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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
EVOLUÇÃO DO REFINO DE PETRÓLEO NO BRASIL
Juarez Barbosa Perissé
Orientadores:
Prof. Dr. Márcio Luís Lyra Paredes
Prof. Dr. Marco Antonio Farah
Rio de Janeiro, Agosto / 2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Evolução do Refino de Petróleo no Brasil
Juarez Barbosa Perissé
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química
do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio de Janeiro como requisito final para a
obtenção do Diploma de Mestre em Ciências em Engenharia Química.
BANCA EXAMINADORA
______________________________________________________
Prof. Márcio Luís Lyra Paredes, Ph.D.
______________________________________________________
Prof. Marco Antonio Farah, D.Sc.
______________________________________________________
Profa. Fátima Maria Zanon Zotin, D.Sc.
______________________________________________________
Profa. Maria Adelina Santos Araújo, D.Sc.
______________________________________________________
Prof. Lincoln Fernando Lautenschlager Moro, D.Sc
Rio de Janeiro, RJ Brasil
Agosto/2007
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CXXX Perissé, Juarez Barbosa
Evolução do Refino de Petróleo no Brasil /
Juarez Barbosa
Perissé- 2007
Xviii, 158 f.
Orientadores: Márcio Luís Lyra Paredes. Marco Antonio Farah
Dissertação (mestrado)
Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-
graduação em
Engenharia Química
1. Refino de Petróleo Teses. 2. Petróleo -
Teses. 3. Refino. I.
Paredes, Márcio Luís Lyra. Farah, Marco Antonio. II. Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de
Pós-graduação em Engenharia Química. III. Título
CDU XXX.YY
4
Sê humilde para evitar o orgulho, mas voa alto para alcançar a sabedoria
Santo Agostinho
5
Agradecimentos
A Deus, Pai Magnânimo, pela oportunidade maravilhosa da reencarnação, de
sucessivamente experimentar situações que permitem ao Espírito evoluir, adquirindo passo
a passo, por seu próprio mérito, a capacidade de construir o Céu dentro de si.
A minha família, por ter permitido me dividir com mais uma tarefa, sem cobranças,
apoiando a cada passo. A presença da Maísa, Talitha, Julianne e Pedro no cotidiano de
minha vida me mostra repetidamente quanto sou amado por Deus.
Aos meus pais e irmão pela influência decisiva na minha formação.
Aos meus orientadores Márcio Paredes e Marco Antonio Farah pela presença amiga, pela
solidariedade, pelas inúmeras sugestões que me auxiliaram na consolidação do trabalho.
À PETROBRAS, pelo apoio que nunca faltou. À REDUC, minha grande escola de
aprendizado, que me permitiu aprender muito mais do que Engenharia de Processamento.
Na refinaria, no convívio diário com tantas pessoas, aprendi que todos podemos nos ensinar
uns aos outros, desde o mais humilde dos trabalhadores.
Menção especial ao incentivo para iniciar o Mestrado dado pelo meu amigo e atual gerente
Maucir de Almeida.
A todos os meus amigos do Mestrado que contribuíram muito para que as tardes e, algumas
manhãs, também, se tornassem mais agradáveis.
A todos os Professores do Programa de Mestrado em Engenharia Química pelas aulas que
me permitiram recordar conceitos de anos atrás, além de me trazer muitos outros novos.
Aos inúmeros colegas da PETROBRAS pelas valiosas informações e sugestões que
resultaram numa melhoria do presente trabalho, enriquecendo tanto o histórico quanto as
proposições para o futuro do refino.
Enfim, à Vida...
6
Resumo da Tese apresentada à PPGEQ/UERJ como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
EVOLUÇÃO DO REFINO DE PETRÓLEO NO BRASIL
Juarez Barbosa Perissé
Agosto/2007
Orientadores: Márcio Luís Lyra Paredes
Marco Antonio Farah
Programa: Engenharia Química
Este trabalho tem por objetivo apresentar a evolução da indústria do refino de petróleo no
Brasil desde suas origens, sua evolução ao longo dos anos, explicitando as mudanças no perfil de
produção, na matéria prima processada e na complexidade das nossas refinarias. Busca, também,
apresentar os próximos passos para o refino de petróleo nacional, seus desafios face a produção
de petróleos pesados e ácidos, bem como os impactos provocados pela necessidade de produção
de derivados com especificações cada vez mais restritivas e com menor impacto ambiental.
Optou-se pelo hidrorrefino como o primeiro grande passo para os próximos anos concluindo-se
que unidades para o hidrotratamento de correntes intermediárias ou mesmo produto final
assumirão um papel fundamental nos futuros esquemas de refino. Outra vertente importante
analisada foi a necessidade de aumento de conversão, ressaltando-se que o caminho hoje
escolhido de implantação de Unidades de Coqueamento Retardado se esgota no início da próxima
década abrindo caminho para a tecnologia de hidroconversão de resíduo. Com relação à
qualidade da gasolina e do óleo diesel foi apresentada uma proposta de esquema de refino para
permitir o atendimento de especificações mais rígidas.
7
Abstract of Thesis presented to PPGEQ/UERJ as a partial fulfillment of the requirements for the
degree of Master of Science (M.Sc.)
CRUDE OIL REFINING EVOLUTION IN BRAZIL
Juarez Barbosa Perissé
August/2007
Advisors: Márcio Luís Lyra Paredes
Marco Antonio Farah
Department: Chemical Engineering
This thesis aims to present the oil refining industry in Brazil since its origin, its evolution
along the years, showing the changes in the production profile, in the crude oils processed and in
the complexity of our refineries. Tries, additionally, to present the next steps for the national oil
refining industry, its challenges facing the acid and heavy crude oil production, besides the
impacts coming from the necessity of producing derivatives with stricter specifications and
reduced environmental impact. Hydro-refining is showed to be the option for the next years, once
intermediary and final products hydro-treating will assume a fundamental role on future refining
scheme. Another important issue analyzed was the increased conversion necessity, highlighting
that the current solution adopted which is the delayed coking units reaches its deadline in the
beginning of the next decade, opening the door for residuum hydro-conversion technology.
Related to gasoline and diesel oil quality, a refining configuration proposal was presented in
order to achieve tighter specifications.
8
Sumário
1 Introdução
1.1 Objetivo do Trabalho
2 - Metodologia
3 - História do Refino no Brasil
3.1- Fases da indústria do refino no Brasil
3.1.1 Fase inicial da indústria do refino no Brasil
3.1.2 Gestão do CNP
3.1.3 Monopólio da Petrobras
3.1.4 Abertura do Mercado
3.2- História das Refinarias no Brasil
3.2.1 A Refinaria Nacional de Petróleo: a RLAM
3.2.2 A Primeira Refinaria de Porte: a RPBC
3.2.3 A Primeira Refinaria construída pela Petrobras: a REDUC
3.2.4 - Os projetos da década de 60: REGAP e REFAP
3.2.5 As Aquisições da RECAP e da REMAN
3.2.6 A Gigante REPLAN
3.2.7 As mais recentes: REPAR e REVAP
3.2.8 As Particulares: Ipiranga e Manguinhos
3.2.9 A Especial: LUBNOR
3.3 - Conclusão
4 Indicadores de Evolução do Refino Brasileiro
4.1 Capacidade de Refino
4.2 Petróleos Processados
4.2.1 Preço para os petróleos
4.3 Especificação dos derivados
4.4 Complexidade
4.5 Reflexão
5 Refino Futuro
5.1 Bases para definição do Refino Futuro
5.1.1 Matéria Prima
9
5.1.1.1 Acidez Naftênica
5.1.1.2 Baixo Grau API
5.1.1.3 Teor de Nitrogênio
5.1.1.4 Premissas de qualidade de petróleo a serem adotadas
5.1.2 Mercado
5.1.2.1 Premissas de mercado a serem adotadas
5.1.3 - O Impacto Ambiental
5.2 Metodologia utilizada
5.2.1 Exemplo da Aplicação da Metodologia
5.2.2 Adequação do perfil de produção
5.2.3 Produção futura de gasolina
5.2.4 Produção futura de óleo diesel
5.2.5 Refinarias do Nordeste e Premium
6 Conclusões
7 Recomendações
8 Apêndice I: Processos de Refino
9 - Referências Bibliográficas
10
Lista de Figuras
Figura 3.1 - Refinarias Petrobras
Figura 3.2 - Linha do Tempo: Fase Inicial
Figura 3.3 - Linha do Tempo: Gestão CNP
Figura 3.4 - Refinarias em operação no Brasil e seu ano de entrada em operação
Figura 3.5 - Linha do Tempo: Monopólio Estatal
Figura 3.6 - Linha do Tempo: Abertura de Mercado
Figura 3.7 Presidente Getúlio Vargas em visita a RPBC
Figura 3.8 RPBC em 1956
Figura 3.9 Diagrama de Blocos do Esquema de Produção de Lubrificantes e Parafinas
Figura 3.10 Localização da região de Pucallpa Peru
Figura 3.11 Unidade de Destilação Atmosférica e a Vácuo e Unidade de Craqueamento
Catalítico
Figura 3.12 Unidade de Hidrotratamento de Instáveis e Unidade de Coqueamento Retardado
Figura 3.13 Configuração atual da REPAR
Figura 3.14 Configuração atual da REVAP
Figura 3.15 ULUB Unidade de Produção de Lubrificantes Naftênicos
Figura 4.1 Relação entre a Capacidade de Refino e o Mercado Total Brasil
Figura 4.2 Evolução da Capacidade de Refino Brasileira
Figura 4.3 Exportação de Óleo Combustível
Figura 4.4 ºAPI médio do Petróleo Processado no Brasil
Figura 4.5 Percentual do Petróleo Nacional Processado no Brasil
Figura 4.6 Spread para Petróleos Nacionais (US$/bbl com Brent a 60 US$/bbl)
Figura 4.7 Produtos de Petróleo
Figura 4.8 Consumo de gasolina e emissões de SO
x
no Brasil
Figura 4.9 Índice de Complexidade em janeiro de 2006 do refino em alguns países
Figura 4.10 Evolução do Índice de Complexidade
Figura 4.11 Evolução da CED em mil b/d
Figura 4.12 Evolução da CONV
Figura 4.13 Evolução da HDR no Brasil
11
Figura 5.1 Projeção da Participação das Fontes de Energia Primária no Mundo em 2030
Figura 5.2 Projeção da Participação das Fontes de Energia Primária no Mundo em 2030
Figura 5.3 Consumo Energético Brasileiro em 2005
Figura 5.4 Comparação Acidez Naftênica em mg KOH/g do destilado
Figura 5.5 Rotas Alternativas para Redução da Acidez de Petróleos
Figura 5.6 Projeção da Produção de Petróleo no Brasil
Figura 5.7 Evolução do mercado brasileiro
Figura 5.8 Sistema de Biofiltragem
Figura 5.9 Evolução da Capacidade total das Unidades de Conversão em relação a Capacidade
de Destilação e Redução do
o
API do petróleo processado
Figura 5.10 Evolução da Capacidade total de Unidades de Coqueamento Retardado em relação
a capacidade de destilação
Figura 5.11 Alternativas Tecnológicas de Hidrocraqueamento
Figura 5.12 Correntes utilizadas para a produção de gasolina em possível configuração
Figura 5.13 - Evolução da capacidade de hidrorrefino em relação à capacidade de destilação, do
parque de refino nacional.
Figura 5.14 - Implementação de unidades de hidroconversão (HCC) no parque de refino nacional.
Figura 5.15 Diagrama de Blocos da Refinaria do Nordeste
Figura 5.16 Esquema de Refino para atender cenário 2020
Figura 5.17 Produção de uma Refinaria Premium
Apêndice
Figura 1 - Diagrama de Blocos de uma Unidade de Destilação Atmosférica e a Vácuo
Figura 2 Unidade de Destilação Atmosférica da REMAN (U-2111)
Figura 3 - Diagrama Esquemático de Unidade de Destilação a Vácuo
Figura 4 Unidade de Desasfaltação a Solvente REDUC (U-1790)
Figura 5 - Diagrama Esquemático de Unidade de Desasfaltação
Figura 6 - Diagrama Esquemático de Unidade de Desaromatização a Furfural
Figura 7 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Desoleificação
Figura 8 - Unidade de Craqueamento Catalítico REPAR
Figura 9 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Craqueamento Catalítico
Figura 10 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Coqueamento Retardado
12
Figura 11 - Unidade de Coqueamento Retardado REGAP
Figura 12 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Reforma Catalítica
Figura 13 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Craqueamento Térmico
Figura 14 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Viscorredução
Figura 15 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Hidrocraqueamento
Figura 16 - Unidade de Hidrotratamento de Instáveis RPBC
Figura 17 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Hidrotratamento
Figura 18 - Diagrama Esquemático de uma Unidade Bender
Figura 19 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Tratamento Cáustico
Figura 20 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Tratamento DEA
Figura 21 Esquema de Refino da RECAP
Figura 22 Esquema de Refino da RPBC
13
Lista de Tabelas
Tabela 3.1 - Situação do Parque de Refino Brasileiro em 1965
Tabela 3.2 - Atendimento ao Mercado (jan-set/1964)
Tabela 3.3 Situação do Parque de Refino Brasileiro em 1954
Tabela 3.4 Capacidade de Produção Inicial da RPBC
Tabela 3.5 Qualidade do Petróleo
Tabela 3.6 Percentual de Refino 1955-1965
Tabela 3.7 Configuração inicial da Refinaria Duque de Caxias
Tabela 3.8 Unidades que compõem os Conjuntos de Lubrificantes e Parafinas
Tabela 3.9 Novas Unidades da REDUC após 1990
Tabela 3.10 Futuras Unidades da REDUC
Tabela 3.11 Configuração inicial da REGAP e da REFAP
Tabela 3.12 Evolução da REGAP 1982-1983
Tabela 3.13 Projeto de Modernização da REFAP : 2002-2006
Tabela 3.14 Outorgas concedidas pelo CNP para construção de refinarias
Tabela 3.15 - Refinaria de Manaus (atual REMAN)
Tabela 3.16 - Refinaria União (atual RECAP)
Tabela 3.17 Configuração inicial da REPLAN
Tabela 3.18 Configuração da REPLAN 1974-1981
Tabela 3.19 Configuração da REPLAN 1981-1992
Tabela 3.20 Configuração atual da REPLAN
Tabela 3.21 Novos Projetos da REPLAN
Tabela 3.22 Configuração inicial da REPAR
Tabela 3.23 Configuração atual da REPAR
Tabela 3.24 Configuração inicial da REVAP
Tabela 3.25 Capacidade atual em m
3
/d da Refinaria de Manguinhos e Ipiranga
Tabela 4.1 Capacidade de Refino em janeiro de 2006
Tabela 4.2 Maiores refinarias do mundo em capacidade de processamento
Tabela 4.3 ºAPI Médio da Base de Projeto das Unidades de Destilação e ºAPI Médio em 2005
Tabela 4.4 Petróleos Processados no BRASIL
Tabela 4.5 Características dos Petróleos de Referência
14
Tabela 4.6 Propriedade de Petróleos Nacionais
Tabela 4.7 Teor de Nitrogênio de Petróleos Nacionais e os de Referência
Tabela 4.8 Evolução da especificação do óleo diesel em termos de teor de enxofre máximo (%
massa/massa), densidade e índice de cetano de 1955 a 1989, de acordo com as resoluções do
Conselho Nacional do Petróleo-CNP
Tabela 4.9 Evolução da especificação do óleo diesel metropolitano de acordo com as resoluções
do Departamento Nacional de Combustíveis e de acordo com a Agência Nacional de Petróleo
Tabela 4.10 Evolução da especificação do óleo diesel regular de acordo com as resoluções do
Departamento Nacional de Combustíveis e de acordo com a Agência Nacional de Petróleo
Tabela 4.11 Comparação do Número de Cetano
Tabela 4.12 Evolução da especificação da gasolina C, em termos de teor de enxofre (% m/m)
de acordo com as resoluções do Conselho Nacional do Petróleo e Agência Nacional de Petróleo
Tabela 4.13 Evolução da especificação da gasolina C, em termos de teor de benzeno,
aromáticos e olefinas (% v/v) de acordo com as resoluções da Agência Nacional de Petróleo
Tabela 4.14 Fatores de Complexidade
Tabela 4.15 Cálculo do Índice de Complexidade
Tabela 4.16 Relação Capacidade de Hidrorrefino (HDR) e Capacidade de Conversão (CONV)
Tabela 5.1 Evolução dos Esquemas de Refino para 2020
Tabela 5.2 Evolução dos Esquemas de Refino até 2020
Tabela 5.3 Acidez Naftênica expressa em mg KOH/g
Tabela 5.4
o
API de Novas Descobertas
Tabela 5.5 Premissas de petróleo para planejamento do parque de refino brasileiro
Tabela 5.6 Proposta de evolução da especificação do óleo diesel no Brasil
Tabela 5.7 Proposta de evolução da especificação do óleo diesel no Brasil
Tabela 5.8 Proposta de evolução da especificação da gasolina no Brasil
Tabela 5.9 Premissas de mercado para planejamento do parque de refino brasileiro
Tabela 5.10 Rendimentos do Petróleo Golfinho na Destilação Atmosférica
Tabela 5.11 Rendimentos do RAT Golfinho no Craqueamento Catalítico
Tabela 5.12 Consumo de Hidrogênio Estimado
Tabela 5.13 Qualidade das Correntes no “Pool” de Óleo Diesel
Tabela 5.14 Evolução do Índice de Complexidade
15
Tabela 5.15 Qualidade das Correntes no “Pool” de Gasolina
Tabela 5.16 Indicadores de Complexidade
Tabela 6.1 Características das futuras configurações das refinarias
Apêndice
Tabela 1 Condições operacionais típicas HCC e MHC
Tabela 2 Capacidade de Geração de Hidrogênio em operação
16
Lista de Abreviaturas
ºAPI: escala idealizada pelo American Petroleum Institute - API, juntamente com a National
Bureau of Standards, utilizada para medir a densidade relativa de líquidos.
ASFOR: Fábrica de Asfaltos de Fortaleza, localizada no município de Fortaleza no estado do
Ceará atual LUBNOR
Bunker: também conhecido como marine fuel, é um óleo combustível para navios em geral,
podendo ser, em alguns casos, misturado ao óleo diesel em proporções variadas.
Condensado: frações líquidas do gás natural obtidas no processo de separação normal de campo,
mantidas na fase líquida nas condições de pressão e temperatura de separação.
FCC Fluid Catalytic Cracking (Craqueamento Catalítico)
Gasolina A: gasolina sem a adição de álcool etílico.
Gasolina C: gasolina constituída de uma mistura de gasolina A e álcool etílico anidro
combustível.
GLP (Gás Liqüefeito de Petróleo): mistura de hidrocarbonetos líquidos obtidos do gás natural
através do processamento de gás natural nas UPGNs, ou em processo convencional nas refinarias
de petróleo. Conhecido como gás de cozinha, composto de propano e butano.
LCO (Óleo Leve de Reciclo): corrente produzida no FCC (craqueador catalítico em leito
fluidizado), podendo ser utilizada na diluição de óleo combustível, para diminuir sua viscosidade,
ou como óleo diesel, após hidrotratamento.
LUBNOR: Fábrica de Lubrificantes do Nordeste, localizada no município de Fortaleza no estado
do Ceará antiga ASFOR
MHC Mild Hydrocracking (Hidrocraqueamento Moderado)
17
MTBE: É um éter adicionado à gasolina para aumentar a octanagem, tal como o álcool etílico. O
éter metil-terc-butílico é conhecido pela sigla em inglês MTBE. Esta adição não é permitida no
Brasil.
RAT Resíduo Atmosférico
RECAP: Refinaria de Capuava, localizada no município de Capuava no estado de São Paulo
antiga Refinaria União
REDUC: Refinaria Duque de Caxias, localizada no município de Duque de Caxias no estado do
Rio de Janeiro
REFAP: Refinaria Alberto Pasqualini, localizada no município de Canoas no estado do Rio
Grande do Sul
REGAP: Refinaria Gabriel Passos, localizada no município de Betim no estado de Minas Gerais
REMAN: Refinaria Isaac Sabbá, localizada no município de Manaus no estado do Amazonas
REPAR: Refinaria Araucária, localizada no município de São José dos Pinhais no estado do
Paraná
REPLAN: Refinaria do Planalto, localizada no município de Paulínia no estado de São Paulo
REVAP: Refinaria do Vale do Paraíba, localizada no município de São José dos Campos no
estado de São Paulo
RLAM: Refinaria Landulpho Alves - Mataripe, localizada no município de Mataripe no estado da
Bahia
RPBC: Refinaria Presidente Bernardes - Cubatão, localizada no município de Cubatão no estado
de São Paulo
RV Resíduo de Vácuo
SIX: Unidade de Industrialização de Xisto, localizada no município de São Mateus no estado do
Paraná
18
1 - Introdução
Desde a descoberta do petróleo nos Estados Unidos, em escala comercial, na segunda
metade do século XIX, o consumo de seus derivados tem crescido continuamente. O petróleo e
seus derivados tornaram-se indispensáveis para o desenvolvimento econômico do planeta,
servindo não apenas como fonte de energia, mas também como insumo para uma série de
indústrias. Os derivados produzidos apresentavam baixo preço, abrindo uma perspectiva de
crescimento econômico nunca experimentado, que se traduziu na necessidade de construção de
diversas refinarias, inicialmente, nos Estados Unidos. Neste contexto, dezenas de pequenas
refinarias foram entrando em operação a cada ano. No ano de 1899, a participação dos derivados
de petróleo na matriz energética americana era de 4,5%, enquanto o carvão atingia 89,1%.
Cinqüenta anos depois, o petróleo já havia superado o carvão (BUONFIGLIO, 1992).
Este processo se estendeu a vários países alterando, irreversivelmente, a face do planeta,
os hábitos das sociedades, enfim, abrindo um novo ciclo em nossa história. Acabou, desta forma,
o reinado do carvão como fonte de energia, um reinado que durou quase trezentos anos, e que
impulsionou a Revolução Industrial, criando condições de mover o mundo de forma mais rápida,
tanto no que tange a movimentação de pessoas e produtos, como acelerando as descobertas e
aplicações da tecnologia. Os derivados de petróleo ocuparam este papel com inegáveis vantagens,
embora ainda trazendo questões relacionadas aos impactos ambientais, menores que o do carvão,
mas ainda extremamente significativos. Sua era, embora dê sinais de esgotamento, ainda está
longe de acabar. São inúmeras as discussões entre aqueles que consideram que já se atingiu o
pico de produção de petróleo (RIFKIN, 2003) e aqueles que acenam com petróleos alternativos
como os ultra-pesados do Canadá e da Venezuela, petróleos produzidos em condições inóspitas
do Alasca e Sibéria ou a partir de poços marítimos com lâminas de água muito elevadas ou até
mesmo abaixo da camada de sal (PETROBRAS, 2007a). Independentemente, porém, das
diferentes previsões, teremos petróleos sendo processados em nossas refinarias por muito tempo
ainda.
Um argumento que comprova a afirmação acima é a disposição mundial de investimento
em novas refinarias já que o tempo de retorno para estes empreendimentos é elevado,
ultrapassando uma década. Depois de anos sem novas unidades de refino de porte significativo,
dezenas de empreendimentos no mundo ratificam esse crescente interesse em se investir neste
segmento. A capacidade de refino mundial tem sido utilizada no seu limite, o que explica a
19
elevação das margens de refino e o interesse em investimentos para o aumento de capacidade.
Países como Índia e China, com elevadas taxas de crescimento apresentam projetos ambiciosos
de elevação do refino de petróleo com a instalação de refinarias com capacidades de
processamento e complexidades elevadas. Outros países produtores de petróleo também
anunciam novas refinarias com o objetivo de exportar derivados, capturando assim a margem de
refino, com a venda de produtos acabados. Mesmo países da União Européia e os Estados
Unidos, que apresentam severas restrições ambientais para a instalação de uma nova refinaria, já
vêm sinalizando com propostas de empreendimentos significativos.
No caso brasileiro a tendência é semelhante e a PETROBRAS já anunciou para o início
da próxima década a entrada em operação de três novas refinarias. Uma delas estará voltada para
a produção de insumos petroquímicos utilizando petróleo Marlim com
o
API 19,9, em parceria
com a iniciativa privada; outra para a produção de derivados, notadamente óleo diesel, em
parceria com a PDVSA, processando uma mistura do petróleo Marlim
o
API 16,1 com um
petróleo melhorado venezuelano de
o
API semelhante, a ser instalada em Pernambuco; e a última
voltada para a produção de óleo diesel e gasolina premium para exportação. Esta refinaria é
interessante porque viabiliza a exportação dos derivados e não do petróleo bruto.
1.1 Objetivo do Trabalho
Este trabalho tem como objetivo avaliar a evolução da indústria de refino de petróleo no
Brasil desde o seu início, mostrar sua situação atual e apresentar propostas para seu
desenvolvimento diante de um cenário cada vez mais exigente no que tange a questões
ambientais, qualidade de produtos, e eficiência dos processos. As refinarias, em função do
necessário aumento de complexidade para viabilizar o processamento de petróleos mais pesados,
produzindo derivados de maior valor agregado com qualidade compatível com mercados mais
restritivos, estarão demandando mais energia. Esta necessidade deverá ser contrabalançada por
configuração mais eficiente, reduzindo a demanda energética específica dos processos, e, por
conseqüência, as emissões.
Estamos vivendo um desafio que resultará na entrada em operação, nos próximos dez
anos, de diversas unidades de hidrotratamento e conversão, o que resultará na necessidade de
unidades de geração de hidrogênio, plantas de tratamento de águas residuais, além de unidades
20
para tratamento dos gases e recuperação de enxofre. Este impacto será apresentado comparando-
se sua magnitude com o desenvolvimento histórico de nosso parque de refino.
21
2 Metodologia
Este trabalho foi preparado a partir de uma ampla revisão bibliográfica do tema em
questão, em entrevistas pessoais com engenheiros e técnicos de diversas refinarias e da Sede da
PETROBRAS, busca em páginas da Internet, notadamente as da PETROBRAS, Ministério das
Minas e Energia e Agência Nacional do Petróleo. A extensa bibliografia interna da PETROBRAS
foi consultada tomando-se os devidos cuidados com relação à divulgação de informações
estratégicas.
Um ponto importante para a elaboração deste trabalho foi a própria experiência do autor
na condução de estudos voltados para as modificações no parque de refino da PETROBRAS face
ao atendimento das novas especificações de derivados, processamento de petróleo nacional
pesado e adequação do perfil de produção às demandas do mercado brasileiro.
É importante ressaltar que as projeções apresentadas no trabalho refletem a experiência e
visão do próprio autor, existindo diferentes visões relacionadas com as possíveis opções para o
futuro. O Planejamento do Refino apresenta uma série de incertezas que exigem uma constante
avaliação das premissas que compõem o cenário criado e que resulta na escolha das unidades de
processo, suas capacidades, épocas de implantação e severidade. Os estudos de viabilidade
técnico-econômicos utilizados na avaliação destes empreendimentos são ferramentas
extremamente valiosas já que os valores dos investimentos em questão ficam na casa de bilhão de
dólares. Torna-se fundamental aprofundar as discussões acerca deste importante tema, cada vez
mais significativo com a conquista da auto-suficiência na produção de petróleo. Este marco vai
trazer para a PETROBRAS e para a própria sociedade nos próximos anos a discussão entre
exportar petróleo ou implantar refinarias para viabilizar o processamento do nosso petróleo,
exportando-se os derivados produzidos.
Visando apresentar uma revisão e apresentação didática de conceitos importante ao refino
de petróleo, no Apêndice I são apresentados quatro grandes grupos de processos: Físicos,
Químicos, de Tratamento e Auxiliares. No primeiro grupo são apresentados os processos que têm
como objetivo separar as frações do petróleo sem promover quaisquer modificações nas
estruturas químicas dos compostos presentes. Aquelas referentes aos processos químicos são as
que promovem alteração nas características químicas das frações processadas, buscando a
produção das que apresentam maior valor agregado. Diferente dos processos físicos, estes
processos utilizam reações de quebra das cadeias de hidrocarbonetos, além de reagrupamento ou
22
reestruturação molecular. O terceiro grupo se refere às Unidades utilizadas para enquadrar os
derivados nas especificações exigidas. Com esses processos se consegue promover um rearranjo
das moléculas e/ou a remoção dos compostos de enxofre, nitrogênio e outros que causam
instabilidade química, corrosão e danos ao Meio Ambiente. O último grupo trata das Unidades
Auxiliares como, por exemplo, as Unidades de Recuperação de Enxofre.
No capítulo 3 busca-se apresentar a história do refino de petróleo no Brasil, história essa
que se confunde com a da PETROBRAS em muitos momentos. Optou-se pela divisão em quatro
grandes períodos: fase inicial, gestão do Conselho Nacional de Petróleo (CNP), monopólio
PETROBRAS e abertura do mercado. Dentro destes períodos se apresentará a história das
primeiras destilarias que operavam em batelada, e seu importante papel como desbravadoras, ou
seja, um pouco desta epopéia que foi trazer o petróleo Ganso Azul do Peru para uma destilaria
em Uruguaiana no Rio Grande do Sul. Outros importantes marcos que serão abordados dizem
respeito a:
- primeira refinaria construída pelo Conselho Nacional de Petróleo (CNP): a atual RLAM;
- primeira refinaria de grande porte construída em Cubatão, a atual RPBC, as discussões sobre
sua localização e configuração, além da sua entrada em operação pela recém-criada
PETROBRAS;
- primeira refinaria construída pela Petrobras: a REDUC;
- os projetos da década de 60: REGAP e REFAP;
- a aquisição das atuais RECAP e REMAN;
- a construção da gigante REPLAN, a Refinaria do Planalto;
- as mais recentes: REPAR e REVAP;
- as particulares: Ipiranga e Manguinhos;
- a LUBNOR, responsável pela produção de lubrificantes naftênicos.
No capítulo 4 são apresentados conceitos tais como o índice de complexidade de Nelson,
capacidade de conversão e hidrorrefino e analisadas diversas questões relacionadas à evolução do
refino de petróleo no Brasil. É mostrada uma série histórica com o aumento expressivo da
capacidade de refino e da complexidade do Parque ao longo dos anos. Um destaque é devotado à
análise da qualidade dos petróleos que foram processados até o crescimento da produção interna
e como ela interferiu na adaptação de nossas refinarias, além das questões referentes às
especificações dos derivados.
23
No capítulo 5 são apresentadas as bases para a definição do Refino futuro, contemplando
os desafios a serem vencidos no que tange ao processamento do Petróleo Nacional, ao
atendimento da demanda e qualidade dos derivados e ao impacto Ambiental nos próximos anos.
Nesse capítulo cada uma destas questões será avaliada no que se refere às iniciativas em
andamento e apresentadas as projeções do autor para a solução dos desafios a serem superados.
Por fim, são apresentadas as conclusões e recomendações do trabalho, sendo sugerido o
desenvolvimento de um modelo detalhado da configuração de refino brasileiro e do impacto do
hidrorrefino na futura configuração das refinarias.
24
3 História do Refino no Brasil
A história da Indústria do Refino do Brasil é extremamente rica, repleta de ações
corajosas de pessoas que acreditavam na importância estratégica do refino de petróleo em nosso
país. Muito se avançou desde os pioneiros que atuaram para a implantação das primeiras
destilarias que processavam o petróleo em bateladas, e que iam buscar a matéria prima em pontos
distantes, primeiramente no Peru, através de balsas, trens e os ma is diversos meios de transporte.
