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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
Renata de Castro Hyppolito Riechelmann
Fatores que Influenciam as Recomendações dadas por Vendedores:
Um Estudo Exploratório do Mercado de Televisores LCD
São Paulo
2007
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2
RENATA DE CASTRO HYPPOLITO RIECHELMANN
Fatores que Influenciam as Recomendações dadas por Vendedores:
Um Estudo Exploratório do Mercado de Televisores LCD
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São
Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito para obtenção do título
de Mestre em Administração de
Empresas.
Campo de Conhecimento:
Marketing, Comportamento do
Consumidor, Administração de Vendas
Orientador: Prof. Dr. Marcos Henrique
Nogueira Cobra
São Paulo
2007
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3
Riechelmann, Renata de Castro Hyppolito. Fatores que Influenciam as
Recomendações dadas por Vendedores: Um Estudo Exploratório do
Mercado de Televisores LCD / Renata de Castro Hyppolito Riechelmann –
2007. 88 f.
Orientador: Marcos Henrique Nogueira Cobra.
Dissertação (MPA) - Escola de Administração de Empresas de São Paulo.
1. Vendas - Promoção. 2. Vendedores – Conduta. 3. Comércio varejista.
4. Comportamento do consumidor. 5. Televisão – Receptores e recepção -
Comercialização. 6. Indústria eletrônica – Comercialização. 7. Marketing. I.
Cobra, Marcos, 1940-. II. Dissertação (MPA) - Escola de Administração de
Empresas de São Paulo. III. Título.
CDU 658.82
4
RENATA DE CASTRO HYPPOLITO RIECHELMANN
Fatores que Influenciam as Recomendações dadas por Vendedores:
Um Estudo Exploratório do Mercado de Televisores LCD
Dissertação apresentada à Escola de
Administração de Empresas de São
Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito para obtenção do título
de Mestre em Administração de
Empresas.
Campo de Conhecimento: Marketing,
Comportamento do Consumidor,
Administração de Vendas
Orientador: Prof. Dr. Marcos Henrique
Nogueira Cobra
Data de Aprovação: __ / __ / ____
Banca Examinadora:
_____________________________
Prof. Dr. Marcos Henrique Nogueira
Cobra (Orientador)
FGV - EAESP
_____________________________
Prof. Dr. Luiz Henrique Pereira
FGV - EAESP
_____________________________
Prof. Dr. Dílson Gabriel dos Santos
FEA - USP
São Paulo
2007
5
Aos meus pais, que são a inspiração
da minha vida, e me ajudaram a ser
quem eu sou hoje.
Ao meu marido, Bruno, que esteve
ao meu lado durante toda a jornada
do mestrado, sempre me apoiando e
incentivando nos momentos mais
difíceis.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr. Marcos Henrique Nogueira Cobra, por ter aceitado me
orientar neste difícil desafio e ter acreditado no meu trabalho.
Aos professores Dr. Antonio Carlos Manfredini, Dr. Henrique Luiz Corrêa, Dr.
Marcos Fernandes Gonçalves da Silva, e Dr. Sigmar Malvezzi, pelas aulas
envolventes e instigantes, que fazem com que estudar seja uma experiência
maravilhosa.
Às empresas participantes, que abriram suas portas para este estudo e
tornaram possível a concretização deste trabalho.
Ao meu pai, pela sua ajuda na revisão do trabalho e pela força que me deu
todas as vezes que busquei seu apoio.
Em especial ao meu marido Bruno, pela sua paciência e compreensão todas
as vezes em que estive ausente e por seu carinho e amor.
7
“Estão surgindo varejistas de enorme poder. Eles utilizam
sistemas complexos de informações de marketing e de logística
para fornecer um bom serviço e imensos volumes de produtos,
a preços atraentes para as massas de consumidores. Muitos
varejistas estão até mesmo dizendo aos mais poderosos
fabricantes o que fazer, como determinar preços e fazer
promoções, quando e como despachar mercadorias, e até
como se reorganizar e melhorar a produção e a administração.”
(KOTLER, 2000, p. 551)
8
RESUMO
O objetivo desse trabalho é descrever o que leva um vendedor do varejo a
recomendar uma marca. Quando um consumidor entra numa loja e busca a
orientação de um vendedor, este último tem em suas os uma oportunidade única
para influenciar a escolha deste cliente. Entender que fatores levam o vendedor a
recomendar uma marca poderá ajudar os fabricantes a melhor adequarem suas
ações de marketing para tentar conquistar a lealdade do vendedor e indiretamente
influenciar a escolha do cliente no ponto de venda. O estudo teve como foco o
mercado de TVs LCD, por ser um bem durável, que possui uma tecnologia
relativamente nova no mercado brasileiro e um alto valor agregado, o que faz com
que a maioria dos consumidores primeiro avalie bem suas opções para depois
decidir que marca comprar, muitas vezes contando com a ajuda de um vendedor.
Através de entrevistas em profundidade, a pesquisa buscou compreender como os
fabricantes vêem o papel do vendedor do varejo e o que fazem hoje para conquistá-
lo. Em seguida, os vendedores foram entrevistados, com o objetivo de se identificar
o que os fazem recomendar uma marca em prevalência a uma outra.
Palavras-chave: Marketing de Varejo, Vendedores, Marca, Recomendação, Varejo,
Eletroeletrônicos, Incentivos de Venda e Treinamento.
9
ABSTRACT
The objective of this paper is to describe what takes a retail salesperson to
recommend a brand. When a consumer enters a store and seeks the advice of a
salesperson, the latter has the unique opportunity in his hands to influence the
customer’s choice. The understanding of what motivates a salesperson to
recommend a certain brand might help manufacturers to better adequate their
marketing actions to try to gain the loyalty of the salespeople and indirectly influence
the customer’s choice at the point of sales. The focus of this study was the LCD TV
market, because it is a durable good, with a high price value and a fairly new
technology in the Brazilian market, which leads the majority of the consumers to first
evaluate their options and then decide what brand to buy, which, in many cases,
includes getting help from a salesperson. Through in-depth interviews, the research
sought to understand how the manufacturers view the role of the retail salesperson
and what was currently done to captivate them. Later, the salespeople themselves
were interviewed, with the objective of identifying what makes them recommend one
brand over the other.
Keywords: Retail Marketing, Salespeople, Brand, Recommendation, Retail,
Electronic Appliances, Sales Incentives and Training.
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1 Elementos do Trade Marketing.................................................................26
Figura 5.1 Processo de Percepção............................................................................28
Figura 5.2 VALS 2......................................................................................................32
Figura 5.3 Os Componentes da Atitude e Suas Manifestações.................................33
Figura 5.4 Relação entre o auto conceito e o consumo.............................................35
Figura 5.5 Influência de Grupos de Referência na Escolha de Produtos e Marcas...40
Figura 5.6 Conjunto de Lembranças..........................................................................45
Figura 5.7 Ações Comuns em Clientes Insatisfeitos..................................................50
Figura 6.1 PKM...........................................................................................................59
Tabela 7.1 Market Share Global das 5 Maiores Fabricantes de TVs LCD.................63
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................13
2. OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO.........................................................................15
3. CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO .....................................................................17
4. O CANAL DE MARKETING E DISTRIBUIÇÃO .................................................19
4.1 Conflitos no Canal de Marketing.....................................................................20
4.2 Intensidade de Distribuição ............................................................................22
4.3 Gestão do Canal de Marketing .......................................................................24
5. ENTENDENDO O CONSUMIDOR.....................................................................27
5.1 Influências no Comportamento do Consumidor..............................................27
5.1.1 Fatores Internos..........................................................................................27
5.1.1.1 Percepção............................................................................................27
5.1.1.2 Motivação ............................................................................................29
5.1.1.3 Aprendizagem e Memória....................................................................30
5.1.1.4 Personalidade e Estilo de Vida ............................................................31
5.1.1.5 Crenças e Atitudes...............................................................................33
5.1.1.6 Auto Conceito ......................................................................................35
5.1.2 Fatores Externos.........................................................................................36
5.1.2.1 Cultura .................................................................................................36
5.1.2.2 Classe Social .......................................................................................37
5.1.2.3 Família .................................................................................................38
5.1.2.4 Grupos de Referência..........................................................................39
5.1.2.5 Influência Situacional ...........................................................................40
5.2 Processo de Decisão de Compra ...................................................................43
5.2.1 Reconhecimento da Necessidade ..............................................................43
5.2.2 Busca de Informações ................................................................................44
5.2.3 Avaliação das Alternativas ..........................................................................46
5.2.4 A Escolha (Compra)....................................................................................47
5.2.5 O Pós-compra: Consumo e Avaliação ........................................................48
6. ADMINISTRAÇÃO DE VENDAS........................................................................52
6.1 Sistemas de Remuneração e Incentivos de Vendas ......................................52
6.2 Treinamento de Vendas .................................................................................56
6.3 Persuasão na Venda Pessoal ........................................................................57
12
7. METODOLOGIA ................................................................................................62
7.1 As Entrevistas.................................................................................................64
7.1.1 Entrevistas com os Fabricantes ..................................................................65
7.1.2 Entrevistas com os Vendedores .................................................................69
8. CONCLUSÕES FINAIS......................................................................................72
8.1 Implicações Gerenciais...................................................................................74
8.2 Limitações do Estudo e Direções para Pesquisas Futuras.............................74
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................76
ANEXO A – ENTREVISTAS COM VENDEDORES DO VAREJO.............................80
13
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa investigar o papel do vendedor de varejo na
recomendação de uma marca, e quais os fatores que o levam a indicar esta marca
ao invés de outra. Compreender as motivações dos vendedores foi o principal foco
deste estudo, que buscou encontrar fatores motivacionais que possam ser
gerenciados pelos fabricantes com o objetivo de conquistar a lealdade deles para
que recomendem sua marca no ponto-de-venda.
O mercado globalizado exige que as empresas compitam entre si
simultaneamente nos 5 continentes. Informações sobre produtos e empresas estão
facilmente disponíveis aos consumidores através da internet, televisão e outros
meios de comunicação, colocando as empresas diante do difícil desafio de
desenvolver soluções criativas para conquistar a tão almejada vantagem
competitiva.
Diante da forte pressão da concorrência e da dificuldade cada vez maior de
se conseguir uma vantagem competitiva concreta através de diferenciação por
preço, qualidade ou atributos de produtos, as empresas têm investido cada vez mais
na construção de marcas fortes, com o objetivo de conquistar o cliente através da
lealdade à marca. Porém, investir na força de uma marca pode não ser o suficiente
se, no momento da decisão de compra, o consumidor que chega à loja com uma
marca em mente recebe ponderáveis recomendações do vendedor para que compre
o produto de outro fabricante. Por essa razão, conquistar a lealdade do vendedor do
varejo também é um fator importante.
De acordo com Radin e Predmore (2002), consumidores frequentemente
buscam no vendedor uma orientação de especialista, quando compram produtos
complexos ou dos quais não têm familiaridade. Nestas horas, mesmo a
familiaridade, ou a preferência por uma marca pode não ter tanto peso na decisão
do cliente, quanto à recomendação do vendedor, que, muitas vezes, é visto como
especialista no produto que vende.
14
Com isso, quando um consumidor entra em uma loja para comprar um bem
de consumo durável é muito comum que ele busque no vendedor uma orientação
quanto às diferentes marcas existentes e quanto às vantagens e desvantagens de
cada uma delas. O vendedor nesse momento tem em suas mãos uma oportunidade
bastante valiosa, de tentar influenciar a escolha do consumidor. Os fabricantes que
conseguirem entender quais a motivações que levam o vendedor a indicar uma
marca ao invés de outra terão uma vantagem significativa e poderão incrementar a
venda de seus produtos no varejo.
15
2. OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO
O objetivo da pesquisa é entender como o vendedor decide que marca de
televisores LCD indicar quando lhe pedem uma recomendação, ou seja, o que o
motiva a indicar uma marca no lugar de outra? A partir destas informações, o estudo
pode servir de base para que fabricantes de eletroeletrônicos criem ações de
marketing no varejo com o objetivo de influenciar tais recomendações feitas pelos
vendedores. Os representantes de vendas e promotores que trabalham para os
fabricantes, em geral representam somente uma marca e são exclusivos a ela.
Porém, os vendedores das lojas de varejos trabalham com diversas marcas e têm a
liberdade de escolher que marca indicar quando o cliente lhe pede uma
recomendação. Por outro lado, quando um fabricante conquista a lealdade do
vendedor, ele se coloca à frente de seus concorrentes, pois se solicitado, este
vendedor será inclinado a recomendar seu produto.
De acordo com uma pesquisa feita em 2004 pela POPAI, The Global
Association for Marketing at-Retail, 81% das decisões de marca acontecem no
ponto-de-venda (POPAI Brasil celebra seus dez anos e traça novas perspectivas
para o mercado varejista, 2007). Estudos semelhantes descritos por Ohanian (2005)
levaram-no a defender o vendedor como sendo a mais importante ferramenta de
marketing que um fabricante pode ter no ponto-de-venda:
De acordo com um estudo recente do Booz Alien Hamilton, 85% das
decisões de marca acontecem no ponto de venda. Da mesma forma,
segundo a Whirpool, fabricante de eletrodomésticos líder de
mercado, que gasta quase um bilhão de dólares em propaganda,
76% dos potenciais clientes vão para a loja sem ter uma idéia clara
da marca que eles querem comprar. Da mesma forma, Cooper Tire &
Rubber Co. nos diz que vendedores de balcão influenciam 73% de
todas as decisões de compras, enquanto que um estudo do
Computer Reseller News mostra que 67% dos que vão a uma loja de
varejo de computadores pessoais buscam uma recomendação de
uma vendedores e 94% seguem essa recomendação. (p.171)
O interesse em estudar a venda de televisores LCD, especificamente, se deu
baseado no fato de que é principalmente na venda de produtos com algum grau de
complexidade, ou mesmo alto valor agregado, que os consumidores solicitam
16
orientação do vendedor sobre as diferentes marcas disponíveis e recomendações
sobre qual delas comprar, buscando uma maior certeza de que estejam fazendo a
escolha mais correta. No atual mercado de televisores, os altos preços dos
aparelhos de telas finas e as novas tecnologias disponíveis, ainda pouco conhecidas
pela maioria dos consumidores, acabam fazendo com que muitos deles sintam a
necessidade de se informar melhor sobre suas opções, buscando também uma
orientação do vendedor.
A motivação para o desenvolvimento desta pesquisa surgiu a partir da
percepção de que os grandes fabricantes de eletroeletrônicos, que dependem de
canais de distribuição para levar seus produtos ao varejo, não possuem uma
interação direta com o seu cliente final e por isso dependem fortemente do trabalho
dos vendedores destes canais e de sua interação com o consumidor.
17
3. CONTRIBUIÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho oferecer aos fabricantes de eletroeletrônicos um melhor
entendimento de quais os fatores que levam um vendedor de varejo a indicar uma
marca ao consumidor final. Ao conhecer melhor as verdadeiras necessidades e
desejos dos vendedores, os fabricantes poderão tentar conquistar sua fidelidade
para que recomendem suas marcas.
A indústria tenta persuadir o consumidor final através da mídia, fortalecendo
sua marca na mente do consumidor. Porém, no ponto de venda, o vendedor tem em
suas mãos a vantagem da interação pessoal com o consumidor. É nesse momento,
que o vendedor pode usar seu poder de persuasão para interferir na escolha da
marca que o cliente irá comprar, podendo, inclusive, convencê-lo a levar uma marca
diferente da que ele tinha em mente, ao entrar na loja. Então, todo o investimento
feito pelo fabricante no fortalecimento de sua marca através da publicidade e
propaganda é colocado à prova em questão de minutos.
Para tentar manipular este cenário, e torná-lo mais favorável, os fabricantes
devem além de fazer o trabalho de fortalecimento de suas marcas nas mentes dos
consumidores, tentar fortalecer também seu relacionamento com os vendedores,
conquistando então a sua lealdade. Para isso é importante entender o que dita o
comportamento dos vendedores e quais os fatores que os levam a tomar uma
posição contra ou a favor de uma marca.
