV.26b) e de cério e zircônio (Figura IV.26c).
Uma visão de um outro ponto do catalisador G A5 900 108h (Figura IV.27a) revelou
uma aparente segregação de componentes do
washcoat, possivelmente decorrente do desgaste
causado pelo envelhecimento, já que este fenômeno não foi observado no catalisador G A1
NOVO. A análise química das áreas delimitadas por retângulos (Figura IV.27a) pertencentes
a estas camadas, revelou as diferentes composições químicas presentes. Na camada mais
interna, há a predominância de Ce e Zr, este último em maior quantidade; na camada mais
externa aparentemente predomina Ce.
Nas Figuras IV.28, IV.29, IV.30 e IV.31 apresentam-se as micrografias feitas do
catalisador V, depois de envelhecido por 108 h no forno a 900°C. Nota-se, pela Figura IV.28,
que as duas fases já observadas no catalisador V (novo) tornaram-se mais definidas e nítidas.
Nas Figuras IV.29a e IV.29b verifica-se a presença de Ni aglomerado, marcada pelo ponto 2.
Observa-se em todas as micrografias que a estrutura do catalisador V se manteve, apesar de se
observar uma tendência à aglomeração das partículas. Por exemplo, as Figuras IV.30a e
IV.31a, mostraram a formação de núcleos de Pd sobre a matriz de Ce, Zr e Al em vários
pontos do catalisador. Isto pode ser comprovado através das análises por EDX mostradas nas
Figuras IV.30a, IV.30b e IV.31b. Enfatiza-se que, apesar de uma busca intensa em várias
posições do catalisador G A5 900 108h, como realizado para o catalisador V, não se observou
Pt aglomerada.
Os catalisadores tratados por 12h a 1200°C, apesar de terem sido submetidos a um
envelhecimento mais drástico que aqueles envelhecidos a 900°C, não apresentaram mudanças
estruturais e químicas perceptíveis pela análise de MEV-EDX. Por isso, suas micrografias
também não foram apresentadas.
As Figuras IV.32, IV.33, IV.34 e IV.35 apresentam as micrografias do catalisador G
C5 1200 72h. A Figura IV.32 mostra uma estrutura bem mais danificada pelo envelhecimento
térmico a 1200ºC, em condições oxidantes, quando comparada ao catalisador G A5 900 108h,
envelhecido em condições estequiométricas. São observadas várias regiões onde ocorreu o
89
descolamento do
washcoat dos canalículos. Na Figura IV.33a, feita com aumento superior ao
utilizado na Figura IV.32, observa-se o impacto da temperatura elevada no
washcoat que,
nesse ponto particular, se apresenta quase que totalmente descolado do suporte de cordierita.
O ponto 1, indicado na Figura IV.33b, apresenta uma composição rica em Ce e Zr. Na Figura
IV.34a indica-se um outro ponto do
washcoat, que também apresentou regiões mais claras
ricas em Ce e Zr (ponto 1 – Figura IV.34b) e regiões mais acinzentadas ricas em Al (ponto 2 –
Figura IV.34c). Não se observou a presença de aglomerados de platina.
Da mesma forma que o catalisador G A5 900 108h, o G C5 1200 72h também
apresentou composições químicas diferenciadas ao longo da espessura do
washcoat. Na
Figura IV.35a mostram-se os pontos 1 e 2 com áreas delimitadas por retângulos que
forneceram resultados de teores de metais diferenciados. O ponto 1, parte interna do
washcoat, representado pela Figura IV.35b, é rico em Al e Ce. O ponto 2, parte externa do
washcoat, representado pela Figura IV.35c, é rico em Zr e Al. Em comparação com as
análises químicas feitas no catalisador G A5 900 108h, que também apresentou a camada
mais interna rica em Al e Ce e a camada mais externa rica em Ce e Zr, há indícios de que o
envelhecimento possa ter causado uma segregação de fases, formando uma camada mais rica
em Ce e outra mais rica em Zr.
Em trabalho de Bozo (2001), óxidos mistos com composições entre 16 e 83% de Ce
foram submetidos a tratamento hidrotérmico a partir de 1000°C. Estes óxidos apresentaram
demixing que foi completo para os sólidos tratados a 1200°C. Foram formadas duas fases,
uma tetragonal, rica em Zr, e uma fase cúbica, rica em Ce. A fase rica em Zr é formada na
periferia da partícula e a fase rica em Ce concentra-se mais em seu interior. Nesta dissertação,
os resultados de MEV para o catalisador G C5 1200 72h mostram que este fenômeno
aconteceu com este catalisador após envelhecimento (Figuras IV.35a, IV.35b e IV.35c). Estas
figuras sugerem que o envelhecimento progressivo do catalisador G acarreta a migração do
cério para o interior do
washcoat com o zircônio permanecendo mais na periferia, em
concordância com os resultados de Bozo
et al. (2001). Além dos resultados de MEV, os
difratogramas dos catalisadores envelhecidos a 1200°C em condições oxidantes também
confirmam a formação das duas fases.
Como observado para o catalisador G C5 1200 72h , o catalisador V envelhecido por
72 h em mufla a 1200ºC também apresenta uma estrutura bastante comprometida. Seu
washcoat encontra-se quebradiço, com muitos pontos de cordierita exposta, como pode ser
observado na Figura IV.36, sugerindo a ocorrência de perda de material catalítico. O
90
catalisador G também apresentou este aspecto quando submetido às mesmas condições de
envelhecimento, como pode ser observado pela Figura IV.32.
Na Figura IV.37a, observou-se uma fina camada formando uma interface entre o
washcoat e o suporte de cordierita. Por EDX, na Figura IV.37b, foi constatado que esta fina
camada é composta principalmente por Al, Si e Ba. Assim, parece que o BaO foi segregado
em direção ao interior do
washcoat pois essa camada não foi observada no catalisador novo.
Nas Figuras IV.38a (ponto 1) e IV.40a (ponto 1) são mostrados novos pontos de
formação de Pd aglomerado, comprovado por EDX (Figuras IV.38b e IV.40b). É interessante
ressaltar, nesse caso, a presença de aglomerados de Pd da ordem de 1 µm, enquanto que para
a amostra V A5 900 108h, o Pd apresentou-se em dimensões muito inferiores (Figura IV.30 e
IV.31). É importante lembrar que, no catalisador V novo (Figura IV.23), foi encontrada uma
partícula também de 1µm. Nesse caso, acreditamos que a mesma possa ser considerada um
“achado” uma vez que foi a única encontrada, em uma ampla região analisada.