3.1 Fases da indústria do refino no Brasil
A esta fase inicial do refino no Brasil se seguiram as seguintes: gestão Conselho Nacional
de Petróleo (CNP), monopólio Petrobras e abertura do refino. Analisar esta história e acompanhar
os principais passos deste desenvolvimento leva a um melhor entendimento da situação atual do
nosso parque, suas deficiências e forças.
Ao longo deste texto, poderemos verificar o papel fundamental da Petrobras no
desenvolvimento do parque de refino nacional, tanto no que se refere à implantação de novas
refinarias, como na aquisição de refinarias existentes e na sua modernização. Atualmente, a
Petrobras dispõe de onze refinarias, conforme se observa na Figura 3.1.
Figura 3.1 - Refinarias Petrobras (PETROBRAS, 2006c)
25
3.1.1 Fase inicial da indústria do refino no Brasil
As três primeiras décadas no século 20 não apresentaram nenhum investimento no refino
de petróleo no Brasil. Todos os derivados de petróleo eram importados, atingindo-se consumos
médios de 10 mbl/d (1 590 m
3
/d) na década de 20, e 20 mbl/d (3 180 m
3
/d) na década seguinte
(MINADEO, 2002).
O primeiro período (Fase Inicial), Figura 3.2, teve como fato marcante a entrada em
operação de algumas “destilarias” de pequena capacidade no Rio Grande do Sul e em São Paulo
na década de 30. Eram unidades extremamente simples que operavam em batelada (processo
descontínuo). A primeira delas foi construída em 1932 em Uruguaiana, Rio Grande do Sul, a
partir de material usado adquirido da Argentina, de onde as instalações foram desmontadas, para
reutilização no Brasil. A Destilaria Sul-Riograndense tinha a capacidade de 150 bl/d (24 m
3
/d)
(ODDONE, 1965), e processava petróleo peruano, transportado por via marítima até Buenos
Aires, sendo transferida de trem até Los Libres e de barcaça até a “destilaria”.
Em 1935, a Argentina proibiu o tráfego de petróleo pelo país, a Sul-Riograndense ficou
parada até o ano seguinte, quando a Refinaria Ipiranga colocou em operação uma unidade de 1
mbl/d (159 m
3
/d) que também operava em batelada na cidade do Rio Grande, e criou uma
logística de suprimento de petróleo compatível com estas duas unidades. Também em 1936
entrou em operação a refinaria Matarazzo em São Caetano do Sul, São Paulo, com capacidade de
processamento em batelada de 500 bl/d (80 m
3
/d). Esta destilaria era de propriedade do Grupo
Matarazzo e tinha como objetivo atender basicamente as necessidades de derivados de petróleo
deste grupo. Tanto esta unidade quanto a de Uruguaiana foram adquiridas pela Petrobras em
1974, sendo desativadas em função da obsolescência do seu processo de destilação. O
processamento contínuo de petróleo mostrou-se muito mais rentável, fazendo com que os
processos de destilação em batelada passassem, apenas, a fazer parte da história do refino no
Brasil. A Refinaria Ipiranga em 1948 passou por um processo de modernização, viabilizando
assim, a partir de processos contínuos, o aumento do processamento de petróleo para 6 mbl/d
(954 m
3
/d). O esquema de refino incluía uma unidade de craqueamento térmico que não operou
adequadamente e foi adaptada para o processamento de petróleo, elevando a capacidade de refino
da Ipiranga para 9,5 mbl/d (1 510 m
3
/d) (MARTINS, 1977).
Na Bahia duas pequenas unidades operando em batelada, uma localizada em Aratu e a
outra em Candeias produziam pequena quantidade de gasolina, óleo diesel e querosene de
26
iluminação a partir de petróleos locais (MATTOS, 2000), mas que se destinavam, basicamente,
ao consumo necessário para a produção de petróleo na região.
Figura 3.2 - Linha do Tempo: Fase Inicial
3.1.2 Gestão do CNP
A criação do CNP pelo Decreto-Lei n° 395, de 29 de abril de 1938, foi o primeiro passo
para a organização do negócio petróleo no Brasil, iniciando a segunda fase, conforme Figura 3.3.
No que tange ao refino, a legislação previa que as pequenas refinarias existentes seriam
nacionalizadas (o que acabou não ocorrendo em função da pressão exercida pelos grupos
privados), embora existissem condições para participação privada em novos empreendimentos
por meio de concessões.
Na concepção original, o CNP funcionaria como um órgão colegiado, composto pelos
ministros das três Forças Armadas, da Fazenda e do Trabalho, Indústria e Comércio, além de
representantes de sindicatos da indústria e do comércio, sendo seu presidente nomeado pela
Presidência da República. O primeiro presidente foi o general Horta Barbosa que esteve à frente
do órgão no período de 1938 a 1943. Oficial nacionalista, sempre se posicionou firmemente para
a construção da primeira refinaria estatal: a Refinaria Nacional de Petróleo.
Em 1943, enfraquecido, o General Horta Barbosa pediu demissão, sendo nomeado outro
militar, o general João Carlos Barreto, que iniciou uma transição no sentido de se construir bases
mais liberais para o desenvolvimento do refino de petróleo no país. Foram, então, publicados
editais prevendo concessões para a instalação de refinarias privadas no Rio de Janeiro e em São
Paulo. Como resultado da concorrência efetuada pelo CNP, foi dada a concessão em 1945 para o
Grupo Drault Ernany para a construção de uma refinaria de 10 mbl/d (1 590 m
3
/d) no Rio de
Refinaria Sul Riograndense
Criação do CNP
Fim d a 1
a
fase
1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938
Refinaria Matarazzo
Refinaria Ipiranga
27
Janeiro (Refinaria de Manguinhos) e outra em 1946 com capacidade de 20 mbl/d (3 180 m
3
/d)
para o Grupo Soares Sampaio (Refinaria União).
Ambas as refinarias, porém, só entraram em operação em 1954, ano da criação da
Petrobras. Ou seja, nenhuma refinaria privada nova surgiu na fase de gestão do CNP. A nova
refinaria foi a de Mataripe, criada por iniciativa governamental, com capacidade de 2,5 mbl/d
(397 m
3
/d) que entrou em operação em 1950, como apresentado no item 3.2.1.
O CNP ainda deu uma concessão em 1952 ao Grupo Sabbá para a construção de uma
refinaria de 5 mbl/d (795 m
3
/d) em Manaus. Este projeto contou com um financiamento do antigo
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), atual BNDES.
Apesar desta fase ter produzido resultados incipientes para o refino no Brasil, é
interessante ressaltar que aí foram formados profissionais brasileiros que tiveram um papel
fundamental na formação técnica inicial da Petrobras. Nesta fase, também, temos o Plano SALTE
(Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) apresentado ao Congresso através de uma mensagem
do presidente Eurico Gaspar Dutra em maio de 1948, e que veio a ser executado no período de
1949 a 1953. Este plano foi elaborado por técnicos brasileiros e americanos, e contou com
financiamento dos Estados Unidos. No que tange ao refino, o plano SALTE previa a aquisição e
montagem de uma refinaria para a produção diária de 45 mbl/d (7 155 m
3
/d), além da ampliação
da capacidade da refinaria de Mataripe, e a aquisição de 15 petroleiros de 15.000 toneladas cada
um, que viriam a constituir a Frota Nacional de Petroleiros (Fronape).
O Plano SALTE previa a construção da primeira refinaria nacional de grande porte para a
época, o que provocou grandes polêmicas sobre a sua localização, culminando pela escolha de
Cubatão, conforme abordado no item 3.2.2. Esta refinaria, porém, não entrou em operação sob a
gestão do CNP já que com a criação da Petrobras em 1954, esta assumiu as obras viabilizando
sua entrada em operação em 1955. A Figura 3.3 apresenta os principais fatos do período referente
à gestão do CNP compreendido entre 1938 e 1954.
28
Figura 3.3 - Linha do Tempo: Gestão CNP
3.1.3 Monopólio da Petrobras
A terceira fase surgiu com a Lei 2.004. Esta lei foi sancionada em 3 de outubro de 1953, e
estabelecia o monopólio da União Federal sobre as atividades integrantes da indústria do
petróleo:
- Pesquisa e lavra de jazidas de petróleo e outros hidrocarbonetos fluidos e gases raros existentes
no território nacional;
- Refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;
- Transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados de petróleo
produzidos no país;
- Transporte, por meio de dutos, de petróleo bruto e seus derivados, assim como de gases raros de
qualquer origem.
Esta lei estabelecia, também, que a União poderia constituir a Petróleo Brasileiro S.A. -
Petrobras, como empresa estatal de petróleo para execução deste monopólio. No dia 12 de março
de 1954, durante a 82ª Sessão Extraordinária do CNP, nascia a Petrobras. Em 2 de abril de 1954,
o Governo Federal aprovava a decisão com o Decreto nº 35.308.
Esta fase foi extremamente rica para o crescimento do refino de petróleo no país e
apresentou como marco inicial a construção de uma refinaria com capacidade de 90 mbl/d (14
Concessão construção
Manguinhos
Criação do CNP
Início da 2
a
fase
1938 1940 1942 1944 1946 1948 1950 1952 1954
Modernização Ipiranga
Plano SALTE
Concessão construção
União
Criação Petrobras
Fim 2
a
fase
Operação Manguinhos
Operação União
Concessão construção
Manaus
Operação
Mataripe
29
310 m
3
/d) em 1961, no Rio de Janeiro a Refinaria Duque de Caxias, como abordado no item
3.2.3.
A Tabela 3.1 mostra a situação do Parque de Refino Brasileiro em 1965 (ODDONE,
1965).
Tabela 3.1 - Situação do Parque de Refino Brasileiro em 1965
Capacidade (m
3
/d)
Refinaria Propriedade Localização
Inicial Atual 1965
Landulpho Alves PETROBRAS
Mataripe - BA 397
6 678
Presidente Bernardes PETROBRAS
Cubatão - SP 7 155
17 490
Duque de Caxias PETROBRAS
Duque de Caxias - RJ 14 310
18 444
Capuava Particular Capuava - SP 3 180
4 929
Manguinhos Particular Rio de Janeiro - RJ 1 590
1 590
Ipiranga Particular Rio Grande - RS 159
1 479
Manaus Particular Manaus - AM 795
795
Matarazzo Particular São Caetano - SP 80
159
Uruguaiana Particular Uruguaiana - RS 24
32
Do total de nove refinarias em operação no país, apenas três pertenciam à PETROBRAS,
porém, como se pode observar, 82,5% da capacidade total de refino de 324,5 mbl/d (51 595
m
3
/d) estava sob o controle da Petrobras.
No ano de 1964, até novembro, a Petrobras refinou em média 256 mbl/d (40 704 m
3
/d), o
equivalente a uma utilização de 95,5% da capacidade instalada, valor considerado bastante
elevado. Outro ponto interessante, e que vale destacar, é o percentual de petróleo nacional
processado: 30% de petróleo Baiano, 30% de petróleos de procedência russa e os demais 40% de
outras procedências (Venezuela, Oriente Médio e Norte da África).
A Tabela 3.2 mostra o índice de atendimento ao mercado em 1964 (ODDONE, 1965) com
a produção nacional, a partir de dados referentes ao período de janeiro a setembro daquele ano.
30
Tabela 3.2 - Atendimento ao Mercado (jan-set/1964)
Derivado % consumo atendido
GLP 62,7
Gasolinas 93,4
Gasolina de Aviação -
Solventes 100,0
Querosene 100,0
Combustível para jato 0,3
Óleo diesel 90,0
Lubrificantes 0,2
Óleo Combustível 95,7
Asfalto 93,8
Média Ponderada 87,7
Nessa década ainda, mais duas novas refinarias, uma em Betim - Minas Gerais (Refinaria
Gabriel Passos) e outra em Canoas (Rio Grande do Sul), ambas com 45 mbl/d (7 155 m
3
/d),
entraram em operação, em 1968 (tema abordado no item 3.2.4). A ASFOR (atual LUBNOR)
entrou em operação em 1966 com o objetivo de produzir asfaltos para atendimento do mercado
da região Nordeste.
No início da década de 70, a Petrobras adquiriu quatro das refinarias particulares (apenas
Manguinhos e Ipiranga não foram adquiridas). A Destilaria Rio-Grandense e a Matarazzo foram
desativadas tendo em vista a obsolescência das suas instalações. As outras duas, a antiga
Refinaria União, atual Refinaria de Capuava, com capacidade de 20 mbl/d (3 180 m
3
/d) e a
Refinaria de Manaus, atual Refinaria Isaac Sabbá, com 5 mbl/d (795 m
3
/d), foram modernizadas
pela Petrobras e permanecem em operação, como abordado no item 3.2.5.
Esta década presenciou também a entrada em operação, em 1972, da Refinaria do Planalto
em Paulínia São Paulo, com capacidade inicial de 126 mbl/d (20 034 m
3
/d). Esta refinaria
sofreu diversas modificações ao longo do tempo e hoje é a refinaria de maior capacidade de
processamento de petróleo da Petrobras, Item 3.2.6. Em 1977 entrou em operação a Refinaria
Presidente Getúlio Vargas em Araucária PR, com capacidade de 125 mbl/d (19 875 m
3
/d) e em
1980, a Refinaria Henrique Lage em São José dos Campos SP com 188 mbl/d (29 892 m
3
/d)
31
(ver Item 3.2.7), completando o grupo de refinarias brasileiras. A Figura 3.4 mostra a localização
das refinarias brasileiras e o ano em que entraram em operação.
Figura 3.4 - Refinarias em operação no Brasil e seu ano de entrada em operação
A Figura 3.5 apresenta os principais fatos deste período quando o regime existente no país
era o monopólio estatal.
LUBNOR (CE)
-
1966
RLAM (BA) - 1950
REGAP (MG)
-
1968
MANGUINHOS (RJ) - 1954
REDUC (RJ)
-
1961
REVAP (SP)
-
1980
RPBC (SP)
-
1955
REFAP (RS)
-
1968
IPIRANGA (RS)
-
1936
REPAR (PR)
-
1977
REPLAN (SP)
-
1972
REMAN (AM)
-
1956
RECAP (SP) -1954
32
Operação
Duque de Caxias
1954 1956 1958 1960 1962 1964 1966 1968 1970
Operação
REGAP
REFAP
Operação
Cubatão
Ampliação
Mataripe
Ampliação
Cubatão
Operação
ASFOR
Operação REPAR
AdquiridaCapuava
AdquiridaRio Grandense
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1997
Operação REVAP
Fim Monopólio Estatal
Fim 3a fase
Operação REPLAN
Adquirida Matarazzo
Operação Usina Irati
Adquirida
REMAN
Figura 3.5 - Linha do Tempo: Monopólio Estatal
3.1.4 Abertura do mercado
A 4ª fase é a da abertura do mercado. A participação da Petrobras permaneceu elevada e a
única alteração significativa até o momento na estrutura do refino foi a resultante da troca de
ativos com a Repsol. Nesta troca a Petrobras passou a controlar uma refinaria na Argentina (EG-
33
3) e 30% da REFAP passou para o controle da empresa espanhola. Este movimento reduziu a
participação da Petrobras no refino nacional para 96%.
A Figura 3.6 apresenta as principais ações implementadas no período após o fim do
monopólio estatal.
Lubrificantes
naftênicos
LUBNOR
1996 1998 2000 2002 2004 2006
Nova destilação RLAM
Abertura do Mercado
Início 4a fase
Parceria com PDVSA
Refinaria do Nordeste
Refinaria Petroquímica
Figura 3.6 - Linha do Tempo: Abertura de Mercado
3.2 - HISTÓRIA DAS REFINARIAS NO BRASIL
De modo a se entender melhor a história do Refino no Brasil, vale acompanhar os passos
trilhados em cada grande empreitada. As refinarias foram sendo implementadas, modificadas,
adequadas à nossa realidade, enfim, tornando-se parte de um complexo Parque de Refino.
3.2.1 - A Refinaria Nacional de Petróleo a RLAM
Com a descoberta do petróleo em terras baianas (a preciosa matéria-prima jorrou pela
primeira vez em Lobato em 1939), o então recém criado Conselho Nacional de Petróleo, ligado à
presidência da República, responsabilizou-se pela perfuração de novos poços em Lobato e no
Recôncavo Baiano.
Em 1941 foi descoberto o campo de Candeias e, em seguida, o de Itaparica. Estes
petróleos, altamente parafínicos com grande dificuldade de manuseio (devido ao elevado ponto
34
de fluidez), influenciaram decisivamente na escolha da localização da refinaria em Mataripe a 6
km de Candeias, no Recôncavo Baiano, em 1946.
A autorização para a construção da Refinaria de Mataripe, através do Decreto Federal nº
9.881, publicado no Diário Oficial da União de 17 de setembro de 1946, foi motivada pelo
crescimento da economia brasileira, já que a demanda de derivados passou a apresentar um
expressivo impacto nas importações. O investimento inicial aprovado foi de Cr$ 50.000.000,00
(cinqüenta milhões de cruzeiros), sendo que 50% (cinqüenta por cento) desse capital deveria ser
subscrito pela União. Entre 1947 e 1948, a importação de gasolina aumentou em 200 mil
toneladas; de óleos combustíveis em 419 mil toneladas; e de querosene em 54 mil toneladas.
A empresa norte-americana M. W. Kellogg venceu a concorrência para elaboração do
projeto, construção, montagem e pré-operação da nova refinaria. Foram implementadas,
inicialmente, unidades de destilação, reforma e craqueamento térmico (projeto 7665-1), com
capacidade de processar 2,5 mbl/d (397 m
3
/d), e uma central termoelétrica (projeto 7665-2)
composta de duas caldeiras. A adoção de um esquema de refino integrando a destilação e o
craqueamento térmico tinha como objetivo reduzir o investimento total. Desta forma,
equipamentos como a torre de destilação e o forno eram únicos, sendo utilizados por ambos os
processos.
As obras foram iniciadas em agosto de 1949, sendo que no dia 17 de setembro de 1950 foi
processada a primeira carga de petróleo, entrando em operação a U-1, uma casa de força com
duas caldeiras e demais utilidades. Uma represa nas proximidades de Mataripe garantia o
suprimento de água doce e o Porto de Candeias facilitava o transporte marítimo dos derivados. A
RLAM estava começando a sua história com o nome de Refinaria Nacional de Petróleo S.A.,
sendo a primeira refinaria construída sob a responsabilidade do CNP, produzindo gasolina, óleo
diesel e óleo combustível.
Em 1953, a Refinaria Nacional de Petróleo sofreu sua primeira ampliação, duplicando a
sua capacidade de processamento de petróleo. O projeto também foi conduzido pela M. W.
Kellogg. Foram construídas novas unidades de destilação, reforma e craqueamento térmico
(projeto 5051-1) iguais à anteriores (projeto 7665-1) e uma unidade de polimerização catalítica de
propenos (projeto-5051-3) com capacidade de carga de 93 m
3
/d. Esta foi a primeira unidade
catalítica em terras brasileiras e tinha como objetivo o aumento da produção de gasolina usando
propeno e butenos, de baixo valor econômico na época, como carga. A central termoelétrica
35
também foi ampliada (projeto 5051-2) com a adição de mais uma caldeira. Posteriormente, foi
montada uma quarta caldeira a fim de permitir maior flexibilidade na geração de vapor. O
segundo conjunto de unidades de destilação, reforma e craqueamento térmico começou a
funcionar em março de 1954. Já a unidade de polimerização catalítica iniciou sua operação em
novembro desse mesmo ano, sendo desativada em 1968 assim como a segunda unidade de
polimerização catalítica que havia iniciado sua atividade em 1959.
Em 10 de maio de 1954, a Refinaria Nacional foi incorporada ao patrimônio da Petrobras.
A partir de 14 de dezembro de 1957, por ato do Presidente da República, a Refinaria Nacional de
Petróleo passou a ser denominada Refinaria Landulpho Alves, em homenagem ao Senador
Landulpho Alves de Almeida, parlamentar baiano de participação ativa na aprovação da lei
2 004, que criou o monopólio estatal do petróleo. No final desta década a refinaria passou por sua
primeira grande ampliação. Entrou em operação em 1959 a U-4 (Destilação Atmosférica) com
capacidade de processamento de 3 500 m
3
/d de petróleo e a U-5 (Destilação a Vácuo) com
capacidade de 2 000 m
3
/d. Na seqüência, em 1960, uma outra destilação a vácuo, com capacidade
de 1 348 m
3
/d, junto com a ampliação da Unidade 1, que passou a ter a capacidade de processar
2 835 m
3
/d de petróleo e a primeira Unidade de Craqueamento Catalítico desta refinaria
conferiram à RLAM condições de alcançar o patamar de atendimento de aproximadamente 10%
do consumo nacional de derivados.
Entrou em operação, também em 1960, o Conjunto de Unidades para a Produção de
Lubrificantes e Parafinas, composto por unidades de desasfaltação, desaromatização (extração
com fenol), desparafinação, destilação de parafinas (unidade já desativada) e percolação de óleos
e parafinas. Desta forma, a RLAM passou a ser a primeira refinaria brasileira capaz de produzir
óleos básicos lubrificantes parafínicos e parafinas. Outro importante aspecto foi a utilização de
petróleo nacional produzido na Bahia como matéria prima desta produção.
Em 1962, o condensado de gás natural passou a ser fracionado na refinaria, que passou
ainda a contar dois anos depois, com um fracionamento adicional de nafta. Em 1970, novo
aumento de capacidade, com a entrada em operação de mais uma Unidade de Fracionamento de
Líquido de Gás Natural. Neste período, a capacidade de refino foi também ampliada com a
entrada em operação de uma Unidade de Produção de Asfalto a partir de petróleo pesado, além de
outras modificações nas unidades U-1, U-2, e U-4.
36
Na década de 70, foi ampliada a Unidade de Craqueamento Catalítico, a qual passou por
outras modificações para aumento de capacidade nas décadas seguintes, e foram implantadas uma
nova Unidade de Desparafinação de Óleos Básicos, além das Unidades de Hidrogenação de
Óleos Lubrificantes e Hidrogenação de Parafinas.
A história de crescimento desta refinaria prosseguiu firme nos anos que se seguiram.
Novas Unidades de Destilação Atmosférica e a Vácuo foram implantadas em 1978, ampliações
de Unidades existentes aconteceram nas décadas de 80 e 90, culminando com a implantação da
U-32 (Destilação Atmosférica e a Vácuo) que entrou em operação em 1997 com capacidade de
27 000 m
3
/d e alcançando atualmente o patamar de 30 000 m
3
/d. Com esta nova Unidade foram
desativadas as antigas unidades U-1 e U-2, fazendo com que a capacidade total de processamento
desta refinaria se situe hoje em 44 600 m
3
/d. Adicionalmente, a refinaria passou a contar em 2001
com a maior Unidade de Craqueamento Catalítico de Resíduo projetada pela PETROBRAS com
capacidade de 10 000 m
3
/d, processando resíduo atmosférico e resultando em um expressivo
aumento do grau de complexidade desta refinaria.
No que tange a preocupações ambientais, a primeira Unidade de Recuperação de Enxofre
desta refinaria entrou em operação em 2001, minimizando as emissões de SO
x
para a atmosfera, a
exemplo do que ocorreu com as demais refinarias. Os desafios, porém, continuam. A RLAM
conta para os próximos anos com dois grandes empreendimentos, sendo um voltado para a
produção de gasolina e outro para a produção de óleo diesel com teores de enxofre inferiores a 50
ppm.
3.2.2 - A Primeira Refinaria de Grande Porte a RPBC
A primeira refinaria de grande porte construída no Brasil foi concebida através do
conjunto de projetos do Plano SALTE apresentado pelo presidente Dutra, tendo havido muita
polêmica com relação à sua localização. Um aspecto interessante desta discussão começou no
final dos anos 40 quando o engenheiro-coronel Arthur Levy, junto com outros engenheiros do
CNP, passaram a analisar os terrenos da Baixada Santista. O objetivo era definir o melhor
percurso para o futuro oleoduto Santos-São Paulo e encontrar o lugar apropriado para instalar a
estação de bombeio. Este duto tinha uma importância estratégica, já que naquela época o
transporte de combustíveis entre o Porto de Santos e a cidade de São Paulo já superava um
37
milhão de toneladas anuais, o que resultava em custos crescentes devido à estrutura logística
(ferroviária e rodoviária) necessária.
A construção deste oleoduto passou a fazer parte dos projetos contidos no Plano SALTE,
sendo que a construção e operação foram outorgadas à Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, pela
autorização n.º 850, de 27 de agosto de 1948, do CNP. Esta concessão se devia ao fato da Santos-
Jundiaí já transportar 80% do volume de combustíveis líquidos recebidos pelo Porto de Santos
(COUTO, 2003).
A firma norte-americana Willian Brother Inc. (Tulsa/EUA) foi encarregada de preparar o
projeto, sendo o engenheiro do CNP Leopoldo Miguez de Mello encarregado da compra do
material necessário para a construção e o engenheiro-coronel Arthur Levy responsável pela
presidência da Comissão de Construção do Oleoduto (COUTO, 2003).
Em outubro de 1951, o primeiro oleoduto com 10 polegadas de diâmetro entrou em
operação transportando produtos claros. Em setembro do ano seguinte o segundo com 18
polegadas passou a operar escoando óleo combustível e petróleo. Este conjunto de oleodutos foi o
primeiro construído na América Latina, sendo adquirido pela PETROBRAS em 1974.
Em paralelo com a decisão sobre o trajeto do oleoduto outra discussão ocupava a
sociedade brasileira: onde deveria ser instalada a refinaria de grande porte, com capacidade
compatível com 80% do consumo brasileiro na época (os restantes 20% seriam supridos pelas
refinarias particulares cuja concessão já havia sido expedida e pela RLAM, cuja ampliação
também estava prevista no Plano SALTE). A Lei N
o
650 de 13 de março de 1949 autorizou o
CNP a adquirir projeto e equipamentos para esta refinaria, destacando-se que ela deveria ter
capacidade de craqueamento, com o objetivo de aumentar a produção de derivados de maior
valor agregado. Para o desenvolvimento do projeto e acompanhamento da obra foi selecionada a
empresa norte-americana Pan American Hydrocarbon Research Inc. e para o fornecimento dos
equipamentos, o consórcio francês Fives-Lille & Schneider & Cie.
Após os estudos desenvolvidos por uma comissão técnica designada para definir entre
quatro diferentes regiões (Rio de Janeiro, Santos, Recife e Belém), qual seria o melhor local para
instalação da refinaria, o general João Carlos Barreto, presidente do Conselho Nacional do
Petróleo, anunciou em 17 de agosto de 1949 que o Rio de Janeiro havia sido escolhido em função
de fatores econômicos, políticos, técnicos e militares (COUTO, 2003, citando a Tribuna de
Santos 1949).
38
A opção por Belém era cogitada em função da proximidade ao fornecedor de petróleo
(Venezuela) e da expectativa de descoberta de petróleo na Região Amazônica. Rio de Janeiro e
Santos, porém, eram opções mais interessantes em função da facilidade de mão de obra, da
questão de segurança que fervilhava no pós-guerra (2ª Guerra Mundial), infra-estrutura de
transporte (portos, ferrovias e rodovias), assim como proximidade do mercado consumidor
brasileiro.
No entanto, a decisão unânime do CNP de aprovar o parecer da Comissão Técnica, que
definia o Distrito Federal (ou adjacências) como o melhor local para a instalação da grande
refinaria, não foi à frente, já que o presidente da República Eurico Gaspar Dutra se decidiu pela
região de Santos. A Secretaria da Presidência divulgou a seguinte nota para a imprensa, da
reunião realizada no dia 2 de setembro de 1949, no Palácio do Catete:
O Sr. presidente da República reuniu o Conselho de Segurança Nacional, para decidir sobre a localização
da refinaria de petróleo do Estado para 45 000 barris diários e apreciar a situação atual dos municípios
anteriormente declarados bases militares. Quanto à primeira parte, foi indicado o porto de Santos para
instalação da refinaria, de acordo com a deliberação da maioria dos presentes, incluída a manifestação
favorável do Sr. presidente da República" (COUTO, 2003, citando a Tribuna de Santos 03/09/1949).
No dia 4 de outubro de 1949, o presidente do CNP, João Carlos Barreto, designou o
coronel Arthur Levy e o engenheiro Paulo Mendes de Oliveira Castro para constituírem a
Comissão encarregada de selecionar a área mais conveniente, em Santos, para a instalação da
refinaria. A Comissão estava encarregada de analisar a natureza do subsolo, as possibilidades de
acesso rodoviário e ferroviário, o fornecimento de energia elétrica, a propriedade dos terrenos,
seu preço e condições de venda. Finalmente, em dezembro de 1949, o Conselho Nacional de
Petróleo anunciou, para todo o país, que o município de Cubatão era o local escolhido para sediar
a refinaria. Outras áreas estudadas na região de Santos se mostraram precárias em função da
natureza do subsolo, que exigiria um gasto elevado com fundações. E, assim, no dia 30 de
dezembro, na sede do CNP no Rio de Janeiro, contando com a presença do prefeito de Cubatão,
Armando Cunha, o general João Carlos Barreto assinou as primeiras escrituras de compra e
venda dos terrenos, situados no sopé da Serra de Cubatão.
A pedra fundamental, simbolizando o início das obras de construção, foi colocada no dia
4 de setembro de 1950, com a presença do presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra.
No dia 28 de junho de 1952, o presidente da República, Getúlio Vargas, visitou a cidade para
inaugurar a torre C (Destilação), a primeira torre instalada, conforme Figura 3.7.
39
Figura 3.7 Presidente Getúlio Vargas em visita a RPBC
No dia 21 de maio de 1954, a Refinaria de Cubatão foi incorporada oficialmente à
PETROBRAS que assumiu a responsabilidade do término de sua construção. Nesta ocasião, a
situação do refino no Brasil estava de acordo com a Tabela 3.3.
Tabela 3.3 Situação do Parque de Refino Brasileiro em 1954
Refinaria Capacidade (m
3
/d) Situação
Capuava 3 180
Particular (Iniciando operação)
Manguinhos 1 590
Particular (Iniciando operação)
Ipiranga 795
Particular (Em operação)
Matarazzo 143
Particular (Em operação)
Riograndense 64
Particular (Em operação)
Manaus 795
Particular (Em construção)
Mataripe 795
Petrobras (Em operação)
40
O prazo inicial previsto pelo presidente da Comissão da Refinaria de Cubatão, general
Stenio de Albuquerque Lima, para que a Refinaria entrasse em operação no início de 1954 não
foi cumprido. A refinaria só recebeu a primeira remessa de petróleo bruto em 7 de dezembro de
1954. Foram 16 000 tone ladas de petróleo venezuelano bombeados pelo Oleoduto da Estrada de
Ferro Santos-Jundiaí para os tanques da Refinaria. A refinaria só iniciou o processamento de
petróleo em 30 de janeiro do ano seguinte, efetuando a primeira entrega de derivados às
companhias distribuidoras em 17 de fevereiro de 1955. A inauguração oficial da refinaria se deu
no dia 16 de abril de 1955, recebendo o nome do Presidente Arthur Bernardes em homenagem ao
ex-presidente falecido alguns dias antes, em 23 de março de 1955, contando com a presença das
mais importantes figuras políticas do país.