A maioria dos varejistas busca oferecer uma grande variedade de produtos e
marcas aos seus clientes e com isso dá aos vendedores a opção de indicar qualquer
uma das marcas vendidas pela loja. É nessa hora que o fabricante deve agir para
fazer o que o vendedor indique sua marca.
Porém, antes de chegar no estágio em que a lealdade do vendedor é o foco,
os fabricantes precisam primeiro ter desenvolvido canais de distribuição eficazes e
boas relações comerciais com os varejistas diversos. Uma vez criada estrutura de
18
canal para que o produto chegue à prateleira das lojas, os fabricantes então estão
prontos para começar a desenvolver seu relacionamento com o vendedor.
Entender como é o comportamento do consumidor também é de extrema
importância para que o fabricante saiba o que esperar dele no ponto de venda e da
sua interação com o vendedor.
Por fim, as empresas devem conhecer a realidade dos vendedores, quais os
sistemas de remuneração e incentivos mais comuns, como são treinados e como
interagem com o cliente na hora que buscam fechar uma venda.
A primeira parte do trabalho irá desenvolver uma revisão teórica dos tópicos
descritos acima. Em seguida será apresentada a metodologia da pesquisa, os
resultados encontrados, as conclusões do estudo e sugestões para projetos futuros.
19
4. O CANAL DE MARKETING E DISTRIBUIÇÃO
Estabelecer e administrar o canal de distribuição é um importante desafio
para os fabricantes de eletroeletrônicos. O sucesso de vendas dessas empresas
depende, em grande parte, da sua capacidade de distribuição dos produtos ao
mercado. Para se manterem competitivos e alcançarem suas metas de faturamento
e lucro, os fabricantes devem desenvolver seus canais de distribuição de tal forma
que seus produtos estejam sempre facilmente disponíveis aos potenciais
consumidores, porém que os custos desta estrutura de distribuição não sejam muito
altos, onerando de forma significativa o preço em que o produto chega ao mercado,
afetando negativamente a sua competitividade.
Rosenbloom (2002) acredita que um canal de marketing eficiente pode ser
uma importante fonte de vantagem competitiva, e difícil de ser copiada pela
concorrência a curto prazo. Isso acontece, pois uma estratégia de canal eficiente é o
resultado de um trabalho de longo prazo, que exige uma forte estrutura, além de ser
baseado em relacionamentos e pessoas. Consequentemente, quando uma empresa
sai na frente, e cria um canal de marketing diferenciado, ela consegue uma
vantagem competitiva difícil de ser copiada no curto prazo.
De acordo com Coughlan, Anderson e El-Ansary (2002), um canal de
marketing é um conjunto de organizações interdependentes envolvidas no processo
de disponibilizar um produto ou serviço para uso ou consumo. Cada uma dessas
organizações tem sua função no canal e para desempenhar esta função recebe uma
parcela do lucro gerado ao longo da cadeia de distribuição. Independente do número
de intermediários de um canal, todos possuem um objetivo comum que é vender o
produto. Portanto, o sucesso do canal, como um todo, depende do desempenho de
cada um dos elos da cadeia para que o fluxo do material seja intenso e contínuo,
maximizando as vendas e a oportunidade de realização de lucro para todos os seus
participantes.
Além do objetivo de vender o produto ao próximo intermediário do canal, até
chegar ao consumidor final, o fabricante deve ter a preocupação de minimizar os
20
custos da distribuição de seus produtos. Em alguns casos, o custo de distribuição de
um produto pode chegar a ser mais alto que o próprio custo de fabricação do
produto. Nesses casos, canais de distribuição pouco eficazes, podem não afetar
a disponibilidade do produto no mercado, como também fazer com que ele chegue
ao consumidor final mais caro que o dos concorrentes, diminuindo assim a sua
competitividade.
4.1 Conflitos no Canal de Marketing
Apesar do sucesso das cadeias de distribuição depender diretamente do nível
de cooperação entre os seus participantes, inevitavelmente surgem conflitos entre
eles. Isso pode acontecer, por exemplo, quando um determinado varejista, que
vende, entre outros, um produto de marca A, opta por focar seus esforços de vendas
em um produto da marca B. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como por
exemplo, no caso do varejista precisa diminuir o estoque do produto B, ou mesmo se
a venda desta marca lhe trouxer melhores margens que a da marca A. É nessa hora
que se torna importante mencionar também o papel do vendedor na cadeia, que
apesar de não ser considerado na literatura como um intermediário em si, também
acaba tendo forte influência no fluxo dos produtos dos diferentes canais de
distribuição dos quais o varejista participa.
É bastante comum varejistas do mercado de eletroeletrônicos trabalharem
com diversas marcas. Em virtude disso, seus esforços de vendas são repartidos
entre os produtos de diferentes fornecedores cujos produtos eles distribuem. Sob
esse aspecto, por mais que o objetivo de maximização de vendas seja comum entre
o varejista e o fabricante da marca A, na prática, o varejista ao vender um produto de
uma outra marca poderá alcançar seu objetivo da mesma forma, enquanto que o
produto do fabricante A terá ficado na prateleira, afetando assim o fluxo deste seu
canal de distribuição.
21
De acordo com Rachman (1979, p.58): “produtores e varejistas têm muito em
comum. Possivelmente seu maior interesse conjunto é vender mercadoria e obter
lucro mercadoria que no final termina nas mãos do consumidor.” Se o fabricante
tem um produto que atrai os consumidores, o varejista terá interesse em
comercializar este produto. Rachman (1979) explica que os produtores buscam criar
uma forte demanda por seus produtos, para que os varejistas se sintam forçados a
carregá-los em suas lojas, por causa da procura do consumidor. Ao conseguir isso, o
fabricante se coloca em uma excelente condição de barganha e consegue exercer
maior poder sobre os varejistas, podendo até manipular melhor os preços que este
pratica ou mesmo exigir um consumo mínimo de seus produtos. O varejo, por sua
vez, não trabalha somente com uma marca de produto, mas com diversos
fabricantes diferentes, logo esse poder que um fabricante muitas vezes possui, pode
não ser interessante para o varejista e afetar sua capacidade de maximização de
lucros.
Porém, de acordo com Wysocki (1995), nas últimas décadas se observou
uma significativa mudança na força de influência dos produtores de bens sobre os
distribuidores. O porte cada vez maior das grandes redes varejistas deu a elas um
forte poder de compra e, portanto um maior poder de barganha perante os
fabricantes. No Brasil, um bom exemplo dos gigantes do varejo é a rede Casas
Bahia. Hoje, com mais de 540 lojas espalhadas pelo país e através de suas intensas
campanhas publicitárias (dispêndios de R$2,396 bilhões em 2005, e R$2,093 em
2006 fonte: “Casas Bahia continua como maior anunciante”), a rede sem dúvida é
um varejista com um enorme poder de barganha dentro dos canais de distribuição
que participa. O fabricante de eletroeletrônicos que não distribuir seus produtos
através dela, estará deixando de alcançar uma parcela significativa de potenciais
consumidores.
Outra evidência significativa sobre a força dos varejistas no Brasil, apontada
por Pacheco (2001, p.52), é o fato de 80% do valor negociado em 2000, por
empresas do setor de eletroeletrônicos, ter sido feito através dos 20 maiores
varejistas. Segundo Pacheco, em 2001: essa concentração tende a crescer, com
22
grandes varejistas adquirindo os grupos menores, aumentando ainda mais o seu
poder de negociação.”
O jogo de poder existente entre os membros de um canal existe, pois cada
um deles busca sempre a maximização de seus lucros, o que muitas vezes implica
na diminuição dos lucros de um outro membro.
Os membros de canais de marketing devem trabalhar em conjunto
para atender a usuários finais. Mas essa interdependência não
significa que o que é bom para um seja bom para todos. Cada
membro de canal busca o lucro próprio. Maximizar os lucros do
sistema não é o mesmo que maximizar os lucros de cada membro.
Se todo o resto for constante, cada membro do sistema fica em
situação melhor se conseguir evitar os custos (ou passá-los para
outro), enquanto reúne receitas (talvez retirando-as do outro).
(COUGHLAN, ANDERSON e EL-ANSARY 2002, p.171)
4.2 Intensidade de Distribuição
Um outro exemplo de divergência de interesses entre o fabricante e o
varejista está relacionado à intensidade de distribuição de uma marca. Se para um
fabricante, quanto mais pontos de vendas distribuírem seus produtos, maior será sua
probabilidade de conseguir vendê-los, para o varejista essa distribuição intensa faz
com que haja maior concorrência intramarca, ou seja, concorrência entre os
varejistas que vendem o mesmo produto de uma certa marca. Essa concorrência
não é interessante para os varejistas, que, descontente com a situação, pode querer
prejudicar ou mesmo limitar as vendas da marca saturada.
Varejistas prejudicados com uma distribuição excessiva de uma marca podem
querer boicotar esse produto, usando-o como uma “isca” para atrair o cliente para a
loja e então usar sua força de vendas para convencê-lo a comprar uma outra marca.
No outro extremo, um fabricante que for muito seletivo na distribuição de seus
produtos, além de dificultar o acesso do consumidor à sua marca, fará com que os
varejistas que carregam seu produto não destinem os seus melhores esforços à
venda daquela marca, por não terem concorrência suficiente que justifique seus
23
esforços. Coughlan, Anderson e El-Ansary (2002) explicam que: “uma das maiores
desvantagens da distribuição seletiva é o perigo da seletividade fomentar uma
representação medíocre.”
Então, qual o intensidade ideal de distribuição de um produto? Na visão de
MIRACLE (1965), a intensidade ideal de distribuição de um produto depende de
suas características. Deve-se levar em consideração quanto esforço o consumidor
estará disposto a fazer para adquirir uma marca específica. Para produtos de
compra comparada, como é o caso das televisões LCD, o consumidor tende a
comparar as diferentes marcas e preços disponíveis nos diferentes pontos de venda,
pois se preocupam mais em fazer a “escolha certa”. Na hora de comprar, esses
consumidores também buscam pontos de venda nos quais confiam. Neste caso, é
importante que o fabricante selecione com cuidado os varejistas que irão vender os
seus produtos, levando em consideração a reputação da loja e como ela irá
trabalhar a venda desses itens.
Outro ponto a ser levado em consideração é o nível de concorrência que o
produto enfrenta. Nos casos onde forte concorrência entre as marcas, limitar o
número de distribuidores pode não ser uma boa idéia. Coughlan, Anderson e El-
Ansary (2002) relatam que alguns produtores realizam experiências diversas para
conseguir aumentar a sua intensidade de distribuição e, ao mesmo tempo, manter os
benefícios da seletividade e a cooperação dos varejistas. Entre os métodos
comumente usados estão a solidificação da marca, introdução freqüente de novos
produtos, e a geração de perspectivas de vendas através de ões de marketing
que direcionam o cliente às lojas que vendem seus produtos.
Seja qual for o a intensidade de distribuição dos produtos de um fabricantes,
manter a cooperação entre os membros do canal é sempre um desafio.
Uma das dificuldades principais do gerenciamento dos canais de
marketing é o fato de que membros independentes estão envolvidos;
negócios que têm seus próprios objetivos, políticas e estratégias. O
relacionamento com esses membros, numa tentativa de ganhar sua
cooperação, para que possam auxiliar o fabricante a atingir seus
24
objetivos e estratégias, é o que torna o gerenciamento de canal
interorganizacional um desafio. (ROSENBLOOM, 2002, p.156)
Consequentemente, um canal de marketing bem estruturado e gerenciado,
cria uma sinergia entre seus membros, propiciando ao fabricante uma vantagem
competitiva perante seus concorrentes. É importante também que este fabricante
desenvolva um bom marketing mix para potencializar a distribuição de seus produtos
e ao mesmo tempo dar um maior suporte de vendas aos seus parceiros de canal.
4.3 Gestão do Canal de Marketing
Uma vez definida a estrutura do canal de marketing e a sua intensidade de
distribuição,o fabricante deve trabalhar para otimizar o desempenho de cada um dos
membros do canal. O gerenciamento do canal é fundamental para que seus
participantes se mantenham continuamente motivados a empregar o máximo de
esforço na venda daquela marca.
No caso das televisões LCD, onde existe forte concorrência intermarcas nos
pontos de vendas, manter o vendedor motivado e familiarizado com o produto é
também de extrema importância, pois sua recomendação muitas vezes pode ser um
fator determinante na escolha da marca que o cliente compra.
Para que o fabricante seja bem sucedido na sua missão de motivar os seus
parceiros de canal ele deve conhecer bem os desejos e as necessidades destes
parceiros. Em geral, as empresas buscam entender somente os desejos e
necessidades dos consumidores finais e deixam de lado as necessidades dos
distribuidores e varejistas. Na visão de Kotler e Armstrong (1995, p.283), “o
fabricante deve vender não só através dos intermediários, mas também para eles.”
Embora seja muito comum que os fabricantes invistam em pesquisas de
marketing para conhecer melhor seus consumidores finais, Meyers (1988, p.12)
relata que menos de 1% dos orçamentos de pesquisa dos fabricantes é gasto para
entender melhor as necessidades do varejista, e que as necessidades destes
25
membros do canal são literalmente ignoradas. Em alguns casos, necessidades
ocultas de distribuidores e varejistas podem existir, sem que o fabricante tenha
conhecimento delas, e prejudicar a fluidez dos produtos pelo canal. Com isso,
entender bem a dinâmica e as motivações dos participantes do canal, incluindo as
dos vendedores de varejo, é essencial na gestão do canal de marketing.
Programas cooperativos são os métodos mais usados para manter os
membros do canal motivados e alinhados com os objetivos dos fabricantes. Alguns
dos programas cooperativos clássicos, apontados por Weiss (apud ROSENBLOOM
2002, p. 242), comumente usados por fabricantes no suporte ao varejo, são:
1. Concessão e propaganda cooperativa.
2. Pagamento pela colocação de display, incluindo extensões de prateleiras, displays
de empilhamento, localizações privilegiadas, displays de ilhas etc.
3. Concurso para vendedores.
4. Demonstradoras.
5. Amostras grátis.
6. Material promocional para vitrines e interior de lojas.
7. Divulgação de ofertas especiais aos consumidores
8. Treinamento de vendedores.
9. Grande variedade de concessões promocionais.
10. Pagamento parcial do salário dos vendedores.
Dentre os programas cooperativos existentes, vários deles têm o foco voltado
exclusivamente ao vendedor. Programas de incentivos de vendas através de
prêmios e bônus em dinheiro são usados para que o vendedor concentre seus
esforços de vendas numa determinada marca. Treinamentos para os vendedores e
materiais promocionais nas lojas também tem o objetivo de ajudá-los a conhecer
melhor as vantagens do produto e com isso ter maior facilidade na hora de fazer
uma recomendação e venda.
Além de manter o varejista e os vendedores motivados, os fabricantes
perceberam a importância de influenciar o comportamento do cliente dentro das
lojas, o que resultou no desenvolvimento do Trade Marketing,
que visa conquistar a preferência do consumidor final no ponto-de-
venda, garantindo que a empresa produtora tenha não apenas seus
26
produtos expostos, mas, principalmente, que suas estratégias de
marketing estejam visíveis e gerem atratividade necessária no
momento da compra. (ALVAREZ, p. 2)
De acordo com Alvarez (2008) os elementos que compõem o Trade Marketing
são: mix de produtos; força de vendas; preços; ponto-de-venda (PDV), nível de
atendimento e serviço; e promoção. No PDV existem vários aspectos que podem ser
explorados pelos fabricantes, a fim de influenciar a escolha do consumidor, conforme
ilustra a Figura 4.1 abaixo:
Figura 4.1 – Elementos do Trade Marketing
Fonte: Elaborada pelo autor.
27
5. ENTENDENDO O CONSUMIDOR
Para Hawkins, Best e Coney (1995, p.6), todas as ações de marketing são
baseadas em premissas sobre o comportamento do consumidor. Logo, o gestor de
marketing, para ser bem sucedido em suas decisões, deve ter um bom
conhecimento de quem são seus potenciais consumidores e quais são os desejos e
necessidades destes consumidores.
