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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
ESTABILIDADE E FILTRABILIDADE DE ÓLEO DIESEL
Marcelo Vieira Alves
Orientadores:
Prof. Dra. Fátima Maria Zanon Zotin
Dr. Ricardo Rodrigues da Cunha Pinto
Rio de Janeiro, Agosto, 2007
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE QMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
Estabilidade e Filtrabilidade de Óleo Diesel
MARCELO VIEIRA ALVES
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Química do Instituto de Química da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro como requisito final para a obtenção do título de Mestre em
Ciências em Engenharia Química.
BANCA EXAMINADORA
Rio de Janeiro, RJ Brasil
Agosto - 2007
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UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro iii
A474 Alves, MarceloVieira
Estabilidade e Filtrabilidade de Óleo Diesel / Marcelo Vieira
Alves - 2007
xvi, 102 f.
Orientador: Fátima Maria Zanon Zotin
Orientador: Ricardo Rodrigues da Cunha Pinto
Dissertação (mestrado) Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Instituto de Química
1. Combustíveis diesel Teses. 2. Oxidação Teses. 3.
Sedimentos e depósitos – Teses. I. Zotin, Fátima Maria Zanon. II.
Pinto, Ricardo Rodrigues da Cunha. III. Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Instituto de Química. IV. Título
CDU 665.75
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro iv
Esta Dissertação é dedicada ao meu pai e
à minha mãe. A eles devo os princípios de
trabalho honesto, de responsabilidade nas
ações e de integridade de caráter.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro v
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre presente.
À Luciana, fonte de inspiração.
Aos amigos da Gerência de Combustíveis do CENPES, em especial a Ana, Joacy,
Juliana, Melissa, Mirres, Rafael e Rosângela, pelo indispensável auxílio técnico.
Ao Flávio Cortiñas e demais colegas da Gerência de Química do CENPES, pela
cessão da fenalenona e suporte técnico.
Aos colegas da Gerência de Lubrificantes e Produtos Especiais do CENPES, pelo
auxílio na condução dos ensaios de envelhecimento natural.
Aos amigos Aguiar, Alander, Alchorne, André, Antonio, Clara, Cláudio, Edimílson,
Fábio, Fernanda, Helineia, Kátia, Luciano, Mauro, Roberta, Roberto, Silmara,
Valéria e Vera, pelo precioso incentivo e fundamental troca de idéias.
Aos colegas de Mestrado Ana Luiza, Angélica, Beth, Bruna, Danielle, Faustino,
Juarez, Omena, Totti e Zilacleide, pelos momentos memoráveis em sala de aula.
Este trabalho não teria sido possível sem a especial colaboração destes.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro vi
EPÍGRAFE
Fascinante
Sr. Spock
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro vii
RESUMO
A crescente demanda pela redução da emissão de poluentes por motores do ciclo
diesel tem levado à adoção de sistemas de injeção mais avançados. Tais sistemas têm folgas
cada vez menores e filtros mais restritivos, o que leva à preocupação com a presença de
partículas e a filtrabilidade do óleo diesel. As partículas podem ser originadas pelo arraste de
materiais que compõem a estrutura de tanques e tubulações, pela admissão de poeira e
umidade pelos respiros dos tanques de armazenamento, por borras microbiológicas e por
produtos de degradação do óleo diesel formados pela sua oxidação. A degradação do óleo
diesel pode ocorrer durante o período de estocagem e distribuição, segundo a condensação
catalisada por ácidos entre compostos aromáticos como as fenalenonas e compostos
nitrogenados heterocíclicos da classe dos indóis. Estes precursores ocorrem nas diversas
correntes utilizadas na composição do combustível, como os gasóleos atmosférico, de
craqueamento catalítico e de coqueamento retardado. No presente estudo foi analisada a
formação de sedimentos em combustíveis modelos e em combustíveis reais, de base
aromática e parafínica, contendo tais precursores naturalmente ou por adição. Esses
combustíveis foram submetidos a ensaios de envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C e
envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C. Uma simulação de estocagem dos
combustíveis modelos por 6 meses a temperatura ambiente também foi realizada. Os modelos
de óleo diesel responderam positivamente aos ensaios de envelhecimento com formação de
sedimentos, podendo ser considerados meios apropriados para verificar a ocorrência do
processo de degradação estudado. A resposta dos combustíveis reais foi ainda mais elevada
em razão de sua complexidade química, composição e presença de impurezas. A formação de
sedimentos mostrou ser afetada pelo perfil de hidrocarbonetos presentes nos combustíveis.
Palavras-chave: óleo diesel, estabilidade, filtrabilidade, insolúveis, ensaios de
envelhecimento.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro viii
ABSTRACT
The increasing demand for the reduction of the pollutants emissions by diesel engines
has led to the adoption of more advanced injection systems. Such systems have increasingly
reduced clearances and more restrictive filters, which result in a concern over the hard particle
presence and the filterability of the diesel fuel. Those hard particles may have their origin in
the tanks and pipelines structural materials dragging, the admission of dust and humidity
through the vents of storage tanks, the microbiological sludge, as well as the diesel fuel
oxidation products. The degradation of the diesel fuel can happen during storage and
distribution, according to the acid-catalysed condensation of aromatic compounds such
phenalenones and indolic nitrogenated heterocyclic compounds. These precursors appear in
several streams used in diesel fuel formulation, as the gasoils from atmospheric distillation,
fluid catalytic cracking and delayed coking units. In the present study the sediment formation
in model and real, aromatic and paraffinic fuels, containing such precursors naturally or by
addition was analysed. The fuels were submitted to accelerated storage stability test for 16
hours at 90 °C and long-term storage stability test for 13 weeks at 43 °C. A storage simulation
of the model fuels for 6 months at ambient temperature was also conducted. The model fuels
responded positively to the storage stability tests with formation of sediments, concluding that
these methods can be considered adequate to verify the occurrence of the studied degradation
process. The real fuels response was even more due to their chemical complexity,
composition and impurities. The formation of sediments showed to be affected by the
hydrocarbon distribution of the fuels.
Keywords: diesel fuel, stability, filterability, sediment, storage stability tests
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro ix
SUMÁRIO
Resumo.............................................................................................................
vii
Abstract............................................................................................................ viii
Lista de Figuras................................................................................................ xi
Lista de Tabelas................................................................................................ xiii
Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................... xvi
1. Introdução.................................................................................................... 1
2. Revisão Bibliográfica.................................................................................... 3
2.1. Produção de Óleo Diesel................................................................... 3
2.2. Especificação do Óleo Diesel............................................................ 5
2.3. Degradação do Óleo Diesel............................................................... 8
2.4. Mecanismos de Degradação do Óleo Diesel............................................. 10
2.5. Formas de Minimizar a Degradação do Óleo Diesel...................................... 14
2.6. Métodos Experimentais de Avaliação da Qualidade do Óleo Diesel.............. 16
2.6.1. Estabilidade à Estocagem................................................................... 16
2.6.2. Filtrabilidade...................................................................................... 19
2.6.3. Características Físico-Químicas......................................................... 22
3. Materiais e Métodos...................................................................................... 27
3.1. Materiais.......................................................................................... 27
3.1.1. Obtenção dos combustíveis.................................................. 27
3.1.2. Adição dos precursores........................................................ 29
3.2. Métodos........................................................................................... 30
3.2.1. Ensaios de Envelhecimento.................................................. 30
3.2.2. Ensaios de Caracterização dos Combustíveis........................ 33
4. Resultados e Discussão................................................................................. 39
4.1. Caracterização dos Combustíveis...................................................... 39
4.1.1. Óleo Diesel Sintético........................................................... 39
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro x
4.1.2. Óleo Diesel Real................................................................. 48
4.2. Avaliação do Potencial de Degradação e da Filtrabilidade dos
Combustíveis..................................................................................
58
4.2.1. Óleo Diesel Sintético........................................................... 58
4.2.2. Óleo Diesel Real................................................................. 70
4.3. Alteração das Propriedades dos Combustíveis com o
Envelhecimento...............................................................................
80
4.3.1. Óleo Diesel Sintético........................................................... 80
4.3.2. Óleo Diesel Real................................................................. 85
5. Conclusões e Recomendações........................................................................ 92
6. Referências Bibliográficas............................................................................. 94
7. Apêndice...................................................................................................... 101
7.1. Lista de Equipamentos...................................................................... 101
7.2. Reagentes......................................................................................... 102
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 Esquema típico de produção de óleo diesel em uma refinaria de
petróleo..........................................................................................
3
Figura 2.2 Sistema de injeção de combustíveis do tipo Common Rail................ 8
Figura 2.3 Erosão por partículas em válvula de admissão de combustível e em
bico injetor.....................................................................................
9
Figura 2.4 Reatividade dos compostos nitrogenados heterocíclicos.................... 11
Figura 2.5 Esquema reacional de degradação do óleo diesel...............................
13
Figura 2.6 Aditivos comumente empregados para evitar a degradação do óleo
diesel..............................................................................................
15
Figura 2.7 Relação entre o tempo e a temperatura utilizados nos ensaios de
envelhecimento do óleo diesel.........................................................
17
Figura 2.8 Equipamento para o ensaio de filtrabilidade......................................
20
Figura 2.9 Contador e classificador de partículas...............................................
21
Figura 2.10 Cor do óleo diesel.......................................................................... 22
Figura 3.1 Bombonas utilizadas no preparo do óleo diesel sintético................... 29
Figura 3.2 Alíquotas para os ensaios de caracterização e envelhecimento...........
30
Figura 3.3 Estufa para envelhecimento natural a 43 °C...................................... 31
Figura 3.4 Quadro de barras padrão para a quantificação da turbidez de
amostras de óleo diesel...................................................................
34
Figura 3.5 Padrão de turbidez para amostras de óleo diesel................................
34
Figura 4.1 Aspecto visual do óleo diesel sintético aromático ensaio e do óleo
diesel parafínico ensaio...................................................................
40
Figura 4.2 Curvas de destilação das amostras de óleo diesel
sintético..........................................................................................
42
Figura 4.3 Curvas de destilação das amostras de óleo diesel real....................... 51
Figura 4.4 Insolúveis totais formados no envelhecimento acelerado por 16 h a
90 °C do óleo diesel sintético..........................................................
59
Figura 4.5 Resultados de cor no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do
óleo diesel sintético........................................................................
60
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xii
Figura 4.6 Película de insolúveis totais do óleo diesel sintético parafínico
controle e ensaio.............................................................................
60
Figura 4.7 Insolúveis formados no envelhecimento natural por 13 semanas a
43 °C do óleo diesel sintético..........................................................
62
Figura 4.8 Insolúveis formados na simulação de estocagem por 6 meses a
temperatura ambiente do óleo diesel sintético..................................
63
Figura 4.9 Material insolúvel no óleo diesel sintético aromático........................ 65
Figura 4.10 Material insolúvel no óleo diesel sintético parafínico......................
65
Figura 4.11 Insolúveis totais formados no envelhecimento acelerado por 16 h a
90 °C do óleo diesel real.................................................................
71
Figura 4.12 Resultados de cor no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do
óleo diesel real...............................................................................
72
Figura 4.13 Película de insolúveis totais do óleo diesel real aromático controle
e ensaio..........................................................................................
72
Figura 4.14 Insolúveis formados no envelhecimento natural por 13 semanas a
43 °C do óleo diesel real.................................................................
74
Figura 4.15 Material insolúvel no óleo diesel real aromático............................. 76
Figura 4.16 Material insolúvel no óleo diesel real parafínico............................. 76
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Especificação do óleo diesel automotivo comercializado no Brasil..
7
Tabela 2.2 Ensaios de envelhecimento para o óleo diesel.................................
17
Tabela 2.3 Limites de contaminação por partículas segundo a classificação
ISO 4406:1999..............................................................................
21
Tabela 3.1 Fração mássica de hidrocarbonetos dos petróleos Marlim e Baiano
na faixa de destilação do óleo diesel (200 °C a 400 °C).................
28
Tabela 3.2 Fração mássica dos compostos puros na formulação do óleo diesel
sintético........................................................................................
28
Tabela 3.3 Matriz de combustíveis e ensaios................................................... 33
Tabela 4.1 Aspecto visual das amostras de óleo diesel sintético....................... 39
Tabela 4.2 Índice de acidez das amostras de óleo diesel sintético.....................
40
Tabela 4.3 Teor de água por Karl Fischer das amostras de óleo diesel sintético 41
Tabela 4.4 Destilação das amostras de óleo diesel sintético............................. 42
Tabela 4.5 Massa específica das amostras de óleo diesel sintético....................
43
Tabela 4.6 Número de cetano das amostras de óleo diesel sintético..................
43
Tabela 4.7 Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel
sintético........................................................................................
44
Tabela 4.8 Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel sintético...............
45
Tabela 4.9 Teores de metais das amostras de óleo diesel sintético....................
45
Tabela 4.10 Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel sintético.............. 46
Tabela 4.11 Resumo da caracterização das amostras de óleo diesel sintético.... 47
Tabela 4.12 Aspecto visual das amostras de óleo diesel real............................ 48
Tabela 4.13 Índice de acidez das amostras de óleo diesel real.......................... 49
Tabela 4.14 Teor de água por Karl Fischer das amostras de óleo diesel real..... 50
Tabela 4.15 Destilação das amostras de óleo diesel real...................................
50
Tabela 4.16 Massa específica das amostras de óleo diesel real......................... 52
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xiv
Tabela 4.17 Número de cetano das amostras de óleo diesel real....................... 52
Tabela 4.18 Teor de enxofre das amostras de óleo diesel real...........................
53
Tabela 4.19 Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel
real...............................................................................................
53
Tabela 4.20 Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel real.................... 54
Tabela 4.21 Teores de metais das amostras de óleo diesel real......................... 54
Tabela 4.22 Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel real......................
55
Tabela 4.23 Resumo da caracterização das amostras de óleo diesel real........... 57
Tabela 4.24 Partículas contaminantes das amostras de óleo diesel sintético......
58
Tabela 4.25 Envelhecimento do óleo diesel sintético por 16 h a 90 °C............. 59
Tabela 4.26 Envelhecimento do óleo diesel sintético por 13 semanas a 43 °C...
61
Tabela 4.27 Envelhecimento do óleo diesel sintético por 6 meses a
temperatura ambiente....................................................................
63
Tabela 4.28 Resumo da formação de insolúveis para as amostras de óleo
diesel sintético..............................................................................
64
Tabela 4.29 Filtrabilidade das amostras de óleo diesel sintético.......................
68
Tabela 4.30 Contagem de Partículas das amostras de óleo diesel sintético........
69
Tabela 4.31 Partículas contaminantes das amostras de óleo diesel real............. 70
Tabela 4.32 Envelhecimento do óleo diesel real por 16 h a 90 °C.....................
71
Tabela 4.33 Envelhecimento do óleo diesel real por 13 semanas a 43 °C..........
73
Tabela 4.34 Resumo da formação de insolúveis para as amostras de óleo
diesel real.....................................................................................
75
Tabela 4.35 Filtrabilidade das amostras de óleo diesel real.............................. 78
Tabela 4.36 Contagem de Partículas das amostras de óleo diesel real...............
79
Tabela 4.37 Aspecto visual das amostras de óleo diesel sintético após
envelhecimento.............................................................................
81
Tabela 4.38 Massa específica das amostras de óleo diesel sintético após
envelhecimento.............................................................................
82
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xv
Tabela 4.39 Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel
sintético após envelhecimento.......................................................
83
Tabela 4.40 Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel sintético após
envelhecimento.............................................................................
84
Tabela 4.41 Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel sintético após
envelhecimento.............................................................................
85
Tabela 4.42 Aspecto visual das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
86
Tabela 4.43 Índice de acidez das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
87
Tabela 4.44 Massa específica das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
88
Tabela 4.45 Teor de enxofre das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
88
Tabela 4.46 Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel
real após envelhecimento por 13 semanas a 43 °C..........................
89
Tabela 4.47 Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
90
Tabela 4.48 Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C........................................
91
Tabela 7.1 Principais propriedades dos compostos puros utilizados na
formulação do óleo diesel sintético................................................
102
Tabela 7.2 Principais propriedades dos precursores utilizados......................... 102
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro xvi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
ARP Aerospace Recommended Practice
ASTM American Society for Testing and Materials
CARB California Air Resource Board
EPA Environmental Protection Agency
FCC Fluid Catalytic Cracking, ou Craqueamento Catalítico Fluido
GLP gás liquefeito de petróleo
IQT Ignition Quality Tester
ISO International Organization for Standardization
LCO light cycle oil, ou óleo leve de reciclo
LPR low pressure reactor
NAS National Aerospace Standard
SwRI Southwest Research Institute
Tamb temperatura ambiente
UOP Universal Oil Products Company
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 1
1. INTRODUÇÃO
O óleo diesel é um combustível derivado do petróleo de faixa de destilação entre
220 °C e 400 °C, utilizado em motores de combustão interna por compressão em automóveis,
tratores, navios e locomotivas, e em aplicações estacionárias, como na geração de energia. No
Brasil, o modelo energético apóia-se no transporte de cargas por via rodoviária em caminhões
movidos a óleo diesel, em detrimento do transporte ferroviário, fluvial e cabotagem, realçado
também pela utilização do etanol como combustível automotivo, o que reduz o consumo de
gasolina. Assim, o óleo diesel tornou-se o derivado propulsor do refino no país, produzido
com rendimento médio em relação ao petróleo de 40 % em volume, enquanto que em outros
países esta relação situa-se entre 15 % e 25 % e os esquemas de refino são voltados para a
produção de gasolina. Entretanto, em razão de sua eficiência (superior à dos motores à
gasolina) e flexibilidade, uma tendência crescente de utilização dos motores diesel na
indústria automotiva mundial, refletindo em um aumento da sua demanda em relação a outros
derivados. A utilização de avançados sistemas de injeção para reduzir as emissões de
poluentes explicam a necessidade de cuidados com a estabilidade do combustível.
Um dos fatores determinantes para a estabilidade à oxidação do óleo diesel e,
conseqüentemente, seu desempenho no campo é a sua composição química, influenciada
diretamente pelo tipo de petróleo e pelo esquema de refino. O balanceamento entre as diversas
classes de hidrocarbonetos e o controle de contaminantes como compostos nitrogenados,
sulfurados e oxigenados possibilita a adequada resistência do combustível a alterações de
qualidade ao longo de sua estocagem ou sob condições de uso a altas temperaturas. A
presença de produtos de oxidação no combustível pode prejudicar o desempenho do produto,
ao causar a obstrução de filtros de combustível e a erosão de partes do sistema de injeção.
Diversos outros aspectos influenciam a estabilidade à estocagem e a filtrabilidade do
combustível. Em função da composição e dos processos de refino empregados na produção do
óleo diesel, têm posição de destaque em sua degradação os compostos nitrogenados
heterocíclicos, como os da classe dos indóis, as espécies aromáticas oxigenadas, como as
fenalenonas, e a acidez.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2
Face à importância que os estudos de estabilidade à oxidação do óleo diesel vêm
alcançando em função do aumento mundial da demanda por combustíveis destilados médios,
o presente estudo propõe-se a verificar a formação de sedimentos em combustíveis modelos e
em combustíveis reais, de base aromática e parafínica, contendo os compostos precursores de
degradação. Para tanto, tais combustíveis foram submetidos a ensaios de envelhecimento
próprios para combustíveis destilados médios, como o envelhecimento acelerado por 16 horas
a 90 °C e o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C, além de uma simulação de
estocagem dos combustíveis modelos por 6 meses a temperatura ambiente.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Produção de Óleo Diesel
Os petróleos nacionais oriundos da Bacia de Campos, que representam cerca de 80 %
do volume produzido no país [1], apresentam um perfil de rendimento de derivados destilados
bem diferente do petróleo tipo Brent, utilizado como referência de preço no mercado mundial.
Os rendimentos são menores para derivados nobres como nafta, querosene e óleo diesel, e
maiores para derivados mais pesados como o óleo combustível. Por essa razão, para o pleno
atendimento da demanda por derivados os esquemas de refino utilizados no Brasil são
voltados para a conversão das frações mais pesadas em produtos nobres em unidades de
craqueamento catalítico e de coqueamento retardado (Figura 2.1). Adicionalmente, alguns
petróleos da Bacia de Campos podem apresentar outras características peculiares, como
baixos teores de compostos de enxofre e de compostos parafínicos e altos teores de compostos
contendo nitrogênio e de compostos naftênicos. Por exemplo, um petróleo nacional pesado
pode apresentar teor de enxofre de 0,7 %m e teor de nitrogênio de 0,50 %m, enquanto que um
petróleo árabe pesado pode apresentar teor de enxofre de 3,3 %m e teor de nitrogênio de
0,13 %m [2].
resíduo de
vácuo
gasóleo de
vácuo
Craqueamento
Catalítico
Tanques de
Óleo Diesel
Hidrotratamento
Coqueamento
Retardado
Destilação
Atmosférica
Destilação
a Vácuo
Petróleo
gasóleo atmosférico
gasóleo de coque
gasóleo de
craqueamento
resíduo
atmosférico
Figura 2.1 – Esquema típico de produção de óleo diesel em uma refinaria de petróleo [3].
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 4
A destilação atmosférica é um processo físico de separação baseado nas diferenças de
pontos de ebulição entre os diversos hidrocarbonetos coexistentes no petróleo bruto [3].
Assim, variando-se as condições de aquecimento de um petróleo sob pressão atmosférica é
possível separar frações de interesse como naftas, querosene e gasóleo atmosférico (também
chamado de óleo diesel de destilação direta, ou óleo diesel DD, forma como essa corrente será
tratada neste trabalho). O resíduo da destilão atmosférica pode ainda ser destilado sob
pressão reduzida (destilação a vácuo), produzindo gasóleos e resíduo de vácuo, cargas das
unidades de craqueamento catalítico e de coqueamento retardado, respectivamente.
O craqueamento catalítico (Fluid Catalytic Cracking, ou FCC) é um processo de
refino cuja principal finalidade é a produção de gás liquefeito de petróleo (GLP) e gasolina,
sendo amplamente utilizado em países nos quais a demanda por estes derivados é elevada [3].
A carga é o gasóleo proveniente da destilação a vácuo que, quando submetido a determinadas
condições de temperatura e pressão em presença de catalisador, é decomposto em frações
mais leves como GLP, gasolina e gasóleos como o óleo leve de reciclo (Light Cycle Oil, ou
LCO). Este gasóleo de craqueamento apresenta faixa de destilação compatível com a do óleo
diesel, podendo ser a este adicionado após hidrotratamento para redução dos níveis de enxofre
e de hidrocarbonetos olefínicos, ou utilizado como diluente de óleo combustível, para
diminuir sua viscosidade. As reações de craqueamento também produzem coque, que se
deposita no catalisador e é queimado quando da regeneração do catalisador.