Figura 3.8 RPBC em 1956
Na sua configuração original a refinaria tinha a capacidade de produção apresentada na
Tabela 3.4.
Tabela 3.4 Capacidade de Produção Inicial da RPBC (PETROBRAS, 1954)
Derivado Produção (m
3
/d)
GLP 262
Gasolina Comum 3 015
Gasolina Aviação 358
Querosene 715
Óleo Diesel 715
Óleo Combustível 1 768
41
A capacidade de processamento era de 7 500 m³/dia, tendo como carga dois tipos de
petróleo: o Lagotreco (Venezuela) e o Árabe Leve (Arábia Saudita), Tabela 3.5. Com o aumento
da produção dos petróleos baianos a refinaria passou a recebê-los, após ser submetida a uma série
de modificações de processo em 1957.
Tabela 3.5 Qualidade do Petróleo
A capacidade de processamento, com o aprendizado adquirido na operação das unidades e
a implementação de algumas modificações, foi sendo elevada. Em 1956, já era de 65 mbl/d
(10 335 m
3
/d), atingindo 70 mbl/d (11 130 m
3
/d) em dezembro de 1957. No período de 1955 a
1965, conforme Tabela 3.6, a RPBC foi a maior refinadora de petróleo brasileira, sendo superada
pela REDUC na segunda metade daquela década.
Tabela 3.6 Percentual de Refino 1955-1965 (SUAREZ, 1985)
Refinaria 1955 1956
1957
1958
1959
1960
1961
1962
1963
1964
1965
RPBC 50,5 55,6
54,5
56,3
58,0
53,6
49,1
38,7
36,7
35,1
35,5
RLAM 7,2 5,9
5,1
6,4
6,0
15,3
16,9
12,2
12,4
13,1
13,9
REDUC --- --- --- --- --- --- 10,2
30,0
33,0
34,5
32,5
Particulares
42,3 38,5
40,4
37,3
36,0
31,1
24,3
19,2
17,9
17,3
18,2
Na década de 60, uma das Unidades de Craqueamento Térmico foi modificada passando a
operar como Unidade de Destilação Atmosférica, aumentando a capacidade de processamento da
refinaria em 38 mbl/d (6 042 m
3
/d). Em 1970, a refinaria passou por outro ciclo de expansão e
modernização, alcançando a capacidade de processamento de 160 mbl/d (25 440 m
3
/d), a partir
da adaptação da outra Unidade de Craqueamento Térmico para o processamento de petróleo (o
objetivo principal era fornecer nafta à Petroquímica União). Além disto, foram instaladas três
novas torres de vácuo e uma Unidade de Craqueamento Catalítico de 63 mbl/d (10 017 m
3
/d), que
passou a processar o gasóleo, produzindo gasolina de melhor qualidade.
Petróleo
Lagotreco
Árabe Le
ve
API 32,4 32,7
Acidez Naftênica (mg KOH/g petróleo)
0,24 0,01
Teor de Enxofre (%m/m) 1,13 1,87
42
Em 1974, entrou em operação a primeira Unidade de Coqueamento Retardado no Brasil
com capacidade de 17 mbl/d (2 703 m
3
/d). Esta Unidade tem um importante papel na mudança do
perfil de produção de uma refinaria, reduzindo expressivamente a produção de óleo combustível.
Ainda hoje, a RPBC é uma das refinarias com menor percentual de produção deste derivado no
Parque de Refino Brasileiro.
Na década seguinte mais dois acréscimos: a Unidade de Alquilação para a produção de
Gasolina de Aviação que entrou em operação em 1984 com capacidade de 3 mbl/d (477 m
3
/d), e
a segunda Unidade de Coqueamento Retardado que entrou em operação em 1986 com capacidade
de processamento igual à da primeira. Esta Unidade foi projetada pela Petrobras a partir de um
processo de transferência de tecnologia. Com o aumento da produção de petróleo nacional,
tornou-se necessária a adaptação metalúrgica das Unidades de Destilação Atmosférica e a Vácuo
da refinaria, viabilizando-se, deste modo, o processamento de petróleo Marlim a partir de 1992.
No ano seguinte iniciou-se a construção de uma Unidade de Hidrotratamento de Diesel projetada
pela PETROBRAS. Esta Unidade entrou em operação em março de 1998, viabilizando-se a
produção de óleo diesel com baixo teor de enxofre nesta refinaria.
A RPBC encontra-se atualmente em fase de avaliação das suas instalações de modo a ser
preparada para o processamento de petróleos ainda mais ácidos e pesados, produzindo derivados
com qualidade compatível com os mercados mais exigentes.
3.2.3 - A primeira refinaria construída pela Petrobras: a REDUC
No dia 4 de abril de 1952 o CNP aprovou um Plano de Localização de Refinarias de
Petróleo. Neste plano estava prevista uma refinaria localizada na costa e que teria como área de
influência os estados da Guanabara, posteriormente fundido ao Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,
Espírito Santo e sul de Minas Gerais. Fruto de um extenso estudo das alternativas, optou-se pela
implantação da refinaria no município de Duque de Caxias, fronteiriço ao do Rio de Janeiro em
local relativamente isolado. A área disponível era compatível com uma refinaria de grande porte
e ainda suficiente para um expressivo crescimento de indústrias nas circunvizinhanças deste
empreendimento. Outros importantes aspectos que foram determinantes para esta escolha foram a
proximidade com a Baía de Guanabara que facilitava a logística de transferência de petróleo e
derivados, e a disponibilidade de água.
43
Em 1956, foi aberta uma concorrência pública para definir qual seria a empresa
responsável pela construção da refinaria. O processo culminou com a escolha da empresa
americana Foster Weeler em 30 de abril de 1957. As obras foram realizadas no período de 1958 a
1961, sendo que a primeira de muitas estacas foi cravada no dia 23 de junho de 1959. Por estar
localizada em área de manguezais, a necessidade de estaqueamento é enorme em qualquer obra
realizada nesta refinaria.
A refinaria foi inaugurada pelo Presidente da República Juscelino Kubitschek com a
presença do Presidente da Petrobras Idálio Sardenberg em 20 de janeiro de 1961, entrando em
operação efetivamente em 9 de setembro daquele ano, quando foi produzida a primeira batelada
de derivados de petróleo na REDUC (REDUC, 2001).
O primeiro período de operação da refinaria se caracterizou pela produção de
combustíveis já que a configuração inicial consistia das unidades apresentadas na Tabela 3.7.
Tabela 3.7 Configuração inicial da Refinaria Duque de Caxias
TAG Unidade Carga (m
3
/d)
U-1210 Destilação Atmosférica e a Vácuo 14 310
U-1220 Reforma Catalítica 1 749
U-1240 Desasfaltação a Solvente 1 908
U-1270 Tratamento Cáustico de Gasolina 2 385
U-1280 Tratamento Cáustico de GLP 1 113
A capacidade de destilação foi rapidamente aumentada em função do aprendizado na
operação da refinaria e do aproveitamento das folgas existentes no projeto, atingindo em 1963 o
patamar de 110 mbl/d (17 490 m
3
/d) e 120 mbl/d (19 080 m
3
/d) no ano seguinte. Em 1964 entrou
em operação a U-1250 (Unidade de Craqueamento Catalítico) com a capacidade inicial de 30
mbl/d (4 770 m
3
/d).
Na década seguinte a refinaria experimentou um outro significativo ciclo de crescimento
que podemos chamar de etapa dos Lubrificantes e Parafinas. O primeiro Conjunto de
Lubrificantes entrou em operação em 1973, sendo que o 2º Conjunto foi inaugurado pelo
Presidente da Petrobras Araken de Oliveira em 1979, tornando o Brasil auto-suficiente na
produção de óleos básicos lubrificantes parafínicos. Os dois conjuntos são compostos das
Unidades descritas na Tabela 3.8.
44
Tabela 3.8 Unidades que compõem os Conjuntos de Lubrificantes e Parafinas
TAG Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Carga atual
(m
3
/d)
Partida
U-1510 Destilação Atmosférica e Vácuo 7 300
8 000
Fev/72
U-1520 Desaromatização 1 470
2 000
Out/72
U-1530 Desparafinação 1 030
1 700
Mai/73
U-1540 Hidrotratamento de Lubrificantes 860
1 700
Jun/73
U-1620 Geração de Hidrogênio (*) 68 000 Nm
3
/d
68 000 Nm
3
/d
Dez/75
U-1630 Desoleificação 200
350
Fev/76
U-1640 Hidrotratamento de Parafinas 130
150
Jun/76
U-1710 Destilação Atmosférica e Vácuo 7 300
8 000
Dez/78
U-1720 Desaromatização 1 470
3 000
Out/79
U-1730 Desparafinação 1 030
1 700
Fev/79
U-1740 Hidrotratamento de Lubrificantes 860
1 200
Mar/79
U-1790 Desasfaltação a Propano 1 700
3 600
Out/79
U-1820 Geração de Hidrogênio (*) 68 000 Nm
3
/d
68 000 Nm
3
/d
Set/79
(*) Projetadas inicialmente para produção de H
2
a partir de nafta e adaptadas para gás natural em
1984 e 1986, respectivamente
No caso da REDUC, em função do processamento de petróleos cujas características
implicam na necessidade de remoção de uma expressiva parcela de compostos aromáticos com o
objetivo de conferir qualidade adequada aos lubrificantes, o esquema de produção de
lubrificantes e parafinas efetua a desaromatização logo após a separação dos cortes por
destilação, conforme Figura 3.9, inversamente ao que acontece na RLAM.
45
CRU Destilados Rafinado
DESTILAÇÃO
ATMÓSFERICA
E A VÁCUO
DESAROMATIZAÇÃO
COM
FURFURAL
DESPARAFINAÇÃO
COM
MIBC
DESASFALTAÇÃO A
PROPANO
Desasfaltado
Desparafinado
HIDROACABAMENTO
Óleo Básico
Resíduo de Vácuo
Figura 3.9 Diagrama de Blocos do Esquema de Produção de Lubrificantes e Parafinas
A capacidade inicial de produção de óleos básicos era de 250 000 m
3
/ano, passando após
a implantação do 2º conjunto e de sucessivas ampliações ao patamar de 650 000 m
3
/ano de óleos
básicos e 30 000 t/ano de parafinas.
Com o aumento da produção de petróleo na Bacia de Campos gerando, por conseqüência,
a necessidade de escoamento e processamento do gás natural associado, na década de oitenta
foram instaladas duas Unidades de Processamento de Gás Natural na refinaria. Estas Plantas
tinham como objetivo retirar produtos nobres do gás, como o GLP e a nafta, disponibilizando
para consumo um gás natural processado rico em metano com qualidade praticamente constante,
evitando variações de qualidade e riscos de condensação em pontos das tubulações de
distribuição.
Em 1989 entrou em operação a primeira Unidade de Hidrotratamento projetada pela
Petrobras. Esta Unidade tinha como objetivo produzir querosene de aviação a partir de querosene
oriundo de petróleo nacional, rico em compostos nitrogenados, que conferem instabilidade
química aos derivados. Permitia, também, o processamento de óleo diesel promovendo
expressiva redução no teor de enxofre deste derivado. A U-2700 entrou em operação com
capacidade de processar 5 000 m
3
/d de querosene ou 4 000 m
3
/d de óleo diesel.
Outras importantes unidades se seguiram conforme se observa na Tabela 3.9.
46
Tabela 3.9 Novas Unidades da REDUC após 1990
TAG Unidade Ano
U-3100 Separação de Propeno Grau Polímero 1996
U-3200 Produção de MTBE 1997
U-3300 Recuperação de Enxofre 1998
U-2800 Hidrotratamento de Instáveis 2003
U-3400 Fracionamento de Líquidos 2004
A Unidade de Separação de Propeno, Grau Polímero, tem como objetivo a separação do
Propeno da corrente C
3
produzida na Unidade de Craqueamento Catalítico. Este propeno é
comercializado para a produção de polipropileno. A Unidade de Produção de metil-terc-butil éter
(MTBE) promove a reação de metanol com o isobuteno produzido no FCC, gerando um
“booster” de octanagem. A atual legislação brasileira não permite a adição de nenhum outro
oxigenado que não seja o álcool etílico na gasolina, o que limita esta produção à exportação. O
MTBE, porém, tem sofrido restrições com relação ao seu uso em vários países em função da
ocorrência de contaminação do lençol freático com prejuízos para a saúde da população atingida.
Está em estudo na Petrobras uma alternativa para a adaptação destas Unidades para a produção de
isooctano, também considerado “booster” de octanagem.
Depois de todos estes ciclos de crescimento, a REDUC se tornou uma refinaria complexa,
sendo a mais complexa do Sistema Petrobras. Porém, sua necessidade de crescimento
objetivando aproveitar novas oportunidades ainda não cessou. Está prevista para os próximos
anos uma seqüência de novas unidades que vão conferir ainda mais competitividade a esta
refinaria. A Tabela 3.10 mostra a capacidade destas futuras unidades e a previsão de entrada em
operação.
Tabela 3.10 Futuras Unidades da REDUC
Unidade Ano Capacidade (m
3
/d)
Coqueamento Retardado 2008 5 000
Hidrotratamento de Nafta de Coque 2008 2 000
Hidrodessulfurização de Nafta Craqueada 2009 5 000
Hidrotratamento de Instáveis 2010 4 000
Hidrocraqueamento Catalítico 2013 5 500
47
Com este novo conjunto de Unidades, a REDUC estará preparada para o desafio de
atender um mercado cada vez mais exigente, tanto no que se refere aos combustíveis quanto aos
lubrificantes, oferecendo produtos com teores de enxofre inferiores a 50 ppm, processando
petróleos nacionais.
3.2.4 Projetos da década de 60: REGAP e REFAP
As concepções originais da REGAP e da REFAP foram idênticas, envolvendo uma
Unidade de Destilação Atmosférica e a Vácuo e uma Unidade de Craqueamento Catalítico,
privilegiando a produção de gasolina a partir do processamento de petróleos importados leves
com
o
API superior a 33 (MARTINS, 1977). Ambas as refinarias tinham como objetivo atender o
mercado regional, o que foi se tornando possível em função do aumento do número de refinarias
instaladas no território nacional. A REGAP destinaria sua produção para Minas Gerais, Goiás e
Brasília e a REFAP para o Sul do país.
A localização final da REGAP no município de Betim, às margens da Rodovia Fernão
Dias, distante aproximadamente 25 km de Belo Horizonte, foi definida em função da facilidade
do escoamento da produção. O nome, Gabriel Passos, teve como objetivo homenagear o político
mineiro que foi ministro das Minas e Energias, grande defensor do monopólio estatal de petróleo,
falecido em 1962. Esta refinaria entrou em operação em 30 de março de 1968, mas o oleoduto
Rio-Belo Horizonte (ORBEL) permitiu já no ano anterior o recebimento de derivados da
Refinaria Duque de Caxias.
Inicialmente estas refinarias apresentaram um conjunto de unidades semelhantes,
conforme apresentado na Tabela 3.11.
Tabela 3.11 Configuração inicial da REGAP e da REFAP
Refinaria Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Carga atual
(m
3
/d)
Partida
Destilação Atmosférica e a Vácuo 7 150
12 000
1968
REGAP
Craqueamento Catalítico 1 920
3 200
1970
Destilação Atmosférica e a Vácuo 7 150
8 000
1968
REFAP
Craqueamento Catalítico 1 920
3 300
1970
48
Cada refinaria, porém, foi submetida a um diferente processo de evolução no seu esquema
de refino, após uma etapa inicial de ajustes de capacidade, aproveitando-se as folgas existentes
nos projetos. No final da década de setenta, a REGAP já processava 12 000 m
3
/d na Destilação e
2 600 m
3
/d no FCC, ao mesmo tempo a REFAP atingia patamares semelhantes. No início da
década seguinte a REGAP recebeu um segundo conjunto de unidades, contando a partir daí com
duas Destilações e duas Unidades de Craqueamento Catalítico. Além disso, recebeu à semelhança
da REVAP, a mais nova das refinarias brasileiras, um conjunto de Unidades de Hidrotratamento
passando a ter um conjunto de unidades de acordo com Tabela 3.12.
Tabela 3.12 Evolução da REGAP 1982-1983
Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Carga atual
(m
3
/d)
Partida
Destilação Atmosférica e Vácuo II 10 000
12 000
1982
Craqueamento Catalítico II 3 000
3 800
1983
Hidrotratamento de Nafta Leve 1 800
1 800
1983
Hidrotratamento de Querosene 1 800
1 800
1983
Hidrotratamento de Óleo Diesel 2 600
2 600
1983
Adicionalmente, a REGAP passou a contar com uma Unidade de Coqueamento Retardado
no início da década de 90, melhorando expressivamente o seu perfil de produção de derivados.
Em 2004, recebeu, também, a sua primeira Unidade de Hidrotratamento de Instáveis, passando a
contar com um total de quatro unidades de hidrotratamento.
Já a REFAP seguiu um caminho distinto, recebendo apenas uma nova Unidade de
Destilação Atmosférica na década de 80. A grande expansão desta refinaria se deu no período
2002-2006 quando passou por um expressivo processo de modernização de suas instalações
passando a contar com o conjunto de unidades apresentado na Tabela 3.13, sendo que todas estas
unidades foram projetadas pela Petrobras.
Tabela 3.13 Projeto de Modernização da REFAP: 2002-2006
Unidade Carga inicial (m
3
/d)
Hidrotratamento de Instáveis 4 000
Craqueamento Catalítico Resíduo 7 000
Coqueamento Retardado 2 000
49
Ambas as refinarias estão sendo submetidas a um processo de adequação do seu esquema
de refino para o atendimento às novas especificações de gasolina e óleo diesel, o que resultará
num aumento de sua complexidade no final da década.
3.2.5 As Aquisições da RECAP e da REMAN
Em 01 de outubro de 1945, o Conselho Nacional de Petróleo através da Resolução n
o
1
resolvia:
Permitir, de acordo com a legislação em vigor, a instalação de refinarias no País, por companhias privadas,
utilizando inicialmente o petróleo importado, desde que a aparelhagem e o processo de operação sejam de
alto rendimento, a juízo do Conselho, consoante os projetos que foram apresentados pelos interessados.
Criava-se, assim, a possibilidade de um desenvolvimento do refino nacional pela
iniciativa privada. Os questionamentos eram muito expressivos na ocasião com relação ao
modelo a ser adotado. O compromisso entre os investimentos estatais e os da iniciativa privada
levaria à adoção de dois caminhos: a construção de uma refinaria com participação estatal e a
participação privada. Naquele momento apenas três pequenas destilarias, em regime de batelada,
se encontravam em operação no país.
A resolução n
o
01/45 do CNP orientava, também, que os interessados na instalação de
refinarias com capacidade de 10 mbl/d (1 590 m
3
/d) no Distrito Federal ou em São Paulo
deveriam apresentar uma série de documentos (CNP, 1945) no prazo de 30 dias para que
pudessem ser avaliados pelo órgão.
Em resposta às solicitações recebidas, foi emitida a Resolução n
o
2 em 18 de janeiro de
1946 onde se outorgava a autorização para a instalação de quatro refinarias aos concorrentes
apresentados na Tabela 3.14, e se estabelecia o prazo de 90 dias para que fosse cumprida uma
série de exigências (CNP, 1946).
Tabela 3.14 Outorgas concedidas pelo CNP para construção de refinarias
Concorrente Estado Capacidade (m
3
/d)
Aristides de Almeida São Paulo 1 590
Alberto Soares de Sampaio Distrito Federal 1 272, possível expansão para 1 590
Drault Ernnany de Mello e Silva Distrito Federal 1 272, possível expansão para 1 590
Edgard Raja Gabaglia São Paulo 954
50
Na resolução n
o
5, de 21 de junho de 1946, as autorizações para Edgard Raja Gabaglia e
Aristides de Almeida foram revogadas por não terem cumprido as exigências necessárias, sendo
emitidas duas autorizações. O Título de Autorização n
o
753 concedido a Drault Ernnany de Mello
e Silva autorizava a Refinaria de Petróleos do Distrito Federal S.A. com capacidade inicial de 8
mbl/d (1 272 m
3
/d) que poderia ter a capacidade elevada para 10 mbl/d (1 590 m
3
/d) tão logo as
condições de mercado assim o permitissem. O Título de Autorização n
o
807 concedido a Alberto
Soares de Sampaio autorizava a Refinaria e Exploração de Petróleo União S.A. a instalar e
explorar uma refinaria em São Paulo com a capacidade de 20 mbl/d (3 180 m
3
/d). Ambas
refinarias encontraram uma série de dificuldades na implantação e só entraram efetivamente em
operação em 1954. No caso da Refinaria União foram utilizados os petróleos Kuwait, Árabe Leve
e Oficina na base de projeto. Estes petróleos apresentavam ºAPI na faixa de 32 a 34.
Adicionalmente, na resolução n
o
1, de 14 de março de 1952, o CNP outorgou autorização
ao requerimento de Isaac Sabbá e Cia Ltda para a construção de uma refinaria de pequeno porte
em Manaus, inicialmente de 2,5 mbl/d (397 m
3
/d). O Título de Autorização n
o
1088 (CNP, 1953)
já apresentava autorização para 5 mbl/d (795 m
3
/d) de petróleo peruano Ganso Azul.
O projeto da refinaria foi elaborado pela Southwestern Enginnering Company
(SOWECO), sendo a primeira refinaria brasileira a possuir uma Unidade de Craqueamento
Catalítico Fluido (FCC). A refinaria foi construída em ritmo acelerado, entrando em operação em
agosto de 1956. O petróleo Ganso Azul, proveniente da região de Pucallpa, Figura 3.10, era
transportado em barcaças de 25 000 barris cada uma, vencendo uma logística extremamente
desafiadora semelhante à experimentada na distribuição dos derivados produzidos por esta
refinaria.
51
Figura 3.10 Localização da região de Pucallpa Peru
A Tabela 3.15 apresenta a evolução da atual REMAN.
Tabela 3.15 - Refinaria de Manaus (atual REMAN)
Processo Capacidade inicial
(m
3
/d)
Capacidade atual
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica 795
7 300
Destilação a Vácuo 477
1 400
Craqueamento Catalítico 318
500
Esta refinaria foi financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e, a
partir de agosto de 1968, foi autorizada a refinar 2 mbl/d (318 m
3
/d) acima da sua capacidade
original de projeto (CNP, 1968). Foi adquirida pela Petrobras em 30 de dezembro 1971, passando
a ser chamada de REMAN. Outra ampliação em 1996 permitiu o aumento de sua capacidade de
1 800 m
3
/d para 2 300 m
3
/d, e os estudos para implantação de uma Unidade de Destilação
Atmosférica para o processamento de petróleo Urucú produzido na região elevaram a capacidade
total de processamento da refinaria para 45,9 mbl/d (7 300 m
3
/d). À semelhança do que está
ocorrendo com a RECAP, encontra-se em andamento um processo de modernização desta
52
refinaria com o objetivo de se viabilizar a produção de óleo diesel e gasolina com teores máximos
de enxofre da ordem de 50 ppm.
A Tabela 3.16 mostra a evolução da capacidade de refino da atual RECAP.
Tabela 3.16 - Refinaria União (atual RECAP)
Processo Capacidade inicial
(m
3
/d)
Capacidade atual
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica 3 180 7 800
Craqueamento Catalítico 3 021 3 180
Esta refinaria foi adquirida pela Petrobras em 1974, teve sua Unidade de Craqueamento
Catalítico (Thermal Catalytic Cracking) reprojetada em 1995, passando a operar como um RFCC
(Resid Fluid Catalytic Cracking). Está, atualmente, em processo de modernização de suas
instalações através da implantação de Unidades de Hidrotratamento com o objetivo de se
viabilizar a produção de óleo diesel e gasolina com teores máximos de enxofre da ordem de 50
ppm.
3.2.6 - A gigante REPLAN
A maior refinaria brasileira iniciou o processamento de petróleo em 2 de fevereiro de
1972, sendo inaugurada três meses depois. A refinaria foi construída em mil dias, atingindo a
meta traçada. A chamada refinaria do Planalto (REPLAN) teve sua localização fortemente
influenciada pelos seguintes fatores: facilidade de escoamento da produção, boas condições de
abastecimento de água e a existência de uma zona industrial na região. A princípio, o objetivo era
localizar a refinaria próximo ao grande centro consumidor paulista, então abastecido pela RECAP
e RPBC, mas por conta da disponibilidade de água optou-se pela localização entre dois rios,
Jaguari e Atibaia, formadores do Rio Piracicaba. Outro fator importante foi a doação para a
Petrobras de uma área com 950 hectares da antiga Fazenda São Francisco pela prefeitura do
Município de Paulínia. A maior refinaria da Petrobras teve suas obras iniciadas em julho de 1969
chegando a empregar, no pico da obra, cerca de 10 mil trabalhadores.
A capacidade inicial de processamento era de 126 mbl/d (20 034 m
3
/d) e o esquema de
refino consistia de uma Destilação Atmosférica e a Vácuo e uma Unidade de Craqueamento
53
Catalítico, processando inicialmente petróleos leves como o Árabe Leve, Abu-Dabi e até
condensados. A Tabela 3.17 mostra a configuração inicial da refinaria.
Tabela 3.17 Configuração inicial da REPLAN
Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica 20 000
Destilação a Vácuo 10 000
Craqueamento Catalítico 5 500
Esta configuração é básica em um esquema de refino voltado para a produção de óleo
diesel e gasolina com requisitos de qualidade menos rígidos, não contando com unidades de
hidrotratamento. A Figura 3.11 apresenta as Unidades da REPLAN na sua configuração inicial.
Figura 3.11 Unidade de Destilação Atmosférica e a Vácuo e Unidade de Craqueamento
Catalítico
Este trem de processamento foi replicado posteriormente com a entrada do 2º conjunto de
Unidades fazendo com que a refinaria passasse a ocupar a posição de maior refinaria brasileira
em termos de capacidade de processamento.
Em 1974, quando entrou em operação a segunda Unidade de Destilação Atmosférica (a
seção de vácuo só entrou em operação sete anos depois), o RAT foi destinado para a produção de
óleo combustível que dispunha na ocasião de expressivo mercado. Esta unidade, assim como a
54
primeira, com o aprendizado de operação e pequenas modificações, teve sua capacidade de
processamento elevada sensivelmente. As obras da segunda Unidade de Craqueamento
Catalítico, iniciadas em 1975 foram interrompidas, fazendo com que a configuração da REPLAN
no período 1974-1981 estivesse de acordo com a Tabela 3.18.
Tabela 3.18 Configuração da REPLAN 1974-1981
Unidade Carga inicial
1º Conjunto (m
3
/d)
Carga inicial
2º Conjunto (m
3
/d)
Destilação Atmosférica 28 000
28 000
Destilação a Vácuo 10 000
---
Craqueamento Catalítico 7 500
---
No final da década de 70, em função das dificuldades no fornecimento de petróleo
provocadas pela guerra Irã-Iraque e o segundo choque do petróleo, a especificação de ponto de
fulgor e destilação do óleo diesel foi alterada, com conseqüente aumento da faixa de destilação.
Esta medida permitiu a utilização de frações mais leves e pesadas na composição deste derivado
que já apresentava naquela ocasião, elevado consumo. Verificou-se, então, que as unidades de
destilação da REPLAN em campanha “máximo diesel”, atingiam a capacidade de 24 000 m
3
/d,
alterando-se, mais uma vez, a capacidade de processamento desta refinaria. Adicionalmente, em
1981, entrou em operação a segunda Unidade de Destilação a Vácuo, ficando a configuração
conforme mostra a Tabela 3.19.
Tabela 3.19 Configuração da REPLAN 1981-1992
Unidade Carga inicial
1º Conjunto (m
3
/d)
Carga inicial
2º Conjunto (m
3
/d)
Destilação Atmosférica 24 000
24 000
Destilação a Vácuo 10 000
10 000
Craqueamento Catalítico 7 500
---
Com o aumento da produção de petróleo nacional e redução do mercado de óleo
combustível tornou-se necessário dotar a refinaria de condições econômicas de operação. Foi
55
promovido, então, um ajuste do seu esquema de refino com a entrada em operação da segunda
Unidade de Craqueamento Catalítico cuja obra havia sido interrompida (esta Unidade entrou em
operação em 1992), uma Unidade de Coqueamento Retardado e uma Unidade de
Hidrotratamento de Instáveis (entraram em operação em 1999). Os projetos básicos da HDT e da
Unidade de Coqueamento Retardado foram realizados pela Petrobras. Em 2004, este conjunto foi
duplicado, passando a refinaria a contar com dois trens de processo completos: Destilação
Atmosférica e a Vácuo, Craqueamento Catalítico, Coqueamento Retardado e Hidrotratamento de
Instáveis. A Figura 3.12 mostra estas Unidades.
Figura 3.12 Unidade de Hidrotratamento de Instáveis e Unidade de Coqueamento Retardado
A situação atual da refinaria está apresentada na Tabela 3.20.
Tabela 3.20 Configuração atual da REPLAN
Unidade Carga inicial
1º Conjunto (m
3
/d)
Carga inicial
2º Conjunto (m
3
/d)
Destilação Atmosférica 27 200
30 000
Destilação a Vácuo 13 000
17 000
Craqueamento Catalítico 7 500
8 500
Hidrotratamento Instáveis 5 000
5 000
Coqueamento Retardado 5 000
5 000
56
Atualmente, a Refinaria de Paulínia responde por cerca de 20% de todo o refino de
petróleo no Brasil. Sua história de crescimento de capacidade de processamento e complexidade,
porém, não para por aqui, já que se encontra em andamento uma série de empreendimentos que
lhe conferirão maior capacidade de superar os desafios, e, conseqüentemente, melhores condições
de rentabilidade. A Tabela 3.21 mostra estes projetos e o ano previsto para entrada em operação.
Tabela 3.21 Novos Projetos da REPLAN
Unidade Ano
Destilação Atmosférica I (ampliação) 2009
Destilação Vácuo I (ampliação) 2009
Separação de Propeno 2009
Duas HDS Nafta Craqueada 2010
HDT Nafta de Coque 2010
Reforma Catalítica 2010
Coqueamento Retardado 2012
HDT Instáveis 2012
3.2.7 As mais recentes: REPAR e REVAP
As duas mais recentes refinarias foram concebidas com o objetivo de conferir à Petrobras
uma capacidade de refino de 1 300 mbl/d (206 700 m
3
/d) até o final da década de 80. A
configuração inicial delas foi diferente da adotada na REPLAN, optando-se por esquemas de
refino mais complexos do que os considerados até então. Enquanto a REPAR (Refinaria
Presidente Getúlio Vargas), que entrou em operação em 1977, trazia uma Unidade de
Desasfaltação a Propano, a REVAP contava com três Unidades de Hidrotratamento processando,
respectivamente, nafta, querosene e óleo diesel.
Com relação à localização, a REPAR foi construída a 25 quilômetros de Curitiba, no
município de Araucária. A refinaria ocupou uma área de 10 milhões de metros quadrados, com
aproximadamente 20% de área construída, e o restante de áreas verdes naturais conservadas
(REPAR, 2006). Na sua concepção original contava com as Unidades apresentadas na Tabela
3.22.
57
Tabela 3.22 Configuração inicial da REPAR
Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica e a Vácuo 20 000
Craqueamento Catalítico 6 500
Desasfaltação a Solvente 4 500
Os projetos básicos destas Unid ades foram elaborados pela Japan Gasoline Corporation
(JGC). Com o passar dos anos uma série de modificações nestas Unidades resultou em um
significativo aumento da capacidade de processamento. A Figura 3.13 mostra a refinaria na sua
configuração atual.