A Figura IV.38 apresenta uma região de aparência incomum ao que foi observado nos
outros catalisadores, mesmo no G C5 1200 72h. A composição química da referida fase não
pode ser detectada por EDX, no entanto, pela tonalidade e pela quantidade dessas regiões
presentes na amostra analisada, infere-se que seja alumina sinterizada a alta temperatura.
A Figura IV.39 apresenta a mesma imagem mas com menor aumento, evidenciando
um número considerável dessas estruturas.
A Figura IV.40a corresponde a pontos de aspectos já discutidos como Pd aglomerado
no ponto 1 (Figura IV.40b), misturas de fases de Zr, Ce, Al no ponto 2, o ponto 3 mais rico
em Zr e BaO aderido ao suporte de cordierita no ponto 4 (Figura IV.40b).
Vale comentar que apesar da indicação de separação de fases por DRX, no caso
específico do catalisador V, não se observou de forma nítida essa segregação nas amostras
analisadas por MEV, como observado para o catalisador G. Assim, seria conveniente estudar
melhor esse fenômeno analisando um maior número de amostras para ambos os catalisadores.
Ficou claro que o envelhecimento a 1200°C em atmosfera oxidante por 72h, assim
como a 900°C por 108h em condições estequiométricas, não foi suficiente para provocar
aglomeração da Pt visível por MEV/EDX no catalisador G. Ao contrário, o catalisador V
apresentou vários pontos de Pd aglomerado nos dois tipos de envelhecimento. Entretanto,
considerando-se a baixíssima concentração de Pt encontrada no catalisador G, a visualização
de núcleos de Pt por MEV-EDX torna-se dificultada.
91
Portanto, as análises de MEV-EDX estão de acordo com os resultados de DRX e TG-
ATD, pois através destas técnicas foi possível observar mais sinais de envelhecimento térmico
no
washcoat do catalisador V do que no do G.
92
Figura IV.19 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura monolítica do catalisador G A1
NOVO.
93
Figura IV.20 - (a) washcoat do catalisador G A1 NOVO, (b) análise química por EDX do ponto 2 em (a) e (c)
ampliação da escala do eixo das ordenadas de (b).
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
20
40
60
cps
O
Al
Zr
Ce
Pr
Nd
Hf
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
1
2
3
4
5
cps
O
Nd
Al
Zr
Ce
Pr
Nd
Hf
(a)
(b)
(c)
94
Figura IV.21 - (a) washcoat do catalisador G A1 NOVO, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a).
(a)
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
5
10
15
20
25
cps
O
Al
Zr
Ce
Ni
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
5
10
15
20
cps
O
Al
Zr
Ce
Ni
(b)
(c)
95
Figura IV.22 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura monolítica do catalisador V A1
NOVO.
(a)
(b)
96
Figura IV.23 - (a) washcoat do catalisador V A1 NOVO e (b) análise química por EDX do ponto 1 em (a).
(a)
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
2
4
6
8
cps
O
Al
Zr
Pd
Ce
Ni
W
(b)
97
Figura IV.24 - (a) washcoat do catalisador V A1 NOVO, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a).
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
20
40
60
80
cps
O
Al
Zr
Ce
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
20
40
60
80
100
cps
O
Al
(a)
(b)
(c)
2 1
98
Figura IV.25 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão aumentada da estrutura monolítica do catalisador G A5 900
108h. Micrografias obtidas no microscópio JEOL JSM – 5800 LV (IME).
30 x
200 x
(a)
(b)
99
Figura IV.26 - (a) washcoat do catalisador G A5 108h, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a). Micrografias obtidas no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª
(COPPE-UFRJ).
(a)
(a)
(b)
(c)
100
Figura IV.27 - (a) washcoat do catalisador G A5 108h, (b) e (c) análise química por EDX das áreas
representadas pelos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). Micrografias obtidas no microscópio
Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ).
(a)
(b)
(c)
101
Figura IV.28 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura monolítica do catalisador V A5
900 108h.
102
Figura IV.29 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a).
1
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
10
20
30
40
cps
O
Al
Zr
Ce
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
10
20
30
40
cps
O
Ni
(a)
(b)
(c)
2
103
Figura IV.30 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a).
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
5
10
15
cps
O
Al
Zr
Ce
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
1
2
3
4
5
cps
O
Al
Zr
Pd
Ce
(a)
(b)
(c)
104
Figura IV.31 - (a) washcoat do catalisador V A3 900 108h e (b) análise química por EDX do ponto 1 em (a).
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
5
10
15
cps
O
Al
Zr
Pd
Ce
(a)
(b)
105
Figura IV.32 - Estrutura monolítica do catalisador G C5 1200 72h. Micrografia obtida no microscópio Zeiss
Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ).
106
Figura IV.33 - (a) washcoat do catalisador G C5 1200 72h e (b) análise química por EDX do ponto 1 em (a).
Micrografia obtida no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-UFRJ).
(a)
(b)
107
Figura IV.34 - (a) washcoat do catalisador G C5 1200 72h, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 2,
respectivamente, em (a). Micrografia obtida no microscópio Zeiss Germany DSM 940ª (COPPE-
UFRJ).
(a)
(c)
(b)
108
Figura IV.35 - (a) washcoat do catalisador G C5 72h, (b) e (c) análise química por EDX das áreas representadas
pelos pontos 1 e 2, respectivamente, em (a). Micrografias obtidas no microscópio Zeiss Germany
DSM 940ª (COPPE-UFRJ).
(a)
(b)
(c)
109
Figura IV.36 - (a) Estrutura monolítica e (b) visão de um canalículo da estrutura monolítica do catalisador V C5
1200 72h.
(a)
(b)
110
Figura IV.37 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h e (b) análise química por EDX do ponto 1 em (a).
(a)
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
10
20
30
cps
O
Al
Si
Ba
(b)
111
Figura IV.38 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h e (b) análise química por EDX do ponto 1 em (a).