O coqueamento retardado é um processo de craqueamento rmico. Sua carga é o
resíduo da destilação a vácuo que, quando submetido a condições bastante severas de
temperatura e pressão, tem quebradas as moléculas dos hidrocarbonetos de cadeia aberta,
produzindo frações leves como nafta e gasóleos de coque [3]. Os hidrocarbonetos mais
pesados, formados por moléculas aromáticas polinucleares, resinas ou asfaltenos geram o
chamado coque de petróleo. A fração mais leve dos gasóleos de coque pode ser incorporada
ao óleo diesel, após hidrotratamento para redução dos níveis de enxofre, hidrocarbonetos
olefínicos e di-olefínicos, enquanto que o coque de petróleo, por queimar sem deixar cinzas,
constitui um excelente material para a produção dos eletrodos necessários na indústria do
alumínio.
Dessa forma, na composição do óleo diesel podem ser utilizadas correntes originadas
nas diferentes unidades de processo existentes nas refinarias. Além disto, diversas variáveis
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 5
influenciam a escolha da melhor composição do óleo diesel em uma refinaria. Entre estas
variáveis podem ser citadas:
- a alocação de petróleo: o tipo e o volume dos petróleos disponíveis para
processamento;
- a infra-estrutura existente: as variáveis operacionais de cada unidade de processo, a
capacidade de produção de cada corrente, o armazenamento de petróleo e derivados em
tanques e o escoamento da produção por oleodutos, navios, trens e outras vias de transporte;
- o atendimento ao mercado: a entrega em tempo hábil ao mercado consumidor dos
volumes de derivados necessários e apropriados para aquela região;
- as legislações ambientais: o atendimento aos limites de emissões atmosféricas
decorrentes das atividades de refino; e
- a maximização dos resultados operacionais.
Adicionalmente, as diversas correntes que podem ser utilizadas na composição do óleo
diesel apresentam, principalmente em função da carga processada e da severidade do
processamento, distintos teores de hidrocarbonetos e de compostos heterocíclicos (no caso,
compostos que apresentam no anel um elemento diferente do carbono, mais comumente
nitrogênio, enxofre ou oxigênio), alguns instáveis e reativos. O efeito sinérgico da mistura de
tais correntes pode resultar em alterações de qualidade no óleo diesel, que se manifestam por
mudança de cor (escurecimento), formação de material insolúvel e gomas, como
conseqüência da oxidação química de compostos a espécies de elevada massa molar com
solubilidade limitada no combustível. A presença desses compostos em teores elevados em
uma corrente pode comprometer a qualidade do óleo diesel final produzido em uma refinaria.
Como uma refinaria estabelece sua operação em razão de recursos e variáveis
peculiares, o óleo diesel ali produzido apresenta características que o diferenciam do óleo
diesel produzido por outra refinaria. Entretanto, todos devem apresentar propriedades comuns
que garantam sua qualidade.
2.2. Especificação do Óleo Diesel
Uma das formas de assegurar a qualidade do óleo diesel é a definição de parâmetros
de qualidade que o combustível deve apresentar para que possa ser comercializado. Esses
parâmetros, traduzidos em termos de características físico-químicas, compõem uma
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 6
especificação, que é baseada em valores adequados para aspectos relevantes de qualidade
como aparência, composição, volatilidade, fluidez e combustão, entre outros, determinados
por ensaios físicos e/ou químicos normatizados e de grande aceitação. Diversos métodos de
ensaio para as propriedades de interesse do óleo diesel foram estabelecidos junto com a
indústria do petróleo, e vêm sendo objeto de grande desenvolvimento.
No Brasil, o óleo diesel deve atender à especificação da Ancia Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que utiliza ensaios baseados nas normas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou da American Society for Testing and
Materials (ASTM). A especificação em vigor (vide Tabela 2.1) para o óleo diesel produzido a
partir do refino do petróleo e utilizado no transporte rodoviário foi estabelecida pela
Resolução ANP n° 15, de 17 de julho de 2006 [4].
Existem dois tipos de óleo diesel que podem ser comercializados no território
nacional, distintos em função de critérios relacionados com níveis de poluição, tais como a
densidade demográfica e o nível de industrialização das diversas regiões do país. A diferença
principal entre a especificação do óleo diesel metropolitano e a do óleo diesel interior é o teor
máximo de enxofre: 500 mg/kg para o metropolitano e 2000 mg/kg para o interior. A menor
quantidade de enxofre no óleo diesel metropolitano visa reduzir as emissões de óxidos de
enxofre e contribuir para a melhora da qualidade do ar nos aglomerados urbanos nos quais tal
tipo de óleo diesel é comercializado. Negociações entre o Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), ANP, produtores de óleo diesel,
associações de montadoras de veículos e outros órgãos da sociedade civil estão em andamento
para a definição de limites menores para o teor de enxofre no óleo diesel brasileiro.
Embora a especificação do óleo diesel defina diversas características fundamentais
para assegurar a qualidade do produto comercializado, ela não abrange todos os aspectos para
a adequação do combustível ao seu uso, como os teores dos diversos compostos nitrogenados
e a acidez, por exemplo. Por outro lado, a necessidade de redução dos poluentes emitidos por
motores do ciclo diesel tem levado, juntamente com a diminuição do teor de enxofre no
combustível, ao desenvolvimento tecnológico contínuo. A adoção de sistemas de injeção com
folgas cada vez menores requer a utilização de filtros mais restritivos nos novos motores [5],
o que leva à preocupação com a presença de partículas e a filtrabilidade do óleo diesel.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 7
Tabela 2.1 - Especificação do óleo diesel automotivo comercializado no Brasil.
L
IMITE
M
ÉTODO
C
ARACTERÍSTICA
U
NIDADE
M
ETROPO
-
LITANO
(1)
I
NTERIOR
(2)
ABNT ASTM
Aspecto
Límpido e isento de
impurezas
visual
Cor - vermelho visual
Cor ASTM, x 3,0 3,0
(3)
NBR14483
D1500
Teor de Biodiesel
(4)
%v 2,0 2,0
Enxofre Total, máx mg/kg 500 2000
NBR14875
-
NBR14533
-
D1552
D2622
D4294
D5453
Destilação
10% vol. recuperados Anotar
50% vol. rec., máx 245,0 a 310,0
85% vol. rec., máx 360,0 370,0
90% vol. rec.
°C
Anotar
NBR9619 D86
Massa específica a 20ºC kg/m
3
820 a 865 820 a 880
NBR7148
NBR14065
D1298
D4052
Ponto de fulgor, min. °C 38,0
NBR7974
NBR14598
-
D56
D93
D3828
Viscosidade a 40ºC. mm
2
/s 2,0 a 5,0 NBR10441
D445
Ponto de entupimento de
filtro a frio
°C
(5)
NBR14747
D6371
Número de Cetano, mín. 42 - D613
Resíduo de carbono
Ramsbottom no resíduo dos
10% finais da destilação,
máx.
%m 0,25 NBR14318
D524
Cinzas, máx. %m 0,010 NBR9842 D482
Corrosividade ao cobre, 3h a
50ºC, máx.
1 NBR14359
D130
Água e sedimentos, máx. %v 0,05 NBR14647
D1796
Lubricidade, máx.
µm
460
(6)
- - D6079
(1)
Comercializado nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, São Paulo, Campinas, Baixada Santista, São
José dos Campos, Belo Horizonte, Vale do Aço, Belém, Fortaleza, Recife, Aracaju, Salvador, Curitiba, Porto
Alegre e Vitória.
(2)
Comercializado nas demais regiões.
(3)
Limite requerido antes da adição do corante vermelho.
(4)
Adição não obrigatória.
(5)
Limites conforme região do Brasil e época do ano. O valor mais restritivo é de 0 °C para os estados de Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul nos meses de maio a setembro.
(6)
Apenas os óleos diesel que apresentarem teores de enxofre inferiores a 250mg/kg necessitam ter suas
lubricidades determinadas e informadas à ANP, sem comprometimento da comercialização dos produtos.
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2.3. Degradação do Óleo Diesel
A formação de material insolúvel pela degradação do óleo diesel pode ser prejudicial
ao desempenho dos motores. O sistema de alimentação de combustível da maior parte dos
motores diesel possui dois filtros: um primário, localizado antes da bomba de alimentação,
que retém as partículas maiores que 30 µm, e outro secundário, localizado antes da bomba
injetora, com abertura de malha igual a 10 µm. Em combustíveis que apresentam grande
quantidade de sedimentos é possível que partículas de tamanho entre 15 e 25 µm obstruam os
filtros secundários, reduzindo sua vida útil, e que partículas de 5 µm atravessem todo o
sistema de filtração e causem erosão nos bicos injetores e nas camisas dos cilindros [6].
Adicionalmente, os modernos sistemas de injeção de óleo diesel do tipo Common Rail
(galeria única) são de grande complexidade e sensibilidade [7] e operam a altas pressões, com
volume e tempo precisos (Figura 2.2), exigindo filtros com eficiências de retenção de água e
partículas cada vez mais elevadas [5] a fim de evitar a erosão em válvulas e bicos injetores
(Figura 2.3).
Figura 2.2 – Sistema de injeção de combustíveis do tipo Common Rail. O combustível é
mantido sob pressão em um acumulador antes de ser direcionado aos injetores (no detalhe à
direita) [7].
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 9
Figura 2.3 – Erosão por partículas em válvula de admissão de combustível [8] e em bico
injetor [9].
A filtrabilidade, que pode ser considerada uma medida da limpeza do combustível, é
definida como a habilidade do combustível em passar por um filtro sem provocar aumento de
pressão. Ela é influenciada diretamente pelos sedimentos presentes no combustível, que
podem ser originados pelo arraste de materiais que compõem a estrutura de tanques e
tubulações, pela admissão de poeira e umidade pelos respiros dos tanques de armazenamento,
por borras microbiológicas e por produtos de degradação do óleo diesel formados pela sua
oxidação.
O arraste de material, a admissão de poeira e umidade e o surgimento de borras
microbiológicas podem ser evitados pelo uso de sistemas de estocagem e transporte limpos e
por procedimentos adequados de manuseio, como a drenagem diária de água dos tanques de
armazenamento e a substituição periódica dos elementos dos filtros prensa, o equipamento
mais utilizado para a filtração de óleo diesel junto ao usuário final. Por outro lado, a
degradação do óleo diesel pode ocorrer durante o período de estocagem e distribuição ou por
exposição a temperaturas elevadas, como resultado das complexas interações entre
hidrocarbonetos e compostos heterocíclicos de nitrogênio, enxofre e oxigênio. Conforme será
abordado a seguir, os hidrocarbonetos aromáticos e os compostos nitrogenados parecem ser os
mais importantes para a degradação do óleo diesel durante a sua estocagem.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 10
2.4. Mecanismos de Degradação do Óleo Diesel
Tipicamente, correntes de óleo diesel de destilação direta são compostas, na sua
maioria, por moléculas saturadas do tipo parafínicas ou naftênicas, enquanto que, no gasóleo
de craqueamento catalítico, predomina a fração de hidrocarbonetos aromáticos e podem surgir
quantidades apreciáveis de moléculas olefínicas, típicas do produto de craqueamento. No
gasóleo de coqueamento retardado ocorre um balanceamento entre as moléculas saturadas e
as aromáticas. Quanto aos contaminantes, teores elevados de compostos nitrogenados
heterocíclicos são encontrados nos gasóleos de craqueamento catalítico e de coqueamento
retardado. Espécies aromáticas oxigenadas como as fenalenonas (produto da auto-oxidação do
fenaleno) também estão presentes no gasóleo de craqueamento catalítico e térmico [10].
Os tipos de compostos nitrogenados heterocíclicos conhecidos ou suspeitos de
ocorrerem naturalmente nos combustíveis incluem aminas, piridinas, quinolinas, indóis,
pirróis e carbazóis, e os efeitos de suas estruturas sobre a reatividade na degradação do óleo
diesel têm sido investigados usando compostos modelos [11,12]. Os compostos nitrogenados
mais reativos seriam os pirróis alquilados [12], com influência da posição dos grupamentos
alquil no anel heterocíclico: a alquilação no carbono adjacente ao nitrogênio ativaria o
composto muito mais do que nas posições mais remotas, enquanto que a alquilação no
nitrogênio parece retardar a formação de sedimentos. Segundo FRANKENFELD et al. [12],
compostos envolvendo anéis aromáticos adjacentes aparentemente têm sua reatividade
reduzida. Dessa forma, os indóis seriam menos reativos do que os pirróis.
Muitas vezes a literatura apresenta diferentes resultados a respeito dos papéis
desempenhados por alguns compostos nitrogenados no processo de degradação do óleo diesel.
A comparação dos resultados publicados é complicada devido ao grande número de variáveis
investigadas, como composição do combustível, superfície de reação, presença de peróxidos,
concentração de oxigênio dissolvido e temperatura de reação [13,14]. Contudo,
FRANKENFELD et al. [12], estudaram o efeito isolado de diversos compostos nitrogenados
das classes dos pirróis, indóis e quinolinas na formação de sedimentos. Tais compostos foram
adicionados a n-decano, querosene de aviação e óleo diesel, e submetidos a envelhecimento
por até 16 semanas a 43 °C, em atmosfera com excesso de oxigênio e na ausência de luz. Ao
final do estudo foi proposta uma generalização conforme a Figura 2.4, na qual a reatividade
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 11
dos compostos nitrogenados na formação de sedimentos decresce da esquerda para a direita e
de cima para baixo.
N
Pirróis
2,5-dimetil
N
N
N
N
R
1,2,5-trimetil
2,4-dimetil-3-etil
pirrol 1-metil ou 1-fenil
> >
>> >
Indóis
N
N
N
N
N
N
N
2-metil
2,3-dimetil
2,5-dimetil
3-metil
1,2-dimetil indol
carbazol
>
>
>
>
> >
Quinolinas
N
1,3-dihidro-2,2,4-trimetil
N N
N
2,6-dimetil
2-metil
quinolina
>
>
>
Figura 2.4 – Reatividade dos compostos nitrogenados heterocíclicos [12].
Por ser o composto nitrogenado mais reativo, o 2,5-dimetil-pirrol tem sido utilizado
como molécula modelo em vários estudos de instabilidade, em teores que alcançam até os
10.000 mg/kg [12]. Contudo, pouca relação com o processo que efetivamente ocorre nos
combustíveis destilados médios uma vez que estes apresentam uma relativamente baixa
concentração de compostos pirrólicos em função das temperaturas de ebulição. Por exemplo,
o 2,5-dimetil-pirrol apresenta ponto de ebulição de 165 °C, abaixo da faixa de destilação usual
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 12
do óleo diesel, entre 220 °C e 400 °C. Nos gasóleos de craqueamento catalítico, a maior
fração dos compostos nitrogenados é composta por nitrogenados não-básicos como os indóis,
que são produzidos pelo craqueamento incompleto e não-seletivo de compostos nitrogenados
de massa molar mais alta como os benzo- e dibenzocarbazóis [15,16,17].
Nos estudos de FRANKENFELD et al. [12], a quantidade de sedimentos gerados pelo
2,5-dimetil-pirrol foi tão superior à dos demais compostos nitrogenados estudados que estes e
outros autores argumentam [12,13,14] que sua auto-oxidação não é sensível ao tipo de
combustível, temperatura de reação, solvente ou concentração. Dessa forma, os indóis seriam
compostos mais importantes no mecanismo de degradação do óleo diesel do que os pirróis.
Os derivados de indóis são compostos não-básicos porque o par de elétrons livre do
nitrogênio participa da aromaticidade do anel heterocíclico juntamente com os elétrons das
duplas ligações [15]. De acordo com a generalização de FRANKENFELD et al [12], o
2-metil-indol seria o mais reativo entre os indóis e carbazóis na formação de sedimentos.
Adicionalmente, segundo MUSHRUSH et al [13], os 2-alquilindóis não condensam para
formar dímeros ou trímeros.
Por causa desta complexidade, não é possível predizer a estabilidade de um óleo diesel
simplesmente com base no teor de nitrogênio total. A estrutura detalhada dos compostos
nitrogenados e suas interações com outras espécies reativas é que influenciam o processo
global de formação de sedimentos [12,14,18].
Por outro lado, a maioria dos compostos nitrogenados básicos (como piridinas e
quinolinas) e os compostos heterocíclicos de enxofre e oxigênio não conduzem à formação de
sedimentos após 16 semanas de estocagem a 43 °C [11,12,13,19]. Esses resultados contrastam
com estudos [13,20] nos quais diversos compostos sulfurados e oxigenados prejudicam a
estabilidade térmica de combustíveis de aviação quando envelhecidos por 15 horas a 140 °C.
Nesse caso, a formação de depósitos ocorre por mecanismos diferentes: auto-oxidação, a
temperatura ambiente ou próxima, e craqueamento, sob condições de altas temperaturas [19].
O óleo diesel também tende a se degradar quando exposto às altas temperaturas do sistema de
injeção dos veículos, formando depósitos sobre a superfície dos injetores ou obstruindo seus
orifícios [19].
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 13
Embora a formação de sedimentos decorrente da degradação do óleo diesel tenha sido
bastante estudada, poucas reações químicas importantes para o processo foram identificadas
[13]. Uma delas consiste justamente na condensação catalisada por ácidos entre compostos
aromáticos e nitrogenados heterocíclicos [21,22], conforme a Figura 2.5.
O
N
N
N
O
+
+
fenaleno
fenalenona
indol
indolfenaleno
indolfenalenona
sedimentos
H
+
H
+
auto-
oxidação
auto-
oxidação
Figura 2.5 – Esquema reacional de degradação do óleo diesel [22].
Em uma primeira etapa, as fenalenonas reagem com os indóis originando os
verdadeiros precursores (indolfenalenos) que são solúveis no combustível e responsáveis pela
degradação de cor. Tal modificação constitui o primeiro indicativo da alteração de qualidade
do óleo diesel. Em uma segunda etapa e em meio ácido (ácidos sulfônicos são produzidos
pela oxidação de mercaptans ou dissulfetos), ocorre a conversão destas espécies a compostos
insolúveis (sais ou óxidos) [23,24].
Embora diferenças de severidade (condições operacionais como temperatura, pressão e
natureza do catalisador, entre outros) e de carga processada nas unidades conduzam a
variações nos teores dos compostos nitrogenados e de fenalenonas, os gasóleos de
craqueamento catalítico e térmico apresentam em quantidades apreciáveis estes compostos
precursores do mecanismo de degradação do óleo diesel. As frações destiladas de petróleo
nacionais, por outro lado, podem ser ácidas e, portanto, o óleo diesel preparado pela mistura
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 14
destas correntes pode conter todos os fatores necessários para a ocorrência do processo de
degradação com formação de material insolúvel.
2.5. Formas de Minimizar a Degradação do Óleo Diesel
A degradação do óleo diesel pode ser evitada de várias maneiras, como, por exemplo,
promovendo a mistura de correntes que não apresentem os compostos precursores ou acidez.
Essa degradação pode ainda ser interrompida pela eliminação dos precursores envolvidos por
hidrotratamento, ou pela aditivação com antioxidantes ou estabilizadores básicos. A
eliminação de apenas um dos precursores ou da acidez é suficiente para que a formação de
insolúveis não ocorra [25].
O hidrotratamento, mesmo a baixa severidade, é capaz de remover os compostos
nitrogenados indólicos e reduzir a acidez das correntes de destilação direta [25,26]. Pode ser
empregado em misturas de correntes ou em correntes individuais antes da incorporação ao
óleo diesel, de acordo com o esquema de produção adotado na refinaria.
O hidrotratamento, além de aumentar a estabilidade à estocagem pela diminuição dos
teores de compostos heterocíclicos e pela conversão de hidrocarbonetos olefínicos (que
poderiam formar peróxidos ao reagirem com oxigênio) a hidrocarbonetos parafínicos,
promove a melhoria da qualidade de ignição do óleo diesel. Os compostos aromáticos, que
queimam com atraso em motores do ciclo diesel e são responsáveis pelo aumento das
emissões veiculares, são saturados a naftênicos, de melhor qualidade de ignição. Entretanto,
correntes severamente hidrotratadas podem apresentar degradação de cor uma vez que a
dessulfurização do benzotiofeno, composto passível de ser encontrado no gasóleo de
craqueamento, pode desencadear a formação de compostos poliaromáticos fluorescentes [27].
Perante o grau de complexidade do processo de degradação e dos fatores que influenciam a
estabilidade do óleo diesel, faz-se necessária uma maior compreensão do efeito da
composição das correntes e da severidade do hidrotratamento na estabilidade do combustível.
Os aditivos atuam no bloqueio das reações envolvidas no processo de degradação. As
características necessárias a um aditivo variam amplamente de um combustível para outro,
devido à formulação deste combustível e à complexidade das reações envolvidas. Desta
forma, os aditivos devem ser testados nas correntes que compõem o óleo diesel, sendo
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 15
selecionado o mais efetivo e a dosagem adequada. Melhores resultados são obtidos quando o
aditivo é adicionado imediatamente após a produção do combustível.
A compreensão da atuação da função química dos aditivos utilizados é de fundamental
importância para a eficácia do processo. Os aditivos antioxidantes, dentre os quais são mais
utilizados os fenóis impedidos estericamente e as aminas, atuam interrompendo as reações em
cadeia iniciadas pelo ataque do oxigênio atmosférico aos compostos reativos do combustível.
Os aditivos estabilizadores são empregados para evitar reações do tipo ácido-base, consistindo
tipicamente de aminas básicas fortes que reagem com ácidos fracos formando produtos
estáveis e solúveis no combustível. Os dispersantes não previnem a formação de goma, mas a
mantém finamente dividida em suspensão, permitindo sua passagem por filtros. Já os aditivos
desativadores de metais seqüestram metais como cobre e ferro, que mesmo presentes em
teores na faixa de partes por bilhão aceleram as reações de degradação do combustível
[14,28], neutralizando seus efeitos catalíticos. Exemplos de compostos utilizados como
aditivos são apresentados na Figura 2.6.
H
9
C
4
C
4
H
9
OH N
OH
N N
HO
2-6-Di-t-butil-4-metilfenol
(antioxidante)
N,N-dimetilciclohexil amina
(estabilizador)
N,N-disalicilideno-1,2-propanodiamina
(desativador de metais)
Figura 2.6 – Aditivos comumente empregados para evitar a degradação do óleo diesel [29].