Figura 3.13 Configuração atual da REPAR
Além disso, em 2004 entrou em operação uma Unidade de Hidrodessulfurização de Óleo
Diesel projetada pela Petrobras. A situação atual desta refinaria é descrita na Tabela 3.23.
58
Tabela 3.23 Configuração atual da REPAR
Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica e a Vácuo 32 000
Craqueamento Catalítico 9 200
Desasfaltação a Solvente 5 100
Hidrodessulfurização de Óleo Diesel 5 000
Atualmente, encontram-se em fase de implantação os seguintes novos projetos para a
REPAR, com previsão de entrada em operação para o período 2008-2010: ampliação da
Destilação Atmosférica e Vácuo, Unidade de Separação de Propeno, HDS Nafta Craqueada,
Coqueamento Retardado, HDT Nafta de Coque, Reforma Catalítica e HDT Instáveis.
A Refinaria do Vale do Paraíba, REVAP, localizada em São José dos Campos possui uma
área equivalente à da REPAR. Sua construção foi iniciada em 01 de fevereiro de 1974 (REVAP,
2005), entrando em operação em 24 de março de 1980. A Tabela 3.24 apresenta a configuração
inicial da refinaria.
Tabela 3.24 Configuração inicial da REVAP
Unidade Carga inicial
(m
3
/d)
Destilação Atmosférica e Vácuo 30 000
Craqueamento Catalítico 9 000
Hidrotratamento de Nafta 3 000
Hidrotratamento de Querosene 3 500
Hidrotratamento de Óleo Diesel 6 500
A opção por um esquema de refino com Unidades de Hidrotratamento representa o
primeiro passo significativo em busca da melhoria da qualidade dos derivados. Em 1993, entrou
em operação a Unidade de Desasfaltação a Solvente projetada pela Petrobras, viabilizando o
aumento da oferta de carga para a Unidade de Craqueamento Catalítico. Esta unidade sofreu
sucessivas modificações de processo viabilizando o aumento gradativo da carga processada,
atingindo, atualmente, 14 000 m
3
/d. A Figura 3.14 mostra uma imagem atual da REVAP.
59
Figura 3.14 Configuração atual da REVAP
No que tange à Unidade de Destilação Atmosférica o mesmo processo resultou em um
aumento de capacidade para 40 000 m
3
/d, sendo esta atualmente a maior Unidade de Destilação
no Brasil.
A REVAP é hoje responsável pelo abastecimento de aproximadamente 15% do mercado
brasileiro. Encontra-se, também, em franco processo de modernização, e estará contando no
período 2008-2010 com as seguintes novas unidades: Separação de Propeno, HDS Nafta
Craqueada, HDT Nafta de Coque, Reforma Catalítica, Coqueamento Retardado e HDT Instáveis.
3.2.8 As Particulares: Ipiranga e Manguinhos
As duas refinarias particulares existentes hoje no Brasil foram concebidas antes da
existência da Petrobras. Ambas apresentam uma pequena capacidade de processamento, o que
gera dificuldades expressivas quanto à economicidade de sua operação. Além disso, suas
configurações não sofreram expressivas modificações ao longo dos últimos anos, o que vai
representar um grande desafio mantê-las em operação num cenário cada vez mais exigente no
que tange à qualidade de produtos.
Com relação à configuração inicial destas refinarias, podem-se destacar diferenças
interessantes de configuração. A Refinaria de Manguinhos não apresenta Unidade de Destilação a
Vácuo, o que obrigatoriamente implica na necessidade de processamento de petróleos leves. A
configuração é simples ainda dispondo de processos térmicos de conversão do resíduo
60
atmosférico (Unidades de Craqueamento Térmico e Viscoredução). Em 1989, com a proibição da
utilização do chumbo tetraetila como “booster” de octanagem, tornou-se necessária a implantação
de uma Unidade de Reforma Catalítica, que entrou em operação em 1992. Esta refinaria foi
adquirida pela Repsol-YPF após a quebra do monopólio estatal e necessita de investimentos para
superar os desafios que se apresentam para a indústria do refino, principalmente, na questão de
atendimento às especificações dos derivados e exigências ambientais. Suas unidades industriais
encontram-se, atualmente, fora de operação, operando apenas a parte de transferência e
estocagem para a comercialização de derivados, produzidos por misturas de frações de petróleo
compradas no mercado nacional ou internacional.
Já a refinaria da Ipiranga apresenta um esquema de refino semelhante aos originais das
demais refinarias da Petrobras com Destilação Atmosférica e a Vácuo e Craqueamento Catalítico.
A capacidade atual das Unidades destas refinarias é apresentada na Tabela 3.25.
Tabela 3.25 Capacidade atual em m
3
/d da Refinaria de Manguinhos (OIL&GAS, 2006) e
Ipiranga (IPIRANGA, 2006)
Processo Manguinhos
Ipiranga
Destilação Atmosférica 2 226
2 544
Destilação a Vácuo ---
795
Craqueamento Catalítico ---
550
Craqueamento Térmico 600
---
Viscorredução 1 000
---
HDT Nafta 477
---
Reforma Catalítica 477
---
3.2.9 A Especial: LUBNOR
A concepção desta refinaria data do início da década de 60 quando se decidiu investir na
implantação de uma fábrica de asfalto no Ceará. Em 24 de junho de 1966, foi inaugurada a
Fábrica de Asfalto de Fortaleza (ASFOR). Inicialmente, a Unidade processava 450 m³/dia de
petróleo pesado venezuelano. Esta refinaria não possui torre de Destilação Atmosférica, sendo o
petróleo dessalgado enviado diretamente para a Torre de Vácuo. Ao longo dos anos, passou por
61
várias ampliações, atingindo atualmente a capacidade de processamento de 1.100 m³/dia
(LUBNOR, 2006).
Um importante aspecto que deve ser lembrado diz respeito à importante iniciativa de se
substituir o petróleo importado por petróleos nacionais. O petróleo venezuelano Bachaquero
deixou de ser processado nesta refinaria, passando-se a processar uma mistura de petróleos
nacionais pesados como o Fazenda Alegre, Fazenda Belém e Jubarte.
Outro aspecto importante foi a instalação de uma Unidade de Processamento de Gás
Natural em 1987 e a entrada em operação em 1998 da primeira Unidade de Produção de
Lubrificantes Naftênicos da Petrobras. Esta Unidade tem como objetivo hidrotratar determinadas
faixas de gasóleos produzindo os lubrificantes básicos naftênicos. A Figura 3.15 apresenta esta
Unidade.
Figura 3.15 ULUB Unidade de Produção de Lubrificantes Naftênicos
Com esta iniciativa, a ASFOR passou a ser chamada LUBNOR (Lubrificantes do
Nordeste).
3.3 Conclusão
Conforme se pode observar, a configuração do Parque de Refino brasileiro foi sendo
alterada significativamente ao longo dos anos em função da mudança dos cenários externos, tanto
de qualidade dos produtos quanto da matéria prima processada.
O capítulo 5 apresentará a evolução dos cenários e do Parque tanto no que se refere ao
aumento da capacidade quanto à complexidade, permitindo deste modo uma adequada
62
visualização da extensão destas alterações. A análise destes dados indica como os esquemas de
refino sofrem mudanças ao longo do tempo.
63
4 Indicadores de Evolução do Refino Brasileiro
A história do Parque de Refino Brasileiro se desenvolveu sob os cenários mais diversos:
desde a inexistência de capacidade de refino à escassez de petróleo; desde especificações
extremamente simplificadas até as atualmente adotadas para o querosene de aviação com dezenas
de itens; desde a necessidade de importar todo o petróleo processado até a possibilidade de
processar unicamente petróleo nacional. Sob cenário tão diversificado, a configuração dos
esquemas de refino foi continuamente sendo alterada. Será apresentado neste capítulo como esta
estrutura foi sendo modificada, assim como a evolução da capacidade de refino e do grau de
complexidade das instalações adotando-se uma periodização de cinco anos desde 1935 até 2005.
Será apresentada, também, a evolução das especificações dos derivados (gasolina e óleo diesel),
assim como a mudança do perfil da matéria prima. Outro ponto importante que será abordado diz
respeito à evolução da preocupação com as questões ambientais no projeto de novas Unidades e
no equacionamento de problemas antigos.
4.1 Capacidade de Refino
A capacidade de refino brasileira, cujo marco inicial foi a Destilaria Riograndense, vem
crescendo continuamente, se situando, em vários momentos de nossa história, em patamar
superior ao mercado interno, fazendo com que existisse uma acentuada ociosidade no parque de
refino. Atualmente, o Brasil está em mais um ciclo de déficit de refino, o que indica a
necessidade de investimento em aumento de capacidade. A Figura 4.1 apresenta uma relação
entre capacidade de refino e o mercado brasileiro nas últimas décadas, ilustrando a questão. É
importante ressaltar que não basta atingirmos um determinado patamar de refino, mas deve-se ter
um perfil de produção adequado ao mercado que se deseja atender.
64
Percentual
1
3
1
6
41
47
96
103
77
109
143
121
109
101 101
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Percentual
1
3
1
6
41
47
96
103
77
109
143
121
109
101 101
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Figura 4.1 Relação entre a Capacidade de Refino e o Mercado Total Brasil
Ao longo do tempo, a concepção de refinarias de pequeno porte foi dando lugar à
implantação de refinarias com elevada capacidade. Em função disto, o acréscimo de cada nova
refinaria passou a impactar significativamente na capacidade de refino total do país. A Figura 4.2
ilustra esta evolução e o impacto causado por cada novo empreendimento. Outro aspecto
interessante que se pode observar é o aumento de capacidade por aproveitamento das folgas de
projeto e pela introdução de pequenos projetos de engenharia. Em termos práticos, uma refinaria
com capacidade de destilação da ordem de 300 mil bl/d surgiu a partir destas ações no período
1995 a 2005.
65
Capacidade de refino (mil bl/d)
0
1 1 8
77
132
315
517
694
1199
1419
1448
1530
1772
1901
0
500
1000
1500
2000
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Capacidade de refino (mil bl/d)
0
1 1 8
77
132
315
517
694
1199
1419
1448
1530
1772
1901
0
500
1000
1500
2000
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Figura 4.2 Evolução da Capacidade de Refino Brasileira
Pode se observar o monopólio bem exercido pela PETROBRAS através do incremento na
capacidade de refino. Em 1955, um ano após sua criação, o patamar era de 77 mil bl/d
(12 243 m
3
/d), evoluindo para 1199 mil bl/d (190 141 m
3
/d) em 1980, o que corresponde a um
acréscimo de quase dezesseis vezes. Existe, também, um impacto causado pela qualidade do
petróleo na capacidade de processamento. Algumas refinarias, em função do aumento do
percentual de petróleo nacional pesado na sua carga processada, sofreram redução na sua
capacidade de processamento ao longo da sua história. Este impacto não se observa nas curvas
apresentadas já que existiu uma compensação pelo aumento de capacidade em outras refinarias
fazendo com que sempre houvesse uma elevação na capacidade de processamento total no Brasil.
As refinarias desativadas também não significaram problemas já que eram todas de pequena
capacidade.
A situação atual brasileira é de liderança na América do Sul e no Caribe, ocupando o 12º
lugar no mundo em termos de capacidade total, sendo responsável por 2% da capacidade de
refino mundial. A Tabela 4.1 apresenta os vinte países com maior capacidade de refino
(OIL&GAS JOURNAL, 2006), e que apresentam capacidade de processamento superior a um
milhão de barris por dia. Na América do Sul e Caribe apenas Brasil e Venezuela superam esta
marca.
66
Tabela 4.1 Capacidade de Refino em janeiro de 2006
Posição
País Número de
refinarias
Capacidade total de refino
(mil bl/d)
1 Estados Unidos 131 17 126
2 China 51 6 246
3 Rússia 41 5 341
4 Japão 31 4 672
5 Coréia do Sul 6 2 577
6 Alemanha 15 2 428
7 Itália 17 2 324
8 Índia 17 2 255
9 Arábia Saudita 7 2 095
10 Canadá 21 2 017
11 França 13 1 980
12 Brasil 13 1 908
13 Reino Unido 11 1 877
14 México 6 1 684
15 Irã 9 1 451
16 Singapura 3 1 337
17 Venezuela 5 1 282
18 Espanha 9 1 272
19 Holanda 6 1 222
20 Taiwan 4 1 220
Outra informação interessante diz respeito às maiores refinarias do mundo. A Tabela 4.2
mostra a capacidade total de processamento e local onde foram construídas as nove refinarias
com capacidade superior a 500 mil b/d (OIL&GAS JOURNAL, 2006).
67
Tabela 4.2 Maiores refinarias do mundo em capacidade de processamento
Posição
Nome Local Capacidade total de
refino (mil bl/d)
1 Paraguana Refining Center
Cardon/Judibana, Falcon,
Venezuela
940
2 SK Corp. Ulsan, Coréia do Sul 817
3 Reliance Petroleum Ltd. Jamnagar, Índia 660
4 LG-Caltex Yosu, Coréia do Sul 650
5 ExxonMobil Refining &
Supply Co.
Jurong/Pulau Ayer Chawan,
Singapura
605
6 ExxonMobil Refining &
Supply Co.
Baytown, Texas Estados
Unidos
563
7 Saudi Arabian Oil Co.
(Saudi Aramco)
Ras Tanura, Arábia Saudita
550
8 S-Oil Corp. Onsan, Coréia do Sul
520
9 ExxonMobil Refining &
Supply Co.
Baton Rouge, Lousiana
Estados Unidos
501
Refinarias com pequena capacidade de processamento e baixa complexidade têm maiores
dificuldades de sobrevivência num cenário de margens de refino reduzidas. A média mundial
hoje entre as 662 refinarias em operação é de 129 mil bl/d (20 511 m
3
/d), enquanto a brasileira é
superior, atingindo 147 mil bl/d (23 373 m
3
/d). Estes números nem se comparam com os
adotados no parque de refino da Coréia do Sul, onde as seis refinarias apresentam uma média de
429 mil bl/d (68 211 m
3
/d), embora tenham baixa complexidade.
A situação brasileira, porém, é muito interessante já que o aumento na disponibilidade de
petróleo nacional, conjugado ao crescimento do mercado interno, tem gerado forte interesse em
68
aumentar esta capacidade, fazendo com que o Brasil esteja caminhando para alcançar, no início
da próxima década, o grupo dos dez maiores refinadores do mundo.
4.2 Petróleos Processados
O Parque de Refino brasileiro foi projetado utilizando-se como base petróleos importados,
então disponíveis no mercado internacional, e que apresentavam elevado ºAPI. Esta característica
implica numa produção elevada de derivados leves e médios de maior valor, sem a necessidade
de unidades de conversão, gerando, portanto, um Esquema de Refino simples. A Tabela 4.3
apresenta os petróleos utilizados na base de projeto das unidades de Destilação Atmosférica e
Vácuo das refinarias da PETROBRAS (MARTINS, 1977). Adicionalmente, são apresentados os
valores médios do ºAPI de projeto e os valores médios processados em 2005 (Dados compilados
pelo autor).
Tabela 4.3 ºAPI Médio da Base de Projeto das Unidades de Destilação e ºAPI Médio em 2005
Refinaria Petróleo (base de projeto) ºAPI projeto API em 2005
REVAP Árabe Leve, Kuwait, Safaniya 34 24
REPAR Baiano, Kuwait, Abu Dhabi 36 26
REPLAN Baiano, Safaniya, Abu Dabhi 36 26
REGAP Árabe Leve, Baiano, Lagotreco 34 25
REFAP Árabe Leve, Baiano, Lagotreco 34 32
RECAP Kuwait, Árabe Leve, Oficina 34 29
REMAN Ganso Azul 39 46
RPBC Árabe Leve, Baiano 34 25
REDUC
(U-1210)
Baiano, Árabe Leve, Lagomar,
Tia Juana, Nova Olinda
34 26
REDUC Árabe Leve, Basrah, Lagomedio 33 33
RLAM Dom João, Baiano, Kuwait,
Safaniya, Árabe Leve
36 30
LUBNOR
Boscan 17 14
69
Como se pode observar, a diferença entre a base de projeto e o patamar atualmente
processado é expressiva. Excetuando-se a LUBNOR, refinaria voltada para a produção de
asfaltos e, conseqüentemente, projetada para o processamento de petróleos de baixo ºAPI, a
REMAN afetada pela descoberta do petróleo Urucu e os dois conjuntos voltados para a produção
de lubrificantes e parafinas da REDUC, todas passaram a processar petróleos mais pesados.
Com relação ao conjunto de petróleos processados ao longo do tempo nas refinarias da
PETROBRAS, a Tabela 4.4 ilustra a variabilidade do elenco e a expressiva predominância de
crus importados de diversas origens, nas fases iniciais do refino no Brasil (MARTINS, 1977).
Tabela 4.4 Petróleos Processados no BRASIL
1956 1966 1976
Nacionais:
Baiano
Carmópolis
Dom João
Importados:
Abqaiq
Árabe Leve
Oficina
Tia Juana
Nacionais:
Baiano
Carmópolis
Importados:
Aghajari
Árabe Leve
Árabe Pesado
Bachaquero
Basrah
Boscan
Lagomedio
Muhanoviskaja
Nigeriano
Pillon
Recón Lacocinco
Recón Lagotreco
Rio Zulia
Romanshinskaja
Nacionais:
Alagoano
Baiano
Carmópolis
Importados:
Abu Dabhi
Árabe Leve
Árabe Pesado
Arzew
Bachaquero
Basrah
Boscan
Fereidoon
Iraniano Leve
Iraniano Pesado
Kirkuk
Kuwait
Lagomedio
Mandji
Nigeriano
Ras al Kafji
Ras Gaharib
Recón Lagotreco
Recon Merey
Rumaila
Sarir
Sasan
Shiviyacu
Ural
Zarzaitine
Zueitina
70
Com as descobertas da Bacia de Campos e os investimentos em exploração e produção
nas décadas de 80-90, a PETROBRAS foi aumentando o processamento de petróleos nacionais,
mais pesados que os importados, o que implica em um acréscimo na produção de óleo
combustível, produto de menor valor agregado, ou seja, de menor interesse econômico.
Adicionalmente, a oferta de gás natural, seja o produzido no Brasil, ou o gás boliviano, reduziu o
mercado de óleo combustível. Em função disto, o Brasil passou a ser exportador deste derivado.
A Figura 4.3 apresenta a exportação brasileira de óleo combustível ao longo dos últimos anos
(ANP, 2007).
31
109
85
99
99
128
103
0
20
40
60
80
100
120
140
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Exportação de óleo combustível (mil bl/d)
Ano
31
109
85
99
99
128
103
0
20
40
60
80
100
120
140
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Exportação de óleo combustível (mil bl/d)
Ano
Figura 4.3 Exportação de Óleo Combustível
As características do petróleo nacional não podem ser generalizadas, já que dispomos, na
verdade, de uma ampla gama de petróleos diferentes produzidos no Brasil. Existe, porém, uma
tendência, notadamente nos poços da Bacia de Campos, que são responsáveis pelo fornecimento
de aproximadamente 80% do petróleo produzido no país, de se processar crus com maiores teores
de compostos nitrogenados que geram instabilidade química nos derivados, além de efeitos
nocivos aos catalisadores de processo. Outras questões são a sua acidez naftênica mais elevada e
o baixo
o
API, o que acelera o processo de degradação das instalações e o aumento do rendimento
das frações pesadas (gasóleos e resíduo de vácuo).
71
Em função destas características tornou-se necessário estabelecer um processo de
adequação metalúrgica gradativa das instalações das refinarias que passaram a processar estes
petróleos em percentuais mais elevados (PERISSÉ, 2004). Além disto, a capacidade de conversão
de resíduo de vácuo, com a implantação de unidades de coqueamento retardado começou a ser
incrementada a partir do aumento da disponibilidade dos petróleos produzidos no Brasil (LEITE,
2001). A Figura 4.4 ilustra a queda do ºAPI do petróleo processado ao longo dos anos (Dados
compilados pelo autor) fruto do aumento do processamento do petróleo nacio nal nas refinarias
brasileiras.
31,4
30,5
28,7
29,2
28,6
28,9
29,2
29,8
31,0
31,2
30,7
29,0
31,1
30,3
31,0
31,2
28
29
30
31
32
1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005
o
API
Ano
31,4
30,5
28,7
29,2
28,6
28,9
29,2
29,8
31,0
31,2
30,7
29,0
31,1
30,3
31,0
31,2
28
29
30
31
32
1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005
o
API
Ano
Figura 4.4 ºAPI médio do Petróleo Processado no Brasil
Outra informação interessante, e que se complementa com a expressa acima, é o
percentual do petróleo nacional processado que é apresentado na Figura 4.5.
72
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Figura 4.5 Percentual do Petróleo Nacional Processado no Brasil
Como se pode observar nessa figura, o patamar de 80% já atingido em 2002 se mantém,
tornando necessárias algumas medidas que possibilitem o processamento econômico do petróleo
nacional, minimizando-se as trocas de petróleo. Atualmente, pratica-se a exportação de petróleos
nacionais pesados e a importação de petróleos mais leves para aumento da produção de óleo
diesel, produto que ainda apresenta déficit em relação ao mercado.
No Capítulo 6 serão apresentados os empreendimentos já em avaliação, assim como
possíveis alternativas que confiram ao nosso parque de refino condições de processar o petróleo
nacional de forma economicamente interessante.
4.2.1 Preço para os Petróleos
Um aspecto muito importante para o desenvolvimento de qualquer modelo de
planejamento do refino é o estabelecimento de uma estimativa para o preço dos petróleos. Uma
interessante metodologia é apresentada pelo Energy Sector Management Assistance Programme
(ESMAP) que é gerenciado pelo Banco Mundial. Sua missão é promover a aplicação da energia
na redução da pobreza e no crescimento econômico em bases ambientalmente responsáveis. Sua
73
preocupação está relacionada ao fato das diferenças de composição entre crus de diversas origens
implicarem em diferentes rendimentos dos derivados, na necessidade de processos mais
complexos de modo a se atender às especificações vigentes, ou até na inviabilidade de seu
processamento em refinarias que não possuem determinados processos.
No caso da indústria do petróleo de muitos países em desenvolvimento, surge uma forte
dependência da exportação de petróleo para o equilíbrio de sua balança comercial.
Consequentemente, a definição do preço do petróleo de modo a se obter uma previsão das
receitas com esta venda torna-se muito importante. Obviamente, não existem projeções
disponíveis para os mais de 160 tipos de petróleo comercializados atualmente no mundo
(ENERGY INTELLIGENCE, 2004). Em função disto, estabelecer uma base de comparação entre
eles e os principais petróleos de referência torna-se interessante. Estes petróleos são os North Sea
Brent e West Texas Intermediate que apresentam as características indicadas na Tabela 4.5.
Tabela 4.5 Características dos Petróleos de Referência
Petróleo ºAPI Enxofre total(%m/m) Acidez Total(mg KOH/g)
North Sea Brent 38,3 0,37 0,07
West Texas Intermediate 39,4 0,44 0,09
As três características apresentadas acima são determinadas por testes práticos, usuais na
indústria do petróleo, e permitem uma identificação preliminar das características do petróleo e
do grau de complexidade de uma refinaria para processá-lo economicamente, gerando derivados
de maior valor agregado. Quando um determinado petróleo se mostra adequado às características
do esquema de refino e necessidades de mercado de um elevado número de refinarias, ele recebe
um prêmio em relação aos petróleos que só podem ser processados em um pequeno número de
instalações ou apresentam um baixo rendimento dos produtos requisitados pelo mercado.
O API mede a densidade do petróleo e permite uma primeira comparação entre eles,
sendo expresso pela fórmula:
API = 141,5/d
60/60
-131,5
A densidade expressa na fórmula é o resultado da relação entre a massa específica do
petróleo a 60
o
F e a massa específica da água na mesma temperatura. Quanto maior o API, menor
74
a densidade e, consequentemente, maior o potencial de produção de derivados leves, o que
possibilita o processamento deste petróleo em refinaria com pequena capacidade de conversão.
Pode se inferir, então, que o preço de um petróleo será maior na medida em que ele apresente um
API superior ao do petróleo de referência.
O teor de enxofre do petróleo também oferece uma informação importante, e impacta no
seu preço final. Quanto maior o teor de enxofre do petróleo, maior este teor nos derivados
existindo uma tendência de concentração nas frações mais pesadas. Deste modo, torna-se
importante a remoção do enxofre em unidades de hidrotratamento visando atender às
especificações dos produtos definidas pela legislação de cada país. De modo a se dimensionar o
impacto desta questão nos esquemas de refino basta mencionar que a especificação já praticada
em alguns países para o óleo diesel é de 50 ppm de enxofre máximo, ou seja, 0,005% m/m.
Quanto maior o teor de enxofre de um dado petróleo, portanto, maior a complexidade da refinaria
necessária para processá-lo economicamente, já que se torna necessário, além da remoção deste
enxofre, a existência de um conjunto de unidades que viabilizem a produção do enxofre ou de
algum outro insumo, como por exemplo, ácido sulfúrico, para utilização interna na refinaria ou
comercialização.
A acidez total, por sua vez, gera problemas no processamento do petróleo, em função da
corrosão nos equipamentos. Uma refinaria precisa adaptar a metalurgia de alguns sistemas de
modo a processar estes petróleos, ou adotar a estratégia de misturá-los com outros de menor
acidez. Qualquer que seja a estratégia adotada, a existência de acidez no petróleo implica numa
penalidade em seu preço, reduzindo seu valor comercial. Este parâmetro passou a ter uma
importância maior em função da crescente oferta de petróleos ácidos no mercado mundial, e, no
caso brasileiro, assume papel preponderante já que a produção brasileira apresenta elevada acidez
total em diversos campos já em produção em nossa Plataforma Continental.
Para efeito de comparação, a tabela 4.6 apresenta estas três características (API, acidez e
teor de enxofre) de alguns petróleos nacionais.
75
Tabela 4.6 Propriedade de Petróleos Nacionais
Petróleo API Enxofre total
(%m/m)
Acidez Total
(mg KOH/g)
Albacora 28,3 0,44 0,15
Baiano 36,5 0,06 0,11
Cabiúnas 25,5 0,47 0,66
Caravela 40,7 0,08 0,03
Fazenda Alegre 13,2 0,31 0,80
Fazenda Belém 12,7 1,23 1,24
Marlim Leste 17,8 0,68 3,01
Marlim P-33 19,9 0,74 1,07
Marlim Sul 16,1 0,77 2,22
RGN Mistura 29,5 0,33 0,46
Urucu 45,6 0,05 0,01
O modelo desenvolvido (BACON, 2005), baseado em dados de mercado de 56 diferentes
petróleos, apresenta os seguintes resultados e considerações:
- cada grau API superior ao do petróleo referência resulta num aumento de US$
0,007/US$ do preço Brent;
- cada 1% em massa do teor de enxofre acima do petróleo referência resulta numa redução
de US$ 0,056/US$ do preço Brent;
- cada 1 mg KOH/g de petróleo acima do petróleo referência resulta numa redução de
US$ 0,051/US$ do preço Brent;
- baixo nível de acidez total, inferior a 0,5 mg KOH/g de petróleo, não é considerado
capaz de gerar problemas de corrosão;
- utilização do parâmetro acidez total, apesar da acidez naftênica apresentar melhor
correlação com os problemas de corrosão, em função da maior disponibilidade de informações
sobre acidez total de petróleos;
- o petróleo mais leve considerado foi o Griffin (API 55,1) e o mais pesado é o Marlim
(API 20,1);
76
- com relação ao enxofre o mais rico foi o Lloyd blend (3,5%) e o de menor teor, o Belida
(0,02%);
- o petróleo mais ácido foi o Duri (1,27 mg KOH/g de petróleo).
A Figura 4.6 mostra qual seria o “spread”, diferença entre o preço do petróleo referência
Brent e alguns petróleos brasileiros, baseado no modelo acima, considerando o preço do petróleo
de referência Brent de 60 US$/bbl. Como se pode observar, na cesta de petróleos brasileiros,
estão disponíveis petróleos com valor intrínseco superior à referência, mas o Marlim com
o
API
em torno de 20 apresenta uma diferença da ordem de 11 US$/bbl abaixo da referência. Vale
ressaltar que alguns dos petróleos brasileiros apresentam propriedades fora da faixa da
correlação.
Figura 4.6 Spread para Petróleos Nacionais (US$/bbl com Brent a 60 US$/bbl)
A questão do valor do petróleo e dos derivados é crucial de modo a se viabilizar
economicamente a instalação de uma nova refinaria, ou mesmo na decisão sobre adequação das
instalações. Por exemplo, um elevado “spread” entre derivados leves e pesados aponta para a
viabilidade do aumento de conversão em uma refinaria, reduzindo-se a produção de óleo
combustível, ou viabilizando o processamento de petróleos mais pesados.
Levando-se em conta as questões referentes à presença dos compostos nitrogenados nos
derivados de petróleo, apresenta-se na Tabela 4.7, o valor do teor de nitrogênio nos petróleos que
foram analisados neste item.
77
Tabela 4.7 Teor de Nitrogênio de Petróleos Nacionais e os de Referência
Petróleo Nitrogênio total
(%m/m)
Brent 0,07
Baiano 0,14
Cabiúnas 0,34
Caravela 0,04
Fazenda Alegre 0,33
Fazenda Belém 0,53
Marlim Leste 0,54
Marlim P-33 0,47
Marlim Sul 0,55
RGN Mistura 0,16
Urucu 0,01
Obs: Pode-se citar o valor de referência limite de 0,25 %m/m para definir os petróleos
considerados de alto teor de nitrogênio.
4.3 Especificação dos derivados
A gama de produtos de uma refinaria de petróleo é enorme. Diversos são os derivados
comercializados conforme se observa na Figura 4.7. Como, porém, a gasolina e o óleo diesel
respondem por aproximadamente dois terços do mercado total de derivados, optou-se por avaliar
neste capítulo a evolução na especificação destes dois derivados apenas.
78
GASOLINA
SOLVENTES
ÓLEO DIESEL
ASFALTO
MA
TÉRIA
-
PRIMA P/
GASOLINA E GLP
MATÉRIA
-
PRIMA
P/
PETROQUÍMICA
NAFTA PETROQUÍMICA
LUBRIFICANTES
ÓLEO COMBUSTÍVEL
LUBRIFICANTES
QUEROSENE AVIAÇÃO
ÓLEO DIESEL
QUEROSENE ILUMINAÇÃO
COMBUSTÍVEIS DOMÉS
-
TICOS E
IN
DUSTRIAIS
GASÓLEO
ATMOSFÉRICO
GASÓLEOS
DE VÁCUOS
RESÍDUO
DE VÁCUO
QUEROSENE
NAFTAS
GLP
Figura 4.7 Produtos de Petróleo (FARAH, 1989)
Dentre os produtos energéticos (combustíveis e gases em geral) destacam-se, além da
gasolina e do óleo diesel, que serão analisados em maiores detalhes, o GLP, o querosene de
aviação, o coque e o óleo combustível. Dentre os não-energéticos, destacam-se as parafinas, os
lubrificantes, o asfalto e os petroquímicos (propeno, tolueno, xileno, etc). Este grupo apresenta
um valor agregado muito superior ao do grupo dos energéticos, porém sua demanda é
substancialmente menor.