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
20
40
60
cps
O
Al
Pd
(a)
(b)
112
Figura IV.39 - Washcoat do catalisador V C5 1200 72h.
113
Figura IV.40 - (a) washcoat do catalisador V C5 1200 72h, (b) e (c) análise química por EDX dos pontos 1 e 4
em (a).
0 5 10 15 20 25
Energy (keV)
0
20
40
60
cps
Pd
0 5 10 15 20
Energy (keV)
0
10
20
30
cps
O
Al
Si
Ba
(a)
(b)
(c)
114
IV.3.5. Quimissorção de H
2
Após procedimento descrito no item III.6, foram obtidas as curvas de dessorção a
temperatura programada de H
2
para ambos os catalisadores testados nesta tese. As Figuras
IV.41 e IV.42 apresentam as referidas curvas de DTP de H
2
para os catalisadores G,
envelhecidos em forno e mufla, respectivamente. As Figuras IV.43 e IV.44 apresentam as
curvas para o catalisador V. A Tabela IV.10 apresenta as quantidades de H
2
dessorvidas
calculadas a partir da integração dos picos obtidos usando o programa Origin. Estes resultados
estão diretamente relacionados à quantidade de sítios metálicos expostos, utilizando-se o fator
estequiométrico de 1:1 tanto para Pd como para Pt e Rh (LÉGARÉ, 2004; LASSI, 2003).
Figura IV.41 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador G envelhecido a 900°C em condições estequiométricas.
Os teores de Pt, Pd e Rh dos catalisadores G e V foram calculados a partir dos
resultados de análise química por absorção atômica. Assim, seria possível determinar as
dispersões metálicas dos catalisadores G e V novos. Porém, a quantidade de hidrogênio
dessorvida mostrou-se muito maior do que o número total de sítios de metais nobres presentes
em ambos os catalisadores G e V. O catalisador G apresentou um total de 4,0 μmol/g em
metais nobres, enquanto que o V apresentou 11,2 μmol/g. Estes dessorveram,
respectivamente, 19 μmol/g e 25 μmol/g de hidrogênio, segundo a tabela IV.10. Portanto, não
houve sentido em calcular a dispersão metálica. Esses resultados mostram que a técnica de
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0.035
0.040
0 500 1000 1500 2000
Tempo (s)
Taxa (
μ
mol H/g.s)
0
100
200
300
400
500
600
700
Temperatura (°C)
Temperatura
G A1 NOVO
G A3 900 12h
G A5 900 108h
63°C
150°C
555°C
570°C
610°C
115
quimissorção de H
2
não reflete unicamente o hidrogênio associado aos metais nobres, como
proposto por Lambrou
et al. (2004).
Figura IV.42 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador G envelhecido a 1200°C em condições oxidantes.
Figura IV.43 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador V envelhecido a 900°C em condições estequiométricas.
0.000
0.010
0.020
0.030
0.040
0.050
0.060
0 500 1000 1500
Tempo (s)
Taxa (
μ
mol H/g.s)
0
100
200
300
400
500
600
700
TemperaturaC)
Temperatura
V A1 NOVO
V A3 900 12h
V A5 900 108h
153°C
427°C
426°C
558°C
50°C
0.000
0.005
0.010
0.015
0.020
0.025
0.030
0.035
0.040
0 500 1000 1500 2000
Tempo (s)
Taxa (
μ
mol H/g.s)
0
100
200
300
400
500
600
700
Temperatura (°C)
Temperatura
G A1 NOVO
G C3 1200 12h
G C5 1200 72h
63°C
610°C
150°C
183°
294°
345°
614°
116
Figura IV.44 - Curvas de DTP de H
2
para o catalisador V envelhecido a 1200°C em condições oxidantes.
Tabela IV.10 - Quantidades de H
2
dessorvidas por grama de catalisador.
Quantidade de H
2
dessorvida (μmol H/g)
Catalisador
Tempo de
envelhecimento
(h)
Forno a 900°C em
condições
estequiométricas
Mufla a 1200°C em
ar
NOVO 19 19
12 15 7
72 - 4
G
108 7 -
NOVO 25 25
12 20 15
72 - 5
V
108 8 -
Por outro lado, os perfis de DTP obtidos mostram resultados interessantes. Em todos
os casos, esses perfis indicaram que são fortemente influenciados pelo envelhecimento.
0.000
0.010
0.020
0.030
0.040
0.050
0.060
0 500 1000 1500
Tempo (s)
Taxa (
μ
mol H/g.s)
0
100
200
300
400
500
600
700
Temperatura (°C)
Temperatura
V A1 NOVO
V C3 1200 12h
V C5 1200 72h
153°C
427°C
50°C
236°C
256°C
117
Quanto mais envelhecido o catalisador, menor é a quantidade de H
2
dessorvida após
quimissorção, em todas as temperaturas testadas.
Analisando os resultados relativos ao envelhecimento a 900°C, observa-se que na
medida em que o envelhecimento avança, as temperaturas médias de saída dos picos pouco
são alteradas, mas observa-se uma tendência para as mesmas se deslocarem para temperaturas
mais baixas, com exceção do catalisador V A5 900 108h. Este deslocamento é esperado
considerando que, com o envelhecimento, ocorre paulatinamente à sinterização das fases
(inclusive dos metais). Outro aspecto observado nesses perfis foi a presença de picos largos a
altas temperaturas (acima de 400°C), indicando dessorção de H
2
de diferentes sítios. Isso pode
significar que, ao contrário do que Lambrou
et al. (2004) observou, outras espécies também
estão contribuindo com a adsorção de H
2
.
Como mencionado no item III.3.7, o procedimento desta análise foi feito de forma
análoga àquela adotada por Lambrou
et al. (2004). Eles obtiveram resultados de DTP de H
2
para catalisadores expostos à quimissorção de H
2
a 25°C, 200°C e 400°C. As curvas de
dessorção de H
2
após a adsorção em temperaturas mais altas indicaram um consumo de H
2
muito maior que o necessário para formar uma monocamada. Isto se deve ao fato de que à
200°C, o H
2
ativado pelo Pd pode espalhar-se pelo suporte, facilitando a redução do CeO
2
, o
que só ocorre com a Pt a temperaturas superiores a 200°C. Segundo Lambrou
et al. (2004), a
quimissorção a 25°C também evita a formação de hidretos de Pd mássicos, o que tamm
pode proporcionar erros na estimativa da dispersão metálica. Como observado no presente
trabalho, os perfis de DTP registrados por Lambrou
et al. (2004) foram fortemente
influenciados pelo envelhecimento. Além disso, a quantidade de H
2
dessorvida também
diminuiu com o aumento do envelhecimento do catalisador.