5.1 Influências no Comportamento do Consumidor
Diversos fatores, internos e externos, influenciam as tomadas de decisões
das pessoas. As experiências pessoais de cada um, assim como o ambiente externo
em que estão inseridos e o seu estilo de vida moldam o seu perfil como consumidor
e influenciam as suas decisões de compras.
5.1.1 Fatores Internos
Os fatores internos, também chamados de fatores pessoais, são
características do indivíduo que influenciam o seu comportamento de compra. Esses
fatores são: percepção, motivação, aprendizagem e memória, personalidade e estilo
de vida, crenças e atitudes, e auto-conceito.
5.1.1.1 Percepção
De acordo com Karsaklian (2000), a percepção é o processo composto de
três fases: primeiro o indivíduo é exposto a uma informação por meio dos sentidos,
em seguida ele seleciona quais informações ele dará atenção, por último ele
organiza e interpreta as informações que recebeu.
28
Mowen e Minor (2003) classificaram essas três fases descritas acima como
estágio da exposição, estágio da atenção e estágio da compreensão conforme
mostra o diagrama 5.1 abaixo.
Figura 5.1 – Processo de Percepção
Fonte: MOWEN e MINOR, 2003, p.31
Todos os dias as pessoas são expostas a um volume de informações o
grande que seria impossível prestar atenção em tudo. Por causa disso, acontece o
que é chamado de atenção seletiva, onde o consumidor filtra as informações que
recebe e somente atenção àquelas que achar relevantes. O grande desafio dos
profissionais de marketing é conseguir passar por este filtro e atrair a atenção dos
consumidores.
No ponto de venda, a melhor ferramenta que um fabricante tem para
conseguir passar por este filtro de informações é o vendedor. De acordo com
Ohanian (2005), o vendedor tem uma vantagem única de interagir por 10 a 15
minutos com consumidores que estão decididos a comprar, e que buscam
ativamente uma recomendação sua, seja para confirmar o que sabem ou mesmo
para obter novas informações.
Em seguida, depois de filtrar as informações que acham relevante, as
pessoas tendem a interpretá-las e julgá-las de acordo com suas crenças e valores. É
nesse momento que acontece a compreensão da informação que recebemos. Kotler
29
e Armstrong (2001, p.195) chamam esse processo de distorção seletiva, ou seja, a
tendência do consumidor em transformar a informação que recebe em significados
pessoais e interpretá-la de maneira que se adapte a seus prejulgamentos.
Depois de filtrar e interpretar as informações que recebe, o consumidor
apenas retém parte delas. Esse processo é chamado de retenção seletiva. Kotler e
Armstrong (2001, p.196) explicam que as pessoas tendem a reter melhor as
informações que sustentam suas crenças e atitudes. Para evitar que suas
mensagens sejam descartadas no processo de retenção seletiva, muitos
profissionais de marketing usam dramatização e repetições na comunicação de seus
produtos.
5.1.1.2 Motivação
No estudo do comportamento do consumidor é importante entender o que o
leva a agir, ou seja, a comprar.
De acordo com HILGARD (apud MOWEN e MINOR, 2003), a motivação
refere-se a um estado alterado de uma pessoa, o qual conduz a um comportamento
voltado a um objetivo. Ela começa através de um estímulo que leva ao
reconhecimento de uma necessidade, que pode ser fisiológica ou psicológica. A
tentativa de eliminar ou mesmo reduzir a tensão criada por essa necessidade leva a
pessoa a agir.
Cada consumidor age de uma maneira diferente para satisfazer as suas
necessidades, de acordo com seus desejos. Segundo Solomon (2002) a forma
peculiar de consumo usada para satisfazer uma necessidade é o que é chamado de
desejo. Duas pessoas podem ter a mesma necessidade, por exemplo, fome, sendo
que cada uma deseja um tipo de alimento diferente. “Necessidades são exigências
humanas básicas. [...] Desejos são moldados pela sociedade em que se vive”
(KOTLER e ARMSTRONG, 2001, p.33)
Profissionais de marketing não criam necessidades, mas influenciam desejos.
Um consumidor que entra em uma loja com o objetivo de comprar uma televisão
30
para suprir alguma necessidade sua, pode ser influenciado pelo vendedor a desejar
uma marca ou modelo específica, mesmo existindo outro produto diferente que
pudesse suprir sua necessidade da mesma forma.
5.1.1.3 Aprendizagem e Memória
De acordo com Solomon (2002), a aprendizagem é uma mudança
permanente no comportamento, causada pela experiência. O comportamento de
consumo é em sua essência um fruto de aprendizagem, que pode ocorrer por meio
da educação ou da prática, conforme descrito abaixo:
O aprendizado por meio da educação implica obter informações a
partir das empresas sob a forma de propaganda, de contato com
pessoal da área de vendas e de esforços por parte do próprio
consumidor para buscas esses dados. Em contrapartida, o
aprendizado por meio da prática implica o processo de obter
conhecimento por meio do contato real com os produtos. (MOWEN
e MINOR, 2003, p.72)
A memória é o armazenamento das informações aprendidas para que
possam ser resgatadas quando necessário. No processo de decisão de compra,
quando um consumidor escolhe a marca de televisão que irá comprar, este
consumidor busca em sua memória todas as informações que possui a respeito das
diferentes marcas disponíveis.
Os profissionais de marketing pouco podem fazer para influenciar as
experiências passadas que cada pessoa teve com produtos da sua marca ou da
concorrência. O que os eles podem tentar fazer é influenciar a memória dos
consumidores por meio de propagandas ou educá-los nos pontos de venda, através
dos vendedores do varejo.
Investir em propaganda tem se tornado cada vez mais caro e nem sempre é a
maneira mais eficaz para educar o consumidor sobre a marca ou produto. Segundo
Ohanian (2005), nos Estados Unidos nos anos 60, um fabricante conseguia alcançar
80% do seu público alvo veiculando um mesmo anúncio em três emissoras ao
mesmo tempo. Hoje em dia, para se ter o mesmo resultado o mesmo anúncio teria
31
que passar em quase 100 canais diferentes. Pode-se dizer que a realidade no Brasil
é muito semelhante. 15 anos, um fabricante que veiculasse um anúncio na TV
Globo, no domingo à noite, conseguia alcançar uma parcela muito maior de seu
público alvo que alcançaria hoje em dia, após o surgimento da TV a cabo, internet
etc. Um estudo feito em 1984, descrito por Solomon (2002, p.87), concluiu que
menos de 40% dos telespectadores fizeram ligações positivas entre as mensagens
dos comerciais e os produtos correspondentes, somente 65% notaram o nome da
marca em um comercial e apenas 38% reconheceram uma conexão com um ponto
importante.”
Com isso, é fundamental que as empresas busquem outras maneiras, mais
eficazes, de interferir na aprendizagem do consumidor sobre seus produtos. Investir
nos vendedores do varejo talvez seja muito menos custoso e traga melhores
resultados que os altos investimentos em propaganda. Um vendedor bem informado
sobre as características de um produto e vantagens de uma marca tem uma
oportunidade única de educar o consumidor no momento da compra. Isso acontece,
pois de acordo com Ohanian (2005), na venda de produtos que exigem algum tipo
de interação entre o consumidor e o vendedor, as informações e recomendações
que o vendedor ao cliente, na maioria das vezes, o um fator de forte influência
na escolha feita pelo cliente.
5.1.1.4 Personalidade e Estilo de Vida
Kotler e Armstrong (2001) definem estilo de vida como o padrão de vida de
uma pessoa definido através de suas atividades, interesses e opiniões. A partir do
estilo de vida, surgem os padrões de consumo, ou seja, as escolhas de uma pessoa
sobre como gastar seu tempo e dinheiro.
A personalidade de um indivíduo é formada pelas características psicológicas
que influenciam o modo sistemático com que ele reage ao seu ambiente.
Para as empresas, a compreensão da personalidade e do estilo de vida do
seu mercado-alvo é fundamental para que elas possam desenvolver mensagens
promocionais adequadas aos desejos e necessidades desse grupo.
32
Em 1978, o Stanford Research Institute (SRI INTERNATIONAL), desenvolveu
um sistema de classificação de estilos de vida chamado de VALS™ (Values and
Lifestyles System Sistema de Valores e Estilos de Vida) para segmentar o
mercado e dar diretrizes para as empresas no desenvolvimento de mensagens aos
consumidores e criação de estratégias de produto. Alguns anos depois, em 1989, a
SRI International desenvolveu uma nova versão do VALS, chamada de VALS2. Esta
nova classificação, desenvolvida especificamente para medir os padrões de compra
das pessoas, divide os consumidores americanos em oito grupos, baseado em sua
auto-identidade e seus recursos, conforme Figura 5.2 abaixo.
Figura 5.2 – VALS 2
Fonte: SRI International, CA
Os pesquisadores do VALS 2 descreveram 3 categorias diferentes de
consumidores, conforme a auto-identidade de cada pessoa. Pessoas orientadas por
princípio fazem suas escolhas de consumo conforme suas crenças pessoais. o
grupo das pessoas orientadas por status são preocupadas com sua imagem perante
os outros e baseiam suas escolhas levando em consideração o que acreditam que
os outros irão pensar. O terceiro grupo, orientado por ação, tomam decisões
pensando em causar impacto no mundo a sua volta, buscando variedade, atividade
e emoção.
33
Por último esses grupos são divididos novamente, conforme seus recursos,
que incluem renda, educação, níveis de energia e vontade de comprar.
Com base nas classificações da VALS2 a SRI International descreveu o
comportamento de compra, as atividades mais comuns e o alcance de mídia de
cada um dos oito grupos (HAWKINS, BEST e CONEY, 1995, p.336-337). Essas
informações podem ser muito úteis para fabricantes na hora de desenvolver a
comunicação da empresa para o mercado. Porém, é fundamental que as empresas
saibam em qual dos oito grupos está a maior parte dos seus clientes, para então
desenvolverem a comunicação mais adequada para o seu público alvo.
5.1.1.5 Crenças e Atitudes
Fishbein (apud MOWEN e MINOR, 2003), define atitude como uma
predisposição aprendida para reagir consistentemente de forma positiva ou negativa
com relação a um objeto qualquer.
O conceito de atitude engloba três componentes: cognitivo, afetivo e
comportamental, conforme Figura 5.3 abaixo.
Figura 5.3 - Os Componentes da Atitude e Suas Manifestações
Fonte: HAWKINS, BEST e CONEY, 1995, p.356)
34
O componente cognitivo se refere ao conhecimento e crenças que a pessoa
tem em relação ao objeto, o afetivo está relacionado aos seus gostos e preferências,
e o comportamental define a sua tendência à ação e intenção de compra.
De acordo com Oliveira (2001), as pessoas, no processo de satisfazer
necessidades inerentes e adquiridas com aprendizado e experiência, desenvolvem
atitudes que influenciam suas escolhas de produtos e marcas. Com isso, é muito
importante que os fabricantes conheçam as atitudes de seus consumidores, para
levá-las em consideração nas suas tomadas de decisão.
Mowen e Minor (2003) argumentam que os consumidores raramente entram
em uma situação sem que tenham atitudes e crenças preexistentes acerca de um
objeto. A experiência previa que cada pessoa possui faz com que ela já tenha um
sentimento inicial positivo ou negativo em relação a um produto ou serviço. É através
da persuasão que, muitas vezes, o fabricante tenta influenciar essas crenças,
atitudes e enfim o comportamento do consumidor.
Existem várias formas de comunicação que uma empresa pode usar para
tentar persuadir o consumidor a comprar seus produtos ou serviços. Uma delas é no
ponto de venda, através da interação entre o vendedor e o cliente. Segundo White
(2005), isso é verdade principalmente quando o objeto da persuasão, neste caso o
produto a ser comprado, é um produto complexo, pois o desconhecimento do
consumidor e sua incerteza com relação ao real valor das características do produto
fazem com que ele busque e aceite as recomendações de um especialista, como um
vendedor.
Um estudo feito por East et al. (2005) sobre o poder da recomendação
mostrou que 31% das escolhas de marca são atribuídas às recomendações
recebidas, de amigos, revistas especializadas e vendedores. Comparado com a
persuasão através da mídia (14%) e de informações vindas da experiência própria
do comprador (21%), o estudo apontou a importância das recomendações nas
decisões de escolha de marca.
35
5.1.1.6 Auto Conceito
Solomon (2002) define auto conceito como as crenças que uma pessoa tem
sobre seus próprios atributos e como ela avalia essas qualidades. O auto conceito
engloba todos os pensamentos e sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesma.
A maneira como uma pessoa se pode ser dividida em quatro categorias: o
‘eu real’, a forma real como ela se vê; o ‘eu ideal’, a maneira que ela gostaria de se
ver; ‘o eu social’, a forma como ela acha que os outros a vêem e o ‘o eu social ideal’,
como ela gostaria que os outros a vissem.
Muitas vezes, na tentativa de alcançar o eu ideal’, tanto no aspecto social
quanto no privado, as pessoas buscam soluções que envolvem consumo de
produtos e serviços. A Figura 5.4 abaixo ilustra a relação entre o auto conceito e o
consumo.
Figura 5.4 – Relação entre o auto conceito e o consumo
Fonte: HAWKINS, BEST e CONEY, 1995, p.318
Segundo Mowen e Minor (2003), a personalidade dos consumidores pode ser
definida pelos produtos que eles usam, e que as coisas que possuímos representam
uma extensão de nós mesmos. Belk (1974) descobriu essa congruência de imagem
de si mesmo e imagem do produto principalmente em produtos de saúde, de
limpeza, produtos de beleza e lazer, vestuário, cigarros, revistas, produtos
alimentícios de uso diário, móveis, automóveis e eletroeletrônicos.
Isso ocorre pois produtos e marcas também possuem uma imagem na mente
do consumidor. Logo, os profissionais de marketing devem tentar criar uma imagem
para seus produtos que de encontro com a auto-imagem do seu público alvo,
fazendo com que o consumidor, na hora de comprar, deseje a sua marca ao invés
das demais marcas disponíveis.
36
5.1.2 Fatores Externos
O consumidor não pode ser analisado somente com um indivíduo isolado,
pois seu comportamento e decisões de compra o influenciados por fatores
externos, resultado da sua interação social com o ambiente em que está inserido.
Alguns fatores externos que influenciam o comportamento do consumidor são:
cultura, classe social, família, grupos de referência e fatores situacionais.
5.1.2.1 Cultura
De acordo com Wallendorg (apud MOWEN e MINOR, 2003), cultura é um
conjunto de padrões de comportamento socialmente adquiridos que são transmitidos
simbolicamente aos membros de uma determinada sociedade por meio da
linguagem e de outros meios. Alguns dos aspectos que distinguem uma cultura da
outra são regras de comportamento, atitudes, valores e estilo de vida da população.
Para Solomon (2002), o comportamento de consumo não pode ser
compreendido sem que se leve em consideração o contexto cultural em que ele está
inserido. Ele descreve a cultura como a “lente” através da qual as pessoas enxergam
os produtos.
Alguns elementos que compõem o conceito de cultura, conforme descritos por
Mowen e Minor (2003) são:
Valores: Concepções do que é correto, bom e importante;
Normas: Valores que ditam comportamentos aceitáveis e inaceitáveis;
Rituais: Seqüências de ões socialmente padronizadas que se repetem
periodicamente, transmitem significados e envolvem o uso de símbolos culturais;
Mitos: Histórias que expressam valores e idéias importantes da sociedade.
É importante que a empresa conheça bem a cultura do local onde ela está
atuando, para que ela consiga fortalecer a imagem de sua marca com base nos
37
valores culturais considerados importantes para aquela sociedade. Conhecer bem a
cultura local também é fundamental no desenvolvimento do marketing mix da
empresa, suas propagandas, ações de marketing e de toda a comunicação da
empresa com a sociedade. Às vezes, uma simples palavra usada com muito
sucesso em um país pode transmitir uma mensagem completamente diferente em
outro.
Os costumes no relacionamento entre fabricantes e varejistas também pode
variar de um país para o outro e devem ser estudados pelos fabricantes antes que
eles tentem criar promoções e incentivos de vendas para os vendedores dos
varejistas locais.