A realidade brasileira atual é bem distinta comparada à configuração inicial do parque
nacional quando havia um cenário de grande dependência de petróleo externo e baixo nível de
restrições ambientais. O óleo diesel era produzido diretamente, a partir das unidades de
Destilação Atmosférica e a Vácuo, sem necessidade de qualquer tratamento adicional. Em função
disto, a qualidade deste derivado ficava diretamente dependente das características do petróleo
processado. A expressiva oferta de petróleos com elevado teor de enxofre não afetava de forma
importante o refino, pois as especificações do óleo diesel nessa época eram pouco rígidas. Em
função disto, e de não haver nenhum expressivo avanço nas especificações no período de 1955 a
1993, conforme se observa na Tabela 4.8 construída a partir das resoluções dos órgãos
79
reguladores, verifica-se a inexistência de unidades de hidrotratamento, que poderiam remover
este contaminante. Poder-se-á observar, também, que o item densidade não foi mais considerado
e o índice de cetano (índice obtido a partir de pontos da curva de destilação e da densidade do
óleo diesel, buscando representar o número de cetano) passou a fazer parte da especificação
em 1980, substituindo o índice diesel (método não mais utilizado e que era obtido pelo produto
do Ponto de Anilina (
o
F) e o
o
API divididos por 100 (FARAH, 1989)).
Tabela 4.8 Evolução da especificação do óleo diesel em termos de teor de enxofre
máximo (% massa/massa), densidade e índice de cetano de 1955 a 1989, de acordo com as
resoluções do Conselho Nacional do Petróleo-CNP
Resolução e data
N
o
05
29/11/55
N
o
03
12/3/63
N
o
03
25/4/67
N
o
06
30/10/73
N
o
04
9/3/76
N
o
07
22/01/80
% de enxofre máximo 1,0 1,0 1,0 1,3 1,3 1,3
d
15/4
0,82-0,86
- - - - -
Índice mínimo 48 (*) 48 (*) 48 (*) 48 (*) 48 (*) 45 (**)
(*) Índice Diesel
(**) Índice de cetano, calculado de acordo com ASTM D-976
Para se promover um avanço na questão ambiental no que se refere às emissões de SO
x
provocadas pelo elevado teor de enxofre foram necessárias as seguintes ações:
- implantação de unidades de hidrotratamento;
- modificação na alocação de petróleos;
- adoção de uma diferenciação no óleo diesel produzido, destinando um produto com
menor teor de enxofre para as regiões metropolitanas.
A redução do limite máximo do teor de enxofre a partir de 1994, já levou em conta esta
produção de dois tipos de óleo diesel, sendo um chamado de óleo diesel metropolitano, como
mostrado na Tabela 4.9 e o óleo diesel regular na Tabela 4.10. Além deste item da especificação,
outros dois itens têm sido objeto de negociação com as montadoras de veículos e os órgãos
ambientais: o número de cetano e a faixa de densidade. Ambos são apresentados nas tabelas
referenciadas.
80
Tabela 4.9 Evolução da especificação do óleo diesel metropolitano de acordo com as
resoluções do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC, 1993 a 1997) e de acordo com a
Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2001 a 2006)
Tipo DNC N
o
28
20/12/93
DNC N
o
09
27/03/96
DNC N
o
32
13/08/97
ANP N
o
310
27/12/01
ANP N
o
15
17/07/06
% m/m enxofre máximo 0,5 0,5 0,2 0,2 0,05
d
20/4
0,82-0,88 0,82-0,88 0,82-0,88 0,82-0,865 0,82-0,865
Índice Cetano mínimo 45 45 45 45 45
Numero cetano mínimo 40 40 40 42 42
Tabela 4.10 Evolução da especificação do óleo diesel regular de acordo com as
resoluções do Departamento Nacional de Combustíveis (DNC, 1993 a 1997) e de acordo com a
Agência Nacional de Petróleo (ANP, 2001 a 2006)
Tipo DNC N
o
28
20/12/93
DNC N
o
09
27/03/96
DNC N
o
32
13/08/97
ANP N
o
310
27/12/01
ANP N
o
15
17/07/06
% m/m enxofre máximo 1,0 1,0 0,5 0,35 0,20
d
20/4
0,82-0,88 0,82-0,88 0,82-0,88 0,82-0,88 0,82-0,88
Índice Cetano mínimo 45 45 45 45 45
Numero cetano mínimo 40 40 40 40 42
Atualmente, em função das características do petróleo brasileiro e pelo fato de que o uso
da correlação do índice de cetano (Método ASTM D-4737) não estar se mostrando efetiva para o
óleo diesel produzido em nossas refinarias para representar as características de combustão do
produto, o que dificulta a otimização da produção, as refinarias têm instalado equipamentos para
medição do número de cetano. A especificação brasileira determina que, em caso de dúvidas,
prevaleça o valor obtido na análise utilizando o motor. Este item da especificação é crítico para as
condições brasileiras e o impacto causado na configuração de nosso parque pela necessidade de
sua elevação será analisado no Capítulo 5.
81
Além da expressiva redução do teor de enxofre no período citado, houve um estreitamento
na faixa de densidade e aumento do número de cetano, notadamente do óleo diesel metropolitano.
O principal impacto desta evolução no nosso Parque é o aumento da severidade (pressão,
temperatura e do tempo de residência) da operação das unidades de hidrotratamento que foram
sendo projetadas. O objetivo passou a ser não apenas reduzir o teor de enxofre, mas reduzir o
percentual de correntes com baixo número de cetano e elevada densidade.
Vale ressaltar que a elevada demanda brasileira de diesel torna impactante algumas
alterações na especificação deste derivado, exigindo grandes somas de investimento. Outro ponto
que merece destaque diz respeito à utilização deste derivado. A legislação brasileira não permite
a utilização de óleo diesel em veículos leves. Para este tipo de veículo as exigências de número
de cetano são maiores que as dos veículos pesados, explicando as diferenças entre os valores
praticados aqui e na Europa. Nos Estados Unidos, de forma semelhante ao Brasil, não se praticam
elevados valores para o número de cetano, em termo de especificações conforme se observa na
Tabela 4.11.
Tabela 4.11 Comparação do Número de Cetano
Brasil EUA Alemanha
Numero cetano mínimo 42 40 51
Tratando das questões relativas à produção de gasolina, a redução do teor de enxofre, ao
longo do tempo, é apresentada na Tabela 4.12. Foi adotada a premissa de apresentar o valor
máximo com a mistura com o álcool (gasolina C) desde o momento que a legislação brasileira
assim o definiu.
Tabela 4.12 Evolução da especificação da gasolina C, em termos de teor de enxofre (%
m/m) de acordo com as resoluções do Conselho Nacional do Petróleo (CNP, 1955 a 1982) e
Agência Nacional de Petróleo (ANP, 1998 a 2001)
N
o
05
29/11/55
N
o
03
25/4/67
CNP-01
07/01/75
CNP-14
04/09/79
CNP-15
30/11/82
ANP-71
20/05/98
ANP-97
28/12/99
ANP-204
18/08/00
ANP-309
27/12/01
0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,15 0,10 0,10 0,10
Como se pode observar, a redução no teor de enxofre só se efetivou a partir do final da
década de 90 alavancado pela à implantação dos sistemas catalíticos de oxi-redução dos gases de
82
combustão. Tanto Europa quanto Estados Unidos estão, atualmente, em patamares de enxofre
inferiores a 50 ppm. A Figura 4.8 mostra o resultado desta evolução em termos de emissões de
SO
x
para a atmosfera.
Figura 4.8 Consumo de gasolina e emissões de SO
x
no Brasil (KREMER, 2002)
Esta figura é interessante porque mostra que apesar do aumento no consumo de gasolina
no país, o nível de emissões de SOx não aumentou significativamente. Outro ponto importante da
especificação da gasolina que deverá ser observado e que, com as instalações hoje existentes,
poderá representar outro grande desafio para o futuro é a sua composição. A Tabela 4.13
apresenta estes itens.
Tabela 4.13 Evolução da especificação da gasolina C, em termos de teor de benzeno,
aromáticos e olefinas (% v/v) de acordo com as resoluções da Agência Nacional de Petróleo
(ANP, 1998 a 2001)
ANP-197
28/12/99
ANP-204
18/08/00
ANP-309
27/12/01
Benzeno 2 2 1
Aromáticos -- -- 45
Olefinas -- -- 30
A gasolina produzida no Brasil é rica em olefinas, uma vez que sua produção se dá a
partir da nafta craqueada obtida nas unidades de craqueamento catalítico. No Capítulo 5 serão
1985 1990 1995 2000 2006
5000
10000
15000
20000
25000
20000
25000
30000
35000
40000
50000
15000
10000
5000
2500
2000
1500
1000
Teor de Enxofre (ppm)
Consumo
1
0
0
0
Tonelada/ano de SOx
Ano
Consumo
1
0
0
0
Tonelada/ano de SOx
83
apresentadas as possíveis soluções para o nosso parque, não só no que tange à redução do teor de
enxofre, que ainda é muito elevado, mas também no que se refere à composição.
4.4 Complexidade
O índice de complexidade de Nelson (Wilbur L Nelson) é o mais antigo e tradicional na
indústria do petróleo para comparação de refinarias. Sua primeira versão surgiu em artigos
publicados em 1960 (NELSON, 1961), tornando-se parte da história desta indústria. Este
professor da Universidade de Tulsa, nos Estados Unidos, foi também durante muitos anos editor
técnico da Oil and Gas Journal, revista tradicional na indústria do petróleo. A proposta de Nelson
logo despertou muito interesse, sendo analisada em inúmeros artigos ao longo daquela década,
culminando com uma série de artigos (NELSON, 1976) onde são estabelecidos os fatores usados
neste trabalho. O seu objetivo era permitir a comparação de refinarias com diferentes esquemas
de refino, tentando-se colocá-las numa mesma base. Essa sistemática é muito utilizada por
consultorias na área de Petróleo, como a Solomon Associates que utiliza metodologia
semelhante, obtendo índices ligeiramente diferentes dos apresentados por Nelson, já que levam
em consideração alguns itens referentes a unidades auxiliares. Os dados de empresas de
consultoria, porém, costumam ser objeto de acordo de confidencialidade, e não estão,
normalmente, disponíveis para uso público. O conceito de complexidade é também utilizado em
processos de venda e aquisição de refinarias ou em estudos de desempenho, já que se torna
possível a partir desta parametrização, a realização de comparações com referências bem
estabelecidas.
No caso de Nelson, este índice se restringe às unidades de processamento (Inside Battery
Limits), não levando em consideração a geração de utilidades, ou outros itens como tancagem,
terminais, etc. O principal objetivo é o de permitir uma visão da complexidade da refinaria, do
seu custo de reposição e do impacto da adição de novas unidades, viabilizando-se, assim, a
comparação entre grupos de refinarias. Esta simplificação também é necessária porque
dificilmente encontram-se disponíveis informações confiáveis sobre os sistemas auxiliares de
tancagem e geração de utilidades. Torna-se importante, portanto, um cuidado adicional na
comparação dos valores de complexidade obtidos na literatura de modo a se levar em conta as
premissas utilizadas.
84
O conceito explorado por Nelson leva em conta que as refinarias possuem pelo menos
uma Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), tendo sido desenvolvido, então, um conjunto de
fatores a partir de uma relação de custos de instalação entre cada unidade e a destilação
atmosférica. Por exemplo, se uma UDA custava 1.000 US$/(bl/d) e uma Unidade de
Craqueamento Catalítico 6.000 US$/(bl/d), esta Unidade passava a ser considerada como tendo
um fator de complexidade 6.
A proposta foi criar fatores relacionados aos custos comparados com a UDA e se calcular
a capacidade equivalente de destilação, permitindo-se, desta forma, a comparação. O cálculo é
feito em duas etapas. Primeiramente se faz a multiplicação da capacidade das Unidades que
compõem determinado Parque de Refino pelos fatores específicos, e, então, se somam as
parcelas, obtendo-se a Capacidade Equivalente de Destilação (CED). A divisão da CED pela
capacidade da UDA gera o índice de complexidade de Nelson, permitindo-se inferir o grau de
complexidade de uma refinaria. Quanto maior este número, maior o potencial de agregar valor ao
petróleo processado. Os fatores apresentados por Nelson nos artigos já citados sofreram várias
alterações ao longo do tempo, sendo que os expressos na Tabela 4.14 serão os utilizados nas
estimativas deste trabalho.
Tabela 4.14 Fatores de Complexidade (NELSON, 1976)
Unidade Fator
Destilação Atmosférica 1,0
Destilação a Vácuo 2,0
Processos Térmicos 2,8
Coqueamento Retardado 6,0
Craqueamento Catalítico 6,0
Reforma Catalítica 5,0
Hidrocraqueamento Catalítico 6,0
Alquilação 10,0
Lubrificantes 60,0
Asfalto 1,5
Geração de Hidrogênio (Mcfd)
1,0
Hidrorrefino 3,0
Isomerização 15,0
85
Obs: No que tange às Unidades de Hidrorrefino, estudos mais atualizados apontam para fatores
superiores a 3 de acordo com a severidade da unidade.
A partir dos fatores de complexidade e da capacidade das Unidades de Processamento de
uma dada refinaria poder-se-á calcular seu índice de complexidade. Adotando como exemplo
uma refinaria com a configuração a seguir, tem-se o cálculo apresentado na Tabela 4.15:
- Unidade de Destilação Atmosférica com 100 mil bl/d;
- Unidade de Destilação a Vácuo de 50 mil bl/d;
- Unidade de Craqueamento Catalítico de 25 mil bl/d.
Tabela 4.15 Cálculo do Índice de Complexidade
Unidade Capacidade
(mil lb/d)
Fator Produto (Capacidade x Fator)
Destilação Atmosférica 100 1 100
Destilação a Vácuo 50 2 100
Craqueamento Catalítico 25 6 150
CED 350
Neste caso, o índice de Complexidade, calculado como a relação entre o CED e a
capacidade da Unidade de Destilação Atmosférica seria de 3.5.
Um elevado índice de complexidade indica as seguintes características para uma refinaria:
- capacidade de produzir derivados com qualidade superior, atendendo a mercados mais
exigentes;
- possibilidade de processamento de petróleos mais pesados tendo em vista sua capacidade de
conversão das frações pesadas em frações leves de maior valor agregado.
Para efeito de comparação, este trabalho considera que uma refinaria pouco complexa terá
um índice inferior a 3, refinarias com complexidade intermediária atingem valores na faixa de 6 a
10, e valores superiores a 10 indicam uma refinaria de elevada complexidade com capacidade de
processar petróleos pesados, ácidos, com alto teor de enxofre, produzindo derivados com elevado
padrão de qualidade.
86
A Figura 4.9 apresenta a complexidade média calculada de acordo com a capacidade de
refino reportada (OIL&GAS JOURNAL, 2006) de alguns países.
7,4
7,8
10,3
7,1
7,5
7,6
6,8
4,4
3,5
2,4
6,2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
JapãoAlemanha EUA MéxicoCanadá Reino
Unido
Brasil Rússia Arábia
Saudita
China Mundo
Índice de Complexidade
País
7,4
7,8
10,3
7,1
7,5
7,6
6,8
4,4
3,5
2,4
6,2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
JapãoAlemanha EUA MéxicoCanadá Reino
Unido
Brasil Rússia Arábia
Saudita
China Mundo
Índice de Complexidade
País
Figura 4.9 Índice de Complexidade em janeiro de 2006 do refino em alguns países
Como se pode observar o patamar atual brasileiro é compatível com a média mundial,
estando abaixo dos países mais industrializados. É interessante ressaltar que esta média se refere
a um universo de 662 refinarias, totalizando uma capacidade de refino superior a 85 milhões de
barris diários. Com a adoção de especificações mais rígidas para os derivados, conforme previsto
até o final da década, o Brasil se moverá na direção de um patamar semelhante ao que estes
países ocupam atualmente.
Outros dois indicadores interessantes que podemos utilizar para comparar diferentes
refinarias são:
- a relação entre a capacidade de hidrorrefino (capacidade das unidades de
hidrotratamento somadas à das unidades de hidroconversão) e a capacidade de destilação (HDR);
- a relação entre a capacidade de conversão de correntes de vácuo (gasóleos e resíduo de
vácuo) e a capacidade de destilação (CONV).
A posição brasileira no que tange a CONV é semelhante à apresentada no cálculo do
índice de complexidade, estando o Brasil em patamar inferior aos países mais industrializados,
embora um pouco acima da média mundial. Isto se dá, basicamente, em função da concepção
inicial do parque de refino nacional baseado em unidades de craqueamento catalítico para a
87
produção de gasolina. Já no que se refere à capacidade de hidrorrefino, a posição brasileira é
muito frágil, sendo significativamente inferior à média mundial. Esta situação demonstra a
grande lacuna existente atualmente no parque brasileiro, e explica porque a PETROBRAS está
em processo de franca expansão de sua capacidade de hidrotratamento de modo a atender a
padrões superiores de qualidade para a gasolina e o óleo diesel. A Tabela 4.16 ilustra bem esta
situação.
Tabela 4.16 Relação Capacidade de Hidrorrefino (HDR) e Capacidade de Conversão (CONV)
França 67 27
Itália 66 48
Canadá 62 47
Coréia do Sul 46 13
Rússia 42 16
Arábia Saudita 33 18
Brasil 22 33
Índia 13 27
Conforme se pode verificar pelos números apresentados acima, o Brasil encontra-se em
posição de desvantagem no que se refere à configuração do seu parque de refino. As ações
necessárias para solucionar esta defasagem serão apresentadas no capítulo 5.
É interessante, também, observar a evolução do parque de refino brasileiro ao longo dos
anos. A Figura 4.10 mostra o crescimento do índice de complexidade em períodos de 5 anos.
País
HDR (%)
CONV (%)
Japão 97 25
Alemanha 97 36
Estados Unidos 85 56
China
8
1
3
Média Mundial 56 32
88
1,0 1,0 1,0
1,5
1,1
3,9
3,6
3,2
5,1
4,7
5,5
5,8
6,1
6,0
6,8
0
1
2
3
4
5
6
7
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Índice de Complexidade
Ano
1,0 1,0 1,0
1,5
1,1
3,9
3,6
3,2
5,1
4,7
5,5
5,8
6,1
6,0
6,8
0
1
2
3
4
5
6
7
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Índice de Complexidade
Ano
Figura 4.10 Evolução do Índice de Complexidade
Pode-se perceber a evolução de um parque de baixa complexidade no período de 1935 a
1955, quando as exigências de qualidade e demanda de produto e as características do petróleo
processado, não fomentavam a necessidade de parques de refino muito complexos. No período de
1960 a 1970, temos o início do ciclo de implantação de unidades de conversão da PETROBRAS
como um todo, notadamente de unidades de craqueamento catalítico, passando ao patamar da
ordem de 3,5. A partir de 1975, mantém-se a tendência de aumento da capacidade de
craqueamento, mas se inicia a implantação de Unidades de Coqueamento Retardado, Conjunto de
Lubrificantes, e na seqüência, as primeiras unidades de hidrorrefino. Este novo patamar
alcançado representa um parque de média complexidade. Vale ressaltar que em alguns momentos
de nossa história observou-se uma queda no índice de complexidade. Isto se dá sempre que o
impacto do aumento da capacidade de Destilação Atmosférica supera o peso ponderado das
demais unidades de processo que forem sendo instaladas.
No que se refere à evolução da capacidade equivalente de destilação apresentada na
Figura 4.11, observa-se que o crescimento é contínuo, ou seja, as desativações de unidades ou
refinarias não impactaram o crescimento do parque brasileiro em nenhum momento, pois foram
compensadas com folga pelas ampliações e instalações de novas unidades.
89
0 1 1 11
85
513
1140
1669
3534
5659
7746
8417
9316
10681
12915
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
CED (mil bl/d)
Ano
CED (mil bl/d)
0 1 1 11
85
513
1140
1669
3534
5659
7746
8417
9316
10681
12915
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
CED (mil bl/d)
Ano
CED (mil bl/d)
Figura 4.11 Evolução da CED em mil b/d
Conforme analisado no Capítulo 3, a fase que vai do inicio do monopólio estatal até 1980,
se caracterizou pela entrada em operação de diversas refinarias, atingindo-se a auto-suficiência na
capacidade de refino no Brasil. A partir daí, o acréscimo se deu por conta de projetos de
conversão e hidrorrefino, para adequar o perfil do refino de acordo com a demanda e qualidade
de derivados exigidos pelo mercado. Também ocorreu significativo ganho na rentabilidade obtido
pelo aprendizado na operação e otimização das instalações existentes.
A evolução da capacidade de conversão (CONV), no mesmo ciclo de 5 anos, é
apresentada na Figura 4.12. Vale lembrar que a capacidade de conversão brasileira de gasóleo
está, praticamente, baseada em unidades de craqueamento catalítico, e a de resíduo de vácuo em
unidades de coqueamento retardado.
90
0 0 0
16
15 15
16
14
29
22
25
26
30
29
35
0
10
20
30
40
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Percentual
0 0 0
16
15 15
16
14
29
22
25
26
30
29
35
0
10
20
30
40
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Percentual
Figura 4.12 Evolução da CONV
O primeiro ciclo de 1950 a 1970 se baseia exclusivamente na conversão de gasóleo, e o
segundo ciclo, de 1970 até hoje, combina esta opção com a conversão de resíduo de vácuo. Os
três níveis observados na Figura 4.12 podem ser definidos como:
CONV = 0% (esquema de refino muito simples com destilação de petróleos leves e
elevada produção de óleo combustível)
CONV = 14 a 16% (presença de unidades de craqueamento catalítico, aumentando a
produção de GLP e gasolina, com conseqüente redução na produção de óleos combustíveis)
CONV > 30% (presença de unidades de coqueamento retardado)
A necessidade de conversão aumenta na medida que o petróleo médio processado se torna
mais pesado. O nível ideal de conversão está associado ao petróleo processado. Para o caso
brasileiro, de acordo com as projeções de qualidade de petróleo, analisar-se-á qual o patamar
ideal a ser atingido. Este indicador não representa bem, isoladamente, a complexidade do refino
já que os derivados convertidos necessitam de hidrotratamento para se tornarem produtos com
qualidade adequada.
A evolução da capacidade de hidrorrefino (HDR) é apresentada na Figura 4.13. Os baixos
percentuais observados se contrastam com os apresentados para capacidade de conversão,
ressaltando as escolhas feitas no desenvolvimento do parque de refino brasileiro.
91
0 0 0 0 0 0
2
1
3 3
11
13 13
15
21
0
5
10
15
20
25
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Percentual
0 0 0 0 0 0
2
1
3 3
11
13 13
15
21
0
5
10
15
20
25
1935 1940 1945 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Ano
Percentual
Figura 4.13 Evolução da HDR no Brasil
As primeiras Unidades tinham propósitos específicos de tratamento da nafta utilizada
como carga das unidades de reforma catalítica na REDUC e RPBC, removendo o enxofre que é
veneno para o catalisador destas unidades, ou promovendo o acabamento de lubrificantes e
parafinas na REDUC e RLAM. Nos países mais desenvolvidos se investiu fortemente em
unidades de hidrotratamento enquanto o Brasil se encontrava em crise, sem investimentos na
indústria como um todo, sendo que a PETROBRAS passou a investir, prioritariamente, em
exploração e produção de petróleo. Além disso, as especificações eram brandas e o CONAMA
atuava mais fortemente sobre a indústria automobilista. O ciclo de unidades para o tratamento de
combustíveis começou na década de 80, sofrendo um expressivo impulso recentemente. Como
foi comentado anteriormente, a capacidade de hidrotratamento é ainda uma grave deficiência no
parque de refino nacional, existindo uma grande defasagem entre a posição que ocupamos e a dos
países que praticam especificações mais rígidas para os derivados de petróleo, notadamente no
que se refere ao teor de enxofre.
4.5 Reflexão
Enfim, o Brasil vive um momento muito especial em sua história do refino de petróleo. O
parque de refino brasileiro foi submetido ao longo dos anos a profundas alterações no que se
refere à matéria prima processada, ao perfil dos derivados demandados pelo mercado, além da
mudança das especificações dos produtos. Porém, as alterações necessárias para enfrentar os
92
desafios futuros serão ainda maiores. A disponibilidade do petróleo brasileiro, suas
características, aliadas ao crescimento das exigências ambientais, tanto nas refinarias quanto nos
seus produtos, vão mudar ainda mais radicalmente as configurações de nossas unidades.
No próximo capítulo far-se-á uma proposta das modificações que deverão ser
implementadas de modo a que o Brasil possa superar os inúmeros desafios que se apresentam
nesta relevante área do refino do petróleo.
93
5 Refino Futuro
São inúmeras as possibilidades futuras em termos de esquemas de refino. As propostas
podem variar desde esquemas tradicionais com ênfase em hidrorrefino, até esquemas com forte
utilização de gás natural e biomassa, integrados a processos de bio-refino para acabamento de
combustíveis, tendo sempre como premissa o menor nível de emissões e de rejeitos industriais, e
que produzam derivados compatíveis com as demandas da sociedade.
Qualquer que seja o cenário pós 2020, porém, questões relacionadas a energias
alternativas, eficiência energética e impacto ambiental tornar-se-ão gradativamente mais
significativas, interferindo fortemente nas decisões relacionadas a alterações nos esquemas de
refino. Podem-se dividir as alternativas futuras, basicamente, em três possíveis cenários conforme
se observa na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 Evolução dos Esquemas de Refino para 2020 (MOURE, 2006)
Cenário Matéria-prima Mercado Processos Focos
Inercial Proporção crescente de
petróleos pesados
Combustíveis
tradic ionais e
mercado
crescente
Tradicionais Busca de maior
rentabilidade
Incremental Pré-tratamento de
petróleo nos campos
de produção
Hidrogênio como
combustível
Uso de
tecnologias
comprovadas
Integração com
petroquímica
Inovativo Gaseificação do
petróleo e integração
com gás e carvão
Novas
tecnologias
automotivas
Mudança de
paradigmas
tecnológicos e
produção de
energia renovável
Mínimo impacto
ambiental
Os cenários apresentados oferecem importantes balizadores que vão implicar em
diferentes escolhas para os próximos anos. A força motriz de cada cenário varia desde a questão
de qualidade dos petróleos processados, preços e meio ambiente, na medida que se sai do cenário
inercial até o inovativo. De modo a se escolher o melhor cenário para que se possam validar as
estimativas deste trabalho, serão analisadas as projeções da participação dos derivados de
94
petróleo no consumo energético mundial de duas fundamentadas equipes de pesquisa nesta área:
a Agência de Energia Americana (EIA) e a ExxonMobil. As Figuras 5.1 e 5.2 apresentam estas
projeções.
33%
26%
27%
5%
9%
Petróleo Gas Natural Carvão Nuclear Outros
Figura 5.1 Projeção da Participação das Fontes de Energia Primária no Mundo em 2030
(EIA, 2006)
32%
24%
25%
19%
Petróleo Gas Natural Carvão Outros
Figura 5.2 Projeção da Participação das Fontes de Energia Primária no Mundo em 2030
(EXXONMOBIL, 2006)
95
Em ambos os casos, a taxa de crescimento para as energias alternativas é elevada,
superando em alguns casos 10% ao ano. Apesar disto, sua participação não supera a das fontes
tradicionais no horizonte projetado. Em 2030, as participações do petróleo e do gás natural
somadas alcançam patamares superiores a 56%. Como se pode observar, portanto, as refinarias
ainda continuarão por mais algumas décadas sendo as fornecedoras dos insumos responsáveis por
um expressivo percentual da matriz energética mundial. Outro aspecto interessante, que também
se pode observar nestas previsões, é a preocupação ambiental que se traduzirá em alterações nas
refinarias e mudança nas especificações dos produtos.
Vale ser analisada uma interessante fonte brasileira, o Balanço Energético Nacional
(BEN), elaborado pelo Ministério das Minas e Energia, para mostrar a situação brasileira. A
Figura 5.3 mostra como nossa matriz energética apesar da forte participação da biomassa, o que é
atípico em relação ao restante do mundo, também é fortemente dependente do petróleo e gás
natural, totalizando 47,7%.
Figura 5.3 Consumo Energético Brasileiro em 2005 (MME, 2006)
5.1 Bases para definição do Refino Futuro
O objetivo deste capítulo é apresentar uma proposta acerca dos próximos passos que
deverão ser implementados na indústria do refino brasileira. Este conjunto de modificações terá
96
como fundamento o processamento de petróleo nacional pesado e ácido, e a produção de
derivados, notadamente gasolina e óleo diesel, de acordo com padrões de qualidade compatíveis
com os mercados mais exigentes.
Em razão deste quadro e da experiência do autor, optar-se-á pela avaliação do conjunto de
questões levantadas quanto a quatro vertentes, conforme apresentado na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 Evolução dos Esquemas de Refino até 2020
Matéria-prima Mercado Processos Focos
Proporção crescente de
petróleos pesados:
abordando as alterações
necessárias para se
viabilizar o
processamento de
petróleos pesados e
ácidos conforme os que
vêm sendo descobertos
no Brasil, sem pré-
tratamento no campo
Combustíveis
tradicionais e
mercado crescente:
tratando das questões
relacionadas à
demanda e as
modificações nas
especificações que
vão gerar a
necessidade de
alterações nos
esquemas de refino
Uso de tecnologias
comprovadas:
ressaltando o papel
fundamental da
conversão e do
Hidrorrefino no
cenário futuro
brasileiro e
mundial, com a
utilização de
tecnologias
comprovadas
Integração com
petroquímica e
Mínimo impacto
ambiental: ratificando o
compromisso do
desenvolvimento
sustentado e da
integração com a
indústria petroquímica
Inercial Inercial Incremental Incremental/Inovativo
5.1.1 Matéria Prima
Existem grandes divergências entre os diversos pesquisadores sobre a disponibilidade
futura de petróleo, oscilando as projeções do pico da produção mundial entre a próxima década e
o ano de 2050 (RIFKIN, 2003). A era do petróleo barato, porém, parece ter sido definitivamente
superada. Desta forma, a exploração de petróleos pesados e ultrapesados, em condições as mais
diversas, começa a se tornar economicamente atrativa em função do preço do petróleo no
mercado internacional. A produção de alguns destes petróleos na Plataforma Continental
brasileira já têm se mostrado economicamente viável, com os patamares de preço hoje praticados.
Além deles, existe a possibilidade de desenvolvimento da produção de petróleo sintético na Faixa
do Orinoco, na Venezuela, ou no norte do Canadá. Estima-se que o potencial de petróleo
97
ultrapesado nas reservas venezuela nas e canadenses seja da ordem de um trilhão de barris, valor
equivalente à produção mundial de petróleo desde o início de sua exploração até os dias de hoje
(SPELLINGS, 2006).
Com relação à qualidade do petróleo a ser processado, projeta-se uma contínua redução
do
o
API, implicando na necessidade de aumento da capacidade de conversão, notadamente da
hidroconversão, face às exigências em termos de demanda e qualidade que se almeja para os
derivados. O caso brasileiro é extremamente interessante tendo em vista que as descobertas de
petróleo no Brasil forjaram a necessidade de avanços tecnológicos na indústria do refino para
viabilizar o seu processamento. Algumas ações já se encontram em fase de implantação, e têm
permitido o aproveitamento da produção nacional em nossas instalações, mas muito ainda há para
se fazer. De modo a apresentar estas questões de forma sintética, optar-se-á pela análise do efeito
de três características isoladamente:
- elevada acidez naftênica;
- baixo
o
API;
- elevado teor de nitrogênio.