Presume-se que a estabilidade à oxidação do óleo diesel alcance cada vez mais
importância com o aumento mundial da demanda por combustíveis destilados médios. Para
atender ao mercado consumidor, as companhias refinadoras estão sendo forçadas a investir
em processos secundários de conversão ou na obtenção de combustíveis a partir de processos
como Fischer-Tropsch (conversão catalítica do gás de síntese, uma mistura de monóxido de
carbono e hidrogênio, em hidrocarbonetos parafínicos de massa molar elevada). Entretanto, a
mistura de correntes do processo de Fischer-Tropsch com gasóleos de craqueamento catalítico
altamente aromáticos pode resultar em combustíveis menos resistentes à degradação [30]. Se,
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 16
de uma forma geral, a ocorrência apenas de alteração de cor não compromete o desempenho
do óleo diesel, por outro lado, os sedimentos formados reduzem a vida útil dos filtros de
combustível e dos componentes do sistema de injeção [6]. Este cenário evidencia a
necessidade do conhecimento, para uma determinada formulação de óleo diesel, do seu
potencial de degradação e de sua filtrabilidade.
2.6. Métodos Experimentais de Avaliação da Qualidade do Óleo Diesel
2.6.1. Estabilidade à Estocagem
A estabilidade à estocagem pode ser definida como a resistência do combustível a
alterações de qualidade ao longo do tempo. As alterações que podem ocorrer incluem
mudança de cor (escurecimento), desenvolvimento de gomas e material particulado seguido
de sedimentação, mudanças nas propriedades físicas, químicas ou de combustão, e
incompatibilidade com outros combustíveis. O estudo da estabilidade à estocagem ganhou
importância em dois momentos: após a Segunda Guerra Mundial, em função dos interesses
governamentais e militares nos estoques de combustível, e no início da década de 1980, com a
queda de qualidade dos petróleos aliada à busca por fontes alternativas de combustíveis como
os óleos de xisto e de carvão.
As técnicas analíticas adequadas para a avaliação do potencial de degradação de uma
determinada formulação de óleo diesel são os ensaios de envelhecimento, nos quais um
volume determinado do combustível é estocado por tempo e temperatura apropriados,
definidos de forma a permitir a estimativa do que ocorrerá quando o combustível for estocado
por longo tempo em condições ambientes. Após este tratamento o material insolúvel formado
é quantificado gravimetricamente. A comparação da cor do óleo diesel antes e após o
envelhecimento também fornece uma estimativa de sua estabilidade. Alguns ensaios de
envelhecimento são apresentados na Tabela 2.2.
O efeito da temperatura sobre a taxa de reação obedece à Lei de Arrhenius [11]:
quanto maior a temperatura utilizada no ensaio, menor o tempo de exposição, e vice-versa. A
variação do par tempo-temperatura para os ensaios da Tabela 2.2 pode ser observada na
Figura 2.7.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 17
Tabela 2.2 - Ensaios de envelhecimento para o óleo diesel.
N
°
E
NSAIO
Tempo Temperatura
Outras condições
1
Du Pont F21
(ASTM D6468) [31]
1,5 h 150 °C -
2 UOP 413 [32] 16 h 100 °C
Amostra pré-saturada com ar
por borbulhamento
3 ASTM D2274 [33] 16 h 95 °C
Oxigênio borbulhado na
amostra durante o ensaio
4 ASTM D5304 [34] 16 h 90 °C Sob atmosfera de oxigênio
5
Department Of
Energy [35]
3, 7 ou
14 dias
80 °C -
6 Du Pont F31 [35] 7 dias 80 °C -
7
BP DEF
2000 17 [36]
4
semanas
49 °C -
8 ASTM D4625 [37]
13
semanas
43 °C -
20
40
60
80
100
120
140
160
1 10 100 1000 10000
Tempo, h
Temperatura, °C
1
2
3
4
8
5
6
7
Figura 2.7 – Relação entre o tempo e a temperatura utilizados nos ensaios de envelhecimento
do óleo diesel. Os números próximos aos pontos se referem aos ensaios da Tabela 2.2.
Embora diversos laboratórios tenham conduzido os mais variados ensaios de
envelhecimento [14], não um ensaio de aceitação universal para a avaliação do potencial
de degradação de combustíveis. Para ser aceito, um método deve ser capaz de fornecer
resultados confiáveis em um razoável intervalo de tempo.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 18
Segundo BATTS e FATHONI [19], os ensaios de envelhecimento podem ser
divididos em duas categorias: os acelerados e os de longa duração. Na primeira categoria
encontram-se aqueles que, para acelerar as reações de degradação, utilizam elevadas
temperaturas, atmosfera oxidante, pressão elevada, catalisadores e/ou vapor, como os ensaios
de 1 a 6 da Tabela 2.2 (por utilizar uma temperatura muito elevada, o ensaio 1 é mais
apropriado para indicar a estabilidade térmica dos combustíveis). Por sua vez, os de longa
duração, como os ensaios 7 e 8 da Tabela 2.2, predizem o comportamento dos combustíveis
sob condições variadas de estocagem.
Bastante utilizado na indústria de refino do petróleo em função do relativamente curto
tempo para sua realização, o ensaio de envelhecimento acelerado a 90°C por 16 horas é
realizado de acordo com o método de teste ASTM D5304 Standard Test Method for Assessing
Middle Distillate Fuel Storage Stability by Oxygen Overpressure [34]. Este método é
comumente chamado de LPR (Low Pressure Reactor) e é adequado para a avaliação do
potencial de degradação dos combustíveis destilados médios, embora não faça parte da
especificação para o óleo diesel automotivo em vigor no Brasil. Ele permite a comparação de
um determinado combustível com outros combustíveis ou padrões quando testados sob as
condições controladas, equivalentes a cerca de dois anos de envelhecimento a 20 °C e pressão
atmosférica. Experiências anteriores de nosso grupo indicam uma melhor correlação entre
este método de envelhecimento acelerado e as ocorrências reais de degradação do óleo diesel
nacional.
Um teste de longa duração freqüentemente utilizado para a avaliação da estabilidade à
estocagem de combustíveis é o chamado envelhecimento natural a 43°C por até 24 semanas,
de acordo com o método ASTM D4625
Standard Test Method for Middle Distillate Fuel
Storage Stability at 43°C (110°F) [37]. Embora este teste não seja adequado para controle de
qualidade na produção em virtude do longo tempo de estocagem, ele constitui uma ferramenta
valiosa na pesquisa por diminuir o tempo de estocagem em relação àquele em condições
ambientes, uma vez que uma semana a 43 °C equivale a praticamente um mês a temperatura
ambiente [38,39,40]. Nas condições deste teste são aceleradas as reações de degradação dos
combustíveis que levam à formação de sedimentos e à alteração de cor, o que permite um
prognóstico mais preciso da estabilidade à estocagem do combustível [14]. Este método de
ensaio também não faz parte da especificação para o óleo diesel automotivo em vigor.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 19
Nestes ensaios são utilizados frascos de borossilicato, pois este material é
essencialmente inerte. Frascos de vidro comum ou Pyrex podem influir no processo de
degradação do combustível, levando a falsos resultados para os ensaios de estabilidade à
estocagem [41].
De uma forma geral, os ensaios de envelhecimento não permitem correlacionar a
degradação de um determinado combustível com condições específicas de estocagem e
manuseio no campo, uma vez que a formação de insolúveis é afetada também pelo material
dos tanques de armazenamento e pelas condições ambientais. Adicionalmente, os testes são
realizados em ausência de luz a fim de evitar a degradação do combustível por reações
fotocatalíticas.
A tendência dos compostos nitrogenados heterocíclicos não-básicos em produzir
sedimentos em combustíveis sob condições de estocagem varia em uma grande extensão.
Alguns compostos produzem grandes quantidades de sedimentos em um curto período de
tempo enquanto outros produzem pouco ou nada sob as mesmas condições [12]. Quando
submetidas ao teste de envelhecimento natural, amostras de gasóleo de craqueamento
catalítico dão origem a quantidades maiores de insolúveis totais do que amostras de óleo
diesel de destilação direta e apresentam redução dos teores de nitrogênio total. Esta redução
está intimamente relacionada à dos compostos nitrogenados indólicos, uma vez que outros
compostos nitrogenados (anilinas e carbazóis) não são afetados significativamente pelo
envelhecimento [15]. Presume-se que, durante o processo de envelhecimento, os compostos
nitrogenados indólicos condensam-se com compostos aromáticos, levando à formação de
material insolúvel, de acordo com o mecanismo apresentado anteriormente.
2.6.2. Filtrabilidade
A pureza do óleo diesel pode ser avaliada pelos ensaios de filtrabilidade e de contagem
de partículas. A filtrabilidade pode ser definida como a habilidade do combustível em passar
por um filtro sem provocar aumento de pressão, o que poderia ocorrer em função dos
sedimentos presentes no combustível. Segundo o método ASTM D6426 Standard Test
Method for Determining Filterability of Middle Distillate Fuel Oils [42], a amostra é filtrada
sob fluxo constante em um filtro padrão, monitorando-se o diferencial de pressão no filtro e o
volume filtrado. O teste é concluído quando o diferencial de pressão ultrapassa 15 psi
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 20
(105 kPa) ou após a filtração de 300 mL de amostra. A Figura 2.8 apresenta o equipamento
Emcee 1143 utilizado para a realização do ensaio de filtrabilidade.
Figura 2.8 – Equipamento para o ensaio de filtrabilidade [43].
O resultado do ensaio é o fator de qualidade de filtrabilidade (F-QF) que representa a
tendência do combustível em causar a obstrução do filtro por material insolúvel. O F-QF pode
variar de 0 a 100, escala na qual valores altos estão relacionados com a presença de poucos
sedimentos no combustível. O método apresenta altos valores de repetibilidade, e admite-se
que combustíveis de boa qualidade apresentam F-QF superior a 70, enquanto combustíveis de
qualidade ruim apresentam F-QF inferior a 30.
O óleo diesel começou a ser avaliado quanto à quantidade e ao tamanho de partículas
segundo o método de teste NAS 1638 Cleanliness Requirements of Parts Used in Hydraulic
Systems [44] que estabelece limites de aceitação de limpeza de fluidos hidráulicos. A
quantidade e o tamanho das partículas acarretam em classes NAS que definem a utilização do
fluido conforme a Aerospace Recommended Practice 598 [45]. A grande aceitação da norma
NAS 1638 pelas indústrias levou ao desenvolvimento de outras normas, como a norma ISO
4406:1999 Method for Coding the Level of Contamination by Solid Particles [46], que hoje
constitui o padrão mais usado internacionalmente para representar o nível de contaminação de
fluidos industriais. Embora haja argumentações [47] de que a ISO 4406:1999 não tenha
correlação com os métodos gravimétricos, ela vem sendo indicada [48] como critério de
comparação de qualidade entre os combustíveis. A Figura 2.9 apresenta o contador e
classificador de partículas SpectroInc LaserNet Fines-C utilizado na realização deste ensaio.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 21
Figura 2.9 – Contador e classificador de partículas [49].
A classificação ISO 4406:1999 de um fluido é expressa por três números. O primeiro
número indica a classe das partículas maiores que 4 µm(c), o segundo mero a classe das
partículas maiores que 6 µm(c) e o terceiro número a classe de partículas maiores que
14 µm(c). O (c) refere-se ao método de calibração ISO 11171 [50] e o limite de partículas de
cada classe é o dobro da classe anterior, conforme a Tabela 2.3.
Tabela 2.3 - Limites de contaminação por partículas segundo a classificação ISO 4406 [46].
Partículas por 1,00 mL Partículas por 1,00 mL
Maior que Até e inclusive
Classe ISO
Maior que Até e inclusive
Classe ISO
1 300 000
2 500 000
28 40
80
13
640 000
1 300 000
27 20
40
12
320 000
640 000
26 10
20
11
160 000
320 000
25 5
10
10
80 000
160 000
24 2,50
5
9
40 000
80 000
23 1,30
2,50
8
20 000
40 000
22 0,64
1,30
7
10 000
20 000
21 0,32
0,64
6
5 000
10 000
20 0,16
0,32
5
2 500
5 000
19 0,08
0,16
4
1 300
2 500
18 0,04
0,08
3
640
1 300
17 0,02
0,04
2
320
640
16 0,01
0,02
1
160
320
15 0,005
0,01
0
80
160
14 0,0025
0,005
00
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 22
Como exemplo, uma classificação ISO 18 / 16 / 13, desejável para o óleo diesel
compatível com os sofisticados sistemas de injeção [48], significa que o combustível
apresenta, em 1 mL, entre 1300 e 2500 partículas maiores que 4 µm(c), entre 320 e 640
partículas maiores que 6 µm(c) e entre 40 e 80 partículas maiores que 14 µm(c).
Os ensaios de filtrabilidade e de contagem e distribuição de partículas não fazem parte
da especificação para o óleo diesel automotivo em vigor.
2.6.3. Características Físico-Químicas
Os mais variados métodos de ensaio são empregados em conjunto com os ensaios de
envelhecimento e de filtrabilidade para avaliar a qualidade do óleo diesel. Esses métodos
também podem ser empregados no momento da produção do combustível ou após operações
de transporte. Alguns dos métodos apresentados a seguir fazem parte da especificação da
ANP para o óleo diesel automotivo comercializado no Brasil atualmente em vigor.
O método ASTM D4176 Standard Test Method for Free Water and Particulate
Contamination in Distillate Fuels (Visual Inspection Procedures)
[51] compreende a
estimativa visual da presença de água livre e de material particulado em suspensão em
combustíveis destilados de PFE (Ponto Final de Ebulição) inferior a 400 °C e cor igual ou
inferior a 5 pelo método ASTM D1500 Standard Test Method for ASTM Color of Petroleum
Products (ASTM Color Scale)
[52]. O método de inspeção visual do aspecto do óleo diesel foi
estabelecido de forma a padronizar a determinação da turbidez, uma vez que a simples
menção na especificação do óleo diesel de que o mesmo deveria se apresentar “claro, límpido
e isento de impurezas” possibilitava a utilização de métodos diferentes para essa
quantificação. Por sua vez, a cor de um derivado como o óleo diesel constitui uma qualidade
importante, pois ela é prontamente observada pelo usuário [53] (Figura 2.10).
L1,0 L1,5 L2,0 L2,5 L3,0 L3,5 L4,0
Figura 2.10 - Cor do óleo diesel.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 23
Uma variação de cor pode indicar uma possível contaminação com outro produto ou o
início do processo de degradação do combustível. Entretanto, a cor por si não representa
uma estimativa precisa da qualidade do produto.
O Índice de Acidez Total pode ser determinado através do método ASTM D664
Standard Test Method for Acid Number of Petroleum Products by Potentiometric Titration
[54]. O Índice de Acidez Total, embora não faça parte da especificação para o óleo diesel
automotivo em vigor, pode ser usado como indicativo de mudanças relativas que ocorrem no
combustível durante o uso sob condições oxidantes, independente de sua cor. O conhecimento
dos tipos de acidez é especialmente importante para sua correlação com as propriedades do
produto. Ácidos fortes, como os derivados de halogênios, raramente ocorrem em amostras de
óleo diesel.
O método ASTM D6304 Standard Test Method for Determination of Water in
Petroleum Products, Lubricating Oils, and Additives by Coulometric Karl Fischer Titration
[55] permite a determinação direta de água em amostras de derivados de petróleo utilizando
instrumentação automática. A determinação é baseada na titulação coulométrica da água
presente na amostra (livre e em solução) por iodo segundo a reação de Karl Fischer (Equação
1), na qual iodo é reduzido por dióxido de enxofre na presença de água.
I
2
+ SO
2
+ 2H
2
O 2HI + H
2
SO
4
(1)
Mesmo quando não contém água livre, o óleo diesel pode apresentar até 150 ppm de
água solúvel, resultante do equilíbrio físico-químico entre a água e os hidrocarbonetos
constituintes do combustível. O conteúdo inicial de água tem um efeito significativo nos
níveis de material insolúvel formado no envelhecimento do óleo diesel [11]. O ensaio de
Água por Karl Fischer não faz parte da especificação para o óleo diesel automotivo em vigor.
A curva de destilação de um derivado é uma propriedade fundamental e vem sendo
utilizada desde o início da indústria do petróleo. As especificações de combustíveis incluem
limites de temperaturas de destilação, como, por exemplo, as temperaturas nas quais 10 %,
50 %, 85 % e/ou 90 % do volume da amostra de combustível é recuperado após condensação
dos vapores destilados. Esses limites são estabelecidos de forma a assegurar um desempenho
adequado do derivado em relação à sua aplicação final e a fim de atender aos aspectos de
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 24
segurança de manuseio e estocagem, devido à liberação potencial de vapores explosivos por
combustíveis voláteis. O método de ensaio usualmente empregado é o ASTM D86 Standard
Test Method for Distillation of Petroleum Products at Atmospheric Pressure [56].
O método ASTM D4052 Standard Test Method for Density and Relative Density of
Liquids by Digital Density Meter [57] compreende a determinação da massa específica de um
líquido por meio de um densímetro digital. Assim como o perfil de destilação, a densidade é
uma propriedade fundamental para a correta caracterização dos petróleos e seus derivados. Os
óleos diesel com maiores valores de massa específica permitem, em geral, a obtenção de
maior potência no motor e de menor consumo de combustível, entretanto, ocorre dificuldade
de vaporização e aumento das emissões de monóxido de carbono, hidrocarbonetos e material
particulado. O controle desta propriedade desempenha um papel importante na redução das
emissões dos veículos movidos a óleo diesel.
O número de cetano representa a qualidade de ignição de um combustível para
motores que operam segundo o ciclo diesel. Fisicamente, o número de cetano representa o
retardo de ignição do combustível dentro da câmara de combustão. Este aspecto do óleo diesel
é medido em equipamentos sofisticados, por comparação com misturas de padrões de acordo
com a norma ASTM D613 Standard Test Method for Cetane Number of Diesel Fuel Oil [58].
Quanto mais parafínico for o óleo diesel, maior a facilidade de quebra das moléculas, menor o
retardo de ignição e maior o número de cetano. Como resultado das menores temperaturas de
partida do motor, tem-se redução dos esforços nos componentes metálicos dos cilindros,
aquecimento mais rápido após a partida em baixas temperaturas, menor formação de
depósitos carbonosos na câmara de combustão e menor produção de fuligem.
O Ignition Quality Tester (IQT) foi desenvolvido nos últimos anos, com base na
tecnologia de análises de combustão a volume constante e injeção direta do Southwest
Research Institute (SwRI). Trata-se de um instrumento analítico de bancada para
determinação do número de cetano de óleo diesel e correntes intermediárias. Sua operação é
realizada de acordo com método ASTM D6890 Standard Test Method for Determination of
Ignition Delay and Derived Cetane Number (DCN) of Diesel Fuel Oils by Combustion in a
Constant Volume Chamber [59], que fornece uma equação para relacionar o retardo de
ignição deste método com o número de cetano ASTM D613. A determinação pelo IQT deve
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 25
ser preferencialmente aplicada a frações de número de cetano entre 33 e 60 pois, além deste
intervalo, a precisão do método pode ser afetada.
O teor de enxofre no óleo diesel pode ser determinado por intermédio do método
ASTM D5453 Standard Test Method for Determination of Total Sulfur in Light
Hydrocarbons, Spark Ignition Engine Fuel, Diesel Engine Fuel, and Engine Oil by
Ultraviolet Fluorescence [60]. Altos teores de enxofre no óleo diesel podem levar ao aumento
das emissões de material particulado. Por outro lado, a redução do teor de enxofre por
hidrotratamento, em atendimento às exigências ambientais, afeta a característica de
lubricidade do combustível, ou seja, a capacidade do combustível proteger os componentes
internos do motor, devido à eliminação de certas substâncias de ocorrência natural [53]. Como
conseqüência tem-se a redução da vida útil de componentes do motor e do sistema de injeção
por desgaste abrasivo excessivo.
A determinação do teor de nitrogênio total em hidrocarbonetos por
quimiluminescência pode ser realizada pelo método ASTM D4629 Standard Test Method for
Trace Nitrogen in Liquid Petroleum Hydrocarbons by Syringe/Inlet Oxidative Combustion
and Chemiluminescence Detection [61]. Este ensaio é usado no controle do teor de compostos
nitrogenados nos derivados e em correntes de processo, uma vez que alguns processos de
refino podem ser envenenados por traços de nitrogênio. Como a estabilidade do óleo diesel
não pode ser avaliada apenas com o teor de nitrogênio total, uma vez que a reatividade
depende da estrutura química, usa-se também a análise de nitrogênio pirrólico. Este ensaio é
baseado no Método UOP 276-85 Pyrrole Nitrogen in Petroleum Distillates by Visible
Spectrophotometry [62], sendo aplicável aos compostos pirrólicos e indólicos que possuem ao
menos um carbono não-substituído no anel heterocíclico. Os teores de nitrogênio total e de
nitrogênio pirrólico não fazem parte da especificação para o óleo diesel automotivo em vigor.
A metodologia para a detecção de fenalenonas emprega a Cromatografia Líquida de
Alta Eficiência, de acordo com a proposta de MARSHMAN [10,63]. As fenalenonas surgem
principalmente nos gasóleos de craqueamento catalítico e térmico, em decorrência da
oxidação do fenaleno, mas não nas frações de destilação direta. O teor de fenalenonas não está
incluído na especificação do óleo diesel automotivo em vigor.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 26
As técnicas comumente usadas para determinar traços de metais em amostras de
petróleo e derivados baseiam-se na Espectrometria de Absorção Atômica, de acordo com o
método ASTM D5184 Standard Test Methods for Determination of Aluminum and Silicon in
Fuel Oils by Ashing, Fusion, Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectrometry, and
Atomic Absorption Spectrometry [64]. Metais como cobre, alumínio e ferro, mesmo quando
ocorrem em teores na faixa de partes por bilhão (µg/kg), são capazes de acelerar as reações de
oxidação e esterificação, levando à formação de gomas nos combustíveis. Estes metais podem
aparecer no óleo diesel como resultado da corrosão de tanques de aço carbono (liga ferrosa
contendo quantidades limitadas de carbono, silício, cobre e outros metais) e de tubulões de
cobre, latão (liga de cobre e zinco) ou bronze (liga de cobre com estanho, alumínio ou silício)
sem revestimento interno. O semi-metal silício constitui ainda a base de aditivos
antiespumantes utilizados nas unidades de destilação atmosférica e de coqueamento retardado,
além de estar presente em diversos catalisadores que podem ser empregados nas unidades de
craqueamento catalítico. Por sua vez, sódio pode ser encontrado no óleo diesel por falha na
operação de dessalgação do petróleo, antes deste ser admitido na unidade de destilação
atmosférica. Os teores de metais não fazem parte da especificação para o óleo diesel
automotivo em vigor.