5.1.2.2 Classe Social
Hawkins, Best e Coney (1995, p.120) definem o sistema de classes sociais
como “uma divisão hierárquica de uma sociedade em grupos relativamente distintos
e homogêneos no que diz respeito a atitudes, valores e estilos de vida.”
De acordo com Fisher (1987), compreender o conceito de classe social é
fundamental para o estudo do comportamento de consumidor, pois a partir das
divisões de classes sociais, podemos compreender quais os recursos que limitam as
escolhas do consumidor e as preferências que direcionam aonde serão alocados
esses recursos.
Mowen e Minor (2003) defendem que a classe social influencia fortemente os
estilos de vida dos consumidores:
Quatro generalizações podem ser feitas com relação ao impacto da
classe social nos estilos de vida do consumidor: (1) a classe social
influencia o estilo de vida, (2) a classe social prevê os recursos
possuídos, (3) os produtos podem ser comprados como símbolos de
status e (4) o consumo de símbolos de status é uma habilidade.
(p.329)
O estilo de vida de uma pessoa, suas atividades, interesses, e renda familiar
definem os produtos e serviços que ela deseja e tem condições de consumir. Os
38
recursos que uma pessoa possui, também estão ligados à classe social que ela
pertence, como recursos financeiros, culturais, sociais e de tempo.
O consumo de certos produtos ou serviços podem ser uma forma da pessoa
mostrar à sociedade que ela pertence a uma certa classe social, ou seja, pode ser
um símbolo de status. Porém, Mowen e Minor (2003) preconizam que consumir
produtos como símbolo de status é uma habilidade, e que pessoas que consumem
os produtos “errados” com o objetivo de avançar a posição de classe social, podem
ser rotuladas de “novos ricos”.
5.1.2.3 Família
Blackwell, Miniard e Engel (2005) explicam que:
A importância da família ou do lar no comportamento do
consumidor surge por duas razões: 1. Muitos produtos são
comprados por uma unidade familiar. 2. As decisões de compra
individuais podem ser fortemente influenciadas pelos outros
membros da família. (p. 376)
Os produtos podem ser comprados por uma pessoa, mas usados por muitas
dentro de uma mesma casa. Por isso, a tomada de decisão de compra em uma
família envolve alguns ou todos os seus membros dela, cada um desempenhando
um ou mais papéis conforme descrito abaixo:
Iniciador: Identifica uma necessidade não atendida e inicia o processo de compra.
Influenciador: Busca informações e tenta influenciar quais critérios serão usados,
produtos considerados e mesmo a decisão final.
Decisor: Aquele que dá a palavra final sobre qual produto comprar. Muitas vezes é a
pessoa que possui a autoridade financeira ou aquele que decide como o dinheiro da
família será gasto.
Comprador: A pessoa que faz a compra, ou seja, vai até a loja, interage com o
vendedor e traz o produto para casa.
39
Usuário: A pessoa, ou as pessoas, que usam o produto ou serviço.
O ciclo familiar e a estrutura da família também afetam o comportamento de
compra das pessoas. As decisões de compra e os papéis de cada um da família vão
mudando com o passar do tempo, e dependendo do estágio em que a família se
encontra. Uma família passa por vários estágios, começando pela fase onde ela é
formada somente pelo marido e a mulher, em seguida vem os diferentes estágios de
criação dos filhos, até o momento da aposentadoria, falecimento de um dos
cônjuges e a saída dos filhos de casa, não necessariamente nesta ordem. Em cada
um desses momentos, os papéis no processo de compra vão mudando e se
adaptando à nova fase do ciclo de família.
Os profissionais de marketing também devem estar atentos às novas
estruturas familiares que vem se tornando cada vez mais comuns nos dias de hoje.
De acordo com o censo americano, nos Estados Unidos, o número de jovens
solteiros, pessoas divorciadas e viúvos que moram sozinho aumentou quase 70% de
vinte anos para . O mesmo pode ser visto em outros países industrializados,
segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005). Além disso, lares de casais
homossexuais também são cada vez mais comuns e não podem ser ignorados pelas
empresas.
5.1.2.4 Grupos de Referência
Sob a ótica de Bearden e Etzel (1982, p.184) grupos de referência são
“qualquer pessoa ou grupo de pessoas que influenciam o comportamento de um
indivíduo de forma significativa”. Alguns exemplos de grupos de referência são:
celebridades, políticos, atletas, grupos musicais, grupos de pessoas com interesses
semelhantes entre outros.
As pessoas podem ser influenciadas por meio da TV, observando a forma de
outras pessoas agirem, através do comportamento dos seus ídolos, por meio de
revistas especializadas ou mesmo pela da comunicação boca a boca que também é
um poderoso influenciador do comportamento de compras dos consumidores.
40
Bearden e Etzel (1982) conduziram um estudo que avaliou a influência de
grupos de referência na escolha de produtos e marcas. Seu estudo concluiu que a
escolha da marca em produtos de uso privado sofre menos influência de grupos de
referência que em produtos de uso público. O estudo também mostrou que a
escolha de produtos de luxo é mais influenciada que a de produtos de necessidade,
conforme demonstra a Figura 5.5 abaixo.
Figura 5.5 - Influência de Grupos de Referência na Escolha de Produtos e Marcas
Fonte: BEARDEN e ETZEL, 1982, p.185
5.1.2.5 Influência Situacional
Belk (1974) define a situação como “um conjunto de fatores ligados a um
momento e um local específicos, sem encontrar suas origens nas características
estáveis das pessoas ou dos produtos, exercendo influência importante sobre o
comportamento”.
41
A abordagem situacional analisa o contexto da compra e analisa as variáveis
situacionais que afetam o comportamento do consumidor.
De acordo com Karsaklian (2000), o comportamento no ponto-de-venda
também é afetado pela situação em que ele acontece:
Um consumidor no ponto-de-venda tem tendência a: (1) renunciar a
compras decididas algum tempo; (2) reduzir suas compra
impulsivas; (3) trocar de marca quando não encontra aquela
procurada. Outros resultados demonstram que: (1) recorre-se muita
mais aos conselhos do vendedor quando se trata de um presente; (2)
os critérios buscados na compra de um secador de cabelos ou de um
serviço de mesa variam em razão do perfil percebido do destinatário;
(3) visita-se muito mais as butiques quando se vai às compras com
amigos. (p.206)
Os cinco tipos de influências situacionais mais aceitas na literatura são:
ambiente físico, ambiente social, perspectiva temporal, tarefa e estados
antecedentes.
O ambiente físico engloba as características o local onde ocorre a compra. Os
aspectos do ambiente físico incluem a iluminação, temperatura, cheiros, sons e
músicas, o layout da loja ou mesmo sua localização. Outro aspecto do ambiente
físico que afeta o comportamento do consumidor é o efeito da aglomeração,
causado pelo excesso de pessoas no local ou por uma área física limitada.
O ambiente social é definido pela influência que outras pessoas exercem no
comportamento da pessoa no momento da compra.
A perspectiva temporal pode ter influência no comportamento de compra com
base na quantidade de tempo que o consumidor dispõe para fazer tal compra. A
quantidade de tempo que uma pessoa tem para comprar um produto afeta o quanto
de informação ela busca sobre esse produto, antes de tomar uma decisão, o que
tende a afetar a qualidade das escolhas feitas. Um estudo conduzido por Park, Iyer e
Smith (1989) verificou que consumidores colocados sob pressão de tempo não
conseguiram comprar os produtos que queriam no tempo estipulado, e que a
pressão do tempo gerou maior dificuldade para os consumidores quando a compra
era feita em lojas com as quais não tinham familiaridade.
42
A influência situacional chamada de tarefa se refere à razão da compra, ou
seja, os motivos pelos quais o consumidor está buscando aquele produto ou serviço.
O comportamento do consumidor varia de acordo com o propósito da compra, por
exemplo, se ele está buscando um presente para alguém ou o mesmo produto para
consumo próprio. Um estudo conduzido por Andrus, Silver e Johnson (1986)
revelaram que consumidores tendem a gastar 20% mais na compra de roupas de
marca quando estão comprando o produto para dar de presente.
Estados antecedentes referem-se ao estado de espírito ou humor, e as
condições fisiológicas temporárias da pessoa no momento da compra. Um exemplo
da influência do estado de espírito no comportamento de compra foi descrito por
Tauber (1995):
Estados emocionais e humores diversos podem ser relevantes para
explicar porque (e quando) uma pessoa vai às compras. Por
exemplo, a pessoa pode ir a uma loja por diversão quando está
entediado ou em busca de contato social quando estiver se sentindo
sozinha. Da mesma forma, ela pode ir até a loja para comprar “algo
legal” para ela quando estiver deprimida. Várias pessoas em um
estudo declararam que eles frequentemente aliviam a depressão
simplesmente comprando algo para si mesmo. Neste caso, a ida às
compras é motivada não pela utilidade esperada do consumo, mas
pela utilidade do processo de compras em si. (p.59)
Outros exemplos de estado de espírito que afetam o comportamento de
compras são ansiedade, alegria e excitação. As condições fisiológicas temporárias
como fome, sede, frio, cansaço entre outras são alguns exemplos de estados
antecedentes que são influências situacionais no comportamento de compra.
No caso da compra de uma TV de LCD, podemos citar como exemplos de
influencia situacional, a presteza do vendedor e seu nível de conhecimento do
produto. Esses dois fatores podem afetar, forma positiva ou mesmo prejudicar, a
experiência de compra do consumidor.
43
5.2 Processo de Decisão de Compra
O modelo do processo de decisão de compra, é descrito como tendo cinco
etapas: o consumidor reconhece a sua necessidade; busca informações sobre o
produto ou serviço que satisfaça essa necessidade; avalia as alternativas
encontradas; efetua a compra; e por último avalia o produto ou serviço adquirido.
5.2.1 Reconhecimento da Necessidade
Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.104) explica que “o reconhecimento da
necessidade depende da grandeza da discrepância que existe entre o estado real (a
situação atual do consumidor) e o estado desejado (a situação em que o consumidor
desejaria estar).” A sensação de desconforto causada por essa discrepância faz com
que o consumidor entre em ação, para tentar minimizar o incomodo e voltar ao
estado de equilíbrio.
De acordo com Solomon (2002), uma necessidade pode surgir de duas
maneiras. Uma delas ocorre quando o estado real do consumidor cai, por exemplo,
quando acaba um produto em casa. A outra acontece quando o estado ideal para
esse consumidor se move para cima, por exemplo, quando surge um produto novo
no mercado que o consumidor considera melhor do que o que ele já possui.
As empresas, através de esforços de marketing, tentam atiçar o
reconhecimento de necessidades. Campanhas de marketing para estimular o
aumento da demanda por uma categoria de produto, sem que seja levada em
consideração a marca, são chamadas de demanda primária. Uma empresa pode
usar esse tipo de abordagem para tentar aumentar a demanda total do mercado por
um produto já existente, ou para lançar uma categoria nova de produto.
Os profissionais de marketing podem também tentar estimular a demanda
secundária, ou seja, procurar convencer o consumidor que sua marca é a melhor
escolha para suprir a necessidade.
44
5.2.2 Busca de Informações
A busca de informações é o segundo estágio do processo de decisão de
compra. Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.110), ela representa “a
ativação motivada de conhecimento armazenado na memória ou a aquisição de
informação do ambiente relacionado à satisfação potencial de necessidades”.
Pela definição acima, pode-se entender que a busca de informação é dividida
em interna e externa. Na busca interna, o consumidor rastreia sua memória por
informações e experiências acumuladas sobre os produtos ou serviços que possam
ajudá-lo a suprir a sua necessidade. na busca externa, o consumidor procura
informações em fontes externas, como amigos, parentes, mídia, relatório de
pesquisa, mostruários, vendedores e outros.
No processo de busca interna, o consumidor resgata em sua memória os
produtos e marcas que ele conhece. Mowen e Minor (2003, p. 197) definem esse
conjunto de lembrança como um subconjunto de todo o universo de marcas e
produtos potencialmente disponíveis”. Para as empresas, é fundamental que os
consumidores conheçam suas marcas e as considerem quando fizerem esta busca
interna. Ainda na busca interna, depois de identificar o universo de marcas
disponíveis em sua memória, o consumidor divide essas marcas em três grupos, as
marcas aceitáveis, as indiferentes e as inaptas, conforme mostra o quadro 5.6
abaixo.
45
Figura 5.6 – Conjunto de Lembranças
Fonte: MOWEN e MINOR, 2003, p.198
Ainda na mesma busca, quando o consumidor o acredita ter resgatado
informações suficientes para tomar sua decisão, ele geralmente tenta busca
informações adicionais no ambiente. Essa busca em geral é motivada pelo desejo
que o consumidor tem de fazer a melhor escolha.
As empresas devem tentar compreender até que ponto o consumidor está
disposto a ir atrás das informações de produtos e serviços antes de tomar uma
decisão de compras, para poderem definir melhor suas estratégias de marketing.
Stigler em seu artigo de 1961 (apud CALFEE e FORD, 1988) argumentou que os
consumidores irão buscar informações de produtos até o ponto o custo de fazê-lo
excede o ganho obtido com a nova informação.
Outras análises feitas sobre o processo de busca de informações também
relataram alguns aspectos importante sobre o quanto que o consumidor está
disposto a investir na busca externa de informações. Em 1998, um estudo conduzido
por Sundaran e Taylor demonstrou que quando há um maior risco percebido na
compra, o consumidor tende a aumentar seus esforços de busca de informação e
perceber melhor os benecios desta busca. O estudo também mostrou que os
consumidores que conhecem melhor o produto pesquisado em geral se dedicam
46
mais nesta busca. Isso acontece, pois eles em geral têm mais facilidade em
processar as informações pesquisadas, o que também torna a busca um processo
mais prazeroso para eles. Outro fator importante é o tempo disponível do
consumidor. Em situações onde o indivíduo tem pouco tempo disponível, a busca
por informações fica prejudicada e ele tenta usar ao máximo o conhecimento que
possui e limita as fontes de pesquisa, em geral àquelas que estiverem mais
acessíveis.
5.2.3 Avaliação das Alternativas
O processo de avaliação das alternativas pode ser baseado nas informações
preexistentes, da memória do consumidor, ou nas informações obtidas pela busca
externa.
Quando um consumidor possui em sua memória avaliações preexistentes
das alternativas a serem consideradas, a escolha da marca ou do produto tende a
ser muito mais fácil e rápida. Porém, quando esta avaliação depende de busca
externa de informação, o consumidor baseia sua avaliação nos atributos que julgar
importante no produto procurado. Hawkins, Best e Coney (1995) explicam que
quando o consumidor avalia as alternativas, ele primeiro define quais os atributos
que ele considera os mais importantes no produto, e dá pesos a esses critérios. O
peso, ou importância dada a cada atributo avaliado pode variar de um consumidor
para o outro. Se para um cliente o preço é o fator mais importante na sua decisão de
compra, para outro, menos sensível ao preço, o mais importante pode ser a
qualidade do produto ou os termos de garantia do mesmo. Alguns atributos que são
comumente avaliados nas alternativas de produtos ou marcas disponíveis são preço,
condições de pagamento, qualidade, confiabilidade, funcionalidade, design, marca,
garantia, economia entre outros.
47
5.2.4 A Escolha (Compra)
Depois de identificadas as alternativas de produtos e marcas e escolhidos os
atributos de maior importância para o consumidor, ele deve então escolher qual das
marcas ou produtos disponíveis melhor atende às suas necessidades. Essa escolha
em geral é feita através de uma das cinco regras de decisão descritas abaixo:
Compensatória Na regra compensatória um atributo com pontuação muito
alta compensa por outro com pontuação baixa. Isso acontece, pois a marca
escolhida é aquela que tiver o maior resultado na soma das pontuações nos
atributos considerados importantes pelo consumidor, e não na pontuação individual
de cada atributo.
As demais regras são não-compensatórias, ou seja, uma pontuação alta em
um atributo não compensa a baixa pontuação em outro.