5.1.1.1 Acidez Naftênica
Os petróleos que foram inicialmente processados no Brasil não eram ácidos. Esta questão
se tornou significativa após a descoberta de petróleos na Bacia de Campos. A Tabela 5.3 mostra a
acidez naftênica de alguns dos petróleos importados e nacionais, além dos respectivos cortes
obtidos em seu fracionamento.
Tabela 5.3 Acidez Naftênica expressa em mg KOH/g (PETROBRAS, 2007b)
Importados Tradicionais Novos
Bonny
Light
Árabe
Extra-
Leve
Baiano
Cabiúnas
Marlim
P-35
Golfinho
Jubarte Marlim
Sul
Petróleo 0,15 0,06 0,11 0,66 1,09 0,03 2,93 2,22
Querosene 0,08 0,22 0,04 0,18 0,10 0,03 0,46 2,05
Diesel 0,14 0,07 0,18 1,00 1,30 0,04 3,60 3,10
Gasóleo 0,23 0,04 0,15 1,30 1,90 0,05 5,10 3,80
98
O valor de 0,5 mg KOH/g de petróleo pode ser considerado um limite para definir se o
petróleo é ácido (BACON, 2005). Como se pode observar, nenhum dos petróleos importados
listados supera este limite, assim como os petróleos inicialmente descobertos no Brasil na região
Nordeste como, por exemplo, o petróleo Baiano. O petróleo Cabiúnas, obtido a partir de uma
mistura de petróleos de vários poços da Bacia de Campos, trouxe os primeiros impactos e a
necessidade de se iniciar um programa de adaptação metalúrgica das Unidades de Destilação que
passaram a processá-lo, principalmente nas linhas de transferência após os fornos e na torre de
vácuo. Os valores de acidez elevados para o gasóleo explicam a motivação para esta decisão.
Com o advento do campo gigante Marlim, ocorreu um aumento do escopo das ações necessárias,
já que a acidez naftênica deste petróleo se mostra ainda mais crítica nos cortes de vácuo e no
próprio petróleo. É interessante ressaltar que, de uma forma geral, algumas das refinarias
brasileiras estão hoje adaptadas em termos metalúrgicos para um limite de 1 mg KOH/g. As
novas descobertas, porém, ampliarão ainda mais os desafios conforme se verifica na comparação
dos valores de acidez. Estes valores elevados têm se apresentado, inclusive, nos cortes
atmosféricos: óleo diesel e querosene. A Figura 5.4 mostra como deverá ser significativo este
deslocamento no pico da acidez no sentido das frações mais leves, para alguns dos novos
petróleos descobertos.
99
Figura 5.4 Comparação Acidez Naftênica em mg KOH/g do destilado (CALMON, 2006)
Dentro da ótica do pré-tratamento no campo, foram investigadas as rotas que têm como
objetivo promover uma redução da acidez. Nenhuma delas, até o momento, tem se mostrado
muito promissora, não havendo ainda nenhum caso de aplicação comercial. A Figura 5.5 mostra
estas rotas e os estágios em que se encontram.
Remoção da
Acidez
HDT
de
Petróleo
Tratamento
Térmico
Neutralização
Esterificação
Bioneutralização
Adsorção
HDT
de
Petróleo
Tratamento
Térmico
Neutralização
Esterificação
Bioneutralização
Adsorção
Laboratório
Bancada
Piloto
Ausência de
Comprovação
Industrial
Uso de
Inibidores
Figura 5.5 Rotas Alternativas para Redução da Acidez de Petróleos (CALMON, 2006)
Atual
Co
ncentração da acidez nas frações de Diesel pesado e Gasóleos
de vácuo
Marlim Sul 16
o
API Concentração da acidez no querosene e diesel leve
100
As análises econômicas têm mostrado que a melhor opção continua sendo a adaptação
metalúrgica de nossas instalações, além da adoção de misturas com petróleos nacionais com
baixa acidez. Esta dinâmica permitirá alcançar patamares de processamento da ordem de 50% de
petróleos com acidez da ordem de 3 mg KOH/g no Parque de Refino. As pesquisas continuam em
busca da consolidação tecnológica de uma rota que possa tratar o petróleo de maneira econômica,
reduzindo sua acidez. Considerar-se-á, porém, que para efeito da configuração do Parque de
Refino, a adaptação metalúrgica em curso, dotará, ao longo da próxima década, as refinarias de
condições adequadas para o processamento do petróleo nacional de elevada acidez naftênica.
5.1.1.2 Baixo
o
API
Outro ponto interessante a ser enfocado é a questão da queda do grau
o
API que se reflete
diretamente no aumento do rendimento de produtos de menor valor agregado, além de restrições
de processamento, tendo em vista as bases de projeto das Unidades de Destilação. A Tabela 5.4
apresenta o valor desta propriedade para alguns petróleos recém descobertos ou iniciando sua
produção.
Tabela 5.4
o
API de Novas Descobertas (PETROBRAS, 2007b)
Petróleo Golfinho
Albacora
Leste
Cachalote
Marlim
Sul
Marlim
Leste
Jubarte
Alagoano
Bijupirá
Salema
o
API 40,9 19,6 18,6 16,1 17,8 17,1 37,4 29,5
Como se pode observar na tabela, existem, também, petróleos leves sendo descobertos. A
sua disponibilidade pode ser analisada como uma alternativa para participação na cesta de
petróleos de nossas refinarias, substituindo o petróleo importado. A Figura 5.6 apresenta a
projeção da produção de petróleo no Brasil, com forte crescimento da produção de petróleos
pesados, mas, também, uma crescente produção de petróleos leves, o que, de certa forma, atenua
os problemas de processamento.
101
Figura 5.6 Projeção da Produção de Petróleo no Brasil (COSTA, 2007)
5.1.1.3 Teor de Nitrogênio
Muitos dos petróleos mais recentemente descobertos, assim como os seus cortes
destilados, apresentam elevados teores de nitrogênio. A diferença, em relação aos crus
tradicionalmente processados, é muito significativa, e se acentua nos cortes mais pesados. Vale
ressaltar que a presença do nitrogênio nos cortes médios (querosene e óleo diesel) implica em
instabilidade química, causando problemas relacionados à formação de depósitos e alteração no
aspecto.
No que se refere aos cortes médios, foi necessário o desenvolvimento de tecnologias de
hidrotratamento (processo e catalisadores) de modo a se viabilizar a remoção do nitrogênio. No
caso da utilização de catalisadores de metal nobre, provável escolha com o aumento das
exigências da especificação do óleo diesel, tornar-se-á necessário um primeiro estágio de
tratamento para a remoção do nitrogênio, veneno para este catalisador, à semelhança do que
ocorre com a Unidade de Hidrocraqueamento.
Efeitos negativos da presença de elevados teores de nitrogênio na carga das unidades de
craqueamento já vêm sendo registrados, tanto no que refere à perda de conversão, quanto ao
aumento no consumo de catalisador. Estas questões, porém, vêm sendo solucionadas. Ou seja,
não se vislumbram obstáculos complexos a serem superados nesta área para os próximos anos.
102
5.1.1.4 Premissas de qualidade de petróleo a serem adotadas
Em função das considerações apresentadas neste item, este trabalho considera que as
premissas apresentadas na Tabela 5.5 devam ser adotadas no planejamento do parque de refino
brasileiro.
Tabela 5.5 Premissas de petróleo para planejamento do parque de refino brasileiro
Característica Premissa Fundamentação
o
API Atualmente o parque de refino
brasileiro permite o processamento,
em média, de petróleo com 29
o
API,
de maneira econômica. A adaptação
do parque para aumentar a
capacidade de processamento do
petróleo nacional possui viés
estratégico e econômico.
A produção de petróleos com
o
API
inferior a 25 é crescente, situando-se
sempre em patamares superiores a
60% da produção, conforme se
observa na Figura 5.6, com
predominância da faixa 20-25
o
API.
A faixa inferior a 18
o
API também
cresce continuamente.
Acidez naftênica Prosseguir com programa de
adaptação metalúrgica das unidades
de destilação, assim como outras
unidades que podem ser impactadas,
como HDT´s e FCC´s.
O percentual de petróleos ácidos em
produção vem crescendo nos últimos
anos, com a agravante da
distribuição desta acidez em cortes
leves conforme Figura 5.4.
Teor nitrogênio Considerar teor de nitrogênio
compatível com os encontrados nas
novas descobertas da Bacia de
Campos.
A presença deste contaminante no
petróleo tem reflexos na severidade
a ser definida para as futuras
unidades de hidrotratamento, assim
como nos níveis de emissão dos
óleos combustíveis produzidos.
5.1.2 Mercado
Com relação à mudança na especificação da gasolina e do óleo diesel, pode-se estabelecer
um cenário que leve em consideração os crescentes requisitos ambientais e a melhoria do
desempenho dos novos motores. A partir destas duas vertentes, buscar-se-á estabelecer limites
que possam ser alcançados num horizonte até 2020. No caso do óleo diesel, considera-se que
103
teremos no Brasil dois tipos deste derivado por um largo período de tempo. A proposta da ANP
de se alcançar o patamar de 50 ppm de teor de enxofre para o diesel especial, e 500 ppm para o
diesel comum a partir de 2009, nos leva à hipótese de uma curva de aumento do percentual de
óleo diesel de menor teor de enxofre na medida em que os veículos novos forem entrando em
circulação. Este trabalho considera que esta transição se dará até o ano de 2015, quando poder-se-
ia conviver com dois outros tipos de óleo diesel, sendo um com 10 ppm e o outro com 50 ppm,
conforme apresentado na Tabela 5.6.
Tabela 5.6 Proposta de evolução da especificação do óleo diesel no Brasil
Tipo 2009 2015 2020
500 ppm Comercializado Retirado ---
50 ppm Início Comercializado Retirado
10 ppm --- Início Único tipo
Os demais itens da especificação estariam associados ao tipo de óleo diesel. A Tabela 5.7
descreve a proposta, mostrando as alterações para o número de cetano e faixa de densidade. Neste
cenário, os dois tipos de óleo diesel seriam diferenciados de acordo com o uso, deixando o diesel
10 ppm para ser consumido somente por veículos leves no período 2015-2020.
Tabela 5.7 Proposta de evolução da especificação do óleo diesel no Brasil
Item 500 ppm 50 ppm 10 ppm
Número de cetano mínimo 42 45 51
Faixa de densidade 0,82-0,865 0,82-0,86 0,82-0,855
A proposta apresentada acima demanda grande investimento em hidrorrefino, de modo a
se viabilizar a produção do derivado de maior demanda no Brasil. A Europa já apresenta limite
máximo para a densidade de 0,845 (d
15/15
) e numero de cetano mínimo de 51. Com relação à
gasolina, a proposta seria adotar patamares de especificação para três itens críticos, conforme
proposto na Tabela 5.8, caminhando em direção ao padrão europeu atual.
104
Tabela 5.8 Proposta de evolução da especificação da gasolina no Brasil
Tipo 2009 2015 2020 Euro IV
Teor de enxofre máx ppm 50 30 10 50
Aromáticos máx %v/v 40 35 30 35
Olefinas máx %v/v 25 20 18 18
A Figura 5.7 ilustra a evolução do mercado brasileiro de acordo com as previsões da
PETROBRAS (AZEVEDO, 2006), totalizando, respectivamente, um mercado de 1766 mb/d em
2005, 2086 mb/d em 2010, 2344 mb/d em 2015 e 2680 mb/d em 2020.
10 10
18
17
17
16
14
13
12
10
44
44
45
48
5 5
7
10
11 11
1111
5
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2005 2010 2015 2020
GLP Gasolina Nafta Diesel+QAv Óleo combustível Coque+outros
%
Figura 5.7 Evolução do mercado brasileiro
As projeções de mercado, aliada às curvas previstas de produção de petróleo, levam o
Brasil a uma interessante situação no cenário mundial. Encontram-se, por isso, em andamento,
diversos estudos para ampliação da capacidade de refino brasileira.
5.1.2.1 Premissas de mercado a serem adotadas
No que tange a questões relativas ao mercado, a tabela 5.9 mostra as premissas a serem
adotadas.
105
Tabela 5.9 Premissas de mercado para planejamento do parque de refino brasileiro
Característica
Premissa Fundamentação
Qualidade da
gasolina
Redução gradativa dos teores de enxofre,
olefinas e aromáticos
Este processo vem se desenvolvendo
nos países com preocupação
ambiental e social.
Qualidade do
óleo diesel
Redução gradativa dos teores de enxofre.
Aumento do número de cetano e
estreitamento da faixa de densidade.
Este processo vem se desenvolvendo
nos países com preocupação
ambiental e social.
Mercado de
médios
Considerar um gradativo aumento da
relação entre a demanda de mercado de
óleo diesel em relação à demanda de
gasolina.
A gasolina sofre grande impacto de
fontes renováveis com o álcool e do
próprio gás natural. A Figura 5.7
mostra esta tendência.
5.1.3 O Impacto Ambiental
O cenário inicial da indústria do petróleo, quando de sua instalação no Brasil, não levava
em conta questões ambientais. As primeiras refinarias não possuíam nenhum tipo de tratamento
de efluentes, fossem líquidos ou gasosos. Ao longo do tempo, estas preocupações levaram à
implementação de sistemas simples, que foram dando lugar a avançadas tecnologias de
tratamento e até reaproveitamento de alguns efluentes líquidos. Recentemente, de acordo com a
política da PETROBRAS de Desenvolvimento Sustentável, muito se tem investido nesta área,
promovendo-se até mesmo o fechamento de sistemas de resfriamento das refinarias que ainda
utilizavam água salgada. No que se refere, portanto, a efluentes líquidos as refinarias atuais já
caminham para um equacionamento de suas questões. A questão dos resíduos sólidos é menos
complexa, sendo mais um problema de gerenciamento do que de dificuldades tecnológicas a
serem transpostas. Estas questões já foram estudadas (MARIANO, 2001) e as soluções vêm
sendo, gradativamente, aplicadas no Parque de Refino brasileiro.
Contudo, em relação às emissões gasosas, muito ainda dever-se-á caminhar para atingir
um bom equilíbrio entre as necessidades da sociedade por produtos com menor impacto
ambiental e as próprias demandas, desta mesma sociedade, no que diz respeito aos impactos
provocados pelos processos produtivos. Basta lembrar que a tão propalada redução do teor de
enxofre dos derivados exige a produção de enormes quantidades de hidrogênio, e esta obtenção,
106
mantendo-se as tecnologias atualmente empregadas, resultaria num aumento das emissões de
CO
2
. Ou seja, além das preocupações referentes às emissões de SO
x
e NO
x
, já tradicionais nesta
indústria, os efeitos decorrentes das emissões de CO
2
tornaram-se dignos de nota. Portanto, o
paradoxo existente é que, com o objetivo relevante de se atender à redução do enxofre no óleo
diesel e na gasolina, será implantado, nos próximos cinco anos, um conjunto de vinte e cinco
novas Unidades de Hidrotratamento no Parque de Refino brasileiro (PETROBRAS, 2005), o que
levará a um enorme aumento na necessidade de se produzir hidrogênio utilizando gás natural,
GLP ou nafta, como matéria-prima. Em função disto, o consumo específico de energia das
refinarias tenderá a aumentar expressivamente, exigindo um enorme esforço para que se
minimizem estes efeitos com a utilização de ferramentas de otimização energética, e adotando-se
alternativas tecnológicas para a produção de hidrogênio. Outras iniciativas como a
comercialização do CO
2
para a indústria de alimentos, sua utilização na recuperação terciária de
petróleo, sua injeção em aqüíferos situados a mais de mil metros de profundidade ou estocagem
em minas de carvão desativadas, passam a ter uma enorme importância no futuro. Outros dois
pontos importantes, embora ainda distante sob o ponto de vista econômico, são a recuperação de
CO
2
nas chaminés e processos de conversão de coque para líquido (CTL coke to liquids).
Ambos poderão gerar expressivo impacto no refino futuro.
Num futuro mais próximo, os desafios referentes a emissões de SO
x
e NO
x
vão resultar
em investimentos nas refinarias. Tanto legislações específicas de alguns estados como, por
exemplo, as do estado do Paraná, já em vigor, que estabelecem limites de emissões para os
projetos naquele estado, quanto as legislações nacionais (CONAMA, 2007), em fase de
conclusão, vão estabelecer parâmetros que servirão de base para esta transição. A Figura 5.8
mostra como estas preocupações vão resultar no desenvolvimento de novas tecnologias.
107
Figura 5.8 Sistema de Biofiltragem (ALMEIDA, 2007)
Neste sistema de biofiltragem, as emissões de hidrocarbonetos são evitadas, sem agressão
ao meio ambiente. Sistemas como este reduzirão, expressivamente, o impacto dos processos que
geram emissões atmosféricas.
Outro aspecto que impactará a configuração da refinaria será a crescente necessidade de
produção de combustíveis limpos. Neste cenário, teremos viabilidade de implantação de
Unidades para a conversão do gás natural em combustíveis líquidos através da tecnologia Gas to
Liquid (GTL). Esta Unidade poderá ser integrada ao esquema de refino, aproveitando-se as
sinergias existentes entre ela e as demais unidades de processamento que compõem uma
refinaria. Esta alternativa dependerá, fortemente, da disponibilidade e preço do gás natural, o que
não parece muito provável no horizonte dos próximos dez anos, mas poderá ser significativa após
2015. Outra interessante opção em avaliação é a produção do dimetil éter (DME) como opção à
gasolina ou óleo diesel. As rotas de produção poderão envolver gás natural e etanol e até mesmo
utilizar resíduos da agricultura. A grande vantagem do DME está na área ambiental já que sua
queima não resulta em emissão de particulados, nem SO
x
já que não possui enxofre.
5.2 Metodologia utilizada
Para a definição das alterações necessárias na configuração das refinarias brasileiras, as
seguintes premissas devem ser consideradas:
- qualidade do óleo diesel (teor de enxofre, densidade e número de cetano) conforme
Tabelas 5.6 e 5.7;
108
- qualidade da gasolina (teor de enxofre, octanagem, teor de olefinas e aromáticos)
conforme Tabela 5.8;
- demanda de combustíveis conforme Figura 5.7;
- qualidade do petróleo processado (API, teor de enxofre e acidez) conforme Figura 5.6.
No que se refere às Unidades de Processamento servem de base:
- a situação atual do Parque de Refino brasileiro, conforme informações consolidadas no
Capítulo 4;
- os rendimentos das frações, diferenciados em função do petróleo processado;
- o consumo específico de energia, hidrogênio e catalisadores de acordo com cada
Unidade;
- as diferentes severidades de hidrotratamento.
A análise dos resultados obtidos permite identificar as necessidades de modificações no
Parque de Refino, tanto no que se refere à capacidade de conversão, quanto na necessidade de
hidrotratamento adicionais, não existindo preocupação em se avaliar a necessidade de acréscimo
na capacidade de refino no país.
5.2.1 Exemplo da Aplicação da Metodologia
Para melhor entendimento da metodologia utilizada, apresenta-se sua aplicação numa
refinaria de pequena complexidade, constituída, basicamente, de uma destilação atmosférica e um
craqueamento catalítico de resíduo, conforme apresentado na Figura 23 do Apêndice I. Esta
refinaria processando o petróleo Golfinho, cujas características estão apresentadas nas Tabelas
5.3 e 5.4, apresenta os rendimentos de destilado expressos na Tabela 5.10. Vale ressaltar que a
gama de petróleos processados é grande, variando, inclusive, na mesma refinaria.
Tabela 5.10 Rendimentos do Petróleo Golfinho na Destilação Atmosférica
Fração %v
GLP 1
Nafta 23
Querosene 15
Diesel 31
RAT 30
109
O rendimento dos diversos cortes é obtido a partir da curva PEV do petróleo, e cada
fração apresenta características associadas ao petróleo de origem. No caso do petróleo Golfinho,
a mistura de querosene e diesel gera um óleo diesel final com teor de enxofre da ordem de 500
ppm. Com relação ao craqueamento do RAT, obter-se-á os rendimentos expressos na Tabela
5.11.
Tabela 5.11 Rendimentos do RAT Golfinho no Craqueamento Catalítico
Fração %v
GLP 37
Nafta Craqueada 59
Light Cycle Oil (LCO) 9
Óleo Clarificado 5
O teor de enxofre da nafta craqueada é de 550 ppm (considera-se que o teor de enxofre da
nafta craqueada é de 15% em relação ao teor de enxofre da carga da unidade de craqueamento
catalítico). Levando-se em conta os limites de teor de enxofre projetados nas Tabelas 5.7 e 5.8,
esta refinaria precisa incorporar unidades de hidrotratamento para atender a especificação
desejada, tanto para o óleo diesel quanto para a gasolina. No que se refere à gasolina, a opção é o
hidrotratamento seletivo de modo a não se saturar, em demasia, as olefinas presentes para a
preservação da octanagem. Este processo resulta numa nafta craqueada com teores de enxofre na
faixa de 10 a 50 ppm, atendendo a especificação proposta. No que se refere ao óleo diesel, a
questão é um pouco mais complexa já que existem três correntes possíveis de fazer parte do
“pool” de diesel: o querosene e o diesel da destilação, além do LCO, do craqueamento catalítico.
Cada corrente possui um consumo de hidrogênio diferenciado, expresso em Nm
3
de hidrogênio
por m
3
de carga processada, conforme se observa na Tabela 5.12.
Tabela 5.12 Consumo de Hidrogênio Estimado
Fração Nm
3
/m
3
Querosene 5-10
Diesel DD 30-60
Light Cycle Oil (LCO) 200-300
110
A partir da vazão produzida de cada uma das frações acima se estabelece a capacidade
máxima da unidade de hidrotratamento, assim como uma estimativa do consumo de hidrogênio
para dimensionamento da unidade de geração de hidrogênio. Outra interessante alternativa que
pode ser avaliada é a do hidrotratamento das correntes de destilação, utilizando-se o LCO na
produção de óleos combustíveis. A vantagem desta alternativa é o menor investimento no
conjunto de hidrotratamento, tendo em vista a menor severidade do processo e menor consumo
de hidrogênio. As premissas de mercado indicam o processamento das três correntes, obtendo-se
um óleo diesel com teor de enxofre na faixa de 30-50 ppm nesta refinaria.
Em função da configuração simples da refinaria, não se torna economicamente
interessante a alocação de petróleos pesados, ou seja, não existe a necessidade de quaisquer
adaptações metalúrgicas na Unidade de Destilação. No que tange à capacidade de conversão, a
unidade de craqueamento de resíduo existente garante à refinaria um percentual em relação a
carga processada da ordem de 40%, o que se mostrou satisfatório no cenário analisado.
5.2.2 Adequação do perfil de produção
O impacto da variável matéria-prima é enorme, ou seja, a configuração escolhida para os
esquemas de refino, no que tange aos processos, pode variar expressivamente. No que se refere
ao petróleo processado no país, este trabalho, baseado em estimativas do autor a partir das
previsões de produção da PETROBRAS, considera que ocorrerá uma redução média de 0,5
o
API
por ano para os próximos dez anos. Torna-se, então, necessário voltar nossa atenção para os
petróleos pesados, com conseqüente necessidade de adaptação das instalações existentes. A
Figura 5.9 mostra o aumento de conversão (CONV) que será necessária para se alcançar plena
capacidade de processamento de petróleo nacional compatível com uma média de 24
o
API em
2015.
111
Figura 5.9 Evolução da Capacidade total das Unidades de Conversão em relação a
Capacidade de Destilação e Redução do
o
API do petróleo processado
Vale ressaltar que deverá ocorrer uma mudança nas escolhas tecnológicas em relação às
atualmente adotadas no Parque de Refino Brasileiro, tendo em vista, principalmente, o perfil de
nosso mercado. A rota hoje adotada para a conversão de gasóleo é o Craqueamento Catalítico,
processo com forte vocação para a produção de gasolina. A escolha deverá recair sobre Unidades
de Hidrocraqueamento nos aproximando do modelo de refino europeu.
No que se refere ao resíduo de vácuo, a opção pelas Unidades de Coqueamento Retardado
deve atingir seu esgotamento no início da próxima década após a implantação da série de
Unidades hoje em avaliação pela PETROBRAS. A Figura 5.10 mostra o aumento da capacidade
de conversão em termos de Unidades de Coqueamento Retardado no Brasil.
112
6
11
14
0
5
10
15
20
2005 2010 2015
Percentual
Ano
6
11
14
0
5
10
15
20
2005 2010 2015
Percentual
Ano
Figura 5.10 Evolução da Capacidade total de Unidades de Coqueamento Retardado em
relação a capacidade de destilação
Uma fronteira tecnológica importante a ser vencida é a hidroconversão do resíduo de
vácuo, ou, dependendo da situação específica da refinaria, do resíduo atmosférico. A opção pelo
RAT parece ser a mais promissora em função da menor severidade do processo que resulta em
menores investimentos, além da possibilidade de apresentar maior rendimento de derivados
nobres, notadamente óleo diesel. Em função da desativação do catalisador quando do
processamento destas frações pesadas, a alternativa em análise é a da hidroconversão em leito de
lama, utilizando um catalisador de baixo custo. A Figura 5.11 apresenta as diversas alternativas
existentes e compara seus rendimentos.
113
Rendimentos de Produtos dos Processos de
Conversão de Resíduo
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
C1-C4
Nafta (C5-140°C)
Diesel (140-380°C)
GOP (380-525°C)
O.Comb.(525°C)+
Coque
Rendimento (%massa)
HCC -Leito de Lama Coqueamento HCC - Leito Expandido
Figura 5.11 Alternativas Tecnológicas de Hidrocraqueamento (PERISSÉ, 2004)
Num cenário de maior exigência de qualidade, que viabilizasse a produção de óleo diesel,
querosene de aviação e gasolina, minimizando-se a produção de óleo combustível, o esquema de
refino deverá apresentar Unidades de Hidrocraqueamento. O óleo diesel produzido nestas
Unidades apresenta qualidade superior, viabilizando o atendimento de especificações rígidas. A
tabela 5.13 apresenta esta qualidade, tanto para o HCC de gasóleo, quanto para o HCC de RAT.
Tabela 5.13 Qualidade das Correntes no “Pool” de Óleo Diesel
Tipo Teor de enxofre ppm Densidade Número de Cetano
HCC gasóleo 10 0,849 56
HCC de RAT 10 0,845 50
5.2.3 Produção futura de gasolina
No que se refere à produção de gasolina, a Figura 5.12 apresenta uma proposta para esta
configuração.
114
Destilação
Coqueamento
Retardado
Craqueamento
Catalítico
HDT Nafta Fracionamento
Reforma
Catalítica
Isomerização
HDS Nafta
Craqueada
Alquilação/
Adaptação
MTBE
Nafta DD (PTQ ou Gasolina)
Nafta Craqueada
X
Nafta Craqueada Hidrodessulfurizada
Alquilado
Dimerizado
Reformado
Isomerizado
Nafta Hidrotratada
Qav/Diesel
Figura 5.12 Correntes utilizadas para a produção de gasolina em possível configuração
A gasolina seria produzida a partir de uma mistura das seguintes correntes: nafta
hidrotratada, isomerizado, reformado, alquilado, dimerizado e nafta craqueada
hidrodessulfurizada. Considerando a Unidade de Destilação Atmosférica com carga hipotética de
100, e percentual para as demais Unidades conforme evolução projetada, seriam obtidos os
valores de índices de complexidade, conforme Tabela 5.14.
Tabela 5.14 Evolução do Índice de Complexidade
Unidade 0 1 2 3 4
Destilação Atmosférica 100 100 100 100 100
Craqueamento Catalítico 0 30 30 30 30
Coqueamento Retardado 0 0 14 14 14
HDT Nafta de Coque 0 0 10 10 10
HDS Nafta Craqueada 0 0 0 16 16
Reforma Catalítica 0 0 0 3 3
Isomerização 0 0 0 0 3
Alquilação 0 0 0 0 2
Índice de Complexidade 1,0 2,8 3,9 4,6 5,2
115
A Tabela 5.15 apresenta a qualidade de cada uma das correntes que comporiam o “pool”
de gasolina. Um outro aspecto muito significativo que não está sendo analisado neste trabalho é a
influência de fontes renováveis como, por exemplo, o álcool etílico. A opção por unidades de
alquilação, porém, parece pouco provável em função das restrições tecnológicas, discutidas no
item 2.4 do Apêndice I.
Tabela 5.15 Qualidade das Correntes no “Pool” de Gasolina
Tipo Teor de enxofre máx
ppm
Aromáticos máx
%v/v
Olefinas máx
%v/v
Nafta hidrotratada 0 8 0
Isomerizado 0 0 0
Reformado 0 70 0
Alquilado 0 0 0
Dimerizado 0 0 0
Craqueada tratada 30 30 30
5.2.4 Produção futura de óleo diesel
No que se tange ao óleo diesel a questão é ainda mais complexa em função do cenário a
ser adotado. A tabela 5.7 apresenta uma proposta de evolução da especificação adotando-se dois
patamares distintos de 50 ppm e 10 ppm de enxofre, com número de cetano de 45 e 51,
respectivamente.
A partir dos dados apresentados neste texto (qualidade do petróleo a ser processado,
futuras especificações dos produtos e projeções de mercado), o primeiro patamar nos leva a
necessidade de implementação de unidades de hidrotratamento com severidade compatível com
ganho de cetano da ordem de 3-6 pontos de modo a se ajustar o Parque de Refino.
A Figura 5.13 apresenta a evolução necessária para a capacidade de hidrorrefino e do seu
percentual em relação à capacidade de destilação para o parque de refino brasileiro até 2015.
116
Figura 5.13 - Evolução da capacidade de hidrorrefino em relação à capacidade de destilação, do
parque de refino nacional.
Para o patamar seguinte, tornar-se-á fundamental a complementação de nosso parque de
refino com unidades de hidroconversão (MHC ou HCC) conforme Figura 5.14.
Figura 5.14: Implementação de unidades de hidroconversão (HCC) no parque de refino nacional.
1866
1998
2348
357
683
989
408
1174
1710
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
2200
Destilação HDT Médios Hidrorrefino Total
2005 2010 2015
1.000 bpd
19%=>34%=> 42%
22%=>59%=>73%
117
Como se pode observar é enorme o desafio nesta área, envolvendo a pesquisa e o
desenvolvimento de processos, novos catalisadores, além de novas tecnologias para a produção
de hidrogênio, insumo fundamental para o hidrorrefino. Enfim, estamos diante de uma revolução
no nosso parque de refino.
5.2.5 Refinarias do Nordeste e Premium
No que se refere à questão da conversão já analisada, uma interessante alternativa
tecnológica, que vem sendo aplicada pela PETROBRAS, é o processamento de resíduo
atmosférico em Unidades de Coqueamento Retardado. Esta opção viabiliza o processamento de
gasóleos excedentes para a produção de óleo diesel por uma rota térmica. Esta rota compete com
as Unidades de Hidroconversão de Gasóleo, porém enfrentará restrições relacionadas à qualidade
por ocasião da adoção de novos limites na especificação para o número de cetano do óleo diesel,
compatíveis com padrões europeus. Esta alternativa foi a escolhida para a definição do esquema
de refino da Refinaria do Nordeste conforme ilustrado na Figura 5.15, tendo em vista o cenário
de qualidade que se buscava atender, além de ser a de menor investimento total.