O teste ASTM D5186 Standard Test Method for Determination of Aromatic Content
and Polynuclear Aromatic Content of Diesel Fuels and Aviation Turbine Fuels by
Supercritical Fluid Chromatography [65] compreende a determinação dos teores de
hidrocarbonetos mono- e poliaromáticos em amostras de óleo diesel por cromatografia em
fluido supercrítico. O conteúdo de hidrocarbonetos aromáticos do óleo diesel afeta
diretamente o número de cetano e as emissões. Os hidrocarbonetos parafínicos queimam
melhor do que os aromáticos e estes aumentam as emissões de hidrocarbonetos, monóxido de
carbono, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos aromáticos polinucleares e material
particulado. Enquanto no Brasil os teores dos diferentes tipos de hidrocarbonetos não
integram a especificação do óleo diesel automotivo em vigor, nos Estados Unidos a
Environmental Protection Agency (EPA) regula o teor de hidrocarbonetos aromáticos, e o
California Air Resource Board (CARB) estabelece limites para os teores de hidrocarbonetos
aromáticos totais e de hidrocarbonetos aromáticos polinucleares [53] no óleo diesel. A alta
aromaticidade de determinadas correntes constitui um fator limitante para a sua incorporação
ao óleo diesel também em função do aumento de massa específica e da redução da qualidade
de ignição.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 27
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1.
M
ATERIAIS
:
O presente estudo propõe-se a verificar a formação de sedimentos segundo o
mecanismo de condensação catalisada por ácidos entre compostos aromáticos e nitrogenados
heterocíclicos. Para tanto, compostos precursores do processo de degradação estudado, como
a fenalenona (aromático oxigenado), o 2-metil-indol (nitrogenado) e o ácido 1-naftaleno-
sulfônico, foram adicionados a diversos óleos diesel, os quais foram submetidos a ensaios de
envelhecimento. Foi formulado um modelo de óleo diesel, denominado de óleo diesel
sintético, a partir de compostos puros disponíveis comercialmente e representativos das
frações parafínicas, naftênicas e aromáticas, a fim de eliminar a interferência de outros fatores
(como a presença de outras espécies reativas) sobre a formação de sedimentos. Também
foram formulados óleos diesel reais a partir de correntes de unidades de destilação e de
craqueamento catalítico que processavam petróleos nacionais. Para ambos os tipos de óleo
diesel foram preparadas duas formulações, uma de base parafínica e outra aromática, com o
objetivo de verificar a influência da base na formação de insolúveis. Os itens a seguir
descrevem detalhadamente o procedimento de formulação dos combustíveis.
3.1.1. Obtenção dos combustíveis
3.1.1.1. Óleo Diesel Sintético
Os óleos diesel sintéticos, aromático e parafínico, foram formulados a partir de
compostos puros visando simular a composição, em termos de perfis de hidrocarbonetos, dos
óleos diesel obtidos a partir de um petróleo nacional pesado e aromático, como o Marlim, e
outro leve e parafínico, como o Baiano.
A Tabela 3.1 apresenta, para os petróleos Marlim e Baiano, a distribuição em fração
mássica dos hidrocarbonetos na faixa de destilação do óleo diesel [66]. Embora o óleo diesel
obtido a partir dos chamados petróleos aromáticos apresente um teor significativo de
hidrocarbonetos parafínicos, os compostos aromáticos presentes são capazes de conferir a este
óleo diesel características aromáticas, como por exemplo dificuldade de queima em motores
do ciclo diesel.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 28
Tabela 3.1 – Fração mássica de hidrocarbonetos dos petróleos Marlim e Baiano na faixa de
destilação do óleo diesel (200 °C a 400 °C) [66].
P
ETRÓLEO
Parafínicos Naftênicos Aromáticos
Marlim
0,05 a 0,30 0,30 a 0,55 0,25 a 0,45
Baiano
0,50 a 0,60 0,30 a 0,40 0,10
Em função dessa distribuição, foram escolhidos para a formulação dos óleos diesel
sintéticos, aromático e parafínico, os teores dos compostos puros apresentados na Tabela 3.2.
Algumas propriedades destes compostos são apresentadas no Apêndice. Foram preparados
20 litros de cada base, volume suficiente para a realização dos ensaios de caracterização e de
envelhecimento.
Tabela 3.2 - Fração mássica dos compostos puros na formulação do óleo diesel sintético.
B
ASE
n-hexadecano
(parafínico)
3-fenilbiciclohexil
(naftênico)
1-metil-naftaleno
(aromático)
Aromático
0,30 0,40 0,30
Parafínico
0,60 0,30 0,10
3.1.1.2. Óleo Diesel Real
Correntes formadoras de óleo diesel foram obtidas de refinarias brasileiras no
momento em que processavam petróleo nacional de base aromática ou parafínica. As
correntes foram mantidas a 0 °C desde sua produção até o momento da formulação dos
combustíveis de forma a evitar sua degradação durante o transporte.
O óleo diesel real aromático foi formulado pela adição de 5 % de gasóleo de
craqueamento catalítico a um óleo diesel de destilação direta, com ambas as correntes
oriundas do processamento de petróleo nacional de base aromática. De maneira semelhante, o
óleo diesel real parafínico foi formulado pela adição de 4 % de gasóleo de craqueamento
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 29
catalítico a um óleo diesel de destilação direta, obtidos a partir do processamento de petróleo
nacional de base parafínica. Essa formulação possui o intuito de aproximar as características
do óleo diesel real estudado daquelas do óleo diesel possível de ser produzido nas refinarias
de origem das correntes, em etapas anteriores ao acabamento para atendimento à
especificação vigente (neste estudo, no entanto, não foi avaliado o atendimento integral à
especificação). Foram preparados 12 litros de cada base, volume suficiente para a realização
dos ensaios de caracterização e de envelhecimento.
3.1.2. Adição dos precursores
A cada óleo diesel real ou sintético, de base aromática ou parafínica, corresponde um
par de amostras identificadas como controle e ensaio. As amostras denominadas de controles
são exatamente aquelas descritas nos itens 3.1.1.1 e 3.1.1.2. As amostras denominadas de
ensaios correspondem aos respectivos controles acrescidos dos compostos precursores do
processo de degradação do óleo diesel, nos teores identificados na literatura [23]: fenalenona
e 2-metil-indol, ambos na dosagem de 100 mg/L, e ácido 1-naftaleno-sulfônico, na dosagem
efetiva de 20 mg/L, adicionados à metade do volume de cada base de óleo diesel real ou
sintético preparada. Algumas propriedades destes compostos são apresentadas no Apêndice.
A adição dos precursores foi feita sob agitação e, no caso do óleo diesel sintético, com
leve aquecimento (não superior a 38 °C) para permitir sua completa solubilização, que não
ocorria em temperaturas na faixa de 20 °C a 25 °C. A Figura 3.1 mostra os frascos utilizados
no preparo das amostras de óleo diesel sintético. Estes recipientes são utilizados normalmente
para amostras de óleo diesel, conforme procedimento padrão da PETROBRAS.
Figura 3.1 – Bombonas utilizadas no preparo do óleo diesel sintético.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 30
A Figura 3.2 mostra os frascos com as alíquotas de óleo diesel sintético para os
ensaios de caracterização e envelhecimento.
Figura 3.2 – Alíquotas para os ensaios de caracterização e envelhecimento.
3.2.
M
ÉTODOS
:
Os óleos diesel, sintéticos e reais, formulados conforme o item 3.1, foram
envelhecidos por 16 horas a 90 °C (envelhecimento acelerado) e 13 semanas a 43 °C
(envelhecimento natural). Os óleos diesel sintéticos foram submetidos ainda a uma
simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente.
3.2.1. Ensaios de Envelhecimento
3.2.1.1. Envelhecimento Acelerado - 16 horas a 90 °C ASTM D5304
Após filtração (em filtros de nylon de 0,8 µm de diâmetro de poro nominal) para
remover quaisquer partículas contaminantes presentes (o que garante que todo o material
insolúvel obtido ao final foi formado durante o ensaio), 100 mL das amostras dos
combustíveis foram adicionados a frascos de borossilicato e estes acondicionados em um vaso
de pressão pré-aquecido a 90 °C. O vaso foi então pressurizado com oxigênio (99,5 % de
pureza) até a pressão absoluta de 800 ± 10 kPa (100 ± 1 psi) e mantido a 90 ± 1 °C por 16
horas ± 15 minutos em estufa Fischer Scientific Class A Oven em ausência de luz.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 31
Ao término do período de tratamento, as amostras foram resfriadas à temperatura
ambiente (25 ± 5 °C) em ausência de luz por, no mínimo, 1 hora. Os teores de insolúveis
totais formados foram quantificados gravimetricamente ao décimo de miligrama em balança
analítica Mettler AE 240. A cor das amostras também foi determinada antes e após a oxidação
pelo método ASTM D1500. O teste foi realizado em duplicata e com ensaio em branco de
forma a corrigir variações de massa decorrentes das alterações de temperatura e de umidade.
Este teste foi realizado para as amostras de controle e de ensaio dos óleos diesel sintéticos
(aromático e parafínico) e reais (aromático e parafínico). Em função da disponibilidade, o
teste foi realizado também com amostras dos óleos diesel de destilação direta (aromático e
parafínico), visando a avaliação destas correntes.
3.2.1.2. Envelhecimento Natural - 13 semanas a 43 °C ASTM D4625
Alíquotas de 400 mL dos combustíveis filtrados (em filtros de nylon de 0,8 µm de
diâmetro de poro nominal) foram adicionadas a frascos de borossilicato e submetidas a
envelhecimento em estufa Nova Ética com porta adaptada à prova de explosão a 43 ± 1 °C
(110 ± 2 °F) por 13 semanas na ausência de luz, conforme Figura 3.3. Foram preparados 5
frascos de cada combustível, de forma a se ter volume suficiente para o ensaio e a
caracterização dos combustíveis após o envelhecimento.
Figura 3.3 – Estufa para envelhecimento natural a 43 °C. Nos detalhes, o controle e a
indicação de temperatura e as amostras no interior da estufa.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 32
Após 13 semanas, as amostras foram resfriadas à temperatura ambiente (24 ± 3 °C) em
ausência de luz por, no máximo, 24 horas. O material insolúvel formado com o
envelhecimento é dividido em duas categorias: os insolúveis filtráveis e os insolúveis
aderentes. Os insolúveis filtráveis são aqueles que se mantêm em suspensão no combustível.
Sua aquisição foi feita vertendo-se a amostra em aparato de filtração a cuo (com filtros de
nylon de 0,8 µm de diâmetro de poro nominal). Os insolúveis aderentes, por sua vez, se
depositam no fundo do frasco de borossilicato ou aderem às suas paredes, sendo removidos
dos frascos por dissolução em solvente (uma mistura em partes iguais de acetona, álcool
metílico e tolueno), transferência quantitativa para béquer e evaporação do solvente a 160 °C.
Os insolúveis filtráveis e os insolúveis aderentes foram quantificados gravimetricamente ao
décimo de miligrama em balança analítica Mettler AE 240. O teste foi realizado em duplicata.
Este teste foi realizado para as amostras de controle e de ensaio dos óleos diesel
sintéticos (aromático e parafínico) e reais (aromático e parafínico).
3.2.1.3. Estocagem por 6 meses a temperatura ambiente
Amostras de cerca de 3,8 L (um galão) dos combustíveis filtrados (em filtros de nylon
de 0,8 µm de diâmetro de poro nominal) foram armazenadas em latas de aço revestidas
internamente com dupla camada de resina epóxi e estocadas a temperatura ambiente (Tamb)
por 6 meses na ausência de luz (sala fechada e coberta, sem controle de temperatura, no Rio
de Janeiro, durante os meses de junho a dezembro). Tais latas são produzidas em
conformidade com a especificação ASTM D4306 [67] e utilizadas quando se deseja evitar a
contaminação do fluido pelo material do recipiente e vice-versa.
Este ensaio foi proposto para este estudo de forma a simular as condições de
estocagem as quais o óleo diesel pode ser submetido após sua comercialização, não sendo
seguido nenhum método ASTM ou similar. O período de 6 meses de estocagem foi escolhido
pois não se espera que o óleo diesel permaneça mais do que esse tempo armazenado (alguns
fabricantes de motores diesel, por exemplo, não recomendam o armazenamento do
combustível por mais de 30 dias
[68]). Não houve controle de temperatura neste ensaio uma
vez que a intenção era justamente submeter as amostras às variações de temperatura
observadas no campo. Este método de ensaio não faz parte da especificação para o óleo diesel
automotivo em vigor.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 33
Decorrido o tempo estabelecido para estocagem, os insolúveis totais foram
quantificados gravimetricamente (por filtração em filtros de nylon de 0,8 µm de diâmetro de
poro nominal) ao décimo de miligrama em balança analítica Mettler AE 240. Este teste foi
realizado para as amostras de controle e ensaio dos óleos diesel sintéticos aromático e
parafínico.
A matriz de combustíveis e ensaios utilizados é apresentada na Tabela 3.3:
Tabela 3.3 - Matriz de combustíveis e ensaios.
Ensaio de Envelhecimento
T
IPO DE
Ó
LEO
DIESEL
Base Combustível
16 horas
a 90 °C
13 semanas
a 43 °C
6 meses
a Tamb
Controle X X X
Aromático
Ensaio X X X
Controle X X X
Sintético
Parafínico
Ensaio X X X
Óleo Diesel DD
X - -
Controle X X -
Aromático
Ensaio X X -
Óleo Diesel DD
X - -
Controle X X -
Real
Parafínico
Ensaio X X -
3.2.2. Ensaios de Caracterização dos Combustíveis
Os combustíveis foram caracterizados no momento da formulação e após o
ensaio de envelhecimento por 13 semanas a 43 °C e a simulação de estocagem por 6
meses a temperatura ambiente.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 34
3.2.2.1. Aspecto Visual ASTM D4176 e Cor ASTM D1500
Aproximadamente 900 mL do combustível a temperatura ambiente foram dispostos
em um frasco transparente e examinados visualmente contra a luz, sendo a análise repetida
após agitação e formação de vórtice. A turbidez foi quantificada posicionando-se um quadro
de barras padrão (Figura 3.4) atrás do frasco e comparando-se sua visualização com fotos
padrão (Figura 3.5), ignorando-se eventuais diferenças de cor.
Figura 3.4 – Quadro de barras padrão para a quantificação da turbidez de amostras de óleo
diesel [51].
Figura 3.5 – Padrão de turbidez para amostras de óleo diesel [51,69].
A cor dos combustíveis foi determinada por comparação entre a amostra contida em
um recipiente apropriado, iluminada por uma fonte de luz padrão, e discos coloridos com
valores de cor equivalentes a padrões variando entre 0,5 e 8,0. Quando uma amostra
apresentou cor intermediária a dois discos, foi reportado o maior valor precedido da letra L
(lighter than), de acordo com o método padrão ASTM D1500. A precisão deste método de cor
é de ± 0,5.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 35
3.2.2.2. Índice de Acidez ASTM D664
Cerca de 20,0 g das amostras de óleo diesel foram dissolvidas em uma mistura de
tolueno e 2-propanol contendo uma pequena quantidade de água. A acidez forte (associada a
ácidos de halogênios, como o ácido clorídrico) e a acidez fraca (associada a ácidos orgânicos
e naftênicos com constantes de dissociação em água superiores a 10
-9
) foram determinadas
pelas inflexões da curva da titulão potenciométrica automática com solução alcoólica de
hidróxido de potássio. O índice de acidez total é definido como a massa de base, expressa em
miligramas de hidróxido de potássio, necessária para neutralizar os ácidos fortes e fracos
presentes em um grama de amostra. A faixa de aplicação do método é de 0,1 mg KOH/g a
150 mg KOH/g.
3.2.2.3. Água por Karl Fischer ASTM D6304
Alíquotas de 2,0 ou 3,0 g dos combustíveis foram injetadas diretamente no titulador
automático Metrohm 756 KFC, que utiliza o reagente de Karl Fischer (constituído por iodo,
dióxido de enxofre e imidazol em meio de álcool metílico) disponível comercialmente. Após
a titulação de todo o conteúdo de água da amostra, o excesso de iodeto é detectado,
encerrando a titulação. A quantidade de água presente na amostra pode ser calculada, pois é
proporcional à quantidade de iodo utilizada no processo. O método permite a determinação de
água em teores a partir de 10 mg/kg.
3.2.2.4. Destilação ASTM D86
Alíquotas de 100 mL dos combustíveis foram adicionadas a um balão e destiladas em
aparelhagem automática ISL AD86 5G2 sob pressão atmosférica e taxa de aquecimento
definida. O volume evaporado foi condensado e recuperado em um cilindro graduado. Ao
final da destilação, foram obtidos os dados de volume recuperado versus temperatura, resíduo
não-destilado e perdas do sistema.
3.2.2.5. Massa Específica ASTM D4052
Um volume de cerca de 0,7 mL dos combustíveis foi introduzido no tubo oscilatório
do densímetro digital Anton Paar DMA 4500. A alteração na freqüência de oscilação causada
pela variação da massa do tubo foi usada para determinar a massa específica da amostra.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 36
3.2.2.6. Número de Cetano Derivado pelo IQT ASTM D6890
Um volume de cerca de 100 mL das amostras de combustível filtradas foi adicionada
ao sistema de injeção do Ignition Quality Tester. A câmara de combustão a volume constante
foi aquecida e carregada com ar comprimido previamente ao início do processo de injeção da
amostra. Cada injeção corresponde a um ciclo de combustão da amostra, no qual foi medido o
respectivo atraso de ignição. Uma seqüência completa de ensaio compreendeu 47 ciclos, dos
quais os últimos 32 foram utilizados na determinação do atraso de ignição médio do
combustível e para relacioná-lo com o número de cetano ASTM D613.
3.2.2.7. Teor de Enxofre ASTM D5453
O teor de enxofre nas amostras de óleo diesel foi determinado utilizando-se o
analisador de enxofre por fluorescência no ultravioleta Antek 7000S, ao qual estava acoplado
o sistema de introdução de amostras quidas Antek 735. Amostras de cerca de 20 µL dos
combustíveis foram queimadas em uma atmosfera rica em oxigênio, convertendo o enxofre
presente em dióxido de enxofre (SO
2
). Após remoção do vapor d’água, os gases de combustão
foram expostos à radiação ultravioleta. Nessas condições, a fluorescência emitida pelo SO
2
forneceu uma medida do enxofre contido na amostra original. O método permite a
determinação de enxofre em teores a partir de 1 mg/kg.
3.2.2.8. Teor de Nitrogênio Total ASTM D4629
Para a determinação do teor de nitrogênio total nas amostras de óleo diesel foi
utilizado o analisador de nitrogênio por quimiluminescência Antek 7000N. Amostras de até
100 µL dos combustíveis foram introduzidas por uma seringa em uma corrente de gás inerte.
A amostra foi vaporizada e carreada a uma área de alta temperatura na qual oxigênio foi
introduzido. O nitrogênio ligado a hidrocarbonetos foi então convertido a óxido de nitrogênio
(NO). Este, por sua vez, foi convertido por ozônio a dióxido de nitrogênio (NO
2
), excitado. A
luz emitida pelo NO
2
forneceu uma medida do nitrogênio contido na amostra original.
3.2.2.9. Teor de Nitrogênio Pirrólico UOP 276-85
Após remoção de hidrocarbonetos olefínicos por cromatografia de adsorção em coluna
de silicato de magnésio, a 5 mL da fração eluída da coluna com tolueno contendo os
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 37
compostos nitrogenados foram adicionados 5 mL de uma solução de 0,4 g de p-
dimetilaminobenzaldeído em 100 mL de ácido fosfórico 85 %. A concentração dos compostos
nitrogenados pirrólicos foi determinada no espectrofotômetro Hewlett Packard 8452A a 540
nm por comparação a uma curva de calibração de 2-metil-indol. O método permite a
determinação de compostos pirrólicos e indólicos em teores a partir de 1 mg/kg.
3.2.2.10. Teor de Fenalenonas - Padrão Interno PETROBRAS/CENPES
Amostras de 1,00 mL dos combustíveis foram diluídas a 5,00 mL com solução de
n-hexano e diclorometano 95:5. Desta solução, 20 µL foram injetados em cromatógrafo
líquido Waters com coluna de sílica PerkinElmer Brownlee e os picos resultantes detectados
por espectrofotometria a 400 nm. Os tempos de retenção e as áreas dos picos foram
comparados com uma curva de calibração para determinar a concentração de fenalenonas na
amostra original. Os fenalenos, eventualmente presentes, não são quantificados. O método é
baseado no trabalho de MARSHMAN [10] e permite a determinação de fenalenonas em
teores a partir de 4 mg/kg.
3.2.2.11. Teor de Metais ASTM D5184
Amostras de até 25,0 g dos combustíveis foram acondicionadas em cápsulas de platina
e reduzidas a cinzas em mufla elétrica. As cinzas foram solubilizadas em ácido nítrico e a
solução resultante aquecida até a liberação de fumos de óxido nitroso. O conteúdo foi então
transferido para tubo volumétrico e avolumado com água para 25,00 mL. Os elementos
químicos desejados foram quantificados por injeção direta desta solução aquosa no
espectrômetro de absorção atômica Varian SpectrAA 640Z. Os limites de quantificação são
de 50 µg/kg para o cobre, 200 µg/kg para o ferro, 30 µg/kg para o zinco, 20 µg/kg para o
sódio e 1,0 mg/kg para silício e alumínio.
3.2.2.12. Teor de Aromáticos ASTM D5186
Para a determinação do teor de aromáticos nas amostras de óleo diesel foi utilizado o
cromatógrafo a fluido supercrítico Hewlett Packard G1205A SFC. Alíquotas de até 0,5 µL
dos combustíveis foram injetadas no equipamento, dotado de uma coluna de adsorção de
sílica Hewlett Packard HGS e eluídas por dióxido de carbono em estado supercrítico como
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 38
fase móvel. Os compostos aromáticos foram assim separados e detectados por ionização de
chama. Os teores de cada classe de hidrocarbonetos foram determinados por normalização das
áreas dos picos, com precisão de ± 0,3 %m.
3.2.2.13. Filtrabilidade ASTM D6426
O ensaio de filtrabilidade foi conduzido em equipamento específico, Model 1143
Micro-Filter Analyzer, produzido pela Emcee Electronics, Inc. Amostras de 300 mL dos
combustíveis foram filtradas sob fluxo constante de 20 mL/min em filtros de nylon de 5,0 µm
de diâmetro de poro nominal, monitorando-se o diferencial de pressão no filtro e o volume
filtrado. O ensaio foi concluído quando o diferencial de pressão ultrapassou 15 psi (105 kPa)
ou após a filtração de todo o volume de amostra. O fator de qualidade de filtrabilidade (F-QF)
foi calculado de acordo com a Equação 2, caso todo o volume de amostra tenha sido filtrado,
ou de acordo com a Equação 3, caso o máximo de pressão tenha sido alcançado.