Conjuntiva Esta regra estabelece um valor mínimo para cada um dos
atributos considerados importantes e somente considera as marcas que alcançarem
estes valores mínimos. Qualquer marca que ficar abaixo dos valores estipulados é
eliminada e não é mais considerada como uma opção de compra.
Disjuntiva Quando a regra disjuntiva é usada, o consumidor também
estabelece valores mínimos para os atributos que considera importante, porém, se
uma marca estiver acima do valor mínimo em pelo menos um dos atributos ela é
considerada.
Eliminação por aspectos Na eliminação por aspectos o consumidor define
os atributos que quer avaliar e os coloca em ordem de importância. Em seguida, ele
verifica todas as alternativas que possui e as avalia de acordo com o atributo mais
importante. As marcas que não obtiverem o valor mínimo definido para este primeiro
atributo são eliminadas. Então o consumidor passa para o segundo atributo mais
importante e avalia novamente todas as suas alternativas e novamente as marcas
que não obtiverem o valor mínimo no segundo atributo também são eliminadas. Isso
é feito várias vezes até que reste somente uma marca.
48
Lexicográfica Nesta regra, assim como na regra anterior, o consumidor
ordena os atributos conforme a importância que ele a cada um deles. Em
seguida, ele avalia suas alternativas com relação ao atributo mais importante e a
marca que pontuar melhor é a escolhida. Caso haja um empate no atributo mais
importante, o segundo atributo é considerado e assim por diante.
Saber qual regra o consumidor usa em quais situações é muito difícil, porém
estudos demonstram que os consumidores usam essas regras na hora de fazer suas
escolhas (HAWKINS, BEST e CONEY, 1995). As regras de decisão, descritas
acima, são apenas representação de como é formado o processo de escolha,
porém, não significa que os consumidores dêem valores específicos e pontuações
para cada um dos atributos de cada marca.
Um estudo feito em 1977 por Reilly e Holman (apud MOWEN e MINOR, 2003,
p.206) observou que, dadas várias alternativas de automóveis e informações a
respeito de sete atributos para cada uma das alternativas, 61% dos entrevistados
usou o modelo lexicográfico para fazer sua escolha. Depois do modelo mais usado,
a segunda regra mais usada foi a compensatória, sendo opção de 32,1% dos
entrevistados.
Conhecendo bem seu público alvo e os atributos que ele considera importante
no produto, o fabricante pode focar seus esforços de marketing e desenvolvimento
de produtos nestes atributos mais críticos, buscando assim se colocar à frente da
concorrência no momento em que o cliente fizer a sua escolha.
5.2.5 O Pós-compra: Consumo e Avaliação
O último estágio do processo de decisão de compras é o pós-compra, onde o
consumidor usa e avalia o produto comprado. O resultado dessa avaliação é muito
importante, pois os consumidores armazenam essas informações na memória e as
buscam para decisões de compras futuras.
Em compras de alto envolvimento é comum que o consumidor, após ter
tomado sua decisão, se pergunte se fez a escolha certa. “Este tipo de dúvida ou
49
ansiedade é chamado de dissonância pós-compra. [...] Ela ocorre, pois ao fazer uma
escolha relativamente permanente exige que a pessoa abra mão dos atributos
atrativos das alternativas não escolhidas.” (FESTINGER apud HAWKINS, BEST e
CONEY, 1995, p.514) Nem todos os tipos de compras causam este tipo de
sentimento. Alguns fatores que aumentam a probabilidade do consumidor
experienciar a dissonância pós-compra são o grau de comprometimento com a
escolha, ou seja, se ele pode ou não devolver o item comprado; a importância da
decisão; dificuldade de escolha entre as alternativas consideradas; e uma tendência
do indivíduo a sentir ansiedade.
Na tentativa minimizar este sentimento, alguns consumidores buscam
informações de produto mesmo depois da compra efetuada, para se certificarem de
que fizeram a escolha certa. As empresas também podem tentar diminuir esse
desconforto através de anúncios que busquem assegurar o cliente que ele fez a
escolha certa. Em alguns tipos de produtos ou serviços, as empresas conseguem
até entrar em contato com seus clientes para investigar o grau de satisfação deles
com o produto ou serviço, e com isso tentar minimizar dissonância pós-compra.
O grau de satisfação ou insatisfação que o cliente tem com o produto
comprado é uma conseqüência da sua experiência de consumo, que “pode ser
definida como o conjunto de conhecimentos e sentimentos experimentados por uma
pessoa durante o uso de um produto ou serviço (MOWEN e MINOR, 2003, p.218). A
satisfação do consumidor está diretamente ligada às expectativas que ele tem do
produto. Oliver (1980) defende que a satisfação depende de uma comparação das
expectativas pré-compra com os reais resultados.
Quando o desempenho do produto fica acima das expectativas do cliente ele
fica satisfeito com a compra, o que aumenta a probabilidade deste cliente voltar a
comprar produtos desta mesma marca, criando então lealdade à marca. “Pesquisas
recentes sobre o cliente demonstraram, entretanto, que embora eles tendam a trocar
menos quando estão satisfeitos do que não estão, estar satisfeito não garante a
lealdade.” (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2001, p. 516)
50
Quando o desempenho atinge o esperado, mas não supera as expectativas, o
cliente não chega a fica insatisfeito, mas tende a buscar outras alternativas quando
surgir a necessidade de comprar aquele produto novamente.
Nos casos em que o produto apresenta desempenho abaixo do esperado o
cliente fica insatisfeito com sua compra. Nestes casos, dependendo do grau de
discrepância entre o desempenho esperado e o real, o cliente pode se conformar
com a situação ou tentar fazer alguma coisa para minimizar seu desconforto.
Hawkins, Best e Coney (1995, p.523) listaram algumas das ações comuns em
clientes insatisfeitos, ilustradas abaixo.
Figura 5.7 – Ações Comuns em Clientes Insatisfeitos
Fonte: HAWKINS, BEST e CONEY, 1995, p.523
Sheth, Mittal e Newman (2001) listaram três fatores que influenciam na
probabilidade do cliente fazer uma reclamação de um produto quando está
insatisfeito: a importância da insatisfação; as atribuições feitas à empresa; e os
traços de personalidade do cliente. A importância da insatisfação está relacionada
ao grau de discrepância entre o desempenho esperado e o real, e à importância do
produto ou serviço em si. As atribuições que o cliente faz à empresa influenciam sua
tendência em reclamar, pois se ele não acreditar que a empresa irá fazer algo para
corrigir o problema, o cliente pode achar que fazer a reclamação seja perda de
tempo. Por último, a personalidade do cliente também pode determinar sua
51
tendência em reclamar. Clientes mais autoconfiantes e agressivos se sentem mais
seguros para fazer uma reclamação ao invés de aceitar humildemente o
desempenho ruim do produto.
Outra conseqüência importante do grau de satisfação do cliente é a
comunicação boca-a-boca. As pessoas tendem a relatar a seus amigos e familiares
suas experiências de compra, sejam elas positivas ou negativas. Consumidores
insatisfeitos muitos vezes fazem questão de compartilhar sua experiência inclusive
com estranhos. Para as empresas, é fundamental que reclamações de clientes
sejam bem atendidas, pois isso diminui a probabilidade do cliente fazer propaganda
boca-a-boca negativa. Por outro lado, uma reclamação não atendida aumenta a
insatisfação do cliente, que era com o produto e passa a ser com a empresa
também.
52
6. ADMINISTRAÇÃO DE VENDAS
Pode-se dizer que toda empresa para alcançar seus objetivos depende
fundamentalmente da atividade de vendas. Os fabricantes de TV, por exemplo,
dependem dos seus vendedores próprios, que atuam na venda dos produtos para os
intermediários do canal de distribuição, e, indiretamente, dos vendedores do varejo,
que são responsáveis pela venda do produto ao consumidor final.
Com base no objetivo específico deste trabalho, as seções a seguir terão
como foco o vendedor do varejo.
6.1 Sistemas de Remuneração e Incentivos de Vendas
“A premissa básica da maioria dos sistemas de remuneração de vendas é que
os esforços de cada vendedor e da equipe de vendas como um todo devem ser
recompensadas” (BASU et al., 1985, p.268, grifo nosso) Porém, como mensurar o
esforço de uma pessoa é muito difícil, as empresas buscam desenvolver sistemas
de remuneração com base em resultados de vendas.
Em 1980, um estudo conduzido por Cobra, identificou os sistemas de
remuneração mais usados no Brasil, conforme descrito abaixo:
- Salário fixo mais comissão sobre vendas (utilizado por 32,8% das
empresas entrevistadas)
2º - Apenas salário fixo (utilizado 22,4% das empresas entrevistadas)
- Somente comissão sobre vendas (utilizado 16,4% das empresas
entrevistadas)
Na visão de Basu et al. (1985) a remuneração baseada somente num salário
fixo é a mais recomendada quando o objetivo da empresa é de longo prazo e não
depende do trabalho individual de cada vendedor, mas sim dos esforços de uma
equipe de vendas. Este sistema também é o ideal para pessoas que buscam
segurança e não são motivadas por grandes desafios. Por outro lado, o plano
53
baseado somente em comissões de vendas é mais eficaz em situações onde o
principal objetivo da empresa é o maximizar os resultados de vendas, e onde o
vendedor não tenha que completar nenhuma outra atividade administrativa ou
atividades não relacionadas a venda. Em ambientes em que fatores externos criam
fortes oscilações no volume de vendas, sem que o vendedor tenha influência sobre
eles, os planos baseados somente em comissão não são ideais.
Para Basu e at. (1985), um plano de remuneração que combina um salário
fixo e algum tipo de incentivo (em forma de comissão ou bônus) tem algumas
vantagens, além de evitar a maior parte dos problemas existentes nos planos
compostos somente de salário fixou ou comissão.
O salário fixo oferece uma segurança em tempos ruins e as
comissões dão motivação para que sejam geradas vendas. O salário
também é percebido como um prêmio pelo tempo dedicado a outras
atividades desejadas pela gerência. (BASU et el., 1985, p.270)
Em artigo pioneiro no assunto de remuneração com base em comissão,
Farley (1964) defende que as comissões pagas devem ser calculadas em função da
margem de cada venda. Ele argumenta que sob esse sistema, “um vendedor que
estiver tentando aumentar sua comissão será motivado a alocar o seu tempo de
forma a aumentar os lucros da empresa” (p. 43). Kalra, Shi e Srinivasan (2003)
defendem que a forma ideal de se pagar comissão é com base em satisfação do
consumidor. Desta forma, o vendedor será motivado a vender o que produto que
melhor satisfizer as necessidades do consumidor, e não incentivá-lo a comprar um
item de maior valor ou mais atributos que o necessário.
Cobra (1980) buscou identificar que tipos de planos de remuneração o
ideais na visão dos vendedores e concluiu que a maioria deles (29,7% dos
entrevistados) prefere um sistema composto de um salário fixo, comissão sobre
vendas e prêmios.
1 - Os vendedores sentem necessidade de uma segurança básica de
ganho, através da existência de um salário fixo na remuneração.
2 O atrativo da comissão sobre vendas, que possibilita um ganho
ilimitado, ainda prevalece na maioria dos sistemas ideais apontados.
(COBRA, 1980, p.55)
54
Além do salário fixo e das comissões, receber prêmios por vendas feitas
também é uma prática comum no varejo de eletroeletrônicos. É bastante comum que
estes prêmios ou incentivos, também popularmente chamados de “guelta”, sejam
pagos diretamente pelos fabricantes para estimular o vendedor do varejo a vender
seus produtos.
Duarte (2004) explica que a palavra “guelta” surgiu como uma modificação da
palavra “Geld”, que, em alemão, precedida do prenome “Wechsel”, significa troco
(“Wechselgeld”). Segundo ela, o uso da “guelta” surgiu no Brasil, na década de 60,
no mercado farmacêutico, onde balconistas recebiam comissão dos laboratórios
farmacêuticos quando indicavam medicamentos bonificados. Desde então a prática
se alastrou para outros ramos, e hoje é bastante comum em diversos mercados,
incluindo o de eletrodomésticos.
A pesquisa de Arruda (1995) sobre o uso de guelta como prêmio no varejo,
concluiu que pelo menos 83% dos fabricantes de eletroportáteis utilizavam essa
prática.
No entanto, na visão de Arruda (1995, p. 22), estes tipos de incentivos
oferecidos pelos fabricantes podem gerar dois problemas. Em primeiro lugar, “se o
fabricante interromper o programa de incentivos, suas vendas podem cair mais do
que o normalmente esperado”. É como se o fabricante ficasse refém de seu próprio
programa de incentivo. Os vendedores passam a contar com os prêmios oferecidos
e então quando o programa de incentivo é suspenso alguns vendedores podem até
evitar vender aquela marca para tentar forçar o fabricante a restabelecer a
campanha de incentivos.
Ainda de acordo com Arruda (1995) o segundo problema que pode acontecer
quando os fabricantes dão prêmio aos vendedores do varejo surge quando:
[...] o varejo perde o controle de seu programa de merchandising.
Oferecendo esse tipo e incentivos, o fabricante pode estar violando o
plano do varejo de forçar a venda de mercadorias mais lucrativas.
Por outro lado, o fabricante considera essa técnica como eficaz
variação do merchandising de vendas, sem grande esforço de sua
parte. (p.22-23)
55
Este segundo problema acontece, pois quando o varejista permite que um
fabricante ofereça incentivos aos seus vendedores, o que pode ocorrer é que os
objetivos específicos do varejista podem ser prejudicados. Por exemplo, se o
varejista estiver precisando desovar o estoque da marca A, mas o fabricante da
marca B estiver oferecendo prêmios aos seus vendedores, o objetivo do varejista
ficará em segundo plano, pois seus funcionários tenderão a focar seus esforços na
venda do produto da marca B.
Radin e Predmore (2002) relataram o que um executivo de marketing da
divisão de produtos fotográficos da Honeywell, Inc. falou em uma entrevista à revista
Business Week em 1971: “Revendedores que permitem programas de incentivos de
vendas a produtos específicos estão literalmente permitindo que outras empresas
administrem seus negócios.” Elas defendem que esses tipos incentivos podem por
um lado fortalecer o relacionamento entre o vendedor e o fabricante, mas ao mesmo
tempo ameaçam a confiança que existe entre consumidores e vendedores, e podem
também interferir no relacionamento dos vendedores com seus gerentes do varejo.
Por outro lado, alguns varejistas até encorajam os fabricantes a darem
incentivos aos seus vendedores, pois contam com os mesmos para complementar o
salário de seus funcionários. Nesses casos, os varejistas se permitem pagar menos
aos seus empregados, já contando com os prêmios oferecidos pelos fabricantes.
Existe também a questão ética no uso de incentivos para motivar os
vendedores. Segundo Varble e Bergerson (1972-1973), Associações de
Consumidores comparam esses incentivos de vendas, chamados de Push Money,
com subornos. Eles acreditam que os consumidores podem ser prejudicados por
esse tipo de prática, pois podem ser levados a comprar uma marca que não seja a
ideal ou mesmo um produto mais caro sem necessidade. Mesmo que o consumidor
acabe comprando um produto adequado às suas necessidades, ele terá pago mais
pelo produto se o fabricante tiver oferecido algum tipo de incentivo ao vendedor.
Um estudo conduzido por Snyder em 1976 (apud RADIN e PREDMORE,
2002) questionou 146 executivos sobre o uso da guelta, e descobriu que 62%
deles gostariam de acabar com esse tipo de prática. Porém, quando questionados,
56
67,8% desses mesmos executivos disseram acreditar que esses incentivos são
eficazes na venda de produtos.
6.2 Treinamento de Vendas
Com a crescente competitividade no mercado de eletroeletrônicos, não os
fabricantes têm que trabalhar para assegurar sua fatia do mercado. Os varejistas
também se vêem cada vez mais competindo pela preferência do cliente. Pettijohn e
Pettijohn (1994) acreditam que neste ambiente de alta competitividade o varejo deve
tentar buscar sua diferenciação através da venda pessoal, oferecendo ao cliente
uma experiência de compra positiva e com alto valor agregado. Para que isso
aconteça, não é importante que as pessoas certas sejam contratadas, mas que
elas recebam o treinamento adequado para exercerem suas funções.