NPK/GOLK
NL @ HDT
ATM
NP@ HDT
PETRÓLEO
Marlim 16
Merey 16
ATMATM
H2
DIESEL
HDT HDT
Médios
Médios
NLK
NPK
GOLK
COQUE
GOPK
Coque
Coque
H2
HDT HDT
Nafta
Nafta
NP DD
NL DD
Nafta PTQ
Diesel
Querosene
RAT
RAT
Óleo combustível
Figura 5.15 Diagrama de Blocos da Refinaria do Nordeste
118
Este esquema possui, também, condições de ser alterado quando houver necessidade de
aumento da qualidade do óleo diesel produzido, com a entrada em operação de uma Unidade de
Destilação a Vácuo e um HCC de gasóleo.
Um esquema de refino que apresenta flexibilidade para atender mercados com estes níveis
de exigência propostos para 2020 é apresentado na Figura 5.16.
DEST
ATM
COQUE
HDT Instáveis
HDT
NAFTA
FCC
HCC
Gasóleo
HCC de
RAT
HDS de
Nafta
Craqueada
Reforma
Catalítica
Isomerização
DEST
Vácuo
RAT
RV
RAT
Nafta L.e P.@ HDT
Diesel
Querosene
Nafta P. Coque/
Gasóleo L.de Coque
GOV
GOV
Nafta P.Coque @ HDT
Go.L.Coque @ HDT
Nafta L.Coque @ HDT
Go Pes.Coque
Nafta Leve e
Pes.DD
Nafta Leve
Coque
H
2
H
2
H
2
Nafta @Reforma
Nafta HCC
Diesel @ pool
Diesel
@ pool
Nafta @
Reforma
H
2
Nafta @Pool
de Gasolina
REFINARIA PREMIUM
Nafta Méd.
HDT
Nafta L. HDT
LCO
Nafta Pes.HDT
@Diesel
Nafta @
Pool de
Gasolina
Figura 5.16 Esquema de Refino para atender cenário 2020
Esta configuração para a Refinaria Premium, ora em análise pela PETROBRAS, tem
como objetivo atender premissas mais rígidas de qualidade. A Figura 5.17 apresenta os
rendimentos desta proposta que permite uma produção de derivados médios (óleo diesel e
querosene de aviação) da ordem de 70% em relação à carga destilada.
119
Figura 5.17 Produção de uma Refinaria Premium
Os indicadores de complexidade destas duas refinarias são apresentados na Tabela 5.16.
Tabela 5.16 Indicadores de Complexidade
Refinaria Índice de Complexidade CONV (%) HDR (%)
Nordeste 8,0 65 88
Premium 8,0 65 96
Média atual Petrobrás 6,8 35 21
A análise da tabela acima mostra como os fatores do índice de complexidade das unidades
carecem de atualização.
Refinaria
Premium
79.500 m
3
/d
(500.000 b/d)
Marlim
Nafta
1,3%
Gasolina 10 ppm
14,1%
QAv
10,5%
Diesel 10 ppm
60,2%
Coque
7,0%
Óleo Combustível
0,4%
120
6 Conclusões
As mudanças no mundo atual são tantas que a única conclusão segura acerca do futuro é
que ele é imprevisível. Segundo Morin, “O século XX descobriu a perda do futuro, ou seja, sua
imprevisibilidade” (MORIN, 2001). Conhecer o passado e estudar o presente, porém, são bons
recursos para se tentar estabelecer os próximos passos a empreender, os desafios que deveremos
superar. A configuração do esquema de refino brasileiro sofreu profundas modificações ao longo
do tempo. Tanto as características da matéria-prima processada quanto a dos derivados
produzidos se alteraram, tornando necessárias estas adaptações. No caso brasileiro, ainda persiste
uma clara defasagem em relação a países mais desenvolvidos, no que se refere a alguns itens da
especificação de produtos como o óleo diesel e a gasolina. Projetar uma forte redução nestas
diferenças para os próximos quinze anos não parece ser uma premissa difícil de ser defendida,
levando-se em conta as crescentes pressões dos órgãos ambientais e montadoras de veículos.
Estabelecer, porém, qual será a configuração utilizada para alcançar este objetivo não é tarefa
fácil face às múltiplas possibilidades.
Neste trabalho optou-se pelo hidrorrefino como o primeiro grande passo para os próximos
anos. Unidades para o hidrotratamento de correntes intermediárias e produto final assumirão um
papel fundamental nos futuros esquemas de refino. Projeta-se um aumento desta capacidade para
patamares superiores a 75% em relação ao processamento de petróleo, nos aproximando de mais
complexos esquemas de refino adotados em outros países. Outra vertente importante analisada foi
a necessidade de aumento de conversão, ressaltando-se que o caminho hoje escolhido de
implantação de Unidades de Coqueamento Retardado se esgota no início da próxima década,
abrindo caminho para a tecnologia de hidroconversão de resíduo, hoje já em estudo no mundo
(PUTEK, 2006). O Brasil vai, necessariamente, investir nesta área tendo em vista as
características dos petróleos que vêm sendo descobertos em nossa Plataforma Continental.
Atingir um patamar superior a 14% conferirá ao Parque de Refino flexibilidade para superar este
desafio.
Portanto, as duas grandes vertentes de investimento para os próximos anos serão
centradas no hidrorrefino e na conversão de frações pesadas em derivados médios. Outro aspecto
importante está relacionado ao aumento da participação dos renováveis, principalmente, na
formulação do óleo diesel, já que a gasolina brasileira já utiliza de 20 a 25% de álcool anidro em
sua composição final. No horizonte enfatizado de quinze anos, porém, não se espera que esta
121
participação supere os 5% em relação ao consumo total deste derivado, mas já abre interessantes
perspectivas para o refino pós-2020.
Apesar das previsões do fim da era do petróleo e gás natural, o refino desta preciosa
matéria-prima que há décadas move o mundo, não parece dar sinais de fim de ciclo a curto prazo.
De acordo com as previsões de conceituadas entidades e empresas, por mais algumas décadas, a
sua participação na matriz energética mundial continuará sendo majoritária. O arranjo das
refinarias, a integração dos seus processos, sua interação com o Meio Ambiente, a qualidade dos
seus produtos, porém, continuará trilhando seu processo de desenvolvimento. Desde a origem,
através da utilização de processos como a destilação em batelada, até os dias de hoje, sem dúvida
a estrada percorrida foi extensa. Contudo, muito ainda está por ser trilhado antes de atingirmos o
fim desta estrada.
A configuração das refinarias brasileiras no século 21 terá como premissas:
- operação mais eco-eficiente, menos agressiva;
- maior sintonia com uma sociedade preocupada com sua própria conservação;
- sinergia com o enorme potencial das fontes renováveis de nosso país.
Em função disto, torna-se fundamental investir em pesquisas nas fronteiras tecnológicas,
seja nas questões referentes à energia eólica, solar, biomassa e tantas outras frentes que não
apresentam uma grande participação em termos de matriz energética no período de tempo
avaliado, mas serão de fundamental importância no ciclo que se seguirá. Estas opções conferirão
às empresas de energia a sua consolidação como socialmente responsáveis. A Tabela 6.1
apresenta algumas características das futuras configurações das refinarias.
Tabela 6.1 Características das futuras configurações das refinarias
Esquema de Refino Ambiental Renováveis
Refinarias cada vez mais
complexas, apresentando
Unidades de Conversão e
Hidroprocessamento, com a
produção de combustíveis cada
vez mais limpos
Processos integrados,
ecoeficientes, com menor
consumo de energia por
volume de petróleo
processado
Integração da produção de
derivados de petróleo com
renováveis, a exemplo do
etanol, com crescente
participação de óleos
vegetais
122
As refinarias brasileiras, a semelhança das mundiais, darão continuidade à produção de
derivados de petróleo por mais algumas décadas. Seu impacto ambiental, porém, deverá ser
expressivamente minorado com o passar dos anos, abrindo caminhos para a introdução de
tecnologias mais limpas, com crescente participação de fontes renováveis, visando o equilíbrio de
todo o planeta com benefícios em todas as áreas, sejam ambientais, sociais ou econômicas.
123
7 - Recomendações
Para a realização deste trabalho foram elaboradas projeções para a avaliação qualitativa
dos impactos provocados pelas alternativas tecnológicas na qualidade do produto e no perfil de
produção. Deste modo, recomenda-se para o aprofundamento desta discussão:
- elaboração de um modelo robusto para o Parque de Refino brasileiro de modo a se
promover uma análise quantitativa detalhada dos impactos apresentados neste trabalho;
- levantamento de dados já disponíveis na literatura de modo a representar adequadamente
o impacto do hidrorrefino, o que será muito relevante nos próximos anos no refino nacional tendo
em vista as diferentes severidades das diversas alternativas e as características dos produtos;
- integração deste modelo com outras fontes de energia auxiliando no Planejamento
Energético Brasileiro. O Ministério de Minas e Energia disponibiliza um interessante relatório
com os dados da Matriz Energética Brasileira. Um modelo integrado permitiria analisar as
interfaces, permitindo um melhor entendimento dos desafios que o Brasil precisa superar na Área
de Energia. Poder-se-ia, por exemplo, avaliar de forma integrada, num cenário de carência de gás
natural, a possibilidade de gaseificação de resíduo asfáltico ou coque, produzindo o insumo para
a geração de energia elétrica em plantas que estariam sem condições de operar por falta de carga;
- avaliação do impacto desta proposta na margem de refino, já que a premissa deste
trabalho foi se ater às alterações ocorridas na configuração no parque de refino, e as que, ainda,
serão implementadas nos próximos quinze anos;
- análise do impacto das correntes renováveis como o etanol e o biodiesel não apenas no
mercado mas na própria configuração do Parque de Refino. A possibilidade de co-processamento
do óleo vegetal nas Unidades de Hidrotratamento é interessante e poderá se tornar uma rota
alternativa, integrando, cada vez mais, derivados de petróleo com fontes renováveis, o que é uma
forte tendência futura. A iniciativa da PETROBRAS de implementação do HBIO em suas
instalações é um passo importante neste sentido, e deve ser modelada de modo a se avaliar a
disponibilidade de óleo vegetal e qual rota se torna mais interessante para o país.
124
8 - Apêndice I
Processos de Refino
O consumo de petróleo tem crescido continuamente desde a sua descoberta em escala
comercial na segunda metade do século XIX. Os derivados de petróleo tornaram-se
indispensáveis para o desenvolvimento econômico do planeta, servindo não apenas como fonte
de energia, mas também como insumo para uma série de indústrias. Estes derivados são obtidos a
partir do petróleo, o qual é inicialmente separado em frações pelo processo de destilação,
seguindo-se outros processos que compõem o refino do petróleo. No mundo são encontrados
petróleos com composições muito variadas, apresentando diferentes rendimentos das frações, o
que torna necessária a utilização de processos complementares de conversão e hidrotratamento
para permitir atender a demanda e qualidade dos derivados, independente do tipo de petróleo que
seja processado.
Segundo definição da American Society for Testing Materials, o petróleo é:
Uma mistura de ocorrência natural, consistindo predominantemente de hidrocarbonetos e derivados orgânicos
sulfurados, nitrogenados e oxigenados, a qual é ou pode ser removida da terra no estado líquido. O petróleo
bruto está comumente acompanhado por quantidades variáveis de substâncias estranhas tais como água,
matéria inorgânica e gases (FARAH, 1989).
O refino do petróleo, realizado nas refinarias, consiste, portanto, de uma seqüência de
processos com o objetivo de se produzir os derivados que apresentam interesse comercial na
quantidade e qualidade desejada.
Os processos de refino para a produção dos derivados podem ser divididos em físicos,
químicos, de tratamento e auxiliares. Os processos físicos têm como objetivo promover a
separação de frações de petróleo, enquanto que os químicos objetivam modificar a estrutura dos
compostos presentes. Quanto aos processos de tratamento estes têm o objetivo de promover a
remoção de substâncias indesejáveis que podem conferir diversos efeitos indesejáveis aos
derivados tais como a instabilidade química ao produto, corrosividade, acidez e outros. Os
processos auxiliares têm o objetivo de possibilitar o funcionamento da refinaria no que se refere à
produção de insumos para os demais processos citados, como vapor d’água, água tratada, ar, bem
como a minimização do impacto ambiental.
O conjunto dos processos de uma refinaria é denominado de Esquema de Refino, sendo o
objetivo deste Esquema, normalmente, a maximização de produtos de maior valor agregado.
125
Deve-se, também, atender aos requisitos de qualidade aos menores custos operacionais de modo a
se buscar uma margem de refino que permita obter a adequada rentabilidade econômica. Ao
longo do tempo, gradativamente o Esquema de Refino de uma refinaria se modifica em função
dos avanços em tecnologia, descontinuando-se determinados processos e adotando-se outros.
No Brasil é encontrada uma expressiva diversidade de Esquemas, o que aliado às
demandas do mercado implica na necessidade de se alocar petróleos distintos para as refinarias.
Refinarias com baixo nível de complexidade apresentam dificuldades crescentes de superarem os
desafios de qualidade e de rentabilidade mínima para permanecerem no negócio, necessitando,
em alguns casos, de petróleos mais leves e com baixos teores de contaminantes, mais fáceis de
serem processados, porém mais caros, impactando seriamente os resultados econômicos obtidos.
Outro ponto importante é a área de influência da refinaria. Caso o mercado da região exija
determinados produtos, a produção de outros derivados que não sejam de interesse deste mercado
implica no envio para locais mais distantes, com fretes caros, reduzindo sua competitividade, o
que pode ser agravado ainda mais em função de sua escala.
1 - Processos Físicos de Refino
Dentre os processos físicos que têm como objetivo separar as frações de petróleo sem
promover quaisquer modificações nas estruturas químicas dos compostos presentes, encontram-
se os seguintes processos em ordem decrescente de número de Unidades no Parque de Refino
Brasileiro:
- Destilação Atmosférica e a Vácuo;
- Desasfaltação a Solvente;
- Desaromatização por solvente;
- Desparafinação;
- Desoleificação.
Será apresentada a seguir uma descrição sucinta de cada um destes processos.
1.1 - Destilação Atmosférica e a Vácuo
A destilação tem o objetivo de separar o petróleo em frações com faixas de ebulição
sucessivas. Normalmente, encontraremos as duas destilações, atmosférica e a vácuo, fazendo
parte do conjunto de unidades de uma refinaria. Existem, porém, alguns casos onde o
126
processamento de um petróleo leve e uma determinada configuração de refino torna
desnecessária a destilação a vácuo (i.e., Refinaria de Capuava, RECAP). Em outros casos o
processamento de um petróleo pesado, com baixo rendimento de frações leves, permite a retirada
da destilação atmosférica do esquema de refino (i.e., Lubrificantes e Derivados de Petróleo do
Nordeste, LUBNOR). Adotaremos aqui a descrição da Unidade composta pelas duas destilações,
dividindo-a em seções, conforme Figura 1.
Pré-aquecimento
Dessalgação
Pré-flash
Estabilização
Atmosférica
Vácuo
GLP
Nafta Leve
Nafta Pesada
Querosene
Diesel
Gasóleos
RV
RAT
Figura 1 - Diagrama de Blocos de uma Unidade de Destilação Atmosférica e a Vácuo
O petróleo que chega à refinaria vem acompanhado de água e sais minerais, buscando-se
na seção de dessalgação a remoção desses sais, que têm efeitos danosos aos equipamentos. Sua
deposição em permutadores de calor reduz a eficiência da bateria de pré-aquecimento da unidade
e pode provocar corrosão nesses equipamentos. Além desses dois efeitos, os sais podem causar o
entupimento das tubulações por depósitos ou a formação de coque. Outra questão importante é o
envenenamento dos catalisadores das Unidades que processarão frações provenientes da Unidade
de Destilação.
A dessalgação consiste na mistura do petróleo pré-aquecido com cerca de 5% de água em
relação à carga de petróleo, dissolvendo-se os sais. A separação da água com os sais dissolvidos é
promovida nas dessalgadoras. Nestes vasos aplica-se um elevado campo elétrico, provocando o
coalescimento das gotas de água que contém íons provenientes dos sais dissociados. Em alguns
127
casos pode se optar pela adição de desemulsificantes para auxiliar na quebra da estabilidade da
emulsão de água-em-óleo.
Após a dessalgação, o petróleo é aquecido em baterias de trocadores de calor e/ou fornos
até a temperatura limite que se pode aquecer o petróleo sem o risco de sua decomposição térmica.
A carga, parcialmente vaporizada, alimenta então uma torre de destilação à pressão atmosférica
(seção atmosférica), Figura 2. Em algumas refinarias existem torres chamadas de Pré-Flash que
operam com pressões mais elevadas do que a pressão ambiente e promovem uma primeira
separação, reduzindo a carga dos fornos e das torres atmosféricas.
Figura 2 Unidade de Destilação Atmosférica da REMAN (U-2111)
As torres possuem dispositivos de contato de fases que podem ser bandejas (perfuradas,
com borbulhadores, etc) ou recheios (estruturados ou randômicos), permitindo a separação do
petróleo nas suas diversas frações, pela diferença de seus pontos de ebulição. A torre apresenta
um perfil de temperatura com patamares mais baixos no topo e mais elevados no fundo. Para isto,
dispõe de sistemas de troca térmica, sendo o calor retirado no topo e calor fornecido no fundo das
torres. O vapor ascendente, ao entrar em contato com o líquido descendente, troca calor e massa,
e promove a separação das frações de acordo com seu ponto de ebulição. A composição do
líquido varia ao longo da torre, tornando-se mais rico em compostos pouco voláteis na medida
em que se aproxima do fundo da torre, e o vapor rico em compostos mais voláteis na medida em
128
que se aproxima do topo. Entre o topo e a entrada de carga na torre são retirados, na parte lateral
da torre, produtos intermediários, quais sejam: nafta pesada, o querosene, e o óleo diesel. Na
seção de estabilização, que possui uma torre fracionadora adicional, são separadas as frações
leves: GLP e nafta leve. As frações mais pesadas, que não são vaporizadas nas condições
operacionais desta torre são retiradas no fundo. Esta fração é chamada de resíduo atmosférico
(RAT).
O RAT é processado na destilação a vácuo que opera a pressões muito baixas. Com isto,
se torna possível a vaporização e separação dos gasóleos desta corrente, sem os riscos da
decomposição térmica que ocorreria em temperaturas muito elevadas (>380
o
C). A carga é
aquecida em fornos e em grande parte vaporizada ao entrar na torre. A separação é obtida com os
mesmos dispositivos da torre atmosférica, obtendo-se os gasóleos e um produto de fundo
chamado resíduo de vácuo (RV), Figura 3. Os gasóleos são, normalmente, utilizados como carga
em outras unidades de processo, sejam físicos (i.e., desparafinação ou desaromatização) ou
químicos (i.e., craqueamento catalítico ou hidrocraqueamento). O RV, constituído de
hidrocarbonetos pesados, pode ser utilizado na produção de óleo combustível ou asfalto ou ainda
servir como carga para outras unidades de processamento físico (i.e., desasfaltação a solvente) ou
químico (i.e., coqueamento retardado).
Figura 3 - Diagrama Esquemático de Unidade de Destilação a Vácuo (ABADIE, 1999)
129
1.2 - Desasfaltação a Solvente
O processo de desasfaltação a solvente (propano, butano ou mistura entre eles) tem como
objetivo produzir o chamado Óleo Desasfaltado utilizado como carga para a produção de
lubrificantes de alta viscosidade e de alto valor comercial ou compondo a carga da Unidade de
Craqueamento Catalítico. A Figura 4 mostra a unidade de desasfaltação, U-1790, da REDUC. O
solvente está no estado líquido por estar submetido a elevada pressão.
Figura 4 Unidade de Desasfaltação a Solvente REDUC (U-1790)
Este processo se dá em torres de extração líquido-líquido, onde a carga pré-diluída com o
solvente é alimentada pelo topo e o solvente pelo fundo, gerando dois (2) fluxos em
contracorrente onde a extração é promovida. Pelo topo da torre é retirada uma mistura de
solvente com o óleo extraído e pelo fundo as frações rejeitadas, chamadas de resíduo asfáltico
(RASF). As correntes de topo e de fundo são enviadas para seções distintas de recuperação do
130
solvente. O solvente é recuperado do óleo desasfaltado através de sistemas de flash de dois
estágios, seguidos de uma retificação com vapor. O solvente misturado ao resíduo asfáltico é
recuperado através de uma vaporização brusca (“ flash”) a média pressão e posterior retificação
com vapor, conforme Figura 5.
Resíduo de
Vácuo de tanque
propano
M
vapor
condensado
propano
vapor
ODES + C3
água
propano p/
processo
resíduo asfáltico
+ propano
acumulador
de C3 (AP)
ODES+C3
vapor
ODES p/ tanque
propano p/
processo
acumulador
de C3 (MP)
propano do
sist. asfalto*
C3+vapor p/ sistema
de baixa pressão
Figura 5 - Diagrama Esquemático de Unidade de Desasfaltação (FREITAS, 2006)
O resíduo pode ser utilizado como carga para outras unidades (i.e., coqueamento
retardado ou gaseificação) ou na produção de asfaltos ou óleos combustíveis. A desasfaltação já
foi considerada como uma Unidade de Fundo de Barril, que têm como objetivo minimizar a
produção de Óleo Combustível. Porém, o resíduo asfáltico produzido possui elevada viscosidade,
gerando a necessidade de incorporação de expressivas vazões de diluentes para atender às
especificações atuais dos óleos combustíveis, aumentando a produção deste derivado. Não há,
atualmente, perspectiva para se utilizar Unidades de Desasfaltação em novas refinarias a não ser
em esquemas específicos com Unidades de Desasfaltação Supercrítica associados à gaseificação
do RASF. A rota supercrítica (ex: processo ROSE com recuperação supercrítica do solvente)
apresenta um consumo energético bem mais reduzido na recuperação de solvente, o que torna
esta alternativa mais competitiva que a tradicional.
A PETROBRAS dispõe de cinco destas Unidades no Brasil, sendo duas na refinaria
Duque de Caxias (REDUC), uma na refinaria Landulpho Alves (RLAM), uma na refinaria
Presidente Getúlio Vargas (REPAR) e uma na refinaria do Vale do Paraíba (REVAP). Uma
unidade da REDUC e a da RLAM estão voltadas para a produção de óleos básicos lubrificantes.
131
1.3 - Desaromatização a Solvente
Os destilados e desasfaltados são gerados nas unidades de destilação a vácuo e
desasfaltação a propano necessitando, porém, ser submetidos a determinados processos com o
objetivo de adequar algumas de suas propriedades físicas. A desaromatização a solvente é um dos
processos que compõem o trem de produção de óleos básicos pela rota solvente, e consiste na
extração de compostos aromáticos por um solvente específico, que pode ser o furfural, o fenol ou
a n-metil pirolidona (nmp). Os compostos aromáticos são indesejáveis em função da variação de
sua viscosidade com a variação de temperatura. Lubrificantes trabalham em amplas faixas de
temperatura e se espera que mantenham suas propriedades em toda a faixa de temperatura.
Este processo, sendo também uma extração líquido-líquido, é similar à desasfaltação,
sendo composto de seções de extração, e recuperação do solvente das fases extrato e rafinado.
Existe, também, uma seção de purificação do solvente, onde a água e resíduos oleosos são
removidos do solvente. A Figura 6 apresenta um diagrama esquemático deste processo. O extrato
aromático, subproduto desse processo, pode ser utilizado como insumo para a produção de
cimento asfáltico de petróleo (CAP), óleo extensor de borracha sintética, carga da Unidade de
Craqueamento Catalítico ou diluente na produção de óleos combustíveis. O óleo desaromatizado
é estocado para o seu processamento posterior.
vapor
água
atm
poço
vapor
torre desaeradora
solução de rafinado
furfural
torre extratora
decantador
solução de extrato
DESTILADO /
ODES
vapor
furfural p/ processo
Água p/SAO
furfural p/
processo
vapor
furfural
vapor do
sist. rec.
extrato
rafinado
p/
tanque
Solução
de
rafinado
fase
rica
fase
pobre
CBM
azeótropo
azeótropo
atm
vácuo sist. ext.
vácuo
do sistema
de extrato
Figura 6 - Diagrama Esquemático de Unidade de Desaromatização a Furfural (FREITAS, 2006)
Existem três destas Unidades no Brasil, sendo duas na REDUC e uma na RLAM.
1.4 - Desparafinação
Esta Unidade tem como objetivo a remoção de determinados compostos parafínicos que
apresentam elevado ponto de fluidez. Esses compostos precisam ser retirados do óleo lubrificante
132
em função da adequação das características de escoamento uma vez que as frações destiladas na
unidade de destilação a vácuo, assim como o óleo desasfaltado de petróleo parafínico possuem
consistência pastosa ou são sólidos a temperatura ambiente.
A sequência do processo é a seguinte: a carga (desaromatizada) é inicialmente diluída
com o solvente. Essa mistura é aquecida de forma a garantir a sua homogeneidade. Em seguida,
efetua-se um resfriamento lento, em três etapas (troca com água, troca com filtrado frio e troca
com propano). Ao final do resfriamento, a temperatura está abaixo de -10°C e tem-se uma
mistura de óleo dissolvido em solvente, com cristais de parafinas em suspensão. Esta é enviada a
um vaso acumulador, escoando daí para os filtros. A parafina depositada sobre o pano do filtro é
removida por lâminas raspadoras, encaminhada para as botas dos filtros e daí bombeada para a
seção de recuperação de solvente.
Atualmente, o solvente usado nesse processo é o metil-etil-cetona (MEK), o metil-
isobutil-cetona (MIBK) ou pode ser constituído de uma mistura MEK e tolueno. Utiliza-se para a
recuperação do solvente, o aquecimento e flash em dois estágios, seguidos por retificação a
vapor, produzindo-se o óleo desparafinado e uma parafina oleosa. O óleo é enviado à unidade de
hidroacabamento e a parafina oleosa é carga para a seção de desoleificação de parafinas, sendo
então vendida como parafina industrial, ou utilizada com carga em Unidades de Craqueamento
Catalítico (FCC).
Dependendo das características do gasóleo (destilado), a Unidade de Desparafinação pode
anteceder à de Desaromatização. No Brasil, isto acontece na RLAM em função do elevado teor
de parafinas contido no gasóleo produzido a partir do petróleo Baiano.
A PETROBRAS conta com três destas Unidades no Brasil, sendo duas na REDUC e uma
na RLAM.
1.5 - Desoleificação de Parafinas
A desoleificação de parafinas é um processo semelhante à desparafinação, cujo objetivo é
remover o óleo contido na parafina, viabilizando sua utilização. Neste processo se utiliza o
mesmo solvente da Unidade de Desparafinação, mas a filtração é feita em temperaturas positivas
(>10°C), separando-se a parafina oleosa em duas correntes. A fração oleosa, removida pela ação
do solvente e por filtração, denominada parafina mole, é usualmente processada em unidades de
craqueamento. A parafina desoleificada, depois de hidrotratada, pode ser comercializada para a
133
produção de velas, ceras, recobrimento de alimentos, vaselinas e outros produtos farmacêuticos,
além de insumo para a fabricação de papel. A Figura 7 apresenta um diagrama esquemático desse
processo.
carga p/
filtração
gás
inerte
sucção do
compressor de
gás inerte
tambor de carga dos
filtros primários
Parafina mole
com solvente
tambor de filtrado
gás
inerte
tambor de carga dos
filtros secundários
solvente
tambor de filtrado
solvente
parafina mole
com solvente
filtrado de repulp
p/ diluição e
lavagem de torta
parafina
desoleificada c/
solvente
parafina mole
c/ solvente
MIBC p/
tanque
MIBC p/
tanque
para
sistema de
secagem
água
vapor
parafina mole
p/ gasóleo
Figura 7 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Desoleificação (FREITAS, 2006)
A PETROBRAS possui duas destas Unidades no Brasil, sendo uma na REDUC e a outra
na RLAM.
2 - Processos Químicos de Refino
Os processos químicos são aqueles que promovem alterações nas características químicas
das frações processadas, buscando a produção daquelas que apresentam maior valor agregado.
Diferentemente dos processos físicos, estes processos utilizam reações de quebra das cadeias de
hidrocarbonetos, além de reagrupamento ou reestruturação molecular. Apresentam, normalmente,
elevada rentabilidade em função do processamento de correntes de menor valor comercial como é
o caso dos gasóleos, resíduo atmosférico e resíduo de cuo. A existência de Unidades de
Processo com estas características resulta no aumento do grau de complexidade de uma refinaria.
As reações de cada processo ocorrem a determinados níveis de temperatura e pressão,
sendo bastante freqüente também a presença de um catalisador com o objetivo de promover a
reação desejada.
Dentre os principais processos de conversão utilizados no Parque de Refino Brasileiro
encontram-se os seguintes processos em ordem decrescente de número de Unidades:
- Craqueamento Catalítico;
134
- Coqueamento Retardado;
- Reforma Catalítica;
- Alquilação;
- Craqueamento Térmico;
- Viscorredução;
- Hidrocraqueamento Catalítico;
- Isomerização.
Será apresentada a seguir uma descrição sucinta de cada um destes processos.
2.1 - Craqueamento Catalítico (FCC)
O craqueamento catalítico, Figura 8, é o processo de quebra das grandes moléculas de
gasóleo e determinados resíduos utilizando-se temperatura, pressão e catalisador. O
craqueamento catalítico substituiu amplamente o craqueamento térmico, pois é possível, através
dele, produzir mais gasolina de alta octanagem, assim como menores quantidades de frações
pesadas, em condições operacionais consideravelmente mais brandas do que as dos processos
térmicos.
Figura 8 - Unidade de Craqueamento Catalítico REPAR
135
Este processo, assim como outros processos de refino que utilizam catalisadores, produz
coque, que se deposita sobre a superfície do catalisador, diminuindo suas propriedades catalíticas,
implicando na necessidade da sua regeneração contínua.
A carga pré-aquecida entra em contato com o catalisador quente dentro de um tubo
ascendente, denominado de “riser”, zona ao longo do qual a maioria das reações ocorre.
Concluídas as reações de craqueamento, o catalisador com atividade reduzida devido ao coque
depositado na sua superfície, chamado catalisador gasto, separa-se dos gases do craqueamento no
vaso separador (reator) ou em ciclones fechados na saída do riser caindo para o retificador, onde
vapores de hidrocarbonetos arrastados com o catalisador são removidos com o vapor d’água. Os
produtos craqueados são fracionados numa torre, obtendo-se os diversos cortes: gás combustível,
GLP, nafta craqueada, óleo leve de reciclo e óleo clarificado.
O catalisador retificado é então enviado ao regenerador, onde o coque é queimado
injetando-se ar no leito denso, restabelecendo-se a atividade do catalisador e gerando toda a
energia térmica necessária ao processo: aquecimento e vaporização da carga e promoção das
reações de craqueamento, que são endotérmicas. O catalisador com as atividades restabelecidas,
chamado catalisador regenerado, é novamente enviado ao riser fechando o circuito. A Figura 9
mostra um diagrama esquemático desse processo.
Este é o processo mais utilizado para a produção de gasolina. No Brasil, todas as
refinarias da Petrobras, excetuando-se a LUBNOR, possuem esta unidade em seu Parque de
Refino, sendo que três delas apresentam dois FCCs. São, portanto, quatorze FCCs, dos quais três
voltados para o craqueamento catalítico de RAT, os chamados RFCCs. A Refinaria Ipiranga
completa o quadro brasileiro, totalizando assim quinze FCCs no Brasil.