Lambrou
et al. (2004) encontraram, após quimissorção de H
2
a 25°C para um
catalisador automotivo comercial de Pd/Rh novo, uma curva de DTP de H
2
com um pequeno
pico centralizado em 110°C, atribuído ao H
2
dessorvido da superfície do Rh, e outro mais
largo a 415°C, atribuído ao H
2
dessorvido do Pd. Nos experimentos realizados neste trabalho,
foram observados ao menos dois picos a altas temperaturas e um consumo de H
2
muito
superior à dessorção de H
2
quimissorvido nos metais nobres. É possível, como comentado
anteriormente, que outras espécies estejam adsorvendo H
2
. Zotin (1995) observou o
aparecimento de um pico negativo, na faixa de temperatura compreendida entre 500 e 600ºC,
durante a RTP de uma amostra de óxido de cério de alta área específica. Segundo Zotin
(1995), a liberação de H
2
a alta temperatura pode ser proveniente da decomposição de
espécies formadas pela interação prévia do H
2
com o óxido de cério. Esta interação pode
118
ocorrer de várias formas como uma incorporação de H
2
no interior do óxido de cério com a
formação de espécies tipo bronze H
y
CeO
2-x
, hidroxilas, ou espécies tipo hidreto. Isto pode
justificar o consumo elevado de H
2
nos catalisadores estudados e explicar os picos de
dessorção de H
2
obtidos para os catalisadores G e V a temperaturas acima de 500ºC.
Os resultados apresentados nas Figuras IV.41, IV.42, IV.43 e IV.44 são consistentes
com aqueles apresentados por Lambrou
et al. (2004). À medida que o envelhecimento se
prolonga, observou-se no trabalho de Lambrou
et al. (2004) que o pico pequeno desaparece,
dando lugar a um pico largo de H
2
centralizado a temperaturas menores: 265°C para o
catalisador rodado por 30.000 km e 235°C para o catalisador rodado por 56.000 km. Estes
resultados são bastante parecidos com aqueles obtidos para os catalisadores V novo e
envelhecidos em mufla, mostrados na Figura IV.44.
Vale ressaltar que ambos os catalisadores G e V tiveram seus maiores picos
deslocados para temperaturas mais baixas após envelhecimento oxidante a 1200°C. O
catalisador G teve picos de dessorção a temperaturas maiores que o V, mas seus
deslocamentos foram similares. O envelhecimento estequiométrico a 900°C não promoveu
deslocamento significativo dos picos, com a exceção do catalisador V A5 108h, que se
deslocou para uma temperatura maior (de 427°C para 558°C).
Alexeev
et al. (1999) formularam catalisadores contendo 1% de Pt suportados em γ-
Al
2
O
3
. Estes catalisadores foram submetidos à redução com H
2
a 400°C, seguida de
quimissorção de H
2
a temperatura ambiente. Eles utilizaram um equipamento capaz de
realizar alto vácuo sobre as amostras e, durante a quimissorção, aplicaram diferentes pressões
de H
2
para obterem diferentes coberturas na superfície da Pt. A DTP de H
2
foi realizada após
diferentes tempos de evacuação. Dois picos centrados a 120°C e 580°C foram obtidos. O
segundo pico tende a desaparecer quando a temperatura de redução é aumentada para 500°C.
As temperaturas a 120°C e 580°C são bastante semelhantes àquelas obtidas para o
catalisador G. Porém, apesar de a temperatura de redução empregada no procedimento desta
análise ser mais alta (600°C), o segundo pico de dessorção se apresenta bastante significativo
frente ao primeiro, o que não ocorre em Alexeev
et al. (1999).
Através dos dados da Tabela IV.10, estima-se que as variações na quantidade de H
2
quimissorvido são equivalentes quando comparam-se os catalisadores G e V envelhecidos a
900°C em condições estequiométricas. Porém, analisando-se os dados de quimissorção
provenientes do envelhecimento a 1200°C em condições oxidantes, observa-se uma maior
diminuição na quantidade quimissorvida (em torno de 60%) para o catalisador G, enquanto
que no V ocorreu uma queda de 40%. Ambos mantiveram a mesma quantidade de hidrogênio
119
quimissorvido após 72h de envelhecimento a 1200ºC. O erro calculado para esta análise foi de
7%, a partir da análise do catalisador G A1 NOVO, realizada em triplicata.
Apesar da ordem de grandeza do consumo de H
2
, tanto para o catalisador novo como
para os envelhecidos, ter sido semelhante à obtida por Lambrou
et al. (2004) que, por
exemplo, observaram uma dessorção de 22,2 μmol H/g de catalisador novo enquanto neste
trabalho o catalisador V novo dessorveu 25 μmol H/g, os teores de metais são diferentes uma
vez que os valores de dispersão não são próximos. Não foi possível uma comparação direta
entre os teores de metais nos dois trabalhos, pois Lambrou
et al. não explicitam esses valores.
Os resultados também mostram uma menor resistência ao envelhecimento oxidante
apresentada pelo catalisador G de Pt/Rh em comparação ao catalisador V de Pd/Rh, pois a
menor quantidade de H
2
dessorvida deste catalisador reflete uma maior aglomeração sofrida
pelos sítios ativos de Pt.
O catalisador V parece suportar melhor um envelhecimento drástico a 1200°C como
indicado pelos resultados de quimissorção de H
2
, RTP e área.
IV.4. Avaliação Catalítica
Os resultados da avaliação da atividade dos catalisadores G e V são apresentados
através das curvas de
lightoff nas Figuras IV.45, IV.46, IV.47 e IV.48, e das temperaturas de
lightoff (T
50
) para as conversões de CO e propano, descritas na Tabela IV.10.