De acordo com Kelly (1993), a maioria dos gerentes acredita que um bom
programa de treinamento é crucial para o sucesso de uma empresa. Para Ingram e
LaForge (apud PETTIJOHN e PETTIJOHN, 1994), em mercados altamente
competitivos, treinamento é imperativo. Las Casas (1999) aponta também que o
treinamento de vendas é um importante fator motivacional para os vendedores, mas
relata que no Brasil ele não é utilizado de forma adequada, e que muitas empresas o
encaram como uma despesa a ser evitada.
Para os fabricantes, ter vendedores que saibam falar de seus produtos é
fundamental. As constantes inovações que chegam hoje ao mercado fazem com que
a escolha de um modelo ou uma marca de produto seja um processo trabalhoso
para o consumidor que muitas vezes acaba buscando no vendedor uma orientação
sobre os diversos atributos de cada produto. Na visão de Cobra (2001) o vendedor
precisa conhecer o produto que vende, ele precisa ser treinado para poder orientar o
cliente na hora da compra. Cobra defende que as empresas devem investir não
no desenvolvimento tecnológico de seus produtos, mas também no treinamento dos
vendedores.
Representantes de vendas que trabalham diretamente para a indústria em
geral representam apenas uma empresa, logo são leais àquela marca. Mas a
maioria das empresas depende também do trabalho de parceiros de canal e dos
57
vendedores do varejo. Para Aughenbaugh (apud ARONAUER, 2007), a melhor
maneira de se conseguir a lealdade destes vendedores é através de treinamento de
produto. Ele relata que “oitenta e cinco por cento dos vendedores dizem que são
mais propícios a vender os produtos nos quais são treinados” e defende que existe
um princípio básico que vendedores vendem o que eles conhecem” (p.17)
Ohanian (2005) expõe que inúmeras empresas têm aumentado seus
investimentos em programas de treinamento de produto. Ele relata que a Black &
Decker obteve um aumento significativo nas vendas depois que seus distribuidores
passaram a conhecer melhor a sua marca e seus produtos. De acordo com ele,
estudos conclusivos feitos pela empresa Whirlpool a levaram a criar uma “brand
academy”, que tem como objetivo aumentar o conhecimento de seus produtos entre
os varejistas e vendedores.
Se o papel dos fabricantes é treinar os vendedores para que conheçam
melhor os seus produtos, o varejista deve também se preocupar com outros
aspectos do treinamento de vendas. Alguns tópicos que devem ser abordados para
se desenvolver uma equipe de vendas bem sucedida incluem técnicas de vendas,
habilidades gerais como boa comunicação, planejamento, prospecção de vendas e
administração de tempo, e atitudes como comprometimento com qualidade e serviço
ao consumidor, autoconfiança e persistência.
Por fim, treinamento de vendas deve ser um processo contínuo e vendedores
devem ser constantemente atualizados sobre produtos, concorrentes, informações
da indústria etc. Segundo Pell (1989) a empresa deve ter um comprometimento
constante com o treinamento de seus funcionários, sejam eles novos ou veteranos,
apenas adaptando o foco do treinamento às necessidades e nível de experiência de
cada um.
6.3 Persuasão na Venda Pessoal
A venda pessoal é uma das atividades mais importantes do mundo
corporativo. Holmes e Smith (1987) defendem que “nos negócios, nada acontece até
58
que uma venda é feita”. Para que um vendedor seja bem sucedido é importante que
ele tenha boa capacidade de comunicação e habilidade para persuadir o comprador.
Ele deve explorar cuidadosamente os desejos e as necessidades do cliente, para
então usar a sua criatividade para adaptar sua apresentação de forma a fechar uma
venda. O objetivo do vendedor é mudar atitudes, de uma atitude não favorável com
relação a uma empresa, seus produtos ou serviços, para uma atitude favorável em
que o cliente decida comprar. (HOLMES e SMITH, 1987)
Porém, o sucesso desta tentativa de persuasão depende não da
habilidade do vendedor como também de como o consumidor reage a ela. Um
estudo de Friested e Wright (1994) sobre persuasão defendeu a idéia de que a
pessoas possuem um conhecimento, adquirido através de experiência, sobre
tentativas de persuasão e usam este conhecimento para formular suas respostas a
estas tentativas. Eles descreveram o Modelo de Conhecimento de Persuasão
(Persuasion Knowledge Model PKM), composto de basicamente três elementos: o
agente, neste caso representado pelo vendedor, o alvo, representado pelo
consumidor e o episódio de persuasão, ou seja, a tentativa de venda.
De acordo com o PKM, o conhecimento desenvolvido pelas pessoas ao longo
do tempo as permite interpretar, avaliar e responder às estas tentativas de
persuasão. Com isso, quando um consumidor, neste caso o “alvo”, recebe uma
recomendação de um vendedor, sua reação a esta tentativa de persuasão depende
de três tipos de conhecimento: o seu conhecimento do tópico ou produto da
persuasão; seu conceito com relação ao vendedor, ou seja, suas verdadeiras
intenções e competência para indicar aquele produto; e sua experiência anterior com
episódios de persuasão (Fig. 6.1).
59
Figura 6.1 – PKM
Fonte: FRIESTED E WRIGHT, 1994, p.2
Quando o tópico da persuasão, neste caso o objeto a ser comprado, é um
produto complexo, muitas vezes a incerteza do consumidor com relação ao real
valor das características do produto, faz com que ele busque e aceite as
recomendações de um especialista, como um vendedor (White, 2005).
O conceito que o cliente forma do vendedor depende de quanto que ele
acredita que o vendedor seja especialista no assunto, ou seja, do quanto o mesmo
conhece o produto. Para acessar a competência do vendedor Kirmani e Campbell
(2004) descreveram, dentre os diferentes comportamentos do consumidor diante de
episódio de persuasão, o que elas chamaram de “Teste”, onde o consumidor, por
exemplo, faz diversas perguntas sobre o produto e observa a capacidade do
vendedor de respondê-las. Outra maneira de testar a competência do vendedor é
observar os tipos das perguntas que este faz ao consumidor ou até, no caso de um
vendedor de roupas, ver o quão bem ele se veste.
ALVO
Conhecimento
do Tópico
Conhecimento
de Persuasão
Conhecimento
do Agente
AGENTE
Conhecimento
do Tópico
Conhecimento
de Persuasão
Conhecimento
do Alvo
Comportamento
de Defesa à
Persuasão
Episódio de
Persuasão
Tentativa de
Persuasão
60
Kennedy, Ferrell e Leclair (2001) observaram que um dos aspectos que
influencia fortemente o nível de satisfação de um cliente na hora da compra é o nível
de pressão que o vendedor usa para tentar “forçar” uma venda. Foi observado neste
estudo, que quanto menor a pressão usada nas táticas de vendas, maior a
satisfação do cliente, e melhor o conceito que ele passa a ter do vendedor.
Ditando também o resultado da tentativa de persuasão, além dos
conhecimentos do consumidor, estão os conhecimentos do vendedor. Este, no papel
de “agente”, tenta persuadir o consumidor a comprar um certo produto e para isso
utiliza também três estruturas de conhecimento: o conhecimento que ele possui do
cliente (ou alvo), seus desejos, limitações financeiras, objetivos etc.; o conhecimento
do produto em si; e sua experiência com persuasão, seja ela no papel de alvo ou
agente.
Aprimorar estes conhecimentos para melhorar seu poder de persuasão exige
algum esforço por parte do vendedor. Por exemplo, para conhecer melhor o cliente o
vendedor deve ouvi-lo, fazer perguntas e ter uma postura proativa para conseguir
tirar dele o máximo de informação relevante para a venda. Em seguida tem-se o
conhecimento do produto, que também exige do vendedor alguma dedicação, como
leitura dos manuais dos produtos ou mesmo busca de informações com outros
funcionários mais experientes.
Dixon (2001) estudando a forma em que vendedores, ao refletirem sobre os
seus fracassos de vendas, reconhecem os comportamentos que devem ser
mudados, descobriu que a maioria dos vendedores que atribui uma venda perdida à
falta de habilidade busca ajuda para evitar o mesmo tipo de situação no futuro.
Por último, o conhecimento de persuasão que o vendedor possui também o
ajuda a entender o que o cliente espera dele e qual a melhor postura que ele deve
adotar. Todos os dias altera-se entre agente e alvo em inúmeros episódios de
persuasão. Esta experiência faz com que o vendedor assuma certas posturas que
ele acredita serem as mais eficazes na hora da venda.
No momento da interação da venda tem-se de um lado o consumidor que
procura usar o conhecimento do vendedor para em seu beneficio e alcançar os seus
61
próprios objetivos (Kirmani e Campbell, 2004), e do outro lado tem-se o vendedor
que tenta através da interação com o cliente maximizar seus retornos e ao mesmo
tempo minimizar os seus esforços. Além destes dois interesses, mesmo não
interagindo com o vendedor e o cliente no momento exato da venda, existe o
interesse da loja, que para maximizar os seus lucros depende da habilidade e do
esforço do vendedor em fechar a venda e os objetivos dos fabricantes. Estes últimos
também dependem da lealdade do vendedor à sua marca, que através da sua
interação com o cliente final o orienta a comprar uma marca no lugar de outra.
62
7. METODOLOGIA
A metodologia adotada para este trabalho foi a da pesquisa exploratória, não
objetivando testar hipóteses ou apresentar conclusões quantitativas. Segundo
Malhotra (2006, p.99) “a pesquisa exploratória é usada para definir o problema com
maior precisão, identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais antes
de poder desenvolver uma abordagem”. Considerando que o comportamento do
vendedor do varejo na recomendação de marca ainda é um assunto pouco
explorado na literatura, se optou pela pesquisa exploratória com o objetivo de
desenvolver um conhecimento mais aprofundado do assunto e levantar possíveis
hipóteses para estudos futuros.
Churchill (1999, p.101) defende que um estudo exploratório “pode ser
bastante útil principalmente para ajudar o pesquisador a quebrar um problema amplo
e vago em subproblemas menores e mais específicos, a fim de se formar uma
hipótese.”
Um procedimento comumente utilizado em pesquisas exploratórias, também
adotado para este trabalho, é o de entrevistas em profundidade com especialistas do
ramo estudado. Estas entrevistas em geral seguem um roteiro com tópicos que se
quer abordar, mas não são presas a perguntas previamente definidas. Por ser uma
metodologia de pesquisa usada especialmente em casos onde há pouca teoria
sobre o assunto, uma das características deste tipo de estudo é a flexibilidade. Com
isso, o pesquisador pode ir ajustando suas entrevistas conforme for adquirindo
novos insights dos seus entrevistados.
No estudo em questão, usou-se entrevistas em profundidade, não-
estruturada, com representantes de empresas fabricantes de TVs LCD e entrevistas
semi-estruturadas com vendedores do varejo. Como o objetivo era obter o máximo
de informação dos entrevistados e tentar entender suas reais crenças e sentimentos,
as entrevistas foram feitas de maneira informal, buscando deixar o entrevistado à
vontade para expressar suas verdadeiras opiniões.
63
As informações obtidas dos fabricantes se limitaram quase que
exclusivamente a informações genéricas do mercado e opiniões dos entrevistados,
pois a maior parte das empresas colocou como condição para participar do estudo a
não abertura de dados específicos ou de procedimentos adotados por elas. Porém,
por estarem muitos anos no mesmo ramo de atuação, muitos dos indivíduos
entrevistados sabiam relatar com muita segurança quais as práticas comuns de seus
concorrentes, informações que não se importaram em fornecer. Todos os
profissionais participantes tinham cargos de média e alta gerência nos
departamentos responsáveis pelo relacionamento com o varejo.
Os fabricantes que participaram da pesquisa foram a Gradiente, LG, Philips e
Samsung. Três delas estão entre as 5 maiores fabricantes de TVs LCD do mundo,
em unidades vendidas, de acordo com o ranking the iSuppli Corporation, empresa
americana que monitora o desempenho do mercado de eletroeletrônicos no mundo.
Ver tabela 7.1 abaixo.
Tabela 7.1 – Market Share Global das 5 Maiores Fabricantes de TVs LCD
Fonte: iSuppli Corp., fevereiro 2007
Seguindo a tendência mundial, no Brasil, segundo dados ACNielsen, quem
lidera o mercado com uma participação de 36,5% também é a Samsung
(HORVATH, 2007).
Para as entrevistas com vendedores do varejo buscou-se trabalhar somente
com lojas da cidade de o Paulo, devido às limitações de tempo e orçamento da
pesquisa. Porém, dentre os varejistas procurados, muitos não permitiram a
participação de seus vendedores no estudo, receosos de que estes fossem de
alguma forma prejudicar a imagem da empresa. Com isso, mesmo tendo a garantia
que os nomes das empresas o seriam divulgados nos resultados da pesquisa,
64
somente duas empresas permitiram que seus funcionários participassem: FNAC e
Ponto Frio.
Apesar das dificuldades apontadas acima, a participação do Ponto Frio neste
estudo foi de grande importância, considerando que este figura como segundo no
ranking dos maiores varejistas do setor de eletrodomésticos, móveis e produtos
eletrônicos no país, perdendo somente para as Casas Bahia. O terceiro e quarto
lugar são ocupados respectivamente por Magazine Luiza e a Insinuante, nenhuma
delas com lojas na cidade de São Paulo. (CARVALHO, 2007)
A participação da Fnac neste estudo também foi valiosa por ser uma rede em
forte crescimento no Brasil. A empresa, de origem francesa, abriu sua primeira loja
no país em 1999 e, de acordo com seu diretor-geral Pierre Courty, desde então tem
tido um crescimento médio de 20% ao ano. Hoje ela possui sete lojas em cinco
cidades diferentes, três delas na cidade de São Paulo (CETELEM, 2007). As lojas
Fnac têm uma proposta diferente das dos grandes varejistas citados acima. Ao invés
de eletrodomésticos, móveis e soluções para o lar, seu foco está na venda de
produtos voltados a cultura e entretenimento, como livros, CDs e DVDs,
eletroeletrônicos, computadores, máquinas fotográficas entre outros.
A identidade de todos os participantes da pesquisa foi preservada e a análise
dos resultados foi feita visando uma compreensão da indústria como um todo e o
das práticas individuais de cada empresa.
7.1 As Entrevistas
As entrevistas foram feitas em duas etapas, iniciando-se com os fabricantes,
e em seguida com os vendedores. O objetivo foi conhecer primeiro a visão dos
fabricantes com relação ao papel do vendedor no varejo e que ações de marketing
eram comumente por eles utilizadas, para depois abordar os vendedores com um
maior conhecimento da sua realidade.
65
7.1.1 Entrevistas com os Fabricantes
Para melhor apresentação e interpretação das entrevistas realizadas com os
fabricantes, as informações nelas obtidas foram divididas em três tópicos centrais:
a) a importância do vendedor na escolha do cliente;
b) os fatores que levam o vendedor a recomendar uma marca;
c) as ações de marketing que cada fabricante usa na tentativa de conquistar o
vendedor.
A Importância do Vendedor
Quando questionados da importância do vendedor em influenciar o cliente a
escolher um marca, todos os entrevistados concordaram que o vendedor pode ter
uma grande influência na compra. Em uma das entrevistas foi apresentado um
estudo conduzido pela empresa, onde se concluiu que quase 60% das decisões de
compras são feitas no ponto de venda. Isso significa que quase dois terços dos
clientes não chega à loja decido da marca que quer comprar, nessa hora um
vendedor tem uma excelente oportunidade de influenciar a compra. Neste mesmo
estudo, feito na Europa, descobriu-se que o tempo médio que um cliente passa
conversando com um vendedor é de 13 minutos, podendo variar de país para país, e
que numa situação de empate, o vendedor muitas vezes faz o papel de árbitro,
apontando uma marca ou atributos do produto.