136
Figura 9 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Craqueamento Catalítico (FARAH, 2002)
2.2 - Coqueamento Retardado
O coqueamento é o processo de craqueamento das frações pesadas oriundas das Unidades
de Destilação Atmosférica e a Vácuo (RAT e RV), além do RASF produzido nas Unidades de
Desasfaltação a Solvente. Tem como objetivo a redução da produção de óleos combustíveis nas
refinarias, maximizando a produção de óleo diesel, além de GLP, nafta e gasóleo de coque, e
viabilizando o processamento econômico de petróleos mais pesados.
O coqueamento também produz coque, que pode ser usado como combustível para
plantas de geração de energia, servindo de matéria-prima para a confecção de muitos produtos à
base de carbono e grafite, tais como anodos para a produção de alumínio e eletrodos para a
produção de fósforo elementar, dióxido de titânio, carbeto de cálcio e de silício.
Neste processo, a carga é primeiramente introduzida na base de uma torre de
fracionamento onde é preparada a carga combinada. Na região de preparação da carga
combinada, pode ocorrer a vaporização de frações mais leves contidas na carga. A fração residual
em si é, então, misturada com um reciclo do processo de coqueamento (gasóleo pesado de coque)
e encaminhada para o forno da unidade para aquecimento até 540
o
C, alimentando um vaso
reacional denominado “tambor de coque”, onde o coque é formado. Na medida em que o coque
neste tambor atinge o nível máximo operacional, a corrente de alimentação é enviada para um
137
outro tambor, paralelo ao anterior. Os vapores, oriundos desses tambores, são enviados de volta à
torre para fracionamento e posterior tratamento, conforme Figura 10.
TAMBORES
DE COQUE
CARGA
VAPOR
GASES
NAFTA COQUE
GASÓLEO LEVE
GASÓLEO PESADO
FRACIO
-
NADORA
FORNO
Figura 10 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Coqueamento Retardado (FARAH, 2002)
Várias destas Unidades estão com previsão de entrada em operação para os próximos anos
nas refinarias da PETROBRAS com o objetivo de ajustar o perfil de produção ao mercado,
oferecendo produtos de maior valor agregado, e viabilizando o processamento do petróleo
nacional mais pesado que o utilizado originalmente em nossas refinarias. Atualmente, a
PETROBRAS dispõe de seis dessas Unidades, sendo duas na REPLAN, duas na refinaria
presidente Bernardes Cubatão (RPBC), uma na refinaria Gabriel Passos (REGAP), conforme
Figura 11, e a mais recente na refinaria Alberto Pasqualini (REFAP).
138
Figura 11 - Unidade de Coqueamento Retardado REGAP
2.3 - Reforma Catalítica
Este processo tem como objetivo o rearranjo da estrutura molecular dos hidrocarbonetos
na faixa da nafta com o objetivo de se produzir um derivado de alta octanagem, próprio para
utilização em motores com altas taxas de compressão. Pode-se, também, produzir
hidrocarbonetos aromáticos nobres, tais como benzeno, tolueno e xilenos, que são fracionados a
fim de se obter cada um deles com elevado grau de pureza. A Figura 12 apresenta um diagrama
esquemático desse processo.
As reações são promovidas com a utilização de um catalisador, geralmente à base de
platina associada a outro metal nobre. A nafta, carga do processo, sofre um conjunto complexo de
reações que levam à formação de um reformado rico em hidrocarbonetos aromáticos, GLP,
hidrogênio e gás combustível.
Podem ser utilizados processos em leito fixo e em leito fluidizado, com séries de três a
seis reatores, sendo que a carga deve ser hidrotratada antes de entrar no reator de reforma, a fim
de que sejam removidas eventuais impurezas de enxofre, nitrogênio e metais. Estas substâncias
contaminam o catalisador da reforma, reduzindo a sua atividade, comprometendo o rendimento e
a qualidade do reformado. Nos processos contínuos, o catalisador pode ser regenerado no reator,
sem que seja necessária a interrupção da operação da unidade. Nos processos denominados semi-
regenerativos, a regeneração do catalisador exige a interrupção da operação da Unidade.
139
O Parque de Refino Brasileiro dispõe de três Unidades de Reforma Catalítica, sendo que
duas na PETROBRAS e a outra em Manguinhos. Encontram-se atualmente, em fase de projeto,
três novas Unidades (REPAR, REVAP e, REPLAN), além da ampliação e modernização
(“revamp”) da unidade existente na RPBC.
NAFTA
PRÉ-TRATADA
FORNO 2
TAMBOR DE
FLASH
COMPRESSOR DE HIDROGÊNIO
REATOR 1
FORNO 1
REATOR 2
FORNO 3
REATOR 3
FORNO 4
REATOR 4
H
2
PARA O
PRÉ
-
TRATAMENT
O
REFORMADO
P/ ESTABILIZAÇÃO
Figura 12 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Reforma Catalítica (FARAH, 2002)
2.4 - Alquilação
Este processo é utilizado na produção de gasolinas de alta octanagem. Utiliza como carga
uma mistura de isobutano e butenos. O primeiro é gerado, principalmente, durante o
craqueamento catalítico, o coqueamento retardado ou no processamento do gás natural, enquanto
que os butenos estão presentes, basicamente, no GLP produzido nas duas primeiras Unidades de
processo citadas.
A alquilação é um processo que tem como objetivo a reação destas duas moléculas, uma
olefínica e uma isoparafínica, com o objetivo de se produzir uma terceira: o isooctano. Esta
síntese é promovida através do uso de energia térmica ou de catalisadores, normalmente ácido
sulfúrico (H
2
SO
4
) ou ácido fluorídrico (HF). A Unidade da PETROBRAS na RPBC utiliza ácido
fluorídrico.
140
Uma unidade de alquilação é constituída de duas seções principais: uma seção de reação e
uma seção de recuperação dos reagentes e purificação do catalisador. As reações são exotérmicas,
e o controle de temperatura da emulsão é feito através do resfriamento do ácido recirculante. A
emulsão hidrocarbonetos/catalisador segue para um tambor de decantação, onde o ácido é
separado dos hidrocarbonetos, sendo a fase ácida recirculada para o reator e a fase orgânica
enviada à seção de recuperação dos reagentes. Parte do catalisador segue para a seção de
purificação onde os resíduos ácidos formados durante as reações são removidos do ácido
circulante.
A utilização de HF, porém, traz um elevado risco em função da sua toxicidade. Existe
uma tendência mundial para a sua substituição por H
2
SO
4
. Um passo significativo na evolução
deste processo seria a utilização de catálise heterogênea. Não existe ainda no mundo nenhuma
planta em escala comercial operando com esta tecnologia.
A PETROBRAS dispõe apenas de uma Unidade desse tipo na RPBC.
2.5 - Craqueamento Térmico
O craqueamento térmico é um processo de refino que utiliza calor e pressão para efetuar a
quebra de grandes moléculas de hidrocarbonetos em moléculas menores e mais leves.
Usualmente são processados gasóleo pesado ou resíduo atmosférico, produzindo-se GLP, nafta,
um diesel instável e óleo combustível.
Neste processo a carga passa inicialmente por um preparo semelhante ao do processo de
coqueamento retardado (torre combinada). Em seguida, esta é aquecida até uma temperatura
elevada, sendo, então, enviada ao reator. A corrente de saída é misturada com a carga e uma
corrente de reciclo, mais fria, com o objetivo de interromper as reações de craqueamento. Esta
mistura é enviada para a câmara de expansão. A fração vaporizada, mais leve, é enviada a uma
torre fracionadora. O resíduo pesado é utilizado para resfriar a corrente que deixa o reator, e
utilizada para a produção de óleos combustíveis. A Figura 13 apresenta um diagrama
esquemático desse processo.
Comparado ao craqueamento catalítico, o térmico tem as seguintes desvantagens:
- trabalhar em pressões elevadas;
- resultar em maior rendimento de coque e gás combustível;
141
- obter pior qualidade de nafta com grande quantidade de moléculas insaturadas, mono e
diolefinas, compostos esses que favorecem a instabilidade química.
A PETROBRAS não dispõe, no Brasil, de nenhuma desta Unidade. A Refinaria de
Manguinhos, no Rio de Janeiro, ainda possui uma, embora esteja atualmente fora de operação.
Trata-se de um processo obsoleto, sem licenciamento recente de novas Unidades.
Figura 13 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Craqueamento Térmico (ABADIE, 1999)
A PETROBRAS está estudando a possibilidade de implantar uma variação deste processo
térmico na refinaria de Manaus Isaac Sabbá (REMAN) para o processamento de RAT de petróleo
leve. O Craqueamento Térmico Brando (CTB), desenvolvido no CENPES, pode se tornar uma
alternativa interessante no caso onde se dispõe de uma matéria prima (gasóleo ou resíduo
atmosférico) de boa qualidade, associando-o à Unidade de Hidrotratamento de Instáveis.
2.6 - Viscorredução
O processo de visco-redução se caracteriza por um tipo de craqueamento realizado a
temperaturas relativamente baixas. Seu objetivo é promover a redução da viscosidade dos óleos
combustíveis, bem como a obtenção de um maior rendimento em gasóleo, utilizado como carga
na Unidade de Craqueamento Catalítico.
142
Nesse processo, a carga é aquecida num forno junto com uma corrente de reciclo,
promovendo a quebra das moléculas. Os produtos leves craqueados são separados por destilação,
gerando gases, nafta, algum destilado leve, gasóleo e um óleo combustível residual que possui
uma viscosidade consideravelmente menor que a da corrente de alimentação, em função da maior
presença de compostos aromáticos, conforme Figura 14. A este óleo combustível residual é
adicionada uma mistura de diluentes de modo a se enquadrar sua viscosidade às faixas dos óleos
combustíveis comerciais.
Esse processo permite aumentar o rendimento de derivados leves, em detrimento da
obtenção de frações mais pesadas, de menor valor agregado. A qualidade das correntes, porém, é
muito ruim, o que gera a necessidade de tratamentos severos que elevam expressivamente o custo
desta rota.
Figura 14 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Viscorredução (ABADIE, 1999)
Assim como no caso das unidades de craqueamento térmico, a PETROBRAS não dispõe,
no Brasil, de nenhuma Unidade de Visco-redução. A Refinaria de Manguinhos, no Rio de
Janeiro, ainda possui uma, embora esteja atualmente fora de operação. Trata-se de um processo
obsoleto, sem licenciamento recente de novas Unidades.
143
2.7 Hidroconversão (HC)
O hidrocraqueamento é um processo de craqueamento catalítico realizado na presença de
hidrogênio com os seguintes objetivos:
- reduzir a deposição de coque sobre o catalisador;
- hidrogenar os compostos aromáticos polinucleados, facilitando a sua decomposição;
- hidrogenar as mono e diolefinas que são formadas durante o processo de craqueamento,
aumentando, deste modo, a estabilidade química dos produtos finais.
Esta Unidade utiliza um reator de leito fixo, onde o craqueamento das moléculas ocorre
sob temperatura e pressão elevadas, conforme Figura 15. Ela compete com o FCC em termos de
carga, porém sua produção é voltada, principalmente, para a produção de óleo diesel com
excelente qualidade, já que compostos prejudiciais ao desempenho do derivado como o enxofre e
nitrogênio são removidos, os compostos aromáticos são transformados em saturados de melhor
qualidade de ignição (número de cetano) e não existe a formação de olefinas. Na verdade, a
remoção destes compostos é promovida na seção de hidrotratamento da carga antes do envio para
o reator de hidrocraqueamento.
R
01
Carga
R
02
H
2
Reposição
COLUNA
Água Ácida
H
2
S + NH
3
Reciclo de
líquido
P
R
O
D
U
T
O
S
SEPARADOR
DE ALTA
PRESSÃO
Catalisador de
Hidrotratamento
Catalisador de
Hidrocraqueamento
Catalisador de
Hidrotratamento
Água
Figura 15 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Hidrocraqueamento (BELATO, 2002)
De acordo com a severidade, o processo de hidroconversão podem ser classificados em
brandos (Mild HC -> MHC) ou severos (HCC). O MHC e o HCC diferem-se, no que se refere à
144
conversão de frações com ponto de ebulição acima de 380°C, em frações mais leves. Em termos
de condições de processo, a diferença mais expressiva entre os dois processos é a pressão. Um
aumento da pressão total num processo de hidroconversão apresenta como: consequências:
melhoria na qualidade do produto, aumento da remoção de nitrogênio, além de uma redução da
taxa de desativação do catalisador. Por outro lado, leva a aumentos expressivos no investimento.
A Tabela 1 apresenta dados típicos de condições operacionais para unidades de MHC e
HCC (AKZO, 1991).
Tabela 1 Condições operacionais típicas HCC e MHC
MHC HCC
Temperatura (oC) 380-430 320-430
Pressão (bar) 40-90 70-150
Velocidade espacial 0,3-1,5 0,5-1,5
A PETROBRAS não dispõe de nenhuma destas Unidades, embora existam três unidades
de HCC em estudo, com previsão de operação para a próxima década, de acordo com o
Planejamento Estratégico da Companhia. Esta rota pode, também, ser utilizada para a produção
de óleos básicos lubrificantes de excelente qualidade.
2.8 - Isomerização
Este processo tem como objetivo promover um rearranjo molecular. Normalmente,
parafinas tais como butano e pentano são convertidas em isoparafinas, que têm maior octanagem.
Estas reações ocorrem em temperaturas na faixa de 90 a 200 ºC, na presença de um catalisador.
Dois tipos de catalisadores para o processo estão atualmente em uso.
Um com a adição contínua de pequenas quantidades de cloretos orgânicos, que são
convertidos em ácido clorídrico no reator. Neste tipo de reator, a corrente de alimentação deve
estar livre de oxigênio e de água, a fim de se evitar problemas de corrosão e desativação do
catalisador.
O outro tipo de catalisador utiliza uma zeólita como suporte, não exigindo que a carga
esteja seca ou livre de oxigênio. Ambos os tipos de catalisadores requerem uma atmosfera de
hid rogênio, a fim de minimizar a formação e deposição de coque. Entretanto, o consumo de
hidrogênio é muito pequeno.
145
A PETROBRAS não dispõe ainda de nenhuma dessa unidade em seu Parque de Refino.
3 - Processos de Tratamento de Derivados
No refino de petróleo, os tratamentos são usados para enquadrar os derivados nas
especificações exigidas ou preparar a carga para ser processada em outras Unidades que utilizam
catalisadores passíveis de serem contaminados. Com estes processos se consegue promover um
rearranjo das moléculas ou a remoção dos compostos de enxofre, nitrogênio e outros que causam
instabilidade química, corrosão, danos ao meio ambiente, etc. Os principais tratamentos efetuados
nas refinarias serão descritos a seguir.
3.1 - Hidrotratamento
O Hidrotratamento é o processo mais adequado para se alcançar os padrões de qualidade
atuais, com exigências crescentes. Esse processo confere flexibilidade ao processamento de uma
gama maior de matérias-primas, apresentando diferentes níveis de severidade de acordo com as
condições de pressão e temperatura do projeto da Unidade, do tipo de catalisador utilizado e da
disponibilidade de hidrogênio. A Figura 16 mostra a Unidade de Hidrotratamento da RPBC.
Figura 16 - Unidade de Hidrotratamento de Instáveis RPBC
146
Este processo visa a remoção de heteroátomos e compostos indesejáveis tais como
enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais, além de converter as mono e diolefinas em parafinas, com
o propósito de reduzir a formação de goma nos produtos.
Estas Unidades têm apresentado uma importância crescente nos esquemas de refino,
tornando-se fundamentais no cenário da próxima década. Este processo utiliza catalisadores na
presença de hidrogênio sob condições de altas pressões e temperaturas (esta severidade varia de
acordo com o projeto da Unidade), para que possam ocorrer as reações entre a carga e o
hidrogênio. Os reatores são, normalmente, de leito fixo, com a reposição ou regeneração do
catalisador feita após a campanha da Unidade (2 a 6 anos).
A seção de reação é composta basicamente de: uma bateria de pré-aquecimento de carga,
um forno, um reator de leito fixo, um sistema de “Flash” do hidrogênio (separação a alta pressão)
e um sistema de recirculação de hidrogênio. A carga é pré-aquecida na bateria de trocadores pelo
efluente do reator, recuperando parte do calor liberado pela reação no reator. O forno fornece a
quantidade de calor restante, que é necessária para levar a mistura carga + hidrogênio à
temperatura de entrada do reator.
Após resfriamento, o efluente do reator passa para o sistema de separação de hidrogênio a
alta pressão (“flash”), onde ocorrerá a separação do gás de reciclo, água de injeção e produto
tratado. Existem vários esquemas para esta etapa do processo. Para produtos mais leves, quando a
pressão é mais baixa, é utilizado um sistema com um vaso trifásico, com duas fases líquidas
(hidrocarbonetos e água) e uma gasosa (gás de reciclo). Em unidades de alta pressão, que operam
com cargas mais pesadas, os equipamentos possuem custos mais altos; torna-se econômico neste
caso, reduzir as dimensões do vaso separador de alta pressão, substituindo-o por dois vasos com
condensador intermediário, sendo o segundo vaso de menor pressão do que o primeiro. Assim, no
primeiro equipamento do sistema deve ocorrer apenas a separação do gás de reciclo e de uma
pequena quantidade de água, no segundo ocorrerá a separação da água restante transferida com o
produto hidrogenado.
O produto hidrogenado efluente da seção de reação vai para a seção de estabilização,
onde será feito o ajuste da especificação quanto a corrosividade e ponto de fulgor, já que a
corrente sai do sistema separação de hidrogênio ainda contaminada com H
2
S, H
2
e
hidrocarbonetos leves.
147
Além dos produtos tratados, os processos produzem uma corrente de gases combustíveis
leves, H
2
S e NH
3
, conforme Figura 17. O produto tratado e o gás rico em hidrogênio são
resfriados e separados após deixarem o reator, sendo o hidrogênio reciclado para o reator.
Figura 17 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Hidrotratamento
A PETROBRAS dispõe de várias Unidades no Brasil.
3.2 - Tratamento Bender
O Tratamento Bender é um processo caracterizado como “de adoçamento”, transformando
compostos agressivos de enxofre (S, H
2
S e RSH, onde R é um radical carbônico) em outros
menos prejudiciais (i.e., dissulfetos), sem, entretanto, reduzir o teor total de enxofre. Este
processo pode ser utilizado em frações intermediárias do petróleo, tais como nafta, querosene e
óleo Diesel, e consiste basicamente na oxidação catalítica dos mercaptans, em um reator de leito
fixo.
No início do processo ocorre a lavagem cáustica com o objetivo de remover compostos
ácidos tais como fenóis, ácidos naftênicos e H
2
S. Para tal, a carga é aquecida e misturada com
soda cáustica, formando uma emulsão com a mesma, após a passagem por uma válvula
misturadora que promove um contato íntimo entre a carga e a soda. A emulsão segue, então, para
um precipitador eletrostático, que promove a sua quebra e conseqüente separação das fases. A
Reator
Vaso
Separador
Forno
Gás Rico em H
2
Produto
Tratado
Carga
Gás Rico
em H
2
Torre
Tambor
de Topo
Gás
Ácido
Água
Ácida
Make
-
up
de H
2
148
fase cáustica acumula-se no fundo do vaso, e pelo topo sai a fase hidrocarboneto. Esta fase é
dividida em duas correntes, sendo a de menor vazão enviada para uma torre absorvedora de
enxofre (leito de enxofre), onde absorve o enxofre necessário às reações, reunindo-se, em
seguida, à corrente principal. Recebe, em seguida, uma injeção de ar comprimido, e penetra no
fundo do reator Bender, onde são promovidas as reações de adoçamento.
Trata-se de um processo interessante, de baixo custo operacional, porém, dependente da
matéria-prima, não permitindo o processamento de petróleos de pior qualidade, nem viabilizando
a redução do teor de enxofre aos níveis exigidos nas novas especificações. A Figura 18 mostra
um diagrama esquemático desta unidade.
Figura 18 - Diagrama Esquemático de uma Unidade Bender (ABADIE, 1999)
A PETROBRAS dispõe de uma Unidade Bender em operação na REDUC para a
produção de querosene de aviação a partir de querosene de petróleos Árabe Leve e Basrah Leve.
3.3 - Lavagem Cáustica
O tratamento de lavagem cáustica é usado para a remoção de mercaptans e H
2
S dos
produtos, assim como de compostos ácidos que possam eventualmente estar presentes no
derivado que será tratado. É um processo utilizado no tratamento de frações leves, cujas
densidades sejam bem menores que a da solução cáustica, tais como o GLP e a gasolina.
Trata-se de um processo simples onde a carga é misturada com uma solução de soda cáustica
numa válvula misturadora, onde ambas entram em contato íntimo, promovendo-se as reações de
neutralização desejadas. A solução cáustica circula de forma contínua, até que a concentração
atinja cerca de 1-2 %, quando então ela é substituída por uma nova solução concentrada. Após
149
essa etapa de mistura, as duas fases são separadas em um vaso decantador, devido às diferenças
de densidade. A fase orgânica deixa o decantador pelo topo, enquanto a solução cáustica sai pelo
fundo, conforme Figura 19.
Este tratamento não deve ser empregado quando o teor de enxofre do derivado for muito
elevado em função da geração de soda gasta. Um aperfeiçoamento deste processo é o tratamento
cáustico regenerativo, onde este consumo é minimizado pela regeneração da soda cáustica.
Figura 19 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Tratamento Cáustico (ABADIE, 1999)
Existem várias Unidades em operação em nosso Parque. Gradativamente serão
desativadas ou adaptadas em função do impacto ambiental causado pela soda gasta.
3.4 - Tratamento Cáustico Regenerativo
É um processo de tratamento mais moderno que o anterior, também aplicado a frações
leves, tais como GLP e nafta, e intermediárias, tais como querosene e Diesel. Este processo se
baseia na extração cáustica dos mercaptans presentes nos derivados, que são oxidados a
dissulfetos, ao mesmo tempo em que a solução cáustica é regenerada. As reações relativas à
regeneração da soda são promovidas por um catalisador normalmente dissolvido na solução de
soda cáustica (quando a carga é de frações leves).
Inicialmente o derivado a ser tratado passa por uma etapa de lavagem cáustica, a fim de
que sejam eliminados o gás sulfídrico e outros compostos ácidos indesejáveis, evitando-se a
formação de compostos estáveis com a soda na seção de extração. Nessa etapa, o tempo de
contato da carga com a solução cáustica é relativamente pequeno, para que não ocorra a absorção
150
dos mercaptans. A carga vai para a torre de extração, extraindo-se estes compostos em
contracorrente com a solução cáustica. O produto tratado segue para um vaso decantador onde
fica retida a soda que tenha porventura sido arrastada, podendo ser enviado para a estocagem. A
solução de soda gasta sai pelo fundo da torre, reunindo-se com a corrente que foi recuperada no
decantador. Depois de aquecida, recebe uma injeção de ar comprimido, sendo regenerada na torre
de oxidação.
Após a etapa de regeneração, a mistura de soda, ar, e dissulfetos segue para um
decantador, onde as fases solução de soda e os dissulfetos são separados. O excesso de ar sai pelo
topo desse vaso, e a soda regenerada pelo fundo, sendo enviada para a torre de extração. O
efluente oleoso de dissulfetos pode ser comercializado.
Este processo apresenta um impacto ambiental expressivamente inferior ao de Tratamento
Cáustico convencional. Em função disto, vem se tornando cada vez mais comum no parque de
refino brasileiro. Já existem várias em operação nas refinarias da PETROBRAS.
3.5 - Tratamento com aminas
O tratamento com aminas tem por objetivo remover o ácido sulfídrico (H
2
S) do gás
combustível e do GLP, de modo a atender às especificações relacionadas à corrosividade e ao
teor de enxofre. Esta substância tem a capacidade de se combinar com o H
2
S, formando produtos
estáveis em temperaturas próximas à do ambiente. Os produtos formados, ao serem submetidos
ao aquecimento, se decompõem, regenerando a solução original e liberando o gás ácido rico em
H
2
S, que pode ser, então, enviado a uma unidade de recuperação de enxofre, conforme Figura 20.
São utilizadas a monoetanolamina (MEA), MDEA e DEA (dietanolamina), sendo esta a mais
utilizada.
Este tratamento é feito em contracorrente, sendo o gás combustível ou GLP introduzidos
pelo fundo de uma torre de extração. A torre possui recheios com o objetivo de se facilitar o
contato entre as correntes, permitindo-se a absorção do H
2
S pela DEA. O hidrocarboneto sai pelo
topo, enquanto a solução de DEA, rica em H
2
S, sai pelo fundo, e é enviada a uma torre de
regeneração. A DEA é, então, aquecida, sendo o H
2
S liberado. A DEA regenerada sai pelo fundo
da torre, é resfriada e retorna ao processo.
151
Figura 20 - Diagrama Esquemático de uma Unidade de Tratamento DEA (ABADIE, 1999)
A PETROBRAS dispõe de diversas dessas Unidades em seu Parque de Refino.
3.6 - Percolação
A percolação consiste na passagem da corrente a ser tratada através de vasos contendo um
sólido poroso (o adsorvente) capaz de promover a adsorção dos compostos indesejáveis. Neste
processo, gradativamente, ocorre a saturação do adsorvente, exigindo sua regeneração ou a sua
troca. No tratamento de QAv-1 tem-se utilizado argilas especiais com elevada capacidade de
adsorção.
Existe, atualmente, na PETROBRAS sistemas de percolação em algumas refinarias com
aplicações diferenciadas. Por exemplo:
- Na REDUC é utilizada no pós-tratamento do querosene adoçado na Unidade Bender
(normalmente processando querosene de petróleo Árabe Leve) para adsorção de metais;
152
- Na REPLAN é utilizada no querosene de destilação direta que sofreu um tratamento cáustico,
mas apresenta problemas de estabilidade associados à presença de compostos nitrogenados
existentes no petróleo nacional naftênico produzido, principalmente, na Bacia de Campos.
Em algumas refinarias existem, também, associadas à Unidade Bender, Tratamento
Cáustico ou Percolação, vasos de sal para o polimento final do QAv-1. Este sistema tem como
objetivo a remoção da água que é um dos contaminantes indesejáveis do querosene de aviação.
4 Processos Auxiliares
Os processos auxiliares complementam o Esquema de Refino. Eles têm vários propósitos,
viabilizando desde a disponibilidade de insumos ao processo a o tratamento dos rejeitos
industriais. Não serão tratados neste trabalho os processos de geração de vapor, tratamento de
água, ou de tratamento de qualquer tipo emissão. Apenas duas Unidades serão abordadas nesta
seção: a Unidade de Geração de Hidrogênio (UGH) e a Unidade de Recuperação de Enxofre
(URE).
4.1 - Geração de Hidrogênio
As Unidades de Geração de Hidrogênio têm como objetivo fornecer este insumo às
Unidades de Tratamento. A matéria prima utilizada varia do gás natural até a nafta, passando pelo
GLP ou seus componentes: propano e butano. O processo consiste da reforma da carga com
vapor d’água, gerando CO
2
e H
2
. A separação pode ser promovida em uma Unidade MEA ou
utilizando membranas, e o hidrogênio gerado alimenta um anel de gás ou diretamente à Unidade
consumidora.
As primeiras Unidades brasileiras foram projetadas tendo nafta como carga. Com o
crescimento da disponibilidade de gás, os novos projetos tiveram gás natural como carga.
Atualmente, tem-se optado por duas bases de projeto, com uma carga alternativa ao gás natural
que pode ser a nafta ou o GLP, dependendo das características de cada refinaria. Na Tabela 2 é
apresentada a capacidade de geração de hidrogênio atualmente em operação no país.
153
Tabela 2 Capacidade de Geração de Hidrogênio em operação
Refinaria Capacidade
(1.000 Nm
3
/d)
RLAM 27
REGAP 372
REDUC 686
REVAP 250
REPLAN 1 000
RPBC 500
REPAR 270
LUBNOR 35
REFAP 550
4.2 - Recuperação de Enxofre
Esta Unidade tem como carga o gás ácido rico em H
2
S, removido dos derivados e
recuperado nas Unidades DEA. Outra corrente rica neste gás vem do topo da primeira esgotadora
das Unidades de Águas Ácidas. Esta Unidade é responsável pela remoção do H
2
S e NH
3
das
águas residuais separada nos vasos de topo das torres de fracionamento.
O processo consiste, basicamente, da oxidação de parte do H
2
S a SO
2
, promovendo-se em
seguida a reação com H
2
S para a produção do enxofre elementar.
A PETROBRAS dispõe de 14 Unidades em seu Parque atualmente. A tendência para os
próximos anos é de um aumento expressivo no número de Unidades instaladas em função das
crescentes exigências ambientais, tanto no que se refere à especificação dos derivados quanto às
emissões das refinarias (MARIANO, 2001).
5 Considerações
A combinação destes diversos processos gera os diversos esquemas de refino. As
refinarias brasileiras apresentam variados arranjos, podendo ser simples como a RECAP, Figura
21, ou complexas como a RPBC, Figura 22.
154
CARGA
PETRÓLEO
CARGA
PETRÓLEO
GÁS COMBUSTÍVEL
H
2
S
GLP
GASOLINA
NAFTA PTQ
QAV / QI
ÓLEO COMB.
RES. AROMÁTICO
ESQUEMA DE REFINO PARA
PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEIS
CRAQUEAMENTO
CATALÍTICO
RECAP
SOLVENTES
DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA
ÓLEO DIESEL
ENXOFRE
RECUPERAÇÃO
DE
ENXOFRE
Figura 21 Esquema de Refino da RECAP (PASSOS, 2007)
RPBC
CARGA
PETRÓLEO
CARGA
PETRÓLEO
G.C.
C
3
ALQUILAÇÃO
(UGAV)
FRACIONAMENTO
GLP
C
4
C
3
C
4
GLP
GASOLINA
DE AVIAÇÃO
GASOLINA
AUTOMOTIVA
DESTILAÇÃO ATMOSFÉRICA
PRÉ-FRAC.
DE NAFTA
(PREFRA)
EXTRAÇÃO
DE
AROMÁTICOS
(URA)
BENZENO
TOLUENO
XILENO
NAFTA
PETROQUÍMICA
QAV / QI
ÓLEO DIESEL
DESTILAÇÃO
À VÁCUO
GÁS ÁCIDO P/ URE
GÁS NATURAL
CO
2
RESÍDUO
AROMÁTICO
ASFALTO
ÓLEO
COMBUSTÍVEL
COQUE VERDE
GÁS COMB.
HIDROTRAT.
DE DIESEL
INSTÁVEL
(U-HDT)
ESQUEMA DE REFINO PARA
PRODUÇÃO DE COMBUSTÍVEIS E AROMÁTICOS
REFORMA
CATALÍTICA
(URC)
COQUEAMENTO
RETARDADO
FRACIONA.
DE
AROMÁTICOS
(URA)
CRAQUEAM.
CATALÍTICO
(U-FCC)
GERAÇÃO
DE
HIDROGÊNIO
H
2
Figura 22 Esquema de Refino da RPBC (PASSOS, 2007)
155
Outro aspecto interessante é a evolução destes arranjos, sendo o Planejamento do Parque
de Refino uma atividade contínua, resultando em gradativas modificações.
156
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