Na Figura IV.45 nota-se que o envelhecimento do catalisador G por 12 h a 900°C em
condições estequiométricas pouco afetou a conversão do CO. No caso da conversão do
propano (Figura IV.46) o comportamento foi realmente incomum. A atividade de conversão
do propano para o catalisador G novo é muito menor do que a do envelhecido por 12h a
900°C. O catalisador G novo não chega a atingir 50% de conversão a 500°C. Esse
comportamento não era esperado considerando que a caracterização textural e físico-química
desse catalisador indicou uma queda significativa na área específica e no volume de poros e
um aumento do diâmetro de poros. Além disso, os perfis de RTP apresentaram uma queda no
consumo total de H
2
quando se comparou o catalisador novo e o envelhecido por 12h (Tabela
IV.11). Os resultados de avaliação catalítica indicam que o envelhecimento promoveu certa
ativação do catalisador, ou seja, apesar das perdas texturais e queda nas propriedades
oxirredutoras, outro fenômeno pode estar ocorrendo e promovendo a melhora observada. Esse
fenômeno pode estar na reestruturação dos óxidos mistos levando a fases cataliticamente mais
120
ativas. O aumento do tempo de envelhecimento para 108 h produziu alterações significativas,
com o deslocamento da temperatura T
50
de 265ºC para 295°C na conversão do CO. Para a
conversão do propano, o desempenho do catalisador após 108 h passa a ser inferior ao novo.
Esses resultados mostram um efeito esperado para um catalisador submetido a um tratamento
térmico por 108h a 900ºC.
Continuando a análise do catalisador G, com a elevação da temperatura de
envelhecimento para 1200°C em atmosfera oxidante, a conversão do propano caiu abaixo de
5%, e a conversão do CO também sofreu uma queda significativa (Figuras 45 e 46) . Após 12
h de envelhecimento, a T
50
(oxidação do CO) passou de 265°C (T
50
no envelhecimento a
900°C) para 410°C (T
50
no envelhecimento a 1200°C). Um envelhecimento de 72 h, para a
mesma reação, elevou a T
50
para 440°C. Wu et al. (2005) também observaram uma grande
desativação em catalisadores de Pt/Ce
0,67
Zr
0,33
O
2
contendo 2% de Pt após envelhecimento
oxidante. Na conversão de CO, eles verificaram um aumento de 105°C na temperatura de
lightoff. Para o propano, este aumento foi de 110°C. Estes aumentos são bem menores que os
alcançados pelo catalisador G porque o envelhecimento aplicado por Wu
et al. (2005) foi a
950°C por 20h, além do fato do catalisador utilizado por Wu
et al. (2005) conter um teor de Pt
muito maior do que o do catalisador G.
Tabela IV.11 - Temperaturas de lightoff (T
50
) para as conversões de CO e propano dos catalisadores G e V.
Oxidação do
CO
Oxidação do
Propano
Catalisador
Tempo de
envelhecimento
(h)
G V G V
NOVO 0 265 197 455ª 425
12 260 230 355 440 Envelhecido em
forno a 900°C 108 295 255 480ª 440
12 410 285
n.d. 485 Envelhecido em
mufla a 1200°C 72 440 293
n.d. 485
ª Foi indicada a T
20
, pois a conversão não atingiu T
50
na faixa de temperaturas estudada.
n.d. – Conversão não atingiu T
20
a 500°C.
121
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
150 200 250 300 350 400 450 500
Temperatura (
o
C)
Conversão de CO (%)
G A1 NOVO
G A3 900 12h
G C3 1200 12h
G A5 900 108h
G C3 1200 72h
Figura IV.45 - Curvas de lightoff do catalisador G para a conversão de CO.
Os resultados obtidos na caracterização textural e fisico-química, comentados em
relação à atividade de conversão do CO do catalisador G, também parecem não corroborar os
resultados de atividade catalítica para a conversão do propano.
Este comportamento do catalisador G à base de Pt frente ao envelhecimento a 1200°C
é coerente com a literatura. A sinterização da Pt começa por volta de 800°C, sendo mais
rápida em ambiente oxidante, mais lenta em ambiente redutor e intermediária em ambiente
estequiométrico. Aliado ao fato de que a Pt é mais ativa na forma reduzida, já era esperado
que o envelhecimento oxidante a 1200°C provocasse uma maior desativação para o
catalisador G (GONZÁLEZ-VELASCO
et al., 2000; DESCORME et al., 2002; MAILET et
al.
, 2001).
122
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 300 350 400 450 500
Temperatura (°C)
Conversão de propano(%)
G A1 NOVO
G A3 900 12h
G C3 1200 12h
G A5 900 108h
G C3 1200 72h
Figura IV.46 - Curvas de lightoff do catalisador G para a conversão de propano.
Nas Figuras IV.47 e IV.48 apresentam-se as curvas de lightoff do catalisador V para as
conversões do CO e do propano, respectivamente, e na Tabela IV.11 são encontradas as
temperaturas T
50
. Observa-se que, diferente do ocorrido para o catalisador G, não se observou
ativação do catalisador durante os testes. Os resultados seguiram o comportamento esperado.
Nota-se que o envelhecimento a 900ºC por 12h diminuiu a atividade de conversão de CO, em
relação ao catalisador novo. O envelhecimento por 108 h a 900°C também implicou em uma
pequena perda de atividade quando comparado ao desempenho do catalisador envelhecido por
12 h. Para a conversão do propano, as diferenças observadas com o aumento do tempo de
envelhecimento a 900ºC foram menos significativas do que as observadas na conversão do
CO. Gonzalez-Velasco
et al. (2000) envelheceram catalisadores de Pd-Rh em atmosfera redox
a 900°C por 5h, e também não observaram variações significativas para as T
50
nas conversões
do CO e do propeno, que é mais fácil de oxidar do que o propano.