Outro aspecto importante, mencionado por dois dos quatro entrevistados, é o
tipo de loja em que o produto é comercializado. Algumas lojas como os hiper-
mercados, onde predomina o auto-serviço, o vendedor tem um papel bastante
reduzido, e por isso tem menor influência na decisão do cliente. Segundo tais
fabricantes, nesses tipos de loja o cliente em geral compra motivado pelo baixo
preço, já tendo feito a pesquisa das diferentes marcas antes de chegar à loja.
Na visão de um dos fabricantes, o perfil do vendedor varia de acordo com o
tipo de loja em ele trabalha, mudando também o seu papel na venda. Em lojas tipo
66
“magazines”, como Casas Bahia ou Lojas Marabraz, o vendedor em geral “vende”
preço e prazo. em lojas mais especializadas, como Fnac e Fast Shop, ele faz o
papel de consultor cnico, que tem como objetivo oferecer uma solução para o
cliente. Neste segundo caso as orientações do vendedor com relação às
características do produto têm um peso maior na escolha do cliente.
Fatores que Levam o Vendedor a Recomendar uma Marca
Ao falar sobre os fatores que levam um vendedor a recomendar uma marca,
observou-se que todos os fabricantes concordam que incentivos de vendas
funcionam, mas discordam entre si da importância que este incentivo possui. Um
dos fabricantes defendeu fortemente o uso de incentivos e prêmios, dizendo
realmente levar o vendedor vender mais aquela marca, porém, admitiu que este tipo
de campanha é um “mal necessário” e que muitas vezes pode tornar o fabricante
refém dele.
Outro entrevistado, quando questionado se esta era a tendência do mercado,
expressou seu ponto de vista dizendo:
Os incentivos de vendas são como um câncer: são custo para a
empresa. Muitas vezes o vendedor acaba vendendo algo que não é
o ideal para o cliente em troca de um incentivo (fabricante
entrevistado, 2007)
De acordo com ele, o uso desse tipo de ação de marketing é bastante comum
no nordeste do país, pois as lojas pagam muito mal os vendedores e por isso
contam com os incentivos dos fabricantes para complementar seus salários. em
algumas das grandes redes de varejo, como é o exemplo da Casas Bahia e da Fnac,
esses tipos de incentivos e prêmios oferecidos pelos fabricantes não são permitidos.
Outro aspecto importante, citado por dois dos fabricantes foi a qualidade do
produto. Segundo eles, os vendedores também procuram indicar produtos de boa
qualidade para que os clientes fiquem satisfeitos e possivelmente voltem à loja para
uma próxima compra. Ao mesmo tempo, tentam evitar vender um produto de baixa
67
qualidade que poderá trazer problemas para ele se o cliente precisar voltar à loja
para reclamar.
Um terceiro fabricante foi além, listando os fatores que acreditava
influenciarem nas recomendações, sem defender uma ordem de importância
específica, mas deixando claro que não enxergava os incentivos de vendas como o
motivo número um. Os fatores citados foram:
Condição de pagamento quando existem diferentes formas de
pagamento disponíveis para a compra de um produto, o que ajuda o
vendedor na negociação;
Disponibilidade do modelo e marca para pronta entrega quando o
produto está disponível para venda e entrega imediata;
Foco comercial da loja/empresa quando a loja tem um objetivo próprio
de focar suas vendas em um certo produto, orientando seus
funcionários a voltarem seus esforços para aquele modelo ou marca;
Margem do produto para negociação – quando um produto tem uma
margem maior para negociação o que faz com que o vendedor possa
oferecer ao cliente maiores descontos ou prazos de pagamento;
Empatia com a marca quando o próprio vendedor tem uma preferência
pessoal por uma marca;
Treinamento e conhecimento do produto quando o vendedor conhece
bem e sabe falar do produto e de seus principais atributos de destaque;
Incentivos de vendas quando o fabricante, ou mesmo a loja, oferece
prêmios pela venda de uma marca ou modelo;
Material impresso nas lojas quando os fabricantes fornecem folhetos
que ilustram os produtos e falam de suas características técnicas e
seus principais atributos.
68
Ações de Marketing Utilizadas na Tentativa de Conquistar o Vendedor
Dos quatro fabricantes entrevistados, apenas um negou a existência de ações
de marketing com o objetivo de conquistar o vendedor, e explicou que no momento
não o faziam por estarem passando por uma fase financeiramente difícil. Este
mesmo fabricante explicou que um de seus produtos possui um atributo que é
melhor que de todos os seus demais concorrentes, mas que, mesmo assim, por falta
de treinamento dos vendedores e incentivos, a empresa tinha que trabalhar com
preços e margens muito baixas para conseguir ganhar alguma participação de
mercado.
Todos os demais fabricantes confirmaram o uso de campanhas de vendas
com prêmios para os vendedores e treinamento de produtos. O treinamento de
vendas, segundo eles, em geral é feito antes das lojas abrirem ou depois que
fecham, para que os vendedores não tenham que deixar os seus postos de trabalho
durante o expediente para serem treinados. Diferente dos incentivos de vendas, o
treinamento de produtos oferecidos pelos fabricantes é muito bem-vindo pelos
varejistas. Com relação à pratica de treinamentos, um dos fabricantes informou que
todo ano 30 mil vendedores são por eles treinados.
Os incentivos de vendas, também chamados de “gueltas”, variam de
fabricante para fabricante e também de um varejista para outro. Os prêmios mais
usados são ingressos de shows e cinema, “tickets” restaurante, pequenos brindes,
ou mesmo prêmios em dinheiro, como por exemplo, R$10,00 por cada TV vendida.
Outro formato de campanha de incentivo bastante comum é o de pontos, onde o
vendedor acumula pontos por cada produto vendido e depois os troca por prêmios.
Em geral esses pontos são trocados por produtos do próprio fabricante, mas em
algumas campanhas o fabricante faz parcerias com outras empresas diversas para
que esses pontos possam ser trocados por brindes de menor valor, como CDs,
livros, relógios etc.
Conforme mencionado anteriormente, alguns varejistas não permitem que os
fabricantes ofereçam prêmios e brindes aos seus vendedores. Outros varejistas, por
exemplo, aceitam fazer campanhas para os fabricantes, mas no formato definido por
eles. Um dos entrevistados explicou que no Ponto Frio, o fabricante negocia um
69
valor para a campanha e o próprio Ponto Frio a desenvolve e põe em prática da sua
maneira, e apenas informa os resultados ao fabricante.
Um dos fabricantes também explicou que as campanhas de incentivos têm
outras funções além de influenciar nas recomendações dos vendedores. Elas
ajudam o fabricante a tomar conhecimento do “sell-out” dos seus produtos, ou seja,
quantos produtos são vendidos para o consumidor final. O “sell-in”, que é a venda do
fabricante para o varejista, é uma informação que pode ser facilmente controlada por
ele, mas quantos desses produtos realmente chegam ao consumidor final somente
os varejistas sabem. Nesse aspecto, as campanhas de vendas também permitem
que essa informação chegue ao fabricante, pois ele precisa saber o que foi vendido
e em que quantidade para poder repassar os prêmios ou pontuação para cada
vendedor.
Todos os entrevistados falaram da importância dos seus promotores nos
pontos de vendas. Segundo eles, os promotores são um elo fundamental entre a loja
e a o fabricante. São eles que estão todos os dias nas lojas, lançam e explicam as
campanhas aos vendedores, ajudam na venda dos seus produtos quando o cliente
pede maiores informações, e que o vendedor não sabe dar, ensinam os vendedores
a operar as TVs, pleiteiam a colocação de seus produtos em pontos estratégicos da
loja e muito mais. Além disso, os promotores tentam acompanhar a venda dos
produtos para levar essa informação de “sell-out” ao fabricante.
7.1.2 Entrevistas com os Vendedores
Ao todo foram feitas entrevistas com seis vendedores de varejo, sendo dois
entrevistados em cada uma das três lojas participantes. Não se buscou um maior
número de entrevistas, pois, considerando que somente duas redes de varejo
permitiram a participação de seus vendedores, observou-se que aumentar o número
de entrevistados, nas redes participantes, o geraria novas informações para a
pesquisa.
70
As entrevistas foram feitas nas lojas das redes Fnac e Ponto Frio durante o
expediente de cada vendedor. Os depoimentos completos, obtidos nas entrevistas
com os vendedores estão descritos no Anexo A.
As duas redes tinham disponíveis para venda as mesmas marcas de TVs
LCD, listadas abaixo:
Gradiente
LG
Philips
Samsung
Semp / Toshiba
Sony
Dos seis entrevistados apenas um disse que dificilmente os clientes pedem
sua ajuda com relação às marcas disponíveis. Isso mostrou que, conforme
constatado anteriormente por pesquisas feitas pelas empresas, muitos
consumidores ainda buscam a orientação de um vendedor quando chegam numa
loja para comprar um eletroeletrônico.
Quando perguntados sobre que marca costumam recomendar somente dois
dos vendedores mencionaram marcas, e explicaram que suas recomendações eram
com base na qualidade geral do produto. Os demais se limitaram a dizer que têm
que ser imparciais com relação às marcas e que por isso não recomendam um
fabricante especificamente, mas apresentam as opções ao cliente, deixando-o livre
para escolher.
Todos os entrevistados mencionaram que é comum os fabricantes darem
treinamento, sendo unânimes em dizer que os treinamentos são muito importantes e
que ajudam bastante na venda dos produtos.
Com relação aos prêmios dados pelos fabricantes, os vendedores da Fnac
informaram que a empresa não permite tais campanhas e que elas não aconteciam
naquela loja. Já no Ponto Frio, as campanhas são permitidas, mas na época em que
essa pesquisa foi conduzida, de acordo com os vendedores entrevistados nenhuma
71
campanha estava sendo feita. Eles também informaram que tais incentivos eram
esporádicos e em geral aconteciam em épocas especiais, como o Natal, Copa do
Mundo, etc.
Mesmo sem a presença de incentivos de vendas por parte dos fabricantes,
durante as entrevistas ficou claro que algumas marcas se destacam na preferência
dos vendedores e nas suas recomendações. São elas: LG, Samsung e a Sony.
Essas três marcas foram sempre mencionadas nos quesitos de preferência pessoal
do vendedor, marca mais vendida, marca de melhor qualidade, e marca mais
procurada pelos clientes.
Todos os entrevistados, com exceção de um, admitiram tentar levar o cliente
para outro produto ou marca quando sabem que algum produto não está disponível
em estoque para pronta-entrega.
Em todas as lojas visitadas durante a pesquisa, a presença de promotores
dos diversos fabricantes era visível. Quando questionados da importância dos
promotores, os vendedores deixaram claro que eles estão presentes nas lojas e que
fazem parte de seu dia-a-dia. Não ficou bem definido se todos os vendedores
acreditam que a presença dos promotores seja fundamental.
72
8. CONCLUSÕES FINAIS
Durante todo o trabalho de campo, de-se observar que existe uma grande
preocupação por parte dos fabricantes em tentar interferir na interação que o
vendedor do varejo tem com o cliente final. Com base nas informações obtidas de
pesquisas feitas pelos fabricantes, nas opiniões dos gerentes entrevistados, e
mesmo nos depoimentos dos vendedores, é possível afirmar, com segurança, que
na compra de TVs LCD, a maioria dos consumidores busca a opinião e orientação
de um vendedor, com relação às marcas e modelos disponíveis, antes de tomar uma
decisão.
Levando isso em consideração, e com o objetivo de conquistar o consumidor
final no ponto de venda, muitos dos fabricantes trabalham com promotores de
vendas que visitam as lojas diariamente; o treinamentos de produtos aos
vendedores; e tentam manipular as recomendações dos vendedores através de
campanhas de incentivos que premiam aqueles que venderem seus produtos.
Conforme descrito anteriormente, as redes de varejo estão cada vez maiores
e detém grande poder de negociação. Assim, em muitas lojas, como no caso da
Casas Bahia e Fnac, não se permite que os fabricantes interfiram na remuneração
de seus vendedores, dando brindes ou prêmios pelas suas vendas. De acordo com
os fabricantes, outros varejistas, como o Ponto Frio e a Fast-Shop, aceitam tais
campanhas, mas somente as permitem se forem totalmente administradas pela loja.
Nestes casos, os fabricantes apenas definem com os varejistas quais produtos farão
parte da campanha e repassam os valores ou prêmios para a loja. A formatação e
implementação da campanha ficam totalmente sob a administração do varejista, que
apenas informa ao fabricante quais foram os resultados de vendas da campanha.
Não se pode menosprezar o impacto que uma boa campanha de incentivos
pode ter nas recomendações dos vendedores. Conforme observado por Arruda
(1995), tais campanhas dão resultado, que todos os vendedores por ele
entrevistados afirmaram que os prêmios recebidos faziam diferença em seus
orçamentos. Porém, observou-se que os varejistas vêm dificultando cada vez mais
,ou mesmo proibindo, o uso delas. Os vendedores entrevistados no Ponto Frio, onde
73
tais campanhas são permitidas, relataram que estas o bastante esporádicas e
normalmente em épocas especiais do ano.
Considerando tal cenário, é fundamental que os fabricantes percebam que
nos períodos do ano em que nenhum incentivo é dado, assim como nas lojas em
que incentivos são proibidos, os vendedores continuam recomendando produtos e
dando suas opiniões sobre as diversas marcas disponíveis. Observou-se que,
nessas ocasiões, o vendedor defende as marcas que ele acredita que sejam
melhores e que tenham melhor custo benefício, indicando produtos que, em seu
ponto de vista, são mais confiáveis e que deixarão o cliente satisfeito. Esta
constatação vai ao encontro com o observado por Cobra (1980, p.63), “os principais
fatores que auxiliam o vendedor a vender [...] pela ótica dos vendedores, [...] em
primeiro lugar está o produto e suas características técnicas, depois o conhecimento
do produto e, por último, o preço.”
Mesmo nas lojas em que a comissão do vendedor é um percentual fixo sobre
o preço do produto, pode-se notar que a Sony, citada por todos os entrevistados
como a mais cara, não foi citada como sendo a mais recomendada. Notou-se que
muitos vendedores, mesmo reconhecendo Sony como produto de qualidade e marca
forte, tendem a levar o cliente para outra marca cujo custo-benefício, em sua visão, é
melhor, ou seja, para um produto de boa qualidade, porém mais fácil de ser vendido
por ter um preço mais competitivo.
Concluiu-se que o que realmente conquista o vendedor é o produto em si.
Campanhas de incentivos apenas “compram” as recomendações dos vendedores no
período em que estão em vigor. Assim que elas são suspensas, o vendedor volta a
recomendar o produto que ele realmente acredita. Um bom produto com um preço
razoável, ganha a preferência do vendedor, pois este sente mais confiança em
recomendá-lo, por ser aquele no qual ele realmente acredita.
Outra importante constatação da pesquisa foi o impacto que a falta de um
sistema eficaz de reposição de estoque pode ter nas vendas. A grande maioria dos
vendedores entrevistados assumiu que quando um produto não está disponível para
entrega imediata, ele tenta convencer o cliente a escolher uma outra marca ou
produto, e que esteja.
74
8.1 Implicações Gerenciais
As conclusões deste estudo sugerem que os fabricantes passem a ver o
vendedor do varejo como um cliente. As campanhas de incentivo de vendas podem
continuar a existir, desde que aconteçam paralelamente a outras ações de marketing
que busquem conquistar a preferência do vendedor pela marca. Os treinamentos de
produtos devem encantar o vendedor e não apenas ensiná-los a operar os produtos.
Conforme declarou um dos entrevistados, “os treinamentos ajudam também o
vendedor a ter até sua própria opinião.”
Ainda com o objetivo de ganhar a preferência dos vendedores, os promotores
de vendas devem tentar criar um bom relacionamento com eles. O promotor é quem
representa a empresa e por isso pode interferir na imagem que o vendedor cria da
marca, de forma positiva ou negativa. Um dos entrevistados comentou que
promotores simpáticos ganham muito mais o vendedor do que aqueles que chegam
à loja exigindo espaços melhores para seus produtos.
Com relação ao fator disponibilidade para pronta-entrega, é importante que os
fabricantes otimizem a cadeia de suprimento de forma a garantir uma rápida
reposição de estoque de seus produtos nos pontos-de-venda. Com isso, ele poderá
evitar que o vendedor indique outra marca ao cliente em função da indisponibilidade
de seu produto no estoque.