F-QF = ((15 psi – P
(F)
) / 15 psi) x (50) + 50 (2)
F-QF = V
(F)
/ 6 (3)
Nestas equações, P
(F)
representa o diferencial de pressão obtido após a filtração da
amostra, em psi, e V
(F)
representa o volume de amostra filtrado, em mL.
3.2.2.14. Contagem e Distribuição de Partículas ISO 4406:1999
O ensaio de contagem e distribuição de partículas foi conduzido em equipamento
específico para tal finalidade, LaserNet Fines-C, produzido pela SpectroInc. Amostras de
100 mL dos combustíveis são succionadas pelo equipamento. No seu interior, a luz coerente
de um laser atravessa a amostra e uma câmera digital coleta imagens das partículas presentes.
Estas imagens são analisadas automaticamente pelo equipamento e, utilizando um algoritmo
de rede neural artificial, são classificadas as partículas na faixa de 4 µm(c) a 100 µm(c) de
diâmetro esférico equivalente (diâmetro apresentado por uma partícula de mesma área e
perfeitamente esférica), após o qual é feita a sua contagem. Os resultados são apresentados
por faixa de tamanho (partículas maiores do que 4 µm(c), 6 µm(c) e 14 µm(c)) por mililitro de
amostra. O instrumento é capaz de lidar com amostras contendo até 1.000.000 de partículas
por mililitro. Admite-se nos resultados uma imprecisão de uma classe ISO, por faixa de
tamanho de partícula.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 39
4. RESULTADOS
E
DISCUSSÃO
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados de caracterização, de
avaliação do potencial de degradação e as alterões das características dos combustíveis com
o envelhecimento.
4.1. Caracterização dos Combustíveis
4.1.1. Óleo Diesel Sintético
Após formulação e adição de precursores, conforme descrito nos itens 3.1.1.1 e 3.1.2
do capítulo Material e Métodos, os óleos diesel sintéticos foram caracterizados a fim de
verificar suas características e o atendimento a alguns itens da especificação da ANP para o
óleo diesel automotivo em vigor. Embora o atendimento à especificação constitua uma forma
de validar o modelo para o óleo diesel, não se espera o atendimento a todas as características
analisadas em função da simplicidade do modelo.
4.1.1.1. Aspecto Visual ASTM D4176 e Cor ASTM D1500
Todos os combustíveis se apresentaram claros, límpidos, isentos de água livre e de
material em suspensão, e com cor inferior a 1,0, em conformidade com a especificação da
ANP. Os resultados de turbidez também indicam a boa qualidade das formulações, sem
diferenças provocadas pela adição dos precursores. Os resultados são apresentados na Tabela
4.1 e na Figura 4.1:
Tabela 4.1 - Aspecto visual das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível
Aspecto Cor Turbidez
Controle
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 40
Figura 4.1 – Aspecto visual do óleo diesel sintético aromático ensaio (à esquerda) e do óleo
diesel parafínico ensaio (à direita).
4.1.1.2. Índice de Acidez ASTM D664
Não foi encontrada acidez fraca ou forte nas formulações de óleo diesel sintético,
conforme a Tabela 4.2. Destaca-se que a especificação do óleo diesel em vigor não estabelece
limites para a acidez. Entretanto, a acidez do óleo diesel pode ser importante na formação de
sedimentos, conforme apresentado no item 2.4.
Tabela 4.2 - Índice de acidez das amostras de óleo diesel sintético.
Índice de Acidez, mg KOH/g
B
ASE
Combustível
Acidez Fraca Acidez Forte
Controle <0,1 não detectada
Aromático
Ensaio <0,1 não detectada
Controle <0,1 não detectada
Parafínico
Ensaio <0,1 não detectada
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 41
A adição de 20 mg/L do ácido 1-naftaleno-sulfônico não foi suficiente para permitir a
detecção de acidez fraca nos ensaios, uma vez que o resultado calculado, correspondente à
dosagem praticada de 0,02 mg KOH/g, é inferior ao limite de detecção do método de ensaio.
A dosagem para o ácido 1-naftaleno-sulfônico foi escolhida de acordo com o trabalho de
PEDLEY et al. [23], no qual a adição de 20 mg/L de ácido 1-naftaleno-sulfônico a uma
solução de compostos nitrogenados não-básicos extraídos de gasóleo de craqueamento
catalítico promoveu a formação de sedimentos, após envelhecimento por 40 dias a 43 °C.
4.1.1.3. Água por Karl Fischer ASTM D6304
As formulações apresentaram teores de água muito baixos e praticamente iguais, se
considerarmos os erros associados à repetibilidade do método de análise, conforme Tabela
4.3. A especificação do óleo diesel em vigor também não estabelece limites para o teor de
água por Karl Fischer.
Tabela 4.3 - Teor de água por Karl Fischer das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível Teor de Água, mg/kg
Controle 69 ± 19
Aromático
Ensaio 96 ± 23
Controle 70 ± 19
Parafínico
Ensaio 70 ± 19
4.1.1.4. Destilação ASTM D86
Conforme Tabela 4.4 e Figura 4.2, observa-se que as formulações de óleo diesel
sintético atenderam à especificação do óleo diesel automotivo: T50% entre 245,0 °C e
310,0 °C, e T85% máximo de 360,0 °C para o óleo diesel metropolitano e de 370,0 °C para o
óleo diesel interior. Para cada base, não há diferença significativa entre as formulações
controle e ensaio, uma vez que a adição dos precursores não altera as características de
destilação dos combustíveis.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 42
Tabela 4.4 - Destilação das amostras de óleo diesel sintético.
Destilação, °C
B
ASE
Combustível
T50% T85%
Controle 278,3 ± 3,2 344,8 ± 3,1
Aromático
Ensaio 277,9 ± 3,2 344,3 ± 3,1
Controle 285,3 ± 2,0 332,1 ± 4,4
Parafínico
Ensaio 285,1 ± 2,0 332,7 ± 4,3
Destilação ASTM D86
Óleo Diesel Sintético
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% recuperado
°C
Aromático Controle Aromático Ensaio
Parafínico Controle Parafínico Ensaio
Figura 4.2 – Curvas de destilação das amostras de óleo diesel sintético. (Por razões de clareza
não são apresentadas as barras de erros associadas a cada determinação).
4.1.1.5. Massa Específica ASTM D4052
Os resultados de massa específica (Tabela 4.5) mostram que o óleo diesel sintético
aromático é mais pesado do que o parafínico. Por se tratar de um modelo simplificado, o óleo
diesel sintético aromático não atendeu à especificação do óleo diesel, que estabelece massa
específica entre 820,0 e 865,0 kg/m
3
para o óleo diesel metropolitano e entre 820,0 e
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 43
880,0 kg/m
3
para o óleo diesel interior. O óleo diesel sintético parafínico ultrapassou o limite
superior da especificação para o óleo diesel metropolitano, mas atende à especificação para o
óleo diesel interior.
Tabela 4.5 - Massa específica das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível Massa Específica, kg/m
3
Controle 940,1 ± 0,1
Aromático
Ensaio 940,3 ± 0,1
Controle 867,8 ± 0,1
Parafínico
Ensaio 868,0 ± 0,1
4.1.1.6. Número de Cetano Derivado pelo IQT ASTM D6890
Como os compostos aromáticos apresentam dificuldade de queima, os óleos diesel de
característica aromática apresentam número de cetano inferior aos de característica parafínica.
Conforme resultados na Tabela 4.6, tal comportamento é observado em grande extensão nos
óleos diesel sintéticos, entre os quais o óleo diesel aromático não atende à especificação em
vigor, que estabelece um valor mínimo para o número de cetano igual a 42,0.
Tabela 4.6 - Número de cetano das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível Número de cetano
Controle 33,7 ± 0,8
Aromático
Ensaio 34,3 ± 0,8
Controle 59,8 ± 0,8
Parafínico
Ensaio 59,9 ± 0,8
4.1.1.7. Teor de Enxofre ASTM D5453
O óleo diesel sintético não possui enxofre em sua formulão, entretanto a
fluorescência do 1-metil-naftaleno, um dos componentes da formulação dos óleos diesel
sintéticos, interfere na leitura do equipamento e indica teores da ordem de quase 600 mg/kg
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 44
de enxofre para o óleo diesel aromático e de 200 mg/kg para o óleo diesel parafínico. Estes
resultados serão desconsiderados. No caso dos óleos diesel reais, presume-se que compostos
fluorescentes ocorram em quantidades diminutas, não interferindo no método de análise.
4.1.1.8. Teores de Nitrogênio Total ASTM D4629 e Pirrólico UOP 276-85
As formulações dos óleos diesel sintético controle não incluem compostos com
nitrogênio. Entretanto, aos ensaios foram adicionados 100 mg/L de 2-metil-indol (11 mg/L de
nitrogênio). As diferenças nos resultados de nitrogênio total e de nitrogênio pirrólico entre
estas formulações podem ser observadas na Tabela 4.7.
Tabela 4.7 - Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel sintético.
Teor de Nitrogênio, mg/kg
B
ASE
Combustível
Total Pirrólico
Controle 1,1 ± 0,2 < 1
Aromático
Ensaio 11,5 ± 0,6 17 ± 3
Controle < 0,5 < 1
Parafínico
Ensaio 11,6 ± 0,6 17 ± 3
O teor de nitrogênio pirrólico parece ser maior do que o de nitrogênio total em função
da diferença de metodologias e da correspondente sensibilidade. O teor de nitrogênio total foi
determinado por quimiluminescência, enquanto que o teor de nitrogênio pirrólico foi
determinado por absorção no visível, um método de menor precisão, especialmente nas baixas
concentrações encontradas nas diversas amostras de óleo diesel sintético. A diferença
observada entre ensaios e controles corresponde à dosagem praticada de 2-metil-indol.
4.1.1.9. Teor de Fenalenonas - Padrão Interno PETROBRAS/CENPES
Conforme apresentado na Tabela 4.8, as fenalenonas foram encontradas apenas nas
amostras denominadas de ensaios, às quais foram intencionalmente adicionadas na dosagem
de 100 mg/L.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 45
Tabela 4.8 - Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível Teor de Fenalenonas, mg/kg
Controle < 4
Aromático
Ensaio 93 ± 4
Controle < 4
Parafínico
Ensaio 90 ± 4
4.1.1.10. Teor de Metais ASTM D5184
De acordo com os resultados apresentados na Tabela 4.9, não foi possível quantificar
os teores de cobre, ferro, zinco, sódio, silício e alumínio pois estes elementos, se presentes no
óleo diesel sintético, estão em teores abaixo dos limites de detecção do método.
Tabela 4.9 - Teores de metais das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível
Cu,
µ
µµ
µ
g/kg
Fe,
µ
µµ
µ
g/kg
Zn,
µ
µµ
µ
g/kg
Na,
µ
µµ
µ
g/kg
Si,
mg/kg
Al,
mg/kg
Controle <50 <200 <20 <30 <1,0 <1,0
Aromático
Ensaio <50 <200 <20 <30 <1,0 <1,0
Controle <50 <200 <20 <30 <1,0 <1,0
Parafínico
Ensaio <50 <200 <20 <30 <1,0 <1,0
4.1.1.11. Teor de Aromáticos ASTM D5186
Segundo o método de ensaio utilizado, o óleo diesel sintético aromático é constituído
por cerca de 60 %m de compostos aromáticos, enquanto que o óleo diesel sintético parafínico
apresenta cerca de 65 %m de compostos saturados (Tabela 4.10). Aparentemente, os
resultados obtidos para os teores de hidrocarbonetos não reproduziram os teores praticados
dos compostos parafínico, naftênico e aromático (vide Tabela 3.2 na página 28). Neste caso, o
método de ensaio detecta de forma diferente os compostos puros adicionados, especialmente o
3-fenilbiciclohexil, o qual apresenta em sua estrutura molecular um anel aromático associado
a dois anéis naftênicos. Sua estrutura complexa pode ser detectada parcialmente como
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 46
diaromática, poliaromática e saturada. Para cada classe de compostos a precisão do método de
cromatografia em fluido supercrítico é de ± 0,3 %m.
Tabela 4.10 - Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel sintético.
Aromáticos, %m
B
ASE
Combustível
Saturados,
%m
Olefínicos
,
%m
Mono-
Di- Poli- Totais
Controle 39,3 0,1 0,1 53,2 7,2 60,6
Aromático
Ensaio 38,9 0,1 0,1 53,0 7,8 60,9
Controle 64,8 0,3 0,1 29,2 5,6 34,9
Parafínico
Ensaio 64,7 0,3 0,0 29,4 5,6 35,0
4.1.1.12. Resumo da Caracterização do Óleo Diesel Sintético
A Tabela 4.11 apresenta de forma condensada os resultados dos ensaios de
caracterização das amostras de óleo diesel sintético e os valores de especificação para o óleo
diesel automotivo em vigor.
Tabela 4.11 - Resumo da caracterização das amostras de óleo diesel sintético.
L
IMITE
A
ROMÁTICO
P
ARAFÍNICO
CARACTERÍSTICA
U
NIDADE
M
ÉTODO
M
ETROPO
-
LITANO
I
NTERIOR
C
ONTROLE
E
NSAIO
C
ONTROLE
E
NSAIO
Aspecto visual Límpido e isento de impurezas Límpido e isento de impurezas
Límpido e isento de impurezas
Cor ASTM, máx ASTM D1500 3,0 3,0 L1,0 L1,0 L1,0 L1,0
Turbidez ASTM D4176 - - 1 @ 21,0 °C 1 @ 21,0 °C 1 @ 21,0 °C 1 @ 21,0 °C
Índice de acidez
Acidez Fraca - - <0,1 <0,1 <0,1 <0,1
Acidez Forte
mg KOH/g
ASTM D664
- - não detectada não detectada não detectada
não detectada
Água por Karl Fischer mg/kg ASTM D6304 - - 69 96 70 70
Destilação
50% vol. rec., máx 245,0 a 310,0 278,3 277,9 285,3 285,1
85% vol. rec., máx
°C ASTM D86
360,0 370,0 344,8 344,3 332,1 332,7
Massa específica a 20ºC kg/m
3
ASTM D4052 820 a 865 820 a 880 940,1 940,3 867,8 868,0
Número de Cetano, mín. ASTM D613 42 33,7 34,3 59,8 59,9
Nitrogênio Total mg/kg ASTM D4629 - - 1,1 11,5 < 0,5 11,6
Nitrogênio Pirrólico mg/kg UOP 276-85 - - < 1 17 < 1 17
Fenalenonas mg/kg CENPES - - <4 93 <4 90
Metais
Cobre - - <50 <50 <50 <50
Ferro - - <200 <200 <200 <200
Zinco - - <20 <20 <20 <20
Sódio
µg/kg
- - <30 <30 <30 <30
Silício - - <1,0 <1,0 <1,0 <1,0
Alumínio
mg/kg
ASTM D5184
- - <1,0 <1,0 <1,0 <1,0
Hidrocarbonetos
Saturados - - 39,3 38,9 64,8 64,7
Olefínicos - - 0,1 0,1 0,3 0,3
Monoaromáticos - - 0,1 0,1 0,1 0,0
Diaromáticos - - 53,2 53,0 29,2 29,4
Poliaromáticos - - 7,2 7,8 5,6 5,6
Aromáticos Totais
%m ASTM D5186
- - 60,6 60,9 34,9 35,0
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 47
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 48
4.1.2. Óleo Diesel Real
Após formulação e adição de precursores conforme descrito nos itens 3.1.1.2 e 3.1.2
do capítulo Material e Métodos, os óleos diesel obtidos de correntes reais também foram
caracterizados a fim de verificar suas características e o atendimento a alguns itens da
especificação da ANP para o óleo diesel automotivo em vigor, mesmo não se tratando de óleo
diesel final.
4.1.2.1. Aspecto Visual ASTM D4176 e Cor ASTM D1500
Todos os combustíveis se apresentaram claros, límpidos, isentos de água livre e de
material em suspensão, com cor inferior a 3,0, em conformidade com a especificação da ANP.
Os resultados de turbidez também indicaram a boa qualidade das formulações, sem diferenças
provocadas pela adição dos precursores. Os resultados são apresentados na Tabela 4.12:
Tabela 4.12 - Aspecto visual das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível
Aspecto Cor Turbidez
Controle
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L2,5 1 @ 20,2 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L2,5 1 @ 20,2 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L2,0 1 @ 21,2 °C
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre e
sem material em suspensão.
L2,0 1 @ 22,0 °C
4.1.2.2. Índice de Acidez ASTM D664
Enquanto nas amostras de óleo diesel sintético não foi detectada acidez, nas amostras
de óleo diesel real foi encontrada acidez fraca, conforme a Tabela 4.13. Não foi encontrada
acidez forte nos combustíveis uma vez que tais ácidos, como os derivados de halogênios,
raramente ocorrem em amostras de óleo diesel. Destaca-se que a especificação do óleo diesel
em vigor não estabelece limites para a acidez.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 49
Tabela 4.13 - Índice de acidez das amostras de óleo diesel real.
Índice de Acidez, mg KOH/g
B
ASE
Combustível
Acidez Fraca Acidez Forte
Controle 0,55 ± 0,07 não detectada
Aromático
Ensaio 0,51 ± 0,07 não detectada
Controle 0,19 ± 0,05 não detectada
Parafínico
Ensaio 0,19 ± 0,05 não detectada
Na caracterização das amostras não foi observada diferença no índice de acidez dos
ensaios em relação aos controles pela adição de 20 mg/L do ácido 1-naftaleno-sulfônico. Em
função da dosagem utilizada nos ensaios, estes deveriam apresentar acidez fraca equivalente a
cerca de 0,02 mg KOH/g superior à dos controles. Contudo, tal valor é inferior à incerteza do
método de ensaio.
Por outro lado, o óleo diesel aromático apresentou acidez quase três vezes superior à
do óleo diesel parafínico. Esse resultado era esperado uma vez que em correntes aromáticas é
possível encontrar acidez naftênica, oriunda do petróleo de origem ou resultante de um
processo oxidativo. Cabe lembrar que o óleo diesel real utilizado não constitui óleo diesel
acabado, não tendo recebido nenhum tratamento para a correção de acidez. Tipicamente, no
óleo diesel pronto para comercialização, o índice de acidez não ultrapassa os 0,10 mg KOH/g.
4.1.2.3. Água por Karl Fischer ASTM D6304
De maneira semelhante ao óleo diesel sintético, as formulações de óleo diesel real
apresentaram teores de água muito baixos e praticamente iguais, se considerarmos os erros
associados ao método de análise, conforme Tabela 4.14. Essa igualdade elimina o efeito
causado pela água nas quantidades de material insolúvel formado no envelhecimento do óleo
diesel: segundo FRANKENFELD et al. [11], a água, se presente em concentração superior ao
limite de solubilidade no óleo diesel, pode formar micelas, as quais atuariam de maneira
catalítica na agregação dos intermediários oxidados. Os resultados encontrados situaram-se
abaixo da faixa característica de 120 a 150 ppm de água solúvel, resultante do equilíbrio
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 50
físico-químico entre a água e os hidrocarbonetos constituintes do óleo diesel, observada
mesmo quando o óleo diesel não contém água livre. Enquanto no Brasil a especificação do
óleo diesel em vigor não estabelece limites para o teor de água por Karl Fischer, na Europa o
teor de água no óleo diesel é limitado em 200 mg/kg máximo [70,71].
Tabela 4.14 - Teor de água por Karl Fischer das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível Teor de Água, mg/kg
Controle 69 ± 19
Aromático
Ensaio 79 ± 21
Controle 71 ± 20
Parafínico
Ensaio 57 ± 17
4.1.2.4. Destilação ASTM D86
Conforme Tabela 4.15 e Figura 4.3, observa-se que o óleo diesel real aromático
apresenta curva de destilação superior à do óleo diesel real parafínico, em razão dos
constituintes mais pesados presentes em óleos diesel de característica aromática. Para cada
base, não diferença significativa entre as formulações controle e ensaio, uma vez que a
adição dos precursores não altera as características de destilação dos combustíveis.
Tabela 4.15 - Destilação das amostras de óleo diesel real.
Destilação, °C
B
ASE
Combustível
T50% T85%
Controle 322,1 ± 3,3 374,3 ± 3,4
Aromático
Ensaio 322,8 ± 3,3 375,0 ± 3,4
Controle 289,4 ± 3,7 359,1 ± 4,6
Parafínico
Ensaio 290,2 ± 3,7 359,2 ± 4,6
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 51
Destilação ASTM D86
Óleo Diesel Real
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
% recuperado
°C
Aromático Controle Aromático Ensaio
Parafínico Controle Parafínico Ensaio
Figura 4.3 – Curvas de destilação das amostras de óleo diesel real. (Por razões de clareza não
são apresentadas as barras de erros associadas a cada determinação).
As amostras de óleo diesel real foram formuladas em laboratório, visando obter um
óleo diesel possível de ser produzido nas refinarias de origem, em etapas anteriores ao
acabamento para atendimento à especificação vigente. Assim, o óleo diesel parafínico atende
à especificação do óleo diesel automotivo: T50% entre 245,0 °C e 310,0 °C, e T85% máximo
de 360,0 °C para o óleo diesel metropolitano e de 370,0 °C para o óleo diesel interior. Por sua
vez, o óleo diesel aromático não atende à especificação. Na refinaria de origem certamente
seriam adicionadas outras correntes para compor o óleo diesel acabado, visando o acerto de
propriedades, de forma a garantir o atendimento à especificação.
4.1.2.5. Massa Específica ASTM D4052
Os resultados de massa específica (Tabela 4.16) mostram que o óleo diesel real
aromático é mais pesado do que o parafínico, da mesma forma como observado para o óleo
diesel sintético. Enquanto o óleo diesel real aromático encontra-se no limite dos valores
especificados para o óleo diesel interior, massa específica entre 820,0 e 880,0 kg/m
3
, o óleo
diesel real parafínico atende também a especificação para o óleo diesel metropolitano, massa
específica entre 820,0 e 865,0 kg/m
3
.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 52
Tabela 4.16 - Massa específica das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível Massa Específica, kg/m
3
Controle 879,7 ± 0,1
Aromático
Ensaio 879,8 ± 0,1
Controle 845,5 ± 0,1
Parafínico
Ensaio 845,3 ± 0,1
4.1.2.6. Número de Cetano Derivado pelo IQT ASTM D6890
Como os compostos aromáticos apresentam dificuldade de queima, os óleos diesel de
característica aromática apresentam número de cetano inferior aos de característica parafínica.