Em relação ao novo, os catalisadores V envelhecidos a 1200ºC tiveram as suas T
50
aumentadas em torno de 90°C para a conversão do CO e de 60ºC para a conversão do propano. A
variação do tempo de envelhecimento de 12h para 72h não causou uma queda importante na
atividade. Esse aspecto é interessante e mostra que o catalisador V resiste mais ao envelhecimento
térmico do que o G, cuja T
50
para a oxidação do CO aumentou em 175°C após 72h a 1200°C
enquanto que no V esse aumento não ultrapassou 100ºC. Pode-se concluir que o catalisador G
123
sofreu uma maior desativação com aumento do tempo e da temperatura de envelhecimento, o que
pode ser explicado pelo fato de o Pd ter maior atividade catalítica na forma oxidada.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
100 150 200 250 300 350
Temperatura (ºC)
Conversão de CO (%)
V A3 900 12h
V A1 NOVO
V A5 900 108h
V C5 1200 72h
V C3 1200 12h
Figura IV.47 - Curvas de lightoff do catalisador V para a conversão de CO.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
250 300 350 400 450 500
Temperatura (ºC)
Conversão de propano (%)
V A3 900 12h
V A1 NOVO
V A5 900 108h
V C5 1200 72h
V C3 1200 12h
Figura IV.48 - Curvas de lightoff do catalisador V para a conversão de propano.
Analisando de forma detalhada o comportamento catalítico do catalisador V em
relação aos resultados de caracterização físico-química, observa-se que eles estão coerentes
com seus resultados de caracterização textural. As maiores quedas de área específica
ocorreram após 12h de envelhecimento, seja a 900°C ou a 1200°C. As análises de RTP para
124
este catalisador também mostram uma concordância. Segundo a Tabela IV.9, as maiores
perdas da capacidade total de redução foram atingidas após 12 h, principalmente no
envelhecimento a 1200°C, ou seja, como comentado anteriormente, o tempo do
envelhecimento não afeta significativamente o desempenho do catalisador.
Com relação às análises de DRX, pode-se considerar que os resultados foram
coerentes, já que, para ambos os catalisadores, as evoluções de fases cristalinas ocorreram
com maior clareza após envelhecimento a 1200°C. Nestas condições, de um modo geral, os
catalisadores apresentaram as menores atividades catalíticas.
Comparando-se o desempenho dos catalisadores G e V, agora de um modo geral,
analisando ambos os envelhecimentos, observa-se que o catalisador V apresentou uma
atividade catalítica mais alta para a conversão do CO e também para a conversão do propano,
com exceção do envelhecimento a 900°C por 12 h. Assim, nas demais condições,
principalmente no envelhecimento a 1200ºC, o catalisador G se mostrou muito mais
vulnerável do que o V.
Experimentos de
lightoff realizados em condições estequiométricas por Tagliaferri et
al.
(1998) com catalisador à base de Pd/Rh/Ce, contendo 1% de Pd e 0,2% de Rh, são
consistentes com os resultados de atividade catalítica de conversão de CO para o catalisador
V A1 NOVO. Tagliaferri
et al. encontraram uma T
50
de aproximadamente 220ºC para a
conversão de CO. Já para o propano, foi encontrada uma T
50
de 350ºC, 75ºC menor que
aquela obtida no presente trabalho, mas o teor de metais nobres no catalisador de Tagliaferri
et al. (1998) era maior do que no catalisador V.
Além disso, Tagliaferri
et al. (1998) observaram que a presença de Rh é fundamental
para o bom desempenho na conversão de HC, como no caso do propano. Eles atribuíram esta
característica do Rh à capacidade de catalisar a reação de reforma a vapor (reação 11 descrita
no item II-4), que consiste na reação do propano com a água para formar CO e H
2
. Os
catalisadores de Tagliaferri
et al. (1998) contém 0,2% de Rh, enquanto que o catalisador V
A1 NOVO contém apenas 0,018% deste metal. Isto pode explicar porque este catalisador teve
um pior desempenho na conversão do propano, comparado aos de Tagliaferri
et al. (1998).
Quanto à hipótese do catalisador G novo ter sofrido uma espécie de ativação após ter
sido submetido às 12 primeiras horas de envelhecimento térmico, há na literatura o trabalho
de Fan
et al. (2005) que tambem observaram que o catalisador novo apresentava um
desempenho ruim em relação aos tratados termicamente. Segundo o autor, esse
comportamento poderia ser atribuído a um envenenamento por carbonato devido à alta
basicidade dos óxidos mistos de Ce/Zr, facilitando a interação com o CO
2
. Essa
125
argumentação, apesar de plausível, não está de acordo com os resultados obtidos neste
trabalho. Se isso realmente ocorresse, o mesmo fenômeno seria observado no catalisador V,
que tamb’em apresenta óxidos De Ce/Zr. Outra possibilidade seria a presença de resíduos de
cloro proveniente do preparo destes catalisadores. Segundo Roth
et al. (2000), metais do
grupo da platina suportados em alumina são comumente preparados por impregnação com
sais contendo cloro, seguido por calcinação em ar ou oxigênio. O cloro residual não pode ser
totalmente retirado por tratamentos oxidantes clássicos, e isso pode influenciar na atividade
catalítica, tanto da Pt quanto do Pd, para a reação de oxidação do metano. De fato, em seus
experimentos, o cloro residual exerceu um forte efeito de desativação de catalisadores de
Pd/Al
2
O
3
(ROTH et al., 2000). Cant et al. (1998) também estudaram o efeito do cloro residual
através de catalisadores de Pt e de Pt e Rh preparados com precursores contendo cloro. Eles
testaram estes catalisadores para reações de oxidação de outros HC diferentes de metano,
como iso-octano, benzeno, tolueno e hexano. Para todos eles, a atividade aumentava à medida
que se repetiam os testes catalíticos, ou seja, à medida que os catalisadores iam sendo
expostos a temperaturas altas e à mistura de gases utilizada. Segundo Cant
et al. (1998), tudo
indica que o ganho na atividade ocorreu devido à remoção do cloro residual. A confirmação
dessa hipótese depende de análises dos catalisadores G e V, específicas para a determinação
de cloro.