8.2 Limitações do Estudo e Direções para Pesquisas Futuras
Por se tratar de uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, este
trabalho não tem validade estatística. Os resultados encontrados servem como uma
visão geral da dinâmica de recomendação de marcas por vendedores, podendo ser
usados como base para estudos futuros.
Considerando que o estudo apresentado teve como objetivo descrever o
cenário do varejo sob a ótica do fabricante, e principalmente do vendedor, uma
investigação deste fenômeno através da visão do varejista seria bastante relevante
para uma melhor compreensão do contexto em que ele se insere.
75
Outra limitação do trabalho está no fato de ter sido conduzido exclusivamente
com vendedores na cidade de São Paulo. Conforme dito anteriormente, alguns
varejistas de pequeno porte ou do nordeste brasileiro pagam menos aos seus
vendedores, contando com os incentivos dados pelos fabricantes, o que
seguramente faria deles um fator de maior peso na recomendação dos produtos.
Estudos semelhantes, conduzidos em outras regiões do país poderiam investigar
qual a importância dos incentivos de vendas nestes locais, e então verificar se a
mesma conclusão deste estudo se confirmaria em todo o país.
A dificuldade em conseguir autorização dos principais varejistas para a
participação de seus vendedores, também pode ser considerada uma limitação
deste trabalho. A dinâmica de recomendações das lojas não participantes pode
apresentar algumas particularidades não descritas neste estudo.
Considerando que esta pesquisa limitou-se em investigar a importância do
vendedor do varejo e como ele escolhe a marca que vai recomendar aos clientes,
inúmeros outros elementos do ponto-de-venda, que também podem ter influência na
decisão de compra do consumidor, ficaram fora da pesquisa. Com isso, outros
estudos que investiguem a eficácia destes elementos do trade marketing poderão
contribuir para o melhor entendimento da dinâmica do PDV.
Por fim, as conclusões apresentadas são baseadas em dados coletados no
ano de 2007, portanto os resultados estão limitados a este período, devendo ser
revistos periodicamente.
76
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80
ANEXO A – ENTREVISTAS COM VENDEDORES DO VAREJO
1. Quando um cliente entra na loja querendo comprar uma televisão de LCD é
comum ele pedir uma recomendação ao vendedor sobre qual marca comprar?
Vendedor 1: “Sim.”
Vendedor 2: “É difícil.”
Vendedor 3: “Sim.”
Vendedor 4: “Sim.”
Vendedor 5: “Sempre pedem ajuda. Alguns para confirmar uma informação que já
tem e alguns são totalmente leigos.”
Vendedor 6: “Sim.”
2. De cada 10 clientes que entram na loja para comprar uma TV LCD, quantos
costumam pedir uma recomendação quanto à melhor marca disponível?
Vendedor 1: “Uns 30% deles perguntam.”
Vendedor 2: “É difícil dizer. São poucos.”
Vendedor 3: “Sete pelo menos.”
Vendedor 4: “Oito.”
Vendedor 5: “De cada dez, oito pedem ajuda.”
Vendedor 6: “Entre quatro e cinco.”
3. Quando uma indicação é solicitada qual a marca que você costuma
recomendar e por quê?
Vendedor 1: “Não recomendo nenhuma marca. Não podemos ter nenhuma
preferência de marca. Temos que vender todas as marcas disponíveis na loja.”
Vendedor 2: “Não recomendo nenhuma, dou dicas. Falo das características de cada
uma e com isso acabo, indiretamente, levando o cliente para a melhor. Sou honesto
com o cliente ”
81
Vendedor 3: “Sony, LG ou Samsung. As três têm boa assistência técnica, têm boa
variedade de modelos, investem em informação. Os promotores ensinam sobre os
produtos.”
Vendedor 4: “A que menos problemas. A LG, Samsung e Sony são as principais
marcas. Também recomendo de acordo com a necessidade do cliente.”
Vendedor 5: “Pela política da empresa temos que ser imparciais com relação às
marcas. Falo das vantagens e desvantagens de cada um e o cliente que decide.
Pergunto qual o tamanho da sala onde ela será colocada, se ela vai ser usada para
computador também.”
Vendedor 6: “Recomendo um produto não uma marca. A decisão é do cliente.”
4. Algum fabricante de TVs de LCD dá treinamento sobre seu produto? Quais?
Vendedor 1: “Todos dão.”
Vendedor 2: “Sim, fazem, mas somos mal treinados. Temos pouco treinamento.”
Vendedor 3: “Sim. A Philips dá bastante treinamento.”
Vendedor 4: “Sim.”
Vendedor 5: “Sim, alguns fazem. Por exemplo, a Sony, Toshiba e LG.”
Vendedor 6: “São esporádicos, mas fazem.”
5. Estes treinamentos ajudam na venda da televisão daquela marca?
Vendedor 1: “Sim, mas este ano ainda não participei de nenhum treinamento.”
Vendedor 2: “Sim. Quando conheço o produto, explico melhor e transmito mais
confiança para o cliente.”
Vendedor 3: “Sim, ajuda bastante.”
Vendedor 4: “Sim, quando falam das características dos produtos ajuda a vender.
Ajuda também o vendedor a ter até sua própria opinião. Mas ultimamente os
fabricantes falam dos produtos disponíveis e dos diferentes modelos, mas falam
pouco das características e vantagens de cada produto. Só apresentam os produtos
novos sem falar muito do produto.”
Vendedor 5: “Toda informação a mais para o cliente é importante. Ficamos sabendo
dos recursos que cada produto tem, como por exemplo, recurso de gravação etc.”
82
Vendedor 6: “Ajuda com informações. Se o produto tiver um grande diferencial
ajuda. Toda informação é válida.”
6. Algum fabricante dá prêmios para quem vender seus produtos?
Vendedor 1: “Não.”
Vendedor 2: “Raramente, mas eu não me vendo. Um promotor simpático conquista
muito mais.”
Vendedor 3: “Sim, quando por é a última peça e o fabricante quer lançar um produto
novo. Quando isso acontece os promotores oferecem algum ingresso de cinema ou
show para quem vender aquela peça.”
Vendedor 4: “Sei que a Semp Toshiba e a LG estão negociando com a loja
campanhas para o fim do ano. Normalmente elas acontecem em datas especiais.”
Vendedor 5: “A política da empresa não permite. Não é saudável.”
Vendedor 6: “Não.”
7. O percentual de comissão recebida por uma venda varia de uma marca para
outra?
Vendedor 1: “Não, é igual para todas.”
Vendedor 2: “Não.”
Vendedor 3: “Não, é igual.”
Vendedor 4: “Não.”
Vendedor 5: “Não ganhamos comissão. Trabalhamos por uma salário fixo.”
Vendedor 6: “Nosso salário é fixo.”
8. Se você fosse escolher uma marca de TV de LCD para a sua casa, qual você
escolheria?
Vendedor 1: “Sony, por causa da qualidade da imagem.”
Vendedor 2: “Samsung ou LG, pelo bom preço com qualidade.”
83
Vendedor 3: “Sony, por causa do design e qualidade, e do bom atendimento, bom
SAC.”
Vendedor 4: “Samsung, pela melhor qualidade de imagem e definição de cor.”
Vendedor 5: “Compraria uma Sony, porque é uma marca tradicional e de maior
durabilidade, difícil alguém se queixar dela.”
Vendedor 6: “Hoje uma compraria uma Philips, porque é o melhor custo-benefício.
Não compraria uma Samsung porque não gosta do design, mas muita gente gosta.”
9. A qualidade das TVs de LCD varia de uma marca para outra? Se sim, na sua
opinião, qual a melhor marca?
Vendedor 1: “Sim. A Sony é a melhor.”
Vendedor 2: “Sim. A Samsung tem poucas boas opções.”
Vendedor 3: “Sim. A Sony. Nunca voltou nenhuma. Se bem que é mais o nome.”
Vendedor 4: “Sim. A Samsung como um todo.”
Vendedor 5: “A Samsung tem o design melhor, o preço melhor e contraste é
mmaior. A LG, Samsung e Sony investiram muito. Depois a Philips e por último a
Toshiba. A Sony tem mais brilho, mas tem que ter mais contraste. A Samsung
investiu em contraste e tem uma conexão a mais.”
Vendedor 6: “Sim. A Sony tem uma imagem melhor, mas em geral a diferença entre
elas é pouca.”
10. Dos clientes que vem para a loja com uma marca em mente, qual a marca
mais procurada?
Vendedor 1: “Samsung e LG. A Sony é muito cara. A Philips quase não tem
procura.”
Vendedor 2: “A LG.”
Vendedor 3: “A Samsung.”
Vendedor 4: “A Sony.”
Vendedor 5: “A Samsung pelo design.”
Vendedor 6: “A Samsung e a Sony.”
84
11. Das marcas disponíveis na loja, qual a mais barata? Qual a mais cara?
Vendedor 1: “A Sony é a mais cara e Samsung é a mais barata.”
Vendedor 2: “A mais cara é a Sony e as mais baratas são a Toshiba e a Gradiente.”
Vendedor 3: “A Sony é a mais cara e a Gradiente é a mais barata. A LG e a
Samsung tem preços iguais.”
Vendedor 4: “A mais cara é a Sony e a mais barata é a Gradiente.”
Vendedor 5: “A mais cara é a Sony e mais barata é a Philips que tem promoção em
toda a linha. É um repasse do fabricante porque estavam perdendo muitas vendas.”
Vendedor 6: “A Sony é a mais cara e Samsung é a mais barata.”
12. Qual a TV de LCD mais vendida na loja? Por quê?
Vendedor 1: “As mais vendidas são a LG e a Samsung.”
Vendedor 2: “Samsung. A marca mais procurada é a LG, mas a mais vendida é a
Samsung. Quando o cliente entra na loja eu falo da qualidade das duas e o design
da Samsung define.”
Vendedor 3: “A LG e a Samsung. Elas fazem mais promoções, colocam anúncio no
jornal da loja, os promotores fazem muitas visitas e colocam seus produtos na vitrine
da loja.”
Vendedor 4: “A Samsung, porque tem um modelo bonito. Você mostra as imagens e
a diferença é visível”
Vendedor 5: “Abaixo de 40” a mais vendida é a Samsung, acima de 40” é a Sony.”
Vendedor 6: “Samsung, por que tem o melhor custo-benefício.”
13. O que você acha que os fabricantes de TV de LCD poderiam fazer que te
ajudaria a vender a TV?
Vendedor 1: “Melhores preços.”
Vendedor 2: “Melhorar o design e a qualidade. O avanço tecnológico está muito
lento. As TVs não estão preparadas para HDTV.”
Vendedor 3: “Treinamento. Informação é essencial.”
85
Vendedor 4: “Dar mais treinamento.”
Vendedor 5: “Quando as empresas criam campanhas de marketing para seus
produtos, isso ajuda muito a vender. Por exemplo, as pessoas vêm muito na loja
perguntando pela “Vega”, que é um modelo de LCD da Sony, mas esse nome ficou
tão forte que as pessoas perguntam se a TV é uma Veja. Outro exemplo desse tipo
é a “Time Machine” da LG, ou mesmo a “Bravia” da Sony, que ainda não “pegou”
muito. Esse tipo de ação ajuda bastante na venda do produto. Outra coisa
importante é o material promocional que os promotores levam para a loja. A Philips e
a Toshiba não têm material gráfico. Treinamento também é muito importante.”
Vendedor 6: “Novidades e algum diferencial no produto e melhores preços.
Propaganda.”
14. Quando você sabe que não tem um produto para pronta-entrega, você tenta
levar o cliente para outra marca?
Vendedor 1: “Isso não acontece. Todas as modelos que estão exposto sempre têm
pronta-entrega.”
Vendedor 2: “A gente não indica aquela que a gente sabe que não tem para
entregar.”
Vendedor 3: “Quando não tem um produto a gente tentar “empurrar” outra marca.”
Vendedor 4: “Sim, tentamos vender outro modelo se sabemos que não tem aquele
modelo em estoque.”
Vendedor 5: “Quando não tem um produto em estoque nós oferecemos o item da
loja, que está em exposição e damos um desconto maior para o cliente. Em geral
quando o cliente faz questão daquele produto nós vendemos o mostruário mesmo.”
Vendedor 6: “Sim, quando não tem um produto você tenta levá-lo a comprar de
outra marca.”
15. Qual o papel dos promotores na loja?
Vendedor 1: Pergunta inserida da 3ª entrevista em diante.
Vendedor 2: Pergunta inserida da entrevista em diante, porém este entrevistado
comentou que um promotor simpático conquista muito mais o vendedor que os
incentivos de vendas propriamente ditos.
Vendedor 3: “Mais ajudam do que atrapalham. Mostram como mexer nos produtos.”
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Vendedor 4: “Já foram muito úteis no passado. Hoje os promotores são muito pouco
informados, nem conhecem muito bem seus produtos. Eles vem na loja mais para
colher informações e para tentar colocar seus produtos em destaque na loja do que
para ensinar o vendedor sobre eles. Apesar de não terem autorização para
coletarem essas informações oficialmente, eles fazem amizade com os vendedores
que acabam passando informações de quanto foi vendido ou quantas peças tem em
estoque etc.”
Vendedor 5: “A orientação que temos é de não deixar o cliente sozinho com o
promotor, porque o promotor está interessado em vender a sua própria marca,
então podemos acabar perdendo uma venda se por exemplo aquela marca não tiver
um atributo que o cliente estiver buscando. Com isso sempre temos que estar junto
do promotor quando ele está ajudando um cliente. Tirando isso eles fazem diferença
sim, trazendo material, e ajudando os clientes com perguntas mais específicas do
produto.”
Vendedor 6: “O suporte que os promotores dão é lida, mas temos que estar junto
deles quando estão com um cliente.”
Principais Citações:
Quando perguntados que marca ele recomendam:
“Não recomendo nenhuma, dou dicas. Falo das características de cada uma e com
isso acabo, indiretamente, levando o cliente para a melhor.”
“A que dá menos problemas.”
Quando perguntados se os treinamentos ajudam a vender o produto:
“Sim. Quando conheço o produto, explico melhor e transmito mais confiança para o
cliente.”
“Sim, [...] Ajuda também o vendedor a ter até sua própria opinião.”
Quando perguntados sobre a existência de incentivos de vendas:
“Raramente, mas eu não me vendo. Um promotor simpático conquista muito mais.”
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“Sim, quando por é a última peça e o fabricante quer lançar um produto novo.
Quando isso acontece os promotores oferecem algum ingresso de cinema ou show
para quem vender aquela peça.”
Quando perguntados o que fazem quando sabem que um produto não está
disponível para pronta-entrega:
“A gente não indica aquela que a gente sabe que não tem para entregar.”
“Quando não tem um produto a gente tentar “empurrar” outra marca.”
Marcas Mais Citadas:
Quando perguntados que marca de TV LCD comprariam para as suas casas:
Marca Vezes Citada
Gradiente 0
LG 1
Philips 1
Samsung 2
Semp Toshiba 0
Sony 3
Quando perguntados qual a marca de TV LCD de melhor qualidade:
Marca Vezes Citada
Gradiente 0
LG 1
Philips 0
Samsung 3
Semp Toshiba 0
Sony 4
88
Quando perguntados qual a marca de TV LCD mais procurada nas lojas:
Marca Vezes Citada
Gradiente 0
LG 2
Philips 0
Samsung 4
Semp Toshiba 0
Sony 3
Quando perguntados qual a marca de TV LCD mais cara:
Marca Vezes Citada
Gradiente 0
LG 0
Philips 0
Samsung 0
Semp Toshiba 0
Sony 6
Quando perguntados qual a marca de TV LCD mais barata:
Marca Vezes Citada
Gradiente 3
LG 0
Philips 1
Samsung 2
Semp Toshiba 1
Sony 0
Quando perguntados qual a marca de TV LCD mais vendida na loja:
Marca Vezes Citada
Gradiente 0
LG 2
Philips 0
Samsung 6
Semp Toshiba 0
Sony 1 (acima de 40”)
89
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