Conforme resultados na Tabela 4.17, tal comportamento também é observado nos óleos diesel
reais, porém em menor extensão quando comparados aos óleos diesel sintéticos. Os óleos
diesel reais atendem à especificação em vigor de número de cetano igual ou superior a 42,0.
Tabela 4.17 - Número de cetano das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível Número de cetano
Controle 46,5 ± 0,8
Aromático
Ensaio 46,5 ± 0,8
Controle 52,4 ± 0,8
Parafínico
Ensaio 53,7 ± 0,8
4.1.2.7. Teor de Enxofre ASTM D5453
O teor de enxofre no óleo diesel real parafínico é cerca de 4 vezes maior do que no
óleo diesel aromático, conforme apresentado na Tabela 4.18. Este resultado se deve às
características dos petróleos processados nas refinarias de origem das correntes. O óleo diesel
parafínico atende aos valores limites especificados para o óleo diesel interior, com teor de
enxofre máximo de 2000 mg/kg, enquanto que o óleo diesel aromático atende ainda aos
valores limites especificados para o óleo diesel metropolitano, com teor de enxofre máximo
de 500 mg/kg.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 53
Tabela 4.18 - Teor de enxofre das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível Teor de Enxofre, mg/kg
Controle 396 ± 16
Aromático
Ensaio 409 ± 12
Controle 1540 ± 45
Parafínico
Ensaio 1590 ± 46
4.1.2.8. Teores de Nitrogênio Total ASTM D4629 e Pirrólico UOP 276-85
O teor de nitrogênio total no óleo diesel real aromático é cerca de 2,5 vezes maior do
que no óleo diesel parafínico, conforme a Tabela 4.19. Este resultado se deve às
características dos petróleos processados nas refinarias de origem das correntes. Embora não
estejam diretamente relacionados, seria de se esperar que os teores de nitrogênio pirrólico
também fossem maiores no óleo diesel real aromático do que no parafínico, o que
efetivamente ocorre. Da mesma forma que para o óleo diesel sintético, os teores de nitrogênio
pirrólico são maiores nas amostras denominadas de ensaio do que nos respectivos controles
em função da adição de 100 mg/L de 2-metil-indol (11 mg/L de nitronio). Vale lembrar que
as correntes adquiridas nas refinarias não constituem óleo diesel acabado, uma vez que não
receberam nenhum tipo de tratamento para a remoção de contaminantes. Tipicamente, no óleo
diesel pronto para comercialização, os teores de nitrogênio total e pirrólico não excedem
300 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente [27].
Tabela 4.19 - Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel real.
Teor de Nitrogênio, mg/kg
B
ASE
Combustível
Total Pirrólico
Controle 878 ± 6 35 ± 7
Aromático
Ensaio 898 ± 6 59 ± 12
Controle 364 ± 4 12 ± 2
Parafínico
Ensaio 374 ± 4 28 ± 6
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 54
4.1.2.9. Teor de Fenalenonas - Padrão Interno PETROBRAS/CENPES
Conforme apresentado na Tabela 4.20 e da mesma forma que para o óleo diesel
sintético, as fenalenonas foram encontradas apenas nas amostras denominadas de ensaios, aos
quais foram intencionalmente adicionadas na dosagem de 100 mg/L. Vale destacar que, como
os controles mostraram-se isentos de fenalenona, pode-se supor que o óleo diesel de
destilação direta não apresentava tal composto e que o gasóleo de craqueamento catalítico
utilizado não estava oxidado.
Tabela 4.20 - Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível Teor de Fenalenonas, mg/kg
Controle < 4
Aromático
Ensaio 88 ± 4
Controle < 4
Parafínico
Ensaio 95 ± 4
4.1.2.10. Teor de Metais ASTM D5184
De acordo com os resultados apresentados naa Tabela 4.21, não foi possível
quantificar os teores de cobre, ferro, zinco, sódio e alumínio pois estes elementos, se presentes
no óleo diesel real, estão em teores abaixo dos limites de detecção do método. A quantificação
foi possível apenas para o semi-metal silício.
Tabela 4.21 - Teores de metais das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível
Cu,
µ
µµ
µ
g/kg
Fe,
µ
µµ
µ
g/kg
Zn,
µ
µµ
µ
g/kg
Na,
µ
µµ
µ
g/kg
Si,
mg/kg
Al,
mg/kg
Controle <50 <200 <20 <30 2,8 <1,0
Aromático
Ensaio <50 <200 <20 <30 2,4 <1,0
Controle <50 <200 <20 <30 1,3 <1,0
Parafínico
Ensaio <50 <200 <20 <30 1,4 <1,0
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 55
Embora sejam mais comuns em unidades de coqueamento retardado, antiespumantes a
base de silício podem ser empregados nas torres de destilação atmosférica com o intuito de
manter a eficiência de separação dos pratos, evitando o arraste da fase líquida pela fase vapor.
Silício pode ser encontrado ainda no gasóleo de craqueamento catalítico, como resultado de
perdas de finos do catalisador utilizado na unidade. Estes aspectos justificariam a presença de
silício em amostras reais de óleo diesel. Embora de forma menos ativa do que metais como
cobre, ferro e alumínio, o silício pode acelerar as reações de degradação dos combustíveis.
4.1.2.11. Teor de Aromáticos ASTM D5186
Observa-se, na Tabela 4.22, que o óleo diesel real aromático é constituído por cerca de
35 %m de compostos aromáticos, enquanto que o óleo diesel real parafínico apresenta cerca
de 74 %m de compostos saturados. Para cada classe de compostos, a precisão do método de
cromatografia em fluido supercrítico é de ± 0,3 %m. Os resultados obtidos para os óleos
diesel sintéticos são diferentes em cada base (60 %m de compostos aromáticos no óleo diesel
sintético aromático e 65 %m de compostos saturados no óleo diesel sintético parafínico) em
função da simplicidade do modelo utilizado.
Tabela 4.22 - Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel real.
Aromáticos, %m
B
ASE
Combustível
Saturados,
%m
Olefínico
s,
%m
Mono-
Di- Poli- Totais
Controle 61,6 3,1 21,0 8,9 5,3 35,3
Aromático
Ensaio 62,4 3,2 21,3 8,3 4,8 34,4
Controle 73,9 1,8 15,6 5,7 3,0 24,3
Parafínico
Ensaio 73,9 1,9 15,7 5,7 2,8 24,3
Hidrocarbonetos olefínicos presentes em combustíveis reais podem afetar os
resultados dos ensaios de envelhecimento ao reagirem com o oxigênio e formarem peróxidos.
Entretanto, o teor de gasóleo de craqueamento catalítico (corrente que pode conter
quantidades apreciáveis de hidrocarbonetos olefínicos) utilizado nas formulações (5 % para o
óleo diesel real aromático e 4 % para o óleo diesel real parafínico) permitiu que os
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 56
combustíveis reais apresentassem no máximo 3 %m de hidrocarbonetos olefínicos, o que não
compromete os resultados dos ensaios de envelhecimento [11].
4.1.2.12. Resumo da Caracterização do Óleo Diesel Real
A Tabela 4.23 apresenta de forma condensada os resultados dos ensaios de
caracterização das amostras de óleo diesel sintético e os valores de especificação para o óleo
diesel automotivo em vigor.
Tabela 4.23 - Resumo da caracterização das amostras de óleo diesel real.
L
IMITE
A
ROMÁTICO
P
ARAFÍNICO
CARACTERÍSTICA
U
NIDADE
M
ÉTODO
M
ETROPO
-
LITANO
I
NTERIOR
C
ONTROLE
E
NSAIO
C
ONTROLE
E
NSAIO
Aspecto visual Límpido e isento de impurezas Límpido e isento de impurezas
Límpido e isento de impurezas
Cor ASTM, máx ASTM D1500 3,0 3,0 L2,5 L2,5 L2,5 L2,5
Turbidez ASTM D4176 - - 1 @ 20,2 °C 1 @ 20,2 °C 1 @ 21,2 °C 1 @ 22,0 °C
Índice de acidez
Acidez Fraca - - 0,55 0,51 0,19 0,19
Acidez Forte
mg KOH/g
ASTM D664
- - não detectada não detectada não detectada
não detectada
Água por Karl Fischer mg/kg ASTM D6304 - - 69 79 71 57
Destilação
50% vol. rec., máx 245,0 a 310,0 322,1 322,8 289,4 290,2
85% vol. rec., máx
°C ASTM D86
360,0 370,0 374,3 375,0 359,1 359,2
Massa específica a 20ºC kg/m
3
ASTM D4052 820 a 865 820 a 880 879,7 879,8 845,5 845,3
Número de Cetano, mín. ASTM D613 42 46,5 46,5 52,4 53,7
Enxofre Total, máx mg/kg ASTM D5453 500 2000 396 409 1540 1590
Nitrogênio Total mg/kg ASTM D4629 - - 878 898 364 374
Nitrogênio Pirrólico mg/kg UOP 276-85 - - 35 59 12 28
Fenalenonas mg/kg CENPES - - <4 88 <4 95
Metais
Cobre - - <50 <50 <50 <50
Ferro - - <200 <200 <200 <200
Zinco - - <20 <20 <20 <20
Sódio
µg/kg
- - <30 <30 <30 <30
Silício - - 2,8 2,4 1,3 1,4
Alumínio
mg/kg
ASTM D5184
- - <1,0 <1,0 <1,0 <1,0
Hidrocarbonetos
Saturados - - 61,6 62,4 73,9 73,9
Olefínicos - - 3,1 3,2 1,8 1,9
Monoaromáticos - - 21,0 21,3 15,6 15,7
Diaromáticos - - 8,9 8,3 5,7 5,7
Poliaromáticos - - 5,3 4,8 3,0 2,8
Aromáticos Totais
%m ASTM D5186
- - 35,3 34,4 24,3 24,3
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 57
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 58
4.2. Avaliação do Potencial de Degradação e da Filtrabilidade dos Combustíveis
4.2.1. Óleo Diesel Sintético
As amostras de óleo diesel sintético, após formulação e adição de precursores,
conforme descrito nos itens 3.1.1.1 e 3.1.2 do capítulo Material e Métodos, e caracterização,
conforme item 4.1.1 deste capítulo, foram submetidas aos ensaios de envelhecimento
acelerado por 16 horas a 90 °C, envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C e simulação
de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente. Nos itens a seguir são apresentados os
resultados destes ensaios de envelhecimento, juntamente com os resultados dos ensaios que
caracterizam a filtrabilidade dos combustíveis.
4.2.1.1. Partículas Contaminantes
A Tabela 4.24 apresenta os valores de partículas contaminantes do óleo diesel
sintético, obtidos no momento de formulação dos combustíveis. As chamadas partículas
contaminantes são quantificadas e removidas antes da realização dos ensaios de
envelhecimento para garantir que todo o material insolúvel obtido ao final desses ensaios
tenha sido formado apenas durante sua realização. O resultado de partículas contaminantes
fornece uma estimativa do grau de contaminação por partículas sólidas ou de degradação do
combustível. Como estes combustíveis foram formulados a partir de compostos puros com
alto grau de pureza, os valores são praticamente nulos.
Tabela 4.24 - Partículas contaminantes das amostras de óleo diesel sintético.
B
ASE
Combustível
Partículas Contaminantes,
mg/100 mL
Controle 0,0 ± 0,0
Aromático
Ensaio 0,0 ± 0,0
Controle 0,0 ± 0,0
Parafínico
Ensaio 0,1 ± 0,1
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 59
4.2.1.2. Envelhecimento Acelerado - 16 horas a 90 °C ASTM D5304
Os resultados do ensaio de estabilidade a estocagem são apresentados na Tabela 4.25 e
nas Figuras 4.4, 4.5 e 4.6. A precisão do método de cor ASTM D1500 é de ± 0,5. Embora não
haja alteração significativa de cor, observa-se a maior formação de insolúveis nos ensaios do
que nos respectivos controles, como resultado provável da ação dos compostos precursores do
mecanismo de degradação do óleo diesel.
Tabela 4.25 - Envelhecimento do óleo diesel sintético por 16 h a 90 °C.
B
ASE
Combustível
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Cor
Inicial
Cor
Final
Delta
Cor
Controle 0,0 ± 0,3 L1,0 L1,0 0,0
Aromático
Ensaio 0,7 ± 0,4 L1,0 L1,5 0,5
Controle 0,6 ± 0,4 L1,0 L1,0 0,0
Parafínico
Ensaio 1,0 ± 0,5 L1,0 L1,0 0,0
Envelhecimento Acelerado por 16 h a 90 °C
(0,0)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Óleo Diesel
Sintético
Aromático
Controle
Óleo Diesel
Sintético
Aromático
Ensaio
Óleo Diesel
Sintético
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Sintético
Parafínico
Ensaio
Amostras
Insolúveis Totais,
mg / 100 mL
Figura 4.4 – Insolúveis totais formados no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do óleo
diesel sintético.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 60
Envelhecimento Acelerado por 16 h a 90 °C
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Ensaio
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Ensaio
Amostras
Cor
Cor Inicial Cor Final Delta Cor
Figura 4.5 – Resultados de cor no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do óleo diesel
sintético.
Figura 4.6 – Película de insolúveis totais do óleo diesel sintético parafínico controle (à
esquerda) e ensaio (à direita).
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 61
No envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C, equivalente a cerca de dois anos
de envelhecimento a 20 °C e pressão atmosférica, observou-se que a formação de insolúveis
acompanhou o aumento do teor dos compostos instáveis: a formação de insolúveis foi maior
nos ensaios do que nos controles, como esperado. A quantidade de material insolúvel gerada
não ultrapassou o limite aceitável internacionalmente de 2,5 mg/100 mL para ensaios de
envelhecimento acelerado [48,70,71]. Quanto à cor, a adição dos compostos precursores não
causou alteração de cor inicial, e após o envelhecimento os resultados de delta cor, com a
incerteza associada ao método, não permitem diferenciar os efeitos dos compostos instáveis
nas amostras.
4.2.1.3. Envelhecimento Natural - 13 semanas a 43 °C ASTM D4625
Os resultados de insolúveis formados com o envelhecimento por 13 semanas a 43 °C
das amostras de óleo diesel sintético são apresentados na Tabela 4.26 e na Figura 4.7.
Tabela 4.26 - Envelhecimento do óleo diesel sintético por 13 semanas a 43 °C.
B
ASE
Combustível
Insolúvel
Filtrável,
mg/100 mL
Insolúvel
Aderente,
mg/100 mL
Insolúveis
Totais,
mg/100 mL
Controle 0,3 ± 0,2 4,4 ± 1,8 4,7 ± 2,0
Aromático
Ensaio 2,3 ± 0,6 4,2 ± 1,8 6,5 ± 2,4
Controle 1,1 ± 0,4 3,4 ± 1,6 4,5 ± 2,0
Parafínico
Ensaio 2,2 ± 0,6 7,8 ± 2,3 10,0 ± 2,9
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 62
Envelhecimento Natural por 13 semanas a 43 °C
0
2
4
6
8
10
12
14
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Ensaio
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Ensaio
Amostras
Insolúveis,
mg / 100 mL
Filtrável Aderente Total
Figura 4.7 – Insolúveis formados no envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C do óleo
diesel sintético.
No caso do envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C, equivalente a
praticamente um ano a temperatura ambiente, também foi observada a tendência de maior
formação de insolúveis nos ensaios do que nos respectivos controles, apesar dos erros
associados a cada determinação, e de forma coerente com o maior teor de compostos
precursores do processo de degradação do óleo diesel. Como cerca de 80 % do material
insolúvel formado foi do tipo aderente, supõe-se que houve tempo suficiente para a
aglutinação do material formado e sua sedimentação.
4.2.1.4. Simulação de Estocagem 6 meses a Temperatura Ambiente
Os resultados de insolúveis formados com o envelhecimento por 6 meses a
temperatura ambiente das amostras de óleo diesel sintético são apresentados na Tabela 4.27 e
na Figura 4.8. Da mesma forma como para o envelhecimento acelerado e o natural, observa-se
a maior formação de insolúveis nos ensaios do que nos respectivos controles, como resultado
provável da ação dos compostos precursores do mecanismo de degradação do óleo diesel.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 63
Tabela 4.27 - Envelhecimento do óleo diesel sintético por 6 meses a temperatura ambiente.
B
ASE
Combustível
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Controle 2,7 ± 0,7
Aromático
Ensaio 6,3 ± 1,0
Controle 0,0 ± 0,0
Parafínico
Ensaio 2,1 ± 0,6
Simulação de Estocagem por 6 meses a Temperatura Ambiente
(0,0)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Arotico
Ensaio
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Sintico
Parafínico
Ensaio
Amostras
Insolúveis Totais,
mg / 100 mL
Figura 4.8 – Insolúveis formados na simulação de estocagem por 6 meses a temperatura
ambiente do óleo diesel sintético.
4.2.1.5. Resumo dos Ensaios de Envelhecimento para o Óleo Diesel Sintético
A Tabela 4.28 e as Figuras 4.9 e 4.10 apresentam de forma condensada os resultados
de insolúveis totais obtidos para as amostras de óleo diesel sintético no momento de
formulação (tempo zero) e após os ensaios de envelhecimento.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 64
Tabela 4.28 - Resumo da formação de insolúveis para as amostras de óleo diesel sintético.
# B
ASE
Combustível
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Controle 0,0 ± 0,0
Aromático
Ensaio
0,0 ± 0,0
Controle 0,0 ± 0,0
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
0,1 ± 0,1
Controle 0,0 ± 0,3
Aromático
Ensaio 0,7 ± 0,4
Controle 0,6 ± 0,4
16 horas a 90 °C
Parafínico
Ensaio 1,0 ± 0,5
Controle 4,7 ± 2,0
Aromático
Ensaio 6,5 ± 2,4
Controle 4,5 ± 2,0
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 10,0 ± 2,9
Controle 2,7 ± 0,7
Aromático
Ensaio 6,3 ± 1,0
Controle 0,0 ± 0,0
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 2,1 ± 0,6
Os erros associados a cada determinação (repetibilidade) são intrínsecos aos métodos
de análise utilizados e apresentam magnitudes diferentes. Por exemplo, a repetibilidade do
ensaio de envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C é superior à do ensaio de
envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C, que por sua vez é superior à repetibilidade da
determinação de partículas contaminantes no tempo zero e da quantificação de insolúveis na
simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 65
Óleo Diesel Sintético Aromático
(0,0)(0,0) (0,0)
0
2
4
6
8
10
12
14
Tempo zero 16 horas a 90 °C 13 semanas a 43 °C 6 meses a Tamb
Ensaios de Envelhecimento
Insoveis Totais,
mg/100 mL
Controle Ensaio
Figura 4.9 – Material insolúvel no óleo diesel sintético aromático.
Óleo Diesel Sintético Parafínico
(0,0)(0,0)
0
2
4
6
8
10
12
14
Tempo zero 16 horas a 90 °C 13 semanas a 43 °C 6 meses a Tamb
Ensaios de Envelhecimento
Insoveis Totais,
mg/100 mL
Controle Ensaio
Figura 4.10 – Material insolúvel no óleo diesel sintético parafínico.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 66
A estabilidade à estocagem de um combustível destilado médio como o óleo diesel
varia enormemente em função do petróleo processado e das unidades utilizadas na refinaria
para a sua produção. Conseqüentemente, o tipo e a quantidade de material instável presente
também variam, afetando as reações químicas que levam, com o envelhecimento acelerado ou
natural, à alteração de cor e à formação de sedimentos.
Quando submetidas aos ensaios de envelhecimento, as amostras de óleo diesel
sintético aromático e parafínico sofreram degradação, com alteração de cor e formação de
insolúveis totais. Foi possível observar que a formulação de base parafínica apresentou, após
os ensaios de envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C e envelhecimento natural por 13
semanas a 43 °C, maior quantidade de insolúveis do que o modelo aromático. Como não
diferenças naturais em relação aos teores de compostos nitrogenados totais e pirrólicos e ao
índice de acidez, tal resultado pode ser atribuído exclusivamente ao perfil de hidrocarbonetos
nos combustíveis sintéticos, respeitando-se a limitação do modelo de estudo. O’REAR et al.
[30] reportam a maior formação de insolúveis em um meio altamente parafínico como
resultado da baixa solubilidade dos produtos de oxidação no meio. Outros exemplos dos
efeitos da composição sobre as características do óleo diesel sintético aromático e parafínico
são a curva de destilação ASTM D86 das amostras (as curvas se cruzam em aproximadamente
T56% e 288 °C) e a massa específica (o óleo diesel sintético aromático é mais pesado do que
o parafínico).
Observando-se os resultados das diversas quantificações de material insolúvel para o
óleo diesel sintético aromático (Figura 4.9) e parafínico (Figura 4.10), realizadas no momento
da formulação (tempo zero) e após o envelhecimento das amostras, observa-se que a
formação de insolúveis para ambas as bases é até 10 vezes maior no ensaio de envelhecimento
natural por 13 semanas a 43 °C do que no envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C. Na
simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente, entretanto, os resultados obtidos
para o óleo diesel sintético aromático são semelhantes aos do envelhecimento natural por 13
semanas a 43 °C, enquanto que para óleo diesel sintético parafínico, os resultados obtidos se
assemelham aos do envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C.
O comportamento observado no envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C em
relação ao envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C deve-se, possivelmente, a um
fenômeno relacionado com a utilização de temperaturas superiores à ambiente para acelerar a
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 67
degradação dos combustíveis nos ensaios de envelhecimento. Com o aumento da temperatura,
as taxas de degradação não são alteradas uniformemente, pois dependem das energias de
ativação das etapas controladoras das reações químicas de degradação, energias as quais
variam de combustível para combustível. Por outro lado, temperaturas elevadas podem levar
ao desenvolvimento de reações que não ocorreriam naturalmente, fornecendo sedimentos em
quantidade e composição diferentes [14,72]. Dessa forma, alguns combustíveis apresentam
efeitos consistentes com a temperatura, e outros não. Segundo PEDLEY et al. [6],
combustíveis formulados com óleo diesel de destilação direta e gasóleo de craqueamento
catalítico estocados em condições ambiente degradam mais do que o previsto nos ensaios de
envelhecimento acelerado. Tal comportamento também foi observado neste trabalho para as
amostras de óleo diesel sintético, como mostram os resultados de insolúveis formados com a
simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente e o envelhecimento acelerado
por 16 horas a 90 °C. Este efeito da temperatura seria minimizado a 43 °C, uma vez que, nesta
temperatura, pouco superior à temperatura ambiente, não são alteradas as relações de
importância entre as reações de degradação.