Analisando os resultados como um todo se aventou a possibilidade do catalisador V,
ao contrário do G, ter sofrido esta ativação na própria fábrica. Esta hipótese é suportada por
observações realizadas a partir dos resultados dos testes de caracterização unidos à avaliação
catalítica. As propriedades texturais do catalisador V A1 NOVO se mostraram mais afetadas
do que as do catalisador G. O catalisador V A1 NOVO apresentou, no seu perfil de DRX,
indícios da presença de óxido de zircônio tetragonal e uma fase de óxido misto rica em
zircônio, fase esta que só foi possível ser observada no catalisador G após envelhecimento na
mufla a 1200°C por 12h. A capacidade total de redução do catalisador V A1 NOVO,
calculada a partir do perfil de RTP foi inferior à do catalisador G. Finalmente, a análise de
MEV-EDX do catalisador V A1 NOVO já mostrou a presença de uma partícula de Pd
aglomerado. Todos estes indícios sugerem que o catalisador V sofreu um tratamento térmico
anterior, ou seja, ainda na fábrica, e este tratamento provavelmente o tornou mais ativo do que
o catalisador G, como mostraram os testes catalíticos destes catalisadores novos.
Para finalizar essa discussão, serão discutidos os resultados de DTP de H
2
. Essa
análise foi realizada no intuito de se obter a dispersão metálica dos metais nobres antes e após
o envelhecimento dos catalisadores. A medida da dispersão metálica para catalisadores
126
automotivos (modelos ou comerciais) sempre foi motivo de discussão na literatura pela
interferência de outros componentes, como o óxido de cério, os óxidos mistos de Ce e Zr, que
interagem seja com CO, seja com o H
2
, impedindo sua quantificação real, ou seja, a fração
relativa apenas aos metais nobres (LASSI, 2003; FORNASIERO
et al., 2003; LAMBROU et
al
., 2004; ALEXEEV et al., 1999). Conforme discutido anteriormente, apesar de usarmos a
técnica proposta por Lambrou
et al. (2004) (que garante a não ocorrência desses fenômenos
quando a adsorção é feita a 25ºC), os resultados mostraram que, além dos metais nobres,
existe um ou mais compostos colaborando na captação de H
2
.
Apesar disso, diante da coerência dos resultados, foi feito um tratamento dos dados
obtidos onde se procurou relacionar a quantidade de H
2
consumido (a priori, associada aos
metais nobres) e a atividade catalítica expressa em termos da temperatura onde se atinge 50%
(ou 20%) de conversão dos reagentes. Nas Figuras IV.49 e IV.50 estão apresentados esses
resultados, respectivamente para a oxidação do CO e para a oxidação do propano.
0
100
200
300
400
500
0 5 10 15 20 25 30
DTP de H
2
(
μ
mol H/g)
Oxidação CO - T
50
(°C)
G - CO - 900 V - CO - 900 G - CO - 1200 V - CO - 1200
Figura IV.49 - Relação entre o consumo de H
2
durante a DTP de hidrogênio e a atividade catalítica expressa em
termos de T
50
, para os catalisadores G e V novos e envelhecidos.
127
0
100
200
300
400
500
600
0 5 10 15 20 25 30
DTP de H
2
(
μ
mol H/g)
Oxidação C3 - T
20
(°C)
G - C3 - 900 V - C3 - 900 V - C3 - 1200
V novo
G novo
Figura IV.50 - Relação entre o consumo de H
2
durante a DTP de hidrogênio e a atividade catalítica expressa em
termos de T
20
, para os catalisadores G e V novos e envelhecidos.
Esses resultados indicam que existe uma tendência entre a atividade e os resultados de
quimissorção de H
2
, ou seja, apesar de aparentemente essa técnica não poder ser usada na
estimativa da dispersão metálica referente aos metais nobres, ela parece responder ao
desempenho catalítico do catalisador. Um aumento no consumo de H
2
, ou seja, um aumento
na área de metais (ou compostos) no catalisador associa-se a um aumento na atividade
catalítica, expresso pela redução das temperaturas T
50
ou T
20
.
128
V. CONCLUSÕES
Através deste trabalho, concluiu-se que o envelhecimento térmico pode alterar as
propriedades físico-químicas e estruturais típicas de catalisadores automotivos e,
consequentemente, promover sua desativação, afetando diretamente o seu desempenho. Nesse
sentido, com base na literatura, pode-se inferir que a presença e o teor de determinados
aditivos como Ba, La e Sr podem contribuir para uma melhor resistência ao envelhecimento
térmico. Além disso, diferenças na composição e no modo de preparo também podem
conferir aos catalisadores características especiais. Como exemplo cita-se o caso da camada
de alumina cobrindo o
washcoat, identificada no catalisador V que, a princípio, estaria
funcionando como uma proteção dos componentes ao contato direto com os gases quentes
oriundos do motor e /ou atuando no controle da taxa de reação visando manter a temperatura
em níveis que evitassem a transformação de PdO em Pd
0
. Nesse caso, o aquecimento ocorre
de maneira menos drástica e, de acordo com a Hayes
et al. (2001), essa camada funcionaria
como uma barreira de difusão térmica. Devido a estas e outras razões práticas, a avaliação dos
efeitos provocados pela temperatura em catalisadores automotivos comerciais depende da
tecnologia de preparo e estruturação usada na fabricação do catalisador.
O estudo realizado ao longo desta dissertação, apesar de envolver catalisadores
comerciais, teve um protocolo de envelhecimento bem estabelecido, com as condições
devidamente controladas de tempo e temperatura, o que permitiu inferências sobre possíveis
fenômenos decorrentes da exposição a temperaturas elevadas. A compreensão definitiva e
completa desses fenômenos demandará estudos mais aprofundados, provavelmente
envolvendo a utilização de catalisadores modelo, de forma a se avaliar o efeito da temperatura
em cada componente do
washcoat.
Por outro lado, este estudo permitiu avaliar o desempenho de catalisadores reais em
situações críticas de operação. O envelhecimento empregando temperaturas atingidas nas
condições normais de operação ou superiores possibilita uma observação do limite do bom
funcionamento dos catalisadores automotivos comerciais. De modo geral, o envelhecimento
em ambiente estequiométrico a 900°C, não causou mudanças drásticas no desempenho do
catalisador V, à base de Pd/Rh, mesmo após 108 h de duração. Este é um fato positivo e
indica que o catalisador de Pd/Rh terá uma longa durabilidade ou está preparado para suportar
maiores temperaturas. Sobre isso, pode-se admitir sua utilização em uma posição mais
favorável ao controle de emissões (mais próximo do motor), pois minimiza o tempo de
129
aquecimento do catalisador e reduz as emissões no início da operação do veículo. Esse
aspecto talvez justifique a presença da camada de alumina, comentada anteriormente, no
catalisador V. O mesmo não pode ser concluído para o catalisador G à base de Pt/Rh, que
apresentou queda significativa na atividade catalítica após 108h, nas mesmas condições.
O envelhecimento a 1200°C, em ar, foi notoriamente mais prejudicial aos dois
catalisadores, especialmente ao G, como observado pelas técnicas de volumetria de N
2
, DRX,
RTP, MEV-EDX e pela avaliação catalítica. Isto já era esperado, pois esta temperatura é
muito superior àquela necessária para haver transições favoráveis ou menos impactantes de
fases da alumina e dos óxidos mistos de Ce/Zr, caracterizadas por DRX. Nesses casos, o
envelhecimento leva ao aparecimento de fases termodinamicamente mais estáveis e de baixa
área específica, como é o caso da α-alumina, além da possível coalescência e encapsulamento
das fases metálicas. O pior desempenho do catalisador G neste tipo de envelhecimento, além
da ausência de uma barreira térmica protetora (camada de alumina), se deve ao fato de que a
Pt se torna inativa, na forma oxidada, para as reações testadas, segundo Lambrou
et al.
(2004). Além disso, a Pt sinteriza-se mais rápido do que o Pd, e isso deve ter colaborado com
a maior desativação sofrida pelo catalisador G nessas condições (MOULIJIN
et al., 2001).
As técnicas utilizadas na caracterização dos catalisadores comerciais mostraram-se
capazes e suficientemente sensíveis na identificação de efeitos térmicos (com exceção da
análise térmica) e se complementam na avaliação do estado real do catalisador.
Os resultados de volumetria de N
2
, DRX, TG-ATD, RTP e MEV-EDX para o
catalisador V A1 NOVO revelaram sinais de exposição a temperaturas elevadas, como a
presença de uma fase de óxido misto de Ce/Zr rica em Zr e Zr
2
O
3
tetragonal, além de Pd
aglomerado. Isto sugere que o catalisador V pode ter sido submetido pelo fabricante a uma
ativação térmica, que pode ser responsável pela eliminação de algum resíduo proveniente dos
sais precursores da fase ativa do
washcoat, que poderiam reduzir a atividade catalítica do Pd e
da Pt (ROTH
et al., 2000; CANT et al., 1998), ou pode ser atribuído a uma reestruturação do
óxido de Ce/Zr, como observado no trabalho de Nagai
et al. (2002) que observaram um
aumento na homogeneidade do óxido misto durante o preparo envolvendo altas temperaturas
de calcinacao.
O mau desempenho do catalisador G A1 NOVO, que foi melhorado com a exposição
ao envelhecimento térmico durante o menor tempo aplicado, além da questão dos resíduos de
cloro, ainda pode ser explicada pela concentração muito baixa de Pt encontrada neste
catalisador por AAS, refletindo, provavelmente, em poucos sítios ativos no
washcoat do
catalisador G, acarretando em uma baixa atividade catalítica.
130
A quimissorção de H
2
, apesar de não se mostrar apta na determinação da dispersão
metálica, teve seus resultados em termos de H
2
quimissorvido correlacionados com a
atividade catalítica, fenômeno este que necessita de mais estudos para sua interpretação.
Provavelmente, esse resultado indica que não apenas os metais nobres colaboram na atividade
do catalisador automotivo nas reações de oxidação. Os óxidos mistos de Ce/Zr e o próprio
óxido de cério têm um papel determinante, como a própria literatura enfatiza (GONZALEZ-
VELASCO
et al., 1999; MASUI et al., 2000; DESCORME et al., 2000; LASSI, 2003), e
provavelmente foi computado pela quimissorção de H
2
realizada neste trabalho. Assim, ao
invés de se buscar a dispersão dos metais nobres, sistemas catalíticos de oxidação envolvendo
cério (seja como um óxido puro, seja como um óxido misto) e metais nobres, talvez deva
buscar essa “dispersão” mais ampla e mais real dos componentes cataliticamente ativos.
Deve-se ressaltar, então, o ótimo desempenho do catalisador V, de Pd/Rh, cuja
tecnologia de fabricação se mostrou mais desenvolvida do que a do catalisador G para
suportar altas temperaturas e que, mesmo após 72h a 1200°C em atmosfera oxidante, ainda
manteve uma atividade catalítica significativa, sugerindo que este tipo de catalisador pode ter
uma durabilidade maior em condições reais de operação.
Finalizando, o estudo térmico dos catalisadores comerciais foi profícuo e possibilitou,
além da ampliação de conhecimentos e a percepção da amplitude da complexidade do
sistema, que o desenvolvimento de tecnologia nessa área ainda tem muito a avançar e permeia
várias áreas do conhecimento.
131
VI. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Tendo em vista a complexidade do sistema catalítico estudado, é preciso que se
investigue as causas da desativação de catalisadores comerciais em condições diferenciadas
de envelhecimento e avaliação catalítica.
Sugere-se que se envelheça os catalisadores a baixas temperaturas (menores que
500°C) em atmosfera contendo óxidos de enxofre, já que estes são supostamente
responsáveis, em parte, pela desativação catalítica. Assim, será possível constatar a extensão
da desativação causada pelo enxofre a baixas temperaturas, pois a literatura ainda aborda este
assunto de forma pouco esclarecida.
Ainda quanto à atmosfera de envelhecimento, pode-se envelhecer os catalisadores no
forno de precisão a 900°C em atmosfera de caráter redutor e verificar se este parâmetro afeta
a atividade catalítica.
Os catalisadores comerciais foram avaliados quanto às conversões de CO e propano,
porém não se sabe nada sobre seus desempenhos na conversão dos NO
x
. Portanto, sugere-se
realizar os testes catalíticos utilizando-se uma mistura contendo os NO
x
.
Sugere-se também que se faça um estudo com catalisadores modelo de diferentes
composições dos principais componentes encontrados nos catalisadores comerciais. È
importante que estes catalisadores modelo sejam submetidos às mesmas condições de
envelhecimento aplicadas nesta dissertação. Assim, será possível identificar mais facilmente a
influência deste componentes na preservação da atividade catalítica.
132
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