O raciocínio descrito no parágrafo anterior também pode ser aplicado para o óleo
diesel sintético aromático estocado por 6 meses a temperatura ambiente, que gerou uma
quantidade de sedimentos semelhante ao obtido com o envelhecimento natural por 13
semanas a 43 °C e bem superior (9 vezes) ao obtido com o envelhecimento acelerado por 16
horas a 90 °C. Já para o óleo diesel sintético parafínico, os sedimentos obtidos na amostra
denominada de ensaio são apenas duas vezes maiores do que os obtidos com o
envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C. Isto pode indicar que, em modelos
simplificados como o óleo diesel sintético utilizado, a base química do combustível exerça
influência sobre a formação de sedimentos a temperatura ambiente. No caso, a base aromática
teria uma influência maior no processo de degradação a temperatura ambiente do que a base
parafínica. Em função da simplicidade do modelo de óleo diesel sintético utilizado, tal
influência deve ser investigada em modelos mais complexos.
4.2.1.6. Filtrabilidade ASTM D6426
Os resultados de filtrabilidade obtidos no tempo zero e após os ensaios de
envelhecimento das amostras de óleo diesel sintético são apresentados na Tabela 4.29.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 68
Tabela 4.29 - Filtrabilidade das amostras de óleo diesel sintético.
# B
ASE
Combustível Filtrabilidade, F-QF
Controle 93 ± 19
Aromático
Ensaio
93 ± 19
Controle 94 ± 19
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
92 ± 19
Controle 91 ± 19
Aromático
Ensaio 92 ± 19
Controle 92 ± 19
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 86 ± 18
Controle 92 ± 19
Aromático
Ensaio 91 ± 19
Controle 92 ± 19
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 87 ± 18
Os combustíveis sintéticos apresentaram, no momento de sua formulação, valores para
o fator F-QF superiores a 90, o que representa uma filtrabilidade muito boa. Este resultado
era esperado uma vez que os óleos diesel sintéticos foram formulados a partir de compostos
de alto grau de pureza. A adição dos compostos precursores do processo de degradação não
afetou a filtrabilidade das amostras.
A filtrabilidade dos combustíveis continuou boa após o envelhecimento natural por 13
semanas a 43 °C e a simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente, indicando
que o material insolúvel formado com o envelhecimento do óleo diesel sintético não foi
suficiente para afetar a característica de filtrabilidade das amostras.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 69
4.2.1.7. Contagem de Partículas ISO 4406:1999
Os resultados de contagem de partículas no tempo zero e após os ensaios de
envelhecimento das amostras de óleo diesel sintético são apresentados na Tabela 4.30.
Tabela 4.30 - Contagem de Partículas das amostras de óleo diesel sintético.
# B
ASE
Combustível Classe ISO
Controle 15 / 13 / 10
Aromático
Ensaio
16 / 14 / 10
Controle 14 / 12 / 9
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
16 / 14 / 12
Controle 17 / 15 / 9
Aromático
Ensaio 16 / 14 / 11
Controle 13 / 11 / 6
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 12 / 11 / 7
Controle 16 / 14 / 10
Aromático
Ensaio 17 / 15 / 12
Controle 17 / 16 / 12
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 17 / 16 / 13
Quanto à presença de partículas, as formulações de óleo diesel sintético apresentaram
no tempo zero quantidades de partículas inferiores à classificação ISO 18 / 16 / 13, desejável
para o óleo diesel compatível com os sofisticados sistemas de injeção dos motores do ciclo
diesel [48]. Embora a incerteza de uma classe ISO esteja associada à repetibilidade do
método, o aumento da classificação ISO observada dos controles para os respectivos ensaios
pode ser devida à adição dos precursores. Considerando-se essa incerteza, não se verifica
tendência de comportamento em relação à quantidade de partículas presentes nas amostras de
óleo diesel sintético com o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C ou com a
simulação de estocagem por 6 meses a temperatura ambiente. Entretanto, a amostra de óleo
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 70
diesel sintético parafínico ensaio, que apresentou, entre as amostras de óleo diesel sintético, a
maior formação de material insolúvel nos ensaios de envelhecimento (10,0 mg / 100 mL após
envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C), apresentou a menor quantidade de partículas
(classe ISO 12 / 11 / 7) entre as amostras envelhecidas, provavelmente em função da
aglomeração e sedimentação do material formado.
4.2.2. Óleo Diesel Real
As amostras de óleo diesel real, após formulação e adição de precursores, conforme
descrito nos itens 3.1.1.2 e 3.1.2 do capítulo Material e Métodos, e caracterização conforme
item 4.1.2 deste capítulo, foram submetidas aos ensaios de envelhecimento acelerado por 16
horas a 90 °C e envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C. Nos itens a seguir são
apresentados os resultados destes ensaios de envelhecimento, juntamente com os resultados
dos ensaios que caracterizam a filtrabilidade dos combustíveis.
4.2.2.1. Partículas Contaminantes
A Tabela 4.31 apresenta os valores de partículas contaminantes do óleo diesel real.
Além das amostras denominadas de controle e de ensaio, as partículas contaminantes foram
determinadas também em amostras de óleo diesel de destilação direta (óleo diesel DD)
aromático e parafínico. Os baixos resultados obtidos indicam que as amostras não sofreram
degradação no período de tempo decorrido entre a produção das correntes na refinaria e sua
utilização. Este material foi eliminado antes da realização dos ensaios de envelhecimento.
Tabela 4.31 - Partículas contaminantes das amostras de óleo diesel real.
B
ASE
Combustível
Partículas Contaminantes,
mg/100 mL
Óleo Diesel DD 0,3 ± 0,2
Controle 0,2 ± 0,2
Aromático
Ensaio 0,4 ± 0,3
Óleo Diesel DD 0,2 ± 0,2
Controle 0,2 ± 0,2
Parafínico
Ensaio 0,3 ± 0,2
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 71
4.2.2.2. Envelhecimento Acelerado - 16 horas a 90 °C ASTM D5304
Os resultados do ensaio de envelhecimento acelerado são apresentados na Tabela 4.32
e nas Figuras 4.11, 4.12 e 4.13. A precisão do método de cor ASTM D1500 é de ± 0,5.
Observou-se a maior formação de insolúveis nos ensaios do que nos respectivos controles (e
nestes em relação ao óleo diesel de destilação direta) como resultado provável da ação dos
compostos precursores do mecanismo de degradação do óleo diesel.
Tabela 4.32 - Envelhecimento do óleo diesel real por 16 h a 90 °C.
B
ASE
Combustível
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Cor
Inicial
Cor
Final
Delta
Cor
Óleo Diesel DD
1,1 ± 0,5 L1,5 L4,0 2,5
Controle 1,9 ± 0,6 L2,0 L5,0 3,0
Aromático
Ensaio 2,5 ± 0,8 L2,0 L4,5 2,5
Óleo Diesel DD
0,5 ± 0,4 L1,5 L2,0 0,5
Controle 1,0 ± 0,5 L1,5 L3,0 1,5
Parafínico
Ensaio 1,8 ± 0,6 L1,5 L3,0 1,5
Envelhecimento Acelerado por 16 h a 90 °C
0
1
2
3
4
5
6
Óleo Diesel
DD
Aromático
Óleo Diesel
Real
Aromático
Controle
Óleo Diesel
Real
Aromático
Ensaio
Óleo Diesel
DD
Parafínico
Óleo Diesel
Real
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Real
Parafínico
Ensaio
Amostras
Insolúveis Totais,
mg / 100 mL
Figura 4.11 – Insolúveis totais formados no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do
óleo diesel real.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 72
Envelhecimento Acelerado por 16 h a 90 °C
0
1
2
3
4
5
6
Óleo Diesel
DD
Aromático
Óleo Diesel
Real
Aromático
Controle
Óleo Diesel
Real
Aromático
Ensaio
Óleo Diesel
DD
Parafínico
Óleo Diesel
Real
Parafínico
Controle
Óleo Diesel
Real
Parafínico
Ensaio
Amostras
Cor
Cor Inicial Cor Final Delta Cor
Figura 4.12 – Resultados de cor no envelhecimento acelerado por 16 h a 90 °C do óleo diesel
real.
Figura 4.13 – Película de insolúveis totais do óleo diesel real aromático controle (à esquerda)
e ensaio (à direita).
No envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C, equivalente a cerca de dois anos
de envelhecimento a 20 °C e pressão atmosférica, observou-se que a tendência de formação
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 73
de insolúveis também foi maior nos ensaios do que nos controles, e nestes em relação ao óleo
diesel de destilação direta. A quantidade de material insolúvel gerada nas amostras de óleo
diesel real foi maior do que nas amostras de óleo diesel sintético, em função da complexidade
do óleo diesel real e da simplicidade do modelo de óleo diesel sintético. O óleo diesel real
aromático apresentou maior tendência para a formação de insolúveis do que o óleo diesel real
parafínico. A amostra de óleo diesel real aromático ensaio alcançou os 2,5 mg/100 mL de
material insolúvel formado, limite considerado aceitável internacionalmente
em ensaio de
envelhecimento acelerado [48,70,71].
A adição de gasóleo de craqueamento catalítico levou ao aumento da cor inicial do
óleo diesel real aromático controle em relação ao óleo diesel de destilação direta, fato que não
se repetiu com o óleo diesel real parafínico, em função das características do gasóleo de
craqueamento catalítico parafínico. Da mesma forma que para o óleo diesel sintético, a adição
dos compostos precursores não causou alteração de cor inicial. Após o envelhecimento,
observou-se a maior formação de insolúveis nas amostras de óleo diesel real controle em
relação às respectivas amostras de óleo diesel de destilação direta, por influência dos gasóleos
de craqueamento catalítico. Os resultados de delta cor, com a incerteza associada ao método,
não permitem diferenciar os efeitos dos compostos instáveis nas amostras.
4.2.2.3. Envelhecimento Natural - 13 semanas a 43 °C ASTM D4625
Os resultados de insolúveis formados com o envelhecimento por 13 semanas a 43 °C
das amostras de óleo diesel real são apresentados na Tabela 4.33 e na Figura 4.14.
Tabela 4.33 - Envelhecimento do óleo diesel real por 13 semanas a 43 °C.
B
ASE
Combustível
Insolúvel
Filtrável,
mg/100 mL
Insolúvel
Aderente,
mg/100 mL
Insolúveis
Totais,
mg/100 mL
Controle 1,0 ± 0,4 11,9 ± 2,7 12,9 ± 3,1
Aromático
Ensaio 2,8 ± 0,7 21,9 ± 3,4 24,7 ± 4,1
Controle 1,6 ± 0,5 4,9 ± 1,9 6,5 ± 2,4
Parafínico
Ensaio 0,7 ± 0,4 13,6 ± 2,8 14,4 ± 3,2
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 74
Envelhecimento Natural por 13 semanas a 43 °C
0
5
10
15
20
25
30
35
Óleo Diesel Real
Arotico
Controle
Óleo Diesel Real
Aromático
Ensaio
Óleo Diesel Real
Parafínico
Controle
Óleo Diesel Real
Parafínico
Ensaio
Amostras
Insolúveis,
mg / 100 mL
Filtrável Aderente Total
Figura 4.14 – Insolúveis formados no envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C do óleo
diesel real.
No caso do envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C, também foi observada a
maior formação de insolúveis nos ensaios do que nos respectivos controles (a quantidade de
insolúveis praticamente dobra), como resultado provável da ação dos compostos precursores
do mecanismo de degradação do óleo diesel. No mínimo 75 % do material insolúvel formado
foi do tipo aderente, ou seja, sedimentos. Como o envelhecimento por uma semana a 43 °C
equivale a praticamente um mês a temperatura ambiente, pode-se supor que um combustível
de formulação semelhante apresentaria após cerca de um ano grande quantidade de material
insolúvel sedimentado e/ou aderido às paredes do reservatório.
4.2.2.4. Resumo dos Ensaios de Envelhecimento para o Óleo Diesel Real
A Tabela 4.34 e as Figuras 4.15 e 4.16 apresentam de forma condensada os resultados
de insolúveis totais obtidos para as amostras de óleo diesel real no momento de formulação
(tempo zero) e após os ensaios de envelhecimento.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 75
Tabela 4.34 - Resumo da formação de insolúveis para as amostras de óleo diesel real.
# B
ASE
Combustível
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Óleo Diesel DD 0,3 ± 0,2
Controle 0,2 ± 0,2
Aromático
Ensaio 0,4 ± 0,3
Óleo Diesel DD 0,2 ± 0,2
Controle 0,2 ± 0,2
Tempo zero
Parafínico
Ensaio 0,3 ± 0,2
Óleo Diesel DD 1,1 ± 0,5
Controle 1,9 ± 0,6
Aromático
Ensaio 2,5 ± 0,8
Óleo Diesel DD 0,5 ± 0,4
Controle 1,0 ± 0,5
16 h a 90 °C
Parafínico
Ensaio 1,8 ± 0,6
Controle 12,9 ± 3,1
Aromático
Ensaio 24,7 ± 4,1
Controle 6,5 ± 2,4
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 14,4 ± 3,2
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 76
Óleo Diesel Real Aromático
0
5
10
15
20
25
30
Tempo zero 16 horas a 90 °C 13 semanas a 43 °C
Ensaios de Envelhecimento
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Controle Ensaio
Figura 4.15 – Material insolúvel no óleo diesel real aromático.
Óleo Diesel Real Parafínico
0
5
10
15
20
25
30
Tempo zero 16 horas a 90 °C 13 semanas a 43 °C
Ensaios de Envelhecimento
Insolúveis Totais,
mg/100 mL
Controle Ensaio
Figura 4.16 – Material insolúvel no óleo diesel real parafínico.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 77
Diferentemente do observado para o óleo diesel sintético, nas amostras de óleo diesel
real estudadas observa-se que o combustível de base aromática forneceu, nos ensaios de
envelhecimento acelerado por 16 horas a 90 °C e natural por 13 semanas a 43 °C, maior
quantidade de insolúveis do que o óleo diesel real parafínico. A formação de insolúveis foi até
10 vezes maior no ensaio de envelhecimento natural do que no envelhecimento acelerado.
Para o óleo diesel real, estes resultados podem ser atribuídos às diferenças naturais nos teores
de compostos nitrogenados totais e pirrólicos, ao índice de acidez e à complexidade do
combustível. Segundo os resultados de caracterização, verifica-se que o óleo diesel real
aromático controle apresenta, em relação ao seu similar parafínico, maiores teores de
compostos nitrogenados totais (878 e 364 mg/kg, respectivamente) e pirrólicos (35 e
12 mg/kg) e maior acidez (0,55 e 0,19 mg KOH/g). Estas diferenças na composição
provavelmente propiciaram a maior degradação do óleo diesel real aromático, conforme
previsto no mecanismo de degradação apresentado no item 2.4.
As diferenças nas taxas de formação de sedimentos observadas nos diferentes tipos de
combustíveis (óleo diesel sintético versus óleo diesel real) e de ensaios de envelhecimento
(acelerado, por 16 horas a 90 °C, natural, por 13 semanas a 43 °C, e simulação de estocagem,
por 6 meses a temperatura ambiente) indicam que as características químicas dos
combustíveis podem exercer uma influência significativa nas quantidades de sedimentos
obtidos. A sedimentação aumenta com a complexidade do combustível (óleo diesel real >
óleo diesel sintético). Pode-se supor que o efeito do tipo de combustível se deve à diversidade
de compostos e a traços de impurezas presentes nos combustíveis mais complexos como o
óleo diesel real do que a uma diferença no perfil de hidrocarbonetos. Por exemplo, diluentes
complexos como o óleo diesel estimulam a formação de sedimentos com 2,5-dimetil-pirrol
em relação ao querosene de aviação e ao n-decano [11]. Neste caso, a possível explicação
para o efeito do diluente reside no fato de que impurezas (como os diversos ácidos orgânicos)
presentes no óleo diesel, mas não nos outros combustíveis, catalisam a formação de
sedimentos, influenciando a taxa de reação, mas não as características dos sedimentos [23,24].
Se, por um lado, modelos como o óleo diesel sintético empregado neste estudo
apresentam as fraquezas citadas acima, podendo em alguns casos alterar completamente o
mecanismo químico sob análise, sua maior força reside na possibilidade de estudo de uma
rota em particular. Uma vez que as reações de condensação e oxidação dos compostos
heterocíclicos (Figura 2.5) em um meio complexo como os destilados médios não são um
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 78
evento isolado, e pouco se conhece quimicamente sobre os efeitos interativos nas reações de
degradação, mostra-se praticamente impossível acompanhar qualquer um das centenas de
compostos presentes em um óleo diesel real. Assim, os modelos constituem uma forma de
apontar o caminho das reações estudadas [13].
4.2.2.5. Filtrabilidade ASTM D6426
Os resultados de filtrabilidade obtidos no tempo zero e após o ensaio de
envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C das amostras de óleo diesel real são
apresentados na Tabela 4.35.
Tabela 4.35 - Filtrabilidade das amostras de óleo diesel real.
# B
ASE
Combustível Filtrabilidade, F-QF
Controle 18 ± 11
Aromático
Ensaio
24 ± 11
Controle 90 ± 19
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
39 ± 13
Controle 38 ± 13
Aromático
Ensaio 9 ± 10
Controle 56 ± 15
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 19 ± 11
Enquanto os óleos diesel sintéticos, que apresentaram filtrabilidade muito boa, foram
preparados a partir de compostos com alto grau de pureza, os óleos diesel reais foram obtidos
de refinarias e estavam sujeitos a condições adversas como o arraste de material em tanques e
tubulações. Assim, era de se esperar que a característica de filtrabilidade das amostras dos
óleos diesel reais no tempo zero fosse ruim (F-QF em torno de 30), como de fato foi
observado. A exceção ocorreu para o óleo diesel real parafínico controle, que apresentou boa
filtrabilidade. Parece não haver uma explicação plausível para este resultado, uma vez que o
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 79
respectivo ensaio apresentou filtrabilidade ruim e, conforme os resultados do óleo diesel
sintético, a adição dos precursores não afeta a filtrabilidade da amostra. Os sedimentos
formados durante o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C, cujo procedimento inclui
uma filtração antes do período de estocagem, conferiram a todas as amostras de óleo diesel
real uma filtrabilidade ruim. Entretanto, as filtrabilidades das amostras denominadas de ensaio
são piores do que as filtrabilidades dos respectivos controles, como conseqüência da maior
formação de sedimentos nos ensaios em relação aos controles.
4.2.2.6. Contagem de Partículas ISO 4406:1999
Os resultados de contagem de partículas no tempo zero e após o ensaio de
envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C das amostras de óleo diesel real são
apresentados na Tabela 4.36.
Tabela 4.36 - Contagem de Partículas das amostras de óleo diesel real.
# B
ASE
Combustível Classe ISO
Controle 23 / 20 / 17
Aromático
Ensaio
21 / 20 / 16
Controle 16 / 14 / 10
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
19 / 17 / 14
Controle 19 / 17 / 13
Aromático
Ensaio 19 / 17 / 13
Controle 15 / 13 / 8
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 20 / 18 / 12
O óleo diesel real parafínico apresentou, no tempo zero, menor quantidade de
partículas nas diversas faixas de tamanho avaliadas no ensaio do que o seu similar aromático.
Há mais partículas no óleo diesel real do que no óleo diesel sintético, uma vez que o primeiro
foi obtido em refinarias e o segundo a partir de compostos com alto grau de pureza, como
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 80
observado para a filtrabilidade. Com o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C
verificou-se uma menor quantidade de partículas na amostra de óleo diesel real parafínico
controle, justamente aquela que apresentou a menor formação de material insolúvel
(6,5 mg / 100 mL). Para as demais amostras envelhecidas, os resultados de contagem de
partículas são semelhantes, embora a quantidade de material insolúvel formado tenha variado
largamente (de 12,9 a 24,7 mg / 100 mL).
Os resultados obtidos para os óleos diesel reais são diferentes dos obtidos para os
óleos diesel sintéticos. Nestes, a menor quantidade de partículas foi encontrada na amostra
que apresentou a maior formação de material insolúvel no ensaio de envelhecimento natural
por 13 semanas a 43 °C. Este resultado pode estar associado à baixa solubilidade dos produtos
de oxidação em um meio como o óleo diesel sintético parafínico ensaio [30], sua aglomeração
e sedimentação, que afetaria a contagem de partículas presentes no combustível e também a
filtrabilidade [6,73]. Por outro lado, resultados semelhantes de contagem de partículas para
amostras cujo material insolúvel varia de 12,9 a 24,7 mg / 100 mL, como observado no óleo
diesel real, reforçam a tese de que a classificação ISO 4406:1999 não apresenta correlação
direta com a quantificação gravimétrica dos insolúveis [47].
4.3. Alteração das Propriedades dos Combustíveis com o Envelhecimento
4.3.1. Óleo Diesel Sintético
Os resultados abaixo para o óleo diesel sintético referem-se a uma nova caracterização
das amostras após o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C e a simulação de
estocagem por 6 meses a temperatura ambiente. A fim de permitir comparação e análise dos
resultados, são apresentados novamente os resultados obtidos no momento de formulação
(tempo zero) das amostras de óleo diesel sintético.
4.3.1.1. Aspecto Visual ASTM D4176 e Cor ASTM D1500
Em relação aos resultados obtidos quando de sua formulação, as amostras de óleo
diesel sintético não apresentaram alterações de aspecto ou de turbidez em ambos os ensaios de
envelhecimento (Tabela 4.37), e continuam atendendo aos limites da especificação para o
óleo diesel automotivo em vigor (aspecto límpido e isento de impurezas, cor 3,0 máximo). A
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 81
ligeira degradação de cor do óleo diesel aromático encontra-se na repetibilidade do método de
Cor ASTM D1500, de ± 0,5.
Tabela 4.37 - Aspecto visual das amostras de óleo diesel sintético após envelhecimento.
# B
ASE
Combustível
Aspecto Cor Turbidez
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,5 1 @ 20,8 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,5 1 @ 21,0 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 21,0 °C
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 20,9 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,5 1 @ 25,0 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,5 1 @ 22,8 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 25,0 °C
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L1,0 1 @ 22,8 °C
4.3.1.2. Índice de Acidez ASTM D664
Não foi observada variação no índice de acidez com o envelhecimento das amostras.
Assim, em todas as amostras de óleo diesel sintético analisadas no tempo zero, após o
envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C e após a simulação de estocagem por 6 meses
a temperatura ambiente, não foi observada acidez forte e a acidez fraca foi inferior a
0,1 mg KOH/g.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 82
4.3.1.3. Massa Específica ASTM D4052
Não houve varião de massa específica com o envelhecimento do óleo diesel
sintético (Tabela 4.38), indicando que o processo de degradação não afetou esta propriedade.
Assim, o óleo diesel sintético aromático continua não atendendo à especificação do óleo
diesel (entre 820,0 e 865,0 kg/m
3
para o óleo diesel metropolitano e entre 820,0 e 880,0 kg/m
3
para o óleo diesel interior), e o óleo diesel sintético parafínico ultrapassa ligeiramente o limite
superior da especificação para o óleo diesel metropolitano.
Tabela 4.38 - Massa específica das amostras de óleo diesel sintético após envelhecimento.
# B
ASE
Combustível Massa Específica, kg/m
3
Controle 940,1 ± 0,1
Aromático
Ensaio
940,3 ± 0,1
Controle
867,8 ± 0,1
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
868,0 ± 0,1
Controle 940,1 ± 0,1
Aromático
Ensaio 940,3 ± 0,1
Controle 867,8 ± 0,1
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 868,0 ± 0,1
Controle 940,1 ± 0,1
Aromático
Ensaio 940,3 ± 0,1
Controle 867,8 ± 0,1
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 868,0 ± 0,1
4.3.1.4. Teores de Nitrogênio Total ASTM D4629 e Pirrólico UOP 276-85
Não se observou variação significativa nos teores de nitrogênio total ou pirrólico com
o envelhecimento do óleo diesel sintético (Tabela 4.39).
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 83
Tabela 4.39 - Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel sintético após
envelhecimento.
Teor de Nitrogênio, mg/kg
# B
ASE
Combustível
Total Pirrólico
Controle 1,1 ± 0,2 < 1
Aromático
Ensaio
11,5 ± 0,6 17 ± 3
Controle < 0,5 < 1
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
11,6 ± 0,6 17 ± 3
Controle 1,1 ± 0,2 < 1
Aromático
Ensaio 11,2 ± 0,6 19 ± 4
Controle < 0,5 < 1
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 11,0 ± 0,6 16 ± 3
Controle 1,9 ± 0,3 < 1
Aromático
Ensaio 14,5 ± 0,7 18 ± 4
Controle 1,0 ± 0,2 < 1
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 15,1 ± 0,7 17 ± 3
4.3.1.5. Teor de Fenalenonas Padrão Interno PETROBRAS/CENPES
Aumentos nos teores de fenalenonas foram observados nas amostras de óleo diesel
sintético parafínico ensaio envelhecido por 13 semanas a 43 °C e de óleo diesel sintético
aromático ensaio envelhecido por 6 meses a temperatura ambiente, conforme apresentado na
Tabela 4.40. Entretanto, como tais aumentos não foram observados de forma significativa nas
amostras similares submetidas ao outro ensaio de envelhecimento (óleo diesel sintético
parafínico ensaio envelhecido por 6 meses a temperatura ambiente e óleo diesel sintético
aromático ensaio envelhecido por 13 semanas a 43 °C), não é possível estabelecer um padrão
de comportamento.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 84
Tabela 4.40 - Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel sintético após envelhecimento.
# B
ASE
Combustível Teor de Fenalenonas, mg/kg
Controle < 4
Aromático
Ensaio
93 ± 4
Controle < 4
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
90 ± 4
Controle < 4
Aromático
Ensaio 96 ± 5
Controle < 4
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 108 ± 5
Controle < 4
Aromático
Ensaio 103 ± 5
Controle < 4
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 93 ± 4
4.3.1.6. Teor de Aromáticos ASTM D5186
Os resultados obtidos após o envelhecimento natural das amostras de óleo diesel
sintético por 13 semanas a 43 °C e após a simulação de estocagem por 6 meses revelam a
diminuição do teor de compostos saturados e o correspondente surgimento de
monoaromáticos (Tabela 4.41). Pode-se supor que a quebra da estrutura do
3-fenilbiciclohexil, composto naftênico utilizado na formulação dos óleos diesel sintéticos,
durante o envelhecimento, com a conseqüente liberação do anel aromático, tenha sido a
responsável pela diminuição da leitura de compostos saturados e pelo aparecimento de
monoaromáticos na cromatografia em fluido supercrítico. Para cada classe de compostos, a
precisão do método cromatográfico é de ± 0,3 %m.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 85
Tabela 4.41 - Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel sintético após envelhecimento.
Aromáticos, %m
# B
ASE
Combustível
Saturados,
%m
Olefínico
s,
%m
Mono-
Di- Poli-
Totais
Controle 39,3 0,1 0,1 53,2
7,2 60,6
Aromático
Ensaio 38,9 0,1 0,1 53,0
7,8 60,9
Controle 64,8 0,3 0,1 29,2
5,6 34,9
Tempo zero
Parafínico
Ensaio 64,7 0,3 0,0 29,4
5,6 35,0
Controle 22,7 0,2 16,6 53,5
7,0 77,1
Aromático
Ensaio 22,3 0,2 16,6 53,3
7,6 77,5
Controle 55,1 0,3 12,6 26,3
5,7 44,6
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 58,4 0,3 11,5 24,1
5,6 41,3
Controle 23,2 0,2 16,5 52,5
7,6 76,6
Aromático
Ensaio 23,2 0,2 16,5 52,5
7,6 76,6
Controle 50,9 0,3 13,8 28,6
6,4 48,8
6 meses a Tamb
Parafínico
Ensaio 50,7 0,3 13,8 28,5
6,6 48,9
4.3.2. Óleo Diesel Real
Os resultados a seguir para o óleo diesel real referem-se a uma nova caracterização das
amostras após o envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C. A fim de permitir
comparação e análise dos resultados, são apresentados também os resultados obtidos no
momento de formulação (tempo zero) das amostras de óleo diesel real.
4.3.2.1. Aspecto Visual ASTM D4176 e Cor ASTM D1500
As amostras de óleo diesel real apresentaram degradação de cor e aumento de turbidez
em relação aos resultados obtidos quando do preparo das amostras, não atendendo mais aos
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 86
limites da especificação para o óleo diesel automotivo em vigor (aspecto límpido e isento de
impurezas, cor 3,0 máximo). Os resultados são apresentados na Tabela 4.42. A precisão do
método de cor ASTM D1500 é de ± 0,5.
Tabela 4.42 - Aspecto visual das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
# B
ASE
Combustível
Aspecto Cor Turbidez
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L2,5 1 @ 20,2 °C
Aromático
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L2,5 1 @ 20,2 °C
Controle
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L2,0 1 @ 21,2 °C
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
Claro e límpido sem água livre
e sem material em suspensão.
L2,0 1 @ 22,0 °C
Controle
Escuro, sem água livre e sem
material em suspensão.
L5,0 6 @ 23,6 °C
Aromático
Ensaio
Escuro, sem água livre e sem
material em suspensão.
L7,0 6 @ 23,6 °C
Controle
Escuro, sem água livre e sem
material em suspensão.
L3,5 2 @ 24,0 °C
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio
Escuro, sem água livre e sem
material em suspensão.
L5,0 4 @ 23,4 °C
4.3.2.2. Índice de Acidez ASTM D664
Embora tenha sido observada uma ligeira elevação no índice de acidez com o
envelhecimento das amostras, conforme a Tabela 4.43, a incerteza associada ao método de
ensaio não permite a diferenciação dos resultados. Os resultados indicam que os ácidos fracos
presentes nas amostras não são consumidos no processo de degradação do óleo diesel com
formação de insolúveis, atuando de forma catalítica [23,24].
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 87
Tabela 4.43 - Índice de acidez das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
Índice de Acidez, mg KOH/g
# B
ASE
Combustível
Acidez Fraca Acidez Forte
Controle 0,55 ± 0,07 não detectada
Aromático
Ensaio
0,51 ± 0,07 não detectada
Controle 0,19 ± 0,05 não detectada
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
0,19 ± 0,05 não detectada
Controle 0,56 ± 0,07 não detectada
Aromático
Ensaio 0,58 ± 0,07 não detectada
Controle 0,22 ± 0,05 não detectada
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 0,22 ± 0,05 não detectada
4.3.2.3. Massa Específica ASTM D4052
De maneira semelhante ao ocorrido para o óleo diesel sintético, também não houve
variação significativa de massa específica com o envelhecimento do óleo diesel real (Tabela
4.44), indicando que o processo de degradação não afetou esta propriedade do óleo diesel.
Entretanto, como já se encontrava no limite da especificação para o óleo diesel interior (massa
específica entre 820,0 e 880,0 kg/m
3
), a ligeira variação observada foi suficiente para tirar de
especificação a amostra de óleo diesel real aromático ensaio. As amostras de óleo diesel real
parafínico continuam atendendo também a especificação para o óleo diesel metropolitano
(massa específica entre 820,0 e 865,0 kg/m
3
).
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 88
Tabela 4.44 - Massa específica das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
# B
ASE
Combustível Massa Específica, kg/m
3
Controle 879,7 ± 0,1
Aromático
Ensaio
879,8 ± 0,1
Controle 845,5 ± 0,1
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
845,3 ± 0,1
Controle 880,0 ± 0,1
Aromático
Ensaio 880,3 ± 0,1
Controle 846,3 ± 0,1
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 845,8 ± 0,1
4.3.2.4. Teor de Enxofre ASTM D5453
A incerteza associada ao método de ensaio não permite a diferenciação dos resultados
de teor de enxofre, embora tenha sido observada uma ligeira diminuição nos níveis com o
envelhecimento das amostras, conforme a Tabela 4.45. O óleo diesel parafínico permanece
atendendo aos valores limites especificados para o óleo diesel interior, teor de enxofre
máximo de 2000 mg/kg, enquanto que o óleo diesel aromático atende ainda aos valores
limites especificados para o óleo diesel metropolitano, teor de enxofre máximo de 500 mg/kg.
Tabela 4.45 - Teor de enxofre das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
# B
ASE
Combustível Teor de Enxofre, mg/kg
Controle 396 ± 16
Aromático
Ensaio
409 ± 12
Controle 1540 ± 45
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
1590 ± 46
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 89
Tabela 4.45 - Teor de enxofre das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C (continuação).
Controle 385 ± 16
Aromático
Ensaio 388 ± 16
Controle 1500 ± 44
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 1500 ± 44
4.3.2.5. Teores de Nitrogênio Total ASTM D4629 e Pirrólico UOP 276-85
Não foram observadas alterações no teor de nitrogênio total com o envelhecimento das
amostras (Tabela 4.46). Para o teor de nitrogênio pirrólico, observa-se uma tendência de
diminuição dos teores em relação aos observados quando da formulação das amostras, apesar
da incerteza associada ao método de ensaio.
Tabela 4.46 - Teores de nitrogênio total e pirrólico das amostras de óleo diesel real após
envelhecimento por 13 semanas a 43 °C.
Teor de Nitrogênio, mg/kg
# B
ASE
Combustível
Total Pirrólico
Controle 878 ± 6 35 ± 7
Aromático
Ensaio
898 ± 6 59 ± 12
Controle 364 ± 4 12 ± 2
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
374 ± 4 28 ± 6
Controle 885 ± 6 30 ± 6
Aromático
Ensaio 898 ± 6 37 ± 7
Controle 362 ± 4 8 ± 2
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 371 ± 4 22 ± 4
# B
ASE
Combustível Teor de Enxofre, mg/kg
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 90
4.3.2.6. Teor de Fenalenonas - Padrão Interno PETROBRAS/CENPES
Observou-se uma tendência de aumento no teor de fenalenonas nos ensaios, conforme
Tabela 4.47. Tal comportamento não foi observado nas amostras denominadas de controle.
Tabela 4.47 - Teor de fenalenonas das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
# B
ASE
Combustível Teor de Fenalenonas, mg/kg
Controle < 4
Aromático
Ensaio
88 ± 4
Controle < 4
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
95 ± 4
Controle < 4
Aromático
Ensaio 102 ± 5
Controle < 4
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 111 ± 5
Se o mecanismo de degradação destacado foi realmente o responsável pela formação
do material insolúvel nos ensaios de envelhecimento, então o 2-metil-indol e a fenalenona
presentes nos combustíveis se condensaram durante o envelhecimento, levando a uma
redução dos teores de nitrogênio pirrólico e de fenalenona em solução. De fato, observa-se no
óleo diesel real envelhecido uma tendência de redução nos teores de nitrogênio pirrólico, mas
uma elevação dos teores de fenalenona nos ensaios. Este aumento pode ser o resultado líquido
da auto-oxidação do fenaleno presente no óleo diesel real (oriundo das correntes de gasóleo
de craqueamento catalítico), ocorrendo em maior extensão do que o consumo de fenalenona
na condensação com o 2-metil-indol. Nos controles não foi observada tal elevação dos teores
de fenalenonas provavelmente em função da faixa analítica do método, aplicável apenas a
partir de 4 mg/kg. De maneira semelhante, WAYNICK [74] observou em amostras de gasóleo
de craqueamento catalítico submetidas ao envelhecimento natural por 13 semanas a 43 °C a
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 91
redução dos teores de nitrogênio pirrólico e o aumento dos teores de fenalenonas, enquanto
que os teores de nitrogênio total e enxofre e a acidez não sofreram alteração.
4.3.2.7. Teor de Aromáticos ASTM D5186
Ao contrário do ocorrido com o óleo diesel sintético, não se observou para o óleo
diesel real alteração significativa nos teores de hidrocarbonetos com o envelhecimento
(Tabela 4.48), indicando que a degradação do óleo diesel não afeta a composição do óleo
diesel com relação às classes de hidrocarbonetos. Para cada classe de compostos, a precisão
do método de cromatografia em fluido supercrítico é de ± 0,3 %m.
Tabela 4.48 - Teor de aromáticos das amostras de óleo diesel real após envelhecimento por
13 semanas a 43 °C.
Aromáticos, %m
# B
ASE
Combustível
Saturados,
%m
Olefínicos,
%m
Mono-
Di- Poli-
Totais
Controle 61,6 3,1 21,0 8,9 5,3 35,3
Aromático
Ensaio
62,4 3,2 21,3 8,3 4,8 34,4
Controle 73,9 1,8 15,6 5,7 3,0 24,3
Tempo zero
Parafínico
Ensaio
73,9 1,9 15,7 5,7 2,8 24,3
Controle 61,5 3,0 22,6 8,0 4,8 35,5
Aromático
Ensaio 61,3 3,1 22,6 8,1 4,9 35,6
Controle 74,1 1,5 15,2 6,2 3,0 24,3
13 semanas a 43 °C
Parafínico
Ensaio 73,9 1,7 15,3 6,2 2,8 24,4
Além do tipo de petróleo processado, a operação das unidades nas refinarias também
contribuiu para as diferenças na composição dos combustíveis, como pode ser visto pelos
resultados de destilação e de massa específica. Como as temperaturas de destilação do óleo
diesel real aromático são mais elevadas do que as do óleo diesel real parafínico, o primeiro se
torna mais pesado e com maior possibilidade de conter altos teores de contaminantes, como os
compostos nitrogenados, conforme observado pelos resultados apresentados na Tabela 4.46.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 92
5. CONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES
Neste estudo, os modelos de óleo diesel, de bases aromática e parafínica, responderam
positivamente aos ensaios de envelhecimento e, apesar de sua simplicidade, constituíram
meios apropriados para a verificação da degradação estudada. A adição de fenalenona, 2-
metil-indol e ácido 1-naftaleno-sulfônico promoveu, com o envelhecimento, a formação de
material insolúvel nas amostras denominadas de ensaio em relação aos respectivos controles.
Este fato permite a confirmação da ocorrência de degradação do óleo diesel pela condensação
catalisada por ácidos entre compostos aromáticos e nitrogenados heterocíclicos.
A formação de insolúveis é maior nos combustíveis mais complexos como o óleo
diesel real do que no modelo de óleo diesel utilizado, como efeito da presença de impurezas e
do perfil de hidrocarbonetos nos combustíveis. No óleo diesel real estudado, a formação de
insolúveis é maior em base aromática do que em base parafínica, como provável resultado das
diferenças naturais de acidez e dos teores de compostos nitrogenados totais e pirrólicos. O
efeito da adição de gasóleo de craqueamento catalítico sobre a cor do óleo diesel também foi
verificado nas amostras de base aromática. No modelo de óleo diesel utilizado, a formação de
insolúveis é maior em base parafínica do que em base aromática, possivelmente como
resultado da baixa solubilidade dos produtos de oxidação no meio parafínico.
O conhecimento dos processos de oxidação e condensação dos compostos aromáticos
e nitrogenados heterocíclicos, a caracterização química dos combustíveis destilados médios e
as respostas aos ensaios de envelhecimento, como o envelhecimento acelerado por 16 horas a
90 °C, constituem ferramentas efetivas para a avaliação do potencial de degradação de um
combustível. A presença de compostos precursores do processo de degradação do óleo diesel
em correntes típicas de uma refinaria constitui um precioso indicativo da estabilidade à
estocagem do combustível processado.
A base de dados com resultados de ensaios de envelhecimento pode ser ampliada pela
utilização de combustíveis reais formulados com outras correntes das refinarias brasileiras,
como por exemplo o gasóleo de coqueamento retardado, com correntes após hidrotratamento,
e/ou com a incorporação de biodiesel. Outros pontos de aperfeiçoamento consistem em
verificar o efeito de aditivos e das diversas severidades de hidrotratamento na estabilidade de
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 93
um determinado combustível, e a influência da aglomeração e sedimentação do material
formado sobre as características de filtrabilidade e de contagem de partículas.
Os efeitos interativos entre as diversas espécies ativas presentes no combustível e os
mecanismos de degradação envolvidos podem ser examinados detalhadamente em modelos
de óleo diesel mais aprimorados. Tais modelos podem ser formulados com cinco ou mais
componentes, de forma a incluir representantes de outras famílias de hidrocarbonetos, como
monoaromáticos, alquil-aromáticos e alquil-naftênicos, e ainda visando o atendimento integral
à especificação vigente. O estudo de distintas combinações de compostos nitrogenados
heterocíclicos e ácidos orgânicos, em diversos teores, a caracterização do material insolúvel
formado e a análise da solubilidade dos produtos de oxidação nos diversos meios pode
conduzir à determinação de quais compostos são prejudiciais a um determinado combustível e
quais podem ser tolerados.
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 94
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] PETRÓLEO BRASILEIRO S.A.. Origem do Óleo processado. Disponível em
<http://www2.petrobras.com.br/minisite/refinarias/portugues/origemoleo.asp>. Acesso
em: 21 nov. 2006.
[2] SANTIAGO, F. A. D. e ROCHA, M. I. H-Bio e Novas Tecnologias de Refino, Petróleo
Brasileiro S.A. Junho, 2007.
[3] ABADIE, E. Processos de Refinação, Petróleo Brasileiro S.A. Maio, 2003.
[4] AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS,
Legislação do Setor de Petróleo e Gás, Rio de Janeiro, 2007. Base de Dados em Java.
[5] SIEGLE, S. “Current Challenges in Fuel Filtration”. In: Proceedings of the 6
th
International Colloquium Fuels, Ostfildern, Stuttgart, Janeiro, 2007.
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<http://www.dieselnet.com/tech/fuels/eu_auto.html>. Acesso em: 21 nov. 2006.
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UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 101
7. APÊNDICE
7.1.
L
ISTA DE
E
QUIPAMENTOS
Estufa Fischer Scientific Class A Oven
Estufa Nova Ética 400 / 2ND com porta adaptada à prova de explosão
Colorímetro manual Precision Scientific 74460
Balança Analítica Mettler AE 240
Analisador de filtrabilidade Emcee Model 1143 Micro-Filter Analyzer
Contador e classificador de partículas SpectroInc LaserNet Fines-C
Densímetro digital Anton Paar DMA 4500
Titulador potenciométrico Metrohm Titrino 716
Espectrofotômetro de ultravioleta-visível Hewlett Packard 8452A
Cromatógrafo Líquido de Alta Eficiência Waters (injetor automático, bomba, detetor
de comprimento de onda variável e sistema para aquisição de dados) dotado de pré-coluna e
coluna (250 mm x 4,6 mm) de sílica (SiO
2
-C
3
CN) PerkinElmer Brownlee.
Titulador automático Metrohm 756 Karl Fischer Coulometer
Espectrômetro de absorção atômica Varian SpectrAA 640Z
Destilador automático ISL AD86 5G2
Câmara de combustão a volume constante Ignition Quality Tester Advanced Engine
Technology
Cromatógrafo a fluido supercrítico Hewlett Packard G1205A SFC (injetor automático,
detetor de ionização por chama de hidrogênio, detetor ultravioleta-visível e software para
aquisição e processamento de dados), dotado de coluna (250 mm x 4,6 mm) de sílica (Si
46
)
Hewlett Packard Hydrocarbon Group Separation (HGS).
Analisador de enxofre por fluorescência no ultravioleta Antek 7000S
Analisador de nitrogênio por quimiluminescência Antek 7000N
Sistema de introdução de amostras líquidas Antek 735
Latas revestidas internamente com dupla camada de resina epóxi (epoxy lined fuel
shipping containers)
UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro 102
7.2.
R
EAGENTES
n-hexadecano (n-hexadecane) 99 %, 3-fenilbiciclohexil (3-phenylbicyclohexyl)
mistura de isômeros, 1-metil-naftaleno (1-methylnaphthalene) 97 %, fenalenona
(perinaphthenone) 97 %, 2-metil-indol (2-methylindol) 98 % e ácido 1-naftaleno-sulfônico
(1-naphthalenesulfonic acid) 50 % foram adquiridos da Sigma-Aldrich Corporation e suas
principais propriedades são apresentadas nas tabelas a seguir. Todos os demais reagentes
usados possuíam alto grau de pureza.
Tabela 7.1 – Principais propriedades dos compostos puros utilizados na formulação do
modelo de óleo diesel.
R
EAGENTE
n-hexadecano 3-fenilbiciclohexil 1-metil-naftaleno
Fórmula Molecular C
16
H
34
C
18
H
26
C
11
H
10
Fórmula Estrutural
Massa Molar, g/mol 226,44 242,40 142,20
Pureza 99 % mistura de isômeros 97 %
Massa Específica, kg/m
3
773 a 25 °C 1004 a 20 °C 1001 a 25 °C
Ponto de Fusão, °C 18 - -22
Ponto de Ebulição, °C 287 - 240-243
Ponto de Fulgor, °C 135 - 97
Temperatura de Auto-
ignição, °C
202 - 529
CAS Number 544-76-3 33460-02-5 90-12-0
Tabela 7.2 – Principais propriedades dos precursores utilizados.
R
EAGENTE
Fenalenona 2-metil-indol
Ácido 1-naftaleno-
sulfônico
Fórmula Molecular C
13
H
8
O C
9
H
9
N C
10
H
7
SO
3
H
Fórmula Estrutural
O
N
SO
3
H
Massa Molar, g/mol 180,20 131,17 208,23
Pureza 97 % 98 % ~50 %
Ponto de Fusão, °C 153-156 57-59 77-79
Ponto de Ebulição, °C - 273 -
CAS Number 548-39-0 95-20-5 85-47-2
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